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56 DO CPC1
José Roberto Dos Santos Bedaque
Assim, em demanda possessória, deferida a liminar, cabíveis embargos de terceiro ou
oposição, dependendo da causa petendi e do pedido formulados pelo terceiro. Se
afirmar que a medida judicial atingiu imóvel seu, estranho ao objeto do processo,
razão por que entende incabível a constrição, adequados os embargos. Caso pretenda
opor-se à pretensão do autor, por considerar-se titular do mesmo direito deduzido na
inicial, deverá valer-se da oposição: a pretensão dos apelantes está fundada em
suposta posse exercida sobre imóvel, objeto de disputa em demanda possessória entre
o apelado e terceiro. Afirmam que a liminar deferida naqueles autos abrange a área
por eles possuída.
Verifica-se, pois, que o bem indicado pelos apelantes constitui objeto de outro
processo. Nessa medida, a constrição judicial não recaiu sobre imóvel estranho ao
litígio entre o apelado e terceiro.
Os apelantes, na verdade, deduzem pretensão sobre bem objeto de processo em
curso. Todos se dizem possuidores do imóvel, inclusive eles.
Configura-se hipótese típica de oposição parcial, pois o pedido dos apelantes refere-se
a parte da área disputada em demanda possessória (cfr. Celso Agrícola Barbi,
Comentários ao Código de Processo Civil, vol. I, tomo II, Forense, 1.977, pp. 312 e
315).
Não pretendem eles apenas livrar o imóvel da constrição judicial, mas obter o
reconhecimento de seu suposto direito sobre o bem, a respeito do qual autor e réu
disputam a posse em outro processo. A pretensão se opõe à de ambas as partes de
processo anterior, o que torna adequada a oposição (JTA-Lex 104/105; Theotonio
Negrão, Código de Processo Civil e legislação processual em vigor, 27ª ed., p. 118,
nota n. 4 ao art. 56).
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Aliás, ao que parece, os apelantes adquiriram coisa litigiosa (cfr. fls. 345/349), mais
uma razão para considerá-los carecedores dos embargos (cfr. STJ, REsp n. 9.365-SP,
Rel. Waldemar Zveiter, j. 04.06.91). (Apel. n. 696.124-8, Ibiúna, 1º TACSP, 12ª Câm.,
por mim relatada, j. 5.12.96, m.v.)
A oposição pode ser oferecida até a sentença. É incidente típico do processo de
conhecimento: a oposição configura modalidade de intervenção de terceiros típica de
processo cognitivo. Sua finalidade é possibilitar a quem não integra a relação
processual deduzir pretensão fundada em direito real, sobre o qual controvertem autor
e réu (CPC, art. 56). Isso para que a sentença defina o real titular do interesse
protegido.
Verifica-se, pois, que duas razões impedem seja a oposição admitida em processo
executivo. Primeiro, porque não se discute a respeito de posse ou propriedade de bem.
Além disso, inexiste sentença reconhecendo direito a qualquer das partes.
Se os apelantes pretendem seja-lhes assegurada a posse ou propriedade de imóvel
submetido à constrição judicial em processo de execução, devem valer-se da via
processual adequada. A oposição seguramente não se presta a esse objetivo.
São eles, portanto, carecedores da ação, visto que pleitearam tutela jurisdicional
inadequada para a situação fática descrita na inicial. Não têm interesse processual.
Ainda que por fundamento diverso, mas análogo, deve ser integralmente mantida a r.
sentença. (Apel. n. 728.587-4, São José dos Campos, 1º TACSP, 12ª Câm., por mim
relatada, j. 3.4.97, v.u.).
Em princípio, a admissibilidade da intervenção está restrita ao procedimento ordinário,
tendo em vista a restrição estabelecida no art. 280 e a incompatibilidade com os
procedimentos especiais, salvo aqueles que, após determinado ato, seguem o
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ordinário. Observa a doutrina ser possível a oposição autônoma (v. comentários ao art.
60) em qualquer procedimento, exatamente por não caracterizar intervenção de
terceiro.
Ocuparão o pólo passivo, em litisconsórcio necessário e unitário, as partes originárias,
cujas pretensões são incompatíveis com a formulada pelo opoente. Daí afirmar-se a
natureza bifronte da demanda por ele deduzida, pois resulta da cumulação de dois
pedidos. Autor e réu serão obrigatoriamente réus e o resultado do julgamento, no
plano jurídico material, deve ser compatível, coerente para ambos
A oposição, interventiva ou autônoma, é resultado do exercício do direito de ação. Se
não proposta, o resultado do processo, ainda que eficaz perante terceiros, não
impedirá o reexame da matéria em outra sede, por iniciativa daquele que poderia ter
sido opoente. Ele não está sujeito à imutabilidade da sentença, visto que não
participou do processo (art. 472). Mas, para evitar possíveis efeitos danosos do
julgamento em sua esfera jurídica, pode deduzir sua pretensão no processo em curso,
pela via da oposição, que encontra fundamento também no princípio da economia
processual.
Como o processo tem início com a propositura da ação, a partir de então, a oposição
torna-se admissível. Desnecessário aguardar a citação, mesmo porque o terceiro já
pode estar sofrendo algum efeito danoso em razão da demanda inicial, como a
concessão de tutela antecipada, por exemplo.
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processual.
Verificada a hipótese de julgamento conjunto, deve ser decidida antes a oposição, pois
a pretensão deduzida pelo opoente é prejudicial em relação à originária.
De fato, se procedente o pedido formulado pelo opoente, será rejeitada a demanda
inicial. Haverá exame do mérito desta última, não sendo adequadas outras fórmulas
normalmente empregadas, como prejudicada ou carência por falta de interesse.
O acolhimento da oposição implica reconhecer que a causa de pedir deduzida pelo
autor, na demanda inicial, é infundada.
Aceita essa premissa, se o tribunal der provimento a eventual recurso de um dos
litisconsortes-opostos, poderá desde logo passar ao julgamento do pedido formulado
inicialmente. A solução proposta não desatende a qualquer postulado maior do sistema
e tem a vantagem de proporcionar maior rapidez na entrega da tutela jurisdicional.
Daí a necessidade, nesse caso, de que ambos os opostos recorram, deduzindo todas
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