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ASSOCIAÇÃO DE ENSINO E CULTURA PÍO DÉCIMO

FACULDADE PIO DÉCIMO


CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

ANA FLAVIA CUSTODIO GUARABYRA

RESÍDUOS SÓLIDOS NO MUNICÍPIO DE ARACAJU/SE:


ANÁLISE DOS RESÍDUOS EM CANTEIROS DE OBRAS

ARACAJU
2016
ANA FLAVIA CUSTODIO GUARABYRA

RESÍDUOS SÓLIDOS NO MUNICÍPIO DE ARACAJU/SE:


ANÁLISE DOS RESÍDUOS EM CANTEIROS DE OBRAS

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito parcial para
obtenção do grau de em Engenharia Civil
pela Faculdade Pio Décimo.

ORIENTADOR: Prof.º D. Sc. SILVIO LEONARDO VALENÇA

ARACAJU
2016
ANA FLAVIA CUSTODIO GUARABYRA

RESÍDUOS SÓLIDOS NO MUNICÍPIO DE ARACAJU/SE:


ANÁLISE DOS RESÍDUOS EM CANTEIROS DE OBRAS

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito para obtenção
do grau em Engenharia Civil pela
Faculdade Pio Décimo.

APROVADA EM 14/06/2016

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________
AVALIADOR: Prof.º M. Sc. Eugênio Figueiredo de Albuquerque - Faculdade Pio
Décimo.

_______________________________________________________
AVALIADOR: Prof.ª Esp. Amanda Alcântara Meneses - Faculdade Pio Décimo.

_______________________________________________________
ORIENTADOR: Prof.º D. Sc. Silvio Leonardo Valença - Faculdade Pio Décimo.
AGRADECIMENTOS
RESUMO

A gestão dos resíduos sólidos é de grande importância em um canteiro de obra. Ela


ajuda de forma correta, e com base em normas e leis adequadas, faz com que haja
uma diminuição dos entulhos consequentemente minimizando o desperdício de
materiais. Partindo deste princípio, o trabalho tem como objetivo analisar os canteiros
de obras quanto ao armazenamento e a destinação de resíduos na construção civil
no município de Aracaju e grande Aracaju. A metodologia utilizada foi uma pesquisa
de campo em canteiros de obra, buscando analisar os dados coletados através de
consultas bibliográficas, pesquisa de campo e registro fotográfico. Também foram
elaborados e aplicados questionários com os engenheiros e responsáveis pela obra a
fim de coletar dados referentes ao tema abordado. Assim, ao identificar as principais
dificuldades relacionadas à destinação dos resíduos percebesse que um bom
gerenciamento minimiza a quantidade de entulhos gerados pela obra.

Palavras-Chave: Resíduo da construção civil, acondicionamento e destinação dos


RCC, canteiros de obra, programa de gerenciamento.
ABSTRACT

The solid waste management is very important in a construction site. It helps in the
correct way, and based on appropriate standards and laws, so that does not cause
environmental impacts to the environment. This paper aims to highlight the
responsibility of solid waste management of construction in order to comply with the
correct segregation, transportation and disposal of waste, recycling and seeking proper
reuse for the environment. The methodology used was a case study in a work of the
city of Aracaju, trying to analyze the data collected through bibliographic consultations,
field research and photographic record. Was made an initial diagnosis through a
questionnaire to find out if the work had knowledge about the importance of waste
management in the work, based on questionnaire data were collected waste through
spreadsheets and graphs to represent the type and residual consumption that work is
generating. To reinforce the importance of management system was made a second
workout with employees to emphasize the correct segregation to the type of waste and
photos of the storage locations thereof.

Keywords: Construction, Solid Waste, Management. Keywords: Construction, Solid


Waste, Management.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Origem dos RCC em algumas cidades brasileiras ...................................... 10


Figura 2 - Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos ......................................... 21
Figura 3 Sergipe e o Município de Aracaju ............................................................... 28
Figura 4 Caçamba estacionária de coleta seletiva na obra ....................................... 34
Figura 5- Coletores de coleta seletiva na circulação da obra. ................................... 34
Figura 6 Terreno onde está sendo colocados os entulhos da obra ........................... 35
Figura 7 Sobras de madeira acumuladas no chão .................................................... 36
Figura 8 Sobras de entulhos acumulada na obra ...................................................... 37
Figura 10 Treinamento realizado no refeitório da obra. ............................................. 40
Figura 11 Resíduos para descarte não separados da obra ...................................... 41
Figura 12 Acondicionamento incorreto de tijolos ....................................................... 42
Figura 13 Resíduos da construção civil acondicionados de forma incorreta ............. 42
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação e destinação dos resíduos da construção civil de acordo com


a Resolução CONAMA 307/02 ................................................................ 12

Tabela 2 - Definições usadas pelo conselho nacional do meio ambiente ................ 13

Tabela 3 - Tipos de Resíduos x Transporte Interno .................................................. 19

Tabela 4 - Etapas do PGRCC segundo as Resoluções CONAMA Nº 307/2002 e Nº


448/2012 .................................................................................................. 22

Tabela 5 - Leis de abrangências nacional .................................................................. 25

Tabela 6 - Perfil das empresas pesquisadas ............................................................. 31

Tabela 7 - Dados cadastrais das empresas que tem parceria ................................... 40


LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Plano de gerenciamento de resíduo ...................................................... 43


Gráfico 2 – Verificação das etapas planejadas ........................................................ 43

Gráfico 3 – Analise das empresas que adotaram o programa ................................. 44

Gráfico 4 - Quantidade de entulhos gerados por mês (m³) ...................................... 44

Gráfico 5 - Coletores de resíduos padronizados ...................................................... 45

Gráfico 6 – Resultado da implementação da coleta seletiva ..................................... 45

Gráfico 7 - Treinamentos e palestras ......................................................................... 46


LISTA DE SIGLAS

ABNT - Associação de Normas Técnicas Brasileiras;

ADEMA - Administração Estadual do Meio Ambiente;

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente;

CTR - Controle de Transporte de Resíduos;

EMSURB - Empresa Municipal de Serviços Urbanos

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;

ISO - International Organization for Standardization;

LIMPURB - Departamento de Limpeza Urbana;

NBR - Norma Brasileira Regulamentadora

PBQP-H - Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Habitat;

PGRCC - Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil;

PMGRCC - Plano Municipal de Gestão de Resíduos da Construção Civil;

RCC - Resíduos da Construção Civil;

RCD - Resíduos de Construção e de Demolição;

SEMA – Secretaria Municipal do Meio Ambiente

SIAC - Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da


Construção Civil;
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 8

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................. 9

2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS ......................................................................................... 9

2.1.1 Os resíduos sólidos na construção civil .................................................... 10

2.2 LOGÍSTICA EM CANTEIROS DE OBRAS ........................................................ 14

2.2.1 Minimização das perdas em canteiro de obra .......................................... 16

2.2.2 Transporte ................................................................................................ 19

2.2.3 Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil ..... 20

2.3 PROGRAMA BRASILEIRO DA QUALIDADE E PRODUTIVIDADE DO HABITAT


(PBQP-H). ......................................................................................................... 22

2.3.1 Níveis de Avaliação do PBQP-H .............................................................. 23

2.4 LEGISLAÇÕES APLICÁVEIS AOS RCC E RCD ............................................... 24

3 METODOLOGIA ....................................................................................... 28

3.1 ÁREAS DE ESTUDO......................................................................................... 28

3.2 MÉTODO DE PESQUISA .................................................................................. 29

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................. 30

4.1 A SITUAÇÃO ..................................................................................................... 30

4.2 CARACTERÍSTICAS DAS EMPRESAS ............................................................ 30

4.3 ENTREVISTA COM OS ENGENHEIROS .......................................................... 31

4.3.1 Entrevistas as Empresas da Construção Civil .......................................... 32

4.4 GRÁFICOS E DESCRITIVOS DOS RESULTADOS DAS PEQUISAS ............... 43

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 47

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 48

APENDICE A ............................................................................................................ 50

APENDICE B ............................................................................................................ 51

ANEXOS.................................................................................................................... 52
8

1 INTRODUÇÃO

O aumento populacional vem desencadeando o processo de urbanização dos


municípios e tem contribuído para a geração de grandes demandas de Resíduos
decorrentes da Construção Civil (RCC). Consequentemente, ampliando a geração dos
Resíduos Sólidos Urbanos. O setor da Indústria da Construção Civil e responsável por
uma significativa parcela do Produto Interno Bruto (PIB) nacional ocupando uma
posição de destaque na economia Brasileira.
Aproximadamente os resíduos do setor da construção representam cerca de
60% de todos os resíduos sólidos urbanos, ou seja, este valor é muito superior ao do
resíduo domiciliar, que nos últimos anos tem sido o nosso foco. Haja vista que a
construção civil é certamente o maior gerador de resíduos de toda a sociedade.
Os impactos ambientais, sociais e econômicos gerados pela quantidade
excessiva do entulho e seu descarte inadequado direciona a necessidade de soluções
rápidas e eficazes para a sua gestão correta. Visando impulsionar a globalização, é
de suma importância que as empresas geradoras de resíduos adquiram uma nova
postura conforme o cenário mundial, buscando medidas e ações corretivas que visem
neutralizar futuros impactos.
No Brasil, é pequena a quantidade de empresas do setor construtivo que
possuem gestão de resíduos em canteiros de obras ou desenvolvem formas de se
reduzir a geração de resíduos. A correta separação, acondicionamento e disposição
final quando não realizados de forma adequada e integrada prejudicam as atividades
inerentes à produção.
O objetivo deste trabalho é avaliar os canteiros de obras quanto ao
armazenamento e a destinação de resíduos na construção civil, obtendo informações
sobre os resíduos gerados e as ferramentas que auxiliam no reaproveitamento
durante o processo.
9

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS

Define Resíduos Sólidos segundo a Norma Brasileira, NBR-10.004 da


Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) DE 2004

Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades


de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de
serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos
provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em
equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como
determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu
lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam
para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à
melhor tecnologia disponível”. (NBR10004:2004)

O aumento dos resíduos está cada vez maior devido ao grande crescimento
populacional urbano, a ampla industrialização e do poder aquisitivo, levando em conta
também o nível cultural e educacional da sociedade.

Os Resíduos Sólidos são subdivididos em urbano e Industrial. Os resíduos


sólidos urbanos são os resíduos domiciliares, de serviço de saúde, construção e
demolição. Já os resíduos industriais são os resíduos da indústria de transformação,
rejeitos radioativos e rejeitos agrícolas.

Lins (2008, p 16) apresenta a classificação dos resíduos quanto a sua origem,
sua composição química, à presença de umidade e à toxidade que serão abordados
a seguir.

Com relação a sua origem, os resíduos sólidos podem ser originados através
de resíduos domiciliares, resíduos de limpeza urbana e resíduos de estabelecimentos
comerciais e prestadores de serviços. Já na composição química é dividido em
Orgânico (papel, jornais, revistas, restos de alimentos) e Inorgânico (metais, vidros,
cerâmicas, areia e pedras). Quanto a presença da umidade apresenta-se seco e
úmido. No que diz respeito à toxicidade os resíduos são divididos em classes que
serão citados a baixo:
10

 Classe I- Perigosos, que podem ser inflamáveis, corrosivos, reativos, tóxicos e


patogênicos.
 Classe II- Não perigosos e se subdivide em: Classe II A- Não inertes. Não
apresentando riscos à saúde pública ou ao meio ambiente e pode ser biodegradáveis,
a exemplo do gesso, papel, da madeira não tratada e sem tinta entre outros. Classe II
B- Inertes Tendo como exemplo argamassas endurecidas, alvenaria, componentes
cerâmicas e de concreto, azulejo, vidro, cobre.

2.1.1 Os resíduos sólidos na construção civil

De acordo com o (CONAMA 2002), são resíduos da construção civil (RCC)


aqueles provenientes de construção, reformas, reparos e demolições de obras de
construção civil, os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como:
tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas,
tintas, madeiras e compensados, concreto em geral, solos, rochas, pavimentos
asfálticos, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica, etc.

Pinto (2005, p.06) afirma que os resíduos na construção civil têm diferentes
origens. Mas destaca-se basicamente em três formas ( reformas, ampliações e
demolições). Conforme a figura abaixo

FIGURA 1: Origem dos RCC em algumas cidades brasileiras

Fonte: adaptado de Pinto (2005)


11

Segundo ZORDAN, (1997, p17)

Outra fonte de resíduos que pode ser utilizada na construção civil é o


entulho e ele sempre foi dispensado o mesmo tratamento dado aos
resíduos sólidos urbanos, ou seja, paga-se para alguém leva-lo sem
se preocupar com a destinação final correta o que pode acarretar
grandes impactos.

Para Vaz (2001, p. 07), o entulho serve para substituir materiais normalmente
extraídos de jazidas ou pode se transformar em matéria-prima para componentes de
construções de qualidade se comparado aos materiais tradicionais.

Grigoli (2001) acrescenta que o entulho e classificado em duas porções bem


caracterizadas: os entulhos não-recicláveis e os entulhos recicláveis. Os entulhos
recicláveis podem ser entendidos como sendo:

A fração de areias, as areias circuladas e perdidas no canteiro de obra


sem serem operacionalizadas; Da mesma forma são as pedras
circuladas e perdidas nos canteiros de obras sem serem
operacionalizadas; o concreto, fração perdida quando da concretagem
de peças estruturais onde não são encontrados na forma estrutural, a
não ser em pedaços de tamanho variados, acessíveis e desmonte com
auxílio de marretas e picaretas manuais; As cerâmicas, as perdas de
blocos cerâmicos na forma de entulho quando da operacionalização
dos mesmos nos canteiros de obras, quando das quebras durante o
assentamento e quando do corte das alvenarias para a passagem de
tubulações afins; As argamassas, as perdas de porções de argamassa
de cimento, cal e areia utilizada nos assentamentos de cerâmicas afins
e argamassas de cimento e areia utilizadas nos chapiscos,
assentamentos de batentes, esquadrias e revestimentos afins, assim
como, também, frações miúdas de concreto perdidos e/ou quebrados
no canteiro de obras; O vidro, a cerâmica esmaltada, fração perdida
em acabamentos dos fechamentos em vidros e em cerâmica de piso
e paredes, sendo comum se apresentarem em tamanhos cuja
dimensão máxima não exceda a 100,00 min e Metais, fração perdida
quando do corte com sobras de pontas de ferragens e arames de
armações e ponteamento (GRIGOLLI,2001,p.06). Resíduos nos
estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem
industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de
varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de
sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos
e instalações de controle de poluição, bem como determinados
líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na
rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso
soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor
tecnologia disponível”. (NBR10004:2004)
12

De acordo com John (2000, p.28) s resíduos de construção são constituídos de


uma ampla variedade de produtos, que podem ser classificados em:

1) Solos
2) Materiais Cerâmicos: rochas naturais, concreto, argamassas a base
de cimento a cal, resíduos de cerâmica vermelha como: tijolos e
telhas; cerâmica branca, especialmente a de revestimento, cimento-
amianto, gesso pasta, placa e vidro;
3) Materiais metálicos como: aço para concretos armados, latão, chapas
de aço galvanizado e;
4) Materiais orgânicos como madeiras natural ou industrializada,
plásticos diversos, materiais betuminosos, tintas, adesivos, papel de
embalagem, restos de vegetais e outros produtos de limpeza de
terreno (JOHN, 2000, p.28).

Todo gerador de resíduo é responsável pela correta segregação e destinação


do material em uso. Sendo assim, deve-se ter um controle de entrada e saída do
material em uso para que se tenha um correto acompanhamento e controle do
resíduo. Os RCD são classificados, segundo a resolução, de acordo com a destinação
e estão apresentados no quadro 1.

TABELA 01 – Classificação e destinação dos resíduos da construção civil de


acordo com a Resolução CONAMA 307/02.
CLASSE TIPO DE RESÍDUO DESTINAÇÃO
- Resíduos de construção, demolição, reformas Reutilização ou reciclagem na
e reparos de edificação e pavimentação; forma de agregado ou
A - Resíduos de fabricação e/ou demolição de encaminhado para a área de
peças pré-moldadas em concreto produzidas aterro da construção civil.
nos canteiros de obras.

- Plásticos, papel, papelão, metais, vidros, Reutilização, reciclagem ou


B madeiras e gesso. encaminhado para área de
armazenamento temporário.
- Resíduos que não foram desenvolvidas Armazenamento, transporte e
C tecnologias ou aplicações que permitam a sua destinação conforme normas
reciclagem ou recuperação. técnicas específicas.
- Tintas, solventes, óleos ou resíduos oriundos Armazenamento, transporte e
D de reformas em clínicas radiológicas, destinação conforme normas
instalações industriais (resíduos perigosos). técnicas específicas.
Fonte: CONAMA (2002), adaptado da CONAMA 448/2012
13

De acordo com levantamento feito em várias cidades brasileiras, os resíduos


sólidos variam entre 50% a 60% de todos os resíduos sólidos urbanos. (ÂNGULO,
2005). Segundo Pinto (2005) alguns municípios brasileiros mais de 75% dos resíduos
da construção civil são provenientes de construção informais, obras não licenciada;
enquanto 15% a 30% são destinadas de obras formais, licenciada pelo poder público.
Na cidade de Salvador, por exemplo, os RCC representam cerca da metade
dos resíduos sólidos urbanos e correspondem diariamente 2.000t (LIMPURB, 2004).
Com o aumento da população, o desenvolvimento econômico tem contribuído
gradativamente para que essa estatística aumente cada vez mais.
Tendemos a concordar que para efeito da Resolução nº 307/2002 são adotadas
as seguintes definições do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA, 2002)
com relação aos resíduos de construção e demolições:

TABELA 2 – Definições usadas pelo conselho nacional do meio ambiente


São os resíduos provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras
de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como:
Resíduos da tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas,
construção civil madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros,
plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras,
caliça ou metralha.

Pessoas, físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, responsáveis por atividades ou


Geradores
empreendimentos que gerem os resíduos da construção civil.

Pessoas, físicas ou jurídicas, encarregadas da coleta e do transporte dos resíduos entre


Transportadores
as fontes geradoras e as áreas de destinação.
Material granular proveniente do beneficiamento de resíduos de construção que
Agregado
apresentem características técnicas para a aplicação em obras de edificação, de
reciclado
infraestrutura, em aterros sanitários ou outras obras de engenharia.

Sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar ou reciclar resíduos, incluindo planejamento,
Gerenciamento
responsabilidades, práticas, procedimentos e recursos para desenvolver e implementar
de resíduos
as ações necessárias ao cumprimento das etapas previstas em programas e planos.
Reutilização Processo de reaplicação de um resíduo, sem transformação do mesmo.
Reciclagem Processo de reaproveitamento de um resíduo, após ter sido submetido à transformação.

Ato de submeter um resíduo à operações e/ou processos que tenham por objetivo dotá-
Beneficiamento
los de condições que permitam que sejam utilizados como matéria-prima ou produto.
Área onde serão empregadas técnicas de disposição de resíduos da construção civil
Aterro de Classe “A” no solo, visando a preservação de materiais segregados de forma a possibilitar
resíduos da seu uso futuro e/ou futura utilização da área, utilizando princípios de engenharia para
construção civil confiná-los ao menor volume possível, sem causar danos à saúde pública e ao meio
ambiente.
Áreas de
destinação de Áreas destinadas ao beneficiamento ou à disposição final de resíduos.
resíduos
Fonte: Resolução CONAMA nº 307 de 2002
14

2.2 LOGÍSTICA EM CANTEIROS DE OBRAS

Vieira (2006) afirma que um estoque logístico, levando-se em conta as


atividades de conversão e de fluxo, aumenta as possibilidades de racionalização da
produção na construção de edifícios. Essa racionalização reduz o resíduo gerado, e
com a redução do resíduo gerado a empresa ganha através da economia na aquisição
de material, pois com uma quantidade menor de matéria prima é possível a realização
de uma mesma atividade, como também com a redução de custos de remoção e
tratamento desses resíduos, o que também leva a um ganho ambiental, pois diminui
a quantidade de resíduos a ser depositado ao meio ambiente.

De acordo com Vieira (2006) os grandes problemas da construção civil,


apontados ao longo dos anos são, a geração de grandes volumes de entulhos por
perdas e desperdícios, a ineficiência, o descumprimento de cronogramas e etc.
Podendo afirmar, que um dos grandes responsáveis por isso e a falta de um
planejamento logístico inicial. Já na etapa de desenvolvimento dos projetos das
diversas especialidades deverá haver uma grande preocupação com a
compatibilização deles de forma a conduzir a um projeto construtivo que minimize
interferências, facilitando o fluxo produtivo. Para se ter uma ideia, no Japão, por
exemplo são gastos 2/3 do tempo com projeto e 1/3 com execução. No Brasil esses
fatores são invertidos. Nesta fase, deverão ser definidos os processos tecnológicos,
construtivos, materiais, etc., tudo objetivando a minimização dos custos e o aumento
da eficiência. Uma vez efetuando um bom planejamento inicial, próximo passo é o
desenvolvimento eficiente da obra propriamente dito e, para isso, o bom planejamento
de um canteiro, com foco nas diversas etapas construtivas.

Acrescenta ainda que os objetivos principais na gestão de logística são


proporciona, de forma simultânea, o máximo nível de serviço e o menor custo totais
possível nas atividades e ela inerentes, isto é, agregar, valor ao cliente e reduzir os
custos no processo de produção.

Dar ao planejamento da obra sua devida importância é essencial, seguido pela


execução e utilização com o objetivo de reduzir as perdas e, consequentemente, a
geração de resíduos.
15

Vieira (2006) explica que perdas, desperdícios, retrabalho no canteiro de obra


pode ser reduzido com a logística, com algumas estratégias, primeiramente, a mais
óbvia e a conscientização e introdução efetiva de um processo logístico;
implementação de tecnologias de informação nos processos; utilização de sistemas
de parcerias com fornecedores; adoção, de forma mais disseminada, do processo de
industrialização na construção e de técnica construtivas; terceirização de serviços
transferindo parte dos processos do canteiro para os fornecedores, melhor
planejamento dos canteiros de obra.

Para Vieira (2006) a logística da construção civil pode ser dividida em seis
atividades particulares e complementares, relacionando com a preparação do canteiro
e com a execução dos serviços, as quais são:

- Definição da gestão de informações;

- Elaboração do planejamento e programação de produção;

- Previsão dos suprimentos necessários;

- Gestão de fluxos físicos;

- Controle do cronograma físico, conformidade e atualização do planejamento;

- Gestão dos estoques e suprimentos.

O canteiro de obras é o local no qual se dispõem todos os recursos de


produção( mão de obra, materiais e equipamentos), organizados e distribuídos de
forma a apoiar e realizar os trabalhos de construção, observando os requisitos de
gestão, racionalização, produtividade e segurança. Nele são identificados elementos
ligados à produção, sistemas de transporte, elementos de apoio
técnico/administrativo, áreas de vivencia, entre outros elementos. São essas partes;
ou elementos, que deverão ser alocados no canteiro de forma a facilitara execução
dos serviços de construção, assegurar a segurança dos trabalhadores, garantindo o
comprimento das diretrizes demandadas pela legislação das empresas.

Um canteiro onde estes elementos não estão dispostos de forma organizada é


parceiro do desperdício e da geração de resíduos. Quanto mais organizado o canteiro,
16

menos a chance de perda de material, além de se evitar acidentes (MAIA; SOUZA,


2003).

2.2.1 Minimização das perdas em canteiro de obra

A grande quantidade de geração dos RCC está diretamente ligada ao grande


desperdício de materiais de construção que e produzido na realização dos
empreendimentos da indústria da construção civil, tendo que ter o controle de coleta,
transporte e disposição final dos resíduos (NETO, 2005).

Segundo Lima (2009) em cada uma das etapas de uma obra acontecem perdas
e desperdícios de materiais, gerando RCC tanto na concepção quanto na execução e
posterior utilização.

Pinto (2005) qualquer canteiro de obra deve visar à minimização das perdas
de materiais, mas para que isso ocorra às empresas tem que se atentar à escolha de
materiais certificados e tenha qualidade mínima para o desempenho do serviço; mão
de obra qualificada, com treinamentos e cursos de capacitação para a execução de
obra; utilização de equipamentos com tecnologia de ponta e o uso de embalagens que
facilitem o manuseio e transporte sem que ocorram perdas significativas de materiais.

E inevitável que ocorra um volume de perdas em qualquer processo de


construção ou reforma e, que as empresas geradoras esperam que esse volume seja
a menor possível, diminuindo, assim, os gastos com materiais desperdiçados. As
perdas de materiais podem ocorrer em diferenças fases da obra: concepção,
execução e utilização.

Segundo Souza (2004) explica que o desperdício de material em processos


construtivos pode se dar, basicamente em três maneiras distintas:

 Furto e/ou extravio – o que em geral é um valor muito baixo em grandes


empreendimentos os quais, normalmente, tem controle qualitativo e
quantitativos de materiais;
 Incorporação de materiais à edificação – ocorre principalmente em
materiais para moldagem de peças in loco nas obras tais como: peças de
concreto armado e revestimentos argamassados;
17

 Resíduos da Construção Civil (entulho) – é o “lixo que sai da obra” e onde


é considerado o modo mais visível de verificar o desperdiço de uma obra.

Já nas pesquisas de Shingo (1981) e Skoyles (1987) as perdas podem ser


classificadas de acordo com a possibilidade de serem controladas e com a sua
natureza, conforme reunidos abaixo:

a) Perdas segundo seu controle:

- Perdas inevitáveis: são aquelas consideradas perdas aceitáveis e já são


incluídas do planejamento dos custos;

- Perdas evitáveis: são aquelas onde os recursos são empregados de forma


inadequada, por conta de um processo de baixa qualidade, trazem
prejuízos não calculados.

b) Perdas segundo sua natureza:

- Perdas por superprodução: são aquelas que ocorrem quando é produzida


uma quantidade maior que a necessária;

- Perdas por substituição: ocorre quando estão relacionadas com a falta de


treinamento ou desleixo dos funcionários, utilização de materiais
inadequados, problemas de planejamento ou falta de fiscalização no
processo construtivo. Geram retrabalho, causando aumento do tempo de
conclusão de obra, de resíduos e de custos;

- Perdas no transporte: refletem-se em perdas no caminho do estoque de


material a área de trabalho. A grande distância entre eles e o uso de
equipamentos de transporte inadequados agravam o problema;

- Perdas no procedimento: tem origem nas falhas de procedimentos ou


treinamento da mão de obra, ineficiência dos métodos construtivos ou,
então, à falta de detalhamento e compatibilização dos projetos. Como por
exemplo, pode-se citar a quebra de alvenaria para passagem dos sistemas
prediais;

- Perdas de estoque: ocorrem quando existe estoque excessivo, causado


pela programação inadequada da entrega dos materiais, gerando falta de
18

local adequado para estoque. Também pode ocorrer quando o estoque é


feito em condições inadequadas como, por exemplo, armazenagem de
areia e sacos de cimento diretamente sobre o solo.

c) Outras: englobam perdas por roubo, vandalismo, acidentes entre


outros.

Percebe-se que toda atividade na construção civil produz, inevitavelmente,


algumas perdas, porém, como estas perdas acontecem em locais e momentos
distintos, a simples separação prévia destes materiais evitaria a contaminação dos
rejeitos que ocorrem nos “containers” destinados a sua remoção dos canteiros de
obras (SCHENINI, 2004).

Schenini ainda observa que é crescente a preocupação com o controle de


perdas e que estas se evidenciam nas iniciativas adotadas nos canteiros de obras e
a seguir expostas:

a) Presença de “containers” para a coleta de desperdício nos andares;


b) Distribuição de pequenas caixas de desperdícios nos andares;
c) Tubo coletor de polietileno para a descida do entulho;
d) Quadro para a anotação da quantidade e tipo de entulho gerado na obra;
e) Colocação de equipamentos de limpeza de forma visível;
f) Limpeza permanente pelo próprio operário;
g) Premiação de equipes pela qualidade da limpeza;
h) Separação dos resíduos por tipo e natureza do material.

De acordo com Espinelli (2005) na construção civil, a diminuição das perdas e


desperdícios passou a ser importante fator para a sobrevivência das construtoras e
para adequação ao mercado, porém a necessidade de minimizar a geração dos RCC,
não resulta apenas da questão econômica, pois se trata fundamentalmente de uma
ação importante para a prevenção ambiental.
19

2.2.2 Transporte
A combinação de um correto planejamento de transporte dos materiais de um
canteiro de obra, através da previsão de caminhos específicos e de equipamento
adequado de transporte, consiste numa medida eficaz para o combate à ocorrência
de perdas (PALIARI, 1999).

Segundo Paliari (1999) as perdas durante o transporte estão limitadas aqueles


materiais que tem facilidade de quebra ou ser derramados durante o trajeto. Dentre
os vários materiais envolvidos, enquadram-se nesta situação as argamassas e
concretos, os blocos e tijolos, telhas e placas cerâmicas”.

De acordo com (PINTO, 2005) além do acondicionamento inicial e final é


necessário atentar para a forma como os resíduos serão transportados no canteiro. O
transporte interno pode ser realizado utilizando-se meios convencionais e disponíveis
no canteiro de obras. Para o transporte horizontal podem ser utilizados: carrinho de
mão, giricas, transporte manual, entre outros. Já para o transporte vertical podem ser
utilizados: grua, elevador de carga, etc. Uma outra opção e o duto coletor de entulho
que agiliza bastante o transporte interno, principalmente de resíduos classe A. Estes
dutos são constituídos por elementos tubulares de polietileno de média densidade
com diâmetro de 34cm fixado por correntes. Nos pavimentos um elemento especial
permite a colocação dos resíduos.

TABELA 03: Tipos de Resíduos x Transporte Interno


Tipos de Resíduos Transporte interno
Bloco de concreto, blocos Carrinhos ou giricas para deslocamento horizontal e condutor de entulho,
cerâmicos, argamassas e etc. elevador de carga ou grua para transporte vertical
Grandes volumes: transporte manual (em fardos) com auxílio de girícas ou
carrinhos associados e elevador de carga de grua. Pequenos volumes:
Madeira
deslocamento horizontal manual (dentro de sacos de ráfia) e vertical com
auxílio de elevador de carga de grua, quando necessário.
Plástico, papelão, papéis, Transporte dos resíduos contidos em sacos, bags ou em fardos com o
metal, serragem e EPS. auxílio de elevador de carga ou grua, quando necessário.
Gesso de revestimento, placas Carrinhos ou giricas para deslocamento horizontal e elevador de carga ou
acartonadas e artefatos. grua para transporte vertical.
Equipamento disponível para escavação e transporte (pá-carregadeira,
Solos
etc.). Para pequenos volumes, carrinhos e giricas.
Fonte: Transporte Interno (adaptada de Pinto, 2005)

De acordo com a resolução 307 do CONAMA os geradores também são


responsáveis pela destinação final dos resíduos quando não sejam viáveis o reuso ou
20

reciclagem dos resíduos na própria obra são responsáveis por todos os resíduos que
são retirados sendo passiveis de multas definidas pelo município em caso de
deposição irregular.

A coleta e remoção dos resíduos do canteiro de obra devem ser controlados


através do preenchimento de uma ficha conteúdo dados do gerador, tipo e quantidade
de resíduos, dados do transportador e dados do local de destinação final dos resíduos.

O gerador deve guardar uma via deste documento assinado pelo transportador
e destinatário dos resíduos, pois será sua garantia de que foi destinado
adequadamente.

E importante contratar empresas licenciadas para a realização do transporte,


bem como para a destinação dos resíduos.

2.2.3 Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil

O Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil


existente tem como base a Resolução Nº 307/2002 do Conama, a qual engloba
diretrizes definidas, os agentes envolvidos e o roteiro elaborado para o município, no
qual há uma sequência de atividades a serem realizadas (KARPINSKI, 2008).

Conforme a Resolução Conama Nº 307/2002, o plano é um instrumento para a


implantação do RCC (Resíduo da Construção Civil). Sua elaboração é de
responsabilidade dos municípios e do Distrito Federal, o qual deverá congregar o
Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil e seus
respectivos projetos.

Segundo o art. 6 da Resolução Conama Nº 307/2002, deverão constar do Plano


Municipal de Gestão de Resíduos da Construção Civil:

a. As diretrizes técnicas e procedimentos para o exercício das


responsabilidades dos pequenos geradores, em conformidade com os
critérios técnicos do sistema de limpeza urbana local e para os Planos de
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil a serem elaborados pelos
grandes geradores, possibilitando o exercício das responsabilidades de
todos os geradores;
21

b. O cadastramento de áreas, públicas ou privadas, aptas para recebimento,


triagem e armazenamento temporário de pequenos volumes, em
conformidade com o porte da área urbana municipal, possibilitando a
destinação posterior dos resíduos oriundos de pequenos geradores às
áreas de beneficiamento;
c. O estabelecimento de processos de licenciamento para as áreas de
beneficiamento e preservação de resíduos e de disposição final de rejeitos;
d. A proibição da disposição dos resíduos de construção em áreas não
licenciadas;
e. O incentivo à reinserção dos resíduos reutilizáveis ou reciclados no ciclo
produtivo;
f. A definição de critérios para o cadastramento de transportadores;
g. As ações de orientação, de fiscalização e de controle dos agentes
envolvidos;
h. As ações educativas visando reduzir a geração de resíduos e possibilitar a
sua segregação.

A figura 2 abaixo mostra o modelo do Plano de Gerenciamento de Resíduos


Sólidos de acordo com o portal de resíduos sólidos, colocando as diretrizes e leis
utilizadas no processo.

FIGURA 2 - Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos

Fonte: www.portalresiduossolidos.com (2015).

O Plano Municipal de Gerenciamento de resíduos da Construção Civil


(PMGRCC) estabelece diretrizes técnicas para a gestão dos resíduos provenientes
22

dos pequenos e grandes geradores. Sendo que para os grandes geradores tem que
ser implementado e elaborado o Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção
Civil (PGRCC), com o objetivo de estabelecer critérios para o manuseio e destinação
final dos resíduos no local adequado (CONAMA, 2002).

A tabela 4 mostra as etapas do PGRCC segundo a Resolução CONAMA


307/2002 em conformidade com a Resolução Nº 448/2012.

TABELA 04 - Etapas do PGRCC segundo as Resoluções CONAMA Nº 307/2002 e Nº


448/2012.

Caracterização O gerador deverá identificar e quantificar os resíduos.

Deverá ser realizada, de preferência pelo gerador na origem, ou ser realizada


Triagem
nas áreas de destinação licenciadas para esse intuito, respeitadas as classes
de resíduos estabelecidas no art. 3 desta Resolução.

O gerador deve assegurar o confinamento dos resíduos após a geração até a


Acondicionamento
etapa de transporte, assegurando em todos os casos em que seja possível,
as condições de reutilização e de reciclagem.

Deverá ser realizado em consonância com as etapas anteriores e segundo as


Transporte
normas técnicas vigentes para o transporte de resíduos.

Destinação Deverá ser prevista conforme o estabelecido na referida Resolução.

Fonte: Conama (2002) e Resolução Nº 448/2012.

2.3 PROGRAMA BRASILEIRO DA QUALIDADE E PRODUTIVIDADE DO


HABITAT (PBQP-H).

Atualmente as empresas estão em busca de melhorias nos seus sistemas


produtivos, objetivando o avanço da qualidade das edificações. As mudanças na
indústria da construção vem ocorrendo, principalmente, pelo aumento do nível de
exigência dos seus clientes, aumentando a competição no setor e as exigências do
mercado.

Com isso algumas empresas passaram a adotar o sistema de gestão da


qualidade, como o PBQP-H (2012), a NBR ISO 9001 (2008), motivadas por uma série
23

de razões, dentre as quais: modismo, reconhecimento do mercado, exigência para


participação em obras de concorrência pública, busca por vantagem competitiva ou
pela melhoria (OLIVEIRA, 2014).

O Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H) visa


cumprir os compromissos firmados pelo Brasil com a assinatura da Carta de Istambul
durante a Conferência do Habitat II (1996). “A sua meta é organizar o setor da
construção civil em torno de duas questões principais: a melhoria da qualidade do
habitat e a modernização produtiva” (PBQP-H, 2012).

2.3.1 Níveis de Avaliação do PBQP-H

Por meio da Portaria N° 582, de 5 de dezembro de 2012, foi aprovado o novo


Regimento do SiAC (Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de
Serviços e Obras da Construção Civil). O sistema propõe a evolução dos patamares
de qualidade do setor em três níveis crescentes de exigências: Nível de Adesão, B e
A. A Declaração de Adesão tem validade de 12 meses, podendo participar do
processo de Declaração de Adesão apenas uma única vez (OLVEIRA, 2014).

Os requisitos do sistema de gestão da qualidade estabelecidos pelo PBQP-H


são semelhantes aos exigidos pela norma NBR ISO 9001:2008, respeitando-se,
entretanto, as peculiaridades do setor da construção civil, uma vez que a NBR ISO
9001:2008 é uma norma aplicável a todas as organizações, independentemente dos
segmentos nos quais elas atuam.

A introdução de modelos gerenciais como o PBQP-H por parte das empresas


construtoras é resultado de uma série de fatores da atual situação do mercado da
construção civil. Dentre esses fatores destacam-se a pressão pela redução de custos
e prazos dos empreendimentos, maiores exigências por parte dos consumidores,
maior competitividade entre as empresas, além da exigência por parte de órgãos
públicos, contratantes de serviços de construção de habitação, bem como agentes
financiadores Zanini (2011).

Com esses modelos gerenciais fica mais fácil unir o fluxo de informações, o
qual se torna mais ágil e confiável devido à divisão de responsabilidades, ajudando
na padronização dos procedimentos técnicos.
24

Sendo semelhante à NBR ISO 9001:2008, os requisitos do sistema de gestão


da qualidade estabelecidos pelo sistema de avaliação do PBQP-H são dispostos em
cinco grandes grupos: sistema de gestão da qualidade; res- possibilidade da direção
da empresa; gestão de recursos; execução da obra; e medição, análise e melhoria.
Portanto, a empresa construtora certificada no nível “A” do PBQP-H, atende, por
consequência, todos os requisitos da NBR ISO 9001:2008, podendo, inclusive,
solicitar a certificação simultânea segundo este referencial.

2.4 LEGISLAÇÕES APLICÁVEIS AOS RCC E RCD

Os RCC e RCD estão sujeitos à legislação Federal, já os resíduos sólidos à


Legislação Estadual, Municipal e normas técnicas Brasileiras. O quadro abaixo mostra
em ordem cronológica as leis de abrangência nacional:

TABELA 05 : Leis de abrangências nacional


DOCUMENTO DESCRIÇÃO

Dispõe sobre a política nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos


Lei Federal Nº 6.938 / 1981
de formulação e aplicação, e dá outras providências.

Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e


Lei Federal Nº 9.605 / 1998
atividades lesivas ao meio ambiente e dá outras providências.
Estatuto das Cidades. Regulamenta os Arts.182 e 183 da Constituição
Lei Federal Nº 10.257 / 2001 Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e das outras
providências.
Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos RCC e
Resolução Nº 307 / 2002
RCD.

Altera a Resolução CONAMA Nº 307 / 2002, incluindo o amianto na classe de


Resolução Nº 348 / 2004
resíduos perigosos.
Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico; altera as leis 6.766
de 19 de dezembro de 1979; 8.036 de 11 de maio de 1990; 8.666, de 21 de
Lei Federal Nº 11.445 / 2007
junho de 1993; 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a lei nº 6.528, de 11
de maio de 1978; e dá outras providências.
Institui a PNRS altera a lei 9.605 de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras
Lei Federal Nº 12.305 / 2010
providências.
Regulamenta a lei 12.305, de 02 de agosto de 2010, que institui a PNRS, cria
Decreto lei Nº 7.404 / 2010 o comitê orientador para a implantação do sistema de logística reversa, e dá
outras providências.
Fonte: Ministério do Meio Ambiente (2004).
25

Criada em 05 de julho de 2002 e colocada em vigor no dia 03 de Janeiro de


2003 a Resolução 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), e
considerada marco divisor no gerenciamento de Resíduo da construção civil.

Os resíduos gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de


obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de
terrenos para obras civis. (CONAMA, 2002).

Segundo Brasil (2002) a Resolução 307 do CONAMA baseia-se no princípio de


priorizar a não geração de resíduos e a proibição da disposição final dos resíduos em
locais indeterminados com exemplo bota-foras, aterros sanitários, locais de proteção
ambiental, encostas e outras áreas protegidas por leis. Para que haja o tratamento
dos resíduos sólidos e a disposição final ambientalmente adequada algumas
empresas adotam um plano de gerenciamento conhecido como O Plano de
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC).

Conforme o (CONAMA, 2002) o PMGRCC (Plano Municipal de Gestão de


Resíduos da Construção Civil) é o instrumento empregado para a implementação da
Resolução e deve ser elaborado pelos municípios e pelo Distrito Federal, devendo
constar as diretrizes técnicas e procedimentos, o licenciamento e cadastramento das
áreas para a disposição e beneficiamento dos resíduos, proibição da disposição de
resíduos em áreas não licenciadas, o incentivo a utilização de resíduos recicláveis,
cadastramento de transportadores, além de orientação, fiscalização e controle dos
agentes envolvidos.

O PGRCC é elaborado e executado pelos grandes geradores e tem como


objetivo estabelecer os procedimentos necessários para o manejo e destinação
adequada dos resíduos. Este deverá ser analisado dentro do processo de
licenciamento, junto ao órgão ambiental competente ou pelo poder público municipal
(CONAMA, 2002).

Sendo assim, o PGRCC deverá atender as seguintes etapas: identificação e


quantificação dos resíduos, triagem, acondicionamento, transporte e destinação
(CONAMA, 2002). Existem outras legislações referentes a resíduos que são aplicáveis
a construção Civil. São elas:
26

 Portaria ANP nº 127, de 30 de julho de 1999 – Estabelece a


regulamentação para a atividade de coleta de óleo lubrificante usado ou
contaminado a ser exercida por pessoa jurídica sediada no país.
 ANVISA RDC 342, de 13 de dezembro de 2002 – Institui e aprova o
Termo de Referência para elaboração dos Planos de Gerenciamento de
Resíduos Sólidos a serem apresentados à ANVISA.
 NBR 7503:2001 – Ficha de emergência e envelope para o transporte
terrestre de produtos perigosos.
 NBR 13.221:2000 – Transporte de Resíduos.
 NBR 11.174:1990 – Armazenamento de Resíduos classe II (não inertes)
e classe III (inertes).
 NBR ISO 14001 – Sistema de gestão ambiental – Especificação e
diretrizes para uso.
 NBR 15112:2004 – Resíduos da construção civil e resíduos volumosos
– Áreas de transbordo e triagem – Diretrizes para projeto, implantação e
operação.
 NBR 15113:2004 – Resíduos sólidos da construção civil e resíduos
inertes – Aterros – Diretrizes para projeto, implantação e operação.
 NBR 15114:2004 – Resíduos sólidos da construção civil – Áreas de
reciclagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação.
 NBR 15115:2004 – Agregados reciclados de resíduos sólidos da
construção civil – Execução de camadas de pavimentação.
 NBR 15116:2004 – Agregados reciclados de resíduos sólidos da
construção civil – Utilização em pavimentação e preparo de concreto
sem função estrutural – Requisitos.
 Lei Federal nº 9.605:1998 – Lei de Crimes Ambientais: Art. 54 – Causar
poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam
resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade
de animais ou a destruição significativa da flora.
 Lei do Município de Aracaju Nº 4452 de 31/10/2013 – Lei do sistema de
gestão sustentável de Resíduos da Construção Civil e Resíduos
Volumosos – dispõe sobre a fiscalização, infrações e penalidades
27

relativas à proteção do meio ambiente.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2004) as NBRs supracitadas


contemplam as atividades inerentes aos Resíduos Sólidos que vão desde o
transporte, armazenamento, triagem, aterros e reciclagem; já com relação a Lei do
Município de Aracaju Nº 4452 de 31 de Outubro de 2013, Lei do sistema de gestão
sustentável de Resíduos da Construção Civil e Resíduos Volumosos, esta dispõe
sobre a fiscalização, infrações e penalidades relativas à proteção do meio ambiente.
28

3 METODOLOGIA

Para a metodologia do presente trabalho optou-se por três estratégias para


torná-lo mais completo e consistente. Foram elas: pesquisa bibliográfica e pesquisa
de campo, sendo este estudo realizado em quatro empresas distintas no município de
Aracaju e grande Aracaju formada por Nossa Senhora do Socorro e São Cristóvão.
Em umas das empresas foi escolhido duas obras sendo que uma com padrão
alto e a outra obra com padrão menor. A outra análise foi feita em dois canteiros e
foram analisados por ter características diferentes, totalizando o estudo em cinco
diferentes canteiros de obras.

3.1 ÁREAS DE ESTUDO

O município de Aracaju que ocupa uma área de 181,857 km² está localizado
no estado de Sergipe, tem uma população de 632.744 habitantes, segundo dado de
2015 do Instituto Brasileiro e Estatística (IBGE), com densidade demográfica de
3.140,65 hab./km², limita-se com os municípios de São Cristóvão e Nossa Senhora do
Socorro que fazem parte da Grande Aracaju; Itaporanga d’Ajuda e Santo Amaro das
Brotas. A pesquisa se caracteriza por ter sido realizada diretamente no campo, no
intervalo de 18 de abril a 02 de maio de 2016.

FIGURA 3: Sergipe e o Município de Aracaju

Fonte: IBGE(2015)
29

3.2 MÉTODO DE PESQUISA

A pesquisa de campo foi realizada através da coleta de dados das empresas


A, B, C e D realizando-se visitação nas obras, aplicação do questionário, entrevista
com o engenheiro e registros fotográficos. A pesquisa de campo foi dividida em duas
partes: a coleta de dados da obra e a caracterização da mesma.

A amostra foram escolhidas de acordo com o caráter estratégico de cada


canteiro de obra das diferentes empresas. Portanto, as empresas deveriam possuir
os seguintes critérios:

- Serem empresas que possuem representatividade no setor no número de


obras construídas no estado de Sergipe;

- Terem em seu quadro técnico profissionais de diferentes áreas responsáveis


pelo gerenciamento de resíduos;

- Serem empresas que trabalhem no acondicionamento e deposição de


resíduos de construção.

Foram realizadas entrevistas com os e engenheiros, técnicos de edificações


e técnicos em segurança do trabalho das obras pesquisadas e as características
levantadas foram embasadas nos critérios considerados relevantes para a avaliação
da destinação e do acondicionamento de resíduos. Além dos questionários aplicados
serem fundamentais para o entendimento do contexto onde a pesquisa está inserida,
permitem a análise e comparação entre os dados das cinco obras pesquisadas.

Além das perguntas objetivas, foram feitas também entrevistas


semiestruturadas com a função de obter sugestões e exemplos de boas praticas dos
entrevistados. Em algumas entrevistas, novas perguntas surgiram, sendo
devidamente registradas, para uma analise posterior. Para esta fase das entrevistas
fez-se uso de gravador, com a permissão de entrevistado, para posterior transcrição
do conteúdo da entrevista.
30

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 A SITUAÇÃO

Em Aracaju, a Empresa Municipal de Serviços Urbanos, (EMSURB), criada


pela lei nº 1668, de 26 de dezembro de 1990, é qualificada como empresa pública
prestadora de serviços públicos, com o objetivo de planejar e coordenar as atividades
referentes à limpeza pública, arborização e espaços públicos da cidade de Aracaju.
Sendo atribuída a ela contratação de empresas para serviços de coleta, transporte e
destinação final dos resíduos sólidos.

As empresas que recolhem os resíduos gerados no canteiro de obra têm que


estar autorizadas pela EMSURB, ADEMA E SEMA através da licença de operação, a
qual autoriza a operar instalações e/ou equipamentos. Os resíduos da obra são
destinados a TORRE EMPREENDIMENTOS RURAL E CONSTRUÇÃO LTDA a qual
possui a licença e autorização dos órgãos responsáveis.

Os canteiros visitados também têm parceria com algumas empresas coletoras


como, por exemplo, a empresa Planeta Limpo que tem papel fundamental no tocante
à reciclagem, se encarregando do transporte dos resíduos que não são
reaproveitados e destinados ao aterro da empresa Estre.

4.2 CARACTERÍSTICAS DAS EMPRESAS

Foram abordadas quatro empresas da cidade de Aracaju e região é serão


denominadas de A, B, C e D para manter sigilo de resposta.

A empresa A e de médio e grande porte e reconhecida no mercado imobiliário


sergipano, atuando no mercado a 23 anos. Possui programa de gerenciamento de
resíduos da construção Civil (PGRCC) segundo a Resolução CONAMA 307/2002 e
atua no setor de edificações, construindo empreendimentos residenciais para as
classes A, B, C e D.

A empresa B e classificada como empresa de grande porte, atuando no


mercado da construção a 46 anos. Participa do Programa Brasileiro da Qualidade e
31

Produtividade do Habitat (PBQP-H), atuando em todos os tipos de construção,


principalmente no setor de edificações.

A empresa C classificada como uma empresa de pequeno porte, atuando no


mercado há 16 anos. Possui o programa de gerenciamento de resíduos da construção
Civil (PGRCC), atuando no mercado Sergipano da construção. Sua atuação é focada
no subsetor de edificações, construindo empreendimentos residenciais para as
classes B, C e D.

A empresa D é uma empresa cooperativa que atua em empreendimentos


residências e não possui nenhuma certificação nem plano de gerenciamento. Atua na
construção Civil geralmente em residências padrão Alto.

TABELA 06: Perfil das empresas pesquisadas

EMPRESA ÁREA DE ATUAÇÃO TEMPO DE ATUACÃO (anos)

A Construção e Incorporação 23

B Construção e Incorporação 46

C Construção 16

D Construção e Incorporação 2

Fonte: Do Autor (2016)

4.3 ENTREVISTA COM OS ENGENHEIROS

As entrevistas com os engenheiros aconteceram no período de Abril à Maio de


2016. Abordaram os principais questionamentos sobre os resíduos desde o
recebimento do material, armazenamento, transporte, acondicionamento até à
destinação final dos resíduos da construção civil em canteiros de obras. Todos os
aspectos considerados foram retirados através dos questionários. Os questionários
foram divididos em duas partes. O primeiro questionário (APÊNDICE A) foi feito a
abordagem com todos os entrevistados respondendo as perguntas relacionadas à
32

obra, já o segundo questionário (APÊNDICE B) foi respondido pelas empresas que


adotaram um plano de gestão dos Resíduos na Construção Civil (PGRCC).

De acordo com as respostas obtidas com o questionário aplicado aos


engenheiros e com as visitas aos canteiros de obras, em todas as seis obras
analisadas, são realizadas inspeções para a verificação da qualidade dos matérias no
ato do recebimento, o transporte e armazenamento estão sendo adequadamente de
acordo com o manual de cada empresa.

Ao perguntar sobre a limpeza externa do canteiro de obra foi respondido pelos


entrevistados que estavam sendo armazenados devidamente nas obras das
empresas A e C, porém no canteiro de obra B e D foi verificada a presença de resíduos
descartados de maneira incorreta fora do canteiro de obra.

Ao questionar qual a maior dificuldade para manter a obra limpa, os


entrevistados das cinco obras informaram que é a falta de conscientização dos
funcionários, que mesmo com palestras e treinamentos geralmente quinzenais, não
tem o hábito de colocar em prática o que foi abordado nas palestras.

4.3.1 Entrevistas as Empresas da Construção Civil

Para responder a esta entrevista, foram abordadas quatro empresas


construtoras com obras em Aracaju e região, tratadas como empresas A, B, C e D.

 EMPRESA A

A construtora A está operando no mercado da construção e incorporação à 23


anos. No caso da empresa A, a pesquisa de campo foi feita em dois canteiros de obras
diferentes, um empreendimento residencial classe A e outro classe D. Foi realizado
um comparativo entre as duas obras e ficou evidenciado que na mesma empresa
existe um processo de gerenciamento onde a execução do mesmo é diferenciado.

A empresa A possui um programa de gerenciamento de resíduos (PGRCC).


Sendo assim, o PGRCC deverá contemplar as seguintes etapas: identificação e
quantificação dos resíduos, triagem, acondicionamento, transporte e destinação
(CONAMA, 2002).
33

A primeira obra visitada é um empreendimento residencial classe A com uma


torre e área construída de 7.812,16 m². O empreendimento possui 14 andares, sendo
um andar de garagem, um de playground e 12 pavimentos tipo com 02 apartamentos
por andar para o (3º, 7º, 8º 9º Pav), e 04 apartamentos para o (4º, 5º, 6º, 10º, 11º, 12º,
13º, 14º Pav) totalizando 40 unidades residenciais.

O serviço que está sendo executado na obra no momento está sendo


finalizado, como os serviços de Alvenaria. Os tipos de resíduos gerados são bloco,
madeira e gesso.

Devido aos tipos de serviços que estão sendo executados e para manter a
limpeza e organização da obra, foram instalados um tubo que fica na lateral da torre,
e 02 caçambas estacionárias para os materiais de maior volume. Tais caçambas
servem para receber os resíduos gerados pela obra, uma é para gesso e a outra para
resíduos de madeira em geral como restos de concreto e argamassas, blocos e
revestimentos cerâmicos, obedecendo o plano de gerenciamento de resíduos sólidos
da construção civil. Durante o processo seletivo os resíduos são colocados em baias
e bombonas separados de acordo com o seu tipo de resíduo e a coleta é feita quando
as mesmas estão cheias. A triagem e o transporte interno são realizados pelos
colaboradores que colocam o resíduo na baia adequada com ajuda de carrinhos,
giricas ou manualmente.

Segundo a técnica em Segurança do Trabalho no mês de Abril foram


descartados 32m³ de resíduos. A empresa A possui uma parceria com a empresa
Planeta Limpo onde a empresa recolhe todo material, sendo uma parte destes levados
para o aterro sanitário ESTER. A outra parte dos resíduos, como o saco de cimento e
de gesso se faz os fardos, junta-os e o próprio transporte da empresa leva para a
empresa TORRE. Os resíduos são controlados através do preenchimento de uma
ficha (ANEXO 01) contendo dados do transportador e dados no local de destinação
final dos resíduos. O gerador deve guardar uma via deste documento assinado pelo
transportador e destinatário dos resíduos, pois será a garantia que destinou de forma
adequada os resíduos. Na figura abaixo é ilustrado um tipo de acondicionamento da
empresa A.
34

FIGURA 3: Caçamba estacionária de coleta seletiva na obra

Fonte: Autor (2016).

A figura 05 mostra a separação dos resíduos sendo realizada na área de


vivência da obra, fazendo com que os resíduos de uso pessoal também sejam
separados em coletores apropriados.

FIGURA 4- Coletores de coleta seletiva na circulação da obra.

Fonte: Autor (2016).

A segunda obra visitada é um empreendimento residencial classe D, são 6


torres, 5 delas com 7 andares (térreo + 6) com 6 apartamentos por pavimento; 1 torre
e de acessibilidade com 7 pavimentos (térreo + 6) com 4 apartamentos por andar
totalizando assim 238 apartamento. O empreendimento possui uma área construída
total de 16.420,38 m².
35

O serviço executado na obra está em finalização na parte de Alvenaria,


passando seguindo para o serviço de revestimento vertical (gesso sobre alvenaria).
No momento os tipos de resíduos gerados são alvenaria, bloco, madeira.

Devido aos tipos de serviços que estão sendo executados no momento e


mediante as informações coletadas, o “bota-fora” acontece no terreno da obra porque
ainda não tem caixas coletoras, uma vez que o serviço de gesso só se iniciará no mês
de junho. Foi verificado que o acondicionamento de materiais na obra não está sendo
feita de maneira correta, mesmo existindo o PGRCC. Durante às visitas à obra, foi
acompanhada o acondicionamento dos materiais (resíduos) gerados e foi identificado
que não existem baias ou coletores onde possam ser colocados os entulhos para o
descarte. Como mostra a Figura 04, as sobras de madeira que poderiam ser
reaproveitadas na própria obra ficam acumuladas no chão e sofrem desgastes por
chuva por exemplo.

No mês de Abril foram descartados 125m³ de resíduos. A segunda obra visitada


da empresa A possui uma parceria com a empresa TORRE onde a empresa recolhe
todo material, sendo uma parte destes levados para a ESTER. Ao dispor do PGRCC
nota-se que a empresa não executa o programa, pois de acordo com a Resolução
307/02 do CONAMA o PGRCC tem como objetivo estabelecer os procedimentos
necessários para o manejo e destinação adequada dos resíduos isso acaba não
acontecendo.

FIGURA 6:Terreno onde está sendo colocados os entulhos da obra

Fonte: Autor (2016).


36

FIGURA 5: Sobras de madeira acumuladas no chão

Fonte: Autor (2016).

 EMPRESA B

A empresa B está operando no mercado da construção e incorporação a 46


anos, a obra pesquisada também foi de um empreendimento residencial classe A. Em
bairro nobre, o residencial é composto de uma torre com 15 pavimentos, sendo dois
andares de garagem, playground e três apartamentos por andar. Com área construída
de 8.752,995 m², o empreendimento possui 39 apartamentos.

A empresa B possui o programa brasileiro da qualidade e produtividade do


habitat (PBQP-H) nível “B sendo semelhante à NBR ISO 9001:2008, os requisitos do
sistema de gestão da qualidade estabelecidos pelo sistema de avaliação do PBQP-H
são dispostos em cinco grandes grupos: sistema de gestão da qualidade; res-
possibilidade da direção da empresa; gestão de recursos; execução da obra; e
medição, análise e melhoria.

Os serviços que estão sendo executados na obra são de estrutura e


fechamento de alvenaria.

No mês de Abril a obra descartou 24m³ de entulhos e grande parte destes


materiais são de aços, madeira, embalagem plástica, papel. A construtora não
comercializa nenhum tipo de resíduo; a coleta deste entulho é feita pela empresa
TORRE, depositada em local adequado “bota fora” na parte externa da obra. A
empresa TORRE é a responsável pela separação do material e direciona-o para o
37

aterro sanitário ESTER.

Conforme a visita realizada na obra foi identificada que os resíduos gerados


estavam armazenados inadequadamente, ao indagar o responsável pela obra o
mesmo informou que devido a um problema mecânico do elevador que transporta os
resíduos fica inviável a execução do processo conforme ilustrado na figura 06.

FIGURA 6: Sobras de entulhos acumulada na obra

Fonte: Autor (2016)

FIGURA 9: Elevador com problema

Fonte: Autor (2016)

No momento da visita, o gestor informou que a empresa construtora e


certificada no nível “A” do PBQP-H, atende, por consequência, todos os requisitos. O
mesmo informou que existem fatores que se destacam a pressão pela redução de
38

custos com algumas estratégias. Primeiramente implementou novas tecnologias para


a obra, trocou a argamassa convencional por um tipo de argamassa Biomassa que já
vem pronta para o uso direto da embalagem, com isso ele economizou no mês de
março 220m³ de água que gastava para fazer a argamassa convencional, não
precisando do ajudante para fazer a argamassa, pois o pedreiro já leva a biomassa
que já está pronta para executar o serviço. Outro fator importante que ajuda a reduzir
as perdas, e consequentemente a geração de resíduos, e que tem uma gestão de
estoque e suprimento onde elabora um planejamento e programação de produção
fazendo a previsão do material necessário durante o mês, não havendo acumulo de
material. Foi informado também que o mesmo fez um acordo com os carpinteiros onde
se não tivesse desperdício de material os carpinteiros ganham uma participação no
salario. Ao passar por todas as etapas o Engenheiro informou que no mês de março
teve uma redução de custos que chegou a 30% a menos no cronograma mensal.

Vale salientar que o processo para a implantação do PGRCC está previsto para
o mês de junho, onde foi demolido uma casa ao lado da obra e que vai ser o espaço
de tratamento de gestão de resíduos.

 EMPRESA C

A empresa C está operando no mercado da construção e incorporação à 16


anos, uma empresa Sergipana. A obra é um empreendimento residencial classe B e
composta por 05 blocos, com 06 pavimentos tipo cada, com 08 apartamentos por
pavimento, totalizando assim 240 apartamentos e área construída de 15.310,48 m².

A empresa participa do programa de gerenciamento de resíduo (PGRCC) e


mesmo sendo uma empresa de pequeno porte, segue à risca todas as etapas dos
processos produtivos empregados para ter um bom gerenciamento.

Os serviços que estão sendo executados na obra está na fase de acabamento.


Quando perguntado sobre os tipos de resíduos na obra, verifica-se os tipos classe A,
B e C. Ao perguntar se a empresa aprova a utilização de materiais reciclados e se
usaria nas obras executadas, a engenheira entrevistada afirmou que sim, desde que
seja de qualidade e principalmente não coloquem em risco a estrutura da obra. Com
39

relação a reciclagem acontece da seguinte forma:

 Aproveitamento de concreto fresco na execução de camadas


impermeabilizadoras e de concreto magro;
 Aproveitamento de resíduos de concreto fresco e de aço na produção de
pequenas peças pré-moldada (vergas);
 Utilização de madeira após o fim da estrutura como peças de suporte em
andaimes metálicos ou jaús;
 Aproveitamento de resíduos classe A triturado para aterro na própria obra;
 Utilização de recortes de cerâmicas em arremates, rodapés ou como
mestras;
 Execução de aterros de áreas baixas com material proveniente das
escavações, desde que de boa qualidade;
 Utilização de saco de cimento no fechamento de pontos na concretagem
de lajes;
 Doação de embalagens em geral, para reciclagem.

O encarregado da obra abordou que os resíduos devidamente separados são


valorizados, podendo inclusive ser comercializados, caso contrário os mesmos são
apenas entulho.

O responsável pela obra foi questionado qual a maior dificuldade para manter
a obra limpa, na opinião do mesmo, ele informou que a maior dificuldade é a
conscientização dos funcionários, que mesmo recebendo treinamento semanalmente
através de palestras e cursos com temas sobre o reaproveitamento dos resíduos, bem
como de todos os procedimentos operacionais necessários ao bom andamento da
obra como mostra a figura 10:
40

FIGURA 7: Treinamento realizado no refeitório da obra.

Fonte: Autor (2016)

Segundo o engenheiro no mês de Abril foram descartados 180 m³ à 220m³ de


resíduos. A empresa C possui uma parceria com algumas empresas como mostra a
tabela 08. O resíduo gerado para aproveitamento é transportado por empresas
coletoras cadastradas, já os demais resíduos são separados e colocados em
caçambas, onde a empresa TORRE coleta o material para a destinação final.

TABELA 07: Dados cadastrais das empresas que tem parceria:

Recicladores
Cooperativa CARE Aracaju/SE
Reutilização externa
Cerâmica Santo Antônio Itabaiana SE
Empresas de Transporte de RCD
Aracaju Entulhos e Serviços Ltda São Cristovão/ SE
Paulista Entulho Ltda Aracaju/SE
Planeta Limpo Aracaju/SE
Fonte: Autor (2016)

Os parceiros devidamente cadastrados e registrados por meio de emissão de


e preenchimento dos manifestos mediante ANEXO 01 estão autorizados a transportar
e destinar os resíduos provenientes do canteiro de obra. Convém ressaltar que o CTR
deve ser preenchido a cada coleta realizada no canteiro de obra.
41

 EMPRESA D

Por fim, a obra da empresa D é um sistema cooperativismo. O cooperativismo


caracteriza-se por uma associação de pessoas que, unidas, conjugam esforços para
a obtenção de um fim, sem qualquer objetivo de lucro (IGF, 2007). No Brasil, a Lei
5.764, de 16 de dezembro de 1971, define a Política Nacional de Cooperativismo .

A obra está sendo executada a dois anos, o empreendimento é situado em um


bairro nobre de Aracaju, composto por uma torre com 16 pavimentos, sendo um andar
de garagem, um andar com área de lazer e dois apartamentos por andar. Com área
construída de 7.542,895 m², o empreendimento possui 28 apartamentos.

Desde o primeiro contato telefônico com a construtora D ficou evidente que está
não faz a gestão dos resíduos de suas obras, no dia da visita ao canteiro de obra, ao
questionar ao engenheiro o mesmo informou que não possui nenhum programa de
gerenciamento e informou que não tem interesse em ter. Os serviços que estão sendo
executados na obra estão na fase de acabamento.

Quando perguntado quais são os tipos dos resíduos gerados na obra, a técnica
de edificações informou que são gerados entulhos como madeiras, papel e papelão.
O gestor da obra informou que a construtora não comercializa nenhum tipo de resíduo
e a coleta se faz pela empresa credenciada TORRE. Na parte externa possui duas
caçambas estacionárias para os materiais de maior volume gerado como mostra a
figura 8, porém não existe uma correta separação de resíduos por classes.

FIGURA 8: Resíduos para descarte não separados da obra

Fonte: Autor (2016)


42

Foi verificado que o acondicionamento de materiais na obra não está sendo


feito de maneira correta como mostra a figura 11. Mostrando vários tijolos quebrados.

FIGURA 9: Acondicionamento incorreto de tijolos

Fonte: Autor (2016)

Como mostra a Figura 10, os resíduos da construção civil como sacos de


cimento e argamassa, papelão, revestimento cerâmico e sobras de concreto também
não estão acondicionados de maneira correta, aglomerados no chão em grande
quantidade, e podendo acentuar a proliferação de vetores de doenças.

FIGURA 10: Resíduos da construção civil acondicionados de forma incorreta

Fonte: Autor (2016)


43

Segundo o engenheiro da obra analisada, as maiores dificuldades para manter


a obra limpa e a falta de disponibilidade de equipamentos e transporte para remoção
dos entulhos e a conscientização dos funcionários.

4.4 GRÁFICOS E DESCRITIVOS DOS RESULTADOS DAS PEQUISAS

Os gráficos abaixo representam o resultado das pesquisas quantitativas e


qualitativas aplicadas presencialmente na cidade de Aracaju. A pesquisa realizada
apresenta resultados relevantes para um maior entendimento.

O gráfico 1 demonstra que 80% das empresas pesquisadas possuem um


modelo de gerenciamento de resíduos.

Todas as empresas possuem um modelo de


gerenciamento de resíduos? Como por exemplo o
PGRCC ou PBQP-H?

20%

80%

Sim Não

Gráfico 1 – Plano de gerenciamento de resíduo


Fonte: Elaborado pelo Autor (2016)
44

Observa-se que no gráfico 2, 60% das empresas pesquisadas possuem o


programa e executam todas as etapas planejadas.

As empresas que possuem o programa, executam


todas as etapas planejadas?

40

60

Sim Não

Gráfico 2 – verificação da realização de todas etapas planejadas


Fonte: Elaborado pelo Autor (2016)

De acordo com o gráfico 3 pode-se verificar que houve uma melhora em todas
as empresas que implementaram um dos modelos de gerenciamento, onde 60% teve
melhoria no processo e os canteiros ficaram mais organizados; 40% ficaram com
menos resíduos nas obras e 20% reciclam os materiais.

Levantamento para as empresas que incorporaram


um modelo de gerenciamento e cumpriram as
etapas

60 60

20 40

Melhoria no processo Menos quantidade de resíduos


Que reiclam o seu material Os canteiros mais organizados

Gráfico 3: Analise das empresas que adotaram o programa.


Fonte: Autor (2016)
45

No gráfico 4 pode-se verificar a quantidade de entulhos gerados por mês (m³)


nas obras avaliadas.

Quantidades de Entulhos gerados (mês) m³


180 165
160
140 125
120
100 85
80
60
32 24
40
20
0
Obra 1 Obra 2 Obra 3 Obra 4 Obra 5

Quantidades de Entulhos gerados (mês)

Gráfico 4 – Quantidades de Entulhos gerados (mês) m³


Fonte: Elaborado pelo Autor (2016)

No gráfico 5 percebe-se que a maioria dos canteiros visitados (60%) existe


coletores de resíduos padronizados (baias para papelão, papel, madeira, açotf ), os
quais são suficientes para a coleta seletiva adequada.

Coletores padronizados

60% 40%

Sim Não

Gráfico 5 – Coletores de resíduos Padronizados


Fonte: Elaborado pelo Autor (2016)

Na análise do gráfico 6 observa-se que ao aplicar a coleta seletiva, as empresas


tiveram uma redução significativa de 80% no retrabalho e minimizaram os problemas
46

ambientais nas obras; quando perguntado sobre o acumulo de lixo, melhora na


higiene, limpeza e dependência das obras, 60% dos entrevistados constataram que
houve uma redução. 60% dos entrevistados notaram que otimizaram o tempo das
obras e o desperdício de material.

90 80% 80%
80
70 60% 60% 60%
60
50
40
30
20
10 0
0
reduz o melhora a diminui o minimiza os economiza não traz
acumulo de limpeza e retrabalho problemas tempo e beneficios
lixo na obra higiene das ambientas na desperdicio
dependencias obra de material
da obra

Gráfico 6 – Resultado da implementação Coleta seletiva


Fonte: Elaborado pelo Autor (2016)

De acordo com o gráfico 7, 100% das empresas entrevistadas ministram


treinamentos e/ou palestras de conscientização sobre a coleta seletiva ofertada pela
empresa ou descarte de resíduos separados por tipo.

Treinamentos e Palestras

100%

Sim Não

Gráfico 7 – Treinamento e Palestras


Fonte: Elaborado pelo Autor (2016)
47

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A indústria da construção civil vem evoluindo e dessa forma os resíduos


gerados por ela também. Logo, as empresas tem que se adequar a um programa de
gerenciamento de resíduos visto que segundo a Resolução Nº 307 2002 do CONAMA
deixa bem claro a importância da correta destinação dos resíduos e faz com que as
leis sejam efetivadas assegurando um bom desempenho para a construção civil em
relação aos resíduos.

Com esse estudo, evidenciou-se através das entrevistas e visitas realizadas


nos canteiros de obra, das diferentes empresas, que os resíduos não são
acondicionados e descartados de maneira correta. Observa-se que dos cinco
canteiros de obra apenas um não tem o programa de gerenciamento de resíduos.
Porém, as ações adotadas pelas empresas quais não atendeu os critérios de
gerenciamento como o andamento da obra inviabilizado.

Verificou-se também que as dificuldades e soluções encontradas para manter


a obra limpa, exposta pelos entrevistados, são realmente significativas. Porém. os
resultados são lentos, mesmo as empresas abordarem sobre a conscientização
através de palestras e capacitações realizadas quinzenalmente.

Observou-se um grande volume de resíduos de construção civil produzido


pelas empresas principalmente a empresa D, de padrão alto, não possui nenhum
plano de gerenciamento de resíduos, pois esta faz parte de um sistema cooperativista
não sendo obrigada a implementação de um programa de gerenciamento. Já nas
outras empresas independente do padrão, alto ou baixo, notasse que o volume de
resíduo é baixo por ter inserido um plano de gestão.

Mediante as considerações expostas acima, os canteiros de obra analisados


poderiam minimizar a geração de resíduos através de uma gestão de qualidade, ou
seja, passando por todas as etapas de um plano de gerenciamento. Contudo, sem
uma fiscalização eficaz dos órgãos competentes não há obrigatoriedade das
empresas de seguir corretamente todas as etapas do processo.
48

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT. NBR 10004 – Resíduos Sólidos: Classificação, 2004


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demolição reciclados e a influência de suas características no comportamento
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São Paulo. São Paulo,2005.
BRASIL, Ministério do meio ambiente, Conselho Nacional do Meio Ambiente –
CONAMA, 2002.
CONAMA- Conselho Nacional do Meio Ambiental. Resolução nº 307, de 05 de julho
de 2002. Ministério das Cidades, Secretaria Nacional da Habitação. Publicada no
Diário Oficial da União e, 17/07/02.
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n 448, de 18 de
Janeiro de 2012. 76 p.
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redução da geração de resíduos nos canteiros de obras. In: Seminário de Gestão
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prática no município de Passo Fundo-RS. Estudos tecnológicos - Vol. 4, n° 2:69-87
(mai/ago 2008).
LIMA, R. S., LIMA R. R. R. Guia para a Elaboração de Projeto de Gerenciamento
de Resíduos de Construção Civil. Série de Publicações Temáticas do CREA-PR,
2009.
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<http://www.portalresiduossolidos.com/o-conteudo-de-um-plano-de-gerenciamento-
de-residuos/> Acesso: 23 de Abril de 2016.
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canteiros de obra da cidade de Aracaju. Monografia apresentada a Faculdade Pio
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49

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O conteúdo de uma logística pode melhorar fluxo de produção no canteiro de obras.
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VAZ, J.C. Reciclagem de entulho. Disponível em:
<http://www.federativo.bndes.gov.br/dicas/D007 Reciclagem de entulho.htm > Acesso
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(Mestrado em Engenharia Urbana e Ambiental) – Curso de Pós- Graduação em
Engenharia Civil – Univ. Federal da Paraíba.
ZANINI, Fernando. Proposta de um modelo de implementação do PBQP-h em
construtoras de pequeno porte. Trabalho de Conclusão de Curso (Engenharia de
Produção Civil) – Departamento Acadêmico de Construção Civil, Universidade
Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2011. 211 p.
ZORDAN, S.E. A utilização do entulho como agregado na confecção do
concreto. 1997. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Campinas.
Campinas,1997.
50

APÊNDICE A

QUESTIONÁRIO PARA ENTREVISTA COM OS ENGENHEIROS

DADOS RELATIVOS À OBRA VISITADA


Nome da Construtora:

Endereço:

Tipo da Obra: Área Construída:

QUAL A ATUAL FASE DA OBRA?

QUAIS SÃO OS TIPOS DE RESÍDUOS QUE SÃO PRODUZIDOS NA OBRA?

NO ATO DO RECEBIMENTO DO MATERIAL SÃO REALIZADAS INSPEÇÕES PARA


VERIFICAÇÃO DA QUALIDADE?
O TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO DESSES MATERIAIS ESTÃO SENDO REALIZADOS
ADEQUADAMENTE?

EXISTEM LOCAIS DE ARMAZENAMENTO E ESTÃO SINALIZADOS DE MANEIRA CORRETA?

ALGUNS RESÍDUOS ESTÃO DISPOSTO INADEQUADAMENTE? CASO A RESPOSTA SEJA


POSITIVA DESCREVA O PROBLEMA.

O ACONDICIONAMENTO INCIAL E FINAL ESTÃO SENDO ARMAZENADOS


CORRETAMENTE?

COMO ESTÁ A LIMPEZA DA ÁREA EXTERNA DO CANTEIRO DE OBRAS?


QUAIS AS MAIORES DIFICULDADES PARA MANTER A OBRA LIMPA?

QUAL O VOLUME DE RESÍDUOS REMOVIDOS POR MÊS NA OBRA?

PARA QUE EMPRESA E DESTINADA OS RESÍDUOS DA OBRA?


A CONSTRUTORA COMERCIALIZA OS RESÍDUOS DEPOIS DE SEPARADOS?

QUAIS AS MAIORES DIFICULDADES PARA MANTER A OBRA LIMPA?

A EMPRESA POSSUI ALGUM PLANO DE GESTÃO DE RESÍDUOS QUE PODE SER


INTEGRADA AO SISTEMA DE QUALIDADE?
51

APÊNDICE B

QUESTIONÁRIO PARA ENTREVISTA COM OS ENGENHEIROS

DADOS RELATIVOS À OBRA VISITADA


Nome da Construtora:

Endereço:

Tipo da Obra: Área Construída:

Descrição da Obra:

“O PROJETO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO


CIVIL- PG/RCC TERÁ COMO OBJETIVO ESTABELECER OS PROCEDIMENTOS
NECESSÁRIOS PARA O MANEJO E DESTINAÇÃO AMBIENTAL DOS RCC”.

Caso a empresa possua um plano de Gestão de Resíduos na Construção Civil


Responda:
1-A PREPARAÇÃO DO CANTEIRO INCLUI:
( ) Baias/ Container de resíduos classe B- papel ( ) caçamba de resíduos classe A
( ) container para sacos de cimento ( ) caçamba de resíduos classe C
( ) baias de resíduos classe B-madeira ( ) caçamba de resíduos classe D
( ) baias de resíduos classe B- plástico ( ) caçamba de resíduos classe C e D
( ) baias de resíduos classe B- metal e D- juntos ( ) baias de resíduos classe B- vidro
2- A CONSCIENTIZAÇÃO DOS COLABORADORES ESTÁ SENDO FEITA COMO:
( ) palestra diária ( ) palestra mensal
( ) palestra semanal Programa ( ) cartazes específicos para o
( ) palestra quinzenal
3- A empresa instalou planilha de quantificação dos resíduos?
4- A quantificação apresentada está adequada?
5- A empresa apresenta planilha de destinação dos resíduos com comprovantes de controle?
6- A sinalização está adequada?
7- Os espaços/ baias para armazenamento dos RS estão adequadamente sinalizados?
52

ANEXOS

Anexo 1- Modelo de Controle de transporte e Resíduos

Fonte: Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (2016)

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