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Existe uma ideia, um mito, baseado em alguns escritores como Bartolomé de las Casas, León,
etc. De que Nativos americanos e espanhóis não conseguiam se comunicar.
Algumas imagens como um biombo de 1683 e a pintura de Juan Correa mostram que talvez
não tenha sido uma boa explicação. As imagens trazem movimentos e gestos típicos de um
encontro carregado de questões diplomáticas, explícitas na postura de ambos os personagens.
Haviam vários tradutores, como Doña Marina, ou la Malinche, uma nobre Nahua que havia
sido entregue a Cortez, como parte de um acordo de paz com os Chontals.
“Os temas de comunicação e falta de comunicação foram erroneamente utilizados como uma
forma de explicar a Conquista. Tais temas se tornaram mitos e, nem de longe e podem explicar
adequadamente os acontecimentos da Conquista. O que veremos no decorrer do capítulo são
os detalhes de como os conquistadores criaram o mito da comunicação, também examinar os
argumentos do mito da falta de comunicação e finalmente olhar para diversos momentos da
Conquista, sugerindo como o meio termo entre os extremos nos permite entender melhor
como os espanhóis e os nativos perceberam as intenções do outro.” (85)
“A mais específica dimensão deste argumento se refere à escrita. “há uma ‘tecnologia’ do
simbolismo,” afirma Todorov, “que é tão capaz de evoluir como a tecnologia das ferramentas
e, nessa perspectiva, os espanhóis são mais avançados que os aztecas (ou em termos gerais:
sociedades que possuem escrita são mais avançadas que sociedades que não a possuem)”.
(90)
“Greenblatt se refere a esta passagem também, e se faz necessária a menção de sua sábia
resposta: “Não me parece convincente a evidência que a escrita funcionou nos primeiros
encontros entre os europeus e os povos do novo mundo como uma ferramenta superior para
a percepção precisa ou a manipulação efetiva do outro”.” (91)
“O argumento de Diamond sobre escrita é parte de um mito antigo, com raízes na afirmativa
de Thomás de Aquino que a escrita do alfabeto distinguia pessoas civilizadas de bárbaros.” (92)
“As diferenças entre estes relatos – e outras versões oferecendo ainda variações posteriores –
ilustram de forma vívida as dificuldades que os historiadores tem em deduzir o que
“realmente” aconteceu, em encontrar “algo verdadeiro” sobre um evento. Eles também
mostram quão fértil é a história da Conquista para florear, ou derrubar, os mitos sobre o
passado. Mas o que estas diferenças narrativas não fazem é claramente demonstrar a
aplicabilidade dos temas de comunicação e falta de comunicação, ambos, e seus mitos, são
misturados nestas diferenças.” (94)