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Arte Médica Ampliada Arte Médica Ampliada Vol. 36 | N.

2 | Abril / Maio / Junho de 2016

Artigo de revisão | Review

A colmeia e o ser humano


The beehive and the human being
François HibouI

I
Médico antroposófico RESUMO
Endereço para correspondência: A abordagem antroposófica baseada na contribuição fundadora de Rudolf Steiner permite atualizar
Dychweg 14, 4144 Arlesheim, Suíça. e diferenciar aquilo que as tradições religiosas e a mitologia, como a medicina popular, reconhecem
Endereço eletrônico: fhibou@weleda.ch desde milênios: a manifestação nas abelhas de processos cósmico-espirituais que têm íntima re-
lação com a constituição do ser humano. As forças de estruturação tornadas visíveis na conforma-
Palavras-chave: Colmeia; abelha; ção hexagonal dos favos, tanto como na organização social e comportamental das abelhas, são da
Apis mellifera ou mellifica; mel; mesma natureza que as forças de estruturação ativas no sistema neurossensorial humano ligadas
apiterapia; quartzo. à dinâmica de cristalização da sílica responsável pela forma hexagonal dos cristais de quartzo. Elas
fornecem à colmeia a rede no âmbito da qual ela pode desenvolver sua organização calórica regula-
Key words: Beehive; honey bee; da com uma precisão só atingida por seres homeotérmicos. Estas forças de estruturação em relação
Apis mellifera or mellifica; honey; com o calor são mais particularmente relacionadas no organismo humano com a metamorfose do
apitherapy; quartz. sistema neurossensorial no domínio do metabolismo e da locomoção, isto é, os tecidos conjuntivos e
particularmente o mais estruturado entre eles, o esqueleto ósseo, responsáveis pela forma do corpo
humano. Examinar estas correspondências permite compreender melhor o potencial terapêutico dos
produtos da colmeia e a relação não só do veneno de abelha com a força calórica do eu, mas também
da cera e do mel com a forma humana entendida ao mesmo tempo como diferenciada pela organi-
zação do eu ativa no sistema neurossensorial e como condição da manifestação da atividade do eu
no calor. Estas considerações podem fornecer uma base, além da simbólica superficial ou tradicional,
para relacionar fisiologia humana e forças morais.

ABSTRACT
The anthroposophic approach based on Rudolf Steiner’s seminal contribution makes it possible to
renew and differentiate what religious traditions and mythology, as well as traditional medicine,
have known for millennia: that honey bees manifest cosmic spiritual processes intimately related to
the human constitution. Structuring forces made visible in the hexagonal pattern of the honeycomb
as well as in the strict social and behavioral organization of honey bees are of the same nature
as those active in the human nerve-senses system, in relation with the forces of crystallization
of silica resulting in the hexagonal structure of quartz crystals. These forces provide the beehive
with the framework within which it can develop its thermal organization in a finely regulated way
such as can otherwise only be achieved by homoeothermic beings. These structuring forces in
connection with warmth are particularly related in the human organism to the metamorphosis
of the nerve-senses system in the area of metabolism and locomotion, i.e., in the connective
tissues, and especially the most structured of these, the ossified skeleton, responsible for the form
of the human body. Examining such correspondences can lead to a better understanding of the
therapeutic potential of bee products and of the relationships, not only of bee venom with the
caloric force of the I, but also of beeswax and honey with the human form, understood at the same
time as differentiated by the I-organization in its nerve-senses modality and as condition for the
manifestation of the I in warmth. These considerations can help to form, beyond traditional or
superficial symbolism, a basis for linking human physiology and forces of morality.

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A colmeia e o ser humano

O
mel e o veneno de abelha, também como os outros estruturação afinada da percepção sensorial e da comunica-
produtos da colmeia, são objeto de numerosos tra- ção de informações.2,3 Este sistema de percepção e de comu-
balhos científicos. Não foi, no entanto, a ciência que nicação, cuja descoberta valeu o prêmio Nobel de Fisiologia
descobriu as propriedades destes produtos para a saúde hu- ou Medicina de 1973 ao zoólogo austríaco Karl von Frisch,
mana. O mel é um produto recolhido desde a pré-história e associa percepções olfativas, táteis, visuais – não em termos
valorizado por todas as civilizações que o conhecem. A abe- de formas e conceitos mas de movimentos e de sucessões
lha e o mel fazem parte de quase todas as culturas e são as- cronológicas –, a orientação relativamente à posição do Sol
sociados aos mitos e às lendas, também como ao simbolismo graças a uma percepção da polarização dos raios ultravio-
sagrado, e ao desenvolvimento espiritual. Uma oração reci- letas na luz, e à percepção do campo magnético terrestre.
tada antigamente na região da Solonha na França, no dia da De regresso à colmeia, as modalidades precisas da “dança”
Candelária (2 de fevereiro), dando a volta às colmeias com executada pela abelha lhe permitem informar às “colegas”
um círio abençoado no mesmo dia dizia: “... pois precisamos quanto à natureza, abundância, distância e orientação da
do mel para nossos doentes e dos círios para nossas igrejas”.1 fonte do material a ser recolhido.4-6
A humanidade sempre soube que a abelha e a colmeia Além do néctar, do pólen e de outras matérias, aquilo
tinham uma relação particular com ela, especialmente no que é interiorizado na colmeia são também informações de
âmbito da sua saúde. Em vários textos e conferências des- estruturação espacial. O espaço atmosférico aberto é o do-
tinadas a médicos e outras destinadas a trabalhadores que mínio onde as abelhas percebem o mundo e interagem com
também criavam colmeias de maneira caseira, Rudolf Stei- ele. Para a sua fecundação a rainha voa o mais alto possível
ner deu elementos de compreensão geral e prática sobre a e é fecundada pelo zangão que consegue voar até ela. As
abelha e a colmeia, e suas relações com o Universo e o ser colmeias selvagens se localizam nas árvores, não no chão.
humano. Estes elementos permitiram o desenvolvimento de Assim, a colmeia desenvolve o espectro de suas atividades
conhecimentos teóricos e práticos aplicados à saúde e aos com o mínimo contato possível com a terra e, expressando
seus produtos, além de conhecimentos práticos próprios com uma imagem, interioriza o céu.
para a apicultura de orientação biodinâmica.

O HEXÁGONO E A ESTRUTURAÇÃO DO ESPAÇO


A COLMEIA E AS FORÇAS DE ESTRUTURAÇÃO O que se mostra na estrutura hexagonal dos favos são linhas
A organização coletiva é uma característica dos insetos so- de estruturação do espaço. Sabemos, e já sabia o autor lati-
ciais como as abelhas, vespas e formigas. A colmeia da abe- no Varro (que deu seu nome muito mais tarde à doença da
lha doméstica (Apis mellifera ou mellifica) mostra um nível colmeia, a varroose), que a rede hexagonal é a maneira de
de estruturação social particularmente desenvolvido, com organizar o plano de maneira a colocar o maior número de
funções e classes sociais diferenciadas e hierarquicamen- elementos na mínima superfície do plano, portanto de ma-
te ordenadas. Cada abelha operária passa pelos estágios e neira mais “econômica”.7 Por isso se pode frequentemente
funções de limpadora, alimentadora, cereira, armazenadora, observar a ocorrência espontânea de disposições hexagonais
ventiladora e guarda – numa primeira fase “caseira” – antes em elementos justapostos, por exemplo, bolas, elementos
de poder sair ao ar livre e se tornar coletora. Esta segunda dos olhos compostos dos insetos, ou prismas basálticos –
fase que dura toda a segunda parte da vida da abelha é ca- neste último caso produzidos não pela justaposição mas pela
racterizada não pela estruturação de funções, mas por uma separação (Figura 1).

Figura 1. A) Acúmulo espontâneo de bolas metálicas formando uma rede triangular-hexagonal. Origem: Wikimedia Commons; autor: Thierry
Dugnole. B) Formas hexagonais de prismas basálticas, calçada dos gigantes (Giants’ causeway), Irlanda do Norte. Origem: Wikimedia Commons;
autor: David Hagwood. C) Olho de abelha ao microscópio eletrônico de varredura. Origem: Wikimedia Commons; autor: SecretDisc.

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No caso da colmeia, esta estruturação vai além de uma De cada um destes pontos se faz partir duas linhas retas, que
estruturação passiva: os hexágonos da colmeia não se cons- se cruzam formando um quadrilátero cuja diagonal prolon-
troem por si próprios, pelo acúmulo de favos adjacentes. As gada até o horizonte determina ali por sua vez um ponto Z.
abelhas constroem hexágonos deliberadamente, pois elas De cada um destes três pontos X, Y e Z ligados entre eles (os
começam a construir o favo do fundo para cima, dando a dois primeiros que fizeram aparecer o terceiro) se faz agora
esse fundo uma estrutura de três losangos, formando um partir linhas para cada ponto de intersecção de duas outras
hexágono antes de erguerem os lados que possam formar linhas, de maneira que cada ponto seja determinado pelo
prismas hexagonais “espontaneamente” ao encontrar estru- cruzamento de três linhas. As linhas podem ser multiplicadas
turas adjacentes. ao infinito, até o horizonte. A rede que aparece assim é uma
A maneira como o motivo hexagonal estrutura o plano rede flexível triangular-hexagonal, a mesma que as abelhas
pode se observar graças a um exercício de geometria proje- formam na colmeia (Figura 3). As abelhas estruturam a col-
tiva (Figura 2): sobre uma linha qualquer, que podemos cha- meia com as mesmas linhas de força que estruturam o espa-
mar de horizonte, se posiciona livremente dois pontos, X e Y. ço a partir da sua periferia, do horizonte.

Y Y
Y Z
X X
X horizonte

C C

A A
D D

B B
1 2 3

Y Y Y
Z Z Z
X X X

G G
J H J H
E C F E C F E C F
I K I K
A A A
D D D

B B B
4 5 6

Y Y Y
Z Z Z
X X X

J HG
E
I C F K C
A D

B B
7 8 9

Figura 2. Como obter uma trama ou rede hexagonal em perspectiva, sem medidas e sem compasso, pela geometria projetiva partindo da perife-
ria (horizonte) e não de um ponto central (geometria clássica). 1) Trace uma linha de horizonte qualquer, e a marque com dois pontos quaisquer
X e Y. 2) De cada um dos pontos X e Y, trace duas linhas que se cruzam formando um quadrilátero ABCD. 3) Da diagonal BC eleve uma linha reta
até o horizonte, onde determina o ponto Z. 4) Do ponto Z, trace linhas retas que cruzam os pontos A e D. Estas linhas criam novas interseções
que podemos chamar E e F. 5) Dos pontos X e Y, trace linhas retas passando pelos pontos E e F, destacando um primeiro hexágono, e criando mais
interseções. 6, 7, 8) A multiplicação das linhas segue um principio muito simples: cada vez que aparece uma interseção de duas linhas provenientes
de dois dos pontos (por exemplo, X e Z), trace uma terceira linha até esta interseção proveniente do terceiro ponto (neste exemplo, Y). Pode-se fazer
aparecer um novo hexágono ao lado dos precedentes, intuitivamente mas também rigorosamente cada vez que um ponto de tripla interseção (por
exemplo, C) é rodeado por seis outros pontos de tripla interseção (A, B, D, F, H, E). 9) Obtém-se uma rede de hexágonos que se pode estender até
cobrir o espaço inteiro até ao horizonte.
Nota: as interseções precisam ser traçadas com a maior precisão possível, caso contrário a rede perde rapidamente a sua coerência.

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A colmeia e o ser humano

Figura 3. Favos de abelha vistos de cima, mostrando a estrutura triangular-hexagonal. Origem: Wikimedia Commons; autor: Waugsberg.

A COLMEIA E AS FORÇAS DE CRISTALIZAÇÃO DO QUARTZO sentante destas forças de organização cósmica do espaço no
reino mineral e na crosta terrestre. Steiner diz a este propó-
No reino mineral terrestre alguns cristais revelam estas mes- sito que cada cristal de quartzo é como um “olho”, um órgão
mas forças, formando-se quando a substância está duran- de percepção em relação com o cosmo, encaixado na terra.8
te certo tempo relativamente liberada das forças da maté- As linhas de força de cristalização hexagonal do quartzo
ria sólida e da gravidade, isto é, em meio líquido. Assim se são as mesmas que a abelha integra na estrutura hexagonal
formam, por exemplo, os cristais de quartzo transparentes dos favos da colmeia. Estas forças estão presentes não só na
e hexagonais, quando águas quentes e pressurizadas satu- cera dos favos, mas também, por exemplo, no mel, cuja parte
radas em ácido silícico sobem em direção à superfície nas mineral (0,1 a 0,2%) contém por volta de 8 a 10% de síli-
fraturas de rochas silicosas como o granito (Figura 4). A pa- ca.9,10 Podemos assim dizer que o mel contém naturalmente
lavra “cristal” vem do grego e sigifica também “congelado”. o equivalente a uma dinamização de quartzo na ordem de
Na antiquidade se acreditava que os cristais de quartzo, o uma quarta ou quinta dinamização decimal (D4, D5).
“cristal de rocha”, que se achava nas montanhas dos Alpes,
eram cristais de gelo tão fortemente congelados em altitude
que não podiam mais derreter. Aquilo que hoje é considerado A RELAÇÃO DA COLMEIA COM A ESTRUTURA DO
uma lenda pré-científica, indica de fato uma sabedoria an- CORPO HUMANO LIGADA À SÍLICA
tiga; conhecia-se a relação do quartzo hexagonal com estas A sequência de “tratamento da informação” que a atividade
forças de estruturação do espaço cósmico, que também se da colmeia segue – de percepção exterior para transmissão/
mostram na estrutura hexagonal dos cristais de neve e que comunicação para centralização/integração – descreve um
se pensavam vir da esfera situada além do firmamento do processo neurossensorial. Da mesma maneira os animais e
zodíaco chamada esfera cristalina, ou poderíamos dizer, de o ser humano integram percepções no seu sistema neuros-
além do horizonte. O quartzo é de certa maneira o repre- sensorial. A sílica é um elemento essencial dos tecidos liga-
dos à estrutura e à percepção, que a medicina antroposófica
agrupa no conceito de sistema neurossensorial ao sentido
amplo (Figura 5). Os órgãos sensoriais correspondendo aos
cinco sentidos clássicos estão situados na periferia do corpo
e são constituídos de tecidos ricos em sílica (como a córnea e
o cristalino do olho) ou ficam em zonas ricas em sílica como
a pele. Em todos os tecidos onde está presente, a sílica limita
a vitalidade meramente proliferativa e permite a delimitação
da forma e a estruturação.11
As forças de organização dos cristais de quartzo são as
mesmas forças de estruturação do sistema neurossensorial.
Por isso o quartzo dinamizado (no Brasil, Silicea) é um dos
medicamentos essenciais da medicina antroposófica nas do-
enças que afetam o sistema neurossensorial, por exemplo,
em caso de inflamações ou infeções da pele, das vias aéreas
Figura 4. Grupo de cristais de quartzo, dito cristal de rocha. Minas superiores e dos órgãos sensoriais (olhos, ouvidos). A ação
Gerais, Brasil. Origem: Wikimedia Commons; autor: Didier Descouens.
cicatrizante do mel se pode perceber por parte em relação

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Sistema neurossensorial
Pensar - Cognição
Informação
Estruturação - fixação

Sistema rítmico
Sentir - identidade
Equilíbrio - adaptação
Saúde - liberdade

Sistema do metabolismo
e dos membros
Querer - ação
Produção
Movimento - dissolução

Figura 5. A tripla organização funcional ou trimembração do organismo humano. A medicina antroposófica distingue três sistemas funcionais no
organismo humano: O sistema neurossensorial, que incluí os órgãos sensoriais e o sistema nervoso, também como os tecidos estruturais com pouca
vitalidade própria e com funções de consciência, de informação e de comunicação. Sua atividade predomina na periferia e na parte superior do
corpo, isto é, na cabeça e na pele, mas está também presente integrado aos outros sistemas, por exemplo, no sistema neurovegetativo, nos tecidos
conjuntivos e no esqueleto. A direção geral do seu funcionamento é centrípeta (de fora para dentro), pois ele integra informações do exterior e com
isso é responsável pela estruturação do organismo. O sistema do metabolismo e dos membros engloba os funcionamentos energéticos e geradores
de substâncias que resultam na produção endógena de calor, secreções, movimento, e na regeneração do organismo. A sua direção geral, em respos-
ta à estimulação pelo sistema neurossensorial, é centrífuga (de dentro para fora). Estes dois sistemas se adaptam um ao outro graças ao conjunto
de todos os ritmos do organismo que constituem o sistema rítmico. Ele permite regular a alternância do sistema neurossensorial e do sistema me-
tabólico e assim garante a saúde e o sentimento de si próprio no tempo. Assim durante o dia o sistema neurossensorial predomina e impõe o seu
funcionamento ao metabolismo, lhe dando uma orientação catabólica e centrífuga (movimento orientado para o exterior do corpo, com produção de
calor e de transpiração). Durante o sono, o metabolismo predomina e impõe ao corpo uma dinâmica anabólica que permite a recuperação e a rege-
neração. O ritmo respiratório é outro ritmo básico, com a inspiração ligada à tensão nervosa e à atenção, e a expiração ao relaxamento e ao repouso.
A harmonia do ritmo respiratório e do ritmo sono-vigília em ligação com os ritmos circadianos são fatores de saúde e de equilíbrio.

com estas forças de estruturação análogas às forças de cris- e pouco vascularizada, a maior parte do tecido (tipicamente
talização do quartzo e de estruturação dos favos na colmeia. 90% do volume ou mais) sendo constituída por uma matriz
Porém isso não dá conta de outras propriedades do mel e extracelular composta de fibras que permitem a resistência
dos outros produtos da colmeia. Para isso é necessário apro- mecânica à distensão, colágenas e, segundo o tecido, elás-
fundar um pouco a noção de sistema neurossensorial. ticas e de proteoglicanos ligados ao ácido hialurônico, que
Além dos órgãos sensoriais clássicos, todos os tecidos do mantêm a hidratação e a resistência à compressão. Glicopro-
organismo ricos em sílica, conhecidos pelo nome de tecidos teínas “inteligentes” como a fibronectina, que liga as células
conjuntivos, formam a base da nossa estruturação, isto é, da com componentes específicos da matriz, transmite às células
forma humana, e a base do sistema de percepção corporal informações sobre o estado do tecido.12-15 As fibras nervosas
externa e interna. Os tendões, as cartilagens, os ligamentos, se localizam preferencialmente nestes tecidos. Por exemplo,
os ossos, a derme, o tecido adiposo, mas também o esqueleto a propriocepção (percepção interna do posicionamento dos
interno e as membranas que envolvem todos os órgãos são membros no espaço) depende de receptores situados nos
constituídos de várias espécies de tecido conjuntivo. Estes tendões, músculos e ligamentos das articulações. O senti-
têm em comum sua composição relativamente paucicelular do do balanço, parcialmente concentrado no ouvido interno,

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serve-se na realidade também da totalidade do esqueleto e túnica elástica das artérias e melhorada por uma suplemen-
das articulações como órgão sensorial. As próprias células tação de sílica na dieta.25-29
dos tecidos conjuntivos produzem os componentes da ma- Os tecidos conjuntivos constituem assim uma metamor-
triz em resposta às informações de origem externa e inter- fose do sistema neurossensorial localizada no seio do sis-
na sobre o estado do tecido e desempenham o papel central tema metabólico-locomotor, quer como esqueleto ao senso
na coordenação da homeostasia e do reparo do tecido. Por próprio, isto é, mineralizado, quer como anexos de deste
exemplo, os osteócitos são sensíveis a vários sinais físicos, (tendões, aparelho articular e para-articular), quer como
hormonais e outros, e registam informações sobre o estado rede conjuntiva estrutural interna dos músculos e dos órgãos
do tecido ósseo. Com a produção de citocinas, os osteócitos viscerais, todos tecidos submetidos às forças estruturantes
coordenam os sinais levando à remodelação do osso. Células da sílica. É com este sistema neurossensorial ampliado e “in-
do sistema imunitário estão também sempre presentes nos teriorizado” (Figura 6), baseado nos tecidos conjuntivos ao
tecidos conjuntivos, participando da percepção e da comuni- contato dos órgãos do movimento e do metabolismo, que os
cação de informações.12-17 produtos da colmeia são diretamente relacionados.
Assim a rede de tecidos conjuntivos que estruturam o
corpo humano também constitui o seu sistema de percepção
e de informação, a base do seu sistema neurossensorial ao O VENENO, MAIS QUE UM MEIO DE DEFESA
sentido largo. A sílica é indispensável a estes tecidos para Além de representar um processo neurossensorial, a colmeia
formar e regular o tipo de matriz extracelular adaptado às também é um sistema de produção de substâncias e de calor,
suas funções. Animais criados experimentalmente com uma um calor autônomo e regulado como aquele produzido pelo
dieta artificialmente pobre em sílica são incapazes de desen- metabolismo humano. Uma temperatura regulada com fracas
volver uma ossificação normal do esqueleto.18-23 Mais fisio- oscilações, geralmente entre 33 e 36 °C, e ainda mais regula-
logicamente, a parede das artérias, que tem que resistir de da na área central dos favos de cria, dentro de uma estreita
maneira elástica a constantes variações de pressão, necessi- margem de 0,5 °C, é necessária ao desenvolvimento das abe-
ta de uma quantidade adequada de sílica. A hipótese de uma lhas individuais e da colmeia. A ação antivarroose do própolis é
falta de sílica como origem da arteriosclerose – e com ela as mais intensa quanto maior a temperatura da colmeia. Abelhas
primeiras tentativas de terapia com silicatos – foi formulada operárias que foram criadas com períodos, mesmo curtos, de
já em 1908 pelo médico francês Schaeffer.24 A esclerose das baixa temperatura se encontram no estágio adulto com um cé-
artérias é de fato correlata à diminuição do teor de sílica na rebro menos completamente desenvolvido, maior mortalidade

Sistema neurossensorial “normal”


Estrutura e percerpções exteriores
Metabolismo - sangue interior

Tecidos conjuntivos - esqueleto


Sistema neurossensorial integrado
no sistema do metabolismo e dos
membros

Estrutura e percepções internas


Metabolismo muscular - sangue
exterior

Figura 6. Esquema funcional do sistema neurossensorial no sentido ampliado. O esqueleto (e os tecidos conjuntivos), base da forma humana,
e do sistema neurossensorial interno, constituem uma metamorfose ao nível metabólico subconsciente do sistema neurossensorial consciente.

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e menos eficácia na orientação e na dança de informação.30-34 mo.37-39 Os venenos animais têm geralmente uma ação infla-
Apesar de não serem homeotérmicas, as abelhas, como matória e/ou hemolítica, e também neurotóxica. No entanto
muitos insetos, podem gerar calor não só com a atividade são produzidos por animais poiquilotérmicos (abelhas, ves-
muscular externa do voo, mas também com a movimentação pas, formigas, aranhas, serpentes). O veneno animal repre-
dos músculos torácicos sem baterem as asas, para aquece- senta forças ligadas ao calor, de mesma natureza espiritual
rem o corpo permitindo uma maior eficácia do metabolismo. que o eu humano, mas que não foram integradas ao funcio-
As abelhas transferem esta capacidade de termorregulação namento do animal individual, ao contrário do ser humano e
individual para a coletiva da colmeia. Em caso de temperatu- dos animais homeotérmicos que autonomizaram o calor no
ra demasiado elevada, as abelhas ventiladoras (cuja ativida- seu corpo. O ser humano o instrumentalizou a seu serviço,
de básica serve a evaporar a água do néctar durante o pro- tornando-se “mestre do fogo” em ligação com a organização
cesso de elaboração do mel) situadas à entrada da colmeia do eu ativa principalmente na circulação sanguínea.40-42 A
aumentam a circulação de ar na colmeia, fazendo baixar a abelha realiza coletivamente na colmeia a “maestria do ca-
temperatura. Quando a temperatura baixa as abelhas pro- lor”, pois o regula e o utiliza para a vida da coletividade de
duzem mais calor com os músculos torácicos, principalmen- maneira controlada. Toda a superfície do corpo da abelha,
te na zona de cria, onde podem ficar imóveis por cima de também como os favos e as paredes da colmeia, e até o mel,
células individuais para fornecer aquecimento à abelha em contêm pequenas quantidades de veneno. Foi sugerido em
formação. No inverno (isto é, em zonas temperadas), a tem- estudos recentes que o veneno não é só um meio de defesa,
peratura da colmeia baixa enquanto as abelhas mantêm-se mas também um organizador da imunidade social, isto é da
juntas e guardam o calor entre elas graças a seus pelos. A pi- identidade da colmeia.43 Steiner já indicava, em 1923, como o
losidade é uma das diferenças morfológicas entre as abelhas veneno é responsável pela coesão da colmeia.41
domésticas e as vespas e é particularmente desenvolvida na O âmbito de um quadro espacial e comportamental es-
abelha preta do oeste da Europa (Apis mellifera mellifera). truturado é a condição do desenvolvimento da organização
Esta, na sua evolução, precisou se adaptar às glaciações e de térmica da colmeia. Da mesma maneira, a estrutura do sis-
fato, ainda hoje, graças a sua morfologia resiste aos invernos tema neurossensorial humano é a condição do desenvolvi-
rigorosos mais do que a abelha cárnica (Apis mellifera car- mento da organização térmica humana, centro da integrida-
nica) oriunda da Eslovênia, de temperamento mais manso, de do corpo e da consciência humana de si próprio. Assim se
excelente produtora de mel e por isso preferida na apicultu- pode perceber o potencial terapêutico do veneno de abelha
ra semi-industrializada especialmente na Alemanha.31,32 As na apiterapia ou da abelha inteira (insumo medicamen-
abelhas “africanizadas” do Brasil, resultado de cruzamentos toso homeopático e antroposófico Apis mellifica) mais ou
involuntários de abelhas europeias com abelhas africanas menos dinamizado e associado com outras substâncias no
importadas nos anos 1950, guardam uma pilosidade subs- tratamento de afeções ligadas a um distúrbio profundo da
tancial e a gestão social do calor das abelhas de clima tem- organização térmica ou da imunidade. Como exemplo des-
perado, ao contrário das abelhas selvagens meliponas sem sas afecções, pode-se citar doenças neurológicas ou reuma-
ferrão cuja organização social não depende da gestão do tológicas inflamatórias crônicas que implicam a identidade
calor e cujas colmeias não são constituídas de favos hexago- fundamental do indivíduo e se manifestam no domínio do
nais, específicos de Apis mellifera.2,31,35 sistema neurossensorial no sentido estrito (sistema nervoso)
A abelha leva o processo neurossensorial de estruturação ou ampliado (tecidos conjuntivos) – doenças neurológicas
até à zona do metabolismo. Isto a colmeia tem de maneira como a esclerose múltipla ou reumatológicas como a artrite
coletiva em comum com as aves, os mamíferos e o ser hu- reumatoide sendo as indicações as mais conhecidas.44,45
mano. Na medida em que o aparecimento da homeotermia
na evolução coincide com o desenvolvimento de um sistema
nervoso central complexo,36 diríamos do ponto de vista antro- A CERA E A FORMA HUMANA
posófico que o desenvolvimento do sistema neurossensorial Assim também se pode perceber a comparação paradoxal
fornece o quadro, a estrutura que permite o desenvolvimento que Steiner faz da colmeia com a cabeça humana numa con-
de uma organização calórica autônoma. ferência a trabalhadores:40 os zangões que morrem fácil e
Deste mesmo ponto de vista, os intermediários desta rapidamente, correspondem aos neurônios; a rainha às cé-
ação são as substâncias ligadas ao calor que são os compo- lulas “albuminosas” (provavelmente células gliais), capazes
nentes do veneno. Isto é bem evidente quando se considera de multiplicação; e as abelhas operárias, incapazes de mul-
o efeito de uma ferroada de abelha. As propriedades pró- tiplicação e dedicadas ao trabalho metabólico da colmeia, às
-inflamatórias e dissolventes da melitina, da apamina e da células sanguíneas e mais especialmente às hemácias. Stei-
fosfolipase A2 – componentes mais importantes e os mais ner indica precisamente que se deve entender “cabeça” no
estudados do veneno de abelha –, indicam claramente a sua sentido ampliado, na medida em que o esqueleto constitui
relação com o calor, a inflamação e a ativação do metabolis- o resultado da metamorfose do sistema neurossensorial na

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A colmeia e o ser humano

região do metabolismo, à região onde é produzido o calor. contrapposto das estátuas greco-romanas clássicas da mes-
Segundo Steiner, a estrutura hexagonal que se pode observar ma época) cobertas com vários motivos de animais tradi-
nas células ósseas e musculares é a testemunha desta ação cionalmente associados à deusa e às forças de reprodução
de estruturação feita pelas células sanguíneas. E os tecidos (vaca, veado), mas também sempre com abelhas posiciona-
estruturais do corpo, os tecido conjuntivos (e lembramos que das nos lados dos membros inferiores, às vezes também na
o sangue também é considerado como um tecido conjunti- cintura, mas nunca para cima desta nem nos braços, portan-
vo) formam a “cera” que constitui a forma humana. Bone- to em relação com o sistema metabólico (Figura 8). As sacer-
cos e estátuas de cera de forma humana são uma tradição dotisas do templo de Ártemis eram chamadas de abelhas e
muito antiga ligada a usos sagrados, que sobrevive até hoje permaneciam virgens, como as abelhas que passam a vida a
nos museus de estátuas de cera como o famoso Madame trabalhar para a comunidade da colmeia e não se reprodu-
Tussaud’s em Londres (Figura 7). Os círios e velas eram o uso zem individualmente.47,48
mais corrente da cera de abelha, ao ponto que tributos, im-
postos, multas e doações especialmente às autoridades re-
ligiosas podiam ser pagos em cera. A imagem de uma vela O MEL, COMPLEMENTO ALIMENTAR POR EXCELÊNCIA
de cera de abelha acesa representa um ser humano na sua O mel realiza uma síntese equilibrada dos dois processos
verticalidade se consumindo em direção ao céu e produzin- complementares da colmeia, estruturação (quartzo) e calor
do, por via do fogo, luz sem benefício para si próprio.40 Ainda (fósforo), forma e movimento. Pelas forças de estruturação
em 1904, o cardeal Casimiro Gennari confirmava nas suas aparentadas às forças de cristalização da sílica, isto é, do
consultas litúrgicas que os círios usados nos ofícios deviam quartzo (por essa razão é preferível extrair o mel sem aque-
ser de cera pura e que o uso de velas de outra matéria era cimento e o manter sólido se cristalizar espontaneamente) o
proibido, enquanto o uso de cera misturada só podia ser tole- mel “contém a força de dar forma, firmeza ao corpo humano”.
rado em circunstâncias excecionais de pobreza ou de falta.46 Steiner aconselhou o consumo de mel na época do envelhe-
Isto indica que até uma data recente se soube, embora sem cimento do corpo físico, para favorecer a solidez do esque-
explicações e pela via da doutrina tradicional, que a cera de leto, em polaridade com o leite que é adaptado à primeira
abelha é um produto em relação íntima com a forma do ser
humano, sua significação espiritual e sua integração na or-
dem sagrada do mundo.
O mistério da forma humana era venerado nos cultos das
deusas-mães associadas à Lua. Estátuas da Ártemis de Éfe-
so são sempre representadas com pernas juntas e verticais
formando uma coluna rígida (e não na postura dinâmica de

A B
Figura 8. A) Estátua dita “a grande Ártemis de Éfeso”, século I. Mu-
seu de Éfeso, Turquia. Nesta estátua arcaica distinguem-se particu-
larmente de modo nítido as duas abelhas nos lados das pernas e ou-
tras na cintura, alternadas com flores. Origem: Wikimedia Commons;
autor: Lutz Langer. B) Estátua dita “a bela Ártemis”, século II. Museu
Figura 7. Estátua de cera de Ayrton Senna, Museu Madame Tussaud’s, de Éfeso, Turquia. Os objetos aos pés da deusa poderiam representar
Londres, Inglaterra. Origem: Wikimedia Commons; autor: R. Gertjan. colmeias. Origem: Wikimedia Commons; autor: Carole Raddato.

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Hibou F

idade da vida (de maneira sintética, segundo a formulação


O MEL, UM MODELO DE EQUILÍBRIO INTIMAMENTE
de Steiner: o leite para os bebês, para o sistema nervoso, o
LIGADO AO CORPO E AO ESPÍRITO HUMANO
mel para os idosos, para o esqueleto) e durante a gravidez
para diminuir a tendência ao raquitismo e até para os noivos Isto nos leva até às funções espirituais e simbólicas do
desde antes da concepção para favorecer uma forma equi- mel, que se encontram em muitos textos sagrados. Dois
librada na criança a nascer, e reduzir o impacto da heredi- mitos ilustram a relação das abelhas e do mel com as
tariedade. Nas crianças, de acordo com as recomendações forças de estruturação no metabolismo em relação com
atuais que desaconselham a administração de mel antes da a sabedoria. Eles parecem ter sido escritos para se com-
idade de 12 meses (por causa do risco de botulismo, que no pletarem. O primeiro é a história de Aristeu contada pelo
ponto de vista antroposófico se pode interpretar como uma poeta latino Virgílio nas suas Geórgicas:50 as abelhas de
preponderância do sistema neurossensorial), Steiner acon- Aristeu, o primeiro agricultor e apicultor, morrem inexpli-
selha não dar mel antes do nono ou décimo mês, e mesmo cavelmente. Ao investigar a razão e após vencer o mons-
assim, misturado com leite, em crianças fracas, anêmicas ou tro aquático Proteu, ele aprende que isto é um castigo
com risco de raquitismo.41 Em todos os exemplos mencio- das ninfas, arreliadas por ele ter causado a morte de
nados se vê, portanto, claramente que o mel tem a proprie- uma delas, Eurídice, noiva do poeta Orfeu, mordida por
dade de estimular forças de forma e de solidez nos tecidos uma serpente ao tentar fugir da perseguição amorosa de
estruturais, em relação com as forças estruturantes da sílica Aristeu. Este tem então que realizar o sacrifício prescri-
cristalizada, cujo teor no mel e cujo papel na organização to pelas ninfas chamado “bugônia”, em que deve deixar
da colmeia já foram mencionados. A utilização do mel como apodrecer quatro carcaças de jovens touros ao ar livre nos
cicatrizante nas feridas crônicas tem evidentemente que ser altares durante oito dias. No nono dia, das carcaças esca-
colocada na mesma categoria de efeitos. pam enxames de novas abelhas, manifestando o perdão
Por outro lado, o mel também contém em concentrações das ninfas e abrindo a possibilidade de povoar de novo
comparáveis à da sílica, fósforo,9,10 o elemento da energia e, as colmeias (Figura 9). A propósito do sacrifício, Virgílio
do ponto de vista antroposófico, da ativação do eu no meta- se refere também a um procedimento sacrificial egípcio
bolismo. Pelas forças de calor ligadas ao veneno e à organi- numa passagem em que é explicitamente descrito que
zação calórica da colmeia, o mel estimula a plasticidade da as abelhas nascem dos ossos da vitela sacrificada (Inte-
forma, portanto no domínio dos tecidos estruturais, assim rea teneris tepefactus in ossibus umor aestuat… Então
como o calor faz derreter a cera para se modelar e dar a nos ossos tenros o humor aquecido borbulha...), os ossos
forma desejada. O estímulo do metabolismo também faz donde nascem, na verdade, as hemácias incapazes, como
parte das propriedades do mel.41 Assim o mel exerce sua as abelhas operárias, de multiplicação. Em paralelo, Or-
ação por dois lados, pelo lado neurossensorial e pelo lado feu, que conseguiu trazer Eurídice do reino dos mortos, ao
metabólico, combinando as duas forças de maneira equili- aproximar da luz da superfície, desobedece às instruções
brada para trazer o equilíbrio ao organismo humano, apoia- dos deuses do inferno e olha para ela se voltando para
do pelas forças de calor e amor integradas pelas abelhas no trás, fazendo-a desaparecer definitivamente. O poeta
mel. Formulado de uma maneira mais sintética e elevada que quis usar seus olhos neurossensoriais cognitivos com
de um grau por Steiner: “quando o ser humano suplementa a luz do mundo exterior é oposto ao apicultor, homem de
sua comida com mel, ele prepara precisamente sua alma a ação, prático e respeitoso dos deuses, que pelo sacrifício
trabalhar corretamente no corpo, a respirar”.49 O uso do mel faz ressuscitar abelhas a partir das estruturas metabóli-
em pequenas quantidades como adjuvante ou componente cas de um animal morto. Esta polaridade entre Aristeu
de vários medicamentos antroposóficos é relacionado com e Orfeu é notada por autores acadêmicos.51,52 É também
esta propriedade do mel de estimular as forças da organi- possível que haja no texto alusões a práticas dos misté-
zação do eu de maneira integrativa. rios antigos, em particular órficos, onde ossos de faleci-
A composição equilibrada do mel, junto evidentemente dos eram depositados em caixas representando colmeias
com a predominância quantitativa do açúcar, ligado à ener- ou em vasos contendo mel, esperando ressurreição.48 De
gia e à consciência, faz dele o modelo dos complementos qualquer modo, é significante que esta passagem cons-
alimentares: um alimento natural, que tomado em escassa titui a conclusão do quarto e último livro das Geórgicas,
quantidade, estimula forças de regeneração e de saúde da dedicado às abelhas. O poema celebra a força de vontade
forma do organismo físico, não como matéria pesada, mas e de ação (sistema metabólico) disciplinada pela consci-
como “quadro territorial” onde o ser humano pode desen- ência moral do respeito da ordem divina (sistema neu-
volver o calor do movimento e do metabolismo. Pois isto é o rossensorial), que era uma das virtudes cardeais para os
que faz dele um humano saudável, vertical e sólido como a romanos, comparando-a à atividade das abelhas organi-
estátua de Ártemis, e lhe permite de ser ativo e responsável zadas pelas forças de estruturação cósmicas integradas
no mundo. na colmeia.

Arte Méd Ampl. 2016;36(2):45-56 53


A colmeia e o ser humano

Figura 9. Representação de Aristeu e de suas novas abelhas, nascidas de carcaças de touros. Reparar o curioso edifício he-
xagonal, presumivelmente uma “colmeia-palácio”, e as ninfas no mar. Edição das Geórgicas, Lyon, 1517. Origem: Wikimedia
Commons; sem autor.

O segundo mito, mais antigo que o primeiro citado, faz opinião geralmente aceita que vê no corpo, não sem razão,
parte da história de Sansão na Bíblia (Juízes, 14). Periodica- a origem das pulsões instintivas, “juízo” também nos pode
mente apossado pelo espírito de Javé, o que desencadeia nele vir do corpo. Para isso precisamos primeiro respeitar as suas
uma força destruidora, Sansão um dia mata com as simples necessidades orgânicas. Estudos mostraram que pela manhã
mãos um jovem leão que o atacara. Passando pelo mesmo somos mais morais, e se dormimos pouco somos mais tenta-
local algum tempo depois, ele descobre que um enxame se dos pela imoralidade.53,54 Mas esta moralidade deve ter sido
desenvolveu na carcaça do animal, então recolhe o mel e o primeiro pacientemente implantada no corpo pela educação
come. Este episódio serve a Sansão para formular o enigma e pela prática habitual de atos justos, isto é, estruturados por
que o caracteriza a ele próprio, “do comedor saiu comida e princípios superiores. Neste sentido, se pode entender a sen-
do forte saiu doçura”. Esta fórmula pode ser interpretada as- tença de Confúcio: “(...) aos setenta anos eu pude seguir o
sim: da força do metabolismo inconsciente, representada pelo desejo do meu coração sem transgredir a regra”.55
leão e, neste caso, onde o espírito de Javé se manifesta, sai Neste caminho de Sansão, poderíamos dizer que o mel do
aquilo que, quando tomado pela boca, no polo neurossensorial metabolismo é dinamizado em direção do polo neurossenso-
consciente, se torna sabedoria, “juízo”, que pode ser exprimida rial. Isso permite perceber uma recomendação à primeira vista
com palavras doces. O juízo verdadeiro é estrutura e conheci- curiosa de Steiner: ele aconselhou várias vezes a médicos que
mento, que porém não vem do raciocínio da cabeça, mas da se ocupavam de jovens cleptomaníacos, em associação com
experiência vivenciada das ações e de suas consequências. Em medidas pedagógicas, a prescrição de mel com extrato de hi-
polaridade com o mel que traz as forças de estruturação neu- pófise (de origem animal), ambos em dinamização D10. A hi-
rossensorial no metabolismo, a emergência do juízo toma o pófise é, segundo Steiner, um órgão que representa o sistema
caminho contrário, e devolve o resultado do trabalho corporal metabólico inconsciente, frente ao sistema nervoso central re-
do metabolismo para a consciência. Só desta maneira pôde presentado pela epífise, e que é responsável ao mesmo tempo
Sansão, em muitas outras circunstâncias brutal e destruidor, pela integração no corpo etérico dos conteúdos de memória e
ter sido segundo a Bíblia durante vinte anos um juiz do povo da coordenação das forças de crescimento corporal.56,57 Pode-
de Israel, inspirado por Javé. mos pensar que o mel dinamizado tem aqui o papel de refor-
Para nós que não somos “Sansões”, em contraponto à çar e carregar os impulsos morais do corpo.

54 Arte Méd Ampl. 2016;36(2):45-56


Hibou F

CONCLUSÃO 3. Adjare SO. Colony life and social organization. In: Adjare SO.
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quenta a cem anos um declínio das abelhas, como resultado t0104e00.htm>.
da apicultura intensiva a carácter comercial e principalmente 4. Frisch K. Die Tänze der Bienen. Österreichische Zoologische
da criação artificial de raínhas que enfraquece a linhagem Zeitschrift. 1946; 1:1-48.
5. Frisch K. Tanzsprache und Orientierung der Bienen. Berlin:
e a coesão das colmeias.41 Estamos agora na época que ele
Springer; 1965.
antecipava, com uma sinergia de fatores pejorativos (e não 6. Heidborn T. Dancing with bees. Max Planck Research. 2010;
só a varroose ou os pesticidas neonicotínicos) ameaçando 2(10):75-80.
as abelhas domésticas no mundo inteiro, conduzindo a per- 7. Varron Mt. De l’agriculture. Paris: Éditions Errance; 2003.
8. Steiner R. Mysteriengestaltungen (GA 232). 4a ed. Dornach:
das invernais desproporcionadas ou ao desaparecimento em
Rudolf Steiner; 1987.
poucos dias de colônias inteiras, o fenômeno chamado co- 9. White JW, Riethof ML, Subers MH, Kushnir I. Composition of
lony collapse disorder identificado há dez anos nos países de American honeys. Washington: US Dept. Agriculture Technical
clima temperado. Nos EUA e na Europa o número de colô- Bulletin n° 1261; 1962.
10. Gonzalez-Miret ML, Terrab A, Hernanz D, Fernández-
nias de abelhas domésticas diminuiu de mais de 50% desde
Recamales MA, Heredia FJ. Multivariate correlation between
os anos sessenta, e a queda não mostra sinais de diminui- color and mineral composition of honeys and by their botanical
ção.58–64 Além de uma abordagem reducionista que procura origin. J Agric Food Chem. 2005; 53(7):2574-80.
identificar fatores individuais responsáveis, parece claro que 11. Girke M. Medicina interna – Fundamentos e conceitos
terapêuticos da medicina antroposófica. São Paulo: João de
o perigo mortal em que as abelhas domésticas se encontram
Barro; 2014.
hoje é uma consequência da integração da apicultura nos 12. Slomianka L. Blue histology - Connective tissues [monografia
circuitos agroindustriais e comerciais da agricultura globa- na Internet]. School of Anatomy and Human Biology - The
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as abelhas depois de ter obtido dos espíritos da natureza as en.wikipedia.org/wiki/Fibronectin>.
instruções necessárias para reparar a sua ofensa. 16. Tu X, Delgado-Calle J, Condon KW, Maycas M, Zhang H, Carlesso
N, et al. Osteocytes mediate the anabolic actions of canonical
Wnt/β-catenin signaling in bone. Proc Natl Acad Sci USA.
Agradecimentos
2015;112(5):E478–86.
Este artigo constitui a ampliação de um texto inicialmente 17. Goldring SR. The osteocyte: key player in regulating bone
destinado a um projeto de livro sobre a apiterapia na inicia- turnover. RMD Open. 2015;1:e000049.
tiva do Dr. Mikhael Marques, a quem autor deseja agradecer 18. Carlisle EM. Silicon: a possible factor in bone calcification.
Science. 1970;167(916):279-80.
pelo impulso e pelo consentimento a dispor do material já
19. Carlisle EM. A silicon requirement for normal skull formation in
escrito. Agradecimentos vão também ao colega Rodolfo Sch- chicks. J Nutr. 1980;110(2):352-9.
leier da Weleda do Brasil pelo seu apoio e comentários, assim 20. Carlisle EM. Biochemical and morphological changes associated
como ao Dr. Nilo Gardin pelas suas recomendações. with long bone abnormalities in silicon deficiency. J Nutr.
1980;110(5):1046-56.
21. Carlisle EM. In vivo requirement for silicon in articular
Declaração de conflito de interesses cartilage and connective tissue formation in the chick. J Nutr.
O autor é colaborador da Weleda AG, Arlesheim, Suíça. Este 1976;106(4):478-84.
texto não resulta de uma iniciativa da parte da Weleda AG, 22. Jugdaohsingh R. Silicon and bone health. J Nutr Health Aging.
2007;11(2):99-110.
que também não teve qualquer influência ou controle sobre
23. Jugdaohsingh R, Calomme MR, Robinson K, Nielsen F, Anderson
a redação do texto. SHC, D’Haese P, et al. Increased longitudinal growth in rats on a
silicon-depleted diet. Bone. 2008;43(3):596-606.
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A colmeia e o ser humano

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