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Esteira Social – Programa social educativo

A INCERTEZA E MEDO ANTE NOVO CORONAVIRUS

Por: Msc. Bertrand G. Mendes

A incerteza actualmente é a palavra que tem mais peso que a própria pandemia
do novo Coronavirus, porque a vivemos no nosso dia a dia, não só por causa do aquilo
que estamos atravessando de momento, que é a incerteza da saúde publica.

Vivemos da incerteza já há muito tempo, a ultima vivida a nível mundial antes


da pandemia do novo Coronavirus é a crise económica que gerou uma situação
parecida, entretanto está sempre presente na sociedade moderna.

No caso da Guiné Bissau, a sociedade guineense vive de incerteza desde muito


tempo, começando pela chegada dos europeus, luta de libertação, implementação da
democracia e constante instabilidade política e social. A ultima incerteza vivida pelos
cidadãos guineenses de uma forma mais visível antes da pandemia é como será o país
depois das eleições (a nível da colaboração entre diferentes instituições do estado).

As sociedades pre-modernas eram sociedades tradicionalmente seguras que têm


certas certezas decididas por elas mesmas, as verdades absolutas e Deus, enquanto que
na modernidade desapareceram essas grandes certezas, como o que estamos a vivenciar
na actualidade (pandemia do novo Coronavirus), não há certeza em nenhuma classe, e
isso é constante da modernidade.

De modo que a sociedade moderna vive na incerteza, o Estado e as grandes


instancias centrais da nossa sociedade, por exemplo a ciência, a tecnologia, meios de
comunicação empenham-se em devolver a tranquilidade da segurança possível e tentar
apagar a incerteza, embora a missão do Estado tenta ocupar o espaço tradicional que
Deus ocupava nas sociedades pre-modernas, o certo é que no ponto de vista sociológica,
a incerteza nas sociedades modernas é ilimitável, nesse caso não se deve tentar afasta-la,
ou esquece-la mas sim enfrenta-la, principalmente nas situações como estas (novo
Coronaviros), que são instáveis, longe de equilíbrio e longe do normal, que nos leva a
encontrar basicamente as coisas recorrentes nas situações de incerteza, tais como:
• Uma vez que foi falhado a segurança, aquelas instancias que têm que
proporcionar-lhe e por tanto falharam, leva directamente a uma situação de crise.

• A incapacidade da ciência em proporcionar certezas e segurança, incapacidade


de saber contar ou dar uma explicação clara do que se passa, exemplo da ultima
crise económica, onde a economia não conseguiu explicar de uma forma
explicita o ocorrido, e nesse preciso momento está ocorrendo o mesmo, onde se
vê a incapacidade de controlar a propagação do novo Coronavirus, a ciência
(medicina) não está conseguindo dar a resposta satisfatória, por tanto a situação
é instável, o que revela o carácter precário e falhas daquelas instituições que

By: Investigador Social Msc. Bertrand G. Mendes – Mestrado em sociologia das


políticas publicas e sociais
confiamos. Entretanto nestes tipos de situações instáveis, as instituições devem
articular outros tipos de mecanismos que permitam resolver a situação de outro
modo ou outras maneiras de reorganizar o seio social.

Nesse âmbito, com a incerteza instalado pelo novo Coronavirus fez aumentar
nível da incerteza resultando no surgimento do medo social e grande preocupação
relativamente a saúde publica, entretanto aumentou também de uma forma directa o
sentimento da insegurança ou insegurança subjectiva nas todas suas dimensões, desde
emocional, cognitiva e comportamental.

Devido as informações recebidas das diferentes fontes, OMS e observações de


factos e incertezas derivadas da ameaça da saúde publica, fez crescer o medo no seio
social criando a incerteza da continuidade da vida humana, entretanto, obrigou os
cidadãos a procurarem mais informações sobre o que esta acontecendo na actualidade
dessa forma lhes permitiu ter a percepção clara do risco (dimensão cognitiva) na qual se
obrigou a adoptar medidas de segurança (medidas comportamentais).

Para frenar a propagação do vírus, muitos Estados adoptaram varias e diferentes


medidas que devem ser cumpridas a fim de evitar a propagação, embora outros países
não souberam desenhar medidas adequadas a realidade socio-culutural e económica dos
seus países, criando problemas sociais, aumento nível de pobreza, fome, violência e
descontentamento social.

Para adoptar as medidas eficazes, deve ser criado um gabinete de gerência de


crises composto por uma equipa interdisciplinar (profissionais de diferentes áreas) para
desenharem as medidas levando em consideração a realidade socio-cultural e económica
do país, e não fazer uma copia e pega das medidas adoptadas pelos outros países com a
realidade diferente.

As medidas adoptados pelo estado guineense (Guiné Bissau) no outro ponto de


vista podem ser correctas porque a maior riqueza de um país é o seu povo, nesse âmbito
o povo deve ser protegido de qualquer forma, mas na realidade têm consequências
drásticas para o bem estar social, baseando na realidade económica do pais ou de modo
que a maioria das famílias ganham o pão de cada dia para o mesmo dia e as actividades
económicas que se realiza no pais são maioritariamente informal, devia ser posto em
marcha outros tipos de medidas que adaptando-as a nossa realidade e também que da
mesma forma permitindo evitar da propagação do vírus.

No contexto social - segundo as medidas implementadas favorecerá mais a


propagação e contagio de mais pessoas, porque com as horas fixadas para fazer compras
nos mercados centrais do país, que são no máximo até as 11:00 Am, fez aumentar a
aglomeração das pessoas no mercado nas horas estipuladas, nesse âmbito um contagio
que podia ser de 5 pessoas por hora será de 50 por hora, por causa da aglomeração das
pessoas no mercado. A mesma coisa com os bancos comerciais, diminuíram as horas de
atendimento, números de utentes que podem estar presentes dentro do estabelecimento
bancário, mas fez aumentar a presença de mais pessoas e aglomeração das mesmas a
frente do estabelecimento esperando a chamada dos seus números sem respeitar o
mínimo de distanciamento previsto pelas medidas adoptadas.

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No contexto económico financeiro – A Guine Bissau está na lista dos países
pobres do mundo, com uma economia fraca sem infra-estruturas que podem gerar
empregos, o pais vive mais do seu maior produto de exportação a castanha de caju e as
taxas provenientes da pesca, entretanto, a maioria das famílias vivem de comercio
informal, na maioria as mulheres que proporcionam a comida diária. Nesse âmbito
fixando horário para as suas actividades comerciais informais, não autorizando, não
procurando ou desenhando a política que favorecerá a campanha de castanha de caju, é
criar um desastre económica para a maioria das famílias e para economia nacional,
aumentando de uma forma directa a pobreza, fome, mal estar psicológico e
descontentamento social.

Estamos a enfrentar um grande problema da saúde publica, na qual o nosso pais


se configura na lista dos países mais vulneráveis a novo Coronavirus em comparação
com os países ocidentais, que têm uma sociedade individualista (mundo do eu), com
poucas interacções sociais em relação as nossas sociedades africanas, o que podia ser
plus valia (vantagens) para frenar a propagação do novo coronavirus, mas infelizmente
não está sendo o caso.

È do conhecimento geral que Ocidente apresenta melhores condições sanitárias e


organizacionais em comparação com a nossa, mas até preciso momento estão lutando
quase sem sucesso para frenar a propagação do vírus, quase todo Ocidente está vivendo
no estado da incerteza e sem uma previsão do controle da situação vigente, e sem saber
quando tornará a normalidade na saúde publica. Embora China conseguiu dar um passo
gigantesco relativamente a essa matéria, mas sem grandes certezas de não retorno a
situação passada, por enquanto ainda os outros países não tiverem o controlo parcial ou
absoluta da situação, embora china pode servir de exemplo para todos os países do
mundo, devido grande disciplina mostrada pelos chineses nos momentos mais difíceis
das suas vidas. China mostrou por além do trabalho árduo que fizeram, também houve
uma boa colaboração dos cidadãos respeitando as medidas estabelecidas e mantendo a
disciplina.

Africa no futuro próximo, se não foram tomadas as medidas necessárias, rígidas


e eficazes, uma forte e árdua sensibilização, apresentará um numero de casos
incalculáveis e numero de mortes mais elevados do mundo. Isso deve ao modo que
levamos a vida (nosso estilo de vida), solidariedade mecânica, comunismo, ignorância,
resistência, desacato das ordens e medidas, sistema de saúde deficiente, crenças nas
forças espirituais supernaturais (iras e Deus – Allah), factores culturais (cerimonias
fúnebres, cerimonias de prevenção as calamidades junto aos espíritos sagrados – iras,
lugares de convívio, etc...).

Embora o continente conheceu diferentes tipos de endemias (Cólera, Zika,


Ebola, etc...) e tem uma experiência relativamente a essa matéria, também maioria dos
países se apresentam como não predispostas a grande contaminação por causa do clima
muito quente que têm, mas é muito importante saber que os vírus têm uma grande
capacidade de adaptabilidade, nesse momento quase todos os países africanos com
climas bem quentes confirmaram números de casos positivos superiores a uma dezena,
nesse caso confirma o falso mito de que o vírus não sobrevive nas climas quentes e que
não é fatal para os africanos, porque o continente já registou centenas de mortos.

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O vírus está a propagar de uma forma incontrolável e incalculável no continente
africano, embora maioria dos países podiam contener para não terem um numero
elevado de casos, embora as condições económicas e sanitárias não estão ajudando para
tornar esse sonho numa realidade, também é bom ressaltar que muitos países estão
aplicando medidas erradas que estão favorecendo a propagação e a contaminação em
massa. Na qual é necessário fazer a revisão das medidas, fazendo analise das
consequências sociais e económicas que virão das decisões ou medidas tomadas,
baseando ou adequando-as à condição e a realidade do país.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estamos perante um grande problema da saúde publica, que ultrapassou as


fronteiras atingindo nível global (pandemia). Na qual é necessário tomar severas
medidas e precauções para frenar a propagação do novo Coronavirus. O vírus fez
mundanos sentirem uma ameaça relativamente a continuidade da vida na terra. Nesse
âmbito deve ser lançada a campanha massiva com a mensagem uniformizada para se
proteger e frenar a propagação do vírus, envolvendo e consciencializar todos os
organismos da sociedade civil (associações, grupos de bairros, poder tradicional,
mandjuandades, etc...) para tomarem engajamento de prevenir e servirem de
dinamizadores e portadores da mensagem da mudança de comportamento (adopção de
boas praticas) até a ultima aldeia do país.

Também devemos fazer o papel de bons cidadãos, se sabe que existem vias
clandestinas de ultrapassar postos das guardas fronteiriças, aquele acto tradicional de
colaboração em guardar segredos e não ser mal visto pela comunidade onde estamos
inseridos, nesse âmbito o fecho das fronteiras não é o suficiente, é nesse sentido que se
chama todo o mundo a ser responsável e jogar o papel de bom cidadão, colaborando
com as autoridades sanitárias e oficiais, se chegar uma pessoa proveniente de outro país
ou da zona com o caso de Coronavirus confirmado, temos a obrigação de informar as
autoridades sanitárias ou oficiais, seja nossa família ou outra, senão se corre o risco da
propagação.

O nosso contexto social fornece um ambiente favorável a propagação do


Coronavirus, principalmente no contesto da troca ou compras diárias que realizamos,
manuseamento do dinheiro, porque não se usa o cartão do credito como nos outros
países, tudo se faz de mão para mão, entretanto, um meio que pode ser utilizado
actualmente para evitar uma grande propagação através do manuseamento do dinheiro
são os sistemas de Orange–money e MTN mobile-money, podem ser usados esses
sistemas para fazer compras.

Coronavirus não é um vírus só para uma raça, como muitas pessoas pensavam,
que não é prejudicial ou fatal a raça negra, o tempo provou o contrario, porque já houve
muitas pessoas da raça negra mortas pelo Coronavirus. Também evitar do senso comum
que o vírus não apanha quem bebe a cana, caju ou outro tipo de vinho, isso não passa de
uma noticia que não corresponde a mínima verdade. Todos devemos estar preocupados
e respeitar as medidas de confinamento social e de prevenção estabelecidas pelos orgãos
oficiais, nesse âmbito devemos tomar toda a precaução necessária para proteger-nos e a
nossa família, porque já temos o risco percebido (dimensão cognitiva).

By: Investigador Social Msc. Bertrand G. Mendes – Mestrado em sociologia das


políticas publicas e sociais
O Estado tem que fazer o papel do estado de Bem-estar-social:
• Subvencionar as empresas privadas para a continuidade de pagamento de
salários
• Isenção dos impostos
• Criar uma empresa publica para fornecimento e distribuição de alimentos para
famílias mais vulneráveis,
• Pagar o salário a funcionários e funcionarias públicos na hora (cada final do
mês) sem dividas ou atraso;
• Criar seguro da vida para todos e todas pessoais de saúde.
• Estudar os métodos urgentes para pôr em marcha a campanha da castanha de
cajú.

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