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ANTERO DE QUENTAL

Há nos Sonetos duas claras tendências temáticas. Por um lado,


uma vertente ou face otimista e luminosa, inspirada pela luz da
Razão, princípio orientador na construção de um mundo novo, e
que coincide com o idealismo de intervenção social do poeta, as
configurações do Ideal. O poeta luta pela construção de um mundo
novo, inspirado nos ideais de Amor, Justiça e Liberdade e defesa
do bem comum. O poeta é soldado do futuro, um sonhador, capaz de
lutar por um ideal de transformação da sociedade, à semelhança
de um cavaleiro andante. Deste modo, defende-se um conceito de
poesia de intervenção social ao serviço da concretização de um
sonho em que o poeta age como transformador da sociedade na
procura ideal do bem comum.

No entanto, a não concretização deste idealismo, leva-o a uma


atitude pessimista, a um vazio interior, a uma angústia
existencial, quando um vento húmido e frio / Sopra sobre o seu
sonho. O confronto entre o sonho e a realidade condu-lo ao
desânimo, ao pessimismo e a uma angústia existencial,
encontrando na morte um refúgio libertador: Na mão de Deus, na
sua mão direita,/ Descansou afinal meu coração. / Do palácio
encantado da Ilusão / Desci a passo e passo a escada estreita.

Na sua linguagem e estilo destaca-se um uso magistral do soneto.


O soneto identifica-se com o discurso conceptual que permite o
desenvolvimento lógico do seu pensamento e das suas ideias. Este
caracteriza-se pelo elevado sentido rítmico e pela
extraordinária concisão das ideias expostas. Relativamente aos
recursos expressivos, é de salientar o uso da apóstrofe, com a
invocação de entidades abstratas, muitas vezes associada à
personificação, como: Razão, irmã do Amor e da Justiça; ou da
metáfora identificando o mundo em que vive e combate com uma
arena trágica. Todos estes recursos se encontram ao serviço da
perspetiva argumentativa dos seus sonetos.

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