Há nos Sonetos duas claras tendências temáticas. Por um lado,
uma vertente ou face otimista e luminosa, inspirada pela luz da Razão, princípio orientador na construção de um mundo novo, e que coincide com o idealismo de intervenção social do poeta, as configurações do Ideal. O poeta luta pela construção de um mundo novo, inspirado nos ideais de Amor, Justiça e Liberdade e defesa do bem comum. O poeta é soldado do futuro, um sonhador, capaz de lutar por um ideal de transformação da sociedade, à semelhança de um cavaleiro andante. Deste modo, defende-se um conceito de poesia de intervenção social ao serviço da concretização de um sonho em que o poeta age como transformador da sociedade na procura ideal do bem comum.
No entanto, a não concretização deste idealismo, leva-o a uma
atitude pessimista, a um vazio interior, a uma angústia existencial, quando um vento húmido e frio / Sopra sobre o seu sonho. O confronto entre o sonho e a realidade condu-lo ao desânimo, ao pessimismo e a uma angústia existencial, encontrando na morte um refúgio libertador: Na mão de Deus, na sua mão direita,/ Descansou afinal meu coração. / Do palácio encantado da Ilusão / Desci a passo e passo a escada estreita.
Na sua linguagem e estilo destaca-se um uso magistral do soneto.
O soneto identifica-se com o discurso conceptual que permite o desenvolvimento lógico do seu pensamento e das suas ideias. Este caracteriza-se pelo elevado sentido rítmico e pela extraordinária concisão das ideias expostas. Relativamente aos recursos expressivos, é de salientar o uso da apóstrofe, com a invocação de entidades abstratas, muitas vezes associada à personificação, como: Razão, irmã do Amor e da Justiça; ou da metáfora identificando o mundo em que vive e combate com uma arena trágica. Todos estes recursos se encontram ao serviço da perspetiva argumentativa dos seus sonetos.