Você está na página 1de 3
Tempo. .informagao., 7 Gil Eduardo Amorim Vieira © Publicsitario - Projetisa Gratico do Servigo de Publicagées do Centro de Informagao e Difusao Teenolégica do INMETRO Dea © sino 2000 tem sido frequentemente apontado como uma especie de juz final da obsolescéncia, com dielto a chao-se-abrindo-e teagando-aos.infernas todos os que nde. abragarem, de coracao, 09 ideals de modernidade epontades pelas tendencias mundiais. Delirio? Talvez. fato & que ae possibilidades tecnolégicas atuais tem tomado © mundo cada ver menor ¢ feito com que se mulipliquer, cada ver mais e mais rapido, as tlagoes de ntercambio econemico, poltco, social e cultural entre 2x nagSea. Isto, principalmente na area economica, vern servindo como determinante do acirramento da oncotréneia internacional e da camplenidacte de conhecimentas demeandados © nacessarios para que um pais posaa sustentar © ampliar sua capacidade de desenvolvimento, Portanto, & tomada de posturas que gatantem tal desenvolvimento, nestes termos ¢ sobretudo nos paises do terceiro mundo, parece set @ aco Principal e vital do inicio do préxime século, Bias, neste contexto, enfrenta uma situacao dificil @ complexa, pois, somados aos seus problemas estruturais arrastados pela Fistéria, possui agora noves problemas e questées proptios desta époce, como a adaptacao aos novos paradigmes de um mereado ser fronteiras, onde requisitas basicos como capacidede de inovacio, flexibildade, rapidez, qualidade e produtividade, evidenciarn ainda © quanto precisamos de caminhar © coma 580 cada vez mals estrategicos 0: papsis que 0 cconhecimento e a infermagao exercem, CONHECIMENTO E INFORMAGAO Sem duvide nenhuma, a infarmagao seré tum dos recursos bésicor para o desenvolvimento em qualquer campo do ‘conheciments humano, ¢ sua valorizagio ‘cada vez malor como produto economico ja permite, inclusive, a divisae do mundo entre os paises que mantam uma capacidade de tratar © administra informagées © 02 que tornam-se dependentes e consumidores destes, Dols fetores compactuam para esta situacaa: a produgao de conhecimento e uma tecnologia de ‘comunicagao desenvolvida. Nossa necessidade de desenvolvimento, sempre imediata, tem-nos obrigado a permanecer na periferia da produgso de conhecimento -a questo néo esta ern no possuirmos uma produgio propria de conhecimentos, & que granides universidades e empresas nacionals desenvolvem pesquisas Importantes, inclusive em areas bastante avancadas “mas, enquanta nas paises desenvolvides © processa de incremento tecnolégico, embora nao seja totalmente dependente, ¢ cleramente baseado no avanco da ciencia (a pesquisa academica, bem como a industrial, tem importante pepel no desenvolvimento tecnolégico pelo fornecimento cde novos conhecimentos potencialmente transformavels em tecnologia), nos paises em desenvolvimento, como 0 nosto, © proceso de ineremento tecrelagico tem seu inicka © manutensao, durante longo tempo, determinado pela importacao de tecnologia © conhecimento produzido pela ciéncia ‘ou pela pesquisa nacional praticamente nao Perticipa do processo durante grande parte de ‘seu desenvolvimento @ s0 comeca a aparecer nos estagios finais, quando o pais passa a adaptar, devido de necersidades internas, 0 tecnologia importeda ou procura desenvalver uma nova tecnologia substitute, Desta forma, no 6 dificil perceber como os paises desenvolvices acabam ditando as ditetrizes © subordinando, consciente ou Inconscientemente, pelo poder da sua posic#o monolltica, # producao de conhecimento e informagao. Revisia INMETRO, v2, nf, janeromarga, 1008 ‘Tempo de informagao sazuumesaee sy a No proximo milénio, per isso, € clara a necessidade de tentarmos reverter testa corrente estabelecida e, quem sabe, impor novas regras 20 jogo. E obvio que fg mudanca deste comporiamento passa ‘por uma politica clentifica que contemple lal especto, mas esta politica devers ‘contemplar também 0 desenvolvimento Conjunto de uma tecnologia de ‘comunicagao, uma tecnologia de traneferéncla de informacio, sem a qual ccontinuaremos a nos restertir de sistemas eficientes para a disserninagao de conhecimentos, tanto natives quanto vindos do exterior. Para exempilicar, teabe aqui a observagao de Muniz Sodré, tem seu livre A Comunicacao do Grotesco, de que @ China rilenar precedeu de longe o mundo ocidentel ne ‘acumulagao de conhecimentos Cientificos, mas, nem por iss0, realizou antes do Ocidente a sua revelucao, industrial TECNOLOGIA “ecnolgin, segundo Aurllo Buarque de Holand, 0 conjunto de eye pecekne arse ISendiess ques cplcers« dtcarineco Taino Se atiidode, Ersclnts, quate falas er tecnologia a brea de Iplorrasi, covtrnarics imager ave Wide mel sofiicade pce melon da ‘comunicagao. E certo que o futuro esta Fremediavelmente gogo. tudo que sea tletoniceeprincipalmente a tude que pessuno petit tale tlefone elton {eeviko,tleprocecenmenio, enim, felecomunleapees.meemo ass, 2 dimples posse destepo de tgencogla pode vr anda sgnieer muita coin, 8 Blea possibliate donc disci Infermagto nao proporconal& apacleade que se tem de ansformar sas informagées em benefcoe Theedore Rosrek, autor do vre O Cullo {i Informagdo, os lela cue feito nin econbecano c, tmibora possamos fazer produgao em ee cider pirieierccisaiatace ie, pio pocnmce lad sedicbo Estee conboaincnt. 0 BR iretde b creo roe pence Iraviduats, pertndo de expeiencies Bette que eoperars c atgntctieids ite eckers igure oe vor E bom lembrarmos também que, no Bracil, a tecnologia de ponta na area de comunicacées, apesar de se fazer Dresente em nosso dia-adia, ests nas mos das grandes empresas do sctor e, ‘980 diminuindo o valor © as possiblidadies que estas oferecem, s80 Besicemente voltadas ao produto ener lucrative, Nas empresas dos demais setores produtives no governo, principalmente pelos custos envolvides, tal tecnologia difcilmente ultrapassa as ecessidades mininas de cada empresa. [Nestas empresas, sem a estrutura (tanto tecnolégica como humana) das primeiras, o principal problema continua tendo a obtengdo ou 6 fornecimento da Informagao correta, na quantidede necessaria eno tempo exato. Annatureza dos modernos problemas de informacéo, na verdade, fenconta'se principalmente no paredoxo quantidade x qualidade, que a propria tecnologia dos meio de comunicacao ajudou a eriar. Ou seja, ha Duperabundancia de informagso. disponivel ea escassez de informacéo relevante pata o usuario. A producao maciga de dados, hoje permitida, tern feito com que existe mais informacae digponivel do que a eapacidade que se tem para administrs la, Pade-se imaginar ser mais facil, entdo, urn cientista repeti tm experimento do que procurar seus resultados perdidos em alguma base de dades, O desenvolvimento, pot iso, de uma metodologia de comunicagio ¢ de ttanfereneia de informacso que atenda rnossas necessidades de desenvolvimento Gientilico teenolegico passa nao s6 pela tecnologia de comunieagao que sera Utilizada, mas tarnbém pela compreensio de que qualquer informacso s6 sera realmente util se pertinente as ecessidades dos que irao utiliza ‘Assim, percebe-se que a solugao dos ‘problemas da informagae paderso ostar Frais na forma como esta informagao sera tratada, tendo-se em vista seu Usuario, do que nos melos utlizados para que ele a receba Infelzmente, ainda ha uma grande preccupacao em disponiblizar, pura & simplesmente, cada vez mais Informagaes, A pilha de publieagoes que se acumula no canto de nossas mesas de trabalho ¢ cada vez maior e, provavelmente, apenas uma pequena Fragao das informacdes all contidas nos serao realmente leis, Esta parece (© 50 parece) ser uma tendéncia natural e ‘acontece porque a grande maiaria dos Sistemas de informagaa até hoje desenvolvidos, paticularmente entre nos fe mesmo nos paises mals adiantados, ‘costumam edotar definigoes muito ‘amplas do que seja © seu publica, tanto hha ceptagaa como ne disponibizacso de informagao. MARKETING Sistemas de informagao verdadsiramente modernas nso podem abrir mao de uma mentalidade de marketing, Nao somente sob 0 conceito de uma alividade preocupada com @ promogae e vend de produtos Tucrativos, mas também como um sistema de compreensio e interagdo Social. 0 primeiro concelto esta diretamente ligado a necessidades do produtor, enquanto que o segundo prima Por satisfazer uma necessidade existonte no mercado. De fato, o marketing levado a sério pode nos revelar multas surpresas: gers que 2 questao da produgao d= informagae ja nao @ t&o relevante? Sera que a questgo atual néo estora baseada ra producdo de compreensao? Richard Saul Wurman, em seu livro Ansiedads de Informagao, dz que “o volurne atual de informacao envolvert ‘mais eapacitacgo e mals gente na busca ‘eno processamento da inforrmagao. CGencomitantemente, a pessoas que determiner a forma como ela nes é ‘apresentada precisam aprender novos tétodos de tarnar a busca da informagso eis fil. As velhas formulas @ os antigos sistemas de processamento de dados s30 inmpatentes diante da complexidade da informacao que precisamos assimilar atualmente. Necessitamos desenvolver novas formulas para a compreensao. Precisamos tratar a compreensao como luma atividads economica e uma inddstia fem si, no apenas como um componente das oultras areas.” ‘Alem disso, uma avaliagao conjuntural de metcado pode identifiear detalhes apatentemente insignificantes, mas que sao na realidade verdadeiros espinhos no desenvolvimento de novas propostas de trabalho, Até bem pouco tempo, por exemplo, era a palavra documentagao que gozava do prestigio Universal, j& que sob cla residia tudo © ue fosse felativo a informagao. A palavra atingla-sua maior sofisticagao ‘quando englobava, aler das atividades de reunin,classificar e distribuir informagées de todos os géneros, sobre todos o: dominios da etividade humana, ‘as fungoes de normalizar. produit, Feprodurir e selecionar taisinformagoes sob a forma de documento, Hoje, contudo, a palavra informagao se manifesta independente. Na era das comunicacdes eletronicas ela = FlevitaINMETAO,v.o,n.1janevomargo Togs eueeenene ern toubendo para std © peso ‘Semantco que outrrs documentagio rein Tale forga que esta nove Palavre gahou 8 patr dos anos 60, que xgansmos intemactonais importantes feera alteracoes er seu propos nomen buses de ura maior ldenifcagso com a faturo” © American Documentation Insitute possou > chomarse American Sac for Information Suence eno Brasil, 0 Insite Brasiero de Boge também madeu pare Insitute Sra de Informer em Cizniae Teenoogi, E claro que o que se chama documentagao sempre existirs, em dimensoes cada vez maiores, tanto como acervo quanto como manipulagao de documentos, mesmo porque 0 documento nada mais ¢ do que @ ‘moradia da informagao e, por sua vee, {qualquer conhecimento 88 pode se tornar informagao se est4 registrado, ou na -memaria de alguém, ou em algum ‘material. Mas que a palavra informagao praticament® expeliu da linguagem ccorrente a palavra documentagao, € fato, Tal discussso, aparentemente mera curiosidade seméntica, serve —— ene informagde, ume nova mentalidade onde © que importa so as relagdes socials € humanas envolvices, Serve, também, para se identiicar determinadas resistencias, em nivel Profissional, da inchisio de noves formagoes acedémicas na lista dos profissionais de informacao, A grande aioria dos que procuram mestrados e lespecializacées na area de informacio, ainda sd0 orlundos dos cursos de biblioteconomia ¢, em menor arau ‘comunicasao, 20 passo que 0 fututo ja da indicios da necessidade de um profissional da informagao que tenha seu ccurriculo aberto a transdisciplinaridade, & pratica do conhacimento global diigide a Lum objetivo. OHOMEM ‘A compreensia da informagéo ¢ 2 tentativa de desenvolvimento de sistemas {que permitam ao usuario da informacao satisfazer suas necessidades sera sempre coisas bastante complexas © que ‘exigita0 muita trabalho e determinacao, principalmente politica. Entretanta, rnenhurm esforgo ou qualquer tentative Tempo de informagao A poderd ter éxito se néo tiver em ‘consideracgo © ator principal da nova era: © homem, © préximo século promete sera redescoberta do homem. A compreengéo de que 0 futuro seré criado pelo exercicia dda capacidade individual e coletiva, nBo Pela Imposicao de metas ideolagicas ou teenolégicas arbitraras, A harmonia no selo da humanidade dependera, em grande parte, de um desenvolvimente que permita a todas as pessoas ter a esperanca © os meios para melhorar continuamente a qualidade de sua vida, bem como a do planeta, O computador, embora muito til, @ apenas um icone de nossa época. Nao. podemos deixar que a dependencia a esta Maquina leve © homem @ perder sua hablidade mais humana: fazer sentido por meio da linguagem. Este, sobretudo, parece sero principal desafio de todos os {que lidam com a informagso, pois a raza0 e a Imaginagio, que leva & compreensao, ainda no s80 progremnaveis. Como ponte de paride pera ce observer a mudenga de uma, mentaade basicarente votada informeao comocestoques organtadoe e conttladoe pora Gmarove menaldadevokacs Sonera (ec ae ea 8 REFERENCIAS DECLARACAO de dliplomacia comercial sobre o desenvolvimento sustentavel ea indlistria ca informacgao. (Declaragao de Toguio). (Rio de Janeiro; GAIA, 1992) 13f, apestila DE GOUL, Paul. fnformagao para a Industria; a informacao cientifica, técnica e econdmica ICTE para a empresa. As auividades de injormacao, rojissées e métodos. Brasilia IBCT, SENAL, 1992. 33°, FIGUEIREDO, Nice Menezes de. © processo de Transferencia da informagao. Clink, Rio de Janeiro, 08, n.2, p. 119-138, 1979. GALVAO, Marcelo Marques. Criativa ‘mente. Rio de Janeiro; Qualitymark, 1992, 143p. LEITAO, Dorodane Moura, A infotmagao: Insumo e produto do desenvolvimento tecnolsgico, Clint, Rio de Janelro, v.14, n.2, p. 93-107, Jul/de2. 1985, PROJETO de avaliacio técnica da Rede de Miicleos de Informacao Tecnolégica do PADCT/TIB. Relatorio final. (Rio de Janetro: SINORTEG, set. 1992) 211. SILVA, Benedito, Da Galaxia de Gutemberg, a aldela global (Informagao, documentacao, ‘comunicagao). IN: MAGALHAES, Aluisio, HOUAISS, Antonio SILVA, Benedito. Editoracao hoje. 2 ed. Rio de Janetro: FGV, 1981. 238p. p. 321. SODRE, Muniz. A comunicacéo do grotesco. Pelrépolis: Editora Vozes, 1972. Bap. WURMAN, Richard Saul. Ansiedade de Informagao, Sao Paulo: Cultura Editores Associados, 1991. 380p.

Você também pode gostar