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INTRODUÇÃO À
GEOMETRIA Dl.FERENCIAL
Blucher
KETI TENENBLAT
Professora Emérita da Universidade de Brasília (UnB)
INTRODUÇÃO À
GEOMETRIA DIFERENCIAL
'
2ª edição revisada
Introdução à geometria diferencial
© 2008 Keti Tenenblat
2ª edição - 2008
1a reimpressão - 2011
Editora Edgard Blücher Ltda.
1. Geometria diferencial
l. Título.
Todos os direitos reservados pela Editora Edgard fndices para catálogo sistemático:
Blücher Ltda. 1. Geometria diferencial 51 6. 7
AS. S. Chem (in memoriam)
Prefácio
Esta é a segunda edição deste livro que tem o objetivo de servir como texto para
um curso introdutório de Geometria Diferencial, em nível de graduação. Apresen-
tamos a teoria local de curvas e superficies, no espaço euclidiano, admitindo como
pré-requisitos os cursos básicos de cálculo diferencial e equações diferenciais.
No Capítulo O, relacionamos os principais resultados do cálculo vetorial e do
cálculo diferencial.para funções de várias variáveis, que serão utilizados, freqüente-
mente, nos capítulos seguintes.
Sugerimos que a leitura do texto seja iniciada com o estudo de curvas pla-
nas, Capítulo 1, recordando os conceitos do Capítulo O, à medida que se tornarem
necessários.·
A teoria local clássica de curvas no espaço é introduzida no Capítulo II e a de
superficies, no Capítulo III. Tendo em vista o caráter introdutório do curso, o estudo
das superficies é desenvolvido para superficies parametrizadas regulares. Estas sur-
gem naturalmente como uma extensão do conceito de curva parametrizada regular.
No Capítulo. IV, julgamos conveniente ineluir o método do triedro móvel, como
um método alternativo ao clássico, para o estudo local das superf~:cies.
Procuramos ilustrar os conceitos e os resultados da teoria apresentados no texto,
por meio de vários exemplos e :figuras. No :final de cada seção, incluímos uma série
de exercícios. Esta edição difere pouco da anterior. Foi introduzida uma seção ao
:final do Capítulo III, indicando algumas aplicações da computação gráfica, usando
o programa "ACOGEO". Este programa permite visualizar tanto as curvas e super-
fícies no espaço euclidiano como ·os principais resultados· da teoria de geometria
diferencial apresentados no livro.
Desejamos agradecer aos alunos e colegas que leram criticamente este texto.
Agradecimentos especiais são devidos a Manfredo_ P. do Carmo pelas sugestões e
a José Anchieta Delgado pelas contribuiçõe~ na primeira edição deste livro. Final-
mente, agradecemos a Hailton G. Reis pela digitação desta edição, a Rosângela
Maria da Silva pela cuidadosa revisão e a Patrícia Fernandes do Nascimento por
diversas :figuras do texto.
Conteúdo
vetores de JR3 . Daqui por diante, vamos nos referir aos pontos ou vetores de
JR3 indistintamente.
Dados dois vetores w1 e w2 de componentes w1 = (xi, Yl, z1) e w2
(x2, Y2, z2), definimos a soma w1 + w2 como sendo o vetor de componentes
w1 +w2 =(xi Yl +Y2, z1 +z2). Se  é um número real, definimos o
produto  w como sendo o vetor de componentes  w = ( Âx, Ây, Âz).
O conjunto de vetores de JR3 com essas operações é um espaço vetorial,
isto é, são satisfeitas as oito propriedades seguintes:
w1 +w2 = w2 +w1,
(w1 +w2) +w3 = w1 + (w2 +w3),
o+w1 =w1,
w1 +(-w1) O,
onde w1, w2, w3 são vetores, e se w1 (x1, y1, zi), -w1 indica o vetor de
componentes -w1 =(-xi, -yi, -zi). Além disso, se Â.1 e Â.2 são números
Os vetores w1, w2, · · ·, w11 são ditos linearmente independentes se não são
linearmente dependentes, isto é, para toda combinação linear desses vetores
da forma
Â1 W1 +..:t2 W2 +···+Â.n Wn 0,
tem-se Â1 = Â2 = · · · = Ân O.
1.1 Exemplos
a) Os vetores w1 (1, 2, O), w2 =(O, 1, 1) e w3 (2, 5, 1) são
linearmente dependentes, pois 2w1 + w2 - w3 O.
b) Todo conjunto de vetores que contém o vetor nulo é linearmente de-
pendente.
e) Os vetores e1 = (1, O, O), e1 =(O, 1, O) e e3 (O, O, 1) são linear-
mente independentes.
d) Os vetores w1 (1, 2, O), w2 =(O, 1, 1) e w3 = (4, 5, 2) são linear-
mente independentes.
e) Qualquer subconjunto .de vetores linearmente independentes é linear-
mente independente.
satisfazendo o :S e :S 1C.
Dois vetores w1 e w2 são ditos ortogonais se (wi, w2) =O. Segue-se
dessa definição que w1 e w2 são ortogonais se, e só se, w1 = O ou w2 = O
OU O ângulo (} entre W} e W2 é JC/2.
Dizemos que as bases { u1, u2, u3} e {w1, w2, w3} têm a mesma orientação
se o determinante de mudança de base é positivo, isto é,
1.3 Exemplo. Consideremos as bases {e1, e1, e3} e {w1, w2, w3}
e3} é base cané)nicª~~e w1 = 1(2, -2, 1), w2 =
1(2, 1, -2), w3 =1(1, 2, 2). Estas bases ortonormais têm a mesma orientação,
já que o determinante de mudança de base é igual a 1.
então
XI
(w1, w2 x w3) = YI
z1
Além disso, (w1, w2 x w3) =O se, e só se, w1, w2, w3 são linearmente
dependentes.
Se (u1, u2 x u3) é uma base ortonormal, então
8
u2, u3} e {w1, w2, w3} têm a mesma orientação se, e só se,
p- Po = uw1 +vw2,
-= < u < =, -= < v < =, ou seja,
1.4 Exercícios
10. Seja v1 = (x, y) um vetor unitário de IR.2. Prove que uma base ortonor-
mal v1, v2 de IR.2 tem a mesma orientação que a base canônica se, e
só se, v2 (-y, x).
11. Obtenha a equação do plano que passa pelo ponto (1, 2, -3) e é para-
lelo ao plano determinado por 3x -y + 2z 4.
11
12. Dois planos de JR.3 que se intersectam determinam dois ângulos que
são os mesmos formados pelas retas normais aos planos. Obtenha esses
ângulos para os planos determinados pelas equações = 1 e y +z =
2.
16. Obtenha uma equação da reta em JR.3 que contém o ponto (2, 1, -3)
e é ortogonal ao plano determinado pela equação 4x 3y + z 5.
(a+f3)(t) = a(t)+f3(t),
(fa)(t) f(t)a(t),
(a, /3) (t)= (a(t), f3(t)),
(a x f3)(t) = a(t) x f3(t).
Dizemos que o limite de uma função vetorial a (t) é L quando t se
aproxima de to, e denotamos por
lim a(t) =L
t-+to
quando, dado qualquer e > O, existe 8 > O tal que, se O < Jt - to J < 8,
então Ja(t)-LJ <e. Se a(t) = (x(t), y(t), z(t)) e L = (R1, Ri, R3 ), então
lim a(t)
t-+to
=L se, e só se,
.
lim x(t) = R1, lim y(t) = R2, limz(t) = R3 .
t-+to t-+to t-+to
Lem-
bramos que as propriedades usuais de limite para funções reais verificam-se
para funções vetoriais.
Uma função vetorial a : I e lR-----+ JR3 é contínua em to E I se lim a(t) =
t-+to
a(to). Dizemos que a é contínua se a é contínua em t, para todo t E/.
Uma função vetorial a é contínua em to se, e só se, as funções coordenadas
de a são contínuas em to. Se a e f3 são funções vetoriais contínuas em
I e f é uma função real contínua, então as funções a+ /3, fa, (a, /3) e
a x f3 são contínuas.
Uma função vetorial a : I-----+ JR3 é dita diferenciável em to E I se existe
lim a(t) - a(to)
t-+to t - to~ '
14
Uma aplicação F : JRIZ ---+ IRm é dita linear se, para todo par de pontos p
e q em JRll e  E IR, temos
Se F é linear, então F(O) =O. Além disso, como consequência das pro-
priedades acima, temos que F é determinada pelos seus valores em uma
base de JRll. Em particular, considerando a base canônica de JRll, e 1 =
(1, O,··· ,O), e1 =(O, 1, O,··· ,O),··· ,en =(O, O,··· ,O, 1), se
Fm(p)
Dizemos que uma função F : A e ]Rn --+ JRm, onde A é aberto em ]Rn, é
19
contínua em po A se
______________S__e___ ~:(p) existe, para todo p E A, então temos definida uma função
aF :A ~ mm
-a lN.. que, para cada p E A , associa aF (p) . As d enva
. -a . d as parciais
..
~ ~
função F : A e 191.11 ___, m;m são contínuas ,então essas derivadas parciais não
dependem da ordem de diferenciação, isto é, Fxixj Fxp:1 , etc.
A fórmula de Taylor, que vimos para uma função de uma variável, estende-
se ao caso de uma função de várias variáveis. Em particular, se F é uma
função diferenciável (C"'), de duas variáveis x e y, então, para todo inteiro
n >O e (xo, yo), temos que
F(x, y) F(xo, yo) +hF_,(xo, yo) +kFy(xo, Yo) +
+ ;, (h 2Fxx(xo, Yo) + 2hkF;.;y(xo, Yo) + k2 F)ry,(xo, Yo)) + · · ·
+ ~
n.
(h'JaJn~
X
(xo, yo) + nhn-I k a ~n~a (xo, Yo) + · · ·
X - y
2.1 Exercícios
L Considere as seguintes funções F : JR. 2 -+ JR.3 :
a) F(x, y) (x, y1 x+y);
b) F(x, y) = (x cosy, x seny, 2.x);
c) F(x, y) = (x (x+y) 2 , (x+y)3).
Em cada caso, verifique que F é diferenciável e obtenha a matriz jaco-
biana. Indique os pontos p E onde dFp não é injetora:
2. Seja F: {O} lR. uma função contínua tal que F(Ãx, Ãy) =
-+
F(x, y), para todo (x, y) E JR.2 -{(O, O)} e  um número real não-
nulo. Prove que F é limitada, isto é, a função F tem um máximo e um
26
dfp(w)=2<p,w>, wEIR3 .
9. Seja T : IR2 ---+ IR2 uma translação por a, isto é, T(p) =a+ p onde
a, p E IR2 . Verifique que T preserva distância entre pontos, isto é, para
27
todo p, q E R 2 ,
1T (p) - T (q) 1 = IP - q 1.
10. Considere uma base ortonormal { w 1, wi} de R 2 . Prove que existe
um única aplicação linear e: R 2 ---+ R 2 tal que C(ei) = Wi, i = 1, 2,
onde {e 1, ei} é a base canônica de R 2 . Verifique que C é bijetora e
que preserva produto interno, isto é, (C(p), C(q)) = (p, q), para todo
p, q E R 2 . Conclua daí que, dadas duas bases ortonormais {w 1 , wi}
e {w1, w2} de R 2 , existe uma única aplicação linear C: R 2 ---+ R 2 tal
que C(wi) = wi, i = 1, 2. Verifique que nessas condições C preserva
produto interno e, portanto, preserva distância.
CURVAS PLANAS
1.2 Exemplos
a) A aplicação
(a,b)
Figura 1
Figura 2
30
YA
!
!
i
1 /1
!
!
! l
l
:
1
i !
{2,t:ll!
Figura 3
A aplicação
a(t) = (t, ltl), t E IR,
não é uma curva parametrizada diferenciável, já que !ti não é diferenciável
em t =O (ver Figura 4).
31
Figura 4
A aplicação
(t, O)
a(t)
{(t, se t::; O,
Figura 5
não é uma curva parametrizada diferenciável (ver Figura 5), já que a função
se t ::; O,
y(t)
se t >O,
32
Y1J'
i
!l /
i /
V'""'
/I
X
Figura 6
a(t+h)- a(t)
h
1
é o vetor de a(t) a a(t + h) multiplicado pelo escalar h (ver Figura 7).
Observamos que
. a(t+h)-a(t)
1i m - - - - - -
h-+0 h
é exatamente a definição da derivada da função a em t.
"~t+h)-G!(t)
G!( t+h)
t t+h
Figura 7
2
2.3 Definição. Uma curva parametrizada diferenciável a :I __,. IR é dita
regular se 'Vt E I, a'(t) =/=O.
2.4 Definição. Seja a: I __,. IR2 uma curva regular. A reta tangente a a
em to E I é a reta que passa por a(to) na direção de a'(to), isto é, a reta
dada pela função
g(r) = a(to) +ra'(to), r E IR.
2.5 Exercícios
2. Obtenha uma curva regular a: JR _,. IR2 tal que a(O) = (2, O) e a'(t) =
(t2, d).
35
4. Seja a: I __,. IR2 uma curva regular. Prove que la'(t)I é constante se,
e só se, para cada t E I, o vetor a" (t) é ortogonal a a' (t).
5. Considere a aplicação
Prove que:
a) a é uma curva parametrizada diferenciável;
n
b) a'(t)-/= O para todo t-/=
2;
c) o comprimento do segmento da reta tangente, compreendido entre
a(t) e o eixo y, é constante igual a 1. O traço desta curva é chamado
tratriz.
10. Seja a(t) = (f(t), g(t)), t E R, uma curva regular e P = (xo, Yo) um
ponto fixo do plano. A curva pedal de a em relação a P é descrita
pelos pés das perpendiculares baixadas de P sobre as retas tangentes à
curva a. Obtenha uma curva parametrizada cujo traço é a curva pedal
de a em relação a P Determine a curva pedal de uma circunferência:
a) em relação ao seu centro e b) em relação a um ponto P da circun-
ferência.
f3 aoh : J -r JR.2
é uma curva regular, que tem o mesmo traço que a, chamada reparametri-
zação de a por h. A função h é dita mudança de parâmetro (ver Figura
8).
37
~
~ ) ''*"(h(•l l
~ ;/ X
Figura 8
3.2 Exemplos
a) Consideremos a curva regular
y
~(.r)
Figura 9
! ti 1
to
a' (t) ldt, que é chamado comprimento de arco da curva a de to a t1.
39
3.3 Definição. Uma curva regular a : I --+ JR2 é dita parametrizada pelo
comprimento de arco se, para cada to, t1 E J, to s ti, o comprimento do arco
da curva a de to a t1 é igual a t1 to. Isto é,
t1
1
to
la'(t)ldt
to - t; se t S to'." então -s(t) ~ [" 1a' (t) 1dt to - t. Pôrt~to, para todo
t E J, s(t) t t0 , e s'(t) = 1. Como s'(t) = la'(t)I, concluímos que
1a' (t) 1 = 1, Vt E J. A recíproca é imediata.
o
3.5 Exemplo. A aplicação
dh 1 1
-=-=-->0
ds s'(t) la'(t)I ·
Concluímos que f3(s) =a o h(s), s E J, é uma reparametrização de a e
d a dh 1 a' (t) 1 . _
dt ds = la'(t)I = 1. Portanto, pela Propos1çao 3.4, f3 está
i=-;~~---o'ai-ran'1·~:il'r1-z~-ú:-1a·····'· ·-·camprimenfo de arco. . . .
D
A aplicação f3 da Proposição 3.6 é dita uma reparametrização de a pelo
comprimento de arco. Observamos que essa reparametrização não é única,
pois depende da função comprimento. de arco, que, por sua vez, depende de
to fixado.
Usando a Proposição 3.6, vamos obter uma reparametrização pelo com-
primento de arco das· ·seguintes curvas regulares.
3.7 Exemplos
a) Consideremos a(t) = (at+c, bt+d), t E IR e a2 +b 2 =/=O. Seja s(t)
a função comprimento de arco de a a partir de to = O, isto é,
h(s)=log(~+1).
Portanto,
3.8 Exercícios
entre t = a e t = b.
Na seção anterior, vimos que toda curva regular do plano pode ser reparame-
trizada pelo comprimento de arco. Consideremos uma curva regular
Seja n(s) um vetor unitário ortogonal a t(s), tal que a base ortogonal de
ffi. 2 formada por t(s) e n(s) tem a mesma orientação que a base canônica
e1 = (1, O), e2 =(O, 1) de ffi. 2 (ver Figura 10), isto é,
_____C()]ljunto
,_,=----------- __O de vetores t(s) e n(s) é dito referencial de Frenet da curva
a em s.
Figura 10
t'(s) = k(s)n(s).
concluímos que
n'(s) = -k(s)t(s).
Resumindo, se a : I--+ JR.2 é uma curva regular, parametrizada pelo com-
primento de arco s, então o referencial de Frenet t(s), n(s) satisfaz as
equações
Então, lim </> (hh) indica a velocidade com que as retas tangentes mudam de
h-+0
direção. Como para todo h
4.1 Exemplos
a) Seja a(s) uma curva parametrizada pelo comprimento de arco cujo
traço é uma reta. Então, a curvatura é identicamente nula. De fato, seja
Logo,
k(s) (t'(s), n(s))
45
t(.s)
o
.s)
'
Figura 11
E, portanto,
d2s (a' (r), a" (r))
(4)
dr 2 Ja'(r)J
Considerando que a(r) = (x(r), y(r)), segue-se de (1) e (3) que
-x''y' + x'y''
k(r)
((x')2 + (y')2)3/2 ·
D
4.3 Exemplo. Consideremos a espiral logarítmica
Então,
onde R(s) é uma função vetorial, tal que lirn ( R(s) )2 =O. Portanto,
.. S-+So S-SQ
(s s ) 2
a(s)-T(s)= -
2
°
a"(so)+R(s).
48
y
Yt
l t (so)
1.,,~l.
i 7
! oC(so)
Figura 12
1
c(s) = a(s) + k(s) n(s)
Figura 13
Uma involuta de uma curva regular f3 é uma curva que é ortogonal às retas
tangentes de f3. Portanto, se f3 é evoluta de a, então a é uma involuta de
{3.
Observamos que o ângulo entre duas curvas regulares que se interceptam
é definido como sendo o ângulo en~e os vetores tangentes às curvas no ponto
de interseção.
4.4 Exercícios
2. Considere a curva regular a(t) (t, t 2 -4t 3), t E lR. Para que valor
de t a curvatura de a é máxima?
4. Seja a(s) (x(s), y(s)) uma curva regular parametrizada pelo compri-
mento de arco, e sejam n(s) o vetor normal e k(s) a curvatura de a.
Considere a família de curvas
e a curvatura
2(r') 2 - rr'' + r2
k(8) = (r2 + (r')2)3/2
1O. Seja a(s) uma curva regular parametrizada pelo comprimento de arco
s e tal que k( s) > O, Vs. Verifique que o comprimento do arco da evo-
luta de a entre so e s1 é igual à diferença entre os raios de curvatura
em so e s1.
12. Sejam a(t) e f3(t) curvas regulares do plano tal que, para todo t, a
reta determinada por a (t) e /3 (t) é ortogonal a a e f3 em t. Verifique
que o segmento de reta de a(t) a /3(t) tem comprimento constante.
O teorema a seguir mostra que a curvatura determina uma curva plana a menos
de sua posição no plano. Mais precisamente:
x(s) xo+ls so
cos(e(s)+À)ds,
y(s) = Yo + 1s
so
sen( e(s) +À )ds.
Vamos verificar que a curva a assim definida está parametrizada pelo com-
53
x'' -ky''
y" -kx'.
CURVAS NO ESPAÇO
1.2 Exemplos
a) A aplicação
t E JR, a> O, b ::j: O é a hélice circulm: O traço desta curva está contido no
cilindro x2 + y2 a2. Se a(t1) e a(t2) são dois pontos que têm as duas
primeiras coordenadas respectivamente iguais, então as terceiras coordenadas
diferem por um múltiplo de 2nb (ver Figura 14).
K y
Figura 14
e) A aplicação
Z/,\
:
K y
Figura 15
57
f3 = a oh :J ---+ :IR3
é uma curva regular, que tem o mesmo traço que a, chamada reparametri-
zação de a por h. A função h é a mudança de parâmetro.
Observamos que, se f3 é uma reparametrização de a por h, então a
é uma reparametrização de f3 por h- 1 •. A orientação de uma curva regular
a é o sentido de percurso do traço de a. Uma reparametrização f3 de a
tem orientação igual (resp. oposta) à de a se a mudança de parâmetro é
estritamente crescente (resp. decrescente).
58
1to
la'(t)ldt
Uma curva regular a : 1 __, 1!R3 é dita parametrizada pelo comprimento de arco
se para cada to, t1 E 1, to ::; t1,
t1
1to
la'(t)jdt = t1 to.
2.2 Proposição~.· Uma curva regu.lar a : 1 __, 1!R3 está parametrizada pelo
comprimento de a;co se, e só se, Vt E/, ja'(t)I = 1.
Como ocorre com as curvas planas, toda curva regular no espaço admite
uma reparametrização pelo parâmetro comprimento de arco.
2.3 Proposição. Sejam a: 1__,1!R3 uma curva regu.lar e s: 1 __, s(I) e 1IR
a função comprimento de arco de a a partir de to. Então, existe a função
59
2.4 Exercícios
4. Obtenha uma curva regular em IR3 cujo traço coincide com a· interseção
do cilindro C = {(x, y, z) E IR3 ; x2 +y2 = 1} e o plano x+2y+z = 1.
5. Obtenha a curva regular tal que a(O) = (2, 3, 1) e a' (t) = (t 2 , t, d).
60
7. Seja a : I -----+ lR3 uma curva regular. Prove que 1a' (t) 1 é constante se,
e só se, 'í/t E/, a"(t) é ortogonal a a'(t).
9. Se a : I-----+ JR3 uma curva regular, prove que Vto E/, existe um intervalo
abert~ue contém to, no qual a é injetora.
10. Seja a : I-----+ JR3 uma curva regular. Prove que 'ílto E/, existe um
intervalo aberto J que contém to e existem funções diferenciáveis
F, G tal que o traço de a restrito a J está contido no conjunto
"=~-----~------ -{(x, y, z) E JR3 ;F(x, y, z) = G(x, y, z) =O}.
(~u(s), ~ log(u(s))),
1
a(s) = 2 (s),
u
12. Considere a curva regular a(t) = (2t, t 2 , logt), t E (O, =). Obtenha a
função comprilnento de arco a partir de t = 1. Verifique que os pon-
tos (2, 1, O) e (4, 4, log2) pertencem ao traço de a e calcule o
comprimento de arco de a entre esses pontos.
14. Seja a(t) uma curva regular. Prove que, se f3(s) e y(s) são duas
reparametrizações de a por comprimento de arco, então s = ± s+a,
onde a é uma constante.
No capítulo anterior, vimos que a teoria local das curvas planas está con-
tida essencialmente nas fórmulas de Frenet, que são obtidas considerando
um diedro ortonormal associado naturalmente a uma curva plana. A seguir,
vamos desenvolver um estudo análogo, considerando um triedro ortonormal
associado a uma curva regular de ~3 .
Seja a: I-----+ ~3 uma curva regular parametrizada pelo comprimento de
arco. A velocidade com que as retas tangentes mudam de direção é denomi-
nada curvatura de a, isto é,
3.2 Exemplos
a) Consideremos a curva parametrizada pelo comprimento de arco
(1 +s)z3 (1-s)z3 s )
a(s)= , , v'2 , sE(-1,1),
( 3 3
62
1
k(s) = J8(1-s2).
3.4 Definição. Seja a : I---+ JR3 uma curva regular parametrizada pelo
comprimento de arco tal que k(s) > O. O vetor
a" (s)
n(s) = k(s)
Denotando por t(s) o vetor unitário a'(s), temos que t(s) e n(s) são
vetores ortonormais e
t' (s) = k(s)n(s).
A seguir, definimos um terceiro vetor que, junto com t e n, forma uma
base ortonormal de JR3 .
3.5 Definição. Seja a : 1 ---+ JR3 uma curva regular parametrizada pelo
comprimento de arco tal que k(s) >O. O vetor binormal a a em s é
b(.s)
1'
1
pl.ano no:rma.l
pl.ano i:etificante
!
l
i
F - - - - - 7 n( .s)
1 ~(.s)
I
1
1
iç,. \ pl.azío o.s cul.adoi:
t:(.s) \
1
1
Figura 16
64
b'(s) t'(s)xn(s)+t(s)xn'(s)
t(s) x n'(s).
3.6 Definição. O número real i-(s) definido por b'(s) i-(s)n(s) é de-
nominado torção da curva em s.
a(s)
a"(s) ( s
n(s) = k(s) - cos -;:::::;===:;:,
b1 (s)
que
t'(s) k(s)n(s),
b'(s) 1:(s)n(s).
derivando temos
n'(s) b'(s) x t(s) +b(s) x t'(s).
Substituindo b' e t' pelas expressões acima, obtemos
ja'(t) x a"(t)I
k(s(t))
la'(t)l3
(a'(t) x a"'(t), a"(t))
i-(s(t))
la'(t) x a"(t)1 2
Como
~;=la' (t)I, (3)
temos que
d 2s (a"(t), a'(t))
=----- (4)
la'(t)I
Segue de (1) e (2) que
3 2
a' (t) x a" (t) = ( -ds) -d/3 x -d f32 .
dt ds ds
Portanto,
= 1~~1
la'(t) x a"(t)I
k(s(t)) la'(t)l 3
Para obter a expressão da torção, vamos utilizar os vetores normal e binor-
mal de f3, que são dados por
n(s(t))
b(s(t))
a'(t) x a"(t)
la'(t) x a"(t)I.
Derivando a última igualdade em relação a t, temos
3.9 Exercícios
9. Prove que, se duas curvas são simétricas em relação à origem, então têm
a mesma curvatura e a torção difere de sinal.
11. Seja a(s) uma curva regular. Verifique que o vetor binormal b(so) é
a posição limite da perpendicular às retas tangentes a a em so e s1,
quando s1 tei:ide para so.
12. Seja a(s) uma curva regular parametrizada pelo comprimento de arco
cuja curvatura não se anula. A curva t(s) sobre a esfera unitária,
definida pelos vetores tangentes a a, é denominada indicatriz esférica
tangente de a.
a) Verifique que o vetor tangente à indicatriz é paralelo ao vetor normal
de a em pontos correspondentes.
71
13. A curva b(s) definida pelos vetores binormais a uma curva regular a
é denominada indicatriz esférica binormal de a.
a) Prove que sua curvatura k1 e sua torção -r2 são dadas por
4. Aplicações
4.1 Lema. Seja a : I--+ IR3 uma curva regular de curvatura não-nula. Se
a é uma curva plana, então o plano osculador de a independe do parâmetro
e é o plano que contém o traço de a.
Derivando, temos
(a(s) e, b) =O,
(a'(s), a(s)-c) =O
e
(a"(s), a(s)-c) = 1.
la"(s)lla(s) cl 1,
logo
1
k(s) la"(s)I = -.
a
Para provar a recíproca, consideremos a aplicação. diferenciável f :I ~
3
JR definida por
f(s) a(s) +an(s).
Vamos provar que f(s) é constante. Usando. as fórmulas de Frenet, temos
que
f(s) t(s)+an'(s)
t(s) +a(-k(s)t(s)- 't'(s)b(s)).
74
4.4 Definição. Uma curva regular a : I ---+ IR3 é uma hélice se existe um
vetor unitário v que forma um ângulo constante com a'(t), Vt E I, isto é,
(a'(t), v) é constante.
1a'(t)1
4.6 Proposição. Seja a : I---+ IR3 uma curva regular de curvatura e torção
·. k
não-nulas. Então, a é uma hélice se, e só se, - é constante.
't"
4. 7 Exercícios
e, portanto,
2
2 1 ··( k!(s) )
r = - k2 (s) + k2(s)-r(s)
2
. .· 1 ( k!(s) )
b) Reciprocamente, se k2 (s) + k2(s)-r(s). é constante igual a r2 e
k!(s)=/= O, então a(J) está contido em uma esfera de raio r.
5. Verifique que a curva regular a(t) =(a sen 2t, a sent cost,a cost), t E
IIR, tem o traço contido em uma esfera. Além disso, todos os planos
normais de a passam pela origem.
77
6. Seja a :I ~ IJR3 uma curva regular cujo traço está contido em uma es-
fera de raio a> O. Prove que a curvatura k de a, satisfaz a propriedade
k ?:_ -1 • Quando e' que k
a
1? =-a
7. Verifique que as curvas
10. Seja a: I-+ IJR3 uma hélice circular, parametrizada pelo comprimento
de arco. Considere A e I, tal que todos os planos osculadores de a
em s E A têm um ponto em comum exterior à hélice. Prove que a(A)
está contido em um plano.
11. Prove que a é uma hélice se, e só se, existe um vetor unitário u de
IJR3 que forma um ângulo constante com os vetores binormais de a.
12. Seja a : I-+ IJR3 uma hélice, eu o vetor unitário fixo que forma um
ângulo constante e com a'(t). Seja s(t) a função comprimento
de arco de a a partir de t =O. Considere a curva f3(t) = a(t) -
s(t) cos eu e prove que:
13. Seja a : I---+ JR3 uma curva regular parametrizada pelo comprimento
de arco. Prove que a é uma hélice se, e só se, Vs E !, as retas que
passam por a(s), na direção de n(s), são paralelas a um plano fixo.
Consideremos uma curva regular a(s) = (x(s), y(s), z(s)), s E!, parametri-
zada pelo comprimento de arco e de curvatura k(s) =/=-O, Vs E!. Para inves-
tigar o comportamento da curva em uma vizinhança de um de seus pontos,
vamos expandir a função vetorial a (s) pela fórmula de Taylor. Sem perda de
generalidade, vamos fixar s = O e vamos considerar o sistema de coordenadas
de JR3 tal que a(O) =(O, O, O), t(O) = (1, O, O), n(O) =(O, 1, O), b(O) =
(O, O, 1). Então,
-- . -s2 ... ·- s3
a(s) = a(O) +a' (O)s +a" (O) + a (O) ! + R,
111
21 3
onde R contém potências de s de ordem maior ou igual a quatro. Usando as
fórmulas de Frenet, temos
a' (O) = t (O),
!c2(0)
x(s) s - - - s 3 +R1
6 '
k(O) 2 /((O) 3
y(s) - - s +--s +R2 (5)
2 6 '
k(O)-r(O)
z(s) s 3 +R3,
6
5.1 Proposição. Seja a(s) uma curva regular IR3 de curvatura não-nula
Vs E !. Fixado so E !, as seguintes propriedades se verificam:
a) Para todo s szificientemente próximo de so, a(s) pertence ao semi-espaço
determinado pelo plano retificante, que contém n(so).
b) Se a torção -r(so) < O, então para todo s szificientemente próximo de
so, a(s) pertence ao semi-espaço determinado pelo plano osculador, que
contém -b(so) (resp. b(so)) ses< so (resp. s > so), (ver Figura 18).
c) Se -r(so) >O, então, para todos szificientementepróximode so, a(s) per-
tence ao semi-espaço determinado pelo plano osculad01; q_ue contém b(s) (resp.
-b(so)) se s < so (resp._ s > so).
pl.ano
:retificante
Figura 17
z 11'
!
!
b(O),k
! n(O)
pl.ano
y
·osculado;r
i\
Figura 18
5.2 Exercícios
s:( ) = (.
u s
ko
s, 2 s '
2 ko-ro s3) '.
- 6
6.2 Exemplos
a) A transformação identidade de JR3 é uma isometria.
b) Seja a um ponto fixo de JR 3 . A aplicação T: JR3 - t que, para cada
3
p JR , associa
T(p)=a+p
é uma isometria de JR3 ,
denominada translação por a.
e) Consideremos a aplicação F que, para cada ponto (x, y, z) E JR3 ,
associa
onde O < e < 2rc é fixo. Então, F é uma isometria de JR3 , denominada
rotação em torno do eixo Oz.
d) A aplicação definida por
6.3 Proposição.
a) Se F e G são isometrias de JR3 , então F o G é uma isometria.
b) Se F e G são translações, então F o G = G o F é uma translação.
e) Se T é uma translação por a, então T é inversível e r- 1 é uma
translação por -a.
d) Dados dois pontos p e q de JR3 , existe uma única translação T tal que
T(p) q.
83
6.6 Proposição. Se F : JR 3 ---+ JR3 é uma isometria tal que F(O) =O,
então F é uma transformação ortogonal.
portanto,
(F(p), F(q)) = (p, q).
Falta provar que F é uma aplicação linear, isto é, que F(ap + bq) =
aF(p) + bF(q) para todo a, b E 1R e p, q E JR3 . Consideremos
2
IF(ap+bq)-aF(p) bF(q)l =
= IF(ap+bq)l2 +a2IF(p)l2 +h21F(q)l2-
-2a (F(ap+bq), F(p)) -2b (F(ap+bq), F(q)) +
+2ab (F(p), F(q)) =
= lap+bql2 +a2IPl2 +b2lql2-
-2a (ap + bq, p) - 2b (ap + bq, q) + 2ab (p, q) =
= lap+bq-ap-bql 2 =O,
85
6.7 Teorema. Se F: JR3 ---+ JR3 é uma isometria, então existe uma única
translação T e uma única transformação ortogonal C, tal que F = T oC.
3
F(x, y, z) = (1 +x, 2+y, -z), (x, y, z) E JR ,
transformação ortogonal
C(x, y, z)
(!x- J3 z
2 2 '
-y
' 2
+-21 z) .
A seguir, veremos que toda isometria é diferenciável e que a diferencial de
uma isometria em cada ponto de Jll3 preserva produto interno. Se F : Jll3 -+
Jll3 é uma função diferenciável, então, para cada p E Jll3 , a diferencial de F
em p é uma aplicação linear dFp: Jll3 -+ Jll3 definida por (ver Capítulo O)
dFp(v) = dd (F(p+tv))I .
t t=O
Portanto,
D
Como consequência imediata da proposição, obtemos
Segue deste corolário que, se F: JR. 3 -+ JR. 3 é uma isometria, então adi-
ferencial de F em p E JR.3 leva iuna base ortonormal v1 1 v2, v3 de JR.3 em
outra base ortonormal dFp(v1) 1 dFp(v2), dFp(v3). Dizemos que a isometria
F preserva orientação se as duas bases têm a mesma orientação, isto é,
inverte orientação e
preserva orientação.
F(p)=F(p) q,
dFp(vi) = dFp(vi) = Wt·
Da última relação temos que C(vt) = C(vt) Wj. Como e e e são aplicações
ULJ~-~---- }!11_~a.i:_e~, temos que e e. Portanto, T o (p)e t o e(p) = q' isto é, T e
t são translações que levam C(p) em q. Concluímos da Proposição 6.3 que
T t, donde F F.
D
Dadas uma curva regular a e uma isometria F de IR3 ,
então F o a é
uma curva regular que difere de a apenas pela sua posição no espaço.
6.13 Definição. puas curvas regulares a,/) : I --i- IR3 são congruentes se
existe isometria F -de IR3 , tal que /) = F o a.
6.14 Proposição. Seja a: I --i- IR3 uma curva regular parametrizada pelo
comprimento de arco, tal que a curvatura k(s) >O, \Is E/. Seja F uma
89
k(s) k(s),
t(s) ±-r(s),
t(s) dFa(s) (t(s) ),
ii(s) dFa(s)(n(s)),
b(s) ±dFa(s)(b(s)),
onde k, i, etc. são a curvatura, torção, etc. de ã e o sinal é + (resp. - )
se F preserva orientação (resp. inverte orientação).
logo,
jã'(s)I = ldFa(s)(a'(s))I ja'(s)I = 1,
onde a segunda igualdade decorre do Corolário 6.10. Portanto, ã é parame-
trizada pelo comprimento de arco.
Faremos a demonstração no caso em que F preserva orientação. De (6)
temos que
(7)
daí
t'(s) dFa(s)(t'(s)).
Como dFa(s) preserva produto interno, temos que
ii(s)
ã" (s)
k(s)
dFa(s) (a" (s))
k(s) dFa(s)
(ª"k(s)(s)) dFa(s)(n(s)). (8)
90
Finalmente,
dFa(so)(ta(so)) = tp(so),
dFa(so) (na(so)) np(so),
dFa(so)(ba(so)) = bp(so) (resp. dFa(so)(ba(so))
ã(so) = f3(so),
k ka kp, ii(so) = np(so),
-! 't"a i-p (resp. t = -'t"a =i-p), b(so) b13(so).
Para provar que ã = /3, basta mostrar que t tp, pois neste caso tere-
mos ã(s) f3(s) constante e, como ã(s0 ) = f3(so), poderemos concluir que
92
f(s) = ll(s) - t13 (s)l 2+ ln(s) - n13(s) 12 + lb(s) - b13 (s) J2.
tf(s) k(s)ni(s),
n~(s) -k(s)tt(s) 7:(s)bi(s), 1 :::; i:::; 3, (10)
b~(s) 7:(s )ni(s).
Vamos provar que esta solução t(s), n(s), b(s) é um referencial ortonor-
mal. Para isso, consideremos o seguinte sistema de equações para as funções
93
d
ds (t, t) 2k(t, n),
d
ds (n, n) -2k(t, n) 27: (b, n),
d
ds (b, b) - 27: (b, n),
d
ds (t, n) = k(n, n)-k(t, t) -1: (t, b), (12)
d
ds (t, b) k(b, n)+7:(t, n),
d
ds (b, n) 7:(n, n)-k(t, b)-7:(b, b),
De fato, basta substituir estas funções no sistema acima para verificar que
formam uma solução do sistema. Portanto, a solução de (10) com a condição
inicial (11) forma um referencial ortonormal para todo s. Além disso, b(s)
t(s) X n(s), já que esta condição é satifeita para S SQ.
Definimos a curva a(s) =. r t(s)ds.
lso
Como t(s) . é um vetor unitário,
obtemos que a está parametrizada pelo comprimento de arco s. Além disso,
a'(s) = t(s) e a"(s) = t'(s). Segue-se de (10) que a"(s) = k(s)n(s). Como
n(s) é unitário e k(s) > O, temos que n é o vetor unitário na direção de a",
ou seja, n é o vetor normal a a e, portanto, k(s) é a curvatura de a, e
concluímos de (10) que 7: é a torção de a.
94
b) F(x,y, (2-y,z-3,x+1),
1
e) F(x, y, z) ;n_(x-z, .J2y, x+z).
11. Determine a éurva cuja curvatura é dada' pela função k(s) /f,
s >O, e a torção 't'(s) =O.
12. Seja a(s) uma curva regular de curvatura k(s) a sen_:_ e a torção
2a
't'(s) = 2a, a> O. Verifique que o traço de a está contido em uma esfera
de raio a.
13. Prove que uma curva regular a, cuja curvatura não se anula, tem torção
1
96
1 _/.. ,
constante '1: = - , a -r- O se, e so se,
a
15. Duas curvas a (t) e f3 (t) são ditas curvas de Bertrand se em pontos
~'~i'-'--..--·-..·---~~---c_1_m~_T1e_E.=.>n_o__n~r1-~~-r:L_t~e_s. têm a mesma reta .1:1()_!1P._éll~ Prove que
a) a distância entre pontos correspondentes é constante;
bfo ângulo entre as retas tangentes de pontos correspondentes é cons-
tante.
16. Seja a(s) uma curva regular cuja torção não se anula. Prove que
a) existe uma curva f3 tal que a e f3 são curvas de Bertrand se, e só
se, a curvatura e a torção de a satisfazem a uma relação da forma
ak(s)+b'l:(s) =1,
onde a e b são constantes;
7. Teoria do Contato
Dada uma curva regular a : 1 JR3 , dentre todas as retas de IR3 que passam
por a (to), intuitivaménte, parece-nos que a reta tangente a a em to é aquela
que tem maior "contato" com a curva. Além disso, dentre todos os planos
que contêm a reta tangente a a em to, o plano osculador parece ter maior
"contato" com a curva. A fim de precisar melhor essas idéias, consideremos
a seguinte
7.1 Definição. Sejam a : 1-+ JR3 e f3 : l-+ JR3 curvas regulares tal que
a(to) = f3(to), onde to E Jnl. Dizemos que a e f3 têm contato de ordem
n em to (n inteiro 2::. 1) se todas as derivadas de ordem ::; n das funções
a e f3 coincidem em to e as derivadas de ordem n + 1 em to são distintas.
7.2 Exemplos
a) As curvas a(t) (t, t11 , O); t E e f3(t) = (t, O, O), t E IR, têm
contato de ordem n 1 em t =O.
1 2
b) As curvas regulares a(t) = (t, cosht, O), t E IR, e p(t) (t, 2t +
1, O), t E IR, têm contato de ordem 3 em t =O.
7.3 Proposição. Seja a: 1-+ JR3 uma curva regu.lar. Uma reta f3 tem
contato 2::. 1 com a em to se, e só se, f3 é a reta tangente a a em to.
a f3(to) = a(to),
v f3'(to)=a'(to).
Portanto,
f3(t) a(to) + (t to)a'(to),
Além disso,
1 12 (14)
f3(s) a(so)- k(so) n(so) k2(so).
1
Considerando a derivada de (13) e (14) em s so, obtemos
(/3"(so),b(so)) O,
(/3" (so), n(so)) = k(so).
Todo plano de JR3 que contém a reta tangente a uma cmva a em to tem
contato de ordem ~ 1 com a cmva a em to. Dentre esses planos, destaca-se
o plano osculador que tem contato de ordem ~ 2. Mais precisamente:
p'(so)
C(so) = a(so) + p(so)n(so) +-(-) b(so),
't' so
7. 7 Exercícios
Figura 19
~{tl
ri( t)
Figura20
6. Determine as condições que uma curva a (s) deve satisfazer para que o
centro da esfera osculatriz seja o mesmo para todo s.
7. Seja a(s), s E!, uma curva regular. Suponha que a curvatura k(s) e
a torção -r(s) de a não se anulam. Seja c(s) a curva descrita pelos
centros de curvatura de a. Prove que a curvatura de e é dada por
p2 d
[( R 3 -r ds
(p') R)2 + (
-rp
1 p'
p-r2R2
)2] i l
8. Involutas e Evolutas
Nesta seção veremos que uma curva a de IR3 determina duas famílias de
curvas, que são as .fuvoiutas e evolutas de a. O estudo das evolutas de uma
curva no espaço difere bastante de estudo das evolutas de uma curva plana.
+, ........... - -Uma curva plana tem uma única evoluta descrita pelos centros de curvatura
(ver seção 4 do Capítulo I), enquanto que uma curva no espàço tem uma
família infinita de evolutas. Como veremos a seguír, as curvas descritas pe-
los centros de curvatura ou pelos centros de curvatura esférica de uma curva
a, cuja torção não se anula, não são evolutas de a. Entretanto, existe uma.
105
8.1 Definição. Seja a (s), s E /, uma curva regular de IR3 . Uma involuta
de a é uma curva ã(s) tal que, \Is E!, ã(s) intercepta a reta tangente a
a em s ortogonalmente.
(t+Ã't+Ât 1 , t) =o.
Portanto,
l+;t'(s) =O,
ou seja,
À(s) =a s,
onde a é uma constante arbitrária. Daí concluímos que uma involuta de a é
dada por
ã(s) a(s) + (a-s)t(s). (15)
Como a é arbitrária, essa equação representa uma família infinita de involutas
de a. As curvas são distintas para escolhas diferentes da constante a.
A família de involutas de uma curva pode ser interpretada geometrica-
mente do seguinte modo. Se desenrolarmos uma corda que está sobre a curva,
de tal forma que a parte desenrolada é mantida esticada na direção da tangente
à curva e o restante da corda permanece sobre a curva, então nesse movimento
todo ponto da corda descreve uma involuta da curva (ver Figura 21).
106
Figura 21
Logo,
107
Portanto,
8.3 Exercícios
1. Seja a uma curva regular cuja curvatura não se anula. Dentre as invo-
lutas de a, determine as que são curvas regulares.
3. Seja a(s) uma curva regular. Prove que a curva determinada pelos
centros de curvatura de a é uma evoluta de a se, e só se, a é uma
curva plana.
4. Seja a(s) uma curva parametrizada pelo comprimento de arco, tal que
k(s) :/=O, Vs. Prove que a curvatura k e a torção i da involuta ã de
a, isto é, ã(s) a(s) +(a s)t(s), são dadas por
-
"(;-------
k! 1: k1:'
- (a-s)k(7:2+1c2r
7. Verifique que as evolutas de uma curva regular plana de JR.3 são hélices.
1.2 Observações.
a) A aplicação X(u, v) (x(u, v), y(u, v), z(u, v)) é diferenciável de
classe C" quando as funções x, y, z têm derivadas parciais de todas as
ordens contínuas.
b) A condição b) da Definição 1.1 vai garantir a existência de plano tan-
gente em cada ponto da superficie. Vejamos algumas formas equivalentes de
expressar essa condição. Sejam e 1 , e2 a base canônica de IR.2 e ê 1 ,
a base canônica de IR.3 . Para cada q = (u 0 , vo) EU, sabemos que a matriz
associada a dXq nas bases canônicas (ver Capítulo O) é a matrizjacobiana
dx dx
a(uo, vo) a)uo, vo)
u
()y ()y
J(uo, vo) = au (uo, vo) a/uo, vo)
dz dz
du (uo, vo) dv (uo, vo)
Denotando esses dois vetores por Xi 1 (uo, vo) e Xv(uo, vo) respectivamente,
observamos que as seguintes afirmações são equivalentes:
b.l) dXq é injetora;
b:2) a matriz J(u 0 , vo) tem posto 2;
b.3) os vetores Xi 1 (uo, vo), Xv(uo, v0 ) são linearmente independentes;
b.4) Xii(ito, vo) xXv(uo, vo) #O.
Figura 22
1.3 Exemplos
a) Sejam Po = (xo, yo, zo) um ponto de JR3, a= (a1, a2, a3) e b =
(b1, b2, b3) vetores linearmente independentes de JR3: Consideremos a
aplicação X: JR2 -+ JR3 que, para cada (u, v) E JR2 , associa X(u, v)
po + ua + vb, isto é,
X(u, v) = (xo+ uai +vb1, .Po+ua2 +vb2, zo +ua3 +vb3).
Então, X é uma superfície parametrizada regular, pois X é diferenciável
=
e os vetores x;, =a, Xv b são linearmente independentes. A aplicação
X descreve um plano de JR3 que passa pelo ponto p 0 , ortogonal ao vetor
a x b (ver Figura 23). As curvas coordenadas de X descrevem retas do plano,
paralelas aos vetores a e b respectivamente.
112
Figura23
b) A aplicação
e) Seja
X(u, v) (u, v, u + ~), (u, v)
2
2
E JR ,
Figura24
Figura25
X(u, v) (u, v,
X(u, v) = (u, v, -
onde a> O e (u, v) varia em U {(u, v) E JR.2 ; u2 +v2 < a 2 }, são su-
perfícies parametrizadas regulares cujas imagens são os dois hemisférios da
esfera, centrada na origem de raio a (ver Figura 26).
\7
X(U)
X
Figura 26
J= (
fu
~ ~fv )
'
S { (x, y, z) E JM;.
3
; z ~ ~}.
Figura 27
116
z
V X
i ~
1 u
1
u
o j I
1
y
Figura 28
Figura 29
118
b) Consideremos a catenária
u
a(u) = (u, a cosh-, O), u E IR!,
a
onde a > O é constante. A superfície
u u
X(u, v) (u, a cosh- cos v, a cosh- sen v),
a a
Figura 31
119
Figura 32
Figura 33
Demonstração. Se X(u, v) = (x(u, v), y(u, v), z(u, v)) é regular, então
a matriz jacobiana de X em (uo, vo) tem posto 2. Suponhamos, sem perda
de generalidade, que
onde a> O e U = {(u, v) E IR;. 2 ; u E IR;. e O< v < n}, não é uma aplicação
injetora. Entretanto, X é injetora quando restrita a um domínio Ü I x
(O, n), onde I é um intervalo aberto de IR;. de comprimento menor ou igual
a 2n. Neste caso, o traço de X é a esfera menos um meridiano.
onde tivemos que considerar o domínio d~ X, como sendo u E IR;. e O< v < n.
Excluímos assim os dois pólos da esfera, já que (u, O) ou (u, n) são pontos
singulares de X. Entretanto, geometricamente não há diferença entre o pólo
norte ou pólo sul e qualquer outro ponto da esfera. O traço da aplicação X
122
a) o elipsóide S { (x, y, z) E R. ;
3
+y2 + ~ = 1} menos dois
pontos;
b) o hiperbolóide de uma folha
S- x2-
- { (x, y, z) E R. 3., a2 + y2
b2 -
s (x,y,z)ER.;
3 :?
{
6. Seja a(t) = (acost, a sent, bt), t E JR, a> O, b =fa O, uma hélice circu-
lar. Para cada t E JR, considere a reta que passa por a(t) e intercepta
ortogonalmente o eixo Oz. Obtenha uma superficie parametrizada re-
gular cujo traço é o conjunto de pontos obtido pela união dessas retas.
Esta superficie é denominada helicóide.
2. Mudança de Parâmetros
temos que:
Portanto,
auav au dÜ
av) .
Yi1 X Yv =.x;, xXv ( ()ü av -
Como .x;, x Xv i= O e o determinante da matriz jacobiana de h não se anula,
concluímos que Yü x Yv i= O.
D
A aplicação Y dá proposição anterior é denominada uma reparametrização
de X por h, e h é dita uma mudança de parâmetros.
2.2 Exemplos
a) A superficie
é uma reparametrização de
(ü, v) E ü {(ü, v) E JR2 ; O< ü < n, O< v < n}. Então, Y é uma repara-
metrização de X por h: Ü U, onde h(ü, v) =(a senv cosü, a cosv).
O traço de X e Y é um hemisfério da esfera (ver Figilra 34).
/1 X( U) =Y( Ü)
Figura 34
128
Demonstração. Consideremos
Se F: U e ffi.2 -t ffi.2 é definida por F(u, v) = (x(u, v), y(u, v)), então,
segue-se do teorema da função inversa que existe um aberto V, (uo, vo) E
V e U, tal que F restrita a V admite inversa p-l diferenciável. Seja
Ü F(V) e denotemos por h: Ü - t V a inversa de F. Vamos verificar que a
reparametrização Y = X o h descreve o gráfico de uma função diferenciável.
129
Figura 35
130
2.5 Exercícios
b)
é dada por
(u(t),v(t)~ V
Figura 36
então existe uma curva a(t) da superfície tal que (u'(O), v'(O)) (uo, vo)
e a' (O) w. De fato, basta considerar
Figura 37
134
Dado um plano tangente TqX, existe uma única direção normal a este
plano e, portanto, existem exatamente dois vetores unitários normais a X em
q. Daqui por diante, vamos fixar o vetor unitário normal a X em q como
sendo o vetor
x;,xXv
N ()
q = lx;1 xXvl (q).
Se o domínio da superfície X é um aberto U e JR2 , então, variando (u, v) E
U, temos uma aplicação diferenciável N : U 3
-+ JR , denominada aplicação
normal de Gauss, definida por
x;,xXv(
( v) =
Nu, 1x;, xXvl u, v),
uuajo!.•vu1 está contida na esfera unitária, centrada na origem (ver Figura
38).
Figura 38
135
3.5 Exemplos
a) Seja X(u, v) = (u, v, vl - u2 -v2 ), (u, v) EU, onde U = {(u, v) E
JR2 ; u2 +v2 < l}. Consideremos o ponto q = (u 0 , v0 ) =(O, O). Pela Pro-
posição 3.3, os vetores x;,(O, O)= (1, O, O) e Xv(O, O)= (O, 1, O) formam
uma base do plano tangente TqX. Portanto, todo vetor tangente a X em q
é da forma (a, b, O), onde a,b E :IR e o vetor normal é N(O, O)= (O, O, 1)
(ver Figura 39).
b) Se X(u, v) = (u, v, u2 +v2), (u, v) E JR2 , então o plano tangente a X
em (u, v) é gerado pelos vetores x;, = (1, O, 2u) e Xv =(O, 1, 2v), e
- (-2u, -2v, 1)
Nu,
( v) - .
v4u 2 +4v2 + 1
Figura 39
Xa(ii)
Xv(q)
Portanto, como o determinante da matrizjacobiana de h, J(h) não se anula,
temos que X;,(q), Xv(q) e Xu(h(q)), Xv(h(q)) são bases do mesmo plano de
llt3 • Além disso,
Figura40
137
3.8 Exercícios
1
onde O < a < é uma constante. Descreva a imagem da aplicação
normal de Gauss sobre a esfera unitária.
4. Primeira Forma Quadrática
Para desenvolver a teoria local das superfícies, vamos introduzir duas formas
quadráticas. A primeira, qué veremos a seguir, está relacionada com o com-
primento de curvas em uma superfície, ângulo entre vetores tangentes e área
. de regiões da superfície. A .segunda, que veremos na próxima seção, está
relacionada com a curvatura das curvas da superfície. Mais adiante, no teore-
ma fundamental das superfícies, veremos que essas duas formas quadráticas
detenninam localmente uma superfície a menos de sua posição no espaço.
Usando a notação
Variando (u; v), temos funções E(u, v), F(u, v) e G(u, v) diferen-
ciáveis, que são denominadas coeficientes da primeira forma quadrática. As
funções E, F" e G satisfazem as seguintes propriedades:
a) E(u, v) >O e G(u, v) >O para todo (u, v), pois os vetores x;1 e Xi,
são nulos;
b) E(u, v)G(u, v) F 2 (u, v) >O. De fato, c~nio
lx;1 xXvl
2
+ (.x;1, Xv) 2 lx;11 2 1Xvl2 ,
temos que
4.2 Exemplos
a) Seja X(u, v) = Po+uw1 +~2, (u, v) E R 2, onde Po E R 3 e w1, w2
são vetores ortonormais de JR;. 3 ; isto é, X descreve o plano ortogonal a w 1 x
w2 que passa por po. EntãÓ, Xu(u, ·v) =w1 e Xv(u, v) =wz. Como w1 e w2
são ortonormais, obtemos que os coeficientes da primeira forma quadrática
são as funções constantes E(u, v) 1, F(u, v) O, G(u, v) = 1.
b) Consideremos a superficie
d) Consideremos a superfície
(w1, w2)
cose
lw1llw2[ ·
Para expressar cose em termos da primeira forma quadrática, observamos
que w1 + w2 é um vetor tangente a· X em q e
A(X(D)) = j LVEG-F2dudv,
onde E, F, G são os coeficientes da primeira forma quadrática de X.
Figura 41
de coordenadas. Sejam De Ü
e D e U regiões do plano tais que D
h(D). Então, A(X(D)) =A(X(D)). De fato, se h(ü, v) (u, v), então
(ver Exercício 11 ).
Figura42
4.6 Exemplos
a) Seja S a região dei plano obtida por
X(ü, v) = (ü, coshü cos v, coshü sen v), ü E JR, O< v < 2n:.
146
V
t
l
'' l
'i s i
1
i .~--++------
!/ y
0!-----l--21t-+U j
/--+---.. ~-
1 1
i
Figura 43
u = senh ü, v = v,
WL~L---~--~-- ___ c~Q!.YJ!JlQ_S a reparametrização de X,
Y(u, v) = (arcsenhu, Vl+u2 cosv, Vl+u2 senv),
Figura 44
147
e(a) = t(ã).
u(t) uo+at,
v(t) vo +bt,
4.8 Exercícios
1. Considere a superfície
X(u, v) = ( senv cosu, senv senu, cosv), u E JR, O< v < JC,
e a curva a(t) = X(u(t), v(t)), onde u(t) = logcot (~ - ~), v(t) =
n t -n t n
2 '2 < <1·
rr;-~-----~-----------~--~r)-(;alcule o c:ompri1me11to da curva a(t).
b) Considere os paralelos X(u, v0 ), onde v0 é uma constante. Verifique
que a curva a intercepta os paralelos formando um ângulo constante.
6. Seja X(u, v) uma superfície e a(t) = X(u(t), v(t)) uma curva re-
gular de X, que bissecta o ângulo formado pelas curvas coordenadas
de X. Obtenha as equações diferenciais que devem ser satisfeitas pelas
funções u(t) e v(t), em termos dos coeficientes da primeira forma
quadrática de X.
10. Seja a(s) = (x(s), y(s), O), s E IR, uma curva regular parametrizada
pelo comprimento de arco, tal que a é injetiva. Considere a superficie
cilíndrica S descrita por
X(r, O) e -e )
(r sena cos(--), r sen_a sen(--), r cosa ,
sena sena
13. Seja a(u) (f(u), O, g(u)), u E I e JR, uma curva regular parame-
trizada pelo comprimento de arco, tal que a é injetiva e f(u) >O.
Considere as superfícies de rotação
Como
a'(t) = u'(t)Xu(u(t), v(t)) +v'(t) Xv(u(t), v(t))
e
temos que
Variando (u, v), temos funções diferenciáveis e(u, v), f(u, v), g(u, v),
que são denominadas coeficientes da segunda forma quadrática da superficie
parametrizada X.
154
k ( ) = Ilq(w)
11 w Iq(w).
5.3 Observação. Se w E w #O, então k11 (.:lw) = k11 (w) para todo
número real  #O. De fato, seja w =a x;1 (uo, vo) + b Xv(uo, vo), onde
(a, b) #(O, O). Denotando por eo, fo, go os coeficientes da segunda forma
quadrática em (u 0 , vo), temos
=
llq(w) = k ( )
lq(w) 11 w.
N(u(so) ,v(so) l
Figura45
Figura 46
Nestas condições, a seção normal é o traço de uma curva regular plana defini-
da por a (s) =X (u(s), v(s)), parametrizada pelo comprimento de arco, tal que
156
(u(so), v(so)) (uo, vo) e {3 1 (so) w. Se k(so) O, isto é, {3 11 (so) =O, então
kn(w) IIq(w) O. Se k(so) >O, então o vetor normal n(so) = ±N(uo, vo)
e, portanto, segue-se de (2) que
~=-';---··········-·---s..•..4-~E_x. . empios
a) Se X(u, v) é uma superfície parametrizada regular que descreve um
plano de JR3 , então a curvatura normal e a segunda forma quadrática são iden-
ticamente nulas. De fato, todas as seções normais são retas que têm curvatura
nula.
b) Consideremos a superfície
a> O, u E :IR, O v< 7C, que descreve a esfera de raio a. Como todas as
seções normais são circunferências de raio a, e o vetor normal
e) Seja
X(u, v) (r cosu, r senu, v),
r > O, (u, v) E JR2 , a superfície que descreve o cilindro circular. Vamos calcu-
lar os coeficientes da primeira e segunda formas quadráticas de X e verificar
que existem direções tangentes em que a função admite um máximo e um
mínimo. Como
Xuu(u, v) =
x;,v(u, v) =(O, O, O),
Xvv (O, O, O),
temos que
Iq(w) = a2 r2 + b2 ,
IIq(w) = -a2r.
1
Portanto, kn (w) 2::. e essa última igualdade ocorre quando b O. Con-
r
cluímos que a função k11 admite um máximo e um mínimo nas direções de
Xv e .x;,respectivamente.
d) Consideremos a superfície
Figura47
2
Iq(w) = a2 +b ,
IIq(w) -2a 2
+ 2b 2 ,
e, para w# O,
159
Então concluímos que k11 assume o valor máximo 2 e o mínimo -2, nas
direções de Xv e }{,_1 respectivamente.
e) A superfície
Figura48
5.5 Exercícios
4. Considere a superfície
onde a(u) = (f(u), g(u), O) é uma curva regular. Verifique que, para
cada q = (u, v), existe uma direção w, tangente a X em q, para a
qual a curvatura normal se anula.
k11 (a, b) = k11 (aX11 (q) +bXv(q)), (a, b)-/= (O, O),
isto é,
a2 eo + 2ab lo + b2 go
a2 Eo+2abFo+b2 Go ·
Esta função é diferenciável já que (a, b)-/= (O, O). Além disso, para todo Â-/=
O, k11 (Ãa,
Âb) = k11 (a, b). Portantó, para obter os valores mínimo e máximo
da função kn, basta restringir kn à circunferência e de de raio 1 dada
por a2 + b2 = 1. Como k11 é contínua, então existem pontos ( a1, br) e
(a2, b2) de e tais que
(3)
WJ a1X11 (q)+b1Xv(q),
w2 a2 Xu (q) + b2 Xv (q).
162
x2-2H(q)x+K(q) =O.
6.2 Exemplos
a) Se X é uma superfície parametrizada regular que descreve um plano,
já vimos que a curvatura normal em qualquer ponto é identicamente nula,
portanto, as curvaturas principais são k1 = k2 = O e todo vetor unitário é um
vetor principal. Concluímos que a curvatura gaussiana e a curvatura média
são identicamente nulas.
b) No Exemplo 5.4 b), vimos que a esfera de raio a> O descrita por
u E IR, O< v < n, tem a curvatura normal k11 = ~ para todo (u, v). Portanto,
164
r >O, (u, v) E JR.2 . Como vimos no Exemplo 5.4 c), para todo q (u, v), a
curvatura normal satisfaz
l :=:; kn :=:;O
r
e assume o mínimo e o máximo nas direções tangentes às curvas coordenadas.
Portanto, considerando os vetores unitários nessas direções, temos que
Demonstração. Consideremos
w1 - a1x;1(q)+b1Xv(q),
w2 = azx;,(q) +b2Xv(q),
onde
A= a1a2 eo + (à1b2 +a2b1) fo''+b1b2 go.
Vamos provar que a constante A é nula. Como kn (w) ::::; kz, temos que, para
todo e,
Logo,
cos2 e(k2 k1)-2A sene cose~o.
166
D
Na proposição seguinte, obteremos a curvatura média H(q) e a curvatura
gaussiana K(q) a partir dos coeficientes da primeira e segunda formas qua-
dráticas.
~2 \
2 2
a eo + 2ab fo + b go (a, b) E { ( 0 , 0 )},
a 2 Eo+2abFo+b 2 Go'
167
eo koEo fo-koFo
fo-koFo go-koGo 1 =Ü,
1
D
A proposição que acabamos de demonstrar permite calcular a curvatura
gaussiana K(u, v) e a curvatura média H(u, v) de uma superfície parame-
trizada regular X(u, v) a partir dos coeficientes da primeira e segunda formas
quadráticas. Em seguida, resolvendo a equação
eo-koEo
1 !o koFo
fo-koFo
go-koGo
1-o
- ·
Portanto,
kn(w)= eoaÕ+2foaobo+gobÕ ko.
·· Eo ifo+2Fo aobo+Go b20
Se ao= O ou bo =O, obtém-se facilmente que k12 (w) = ko.
D
6.6 Exemplos
a) Consideremos o parabolóide hiperbólico descrito por
Segue-se da Proposição 6.4 que H(O, O)= O e K(O, O)= -4. Considerando
as soluções da equação x2 - 4 = O, concluímos que as curvaturas principais
em q =(O, O) são k1 = -2, k2 2. As direções principais são as soluções do
sistema (8), quando substituímos ko respectivamente por k1 e k2. Portanto,
obtemos o vetor principal w1 =Xu(O, O)= (1, O, O) para k1 -2 e wi
Xv(O, O)= (O, 1, O) para k2 2.
b) Consideremos o conjunto de pontos de JR 3 obtido pela rotação da curva
a(u) =(O, u, u3 ), -1 < u < 1 em tomo da reta z = 1 contida no plano yoz.
Esta superfície, chamada Chapéu de Scherlock, é dada por
y.
Figura49
170
constante.
O plano é um exemplo de superfície mínima cuja curvatura gaussiana é
constante igual a zero.
Não é difícil verificar que a catenóide e o helicóide são superfícies míni-
mas (Exercícios 3 e 7 de 6.7). Observamos que, em uma superfície mínima,
a curvatura gaussiana K ::; O. De fato, como H = O, temos que
k1 e, portanto, K = k1k2 ::; O.
Além do plano, o cilindro circular tem curvatura gaussiana identicamente
nula (Exemplo 6.2 c)). A esfera de raio a > O é uma superfície de curvatura
gaussiana K 1/a2 (Exemplo 6.2 b)). A pseudo-esfera obtida pela rotação
da tratriz tem curvatura gaussiana constante igual a 1 (Exercício 5).
As superfícies mínimas e as superfícies de curvatura gaussiana constan-
te têm propriedades geométricas interessantes. Por exemplo, pode-se provar
171
6. 7 Exercícios
14. Verifique que, para toda superficie de rotação, as direções tangentes aos
meridianos e paralelos são direções principais.
7.2 Exemplos
a) Todos os pontos de uma esfera são elíticos.
b) A origem em um parabolóide hiperbólico (ver Exemplo 6.6 a)) é um
ponto hiperbólico.
e) Todo ponto de um cilindro é parabólico. No chapéu de Sherlock descri-
to no Exemplo 6.6 b), vimos que os pontos da forma (O, v) são parabólicos.
d) Todo ponto do plano é planar. Na sela do macaco (ver Exemplo 5.4 e)),
a origem é um ponto planar.
e) O toro descrito por
ponto hiperbófico
Figura 50
176
x;, xXv (
onde No = Jx;, X Xv J O, O).
Figura 51
1 2 -
h(u, v) = k11 (w)JwJ +R(u, v), (10)
2
178
existem pontos X(u, v) nos dois semi-espaços determinados por TqX (ver
Exercício 10).
Se consideramos o ponto q =(O, O) da sela do macaco
(ver Exemplo 5.4 e)), temos que q é um ponto planar e existem pontos
X(u, v) nos dois semi-espaços determinados pelo plano tangente a X em
q. Isto já não ocorre para os pontos de um plano, que são todos planares.
A seguir vamos considerar os pontos de uma superfície em que as curva-
turas principais coincidem.
7.4 Definição. Seja X: U e IR2 --+ IR3 uma superfície parametrizada regu-
lar. Um ponto q E U é dito ponto umbílico da superfície X se as curvaturas
principais de X em q coincidem.
7.6 Exemplos
a) Todo ponto planar de uma superfície é um ponto umbílico. Em particu-
lar, todo ponto de um plano é umbílico.
b) Todo ponto de umà esfera é um ponto umbílico (ver Exemplo 5.4 b)).
e) Consideremos o parabolóide elítico descrito por X(u, v) = (u, v, u2 +
v2), (u, v) E IR2 . Então, q =(O, O) é um ponto umbílico.
que
eo ÂEo, fo ÂFo, go = ÂGo,
onde Eo, Fo, Go, eo, fo, go indicam os coeficientes da primeira e segunda
formas quadráticas em q. Neste caso, À é igual às curvaturas principais de
X em q.
IIq(w) = Âlq(w).
onde O < u < n e v E JR. Vamos obter seus pontos umbílicos quando as
constantes a, b, c satisfazem a relação a > b > c > O.
181
portanto, a curvatura gaussiana K(u, v) >O, para todo (u, v). Pela Propo-
sição 7.7, um ponto (u, v) é umbílico se, e só se,
Como a> b >e> O, é fácil ver que não existe (u, v) satisfazendo as
equações acima, tal que cosu =O ou cosv =O. Portanto, senv O, e da
segunda equação obtemos que
x ±a~, y O, z ±e~.
Nos Exemplos 7 .6, vimos que todos os pontos de uma esfera ou de um
plano são umbílicos. A seguir, veremos que estas são essencialmente as
únicas superfícies com esta propriedade. Antes, porém, vamos obter algu-
mas relações que serão úteis daqui por diante.
A seguir, vamos provar que uma superfície X(u, v), cujos pontos são
todos umbílicos e cujo domínio U e R 2 é conexo (ver Capítulo O), tem o
183
e(u, v) = íl(u, v)E(u, v), f(u, v) = íl(u, v)F(u, v), g(u, v) íl(u, v)G(u, v).
(17)
(20)
1
IX(u,v)-ci= xN(u,v) 1 1
=m= 1
yK_"
1
7.10 Exercícios
2. Verifique que:
a) Se X é uma superfície de curvatura gaussiana K <O, então X não
possui pontos umbílicos.
b) Os pontos umbílicos de uma superfície mínima são planares.
8.2 Exemplos
a) Toda curva regular de um plano é uma linha de curvatura.
b) Toda curva regular de uma esfera é uma linha de curvatura.
e) Os paralelos e os meridianos de uma superfície de rotação são linhas de
curvatura (Exercício 2).
188
Segue-se da proposição anterior que uma curva a(t) =X(u(t), v(t)) é uma
lipha de curvatura se, e só se, as funções u(t) e v(t) satisfazem a equação
I zl
V =
Resolvendo a primeira equação, obtemos
dN
dt+Â(t) a'(t) =O,
onde N(t) N(u(t), v(t)). Neste caso, Â(t) k11 (a 1 (t)) é uma curvatura
principal de X em (u(t), v(t)).
w(t) a; 1
+k11 (a (t)) a'(t),
1
w(t) Nu u' +Nv V+k11 (a (t)) (x; 1 u' +Xv v'),
Analogamente,
Como k11 (a'(t)) é uma direção principal, decorre da Proposição 6.5 que
(w, .x;,) = (w, Xv) O, isto é, w(t) =O. Portanto, ~~ + Â(t) a'(t) =O,
onde Â(t) =kn(a'(t)).
191
(e íl(t) E) u + (f - íl F) v1 O,
1
Portanto, segue-se da Proposição 6.5 que a' (t) é uma direção principal de X
em (u(t), v(t)), cuja curvatura principal é íl (t), ou seja, íl(t) =k 11 ( a' (t)).
Concluímos que a é uma linha de curvatura.
o
A seguir, veremos que por cada ponto não-umbílico, de uma superfície
parametrizada regular, passam duas linhas de curvatura. Mais precisamente:
e (u(O), v(O)) = q.
Considerando essa condição como uma equação do segundo grau em v',
temos que o discriminante é igual a (u')24(EG-F 2 )2(H2 -K), que é po-
sitivo. Portanto, podemos fatorar o determinante acima em duas equações
diferenciais da forma A u1 +B v' =O. O teorema de existência e unicidade
de soluções para equações diferenciais [11] fornece as soluções dessas duas
equações com a condição inicial (u(O), v(O)) = q.
D
Observamos que, se (uo, vo) é um ponto umbílico de uma superfície
X(u, v), então, nada podemos afirmar a respeito da existência de linhas
de curvatura passando por (uo, vo). Por exemplo, no parabolóide elítico
X(u, v) (u, v, u2 +v2), o ponto (O, O) é umbílico e existem infinitas linhas
de curvatura X(u(t), v(t)) tais que (u(O), v(O)) =(O, O) (ver Exercício 3).
Já no caso do elipsóide, pode-se provar que não existem linhas de curvatura
passando pelos seus pontos umbílicos.
A seguir, vamos introduzir o conceito de linha assintótica. Iniciamos defi-
uma assintótica.
8.10 Exemplos
a) Toda curva regular de um plano é uma linha assintótica (ver item d) da
Proposição 8.8).
194
o
Na proposição que segue, vamos provar a existência de linhas assintóticas
em uma vizinhança de um ponto hiperbólico.
Fixado q E V, queremos obter duas curvas a(t) =X(u(t), v(t)), tais que
as funções u(t), v(t) satisfazem a equação
dN
± ds (u(s), v(s)) = -k(s) t(s) -r(s) b(s), (25)
8.16 Exemplos
a) Toda reta contida em uma superficie é uma geodésica da superficie.
b) Consideremos uma esfera de raio r >O. Veremos que todo círculo
máximo, parametrizado pelo comprimento de arco, é uma geodésica da es-
fera, e reciprocamente, toda geodésica da esfera tem o traço contido em um
círculo máximo. De fato, todo círculo máximo, parametrizado pelo compri-
mento de arco, tem o vetor a" apontando para o centro da esfera, portanto,
normal à esfera.
Reciprocamente, se a é uma geodésica da esfera, podemos supor a
parametrizada pelo comprimento de arco. Segue-se do Exercício 6 da seção
197
4.7 do Capítulo Ir que a curvatura k(s) 2': }. >O. Portanto, da relação (25),
temos que
dN
± ds = -k(s) t(s) - -r(s) b(s).
Por outro lado, toda curva da esfera é uma linha de curvatura e kn (a' (t)) =
±~. Segue-se da Proposição 8.5 que
r
dN 1
ds ±; t(s) =O,
onde o sinal nas duas equações acima é positivo (resp. negativo) se n(s) =
N(u(s), v(s)) (resp. n(s) = -N(u(s), v(s))). Concluímos dessas duas rela-
ções que k(s) = }. e -r(s) =O, isto é, o traço de a está contido em um
círculo máximo da esfera (ver Proposição 4.3, Capítulo II). Observamos que
a recíproca que acabamos de provar pode ser obtida mais facilmente usando
a Proposição 8.18, que veremos mais adiante.
onde os coeficientes rt, aij, bij devem ser determinados. Nas duas últimas
1
rj 1E+rT1F (x;m, x;,) 2Eu,
1
rl +rr10 = (Xuu, Xv) F;_, - 2Ev,
1
rbE+rT2F (x;1v1 x;,) 2Ev,
1
rbF+rf2 G (x;,v, Xv) = 2Gu,
1
ri 2 E+r~2F (Xvv, x;,) = Fv 2.Gu, (28)
1
ri 2F+r~2 G (Xvv, Xv) 2Gv,
b11E +b12F = (Mo x;,) -e,
bnF+b12G - {Nu, Xv) = - /,
b21E +b22F (Nv, Xu) = - f,
b21-F+b22G (Nv, Xv) -g,
(29)
eF-fE
b11 b12 = EG-F2'
(30)
gF-fG
EG-F 2 '.
8.17 Proposição. Seja a(t) =X(u(t), v(t)), t E I e JR., uma curva regular
de uma superficie X(u, v). Então,' a é uma geodésica de X se, e só se, as
funções u(t), v(t) satisfazem o sistema de equações
8.18 Proposição. Seja X(u, v), (u, v) EU e IR2 , uma superficie para-
metrizada regular. Para todo q E U e para todo vetor não-nulo w E TqX,
existe e> O e uma única geodésica a(t) = X(u(t), v(t)), t E (-e,e), da
superficie X, tal que (u(O), v(O)) = q e a'(t) = w.
8.19 Exemplos
a) Consideremos um plano de IR3 • Sabemos que as retas do plano são
geodésicas. Usando a Proposição 8.18, podemos concluir que estas são as
únicas geodésicas do plano. De fato, fixados um ponto q e um vetor w ---1 O
tangente em q, existe uma única reta do plano passarido por q e tangente a
w, que é uma geodésica. Pela unicidade da Proposição 8.18, concluímos que
as retas são as únicas geodésicas de um plano. É claro que poderíamos chegar
a essa mesma conclusão usando o sistema de equações (30), pois os símbolos
de Christoffel para o plano são identicamente nulos.
b) Com um argumento análogo ao anterior, concluímos que os círculos
máximos são as únicas geodésicas de uma esfera.
e) Consideremos o cilindro circular descrito por
além do meridiano e paralelo que passam por X( q), as hélices são as únicas
geodésicas de X passando por X( q).
Não é difícil verificar que as hélices a(t) =X(u(t), v(t)), que satisfazem
(u(O), v(O)) = (uo, vo), são da forma
8.20 Exercícios
1. Seja X(u, v) uma superfície que não tem pontos umbílicos. Verifique
que as curvas coordenadas são linhas de curvatura se, e só se, f =F =
O. Neste caso, as curvaturas principais são dadas por
k ( ) _ e(u, v) g(u, v)
i u, v - E( u, V ) , kz(u, v) = G (u, V ) .
3. Considere a superfície
E ~ .
2
X(u, v) = (u, v, u2 +v2), (u, v)
Verifique que q =(O, O) é um ponto umbílico que satisfaz a seguinte
propriedade: para todo vetor não-nulo w tangente a X em q, existe
uma linha de curvatura a(t) =X(u(t), v(t)) tal que (u(O), v(O)) =q
e a'(O) = w.
204
8. Seja X(u, v) = (u, v, f(u, v)) . uma superfície que descreve o gráfico
de uma função diferenciável f. Obtenha as equações diferenciais que
determinam..as linhas de curvatura e as linhas assintóticas de X.
10. Seja a(s) X(u(s), v(s)) uma curva regular de uma superficie X.
Prove que a é uma linha assintótica de X se, e só se, para cada s,
a curvatura k(s) O ou o plano osculador de a em s é tangente à
superficie.
205
12. Seja X uma superfície em que todos os pontos são hiperbólicos. Prove
que, se as linhas assintóticas são ortogonais, então X é uma superfície
mínima.
113. Seja a uma curva regular de uma superfície. Prove que o traço de a
é um segmento de reta se, e só se, a é uma geodésica e uma linha
assintótica da superfície.
14. Considere uma superfície de rotação gerada pela curva a(s). Verifique
que todo meridiano, parametrizado pelo comprimento de arco, é uma
geodésica. Além disso, o paralelo que passa por a(s) é uma geodésica
se, e só se, a'(s) é paralelo ao eixo de rotação.
17. Seja X( u, v), (u, v) E U c-lll2 , uma superfície que tem todos os pontos
parabólicos. Verifique que, para cada q E U, existe uma única linha
assintótica a(t) X(u(t), v(t)) tal que (u(O), v(O)) q. Prove que o
traço de a é um segmento de reta.
23. Seja X(u, ~) uma superfície cujos coeficientes da primeira forma qua-
drática são E, F, G. Prove que:
a) A curva X(u, vo), onde vo é constante, é uma geodésica se, e só se,
O e Ev = 2Fu para todo (u, vo).
b) A curva X(uo, v), onde uo é constante, é uma geodésica se, e só se,
Gv O e Gu 2Fv para todo (uo, v).
207
Nesta seção, veremos um dos teoremas mais importantes da teoria das su-
perfícies, que afirma que a curvatura gaussiana, definida a partir da segunda
forma quadrática, depende somente da primeira forma quadrática. Em segui-
da, veremos a importância da primeira e segunda formas quadráticas para a
teoria das superfícies no teorema fundamental das superfícies.
Inicialmente, lembramos que, se X(u, v) é uma superfície e N é a
aplicação normal de Gauss, então, como vimos na seção anterior, Xim, Xi,v, Xvv
são combinações lineares de x;1, Xv e N. Além disso, Nu, Nv, por serem
tangentes à superfície, são combinações lineares de X';, e Xv. Os coeficientes
destas combinações lineares, que foram obtidas em (29) e (30), não são inde-
pendentes, pois devem satisfazer as relações
ª(1
av 2
r11.x;,+r11Xv+eN)= ª(1 2
r12.x;1+r12Xv+ /N ) .
Efetuando essas derivadas parciais e substituindo Xim, x;1v, Xvv, Nu e Nv em
função de .x;0 Xv e N pela relações (26), obtemos as seguintes equações
após a substituição dos coeficientes bu de N 11 e Nv pelas relações (30),
obtidas na seção anterior:
eg-/2
F EG-F 2
eg-J2
-E EG-F 2 (ri2)u (ri1)v + rbri1 rl1rI2 + rf2ri2 ri1r~2,
erb + /(rf2 -r}1)
As duas últimas equações são precisamente as equações (33) e (34).
De modo análogo, considerando os coeficientes de .x;,, Xv e N das duas
últimas equações de (32), obtemos outras seis relações. Em particular, o coe-
ficiente de N da segunda equação de (32) fornece a relação (35).
Como os símbolos de Christoffel só dependem da primeira forma quadrá-
tica, da equação de Gauss (33) obtemos o seguinte resultado, que é um dos
teoremas mais importantes da teoria de superficies.
existir superficies X(u, v) e X(u, v) que não são isométricas, mas cujas
curvaturas gaussianas coincidem (ver Exercício 4). Porém, no caso particular
de superficies X e X de mesma curvatura gaussiana constante, pode-se
provar que, restringindo convenientemente o domínio de X e X, existe uma
isometria entre os traços de X e X.
Observamos que o teorema Egregium de Gauss permite concluir que de-
terminadas superficies não são isométricas. Por exemplo, não existe uma
isometria, portanto, uma transformação que preserva comprimento de curvas,
entre uma região do plano e uma região da esfera, já que a curvatura gaussiana
do plano é identicamente nula e a curvatura da esfera é estritamente positiva.
De modo análogo, pode-se concluir que o toro e o cilindro ou a esfera e o toro
não são isométricos mesmo nos restringindo a regiões dessas superficies.
A importância das equações de compatibilidade deve-se ao fato de que
os coeficientes da primeira e segunda formas quadráticas, satisfazendo tais
equações, determinam uma superficie, a menos de sua posição no espaço.
Este é precisamente o conteúdo do seguinte teorema, cuja demonstração en-
volve conhecimentos de equações diferenciais parciais.
9.3 Exercícios
1. Seja X(u, v) uma superfície tal que as curvas coordenadas são ortogo-
nais. Prove que, neste caso, a equação de Gauss se reduz a
onde u >O e O< v < 2n, têm a mesma curvatura gaussiana, mas não
são isométricas.
5. Verifique que não existe isometria entre regiões de duas quaisquer das
seguintes superfícies: cilindro, toro, esfera, catenóide.
1 1 1
+ Fz1v - 2Guu 2Eu F;., - 2Ev
1 1
c) K= ~R--G
V li E F
EG 2
1
F G
2
o ~E
2 V
1
2Gu
1
F
~Ev E
2Gu F G
212
Figura 52
Figura 53
Figura 54
(-1, O) x ( -1, O), (-1, O) x (O, 1), (O, 1) x (O, 1) e (O, 1) x ( -1, O), que não
contêm pontos umbílicos. A Figura 52 permite visualizar soluções (u(t), v(t))
da equação (23) em cada uma das quatro regiões do plano.
A Figura 53 mostra as linhas de curvatura na sela do macaco, que são as
imagensX(u(t), v(t)) destas curvas pela parametrização X da sela do macaco.
curvas assintóticas sobre a sela do macacao são exibidas na Figura 55, que
mostra a imagem X(u(t), v(t)) dessas curvas pela parametrização X da sela
do macaco.
Figura 55
Figura 56
Figura 57
Observamos que as curvas apresentadas nesta seção são exemplos de apli-
cações da computação gráfica na visualizção da geometria diferencial. Outras
aplicações podem ser encontradas no programa ACOGEO [4], que inclui cur-
vas, superficies e os teoremas fundamentais das curvas e superficies.
Capítulo IV
1.2 Exemplos
a) Com a notação anterior, definindo du e dv como sendo as aplica-
ções que, para cada q EU, associam duq e dvq, temos que du e dv são
1-formas diferenciais.
b) Seja f(u, v) uma função diferenciável (C"°) de um aberto U de JR. 2
em JR.. Então a aplicação df: U _,. JR.2*, que para cada q EU, associa dfq,
a diferencial de f em q, é uma 1-forma diferencial, pois
Para verificar esta igualdade, observamos que, se q = (uo, vo), então, para
todo vetor V = (a, b) E JR.2 , temos que
m = (2u - v) du - U2 dv,
isto é, m P du + Q dv, onde P e Q são as funções definidas por P( u, v)
2u v e Q(u, v) = -u2 . Sejam q = (2, 1) e V= 1, -2), então
e, portanto, mq(V) = 5.
úJ (u+v) du+dv,
iJJ v du - u dv,
e a função f( u, v) = u- v. Então,
P(q) P(q)
- i= o.
Q(q) Q(q)
A seguir, vamos definir duas operações de produto para 1-formas diferen-
ciais. Para isso, lembramos que uma aplicação B : ~2 x ~2 ---+ ~ é dita
bilinear se for linear em cada componente, isto é, para quaisquer vetores
Vi, Vi, V3 E ~2 e números reias a e b
B(aVi +BVi, V3) = aB(Vi, V3) +bB(Vi, V3),
B(V1, aVi +bV3) = aB(Vi, Vi) +bB(Vi, V3).
Uma aplicação B : ~2 x ~2 ---+ ~ é dita alterada ou anti-simétrica se
2
onde Vi, Vi E IR •
onde fmm é a aplicação que, para cada q EU, associa f(q)( milJ)q·
Demonstração.
a) Para cada q E U e para vetores Vi, Vi E IR2 , temos que
222
rum= (Pdu+Qdv)(Pdu+Qdv).
Portanto, segue-se das propriedades a), b) e c) que
o
1.6 Exemplo Consideremos as 1-formas diferenciais
ru (u+v) du+dv,
m (u v) du+dv.
Portanto,
e) m /\ m= -m /\ m;
224
Demonstração.
a) Para cada q EU, ternos que
(ro/\(ro+m))q = (ro(ro+m))q-((ro+m)ro)q=
(roro )q + (rom )q - ( roro )q (mro )q =
( (j) /\ tiJ)q .+ (ro /\ m)q,
Então,
m /\ iõ = (u3 + v2 + uv) du /\ dv.
1
b) Se Vi= (a1, bi) e Vz = (a2, b2) são vetores de R 2, então, segue-se
da definição de produto exterior que, para todo q,
1
(du/\dv)q(Vi, Vz) a1 b1 1
1
a2 b2 ·
</> +~ (f + ]) du/\dv.
226
No Exemplo 1.2 b), vimos que, dada uma O-forma diferencial f, a apli-
cação df é uma 1-forma diferencial. A seguir, vamos introduzir o conceito
de diferencial exterior de uma 1-forma obtendo uma 2-forma.
Demonstração.
a) Se m = P du + Q dv, então
dm = dP /\du+dQ /\dv.
T 227
fm = JP du+ fQdv.
Portanto,
d(fm) = d(fP) /\ du + d(JQ) /\ dv. (2)
Como fP é um produto de funções para todo q,
isto é,
d(!P) =Pdf + f dP.
D
A teoria apresentada nesta seção é uma breve introdução ao estudo de
formas diferenciais em ~2 e é basicamente suficiente para desenvolver o
método do triedro móvel.
Vamos concluir esta seção com algumas observações sobre temos de for-
mas diferenciais, que serão úteis mais adiante. O conceito de temo de formas
---·-·-·dtierenc1ais surge naturalmente quando consideramos uma aplicação diferen-
cial F : U e ~2 ---+ ~3 . Se F é definida por
.Q = (rol , m2 , m3) ,
então,
e
f.Q = (! m1 , f m2 , f m3 ).
Se F: U e IR 2 ---+ IR3 é uma aplicação diferenciável, cujas funções coor-
denadas são F 1 , F 2 , F 3 e m é uma 1-forma diferencial em U, definimos
F m como sendo o temo de 1-formas diferenciais
dF = F,_ 1 du + Fv dv,
1.15 Exercícios
3) Seja f: JR.2 --+ lR. uma função diferenciável. Obtenha a diferencial das
funções / 3 e log( 1 + / 2 ) em termos de df.
4) Considere as funções
a) f(u, v) vu + v
2 2, (u, v) #(O, O),
b) J(u, v) = sen(u, v).
Obtenha df e calcule dfq(V), onde q = (1, O) e V= (2, 1).
a) d(fdg),
b) d(fdg+ gdf),
c) d((f -g)(df +dg)),
d) d(gfdf) +d(fdg).
232
df /\dg = 1 Íu fv 1 du /\dv.
gu gv
7) Seja f(u, v) uma função real diferenciável. Verifique que, para cada q
e V E IR2 ,
dfq(V) = (gradf(q), V).
úJ Pdu+Qdv,
<P f du/\dv,
Seja X: U e IR 2 -+ IR
3
uma superfície parametrizada regular. Denotemos por
q = (u, v) os pontos de U. Um triedro móvel associado à superfície X é um
temo de funções diferenciáveis e 1 , e2, e3 de U em JR 3 tal que, para todo
q E U, o conjunto de vetores e1 (q), e2 (q), e3 (q) é uma base ortonormal de
JR3 e e 1 (q), e2 (q) são vetores tangentes à superfície X em q.
Segue-se dessa definição que os vetores er (q), e2 ( q) formam uma base
no plano tangente TqX e e3 (q) é um vetor normal à superfície X em q.
Observamos que um triedro móvel existe para qualquer superfície para-
metrizada regular. De fato, basta considerar, por exemplo,
Xu (
er (q) = 1x;,1 q)
Além disso, podemos sempre nos restringir a triedros tais que
2.1 Exemplos.
a) Consideremos uma superfície de rotação
Como as funções a e b são arbitrárias, este exemplo mostra que existe uma
infinidade de triedros móveis associados a uma superfície.
e) Se X(u, v) é uma superfície parametrizada regular, sem pontos umbíli-
cos, então podemos associar a X um triedro móvel tal que ei, e1 são vetores
~r-----~~-princ~ipiiis: De fato, vimos no capítulo anterior (Exemplo 1 da seção 6.7)) que
onde
(dXq(V), e1 (q)),
( dXq (V), e1 (q)) .
onde
Para cada q, temos que (ro1)q, (mi)q e (rou)q são funções lineares de
2
R em IR, portanto, ro1, mi, e rou são 1-formas diferenciais em U.
onde
onde a11 = (.x;,, ei), a12 = (.x;" e1), a21 = (Xv, ei), a22 = (Xv, e1) são
funções diferenciáveis em U tais que
l(q)#O.
então
i=j,
1~i,j~2. (10)
i=}j,
onde
(10).
:u :v
e é a base canônica de JR 2 .. Usando (9), obtemos a propriedade
2.2 Proposição. Seja e1, e1, e3 um triedro móvel associado a uma su-
perficie X : U e JR 2 ----+ JR3 • O co-referencial e as formas de conexão satis-
238
Para provar as relações (12), (13) e (14), observamos que d(dX) =O (ver
(3) da seção antegor), Portanto, decorre de (4) que
3 3
L dei/\ WiJ + L e1 dwiJ =O.
J=l j=l
3 3
L
j,k=l
WJk /\ WiJ ek +
J=l
L ek dwik =O.
Portanto, para cada i, k, 1 :::; i, k:::; _3,
3
d (J)ik = L Wij /\ Wjk,
J=l
e concluímos, usando (11), que as relações (15), (16) e (17) são verificadas.
D
As relações (11) a (17) são ditas equações de estrutura e são fundamentais
para o estudo da teoria local das superfícies em JR 3 .
f(u) >O, e o triedro móvel associado a X, definido por (ver Exemplo 2.1)
240
concluímos que
m1 = V(!')2 + (g1)2 du.
Analogamente,
logo,
mi=fdv.
Portanto,
m =
i2 -J U')2f + (t)2 dv.
Analogamente, obtemos
g'f' -g!"
(013 ---;::====
-J (!')2 + (t)2 du ,
g
v (!')2 + (t)2
dv.
h 11 + h 12 mi,
W1
(18)
mi3 h11 W1 + h21 mi.
(19)
(20)
(21)
0 = W1 /\ ( W12 - ffi12).
242
Como m12 ã>12 é uma combinação linear de úJ1 e mi, podemos escre-
ver úJ12 - ã>12 A úJ1 +B mi. Substituindo esta expressão nas duas últimas
equações e usando o fato de que úJ1 e mi são linearmente independentes,
obtemos que A= B =O, e concluímos que úJ12 ã>12.
D
A seguir, vamos desenvolver a teoria apresentada no capítulo anterior,
usando um triedro móvel associado a uma superfície.
Consideremos uma superficie X : U e JR.2 --+ JR. 3 e q um ponto de U.
Já vimos que a primeira forma quadrática Iq em q é uma aplicação que,
para cada vetor tangente w E TqX, associa Iq(w) (w, w). Observamos que,
como w E TqX, temos que w = dXq(V), onde V E JR.2 . Portanto,
Portanto,
(a"(to),N(q))+\a'(to), ~~(to)) O,
243
e
Ilq(w) ( w, ~~(to)).
Corno w é um vetor tangente à superfície em q, temos que w = dXq(V)
para algum vetor V de R 2 . Além disso, a' (to) = w. Da igualdade dXq (V) =
dN
a'(to), segue-se que V (u'(to), v'(to)) e, portanto, dt(to) dNq(V).
Logo,
IIq(dXq(V)) -(dXq(V), dNq(V)).
Isto é, podemos considerar a segunda forma quadrática em q como urna
aplicação de R 2 em R, denotada também por Ilq, que, para cada V E R 2 ,
associa
(dXq(V), dNq(V)). (23)
qEU,
e x;, dXq
a
(a),
Xv dXq
a
(a), segue-se, da definição dos coeficientes da
primeira forma quadrática, que
(24)
(25)
( í {) (26)
h11 k h12 1- o.
1 h21 h22-k -
e-kE f-kF
f-kF g-kG
1 o.
1
e kE f-kF) A (h11-k
( kF g-kG h21
hn -k
h21
o.
1
D
Segue-se da Proposição 2.5 que as curvaturas principais são as soluções
da equação
246
D
A equação (29) é denominada equação de Gauss e as equações (16) e (17)
são ditas equações de Codazzi-Mainardi. Mais adiante, como consequência
da Proposição 2.9, veremos que essas equações são precisamente as equações
que já vimos no tratamento clássico apresentado no capítulo anterior. Como
consequência da equação de Gauss (29), prova-se facilmente o teorema Egre-
gium de Gauss.
onde W1, mi, OJ;.j (resp. W1, iJJi, Wij) são as formas diferenciais associadas
ao triedro e1' e1, e3 (resp. e1' e1, e3)·
e concluímos que
ill1 = cos B m1 + sen B mi.
D
A seguir, vamos verificar que as equações (29), (16) e (17) são precisa-
mente as equações de Gauss e Codazzi-Mainardi do Capítulo III. Inicial-
mente, vamos considerar a seguinte proposição.
W12
- (VE)v du + (VG)u dv (32)
./G ./E '
1
l013 VE(e du+ f dv), (33)
1
Wi3 = VG(f du+gdv), (34)
x;, Xv
Substituindo dX = x;, du +Xv dv, e1 = IXul e e1 = IXvl nas igualdades
acima e usando o fato de que x;, e Xv são ortogonais, obtemos (31 ).
Pela Proposição 2.4, m12 é determinada pelas equações
d W1 mi /\ mi 1 ,
d mi W1 /\ W12.
-(VE)vdu/\dv a VGdu/\dv,
(VG) 11 du/\dv b VE du/\dv,
ffi13 h 11 + h 12 mi ,
W1
temos que
e
h11 =E' (35)
Portanto,
K= _- _
1 [((VE)v)
VffG __ vc + ((VG)u)
VE.
V
l
li
'
que é a equação de Gauss clássica, obtida no capítulo anterior (ver Exercício
1 da seção 9.3).
Analogamente, substituindo (31), (32), (33) e a diferencial exterior de
l013 e mi3 nas equações
obtemos
2.11 Exercícios
Xv-(Xv, e1) e1
IXv- (Xv, e1) e11'
formam um triedro móvel associado a X.
Como já observamos anteriormente, a teoria local das superfície pode ser de-
senvolvida pelo método do triedro móvel. O ponto fundamental deste método
consiste em escolher o triedro mais adequado para o problema geométrico que
está sendo considerado. A título de ilustração, nesta seção, vamos apresen-
tar dois resultados clássicos: o teorema de Bonnet, que relaciona superfícies
de curvatura gaussiana constante positiva com superfícies de curvatura média
255
Portanto,
(m!\m)q(V,V) =0,
fI
1-2aH+
Portanto,
(36)
(37)
(38)
e concluímos que
obtemos que
258
e concluímos que
K
I-2aH+
o
As superficies da proposição anterior são ditas superficies paralelas. Co-
mo consequência dessa proposição, vamos obter o teorema de Bonnet. Esse
teorema mostra que o estudo local das superficies de curvatura média cons-
tante não-nula é essencialmente equivalente ao estudo das superficies de cur-
vatura gaussiana constante positiva. Mais precisamente:
as seguintes condições:
a) para todo p E S, os pontos p a p = R(p) determinam uma tangente a S
e s;
b) a distância de p a p é igual a uma constante r que independe de p;
c) o ângulo entre as retas normais de S e S em p e p é igual a uma constante
e=!= o que independe de p.
(41)
cos e e2 + sen e e3' (42)
- sen e e2 + cos e e3. (43)
Vamos denotar por m1 , mi, miJ (resp. iõ1 , iõi, iõu) as 1-formas associadas
ao triedro e1, e2, e3 (resp. e 1, e2, e3) de X (resp. X).
Considerando a diferencial de (40), temos
dX = dX +r dei.
Portanto,
iõ1 = m1,
iõi cos 8 =mi+ r W12,
iõi sen e = r (013.
1
m12 = - - mi+cotge W13. (44)
r
262
e concluímos que
sen 2 e
K
3.6 Exercícios
3) Considere o helicóide
- a
O<H"S. b2 2.
-a
(Use o Exercício 3 da seção 6.7 do capítulo anterior).
!
onde </> ( u, v) é definida por cotg = -v sech u. Verifique que a
aplicação /l, que, para cada X(u, v), associa X(u, v) f(X(u, v)),
é uma congruência pseudo-esférica tal que a distância entre pontos cor-
respondentes é igual a 1 e as retas normais em pontos correspondentes
são ortogonais.
265
Figura 58 Figura 59
[1] ÁVILA, G. Cálculo das funções de uma variável. 7. ed. São Paulo:
LTC, vol. 1 e 2, 2003, 2004.
Difeomofisrrio, 24 Função
Direção assintótica, 192 diferencial de, 21
Direções principais, 163 diferenciável, 13, 21
Elipsóide, 123, 180 injetora, 17
Epiciclóide, 35 limite de, 13, 18
Equações de sobrejetora, 17
Codazzi-Mainardi, 208, 210, vetorial, 12
247,249 Gauss
compatibilidade, 208 aplicação normal de, 134
estrutura, 23 9 equação de, 207, 210, 247, 249
Gauss,207,210,247,249 teorema Egregium de, 208, 247
Esfera, 113, 127, 156, 163, 171, Geodésica, 195, 199-203, 216
196 Hélice, 74-78
osculatriz, 100 circular, 56, 202
Espaço dual, 217 Helicóide, 124, 140, 145, 171, 195
Espiral logarítmica, 41, 54 Hiperbolóide, 123, 172
Evoluta, 48, 51, 106 . Homeomorfismo, 19
Fecho, 18 Indicatriz esférica
Fólio de Descartes, 36 binormal, 71
Formas de conexão, 237 tangente, 70
Formas diferenciais de grau 1, 218 Interior, 18
diferencial exterior de, 226 Involuta, 49, 105
linearmente independentes, 220 Isometria, 144
produto exterior de, 223 de R 3 , 82-88
produto tensorial, 220 Linha
soma de, 219 assintótica, 193, 194, 214
temo de, 229 de curvatura, 187, 190, 213
Formas diferenciais de grau,f, 225 Matriz.
temo de, 230 associada a aplicação linear, 17
Fórmula jacobiana, 22
de Taylor, 15, 23 posto de, 17
de Euler, 164 Orientação de bases, 6
Fórmulas de Frenet, 66 Parabolóide
de curvas planas, 43 elítico, 112, 179
Função hiperbólico, 115, 125, 158, 169
antípoda,82 Plano, 111
bijetora, 17 normal, 63
contínua, 13, 19 osculador, 63, 71, 79
coordenada, 13 retificante, 63
270
Plano Superfícies
tangente, 132 isométricas, 144
Ponto paralelas, 258
de acumulação, 18 Teorema
elítico, 175, 176 da função implícita, 25
hiperbólico, 175, 176, 194, 205 da função inversa, 24
interior, 18 de Bãcklund, 260
parabólico, 175 de Bonnet, 25 8
planar, 175 Egregium de Gauss, 208, 247
umbílico, 179, 183 fundamental das curvas, 52, 91
Posto de matriz, 17 fundamental das superfícies, 209
Primeira forma quadrática, 138, Torção, 64, 79
242 Toro, 119, 143, 175,206,252
coeficientes da, 139 Transformação
Pseudo-esfera, 172, 264 linear, 16
Referencial de Frenet, 42, 63 ortogonal, 83-85
Regra da cadeia, 15, 23 Translação, 26, 82-85, 94
Reta, 28 Tratriz, 35, 51, 172
1 tangente, 34, 57 Triedro
-·i~~-··-----·-.normal,42,62 de Frenet, 63
1 Rotação, 82 móvel, 233
! Seção normal da superfície, 155 Vetor
Segunda forma quadrática, 152, 242 binormal, 63
coeficientes da, 153 normal, 62, 134
Sela do macaco, 159, 212-216 tangente à curva, 32, 57
Símbolos de Christoffel, 197 tangente à superfície, 131
Superfície Vetores
de rotação, 116, 131, 143, 152, ângulo entre, 5, 141
172,239,263 linearmente dependentes, 2
de Weingarten, 174 linearmente independentes, 3
mínima, 170, 173 ortogonais, 5
parametrizada regular, 109 principais, 163
parâmetros de, 109 produto interno de, 5
região da, 142 produto misto de, 7
reparametrização de, 126 produto vetorial de, 6
simples, 144 Vizinhança, 17
tr~ço de, 109
Introdução à geometria diferencial é um livro que introduz os conceitos básicos
de geometria diferencial. A teoria local de curvas e de superfícies no espaço
euclidiano é apresentada para estudantes que tenham completado os cursos
básicos de cálculo diferencial e equações diferenciais ordinárias.
Keti Tenenblat
É professora emérita da Universidade de Brasília (UnB) e já foi membro do
corpo docente da UFRJ. Concluiu a Licenciatura, o Mestrado e o Doutorado
em Matemática pela Universidade Federal do Rio de janeiro (UFRJ), Univer-
sity of Michigan e IMPA, respectivamente. Atuou como professora visitante em
diversas universidades brasileiras. e estrangeiras, sendo, inclusive, palestrante
em um número considerável de conferências em universidades e congressos
científicos nacionais e internacionais. É membro da Academia Brasileira de
Ciências, do World Academy for Developping Countries (TWAS) e recebeu o
Prêmio Nacional da.Ordem de Mérito Científico. Além disso, foi presidente da
Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), membro do Comitê de Matemática
do Conselho Nacional de Ciêrida e Tecnologia (CNPq), representante da área
de Matemática e coordenadora da Comissão de Avaliação dos programas junto
à CAPES. Possui várias publicações, entre livros e artigos de pesquisa em diver-
sos tópicos na área de Geometria Diferencial publicados em periódicos espe-
cializados internacionais. Hoje é também editora-chefe da revista Matemática
Contemporânea, publicada pela SBM. ·
www.blucher.com.br
ISBN 978-85-212-0467-1
1 li
9 788521 204671 Blucher