Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
EM SAÚDE: ARTICULANDO
TRABALHO, CIÊNCIA
E CULTURA
VOL. 8
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ
Presidente
Paulo Ernani Gadelha Vieira
Diretor
Paulo César de Castro Ribeiro
ORGANIZAÇÃO
Marcela Pronko
André Dantas
Anakeila de Barros Stauffer
Conselho Editorial
Marcela Pronko (Coordenação executiva) José Roberto Franco Reis
Bianca Cortes Márcia Valeria Morosini
Carla Martins Márcio Rolo
Cláudio Gomes Maria Inês Bravo
Filipina Chinelli Selma Majerowicz
Grasiele Nespoli Paulo Guanaes
José dos Santos Souza Ramón Peña Castro
Catalogação na fonte
Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio
Biblioteca Emília Bustamante
714 p.
ISBN: 978-85-98768-74-8
CDD 370.113
SUMÁRIO
Apresentação 9
Marcela Pronko
André Dantas
Iniciação Científica na Educação Profissional em Saúde: articulando trabalho, ciência e cultura - vol. 8
9
RELAÇÃO ENTRE LEITURA E
APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA
INTRODUÇÃO
*
Ex-aluno do Curso de Ensino Médio Integrado à Educação Profissional, com habilitação técnica em
Gerência em Serviços de Saúde (2009-2011). Atualmente cursa Matemática na Universidade Fede-
ral Fluminense (UFF). No trabalho de construção de sua monografia de conclusão de curso, contou
com a orientação dos professores-pesquisadores Fabiano Figueiredo Gomes (mestre em Matemáti-
ca) e Viviane dos Ramos Soares (mestre em Linguística), ambos do Laboratório de Formação Geral
na Educação Profissional em Saúde (Labform). Contato: andersongs@hotmail.com.br.
1
Após a Segunda Guerra Mundial, o Estado capitalista passou por uma fase conhecida como Es-
tado de bem-estar social, caracterizada pela intervenção do Estado na economia e na sociedade
(SHIROMA, MORAES e EVANGELISTA, 2000).
2
Países centrais são aqueles cuja economia é mais desenvolvida e que, pela maior detenção de po-
der político, exercem influência sobre as nações menos desenvolvidas economicamente (COELHO e
TERRA, 2003).
3
Organismos multilaterais são organizações compostas por países membros para promover um
objetivo comum. É importante ressaltar que, como tais organizações são dominadas pelas potências
econômicas mundiais (principalmente pelos Estados Unidos), possuem o papel de atender às de-
mandas econômicas destes países (SHIROMA, MORAES e EVANGELISTA, 2000).
4
Países periféricos são aqueles que, devido ao menor desenvolvimento econômico, são dominados
economicamente por países centrais (COELHO e TERRA, 2003).
5
Os PCNs têm o objetivo de difundir a reforma curricular iniciada pela LDB. O documento traz o
perfil do currículo, que está baseado em competências (ver, por exemplo, BRASIL, 2000).
6
O órgão do governo responsável pela aplicação desses exames é o Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). As principais avaliações voltadas para a educação bá-
sica são Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), Programa Internacional de Avaliação de Alunos
(Pisa), Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), Provinha
Brasil e Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), que é composto de duas avaliações com-
plementares: Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb) e Avaliação Nacional do Rendimento
Escolar ou Prova Brasil (Anresc).
7
O Inaf foi criado em 2001 pelo Instituto Paulo Montenegro (IPM), em parceria com a organização
não governamental Ação Educativa, com a finalidade de fornecer informações acerca das habili-
dades e práticas de leitura, escrita e matemática da população adulta brasileira entre 15 e 64 anos
(SOARES, 2003).
8
O Saeb é um mecanismo de avaliação do Ministério da Educação (MEC) composto pela Avaliação
Nacional da Educação Básica (Aneb) e pela Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc) ou
Prova Brasil. O primeiro exame é aplicado a alunos da 4ª e 8ª séries do ensino fundamental e do
3º ano do ensino médio e possui caráter amostral, ao passo que o segundo não avalia estudantes
do ensino médio, mas seu caráter é universal. O objetivo desse sistema é servir de subsídio para
a formulação de políticas voltadas para a educação, visando à melhoria da qualidade do ensino.
Aqui, o termo qualidade deve ser entendido tendo por base o modelo de educação que se busca
consolidar no Brasil (SOARES, 2003).
9
As provas do Enem referentes aos anos de 2006 e 2007 encontram-se disponíveis no seguinte
endereço eletrônico: http://portal.inep.gov.br/web/enem/edicoes-anteriores.
10
O neoliberalismo é uma fase do sistema econômico capitalista que teve início no início da
década de 1980, na Inglaterra, durante o governo de Margaret Thatcher (SHIROMA, MORAES e
EVANGELISTA, 2000).
11
Monopólios privados ocorrem quando pequeno número de empresas voltadas para a mesma
área detém a maior parte do mercado consumidor. Com isso, a concorrência com qualquer em-
presa menor é desleal e, portanto, há uma inibição para empresários que queiram investir no setor
da economia em questão (COELHO e TERRA, 2003).
12
Quando havia investimentos dos Estados no período do bem-estar social na economia e na
sociedade, esses dois elementos não estavam dissociados. Quando eram feitos investimentos em
áreas como educação e saúde, por exemplo, o objetivo era o de que os indivíduos fossem formados
para, posteriormente, ser a força de trabalho. Desse modo, obtinha-se um retorno econômico do in-
vestimento feito na área social. As concessões estatais buscavam exclusivamente perpetuar a lógica
capitalista de acumulação de capital (COELHO e TERRA, 2003).
13
Segundo a lei da oferta e da procura, quanto maior a demanda, maior será, em geral, o preço em
que o produto estará disponível (COELHO e TERRA, 2003).
14
Sistema de produção em massa caracterizado pela divisão do trabalho em tarefas. Com a por-
menorização das atividades, cada trabalhador dever executar uma parte e, dessa forma, não tem
noção do processo produtivo em sua totalidade. A vantagem para os capitalistas dessa forma de
gestão e organização do trabalho é o fato de não ser necessário que o proletariado seja capa-
citado para entender todo o processo. Ele é treinado apenas para executar o mesmo movimento
repetidas vezes (SHIROMA, MORAES e EVANGELISTA, 2000).
15
Durante os anos do segundo pós-guerra, a principal forma de acumulação de capital foi o for-
dismo. Entretanto, devido à crise de superprodução da década de 1970, foi necessário substituir
esse modelo. O toyotismo, cuja principal característica é a flexibilidade, foi a forma de gestão
que deu melhores resultados (COELHO e TERRA, 2003).
16
Essa pedagogia refere-se ao desenvolvimento de competências e habilidades necessárias nos
processos produtivos, por um lado enfatizando-se a importância da aquisição das mesmas para a
inserção no mercado de trabalho, mas, por outro, desconsiderando-se a relevância dessas compe-
tências e habilidades no cotidiano (RAMOS, 2008).
17
Primeiro idioma aprendido. Neste trabalho, quando a expressão língua materna é utilizada, ela
sempre faz referência à língua portuguesa.
A “VESTIBULARIZAÇÃO” DO ENEM
18
São os alunos que concluíram determinado nível de ensino em anos anteriores ao período con-
siderado. No caso do Enem, um egresso é qualquer estudante que tenha concluído o ensino mé-
dio anteriormente.
19
O ProUni foi criado em 2004 e “tem como finalidade a concessão de bolsas de estudos integrais
e parciais a estudantes de cursos de graduação e de cursos sequenciais de formação específica, em
instituições privadas de educação superior. As instituições que aderem ao programa recebem isenção
de tributos” (BRASIL, 2013).
20
A escolha dos anos se deve ao fato de eles serem anteriores à reformulação do exame; as infor-
mações sobre o questionário socioeconômico são disponibilizadas pelo Inep sob a forma de um
relatório pedagógico.
Habilidade 2
Das seis questões relativas à habilidade 2, três delas foram clas-
sificadas pelo Inep como de média dificuldade, duas difíceis e apenas
uma fácil, considerando apenas o índice de aproveitamento dos parti-
cipantes. Na questão 42 de 2007, apesar de o aproveitamento ter sido
relativamente alto (62%), ele não é tão satisfatório se considerarmos
que informações em gráficos e em tabelas são muito comuns no co-
tidiano e aparecem em diferentes meios de comunicação, em jornais,
por exemplo.
Em relação às principais dificuldades dos alunos nas questões da
habilidade 2, observou-se que parte dos participantes confunde os con-
ceitos de crescimento proporcional e crescimento absoluto. Entretanto,
no caso dessa habilidade, o que aparentemente provocou maiores difi-
culdades foi a elaboração dos enunciados e de alternativas. Na questão
25 do ano de 2006, por exemplo, a análise do gráfico disponível deveria
ser feita apenas visualmente, o que não permitia ao candidato afirmar
com certeza qual era a alternativa correta.
Na questão 23 de 2006, grande parte dos candidatos foi atraída
pelo distrator da alternativa C, provavelmente por não entender o sig-
Habilidade 3
Das questões vinculadas à habilidade 3, três eram de média dificul-
dade e as outras três eram difíceis, de acordo com o índice de aproveita-
mento dos participantes. Não havia questões com percentual de acertos
que as caracterizasse como fáceis.
Houve, assim como nas questões relativas à habilidade 2, a necessi-
dade de leitura de gráficos e tabelas, como pode ser observado em todas as
questões relacionadas a essa habilidade. A última questão desse grupo (a de
número 50, do ano de 2007), apesar de ter sido classificada como perten-
cente à habilidade 3, seria respondida com maior facilidade se o participante
utilizasse conhecimentos de geografia, pois ela envolvia a análise de pirâmides
etárias e a interpretação de como seriam as projeções populacionais para o
ano de 2050.
Outra característica em comum com a habilidade 2 foi o fato de que
o distrator principal da questão 24 de 2006 era a confusão entre os concei-
tos de crescimento proporcional e crescimento absoluto. Isso se repetiu na
questão 24 do ano de 2007, na qual parte dos estudantes provavelmente
se equivocou ao utilizar a redução absoluta em vez de redução percentual.
Uma leitura atenta poderia ter feito uma pessoa diferenciar os conceitos de
crescimento proporcional e crescimento absoluto.
A questão 24 de 2006 exigia que o candidato, com base na análise
dos gráficos, calculasse a taxa de crescimento da Índia de 2000 para 2050
e aplicasse a mesma taxa nos cinquenta anos seguintes. O distrator conti-
Habilidade 14
As questões relativas à habilidade 14 foram as em que os alunos
apresentaram pior desempenho nos dois anos. Pelo índice de aprovei-
tamento dos participantes, não houve questões fáceis, houve um item de
média dificuldade e as outras cinco foram classificadas como difíceis. O
problema principal dos estudantes em quatro questões provavelmente foi
a falta de conhecimentos de geometria, visto que os enunciados foram
elaborados de forma clara e objetiva. As outras duas questões referentes
a essa competência específica possuíam aspectos que podem ter con-
tribuído para o erro dos participantes. A análise dos itens nos permite
inferir que os conhecimentos de matemática necessários para a resolu-
ção das questões eram simples, referindo-se geralmente à aplicação de
fórmulas, por meio da visualização.
Os itens 59 e 62 de 2006 demandavam que o participante, a partir
da visualização do que o enunciado solicitava, aplicasse fórmulas para
calcular e comparar valores. O conhecimento de matemática era simples e
as questões foram elaboradas de forma clara, mas o percentual de acertos
foi baixo nas duas questões (respectivamente, 20% e 18%), indicando que
a principal dificuldade dos alunos foi, provavelmente, com os conhecimen-
tos de matemática.
O percentual de alunos que não acertou nenhuma questão dessa
competência específica quase atingiu 50% em 2006 e, embora tenha
diminuído para 39,96% no ano seguinte, continuou sendo a habilidade
com maior percentual de nenhum acerto (INSTITUTO NACIONAL DE
ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA, 2008b).
Por sua vez, a evolução do percentual de participantes que acertou as
três questões dessa habilidade foi de 0,92% para mais, enquanto outras
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
*
O projeto de pesquisa que deu origem a este artigo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), sob o seguinte número de protocolo:
0018.0.0408.000-11.b.
**
Ex-aluna do Curso de Ensino Médio Integrado à Educação Profissional, com habilitação técni-
ca em Gerência em Saúde (2009-2011). Atualmente cursa Psicologia na Pontifícia Universidade
Católica������������������������������������������������������������������������������������
do Rio de Janeiro (PUC-Rio). No trabalho de construção de sua monografia de conclu-
são de curso, contou com a orientação da professora-pesquisadora Grasiele Nespoli (doutora em
Educação em Ciências e Saúde), do Laboratório de Educação Profissional em Gestão em Saúde
(Labgestão). Contato: annaluizabm@gmail.com.
1
O processo seletivo para ingresso na EPSJV ocorre por meio de prova de Português e de Matemá-
tica que habilita os candidatos que acertarem 50% de cada prova ao sorteio de vagas. Além disso,
a EPSJV trabalha com o sistema de cota, reservando 50% das vagas para alunos que realizaram o
ensino fundamental em escolas públicas.
2
Segundo Minayo, metodologia é o “caminho do pensamento e a prática exercida na abordagem
da realidade. Ou seja, a metodologia inclui simultaneamente a teoria da abordagem (o método), os
instrumentos de operacionalização do conhecimento (as técnicas) e a criatividade do pesquisador
(sua experiência, sua capacidade pessoal e sua sensibilidade)” (2010, p. 14).
3
Homo ludens, ou seja, homem lúdico (lúdico vem da palavra latina “ludus”, que quer dizer jogo). Nesse
contexto, o homem lúdico proposto por Ortega (2000, p. 42) é aquele que não tem medo de encarar um
jogo político, de forma a criar, espontaneamente, o novo e o inesperado no âmbito dos relacionamentos.
Arendt percebe o mundo como um lugar que está fora dos eixos –
posto que o âmbito privado, cada vez mais, invade e se confunde com o
público, comprometendo a verdadeira essência da política –, e que cabe
a cada geração que nasce renová-lo, de modo a consertar e rearrumar
esse lugar. Com base nesse ponto de vista, a autora desenvolve a im-
portância da educação para esse processo. Cabe ao educador mostrar
à criança de cada geração o mundo em que se vive e protegê-la para
que ela desenvolva seguramente a sua singularidade enquanto um su-
jeito novo nesse espaço que é anterior a ela (ALMEIDA, 2008).
Para Arendt, a singularidade é algo próprio do sujeito, que define quem
ele é, e que se manifesta, antes de tudo, aos outros que estão ao redor, me-
diante pensamentos e ações do sujeito. Desse modo, a singularidade diz res-
peito ao espaço público, político, de convivência, e não ao espaço particular.
Ou seja, o sujeito, uma vez livre, está apto para intervir no mundo –
no espaço comum – e ajudá-lo a entrar nos eixos. E a singularidade desse
sujeito, quando ligada à liberdade, impulsiona a criação de algo novo. Isso
quer dizer que o jovem, sujeito novo no espaço antigo (o mundo), tem em
sua singularidade a potência de iniciar ações impensadas, que só podem ser
iniciadas, livremente, por ele. Assim, quando o processo de conhecimento
do mundo e de sua singularidade é bem sucedido, cada sujeito, de cada
geração, tem consciência de quem ele é e do lugar em que vive, sendo
possível, assim, renovar o espaço e a ordem das coisas. Em outras palavras,
para Arendt, a resposta para um mundo que precisa entrar nos eixos está
na natalidade, isto é, no “fato de todos nós virmos ao mundo ao nascer-
Esse “quem” que somente os outros com quem o sujeito lida podem
ver, na experiência do encontro, atrai ou repele a singularidade do outro, de
modo que, do encontro dessas singularidades, podem surgir vínculos como
a amizade que proporcionam troca de ideias, potencializando a ação.
No grupo focal, o discurso dos alunos participantes mostrou que exis-
te uma divergência entre eles no tocante ao fator que impulsiona o início
de uma amizade na escola. Alguns afirmaram que essas amizades se cons-
troem a partir da identificação de semelhanças. Outros, pelo contrário, ini-
ciaram suas amizades a partir do estranhamento e até mesmo da antipatia.
Esses fatores, semelhança ou estranhamento, constituem os elementos da
afetação causada pelo encontro com a singularidade do outro.
Tratando-se de como se dá a escolha de um amigo, as primeiras
respostas no grupo4 apresentaram a semelhança como fator importante
nesse processo:
4
Todos os discursos dos alunos são informações verbais retiradas das discussões no grupo focal.
Teve uma amiga que falou assim para mim: “Por que você faz isso
por mim, se eu sou tão ruim com você?” Eu falei: “Porque
isso não me preocupa, porque eu considero você uma pessoa
boa, eu gosto de você, amo você, e eu acho que você merece
pelo menos uma pessoa na vida que faça essas coisas por você,
e se pode ser eu, por que não?” (Aluna 4, 18 anos)
Às vezes, a gente faz amizade e aquela pessoa acaba con-
quistando você, e você cria o sentimento de afeto, o primeiro
contato pode até ter sido por opinião, pelo pensamento, pode
até ter sido isso o que te impulsionou a se aproximar, mas,
depois que você se aproxima, você vai criar um laço mais de
afeto, você começa a se importar com a pessoa. Aí, às vezes,
ela muda, mas você já gosta dela [...]. Ela muda, mas ninguém
muda totalmente. A essência ainda é a mesma. Aí você já gosta
daquela pessoa e você até se esforça para conversar com ela,
e você consegue. (Aluna 1, 17 anos)
Um aluno deixa clara a importância que o “tratar bem” tem para ele na
construção de uma amizade: “Pouco me importa se a pessoa acha o aborto
legal, se ela quer votar no Serra, eu não quero nem saber disso. Se a pessoa
me trata bem, já está bom, já tem grandes chances de virar meu amigo”
(aluno 2, 16 anos).
É óbvio que eu acho que a amizade gera ação. No meu caso, não
conta o meu projeto de mundo, porque eu sou muito indecisa, mas
eu meio que sei bem o que quero da minha vida. Eu sou muito
cabeça-dura, só que eu também me autodeprecio muito, então,
muitas vezes, mesmo eu sabendo que eu quero fazer ������������
aquele������
negó-
cio, eu não tenho ânimo para seguir em frente, porque eu sei que
eu quero aquilo, mas eu fico: “Ah, eu não vou conseguir, eu não
tenho capacidade!” E meus amigos, e minha família também,
no caso, mas meus amigos me botam muito para cima. Eles fa-
lam: “Vai, você vai conseguir. Tenta!” E, apesar de não ser nada
conflitante, eu acho isso essencial para eu seguir em frente. Eu
acho que eu não conseguiria ter feito nem metade do que eu fiz
se não tivesse gente do meu lado me apoiando, me movendo
para frente. (Aluna 1, 17 anos)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Clarice Ramiro *
*
Ex-aluna do curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrado ao Ensino Médio, com
habilitação em Vigilância em Saúde (2009-2011). Atualmente cursa História na Universidade Federal
Fluminense (UFF). No trabalho de construção de sua monografia de conclusão de curso, contou com
a orientação dos professores-pesquisadores André Vianna Dantas (doutorando em Serviço Social pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro), da Vice-direção de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico
(VDPDT), e Flávio Henrique Marcolino da Paixão (mestre em Biologia Parasitária), do Laboratório de
Educação Profissional em Técnicas Laboratoriais de Saúde (Latec). Contato: claricefrs@hotmail.com.
1
Disponível em: http://pfdc.pgr.mpf.gov.br/atuacao-e-conteudos-de-apoio/legislacao/direitos-
humanos/declar_dir_homem_cidadao.pdf. Acesso em: 5 nov. 2012.
Clarice Ramiro
78
Note-se que estamos falando do período de consolidação do sistema
capitalista, que tem por natureza a divisão social em duas classes fundamen-
tais: a dos detentores dos meios de produção e a dos que têm apenas sua
força de trabalho como propriedade. Nesse caso, falar da gênese do capita-
lismo é falar também da construção de uma sociedade pautada na diferença
econômica entre classes.
Voltando mais uma vez para 1789, temos já uma marca da separação
da sociedade em classes, ainda que não da forma consagrada pela futura
Revolução Industrial: “o ponto crucial do problema agrário era a relação
entre os que cultivavam a terra e os que a possuíam, os que produziam sua
riqueza e os que a acumulavam” (HOBSBAWM, 2011, p. 36).
Surgem então algumas questões: se economicamente somos desi-
guais, podemos ser “iguais perante a lei”? Podemos acreditar que exista
igualdade de direitos em um sistema que tem como base a expropriação
do trabalho dos homens e de seus meios de produção? Quem garantirá
que a condição material dos indivíduos não será determinante da “menor”
ou “maior” igualdade jurídica alcançada?
Alguns fatos observáveis do nosso cotidiano nos encaminham para pos-
síveis respostas. Se decidirmos voltar nossos olhares para a situação carcerária
brasileira, por exemplo, constataremos que a esmagadora população das pri-
sões se configura como pertencente às classes pobres ou menos abastadas.
Um bom exemplo disto é o Rio de Janeiro. Por meio do Sistema Integrado de
Informações Penitenciárias (InfoPen), importante setor do Departamento Peni-
tenciário Nacional, temos dados recentes que nos mostram que: mais de 70%
da população carcerária do Rio de Janeiro não possui escolaridade além do
ensino fundamental completo; em média, 69% são negros ou pardos; aproxi-
madamente 53% têm entre os 18 e 29 anos (BRASIL, 2012).
A análise desses dados – escolaridade, “raça” e faixa etária – nos su-
gere que talvez não sejamos “todos” iguais perante a lei. O sistema prisional
está repleto de pessoas pertencentes a determinadas classes, e não a outras.
Por quê, perguntamos. É razoável concluir que apenas os pobres cometem
delitos? Por que, então, em muito maior medida, os crimes cometidos pelos
pobres redundam em detenção?
Clarice Ramiro
80
Para além de se culpar o pobre pelas mazelas que vive em sua vida,
cria-se também uma noção de que se a sociedade vai mal é ele o res-
ponsável. Se existem “perigos” no mundo em que vivemos, eles devem ser
atribuídos aos pobres. Elegem-se inimigos públicos, atores responsáveis
pelo caos. E nesse caso como se propõe, em geral, o controle da situa-
ção? Com muita repressão, mas uma repressão “legitimada”, “justificada”
e “endossada”.
Para termos noção de como essa arma ideológica tem raízes profun-
das, voltemos ao ano de 1849. Nesse ano, a expressão “classes perigosas”
foi utilizada pela primeira vez, em um estudo que tratava da relação entre
a criminalidade e os meninos de rua na Inglaterra. Quem a utilizou foi a
reformadora social Mary Carpenter. O intuito de seu estudo foi mostrar o
funcionamento do comportamento considerado “patológico” de um deter-
minado grupo de indivíduos ex-presidiários, “dedicados” à prática de furtos
(CHALHOUB, 1996).
A noção de que não há reparo para os que passaram por prisões se
faz presente desde há muito tempo. A função de ressocialização dos indivídu-
os poucas vezes é reconhecida e realizada. Aliás, convido vocês também a
refletirem se o sistema carcerário, para além do discurso, pretende ressocia-
lizar alguém. Com a negação por resposta, a prisão acaba por se tornar um
castigo, sua função é de ter um fim em si mesma. Não há função posterior,
não há trabalho a ser realizado, não há recuperação.
A respeito disto, Loïc Wacquant nos mostra que:
Mais tarde, no fim do século XIX, eis que chega a vez do Brasil conhe-
cer a noção de classes perigosas. A época era a da Abolição, e há grande
preocupação por parte das classes dominantes em “organizar” o trabalho
livre e disciplinar o trabalho de egressos do cativeiro. Como reflexo das
agitações na cidade do Rio de Janeiro, surgem as discussões sobre a ociosi-
dade. Parlamentares, muito influenciados pela literatura europeia, começam
a discutir projetos que de certa forma pudessem frear a suposta ociosidade
e a “vadiagem” dos ex-escravos recentes e também dos mestiços.
Dois exemplos dessa discussão estão em parágrafos do Código Penal
de 1890. São eles:
Clarice Ramiro
82
tos ou desordens, ameaçando pessoa certa ou incerta, ou
incutindo temor de algum mal:
Pena – de prisão celular por dois a seis meses.
Clarice Ramiro
84
A priori, ocorre a criminalização da classe proletária, mas, se analisar-
mos mais profundamente, é possível perceber que há uma ideia constante
de “reaproveitamento” dos sujeitos pobres. O mercado de trabalho e o mer-
cado de consumo ainda necessitavam da classe pobre. Portanto, se civiliza-
dos, se consumidores, se trabalhadores, os pobres seriam úteis. O que se
vive nos séculos XIX e XX é a “regeneração” da classe proletária. Isso se dá
por meio daquelas mesmas armas citadas: consensos difundidos pela mídia,
estudos científicos financiados pela burguesia, leis, entre outras.
2
Entende-se “socialismo real” como aquele que foi posto em prática nas experiências do século XX. A
primeira noção do que seria o socialismo real se dá com a Revolução Russa, com a conformação da
União Soviética. Outras experiências foram as do Camboja, da Coreia do Norte, da China, do Vietnã e
da Etiópia. Alguns autores tendem a posicionar a categoria de socialismo real como sinônimo de autori-
tarismo. Há também a crítica de que tais episódios não podem ser considerados de lógica socialista, visto
não haver associação entre o ideário socialista e as práticas implantadas nessas sociedades.
Clarice Ramiro
86
públicos passam por sucateamentos, o que cria novas demandas. Seguindo
a lógica, os espaços privados passam a se “responsabilizar” por essas de-
mandas que a esfera pública “não consegue” mais suprir.
Resumidamente, alguns serviços básicos, como saúde, educação,
moradia e saneamento, passam a ser da responsabilidade do capital,
por meio da atuação de entidades “filantrópicas”. Perpetua-se a lógica
de negação do acesso aos direitos básicos aos que não possuem condi-
ções materiais mínimas.
E os “sintomas” de todas essas medidas, em nível nacional, são ba-
sicamente os mesmos: aprofundam-se as desigualdades sociais, os que
possuem riquezas aumentam-nas cada vez mais, os que são despossuídos
delas são cada vez mais equilibristas na corda bamba da sobrevivência.
A acentuação da produção da massa de desempregados no Brasil
se dá na última década do século XX. Esses desempregados passam a ser
vistos como representantes da violência e da desordem, e, como resposta,
instala-se a repressão. Setores de vigilância, aparatos militares e o número
da população carcerária só têm aumentado nos últimos anos.
Precisamos ter em mente de forma clara que o que tem relação direta
com a criminalidade não é o pobre, mas sim a desigualdade. Quem promove
a desigualdade promove uma sociedade de perigos. Os que apoiam a exis-
tência de subcidadãos, de pessoas não empregáveis, são os promotores da
sociedade do caos, do medo.
A economia se tornou global, as fronteiras se romperam e com isso
novas condições abriram portas para um importante comércio: o do tráfi-
co internacional de drogas. O tráfico foi facilitado, sobretudo na América
Latina, e representa uma economia de porte internacional, tamanho os
valores que movimenta. Em entrevista a Rede de Repórteres Populares
(Renarjop) no ano de 2007, o deputado estadual pelo Partido Socialismo
e Liberdade (Psol) Marcelo Freixo comentou:
Clarice Ramiro
88
das para “áreas sensíveis”, bairros pobres e favelas, são criadas e difundidas
amplamente pelo mundo.
É impossível ter uma política de segurança pública justa em uma so-
ciedade injusta. O crescimento da pobreza, fruto da desigualdade social,
faz com que o crime organizado se reforce. Meninos e mais meninos serão
recrutados como soldados do tráfico, muitas das vezes este é o único norte
que lhes é oferecido. E o “Estado penal” (WACQUANT, 2001), estará a
disposição para usar de toda truculência no combate destes meninos tidos
com males sociais.
Em 10 anos, a população carcerária brasileira cresceu 150% (SALLES,
2009). Isto nada mais é do que uma mostra de quão subserviente é o Brasil
em relação às políticas de “segurança” norte-americanas. Estamos falan-
do, em ambos os casos, do aprisionamento, seja nas cadeias, seja no ser-
viço do varejo da droga, de homens jovens, pobres e negros, moradores de
guetos e favelas.
Uma análise importante que deve ser feita em relação ao tratamento
que os moradores de áreas pobres recebem por parte do Estado consiste
nos “autos de resistência”. O capitalismo atua na produção de subjetividades,
dentre elas, temos uma bastante utilizada em programas sensacionalistas, que
afirma “bandido bom é bandido morto!”. E os “autos de resistência” têm sido
usados como justificativa para que a polícia mantenha a sua prática de exe-
cuções sumárias, em especial na metrópole carioca. Segundo a polícia, confi-
gura auto de resistência o ato de matar um opositor em legítima defesa. Essa
tem sido uma eficiente ferramenta “legal” de extermínio dos pobres:
Clarice Ramiro
90
A CRIMINALIZAÇÃO DA POBREZA E O PAPEL DA MÍDIA
3
Ver, por exemplo, “Ação da polícia mata 19 no Complexo do Alemão”, 2007.
4
Banda: F.U.R.T.O. CD: Sangue Audiência (2005). Faixa: “Coisas tão simples”. Compositores:
Marcelo Yuka e Maurício Pacheco. Disponível em: http://www.vagalume.com.br/f-u-r-t-o/coisas-
tao-simples.html#ixzz2AOAyOTBS. Acesso em: 30 out. 2012.
Clarice Ramiro
92
dar o pano de fundo à ação (“MST DERRUBA PLANTAÇÃO DE LARANJA
COM AJUDA DE TRATOR”, 2009) é posicionar o cidadão de forma contrá-
ria às ações desse grupo. Assim, da mesma forma que se constrói um dis-
curso contra os sem-terra, constroem-se discursos contra as mulheres, contra
as manifestações culturais, contra os pobres etc.
A ferramenta da não discussão funciona como uma autodefesa da clas-
se dominante. Não há o menor interesse em analisar seriamente os processos
de opressão pelos quais passam os consumidores de suas informações, muito
menos levar os próprios consumidores a fazê-lo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Clarice Ramiro
94
MATTOS, Marcelo Badaró; MATTOS, Rômulo Costa. Fabricando o consenso
e sustentando a coerção: Estado e favelas no Rio de Janeiro contemporâneo.
História & Luta de Classes, Marechal Cândido Rondon (Paraná), v. 7, n. 11,
p. 7-13, maio 2011. Disponível em: http://site.projetoham.com.br/arquivos/
revistas/hlc11.pdf. Acesso em: 15 jul. 2013.
MST derruba plantação de laranja com ajuda de trator. Folha Online,
São Paulo, 6 out. 2009. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/
folha/videocasts/ult10038u634176.shtml. Acesso em: 15 jul. 2013.
POCHMANN, Márcio. Estudo traça o novo perfil do desemprego no Brasil.
Revista do Legislativo, Brasília, n. 26, p. 38-47, abr.-dez. 1999. Disponível
em: http://consulta.almg.gov.br/consulte/publicacoes_assembleia/periodicas/
revistas/arquivos/26.html Acesso em: 10 jun. 2013.
SALLES, Marcelo. Máquina mortífera. Caros Amigos, São Paulo, n. 151,
p. 28-31, out. 2009.
SILVA, Ângela Maria Abreu e. Criminalização da pobreza nas favelas do Rio
de Janeiro. In: DANTAS, André Vianna; SANTOS, Marco Antonio Carvalho
(org.). Iniciação científica na educação profissional em saúde: articulando tra-
balho, ciência e cultura. Rio de Janeiro: Escola Politécnica de Saúde Joaquim
Venâncio, 2012. V. 7, p. 79-102.
THOMPSON, Edward P. As peculiaridades dos ingleses e outros artigos.
São Paulo: Editora da Unicamp, 2001.
VENTURA, Zuenir. Cidade partida. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
VIANA, Nildo. A teoria da população em Marx. Fragmentos de Cultura,
Goiânia, v. 16, n. 11-12, p. 1.009-1.023, nov.-dez. 2006.
WACQUANT, Loïc. A penalização da miséria e o avanço do neoliberalismo.
In: SANTANA, Marco; RAMALHO, José Ricardo (org.). Além da fábrica: tra-
balhadores, sindicatos e a nova questão social. São Paulo: Boitempo, 2003.
p. 72-88.
*
Ex-aluna do Curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrado ao Ensino Médio,
com habilitação em Análises Clínicas (2009-2011). Atualmente cursa Farmácia na Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). No trabalho de construção de sua monografia de conclusão de cur-
so, contou com a orientação das professoras-pesquisadoras Filippina Chinelli (doutora em Educação)
e Ialê Falleiros Braga (doutora em Saúde Pública), ambas do Laboratório do Trabalho e da Educação
Profissional em Saúde (Lateps). Contato: cris.pellegrine@hotmail.com.
1
Parte dessa literatura é mencionada neste texto.
2
É importante ressaltar que após a década de 1950 houve diversos programas que visavam fomen-
tar o desenvolvimento capitalista no Brasil. Essa não foi uma particularidade do PND.
O PENSAMENTO ISEBIANO
3
Bens de capital é um conceito econômico que se refere à capacidade de produtos ou organismos tec-
nológicos produzirem progresso econômico. Sendo assim, são exemplos de bens de capital as máquinas,
as fábricas, os equipamentos técnicos, entre outros (COLISTETE, 2001).
4
Além de Raúl Prebisch e Celso Furtado, como já citado, Hélio Jaguaribe, Roland Corbisier,
Alberto Guerreiro Ramos, Nelson Werneck Sodré, Antonio Candido, Cândido Mendes, Ignácio
Rangel, Álvaro Vieira Pinto e Carlos Estevão Martins, entre outros, também fizeram parte do Iseb.
5
O Iseb dispunha de uma modesta verba, concedida pelo Ministério da Educação, com a qual dava
atendimento as suas principais necessidades: aluguel da sede, na rua das Palmeiras, em Botafogo; ho-
norários do diretor e salários de um pequeno número de funcionários; despesas correntes; e um fundo
para publicações. Os professores trabalhavam gratuitamente. Além das publicações, o Iseb promovia
cursos, conferências e outros eventos, que abordavam os problemas econômicos e sociais brasileiros,
fortalecendo assim uma corrente nacionalista que buscava defender projetos capitalistas nacionais, a fim
de alcançar o desenvolvimento e promover a melhoria da qualidade de vida da população, que nesse
período sofria com a precarização da saúde e com a insuficiência dos investimentos do Estado na in-
fraestrutura brasileira (JAGUARIBE, 2005).
6
Engenheiro nomeado por JK presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico (BNDE)
e também secretário-executivo do Conselho de Desenvolvimento, órgão que centralizou e adequou o
Plano de Metas. Juntamente com Roberto Campos dirigiu um grupo de economistas que defendia o de-
senvolvimento da economia e do processo de industrialização mediante o planejamento governamental
econômico. Além disso, foi também ministro da Fazenda em 1958. Ver: http://cpdoc.fgv.br/producao/
dossies/JK/biografias/lucas_lopes.
7
Diplomata promovido a ministro de segunda classe no início governo JK, passando posteriormente a
ministro de primeira classe. Foi nomeado presidente do BNDE quando Lucas Lopes tornou-se ministro.
Ver: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/JK/biografias/roberto_campos.
8
Em fevereiro de 1966 foi decretado o ato institucional nº 3, estabelecendo eleições indiretas para gover-
nador e para os municípios considerados de “segurança nacional”, incluindo todas as capitais. Em 1967,
mediante o ato institucional nº 4, foi promulgada uma nova Constituição. Nela mantinha-se o princípio
federativo e os princípios dos atos institucionais – eleições indiretas para presidente e governadores.
9
Economista brasileiro que presidiu o Ministério do Planejamento nos governos Médici e Geisel.
10
Engenheiro, economista e ministro da Fazenda durante o governo Geisel.
11
Ministro da Indústria e do Comércio no governo Geisel.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
* Ex-aluno do Curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrado ao Ensino Médio com
habilitação em Vigilância em Saúde (2009-2011). Atualmente cursa Administração na Universidade Fe-
deral do Rio de Janeiro (UFRJ). No trabalho de construção de sua monografia de conclusão de curso,
contou com a orientação dos professores-pesquisadores Gregório Galvão de Albuquerque (mestrando
em Educação), do Núcleo de Tecnologia Educacional em Saúde (Nuted), e Bianca Ramos Marins (douto-
ra em Vigilância Sanitária de Produtos), do Laboratório de Educação Profissional em Vigilância em Saúde
(Lavsa). Contato: cristopherdemattos@gmail.com.
1
O Laboratório de Educação Profissional em Vigilância em Saúde tem como missão a promoção
da educação dos técnicos dessa área através da coordenação de atividades de ensino, pesquisa,
desenvolvimento tecnológico e cooperação técnica. Seu objetivo é contribuir para a formulação de
políticas de educação profissional, propostas curriculares e tecnologias em educação para atender às
necessidades dos trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS).
A IMAGEM FOTOGRÁFICA
2
Aura no sentido de figura singular que é composta por aspectos espaciais e temporais.
3
Ver: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/programa_vigisolo.pdf.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
INTRODUÇÃO
*
Ex-aluna do Curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrado ao Ensino Médio,
com habilitação em Gerência em Saúde (2009-2011). No trabalho de construção de sua mono-
grafia de conclusão de curso, contou com a orientação do professor-pesquisador Marco Antônio
Carvalho Santos (doutor em Educação) do Laboratório de Formação Geral na Educação Profissional
em Saúde (Labform). Contato: goncalvesdayanna@gmail.com.
INFLUÊNCIAS
Modernismo
De 13 a 17 de fevereiro de 1922, aconteceu em São Paulo a
Semana de Arte Moderna, organizada por artistas como Mário de
Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Tarsila do Amaral
e Villa-Lobos. O evento foi aberto com uma palestra de Graça Aranha,
com posterior apresentação de músicas e exposição de pinturas e escul-
turas e deu projeção ao movimento modernista, que se dividiu em di-
versos grupos (WALDMAN, 2010).
Um dos grupos era o Pau-Brasil, surgido a partir do Manifesto da
Poesia Pau-Brasil lançado por Oswald de Andrade em 1924, no qual o es-
critor se coloca contra a poesia “de importação”, afirmando ser necessário
que a arte não fosse feita simplesmente por meio de técnicas, mas também
Concretismo
O concretismo se difundiu no Brasil em meados da década de 1950.
Sua poesia se caracteriza pela importância dada à forma, de modo que já
não há, necessariamente, a formação de versos. As palavras são organizadas
com o objetivo de formar um desenho, ou de obter um formato que, de algum
modo, relacione-se com o conteúdo escrito. Um exemplo desse aspecto
Bossa nova
No final da década de 1950, tornaram-se comuns os encontros no
apartamento de Nara Leão, em que ela recebia artistas como Carlos Lyra e
Roberto Menescal para ouvir e criar músicas. O grupo cresceu gradualmente,
incluindo nomes como João Gilberto, Ronaldo Bôscoli e os irmãos Mário,
Oscar, Iko e Léo Castro Neves. Aos poucos, formou-se o movimento da bos-
sa nova, que teria Tom Jobim e João Gilberto como principais expoentes e
Nara Leão como musa. Essa foi uma das primeiras expressões nacionais a
se definir como um movimento, em contraste com os ritmos anteriores, nos
quais havia grupos com aspectos comuns, mas não uma reunião em forma
de movimento musical.
As principais características da bossa nova são a forte influência do
jazz norte-americano, a abordagem de temas leves, traduzidos na expres-
são de Jobim e Mendonça “o amor, o sorriso e a flor”, e o uso do “canto-
falado”, contrastando-se com a grande valorização da voz característica
dos cantores da “Era do Rádio”. Essa menor preocupação com a impo-
sição da voz teria permitido maior liberdade e sofisticação na criação da
letra das músicas (MEDAGLIA, 1993, p. 72). A parte instrumental apresen-
tava também maior elaboração, como afirma o maestro Júlio Medaglia:
O MOVIMENTO TROPICALISTA
1
Apesar de ter sido apresentada em 1968 no Festival Internacional da Canção da TV Globo, a música só
foi lançada em disco em 2006, no CD de Caetano Veloso Cinema Olympia – raro e inédito (1967-1974).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS FONOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
*
O projeto de pesquisa que deu origem a este artigo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), sob o seguinte número de protocolo:
0016.0.408.000-11.b.
**
Ex-aluna do Curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrado ao Ensino Médio, com
habilitação em Gestão de Serviços de Saúde (2009-2011). Atualmente cursa Medicina na Universidade
Federal do Rio Janeiro (UFRJ). No trabalho de construção de sua monografia de conclusão de curso,
contou com a orientação das professoras-pesquisadoras Márcia Valéria Guimarães Cardoso Morosini
(mestre em Saúde Coletiva), do Laboratório de Trabalho e Educação Profissional em Saúde (Lateps), e
Ana Lúcia de Moura Pontes (doutora em Saúde Pública), do Laboratório de Educação Profissional em
Atenção à Saúde (Laborat). Contato: dianateva@gmail.com.
1
Inicialmente, o programa se chamava Programa Nacional de Agentes Comunitários de Saúde (Pnacs),
passando a ser chamado Pacs a partir de 1992.
O TRABALHO DO ACS
2
Essas equipes são compostas por médico generalista ou especialista em saúde da família ou
médico de família e comunidade, enfermeiro generalista ou especialista em saúde da família,
ou técnico de enfermagem e agentes comunitários de saúde. Cada equipe de Saúde da Família
deve ser responsável por, no máximo, 4 mil pessoas, sendo a média recomendada de 3 mil.
O número de ACSs deve ser suficiente para cobrir 100% da população cadastrada, com um
máximo de 750 pessoas por ACS e de 12 ACSs por equipe de Saúde da Família (BRASIL, 2012).
3
Tereza Ramos, ex-presidente da Conacs, defendeu em uma aula inaugural que proferiu na EPSJV,
em 2011, a necessidade de concurso público para os ACSs como forma de segurança, estabilidade e
desprecarização do trabalho realizado por esses sujeitos.
A FORMAÇÃO DO ACS
4
É válido ressaltar que a formação dos ACSs na EPSJV/Fiocruz tem o compromisso político com um pro-
jeto de sociedade e de saúde no qual os trabalhadores de nível médio, entre eles os ACSs, têm um papel
fundamental, como sujeitos políticos e técnicos, para a superação das contradições presentes no SUS.
5
Antigamente, no território de Manguinhos, havia empresas de grande produção, como a Coope-
rativa Central de Produtores de Leite (CCPL), que, ao longo dos anos, ou foram sendo compradas
por outras empresas, ou faliram. Com isso, as famílias passaram a ocupar os espaços que não eram
utilizados ou que estavam abandonados.
Formação
Quanto à categoria formação, os entrevistados destacaram que sua
formação se deu primeiramente mediante uma capacitação inicial, conhe-
cida como Introdutório, que se direcionava a um trabalho prático, como
o cadastramento de famílias, primeira atividade realizada pelos ACSs nas
comunidades. Percebe-se, além disso, a pouca atenção por parte do ser-
viço ao processo de inserção dos ACSs no exercício de suas atividades,
como é revelado na seguinte fala:
6
Os ACSs entrevistados nesta pesquisa participaram do Curso Introdutório, pois sua inserção na ESF
de Manguinhos é mais recente.
7
Na aula inaugural proferida por Tereza Ramos, presidente da Conacs de 2004 a 2009, no dia 31
de outubro de 2011, na EPSJV/Fiocruz, o subsecretário de Saúde do Município do Rio de Janeiro,
Daniel Soranz, compondo a mesa de abertura do evento, mencionou a equiparação do salário dos
ACSs que se formassem no Ctacs com o valor salarial dos técnicos, a partir de janeiro de 2012.
Eu não acho que seja muito [reconhecido]. Não tem aquela visão
de que cada um faz o seu pedaço para todo mundo ajudar. [...]
Não é que você seja importante, é que nós não somos os únicos,
não somos primordiais. [...] cada um tem a sua importância, nin-
guém é menor nem maior do que ninguém. (ACS 3)
[...] eles estão desprezando o trabalho do ACS. (ACS 1)
[...] o olhar do médico que trabalha em ESF é fundamental para
manter a equipe unida [...] Mas quando você não tem um mé-
dico que trabalha com esse olhar da saúde da família, todo
agente vai começar a perceber que não é reconhecido. Agora,
monetariamente, profissionalmente, na realidade, os ACSs vão
dizer basicamente o que eu vou te responder: não é reconhecido.
Por quê? Porque é uma gama muito grande de problemas e res-
ponsabilidades [...]. Então, você ganha pouco, você tem pouco
suporte, agora você até está tendo, porque o ESF está investin-
do, mas não é o suficiente. (ACS 2)
Acho que falta muito ainda. Aqui, não somos tão reconhecidos
como deveria. Vai levar muitas décadas para isso. (ACS 3)
“O agente de saúde aqui dentro é um cabide de emprego! Não
tem nenhuma importância!” Ele [o médico] chegou a falar isso na
frente deles. (ACS 1)
Vínculo
Na categoria vínculo, algumas questões já foram apresentadas
anteriormente, como a compreensão de que os ACSs, pelo fato de exercerem
atividades-fim e de, por isso mesmo, serem essenciais ao funcionamento
8
A emenda constitucional nº 51, entretanto, não discorre sobre o tipo de vínculo que esses profissionais
devem ter com o município (BRASIL, 2006a).
Não, porque até então tudo o que é direito nosso eles dão. Eles
dão tudo direitinho. Pelo menos até ontem, não sei a partir de
hoje... (ACS 3)
[...] a gente não tem um tempo para ser assistido por um profissio-
nal. [...] as condições precárias em que a gente trabalha na comu-
nidade, a violência... E se tem polícia, a gente tem que ir para área
de qualquer jeito. E se a polícia entra, está na área, a gente não
pode fazer nada. A gente deita no chão, ou então entra na casa
do morador [...], por que o médico não vai para a comunidade
quando tem polícia, só os agentes têm de ir [...]. Eles veem a polícia
e voltam... (ACS 1)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O NEOLIBERALISMO
*
Ex-aluno do Curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrado ao Ensino Médio
com habilitação em Vigilância em Saúde (2009-2011). No trabalho de construção de sua monogra-
fia de conclusão de curso, contou com a orientação do professor-pesquisador José Victor Regadas
Luiz (doutorando em Ciência Política), do Laboratório de Formação Geral na Educação Profissional
em Saúde (Labform). Contato: jrfla2009@hotmail.com.
1
Intervenção estatal na economia, complementando o mercado para garantir a eficiência geral
na economia; políticas sociais com o objetivo de se garantir um mínimo padrão de vida (seguro-
desemprego, assistência médica gratuita, salário mínimo). São baseadas no modelo econômico do
economista inglês John Maynard Keynes.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
* Ex-aluno do Curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrado ao Ensino Médio, com
habilitação em Vigilância em Saúde (2009-2011). No trabalho de construção de sua monografia de conclusão
de curso, contou com a orientação dos professores-pesquisadores Ray Luiza Soares Salgado Müller (mestre
em Educação Profissional em Saúde), do Laboratório de Formação Geral em Educação Profissional em
Saúde (Labform), e Danielle Ribeiro de Moraes (doutoranda em Saúde Pública), do Laboratório de Educação
Profissional em Atenção à Saúde (Laborat). Contato: gabriel.gasp@yahoo.com.br.
1
Estado no qual uma das pálpebras fica caída, cobrindo parte do olho.
2
Diminuição do número de plaquetas no sangue.
3
Quebra, destruição do tecido muscular.
4
Efeito tóxico para as células musculares.
5
Necrose muscular.
6
Receptores de neurotransmissores estimulados pela acetilcolina.
7
A barreira hematoencefálica é uma estrutura cerebral formada por células; ela garante a proteção
do sistema nervoso central, por meio da restrição da passagem de substâncias do corpo.
Fosfolipases A2
Fosfolipases são enzimas catalisadoras de hidrólises de glicerofos-
folipídeos; estão divididas em A1, A2, B, C e D, e são encontradas não
apenas no veneno de animais, mas também no pâncreas de mamíferos
(MOREIRA, 2010).
As fosfolipases A2 elapídicas apresentam grande similaridade com
as de mamíferos: possuem 120 aminoácidos e de 6 a 7 ligações dissulfeto,
L-aminoácido oxidases
São flavoenzimas8 que convertem os L-aminoácidos em cetoácidos,9
liberando peróxido de oxigênio e amônia. Grupo mais estudado nos ve-
nenos, responsável por sua coloração amarela (MOREIRA, 2010). In vitro,
essas toxinas apresentam diversos efeitos e reações bioquímicas: atividade
citotóxica, antitumoral, apoptótica, hemorrágica, inibição da agregação
plaquetária e antimicrobiana. Apesar de todos os efeitos, seu quadro de
envenenamento ainda é desconhecido (MOREIRA, 2010).
Peptídeos natriuréticos
Classe de peptídeos estruturada em anéis e composta por 17 aminoá-
cidos e uma ligação dissulfeto conservada. Atuam sobre a pressão arterial e
8
Enzimas que possuem como cofator um derivado de um nucleotídeo da riboflavina.
9
Moléculas orgânicas que contêm um grupo funcional carbonila e ácido carboxílico.
Snacles
Eram chamadas de lectinas do tipo C. São proteínas que não apre-
sentam atividade enzimática, homodimétricas ou heterodimétricas, com
cadeias de aminoácidos alfa e beta, relacionadas estruturalmente, e pos-
suem ligações dissulfeto.
Existem dois tipos de lectinas. As lectinas do tipo C (CTL, do inglês
C-type lectin) ligam-se a carboidratos quando ocorre a presença de Ca2+,
iniciando um grande número de processos, como os de adesão, aglutinação,
endocitose, neutralização do patógeno e agregação de plaquetas (MOREIRA,
2010). O outro tipo de lectina ocorre quando as primeiras perdem a capaci-
dade de se ligarem aos carboidratos, tornando-se lectinas do tipo CLRP (do
inglês C-type lectin-related protein), mantendo características estruturais com
as do primeiro tipo. Esse último grupo promove atividade anticoagulante
e agregação plaquetária, por se ligar com o receptor de membrana das pla-
quetas (MOREIRA, 2010).
As CLT causam uma atividade anticoagulante por se ligarem com a
trombina ou com os fatores IX e X da cascata de coagulação. Já as CLRP
induzem a agregação de plaquetas, produzindo um efeito coagulante, pelo
fato de se ligarem ao receptor de membrana das plaquetas (MOREIRA, 2010).
Waprinas
Waprinas (WAP, do inglês whey acid protein) são estruturadas por cer-
ca de cinquenta aminoácidos, com oito resíduos de cisteínas10 conservados,
que formam quatro ligações dissulfeto. As waprinas constituem um grupo
com diferentes ações biológicas por causa das mudanças em cada tipo de
waprina das regiões entre as cisteínas. Dentre as suas ações, podemos citar
10
Aminoácido que compõe as proteínas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
* *
Gabriela Fernandes Flauzino Santos
INTRODUÇÃO
*
O projeto de pesquisa que deu origem a este artigo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da EPSJV, sob o seguinte número de protocolo: 0031.0.408.000-10.
**
Ex-aluna do Curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrado ao Ensino Médio com
habilitação em Vigilância em Saúde (2008-2010). Atualmente cursa Nutrição na Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ). No trabalho de construção de sua monografia de conclusão de curso, contou
com a orientação das professoras-pesquisadoras Marta Gomes da Fonseca Ribeiro (mestre em Ciências
Pedagógicas) e Bianca Ramos Marins (doutora em Vigilância Sanitária de Produtos), ambas do Labora-
tório de Educação Profissional em Vigilância em Saúde (Lavsa). Contato: gabiflauzino@yahoo.com.br.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
Este artigo faz uma análise sobre os desfiles das escolas de sam-
ba do Rio de Janeiro, utilizando como objeto de estudo as agremiações
que integram o Grupo Especial.1 Identifica a cadeia produtiva atrelada ao
evento e discute a maneira como as relações de trabalho e as tradições
se encontram em meio à atual conjuntura da festa. Sinaliza a apropriação
desses valores culturais a favor de uma lógica comercial e identifica tal
fenômeno como o processo de mercantilização do Carnaval.
O trabalho se deu pela leitura crítica da produção acadêmica a
respeito do tema e por uma investigação prática, por meio de entrevis-
tas com trabalhadores das escolas de samba. Para realizar as discussões
propostas, faz um resgate histórico do Carnaval, enfocando o início do
desenvolvimento dos desfiles carnavalescos e identificando marcos para
o processo de mercantilização. Além disso, apresenta os relatos dos tra-
*
O projeto de pesquisa que deu origem a este artigo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
EPSJV, sob o seguinte número de protocolo: 0050.0.408.000-11.
**
Ex-aluno do Curso Técnico de Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrada ao
Ensino Médio, com habilitação em Gerência em Saúde, da Escola Politécnica de Saúde Joaquim
Venâncio (2009-2011). Atualmente, cursa Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ). No trabalho de construção de sua monografia de conclusão de curso,
contou com a orientação da professora-pesquisadora Muza Clara Chaves Velasques, do Labo-
ratório de Trabalho e Educação Profissional em Saúde (Lateps) da EPSJV/FIOCRUZ. Contato:
guilhermestevao@ufrj.br.
1
Principal grupo de disputa entre agremiações do Carnaval do Rio de Janeiro.
2
Período de quarenta dias, do ano litúrgico, celebrado por igrejas cristãs, que sucede ao Carnaval
e antecede a Páscoa.
3
Deusa da mitologia egípcia, que simboliza a fertilidade e a maternidade.
4
Deus romano, cultuado pelos gregos com o nome de Dionísio. Divindade do vinho e dos excessos.
5
Antiga celebração carnavalesca, de origem europeia, que tinha como configuração principal o
lançamento de líquidos e pós nos participantes.
6
Agremiações carnavalescas que possuíam adesão da elite e da grande imprensa e realizavam os
principais desfiles carnavalescos até o início do século XX.
7
Organizações carnavalescas que desfilavam pelas ruas com bumbos, zabumbas e tambores.
O PROCESSO DE MERCANTILIZAÇÃO
8
Conceito presente na obra, originalmente publicada em 1976, O queijo e os vermes: o cotidiano e
as ideias de um moleiro perseguido pela Inquisição, de Carlo Ginzburg, historiador italiano.
9
Nascido em 1926, Fernando Pamplona é carnavalesco, cenógrafo e professor da Escola de Belas
Artes. Um grande expoente do Carnaval carioca, promoveu uma revolução estética e na abordagem
dos enredos das agremiações, desfilando temas nunca antes visto, como enredos afro-brasileiros.
Assinou trabalhos no Salgueiro e Em Cima da Hora.
10
Arlindo Rodrigues (1931-1987) foi cenógrafo, figurinista e carnavalesco. Quando trabalhava no
Teatro Municipal do Rio de Janeiro, foi convidado por Fernando Pamplona para fazer os figurinos
da Acadêmicos do Salgueiro em 1960 e tornou-se carnavalesco, fazendo trabalhos em outras agre-
miações, como Mocidade Independente, Vila Isabel, Imperatriz Leopoldinense e União da Ilha do
Governador, e vencendo oito vezes.
11
Ou jogo do bicho, um jogo de apostas ilegal, criado no fim do século XIX, no qual o participante
aposta em um número que tem um animal de referência.
12
Empresário e contraventor do jogo do bicho, assumiu a presidência da Beija-Flor de Nilópolis em
1976 e promoveu uma mudança radical nos padrões de desfile da agremiação e, consequentemente,
no Carnaval carioca.
13
Nascido em 1933 e falecido em 2011, Joãosinho Trinta foi um dos principais nomes do Carnaval
brasileiro, sendo o maior vencedor, até os dias atuais, dos desfiles das escolas de samba e revolu-
cionando o padrão estético das agremiações.
14
Escola de teoria social interdisciplinar formada por diversos pensadores que tinham como fim realizar
uma leitura crítica dos conceitos marxistas, uma vez que visualizavam as correntes de pensadores que
seguiam os conceitos de Karl Marx como meros perpetuadores de teorias.
15
Escritor, pesquisador e carnavalesco. Nasceu em 1925 e faleceu em 1980. Foi um dos fundadores
da Imperatriz Leopoldinense e presidente da Associação das Escolas de Samba do Rio de Janeiro
a partir de 1968.
19
Dados apresentados no seminário “Carnaval – que festa é essa?”, organizado pelo jornalista
Aydano André Motta, no dia 20 de setembro de 2011, e realizado no Centro Cultural Banco do
Brasil, do Rio de Janeiro.
20
Como forma de minimizar o afastamento das classes pobres dos desfiles, a Liesa destina as ar-
quibancadas dos setores 1, 12 e 13 para essa camada da população, oferecendo ingressos bem
mais baratos. No entanto, esses locais são os piores do Sambódromo, pois se localizam onde ocorre
a armação dos desfiles (setor 1) e após as cabines de julgamento (setores 12 e 13). Sendo assim,
os espectadores não conseguem ver o desfile totalmente montado ou no momento de avaliação.
Outro fato que mostra esse distanciamento é a construção do setor conhecido como “0800”, que
são arquibancadas de ferro montadas às margens do canal do Mangue, para que os “populares’’
observem a “armação” das escolas ainda na concentração.
Que saudade
Da praça Onze e dos grandes carnavais
Antigo reduto de bambas
Onde todos curtiam o verdadeiro samba.
(E o samba sambou,
de Helinho 107, Mais Velho, Chocolate e Nino, 1990)
21
O enredo “Goytacazes...Tupi or not Tupi, in a South American Way!”, criado pela Imperatriz
Leopoldinense em 2002, deveria, a princípio, apresentar a história de Campos dos Goytacazes,
tendo, para isso, recebido um patrocínio de 1,8 milhões de reais, segundo o jornal O Globo, de 15
de janeiro de 2002. Entretanto, a carnavalesca da agremiação, Rosa Magalhães, utilizou a cidade
como forma de estabelecer uma articulação entre a prática antropofágica dos índios goitacases com
o indianismo do romantismo e o antropofagismo do modernismo brasileiro. Com isso, conseguiu
transformar um tema meramente turístico em um enredo de profunda relevância cultural. Porém, tal
modo de desenvolvimento do enredo não agradou o patrocinador, que ameaçou entrar com uma
ação judicial contra a agremiação para reaver os recursos.
22
Foram realizas oito entrevistas, sendo quatro entrevistados profissionais de planejamento e con-
cepção do desfile – dois carnavalescos, um diretor artístico e um diretor de harmonia; três profis-
sionais de materialização do projeto de Carnaval – um escultor, um chefe de empreiteira e uma
costureira; e um profissional da administração da agremiação responsável por gerir a organização
das jornadas de trabalho, a contratação de profissionais e o pagamento dos salários.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
*
O projeto de pesquisa que deu origem a este artigo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da EPSJV, sob o seguinte número de protocolo: 0043.0.408.000-11.b.
**
Ex-aluna do Curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrado ao Ensino Médio,
com habilitação em Vigilância em Saúde (2009-2011). Atualmente cursa Serviço Social na Univer-
sidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). No trabalho de construção de sua monografia
de conclusão de curso, contou com a orientação da professora-pesquisadora Jeanine Bogaerts
(mestranda em Música), do Laboratório de Formação Geral na Educação Profissional em Saúde
(Labform). Contato: isabelpcristina@hotmail.com.
1
Decibéis (dB): unidade de medida que serve para definir uma escala de intensidade sonora.
2
O implante coclear é uma intervenção cirúrgica feita em deficientes auditivos neurossensoriais, cujo
problema auditivo está relacionado com as células que captam o som. Próteses computadorizadas subs-
tituem a função da cóclea, órgão que capta os estímulos sonoros (HAGUIARA-CERVELLINI, 2003).
Deficiência auditiva
É possível captar uma
suave ou perda suave de 26 a 40 dB
conversa normal.
audição
3
De L’Epée, um abade francês da segunda metade do século XVIII, tornou-se um importante per-
sonagem na história da educação de surdos: foi o primeiro a observar e estudar os poucos gestos
que os surdos faziam para se comunicar entre si e, com isso, desenvolveu um método pedagógico
baseado na comunicação por meio de sinais (CÂMARA, 2012).
4
Período do governo da rainha Vitória I, na Inglaterra, de 1837 a 1901. Esse período é considerado
importante na história inglesa pelo grande desenvolvimento industrial e conquistas imperialistas,
mas é marcado também pela implantação de rígidos valores morais e opressão daqueles que os
criticassem.
De que valia, indagava-se, o uso dos sinais sem a fala? Isso não
restringiria os surdos, na vida cotidiana, ao relacionamento com
outros surdos? Não se deveria, em vez disso, ensiná-los a falar (e
ler os lábios), permitindo a eles plena integração com a população
em geral? A comunicação por sinais não deveria ser proibida, para
não interferir na fala?
Mas existe o outro lado da discussão. Se o ensino da fala é árduo
e ocupa dezenas de horas por semana, suas vantagens não se-
riam contrabalanceadas por aquelas milhares de horas retiradas da
educação geral? O resultado não acabaria sendo um analfabeto
funcional que, na melhor das hipóteses, disporia de uma pobre
imitação da fala? O que é “melhor”, integração ou educação? Se-
ria possível os dois, combinando a fala e a língua dos sinais? Ou
qualquer tentativa de uma combinação assim faria emergir não o
melhor, mas o pior de ambos os mundos? (SACKS, 1998, p. 34)
A MÚSICA E O SURDO
Nesse sentido, a música tem sido tratada como um meio e não como
um fim. Não estamos explorando com isso toda a gama de benefícios que a
música pode proporcionar. Não queremos desvalorizar a utilização da mú-
sica no método oralista, mas não podemos limitar o seu uso apenas a essa
forma de trabalho. Não é só o fator ouvir que está em pauta. A música é
sensibilidade. E essa sensibilidade não está apenas associada à capacidade
auditiva do indivíduo. Todos nós podemos perceber a música de diversas
maneiras. Quem nunca sentiu no peito a batida grave de alguma música?
Até as mais baixas frequências de sons audíveis, em torno dos 20 hertz,5 são
facilmente percebidas pelo tato (SCHAFER, 2001). E quando se trata da sur-
dez, encontramos indivíduos que potencializam tanto a visão quanto o tato
por conta de sua perda auditiva, aumentando a percepção das vibrações,
habilidade que os ouvintes não desenvolveriam tanto por terem uma audi-
ção melhor (SÁ, 2008).
5
Unidade de medida de frequência das ondas sonoras, equivalente a ciclos por segundo.
PESQUISA DE CAMPO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
*
Ex-aluno do Curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrado ao Ensino Médio, com
habilitação em Análises Clínicas (2008-2011). Atualmente cursa História da Arte na Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ). No trabalho de construção de sua monografia de conclusão de curso, contou
com a orientação do professor-pesquisador Felipe Gonçalves Pinto (mestre em Filosofia pelo Programa
de Pós-graduação em Filosofia da UFRJ), do Laboratório de Formação Geral na Educação Profissional
em Saúde (Labform – EPSJV/Fiocruz). Contato: joaopaulo_rsantos@hotmail.com.
[...] liberdade que cada homem possui de usar seu próprio poder,
da maneira que quiser, para a preservação de sua própria natu-
reza, ou seja, a vida; e consequentemente de fazer tudo aquilo
que seu próprio julgamento e razão lhe indiquem como meios
adequados a esse fim. (HOBBES, 1979, p. 78)
Adão não tinha, seja por direito natural de paternidade ou por doa-
ção positiva de Deus, autoridade de qualquer natureza ou domínio
sobre o mundo, [...] se os tivesse, nenhum direito a eles, contudo,
teriam seus herdeiros. (LOCKE, 1991, p. 215)
DO DIREITO NATURAL
Assim, ele defende que, havendo conflito entre as leis, as não escri-
tas devem ser seguidas, mas reforça que o direito positivo não invalida o
natural, ocupando o espaço deixado pela lei comum, regendo e regula-
mentando as ações que, de acordo com o direito natural. São indiferentes
e não obrigatórias.
Tomás de Aquino, na Idade Média, vai apropriar-se da concepção
aristotélica de direito natural sob um ponto de vista cristão, onde a lei
natural advém de uma ideia teológica do universo. Esse direito natural
viria, portanto, de Deus, que teria determinado as leis fundamentais, as
quais os homens devem seguir. Porém o homem, por ter livre-arbítrio,
poderia violá-las, o que não significaria a invalidação de tais leis, que
continuariam em vigor, sendo transmitidas aos homens direta ou indire-
tamente. A lei natural estaria então ligada aos Dez Mandamentos e se
sobreporia aos costumes e à tradição, que, caso fossem contrários à lei
natural, seriam considerados falsos.
Para Aristóteles, o direito natural se aplica na esfera das ações
moralmente necessárias e o positivo na das moralmente indiferentes,
funcionando assim como uma extensão ou desdobramento do primeiro.
Para Tomás de Aquino, todas as esferas também estão sujeitas à lei natural
como em Aristóteles, mas ele introduz o argumento teológico. Uma vez que
a lei natural é determinada por Deus, a lei humana ou positiva nada mais
seria que o desdobramento da lei divina em uma situação concreta, ou
seja, uma verdade já implícita no conceito mais amplo do direito natural.
Para Tomás de Aquino, a lei natural passaria para a lei humana de
duas maneiras:
1 - per conclusionem, ou seja, com base num princípio natural os ho-
mens deduziriam logicamente a lei, funcionando como um silogismo.
Sendo assim, não parece que Hobbes inove em sua categorização dos
direitos natural e positivo. O primeiro é aquele transmitido por Deus aos ho-
Pode-se dizer que a teoria jusnaturalista tem seu ápice com Locke, que
estabelece as bases do Estado liberal moderno a partir do direito natural. Para
1
Líder militar inglês, Cromwell se torna chefe de Estado em 1653, ao dissolver o Parlamento. Sob o seu
governo, a Inglaterra se tornou uma grande potência, com apoio do exército e da burguesia puritana.
2
A redação definitiva dos Dois tratados sobre o governo civil será feita logo após sua volta à
Inglaterra em 1689. Em 1690 suas obras mais importantes são publicadas quase simultanea-
mente: o Ensaio sobre a inteligência humana e os Dois tratados sobre o governo civil, ambos
lançados anonimamente. Até o fim de sua vida, Locke não reconheceria a autoria. Apenas o
Ensaio filosófico sobre o entendimento humano é publicado em seu nome.
DA PROPRIEDADE
[...] não é sem razão que (o homem) procura de boa vontade juntar-
se em sociedade com outros que estão já unidos, ou pretendem
unir-se, para a mútua conservação da vida, da liberdade e dos
bens a que chamo de “propriedade”. (LOCKE, 1991, p. 264)
[...] uma vez que o homem não tem poder sobre a própria vida,
não tem autoridade, por pacto ou consentimento, de escravizar-se
a quem quer que seja, nem se colocar sob o poder arbitrário ab-
soluto de outrem, que lhe tome a vida a seu bel-prazer. Ninguém
pode dar mais poder do que possui; e quem não pode tirar de si
a própria vida não pode conceder a outrem qualquer poder sobre
ela. (LOCKE, 1991, p. 225)
Sendo assim, um homem, não tendo poder sobre sua própria vida –
o qual Locke confere a Deus –, não pode transferir esse poder ou ainda,
se tornar cativo ou ser subjugado por outro. Dessa forma, seu trabalho e,
consequentemente, a propriedade derivada desse, são direitos garantidos
a esse homem.
Já foi apresentada a resolução para o problema do limite da
propriedade, mas apenas referente ao trabalho livre, assalariado ou
alienado. E quanto ao trabalho escravo? Locke apresenta uma possível
solução para esse dilema. Se um homem comete um crime de forma que a
punição seja a perda do seu direito à vida, o prejudicado que passa a possuir
o poder sobre ela, pode demorar em executar seu direito, de forma a usá-la
em seu benefício.
Se pois, por ato culposo que mereça a morte, tiver perdido o direito
à vida, aquele a quem a entregou pode, quando o tem cativo, de-
morar em tomá-la, empregando-o a seu próprio serviço, sem com
isso causar-lhe dano. (LOCKE, 1991, p. 225)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
*
O projeto de pesquisa que deu origem a este artigo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da EPSJV, sob o seguinte número de protocolo: 0042.0.408.000-11.
**
Ex-aluno do Curso de Educação Profissional Técnico de Nível Médio Integrado ao Ensino
Médio, com habilitação em Gestão em Serviços de Saúde (2009-2011). Atualmente cursa
Ciências Econômicas na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e atua como bolsista
na Coordenadoria de Cooperação Social da Presidência da Fiocruz. No trabalho de construção
de sua monografia de conclusão de curso, contou com a orientação do professor-pesquisador
André Campos Búrigo (mestre em Educação Profissional em Saúde), do Laboratório de Educação
Profissional em Vigilância em Saúde (Lavsa), da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio
(EPSJV/Fiocruz). Contato: jorgecsilva@fiocruz.br.
1
O diclorodifeniltricloroetano (DDT) foi o precursor dos organoclorados. É um potente inseticida que
teve sua retirada do mercado brasileiro em três etapas: em 1985, quando sua autorização foi cance-
lada para uso agrícola, e em 1998, quando foi proibido para uso em campanhas de saúde pública.
Finalmente, em 2009, teve seu banimento definitivo: por meio da lei nº 11.936/2009, foram proibidas
a fabricação, a importação, a exportação, a manutenção em estoque, a comercialização e o uso de
DDT no país (AUGUSTO et al., 2012).
2
Sistemas abertos são aqui entendidos como sistemas que estabelecem alguma relação de troca/
intercâmbio com elementos externos. Já os sistemas fechados são aqueles nos quais esse tipo de
troca não ocorre, como em experiências laboratoriais, nas quais se torna possível isolar/controlar
as variáveis envolvidas.
3
Em 2001, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) iniciou o Programa de Análise de
Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para), cujo objetivo é “monitorar continuamente os níveis
de resíduos de agrotóxicos nos alimentos que chegam à mesa do consumidor e adotar medidas de
controle” (BRASIL, 2009).
4
Os dois sistemas de notificação mais importantes no Brasil são o Sistema Nacional de Informações
Tóxico Farmacológicas (Sinitox), gerenciado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e o Sistema de
Informação de Agravos de Notificação (Sinan), gerenciado pelo Ministério da Saúde. Mais recentemente,
foi criado o Sistema de Notificações em Vigilância Sanitária (Notivisa), gerenciado pela Anvisa, que pre-
tende compilar dados bastante abrangentes envolvendo casos de intoxicação, mas que ainda não está
operando plenamente. Existe ainda a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), da Previdência So-
cial, gerida pelo INSS. Além dessas, outras fontes oficiais de registros de intoxicações por agrotóxicos são
o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), o Sistema de Internação Hospitalar (SIH) e o Sistema de
Informação da Atenção Básica (Siab), os três geridos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) por intermédio
da vigilância epidemiológica e das equipes de internação dos hospitais. Embora existam vários sistemas
oficiais que podem registrar intoxicações por agrotóxicos, eles não estão integrados e nenhum deles o faz
de maneira realmente abrangente. Na prática, somente os casos agudos e mais graves são registrados,
e mesmo para os casos agudos o sub-registro é muito grande (LONDRES, 2011).
5
Commodities são gêneros agrícolas, produzidos em larga escala e comercializados em nível mun-
dial. Além disso, também se caracterizam por não terem passado por processo industrial, ou seja,
em geral são matérias-primas.
8
A designação do Ibama como responsável pela fiscalização dos campos experimentais de transgê-
nicos foi definida através da liminar nº 10329-01 (VIGNA, 2001).
9
Presente em 46 países, a Monsanto tornou-se líder mundial dos transgênicos, mas também uma das
empresas mais controversas da história industrial com produtos como o PCB (piraleno), herbicidas de-
vastadores (como o agente laranja, utilizado durante a Guerra do Vietnã) ou o hormônio do crescimento
bovino (proibido na Europa) (LONDRES, 2011).
12
Estados e municípios apenas realizariam testes para fiscalizar se as características físico-químicas
dos produtos eram equivalentes às registradas pela empresa para obtenção da licença de venda do
produto (TERRA, 2008).
13
Exemplos de aplicações específicas do Funagri são o Fundo para Desenvolvimento da Pecuária
(Fundepe), o Fundo para Desenvolvimento Agrícola (Fundag) e o Fundo para Desenvolvimento do
Álcool Combustível (ProÁlcool) (TERRA, 2008).
14
A decadência do volume total do crédito rural é decorrente de dois fatores: introdução, em
1976, da política econômica que buscava corrigir os desequilíbrios fiscais das contas públicas; e
elevação da inflação, que estimulou o investimento em poupança em detrimento dos depósitos à
vista. Ante esse cenário, o SNCR teve seus dois grandes credores subtraídos: o Estado e os depó-
sitos à vista no sistema financeiro nacional (TERRA, 2008).
15
A lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006, define agricultura familiar com base nos seguintes critérios:
a área do estabelecimento não pode exceder 4 módulos fiscais, a mão de obra deve ser predominan-
temente da própria família, a renda deve ser originada predominantemente nas atividades da proprie-
dade e o estabelecimento tem de ser dirigido pela própria família.
16
Plano elaborado e executado durante o governo do presidente Juscelino Kubitschek e que tinha
como objetivo promover a industrialização nacional.
17
Plano que visava conter a escalada inflacionária e equilibrar as contas públicas.
18
Empreendimento conjunto, uma associação de empresas, que pode ser definitiva ou não, com fins
lucrativos, para explorar determinado(s) negócio(s), sem a perda efetiva da personalidade jurídica
de nenhuma delas.
19
Uma grande quantidade de soja transgênica foi contrabandeada da Argentina para o Brasil, atra-
vés de sua fronteira com o Rio Grande do Sul (GUERREIRO, 2002).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
20
Expressão que designa o processo de modernização da agricultura nacional, feito sem que a estru-
tura da propriedade rural fosse alterada, o que gerou uma série de efeitos: a propriedade tornou-se
mais concentrada, as disparidades de renda aumentaram, o êxodo rural acentuou-se, a taxa de explo-
ração da força de trabalho nas atividades agrícolas aumentou, a taxa de autoexploração da força de
trabalho nas propriedades menores cresceu e piorou a qualidade de vida da população trabalhadora
do campo (PALMEIRA, 1989).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
*
O projeto de pesquisa que deu origem a este artigo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da EPSJV, sob o seguinte número de protocolo: 0035.0.408.000-10.
**
Ex-aluna do Curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrado ao Ensino Médio,
com habilitação em Vigilância em Saúde (2008-2010). Atualmente cursa Medicina Veterinária na
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). No trabalho de construção de sua mono-
grafia de conclusão de curso, contou com a orientação da professora-pesquisadora Nina Isabel
Soalheiro dos Santos Prata (doutora em Saúde Pública), do Laboratório de Educação Profissional em
Atenção à Saúde (Laborat). Contato: jujunascimento2@gmail.com.
AUTISMO INFANTIL
1
Flacidez muscular.
EQUOTERAPIA
2
Parte do corpo do cavalo onde se unem as espáduas.
3
Área entre o boleto do cavalo e a coroa do casco.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
*
Ex-aluna do Curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrado ao Ensino Médio,
com habilitação em Vigilância em Saúde (2009-2011). Atualmente cursa Psicologia na Universidade
Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e atua em uma organização não governamental no Complexo
da Maré. No trabalho de construção de sua monografia de conclusão de curso, contou com a
orientação do professor-pesquisador Paulo Henrique Barbosa de Andrade (mestre em Educação),
do Laboratório de Formação Geral na Educação Profissional em Saúde (Labform). Contato:
laisoliveirarj93@gmail.com.
O Rio de Janeiro precisava tornar-se uma nova capital. Por essa razão,
era primordial haver uma reformulação estrutural de toda a área central, a
fim de que a cidade se transformasse em um espaço moderno e civilizatório,
e consequentemente, um local de bem-estar e modelo urbanístico para di-
versas outras cidades atrasadas estruturalmente.
Em 30 de dezembro de 1902, Francisco Pereira Passos é diretamen-
te nomeado, pelo então presidente Rodrigues Alves, prefeito do Distrito
Federal, no período 1902 a 1906. O novo prefeito encontrava uma cidade
com fortes características coloniais que, pela insalubridade, era campo
fértil para inúmeras epidemias que atacavam toda a população, dentre as
quais a febre amarela, a varíola, a malária e a tuberculose. Tal situação
decorria, principalmente, do movimento portuário da cidade e da aguda
crise de moradias por que passava, pois a maior parte de sua população
vivia nos superlotados “cortiços”. Além disso, toda essa situação era agra-
vada pela falta de abastecimento de água e a inexistência de uma rede de
esgotos eficiente (VÉRAS, 1999).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
*
Ex-aluna do Curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrado ao Ensino Mé-
dio, com habilitação em Análises Clínicas (2009-2011). Atualmente cursa Ciências Biológicas na
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). No trabalho de construção de sua monografia de
conclusão de curso, contou com a orientação da professora-pesquisadora Etelcia Moraes Molinaro
(mestre em Biologia Animal), do Laboratório de Educação Profissional em Técnicas Laboratoriais em
Saúde (Latec). Contato: maylessis@gmail.com.
1
Refere-se à visão ou ideologia pela qual o homem serve-se para compreender a realidade.
2
Protágoras de Platão: diálogo entre Protágoras e Sócrates, registrado por Platão.
3
Divisão em partes de uma planta ou de um animal morto.
Estudos de aspectos relevantes da criação de primatas não humanos usados na pesquisa científica
453
medicina ocidental moderna, tenha realizado estudos comparativos entre
a anatomia dos órgãos de animais e humanos doentes (GREIF e TRÉZ,
2000). Também Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.) realizou estudos anatô-
micos em animais, dissecando mais de cinquenta espécies e sendo por isso
considerado o pai da anatomia comparada (PAIXÃO, 2001).
As primeiras práticas de dissecação animal realizadas em público
com objetivos didáticos são atribuídas a Herófilo (335 a.C.-280 a.C.),
estudioso grego que, ao lado Erasístrato (310 a.C.-250 a.C.), fundou a
Escola de Alexandria. Já as primeiras práticas vivisseccionistas4 com fins
experimentais são atribuídas a Erasístrato, porém a primeira vivissecção
pública foi realizada por Galeno (129-199 d.C.), em Roma, para o estudo
de alterações fisiológicas, sendo que ele se utilizou de porcos, macacos e
outros animais (GREIF e TRÉZ, 2000).
Entre os séculos XV e XVII, cientistas realizavam práticas vivisseccio-
nistas. René Descartes (1596-1650), pai da filosofia moderna, considerava
a experimentação animal como a base para o conhecimento do organismo
humano, eliminando a necessidade da utilização de criminosos, prática repu-
diável. Através da física mecânica, a natureza era compreendida como uma
série harmônica de engrenagens, e os animais, encarados como máquinas
complexas, porém incapazes de expressar características associadas aos hu-
manos, como alma e inteligência (NAVARRO, 2007). É uma expressão do
pensamento cartesiano5 que concebe a ideia de automatização animal, que
desconsidera a capacidade consciente dos animais e que passou a ser hege-
mônico e tornou a experimentação animal o principal elemento nas pesquisas
científicas a partir do século XVIII e por todo o século XIX.
Pesquisadores como François Magendie (1783-1855), Claude Bernard
(1813-1878) e Louis Pasteur (1827-1895) contribuíram para a validação da
experimentação em animais como método científico indispensável, desen-
volvendo suas pesquisas pela busca das bases fisiopatológicas das doenças
dentro da lógica cartesiana: o organismo como máquina a ser desvendado
(LIMA, 2008). As elucidações desses pesquisadores, que exaltavam a impor-
4
Vivissecção diz respeito à qualquer operação feita em animal vivo, com o objetivo de realizar es-
tudo ou experimentação.
5
Cartesiano refere-se à corrente filosófica fundada por René Descartes.
6
Senciência é a capacidade de sofrer ou sentir prazer (SINGER, 2002).
Estudos de aspectos relevantes da criação de primatas não humanos usados na pesquisa científica
455
A corrente dos movimentos antivivisseccionistas dividiu-se principalmente
em abolicionistas ou reducionistas, de argumentação científica ou ética. Os
abolicionistas incluem em seu repertório a dessensibilização dos cientistas,
a aplicabilidade dos resultados dos experimentos em animais devido às
diferenças anatômicas, metabólicas, genéticas e psíquicas, diferenças nos fatores
sociais, ambientais, dietéticos e psicológicos que afetam os seres humanos.
Os reducionistas não são contrários à experimentação animal, mas se
preocupam com a promoção do bem-estar animal e o respeito ao conceito
dos 3 R’s (GREIF e TRÉZ, 2000).
Com a crescente pressão dos movimentos antivivisseccionistas contra
a utilização dos animais na pesquisa biomédica, foram estabelecidas legis-
lações e comissões de ética para a validação dos modelos animais usados
em experimentações nas pesquisas científicas, avaliando se as propostas são
“ética e cientificamente justificadas”. Atualmente, a utilização de animais está
associada à pesquisa científica, à testagem de produtos nas indústrias quí-
mica, cosmética e armamentista e à educação (FEIJÓ, 2005).
Nos dias de hoje, as instituições de ensino e pesquisa possuem
comissões de ética para avaliar projetos de pesquisa que envolvam a ex-
perimentação animal (LIMA, 2008). A primeira comissão de que se tem
registro foi criada em 1907, na Universidade de Harvard, nos Estados
Unidos, a fim de solucionar um problema de escassez de animais, e não
uma questão de ordem ética (MOLINARO, 2009).
Para prevenir o uso indevido de animais na experimentação, as ins-
tituições de ensino e pesquisa no Brasil contam hoje com suas próprias
comissões de ética no uso de animais (CEUAs), formadas por cientis-
tas que não podem apresentar nenhum tipo de vínculo com os projetos
de pesquisas avaliados, membros não cientistas da sociedade civil e
representantes de organizações protecionistas. As comissões têm como
dever garantir o bem-estar animal durante e após a manipulação,
seu atendimento veterinário e a inspeção dos biotérios7 e salas de
experimentação (MOLINARO, 2009).
7
Locais onde são criados ou mantidos os animais destinados a fins científicos.
8
Primatas não humanos, também chamados infra-humanos: termologia referente a todos os mamí-
feros da ordem Primates, com exceção do homem (LUCA et al., 1996).
Estudos de aspectos relevantes da criação de primatas não humanos usados na pesquisa científica
457
Os platirrinos possuem o septo nasal largo, o polegar não comple-
tamente oponível 9 e têm porte menor, havendo um grupo de espécies que
possuem a cauda preênsil.10 São exclusivamente arborícolas, habitando ter-
renos florestados (ANDRADE, PINTO e OLIVEIRA, 2002). Muitos cientistas
os classificam em duas famílias, Callitrichidae e Cebidae (LUCA et al., 1996),
contudo Groves (2001), em sua recente revisão sobre a ordem Primates, di-
vide os primatas do Novo Mundo nas famílias: Cebidae (Callitrichidae sendo
reagrupada dentro dessa família, como a subfamília Callitrichinae), Atelidae,
Aotidae e Pithecidae (WILSON e REEDER, 2005).
Os catarrinos apresentam dois pré-molares e dentes cúspides11 transver-
sais, maior porte, polegar oponível, cauda muitas vezes longa ou ausente e lo-
comoção quadrupal.12 Dividem-se nas famílias Cercopithecidae, Hylobatidae
e Hominidae (Pongo, Gorilla, Pan e Homo) (GROVES, 2001).
Principais espécies
A expansão do uso de primatas não humanos em pesquisas está
relacionada diretamente com o aumento do número de espécies utiliza-
das, o que só foi possível graças às melhorias nos métodos de aquisição e
manutenção desses animais, com a obtenção de resultados mais seguros
(ANDRADE, 2010).
Assim como as pesquisas realizadas em outros modelos experimentais
animais, os estudos que utilizam primatas não humanos precisam de licen-
ciamento prévio concedido por comissões de ética. A legislação nacional
brasileira determina que só podem ser utilizados espécimes nascidos em
cativeiro, fora de perigo populacional (Lei de Crimes Ambientais ou Lei da
9
Polegar oponível é aquele cuja última falange possui a capacidade de se dobrar e de opor-se,
facilitando a utilização de instrumentos.
10
Cauda preênsil refere-se à capacidade de se agarrar a outras estruturas, como galhos de árvores etc.
11
Cuja ponta é formada na extremidade de atrito com outros dentes.
12
Refere-se à locomoção dos animais “quadrúpedes”, pertencentes à superclasse Tetrapoda, que
se apoiam nos quatro membros, em oposição aos bípedes, animais que se apoiam em apenas
dois membros.
Estudos de aspectos relevantes da criação de primatas não humanos usados na pesquisa científica
459
Os macacos Rhesus (Macaca mulatta) são originários da Índia e de ou-
tros países do sudeste asiático. Têm grande importância na área de pesquisas
direcionadas a doenças infecciosas e metabólicas, constituindo peças-chave
nas pesquisas do fator sanguíneo Rh, em estudos de neurofisiologia e em
pesquisas referentes a agentes infecciosos relacionados à doença humana,
como o vírus da imunodeficiência símia (SIV), influenza, doença de Chagas,
leishmaniose e tuberculose (ANDRADE, 2010).
Os macacos cynomolgus (Macaca fascicularis) são provenientes da
Malásia, Indonésia, Filipinas e Índia. São utilizados como modelos experi-
mentais para doenças infecciosas como dengue, sarampo, tuberculose e
febre amarela (ANDRADE, 2010).
Os micos-de-cheiro (Saimiri sp.) são os primatas neotropicais provenien-
tes da região amazônica mais comumente utilizados nas pesquisas biomédicas
(ANDRADE, 2010), principalmente por suas características físicas: porte pe-
queno e fácil manejo. Estão envolvidos nas pesquisas de arteriosclerose huma-
na, malária, reprodução, genética, etologia, estudos neurológicos relacionados
à farmacologia e toxicologia (LUCA et al., 1996).
O gênero Aotus é utilizado em pesquisas relacionadas às doenças
infecciosas, principalmente por ser suscetível à malária humana, ao traco-
ma ocular infeccioso e a vários tipos de herpesvírus (LUCA et al., 1996).
Os macacos do gênero Cebus formam um grupo de primatas não
humanos muito bem adaptados à vida em cativeiro, sendo bastante inteli-
gentes, mas de difícil manejo. São utilizados para estudos nas áreas de far-
macologia e toxicologia, além de pesquisas envolvendo Herpesvirus hominis
tipo 2 e estudos sobre arteriosclerose e sobre o ácido úrico no sangue e na
urina (LUCA et al., 1996).
13
Ilha aterrada na década de 1980 pelo Projeto Rio, do governo federal, para a urbanização do
Complexo da Maré, na cidade do Rio de Janeiro.
14
Criação em áreas abertas cercadas, como ilhas naturais ou artificiais, sem que haja quebra do meio,
e com provisão de alimentos e água (ANDRADE, PINTO e OLIVEIRA, 2002).
15
O sistema de haréns consiste na criação de animais poligâmicos em grupo, em alojamentos co-
letivos, adotando-se o sistema de múltiplos machos ou de um único animal reprodutor (ANDRADE,
PINTO e OLIVEIRA, 2002).
16
As espécies Saimiri sciureus e S. ustus foram adquiridas em resgates científicos em hidrelétricas
brasileiras na região amazônica, e também alguns exemplares foram doados pelo Instituto Pasteur
da Guiana Francesa (MOLINARO, 2008).
Estudos de aspectos relevantes da criação de primatas não humanos usados na pesquisa científica
461
origem, em 1979, ao Centro de Primatologia do Rio de Janeiro, ligado à
Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema) do Rio de
Janeiro (ANDRADE, 2010).
O Centro Nacional de Primatas encontra-se atualmente entre os dez
maiores centros primatológicos do mundo (ANDRADE, 2010). O Cenp tem
por missão criar e reproduzir, em condições controladas, primatas não hu-
manos, visando ao apoio às instituições biomédicas, dentro dos princípios
éticos e de bem-estar animal, e assegurar a preservação de espécies amea-
çadas de extinção. A instituição conta com primatas não humanos originá-
rios da região amazônica e da Mata Atlântica e com uma espécie exótica
oriunda do continente africano (ANDRADE, 2010) (quadro 2).
Estudos de aspectos relevantes da criação de primatas não humanos usados na pesquisa científica
463
Quadro 3. Espécies mantidas em cativeiro pelo Centro de
Primatologia do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro/RJ, Brasil).
17
Grupos que se constituem por famílias com um casal e seus filhotes (MOLINARO, 2008).
18
Grupos no qual o macho dominante, reprodutor ou alfa possui status para dominar o grupo de
fêmeas no acasalamento (MOLINARO, 2008).
Estudos de aspectos relevantes da criação de primatas não humanos usados na pesquisa científica
465
noturnos ou diurnos e alimentação onívora ou vegetariana (MOLINARO,
2008).
O alojamento dos primatas deve fornecer espaço suficiente para
que reproduzam seus hábitos normais de comportamento e locomoção,
conservem boa saúde e tenham bem-estar psicológico, em um ambiente
complexo e estimulante (ANDRADE, 2010). Os recintos devem ser
identificados com símbolo de risco biológico, ter controle de umidade,
ventilação e iluminação, e contar com tratamento de efluentes e com barreiras
que impeçam a entrada de animais exóticos e/ou vetores, sendo, por isso,
construídos em ambientes isolados, a fim de minimizar os riscos biológicos
aos trabalhadores e à comunidade, além de assegurar a qualidade sanitária
dos animais (MOLINARO, 2008).
Dependendo da necessidade do status sanitário, os primatas de
laboratório podem ser alojados em gaiolas coletivas de reprodução,
visto que o recinto individual pode ocasionar situações de estresse e
depressão nesses animais (ANDRADE, 2010), por serem animais de in-
tenso convívio social, apresentando relações localizadas em diferentes
níveis hierárquicos entre os indivíduos. A criação em grupo é realizada
em sistema de harém, na proporção de 1 macho para 3 a 12 fêmeas,
obedecendo aos padrões da espécie estudada (ANDRADE, PINTO e
OLIVEIRA, 2002), considerando somente os indivíduos de uma mesma
espécie, socialmente compatíveis entre si (MOLINARO, 2008).
As gaiolas coletivas de reprodução devem ser construídas em locais
abertos, respeitando os critérios já devidamente mencionados, sendo confec-
cionadas com materiais resistentes, de fácil higienização (de preferência em
aço inoxidável), possibilitando contenção física dos animais e tendo a resis-
tência necessária aos solavancos dos animais e às intempéries, a fim de evitar
fugas. Para isso, as entradas e saídas devem ser protegidas por portas duplas,
com sistema de travamento. É também necessária a criação de áreas con-
tíguas para o isolamento de indivíduos do restante do grupo, tanto para
descanso e privacidade quanto para facilitação da contenção individual
por parte dos trabalhadores (MOLINARO, 2008).
Estudos de aspectos relevantes da criação de primatas não humanos usados na pesquisa científica
467
posição de materiais e equipamentos apropriados, tais como puçás, gaiolas
de contenção ou transporte, ganchos, garfos de contenção e luvas de couro,
entre outros, considerando o tamanho e a espécie do primata no procedimen-
to (MOLINARO, 2008; ANDRADE, 2010).
As gaiolas individuais devem oferecer um sistema de contenção, com
parede móvel que desliza por corrediças dentadas, puxadas pelas alças e
fixadas pelas catracas. Após a contenção física do animal, ele poderá ser
manuseado de acordo com o protocolo experimental, recomendando-se a
utilização de imobilizantes químicos (MOLINARO, 2008).
Nas gaiolas coletivas, recomenda-se a utilização de, no mínimo,
uma dupla de trabalhadores para a contenção animal por puçá, que é fei-
ta por um dos trabalhadores, enquanto a vigilância dos demais animais é
realizada pelo outro trabalhador. O puçá deve ser adequado ao tamanho
e peso da espécie em questão. O animal é então direcionado, dentro do
mesmo recinto, a uma gaiola individual, de transporte ou contenção. Tais
gaiolas são confeccionadas da mesma forma que as de manutenção in-
dividual, com a diferença de serem mais leves e adequadas ao transporte
por carrinhos, com mecanismos de travamento da porta e apoio no carri-
nho (ANDRADE, 2010; MOLINARO, 2008).
Outro ponto de fundamental importância é o corpo técnico respon-
sável pela contenção dos animais, que deve ser qualificado, receber trei-
namento adequado e supervisão de profissionais mais experientes, realizar
exames de saúde rotineiramente e trabalhar com equipamentos de prote-
ção adequados (MOLINARO, 2008).
19
Organização social diz respeito aos graus existentes nas relações dos indivíduos de um grupo
(ANDRADE, 2010).
Estudos de aspectos relevantes da criação de primatas não humanos usados na pesquisa científica
469
no cuidado da mãe com o filhote, e nas interações dele com outros
filhotes e com os demais membros do grupo. Tal situação foi observa-
da muitas vezes nas mães em relação aos seus filhotes. Os mais novos
encontravam-se agarrados a elas, sendo as mães responsáveis por sua
alimentação, transporte e proteção. À medida que crescem e aprendem
certos comportamentos necessários à vida coletiva, os filhotes passam a
ajudar os pais no cuidado dos filhotes mais novos (MOLINARO, 2008),
havendo a permanência de filhotes mais velhos na companhia das mães
junto com os filhotes mais novos.
A permanência de fêmeas mais jovens junto de fêmeas mais velhas,
como foi observado nas visitas, também é importante para a aprendiza-
gem dos cuidados necessários à maternidade e à manutenção dos filhotes,
evitando-se os casos de rejeição de filhotes e sendo fator de alta relevância
na sobrevivência deles e na perpetuação do grupo (MOLINARO, 2001).
A convivência do símio com seus coespecíficos é fundamental para
a criação e a manutenção de indivíduos saudáveis, sendo essencial para o
desenvolvimento normal dos filhotes (LUCA et al., 1996). A fim de melhor
propiciar condições de bem-estar fisiológico e psicológico, as condições
de cativeiro devem simular as condições físicas e de organização social do
ambiente natural da espécie.
Outro fator muito importante relacionado à melhoria dos métodos
de criação de símios em cativeiro diz respeito à correta alimentação, que
atenda às exigências nutricionais da espécie, para a obtenção de resultados
experimentais seguros sustentados pela boa saúde dos animais (ANDRADE,
2010). Além dos requerimentos nutricionais, que variam de acordo com
o estágio no ciclo de vida – como crescimento, gestação e manutenção,
(�������������������������������������������������������������������
ANDRADE������������������������������������������������������������
, PINTO e OLIVEIRA, 2002) –, deve-se atentar para o melhora-
mento da dieta, com alimentos que fazem parte das preferências alimentares
de vida livre, melhorando o bem-estar dos animais.
Considera-se, pois, necessária a formulação de uma dieta balanceada
por meio da mistura de vários alimentos para a obtenção de um produto nutri-
cionalmente adequado (ANDRADE, PINTO e OLIVEIRA, 2002), mas que tam-
bém considere a palatabilidade e o estado fisiológico do animal (ANDRADE,
20
Diz respeito à quantidade necessária de alimento para suprir às exigências nutricionais da espécie
por um período de 24 horas (ANDRADE, 2010).
Estudos de aspectos relevantes da criação de primatas não humanos usados na pesquisa científica
471
macacos jovens, rapidamente recolhem seus alimentos e deixam a área.
Outra possibilidade para garantir o acesso a uma quantidade suficiente
de alimentos é o uso da bolsa gutural. Da parte dos técnicos responsá-
veis pela oferta dos alimentos, é fundamental o oferecimento em quan-
tidade suficiente para todo o grupo, dividindo-os por toda a área do
recinto (ANDRADE, 2010).
Os parâmetros de bem-estar animal, os quais, de acordo com a
literatura, podem ser expressos nas condições do estado de saúde dos
animais, no sucesso reprodutivo, na apresentação de comportamen-
tos típicos da espécie e na diversidade de comportamentos individuais
(ANDRADE, 2010), constituem atualmente o princípio norteador na
criação de animais, fazendo parte da questão ambiental de conserva-
ção e proteção de espécies primatas, muitas delas em estado próximo
à extinção, fragilizadas pela degradação ambiental.
CONCLUSÃO
Estudos de aspectos relevantes da criação de primatas não humanos usados na pesquisa científica
473
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Estudos de aspectos relevantes da criação de primatas não humanos usados na pesquisa científica
475
MOLINARO, Etelcia Moraes. Criação, manejo e experimentação de prima-
tas não humanos. In: MAJEROWICZ, Joel (org.). Biossegurança em biotérios.
Rio de Janeiro: Interciência, 2008.
______. Ética no uso de animais na experimentação. In: COSTA, Marco
Antonio F. da; COSTA, Maria de Fátima Barrozo. Biossegurança geral para
cursos técnicos da área de saúde. Rio de Janeiro: Publit, 2009.
______; CAPUTO, Luzia Fátima; AMENDOEIRA, Maria Regina (org.). Con-
ceitos e métodos para formação de profissionais em laboratórios de saúde.
Rio de Janeiro: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio–Instituto
Oswaldo Cruz, 2009. V. 1.
NATIONAL CENTER FOR RESEARCH RESOURCES. NATIONAL PRIMATE
RESEARCH CENTERS. Primate Resources for Researchers. Washington (D.C.),
April 2013. Disponível em: http://dpcpsi.nih.gov/orip/cm/primate_resources_
researchers.aspx#centers. Acesso em: 9 out. 2013.
NATIONAL PRIMATE RESEARCH CENTER. Primate Info Net. Madison
(Wisconsin), 2011. Disponível em: http://pin.primate.wisc.edu/idp/idp/org/
cen. Acesso em: 9 out. 2013.
NAVARRO, Marli B. M. de Albuquerque. A construção dos valores do mun-
do animal. In: CARDOSO, Thelma (org.). A ciência entre bichos e grilos: re-
flexões e ações da biossegurança com animais. São Paulo: Hucitec, 2007.
V. 1, p. 17-42.
NEW ENGLAND PRIMATE RESEARCH CENTER. Primate Resources.
Cambridge (Massachusetts), [s.d.]. Disponível em: http://www.hms.
harvard.edu/NEPRC/resources.html. Acesso em: 9 out. 2013.
PAIXÃO, Rita Leal. Bioética e bem-estar animal: um encontro necessário.
Revista do Conselho Federal de Medicina Veterinária, Brasília, v. 7, n. 23,
p. 20-26, 2001.
RIO DE JANEIRO. INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE (INEA). Centro de
Primatologia do Rio de janeiro. Rio de Janeiro, [s.d.]. Disponível em: http://
www.inea.rj.gov.br/fma/centro-primatologia.asp. Acesso em: 9 out. 2013.
Estudos de aspectos relevantes da criação de primatas não humanos usados na pesquisa científica
477
SERTÃO BRASILEIRO:
PARA PROGREDIR E EDUCAR
É PRECISO SANEAR
INTRODUÇÃO
*
Ex-aluna do Curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrado ao Ensino Médio
com habilitação em Vigilância em Saúde (2009-2011). No trabalho de construção de sua monogra-
fia de conclusão de curso, contou com a orientação do professor-pesquisador José Roberto Franco
Reis (doutor em História Social do Trabalho), do Laboratório de Formação Geral na Educação Pro-
fissional em Saúde (Labform). Contato: monica.santosds@hotmail.com.
PROGRESSO BRASILEIRO:
QUESTÕES DE SAÚDE, NAÇÃO E RAÇA
1
Norte e Nordeste do Brasil.
2
Analogia a uma das frases mais conhecidas da época, dita por Miguel Pereira em seu discurso na
Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1916: “O Brasil é um imenso hospital”.
3
A política do café com leite foi uma política de revezamento do poder nacional, que teve lugar
durante a Primeira República, entre presidentes civis fortemente influenciados pelos interesses do
setor agrário dos estados de São Paulo (mais poderoso economicamente devido à produção de
café) e Minas Gerais (maior polo eleitoral do país da época e produtor de leite). Revezavam-se no
poder representantes do Partido Republicano Paulista (PRP) e do Partido Republicano Mineiro (PRM),
os quais controlavam as eleições e gozavam do apoio da elite agrária de outros estados do Brasil.
4
A construção dessas linhas férreas ia da região Norte, passando pelo Nordeste e alcançando o
estado de Goiás.
5
Estavam em Lassance, lugarejo do norte de Minas Gerais, por exigência da Estrada de Ferro
Central do Brasil.
7
A fotografia foi um recurso bastante utilizado pelas “missões civilizatórias”. Era um meio de registrar
aquela realidade, causando, pela imagem, grande impacto.
8
A perspectiva dos sanitaristas era de que o federalismo, característica da política brasileira no período,
punha limites à intervenção do poder central no âmbito estadual e municipal, afetando as possibilidades
de uma atuação mais efetiva (interventora e centralizada) do governo federal na saúde pública.
9
A gripe espanhola (ou gripe de 1918), causada pelo recém-descoberto vírus influenza, foi consi-
derada pandêmica, uma vez que atingiu quase todo o mundo, após a Primeira Guerra Mundial. No
Brasil, ela fez milhares de vítimas, e isso também alertou o governo brasileiro sobre a necessidade de
adoção de políticas de saúde para combater e controlar doenças que atingiam todo o país.
10
Os contos de Urupês, publicado em 1918 e que contém essas passagens, inicialmente foram publi-
cados em O Estado de S. Paulo em 1914.
11
Termo com que Monteiro Lobato designa o Jeca Tatu.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
12
É importante ressaltar que o estado de São Paulo era uma exceção, pois o governo estadual,
separadamente, promovera mudanças no setor da saúde, garantindo esse direito à população local.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
*
O projeto de pesquisa que deu origem a este artigo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da EPSJV, sob o seguinte número de protocolo: 0025.0.0408.000-11.
**
Ex-aluna do Curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrado ao Ensino Médio,
com habilitação em Análises Clínicas (2009-2011). Atualmente cursa Farmácia na Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). No trabalho de construção de sua monografia de conclusão de
curso, contou com a orientação dos professores-pesquisadores Flávia Coelho Ribeiro (doutora em
Ciências), do Laboratório de Educação Profissional em Técnicas Laboratoriais de Saúde (Latec), e
Paulo Roberto Soares Stephens (mestre em Ciências-Microbiologia), do Laboratório de Imunologia
Clínica do Instituto Oswaldo Cruz (IOC)/Fiocruz. Contato: raquelpnunes@hotmail.com.
ganho de peso
diminuição da altura
Nível antropométrico incremento de gordura corporal
diminuição da massa muscular
diminuição da densidade óssea
perda de 10 a 20% da massa muscular
diminuição na habilidade para manter
força estática
maior índice de fadiga muscular
diminuição do tamanho e número de
fibras musculares
Nível muscular diminuição dos estoques de ATP,
creatina-fosfato, glicogênio e proteína
mitocondrial
diminuição de enzimas glicolíticas e
oxidativas
diminuição da capacidade de
regeneração
diminuição do número e tamanho dos
neurônios
Nível neural menor velocidade de movimento dos
neurônios
diminuição do fluxo sanguíneo cerebral
diminuição da capacidade vital
Nível pulmonar menor mobilidade da
parede torácica
Ewers, Rizzo
e Kalil Filho,
2008
Fígado: síntese de proteí- Peres, Nardi
IL-6 Aumento
nas de fase aguda e Chies,
2003
Mota et al.,
2009
Linfócitos: maturação e Mota et al.,
IL-7 Inibição
desenvolvimento 2009
Autoimunidade na imunossenescência
Na autoimunidade, pode ocorrer uma falha nos mecanismos de
controle do sistema imune no que diz respeito à sua propriedade de to-
lerância a componentes próprios do organismo, levando a uma resposta
imunológica contra esses componentes e também à criação de autoanti-
corpos naturais (MALAFAIA, 2008).
A progressiva ativação de macrófagos e células relacionadas
parece ser a principal consequência da exposição crônica a antíge-
nos, porém a contínua mudança antigênica seria a responsável pelo
progressivo estado pró-inflamatório existente na imunossenescência. A
indução e a manutenção de tolerância antígeno específica pelo sis-
tema imune é, desse modo, primordial para a prevenção de doenças
autoimunes, bem como na proteção contra microrganismos, levando à
manutenção do equilíbrio imune. Tal tolerância é mediada, por exem-
plo, pela ação das células dendríticas, que realizam o reconhecimento
1
Anticorpos dirigidos contra outros anticorpos, que têm sua produção aumentada em indivíduos
idosos e modulada por linfócitos T periféricos, os quais possuem longa sobrevida (SILVA e SILVA,
2005).
4
Indivíduos que não realizam prática regular de exercícios físicos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABBAS, Abdul K.; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia celular
e molecular. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Estatuto do idoso. 1. ed., 2. reimpr. Brasília:
Ministério da Saúde, 2003.
CARVALHO, José Alberto Magno de; GARCIA, Ricardo Alexandrino. O en-
velhecimento da população brasileira: um enfoque demográfico. Cadernos
de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, p. 725-733, maio-jun. 2003.
CHEIK, Nádia C. et al. Efeitos do exercício físico e da atividade física na de-
pressão e na ansiedade em indivíduos idosos. Revista Brasileira de Ciência e
Movimento, Brasília, v. 11, n. 3, p. 45-52, 2003.
*
Ex-aluna do Curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrado ao Ensino Médio, com
habilitação em Vigilância em Saúde (2009-2011). Atualmente cursa História na Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ) e Letras na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). No trabalho
de construção de sua monografia de conclusão de curso, contou com a orientação das professoras-
pesquisadoras Gladys Miyashiro Miyashiro (mestre em Saúde Pública), do Laboratório de Educação
Profissional em Vigilância em Saúde (Lavsa), e Jeanine Bogaerts (mestre em Música), do Laboratório de
Formação Geral na Educação Profissional em Saúde (Labform). Contato: steffilema@gmail.com.
1
Tradução de partes da música citada: Venham todos vocês, grandes homens!/ Tio Sam precisa de sua
ajuda novamente/ Ele se encontra numa situação ruim [...] Então solte seus livros e pegue uma arma/ Nós
vamos nos divertir muito/ E é um! Dois! Três!/ Pelo que estamos lutando? / Não me pergunte, eu não me
importo/ A próxima parada é o Vietnã/ [...] Não é hora de se perguntar por que/ Todos nós vamos morrer/
Vamos lá, Wall Street, não demore/ [...] Há muito do bom dinheiro para ser feito/ [...] Vamos confiar e rezar
para que, caso eles soltem a bomba,/ Eles a soltem sobre o vietcongue/ Vamos lá, generais, mexam-se
rápido/ [...] Agora vocês podem sair e pegar aqueles vermelhos/ Porque comunista bom é comunista
morto/ E você sabe que a paz só pode ser conquistada/ Quando nós tivermos explodido todos eles/ Em
nome do reino que está por vir/ Vamos lá, mães de toda parte da terra!/ Levem seus garotos para fora do
Vietnã/ Vamos lá, pais, não hesitem!/ Enviem seus filhos para fora antes que seja tarde/ E vocês podem ser
os primeiros em seu quarteirão/ A ter seu menino de volta em casa dentro de uma caixa.
O SURGIMENTO DO PUNK
2
Denominação dada ao conjunto dos integrantes da banda Sex Pistols, como se cada rapaz que
formava a banda fosse um “sex pistol”.
Esconder?
Esconder o quê?
Esconder-se de quem?
Não nos escondemos.
Nos mostramos.
Demonstramos.
Aqui estamos!
Taqui a tatuagem
Que adora a minha pele,
O metal do cinto e da pulseira.
Um patch, e outro, e mais outro,
Minhas calças estão cheias deles.
Não me escondo, me mostro.
Pra quem quer ou não quer ver.
Você não quer? Não? Sabe por quê?
Eu te faço lembrar da sua apatia.
Eu te incomodo... ótimo!
Durante os anos 1960 e 1970, o rock era repleto das rock stars,
celebridades ligadas à música que eram contratadas pelas gran-
des gravadoras, elas levavam uma vida extremamente luxuosa,
CONSIDERAÇÕES FINAIS
(O telefone toca)
- Oi, tudo bem?
- Tudo bem... fora o tédio que me consome todas as 24 horas do
dia, fora a decepção de ontem, a decepção de hoje e a desespe-
rança crônica no amanhã. Tenho vontade de chorar, raiva de não
poder. Quero gritar até ficar rouco! Quero gritar até ficar louco!
Isso sem contar com a ânsia de vômito, reação a tal pergunta
idiota. Fora tudo isso, tudo bem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
*
Ex-aluna do Curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrado ao Ensino Médio,
com habilitação em Vigilância em Saúde (2009-2011). Atualmente cursa Bacharelado em Dança na
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). No trabalho de construção de sua monografia de conclusão
de curso, contou com a orientação dos professores-pesquisadores Flávio Henrique Marcolino da Paixão
(mestre em Biologia Parasitária), do Laboratório de Educação Profissional em Técnicas Laboratoriais de
Saúde (Latec) e Kelly Pereira de Carvalho (mestre em Linguística Aplicada), do Laboratório de Formação
Geral na Educação Profissional em Saúde (Labform). Contato: taisalmeida.t@gmail.com.
1
Ideologia que se tornou o carro-chefe da mídia nas produções dos Estados Unidos. Tinha por
objetivo construir a imagem de uma terra de oportunidades de trabalho, de consumo de diversos
produtos e de ascensão social.
2
Na Europa medieval, o gietto (de onde se originou a palavra gueto) era usado para se referir a áreas
específicas onde os judeus foram confinados e obrigados a viver. Inicialmente, esses locais foram vendidos
para o povo judeu como um privilégio, isto é, um ambiente onde poderiam administrar e controlar
seus próprios estabelecimentos. Contudo, em 1516, os giettos venezianos passaram a ser locais de
enclausuramento social. Isso porque, por meio de uma ordem direta do Estado, foi obrigatório o
realojamento dos judeus em uma ilha isolada e cercada por muros (apelidada de gietto nuevo), com a
justificativa de que se estaria tentando “proteger seus habitantes cristãos do contato contaminador com
corpos considerados sujos e perigosamente sensuais” (WACQUANT, 2008, p. 79).
3
Segundo Bottomore: “O imperialismo refere-se ao processo de acumulação capitalista em escala
mundial na fase do capitalismo monopolista e a teoria do imperialismo é a investigação da acumu-
lação no contexto de um mercado mundial criado por essa acumulação. A teoria tem três elementos:
1) a análise da acumulação capitalista, 2) a periodização do capitalismo em fases ou estágios e 3) a
localização do fenômeno no contexto da divisão política do mundo em países” (2001, p. 187).
4
A Klu Klux Klan é um grupo racista norte-americano que se baseia na supremacia da raça
branca e que anda encapuzado com máscaras brancas, perseguindo os negros nos Estados
Unidos. Surgiu em 1865 no sul desse país e ataca os negros por acreditar que são “preguiçosos,
inconstantes e economicamente incapazes e, por natureza, destinados à escravidão” (SILVA
JÚNIOR, s.d.).
7
Conhecidas como assinaturas.
HIP-HOP À BRASILEIRA
8
Miami bass, ou som de Miami, é um estilo musical derivado do electro conhecido por suas batidas
aceleradas e conteúdo sexual nas letras.
9
Beat box (caixa de batida) consiste na imitação dos sons reproduzidos pelas caixas de hip-hop por
meio apenas da percussão vocal e nasal.
10
Conhecidas também como grupos ou organizações.
11
Comunidade da Zona Oeste do Rio de Janeiro.
12
Ver: http://www.redecontraviolencia.org/Casos/1990/213.html.
13
Gíria que se refere aos jovens brancos de classe média que explicitam uma vida luxuosa por meio
de roupas, joias e automóveis.
14
CDD é a sigla do bairro Cidade de Deus.
15
Recipiente de tinta usado para fazer os grafites.
16
Segundo Gonçalves (1997, p. 69), esse termo foi criado pelo antropólogo Luiz Eduardo Soares.
17
Na cidade do Rio de Janeiro, existem grupos criminosos armados que agem e controlam as co-
munidades da cidade. Esses grupos, conhecidos como facções, disputam territórios de periferias da
cidade para venda de drogas e armas.
18
Nascido e criado nas periferias da Zona Norte do Rio de Janeiro, Gas-PA se envolve com a cultura
hip-hop desde os seus primeiros sinais no Brasil, e, assim, ainda nos anos 1980 se transforma em um MC.
19
Luck atua no hip-hop há 27 anos e fundou o GBCR há 7 anos. Luck saiu da Baixada Fluminense
para a Rocinha para melhor direcionar o grupo.
20
As batalhas no hip-hop são disputas de dança entre os dançarinos. Podem ocorrer individualmente,
em duplas, trios ou grupos. Normalmente, têm um jurado que avalia qual dançarino fez a melhor
performance na música apresentada. Ver documentário Sou Rocinha Hip-Hop, de Cavi Borges e Miila
Derzet (2004).
21
Uma das principais instituições que utilizam o funk como um movimento social cultural no Rio de
Janeiro é a Associação Parceiros e Amigos do Funk (Apafunk).
22
A Groove Party é uma festa idealizada por dois dançarinos e um DJ da cultura hip-hop. É uma
festa que normalmente acontece todo mês, em locais diferentes do Rio de Janeiro, e que tem por
objetivo difundir as danças da cultura hip-hop. No seu material de divulgação, são citados ritmos
como breakbeat, soul, funk americano, hip-hop, house e funk carioca.
23
Entende-se como passo social aqueles movimentos que surgem em meio às festas, que geralmente
têm nomes específicos e populares, e que são repetidos por grandes grupos de pessoas nas festas.
24
Ver http://cufasinop.blogspot.com.br/2010_06_01_archive.html. Acesso em: 13 nov. 2013.
25
Ver http://cufasinop.blogspot.com.br/2010_06_01_archive.html. Acesso em: 13 nov. 2013.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
*
Ex-aluna do Curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrado ao Ensino Mé-
dio com habilitação em Análises Clínicas (2009-2011). Atualmente cursa Ciências Biológicas na
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). No trabalho de construção de sua monografia de
conclusão de curso, contou com a orientação do professor-pesquisador José Victor Regadas Luiz
(doutorando em Ciência Política), do Laboratório de Formação Geral na Educação Profissional em
Saúde (Labform). Contato: talita_de_andrade@hotmail.com.
1
Nas palavras de Roland Barthes, “só podemos manejar uma fala quando a destacamos na língua;
mas, por outro lado, a língua só é possível a partir da fala [...] trata-se realmente, portanto, de uma
verdadeira dialética” (2006, p. 19).
HELENOS E BÁRBAROS
2
Do grego, natureza ou essência. Conceitualmente, um princípio intrínseco a cada coisa em específico
que a destinaria a determinado fim ou forma, mantendo a identidade dela mesmo que de forma dinâ-
mica, preservando, portanto, a sua unidade e estabilidade em ordem com o universo como um todo.
4
A influência desses fatores também explicaria o desenvolvimento social ocidental e oriental por Marx,
por meio da teoria do modo asiático de produção, aparentemente influenciada por duas espécies de
eurocentrismo. Na primeira, adere-se a uma interpretação evolucionista da história, de acordo com
uma descrição ortodoxa de continuação: escravismo, feudalismo, capitalismo e socialismo, sucessiva-
mente. Na segunda, pode-se chegar à defesa de uma visão dualista do desenvolvimento histórico, na
qual haveria o desenvolvimento ocidental dinâmico, privilegiado em relação ao oriental, estacionário
(BORTOLUCI, 2008, p. 187). Porém, em ambos, o embasamento para essas formulações seria co-
mum: a ausência de classes entre o déspota e as aldeias e a não apropriação da terra impossibilitariam
o surgimento do capitalismo, que derivaria de uma mudança a partir do sistema feudal, com a “acumu-
lação primitiva de capital”. Sendo assim, segundo essa interpretação marxista, as forças produtivas das
sociedades asiáticas não poderiam evoluir, permanecendo imóveis. O próprio Marx, no entanto, faria
uma revisão dessa tese nos seus últimos anos de vida, como fica claro em sua correspondência com
a socialista russa Vera Zasulich, de março de 1881, quando explica que aquela sequência histórica
valia apenas para a Europa Ocidental. Para a Rússia, pelo menos, haveria outra “possibilidade teóri-
ca”. “Na Rússia, graças a uma combinação única de circunstâncias, a comunidade rural, que ainda
existe em escala nacional, pode desfazer-se gradualmente de seus aspectos primitivos e desenvolver-se
diretamente como elemento de produção coletiva nacional. É precisamente por causa de sua contem-
poraneidade com a produção capitalista, que ela pode se apropriar de todas as realizações positivas
desta, sem passar por seus terríveis percalços” (MARX, 1881). Contudo, Marx não deixa de salientar
o que para ele era uma distinção importante entre a Rússia e as Índias Orientais. “A Rússia não vive
isolada do mundo moderno; tampouco é presa de algum conquistador estrangeiro como as Índias
Orientais” (MARX, 1881). Se esse desenvolvimento hipotético é negado às Índias Orientais, isto não se
deve aqui à sua própria formação, ou à sua suposta não contemporaneidade com o capitalismo, mas
à dominação estrangeira, que, de algum modo não evidenciado, interditaria este possível caminho.
Se, para ser aceito, o catolicismo teve de fazer calar seu univer-
salismo, o judaísmo teve de deslocar a ênfase do profetismo, que
alimentava as esperanças das classes e dos povos oprimidos a
se recuperarem, para o tema do povo eleito, reinterpretado de
modo a abraçar, além de Israel propriamente dito, também o
novo Israel representado pela República estadunidense. Dessa
forma, além da óbvia dimensão geopolítica, a aliança de Israel
com os Estados Unidos assume um significado também teológico.
(LOSURDO, 2010, p. 93)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
*
Ex-aluna do Curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrado ao Ensino Médio,
com habilitação em Análises Clínicas (2009-2011). Atualmente, cursa Odontologia na Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). No trabalho de construção de sua monografia de conclusão de
curso, contou com a orientação da professora-pesquisadora Flávia Coelho Ribeiro (doutora em
Pesquisa Clínica em Animais), do Laboratório de Educação Profissional em Técnicas Laboratoriais de
Saúde (Latec) e com a coorientação de Elisângela Oliveira de Freitas (doutoranda em Microbiologia e
Imunologia), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Contato: thayanneofg@yahoo.com.br.
1
Protozoários digenéticos são aqueles que completam o seu ciclo de vida passando por, pelo me-
nos, dois hospedeiros.
Resposta imune à leishmaniose visceral humana e aspectos imunopatológicos da coinfecção com HIV
623
SOUZA et al,, 2009). Aparecem em 88 países desses continentes, sendo
que 72 deles são países em desenvolvimento (CARNAÚBA JUNIOR et
al., 2009). Nesses últimos, a leishmaniose é considerada doença endê-
mica, e 90% dos episódios da doença estão concentradas em cinco pa-
íses: Índia, Bangladesh, Nepal, Sudão e Brasil (MARQUES et al., 2007).
Novos casos de leishmaniose são registrados anualmente, de
maneira que existe a estimativa de que, atualmente, exista uma prevalência
de 12 milhões de casos de leishmaniose no mundo (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2013). O número de novos casos anuais da doença gira
em torno de 2 milhões, dos quais 500 mil casos são de leishmaniose visceral
de 1 a 1,5 milhão de casos são de leishmaniose tegumentar. No Brasil, são
reportados anualmente de 2.500 a 5.000 novos casos de leishmaniose visceral
(CARNAÚBA JUNIOR et al., 2009), sendo que, até 1993, aproximadamente
90% dos casos de leishmaniose visceral humana ocorriam na região Nordeste.
Em 2002, 64,02% dos casos correspondiam ao Nordeste, tendo a doença
se difundido para o Norte (14,12%), o Centro-Oeste (8,22%) e o Sudeste
(13,63%). Além disso, o Brasil teve um total de 50.060 casos de leishmaniose
visceral entre 1990 e 2006, o que representa cerca de 90% do total de casos
registrados nas Américas. Entre 2000 e 2006, por sua vez, houve um aumento
de aproximadamente 3.362 casos no país (NICO, 2010).
CARACTERÍSTICAS DA LEISHMANIOSE
2
Heteroxênico é sinônimo de digenético, isto é, corresponde a protozoários que completam o seu
ciclo de vida passando por pelo menos dois hospedeiros.
3
O sistema fagocítico mononuclear responsabiliza-se por grande parte da imunidade celular,
atuando na defesa contra microrganismos, incluindo bactérias, fungos, vírus, parasitas e corpos
estranhos, bem como na remoção de células mortas e partículas inaladas, entre outros.
4
São células do sistema imunológico cuja principal função é o reconhecimento inicial de antígenos,
seu processamento e apresentação para linfócitos T.
Resposta imune à leishmaniose visceral humana e aspectos imunopatológicos da coinfecção com HIV
625
Figura 1. Ciclo digenético da leishmaniose.
Fonte: Centers for Disease Control and Prevention, 2012.
5
Aumento no tamanho do fígado e do baço.
Resposta imune à leishmaniose visceral humana e aspectos imunopatológicos da coinfecção com HIV
627
maniose visceral em áreas endêmicas e, além disso, reduz a possibilidade
de uma resposta terapêutica e aumenta significativamente a probabi-
lidade de reincidências da leishmaniose visceral (MARQUES et al., 2007;
ALVAR et al., 2008).
Os primeiros casos de coinfecção leishmaniose visceral/HIV fo-
ram notificados na década de 1980 em diversas partes da Europa,
principalmente na Espanha, Itália, França e Portugal (MARQUES et al.,
2007). A maioria dos casos descritos na Europa, porém, foi observada
em pacientes usuários de drogas injetáveis. Dessa maneira, existe a pos-
sibilidade de que a coinfecção seja causada pelo contato de seringas con-
taminadas pelo vírus HIV com sangue infectado por Leishmania (RUSSO et
al., 2003; SANTOS-OLIVEIRA et al., 2010).
A coinfecção leishmaniose visceral/HIV é registrada em aproximada-
mente 2 a 9% de todos os casos de leishmaniose visceral identificados em
países endêmicos, sendo que essa proporção poderá aumentar significati-
vamente. No entanto, a taxa de indivíduos coinfectados é considerada in-
determinada, pelo fato de a leishmaniose visceral acometer, principalmente,
as populações negligenciadas e também por não ser caracterizada como
uma doença definidora da AIDS, o que acarreta a sua não notificação
(MARQUES et al., 2007; ALVAR et al., 2008).
A resposta imune celular é considerada o maior mecanismo de
defesa contra a leishmaniose e, por isso, o estado imunológico do indi-
víduo pode determinar tanto a regressão espontânea da doença quanto
o desenvolvimento progressivo dela (SANTOS-OLIVEIRA et al., 2010).
Com o desenvolvimento da leishmaniose visceral, desenvolvem-se, con-
sequentemente, as condições favoráveis para a progressão clínica dos
pacientes infectados pelo vírus HIV. Sendo assim, o aumento da carga
viral no organismo é responsável pelo aumento das taxas de mortalida-
de apresentadas pelos pacientes acometidos pela coinfecção leishma-
niose visceral/HIV (OLIVIER et al., 2003).
É importante destacar que a associação entre a leishmaniose visce-
ral e o vírus do HIV exibe um efeito cumulativo na imunodepressão dos in-
divíduos acometidos pela coinfecção, apresentando uma evolução clínica
Resposta imune à leishmaniose visceral humana e aspectos imunopatológicos da coinfecção com HIV
629
IL-5 e IL-10, interleucinas que, nessa doença, são as citocinas responsáveis
pela imunodepressão do indivíduo (BACELLAR e CARVALHO, 2005).
11
São células participantes da imunidade inata. Destroem células que não expressam MHC de classe I,
como células tumorais ou infectadas por vírus.
12
Também chamados de linfócitos T citotóxicos. São responsáveis pela destruição de agentes nocivos
ao organismo mediante a liberação de grânulos contendo proteínas que danificam as células-alvo.
13
Estrutura citoplasmática que armazena o antígeno fagocitado.
Resposta imune à leishmaniose visceral humana e aspectos imunopatológicos da coinfecção com HIV
631
As formas promastigotas são fagocitadas, inicialmente, por neutrófilos.
Essas células são as primeiras a migrar para o local de infecção, e podem ser
destruídas pela ação de produtos do metabolismo oxidativo – como o peró-
xido de hidrogênio (H2O2) –, atividade enzimática e produção de óxido nítrico
(NO). Os neutrófilos infectados começam a secretar quimiocinas como a IL-8 e
MIP-1β, moléculas importantes para atrair mais neutrófilos e macrófagos para
o sítio de infecção (BACELLAR e CARVALHO, 2005).
Dentro do fagolisossomo14 dos macrófagos, principalmente, a
Leishmania sofre uma série de alterações bioquímicas e metabólicas,
mediante as quais se transforma na forma amastigota intracelular. Nesse
caso, a Leishmania é capaz de sobreviver no meio intracelular, pois resiste às
enzimas microbicidas e ao pH ácido do meio. Pode também inibir a fusão
do vacúolo15 com o fagolisossomo e, além disso, aproveitar os nutrientes que
entram na célula para a sua sobrevivência. Ou seja, a Leishmania desenvolve
mecanismos de escape para a atividade microbicida do macrófago, de
maneira a proliferar-se e romper os macrófagos, a fim de infectar outras
células, disseminando a infecção (HANDMAN e BULLEN, 2002).
O controle da leishmaniose visceral é dependente da imunidade
mediada por células, porém, dentre as células fagocitárias, os macrófagos
apresentam duas características distintas e opostas durante a instalação
intracelular da Leishmania. De um lado, são as principais células respon-
sáveis pelo controle e destruição dos protozoários parasitas intracelulares
por meio de mecanismos oxidativos ou não oxidativos. De outro, funcio-
nam como hospedeiros para a Leishmania, proporcionando um ambiente
celular estável que permite a sobrevivência e a proliferação dessa e, con-
sequentemente, a permanência e disseminação da infecção (BACELLAR e
CARVALHO, 2005).
Nessa perspectiva, para controlar a proliferação intracelular da
Leishmania, torna-se indispensável à produção de óxido nítrico pela óxido
nítrico sintetase (iNOS), uma vez que a Leishmania é suscetível aos reati-
vos intermediários de nitrogênio gerados por neutrófilos e macrófagos. A
iNOS é estimulada, principalmente, pela liberação de IFN-γ, o qual esti-
mula a ação microbicida mediada pelo NO. Assim, a liberação de NO
16
O complexo principal de histocompatibilidade (MHC) da classe II está envolvido na apresentação
de antígenos, de forma que expõe na superfície das células apresentadoras de antígenos os epítopos
a serem reconhecidos por linfócitos T.
Resposta imune à leishmaniose visceral humana e aspectos imunopatológicos da coinfecção com HIV
633
MECANISMOS DE ESCAPE DO PARASITA
Resposta imune à leishmaniose visceral humana e aspectos imunopatológicos da coinfecção com HIV
635
A ausência de células T implica o desenvolvimento da leishmaniose após
a inoculação do parasita no hospedeiro, ao passo que a presença de células
T normais favorece a resistência. Sendo assim, na resposta imune adaptativa
à Leishmania, as células TCD4+ têm papel fundamental na resistência; já as
células TCD8+ participam mais efetivamente da memória imunológica do que
da eliminação do parasita (GOTO e LINDOSO, 2004; TRIPATHI, SINGH
e NAIK, 2007).
A IL-12 é a principal citocina para a progressão de uma resposta imune
protetora contra a Leishmania e para o controle e cura da infecção, sendo
fundamental no desencadeamento das atividades das células NK e, portanto,
no controle na sobrevivência do parasita (GOTO e LINDOSO, 2004; LIESE,
SCHLEICHER e BOGDAN, 2008).
Existem diversos mecanismos relacionados à imunidade contra as
leishmanioses. No caso da leishmaniose visceral, os pacientes resistentes
à infecção possuem resposta imune baseada no aumento da resposta lin-
foproliferativa de células TCD4+ e TCD8+, e na produção de IL-2, IFN-γ e
IL-12, estando esta resposta também ligada à produção do TGF-β. Por ou-
tra parte, a suscetibilidade à leishmaniose está vinculada à resposta imune
mediada pela linhagem Th2 e, consequentemente, pela produção de IL-4
e IL-10, que são citocinas mediadoras das alterações imunológicas obser-
vadas na leishmaniose visceral (GOTO e LINDOSO, 2004; BACELLAR e
CARVALHO, 2005; McFARLANE et al., 2008).
Dentre as diferentes respostas imunes apresentadas pelos indivíduos
acometidos por leishmaniose visceral, tem-se que os pacientes assintomáti-
cos desenvolvem melhores mecanismos antiparasitários, estando associados
à proteção contra a doença e à ausência de sinais e sintomas clínicos. Em
outros casos, os indivíduos curados apresentam aumento nas taxas de neu-
trófilos e células NK, que estão ligados ao aumento de monócitos e da pro-
dução de IL-12. Sendo assim, pode-se perceber a existência de uma relação
entre as citocinas e as células da resposta imune inata com certos fatores da
resposta adaptativa que possibilitam ou a criação de um ambiente de células
específicas contra a Leishmania ou a proliferação do parasita (PERUHYPE-
MAGALHÃES et al., 2005).
Resposta imune à leishmaniose visceral humana e aspectos imunopatológicos da coinfecção com HIV
637
tar relacionadas à carga genética do indivíduo, à virulência da Leishmania
e à sua espécie, ou à área de inoculação do parasita (ALVAR et al., 2008).
Resposta imune à leishmaniose visceral humana e aspectos imunopatológicos da coinfecção com HIV
639
disseminação pelo corpo do hospedeiro. Sendo assim, a existência dos dois
patógenos no organismo produz efeitos cumulativos no sistema imune que
favorecem as suas sobrevivências. Nesse caso, a Leishmania, por meio
de seus mecanismos de escape e de suas moléculas de lipofosfoglicanos
(LPG), permite a maior replicação do HIV e a progressão da AIDS, ao mes-
mo tempo em que o HIV debilita o sistema imune, favorecendo a sobrevivên-
cia da Leishmania (ALVAR et al., 2008).
A superfície celular da Leishmania é formada por uma camada de LPG,
além de diversos componentes estruturais que poderiam induzir a replica-
ção viral em diferentes células monocíticas infectadas pelo HIV (ALVAR et al.,
2008). Após a inoculação das promastigotas metacíclicas de Leishmania no
hospedeiro humano, o LPG é o principal glicoconjugado expresso e organi-
zado de maneira a permitir a entrada, a permanência e a sobrevivência do
parasita no espaço intracelular dos macrófagos. Dessa forma, após a endo-
citose do parasita pelo macrófago, a Leishmania perde grande parte de
sua camada de LPG, restando somente componentes intramembranares,
como o núcleo de fosfasitil inositol (core-PI), o qual somente é encontrado
na superfície das formas amastigotas (OLIVIER et al., 2003).
Portanto, quando o parasita se encontra dentro do fagolissomo, a
função do LPG está relacionada à alteração dos componentes de sinaliza-
ção das células do hospedeiro e também à inibição de diversas atividades
macrofágicas, inclusive a produção de radicais oxigenados. Assim, desen-
volvendo diversos mecanismos de escape, e, consequentemente, diminuindo
a capacidade do sistema imune de combater a infecção, a Leishmania con-
tribui diretamente para a sobrevivência do HIV e, portanto, para a imunode-
pressão do indivíduo (OLIVIER et al., 2003).
Durante a coinfecção leishmaniose visceral/HIV, a LPG de Leishmania
acelera o processo de replicação viral dentro das células monocíticas
de um paciente com infecção viral latente; além disso, pode induzir a
transcrição de LTR do HIV e sua replicação nos linfócitos TCD4+ (OLIVIER
et al., 2003). Porém o parasita não interfere diretamente na expressão viral,
mas sim configura o ciclo de vida do vírus mediante fenômenos indiretos
que estimulam a liberação de TNF-α, de IL-1 e pode regular a expressão
Resposta imune à leishmaniose visceral humana e aspectos imunopatológicos da coinfecção com HIV
641
A imunidade mediada por células é profundamente interrompida pela
infecção por HIV, uma vez que o vírus pode interagir com linfócitos, monócitos,
macrófagos e células B. Isto é, o HIV corrobora com a destruição de células T
e macrófagos que incapacitam o sistema imune do hospedeiro, impedindo
que esse previna e combata diversas infecções oportunistas. Nesse caso, as
taxas de destruição das células TCD4+ estão correlacionadas ao aparecimen-
to das infecções oportunistas e também ao agravamento das manifestações
clínicas (OLIVIER et al., 2003).
Um organismo infectado por HIV pode provocar defeitos no funciona-
mento das células apresentadoras de antígenos do hospedeiro e, portanto,
induzir a secreção de citocinas relacionadas à subpopulação Th2. Como as
respostas eficazes para o controle das infecções dependem frequentemente
da presença de citocinas da subpopulação Th1, o perfil imunológico dos
pacientes torna-se favorável à multiplicação e à disseminação dos parasitas.
Assim, a imunodepressão induzida pela infecção por HIV pode permitir a
progressão de uma infecção latente de Leishmania e, por isso, facilitar o
desenvolvimento da leishmaniose visceral (OLIVIER et al., 2003).
Pacientes coinfectados apresentam altas taxas de CCR5+ circulantes
devido a estímulos da Leishmania. O CCR5+ é o principal receptor do HIV
responsável pela entrada do vírus nas células-alvo, estando também rela-
cionado à expressão de uma alta carga viral e pela progressão acelerada
da infecção do HIV. Entretanto, a replicação viral não é a única conse-
quência da coinfecção, pois nesses pacientes também se observas altas
incidências da disseminação da Leishmania, com o aumento da parasite-
mia do sangue periférico, o que funciona como um indicador do aumento
parasitário incontrolado (ALVAR et al., 2008).
Ambos os microrganismos podem invadir e se proliferar nos macró-
fagos, estabelecendo interações que exacerbem os efeitos das infecções.
Logo, o aumento da carga parasitária ocorre em maiores proporções
durante a concomitância com o HIV do que em uma infecção somente
por Leishmania, uma vez que o vírus causa danos nas funções efetoras
do sistema imunológico e, sobretudo nas atividades macrofágicas, como
a fagocitose, a destruição de patógenos intracelulares e a produção de
Resposta imune à leishmaniose visceral humana e aspectos imunopatológicos da coinfecção com HIV
643
Os índices de células TCD4+ no sangue periférico dos pacientes coin-
fectados são semelhantes àqueles encontrados em indivíduos HIV posi-
tivo/leishmaniose visceral negativo. Além disso, taxas de células TCD8+ apre-
sentam-se elevadas durante a coinfecção após o tratamento da leishmaniose,
indicando que estas células desempenham papel importante na resposta imu-
ne pós-tratamento ou também pode corresponder a uma substituição das
células TCD4+ devido à diminuição desta na circulação (OLIVIER et al., 2003).
As manifestações clínicas dos pacientes coinfectados dependem das
espécies de Leishmania infectantes e das células participantes da resposta
imune do hospedeiro. A infecção por Leishmania pode permanecer as-
sintomática ou apresentar sinais e sintomas que sejam restritos à pele ou
às mucosas (na leishmaniose tegumentar) ou, em outros casos, se distri-
buir pelos sistemas viscerais do corpo (na leishmaniose visceral). Todas as
formas de leishmaniose se configuram como infecções oportunistas em
pacientes com HIV, sendo, no Brasil, 43%, 20% e 37% dos casos de coin-
fecção devido à leishmaniose mucocutânea, cutânea e visceral (RABELLO,
ORSINI e DISCH, 2003; ALVAR et al., 2008) (fig. 4).
Resposta imune à leishmaniose visceral humana e aspectos imunopatológicos da coinfecção com HIV
645
terapêutica gera uma queda na incidência de leishmaniose visceral e, conse-
quentemente, nas taxas da coinfecção leishmaniose visceral/HIV em algumas
regiões endêmicas, como a Europa (COTA, SOUSA e RABELLO, 2011).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAR, Jorge et al. The relationship between leishmaniasis and AIDS: the
second 10 years. Clinical Microbiology Reviews, Madri, v. 21, n. 2, p. 334-359,
Apr. 2008.
Resposta imune à leishmaniose visceral humana e aspectos imunopatológicos da coinfecção com HIV
647
ENGWERDA, Christian R.; ATO, Manabu; KAYE, Paul M. Macrophages,
pathology and parasite persistence in experimental visceral leishmaniasis.
Trends in Parasitology, Cambridge (MA, Estados Unidos), v. 20, n. 11,
p. 524-530, Nov. 2004.
GOTO, Hiro; LINDOSO, José Angelo L. Immunity and immunosuppression in
experimental visceral leishmaniasis. Brazilian Journal of Medical and Biological
Research, Ribeirão Preto, v. 37, n. 4, p. 615-623, abr. 2004.
HANDMAN, Emanuela; BULLEN, Denise V. R. Interaction of Leishmania
with the host macrophage. Trends in Parasitology, Cambridge (MA, Estados
Unidos), v. 18, n. 8, p. 332-334, Aug. 2002.
LIESE, Jan; SCHLEICHER, Ulrike; BOGDAN, Christian. The innate immune
response against Leishmania parasites. Immunobiology, Berlim, v. 213, n. 3-4,
p. 377-387, May 2008.
MARQUES, Nuno et al. Leishmaniose visceral e infecção por vírus da imu-
nodeficiência humana: na era da terapêutica antirretrovírica de alta eficácia.
Acta Médica Portuguesa, Coimbra, v. 20, n. 4, p. 291-298, jan. 2007.
McFARLANE, Emma et al. Neutrophils contribute to development of a pro-
tective immune response during onset of infection with Leishmania donovani.
Infection and Immunity, Washington, D.C, v. 76, n. 2, p. 532-541, Feb. 2008.
NICO, Dirlei. Desenvolvimento de uma vacina sintética contra a leishmaniose
visceral a partir da nucleosídeo hidrolase de Leishmania (L.) donovani. 2010.
Tese (Doutorado em Ciências – Microbiologia) – Instituto de Microbiologia
Paulo Góes, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.
OLIVIER, Martin et al. The pathogenesis of Leishmania/HIV co-infection:
cellular and immunological mechanism. Annals of Tropical Medicine and
Parasitology, Leeds (Inglaterra), v. 97, n. 1, p. 79-98, May 2003.
PALATINCK-DE-SOUZA, Clarisa B. et al. Decrease of the incidence of hu-
man and canine visceral leishmaniasis after dog vaccination with Leishmune®
in Brazilian endemic areas. Vaccine, v. 27, n. 27, p. 3.505-3.512, June 2009.
PERUHYPE-MAGALHÃES, Vanessa et al. Immune response in human visceral
leishmaniasis: analysis of the correlation between innate immunity cytokine
Resposta imune à leishmaniose visceral humana e aspectos imunopatológicos da coinfecção com HIV
649
TERAPIA GÊNICA E BIOÉTICA
INTRODUÇÃO
*
Ex-aluna do Curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrado ao Ensino Médio, com
habilitação em Gerência em Serviços de Saúde (2009-2011). Atualmente cursa Ciências Biológicas na
Universidade Federal do Estado Rio de Janeiro (UniRio). No trabalho de construção de sua monogra-
fia de conclusão de curso, contou com a orientação dos professores-pesquisadores Ray Luiza Soares
Salgado Müller (Mestre em Educação Profissional em Saúde) e Alexander de Carvalho (mestre em
Filosofia), ambos do Laboratório de Formação Geral na Educação Profissional em Saúde (Labform).
Contato: vicky.gps25@yahoo.com.br.
TERAPIA GÊNICA
1
Hipócrates é, ainda, responsável pelo conceito de hereditariedade por caracteres adquiridos, que
diz que qualquer mudança ocorrida durante a vida de um indivíduo pode ser transmitida ao seu des-
cendente. Por exemplo, um homem que apresenta um ganho muscular grande nos braços durante
a fase adulta por utilizar essa parte do corpo para grandes esforços provavelmente teria um filho
com os músculos do braço bem desenvolvidos. Essa hipótese seria desenvolvida, posteriormente,
por Jean-Baptiste de Lamarck.
2
Ainda de acordo com Candeias (1991, p. 3), as técnicas de engenharia genética começaram a se definir
no início da década de 1970, com a chamada clonagem molecular. A clonagem molecular é a técnica
central da metodologia de DNA recombinante e tem como objetivo obter um elevado número de cópias
de um fragmento gênico de interesse que terá diversas aplicações na área da manipulação genética.
Essa técnica pode ser realizada de duas formas, in vivo e in vitro.
5
Também chamada deficiência de arginase, é uma herança autossômica recessiva, distúrbio do
ciclo da ureia, em que uma deficiência da enzima arginase provoca um acúmulo de arginina (um dos
aminoácidos componentes das proteínas dos seres vivos) e de amônia no sangue.
6
Ato de administração de fluidos.
7
É uma substância ou molécula que, quando introduzida no corpo, desencadeia a produção de um
anticorpo pelo sistema imunológico, que então o mata ou neutraliza-o, já que é reconhecido como
um invasor ao organismo, potencialmente prejudicial.
8
Agente infeccioso – vírus, bactéria ou fungo – que causa doença a seus hospedeiros.
9
É um gene resultante da transferência (natural ou decorrente de alguma técnica de manipulação
genética) de um determinado gene ou material genético de um organismo para outro.
10
Imunogenicidade é a propriedade de ser imunogênico, ou seja, de ter resistência natural (ou
adquirida) a um agente infeccioso ou tóxico. No caso dos vetores, o agente em questão é o gene
inserido em seu organismo.
11
Capacidade de ser citotóxico, ou seja, apresentar tóxicidade para células.
12
Os vetores virais podem ser fragmentos de DNA de vírus contendo o DNA a ser transferido ou mes-
mo a partícula viral formada por proteínas virais empacotando um DNA viral modificado de maneira
a tornar o vetor menos tóxico, menos patogênico ou não patogênico (DANI, 2010).
13
Essa é uma característica muito importante para as práticas laboratoriais, já que, caso haja algum
problema no decorrer do processo, é mais fácil sua resolução por conhecer em seu funcionamento.
14
Dani (2000, p. 4) diz que há “baixa taxa de entrega in vivo”, ou seja, a eficiência de entrega da
carga genética quando feita dentro do próprio organismo não é satisfatória, podendo ocorrer falhas
no processo.
15
A localização do momento exato de divisão celular é mais facilmente visível fora do corpo do organismo.
16
O que poria o organismo a receber a carga genética em risco, já que o vírus em questão ficaria
fora de controle. Esta possibilidade é uma das principais preocupações dos pesquisadores e institui-
ções de vigilância em saúde pública.
17
Neoplasia é um conjunto de doenças caracterizadas pelo crescimento anormal e em certas situa-
ções pela invasão de órgãos à distância.
18
Mutação causada pela introdução de sequencias estranhas de DNA.
20
Natureza enquanto ambiente no qual há relação entre o homem e o que não foi mutado por ele.
21
Semente nativa, livre de quaisquer modificações genéticas, típica de determinada região.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
INTRODUÇÃO
*
Ex-aluno do Curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrado ao Ensino Médio, com
habilitação em Vigilância em Saúde (2009-2011). Atualmente cursa Ciências Econômicas na Universi-
dade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). No trabalho de construção de sua monografia de conclusão de
curso, contou com a orientação das professoras-pesquisadoras Bianca Ramos Marins (doutora em Vigi-
lância Sanitária de Produtos INCQS/FIOCRUZ) do Laboratório de Educação Profissional em Vigilância
em Saúde (Lavsa) e Viviane dos Ramos Soares (mestre em Linguística) do Laboratório de Formação Geral
na Educação Profissional em Saúde (Labform). Contato: colonezeyuri@hotmail.com.
2
Pele seca.
3
Organolépticas: propriedades relacionadas aos sentidos, como cheiro, cor, paladar, entre outros.
[...] pode ser definida como uma prática social que preconiza não
só a mudança de hábitos, práticas e atitudes, a transmissão e
apreensão de conhecimentos, mas principalmente, a mudança
gradual na forma de pensar, sentir e agir através da seleção e
utilização de métodos pedagógicos participativos e problematiza-
dores. (MOISÉS, 2003, p. 162)
4
Novalgina e Tylenol são analgésicos e antitérmicos, usados para aliviar a dor e reduzir ou
prevenir a febre.
5
Neosaldina é um analgésico e antiespasmódico indicado no tratamento da dor de cabeça ou cólicas.
6
Responsável por auditar a indústria farmacêutica.
Neosaldina
Novalgina (analgésico e Rivotril (ansiolítico e
2 (analgésico e
antitérmico) anticonvulsivante)
antiespasmódico)
Buscopan Composto
Neosaldina (analgésico Hipoglós (pomada
4 (antiespasmódico e
e antiespasmódico) contra assaduras)
analgésico)
Buscopan
Rivotril (ansiolítico e Composto
6 Lexotan (ansiolítico)
anticonvulsivante) (antiespasmódico e
analgésico)
Salonpas
Tylenol (analgésico e
7 Redoxon (vitamina C) (analgésico e anti-
antitérmico)
inflamatório)
Buscopan Composto
Cataflan (analgésico e Tylenol (analgésico
8 (antiespasmódico e
anti-inflamatório) e antitérmico)
analgésico)
Sorine Novalgina
Neovlar
9 (descongestionante (analgésico e anti-
(anticoncepcional)
nasal) inflamatório)
7
Venda livre, quando a utilização de determinado medicamento não está restrita a populações especiais
(como pode ser observado nos medicamentos de venda restrita), mas sim a todo e qualquer consumidor.
8
Princípios ativos são substâncias responsáveis pelo efeito do medicamentos.
9
Paracetamol é um princípio ativo utilizado no tratamento de dor moderada inflamatória.
10
Dipirona sódica é um princípio ativo usado no tratamento de manifestações dolorosas e febre.
11
O Nycomed Pharma LTDA. está entre os doze maiores laboratórios do país e faz parte do grupo
Takeda, a maior companhia farmacêutica do Japão e uma das líderes da indústria farmacêutica
no mundo. O farmacêutico responsável é Wagner Moi.
12
Sanofi-Aventis Farmacêutica LTDA. é uma das empresas líderes da indústria farmacêutica mundial,
estando presente em mais de cem países. Pertence ao grupo Sanofi, um dos maiores grupos farma-
cêuticos do mundo, que possui a maior empresa do setor na Europa, e que está na liderança entre
as empresas localizadas nos países emergentes. A farmacêutica responsável é Antonia A. Oliveira.
13
Laboratório Janssen-Cilag Farmacêutica LTDA. é uma divisão farmacêutica da Johnson & Johnson,
a maior empresa do mundo na fabricação de produtos para cuidados com a saúde. O farmacêutico
responsável é Marcos R. Pereira.
14
É importante ressaltar que as bulas de Neosaldina e Tylenol só foram obtidas após intensa pro-
cura em algumas farmácias, sendo que, em uma delas, o farmacêutico comentou que é fornecida
uma bula para cada embalagem adquirida pela farmácia (com 100 ou 200 comprimidos, agrupa-
dos na forma de blister), um fato muito interessante, porque estabelece até uma contradição com o
próprio blister da Neosaldina, que apresenta a frase “Exija a bula”. Já a bula de Novalgina só foi
encontrada por meio da compra do medicamento em formato de solução oral (gotas).
Análise técnico-sanitária
Antes da apresentação da análise técnico-sanitária é de grande im-
portância lembrar que, conforme a resolução RDC nº47/2009, o corpo do
texto das bulas de medicamento direcionado ao paciente deve ser dividi-
do em: identificação do medicamento, informações ao paciente e dizeres
legais. Nas bulas analisadas, foram encontradas as seguintes estruturas
(construção composicional do gênero):
O que devo
saber antes
X X X
de usar este
medicamento?
15
A avaliação completa pode ser encontrada no trabalho monográfico intitulado “Redação de bulas
de medicamento: uma análise interdisciplinar”, de Yuri Ferreira Coloneze, disponível na Biblioteca
Emília Bustamante, da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV). O trabalho foi apre-
sentado na EPSJV em dezembro de 2011, como um dos pré-requisitos para obtenção do Certificado
de Conclusão do Curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrado ao Ensino Médio,
com habilitação em Vigilância em Saúde.
Como
devo usar o X X X
medicamento?
O que
devo fazer
quando eu
X X X
me esquecer
de usar este
medicamento?
Quais os
males que este
X X X
medicamento
pode causar?
O que fazer
se alguém
usar uma
quantidade X X X
maior do que a
indicada deste
medicamento?
ANÁLISE LINGUÍSTICA
16
As partes das bulas utilizadas como exemplo neste artigo foram transcritas.
Tylenol
Por que este medicamento foi indicado?
TYLENOL® é indicado em adultos para a redução da febre e para o alívio
temporário de dores leves a moderadas, tais como: dores associadas a gripes e
resfriados comuns, dor de cabeça, dor de dente, dor nas costas, dores muscu-
lares, dores associadas a artrites e cólicas menstruais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS