Pompeu. —
para
‘A xacina do testo
pezar da xuva, muita jenteesteve prezente
40 ezersisio de jinastica ge teve lugar no
colejio. Omens, mutheres e criansas no fim
‘cantaram 0 Ino Nasional. Quve pesoas ge
‘ate xoraram de emosdo cuando a festa terminou.
je gem qiser pode asistir a nova aprezentaséo.
‘A impressao é de escombros do que foi ou-
trora a lingua portuguesa em sua forma escrta
Como se tivesse sido atingida por uma bomba €
alguns destrogos irreconheciveis houvessem si-
do resgatados da hecatombe. A comparacio no
absurd. Tem o feito de uma bomba a radical re-
{forma ortogréfica defendida pelo ste Simplificando
a Ortografia (simplificandoaortografia.com),
criado pelo professor de portugués Emnani Pi-
mentel. Sua proposta € acabar com letras que
nao se pronunciam, como 0“H” no inicio de cer-
tas palavras € 0 “U” que se segue ao “Q” em
“quinta” e “querido”, assim como a duplicidade
de representacio do mesmo som em “S" e “2”,
“SS” eG" ou “G" e“F” Nao é uma proposta ino
0 site do professor Ernani Pimentel podia passar
por excéntrica curiosidade, nao tivesse Pimentel
sido nomeado um dos coordenadores do Grupo
Técnico criado na Comissao de Educacao do Senado
cutir 0 Acordo Ortografico
vadora. Para citar uma das que jé se apresenta-
‘tam com espirito semelhante no passado, 0 ge-
neral Bertoldo Klinger, flgura preeminente da
Era Vargas, no s6 formulou a sua como a prati-
‘cou — ele grafava seus textos segundo as regras
que inventou, O general (als, jeneral) Klinger,
fem quem o reformador da lingua escrita se mis-
turava ao reformador do povo brasileiro, expli-
cava: “Ortografia € lojca. Lajica é ondem. Sem
ordem ndo a nasdo. Lago, nd a nasdo sem orto-
grafia lojica”.
site do professor Ernani Pimentel podia
ppassar por uma excéntrica curiosidade, tal qual
a reforma de Klinger, ndo fossem duas circuns-
tncias. Primeira: ade Pimentel ter sido nomea-
do um dos dois coordenadores (0 outro € 0 pro-
fessor Pasquale Cipro Neto) do Grupo Técnico
criado na Comissio de Educacéo do Senado
para discutir 0 Acordo Ortogrifico entre os
paises de lingua portuguesa. Segun:
‘Vermos tempos propicios aos populismos/pa~
ternalismos. A “simplificacao” da ortografia
tem sido enfeitada com o charme mais do que
discutivel de facilitador da alfabetizacao e fator
de “incluséo social’,
Essa historia tem origem nas discérdias que
se seguiram & assinatura, em 1990, do Acordo
Ortogritico pelo qual os paises de lingua por-
tuguesa se comprometeram a unificar suas re-
gras ortograficas. Restrigées surgiram em to-
dos os paises signatérios. No Brasil 0 acordo
ddeveria entrar em vigor em 2009, e na pratica
realmente entrou, com sua adogao nas escolas,
nna imprensa e nas editoras de livros. Oficial-
‘mente, no entanto, dadas as divergéncias com
08 outros paises, a presidente Dilma Rousseff
adiou a entrada em vigor para 2016. Nesse va-
cuo entrou a Comissao de Educacio do Sena-
do, Decidiu rediscutir 0 acordo e criow um gru-
‘po de trabalho que tanto pode acabar por con- |
firmé-lo ou rejeité-lo quanto — o que é pior
= propor uma reforma de sua propria iniciati-
va. Segundo o presidente da comissio, senador
Gyro Miranda (PSDB-GO), 0 acordo teria sido
feito “sem ouvir ninguém’ A comissio resol-
eu entéo “botar ordem na casa”, con-
vocando o debate.
‘Dai ao encanto com a proposta do
professor Ernani Pimentel foi um pas-
50. “Estou totalmente de acordo com 0
professor Ernani”, declara 0 senador
Cristovam Buarque, membro da Co-
tmissio de Educagio, segundo se Ié no
site do professor. Duas audigncias pi-
blicas serao realizadas pelo Grupo de
‘Trabalho da Comissao de Educacao na primei-
ra quinzena de outubro. Espera-se que, nelas,
falem mais alto as palavras da professora Mari-
lia Ferreira, presidente da Associaco Brasilei-
ra de Linguistica, em carta ao senador Cristo-
vam Buarque: “A ortografia ndo existe para re-
presentar a fala, mas € uma representaclo abs-
trata e convencional da lingua. Para poder ser
de fato funcional, a ortografia deve necessaria~
‘mente afastar-se da diversidade da fala. $6 as-
sim se podera garantir um sistema ortogréfico
estavel e perene em que haja uma tinica repre-
sentagio grifica para cada palavra. E essa re-
presentacio tinica que torna possivel que a pa-
lavra seja reconhecida em qualquer texto, inde-
pendentemente de suas inimeras prontincias
No espaco e no tempo”
A alternativa é a xacina do testo em lingua
ortugueca. A anargia. A ecatombe.
TE] WDE SETENBRG, 20 | Vola