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Analise de conjuntura da Venezuela

A Venezuela atual enfrenta uma crise que ultrapassou todos os limites e em


especial não existe somente um motivo para explicar este declínio, mas sim uma
linha de acontecimentos que levaram o país a entrar em colapso econômico, político
e principalmente social.

A República Bolivariana da Venezuela é um país rico em recursos naturais,


detentor de uma das maiores reservas de petróleo, gás natural e minérios (ferro,
ouro, bauxita e diamantes). O PIB (Produto Interno Bruto) do país em 2016 atingiu o
quarto lugar entre os países da América Latina com pouco mais de US$ 287 bilhões
de dólares, do qual 25% são representados pelo setor de óleo e gás (DELGADO, et
al. 2017).

Neste mesmo ano o país tinha reservas de 300 bilhões de barris, enquanto
os de gás natural somam 5,8 trilhões de metros cúbicos, evidenciando assim, a
Venezuela como o lugar que se concentra a maior reservas de hidrocarbonetos do
mundo. A capacidade de produção de petróleo era de mais de 2,3 milhões de barris
ao dia (2016), sendo 1,8 milhões destinados as exportações.

Um breve retorno no passado irá clarear sobre o que aconteceu na


Venezuela para que possamos compreender sobre a origem dessa grandiosa crise
que atualmente arrasa o país. O pacto de punto fijo foi um movimento politico
orquestrado em 1958 que garantia a alternância de três grandes partidos no poder,
garantindo assim a perpetuação dessa elite no poder, destacando sempre os
grandes escândalos de corrupção que nunca foram investigados.

Em 27 de fevereiro de 1989 por motivos de descontentamento o chamado


Caracazo, ocorrida em Caracas na Venezuela, chegou caracterizado como uma
explosão social espontânea de grandes proporções. Esse repudio da população não
era necessariamente contra o pacto politico e sim contra a pobreza e desigualdade
que ele gerou.

O resultado dessa manifestação foi a repressão do Estado perante os


revoltosos, com resultados de mortes e a ação do exercito nas ruas. Enfurecendo
assim ainda mais a população, dando espaço para novos movimentos surgir em
oposição ao governo, ao pacto de punto fijo e também aos mesmos políticos que
governaram a Venezuela desde 1958.

O então militar Hugo Chávez, um tenente do exercito venezuelano e estava


disposto a usar a força para tirar o presidente Carlos Andrés Peres do poder. Em
1992 ele tenta dar um golpe de estado e foi preso. Chávez e seu grupo acreditavam
que a única maneira de colocar a Venezuela a normalidade seria um golpe. O
presidente Peres foi enfraquecido e assim em 1993 foi afastado, por acusações de
corrupção.

Em 1998 Chávez tenta concorrer a presidência da República da Venezuela


aglutinando para si a oposição contra as velhas oligarquias do pacto de punto fijo e
se candidata sendo eleito com 56% dos votos. O chavismo durante o seus
sucessivos mandatos promoveu diversas reformas e nesse contexto favorável ele
logra êxito com o apoio da população por que os mesmos estavam irados com os
acontecimentos de 1989, com isso capitalizando apoio e fazendo uma nova
Constituição, dando assim, maiores poderes para o presidente e amplia todas as
prerrogativas do executivo.

Eleito novamente em 2000, ele consegue obter mais mudanças sensíveis ao


seu gosto e propõe a lei habilitante que dava poderes ao presidente do executivo de
aprovar leis por decreto, sem consultar o congresso. Com essa lei vigente Chávez
inicia seu projeto de distribuição de terras, estatizou reservas de petróleo e
nacionalizou setores de cimento e aço. A partir desse momento a oposição começa
a chamar o então presidente de ditador.

No ano de 2002 tentaram dar um golpe de Estado em Chávez, mas, ele


voltou ao poder dois dias depois, por motivos desconhecidos. E em represália
obteve resultados de repressão e mortes. E neste momento entra outro ator que é
os Estados Unidos que teve grande influência nesta tentativa de golpe na Venezuela
por motivos óbvios e interesses estratégicos geopolíticos. Analistas afirmam que
deste ponto em diante comentam que a democracia no país morreu, e outros
afirmam que nunca teve democracia e que ele somente apertou o autoritarismo a
partir do momento que ele se sentia pressionado pelas questões internas e também
pelas externas.
Em 2003 Chávez promove o abarrotamento da Suprema Corte colocando
naqueles postos juízes a sua indicação, para fomentar favoráveis pautas de governo
que ele mesmo elaborava, era pratica de ditadores para a manutenção de seu poder
e o controle do Estado.

Em 2006 ele é reeleito com 62% dos votos validos. Nesse período ele se
volta contra os veículos da mídia e não renova a concessão da RCTV, que atuou
como forte oposição ao seu governo. Dessa forma foi censurado por não ser
conivente com os princípios chavistas.

Em nova estratégia de poder e sua manutenção como mandatário da


Venezuela Chávez faz uma emenda a constituição onde essa medida autoriza a
reeleição continua do presidente da república sem limite de mandatos. Pouco tempo
após essa manobra, em 2013 Chávez morre vítima de um câncer e não usufrui
dessa emenda constitucional.

No período em que ficou no comando do país o chavismo elevou o PIB por


habitante de 4.100 US$ em 1999 para 10.810 US$ em 2011. A mortalidade infantil e
a desigualdade social caíram fortemente entre outros indicadores, mas todos esses
esforços foram insuficientes para salvar a democracia venezuelana. Chávez não se
preocupou em criar uma cultura democrática no país, o mais importante era a sua
manutenção no poder. E sem uma democracia saudável o país não poderia suportar
e ou manter os avanços conquistados.

Nicolas Maduro vice presidente assume interinamente a presidência e em


abril de 2013 Maduro é eleito presidente da Venezuela sob acusações de fraude no
pleito pela oposição. O então presidenta passa por momentos difíceis aonde vê a
economia do país se deteriorar rapidamente em decorrência da desvalorização do
preço do petróleo, que é a principal fonte de renda do país, correspondendo a 96%
das divisas da Venezuela.

Além dos fatores externos á má gestão da estatal petroleira (PDVSA)


contribuiu com a intensificação da crise, falta de investimentos com infraestrutura e
corrupção foram os motivos que ocasionou a derrubada na produção de petróleo. A
oposição ao governo Maduro cresce e parte desses protestos são repressivos e
alguns integrantes da oposição presos a mando do judiciário ainda montado na era
Chávez.
Em 2016 a repressão aumenta com relação a oposição e em 2017 Maduro
cria a FAES (Força de Ação Especial) argumentando que esta força seria usada
para combater o terrorismo e o crime organizado. No mesmo ano Maduro Diante do
impasse entre os poderes, Nicolás Maduro convocou, em 2017, uma Assembleia
Constituinte que, na prática, inviabilizou os poderes da Assembleia ordinária,
controlada pela oposição e que não reconhece o novo colegiado constituinte, com
poderes absolutos para reescrever a Constituição venezuelana e controlada 100%
por apoiadores de Maduro.

A eleição da Assembleia Constituinte foi boicotada pela oposição. Nas redes


sociais, o presidente da Assembleia e autoproclamado presidente interino do país,
Juan Guaidó, criticou a sugestão e disse que eles não participam do que chamou de
farsa e citou a eleição de um ano atrás. A votação que reconduziu maduro ao poder
foi boicotada pela maioria dos partidos da oposição e não é reconhecida por parte
da comunidade internacional, como Brasil e Estados Unidos.

Os Estados Unidos em 2018 impõem sansões econômicas a Venezuela


dando um golpe final em uma economia em frangalhos, fazendo Maduro a se voltar
aos “inimigos externos”, ou seja, os EUA.

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