Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
TÉCNICAS DE RECUPERAÇÃO DE
ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO
Feita a opção por executar uma intervenção na estrutura por recuperação ou reparo
de elementos danificados, deve-se, através dos dados obtidos no estudo
patológico, estabelecer a técnica mais adequada para solucionar o problema.
3. 1 Tratamento de Fissuras
80
REABILITAÇÃO DE EDIFICAÇÕES Prof. Dr. Adriano Silva Fortes
As fissuras ativas devem ser tratadas com aplicação de material elástico, como
mástiques. As fissuras passivas, por aplicação de resinas, geralmente, à base de
epóxi, através de injeção ou colmatação, visando tornar a estrutura novamente
monolítica. Recentemente também tem sido empregado com freqüência a injeção
pela aplicação de poliuretano.
Nos casos em que a causa das fissuras tenha relação com a falta de armaduras,
deve-se restabelecer a capacidade resistente da peça por adição da armadura
adequada, procedimento conhecido com grampeamento.
O tratamento a ser adotado, portanto, depende do tipo de fissura e pode ser feito
através de:
3.1.1 Injeção
Após realizar-se uma limpeza cuidadosa dos furos com jato de ar, pode-se colocar
os dutos, geralmente, feitos de mangueira de plástico transparente com diâmetro
externo ligeiramente inferior ao dos furos e comprimento em torno de 12 cm. Esses
dutos devem ser posicionados nos furos e fixados sobre a superfície de contato
com adesivo epoxídico tixotrópico – adesivo de alta viscosidade que praticamente
não escorre. Para facilitar a aderência entre a interface mangueira-adesivo, deve-se
criar ranhuras nas faces externas das mangueiras. Há poucos anos, era comum a
81
REABILITAÇÃO DE EDIFICAÇÕES Prof. Dr. Adriano Silva Fortes
utilização de pedestal para fixação dos dutos. Esse recurso está, atualmente, em
desuso, devido ao bom desempenho dos dutos sem o pedestal.
A fissura deve ser selada em todo seu comprimento entre os dutos. E nos casos de
fissuras passantes, aquelas que secionam a peça, deve-se selar também as faces
não injetáveis. Para melhorar a selagem, é comum abrir-se um sulco em forma de
“v” ao longo de toda a fissura, onde será aplicado adesivo epoxídico, podendo ter
viscosidade um pouco inferior à utilizada para fixação dos dutos – o que ajuda na
aplicação.
Após pelo menos 24 horas, deve-se vedar os dutos, exceto dois adjacentes. Para
isso, dobra-se a mangueira, amarrando-as com arame galvanizado. Em seguida,
injeta-se ar comprimido em um deles para verificar a intercomunicação com o outro.
Esse procedimento deve ser repetido até que todos os dutos tenham sido
verificados. Caso algum duto esteja vedado, deve-se instalar um novo duto ao lado
deste.
O início da injeção deve ser feito pela parte inferior da peça, de cima para baixo,
utilizando resina, geralmente à base de epóxi. Segundo Pimentel e Teixeira (1978),
citados por Souza e Ripper (1998), a resina deve ter viscosidade, a 20 oC, conforme
a abertura da fissura:
82
REABILITAÇÃO DE EDIFICAÇÕES Prof. Dr. Adriano Silva Fortes
- Em torno de 100 cps, resina bastante fluida, para fissuras com aberturas
inferiores a 0,2 mm;
- No máximo 500 cps, resinas líquidas, para fissuras com aberturas entre 0,2 e 0,6
mm;
- No máximo 1500 cps, resinas líquidas, para fissuras com aberturas entre 0,6 e
3,0 mm e;
- Resinas puras ou com cargas para fissuras com aberturas acima de 3,0mm.
Inicialmente, deve-se vedar todos os dutos, exceto dois adjacentes, conforme foi
feito anteriormente para verificar a intercomunicação entre os dutos. Em seguida,
injeta-se a resina por um duto, sob pressão que varia de 0,42 a 0,84 MPa (60 a 120
psi), até que ela comece a subir pelo duto adjacente. Esse procedimento deve ser
repetido, de dois em dois dutos, até que a fissura seja toda injetada.
Aguardar pelo menos 24 horas para promover a retirada dos dutos e acabamento
da superfície.
Essa técnica pode ser utilizada para vedar as extremidades de fissuras passivas
com pequenas aberturas, cerca de 1 mm, quando não há necessidade de
restabelecer a condição monolítica da estrutura. Inicialmente, faz-se um sulco em
forma de “v” em toda a extensão da fissura. Executa-se uma limpeza utilizando-se
ar comprimido. Em seguida, aplica-se resina de baixa viscosidade (destinada à
injeção), para que essa penetre na fissura. Antes de iniciar a cura da resina de
injeção, aplica-se outra resina, de viscosidade mais alta, na região do sulco. Caso
exista a possibilidade da resina escorrer por outra face, essa deve ser vedada antes
do início do procedimento.
83
REABILITAÇÃO DE EDIFICAÇÕES Prof. Dr. Adriano Silva Fortes
Planta Seção AA
A
fissura
A
armadura
84
REABILITAÇÃO DE EDIFICAÇÕES Prof. Dr. Adriano Silva Fortes
85
REABILITAÇÃO DE EDIFICAÇÕES Prof. Dr. Adriano Silva Fortes
Deve-se cortar o concreto danificado até que o material são seja encontrado,
através de processos manuais (utilizando ponteiros e marretas) ou mecânicos
(utilizando rebarbadores ou marteletes pneumáticos). Inicialmente deve-se realizar a
delimitação do corte por meio de uma máquina equipada com disco de corte para
concreto (tipo “maquita”), conforme mostra a Figura 3.4. Esse procedimento tem
como objetivo garantir uma espessura mínima do material de recomposição nas
bordas do reparo.
86
REABILITAÇÃO DE EDIFICAÇÕES Prof. Dr. Adriano Silva Fortes
87
REABILITAÇÃO DE EDIFICAÇÕES Prof. Dr. Adriano Silva Fortes
Vista Lateral
A
Seção AA
88
REABILITAÇÃO DE EDIFICAÇÕES Prof. Dr. Adriano Silva Fortes
Delimitação realizada
com disco de corte
Apesar do processo mais eficaz para limpeza das armaduras com corrosão ser a
aplicação de jato de areia, sua utilização foi recentemente proibida, devido ao risco
que esse procedimento representava para a vida do operador.
89
REABILITAÇÃO DE EDIFICAÇÕES Prof. Dr. Adriano Silva Fortes
mantido por vários minutos, para garantir uma boa limpeza. Deve-se retirar todas as
carepas, tornando as barras adequadas à utilização em armaduras de concreto.
Vale salientar que o sucesso de um reparo, por maior controle de qualidade que
seja implantado, ainda assim, possui elevado risco de falha, pois depende da boa
execução de todas as etapas do reparo.
Figura 3.9 – Limpeza da armadura com escova de aço acoplada a furadeira elétrica
(Observação: falta utilização de luva, protetor auricular e jugular do capacete)
90
REABILITAÇÃO DE EDIFICAÇÕES Prof. Dr. Adriano Silva Fortes
A proteção das armaduras pode ser obtida por processos diretos, aqueles que
atuam na superfície das barras, como proteção catódica, galvanização, pinturas
com resinas epoxídicas e inibidores de corrosão geralmente a base de zinco, ou por
processos indiretos, aqueles que atuam no concreto, utilizando-se cobrimentos
adequados, concretos de elevado desempenho, argamassas poliméricas,
realcalinização do concreto, pinturas com verniz selador ou hidrofugante sobre a
superfície do concreto etc.
A aplicação de inibidor de corrosão, por pintura das armaduras, não tem sido mais
recomendada, nos últimos anos, pela maioria dos profissionais de engenharia de
estruturas. Recentemente verificou-se que a sua aplicação provoca diferença de
potencial elétrico nas armaduras, um dos fatores necessários à formação da pilha
de corrosão, conforme demonstra Helene, 1986. Sua aplicação, portanto, criar uma
situação favorável para formação de pilha eletrolítica, entre a região da barra
recuperada e o seu trecho adjacente, embebido no concreto original. Por esse
motivo, sua aplicação tem sido evitada na maioria dos casos de recuperação
estrutural.
Após a limpeza das armaduras, deve-se colocar as fôrmas onde sejam necessárias.
Em alguns elementos, é indispensável à utilização de fôrmas tipo cachimbo.
Forma cachimbo
Figura 3.11 – Utilização de fôrma tipo cachimbo para recomposição da seção de uma viga
92
REABILITAÇÃO DE EDIFICAÇÕES Prof. Dr. Adriano Silva Fortes
Logo após a aplicação do jato de ar, com as superfícies do concreto e das fôrmas
ainda úmidas, deve-se proceder ao lançamento do material de recomposição. Esse
material deve ser escolhido conforme a natureza da recuperação, observando a
profundidade e área a ser recomposta, além da densidade das armaduras.
Ensaios realizados por alguns pesquisadores, entre eles o Prof. Dr. João Carlos
Teatini de S. Clímaco, na Politécnica Londres/Inglaterra, o Prof. Dr. Eduardo Parente
Prado, na Escola Politécnica da USP e o Prof. Dr. Adriano Silva Fortes, na
93
REABILITAÇÃO DE EDIFICAÇÕES Prof. Dr. Adriano Silva Fortes
Vale salientar ainda que a norma brasileira da ABNT que trata de estruturas pré-
fabricadas, NBR 9062 - Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado,
permite a ligação de elementos de concreto, com idades diferentes, por aderência
das superfícies do concreto novo com o antigo. Esse procedimento foi utilizado com
sucesso em diversas obras de prédios de processos do Pólo Petroquímico de
Camaçari-BA, além de ser prática usual nas construções pré-fabricas em todo o
país. A Figura 3.12 a 3.14 mostram reparos em laje, viga e pilar.
94
REABILITAÇÃO DE EDIFICAÇÕES Prof. Dr. Adriano Silva Fortes
Figura 3.12 – Recomposição da face inferior de uma laje, com aumento de espessura
5 5
VIGA PRÉ-FABRICADA
CORTE DO CONCRETO
1
40
GROUT
45
FÔRMA
5
1.5
1.5
90 P/ VIGA bw = 80
110 P/ VIGA bw = 100
95
REABILITAÇÃO DE EDIFICAÇÕES Prof. Dr. Adriano Silva Fortes
Essa é uma técnica bastante utilizada quando se precisa reconstituir uma área
muito grande. Consiste em lançar concreto ou argamassa sob pressão em uma
superfície que pode estar em qualquer posição, com velocidades superiores a 120
m/s. Pode-se utilizar a técnica via seca ou úmida.
96
REABILITAÇÃO DE EDIFICAÇÕES Prof. Dr. Adriano Silva Fortes
3.2.11 Acabamento
3.2.12 Cura
Devido às dificuldades que geralmente se tem para realização de uma boa cura por
umedecimento das superfícies e devido a aplicação da cura a vapor ser
praticamente inviável, o procedimento mais recomendado na prática tem sido a
utilização de película química de cura. Vale salientar que para seu funcionamento
ser adequando, sua aplicação deve ser realizada cuidadosamente, seguindo as
97
REABILITAÇÃO DE EDIFICAÇÕES Prof. Dr. Adriano Silva Fortes
3 10 a 15 cm 3 3
1 1 1
> 5 cm
10 a 15 cm
3 3
1 1
> 5 cm
98
REABILITAÇÃO DE EDIFICAÇÕES Prof. Dr. Adriano Silva Fortes
99
REABILITAÇÃO DE EDIFICAÇÕES Prof. Dr. Adriano Silva Fortes
Segundo o CEB (1983a), algumas precauções devem ser tomadas visando garantir
a aderência e minimizar os efeitos de retração, entre o concreto antigo e o material
de reforço:
100
REABILITAÇÃO DE EDIFICAÇÕES Prof. Dr. Adriano Silva Fortes
101
REABILITAÇÃO DE EDIFICAÇÕES Prof. Dr. Adriano Silva Fortes
Figura 3.22 – Prova de carga – carregamento de água e saco de areia sobre as lajes
102
REABILITAÇÃO DE EDIFICAÇÕES Prof. Dr. Adriano Silva Fortes
103
REABILITAÇÃO DE EDIFICAÇÕES Prof. Dr. Adriano Silva Fortes
105
REABILITAÇÃO DE EDIFICAÇÕES Prof. Dr. Adriano Silva Fortes
V411 (18x40)
PLANTA
ESC.: 1/25
1° CAMADA
2° CAMADA
1° CAMADA
2° CAMADA
Figura 3.23 – Detalhamento do reforço de uma viga com mantas de CFRP coladas na superfície do
concreto
106
REABILITAÇÃO DE EDIFICAÇÕES Prof. Dr. Adriano Silva Fortes
Figura 3.2 4 – Reforço ao momento negativo de lajes com mantas de CFRP coladas na superfície do
concreto
107
REABILITAÇÃO DE EDIFICAÇÕES Prof. Dr. Adriano Silva Fortes
108
REABILITAÇÃO DE EDIFICAÇÕES Prof. Dr. Adriano Silva Fortes
1F4
4F1
3F10
3F11
6
3F
3F10
3F8
4F9
2F12
Aplicação de prime e
argamassa polimérica
Aplicação de prime e
argamassa polimérica
Figura 3.25 – Reforço de apoios provisórios de plataforma de petróleo - técnica utilizada: colagem
externa de manta de fibras de carbono (1220m2) e colagem de laminado pré-fabricado em entalhes
realizados no concreto de cobrimento (1200m)
109
REABILITAÇÃO DE EDIFICAÇÕES Prof. Dr. Adriano Silva Fortes
Figura 3.26 – Reforço de viga de shopping center ao acréscimo de esforços de flexão e cisalhamento
Figura 3.27 – Reforço longitudinal e transversal de viga protendida, de 15m de vão, de um galpão
industrial
110
REABILITAÇÃO DE EDIFICAÇÕES Prof. Dr. Adriano Silva Fortes
111