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Universidade Federal de Goiás

Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e Computação – EMC

Mestrado em Engenharia Elétrica

Igor Lopes Mota

Análise de Alternativas de Proteção Anti-Ilhamento de

Geradores Síncronos Distribuídos

Goiânia

2015
Igor Lopes Mota

Análise de Alternativas de Proteção Anti-Ilhamento de

Geradores Síncronos Distribuídos

Dissertação apresentada à Escola de Engenharia Elétrica,


Mecânica e Computação da Universidade Federal de Goiás para
o preenchimento dos requisitos de obtenção do título de Mestre
em Engenharia Elétrica.

Área de Concentração: Sistemas de Energia Elétrica

Orientador: Prof. Dr. Igor Kopcak

Co-Orientador: Prof. Dr. Antônio César Baleeiro Alves

Goiânia

2015
Ficha catalográfica elaborada automaticamente
com os dados fornecidos pelo(a) autor(a), sob orientação do Sibi/UFG.

Lopes Mota, Igor


Análise de Alternativas de Proteção Anti-Ilhamento de Geradores
Síncronos Distribuídos [manuscrito] / Igor Lopes Mota. - 2015.
CXXV, 125 f.: il.

Orientador: Prof. Dr. Igor Kopcak ; co-orientador Dr. Antônio César


Baleeiro Alves .
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Goiás, Escola de
Engenharia Elétrica (EEEC) , Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Elétrica e de Computação, Goiânia, 2015.
Bibliografia. Anexos. Apêndice.
Inclui siglas, gráfico, tabelas, lista de figuras, lista de tabelas.

1. Geração Distribuída. 2. Detecção de Ilhamento. 3. Proteção de


Sistemas de Distribuição. I. , Igor Kopcak, orient. II. , Antônio César
Baleeiro Alves, co-orient. III. Título.
Para minha esposa Mariana e
aos meus pais Hugo e Meire por todo
amor, paciência e incentivo.
AGRADECIMENTOS

Aos professores Igor Kopcak e Antônio César Baleeiro Alves pela orientação,
incentivo, amizade e bons exemplos dedicados neste período.

A todos os profissionais envolvidos no programa de Pós-Graduação da Escola de


Engenharia Elétrica, Mecânica e Computação da Universidade Federal de Goiás pelo
programa de Mestrado que muito contribui à sociedade goiana e brasileira.
RESUMO

Nesta dissertação de mestrado apresenta-se um estudo das principais técnicas de


detecção de ilhamento de geradores distribuídos considerando dados reais de 3
acessantes com diferentes capacidades de geração e diferentes tensões de conexão
com o sistema interligado. Visa definir soluções de composição de sistemas de
proteção capazes de garantir a detecção do ilhamento baseados em técnicas locais
passivas, que apresentam custos mais reduzidos com relação às técnicas remotas,
como por exemplo, a teleproteção. O objetivo deste trabalho é alcançar, por meio de
associação de várias técnicas de detecção de ilhamento, um grau de confiabilidade
adequado do sistema de proteção de geradores síncronos distribuídos. Dentre as
técnicas existentes, foram estudadas as funções de proteção de sub e
sobrefrequência (ANSI 81 o/u), taxa de variação de frequência (ROCOF ou ANSI 81
df/dt), salto de vetor (ANSI 78) e direcional de potência reativa (ANSI 32Q). Constatou-
se que a função 32Q, para cargas com fator de potência indutivo e menor que um,
complementa as funções baseadas em frequência justamente na faixa onde estas são
insensíveis a ilhamentos, sendo que o limite para a operação deste relé depende da
potência equivalente da carga consumida localmente. Para os casos de ilhamento
provocado pela abertura intencional do alimentador de distribuição, a detecção de
ilhamento para cargas com fator de potência indutivo poderá ser garantida com a
utilização das técnicas locais passivas sem a necessidade de se onerar a instalação
dos sistemas de proteção de geradores síncronos distribuídos. Apesar de que na
prática é muito improvável um circuito de distribuição possuir um fator de potência
unitário, a associação das referidas funções de proteção surge como uma boa solução
para a detecção de ilhamentos de geradores síncronos distribuídos.

Palavras Chave: Geração distribuída. Detecção de ilhamento. Proteção de sistemas


de distribuição.
ABSTRACT

In this dissertation, we present a detailed study of techniques for islanding detection of


distribution systems in the presence of distributed generators in various forms of
access and connection. The aim is to set up protection system solutions capable of
ensuring the detection of the islanding based on local passive techniques, which have
lower costs with respect to remote techniques, for example, the transfer trip. The
objective of this work is to achieve through the association of several islanding
detection techniques in order to achieve adequate reliability of distributed synchronous
generators protection system. Among the existing techniques, the protection functions
studied were the overfrequency and underfrequency (ANSI 81 o/u), rate of change of
frequency (ROCOF or ANSI 81 df/dt), vector jump (ANSI 78) and directional reactive
power (ANSI 32Q). It was found that the 32Q function for loads with inductive power
factor less than one complements the functions based on frequency precisely in the
range where these are insensitive to islanding, wherein the threshold for operation of
this relay depends on the equivalent load power consumed locally. For cases of
islanding caused the intentional opening of the distribution feeder, the islanding
detection for loads with a inductive power factor can be guaranteed with the use of
passive local techniques without the need to burden the installation of synchronous
generators protection systems distributed. Although in practice it is very unlikely a
distribution circuit has a unity power factor, the association of these protective functions
arises as a good solution for the detection of islanding of distributed synchronous
generators.

Keywords: Distributed generation. Detection of islanding. Protection of distribution


system.
LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1: Diagrama unifilar de proteção para conexão de Gerador Síncrono ao sistema de BT da
CELG................................................................................................................................................23
Figura 2.2: Diagrama unifilar de proteção para conexão de gerador síncrono em MT na CELG .........24
Figura 2.3: Diagrama unifilar de proteção para conexão de gerador síncrono em MT na CEMIG .......25
Figura 2.4: Diagrama unifilar de proteção para conexão de gerador síncrono em MT na COPEL.......25
Figura 2.5: Aumento da corrente de curto-circuito devido a presença de GD .....................................29
Figura 2.6: Perda de Coordenação e Seletividade na Distribuição devido a presença de GD -
Alimentadores ...................................................................................................................................30
Figura 2.7: Alimentador com a presença de GD ................................................................................34
Figura 2.8: Diferença de potencial entre a rede da concessionária e a GD em um pré-religamento ...34
Figura 2.9: Forma de onda da corrente do gerador após um religamento fora de fase .......................35
Figura 2.10: Conjugado eletromagnético no gerador após um religamento fora de fase .....................36
Figura 2.11: Zonas de Proteção de Distância da PCH Ilha da Luz no sistema Escelsa – Espírito Santo
.........................................................................................................................................................42
Figura 2.12: Perfil de tensão de uma GD durante o ilhamento da CGH Capitão Mor .........................43
Figura 2.13: Ligação dos TPs para medição da tensão 3V0 para o relé 59N .....................................44
Figura 2.14: Comportamento do relé de frequência ...........................................................................46
Figura 2.15: Circuito equivalente de um gerador síncrono em paralelo com a rede ............................49
Figura 2.16: Fasores de Tensão do Gerador: (a) antes do ilhamento; (b) após o ilhamento ...............49
Figura 2.17: Comportamento do relé de salto de vetor ajustado em 10° ............................................51
Figura 2.18: Característica da Proteção Direcional de Potência Reativa – ANSI 32Q.........................52
Figura 2.19: Proteção e seletividade auxiliada pela tecnologia IEC 61850 .........................................57
Figura 3.1: Bloco do gerador síncrono utilizado nas simulações – Synchronous Machine ..................61
Figura 3.2: Bloco do controle de excitação utilizado nas simulações – IEEE type DC1A do
SimPowerSystems ............................................................................................................................61
Figura 3.3: Bloco do transformador de potência utilizado nas simulações – Three-Phase Transformer
(Two Windings) do SimPowerSystems ..............................................................................................62
Figura 3.4: Bloco de carga estática utilizado nas simulações – Three-Phase Dynamic Load do
SimPowerSystems ............................................................................................................................63
Figura 3.5: Bloco da linha de distribuição utilizado nas simulações – Three-Phase Pi Section Line do
SimPowerSystems ............................................................................................................................64
Figura 3.6: Modelo do relé de salto de vetor – ANSI 78 .....................................................................65
Figura 3.7: Modelo do relé direcional de potência reativa – ANSI 32Q ...............................................66
Figura 3.8: Modelo do relé de sobre e sub frequência – ANSI 81 o/u .................................................66
Figura 3.9: Modelo do relé de taxa de variação de frequência – df/dt.................................................67
Figura 4.1: Caso 1 - GD de 2,25 MVA conectado em 13,8 kV............................................................70
Figura 4.2: Caso 1 - Sistema de Proteção da GD 2,25 MVA conectada em 13,8 kV ..........................71
Figura 4.3: Caso 1 - Tempo de atuação da proteção de sobrefrequência versus ΔP: carga tipo
impedância constante com excesso de geração (PG > PC) ................................................................73
Figura 4.4: Caso 1 - Tempo de atuação da proteção de sobrefrequência versus ΔP: carga tipo
impedância constante com déficit de geração (PG < PC) ....................................................................74
Figura 4.5: Comportamento da frequência em ilhamentos com excesso e déficit de geração para cargas
com fator de potência 0,92 indutivo e 1 .............................................................................................75
Figura 4.6: Caso 1 - Tempo de atuação da proteção ROCOF versus ΔP: carga tipo impedância
constante com excesso de geração (PG > PC)....................................................................................76
Figura 4.7: Caso 1 - Tempo de atuação da proteção ROCOF versus ΔP: carga tipo impedância
constante com déficit de geração (PG < PC) .......................................................................................77
Figura 4.8: Caso 1 - Tempo de atuação da proteção de salto de vetor versus ΔP: carga tipo impedância
constante com excesso de geração (PG > PC) ...................................................................................78
Figura 4.9: Caso 1 - Tempo de atuação da proteção de salto de vetor versus ΔP: carga tipo impedância
constante com déficit de geração (PG < PC) .......................................................................................78
Figura 4.10: Caso 1 - Tempo de atuação da proteção direcional de potência reativa versus ΔP: carga
tipo impedância constante e fator de potência 0,92 indutivo ..............................................................79
Figura 4.11: Caso 1 - Tempo de atuação do sistema de proteção considerando a sobreposição das
funções 81 o/u, ROCOF, 78 e 32Q versus ΔP: carga tipo impedância constante ..............................81
Figura 4.12: Caso 2 - GD de 9,125 MVA conectado em 34,5 kV ........................................................83
Figura 4.13: Caso 2 - Sistema de Proteção da GD 9,125 MVA conectada em 34,5kV........................85
Figura 4.14: Caso 2 - Tempo de atuação da proteção ANSI 81 o/u versus ΔP: carga tipo impedância
constante com excesso de geração (PG > PC) ...................................................................................87
Figura 4.15: Caso 2 - Tempo de atuação da proteção ANSI 81 o/u versus ΔP: carga tipo impedância
constante com déficit de geração (PG < PC) .......................................................................................88
Figura 4.16: Caso 2 - Tempo de atuação da proteção ROCOF versus ΔP: carga tipo impedância
constante com excesso de geração (PG > PC) ...................................................................................89
Figura 4.17: Caso 2 - Tempo de atuação da proteção ROCOF versus ΔP: carga tipo impedância
constante com déficit de geração (PG < PC) .......................................................................................89
Figura 4.18: Caso 2 - Tempo de atuação da proteção salto de vetor versus ΔP: carga tipo impedância
constante com excesso de geração (PG > PC) ...................................................................................90
Figura 4.19: Caso 2 - Tempo de atuação da proteção salto de vetor versus ΔP: carga tipo impedância
constante com déficit de geração (PG < PC) .......................................................................................91
Figura 4.20: Caso 2 - Tempo de atuação da proteção ANSI 32Q versus ΔP: carga tipo impedância
constante ..........................................................................................................................................92
Figura 4.21: Caso 2 - Tempo de atuação do sistema de proteção considerando a sobreposição das
funções 81 o/u, ROCOF, 78 e 32Q versus ΔP: carga tipo impedância constante ..............................94
Figura 4.22: Caso 3 - GD de 22,5 MVA conectado em 88 kV.............................................................96
Figura 4.23: Caso 3 - Sistema de Proteção da GD 22,5 MVA conectada em 88 kV ...........................97
Figura 4.24: Caso 3 - Tempo de atuação da proteção ANSI 81 o/u versus ΔP: carga tipo impedância
constante com excesso de geração (PG > PC) ...................................................................................99
Figura 4.25: Caso 3 - Tempo de atuação da proteção ANSI 81 o/u versus ΔP: carga tipo impedância
constante com déficit de geração (PG < PC) .......................................................................................99
Figura 4.26: Caso 3 - Tempo de atuação da proteção ROCOF versus ΔP: carga tipo impedância
constante com excesso de geração (PG > PC) .................................................................................100
Figura 4.27: Caso 3 - Tempo de atuação da proteção ROCOF versus ΔP: carga tipo impedância
constante com déficit de geração (PG < PC) .....................................................................................101
Figura 4.28: Caso 3 - Tempo de atuação da proteção salto de vetor versus ΔP: carga tipo impedância
constante com excesso de geração (PG > PC) .................................................................................102
Figura 4.29: Caso 3 - Tempo de atuação da proteção salto de vetor versus ΔP: carga tipo impedância
constante com déficit de geração (PG < PC) .....................................................................................102
Figura 4.30: Caso 3 - Tempo de atuação da proteção ANSI 32Q versus ΔP: carga tipo impedância
constante ........................................................................................................................................104
Figura 4.31: Caso 3 - Tempo de atuação do sistema de proteção completo versus ΔP: carga tipo
impedância constante e fator de potência 1 e 0,92 ..........................................................................106
LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1: Requisitos mínimos de proteção em função da potência instalada previstos pelo Módulo 3
do PRODIST .....................................................................................................................................22
Tabela 2.2: Funções exigidas pela ANEEL (Módulo 3 - PRODIST), IEEE (IEEE Std 1547), CEMIG,
CELG e COPEL ................................................................................................................................26
Tabela 2.3: Recomendações de ajustes das proteções das concessionárias CELG, CEMIG e COPEL
.........................................................................................................................................................27
Tabela 4.1: Caso 1 - Dados do Gerador ............................................................................................70
Tabela 4.2: Caso 1 - Ajustes de Proteção.........................................................................................72
Tabela 4.3: Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms pela proteção
de frequência ANSI 81 o/u ................................................................................................................72
Tabela 4.4: Caso 1 - Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms pela
proteção df/dt ....................................................................................................................................75
Tabela 4.5: Caso 1 - Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms pela
proteção de salto de vetor .................................................................................................................77
Tabela 4.6: Caso 1 – Ajustes de proteção finais ................................................................................80
Tabela 4.7: Caso 1: Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms pelo
sistema de proteção ..........................................................................................................................81
Tabela 4.8: Caso 2 - Dados do Gerador de 9,125 MVA ....................................................................84
Tabela 4.9: Caso 2 - Ajustes de proteção definidos ...........................................................................86
Tabela 4.10: Caso 2 - Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms pela
proteção de frequência ANSI 81 o/u ..................................................................................................87
Tabela 4.11: Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms pela proteção
df/dt ..................................................................................................................................................88
Tabela 4.12: Caso 2 - Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms pela
proteção salto de vetor ......................................................................................................................90
Tabela 4.13: Caso 2 - Ajustes de proteção definidos ........................................................................93
Tabela 4.14: Caso 2 - Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms pelo
sistema de proteção completo...........................................................................................................93
Tabela 4.15: Caso 3 - Dados do Gerador de 22,5 MVA ....................................................................96
Tabela 4.16: Caso 3 - Ajustes de Proteção.......................................................................................98
Tabela 4.17: Caso 3 - Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms pela
proteção de frequência ANSI 81 o/u ..................................................................................................98
Tabela 4.18: Caso 3 - Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms pela
proteção df/dt ..................................................................................................................................100
Tabela 4.19: Caso 3 - Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms pela
proteção salto de vetor ....................................................................................................................101
Tabela 4.20: Caso 3 - Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms pela
proteção direcional de potência reativa com excesso de geração ....................................................103
Tabela 4.21: Caso 3 - Ajustes de proteção definidos ......................................................................105
Tabela 4.22: Caso 3 - Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms pelo
sistema de proteção completo.........................................................................................................105

Tabela A.1: Caso 1 - Parâmetros do bloco do gerador síncrono ......................................................117


Tabela A.2: Caso 1- Parâmetros do bloco do controle de excitação.................................................117
Tabela A.3: Caso 1 - Parâmetros do bloco de carga ........................................................................118
Tabela A.4: Caso 1 - Parâmetros do bloco do transformador ...........................................................118
Tabela A.5: Caso 1 - Parâmetros do bloco da linha de distribuição ..................................................118
Tabela A.6: Caso 1 - Parâmetros do bloco do equivalente do sistema elétrico.................................118
Tabela A.7: Caso 2 - Parâmetros do bloco do gerador síncrono ......................................................119
Tabela A.8: Caso 2 - Parâmetros do bloco do controle de excitação................................................119
Tabela A.9: Caso 2 - Parâmetros do bloco de carga ........................................................................120
Tabela A.10: Caso 2 - Parâmetros do bloco do transformador .........................................................120
Tabela A.11: Caso 2 - Parâmetros do bloco da linha de distribuição 1 e 2 .......................................120
Tabela A.12: Caso 2 - Parâmetros do bloco do equivalente do sistema elétrico ...............................120
Tabela A.13: Caso 3 - Parâmetros do bloco do gerador síncrono ...................................................121
Tabela A.14: Caso 3 - Parâmetros do bloco do controle de excitação ..............................................121
Tabela A.15: Caso 3 - Parâmetros do bloco de carga ......................................................................122
Tabela A.16: Caso 3 - Parâmetros do bloco do transformador .........................................................122
Tabela A.17: Caso 3 - Parâmetros do bloco da linha de distribuição 1 e 2 .......................................122
Tabela A.18: Caso 3 - Parâmetros do bloco do equivalente do sistema elétrico ...............................122
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica


BT Baixa Tensão
CELG Centrais Elétricas de Goiás
CEMIG Centrais Elétricas de Minas Gerais
CGH Central de Geração Hidrelétrica
COPEL Companhia Paranaense de Energia
DER Distribute Energy Resources
DSV Dispositivo de Secionamento Visual
GD Geração Distribuída
MCH Micro/Minicentral Hidrelétrica
MT Média Tensão
PCH Pequena Central Hidrelétrica
PLCC Power Line Carrier Communication
PRODIST Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico
pu Por Unidade
ROCOF Rate of Change of Frequency
SCADA Supervisory Control and Data Acquisition Nacional
TC Transformador de Corrente
TDD Transferência de Disparo Direto
TP Transformador de Potencial
SUMÁRIO

Capítulo 1 Introdução ....................................................................................................................17


Capítulo 2 A Presença da GD em Sistemas de Distribuição: Normatização, Impactos, Proteção e
Detecção de Ilhamento .....................................................................................................................21
2.1. Introdução................................................................................................................21
2.2. Regulamentação e Normas ......................................................................................21
2.3. Impactos da Geração Distribuída nos Sistemas de Distribuição................................27
2.3.1. Alteração dos níveis de curto-circuito ...............................................................27
2.3.2. Sistemas de Proteção ......................................................................................28
2.3.3. Tipo de Aterramento da Fonte .........................................................................30
2.3.4. Estabilidade Transitória ...................................................................................32
2.3.5. Operação e Despacho .....................................................................................32
2.3.6. Religamento fora de fase .................................................................................33
2.4. Detecção de Ilhamento e os Relés de Proteção .......................................................36
2.4.1. Relé de Sobrecorrente - ANSI 50/51 ................................................................39
2.4.2. Relé de Sobrecorrente Direcional - ANSI 67 ....................................................40
2.4.3. Relé de Distância - ANSI 21 ............................................................................41
2.4.4. Relé de Subtensão - ANSI 27 ..........................................................................42
2.4.5. Relé de Sobretensão de Neutro – ANSI 59N....................................................43
2.4.6. Relé de Sub e Sobre frequência - ANSI 81 o/u ................................................45
2.4.7. Relé de Variação de Frequência – ROCOF (df/dt) ...........................................47
2.4.8. Relé de Salto de Vetor – ANSI 78 ....................................................................48
2.4.9. Relé Direcional de Potência Reativa – ANSI 32Q.............................................51
2.4.10. Relé de Fator de Potência Associado ao Relé de Subtensão – ANSI 55 ..........53
2.4.11. Técnica Remota: Teleproteção – ANSI 85 .......................................................54
2.4.12. Relé de Verificação de Sincronismo (ANSI 25).................................................54
2.4.13. Mudanças para a Proteção nas Subestações das Concessionárias .................55
2.5. Considerações Finais...............................................................................................58
Capítulo 3 Metodologia .................................................................................................................60
3.1. Plataforma de Simulação – Modelagem no SimPowerSystems ................................60
3.1.1. Gerador Síncrono ............................................................................................60
3.1.2. Controle de Excitação - AVR............................................................................61
3.1.3. Controle de Velocidade ....................................................................................62
3.1.4. Transformador .................................................................................................62
3.1.5. Cargas Elétricas ..............................................................................................62
3.1.6. Linha de Distribuição .......................................................................................64
3.1.7. Relé de Salto de Vetor – ANSI 78 ....................................................................64
3.1.8. Relé Direcional de Potência Reativa – ANSI 32Q.............................................65
3.1.9. Relé de Sobre e Sub Frequência – ANSI 81 o/u...............................................66
3.1.10. Relé de Taxa de Variação de Frequência – ANSI 81 df/dt ................................67
3.2. Avaliação do Comportamento das Funções de Proteção por Meio de Estudos de
Casos 67
3.3. Simulação ................................................................................................................68
Capítulo 4 Estudos de Casos ........................................................................................................69
4.1. Caso 1: Gerador de 2,25 MVA conectado em 13,8 kV ..............................................69
4.2. Caso 2: Gerador de 9,125 MVA conectado em 34,5 kV ............................................83
4.3. Caso 3: Gerador de 22,5 MVA conectado em 88 kV .................................................95
Capítulo 5 Conclusões e Proposta para Trabalhos Futuros .........................................................107
Referências Bibliográficas ...............................................................................................................112
Apêndice A.1 – Dados do Estudo de Caso 1 ...................................................................................117
Apêndice A.2 – Dados do Estudo de Caso 2 ...................................................................................119
Apêndice A.3 – Dados do Estudo de Caso 3 ...................................................................................121
Apêndice B – Publicações em Eventos Científicos durante o Mestrado ...........................................123
Apêndice C – Demais Produções ....................................................................................................124
17

Capítulo 1 Introdução

A geração distribuída vem se tornando, cada vez mais, uma alternativa


importante na utilização das fontes de energia renováveis que englobam hidráulica,
solar, eólica, biomassa ou cogeração qualificada (ANEEL, 2014). Tal fato se fortalece
devido à conscientização da preservação ambiental, do aumento contínuo da
demanda, aos avanços tecnológicos e à reestruturação do setor de energia elétrica.
No Brasil, a utilização das fontes de energia renováveis ganhou força devido às
recentes crises climáticas, que provocaram uma grande diminuição dos níveis dos
reservatórios de água das principais hidrelétricas do país responsáveis por mais de
70% da energia gerada, associadas ao aumento de tarifa de energia elétrica fruto da
maciça utilização das termelétricas. Outro fator que contribui com a disseminação da
geração distribuída no Brasil é a Resolução Normativa número 482/2012 da ANEEL
(2012), que estabeleceu as condições para o consumidor brasileiro poder gerar sua
própria energia a partir das fontes distribuídas e inclusive fornecer o excedente para
a rede de distribuição local, estabelecendo contratos de compensação de energia com
a concessionária (ANEEL, 2012).
A utilização da geração distribuída potencializa a redução de emissão de gases,
principalmente o CO2, maior eficiência energética e diversificação das fontes de
energia (Jenkins et al., 2000). Outros benefícios que justificam os estímulos à geração
distribuída são a postergação de investimentos em expansão nos sistemas de
distribuição e transmissão, a redução no carregamento das redes, a redução de
perdas, a diversificação da matriz energética, a redução dos custos de implantação
pois a geração pode ser localizada próxima às cargas reduzindo os custos de
transmissão, além da maior facilidade de se encontrar locais para a instalação de
pequenos geradores (Jenkins et al., 2000; ANEEL, 2014).
Contudo, a utilização da geração distribuída não possui somente vantagens. Sua
implantação provoca importantes modificações na rede elétrica convencional, sendo
necessários estudos e análises mais elaborados para a manutenção da confiabilidade
do fornecimento da energia elétrica e segurança operativa na presença de geradores
distribuídos. Entre os problemas provocados na rede de distribuição devido à inclusão
de geradores distribuídos, destacam-se o aumento dos níveis de curto-circuito da
rede, perda da seletividade dos religadores e elos fusíveis da rede de distribuição,
18

possibilidade de formação de subsistemas ilhados, riscos para as equipes de


manutenção devido a tensões transferidas, possibilidade de religamento fora de fase
e interferência na qualidade de energia elétrica (Jenkins et al., 2000).
Neste trabalho serão discutidos os problemas relacionados à proteção de redes
de distribuição na presença de geradores distribuídos, mais especificamente, na
investigação de alternativas de detecção de ilhamento através de funções de proteção
locais e passivas para geradores síncronos, onde se pode pontuar as proteções de
frequência, taxa de variação de frequência, salto de vetor e direcional de potência
reativa. As análises serão realizadas por meio de levantamento de curvas de
desempenho das funções de proteção anti-ilhamento que objetivam especificar o
tempo necessário para a detecção de ilhamento em função da diferença entre as
potências ativa gerada pela GD (PG) e consumida pela carga local (PC). Neste
trabalho, será adotado o termo “desbalanço” para referir-se a esta diferença entre
potências ativa que será calculada em pu por (PG - PC) / PG ou 100.(PG - PC) / PG em
percentual.
Esta dissertação apresenta um estudo sistemático por meio de estudos de casos
reais de geração distribuída de diferentes tipos (hidrelétrica, biomassa e termelétrica
a vapor) e conectadas em diferentes níveis de tensão de distribuição ou
subtransmissão (13,8 kV, 34,5 kV e 88 kV) onde se buscou a garantia da detecção de
ilhamento com a aplicação das proteções locais e passivas que possuem um menor
custo de implantação se comparada com as técnicas remotas com o uso de
telecomunicações.
O objetivo do trabalho é avaliar as funções de proteção locais e passivas diante
da obrigatoriedade da detecção do ilhamento, determinando as limitações de cada
função para cada estudo de caso e a sugestão de funções de proteção para se
detectar a formação de subsistemas ilhados, tal como a proteção direcional de
potência reativa. A proposta de estudos de casos reais proporcionará uma maior
abrangência dos resultados e uma maior proximidade da realidade tornando uma
comparação entre os desempenhos das funções de detecção de ilhamento mais
confiável. O tipo de carga e seu fator de potência também são variáveis importantes
que serão discutidas neste trabalho com o objetivo de se analisar seus impactos no
desempenho das funções de proteção. Mesmo quando não houver a garantia da
19

detecção de ilhamentos por meio das técnicas locais e passivas, ainda há outras
alternativas para que se possa viabilizar a conexão da GD de forma confiável.
Esta dissertação de mestrado está organizada da seguinte maneira:

Capítulo 2: A Presença da GD em Sistemas de Distribuição: Normatização,


Impactos e Proteção. Esse capítulo apresenta os requisitos de conexão de algumas
concessionárias de energia no que tange ao sistema de proteção e detecção de
ilhamento, além de recomendações de normas técnicas de concessionárias de
energia elétrica brasileiras e IEEE 1547. Os impactos que a presença de GD no
sistema de distribuição provocam são discutidos e contextualizados com as
exigências das concessionárias de energia.
Diversas técnicas de detecção de ilhamento são apresentadas nesse capítulo,
com as funções de proteção aplicáveis na detecção de ilhamento, sua eficácia e
restrições que devem ser analisadas quando do estudo de proteção de uma GD. Com
objetivo de diminuir as limitações das funções de proteção na detecção de ilhamento,
associações de duas ou mais funções são sugeridas.

Capítulo 3: Metodologia. Neste capítulo é apresentada a plataforma de


simulação utilizada no desenvolvimento deste trabalho, bem como os modelos dos
equipamentos de um sistema de distribuição, tais como, geradores síncronos,
controladores de excitação, transformadores de potência, cargas estáticas e relés de
proteção. Estes modelos são utilizados nas simulações do capítulo 4. A maneira que
as simulações foram realizadas é apresentada nesse capítulo.

Capítulo 4: Estudos de Caso. Esse capítulo apresenta uma série de simulações


de três casos reais de sistemas de distribuição na presença de GD quanto ao
comportamento das funções de proteção, sua eficácia e limitações na detecção do
ilhamento. Através da associação de várias funções de proteção, a garantia na
detecção do ilhamento é almejada para todos os casos estudados, que podem ser
ampliados para uma generalização da aplicação do conjunto de funções. Optou-se
pela diversificação de casos de GD, alternando tipo de geração (hidrelétrica, biomassa
e termelétrica a vapor) e níveis de tensão de conexão (13,8 kV, 34,5 kV e 88 kV).
20

Capítulo 5: Considerações Finais e Conclusões. Nesse capítulo, os


resultados são discutidos e são apresentadas as conclusões e as principais
contribuições deste trabalho de mestrado. Também são feitas algumas sugestões
para o desenvolvimento de trabalhos futuros para o complemento das ideias iniciadas
nesta dissertação.
21

Capítulo 2 A Presença da GD em Sistemas de


Distribuição: Normatização, Impactos, Proteção e
Detecção de Ilhamento

2.1. Introdução

Neste capítulo apresenta-se uma revisão bibliográfica relacionada a geração


distribuída em seus vários aspectos, incluindo a regulamentação por meio das
resoluções da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), normatização do
acesso ao sistema de distribuição das concessionárias CELG, CEMIG e COPEL. A
presença de GD provoca uma série de modificações no sistema acessado por ela, o
que, inevitavelmente, trará impactos ao sistema elétrico. Estas perturbações serão
discutidas neste capítulo, bem como, as diversas técnicas de detecção de ilhamento
existentes e o desempenho das funções de proteção.

2.2. Regulamentação e Normas

Devido ao aumento da necessidade de se desenvolver e diversificar as fontes


renováveis de energia e a preservação do meio ambiente, a geração distribuída
tornou-se área de estudo de grande interesse em todo o mundo. No Brasil não está
sendo diferente.
A consequência natural de desenvolvimento e utilização de um sistema elétrico
com vários agentes é a sua normatização, onde regras e padrões são criados para
que o convívio entre as diversas fontes de geração e consumo seja harmonioso e o
fornecimento de energia tenha sempre um grau de confiabilidade adequado.
No Brasil, o sistema de distribuição de energia elétrica é regulamentado pelo
PRODIST (Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico
Nacional), criado em 2008 pela ANEEL com o objetivo de estabelecer as condições
de acesso de unidades consumidoras ou geradoras ao sistema de distribuição. Em
linhas gerais, o tema proteção para conexão de centrais geradoras também é
abordado pelo PRODIST Módulo 3 (ANEEL, 2012). Ainda em caráter regulatório, a
ANEEL publicou a Resolução 482 de 2012, onde se estabeleceu as condições gerais
22

para o acesso de micro e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição de


energia elétrica, através de um sistema de compensação de energia elétrica (ANEEL,
2012).
Em consequência da regulamentação estabelecida pela ANEEL, as
concessionárias de energia elétrica no Brasil foram obrigadas a elaborar normas para
o acesso de GD aos seus sistemas. Dentre as diversas concessionárias brasileiras,
foram observadas a CELG (CELG, 2012), CEMIG (CEMIG, 2012 e 2013) e COPEL
(COPEL, 2013) para uma breve análise do que é exigido em termos de proteção para
o acesso de GD. Como referência normativa técnica internacional foi tomada a IEEE
Std 1547 (2008).
Segundo o Módulo 3 do PRODIST (ANEEL, 2012), as proteções mínimas para
o acesso de GD devem seguir a Tabela 2.1. Dependendo de especificidades do
sistema, a concessionária local pode exigir outras funções de proteção mediante
justificativas técnicas. Para centrais geradoras com capacidade acima de 10 MW,
devem ser previstas as funções de proteção de sub e sobretensão ajustadas em
comum acordo com a concessionária acessada, objetivando o mínimo impacto sobre
o sistema existente. Quanto às perturbações externas, tais como variação de tensão

Tabela 2.1: Requisitos mínimos de proteção em função da potência instalada previstos pelo Módulo 3
do PRODIST
Potência Instalada
Equipamento
Até 100 kW 101 kW a 500 kW >500 kW
Elemento de desconexão Sim Sim Sim
Elemento de interrupção Sim Sim Sim
Transformador de acoplamento Não Sim Sim
Proteção de sub e sobretensão Sim Sim Sim
Proteção de sub e sobrefrequência Sim Sim Sim
Proteção contra desequilíbrio de corrente Não Não Sim
Proteção contra desbalanço de tensão Não Não Sim
Sobrecorrente direcional Não Não Sim
Sobrecorrente com restrição de tensão Não Não Sim
Relé de sincronismo Sim Sim Sim
Anti-Ilhamento Sim Sim Sim
Estudo de curto-circuito Não Sim Sim
Medição Bidirecional 4 Quadrantes 4 Quadrantes
Ensaios Sim Sim Sim
Fonte: (ANEEL, 2012)
23

ou frequência decorrentes de rejeição de carga, por exemplo, a proteção da GD deve


permanecer em operação sem atuação de proteção, sendo necessário para isso a
realização de testes e ensaios específicos.
Quando for permitida a operação ilhada da GD para centrais com capacidade
acima de 300 kW, estudos de qualidade de energia elétrica devem ser realizados a
fim de se determinar a possibilidade deste tipo de operação associada a micro rede
estabelecida no ilhamento (ANEEL, 2012). Porém, apesar de abordado o assunto da
permissão de operação ilhada de uma GD, raros são os casos em que é observado a
operação ilhada. Quando a operação ilhada não for permitida, a abertura do disjuntor
da GD deve ser realizada de forma automática, através das técnicas de detecção de
ilhamento e ajustadas conforme características da GD e do sistema local (Jenkins et
al., 2000; Luiz, 2012; ANEEL, 2012; COPEL, 2013; CEMIG, 2012; CEMIG, 2013).
A norma NTC-71 da CELG (2012) exige as funções de proteção previstas pela
IEEE 1547 (2008), com algumas ressalvas, tanto para conexão em baixa tensão
quanto para conexão em média tensão. As funções de sobrecorrente (ANSI 50/51 e
50N/51N) são destinadas à proteção contra curtos-circuitos e sobrecargas, enquanto
que as funções de frequência (ANSI 81o/u), tensão (27, 59) e salto de vetor (ANSI 78)
têm a finalidade principal de detectar ilhamentos. Para o controle e intertravamento de
manobras de dispositivos de secionamento em sistemas com mais de uma fonte é
importante a presença do relé de verificação de sincronismo (ANSI 25). A Figura 2.1

Figura 2.1: Diagrama unifilar de proteção para conexão de Gerador Síncrono ao sistema de BT da
CELG
Rede de Distribuição

Painel de Proteção
3xTC 50/ 50/
51 51N

81u 81o 27 59 78

3xTP
25

1xTP

Gerador
Síncro no

Fonte: (CELG, 2012)


24

apresenta o diagrama unifilar de proteção simplificado para a conexão de um gerador


síncrono ao sistema CELG de baixa tensão. A conexão em média tensão é
apresentada na Figura 2.2.

Figura 2.2: Diagrama unifilar de proteção para conexão de gerador síncrono em MT na CELG
Rede de Distribuição

Painel de Proteção
50/ 50/
3xTC 51 51N

81u 81o 27 59 78

3xTP
25

1xTP

Gerador
Síncro no
Fonte: (CELG, 2012)

Na Figura 2.2 observa-se que a conexão do transformador no lado de média


tensão possui conexão do tipo delta. Para este tipo de conexão, não haverá proteção
por parte da GD para faltas à terra no sistema de distribuição, pois a ligação delta do
transformador não permite passagem da corrente de sequência zero para o sistema.
Logo, a proteção 50/51N não terá eficácia para faltas à terra no sistema de distribuição
da concessionária de energia elétrica. O mesmo pode ser observado na Figura 2.3,
relativa à norma da CEMIG (2012 e 2013). Já na norma da COPEL (2013), está
prevista a proteção de sobretensão residual (ANSI 59N) para o caso de conexão em
média tensão onde o transformador da GD possui ligação delta, conforme Figura 2.4.
Do ponto de vista de detecção de ilhamento, a norma CEMIG (2012 e 2013)
apresenta exigências menores quando comparadas à outras normas, visto que
somente as funções de frequência (ANSI 81o/u) e tensão (27, 59) são previstas na
norma da concessionária. Já para conexão no sistema de distribuição da CELG
(2012), há a inclusão da proteção de Salto de Vetor (ANSI 78), que é uma função
25

dedicada a detecção do ilhamento e com resultados importantes (Freitas, Huang e Xu,


2005; Freitas e Xu, 2004). Enquanto que para a COPEL (2013), as funções indicadas

Figura 2.3: Diagrama unifilar de proteção para conexão de gerador síncrono em MT na CEMIG
Rede de Distribuição

Painel de Proteção
50/ 50/
3xTC 51 51N

81u 81o 27 59

3xTP
25

1xTP

Gerador
Síncrono
Fonte: (CEMIG, 2013)

Figura 2.4: Diagrama unifilar de proteção para conexão de gerador síncrono em MT na COPEL
Rede de Distribuição

3xTP
Trafo de
Potência

50/ 50/
3xTC 51 51N 37 46 59N

81
81u 81o dfdt 27 59 78

3xTP
25

1xTP Painel de Proteção

Gerador
Síncrono
Fonte: (COPEL, 2013)
26

pelas principais referências bibliográficas (IEEE 1547, 2008; Benhrendt,2002; Freitas,


Huang e Xu, 2005; Vieira et al., 2006; Afonso et al., 2005; Vieira, 2006; Freitas e Xu,
2004) são todas exigidas. Desta forma, é conclusivo dizer que a norma da COPEL
(2013) é mais completa dentre as três concessionárias analisadas, podendo servir de
referência para melhorias futuras nas normas da CELG (2012) e CEMIG (2012 e
2013). Embora seja a norma de referência amplamente utilizada em todo o mundo, a
IEEE 1547 (2008) preconiza uma menor exigência que a norma da COPEL (2013),
visto que somente nesta última a proteção de salto de vetor (ANSI 78) é exigida.

Tabela 2.2: Funções exigidas pela ANEEL (Módulo 3 - PRODIST), IEEE (IEEE Std 1547), CEMIG,
CELG e COPEL

Normas
Funções de proteção exigidas Módulo 3
IEEE 1547 CEMIG CELG COPEL
PRODIST
Subtensão (27) x x x x x
Sobretensão (59) x x x x x
Sobretensão de neutro (59N) x x x
Frequência (81 o/u) x x x x x
Salto de Vetor (78) x x
ROCOF (df/dt) x
Sobrecorrente direcional (67) x x x* x*
Sobrecorrente direcional de neutro (67N) x x x* x*
Sobrecorrente (50/51) x x x x*
Sobrecorrente com restrição de tensão (51V) x x x*
Sincronismo (25) x x x x
Direcional potência reativa (32Q)
Direcional potência ativa (32P) x x*
Desbalanço de corrente de seq. negativa (46+37) x x x*
* Exigidas somente para conexão em média tensão

Estas normas ainda citam ajustes para as funções de proteção, para servir de
referência, como pode ser observado na Tabela 2.3, porém, alguns destes ajustes
podem não satisfazer a condição de isolar a GD antes do primeiro ciclo de religamento
do alimentador acessado, sob pena de provocar danos aos geradores, transitórios de
tensão e sobrecorrentes (Willinston e Finney, 2011). Como os ajustes da função de
religamento automático não são padronizados entre as concessionárias, é possível
afirmar que não se deve seguir ajustes típicos ou de referência e sim realizar
simulações e definir caso a caso o melhor ajuste.
27

Tabela 2.3: Recomendações de ajustes das proteções das concessionárias CELG, CEMIG e COPEL
Ajustes das Funções de Proteção
Código CELG CEMIG COPEL
Descrição dos Relés
ANSI Ajuste Tempo Ajuste Tempo Ajuste Tempo
27 Subtensão 0,80 pu 5s 0,80 pu 5s 0,70 pu 2s
59 Sobretensão 1,10 pu 5s 1,10 pu 5s 1,10 pu 10 s
50 Sobrecorrente instantâneo
Conforme Seletividade
51 Sobrecorrente temporizado
81 o Sobrefrequência 60,5 Hz 5s 60,5 Hz 5s 62/66 Hz 30 s/Inst.
81 u Subfrequência 59,5 Hz 5s 59,5 Hz 5s 58,5/56,5 Hz 10 s/Inst.
Fonte: Adaptado de (CELG, 2012); (COPEL, 2013); (CEMIG, 2012); (CEMIG, 2013)

2.3. Impactos da Geração Distribuída nos Sistemas de Distribuição

A geração distribuída (GD), definida como sendo a conexão de geradores na


rede de distribuição de energia elétrica e, geralmente, próximos aos centros de carga,
já é uma realidade no cenário energético brasileiro e mundial. A presença das fontes
distribuídas nos alimentadores tem implicado no aumento da complexidade de
sistemas de distribuição, principalmente no âmbito da proteção de sistemas elétricos.
O sistema de distribuição de energia elétrica no Brasil foi concebido para operar
numa configuração onde o fluxo de corrente e potência é unidirecional, ou seja, em
um alimentador de distribuição somente haverá fonte de energia do lado da
concessionária, com o fluxo de corrente e potência somente no sentido da subestação
de distribuição para as cargas. Com a inserção de GD, a configuração unidirecional
deixa de existir e o sistema passa a ser alimentado não só pela concessionária, mas,
também, pelos geradores distribuídos (Mota et al., 2014). Durante curtos-circuitos, os
geradores distribuídos também poderão contribuir para a falta, elevando os níveis de
corrente de falta (Jenkins et al., 2000).

2.3.1. Alteração dos níveis de curto-circuito

Muitas unidades de geração distribuída são compostas por geradores síncronos


que contribuem com corrente de curto-circuito. Consequentemente, a rede acessada
por estes geradores terá seu nível de curto-circuito elevado. Tal situação pode
representar para os equipamentos instalados uma superação de sua capacidade de
curto-circuito, o que implica na necessidade de substituição por equipamentos que
sejam compatíveis com os novos níveis de curto-circuito ou a inserção de limitadores
28

de corrente de curto-circuito. A substituição de equipamentos de distribuição com


maior capacidade de curto-circuito representará custos muito elevados, podendo
inviabilizar os empreendimentos de geração distribuída. Contudo, a contribuição dos
geradores pode ser reduzida através da instalação de reatores ou transformadores
entre a GD e a rede de distribuição, porém, além do aumento dos custos de
implantação, haverá um aumento das perdas no sistema (Jenkins et al., 2000).
Por outro lado, após a formação de uma ilha energizada, os níveis de curto-
circuito da mesma serão reduzidos consideravelmente, pois a concessionária de
energia deixará de contribuir para o defeito. Isso provocará, inevitavelmente, perda de
seletividade entre as proteções remanescentes no circuito ilhado, onde os dispositivos
de proteção tenderão a ter tempos de atuação mais elevados devido à redução da
corrente de curto-circuito (Vieira, 2006).

2.3.2. Sistemas de Proteção

A presença de GD provoca uma série de mudanças no sistema de proteção das


redes de distribuição. Devido à contribuição para a corrente de curto-circuito por parte
dos geradores da GD há uma redução da sensibilidade na detecção de falta e na
velocidade de operação das proteções do alimentador quando conexões são
realizadas por meio de uma derivação em um ponto qualquer do alimentador, também
conhecidas como TAP, são efetuadas, principalmente quando se utiliza a proteção de
distância, onde este efeito, definido como “infeed” (Ziegler, 2011), pode ainda provocar
subalcances. Apesar de não ser comum em distribuição, é de conhecimento do autor
deste trabalho a utilização da proteção de distância para a conexão de GD, como é o
caso da PCH Ilha da Luz, conectada em 13,8 kV no sistema Escelsa, atualmente, EDP
Energia na cidade de Cachoeiro do Itapemirim, estado do Espírito Santo.
O aumento dos níveis de curto-circuito do alimentador de distribuição acessado
por GD impactará na coordenação e seletividade entre as proteções pré-existentes.
Por exemplo, um alimentador radial cuja proteção é feita por um religador (AL1) na
saída da subestação e elos fusíveis em derivações é ilustrado na Figura 2.5.
Ocorrendo um curto-circuito no ponto indicado, a corrente que passará pelos elos
fusíveis será acrescida da contribuição do GD (IS+IGD), o que implicará em diminuição
dos tempos de atuação e, provavelmente, na perda da coordenação e seletividade do
circuito de distribuição.
29

Um esquema de coordenação muito utilizado no Brasil em distribuição de


energia entre os religadores e elos fusíveis consiste em ajustar o religador para atuar
instantaneamente no primeiro ciclo de religamento, mais rápido que os elos fusíveis,
enquanto nos demais ciclos a atuação será mais lenta. Após a atuação do primeiro
ciclo e decorrido o primeiro tempo morto, geralmente 0,5 s, religa-se o alimentador.
Caso a falta seja transitória, o religamento terá sucesso. Já no caso da falta ser
permanente, o religador atuará mais lentamente que o elo fusível, que isolará o defeito
mantendo as demais cargas alimentadas, desenergizando uma pequena parte do
circuito que está defeituoso, ao invés de interromper todo o alimentador.

Figura 2.5: Aumento da corrente de curto-circuito devido a presença de GD

ALx
Subestação
IS IS IS+IGD

AL1 IGD
Elo 52-GD Elo
IS+IGD

Carga 1 GD Carga 2
Fonte: Próprio autor

Com a contribuição de corrente do GD, o elo fusível do circuito mais próximo da


carga poderá atuar mais rápido que o religador isolando permanentemente o trecho
do circuito protegido por ele, até que a equipe de manutenção chegue ao local para
substituir o elo fusível. Acontece que a falta poderia ser transitória, o que quer dizer
que poderia ser auto extinguida durante o tempo morto do primeiro ciclo de
religamento. Com a ruptura do elo fusível devido ao aumento de corrente, o trecho
protegido terá um tempo de interrupção maior, prejudicando os consumidores e os
índices de qualidade de energia da concessionária.
Conforme ilustrado na Figura 2.6, dependendo da contribuição de curto-circuito
da GD, seu impacto pode ser tão significativo que poderá provocar até a atuação do
religador AL1 para defeitos em alimentadores adjacentes, tais como os religadores
ALx. Ainda, o próprio alimentador adjacente ALx, devido ao aumento do nível de curto-
circuito (IS+IGD), poderá perder sua coordenação com os elos fusíveis a jusante.
30

Figura 2.6: Perda de Coordenação e Seletividade na Distribuição devido a presença de GD -


Alimentadores
IS+IGD

ALx
Subestação
IS IGD

AL1 IGD
Elo 52-GD Elo

Carga 1 GD Carga 2
Fonte: Próprio autor

2.3.3. Tipo de Aterramento da Fonte

O tipo de aterramento da conexão da GD pode representar mais uma importante


influência no comportamento do sistema ilhado a ser formado. Na maioria das vezes,
as unidades de GD geram energia em níveis de tensão diferentes dos níveis nominais
do sistema de distribuição, logo, necessitam de um transformador elevador. O tipo de
conexão deste transformador (estrela isolada, estrela-aterrada ou delta) afeta
diretamente o comportamento do sistema de distribuição que poderá ser formado no
caso de um ilhamento. O intuito é garantir que uma unidade de GD possa operar com
segurança em paralelo com a rede ou isolada, através de um ilhamento, mesmo que
durante poucos milissegundos.
Os sistemas não-aterrados (estrela isolada ou delta) são uma escolha muito
utilizada em sistemas de distribuição para os transformadores de cargas e GD, pois a
contribuição de corrente de sequência zero (3I0) da GD para faltas a terra no sistema
de distribuição é eliminada devido à conexão delta (CELG, 2012; CEMIG, 2012 e
CEMIG, 2013). Mas esta escolha para a GD pode não ser a mais adequada se existir
a possibilidade de operação ilhada de forma permanente.
Uma falta fase-terra em um sistema não-aterrado pode não ser percebida pelos
relés de proteção de sobrecorrente e permanecer em falta durante um período de
tempo, o que pode provocar a falha no isolamento das fases sãs e,
consequentemente, provocar uma falta entre fases que pode vir a ter maiores
proporções. Ainda, há a possibilidade de um transitório de tensão em níveis
31

destrutivos durante o chaveamento fase-terra de um circuito com falta fase-terra (IEEE


1547, 2008).
Nas condições atuais do sistema de distribuição de energia elétrica no Brasil,
onde não é permitida a operação ilhada da GD (ANEEL, 2015; CELG, 2012; CEMIG,
2012; CEMIG, 2013; COPEL 2013), os problemas de sobretensão poderão ser
mitigados restringindo-se a operação de GD ilhada a um curto intervalo de tempo, que
conforme IEEE 1547 (2008), deverá ser inferior a 2 segundos quando o ilhamento for
intencional (abertura intencional do disjuntor da concessionária) ou inferior ao tempo
morto do primeiro ciclo de religamento, que varia entre 0,24 a 15 segundos (Luiz,
2012) quando o ilhamento for não-intencional (abertura do disjuntor da concessionária
pela atuação de proteção).
A proteção da GD com conexão não-aterrada deverá utilizar esquemas
baseados em tensão de deslocamento de neutro, pois não haverá contribuição de
corrente de sequência zero, característica de falta para a terra. Este tipo de proteção
(ANSI 59N) utiliza transformadores de potencial (TP) conectados no circuito primário
para detectar sobretensões fase-terra e de sequência zero (Behnrendt, 2002).
Os sistemas aterrados (conexão estrela aterrada) possuem uma série de
vantagens, tais como:
 Segurança de pessoas e equipamentos que serão expostos a sobretensões
inferiores àquelas dos sistemas não-aterrados;
 Aumento da confiabilidade no fornecimento de energia, já que entre 70% e 95%
das faltas em sistemas de distribuição são do tipo monofásicas e transitórias
que serão restabelecidas pelo esquema de religamento automático (IEEE
1547, 2008);
 Localização de faltas no alimentador será facilitada (IEEE 1547, 2008).

Com a conexão do transformador aterrado (AT estrela aterrada e BT delta),


mesmo com um ilhamento, quando o disjuntor do alimentador da concessionária é
aberto (por qualquer razão), o sistema de distribuição permanecerá com referência de
terra. Em sistemas onde houver o interesse da operação ilhada de uma GD, a conexão
aterrada é a mais indicada.
Por outro lado, a GD com conexão possui algumas desvantagens, pois contribui
com um aumento dos níveis de curto-circuito para a terra do alimentador existente,
32

dificulta a coordenação e a seletividade entre as proteções do alimentador e os


circuitos seccionadores com elos fusíveis e religadores intermediários e reduz o
alcance e a sensibilidade dos relés nos barramentos da concessionária, efeito
chamado de infeed (IEEE 1547, 2008; Ziegler, 2011).

2.3.4. Estabilidade Transitória

Para geração distribuída, cujo objetivo é gerar kWh por meio de novas fontes de
energia renovável, considerações a respeito de estabilidade transitória tendem a não
ter grande importância. Se ocorrer uma falta em algum ponto da rede de distribuição,
a proteção do alimentador isola a concessionária e a GD tende a uma sobrevelocidade
(aceleração da máquina e sobrefrequência) e um TRIP pode ser inevitável. Tudo que
se perde é um pequeno período de geração da GD, definido pelo tempo de
restabelecimento de energia por parte da concessionária local (Jenkins at al., 2000).
Na maioria dos casos, nas instalações de GD também existem cargas.
Dependendo da criticidade do processo que estas cargas estão inseridas, por
exemplo um sistema de vapor e caldeira, mais cuidado é necessário para tentar
assegurar que o gerador não dispare para faltas externas, em redes remotas. Porém,
como a inércia de geradores síncronos distribuídos é normalmente baixa (Jenkins at
al., 2000), pode não ser possível garantir a estabilidade para todas as faltas na rede
de distribuição, mesmo para os casos de cargas próprias da GD de alta criticidade
onde se almeje a manutenção do gerador em operação para suprimento das cargas
internas após a abertura de seu disjuntor.
Um incômodo para a estabilidade é o TRIP de relés ROCOF (Rate of Change of
Frequency), que são ajustados sensivelmente para detectar ilhamentos, mas, em um
evento de maior perturbação, como a perda de uma fonte importante do sistema a
montante, pode ter uma falsa operação. O efeito disso é a piora da frequência do
sistema que já havia sido impactada pela própria perturbação (Jenkins et al., 2000).

2.3.5. Operação e Despacho

Para a operação do sistema de distribuição, a presença de GD traz importantes


consequências, pois o alimentador poderá estar energizado por diversos pontos. Isso
implica em políticas mais cuidadosas de isolação e aterramento antes do trabalho ser
33

realizado por equipes de manutenção. Também, torna-se mais difícil obter


interrupções para manutenções planejadas e, assim, reduz-se a flexibilidade para
trabalho na rede com GD conectada (Jenkins et al., 2000).
A GD pode vir a operar ilhada da fonte principal e alimentar as cargas locais do
circuito acessado por ela. Se esta operação for permitida pela concessionária
acessada, a GD deve garantir que a tensão e a frequência fornecidas aos
consumidores permaneçam dentro dos limites regulamentados (Katiraei, Abbey,
2007). Caso não seja permitida a operação ilhada, a GD deve ser desconectada do
sistema. Neste contexto, o sistema de proteção deve estar bem ajustado e definido
para distinguir, dentro dos limites de tempo pré-estabelecidos, as perturbações do
sistema (rejeição de carga, por exemplo) de curtos-circuitos, diferenciar e detectar se
a operação da GD está sincronizada com a rede ou se está ilhada.
Com o aumento da penetração de GD, o despacho de carga do sistema elétrico
como um todo será impactado pois a carga demandada pelo sistema será
aparentemente menor devido às gerações locais, o que influenciará nas solicitações
aos agentes de geração do sistema.

2.3.6. Religamento fora de fase

Uma grande preocupação com a presença de GD é o religamento da rede da


concessionária de energia fora de fase com o subsistema ilhado alimentado pela GD.
Problemas em todos os níveis do sistema de distribuição podem ser gerados, tanto
na própria rede de distribuição quanto nos geradores e demais cargas conectadas no
mesmo sistema. Esta preocupação é destacada em Willinston e Finney (2011), onde
os efeitos do religamento fora de fase são investigados.
Considerando uma GD conectada a um alimentador de distribuição, como na
Figura 2.7, a diferença de potencial entre o subsistema ilhado e a rede da
concessionária que irá surgir após um religamento fora de fase pode ser calculado por
(2.1), discutida em Willinston e Finney (2011), onde VBKR é a diferença de potencial
entre as fontes, VEPS é a tensão do sistema, VDG é a tensão do gerador distribuído e δ
é a defasagem entre as fontes. Traçando um gráfico da tensão entre os sistemas em
função da defasagem entre as duas fontes, observa-se que pode-se atingir até 2 pu
de diferença de potencial, quando a defasagem entre os sistemas chegar ao valor
máximo de 180°, conforme mostra a Figura 2.8 (Willinston e Finney, 2011).
34

V = (|V | + |V | − 2 . √V . |V | . cos δ) (2.1)

Figura 2.7: Alimentador com a presença de GD

Religador
XEPS Xalimentador XDGTX XDG

Subestação IINRUSH PL, QL PDG


+ +
VEPS Carga VDG
- -

Fonte: Adaptado de Willinston e Finney (2011)

Como exemplo numérico da diferença de potencial pré-religamento após um


ilhamento que surge entre a GD e a rede da concessionária, adotando a
recomendação da IEEE 1547 (2008) para atuação da proteção de subfrequência com
um ajuste de 59,3 Hz em 160 ms, um alimentador com tempo morto do primeiro ciclo
de religamento de 500 ms, a defasagem angular entre a GD e a rede da
concessionária alcança 40,3° após um ilhamento o que, de acordo com (2.1) e a
Figura 2.8, representa 0,68 pu de diferença de potencial entre as fontes (Willinston e
Finney, 2011).

Figura 2.8: Diferença de potencial entre a rede da concessionária e a GD em um pré-religamento

1,8

1,6

1,4

1,2
|VBKR| (pu)

0,8
0,68 pu
0,6

0,4

0,2
40,3°
0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360
δ (°)

Fonte: Próprio autor


35

O efeito da diferença de potencial entre as fontes em um religamento fora de


fase é o surgimento de sobrecorrente comparáveis aos níveis de curto-circuito. Em
Vieira (2006) é apresentado um exemplo de um gerador de 30 MVA sendo religado
com a concessionária fora de fase onde foram observadas sobrecorrentes próximas
de 12 pu, provocadas pela diferença de potencial, que podem causar danos físicos
aos equipamentos envolvidos e ainda provocar atuações de proteções, como pode
ser observado na Figura 2.9.

Figura 2.9: Forma de onda da corrente do gerador após um religamento fora de fase

Fonte: (Vieira, 2006)

Os equipamentos existentes em um sistema, tais como transformadores,


disjuntores e religadores, geradores distribuídos e cargas, são submetidos a riscos de
danos decorrentes do inrush, provocado pelo religamento fora de fase que provoca
esforços eletromecânicos de deslocamento de condutores, desgastes na isolação,
esforços torcionais e sobrecorrentes. Estes efeitos são cumulativos e reduzem a vida
útil dos equipamentos. Em geradores, é recomendado um desvio máximo de fase de
±10° para que o transitório provocado pelo religamento fora de fase não possa causar
danos de acoplamento ou falha de isolação (Willinston e Finney, 2011).
Conforme apresentado em Willinston e Finney (2011), o torque transitório pode
chegar de 2 a 3 pu em um religamento fora de fase. Este torque impõe estresse
mecânico tanto no gerador quanto na máquina primária, onde o valor máximo
36

acontece para uma defasagem de 120°, enquanto que para 180° ocorre a máxima
corrente de inrush (Willinston e Finney, 2011). Em Vieira (2006), os esforços torcionais
alcançaram valores superiores a 5 pu, conforme Figura 2.10, o que confirma que o
religamento fora de fase é extremamente danoso ao gerador podendo levar à ruptura
do eixo mecânico da máquina.

Figura 2.10: Conjugado eletromagnético no gerador após um religamento fora de fase

Fonte: (Vieira, 2006)

Os efeitos do religamento fora de fase para cargas dependem do tipo de carga.


Para cargas passivas, tais como aquecimento e iluminação, a corrente de inrush não
produz nenhum efeito. Já para o caso de motores, que permanece em sincronismo
com o subsistema ilhado formado pela GD, no instante do religamento fora de fase,
um torque transitório proporcional a defasagem entre as fontes surge no eixo dos
motores, que pode danificá-los. Em Willinston e Finney (2011) são apresentados os
limites dos esforços torcionais em motores. Para as cargas, os motores certamente
sofrerão esforços torcionais que podem provocar problemas tanto no equipamento
quanto aos processos em que estão submetidos (Willinston e Finney, 2011).

2.4. Detecção de Ilhamento e os Relés de Proteção

Uma vez conectada ao sistema de distribuição, a geração distribuída precisa


garantir os requisitos mínimos de proteção exigidos pelo Módulo 3 do PRODIST, IEEE
1547 e pelas normas técnicas da concessionária, de forma a não prejudicar a
37

qualidade e a confiabilidade no fornecimento de energia. Para tanto, as funções de


proteção devem ser aplicadas corretamente de maneira a se atingir uma
confiabilidade operativa adequada, não trazendo prejuízos ao sistema e aos
consumidores pré-existentes.
A inserção de GD no sistema de distribuição tradicional (radial) introduz
alterações na corrente de falta que irá requerer mudanças na filosofia das funções de
proteção do sistema pré-existente, tais como (Tholomier, Yip e Lloyd, 2009):
 Proteção do sistema contra impactos da GD quando faltas ocorrerem no
alimentador de distribuição;
 Coordenação e seletividade dos elos fusíveis com os religadores,
considerando o aumento dos níveis de curto-circuito provocado pela
contribuição da GD;
 Proteção do gerador da GD contra faltas no sistema e do religamento
automático do alimentador sem verificação de sincronismo;
 Proteção do transformador de interconexão da GD quando faltas ocorrerem
em seu secundário.
Espera-se que a proteção da GD seja capaz de proteger seus equipamentos
contra qualquer tipo de distúrbio, tais como sobrecarga e curtos-circuitos, e que seja
seletiva com o sistema de proteção dos alimentadores e elos fusíveis locais. Além
disso, a proteção deve ser capaz de detectar a condição de ilhamento operando antes
que se inicie a primeira tentativa de religamento do alimentador acessado e que
desconecte a GD do sistema no caso de faltas internas.
Em um ilhamento é importante que a GD seja rapidamente desconectada da
rede para se garantir a desenergização do alimentador para a segurança dos
eletricistas de manutenção/operação, para a prevenção de suprimento de energia com
baixa qualidade de energia elétrica, prevenção de religamento do alimentador sob
condições de falta de sincronismo podendo levar o gerador a danos devido a diferença
de potencial e/ou esforços torcionais.
Existem várias técnicas para detecção de ilhamento, definidas como remotas ou
locais. As técnicas de detecção de ilhamento remotas utilizam sistemas de
comunicação entre a subestação alimentadora da concessionária e o gerador
distribuído. Esta técnica apresenta elevada eficácia, porém, os custos de implantação
podem inviabilizar o empreendimento de geração distribuída de baixa potência de
38

geração (Vieira, 2006). Em IEEE Std 1547 (2008) é sugerido um esquema de proteção
anti-ilhamento baseado em técnicas remotas, para os casos onde a carga mínima do
alimentador for menor que duas (2) vezes a potência da GD, em alguns casos, até um
terço desta potência. São exemplos de técnicas remotas as tecnológicas SCADA
(Supervisory Control and Data Acquisition), PLCC (Power Line Carrier
Communication) e redes de comunicação entre os dispositivos.
As técnicas de detecção de ilhamento locais utilizam medidas de tensão e
corrente no ponto de interconexão do gerador distribuído. Estas técnicas são divididas
em técnicas passivas e ativas. Vieira (2006) afirma que as técnicas passivas mais
difundidas são baseadas nas medições de frequência e tensão, em que, se houver
grandes variações nestas grandezas, um ilhamento pode ter ocorrido. A aplicação de
técnicas passivas é bastante atrativa, de uma maneira geral, visto que requerem baixo
investimento e são de fácil instalação. Como desvantagem, seu desempenho é
prejudicado quando houver pequenas diferenças entre a geração e a carga da ilha.
As técnicas ativas utilizam de injeção de sinais na rede elétrica que provocam
pequenos distúrbios no sistema elétrico, cujo comportamento se diferenciará quando
a operação estiver interligada e sincronizada com a concessionária de quando houver
um ilhamento.
Neste trabalho serão discutidas as várias formas de detecção de ilhamento pelas
técnicas locais passivas, destacando-se as funções baseadas nas medições de
tensão, frequência e potência reativa exportada pelo gerador distribuído. Os estudos
aqui desenvolvidos visam analisar a eficácia de cada uma destas proteções no
aspecto da detecção de ilhamento dentro de limites pré-estabelecidos junto a
concessionária de energia acessada. A combinação de várias funções de proteção na
mesma unidade GD é um dos objetivos deste trabalho, que visa o complemento da
eficácia de várias funções e na análise dos melhores ajustes, destacando-se que não
se objetiva desenvolver novos métodos de detecção de ilhamento, mas sim, analisar
a eficácia e a segurança que as técnicas disponíveis podem trazer para o
empreendimento.
Entre as funções existentes, serão analisadas a proteção de sub e
sobrefrequência (ANSI 81), taxa de variação de frequência (df/dt ou ROCOF), salto
de vetor (ANSI 78), direcional de potência reativa (ANSI 32Q). Estas funções de
proteção devem garantir a detecção de ilhamento, independente das condições do
39

sistema quanto ao aterramento, contribuição de curto-circuito, capacidade de geração


e nível de desbalanço de potência entre a geração e a carga ilhada. Quando não for
possível garantir a detecção de ilhamento por meio de técnicas locais passivas, deve-
se sugerir a aplicação de técnicas remotas e ou técnicas ativas.

2.4.1. Relé de Sobrecorrente - ANSI 50/51

A função de sobrecorrente é aplicada na GD para a proteção contra sobrecarga


e curto-circuito dentro e fora da GD (Tholomier, Yip e Lloyd, 2009; IEEE 1547, 2008).
Os relés de sobrecorrente operam quando o valor da corrente ultrapassa um
valor pré-fixado ou ajustado, podendo atuar de forma instantânea ou temporizada. Os
elementos temporizados possuem característica de acordo com curvas tempo versus
corrente obtidas por (2.2).
α (2.2)
t= . DT
I
−1
I

Sendo:
t o tempo de operação do relé;
α e β as constantes que definem o tipo de curva;
DT o multiplicador de tempo ou dial;
I a corrente instantânea do sistema;
Ip a corrente de partida ou pickup da proteção.

De acordo com a norma IEC 60255-151 (IEC, 2009), as curvas disponíveis são:
 Normal Inversa (NI – α = 0,14 e β = 0,02);
 Muito Inversa (MI – α = 13,5 e β = 1);
 Extremamente Inversa (EI – α = 80 e β = 2);
 Tempo Longo Inversa (TLI – α = 120 e β = 1);
 Tempo Definido (TD).

Na ocorrência de um curto-circuito, a proteção de sobrecorrente da GD poderá


ser sensibilizada devido à contribuição dos seus geradores e, de acordo com os
ajustes, irá operar em um determinado tempo, que poderá ser instantâneo ou
temporizado com característica de tempo inverso.
40

Devido à coordenação e seletividade esperada, a GD não poderá operar para


qualquer curto-circuito no sistema. Espera-se que a proteção de sobrecorrente da GD
opere quando faltas ocorrerem no alimentador em que ela esteja conectada e, por
outro lado, que não opere quando faltas ocorrerem em alimentadores adjacentes.
A proteção de sobrecorrente não possui alcance definido como a proteção de
distância (Ziegler, 2011), pois a contribuição de corrente de curto-circuito de usinas
de geração de energia depende de vários fatores, tais como a quantidade de
geradores em operação no instante da falta, a localização e a impedância de falta,
influências de fontes conectadas no mesmo circuito, etc.
Na condição de ilhamento e considerando que a carga do alimentador seja
superior à capacidade de geração da GD, haverá uma sobrecorrente em seus
terminais quando a característica majoritária das cargas for do tipo potência constante,
por exemplo, motores. Esta situação pode sensibilizar a proteção de sobrecorrente da
GD fazendo-a operar.
Diante deste contexto, associar uma correta seletividade da proteção de
sobrecorrente da GD, na situação de curto-circuito no próprio alimentador ou
adjacente, com a detecção de ilhamento torna-se uma tarefa complexa. Devido a
característica da proteção de sobrecorrente de não ter alcance definido, a
sensibilidade terá uma indesejável dualidade, onde poderá ser sensível o suficiente
para detectar um possível ilhamento, o que, provavelmente, acarretará em perda de
seletividade com a proteção dos alimentadores, levando a GD ser desconectada para
faltas em alimentadores adjacentes.
Portanto, a função de sobrecorrente não traz garantias à proteção da GD quanto
à detecção de ilhamento. Logo, pode-se dizer que esta função deverá ser aplicada
somente para a proteção de sobrecarga e curtos-circuitos.

2.4.2. Relé de Sobrecorrente Direcional - ANSI 67

A proteção de sobrecorrente direcional possui as mesmas características da


proteção de sobrecorrente convencional, com a diferença de poder ser ajustada para
atuar em um determinado sentido de corrente. Assim, esta função terá as mesmas
aplicações da proteção não direcional.
A vantagem no uso da direcionalidade da proteção de sobrecorrente na GD é a
facilidade de coordenação com o alimentador acessado e os adjacentes. Como se
41

trata de uma geração de energia, faltas externas terão contribuição de corrente da GD


que será diferente da contribuição de corrente da rede para faltas internas as
instalações da GD. Logo, poderá ser aplicado um ajuste para o sentido exportação
(faltas externas) e outro ajuste para o sentido importação (faltas internas), facilitando
a coordenação e seletividade.

2.4.3. Relé de Distância - ANSI 21

A proteção de distância pode ser aplicada em unidades de GD para a detecção


de faltas no sistema de distribuição. Esta função de proteção se caracteriza por ter um
alcance definido e independente da geração, podendo ser ajustada para atuar em
primeira zona para faltas em grande parte do alimentador (em torno de 85%) com
tempos de atuação muito reduzidos (<50ms) ou em segunda zona para todo o
alimentador com atuação temporizada (em torno de 400 ms) (Ziegler, 2011).
Na ocorrência de uma falta no alimentador, a proteção deste atuará pelas
funções de sobrecorrente, que poderão isolar o defeito instantaneamente ou de forma
temporizada. Paralelamente, a proteção de distância instalada no ponto de conexão
da GD irá atuar em primeira ou em segunda zona. A partir da abertura do disjuntor, o
religamento é iniciado.
Para se garantir que uma operação ilhada da GD não ocorrerá, a proteção de
distância cumprirá bem o seu papel somente para o caso de faltas no sistema. Porém,
será necessário um estudo de coordenação e seletividade com as proteções do
próprio alimentador acessado e os adjacentes para se definir os tempos de retardos
da segunda zona de proteção. No caso de ilhamento provocado pela abertura
manual/acidental sem falta no alimentador, a proteção de distância não terá efeito
algum.
No Brasil, existem projetos onde a proteção de distância é aplicada em unidades
de GD conectadas em 13,8 kV, como exemplo a PCH Ilha da Luz que está conectada
na rede da Escelsa no município de Cachoeiro do Itapemirim, no Estado do Espírito
Santo, gerando 4,50 MVA. Nesta planta, a proteção de distância é utilizada para que
a usina seja desconectada do sistema da ocorrência de faltas no alimentador
acessado. A zona 1 da proteção de distância tem alcance de 90% do comprimento do
ponto de conexão à subestação da Escelsa, com atuação instantânea. Para alcance
de 100% do alimentador, a zona 2 foi ajustada em 120% com atuação temporizada
42

em 500 ms para que houvesse coordenação com os alimentadores adjacentes. Para


o caso de ilhamento intencional, ou seja, a abertura manual do circuito alimentador,
as proteções de frequência, salto de vetor e ROCOF são aplicadas. A Figura 2.11
apresenta a localização da PCH, os circuitos e derivações do alimentador e os
alcances das zonas de proteção de distância.

Figura 2.11: Zonas de Proteção de Distância da PCH Ilha da Luz no sistema Escelsa – Espírito Santo

Fonte: Próprio autor

2.4.4. Relé de Subtensão - ANSI 27

A função de subtensão é aplicada na GD para proteção contra condições


anormais e fora dos limites de tensão pré-estabelecidos pelo PRODIST e, também,
para auxiliar na detecção de ilhamento da GD.
Na ocorrência de uma falta no sistema de distribuição acessado pela GD e a
consequente abertura do disjuntor do alimentador, ou parte dele, cargas locais
poderão ser supridas pela GD, caracterizando a condição ilhada. Estas cargas locais
podem exceder a capacidade de geração da GD. Neste caso, a tensão e a frequência
irão diminuir e o relé de subtensão poderá ser sensibilizado para desconectar a GD e
inibir o ilhamento. Quanto maior for a carga local com relação a capacidade de
geração da GD, mais intenso será o afundamento de tensão e, consequentemente,
43

mais fácil será a detecção do ilhamento. Para os casos onde houver um equilíbrio de
potências, a proteção de subtensão terá pouca utilidade (Mota et al., 2014).
Um exemplo real de aplicação da proteção de subtensão para a detecção do
ilhamento de uma GD é apresentado em Mota et al. (2014), que retrata o caso da
CGH Capitão Mor de 300 kVA conectada em 13,8 kV no sistema Elektro, estado de
São Paulo, cidade de Arapeí. Devido a potência do gerador (300 kVA) ser muito
inferior à carga mínima do alimentador (4 MVA), conforme mostram os gráficos da
Figura 2.12, quando ocorre um ilhamento no instante 1 s, a GD não consegue manter
a tensão do sistema próxima de 1 pu, ao contrário, a tensão sofre um colapso
afundando a níveis de 15% da tensão nominal.

Figura 2.12: Perfil de tensão de uma GD durante o ilhamento da CGH Capitão Mor

Fonte: Mota et al., 2014

No exemplo da CGH Capitão Mor 300 kVA, em termos de velocidade e


sensibilidade, a proteção de subtensão, ajustada para atuar para tensões inferiores a
0,4 pu em 150 ms, demonstrou ser a mais eficiente e veloz dentre todas as funções
disponíveis no relé de proteção, que contava ainda com as funções de sobre e
subfrequência (ANSI 81 o/u), subfrequência assistida por df/dt e direcional de
sobrecorrente (ANSI 67) (Mota et al., 2014).

2.4.5. Relé de Sobretensão de Neutro – ANSI 59N

Por muitas vezes, as concessionárias de energia requerem aos seus acessantes


que a conexão seja feita com a ligação tipo delta (CELG, 2012; CEMIG 2012; CEMIG,
2013), com o objetivo de limitar as contribuições de corrente de falta para terra e filtrar
44

possíveis componentes de 3o harmônico, dentre outros motivos. Quando há


cogeração, caracterizando uma GD, o tipo de ligação se mantém.
Neste tipo de ligação, ocorrendo uma falta para terra, não haverá contribuição
de corrente de sequência zero por parte da GD, o que dificulta a proteção para faltas
envolvendo a terra. Logo, a alternativa é focada no deslocamento da tensão de neutro,
na medição de 3V0, que geralmente é feita pela conexão de TPs em delta aberto,
conforme Figura 2.13, definida como proteção de sobretensão de neutro – ANSI 59N
(Behnrendt, 2002).

Figura 2.13: Ligação dos TPs para medição da tensão 3V0 para o relé 59N

Transformador Elevador

3V0 = Va + Vb + Vc Gerador
59N Síncrono
Relé de
Sobretensão de Neutro

Fonte: Adaptado de (Behnrendt, 2002)

A tensão 3V0, que é a grandeza que define a atuação desta proteção, se mantém
em valores próximos de zero em condições de carga, mesmo que a fonte seja delta.
Para o caso de uma falta a terra, enquanto o alimentador ainda está energizado pela
fonte da concessionária, a tensão da fase com defeito vai a zero (ou valor superior
dependendo da impedância de falta) e a tensão 3V0 nos terminais da GD conectada
em delta pode atingir 1 pu. Após a abertura da proteção do alimentador e o ilhamento
da GD conectada em delta, a tensão das fases sãs pode alcançar 1,732 vezes a
tensão nominal e a tensão 3V0 pode atingir 3 pu, conforme demonstrado em
Behnrendt (2002).
O valor da tensão 3V0 determina se existe ou não um ilhamento durante uma
falta para terra quando a GD é conectada em delta. Como alternativa de ajuste para
45

proteção contra falta a terra, define-se o pickup a proteção 59N em um valor inferior a
1 pu e com um tempo de atuação que deve respeitar a coordenação e a seletividade
do sistema. Para valores de 3V0 acima de 1 pu, onde se caracteriza o ilhamento,
ajusta-se a proteção 59N entre 1 e 3 pu com atuação instantânea, pois já se tem a
certeza que se trata de um ilhamento e nenhuma análise de seletividade precisa ser
realizada, somente o isolamento da GD (Behnrendt, 2002).
A solução apresentada em (Behnrendt, 2002) somente contempla a detecção de
ilhamento para os casos de falta permanente à terra. Para ilhamentos intencionais, ou
seja, sem a existência de falta, a proteção 59N não terá nenhuma utilidade, restando
para as proteções passivas derivadas da tensão e frequência a função de detectar o
ilhamento.

2.4.6. Relé de Sub e Sobre frequência - ANSI 81 o/u

A proteção de frequência é baseada na medição da frequência elétrica que, caso


ultrapasse os limites ajustados no relé, envia um sinal de TRIP para abertura do
disjuntor. A variação da frequência é provocada pelo desbalanço entre potência
gerada e potência consumida pelas cargas do sistema. No caso de excesso de
geração, haverá o aumento da frequência elétrica (aceleração da máquina), pois, a
potência mecânica do gerador é maior que sua potência elétrica. No caso de déficit
de geração, haverá a diminuição da frequência elétrica (desaceleração da máquina),
pois, a potência mecânica do gerador é menor do que sua potência elétrica.
Na geração distribuída, quando ocorre um ilhamento, o sistema isolado
resultante poderá ter excesso ou falta de geração, podendo acelerar (aumento da
frequência) ou desacelerar o eixo da máquina (diminuição da frequência). A
frequência elétrica da ilha em função do desbalanço de potência seguirá (2.3) (Kundur,
2004; Kopcak, 2009; Vieira et al., 2006), sendo f0 a frequência inicial em Hz, H a
constante de inércia em segundos, t o tempo de desbalanço, ΔP o desbalanço de
potência em pu e ffinal a frequência do sistema após o tempo t de um desbalanço ΔP:

f . ∆P (2.3)
f = .t+f
2H
46

Após decorrido um tempo t do ilhamento da GD, o valor da frequência atingirá


um valor ffinal. Este valor é a referência para a definição do ajuste das proteções de
sobre e subfrequência. O pickup da função de sobrefrequência deverá ser menor que
a referência, e da subfrequência, o pickup deverá ser maior. Os relés de frequência
digitais mais recentes dão a possibilidade de mais de um elemento de proteção de
frequência, logo, é comum utilizá-los de forma a complementar, com um elemento
temporizado com um pickup menor e outro elemento instantâneo com um pickup
maior.
Em Vieira et al. (2006) o relé de frequência é analisado por meio de
equacionamento matemático conforme (2.4). A Figura 2.14 foi criada a partir de (2.4)
considerando a constante de inércia H de 2 segundos e relés de frequência ajustados
para desvios máximos de 0,5, 1, 1,5, 2 e 3 Hz com temporização de 100 ms. Observa-
se que o relé 81 o/u, com estes ajustes, pode detectar ilhamentos a partir de 8,5% de
desbalanço de potência.
2H. ∆f
= +t (2.4)
f . ∆P

Figura 2.14: Comportamento do relé de frequência


1000

0,5 Hz / 100ms
900 1 Hz / 100ms
Tempo de Detecção de Ilhamento do relé 81 o/u (ms)

1,5 Hz / 100ms
2 Hz / 100 ms
800 3 Hz / 100 ms
Limite
700

600

500

400

300

200

100 8,5% 16,5% 25% 33,4% 50%


0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
ΔP (pu)
Fonte: Próprio autor
47

A função de frequência tem um comportamento que permite que ela seja


aplicada à detecção de ilhamento. Porém, dependendo da constante inércia H do
gerador e do nível de desbalanço de potência entre a GD e a carga da ilha, a
frequência final pode chegar a valores que não permitem a garantia da detecção do
ilhamento em um tempo menor que o tempo morto do primeiro ciclo de religamento
do alimentador, em Vieira et al. (2006) considerado como 400 ms. Segundo Tholomier,
Yip e Lloyd (2009), as proteções df/dt e salto de vetor podem ser usadas para
aumentar a eficiência na detecção do ilhamento, enquanto que em Vieira et al. (2006),
o relé de frequência apresenta performance similar ao relé de Salto de Vetor.

2.4.7. Relé de Variação de Frequência – ROCOF (df/dt)

O relé de taxa de variação de frequência df/dt ou ROCOF (Rate of Change of


Frequency) é aplicado na GD para a detecção de ilhamento. Ele se baseia na medição
da variação da frequência no tempo, fruto de um desequilíbrio entre geração e carga.
Quando há uma mudança de carga significativa entre a condição sincronizada e
a ilhada, a máquina irá acelerar ou desacelerar antes da resposta do regulador de
velocidade. Neste ponto, o relé df/dt se torna sensível. Pode-se calcular a variação da
frequência por (2.5), disponível em Tholomier, Yip e Lloyd (2009) e Jenkins et al.
(2000).
df ∆P. f
= (2.5)
dt 2. P .H

Sendo:
ΔP o desbalanço de potência ativa em pu;
Pgerador a potência nominal do gerador em pu;
fo a frequência da rede;
H a constante de inércia do gerador em MWs/MVA;

A taxa de variação da frequência é diretamente proporcional à mudança da


potência de saída entre as condições ilhada e sincronizada.
O ajuste deste elemento deve ser bem elaborado para garantir a sensibilidade
na detecção do ilhamento e, também, para não haver TRIP indevido provocado por
chaveamento de cargas ou eliminação de faltas no sistema. Recomenda-se que o
ajuste deve ser testado em campo para provar sua precisão (Tholomier, Yip e Lloyd,
48

2009). No Reino Unido, o ajuste típico para o relé ROCOF está entre 0,1 e 1 Hz/s com
tempo de operação de 0,2 a 0,5 s (Jenkins et al., 2000). Porém, para cada caso de
conexão de geração distribuída, devem ser analisadas e simuladas as condições
máximas e mínimas de desbalanços de potência ativa e tipo de cargas para obter as
taxas de variação de frequência reais.
Para reduzir as chances de ocorrência de falsa atuação, o relé ROCOF deverá
ser bloqueado para subtensões provocadas por curtos-circuitos. Para se determinar o
ajuste de tensão para bloqueio do relé ROCOF, simulações devem ser realizadas para
se obter os valores de subtensão devido a grandes déficits de geração e valores de
subtensão para curtos-circuitos no sistema, inclusive em alimentadores adjacentes.
Esta lógica de bloqueio aumenta a confiabilidade do relé ROCOF, evitando atuações
indevidas (Afonso et al., 2005).

2.4.8. Relé de Salto de Vetor – ANSI 78

O relé de salto de vetor é aplicado na detecção de ilhamento de geradores


síncronos distribuídos. Quando um sistema como o da Figura 2.15 está em operação,
há um ângulo de defasagem entre a tensão interna (Ef) e a tensão terminal da
máquina (VT), representado por δ na Figura 2.16 (a). Quando ocorre um ilhamento, ou
seja, a perda do sistema através da abertura do disjuntor SIS, o gerador passa a operar
ilhado e alimenta sozinho a carga local. A variação da carga alimentada pelo gerador
causa um deslocamento do ângulo do rotor da máquina (Δδ), fazendo a tensão
terminal saltar para um novo valor e um novo ângulo de fase, representado por VT’.
Assim, uma nova defasagem entre as tensões interna e terminal da máquina é
estabelecida (ΔV’), conforme Figura 2.16 (b), onde o salto vetorial é representada por
Δδ. Este comportamento da tensão terminal da máquina é chamado de salto de vetor
e é neste princípio que o relé se baseia (Jenkins et al., 2000; Freitas, Huang e Xu,
2005).
49

Figura 2.15: Circuito equivalente de um gerador síncrono em paralelo com a rede

ΔV=I1.jXd I1 I2

VSR SIS

Ef VT Carga Sistema
Local

Fonte: Adaptado de (Jenkins et al., 2000)


Sendo:
Ef a força eletromotriz do gerador;
VT a tensão terminal do gerador;
ΔV a queda de tensão na reatância de regime Xd do gerador;
VSR o disjuntor de conexão associado a um relé de salto de vetor;
SIS o disjuntor do sistema de distribuição;
I1 a corrente injetada no sistema pela GD;
I2 a corrente injetada pelo sistema.

Figura 2.16: Fasores de Tensão do Gerador: (a) antes do ilhamento; (b) após o ilhamento

ΔV
ΔV’
Ef VT Ef
VT’
Δδ
δ

(a) (b)
Fonte: Adaptado de (Jenkins et al., 2000); (Freitas, Huang e Xu, 2005)

Os relés de salto de vetor disponíveis no mercado medem a duração de um ciclo


elétrico da tensão e o compara com um ciclo elétrico anterior armazenado na memória.
Se a variação angular for superior ao ajuste definido, o relé envia um sinal de TRIP
para a abertura do disjuntor (Pextron, 2015; Ingeteam, 2015). Segundo Jenkins et al.
(2000) e Vieira (2006), o ajuste recomendado é de 6° para redes fortes (alta potência
de curto-circuito) e de 12° para redes fracas (baixa potência de curto-circuito). No
50

Reino Unido, os ajustes típicos para o relé de salto de vetor situam-se entre de 8 a
12°.
Para evitar atuações indesejáveis do relé Salto de Vetor durante a partida da
máquina ou em curtos-circuitos no sistema, há um bloqueio de atuação do relé por
subtensão ajustável (Jenkins et al., 2000; Freitas, Huang e Xu, 2005).
Em Freitas, Huang e Xu (2005), foram propostos equacionamentos para que o
relé de salto de vetor pudesse ser analisado e ajustado analiticamente, o que pode
ser feito pelas equações mostradas a seguir. Conhecendo-se o desbalanço de
potência (ΔP em pu) e o tempo para atuação do relé (t em segundos), o ajuste do relé
(α em radianos) pode ser calculado por (2.6). Caso se conheça o desbalanço de
potência (ΔP em pu) e o ajuste do relé (α em radianos), o tempo de atuação do relé
pode ser calculado por (2.7). Caso se conheça o ajuste do relé (α em radianos) e o
tempo para atuação do relé (t em segundos), o desbalanço de potência (ΔP em pu)
pode ser calculado por (2.8).
K 2. π
α= . 2. t − (2.6)
2 K. t + w
−2. w . K. (α − π) − D
t= (2.7)
2. K . (α − 2π)
2. H −2. π + w . (α − π) − D
∆P = . (2.8)
w 2. t . (α − 2π )

Sendo:
w0 a frequência nominal da rede em radianos
w . ∆P
K= (2.9)
2. H

D = 2. w . K. (α − π) − 4. K . (α − 2π). (w . α + 2π . K) (2.10)

D = 2. (π + w . (α − π). t) − 4. t . (α − 2π)(w + α) (2.11)

Utilizando a formulação matemática proposta por Freitas, Huang e Xu (2005), as


curvas de desempenho do relé salto de vetor com ajuste de 10 graus ou 0,1745 rad
para constantes de inércia de 0,5, 1, 1,5 e 2 segundos foram traçadas na Figura 2.17.
É possível observar que para um mesmo ajuste angular α, a resposta do relé salto de
vetor será diferente para cada constante de inércia, ou seja, para cada máquina.
51

Neste exemplo da Figura 2.17, com o mesmo ajuste, o relé detectou ilhamentos em
tempos inferiores a 500 ms para desbalanços a partir de 6,3%.

Figura 2.17: Comportamento do relé de salto de vetor ajustado em 10°

1000
H = 0,5 s
H=1s
900 H = 1,5 s
H=2s
Limite
Tempo de Detecção de Ilhamento do relé 78 (ms)

800

700

600

500

400

300

200
17,5%

23,4%
11,3%
6,3%

100
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
ΔP (pu)

Fonte: Próprio autor

Portanto, o relé de salto de vetor pode ser uma alternativa importante para
detecção de ilhamento, pois possui alta sensibilidade e deve ser considerado em
sistemas de proteção de GD, seja qual for sua capacidade de geração e tipo de
conexão, desde que a operação ilhada não seja permitida.

2.4.9. Relé Direcional de Potência Reativa – ANSI 32Q

As proteções baseadas na medição de frequência e tensão são muito


dependentes do desbalanço de potência ativa entre a GD e a carga resultante após
um ilhamento. Para situações onde o desbalanço é pequeno, a proteção de
52

frequência, salto de vetor e ROCOF não são capazes de detectar um ilhamento


(Freitas, Huang e Xu, 2005; Vieira et al, 2006; Afonso et al., 2005).
Em busca de uma alternativa para a detecção do ilhamento, em Katiraei e Abbey
(2007) é apresentado um esquema de detecção de ilhamento baseado na
direcionalidade do fluxo de potência reativa. Neste esquema, o gerador deve ser
ajustado para operação com fator de potência unitário ou levemente indutivo, ou seja,
tendendo a consumir potência reativa. Quando ocorre um ilhamento, as cargas da ilha
formada irão demandar potência reativa, e o fluxo de potência reativa no gerador se
inverte possibilitando ao sistema de proteção a interpretação de que um ilhamento
ocorreu. A Figura 2.18 apresenta a característica de operação da proteção direcional
de potência reativa (Katiraei, Abbey, 2007).

Figura 2.18: Característica da Proteção Direcional de Potência Reativa – ANSI 32Q

Fonte: Adaptado de (Katiraei e Abbey, 2007)

As limitações do esquema de detecção de ilhamento baseado na direcionalidade


da potência reativa se restringem ao tipo de carga. Para o caso do perfil de carga ser
predominantemente resistivo, como é o caso de alimentadores residenciais onde as
cargas de chuveiro e ferro elétrico são predominantes, a sensibilidade desta função
de proteção pode ser comprometida. O pior caso para detecção de ilhamento pelo relé
direcional de potência reativa ocorre no cenário onde não há variação de potência
ativa e a carga é predominantemente resistiva. Mesmo com uma possível variação de
tensão (súbita queda seguida de seu restabelecimento, pois há equilíbrio de potência
53

entre GD e carga do alimentador), a variação da potência reativa é baixa devido à


característica da carga ser resistiva.
Quanto ao fato da GD consumir potência reativa devido ao ajuste de operação
do gerador, problemas com queda de tensão não serão relevantes, pois a contribuição
de potência ativa da GD para o alimentador compensa este efeito, com uma tendência
de melhora no perfil de tensão do alimentador, conforme simulado por Ayres (2010).
Em Katiraei e Abbey (2007), testes de campo foram realizados no Canadá com
um gerador de 180 kW a biogás e os resultados foram bastante positivos, onde em
todos os casos, a detecção de ilhamento ocorreu em tempos inferiores a 250 ms e a
concessionária local aceitou a solução para detecção de ilhamento.
Portanto, a função direcional de potência reativa é recomendada para proteção
anti-ilhamento de GD de geradores síncronos conectados em redes rurais com carga
indutiva e grande relação X/R. Sua aplicação é recomendada principalmente para
geradores de pequeno porte em alimentadores rurais com carga indutiva (Katiraei,
Abbey, 2007). A aplicação desta proteção pode ser expandida para geradores de
maior porte e em sistemas diferentes dos apresentados em Katiraei e Abbey (2007),
porém, o perfil de carga do sistema acessado deve ser muito bem levantado para que
a eficácia do relé direcional de potência reativa possa ser confiável, o que também
não dispensa a realização de testes operacionais.

2.4.10. Relé de Fator de Potência Associado ao Relé de Subtensão – ANSI 55

Os geradores síncronos podem ser equipados com um sistema de controle de


excitação que mantém o fator de potência ou a potência reativa de saída constante.
Neste caso, durante a formação de uma ilha, o desbalanço de potência reativa (entre
a carga e o gerador) resultará em uma sub ou sobretensão. Logo, o controle de fator
de potência pode ser usado para detecção do ilhamento através de relés de sub ou
sobretensão e relé de fator de potência. Por exemplo, se a carga tiver um fator de
potência de 0,90 (indutivo) e a GD é regulada para fator de potência unitário, a GD
não irá fornecer potência reativa suficiente para a carga e esta situação resultará em
uma condição de subtensão, que causará TRIP do relé de subtensão e garantirá a
desconexão da GD quando formar o ilhamento (IEEE 1547, 2008). Outra forma é a
aplicação do relé de fator de potência (ANSI 55), que terá um comportamento similar
ao apresentado na seção 2.4.9 sobre o relé direcional de potência reativa.
54

2.4.11. Técnica Remota: Teleproteção – ANSI 85

A busca por uma solução para a detecção do ilhamento quando da presença de


GD no sistema de distribuição é sempre pelas funções de proteção de técnicas locais
e passivas, que utilizam das medições de tensão e frequência no ponto de conexão
para determinar se há ou não um ilhamento. Porém, de acordo com (IEEE 1547, 2008;
Jenkins et al., 2000; Freitas, Huang e Xu, 2005; Vieira et al., 2006; Afonso et al., 2005;
Oliveira et al., 2011; Vieira, 2006), para pequenas diferenças entre a carga do
alimentador e a capacidade de geração da GD, a detecção de ilhamento pelas
proteções passivas pode não ser eficaz.
Neste contexto, a necessidade de se utilizar sistemas de teleproteção cresce
(técnicas remotas) e, dependendo da concessionária de energia acessada e da
capacidade de geração da GD, poderá ser até exigido. Segundo COPEL (2013), a
utilização da teleproteção é definida em conjunto entre concessionária e GD.
As tecnologias mais utilizadas para a implementação da teleproteção são o cabo
OPGW para comunicação via fibra ótica e rádio UHF (COPEL, 2013). Em Vieira
(2006), as tecnologias SCADA (Supervisory Control and Data Acquisition), PLCC
(Power Line Carrier Communication) e redes de comunicação entre os dispositivos
são opções para a implantação da teleproteção.
A teleproteção pode ser explorada não somente para a isolação da GD quando
da abertura do disjuntor do alimentador, mas também para o aumento da
confiabilidade e a redução de tempos de extinção de faltas no sistema de distribuição,
onde o objetivo é sempre interromper as fontes de energia. Como exemplo, destaca-
se a lógica POTT - Transmissão de Sinal Permissivo por Sobrealcance - que auxilia a
proteção de distância - ANSI 21 - na distinção da falta ser interna ou externa à linha
de transmissão e na aceleração das zonas temporizadas. Outro exemplo é o envio de
TRIP para os casos de falha de disjuntor e disparo direto (Ziegler, 2011). Em COPEL
(2013) permite-se um tempo de disparo máximo de 300 ms.

2.4.12. Relé de Verificação de Sincronismo (ANSI 25)

O relé de verificação de sincronismo é aplicado em esquemas de controle e


intertravamento de manobra de dispositivos seccionadores de sistemas que possuem
55

mais de uma fonte de energia elétrica, onde há risco de fechamento fora de fase. Na
geração distribuída, este relé é aplicado tanto na conexão da GD quanto no
alimentador de distribuição.
Na conexão da GD, o relé de verificação de sincronismo identifica, por meio de
medições de tensão de ambos os terminais do dispositivo seccionador, se há
condições de manobra segura com as fontes em fase, ou seja, com pequenos desvios
de módulo, ângulo e frequência. Há a possibilidade de se permitir a manobra quando
há tensão em somente um terminal ou ausência de tensão em ambos. Os relés de
proteção de mercado geralmente nomeiam os terminais como sendo “Linha” e “Barra”.
No alimentador de distribuição, o relé de verificação de sincronismo pode se
tornar fundamental quando há riscos de não detecção de ilhamentos por parte da GD
conectada. O religamento automático do alimentador fica condicionado a permissão
de manobra do relé de verificação de sincronismo entre a tensão da barra da
subestação de distribuição (a montante) e a tensão do circuito suprido por este
alimentador (a jusante) que possui uma GD conectada.
A segurança operativa do circuito alimentador com a presença de GD é muito
maior quando há o relé de verificação de sincronismo pois este relé impede qualquer
possibilidade de manobra com os circuitos fora de fase. O ponto negativo da aplicação
deste relé é o aumento da possibilidade de insucesso na tentativa de religamento, o
que piora os índices de disponibilidade da concessionária de energia elétrica que tem
seus tempos de desligamento aumentados.

2.4.13. Mudanças para a Proteção nas Subestações das Concessionárias

O sistema de distribuição de energia elétrica tradicional não foi projetado para


operar com a presença de geração distribuída conectada em seus alimentadores. A
proteção dos alimentadores é baseada em relés não direcionais de sobrecorrente de
fase e neutro para proteger contra faltas trifásicas, bifásicas ou fase-terra (Apostolov,
2015).
Nos alimentadores de distribuição é comum que o relé instantâneo seja usado
para operar para faltas próximas à subestação e os relés temporizados de tempo
inverso para operar para o restante do circuito. O tempo de atuação dos relés
temporizados é coordenado com os fusíveis usados para a proteção dos
transformadores de distribuição instalados no alimentador. A necessidade de se
56

garantir a coordenação entre as proteções aumenta significativamente os tempos de


atuação dos relés para faltas de alta corrente, com tempos maiores para o fim de linha
(Apostolov, 2015).
Com a presença de GD nos alimentadores, haverá contribuição de curto-
circuito da GD e os relés de sobrecorrente necessitarão de supervisão direcional para
evitar atuações indesejadas em alimentadores adjacentes. Neste contexto, mudanças
nos sistemas de proteção de distribuição tornam-se essenciais para garantir atuações
corretas e evitar problemas nos indicadores de qualidade no fornecimento de energia
elétrica por exemplo, DEC, FEC, DIC, FIC e DMIC por parte das concessionárias de
energia.
Dentre as tecnologias disponíveis atualmente, a norma IEC 61850 traz o melhor
valor agregado ao sistema de proteção, em especial, o GOOSE (Generic Object
Oriented Substation Event) que significa evento genérico da subestação orientado a
objeto. Este tipo de evento suporta a troca de uma série de informações organizadas
em um mesmo conjunto de dados (dataset). Este evento é enviado por um IED
(Intelligent Electronic Device) para toda a rede em forma de Multicast sempre que um
de seus eventos tiver seu nível alterado. O mecanismo de comunicação é do tipo
Publisher/Subscriber, ou seja, apenas os dispositivos previamente programados para
receber mensagens conseguirão interpretá-la quando esta mensagem estiver na rede,
e os demais ignoram a mensagem (Freitas e Lemos, 2009).
A disponibilidade de elementos direcionais utilizados para supervisionar relés
de proteção de sobrecorrente em alimentadores de distribuição com GD nos permite
implementar um método alternativo para a proteção do barramento de distribuição em
subestações baseadas em IEC 61850. Em Apostolov (2015), é proposto o esquema
de proteção de barra por comparação direcional.
No caso de falta em um dos alimentadores de uma subestação de distribuição,
indicado por F1 na Figura 2.19, o relé de proteção deste circuito identificará a falta
com direcionalidade direta, enquanto que os relés de proteção dos alimentadores
adjacentes em seus circuitos indicarão faltas com direcionalidade reversa (no caso de
GD conectada) ou nenhuma falta. Cada relé envia uma mensagem indicando a
detecção da falta e sua direcionalidade. A comparação direcional de todos os relés
permite a proteção da barra definir se a falta é externa ou interna. Se a falta for na
barra, como F2 da Figura 2.19, todos os relés de alimentadores enviarão uma
57

mensagem GOOSE para a proteção da barra indicando uma falta com direcionalidade
reversa ou sem indicação de falta. A proteção da barra identifica que a falta é no
barramento e envia um sinal de disparo para todos os disjuntores.

Figura 2.19: Proteção e seletividade auxiliada pela tecnologia IEC 61850

TC

I ED

GOOSE

TC
F2
TP

I ED I ED I ED I ED

TC TC TC TC

F1

Fonte: Adaptado de (Apostolov, 2015)

O tempo necessário para a detecção da direcionalidade da falta gira em torno


de 1 ciclo. A adição de ¼ ciclo (4 a 5 ms) para a comunicação das mensagens GOOSE
garante um tempo total para o relé de barra detectar se a falta é interna ou externa,
totalizando 1,25 ciclos (Apostolov, 2015). O benefício da comunicação relé a relé
através de mensagens GOOSE da IEC 61850 é promover uma rápida eliminação de
falta para o barramento de distribuição sem a necessidade de temporizar as proteções
ou adicionar novos equipamentos de proteção. Ao mesmo tempo, a seletividade entre
os alimentadores também será garantida com os elementos direcionais, onde
alimentadores com GD conectada terão elementos de sobrecorrente com atuações
diretas ou reversas, diferenciando, assim, se a falta é no próprio alimentador ou no
adjacente. A estrutura de comunicação estabelecida para a troca de mensagens
GOOSE permite, ainda, adicionar funcionalidades diversas para o sistema de
58

proteção, como os esquemas de falha de disjuntor sem o acréscimo de dispositivos


extras.
Para a detecção de direcionalidade em relés de sobrecorrente, é necessária a
instalação de transformadores de potencial (TP). Assim, um dos principais problemas
da presença de GD em alimentadores de distribuição, que é o religamento automático
sem a verificação de sincronismo, pode ser resolvido sem investimentos muito
maiores no sistema. Além dos TPs instalados no barramento, haverá a necessidade
de se instalar mais um TP a jusante do disjuntor por alimentador para que a função
de verificação de sincronismo - ANSI 25 - possa ser implementada. Desta maneira, a
possibilidade de religamento fora de fase fica completamente eliminada, pois o
alimentador verifica as condições de tensão (magnitude e fase) e frequência entre o
barramento e o TP do alimentador antes de religar.
A utilização da função de verificação de sincronismo nos alimentadores de
distribuição pode permitir que as GDs instaladas possam se manter em operação
ilhada por mais tempo, suficiente para a sincronização das fontes, diminuindo o tempo
de desligamentos e melhorando os índices de disponibilidade e fornecimento de
energia das concessionárias.

2.5. Considerações Finais

Neste capítulo foram apresentados e discutidos a normatização, os impactos e


proteção de sistemas de distribuição com a presença de GD.
No tema normatização, foram destacadas as principais funções de proteção
exigidas por normas das concessionárias CELG, CEMIG e COPEL, norma reguladora
Módulo 3 do PRODIST e a IEEE Std 1547. Dentre as três concessionárias, a COPEL
exige um maior número de funções de proteção que, na opinião do autor deste
trabalho, tende a possuir uma maior confiabilidade.
Os impactos provocados pela presença de GD no sistema de distribuição foram
analisados e pode-se destacar o aumento do nível de curto-circuito, riscos e
consequências de um religamento fora de fase e problemas com a coordenação e
seletividade do sistema de proteção. Todos estes impactos possuem alternativas para
serem mitigados ou reduzidos a ponto de se obter um nível de confiabilidade
satisfatório.
59

Para se impedir a ocorrência de religamento fora de fase do alimentador de


distribuição com a GD e sua operação ilhada, técnicas de detecção de ilhamento e
funções de proteção foram estudadas. Dentre as diversas apresentadas, as proteções
de frequência (ANSI 81 o/u), taxa de variação de frequência (ANSI 81 df/dt ou
ROCOF), salto de vetor (ANSI 78), direcional de potência reativa (ANSI 32Q) e
verificação de sincronismo (ANSI 25) são as de maior destaque e foram aplicadas nas
simulações e estudos de caso propostos no Capítulo 4 desta dissertação de mestrado.
60

Capítulo 3 Metodologia

A metodologia empregada nas análises propostas neste trabalho foi a realização


de simulações de sistemas de distribuição na presença de geradores síncronos
distribuídos, tendo como objetivo principal, a observação do comportamento das
funções quanto a detecção de ilhamentos provocados intencionalmente.
Neste capítulo serão apresentados os modelos dos equipamentos elétricos
utilizados nas simulações, bem como os modelos de relés de proteção, a forma como
as simulações foram realizadas e como os resultados foram apresentados.

3.1. Plataforma de Simulação – Modelagem no SimPowerSystems

A plataforma utilizada foi o SimPowerSystem e as ferramentas disponíveis em


sua biblioteca e no Simulink/MATLAB. Esta plataforma trata-se de uma moderna
ferramenta de projeto que permite a engenheiros e cientistas modelarem e simularem,
rapidamente e facilmente, os sistemas de potência. Ela utiliza o próprio ambiente
Simulink/MATLAB (Hydro-Québec; Transénergie Technologies, 2015). Neste
ambiente, os modelos existentes na biblioteca do próprio MATLAB, modelos
disponibilizados por Salles (2007) e os modelos criados durante o desenvolvimento
deste trabalho são apresentados.

3.1.1. Gerador Síncrono

O gerador síncrono distribuído foi simulado utilizando o modelo de máquina


síncrona Synchronous Machine pu Standard, disponível na biblioteca do
SimPowerSystems do MATLAB conforme Figura 3.1, sendo Pm a entrada do controle
de velocidade, Vf a entrada do controle de excitação, m a saída das variáveis internas
do gerador síncrono e A, B e C as saídas das fases do gerador. A parte elétrica do
bloco é representada por um modelo de oitava ordem (Hydro-Québec; Transénergie
Technologies, 2015). Os parâmetros das máquinas de cada estudo de caso estão
disponíveis no Apêndice A.
61

Figura 3.1: Bloco do gerador síncrono utilizado nas simulações – Synchronous Machine

Fonte: (Hydro-Québec; Transénergie Technologies, 2015)

3.1.2. Controle de Excitação - AVR

O controle de excitação do gerador síncrono foi simulado utilizando o modelo


IEEE type DC1A previsto em IEEE 421 Standard (2005), disponível na biblioteca do
SimPowerSystems do MATLAB conforme Figura 3.2, sendo Vref a entrada da
referência de tensão, Vt tensão terminal da máquina, Vstab a entrada de uma tensão
de estabilização e Efd a saída da tensão de campo. Os ajustes dos ganhos e
constantes de tempo do regulador de tensão estão disponíveis no Apêndice A.
Inicialmente, foi testado o modelo de excitatriz IEEE tipo 1 do próprio
SimPowerSystems. Porém, muitas inconsistências foram encontradas e optou-se pela
substituição pelo modelo IEEE tipo DC1A cujos resultados foram mais coerentes com
o esperado.

Figura 3.2: Bloco do controle de excitação utilizado nas simulações – IEEE type DC1A do
SimPowerSystems

Fonte: (Hydro-Québec; Transénergie Technologies, 2015)


62

3.1.3. Controle de Velocidade

Neste trabalho desconsiderou-se o controle de velocidade, visto que o objetivo


é analisar o comportamento do sistema de geração distribuída em tempos pequenos
quando comparados aos tempos de resposta das turbinas e seus reguladores de
velocidade, pois a duração das simulações foi de 1 segundo. Desta forma, a entrada
Pm da máquina síncrona foi aplicada conforme resultado do fluxo de potência
determinado para cada simulação através de uma variável constante do
SimPowerSystem do MATLAB.

3.1.4. Transformador

Nas simulações, o transformador de potência, aplicado para elevação de tensão


dos geradores síncronos distribuídos ao nível de tensão da distribuição, foi
representado pelo modelo de dois enrolamentos Three-Phase Transformer (Two
Windings) disponível na biblioteca do SimPowerSystems do MATLAB, conforme
Figura 3.3, sendo A, B e C os terminais do enrolamento 1 e a, b e c os terminais do
enrolamento 2. Os parâmetros do modelo estão disponíveis no Apêndice A.

Figura 3.3: Bloco do transformador de potência utilizado nas simulações – Three-Phase Transformer
(Two Windings) do SimPowerSystems

Fonte: (Hydro-Québec; Transénergie Technologies, 2015)

3.1.5. Cargas Elétricas

As cargas do sistema de distribuição foram simuladas utilizando o modelo de


carga estática, conforme Kundur (1994) e Hydro-Québec; Transénergie Technologies
(2015). Na biblioteca do SimPowerSystems do MATLAB há o modelo Three-Phase
63

Dynamic Load, que foi aplicado neste trabalho, conforme Figura 3.4, sendo A, B e C
as entradas das fases da fonte de alimentação e m a saída das variáveis internas da
carga.
Os parâmetros deste modelo são os expoentes np e nq, conforme (3.1) e (3.2),
em que np e nq iguais a 0, 1 ou 2, representam as características potência constante,
corrente constante e impedância constante, respectivamente.

V
P=P. (3.1)
V
V
Q=Q . (3.2)
V

Figura 3.4: Bloco de carga estática utilizado nas simulações – Three-Phase Dynamic Load do
SimPowerSystems

Fonte: (Hydro-Québec; Transénergie Technologies, 2015)

Como o objetivo maior deste trabalho é analisar a detecção de ilhamento por


meio de funções de proteção de técnicas passivas, o tipo de carga tem um forte
impacto nos resultados, visto que a frequência elétrica varia em função do desbalanço
de potência ativa entre a geração e a carga (Kundur,1994).
Carga do tipo impedância constante (np=nq=2) representa uma dependência
maior da potência absorvida pela carga (P, Q) da tensão da rede (V). Quando ocorre
um ilhamento com déficit de geração, a tendência é de subtensão. Logo, a potência
absorvida pela carga (P, Q) será menor (V/V0)² vezes do que a potência nominal (P0,
Q0). Neste cenário, o desbalanço de potência será menor do que o esperado em
relação a potência demandada pré-ilhamento. Para o caso de um ilhamento com
excesso de geração, a tendência é de sobretensão. Logo, a potência absorvida pela
carga (P, Q) será maior (V/V0)² vezes do que a potência nominal (P0, Q0). Neste
cenário, o desbalanço de potência será menor do que o esperado em relação a
64

potência demandada pré-ilhamento. Portanto, os relés baseados em frequência serão


afetados negativamente, tendo seu desempenho prejudicado.
Carga do tipo corrente constante (np=nq=1) apresenta o mesmo comportamento,
porém, com um menor impacto da variação da tensão V/V0, que irá impactar de forma
mais suave na potência absorvida pela carga (P, Q). Já para carga do tipo potência
constante (np=nq=0), como o próprio nome diz, a tensão da rede não influencia a
potência absorvida pela carga (P=P0, Q=Q0) que é constante.
Então, pode-se afirmar que simulações que utilizam cargas do tipo impedância
constante apresentam resultados mais conservadores em comparação com as
demais. Logo, será utilizado neste trabalho o modelo de impedância constante para
as simulações.

3.1.6. Linha de Distribuição

As linhas de distribuição foram representadas pelo modelo de linha de


transmissão Three-Phase Pi Section Line disponível na biblioteca do
SimPowerSystems do MATLAB, conforme Figura 3.4. Os parâmetros ajustados foram
calculados pela ferramenta Compute RLC Line Parameters do PowerGui do
Simulink/MATLAB para uma rede de 3 fios e resistividade do solo de 100 Ω.m.

Figura 3.5: Bloco da linha de distribuição utilizado nas simulações – Three-Phase Pi Section Line do
SimPowerSystems

Fonte: (Hydro-Québec; Transénergie Technologies, 2015)

3.1.7. Relé de Salto de Vetor – ANSI 78

O modelo do relé de salto de vetor utilizado nas simulações deste trabalho foi
criado utilizando os blocos funcionais disponíveis na biblioteca do SimPowerSystems
do MATLAB. O salto vetorial é detectado através da verificação da diferença entre
períodos de ciclos consecutivos de fase de tensão para a rede elétrica. Quando houver
65

uma diferença angular (salto) nos vetores de tensão acima do valor especificado no
ajuste da função de proteção é gerado um sinal de TRIP. O valor da diferença angular
entre dois ciclos consecutivos é calculado convertendo o tempo medido em graus na
base de 60 Hz. O modelo simplificado do relé salto de vetor está apresentado na
Figura 3.6.

Figura 3.6: Modelo do relé de salto de vetor – ANSI 78

α Vab c TRIP SV
Ajuste do relé ANSI 78

|Δδ| >
em graus TRIP
E t Salto de
Vetor
VFASE >
tset
VM ÍN Temporização
Tensão de Mínima
de Operação
Fonte: Próprio autor

3.1.8. Relé Direcional de Potência Reativa – ANSI 32Q

Para este trabalho foi criado o modelo do relé direcional de potência reativa.
Trata-se de um relé relativamente simples, onde a potência reativa é medida na saída
do gerador síncrono. Se a potência medida for superior ao limite ajustado em QEXPORT
e se a direcionalidade foi no sentido exportação, ou seja, gerador fornecendo reativo
ao sistema, um sinal de TRIP é enviado para abertura do disjuntor, conforme Figura
3.7.
A polarização do relé 32Q é definida pela comparação angular da corrente e
tensão de saída do gerador síncrono. A direcionalidade será “exportação”, ou seja,
gerador fornecendo reativo ou fator de potência indutivo, quando o ângulo entre a
tensão e corrente foi inferior a 90°, caso contrário, a direcionalidade será “importação”,
ou seja, gerador consumindo reativo ou fator de potência capacitivo.
66

Figura 3.7: Modelo do relé direcional de potência reativa – ANSI 32Q

Vabc
QEXPORT TRIP 32Q
Ajuste do relé Iabc
ANSI 32Q
QMEDIDO >
em kVAr TRIP
E t
32Q
Direcionalidade
Exportação
tset
Temporização
Fonte: Próprio autor

3.1.9. Relé de Sobre e Sub Frequência – ANSI 81 o/u

O modelo do relé de sub e sobrefrequência (ANSI 81 o/u) desenvolvido em


Salles (2007) foi utilizado neste trabalho para avaliar esta função de proteção. Este
modelo se baseia na medição da frequência do sistema por meio de medições de
passagens por zero da tensão da conexão da GD ao sistema de distribuição. Para o
relé de subfrequência (ANSI 81 u), quando a medição for menor que o ajuste de TRIP,
um sinal de disparo de atuação será ativado. Já o relé de sobrefrequência (ANSI 81
o) enviará um sinal de disparo quando a medição da frequência da rede superar o
ajuste de TRIP. O modelo ainda utiliza um bloqueio de atuação por subtensão, que
serve para o caso de um afundamento de tensão devido a um curto-circuito. A Figura
3.8 apresenta o modelo simplificado do relé.

Figura 3.8: Modelo do relé de sobre e sub frequência – ANSI 81 o/u

fMÍN TRIP 81o


Ajuste do relé Vab c
TRIP 81u
ANSI 81 o/u
<
f OU
em Hz TRIP
> E t
81 o/u
VFASE >
fMÁX tset
Ajuste do relé VM ÍN Temporização
Tensão de Mínima
de Operação
Fonte: Próprio autor
67

3.1.10. Relé de Taxa de Variação de Frequência – ANSI 81 df/dt

O relé ROCOF (Rate of Change of Frequency ou ANSI 81 df/dt) foi modelado


utilizando como referência Salles (2007) que utilizou da derivada da frequência elétrica
calculada a partir de medições de passagens por zero da tensão. Assim como o relé
81 o/u, o modelo possui um bloqueio de atuação por subtensão, que serve para o relé
não atuar indevidamente para o caso de um afundamento de tensão devido a um
curto-circuito. A Figura 3.9 apresenta o modelo simplificado aplicado nas simulações
deste trabalho.

Figura 3.9: Modelo do relé de taxa de variação de frequência – df/dt

VMÍN
Vab c TRIP RF
Ajuste do relé
ANSI 81 df/dt

f d >
em Hz dt TRIP
E t
ROCOF
VFASE >
tset
Temporização
VM ÍN
Tensão de Mínima
de Operação
Fonte: Próprio autor

3.2. Avaliação do Comportamento das Funções de Proteção por Meio de Estudos


de Casos

A avaliação das funções de proteção propostas neste trabalho foi realizada por
meio de estudos de casos com características elétricas distintas. O primeiro estudo
de caso proposto apresenta um gerador síncrono com fonte hidráulica de uma PCH
conectado em 13,8 kV com potência de 3,5 MVA. O segundo estudo de caso avalia
um gerador com fonte a biomassa de uma usina de álcool e açúcar com potência de
9,125 MVA conectado em 34,5 kV. Já o terceiro de caso apresenta um gerador com
fonte a vapor produzida da queima de resíduos da fabricação do coque calcinado de
petróleo, com potência de 22 MVA conectado em 88 kV.
68

Os estudos de casos discutidos neste trabalho são de instalações reais e


encontram-se em operação atualmente, de modo que os estudos de proteção destas
unidades geradoras foram elaborados pelo autor desta dissertação.

3.3. Simulação

As funções de proteção discutidas neste capítulo foram avaliadas por meio de


simulações em diferentes condições de desbalanços de potência ativa entre a GD e a
carga local do subsistema ilhado formado pela abertura da fonte da concessionária de
energia elétrica. Os desbalanços de potência ativa impostos ao sistema foram de ±
80%.
Para avaliação da influência do fator de potência da carga, este foi simulado
como 0,92 e 1. As cargas foram consideradas do tipo impedância constante, que
representa a condição mais conservadora em termos de detecção de ilhamento,
conforme seção 3.1.5 deste trabalho. Para cada função de proteção, diferentes
ajustes foram considerados nas simulações, de forma a permitir a escolha da melhor
condição caso a caso.
69

Capítulo 4 Estudos de Casos

Para analisar o comportamento das funções de proteção frente a diversas


condições de ilhamento, estudos de casos de sistemas de distribuição de energia
elétrica na presença de geradores síncronos distribuídos foram analisados com o
emprego do SimPowerSystems ou Simulink do MATLAB. O objetivo é analisar os
limites que cada função de proteção possui, de forma que, ao se unirem várias funções
de proteção, o ilhamento venha a ser detectado. Os casos propostos foram baseados
em dados reais de geração distribuída atualmente em operação no Brasil, cujas
funções de proteções foram ajustadas pelo autor desta dissertação.
O primeiro caso analisado trata de um gerador síncrono com fonte hidráulica de
2,25 MVA conectado em uma rede de distribuição de 13,8 kV, localizado no estado
de Espírito Santo. Já o segundo caso apresenta um gerador síncrono a biomassa de
9,125 MVA conectado em um sistema de distribuição de 34,5 kV no estado de Goiás.
O terceiro caso apresenta um gerador síncrono com fonte a vapor, fruto da queima de
resíduos da fabricação do coque calcinado de petróleo, de 22 MVA conectado em 88
kV no sistema de subtransmissão da CPFL/CTEEP no estado de São Paulo.
Em todos os casos, foram analisadas as funções de proteção de sobre e
subfrequência (ANSI 81 o/u), taxa de variação de frequência (ROCOF ou df/dt), salto
de vetor (ANSI 78) e direcional de potência reativa (ANSI 32Q) como alternativas na
detecção de ilhamento de forma passiva, sem a presença de sistemas de
teleproteção.

4.1. Caso 1: Gerador de 2,25 MVA conectado em 13,8 kV

O primeiro estudo de caso apresenta um gerador síncrono distribuído de uma


PCH com capacidade de 2,25 MVA, gerando em 4,16 kV, com conexão na rede de
distribuição em 13,8 kV da Escelsa por meio de um transformador elevador 13,8/4,16
kV, conforme Figura 4.1. Este empreendimento está localizado na cidade de
Cachoeiro do Itapemirim, estado do Espírito Santo. Os dados do gerador estão
apresentados na Tabela 4.1.
70

Figura 4.1: Caso 1 - GD de 2,25 MVA conectado em 13,8 kV


SE Cachoeiro
Escelsa
52-S1 Linha 1 Linha 2
2km 3km
13,8 kV 52-GD
Scc = 100 MVA Carga
X/R = 30 0,45 a 4,05 MVA
FP = 0,92 a 1 TR1
13,8 / 4,16 kV

GD - PCH
2,25 MVA
4,16 kV
Fonte: Próprio autor

Tabela 4.1: Caso 1 - Dados do Gerador


Parâmetro Dado
Potência aparente nominal 2,81 MVA
Potência ativa nominal 2,25 MW
Máximo fator de potência 0,80
Tensão nominal 4,16 kV
Reatância síncrona de eixo direto (Xd) 131,5%
Reatância transitória de eixo direto (X’d) 10,1%
Reatância subtransitória de eixo direto (X”d) 7,4%
Reatância síncrona de eixo em quadratura (Xq) 75,4%
Reatância subtransitória de eixo em quadratura (X”q) 12,3%
Constante trans. de eixo direto em curto-circuito (T’d) 547 ms
Constante subtransitória de eixo direto em curto-circuito (T”d) 39 ms
Constante de inércia H 1,4 s
Número de polos (2p) 6
Rotação nominal 1200 rpm

A Figura 4.2 apresenta o sistema de proteção da GD instalada em 13,8 kV, onde


as funções de proteção analisadas para a detecção do ilhamento foram o relé de sub
e sobrefrequência (ANSI 81), relé ROCOF (df/dt), salto de vetor (ANSI 78) e direcional
de potência reativa (ANSI 32Q). Os ajustes avaliados estão apresentados na Tabela
4.2.
Para analisar o desempenho das funções de proteção propostas para a detecção
de ilhamento, a carga do sistema de distribuição foi variada de 0,45 MVA a 4,05 MVA,
com cargas tipo impedância constante e fator de potência de 0,92 indutivo e 1. Tal
faixa de potência escolhida para esta simulação impõe desbalanços na ordem de
71

±80% à GD, que atende perfeitamente aos objetivos deste trabalho de analisar o
desempenho dos relés de proteção anti-ilhamento. O ilhamento foi provocado pela
abertura do disjuntor 52-S1 no instante 0,1 s de um total de 1 s de simulação. O
gerador foi simulado considerando potência ativa nominal e potência reativa nula.

Figura 4.2: Caso 1 - Sistema de Proteção da GD 2,25 MVA conectada em 13,8 kV


Rede de Distribuição

52-GD

81u 81o 27
3xTP
df/ 78 59N
dt
3xTC 32Q 59

TR1 Relé de Proteção


13,8/4,16 kV

GD - PCH
2,25 MVA
4160 V
Fonte: Próprio autor

Para se analisar o desempenho das funções de proteção na detecção de


ilhamentos, diferentes ajustes foram simulados para que se pudesse observar o
impacto nos tempos de atuação dos relés. A proteção de frequência foi simulada para
atuar em variações de frequência na ordem de 1 a 2 Hz temporizado em 100 ms. O
relé ROCOF foi simulado com ajustes de 1 a 3 Hz/s temporizado em 100 ms. A
proteção de salto de vetor foi simulada com ajustes de 6 a 10° seguindo
recomendações de Jenkins et al. (2000) que sugere ajuste de 8° para redes com fonte
fraca (baixa potência de curto-circuito). Já a proteção direcional de potência reativa foi
simulada para atuar quando o fator de potência de exportação da GD for inferior a
0,97 ou 0,98 indutivo, o que resulta em uma potência reativa de 0,149 a 0,188 MVAr
por fase, pois para aplicação deste relé é necessário que o gerador opere com fator
de potência unitário permanentemente. Um resumo dos ajustes é apresentado na
Tabela 4.2.
72

Tabela 4.2: Caso 1 - Ajustes de Proteção


Parâmetro Ajuste
Subfrequência – ANSI 81 u
Frequência de partida 59 / 58,5 / 58 Hz
Temporização 100 ms
Sobrefrequência – ANSI 81 o
Frequência de partida 61 / 61,5 / 62 Hz
Temporização 100 ms
ROCOF – ANSI 81 df/dt
Variação de frequência máxima 1 / 2 / 3 Hz/s
Temporização 100 ms
Salto de Vetor – ANSI 78
Salto vetorial 6° / 8° / 10°
Temporização 100 ms
Direcional de Potência Reativa – ANSI 32Q
Potência reativa máxima por fase 0,149 / 0,188 MVAr
Temporização 100 ms
Direcionalidade Direta (Exportação)

O relé de frequência apresentou detecção de ilhamento dentro do limite de


operação de 500 ms para desbalanços de potência ativa a partir de 11,58%, conforme
Tabela 4.3. O desempenho do relé pode ser observado na Figura 4.3 para a condição
de excesso de geração e na Figura 4.4 na condição de déficit de geração.

Tabela 4.3: Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms pela
proteção de frequência ANSI 81 o/u
Limites de desbalanço de potência para detecção de ilhamento
FP da Ajuste em ± 1 Hz Ajuste em ± 1,5 Hz Ajuste em ± 2 Hz
carga PG > PC PG < PC PG > PC PG < PC PG > PC PG < PC
0,92 12,35% 19,97% 19,2% 29% 26,44% 37,98%
1,00 16,47% 11,58% 22,88% 18,64% 29,36% 25,98%

Quando ocorre um ilhamento com excesso de geração (PG > PC), o fator de
potência mais indutivo das cargas provoca uma maior queda de tensão na rede de
distribuição, logo, a tensão na carga (V) vai ser menor do que a tensão pré-ilhamento
(V0), consequentemente, a potência absorvida pela carga (PC) vai ser menor do que a
potência pré-ilhamento (P0) numa proporção ao quadrado da variação da tensão (V),
conforme (3.1) e (3.2). Logo, o desbalanço de potência vai ser maior do que o nominal.
Portanto, à medida que o fator de potência das cargas se torna mais indutivo, o
desbalanço de potência e a aceleração da máquina aumentam, fazendo o relé de
73

frequência ter uma detecção mais eficiente para FP mais indutivo, como pode ser
observado na Figura 4.3.
Figura 4.3: Caso 1 - Tempo de atuação da proteção de sobrefrequência versus ΔP: carga tipo
impedância constante com excesso de geração (PG > PC)

Quando ocorre um ilhamento com déficit de geração (PG < PC), o desempenho
do relé de frequência é o contrário do caso com excesso de geração, piora à medida
que o fator de potência se torna mais indutivo. Isso ocorre porque a carga real (P) é
menor quando a tensão na rede (V) é menor, numa proporção ao quadrado da
variação da tensão (V), conforme (3.1) e (3.2). À medida que o fator de potência das
cargas diminui, o desbalanço de potência e a desaceleração (frenagem) da máquina
também diminuem, fazendo o relé de frequência ter uma detecção menos eficiente,
como pode ser observado na Figura 4.4.
74

Figura 4.4: Caso 1 - Tempo de atuação da proteção de sobrefrequência versus ΔP: carga tipo
impedância constante com déficit de geração (PG < PC)

Quando ocorre um ilhamento com déficit de geração (PG < PC), o desempenho
do relé de frequência é o contrário do caso com excesso de geração, piora à medida
que o fator de potência se torna mais indutivo. Isso ocorre porque a carga real (P) é
menor quando a tensão na rede (V) é menor, numa proporção ao quadrado da
variação da tensão (V), conforme (3.1) e (3.2). À medida que o fator de potência das
cargas diminui, o desbalanço de potência e a desaceleração (frenagem) da máquina
também diminuem, fazendo o relé de frequência ter uma detecção menos eficiente,
como pode ser observado na Figura 4.4.
Na Figura 4.5, este comportamento pode ser observado pelo perfil da frequência
para os casos de excesso e escassez de geração para cargas com fator de potência
0,92 indutivo e 1.
75

Figura 4.5: Comportamento da frequência em ilhamentos com excesso e déficit de geração para
cargas com fator de potência 0,92 indutivo e 1

O relé ROCOF ou df/dt apresentou detecção de ilhamento dentro do limite de


operação de 500 ms para desbalanços de potência ativa a partir de 1,8%, conforme
Tabela 4.4. O desempenho do relé pode ser observado na Figura 4.6 para a condição
de excesso de geração e na Figura 4.6 na condição de déficit de geração.

Tabela 4.4: Caso 1 - Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms pela
proteção df/dt
Limites de desbalanço de potência para detecção de ilhamento
FP da Ajuste em 1 Hz/s Ajuste em 2 Hz/s Ajuste em 3 Hz/s
carga PG > PC PG < PC PG > PC PG < PC PG > PC PG < PC
0,92 12,87% 27,59% 17,8% 27,59% 22,81% 27,59%
1,00 7,81% 1,77% 12,81% 7,81% 17,8% 12,77%
76

Figura 4.6: Caso 1 - Tempo de atuação da proteção ROCOF versus ΔP: carga tipo impedância
constante com excesso de geração (P G > PC)

Conforme pode ser observado por meio da equação (2.5), a taxa de variação de
frequência, que indica a tendência de variação da frequência do sistema, é uma
função diretamente proporcional ao ΔP. Desta forma, após um ilhamento, o ΔP muda
abruptamente, fazendo a taxa de df/dt também alterar da mesma forma e proporção.
Por esta característica que os resultados apresentados nas Figuras 4.6 e 4.7 mostram
um comportamento do tipo binário, ou seja, atuando ou não atuando, cuja curva se
assemelha ao ajuste de tempo definido.
Assim como o relé de frequência, o relé ROCOF é influenciado pelo fator de
potência da carga, visto que a potência real absorvida se altera, consequentemente,
o desbalanço de potência ativa (ΔP) também.
O relé de salto de vetor apresentou detecção de ilhamento dentro do limite
estabelecido para desbalanços de potência a partir de 9,28%, conforme Tabela 4.5.
Seu desempenho foi levemente melhor que o de relé de sobre e subfrequência. Isso
pode ser explicado pelo fato da tensão do gerador sofrer um deslocamento angular,
instantâneo, no momento do ilhamento, o que não ocorre para a frequência, além do
relé de frequência precisar de mais ciclos para confirmar a sua atuação. Após este
77

salto inicial, o ângulo vai se deslocando na mesma proporção em que a frequência


elétrica se altera tornando o relé de salto de vetor mais rápido.

Figura 4.7: Caso 1 - Tempo de atuação da proteção ROCOF versus ΔP: carga tipo impedância
constante com déficit de geração (PG < PC)

Tabela 4.5: Caso 1 - Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms
pela proteção de salto de vetor
Limites de desbalanço de potência para detecção de ilhamento
FP da Ajuste em 6° Ajuste em 8° Ajuste em 10°
carga PG > PC PG < PC PG > PC PG < PC PG > PC PG < PC
0,92 9,94% 18,12% 14,45% 22,7% 19,03% 27,39%
1,00 14,75% 9,28% 19,05% 13,34% 22,61% 16,99%

Assim como o relé de frequência, para a condição de excesso de geração, o


desempenho do relé de salto de vetor melhora à medida que o fator de potência da
carga se torna mais indutivo, conforme Figura 4.8. Já para a condição de déficit de
geração, o desempenho piora à medida que o fator de potência se torna mais indutivo,
conforme Figura 4.9.
78

Figura 4.8: Caso 1 - Tempo de atuação da proteção de salto de vetor versus ΔP: carga tipo
impedância constante com excesso de geração (PG > PC)

Figura 4.9: Caso 1 - Tempo de atuação da proteção de salto de vetor versus ΔP: carga tipo
impedância constante com déficit de geração (PG < PC)
79

O relé direcional de potência reativa (ANSI 32Q) tem um desempenho muito


favorável à detecção de ilhamento somente para os casos onde a carga possui um
fator de potência indutivo. Cargas com fator de potência próximo do unitário fazem o
relé 32Q não atuar independente do desbalanço de potência ativa imposto pós-
ilhamento. Na Figura 4.10 é apresentado o seu desempenho para cargas com fator
de potência 0,92 indutivo.

Figura 4.10: Caso 1 - Tempo de atuação da proteção direcional de potência reativa versus ΔP: carga
tipo impedância constante e fator de potência 0,92 indutivo

Conforme a Figura 4.10, quanto mais indutivo for o fator de potência da carga,
melhor será o desempenho do relé direcional de potência reativa. Na condição de
déficit de geração com cargas de fator de potência de 0,92, o relé 32Q atua para
qualquer desbalanço de potência ativa, deixando de atuar somente quando houver
excesso de geração superior a 44,5%, quando o relé for ajustado em 0,188 MVAr
(fator de potência do gerador de 0,98), ou 31,43%, quando ajustado em 0,149 MVAr
(fator de potência do gerador de 0,97). É possível observar que esta função de
proteção detectou ilhamentos justamente onde os relés anteriores não detectaram, na
faixa de pequenos desbalanços de potência.
80

O relé 32Q atua conforme sua exportação de potência reativa. Quando há


grandes excessos de geração de potência ativa, a potência reativa consumida
localmente pelas cargas pode não ser suficiente para que o fator de potência de
operação do gerador reduza a valores inferiores a 0,97 ou 0,98 indutivo escolhidos
para atuação da proteção direcional de potência reativa. Assim, quando a potência
reativa das cargas não for superior ao ajuste do relé, a proteção 32Q não atua.
Analisando os desempenhos dos relés de sobre e subfrequência (ANSI 81 o/u),
ROCOF ou df/dt, salto de vetor (ANSI 78) e direcional de potência reativa (ANSI 32Q),
os ajustes escolhidos para a proteção da GD do caso 1 resultaram conforme Tabela
4.6. Optou-se pelos ajustes de valores intermediários das simulações realizadas, visto
que nenhum relé garantiu a detecção de ilhamento para qualquer desbalanço de
potência. A opção de ajustes mais rigorosos foi descartada porque, tendo em vista
que os geradores de GD geralmente possuem uma inércia pequena, poderia tornar a
operação da GD instável com uma maior probabilidade de falsas atuações da
proteção anti-ilhamento.

Tabela 4.6: Caso 1 – Ajustes de proteção finais


Parâmetro Ajuste
Subfrequência – ANSI 81 u
Frequência de partida 58,5 Hz
Temporização 100 ms
Sobrefrequência – ANSI 81 o
Frequência de partida 61,5 Hz
Temporização 100 ms
ROCOF – ANSI 81 df/dt
Variação de frequência máxima 2 Hz/s
Temporização 100 ms
Salto de Vetor – ANSI 78
Salto vetorial máximo 10°
Temporização 100 ms
Direcional de Potência Reativa – ANSI 32Q
Potência reativa máxima por fase 0,188 MVAr
Temporização 100 ms
Direcionalidade Direta (Exportação)

O desempenho das funções de proteção de sub e sobrefrequência, ROCOF,


salto de vetor e direcional de potência reativa operando em conjunto foi satisfatório
quando a carga possui um fator de potência 0,92. Já para cargas com fator de potência
próximo de 1 há uma limitação na detecção de ilhamento na ordem de 7,81% de
81

desbalanço para excesso de geração e 12,77% para déficit de geração, conforme


Figura 4.11 e Tabela 4.7.

Tabela 4.7: Caso 1: Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms pelo
sistema de proteção
Limites de desbalanço de
potência para detecção de
ilhamento
FP da carga PG > PC PG < PC
0,92 0% 0%
1,00 7,81% 12,77%

Figura 4.11: Caso 1 - Tempo de atuação do sistema de proteção considerando a sobreposição das
funções 81 o/u, ROCOF, 78 e 32Q versus ΔP: carga tipo impedância constante

Reduzir os ajustes da Tabela 4.6 tornando-os mais rigorosos representa perda


de confiabilidade no sistema de proteção da GD, em que o relé de proteção pode não
diferenciar ilhamentos de perturbações do sistema do tipo rejeição de carga, por
exemplo. A tentativa de tornar o sistema mais sensível pode aumentar as chances de
falsas atuações das funções de detecção de ilhamento.
Apesar de não ser discutido neste trabalho, a ocorrência de faltas no sistema de
distribuição pode afetar o sistema de proteção da GD fazendo-o operar. Para mitigar
82

as possibilidades de falsas atuações, recomenda-se a utilização de bloqueio por


subtensão das proteções de detecção de ilhamento. O ajuste do nível de subtensão
deve ser estudado caso a caso, visto que a resposta do regulador de tensão
influenciará nesta definição.
Neste estudo de caso, observou-se que para cargas com fator de potência
elevado há riscos de não detecção de ilhamentos. Visto que o sistema de proteção do
caso 1 pode não detectar ilhamentos na ordem de 7,81% de desbalanço de potência
conforme Tabela 4.7, pode-se afirmar que problemas poderão ocorrer e os riscos de
um religamento automático fora de fase são reais.
Se o ilhamento for causado por abertura manual do circuito de distribuição para
manutenção, por exemplo, a GD poderá alimentar continuamente o subsistema
formado. Neste caso, há duas possibilidades de desconexão da GD. A primeira seria
por meio de agendamento de um desligamento onde o agente responsável pela GD
se comprometa a desconectar a usina geradora nos horários programados
devidamente acompanhado por um técnico da concessionária de energia. A segunda
seria a instalação de um sistema de transferência de disparo direto (TDD) por meio
de comunicação via rádio ou GPRS, quando for possível, ou por meio de fibra ótica
com a instalação de cabo OPGW. Esta segunda opção acarretará em aumento nos
custos de implantação.
Para evitar riscos de religamento fora de fase após uma interrupção por falta, a
solução sugerida é a instalação de um relé de verificação de sincronismo (ANSI 25)
para operar em conjunto com o religamento automático. O relé 25 deverá permitir o
religamento para a condição de barra viva – linha morta e barra viva – linha viva para
pequenos desvios de frequência (Δf ≤ 0,05 Hz), módulo (ΔV ≤ 10%) e ângulo da
tensão (Δθ ≤ 10°).
Outra alternativa para melhorar o desempenho da detecção de ilhamento é
aumentar o tempo morto do primeiro ciclo de religamento do alimentador de
distribuição da concessionária, o que fará com que as limitações dos relés de detecção
de ilhamento diminuam. Tal procedimento deve ser feito em conjunto com a
concessionária de energia, que é a proprietária e responsável pelo circuito de
distribuição. São conhecidos casos onde foi possível discutir os ajustes da
concessionária para facilitar a detecção de ilhamento e melhorar a segurança
operativa.
83

Embora seja possível, é improvável encontrar cargas em sistemas de


distribuição com fator de potência superiores a 0,92 indutivo. Logo, para o estudo de
caso 1, a associação das funções de proteção de frequência, ROCOF, salto de vetor
e direcional de potência reativa se apresenta como uma boa solução do ponto de vista
da detecção de ilhamentos de geradores síncronos distribuídos.

4.2. Caso 2: Gerador de 9,125 MVA conectado em 34,5 kV

O segundo estudo de caso apresenta um gerador síncrono distribuído à


biomassa (turbina à vapor) com capacidade de 9,125 MVA, gerando em 13,8 kV, com
conexão na rede de distribuição em 34,5 kV da CELG Distribuição por meio de um
transformador elevador 13,8/34,5 kV, conforme Figura 4.12. Este empreendimento
está localizado na cidade de Goianésia, estado de Goiás, e encontra-se atualmente
em operação. Os dados do gerador estão apresentados na Tabela 4.8.

Figura 4.12: Caso 2 - GD de 9,125 MVA conectado em 34,5 kV


SE Goianésia
CELG-D
52-S1 Linha 1 Linha 2
5km 5km
34,5 kV 52-GD
Scc = 122 MVA Carga
X/R = 3,23 0 a 11 MVA
FP = 0,92 a 1 TR1
34,5/13,8kV

Carga
GD – Biomassa 2 a 7 MVA
9,125 MVA FP = 0,92 a 1
13,8 kV
Fonte: Próprio autor

Este gerador síncrono distribuído, instalado em uma usina de álcool e açúcar,


atende as demandas internas do empreendimento e exporta o excedente da energia
elétrica gerada. A carga própria da usina varia de 2 a 7 MVA, dependendo dos
processos industriais em operação. De acordo com informações de Tavares (2015)1,
a carga instalada deste alimentador de 34,5 kV pode chegar a 11 MVA. Assim, a carga

1 Tavares, P. R. (CELG Distribuição, DT-SET, Setor de Estudos dos Sistemas, 2015).


84

mínima de um possível sistema ilhado neste alimentador será de 4 MVA e a carga


máxima de 18 MVA. Estes valores de potência representarão para a GD um
desbalanço de potência de -56,16% a +97,26% na base do gerador. Portanto, existe
a possibilidade de ocorrer desbalanços de potência pequenos ou até nulos, o que
torna ilhamentos difícil de detectar.

Tabela 4.8: Caso 2 - Dados do Gerador de 9,125 MVA


Parâmetro Dado
Potência aparente nominal 9,125 MVA
Potência ativa nominal 7,30 MW
Máximo fator de potência 0,80
Tensão nominal 13,8 kV
Reatância síncrona de eixo direto (Xd) 126,2%
Reatância transitória de eixo direto (X’d) 17,2%
Reatância subtransitória de eixo direto (X”d) 12,5%
Reatância síncrona de eixo em quadratura (Xq) 124,6%
Reatância subtransitória de eixo em quadratura (X”q) 16,5%
Constante trans. de eixo direto em curto-circuito (T’d) 1,3201 s
Constante subtransitória de eixo direto em curto-circuito (T”d) 23 ms
Constante de inércia H 2s
Número de polos 2
Rotação nominal 1800 rpm

A Figura 4.13 apresenta o sistema de proteção aplicado para detecção do


ilhamento no ponto de conexão da GD ao sistema de distribuição. As funções
analisadas foram a de sobre e subfrequência (ANSI 81 o/u), ROCOF (df/dt), salto de
vetor (ANSI 78) e direcional de potência reativa (ANSI 32Q).
Para analisar o desempenho das funções de proteção propostas na detecção de
ilhamento, a carga do sistema de distribuição foi variada de 1,37 a 14,6 MVA, com
cargas tipo impedância constante e fator de potência variando 0,92 indutivo e 1. Tal
faixa de potência escolhida para esta simulação impõe desbalanços na ordem de
±80% à GD, que atende perfeitamente aos objetivos deste trabalho de analisar o
desempenho dos relés de proteção anti-ilhamento. O ilhamento foi provocado pela
abertura do disjuntor 52-S1 no instante 0,1 s de um total de 1 s de simulação. Os
ajustes avaliados estão apresentados na Tabela 4.9. O gerador foi simulado
considerando potência ativa nominal e potência reativa nula.
85

Figura 4.13: Caso 2 - Sistema de Proteção da GD 9,125 MVA conectada em 34,5kV


Rede de Distribuição

52-GD

81u 81o 27
3xTP
df/ 78 59N
dt
3xTC 32Q 59

TR1 Relé de Proteção


34,5/13,8kV

GD – Biomassa
9,125 MVA
13,8 kV
Fonte: Próprio autor

Como critério de avaliação, o tempo limite para a detecção do ilhamento foi de


500 ms. Este valor foi escolhido baseado no tempo aplicado por muitas
concessionárias de energia no Brasil que utilizam um tempo morto de 500 ms para a
primeira tentativa de religamento do alimentador (CELG, 2012; CEMIG, 2012; CEMIG,
2013; COPEL, 2013).
Para se analisar o desempenho das funções de proteção na detecção de
ilhamentos, diferentes ajustes foram simulados para que se pudesse observar o
impacto nos tempos de atuação dos relés. A proteção de frequência foi simulada para
atuar em variações de frequência na ordem de 1 a 2 Hz temporizado em 100 ms. O
relé ROCOF foi simulado com ajustes de 1 a 3 Hz/s temporizado em 100 ms. A
proteção de salto de vetor foi simulada com ajustes de 8 a 12° seguindo
recomendações de Jenkins et al. (2000) que sugere ajuste de 8° para redes com fonte
fraca (baixa potência de curto-circuito). Já a proteção direcional de potência reativa foi
simulada para atuar quando o fator de potência de exportação da GD for inferior a
0,98 ou 0,99 indutivo, o que resulta em uma potência reativa de 0,3467 a 0,4941 MVAr
por fase, pois para aplicação deste relé é necessário que o gerador opere com fator
de potência unitário permanentemente. Um resumo dos ajustes é apresentado na
Tabela 4.9.
86

Tabela 4.9: Caso 2 - Ajustes de proteção definidos


Parâmetro Ajuste
Subfrequência – ANSI 81 u
Frequência de partida 59 / 58,5 / 58 Hz
Temporização 100 ms
Sobrefrequência – ANSI 81 o
Frequência de partida 61 / 61,5 / 62 Hz
Temporização 100 ms
ROCOF – ANSI 81 df/dt
Variação de frequência máxima 1 / 2 / 3 Hz/s
Temporização 100 ms
Salto de Vetor – ANSI 78
Salto vetorial máximo 8° / 10° / 12°
Temporização 100 ms
Direcional de Potência Reativa – ANSI 32Q
Potência reativa máxima por fase 0,3467 / 0,4941 MVAr
Temporização 100 ms
Direcionalidade Direta (Exportação)

O relé de frequência apresentou detecção de ilhamento dentro do limite de


operação de 500 ms para desbalanços de potência ativa a partir de 8,03%, conforme
Tabela 4.10. O desempenho do relé, ajustado conforme Tabela 4.1, pode ser
observado nas Figuras 4.14 e 4.15.
Quando ocorre um ilhamento com excesso de geração (PG > PC), o fator de
potência mais indutivo das cargas provoca uma maior queda de tensão na rede de
distribuição, logo, a tensão na carga (V) vai ser menor do que a tensão pré-ilhamento
(V0), consequentemente, a potência absorvida pela carga (PC) vai ser menor do que a
potência pré-ilhamento (P0) numa proporção ao quadrado da variação da tensão (V),
conforme (3.1) e (3.2). Logo, o desbalanço de potência vai ser maior do que o nominal.
Portanto, à medida que o FP das cargas se torna mais indutivo, o desbalanço de
potência e a aceleração da máquina aumentam, fazendo o relé de frequência ter uma
detecção mais eficiente para FP mais indutivo, como pode ser observado na Figura
4.14.
87

Tabela 4.10: Caso 2 - Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms
pela proteção de frequência ANSI 81 o/u
Limites de desbalanço de potência para detecção de ilhamento
FP da Ajuste em ± 1 Hz Ajuste em ± 1,5 Hz Ajuste em ± 2 Hz
carga PG > PC PG < PC PG > PC PG < PC PG > PC PG < PC
0,92 8,03% 39,41% 18,03% 53,81% 28,03% 70,41%
1,00 16,95% 18,17% 24,53% 27,27% 32,61% 36,92%

Figura 4.14: Caso 2 - Tempo de atuação da proteção ANSI 81 o/u versus ΔP: carga tipo impedância
constante com excesso de geração (P G > PC)

Quando ocorre um ilhamento com déficit de geração (PG < PC), o desempenho
do relé de frequência é o contrário, piora à medida que o FP se torna mais indutivo.
Isso ocorre porque a carga real (PC) é menor quando a tensão na rede (V) é menor,
numa proporção ao quadrado da variação da tensão (V), conforme (3.1) e (3.2). A
medida que o FP das cargas diminui, o desbalanço de potência e a desaceleração
(frenagem) da máquina também diminuem, fazendo o relé de frequência ter uma
detecção menos eficiente para FP mais indutivo, como pode ser observado na Figura
4.15.
88

Figura 4.15: Caso 2 - Tempo de atuação da proteção ANSI 81 o/u versus ΔP: carga tipo impedância
constante com déficit de geração (PG < PC)

O relé ROCOF ou df/dt apresentou detecção de ilhamento dentro do limite de


operação de 500 ms para desbalanços de potência ativa a partir de 3%, conforme
Tabela 4.11. O desempenho do relé, ajustado conforme Tabela 4.1, pode ser
observado nas Figuras 4.16 e 4.17 para as condições de excesso e déficit de geração,
respectivamente.

Tabela 4.11: Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms pela
proteção df/dt
Limites de desbalanço de potência para detecção de ilhamento
FP da Ajuste em 1 Hz/s Ajuste em 2 Hz/s Ajuste em 3 Hz/s
carga PG > PC PG < PC PG > PC PG < PC PG > PC PG < PC
0,92 3% 18,55% 12,94% 47,71% 17,94% 72,59%
1,00 7,77% 7,84% 12,94% 17,77% 22,81% 22,98%

O comportamento do relé ROCOF é similar ao relé de frequência quanto ao


fator de potência da carga, porém, seu desempenho é melhor. Isso se justifica pela
característica de previsão ou tendência de variação da frequência que o ROCOF
possui. Conforme (2.5), a taxa de variação de frequência muda imediatamente após
89

Figura 4.16: Caso 2 - Tempo de atuação da proteção ROCOF versus ΔP: carga tipo impedância
constante com excesso de geração (P G > PC)

Figura 4.17: Caso 2 - Tempo de atuação da proteção ROCOF versus ΔP: carga tipo impedância
constante com déficit de geração (PG < PC)
90

o ilhamento conforme o desbalanço de potência ativa (ΔP). Se o ΔP for grande o


suficiente para fazer a taxa df/dt superar o ajuste, o relé dispara um comando de
abertura para o disjuntor. Já o relé de frequência é uma resposta dinâmica no tempo,
que tende a ser mais lenta que o df/dt, conforme (2.3) e (2.4).
As características de detecção de ilhamento da proteção de salto de vetor
(ANSI 78) estão apresentadas nas Figura 4.18 e 4.19. Os resultados apresentaram
detecção de ilhamentos num tempo inferior a 500 ms para desbalanços de potência a
partir de 14,73%, conforme Tabela 4.12. O comportamento do relé de salto de vetor
quanto ao fator de potência da carga foi similar ao do relé de frequência. Para a
condição de excesso de geração, o desempenho do relé de salto de vetor melhora à

Tabela 4.12: Caso 2 - Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms
pela proteção salto de vetor
Limites de desbalanço de potência para detecção de ilhamento
FP da Ajuste em 8° Ajuste em 10° Ajuste em 12°
carga PG > PC PG < PC PG > PC PG < PC PG > PC PG < PC
0,92 14,73% 45,41% 21,09% 53,99% 27,6% 62,45%
1,00 20,75% 24,43% 26,6% 29,48% 31,97% 35,76%

Figura 4.18: Caso 2 - Tempo de atuação da proteção salto de vetor versus ΔP: carga tipo impedância
constante com excesso de geração (P G > PC)
91

medida que o fator de potência da carga se torna mais indutivo, conforme Figura 4.18.
Já para a condição de déficit de geração, o desempenho piora à medida que o fator
de potência se torna mais indutivo, conforme Figura 4.19.

Figura 4.19: Caso 2 - Tempo de atuação da proteção salto de vetor versus ΔP: carga tipo impedância
constante com déficit de geração (PG < PC)

O relé direcional de potência reativa (ANSI 32Q) tem um desempenho muito


favorável a detecção de ilhamento somente para os casos onde a carga possui um
fator de potência indutivo. Cargas com fator de potência próximo do unitário fazem o
relé 32Q não atuar independente do desbalanço de potência ativa imposto pós-
ilhamento. Na Figura 4.20 é apresentado o seu desempenho para cargas com fator
de potência 0,92 indutivo.
Conforme a Figura 4.20, quanto mais indutivo for o fator de potência da carga,
melhor será o desempenho do relé direcional de potência reativa. Na condição de
déficit de geração e cargas com fator de potência de 0,92, o relé 32Q atua para
qualquer desbalanço de potência ativa, deixando de atuar somente quando houver
excesso de geração superior a 52,2%, quando o relé for ajustado em 0,3647 MVAr
92

(fator de potência do gerador de 0,99), ou 35,39%, quando ajustado em 0,4941 MVAr


(fator de potência do gerador de 0,98).

Figura 4.20: Caso 2 - Tempo de atuação da proteção ANSI 32Q versus ΔP: carga tipo impedância
constante

O relé 32Q atua conforme sua exportação de potência reativa. Quando há


grandes excessos de geração de potência ativa, a potência reativa consumida
localmente pelas cargas pode não ser suficiente para que o fator de potência de
operação do gerador reduza a valores inferiores a 0,98 ou 0,99 indutivo escolhidos
para atuação da proteção direcional de potência reativa. Assim, quando a potência
reativa das cargas não for superior ao ajuste do relé, a proteção 32Q não atua.
Analisando os desempenhos dos relés de sobre e subfrequência, ROCOF, salto
de vetor e direcional de potência reativa, os ajustes definidos para a proteção da GD
do caso 2 estão conforme Tabela 4.13. Optou-se pelos ajustes de valores
intermediários das simulações realizadas, visto que nenhum relé garantiu a detecção
de ilhamento para qualquer desbalanço de potência. A opção de ajustes mais
rigorosos foi descartada porque, tendo em vista que os geradores de GD geralmente
93

possuem uma inércia pequena, poderia tornar a operação da GD instável com uma
maior probabilidade de falsas atuações da proteção anti-ilhamento.

Tabela 4.13: Caso 2 - Ajustes de proteção definidos


Parâmetro Ajuste
Subfrequência – ANSI 81 u
Frequência de partida 58,5 Hz
Temporização 100 ms
Sobrefrequência – ANSI 81 o
Frequência de partida 61,5 Hz
Temporização 100 ms
ROCOF – ANSI 81 df/dt
Variação de frequência máxima 2 Hz/s
Temporização 100 ms
Salto de Vetor – ANSI 78
Salto vetorial máximo 8°
Temporização 100 ms
Direcional de Potência Reativa – ANSI 32Q
Potência reativa máxima por fase 0,4941 MVAr
Temporização 100 ms
Direcionalidade Direta (Exportação)

A GD do caso 2 terá uma detecção de ilhamento para desbalanços de potência


ativa inferiores a 17,81% quando houver déficit de geração serão detectados e 12,81%
quando houver excesso de geração, todos para os casos de cargas do tipo
impedância constante e fator de potência unitário. Já para cargas com fator de
potência 0,92, a detecção de ilhamento será efetiva para qualquer desbalanço,
independentemente se há excesso ou déficit de geração por causa do relé 32Q. Os
limites deste estudo de caso estão apresentados na Tabela 4.14. O desempenho da
proteção anti-ilhamento da GD do caso 2 pode ser observado na Figura 4.21.

Tabela 4.14: Caso 2 - Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms
pelo sistema de proteção completo
Limites de desbalanço de
potência para detecção de
ilhamento
FP da carga PG > PC PG < PC
0,92 0% 0%
1,00 12,81% 17,81%
94

Neste estudo de caso, observou-se que para cargas com fator de potência
elevado há riscos de não detecção de ilhamentos. Como já exposto, esta GD poderá
ser submetida a desbalanços de potência de -56,16% a +97,26%. Visto que o sistema
de proteção do caso 2 pode não detectar ilhamentos na ordem de 12,81% de
desbalanço de potência conforme Tabela 4.14, pode-se afirmar que problemas
poderão ocorrer e os riscos de um religamento automático fora de fase são reais.

Figura 4.21: Caso 2 - Tempo de atuação do sistema de proteção considerando a sobreposição das
funções 81 o/u, ROCOF, 78 e 32Q versus ΔP: carga tipo impedância constante

Se o ilhamento for causado por abertura manual do circuito de distribuição para


manutenção, por exemplo, a GD poderá alimentar continuamente o subsistema
formado. Neste caso, há duas possibilidades de desconexão da GD. A primeira seria
por meio de agendamento de um desligamento onde o agente responsável pela GD
se comprometa a desconectar a usina geradora nos horários programados
devidamente acompanhado por um técnico da concessionária de energia. A segunda
seria a instalação de um sistema de transferência de disparo direto (TDD) por meio
de comunicação via rádio ou GPRS, quando for possível, ou por meio de fibra ótica
95

com a instalação de cabo OPGW. Esta segunda opção acarretará em aumento nos
custos de implantação.
Para evitar riscos de religamento fora de fase após uma interrupção por falta, a
solução sugerida é a instalação de um relé de verificação de sincronismo (ANSI 25)
para operar em conjunto com o religamento automático. O relé 25 deverá permitir o
religamento para a condição de barra viva – linha morta e barra viva – linha viva para
pequenos desvios de frequência (Δf ≤ 0,05 Hz), módulo (ΔV ≤ 10%) e ângulo da
tensão (Δθ ≤ 10°).
Outra alternativa para melhorar o desempenho da detecção de ilhamento é
aumentar o tempo morto do primeiro ciclo de religamento do alimentador de
distribuição da concessionária, o que fará com que as limitações dos relés de detecção
de ilhamento diminuam. Tal procedimento deve ser feito em conjunto com a
concessionária de energia, que é a proprietária e responsável pelo circuito de
distribuição. São conhecidos casos onde foi possível discutir os ajustes da
concessionária para facilitar a detecção de ilhamento e melhorar a segurança
operativa.
Embora seja possível, é improvável encontrar cargas em sistemas de
distribuição com fator de potência superiores a 0,92 indutivo. Logo, para o estudo de
caso 2, a associação das funções de proteção de frequência, ROCOF, salto de vetor
e direcional de potência reativa se apresenta como uma boa solução do ponto de vista
da detecção de ilhamentos de geradores síncronos distribuídos.

4.3. Caso 3: Gerador de 22,5 MVA conectado em 88 kV

O terceiro caso apresenta um gerador síncrono distribuído a vapor de 22,5 MVA


conectado diretamente na rede de distribuição em 88 kV, conforme Figura 4.22. A
simulação consistiu na variação da carga conectada na linha de subtransmissão para
se verificar o tempo de detecção de ilhamento para cada umas das funções de
proteção discutidas neste trabalho. O ilhamento é provocado intencionalmente, com a
abertura do disjuntor 52-S1. Este sistema é um caso real de uma instalação de
cogeração com exportação do excedente conectado no sistema CPFL/CTEEP em 88
kV na cidade de Cubatão/SP. Os dados do gerador estão apresentados na Tabela
4.15.
96

Figura 4.22: Caso 3 - GD de 22,5 MVA conectado em 88 kV

Sistema Eq. 1 Linha 1 Linha 2


52-S1 15 km 15 km

88 kV
Scc=1000 MVA Carga
X/R=5 1,25 a 20 MVA
FP = 0,92 52-GD

TR1
88/13,2kV

GD
22,5 MVA
13,2 kV
Fonte: Próprio autor

Tabela 4.15: Caso 3 - Dados do Gerador de 22,5 MVA


Parâmetro Dado
Potência nominal 22,5 MVA
Tensão nominal 13,2 kV
Reatância síncrona de eixo direto (Xd) 159%
Reatância transitória de eixo direto (X’d) 26%
Reatância subtransitória de eixo direto (X”d) 21%
Reatância síncrona de eixo em quadratura (Xq) 137,2%
Reatância subtransitória de eixo em quadratura (X”q) 11,8%
Constante trans. de eixo direto em curto-circuito (T’d) 5,5 s
Constante subtransitória de eixo direto em curto-circuito (T”d) 50 ms
Constante trans. de eixo em quadratura em curto-circuito (T’q) 1,25 s
Constante subtransitória de eixo em quadratura em curto- 180 ms
circuito
Constante(T”q)
de inércia H 1,5 s
Número de polos 2
Rotação nominal 1800 rpm

A Figura 4.23 apresenta o sistema de proteção da GD instalada em 88 kV, onde


as funções de proteção analisadas para a detecção do ilhamento foram o relé de sub
e sobrefrequência (ANSI 81 o/u), ROCOF ou df/dt, salto de vetor (ANSI 78) e direcional
de potência reativa (ANSI 32Q). Os ajustes destas proteções estão apresentados na
Tabela 4.16. O gerador foi simulado considerando potência ativa nominal e potência
reativa nula.
97

Figura 4.23: Caso 3 - Sistema de Proteção da GD 22,5 MVA conectada em 88 kV


Rede de Distribuição

52-GD

81u 81o 27
3xTP
df/dt 78 59N

3xTC 67 21 32Q

TR1 Relé de Proteção


88/13,2kV

GD
22,5 MVA
13,2 kV
Fonte: Próprio autor

Como critério de avaliação, foi considerado 500 ms como tempo limite para a
detecção do ilhamento. Este valor foi escolhido baseado no tempo usual das
concessionárias de energia no Brasil que utilizam 500 ms como o tempo morto para a
primeira tentativa de religamento do alimentador.
Para se analisar o desempenho das funções de proteção na detecção de
ilhamentos, diferentes ajustes foram simulados para que se pudesse observar o
impacto nos tempos de atuação dos relés. A proteção de frequência foi simulada para
atuar em variações de frequência na ordem de 1 a 2 Hz temporizado em 100 ms. O
relé ROCOF foi simulado com ajustes de 1 a 3 Hz/s temporizado em 100 ms. A
proteção de salto de vetor foi simulada seguindo recomendações de Jenkins et al.
(2000) que sugere ajuste de 6° para redes com fonte forte (alta potência de curto-
circuito). Já a proteção direcional de potência reativa foi simulada para atuar quando
o fator de potência de exportação da GD for inferior a 0,97 a 0,99 indutivo, o que
resulta em uma potência reativa de 1,058, 1,492 e 1,823 MVAr por fase, pois para
aplicação deste relé é necessário que o gerador opere com fator de potência unitário
permanentemente. Um resumo dos ajustes é apresentado na Tabela 4.16.
98

Tabela 4.16: Caso 3 - Ajustes de Proteção


Parâmetro Ajuste
Subfrequência – ANSI 81 u
Frequência de partida 59 / 58,5 / 58 Hz
Temporização 100 ms
Sobrefrequência – ANSI 81 o
Frequência de partida 61 / 61,5 / 62 Hz
Temporização 100 ms
ROCOF – ANSI 81 df/dt
Variação de frequência máxima 1 / 2 / 3 Hz/s
Temporização 100 ms
Salto de Vetor – ANSI 78
Salto vetorial máximo 4° / 6° / 8°
Temporização 100 ms
Direcional de Potência Reativa – ANSI 32Q
Potência reativa máxima por fase 1,058 / 1,492 / 1,823 MVAr
Temporização 100 ms
Direcionalidade Direta (Exportação)

O relé de frequência apresentou detecção de ilhamento dentro do limite de


operação de 500 ms para desbalanços de potência ativa a partir de 10,7%, conforme
Tabela 4.17. O desempenho do relé pode ser observado nas Figuras 4.24 e 4.25.

Tabela 4.17: Caso 3 - Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms
pela proteção de frequência ANSI 81 o/u
Limites de desbalanço de potência para detecção de ilhamento
FP da Ajuste em ± 1 Hz Ajuste em ± 1,5 Hz Ajuste em ± 2 Hz
carga PG > PC PG < PC PG > PC PG < PC PG > PC PG < PC
0,92 10,7% 19,69% 17,73% 28,48% 24,14% 37,77%
1,00 16,25% 10,05% 22,03% 17,48% 27,41% 24,92%

Como os estudos de caso anteriores, o relé de frequência apresentou limitações


na detecção de ilhamento, não atuando para pequenos desbalanços de potência ativa.
O fator de potência da carga afetou o comportamento deste relé, fazendo diminuir sua
eficiência quando a carga se torna mais indutiva na situação de déficit de geração.
Por outro lado, a eficiência do relé de frequência melhora quando há excesso de
geração. Observa-se também que o impacto do fator de potência da carga é mais
acentuado para a situação de déficit de geração, pois a tendência quando há
sobrecarga é de subtensão na rede, o que provoca uma diminuição na potência ativa
absorvida pela carga na proporção (V/V0)2. Neste cenário, a sobrecarga diminui e o
desbalanço de potência também, piorando o desempenho do relé de frequência.
99

Figura 4.24: Caso 3 - Tempo de atuação da proteção ANSI 81 o/u versus ΔP: carga tipo impedância
constante com excesso de geração (P G > PC)

Figura 4.25: Caso 3 - Tempo de atuação da proteção ANSI 81 o/u versus ΔP: carga tipo impedância
constante com déficit de geração (PG < PC)
100

O relé ROCOF apresentou tempos de detecção de ilhamento dentro do limite


estabelecido de 500 ms para desbalanços de potência a partir de 8,09%, conforme
Tabela 4.18. O desempenho do relé é apresentado nas Figuras 4.26 e 4.27. Assim
como os demais casos, o relé de taxa de variação de frequência teve limitações para
detecção de ilhamentos para pequenos desbalanços de potência, porém, obteve
resultados ligeiramente melhores que o relé de frequência, conforme explicado no
estudo de caso 1.

Tabela 4.18: Caso 3 - Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms
pela proteção df/dt
Limites de desbalanço de potência para detecção de ilhamento
FP da Ajuste em 1 Hz/s Ajuste em 2 Hz/s Ajuste em 3 Hz/s
carga PG > PC PG < PC PG > PC PG < PC PG > PC PG < PC
0,92 8,09% 12,32% 8,23% 27,32% 13,23% 32,32%
1,00 12,88% 7,55% 18% 7,59% 23,03% 12,66%

Figura 4.26: Caso 3 - Tempo de atuação da proteção ROCOF versus ΔP: carga tipo impedância
constante com excesso de geração (P G > PC)
101

Figura 4.27: Caso 3 - Tempo de atuação da proteção ROCOF versus ΔP: carga tipo impedância
constante com déficit de geração (PG < PC)

O relé salto de vetor apresentou limitação na detecção de ilhamento a partir de


5,78%, conforme Tabela 4.19. O desempenho do relé nas condições de excesso e
déficit de geração está apresentado nas Tabelas 4.28 e 4.29.
Assim como sugerido por Jenkins et al. (2000) e Vieira (2006), o ajuste do relé
salto de vetor deve ser de 6° para redes fortes (alta potência de curto-circuito) e de
12° para redes fracas (baixa potência de curto-circuito). No caso 1 os ajustes testados
foram de 8, 10 e 12° e no caso 2 os ajustes testados foram de 6, 8 e 10° e a resposta
do relé salto de vetor foi satisfatória para desbalanços na ordem de 10 a 15%. Os

Tabela 4.19: Caso 3 - Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms
pela proteção salto de vetor
Limites de desbalanço de potência para detecção de ilhamento
FP da Ajuste em 4° Ajuste em 6° Ajuste em 8°
carga PG > PC PG < PC PG > PC PG < PC PG > PC PG < PC
0,92 5,78% 14,18% 10,22 19,45% 15,14% 24,37%
1,00 12,17% 5,38% 15,8% 9,48% 19,76% 14,29%
102

Figura 4.28: Caso 3 - Tempo de atuação da proteção salto de vetor versus ΔP: carga tipo impedância
constante com excesso de geração (P G > PC)

Figura 4.29: Caso 3 - Tempo de atuação da proteção salto de vetor versus ΔP: carga tipo impedância
constante com déficit de geração (PG < PC)
103

maior constante de inércia e uma maior potência nominal. Para se alcançar este
desempenho, no estudo de caso 3, onde a potência de curto-circuito é 10 vezes maior
que a dos casos 1 e 2, os ajustes do relé tiveram que ser de 4, 6 e 8°. Logo, o estudo
de caso 3 comprovou esta afirmação.
O comportamento do relé de salto de vetor quanto ao fator de potência da carga
foi similar ao do relé de frequência. Para a condição de excesso de geração, o
desempenho do relé de salto de vetor melhora à medida que o fator de potência da
carga se torna mais indutivo, conforme Figura 4.28. Já para a condição de déficit de
geração, o desempenho piora à medida que o fator de potência se torna mais indutivo,
conforme Figura 4.29.
Conforme os casos 1 e 2, o relé direcional de potência reativa (ANSI 32Q) para
o caso 3 apresentou um desempenho muito favorável à detecção de ilhamento
somente para os casos onde a carga possui um fator de potência indutivo. Cargas
com fator de potência próximo do unitário fazem o relé 32Q não atuar independente
do desbalanço de potência ativa imposto pós-ilhamento. Na Figura 4.30 é apresentado
o seu desempenho para cargas com fator de potência 0,92 indutivo.

Tabela 4.20: Caso 3 - Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms
pela proteção direcional de potência reativa com excesso de geração
Limites de desbalanço de potência para detecção de ilhamento
FP da Ajuste em 1,058 MVAr Ajuste em 1,492 MVAr Ajuste em 1,823 MVAr
carga
0,92 37,55% 22,57% 7,56%

Conforme a Figura 4.30, quanto mais indutivo for o fator de potência da carga,
melhor será o desempenho do relé direcional de potência reativa. Na condição de
déficit de geração e cargas com fator de potência de 0,92, o relé 32Q atua para
qualquer desbalanço de potência ativa, deixando de atuar somente quando houver
excesso de geração a partir de 7,46%. Os limites encontrados estão apresentados na
Tabela 4.20, onde são representados somente os limites com excesso de geração,
pois no relé 32 atua para qualquer desbalanço na situação de déficit de geração.
104

Figura 4.30: Caso 3 - Tempo de atuação da proteção ANSI 32Q versus ΔP: carga tipo impedância
constante

O relé 32Q atua conforme sua exportação de potência reativa. Quando há


grandes excessos de geração de potência ativa, a potência reativa consumida
localmente pelas cargas pode não ser suficiente para que o fator de potência de
operação do gerador reduza a valores inferiores a 0,97, 0,98 ou 0,99 indutivo
escolhidos para atuação da proteção direcional de potência reativa. Assim, quando a
potência reativa das cargas não for superior ao ajuste do relé, a proteção 32Q não
atua.
Analisando os desempenhos dos relés de sobre e subfrequência, ROCOF, salto
de vetor e direcional de potência reativa, os ajustes definidos para a proteção da GD
do caso 3 estão conforme Tabela 4.21. Optou-se pelos ajustes de valores
intermediários das simulações realizadas, visto que nenhum relé garantiu a detecção
de ilhamento para qualquer desbalanço de potência. A opção de ajustes mais
rigorosos foi descartada porque, tendo em vista que os geradores de GD geralmente
possuem uma inércia pequena, poderia tornar a operação da GD instável com uma
maior probabilidade de falsas atuações da proteção anti-ilhamento.
105

Tabela 4.21: Caso 3 - Ajustes de proteção definidos


Parâmetro Ajuste
Subfrequência – ANSI 81 u
Frequência de partida 58,5 Hz
Temporização 100 ms
Sobrefrequência – ANSI 81 o
Frequência de partida 61,5 Hz
Temporização 100 ms
ROCOF – ANSI 81 df/dt
Variação de frequência máxima 2 Hz/s
Temporização 100 ms
Salto de Vetor – ANSI 78
Salto vetorial máximo 6°
Temporização 100 ms
Direcional de Potência Reativa – ANSI 32Q
Potência reativa máxima por fase 1,492 MVAr
Temporização 100 ms
Direcionalidade Direta (Exportação)

O gerador distribuído do estudo de caso 3 terá uma limitação na detecção de


ilhamento para cargas com fator de potência unitário para desbalanços de potência
inferiores a 11,63% para a condição de excesso de geração e 11,56% para déficit de
geração, conforme Tabela 4.22. Porém, para cargas com fator de potência mais
indutivo, a tendência é de garantia de detecção de ilhamento para qualquer
desbalanço de potência ativa. Quanto mais indutiva a carga, maiores são as chances
de desconexão da GD, conforme pode ser observado na Figura 4.31.
Assim como nos estudos de caso 1 e 2, as sugestões para garantia de
desconexão da GD para ilhamentos são as mesmas. Quando o ilhamento for
provocado por uma interrupção proposital no fornecimento de energia, para
manutenção, por exemplo, agendar o desligamento e fazer a vistoria in loco pode ser
uma alternativa que não gera custos de implantação, porém, um pouco inconveniente

Tabela 4.22: Caso 3 - Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms
pelo sistema de proteção completo
Limites de desbalanço de
potência para detecção de
ilhamento
FP da carga PG > PC PG < PC
0,92 0% 0%
1,00 11,56% 11,63%
106

Figura 4.31: Caso 3 - Tempo de atuação do sistema de proteção completo versus ΔP: carga tipo
impedância constante e fator de potência 1 e 0,92

caso a penetração de GD no sistema for grande. O uso de meios de comunicação


para envio de TDD é a solução mais eficiente, porém, de maior custo. Quando o
ilhamento é provocado por uma falta no sistema, a instalação de um relé de verificação
de sincronismo na saída do alimentador que atende a GD elimina a possibilidade do
circuito ser religado fora de fase com a GD. Esta solução gera custos adicionais, mas
que são acessíveis. Ainda, o aumento do tempo morto do primeiro ciclo de religamento
por parte da concessionária também é uma possibilidade que ajuda na garantia de
detecção de ilhamento da GD. Contudo, a concessionária de energia deve concordar
com a alteração visto que o tempo de restabelecimento da energia para os
consumidores aumenta, o que é um ponto negativo nesta solução.
Embora seja possível, a carga agregada apresentar valores de fator de potência
maiores que 0,92 é improvável. Logo, a associação das funções de proteção de
frequência, ROCOF, salto de vetor e direcional de potência reativa se apresenta como
uma boa solução do ponto de vista da detecção de ilhamentos de geradores síncronos
distribuídos.
107

Capítulo 5 Conclusões e Proposta para Trabalhos


Futuros

Esta dissertação de mestrado teve como objetivo inicial a busca da garantia da


detecção de ilhamento com a aplicação das proteções locais e passivas, pois
possuem menor custo de implantação e tem grande facilidade de instalação. A
estratégia traçada era a associação de várias funções de proteção que se auto
completassem. Nesse trabalho, as funções analisadas foram a de frequência,
ROCOF, salto de vetor e direcional de potência reativa.
Por meio dos estudos de casos reais, os resultados permitiram concluir que as
funções de proteção garantem a detecção de ilhamento para sistemas em que a carga
possua um fator de potência indutivo. A segurança na desconexão da GD para
ilhamentos aumenta à medida em que o fator de potência da carga diminua. Embora
exista a possibilidade de haver alimentadores de distribuição com cargas
predominantemente resistivas ou capacitivas, as chances de acontecer são remotas.
Logo, a associação das funções de proteção de frequência, ROCOF, salto de vetor e
direcional de potência reativa pode representar uma solução eficiente para GD.
Conforme discutido no Capítulo 2, a operação ilhada da GD não é permitida na
maioria das concessionárias brasileiras e do mundo, devido aos riscos operacionais,
aos esforços torcionais nos eixos dos geradores, aos transitórios decorrentes do
chaveamento fora de fase e à falta de uma regulamentação que distribua as
responsabilidades da qualidade do fornecimento de energia elétrica entre a
concessionária e a própria GD. Diante do exposto, a detecção de ilhamento e
consequentemente a desconexão da GD devem ser garantidas.
As características da carga são informações que afetam consideravelmente os
resultados dos relés de proteção baseados em frequência e tensão. O tipo de carga,
se é impedância, potência ou corrente constante influencia na variação da potência
ativa real absorvida pela carga, que irá provocar o desbalanço de potência ativa e,
consequentemente, afeta a frequência e a tensão da GD. Além disso, o fator de
potência da carga afeta diretamente o comportamento dos relés de detecção de
ilhamento, como pode ser observado em todas as curvas de desempenho dos relés
dos estudos de caso. Observou-se que para a condição de excesso de geração, à
108

medida que o fator de potência se torna mais indutivo, a detecção de ilhamento


melhora. O oposto ocorre quando há déficit de geração.
Os relés baseados em frequência, que incluem as funções de sobre e sub
frequência, ROCOF ou df/dt e salto de vetor são totalmente dependentes da diferença
entre as potências da GD e das cargas consumidas localmente. Inevitavelmente,
haverá limitações na detecção de ilhamento para condições de baixos valores de
desbalanços de potência entre geração e carga. Mas por outro lado, a aplicação
destes tipos de relés possui custos reduzidos, eles são de fácil instalação,
manutenção, testes e são encontrados no mercado com grande facilidade e baixo
prazo de entrega.
A função de proteção direcional de potência reativa (ANSI 32Q) apresentou
resultados muito satisfatórios para detecção de ilhamento para cargas com fator de
potência de 0,92. Para a condição de déficit de geração, a proteção 32Q detectará
ilhamentos para qualquer desbalanço de potência ativa. Já para a condição de
excesso de geração, esta proteção não atuará quando a geração for maior que a carga
em 45,03%, 35,39% e 22,57% para os estudos de caso 1, 2 e 3 respectivamente. Em
todos os casos, o relé estará ajustado num valor equivalente à operação da GD com
fator de potência de 0,98 indutivo.
Pode-se afirmar que à medida que o fator de potência da carga aumenta, a
eficiência deste relé vai diminuindo até que não detecte mais ilhamentos.
Diferentemente dos relés baseados em frequência, o relé direcional de potência
reativa melhora seu desempenho conforme o fator de potência da carga diminui, pois,
a potência reativa indutiva solicitada pela carga aumenta.
Uma limitação do relé 32Q acontece quando a geração for muito superior a carga
que, segundo os resultados dos três estudos de caso, pode ser na ordem de 40%
quando o fator de potência das cargas for 0,92 indutivo. Porém, neste nível de
desbalanço de potência, as funções baseadas em frequência possuem bom
desempenho, não deixando esta limitação do relé 32Q ser um problema na detecção
de ilhamento da GD. Desta forma, se a carga tiver um fator de potência unitário ou
próximo disso, o desempenho deste relé se torna insatisfatório.
Para que o relé direcional de potência reativa possa ser aplicável em GD da
forma apresentada nesta dissertação, é imprescindível que o gerador distribuído
forneça somente potência ativa para a rede, ou seja, que opere com fator de potência
109

unitário permanentemente. Tal situação é totalmente possível em termos operativos


para os sistemas de controle de geração existentes no mercado. A eficiência deste
controle refletirá no ajuste da potência reativa de partida do relé 32Q definindo fatores
de segurança para evitar falsas atuações. O lado negativo da utilização deste relé é
que a GD não poderá fornecer potência reativa indutiva ao sistema, o que ajudaria no
controle de tensão da rede. No entanto, haverá uma tendência de melhora no perfil
de tensão do alimentador com a inserção de potência ativa da GD que compensará
essa limitação.
Diante do exposto em todo o trabalho e considerando que a operação ilhada da
GD não seja permitida, a alternativa restante para garantir a detecção do ilhamento
para os casos além dos limites garantidos de detecção de ilhamento é a teleproteção,
através de um envio de disparo enviado pela proteção da concessionária para a GD
através de meios de comunicação, seja por fibras óticas, rádio, GPRS, etc. Para
interrupções programadas para manutenção no alimentador, a GD deve ser informada
para que seja desconectada conforme agendamento, o que não impede que técnicos
da concessionária possam vistoriar se realmente está antes da intervenção, o que
poderá ser garantido por meio do DSV. Quanto ao religamento automático, para
impedir qualquer possibilidade de religar fora de fase com a GD, o alimentador deve
ser modernizado com a instalação do relé de verificação de sincronismo (ANSI 25),
que irá requerer mais um TP na saída do alimentador, a substituição do relé de
proteção existente por um modelo que possua a função 25 e, por sugestão do autor
deste trabalho, que possua as funções direcionais de sobrecorrente e o protocolo de
comunicação IEC 61850 para a implantação de seletividade lógica por GOOSE e
diminuição do tempo eliminação de faltas dentro da subestação de distribuição,
conforme apresentado no item 2.4.12.
Outra alternativa para melhorar o desempenho da detecção de ilhamento é
aumentar o tempo morto do primeiro ciclo de religamento do alimentador de
distribuição da concessionária, o que fará com que as limitações dos relés de detecção
de ilhamento diminuam. Tal procedimento deve ser feito em conjunto com a
concessionária de energia, que é a proprietária e responsável pelo circuito de
distribuição. São de conhecimento do autor desta dissertação casos onde foi possível
discutir os ajustes da concessionária para facilitar a detecção de ilhamento e melhorar
a segurança operativa na presença da GD.
110

A análise do sistema de proteção da GD que tem o objetivo de detectar


ilhamentos deve levar em conta a condição operativa do sistema. Nas situações em
que são claras as chances de falha na proteção anti-ilhamento, como ocorre no estudo
de caso 2, uma solução confiável deve ser dada para que as chances de falha possam
reduzidas a níveis muito baixos sob pena das consequências de um religamento fora
de fase ou de outros malefícios conforme descrito no Capítulo 2. Em alguns casos, as
chances de ocorrer um ilhamento com equilíbrio entre a GD e a carga ilhada são
pequenas, como ocorre no estudo de caso 1. Dependendo do circuito alimentador, a
carga mínima pode ser superior à máxima capacidade de geração da GD, logo, um
equilíbrio entre potências, jamais poderá acontecer. Porém, caso contrário, outras
técnicas de detecção de ilhamento devem ser aplicadas.
Devido aos custos de implantação, para empreendimentos de GD de pequeno
porte que possuem menor custo de implantação, a implementação de sistemas de
teleproteção pode inviabilizar o negócio. Porém, a probabilidade da capacidade de
geração de pequenas unidades de GD (PG) conectados em média tensão (13,8 ou
34,5 kV) ser inferior à carga mínima de um alimentador de distribuição em níveis acima
de 15% é considerável. Desta forma, a tendência é que para pequenos geradores
distribuídos (PG ≤ 2,5 MVA) as proteções passivas tornem-se eficazes, mesmo que
em seus limites.
Para geradores de maior porte, a utilização de teleproteção tem um peso menor
em comparação aos geradores de pequeno porte em termos de custos. Neste cenário,
é comum ser exigido, pela concessionária acessada, a implementação de sistemas
de teleproteção para envio de disparo entre os disjuntores e impedir a operação ilhada
da GD. Para estes casos, se justifica o investimento na teleproteção, pois a
capacidade de geração da GD é maior e com maior probabilidade de atender a carga
do alimentador em um possível ilhamento.
Para continuidade e melhoria deste trabalho, seria interessante que os modelos
dos relés utilizados nas simulações pudessem ser avaliados por meio de comparação
com relés de mercado, para validação dos resultados obtidos. Como no
SimPowerSystem as formas de onda de tensão e corrente são geradas durante as
simulações, estas podem ser convertidas para o formato COMTRADE. Com a
utilização de uma caixa de calibração de relés, estas formas de onda podem ser
reproduzidas e injetadas nos relés de proteção para validação dos resultados. Nesta
111

plataforma, seria possível gerar as formas de onda para os casos mais extremos que
possa ocorrer na rede de distribuição, sendo avaliados tanto digitalmente (no
computador) quanto fisicamente (no relé de proteção).
Contribuiria também para o avanço das aplicações de GD uma melhor
modelagem das cargas, visto que os resultados encontrados nesta dissertação são
muito sensíveis ao tipo de carga. Uma escolha incoerente no tipo e fator de potência
das cargas pode resultar em simulações que não traduzem a realidade do alimentador
que vai ser acessado pela GD. Definir um método de avaliação para facilitar e
dinamizar a modelagem das cargas seria o objetivo para que, com dados básicos do
alimentador, pudesse ser estimada uma condição mais próxima da realidade.
112

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117

Apêndice A.1 – Dados do Estudo de Caso 1

Os parâmetros do sistema do estudo de caso 1 estão apresentados a seguir.

Tabela A.1: Caso 1 - Parâmetros do bloco do gerador síncrono


Bloco do SimPowerSystem Synchronous Machine
Mechanical input Mechanical power Pm
Nominal Power 2,25 MVA
Line-to-line voltage 4160 V
Frequency 60 Hz
Reactance Xd 1,315 pu
Reactance Xd’ 0,101 pu
Reactance Xd’’ 0,074 pu
Reactance Xq 0,754 pu
Reactance Xq’ 0,65 pu
Reactance Xq’’ 0,123 pu
Reactance Xl 0,1 pu
Time constant Td’ 0,547 s
Time constant Td’’ 0,039 s
Time constant Tqo’ 1s
Time constant Tqo’’ 0,07 s
Stator resistance Rs 0,004 pu
Inertia coeficient H 1,4 s
Pole pairs 6

Tabela A.2: Caso 1- Parâmetros do bloco do controle de excitação


Bloco do SimPowerSystem DC1A Excitation System
Low-pass filter time constant Tr 0,022 s
Voltage regulator gain (Ka) 400
Voltage regulator time constant (Ta) 0,05 s
Voltage regulator output limits (VRmin) 1,2 pu
Voltage regulator output limits (VRmax) 8 pu
Damping filter gain (Kf) 0,03
Damping filter time constant (Tf) 0,6
Transient gain reduction lead time (Tb) constants 0s
Transient gain reduction lag time (Tc) constants 0s
Exciter gain (Ke) 1
Exciter time constant (Te) 1,2 s
Field voltage values (Efd1) 3,1 pu
Field voltage values (Efd2) 2,3 pu
Exciter saturation function values (SeEfd1) 0,33 pu
Exciter saturation function values (SeEfd2) 0,1 pu
118

Tabela A.3: Caso 1 - Parâmetros do bloco de carga


Bloco do SimPowerSystem Three-Phase Dynamic Load
Nominal voltage 13800 V
Frequency 60 Hz
Parameter np 2
Parameter nq 2
Minimum voltage Vmin 0,7 pu

Tabela A.4: Caso 1 - Parâmetros do bloco do transformador


Bloco do SimPowerSystem Three-Phase Transformer (Two Windings)
Winding 1 connection Delta (D1)
Winding 2 connection Yg
Nominal power 4,7 MVA
Frequency 60 Hz
Winding 1 voltage 13800 V
Winding 1 R1 0,0398 pu
Winding 1 L1 0,0011 pu
Winding 2 voltage 4160 V
Winding 2 R2 0,4753 pu
Winding 2 L2 0,0126 pu

Tabela A.5: Caso 1 - Parâmetros do bloco da linha de distribuição


Bloco do SimPowerSystem Three-Phase PI Section Line
Frequency 60 Hz
Positive sequence resistance r1 0,11533 Ω/km
Zero sequence resistance r0 0,28838 Ω/km
Positive sequence inductance 0,0010478 H/km
Zero sequence inductance 0,0048908 H/km
Line Length 6 km

Tabela A.6: Caso 1 - Parâmetros do bloco do equivalente do sistema elétrico


Bloco do SimPowerSystem Three-Phase Source
Phase-to-Phase rms voltage 13800 V
Frequency 60 Hz
3-phase short-circuit level at base voltage 100 MVA
Base voltage 13800 V fase-fase
X/R ratio 30
Internal connection Yg
119

Apêndice A.2 – Dados do Estudo de Caso 2

Os parâmetros do sistema do estudo de caso 2 estão apresentados a seguir.

Tabela A.7: Caso 2 - Parâmetros do bloco do gerador síncrono


Bloco do SimPowerSystem Synchronous Machine
Mechanical input Mechanical power Pm
Nominal Power 7.3 MVA
Line-to-line voltage 13800 V
Frequency 60 Hz
Reactance Xd 1,262 pu
Reactance Xd’ 0,172 pu
Reactance Xd’’ 0,125 pu
Reactance Xq 1,246 pu
Reactance Xq’ 0,65 pu
Reactance Xq’’ 0,165 pu
Reactance Xl 0,15 pu
Time constant Td’ 1,3201 s
Time constant Td’’ 0,023 s
Time constant Tqo’ 1s
Time constant Tqo’’ 0,07 s
Stator resistance Rs 0,004 pu
Inertia coeficient H 2s
Pole pairs 2

Tabela A.8: Caso 2 - Parâmetros do bloco do controle de excitação


Bloco do SimPowerSystem DC1A Excitation System
Low-pass filter time constant Tr 0,022 s
Voltage regulator gain (Ka) 400
Voltage regulator time constant (Ta) 0,05 s
Voltage regulator output limits (VRmin) 1,2 pu
Voltage regulator output limits (VRmax) 8 pu
Damping filter gain (Kf) 0,03
Damping filter time constant (Tf) 0,6
Transient gain reduction lead time (Tb) constants 0s
Transient gain reduction lag time (Tc) constants 0s
Exciter gain (Ke) 1
Exciter time constant (Te) 1,2 s
Field voltage values (Efd1) 3,1 pu
Field voltage values (Efd2) 2,3 pu
Exciter saturation function values (SeEfd1) 0,33 pu
Exciter saturation function values (SeEfd2) 0,1 pu
120

Tabela A.9: Caso 2 - Parâmetros do bloco de carga


Bloco do SimPowerSystem Three-Phase Dynamic Load
Nominal voltage 13800 V
Frequency 60 Hz
Parameter np 2
Parameter nq 2
Minimum voltage Vmin 0,7 pu

Tabela A.10: Caso 2 - Parâmetros do bloco do transformador


Bloco do SimPowerSystem Three-Phase Transformer (Two Windings)
Winding 1 connection Delta (D1)
Winding 2 connection Yg
Nominal power 15 MVA
Frequency 60 Hz
Winding 1 voltage 34500 V
Winding 1 R1 0,0398 pu
Winding 1 L1 0,0011 pu
Winding 2 voltage 13800 V
Winding 2 R2 0,4753 pu
Winding 2 L2 0,0126 pu

Tabela A.11: Caso 2 - Parâmetros do bloco da linha de distribuição 1 e 2


Bloco do SimPowerSystem Three-Phase PI Section Line
Frequency 60 Hz
Positive sequence resistance r1 0,11533 Ω/km
Zero sequence resistance r0 0,28838 Ω/km
Positive sequence inductance 0,0010478 H/km
Zero sequence inductance 0,0048908 H/km
Line Length 3 km

Tabela A.12: Caso 2 - Parâmetros do bloco do equivalente do sistema elétrico


Bloco do SimPowerSystem Three-Phase Source
Phase-to-Phase rms voltage 34500 V
Frequency 60 Hz
3-phase short-circuit level at base voltage 122 MVA
Base voltage 34500 V fase-fase
X/R ratio 3,22
Internal connection Yg
121

Apêndice A.3 – Dados do Estudo de Caso 3

Os parâmetros do sistema do estudo de caso 3 estão apresentados a seguir.

Tabela A.13: Caso 3 - Parâmetros do bloco do gerador síncrono


Bloco do SimPowerSystem Synchronous Machine
Mechanical input Mechanical power Pm
Nominal Power 22,5MVA
Line-to-line voltage 13200 V
Frequency 60 Hz
Reactance Xd 1,262 pu
Reactance Xd’ 0,172 pu
Reactance Xd’’ 0,125 pu
Reactance Xq 1,246 pu
Reactance Xq’ 0,65 pu
Reactance Xq’’ 0,165 pu
Reactance Xl 0,15 pu
Time constant Td’ 1,3201 s
Time constant Td’’ 0,023 s
Time constant Tqo’ 1s
Time constant Tqo’’ 0,07 s
Stator resistance Rs 0,004 pu
Inertia coeficient H 1,5 s
Pole pairs 2

Tabela A.14: Caso 3 - Parâmetros do bloco do controle de excitação


Bloco do SimPowerSystem DC1A Excitation System
Low-pass filter time constant Tr 0,022 s
Voltage regulator gain (Ka) 200
Voltage regulator time constant (Ta) 0,05 s
Voltage regulator output limits (VRmin) 1,25 pu
Voltage regulator output limits (VRmax) 8 pu
Damping filter gain (Kf) 0,03
Damping filter time constant (Tf) 0,6
Transient gain reduction lead time (Tb) constants 0s
Transient gain reduction lag time (Tc) constants 0s
Exciter gain (Ke) 1
Exciter time constant (Te) 1,2 s
Field voltage values (Efd1) 3,1 pu
Field voltage values (Efd2) 2,3 pu
Exciter saturation function values (SeEfd1) 0,33 pu
Exciter saturation function values (SeEfd2) 0,1 pu
122

Tabela A.15: Caso 3 - Parâmetros do bloco de carga


Bloco do SimPowerSystem Three-Phase Dynamic Load
Nominal voltage 13800 V
Frequency 60 Hz
Parameter np 2
Parameter nq 2
Minimum voltage Vmin 0,7 pu

Tabela A.16: Caso 3 - Parâmetros do bloco do transformador


Bloco do SimPowerSystem Three-Phase Transformer (Two Windings)
Winding 1 connection Delta (D1)
Winding 2 connection Yg
Nominal power 25 MVA
Frequency 60 Hz
Winding 1 voltage 88000 V
Winding 1 R1 0,0398 pu
Winding 1 L1 0,0011 pu
Winding 2 voltage 13200 V
Winding 2 R2 0,4753 pu
Winding 2 L2 0,0126 pu

Tabela A.17: Caso 3 - Parâmetros do bloco da linha de distribuição 1 e 2


Bloco do SimPowerSystem Three-Phase PI Section Line
Frequency 60 Hz
Positive sequence resistance r1 0,11533 Ω/km
Zero sequence resistance r0 0,28838 Ω/km
Positive sequence inductance 0,0010478 H/km
Zero sequence inductance 0,0048908 H/km
Line Length 15 km

Tabela A.18: Caso 3 - Parâmetros do bloco do equivalente do sistema elétrico


Bloco do SimPowerSystem Three-Phase Source
Phase-to-Phase rms voltage 88000 V
Frequency 60 Hz
3-phase short-circuit level at base voltage 1000 MVA
Base voltage 88000 V fase-fase
X/R ratio 5
Internal connection Yg
123

Apêndice B – Publicações em Eventos Científicos


durante o Mestrado

Relacionada ao Tema da Dissertação:

MOTA, I. L.; KOPCAK, I.; BALEEIRO, A.C.; SANTOS, B. L. Proteção de Redes de


Distribuição: Detecção de Ilhamento pela Proteção de Subtensão para uma CGH
– Um Estudo de Caso. Aceito para apresentação no SBSE 2014, Foz do Iguaçu,
Paraná, Brasil.

Não Relacionada ao Tema da Dissertação:

MOTA, I. L.; KOPCAK, I.; BALEEIRO, A.C.; ALVARENGA, B. P. Impactos da


Contribuição de Curto-Circuito da Máquina de Indução em Instalações Elétricas.
Aceito para apresentação no SBSE 2014, Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil.

BALEEIRO, A.C.; SILVA, B. P.; CABRAL, V. M.; MOTA, I. L. Determinação de


Potenciais na Superfície do Solo sobre uma Malha Energizada. Aceito para
apresentação no SBSE 2014, Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil.

OLIVEIRA, D.; CALIXTO, W. P.; ALVES, A.; BORGES, C. L.; MOTA, I. L. Multilayer
Soil Parameters Estimation Optimization Using Genetic Algorithms. Aceito para
apresentação no International Conference on Grounding and Earthing & International
Conference on Lightning Physics and Effects 2014, Manaus, Amazonas, Brasil.
124

Apêndice C – Demais Produções

Durante a realização da dissertação de mestrado, os seguintes trabalhos de


consultoria técnica em sistema de proteção de geração distribuída foram
desenvolvidos pelo autor.

MOTA, I. L. Estudo de Proteção e Seletividade da conexão da cogeração a


biomassa em 34,5 kV de 9,125 MVA da Usina Goianésia. Aprovado por CELG D,
Goianésia, Goiás, Brasil, 2015;

MOTA, I. L. Estudo de Proteção e Seletividade da UTE Monte Cristo - Conexão


da Usina Termelétrica de 107 MVA em 69 kV. Aprovado por Eletrobras Eletronorte,
Boa Vista, Roraima, Brasil, 2015;

MOTA, I. L. Estudo de Proteção e Seletividade da Granja Ivan Klein - Conexão da


Microgeração a Biogás de 204 kW em 34,5 kV. Aprovado por CELG D, Rio Verde,
Goiás, Brasil, 2014;

MOTA, I. L. Estudo de Proteção e Seletividade da MCH Macaé - Conexão da


Microgeração Hidráulica de 40 kW em 34,5 kV. Aprovado por CELG D, Luziânia,
Goiás, Brasil, 2014;

MOTA, I. L. Estudo de Proteção e Seletividade da PETROCOQUE - Conexão da


Cogeração de 22,5 MVA em TAP na Linha de Transmissão Henry Borden–
Baixada Santista 88 kV. Aprovado por CFPL e CTEEP, Cubatão, São Paulo, Brasil,
2013;

MOTA, I. L. Estudo de Proteção e Seletividade da PCH Ilha da Luz - Conexão da


Geração Hidráulica de 3,5 MVA em TAP na Rede de Distribuição da Escelsa 13,8
kV. Aprovado por EDP Energias de Portugal S.A, Cachoeiro de Itapemirim, Espírito
Santo, Brasil, 2013.

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