Você está na página 1de 3

MIRRA, INCENSO, OURO

Texto de Dr. Wilhelm Höfer, médico veterinário,


Instituto de Pesquisas sobre a Água, Überlingen, Alemanha.
Tradução de Fritz Wessling.

Saudamos os amigos, nestas Noites Santas de 2019-2020.

Segundo a tradição, Jesus, nascido do Sol, é venerado pelos Pastores e pelos Reis
Magos. Os Pastores trazem o amor, junto ao bezerro e ao burrinho no estábulo, e os
Reis testemunham as forças do conhecimento. O conhecimento verdadeiro sobre nós
próprios e sobre a nossa conexão com toda a criação pode dar-nos a força para
intervir no mundo; o conhecimento gera liberdade, através da verdade e do amor!

Os três magos oferecem Mirra, Incenso e Ouro, expressando e transmitindo assim a


sabedoria das épocas culturais passadas e do autoconhecimento.

A presença dos animais que nos acompanham servindo-nos, alimentando-nos,


oferecendo-nos calor, é uma imagem arquetípica do nosso estado paradisíaco:
estamos livres de preocupações sobre o bem-estar corporal, a roupa, os alimentos!....
Está providenciado o que necessitamos; basta aprender a aceitá-lo, e deixar de querer
ter mais e mais.

As imagens, obtidas no meu laboratório, falam simbolicamente sobre os significados.

SOLSTÍCIO DE INVERNO – NATAL

O Mago, ou interpretador das estrelas Gaspar („Tesoureiro“, em persa) traz a


mirra como símbolo da ressurreição, agradecimento pela força de vontade
humana, e está vestido de verde. Na imagem cristalizada desta resina surgem,
à frente de uma grelha de linhas cruzadas no fundo, estrelas semelhantes a
flores: as “estrelas da ressurreição”. Estamos a movimentar-nos na grelha
terrestre, nos velhos e inflexíveis padrões comportamentais, nas experiências
do passado, e devemos encontrar o caminho até à luz das estrelas! A imagem
cristalizada pode valer como metáfora da vitória da vida sobre a morte. O sabor
amargo da mirra atesta a sua afinidade com a terra.

O Mago azul, ou rei sábio, Baltasar (“Deus te proteja”, em hebraico), oferece


ao menino Jesus o incenso, símbolo do presente, e expressão da ligação
imanente à divindade. Com o seu cheiro doce e denso cria uma atmosfera de
clareza e calma. O incenso preenche os momentos devotos e meditativos com
o espírito do sublime. O incenso sacrificial é símbolo do reconhecimento do
elemento divino actuante na esfera humana. O seu fumo permite limpar a
atmosfera de espaços, pois nele residem seres bons e elevados. Com o
incenso podemos afastar "maus espíritos ou demónios”. Rudolf Steiner
chamava as bactérias de “demónios dos tempos modernos”. Hildegard von
Bingen recomenda o incenso, no caso de surdez, para aplicações repetidas do
fumo em volta dos ouvidos. O nosso ouvido é aquele órgão sensorial que nos
pode pôr mais profundamente em contacto com o mundo suprassensorial. Nas
civilizações da antiguidade, o incenso foi utilizado como símbolo do
reconhecimento do divino. Na Grécia antiga era falada ou cantada sobre o
incenso do sacrifício, a palavra sacrificial, pois tinha muito mais poder gerador
de vibrações do que hoje. Com a fala emanada do coração, o sábio podia
vivenciar a interação entre o ser humano e o logos, e assim o discípulo adquiria
uma consciência do mundo espiritual.

Na imagem do incenso obtida por cristalização espagírica, isso torna-se


perceptível: o “ramalhete” de cima reflete o mundo da divindade para o qual
erguemos o nosso olhar e do qual devemos aprender; o “ramalhete” de baixo
reflete o ser humano, enraizado que está na terra. Na passagem estreita entre
os dois, onde uma lemniscata pulsa entre a esquerda e a direita, estamos a
concretizar a nossa vida, devendo equilibrar-nos no presente, como que num
fio de navalha,.

Mirra e Incenso, extractos espagírics, ambos ampliados 200 vezes.

Melchior („Rei da Luz“, em hebraico) traz o ouro, como símbolo do divino na


terra, e como reflexo das forças solares com o espectro da luz completo. Este
metal é 19 vezes mais pesado que a água, e encontra-se por toda a parte na
terra, quase sempre em dissolução subtil. Um grama dá um fio fino com dois
quilómetros de comprimento. Quando transformado em folha de ouro, tem uma
espessura de apenas 0,0001 mm, e torna-se verde transluzente como a
folhagem que envolve a terra. Quando fundido em vidro, faz surgir as cores
azul e vermelho com todas as matizes intermédias.
Antigamente o ouro expressava a veneração do divino; hoje, milhares de
toneladas estão encerradas nos cofres dos bancos, o que põe em evidência o
nosso estado espiritual. O ouro é um grande medicamento de cura para o
coração e a alma, pois medeia entre luz e peso. O ouro aporta às nossas vidas
as forças da luz, e aponta para o futuro, o que significa por exemplo o abrir-se
às forças de Cristo…. Na imagem obtida pela cristalização de uma dissolução
espagírica de ouro, formam-se múltiplos anéis em volta de um centro, o que
aponta para uma consciência unitária.

Ouro, extracto espagírico, ampliado 20 e 40 vezes

Ouro, incenso e mirra, quando transformados em medicamento, ou em


preparado para a agricultura, estimulam a mobilidade interior das dinâmicas
das nossas sensações. É especialmente indicado na época do Natal, quando
as emoções não redimidas mais facilmente sobem à superfície.

Prepardo de Reis: Mirra, Incenso, Ouro

Você também pode gostar