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Aos heróis desta história...

Por me inspirarem todos os dias, decidi escrever este livro, para vos ajudar a

compreender melhor tudo o que tem acontecido no nosso mundo fantástico.

Por ser tão fantástico, às vezes acontecem coisas difíceis de entendermos... Não só

para vocês, mas para todos nós. Por isso, espero que esta pequena história vos

ajude.

Para além disso, quero também contribuir para que continuem a criar mais

momentos felizes em família através da leitura.

Não se preocupem, quando menos esperarem, tudo voltará ao normal.

2
Vive na cidade do Porto, um menino meigo, simpático e muuuuuito curioso.

Todos os dias se senta na mesa da cozinha muito atento às notícias do telejornal.

Muitas vezes, os seus pais nem conseguem ouvir as notícias completas com a

quantidade de perguntas curiosas que este pequeno rapaz já faz.

Apresento-vos o Tomás.

JOÃO FRANCISCO 4 ANOS


,

O Tomás tem 8 anos e frequenta o 3º ano de uma escola no centro da cidade.

Tem uma irmã, a Leonor, de 5 anos, com quem por vezes embirra, mas a quem

também adora dar abraços. No fundo, no fundo… são inseparáveis!

3
Sendo muito curioso, o Tomás

adora a escola!

Quer dizer… adora saber mais,

conhecer coisas novas, fazer

descobertas e brincar com os

amigos.

Digamos que quando é para

fazer trabalhos que ele considera

monótonos e aborrecidos, não

costuma estar muito para aí virado

e até lhe surgem umas dores de


RUI 8 ANOS
,

barriga que ninguém sabe de onde

vêm.

No segundo período deste ano

letivo, a mãe do Tomás tem sido

chamada à escola algumas vezes,

pois o filho anda um pouco

desatento, no mundo da lua e nem

sempre realiza os trabalhos

propostos.

MARIANA 11 ANOS
,

A ç
lgo se passa… o meu filho é um pouco pregui oso para trabalhar, mas sempre

demonstrou muito interesse e curiosidade em descobrir coisas novas! – pensa a

mãe do Tomás, enquanto ouve as queixa da professora.

4
Ao fim da terceira chamada da escola, a mãe do Tomás resolveu ter uma conversa

um pouco mais séria com o filho, de modo a perceber o que se andava a passar.

Assim sendo, aproveitou a hora do dia em que ele está mais atento – a hora do

telejornal.

- Filho, hoje não vamos ver as notícias durante o jantar. Os pais precisam muito de

falar contigo sobre um assunto importante da escola. Pode ser? – diz a mãe do

Tomás, enquanto desliga a televisão e se senta junto da família na mesa.

- Não podes fazer isso! Liga a televisão, quero ver as notícias! – responde o Tomás,

com um tom de voz elevado e os olhos arregalados. – Eles

estão a contar como está o nosso mundo. Existe uma coisa nova. Um tal de vírus

da coroneia que faz mal às pessoas. Eu quero saber mais.

A ç
pós esta rea ão do Tomás, nada

habitual, os pais olharam um para o

ç
outro e consentiram com a cabe a.

- Podemos ver essa notícia, pois já

percebemos que é muito importante

para ti. Mas mal termine, vamos ter

uma conversa séria todos. – disse o

pai com o seu tom de voz tranquilo.


JOANA 9 ANOS
,

5
O Tomás mal jantou nesse dia. Esteve o tempo todo com os olhos postos na

televisão, pedindo silêncio a todo o momento para ouvir bem o que os jornalistas

estavam a dizer. A
té a pequena Leonor fixou os olhos na televisão, sem perceber

bem o que se passava ali.

No final das notícias, tal como combinado, os pais do Tomás desligaram a

ç
televisão e pediram novamente o máximo da sua aten ão, mas agora para outro

assunto.

- Filho, como sabes a tua

Professora tem-me chamado

várias vezes à escola para falar

sobre o teu comportamento. Já não

é a primeira vez que ela me diz que

andas mais distraído que o normal

e que nem sempre realizas os

trabalhos. Eu sei que às vezes é

difícil estar atento durante tantas

horas, sei que é difícil fazer tantas

tarefas… Mas, até agora, nunca

tinha tido estas queixas. Queres

contar-nos algo que se esteja a


BERNARDO 9 ANOS
,

passar? – pergunta a mãe do

Tomás.

6
- Tomás, nós sempre fomos compreensivos contigo. Sempre aceitámos que, por

vezes, fosses um pouco mais irrequieto e até tivesses comportamentos menos

corretos. Falámos contigo nessas alturas e sempre resultou. Melhoraste imenso o

teu comportamento desde que entraste na escola. Mas ouvir da Professora que um

menino tão curioso e esperto como tu, interessado em tudo que o rodeia, anda a

demonstrar desinteresse em fazer os trabalhos e que às vezes parece estar no

mundo da lua… Não estamos a conseguir compreender. Queres ajudar-nos, por

favor? – completou o pai.

- Sabem, eu estou preocupado

connosco, com os avós, com as

pessoas do mundo. – responde o

Tomás. – Vi na televisão que

existe uma coisa que nos pode

fazer mal.

TIAGO 6 ANOS
,

Os pais do Tomás entreolharam-se surpreendidos com a resposta do filho e

perguntaram-lhe que coisa era essa que o preocupava tanto.

7
- Vocês não estão atentos? Eu ouvi na televisão e lá na escola! É um vírus que tem

um nome estranho… coroneia, coroneida, coreis?! É um nome difícil. Mas ele

magoou muita gente noutros sítios do mundo. Eu tenho medo que nos magoe a

nós também. – responde o Tomás com um ar triste e preocupado.

- Coronéis? O que é? Diz mais mano! – diz a pequena Leonor que parece já
ter herdado a curiosidade do irmão.

- Meu filho… és tão novo e tão atento. Por um lado, fico feliz por te ver

preocupado com o bem-estar da nossa família e do mundo. Só mostra o quão bom

menino tu és. Mas por outro, fico também preocupada com o que vês nas

notícias e ouves das outras pessoas, sem compreender bem de que se trata. –

ç
suspira a mãe ao ver o ar de preocupa ão do filho.

- Bem, se calhar está na hora de te explicarmos um pouco melhor o que tanto te

preocupa. O que te parece, meu rapaz? – pergunta o pai.

- Sim! Quero saber tudo. – responde o Tomás com os seus grandes olhos verdes

arregalados.

CARLOTA 8 ANOS
,

8
- Primeiro, vamos corrigir o nome que deste ao vírus. O seu verdadeiro nome é

Coronavírus, também conhecido como COVID-19. Podemos dizer que é um primo


da gripe. – inicia o pai a explicação.

- Primo? Os vírus também têm

família como nós? – interrompe

o Tomás, como é seu costume,

quando ouve alguma novidade.

- Sim, os vírus também têm

família e este é de uma família

de vírus que causa doen as ç


MAFALDA 12 ANOS
,

respiratórias, primo do vírus da

gripe. Por isso é que quem tem

este vírus pode tossir, espirrar,

sentir falta de ar e ainda ter

febre. – responde o pai.

- E sabes por que é que este vírus tem este nome difícil de dizer?! Porque quando

os cientistas o vêm no microscópio, ele parece uma coroa. - acrescentou a mãe.

9
- A
hhh… Então o vírus magoa as

pessoas saltando para cima delas e

fazendo-as sentir essas coisas que

disseste, não é papá?! Então temos

de fugir dele! Mostrem-me uma

fotografia para eu fugir quando o vir

e dizer aos meus amigos também

para fugirem! – exclama o Tomás

ç
ainda com mais preocupa ão.

RITA 8 ANOS
,

A Leonor ficou muito assustada ao olhar para o irmão e a mãe fez-lhe uma carícia

para a acalmar, enquanto respondeu, no meio de um sorriso:

- Não meu filho, quem nos dera que nos conseguíssemos defender assim do vírus.

Sabes que estes vírus são seres muito simples e muito pequenos… Tão pequenos

que não os conseguimos ver, a não ser ao microscópio. E as famílias normalmente

não têm microscópios em casa…

- Pois não! Mas então se calhar era melhor comprarmos um, não é? Porque temos

de ver o vírus para nos defender dele. – diz o Tomás um pouco confuso com a

forma como nos devíamos proteger deste vírus.

- Não é assim tão fácil. – acrescenta o pai. – Não basta termos um microscópio

para nos defendermos deste vírus. Mas existem várias formas de o conseguirmos

evitar. Achas que sabes alguma?

10
- Se o vírus dá tosse… então não podemos tossir! Temos de prender a tosse. –

responde facilmente o Tomás.

Os pais riram-se e até a Leonor acompanhou com uma gargalhada.

- Este vírus, apesar de muito pequeno é muito poderoso! Espalha-se através da

tosse, espirros e catarro, através das gotinhas de saliva espalhadas pelo ar, de

estarmos perto de pessoas com estes sintomas e de tocarmos em objetos

ç
contaminados. Por isso, temos de ter muito cuidado e ter algumas precau ões. –

explica a mãe calmamente para o Tomás perceber.

- Está bem, está bem! A


cho que entendi. Mas continuo sem perceber como nos

defendemos! Será que eu andar no karaté ajuda? – pergunta o Tomás um

pouco confuso.

- Também quero ir para o karaté com o mano! – acrescenta logo a Leonor,

ç
abra ando-se ao irmão.

MARIANA 11 ANOS
,

11
- Meus amores, se fosse assim tão simples, acredito que todas as escolas de karaté

ç
do país e do mundo já estavam cheias de inscri ões. Não vos parece?! – questiona

a mãe, enquanto sorri docilmente.

- Existem algumas dicas que vos vamos dar para se protegerem melhor do vírus.

ç
Mas para isso têm de estar com muita aten ão. Preparados? – pergunta o pai. –

Vamos lá!

ç
Os irmãos ergueram os ouvidos e muito sérios, afirmaram com a cabe a que sim.

ç
- É muito simples. – e o pai come a a enumerar.

- Lavar muito bem as mãos com

água e sabão, durante pelo

menos 20 segundos. Devem

esfregar bem entre os dedos e

por baixo das unhas. Devem

fazer isto várias vezes ao dia e,

de seguida, passarem o
MAFALDA 12 ANOS
,

desinfetante nas mãos.

- Quando tossirem ou

espirrarem, nunca o devem fazer

para as mãos ou para o ar.

Devem sempre cobrir a boca e o

ç
nariz com o bra o ou com um

ç
len o que deve ir imediatamente

para o lixo. De seguida, lavam

MAFALDA 12 ANOS
,
novamente as mãos.

12
- Devem evitar tocar na cara,

principalmente na boca, nariz e

olhos, com as mãos sujas. É

muito perigoso.

HUGO 9 ANOS
,

- Não partilhem com ninguém,

nem entre vocês, os vossos

objetos pessoais, como talheres,

copos e toalhas.

HUGO 9 ANOS
,

- Evitem estar em lugares com

muita gente. Às vezes é difícil na

escola, nós sabemos, mas pelo

menos tentem não estar tão

perto dos vossos colegas,

fazerem-lhes mimos, contar

segredos… Eu sei que tudo isso é

muito bonito mas nesta altura

temos de nos proteger e manter SARA 8 ANOS


,

sempre uma distância de

ç
seguran a, para rapidamente

voltar tudo ao normal.

13
- Se sentirem qualquer um dos

sintomas que vos dissemos,

digam-nos imediatamente. Isto é

mesmo importante para

conseguirmos cuidar de vocês.

HUGO 9 ANOS
,

- Mantenham a calma e

cumpram estas estratégias.

SOFIA 11 ANOS
,

- Alguma dúvida senhores descobridores? – questiona a mãe, após a explica ão ç


ç
simples do pai. – É que a li ão por hoje terminou. Está na hora de ir dormir.

A manhã será um grande dia para colocarem em prática todas as estratégias que o

pai vos ensinou para se protegerem.

- Eu vou fazer tudo direitinho. Não sabia que tinha de me proteger assim. E vou

avisar todos os meus amigos também. Obrigada papá! – agradece o Tomás com

um ar ainda meio curioso.

- Amanhã podemos esclarecer-te mais dúvidas Tomás. Mas por hoje temos de

terminar. Queria só dizer-vos que todas estas estratégias devem e têm de ser

utilizadas em todos os momentos das nossas vidas. Se calhar, não com tanto

rigor como agora, mas devem usá-las sempre. Tal como o COVID-19, existem
outros vírus dos quais nos devemos proteger e tudo isto pode ajudar. Juntamente

com outras estratégias, são os bons hábitos de higiene que muitas vezes nos

protegem, por exemplo, de uma gripe. – alerta o pai.

14
No dia seguinte, o Tomás acordou muito mais entusiasmado e com um ar menos

aluado que o costume. Mal se sentou na mesa para tomar o pequeno-almo o, ç


disse:

- Desculpem papás! Eu sei que tenho andado distraído na escola. Mas agora que

sei o que é isto do vírus e como nos podemos proteger, prometo que vou estar

mais atento e fazer tudo o que a professora manda.

Os pais ficaram muito felizes com a atitude do Tomás e queriam muito que tudo

ç
se resolvesse da melhor forma. Tanto a desconcentra ão do filho, como a situa ão ç
do Coronavírus no mundo.

MARIA BEATRIZ 9 ANOS,

Infelizmente, nesse dia, os pais do Tomás ouviram nas notícias que aquele ia ser

o último dia de aulas do segundo período. A ç


situa ão em Portugal tinha-se

ç
agravado e uma das medidas de prote ão implementadas pelo Governo era o

ç
encerramento das escolas, para a prote ão de todos os alunos e famílias.

Não queriam acreditar. Depois de terem conversado com os filho sobre o assunto

ç ç
e terem resolvido o problema de desaten ão e preocupa ão do Tomás que o

ç
estava a prejudicar na escola, a situa ão piora. Os pais do Tomás nem querem

imaginar como ele ficará quando souber da notícia.

15
Às seis horas da tarde, quando o pai do Tomás foi buscar o filho ao centro de

ç
estudos, sentiu logo uma agita ão anormal nele.

- Olá rapaz! Como correu hoje a


escola? Contaste a nossa conversa
aos teus amigos? – pergunta o pai

ao Tomás para tentar perceber o

que o filho sabe sobre o assunto.

MARIANA 11 ANOS
,

- Pai, eu já sei! Disseste que se

fizéssemos aquelas coisas todas,

tudo ia ficar bem. Mas mentiste!

Não tenho mais escola por causa

desse horrível vírus. – diz o

Tomás ao pai, dirigindo-se, com ar

de zangado, para o carro.

JOÃO FRANCISCO 4 ANOS


,

ç
O pai já tinha recebido a informa ão que, tal como a escola, o centro de estudos

também iria encerrar por tempo indeterminado e estava um pouco preocupado,

sem saber como explicar tudo isto ao filho. Mal entrou no carro, o Tomás disse,

muito chateado:

- Não entendo. Tu dizes sempre as verdades. Disseste que eu só tinha de lavar as

mãos, não andar muito perto dos meus amigos e ter cuidado com outras coisas…

Não me disseste que a escola ia fechar. Porquê papá?! Estou chateado contigo!

O silêncio permaneceu ao longo de toda a viagem.

16
Mal chegou a casa, o Tomás correu para o quarto da Leonor, onde se encontrava a

mãe. A
garrou-a e disse:

- Mamã, a escola vai fechar. E agora?

A mãe olhou para o Tomás... olhou para o pai... e voltou a olhar para o Tomás.

- B
em, se calhar está na altura de conversarmos um bocadinho mais sobre este

ç
vírus que está a provocar algumas altera ões nas nossas vidas. – diz a mãe.

Dirigiram-se todos para a cozinha e enquanto os pais preparavam o jantar e os

filhos ajudavam a pôr a mesa, a conversa ia decorrendo…

SARA 8 ANOS
,

17
- Tal como te explicámos ontem, e tu tens visto nas notícias, este vírus pequenino

mas muito poderoso tem vindo a magoar bastantes pessoas no mundo e até já em

Portugal. Por isso, para além de todas aquelas estratégias que nós vos explicámos,

o nosso Governo, teve de tomar algumas decisões para nos tentar proteger a

todos. – inicia a mãe.

- Não sei se têm reparado, mas já há alguns dias que não vamos jantar fora, não

vos levamos a casa de amigos, os avós não vêm cá… Tudo isso era já a pensar na

ç
nossa prote ão. A ç
diminui ão de contactos sociais é uma forma de prevenir que o

ç
vírus passe de pessoa em pessoa. No entanto, mesmo depois da popula ão estar

alertada para isso, o vírus continuou a magoar cada vez mais pessoas e o

Governo, para evitar que isso continue a acontecer, recomendou o isolamento e

encerrou as escolas. Vocês não costumam andar sempre agarrados aos vossos

colegas? – acrescenta o pai. – Isso é uma forma do vírus passar para um de vocês

se algum dos vossos amigos o tiver, por exemplo.

FRANCISCA 8 ANOS
,

ç
- Eu gosto muito de dar abra os às minhas amigas! – diz logo a Leonor com um ar

triste por não poder voltar a fazê-lo brevemente.

- Pois, mas agora nem tu, nem eu o podemos fazer. – responde o Tomás. – Mas

ç
papá, disseste outra palavra que eu não conhe o no meio de isso tudo. Isomento?

O que é isso?

18
- Isolamento! – responde de imediato a mãe, enquanto o pai dava uma gargalhada.

ç
– O isolamento é como uma separa ão nossa da maioria do mundo. Tal como

vocês não podem ir à escola, nós também não podemos ir trabalhar. Não

podemos ter visitas de amigos, realizar festas, ir a restaurantes, comer um gelado

ao café, andar de bicicleta na marginal da praia… entre estas, muitas outras coisas

que envolvam estar com outras pessoas. Resumidamente, temos de ficar por casa

o máximo de tempo possível e só sair por algum motivo mesmo necessário, como

por exemplo, ir ao supermercado.

- E mesmo assim é preciso termos vários

cuidados, como utilizar luvas, máscara e

não nos aproximarmos das pessoas!

Deve apenas ir um de nós e só quando

for mesmo necessário. – completa o pai.

MARIANA 11 ANOS
,

- Então foi por isso que a escola fechou?

Vai tudo fechar no mundo? – pergunta o

Tomás curioso. – E os avós? Eles não são

amigos, são da nossa família, podem vir

para aqui.

TIAGO 6 ANOS
,

ç
- Sim, Tomás. – responde a mãe, continuando com a explica ão. – A s escolas

fecharam por isto, mas nem tudo no mundo irá fechar. A lgumas coisas estarão

abertas, como os supermercados e as farmácias. A s pessoas que trabalham nesses

ç
sítios deverão ter cuidados redobrados, pois estão expostos a situa ões mais

perigosas do que nós, que estamos em casa.

19
- E quanto aos avós, eles são mais velhinhos e por isso um bocadinho mais

sensíveis que nós. Têm de ser muito protegidos porque o vírus apanha-os mais

facilmente. Sendo assim, eles ficarão na casa deles e nós na nossa para não os

colocarmos em risco. E no caso deles, nem ao supermercado podem ir. Tudo o que

precisarem irão ligar-nos e ou eu ou a vossa mãe iremos lá deixar-lhes na porta.

ç
Quando um de nós chegar, não os vai cumprimentar nem abra ar. Irá apenas

dizer “Olá” e perguntar se está tudo bem, mantendo a distância de seguran a queç
falámos ontem. Temos de nos proteger a nós e a quem nos rodeia.- diz o pai, à

medida que coloca as bebidas na mesa para o jantar.

- Mas não se preocupem! Felizmente, nos dias de hoje, podemos continuar a

comunicar com os nossos amigos e familiares, mesmo estando longe. Todos os

dias faremos uma videochamada para alguém que vocês queiram e até podemos

fazer um jogo todos em conjunto. Vai ser divertido, vão ver. – acrescenta a mãe

após ter reparado no ar desiludido dos filhos ao ouvirem toda esta informa ão. ç

- A A
h! ssim até pode ser divertido. – diz o Tomás mais satisfeito com o que a mãe

disse. – E vamos estar em casa todos até quando? A


té à próxima semana? Depois

posso voltar à escola?

GABRIELA 6 ANOS E CAROLINA 10 ANOS


, ,

20
A mãe aproximou-se do filho e olhando-o nos olhos, disse:

- Tomás, meu amor, o isolamento irá durar no mínimo duas semanas… e no final

desse período poderá ser prolongado para mais tempo. Só quando a situa ão ç
melhorar no nosso país é que poderemos voltar à nossa rotina habitual.

- Duas semanas sem ir à escola? Ou mais?! Não acredito! Não vou ter de fazer os

testes e aqueles trabalhos chatos que não gosto. Finalmente, boas notícias. – diz o

Tomás, enquanto dá um pulo de alegria.

MARIANA 11 ANOS
,

- Eu gosto da escola… posso brincar e jogar com os meus amigos. Vou ter saudades

deles. E saudades dos avós também. – acrescenta a Leonor, meia a choramingar.

- Meninos, tudo tem vantagens e desvantagens. O isolamento significa não ir à

escola fazer trabalhos, mas também significa não ir ao parque e brincar com os

amigos. O isolamento significa não estarem com os avós, mas significa estarmos

mais tempos juntos e fazermos atividades em família cá em casa. O isolamento

significa que terão de trabalhar mais em cada, apesar de não terem de realizar

trabalhos na escola. O isolamento significa termos um vírus lá fora que não nos

permite sair, mas também significa que temos de construir mais amor, carinho e

memórias cá dentro. – diz a mãe enquanto os tenta alertar para o lado bom e o

lado menos bom deste período.

21
- A vossa mãe tem razão. Vocês terão a sorte de nos ter em casa durante vinte e

quatro horas. Iremos trabalhar através do nosso computador, assim como vocês

irão também fazer trabalhos que as professoras mandarem. Mas se construirmos

um plano para todos os dias, isto pode até ser divertido. Confiem em nós. Esta
medida do Governo foi para o nosso bem e será apenas por alguns dias. Passará

mais rápido do que pensamos. – tenta o pai descansar e diminuir o estado de

alerta dos filhos.

- Está bem, se tem de ser… - diz o Tomás ainda não muito convencido. – Mas

depois do jantar vamos continuar com a conversa de ontem e vão-me ensinar a

mim e à mana mais coisas sobre este vírus. O CONVIDA-19, não é?!

Os pais riem-se e afirmam que sim com a cabe a. ç

TIAGO 12 ANOS
,

Já todos instalados no sofá após o jantar, o Tomás inicia a conversa com a sua

curiosidade muito afiada:

- Ontem contaram-nos o que era o vírus, o que as pessoas sentem, como se passa

de pessoa para pessoa e o que podemos fazer para nos proteger. Mas fiquei com

uma dúvida… Se o vírus for atrás dos avós, como são mais velhinhos, o que têm

eles de fazer?

22
Mais uma vez, os pais comprovaram o quão bom menino e preocupado com os

outros o Tomás é.

Depois de se encher de orgulho do filho, o pai responde:

- Os avós são mais sensíveis pela idade e pelos problemas de saúde que já têm,

mas o vírus pode contagiar qualquer pessoa, de qualquer idade. Por isso,

precisamos todos de ter muito cuidado. Se alguém tiver os sintomas do vírus –

tosse, febre e falta de ar – deve isolar-se ainda mais das pessoas que o rodeiam e

ç
ligar para o servi o médico para ele o aconselhar da melhor forma. Não devemos

ir logo ao hospital, pois se tivermos o vírus não queremos contagiar mais

ninguém, assim como não o queremos apanhar, caso esses sintomas não sejam do

vírus de que temos falado.

- Por exemplo, imaginem que eu apanhava o vírus. Teria de me isolar no meu

ç
quarto, manter-vos o mais afastados possível, o pai teria de ligar para o servi o

ç
médico e só depois seguiríamos as instru ões que nos dessem. Mesmo assim, não

poderíamos utilizar a mesma casa de banho, os mesmos talheres, copos, pratos… E

o vosso pai se se tivesse de aproximar de mim, teria de usar máscara e luvas,

tapando toda a pele possível e desinfetar tudo imediatamente de seguida. – explica

detalhadamente a mãe.

-Eu bem disse que isto era perigoso! – exclama o Tomás.

TIAGO 6 ANOS
,

- Mamã, tenho medo. – diz baixinho a Leonor.

23
- Meus pequenos, é normal sentirem medo… Não estamos habituados a que estas

ç ç
situa ões nos aconte am. Mas têm de pensar positivo e nunca perder a esperan a. ç
ç
Se tivermos todos os cuidados e cumprirmos todas as indica ões de quem manda

no país e na saúde, vai tudo correr bem. Os próximos tempos serão diferentes,

ç
existirão muitas altera ões nas nossas vidas, mas há uma coisa que nunca se irá

alterar! O nosso amor por vocês e a nossa vontade de vos proteger. Por isso,

fiquem tranquilos e confiem nos pais. – sossegou-os a mãe.

Para retirar um pouco da tensão no ar, o pai acrescentou logo de seguida:

- E estaremos sempre todos unidos! Vamos imaginar que fomos viajar a meio do

ano letivo e que, apesar de continuarem a ter de fazer trabalhos para não ficarem

mais atrasados que os outros meninos, iremos fazer muitas atividades e jogos

ç
novos e divertidos. O que acham de amanhã come armos o dia com umas

ç
panquecas fantásticas de pequeno-almo o e de seguida fazermos o plano das

nossas “férias” em família?

TIAGO 6 ANOS
,

- SIM! SIM! SIM! – respondem em conjunto o Tomás e a pequena Leonor.

24
Oito da manhã de sábado e está o Tomás a acordar muito devagarinho a Leonor,

para ambos irem acordar os pais de surpresa. Os irmãos estavam finalmente

contentes com a ideia de ficarem em casa com os pais durante alguns dias, mas

ç
mais entusiasmados estavam… com o pequeno-almo o prometido.

Com um passo muito levezinho entram no quarto dos pais e atiram-se para a
cama deles com um pulo:

- B
OM DI AB ! OM DI A A
P PÁS! – dizem os irmãos com um tom de voz

ligeiramente alto para quem está a acabar de acordar.

- Que bela forma de acordar, é pena é ser tão cedo! - diz o pai, soltando uma

gargalhada.

- Tanto carinho logo pela manhã dos meus filhos. Será que nos vão pedir alguma

coisa? – pergunta a mãe, fazendo-se de esquecida das panquecas.

- Queremos panquecas! – diz a Leonor.

MAFALDA 12 ANOS
,

- Hoje é o nosso primeiro dia de isolamento. Têm de cumprir o prometido. Um

ç
pequeno-almo o fantástico para os filhos mais fantásticos. – diz o Tomás a rir-se.

– Mas agora vamos sair da cama que estamos muito juntos. Cuidado com a
ç
distância de seguran a. – E pisca o olha à irmã.

Todos se levantam e dirigem à cozinha para realizar o prometido do dia anterior.

25
A ç
pós o pequeno-almo o tomado e a barriga cheia, sentam-se os quatro na mesa

da sala para elaborar o tão esperado plano para os próximos dias.

Todos deram os seus palpites. O Tomás queria ter quatro horas por dia para jogar

playstation. A Leonor queria ter a tarde toda para brincar com as bonecas. A mãe

queria limpar a casa todos os dias. O pai queria fazer um doce todas as tardes.

Depois de discutidas todas as vontades, estabelecidas regras e limites, bem como

horários e tarefas a realizar, o plano ficou finalmente feito.

Ora aí está o plano dos mais novos:

Horas Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira

8h30 Pequeno-almo o ç ç
Pequeno-almo o Pequeno-almo o ç Pequeno-almo o ç Pequeno-almo o ç
9h Higiene Higiene Higiene Higiene Higiene

Fazer a cama Fazer a cama Fazer a cama Fazer a cama Fazer a cama

9h30 Estudar Estudar Estudar Estudar Estudar

11h30 Conversa Conversa Conversa Conversa Conversa


sobre emoções sobre emo ões ç ç
sobre emo ões ç
sobre emo ões ç
sobre emo ões

12h Preparar almo o ç Preparar almo o ç Preparar almo o ç Preparar almo o ç Preparar almo o ç
Almo ar ç A ç
lmo ar A ç
lmo ar A ç
lmo ar A ç
lmo ar

13h15 Ver as notícias Ver as notícias Ver as notícias Ver as notícias Ver as notícias

14h Higiene Higiene Higiene Higiene Higiene

Arrumar cozinha A rrumar cozinha Arrumar cozinha Arrumar cozinha Arrumar cozinha

14h45 A rtes plásticas Culinária Poesia Teatro Informática

16h Lanchar Lanchar Lanchar Lanchar Lanchar

16h30 Atividade Livre Atividade Livre A tividade Livre A tividade Livre A tividade Livre

17h30 Dan a ç A panhada B icicleta Patins Futebol

26
Continuação do plano...

Horas Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira

18h15 Tomar banho Tomar banho Tomar banho Tomar banho Tomar banho

19h Videochamada Videochamada Videochamada Videochamada Videochamada

19h30 Preparar jantar Preparar jantar Preparar jantar Preparar jantar Preparar jantar

Pôr a mesa Pôr a mesa Pôr a mesa Pôr a mesa Pôr a mesa

Jantar Jantar Jantar Jantar Jantar

20h45 Higiene Higiene Higiene Higiene Higiene

21h Hora do conto Hora do conto Hora do conto Hora do conto Hora do conto

21h30 Dormir Dormir Dormir Dormir Dormir

Durante o fim-de-semana, o plano é mais livre! A corda-se mais tarde, fazem-se

ç
jogos em família, como mímica, STOP, puzzles, ca as ao tesouro, realizam-se

sessões de cinema e existe mais tempo para brincar.

Quanto ao plano dos pais, esse também inclui outras tarefas, tais como trabalhar,

ç
limpar a casa, arrumar a roupa... Mas com for a de vontade, tudo se consegue!

RITA 8 ANOS
,

27
- Acho que afinal até pode ser bom ficarmos todos em casa, sem escola e sem

trabalho… - diz o Tomás com um sorriso no rosto.

- Continua a existir escola e continua a existir trabalho. Simplesmente, tivemos


de nos adaptar para proteger a nossa saúde. Se todos cumprirmos direitinho estas

ç
recomenda ões, o mundo vai ser um lugar melhor muito mais depressa do que

esperamos. – refere a mãe. - E vocês poderão ser os heróis desta história.

ç
- E poderemos rapidamente voltar a abra ar aqueles que mais gostamos. –

acrescenta o pai

MARIA 10 ANOS
,

ç
Os avós! – diz a Leonor ao levantar os bra os de alegria.

- A família, os amigos, os professores… A té acho que vou ter saudades da escola!

Mas assim, sei que não estamos em perigo e vamos todos ficar bem. – conclui o

Tomás. – Obrigado papás! Por tomarem sempre conta de mim e da mana. A ssim é

fácil ser HERÓI!

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E tu? Que plano gostavas de fazer com a tua família neste período de

isolamento?

Aproveita as sugestões do Tomás e da sua família e cria o teu plano semanal, de

modo a passares bons momentos em família.

Horas Segunda-feira ça-feira


Ter Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira

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