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PLANEJAMENTO

TRIBUTÁRIO
D192 DANTAS, Felipe Dutra

Planejamento Tributário / Felipe Dutra Dantas – Rio de Janeiro:


Grupo Ibmec Educacional, 2016.

120 p.; 20x26 cm

Inclui bibliografia

1. Planejamento tributário 2. Reorganizações operacionais.


3. Reestruturações societárias. DANTAS, Felipe Dutra II. Ibmec
Online III. Título.
CDD: 343.04
SUMÁRIO

ABERTURA DA DISCIPLINA ................................................................................................... 5

Mensagem do professor.......................................................................................................5

Introdução ..............................................................................................................................6

Objetivos ................................................................................................................................7

MÓDULO 1: CONCEITOS ESSENCIAIS............................................................................................8

Unidade 1: Objetivos do planejamento tributário...........................................................1 1

Unidade 2: Requisitos do planejamento tributário.........................................................1 8

Unidade 3: Limites do planejamento tributário...............................................................2 9

Unidade 4: Riscos do planejamento tributário.................................................................3 7

Resumo...................................................................................................................................4 8

MÓDULO 2: FASES DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO................................................................5 0

Unidade 1: Análise e escopo...............................................................................................5 3

Unidade 2: Elaboração e projeção.....................................................................................5 7

Unidade 3: Teste e negociação...........................................................................................6 1

Unidade 4: Execução e acompanhamento.......................................................................6 5

Resumo...................................................................................................................................6 9

MÓDULO 3: REORGANIZAÇÕES OPERACIONAIS.........................................................................7 0

Unidade 1: Escolha o local..................................................................................................7 6

Unidade 2: Repense a cadeia..............................................................................................8 0

Unidade 3: Gerencie contratos...........................................................................................8 4

Unidade 4: Mude a atividade..............................................................................................8 7

Resumo...................................................................................................................................9 0
MÓDULO 4: REESTRUTURAÇÕES SOCIETÁRIAS...........................................................................9 2

Unidade 1: Desconsidere a estrutura.............................................................................100

Unidade 2: Use estruturas-filtro......................................................................................103

Unidade 3: Use estruturas-veículo...................................................................................106

Unidade 4: Contamine com ativos..................................................................................110

Resumo.......................................................................................................................113

REFERÊNCIAS........................................................................................................................ 114
MENSAGEM DO PROFESSOR

Caro(a) aluno(a),

Se você já é um tributarista, tenho certeza de que entende a importância do planejamento


tributário em sua carreira. Entretanto, se você é um profissional de outra área, provavel-
mente está se questionando: será que eu consigo fazer planejamento tributário? Será que
esta disciplina é para mim? Mesmo sem o conhecer, posso afirmar: sim, você consegue fazer
planejamento tributário. E se você ou sua empresa já pagaram tributos alguma vez: sim,
esta disciplina é para você.

Nos próximos módulos estudaremos o planejamento tributário de forma estratégica, focan-


do a análise dos riscos que esse instrumento pode gerar e a identificação de oportunidades
por meio do uso de técnicas de reorganização operacional e reestruturação societária. Des-
sa forma, mesmo que você não possua conhecimento tributário, as lições desta obra o aju-
darão a utilizar com eficiência os recursos da área tributária da empresa. Por outro lado, se
você já é um tributarista, o conteúdo destas páginas ampliará seus horizontes profissionais,
agregando valor ao seu trabalho.

Bons estudos!

Equipe Ibmec Online


INTRODUÇÃO

A otimização da carga tributária representa um grande diferencial competitivo na busca de


um lugar no mercado. No entanto, nem sempre as empresas conseguem planejar adequada-
mente sua rotina tributária. Muitos profissionais perdem excelentes chances de crescimento
de carreira por não saberem identificar e aproveitar as oportunidades tributárias que surgem
em suas rotinas. Esse cenário se torna ainda mais crítico quando voltamos nosso olhar para
as pessoas físicas, que, exceto nos casos de grandes fortunas, raramente usufruem dos bene-
fícios do planejamento tributário em sua vida. Nesta disciplina você aprenderá a utilizar cor-
retamente o planejamento tributário, esse instrumento com altíssima capacidade de redução
de custos e despesas, para que possa aproveitar as vantagens que ele proporcionará em sua
vida profissional e pessoal.

Embora a primeira parte desta disciplina seja dedicada a aspectos mais conceituais, todo o
conteúdo será apresentado de forma prática e objetiva, com o auxílio de exemplos reais e
recursos visuais. Nos exemplos apresentados, por questões de confidencialidade, não serão
fornecidos os nomes das empresas envolvidas. Essa é uma restrição muito comum na área de
planejamento tributário, já que esse instrumento é estratégico para as empresas. De qualquer
forma, as informações apresentadas serão suficientes para que você compreenda a técnica
utilizada e a aplique à sua realidade, integrando o conhecimento adquirido às suas necessida-
des profissionais.
OBJETIVOS

Esta disciplina visa fomentar o uso das técnicas de planejamento tributário de forma segura,
com foco na geração de valor agregado para as empresas, as pessoas e a sociedade. Após
concluir o estudo, você será capaz de:

■■ Avaliar riscos relacionados ao planejamento tributário.

■■ Identificar oportunidades relacionadas ao planejamento tributário.

Para que possamos alcançar esses dois objetivos, este material está dividido em quatro
módulos. No Módulo 1, estudaremos diversos conceitos relacionados ao planejamento tri-
butário, essenciais para a avaliação da viabilidade e dos riscos advindos de planejamentos
tributários propostos por consultores (externos ou internos). Em seguida, no Módulo 2, es-
tudaremos as fases do planejamento tributário, cuja compreensão lhe permitirá evitar riscos
inerentes ao processo de implantação. Com o auxílio do conteúdo desses dois primeiros
módulos, atingiremos nosso primeiro objetivo (avaliação de riscos). Posteriormente, nos Mó-
dulos 3 e 4, você será apresentado a diversas técnicas, com o objetivo de compreender como
as oportunidades de planejamento tributário podem ser identificadas na vida real. Nesses
módulos focaremos nossa atenção no segundo objetivo (identificação de oportunidades).
MÓDULO 1

CONCEITOS ESSENCIAIS
INTRODUÇÃO DO MÓDULO

Muitos profissionais buscam o planejamento tributário desejando de imediato usufruir dos


benefícios que esse instrumento pode oferecer para os contribuintes (e para a própria vida
pessoal e profissional). Entretanto, antes de avançarmos na análise das técnicas de plane-
jamento tributário, precisamos estudar alguns conceitos. Esses conceitos, essenciais para
todo profissional que deseja adotar planejamentos tributários de forma segura, serão apre-
sentados neste primeiro módulo de forma prática, objetivando proporcionar parâmetros
objetivos para a rotina do planejador tributário.

Como você poderá observar durante a leitura deste módulo, o conteúdo apresentado nos
ajudará a compreender o que deve (e o que não deve) ser feito dentro da prática de plane-
jamento tributário. Somente após a compreensão dos objetivos, requisitos, limites e riscos
advindos do planejamento tributário, tornamo-nos aptos a utilizar de forma segura as téc-
nicas de reorganização operacional e reestruturação societária contidas nos Módulos 3 e 4.
Em outras palavras, a compreensão e o domínio do conteúdo deste módulo garantirá o uso
seguro das referidas técnicas.
OBJETIVOS
Ao completar este módulo de estudo, você estará apto a:

■■ Compreender os objetivos do planejamento tributário.

■■ Entender os requisitos para a adoção de um planejamento tributário seguro.

■■ Identificar os limites impostos pela legislação para a prática do planejamento tributário.

■■ Conhecer os riscos relacionados ao planejamento tributário.

ESTRUTURA DO MÓDULO
Para melhor compreensão dos conceitos essenciais relacionados ao planejamento tributá-
rio, este módulo está dividido em:

■■ Unidade 1: Objetivos do planejamento tributário

■■ Unidade 2: Requisitos do planejamento tributário

■■ Unidade 3: Limites do planejamento tributário

■■ Unidade 4: Riscos do planejamento tributário


11 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

UNIDADE 1
OBJETIVOS DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

Quase sempre as pessoas vinculam o planejamento tributário à redução da carga tributária.


Entretanto, o planejamento tributário é um instrumento muito mais amplo que, de maneira
geral, atende quatro grandes objetivos (GRECO, 2011):

■■ otimização tributária;

■■ otimização de riscos;

■■ otimização operacional;

■■ otimização financeira.

A seguir, comentaremos individualmente cada um desses objetivos, para que possamos


compreender na sua totalidade os benefícios alcançáveis por meio da adoção de planeja-
mentos tributários.

Otimização tributária

A redução da carga tributária apresenta-se como a principal motivação das empresas que
procuram o planejamento tributário. De acordo com as estatísticas, a carga tributária no
Brasil compromete 35% do PIB (MOREIRA, 2015). Se pararmos para refletir, observaremos
que, com exceção dos tributos, não existe nenhum custo ou despesa nas empresas que
absorva 35% da receita. Mesmo que consideremos os desembolsos relacionados à folha
de pagamento, em uma análise mais detalhada veremos que os gastos com pessoal são
elevados porque existem diversos custos tributários embutidos. Nesse contexto, possuir
um conhecimento que o capacite a reduzir a principal despesa da empresa faz com que o
planejador tributário seja visto como um investimento, e não como um custo.
12 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

VOCÊ SABIA?

Existem países que possuem uma carga tributária superior à suportada no Brasil. É o
caso da Noruega. Entretanto, a mera comparação da carga tributária não é um bom
indicador. Devemos considerar que tipo de serviço público o contribuinte recebe em
troca da carga tributária que suporta (LISTA..., 2016). Uma carga tributária elevada
é justificada quando a população recebe serviços públicos de qualidade. De acordo
com dados divulgados pelo IBPT, ao considerarmos os 30 países com as maiores
cargas tributárias do mundo, o Brasil se posiciona como o pior provedor de serviços
públicos de qualidade. O estudo utilizou dados da OCDE e do PNUD (MINKE, 2013).

NA PRÁTICA

Vejamos o exemplo de João, que busca opções de investimento. O gerente de sua


conta oferece-lhe dois fundos: um com rentabilidade de 100% da DI e outro com ren-
tabilidade um pouco menor, mas com uma alíquota de imposto de renda mais van-
tajosa. João opta por investir na aplicação financeira que tem menor rentabilidade.
Ele percebe que a rentabilidade da aplicação, somada com a economia gerada pela
redução da carga tributária incidente sobre o ganho financeiro, será mais vantajosa.
13 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

Otimização de riscos

Muitas empresas sonegam. Esse quadro é especialmente agravado nas pequenas empre-
sas, que ainda contam com um controle menos rígido por parte do fisco. As empresas so-
negadoras apresentam uma carga tributária baixa, nem sempre sendo viável reduzir ainda
mais o montante pago de tributos. Entretanto, essa pequena carga é gerada de forma ilícita
(ex.: caixa dois, meia nota etc.). Nesse cenário, o objetivo do planejador tributário passa a ser
a redução de riscos. Em outras palavras, o planejador deve focar seus esforços na manuten-
ção de uma carga tributária baixa com uso de meios lícitos.

A regularização da empresa, além de eliminar riscos criminais advindos da conduta ilícita,


traz outras vantagens para o empresário. Com a empresa regularizada, o empresário passa
a ter mais facilidade para captar investimentos e contrair empréstimos, pois consegue de-
monstrar sua real situação para terceiros. A referida regularização também colabora com a
profissionalização da gestão e viabiliza a adoção de estruturas mais complexas, ou mesmo a
abertura de capital, já que facilita a implantação de controles internos e externos.

É importante que essa regularização ocorra antes da adoção do planejamento tributário,


pois as mudanças demandadas pelo planejamento quase sempre geram fiscalizações ou
aumentam a exposição da empresa perante o fisco. Sem a adoção de uma correta gestão de
riscos previamente à implantação do planejamento tributário, diversos problemas acumu-
lados pela empresa ao longo dos anos (e algumas vezes ignorados pelo empresário) podem
ser expostos de uma única vez para o fisco, comprometendo a atividade empresarial.

VOCÊ SABIA?

De acordo com estudos divulgados pelo Sindicato dos Procuradores da Fazenda, o


Brasil perde mais de 400 bilhões por ano em razão da sonegação (FAGUNDES, 2015).
Com esse dinheiro, diversos problemas existentes na educação e na saúde pode-
riam ser facilmente resolvidos. Conforme pesquisa publicada pelo grupo Tax Justice
Network, baseada em dados do Banco Mundial, no mundo, o Brasil só perde para a
Rússia em sonegação fiscal (FOLHAPRESS, 2013).
14 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

NA PRÁTICA

Para que possamos vivenciar o conteúdo abordado neste tópico, analisemos o exem-
plo de um pequeno empreendedor que sonega. Ao ter acesso a informações sobre
o regime do MEI (Microempreendedor Individual) ele percebe que poderia manter
uma carga tributária baixa de forma lícita, com a adoção do referido regime. Como
consequência, opta por se regularizar, profissionalizando o seu negócio. (PORTAL DO
EMPREENDEDOR, 2016)

Otimização operacional

Ao focarmos nossos esforços apenas na redução da carga tributária, limitamos nossas pos-
sibilidades de gerar oportunidades. O planejador tributário deve ter uma visão mais ampla,
preocupando-se em gerar resultados para a empresa, ainda que para isso seja necessário
aumentar a carga tributária. De que adianta a empresa ter uma carga tributária baixa, mas
perder o seu cliente por não conseguir entregar a mercadoria no prazo acordado? Nesse
caso, não seria preferível encontrar um equilíbrio entre a carga tributária e o prazo de entre-
ga? Da mesma forma, não seria oportuno aumentar a carga tributária para reduzir um custo
logístico? Sem dúvida.

Algumas empresas não compreendem a importância desta visão integrada e, como conse-
quência, focam as metas do departamento tributário exclusivamente na redução da carga
tributária. Estas empresas vinculam o bônus, os critérios de promoção, ou os honorários do
tributarista exclusivamente ao ganho tributário gerado. Como consequência, a equipe tribu-
tária passa a sugerir exclusivamente planejamentos que reduzam o montante de tributos
desembolsado pela empresa, negligenciando planejamentos que poderiam trazer benefí-
cios ainda maiores em outras áreas. A única maneira de evitar essa perda é integrando as
metas do planejador tributário com as metas da empresa.
15 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

VOCÊ SABIA?

Algumas empresas optam por remunerar o planejador tributário através de um suc-


cess fee, ou seja, um percentual da economia obtida. Esse tipo de remuneração mos-
tra-se quase sempre danoso, pois faz com que o tributarista foque exclusivamente a
redução da carga tributária, esquecendo outros aspectos da empresa. Ademais, na-
queles casos em que o profissional não possui uma ética sólida, este modelo remu-
neratório gera uma busca cega por resultados, sem qualquer comprometimento com
a segurança da empresa. O pagamento baseado nas horas empregadas (timesheet)
traz maior independência para o profissional, evitando que ele defenda a adoção de
planejamentos tributários arriscados com o único propósito de obter o success fee
acordado.

NA PRÁTICA

Vejamos a seguinte situação. A diretoria da Empresa X deseja deslocar uma de suas


fábricas localizada no estado A para o estado B, distante do seu mercado consumi-
dor, com o objetivo de aderir a um benefício tributário existente no referido estado
B. Entretanto, ao planejar o deslocamento, a diretoria verifica que no estado B o
custo logístico dobraria, em razão da distância existente entre o estado B (local do
benefício) e o estado A (local do seu mercado consumidor). Como consequência, a
diretoria decide manter a fábrica no estado A, pois percebe que a economia gerada
pelo benefício seria corroída pelo aumento do custo logístico.
16 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

Otimização financeira

Ao idealizarmos um modelo de planejamento tributário, é fundamental compreendermos


os reflexos do planejamento no tempo. Uma empresa que esteja contraindo empréstimos
junto ao mercado financeiro pode preferir postergar o pagamento de um tributo, em detri-
mento da redução da carga tributária. Com essa postergação, a empresa encontrará junto
ao fisco uma fonte de financiamento mais barata, evitando o empréstimo ou, pelo menos,
reduzindo sua dependência perante o mercado financeiro. A melhoria de fluxo de caixa
gerada pela postergação do pagamento do tributo possibilitará à empresa investir na ativi-
dade, aplicar o recurso, ou emprestar esse dinheiro.

Sempre que o efeito financeiro gerado pela postergação for mais vantajoso para empresa,
o planejamento irá priorizar a referida postergação. Em outras palavras, o planejador deve
considerar o comportamento do planejamento no tempo, para que não perca oportunida-
des de ganho que atuem favorecendo o fluxo de caixa da empresa.

VOCÊ SABIA?

De acordo com dados do Ministério da Fazenda, as dívidas dos 500 maiores devedo-
res inscritos na dívida ativa da União somadas representaram 392 bilhões de reais
em 2015. Deste total, 103,3 bilhões referiam-se a valores que foram parcelados pelo
governo. (FAZENDA..., 2015).
17 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

NA PRÁTICA

Para que possamos consolidar o conteúdo estudado anteriormente, analisemos o


seguinte cenário. A Empresa X está sem recursos em caixa para realizar o pagamento
de determinado tributo. Ao recorrer ao Banco Y percebe que, nas linhas de crédi-
to que possui, os juros cobrados são superiores aos juros fixados pelo fisco. Como
consequência, opta por postergar o pagamento do tributo devido, pois percebe que
os acréscimos moratórios cobrados pelo fisco são inferiores aos juros cobrados pelo
Banco Y.

PARE PARA PENSAR

De acordo com pesquisa publicada pela Câmara Americana de Comércio (AmCham),


a complexidade tributária brasileira eleva os salários dos executivos financeiros no
Brasil. Em alguns casos, os profissionais daqui chegam a ganhar mais do que os seus
chefes na matriz no exterior. Isso ocorre porque, num país com um sistema tributário
tão complexo, o domínio do sistema tributário torna-se estratégico para a empresa.
(AMCHAM BRASIL, 2011).
18 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

Na figura abaixo, podemos observar um sumário visual esquematizado do conteúdo da


unidade.

Objetivos do planejamento tributário

Otimização tributária Otimização de riscos


1 2

Otimização financeira 4 3 Otimização operacional

Figura 1.1 Objetivos do planejamento tributário.


Fonte: Elaborada pelo autor.

UNIDADE 2
REQUISITOS DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

Nesta unidade, estudaremos o que deve conter um planejamento tributário para que seja
aceito pelo fisco. Compreender estes requisitos é importante para que o planejamento reali-
zado gere ganhos seguros. Antes de iniciarmos nossas análises, cabe ressaltar que parte da
doutrina defende que alguns dos requisitos a seguir não são necessários para a realização
do planejamento tributário. Referidos doutrinadores, baseados majoritariamente no princí-
pio da livre iniciativa e na interpretação ampla do princípio da legalidade, defendem que o
contribuinte é livre para planejar as suas atividades da maneira que entender mais oportuna.

Embora as ideias expostas pelos mencionados autores devam ser respeitadas, o fato é que,
na prática, se realizarmos um planejamento tributário sem os requisitos elencados nesta
unidade, nosso planejamento poderá ser questionado pelo fisco. Certamente, um plane-
jamento tributário passível de questionamento deixa de ser uma ferramenta preventiva e
passa a ser um contencioso tributário. Por isso, se você pretende trazer segurança para os
cenários planejados, recomendamos que respeite estes requisitos:

■■ momento anterior ao fato gerador;

■■ interpretação restritiva de benefícios;

■■ utilização precisa de lacunas;


19 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

■■ adoção de substrato econômico.

Nos próximos tópicos passaremos a explicar detalhadamente cada um desses requisitos.

Momento anterior ao fato gerador

Determinar o momento correto para a realização do planejamento tributário é fundamen-


tal. Planejar no momento errado pode gerar riscos criminais e, certamente, ninguém quer
isso. Todo planejamento tributário deve ser feito antes do fato gerador. O planejamento
realizado depois do fato gerador não é um planejamento tributário, mas um planejamento
da sonegação fiscal. Se você não é tributarista, provavelmente está se perguntando: o que é
fato gerador? Vamos analisar esse conceito a seguir.

Fato gerador é o fato que dá surgimento ao pagamento do tributo. Quando ele ocorre, o
contribuinte passa a estar obrigado a pagar o tributo. O fato gerador do Imposto sobre
Serviços (ISS) é a prestação de serviços. Logo, quando alguém presta um serviço, realiza o
fato gerador desse tributo e, como consequência, deve pagá-lo. Desta forma, se desejamos
realizar um planejamento tributário com o objetivo de evitar o pagamento do ISS, devemos
planejar antes do serviço ser prestado. Depois da prestação do serviço não será possível
evitar o ISS referente àquele serviço, pois o fato gerador já ocorreu.

Para um empresário, não é difícil compreender essa lógica, visto que ele já planeja as demais
áreas de sua empresa (ex.: marketing, recursos humanos, logística, financeiro) com alguma
antecedência. Cabe ao planejador tributário adotar a mesma lógica ao planejar os aspectos
tributários da empresa. Desse modo, ele deve olhar para o futuro e organizar os aspectos
tributários da empresa antes que os fatos ocorram1.

Elisão fiscal x evasão fiscal – diversos livros utilizam os conceitos de elisão e evasão fiscal para definir o mo-
1

mento ideal para a realização de um planejamento tributário. Alguns livros acrescentam, ainda, o conceito de
elisão fiscal, o que torna a definição deste momento mais complexa. Embora existam excelentes doutrinadores
que abordam esses conceitos, seus significados não serão discutidos nesta obra. O abandono desses conceitos
nesta análise decorre da multiplicidade de significados adotados pelos diferentes doutrinadores que escrevem
sobre o tema, portanto a utilização deles tornou-se complexa e arriscada. Não existe uniformidade na doutrina
tributária quanto ao significado e à amplitude dessas expressões. Mesmo entre os tributaristas, as dúvidas são
constantes. Por isso, no lugar desses conceitos foi adotado um critério mais seguro, aceito por todos, qual seja,
a realização do planejamento tributário antes do fato gerador e com substrato econômico.
20 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

Na figura seguinte, podemos observar um sumário visual esquematizado do conteúdo deste


tópico.

Momento anterior ao fato gerador

Planejamento
Fato gerador Crime
tributário

Figura 1.2 Momento anterior ao fato gerador.


Fonte: Elaborada pelo autor.

VOCÊ SABIA?

Muitos setores da economia ainda vivenciam altos índices de informalidade. Nesses


setores, a alta carga tributária somada à concorrência desleal gerada pelos sonega-
dores faz com que os empresários corretos tenham dificuldade de prosperar. En-
tretanto, com a modernização do fisco, essas práticas ilícitas têm sido identificadas.
Alguns dos fiscais da inteligência da Receita Federal chegam a fazer cursos de teatro
para tornar mais eficiente o seu trabalho. Ademais, com o benefício da delação pre-
miada, os próprios sonegadores têm colaborado nas investigações e estão indicando
outros que agem de forma similar, visando obter alguma vantagem. (OSWALD, 2012;
DELAÇÃO PREMIADA, 2016; DELAÇÃO..., 2015).
21 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

NA PRÁTICA

Vejamos a seguinte situação. Um empresário é procurado por um consultor. O con-


sultor convence o empresário a sonegar tributos, sob a alegação de que ninguém
descobrirá o ilícito realizado. Anos depois, a polícia identifica as práticas ilícitas rea-
lizadas pelo consultor em diversas empresas. O consultor, que não quer ser preso,
pleiteia uma delação premiada. Com o benefício obtido com a delação premiada, o
consultor vai para casa, e todos os seus clientes são presos, por causa das informa-
ções fornecidas por ele.

Interpretação restritiva de benefícios

Para viabilizar o uso das vantagens tributárias presentes no ordenamento jurídico, o plane-
jador realiza modificações nos negócios do contribuinte através das técnicas que estudare-
mos nos Módulos 3 e 4. A segurança do planejamento tributário escolhido depende da per-
feita adequação do contribuinte aos benefícios existentes. Compreender como a legislação
tributária deve ser interpretada é fundamental na realização de planejamentos tributários
baseados nas vantagens fiscais trazidas por essa legislação.

Ao interpretar uma regra que concede benefícios, é importante que o planejador seja con-
servador. O contribuinte só deve utilizar a regra no planejamento tributário se, mediante a
leitura do disposto na legislação, não existir qualquer dúvida de que a norma escolhida se
aplica ao seu cenário. Em outras palavras, havendo dúvidas com relação à adequação do
contribuinte ao benefício escolhido, o planejador deve abandonar o benefício ou formular
consulta formal ao fisco. Essa é uma posição conservadora que visa trazer segurança ao
planejamento tributário. Para que possamos compreender tal lógica, analisaremos a seguir
algumas normas de interpretação.

A princípio, a interpretação da legislação tributária se parece muito com a interpretação


comum de qualquer texto. Entretanto, diversos temas dentro do Direito exigem critérios de
interpretação específicos. No que interessa ao planejamento tributário, esses temas estão
elencados no artigo 111 do Código Tributário Nacional (CTN). O referido artigo exige a ado-
ção do método de intepretação literal. Mas o que é interpretação literal? Quais as matérias
22 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

que estão sujeitas a interpretação literal? Passaremos a responder a essas perguntas no


próximo parágrafo.

Existem diversos entendimentos sobre o significado da expressão “interpretação literal”.


Adotaremos aqui o critério mais conservador, pois desejamos realizar planejamentos acei-
tos pelo fisco mais conservador. Dentro do posicionamento mais conservador, interpreta-
ção literal é aquela que busca o significado exato da lei, não admitindo resultado ampliativo.
Em outras palavras, ao lermos a legislação devemos buscar o significado literal das palavras.
Havendo qualquer dúvida com relação à abrangência da norma, optaremos pelo resultado
interpretativo mais conservador, o que pode restringir seu campo de atuação. De acordo
com o artigo 111, do CTN, esse critério de interpretação deve ser utilizado sempre que a
legislação tributária dispuser sobre:

■■ suspensão ou exclusão do crédito tributário;

■■ outorga de isenção;

■■ dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias.

Como pode ser observado, as três matérias para as quais o artigo 111 exige interpretação
literal versam sobre situações em que a lei concede ao contribuinte uma vantagem. Em
outras palavras, sempre que o contribuinte for beneficiado pela legislação tributária, a inter-
pretação da regra deve ser literal.

Na figura a seguir, podemos observar um sumário visual esquematizado do conteúdo deste


tópico.

Interpretação restritiva de benefícios

Regra geral – interpretação comum.


Interpretação
Regra específica – interpretação literal.

*Art. 111, CTN. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre:

I - suspensão ou exclusão do crédito tributário;

II - outorga de insenção;

III - dispensa de cumprimento de obrigações tributárias acessórias.*

Figura 1.3 Interpretação restritiva de benefícios.


Fonte: Elaborada pelo autor.
23 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

VOCÊ SABIA?

O contribuinte pode formular uma consulta formal direcionada ao fisco para escla-
recer suas dúvidas relacionadas à abrangência de determinada norma tributária.
Nenhum procedimento fiscal relativo ao objeto da consulta poderá ser instaurado
pelo fisco até que a dúvida apresentada pelo contribuinte seja esclarecida. Ademais,
a consulta formulada antes do vencimento do prazo legal de recolhimento do tributo
impede a aplicação de multa de mora e de juros de mora. (BRASIL, 2015).

NA PRÁTICA

Vejamos o seguinte caso. João tem dívidas junto ao fisco federal e deseja quitá-las
utilizando um benefício concedido pela União. De acordo com a nova lei, todos que
confessarem e parcelarem seus débitos até sábado estarão liberados dos juros e
da multa. Entretanto, no sábado a Receita Federal estará fechada. Seu amigo Pedro
acredita equivocadamente que o parcelamento pode ser feito até o primeiro dia útil
seguinte, ou seja, na segunda-feira. Entretanto, João, interpretando o benefício de
forma restritiva, decide parcelar seus débitos na sexta-feira, no intuito de evitar que
sua adesão ao benefício seja recusada por perda de prazo.
24 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

Utilização precisa de lacunas

No tópico anterior, vimos o que fazer quando implantamos um planejamento baseado num
benefício fiscal. Neste tópico, analisaremos os planejamentos fundamentados na ausência
de regra. Embora os sistemas tributários existentes abranjam diversas hipóteses de tributa-
ção, as normas tributárias estabelecidas não tributam todas as situações possíveis. Quando
encontramos uma hipótese que não foi tributada, estamos diante de uma lacuna.

Para o planejador, a lacuna é sempre uma oportunidade. Ao conseguirmos adaptar a ativi-


dade do contribuinte às lacunas existentes, viabilizamos a realização de uma atividade eco-
nômica sem o ônus de determinado tributo. Nesse cenário, cabe a pergunta: pode o fisco
tributar o contribuinte apenas por ele realizar uma atividade economicamente relevante?
Pode o fisco tributar o contribuinte, mesmo que não haja previsão legal? Não.

No Brasil essa proibição está expressa no artigo 108, parágrafo 1.º, do CTN, que impede a
tributação por analogia. Desse modo o fisco não pode tributar o contribuinte que realizou
algo parecido com o fato gerador do tributo. Por outro lado, de acordo com o 2.º parágrafo
do mesmo artigo, o contribuinte que realizou o fato gerador do tributo não poderá solicitar
a dispensa do pagamento do tributo devido baseado na equidade. Assim, se o planejador
identifica uma lacuna e nela encaixa o seu cliente, os concorrentes da empresa não con-
seguirão alcançar a mesma desoneração pleiteando justiça, mesmo que se encontrem em
situações parecidas. Em outras palavras, o contribuinte somente alcançará a desoneração
se conseguir se encaixar com perfeição na lacuna existente.

Na figura seguinte podemos observar um sumário visual esquematizado do conteúdo deste


tópico.

Utilização precisa de lacunas

Analogia – não pode resultar na exigência de tributo não pre-


visto em lei.
Interpretação
Equidade - não pode resultar na dispensa do pagamento de
tributo devido.

“Art. 108, CTN. [...]

§1.º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei.

§2.º O emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo


devido.

Figura 1.4 Utilização precisa de lacunas.


Fonte: Elaborada pelo autor.
25 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

VOCÊ SABIA?

De acordo com o antigo Secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, das 500
maiores empresas do Brasil, aproximadamente metade não paga imposto de ren-
da e, apesar disso, elas não são insolventes (GRECO, 2011). Esse cenário ocorre em
razão dos planejamentos realizados por essas sociedades.

NA PRÁTICA

Para que possamos exemplificar o conteúdo abordado neste tópico, vejamos a se-
guinte situação. A Empresa X vende projetores e, como consequência, acaba sendo
obrigada a pagar o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e
sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual, Intermunicipal e de Comu-
nicação (ICMS). Aproveitando-se de uma lacuna existente no ordenamento jurídico, a
Empresa X decide mudar sua atividade, passando a alugar projetores. Como consequ-
ência, a Empresa X consegue reduzir significativamente os valores gastos com ICMS.

Adoção de substrato econômico

O substrato econômico, também conhecido como propósito negocial (ou business purpose),
é um motivo econômico adicional, além da mera economia tributária, que justifica o planeja-
mento tributário (ex.: redução de custos com armazenagem, matéria-prima, logística). Para
que identifiquemos o substrato econômico da operação, basta perguntarmos: que outro mo-
tivo econômico (além da redução da carga tributária) justifica a realização do planejamento?
26 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

A exigência do substrato econômico é uma tendência mundial, o que faz com que a identi-
ficação desse motivo adicional seja essencial em qualquer cenário de planejamento tributá-
rio (nacional ou internacional). Se desejamos ganhos seguros, não devemos implementar o
planejamento até que esse motivo adicional seja identificado. Caso contrário, o fisco poderá
questionar a operação realizada com base nas teorias que abordaremos na próxima unidade.

No passado, a observância da lei era suficiente na elaboração do planejamento tributário. A


interpretação cega da lei fazia com que importantes manifestações de riqueza não fossem
tributadas, enquanto contribuintes menos favorecidos economicamente se viam obrigados
a pagar tributos. Nesse contexto, a sensação de injustiça, gerada pela tributação dos que
nada possuíam e pela ausência de tributação dos que se valiam das brechas legais, fez com
que surgisse a teoria da interpretação econômica.

Essa teoria busca a compreensão do significado econômico da norma, para que esta alcance
sua finalidade. Ela surgiu na Alemanha, positivada no artigo 4.º do código tributário alemão
de 1919, ganhou força no Brasil na década de 1960 e foi positivada em 1966, no artigo 109
do CTN. Até hoje, sua aplicação gera polêmica, com importantes doutrinadores que se po-
sicionam abertamente contra a sua utilização. Entretanto, o fato é que o fisco adota essa
teoria há diversas décadas e, cada vez mais, tem logrado êxito na sua aplicação.

De qualquer forma, sempre que um motivo econômico adicional justifique a operação que
gerou a economia tributária, o planejamento tributário estará protegido, mesmo diante da
teoria da interpretação econômica. Havendo substrato econômico, a economia tributária
será uma decorrência da operação realizada pelo empresário com o objetivo de obter ga-
nhos operacionais.

Na figura a seguir podemos observar um sumário visual esquematizado do conteúdo deste


tópico.

Adoção de substrato econômico

Conceito Motivo econômico adicional que justifica a operação realizada.

Art. 109, CTN. “ Os princípios gerais de direito privado utilizam-se


para pesquisa de definição, do conteúdo e do alcance de seus
Fundamento
institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos res-
pectivos efeitos tributários.”

Solução Adoção de planejamentos tributários com subtrato econômico.

Figura 1.5 Adoção de substrato econômico.


Fonte: Elaborada pelo autor.
27 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

VOCÊ SABIA?

De acordo com o jornal “Valor Econômico”, nos últimos anos cresceram as autuações
contra planejamentos tributários. O setor financeiro foi um dos setores que mais
sentiu esse crescimento. Ao analisarmos as autuações realizadas, podemos perceber
que a maior parte dos autos de infração se refere a planejamentos adotados sem
substrato econômico. (VALOR ECONÔMICO, 2012).

NA PRÁTICA

Observemos o seguinte cenário, que aborda de forma prática o conteúdo estudado


neste tópico. João deseja vender um imóvel para Pedro, mas ambos não querem
recolher o ITBI. Para evitar esse imposto, João e Pedro abrem a Empresa X. João
integraliza 50% do capital da empresa com o imóvel, e Pedro integraliza os outros
50% do capital com dinheiro. No dia seguinte, eles decidem fechar a Empresa X. João,
que integralizou o capital com o imóvel, sai da empresa com o dinheiro. Pedro, que
integralizou o capital da empresa com dinheiro, sai com o imóvel. De acordo com
a legislação em vigor, a integralização do capital de uma empresa com imóveis, e a
respectiva retirada dos imóveis do capital, está dispensada do pagamento do ITBI. O
objetivo dessa norma é incentivar o aumento do capital das empresas com imóveis.
Entretanto, João e Pedro se valem dessa norma para evitar o pagamento do ITBI na
operação de transferência da propriedade do imóvel. Muitos municípios já criaram
normas específicas combatendo essa manobra fiscal. Entretanto, mesmo nos municí-
pios que não possuem regras específicas bloqueando tal conduta, a operação realiza-
da por eles poderá ser desconsiderada e o ITBI será cobrado, pois no caso analisado
não existe substrato econômico justificando-a.
28 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

PARE PARA PENSAR

De acordo com o antigo ministro da Fazenda, em 2015 o Brasil era “medalha de ouro”
em custo tributário. Se o próprio ministro reconhece que vivemos num ambiente que
é campeão na exigência de tributos, resta claro que qualquer empresa que deseje
sobreviver no Brasil precisa de um bom planejamento tributário. (MONTEIRO, 2015).

INFORMAÇÃO EXTRA

Planejamentos tributários que se utilizam de ágio estão na mira do fisco há diversos


anos, pois muitas empresas criaram ágios artificiais com o objetivo de se apropriar
indevidamente de vantagens tributárias. Realizar planejamentos tributários que
utilizam ágio, sem um substrato econômico robusto, é extremamente danoso para as
empresas. (CRISTO, 2012).

Na figura seguinte, podemos observar um sumário visual esquematizado do conteúdo da


unidade.

Requisitos do planejamento tributário

Momento anterior Interpretação restritiva


ao fato gerador de benefícios

Adoção de substrato econômico Utilização precisa de lacunas

Figura 1.6 Requisitos do planejamento tributário.


Fonte: Elaborada pelo autor.
29 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

UNIDADE 3
LIMITES DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

Nesta unidade estudaremos alguns instrumentos adotados pelo fisco para combater con-
dutas abusivas e planejamentos sem substrato econômico, objetivando compreender os
limites do planejamento tributário. Estes instrumentos são adotados não só pelo Brasil, mas
também por diversos outros países, em maior ou menor grau. Por esse motivo, compreen-
dê-los se faz importante em qualquer cenário (nacional ou internacional).

Embora alguns doutrinadores questionem a validade e aplicabilidade destas ferramentas


do fisco, esses questionamentos não farão parte do nosso escopo. Estudaremos os refe-
ridos instrumentos com o único objetivo de adequar nossos planejamentos tributários à
possível aplicação destas teorias.

Como será observado nos tópicos a seguir, esses instrumentos muitas vezes se sobrepõem,
pois são originados de sistemas, culturas e contextos históricos distintos. Por isso, visualiza-
mos situações que podem perfeitamente ser combatidas por mais de um instrumento. Em
última análise, essas teorias buscam alcançar justiça fiscal através de diferentes caminhos.

Teoria do abuso de forma

A teoria do abuso de forma condena o uso abusivo da forma jurídica. Essa teoria concede
ao fisco os poderes necessários para combater vantagens fiscais alcançadas pelo uso de for-
mas abusivas. Ela entrou no Brasil por influência alemã e atualmente encontra-se positivada
no artigo 50 do Código Civil. Muitos doutrinadores criticam seu uso no âmbito tributário, por
entenderem que o conceito de “forma abusiva” é abstrato.

Quando adotado de maneira ampla pelo fisco, este instrumento prejudica a inovação, pois
sempre que o contribuinte se vale de uma forma atípica em suas atividades acaba correndo
o risco de ser questionado por abuso de forma. A melhor maneira de evitar sua aplicação
é através da adoção de planejamentos tributários com substrato econômico. Ao encontrar-
mos uma justificativa econômica (além da mera economia de tributos) para a forma atípica
adotada, afastamos a aplicação desta teoria.
30 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

TOME NOTA

ARTIGO 50, DO CÓDIGO CIVIL

Art. 50, do Código Civil (CC). “Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracteriza-
do pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a re-
querimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no proces-
so, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos
aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.”

VOCÊ SABIA?

De acordo com a publicação “The Economist”, um subcomitê do Congresso Ameri-


cano divulgou um relatório informando que o tesouro americano perde 100 bilhões
de dólares por ano com abusos tributários relacionados a sociedades criadas fora
do território americano para a realização de planejamentos tributários (offshore tax
abuses). (GRECO, 2011)
31 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

NA PRÁTICA

Analisemos essa situação que exemplifica o conteúdo abordado acima. Um em-


presário, cuja empresa no ano passado auferiu uma receita de R$ 10 milhões. Essa
empresa não pode adotar o regime simplificado de pagamento de tributos conhecido
como Simples (SIMPLES NACIONAL, 2016), pois sua receita ultrapassa o limite acei-
to por esse regime. Com o objetivo de obter vantagens fiscais no referido regime, o
empresário decide abrir quatro empresas iguais, com receitas de R$ 2,5 milhões, com
o único objetivo de aderir ao Simples. O planejamento adotado por ele poderá ser
questionado em razão do abuso de forma.

Teoria do abuso de direito

A teoria do abuso de direito combate o uso abusivo do direito. Por essa teoria o fisco ataca
planejamentos que utilizam de maneira abusiva vantagens trazidas pela legislação tributá-
ria. Ela surgiu no Brasil por influência francesa e, atualmente, encontra-se positivada no arti-
go 187, do CC. Sua aplicação também gera uma insegurança grande, em razão da subjetivi-
dade do conceito de “abuso de direito”. Na prática, encontrar o limite entre o uso permitido
e o uso abusivo de um direito pode ser complicado. Novamente, a melhor maneira de evitar
sua aplicação é através da adoção de planejamentos tributários com substrato econômico.

TOME NOTA

ARTIGO 187, DO CÓDIGO CIVIL

Art. 187, do CC. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo,
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela
boa-fé ou pelos bons costumes.
32 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

VOCÊ SABIA?

Para a Receita Federal a operação conhecida como “incorporação às avessas” é tida


como abuso de direito. Entretanto, nos raros casos em que essa operação é realizada
com substrato econômico, as empresas conseguem adotá-la com sucesso. (CRISTO,
2013).

NA PRÁTICA

Para que possamos exemplificar o conteúdo abordado neste tópico, estudemos o


seguinte caso, de uma empresa com dez empregados. Seu proprietário é procurado
por um consultor, que o informa da existência de um benefício de redução de impos-
to de renda (IR) para todas as empresas que contratarem cinco pessoas nos próxi-
mos 30 dias. O consultor recomenda que o dono da empresa demita cinco pessoas
e, alguns dias depois, as recontrate. Esse planejamento poderá ser questionado em
razão do abuso de direito.

Normas antielisivas

Normas antielisivas são regras criadas pelo fisco para combater planejamentos tributários.
Este tipo de norma tem sido adotado por diversos países, no intuito de evitar que pessoas
que possuem capacidade de contribuir deixem de pagar os seus tributos. Embora essas
regras tenham êxito no combate aos planejamentos tributários que visem exclusivamente
33 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

a economia tributária, as referidas normas não conseguem atingir planejamentos tributá-


rios adotados com substrato econômico, visto que, nesses casos, o objetivo principal do
contribuinte passa a ser um motivo que não se relaciona com a economia de tributos.

Além das normas gerais de combate ao planejamento tributário, muitos países adotam
regras criadas para bloquear planejamentos tributários específicos. Embora tenham uma
abrangência limitada, elas são extremamente eficazes, pois são muito mais objetivas. As-
sim como nas teorias de abuso estudadas anteriormente, a melhor maneira de evitar a
aplicação de normas antielisivas é através da adoção de planejamentos tributários com
substrato econômico.

TOME NOTA

ARTIGO 116, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CTN

Art. 116, parágrafo único, do CTN. “A autoridade administrativa poderá desconsiderar


atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do
fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tribu-
tária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária.”

VOCÊ SABIA?

Como demonstra o professor Ricardo Lobo Torres, em parecer elaborado para a Ad-
vocacia Geral da União (AGU), além do Brasil, diversos outros países adotam normas
antielisivas. Essa é uma tendência mundial. Em razão das peculiaridades dos diversos
sistemas jurídicos existentes no mundo, cada uma das diferentes normas assume
características próprias. De qualquer forma, havendo substrato econômico na opera-
ção realizada, a aplicação da norma sempre será afastada. (TORRES, 2016).
34 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

NA PRÁTICA

Estudemos o seguinte cenário, que aborda de forma prática o conteúdo deste tó-
pico. A Empresa X possui débitos de ICMS. Ela é procurada por um consultor, que
lhe recomenda comprar a Empresa Y, que está sem atividade há alguns meses, mas
possui créditos de ICMS acumulados. O único objetivo da empresa X nessa aquisi-
ção é compensar os seus débitos com os créditos anteriores da Empresa Y. Através
da aplicação da norma antielisiva o fisco poderá desconsiderar essa operação, por
ausência de substrato econômico.

Solução: Planejamento com substrato econômico

Como já mencionado, além do Brasil, diversos países adotam os instrumentos abordados


acima, o que reforça a importância de que sejam respeitados. Pela leitura dos tópicos ante-
riores, resta claro que todas as teorias são afastadas com a adoção do substrato econômico.
Logo, pode-se concluir que um planejamento tributário com substrato econômico será acei-
to não só no Brasil, mas em qualquer país, desde que a operação realizada não tenha sido
expressamente proibida por uma regra local específica.
35 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

VOCÊ SABIA?

O jornal “The New York Times” noticiou o pronunciamento do então secretário do


Tesouro Americano, realizado no Congresso Americano, afirmando que as proteções
tributárias criadas para a realização de planejamento tributário (tax shelters) são o
tema que mais ameaça o sistema tributário americano. De acordo com o pronuncia-
mento, observa-se que a carga tributária das pessoas jurídicas caiu, enquanto a carga
tributária das pessoas físicas aumentou. Desse modo, as pessoas físicas (que não
fazem planejamentos tributários) estão suportando a redução da carga tributária das
pessoas jurídicas. (GRECO, 2011).

NA PRÁTICA

Vejamos o seguinte cenário. A Empresa X possui créditos de ICMS acumulados decor-


rentes das suas atividades. Para expandir seu portfólio de produtos e utilizar os re-
feridos créditos, os diretores da Empresa X decidem comprar a Empresa Y. A compra
da empresa não foi motivada apenas pelo ganho tributário, pois de fato a comprado-
ra deseja agregar ao seu portfólio os produtos da comprada. Através dessa operação,
a Empresa X consegue utilizar seus créditos de ICMS, melhorando seu fluxo de caixa.
36 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

PARE PARA PENSAR

A Receita Federal conta com uma equipe de auditores especializada em identificar


planejamentos abusivos. Nos últimos anos, essa equipe foi responsável por dezenas
de bilhões em multas contra grandes empresas. Embora todas as empresas autua-
das tenham questionado as referidas multas no Conselho Administrativo de Recur-
sos Fiscais (Carf), a simples autuação já gera custos irreversíveis para essas socie-
dades (ex.: custo de imagem, custos com advogados). Não seria preferível a adoção
de planejamentos tributários com substrato econômico, para evitar esses custos e
consolidar ganhos seguros? (WIZIACK; CARNEIRO, 2013).

INFORMAÇÃO EXTRA

No intuito de melhorar e divulgar as boas práticas de combate aos planejamentos


tributários abusivos, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômi-
co (Organisation for Economic Co-operation and Development – OCDE) lançou, com
o apoio do G20, o plano de ação Base Erosion and Profit Shifting Action Plan (Beps).
Com ele, a organização visa evitar a erosão da base tributária dos diversos países
envolvidos e o desvio de lucros para localidades com baixa tributação. (OCDE, 2016)
37 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

Na figura a seguir podemos observar um sumário visual esquematizado do conteúdo da


unidade.

Limites do planejamento tributário

Teoria do Combate o uso de formas jurídicas atípicas para um negócio,


abuso de forma obrigando a utilização da formas típicas para o mesmo negócio.

Considera ilícita a conduta do contribuinte que pretende ex-


Teoria do
clusivamente a economia de tributo, fundamentando-se no
abuso de direito
uso imoral do direito.

Autorizam a desconsideração de atos ou negócios jurídicos


Normas antielisivas
praticados com a única finalidade de gerar economia tributária.

Figura 1.7 Limites do planejamento tributário.


Fonte: Elaborada pelo autor.

UNIDADE 4
RISCOS DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

Muitos riscos (que podem ser evitados) são ignorados pelo planejador e pelo empresário
e, como consequência, o planejamento tributário acaba trazendo prejuízos desnecessários
para os envolvidos (GRECO, 2011). Os riscos mais comuns são:

■■ ausência de substrato econômico;

■■ divergências conceituais;

■■ fundamentação em teses;

■■ conduta ilícita, irregular ou antiética;

■■ necessidade de tempo;

■■ exposição patrimonial;

■■ inflexibilidade de estrutura.
38 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

Nesta unidade, abordaremos individualmente esses riscos, para que você possa compreen-
dê-los e identificá-los. Antes de executar o planejamento tributário, sempre peça para que
os profissionais envolvidos no processo de implantação o ajudem a verificar se os referidos
riscos estão presentes no cenário. Caso encontre algum dos riscos listados, não execute o
planejamento até que seja eliminado.

Ausência de substrato econômico

O primeiro risco que devemos considerar é a ausência do substrato econômico. Como já


explicado nas unidades anteriores, um planejamento tributário sem substrato econômico é
passível de questionamento pelo fisco e, embora existam importantes juristas que susten-
tem a possibilidade de realização do planejamento sem o referido substrato, é inegável que
a implantação sem ele será questionada pelas autoridades fiscais e poderá trazer risco de
autuação para o contribuinte.

VOCÊ SABIA?

No passado, não era necessária a existência de substrato econômico para a reali-


zação de planejamentos tributários. Entretanto, com a adoção desse conceito pelo
Código Tributário Alemão de 1919, o substrato econômico passou a ser essencial na
concretização de planejamentos tributários seguros. (MOREIRA, 2010).
39 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

NA PRÁTICA

Analisemos a seguinte situação. A Empresa X cresce e, como consequência, percebe


que no ano seguinte não poderá adotar o Simples, pois sua receita irá ultrapassar o
teto desse regime. Com o propósito de viabilizar a manutenção do referido regime,
seus sócios resolvem abrir outra empresa igual, no nome dos filhos, para absorver o
excedente de receita. Caso o fisco identifique essa operação, ela será desconsidera-
da, por ausência de substrato econômico, e as empresas serão excluídas do Simples.

Divergências conceituais

O planejamento tributário é um instrumento preventivo, que visa gerar ganhos com baixo
risco. Por isso, ao planejar devemos ser conservadores. Nem sempre o conceito adotado
pelo fisco é idêntico ao conceito utilizado por determinado setor. Nessa hipótese, atentos às
divergências, adotaremos o conceito estabelecido pela legislação tributária, utilizando este
conceito a nosso favor. A adoção de um conceito em desacordo com o entendimento da
autoridade fiscal gera risco para o cenário.

Algumas vezes, o conceito estabelecido pelo fisco em suas normas complementares extrapo-
la o conceito estabelecido pela lei tributária. Esta é uma ampliação indevida, que pode gerar
contencioso tributário. Entretanto, sob a ótica do planejamento tributário, torna-se preferível
compreender a ampliação implementada pelo fisco, utilizando-a a favor do contribuinte.
40 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

VOCÊ SABIA?

No Rio de Janeiro, para que a cerveja seja considerada artesanal e, como consequên-
cia, goze de benefício fiscal, deve possuir um percentual mínimo de cereais maltados
ou extrato de malte. Caso contrário, ainda que os especialistas do setor considerem
a bebida artesanal, o produto não poderá se beneficiar do incentivo fiscal de redução
do ICMS. (BECK, 2014).

NA PRÁTICA

Para consolidar o conhecimento adquirido neste tópico, analisemos o seguinte caso.


A Empresa X recolhe IPI sobre um cosmético que ela fabrica. Um consultor recomen-
da a classificação desse produto como um remédio dermatológico, desejando viabili-
zar o uso de incentivos fiscais trazidos pela legislação tributária para remédios dessa
espécie. Entretanto, de acordo com a classificação fiscal determinada pelo fisco, tal
produto não é um remédio. Classificar o cosmético como remédio gerará risco de
autuações futuras para a empresa. Objetivando adotar uma solução preventiva, a
diretoria da Empresa X decide incluir filtro solar na fórmula do seu cosmético. A refe-
rida inclusão, além de trazer valor agregado para o produto, faz com que o cosmético
possa se beneficiar de incentivo fiscal destinado a produtos com filtro solar.
41 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

Fundamentação em teses

Nossos tribunais superiores possuem não só uma função jurídica, mas também uma função
política. Muitos dos temas tributários debatidos nesses tribunais envolvem valores extrema-
mente relevantes para os entes públicos (união, estados, municípios) e, como consequência,
uma decisão desfavorável para o fisco pode gerar perdas significativas para os cofres públicos.

Nesse cenário, mesmo em demandas nas quais o contribuinte demonstra o seu direito de
maneira irrefutável, a possibilidade de perda encontra-se presente. Em outras palavras, o
contribuinte pode ter respeitado o ordenamento jurídico e, ainda assim, terá o seu pleito
negado. Como? Isso torna-se possível com o que se convencionou chamar de ponderação
de valores. Num processo judicial, diversos valores (ex.: justiça, segurança) estão presentes.
Esses valores podem entrar em conflito e, portanto, devem ser ponderados no caso concre-
to. Assim, em contraposição ao direito do contribuinte de ter restituídos valores cobrados
em desacordo com alguma norma, o fisco apresentará o interesse público da sociedade de
que o valor não seja restituído, sob pena de que as finanças públicas sejam abaladas.

Por isso, para que o planejamento tributário seja adotado de forma segura, é importante
que não dependa de teses para que seja economicamente viável. As teses judiciais podem
ser utilizadas pelo planejador para agregar valor ao cenário. Entretanto, o planejador não
pode fazer da tese um dos pilares do seu planejamento.

VOCÊ SABIA?

O STF (Supremo Tribunal Federal), ao declarar a inconstitucionalidade de uma lei,


pode restringir os efeitos de sua decisão, determinando que só tenha eficácia a partir
de determinado momento. Em outras palavras, este tribunal pode julgar favoravel-
mente aos contribuintes em determinado processo e, ainda assim, fazer com que o
fisco não tenha que corrigir erros cometidos no passado, visando a manutenção da
segurança jurídica ou a preservação de algum interesse social. (CONTROLE..., 2016).
42 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

NA PRÁTICA

Vejamos o seguinte cenário. A Empresa X decide se deslocar para a Zona Franca de


Manaus (ZFM), onde poderá usufruir dos incentivos fiscais da região. Entretanto, ao
verificar os custos logísticos adicionais, percebe que o deslocamento se torna inviá-
vel. Um consultor recomenda que a Empresa X entre com uma ação na justiça, ques-
tionando a cobrança parcial de ICMS em determinada operação realizada na ZFM.
Caso a empresa obtenha êxito na ação, o deslocamento para Manaus será viável.
Entretanto, caso a empresa perca a ação, a atividade se tornará inviável, pois a eco-
nomia tributária que obterá será inferior aos custos logísticos que agregará em razão
do deslocamento. A diretoria da empresa decide não se deslocar para aquela locali-
dade, pois não deseja basear seu planejamento tributário em uma tese.

Conduta ilícita, irregular ou antiética

Ao iniciar um planejamento tributário você deve questionar: preciso fazer algo errado para
esse planejamento dar certo? Essa pergunta é importante, para que você reflita sobre a
licitude, regularidade e ética do planejamento que está realizando. Muitos contribuintes ava-
liam a licitude e a conformidade de seus planejamentos com a legislação. Entretanto, pou-
cos consideram as questões éticas relacionadas ao cenário adotado.

É importante que você imponha limites éticos ao planejamento. Sem ética, tudo é possível
dentro do planejamento tributário, pois aquilo que não é permitido pela legislação de um país
é aceito pela legislação de outro. Entretanto, nem tudo que é possível é moralmente aceitável.

Esse cuidado deve ser tomado em qualquer tipo de planejamento tributário, mas torna-se
ainda mais importante nos planejamentos relacionados a estruturas de proteção patrimo-
nial ou sucessão planejada, pois nessas situações as chances de terceiros serem lesados é
muito grande.
43 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

VOCÊ SABIA?

A rede Starbucks admitiu que os tributos pagos para o governo inglês nos últimos
anos não retribuem a colaboração que o mercado inglês representou para o seu
desenvolvimento na Europa e, buscando alinhar sua estratégia tributária com os seus
valores éticos, resolveu fazer voluntariamente pagamentos para os cofres públicos.
(HÁFEZ, 2013).

NA PRÁTICA

Analisemos a seguinte situação, que demonstra de forma prática o conteúdo abor-


dado acima. Um consultor recomendou que a Empresa X mudasse sua sede para um
país com uma carga tributária menor, com fins de reduzir os desembolsos da empre-
sa com IR. Quando os consumidores descobriram que a Empresa X estava quase se
mudando para outro país, decidiram parar de comprar seus produtos, pois preferem
empresas que empregam mão de obra local. A diretoria da Empresa X desistiu da
mudança, para não perder seus consumidores.

Necessidade de tempo

Muitos planejamentos tributários demandam tempo para serem adotados e gerarem fru-
tos. Isso ocorre não só devido à complexidade das operações e estruturas propostas, mas
também em razão da possível necessidade de tempo para que seja concretizado o substrato
econômico que justificará o novo cenário. Essa necessidade de tempo gera um risco: o de
44 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

que a legislação tributária que fundamenta o planejamento seja alterada antes da finaliza-
ção do processo de implantação. A mudança de outros fatores necessários ao planejamento
tributário (ex.: custo da matéria prima) também pode trazer risco, mas a possibilidade de
mudança legislativa é o risco mais difícil de ser contornado.

Para mitigarmos o mencionado risco, devemos tratar o planejamento como um investimen-


to da empresa. Uma empresa prudente diversifica sua carteira de investimentos, com o
objetivo de diluir os possíveis riscos. Trabalhando com a mesma lógica, no planejamento
tributário de longo prazo são desenvolvidos diversos cenários alternativos, ou seja, inicia-
mos mais de um planejamento ao mesmo tempo. A chance das diversas leis que respaldam
os planejamentos tributários em implantação mudarem é menor do que a chance de uma
única lei que respalda um único planejamento tributário mudar. Ademais, buscaremos ado-
tar, em paralelo com os planejamentos de longo prazo, planejamentos tributários de médio
e curto prazo, para que possamos consolidar ganhos enquanto os cenários de longo prazo
são incorporados.

VOCÊ SABIA?

Mesmo após ter atendido a todas as condições exigidas pela lei, o contribuinte pode
perder o incentivo fiscal concedido pelo governo. Apenas nas hipóteses em que a
lei exige da empresa uma condição (ex.: gerar empregos, aumentar o faturamento,
mudar para determinada localidade) e fixa um prazo para a fruição do benefício (ex.:
cinco anos, dez anos), haverá segurança. De acordo com o artigo 178, do CTN, atendi-
da a condição pela empresa, o prazo deverá ser respeitado pelo governo.
45 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

NA PRÁTICA

Vejamos o seguinte caso, que aborda de forma prática o conteúdo deste tópico. Um
consultor recomenda que a Empresa X invista 10 milhões em máquinas nos próxi-
mos cinco anos, para aproveitar os incentivos fiscais trazidos pela legislação tributá-
ria a partir do sexto ano. A empresa decide não realizar os investimentos, pois sabe
que, caso a lei seja alterada, ela poderá não usufruir dos referidos incentivos e, como
consequência, não conseguirá recuperar o valor investido.

Exposição patrimonial

A implantação do planejamento tributário pode gerar alguma exposição patrimonial para o con-
tribuinte, o que deve ser corrigido. Não podemos sacrificar a estabilidade operacional da empre-
sa na busca pelo ganho tributário. Essas exposições ocorrem de diversas maneiras. A internacio-
nalização da empresa pode expor a atividade ao risco de uma variação cambial. A mudança de
localidade pode restringir o acesso à mão de obra qualificada. Verificando com antecedência o
risco de exposição, o planejador pode propor mecanismos que visem afastar tal risco.

VOCÊ SABIA?

A falta de profissionais qualificados dificulta o crescimento de algumas regiões do


país. Nessas regiões, estados e municípios deixam de atrair investimentos em razão
da baixa qualificação da mão de obra. Esse problema também afeta as empresas,
que acabam investindo mais na capacitação de seus empregados, e precisam estar
bem planejadas para não comprometerem o seu cronograma de investimento por
falta de trabalhadores qualificados. (SOUZA, 2014; SIANI, 2015).
46 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

NA PRÁTICA

Observemos o seguinte cenário, que aborda de forma prática o conteúdo estudado


neste tópico. A Empresa X decide transferir sua fábrica para outro país, mas percebe
que a transferência gerará dois riscos: variação cambial e falta de mão de obra quali-
ficada. No intuito de evitar exposições patrimoniais, a diretoria da empresa contrata
um hedge (para afastar o risco de variação cambial) e, ao mesmo tempo, inicia um
programa de qualificação profissional na nova localidade (para evitar o risco de falta
de mão de obra qualificada).

Inflexibilidade de estrutura

Depois de implantadas, algumas estruturas de planejamento tributário devem permanecer


por algum período de tempo sem alteração. Em algumas situações, a alteração antes do prazo
traz desvantagem para o contribuinte (ex.: pagamento de tributos mais altos, perda dos rendi-
mentos de uma aplicação financeira). Essa inflexibilidade temporária gera risco, pois obriga o
contribuinte a permanecer no cenário durante determinado período de tempo. É importante
que sejam criados cenários alternativos (ex.: adoção de outros cenários mais flexíveis em pa-
ralelo), para que a atividade da empresa não seja comprometida pela referida inflexibilidade.

VOCÊ SABIA?

Ao investir em previdência privada, o contribuinte pode optar por dois regimes de


pagamento de IR: tabela regressiva ou tabela progressiva. Ao optar pela tributação
do IR pela tabela regressiva, o contribuinte somente poderá usufruir da alíquota mais
vantajosa de IR se permanecer no plano por um período superior a dez anos. (BRA-
SILPREV, 2016).
47 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

NA PRÁTICA

Vejamos o seguinte caso. João decide investir no Banco Y. Ele opta por um investi-
mento com uma alíquota de IR de 10%. Entretanto, caso João precise retirar o dinhei-
ro do fundo antes de completado este período, o IR devido poderá chegar a 35%. Ele
decide investir 80% do seu dinheiro neste fundo e 20% num segundo fundo com uma
alíquota fixa de IR de 15%. Dessa forma, grande parte do seu investimento será tribu-
tada pela alíquota de 10% e, caso tenha uma emergência, poderá acessar os recursos
do segundo fundo (com a alíquota de 15%), evitando a alíquota de 35%.

PARE PARA PENSAR

De acordo com estudo publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU), a classe
mais pobre da população no Brasil financia parte importante dos programas sociais
destinados a essa mesma classe. Isso ocorre em razão das desigualdades criadas pelo
sistema tributário nacional: enquanto os pobres comprometem 46% da sua renda
com impostos indiretos, os ricos destinam apenas 16%. A reforma tributária é algo
essencial não só para o empresário, mas para toda a população.
48 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

INFORMAÇÃO EXTRA

De acordo com o relatório “Doing Business” da Corporação Financeira Internacio-


nal (IFC), órgão do grupo Banco Mundial, o Brasil é um dos piores países do mundo
para se fazer negócios. No estudo, o Brasil aparece como o país que mais consome
o tempo das pequenas e médias empresas em questões fiscais. Foram avaliados 185
países pela IFC. Nem mesmo as pequenas e médias empresas conseguem sobrevi-
ver de forma lícita no Brasil sem realizar um bom planejamento tributário. (NAÇÕES
UNIDAS NO BRASIL, 2013).

Fatores de risco do planejamento econômico

Ausência de substrato econômico

Divergências conceituais

Fundamentação em teses

Conduta ilícita, irregular ou antiética

Necessidade de tempo

Exposição patrimonial

Inflexibilidade de estrutura

Figura 1.8 Fatores de risco do planejamento tributário.


Fonte: Elaborada pelo autor.

RESUMO
Neste primeiro módulo da disciplina você estudou os conceitos essenciais relacionados ao
tema. Na Unidade 1, você analisou os objetivos do planejamento tributário, para compreen-
der a real abrangência desse instrumento. Mais adiante, na Unidade 2, você teve acesso aos
requisitos do planejamento tributário, para entender o que um planejamento seguro deve
49 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

conter. Posteriormente, na Unidade 3, examinou os limites do planejamento tributário, para


estabelecer como evitar possíveis desconsiderações do planejamento pelo fisco. Finalmen-
te, na Unidade 4, foram apresentados os riscos que surgem com o planejamento tributário,
para que você aprendesse a identificá-los e eliminá-los.
MÓDULO 2

FASES DO PLANEJAMENTO
TRIBUTÁRIO
INTRODUÇÃO DO MÓDULO

Diversos planejamentos tributários não chegam a produzir vantagens para o contribuinte,


por causa de dificuldades surgidas no processo de implantação do cenário sugerido pelo
planejador. Embora não exista um roteiro obrigatório para a adoção de planejamentos tri-
butários, a observância de alguns cuidados ao longo desse processo o ajudará a evitar pro-
blemas comuns. Neste segundo módulo estudaremos as diferentes fases do processo de
implantação do planejamento tributário, para que possamos compreender o que deve ser
feito em cada uma destas etapas para que o planejamento seja adotado com sucesso.

Como você poderá observar com o conteúdo deste módulo, muitos problemas vivenciados
pelo contribuinte ao longo do processo de implantação do planejamento tributário surgem
como consequência da falta de experiência da equipe na gestão do projeto. Até mesmo ges-
tores experientes podem ter dificuldade nesse processo, se não tiverem vivenciado plane-
jamentos tributários ao longo de suas carreiras. A compreensão destas fases lhe permitirá
identificar e sanar as dificuldades mais comuns na adoção de planejamentos tributários. Em
outras palavras, o domínio destas etapas lhe permitirá antever e corrigir esses problemas,
antes que eles afetem o contribuinte.
OBJETIVOS
Ao completar este módulo de estudo, você estará apto a:

■■ Compreender os objetivos e desafios das fases de análise e escopo.

■■ Entender os objetivos e desafios das fases de elaboração e projeção.

■■ Perceber os objetivos e desafios das fases de teste e negociação.

■■ Compreender os objetivos e desafios das fases de execução e acompanhamento.

ESTRUTURA DO MÓDULO
Para melhor compreensão das fases de implantação do planejamento tributário, este mó-
dulo está dividido em:

■■ Unidade 1: Análise e escopo

■■ Unidade 2: Elaboração e projeção

■■ Unidade 3: Teste e negociação

■■ Unidade 4: Execução e acompanhamento


53 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

UNIDADE 1
ANÁLISE E ESCOPO

Análise

Neste início do planejamento tributário focamos nossos esforços na análise de dois aspectos:

■■ estudo do setor do contribuinte;

■■ estudo da atividade do contribuinte.

Estudo do setor

Neste estudo compreendemos as boas práticas adotadas pelo setor e as limitações trazidas
pela legislação que regula o mercado de atuação do contribuinte. Ele visa colocar o contri-
buinte em igualdade com os concorrentes, permitindo que usufrua das vantagens já utiliza-
das por outras empresas. Nesta etapa, algumas empresas contratam consultores, especia-
listas em determinados mercados, para terem acesso às boas práticas adotadas pelo setor.
Outras contratam profissionais egressos de concorrentes para se beneficiarem do know-how
adquirido por estes. E há aquelas que participam de associações, grupos de estudo, con-
gressos e seminários relacionados ao setor, também com a pretensão de compreender as
boas práticas tributárias.

Estudo da atividade

No estudo anterior, compreendemos o que já foi adotado pelo mercado. Neste estudo, ana-
lisamos o contribuinte e a respectiva atividade, para criar novas práticas. Apenas com o
domínio da atividade do contribuinte torna-se possível inovar. Para criar, precisamos com-
preender o cliente, a ponto de conseguirmos sugerir mudanças em sua atividade. Propor
alterações em produtos, serviços, processos, ou mesmo na política de benefícios dos em-
pregados de uma empresa não é uma tarefa simples, pois demanda a colaboração de suas
diversas áreas. Entretanto, os ganhos obtidos justificarão o esforço.
54 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

VOCÊ SABIA?

Se todas as normas tributárias em vigor fossem reunidas, teríamos um livro de 112


milhões de páginas. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Planejamento
Tributário (IBPT, 2013), caso fossem impressas em papel A4, as normas equivaleriam
a toda extensão geográfica do país. Ainda de acordo com o IBPT (2013), as empresas
precisam seguir, em média, 3.512 normas tributárias para estar em dia com a legisla-
ção brasileira. Isso faz com que elas sejam obrigadas a gastar cerca de R$ 45 bilhões
por ano com equipes, tecnologias, sistemas e equipamentos, para atender à legisla-
ção tributária.

NA PRÁTICA

Analisemos o seguinte cenário: a Empresa X vende computadores e deseja se tornar


mais competitiva. Ao realizar uma análise de mercado, percebe que um dos seus
concorrentes consegue vender seus produtos por preços mais atrativos, em razão
de uma redução de IPI destinada a computadores com determinadas características
tecnológicas. A Empresa X decide modificar os seus produtos, para poder usufruir
desta redução de IPI.

Escopo

Ao estudarmos os objetivos do planejamento tributário vimos que, além da redução da car-


ga tributária, outros motivos podem levar o contribuinte a realizar um planejamento. É im-
portante que você tenha em mente quais são as prioridades do seu cliente, para que foque
55 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

seus esforços naquilo que é mais relevante para a empresa. Se os passivos tributários da
empresa são elevados, a otimização de riscos poderá ganhar maior importância. Se os em-
préstimos bancários sufocam o caixa do contribuinte, a otimização do caixa poderá ser uma
prioridade. Você deve compreender as necessidades do seu cliente, para que possa definir
um escopo de trabalho que atenda estas necessidades.

VOCÊ SABIA?

Anualmente, quase 10% das empresas inscritas no Simples se endividam junto ao fisco.
Esses contribuintes percebem que os acréscimos moratórios cobrados pelo fisco são in-
feriores aos juros cobrados pelos bancos. Por isso, decidem postergar seus pagamentos
tributários, para garantir a manutenção da atividade. Dentro do cenário de planejamen-
to tributário dessas empresas, a rápida regularização deste passivo tributário torna-se
uma prioridade, sob pena de serem excluídas do Simples. (MARTELLO, 2014).

NA PRÁTICA

Vejamos o seguinte caso: a Empresa X procura um consultor com o objetivo de re-


alizar um planejamento tributário. O consultor implementa um novo planejamento
tributário sem realizar uma análise prévia da empresa. As modificações geradas pelo
novo planejamento fazem com que a Empresa X seja fiscalizada. Na fiscalização, diver-
sos problemas antigos da empresa são identificados pelo fisco e, como consequência,
a empresa é autuada. Se o consultor tivesse estudado a empresa na fase de análise, e
definido com calma o escopo do trabalho, teria verificado que, antes da realização do
planejamento tributário, aqueles problemas tributários precisavam ser corrigidos.
56 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

PARE PARA PENSAR

Em ranking que mede 18 países da América Latina, elaborado pela publicação “La-
tin Business Chronicle’s”, o Brasil foi classificado como o pior sistema tributário da
região para as empresas. No estudo, foram considerados os tributos corporativos, o
percentual dos tributos incidentes sobre os lucros, o número de declarações fiscais e
o tempo gasto para preenchê-las. Ao analisarmos os dados publicados, um número
que chama atenção é a carga tributária de 34%, que é significativamente maior que
a do Chile, de 18,5%. Embora outros países da região (como a Argentina e Honduras)
possuam carga tributária de 35%, suas empresas gastam menos tempo para ficar
em dia com o fisco. Em Honduras, são necessárias 224 horas por ano, na Argentina,
415 horas. No Brasil, são necessárias 2.600 horas. Ou seja, uma empresa brasileira
não pode ter um único empregado responsável pela área tributária, pois ele levaria
325 jornadas de oito horas para cumprir toda a burocracia fiscal. Mesmo que esse
empregado folgasse apenas aos domingos, um ano não seria suficiente para ficar em
dia com o fisco. Os dados utilizados na pesquisa foram obtidos no Banco Mundial,
na KPMG e na Fundação Heritage. (KREPP, 2012).

INFORMAÇÃO EXTRA

Ano após ano, a Receita Federal tem se superado na identificação de contribuin-


tes que sonegaram seus tributos. Esse aumento crescente, fruto da modernização
vivida pelo fisco federal, demonstra que setores que passaram décadas na sombra
da ilegalidade precisam se regularizar. Para esses setores, o planejamento tributário
se apresenta como o único caminho viável. (RODRIGUES, 2011; ‘SONEGÔMETRO’...,
2015; FUTEMA, 2005; TIMÓTEO, 2014).
57 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

UNIDADE 2
ELABORAÇÃO E PROJEÇÃO

Elaboração

Nesta fase você deve criar o planejamento tributário. Muitos profissionais com excelente
conhecimento da legislação tributária têm dificuldade para identificar as oportunidades
existentes no cenário do contribuinte, pois nesta etapa o conhecimento técnico deve contar
com a colaboração da criatividade. A boa notícia é que existem técnicas que ajudam nesse
processo de identificação. Essas técnicas serão estudas nos próximos Módulos 3 e 4 e, como
você poderá observar, facilitam muito o processo de criação do planejamento tributário.

VOCÊ SABIA?

Além das técnicas que serão abordadas nos Módulos 3 e 4, alguns planejadores
adotam técnicas utilizadas por outras áreas (ex.: publicidade, P&D) para explorar seu
potencial criativo. Uma de tais técnicas é o brainstorming. Nessa atividade, um grupo
se reúne e utiliza a diversidade de experiências dos seus componentes para gerar
soluções inovadoras. Ao longo da dinâmica, os participantes deverão sugerir qual-
quer pensamento ou ideia que vier à mente a respeito do objetivo planejado e reunir
o maior número possível de ideias. (BRAINSTORMING, 2016).
58 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

NA PRÁTICA

Analisemos o exemplo em que a Empresa X deseja aumentar sua competitividade


com a oferta de produtos inovadores. Para tanto, a diretoria da empresa agenda a
realização de um brainstorming com diversas áreas da empresa, inclusive da equipe
tributária, para aproveitar a oportunidade de reduzir alguns dos tributos incidentes
sobre os referidos itens. Nessa reunião, diversas ideias são apresentadas. Uma delas
leva à criação de um novo produto que, por apresentar inovação tecnológica, conse-
gue se enquadrar em um benefício da legislação tributária.

Projeção

Inicialmente, você projetará para trás (passado) o cenário proposto, de forma a calcular os
ganhos que o contribuinte teria obtido se tivesse adotado o planejamento. Utilizando os nú-
meros da empresa (ex.: contabilidade do ano anterior), você demonstrará as vantagens que
o contribuinte deixou de auferir.

Posteriormente, você projetará para a frente (futuro) o planejamento tributário proposto.


Para tanto, utilize os dados do planejamento estratégico da empresa. Assim, você poderá
considerar possíveis variáveis previstas para o futuro (ex.: novos clientes, novos produtos,
aumento ou diminuição de algum custo) e evitar que mudanças (internas ou externas) com-
prometam o cenário.

Muitos dos dados utilizados na projeção para a frente são expectativas. Por isso, ao reali-
zar essa projeção, você deve considerar cenários prováveis e cenários possíveis. Em outras
palavras, você deve elaborar um planejamento para o cenário que acredita que irá ocorrer
(provável) e outro planejamento para o cenário que pode acontecer (possível). Dessa forma,
você terá um plano B, caso o cenário que espera não se concretize.
59 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

VOCÊ SABIA?

Existem empresas que criam dezenas de planejamentos tributários paralelos, con-


siderando as possíveis variáveis que a atividade pode gerar. Desse jeito, elas con-
seguem se adaptar com mais facilidade aos fatores internos e externos que podem
afetar o cenário.

NA PRÁTICA

Observemos a seguinte situação. A equipe tributária da Empresa X criou um novo


planejamento tributário. Antes de adotá-lo, a diretoria da empresa resolveu verificar
os possíveis benefícios. Utilizando os números do ano anterior, os diretores calcula-
ram os ganhos que a empresa teria obtido se o planejamento tivesse sido aplicado.
Percebendo as vantagens que deixaram de usufruir, os diretores utilizaram os núme-
ros previstos no planejamento estratégico para calcular os ganhos que o novo mode-
lo pode gerar nos próximos anos da empresa. Certa da eficácia do cenário proposto,
a diretoria decide adotar o planejamento.
60 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

PARE PARA PENSAR

De acordo com informações da Receita Federal, a carga tributária aumentou em mais


de 10 pontos percentuais nos últimos anos. Esse aumento foi gerado principalmen-
te por meio das contribuições sociais, que passaram a ser responsáveis por grande
parte das receitas do Governo Federal. Neste cenário, o planejamento tributário se
tornou ainda mais importante para o contribuinte, que se vê obrigado a encontrar
alternativas lícitas para não ser sufocado pelo aumento crescente da arrecadação.
Considerando estes dados, você acredita que uma empresa consiga sobreviver (de
forma lícita) sem planejamento tributário no Brasil? (LIMA; MÁXIMO, 2014).

INFORMAÇÃO EXTRA

Cientes da necessidade que os contribuintes possuem de projetar os cenários tribu-


tários elaborados, diversas empresas de software têm integrado aos seus sistemas
soluções de gestão tributária que permitem a realização de análises tributárias de
maneira mais simples e integrada (SAP, 2013; 2014).
61 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

UNIDADE 3
TESTE E NEGOCIAÇÃO

Teste

Alguns planejamentos tributários não são finalizados em razão do desgaste que geram nos
setores da empresa. Esses desgastes são consequência das mudanças que o planejamento
demanda. Entretanto, muitos deles podem ser evitados. Para antecipar e resolver possíveis
atritos, nesta fase os setores afetados pelo planejamento são chamados para criticar o cená-
rio proposto. Estes setores analisarão o planejamento objetivando identificar se, de alguma
forma, são prejudicados pelo novo cenário.

Todas as áreas devem ser ouvidas (ex.: recursos humanos, marketing, vendas, logística, fi-
nanceiro, produção), pois todas podem ser afetadas pela mudança. Nesse sentido, cabe
frisar que a equipe de contabilidade quase sempre é afetada, pois o planejamento tributário
gera aumento de trabalho (temporário ou definitivo) para essa área da empresa. Como con-
sequência, é importante que você proponha o redimensionamento dessa equipe, para que
o excesso de trabalho não seja um obstáculo ao planejamento. Ademais, os fornecedores e
clientes do contribuinte também devem ser ouvidos, pois sem que ambos aceitem o plane-
jamento tributário, a atividade da empresa será comprometida.

VOCÊ SABIA?

Algumas empresas, após elaborarem seus planejamentos tributários, consultam for-


malmente o fisco para que possam antecipar e corrigir eventuais características do
planejamento que não sejam aceitas por ele. Essas consultas trazem maior seguran-
ça jurídica aos cenários, pois, de acordo com o artigo 100, parágrafo único, do CTN,
quando o fisco responde favoravelmente uma consulta formulada pelo contribuinte,
fica vinculado à resposta. Embora a fazenda possa retificar uma resposta à consulta,
não poderá cobrar multa, juros, e correção monetária do contribuinte. No exterior,
de maneira similar, existe a possibilidade de o fisco realizar um acordo com o contri-
buinte, chamado advance tax ruling. (ADVANCE..., 2016).
62 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

NA PRÁTICA

Estudemos o caso em que um consultor elaborou um novo planejamento tributário


para a Empresa X. Antes de adotá-lo, a Empresa X decidiu consultar as áreas afeta-
das, para verificar se todos estão satisfeitos com o novo cenário. A área de logística
da empresa informou que o planejamento dobraria o tempo de entrega dos produ-
tos vendidos, o que possivelmente geraria a perda de muitos clientes. Para preservar
sua carteira de clientes, a Empresa X decidiu não adotar o planejamento.

Negociação

Sempre que na fase de testes identificamos áreas afetadas pelo planejamento tributário,
devemos iniciar uma negociação, com o objetivo de conciliar o planejamento e os interesses
da respectiva área. Essa conciliação pode ocorrer de várias maneiras. Inicialmente, o plane-
jador pode tentar modificar o cenário proposto, a fim de evitar os prejuízos identificados
pelos envolvidos. Quando isso não é possível, o planejador pode utilizar os ganhos gerados
pelo novo cenário para compensar as áreas afetadas, promovendo melhorias sugeridas pe-
las equipes dessas áreas.

Assim como o planejamento pode trazer desvantagens para algumas áreas da empresa, ele
também pode trazer vantagens. Nesses casos, a negociação torna-se desnecessária, pois as
áreas estarão satisfeitas com o resultado gerado pelo cenário proposto. Neste sentido, cabe
frisar que as vantagens são mais comuns do que as desvantagens e, quase sempre, são uti-
lizadas como substrato econômico para justificar o novo cenário.
63 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

VOCÊ SABIA?

Algumas empresas contam com departamentos de relacionamento fiscal externo.


Esses departamentos apresentam os planejamentos tributários da empresa para
o fisco, de forma preventiva, visando eliminar possíveis riscos advindos dos novos
cenários. Esses departamentos costumam também ser responsáveis pela negociação
de incentivos fiscais, e pelo esclarecimento de dúvidas relacionadas à aplicação da
legislação tributária.

NA PRÁTICA

Observemos o seguinte cenário. A equipe tributária da Empresa X elaborou um novo


planejamento tributário. Antes de adotá-lo, decidiu consultar as áreas afetadas, para
verificar se todos estão satisfeitos com o novo cenário. A diretoria de Recursos Huma-
nos da empresa informou que o planejamento prejudicaria a bonificação dos empre-
gados, o que geraria grande insatisfação e afetaria o clima organizacional. A equipe
tributária negociou uma nova política de bonificação com a diretoria e corrigiu os pre-
juízos gerados pelo planejamento tributário. Verificando que todas as áreas estavam
de acordo com o novo cenário, a Empresa X decidiu implantar o planejamento.
64 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

PARE PARA PENSAR

De acordo com uma pesquisa realizada pela empresa de recrutamento Michael Page,
a estagnação e o desestímulo no trabalho são responsáveis por mais de 30% dos
pedidos de demissão. Nesse sentido, os desafios e inovações criados pelo planeja-
mento tributário podem colaborar com as políticas de retenção de talentos, ao pro-
porcionarem um ambiente de trabalho dinâmico e estimulante para o profissional. E
você, gostaria de fazer parte de um planejamento tributário que trouxesse inovação
e benefícios para você e para a sua empresa? (SILVA, 2015).

INFORMAÇÃO EXTRA

Muitos são os motivos que podem levar um profissional a resistir às mudanças de-
correntes de um planejamento tributário. Entretanto, de acordo com os especialistas
em Gestão da Mudança, os três motivos mais comuns são: 1) dificuldade de abrir
mão de vantagens alcançadas; 2) falta de compreensão dos motivos que justificam
a mudança, 3) medo. Uma condução eficiente do processo de mudança garantirá a
superação dessa resistência inicial. (LUQUES, 2012).
65 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

UNIDADE 4
EXECUÇÃO E ACOMPANHAMENTO

Execução

Finalmente, o planejamento tributário será implementado. Todas as ações necessárias à


concretização do cenário proposto deverão ser executadas. Dependendo da complexidade
dessas ações, você realizará esta fase sozinho ou em conjunto com outros profissionais.
Especialistas na área societária poderão colaborar na constituição das novas estruturas.
Operadores logísticos poderão facilitar a adoção de novas rotas. Consultores tributários es-
trangeiros poderão viabilizar cenários internacionais. Tudo dependerá das características
do cenário proposto. Caso você não se sinta seguro na adoção de alguma das ações ne-
cessárias à implantação, não hesite em terceirizar. A especialização trará mais segurança e
eficiência ao cenário.

VOCÊ SABIA?

Em diversos países (Estados Unidos, Reino Unido, Portugal, África do Sul, Canadá
e Irlanda), planejamentos tributários com determinadas características devem ser
apresentados ao fisco. Essa revelação informa ao governo e, ao mesmo tempo, traz
segurança para a empresa que revela a operação, pois garante o pagamento do
tributo sem punições, caso o planejamento não seja aceito pelo fisco. Essas normas
(conhecidas como Mandatory Disclosure Rules) também geram cautela na adoção
de novos planejamentos, pois o contribuinte sabe que deverá apresentar o planeja-
mento para o fisco. Embora o Beps Action Plan (plano de ação sobre erosão da base
tributária e transferência de lucros) da OCDE defenda a adoção de regras de revela-
ção obrigatória dos planejamentos tributários, até o momento o fisco não conseguiu
implementar com sucesso nenhuma norma dessa natureza no Brasil. (BRASIL, 2015).
66 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

NA PRÁTICA

Vejamos o seguinte caso. A diretoria da Empresa X decide executar o planejamen-


to tributário após ter testado com êxito o modelo proposto. Para que a execução
seja bem sucedida, contrata um especialista em logística, que será responsável pela
implantação e gestão de novos centros de distribuição sugeridos pela equipe tribu-
tária. Da mesma forma, decide contratar um consultor especializado em recursos
humanos, pois quer implementar diversos benefícios também sugeridos pela equipe
tributária. Neste cenário, embora a equipe tributária tenha sugerido as ações, serão
os consultores externos que transformarão essas sugestões em realidade.

Acompanhamento

Após a execução do planejamento tributário, é importante que o cenário adotado seja acom-
panhado, para que permaneça produzindo os resultados esperados. Duas espécies de fato-
res fazem com que o planejamento deixe de funcionar: internos e externos. Entre os fatores
internos podemos classificar mudanças que ocorrem no contribuinte e que afetam o cenário
(ex.: aumento da folha de pagamento, lançamento de um novo produto etc.). Entre os fato-
res externos podemos classificar mudanças alheias à vontade do contribuinte e que afetam
o cenário (ex.: perda de clientes, mudança legislativa, aumento do custo dos insumos). Esses
fatores devem ser acompanhados constantemente, pois poderão gerar a necessidade de
alteração do planejamento existente (ou demandar a criação de um novo planejamento).
67 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

VOCÊ SABIA?

Grandes empresas possuem pessoas focadas no acompanhamento do planejamen-


to tributário. Isso garante o ajuste constante do cenário, para que o planejamento
sempre produza o resultado esperado. Nas empresas menores, cujo orçamento não
permite a manutenção de uma equipe de acompanhamento, podem ser contratados
consultores externos, os quais se tornam responsáveis pela revisão periódica dos
cenários tributários implementados.

NA PRÁTICA

Analisemos o seguinte exemplo. A Empresa X, após ter executado um planejamento


tributário, designou um empregado para acompanhar o cenário implementado. Dois
anos após a implantação, o empregado designado informou à diretoria da empresa
que, em razão de uma alteração legislativa, o planejamento deixaria de funcionar no
ano seguinte. Baseada nessa informação, a diretoria decidiu iniciar alguns estudos
para que fosse criado um novo planejamento tributário.
68 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

PARE PARA PENSAR

De acordo com a empresa de recrutamento Michael Page, a profissão de gerente


tributário está em alta, não só em razão da perspectiva de aumento da carga tributá-
ria, mas também devido às frequentes alterações legislativas e projetos criados pelo
fisco. Estes profissionais são fundamentais para o planejamento tributário, sobretu-
do nas fases de execução e acompanhamento. Quais são os seus planos de carreira?
Você pensa em se aprofundar na área tributária? (BIGARELLI, 2015).

INFORMAÇÃO EXTRA

Estudo publicado pela Deloitte, empresa de auditoria e consultoria, demonstra que


as empresas brasileiras com faturamento de até 100 milhões de reais gastam, em
média, 3,5% da sua receita com a estrutura e os empregados necessários à apuração
de tributos. Esta estrutura e estes empregados podem ser aproveitados para a reali-
zação do acompanhamento do planejamento tributário. Basta que sejam sensibiliza-
dos da importância deste acompanhamento. (PEQUENAS..., 2013).
69 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

Na figura a seguir, podemos observar um sumário visual esquematizado do conteúdo da


unidade.

Fases do planejamento tributário

Análise Estudo do cenário atual

Limitação Identificaçã dos objetivos

Elaboração Criação de um novo cenário

Projeção Identificação das mudanças necessárias

Teste Exposição dos possíveis riscos

Negociação Verificação da viabilidade das mudanças

Execução Adoção de um novo cenário

Acompanhamento Manutenção do planejamento

Figura 2.1 Fases do planejamento tributário.


Fonte: Elaborada pelo autor.

RESUMO

Neste segundo módulo da disciplina você conheceu as fases do planejamento tributário. Na


Unidade 1, você estudou as fases de análise e escopo, para compreender os estudos e defi-
nições necessários no início da implantação. Mais adiante, na Unidade 2, você teve acesso às
fases de elaboração e projeção, para entender como ocorre a idealização do planejamento
tributário e a sua comprovação numérica. Posteriormente, na Unidade 3, estudou as fases
de teste e negociação, para estabelecer como identificar e solucionar possíveis conflitos que
surgem ao longo da adoção dos cenários sugeridos. Finalmente, na Unidade 4, analisou as
fases de execução e acompanhamento, para aprender a importância de concretizar e man-
ter a vantagem alcançada com o planejamento tributário.
MÓDULO 3

REORGANIZAÇÕES
OPERACIONAIS
INTRODUÇÃO DO MÓDULO

Nas unidades seguintes estudaremos diferentes técnicas relacionadas às reorganizações


operacionais. Nesse gênero de planejamento, nosso foco será obter o ganho desejado por
meio da proposição de modificações na operação. Desse modo, elaboraremos planejamen-
tos tributários que interagem com as atividades do contribuinte e seus respectivos fornece-
dores e clientes. Três variáveis são fundamentais neste processo (BORGES, 2015). São elas:

■■ Como? – como a atividade do contribuinte e de seus parceiros de negócio é realizada?

■■ O quê? – o que é feito pelo contribuinte e pelos seus parceiros de negócio?

■■ Onde? – onde a atividade do contribuinte e de seus parceiros de negócio é realizada?

Nas técnicas estudadas neste módulo exploraremos essas três variáveis, cujo objetivo é
gerar ganhos para o contribuinte. Embora a atividade planejada possa limitar o uso delas
todas (ex.: a empresa não pode mudar o local da atividade), desde que seja possível utilizar
uma das variáveis, a reorganização operacional também será possível. Antes de estudarmos
as técnicas, devemos compreender porque as referidas variáveis afetam o cenário tributário
da empresa.

Como? – ao alterar a maneira como a atividade é realizada, o planejador consegue propor


formas mais eficientes de chegar ao resultado pretendido pelo contribuinte. Essa eficiência
pode estar relacionada, entre outras possibilidades, à melhor utilização de créditos tributá-
rios e à melhoria de fluxo de caixa.

O quê? – ao propor mudanças em atividades realizadas pelo contribuinte, o planejador cria


a possibilidade de planejar novos cenários. Em algumas empresas as atividades executadas
já foram exaustivamente planejadas. Com a modificação da atividade, novas possibilidades
surgem. Essas modificações poderão ocorrer na atividade principal ou em atividades aces-
sórias, em atividades habituais ou em atividades esporádicas.

Onde? – a escolha do local onde a atividade será executada é fundamental para qualquer
negócio. Fatores como custo da energia, mão de obra qualificada, proximidade do mercado
consumidor, entre outros, são decisivos na escolha deste local. O fator tributário também
deve ser considerado, pois as diferenças geradas pelas vantagens fiscais regionais são sig-
nificativas.
Na figura a seguir, podemos observar um sumário visual esquematizado do conteúdo da
introdução.

Técnicas de reorganização operacional

Como?

O quê? Onde?

Figura 3.1 Técnicas de reorganização operacional.


Fonte: Elaborada pelo autor.

VOCÊ SABIA?

Em razão de incentivos regionais concedidos pelos entes públicos (união, estados,


municípios) para o desenvolvimento de regiões menos favorecidas de seus territó-
rios, um benefício fiscal pode ser aplicável apenas em parte do território do ente. Em
outras palavras, um incentivo (federal, estadual, municipal) pode ser aplicável apenas
aos contribuintes localizados em determinado bairro de uma cidade, ou em determi-
nada região de um estado.
NA PRÁTICA

Estudemos o seguinte caso. Ao verificar que diversos concorrentes da Empresa X


haviam se mudado para a cidade vizinha em busca de vantagens fiscais e logísticas,
um consultor recomendou que a empresa fizesse o mesmo. A diretoria da Empresa
X, prudentemente, resolveu estudar o benefício fiscal pretendido antes de efetivar
a mudança. Ao analisarem o referido incentivo, os diretores da empresa puderam
constatar que as vantagens fiscais almejadas eram aplicáveis apenas às empresas se-
diadas em determinado bairro da cidade. Desejando obter ganhos fiscais e logísticos,
a Empresa X comprou um terreno no bairro incentivado e instalou uma nova fábrica.

PARE PARA PENSAR

Anualmente, o governo federal concede aproximadamente R$ 100 bilhões em incen-


tivos fiscais para o setor produtivo. Compreender e se adaptar a esses incentivos é
fundamental para qualquer empresa que deseje se manter competitiva. Sua empresa
utiliza algum incentivo fiscal? (GOVERNO..., 2015).
INFORMAÇÃO EXTRA

O planejamento tributário é parte importante da estratégia logística das empresas.


Para grandes varejistas, a posição geográfica não será o único fator que determinará
a localização de seus Centros de Distribuição (CDs). Os benefícios fiscais regionais
também serão determinantes na escolha do local. (AMCHAM BRASIL, 2013).
OBJETIVOS
Ao completar este módulo de estudo, você estará apto a:

■■ Compreender os objetivos da reorganização operacional.

■■ Entender as técnicas da reorganização operacional.

■■ Identificar a importância da interação com a atividade do contribuinte

ESTRUTURA DO MÓDULO
Para melhor compreensão das técnicas de reorganização operacional, este módulo está di-
vidido em:

■■ Unidade 1: Escolha o local

■■ Unidade 2: Repense a cadeia

■■ Unidade 3: Gerencie os contratos

■■ Unidade 4: Mude a atividade


76 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

UNIDADE 1
ESCOLHA O LOCAL

Ao iniciar uma atividade, ou expandir uma atividade existente, muitos empresários avaliam
vários fatores antes de determinar onde esse novo empreendimento será estabelecido (ex.:
proximidade do mercado consumidor, existência de mão de obra qualificada, acesso à ma-
téria-prima, custo da energia elétrica). Entretanto, algumas vezes o aspecto tributário é ne-
gligenciado, fazendo com que esses empresários percam boas oportunidades.

Diversos entes políticos (municípios, estados, países) concedem benefícios às empresas,


com o objetivo de incentivá-las a realizar suas atividades em seus territórios e, como conse-
quência, fomentar o desenvolvimento de determinadas regiões. Na abertura de um negócio,
devemos avaliar de que forma esses incentivos poderão colaborar com o novo empreendi-
mento. O lançamento de novos produtos, a reforma de um parque industrial, ou mesmo
a expansão de uma linha de produção já existente também são bons momentos para a
consideração de benefícios regionais, pois muitas vezes essas novas atividades podem ser
facilmente deslocadas para uma área incentivada.

Incentivos condicionados e com prazo certo

Ao decidir fazer um novo investimento baseado em um incentivo fiscal, o empresário preci-


sa de garantias de que após a realização do desembolso terá tempo suficiente para recupe-
rar o valor investido. Entretanto, de acordo com a jurisprudência majoritária brasileira, um
incentivo pode ser retirado a qualquer tempo. Como conciliar este entendimento jurispru-
dencial com a garantia de retorno do valor investido? A solução está na adoção de benefícios
condicionados e a prazo certo. O artigo 178, do CTN, determina que quando o contribuinte
adota uma isenção condicionada e a prazo certo, após cumprir a condição trazida pela lei,
o prazo deve ser respeitado. Em outras palavras, com o uso de isenções condicionadas e a
prazo certo, o contribuinte estará em risco apenas até a finalização da condição. Atendida a
condição, ele terá a certeza de que poderá usufruir do incentivo pelo prazo acordado.
77 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

TOME NOTA

ARTIGO 178, DO CTN

Artigo 178, do CTN. “A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de
determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo,
observado o disposto no inciso III do art. 104.”

Na figura seguinte podemos observar um sumário visual esquematizado do conteúdo da


unidade.

Escolha o local

Local não incentivado Local incentivado

Figura 1.1 Objetivos do planejamento tributário.


Fonte: Elaborada pelo autor.
78 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

VOCÊ SABIA?

Diversos entes públicos criam equipes com o objetivo de atrair e reter empresas em
suas localidades. Essas equipes aproximam os empresários dos incentivos tributários
concedidos pelo ente que representam (união, estados, municípios). No passado, as
equipes eram focadas apenas nas grandes empresas. Empresas menores não tinham
possibilidade de negociar incentivos fiscais para a instalação de seus empreendi-
mentos e, por isso, se limitavam a utilizar os incentivos fiscais gerais trazidos pela lei.
Entretanto, os entes públicos perceberam que essas empresas geram empregos e
trazem boas possibilidades de desenvolvimento local e, por isso, passaram a dirigir
suas ações também para elas. Além dos incentivos tributários, diversas vantagens
são utilizadas para atrair e reter empresas (ex.: financiamentos com juros baixos,
doação ou venda subsidiada de terrenos). Esses outros incentivos muitas vezes são
concedidos por agências de fomento ou bancos que trabalham isoladamente ou em
parceria com os órgãos que concedem incentivos fiscais.

NA PRÁTICA

Observemos o seguinte exemplo: a Empresa X está buscando um município para a


instalação de sua atividade. Ao analisar as opções existentes, verificou que o muni-
cípio A concede bons incentivos fiscais, mas todos são sem condição e sem prazo,
enquanto o município B concede incentivos menores, mas com condição e prazo. A
Empresa X decidiu se instalar no município B, pois sabe que após atender a condição,
o prazo estipulado para o benefício será respeitado.
79 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

PARE PARA PENSAR

Incentivos regionais podem trazer uma imensa vantagem competitiva, inviabilizan-


do a atividade da concorrência. Este é o cenário vivido atualmente pelos fabricantes
de bicicleta no Brasil, que pleiteiam a redução do IPI, pois encontram dificuldade de
competir com os incentivos obtidos na Zona Franca de Manaus pela maior fabricante
do setor. Sua empresa se beneficia de algum incentivo regional? (CRUZ, 2014).

NA PRÁTICA

A Empresa X, sediada no estado A, pretende expandir sua produção. Sua diretoria


planeja deslocar todas as atividades da empresa para uma nova sede, localizada no
estado B, a fim de usufruir dos incentivos fiscais e financeiros existentes na região.
Entretanto, a equipe tributária da Empresa X recomenda aos diretores a negociação
de novos incentivos fiscais e financeiros com o estado A, pois deseja evitar os cus-
tos de deslocamento para uma nova localidade. Ao conversar com a Secretaria de
Desenvolvimento do estado A, a diretoria percebe que é capaz de obter benefícios
fiscais e financeiros similares ali mesmo. Como consequência, os diretores decidem
não deslocar a empresa.
80 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

INFORMAÇÃO EXTRA

De acordo com estudo elaborado pelo Senado, o governo federal gasta por ano de-
zenas de bilhões com as políticas regionais de incentivo, o que demonstra as grandes
vantagens tributárias que são concedidas às empresas que se instalam nas regiões
menos favorecidas do país (CIEAM, 2014). Em alguns setores, o não aproveitamento
desses benefícios pode inviabilizar a atividade do contribuinte, face às vantagens
obtidas pela concorrência.

UNIDADE 2
REPENSE A CADEIA

Analisar apenas o contribuinte que será alvo do planejamento limita suas possibilidades de
êxito. Você deve planejar toda a cadeia. A oportunidade que você procura pode não estar
no seu cliente. Por isso, você deve começar o planejamento no fornecedor do fornecedor,
estendendo suas análises até o cliente do cliente.

Muitas são as cadeias existentes numa atividade (ex.: cadeia produtiva, de serviços, de for-
necimento, de distribuição). A interação com essas cadeias e a proposição de mudanças no
desenho da operação trarão vantagens. Você provavelmente terá dificuldade de acesso às
informações dos participantes da cadeia. Ademais, nem sempre os interesses do seu cliente
serão similares aos interesses dos demais membros da cadeia. Entretanto, isso não significa
que você não possa propor modificações. Quase sempre o compartilhamento dos ganhos
obtidos com o planejamento tributário convence os envolvidos a aderirem ao planejamento
proposto.
81 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

Na figura seguinte podemos observar um sumário visual esquematizado do conteúdo da


unidade.

Repense a cadeia

Figura 3.3 Repense a cadeia.


Fonte: Elaborada pelo autor.

VOCÊ SABIA?

Ao planejar a cadeia produtiva, grandes empresas chegam a deslocar seus fornece-


dores, objetivando reduzir os custos logísticos e, ao mesmo tempo, facilitar a utiliza-
ção de benefícios fiscais regionais (KURTNEY, 2015). A redução dos custos logísticos,
combinada com os referidos incentivos, traz vantagens para a empresa contratante
e, ao mesmo tempo, faz com que os fornecedores se tornem altamente competitivos,
gerando a fidelização do cliente.
82 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

NA PRÁTICA

Analisemos o seguinte cenário. A Empresa X compra uma matéria-prima do Forne-


cedor Y, que está no Simples e por isso não gera créditos de IPI. Com o objetivo de
aumentar seus créditos de IPI, a diretoria da empresa decide comprar os insumos
necessários à fabricação da matéria-prima diretamente dos fornecedores do Forne-
cedor Y. O Fornecedor Y passa a industrializar por encomenda os insumos fornecidos
pela Empresa X. Dessa forma, a empresa garante a manutenção dos créditos de IPI
dos insumos que adquiriu diretamente.

PARE PARA PENSAR

Em alguns setores, o governo requer um percentual mínimo de conteúdo local, ou


seja, o governo exige que parte dos bens e serviços contratados pelo contribuinte
seja de origem nacional. Esses requisitos mínimos trazem desafios adicionais para o
planejador tributário, pois inviabilizam a utilização de diversos fornecedores de bens
e serviços estrangeiros. Entretanto, trabalhando a favor da regra, as empresas bem
planejadas têm colaborado com o desenvolvimento de fornecedores locais. Essa prá-
tica garante à empresa a fruição dos incentivos prometidos pelo governo e, ao mes-
mo tempo, colabora para a redução de custos logísticos e para o desenvolvimento do
país. Sua empresa se utiliza das vantagens trazidas pelas regras de conteúdo local?
(PROMINP, 2016; PAMPLONA, 2015).
83 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

NA PRÁTICA

Estudemos o seguinte caso. A Empresa X deseja construir uma fábrica e, para tanto,
estuda contratar a Empreiteira Y pelo valor de $ 100. A Empreiteira Y não consegue
executar sozinha o objeto do contrato. Ela precisará subcontratar o Fornecedor Z por
$ 50 para realizar as fundações da obra. Em ambos os contratos incidirá ISS, o que
fará com que esse tributo seja calculado sobre uma base tributável de $ 150 ($ 100 da
empreitada + $ 50 das fundações). Para reduzir o ISS incidente sobre essa cadeia de
contratos, a equipe tributária recomenda que a Empresa X contrate o Fornecedor Z
diretamente, o que evitará que a Empreiteira Y seja obrigada a subcontratá-lo. Dessa
forma, a Empresa X poderá pagar $ 50 à Empreiteira Y e $ 50 ao Fornecedor Z, redu-
zindo a base tributável do ISS para $ 100 ($ 50 da empreitada + $ 50 das fundações).

INFORMAÇÃO EXTRA

As empresas, ao realizarem o planejamento tributário de suas cadeias, buscam não


só eficiência tributária, mas também eficiência operacional. Nesse sentido, o modelo
just in time, que antes era adotado apenas pelas montadoras de automóveis, tem
sido generalizado em diversos setores. Em algumas empresas, a adoção do modelo
é acompanhada por incentivos fiscais que possibilitam a postergação do ônus tribu-
tário da cadeia para o momento da venda efetiva para o consumidor final, evitando
parte dos custos tributários que incidiriam ao longo das diferentes fases da cadeia
produtiva. (JUST..., 2016; KURTNEY, 2011; BONIS, 2012).
84 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

UNIDADE 3
GERENCIE CONTRATOS

Como visto na unidade anterior, alterar a ordem da cadeia pode trazer ganhos. Entretanto,
isso nem sempre é viável. Fornecedores e clientes podem não estar dispostos a se relacionar
com outros elos da cadeia para alcançar a vantagem desejada. Nestas hipóteses, devemos
alterar nosso foco, passando a sugerir mudanças na relação jurídica estabelecida com eles.
Essas alterações são aceitas com mais facilidade, pois não exigem mudanças na estrutura
da cadeia. A ordem será mantida, e os fornecedores e clientes continuarão se relacionando
com as mesmas pessoas.

Em razão da complexidade dos sistemas tributários, pequenas mudanças numa relação ju-
rídico-econômica podem influenciar a tributação. Por isso, ao estabelecermos relações con-
tratuais com fornecedores e clientes todas as variáveis devem ser consideradas. Precisamos
explorar as possibilidades existentes nesta relação, no intuito de encontrar a hipótese mais
vantajosa. Provavelmente, o contribuinte realizará negócios com diversas pessoas, tornan-
do complexa a análise das múltiplas relações estabelecidas. Devemos priorizar aquelas que
causem maior impacto na atividade da empresa. Isso normalmente possibilitará a geração
de resultados maiores em menos tempo.

Na figura abaixo, podemos observar um sumário visual esquematizado do conteúdo da


unidade:

Gerencie contratos

Figura 3.4 Gerencie contratos.


Fonte: Elaborada pelo autor.
85 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

VOCÊ SABIA?

No Brasil os tributos indiretos são responsáveis por mais da metade da arrecadação.


Isso significa que grande parte da carga tributária assumida pelo contribuinte se
encontra embutida na compra de bens e serviços. Um planejamento tributário que
não se preocupa com as relações contratuais estabelecidas pelo contribuinte acaba
negligenciando esse ônus indireto. (SIQUEIRA; NOGUEIRA; SOUZA, 2001; LIMA, 2014).

NA PRÁTICA

Vejamos o seguinte exemplo. A Empresa X vendia o produto Z para seus clientes,


pagando valores elevados de ICMS. Sua equipe tributária realizou um estudo, e veri-
ficou que o aluguel do produto Z seria mais interessante, pois reduziria os custos de
ICMS. Ademais, no estudo verificou-se que o aluguel seria bem aceito pelos clientes
da Empresa X, pois esta operação reduziria os custos operacionais de todos os envol-
vidos. Baseada no estudo realizado pela equipe tributária, a diretoria da Empresa X
decidiu adotar o planejamento tributário, passando a alugar o produto Z.
86 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

PARE PARA PENSAR

De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a contratação de consul-


tores estrangeiros, ou de assistência técnica em outro país, pode gerar uma carga tri-
butária superior a 50% do valor do serviço contratado. Esse número deixa claro que
não só os contratos nacionais precisam ser planejados. O planejamento tributário
dos contratos internacionais também se mostra essencial na preservação da compe-
titividade da empresa. Sua empresa considera os aspectos tributários dos contratos
que realiza? (FLORES, 2013).

NA PRÁTICA

Analisemos o seguinte caso: a Empresa X desejava comprar do Fornecedor Y a má-


quina Z. Caso realizasse essa operação, o IPI incidente seria de 20%. Estudando o
mercado, a diretoria da Empresa X observou que a alíquota de IPI incidente sobre
as partes e peças que compõem a referida máquina é de 5%. Ademais, os diretores
perceberam que comprando as partes e peças, em substituição à máquina Z monta-
da, poderiam otimizar a logística, pois o volume ocupado pelas mencionadas partes e
peças é inferior ao volume ocupado pela máquina no transporte. Desta forma, obje-
tivando reduzir os custos logísticos e a carga tributária incidente sobre a operação, a
Empresa X decidiu comprar do Fornecedor Y apenas as partes e peças. Esta mudança
fez com que a Empresa X tivesse uma grande economia tributária, reduzindo o IPI
da compra de 20% para 5%. Embora neste cenário a Empresa X tenha se tornado
responsável pelo custo de montagem das partes e peças adquiridas, este aumento
é compensado pela redução da carga tributária e pela redução dos custos logísticos.
Na montagem realizada pela Empresa X não haverá incidência de IPI, pois a máquina
não sai do estabelecimento onde é realizada a montagem.
87 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

INFORMAÇÃO EXTRA

De acordo com estudo publicado pela rede de contabilidade e consultoria UHY, o


Brasil possui a maior carga tributária/trabalhista do mundo. A pesquisa mostra que o
empregador médio do Brasil gasta 57,6% do valor bruto da remuneração com custos
tributários/trabalhistas obrigatórios. Na média dos países pesquisados, eles corres-
pondem a 22,5% da remuneração bruta. (VERONESI, 2013). Embora tais custos sejam
extremamente elevados, em muitas empresas o planejamento desses encargos é
negligenciado. Gerenciar as relações de trabalho e serviço é estratégico para o suces-
so do planejamento tributário.

UNIDADE 4
MUDE A ATIVIDADE

Nesta técnica alteramos a atividade do contribuinte (total ou parcialmente) para alcançar


o ganho desejado. Esse tipo de proposição parece radical (e de fato é). Entretanto, os ga-
nhos obtidos justificarão a mudança. As diversas atividades existentes no mundo possuem
grandes diferenças de tributação. Ademais, em razão da multiplicidade de tributos, essas
diferenças podem se refletir em diversos tributos. Quando identificamos uma possibilidade
de ganho operacional e tributário gerada pela mudança, encontramos uma excelente opor-
tunidade de redefinir o negócio da empresa.

Este tipo de alteração requer uma participação intensa dos gestores da empresa. Para ser
bem-sucedido, o planejamento tributário precisará estar plenamente alinhado com a ges-
tão. Nestes cenários, as mudanças são tão intensas que comumente utilizamos técnicas de
gestão de mudança para que o modelo proposto seja bem aceito por todos os envolvidos.
88 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

Na figura a seguir podemos observar um sumário visual esquematizado do conteúdo da


unidade.

Mude a atividade

Atividade atual

Atividade nova

Figura 3. 5 Mude a atividade.


Fonte: Elaborada pelo autor.

VOCÊ SABIA?

Encontrar benefícios na legislação tributária é algo complexo. O número de normas


existente faz com que o contribuinte não utilize todos os benefícios que estão ao seu
alcance. Conhecendo as características da empresa, o consultor tributário oferece
os benefícios que a empresa pode adotar. Entretanto, diversos outros, próximos ao
cenário do contribuinte, deixam de ser oferecidos. Como consequência, a empresa
deixa de se adaptar a vários benefícios por desconhecer a existência deles. Uma
empresa que possui 98 empregados contrataria outros dois para poder utilizar um
benefício aplicável a contribuintes com 100 empregados? Provavelmente sim. Cabe
ao planejador apresentar não apenas os benefícios aplicáveis ao contribuinte, mas
também benefícios próximos, que podem ser adotados após as adaptações. Para
que o planejador compreenda os cenários alternativos que o contribuinte pode
adotar é importante que participe da tomada de decisão na rotina da empresa. Em
muitos casos, apenas após a tomada de decisão o tributário tem acesso ao cenário
escolhido, desconhecendo as demais possibilidades acessíveis ao contribuinte. Inte-
grando o tributário com o processo de tomada de decisão, a empresa garante que o
planejador tenha acesso a todos os cenários e faça considerações tributárias relacio-
nadas a possibilidades alternativas.
89 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

NA PRÁTICA

Estudemos a seguinte situação. A Empresa X vende um produto cosmético com a


tributação muito elevada. A diretoria da empresa pede para a área de tributos en-
contrar uma solução que traga ganhos operacionais e tributários. Estudando a legis-
lação, a equipe tributária observa que a colocação de condicionador na fórmula do
produto irá reduzir o IPI. Conversando com as demais áreas da empresa, eles veri-
ficam que a colocação de condicionador também trará valor agregado ao produto,
o que aumentará suas vendas. Baseada no estudo, a diretoria da Empresa X decide
adicionar o condicionador na composição do produto.

PARE PARA PENSAR

A diversidade de regras criadas sem critério pelo fisco faz com que em diversos seto-
res sejam produzidas distorções que geram concorrência desleal. Esse foi o caso da
cachaça artesanal há alguns anos. Muitos produtores reduziram suas garrafas em 30
mL para fugir de um IPI até 55% maior, enquanto os que não se adaptaram à nova le-
gislação acabaram perdendo competitividade. Sua empresa acompanha a legislação
tributária regularmente, a fim de identificar oportunidades advindas das mudanças
legislativas? (FRANCO, 2011).
90 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

NA PRÁTICA

Vejamos o seguinte caso. A Empresa X realiza coleta de lixo extraordinário, suportan-


do 5% de ISS sobre os serviços prestados. A equipe tributária da empresa, estudando
o mercado, identifica uma nova lei que reduz o ISS de 5% para 2% no Município Z, des-
de que a Empresa X destine parte do lixo recolhido para a reciclagem. Com o propósi-
to de reduzir sua carga tributária, melhorar sua imagem e reduzir os riscos ambientais
relacionados ao lixo recolhido, a Empresa X decide reciclar parte desse lixo. Embora
a reciclagem agregue alguns custos operacionais adicionais, estes são inferiores aos
ganhos tributários e aos ganhos obtidos com a venda do material reciclado.

INFORMAÇÃO EXTRA

Além das vantagens operacionais e tributárias que a mudança de um produto ou


serviço pode gerar para o contribuinte, a inovação decorrente do planejamento tribu-
tário também pode viabilizar a obtenção de benefícios financeiros. Diversas linhas de
financiamento do BNDES e de outros bancos de fomento são voltadas exclusivamen-
te para a inovação em setores considerados estratégicos (BNDES, 2016).

RESUMO

Neste terceiro módulo da disciplina Planejamento Tributário, você conheceu as técnicas de


reorganização operacional. Na Unidade 1, estudou a relevância da escolha do local, para
compreender como essa escolha pode influenciar na obtenção de vantagens fiscais. Mais
adiante, na Unidade 2, você analisou a importância de repensar a cadeia, para entender
91 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

como o redesenho de cadeias pode colaborar com o planejamento tributário. Posteriormen-


te, na Unidade 3, examinou o gerenciamento de contratos, para estabelecer como a reali-
zação de mudanças nas relações estabelecidas pode favorecer a empresa. Finalmente, na
Unidade 4, você estudou a mudança de atividade, para aprender a importância da interação
com a atividade do contribuinte na realização do planejamento tributário.
MÓDULO 4

REESTRUTURAÇÕES
SOCIETÁRIAS
INTRODUÇÃO DO MÓDULO

Nas reestruturações societárias, são elaborados planejamentos tributários que interagem


com a estrutura da empresa. Neste gênero de planejamento, o foco do planejador será
obter o ganho desejado mediante a proposição de modificações estruturais. Como você po-
derá observar, muitas das técnicas utilizadas nas reestruturações societárias são evoluções
das técnicas apresentadas no módulo de reorganizações operacionais. Em outras palavras,
naqueles casos em que a modificação da operação não é suficiente, o planejador se vale de
estruturas para viabilizar o planejamento tributário.

Além das variáveis trabalhadas da reorganização operacional (como, o que, onde), outras
três variáveis são fundamentais neste processo. Precisamos ter essas variáveis sempre em
mente, ao trabalhar com reestruturações societárias (TORRES, 2013). São elas:

■■ Regimes de tributação – que regimes de tributação o contribuinte deseja adotar?

■■ Benefícios fiscais – que benefícios fiscais o contribuinte deseja adotar?

■■ Ativos – que ativos o contribuinte deseja utilizar?

Nas unidades seguintes, estudaremos diferentes técnicas relacionadas às reestruturações


societárias, explorando essas três variáveis para trazer os ganhos desejados. Entretanto,
antes devemos compreender por que elas afetam o cenário tributário.

Regimes de tributação – a escolha do regime de tributação (ex.: real, presumido, simples,


cumulativo, não cumulativo) afeta a carga tributária da empresa. Entretanto, nem sempre
o contribuinte consegue adotar o regime desejado, em razão de limitações causadas pela
atividade ou pela estrutura. Esta escolha se torna complexa quando percebemos que na
mesma estrutura existem diversas atividades e que a escolha do regime de determinado
tributo pode afetar a escolha de outros (ex.: ao escolher o lucro real, a empresa muitas vezes
fica obrigada a adotar o regime não cumulativo do PIS/Cofins). Se executar a reestruturação
societária, essas limitações são afastadas.

Benefícios fiscais – a quantidade de benefícios fiscais existente no Brasil e no mundo é im-


pressionante. Entretanto, fatores externos (ex.: burocracia, prazo, corrupção), ou internos (ex.:
existência de demandas contra o fisco, débitos, atividades específicas), podem impedir a ado-
ção do benefício desejado. Com a reestruturação societária, essas limitações são afastadas.

Ativos – a estrutura pode impedir a utilização de um ativo (ex.: créditos fiscais) ou contami-
nar os ativos existentes (ex.: responsabilidade por dívidas entre empresas do mesmo grupo
econômico). A reestruturação societária pode viabilizar o uso eficiente e a proteção dos ati-
vos do grupo.
Na figura seguinte podemos observar um sumário visual esquematizado do conteúdo da
introdução.

Técnicas de reestruturação societária

Benefícios Regimes de
fiscais tributação

Ativos

Figura 4.1 Técnicas de reestruturação societária.


Fonte: Elaborada pelo autor.

Operações societárias

Antes de avançarmos nas técnicas de reestruturação societária, também se faz necessário


compreender as principais operações societárias que serão utilizadas neste módulo:

OPERAÇÕES SOCIETÁRIAS

Fusão – operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade
nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações (art. 228, da Lei n.º 6.404/1976).

Cisão – operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou
mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a companhia.

Incorporação – operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra,
que lhes sucede em todos os direitos e obrigações (art. 227, da Lei n.º 6.404/1976).

Transformação – operação pela qual a sociedade passa, independentemente de dissolu-


ção e liquidação, de um tipo para outro (art. 220, da Lei n.º 6.404/1976).
Na figura a seguir podemos observar um sumário visual esquematizado do conteúdo da
unidade.

Operações societárias
Fusão Cisão

Transformação Incorporação

LTDA

S/A

Figura 4.2 Operações societárias.


Fonte: Elaborada pelo autor.

VOCÊ SABIA?

O Brasil ocupa a 174.ª posição no ranking do Banco Mundial de abertura de empre-


sas. De acordo com os pesquisadores da instituição, em média são necessários 83
dias para registrar uma empresa. Além do fator tempo, para estabelecer este ranking
o estudo considerou o número de procedimentos e o custo para uma pequena ou
média empresa de responsabilidade limitada iniciar e operar formalmente. Atentos
para esses dados, podemos perceber que nas reestruturações societárias os fatores
tempo, custo e burocracia terão que ser considerados na adoção de um planejamen-
to bem-sucedido. (DOING BUSINESS, 2016).
NA PRÁTICA

Estudemos a seguinte situação. No ano passado a Empresa X se reorganizou opera-


cionalmente, obtendo vantagens operacionais e tributárias. Este ano, no intuito de
ampliar seus ganhos, a empresa decide iniciar uma reestruturação societária. Um
consultor recomenda a abertura de 5 novas empresas, todas com a mesma ativida-
de. Entretanto, a diretoria da Empresa X decide não adotar o cenário sugerido pelo
consultor, pois percebe que a nova estrutura, além de não ter substrato econômico,
trará custos operacionais de manutenção que consumirão grande parte da economia
tributária.

PARE PARA PENSAR

De acordo com pesquisa divulgada pelo IBGE, mais de 50% das empresas abertas
no Brasil fecha após quatro anos. Entretanto, quando analisamos as empresas com
empregados, este número cai para menos de 25%. Embora o estudo não aponte os
motivos que levaram ao fechamento, podemos perceber que grande parte das em-
presas que encerraram suas atividades foram abertas exclusivamente para a obten-
ção de vantagens fiscais. Você acredita que essas estruturas societárias (sem empre-
gados) possuem substrato econômico? (FOLHAPRESS, 2015).
INFORMAÇÃO EXTRA

Nos últimos anos o número de empresas registradas no Brasil aumentou. Entre as


novas empresas registradas pelo indicador Serasa Experian de nascimento de em-
presas, mais de 70% foram de Microempreendedores Individuais (MEIs). (SERASA
EXPERIAN, 2015).
OBJETIVOS
Ao completar este módulo de estudo, você estará apto a:

■■ Compreender os objetivos da reestruturação societária.

■■ Entender as técnicas da reestruturação societária.

■■ Identificar a importância da interação com a estrutura do contribuinte.

ESTRUTURA DO MÓDULO
Para melhor compreensão das técnicas de reestruturação societária, este módulo está divi-
dido em:

■■ Unidade 1: Desconsidere a estrutura

■■ Unidade 2: Use estruturas-filtro

■■ Unidade 3: Use estruturas-veículo

■■ Unidade 4: Contamine com ativos


100 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

UNIDADE 1
DESCONSIDERE A ESTRUTURA

Ao realizar o planejamento tributário, muitas vezes o planejador se condiciona à estrutura


societária do contribuinte planejado. Isso limita as possibilidades de planejamento. Planeje
a atividade independentemente da estrutura. A estrutura societária deve colaborar com a
atividade. Em outras palavras, o planejamento não deve servir à estrutura: a estrutura deve
servir ao planejamento tributário.

Ao repensar o organograma societário, nem sempre você chegará à conclusão de que de-
vem ser criadas novas sociedades. Muitas vezes o cenário demandará o enxugamento das
estruturas já existentes em busca de eficiência operacional e tributária. O importante é que,
ao final, a estrutura idealizada seja vantajosa para o contribuinte.

Atividades novas

É mais fácil demonstrar substrato econômico para incorporar uma atividade às estruturas já
existentes, do que encontrar substrato econômico para retirar uma atividade da estrutura
em que foi inserida, caso isso seja necessário. Por isso, num cenário ideal, novas atividades
devem ser isoladas em novas sociedades. Só assim poderemos analisar a atividade, antes de
decidir se ela deve ou não integrar as estruturas já existentes.

Com o objetivo de obter pequenas economias operacionais, as empresas nem sempre criam
novas sociedades para acolher novos negócios. Isso limita o planejamento tributário. Em gran-
des grupos, frequentemente novas atividades são colocadas em novas sociedades, ao invés
de serem inseridas nas estruturas já existentes. Isso permite ao grupo analisar o comporta-
mento da atividade, antes de decidir se ela será (ou não) integrada as estruturas já existentes.

Na figura seguinte podemos observar um sumário visual esquematizado do conteúdo da


unidade.
Molde a estrutura

Figura 4.3 Molde a estrutura.


Fonte: Elaborada pelo autor.
101 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

VOCÊ SABIA?

Os grupos Globo, Vale, Petrobras, Itaú Unibanco e Bradesco, entre outros, possuem
dezenas de sociedades em suas estruturas societárias. Esse número de sociedades,
além de colaborar nas questões operacionais, viabiliza o uso das técnicas de rees-
truturação societária. Da mesma forma, quando analisamos as fusões e aquisições
registradas nesses mesmos grupos, também percebemos que muitas são motivadas
não só por questões operacionais, mas também por quest ões tributárias (GUI-
MARÃES, 2015). Esse panorama demonstra a importância da reestruturação societá-
ria no mundo dos negócios.

NA PRÁTICA

Vejamos o seguinte cenário. A Empresa X vende o produto W há diversos anos. Sua


margem de lucro é extremamente baixa e, por isso, adotou o regime de apuração do
Imposto de Renda pelo Lucro Real. Recentemente, os sócios da empresa decidiram
diversificar seus investimentos. Eles estão interessados em comercializar o produ-
to Z, pois acreditam que o produto Z será extremamente lucrativo. Ao consultar a
equipe tributária, os sócios foram alertados de que a venda do produto Z através da
Empresa X poderia comprometer o planejamento tributário da empresa, pois os dois
produtos (W e Z) têm características muito distintas. Como consequência, os sócios
resolveram abrir uma nova empresa para a comercialização do produto Z.
102 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

PARE PARA PENSAR

Por ano são abertas mais de um milhão e oitocentas mil empresas no Brasil. Este nú-
mero demonstra a importância das estruturas societárias no ambiente de negócios.
Além das vantagens operacionais e financeiras que o registro de uma empresa pode
trazer, esse volume imenso de registros é motivado pela crescente busca por planeja-
mentos tributários baseados em reestruturações societárias. Sua empresa aproveita
as vantagens tributárias que a reestruturação societária oferece? (AUMENTA..., 2015).

NA PRÁTICA

Analisemos o seguinte caso. O Grupo X possui duas sociedades, a Empresa X1 e a


Empresa X2. Ambas são prestadoras de serviço e ambas estão obrigadas a apurar
o Imposto de Renda pelo Lucro Real. Na projeção realizada pelo Grupo X para os
próximos dois anos, observou-se que a Empresa X1 apresentará lucro e a Empresa
X2 apresentará prejuízo. Apesar do prejuízo projetado, o Grupo X não deseja fechar a
Empresa X2, pois acredita que as atividades realizadas por ela são estratégicas e que,
após esses dois anos de prejuízo, a empresa voltará a ter lucro. Diante deste cenário,
a equipe tributária do Grupo X recomendou a fusão das duas empresas. A referida
fusão, além de reduzir os custos operacionais, permitirá que o prejuízo que seria
apurado na Empresa X2 diminua o lucro que seria apurado na Empresa X1 e trará
como consequência a redução do Imposto de Renda que seria pago pelo Grupo X.
103 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

INFORMAÇÃO EXTRA

De acordo com o IBGE, mais da metade das empresas encerra suas atividades nos
primeiros quatro anos. Essa quantidade reflete não só os insucessos operacionais
vividos pelo empresariado brasileiro, mas também os insucessos tributários. Muitos
encerramentos são motivados por ajustes na estrutura societária, visando melhorias
no planejamento tributário do contribuinte. (BÔAS, 2015).

UNIDADE 2
USE ESTRUTURAS-FILTRO

Estruturas podem tornar possível a aplicação de novas regras tributárias a um determinado


cenário. Nesse sentido, as estruturas filtro são sociedades, ou outros tipos de estrutura (ex.:
fundos de investimento), que são colocadas no cenário planejado para modificar uma regra
ou tornar esta regra mais favorável ao contribuinte. Essas sociedades atuam como interme-
diárias que, ao absorverem a atividade, garantem a aplicação da regra desejada.

Cabe ao planejador inserir uma estrutura no cenário, ao perceber que a relação entre dois
contribuintes traz algum tipo de desvantagem, ou ainda, ao perceber que essa relação pode-
ria ser melhorada. Essa estrutura intermediária passa a ser o elo que permitirá que a relação
entre os dois contribuintes aconteça de forma mais vantajosa.

Na figura seguinte podemos observar um sumário visual esquematizado do conteúdo da


unidade.

Use estruturas-filtro

Figura 4.4 Use estruturas-filtro.


Fonte: Elaborada pelo autor.
104 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

VOCÊ SABIA?

Muitas das empresas sediadas em paraísos fiscais são utilizadas como sociedades
filtro. Elas são posicionadas ali com o objetivo de trazer para o cenário planejado as
vantagens concedidas pela legislação local destes territórios. (PARAÍSOS..., 2015).

NA PRÁTICA

Observemos o seguinte cenário. A Empresa X decide alugar um imóvel para expandir


sua atividade. Ao encontrar o imóvel ideal, constata que ele pertence a uma pessoa
física. Essa característica traz uma desvantagem para a Empresa X, visto que imóveis
alugados de pessoas físicas não geram crédito de PIS/Cofins no regime não cumu-
lativo. Instruídos pela equipe tributária, os diretores da Empresa X negociam com o
proprietário do imóvel a abertura de uma nova empresa. Eles explicam para o pro-
prietário que a abertura desta sociedade trará vantagens para os dois lados, pois
reduzirá a tributação do dono do imóvel e, ao mesmo tempo, permitirá que a Empre-
sa X se aproprie dos créditos de PIS/Cofins. Convencido das vantagens apresentadas,
o proprietário decide abrir uma sociedade para administrar seus imóveis.
105 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

PARE PARA PENSAR

Nos últimos anos, foram anunciadas diversas aquisições de empresas irlandesas


por grandes grupos. Essas aquisições, além dos motivos operacionais anunciados,
visam garantir aos adquirentes a utilização de vantagens fiscais naquela localidade.
Você certamente conhece alguma empresa que passou por um processo de fusão ou
aquisição. Você já questionou quais foram os ganhos fiscais gerados neste processo?
(PFIZER..., 2015; MENDES, 2015).

NA PRÁTICA

Estudemos o seguinte caso. A Empresa X deseja instalar uma fábrica no Brasil para
montar o produto Z. Na fabricação do referido produto precisará utilizar diversas
peças importadas da China. Entretanto, ao verificar o imposto de importação (II) inci-
dente sobre as mencionadas peças, percebe que sua atividade será inviabilizada pelo
elevado custo tributário. Para solucionar o problema, a equipe tributária da Empresa
X recomenda a instalação da fábrica no Uruguai. Dessa forma, o II incidente sobre
a operação será reduzido, pois a importação das peças será realizada pela fábrica
Uruguai. Neste novo cenário, a empresa industrializará o produto no Uruguai, im-
portando para o Brasil o Produto Z acabado. Por ter sido fabricado no Uruguai (país
parceiro do Brasil no Mercosul), o II incidente sobre a importação do Produto Z para
o Brasil será menor, viabilizando a operação. A empresa uruguaia funcionará como
uma estrutura filtro, permitindo que na importação sejam utilizados os benefícios de
redução de II incidentes nas relações Brasil–Uruguai. O aumento dos custos logísti-
cos será justificado pela redução dos custos de fabricação e pela redução dos custos
tributários incidentes sobre a operação.
106 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

INFORMAÇÃO EXTRA

Para burlar leis antidumping, algumas empresas têm realizado operações de triangu-
lação. Nessas operações, também conhecidas como circunvenção, a empresa impor-
ta determinado produto por intermédio de um país que não esteja sujeito às referi-
das regras e, depois, reexporta o mesmo produto para o Brasil. Dessa forma, tenta
evitar a aplicação de sobretaxas pelo governo federal. Esse tipo de operação gera
risco para a empresa e pode levar à aplicação de multas. Como já visto, para que um
planejamento seja bem sucedido é necessário que haja substrato econômico. A utili-
zação desse terceiro país sem qualquer motivação operacional, com o único objetivo
de burlar as mencionadas sobretaxas, é nociva para a empresa. (TRIANGULAÇÃO...,
2010; MARTELLO, 2011; VERÍSSIMO, 2012).

UNIDADE 3
USE ESTRUTURAS-VEÍCULO

Algumas regras tributárias limitam a realização de operações vantajosas para o contribuinte.


Nesses casos, o planejador deve verificar a necessidade de adoção de uma estrutura veículo,
com o objetivo de superar as limitações impostas pela legislação. Esse veículo permitirá ao
planejador acessar as vantagens desejadas por meio de um caminho alternativo.

Em outras palavras, sempre que o planejador se encontra diante de um objeto de planeja-


mento tributário limitado por uma regra (ou por uma característica), deve ampliar o foco de
suas análises e buscar uma estrutura que sirva de veículo para a operação. Em última aná-
lise, esse veículo garantirá ao planejador a introdução de um objeto planejável no cenário.
107 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

Na figura seguinte podemos observar um sumário visual esquematizado do conteúdo da


unidade.

Use estruturas-veículo

Estrutura-veículo

Objeto do planejamento

Figura 4.5 Use estruturas-veículo.


Fonte: Elaborada pelo autor.

VOCÊ SABIA?

Toda empresa deve verificar a existência e a qualidade do ativo desejado, antes de


realizar um planejamento tributário. Milhares de empresas todos os anos realizam
operações fraudulentas no intuito de utilizar créditos fiscais inexistentes ou duvido-
sos. Esse tipo de operação, além de gerar riscos tributários para a empresa, também
trará riscos criminais para as pessoas envolvidas. (RECEITA..., 2005).
108 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

NA PRÁTICA

Observemos a seguinte situação. A Empresa X deseja comprar créditos de IPI da


Empresa Y. Entretanto, a legislação federal não autoriza a venda destes créditos. Com
o objetivo de ampliar suas atividades e, ao mesmo tempo, usufruir dos referidos cré-
ditos, a diretoria da Empresa X decide comprar a Empresa Y. Para que a compra seja
realizada com segurança, a equipe tributária da compradora revisou toda a docu-
mentação da empresa que será comprada, não tendo identificado nenhum passivo.
Nessa operação, a Empresa Y funcionará como uma sociedade veículo que, ao ser
incorporada pela Empresa X, transfere os créditos de IPI para ela.

PARE PARA PENSAR

Mediante a utilização de estruturas veículo, podem ser transferidos diversos tipos de


ativo. Entretanto, nessas operações, a empresa compradora pode ser contaminada
por passivos ocultos da empresa que cederá os ativos. Por isso, é fundamental que
seja feita uma investigação profunda do grupo que pretende transferir seus ativos,
antes que a estrutura veículo seja utilizada. Mesmo após essa investigação, alguns
passivos podem permanecer ocultos. Você acredita que o contribuinte deve se utili-
zar de estruturas veículo, mesmo correndo o risco de que passivos ocultos contami-
nem a atividade?
109 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

NA PRÁTICA

Estudemos o seguinte caso. A Empresa X possui dezenas de terrenos e deseja vendê-


-los. A Construtora Y deseja comprar os referidos terrenos para construir novos em-
preendimentos imobiliários. Caso a Empresa X venda seus terrenos para a Constru-
tora Y haverá incidência de ITBI. No intuito de evitar a incidência desse imposto e, ao
mesmo tempo, reduzir custos de registro, Fulano, sócio da Empresa X, decide vender
a integralidade das quotas dessa empresa para a Construtora Y. Como consequência,
a Construtora Y assume a propriedade da Empresa X e, indiretamente, se torna dona
dos imóveis. A Empresa X, agora controlada pela Construtora Y, passa a executar os
novos empreendimentos imobiliários, evitando a venda dos terrenos. Neste cenário,
a Empresa X foi utilizada como veículo na transferência dos terrenos de Fulano para
a Construtora Y.

INFORMAÇÃO EXTRA

Nos últimos anos diversos grupos que se utilizaram de empresas veículo (sem subs-
trato econômico) para a amortização de ágio foram autuados pela Receita Federal.
Esses casos reforçam a necessidade de um motivo econômico adicional para a reali-
zação da operação que gerará a economia tributária. (CARF..., 2014; IGNÁCIO, 2014).
110 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

UNIDADE 4
CONTAMINE COM ATIVOS

Assim como um passivo pode contaminar uma sociedade, um ativo também pode (ex.: uma
empresa com um benefício fiscal pode estender esse benefício para outra empresa ao incor-
porá-la). Por isso, ao realizar uma reestruturação societária, é importante que sejam identifi-
cados os ativos existentes. Dessa forma, as operações societárias poderão não só preservar
o ativo, mas também colaborar para a ampliação dele.

A identificação e compreensão do ativo permite ao planejador verificar de que forma o seu


funcionamento poderá beneficiar outras sociedades do grupo. Muitas vezes, por meio de
operações societárias torna-se possível a utilização otimizada de vantagens fiscais.

Na figura abaixo, podemos observar um sumário visual esquematizado do conteúdo da uni-


dade:

Contamine com ativos

Fonte: Próprio autor.

VOCÊ SABIA?

De acordo com estudo publicado pela BGI Incentives, o Brasil ainda precisa aperfei-
çoar diversos aspectos da sua política de incentivos fiscais à inovação. Quando com-
parados com os benefícios concedidos por outros países (Canadá, Estados Unidos,
Irlanda, Inglaterra, França), percebemos que diversas limitações trazidas pela legisla-
ção tributária brasileira precisam ser consideradas, antes que uma empresa decida
realizar seus investimentos no Brasil. (INVENTTA, 2015).
111 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

NA PRÁTICA

Estudemos o seguinte cenário. A Empresa X irá investir em outro país. Ao planejar os


aspectos tributários do novo empreendimento, a diretoria da empresa percebe que
poderá adotar na nova localidade um benefício fiscal que trará vantagens para a sua
operação. Entretanto, em razão da burocracia local, ela demorará aproximadamente
2 anos para obter o referido benefício. A equipe tributária da Empresa X recomenda
que ela compre a Empresa Y, uma pequena empresa local que já possui o benefício
desejado. Assim, ela poderá expandir suas atividades a partir dessa empresa, o que
trará vantagens operacionais e tributárias. Se comprar a Empresa Y, a Empresa X po-
derá iniciar sua atividade no novo país já com o incentivo desejado, evitando os anos
de espera. A diretoria da Empresa X, segundo a recomendação da equipe tributária,
avaliou e adquiriu a empresa local, obtendo as vantagens desejadas. Na avaliação
realizada não foram identificados passivos capazes de comprometer a operação.

PARE PARA PENSAR

Os custos incorridos na compra de uma empresa incentivada podem ser compensa-


dos pela aplicação dos referidos incentivos na atividade da compradora. Dependen-
do da situação, esses custos podem ser anulados ou até superados pelas vantagens
geradas pela aplicação dos incentivos fiscais da empresa comprada na atividade da
compradora. Você já pensou em comprar, vender ou fazer parcerias com empresas
que possuem incentivos fiscais?
112 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

NA PRÁTICA

Analisemos o seguinte caso. O Grupo X possui duas empresas, a Empresa Y e a Em-


presa Z. A Empresa Y possui um incentivo fiscal que reduz a base de cálculo do ICMS
em 50%. A Empresa Z, embora realize a mesma atividade, não conseguiu aderir ao
referido benefício. Estudando o cenário, a equipe tributária do Grupo X recomendou
a incorporação da Empresa Z pela Empresa Y para reduzir os custos operacionais e,
ao mesmo tempo, concentrar a atividade na empresa que possui o incentivo fiscal.
Dessa forma, toda a atividade passa a ser beneficiada pelo incentivo. Deve-se frisar
que a norma que concedeu o mencionado benefício não proibiu a realização de in-
corporações pela empresa incentivada.

INFORMAÇÃO EXTRA

Alguns incentivos são vinculados ao CNPJ da empresa. Nesses casos, é fundamental


que o CNPJ da empresa incentivada seja mantido. Caso contrário, a operação societá-
ria gerará a perda do incentivo pretendido.
113 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

RESUMO

Neste quarto módulo da disciplina Planejamento Tributário você conheceu as técnicas de re-
estruturação societária. Na Unidade 1, estudou a importância da desconsideração da estru-
tura societária, para compreender como mudanças nessa estrutura podem colaborar com
o cenário tributário da empresa. Mais adiante, na Unidade 2, conheceu as empresas filtro,
para entender como o uso de sociedades pode modificar as regras que serão aplicadas no
cenário planejado. Posteriormente, na Unidade 3, estudou as empresas veículo, para iden-
tificar como sociedades podem colaborar em cenários que envolvem a transferência de ati-
vos. Finalmente, na Unidade 4, analisou a técnica de contaminação por ativos, para aprender
a importância da estrutura societária na otimização dos ativos tributários do contribuinte.
114 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

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