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TRADUÇÃO DA SEGUNDA EDIÇÃO

Sensoriamento Remoto
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Information. Sciênoe Uma Perspectiva em Recursos Terrestres
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a rente
John R. Jensen
Prentice-Hall Series
in Geographic
Information Science

KEITH C. CLARKE,
Series Advisor

Avery/Berlin, Fundamentais ofRemote Sensing and Air Photo Interpretation, Sixth Edition

Clarke, Getting Started witk Geographic Information Systems, Fourth Edition

Clarke/Parks/Crane, Geographic Information Systems and Environmental Modeling

Green/Pick, Exploring the Urban Community: A GIS Approach

Heywood/Cornelius/Carver, Introduction to Geographical Information Systems, 1 hird Edition

Jensen, Introductory Digital Image Processing: A Remote Sensing Perspective, Third Edition

Jensen, Remote Sensing ofthe Environment: An Earth Resource Perspective, Second Edition

Lo/Yeung, Concepts and Techniques o f Geographic Information Systems, Second Edition

Slocum/McMaster/Kessler/Howard, Thematic Cartography and Geographic Visualization,


Second Edition

Upper Saddler River, NJ 07458


Sensoriamento Remoto do Ambiente:
Uma Perspectiva em Recursos Terrestres
Tradução da Segunda Edição

John R. Jensen
University of South Carolina

TRADUÇÃO:

JOSÉ CARLOS NEVES EPIPHANIO (Coordenador) - INPE


ANTONIO ROBERTO FORMAGGIO - INPE
ATHOS RIBEIRO DOS SANTOS - INPE
BERNARDO FRIEDRICH THEODOR RUDORFF - INPE
CLÁUDIA MARIA DE ALMEIDA - INPE
LÊNIO SOARES GALVÃO - INPE

(V arêntese
São José dos Campos, SP, Brasil
2009
www.parentese.com.br
Authorized translation from the English language edition, entitled REMOTE SENSING O FTH E ENVIRONMEN T: AN EARTH RESOURCE PERSPECTIVE,
2nd Edition by JO HN JENSEN, publishcd by Pearson Education, Inc., publishing as Prentice Hall, Copyright © 2007. All rights reserved. No part of this book may
bc reproduced or transmitted in any form or by any means, electronic or mechanical, including photocopying, recording or by any information storage retrieval system,
without permission from Pearson Education, Inc. PORTUGUESE language edition published by PARENTESE EDI I ORA, Copyright © 2009.
Créditos da edição norte-americana
Editor de Aquisições: JefF Howard Editor Chefe, Área de Ciência: Daniel Kaveney Editora Executiva: Kathleen Schiaparelli
Editor de Produção: Edward Thomas Comprador de Manufatura: Alan Fischer Dir. de Marketing - Ciência: Patrick Lynch
Assistente de Marketing: Renee Hanenberg Editor de Cópias: Barbara Booth Assistente Editorial: Margaret Ziegler
Assistente de Produção: Nancy Bauer Diretor de Arte: Jayne Conte

Créditos da Capa: (superior esquerdo) Dispersão da luz branca usando um prisma (cortesia de David Parker, Photo Researchers, Inc.); (superior direito) Concepção artís­
tica do satélite Terra (cortesia da NASA); (centro esquerdo) Imagem de Denver, CO, em alta resolução espacial e em cores naturais, gravada pelo satélite QuickBird em 13
de Julho de 2003 (cortesia da DigitalGlobe, Inc.); (inferior esquerdo) Composição colorida do Landsat Thematic Mapper 30 x 30 m do Monte Kilimanjaro, na Tanzânia
(cortesia da NASA e Earth Satellite, Inc.); (inferior direito) Modelo digital de elevação do Monte Kilimanjaro (30 x 30 m) visto de uma visada oblíqua na direção W-NW,
derivado de dados interferométricos SAR da Space Shuttle Topography Mission (SRTM) (cortesia do USGS EROS Data Center e NASA Jet Propulsion Lab).

Sensoriamento Remoto do Ambiente: Uma Perspectiva em Recursos Terrestres (Tradução da Segunda Edição)
Copyright © 2009 da Editora Parêntese, mediante acordo firmado com a editora original.
Créditos da edição traduzida
Editor Chefe: Anderson da Silva Vieira (anderson@parentese.com.br)
Editoração: Caroline Melo Duran e Jackson Costa Oliveira - Feira Livre Design (www.feiralivredesign.com)
Processo Gráfico: In Revisão e Produção Editorial Impresso nas oficinas da Gráfica Prol - São Paulo
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

J53s

Jensen, John R., 1949-


Sensoriamento remoto do ambiente : uma perspectiva em recursos terrestres / John R. Jensen ; tradução José Carlos
Neves Epiphanio (coordenador)... [et al.]. - São José dos Campos, SP : Parêntese, 2009.
il.

Tradução de: Remote sensing of the environment : an earth resource perspective, 2nd ed.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-60507-06-1

1. Geociências - Sensoriamento remoto. I. Epiphanio, José Carlos Neves. II. Título.

09-1162. CDD: 550.28


CDU: 55:528.8

16.03.09 18.03.09 011517

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edit ra Tel/Fax: (12) 3027 3047
it

Conteúdo

Capítulo 1 — Sensoriamento Remoto do Ambiente.................................................................................................. 1

Capítulo 2 — Princípios de Radiação Eletromagnética......................................................................................... 39

Capítulo 3 — História da Fotografia Aérea e das Plataformas Aéreas................................................................ 63

Capítulo 4 — Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme.................................................................... 93

Capítulo 5 — Elementos de Interpretação Visual de im agens............................................................................129

Capítulo 6 — Fotogrametria...................................................................................................................................... 151

Capítulo 7 — Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto................................................................... 195

Capítulo 8 — Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal....................................................................... 251

Capítulo 9 — Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas....................................................... 293

Capítulo 10 — Sensoriamento Remoto por LIDAR..............................................................................................337

Capítulo 11 — Sensoriamento Remoto da Vegetação............................................................................................357

Capítulo 12 — Sensoriamento Remoto da Agua.................................................................................................... 411

Capítulo 13 — Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana.............................................................................445

Capítulo 14 — Sensoriamento Remoto de Solos, Minerais e Geomorfologia.................................................. 511

Capítulo 15 — Medidas de Reflectância In Situ ..................................................................................................... 573

Apêndice — Fontes de Informação em Sensoriamento Remoto........................................................................ 583

índice..............................................................................................................................................................................587
Sumário

Capítulo 1 — Sensoriamento Remoto do Ambiente.................................................................................................. 1


Coleta de Dados In Situ ................................................................................................................................................ 1
Coleta de Dados por Sensoriamento Remoto............................................................................................................ 2
Definições Máximas/Mínimas.............................................................................................................................4
Vantagens e Limitações do Sensoriamento Remoto ........................................................................................8
O Processo do Sensoriamento Remoto................................................................................................................... 9
Enunciado do Problema.....................................................................................................................................10
Identificação dos Requisitos de Dados In situ e de Sensoriamento Remoto ............................................II
Coleta de Dados de Sensoriamento Remoto .................................................................................................. 13
Análise de Dados de Sensoriamento Remoto ................................................................................................. 26
Apresentação da Informação ........................................................................................................................... 30
Economia da Observação da Terra........................................................................................................................... 31
Perspectiva da Análise de Recursos Terrestres........................................................................................................ 32
Organização do Livro.................................................................................................................................................34

Capítulo 2 — Princípios de Radiação Eletromagnética......................................................................................... 39


Condução, Convecção e Radiação........................................................................................................................... 39
Modelos de Radiação Eletromagnética......................................................................................... y....................... 40
Modelo Ondulatório da Energia Eletromagnética .......................................................................................40
O Modelo de Partícula: Radiação das Estruturas Atômicas ...................................................................... 44
Interações Energia-Matéria na Atmosfera................................................................................................................48
Refração......u.:..................... 49
Espalhamento ...................................................................................................................................................... 50
Absorção .............................................................................................................................................................. 52
Reflectância ..........................................................................................................................................................53
Interações Energia-Matéria no Terreno.................................................................................................................... 53
Reflectância, Absortãncia e Transmitância.................................................................................................... 55
Densidade de Fluxo Radiante .......................................................................................................................... 57
Interações Energia-Matéria na Atmosfera................................................................................................................58
Interações Energia-Matéria no Sensor..................................................................................................................... 58

Capítulo 3 — História da Fotografia Aérea e das Plataform as Aéreas............................................................... 63


Luz e C or.....................................................................................................................................................................63
A Câmera Escura ................................................................................................................................................64
Invenção das Emulsões Sensíveis à Luz e Métodos para Fixar a Imagem .............................................64
Fotografias a Partir de Plataformas A éreas..............................................................................................................68
Ornitópteros .........................................................................................................................................................68
Voos com Balões Mais Leves do que o Ar ..................................................................................................... 68
Voos mais Leves do que o Ar Utilizando Pipas ............................................................................................ 71
Voos mais Pesados do que o Ar Utilizando Foguetes .................................................................................72
Voos mais Pesados do que o Ar Utilizando Pombos, Planadores e Aviões ............................................72
Reconhecimento Fotográfico nas Ia e 2a Guerras M undiais................................................................................. 74
Fotografia Aérea na 1“Guerra Mundial......................................................................................................... 76
Fotografia Aérea na 2“Guerra Mundial......................................................................................................... 76
Reconhecimento Fotográfico na Guerra F ria.......................................................................................................... 77
Balões de Reconhecimento Genetrix.............................................................................................................. 79
Programa de Reconhecimento com a Aeronave U-2 .................................................................................. 79
O SR-71 ................................................................................................................................................................ 82
VIII Sensoriamento Remoto do Ambiente

Tecnologia de Camuflagem de Aeronave ....................................................................................................... 82


Sensoriamento Remoto por Satélites........................................................................................................................ 82
Corona...................................................................................................................................................................83
Programas Atuais de Satélite Ligados à Defesa ......................................................................................... 85
Veículos Aéreos Não-Tripulados...............................................................................................................................87
Veículos Aéreos Não-Tripulados: Tática e Autonomia ................................................................................ 87
Carga Útil dos Veículos Aéreos Não-Tripulados .......................................................................................... 88
Considerações Sobre os Veículos Aéreos Não-Tripulados.......................................................................... 88
Plataformas Comerciais de Sensoriamento Remoto...............................................................................................89

Capítulo 4 — Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme................. . ..93


Visada Vertical e Oblíqua....................................................................................... ..93
Fotografia Aérea Vertical............................................................................... . 93
Fotografia Aérea Obliqua .............................................................................. . 94
Câmeras Aéreas....................................................................................................... ..95
Comparação entre os Elementos da Câmera Aérea e do Olho Humano . 97
Tipos de Câmeras Aéreas ............................................................................... . 99
Filtragem em Fotografia Aérea.............................................................................. 106
Tipos, Tamanhos e Cores de Filtros ............................................................. 109
Filmes para Fotografia Aérea................................................................................. 111
Características Gerais das Emulsões Fotográficas ................................. 112
Emulsões Fotográficas Preto-e-branco ..................................................... 113
Emulsões de Fotografias Coloridas ............................................................. 124
Planejamento de Missões de Fotografias Aéreas.................................................. 127
Hora do Dia - Angulo Solar ........................................................................... 127
Tempo ................................................................................................................ 127
Plano de Voo.................................................................................................... 127

Capítulo 5 — Elementos de Interpretação Visual de Im agens...........................................................................129


Introdução.................................................................................................................................................................. 129
A Perspectiva Aérea/Regional........................................................................................................................ 130
Percepção de Profundidade Tridimensional................................................................................................130
Obtendo Conhecimento Além do Sistema Visual Humano...................................................................... 131
Documentação de Registro Histórico de Imagens e a Detecção de Mudanças................................... 132
Elementos de Interpretação de Imagem................................................................................................................. 132
Localização x,y..........................................................................................................................................................133
Métodos de Pesquisa................................................................................................................................................ 146
Usando a Informação Colateral.................................................................................................................... 146
Convergência de Evidências ...........................................................................................................................147
O Conceito Multi............................................................................................................................................... 147

Capítulo 6 — Fotogram etria...................................................................................................................................... 151


Linhas de Voo da Fotografia Aérea Vertical...........................................................................................................152
Marcas Fiduciais e Pontos Principais..................................................................................................................... 154
Geometria da Fotografia Aérea Vertical................................................................................................................. 155
Medição de Escala e Altura em Fotografias Aéreas Verticais Simples..............................................................157
Escala de Fotografia Aérea Vertical Adquirida sobre Terreno Plano .................................................. 157
Escala de Fotografia Aérea Vertical Adquirida sobre Terreno Acidentado ........................................... 160
Medição de Altura em Fotografias Aéreas Simples ................................................................................... 161
Medição Estereoscópica da Altura de Objetos ou Elevação do Terreno............................................................164
Fundamentos da Estereoscopia Humana ..................................................................................................... 164
Estereoscopia Aplicada à Fotografia Aérea ................................................................................................164
Como Funciona a Fotografia Aérea Estereoscópica? ............................................................................... 167
Modelos Digitais de Elevação, Ortofotos e Atributos Planimétricos Usando Fotogrametria Digital.............175
Sensoriamento Remoto do Ambiente IX

Aquisição de Pontos de Controle Horizontais e Verticais no Terreno.................................................. 176


Aquisição de Fotografia Aérea Estereoscópica ou Outros Dados de Sensores Remotos .................. 176
Tecnologia de Digitalização de Imagens ................................................................................................... 177
Fotogrametria Digital.................................................................................................................................... 179
Extração de Cotas Altimétricas de Referência, Curvas de Nível e MDEs Usando
Fotogrametria Digita!......................................................................................................................................181
Criação de Ortoimagens Digitais .......................................................................................................................................k ... 185
Extração de Atributos Temáticos de Interesse Usando Fotogrametria Digital ...................................190
Medição de Á rea...................................................................................................................................................... 190
Medição de Area de Formas Geométricas Bem Conhecidas.................................................................. 191
Medição de Area de Polígonos com Formato Irregular .......................................................................... 191

Capítulo 7 — Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto.................................................................. 195


Aquisição de Dados Multiespectrais Digitais........................................................................................................195
Terminologia de Imagens Digitais ................................................................................................................ 196
Sistemas de Sensoriamento Remoto para Discussão ................................................................................. 196
Imageamento Multiespectral usando Detectores Discretos e Espelhos de Varredura...................................... 199
Satélites Tecnológicos de Recursos Terrestres e Sistemas Sensores Landsat ...................................... 199
Sensores de Varredura Multiespectral da National Atmospheric and Oceanic Administration ......212
ORBIMAGE, Inc., e NASA Sea-viewing Wide Field-of-view Sensor (SeaWiFS)................................ 219
Varredores Multiespectrais de Aeronave ..................................................................................................... 220
Imageamento Multiespectral Usando Arranjos Lineares ....................................................................................224
Os Sistemas Sensores SPOT........................................................................................................................... 224
Sistemas de Sensoriamento Remoto da índia .............................................................................................. 230
Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER)................................ 232
Multiangle Imaging Spectroradiometer (MISR) ......................................................................................... 234
Sistemas de Sensoriamento Remoto com Arranjo Linear e Alta Resolução Espacial....................... 235
Espectrometria Usando Arranjos Lineares e de Área (Sensoriamento Remoto Hiperespectral).................... 239
Airborne Visible/lnfrared Imaging Spectrometer (A VIRIS).................................................................... 242
Compact Airborne Spectrographic Imager 1500 (C A SI1500)...............................................................243
Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer (MODIS)....................................................................243
Câmeras Digitais de Quadro Baseadas em Arranjos de Área (Matrizes Bidimensionais)...............................244
Aquisição de Dados Digitais de Pequeno Formato: Leica Geossystems Emeige Digital Sensor System.... 245
Aquisição de Dados Digitais de Grande Formato: Z/I Digital Modular Camera ............................. 246
Aquisição de Dados Digitais de Grande Formato: Vexcel Ultracam baseada em Arranjos de Area ..... 246

Capítulo 8 — Sensoriamento Remoto no Infravermelho Term al...................................................................... 251


História do Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal ......................................................................... 252
Propriedades da Radiação Infravermelha Termal.................................................................................................254
Calor Cinético, Temperatura, Energia Radiante e Fluxo Radiante....................................................... 254
Métodos de Transferência de Calor.............................................................................................................. 255
Janelas Atmosféricas no Infravermelho Termal....................................................................................................255
Leis da Radiação Termal......................................................................................................................................... 256
Lei de Stefan-Boltzmann ................................................................................................................................. 256
Lei do Deslocamento de Wien........................................................................................................................ 257
Emissividade ..................................................................................................................................................... 257
Lei da Radiação de Kirchoff .......................................................................................................................... 259
Propriedades Térmicas do Terreno......................................................................................................................... 262
Coleta de Dados Infravermelhos Termais............................................................................................................. 263
Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal Baseado em Escaneadores Multiespectrais .......263
Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal baseado em Matrizes Lineares ou
Bi-dimensionais de Detectores....................................................................................................................... 273
Considerações Ambientais no Infravermelho Termal.......................................................................................... 276
Ciclo Diário da Temperatura de Materiais Típicos................................................................................... 276

i
X Sensoriamento Remoto do Ambiente

Exemplos de Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal.........................................................................278


Monitoramento de Poluição da Água: Identificação de Efluentes Termais no Rio Savannah ......... 278
Monitoramento da Poluição da Água: Identificação de Vazamentos em Tanques Sépticos
que Contribuem para a Contagem de Coliformes Fecais ...................................................................... 284
Levantamentos Infravermelhos Termais de Isolamentos Residenciais..................................................284
Levantamentos Infravermelhos Termais de Umidade em Tetos Comerciais/lndustriais .................. 286
Análise do Efeito de Ilha de Calor Urbana ............................................................................................... 288
Uso da Imagem Infravermelha Termal para Aplicações Florestais ...................................................... 289
Sensoriamento Remoto para Graus-Dia de Estresse em Plantas .......................................................... 290

Capítulo 9 — Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas.......................................................293


História do Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas (RADAR)...........................................................293
Componentes do Sistema Ativo de Micro-ondas.................................................................................................296
Enviando e Recebendo um Pulso de Energia Eletromagnética na Região das Micro-ondas........... 297
A Geometria da Imagem de RADAR: Slant-Range versus Ground-Range........................................... 301
Deslocamento de Relevo no RADAR, Foreshortening, Layover, Sombra e Speckle ........................... 307
Sistemas de Radar de Abertura Sintética ................................................................................................... 310
Considerações sobre a Influência dos Parâmetros Ambientais no RADAR......................................................315
Características da Rugosidade Superficial................................................................................................ 315
Características Elétricas e a Relação com o Conteúdo de Umidade ....................................................317
Resposta da Vegetação à Energia de Micro-ondas................................................................................... 319
Resposta da Agua à Energia nas Micro-ondas......................................................................................... 323
Resposta da Estrutura Urbana à Energia de Micro-ondas .................................................................... 324
Sensoriamento Remoto SAR a Partir do Espaço.................................................................................................325
Seasat ..................................................................................................................................................................325
Shuttle Imaging Radar SIR-A, SIR-B, SIR-C, Shuttle Radar Topographv Mission SR TM ................ 326
RADARSATe RADARSAT-2........................................................................................................................... 326
ERS-1 e ERS-2 da Agência Espacial Européia (ESA - European Space Agency) ............................. 328
Envisat ASAR da Agência Espacial Européia............................................................................................329
JERS-1 ................................................................................................................................................................ 330
A lm a z-l .............................................................................................................................................................. 330
Interferometria de R adar......................................................................................................................................... 330
Mapeamento Topográfico por Interferometria............................................................................................ 330
Mapeamento Interferométrico de Velocidade............................................................................................. 332
Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Passivas.............................................................................................. 332
Radiômetros de Micro-ondas Passivas ........................................................................................................ 332

Capítulo 10 — Sensoriamento Remoto por LID A R ..............................................................................................337


Princípios do LID AR...............................................................................................................................................338
LIDAR: Laser e Sistema de Varredura......................................................................................................... 338
Localização do Laser LIDAR ......................................................................................................................... 340
Atitude (Orientação) da Antena do LIDAR ..................................................................................................340
Pós-Processamento dos Retornos Múltiplos de LIDAR .............................................................................341
Extração de Modelos Digitais de Superfície do Primeiro, do Intermediário e/ou do Ultimo ...........342
Extração de Modelos Digitais do Terreno (DTMs) da Superfície Desnuda da Terra ....................... 343
Acurácia das Medidas de LIDAR.......................................................................................................................... 351
Padrão de Acurácia Horizontal e Vertical NSSDA .................................................................................... 351
A Influência da Cobertura do Solo, da Declividade e das Condições de Presença/Ausência
de Folhagem na Acurácia da Elevação Obtida pelo LIDAR .................................................................. 353
Informações Sobre Vegetação Obtidas pelo LIDAR............................................................................................ 353
Informações Sobre Áreas Urbanas Obtidas pelo LIDAR....................................................................................354
O Futuro do Sensoriamento Remoto por LIDAR ........................................................................................354
Sensoriamento Remoto do Ambiente XI

Capítulo 11 — Sensoriamento Remoto da Vegetação.......................;!................................................................. 357


Fundamentos sobre Fotossíntese............................................................................................................................ 357
Características Espectrais da Vegetação.................................................................................................................358
Principais Fatores que Controlam a Reflectância Foliar ....................................................................... 358
Características Temporais da Vegetação................................................................................................................376
Ciclos Fenológicos Naturais ..............................................................................................................y......... 377
Ciclos Fenológicos de Vegetação sob Manejo...........................................................................................379
índices de Vegetação............................................................................................................................................... 384
Métricas de Ecologia da Paisagem......................................................................................................................... 396
Indicadores de Paisagem e Métricas de Polígonos................................................................................................397
Biodiversidade e Análise de Vazios........................................................................................................................ 399
Sensoriamento Remoto das Mudanças da Vegetação........................................................................................... 400
Sensoriamento Remoto das Mudanças Sucessionais de uma Planície de Inundação ...................... 400
Sensoriamento Remoto da Agricultura na África do Sul ......................................................................... 403

Capítulo 12 — Sensoriamento Remoto da Agua................................................................................................... 411


Características Biofísicas da Agua de Superfície Detectadas por Sensoriamento Remoto.............................412
Radiância de Superfície da Agua , Radiância Volumétrica de Subsuperficie e Radiância de Fundo412
Resposta Espectral da Agua em Função do Comprimento de Onda .................................................... 413
Resposta Espectral da Agua em Função dos Constituintes Orgânicos e Inorgânicos
- Monitorando Sedimentos em Suspensão (Turbidez), Clorofila e Matéria Orgânica Dissolvida... 416
Penetração na Agua e Batimetria ................................................................................................................. 425
Temperatura da Superfície da Agua .............................................................................................................. 428
Precipitação.............................................................................................................................................................. 430
Técnicas do Visível - Infravermelho ............................................................................................................. 431
Técnicas de Micro-ondas Ativas e Passivas.................................................................................................432
Aerossóis e Nuvens................................................................................................................................................. 433
Aerossóis ............................................................................................................................................................ 434
Nuvens ................................................................................................................................................................ 434
Vapor d’A gua........................................................................................................................................................... 437
N eve.......................................................................................................................................................................... 438
Neve no Espectro Visível................................................................................................................................. 438
Neve nas Regiões do Infravermelho Médio e de Micro-ondas ................................................................ 438
Modelagem da Qualidade de Agua........................................................................................................................ 439
Um Modelo de Qualidade de Agua Integrado por Sensoriamento Remoto e GIS.............................. 439

Capítulo 13 — Sensoriamento Remoto da Paisagem U rb a n a .............................................................................445


Base Nacional de Dados Espaciais......................................................................................................................... 446
Considerações sobre a Resolução Urbana..............................................................................................................446
Considerações sobre a Resolução Temporal Urbana/Periurbana ..........................................................446
Considerações sobre a Resolução Espectral Urbana/Periurbana ..........................................................447
Considerações sobre a Resolução Espacial Urbana/Periurbana............................................................ 451
Sensoriamento Remoto de Cobertura da Terra e de Uso da Terra...................................................................... 453
Esquemas de Classificação de Cobertura da Terra/Uso da Terra...........................................................453
Classificação de Uso da Terra/Cobertura da Terra com o Uso de Dados de Sensores Remotos .... 457
Uso do Solo Para Comércio e Serviços..............i................................................................................................. 468
Uso do Solo Industrial............................................................................................................................................. 482
Infraestrutura de Transporte....................................................................................................................................493
Comunicações e Serviços de Infraestrutura.......................................................................................................... 499
Criação de Modelos Digitais de Elevação Urbanos..............................................................................................500
Dados Meteorológicos............................................................................................................................................. 501
Flidrologia Urbana....................................................................................................................................................502
Identificação de Áreas Ambientais Críticas.......................................................................................................... 503
Resposta a Emergências em Desastres...................................................................................................................503
XII Sensoriamento Remoto do Ambiente

Capítulo 14 — Sensoriamento Remoto de Solos, Minerais e Geom orfologia................................................. 511


Características e Taxonomia dosSolos................................................................................................................. 512
Horizontes dos solos ........................................................................................................................................ 512
Tamanho das Partículas do Solo e Textura................................................................................................ 513
Taxonomia de Solos .......................................................................................................................................... 514
Sensoriamento Remoto de Propriedades dos Solos..............................................................................................515
Textura e Conteúdo de Umidade do Solo ................................................................................................... 517
Matéria Orgânica e Crostas Biológicas do Solo ...................................................................................... 519
Oxidos de Ferro ................................................................................................................................................519
Salinidade do Solo............................................................................................................................................ 520
Rugosidade Superficial.................................................................................................................................... 521
Sensoriamento Remoto de Rochas e de Minerais.................................................................................................522
Geologia....................................................................................................................................................................526
Litologia ............................................................................................................................................................. 526
Estrutura ............................................................................................................................................................ 527
Morfometria e Padrões de Drenagem ...........................................................................................................529
Geomorfologia......................................................................................................................................................... 534
Formas de Terreno Igneas ..............................................................................................................................535
Formas de Terreno Desenvolvidas sobre Estratos Horizontais............................................................... 538
Formas de terreno desenvolvidas em estratos dobrados .......................................................................... 541
Formas de Terreno Controladas por Falhas............................................................................................... 543
Formas de Terreno Fluviais ........................................................................................................................... 544
Formas Cársticas ............................................................................................................................................. 550
Formas Costeiras ............................................................................................................................................. 553
Formas Glaciais................................................................................................................................................560
Geoformas Eólicas ........................................................................................................................................... 564

Capítulo 15 — Medidas de Retlectância In Situ ..................................................................................................... 573


Reflectância Espectral de um Material...................................................................................................................574
Material de Referência............................................................................................................................................ 574
Considerações sobre a Iluminação......................................................................................................................... 575
Medição da Reflectância Espectral In Situ Usando Iluminação Solar ................................................. 575
Medição da Reflectância Espectral In Situ Usando Iluminação Artificial no Laboratório ...............577
Características do Espectrorradiômetro Usado para Obter o Espectro de Reflectância In Situ ........................578
Região Espectral de Interesse ........................................................................................................................ 578
Resolução Espectral......................................................................................................................................... 579
Intervalo de Amostragem Espectral.............................................................................................................. 580
Projeto do Espectrorradiômetro e Velocidade de Coleta de Dados ....................................................... 580
Geometria de Visada e Campo de Visada.................................................................................................... 580
Espectrorradiômetros Candidatos para Coleta de Dados de Reflectância In Situ ............................... 581

Apêndice — Fontes de Informação em Sensoriamento R em oto........................................................................ 583

índice...............................................................................................................................................................................587
-j-

ensoriamento remoto é a arte e a ciência de obter informação sobre um objeto


sem estar em contato físico direto com o objeto. O sensoriamento remoto pode
ser usado para medir e monitorar importantes características biofísicas e ativida­
des humanas na Terra. Este livro Sensoriamento Remoto do Ambiente: Uma
Perspectiva em Recursos Terrestres, 2a edição, foi escrito para introduzir o leitor:

• às características da radiação eletromagnética e como a energia interage


com os materiais da superfície da Terra, tais como vegetação, solo, rocha,
água e infraestrutura urbana,

• ao entendimento de como a energia eletromagnética refletida ou emitida


por esses materiais é registrada usando uma variedade de instrumentos de
sensoriamento remoto (p.ex., câmeras, escâneres multiespectrais, instru­
mentos hiperespectrais, RADAR, LIDAR), e

• ao conhecimento de como podemos extrair informação biofísica ou de


uso/cobertura da terra a partir de dados de sensores remotos para resolver
problemas importantes.

O livro introduz os princípios de fotointerpretação visual e análise de imagens.


Ele é um texto complementar ao volume Introductory Digital Image Analysis:
a Remote Sensing Perspective (2005) publicado pela Pearson Education, Inc.,
que introduz os fundamentos da análise digital de imagens.

Este livro foi escrito para pesquisadores em ciências físicas, naturais e sociais
interessados em saber como o sensoriamento remoto do ambiente pode ser usa­
do para resolver problemas do mundo real. O leitor deve ter uma experiência
educacional ou prática num corpo de conhecimento sistemático (p.ex., geogra­
fia física, biogeografia, geologia, hidrologia, planejamento urbano, agricultura,
floresta, ciências marinhas, etc.) ao qual a ciência do sensoriamento remoto
pode ser aplicada. Este leitor deve ter um conhecimento mínimo de álgebra
elementar. Este livro pode ser usado na graduação ou pós-graduação, em cursos
de um ou dois semestres em fotointerpretação e/ou sensoriamento remoto.

As pessoas responsáveis pelo gerenciamento de recursos naturais da Terra e


pelo desenvolvimento de planejamento futuro reconhecem a importância da
informação espacial e precisa residente num sistema de informações geográficas
(GIS). Muitos dos mais importantes planos de informação biofísicos, de uso/
cobertura da terra, e sócio-econômicos são derivados a partir de uma análise
de dados de sensoriamento remoto. Consequentemente, estamos presenciando
um aumento significativo na demanda por dados de sensoriamento remoto.
Centenas de sistemas de sensoriamento remoto públicos e comerciais ao redor
do mundo coletam dados com sensores remotos. Alguns dos dados de sensores
XIV Sensoriamento Remoto do Ambiente

remotos estão disponíveis a um custo razoável por km2 e Capítulo 2. Princípios de Radiação Eletromagnética. Con­
podem ser obtidos pelo usuário via internet. Alguns dados dução, convecção e radiação são introduzidos como meca­
de sensores remotos são muito caros. nismos de transferência de energia. Os modelos de onda e
partícula são usados para descrever como a radiação eletro­
Para utilizar os dados de sensoriamento remoto no seu po­ magnética é gerada e transportada através do espaço. Apre-
tencial pleno, eles precisam ser interpretados corretamente. senta-se ao leitor como a energia eletromagnética interage
Isso requer um entendimento de como a energia interage com a atmosfera, o terreno, e como a energia refletida ou
com a atmosfera e o terreno, como funciona o sistema de emitida é registrada por um sistema de sensoriamento re­
sensoriamento remoto, e como se extrai informação útil a moto. Conceitos radiométricos importantes são definidos
partir dos dados dos sensores remotos. cuidadosamente. Novas curvas espectrais de materiais sele­
cionados são introduzidas. Coloca-se ênfase na minimiza-
Espera-se que as seguintes características tomem a infor­ ção dos efeitos do espelhamento atmosférico para maximi­
mação contida neste livro fácil de compreender e aplicar: zar o sinal de sensoriamento proveniente do terreno.

• Cada capítulo inclui ilustrações que foram especial­ Capítido 3. História da Fotografia Aérea e das Plataformas
mente feitas para fazer com que conceitos complexos Aéreas. E fornecida uma história da fotografia, incluindo
sejam entendidos mais facilmente. a invenção de tipos específicos de emulsões e agentes fixa­
dores. Faz-se uma revisão da história da aquisição de foto­
• Cada capítulo contém uma alentada lista de referências. grafia aérea por uma variedade de plataformas, incluindo:
balões, pipas, foguetes, pombos, planadores, aeronaves e
• O seu formato grande permite que imagens e diagra­ satélites. É apresentada uma história do fotorreconheci-
mas sejam legíveis e visualmente informativos. mento na Guerra Civil (norte americana), nas 1 e II Guer­
ras Mundiais, na Crise dos Mísseis de Cuba, na Guerra
• Esta segunda edição contém 48 páginas com pran­ Fria, na guerra do Oriente Médio. Apresentam-se novos
chas coloridas para mostrar imagens ou informação desenvolvimentos na tecnologia de plataformas, incluindo
biofísica que pode ser extraída de dados de sensores veículos aéreos não-tripulados (UAV) e tecnologia antide-
remotos. tecção (invisibilidade de plataformas).

• Um apêndice contém endereços na internet para Capítulo 4. Fotografia Aérea —Visada, Câmeras, Filtros e Fil­
muitas das mais importantes fontes de informação de mes. As fotografias aéreas verticais e oblíquas são apresen­
sensoriamento remoto e fontes públicas e privadas de tadas usando exemplos do Furacão Katrina. Apresentam-se
dados de sensoriamento remoto. os componentes da câmera aérea, as câmeras aéreas mais
importantes e os filtros passa-banda usados durante a aqui­
A seguir apresenta-se um breve resumo dos tópicos discu­ sição de dados. Novas seções descrevem as características
tidos em cada capítulo e os aprimoramentos introduzidos das câmeras digitais de pequeno, médio e grande formato.
nesta segunda edição. Os principais filmes (emulsões) preto e branco e coloridos
usados para fotografia aérea são identificados, incluindo o
Capítulo 1. Sensoriamento Remoto do Ambiente. O livro co­ filme infravermelho colorido. São descritos métodos de di­
meça definindo cuidadosamente a aquisição de dados in gitalização de fotografias coloridas.
situ e por sensoriamento remoto. Os elementos do pro­
cesso de sensoriamento remoto são atualizados, incluindo Capítulo 6. Fotogrametria. Os métodos de extração de in­
a enunciação do problema, a coleta de dados pelo sensor formação quantitativa de fotografias aéreas verticais são
remoto, a análise de dados (visual e digital) e as alternati­ apresentados. O capítulo define a nomenclatura e a geome­
vas para a apresentação das informações. São definidas as tria de uma fotografia aérea isolada e como são feitas me­
resoluções espacial, espectral, temporal e radiométrica bem dições de escala e altura. Os princípios de estereoscopia são
como são feitas considerações de solução de compromisso introduzidos. Novas seções descrevem a orientação interior
(trade-off). Foi incluída uma nova seção sobre economia e exterior das imagens estereoscópicas usando fotograme­
ligada ao sensoriamento remoto para observação da Terra. tria digital e extração de elevação de elementos isolados,
O capítulo faz uma revisão sobre como o sensoriamento re­ contornos, modelos digitais de elevação e ortofotos. Uma
moto é usado para uma variedade de programas nacionais e nova seção descreve como feições temáticas de interesse são
internacionais de monitoramento de recursos da Terra. extraídas com base nos princípios da marca flutuante. A
seção final descreve como são obtidas medições de área a
partir de dados de sensores remotos verticais.
Sensoriamento Remoto do Ambiente XV

Capítulo 7. Sistemas de Sensoriamento Remoto Multiespec- sobre o TRM M Microwave Imager e o Shuttle Radar To-
trais. A terminologia de sensoriamento remoto multies- pography Mission (SRTM) da NASA. A seção sobre in-
pectral é definida. Os principais tipos de instrumentos de terferometria por micro-ondas ativas inclui novos exem­
sensoriamento remoto são descritos junto com informação plos do SRTM em Utah e na Tanzânia. O sensoriamento
significativamente atualizada sobre os mais importantes remoto por micro-ondas passivo é discutido com novos
sistemas de sensoriamento remoto. Sistemas sensores exis­ dados sobre o Advanced Microwave Scanning Radiometer
tentes e propostos são apresentados, como: os WorldView (AMSR-E) da NASA.
1 e 11 da DigitalGlobe, o Landsat Data Continuity Mission
da NASA, e o NPOESS da NOAA. O Global Visualization Capítulo 10. Sensoriamento Remoto por LIDAR. Este capí­
Viewer do USGS é apresentado para auxiliar os estudantes tulo completamente novo introduz os princípios funda­
a localizar os vários tipos de dados de sensores remotos. mentais do sensoriamento remoto usando tecnologia Light
Detection and Ranging (LIDAR). A ênfase é colocada em
Capítulo 8. Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal. como os sensores LIDAR funcionam e em como extrair in­
Este capítulo descreve como o mapeamento da tempera­ formação útil do primeiro, intermediário e último dado de
tura superficial é feito usando sensoriamento remoto no retorno LIDAR. Um estudo de caso documenta a utilidade
infravermelho termal. A história do sensoriamento remoto do LIDAR para fornecer modelos digitais de superfície e
por infravermelho termal inclui mais informação sobre o modelos digitais do terreno detalhados. Também é dada
experimento de Herschel. As propriedades da radiação in­ atenção aos dados de intensidade do LIDAR.
fravermelha termal, leis de radiação e janelas atmosféricas
são descritas. Introduzem-se as características de tempe­ Capítulo 11. Sensoriamento Remoto da Vegetação. São intro­
ratura diária da vegetação, solo, rocha, água e fenômenos duzidos os fundamentos da fotossíntese. Depois, o capítulo
urbanos. As características dos instrumentos de varredura identifica os fatores dominantes que controlam a reflectân-
no infravermelho termal e dos sensores de infravermelho cia da folha nas porções do visível, infravermelho próximo e
de visada avante (FLIR) são apresentadas. São introduzidos infravermelho médio do espectro. O conceito da função de
novos sistemas aerotransportados de sensoriamento remoto distribuição da reflectância bidirecional (BRDF) é discutido.
no infravermelho termal, tais como o Canadian Thermal Enfatiza-se a importância do entendimento do ciclo feno-
Airborne Broadband Imager (TABI) e o Thermal Airbor- lógico temporal dos tipos de vegetação em estudo. A seção
ne Spectrographic Imagery (TASI). Novos estudos de caso sobre os índices de vegetação derivados do sensoriamento
são fornecidos, incluindo: mapeamento da temperatura de remoto incluem agora mais de 20 algoritmos entre aqueles
cursos d’água no Oregon, mapeamento de vazamento em mais largamente adotados. Há novas informações sobre a
tanque de decantação séptico na Carolina do Sul, moni­ relação não-linear entre o índice Simpe Ratio e o Normali-
toramento de umidade em tetos industriais na Carolina zed Difference Vegetation Index (NDVI). O uso de dados
do Norte, e monitoramento de graus-dia de estresse em de sensoriamento remoto para calcular métricas de ecologia
culturas agrícolas. da paisagem e para auxiliar na avaliação da biodiversidade é
introduzido. Um novo estudo de caso documenta como a
Capítulo 9. Sensoriamento Remoto Ativo e Passivo nas M i­ agricultura na África do Sul pode ser monitorada para prever
cro-ondas. A história do sensoriamento remoto por micro­ a demanda agrícola por água.
ondas ativo é revisto. Os métodos de envio e recepção de
um pulso de energia nas micro-ondas são apresentados. Capítulo 12. Sensoriamento Remoto da Água. Este capítulo
Uma nova tabela sintetiza as características dos Radares de introduz como a energia eletromagnética interage com a
Abertura Sintética para observação da Terra mais impor­ água superficial, água subsuperficial, e com o fundo em
tantes. Importantes parâmetros dos sistemas radares, tais função do comprimento de onda. O impacto do material
como frequência, polarização, tamanho de pulso, ângulo orgânico (p.ex., clorofila) e/ou inorgânico (p.ex., sedimen­
de depressão, direção de visada, ângulo de incidência, e to em suspensão) na coluna d’água sobre a reflectância es­
geometria de imagem de distância inclinada e distância no pectral é discutido. Oito dos mais importantes algoritmos
terreno são discutidos. Os principais fatores ambientais que usados para medir a abundância de fitoplâncton na água
influenciam o sinal de retorno dos sistemas de micro-ondas são fornecidos agora. Uma nova seção revisa os avanços no
ativos são apresentados, incluindo rugosidade, constante mapeamento batimétrico usando sensoriamento remoto
dielétrica complexa e o efeito cardinal. As seções sobre a óptico passivo (fotografia aérea) e sensoriamento remoto
resposta da vegetação, da água superficial e dos fenômenos ativo (SONAR e LIDAR). São apresentados os métodos de
urbanos à energia nas micro-ondas ativas estão ampliadas. sensoriamento remoto para monitoramento da temperatu­
São fornecidas novas informações sobre os Radarsat 1 e ra da superfície da água, precipitação, aerossóis e nuvens,
2 do Canadá; os ERS 1 e 2, e Envisat ASAR da ESA; e vapor d’água e neve. Os principais sistemas orbitais de sen-
XVI Sensoriamento Remoto do Ambiente

soriamento remoto usados para medir a cor do oceano são


agora descritos.

Capítulo 13. Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana. A


extração de informação urbana a partir de sensoriamento
remoto é agora colocada no contexto do National Spatial
Data Infrastructure (NSDI, dos Estados Unidos). São in­
troduzidas considerações sobre resolução espacial, espectral
e temporal para questões urbanas. Os mais importantes es­
quemas de classificação de uso da terra e/ou cobertura da
terra são agora fornecidos. Também são fornecidas muitas
novas imagens de sensoriamento remoto de uso da terra
para condomínios residenciais, áreas comerciais e indus­
triais, transporte, comunicações e serviços. O uso de foto-
grametria digital e LIDAR para a extração de informação
tridimensional em áreas urbanas é apresentado. Há novas
seções sobre mapeamento de superfícies impermeabiliza­
das e delineamento de áreas de inundação.

Capítulo 14. Sensoriamento Remoto de Solos, Geologia e Geo-


morfologia. Novas informações sobre a influência da textura
do solo, conteúdo de umidade, matéria orgânica, óxido de
ferro, salinidade, crostas biológicas e rugosidade superficial
na reflectância espectral de solos são apresentadas. É discu­
tida a discriminação de rochas e minerais usando técnicas
de espectroscopia de imageamento. O capítulo identifica
como a litologia geológica, estrutura, densidade e padrões
de drenagem podem ser monitorados usando sensoriamen­
to remoto. As morfometrias de drenagem que podem ser
extraídas dos dados de sensores remotos agora estão inclu­
ídas. O capítulo fornece muitos novos exemplos de como
os dados de sensores remotos podem ser usados para iden­
tificar feições geomórficas na superfície da Terra.

Capítulo 15- Medição da Reflectância In Situ. Este novo ca­


pítulo introduz os princípios fundamentais da medição de
reflectância espectral in situ usando iluminação solar no
campo ou iluminação artificial em laboratório. As carac­
terísticas de espectrorradiômetros portáteis são revisadas,
incluindo: resolução espectral, intervalo de amostragem,
projeto, velocidade de coleta de dados, geometria de visada
e campo de visada.
Sensoriamento Remoto do Ambiente XVII

Agradecimentos Várias agências foram úteis, incluindo: Smithsonian Na­


tional Air and Space Museum, Library of Congress, NASA
Gostaria de agradecer a Marsha, minha esposa, que me deu Observatorium, NASA Goddard Tropical Rainfall Measu-
um paciente encorajamento. Judith Berglund, Jungho Im, rement Mission Office (Alan Nelson), NASA Goddard
Maria Garcia-Quijano, Shaen Callihan, Charles Huang e Solar and Heliospheric Observatory (Joseph Gurman),
Brian Hadley revisaram alguns capítulos. O pessoal da Pe- NASA Johnson Space Center (Dr. Kamlesh Lulla), NASA
arson Education, Inc. foi muito solícito, incluindo Dan Jet Propulsion Lab, USGS Desert Processes Working
Kaveney (Editor Chefe da área de Ciência), Jeff Howard Group, USGS Western Region Coastal and Marine Ge-
(Editor), Barbara Booth (Editora de Cópias) e Ed Thomas ology, USGS Imaging Spectroscopy Lab (Roger Clark),
(Produção). National Optical Astronomy Observatory (Kathie Coil),
NOAA, e Geological Survey of Canada.
A American Society for Photogrammetry and Remote
Sensing, Association of American Geographers, Geocarto Os fornecedores comerciais de dados de sensoriamento re­
International Centre, Inc. e Taylor and Francis, Inc. deram moto colocaram à disposição exemplos de suas plataformas,
permissão para o autor extrair material sob direito autoral sensores e produtos de imagens. Agradecimentos especiais
de artigos publicados na Photogrammetric Engineering para: DigitalGlobe, Inc. (Chuck Herring), ImageSat Inth,
and Remote Sensing, no Manual of Remote Sensing, Ma­ Inc. (Karen Anisfeld), Space Imaging, Inc. (Linda Lidov),
nual of Color Aerial Photography, Geocarto International SPOT Image, Inc. (Clark Nelson), Lockheed Martin, Inc.
e International Journal of Remote Sensing. (Jeannie Duisenberg e Eric Schulzinger), Litton Emerge
Spatial, Inc. (Don Light), Positive Systems, Inc. (Kim Hi-
A Elsevier, Inc. deu permissão para uso de figuras dos ar­ ckman), ORBIMAGE, Inc. (Sue Hale), Intermap, Inc.,
tigos da Remote Sensing of Environment (RSE) e Geo- Aeromap USA, Inc., RADARSAT, Inc., Eastman Kodak,
derma: Torgersen, C. E. et al., 2001, “Airborne Thermal Inc. (Robert Lundquist e Mary Skerrett), e Hughes Santa
Remote Sensing for Water Temperature Assessment in Ri- Barbara Research Center, Inc. As Jempresas de engenha­
vers and Streams,” RSE, 76:386-398; Metternicht, G. I. ria fotogramétrica forneceram informação e imagens de
and J. A. Zinck, 2003, “Remote Sensing of Soil Salinity: seus sensores, incluindo: Leica-GeoSystems, Inc. (Alistair
Potentials and Constraints,” RSE, 85:1-20; Legleiter, C. Wells), L-H Systems, Inc. (Dr. A. Stewart Walker), Mar-
J. et ah, 2004, “Passive Optical Remote Sensing of River coni Integrated Systems, Inc. (Bob Hayes), E. Coyote
Channel Morphology and In-stream Habitat: Physical Ba- Enterprises and Z/I Imaging, Inc. (Marylin 0 ’Cuilinn),
sis Feasibility,” RSE, 93:493-510; Chen, J. et al., 2005, Analytical Spectral Devices, Inc., Stockton Infrared Ther-
“A New Index for Mapping Lichen-dominated Biological mographic Services, Inc. (Cindy Hawkes), e Vexcel, Inc.
Soil Crusts in Desert Areas,” RSE, 96:165-175; Farifteh,
J. et al., 2006, “Assessing Salt-affected Soils Using Remote
Sensing, Solute Modelling, and Geophysics,” Geoderma,
130:191-206. John R. Jensen
University of South Carolina
John Pike (Federation of American Scientists) colocou à
disposição várias imagens de sensoriamento remoto. As fo­
tografias de pipas foram fornecidas pelo Dr. Cris Benton
(University of Califórnia Berkeley). O Dr. Stefan Sand-
meier forneceu a maioria do material de BRDF. Várias fo­
tografias históricas foram colocadas à disposição por Harry
Ransom Humanities Research Center, University ofTexas,
Austin, TX, e Deutsches Museum, Munich, Germany.
Sensoriamento Remoto do Ambiente

ientistas observam a natureza, fazem medições, e depois temam acei-


C
tar ou rejeitar hipóteses referentes a esses fenômenos. A coleta de da-
dos pode ocorrer diretamente no campo (chamada coleta de dados
in situ ou in loco), ou a alguma distância remota do objeto em apreço
(referida como sensoriamento remoto do ambiente).

Coleta de Dados In Situ

Um tipo de coleta de dados in situ envolve o cientista indo ao campo e ques­


tionando o fenômeno de interesse. Por exemplo, um entrevistador de censo
pode ir de porta em porta perguntando às pessoas questões sobre sua idade,
sexo, educação, rendimento, etc. Esses dados são gravados e usados para do­
cumentar as características demográficas da população.

Por outro lado, um cientista pode usar um transdutor ou outro dispositivo de


medição in situ na área de estudo para fazer medições. Geralmente, transdu-
tores são colocados em contato físico direto com o objeto de interesse. Muitos
tipos diferentes de transdutores são disponíveis. Por exemplo, um cientista
poderia usar um termômetro para medir a temperatura do ar, solo ou água;
um anemômetro para medir a velocidade do vento; ou um psicrômetro para
medir a umidade do ar. Os dados gravados pelos transdutores podem ser um
sinal elétrico analógico com variações de voltagem relacionadas à intensidade
da propriedade sendo medida. Em geral, esses sinais analógicos são trans­
formados em valores digitais usando procedimentos de conversão analógico-
digital (conversão A-D). A coleta de dados in situ usando transdutores alivia o
cientista da monótona coleta de dados, geralmente em condições meteoroló­
gicas inclementes. Também, o cientista pode distribuir transdutores em locais
geográficos importantes da sua área de estudo, permitindo que o mesmo tipo
de medida seja obtido em muitos locais ao mesmo tempo. Às vezes, os dados
dos transdutores são tele-transmitidos eletronicamente para um ponto central
de coleta para rápida avaliação e arquivamento (p.ex., Teillet et al., 2002).

Dois exemplos de coleta de dados in situ são demonstrados na Figura 1-1. As


medidas de índice de área foliar IAF) estão sendo coletadas por um cientista
numa área de estudo usando um ceptômetro portátil na Figura 1-1 a. As medi­
das de reflectância espectral da vegetação estão sendo obtidas na área de estudo
usando um espectrorradiômetro portátil na Figura 1-lb. As medidas de IAF e
reflectância espectral obtidas no campo podem ser usadas para calibrar as medi­
das de IAF e reflectância espectral coletadas por um sistema de sensoriamento
remoto localizado numa aeronave ou num satélite (Jensen et al., 2005).
2 C A P ÍT U L O 1 Sensoriamento Remoto do Ambiente

M edição In S itu

a. Medição do índice de área foliar b. Medição da reflectância espectral


(IAF) usando um ceptômetro. usando um espcctrorradiômetro.

Figura 1-1 Dados in situ (no local) são coletados no campo, a) Um pesquisador está coletando medidas de índice de área foliar (IAF) de
soja (Glycine max L. Merrill) usando um ceptômetro, que mede o número de regiões do substrato que foram iluminadas dire­
tamente sem interceptação pelo dossel vegetal. As medições são feitas bem acima do dossel e no solo, sob o dossel. As medidas
de IAF in situ podem ser usadas para calibrar as estimativas de IAF derivadas de dados de sensores remotos, b) Medidas de
reflectância espectral de vegetação estão sendo coletadas usando um espectrorradiômctro colocado a aproximadamente 1 m
acima do dossel. As medidas de reflectância espectral in situ podem ser usadas para calibrar medidas de reflectância espectral
obtidas por um sistema de sensoriamento remoto.

As coletas de dados pelos cientistas no campo ou por ins­ amostrai viesado, ou o uso impróprio e sistemático de uma
trumentos colocados no campo fornecem muitos dos dados parte do equipamento. Finalmente, o dispositivo de medi­
para as pesquisas científicas físicas, biológicas e sociais. En­ ção para coleta de dados in situ pode estar calibrado incorre­
tretanto, é importante lembrar que não importa quão cuida­ tamente. Isso pode resultar em sérios erros de medição.
doso seja o cientista, erros podem ser introduzidos durante
o processo de coleta de dados in situ. Primeiro, no campo o A intrusão na coleta de dados in situ, junto com o erro hu­
cientista pode ser um intruso. Isso significa que a menos que mano produzido pelo método e a má calibração do equipa­
seja tomado um grande cuidado, o cientista pode realmente mento de medição, todos contribuem para o erro na coleta
alterar as características do fenômeno sendo medido duran­ de dados in situ. Portanto, é impróprio referir aos dados in
te o processo de coleta de dados. Por exemplo, um cientista situ como dados de verdade terrestre. Em seu lugar, deveri­
pode inclinar-se de um barco para obter uma amostra de amos simplesmente referir a eles como dados de referência
água-superficial de um lago. Infelizmente, o movimento do terrestre in situ, reconhecendo que eles contêm erros.
barco na área de estudo pode ter mexido a coluna d’água nas
vizinhanças da amostra de água, resultando numa amostra Coleta de Dados por
não-representativa, ou viesada. De forma similar, um cien­ Sensoriamento Remoto
tista fazendo uma medição de reflectância espectral poderia
inadvertidamente pisar no local da amostragem, alterando o
dossel vegetal antes da coleta de dados. Felizmente, também é possível coletar informação sobre
um objeto ou área geográfica a partir de um ponto dis­
Os cientistas também podem coletar dados no campo usan­ tante privilegiado usando instrumentos de sensoriamento
do procedimentos viesados. Isso introduz o erro produzido remoto (Figura 1-2). A coleta de dados por sensoriamento
pelo método. Ele pode envolver o uso de um delineamento remoto foi originalmente feita usando câmeras montadas
Coleta de Dados por Sensoriamento Remoto 3

M edição por Sensoriamento Remoto em aeronaves suborbitais. A fotogrametria foi definida nas
primeiras edições do M anual o f Photogrammetry como:

a arte ou ciência de obter medidas confiáveis por


meio da fotografia (American Society o f Photo­
grammetry, 1952; 1966).

Interpretação fotográfica é definida como:

o ato de examinar imagens fotográficas para fins


de identificar objetos e julgar sua significância
(Colwell, 1960).

Sensoriamento remoto foi formalmente definido pela Ameri­


can Society for Photogrammetry and Remote Sensing (AS-
PRS) como:

a medição ou aquisição de informação de alguma


propriedade de um objeto ou fenômeno, por um
Plataforma dispositivo de registro que não esteja em contato
suborbital físico ou íntimo com o objeto ou fenômeno em
estudo (Colwell, 1983).

Em 1988, a ASPRS adotou uma definição combinada de


fotogrametria e sensoriamento remoto:

Fotogrametria e sensoriamento remoto são a


/ H acima . arte, ciência e tecnologia de obter informação
altitude
confiável sobre objetos físicos e o ambiente por
do nível do solo
(AGL) meio do processo de registro, medição, e inter­
pretação de imagens e representações digitais dos
padrões de energia derivados de sistemas senso­
res sem contato físico (Colwell, 1997).

Mas de onde veio o termo sensoriamento remoto? A real


cunhagem do termo remonta a um artigo não-publicado do
começo dos anos 1960 feito pelo grupo do Office o f Naval
Research (ONR) Geography Branch (Pruitt, 1979; Fussell
et al., 1986). Evelyn L. Pruitt era a autora do artigo. Walter
H. Bailey era seu colaborador e membro do grupo. A fo-
tointerpretação aérea tinha se tornado muito importante na
II Guerra Mundial. A era espacial estava apenas começando
com os lançamentos do Sputnik (U.R.S.S.) em 1957, do Ex-
diâmetro do IFOV plorer 1 (E.U.A.) em 1958, e com a coleção de fotografias do
projetado no terreno então secreto programa CO RO N A iniciado em 1960 (Tabe­
la 1-1). Além disso, o Grupo de Geografia do O N R estava
Figura 1-2 Um instrumento de sensoriamento remoto coleta expandindo suas pesquisas usando instrumentos além de câ­
informação sobre um objeto ou fenômeno dentro
meras (p.ex., escâneres, radiômetros) e abrangendo regiões do
do campo de visada instantâneo (IFOV) do sistema
espectro eletromagnético além do visível e do infravermelho
sensor sem estar em contato físico direto com ele. O
instrumento de sensoriamento remoto pode estar lo­ próximo (p.ex., infravermelho termal e micro-ondas). Assim,
calizado a apenas poucos metros acima do solo e/ou a no final dos anos 1950 estava claro que o prefixo “foto” estava
bordo de uma aeronave ou de um satélite. sendo muito forçado em vista do fato de que a palavra raiz,
fotografia, literalmente significa “escrever com luz [visível]”
(Colwell, 1997). Evelyn Pruitt (1979) escreveu:
4 C A P ÍT U L O 1 Sensoriamento Remoto do Ambiente

Todo o campo esrava avançando e era difícil para lineares e/ou matriciais localizados em platafor­
o Programa de Geografia saber em que direção se mas tais como aeronaves ou satélites, e a análise
mover. Finalmente, em 1960, foi decidido levar o da informação adquirida por meio visual ou pro­
problema ao Comitê Assessor. Eu e o Walter H. cessamento digital de imagens.
Bailey ponderamos por um longo tempo sobre
como apresentar a situação e sobre como denomi­ Robert Green, do JP L (Jet Propulsion Laboratory), da
nar o campo mais abrangente que sentíamos deve­ NASA (National Aeronautics and Space Administration),
ria ser encampado num programa para substituir sugere que o termo medição remota poderia ser usado ao
o projeto de fotointerpretação aérea. O termo “fo­ invés de sensoriamento remoto porque os dados obtidos
tografia” era muito limitado porque ele cobria as usando os novos sistemas de sensoriamento remoto hipe-
regiões do espectro eletromagnético além da faixa respectral são muito precisos (Robbins, 1999). Cada uma
do “visível”, e era nessas frequências não-visíveis das definições é correta num contexto apropriado. E útil
que parecia estar o futuro da interpretação. “Aérea” discutir brevemente os componentes dessas definições de
também estava muito limitada em função do po­ sensoriamento remoto.
tencial para observar a Terra a partir do espaço.
Sensoriamento Remoto: Arte e/ou Ciência?
O termo sensoriamento remoto foi promovido numa série de
simpósios patrocinados pelo O N R nos Laboratórios Willow Ciência: Uma ciência é definida como um grande campo
Run da Universidade de Michigan em conjunto com o Na­ do conhecimento humano interessado em fatos unidos por
tional Research Council durante os anos 1960s e inícios dos princípios (regras). Os cientistas descobrem e testam fatos
1970s, e desde então tem sido usado (Estes e Jensen, 1998). e princípios pelo método científico, úm sistema ordenado
para solução de problemas. Geralmente, os cientistas con­
Definições Máximas/Mínimas sideram que qualquer assunto que o ser humano possa es­
tudar usando o método científico e outras regras especiais
de pensamento possa ser chamado de uma ciência. As ciên­
Numerosas outras definições de sensoriamento remoto cias incluem: 1) matemática e lógica, 2) ciências físicas, tais
têm sido propostas. De fato, Colwell (1984) sugere que como a física e a química, 3) ciências biológicas, tais como
“uma medida de quão nova uma ciência é, ou da rapidez a botânica e a zoologia, e 4) as ciências sociais, tais como a
com a qual está se desenvolvendo, está na preocupação dos geografia, sociologia e antropologia (Figura 1-3). É interes­
seus cientistas com assuntos de terminologia.” Alguns têm sante que algumas pessoas não considerem a matemática e
proposto uma definição máxima globalizante: a lógica como ciências. Mas os campos do conhecimento
associados com a matemática e a lógica são ferramentas tão
Sensoriamento remoto é a aquisição de dados valiosas para a ciência que não podemos ignorá-las. As pri­
sobre um objeto sem tocá-lo. meiras questões da raça humana estavam ligadas ao “quan­
to” e ao “o que pertence ao mesmo conjunto.” Eles lutaram
Tal definição é curta, simples, geral e memorizável. Infeliz- para contar, para classificar, para pensar sistematicamente e
mente, ela exclui pouco da esfera do sensoriamento remoto para descrever precisamente. Sob muitos aspectos, o nível
(Fussel et al., 1986). Ela abrange virtualmente todos os dis­ de desenvolvimento de uina ciência é indicado pelo uso que
positivos de sensoriamento remoto, incluindo câmeras, escâ- faz da matemática. Uma ciência parece começar com uma
neres opto-mecânicos, dispositivos de imageamento lineares matemática simples para medir, depois trabalha em direção
ou matriciais, lasers, sistemas de radar, sonares, sismógrafos, a uma matemática mais complexa para explicar.
gravímetros, magnetômetros e cintilômetros.
O sensoriamento remoto é uma ferramenta ou técnica simi­
Outros têm sugerido uma definição m ínim a, mais focada lar à matemática. O uso de sofisticados sensores para medir
de sensoriamento remoto, que adicione qualificadores e a quantidade de energia eletromagnética que emana de um
mais qualificadores numa tentativa de assegurar que ape­ objeto ou área geográfica à distância, e depois a extração de
nas funções legítimas sejam incluídas na definição do ter­ informação importante dos dados usando algoritmos base­
mo. Por exemplo: ados em matemática e estatística é uma atividade científica
(Fussell et al., 1986). O sensoriamento remoto funciona
Sensoriamento remoto é o registro da informa­ em harmonia com outras ciências da informação geográfica
ção das regiões do ultravioleta, visível, infraver­ (frequentemente chamadas de GIScience), incluindo carto­
melho e micro-ondas do espectro eletromagné­ grafia, levantamento, e sistemas de informações geográficas
tico, sem contato, por meio de instrumentos (GIS) (Curran, 1987; Clarke, 2001; Jensen, 2005). Dahl-
tais como câmeras, escâneres, lasers, dispositivos berg e Jensen (1986) e Fisher e Lindenberg (1989) suge-
Coleta de Dados por Sensoriamento Remoto 5

Estádios de Desenvolvimento de um a D isciplina


Científica

Estádio 1 Estádio 2 Estádio 3 Estádio 4


Tempo ---------►

Figura 1-4 Estádios de desenvolvimento de uma disciplina cientí­


fica (Wolter, 1975; Jensen e Dahlberg, 1983).

Figura 1-3 Modelo de interação mostrando a relação entre as trovérsias; e Estádio 4 - diminuição da participação tanto
ciências de informação geográfica (sensoriamento re­ de colaboradores como dos colégios invisíveis.
moto, cartografia, sistemas de informações geográfi­
cas e levantamento) à medida que elas se relacionam
Usando esta lógica pode-se dizer que o sensoriamento re­
com a matemática e a lógica, e com as ciências físicas,
biológicas e sociais. moto esteja no Estádio 2 de um campo científico, tendo
um crescimento exponencial desde meados dos anos 1960
com o número de publicações dobrando a intervalos re­
riram um modelo onde há interação entre sensoriamento gulares (Colwell, 1983; Cracknell e Hayes, 1993; Jensen,
remoto, cartografia, levantamento e GIS, em que nenhuma 2005). A evidência empírica é apresentada na Tabela 1-1,
sub-disciplina domina, e todas são reconhecidas como tendo incluindo: 1) a organização de muitos institutos especiali­
áreas únicas, ainda que com sobreposição, de conhecimento zados e centros de excelência associados com sensoriamen­
e atividade intelectual à medida que são usadas na pesquisa to remoto, 2) a organização de numerosas sociedades pro­
científica física, biológica e social (Figura 1-3). fissionais dedicadas à pesquisa em sensoriamento remoto,
3) a publicação de numerosas novas revistas especializadas
A teoria da ciência sugere que as disciplinas científicas em sensoriamento remoto, 4) significativo avanço tecno­
passam por quatro estádios clássicos de desenvolvimento. lógico, tais como avançados sistemas sensores e métodos
Wolter (1973) sugeriu que o crescimento de uma discipli­ de análise de imagens, e 5) intensa auto-análise (p.ex.,
na científica, tal como o sensoriamento remoto, que tem Dehqanzada e Florini, 2000). Podemos estar nos aproxi­
suas próprias técnicas, metodologias e orientação intelec­ mando do Estádio 3, com aumento de especialização e de
tual parece seguir a curva sigmóide ou logística ilustrada controvérsia teórica. Porém, a taxa de crescimento do sen­
na Figura 1-4. Os estádios de crescimento de um campo soriamento remoto não começou a declinar. De fato, houve
científico são: Estádio 1 - um período de crescimento ini­ um enorme surto no número de pessoas especializando-se
cial com poucos incrementos de literatura; Estádio 2 - um em sensoriamento remoto e empresas comerciais usando
período de crescimento exponencial quando o número de sensoriamento remoto durante os anos 1990 e início dos
publicações dobra a intervalos regulares; Estádio 3 - um anos 2000 (Davis, 1999; ASPRS, 2004). Os significativos
período quando a taxa de crescimento começa declinar, avanços na resolução espacial dos satélites de sensoriamen­
mas os incrementos anuais permanecem constantes; e Es­ to remoto (p.ex., dados pancromáticos em 1 x 1 m mais
tádio 4 - um período final quando a taxa de crescimento úteis) têm trazido à luz ainda mais pessoas ligadas à aplica­
aproxima-se de zero. As características de um campo do ção de GIS às ciências sociais. Centenas de novos artigos
conhecimento durante cada um dos estádios podem ser científicos de sensoriamento remoto são publicados em
brevemente descritas como se segue: Estádio 1 - pouca ou revistas com revisão pelos pares todo mês.
nenhuma organização social; Estádio 2 - grupos de colabo­
radores e existência de colégios invisíveis, frequentemente Arte; O processo de interpretação visual de uma foto ou
na forma de institutos e unidades de pesquisa nd hoc, etc.; imagem exige não apenas conhecimento científico, mas
Estádio 3 - aumento da especialização e aumento das con- todo o conhecimento que uma pessoa obteve durante toda
6 C A P IT U L O Sensoriamento Remoto do Ambiente

Tabela 1-1. Principais marcos do sensoriamento remoto. Tabela 1-1. Continuação.

1600 e 1700s 1950s


1687 - O livro Principia1 de Sir Isaac Newton sumariza as leis 1953 - Surge a revista Photogrammetric Record (Photogram­
básicas da mecânica metric Society, Inglaterra)
1954 - A Westinghouse, Inc., desenvolve o sistema de radar de
1800s
visada lateral aerotransportado
1826 - Joseph Nicephore Niepce tira a primeira fotografia
1955 a 1956 - Programa Norte-Americano Gcnetrix de recon­
1839 - Louis M. Daguerre inventa o daguerreótipo para
hecimento por balão
impressão em positivo da fotografia
1956 a 1960 - Programa da Agência Central de Inteligência
1839 - William Henry FoxTalbot inventa o processo nega-
(CIA) de reconhecimento com aviões U-2
tivo/positivo chamado Calótipo
1957 - A União Soviética lança o satélite Sputnik (4 de outubro)
1855 - James Clerk Maxwell postula a teoria aditiva da cor
1958 - Os Estados Unidos lançam o satélite Explorer 1 (31 de
1858 - Gaspard Felix Tournachon tira uma fotografia aérea a
janeiro)
partir de um balão
1860s - James Clerk Maxwell desenvolve a teoria eletromagné­ 1960s
tica ondulatória 1960s - Ênfase principal no processamento visual de imagens
1867 - O termo fotogrametria é usado num trabalho publicado 1960s - Ativação do Laboratório de Michigan Willow Run -
1873 - Herman Vogei estende a sensibilidade dos pigmentos que evoluiu para o ERIM (Environmental Research Institute of
da emulsão a comprimentos maiores, abrindo o caminho para a Michigan - Instituto de Pesquisa Ambiental de Michigan)
fotografia no infravermelho próximo 1960s - Primeiro International Symposium on Remote Sensing
of Environment em Ann Arbor, Michigan
1900s
1960s - Ativação do Laboratório para Sensoriamento Remoto
1903 - O avião2 é inventado pelos Irmãos Wright (17 de dezembro)
Agrícola de Purdue (LARS - Purdue Laboratory for Agricultural
1903 - Alfred Maul patenteia a câmera para obter fotografias a
Remote Sensing)
partir de um foguete
1960s - Laboratório de Sensoriamento Remoto Florestal na
1910s Universidade da Califórnia, em Berkeley (Robert Colwell)
1910 - A Sociedade Internacional de Fotogrametria (Interna­ 1960s - ITC - em Delft, Holanda, começa a educação fotogra-
tional Society for Photogrammetry - ISP) é fundada na Áustria métrica para estudantes estrangeiros
1913 - Primeiro Congresso Internacional da ISP em Viena 1960s - Iniciou-se o processamento de imagens digitais no
1914a 1918 - Foto-reconhecimento na I Guerra Mundial (I GG) LARS, em Berkeley, Kansas, no ERIM
1920s 1960s - Desclassificação (militar para civil) dos sistemas sen­
1920 a 1930 - Aumento da fotointerpretação e fotogrametria sores de radar e infravermelho termal
civis 1960- 1972 - Programa Norte Americano de satélites espiões
1926 - Robert Goddard lança o primeiro foguete movido a CORONA
combustível líquido (16 de março) 1960 - Manual o f Photo-interpretation (ASP)
1960 - O termo “remote sensing” (sensoriamento remoto) é
1930s
introduzido por Evelyn Pruitt e pelo pessoal do U. S. Olfice of
1934 - Fundação da Sociedade Americana de Fotogrametria
Naval Research
(American Society of Photogrammetry - ASP)
1961 - Yuri Gagarin torna-se o primeiro homem a viajar ao espaço
1934 - Surge a revista Photogrammetric Engineering (ASP)
1961- 1963 - Programa espacial Mercury
1938 - Surge a revista Photogrammetria (ISP)
1961 - Decreto presidencial cria o G O CN A E (Grupo de Orga­
1939 a 1945 - Avanços no foto-reconhecimento durante a II
nização da Comissão Nacional de Atividades Espaciais), embrião
Guerra Mundial
do INPE, no Brasil
1940s 1962 - Crise dos Mísseis Cubanos - foto-reconhecimento pelo
1940 s - Invenção do RADAR U-2 é apresentado ao público
1940s - Invenção do avião a jato pela Alemanha 1964 - O SR-71 é apresentado pelo Presidente Lyndon Johnson
1942 - A Kodak patenteia o primeiro filme infravermelho falsa-cor numa coletiva de imprensa
1942 - Lançamento do foguete Alemão V-2 por Wernher Von- 1965-1966 - Programa espacial Gemini
Braun (3 de outubro) 1965 - ISPRS Journal of Photogrammetry & Remote Sensing
1950s 1969 - Remote Sensing of Environment (Elsevier)
1950s - Invenção do sensoriamento remoto no infravermelho 1969 - Início das atividades de sensoriamento remoto no INPE
termal pelos militares 1970s
1950 a 1953 - Reconhecimento aéreo na Guerra da Coréia 1970s, 80s - E possível a especialização em sensoriamento remoto
nas universidades
1Há tradução cm português, pela editora EDUSP, com o título Principia - Livro 1: 1 9 7 0 s- Florescimento do processamento digital de imagens
princípios matemáticos de filosofia (N.T.).
1 970s- Sensoriamento remoto integrado com sistemas de
"Santos Dumont foi o primeiro a decolar a bordo de um avião impulsionado por um mo­
tor aeronáutico. Foi o primeiro a cumprir um circuito pré-estabelecido sob testemunho informações geográficas
oficial de especialistas, jornalistas e da população parisiense. Em 23 de outubro de 1906, 1972 - ERTS-1 (Earth Resources Technology Satellite, poste­
voou cerca de 60 metros e a uma altura de dois a três metros com seu 14 Bis, no Campo riormente re-batizado como Landsat) lançado (NASA)
de Bagatcllc em Paris (N.T.).
Coleta de Dados por Sensoriamento Remoto 7

Tabela 1-1. Continuação. Tabela 1-1. Continuação.

1970s 1990s
1972- 73 - Implantação da estação de recepção de dados de 1995 - Imagens do CORONA são desclassificadas e transferidas
satélite de sensoriamento remoto, em Cuiabá-MT para os Arquivos Nacionais (U.S.)
1972 - Implantação do Curso de Mestrado cm Sensoriamento 1996 - Manual oí Photographic Interpretation, 2a edição
Remoto, no INPE (ASP RS)
1973- 1979 - Programa Skylab (NASA) 1997 - O Earlybird não atinge sua órbita (EarthWatch, Inc.)
1973 - Canadian Journal o f Remote Sensing (Canadian Remote 1998 - O programa Mission to Planet Earth torna-se Earth Science
Sensing Society) Enterprise (NASA)
1975 —ERTS-2 lançado (renomeado para Landsat-2) 1998 - Manual of Remote Sensing —Radar (ASPRS)
1975 - Manual of Remote Sensing (ASP) 1998 - Criação do Curso de Doutoramento em Sensoriamento
1977 - METEOSAT-1 lançado (European Space Agency) Remoto, no INPE
1978 - Landsat-3 lançado (NASA) 1999 - Lançado o Landsat-7 ETM+
1978 - Nimbus 7 lançado - senscfr Coastal Zone Color Scanner 1999 - Lançado o CBERS-1 (China-Brazil Earth Resources
1978 -T IR O S -N lançado com o sensor AVHRR Satellite, outubro)
1978 - SEASAT lançado (NASA Jet Propulsion Laboratory) 1999 - O IKONOS não atinge sua órbita (Space Imaging, Inc.,
1978 - Primeiro Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto 27 de Abril)
I980s 1999 - Lançado o IKONOS-2, (Space Imaging, Inc., 24 de
1980s - AAG Remote Sensing Specialty Group >500 membros setembro)
1980s - Tentativa frustrada de comercialização (do Landsat) - 1999 - Lançado o sistema de observação da Terra chamado Terra
EOSAT, Inc. 1999 - Lançado o ImageSat (Israel ImageSat International)
1980 - ISP torna-se International Society for Photogrammetry 2000s
& Remote Sensing 2000 - Iniciou-se o programa New Millenium (NASA)
1980 - European Space Agency (ESA) é criada (30 de outubro) 2001 - Lançado o QuickBird (DigitaIGlobe, Inc.)
1980 - IEEE Transactions on Geoscience and Remote Sensing 2002 - Lançado o sistema de observação da Terra chamado Aqua
(GRSS Society) (NASA)
1981 - Primeiro International Geoscience and Remote Sensing 2002 - Lançado o ENVISAT (European Space Agency)
Symposium IGARSS) 2002 - Introdução dos algoritmos de segmentação de imagens
1981 - Iniciado o programa Space Shuttle (STS-1), da NASA orientada ao objeto
1981 - Lançado o Space Shuttle Imaging Radar (SIR-A) (NASA) 2003 - Lançado o OrbView-3 (ORBIMAGE, Inc.)
1982 - Lançado o Landsat-4 com o Thematic Mapper ( FM) e o MSS 2003 - Lançado o CBERS-2 (China-Brazil Earth Resources
1983 - Manual of Remote Sensing, 2a edição (ASP) Satellite, outubro)
1984 - Lançado o Landsat-5 - Thematic Mapper c MSS (NASA) 2004 - GIScience & Remote Sensing (Bcllwether Publishing,
1984 - Lançado o Space Shuttle Imaging Radar (SIR-A) (NASA) Inc.)
1986 - Lançado o SPOT-1 (SPOT Image, Inc.) 2004 - Manual ol Photogrammetry, 5a edição (ASPRS)
1986 - Início da Geocarto International (Geocarto International 2005 - Google Earth usa dados da DigitaIGlobe e do TM /
Center) Landsat
1989 - T h e Earth Observer (NASA Goddard Space Flight Center) 2006 - A ORBIM AGE compra a Space Imaging e muda o
1990s nome para GeoEye
1990s - Maturidade da fotogrametria digital computadorizada 2007 - Lançado o CBERS-2B (China-Brazil Earth Resources
(soft-copy) Satellite, setembro)
1990s - São disponíveis programas de pós-graduação em senso­
riamento remoto em universidades
a sua vida. Tal aprendizado não pode ser medido, progra­
1990s - Maturidade dos Light Detection and Ranging (LIDAR)
1990s - NASA apóia o sensoriamento remoto comercial (Sten- mado, ou entendido completamente. A sinergia da com­
nis Space Center) binação do conhecimento científico com a experiência de
1990s - Aumento do uso de sensores hiperespectrais e LIDAR mundo real do analista permite ao intérprete desenvolver
1990 - Lançado o SPOT-2 (Spot Image, Inc.) métodos heurísticos práticos para extrair informações im­
1991 - Começo da “Mission to Planet Earth” (NASA) portantes de uma imagem. E conhecido o fato de que al­
1991 - Lançado o ERS-1 (European Space Agency) guns analistas de imagens são superiores a outros analistas
1992 - O U.S. Land Remote Sensing Act torna-se lei de imagens porque eles: 1) entendem melhor os princípios
1993 - O Landsat-6 não atinge sua órbita (EOSAT, Inc.)
científicos, 2) têm maior experiência de campo e viram
1993 - Lançado o SPOT-3 (Spot Image, Inc.)
muitos objetos da paisagem e áreas geográficas, e/ou 3)
1993 - Space Shuttle Imaging Radar (SIR-C) (NASA)
1995 - Lançado o RADARSAT-1 (Canadá) podem sintetizar princípios científicos e experiência do
1995 - Lançado o ERS-2 (European Space Agency) mundo real para chegarem a conclusões lógicas e corretas.
1995 - Lançado o IRS-1C ( 5 x 5 m) (Indian Remote Sensing Então, a interpretação de imagens de sensoriamento remo­
Program) to é tanto uma arte como uma ciência.
8 C A P ÍT U L O 1 Sensoriamento Remoto do Ambiente

Informação Sobre um Objeto ou Área pode ser usado para obter fotografias de objetos extrema­
mente pequenos na pele, no olho, etc. Um instrumento
Os sensores podem obter uma informação muito específica de raios-x é um sistema de sensoriamento remoto onde
sobre um objeto (p.ex., o diâmetro da copa de um carvalho) a pele e o músculo são como a atmosfera que podem ser
ou a extensão de um fenômeno geográfico (p.ex., o limi­ penetrados, e os ossos ou outra matéria internos são os
te poligonal de toda uma floresta de carvalho). A energia objetos de interesse.
eletromagnética emitida ou refletida por um objeto ou área
geográfica é usada como um substituto da propriedade real Vantagens e Limitações do Sensoriamento Remoto
sob investigação. As medições da energia eletromagnética
devem ser convertidas em informação usando técnicas visu­
ais e/ou técnicas de processamento digital de imagens. O sensoriamento remoto tem várias vantagens únicas bem
como algumas limitações.
O Instrumento (Sensor)
Vantagens
O sensoriamento remoto é realizado usando um instru­
mento, frequentemente chamado de sensor. A maioria dos O sensoriamento remoto é não-intrusivo se o sensor estiver
instrumentos de sensoriamento remoto registram a REM registrando passivamente a energia eletromagnética refletida
(radiação eletromagnética) que se desloca a uma velocida­ ou emitida pelo fenômeno de interesse. Esta é uma con­
de de 3 x 108 m s'1 a partir da fonte, diretamente através sideração muito importante, uma vez que o sensoriamento
do vácuo ou, indiretamente, por reflexão ou rerradiação remoto passivo não perturba o objeto ou a área de interesse.
para o sensor. A REM representa um canal de comunica­
ção muito eficiente e em alta velocidade entre o sensor e o Os equipamentos de sensoriamento são programados para
fenômeno remoto. De fato, não conhecemos nada que se coletar dados sistematicamente, tais como as fotografias
desloque mais rápido que à velocidade da luz. Mudanças aéreas verticais de 23 x 23 cm ou uma matriz (raster, ou
na quantidade ou propriedade da REM tornam-se, pela bitmap, ou mapa de bits, ou uma matriz de pontos ou
detecção pelo sensor, uma valiosa fonte de dados para in­ pixels) de dados do Thematic M apper (Mapeador Temá­
terpretar importantes propriedades do fenômeno (p.ex., tico) do Landsat-5. Esta coleta de dados sistemática pode
temperatura, cor). Outros tipos de campos de força po­ remover o viés de amostragem introduzido em algumas
dem ser usados em lugar da REM , tais como ondas acústi­ investigações in situ (p.ex., Karaska et al., 2004).
cas (sonar) (p.ex., Dartnell e Gardner, 2004). Entretanto,
a maioria dos dados de sensoriamento remoto coletados A ciência do sensoriamento remoto também é diferente da
para aplicações em recursos da Terra é o resultado de sen­ cartografia ou do GIS (Ciência da Informação Geográfica)
sores que registram a energia eletromagnética. porque estas ciências assentam-se em dados obtidos por
outras. A ciência do sensoriamento remoto pode fornecer
Distância: Quão Longe E Remoto? nova e fundamental informação científica. Sob condições
controladas, o sensoriamento remoto pode fornecer in­
O sensoriamento remoto ocorre a uma distância do objeto formação biofísica básica, incluindo localização em x t y,
ou área de interesse. O interessante é que não há uma dis­ elevação ou profundidade em biomassa; temperatura; e
tinção clara sobre quão grande essa distância deveria ser. A teor de água. Nesse sentido, a ciência do sensoriamento re­
distância poderia ser 1 cm, 1 m, 100 m, ou mais de 1 milhão moto assemelha-se ao levantamento, fornecendo informa­
de metros do objeto ou da área de interesse. Muito da astro­ ção básica que outras ciências podem usar ao conduzirem
nomia é baseado em sensoriamento remoto. De fato, mui­ investigações científicas. Porém, ao contrário do levanta­
tos dos mais inovadores sistemas de sensoriamento remoto e mento, os dados de sensoriamento remoto podem ser obti­
de métodos visuais e de processamento de imagens digitais dos sistematicamente para áreas geográficas muito grandes
foram originalmente desenvolvidos para o sensoriamento ao invés de observações apenas pontuais. De fato, a in­
remoto de paisagens extra-terrestres, como a Lua, Marte, Io, formação derivada do sensoriamento remoto atualmente é
Saturno, Júpiter, etc. Este texto, porém, trata primariamen­ crítica para o satisfatório modelamento de numerosos pro­
te com o sensoriamento remoto da Terra, usando sensores cessos naturais (p.ex., estimativa do suprimento de água;
colocados em aeronaves suborbitais na atmosfera ou em sa­ estudos de eutrofização; poluição por fontes não-pontuais)
télites colocados no espaço, operando no vácuo. e culturais (p.ex., conversão do uso da terra nas bordas ur­
banas; estimativa da demanda por água; estimativas popu­
As técnicas de sensoriamento remoto e de processamento lacionais) (Walsh et ah, 1999; Stow et al., 2003; Nemani
digital de imagens também podem ser usadas para analisar et al., 2003; Karaska et al., 2004). Um bom exemplo é o
espaços internos. Por exemplo, um microscópio eletrônico modelo digital de elevação, que é tão importante em mui-
O Processo do Sensoriamento Remoto 9

tos modelos de GIS espacialmente distribuídos (Clarke, francês Gaspard Felix Tournachon (que se auto-apelidava
2001). Agora, os modelos digitais de elevação são produ­ Nadar). Grandes passos na fotografia aérea e outros siste­
zidos principalmente a partir de imagens estereoscópicas mas de coleta de dados por sensoriamento remoto ocor­
de LID A R (light detection and ranging ou detecção da luz reram durante as I e II Guerras Mundiais, no conflito
e medição de distância) (p.ex., Maune, 2001; Hodgson et da Coréia, na Crise dos Mísseis de Cuba, na Guerra do
al., 2003b; 2005), de medições por RADAR (radio detec­ Vietnã, na Guerra do Golfo, na guerra da Bósnia, e na
tion an d ranging ou detecção de ondas de rádio e medição guerra contra o terrorismo. Muitos dos marcos signifi­
de distância), ou de imagens interferométricas de radares cativos estão sumarizados na Tabela 1-1 e no Capítulo 3
de abertura sintética (IFSAR). (História da Fotografia Aérea e das Plataformas Aéreas).
Basicamente, os contratos militares junto às companhias
Limitações privadas resultaram no desenvolvimento de sofisticados
sistemas eletro-ópticos multiespectrais e sistemas senso­
A ciência do sensoriamento remoto tem limitações. Talvez res de infravermelho termal e de micro-ondas (radar),
a maior limitação é que geralmente ela é superestimada. O cujas características estão apresentadas nos Capítulos 7,
sensoriamento remoto não éum apanacéia que fornecerá todas 8 e 9, respectivamente. Embora a maioria dos sistemas de
as informações necessárias à condução das pesquisas físicas, sensoriamento remoto possa ter sido inicialmente desen­
biológicas ou das ciências sociais. Ele simplesmente provê volvida para aplicações de reconhecimento militar, esses
alguma informação espacial, espectral e temporal de valor, sistemas são também largamente usados para monitora­
de uma forma que esperamos seja eficiente e econômica. mento dos recursos naturais da Terra.

Os seres humanos selecionam o sistema de sensoriamento Os procedimentos de coleta e análise de dados de sensoria­
remoto mais apropriado para coletar os dados, especificam mento remoto usados para aplicações aos recursos da Terra
as várias resoluções dos dados dos sensores remotos, cali­ são frequentemente implementados de um modo sistemá­
bram os sensores, selecionam a plataforma que irá portar tico que pode ser chamado de o processo do sensoriamento
o sensor, determinam quando os dados serão coletados e remoto. Os procedimentos no processo do sensoriamento
especificam como os dados serão processados. O erro pro­ remoto são sumarizados aqui e na Figura 1-5:
duzido pelo método humano pode ser introduzido quan­
do os parâmetros da missão e do instrumento de sensoria­ • A hipótese a ser testada é definida usando um tipo es­
mento remoto são especificados. pecífico de lógica (p.ex., indutiva, dedutiva) e um mo­
delo adequado de processamento (p.ex., determinísti-
Potentes sistemas sensores remotos ativos que emitem sua co, estocástico).
própria radiação eletromagnética (p.ex., LIDAR, RADAR,
SONAR) podem ser intrusivos e afetar o fenômeno que está • São coletados dados colaterais e in situ necessários para
sendo investigado. Mais pesquisas são necessárias para deter­ calibrar os dados do sensor remoto e/ou julgar suas ca­
minar quão intrusivos podem ser esses sensores ativos. racterísticas geométricas, radiométricas e temáticas.

Os instrumentos de sensoriamento remoto podem ficar • Os dados do sensor remoto são coletados passiva ou
descalibrados, resultando em dados não-calibrados obtidos ativamente usando instrumentos de sensoriamento
por tais sensores remotos. Finalmente, os dados dos senso­ remoto analógicos ou digitais, idealmente ao mesmo
res remotos podem ser muito caros para serem coletados tempo em que se coletam os dados in situ.
e analisados. Espera-se, porém, que a informação extraída
dos dados dos sensores remotos justifique os gastos. E in­ • Os dados in situ e de sensoriamento remoto são proces­
teressante notar que o maior gasto numa típica investiga­ sados usando a) processamento de imagem analógica,
ção com sensoriamento remoto é com analistas de imagens b) processamento digital de imagens, c) modelagem, e
bem treinados, e não com os dados dos sensores remotos. d) visualização a «-dimensões.

■ ■ ■ O Processo do Sensoriamento • Os metadados, os passos do processamento e a exati­

RH
Remoto dão da informação são fornecidos, e os resultados são
comunicados usando imagens, gráficos, tabelas estatís­
ticas, base de dados GIS, Sistemas Espaciais de Suporte
Os cientistas vêm desenvolvendo procedimentos para à Decisão (SD SS), etc.
coleta e análise de dados de sensoriamento remoto por
mais de 150 anos. A primeira fotografia a partir de uma E útil revisar as características desses procedimentos do
plataforma aérea (um balão fixo) foi obtida em 1858 pelo processo do sensoriamento remoto.
10 C A P IT U L O 1 Sensoriamento Remoto do Ambiente

O Processo do Sensoriamento Remoto

• Formulação de Hipóteses • Medições /’// situ • Processamento Analógico (Análise • M etadados de Imagens
(se apropriado) - Campo (p.ex., x, y, z com Visual) de Imagens - Pontes
GPS, biomassa, reflectância) - Usando os Elementos de Interpretação de - Passos do Processamento
• Seleção da Lógica - Laboratório (p.ex., reflectân­ Imagens
Apropriada cia, índice de área foliar) • Avaliação da Exatidão
- Indutiva e/ou • Processamento Digital de Imagens - Geométrica
- Dedutiva • D ados Colaterais - Pré-processamento - Radiométrica
- Tecnológica - Modelos digitais de elevação - Correção radiométrica - Temática
- Mapas de solos - Correção geométrica - Detecção de mudanças
• Seleção do Modelo - Mapas de geologia de - Realce
Apropriado superfície - Análise fotogramétrica • Analógica e Digital
- Determinístico - Densidade populacional, etc. - Paramétrica, como - Imagens
- Empírico - Máxima verossimilhança - Não-retificadas
- Baseado no conhecimento • Sensoriamento Remoto - Não-paramétrica, como - Ortorretificadas
- Baseado no processo - Analógico passivo - Redes neurais artificiais - Ortofotomapas
- Estocástico - Câmera métrica - Não-métrica, como - Mapas temáticos
- Videografia - Sistemas especialistas - Base de dados GIS
- Digital passivo - Classificadores por árvore de decisão - Animações
- Câmera métrica - Aprendizado pela máquina - Simulações
- Escânercs - Análise hiperespectral
- Multiespectral - Detecção de mudanças • Estatísticas
- Hiperespectral - Modelagem - Univariada
- Matrizes lineares e de área - Modelagem espacial usando dados GIS - Multivariada•
- Multiespectral - Modelagem de cena
- Hiperespectral - Geo-visualização científica • Gráficos
- Ativo - 1,2, 3, n dimensões - 1, 2 e 3 dimensões
- Micro-ondas (RADAR)
- Laser (LIDAR) • Teste de Hipóteses
- Acústico (SONAR) - Aceitação ou Rejeição das hipóteses

Figura 1-5 Os cientistas geralmente usam o processo tio sensoriamento remoto quando extraem informação a partir de dados de
sensoriamento remoto.

Enunciado do Problema O método científico é normalmente usado em conjunto


com modelos ambientais que são baseados em dois tipos
primários de lógica:
Às vezes o público leigo e mesmo as crianças olham uma fo­
tografia aérea ou outro dado de um sensor remoto e extraem • lógica dedutiva
informação útil. Geralmente, eles fazem isso sem uma hipó­
tese formal em mente. Com muito mais frequência, entre­ • lógica indutiva
tanto, eles interpretam a imagem incorretamente porque não
entendem a natureza do sistema do sensoriamento remoto M odelos baseados na lógica dedutiva e/ou indutiva po­
usado para coletar os dados ou não valorizam a perspectiva dem ser ainda subdivididos de acordo com o seu proces­
oblíqua ou vertical do terreno registrada na imagem. samento, seja deterministicam ente ou estocasticamente
(Jensen, 2005). Alguns cientistas extraem novas infor­
Os cientistas que usam o sensoriamento remoto, por outro mações temáticas diretamente da imagem de sensoria­
lado, geralmente são treinados no método científico - uma mento remoto mesmo sem nunca usar explicitamente
maneira de pensar sobre os problemas e resolvê-los. Usam um a lógica indutiva ou dedutiva. Eles estão interessados
plano formal que tem pelo menos cinco elementos: 1) enun­ apenas na extração da informação a partir da imagem
ciado do problema, 2) formulação das hipóteses da pesquisa usando métodos e tecnologias apropriados. Esta abor­
(isto é, uma possível explicação), 3) observação e experimenta­ dagem tecnológica não é tão rigorosa, mas é comum no
ção, 4) interpretação dos dados, e 5) delineamento das conclu­ sensoriamento remoto aplicado. E também pode gerar
sões. Não é necessário seguir exatamente este plano formal. novos conhecimentos.
O Processo do Sensoriamento Remoto 11

O sensoriamento remoto é usado tanto na abordagem remoto. Idealmente, os dados colaterais ficam residen­
científica (indutiva e dedutiva) quanto na tecnológica tes em um G IS (Clarke, 2001).
para obter conhecimento. Há controvérsia sobre como
os diferentes tipos de lógica usados no processo do sen­ Requisitos de Dados de Sensoriamento Remoto
soriamento remoto fornecem novos conhecimentos cien­
tíficos (p.ex., Fussel et ah, 1986; Curran, 1987; Fisher e Uma vez que tenhamos uma lista de variáveis, é útil deter­
Lindenberg, 1989; Dobson, 1993; Skidmore, 2002). minar quais delas podem ser obtidas por sensoriamento re­
moto. O sensoriamento remoto pode fornecer informação
Identificação dos Requisitos de Dados In situ sobre duas classes de variáveis: biofísicas e híbridas.
e de Sensoriamento Remoto
Variáveis biofísicas: Algumas variáveis biofísicas podem
ser medidas diretamente por um sistema de sensoriamen­
Se uma hipótese é formulada usando lógica indutiva e/ to remoto. Isso significa que os dados de sensoriamento
ou dedutiva, é identificada* uma lista de variáveis ou ob­ remoto podem fornecer diretamente informação bioló­
servações que serão usadas durante a investigação. O b­ gica e/ou física (biofísica) fundamental, geralmente sem
servações in situ e/ou de sensoriamento remoto podem ter de usar outros dados substitutos ou auxiliares. Por
ser usadas para coletar informação sobre a maioria das exemplo, os sistemas de sensoriamento remoto no infra­
variáveis importantes. vermelho termal podem registrar a temperatura aparente
de um corpo rochoso pela medição da energia radiante
Cientistas usando tecnologias de sensoriamento remoto que emana dessa superfície. Similarmente, é possível fa­
deveríam ser bem treinados nos procedimentos de cole­ zer sensoriamento remoto numa região muito específica
ta de dados no campo e no laboratório. Por exemplo, se do espectro e identificar a quantidade de vapor d’água na
um cientista quer mapear a temperatura superficial de um atmosfera. E possível também medir o teor de umidade
lago, em geral é necessário coletar algumas medidas da do solo diretamente usando técnicas de sensoriamento
temperatura do lago in situ de forma precisa e empírica ao remoto na faixa de micro-ondas (Engman, 2000). O Mo-
mesmo tempo em que os dados do sensor remoto forem derate Resolution Imaging Spectrometer (M O D IS), da
coletados. As observações in situ podem ser usadas para NASA, pode ser usado para medir a radiação fotossin-
1) calibrar os dados do sensor remoto, e/ou 2) fazer uma teticamente ativa absorvida (APAR) e o índice de área
avaliação não-viesada da precisão dos resultados finais foliar (LAI). A localização x, y, e a altura {z) precisas de
(Congalton e Green, 1998). Os livros-textos de sensoria­ um objeto podem ser extraídas diretamente da fotografia
mento remoto fornecem alguma informação sobre téc­ aérea estereoscópica, de imagem de satélite com recobri-
nicas de amostragem no campo e no laboratório. Entre­ mento (p.ex., SPO T ), de dados de sensor de detecção de
tanto, os procedimentos de amostragem in situ são mais luz e distância (LIDAR), ou de imagem interferométrica
bem aprendidos durante os cursos formais de ciência (por de radar de abertura sintética (IFSAR).
exemplo, química, biologia, floresta, solos, hidrologia,
meteorologia). Também é importante saber como coletar A Tabela 1-2 é uma lista selecionada de variáveis biofísicas
de forma precisa informação sócio-econômica e demográ­ que podem ser obtidas por sensoriamento remoto usando
fica em ambientes urbanos com base no treinamento em sensores adequados para adquirir os dados. As característi­
geografia humana, sociologia, etc. cas de muitos desses sistemas de sensoriamento remoto são
discutidas nos Capítulos 4, 7, 8 e 9. Foram dados grandes
Atualmente, a maioria dos dados in situ é coletada em con­ passos no sensoriamento remoto de muitas dessas variáveis
junto com dados x, y, z do sistema de posicionamento glo­ biofísicas. Elas são importantes para o esforço nacional e
bal (GPS) (Jensen e Cowen, 1999). Os cientistas deveriam internacional em andamento para modelar o ambiente
saber como coletar os dados de GPS em cada estação (local) global (Jensen et ah, 2002; Asrar, 2004).
de coleta de dados in situ e como fazer a correção diferencial
para obter coordenadas x,y, z precisas (Rizos, 2002). Variáveis Híbridas: O segundo grupo geral de variáveis
que podem ser obtidas por sensoriamento remoto inclui as
Requisitos de Dados Colaterais variáveis híbridas, criadas pela análise sistemática de mais
de uma variável biofísica. Por exemplo, pelo sensoriamen­
Muitas vezes os dados colaterais (frequentemente cha­ to remoto das características de uma planta quanto à sua
mados dados auxiliares), tais como modelos digitais de absorção pela clorofila, temperatura e teor de umidade,
elevação, mapas de solos, mapas geológicos, arquivos seria possível modelar esses dados para detectar estresse
com limites políticos, e estatísticas populacionais agru­ de vegetação — uma variável híbrida. A diversidade de
padas, são importantes no processo de sensoriamento variáveis híbridas é grande; consequentemente, nenhuma
12 C A P ÍT U L O 1 Sensoriamento Remoto do Ambiente

Tabela 1-2. Seleção de variáveis biofísicas e híbridas, e o potencial dos sistemas de sensoriamento remoto usados para
obter a informação.

Variáveis Biofísicas Sistemas de Sensoriamento Remoto Potenciais

Controle Geodésico x, y, z - Sistemas de Posicionamento Global (GPS)


Localização x, y a partir de Imagem Ortocorrigida - Fotografia aérea estereoscópica analógica ou digital, Ikonos
da Space Imaging, QuickBird da DigitalGlobe, OrbView-3
da Orbimage, HRV-SPOT da França, Landsat (Thematic
Mapper, Enhanced TM*), IRS-1CD da índia, Sensor de
micro-ondas dos ERS-1 e 2 da Europa, MERIS-ENVISAT
da Europa, M ODIS (Moderate Resolution Imaging Spectro-
meter), LIDAR, Radarsat 1 e 2 do Canadá, CBERS-1, 2 e 2B
do Brasil-China.
Topografia/Batimetria z
- Modelo Digital de Elevação (DEM) - GPS, fotografia aérea estereoscópica, LIDAR, SPOT, RA­
DARSAT, IKONOS, QuickBird, OrbView-3, Shuttle Radar
Topography Mission (SRTM), Radar Interferométrico de
- Modelo Batimétrico Digital (DBM) Abertura Sintética (IFSAR)
- SONAR, LIDAR batimétrico, fotografia aérea estereoscópica
Vegetação
- Pigmentos (p.ex., clorofilas a e b) - Fotografia área colorida, ETM* Landsat, IKONOS, Qui­
ckBird, OrbView-3, SeaWiFS da Orbimage, Advanced
Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer
-Estrutura e altura do dossel (ASTER), ENVISAT, hiperespectral aerotransportado (p.ex.,
AVIRIS, HyMap, CASI)
- Biomassa derivada de índices de vegetação - Fotografia aérea estereoscópica, LIDAR, RADARSAT, IFSAR
- índice de área foliar (LAI ou IAF) - Fotografia aérea infravermelha colorida (CIR), fotogra­
- Radiação fotossinteticamente ativa absorvida fia aérea, Landsat (TM, ETM*), IKONOS, QuickBird,
- Evapotranspiração OrbView-3, Advanced Very High Resolution Radiometer
(AVHRR), CBERS (CCD, WFI), Multiangle Imaging Spec-
troradiometer (MISR), sistemas hiperespectrais aerotrans-
portados (p.ex., AVIRIS, HyMap, CASI)
Temperatura Superficial (terra, água, atmosfera) - ASTER, AVHRR, GOES, Hyperion, MISR, M ODIS, Sea­
WiFS, infravermelho termal aerotransportado
Solos e Rochas
- Umidade -ASTER, micro-ondas passivo (SSM/1), RADARSAT, MISR,
ALMAZ, Landsat (TM, ETM*), ERS-1 e 2, Intermap Star 3/
- Composição mineral - ASTER, M ODIS, sistemas hiperespectrais (p.ex., AVIRIS,
HyMap, CASI)
- Taxonomia - Fotografia área colorida de alta resolução e fotografia
aérea infravermelha colorida (CIR), sistemas hiperespectrais
aerotransportados (p.ex., AVIRIS, HyMap, CASI)
- Alteração hidrotermal - Landsat (TM, ETM*), ASTER, M O DIS, hiperespectrais
aerotransportados (p.ex., AVIRIS, HyMap, CASI)
- Fotografia aérea, ALMAZ, ERS-1 e 2, RADARSAT, Intermap
Rugosidade Superficial
Star 3i, IKONOS, QuickBird, ASTER, ENVISAT ASAR
Água - Fotografia aérea colorida normal e infravermelha, Landsat
- Cor (TM, ETM +), SPOT, IKONOS, QuickBird, OrbView-3,
- Hidrologia de superfície ASTER, SeaWiFS, M ODIS, sistemas hiperespectrais
- Minerais em suspensão aerotransportados (p.ex., AVIRIS, HyMap, CASI), AVHRR,
- Clorofila/material orgânico em suspensão GOES, LIDAR batimétrico, MISR, CERES, Hyperion,
- Material orgânico dissolvido TOPEX/POSEIDON, MERIS
O Processo do Sensoriamento Remoto 13

Tabela 1-2. Continuação.

Variáveis Biofísicas Sistemas de Sensoriamento Remoto Potenciais


Neve e Gelo Marinho - Fotografia aérea colorida normal e infravermelha, AVHRR,
- Extensão e características GOES, Landsat (TM, ETM 4), SPOT, SeaWiFS, IKONOS,
QuickBird, ASTER, M ODIS, MERIS, ERS-1 e 2, RA­
DARSAT
Efeitos Vulcânicos - ASTER, MISR, Hyperion, M ODIS, sistemas hiperespec­
- Temperatura, gases trais aerotransportados
BRDF (Função de Distribuição da Reflectância - MISR, M ODIS, CERES
Bidirecional)
Variáveis Híbridas Selecionadas Sistemas de Sensoriamento Remoto Potenciais
Uso da Terra - Fotografia aérea estereoscópica de alta resolução pan-
- Comercial, residencial, transporte, etc. cromática, colorida normal ou infravermelha, imagem
- Cadastral (propriedades) de satélite de alta resolução espacial (<1 x 1 m: IKONOS,
- Mapeamento para taxação QuickBird, OrbView-3), SPOT (2,5 m), LIDAR, sistemas
hiperespectrais de alta resolução espacial aerotranspor­
tados (p.ex., AVIRIS, HyMap, CASI)
Vegetação - Fotografia aérea colorida normal ou infravermelha,
- Estresse Landsat (TM, ETM 4), IKONOS, QuickBird, OrbView-3,
AVHRR, SeaWiFS, MISR, M ODIS, ASTER, MERIS,
sistemas hiperespectrais aerotransportados (p.ex., AVIRIS,
HyMap, CASI)

tentativa é feita para identificá-las. Entretanto, é impor­ sensores passivos registram a radiação eletromagnética que
tante salientar que o uso da terra e a cobertura da terra é refletida ou emitida pelo terreno (Shippert, 2004). Por
em escala nominal são variáveis híbridas. Por exemplo, a exemplo, câmeras e gravadores de vídeo podem ser usa­
cobertura da terra de uma área particular numa imagem dos para registrar a energia visível e infravermelha refletida
pode ser derivada a partir da avaliação de diversas vari­ pelo terreno. Um escâner multiespectral pode ser usado
áveis biofísicas ao mesmo tempo [p.ex., localização (x, para registrar a quantidade de fluxo radiante termal que
y) do objeto, altura (z), cor e/ou tonalidade, biomassa deixa o terreno. Sensores ativos, tais como os de micro­
e talvez temperatura]. Tamanha atenção foi colocada no ondas (RADAR), LIDAR ou SO NA R, cobrem o terreno
sensoriamento remoto dessas variáveis híbridas de escala com energia eletromagnética gerada pelo próprio equipa­
nom inal que as variáveis biofísicas escalonadas por inter­ mento, e depois registram a quantidade de fluxo radiante
valo ou fração foram muito negligenciadas até meados espalhado de volta em direção ao sistema sensor.
dos anos 1980s. O mapeamento em escala nominal do
uso da terra e da cobertura da terra são potencialidades Os sistemas de sensoriamento remoto coletam dados
importantes da tecnologia do sensoriamento remoto e analógicos (p.ex., fotografias aéreas em papel ou dados
não deveríam ser minimizadas. Muitos cientistas sociais e de vídeo) e/ou dados digitais [p.ex., uma matriz (raster)
físicos usam rotineiramente tais dados em suas pesquisas. de valores de brilho obtidos usando um escâner, uma
Entretanto, agora há um dramático aumento na extração matriz linear, ou uma matriz de área ou bidim ensional].
de dados biofísicos escalonados por intervalo e fração que Um a lista selecionada de alguns dos mais importantes
são incorporados em modelos quantitativos que podem sistemas de sensoriamento remoto é apresentada na Ta­
aceitar informação espacialmente distribuída. bela 1-3.

Coleta de Dados de Sensoriamento Remoto A magnitude da radiância eletromagnética, L (watts m'2


sr'1; watts por metro quadrado por esterradiano), registra­
da dentro de um IFO V de um sistema de sensoriamento
Os dados de sensoriamento remoto são coletados usando remoto óptico (p.ex., um elemento de imagem numa ima­
sistemas de sensoriamento remoto passivos ou ativos. Os gem digital), é uma função de:
Tabela 1-3. Seleção de sistemas de sensoriamento remoto e suas características.
Resolução

Espectral

Vermelho '"fravermelho |nfravermelh0 Infravermelho ... . Espacial Temporal


Sistemas de Sensoriamento Remoto Azul Verde Micro-ondas
termal (m) (dias)
Proxlm° médio (SWIR) I
Sensores Suborbitais

Filme pancromático (preto e branco) 0,5 - 0,7 pm Variável Variável

Filme colorido 0,4 - - 0,7 pm Variável Variável

Filme infravermelho colorido 0,5 ..................... 0,9 pm Variável Variável

1 1 1 0,25 - 5 Variável

CAPÍTULO
Câmeras métricas digitais (CCD) 1

CASI 1500 0,40 ---------288 bandas ............................ 1,0 pm Variável Variável

AVIRIS - Airborne Visible Infrared 224 bandas ------------------------------ 2,5 pm 2,5 ou 20 Variável
0,40
Imaging Spectrometer

Intermap Star-3i Radar banda 1 Variável Variável

X
Sensores em Satélites

NOAA-9 AVHRR LAC 1 1 3 1.100 14,5/dia

Sensoriamento Remoto do Ambiente


NOAA-K, L, M 1 1 2 2 1.100 14,5/dia

Landsat Multispectral Scanner (MSS) 1 1 2 79 16-18

Landsat 4 e 5 Thematic Mappers (TM) 1 1 1 1 2 1 30 e 120 16

Landsat 7 Enhanced TM (E FM+) 1 2 1 30 e 60 16


1 1 1
- Multiespectral

- Pancromático 0,52 — -........0,9 pm 15 16

com aponta­
SPOT 4 HRV - Multiespectral 1 1 1 20
mento
com aponta­
- Pancromático 0,51 ------- 0,73 pm 10
mento

O Processo do Sensoriamento Remoto


Tabela 1-3. Seleção de sistemas de sensoriamento remoto e suas características (continuação).
Resolução

Espectral

Sistemas de Sensoriamento Remoto Azul Verde Vermelho lnfravermelho Infravermelho Espacial Temporal
Infravermelho Micro-ondas
proximo termal (m ) (dias)
médio (SWIR)
Sensores Suborbitais

Série GO ES (Leste e Oeste) 0 ,5 2 ......... ...................... 0,72 pm 700 0,5/dia


European Remote Sensing Satellite
Polarização W Banda C (5,3 GHz) 2 6-28 -
(ERS-1 e 2)

RADARSAT Canadense (vários modos) Polarização HH Banda C (5,3 GHz) 9-100 1-6 dias

Shuttle Imaging Radar (SIR-C) 30 Variável


iv ,9f*n-
Sea-Viewing Wide Field-of-View Sen­
3 2 1 2 1.130 1
sor (SeaWiFS)
M O DIS —Moderate Resolution Imag­ 250, 500,
0 ,4 0 5 ------------------------ 36 bandas------ 14,385 pm 1-2
ing Spectrometer 1000
ASTER - Advanced Spaceborne 0,52 - 3 bandas - 0,86 pm 15 5
Thermal Emission and Reflection 1 ,6 - 6 bandas - 2,43 pm 30 16
Radiometer 8 ,1 2 - 5 bandas - 11,6 pm 90 16
M ISR - Multiangle Imaging Spectro-
Nove câmeras C C D em quatro bandas (440, 550, 670, 860 nm) 2 7 5 e 1000 1-2
Radiometer
NASA Topex/Poseidon —TO PEX radar
altimeter (18, 21, 37 GHz)
315.000 10
—PO SEIDO N single-frequency radi- (13,65 GHz)
ometer
Space Imaging IKONOS com aponta­
1 4
- Multiespectral mento

- Pancromático 0 ,4 5 ------------------------------------- 0,9 pm 1

DigitaIGlobe QuickBird com aponta­


2.44
- Multiespectral mento

- Pancromático 0 ,4 5 ------------------------------------ 0,9 pm 0,61

oi
16 C A P ÍT U L O 1 Sensoriamento Remoto do Ambiente

L = f ( X , s ^ , t , Q , P,Q) (1-1) banda pode ser grande (isto é, grosseira), como a banda
4 do M SS Landsat no infravermelho próximo (800 -
onde 1.100 nm) ou relativamente menor (isto é, mais fina),
como a banda 3 do M SS do Landsat (700 — 800 nm).
A, = comprimento de onda (resposta espectral medida em Neste caso, os detectores da banda 4 do M SS do Landsat
várias bandas ou em frequências específicas). O compri­ registravam um intervalo relativamente largo de fluxo
mento de onda (À.) e a frequência (v) podem ser usados radiante refletido no infravermelho (300 nm de largura)
intercambiavelmente com base na sua relação com a velo­ enquanto os detectores da banda 3 do M SS registravam
cidade da luz (c) onde c = X x v. um intervalo bem mais reduzido de fluxo radiante no
svi = localização x, y, z do pixel e seu tamanho (x, y); infravermelho (100 nm de largura).

t = informação temporal, i.e, quando, durante quanto tem­ As quatro bandas multiespectrais da câmera métrica digital
po, e com que frequência os dados são adquiridos; do ADAR 5500 da Positive Systems são mostradas para
fins comparativos (Figura l-6a, c e d). As larguras de banda
0 = conjunto de ângulos que descrevem as relações geo­ da câmera foram refinadas para registrarem informação em
métricas entre a fonte de radiação (por exemplo, o Sol), o regiões mais específicas do espectro (banda 1 = 450 —515
objeto de interesse no terreno (por exemplo, um campo ou nm; banda 2 = 525 - 605 nm; banda 3 = 640 - 690 nm,
talhão de milho), e o sistema de sensoriamento remoto; e banda 4 = 750 - 900 nm). Há espaços entre as sensibili­
dades espectrais dos detectores. Observe que esse sistema
P = polarização da energia retroespalhada registrada pelo de câmera digital também é sensível à energia refletida no
sensor; e comprimento de onda do azul.

Q = resolução radiométrica (precisão) com que os dados A terminologia mencionada anteriormente é tipicamente
(i.e., radiação refletida, emitida, ou retroespalhada) foram usada para descrever a resolução espectral nominal de um sen­
registrados pelo sistema de sensoriamento remoto. sor. Entretanto, é difícil criar um detector que tenha limites
de comprimento de onda extremamente bem definidos tais
E interessante revisar brevemente as características dos parâ­ como aqueles mostrados na Figura l-6a. Mais propriamen­
metros associados com a Equação 1-1 e como eles influenciam te, o método mais preciso para estabelecer o intervalo de
a natureza dos dados de sensoriamento remoto coletados. comprimento de onda é observar a forma Gaussiana típica
da sensibilidade do detector, como mostrado no exemplo da
Informação Espectral e Resolução Figura 1-6b. O analista então determina a Largura Com ­
pleta na Metade do Máximo (FW HM ). Neste exemplo hi­
A maioria das pesquisas de sensoriamento remoto é ba­ potético, a banda 3 do infravermelho próximo do M SS do
seada no desenvolvimento de uma relação determinística Landsat em análise é sensível à energia entre 700 e 800 nm.
(i.e., um modelo) entre a quantidade de energia eletro­
magnética refletida, emitida, ou retroespalhada em bandas Um instrumento hiperespectral de sensoriamento remoto
ou frequências específicas e as características químicas, bio­ adquire os dados tipicamente em centenas de bandas es­
lógicas e físicas dos fenômenos em investigação (p.ex., um pectrais (Goetz, 2002). Por exemplo, o Airborne Visible
dossel de campo de milho). Resolução espectral é o número Infrared Imaging Spectrometer (AVIRIS) tem 224 bandas
e a dimensão (tamanho) de intervalos de comprimentos na região de 400 a 2.500 nm espaçadas de apenas 10 nm
de onda específicos (chamados de bandas ou canais) no entre elas com base no critério de FW HM (Clark, 1999;
espectro eletromagnético aos quais um instrumento de NASA, 2006). Um cubo de dados hiperespectrais AVIRIS
sensoriamento remoto é sensível. de uma porção da área da Usina Nuclear de Savannah Ri-
ver, perto de Aiken, Carolina da Sul, é mostrado na Figura
Os sistemas de sensoriamento remoto imiltiespectrais re­ 1-7. O sensoriamento remoto ultraespectralenvolve a cole­
gistram a energia em múltiplas bandas do espectro ele­ ta de dados em muitas centenas de bandas.
tromagnético. Por exemplo, nos anos 1970s e início dos
1980s, o Multispectral Scanner do Landsat (M SS) regis­ Certas regiões ou bandas espectrais do espectro eletromag­
trou dados de sensoriamento remoto de grande parte da nético são ótimas para obter informações sobre parâmetros
Terra que ainda são de valor significativo para estudos de biofísicos. As bandas são normalmente selecionadas para ma­
detecção de mudanças. As larguras das quatro bandas do ximizar o contraste entre o objeto de interesse e o seu subs­
M SS são mostradas na Figura l-6a (banda 1 = 500 - 600 trato (i.e., o contraste objeto—substrato). A seleção cuidadosa
nm; banda 2 = 600 - 700 nm; banda 3 = 700 - 800 nm; das bandas espectrais pode melhorar a probabilidade de que
e banda 4 = 800 - 1.100 nm). A largura nominal de uma a informação desejada vá ser extraída do sensor remoto.
O Processo do Sensoriamento Remoto 17

Resolução Espectral
M ultispectral Scanner do Landsat (M SS)

G R NIR Infravermelho
próximo

1 2 3 banda 4
I-----1-----C— l------1----- 1----- 1----- 1
0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1

ADAR 5500 da Positive Systems

b. Medição precisa do intervalo espectral de


um detector com base no critério da Largura
Completa à Metade do Máximo (FWHM).
Comprimento de onda, pm
a. Resolução espectral nominal do Multispectral
Scanner do Landsat e da câmera métrica digital
ADAR 5500 da Positive Systems.
banda do azul
( 4 5 0 - 515 nm)

banda do v<
(525 - 605

banda do vermelho
(640 - 690 nm)

banda do infravermelho
próximo (750 - 900 nm)

c. Dados de uma única banda do ADAR 5500. d) Sensoriamento remoto multiespectral.

Figura 1-6 a) Intervalos espectrais das quatro bandas (verde, vermelho, e duas no infravermelho próximo) do Multispectral Scanner do
Landsat (MSS) comparados com os intervalos espectrais de uma câmera métrica digital ADAR 5500. b) O intervalo espectral
verdadeiro é a largura do perfil espectral de uma forma Gaussiana na Largura Completa na Metade da Máxima (FWHM)
intensidade (Clark, 1999). Este exemplo tem intervalo espectral de 0,1 pm (100 nm) entre 700 e 800 nm. c) Se desejável, é
possível coletar energia refletida numa única banda do espectro eletromagnético (p.ex., 750 - 900 nm). Esta é uma imagem do
ADAR 5500 de 0,33 x 0,33 m de resolução espacial no infravermelho próximo, d) Sensores multiespectrais coletam dados em
múltiplas bandas do espectro eletromagnético (as imagens são uma cortesia da Positive Systems, Inc.).

Informação e Resolução Espacial fica padrão, a informação espacial associada com cada cristal
de baleto de prata ou pixel é de valor significativo porque
A maioria dos estudos de sensoriamento remoto registra os ela permite que a informação derivada do sensoriamento
atributos espaciais dos objetos no terreno. Por exemplo, cada remoto seja usada com outros dados espaciais num GIS ou
cristal de baleto de prata numa fotografia aérea analógica e sistema de suporte à decisão (Jensen et al., 2002).
cada elemento de imagem (pixel) numa imagem digital de
sensoriamento remoto está localizado numa posição especí­ Há uma relação geral entre o tamanho de um objeto ou
fica na imagem e associado com coordenadas x,y específicas área a ser identificada e a resolução espacial de um sistema
no terreno. Uma vez retificada para uma projeção cartográ­ de sensoriamento remoto. Resolução espacialé uma medida
18 C A P ÍT U L O 1 Sensoriamento Remoto do Ambiente

C ubo de D ados H iperespectrais do Airborne Visible tro do círculo (D )1 no terreno é uma função do campo de
Infrared Im aging Spectrom eter (AVIRIS) da área da visada instantâneo ((3) vezes a altitude (H) do sensor sobre
Usina do Savannah River próxim a a Aiken, o nível do terreno (AGL) (Figura 1-2):
na C arolina do Sul.
D = (3 x H (1-2)

Pixels são normalmente representados na tela do compu­


tador e em imagens em papel como retângulos com com­
primento e largura. Portanto, descrevemos um sistema de
resolução espacial nominal de um sistema sensor como sen­
do 10 x 10 m ou 30 x 30 m. Por exemplo, o QuickBird
da DigitalGlobe tem resolução espacial nominal de 61 x
61 cm para sua banda pancromática e 2,44 x 2,44 m para as
suas quatro bandas multiespectrais. O Enhanced Thematic
Mapper Plus do Landsat-7 (ET M +) tem resolução espacial
nominal de 15 x 13 m para a sua banda pancromática e 30
x 30 m para as suas seis bandas multiespectrais. Geralmente,
quanto menor a resolução espacial nominal, maior o poder
de resolução espacial do sistema de sensoriamento remoto.

A Figura 1-8 mostra uma imagem de câmera digital de


uma área em Mechanicsville, Nova Iorque, em resoluções
400 nm
variando de 0,3 x 0,5 m a 80 x 80 m. Observe que não há
uma diferença significativa na interpretabilidade nos dados
A imagem do infravermelho próximo no topo do cubo de 0,5 x 0,5 m, nos de 1 x 1 m, e mesmo nos dados de 2 x 2
de dados é apenas uma das 224 bandas com intervalo
m. Entretanto, o conteúdo de informação urbana diminui
espectral de 10 nm adquirida em 26 de Julho de 1999.
rapidamente quando se usa imagem de 5 x 5 m e é prati­
camente inútil para análises urbanas as resoluções espaciais
Figura 1-7 Imagem hiperespectral de uma área da Usina do Sa­ maiores de 10 x 10 m. Essa é uma razão histórica pela qual
vannah River, Carolina do Sul, obtida pelo Airborne
os dados M SS Landsat (79 x 79 m) são de pouco valor para
Visible/Infrared Imaging Spectrometer (AVIRIS) da
NASA. A resolução espacial nominal é de 3,4 x 3,4 a maioria da aplicações urbanas (Jensen e Cowen, 1999;
m. A atmosfera absorve a maioria da radiação ele­ Jensen et al., 2002).
tromagnética próxima aos comprimentos de onda de
1.400 e 1.900 nm, causando as bandas escuras no Uma regra heurística prática útil é a de que, a fim de
cubo de dados hiperespectrais. detectar uma feição, a resolução espacial nominal do sis­
tema de sensoriamento remoto deveria ser pelo menos a
metade do tamanho da feição medida na sua menor di­
da menor separação angular ou linear entre dois objetos mensão. Por exemplo, se quisermos identificar a localiza­
que pode ser determinada pelo sistema de sensoriamento ção de pequenas árvores num parque, a resolução espacial
remoto. A resolução espacial de fotografias aéreas pode ser mínima aceitável seria aproximadamente a metade do di­
medida por 1) colocação de linhas pretas e brancas para­ âmetro da menor copa de árvore encontrada no parque.
lelas e calibradas sobre placas colocadas no campo, 2) ob­ Mesmo esta resolução espacial, entretanto, não garantirá
tenção de fotografias aéreas da área de estudo, e 3) cálculo sucesso se não houver diferença entre a resposta espectral
do número de pares de linha por milímetro determinado na da árvore (o objeto) e o solo ou a grama que está ao redor
fotografia. Também é possível determinar a resolução espa­ dela (isto é, o substrato).
cial de uma imagem pelo cálculo da sua função de trans­
ferência de modulação (M TF), a qual está além do escopo Alguns sistemas sensores, como o LIDAR, não “mapeiam”
deste texto (Joseph, 2000). completamente a superfície do terreno. Mais propriamen­
te, a superfície é “amostrada” usando pulsos de laser en­
Muitos sistemas de sensoriamento remoto em satélites viados da aeronave num intervalo de tempo nominal (Ra-
usam ópticas que têm um campo de visada instantâneo
(IFOV) constante (Figura 1-2). Assim, a resolução espacial
' Em geral, como os detectores são retangulares ou quadrados, 6 comum usar as dimensões
nominal de um sistema sensor é definida como a dimensão
dos seus lados para calcular o IFOV. São raros os detectores circulares. (N. I.)
em metros do IFOV projetado no terreno, onde o diâme­
O Processo do Sensoriamento Remoto 19

Resolução Espacial

40 x 40 m 80 x 80 m 1 10 20 80 m

Figura 1-8 Imagem de uma área residencial próxima a Mechanicsville, Nova Iorque, obtida em I o de Junho de 1998, na escala nominal de
0,3 x 0,3 m usando uma câmera digital (cortesia da Litton Emerge, Inc.). Os dados originais foram reamostrados para gerar a
imagem com as resoluções espaciais simuladas mostradas.

ber et al., 2002). A projeção do pulso de laser no terreno Informação e Resolução Temporal
pode ser muito pequena (p.ex., 1 0 - 1 5 cm de diâmetro)
com amostras localizadas aproximadamente a cada 1 a 6 Uma das coisas de muito valor quanto à ciência do senso­
m no terreno. A resolução espacial seria apropriadamente riamento remoto é que ela obtém um registro das feições
descrita pela projeção do pulso de laser no terreno (p.ex., da Terra num momento único no tempo. Registros múl­
15 cm), mas a densidade de amostragem (i.e., o número de tiplos da mesma feição terrestre obtidos através do tempo
pontos por unidade área) descreve a frequência das obser­ podem ser úteis para identificar processos em desenvolvi­
vações no terreno (Hodgson et al., 2005). mento e fazer previsões.

Com o temos informação espacial sobre a localização de A resolução temporal de um sistema de sensoriamento re­
cada pixel (x,y) na imagem matricial, é também possível moto geralmente se refere a quão frequentemente o sen­
examinar a relação espacial entre um pixel e seus vizinhos. sor registra imagens de uma área particular. A resolução
Consequentemente, a magnitude de auto-correlação es­ temporal do sistema sensor mostrado na Figura 1-9 é de
pectral e outras medidas geoestatísticas espaciais podem 16 dias. Idealmente, o sensor obtém dados repetitivamente
ser determinadas com base na informação espacial inerente para captar características discriminativas singulares de um
na imagem (Walsh et al., 1999; Jensen, 2005). objeto sob investigação (Haack et al., 1997). Por exemplo,
20 C A P ÍT U L O 1 Sensoriamento Remoto do Ambiente

Resolução Temporal alta resolução espacial (1 x 1 m) obtidas em 1993 e 1999.


Algumas aplicações, tais como tipo de cultura ou estima­
Aquisição de Dados por um Sensor Remoto
tiva de safras, poderíam requerer dados de alta resolução
Io de Junho 17 de Junho 3 de Julho temporal (p.ex., várias imagens obtidas durante a estação
de 2006 de 2006 de 2006 de crescimento) e dados de resolução espacial moderada
(p.ex., pixels de 230 x 250 m). Aplicações de resposta a
emergências podem necessitar de coletas de dados com
16 dias
resoluções espaciais e temporais muito altas, que geram
f 1f f uma enorme quantidade de dados.
------- o ------------ o ----------- o — ►
Um outro aspecto da informação temporal é a forma como
Figura 1-9 A resolução temporal de um sistema de sensoriamen­
muitas observações são registradas a partir de um pulso
to remoto refere-se à frequência com que ele registra
a imagem de uma certa área. Este exemplo mostra a único de energia que é dirigido à Terra por um sensor
coleta sistemática de dados a cada 16 dias, presumi­ ativo, tal como um LIDAR. Por exemplo, a maioria dos
velmente aproximadamente à mesma hora do dia. Os sensores LIDAR emite um pulso de energia a laser e grava
Thematic Mappers dos Landsat-4 e 5 tinham ciclos de múltiplas respostas desse pulso. Medições de diferença no
revisita de 16 dias. tempo entre as múltiplas respostas permitem a determina­
ção da altura dos objetos e da estrutura do terreno. Tam­
bém, a duração do tempo necessário para emitir um sinal
as culturas agrícolas têm ciclos fenológicos bem definidos de energia por um sensor ativo é chamada de duração do
em cada região geográfica (discutido no Capítulo 11). Para pulso. Pulsos de curta duração permitem medições precisas
medir variáveis agrícolas específicas, é necessário adquirir de distância (i.e., extensão).
dados de sensoriamento remoto em datas críticas no ciclo
fenológico (Johannsen et al., 2003). A análise de imagens Inform ação e Resolução R adiom étrica
de múltiplas datas fornece informação sobre como as va­
riáveis estão mudando através do tempo. A informação de Alguns sistemas de sensoriamento remoto registram a ra­
mudança fornece indicativos sobre os processos influencia- diação eletromagnética refletida, emitida, ou retroespalhada
dores do desenvolvimento da cultura (Jensen et al., 2002). com mais precisão que outros sistemas sensores. Isso é aná­
Felizmente, vários sistemas sensores em satélites, como logo a fazer uma medição com uma régua. Se você quiser
o SPOT, IK O N O S, ImageSat e QuickBird são apontá- medir precisamente o comprimento de um objeto você pre­
veis, significando que eles podem adquirir imagens fora feriría usar uma régua que tivesse 16 ou 1.024 subdivisões?
do nadir. N adir é o ponto diretamente abaixo do satélite
ou plataforma. Isso aumenta substancialmente a probabi­ Resolução radiométrica é definida como a sensibilidade de um
lidade de que a imagem será obtida durante a estação de detector de sensoriamento remoto a diferenças na potência
crescimento ou durante uma emergência. Entretanto, a do sinal à medida que ele registra o fluxo radiante refletido,
visada oblíqua fora do nadir também introduz problemas emitido, ou retroespalhado pelo terreno. Ele define o nú­
quanto à função de distribuição da reflectância bidirecio- mero de níveis de sinal claramente discriminados. Portanto,
nal (BRD F), discutida na próxima seção. a resolução radiométrica pode ter um impacto significativo
em nossa habilidade para medir as propriedades dos obje­
Frequentemente, há análises de relações custo/benefício tos da cena. O Multispectral Scanner do Landsat-1 lançado
associadas com as várias resoluções que devem ser feitas em 1972 registrava a energia refletida com uma precisão de
ao coletar dados de sensoriamento remoto (Figura 1-10; 6 bits (valores variando 0 a 63). Os sensores do Thematic
Prancha Colorida 1-1). Geralmente, quanto maior o Mapper dos Landsat-4 e 5 lançados em 1982 e 1984, res­
requisito de resolução temporal (p.ex., monitoramento pectivamente, registravam os dados em 8 bits (valores de 0 a
de furacões a cada meia hora), menor o requisito de re­ 255) (Figura 1-12). Assim, os sensores TM /Landsat tiveram
solução espacial (p.ex., o satélite meteorológico NOAA a resolução radiométrica (sensibilidade) melhorada quando
G O E S registra imagens com pixels d e 4 x 4 a 8 x 8 km). comparados com os M SS/Landsat originais. Os sensores
Por outro lado, quanto maior o requisito de resolução QuickBird e IKO N O S registram a informação em 11 bits
espacial (p.ex., monitoramento do uso da terra em área (valores de 0 a 2.047). Vários novos sistemas sensores têm
urbana com dados de 1 x 1 m), menor o requisito de resolução radiométrica de 12 bits (valores variando de 0 a
resolução temporal (p.ex., a cada 1 a 10 anos). Por exem­ 4.095). As vezes a resolução radiométrica é chamada de ní­
plo, a Figura 1-11 documenta o sensível desenvolvimen­ vel de quantização. Uma alta resolução radiométrica geral­
to residencial e comercial do uso da terra para uma área mente aumenta a probabilidade de que os fenômenos sejam
perto de Atlanta, Geórgia, usando fotografias aéreas de avaliados com mais exatidão pelo sensoriamento remoto.
O Processo do Sensoriamento Remoto 21

Resolução Espacial e Temporal para Aplicações Selecionadas

100

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10 m 100 m 10 km 100 km
Resolução Espacial Nomi nal

Figura 1-10 Há considerações sobre resolução espacial e temporal que precisam ser feitas para certas aplicações (Prancha Colorida
1-1). Um maior detalhamento dos requisitos espaciais e temporais para aplicações urbanas encontra-se no Capítulo 13.

O rtofotos D igitais de uma Área Próxim a a Atlanta, Geórgia

a. ortofoto de 1993 b. ortofoto de 1999

Figura 1-11 Trechos de ortofotos digitais de uma área próxima a Atlanta, Geórgia. Esses dados ficam no banco de dados da Geórgia
Spatial Data Infrastructure e são úteis para o monitoramento da mudança de uso-da-terra ao longo do tempo e do pro­
cesso de urbanização.
22 C A P ÍT U L O 1 Sensoriamento Remoto do Ambiente

Resolução Radiométrica • da localização do sistema de sensoriamento remoto or­


bital ou suborbital e seus ângulos azimutais e zenitais
7 bits
• —O (0-127) associados.

8 bits
(0-255) H á sempre um ângulo de incidência associado à energia
incidente que ilumina o terreno e um ângulo de exitância
9 bits
-O (0-511) do terreno para o sistema sensor. Sabe-se que esta na­
10 bits tureza bidirecional da coleta de dados de sensoriamento
-O (0-1023) remoto influencia as características espectrais e de pola­
rização da radiância no sensor, L, registrada pelo sistema
Figura 1-12 A resolução radiométrica de um sistema de sensoria­
de sensoriamento remoto.
mento remoto é a sensibilidade dos seus detectores a
diferenças na potência do sinal ao registrarem o fluxo
radiante refletido, emitido ou retroespalhado pelo ter­ Um goniômetro pode ser usado para documentar as m u­
reno. A energia normalmente é quantizada durante o danças de radiância no sensor, L , causadas pela mudança
processo de conversão analógico-para-digital (A-D) em da posição do sensor e/ou da fonte de iluminação (p.ex.,
8, 9, 10 bits ou mais. o Sol) (Figura l-13b). Por exemplo, a Figura 1-13c apre­
senta gráficos tridimensionais dos dados de B R D F de
grama (Spartina alterniflora) coletados às 8 a.m., 9 a.m.,
Informação de Polarização 12 p.m., 4 p.m. de 21 de março de 2000, para a banda
de 624,20 nm. A única coisa que m udou entre as obser­
As características de polarização da energia eletromagnéti­ vações foi o ângulo azimutal e zenital do Sol. Os ângulos
ca registradas por um sistema de sensoriamento remoto são azimutais e zenitais do espectrorradiômetro foram m an­
uma variável importante que pode ser usada em muitas das tidos constantes enquanto se visava a grama em estudo.
investigações dos recursos terrestres (Curran et al., 1998). A Idealmente, os gráficos de B R D F seriam idênticos, su­
luz solar é fracamente polarizada. Entretanto, quando a luz gerindo que não importa em que hora do dia coletamos
solar atinge um objeto não-metálico (p.ex., grama, floresta, os dados de sensoriamento remoto, uma vez que as ca­
ou concreto) ela se torna despolarizada e a energia incidente racterísticas de reflectância espectral da grama lisa per­
é espalhada diferenciadamente. Geralmente, quanto mais manecem constantes. Fica claro que este não é o caso e
lisa a superfície, maior é a polarização. É possível usar filtros que a hora do dia influencia a resposta espectral. O Mul-
de polarização em sistemas de sensoriamento remoto pas­ tiangle Imaging Spectroradiometer (M ISR ), a bordo do
sivos (p.ex., câmeras aéreas) para registrar a luz polarizada satélite Terra, foi planejado para investigar os fenômenos
em vários ângulos. Também é possível transmitir e receber de BRDF. A pesquisa continua sobre como incorporar a
seletivamente energia polarizada usando sistemas ativos de informação de BR D F no sistema de processamento de
sensoriamento remoto, como o RADAR (p.ex., enviar ra­ imagens digitais para melhorar nosso entendimento do
diação polarizada horizontal, receber radiação polarizada que é registrado numa imagem de sensoriamento remo­
vertical - HV; enviar vertical, receber horizontal - VH; en­ to (Sandmeier, 2000; Schill et al., 2004). A informação
viar vertical, receber vertical —W ; enviar horizontal, receber angular é central para usar os dados de um sensor remoto
horizontal - HH). A imagem de RADAR multipolarizada é em aplicações fotogramétricas. A análise de uma imagem
uma aplicação especialmente útil da energia polarizada. estereoscópica é baseada na pressuposição de que o senso­
riamento remoto de um objeto no terreno dá-se a partir
Informação Angular de dois ângulos. A visada do mesmo terreno sob duas vi­
sadas diferentes introduz a paralaxe estereoscópica, que é o
Os sistemas de sensoriamento remoto registram caracterís­ fundamento para a análise fotogramétrica estereoscópica e
ticas angulares muito específicas associadas com cada cristal radargramétrica (Light e Jensen, 2002).
de haleto de prata exposto ou pixel (Barnsley, 1999). As ca­
racterísticas angulares são uma função da (Figura 1-13a): Sistemas Suborbitais (Aeronave) de
Sensoriamento Remoto
• localização na esfera tridimensional da fonte de ilumi­
nação (p.ex., o Sol para um sistema passivo ou o pró­ Câmeras fotogramétricas de alta qualidade montadas a
prio sensor no caso do RADAR, LIDAR e SONAR) e bordo de aeronaves continuam a fornecer fotografias aéreas
seus ângulos azimutais e zenitais associados, para muitas aplicações em recursos terrestres. Por exemplo,
o U.S. Geological Surveys National Aerial Photography
• da orientação da face do terreno (pixel) ou cobertura Program (NAPP) sistematicamente coletava fotografias aé­
do terreno (p.ex., vegetação) sob investigação, e reas preto e branco ou infravermelhas coloridas na escala de
O Processo do Sensoriamento Remoto 23

Função de D istribuição da Reflectância Bidirecional (BRD F)

b. Goniômetro de Campo de Sandmeier.


a. Relações angulares.

T) o
"O
O 5
CL,

Banda 624,20 nm 8:00 a.m. 0. 20.4 ° tp 103.4° Banda 624,20 nm 9:00 a.m. 0. 32.3°(pi 113.0°

Banda 624,20 nm 12:00 p.m. 0. 57.1°(p. 169.0° Banda 624,20 nm 4:00 p.m. 0 29.8°($ 248.7°

c. Comparação dos gráficos horários e tridimensionais dos dados de BRDF do capim praturá (Spartina alterniflora) às 8 a.m., 9
a.m., 12 p.m., e 4 p.m. num campo vegetado em 21-22 de Março de 2000, para a banda de 624,20 nm.

Figura 1-13 a) Conceitos e parâmetros da função de distribuição da reflectância bidirecional (BRDF). Um alvo recebe uma irradiância (dE)
a partir de um ângulo Solar zenital e azimutal específico, e o sensor registra a radiância (dL} emergindo do alvo de interesse
num ângulo azimutal e zenital específico, b) O Goniômetro de Campo de Sandmeier fazendo medições de BRDF em gramínea
capim praturá (Spartina alterniflora) em North Inlet, Carolina do Sul. As medições espectrais são feitas com o ângulo zenital do
Sol 0. e ângulo azimutal do Sol (p., e um ângulo zenital do sensor 0 e ângulo azimutal do sensor (p. Um espectrorradiômetro
GER 3700, acoplado à plataforma móvel deslizante no arco zenital, registra a quantidade de radiância que deixa o alvo em 704
bandas e 76 ângulos (Sandmeier, 2000; Schill et al., 2004). c) Gráficos horários tridimensionais de dados BRDF.
24 C A P ÍT U L O 1 Sensoriamento Remoto do Ambiente

1:40.000 da maior parte do Estados Unidos a cada cinco O International Geosphere-Biosphere Program (IGBP -
ou 10 anos. Alguns desses dados fotogramétricos agora es­ Programa International de Geosfera - Biosfera) e o Uni­
tão sendo coletados usando câmeras métricas digitais. Além ted States Global Change Research Program (U SG C R P
disso, sofisticados sistemas de sensoriamento remoto são - Programa de Pesquisa em Mudanças Globais dos Estados
rotineiramente montados em aeronaves para fornecerem Unidos) visam à pesquisa científica para esclarecer e enten­
dados de sensoriamento remoto em altas resoluções espa­ der os processos interativos físicos, químicos e biológicos
ciais e espectrais. Os exemplos incluem sensores hiperespec- que regulam todo o sistema terrestre. O sistema espacial de
trais tais como o AVIRIS da NASA, o Canadian Airborne sensoriamento remoto é uma parte integrante desses pro­
Imaging Spectrometer (CASI - Espectrômetro Imageador gramas de pesquisa porque fornece o único meio de obser­
Aerotransportado), e o sistema hiperespectral australiano vação dos ecossistemas globais de uma forma consistente
HyMap. Esses sensores podem coletar dados sob demanda e sinóptica. O Earth Science Enterprise (ESE - Programa
quando ocorrem desastres (por exemplo, derramamentos de Ciência Terrestre) da NASA é o nome dado ao plano
de óleo ou enchentes) se as condições de cobertura de nu­ coordenado para fornecer as plataformas e instrumentos
vem assim o permitirem. Também há numerosos radares, orbitais necessários e um Sistema de Dados e Informações
como o Star-3/ da Intermap, que podem voar em aerona­ para o Sistema de Observação da Terra (Earth Observing
ves dia e noite e sob tempos inclementes. Infelizmente, os System Data and Information System - EO SD IS), e pes­
dados de sensores remotos suborbitais geralmente têm um quisas científicas relacionadas para o IGBP. O Sistema de
alto custo por km2. A turbulência também pode fazer com Observação da Terra (Earth Observing System - EO S) é
que os dados tenham severas distorções geométricas, que uma série de satélites que orbitam a Terra e que fornecerão
podem ser de difícil correção. observações globais por 15 anos ou mais. Os primeiros sa­
télites foram lançados no final dos anos 1990s. O EO S é
Sistemas de Sensoriamento Remoto por Satélite complementado por missões e instrumentos em parcerias
Atuais e Propostos internacionais. Por exemplo, a Missão de Mapeamento
da Chuva Tropical (Tropical Rainfall M apping Mission -
Os sistemas de sensoriamento remoto a bordo de satélites T RM M ) é uma missão conjunta NASA/Japão.
fornecem dados de alta qualidade e relativamente baratos
quando analisados por km 2. Por exemplo, os satélites Eu- O Plano Científico do EOS: Asrar e Dozier (1994) conce­
ropean Remote Sensing (ERS-1 e 2) coletam imagens de beram a condução da ciência do sensoriamento remoto como
micro-ondas ativas (RADAR) na banda C com resolução parte do ESE da NASA. Sugeriram que a Terra consiste de
espacial de 26 x 28 m mesmo através das nuvens. Da dois subsistemas: 1) o clima físico, e 2) os ciclos biogeoquí-
mesma forma, o RADARSAT da Agência Espacial C a­ micos ligados pelo ciclo hidrológico global, como mostrado
nadense obtém imagens de micro-ondas ativas na banda na Figura 1-14. O subsistema de clima físico é sensível a flu­
C. Os Estados Unidos fizeram progresso com os siste­ tuações no balanço de radiação da Terra. As atividades huma­
mas de varredura multiespectrais (M SS/Landsat lançado nas têm causado mudanças no mecanismo de aquecimento
em 1972), e com sistemas mais avançados de varredu­ radiativo do Planeta que iguala ou excede as mudanças na­
ra (Enhanced Them atic M apper Plus, do Landsat-7 em turais. Os aumentos dos gases de efeito estufa entre 1765 e
1999). O Land Remote Sensing Policy Act (Ato N or­ 1990 causaram uma forçante radiativa de 2,5 W m'2. Se essa
mativo de Política de Sensoriamento Remoto Terrestre) taxa for mantida, pode resultar num acréscimo da tempera­
de 1992, dos Estados Unidos, especificou o futuro dos tura média global de cerca de 0,2 a 0,5 °C por década du­
programas norte americanos de satélites de sensoriamen­ rante este século. As erupções vulcânicas e a capacidade dos
to remoto (Asker, 1992; Jensen, 1992). Infelizmente, o oceanos para absorver calor podem impactar as projeções.
Landsat-6 com o seu Enhanced Them atic M apper não Não obstante, as seguintes questões estão sendo colocadas
atingiu a órbita quando lançado em 5 de Outubro de usando sensoriamento remoto (Asrar e Dozier, 1994):
1993. O Landsat-7 foi lançado em 13 de Abril de 1999
para minimizar o problema norte americano de ausên­ • Como as nuvens, vapor d’água, e aerossóis mudam os ba­
cia de dados de sensoriamento remoto terrestre. Infeliz- lanços de radiação e calor terrestre com o acréscimo das
mente, ele agora enfrenta sérios problemas com o seu concentrações atmosféricas dos gases de efeito estufa?
corretor de linhas de varredura. O Capítulo 7 revisa os
planos de proposta de continuidade da missão do Land- • Com o os oceanos interagem com a atmosfera no trans­
sat —Landsat Data Continuity Mission. Enquanto isso, porte e absorção de calor?
os franceses foram pioneiros no desenvolvimento da tec­
nologia de matrizes lineares para sensoriamento remoto, • Como as propriedades da superfície terrestre, como a neve
com o lançamento dos satélites SPOT-1 ao 5 em 1986, e a cobertura de gelo, evapotranspiração, uso da terra ur-
1990, 1993, 1998, e 2002, respectivamente. bana/suburbana, e a vegetação influenciam a circulação?
O Processo do Sensoriamento Remoto 25

Os ciclos biogeoquímicos da Terra também têm sido mu­ 36 bandas espectrais da superfície terrestre e oceânica, da
dados pelo ser humano. O dióxido de carbono atmosféri­ temperatura, da produtividade primária, da cobertura da
co aumentou em 30% desde 1859, o metano em mais de superfície terrestre, nuvens, aerossóis, vapor d’água, perfis
100%, e as concentrações de ozônio na estratosfera têm de temperatura, e incêndios florestais.
diminuído, causando aumentos nos níveis de radiação ul­
travioleta que atingem a superfície terrestre. As pesquisas O Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflec-
em mudanças globais ressaltam as seguintes questões: tion Radiometer (A STER - Radiômetro Espacial Avan­
çado de Emissão Térmica e Reflexão) tem cinco bandas
• Que papel os componentes da biosfera oceânica e ter­ na região do infravermelho termal entre 8 e 12 pm com
restre desempenham na mudança do balanço global de pixels de 90 m. Ele também tem três bandas largas entre
carbono? 0,5 e 0,9 pm com pixels de 15 m e capacidade estéreo,
e seis bandas na região do infravermelho de ondas curtas
• Que efeitos nos ecossistemas naturais e manejados são (1,6 - 2,5 pm) com resolução espacial de 30 m. O AS­
causados pelo acréscimo de dióxido de carbono e de­ T E R é o sistema sensor que tem a melhor resolução es­
posição ácida, alterações nos padrões de precipitação, pacial na plataforma Terra do EO S e fornece informação
e mudanças na erosão dos solos, química dos rios, e sobre a temperatura superficial, que pode ser usada em
concentração de ozônio na atmosfera? modelos de evapotranspiração.

O ciclo hidrológico liga os ciclos biogeoquímicos e o clima O Multiangle Imaging SpectroRadiom eter (M ISR - Es-
físico. As mudanças de fase da água em seu estado gasoso, pectrorradiômetro Imageador Multiangular) tem nove
líquido e sólido envolvem o armazenamento e a liberação câmeras de varredura eletrônica baseadas em dispositi­
de calor latente; assim, ele influencia a circulação atmos­ vos de carga acoplada (C C D ) para observar a Terra em
férica e redistribui globalmente a água e o calor (Asrar e quatro bandas espectrais e em nove ângulos de visada.
Dozier, 1994). O ciclo hidrológico é o processo integrador Ele fornece dados de nuvens, aerossóis atmosféricos, e
para os fluxos de água, energia e elementos químicos entre visadas em múltiplos ângulos de desertos, vegetação e
os componentes do sistema terrestre. Questões importan­ cobertura de gelo da Terra. O Clouds and the Earths
tes a serem assinaladas incluem essas três: Radiant Energy System (C E R E S - Sistema de Nuvens e
Energia Radiante Terrestre) consiste de dois radiômetros
• Como a variabilidade atmosférica, as atividades humanas de varredura que medem o balanço de radiação terres­
e as mudanças climáticas afetam os padrões de umidade, tre e fornecem estimativas de propriedades das nuvens
precipitação, evapotranspiração e umidade do solo? para avaliar seu papel nos fluxos radiativos da superfície
da Terra para o topo da atmosfera. Finalmente, o Me-
• Com o a umidade do solo varia no tempo e no espaço? asurements o f Pollution in the Troposphere (M O P IT T
- Sistema de Medição de Poluição na Troposfera) é um
• Podemos prever mudanças no ciclo hidrológico glo­ radiômetro de varredura que fornece informação sobre
bal usando modelos e sistemas de observações atuais e a distribuição, transporte, fontes e sum idouros de m o­
futuros? nóxido de carbono e metano na troposfera.

Essas e outras questões científicas são atualmente articu­ O Projeto Preparatório (NPP - Preparatory Projet to
ladas nas áreas focais da Ciência do Sistema Terrestre da N PO ESS) do National Polar-Orbiting Operational Envi-
NASA (Asrar, 2004). Os modelos que levam em conta ronmental Satellite System (N PO ESS - Sistema Nacional
essas questões científicas requerem sofisticadas medições de Satélites Ambientais Operacionais de Órbita Polar) a
de sensoriamento remoto. Para este fim, o satélite Terra ser lançado ampliará as medições chaves do EO S como
do EO S foi lançado em 18 de Dezembro de 1999. Ele suporte ao monitoramento de longo prazo das tendências
contém cinco instrumentos de sensoriamento remoto climáticas e da produtividade biológica global até que o
(M O D IS, A STER, M ISR, CERES, e M O PIT T) proje­ N PO ESS possa ser lançado em algum momento do fu­
tados para considerarem muitos desses tópicos de pesqui­ turo. O NPP conterá instrumentos parecidos com os do
sa (King, 2003). O satélite Aqua do EO S foi lançado em M O D IS, tais como o Visible Infrared Imaging Radiome­
Maio de 2002. O Moderate Resolution Imaging Spectro- ter Suite (VIIRS - Conjunto de Radiômetros Imageadores
radiometer (M O D IS - Espectrômetro Imageador de Re­ no Visível e Infravermelho). Com uma vida útil projetada
solução Moderada) tem 36 bandas de 0,405 a 14,385 pm de cinco anos, o NPP fornecerá dados entre o final das
que coletam dados com resoluções espaciais de 250 x 250 vidas úteis projetadas dos satélites Terra e Aqua do EO S e
m, 500 x 500 m, e 1 x 1 km. O M O D IS cobre a superfície o lançamento do N PO ESS (NOAA N PO ESS, 2006).
terrestre inteira a cada 1 ou 2 dias, fazendo observações em
26 C A P ÍT U L O 1 Sensoriamento Remoto do Ambiente

Funções
Forçantes
Externas

Q uím ica e D inâm ica Estratosféricas

----------V----------------------
Sistem a Clim ático Físico Ciclos Biogeoquím icos

Biogeoquímica
Dinâmica marinha
oceânica

Dinâmica e Umidade global Química


~ física atmos­ troposférica
férica

Energia e
umidade Ecossistemas
terrestre terrestres
Química do solo
e da água

Mudança
Climática D ióxido de Carbono e outros Gases-Traços

Figura 1-14 O sistema Terra pode ser subdividido cm dois subsistemas - o sistema climático tísico c os ciclos biogeoquímicos —que são
ligados pelo ciclo hidrológico global. Alterações significativas nas funções forçantes externas c nas atividades humanas têm
impacto no sistema climático físico, nos ciclos biogeoquímicos, e no ciclo hidrológico global. O exame desses subsistemas e
suas ligações definem as questões críticas que o Sistema de Observação da Terra (EOS - Earth Observing System), da NASA,
está tentando responder (adaptado de Asrare Dozier, 1994).

Empresas Comerciais: A Space Imaging, Inc., lançou Análise de Dados de Sensoriamento Remoto
o IK O N O S-2 em 24 de setembro de 1999. O sistema
sensor do IK O N O S-2 tem uma banda pancromática e
quatro bandas multiespectrais de 4 x 4 m (Tabela 1-3). Os dados de um sensor remoto são analisados usando uma
A DigitalGlobe, Inc., lançou o QuickBird em 18 de O u­ variedade de técnicas de processamento de imagens (Figu­
tubro de 2001, com uma banda pancromática e quatro ras 1-5 e 1-15), incluindo:
bandas multiespectrais de 2,44 x 2,44 m. A Orbimage,
Inc., lançou o OrbView-3 em 26 Junho de 2003 com • Processamento analógico (visual) de imagens, e
uma banda pancromática de 1 x lm e bandas multies­
pectrais de 4 x 4m. • Processamento digital de imagens.
O Processo do Sensoriamento Remoto 27

As análises analógica e digital de dados de sensoriamento pessoal antecedente e informações colaterais. Então, con­
remoto buscam detectar e identificar Fenômenos impor­ vergimos todas essas evidências para identificar fenômenos
tantes na cena. Uma vez identificados, geralmente os fenô­ nas imagens e julgar sua significância. Medições precisas
menos são medidos, e a informação é usada na solução de dos objetos (comprimento, área, perímetro, volume, etc.)
problemas (Estes et al., 1983; Haack et al., 1997). Assim, podem ser feitas usando técnicas fotogramétricas aplicadas
tanto a análise visual como a digital têm os mesmos fins seja a imagens monoscópicas (fotos isoladas) ou a imagens
genéricos. Entretanto, para atingir esses objetivos é preciso estereoscópicas (imagens com sobreposições). Muitos li­
seguir diferentes percursos. vros foram escritos sobre como fazer interpretação visual
de imagens e medição fotogramétrica. Há um ressurgi­
Os seres humanos são adeptos da interpretação visual de mento na arte e ciência da interpretação visual de imagens
imagens produzidas por certos tipos de dispositivos de à medida que os sistemas digitais de sensoriamento remoto
sensoriamento remoto, especialmente de câmeras. Po­ fornecem imagens cada vez mais com maior resolução es­
deriamos perguntar, “por que tentar imitar ou melhorar pacial. Muitos estão mostrando imagens IK O N O S 1 x 1
esta capacidade?” Primeiro, há certos limiares acima dos m e QuickBird 6 1 x 6 1 cm na tela de computadores e in­
quais o intérprete humano não pode detectar “pequenas terpretando visual mente os dados. Os dados também são
diferenças” na imagem. Por exemplo, é sabido que um frequentemente usados como mapas-bases em projetos de
analista pode discriminar apenas cerca de nove níveis de GIS (Clark, 2001).
cinzas ao interpretar uma fotografia preto e branco de
tons contínuos. Se os dados forem originalmente grava­ Processamento Digital de Imagens
dos com 256 níveis de cinza, haveria mais informações
sutis presentes na imagem do que o intérprete poderia Os cientistas têm feito significativos avanços no processa­
extraí-las visualmente. Além disso, o intérprete traz para mento digital de imagens de sensoriamento remoto para
o trabalho toda a pressão do dia a dia, tornando a in­ visualizações científicas e testes de hipóteses (p.ex., Estes e
terpretação subjetiva e geralmente não-reproduzível. Por Jensen, 1998; Townshend e Justice, 2002; Kraak, 2003). Os
outro lado, os resultados obtidos pelo computador são métodos estão resumidos em Donnay et al. (2001), Boss-
reproduzíveis (mesmo quando errados!). Também, quan­ ler et al. (2002), Jensen (2005) e outros. O processamento
do é necessário manter o registro de uma grande quan­ digital de imagens faz uso de muitos elementos de interpre­
tidade de informação quantitativa detalhada, como as tação de imagens usando as técnicas resumidas na Figura
características espectrais de um campo vegetal agrícola 1-15. Os principais tipos de processamento digital de ima­
durante uma estação de crescimento para fins de identi­ gens incluem o pré-processamento de imagens (correções
ficação de culturas, o computador é muito prático para radiométricas e geométricas), o realce das imagens, o reco­
armazenar e manipular tais informações tediosas e possi­ nhecimento de padrões usando estatísticas inferenciais, o
velmente obter uma conclusão mais definitiva sobre qual processamento fotogramétrico de imagens usando imagens
cultura está em crescimento naquele campo. Isso não estereoscópicas, sistemas especialistas (árvores de decisão) e
significa dizer que o processamento digital de imagens análises de imagens usando redes neurais, análises de dados
seja superior à análise visual de imagens. Significa apenas hiperespectrais, e detecção de mudanças (Figura 1-5).
que pode haver situações em que a abordagem digital seja
mais adequada ao problema em apreço. Frequentemente Correção Radiom étrica de D ados de Sensores Rem o­
são obtidos ótimos resultados usando uma combinação tos: Imagens analógicas e digitais provenientes de sen­
sinérgica de ambos os processamentos de imagens, tanto sores remotos podem conter ruídos ou erros que foram
digital quanto visual. introduzidos pelo sistema sensor (p.ex., ruído eletrôni­
co) ou pelo ambiente (p.ex., espalhamento atm osféri­
Processamento Analógico (Visual) de Imagens co da luz na direção do cam po de visada do sensor).
Têm havido avanços na nossa habilidade de remover
Os seres humanos usam os elementos fundamentais de esses efeitos deletérios por meio de técnicas simples de
interpretação de imagens apresentados na Figura 1-15, in­ normalização de imagens, e de técnicas mais avançadas
cluindo escala de cinza, tom, cor, altura (profundidade), de calibração radiométrica absoluta dos dados para a
tamanho, forma, sombra, textura, localização, associação reflectância superficial escalonada (para dados ópticos).
e arranjo. A mente humana é muito boa para reconhe­ Os dados calibrados de um sensor remoto permitem
cer e associar esses elementos complexos numa imagem que imagens e produtos derivados obtidos em diferentes
ou fotografia porque nós constantemente processamos (a) datas sejam comparados (p.ex., para medir a mudança
vistas de perfil das feições da Terra todo dia, e (b) imagens no índice de área foliar entre duas datas). Os princípios
vistas em livros, revistas, televisão e internet. Além disso, fundamentais de processamento digital de imagem são
somos competentes em juntar todo o nosso conhecimento discutidos em Jensen (2005).
28 C A P ÍT U L O 1 Sensoriamento Remoto do Ambiente

Tarefas Fundamentais da Análise de Imagens


Detectar, Identificar, Medir
Resolver problemas

Aplicação do conceito M ulti


Multiespectral - Multifrequência, Multipolarização,
iMultitemporal, Multiescala, Multidisciplinar

Use de Informação Colateral


- Literatura - Espectros de laboratório - Chaves Dicotômicas - Probabilidades a p rio ri- Locais de treinamento
de campo - Locais de testes de campo - Mapas de solos - Mapas de geologia de superfície

Processamento Analógico Processamento Digital


(Visual) de Imagens de Imagens

Como os Elementos de Interpretação de Imagens são


Elementos de Interpretação de Imagens
Extraídos ou Usados no Processamento Digital de Imagens

• Tons de cinza (do preto ao branco) • Valores de brilho em 8 - 1 2 bits ou escalonados para
reflectância ou emitância de superfície
• Cor (RGB = vermelho, verde, azul) • Tabelas de conversão de cores em 24 bits
- Composições coloridas RGB multibandas
- Transformações (p.ex., intensidade, matiz, saturação)
• Altura (elevação) c profundidade • Fotogrametria computadorizada, radargrametria,
interferometria RADAR, LIDAR, SO NA R
• Tamanho (comprimento, área, perímetro, volume) • Fotogrametria computadorizada, radargrametria,
interferometria RADAR
• Forma • Fotogrametria computadorizada, radargrametria,
interferometria RADAR, métricas de ecologia da
paisagem, segmentação de imagens orientada ao objeto
• Textura • Transformações de textura, análise geoestatística,
análises fractais
• Padrão • Auto-correlação, análise geoestatística, métricas de
ecologia da paisagem, análises fractais
• Sombra • Fotogrametria computadorizada, radargrametria,
medições a partir de imagens retificadas
• Local • Análise contextual, sistemas especialistas, redes neurais
• Associação • Análise contextual, sistemas especialistas, redes neurais
• Arranjo • Análise contextual, sistemas especialistas, redes neurais

Figura 1-15 Os processamentos analógico (visual) e digital de imagens de sensoriamento remoto usam os elementos de interpretação de imagens.

Correção Geométrica de D ados de Sensores Remotos: analógicas ou digitais que de outra forma seriam perdidas.
A maioria dos dados analógicos e digitais de sensores re­ Foram feitos avanços significativos na nossa habilidade
motos é agora processada de tal forma que os elementos para realçar contrastes e filtrar dados para realçar compo­
de imagens individuais fiquem em suas posições plani- nentes de alta ou baixa frequência, bordas e texturas em
métricas apropriadas numa projeção cartográfica padrão. imagens (p.ex., Emerson et al., 1999). Além disso, os da­
Isto facilita o uso da imagem e produtos derivados em dos de sensores remotos podem ser linearmente e/ou não-
sistemas de suporte à decisão espacial ou em GIS. linearmente transformados em informação que seja mais
altamente correlacionada com os fenômenos do mundo
Realce de Imagens: As imagens podem ser realçadas di- real por meio de análises de componentes principais e vá­
gitalmente para identificar informações sutis em imagens rios índices de vegetação (Townshend e Justice, 2002).
O Processo do Sensoriamento Remoto 29

Fotogrametria: Avanços significativos foram feitos na aná­ cativo aumento no desenvolvimento do uso de redes neurais
lise de dados estereoscópicos de sensores remotos obtidos artificiais (ANN - Artificial Neural Networks) para aplica­
por plataformas aerotransportadas ou por satélites usando ções de sensoriamento remoto (p.ex., Qiu e Jensen, 2005).
estações de trabalho computadorizadas e algoritmos de A A N N não precisa de dados de treinamento normalmente
processamento fotogramétrico de imagens digitais (p.ex., distribuídos. A A N N pode incorporar virtualmente qualquer
Adams e Chandler, 2002). Imagens digitais trabalhadas tipo de dados distribuídos espacialmente na classificação. O
em estações de trabalho fotogramétricas podem ser usadas único inconveniente é que algumas vezes é difícil determi­
para extrair modelos digitais de elevação precisos (DEM s) nar exatamente como a A N N chega a uma certa conclusão
e ortofotografias corrigidas diferencialmente a partir de fo­ porque a informação é conjugada com os pesos nas camadas
tografias aéreas ou imagens trianguladas (Light e Jensen, ocultas. Os cientistas estão trabalhando numa maneira de ex­
2002; Linder, 2003). A tecnologia está revolucionando o trair a informação oculta de tal forma que as regras usadas
modo como os D EM s e as ortofotos são produzidos para possam ser mais formalmente estabelecidas. A habilidade de
aplicações rurais e urbanas/suburbanas. uma A N N para aprender não deve ser subestimada.

Extração de Informação Paramétrica: Cientistas ten­ Extração de Informação Não-Métrica: E difícil fazer um
tando extrair informação de cobertura da terra a partir de computador entender e usar as regras heurísticas práticas e
dados de sensoriamento remoto agora rotineiramente es­ o conhecimento que um especialista humano usa ao inter­
pecificam se a classificação vai ser: pretar uma imagem. Não obstante, tem havido progresso
no uso da inteligência artificial (AI) para tentar fazer com
• rígida (hard) com classes discretas e mutuamente ex­ que os computadores façam coisas que, no momento, as
clusivas, ou nebulosa (fuzzy), onde são extraídas as pro­ pessoas fazem melhor. Uma área de AI que tem grande po­
porções dos materiais no interior dos pixels (Seong e tencial na análise de imagens é o uso de sistemas especialis­
Usery, 2001); tas que colocam toda a informação contida numa imagem
num contexto apropriado com dados auxiliares e extraem
• baseada em pixels individuais (chamada de classificação informações valiosas. Duda et ah (2001) descrevem vários
por pixel) ou se será usado um algoritmo de segmenta­ tipos de classificadores do tipo sistemas especialistas basea­
ção de imagens orientada ao objeto que leve em con­ dos em árvore de decisão como sendo não-métricos.
ta não apenas as características espectrais de um pixel,
mas também as características espectrais dos pixels da As técnicas de classificação digital de imagens paramé-
vizinhança contextual. Assim, os algoritmos levam em tricas são baseadas primariamente em estatísticas bási­
conta a informação espectral e espacial (Herold et al., cas, tais como média, variância e matrizes de covariân­
2003; Hodgson et ah, 2003a; Tullis e Jensen, 2003). cia. Classificadores de árvore de decisão ou baseados em
regras não são baseados em estatísticas inferenciais, mas
Uma vez colocados esses assuntos, trata-se de determi­ sim no “deixe os dados falarem por si mesmos” (Gahegan,
nar se se deve usar técnicas de classificação paramétrica, 2003). Em outras palavras, os dados retêm sua precisão e
não-paramétrica, e/ou não-métrica. O algoritmo de clas­ não seria fora de propósito sumarizá-los pela média, etc.
sificação por máxima verossimilhança continua a ser o Os classificadores por árvore de decisão podem processar
algoritmo de classificação paramétrica mais largamente qualquer tipo de dados distribuídos espacialmente, e po­
empregado. Infelizmente, o algoritmo requer que os da­ dem incorporar probabilidades a priori (Mclver e Friedl,
dos de treinamento sejam distribuídos normalmente em 2002). Há três abordagens para a criação de regras: 1) ex­
n bandas (raramente o caso) para computar a variância da plicitamente pela extração de conhecimento e criação de
classe e as matrizes de covariância. E difícil incorporar da­ regras a partir de especialistas, 2) implicitamente extrain­
dos categóricos que não sejam imagens numa classificação do variáveis e regras usando métodos cognitivos (Lloyd
de máxima verossimilhança. Felizmente, os algoritmos de et ah, 2002), e 3) empiricamente gerando regras a partir
classificação por máxima verossimilhança nebulosos são de dados observados e métodos de indução automática
agora disponíveis (p.ex., Foody, 1996). (Tullis e Jensen, 2003). O desenvolvimento de uma ár­
vore de decisão usando regras baseadas no conhecimento
Extração de Informação Não-Paramétrica: Algoritmos de humano é difícil e muito demandante de tempo. Entre­
agrupamento não-paramétricos, como o ISODATA, conti­ tanto, ela recompensa o usuário com informação deta­
nuam a ser largamente usados em pesquisa em processamento lhada sobre como as decisões individuais de classificação
digital de imagens. Infelizmente, tais algoritmos dependem foram feitas (Zhang e Wang, 2003).
de como os dados de treinamento sementes são extraídos, e
geralmente é difícil rotular os agrupamentos para torná-los Idealmente, os computadores podem derivar as regras a
classes de informação. Por essas razões tem havido um signifi­ partir de dados de treinamento sem a intervenção hum a­
30 C A P IT U L O 1 Sensoriamento Remoto do Ambiente

na. A isso se chama aprendizagem da m áquina (Huang e atmosfera e a energia incidente e emitida da cena; e 3)
Jensen, 1997; Jensen, 2005). O analista identifica áre­ um modelo de sensor, que descreve o comportamento do
as de treinamento representativas. A máquina aprende sensor em resposta aos fluxos de energia incidentes sobre
os padrões a partir desses dados de treinamento, cria as si e na produção das medidas que constituem a imagem.
regras, e as usa para classificar os dados de sensoriamen­ Eles sugerem que o problema da inferência da cena, então,
to remoto. As regras são disponíveis para documentar torna-se um problema de inversão de modelo, no qual a
como as decisões são feitas. ordem na cena é reconstruída a partir da imagem e do mo­
delo de sensoriamento remoto. Por exemplo, Woodcock et
Hiperespectral: São necessários softwares especiais para al. (1997) inverteram o modelo de reflectância de dossel de
processar dados hiperespectrais obtidos por espectrôme- Li-Strahler para o mapeamento da estrutura da floresta.
tros imageadores como o AVIRIS e o M O D IS. Kruse et al.
(1992), Landgrebe e Biehl (2006), Digital Research Syste­ Basicamente, uma modelagem satisfatória em sensoria­
ms (2006) e outros foram pioneiros no desenvolvimento mento remoto prevê quanto do fluxo radiante em certos
de software de análise de imagens hiperespectrais. O sof­ comprimentos de onda deveria deixar um objeto particular
tware reduz a dimensionalidade dos dados (números de (p.ex., um dossel de coníferas), mesmo sem efetivamente
bandas) a um grau gerenciável, embora retenha a essência estar fazendo o sensoriamento remoto do objeto. Quando
dos dados. Sob certas condições o software pode ser usado a predição do modelo é a mesma da medição pelo sensor, a
para comparar as curvas de reflectância espectral obtidas relação foi corretamente modelada. O cientista então tem
por sensoriamento remoto com uma biblioteca de curvas uma melhor avaliação das interações energia—matéria na
de reflectância espectral. Os analistas também são capazes cena e pode ser capaz de estender com confiança a lógica a
de identificar o tipo e a proporção dos diferentes materiais outras regiões ou aplicações. Os dados de sensores remotos
contidos num elemento de imagem individual (chamada podem então ser usados mais efetivamente em modelos fí-
de análise de mistura espectral dos membros individuais) sico-determinísticos (p.ex., modelos de escoamento super­
(Lu e Weng, 2004; Platt e Goetz, 2004). ficial da água em bacias de drenagem, produtividade primá­
ria líquida, e evapotranspiração), que são tão importantes
Modelagem de Imagem de Sensoriamento Remoto para a modelagem de grandes ecossistemas. Um trabalho
Usando uma Abordagem GIS: Dados de sensoriamen­ recente permite que se modele a utilidade de sensores com
to remoto não deveríam ser analisados num vácuo, sem o diferentes resoluções espaciais para aplicações particulares,
benefício de informações colaterais, tais como mapas de como análises urbanas (Collins e Woodcock, 1999).
solos, hidrologia e topografia (Ramsey et al., 1995). Por
exemplo, o mapeamento de cobertura da terra usando Detecção de Mudança: Dados de sensoriamento remoto
dados de sensoriamento remoto é significativamente me­ obtidos em múltiplas datas podem ser usados para identifi­
lhorado pela incorporação de informação topográfica a car o tipo e a distribuição de mudanças que ocorrem na pai­
partir de modelos digitais do terreno e outros dados GIS sagem (Friedl et al., 2002; Zhan et al., 2002). A informação
(p.ex., Stow et al., 2003). Os estudos de GIS requerem de mudanças fornece preciosa intuição compreensiva sobre
atualizações precisas e periódicas das variáveis distribuídas os processos em ação (Alberti et al., 2002; Auch et al., 2004).
espacialmente na base de dados, as quais o sensoriamen­ Os algoritmos de detecção de mudanças podem ser usados
to remoto pode fornecer. O sensoriamento remoto pode em classificações por pixel e orientadas ao objeto (polígo­
beneficiar-se do acesso à informação auxiliar precisa para no). Infelizmente, ainda não há um método universalmen­
melhorar a exatidão da classificação e outros tipos de mo­ te aceito para detecção de mudança ou para avaliação da
delagem. Tal sinergia é crítica para que as análises com exatidão dos produtos em mapas de detecção de mudança.
sistemas especialistas e redes neurais sejam feitas satisfato­ Os princípios de processamento digital de imagens para de­
riamente (Tullis e Jensen, 2003). A estrutura conceituai da tecção de mudanças são discutidos em Jensen (2005).
modelagem da incerteza entre o sensoriamento remoto e
os sistemas de informação geográfica foi desenvolvida por Apresentação da Informação
Gahegan e Ehlers (2000).

Modelagem de Cena: Strahler et al. (1986) descrevem a A informação derivada dos dados de sensores remotos é
estrutura conceituai para a modelagem em sensoriamen­ geralmente apresentada como uma imagem realçada, um
to remoto. Basicamente, um modelo de sensoriamento mapa-imagem, ortofotomapas, mapas temáticos, arqui­
remoto tem três componentes: 1) um modelo de cena, vos espaciais em bancos de dados, estatísticas, ou gráficos
que especifica a forma e a natureza da energia e da matéria (Figura 1-5). Assim, os produtos de saída finais frequen­
no interior da cena e sua ordem espacial e temporal; 2) temente requerem conhecimentos de sensoriamento re­
um modelo atmosférico, que descreve a interação entre a moto, cartografia, GIS e estatísticas espaciais, assim como
Economia da Observação da Terra 31

da ciência sistemática sob investigação (p.ex., solos, agri­ (Figura 1-16) (Miller et al., 2001). Ele consiste de um
cultura, estudos urbanos). Os cientistas que entendem as sistema de transmissão de informação com três com ­
regras e as relações sinergísticas das tecnologias podem ge­ ponentes: coleta de dados, processamento de imagens e
rar produtos de saída que comuniquem efetivamente os consumo da informação (usuário).
resultados. Aqueles que violam regras fundamentais (p.ex., y
teoria cartográfica ou projeto topológico de base de dados) O sistema de coleta de dados é composto por empresas
frequentemente geram produtos de saída pobres que não comerciais e agências públicas que operam sistemas de
comunicam efetivamente os resultados. sensoriamento remoto. A indústria privada fornece in­
formação a valor de mercado. As agências públicas geral­
Os mapas-imagens oferecem aos cientistas uma alternativa mente fornecem dados de sensoriamento remoto ao custo
aos mapas de linha para muitas aplicações cartográficas. da geração do produto pedido pelo usuário (CO FU R ). O
Milhares de mapas-imagens de satélite foram produzidos sensoriamento remoto existe desde cerca de 1960. Há um
a partir do MSS/Landsat-(escalas 1:250.000 e 1:500.000), número crescente de especialistas que podem usar técnicas
TM /Landsat (escala 1:100.000), e de dados AVHRR e de processamento de imagens digitais e ou analógicas para
M O D IS. Mapas-imagens em escalas >1:24.000 são pos­ extrair informação de imagens. Finalmente, há o consu­
síveis usando imagens com uma resolução espacial <1 x midor (usuário) da informação derivada do sensoriamento
1 m (Light e Jensen, 2002). Em função de os produtos remoto. O usuário normalmente precisa de informação
de mapas-imagens poderem ser produzidos a uma fração que tenha valor econômico, social, estratégico, ambiental
do custo dos mapas convencionais de linha, eles fornecem e/ou político (Liverman et al., 1998).
a base para as séries de mapas nacionais orientados à ex­
ploração e ao desenvolvimento econômico de áreas menos A fim de que o lucro produzido pelo sistema de geração
desenvolvidas do mundo, a maioria das quais não foram de informação seja suficiente para fazer frente aos custos
mapeadas em escalas 1:100.000 ou maiores. de capital e operação do sistema, é preciso que haja um
balanço (equilíbrio) entre o valor da informação, como é
Dados de sensores remotos que foram geometricamente percebido pelo usuário (consumidor), e o lucro necessá­
retificados para uma projeção cartográfica padrão estão se rio para sustentar o sistema (Miller et al., 2 0 0 1 ,2 0 0 3 ). O
tornando indispensáveis em bases de dados GIS mais so­ equilíbrio tem sido conseguido para aplicações de mapea­
fisticadas. Isto é especialmente verdadeiro para os ortofo- mento com levantamentos fotogramétricos e por LIDAR
tomapas, que têm as qualidades métricas de um mapa de há várias décadas. O tempo dirá se o balanço entre o va­
linha e o conteúdo informativo de uma fotografia aérea ou lor sentido pelo usuário e o custo pode ser mantido no
de outro tipo de imagem. caso de sistemas orbitais. Estão ocorrendo agrupamentos
de empresas. Em 12 de Janeiro de 2006 a O R BIM A G E
Infelizmente, erros são introduzidos no processo de sensoria­ adquiriu os bens da Space Imaging e agora opera como
mento remoto e devem ser identificados e relatados. As ino­ GeoEye, Inc., fornecendo produtos e imagens IK O N O S,
vações na redução de erros incluem: 1) registro dos passos OrbView-2 e Orbview-3. A GeoEye lançou um novo
operacionais aplicados aos dados originais de sensoriamento sensor em 2008 com uma resolução espacial de 0,41 x
remoto, 2) documentação dos erros geométricos (espacial) e 0,41 m (GeoEye, 2006).
erros temáticos (atributo) dos materiais-fontes, 3) melhoria
da legenda, especialmente para produtos que são mapas de O equilíbrio também pode ser impactado pelos espe­
detecção de mudanças derivados de sensoriamento remoto, cialistas em tecnologia de sensoriamento remoto que
e 4) melhoria da avaliação da exatidão. A comunidade de não têm um bom entendimento dos requisitos de in­
sensoriamento remoto e GIS deve incorporar tecnologias formação pelos usuários. De fato, alguns especialistas
que rastreiem o erro nos produtos finais, sejam mapas ou em sensoriamento remoto ficam desconcertados quanto
imagens. Isso resultará em informação mais exata sendo usa­ ao porquê de os usuários não se entusiasmarem com a
da nos processos de tomada de decisão. informação derivada do sensoriamento remoto. O que
eles falham em considerar é que os usuários geralmente
| Economia da Observação da Terra não têm motivação para migrarem para uma inform a­
ção derivada de sensoriamento remoto sobre parâmetros
econômicos, sociais, ambientais, estratégicos ou políti­
cos simplesmente porque tal informação é baseada em
O National Research Council (Conselho Nacional de nova tecnologia. Além do mais, os usuários que estão do
Pesquisa) reconheceu que há um sistema econômico em lado direito do gráfico da Figura 1-16 geralmente têm
jogo quando dados de sensoriamento remoto são usados pouco conhecimento da tecnologia de sensoriamento
para aplicações de gerenciamento dos recursos terrestres ou como ela é usada para extração de informação.
32 C A P ÍT U L O 1 Sensoriamento Remoto do Ambiente

Econom ia do Sensoriam ento Remoto para Observação da Terra


Consumidor
Sistema de Difusão da Informação da informação
Coleta de dados (Usuário)
Hiato de Conhecimer, to
Plataforma e
sensores Processamento
analógico (análise
Dados —► visual) e/ou digital Informação
brutos
de imagens
Energia radiante
(fótons)
Percepção do valor
econômico, social,
estratégico, ambi­
ental ou político

Equilíbrio $ Custo

-► Facilidade de uso

Dificuldade para
entender
baixo alto

Figura 1-16 Economia do sensoriamento remoto para observação da Terra. O objetivo é minimizar o hiato de conhecimento entre o sistema
de geração de informação, o especialista em sensoriamento remoto, e o consumidor da informação (usuário). A informação
econômica, social, estratégica, ambiental, e/ou política gerada pelo sensoriamento remoto deve ser custo-efetiva, e ser fácil de
usar a fim de atingir um equilíbrio (adaptado de Miller et al., 2003).

Miller et al. (2001; 2003) sugerem que esta situação cria mendo impacto na opinião e no uso dos dados de sensoria­
um vazio de conhecimento entre os especialistas em sen­ mento remoto pelo público em geral (Fallows, 2006).
soriamento remoto e os consumidores de informação
(usuários) (Figura 1-16). Fazer a ponte para superar esse H | Perspectiva da Análise de Recursos
vazio é mandatório se vamos usar o sensoriamento remo­
to para resolver problemas de gerenciamento ambiental.
E improvável que a comunidade de usuários vá devotar
tempo para aprender a física do sensoriamento remoto e
E 'mt Terrestres

os métodos de análise e processamento de imagens ana­


O sensoriamento remoto é usado para muitas aplicações, tais
lógicas e/ou digitais e a modelagem em GIS necessários
como análise de imagens médicas (p.ex., raios-x de um braço
para produzir uma informação útil. Por outro lado, há
quebrado), avaliação não-destrutiva de produtos numa linha
um considerável interesse pelo lado tecnológico do pro­
de montagem, e análise de recursos da Terra. O foco deste livro
blema para construir uma ponte de comunicação. Por­
é na arte e ciência da aplicação do sensoriamento remoto para a
tanto, uma maneira de diminuir o tamanho do vazio de
extmção de informação sobre os recursos da Tena (Figura 1-17).
conhecimento é que os técnicos em sensoriamento re­
Informação dos recursos da Terra é definida como qualquer
moto trabalhem ao lado da comunidade de usuários para
informação concernente à vegetação, solos, minerais, rochas,
entender seus requisitos. Isso levará a uma informação de
água e infraestrutura urbana terrestres, bem como certas ca­
sensoriamento remoto mais útil e que seja de valor para
racterísticas atmosféricas. Tais informações podem ser úteis
as comunidades de usuários.
para a modelagem do ciclo global do carbono, da biologia
e bioquímica dos ecossistemas, de aspectos dos ciclos globais
Os avanços nos sistemas de entrega de imagens de senso­
da água e da energia, da variabilidade e previsão do clima, da
riamento remoto por empresas comerciais como a Google,
química atmosférica, das características da Terra sólida, das
Inc., e seu aplicativo Google Earth estão tendo um tre­
estimativas populacionais, e do monitoramento da mudança
de uso da terra e desastres naturais (Johannsen et al., 2003).
Perspectiva da Análise de Recursos Terrestres 33

Organização do
livro Sensoriamento Remoto do Ambiente
Capítulo 1. Capítulo 7.
Sensoriamento Remoto do Ambiente Sensoriamento Remoto Multiespectral
• Coleta de Dados In Situ • Coleta de Dados Multiespectrais
Coleta de Dados de Sensoriamento Remoto • Detectores Discretos e Espelhos de Varredura
• O Processo do Sensoriamento Remoto Imageamento Multiespectral Usando Matrizes Lineares
• Espectroscopia por Imageamento
• Câmeras Métricas Digitais
• Sistemas Fotográficos em Satélites
Capítulo 2.
Princípios de Radiação Eletromagnética
• Condução, Convecção e Radiação
• Interações Energra-Matéria na Atmosfera Capítulo 8.
1Interações Energia-Matéria com o Terreno Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal
------------- |--- • História
• Propriedades da Radiação no Infravermelho Termal
Capítulo 3. • Janelas Atmosféricas
• Leis da Radiação Termal
História da Fotografia Aérea e das Plataformas Aéreas
• Coleta de Dados no Infravermelho Termal
• História da Fotografia
• Considerações Ambientais no Infravermelho Termal
• Fotografia a partir de Plataformas Aéreas
'
• Foto-Reconhecimento na I-GG e na II-GG
• Foto-Reconhecimento na Guerra Fria
• Satélites como Sentinelas Celestes
Capítulo 9.
• Veículos Aéreos Não-Tripulados
— Micro-ondas Ativo e Passivo
-
• História
• Componentes do Sistema de Micro-ondas Ativo
Capítulo 4. • Considerações Ambientais do RADAR
Fotografia Aérea • Sensoriamento Remoto SAR a partir do Espaço
• Visadas Verticais e Oblíquas • Interferometria SAR
• Câmeras Aéreas Sensoriamento Remoto com Micro-ondas Passivo
• Filtros e Filmes —
Planejamento de Missões Fotográficas Aéreas
--------------------------------------------------- -----------------------------------—
Capítulo 10.
Sensoriamento Remoto com LIDAR
Capítulo 5.
• Princípios (retornos, densidade, intensidade)
Elementos de Interpretação Visual de Imagens • Processamentos para Criar DEM, DSM , D TM
• Elementos de Interpretação de Imagens • Precisão dos Produtos Derivados do LIDAR
• Métodos de Pesquisa —

Capítulo 11.
Capítulo 6. Sensoriamento Remoto da Vegetação
Fotogrametria • Fundamentos da Fotossíntese
• Linhas de Voo de Fotografia Aérea • Características Espectrais da Vegetação
• Nomenclatura de Imagens • Características Temporais da Vegetação
• Medições de Altura/Escala em Fotos Isoladas • índices de Vegetação
• Medições Estereoscópicas • Métricas em Ecologia da Paisagem
• Ortofotos e Modelos Digitais de Elevação • Biodiversidade e Análise GAP
• Medição de Área • Detecção de Mudanças em vegetação
— ---- •> .......... ..... "

Figura 1-17 Organização do livro.


34 C A P IT U L O 1 Sensoriamento Remoto do Ambiente

Organização do
livro Sensoriamento Remoto do Ambiente

Capítulo 12.
Sensoriamento Remoto da Agua
Características Biofísicas da Água Superficial
• Precipitação
• Aerossóis e Nuvens
• Vapor D ’Água e Neve
• Modelagem da Qualidade da Água

Capítulo 13.
Sensoriamento Remoto das Feições Urbanas
1Considerações sobre Resolução Urbana/Periurbana
Sensoriamento Remoto do Uso/Cobertura da Terra
• Residencial
• Comércio e Serviços
• Industrial e Transportes
• Comunicações e Infraestrutura
• Dados Meteorológicos Urbanos
• Avaliação de Áreas Ambientais Críticas
• Resposta a Desastres Emergenciais

Figura 1-17 Organização do livro (continuação).

Organização do Livro cer uma informação única sobre a infraestrutura urbana/


periurbana. O Capítulo 14 descreve como características
selecionadas de solos e minerais podem ser obtidas por
sensoriamento remoto e como importantes feições geo-
Este capítulo definiu termos e forneceu uma perspectiva mórficas da superfície da Terra podem ser identificadas.
de como a ciência do sensoriamento remoto pode ser útil O Capítulo 15 descreve como são obtidas medidas de
para pesquisas sobre os recursos da Terra (Figura 1-17). O reflectância espectral in situ.
Capítulo 2 introduz princípios de energia eletromagnéti­
ca e como ela é usada para fazer o sensoriamento remoto Referências
do ambiente. O Capítulo 3 revê a história da fotografia, e
as plataformas aéreas e os satélites. O Capítulo 4 introduz
a fotografia aérea, filtros e filmes. O Capítulo 5 apresenta
os elementos de fotointerpretação. O Capítulo 6 revê os Adams, J. C. and J. H. Chandler, 2002, “Evaluation of
princípios de fotogrametria usados para extrair informa­ Lidar and Médium Scale Photogrammetry for Detecting
ção quantitativa da fotografia aérea. O Capítulo 7 revê Soft-cliff Coastal Change,” PhotogrammetricRecord, 17(99):
os sistemas opto-mecânicos de sensoriamento remoto. O 405-418.
Capítulo 8 introduz o sensoriamento remoto no infraver­
melho termal. O Capítulo 9 revê o sensoriamento remoto Alberti, M., Weeks, R. and S. Coe, 2004, “Urban Land-Cover
passivo e ativo (RADAR) nas micro-ondas. O Capítulo Change Analysis in Central Puget Sound,” Photogrammetric
10 introduz o sensoriamento remoto usando a tecnologia Engineering& Remote Sensing, 70(9): 1043-1052.
de detecção e medição de distância pela luz (LIDAR). O
Capítulo 11 descreve como o sensoriamento remoto é American Society for Photogrammetry and Remote Sensing,
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o sensoriamento remoto da água, gelo e neve, bem como Asker, J. R., 1992, “Congress Considers Landsat ‘Decom-
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Princípios de Radiação Eletromagnética

energia registrada por um sistema de sensoriamento remoto sofre certas inte­

A rações fundamentais que precisam ser entendidas para que os dados de senso­
riamento remoto possam ser interpretados apropriadamente. Por exemplo, se a
energia do sensoriamento remoto vem do Sol, tal energia

• é radiada pelas partículas atômicas na fonte (o Sol),

• viaja no vácuo espacial à velocidade da luz,

• interage com a atmosfera da Terra,

• interage com a superfície da Terra,

• interage com a atmosfera da Terra novamente, e

• finalmente atinge o sensor, onde ela interage com vários componentes óp­
ticos, filtros, emulsões de filmes, ou detectores.

É instrutivo examinar cada uma dessas interações fundamentais que a ener­


gia eletromagnética realiza à medida que progride da sua origem até o(s)
detector(es) do sistema de sensoriaménto remoto. O entendimento dessas in­
terações ajuda o analista de imagens a extrair informações úteis dos dados de
sensoriamento remoto (p.ex., Tuominen e Pekkarinen, 2004).

Condução, Convecção e Radiação


Q

Energia é a capacidade de realizar trabalho. No processo de realizar trabalho,


a energia frequentemente é transferida de um corpo a outro ou de um lugar
a outro. Os três tipos básicos pelos quais a energia pode ser transferida in­
cluem condução, convecção e radiação (Figura 2-1). A maioria das pessoas é
familiar com a condução, que ocorre quando um corpo (molécula ou átomo)
transfere sua energia cinética a outro pela colisão com este. É desse modo que
uma panela de metal é aquecida pela chapa do fogão. Na convecção, a energia
cinética dos corpos é transferida de um lugar a outro pela movimentação física
dos corpos. Um bom exemplo é o aquecimento do ar próximo ao solo nas
primeiras horas da manhã. O ar mais quente próximo à superfície sobe, for­
mando correntes convectivas na atmosfera, as quais podem produzir nuvens
do tipo cúmulos. A transferência de energia por radiação eletromagnética é de
fundamental interesse para a ciência do sensoriamento remoto porque ela é a
única forma de transferência de energia que pode ocorrer no vácuo, como é a
região entre o Sol e a Terra.
40 CAPITULO Princípios de Radiação Eletromagnética

Convecção
Transferência de Energia

Condução
Pulso de
ar quente
Panela em contato
com a chapa do fogão Terreno

Figura 2-1 A energia pode ser transferida de trcs modos: condução, convecção e radiação, a) A energia pode ser conduzida diretamente
de um objeto a outro como quando uma panela está em contato físico direto com a chapa de um fogão, b) O Sol banha a
superfície da Terra com energia radiante fazendo com que o ar próximo ao solo aumente de temperatura. O ar menos denso
sobe, criando correntes convectivas na atmosfera, c) A energia eletromagnética na forma de ondas eletromagnéticas pode ser
transmitida através do vácuo espacial desde o Sol até a Terra.

Modelos de Radiação Eletromagnética retos (ortogonais) entre si, e ambos são perpendiculares à
direção do deslocamento da onda.

Como uma onda eletromagnética é criada? Radiação ele­


Para entender como a energia eletromagnética é criada, tromagnética é gerada toda vez que uma carga elétrica
como ela se propaga no espaço e como ela interage com é acelerada. O comprimento de onda (X) da radiação
outra matéria, é útil descrever os processos usando dois eletromagnética depende da duração do tempo pelo
diferentes modelos: o modelo ondulatório e o modelo de qual a partícula carregada é acelerada. Sua frequência
partícula (Englert et al., 1994). (v) depende do número de acelerações por segundo. O
comprimento de onda é formalmente definido como a
Modelo Ondulatório da Energia Eletromagnética*1
0 distância média entre dois máximos (ou mínimos) con­
secutivos de um padrão grosseiramente periódico (Figu­
ras 2-2 e 2-3) e é normalmente medido em micrômetros
Nos anos 1860s, James Clerk Maxwell (1831-1879) con­ (pm) ou nanômetros (nm). Frequência é o número de
cebeu a radiação eletromagnética (REM) como uma onda comprimentos de onda que passam por um ponto por
eletromagnética que se desloca pelo espaço à velocidade da unidade de tempo. Uma onda que envia uma crista a
luz. Decorreram muitos anos para que os cientistas Leon cada segundo (completando um ciclo) é dita como ten­
Foucault e Albert A. Michelson determinassem a velocida­ do uma frequência de um ciclo por segundo. O u um
de da luz, c, como 299.702.458 metros por segundo (i.e., hertz, abreviado como 1 Hz. As unidades de medida
m s'1). Este valor é frequentemente generalizado para 3 x frequentes para comprimento de onda e frequência são
10s m s'1, ou 300.000 km s'1. Uma relação útil em cálculos apresentadas na Tabela 2-1.
rápidos é que a luz avança a 1 pé (0,3048 m) por nanos-
segundo (10‘9 s) (Rinker, 1999). A onda eletromagnética A relação entre o comprimento de onda (X) e a frequência
consiste de dois campos flutuantes - um elétrico e outro (v) da radiação eletromagnética baseia-se na seguinte fór­
magnético (Figura 2-2). Os dois vetores estão em ângulos mula, onde cé a velocidade da luz (Rott, 2000):
Modelos de Radiação Eletromagnética 41

Figura 2-2 Uma onda eletromagnética é composta pelos vetores elétrico e magnético, que são ortogonais (em ângulos de 90°) entre si. As
ondas deslocam-se da fonte à velocidade da luz (3 x 10's m s 1)-

c = )IV, (2-1) sua temperatura absoluta (7) medida em kelvin (K). Esta
é conhecida como a lei de Stefan-Boltzmann e é expressa
V (2-2) como (Rott, 2000):

e M. = <3T 4 (2-4)

^ =— (2-3) Onde a é a constante de Stefan-Boltzmann, 5,6697 x 10 s


v
W n r2 KL E importante lembrar que a quantidade de
energia emitida por um objeto tal como o Sol ou a Terra
Observe que a frequência é inversnmente proporcional ao é uma função de sua temperatura. Quanto maior a tem­
comprimento de onda. Essa relação é mostrada diagramati- peratura, maior a quantidade de energia que emana do
camente na Figura 2-3, onde quanto maior o comprimen­ objeto. A quantidade de energia emitida por um objeto é
to de onda, menor a frequência; menor o comprimento de computada pela soma (integração) da área sob sua curva
onda, maior a frequência. Quando a radiação eletromag­ (Figura 2-5). É claro a partir dessa ilustração que o total de
nética passa de uma substância para outra, a velocidade radiação emitida pelo Sol a 6.000 K é muito maior que a
da luz e o comprimento de onda mudam, enquanto que a emitida pela Terra a 300 K.
frequência permanece constante.
Além do computo do total de energia que emana de um
Todos os objetos acima do zero absoluto (-273 °C ou 0 K) corpo negro teórico como o Sol, podemos determinar seu
emitem energia eletromagnética, incluindo a água, solo, comprimento de onda dominante (A, ) com base na lei do
rocha, vegetação e a superfície do Sol. O Sol representa a deslocamento de Wien:
fonte inicial da maioria da energia eletromagnética regis­
trada pelos sistemas de sensoriamento remoto (exceto o
RADAR, LIDAR e SONAR) (Figura 2-4; Prancha Colo­
rida 2-1). Podemos ver o Sol como um corpo negro a 3.770 Onde k é uma constante equivalente a 2.898 pm K, e T
- 6.000 K (um ente teórico que absorve e radia energia à é a temperatura absoluta em kelvin. Assim, como o Sol se
maior taxa unitária possível por unidade de área em cada aproxima de um corpo negro a 6.000 K, o comprimento
comprimento de onda (7) e para uma dada temperatura). de onda dominante (7N max
) é 0,483 rum:
O total de radiação emitida por um corpo negro (M.) me­
dida em watts por n r2 é proporcional à quarta potência da
0,4 8 3 ^ = 2fo O O K K
42 CAPÍTULO Princípios de Radiação Eletromagnética

Relação Inversa Entre Comprimento de Onda e Frequência


Comprimento de onda relativamente mais longo
2 1
H----------------------A.-----------------------N

Comprimento de onda relativamente mais curto


4 3 2 1

JW V R A A A A Frequência maior

Figura 2-3 Este corte transversal de várias ondas eletromagnéticas ilustra a relação inversa entre comprimento de onda (A.) e frequência
(V). Quanto maior o comprimento de onda, menor a frequência; quanto menor o comprimento de onda, maior a frequência.
A amplitude de uma onda eletromagnética é a altura da crista da onda em relação à posição fixa. Cristas de onda sucessivas são
numeradas como 1, 2, 3 e 4. Um observador na posição do relógio registra o número de cristas que passam a cada segundo.
Esta frequência é medida em ciclos por segundo, ou hertz.

Figura 2-4 A fusão termonuclear ocorrendo na superfície do Sol gera um espectro contínuo de energia eletromagnética. A temperatura
de 5.770 - 6.000 K desse processo produz uma grande quantidade de energia de comprimentos de onda relativamente curtos
que se desloca através do vácuo do espaço à velocidade da luz. Parte dessa energia é interceptada pela Terra, onde ela interage
com a atmosfera e com os materiais da superfície. A Terra reflete parte dessa energia diretamente de volta para o espaço exterior
ou pode absorver a energia de comprimentos de onda menores e então reemiti-la em comprimentos de onda maiores (após
Strahler e Strahler, 1989).
Modelos de Radiação Eletromagnética 43

Tabela 2-1. Unidades de medida padrões para compri­


mento de onda e frequência.

Comprimento de onda (A)

Quilômetro (km) 1.000 m


Metro (m) 1,0 m
Centímetro (cm) 0,01 m = 10'2 m
Milímetro (mm) 0,1 m = 10'3 m
Micrômetro (pm) 0,000001 m = 106 m
Nanômetro (nm) 0,000000001 m = 10'9 m
Angstrom (Â) * 0,0000000001 m= 1010m
Frequência (ciclos por segundo)

Hertz (Hz) 1
Quilohertz (kHz) 1.000= 103
Megahertz (MHz) 1.000.000= 106
Gigahertz (GHz) 1.000.000.000= 109

A energia eletromagnética proveniente do Sol leva oito mi­


nutos para se deslocar pelos 150 milhões de quilômetros
de espaço até a Terra. Como mostrado na Figura 2-5, a
Terra aproxima-se de um corpo negro a 300 K (27 °C) e
tem um comprimento de onda dominante em aproxima­
damente 9,66 (.tm:

2.898 pm K
9,66 pm =
300 K
Figura 2-5 Curvas de radiação de corpo negro para diversos ob­
Embora o Sol tenha um comprimento de onda dominante jetos, incluindo o Sol e a Terra, que se aproximam de
corpos negros às temperaturas de 6.000 K e 300 K,
em 0,48 pm, ele produz um espectro contínuo de radia­
respectivamente. A área sob cada curva pode ser in­
ção eletromagnética variando desde ondas muito curtas,
tegrada para computar a energia radiante total (M.)
de extrema alta Frequência como os raios gama e cósmicos, emanando de cada objeto (Equação 2-4). Assim, o Sol
até ondas de rádio de muito baixa frequência (Figuras 2-6 produz mais exitância radiante do que a Terra porque
e 2-7). A Terra intercepta uma porção muito pequena da sua temperatura é maior. À medida que a temperatura
energia eletromagnética produzida pelo Sol. do corpo aumenta, seu comprimento de onda domi­
nante (7mi ) desloca-se em direção aos menores com­
Como mencionado no Capítulo 1, na pesquisa em sen- primentos de onda do espectro.
soriamento remoto frequentemente especificamos uma
região particular do espectro eletromagnético (p.ex., luz
vermelha) identificando um comprimento de onda (ou magnético. A energia eletromagnética no infravermelho
frequência) inicial e final e depois colocando uma descri­ próximo refletida na região de 0,7 a 1,3 pm é comumente
ção. Este intervalo de comprimento de onda (ou frequên­ usada para expor filmes preto e branco e filmes coloridos
cia) no espectro eletromagnético é comumente chamado sensíveis ao infravermelho.
de banda, canal, ou região. As principais subdivisões da luz
visível estão resumidas na Tabela 2-2 e apresentadas dia- A região do infravermelho médio (frequentemente cha­
gramaticamente na Figura 2-7 e na Prancha Colorida 2-2. mada de infravermelho de ondas curtas, SWIR - short
Geralmente pensamos na luz visível como sendo composta wavelength infrared) inclui energia com comprimentos
de energia nas bandas do azul (0,4 - 0,5 pm), verde (0,5 de onda de 1,3 a 3,0 pm. A região do infravermelho ter­
- 0,6 pm) e vermelho (0,6 - 0,7 pm) do espectro eletro­ mal tem duas bandas muito úteis em 3 a 5 pm e 8 a
44 CAPÍTULO Princípios de Radiação Eletromagnética

Tabela 2-2. Métodos de descrição da cor espectral (após Nassau, 1983).

Descrição em Comprimento de Onda Descrição em Energia

Número de
Nanômetro Micrômetro Frequência Elétron-volt
Cora Angstrom (Â) Onda0
(nm) (pm) (Hz x 1014) (eV) = 1240IX
(ip cm*1)
Ultravioleta, sw 2.537 254 0,254 11,82 39.400 4,89
Ultravioleta, lw 3.660 366 0,366 8,19 27.300 3,39
Violeta (limite)b 4.000 400 0,40 7,50 25.000 3,10
Azul 4.500 450 0,45 6,66 22.200 2,75
Verde 5.000 500 0,50 6,00 20.000 2,48
Verde 5.500 550 0,55 5,45 18.200 2,25
Amarelo 5.800 580 0,58 5,17 17.240 2,14
Laranja 6.000 600 0,60 5,00 16.700 2,06
Vermelho 6.500 650 0,65 4,62 15.400 1,91
Vermelho (limite)1’ 7.000 700 0,70 4,29 14.300 1,77
Infravermelho,
10.000 1.000 1,0 3,00 10.000 1,24
próximo
Infravermelho,
300.000 30.000 30,00 0,10 333 0,041
distante
'Apenas valores típicos; lw = comprimentos de onda longos; sw = comprimentos de onda curtos. ‘'O limite exato depende
do observador, intensidade da luz, adaptação da vista, e outros fatores. cO número de onda (l|J) é o número de ondas numa
unidade de comprimento (usualmente por cm). Assim, LjJ = 1 / X (cm) = 10.000 / X (pm) = 100.000.000 / X (Â) em c m 1.

14 pm. A porção das micro-ondas do espectro eletro­ O Modelo de Partícula: Radiação das
magnético consiste de comprimentos de onda muito Estruturas Atômicas
maiores (1 mm — 1 m). A porção das ondas de rádio do
espectro pode ser subdividida em UHF, VHF, e frequên­
cias de rádio HF, LF e ULF. Na Opticks' (1704), Sir Isaac Newton afirmou que a luz era
um feixe de partículas, ou corpúsculos, deslocando-se em
A resolução espectral da maioria dos sistemas de sensoria- linhas retas. Ele também sabia que a luz tinha caracterís­
mento remoto é descrita em termos de bandas do espectro ticas ondulatórias com base em seus trabalhos com placas
eletromagnético. Por exemplo, as dimensões espectrais das de vidro. Não obstante, durante os duzentos anos antes de
quatro bandas dos sensores Multispectral Scanner (MSS) 1905, a luz foi encarada primariamente como uma onda
do Landsat e do High Resolution Visible (HRV) do SPOT plana e contínua. Depois, Albert Einstein (1879 - 1955)
são mostradas na Figura 2-8, junto com a resolução es­ descobriu que quando a luz interage com elétrons, tem
pacial de cada banda para fins de comparação. As especi­ um caráter diferente (Figura 2-9). Concluiu que quando a
ficações exatas das bandas MSS/Landsat e do SPOT são luz interage com a matéria, ela comporta-se como se fosse
fornecidas no Capítulo 7. composta de muitos corpos individuais chamados fótons,
os quais portam propriedades parecidas com as de partícu­
A energia eletromagnética pode ser descrita não apenas las, como energia e momento (Meadows, 1992). Como re­
em termos de comprimento de onda e frequência, mas sultado, hoje a maioria dos físicos responderíam à pergun­
também em unidades de energia do fóton tais como jou- ta, “O que é a luz?” dizendo que a luz é um tipo particular
les (J) e elétronvolts (eV), como mostrado na Figura 2-7. de matéria (Feinberg, 1985). Assim, às vezes descrevemos
Diversas das mais importantes conversões de massa, ener­
gia e potência são mostradas na Tabela 2-3. 1 N .T .: há trad u ção em p o rtu g u ês, feita p o r A n d ré K och Torres Assis, pela ed ito ra
ED U SP, co m o títu lo Ó p tica .
Modelos de Radiação Eletromagnética 45

10 n
Infravermelho Tabela 2-3. Conversões de massa, energia e potência.
5
Radiação de ondas curtas do Sol a Conversão do Sistema Inglês para o SI
6.000 K incidente na Terra, com (Sistema Internacional)
um comprimento de onda domi­
nante de 0,48 pm Para obter: Multiplique: Por:

Radiação de ondas newtons'1 libras 4,448


longas emitida
H 0,5 pela Terra a 300 joules1’ BTUsc 1055
~a
"O K para o espaço
exterior, com um joules calorias*1 4,184
1 0,2
u comprimento de
C onda dominante
joules kilowatt-horas1' 3,6 x 106
~ 0,1 de 9,66 pm joules pés-libras* 1,356
0,05 joules cavaloss 745,7
Conversão do SI (Sistema Internacional) para 0
0,02
Sistema Inglês
0,01
0,1 0,2 0,30,4 0,7 1 2 3457 10 20 30 50 100 Para obter: Multiplique: Por:

Comprimento de Onda, pm BTUs joules 0,00095


calorias joules 0,2390
Figura 2-6 O Sol aproxima-se de um corpo negro a 6.000 K com
um comprimento de onda dominante de aproxima­ kilowatt-horas joules 2,78 x IO’7
damente 0,48 um. A Terra aproxima-se de um corpo pés-libras joules 0,7375
negro a 300 K com um comprimento de onda domi­
nante de aproximadamente 9,66 pm. O Sol a 6.000 cavalos watts 0,00134
K produz aproximadamente 41% da sua energia 11a
região do visível, de 0,4 a 0,7 pm (luz azul, verde e 'newton: força necessária para acelerar uma massa de 1 kg a
vermelha). Os outros 59% da energia estão em com­ 1 m s'2.
primentos de onda menores que os da luz azul (<0,4 hjoule: uma força de 1 newton atuando por 1 metro.
pm) e maiores do que os da luz vermelha (>0,7 pm).
cUnidade térmica britânica, ou BTU: energia necessária para
Nossos olhos são sensíveis apenas à luz de 0,4 a 0,7
pm (após Straher, 1989). Felizmente, é possível fazer elevar a temperatura de 1 libra de água de 1 grau Fahrenheit.
detectores para sensores remotos sensíveis à energia llcaloria: energia necessária para elevar a temperatura de 1
dessas regiões não-visíveis do espectro. quilograma de água de 1 grau Celsius.
cquilowatt-hora: 1.000 joules por segundo por 1 hora.
'pé-libra: uma força de 1 libra atuando por 1 pé.
^cavalo: 550 pés-libras por segundo.
a energia eletromagnética em termos de suas propriedades
de onda. Mas quando a energia interage com a matéria,
é útil descrevê-la como pacotes discretos de energia, ou ses ou níveis de energia (Figura 2 -10a). A fim de que um
quanta. E prático revisar como a energia eletromagnética é elétron possa saltar para uma classe maior, é preciso que
gerada no nível atômico; isso fornece uma compreensão de um trabalho seja realizado. Entretanto, a menos que uma
como a luz interage com a matéria. quantidade de energia seja disponível para mover o elétron
de pelo menos um nível energético acima, ele não aceitará
Elétrons são as pequenas partículas carregadas negativa­ o trabalho. Se uma quantidade suficiente de energia é rece­
mente que se movem ao redor do núcleo carregado positi­ bida, o elétron irá saltar para um novo nível e diz-se que o
vamente de um átomo (Figura 2-10). Os átomos de dife­ átomo está excitado (Figura 2 -10b). Uma vez que o elétron
rentes substâncias são constituídos de um número variável esteja numa órbita mais alta, ele possui energia potencial.
de elétrons arranjados de diferentes modos. A interação Após cerca de 10's segundos, o elétron retorna ao nível de
entre o núcleo carregado positivamente e o elétron carre­ energia ou órbita de mais baixa energia livre do átomo e
gado negativamente mantém o elétron em órbita. Embora libera radiação (Figura 2 -10c). O comprimento de onda
sua órbita não seja explicitamente fixa, cada movimento da radiação liberada é uma função da quantidade de traba­
do elétron é restrito a certas distâncias definidas do núcleo. lho realizado no átomo, i.e., o quantum de energia que ele
Os percursos orbitais permitidos dos elétrons que se mo­ absorveu para fazer com que o elétron fosse excitado e se
vem ao redor de um átomo podem ser vistos como clas- movesse para uma órbita mais alta.
46 CAPITULO Princípios de Radiação Eletromagnética

Espectro Eletromagnético e a Energia do


Comprimentos de Fóton da Luz Visível
onda em metros (m)
Energia do fóton
da luz visível em Comprimento de onda
elétron-volt (eV) em nanômetros (nm)
4,0

Ultravioleta

Limite do
violeta
Azul

Verde
Limite do verde
Amarelo
Laranja
Vermelho
Limite do
vermelho

Infravermelho
próximo

Micro-ondas e
ondas de rádio 0,5 Infravermelho
-► 0,41 30k- distante

10

Figura 2-7 O espectro eletromagnético c a energia do fóton da luz visível. O Sol produz um espectro contínuo de energia desde os raios
gama até as ondas de rádio, que banha continuamente a Terra com energia. A porção visível do espectro pode ser medida
usando comprimentos de onda (medidos em micrômetros ou nanômetros, i.e., pm ou nm) ou elétron-volt (eV).

As órbitas eletrônicas são como degraus de uma escada. citado (Figura 2 -10b) para um estado não-excitado (Figura
Ganhos de energia movem o elétron para cima na escada 2 -10c) é emitida pelo átomo como um pacote único de
de energia; emissão de energia move-o para baixo. Porém, radiação eletromagnética, uma unidade de luz com com­
a escada de energia difere de uma escada comum, pois seus portamento de partícula, chamado fóton. Toda vez que um
degraus não são igualmente espaçados. Isso significa que elétron salta de um nível energético maior para um menor,
a energia que um elétron necessita absorver, ou ceder, a um fóton move-se para fora à velocidade da luz.
fim de saltar de uma órbita para a próxima pode não ser
a mesma que a troca energética necessária para alguns dos De alguma forma um elétron deve desaparecer de sua órbi­
outros degraus. Além disso, um elétron não usa necessaria­ ta original e reaparecer na sua órbita de destino sem nunca
mente degraus consecutivos. Ao invés disso, ele usa o que ter que atravessar quaisquer das posições intermediárias.
os físicos denominam regras de seleção. Em muitos casos, Este processo é chamado de passo quântico ou salto quân-
um elétron usa uma sequência de degraus à medida que tico. Se o elétron salta do seu estado de excitação mais alto
sobe a escada e outra sequência à medida que desce (Nas- para o estado basal num único salto, ele emitirá um único
sau, 1983; 1984). A energia que fica disponível quando o fóton de energia. Também é possível ao elétron saltar de
elétron eletricamente carregado se move de um estado ex­ uma órbita excitada até o nível de base numa série de saltos
Modelos de Radiação Eletromagnética 47

Albert Einstein
Sensor High
Resolution
Visible - SPOT-3

Mutispectral
Scanner (MSS)
- Landsat

0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1


Comprimento de Onda, pm

Figura 2-8 As larguras nominais das bandas espectrais individuais Figura 2-9 Albert Einstein (1879-1955) (cortesia da Library
dos sistemas sensores MSS/Landsat e do HRV/SPOT of Congress).
são resumidas ao longo das abscissas. A resolução espa­
cial de cada banda individual c mostrada no eixo das
ordenadas.

(p.ex., do 4 para o 2 para o 1). Se ele dá dois passos para Assim, vemos que a energia de um quantum é inversamen­
atingir o nível de base, então cada um desses saltos emitirá te proporcional ao seu comprimento de onda, i.e., quanto
fótons de um pouco menos de energia. As energias nesses maior o comprimento de onda envolvido, menor seu conteú­
dois saltos devem produzir uma soma total igual a um úni­ do energético. Esta relação inversa é importante para o senso-
co salto maior (Trefil e Hazen, 1995). riamento remoto porque ela sugere que é mais difícil detectar
a energia de comprimentos de onda maiores sendo emitida
Niels Bohr (1885-1962) e Max Planck (1858-1947) reco­ em comprimentos de onda do infravermelho termal do que
nheceram a natureza discreta das trocas de energia radiante aquela nos menores comprimentos de onda do visível. De
e propuseram a teoria quântica da radiação eletromagnéti­ fato, é necessário fazer o sensor olhar ou permanecer visando
ca. Esta teoria postula que a energia é transferida em paco­ por mais tempo uma parcela do terreno se estivermos tentan­
tes discretos chamados quanta ou fótons, como discutido. do medir a energia em comprimentos de onda maiores.
A relação entre a frequência da radiação expressa pela teo­
ria ondulatória e o quantum é: As substâncias têm cores por causa das diferenças nos seus
níveis de energia e nas regras de seleção. Por exemplo, con­
Q = hv (2-6) sidere o vapor de sódio energizado que produz uma luz
amarela brilhante que é usada em algumas lâmpadas de
Onde Q é a energia de um quantum medida em joules, ruas. Quando a lâmpada de vapor de sódio é ligada, vários
h é a constante de Planck (6,626 x 10'34 J s), e v é a fre­ milhares de volts de eletricidade energizam o vapor. O elé­
quência da radiação (Figura 2-11). Tomando a Equação tron mais externo em cada átomo energizado do vapor de
2-3, podemos multiplicar a equação por h/h, ou 1, sem sódio sobe para um degrau mais alto na escada de energia e
alterar seu valor: depois retoma a descida da escada numa certa sequência de
degraus, dos quais os dois últimos são separados por 2,1 eV
X= ( 2 - 7 ) (Figura 2-12). A energia liberada neste último salto parece
com um fóton de luz amarela com um comprimento de
onda de 0,58 pm com 2,1 eV de energia (Nassau, 1983).
Substituindo Q por h v (da Equação 2-6), podemos ex­
pressar o comprimento de onda associado com o quantum A matéria pode ser aquecida a temperaturas tão altas que
de energia como: os elétrons, que normalmente se movem em órbitas fixas
e não-radiantes, tornam-se livres. Este é o chamado efeito
( 2- 8) fotoelétrico (Figura 2-10d). Quando isso acontece, o átomo
permanece com uma carga positiva igual à do elétron ne­
ou gativamente carregado que escapou. O elétron torna-se um
elétron livre e o átomo é chamado de íon. Nas partes do
(2-9) ultravioleta e visível (azul, verde e vermelho) do espectro
48 CAPÍTULO Princípios de Radiação Eletromagnética

Criação de Luz a Partir de uma Partícula Atômica e o Efeito Fotoelétrico

emitido quando um
elétron muda de um
estado de maior ener­
gia para um estado
de menor energia

c.

Emissão de um
elétron portando a
mesma quantidade
de energia

Efeito fotoelétinco

Figura 2-10 a-c) Um fóton de energia eletromagnética é emitido quando um elétron num átomo ou molécula salta de um estado de maior
energia para um estado de menor energia. A luz emitida (i.e., seus comprimentos de onda) é uma função das mudanças nos
níveis de energia do elétron de valência mais externa. Por exemplo, luz amarela é produzida por uma lâmpada de vapor de sódio
na Figura 2-12. d) A matéria também pode ser submetida a temperaturas tão altas que os elétrons, que normalmente se movem
em órbitas fixas e não-radiantes, tornam-se livres. Quando isso acontece, o átomo permanece com uma carga positiva igual à do
elétron negativamente carregado que escapou. O elétron torna-se um elétron livre e o átomo é chamado de íon. Se um outro elé­
tron livre completa o nível de energia vazio criado pelo elétron liberado, então é produzida radiação de todos os comprimentos de
onda, i.e., um espectro de energia contínuo. O intenso calor na superfície do Sol produz um espectro contínuo desta maneira.

eletromagnético, a radiação é produzida por mudanças nos Em átomos e moléculas, mudanças nas órbitas dos elétrons
níveis de energia dos elétrons de valências mais externas. produzem as radiações de menores comprimentos de onda,
Os comprimentos de onda da energia produzida são uma mudanças nos movimentos vibracionais das moléculas produ­
função dos níveis orbitais particulares dos elétrons envol­ zem energia no infravermelho e/ou no infravermelho médio,
vidos no processo de excitação. Se os átomos absorvem su­ e mudanças nos movimentos rotacionais produzem radiação
ficiente energia para serem ionizados e se um elétron livre no infravermelho distante ou nas micro-ondas. No Capítulo
cai para preencher o nível de energia disponível, então a 8 (Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal) será dito
radiação liberada não é quantizada e um espectro contínuo é mais sobre como a radiação no infravermelho termal é produ­
produzido ao invés de uma banda ou uma série de bandas. zida e registrada pelos sistemas de sensoriamento remoto.
Cada encontro de um desses elétrons livres com um nú­
cleo carregado positivamente causa mudanças rápidas nos Interações Energia-Matéria
campos elétrico e magnético, de tal forma que é produzida na Atmosfera
radiação em todos os comprimentos de onda. A superfície
quente do Sol em sua grande parte é um plasma no qual
é produzida radiação de todos os comprimentos de onda. Energia radiante é a capacidade de a radiação numa banda
Como mostrado anteriormente na Figura 2-7, o espectro espectral realizar trabalho. Uma vez que a radiação eletro­
de um plasma como o do Sol é contínuo. magnética é gerada, ela é propagada através da atmosfera da
Interações Energia-Matéria na Atmosfera 49

Energia Frequência C om prim ento de Tipo de Absorção pela


(J) (Hz) onda (A,) radiação atmosfera
1000 km Ondas longas
, 0 -3° . 103 de rádio
100 km
io
29
- 104
10 km
'5b
Ui 1028- 105
O 1 km
CS 1 0 -27- 106 Rádio IransmissaoT
<u 100 m AM 1
O 1 0 26- 107
c 10 m
<u
£ 10'25- 108
1m
Transmissão Janela do
1 0 ' 24- 109 ■ FM, TV
10 cm Micro-ondas rádio
1 0 '2 3 - IO10-
1 cm ^ Ondas curtas
10-2 2 - 10"- dc rádio
1 mm
1021- IO'2
Tõmm Infravermelho
1020- 1013-
-d - mm
100
1 0 '9- 1014-
ljim = 106m
10 , s - IO'5-
Visível Janela óptica
2 l í r >,m
'5b
u 1 0 17- 1016- i Ultravioleta
<u Tõõ t,m -----
CS 1 0 16-
1017- A 1
<u 10‘3 |im
V) í *
•a 1 0 15- 1018-
Raios X
£ 10 ,om -----
io1
4
- 1019-
10" m ------ i t
ío 13- 102°. Raios pama
1012 m ----

Figura 2-11 A energia dos quanta (fótons) variando dos raios gama às ondas de rádio no espectro eletromagnético.

Terra quase à velocidade da luz num vácuo. Ao contrário de A velocidade da luz numa substância nunca pode atingir a
um vácuo no qual nada acontece, porém, a atmosfera pode velocidade da luz no vácuo. Portanto, o índice de refração
afetar não apenas a velocidade da radiação como também sempre deve ser maior do que 1. Por exemplo, o índice de
seu comprimento de onda, sua intensidade e sua distribui­ refração para a atmosfera é 1,0002926 e é 1,33 para a água.
ção espectral. A radiação eletromagnética pode também ser A luz desloca-se mais lentamente através da água por causa
desviada da sua direção original devido à refração. da maior densidade desta.

Refração A refração pode ser descrita pela lei de Snell, que postula
que para uma dada frequência da luz (devemos usar fre­
quência uma vez que, ao contrário do comprimento de
A velocidade da luz no vácuo é de 3 x 108 m s'1. Quando a onda, ela não muda quando a velocidade da luz muda), o
radiação eletromagnética encontra substâncias de diferen­ produto do índice de refração pelo seno do ângulo entre o
tes densidades, como ar e água, pode ocorrer a refração. A raio e a linha normal à interface é constante:
refração refere-se ao desvio da luz quando ela passa de um
meio a um outro de densidade diferente. A refração ocorre «j sen 0! = «,sen 0, (2-11)
porque os meios são diferentes em densidade e a veloci­
dade da REM (radiação eletromagnética) é diferente em Na Figura 2-13 podemos ver que uma atmosfera não-
cada um deles. O índice de refração (n) é uma razão entre a turbulenta pode ser vista como uma série de camadas de
velocidade da luz no vácuo, c, e a velocidade da luz numa gases, cada uma delas com uma densidade um pouco dife­
substância como a atmosfera ou água, c : rente. Toda vez que a energia propaga-se através da atmos­
fera por uma distância apreciável num ângulo diferente
n =— . (2-10) do vertical, ocorre refração.
cn
50 CAPÍTULO Princípios de Radiaçao Eletromagnética

Criação de Luz a Partir de Partículas Atômicas no meio usando relações trigonométricas. É interessante
numa Lâmpada de Vapor de Sódio notar, porém, que a maioria dos analistas de imagens nun­
ca se preocupa em computar o índice de refração.
Mudança de energia
em elétron-volt (eV)
Espalhamento

Um sério efeito da atmosfera é o espalhamento da radiação


pelas partículas atmosféricas. O espalhamento difere da refra­
ção no sentido de que a direção associada ao espalhamento
é imprevisível, enquanto a direção da refração (para resumir
a definição) é previsível. Essencial mente, há três tipos de es­
palhamento: Rayleigh, Mie e espalhamento não-seletivo. As
principais subdivisões da atmosfera e os tipos de moléculas e
aerossóis encontrados em cada camada são mostrados na Fi­
gura 2-14 (Miller e Vermote, 2002). O tamanho relativo do
comprimento de onda da radiação eletromagnética inciden­
te, do diâmetro dos gases, do vapor d’água, e/ou da poeira
com os quais a energia interage, e o tipo de espalhamento
que deverá ocorrer estão resumidos na Figura 2-15.

O espalhamento Rayleigh (frequentemente chamado de es­


palhamento molecular) ocorre quando o diâmetro efetivo da
matéria (geralmente moléculas de ar, tais como oxigênio e
nitrogênio na atmosfera) é muitas vezes menor (geralmente
<0,1) que o comprimento de onda da radiação eletromag­
Figura 2-12 Criação de luz a partir de partículas atômicas numa
nética incidente (Figura 2-15a). O espalhamento Rayleigh
lâmpada de vapor de sódio. Após ser energizado por
vários milhares de volts de eletricidade, o elétron mais
é chamado assim em homenagem ao físico inglês Ford Ray­
externo em cada átomo energizado do vapor de sódio leigh, que forneceu a primeira explicação coerente para ele.
sobe para um degrau mais alto na escada de energia Todo espalhamento ocorre com absorção e re-emissão de
c depois retoma a descida da escada numa certa se­ radiação pelos átomos ou moléculas da maneira previamen­
quência de degraus de uma maneira previsível. O dois te descrita na seção sobre radiação das estruturas atômicas.
últimos degraus na descendente são separados por 2,1 É impossível prever a direção na qual um átomo ou molé­
eV. Isso produz um fóton de luz amarela, o qual tem
cula específicos emitirá um fóton, portanto espalhamento.
2,1 eV de energia (veja Tabela 2-2).
A energia requerida para excitar um átomo está associada
com a potente radiação de ondas curtas, de alta frequência.
A quantidade de refração é uma função do ângulo feito
com a vertical (0), da distância envolvida (na atmosfera, A quantidade aproximada de espalhamento Rayleigh
quanto maior a distância, maior a mudança na densida­ na atmosfera nos comprimentos de onda ópticos (0,4 —
de), e da densidade do ar envolvido (o ar geralmente é 0,7 pm) pode ser computada usando o algoritmo de espa­
mais denso próximo do nível do mar). Sérios erros de lo­ lhamento pela seção-transversal de Rayleigh (x ) (Crack-
calização devidos à refração podem ocorrer em imagens nell e Hayes, 1983):
formadas a partir da energia detectada em altas altitudes
ou sob ângulos muito agudos. Entretanto, esses erros de x = 8 7 tW -l)2 (2-13)
localização são previstos pela lei de Snell e, portanto, po­ m 3A/2A/4
dem ser removidos.
Onde n = índice de refração, N = número de moléculas de
Observe que ar por unidade de volume, X = comprimento de onda. A
quantidade de espalhamento é inversamente relacionada
à quarta potência do comprimento de onda da radiação.
Por exemplo, a luz ultravioleta de 0,3 pm é espalhada
Assim, se conhecermos o índice de refração dos meios n] e aproximadamente 16 vezes mais do que a luz vermelha de
» , e o ângulo de incidência da energia no meio n p é pos­ 0,6 pm, i.e., (0,6/0,3)4 = 16. A luz azul de 0,4 pm é es­
sível prever a quantidade de refração que ocorrerá (sen 0,) palhada cerca de cinco vezes mais que a luz vermelha de
Interações Energia-Matéria na Atmosfera 5

Refração Atmosférica Camadas e Constituintes Atmosféricos


Energia radiante Normal à C3 i
incidente superfície 1 t1 CQ aerossóis estratosféricos
o
-o 20 km
« ] = índice de refra­ y
Atmosfera ção para esta camada Z O,, CO,, gases traços
opticamente °i o 15 km -
da atmosfera "O
menos densa
’G 10 km
< 8 km
Percurso da
V
-o Lk Moléculas de gás
energia na 2-3 km (espalhamento Rayleigh)
. atmosfera <
, 'v homogênea ' yr ^ H,O, aerossóis estratosféricos
Atmosfera
opticamente mais Superfície do Terreno
densa
Figura 2-14 Principais subdivisões da atmosfera e os tipos d<
moléculas e aerossóis encontrados em cada camack
(adaptado de Miller e Vermote, 2002).

V
Atmosfera
opticamente
menos densa
_______________ B ______ ----
\
Percurso da energia afetada
violeta e do azul são espalhados ainda mais durante os seus
agora longos percursos através do ar que quando o Sol está
a pino, o que vemos quando olhamos em direção ao pôi
do Sol é o resíduo - os comprimentos de onda da luz solar
que dificilmente são espalhados, especialmente os referen­
pela refração atmosférica tes ao laranja e vermelho.

Figura 2-13 Refração em três camadas atmosféricas não-turbulen- O espalhamento Mie (às vezes denominado de não-mole-
tas. A energia incidente é desviada de sua trajetória cular ou por partículas de aerossóis) ocorre nos 4,5 km in­
normal quando se desloca de uma camada atmosférica feriores da atmosfera, onde podem estar muitas partículas
para outra. A lei de Snell pode ser usada para predizer
essencialmente esféricas com diâmetros aproximadamente
quanto desvio ocorrerá, com base no ângulo de in­
iguais ao tamanho do comprimento de onda da energia
cidência (0) c no índice dc refração de cada nível at­
mosférico, tf , //, e «v
incidente (Figura 2-15b). O tamanho real das partículas
pode variar de 0,1 a 10 vezes o comprimento de onda da
energia incidente. Para a luz visível, os principais agentes
0,6 pm, i.e., (0,6/0,4)'4 = 5,06. A quantidade de espalha­ de espalhamento são a poeira e outras partículas variando
mento Rayleigh esperada em todo o espectro visível (0,4 de poucos décimos de micrômetro a vários micrômetros
- 0,7 pm) é mostrada na Figura 2-16. em diâmetro. A magnitude desse espalhamento é maior
que a do espalhamento Rayleigh, e os comprimentos de
A maioria do espalhamento Rayleigh por moléculas de gás onda espalhados são maiores. Quanto maior a quantidade
ocorre na atmosfera, de 2 a 8 km acima do solo (Figura de partículas de fumaça e de poeira na coluna atmosfé­
2-14). O espalhamento Rayleigh é responsável pela apa­ rica, mais a luz violeta e azul será removida e apenas os
rência azul do céu. Os comprimentos de onda mais curtos comprimentos de onda maiores de luz laranja e vermelha
do violeta e azul são mais eficientemente espalhados que os atingirão nossos olhos. A poluição também contribui para
comprimentos de onda maiores do laranja e do vermelho. belos amanheceres e entardeceres.
Quando olhamos para cima num dia sem nuvens e admi­
ramos o céu azul, estamos testemunhando o espalhamento O espalhamento não-seletivo ocorre nas porções mais baixas
preferencial dos menores comprimentos de onda da luz so­ da atmosfera, onde há partículas >10 vezes o comprimen­
lar. O espalhamento Rayleigh também é responsável pelo to de onda da radiação eletromagnética incidente (Figura
vermelho do pôr do Sol. Como a atmosfera é uma fina 2-15c). Este tipo de espalhamento é não-seletivo, i.e., todos
concha de ar que cerca gravitacionalmente a Terra sólida, os comprimentos de onda são espalhados, e não apenas o
a luz solar é obrigada a passar por um caminho inclinado azul, verde, ou vermelho. Assim, as gotículas de água e os
mais longo de ar ao entardecer (e ao amanhecer) do que cristais de gelo que formam as nuvens e os nevoeiros espa­
ao meio dia. Uma vez que os comprimentos de onda do lham todos os comprimentos de onda da luz visível igual-
50 CAPÍTULO Princípios de Radiação Eletromagnética

Criação de Luz a Partir de Partículas Atômicas no meio usando relações trigonométricas. É interessante
numa Lâmpada de Vapor de Sódio notar, porém, que a maioria dos analistas de imagens nun­
ca se preocupa cm computar o índice de refração.
Mudança de energia
em elétron-volt (eV)
Espalhamento

Um sério efeito da atmosfera é o espalhamento da radiação


pelas partículas atmosféricas. O espalhamento difere da refra­
ção no sentido de que a direção associada ao espalhamento
é imprevisível, enquanto a direção da refração (para resumir
a definição) é previsível. Essencialmente, há três tipos de es­
palhamento: Rayleigh, Mie e espalhamento não-seletivo. As
principais subdivisões da atmosfera e os tipos de moléculas e
aerossóis encontrados em cada camada são mostrados na Fi­
gura 2-14 (Miller e Vermote, 2002). O tamanho relativo do
comprimento de onda da radiação eletromagnética inciden­
te, do diâmetro dos gases, do vapor d’água, e/ou da poeira
com os quais a energia interage, e o tipo de espalhamento
que deverá ocorrer estão resumidos na Figura 2-15.

O espalhamento Rayleigh (frequentemente chamado de es­


palhamento molécula}) ocorre quando o diâmetro efetivo da
matéria (geralmente moléculas de ar, tais como oxigênio e
nitrogênio na atmosfera) é muitas vezes menor (geralmente
<0,1) que o comprimento de onda da radiação eletromag­
Figura 2-12 Criação de luz a partir de partículas atômicas numa
nética incidente (Figura 2-15a). O espalhamento Rayleigh
lâmpada de vapor de sódio. Após ser energizado por
vários milhares de volts de eletricidade, o elétron mais
é chamado assim em homenagem ao físico inglês Lord Ray­
externo em cada átomo energizado do vapor de sódio leigh, que forneceu a primeira explicação coerente para ele.
sobe para um degrau mais alto na escada de energia Podo espalhamento ocorre com absorção e re-emissão de
e depois retoma a descida da escada numa certa se­ radiação pelos átomos ou moléculas da maneira previamen­
quência de degraus de uma maneira previsível. O dois te descrita na seção sobre radiação das estruturas atômicas.
últimos degraus na descendente são separados por 2,1 E impossível prever a direção na qual um átomo ou molé­
eV. Isso produz um fóton de luz amarela, o qual tem
cula específicos emitirá um fóton, portanto espalhamento.
2,1 eV de energia (veja Tabela 2-2).
A energia requerida para excitar um átomo está associada
com a potente radiação de ondas curtas, de alta frequência.
A quantidade de refração é uma função do ângulo feito
com a vertical (0), da distância envolvida (na atmosfera, A quantidade aproximada de espalhamento Rayleigh
quanto maior a distância, maior a mudança na densida­ na atmosfera nos comprimentos de onda ópticos (0,4 -
de), e da densidade do ar envolvido (o ar geralmente é 0,7 pm) pode ser computada usando o algoritmo de espa­
mais denso próximo do nível do mar). Sérios erros de lo­ lhamento pela seção-transversal de Rayleigh (xm) (Crack-
calização devidos à refração podem ocorrer em imagens nell e Hayes, 1983):
formadas a partir da energia detectada em altas altitudes
ou sob ângulos muito agudos. Entretanto, esses erros de T = 87t3(n--l)2 (2-13)
localização são previstos pela lei de Snell e, portanto, po­ m 3Ar-v
dem ser removidos.
Onde n = índice de refração, N = número de moléculas de
Observe que ar por unidade de volume, À, = comprimento de onda. A
quantidade de espalhamento é inversamente relacionada
n] sen Oj
sen 0, = ( 2- 12) à quarta potência do comprimento de onda da radiação.
W2 Por exemplo, a luz ultravioleta de 0,3 pm é espalhada
Assim, se conhecermos o índice de refração dos meios nt e aproximadamente 16 vezes mais do que a luz vermelha de
n , e o ângulo de incidência da energia no meio «/# é pos­ 0,6 pm, i.e., (0,6/0,3)4 = 16. A luz azul de 0,4 pm é es­
sível prever a quantidade de refração que ocorrerá (sen 0,) palhada cerca de cinco vezes mais que a luz vermelha de
Interações Energia-Matéria na Atmosfera 51

Refração Atmosférica Camadas e Constituintes Atmosféricos


Energia radiante Normal à i
incidente superfície
o
“O 20 km 1 O,, aerossóis estratosféricosj.1
= índice de refra­ v> •v
Atmosfera ção para esta camada 2 O,, CO,, gases traços
o 15 km -
opticamente °i da atmosfera ~o
menos densa
10 km
< 8 km
V
Percurso da -d3 L Moléculas de gás
energia na 2-3 km 1 (espalhamento Rayleigh)
ni
Atmosfera
atmosfera
homogênea Jr ^ H,O, aerossóis estratosféricos ■
opticamente mais Superfície do Terreno
densa
9A Figura 2-14 Principais subdivisões da atmosfera e os tipos de
moléculas e aerossóis encontrados em cada camada
(adaptado de Miller e Vcrmote, 2002).

«3 .
Atmosfera violeta e do azul são espalhados ainda mais durante os seus
opticamente agora longos percursos através do ar que quando o Sol está
menos densa a pino, o que vemos quando olhamos em direção ao pôr
___________________ ! \ do Sol é o resíduo - os comprimentos de onda da luz solar
Percurso da energia afetada que dificilmente são espalhados, especialmente os referen­
pela refração atmosférica tes ao laranja e vermelho.

Figura 2-13 Refração em três camadas atmosféricas não-turbulen- O espalhamento Mie (às vezes denominado de não-mole-
tas. A energia incidente é desviada de sua trajetória cular ou por partículas de aerossóis) ocorre nos 4,5 km in­
normal quando se desloca de uma camada atmosférica feriores da atmosfera, onde podem estar muitas partículas
para outra. A lei de Snell pode ser usada para predizer
essencialmente esféricas com diâmetros aproximadamente
quanto desvio ocorrerá, com base no ângulo de in­
iguais ao tamanho do comprimento de onda da energia
cidência (0) e no índice dc refração de cada nível at­
mosférico, « , //, e «v
incidente (Figura 2-15b). O tamanho real das partículas
pode variar de 0,1 a 10 vezes o comprimento de onda da
energia incidente. Para a luz visível, os principais agentes
0,6 pm, i.e., (0,6/0,4)4 = 5,06. A quantidade de espalha­ de espalhamento são a poeira e outras partículas variando
mento Rayleigh esperada em todo o espectro visível (0,4 de poucos décimos de micrômetro a vários micrômetros
- 0,7 pm) é mostrada na Figura 2-16. em diâmetro. A magnitude desse espalhamento é maior
que a do espalhamento Rayleigh, e os comprimentos de
A maioria do espalhamento Rayleigh por moléculas de gás onda espalhados são maiores. Quanto maior a quantidade
ocorre na atmosfera, de 2 a 8 km acima do solo (Figura de partículas de fumaça e de poeira na coluna atmosfé­
2-14). O espalhamento Rayleigh é responsável pela apa­ rica, mais a luz violeta e azul será removida e apenas os
rência azul do céu. Os comprimentos de onda mais curtos comprimentos de onda maiores de luz laranja e vermelha
do violeta e azul são mais eficientemente espalhados que os atingirão nossos olhos. A poluição também contribui para
comprimentos de onda maiores do laranja e do vermelho. belos amanheceres e entardeceres.
Quando olhamos para cima num dia sem nuvens e admi­
ramos o céu azul, estamos testemunhando o espalhamento O espalhamento não-seletivo ocorre nas porções mais baixas
preferencial dos menores comprimentos de onda da luz so­ da atmosfera, onde há partículas >10 vezes o comprimen­
lar. O espalhamento Rayleigh também é responsável pelo to de onda da radiação eletromagnética incidente (Figura
vermelho do pôr do Sol. Como a atmosfera é uma fina 2-15c). Este tipo de espalhamento é não-seletivo, i.e., todos
concha de ar que cerca gravitacionalmente a Terra sólida, os comprimentos de onda são espalhados, e não apenas o
a luz solar é obrigada a passar por um caminho inclinado azul, verde, ou vermelho. Assim, as gotículas de água e os
mais longo de ar ao entardecer (e ao amanhecer) do que cristais de gelo que formam as nuvens e os nevoeiros espa­
ao meio dia. Uma vez que os comprimentos de onda do lham todos os comprimentos de onda da luz visível igual-
52 CAPÍTULO Princípios de Radiação Eletromagnética

Espalhamento Atmosférico Intensidade do Espalhamento Rayleigh


Varia Inversamente com À.'4
Espalham ento Rayleigh
3 2,75 2,5 2,25 2 1,75
a. O Molécula de gás

Espalham ento Mie

1 © “
Fóton de energia
Espalham ento Não-seletivo eletromagnética
modelado como
uma onda

Figura 2-15 O tipo de espalhamento é uma função do 1) com­


primento de onda da energia radiante incidente e 2)
tamanho da molécula de gás, partícula de poeira, e/ou
gotículas de vapor d’água encontradas.

mente bem, fazendo com que a nuvem pareça branca, O Comprimento de Onda, pm
espalhamento não-seletivo de aproximadamente iguais pro­
porções de luz azul, verde e vermelha sempre aparece como Figura 2-16 A intensidade do espalhamento Rayleigh varia in­
luz branca ao observador comum. Esta é a razão porque ao versamente com a quarta potência do comprimento
usarmos a luz alta do nosso veículo durante um nevoeiro de onda (7"')-
apenas torna pior o problema, pois espalhamos não-seleti-
vamente ainda mais luz no nosso campo de visada.

O espalhamento é uma consideração muito importante constituintes pode fazer com que a atmosfera se “feche”
em pesquisas em sensoriamento remoto. Ele pode redu­ completamente em certas regiões do espectro. Isso é ruim
zir severamente o conteúdo de informação dos dados de para o sensoriamento remoto porque nenhuma energia fica
sensoriamento remoto até o ponto que a imagem perde disponível para ser registrada por sensoriamento remoto.
contraste e torna-se difícil diferenciar um objeto de outro. Por outro lado, na porção visível do espectro eletromagné­
tico (0,4 —0,7 pm), a atmosfera não absorve toda a energia
Absorção incidente, mas a transmite efetivamente bem. Porções do
espectro que transmitem a energia radiante com eficiência
são chamadas d &janelas atmosféricas.
Absorção é o processo pelo qual a energia radiante é absorvi­
da e convertida em outras formas de energia. A absorção da A absorção ocorre quando a energia incidente de mesma
energia radiante incidente ocorre na atmosfera ou no terre­ frequência que a frequência ressonante de um átomo ou
no. Uma banda de absorção é um intervalo de comprimen­ molécula é absorvida, produzindo um estado excitado. Se
tos de onda (ou frequências) do espectro eletromagnético ao invés de rerradiar um fóton do mesmo comprimento de
no qual a energia radiante é absorvida por uma substân­ onda, a energia for transformada em calor e for subsequen­
cia. Os efeitos da água (H ,0 ), dióxido de carbono (CO,), temente rerradiada num comprimento de onda maior,
oxigênio (O,), ozônio (O,) e oxido nitroso (N ,0 ) sobre a ocorre absorção. Quando se trata de um meio como o ar,
transmissão da luz através da atmosfera estão resumidos na a absorção e o espalhamento são frequentemente com­
Figura 2 -17a. O efeito cumulativo da absorção pelos vários binados num coeficiente de extinção (Konecny, 2003). A
Interações Energia-Matéria na Atmosfera 53

transmissão é inversamente relacionada ao coeficiente de onda da radiação que está atingindo a superfície). Várias
extinção e à espessura da camada. Certos comprimentos de feições, como corpos d’água calmos, atuam como refleto­
onda da radiação são mais afetados pela absorção do que res especulares quase perfeitos (Figura 2-18a,b). Se houver
pelo espalhamento. Isso é particularmente verdade para o muito poucas ondulações na superfície, a energia incidente
infravermelho e para os comprimentos de onda menores deixará a superfície do corpo d’água num ângulo igual e
do que a luz visível. Os efeitos combinados de absorção, oposto ao da energia incidente. Sabemos que isso ocor­
espalhamento e reflectância (dos topos das nuvens) atmos­ re pela nossa própria experiência. Se à noite iluminarmos
féricos podem reduzir dramaticamente a quantidade de com um farolete um lago tranquilo, a luz irá resvalar na
radiação solar atingindo a superfície da Terra ao nível do superfície e atingir as árvores na outra margem num ângu­
mar, como mostrado na Figura 2 -17b. lo igual e oposto ao da radiação incidente.

A clorofila na vegetação absorve muito da luz azul e verme­ Se a superfície tem uma grande altura superficial (rugosa)
lha incidente para fins de fotossíntese. O Capítulo 10 des­ relativamente ao tamanho do comprimento de onda da
creve a importância dessas bandas de absorção da clorofila e energia incidente, os raios refletidos vão em muitas dire­
seus papéis durante o sensoriamento remoto da vegetação. ções, dependendo da orientação das superfícies refletoras
Similarmente, a água é um excelente absorvedor de ener­ menores. Esta reflexão difusa não produz uma imagem es­
gia (Capítulo 11). Muitos minerais têm características úni­ pelho, mas sim uma radiação difusa (Figura 2-18c). Papel
cas de absorção em porções muito específicas do espectro branco, pó branco, e outros materiais refletem a luz visível
eletromagnético que nos permitem usar o sensoriamento desta maneira difusa. Se a superfície for muito rugosa, en­
remoto para identificá-los (Capítulo 13), assumindo que tão pode ocorrer um espalhamento imprevisível. Lambert
não haja vegetação sobrejacente (Clark, 1999). definiu uma superfície perfeitamente difusa; assim, a co-
mumente chamada superfície Lambertiana é aquela na qual
A energia que atinge o sistema de sensoriamento remoto o fluxo radiante que deixa a superfície é constante para
deve passar pela atmosfera duas vezes. Assim, é comum qualquer ângulo de reflectância (Figura 2-18d).
identificar dois coeficientes de transmissão atmosférica: um
para a energia chegando à atmosfera (Tj,) num ângulo de A maior parte do fluxo radiante incidente é refletida pelo topo
incidência relacionado à fonte de energia (p.ex., o Sol), e das nuvens e outros materiais na atmosfera. Uma quantidade
um para a energia refletida ou emitida pela superfície da substancial dessa energia é rerradiada de volta para o espaço.
Terra que deve passar pela atmosfera para atingir o sistema Como veremos, os princípios da reflexão especular e difusa
sensor remoto (TQ). Veremos o quanto esses dois parâme­ que se aplicam às nuvens também se aplicam ao terreno.
tros são importantes na discussão sobre correção atmosfé­
rica, posteriormente neste capítulo. A reflectância espectral pode ser medida a grandes distâncias
usando sistemas multiespectrais de sensoriamento remoto.
Reflectância Os sistemas ópticos de sensoriamento remoto que registram
a reflectância espectral são apresentados resumidamente
nos Capítulos 4 e 7. Também é possível obter medições de
A reflectância é o processo pelo qual a radiação “resva­ reflectância espectral do terreno (p.ex., culturas agrícolas,
la” num objeto como o topo de uma nuvem, um corpo solo e água) segurando um espectrorradiômetro a apenas
d’água, ou um solo exposto. Verdadeiramente, o processo poucos centímetros acima do solo como mostrado na Figu­
é mais complicado, envolvendo re-radiação de fótons em ra 1-1. Os métodos de obtenção de medidas de reflectância
uníssono por átomos ou moléculas numa camada de apro­ espectral in situ estão apresentados no Capítulo 15.
ximadamente metade do comprimento de onda em pro­
fundidade. A reflexão exibe características fundamentais Interações Energia-Matéria
que são importantes no sensoriamento remoto. Primeiro, a no Terreno
radiação incidente, a radiação refletida, e uma vertical à su­
perfície a partir da qual os ângulos de incidência e reflexão
são medidos, todos ficam no mesmo plano. Segundo, o A taxa temporal do fluxo de energia em direção a, para
ângulo de incidência e o ângulo de reflexão (exitância) são fora de, ou através de uma superfície é chamada de fluxo
aproximadamente iguais, como mostrado na Figura 2-18. radiante (O) e é medida em watts (W) (Tabela 2-4). As
características do fluxo radiante e o que acontece com ele
Há vários tipos de superfícies refletoras. A reflexão especular quando interage com a superfície da Terra é de importân­
ocorre quando a superfície a partir da qual a radiação é cia crucial no sensoriamento remoto. De fato, este é o foco
refletida é essencialmente lisa (i.e., a altura média do perfil fundamental da maioria das pesquisas em sensoriamento
da superfície é várias vezes menor que o comprimento de remoto. Pelo monitoramento cuidadoso da natureza exata
54 CAPÍTULO Princípios de Radiação Eletromagnética

100%
N ,0

0
100 O .e O ,

0 1
III
100
CO,

0
100
_c
< HO

0
100
^ ■ i v
Atmosfera
“fechada”
a.
0,2 0,3 0,4 0,6 0,8 1 1,5 2 3 4 5 6 8 10 20 30

Figura 2-17 a) Absorção da energia eletromagnética do Sol incidente na região de 0,1 a 3,0 pm por vários gases atmosféricos. Os
primeiros quatro gráficos mostram as características de absorção do N ,0 , O, e O^, CO, e H ,0 , enquanto o último gráfico
mostra o resultado acumulado de todos esses constituintes estando na atmosfera ao mesmo tempo. A atmosfera essencial-
mente “se fecha” em certas porções do espectro, enquanto “janelas atmosféricas” existem em outras regiões, as quais efeti­
vamente transmitem energia ao terreno. São nessas janelas que os sistemas de sensoriamento remoto devem funcionar, b)
O efeito combinado da absorção, espalhamento e reflectância atmosféricos reduzem a quantidade de irradiância solar que
atinge a superfície da Terra ao nível do mar.
Interações Energia-Matéria no Terreno 55

Reflectância Especular versus Difusa

c. Refletor difuso quasc-perfeito. d. Refletor difuso perfeito, ou


superfície Lambcrtiana.

Figura 2-18 A natureza da reflectância especular e difusa.

do fluxo radiante que chega (incidente) em comprimentos Reflectância, Absortância e Transmitância


de onda selecionados e como ele interage com o terreno, é
possível obter importantes informações sobre o terreno.
A reflectância hemisférica (p.) é definida como a razão adi-
Foram identificadas grandezas radiométricas que permi­ mensional entre o fluxo radiante refletido por uma super­
tem ao analista manter um registro cuidadoso do fluxo fície e o fluxo radiante incidente nela (Tabela 2-4):
radiante incidente ou emergente (Tabela 2-4). Começa­
mos com a simples equação do balanço de radiação, que _ ^ re fle tid o ). ( 2 - 15)
estabelece que a quantidade total de fluxo radiante em ®.
o.
comprimentos de onda específicos (À.) incidente no ter­
reno (® .) deve ser balanceada pela avaliação da quanti­ A transmitância hemisférica (x.) é definida como a razão
dade de fluxo radiante refletido pela superfície (®r fl (i) ), adimensional entre o fluxo radiante transmitido por (atra­
quantidade de fluxo radiante absorvido pela superfície vés de) uma superfície e o fluxo radiante incidente nela
(^absorvido;e quantidade de fluxo radiante transmitido
pela
1
superfície
r
(® transm itido)/): Z =
transmitido^ (2-16)
®
a
®
i\
= ® ,
refletido^
+ ®
absorvido^ (2-14)
A absortância hemisférica (a ; ) é definida pela relação adi­
É importante notar que essas grandezas radiométricas mensional:
são baseadas na quantidade de energia radiante incidente
numa superfície em qualquer ângulo num hemisfério (i.e., a. absorvido)w (2-17)
metade de uma esfera). ®
•X
56 CAPÍTULO Princípios de Radiação Eletromagnética

Tabela 2-4. Conceitos radiométricos (Colwell, 1983).

Nome Símbolo Unidades Conceito

Capacidade de a radiação, numa banda espectral


Energia radiante a joules, J
específica, realizar trabalho.

Taxa temporal do fluxo de energia em direção à,


Fluxo radiante ®x watts, W emergente da, ou através
da superfície.

Densidade de fluxo
radiante na superfície
Irradiância E,. watts por metro Fluxo radiante incidente sobre a superfície por
quadrado, W m'2 unidade de área da superfície.

Exitância radiante Mx watts por metro Fluxo radiante emergente da superfície por
quadrado, W m’2 unidade de área da superfície.

watts por metro


Intensidade radiante por unidade de área-fonte
Radiância L. quadrado, por
projetada numa direção específica.
esterradiano, W m'2 sr'1

O refletido^
Reflectância hemisférica Pz adimensional
(D
'X

cl)transmitido^
..
Transmitância hemisférica Tx
adimensional
(D.
•X

O absorvido^
Absortância hemisférica a x
adimensional
cD
•X

ou e a multiplicarmos por 100, obtemos uma expressão para


a reflectância em percentagem (p.%):
a
.=1-(
p .+x
x)
. (
2-18) O
rcflccidox x 100> (2 -1 9 )
*% o
Essas definições implicam que a energia radiante deve 'X
ser conservada, i.e., ela é refletida de volta por reflexão,
transmitida através de um material, ou absorvida e trans­ que é frequentemente usada na pesquisa em sensoriamento
formada em alguma outra forma de energia no interior remoto para descrever as características de reflectância espec­
dos componentes do terreno. O efeito líquido da absorção tral de vários fenômenos. Exemplos de curvas de reflectância
de radiação pela maioria das substâncias é que a energia é espectral percentual para fenômenos urbano-periurbanos
convertida em calor, causando um subsequente aumento selecionados são mostrados na Figura 2-19. As curvas de
da temperatura da substância. reflectância espectral não fornecem nenhuma informação
sobre a absorção e transmitância da energia radiante. Mas
Essas grandezas radiométricas são úteis na produção de porque muitos dos sistemas sensores, como câmeras e al­
afirmações gerais sobre as características de reflectância, guns escâneres multiespectrais, registram apenas a energia
transmitância e absortância das feições do terreno. De fato, refletida, esta informação ainda é de grande utilidade e pode
se tomarmos a simples equação da reflectância hemisférica formar a base para a avaliação e identificação do objeto.
Interações Energia-Matéria no Terreno 57

Reflectância Espectral de Materiais Selecionados

Comprimento de Onda (nm)

Figura 2-19 Curvas de reflectância espectral para fenômenos urbano-periurbanos na região espectral 400 - 2.500 nm obtidas usando um
espcctrorradiômetro portátil (o Capítulo 15 descreve como as medidas de reflectância espectral in situ são coletadas).

Por exemplo, é claro a partir da Figura 2-19 que a grama importante refinarmos nossas técnicas de medição radio-
Centipede reflete apenas cerca de 3 a 4 por cento da energia métrica de tal forma que informações radiométricas mais
radiante incidente no vermelho (0,6 - 0,7 pm), enquanto precisas possam ser extraídas dos dados de sensoriamento
reflete até aproximadamente 35 por cento do fluxo radian­ remoto (Du et ah, 2002). Isso requer a introdução de di­
te incidente no infravermelho próximo (0,7 —0,9 pm). Se versas grandezas radiométricas que fornecem informações
queremos discriminar entre grama e turfa artificial, a porção radiométricas gradativamente mais precisas.
ideal do espectro para o sensoriamento remoto é a região do
infravermelho próximo, pois a turfa artificial reflete apenas Densidade de Fluxo Radiante
cerca de 5 por cento da energia incidente no infravermelho
próximo. Isso faria com que urna imagem infravermelho
preto-e-branco do terreno mostrasse a grama Centipede em Uma área plana (p.ex., com dimensões de 1 x 1 m) sendo
tons brilhantes e a turfa artificial em tons mais escuros. iluminada pelo Sol com um fluxo radiante (O) em com­
primentos de onda específicos (X) é mostrada na Figura
As grandezas reflectância, transmitância e absortância he­ 2-20. A quantidade de fluxo radiante interceptado divi­
misféricas não fornecem informações sobre a quantidade dida pela área da superfície plana é a densidade de fluxo
exata de energia atingindo uma área específica no terreno radiante média.
proveniente de uma direção específica ou sobre a quanti­
dade exata de fluxo radiante emergindo do terreno numa Irradiância e Exitância
certa direção. Os sistemas de sensoriamento remoto podem
ficar posicionados num ponto do espaço durante apenas A quantidade de fluxo radiante incidente sobre uma su­
um ponto único no tempo, e geralmente observam uma perfície por unidade de área da superfície é chamada de
pequena porção da Terra num certo instante. Portanto, é irradiância (E.fl:
58 CAPÍTULO Princípios de Radiação Eletromagnética

Densidade de Fluxo Radiante


F =_LL_ (2-20)
x A Fluxo radiante, (D.
A quantidade de fluxo radiante que emerge de uma su­
perfície por unidade de área da superfície é chamada de
exitância (M.)\

( 2- 21 )

Ambas as grandezas são geralmente medidas em Watts por


metro quadrado (W m'2). Embora não tenhamos informa­
ção da direção, seja da energia incidente seja da emergente Área, A
(i.e., a energia pode chegar e sair em qualquer ângulo de
todo o hemisfério), temos que refinar a medida para incluir
informação sobre o tamanho da área de estudo de interesse
no solo em m2. Após isso, precisamos refinar nossas técni­
cas de medição radiométrica para incluir informação sobre
qual direção o fluxo radiante deixará a área de estudo.

Radiância

A radiância é a medida radiométrica mais precisa em


sensoriamento remoto. Radiância (L.) é a intensidade ra­
diante por unidade de área-fonte projetada numa direção
Figura 2-20 Conceito de densidade fluxo radiante para uma área
específica. E medida em Watts por metro quadrado por
sobre a superfície da Terra, a) Irradiância é uma me­
esterradiano (W m"2 s r 1). O conceito de radiância é mais dida da quantidade de fluxo radiante incidente na su­
bem entendido pela análise da Figura 2-21. Primeiro, o perfície por unidade de área da superfície, medida em
fluxo radiante deixa a área-fonte projetada numa dire­ Watts por m ’. b) Exitância é uma medida da quanti­
ção específica em direção ao sensor remoto. Não estamos dade de fluxo radiante deixando uma superfície por
preocupados com quaisquer outros fluxos radiantes que unidade de área da superfície, medida em Watts m'2.
poderíam estar deixando a área-fonte em qualquer outra
direção. Estamos interessados apenas no fluxo radiante em
certos comprimentos de onda (O.) deixando a área-fonte próximas no terreno pode contribuir com energia espectral
projetada (A) numa certa direção (cos 0) e num ângulo espúria, que entra no campo de visada do ângulo sólido.
sólido (Q) (Milman, 1999):
Interações Energia-Matéria
cD. na Atmosfera
L ~Q~ (2-22)
2 A cos 0
O fluxo radiante refletido ou emitido pela superfície da Ter­
Uma maneira de visualizar o ângulo sólido é considerar ra entra novamente na atmosfera, onde interage com vários
o que você veria se estivesse num avião e olhasse com um gases, vapor d’água e particulados. Assim, o espalhamento,
telescópio para o solo. Apenas a energia que emergisse do a absorção, a reflexão e a refração atmosféricos influenciam
terreno e viesse em direção ao telescópio num ângulo es­ o fluxo radiante uma vez mais antes que a energia seja regis­
pecífico (medido em esterradianos) seria interceptado pelo trada pelo sistema de sensoriamento remoto.
telescópio e visto por seus olhos. Assim, o ângulo sólido é
como um cone tridimensional (ou tubo) que afunila o fluxo Interações Energia-Matéria no Sensor
radiante vindo de uma fonte pontual no terreno em dire­
ção ao sistema sensor. Espera-se que a energia proveniente
da atmosfera ou de outras partes do terreno não seja espa­
lhada para dentro do campo de visada do ângulo sólido e Finalmente, interações energia-matéria ocorrem quando a
contamine o fluxo radiante proveniente da área de interesse energia atinge o sensor remoto. Se uma câmera aérea esti­
no terreno. Infelizmente, com frequência não é isso o que ver sendo usada, então a radiância interagirá com o filtro,
ocorre, pois o espalhamento na atmosfera e em outras áreas as lentes ópticas de vidro da câmera, e finalmente com a
Interações Energia-Matéria no Sensor 59

Radiância transmitância atmosférica neste ângulo (TQ). Se toda a


Normal à
irradiância atinge o terreno, então a transmitância at­
superfície
Fluxo radiante, O.K mosférica (Tn ) é um. Se nenhuma irradiância atinge o
terreno, então a transmitância atmosférica é zero.

• A trajetória 2 contém a irradiância espectral solar difusa


(Ef) que nunca atinge a superfície da Terra (o alvo na
área de estudo) por causa do espalhamento na atmos­
fera. Infelizmente, tal energia é frequentemente espa­
lhada diretamente no IFOV do sistema sensor. Como
discutido previamente, o espalhamento Rayleigh da luz
azul contribui bastante para a irradiância solar difusa.
cj). Área-fonte projetada = A cos 0 E por causa disso que a imagem da banda azul produ­
Q zida por um sistema sensor remoto frequentemente é
L./.
A cos 0 mais clara que qualquer das outras bandas. Ela contém
muito da irradiância solar difusa indesejável que foi
Figura 2-21 Conceito de radiância deixando uma área-fonte pro­ espalhada inadvertidamente para o IFOV do sistema
jetada específica no terreno, numa direção específica, sensor. Assim, se possível, devemos minimizar esses
e num ângulo sólido específico. efeitos. Green (2003) refere-se a essa grandeza como
reflectância ascendente da atmosfera (A/h).

emulsão do filme com seus cristais de haleto cie prata sen­ • A trajetória 3 contém a energia proveniente do Sol que
síveis à luz. A emulsão deve então ser revelada e impressa sofreu algum espalhamento Rayleigh, Mie, e/ou espa­
antes que uma cópia analógica seja disponível para análise. lhamento não-seletivo e talvez alguma absorção e re-
Ao invés de armazenar uma imagem latente no filme, um emissão antes de iluminar a área de estudo. Assim, sua
detector óptico-mecânico registrará digitalmente o núme­ composição espectral e polarização pode ser um pouco
ro de fótons atingindo o sensor em regiões espectrais de diferente da energia que atinge o terreno segundo a tra­
comprimentos de onda muito específicos. jetória 1. Green (2003) refere-se a esta grandeza como
reflectância descendente da atmosfera (EM ).
Alvo e Radiância de Trajetória*•
• A trajetória 4 contém a radiação que foi refletida ou
espalhada pelo terreno próximo (p. ) coberto por neve,
Idealmente, a radiância (Z) registrada por uma câme­ concreto, solo, água, e/ou vegetação para dentro do
ra ou detector é uma função verdadeira da quantida­ IFOV do sistema sensor. A energia não ilumina efeti­
de de radiância emergindo do alvo no terreno dentro vamente a área de interesse. Portanto, se possível, deve­
do campo de visada instantâneo (IFOV) num ângulo riamos minimizar seus efeitos.
sólido específico, como discutido previamente. Infeliz-
mente, outras energias radiantes provenientes de várias • A trajetória 5 é a energia que também foi refletida pelo
outras trajetórias podem adentrar no campo de visada e terreno próximo para a atmosfera, mas que então foi
introduzir ruído/confusão no processo de sensoriamen­ espalhada ou refletida para a área de estudo.
to remoto. Assim, definições de variáveis radiométricas
adicionais são necessárias para identificar as principais Portanto, para um dado intervalo espectral no espectro
fontes e trajetórias dessa energia (Cracknell e Hayes, eletromagnético (p.ex., A, a X poderia ser 0,6 - 0,7 pm ou
1993; Green, 2003). As variáveis estão sintetizadas na luz vermelha), a irradiância solar total atingindo a superfí­
Tabela 2-5. As várias trajetórias e fatores que determ i­ cie da Terra, E , é uma integração de vários componentes:
nam a radiância atingindo um sensor remoto estão resu­
midos na Figura 2-22, incluindo: K
Es. . f (£_ r 0 COSe ♦ £,_)dX (W m'2
• A trajetória 1 contém a irradiância espectral solar (E )
que foi muito pouco atenuada antes de iluminar o ter­ ' \
reno contido no IFOV. Note neste caso que estamos Ela é uma função da irradiância solar espectral no topo da
interessados na irradiância solar proveniente de um atmosfera (E ) multiplicada pela transmitância atmosféri­
ângulo zenital solar específico (0 ) e que a quantida­ ca (7" ) num certo ângulo zenital solar (0 ) mais a contri­
de de irradiância atingindo o terreno é uma função da buição da irradiância solar difusa (£ ).
60 CAPITULO Princípios de Radiação Eletromagnética

Tabela 2-5. Variáveis radiométricas usadas em Seria maravilhoso se a radiância total registrada pelo
sensoriamento remoto. sensor, se igualasse à radiância retornada do alvo
em estudo na área de interesse, Lr Infelizmente, L
Variáveis Radiométricas L porque há alguma radiância adicional de diferentes
E j = irradiância solar no topo da atmosfera (W m'2) trajetórias que podem adentrar ao IFOV do detector do
Eo = irradiância solar espectral no topo da atmosfera sistema sensor (Figura 2-22). Isso é geralmente chamado
'' (W nr2 pm'1) de radiância de trajetória, Lp. Assim, a radiância total
Ed = irradiância solar difusa (W n r2) registrada por um sensor torna-se:
E(1 = irradiância solar espectral difusa (W nr2 pm 1)
E,du^ = a reflectância ascendente da atmosfera L s = Lt + Lp (W n r2 sr'1). (2-25)
Edd^
.." = a reflectância descendente da atmosfera
E^ = irradiância global incidente na superfície (W m 2) Vemos pela Equação 2-25 e Figura 2-22 que a radiân­
E = irradiância global espectral incidente na superfície cia de trajetória (Lp) é um componente intrusivo (mau)
8X (W m'2 pm'1) na quantidade total de radiância registrada pelo sistema
T = espessura óptica atmosférica normal sensor {Lj. Ela é composta de energia radiante prove­
T0 = transmitância atmosférica num ângulo 9 com o niente primariamente da irradiância solar difusa (E ) da
zênite trajetória 2 e também da reflectância de áreas do terreno
0 = ângulo zenital solar próximas (p. ) da trajetória 4. A radiância de trajetória
9v = ângulo de visada do sensor a bordo do satélite introduz erros no processo de coleta de dados por senso­
(ou ângulo de varredura) riamento remoto. Ela pode impedir-nos de obter medi­
p = cos 0 das espectrais exatas.
p. = reflectância superficial do alvo num comprimento
de onda específico Uma grande quantidade de trabalhos foi feita para desen­
p. = reflectância de uma área vizinha volver métodos de remoção da contribuição da radiância
= radiância total no sensor (W m'2 s r ') de trajetória {Lf). Os métodos para computar a radiância
L.: = radiância total do alvo de interesse em direção ao de trajetória estão sumarizados em Richards e Jia (1999).
sensor (W m'2 sr *) Programas de modelos de transferência radiativa como o
L. = radiância intrínseca do alvo (W m'2 s r 1) (i.e., o que MODTRAN, o Second Simulation of the Satellite Signal
um radiômetro portátil registraria no terreno sem a in the Solar Spectrum (6S), e outros podem ser usados
interferência da atmosfera) para predizer a radiância de trajetória num dia particular
L = radiância de trajetória de múltiplos espalhadores para uma particular área de estudo (p.ex., Matthew et al.,
r (W n r2 s r 1) 2000; InSpec, 2002; Vermote et al., 2002). Tal informa­
ção pode então ser usada para remover a contribuição da
radiância de trajetória {Lj) para o sinal de sensoriamen­
Apenas uma pequena quantidade desta irradiância é real­ to remoto ( L j (p.ex., Research Systems, 2003; Green,
mente refletida pelo terreno na direção do sistema sensor 2003). Song et al. (2001) e Jensen (2005) fornecem in­
a bordo do satélite. Se assumirmos que a superfície da formação sobre quando e como remover os efeitos deleté­
Terra seja um refletor difuso (uma superfície Lambertia- rios da radiância de trajetória. O processo é comumente
na), a quantidade total de radiância emergindo do alvo chamado de correção radiométrica.
da área de estudo (L.) em direção ao sensor é:
Os métodos de coleta de medidas de reflectância espec­
K tral in situ que podem ser usadas para corrigir atmosferi-
/ P>T o,(E„To„coS0„ + EJ;) d ^ . (2-24) camente os dados de sensoriamento remoto são apresen­
tados no Capítulo 15.

A reflectância média da superfície do alvo (p.) é incluída


porque a vegetação, o solo, e a água dentro do IFOV ab­
sorvem seletivamente parte da energia incidente. Portanto,
nem toda a energia incidente para o IFOV (E ) emerge
para o IFOV. Com efeito, o terreno atua como üm filtro,
absorvendo seletivamente certos comprimentos de onda da
luz enquanto refletindo outros. Note que a energia emer­
gindo do terreno está num ângulo (0 ), requerendo o uso
de um fator de transmitância atmosférica T “nv outra vez.
Referências 61

Várias Radiâncias de Trajetória Sistema de


Recebidas por um Sistema de sensoriamento
Sensoriamento Remoto remoto

Radiância total
/
L,
no sensor

uma área vizinha área de estudo


PA.n Px

Figura 2-22 As radiâncias (Lr) das trajetórias 1,3 e 5 contêm informação espectral intrínseca importante sobre o alvo de interesse. Por outro
lado, a radiância de trajetória (LJ das trajetórias 2 e 4 incluem irradiância solar difusa ou radiância de áreas vizinhas no terreno.
Esta radiância de trajetória geralmente introduz ruído radiométrico indesejável nos dados de sensoriamento remoto e complica
o processo de interpretação de imagens.

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62 CAPÍTULO Princípios de Radiação Eletromagnética

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História da Fotografia Aérea e das Plataformas
Aéreas

energia eletromagnética refletida pela superfície terrestre pode ser gravada

A por uma diversidade de sistemas de sensoriamento remoto. O mais antigo


é a câmera, que ainda está entre os instrumentos mais úteis e confiáveis de
sensoriamento remoto. Na parte inicial deste capítulo é feita uma revisão
da história da fotografia. Em seguida, é relatado o desenvolvimento das pla­
taformas suborbitais utilizadas para adquirir fotografias aéreas. No final do
capítulo é apresentado um breve histórico sobre a obtenção de fotografias
aéreas orbitais.

História da Fotografia

A fotografia é uma invenção que foi concretizada entre 1833 e 1839. É interessante
notar que dois componentes tecnológicos básicos da fotografia já se encontravam dis­
poníveis há muito tempo, mas faltava alguém para colocá-los em funcionamento: 1)
uma correta teoria sobre a luz e as cores, e 2) um instrumento de captação da cena (a
câmera escura). Ainda faltava inventar uma emulsão sensível à luz e que pudesse ser
í- fixada para gravar a cena de forma permanente.

Luz e Cor

Há mais de mil anos astrólogos indianos já afirmavam que a luz branca do Sol é com­
posta pela combinação de todas as cores. Contudo, a crença errônea de Aristóteles de
que as cores são formadas pela mistura do preto e do branco prevaleceu até o final do
século XVII (Wolinsky, 1999). Até Leonardo da Vinci tinha dúvidas sobre o número
de cores primárias, achando que eram seis ou oito. Somente em 1672 Isaac Newton
apresentou um conceito correto sobre a luz e as cores publicado em sua obra Nova
Teoria sobre Luz e Cores, em que ele escreveu,

No início do ano de 1666... eu peguei um prisma triangular de vidro e com


ele obtive o célebre Fenômeno das Cores.

Newton verificou que o prisma dispersava a luz branca num espectro de cores —ver­
melho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. Ele verificou ainda que com um
segundo prisma o feixe de cores podia ser recombinado em luz branca. Ele foi o pri­
meiro a documentar cientificamente a natureza espectral da luz, e suas idéias ajudaram
a iniciar a era da óptica moderna.
64 CAPITULO História da Fotografia Aérea e das Plataformas Aéreas

Figura 3-2 Joseph Nicephore Niepce (1763-1833).

Figura 3-1 A lente (A) de uma câmera escura portátil focaliza a


luz refletida dos objetos sobre um espelho (B), que por
sua vez projeta a luz refletida sobre um vidro trans­ 3-3). Na parte esquerda da fotografia vemos o andar de
parente (C) onde era possível desenhar as formas dos cima da casa da família Niepce; à direita encontra-se uma
objetos em suas dimensões relativas sobre um papel pereira e podemos observar uma parte do céu por entre os
transparente. A câmera escura foi um importante mar­ galhos da árvore; ao centro encontra-se o telhado inclina­
co tecnológico no desenvolvimento das câmeras e da do do armazém da propriedade; mais ao fundo à direita é
fotografia (segundo Ganot, 1855).
possível ver parte de uma outra casa.

Esta é a primeira fotografia permanente ou duradoura obtida


A Câmera Escura com sucesso (ou seja, uma imagem sensoriada remotamen­
te). Para obter esta fotografia Niepce dissolveu betume da
Judéia (tipo de asfalto utilizado antigamente) em óleo de
Os princípios fundamentais da câmera escura já eram lavanda (solvente para verniz), colocou esta mistura sobre
conhecidos no início do século IV a.C., tanto na Chi­ uma lâmina feita de liga metálica (pilter) formando uma
na quanto na Grécia. Um instrumento conhecido como emulsão mole e sensível à luz, pois a emulsão endurecia
camera obscura (câmera escura) já era utilizado há muito com a ação da luz solar. Em seguida ele colocou esta lâmina
tempo por artistas para auxiliar em seus desenhos (Figura dentro da câmera escura posicionada sobre uma janela com
3-1). A câmera escura utiliza uma lente simples inserida vista para o pátio de sua mansão. A lâmina ficou exposta
em uma caixa para focalizar imagens da parte exterior da dentro da câmera escura por um período de oito horas!
câmera sobre um espelho, que por sua vez projeta a ima­ Isto fez com que o sombreamento da casa ficasse estranho
gem sobre um vidro transparente. Colocando um papel devido às diferentes condições de iluminação solar da cena
transparente sobre este vidro é possível desenhar a imagem durante as oito horas de exposição. A luz solar refletida que
projetada guardando as formas e as dimensões relativas dos incidiu sobre a folha metálica endureceu a emulsão para
á
objetos da cena. Para inventar a fotografia faltava apenas as áreas claras da cena enquanto que para as áreas escuras
uma forma de captar e preservar a imagem projetada sobre da cena a emulsão continuou mole. Após as oito horas de
o vidro (Fanton, 1989). exposição, Niepce lavou a folha metálica com um solvente
para remover as partes moles da emulsão que não foram ex­
Invenção das Emulsões Sensíveis à Luz e Métodos postas à luz, resultando numa gravura onde as áreas ilumi­
para Fixar a Imagem nadas da cena são representadas pelo betume endurecido e
as áreas escuras ou sombreadas são representadas pela folha
metálica (Gernsheim e Gernsheim, 1952). Desta forma,
A primeira imagem fotográfica (Figura 3-2) foi produzida Niepce tinha encontrado uma maneira de fixar a imagem
na França por Joseph Nicephore Niepce (1763-1833) em removendo as partes da emulsão que não tinham sido ex­
1826 (Gernsheim e Gernsheim, 1952). Esta imagem foi postas aos raios solares refletidos da cena e que, portanto,
obtida de uma janela do andar superior de sua propriedade ainda eram sensíveis à luz. Niepce denominou isto de he-
“Les Gras” no vilarejo de Saint Loup de Varenne na Fran­ liografia, do grego hélio para “Sol” e grafia para “desenho”
ça, registrando as edificações e a vegetação do pátio (Figura (London e Upton, 1994). Niepce faleceu em 1833 e não

/
História da Fotografia 65

Primeira Fotografia

Figura 3-3 Joseph Nicephore Niepce foi quem tirou a primeira


fotografia em 1826 de uma janela de sua propriedade.
Ele usou uma câmera escura e uma placa metálica co­ Figura 3-4 Fotografia de Louis Jacques Mande Daguerre (1787-
berta com uma emulsão sensível à luz composta de be­ 1851).
tume da Judeia (tipo de asfalto) dissolvido em óleo de
lavanda (solvente). O tempo de exposição para obter a
fotografia foi de oito horas! As partes da placa expostas paisagem) tinham que permanecer imóveis para serem
à luz endureceram enquanto que as partes não expos­ registrados sobre a placa e assim formar a imagem la­
tas permaneceram moles. Após a exposição da placa, tente da cena, que estava quimicamente presente mas
Niepce removeu as partes moles da emulsão (não ex­ era invisível ao olho humano.
postas à luz) com um solvente resultando na primeira
imagem fotográfica (Gernsheim e Gernsheim, 1952;
• A imagem latente foi revelada colocando a placa expos­
© Coleção Gernsheim, Centro de Pesquisa de Ciên­
cias Humanas Harry Ransom, Universidade do Texas,
ta (filme) em uma caixa com uma vasilha com mercúrio
Austin, EUA; usado com permissão). aquecido. Nas partes da placa onde incidiram diversos
fótons durante a tomada da cena o vapor de mercúrio
reagiu com a prata e formou cristais de amálgama - re­
pôde observar o grande impacto que a fotografia veio a ter velando as partes claras da imagem. Nas partes onde in­
sobre a sociedade desde o início de seu advento. cidiram poucos fótons na placa não se formou amálga­
ma - revelando as partes escuras da imagem. A placa foi
Louis Jacques Mande Daguerre (1787-1851) era um artista então colocada em um banho de sal (cloreto de sódio),
cênico que criava palcos para óperas e teatros (Figura 3-4). que fazia com que o iodeto de prata - não exposto cà luz
Ele e Niepce correspondiam-se com frequência e ficaram - se tornasse insensível à ação da luz. A placa foi então
sócios em 1829. Após o falecimento de Niepce em 1833, lavada em água e colocada para secar obtendo-se como
Daguerre continuou fazendo experiências com diversas resultado deste processo uma única fotografia em po­
emulsões e “fixadores”. Em 7 de janeiro de 1839, ele apre­ sitivo chamada de “miniatura desenhada pelo Sol”, já
sentou para a Academia Francesa de Ciências o processo do que a palavra fotografia ainda não havia sido cunhada.
dagueneótipo, que envolvia os seguintes passos (Quacken- Alguns anos depois, o tiossulfato (hipo) de sódio, que
bush, 1960; Newhall, 1993; London e Upton, 1994): Herschel havia descoberto em 1819, passou a ser usado
como agente fixador em lugar do cloreto de sódio.
• Uma superfície de prata polida foi aplicada sobre uma
placa de cobre; Daguerre considerava que esta invenção era somente sua
e deu a este novo processo o nome de dagueneótipo, mas
• Esta placa foi exposta a vapores de cristais de iodo, que como tinha a sociedade com Isidore Niepce (filho de Joseph
reagiam com a prata formando iodeto de prata, que é Nicephore) concordou que ele fosse publicado juntamente
sensível à luz; com o antigo processo, a fim de que o nome de Joseph Nice­
phore Niepce constasse nesta invenção (Fouque, 1867).
• A placa sensibilizada foi colocada em uma câmera es­
cura e exposta a uma cena por alguns minutos. Du­ O secretário da Academia Francesa de Ciências ficou ma­
rante este tempo os elementos da cena (pessoas ou ravilhado com a invenção de Daguerre e afirmou - “isto
66 CAPÍTULO História da Fotografia Aérea e das Plataformas Aéreas

Daguerreótipos

a. Capitólio dos Estados Unidos, 1846. b. Presidente Abraham Lincoln, 1864.

Figura 3-5 Daguerreótipos do: a) Capitólio dos Estados Unidos e b) Presidente Abraham Lincoln (cortesia da Biblioteca do Congresso).

supera todas as teorias da luz e óptica, e irá revolucionar a ser revelada com ácido gálico e nitrato de prata. Utilizando
arte do desenho”. Outros membros eminentes da Academia fotografias negativas em papel transparente ele obtinha có­
Francesa de Ciências, tal como Alexander von Humboldt (o pias contato positivas em papel, chamadas de calótipos (do
geógrafo que criou o conceito de “isolinha”), confirmaram grego kalos para “lindo” e tipos para “impressão”), mas não
a importância do invento. O processo do daguerreótipo foi tinham a mesma qualidade dos daguerreótipos em brilho
comprado pelo governo francês, e Daguerre e Isidore Niepce ou nitidez. O livro de Talbot Lápis da Natureza (1844) foi o
receberam uma pensão por toda a vida. Daguerre escreveu primeiro a ser ilustrado com fotografias.
um livro de 79 páginas descrevendo o processo do daguerre­
ótipo, que foi publicado em mais de 30 edições e distribuído O processo negativo-positivo de Talbot é basicamente o
ao redor do mundo. Contudo, os primeiros fotógrafos que mesmo que utilizamos hoje em fotografias terrestres e aé­
faziam daguerreótipos enfrentaram um sério problema cau­ reas. Talbot contestou que o seu processo era anterior ao de
sado pelo envenenamento pela exposição prolongada aos va­ Daguerre e apresentou seu caso à Sociedade Real. Interes-
pores de mercúrio, que levou muitos fotógrafos à loucura. santemente, quando o renomado astrônomo inglês John
F. W. Flerschel foi chamado para a França para comparar
Nos Estados Unidos, milhares de daguerreótipos foram feitos os dois processos, ele praticamente desqualificou as foto­
de paisagens e de pessoas por fotógrafos famosos como Mat- grafias do inglês Talbot por sua baixa qualidade, dizendo
thew Brady. Os daguerreótipos preservados pela biblioteca “Devo dizer aos senhores que, comparado a essas obras de
do Congresso americano são importantes documentos histó­ arte de Daguerre, o senhor Talbot não produz mais do que
ricos. Daguerreótipos do Capitólio dos Estados Unidos e do coisas vagas e nebulosas. Há tanta diferença entre esses dois
presidente Abraham Lincoln são mostrados na Figura 3-3. produtos como há entre a Lua e o Sol” (Newhall, 1993).
Herschel foi quem apresentou a palavra fotografia em lugar
Os daguerreótipos, como eram chamadas as primeiras fo­ do termo “desenho fotogênico”, de Talbot, e consagrou os
tografias tiradas com um daguerreótipo, registravam a cena termos positivo e negativo.
com bastante detalhe e tornaram-se muito populares. No en­
tanto, faltava uma forma de reproduzir estas fotografias para Em 1839 a fotografia era considerada milagrosa, pois antes
obter cópias, o que só era possível tirando uma fotografia do era impossível saber exatamente como uma pessoa ou um
original. Em 1839, WilliamHenry FoxTalbot (1800-1877), lugar se parecia sem conhecê-los pessoalmente. A pintura
membro da Sociedade Real inglesa (equivalente à Academia de retratos era algo disponível somente para os ricos e esta­
Francesa de Ciências), descobriu que uma imagem formada va sujeita a modificações pelo artista. Mesmo as melhores
sobre um papel com uma emulsão de iodeto de prata podia descrições dos mais lindos lugares do mundo eram tão so­
História da Fotografia 67

mente palavras. A fotografia permitiu ao cidadão comum


adentrar no fluxo do tempo fazendo-o parar por um ins­
tante para então preservá-lo para a posteridade.

Em 1851, o inglês Frederick Scott Archer descobriu que


uma placa de vidro coberta com colóide (nitrocelulose dis­
solvido em éter e álcool) podia ser usada como emulsão.
Ele desenvolveu um jeito para cobrir a placa de vidro com
esta substância (Newhall, 1969). A placa foi sensibilizada
mergulhando-a em nitrato de prata. Os íons de prata com­
binavam com os íons de iodo e formavam iodeto sensível
à luz, dentro do colóide. A placa era exposta quando ainda
úmida para então ser revelada em ácido pirogálico, fixada
em hipossulfito e lavada em água. O processo da placa de
colóide úmido tinha que ser feito no local. Isto requeria
um laboratório móvel completamente escuro para obter
fotografias no campo. De 1851 até 1888, esta era a forma Figura 3-6 Fotografia do físico James Clerk Maxwell (1831-1879).
mais comum de se obter fotografias, e os processos do da­
guerreótipo e do calótipo caíram em desuso.
com fitas de múltiplas cores utilizando filme branco e pre­
Em 1855, o notável físico inglês James Clerk Maxwell to. Cada exposição foi feita através de um filtro diferente:
(1831-1879) (Figura 3-6) sugeriu que os objetos pode­ vermelho (sulfo-cianeto de ferro), verde (cloreto de cobre),
ríam ser fotografados em cores. Num artigo publicado nos azul (sulfato amoniacal de cobre), e amarelo (vidro colori­
Anais da Sociedade Real inglesa ele apresenta uma discus­ do de limão). Ele então projetou luz através das fotogra­
são básica sobre a visão colorida. Referindo-se a trabalhos fias em branco e preto do vermelho, verde e azul, com os
anteriores de Thomas Young, o qual ele diz ter sido o pri­ respectivos filtros, e conseguiu recriar a imagem da vareta
meiro a entender as sugestões de Newton sobre a mistura com as fitas coloridas. Ele verificou que o filtro amarelo era
de cores, Maxwell faz as seguintes afirmações: desnecessário. O Capítulo 4 fornece informações adicionais
sobre os princípios da combinação aditiva de cores.
A teoria das cores pode ser explicada através de
uma suposição com base na arte da fotografia. Grandes avanços foram feitos na fotografia a partir de 1871
Digamos que estejamos querendo reproduzir as quando o físico e fotógrafo inglês Richard L. Maddox in­
cores de uma certa paisagem por meio da exposi­ ventou o processo da placa seca, que utiliza gelatina como
ção de um filme fotográfico branco e preto igual­ meio de suspensão para os sais de prata sensíveis à luz (Ma­
mente sensível aos diferentes raios de cada cor. ddox, 1871). Este processo era muito superior ao colóide de
Seja colocado um filtro vermelho na frente da placa úmida, pois além de ser quase 60 vezes mais rápido,
câmera e obtida uma fotografia. O filme positivo ou seja, bem mais sensível à luz, ele podia ser revelado com
desta fotografia será transparente onde a luz ver­ a emulsão seca. Não era mais necessário ter um laboratório
melha for abundante na paisagem, e opaca onde junto ao local de obtenção das fotografias. A emulsão mais
ela for ausente. Seja ela agora colocada num pro­ sensível também tinha a vantagem de paralisar a cena mais
jetor juntamente com o filtro vermelho. Isto irá rapidamente, o que melhorou grandemente a qualidade dos
projetar uma imagem vermelha sobre a tela. detalhes em fotografias aéreas e terrestres. Com base neste
Seja esta mesma operação repetida para os filtros conceito foi inventado o filme em rolo por Leon Warnerke
verde e violeta, respectivamente. As três imagens em 1875.
(vermelho, verde e violeta) projetadas na tela de­
vem estar sobrepostas. A cor de cada ponto na tela Em 1873, Herman Vogei descobriu que ao imergir haleto
vai depender da cor daquele ponto correspondente de prata em diversos corantes, ele podia ampliar a sensibi­
na paisagem. Se a intensidade da luz de cada proje­ lidade do filme a comprimentos de ondas mais longos. In­
tor for ajustada adequadamente devemos ter na tela vestigações subsequentes mostraram que corantes podiam
uma imagem colorida da paisagem (Niven, 1890). ampliar a sensibilidade das emulsões para porções dentro do
espectro do infravermelho próximo (Thompson, 1966).
Em 17 de maio de 1861, Maxwell, com a ajuda do fotógra­
fo Thomas Sutton, demonstrou a técnica aditiva da com­ Até 1888, o uso da fotografia estava restrito àqueles que
binação de cores. Ele fotografou quatro vezes uma vareta sabiam revelar o filme e obter as cópias fotográficas. Foi
68 CAPÍTULO História da Fotografia Aérea e das Plataformas Aéreas

então que George Eastman revolucionou a fotografia po­


pularizando o seu uso. Ele deu continuidade ao trabalho
de Warnerke, usando emulsão de gelatina para manter em
suspensão os sais de prata sensíveis à luz. Este material foi
então colocado sobre um filme e produzido em formato
de rolo. Este suporte transparente e flexível teve um im­
portante papel no avanço e no aumento da utilidade da
fotografia (Thompson, 1966). George Eastman fundou a
Companhia Eastman Kodak e desenvolveu um sistema de
foto-acabamento que tinha o seguinte lema, “Você aperta o
botão, nós fazemos o resto.” As pessoas compravam câme­
ras fotográficas relativamente baratas, tiravam 100 fotogra­ Figura 3-7 Um ornitóptero movido por força humana. O batimen­
to das asas deveria gerar suficiente impulso aerodinâmi­
fias e encaminhavam a câmera com o filme para a Kodak,
co para sustentar o voo. Experimentos com ornitópteros
onde ele era processado. A Kodak revelava o filme e fazia as frequentemente resultavam em acidentes graves.
cópias, que eram enviadas para o cliente juntamente com
a câmera e um novo filme. Este procedimento é muito se­
melhante ao das máquinas fotográficas recicláveis vendidas que se lançava de lugares altos e com frequência aconte­
até hoje. Com o advento da fotografia digital, as câmeras ciam acidentes graves na queda. Por exemplo, em 1010
fotográficas convencionais estão caindo em desuso. um monge chamado Eilmer, equipado com um ornitóp­
tero, decolou de um mosteiro na Inglaterra e quebrou as
Outro grande avanço registrado na história da fotografia pernas. Na França, em 1536, Denis Bolori tentou voar
foi observado em 1924 quando Mannes e Godousky pa­ usando asas que batiam por meio de uma mola que se
tentearam a primeira parte de seu trabalho sobre filmes quebrou e ele morreu na queda. Os livros de anotações
de múltiplas camadas, que deu origem ao primeiro filme de Leonardo da Vinci escritos entre 1488 e 1514 tinham
colorido comercial de três camadas - o Kodachrome, em desenhos de ornitópteros e helicópteros simples. Não se
1935 (McCamy, 1960). sabe se da Vinci construiu algum desses objetos, mas ele
sugeria que os voos deveríam ser feitos sobre a água por
Fotografias a Partir de Plataformas razões de segurança.
Aéreas
Voos com Balões Mais Leves do que o A r

Por muito tempo o homem teve o desejo de voar como um


pássaro e ter uma perspectiva aérea ou ver a Terra como os O balão de ar quente foi inventado por Joseph e Etien-
pássaros a viam. Já na antiga mitologia se observa o envol­ ne Montgolfier em 1783, na França (Lopez, 1995). O ar
vimento do homem com o sonho de voar. Por exemplo, a quente e menos denso que erguia o balão e a cesta do chão
mitologia grega nos conta que Daedalus construiu asas de era produzido por meio da queima de palha e lã. Os pri­
penas e cera para ele e seu filho ícaro escaparem da prisão. meiros testes foram feitos com animais. Pilatre de Rozier
Mas ícaro ficou tão envolvido com a alegria de voar que e o Marquês d’Arlandes foram os primeiros aeronautas a
chegou perto demais do Sol. As asas derreteram e ele caiu voarem neste balão sobre Paris.
na Terra. O herói grego Perseu usou sandálias aladas para
voar e salvar Andrômeda (Lopez, 1995). Após sonhar em A primeira fotografia aérea de que se tem conhecimento
voar durante séculos, a criatividade humana finalmente foi obtida em 1858, pelo fotógrafo retratista parisiense e
resultou em uma série de invenções que permitiram ven­ apaixonado aeronauta Gaspard Felix Tournachon, mais
cer a gravidade e obter uma perspectiva aérea da superfície conhecido por Nadar (Figura 3-8). Ele tinha a percepção
terrestre. Algumas das plataformas aéreas inventadas eram de que a fotografia aérea poderia ter uma importante con­
mais úteis e seguras do que outras. tribuição no futuro, e em 23 de outubro de 1858 paten­
teou aquilo que hoje chamamos de levantamento aéreo
Ornitópteros - o mapeamento da superfície a partir de uma série de
fotografias aéreas sobrepostas (Newhall, 1969). Ainda em
outubro de 1858 ele subiu num balão cativo sobre Paris
As primeiras tentativas que o homem fez para voar con­ para obter a primeira fotografia aérea. Nadar teve algumas
sistiam em imitar pássaros por meio da construção de ob­ dificuldades para registrar a fotografia, pois o gás que es­
jetos chamados ornitópteros (Figura 3-7). Os ornitópteros capava da boca do balão tirava a sensibilidade da emulsão
batiam as asas com o movimento dos braços do homem, úmida da placa de vidro, mas finalmente ele teve êxito com
Fotografias a Partir de Plataformas Aéreas 69

jilj— » j acabado de pousar. Então eu estava certo! (Le


Monde Illustre, 30 de outubro de 1858).

"V ** K - Nadar referia-se à fotografia com um certo desprezo di­


zendo que era “um simples positivo sobre um vidro” feito
com um “material detestável”. Apesar disso, a fotografia
aérea acabava de nascer. A primeira fotografia aérea de que
temos registro foi obtida com sucesso por James W. Bla­
ck e Samuel A. King dois anos depois, em 13 de outubro
de 1860, a uma altura de 350 m a partir do balão cativo
“Rainha dos Ares” sobre a cidade de Boston, Massachu-
setts, EUA (Figura 3-9). Também aqui foi utilizada uma
emulsão de placa úmida, que precisava ser revelada logo
após a exposição da fotografia (Tennant, 1903). Black era
um fotografo profissional da firma Black & Bathelder, en­
quanto que King tinha seu próprio negócio de fotografia
—King & Allen. Ao final daquele dia, em 1860, King fez o
seguinte comentário:

Esta fotografia tirada a partir de um balão é, sem


dúvida, a precursora de outras numerosas expe­
riências, e ninguém pode negar que é chegado o
tempo em que aquilo que era utilizado apenas
para diversão agora pode ser usado para uma fi­
nalidade prática.

Em julho de 1863, Oliver Wendell Holmes (um estudante


de fotografia de Samuel King) fotointerpretou o conteúdo
desta fotografia para a revista mensal The Atlantic Monthly
(Newhall, 1969):

Figura 3-8 O famoso fotógrafo parisiense Gaspard Felix Tour- Boston, tal como a águia e o ganso selvagem a
nachon (1820-1910), mais conhecido por Nadar, é vêem, é um objeto bem diferente do que visto de
visto nesta fotografia ajoelhado numa frágil gôndola baixo para cima por uma pessoa que olha para
de balão. Ele foi o primeiro a obter uma fotografia
as calhas e chaminés. O Velho Sul e a Igreja da
aérea a partir de um balão próximo a Paris em 1858
e a patentear o levantamento aéreo tal como o conhe­ Trindade são dois pontos de referência inconfun­
cemos hoje em dia. Infelizmente, a primeira fotogra­ díveis. A rua Washington inclina-se através da
fia aérea foi perdida (© Roger-Viollet, Paris, França; fotografia como se fosse uma estreita rachadura.
usado com permissão). A construção dos edifícios comerciais ao longo
da rua do Leite vão mudando de direção pare­
uma fotografia sobre o Vai de Bievre nos arredores de Paris. cendo a trilha seguida pelo gado leiteiro, de onde
Ele expôs a placa fotográfica subindo num balão cativo até veio o nome da rua. A vista da parte central da
uma altura de 80 m; em seguida foi rapidamente puxado imagem chama a atenção aos olhos pelas inúme­
de volta para a superfície onde correu para dentro de uma ras janelas, chaminés e clarabóias perfeitamente
casa para revelar a fotografia. Esta primeira fotografia aérea definidas... Como uma primeira tentativa, esta
foi perdida; no entanto, Nadar descreveu seu conteúdo; foto é um extraordinário sucesso; contudo, seu
maior interesse está em mostrar o que podemos
Estou revelando a minha foto...Boa sorte! Tem esperar que aconteça na mesma direção.
algo aparecendo nela!... Ninguém pode negar:
bem aqui abaixo de mim estão as três casas da Durante a guerra civil americana, a União Geral de Mc-
pequena vila: a fazenda, a estalagem e a delegacia Clellan utilizou balões para observar as posições e os mo­
de polícia... Você pode distinguir perfeitamen- vimentos do exército confederado. Por exemplo, em ju­
te um veículo de entregas parado na estrada, e lho de 1862 a União do Exército utilizou balões cativos
sobre o telhado tem dois pombos que tinham a uma altura de cerca de 400 m para obter informações
70 CAPÍTULO História da Fotografia Aérea e das Plataformas Aéreas

Primeira Fotografia Aérea de um Balão Cativo


nos Estados Unidos: Boston, MA

Figura 3-9 Uma fotografia de parte do centro de Boston, MA, ob­


tida pelos aeronautas James W. Black e Samuel A. King,
em 13 de outubro de 1860, a partir de um balão cativo
a urna altura de cerca de 350 m. Acredita-se que esta
seja a primeira fotografia aérea obtida de um balão cati­
vo nos Estados Unidos e que ainda existe. Ela foi obtida
utilizando uma placa com emulsão úmida (usado com
permissão do Instituto Smithsonian, Washington, DC,
EUA; #3B-15472).
Figura 3-10 0 balão Intrepid segurado por tropas da União do
e desenhar mapas das posições de defesa em Richmond, Exército no dia I o de junho de 1862, durante a bata­
Virgínia, EUA. A Figura 3-10 mostra as tropas segurando lha de Fair Oaks, Virgínia, EUA (utilizado com per­
missão do Instituto Smithsonian, Washington, DC,
o balão Intrepid no campo de batalha de Fair Oaks no dia
EUA; #2A-03710).
Io de junho de 1862 (Quackenbush, 1960; Fischer, 1975).
O Intrepid foi inflado usando um sistema de produção de
hidrogênio (Figura 3-11). Acredita-se que algumas foto­ O balão Le Geant será empregado para obter
grafias aéreas foram obtidas por observadores em balões diversas fotografias aerostáticas... cujos resul­
cativos, mas nenhuma fotografia aérea sobreviveu à Guerra tados serão muito im portantes para levanta­
Civil Americana (1861 a 1865) (Colwell, 1997). mentos planimétricos, cadastrais, estratégicos,
entre outros.
Durante esta mesma época, na Europa, Gaspar Felix Tour-
nachon (Nadar) continuava ativamente envolvido na ob­ Infelizmente, em outubro de 1863, o gigantesco balão
tenção de fotografias aéreas por meio de balões. Em 1863 desceu muito rápido e nove passageiros, incluindo Nadar,
ele projetou e construiu um enorme balão chamado Le quase morreram quando o balão foi arrastado por cerca de
Geant (O Gigante), que tinha uma capacidade para 6.000 40 km numa área rural na França. Não restou nenhuma
m 3 de gás e sua gôndola era literalmente uma casa de dois fotografia aérea obtida pelo Le Geant. Contudo, em 1868
andares com beliche de três camas, um banheiro, e até uma Nadar foi bem sucedido na obtenção de fotografias aéreas
pesada impressora. A gôndola tinha espaço para abrigar oblíquas a partir do balão Hipódromo preso a uma altura
confortavelmente até 12 passageiros (Newhall, 1969). So­ de quase 500 m sobre a cidade de Paris utilizando uma
bre o balão Nadar escreveu o seguinte; câmera área com múltiplas lentes (Figura 3-12).
Fotografias a Partir de Plataformas Aéreas 71

Figura 3-11 O balão Intrepid sendo inflado utilizando o sistema portátil gerador de hidrogênio de Thaddeus Lowe durante a Guerra Civil
Americana na batalha de Fair Oaks, Virgínia, EUA, em Io de junho de 1862 (utilizado com permissão do Instituto Smithsonian,
Washington, DC, EUA; #2A-03675).

O processo da placa-seca desenvolvido por Richard Maddox


em 1871 facilitou a obtenção de fotografias aéreas a partir de
balões, pois não era mais necessário dispor de um laboratório
na gôndola ou próximo ao balão no solo. Além disso, a emul­
são do filme era bem mais sensível à luz, proporcionando
imagens bem mais nítidas. Assim, durante as últimas décadas
do século XIX foram obtidas diversas fotografias aéreas a par­
tir de balões. Gaston Tissandier publicou o primeiro manual
de fotografias aéreas de plataformas de balões - A Fotografia
em Balões (Newhall, 1969).

Fotografias aéreas de balão cativo (preso a uma corda) e


de voo livre continuam sendo tiradas até hoje. Apesar da
dificuldade de manter o balão estável durante a exposição
da fotografia e de navegar sobre o alvo de interesse ainda
existem cientistas e grupos interessados em obter fotogra­
fias por meio de balões. Algumas das organizações mais
ativas nesta área estão listadas no Apêndice A.

Voos mais Leves do que o Ar Utilizando Pipas


Figura 3-12 Fotografia oblíqua sobre Paris tirada por Gaspard Fe-
lix Tournachon (Nadar) do balão cativo Hipódromo
Câmeras aéreas conduzidas por grandes pipas também têm 500 m acima do solo, em 1868 (adaptado de Newhall,
sido usadas para a obtenção de fotografias aéreas. Fotografias 1969).
aéreas de câmeras presas a pipas foram obtidas pela primeira
vez pelo francês Arthur Batut. Em 1890 ele publicou o livro
“A fotografia aérea por pipas” em que propunha o uso da fo­
tografia aérea por pipas para o explorador (a fim de ter uma
visão ampla do terreno), o arqueólogo (a fim de localizar
ruínas), as forças armadas (para fins de reconhecimento), e o
72 CAPÍTULO História da Fotografia Aérea e das Plataformas Aéreas

Figura 3-13 Fotografia aérea dos escombros de São Francisco, EUA, obtida por George R. Lawrence após o terremoto de 18 de abril de 1906
usando uma câmera de 22,5 kg presa a uma aeronave cativa com uma sequência de 17 pipas amarradas a um navio na Baia de São
Francisco. As pipas atingiram uma altura de cerca de 610 m (cortesia da Biblioteca do Congresso, #LC-USZ 62-16440).

agrônomo (a fim de localizar focos de doença em vinhedos). O maior problema com as pipas e os balões está na dificul­
Batut achava que através da pipa o uso da fotografia aérea dade de navegá-los. Ainda assim, muitas fotografias aéreas
pudesse ser popularizado (Batut, 1890; Tennant, 1903). de excelente qualidade foram obtidas por tais plataformas.
Existe um grupo de usuários na Internet dedicado a obter
George R. Lawrence, de Chicago, EUA, depois de ter sofri­ fotografias aéreas com pipas (Apêndice A).
do dois acidentes com balões cativos tornou-se um grande
adepto da fotografia aérea a partir de pipas. Em certa oca­ Voos mais Pesados do que o Ar Utilizando Foguetes
sião o seu balão caiu de uma altura de 70 m, mas ele foi
salvo porque a gôndola caiu sobre cabos telegráficos que
amorteceram a queda. Ele usava uma sequência de pipas Fotografias aéreas de câmeras lançadas ao espaço através de
conectadas à qual chamava de Aeronave Cativa. Com essas foguetes foram obtidas mesmo antes da invenção do avião.
pipas ele podia içar câmeras que pesavam até 23 kg (Baker, Em 1888, La Nature descreveu um “foguete para fotogra­
1994). Na pipa mais baixa da sequência ele prendia um fia” inventado por Amadee Denisse. Em 1891, Ludwig
suporte que permitia posicionar a câmera em qualquer Rahrmann recebeu uma patente alemã para um sistema
direção antes de suspendê-la. Um sistema composto de fotográfico lançado por meio de um foguete ou de uma
mastros, linhas e pesos de chumbo fazia com que a câmera espingarda de calibre grosso. A câmera retornava ao solo
ficasse na posição correta e também diminuía a tendência por meio de um pára-quedas (Newhall, 1969). Em 1903,
de a câmera balançar. O obturador da câmera era acionado Alfred Maul patenteou uma câmera para foguete. Fotogra­
por um fio encapado preso ao cabo de aço da pipa e que era fias aéreas de um foguete que atingiu uma altura de quase
usado para enviar uma corrente elétrica à câmera (Newhall, 800 m foram publicadas na Illustrated London News, em 7
1960; Baker, 1994). Algumas das mais célebres fotogra­ de dezembro de 1912.
fias aéreas de Lawrence foram obtidas seis semanas após o
terremoto do dia 18 de abril de 1906 em São Francisco, \/oos mais Pesados do que o A r Utilizando Pombos,
EUA, utilizando 17 pipas de uma só vez (Figura 3-13). Na Planadores e Aviões
primeira tentativa para obter essas fotografias a chuva mo­
lhou a linha da pipa e não foi possível acionar o obturador.
Depois, o Sol saiu secando o fio e o obturador voltou a Todos os objetos mais pesados do que o ar, como pássaros,
funcionar. O filme negativo de 48 x 122 cm da fotografia planadores e aviões alcançam sustentação para o voo com
aérea foi adquirido utilizando uma câmera panorâmica de base no princípio da força de sustentação aerodinâmica. Se
22,5 kg. Cópias por contato foram obtidas a partir deste a asa tiver a forma adequada, então o vento que sopra por
negativo. Estas foram as maiores fotografias produzidas na­ cima e por baixo da asa faz com que ela atinja a força de
quela época a partir de plataformas aéreas. A câmera tinha sustentação aerodinâmica. Uma asa em forma plana difi­
lentes que cobriam um ângulo de 160° em uma única visa­ culta o fluxo, causando resistência do ar ao avanço, enquan­
da, produzindo fotografias grande angulares extremamente to que uma asa em forma curvada (Figura 3-14) permite
detalhadas dos escombros da cidade (Baker, 1994). que o ar flua suavemente sobre ela. Uma asa curvada na
Fotografias a Partir de Plataformas Aéreas 73

Relação entre o Projeto da Asa e a Força de Fischer, 1975). Por razões diversas, os pombos não são
Sustentação Aerodinâmica uma plataforma ideal para sensoriamento remoto.
Força de sustentação
Planadores

A aerodinâmica e os mecanismos de controle dos planado­


res - mais pesados do que o ar - foram aprimorados pelos
ingleses George Cayley e John Stringfellow. O primeiro a
voar com sucesso num planador foi o cocheiro de Cayley,
Resistência
em 1853. Entre 1891 e 1896 o engenheiro civil alemão
do ar ao
avanço do O tto Lilienthal fez quase 2.000 voos com um planador.
avião Ele chegou a planar por uma distância de mais de 16 km
e veio a falecer num acidente com planador em 1896 (Lo­
pez, 1995). O engenheiro americano Octave Chanute deu
Área de maior pressão
sequência ao projeto de Lilienthal e melhorou drastica­
Figura 3-14 Uma asa curvada na parte superior e relativamente mente o controle do planador. Ele também foi um grande
plana na parte inferior cria uma força de sustentação incentivador do trabalho de aviação dos irmãos Wright.
aerodinâmica (segundo Lopez, 1995).
Orville e Wilbur Wright (Figura 3-16) eram fascinados
com o conceito de voar. Inicialmente, eles tiveram uma
parte superior e quase plana na parte inferior cria força de experiência com planadores em Kitty Flawk, NC, EUA,
sustentação aerodinâmica. As moléculas de ar que passam onde o vento era consistente e o único obstáculo eram as
pela parte superior da asa têm que percorrer uma distância dunas e a arrebentação das ondas. Deram continuidade
maior e, consequentemente, devem se mover mais rapida­ aos projetos desenvolvidos por Lilienthal e Chanute, e por
mente, criando uma pressão menor do que o ar que flui por fim projetaram seu próprio planador em 1900. A Figura
baixo da asa. A maior pressão do ar que flui por baixo da asa 3 -17a mostra um dos irmãos Wright deitado de bruços em
exerce pressão para cima, fazendo com que a asa se levante. um planador em 1902.
Inclinando a asa para cima vai fazer com que a força de
sustentação aerodinâmica aumente ainda mais. Contudo, Aeronave
se ela for inclinada demais, a força de sustentação aerodinâ­
mica da asa será perdida e o avião irá cair (Lopez, 1995). Em 1903, os irmãos Wright construíram o primeiro avião
operado com hélice e um motor com potência de 12 cava­
Pombos los. Wilbur Wright teve a chance de realizar o primeiro voo
em uma máquina motorizada mais pesada do que o ar em
Em 1903, Julius Neubronner patenteou uma câmera aérea 14 de dezembro de 1903. Ele perdeu sustentação e caiu,
atada ao peito de pombos correios que pesava apenas 70 g sem contudo se machucar. Em 17 de dezembro de 1903,
(Figura 3-15a, b). Um artigo da época descreve o processo em Kill Devil Hills, em Kitty Flawk, NC, EUA, Orville
de coleta de dados pelos pombos: Wright voou durante 12 segundos uma distância de 35
m (Figura 3-17b). Os dois irmãos voaram diversas vezes
Após a decolagem dos pombos correios, eles pri­ naquele dia, e W ilbur chegou a voar uma distância de 260
meiramente descrevem uma linha em espiral, o m 1. Assim, se deu início aos voos tripulados em máquinas
que permite a obtenção de uma série de visadas mais pesadas do que o ar.
de diferentes pontos de uma determinada região.
Uma vez que o pombo conseguiu identificar a O modelo original do Voador Wright era controlado pelo
localização do seu abrigo (o qual ele reconhece piloto deitado de bruços sobre a asa dupla inferior (Figura
a mais de 32 km de distância) ele voa em linha 3-17b). As manobras eram feitas jogando o corpo de um
reta a uma velocidade uniforme, equivalente a lado para o outro. Isto movia o leme e envergava as asas.
um trem expresso, em direção ao seu objetivo 0 piloto usava a mão esquerda para controlar o movimen­
(abrigo), de tal forma que o trajeto a ser registra­ to de subida e de descida (ascendente e descendente) por
do fotograficamente pode ser definido a priori meio de um “elevador” e a mão direita era usada para se
(Scientific American, 1909).
1 N.T.: Santos Dumont foi o primeiro a decolar a bordo de um avião impulsionado por
um motor aeronáutico. Foi o primeiro a cumprir um circuito pré-estabelecido sob teste­
As fotografias eram tiradas automaticamente por meio de munho oficial de especialistas, jornalistas e da população parisiense. Em 23 de outubro
exposições em intervalos de 30 s (Quackenbush, 1960; de 1906, voou cerca de 60 metros e a uma altura de dois a três metros com seu 14 Bis,
no Campo de Bagatelle em Paris.
74 CAPÍTULO História da Fotografia Aérea e das Plataformas Aéreas

b. Fotografia aérea obtida por um pombo.

Figura 3-15 a) Uma esquadra de pombos equipada com câmeras leves (cerca de 70 g) com lente de 70 mm. b) Parte de uma fotografia aérea
oblíqua obtida por uma câmera presa a um pombo. As asas do pombo podem ser vistas na foto (© Museu Alemão, Munique,
Alemanha; usado com permissão).

segurar firmemente. Não é de surpreender que nenhuma Reconhecimento Fotográfico nas 1a e


fotografia aérea foi obtida com este modelo original, pois 2a Guerras Mundiais
as duas mãos do piloto estavam devidamente ocupadas. Os
irmãos Wright construíram uma aeronave bem mais de­
senvolvida em 1907, em que o piloto e mais um tripulante Numerosas companhias de aviação começaram a surgir
podiam voar sentados sobre a asa inferior. entre 1907 e 1930. Muitos dos nomes dos fundadores ain­
da estão associados às companhias de aviação nos Estados
A primeira vez que um avião foi utilizado como platafor­ Unidos nos dias de hoje (Lopez, 1993):
ma para obter uma fotografia aérea foi em 1908, quando
um fotógrafo acompanhou W ilbur Wright e tirou uma • Glenn Curtiss em 1907 —Curtiss
sequência de fotografias sobre o Camp d ’Auvours, pró­
ximo a Le Mans, na França. Esta sequência de fotogra­ • Irmãos Wright em 1909 - futuramente Curtiss-Wright
fias foi utilizada para fazer uma cena animada (filme).
O filme se perdeu (Newhall, 1969), mas a ampliação de • Glenn Martin em 1912 - atualmente Martin Marietta
uma das cenas do filme de animação foi publicada numa
revista Francesa, em 1908. • William Boeing em 1916 - Boeing
Reconhecimento Fotográfico nas 1a e 2a Guerras Mundiais 75

a. Orville Wright. b. W ilbur Wright.

Figura 3-16 Orville e W ilbur Wright colaboraram no desenvolvimento dos planadores e do avião motorizado (cortesia da Wikipedia).

Figura 3-17 a) Um dos irmãos Wright em um planador em Kitty Hawk, N C, EUA, em 1902. b) O Voador Wright tinha um motor com potên­
cia de 12 cavalos e hélices especialmente projetadas. Orville realizou o primeiro voo motorizado com uma máquina mais pesada
do que o ar em 17 de dezembro de 1903. O voo teve a duração de 12 segundos num percurso de 35 m (usado com permissão do
Instituto Smithsonian, Washington, DC, EUA).

Donald Douglas em 1920 — atualmente McDonnell • Leroy Grumman em 1929 - atualmente Northrop/
Douglas Grumman

Alan Lockheed em 1926 — atualmente Lockheed- Os aviões produzidos por estas companhias e outras na
Martin Alemanha, França e Inglaterra foram utilizados para reco­
nhecimento fotográfico militar e outras finalidades duran­
John Northrop em 1929 - Northrop te as duas primeiras guerras mundiais.
76 CAPÍTULO História da Fotografia Aérea e das Plataformas Aéreas

Figura 3-1 8 a) Um fotógrafo aéreo e um piloto em um avião Curtiss AH-13 com uma câmera Graflex, em 1915. b) detalhe de um Curtiss
JN -4 Jenny da I a Guerra Mundial com uma câmera montada do lado direito (usado com permissão do Instituto Smithsonian,
Washington, DC, EUA; #2B-41742 e 2B-41668, respectivamente).

Fotografia Aérea na 1a Guerra Mundial britânico da Ia Guerra Mundial mostrou uma significativa
alteração no direcionamento das forças alemãs que avan­
çavam sobre Paris. Esta informação veio em tempo hábil
Para obter uma fotografia aérea no início da Ia Guerra para que o Exército Aliado pudesse fortificar suas posições
Mundial, era necessário que o fotógrafo segurasse a câmera no rio Mame e retardar o avanço dos alemães sobre Paris
com a mão para fora do avião, fizesse a exposição, e então (Lopez, 1995). A Ia Guerra Mundial foi marcada por com­
trocasse a placa fotográfica antes de tirar uma outra foto­ bates em trincheiras. A Figura 3-19 mostra trincheiras ca­
grafia. No início, as câmeras eram atadas ao peito do fotó­ vadas num campo de batalha na I a Guerra Mundial numa
grafo ou presas na lateral do avião (Figura 3-18ab). Tirar área desconhecida. Fotointérpretes treinados analisavam
fotografias aéreas era uma tarefa perigosa, especialmente repetidamente as fotografias estereoscópicas das trincheiras
nos primeiros anos do seu desenvolvimento. para localizar o posicionamento de armamentos e depósi­
tos de munição. Em 1918, durante os períodos de intensa
No início, o uso da fotografia aérea, em tempo de guerra, atividade militar, as unidades aéreas da França chegaram a
não era bem aceita. Com efeito, mapas das trincheiras, obti­ revelar e imprimir até 10.000 fotografias por noite. Duran­
dos por fotografias tiradas por iniciativa própria dos pilotos te a ofensiva de Meuse-Argonne, 56.000 fotografias aéreas
durante a I a Guerra Mundial, eram rejeitados e tidos como foram feitas e enviadas em quatro dias para as Forças Expe­
sendo “a mais desgraçada das coisas a ser feita” (Newhall, dicionárias americanas. Ao final da I a Guerra Mundial, o
1969). Contudo, mais à frente, os comandantes reconhe­ Tenente Edward Steichen da Seção de Fotografias das For­
ceram o valor das fotografias aéreas de reconhecimento, e ças Expedicionárias americanas afirmou,
as táticas militares usadas na 1a Guerra Mundial mudaram
completamente. Inicialmente, as fotografias aéreas foram O consenso da opinião de especialistas, expressa
utilizadas para fazer mapas relativamente precisos sobre em várias conferências dos Aliados sobre foto­
áreas com pouca informação para orientar o planejamen­ grafia aérea, é que pelo menos dois terços de toda
to da estratégia militar. O conhecimento sobre as estradas a informação militar foi obtida ou verificada em
existentes ou destruídas, as barreiras e os pontos de estran­ fotografias aéreas.
gulamento era muito valioso para planejar o movimento
de tropas e materiais. Além disso, não era possível esconder Fotografia Aérea na 2a Guerra Mundial
uma grande quantidade de material bélico diante das lentes
das câmeras fotográficas (Quackenbush, 1960). O movi­
mento das tropas e o armazenamento de material bélico e O reconhecimento aerofotográfico teve um papel signifi­
suprimentos podiam ser documentados. Por exemplo, em cativo na 2a Guerra Mundial. Em 1938, o General Werner
22 de agosto de 1914, o reconhecimento aéreo fotográfico von Fritsch, Chefe do Estado Maior Geral da Alemanha,
Reconhecimento Fotográfico na Guerra Fria 77

Figura 3-20 Fotografia aérea vertical da base de lançamento do fo­


guete V-2 em Peenemunde na 2a Guerra Mundial. O b­
Figura 3-19 Fotografia aérea vertical de trincheiras na Europa du­ serve o grande revestimento circular de terra em torno
rante a I a Guerra Mundial. A análise de pares este­ da base de lançamento, projetado para reter a explosão
reoscópicos de fotografias mostrava a localização de durante o lançamento ou minimizar a destruição em
homens, o posicionamento de armas e os abrigos de caso de um acidente. Esta base foi destruída no final da
munições. Milhões de homens morreram em com­ guerra (cortesia da Federação dos Cientistas America­
bates nas trincheiras durante a I a Guerra Mundial nos, Programa de Pesquisa em Informação).
(usado com permissão do Instituto Smithsonian, Wa­
shington, D C, EUA; #2B-41711).

fez um pronunciamento anunciando que a nação com o ficadas, como a P-38. Além disso, bombardeiros obtinham
melhor reconhecimento aerofotográfico vencería a próxi­ com frequência fotografias aéreas durante bombardeios e
ma guerra. Em 1940, a Alemanha liderava o mundo no que eram usadas para subsequente avaliação dos danos. A
reconhecimento aerofotográfico militar, mas estagnou à Figura 3-2 lab documenta um acidente ocorrido durante
medida que a guerra progrediu. Os Estados Unidos não o bombardeio em uma área rural de Berlin na Alemanha.
tinham quase nenhuma capacitação em fotointerpretação Um bombardeiro B-17 Flying Fortress (Fortaleza Voadora)
militar quando entraram na 2a Guerra Mundial (Fischer, da 8a Força Aérea dos Estados Unidos estava voando por
1975). Contudo, a capacitação dos ingleses e americanos baixo de uma frota bem no momento do lançamento das
melhorou rapidamente no que se refere à fotografia aérea, bombas. A primeira fotografia aérea mostra um detalhe do
tanto na coleta de dados quanto na fotointerpretação. bombardeiro B-17 e a bomba lançada pelo avião de cima,
Após a retirada dos ingleses do continente, em Dunkirk, prestes a colidir com o estabilizador horizontal (cauda).
em 1940, eles foram praticamente isolados das suas fontes A fotografia seguinte (Figura 3-2 lb) mostra o estrago da
convencionais de informação militar e tiveram que de­ bomba feito no estabilizador, além de outras duas bom­
pender das fotografias aéreas como sua principal fonte de bas lançadas na sequência. É pouco provável que o B-17
informação. A fotoidentificação de embarcações invasoras danificado tenha conseguido retornar com segurança. A
alemãs em canais próximos à costa da França no verão de Alemanha introduziu o uso de aviões a jato no final da 2a
1940 constituiu a maior evidência de que uma invasão à Guerra Mundial (Boyne, 1993).
Inglaterra aconteceria em menos de 48 horas. Os britâni­
cos lançaram um ataque aéreo tão efetivo contra as forças Reconhecimento Fotográfico na Guerra
invasoras que a Alemanha foi forçada a adiar a invasão e Fria
por fim abandoná-la (Quackenbush, 1960). A fotografia
aérea também ajudou a destruir a base de lançamento do
foguete alemão V-2 no final da guerra (Figura 3-20). A corrida armamentista entre os Estados Unidos e a União
Soviética teve início após a 2a Guerra Mundial quando o
A maioria das aeronaves de reconhecimento da 2a Guerra governo americano achava que havia uma tremenda discre­
Mundial tinha pouca capacidade de defesa. Desta forma, pância de bombas e/ou mísseis entre as duas nações. Assim,
era importante que fossem escoltadas por aviões de caça. foi dada uma grande ênfase no desenvolvimento de tecno­
Milhões de fotografias aéreas de reconhecimento foram logias para coleta de informações para espionar o arsenal bé­
obtidas durante a 2a Guerra Mundial por aeronaves modi­ lico do inimigo. Da mesma forma, a União Soviética queria
78 CAPÍTULO História da Fotografia Aérea e das Plataformas Aéreas

a. b.

Figura 3-21 a) Um bombardeiro B-17 Flying Fortress (Fortaleza Voadora) da 8“ Força Aérea dos Estados Unidos voando numa frota abaixo
de outra frota bem no momento do lançamento das bombas, b) A exposição seguinte documenta que a bomba do avião acima
estraçalhou o estabilizador horizontal (cauda) do avião abaixo (usado com permissão do Instituto Smithsonian, Washington, DC,
EUA; #3A-20850 e 20851, respectivamente).

obter informações sobre as atividades bélicas dos Estados tário-geral do Partido Comunista, Khruschev, ter rejeitado
Unidos. Qualquer sobrevoo de reconhecimento aéreo feito no mesmo dia a proposta da “Doutrina dos Céus Abertos”
por um outro país sem prévia autorização das autoridades (Hall, 1996), o conceito tinha sido apresentado.
competentes era considerado um ato ilegal e inimigo. Ape­
sar disso, os Estados Unidos consideravam essencial realizar Alguns dias mais tarde, em 29 de julho de 1955, o presi­
este tipo de sobrevoo para saber o que estava acontecendo na dente Eisenhower anunciou publicamente um plano para
União Soviética e em outros países considerados inimigos. lançar “satélites de pequeno porte não-tripulados como
Em dezembro de 1954, o presidente dos Estados Unidos parte da participação dos Estados Unidos no Ano Inter­
Dwight Eisenhower aprovou o programa denominado U-2 nacional da Geofísica de 1957-1958”. Contudo, isto foi
para reconhecimento aéreo (Brugioni e Doyle, 1997). Em apenas um pretexto para estabelecer o princípio da “li­
21 de julho de 1955 o presidente Eisenhower participou da berdade do espaço” na legislação internacional e tudo o
Conferência das Quatro-Potências (Four-Power Summit), que isto implicaria na questão do reconhecimento estra­
em Genebra, Suíça, onde apresentou o que a imprensa cha­ tégico conduzido em altitudes acima do “espaço aéreo”,
mou de “Doutrina dos Céus Abertos”. Ele insinuou que uma vez que abaixo desse espaço cada país reivindicava sua
a falta de confiança e a presença de terríveis armamentos soberania exclusiva (Hall, 1996). Com efeito, Eisenhower
em certos países causavam em todo o mundo preocupa­ estava lançando os fundamentos para aquilo que já havia
ção e o perigo de ataques-surpresa. A fim de eliminar tais sido concebido nos Estados Unidos: a) o projeto de reco­
preocupações ele recomendou que a União Soviética e os nhecimento por balões chamado Genetrix sobre a União
Estados Unidos colaborassem no fornecimento dos meios Soviética para obter fotografias aéreas e informações; b) o
para obter fotografias aéreas em voos de reconhecimento e projeto da aeronave de espionagem suborbital U-2; e c) o
que seriam mutuamente supervisionados. Embora o secre- reconhecimento por satélites orbitais.
Reconhecimento Fotográfico na Guerra Fria 79

Balões de Reconhecimento Genetrix Programa de Reconhecimento com a Aeronave


U-2

A Força Aérea dos Estados Unidos e a Agência Central de


Inteligência (CIA) conduziram diversas pesquisas entre Em dezembro de 1954, o presidente Eisenhower deu or­
1954 e 1955 no uso de balões não-tripulados em alta dens à CIA para contratar a empresa Lockheed para, em
altitude e equipados com máquinas fotográficas em suas cooperação com a Força Aérea dos Estados Unidos, desen­
gôndolas para obter informações de reconhecimento so­ volver uma aeronave a jato para reconhecimento fotográ­
bre extensas áreas geográficas. A CIA lançou um balão fico que pudesse voar livremente sobre a União Soviética e
experimental a partir da Escócia e que foi levado pelos documentar sua capacidade militar. Isto levou à criação do
ventos sobre a União Soviética, sendo resgatado pelos projeto secreto “Lockheed Skunk Works” (nome tirado do
americanos na Coréia do Sul. Balões semelhantes tam ­ desenho animado de LiT Abner), em Burbank, e mais tar­
bém foram lançados e recuperados com sucesso nos Esta­ de em Palmdale, na Califórnia, EUA, onde Kelly Johnson
dos Unidos (Peebles, 1997). e seus engenheiros desenvolveram a aeronave de alumínio
denominada U-2 (Rich e Janos, 1994).
Com base no êxito do lançamento deste balão, foi
iniciado em outubro de 1955 o Projeto de Balões de As aeronaves U-2 originais eram pintadas em preto fosco
Reconhecimento Genetrix. Este programa tinha por para evitar que brilhassem no Sol (Figura 3-22a). A ae­
objetivo obter uma completa cobertura fotográfica do ronave podia voar a uma altitude de -21.000 m (70.000
território soviético com base no lançamento e recupe­ pés) e expor quase 1.000 m de filme de alta resolução
ração de 2.500 balões não-tripulados de alta altitude. em uma única missão. A câmera foi desenvolvida por
O presidente Eisenhower autorizou o início dos lança­ Edwin Land, inventor da câmera Polaroid. A carga útil
mentos em 27 de dezembro de 1955. De 10 de janeiro original do U-2 consistia de duas câmeras de alta reso­
a 6 de fevereiro de 1956 foram lançados 448 balões da lução - uma com lente de grande distância focal capaz
Escócia, Noruega, Alemanha Ocidental e Turquia (Pe­ de resolver objetos de até 60 a 90 cm a uma altitude de
ebles, 1997). As gôndolas foram recuperadas por meio 21.000 m, e a outra uma câmera de rastreamento capaz
de aviões situados num grande arco desde o Japão até de produzir uma imagem contínua de toda a faixa de
o Alaska. M uitos dos primeiros balões lançados foram voo (Rich e Janos, 1994). O primeiro sobrevoo Russo
recuperados. C ontudo, as defesas aéreas dos países do ocorreu no dia 4 de julho de 1956. O U-2 decolou de
Leste Europeu, da União Soviética e da China C om u­ Weisbaden, Alemanha Ocidental para obter informação
nista responderam rapidamente e interceptaram m ui­ dos estaleiros navais e das construções dos submarinos
tos desses balões. soviéticos. A aeronave sobrevoou a Polônia, a Belorús-
sia, Moscou, Leningrado e os Estado Bálticos da União
Em 4 de fevereiro de 1956 o Ministro do Exterior sovié­ Soviética. Para grande desapontamento dos americanos,
tico Andrei A. Gromyko protestou junto ao Embaixador o radar soviético detectou e rastreou o primeiro U-2 à
dos Estados Unidos. Antecipando a reação da União So­ altitude de 21.000 m (Hall, 1996).
viética, o presidente Eisenhower recomendou no dia 7 de
fevereiro de 1956 que o Secretário de Estado John Foster Apesar de os soviéticos terem detectado o U-2, os mísseis
Dulles suspendesse a operação para não parecer que ti­ terra-ar e as aeronaves soviéticas não puderam atingir o
nham sido pegos em flagrante (Day et al., 1998). No dia U-2 por vários anos. As informações obtidas pelos sobre-
9 de fevereiro os soviéticos deram uma entrevista coletiva voos do U-2 tiveram um enorme impacto sobre o conhe­
à imprensa e mostraram cerca de 50 balões e caixas de cimento que os Estados Unidos adquiriram durante os
equipamentos para constranger os Estados Unidos (Day anos de 1950 e começo dos anos de 1960. Contudo, o
et al., 1998), que afirmaram serem apenas balões mete­ avanço no desenvolvimento da tecnologia de mísseis fez
orológicos. Somente 44 dos 448 balões foram resgata­ com que no dia I o de maio de 1960 um agrupamento
dos pelos americanos. Contudo, as câmeras desses balões de 14 mísseis ar-ar SA-2 derrubassem o U-2 com o pi­
obtiveram 13.813 fotografias aéreas cobrindo uma área loto Francis Gary Powers (Figura 3-22b). Durante dois
de quase 2,89 milhões de km2 dos territórios soviético meses ele foi interrogado diariamente por longas horas.
e chinês, incluindo as instalações da refinaria nuclear de Em agosto de 1960 as autoridades soviéticas fizeram um
Dononovo, na Sibéria (Peebles, 1997). Este evento mar­ julgamento aberto e amplamente divulgado para cons­
cou o fim deste breve programa dos Estados Unidos para tranger os Estados Unidos e sentenciaram Francis Gary
reconhecimento aéreo. O programa de reconhecimento Powers a 10 anos de prisão; contudo, após 21 meses ele
aéreo por meio da aeronave U-2 foi iniciado apenas al­ foi trocado pelo espião soviético Rudolph Abel, que esta­
guns meses mais tarde, em julho de 1956. va preso nos Estados Unidos (Powers, 1997).
80 CAPÍTULO História da Fotografia Aérea e das Plataformas Aéreas

Lockheed U-2

b.

a. Aeronave U-2.

Figura 3-22 a) A aeronave de reconhecimento de alta altitude Lo­


ckheed U-2 foi desenvolvida no “Skunk Works”, em
Burbank e em Palmdale, na Califórnia, EUA, por
ordem do presidente Eisenhower. Este programa foi
supervisionado pela CIA. b) Francis Gary Powers em
frente à aeronave U-2 (cortesia da Lockheed Martin
Inc.). c) Diversas aeronaves U-2 ainda estão em opera­
ção para levantamentos aéreos de observação da Terra.
Neste exemplo é mostrado um U-2 à frente e um ER-2
ao fundo voando próximo a São Francisco, na Califór­
nia, EUA (cortesia NASA e Lockheed Martin, Inc.).

c. Aeronave ER-2.

Após o incidente de Francis Gary Powers, os U-2 conti­ cos de médio alcance próximo a San Cristobal, Cuba, no
nuaram fornecendo importantes informações estratégicas dia 25 de outubro de 1962 (Figura 3-23b).
de reconhecimento ao redor do mundo. Por exemplo, em
julho de 1962, o diretor da CIA enviou um memorando No dia 25 de outubro de 1962 o embaixador dos Esta­
ao presidente John F. Kennedy dizendo que ele acredita­ dos Unidos das Nações Unidas Adiai Stevenson desafiou
va que os soviéticos estavam se preparando para instalar o embaixador soviético Valerian A. Zorin a desmentir a
mísseis balísticos de médio alcance em Cuba, a cerca de acusação feita pelos Estados Unidos de que a União So­
150 km do território dos Estados Unidos (Walter, 1992; viética tinha instalado uma base de mísseis ofensivos em
Goldberg, 1993). Em 9 de outubro de 1962, o presiden­ Cuba. Em resposta o embaixador soviético Zorin disse:
te Kennedy autorizou a realização de voos de reconhe­ “No tempo certo, senhor, terá sua resposta. Não se preocu­
cimento sobre a parte ocidental de Cuba utilizando as pe”. Stevenson respondeu: “Estou preparado para esperar
aeronaves U-2 de alta altitude. O furacão Ella manteve até que o inferno congele, se esta é sua decisão. Também
as aeronaves em solo até o dia 14 de outubro de 1962. estou preparado para apresentar a evidência nesta sala”. O
As fotografias foram interpretadas no dia 15 de outubro embaixador americano apresentou as provas da acusação e
e mostradas ao presidente Kennedy no dia 16 de outubro mostrou as fotografias aéreas com as instalações da base de
de 1962. Parte de uma das fotografias tiradas pelo U-2 e mísseis. Em agosto, não havia nada em Cuba, mas em ou­
mostradas ao presidente Kennedy encontra-se na Figura tubro a infraestrutura de mísseis estava lá. Vinte e quatro
3-23a. Uma fotografia aérea oblíqua obtida por uma ae­ horas mais tarde havia sinais inequívocos das instalações
ronave RF-101 registrou as instalações de mísseis balísti- de mísseis. O presidente Kennedy iniciou então um blo-
Reconhecimento Fotográfico na Guerra Fria 81

A Crise dos Mísseis Cubanos em Outubro de 1962

QUATRO ELEVADORES PtíkDÍTElS/,' f S j l tf' '■ -


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r-V» j: • S A ? * v :r. ■ s f k - f '
a. Fotografia aérea vertical de San Cristobal, Cuba.

25 de outubro de 1962
Sítio 1 de lançamento
dos mísseis
San Cristobal, Cuba

b. Fotografia aérea oblíqua de San Cristobal, Cuba.

Figura 3-23 a) Parte de uma fotografia aérea do U-2 de San Cristobal, Cuba, obtida em 14 de outubro de 1962, a uma altitude de 21.300 m.
A fotografia foi mostrada ao presidente Kennedy em 16 de outubro de 1962 pelo fotointérprete Arthur Lundahl indicando os
trailers dos mísseis, alguns lançadores e as barracas usadas para preparar os mísseis e as ogivas para lançamento. O presidente Ken­
nedy perguntou ao fotointérprete se ele tinha certeza sobre o que havia identificado na fotografia e ele afirmou categoricamente
que estava convencido que eram mísseis (Brugioni, 1996) (Fotografia da Força Aérea dos Estados Unidos), b) Fotografia aérea
oblíqua, obtida em 25 de outubro de 1962 pela aeronave RF-101 voando a baixa altitude sobre o sítio de lançamento dos mísseis
balísticos de médio alcance próximo a San Cristobal, Cuba. Abrigos para os mísseis e caminhões transportando mísseis podem ser
vistos nesta fotografia (Fotografia da Força Aérea dos Estados Unidos; cortesia da Federação dos Cientistas Americanos).

queio naval sobre Cuba. Após muita negociação política que tinha que acreditar naquilo que a CIA estava dizendo,
temerária, em 28 de outubro de 1962 o primeiro ministro pois ao examinar cuidadosamente as fotografias, não via
soviético Khruschev cedeu e o mundo retornou da beira de nada mais do que uma área desmatada para uso agrícola e
uma possível guerra nuclear. a fundação de uma casa. Afirmou ainda, que tinha ficado
aliviado quando quase todas as outras pessoas presentes na
Curiosamente, os detalhes identificados pela CIA nas fo­ reunião tiveram esta mesma impressão, incluindo o presi­
tografias foram em grande parte ignorados pelos destrei­ dente Kennedy. Mesmo após alguns dias, quando novas
nados assessores presidenciais. O Procurador-Geral Robert fotografias foram tiradas, ele comentou que a área parecia
F. Kennedy afirmou na primeira reunião de emergência um campo de futebol americano (Kennedy, 1969).
82 CAPITULO História da Fotografia Aérea e das Plataformas Aéreas

Aeronave Lockheed SR-71

Figura 3-24 Duas vistas da aeronave de reconhecimento Lockheed SR-71. Ela pode voar a altitudes maiores do que 21.350 m e atingir
velocidade aérea superior a 3.500 km/h (cortesia Lockheed Martin, Inc.).

Outros presidentes utilizaram a plataforma suborbital U-2 Tecnologia de Camuflagem de Aeronave


como fonte de dados para obter informação. Por exem­
plo, o presidente Reagan ordenou o sobrevoo de um U-2
na Nicarágua para identificar a formação de armamentos De 1975 até o presente, a empresa Lockheed Skunk Works
soviéticos em apoio às forças rebeldes. O presidente Bush e outras companhias aeroespaciais ao redor do mundo têm
usou as aeronaves U-2 na Guerra do Golfo em 1991. O desenvolvido uma tecnologia que torna a aeronave “invisí­
presidente Clinton usou os U-2 na guerra na Bósnia-Her- vel” ao radar. Esta tecnologia consiste na construção de uma
zegovina em 1998-1999. Aeronaves U-2 especialmente aeronave com facetas de metal desenhadas por computador
adaptadas também são usadas para dar suporte a vários com formas e orientações especialmente projetadas para des­
projetos de sensoriamento remoto dos recursos terrestres viar as ondas incidentes - emitidas por um radar em solo ou
da NASA (Brugioni, 1985). em outra aeronave no espaço - evitando que elas retornem
ao radar emissor. Além disso, é aplicado na superfície da ae­
O SR-71 ronave um material especialmente composto para absorver
a radiação de micro-ondas (radar) incidente (Rich e Janos,
1994). Estas condições fazem com que a aeronave na prática
Em 1958, dois anos antes da derrubada de um U-2 pe­ não possa ser detectada pelo radar ou então se torne “invi­
los soviéticos, os americanos já previam que isto pode­ sível”. A assinatura (aparência) de um avião não camuflado
ría acontecer e que havia a necessidade de substituí-lo na tela do radar é semelhante a uma grande carroceria de
por uma aeronave que podia voar ainda mais alto, mais um caminhão com nove eixos. Por outro lado, um avião
veloz e com maior autonomia, dando origem ao desen­ F-117 camuflado fica com a assinatura equivalente a uma
volvimento do SR-71 (Figura 3-24), que foi entregue pequena bola de vidro. Esta capacidade de camuflagem foi
à Força Aérea dos Estados Unidos em 1965. Em 1976, amplamente desvendada ao mundo durante a Guerra do
ele estabeleceu os recordes mundiais de velocidade e al­ Golfo, em 1990, quando as aeronaves F-117 (Figura 3-25)
titude com 3.530 km /h em voo cruzeiro a 25.963 m de foram utilizadas para voos de reconhecimento e missões tá­
altitude, o que excede a velocidade da bala de um rifle ticas secretas sobre o Iraque e o Kuwait antes do início da
30.06. Tanto quanto se sabe, esta aeronave continua guerra. Esta tecnologia de camuflagem também foi ampla­
sendo recordista. A primeira missão do SR-71 foi em mente utilizada durante o conflito na Bósnia-Herzegovina,
1965 sobre Ffanói, Vietnã do Norte. Ele realizou mis­ em 1998-1999.
sões diárias de reconhecimento sobre o Vietnã do Norte
e em nenhum a ocasião foi pêgo. O SR-71 detectou a Sensoriamento Remoto por Satélites
brigada de combate soviética em Cuba, em 1979. O
SR-71 tem a bordo apenas equipamentos de sensoria­
mento remoto e de informação de sinais. Muitos deles O primeiro satélite a orbitar a Terra, feito pelo homem, foi
ainda estão em operação, apesar de oficialmente terem o Sputnik, lançado pela União Soviética em 24 de outubro
sido aposentados diversas vezes. de 1957. Foi neste momento que se confirmou a política
Sensoriamento Remoto por Satélites 83

F-117 Nighthawk

e. f.

Figura 3-25 Diversas vistas da aeronave Lockheed F-117 Nighthawk “invisível” ao radar. A geometria da fuselagem e o material absorvedor de
energia dificulta a detecção da aeronave por meio de radares convencionais.

de “céus abertos” em todo o mundo para objetos lançados grama Corona; KH-5 e KE1-6 foram os sensores do Argon e
em órbita. Os Estados Unidos iniciaram o projeto Corona, do Lanyard, respectivamente. A resolução espacial do KH-1
que era parte de um programa de satélites de reconheci­ era de 12,2 m em 1960, chegando a 1,4 a 1,8 m para o sen­
mento iniciado no final dos anos 1950 e que entrou em sor KH-4B, em 1972 (Ruffuer, 1995; McDonald, 1997b).
operação no dia 28 de fevereiro de 1959. O programa era Todas as câmeras tinham distância focal de 600 mm.
administrado conjuntamente pela CIA e pela Força Aérea
dos Estados Unidos. As primeiras oito missões de reconhe­ A primeira fotografia do Corona foi obtida da antiga base
cimento não produziram nenhuma imagem (McDonald, aérea militar de Mys Shmidta na Chukotka, Rússia (Figura
1997b). Contudo, no dia 18 de agosto de 1960, a Missão 3-26a). Os satélites com as câmeras KH-4 (1962 a 1972)
9009 foi a primeira a ser recuperada em ar e retornar do tinham câmeras pancromáticas gêmeas para obterem pares
espaço com um filme de reconhecimento. Além disso, foi de fotografias estereoscópicas. A Figura 3-26b apresenta uma
a primeira vez que um objeto retornando do espaço foi re­ concepção artística da plataforma KH-4B e de seus compo­
cuperado no ar (McDonald, 1997a). A era dos reconheci­ nentes internos. Detalhes sobre o lançamento de cada Coro­
mentos a partir do espaço havia iniciado. Em apenas uma na desde o início em 25 de junho de 1959 até a última mis­
missão foram obtidas mais fotografias aéreas cobrindo a são em 25 de maio de 1972 são encontrados em McDonald
União Soviética do que durante todas as missões do U-2. (1997b). Uma fotografia pancromática obtida pelo Corona
KH-4 em 20 de outubro de 1964, quarto dias após o pri­
Corona meiro teste nuclear da China na base de Lop Nor é mostrada
na Figura 3-27a. O programa Corona teve uma importante
participação no monitoramento da proliferação nuclear.
Keyhole (KH), ou seja, buraco da fechadura, foi o codinome
dados às atividades de reconhecimento espacial dos Estados Apesar do seu grande valor e importância, os primeiros
Unidos para os programas Corona, Argon e Lanyard. A abre­ satélites de reconhecimento estavam longe de serem per­
viação KE1 refere-se aos sistemas das câmeras (ou sensores) feitos. As imagens que eles adquiriam do espaço voltavam
associadas a esses programas de reconhecimento, por exem­ para a Terra numa cápsula por meio de pára-quedas. Isto
plo, KH-1, KH-2, KH-3 e KH-4 foram os sensores do pro­ podia demorar muitas vezes dias ou até mesmo semanas
84 CAPÍTULO História da Fotografia Aérea e das Plataformas Aéreas

Primeira Fotografia obtida pelo Satélite Corona da que a União Soviética lançou o Zenit-2 em 1961. Ambas
Base Aérea de Mys Shmidta, da União Soviética, em as plataformas Zenit e Corona atenderam aos objetivos
18 de agosto de 1960 propostos de serem sistemas confiáveis de reconhecimento
operando numa dimensão espacial totalmente nova (Gor-
gin, 1997). A última imagem do Corona foi obtida em 31
de maio de 1972. Mais de 800.000 imagens foram adqui­
ridas pelo programa Corona, o que consiste em aproxi­
madamente 640.500 m de filme, distribuídos em 39.000
rolos de filme (Clarke, 1999).

Em 1967, o presidente Lyndon Johnson dirigiu-se a um


grupo de professores com a seguinte mensagem:

Eu não gostaria de ser lembrado pelo fato de ter


gastado trinta e cinco bilhões de dólares no pro­
grama espacial. Mas, se nada mais fosse aproveita­
do deste programa do que o conhecimento adqui­
rido por meio das fotografias orbitais, isto já teria
valido mais de dez vezes tudo o que já foi gasto
no programa. Sem a informação dos satélites nós
Concepção Artística do Satélite Corona estaríamos no campo das suposições. Mas nesta
KH-4B em Voo noite nós sabemos quantos mísseis o inimigo tem
e verificamos que as nossas suposições iniciais
estavam muito erradas. Nós estávamos fazendo
coisas que não precisaríamos fazer. Nós estávamos
construindo coisas que não precisaríamos cons­
truir. Nós estávamos tendo medos que não preci­
saríamos ter (Richelson, 1992; Walter, 1992).

O presidente Johnson estava respondendo às críticas que di­


ziam que ele gastou dinheiro demais no programa espacial e
não o suficiente em programas de combate à pobreza.

Apenas recentemente foi divulgado que as imagens obtidas


no programa Corona também foram utilizadas na com­
pilação e atualização de mapas nos Estados Unidos. Por
exemplo, o Serviço de Levantamento Geológico dos Esta­
dos Unidos (U.S. Geological Survey) utilizou estes dados
Figura 3-26 a) Primeira fotografia obtida pelo satélite Corona KH-1. para compilar e atualizar a série de mapas americanos nas
A resolução espacial era de aproximadamente 12,2 m. b) escalas de 1:250.000 e 1:24.000 (McDonald, 1997a; Cla­
Concepção artística dos componentes internos da plata­ rke, 1999). A Figura 3-27c mostra uma imagem do Pentá­
forma orbital Corona KH-4B (cortesia da Unidade de gono em Washington, DC, EUA, adquirida pelo Corona.
Reconhecimento Nacional dos EUA).

A ordem executiva de número 12951, emitida pelo presi­


(Figura 3-27b), e esta demora era crucial. A Guerra dos dente William Clinton em 22 de fevereiro de 1995, mudou
Seis Dias em 1967 em Israel e a invasão soviética na Che- o mundo das fotografias de reconhecimento por satélites:
coeslováquia em 1968 terminaram antes que os Estados
Unidos tivessem obtido imagens dos satélites das zonas de As imagens de reconhecimento adquiridas pelos
conflito (Richelson, 1992). sistemas espaciais das missões Corona, Argon e
Lanyard deixam de ser secretas 18 meses após a
E importante salientar que tanto os Estados Unidos quan­ emissão desta ordem.
to a União Soviética iniciaram seus programas espaciais de
reconhecimento orbital em 1956. Contudo, os Estados O endereço na Internet para obter cópias de fotografias do
Unidos lançaram o primeiro Corona em 1959, enquanto Corona encontra-se no Apêndice A. Uma excelente visão geral
Sensoriamento Remoto por Satélites 85

Fotografia do Corona da base de testes


nucleares de Lop Nor, na China, obtida
em 20 de outubro de 1964

Figura 3-27 a) Fotografia aérea vertical pancromática tirada pelo Corona


KH-4 da base de testes nucleares de Lop Nor, China, no dia 20 de
outubro de 1964. b) Fotografia do pára-quedas de uma cápsula do
satélite de reconhecimento Corona sendo recuperada no ar. O fil­
me dentro da cápsula era então revelado e as fotografias interpre­
tadas (cortesia da Federação Americana de Cientistas), c) Imagem
do Pentágono em Washington, D C, obtida na Missão 1101 do
Corona, em 25 de setembro de 1967 (cortesia USGS).

c. Pentágono

do programa Corona e do uso potencial dos dados para análi­


se dos recursos terrestres são encontrados em Clarke (1999). Avaliação do Dano de uma Bomba Durante
a Guerra do Golfo
Programas Atuais de Satélite Ligados à Defesa

Bailey e Kearney escreveram o seguinte na revista Defense


News (1991):

Os patrulhamentos de reconhecimento feitos


pelos olhos do comandante foram substituídos
por dados de satélites e radares de aeronaves....
Embora no começo da guerra ainda existissem
dúvidas que não podiam ser eliminadas, a visão
que o General Schwarzkopf tinha do campo de
batalha ultrapassava qualquer coisa que já tivesse
sido alcançada anteriormente. Havia bem menos
dúvida sobre a vulnerabilidade do inimigo.

Eles chamaram a Guerra do Golfo de hyperwar (hiper


guerra) pelo fato de tantas decisões terem sido tomadas Figura 3-28 Um depósito ao sul da cidade de Kuwait, Kuwait, com
com base em fotografias de aeronave, fotografias de sa­ suspeita de armazenar aeronaves do Iraque (Marinha
télites e de informação de inteligência (Walter, 1992). A dos Estados Unidos, imagem liberada sob a lei da Li­
Figura 3-28 apresenta um exemplo de uma imagem com berdade de Informação de William M. Arkin).
informação de inteligência da Guerra do Golfo.
86 CAPÍTULO História da Fotografia Aérea e das Plataformas Aéreas

Imagem do Keyhole (buraco de fechadura) 12 (KH-12)

a. O suspeito campo de treinamento de terroristas de Zhawar Kili, b. Indústria farmacêutica de Shifa, no Sudão, suspeita
no Afeganistão. de produzir armamentos químicos.

Figura 3-29 Exemplo de uma imagem do Keyhole (buraco de fechadura) 12 (KH-12). a) Campo de treinamento de Zhawar Kili, no Afe­
ganistão (resolução espacial de aproximadamente 1 0 x 1 0 cm), b) Indústria farmacêutica de Shifa, no Sudão. Estas imagens
de satélite foram utilizadas pelo Secretário de Estado William S. Cohen durante seu relato de missão após ataque dos mísseis
teleguiados no dia 20 de agosto de 1998, no Afeganistão e no Sudão (cortesia da Federação Americana de Cientistas, Programa
de Pesquisa em Informação).

Nos Estados Unidos, pelo menos quatro tipos de satélites exemplo, um satélite de sensoriamento remoto pode estar
atualmente coletam informações secretas. O LaCrosse co­ fora do alcance de uma estação de recepção direta de dados
bre a Terra com imagens de micro-ondas (radar) e pode na Terra, mas, através de um TDRS, os dados do satélite de
imagear objetos menores que um metro mesmo através de sensoriamento remoto podem chegar até esta estação.
cobertura de nuvens, ampliando o trabalho feito pelos sa­
télites de sensoriamento remoto óptico, que não podem Imagens de alta resolução espacial adquiridas por satélites
obter imagens na presença de nuvens. Os atuais sistemas são utilizadas para monitorar a adesão a tratados, o cumpri­
de sensoriamento remoto óptico são bem mais poderosos mento de acordos para controle de armamentos, as disputas
do que os antigos sistemas Corona. Acredita-se que alguns por limites de territórios, entre outros (Richelson, 1990).
sensores ópticos têm resolução espacial de 15 cm utilizan­ Por exemplo, a imagem pancromática obtida pelo KH-12,
do a tecnologia de C CD (charge-coupled-device ou disposi­ de Zhawar Kili, no Afeganistão, aponta um suspeito com­
tivo de cargas acopladas), discutida nos Capítulos 4 e 7. plexo de apoio para campo de treinamento de terroristas
(Figura 3-29a). Outro exemplo de uma imagem do KH-12
Os sistemas Ferrets (satélites para informações de inteligên­ é a indústria farmacêutica no Sudão, suspeita de produzir
cia ou signal intelligence satellites - SIGINT) detectam trans­ armamentos químicos (Figura 3-29b). Estas imagens foram
missões de rádio e de micro-ondas por meio de receptores utilizadas pelo Secretário de Estado William S. Cohen du­
muito sensíveis. Mesmo no início dos anos de 1970, um rante seu relato sobre o ataque feito pelos Estados Unidos
ferret de nome Rhyolite podia gravar sinais provenientes de com os mísseis teleguiados no dia 20 de agosto de 1998.
mísseis soviéticos e chineses, e ao mesmo tempo monitorar
até 11.000 conversas telefônicas e por transceptores portá­ Felizmente, a humanidade também destinou alguns dos
teis [walkie-talkies). Sistemas de rastreamento e de trans­ seus recursos e esforços para colocar no espaço platafor­
missão de dados de satélite (Tracking and Data Relay Satelli- mas de sensoriamento remoto para aplicações pacíficas
te Systems - TDRS) estão em órbita geoestacionária a cerca relacionadas à observação dos recursos terrestres e do
de 44.000 km acima do equador, tal como sugere o artigo meio ambiente. As mais notáveis são: o Skylab (primei­
de Arthur C. Clarke, escrito em 1945 para a revista ingle­ ra estação espacial dos EUA), de 1973 a 1979; o Lan-
sa Wireless World (Mundo sem Fio) (Walter, 1992). Esses dsat-MSS (Multispectral Scanner Subsystem), de 1972
satélites podem ser utilizados para transmitir dados de sa­ a 1984; o Landsat-TM (Thematic Mapper), de 1984
télites de sensoriamento remoto para estações na Terra. Por até o presente; o Landsat ETM*, de 1999 até o presen-
Veículos Aéreos Não-Tripulados 87

Imagem de Boston, MA, EUA, Obtida Guerra Mundial, a 2a Guerra Mundial, a Guerra da Co­
pelo QuickBird réia, a Guerra do Vietnã, a Guerra do Golfo, o conflito na
Bósnia-Herzegovina e a Invasão do Iraque, em 2003. Um
dos mais importantes avanços recentes é o uso de veículos
aéreos não-tripulados {Unmanned Aerial Vehicles - UAV)
(McDaid e Oliver, 1997; Lockheed Martin, 2006).
¥

Os veículos aéreos não-tripulados mais sofisticados são con­


trolados a partir de uma base principal por um operador.
A localização exata da aeronave durante todo o percurso
é conhecida por meio de um GPS a bordo. Além disso, a
aeronave é equipada com uma câmera de videografia ou de
infravermelho termal (Forward-Looking Infrared - FLIR,
ou Imageador Infravermelho de Visada Frontal).

Veículos Aéreos Não-Tripulados: Tática


e Autonomia

Figura 3-30 Imagem pancromática com resolução de 61 x 61 cm ob­ Desde os anos de 1980, o Departamento de Defesa dos
tida pelo QuickBird em 27 de dezembro de 2001 sobre Estados Unidos (DOD) investiu bilhões de dólares no
Boston, MA, EUA, com uma ampla e detalhada visão
desenvolvimento de veículos aéreos não-tripulados para
do porto de Boston (cortesia da DigitalGlobe, Inc.).
atender aos requisitos de missões específicas táticas ou
daquelas que precisem de grande autonomia de voo para
te (operação normal até maio de 2003); o Programa de reconhecimento ou vigilância. Veículos aéreos não-tripula­
Fotografias do Space Shuttle (em andamento); e diversos dos táticos funcionam dentro de um raio de ação de 200
satélites meteorológicos (p.ex., o GOES e o AVHRR dos km da base principal por um período relativamente curto.
Estados Unidos, o METEOSAT e o ENVISAT, da Euro­ Contrariamente, os veículos aéreos não-tripulados com
pa). O Sistema de Observação da Terra (Earth Observing grande autonomia de voo podem voar por diversas horas e
System) da NASA lançou seu primeiro satélite voltado a distâncias superiores a 200 km da base. Alguns veículos
para observação da Terra em 1999 (chamado de Terra) aéreos não-tripulados permanecem no ar por horas a fio
e o segundo em 2002 (chamado Aqua). O Brasil e C hi­ realizando um monitoramento contínuo de uma mesma
na mantêm seu programa CBERS, com três satélites já área geográfica. Devido ao seu reduzido tamanho eles são
lançados (CBERS-1, em 1999, CBERS-2, em 2003, e praticamente imperceptíveis no espaço aéreo.
o CBERS-2B, em 2007). Empresas comerciais lançaram
o IKONOS-2 em 1999, o ImageSat em 1999; o Quick­ Na Tabela 3-1 são apresentadas as características dos prin­
Bird em 2001; o OrbView-3 in 2003, entre outros, todos cipais veículos aéreos não-tripulados. Estes veículos vão
com resolução espacial nominal < 2 x 2 m. O Capítulo desde pequenos, leves e portáteis (p.ex., o Desert Hawk
7 fornece detalhes sobre muitas dessas plataformas e seus tem 80 cm de comprimento e pesa apenas 3 kg), até ver­
sistemas sensores. A Figura 3-30 mostra uma imagem dadeiros monstros que precisam de pista de decolagem e
pancromática obtida pelo QuickBird com resolução de pesam milhares de quilogramas (p.ex., o Global Hawk tem
6 1 x 6 1 cm sobre Boston, MA, EUA. Imagens digitais de 13,5 m de comprimento e pesa quase 12.000 kg). Apesar
alta resolução espacial como esta contêm tantos detalhes do elevado custo dos veículos aéreos não-tripulados mili­
da superfície que podem ser fotointerpretadas tal como se tares, eles têm a vantagem de não envolverem a perda de
fossem fotografias aéreas analógicas. vida humana e custam bem menos do que uma aeronave
tripulada. Cada Global Hawk custa cerca de US$ 15 mi­
Veículos Aéreos Não-Tripulados lhões. Um Predator custa US$ 4,5 milhões. Um Sbadow
200 ou um pacote com seis Desert Hawks custa US$ 300
mil. Obviamente, esses preços estão sujeitos a variações.

É lamentável constatar o fato de que os grandes avanços O Predator é um veículo aéreo não-tripulado dos Estados
no desenvolvimento tecnológico tanto da coleta de dados Unidos que foi utilizado em missões de vigilância sobre
por fotografias aéreas analógicas e digitais quanto na arte áreas sensíveis na Bósnia-Herzegovina em 1995 (Figura
e na ciência da fotointerpretação ocorreram durante a Ia 3-31a,b), na Invasão do Iraque em 2003, e no Afeganistão.
88 CAPITULO História da Fotografia Aérea e das Plataformas Aéreas

Imagem Obtida pelo Veículo Aéreo Não-Tripulado Predãtor sobre uma Fábrica de Armamentos
em Saraievo, Bósnia-Herzegovina

a. 26 de maio de 1995 - antes do ataque b. I o de setembro de 1995 - depois do ataque

Figura 3-31 Imagem de uma fábrica de armamentos em Saraievo, Bósnia-Herzegovina, obtida pelo veículo aéreo não-tripulado Predãtor antes do
ataque (a) e depois do ataque (b) (cortesia John Pike, Federação de Cientistas Americanos, Programa de Pesquisa em Informação).

O Shadow 200 foi amplamente utilizado durante a Inva­ melho-termais de visada frontal (FLIR), sensores hiperes-
são do Iraque, em 2003. A Tabela 3-1 mostra um soldado pectrais, ou ainda sistemas sensores de radares de abertura
americano do 101° Batalhão de Inteligência Militar pre­ sintética para obtenção de imagens em qualquer condição
parando um Shadow 200 para uma missão sobre o Iraque, de tempo. Veículos aéreos não-tripulados normalmente
em 22 de setembro de 2004. utilizam a tecnologia sem fio para transmitir imagens em
tempo real para a base principal, ou armazenam os dados
O Desert Hawk foi desenvolvido pela Lockheed Martin em gravadores a bordo.
Skunk Works e usado na Invasão do Iraque, em 2003 (Lo­
ckheed Martin, 2006). Ele é moldado em espuma de po- Considerações Sobre os Veículos Aéreos Não-
lipropileno e movido por uma hélice propulsora acionada Tripulados
por um motor elétrico. O seu lançamento é feito com uma
corda flexível (bungee), esticada por duas pessoas até uma
distância de cerca de 100 m, que impulsiona o avião para A tecnologia de veículos aéreos não-tripulados pode ser
levantar voo. O Desert Hawk opera a uma altitude de 150 uma faca de dois gumes. Por um lado, o uso não militar
m podendo voar por cerca de uma hora a uma velocidade desta tecnologia é útil para aquisição de dados de sensoria-
de 92 km/h num raio de 11 km a partir da base. Ele pousa mento remoto a baixo custo para fins de vigilância, aná­
sobre sua barriga feita de Kevlar, e sua carga útil consiste de lise de recursos terrestres, planejamento urbano, etc. Por
uma câmera colorida para operação diurna ou uma câmera exemplo, há muito tempo cientistas vêm equipando ae-
infravermelha termal para vigilância noturna. romodelos com câmeras leves para obter fotografias aéreas
de qualidade com alta resolução espacial (p.ex., Hinckley
Carga Útil dos Veículos Aéreos Não-Tripulados e Walker, 1993). Jackson e Hardin (2005) documentaram
o uso de aeromodelos relativamente baratos para adquirir
fotografias aéreas de grande escala utilizando câmeras di­
Os veículos aéreos não-tripulados sumarizados na Tabela gitais, conforme exemplificado na Figura 3-32. Detalhes
3-1 podem carregar uma carga útil que vai desde alguns sobre esta plataforma são fornecidos no Capítulo 4. Por
gramas até quase 1.000 kg. Os veículos aéreos não-tripu­ outro lado, os veículos aéreos não-tripulados de uso militar
lados podem carregar câmeras digitais, câmeras infraver­ são extremamente úteis para reconhecimento. McDaid e
Plataformas Comerciais de Sensoriamento Remoto 89

Tabela 3-1. Principais características de alguns veículos aéreos não- tripulados. As imagens dessas aeronaves estão
em diferentes escalas (as imagens são cortesia do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, 2005 e NASA, 2006).
Altura
Autonomia
Veículos Aéreos Peso Altitude (m) Comprimento
Fabricante de Voo
Não-Tripulados (kg) Alcance (km) Envergadura da
(horas)
asa (m)

Aerosonde n.d.
(Aerosonde 40 6.100
14,2 1,64 m
Robotic Aircraft, 3.333
LLC) 2,89 m

Cypher 0,61 m
(United 1.525
2,5 138 n.d.
Technologies/ 30
n.d.
Sikorsky, Inc.)

Desert Hawk n.d.


152
(Skunk Works: 1 3 80 cm
Lockheed Martin) 12,4
132 cm

Global Hawk n.d.


19.825
(Teledyne Ryan, 42 11.750 13,5 m
Inc.) 26.000
35,4 m

Predãtor 2,25 m
> 12.200
(General Atomics, 29 2.983 11,0 m
Inc.) n.d.
19,5 m

Shadow 200 n.d.


4.575
(AAI, Inc.) 4 98,7 2,7 m
60
(DOD, 2005) 3,9 m

Oliver (1997) previram que o soldado do futuro poderá Plataformas Comerciais de


usar um pássaro mecânico para obter imagens, sons e mes­ Sensoriamento Remoto
mo cheiros do alvo de seu interesse. Hoje, isto já é uma
realidade. Contudo, essa mesma tecnologia pode ser usada
para espionagem em geral ou em atividades ilícitas, como A grande maioria das fotografias aéreas comerciais de uso
por exemplo monitorar um banco para realizar um roubo não-militar é coletada por aviões comuns. As grandes
ou fazer espionagem industrial. A atual geração de cien­ companhias de fotogrametria e sensoriamento remoto e
tistas da área de sensoriamento remoto deve estar ciente algumas agências governamentais não-militares têm aces­
sobre o bom uso da tecnologia de sensoriamento remoto so a aviões a jato. Esses aviões não conseguem voar tão
(Slonecker et al., 1998). alto nem tão rápido quanto as aeronaves militares, mas
90 CAPÍTULO História da Fotografia Aérea e das Plataformas Aéreas

Fotografia Aérea Digital Obtida por um Veículo Aéreo Não-Tripulado Barato

Figura 3-32 Fotografia aérea de grande escala de uma parte da ilha de South Padre no Texas, EUA, obtida em 2005, utilizando um veículo aéreo
não-tripulado barato. Note que o detalhe da fotografia permite identificar os je t skis, as docas dos je t skis, pequenas embarcações e
automóveis. O veículo aéreo não-tripulado utilizado para coleta destas imagens é discutido no Capítulo 4 (cortesia de Perry Hardin
e Mark Jackson, Departmento de Geografia da Brigham Young University, Provo, Utah, EUA).

são adequados para adquirir fotografias aéreas métricas Brugioni, D. A., 1996, “The Art and Science of
de boa qualidade e outros dados de sensoriamento remo­ Photoreconnaissance,” Scientific American, 274(3):78-85.
to para planejamento urbano, manejo dos recursos na­
turais, etc. As atuais aeronaves são equipadas com GPS, Brugioni, D. A. and F. J. Doyle, 1997, “Arthur C. Lundahl:
que mantêm a aeronave na exata localização planejada Founder of the Image Exploitation Discipline,” Corona:
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92 CAPÍTULO História da Fotografia Aérea e das Plataformas Aéreas

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Fotografia Aérea - Visada, Câmeras,
Filtros e Filme
4
primeira vista, pode parecer que a técnica de obter e interpretar fotografias aéreas

A seja uma tarefa rotineira, uma vez que ela já existe há mais de um século. Contudo,
esta tarefa pode ser complexa, pois frequentemente importantes decisões têm que
ser tomadas para assegurar que sejam obtidas fotografias aéreas de boa qualidade a
fim de que possam ser interpretadas corretamente (Narumalani et al., 2002).
Muitas dessas decisões têm por base princípios físicos da óptica e da interação
da energia luminosa com materiais sensíveis à luz, sendo que algumas questões
importantes precisam ser consideradas ao se obter uma fotografia aérea:

• Visada (p.ex., vertical, oblíqua-baixa, oblíqua-alta),

• Câmera (p.ex., analógica, digital, tipo de objetiva),

• Filtros (p.ex., filtro amarelo {haze ou névoa), menos azul, filtro passa banda), e

• Tipo de filme (branco e preto, colorido, infravermelho branco e preto, ou


infravermelho-colorido).

Quanto maior for o entendimento do intérprete sobre a forma como a fotografia


aérea foi obtida, melhor será a sua capacidade de interpretação. Devido ao crescen­
te uso do meio digital tanto na aquisição quanto no processamento das imagens,
este capítulo também descreve o processo de digitalização de imagens analógicas.

Visada Vertical e Oblíqua

Uma fotografia aérea pode ser obtida com visada vertical ou oblíqua em fun­
ção dos requisitos do projeto.

Fotografia Aérea Vertical

Uma fotografia aérea é considerada vertical quando o eixo óptico da câmera está
dentro de ±3° da vertical (perpendicular) à superfície da Terra (Figura 4-la). A
Figura 4-lb apresenta uma fotografia aérea vertical branco e preto mostrando
parte dos meandros, em formato de pescoços de ganso (Goosenecks), do rio San
Juan em Utah, EUA. Dentro do campo de visada vertical desta fotografia aé­
rea podem ser obtidas informações qualitativas detalhadas sobre a geologia da
superfície, geomorfologia e hidrologia. Esta fotografia aérea, em conjunto com
outras fotografias aéreas verticais sobrepostas e obtidas em posições ligeiramente
diferentes, pode ser analisada aplicando-se os princípios quantitativos da foto-
grametria (discutidos no Capítulo 6) para gerar as seguintes informações:
94 CAPÍTULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme

Fotografia Aérea
Vertical de um
Plano do filme Terreno Plano
da câmera

Figura 4-1 a) Uma fotografia aérea vertical tem <3° de inclinação em relação a uma linha perpendicular ao terreno, b) Uma fotografia aérea
vertical mostrando os meandros em forma de pescoços de ganso (Goosenecks) do rio San Juan em Utah, EUA.

• mapasplanimétricos (coordenadas x, y) de alvos, e feições Mississippi, EUA, apresentada na Figura 4-2. Ela mos­
naturais (p.ex., rede de drenagem, afloramentos rocho­ tra os danos causados pelo vento e pela ressaca ao Grand
sos) e artificiais (p.ex., trilhas, estradas, edificações); Cassino, indicando que uma parte do cassino rompeu-se
e foi levada pela ressaca até a rodovia 1-90. Também os
• mapas topográficos (altitude z); containeres de um armazém próximo ao cassino foram
espalhados pela força da ressaca e do vento. Uma versão
• modelos digitais de elevação (DEMs); colorida desta fotografia aérea vertical pode ser vista na
Prancha Colorida 4-1.
• ortofiotos (fotografias aéreas geometricamente corrigidas
em x,y). Para interpretar de forma correta e eficiente uma fotografia
aérea vertical do terreno é necessária uma boa prática e
Os analistas envolvidos no gerenciamento dos recursos na­ experiência, pois não estamos acostumados a ver de cima
turais às vezes esquecem-se de que os mapas planimétricos prédios, árvores, estradas, etc.
ou topográficos e as ortofotos, utilizadas em quase todos
os sistemas de informação geográfica (SIG), são criados a Fotografia Aérea Oblíqua
partir dos princípios fundamentais da fotogrametria apli­
cados às fotografias aéreas verticais (Jensen et al., 2002;
2005). Por exemplo, a série de mapas na escala 1:24.000 Uma fotografia aérea oblíqua ou inclinada é aquela em que
do Levantamento Geológico dos Estados Unidos (USGS) o eixo óptico da câmera está deslocado da vertical em al­
e vários modelos digitais de elevação são gerados com base guns graus (Wolf e DeWitt, 2000). Quando o horizonte
na fotogrametria (Linder, 2003). da fotografia não for visível então ela é chamada de fotogra­
fia aérea oblíqua-baixa (Figura 4-3a). A Figura 4-3b mostra
Fotografias aéreas verticais são adquiridas para uma gran­ uma. fotografia aérea oblíqua-baixa obtida a uma altura de
de variedade de aplicações na área dos recursos naturais e 183 m (600 pés) sobre uma ponte do rio Congaree na
do planejamento (Miller et al., 2003; Paine e Kiser, 2003). Carolina do Sul, EUA. Uma análise visual da fotografia
Veja por exemplo a fotografia aérea vertical de Gulfport, mostra os detalhes da estrutura da ponte.
Câmeras Aéreas 95

Fotografia Aérea Vertical do D ano Causado pelo Furacão Katrina em Gulfport, MS,
EUA em 30 de Agosto de 2005

Figura 4-2 Fotografia aérea vertical obtida em 30 de agosto de 2005 registrando os danos causados pelo vento e pela tempestade do furacão
Katrina em Gulfport no Estado de Mississippi, EUA (cortesia da Divisão de Sensoriamento Remoto da NOAA).

Uma fotografia aérea oblíqua-alta é aquela em que o hori­ reçam em sua perspectiva natural. Normalmente, isto
zonte é visível na fotografia (Figura 4-4a). A Figura 4-4b significa que os objetos com elevação aparentemente se
mostra uma fotografia oblíqua-alta da barragem de Grand afastem de quem vê a imagem.
Coolee no Estado de Washington, EUA. Esta fotografia
oblíqua foi obtida em 1940 durante a construção da barra­ Em geral, as fotografias aéreas oblíquas não são utiliza­
gem e representa um valioso registro histórico da paisagem das para extrair informações quantitativas e, portanto,
criada para abrigar os trabalhadores da obra. os princípios fotogramétricos destas fotografias não se­
rão tratados neste livro, mas podem ser consultados no
Em geral, é mais fácil interpretar uma fotografia aé­ M anual de Fotogrametria (McGlone, 2004). A discussão
rea oblíqua do que uma fotografia aérea vertical, pois aqui apresentada tem seu foco na obtenção de fotografias
estamos acostumados a ver as coisas lateralmente. Por aéreas quase-verticais e na extração de informações quali­
exemplo, é bem mais fácil identificar as feições na fo­ tativas e quantitativas.
tografia aérea oblíqua-baixa de Gulfport, Mississippi
apresentada na Figura 4-5 do que na fotografia aérea Câmeras Aéreas
vertical da Figura 4-2. Observamos com facilidade na
Figura 4-5 a parte do Grand Cassino que foi desloca­
da para a rodovia 1-90 e a fachada do Grand Hotel ao
fundo. Uma versão colorida da fotografia aérea oblíqua- Uma das primeiras câmeras comercialmente disponíveis foi
baixa é encontrada na Prancha Colorida 4-1. feita por Samuel F. B. Morse, o inventor do código Morse
(Figura 4-6). As atuais câmeras são muito mais sofisticadas
Para analisar uma fotografia aérea oblíqua ela deve ser do que esta simples câmera em forma de caixa, mas exis­
posicionada de tal forma que os objetos de interesse apa­ tem entre elas algumas características básicas em comum.
96 CAPÍTULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme

b.
Figura 4-3 a) Uma fotografia aérea oblíqua-baixa é inclinada em >3° da vertical e o horizonte não é visível, b) Uma fotografia aérea oblíqua-
baixa de uma ponte do rio Congaree próximo a Columbia no Estado da Carolina do Sul, EUA. A fotografia foi obtida a uma
altura de aproximadamente 183 m (600 pés). Uma fotografia aérea oblíqua deve ser vista de tal forma que as feições mais impor­
tantes, como a ponte, se distanciem do observador.

Figura 4-4 a) Uma fotografia aérea oblíqua-alta é inclinada em >3° da vertical e o horizonte é visível, b) Uma fotografia aérea oblíqua-alta da
barragem de Grand Coulee em Washington, EUA obtida em 1940. As casas foram construídas para os trabalhadores durante a
construção da barragem.
Câmeras Aéreas 97

Fotografia Aérea Oblíqua-baixa dos Danos Tanto o olho quanto a câmera usam lentes para focalizar
Causados pelo Furacão Katrina em Gulfport, MS, a luz refletida do mundo real sobre a retina ou filme. No
EUA em 30 de Agosto de 2005 olho, a quantidade de luz que entra para iluminar a retina
é controlada pela íris, que pode expandir-se ou contrair-se
em função da intensidade luminosa, e pela pálpebra, que
atua como um obturador. Na câmera, a quantidade de luz
que chega ao plano do filme é controlada pela abertura da
lente e por um obturador que controla o tempo de exposi­
çãoi, ou seja, o tempo que a objetiva fica aberta para per­
mitir a passagem da luz que chega ao filme. O obturador
pode ser colocado dentro da objetiva ou em frente ao filme
no fundo da câmera, sendo que neste caso é chamado de
obturador de plano focal.

Plano Focal e Distância Focal

A parte da câmera em que o filme é mantido para ser expos­


to é chamado de plano focal ou plano dofilme. Quando a câ­
mera está focada no infinito, a distância entre o ponto nodal
traseiro da objetiva e o plano do filme é conhecido como dis­
tânciafocal. As distâncias focais de algumas objetivas utiliza­
das para levantamentos aerofotográficos são: 88 mm (3,5”),
152 mm (6”), 210 mm (8,25”) e 305 mm (12”). As objeti­
Figura 4-5 Fotografia aérea oblíqua-baixa obtida em 30 de agosto vas com zoom têm uma distância focal variável. Já a maioria
de 2005 mostrando os danos causados pelo furacão Ka­ das câmeras aéreas métricas tem uma distância focal fixa, tal
trina (cortesia do USGS, Programa de Geologia Costei­ como 152 mm (6”). Distâncias focais maiores, tal como as
ra e Marinha). objetivas de 305 mm (12”) são especialmente indicadas para
obtenção de fotografia aérea em altas altitudes. Operações
de reconhecimento fotográfico militar comumente empre­
gam objetivas de 915 mm (3’) a 1830 mm (6’) para obter
fotografias com detalhes a partir de altas altitudes ou para
adquirir fotografias oblíquas de áreas além fronteiras.

y/stop

A razão entre a distância focal da objetiva da câmera ( f )


e o diâmetro da abertura da objetiva (d) é conhecida por f l
stop ou abertura relativa da objetiva ou do sistema óptico:

Distância focal da objetiva ^


Figura 4-6 Uma das primeiras câmeras comercialmente disponí­
veis foi encomendada por Louis Daguerre e feita por diâmetro da abertura da objetiva
Samuel F. B. Morse, o inventor do código Morse.
A razão y^stop é também usada para designar a definição da
vek/cidade do sistema óptico da câmera. Por exemplo, uma câ­
Uma boa maneira para se entender o funcionamento de mera com distância focal de 100 mm e um diâmetro máximo
uma câmera moderna é comparar os seus componentes de abertura da lente de 10 mm (chamada de abertura máxi­
com os do olho humano (Figura 4-7). ma) terá uma objetiva com velocidade defi 10, ou seja, esta é a
abertura relativa máxima da objetiva ou do sistema óptico:
Comparação entre os Elementos da Câmera Aérea
e do Olho Humano 100 mm
fl\h =
10 mm

A retina do olho humano é análoga ao filme sensível à luz Se o diâmetro máximo de abertura da objetiva fosse o do­
que está no plano do filme localizado no fundo da câmera. bro, ou seja, 20 mm ao invés de 10 mm, a razão entre a
98 CAPÍTULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme

Tabela 4-1. Série Internacional d e /s to p s e de


velocidades do obturador.

Abertura Relativa ou //stop


Maior abertura relativa da objetiva —Menor abertura relativa da objetiva

/ l — 1.4—2—2.8—4—5.6—8— 11— 16—22—32—etc.

Velocidades do obturador
Mais lento------------------------------------------------------ Mais rápido

1-1/2-1/4-1/8-1/16-1/30-1 /60-1/125-1/250-1/500-1/1000-1/2000-etc.

que chega ao plano do filme será reduzida pela metade. Se


a abertura relativa for aumentada de f 16 para f! 11 então a
abertura do diafragma fica duplicada e, consequentemente,
a quantidade de luz que chega ao plano do filme será du­
plicada. A Figura 4-8 ilustra a abertura do diafragma e os
valores de^/stop. A velocidade de uma objetiva é dada pela
abertura relativa máxima da objetiva quando o diafragma
está todo aberto. Assim, a velocidade da objetiva apresenta­
da na Figura 4-8 é f!2 .8 (London e Upton, 1994).

Figura 4-7 Comparação entre os elementos ópticos da câmera e do


Velocidade do Obturador
olho humano.

Para assegurar que a emulsão do filme irá receber a quan­


distância focal e a abertura máxima seria _//5 o que significa tidade correta de luz, o fotógrafo aéreo deve selecionar a
que esta objetiva é mais veloz do que a de^710, pois ela per­ correta combinação entre a abertura do diafragma (i.e., o f l
mite que mais luz passe por ela, em sua abertura máxima, stop) por onde passa a luz e o tempo que o filme fica expos­
por unidade de tempo. A aeronave está sempre em grande to à luz que passa pela objetiva. O tempo que o obturador
velocidade durante a obtenção das fotografias aéreas (ex­ permanece aberto é chamado de tempo de exposição, que é
ceto para helicópteros, balões cativos ou pipas). Portanto, controlado pelo mecanismo do obturador. A velocidade do
é importante que a fotografia aérea seja obtida de forma obturador ou tempo de exposição do filme em uma câmera
rápida para que os alvos apareçam nítidos na fotografia, normalmente varia de “bulbo” (bulb em inglês), que dura o
e não tremidos ou borrados em função do movimento do tempo que o fotógrafo permanece com o disparador acio­
avião durante o tempo de exposição do filme. Assim, as nado, de 1 segundo, 0,75; 0,5; 0,25, 1/100, 1/200, 1/400,
câmeras aéreas geralmente têm objetivas bem velozes que 1/500, 1/1.000 e 1/2.000 segundo. Por exemplo, a expo­
permitem obter fotografias estáticas da superfície como se sição ideal para uma fotografia aérea tirada às 13:00 horas
a aeronave não estivesse em movimento. As câmeras com em condições de céu aberto pode ser de abertura relativa
objetivas velozes são usadas em conjunto com filmes muito de y/16 com velocidade do obturador de 1/200 segundo.
sensíveis (a ser discutido) para diminuir ainda mais o tem­ Se o céu acima da aeronave repentinamente ficar nublado
po de exposição do filme. o terreno receberá menor iluminação, e o fotógrafo aéreo
terá que aumentar o tempo de exposição ou a abertura do
Uma sequência completa de valores de f stop começando diafragma para compensar a menor quantidade de radiação
em f!\ pode ser gerada multiplicando o valor da abertura refletida pela superfície e propiciar que o filme seja exposto
relativa da objetiva (flstop) por 1,4142136 (raiz quadrada corretamente. Se ele aumentar a abertura relativa d e f l G
de 2) o que resulta em aberturas relativas sempre meno­ p a r a t i 1 ele irá dobrar a área de abertura para a passagem
res. Por exemplo, a sequência de incrementos da abertura da luz. Mas ele também pode manter a câmera com aber­
relativa de uma objetiva é f l \ , fl\.4 \4 2 , f!2, JJ2.828, f!A, tura relativa de f/16 e alterar a velocidade do obturador de
fl5-656,f/8,fll \, f \ G , f 2 2 , flò2, etc., conforme mostrado 1/200 para 1/100 o que irá dobrar o tempo de exposição
na Tabela 4-1. Cada valor da abertura relativa da objetiva do filme. Qualquer uma das duas alternativas irá resultar
desta série transmite metade da quantidade de luz do valor no mesmo aumento da quantidade de luz que chega ao
da abertura anterior {i.e., f l 8 transmite metade da quanti­ filme. Agora vamos assumir que o fotógrafo estivese com
dade de luz de f l 5.6). Por exemplo, se a abertura relativa a exposição correta do filme em f l 16 e 1/200 s, e que por
for diminuída á t f l W para f! 16, então a quantidade de luz alguma razão o piloto dissesse que teria que aumentar a
Câmeras Aéreas 99

Apesar de as fotografias aéreas serem obtidas por empresas


especializadas em engenharia fotogramétrica, é importante
que se tenha uma noção sobre os parâmetros envolvidos
na exposição de uma fotografia aérea. Nuvens altas do tipo
stratus, sombras de nuvens e variação na elevação do Sol
ao longo do dia podem aumentar ou diminuir a ilumi­
nação do terreno e fazer com que a fotografia aérea fique
superexposta ou subexposta, respectivamente. O ajuste
correto do//stop e da velocidade do obturador em função
das variações das condições de iluminação da cena faz com
que a exposição correta seja mantida ao longo do período
de obtenção das fotografias aéreas. Às vezes é preciso re­
jeitar um lote inteiro de fotografias aéreas se elas tiverem
sido expostas incorretamente. E possível também que em
algum momento seja necessário que você tire fotografias
apontando uma câmera 35-mm pela janela de um avião
de pequeno porte e tenha que selecionar a melhor combi­
nação do//stop e da velocidade do obturador para obter
uma boa fotografia. Outra possibilidade é que veículos aé­
reos não-tripulados de custo relativamente baixo e espe­
cialmente projetados para obtenção de fotografias aéreas
estejam disponíveis no mercado em breve. Por exemplo,
Hinckley e Walker (1993) e Hardin e Jackson (2005) for­
necem informações sobre como adquirir fotografias aéreas
usando veículos aéreos não-tripulados de baixa altitude.

Tipos de Câmeras Aéreas

Diversos tipos de câmeras são frequentemente usados para


obter fotografias aéreas, incluindo:
Figura 4-8 Aberturas relativas ou número f( fls tops) para a objetiva
• câmeras métricas com uma objetiva;
de uma câmera e o tamanho da abertura do diafragma.
Neste exemplo, os//stops variam de f l 2.8 a fl 22, com
o tamanho do diafragma mostrado pelos círculos bran­ • câmeras com múltiplas objetivas (múltiplas-bandas);
cos. O menor fl stop tem a maior abertura e permite
que mais luz passe pela objetiva. Quanto maior o valor • câmeras digitais;
do //stop menor é a quantidade de luz que passa pela
objetiva. A cada variação do fls top para menos ou para • câmeras variadas.
mais, entra o dobro ou a metade de luz, respectivamen­
te. Por exemplo, são necessários quatro círculos com
abertura de diafragma de f l 5.6 para igualar a quanti­ Câmeras (métricas) de Mapeamento com uma Objetiva
dade de luz que passa por um diafragma de abertura de
^ 2 .8 (segundo London e Upton, 1994). Câmeras métricas com uma objetiva obtêm a maioria das
fotografias aéreas utilizadas no mapeamento planimétrico
(x, y) para localização de feições e para obtenção de mapas
velocidade da aeronave. Neste caso o fotógrafo deverá au­ topográficos (curvas de nível). Estas câmeras cartográficas
mentar a velocidade do obturador para, digamos, 1/400 são calibradas para fornecer fotografias aéreas da mais alta
segundo a fim de que a imagem não fique tremida. Mas qualidade geométrica e radiométrica. Elas consistem nor­
isto fará com que o tempo de exposição seja reduzido pela malmente do corpo da câmera, do cone de montagem das
metade. Para compensar esta redução no tempo de exposi­ lentes, do obturador, de um conjunto motorizado para
ção o fotógrafo deverá dobrar a área de entrada da luz pelo alimentação e rebobinagem do filme no plano do filme, e
diafragma passando d e / / 16 paraf l l l . Isto deverá resultar uma plataforma de suporte da câmera na aeronave. Filtros
em fotografias de boa qualidade com a correta exposição colocados na frente da objetiva limitam o comprimento de
do filme às condições de iluminação do terreno. onda da luz que chega ao plano do filme. Uma concepção
100 CAPÍTULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme

Câmera Métrica Analógica Câmera Métrica Analógica

T
Carretei
do Filme

Corpo da
Câmera

Montagem do
Cone das Lentes

Lente traseira
ponto nodal Lente
Obturado Diafragma
.ente dianteira
do ponto nodal

b.

Figura 4-9 a) Os componentes do sistema de uma câmera métrica consistem em 1) elementos de isolação da vibração, 2) placa de pressão do
filme, 3) unidade motora, 4) unidade de controle, 5) carretei de alimentação do filme, 6) carretei de rebobinagem, 7) carretei do
filme, 8) bobina com filme virgem, 9) unidade motora, 10) mecanismo de compensação do movimento de arraste, 11) berço, 12)
obturador universal, 13) cone de montagem das lentes e 14) objetiva, b) Vista do perfil da câmera métrica e dos componentes do
sistema, c) Exemplo de uma câmera métrica instalada no piso de uma aeronave, com um console para o operador e um instru­
mento que permite visualizar o terreno através de um buraco para fins de navegação, d) Uma aeronave com duas aberturas para
câmeras pode obter fotografias com dois tipos de filmes ao mesmo tempo (p.ex., colorido e infravermelho-colorido). Note que
nesta fotografia aparecem duas aberturas para câmeras e o compartimento das duas rodas do trem de pouso (cortesia E. Coyote
Enterprises, Inc., Marilyn 0 ’Cuilinn; Z /i Imaging).

artística dos componentes internos de uma câmera métrica Um exemplo de uma câmera com uma objetiva montada
é mostrada na Figura 4-9a. Uma visão do perfil de uma no piso da fuselagem de um avião é mostrado na Figura
câmera métrica típica é mostrada na Figura 4-9b. 4-9c. Se duas câmeras aéreas estiverem montadas na aero­
nave (Figura 4-9d), é possível obter ao mesmo tempo foto­
Nos Estados Unidos, é necessário que a Administração Fe­ grafias com dois tipos de filmes diferentes (p.ex., colorido
deral de Aviação (FAA) aprove que seja feito um buraco na e infravermelho-colorido) sincronizando o mecanismo de
fuselagem do avião para instalação de uma câmera aérea. disparo do obturador.
Câmeras Aéreas 101

Figura 4-10 a) Quanto maior for o ângulo de visada da objetiva da câmera, maior será a área fotografada no terreno para uma mesma altitude
da aeronave. A figura mostra a visada com objetivas de ângulo estreito (tele-objetiva) (40°), normal (70°), grande-angular (90°),
e super-gande angular (110°). b) Utilizando a câmera com objetiva de ângulo estreito (tele-objetiva) (40°) uma área maior no
terreno pode ser fotografada posicionado-se a aeronave a uma altitude maior.

O cone de montagem das lentes é a parte mais importante da do filme. As fotos individuais são geralmente de 23 x 23
câmera. Geralmente ele consiste de uma objetiva com múlti­ cm (9 x 9 pol.). No momento da exposição o filme é preso
plos elementos de lentes caras que projetam imagens do mun­ sobre uma superfície plana localizada no plano focal. A
do real, sem distorção, sobre o plano do filme. O elemento placa sobre a qual o filme se encontra aplica uma pressão a
com as múltiplas lentes está focado no infinito, pois a aerona­ vácuo instantes antes da exposição para eliminar bolhas de
ve normalmente voa a milhares de metros acima do terreno ar ou qualquer outra irregularidade na superfície do filme
enquanto coleta os dados. Câmeras métricas de mapeamento virgem. Após a exposição, o vácuo é suspenso e o mecanis­
utilizam diversas objetivas com diferentes campos de visada mo de avanço move o filme para a bobina do filme exposto
angular, dependendo dos requisitos da missão. O campo de para se preparar para a próxima exposição.
visada angular das câmeras com teleobjetiva é <60°, com ob­
jetiva normal é de 60° - 75°, com objetiva grande angular é Dependendo da velocidade da aeronave (v) e da altitude da
de 75° - 100°, e com super-grande angular é >100°. Quanto aeronave acima do terreno (h), o filme pode ser avançado
mais largo for o campo de visada angular, maior será a área suavemente durante a exposição para compensar o movi­
recoberta no terreno pelo filme a uma dada altitude. Quanto mento da imagem também chamado de arraste. Magazines
maior for a altitude da aeronave acima do terreno maior será para aplicações específicas podem mover o filme sobre o
a área fotografada na superfície para uma mesma objetiva. plano focal para compensar o movimento da imagem a
Estas relações estão sumarizadas na Figura 4-10. uma velocidade variável que pode chegar até 64 mm por
segundo. A correção do movimento da imagem é obtida
Um intervalômetro é utilizado para expor o filme em inter­ por meio do deslocamento da placa com o filme prensado
valos específicos de tempo (dependendo da altitude da ae­ a vácuo na direção de voo de acordo com a razão veloci-
ronave e da sua velocidade), que irá resultar na quantidade dade-altura (v/h) e a distância focal da objetiva. Isto me­
adequada de sobreposição entre fotografias para permitir lhora muito a qualidade da fotografia aérea. Um exemplo
uma cobertura estereoscópica. da efetividade do uso da compensação do movimento da
imagem (IMC —Image Motion Compensation) e da esta­
Câmeras aéreas geralmente têm filmes com 24 cm (9,5 bilização é mostrado na Figura 4-11. Note a melhora nos
pol.) de largura em rolos de >30,5 m (100 pés) a 152,4 detalhes da fotografia aérea que foi obtida usando a com­
m (500 pés) de comprimento, dependendo da espessura pensação do movimento da imagem.
102 CAPÍTULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme

Importância da Compensação do Movimento da Imagem - Arraste

a. Sem compensação. b. Com compensação.

Figura 4-11 a) Fotografia aérea vertical de uma piscina obtida sem compensação do movimento de arraste da imagem. Observe o quadro
para teste de resolução espacial que está do lado da piscina, b) Fotografia obtida com compensação do movimento de arraste
da imagem. Mais elementos podem ser discernidos no quadro de resolução (cortesia E. Coyote Enterprises, Inc., Marilyn
0 ’Cuilinn; Z /I lmaging).

Anotações

Figura 4-12 As anotações ao redor da fotografia aérea são muito importantes. Esta câmera métrica em particular fornece a seguinte infor­
mação: 1) uma escala de níveis de cinza, 2) anotação básica, 3) altímetro, 4) marcas fiduciais, 5) relógio, 6) número de série do
cone da objetiva, 7) distância focal em mm, 8) número da fotografia, 9) nome da missão e data e 10) data da navegação (não
visível). Somente metade desta fotografia aérea de Mineral Wells, TX, EUA, é mostrada (cortesia E. Coyote Enterprises, Inc.,
Marilyn 0 ’Cuilinn; Z /I lmaging).

A maioria das câmeras métricas modernas fornece detalhes vertical de Mineral Wells, TX, EUA, mostrada na Figura
sobre as anotações da imagem ao redor do filme de 23 x 23 4-12. Um diodo emissor de luz (LED) dentro da câmera é
cm (Paine e Kiser, 2003). Por exemplo, diversas informa­ programado e expõe informação de texto no filme. Entre
ções auxiliares são apresentadas ao redor da fotografia aérea as informações importantes apresentadas incluem-se: 1)
Câmeras Aéreas 103

uma escala de nível de cinza para determinar se a exposi­ detector por carga acoplada (CCD, Charge-Coupled De-
ção correta foi utilizada, 2) um lugar em que o fotógrafo vicé) ou de Semiconductor Metal-Óxido Complementar
aéreo pode fazer anotações sobre a missão com lápis se for (CMOS, Complementary Metal Oxide Semiconductor). O
necessário, 3) altímetro, 4) linhas das marcas fiduciais, 5) detector do sensor converte luz em elétrons que podem ser
relógio, 6) número de série do cone da objetiva, 7) distân­ medidos e convertidos em valores de intensidade radiomé-
cia focal em mm, 8) número da fotografia do projeto, 9) trica (McGlone, 2004). As câmeras digitais são baseadas
nome da missão e data e 10) data da navegação (não visí­ em conjuntos de detectores em linha ou em área (Figura
vel). Marcas fiduciais serão discutidas no Capítulo 6. 4-14). A Tabela 4-2 sumariza o número de detectores en­
contrados em alguns dos conjuntos de detectores de área
Algumas vezes vamos analisar fotografias aéreas obtidas há atualmente disponíveis no mercado.
vários anos atrás. Assim, as anotações com as informações
detalhadas sobre a imagem são muito importantes para Câmeras digitais também utilizam objetivas com diafrag­
que a informação extraída da imagem seja correta, espe­ ma para controlar oy7stop, com obturador para controlar
cialmente se for necessário calibrar algum instrumento fo- o tempo de exposição, e com um mecanismo para focali-
togramétrico sofisticado ou se a fotografia for ser utilizada zação. Contudo, a maior diferença consiste no uso de uma
em forma digital em aplicações fotogramétricas a serem matriz uni- ou bi-dimensional de CCD ao invés de um
discutidas no Capítulo 6. filme. A objetiva focaliza a luz proveniente da cena sobre
a matriz de detectores uni- ou bi-dimensional. Os fótons
Câmeras com Múltiplas Objetivas (Multi-Bandas) de luz que iluminam cada um dos detectores produzem
uma carga elétrica diretamente relacionada com a quan­
Normalmente, extraem-se mais informação do meio am­ tidade de energia radiante incidente. Este sinal analógi­
biente em estudos feitos com fotografias obtidas simulta­ co é então eletronicamente amostrado e convertido num
neamente em diversas regiões do espectro eletromagnético valor digital de brilho que varia de 8-bit (valores 0-255)
(bandas) do que com fotografias obtidas em uma única a 12-bit (valores de 0 a 4095). O valor de brilho obtido
banda. Ao conduzir um reconhecimento aéreo com múl­ na conversão analógico-para-digital (A-para-D) pode ser
tiplas bandas espectrais (Colwell, 1997), cada uma das câ­ armazenado e lido por um computador. Os CCDs são na
meras grava simultaneamente fotografias da mesma área verdade mais sensíveis a mudanças na reflectância espectral
geográfica, mas utilizando diferentes filmes e/ou combina­ da cena do que os cristais de haleto de prata utilizados na
ções de filtros. Por exemplo, uma configuração de quatro fotografia aérea analógica convencional.
câmeras Hasselblad 70 mm é mostrada na Figura 4 -13a.
Ao selecionar cuidadosamente as combinações de filme e Câmeras Digitais de Pequeno-Formato: Estas câmeras
de filtro, comprimentos de onda específicos refletidos de normalmente têm <15 megapixels (MP). Por exemplo, a
alvos da cena serão registrados em cada uma das câmeras. câmera digital mostrada na Figura 4 -15a tem uma matriz
de 3.456 colunas e 2.304 linhas, resultando em quase 8
Uma fotografia aérea multi-banda de Century City, Los MP (Tabela 4-2). No momento da exposição, a câmera
Angeles, CA, EUA, é mostrada na Figura 4 -13b. Note as rapidamente grava três versões da cena utilizando filtra­
diferentes informações gravadas nas fotografias individuais gem interna. O resultado é uma imagem gerada a partir
do azul, verde, vermelho e infravermelho-próximo. Uma da luz azul refletida pela superfície, outra gerada a partir
composição colorido-normal pode ser produzida com es­ da luz verde refletida pela superfície, e uma última ima­
tas fotografias ao projetar sobre uma tela simultaneamen­ gem gerada a partir da luz vermelha refletida pela super­
te luz azul através da fotografia azul, luz verde através da fície. As três imagens individuais em preto-e-branco são
fotografia verde, e luz vermelha através da fotografia ver­ gravadas na memória de acesso aleatório (RAM) e podem
melha. Uma composição infravermelho-colorida pode ser ser compostas numa imagem colorida utilizando a teoria
produzida com estas fotografias ao projetar sobre uma tela aditiva de cores para produzir uma imagem colorido-nor­
simultaneamente luz azul através da fotografia verde, luz mal. Também é possível ter detectores sensíveis à radiação
verde através da fotografia vermelha, e luz vermelha através no infravermelho-próximo.
da fotografia infravermelho-próximo. Mais adiante, neste
capítulo, falaremos mais sobre composições coloridas. Este veículo aéreo não-tripulado (UAV) de baixo custo mos­
trado na Figura 4-15b possui um intervalômetro para obter
Câmeras Digitais Aéreas fotografias em intervalos de tempo específicos com o reco-
brimento necessário entre fotos. As imagens são rapidamen­
Câmeras digitais estão revolucionando a coleta de dados te armazenadas em um gravador de dados. Com base no
aerofotogramétricos. O sensor de imageamento de uma uso de uma antena de GPS a bordo da aeronave o operador
câmera digital é normalmente um circuito integrado de no terreno sabe a localização da aeronave (não mostrado). A
104 CAPÍTULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme

Fotografia Aérea Multi-banda

a. Câmeras Multi-banda.

b. Azul (0,4 - 0,5 pm)

d. Vermelho (0,6 —0,7 pm) e. Infravermelho-próximo (0,7 —1,0 pm)

Figura 4-13 a) Quatro câmeras Hasselblad de 70 mm dispostas em uma base que pode ser instalada em um buraco especialmente confeccio­
nado na parte inferior da aeronave. Todas a quatro câmeras são expostas eletronicamente ao mesmo tempo. Diferentes combina­
ções de filme e de filtro podem ser utilizadas em cada uma das câmeras, b-e) Fotografia aérea multi-banda de Century City, Los
Angeles, CA, EUA. Os grandes painéis localizados no estacionamento foram utilizados para calibrar a fotografia. Observe como é
clara a vegetação em torno do hotel curvilíneo no centro da fotografia no infravermelho-próximo preto-e-branco e como aparece
escura nas fotografias no azul, verde e vermelho.

câmera digital de 8 MP obtém fotografias aéreas de resolu­ tradicionais câmeras analógicas de grande-formato. Con­
ção muito alta (Figuras 4-15cd). Assim como para qualquer tudo, as câmeras digitais de médio-formato têm-se mostra­
aeronave, é preciso que se tome muito cuidado quando se do úteis para diversas aplicações. A Emerge Digital Sensor
utiliza um veículo aéreo não-tripulado para assegurar que ele System (DSS) é um bom exemplo de uma câmera digital de
não provoque acidentes. Este assunto não é trivial. médio-formato (a ser discutido no Capítulo 7).

Câmeras Digitais de Médio-Formato: Estas câmeras são Câmeras Digitais de Grande-Formato: Estas câmeras
normalmente baseadas em matriz bi-dimensional com têm desempenho superior ao das câmeras analógicas de
aproximadamente 4.000 x 4.000 detectores (16 MP) uti­ grande-formato. Algumas câmeras como a Leica Geosys-
lizando chips Fairchild CCD486 ou Kodak KAF-1680 tems Airborne Digital Sensor 40 (ADS-40) são baseadas
(Tabela 4-2). Devido ao número relativamente limitado em múltiplas matrizes lineares. A ADS-40 utiliza diversas
de pixels a cobertura do terreno não é tão boa quanto as matrizes lineares com visada frontal, nadir e à popa cada
Câmeras Aéreas 105

Detector por Carga Acoplada


(CCD charge-coupled-device)

Matriz Linear ou U ni-dim ensional


2048 detectores

Figura 4-14 a) Vista ampliada de uma matriz linear de um CCD de 2.048 elementos, b) Vista ampliada de uma matriz bi-dimensional de um
C C D de 3.456 x 2.304 elementos.

Tabela 4-2. Características de diversos CCDs disponíveis no mercado (McGlone, 2004; Nikon, 2005).

Tamanho
Fabricante Sensor Pixels
(horizontal x vertical)

Nikon D70 3008 x 2000 6.016.000


Kodak DCS-460 3060 x 2036 6.230.160
Canon APS-C 3456 x 2304 7.962.624
DALSA DALSA 4027 4008 x 2672 10.709.376
Kodak KAl-11000 4008 x 2672 10.709.376
Nikon D2X 4288 x 2848 12.212.224

Fairchild CCD486 4096 x 4096 16.777.216


Kodak KAF-1680 4096 x 4096 16.777.216

DALSA FTF4052M 5344 x 4008 21.418.752

Phillips DALSA-DMC 7168 x4096 29.360.128


BAE CCD595 9216x9216 84.346.656

uma com 12.000 elementos de detecção (Figura 4-1 lb). um bom tempo. Daqui a algum tempo, contudo, a maio­
Outras câmeras, como a Z/I Imaging Digital Modular ria das fotografias aéreas fotogramétricas será obtida uti­
Camera (DMC) e a Vexcel são baseadas no uso de múlti­ lizando as câmeras métricas digitais de grande-formato
plas matrizes bi-dimensionais. A Z/I usa quatro matrizes (McGlone, 2004).
de 7.000 x 4.000 elementos para obter dados pancro-
máticos e quatro matrizes de 3.000 x 2.000 elementos Câmeras Diversas
para obter dados multiespectrais. A câmera digital Vexcel
usa 13 matrizes de C CD com 4.000 x 2.700 elementos. Existe uma variedade de câmeras relativamente simples e de
As características das câmeras digitais de grande-formato baixo custo que são utilizadas tanto comercialmente quanto
(Emerge DSS, Leica ADS40, Z/I DM C e Vexcel) são para pesquisa para obter fotografias aéreas de alta qualida­
apresentadas no Capítulo 7 (Sistemas Multiespectrais de de. Por exemplo, câmeras de 35-mm montadas dentro do
Sensoriamento Remoto). Devido ao grande número de avião ou seguradas pela mão do cientista são amplamente
câmeras analógicas ainda em existência as câmeras digi­ utilizadas para obter fotografias aéreas de pequenas áreas de
tais ainda serão utilizadas junto com as analógicas por pesquisa (Warner et al., 1996). Esses sistemas podem forne-
106 CAPÍTULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme

Características dos Veículos Aéreos Não-Tripulados de Baixo Custo

c. Pomar de citrus próximo a Weslaco, TX, EUA. d. Estação de tratamento de água em South Padre Island, TX, EUA.

Figura 4-15 a) Um veículo aéreo não-tripulado modificado para portar uma câmera digital, b) Os componentes do sistema incluem um
gravador de dados, um intervalômetro e uma antena de GPS (não mostrada), c e d) Exemplos de fotografias aéreas obtidas
usando o veículo aéreo não-tripulado [cortesia de Perry Hardin e Mark Jackson, Departamento de Geografia da Universidade
de Brigham Young; Hardin e Jackson (2005)].

cer fotografias aéreas de excelente qualidade a baixo custo se publicou a pesquisa sobre as propriedades da luz no livro
forem adequadamente montados, expostos e processados. Opticks em 1704 (Figura 4 -17b).

Filtragem em Fotografia Aérea A síntese aditiva das cores está baseada no que acontece quan­
do a luz é misturada. A Prancha Colorida 4-2b mostra que
a luz branca consiste nas cores do espectro visível. Preto é
a ausência destas cores. Azul, verde e vermelho são as cores
Em 1666, Sir Isaac Newton (1642-1727) (Figura 4-17a), primárias. Combinando de forma aditiva a luz verde e ver­
enquanto fazia experimentos com um prisma, verificou melha será formada a luz amarela. Combinando de forma
que ele podia dispersar a luz branca em um espectro de aditiva a luz azul e verde será formada a luz ciano. Combi­
cores (vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, índigo e vio­ nando de forma aditiva a luz azul e vermelha será formada
leta - ROYGBIV) (Figura 4-18). Um exemplo colorido do a luz magenta. Amarelo, magenta e ciano são chamadas de
que acontece quando a luz branca é direcionada através cores complementares pois, quando unidas, elas produzem luz
do prisma é fornecido na Prancha Colorida 4-2a. Utili­ branca, p.ex., amarelo mais azul, magenta mais verde, e ciano
zando um segundo prisma, Newton verificou que ele po­ mais vermelho. A relação entre as cores está sumarizada na
dia recombinar as cores em luz branca (Figura 4-19). Ele Tabela 4-3.
Filtragem em Fotografia Aérea 107

Câmera Digital de Grande-Formato


Leica Geosystems Airborne Digital Sensor 40
(ADS-40)

a. Sir Isaac Newton (1642-1727)

|O P T IC K S :! O R, A

I T R E A T I S E
O F T H E

RF .F L EXIONS , R E F R A C T I O N S ,
I N F L E X I O N S and COLOUR S

L I GUSO
H Ct , -—,.jl
7 Two T R E A T I S E S
OF Tfll

S P F . C I E S and M A G N I T U D E
o F
Figura 4-16 A câmera digital Leica Geosystems ADS-40 utiliza Curvilincar Figures.
múltiplas matrizes lineares de 12.000 elementos (cor­
tesia da Leica Geosystems, Inc.). Priiirct for S ,\i. S m i t h , and B e m . W a l f o r i ?.
P n n tc n i" tlie R oyal Sotictv , a : th c - ir n i in
S:. P .sfs Churcb-yari M ÍrZciV -

b. Pesquisa de Newton sobre as


propriedades da luz publicado no
Tabela 4-3. Cores de um objeto visto sob luz branca. seu livro Opticks.

Cores Vistas na Luz Figura 4-17 Frontispício do livro Opticks, de Sir Isaac Newton,
Cores da Luz Absorvida
Branca publicado em 1704. Este trabalho acabou levando à
invenção do telescópio reflexivo.
Azul Verde e vermelho
Verde Azul e vermelho
Vermelho Azul e verde A síntese aditiva das cores é utilizada para mostrar as ima­
gens na tela da televisão e nos monitores de computador.
Amarelo (verde e vermelho) Azul Cada elemento (pixel) da tela do monitor (que normal­
Magenta (azul e vermelho) Verde mente tem 480 colunas por 525 linhas de pixels) consiste
de três canhões de cores —azul, verde e vermelho. A in­
Ciano (azul e verde) Vermelho tensidade do canhão de cor em cada pixel é modulada de
Preto Azul, verde e vermelho acordo com a quantidade da cor primária presente na cena
que está sendo transmitida da emissora de TV ou da uni­
Branco Nenhuma
dade central de processamento do computador (Jensen,
Partes iguais de azul, verde e 2005). O resultado é uma apresentação visual colorida do
Cinza
vermelho fenômeno com base na síntese aditiva das cores.
108 CAPÍTULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme

o
O
s> Ph

Figura 4-18 A luz branca pode ser separada em seus componentes espectrais utilizando um prisma, conforme inicialmente descoberto por Sir
Isaac Newton em 1666 e publicado em Opticks, em 1704. Somente a luz azul, verde e vermelha são visíveis ao olho humano.

O Experimento Clássico de Newton

Figura 4-19 Uma representação diagramática do experimento clássico de Newton no qual a luz branca é decomposta em seus com ponen­
tes espectrais utilizando um prisma, e em seguida recombinando de volta em luz branca usando um segundo prisma, antes
de ser projetado num a tela.

A síntese subtrativa das cores é baseada no uso de pigmentos tudo menos a luz azul será subtraído. Isto ocorre porque
ou tinturas e não na luz. Nós usamos a síntese subtrativa o filtro magenta subtrai a luz verde enquanto que o filtro
das cores quando pintamos ou trabalhamos com filtros. ciano subtrai a luz vermelha. Se nós sobrepusermos os fil­
Por exemplo, nós sabemos que quando misturamos por­ tros amarelo e ciano só a luz verde será percebida. Final­
ções iguais de tinta azul, verde e vermelha, não vamos che­ mente, se nós sobrepusermos os filtros amarelo e magenta
gar no branco mas sim obter uma certa cor cinza escuro. só a luz vermelha será percebida. Se todas as três tintas
A síntese subtrativa das cores é baseada no uso das cores subtrativas (amarelo, magenta e ciano) forem usadas, elas
complementares - amarelo, magenta e ciano. Um exemplo irão subtrair (filtrar) toda a luz branca e nenhuma cor será
da síntese subtrativa das cores é apresentado na Prancha percebida; vai aparecer preto. Será demonstrado como as
Colorida 4-2c. Se nós projetarmos luz branca em um fil­ tintas de cores subtrativas são utilizadas para criar as cores
tro translúcido feito de tinta amarela, o filtro vai subtrair a que nós vemos em: 1) negativos coloridos revelados, e 2)
luz azul e permitir a passagem da luz verde e vermelha. Si­ impressões coloridas positivas.
milarmente, um filtro de tinta magenta subtrai a luz verde
e permite que a luz azul e vermelha sejam transmitidas. Um cientista pode gravar a luz refletida da cena sobre a
Um filtro de tinta ciano subtrai a luz vermelha e permi­ emulsão fotográfica de forma seletiva em comprimentos
te que a luz azul e verde sejam transmitidas. Mas o que de onda bem específicos. Isto é feito usando combinações
acontece se sobrepusermos dois destes filtros? Se sobrepu­ específicas de filtro e filme. Primeiro, vamos investigar as
sermos o filtro da tinta magenta e o filtro da tinta ciano, várias opções de filtros.
Filtragem em Fotografia Aérea 109

de ou vermelha, de tal forma que a fotografia aérea pode


gravar uma quantidade considerável e indesejada de luz
Reflexão Transmissão azul espalhada. Portanto, é comum usar um filtro amarelo
para remover seletivamente parte da radiância de trajetória
espalhada (especialmente ultravioleta e alguma luz azul)
antes que ela atinja a emulsão. Este filtro menos-azul é de
particular importância para obtenção de fotografias aéreas
no infravermelho-próximo.

A maioria das fotografias aéreas é adquirida usando pelo


menos um filtro padrão. A transmitância espectral caracte­
a. Objeto vermelho absorve luz b. Filtro vermelho absor-
rística de filtros Kodak Wratten selecionados no intervalo de
verde e azul, por isso tem apa- ve verde e azul, por isso
comprimento de onda de 200 a 1.100 nm (0,2 — 1,1 |tm)
rência vermelha. tem aparência vermelha
são mostrados na Figura 4-21. As curvas de transmitância
para os filtros Kodak HF3 e Wratten 12 também são mos­
Figura 4-20 a) Um objeto vermelho absorve principalmente luz in­
tradas nas Figuras 4-22a e 4-22b, respectivamente (Kodak,
cidente azul e verde e reflete principalmente luz verme­
lha em direção aos nossos olhos ou um sensor remoto, 1999). Estes filtros são importantes para a fotografia aérea.
b) Um filtro vermelho aparece vermelho porque ele ab­ Quando se obtêm fotografias aéreas em colorido normal, é
sorveu seletivamente a luz azul e verde enquanto deixou desejável que se elimine boa parte da radiação ultravioleta
transmitir através dele a luz vermelha. espalhada causada pela névoa atmosférica. Para esta finali­
dade e também para se obter um balanço mais satisfatório
das cores foram desenvolvidos os filtros névoa (HF; haze
Tipos, Tamanhos e Cores de Filtros filters), que absorvem a luz de comprimentos de onda me­
nores do que 400 nm. Similarmente, quando se obtêm fo­
tografias aéreas infravermelho-coloridas, um filtro amarelo
Um filtro colocado na frente da objetiva de uma câmera é usado, o qual subtrai quase toda a luz azul (comprimentos
faz exatamente o que seu nome diz, i.e., ele filtra certos de onda menores do que 500 nm). Este filtro menos-azul
comprimentos de onda da luz evitando que eles cheguem reduz o efeito do espalhamento atmosférico e permite que a
a expor o filme. Para entender como os filtros funcionam, energia de interesse interaja com cada uma das camadas do
considere por que um pedaço de papel vermelho aparece filme, conforme discutiremos adiante. Também é possível
vermelho (Figura 4-20). A luz branca, formada de iguais configurar uma combinação de filme/filtro de forma seleti­
porções de energia de comprimentos de onda do azul, ver­ va para que seja gravada no filme uma banda bem específica
de e vermelho, ilumina o pedaço de papel vermelho que, da energia eletromagnética refletida. Isto é chamado de fil­
por sua vez, absorve a luz azul e verde, mas reflete a luz tragem passa-banda espectral. Por exemplo, se alguém quiser
vermelha. Portanto, tudo aquilo que absorver (subtrair) fotografar somente a luz verde refletida, para um projeto
tanto luz azul quanto luz verde e refletir luz vermelha vai de fotografia aérea específico, um filtro Kodak Wratten 58
aparecer vermelho. Refira-se à Tabela 4-3 para um sumá­ pode ser usado (refira-se à Figura 4-21).
rio destas relações. De modo oposto, se nós segurarmos
um filtro vermelho contra uma luz branca, ele aparecerá Além dos filtros normais, podem ser usados também filtros
vermelho para nós porque ele deixa passar (i.e., transmi­ polarizadores para fotografia aérea. Para entender como os
te) só a luz vermelha enquanto que absorve tanto a luz filtros polarizadores funcionam, é necessário revisar breve­
azul quanto a luz verde. Esta é a chave para se entender mente a natureza da luz. Lembre-se de que um quanta de
filtragem fotográfica. Filtros subtraem parte da luz refletida luz eletromagnética discutido no Capítulo 2 vibra em to­
de uma cena antes que a luz chegue ao filme na câmera. das as direções, perpendicular à sua direção de propagação,
Habitue-se a pensar num filtro vermelho não tanto quanto conforme mostrado na Figura 4-23. Quando um quanta
um filtro que parece vermelho, mas como um filtro que de luz incide sobre uma superfície não-metálica, a vibração
absorve (subtrai) luz azul e verde. em apenas uma direção, ou plana, é refletida completa­
mente. Reciprocamente, todas as vibrações são refletidas
Utilizando esta lógica, um filtro amarelo absorve luz azul por uma superfície metálica exposta. Agora, dependendo
e transmite a luz verde e vermelha (Tabela 4-3). Nossos do ângulo com que a câmera ou nosso olho observa o obje­
olhos percebem uma mistura de luz vermelha e verde to, as vibrações em outros planos são reduzidas ou elimina­
como sendo amarelo (i.e., falta de azul). Devido ao espa- das completamente. Esta luz refletida vibrando em apenas
lhamento Rayleigh (Capítulo 2), a luz azul é espalhada na um plano é chamada de luz polarizada. A luz de um céu
atmosfera de forma muito mais intensa do que a luz ver­ azul é polarizada porque ela é refletida por partículas não-
110 CAPÍTULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme

Diagrama de Barras da Transmitância Espectral de Alguns Filtros Wratten

Comprimento de onda Comprimento de onda Comprimento de onda


Transmitância Transmitância Transmitância

200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100

96*

98 |

102 |

200 300 400 500 600 700 800 900 10001100

C o m p rim e n to de o n d a (nm )

*Para d en sid ad e visual =1,0

Legenda

| T ran sm ite < 1 %

□ T ran sm ite 1% a 10%

□ T ran sm ite > 10%

Figura 4-21 Características de transmissão de alguns filtros Wratten (cortesia Eastman Kodak Co.).
Filmes Para Fotografia Aérea 111

0, 1%

1 1
Filtro HF3 B
CO ,
£ 10 - C 1

100 j
200 300 400 500 600 700 800 900
Comprimento de onda (nm)

0,1

1 - 2

Filtro
4 -4 -
Wratten 12
F 10

100
200 30 40A. , - â 6 700 S00 m
Comprimento de onda (nm)

Figura 4-22 a) Características da transmitância de um filtro de névoa HF3 frequentemente utilizado na obtenção de fotografias aéreas, b)
Características da transmitância de um filtro Wratten 12 (menos-azul) utilizado para obter fotografias infravermelho-coloridas
(cortesia Eastman Kodak Co.).

metálicas na atmosfera. Da mesma forma, a luz refletida os nossos olhos. A energia polarizada também é impor­
de um campo de trigo ou de um corpo d’água dentro do tante no sensoriamento remoto por micro-ondas (radar)
campo de visada da câmera é polarizada, uma vez que o discutido no Capítulo 9.
trigo e a água são não-metálicos.
Assim, os filtros permitem filtrar seletivamente alguns tipos
As vezes pode ser útil ver apenas um certo “ângulo” da luz de luz indesejada enquanto permitem a passagem de certos
polarizada que emerge da cena. Por exemplo, a Figura 4-24 comprimentos de onda bem específicos. A luz transmitida
demonstra como um filtro polarizador colocado na frente pelo filtro passa através da objetiva e ilumina os cristais de
da objetiva da câmera deixa passar as vibrações de um raio haleto de prata na emulsão do filme.
de luz em apenas um plano de cada vez. Alguns filtros até
têm alças para serem ajustados e deixarem passar as vibra­ Filmes Para Fotografia Aérea
ções da luz no plano paralelo à alça.
S sB »
Uma das aplicações dos filtros polarizadores mais ampla­
mente utilizadas é quando se fotografa corpos d’água. Ao O filme utilizado para fotografias aéreas é geralmente ex­
manipular o filtro polarizador, é possível filtrar as reflexões posto em câmeras fotográficas montadas em aeronaves
indesejadas de alguns tipos de luz polarizada refletida da que se movem a velocidades relativamente altas (p.ex.,
superfície da água. Isto pode aumentar a nossa capacidade >300 km/h). Por isso, esses filmes foram desenvolvidos
de observar mais fundo na coluna d’água. Os óculos po­ para obter fotografias aéreas de alta qualidade, em que
larizados utilizados por pessoas são simplesmente filtros os objetos aparecem como se a aeronave estivesse para­
polarizadores que desempenham a mesma função. Curio­ da, desde que: 1) a combinação adequada de filme/filtro
samente, as pessoas nunca perguntam se o óculos deve seja usada, 2) a abertura da lente (flstop) seja apropria­
polarizar os raios vertical ou horizontalmente, uma vez da, e 3) o tempo de exposição seja correto. Muitas vezes,
que eles proporcionam diferentes visões do mundo para os analistas são forçados a interpretar fotografias aéreas
112 CAPÍTULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme

Luz Polarizada Luz Polarizada Verticalmente


Feixe de luz

Figura 4-23 A luz que chega no topo da atmosfera é não-polariza-


da. Ela é polarizada quando é refletida pelas superfícies
não-metálicas, como partículas atmosféricas, água, ár­ Figura 4-24 a) A luz polarizada verticalmente pode passar por
vores, concreto, etc. um filtro polarizador vertical, b) Luz polarizada ho­
rizontalmente não pode passar por um filtro polari­
zador vertical.
subexpostas (muito escuras; faltou luz para expor ade­
quadamente o filme) ou superexpostas (muito claras; luz
em excesso foi usada para obter a fotografia). Portanto, é Tamanho, Densidade e Formato dos Grãos de Cristal
muito importante para os fotointérpretes entenderem a de ldaleto de Prata
natureza fundamental da emulsão dos filmes e sua veloci­
dade a fim de interpretarem adequadamente a fotografia Para entender a relação entre o tamanho e a densidade dos
aérea ou entender porque ocorrem problemas com algu­ grãos, nós vamos representar um pedaço de filme foto­
mas fotografias aéreas. gráfico negativo como sendo composto simplesmente de
grãos de cristal de haleto de prata e de uma base para su­
Características Gerais das Emulsões Fotográficas*• porte (Figura 4-26a). O filme A tem 10 cristais de haleto
de prata por unidade de distância enquanto que o filme
B tem apenas sete cristais. A medida que o tamanho dos
Sensitometria é a ciência que mede a sensibilidade de grãos aumenta, o número total de grãos por unidade de
materiais fotográficos (McGlone, 2004). Ela é utiliza­ distância diminui. Se os grãos de uma emulsão têm a me­
da para controlar as operações de exposição e processa­ tade do tamanho dos grãos de uma outra emulsão, vai ser
mento dos materiais fotográficos. Um corte transversal necessário aproximadamente o dobro de luz para expô-la.
através de quarto filmes típicos (Figura 4-25) revela que Portanto, o filme B é tido com mais rápido do que o filme
eles são formados de: A, pois requer menos luz para uma exposição adequada.
Num microscópio eletrônico de varredura, os cristais de
• Camada(s) de emulsão contendo os cristais de haleto haleto de prata convencionais têm a aparência de cubos,
de prata sensíveis à luz (AgXem que X é o símbolo do de octaedros ou de pequenas pedras com forma irregular
haleto) embutido na gelatina; (Figura 4-26b). Note também que os cristais não têm exa­
tamente o mesmo tamanho.
• uma base ou material de suporte, que pode ser transpa­
rente (filme de acetato ou vidro) ou opaco (papel); Para fotografar objetos que passam rapidamente na frente
do plano do filme, como é o caso das fotografias aéreas, é
• uma camada anti-halo, que absorve a luz que passa vantajoso utilizar filmes mais rápidos. Infelizmente, à me­
através da emulsão e da base para prevenir que retorne dida que a sensibilidade e o tamanho do grão aumentam, a
uma reflexão para a emulsão. imagem resultante fica mais grosseira e a resolução (nitidez
ou definição da imagem) pode ser piorada. A resolução do
A sensibilidade de uma emulsão fotográfica é função do filme pode ser testada fotografando um modelo de teste
tamanho, da forma e do número de cristais de haleto padrão que consiste num grupo de pares de linhas (linhas
de prata na emulsão por unidade de área, e do compri­ paralelas de espessura variável separadas entre si por espaços
mento de onda da luz ao qual os grãos são sensíveis. Tais iguais à espessura da linha). Um exemplo de um modelo
grãos são de prata verdadeira, e apesar de a prata estar de teste de resolução foi mostrado anteriormente na Figura
presente em quantidades relativamente pequenas num 4-11. O número de linhas por milímetro no menor padrão
rolo de filme, ela contribui para o custo relativamente de linhas que pode ser claramente discernido no filme reve­
elevado do filme. lado é a resolução do filme. E comum poder resolver 25 a
Filmes Para Fotografia Aérea 113

Corte Transversal Genérico de Filmes Pancromático Preto-e-Branco, Infravermelho Preto-e-Branco,


Colorido Normal e Infravermelho-Colorido
Filme Infravermelho
Filme Preto-e-Branco Preto-e-Branco
Pancromático - emulsão .+jt++ +++*;+V +.#+ + ++ + ++Í+ Camada sensível ao
de cristais de haleto de pra- +í.++V++++V++ +++++í++t+++4
++f+ 2+ + 2 + + + V+4. + +4.+++ V- Infravermelho-próximo
ta sensível ao azul, verde e
vermelho

Base Base

Camada anti-halo Camada anti-halo


a. b.
Filme Infravermelho-
Filme C olorido Normal Colorido
Camada sensível ao azul .+> ++ +++++ +. + + >+++-*-+.+ ++ Camada sensível ao Infravermelho-
próximo (e azul)
[camada que forma a cor amarela] +++++++++++++-^ + +++++++ +J+ [camada que forma a cor ciano]
Filtro interno amarelo bloqueia a luz azul Camada sensível ao verde (e azul)
Camada sensível ao verde (e azul) [camada que forma a cor amarela]
[camada que forma a cor magenta] Camada sensível ao vermelho (e azul)
Camada sensível ao vermelho (e azul) [camada que forma a cor magenta]
[camada que forma a cor ciano]

Base Base

WÊÊKÊÈÊÊÈÊÈÊÊÊKÊÊ Camada anti-halo ■ Camada anti-halo


d.

Figura 4-25 C orte Transversal Genérico de Filmes, a) Pancromático Preto-e-Branco, b) Infravermelho Preto-e-Branco, c) Colorido N or­
mal, e d) Infravermelho-Colorido.

100 pares de linhas por milímetro em cópias de fotografias O limite inferior do comprimento de onda da luz ao qual
aéreas na escala de 1:10.000. Esta resolução espacial resulta o filme é sensível é aproximadamente 0,35 pm, e resulta
em fotografias aéreas com detalhe espacial muito elevado. das características de absorção da luz pela gelatina que
está associada à emulsão.
Emulsões Fotográficas Preto-e-branco
As sensibilidades espectrais padrões para papel fotográfico
Da mesma forma que a retina do olho humano é sensível a preto-e-branco, filme pancromático, e filme infraverme­
diferentes comprimentos de onda de luz variando do azul lho-próximo estão sumarizadas na Figura 4-27. O diagra­
ao vermelho (0,4 - 0,7 pm), é possível fabricar filmes com ma mostra porque é possível utilizar uma “luz de segu­
emulsões fotográficas preto-e-branco com as seguintes sen­ rança” vermelha em um laboratório fotográfico. O papel
sibilidades (McGlone, 2004): fotográfico simplesmente não é sensível à luz vermelha.
Todavia, o filme pancromático preto-e-branco é sensível
• emulsões ortocromdticas são sensíveis à luz azul e verde à luz azul, verde e vermelha. Portanto, um filtro de névoa
até aproximadamente 0,6 pm; (como o Kodak HF3 anteriormente discutido) é frequen­
temente utilizado para evitar que tanto a luz ultravioleta
• emulsões pancromáticas são sensíveis à luz ultravioleta, quanto a luz azul cheguem a expor o filme. O filme aéreo
azul, verde e vermelha até aproximadamente 0,7 pm;• pancromático preto-e-branco é o mais amplamente utili­
zado, uma vez que ele gera tons de cinza que são esperados
• emulsões infravermelho-próximas são sensíveis à luz e reconhecidos pelo homem, i.e., a água aparece escura, a
azul, verde, vermelho e infravermelho-próximo até areia aparece branca, o concreto aparece cinza, as nuvens
aproximadamente 0,9 pm. aparecem brancas. As fotografias aéreas obtidas para fins
114 CAPÍTULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme

D ois Filmes com Diferentes Tamanhos e Fotografia em M icroscópio Eletrônico


Densidades de Cristais de Haleto de Prata de Cristais de Flaleto de Prata

Cristais
de haleto Filme A

--------- 1 unidade de distância ------ ► ]

b.
Figura 4-26 a) Os filmes A e B representam perfis hipotéticos de dois filmes com diferentes tamanhos e densidades de cristais de haleto de
prata, b) Uma fotografia obtida em microscópio eletrônico mostra os cristais de haleto de prata. Observe que os cristais não são
perfeitamente uniformes em tamanho, formato ou espaçamento (cortesia Eastman Kodak Co.).

Sensibilidade Espectral de Filmes e Papéis Fotográficos Preto-e-Branco

Figura 4-27 Sensibilidade espectral da emulsão de um filme preto-e-branco e papel fotográfico no intervalo de comprimento de onda de
0,35 a 0,9 pm (cortesia Eastman Kodak Co.).

fotogramétricos para fazer mapas planimétricos e topográ­ Figura 4-28b. É preciso tomar cuidado quando se inter­
ficos são geralmente de filmes pancromáticos. Filmes aére­ pretam fotografias infravermelho-próximo porque a câ­
os pancromáticos típicos comercializados pela Kodak estão mera registrou uma energia que está além da percepção
sumarizados na Tabela 4-4. dos nossos olhos. Consequentemente, certas tonalidades
podem não representar na imagem aquilo que estaría­
Uma fotografia aérea pancromática preto-e-branco é mos antecipando. Por exemplo, uma vegetação verde
mostrada na Figura 4-28a. Uma fotografia preto-e-bran­ sadia aparece escura na fotografia pancromática pois ela
co infravermelho-próximo da mesma área é mostrada na absorve quase 80-90% da energia radiante incidente do

y
Filmes Para Fotografia Aérea 115

Tabela 4-4. Filmes para fotografia aérea da Kodak (cortesia Eastman Kodak Co.; todos os nomes dos filmes são
marcas registradas).

Filmes Aéreos Preto-e-Branco Características

Velocidade-média, alta estabilidade dimensional, filme para mapeamento e


Plus-X A E R O G R A PH IC 2402
reconhecimento aéreo.

Plus-X A E R E C O N II 3404 Velocidade-média, grão-fino, filme para reconhecimento de média a alta altitude.

Velocidade-alta, alta estabilidade dimensional para mapeamento sob condições de


Tri-X A E R O G R A PH IC 2403
baixa luminosidade.

Tri-X A E R E C O N SO-50 Similar ao 2403; base fina para maior número de fotografias por rolo de filme.

Velocidade-média a -alta, filme para mapeamento e planejamento, estabilidade


D uble-X A ER O G R A PH IC 2405
dimensional.

Velocidade-intermediária, grão-muito-fino, filme para mapeamento e


Aero LX 2408
reconhecimento de média a alta altitude.

Velocidade-intermediária, grão-muito-fino, filme para mapeamento e


Panatomic-X A ER O G R A PH IC II 2412
reconhecimento de média a alta altitude.

Similar ao 2412; base fina para maior número de fotografias por rolo de filme,
Panatomic-X A ER O G R A PH IC II 3412
filme para mapeamento de média a alta altitude.

Base fina, grão-extremamente-fino, filme de alta definição para alta-altitude,


A E R E C O N H igh A ltitude 3409 câmeras aéreas com plataforma estabilizada com sistemas ópticos de alta-
qualidade.

Reduz o efeito da névoa em levantamentos de vegetação, realça a água, fotografia


Infravermelho A E R O G R A PH IC 2424
multiespectral.

Filmes Aéreos Coloridos

A E R O C O L O R II Negative 2445 Velocidade média para mapeamento e reconhecimento.

Filme colorido reversível para mapeamento e reconhecimento a baixas- e médias-


A E R O C H R O M E II MS 2448
altitudes.

A E R O C H R O M E HS SO-358 Filme colorido negativo de velocidade alta para fotografia aérea de baixa-altitude.

Filme colorido reversível de velocidade alta para mapeamento e reconhecimento a


A E R O C H R O M E HS SO-359
baixa- e média-altitude.

Filme falsa-cor reversível, alra estabilidade dimensional para levantamentos de


A E R O C H R O M E II Infravermelho 2443
vegetação, detecção de camuflagem e pesquisa de recursos terrestres.

A E R O C H R O M E II Infravermelho NP Similar ao 2443; maior resposta ao infravermelho, adequado para altitudes acima
SO -134 de 4.500 m.

azul, verde e vermelho para realizar a fotossíntese. Por de reflectância espectral, pois elas sintetizam a quantida­
outro lado, uma vegetação sadia aparece clara na fotogra­ de de energia do verde, do vermelho e do infravermelho-
fia preto-e-branco infravermelho-próximo pois ela reflete próximo que tipicamente é refletida pelos objetos (veja
40-70% da energia incidente no infravermelho-próximo. Capítulo 2). Desta forma, podemos entender e mesmo
O ser humano faz pouca ideia sobre a quantidade de prever como certos objetos do mundo real vão aparecer
energia radiante do infravermelho-próximo que é refle­ numa fotografia no infravermelho. E instrutivo rever o
tida por alvos comuns como vegetação, água e concreto. processo pelo qual são formados os filmes negativos e as
Portanto, é importante tomar como referência as curvas cópias positivas de fotografias aéreas preto-e-branco.
116 CAPITULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme

Pancromático Infravermelho Preto-e-Branco

b.

Figura 4-28 a) Fotografia pancromática preto-e-branco da Tivoli North Bay no rio Hudson, NY, EUA. A vegetação aparece em tonalidades
relativamente escuras, pois ela absorve boa parte da energia incidente do verde e do vermelho. Alguma energia do verde e do ver­
melho passa através da coluna d’água e fornece informação sobre o padrão dos sedimentos em suspensão e da vegetação aquática
submersa (V = gramínea aquática, Vallisneria americana (w ild celery)). b) A fotografia infravermelho-próximo preto-e-branco
mostra bem a interface terra-água, pois a água absorve grande parte da energia incidente no infravermelho-próximo fazendo
com que apareça escura. Por outro lado as árvores caducifólias na ilha e a vegetação de mangue (tidal wetland) (T = cattail; Typha
angustifolia (planta de habitat úmido); P = common reed; Phragmites aus. (grama)) aparecem claras pois a vegetação sadia reflete
muita energia incidente no infravermelho-próximo (Berglund, 1999) (veja a Prancha Colorida 4-4ab).

Criando um Negativo de uma Fotografia Aérea após Exposição e Posterior


Revelação dos Cristais de Haleto de Prata
D enso (a praia) Claro (o mar)
S u p o rte __ h □ Negativo depois
Cristais de haleto •OOOOOOOOOOOOOOOOOD- de revelado
de prata revelados
p Imagem latente antes
Cristais de haleto de prata—^ ( 0 ) ( 0 ) ® © ( 0 ) ( Õ ) © @ @ O O O O O O O O p/ de ser revelada
expostos, mas não revelados

5 Lentes da Câmera

^ / r l u x o radiante pequeno Fluxo radiante g r a n d e ^ ^


saindo da cena saindo da cena

Agua clara do m ar absorve bas­ Praia arenosa reflete m uito o


tante o fluxo radiante incidente fluxo radiante incidente

Figura 4-29 Uma representação diagramática de como um negativo preto-e-branco de uma cena de mar-praia é exposta e revelada.
Filmes Para Fotografia Aérea 117

Criando um Impresso Positivo a partir de uma Fotografia


Aérea em Negativo

U U U 1U I U
Denso (a praia) Claro (o mar)
Cristais de haleto
de prata revelados •oooooooooooooooooo Negativo depois
de revelado

© @ @ @ ( â x s ) ( 5 ) @ @ p o o o o o o o c > ^ ‘“ Ç |7 J
não revelado
..# ® ,# # # ® ® # ® O Q Q Q Q O O Q Q __1papei fotográfico
após revelação
Mar Praia arenosa

Impresso positivo da paisagem - água escura e praia com areia clara


Figura 4-30 Uma representação diagramática de como uma cópia positiva preto-e-branco da cena de mar-praia é exposta e revelada.

Gerando um Negativo de uma Fotografia Aérea Preto- expor os cristais no lado direito do filme. Uma emulsão que
e-Branco loi exposta à luz contém uma imagem invisível do objeto, que
se chama imagem latente. Para converter a imagem latente na
Considere os dois tipos de alvos da superfície terrestre que es­ emulsão em um negativo, ela precisa ser revelada.
tão representados na Figura 4-29. Eles consistem de um mar
calmo e claro e de uma praia arenosa sem vegetação. Assuma Quando a imagem latente é revelada com as soluções quí­
que os cristais de haleto de prata no filme da câmera aérea micas adequadas, as áreas da emulsão que foram expostas à
sejam sensíveis à luz azul, verde e vermelha de 0,4 a 0,7 pm. luz intensa passam para prata livre (denso ou opaco), con­
A água clara do mar vai absorver grande parte do fluxo de forme mostrado. As áreas da emulsão que não receberam
radiação do Sol no azul, verde e vermelho. Por outro lado, a luz ficam claras se a base da emulsão for um filme plástico
praia arenosa vai refletir a maior parte do fluxo de radiação transparente. O negativo revelado vai ficar mais escuro ou
incidente. Uma parte desta energia será coletada pelos com­ mais claro em função da exposição total (produto da ilu-
ponentes ópticos da objetiva da câmera e focalizada sobre os minância e do tempo de exposição), que é responsável pela
cristais de haleto de prata no plano do filme. Quando a quan­ formação da imagem latente na emulsão.
tidade apropriada de luz expõe um cristal de haleto de prata
em suspensão na emulsão, todo o cristal fica exposto, inde­ Gerando uma Fotografia Aérea Positiva a partir de um
pendentemente do seu tamanho. Basicamente, a ligação entre Negativo Preto-e-Branco
a prata e o haleto é enfraquecida quando os cristais de haleto
de prata são expostos à luz. Note que no nosso exemplo hou­ Para que serve o negativo? A maioria das pessoas não inter­
ve energia suficiente para expor os cristais de haleto de prata preta um negativo, pois ele é o reverso tanto da tonalidade
na parte esquerda do filme, mas a energia foi insuficiente para quanto da geometria daquilo que foi fotografado, conforme
118 CAPÍTULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme

mostrado na Figura 4-29. Portanto, é de costume que se pro­ Tabela 4-5. Relação entre Transmitância, Opacidade e
duza uma cópia positiva da cena a partir do negativo (Figu­ Densidade.
ra 4-30). Uma impressão positiva é produzida colocando-se
o negativo em um ampliador e a luz branca é transmitida Transmitância Transmitância Opacidade Densidade
através do negativo. Ela passa pela objetiva do ampliador e Percentual 0 D .
li I.J i .j
incide sobre o papel fotográfico, que tem os cristais de haleto
de prata com sua própria sensibilidade e velocidade do filme. 100 1 1 0,00
Neste caso, a área densa (escura) do negativo que correspon­
50 0,50 2 0,30
dente à praia quase não permite a passagem de luz através do
filme, enquanto que a área clara (mar) do negativo permite 25 0,25 4 0,60
que passe bastante luz através do filme. A energia é focalizada
pela objetiva do ampliador sobre o papel fotográfico virgem 10 0,10 10 1,00
(não exposto nem revelado), e normalmente os cristais de ha­ 0,01 100 2,00
1,0
leto de prata individuais são ou não expostos completamen­
te, formado uma imagem latente sobre o papel fotográfico. 0,1 0,001 1000 3,00
Após a revelação, a área do mar fica escura no papel e a praia
arenosa fica clara. Assim, nós temos a tonalidade e a geome­
tria correta (a imagem não está mais invertida) na forma de Se 10% da luz incidente pode ser transmitida através do
uma impressão fotográfica positiva em papel e que pode ser filme em uma certa porção i,j do filme, a transmitância é
visualmente interpretada. Se quisermos ver a fotografia aérea 1/10, a opacidade é 1/0,10 ou 10, e a densidade é o loga­
em um filme transparente positivo então basta utilizar filme ritmo de 10 ou 1,0. A Tabela 4-5 resume a relação geral
transparente ao invés de papel fotográfico. Isto vai gerar uma entre os valores de transmitância, opacidade e densidade.
fotografia aérea com detalhe mais fino e com mais tons de
cinza. Curva Característica: Diversas variáveis como: tempo de
exposição, tempo de revelação, tipo de emulsão, e veloci­
Características Radiométricas Avançadas dos Filmes dade do filme podem influenciar na forma como um ob­
Preto-e-Branco jeto é registrado no filme e na sua densidade. Portanto, é
importante entender a natureza da curva característica dos
Transmitância: A capacidade que uma pequena porção de filmes e como isto impacta na geração de áreas correta­
um filme revelado tem em deixar passar a luz é chamada mente expostas no negativo fotográfico.
de transmitância ( T f . Uma porção escura do filme pode
não deixar passar luz alguma, enquanto que uma porção As curvas características de dois filmes negativos preto-e-
bem clara do filme pode deixar passar quase 100% da luz branco hipotéticos, X e Y, são mostradas na Figura 4-31.
incidente. Portanto, a transmitância numa porção i,j da Estas são chamadas de curvas D logE em que a densidade da
fotografia é (Mikhail et al., 2001): porção analisada no filme é plotada no eixo-y (já na forma
logarítmica, conforme discutido anteriormente) e o total de
y. Luz que passa através do filme ^ 2) exposição do filme é plotado em medidas logarítmicas no
Luz incidente total eixo-x (McGlone, 2004). Utilizamos aqui unidades relativas
do log da Exposição ao invés de ergs/cm2 ou metro-candela-
Opacidade: A opacidade (O ) é o inverso da transmitân­ segundo utilizado na ciência fotométrica. Diferentes filmes
cia. Algo que é muito opaco não transmite bem a luz: têm diferentes curvas D log E, mas as formas são geralmen­
te parecidas, consistindo de três partes —o pé, uma linha reta
ou seção linear, e o ombro. As curvas fornecem importantes
informações sobre a emulsão do filme.

Densidade: Transmitância e opacidade são duas boas me­ Mesmo que o filme não tenha sido exposto (p.ex., antes de se
didas sobre quão escuro é qualquer porção de um negativo obter uma fotografia aérea), já existe alguma densidade pre­
após sua revelação. Todavia, psicólogos verificaram que o sente no filme. A densidade do filme virgem é chamada de
sistema visual humano não responde de forma linear aos fog. Também existe alguma densidade que vem da base do
estímulos da luz, mas sim de forma logarítmica. Portanto, filme. O fog bruto é a soma da densidade da base do filme não
é comum utilizar a densidade (D. ), que é o logaritmo da exposto (virgem) e o fog da emulsão. O fog bruto está localiza­
opacidade, para medir o quão escuro está um filme: do no pé da curva e rotulado de D na Figura 4-31. Para ini-
ciar a formação de uma imagem na fotografia é preciso que se
Di,i = logio °i,j = log ,o (^ ) (4-4) tenha uma exposição que seja maior do que o valor de D .

s
Filmes Para Fotografia Aérea 119

Curva Característica de D ois Filmes

Figura 4-31 Curvas características de dois filmes hipotéticos preto-e-branco. Para obter uma densidade de 0,5 no filme negativo revelado, o
Filme X precisa de 0,9 unidades de log Exposição relativa, enquanto que o Filme Y precisa de 1,6 unidades. Assim, o Filme X é
mais veloz do que o Filme Y. Isto significa que podemos obter as mesmas densidades no Filme X utilizando um tempo de expo­
sição menor. Isto pode ser muito importante se quisermos obter uma imagem parada e, consequentemente, uma fotografia aérea
de boa qualidade. O Filme X tem uma curva mais inclinada com um valor dz gama (y) maior, o que significa que ele tem maior
variação de densidade (i.e., contraste) do que o Filme Y na parte linear da curva D log E (linha-reta).

A esta altura é útil dar uma definição formal à exposição A inclinação da parte linear da curva D log E é chamada de
(E), que é função dos diversos fatores anteriormente discu­ gama (y) e fornece informação valiosa sobre o contraste do fil­
tidos, incluindo f l stop (i,e .,fd ), a quantidade de energia me. Quanto maior for a inclinação da linha da curva caracte­
radiante que vem da cena (r) medida em Joules mm'2 sec'1, rística em sua parte linear, maior será o valor dzgama e maior
e o tempo de exposição (í) em segundos: o contraste do filme. Note que os filmes X e Y da Figura 4-31
têm valores de gama bem diferentes. Se o mesmo tempo de
exposição (p.ex., 1,6 unidades de log Exposição relativa) for
usado para os dois filmes, o Filme X terá uma maior variação
de densidade (aproximadamente 2,2) enquanto que o Filme
Com o início da exposição, a densidade aumenta de forma Y terá apenas uma densidade de aproximadamente 0,5 para
curvilinear do ponto a para o ponto b. Isto é chamado de esta mesma exposição. O Filme X irá fornecer toda a variação
pé da curva. Se os objetos forem gravados com apenas este de tons de cinza do branco ao preto, com muitos tons de
tempo de exposição, eles ficarão subexpostos. A medida cinza intermediários para esta exposição. Já o Filme Y não
que o tempo de exposição aumenta, tem início uma parte terá toda esta variação de tons de cinza com esta exposição. É
da curva que vai de b até c em que o aumento da densidade muito importante que os tons de cinza intermediários sejam
é praticamente linear com o aumento do log da exposição. bem definidos nas fotografias aéreas, pois eles contêm muita
Esta parte da curva característica é chamada de linear ou informação sobre a paisagem (solos, rochas, vegetação, água),
linha-reta. Uma fotografia aérea de alta qualidade pode ser que têm contrastes relativamente baixos.
obtida se a exposição for feita dentro da parte linear da
curva e um pouco da parte do pé da curva. Com o aumen­ Retornando novamente à velocidade do filme, vemos que al­
to do tempo de exposição de c para d, a densidade decresce guns filmes são mais sensíveis à luz do que outros. No exem­
numa taxa curvilinear. Este é o ombro da curva. A densida­ plo da Figura 4-31 vemos que o Filme X é mais veloz. Ele
de máxima do filme é D . Os objetos gravados na parte requer um tempo de exposição menor para gerar uma maior
do ombro da curva normalmente estão superexpostos. variação de densidades (e, consequentemente, contraste).
120 CAPÍTULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme

Este conhecimento é útil para a obtenção da fotografia aé­ locidade dos filmes comerciais é determinada pelo sistema
rea, pois a cena deve ficar “parada” à medida que a aeronave de velocidade do filme da American Standards Association
desloca-se a centenas de km/h sobre a superfície a ser foto­ (ASA), que determina um número para o filme que é apro­
grafada. Os filmes mais velozes têm cristais de haleto de prata ximadamente igual ao inverso da velocidade do obturador
maiores, o que reduz a resolução espacial do filme e diminui (em segundos) que seria ideal para obter uma correta expo­
a sua capacidade de resolver objetos que são espectralmen­ sição do filme sob boas condições de iluminação solar para
te diferentes, mas estão muito próximos entre si. Já para o uma abertura da objetiva de //1 6. Portanto, se um filme
Filme Y, será necessário um tempo maior de exposição para foi exposto corretamente sob boas condições de iluminação
formar uma imagem com a mesma variação de densidades. solar com uma abertura defl 16 e uma velocidade do obtu­
Este filme tem cristais de haleto de prata menores. Se o Filme rador de 1/200 segundo, ele é classificado como sendo um
Y for adequadamente exposto, ele deverá fornecer fotografias filme de ASA 200 (Wolf e DeWitt, 2000). O filme original
aéreas com alta resolução espacial e uma detalhada escala de Kodacolor comercializado a partir de 1942 tinha uma velo­
níveis de cinza. Mas se o Filme Y não for veloz o suficiente cidade de apenas ASA 25. Em 1955 esta velocidade passou
para obter uma imagem parada ela ficará embaçada (tremi­ para ASA 32, e em 1963 para ASA 64 com a entrada do
da). Obviamente, tem que haver uma forma quantitativa filme Kodacolor-X. Em 1977, a Kodak lançou o filme Ko­
para comparar a velocidade de filmes diferentes. dacolor II com ASA 100 e o Kodacolor 400 com ASA 400.
Em 1983, o filme Kodacolor VR 1000 foi lançado com
Todo sistema de velocidade do filme requer a seleção do ponto ASA 1000, que foi o avanço mais significativo observado
de velocidade para comparar a velocidade de dois filmes. Para na tecnologia de haletos de prata em mais de 50 anos.
filmes de fotografia aérea, o ponto de velocidade é “densidade
= 0,3 + densidade acima da bruma bruta (Kodak, 1988). No planejamento de missões para obtenção de fotografias
Portanto, uma vez que a bruma bruta é 0,2 para ambos os aéreas pode-se utilizar o Kodak Aerial Exposure Computer
filmes aéreos hipotéticos, o ponto de velocidade para ambos os para determinar a abertura mais indicada da objetiva (//
filmes é 0,3 + 0,2 = 0,5, conforme mostrado na Figura 4-31. stop) e velocidade do obturador, uma vez que são forne­
A linha para a densidade de 0,5 que intercepta os dois filmes cidas informações sobre as seguintes variáveis: velocidade
pode ser usada para determinar quanto um filme é mais veloz efetiva do filme aéreo, fator de névoa, velocidade da aero­
(sensível) do que o outro. Por exemplo, para gerar uma densi­ nave, altura acima da superfície, latitude e hora do dia.
dade de 0,5 no Filme X, é necessário 0,9 unidade relativa do
logaritmo da exposição. Para gerar a mesma densidade (0,5) Digitalização de Filme Preto-e-Branco (e Colorido)
no Filme Y, é necessário aproximadamente 1,6 unidade rela­
tiva do logaritmo da exposição. Consequentemente, o Filme Densitometria é a medição das características de transmi-
X é mais veloz que o Filme Y por aproximadamente 0,7 uni­ tância ou reflectância de objetos ou feições em imagens
dade relativa do logaritmo da exposição (E). Para cada 0,3 log fotográficas. As características de densidade (D) de um fil­
E, existe um^/stop de diferença na exposição (Kodak, 1988). me transparente negativo ou positivo podem ser medidas
Assim, estes dois filmes diferem em velocidade por mais do usando um densitômetro. Existem diversos tipos de densi-
que dois f stops (i.e., 0,7/0,3 = 2,33). Para se obter uma boa tômetros, incluindo: microdensitômetros de mesa (Figura
variação de níveis de cinza na fotografia, como p.ex. 2,0 (i.e., 4-32) e de tambor, densitômetros de vídeo, e densitôme-
tons de cinza, preto e branco bem expostos) e se for neces­ tros de CCD linear ou de área.
sário utilizar um tempo de exposição pequeno para “parar”
a cena, o que é muito comum em fotografias aéreas, então Digitalização por Microdensitômetro: As características de
deve-se escolher o Filme X, pois ele fornece uma boa variação um típico microdensitômetro de mesa são mostradas na Fi­
de níveis de cinza com um log E bem menor do que para o gura 4-32. Este instrumento pode medir a característica da
Filme Y. É possível calcular a velocidade exata de um filme densidade de porções muito pequenas de uma transparên­
aéreo (FS) utilizando a seguinte equação (Kodak, 1988): cia negativa ou positiva, que chega a alguns micrômetros
em tamanho, daí o nome microdensitômetro. Basicamente,
uma quantidade de luz conhecida é enviada da fonte de luz
para o receptor. Se a luz incide sobre uma parte bem densa
em que E é a exposição medida em metro-candela-segun- do filme, pouca luz será transmitida para o receptor. Se a
do (MCS) no ponto da curva característica onde a den­ luz incide sobre uma parte clara do filme, então boa parte
sidade é 0,3 unidade acima de D m in (i.e.,
v bruma bruta),
77 da luz será transmitida para o receptor. O densitômetro
conforme já discutido. pode fornecer informação sobre a característica da trans-
mitância, opacidade ou densidade em cada ponto i,j da
Fotografias aéreas podem ser obtidas também com uma fotografia, conforme discutido anteriormente. A quantida­
câmera portátil utilizando filme fotográfico comum. A ve­ de de luz gravada pelo receptor é normalmente convertida
Filmes Para Fotografia Aérea 121

Densitôm etro de Mesa geométrica da maioria dos escâneres de mesa (cerca de 50


pm) (Linder, 2003). Os algoritmos de conversão de DPI
Receptor Disco com para pm e vice-versa são apresentados na Tabela 4-6.
filtros coloridos
Uma fotografia analógica preto-e-branco tem apenas uma
banda, k=l, a ser digitalizada. Para digitalizar fotografias aé­
Valor de brilho
na fotografia reas coloridas é preciso utilizar três filtros específicos que de­
digitalizada terminam a quantidade de luz a ser transmitida por cada uma
BV das camadas de cor do filme (Figura 4-32). A transparência
negativa ou positiva é escanerizada (imageada) três vezes (k =
1, 2 e 3), cada vez com um filtro diferente. Isto permite ex­
Superfície trair informação espectral de cada uma das camadas de cores
da mesa encontradas nos filmes de fotografias aéreas coloridas e infra-
Eixo-x (j colunas) vermelho-coloridas, e resulta em um conjunto digital de três
bandas registradas para posterior processamento da imagem.

Fonte de luz Digitalização com Vídeo: Também é possível digitalizar


uma cópia em papel ou transparência por meio de uma câ­
Figura 4-32 Esquema de um microdensitômetro de mesa. Uma mera de vídeo e fazer a conversão analógico-digital nas 525
transparência preto-e-branco negativa ou positiva é linhas por 512 colunas de dados que estão dentro do campo
convertida de uma imagem fotográfica analógica para de visada padrão (conforme estabelecido pelo Comitê Nacio­
uma matriz de valores digitais de brilho, BV Uma nal do Sistema de Televisão dos EUA). A digitalização com
transparência colorida negativa ou positiva é separada câmera de vídeo consiste na paralização e posterior digitali­
em três matrizes com base na densidade de cada um
zação do quadro da imagem analógica de entrada do vídeo.
dos três pigmentos coloridos (amarelo, magenta e cia-
no) encontrados em cada ponto da fotografia. O ta­ Um quadro inteiro de entrada do vídeo pode ser lido em até
manho do ponto que é analisado durante o processo 1/30 s. Uma placa de vídeo de alta velocidade para conversão
de digitalização é muito pequeno, chegando a alguns analógico-digital (A/D), digitaliza e armazena os dados numa
micrômetros, daí o nome microdensitômetro. memória temporária. A memória é então lida pelo computa­
dor e a informação digital é armazenada em disco ou fita.

em um certo valor digital de brilho, BV. .k que se refere à A digitalização de fotografias com câmeras de vídeo é feita
linha /, coluna / e banda k da fotografia. No final de cada de forma bastante rápida, mas o resultado nem sempre é
linha varrida a fonte de luz move-se um certo Ay na dire­ satisfatório para fins de processamento digital de imagens.
ção y para varrer uma nova linha abaixo e paralela à linha Por exemplo, existem diferenças marcantes na sensibilidade
anterior. A medida que a fonte de luz é varrida ao longo da radiométrica e repetibilidade das diversas câmeras de vídeo.
imagem, a informação contínua do receptor é convertida Um dos problemas sérios é o “vignetting (redução do brilho
para uma série de valores numéricos discretos para cada pi­ da imagem ou saturação nas bordas em relação à parte cen­
xel, pixel por pixel. Este processo de conversão analógico- tral da imagem) que aparece fora do centro da imagem di­
digital (A-para-D) resulta em uma matriz de valores que gitalizada. Isto afeta a assinatura espectral extraída da cena.
normalmente são gravados em 8-bit (valores variam de 0 Também, qualquer distorção no sistema óptico do vidicon
a 255) ou mais (p.ex., dados em 12-bit). Estes dados são será transferida para o sensor remoto digital, dificultando o
então armazenados em disco ou fita para análise posterior. ajuste entre imagens nas bordas das imagens digitalizadas.
1
A varredura de imageamento em pontos de <12 pm pode Digitalização com matriz linear e matriz bidimensional
resultar em ruído nos dados digitalizados, pois o tamanho de CCD: Os avanços verificados na indústria de computa­
do ponto se aproxima das dimensões dos cristais de haleto dores pessoais aceleraram o desenvolvimento de escâneres
de prata do filme (McGlone, 2004). A Tabela 4-6 sumariza digitalizadores de mesa com matriz linear (linear array) de
a relação entre o tamanho do ponto do escâner digitaliza- CCD que podem ser utilizados para digitalizar cópias de
dor (IFOV, campo de visada instantâneo) medido em pon­ negativos, de impressões fotográficas ou transparências com
tos por polegada (DPI, dots per inch) ou micrômetros e a 300 a 3.000 pixels por polegada (Figura 4-33ab). A fotogra­
resolução do pixel no terreno em diferentes escalas da foto­ fia em papel é colocada sobre o vidro, e o sistema óptico do
grafia aérea ou imagem. Para investigações fotogramétricas digitalizador ilumina uma linha inteira da fotografia de uma
simples, um valor de 600 DPI pode ser utilizado, pois uma só vez com uma quantidade de luz conhecida. Uma fileira
resolução de 600 DPI (42 pm) está próxima da acurácia linear de detectores grava a quantidade de luz refletida ou
122 CAPITULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme

Tabela 4-6. Relação entre o campo de visada instantâneo (IFOV) do digitalizador medido em pontos por polegada
(DPI, dots per inch) ou micrômetros (pm) e a resolução espacial do pixel no terreno para fotografias em
diferentes escalas.

Resolução do Pixel no Terreno para Diversas Escalas


IFOV do Detector do Digitalizador
das Fotografias (metros)

DPI pm 1:40.000 1:20.000 1:9.600 1:4.800 1:2.400 1:1.200

100 254,00 10,16 5,08 2,44 1,22 0,61 0,30

200 127,00 5,08 2,54 1,22 0,61 0,30 0,15

300 84,67 3,39 1,69 0,81 0,41 0,20 0,10

400 63,50 2,54 1,27 0,61 0,30 0,15 0,08

500 50,80 2,03 1,02 0,49 0,24 0,12 0,06

600 42,34 1,69 0,85 0,41 0,20 0,10 0,05

700 36,29 1,45 0,73 0,35 0,17 0,09 0,04

800 31,75 1,27 0,64 0,30 0,15 0,08 0,04

900 28,23 1,13 0,56 0,27 0,14 0,07 0,03


1000 25,40 1,02 0,51 0,24 0,12 0,06 0,03

1200 21,17 0,85 0,42 0,20 0,10 0,05 0,03

1500 16,94 0,67 0,34 0,16 0,08 0,04 0,02

2000 12,70 0,51 0,25 0,12 0,06 0,03 0,02

3000 8,47 0,33 0,17 0,08 0,04 0,02 0,01

4000 6,35 0,25 0,13 0,06 0,03 0,02 0,008

Conversões úteis de escâneres


DPI = pontos por polegada; pm = micrômetro; I = polegada; M = metros
De DPI para micrômetros: pm = (2,54 /D PI) 10.000
De micrômetros para DPI: DPI = (2,54 / pm) 10.000
De polegadas para metros: M = I x 0,0254
De metros para polegadas: 1= M x 39,37

Cálculo da resolução do pixel no terreno:


PM = tamanho do pixel em metros; PF = tamanho do pixel em pés; S = escala da foto
Utilizando DPI: PM = (S/DPI)/39,37 PF = (S/DPI)/12
Utilizando micrômetros: PM = (S x \xm) 0,000001 PF = (S x \i.m) 0,00000328
Por exemplo, se uma fotografia na escala 1:6.000 é escanerizada em 500 DPI, o tamanho do pixel será (6000/500)139,37 =
0,3048 metros por pixel ou (6000/500)/12 = 1,00 pé por pixel. Se uma fotografia na escala de 1:9.600 é escanerizada com 50,8
pm, o tamanho do pixel será (9.600 x 50,8)(0,000001) = 0,49 metros ou (9.600 x 50,8)(0,00000328) = 1,6 pé por pixel.

transmitida através da fotografia ao longo da fileira e realiza to digital de imagens utilizam esses digitalizadores de baixo
a conversão A/D. Existem CCD lineares com até 20.000 custo para converter os dados analógicos de sensoriamento
elementos e CCDs tri-lineares com até 14.000 elementos remoto em formato digital. Escâneres de mesa têm uma
(McGlone, 2004). A matriz linear de detectores avança precisão espacial muito boa e uma curva característica ra­
na direção y e uma nova linha de dados é digitalizada. E zoável quando fotografias preto-e-branco são escanerizadas.
possível comprar escâneres de mesa de boa qualidade por Um “transiluminador” opcional pode ser comprado para
menos de US$ 300. Diversos laboratórios de processamen­ iluminar o filme (ou slide 35-mm) por detrás. Infelizmente,
Filmes Para Fotografia Aérea 123

Digitalizador de Imagem com Matriz


Bidimensional de CCD

Digitalizador da Mesa com Matriz Linear de CCD

Figura 4-33 a) Digitalizador de mesa de baixo custo com matriz linear de CCD . b) Um digitalizador de imagem baseado na tecnologia de
matriz bidimensional de C CD (cortesia Vexcel, Inc.).

a maioria dos escâneres de mesa são feitos para escanerizar pm para imagens de 23 x 23 cm quando escanerizadas a
originais no formato A4 (8,5 x 14 polegadas), mas a maioria 25 pm por pixel, e repitibilidade de - 3 pm.
das fotografias aéreas são obtidas no formato de 9 x 9 pole­
gadas. Neste caso, o analista tem que digitalizar a fotografia É interessante notar que existe uma relação entre o valor de
em duas partes (p.ex., 8,5 x 9 pol e 0,5 x 9 pol) e depois brilho {BV..k) ou densidade (ZX) em qualquer localização
juntar as duas partes digitalmente o que pode introduzir particular no filme e a energia refletida pelo objeto da cena
erros tanto geométricos quanto radiométricos. (O ) naquela exata localização. Muitos cientistas se benefi­
ciam desta relação fazendo cuidadosas observações de campo
CCDs em fileira linear são utilizados em escâneres digita- in situ para verificar a quantidade de biomassa em uma área
lizadores de baixo custo, tal como o mostrado na Figura de 1 x 1 m na superfície localizada em O e medem o valor
1 x>y
4-33a. CCDs em matriz bidimensional são utilizados em de brilho (7i Q ou densidade do objeto na exata localização
certos digitalizadores como o mostrado na Figura 4-33b, na fotografia utilizando um densitômetro. Com uma quanti­
que digitaliza de 160 dpi até 3.000 dpi (aproximadamente dade suficiente de amostras selecionadas no campo e na foto­
160 pm a 8,5 pm,) uma imagem com área de 254 mm x grafia, é possível estabelecer uma correlação entre os pontos
508 mm (10 x 20 pol.). O sistema escaneriza o filme (o da superfície do terreno e os pontos na imagem. Esta é uma
negativo original ou a transparência positiva) na forma de importante aplicação das fotografias aéreas digitalizadas.
uma série de segmentos retangulares de imagens. Depois,
ele ilumina e escaneriza uma grade de linhas finas gravadas Dados do Programa de Digitalização de Fotografias Aé­
em uma placa de vidro [reseau grid), formando quadrados reas nos EUA: Este programa de digitalização de fotografias
de tamanho padrão com localização precisamente conheci­ aéreas dos EUA é denominado de NAPP (Digitized Natio­
da. As coordenadas desta grade são utilizadas para localizar nal Aerial Photography Program) e foi iniciado em 1987
a exata orientação da câmera CCD durante a escaneriza- em substituição ao Programa de Fotografias Aéreas de Alta
ção e para corrigir geometricamente cada um dos segmen­ Altitude dos EUA (NHAP, National High Altitude Aerial
tos retangulares da imagem em relação a todos os outros. Photography Program). O objetivo do NAPP foi adquirir e
Algoritmos de calibração radiométrica são então utilizados arquivar a cobertura fotográfica de todo território dos EUA
para compensar variações na iluminação em qualquer re­ na escala de 1:40.000 com filme infravermelho-colorido ou
gião do segmento retangular. Quando se escaneriza uma infravermelho preto-e-branco. As fotografias foram adquiri­
imagem colorida, o escâner pára numa seção retangular das a uma altitude de 6.100 m (20.000 pés) acima do ter­
da imagem e captura a informação sequencialmente para reno (AGL - above ground levei) com uma câmera métrica
cada um dos quatro filtros (azul, verde, vermelho e neutro) com distância focal de 152,4 mm (6 pol.). A cobertura foto­
antes de se mover para o retângulo seguinte. A maioria dos gráfica deveria ser adquirida idealmente em ciclos de cinco
outros escâneres digitalizam toda a imagem com um filtro anos, fornecendo uma base de dados fotográficos de todo
colorido e então repetem o processo com os demais filtros. o território dos EUA disponibilizada através do Centro de
Isto pode resultar em problemas de registro das cores e em Dados da EROS em Sioux Falis, SD, EUA, ou do Escritório
perda na qualidade da imagem. A tecnologia de digitali­ Regional de Fotografias Aéreas (Aerial Photography Field
zação matricial tem alcançado acurácia geométrica de <2 Office) em Salt Lake City, UT, EUA (USGS, 1994).
124 CAPÍTULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme

Essas fotografias de alta resolução espacial do NAPP são mui­ Tabela 4-7. Cores primárias e complementares.
to valiosas para extrair informação por meio de trabalhos de
fotointerpretação na própria tela do computador a fim de Cores Primárias Cores Complementares
gerar mapas-base de alta resolução. Esses mapas podem ser
azul amarelo
analisados em conjunto com outras informações em SIG
(p.ex., limites de parcelas, rede de linhas de serviços públi­ verde magenta
cos, imposto territorial) numa projeção cartográfica padrão vermelho ciano
após digitalização e retificação das fotografias. Light (1993)
sumariza os métodos mais adequados para converter os da­
dos do NAPP numa base de dados nacionais de fotografias de haleto de prata dispostas conforme mostrado na Figura
aéreas digitalizadas que atendam aos padrões de acurácia para 4 -25c. A camada superior é sensível à luz azul, a camada
mapeamento (National Map Accuracy Standards). As foto­ intermediária é sensível à luz azul e verde, e a camada in­
grafias escaneadas com microdensitômetros utilizando um ferior é sensível à luz vermelha e azul. Para impedir que a
tamanho de ponto de 15 pm preserva a resolução espacial luz azul atinja as duas camadas inferiores do filme, coloca-se
original das fotografias do NAPP, que é de 27 pares de linhas um filtro amarelo entre as duas camadas superiores evitando
por milímetro (line pair per mm; lp/mm). Este processo ge­ assim que as camadas intermediária e inferior recebam luz
ralmente resulta em um conjunto de dados digitais que tem azul (McGlone, 2004). A sensibilidade espectral das camadas
uma resolução espacial de 1 x 1 m, dependendo do contraste das emulsões azul, verde e vermelho é mostrada na Figura
da imagem original. Isto atende à maioria dos requisitos para 4-34a. Filmes coloridos para fotografia aérea comercializados
mapeamento do uso e cobertura do solo. pela Companhia Kodak estão sumarizados na Tabela 4-4. A
luz azul, verde e vermelha refletida pelos diversos objetos
Caso haja interesse, as fotografias aéreas coloridas digitali­ da cena interagem com os cristais de haleto de prata ati­
zadas podem ser separadas em bandas espectrais. O tama­ vando as camadas sensíveis à luz azul, verde e vermelha,
nho do campo de visada instantânea da varredura (scan- formando a imagem latente. Uma reprodução em cores do
ning spot size) de 15 pm serve para a maioria dos arquivos processo é mostrada na Prancha Colorida 4-3a.
digitais fotogramétricos para os quais as medidas das co­
ordenadas são feitas utilizando um computador e a tela A revelação do filme colorido é exatamente igual ao pri­
do monitor (Light, 1993). Devido à grande utilidade dos meiro passo da revelação do filme preto-e-branco, i.e., os
dados digitalizados do NAPP como mapas-base de alta re­ cristais de haleto de prata expostos em cada camada tor­
solução espacial em SIG, diversos Estados nos EUA estão nam-se cristais pretos de prata. O restante do processo,
dividindo os custos com o Serviço de Levantamento Geo­ contudo, depende de o filme ser colorido negativo ou co­
lógico dos EUA (USGS) para digitalizarem sua cobertura lorido reverso. Com o filme colorido negativo, um negativo
e obterem ortolotomapas digitais. Uma grande quantidade é produzido, e impressões coloridas são feitas a partir deste
de fotografias do NAPP já foi digitalizada e convertida em negativo. O filme colorido reverso produz uma transparên­
mapas de ortofotos. Boa parte dos dados digitais está dis­ cia colorida-normal diretamente no filme. Este processo é
ponível e pode ser buscado e pedido na página da Internet utilizado para fazer slides ou transparências positivas.
do USGS citada no Apêndice A.
O segundo passo na geração do positivo de uma fotogra­
Emulsões de Fotografias Coloridas fia colorido-normal em papel ou transparência a partir de
um negativo colorido envolve o uso de pigmentos coloridos
(,dyes) especiais. Os haletos de prata que ficaram pretos em
Emulsões de fotografias em colorido-normal e infraver- cada uma das camadas durante a primeira parte do processo
melho-colorido são muito utilizadas em fotogrametria e são substituídos por cores complementares da cor da cama­
fotointerpretação. da (Prancha Colorida 4-3a; Tabela 4-7). Os grãos de prata
densos e escuros da camada sensível ao azul são substituí­
Fotografia Aérea em Colorido Normal dos com a cor amarela (amarela é a cor complementar do
azul e é composta pela luz verde e vermelha). Contudo, a
A fotografia aérea em colorido-normal grava a energia da re­ quantidade de tinta da cor colocada em cada ponto da camada
gião de 0,4 —0,7 pm (luz azul, verde e vermelha) e representa do filme é inversamente proporcional à intensidade da luz que
a superfície do terreno com as mesmas tonalidades (cores) iluminou aquele ponto. Consequentemente, quanto mais luz
que os nossos olhos vêem a paisagem. Um filtro névoa (haze) azul tiver iluminado a área, menos cor amarela vai estar pre­
é normalmente utilizado para evitar que a luz ultravioleta sente. Cristais de prata pretos na camada sensível ao verde
exponha o filme (p.ex., Kodak HF3). Emulsões de filmes são substituídos pela tinta da cor magenta. Cristais de prata
coloridos geralmente consistem de três camadas de cristais pretos na camada sensível ao vermelho são substituídos pela
Filmes Para Fotografia Aérea 125

Sensibilidade Espectral das Três Camadas do Filme Colorido Normal

Sensibilidade Espectral das Três Camadas do Filme Infravermelho-Colorido

Comprimento de onda, pm

Figura 4-34 a) A sensibilidade espectral das três camadas de um filme colorido normal. Um filtro de névoa (haze) (p.ex., HF3) pode ser
utilizado para filtrar boa parte da luz menor do que 0,4 pm. b) A sensibilidade espectral das três camadas de um filme infraver-
melho-colorido. Um filtro amarelo Wratten 12 é muito utilizado para filtrar a luz em comprimentos de onda menores do que
0,3 pm (cortesia Eastman Kodak Co.).

tinta da cor ciano. Este processo resulta em um negativo que luz branca é projetada através do filme negativo para expor
é composto pelas tintas nas cores amarelo, magenta e ciano. as três camadas da emulsão de um papel fotográfico colo­
Por isso, quando olhamos para um negativo colorido nós ve­ rido. O negativo colorido age como um filtro, expondo as
mos cores estranhas (amarelo, magenta e ciano) ao invés das três camadas do papel fotográfico às três cores amarelo, ma­
cores naturais azul, verde e vermelho que aparecem na paisa­ genta e ciano. Contudo, ao revelar a cópia em papel as cores
gem. Nós não estamos acostumados a ver a natureza em to­ complementares do amarelo, magenta e ciano (i.e., azul,
nalidades de amarelo, magenta e ciano; por isso, raramente verde e vermelho) são geradas. Esta segunda reversão forma
interpretamos o negativo de uma fotografia colorida. as cores originais da cena na cópia positiva que então está
em condições de ser interpretada (Prancha Colorida 4-3a).
Para gerar uma fotografia colorida em positivo a partir de Uma fotografia aérea em colorido-normal de Tivoli North
um negativo a fim de se poder interpretar a fotografia, uma Bay, NY, EUA é mostrada na Prancha Colorida 4-4a.
126 CAPÍTULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme

Fotografia Aérea In fraverm elha-C olorida sicamente, elas estão “deslocados por um”, significando que
a camada sensível ao verde recebe a cor amarela, a camada
O filme infravermelho-colorido foi originalmente desenvolvi­ sensível ao vermelho recebe a cor magenta, e a camada sen­
do durante a II Guerra Mundial, quando havia muito interesse sível ao infravermelho recebe a cor ciano. Assim, quando a
em aumentar a sensibilidade dos filmes na região do espectro luz branca é finalmente projetada através do negativo e uma
eletromagnético do infravermelho para detectar camuflagem. cópia positiva é produzida, qualquer coisa que reflita apenas
Em 1941, S. Q. Duntley, do M IT (Massachusetts Institute of luz verde na cena aparece como azul claro, qualquer coisa
Technology), liderou um estudo para detecção visual e óptica que reflita apenas luz vermelha na cena aparece em matizes
de camuflagem. A pesquisa concluiu que seria difícil replicar de verde claro, e qualquer coisa que reflita apenas energia no
uma camuflagem que simulasse a vegetação, que tem uma infravermelho-próximo na cena aparece como matizes de ver­
banda de absorção na região espectral do vermelho (0,60 - melho claro. Se algo refletir quantidades iguais de luz verme­
0,68 pm) e uma banda de reflexão intensa da radiação na re­ lha e infravermelho-próximo, mas nenhuma luz verde, então
gião de comprimentos de onda maiores que 0,7 pm, ou seja, vai aparecer em matizes de amarelo no filme infravermelho-
no infravermelho-próximo. Consequentemente, em 1942, colorido. Similarmente, quantidades iguais de luz refletida da
Duntley pediu que a Companhia Kodak produzisse um fil­ cena no verde, vermelho e infravermelho-próximo, tal como
me falsa-cor para detecção de camuflagem. Os resultados dos superfície de concreto, vai aparecer em tons médios de cinza.
testes feitos pela Companhia Kodak foram apresentados em
19 de outubro de 1942. Foi durante esta época que se decidiu Assim, o filme infravermelho-colorido exibe um desloca­
que a folhagem deveria aparecer em tonalidade vermelha na mento no balanço das cores quando comparado com as fo­
imagem positiva da fotografia aérea infravermelha-colorida. tografias aéreas tradicionais. O que pode ser confuso para o
O filme foi disponibilizado para uso militar sob o nome de fotointérprete é o fato de que o ser humano não tem idéia
“Aero Kodacolor Reversal Film, Camouflage Detection” (Fil­ sobre quanta energia do infravermelho-próximo é refleti­
me Reverso Kodacolor, Detecção de Camuflagem) (Colwell, da por certos alvos uma vez que nós não podemos ver ou
1997). Fotografias aéreas com o filme infravermelho-colorido apreciar a energia nesta região. Por exemplo, uma fotografia
foram obtidas com sucesso durante a guerra para localizar aérea infravermelha-colorida é mostrada na Prancha Co­
alvos cobertos com redes ou pintados. Ele também provou lorida 4-4b. Esta fotografia foi obtida utilizando um filme
ser um filme de valor significativo para monitoramento das Kodak AEROCHROME II Infravermelho 2443 com uma
condições e identificação da vegetação em levantamentos dos objetiva de distância focal de 152,4 mm (6 pok). Água clara
recursos terrestres. Os filmes infravermelhos comercializados profunda absorve quase todo o fluxo de radiação incidente
pela Companhia Kodak estão sumarizados na Tabela 4-4. O no infravermelho-próximo enquanto reflete um pouco mais
mais popular continua sendo o Filme Infravermelho 2443 de luz verde e vermelha. Portanto, se a água é profunda e
Kodak AEROCHROMEII. sem sedimentos em suspensão ou qualquer outro material
orgânico, ela aparecerá escura ou quase preta no filme in­
O filme infravermelho-colorido registra a energia refletida fravermelho-colorido. Contudo, se houver uma quantidade
na região do espectro eletromagnético que vai de aproxi­ considerável de sedimentos em suspensão na água, ela pode­
madamente 0,35 pm até em torno de 0,9 pm (ultravioleta, rá aparecer em tons relativamente escuros de azul e verde na
azul, verde, vermelho e infravermelho-próximo) e retrata a fotografia do infravermelho-próximo. De modo oposto, a
energia no filme em falsas cores (Rundquist e Sampson, vegetação absorve aproximadamente 80% do fluxo radiante
1988; Kodak, 1999). Tal como o filme colorido normal, incidente do verde e vermelho que incide sobre ela e reflete
o filme infravermelho-colorido também tem três camadas aproximadamente 40-70% do fluxo de radiação incidente
de emulsão, cada uma sensível a diferentes partes do espec­ no infravermelho próximo. Esta condição faz com que a
tro (Figura 4-25d; 4-34b). A camada superior é sensível à vegetação verde e sadia seja registrada em tons de verme­
radiação do ultravioleta até o infravermelho-próximo. A lho devido à predominância da radiação no infravermelho
camada intermediária é mais sensível à luz verde e azul. A próximo. Estradas pavimentadas com concreto ou cascalho
camada inferior é mais sensível à luz azul e vermelha. refletem porções iguais de energia no verde, vermelho e in­
fravermelho-próximo e são gravadas em assinaturas de cinza
O filme infravermelho-colorido é exposto através de um fil­ azulado nas fotografias infravermelhas-coloridas.
tro amarelo escuro (geralmente um filtro Kodak Wratten 12
menos-azul) que permite que a luz do verde, vermelho e infra­ Reversões de cores similares são evidenciadas no exemplo
vermelho-próximo do terreno exponha o filme enquanto que de um edifício da Universidade de Nebraska, EUA, utili­
a luz menor do que 0,5 pm não chega até o filme (McGIone, zando fotografias de filmes colorido-normal e infraverme­
2004). A Prancha Colorida 4-3b ilustra como as cores (dyes) lho-colorido (Prancha Colorida 4-5ab). Objetos que refle­
introduzidas em cada uma das camadas do filme são diferen­ tem exclusivamente azul claro são registrados em preto na
tes quando comparadas com um filme colorido padrão. Ba­ fotografia infravermelho-colorido (p.ex., carro à esquerda).
Planejamento de Missões de Fotografia aéreas 127

O tapete vermelho nas escadarias do edifício está registra­ d’água e partículas (especialmente poluição) do ar e per­
do em tons de verde. O telhado está registrado em tons mite que o vento associado ao sistema frontal diminua. A
de amarelo, significando que a telha absorve muita luz no fotografia aérea obtida em condições de muita umidade
verde claro enquanto que reflete fortemente nas porções fica degradada devido ao espalhamento indesejado da luz
do vermelho e infravermelho-próximo do espectro. que ocorre na atmosfera e que chega ao campo de visada
da câmera. Além disso, o vapor d’água pode absorver parte
A fotografia aérea infravermelha-colorida continuará sendo da energia refletida pelos alvos da cena qúe deveriam ser
uma das ferramentas mais importantes do sensoriamento re­ registrados no filme.
moto. O filme infravermelho-colorido foi escolhido pelo Pro­
grama de Fotografia Aérea do USGS. As novas resoluções espa­ Ventos fortes podem tirar o avião da rota e causar defeitos
ciais (< 1 x 1 m pancromático e < 4 x 4 m multiespectral) dos no recobrimento das linhas de voo, perdendo a sobreposi­
dados digitais de satélites de sensoriamento remoto de empre­ ção necessária para estereoscopia e até mesmo obter foto­
sas comerciais como a Space Imaging e a Digital Globe estão grafias oblíquas ao invés de verticais. Nuvens em fotografias
reduzindo nossa dependência por fotografias aéreas em grande- aéreas são evidentemente inaceitáveis. Não somente uma
escala com os filmes infravermelhos-coloridos analógicos. parte do terreno é obscurecida pela presença da nuvem,
mas também a sombra causada pela nuvem acarreta varia­
Planejamento de Missões de ções na tonalidade da fotografia, que pode ser interpretada
Fotografias Aéreas erroneamente. As fotografias aéreas obtidas antes da passa­
gem de um sistema frontal podem ser ideais se a umidade
relativa for baixa e os ventos não forem fortes.
Hora do Dia - Ângulo Solar
Plano de Voo

A hora ideal do dia para obter fotografias aéreas ocorre


quando o Sol está entre 30° e 52° acima do horizonte, i.e. Para obter as fotografias aéreas desejadas é necessário saber
duas horas antes e depois do meio-dia. Um ângulo solar qual a escala que as fotografias devem ter (p.ex., 1:10.000),
menor do que 30° pode não fornecer suficiente ilumina­ a escala do mapa-base em que as informações das fotogra­
ção ou reflectância adequada da cena. Isto pode resultar fias serão plotadas (p.ex., 1:12.000), as coordenadas x,y
numa subexposição da fotografia aérea e dificultar a in­ dos quatro cantos da área de estudo (latitude, longitude
terpretação. Além disso, fotografias tiradas com ângulo ou UTM), o tamanho da área geográfica a ser fotografada
solar muito baixo são normalmente inaceitáveis devido às (p.ex., 100 km2), o recobrimento médio frontal de cada fo­
grandes sombras projetadas por árvores e edificações, que tografia (p.ex., 60%), o recobrimento lateral de cada foto­
podem obscurecer informações importantes da cena. Con­ grafia (p.ex., 20%), o formato do filme (p.ex., 9 x 9 pol.), e
tudo, alguns cientistas (especialmente geólogos) preferem a distância focal da objetiva. Uma vez que essas informações
fotografias obtidas com ângulos solares baixos para realçar são conhecidas é possível calcular: 1) a altitude do voo; 2)
representações no terreno (Lyon e Falkner, 1995). o número de linhas de voo requeridas; 3) a distância entre
linhas de voo; 4) a distância no terreno entre as exposições;
Um ângulo solar maior do que 52° pode resultar em pe­ 5) a distância no mapa entre exposições, e 6) o número
quenas áreas com reflexão especular (hotspots) na fotogra­ total de exposições requeridas. Muitas dessas variáveis estão
fia. Estas áreas aparecem extraordinariamente claras na descritas no Capítulo 6 (Fotogrametria).
fotografia e são resultantes da orientação da câmera em
relação ao Sol. Elas podem atrapalhar bastante se houver Referências
muitos corpos d’água na área de estudo.

A orientação das linhas de voo pode seguir qualquer direção


desde que fatores do terreno e de segurança sejam considera­ Berglund, J. A., 1999, Evaluatingthe Use ofRADARSATSAR
dos. O ângulo solar para uma certa latitude e numa hora espe­ and JERS-l SAR for Estimating LAI and Delineating Upland
cífica do dia pode ser obtido de tabelas de efemérides solares. Land Cover and Tidal Freshwater Wetland Vegetation Species in
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A fotografia aérea é idealmente obtida alguns dias após Manual o f Geospatial Science and Technology, London: Taylor
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128 CAPÍTULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme

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Elementos de Interpretação Visual de Imagens

s seres humanos são adaptados para interpretar imagens de objetos. Na realidade,

O o homem faz isso ao longo de toda a sua vida. Com alguma instrução, ele pode
tornar-se um excelente analista de imagem. A interpretação de foto ou imagem é
definida como

O exame de imagens com o propósito de identificar objetos e


avaliar o seu significado (Philipson, 1997; McGlone, 2004).

Este capítulo introduz os conceitos fundamentais associados com a interpre­


tação visual de imagens de objetos registrados, principalmente, por sistemas
de sensoriamento remoto que operam nas porções ópticas do espectro eletro­
magnético: azul, verde, vermelho e infravermelho refletivo. As imagens inter­
pretadas podem ser adquiridas usando-se uma variedade de sensores, incluin­
do as tradicionais câmeras analógicas (p.ex., Leica RC 30), câmeras digitais
(p.ex., Leica ADS 40), sistemas de varredura (escâneres) multiespectrais (p.ex.,
Landsat Thematic Mapper) e sistemas com sensores por arranjo de detectores
em linha ou em área (p.ex., SPOT, IRS-1C, MODIS, 1KONOS, QuickBird,
OrbView-3, ImageSat). Métodos quantitativos de extração de informação
de imagens de sensoriamento remoto obtidas na porção óptica do espectro
são apresentados no Capítulo 6 (Fotogrametria). Elementos característicos
de interpretação de imagem associados com o infravermelho termal (p.ex.,
temperatura superficial) e imageamento por micro-ondas ativas (RADAR) são
apresentados nos Capítulos 8 e 9, respectivamente.

Introdução

Há um número significativo de aspectos que tornaram a interpretação de foto­


grafia ou imagem uma poderosa ferramenta científica, incluindo:

• a perspectiva aérea/regional;

• a percepção tridimensional de profundidade;

• a habilidade para obter conhecimento além da percepção visual humana;

• a habilidade para obter imagens históricas que permitam documentar mudanças.

Este capítulo discute essas considerações e, em seguida, introduz os elementos


fundamentais de interpretação de imagem usados pelos analistas de imagens.
Vários métodos de pesquisa também são apresentados, incluindo o uso de
informação colateral (auxiliar), a convergência de evidências, e a aplicação do
conceito multi na análise de imagens.
130 CAPÍTULO Elementos de Interpretação Visual de Imagens

A Perspectiva Aérea/Regional A Terra Vista da Apoio 17

Uma fotografia aérea vertical ou oblíqua, ou outro tipo de


imagem do visível/infravermelho próximo registra uma ver­
são detalhada, mas bem reduzida da realidade. Uma única
imagem normalmente engloba muito mais área geográfi­
ca do que a que um ser humano possa percorrer ao longo
de um dia. Por exemplo, considere uma fotografia obtida
por um astronauta através de uma janela da Apollo 17, que
capta, em uma única cena, a metade de toda a Terra (um
hemisfério) (Figura 5-1). Grande parte da África é visível,
desde o árido Sahara, a vegetação escura do Congo, até o
Cabo da Boa Esperança, encoberto por nuvens. Por outro
lado, uma única fotografia aérea vertical de 23 x 23 cm na
Figura 5-1 Uma fotografia da Terra obtida pelos astronau­
escala 1: 63.360 (1 cm= 633 m), cobre somente 210 km2
tas da Apoio 17, tomada através da escotilha da
de área geográfica. espaçonave. Quase todo o continente africano é
visível, assim como a Arábia Saudita e parte do
A observação da Terra segundo uma perspectiva aérea per­ Iraque e da índia. Note a região árida do Sahara
mite aos cientistas e ao público em geral identificar obje­ e as áreas escuras das florestas tropicais ao longo
tos, padrões e as interações entre o homem e o seu planeta, do equador, na África Central. A Antártica está
que poderíam nunca ser completamente compreendidos bem visível no Pólo Sul. Fotografias como esta
ajudaram a humanidade a perceber como a Terra
se as observações fossem limitadas a uma visada a partir
é vulnerável e preciosa, repousando como uma
da superfície terrestre. Não importa se a perspectiva aérea jóia multicolorida na escuridão do espaço (corte­
é obtida do topo de um prédio, de uma colina elevada, sia da NASA).
de uma pequena aeronave, de um jato a grandes altitu­
des ou da plataforma de um satélite, a imagem resultante, do a partir de um balão ou de uma aeronave. Uma forma
obtida remotamente, fornecerá informações espaciais do para se conseguir este efeito tridimensional é através de
terreno, que não seriam possíveis de adquirir ou apreciar duas fotografias ou imagens do terreno, obtidas a partir de
de qualquer outra maneira. Este é o motivo pelo qual a perspectivas ligeiramente diferentes. Os nossos olhos po­
interpretação de imagens de sensoriamento remoto é tão dem ser treinados para observar duas imagens do terreno
importante para as atividades de reconhecimento militar e ao mesmo tempo. Nossas mentes fundem esta informação
para as investigações civis sobre os recursos da Terra. estereoscópica em um modelo tridimensional, que repro­
duz de forma real a paisagem registrada nas fotos ou ima­
Alguns cuidados, no entanto, precisam ser observados quan­ gens (Linder, 2003). Por exemplo, o estéreopar do centro
do se interpretam imagens verticais e oblíquas. Os seres hu­ da cidade de St. Louis, Missouri, mostrado na Figura 5-2,
manos estão acostumados a observar lateralmente os objetos fornece informação tridimensional detalhada quando ana­
a partir de sua perspectiva na superfície terrestre e, normal­ lisado através de um estereoscópio.
mente, não têm uma avaliação precisa dos objetos imageados
a partir de uma perspectiva vertical ou oblíqua (Haack et al., O homem aprendeu que é importante conhecer não apenas
1997). Além disso, nós não estamos acostumados a observar o tamanho e a forma de um objeto, mas também que a sua
e interpretar, ao mesmo tempo, o significado de muitos qui­ altura, a sua profundidade e o seu volume são importantes
lômetros quadrados de terreno. Nosso campo de observação características diagnosticas. A análise estereoscópica de ima­
no solo é, normalmente, menor do que um quilômetro. Por­ gens permite avaliar a natureza tridimensional de um terreno
tanto, a análise regional de dados de sensoriamento remoto ondulado, a declividade e a aparência das formas de relevo.
verticais ou oblíquos requer treinamento e prática. Além disso, o processo de análise estereoscópica exagera a al­
tura e a profundidade do terreno, permitindo discernir dife­
Percepção de Profundidade Tridimensional renças muito sutis na altura de objetos e na declividade do
terreno, que, de outra forma, não poderíam ser caracterizadas.
O Capítulo 6 (Fotogrametria) introduz os princípios da es-
E possível observarmos uma única fotografia aérea ou ima­ tereoscopia e como eles são usados para extrair informação
gem e obter uma avaliação da distribuição das feições na tridimensional de dados de sensores remotos. A informação
paisagem. Além disso, é também possível obter uma visão tridimensional também pode ser obtida através de dados de
tridimensional do terreno, como se estivéssemos observan- sensoriamento remoto por RADAR, LIDAR e SONAR.
Introdução 131

Perspectiva Tridimensional:
Imagem Estereoscópica de St. Louis, Missouri

Figura 5-2 Este estéreopar de St. Louis, Missouri, consiste de duas cenas do terreno obtidas em duas diferentes estações (posições)
de exposição ao longo de uma única linha de voo. A informação tridimensional do terreno pode ser obtida obser­
vando o modelo (par de fotos) com um estereoscópio. A mente humana usa a informação da paralaxe, inerente às
imagens, para produzir um modelo tridimensional que pode conter informações detalhadas sobre o terreno.

Obtendo Conhecimento Além do Sistema Visual 1999). Por exemplo, consideremos a área de agricultura
Humano na Arábia Saudita mostrada na Figura 5-3. A vegetação
sadia absorve mais a luz verde e vermelha do Sol para
a sua fotossíntese. Portanto, as áreas agrícolas mostram
Os nossos olhos são sensíveis, primariamente, à luz azul, tons de cinza escuro no imageamento multiespectral no
verde e vermelha. Portanto, nós amostramos uma porção verde e no vermelho. Por outro lado, a maior quantida­
muito limitada da energia eletromagnética que de fato de de biomassa presente nas plantações representa uma
está atuando no ambiente e interagindo com o solo, a maior quantidade de energia refletida no infravermelho
água, a vegetação, a atmosfera e a estrutura urbana. Feliz­ próximo, tornando brilhantes (tons de cinza claros) as
mente, sensores engenhosos foram desenvolvidos com a áreas densamente vegetadas em imagens no infraverme­
capacidade de medir a atividade de raios-x, do ultraviole­ lho próximo. As imagens no verde e no vermelho suge­
ta, do infravermelho próximo, do infravermelho médio, rem, pelos tons escuros, que a vegetação está presente em
do infravermelho termal, das micro-ondas e das ondas quase todos os pivôs centrais. O imageamento do infra­
de rádio. Sensores remotos cuidadosamente calibrados vermelho próximo dá uma informação mais definitiva
fornecem novas informações sobre um objeto, as quais o sobre a distribuição e quantidade de vegetação (biomas­
ser humano jamais teria habilidade para avaliar (Robbins, sa) encontrada no interior dos campos. Uma composição
colorida é mostrada na Prancha Colorida 5-1.
132 CAPÍTULO Elementos de Interpretação Visual de Imagens

O Sensoriamento Remoto Pode Fornecer Informações Através da Medição das Características


da Energia em Regiões Espectrais Além da Percepção Visual Humana

a. Reflectância no verde b. Reflectância no vermelho c. Reflectância no infravermelho


próximo
Figura 5-3 Imageamento IRS-1C LISS III (índia) (23 x 23 m) de uma área de agricultura na Arábia Saudita, a, b) A vegetação
absorve mais da energia incidente verde e vermelha, resultando em campos vegetados com tons escuros, c) Inversa­
mente, a vegetação reflete uma quantidade substancial da energia incidente no infravermelho próximo, resultando
em tons claros. Neste exemplo, diversos campos aparecem em tons escuros nas imagem no verde e no vermelho (pos­
sivelmente devido à irrigação recente, restos de uma colheita anterior, ou preparação do solo para plantio), sugerindo
a presença de vegetação. O exame cuidadoso dos mesmos campos na imagem do infravermelho próximo revela que a
presença de vegetação é muito pequena. A imagem do infravermelho próximo provê, também, informação detalhada
sobre a distribuição espacial da biomassa presente em cada campo. Uma composição colorida deste imageamento é
apresentada na Prancha Colorida 5-1 (as imagens são cortesia da Indian National Remote Sensing Agency).

Documentação de Registro Histórico de Imagens um caminho promissor para o desenvolvimento sustentável


e a Detecção de Mudanças e para as decisões governamentais. Por exemplo, considere
a Figura 5-4, que documenta os efeitos da decisão do Presi­
dente Robert G. Mugabe, que ordenou, em 2005, a demoli­
Uma única fotografia aérea ou imagem registra a atmos­ ção dos estabelecimentos rurais construídos informalmente
fera e a superfície da Terra em um momento único no es­ pela população pobre do Zimbabwe. O Presidente Mugabe
paço e no tempo, que não se repetirá novamente. Estas afirmou que sua campanha de limpeza urbana Operação
fotografias ou imagens são valiosos registros históricos de Murambatsvina era necessária para “restabelecer o equilíbrio
fenômenos naturais e da atuação do homem. Quando ad­ mental” nas cidades do Zimbabwe que se tornaram, segun­
quirimos imagens múltiplas da Terra, podemos comparar do o presidente, infestadas por criminosos. O partido polí­
o imageamento histórico com o novo para determinar se tico de oposição, que tem a sua base de apoio na população
há qualquer mudança sutil, drástica ou particularmente urbana pobre, afirmou que a Operação Murambatsvina teve
significante (Jensen e Cowen, 1999; McCoy, 2005). Nor­ como objetivo forçar o deslocamento dessa população para
malmente, o estudo das mudanças aumenta o nosso en­ a área rural, onde o Governo Mugabe poderia controlá-la
tendimento sobre os processos - naturais e induzidos pelo mais facilmente. Estima-se que mais de 200.000 pessoas
homem - que atuam sobre uma paisagem. O conhecimen­ tornaram-se sem teto. O sensoriamento remoto forneceu
to sobre as dinâmicas espacial e temporal dos fenômenos um registro detalhado desses trágicos eventos (BBC, 2005).
permitiu o desenvolvimento de modelos de previsão, que
consideram o que aconteceu no passado e o que poderá Elementos de Interpretação de
acontecer no futuro (Lunetta e Elvidge, 1998). A mode­ Imagem
lagem com vistas à previsão é um dos principais objetivos
da ciência. A interpretação de imagens de sensoriamento
remoto tem desempenhado um papel de importância cres­ Para desenvolver análises regionais, observar o terreno em
cente na simulação e na modelagem previsionais (Goetz, três dimensões, interpretar imagens obtidas de múltiplas
2002; Miller et al., 2003; Jensen et al., 2005). regiões do espectro eletromagnético e detectar mudanças,
é habitual o uso de princípios de interpretação de imagens,
O sensoriamento remoto é especialmente útil no monitora­ que foram desenvolvidos por mais de 150 anos através de
mento da atividade do homem através do tempo, indicando experiências empíricas (Estes et al., 1983; Kelly et al., 1999;
Elementos de Interpretação de Imagem 133

Imageamento de Sensoriamento Remoto como um Registro Histórico:


Demolição de Moradias Informais em Harare, Zimbabwe, em 2005

Figura 5-4 A imagem de satélite pancromática de alta resolução espacial (61 x 61 cm) registrou a destruição de moradias
informais em Harare, Zimbabwe, que começou em 25 de maio de 2005. O Presidente Mugabe ordenou que a
polícia, com tratores e marretas, demolisse mais de 20.000 estruturas de habitações informais, tornando mais de
200.000 pessoas sem teto (as imagens são cortesia da DigitalGlobe, Inc.).

McGlone, 2004). Os princípios mais fundamentais são os são frequentemente baseados em diferentes métodos de pes­
elementos de interpretação de imagem, que são usados rotinei­ quisa, incluindo: o uso de informação colateral (auxiliar), a
ramente quando se faz uma fotointerpretação visual em uma convergência de evidências e o uso do conceito multi.
imagem (Bossler et al., 2002). Os elementos de interpretação
de imagem incluem localização, tonalidade e cor, tamanho, Um intérprete de imagens bem treinado utiliza de forma inte­
forma, textura, padrão, sombra, altura e profundidade, volu­ grada os elementos de interpretação de imagem, sem ter que
me, declividade, aspecto, sítio, situação, e associação (Figura pensar neles individualmente (Lloyd et al., 2002). Por outro
5-5). Alguns dos adjetivos associados com cada um desses lado, um intérprete inexperiente pode ter que, sistemática e
elemento de interpretação de imagem estão resumidos na conscientemente, avaliar um objeto desconhecido com relação
Tabela 5-1. Cada imagem é composta por cristais de haleto a cada um desses elementos para, finalmente, identificar e jul­
de prata ou pixels individuais que têm uma cor ou tonalida­ gar o seu significado em relação a outros fenômenos na cena.
de únicas, em uma determinada localização geográfica. Estes
aspectos constituem o bloco fundamental no qual os outros Localização x,y
elementos estão baseados. Portanto, pode-se considerar esses
elementos de interpretação de imagem como primários ou
de primeira ordem (Konecny, 2003). Os elementos secun­ Há dois métodos primários para obter informações precisas
dários e terciários são, basicamente, arranjos de tom e cor. de coordenadas x,y de um objeto: 1) através de medidas de
Os elementos de ordem mais alta, sítio, situação e associação campo utilizando técnicas tradicionais de levantamento to-
134 CAPÍTULO Elementos de Interpretação Visual de Imagens

Elementos de Interpretação de Imagem:


Ordem e Métodos de Pesquisa

Ordem

Primário

Arranjo [amanho Forma Textura - Secundário ■i


espacial de \ I
tom/cor Padrão Sombra f"
Altura Profundidade Volume Terciário <o
Declividade Aspecto
S t—
Sítio Situação Associação

Métodos de Uso de Dados Colaterais Convergência de Evidências


Uso do Conceito Multi

Figura 5-5 A interpretação de foto ou imagem é, normalmente, baseada no uso de elementos de interpretação de imagem. A
localização de um cristal individual de haleto de prata em uma fotografia, ou pixels em uma imagem, representa os
elementos primários (primeira ordem) de interpretação de imagem. Elementos secundários e terciários são arran­
jos espaciais de tom e cor. Os elementos de ordem mais alta (superior), como sítio, situação, e associação utilizam,
normalmente, diversos métodos de pesquisa para desenvolver interpretações precisas de imagem.

pográfico ou instrumentos que utilizam o sistema de posicio­ das no terreno), para registrar (retificar) a foto ou imagem
namento global (GPS), ou 2) a coleta de dados de sensoria- não-controlada numa projeção cartográfica com padrão de
mento remoto do objeto, o registro (retificação) da imagem mapa (UTM ou outra projeção). Se corrigirmos, também,
para um mapa-base, e então a extração das informações de o deslocamento de relevo da topografia, então a foto ou
coordenadas x,y diretamente da imagem retificada. imagem torna-se uma ortofoto ou ortoimagem com todas as
qualidades métricas de um mapa (McGlone, 2004). As co­
Se a opção um for a selecionada, a maioria dos cientistas, ordenadas geográfica: \x,y) de pontos e polígonos podem,
hoje, utiliza no campo o instrumento GPS (Figura 5-6), de então, ser extraídas diretamente da imagem retificada. O
custo relativamente baixo, para obter medidas precisas da Capítulo 6 (Fotogrametria) discute como as ortofotos são
localização de um objeto em graus de longitude e latitude criadas. Jensen (2005) descreve os métodos usados para
no globo terrestre, ou em metros a leste e a norte, em uma retificar digitalmente (i.e., registrar) dados de sensores re­
projeção em mapa (p.ex., Universal Transverse Mercator - motos para uma projeção padrão de mapa.
UTM) (McCoy, 2005). E preciso, então, transferir as co­
ordenadas de um ponto (p.ex., a localização de uma árvore Tom e Cor
específica) ou polígono (p.ex., o perímetro de um pequeno
lago) para um mapa planimétrico preciso. Nos Estados
Unidos é comum o uso de quadrículas de 7,5 minutos do Os materiais superficiais naturais, como a vegetação, a
U. S. Geological Survey. Na Grã-Bretanha usam-se os ma­ água e o solo descoberto, refletem diferentes proporções
pas da Agência Ordinance Survey. de energia nas porções do espectro eletromagnético do
azul, do verde, do vermelho e do infravermelho próximo.
A maioria das aeronaves e satélites utilizados para coletar Podemos plotar a quantidade de energia refletida por cada
dados de sensoriamento remoto têm um receptor GPS. um desses materiais em comprimentos de onda específicos
Isto permite que os instrumentos de sensoriamento remo­ e criar uma curva de reflectância espectral, algumas vezes
to a bordo obtenham coordenadas GPS x,y,z precisas em chamada de assinatura espectral (Jensen et ah, 2005). Por
cada estação de exposição fotográfica ou no centro de cada exemplo, curvas de reflectância espectral, generalizadas
linha de varredura. No caso das fotografias aéreas, significa para objetos encontrados no ecossistema de mangue no sul
que nós podemos obter informações sobre a localização da Flórida, são mostradas na Figura 5-7a (Davis e Jensen,
exata do centro de cada cena (i.e., o ponto principal) no 1998). As curvas de reflectância de materiais selecionados
instante da exposição. Podemos usar a informação GPS dão indicações para que possamos entender como esses
coletada pelo sensor (e talvez, também, algumas coleta­ materiais aparecem em um imageamento branco-e-preto
Elementos de Interpretação de Imagem 135

Coleta de Dados por GPS


Tabela 5-1 Elementos de interpretação de imagem.
QTrin
A d je tiv o s C o m u n s
E le m e n to
(q u a n tita tiv o s e q u a lita tiv o s )

Localização • coordenadas x,y de imagem: coordena-


x,y da (x) coluna e (y) linha em uma imagem
não-retificada
• coordenadas x,y de carta-imagem: os
cristais de haleto de prata ou pixels em
fotografia ou imagem são retificados para
projeção de mapas (p.ex., UTM)

Tom, cor • tom de cinza: claro (brilhante), interme­


diário (cinza), escuro (negro)
• cor: IHS = intensidade, matiz (PI), sa­
turação;
RGB = vermelho, verde e azul; Munsell
Figura 5-6 Cientista coletando dados de localização x,y em
Tamanho • comprimento, largura, perímetro, área capim liso (Sfartina alterniflora) na Enseada de
(m2) Murrels, Carolina do Sul, pelo sistema de posicio­
• pequeno, médio (intermediário), grande namento global (GPS).

Forma • características geométricas de um objeto:


linear, curvilinear, circular, elíptico, radial, ou colorido. Inicialmente, iremos considerar por que os
quadrado, retangular, triangular, hexago- objetos aparecem em uma certa escala de tons de cinza em
nal, pentagonal, estrela, amorfo, etc. imagens branco-e-preto.

Textura • arranjo e disposição característicos de re­ Tom


petições de tom e cor
• liso, intermediário (médio), rugoso Uma banda de energia eletromagnética (p.ex., luz verde de
(grosseiro), mosqueado, salpicado 0,5 - 0,6 pm) registrada por um sistema de sensoriamento
• arranjo espacial de objetos no terreno: remoto pode ser representada por variações de cinza, do
Padrão
sistemático, não-sistemático ou randômi- preto ao branco. Essas variações de cinza são, normalmente,
co, linear, curvilinear, retangular, circular, referidas como tom. Frequentemente dizemos “Esta parte de
elíptico, paralelo, centrípeto, serrilhado, uma imagem tem um tom ‘brilhante, esta área tem um tom
estriado, trançado ‘escuro’, e esta feição tem um tom ‘cinza intermediário.” Na­
turalmente, o quanto é escuro ou brilhante é uma função da
Sombra • uma silhueta causada por iluminação so­ quantidade de luz refletida de uma cena, dentro do intervalo
lar lateral específico dos comprimentos de onda (banda). Por exem­
Altura/ • Elevaçao-z (altura), batimetria-z (pro- plo, considere três imagens branco e preto do ecossistema de
Profundidade fundidade), volume (m3), declividade(°) , mangue do sul da Flórida (Figura 5-7 b-d). As três imagens
Volume/ aspecto (°) registraram, respectivamente, as quantidades de energia refle­
Declividade/ tidas pela cena no verde, no vermelho e no infravermelho.
Aspecto
A luz verde (0,5 - 0,6 pm) incidente penetra na coluna de
Sítio • Sítio: elevação, declividade, aspecto, ex- água mais do que a energia vermelha e a infravermelha, e
Situação posição, adjacente a água, meios de trans- é refletida pelo fundo arenoso ou pelo recife de coral (Fi­
Associação porte, serviços públicos gura 5-7b). Portanto, a banda no verde fornece detalhes de
• Situação', os objetos estão colocados em sub-superfície sobre a estrutura do recife nos arredores das
uma ordem ou orientação um em relação ilhas de mangue. A vegetação de mangue absorve, apro­
ao outro ximadamente, 86 por cento da luz verde incidente para a
• Associação', fenômenos relacionados es­ sua fotossíntese e reflete, aproximadamente, 14 por cen­
tão, normalmente, presentes to. Por isso, o mangue aparece relativamente escuro em
uma imagem com uma única banda no verde. A areia tem
136 CAPÍTULO Elementos de Interpretação Visual de Imagens

Tom e Cor

Areia

Mangue

Agua

Vermelho IníravermelhoH
,6 - ,7 jam ,7 - ,9 pm

a. Curvas de reflectância espectral para b. Fotografia branco e preto da energia refle­ c. Fotografia branco e preto da energia refle­
areia, mangue e água, na Flórida. tida no verde, de mangues da Flórida. tida no vermelho.

d. Fotografia branco e preto da energia refle­ f. A vegetação é escura, o solo descoberto é


tida no infravermelho próximo. verde) circundado por floresta (folhagem sa­ brilhante, e as águas turbulentas são cinza
zonal) (cortesia de Emerge, Inc.). (GeoEye, Inc.).

g. Fotografia U-2 do local de lançamento de um i. Fotografia terrestre de alto contraste de


Sputnik Russo (cortesia de John Pike, FAS). uma vaca.

Figura 5-7 Elementos de Interpretação de Imagem - Tom e Cor.

alta reflexão da energia incidente, em proporções iguais de 91 por cento da energia incidente para realizar a fotossíntese.
azul, verde, vermelho e infravermelho, resultando em tons Isto causa uma resposta do mangue em tons muito escuros
de alto brilho em todas as imagens. na fotografia no vermelho (Figura 5-7c). A luz vermelha não
tem grande penetração na coluna de água, resultando em tons
O mangue reflete aproximadamente 9 por cento da energia levemente escuros, especialmente nos canais mais profundos.
da luz vermelha (0,6 - 0,7 pm), enquanto absorve cerca de Como esperado, áreas arenosas apresentam tons brilhantes.
Elementos de Interpretação de Imagem 137

Nas imagens branco e preto sensíveis somente à energia do branco e preto pancromáticas ou em bandas individuais. Por
infravermelho próximo (0,7 - 0,92 pm), a vegetação apa­ exemplo, considere a fotografia U-2 da base de lançamento
rece em tons brilhantes (Figura 5-7d). A vegetação sadia de um Sputnik Russo, mostrado na Figura 5-7g. O exame
reflete grande parte da energia incidente no infravermelho cuidadoso dos tons de cinza e das sombras por um analista
próximo (aproximadamente 28 por cento). Geralmente, treinado revela que a terra escavada da depressão da área de
os tons mais brilhantes de uma superfície vegetada relacio- lançamento foi, em grande parte, depositada em uma eleva­
nam-se a uma maior quantidade de matéria biológica (bio- ção nas proximidades. O ser humano não está acostumado
massa) presente (Jensen et al., 1999). Inversamente, a água a ver a parte superior dos objetos em tons de cinza. Ele pre­
absorve grande parte da energia incidente no infraverme­ cisa ser treinado. Além do mais, o homem frequentemente
lho próximo, aparecendo em tons escuros na imagem. Há tem grande dificuldade para identificar feições se a cena é
um grande contraste entre as áreas emersas brilhantes, pela composta de informações com contraste muito alto. Isto é
resposta da vegetação e da areia, e a água escura. Portanto, exemplificado pela observação de fotografias de dois objetos
não é surpreendente que a região do infravermelho próxi­ muito bem conhecidos: um Dálmata e uma vaca nas figuras
mo seja considerada a melhor para a discriminação entre as 5-7h e i, respectivamente. Muitos analistas inexperientes não
áreas emersas e a interface com a água. conseguem identificar o Dálmata ou a vaca nas fotografias.
Isto sugere que fotografias aéreas ou imagens de contraste ex­
Uma imagem infravermelho branco e preto de uma plan­ tremamente alto são difíceis para interpretar, e que é melhor
tação de pinheiro (folhagem perene) circundada por uma adquirir e interpretar imagens de sensoriamento remoto que
floresta decídua (folhagem sazonal) é mostrada na Figura tenham uma escala de cinza contínua, com tons variando do
5-7e. O contraste tonal torna fácil a discriminação entre as preto para o cinza até o branco, se possível.
duas espécies principais.
Cor
Deve-se, no entanto, ser cuidadoso quando se interpretam
bandas individuais de imagens branco e preto. Por exem­ Nós podemos utilizar técnicas de combinação de cores
plo, considere a imagem TM (Thematic Mapper) Landsat aditivas para criar composições coloridas a partir de ban­
na banda 3 (vermelho) de uma área de agricultura no Co­ das individuais de dados de sensoriamento remoto, como
lorado (Figura 5-7f). Como esperado, a maior quantidade discutido anteriormente no Capítulo 4. Essas composições
de vegetação significa uma maior absorção da luz vermelha introduzem o matiz (cor) e a saturação à escala de tons de
incidente e, consequentemente, áreas mais escuras na ima­ cinza (intensidade). A Prancha Colorida 5-2 mostra uma
gem dentro do sistema de irrigação do pivô central. Por composição colorida de bandas do verde, do vermelho e do
outro lado, campos descobertos e áreas que não se encon­ infravermelho próximo em área de mangue. Observe que
tram em produção agrícola mostram tonalidades muito há um grande ganho de informação visual na composição
mais brilhantes. Infelizmente, o lago também aparece em colorida. O homem tem a capacidade de diferenciar cer­
tons intermediários de cinza. Isto acontece porque o lago ca de mil variações sutis de cores. Nesta imagem falsa-cor,
recebeu uma quantidade substancial de sedimentos em sus­ toda a vegetação está representada por matizes de vermelho
pensão, causando uma maior reflexão da energia radiante (magenta), a areia aparece como um branco brilhante e a
no vermelho, do que seria normalmente esperado se a água água em vários matizes de azul. Muitos estudiosos preferem
do lago fosse profunda e límpida. Se estivéssemos anali­ adquirir dados de diferentes tipos para criar as suas compo­
sando bandas adicionais no azul, no verde e, talvez, no in­ sições coloridas. Tais dados podem incluir fotografias aéreas
fravermelho próximo, provavelmente ficaria evidente que em cores naturais, fotografias aéreas infravermelho coloridas
se trata de um corpo d’água. Portanto, neste caso, quando ou dados multiespectrais, onde muitas bandas individuais
observamos uma única imagem com variações de tons en­ são coletadas, e algumas são selecionadas e combinadas por
tre o branco e o preto, nós podemos chegar à conclusão adição de cores para produzir imagens coloridas.
de que o lago é, simplesmente, um grande campo vege-
tado, talvez em seus estágios iniciais de desenvolvimento, Infelizmente, a percepção de cores, em algumas pessoas,
quando alguma quantidade do solo arenoso é ainda visível não é bem desenvolvida. Isto significa que elas não experi­
através do dossel. De fato, o lago tem aproximadamente o mentam a mesma sensação mental de uma cor (p.ex., ver­
mesmo tom de cinza de diversas áreas adjacentes no inte­ de) como acontece com a grande maioria da população.
rior dos sistemas de irrigação por pivô central. Apesar das naturais dificuldades que essa disfunção repre­
senta no dia-a-dia das pessoas, muitos excelentes analistas
O ser humano pode diferenciar aproximadamente 40-50 de imagem apresentam algum tipo de limitação na percep­
gradações de cinza em uma fotografia ou imagem de senso- ção de cores. Existem testes especiais, como aquele exem­
riamento remoto em branco e preto. Entretanto, é necessário plificado na Prancha Colorida 5-3, que podem determinar
prática e habilidade para extrair a informação útil de imagens a capacidade de percepção das cores.
138 CAPÍTULO Elementos de Interpretação Visual de Imagens

Tamanho

a. Automóveis: diversos, mas aproximada­ b. Ferrovia: 1,43 m de bitola e 20 cm entre c. Uma carreta tem aproximadamente 13,5 a
mente com 4,5 m de comprimento e 1,8 m dormentes. 15 m de comprimento.
de largura.

d. Baseball: 27 m entre bases; 18 m do arre- e. Trampolim: aproximadamente 3,6 m de f. Carros e caminhões podem ser usados
messador à sua base. comprimento. como escala para determinar o tamanho das
unidUes de ar condicionado.
Figura 5-8 Elementos de Interpretação de Imagem -Tam anho.

Tamanho - Comprimento, Largura, Perímetro e são miniaturizada de um objeto, que pode medir, em uma
Área imagem, somente uns poucos centímetros de comprimen­
to e de largura. A medição, numa imagem, do tamanho de
alguns objetos bem conhecidos, tais como o comprimento
O tamanho de um objeto é uma de suas características mais de um carro, a largura de uma rodovia e de uma ferrovia,
distintivas e um dos mais importantes elementos de inter­ o tamanho de uma típica residência familiar, etc., permi-
pretação de imagem. Os parâmetros mais comumente me­ te-nos uma melhor compreensão do tamanho das feições
didos são comprimento (m), largura (m), perímetro (m), desconhecidas na imagem e, possivelmente, identificá-las.
área (m2), e ocasionalmente, volume (m3). O analista deve Há diversos adjetivos subjetivos e relativos que descrevem o
medir, rotineiramente, o tamanho de objetos desconheci­ tamanho dos objetos, incluindo pequeno, médio e grande.
dos. Para fazer isto, é necessário conhecer a escala da foto­ Esses adjetivos devem ser usados moderadamente.
grafia (p.ex., 1:24.000) e a sua unidade geral equivalente ou
escala verbal (i.e., 1 cm = 240 m). No caso do imageamento Objetos que apresentam tamanhos relativamente padroni­
digital é necessário conhecer a resolução espacial nominal zados podem ser usados para avaliar o tamanho de outros
no terreno do sistema sensor (p.ex., 1 x lm). objetos na cena. Por exemplo, nos Estados Unidos um carro
de tamanho médio tem, aproximadamente, 4,5 m de com­
A medição do tamanho de um objeto desconhecido permite primento por 1,8 m de largura (Figura 5-8a). Eles podem ter
ao intérprete excluir muitas alternativas possíveis. No entan­ dois terços desse tamanho na Europa, na Ásia, etc. Observe
to, é necessário ser cuidadoso, porque todos os objetos nos que é possível diferenciar carros de caminhonetes. Note, tam­
dados de sensoriamento remoto estão em uma escala menor bém, que a linha branca de 15 cm separando os espaços de es­
do que 1:1 e nós não estamos acostumados a observar a ver­ tacionamento é bem visível, dando indicações sobre a alta re­
Elementos de Interpretação de Imagem 139

solução espacial desta fotografia aérea. A bitola padrão para as pretes inexperientes muitas vezes encontram dificuldades
ferrovias nos Estados Unidos é de 1,43 m (Figura 5-8b). Esta para identificar até mesmo a forma do prédio em que se
é uma informação diagnostica para se inferir o comprimen­ encontram. Essa dificuldade é ainda maior quando se ava­
to dos vagões ferroviários. O comprimento médio de uma lia a forma planimétrica x,y de objetos naturais ou feitos
carreta de um caminhão é de 13,5 a 15,0 m (Figura 5-8c), pelo homem, registrados em uma fotografia aérea ou outro
permitindo-nos avaliar o tamanho do depósito adjacente. tipo de imagem. Há numerosos adjetivos para descrever a
forma, tais como (Tabela 5-1) linear, curvilinear, circular,
As dimensões dos campos das principais modalidades es­ elíptico, radial, quadrado, retangular, triangular, hexago-
portivas, como o futebol, o baseball (Figura 5-8d) e o tênis nal, estrela, alongado e amorfo (sem uma forma clara).
são padronizadas no mundo todo. A distância entre as ba­
ses no baseball é de 27 m, enquanto a distância do arre- Há, no mundo real, uma infinidade de objetos cujas for­
messador à sua base é de 18 m. A maioria dos trampolins mas devem-se a eventos da natureza ou à interferência do
em piscinas (Figura 5-8e) tem um comprimento de 3,6 m. homem. Infelizmente, podemos mostrar apenas alguns
Exemplos adicionais podem ser encontrados no Capítulo poucos exemplos (Figura 5-9). Uma moderna aeronave a
13 (Sensoriamento Remoto de Áreas Urbanas). jato (Figura 5-9a) tem, tipicamente, uma forma triangular
e sombras com formato característico. Construções resi­
Se esses objetos são visíveis em uma imagem, é possível denciais e públicas/comerciais podem variar, desde a for­
determinar o tamanho de outros objetos na cena pela com­ ma retangular muito simples de construções residenciais
paração entre as suas dimensões. Por exemplo, o diâmetro (Figure 5-9b) até padrões geométricos complexos como o
das duas unidades de ar condicionado de teto mostradas Pentágono, em Washington, D.C. (Figura 5-9c). A ima­
na Figura 5-8f, equivale, no mínimo, ao comprimento do gem infravermelha branco e preto foi obtida usando-se
carro e do caminhão, também visíveis na imagem. uma câmera digital. Normalmente, os sistemas de trans­
porte do homem (Figura 5-9d) têm uma forma curvilinear
E arriscado fazer medições precisas de comprimento, pe­ e exibem grandes obras de engenharia.
rímetro, e área de objetos em fotografias aéreas (ou outros
dados de sensoriamento remoto) não-retificadas. São raras O ser humano modifica a natureza de modos muito di­
as superfícies totalmente planas dentro do campo de visada versos, alguns deles muito interessantes. Por exemplo, a
instantâneo de uma fotografia aérea ou de outro tipo de Figura 5-9e realça a forma curvilinear de pequenos aterros
imagem. Isso faz com que pontos que sejam mais altos do cuidadosamente construídos (elevando-se cerca de 60cm
que a elevação média estejam mais próximos do sensor, e acima da superfície do terreno), que direcionam a água
pontos que sejam menores do que a elevação média estejam continuamente através de um campo de arroz, em Loui-
mais distantes do sistema sensor. Assim, diferentes partes da siana. Um campo adjacente apresenta-se sistematicamente
imagem têm diferentes escalas. Prédios altos, montes e de­ arado. No entanto, a natureza constrói as mais bonitas for­
pressões podem ter escalas significativamente diferentes do mas, padrões e texturas, como exemplificado pelo padrão
que a escala calculada pela elevação média na fotografia. radial das palmeiras na Figura 5-9f.

Portanto, a situação ideal é aquela em que os dados da O bom intérprete de imagens dedica uma grande quanti­
fotografia aérea, ou de outra imagem, tenham sido reti­ dade de tempo no campo observando e avaliando as for­
ficados e corrigidos geometricamente para se tornarem, mas dos objetos naturais e feitos pelo homem. O intérpre­
de fato, uma ortofotografia ou ortoimagem, onde todos te adquire, então, uma melhor capacidade para entender
os objetos estão em sua real localização planimétrica x, y. como essas formas aparecem quando registradas em uma
Então, é possível medir o comprimento, o perímetro, e a imagem vertical ou oblíqua.
área das feições usando-se diversos métodos, incluindo o
planímetro polar, mesa digitalizadora, análise de grade de Textura
pontos (dot-grid) ou análise digital de imagem. Estes mé­
todos de medição do tamanho de objetos estão descritos
no Capítulo 6 (Fotogrametria). A Textura é a disposição e o arranjo característico dos tons
de cinza ou cores que se repetem em uma imagem. Em uma
Forma fotografia aérea, ela é criada pelas repetições tonais de gru­
pos de objetos, que podem ser muito pequenos para serem
discernidos individualmente. Muitas vezes, duas feições que
Seria maravilhoso se todas as coisas tivessem uma única tenham características espectrais muito similares (p.ex., tons
forma que pudesse ser facilmente discernida a partir de branco e preto ou cores similares) mostram características de
uma perspectiva vertical ou oblíqua. Infelizmente, intér­ textura diferentes, que permitem a um intérprete experiente
140 CAPITULO Elementos de Interpretação Visual de Imagens

Forma

a. Forma triangular (delta) de um típico jato b. Formas retangulares de residências com mó- c. Imagem infravermelho branco e preto do
de passageiros. dulos de larguras simples ou duplas, para venda. Pentágono (cortesia de Positive Systems, Inc.).

d. Trevo de auto-estrada de forma curviline- e. Formas curvilineares de barreiras cuida­ f. Forma radial de copas de palmeiras em San
ar, nos Estados Unidos. dosamente construídas em um campo de Diego, CA.
arroz na Louisiana.
Figura 5-9 Elementos de Interpretação de Imagem —Forma.

distinguir entre elas. Para caracterizar textura, frequente­ Outros adjetivos são frequentem ente utilizados para
mente utilizamos os adjetivos liso (uniforme, homogêneo), descrever a textura, entre os quais mosqueado, ponti­
intermediário, e rugoso (grosseiro, heterogêneo). lhado, etc. É difícil definir exatamente o que signifi­
ca cada uma dessas texturas. E melhor mostrar alguns
E importante entender que a textura em uma certa porção exemplos, como os apresentados na Figura 5-10. Tanto
de uma fotografia é, estritamente, uma função da escala. o pomar de abacate como as árvores têm uma textura
Por exemplo, em uma fotografia aérea de escala muito grosseira na fotografia de grande escala da Figura 5 -10a.
grande (p.ex., 1:500) é possível identificar as folhas e os Por outro lado, a estrada de concreto e o gramado apre­
galhos no dossel de um conjunto de árvores e descrever a sentam uma textura lisa. Próximo à piscina, o solo exibe
área como tendo uma textura grosseira. Entretanto, quan­ graus variados de conteúdo de umidade, resultando em
do se diminui a escala do imageamento (p.ex., 1:5.000), as uma textura mosqueada.
folhas e galhos individuais, e até mesmo a copa das árvores,
poderão coalescer, dando-nos a impressão que o conjunto Na Figura 5-10b, a floresta de pinheiro, à esquerda, tem
de árvores tem, agora, uma textura intermediária, i.e., ela uma textura relativamente grosseira, onde as copas das ár­
não é lisa mas, definitivamente, não é rugosa. Quando es­ vores são visíveis. A areia da praia em tons claros apresenta
sas mesmas árvores são observadas em uma escala muito uma textura lisa. As plantas ”rabo-de-gato” mais próximas
pequena (p.ex., 1: 50.000), elas vão aparecer como uma e os aguapés mais distantes no Lago-L da Usina Nuclear do
floresta uniforme com uma textura lisa. Portanto, a textu­ Rio Savannah, apresentam texturas intermediárias a rugo-
ra é função da escala do imageamento e da habilidade do sas. Finalmente, os aguapés dão lugar aos tons escuros da
intérprete de percebê-la e de descrevê-la. água, com uma textura lisa.
Elementos de Interpretação de Imagem 141

Textura

a. Textura relativamente grosseira de planta­ b. O pinheiro tem uma textura grosseira; os c. Textura grosseira de troncos de pinheiro de
ção de abacate. O gramado e a rodovia têm “rabo-de-gato” e os aguapés apresentam tex- corte recente, em uma serraria na Geórgia,
textura lisa. tura intermediária.

d. Textura grosseira de um campo de milho e. Textura mosqueada em solo exposto em i. Variedades de texturas ao longo de um tri­
na Carolina do Sul, entremeado com pés de um sistema de irrigação de pivô central na butário do Mississipi.
maconha circulares . Geórgia.

Figura 5-10 Elementos de Interpretação de Imagem - Textura.

Duas pilhas de troncos de pinheiro com 15 m em uma ser­ de solos, resultando em uma textura mosqueada. Uma parte
raria na Geórgia, são mostradas na Figura 5-10c. Os troncos da região com textura mosqueada mostra, ainda, os sulcos cir­
apresentam uma textura grosseira heterogênea com um pa­ culares das seis rodas do sistema de irrigação de pivô central.
drão linear. A sombra entre as pilhas tem uma textura lisa.
Diversas texturas formadas pela vegetação e cordões areno­
A Figura 5-10d é uma fotografia interessante mostrando sos estão presentes em uma fotografia de grande escala de
uma plantação de pés de maconha de forma circular sis­ um tributário do Rio Mississipi, na Figura 5-10f. Um den­
tematicamente dispostos entremeados em um campo de so conjunto de salgueiros paralelos à margem inferior cria
milho. A fisiologia (estrutura) dos dois tipos de plantas, uma textura relativamente fina, quando comparada com a
seu espaçamento e orientação combinam para produzir textura grosseira da floresta com a qual faz limite. Os cor­
uma textura grosseira. As sombras produzidas pelos pés de dões de areia entremeados com a água criam uma textura
maconha contribuem substancialmente para a textura da sinuosa, única, assim como um padrão serrilhado. Muitas
área. Poucos intérpretes inexperientes notariam as diferen­ das copas das árvores, na porção superior da imagem, estão
ças sutis de textura na fotografia. bem espaçadas criando uma textura mais grosseira.

Uma parte do campo na Figura 5-10e está sendo cultivada, Padrão


enquanto a parte restante permanece sem cultivo. A porção
sudoeste do sistema de irrigação de pivô central é vegetada e
apresenta uma textura relativamente lisa. A porção remanes­ Padrão é o arranjo espacial dos objetos na paisagem (Figura
cente, sem cultura, parece ter áreas com variações na quantida­ 5-11). Os objetos podem estar arranjados aleatória ou sis­
de de umidade no solo, ou ser constituída por diferentes tipos tematicamente. Os objetos podem ser naturais, como em
142 CAPÍTULO Elementos de Interpretação Visual de Imagens

Padrão

a. Padrão triangular e sistemático dos B-52 . Sete silos de armazenagem de grãos mos­ c. Padrão sinuoso de canais em forma de
sendo desmontados (cortesia USGS). trando um padrão curvilinear, em uma fa­ trança, dispostos aleatoriamente, em um
zenda no SW dos EUA. solo arenoso no braço do Rio Pen, SC.

d. Padrão de distribuição de glebas em um e. Fileiras de batatas lineares e sistemáticas, f. Padrão de ruas radiais em Paris (Sovinfor-
solo mosqueado, no Texas. mostrando áreas escuras onde a batata foi msputnik and Aerial Images, Inc.).
afetada por doença.
Figura 5-11 Elementos de Interpretação de Imagem - Padrão.

um padrão de drenagem, ou feitos pelo homem, como o Sete grandes silos de estocagem de grãos podem ser vistos
sistema de posse de terra subdividida em distritos, comum na Figura 5-1 lb. Os silos são circulares e estão dispostos
no oeste dos EUA. O padrão é uma característica bastan­ na paisagem em um padrão curvilinear. Numerosas edifi­
te diagnostica de muitas feições. Os adjetivos típicos de cações retangulares da fazenda, orientadas norte-sul, estão
padrão incluem aleatório, sistemático, circular, centrípeto, dispostas em um arranjo aleatório.
oval, curvilinear, linear, radial, retangular, hexagonal, pen­
tagonal, octogonal, etc. Um padrão sinuoso e aleatório de canais em forma de tran­
ças presente na desembocadura do braço do Rio Pen é apre­
Exemplos de padrões típicos observados em dados de sen- sentado na Figura 5-1 lc. Este padrão particular assemelha-
soriamento remoto são mostrados na Figura 5-11. O pri­ se a uma trança de cabelo, daí a terminologia. Os principais
meiro exemplo representa um padrão triangular e sistemá­ padrões de drenagem que podem ser identificados em dados
tico dos B-52 sendo desmontados, na Base da Força Aérea de sensoriamento remoto são discutidos no Capítulo 13.
de Monthan (Figura 5-11 a). Uma grande lâmina de metal
corta a fuselagem em um número determinado de partes. A Figura 5-11 d representa o sistema cadastral de subdivi­
As partes precisam permanecer visíveis por um certo nú­ são de glebas (Township & Range) superimposto em uma
mero de dias, para que os outros países possam, através de região de agricultura no Texas. A fotografia NAPP (Pro­
sua própria tecnologia de reconhecimento aéreo, verificar grama Nacional de Fotografias Aéreas) revela pequenas áreas
que o número especificado de B-52 foi desativado, como de trabalho da fazenda, separadas por grandes campos de
parte do processo estratégico de limitação de armas. O terra agriculturável. As diferenças de conteúdo de umidade
equipamento pesado movendo-se entre as aeronaves cria nos tipos de solo dos campos combinam-se para criar uma
um padrão único curvilinear. textura mosqueada, não sistemática.
Elementos de Interpretação de Imagem 143

Sombra

b. Disposição das sombras do I.a Gloriette - c. As sombras da placa de sinalização e da


Cris Benton). Arco da Glória - em Viena, na Áustria. ponte fornecem informações úteis.

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d. As Pirâmides de Glsã (cortesia de Sovin- e. As sombras dão informações sobre a altura f. Imagem orientada, durante a análise, de
forsputnik and Aerial Images, Inc). dos objetos (Emerge, Inc). forma que as sombras posicionem-se em di­
reção ao observador.
Figura 5-12 Elementos de Interpretação de Imagem - Sombra.

As batatas arranjadas em fileiras lineares espaçadas sistema­ imagem dão mais informações do que os próprios objetos.
ticamente são mostradas na Figura 5-1 le. As fileiras estão La Gloriette —Arco da Glória —em Viena, na Áustria, tem
arranjadas em um padrão retangular. Esta fotografia do in­ uma única estátua em seu topo (Figura 5-12b). Através de
fravermelho próximo revela que alguns desses campos apare­ uma avaliação cuidadosa das sombras em uma fotografia
cem em tons escuros, indicando áreas afetadas por doença. vertical, é possível determinar a localização da estátua no
topo do prédio. De forma similar, as sombras da placa de
Uma fotografia do satélite russo KVR-1000 revela o pa­ sinalização da rodovia e da pista elevada sobre a rodovia
drão radial de ruas centradas no Arco do Triunfo, em Paris (Figura 5-12c) dão mais informação que os próprios obje­
(Figura 5-1 lf). tos, em uma fotografia aérea vertical.

Sombra Imagens ou fotografias em escalas muito pequenas, nor­


malmente, não contêm sombras de objetos, a não ser que
tenham um grande destaque em relação à topografia ao seu
A maioria dos dados de sensoriamento remoto é coletada redor, como montanhas, construções extremamente altas,
num intervalo de ± 2 horas ao redor do meio dia, para etc. Por exemplo, as sombras feitas pelas grandes pirâmides
evitar sombreamentos extensivos nas imagens. Isto ocorre de Gisa, no Egito (Figura 5-12d). As sombras distintivas
porque as sombras podem obscurecer outros objetos, difi­ são bastante diagnosticas na interpretação de imagens.
cultando a sua detecção e identificação. Por outro lado, a
sombra ou silhueta de um objeto pode ser o único indica­ Algumas vezes, quando o intérprete não tem acesso a um
dor real para a sua identificação. Por exemplo, considere imageamento estereoscópico, as sombras podem dar in­
as sombras formadas por duas pessoas em pé no cais do formações sobre a altura de um objeto. Por exemplo, as
porto e por dois bancos, na Figura 5-12a. As sombras na sombras do edifício, na Figura 5-12e, contêm informações
144 CAPÍTULO Elementos de Interpretação Visual de Imagens

Altura e Profundidade

a. Deslocamento de relevo como um importante b. Sombras e mascaramentos na cidade de São c. A batimetria da Baia de Monterey, CA
indicativo monoscópico sobre a altura de objetos. Francisco (cortesia GeoEye Inc.). (cortesia HJW, In cS P O T Im a g e, Inc.).

Figura 5-13 Elementos de Interpretação de Imagem - Altura e Profundidade.

valiosas sobre a altura do edifício, permitindo identificá-lo Altura e Profundidade


como uma residência familiar térrea. O Capítulo 6 (Foto-
grametria) descreve como a sombra pode ser usada para
medir a altura de objetos. A habilidade para observar e medir a altura (elevação) ou
profundidade (batimetria), de um objeto ou forma de re­
Quando se interpreta uma imagem com uma quantidade levo, é um d' s mais diagnósticos elementos de interpre­
substancial de sombra, deve-se orientar a imagem de for­ tação de imagem (Figura 5-13). A paralaxe estereoscópica
ma que as sombras se posicionem em direção ao intérprete, está presente nos dados de sensoriamento remoto quando
como mostrado na Figura 5-12f. Isto evita que o intérpre­ o mesmo objeto é observado sob duas diferentes perspecti­
te tenha a ilusão pseudoscópica, onde há uma inversão da vas. A observação, através de instrumentos estereoscópicos,
percepção de profundidade: os pontos mais baixo aparecem dessas imagens ou fotografias tomadas com superposição
como os mais elevados e vice-versa. Por exemplo, é difícil de áreas, é o melhor método para visualizar tridimensional­
interpretar a floresta e as áreas alagadas da Figura 5-12f, mente um terreno e para extrair informações precisas x,y,z
quando se posicionam as sombras no sentido contrário ao de topografia e/ou batimetria. As técnicas de análise estere­
observador. Por favor, rotacione 180° e perceba como é di­ oscópica são apresentadas no Capítulo 6 (Fotogrametria).
fícil interpretar corretamente. Infelizmente, muitas fotogra­
fias aéreas do hemisfério norte são obtidas durante os meses Entretanto, também há indicadores monoscópicos que permi­
de primavera, quando o Sol posiciona as sombras no sentido tem avaliar a altura ou profundidade de um objeto. Por exem­
norte. A solução é reorientar as fotografias, invertendo o sul plo, qualquer objeto, como um prédio que se projete acima de
e o norte. No entanto, se estivermos fazendo um fotomapa um datum local, apresentará um deslocamento radial a partir
ou ortofotomapa, é convenção cartográfica a colocação do do ponto principal em uma fotografia aérea vertical. Assim,
norte no topo do mapa. Isto pode causar alguns problemas poderemos ver um dos lados de uma feição, como mostrado
na interpretação do fotomapa se o intérprete não tiver co­ na Figura 5-13a. Além disso, todos os objetos que se projetem
nhecimento sobre a ilusão pseudoscópica. acima do datum local apresentarão uma sombra que fornece­
rá informações diagnosticas sobre suas alturas ou elevações,
As sombras no imageamento de radar são completa­ como exemplificado pelos vários edifícios de São Francisco,
mente negras e não contêm nenhum tipo de informa­ mostrados na Figura 5-13b. Ocorre, também, que a sombra
ção. Felizmente, não é isso o que ocorre com as sombras de objetos obscureçam outros ao seu lado, tornando claro que
em uma fotografia aérea. Ainda que as áreas sombreadas um objeto tem maior elevação do que outro. Por exemplo, o
apareçam em tons relativamente escuros, elas podem edifício no topo da Figura 5-13b está mascarando o edifício
conter ainda alguma luz espalhada das áreas vizinhas, ao seu lado, sugerindo que ele tem uma altura maior.
suficiente para iluminar o terreno, em diferentes graus,
e perm itir que se obtenha alguma informação a respeito A melhor forma de obter medidas batimétricas é através do
da área sombreada. equipamento de sensoriamento remoto denominado so-
Elementos de Interpretação de Imagem 145

Sítio, Situação e Associação

a. Planta da Usina Termelétrica de Haynes b. Uma serraria com suas pilhas de troncos
em Long Beach, CA. enfileirados e tábuas serradas. de Augusta, GA.

Figura 5-14 Elementos de Interpretação de Imagem - Sítio, Situação e Associação.

nar, que envia um pulso de som e mede o tempo necessário têm, tipicamente, múltiplos edifícios térreos, muitas áreas de
para que ele atravesse a coluna d’água, seja refletido pelo estacionamento e são, idealmente, situadas próximo às princi­
fundo, e retorne ao sensor. A imagem da Baia de Monte- pais artérias de transporte e centros populacionais.
rey, CA, mostrada na Figura 5-13c, foi obtida usando-se
sonar e integrada com uma imagem SPOT. Plantas de usinas termelétricas, como a de Flaynes Steam
em Long Beach mostrada na Figura 5-14a, normalmente
Sítio, Situação e Associação estão localizadas em áreas planas, com diversas obras de
engenharia e próximas a grandes reservatórios de petróleo
(ou outro tipo de recurso natural), para serem utilizados na
Sítio, situação e associação são características muito impor­ geração de vapor d água que irá movimentar os geradores
tantes quando se busca identificar um objeto ou atividade. de energia elétrica. Anteparos feitos pelo homem, normal­
Um sítio tem características físicas e/ou sócio-econômicas mente envolvem a área onde se situa o tanque, para conter
únicas. As características físicas podem incluir elevação, de- o petróleo em caso de ocorrer algum acidente. As plantas
clividade, aspecto e tipo de cobertura superficial (p.ex., solo das usinas termelétricas são, frequentemente, refrigeradas
descoberto, grama, arbusto/cerrado, pastagem nativa, flores­ pela circulação de algum tipo de líquido armazenado em
ta, água, asfalto, concreto, residência, etc.). As características pequenos lagos. A água é utilizada para refrigerar os com­
sócio-econômicas do sítio incluem o valor da terra, o sistema ponentes críticos geradores de vapor d’água.
de posse da terra, a proximidade da água, e/ou a certo tipo
de população (profissional, horista, aposentado). Serrarias, como a mostrada na Figura 5-l4b, estão, normal­
mente, situadas em um terreno plano, com muitas árvores
A situação refere-se à organização e orientação de certos objetos disponíveis num raio de 20 km e contendo muitas pilhas de
na cena, um em relação ao outro. Frequentemente, conjuntos troncos enfileirados e outras pilhas de tábuas bem organiza­
de materiais, de construções, de oleodutos, de produtos, etc., das, uma fornalha para queimar os restos de madeira, e amplas
estão distribuídos de uma maneira lógica, previsível. instalações de processamento da madeira. Frequentemente,
um ramal ferroviário é utilizado para escoar a madeira.
A associação refere-se ao fato de que, quando se avalia um
certo fenômeno ou atividade, quase que invariavelmente en- As plantas de usinas nucleares localizam-se em áreas carac­
contram-se feições ou atividades relacionadas ou associadas. terizadas por grandes obras de engenharia. Elas contêm um
Quando se analisa uma imagem, os elementos de interpreta­ (ou mais) grande edifício de concreto onde se situa o reator.
ção sítio, situação e associação raramente são usados de forma A área pode conter grandes lagos, para a recirculação da água
independente. O normal é serem usados sinergicamente para que refrigera o reator, ou possuir enormes torres refrigerado-
atingir uma conclusão lógica. Por exemplo, as estações de tra­ ras, como aquelas em construção na Usina Nuclear de Vogle,
tamento de esgoto são quase sempre localizadas em uma área próximo de Augusta, GA, mostrada na Figura 5-14c. Como
(sítio) plana, próximas de uma fonte de água, para que possa a eletricidade pode ser transportada economicamente a gran­
dispor de água tratada, e relativamente próximas da comu­ des distâncias, não há necessidade de que as usinas nucleares
nidade. Alamedas que compõem grandes centros comerciais sejam construídas próximas à população consumidora.
146 CAPÍTULO Elementos de Interpretação Visual de Imagens

Um intérprete experiente traz o seu conhecimento sobre sí­ Tabela 5-2 Informações colaterais frequentemente usadas na
tio, situação e associação para a solução de um problema de interpretação de fotografias aéreas e outros dados
interpretação de imagem. Esse conhecimento é obtido pela de sensoriamento remoto nos Estados Unidos.
observação dos fenômenos que ocorrem no mundo real. O
T ó p ic o In fo r m a ç ã o C o la te r a l
intérprete mais eficiente é aquele que teve a oportunidade de
observar um grande número de ambientes naturais e modi­ Orientação Mapa Internacional do Mundo: 1:1.000.000
ficados pelo homem. E difícil identificar um objeto em uma Geral National Geospatial-Intelligence Agency
imagem se ele nunca foi observado in situ e nunca teve as (NGA) 1:100.000, 1:250.000
suas características de sítio, situação e associação avaliadas. USGS 7,5 min 1:24.000
USGS 15 min 1:63.300
Métodos de Pesquisa Sistemas de navegação de imagens: Google
Earth,
Space Imaging, DigitalGlobe, SPOT
Limites ou USGS 7,5 min 1:24.000
A fotointerpretação tem sido utilizada desde que Gaspard
Distritos USGS 15 min 1:63.300
Felix Tournachon (Nadar) obteve, com sucesso, a primeira
Estado, município, cidade, escola, corpo
fotografia aérea na França, em 1858. Nesses anos, os cientis­ de bombeiro (incêndio), cadastro eleitoral,
tas desenvolveram muitas abordagens para interpretar dados
água/esgoto
de sensores remotos, incluindo: 1) utilização de informações
colaterais (auxiliares), 2) aplicação da convergência de evidên­ Cadastral Mapas de tributos de cidades e municípios
cias, e 3) aplicação do conceito multi na análise de imagens. Controle USGS gráfico linear digital - elevação
Geodésico NGS - cartas náuticas e batimétricas
Usando a Informação Colateral
Floresta USFS - informações florestais
Geologia USGS - superfície e sub-superfície
Os intérpretes experientes raramente analisam uma foto­ Desastres 1EMA - mapas de inundação
grafia aérea, ou outros dados de sensoriamento remoto, USCG - índice de sensibilidade ambiental
sem ter, previamente, algum outro tipo de informação. Na
Hidrologia USGS gráfico linear digital - elevação
realidade, o intérprete deve coletar o maior número possí­
NGS - cartas náuticas e batimétricas
vel de informações colaterais (frequentemente chamadas de
USGS - relatórios sobre abastecimento de água
anteriores ou auxiliares) sobre a área e o objeto de estudo.
USGS - relatórios de descarga volumétrica
Os principais tipos de informações colaterais estão resumi­
(fluxo)
dos na Tabela 5-2, incluindo o uso de uma variedade de
mapas para orientação, informação sobre limites políticos, Sócio- Bureau of the Census —dados demográficos
dados cadastrais de propriedades, controle geodésico (x, Econômico -Blocos de dados TIGER (Topologically
y, z), dados florestais, dados geológicos, informação sobre Integrated Geographic and Reference)
riscos, dados hidrológicos de superfície e sub-superfície, -Censo de cidades e municípios (Census tract)
dados sócio-econômicos, taxonomia do solo, dados topo­ Solos SCS, NRCS - mapas de taxonomia de solos
gráficos e batimétricos, características de transporte, infor­
Topografia/ USGS —Dados nacionais de elevação (NET)
mação sobre áreas alagadas ou úmidas. O ideal é que esses
Batimetria NGA - Banco de dados digitais de elevação
dados estejam arquivados em um Sistema de Informações do terreno (DTED)
Geográficas (SIG), para que sejam facilmente acessados e USCG - cartas náuticas e batimétricas
superpostos aos dados de sensoriamento remoto.
Transporte USGS gráfico linear digital - transporte
É importante contactar um serviço nacional de previsão de Mapas de transporte de Estados e municípios
tempo, que forneça informações quantitativas sobre as con­ Tempo/ Serviço Meteorológico Nacional - NEXRAD
dições meteorológicas (cobertura de nuvens, visibilidade e atmosfera
precipitação) no dia em que os dados de sensoriamento re­ Áreas USGS - Mapas do Inventário Nacional de
moto foram coletados e nos dias imediatamente anteriores. alagadas/ áreas Alagáveis
úmidas NOAA - Programa de análise de mudanças
Pode-se obter, também, mapas sobre as ruas locais, fotogra­ costeiras
fias terrestres, livros sobre a geografia local e regional, e ar­
tigos e revistas populares sobre o local ou objeto de estudo.
Pode-se, também, obter informações com a população local.
Métodos de Pesquisa 147

O bom fotointérprete vai ao campo fazer uma avaliação ini­ • notar a ausência de instalações de rampas para embar­
cial da configuração do terreno, das características de vege­ que/ desembarque de passageiros, comuns em aeroportos
tação e solo, da drenagem e das condições geomórficas, e do comerciais, sugerindo tratar-se de um aeroporto militar;
impacto cultural causado pelo homem na região.
• examinar os padrões incomuns de sombra;
Frequentemente, essas informações espaciais estão arqui­
vadas em um SIG. Isto é importante porque os dados de • consultar manuais que contenham exemplos de aero­
sensoriamento remoto podem ser registrados geometrica­ naves compatíveis com os padrões de sombra (p.ex.,
mente com as informações da base de dados do SIG, facili­ Figura 5-11 b);
tando a superposição e análise conjunta desses dados.
• convergir as evidências para chegar a uma conclusão
Convergência de Evidências correta.

O primeiro passo para camuflar um E-3 em um aeroporto


É importante que se desenvolva o trabalho a partir do conhe­ seria alinhar a barra branca com a fuselagem (por favor,
cido para o desconhecido. Por exemplo, talvez nós tenhamos observe o jato 1).
dificuldade para identificar um tipo particular de indústria
em uma fotografia aérea. Um exame cuidadoso dos objetos O Conceito Multi
familiares que se posicionam ao redor do objeto de interesse,
e que, de alguma forma o influenciam, pode nos fornecer
indicações valiosas que nos permitam identificá-lo. Este exa­ Robert Colwell, do Departamento de Floresta da Universi­
me pode incluir uma interpretação cuidadosa das caracterís­ dade da Califórnia em Berkeley, apresentou o conceito multi
ticas do edifício (comprimento, largura, altura, número de em interpretação de imagem, na década de 1960 (Colwell,
depósitos, tipo de construção), do padrão de transporte nos 1997). Ele sugeriu que o método científico mais útil e preci­
arredores (p.ex., características de estacionamento, ramal de so de interpretação de imagem consistia no desenvolvimento
ferrovia para o edifício, proximidade de rodovias), da decli- dos seguintes tipos de análise: multiespectral, multidisciplinar,
vidade e do aspecto da área, das características de drenagem, mídtiescala e multitemporal. O conceito multi sofreu uma ela­
das instalações que entram ou saem do edifício (oleoduto, boração posterior por Estes et al. (1983) eTeng (1997).
entrada ou saída de água), dos materiais dispostos de ma­
neira não natural ou de produtos manufaturados na parte Colwell foi o pioneiro no uso de fotografias aéreas mídtibandã
exterior do edifício, dos métodos e dos equipamentos de e de dados multiespectrais de sensores remotos. Ele observou
transporte (tratores, docas de carga, rampas, etc.). Trazemos, que, em ambientes de agricultura e floresta, as medidas feitas
então, todo o conhecimento que temos para a interpretação em múltiplos intervalos (bandas) discretos de comprimento
da imagem e convergimos nossas evidências para identificar o de onda do espectro eletromagnético, eram, normalmente,
processo ou objeto de estudo. mais valiosas que as adquiridas em uma única imagem banda
larga, do tipo pancromática. Por exemplo, a Figura 5-7 docu­
Vamos considerar um outro exemplo de convergência de menta a diferença significativa no conteúdo de informação
evidências. Suponha que tenhamos que descrever o tipo e encontrado nas imagens multiespectrais, nas bandas verde,
as instalações do aeroporto mostrado na Figura 5-15. Em vermelho e infravermelho próximo, de uma área de mangue.
uma primeira análise, nós poderiamos concluir que este é
um aeroporto civil, com jatos comerciais. Entretanto, após Colwell realçou, também, a importância de se utilizarem fo­
uma inspeção mais detalhada, veremos que os jatos 2, 3 tografias ou imagens mídtiescala (frequentemente denomi­
e 6 parecem normais (Boeing 707, na forma de grandes nadas de multiestágio). O imageamento em escalas meno­
deltas), mas os jatos 4 e 5 mostram padrões de sombras res (p.ex., 1:80.000) permite integrar as imagens em escalas
com diferenças substanciais na fuselagem e no solo. O jato intermediárias (p.ex., 1:40.000) em seu contexto regional.
número 1 exibe, também, algumas características inco- Assim, o imageamento em escala muito grande (p.ex., >
muns de sombras. Além do mais, nota-se que os jatos 4 e 5 1:10.000) pode ser usado para fornecer informações deta­
apresentam um objeto circular de cor negra com uma faixa lhadas sobre o fenômeno local. A investigação in situ no
branca, situado no topo da aeronave. campo é a maior escala utilizada, e é muito importante.
Cada escala do imageamento fornece informações únicas,
Um analista de imagem que já tenha visto uma aerona­ que podem ser usadas para calibrar as outras escalas.
ve Boeing E-3 da Airborne Warning and Control System
(AWACS) no solo, provavelmente identificará com facili­ O Professor Colwell acreditava na necessidade de agrupar
dade a aeronave. Um analista não-militar precisará: especialistas multidisciplinares para se focar numa análise
148 CAPITULO Elementos de Interpretação Visual de Imagens

Convergência de Evidências

a. Aeronaves no pátio do Aeroporto de Riyadh, Arábia Saudita.

10,6 m de diâmetro 12,5 m __

b. Aeronave E-3 (Airborne Warning and Control System - AWACS)


da Real Força Aérea Saudita.

Figura 5-15 a) Imagem pancromática (61 x 61 cm) de um aeroporto em Riyadh, Arábia Saudita, obtida em 9 de Dezembro
de 2001 (cortesia da DigitalGlobe, Inc.). b) Vista terrestre da aeronave E-3 (.Airborne Warning and Control System -
AWACS) da Real Força Aérea Saudita. A E-3 é equipada com um radar “look down , que pode identificar alvos no
solo e no mar. Seu radar tem uma visão de 360° no horizonte e tem um alcance superior a 320 km. A Força Aérea dos
Estados Unidos, a NATO, o Reino Unido, a França e a Arábia Saudita operam AWACS. [Velocidade > 800 km/h;
Teto > 10.670 m; Autonomia de voo > 11 horas; Alcance > 9.250 km] (Boeing, 2005).

de sensoriamento remoto ou um problema de extração de foi o grande incentivador da inclusão de cientistas multidis-
informações. O mundo real consiste de solos, de geologia ciplinares no processo de interpretação de imagens. Esta fi­
de superfície e sub-superfície, de vegetação, de água, de at­ losofia e a sinergia do processo permitem, frequentemente,
mosfera e de estruturas urbanas feitas pelo homem. Nesta resultados originais e inesperados, com cada cientista mul-
época, em que a especialização científica é cada vez maior, tidisciplinar trazendo o seu conhecimento e sua visão sobre
é difícil para qualquer pessoa ter a habilidade de entender o problema analisado (Donnay et ah, 2001). A Tabela 5-3
e extrair todo o tipo de informação pertinente presente em lista as disciplinas dos profissionais que, normalmente, co­
uma imagem de sensoriamento remoto. Por isso, Colwell laboram no estudo sistemático de um determinado tópico.
Conclusão 149

Tabela 5-3 A contribuição de cientistas multidisciplinares no calendários estejam disponíveis, eles podem ser utilizados
processo de interpretação de imagens. para selecionar as melhores datas para adquirir os dados
de sensoriamento remoto durante a época de desenvolvi­
T ó p ic o D is c ip lin a s
mento das culturas. Muitos outros fenômenos que se de­
Agricultura Agronomia, engenharia agronômica, senvolvem ao longo do tempo, como o desenvolvimento
biologia, biogeografia, geologia, ecologia residencial urbano, podem ser monitorados usando-se da­
da paisagem, ciência do solo dos de sensoriamento remoto. Um intérprete de imagem
Biodiversidade, Biologia, zoologia, biogeografia, ecologia experiente, entende o ciclo fenológico de um fenômeno
habitat da paisagem, ciência marinha, ciência do interpretando esta informação e usando-a para escolher o
solo melhor tipo de sensor remoto para o estudo e os dias mais
Preparação de Cartografia, SIG, ciência da computação, favoráveis do ano para a aquisição dos dados.
base de dados e fotogrametria, programação, modelagem
algoritmos analítica Conclusão
Floresta, Floresta, agronomia, ecologia de pasta-
pastagem gem nativa, ecologia da paisagem, bio­
geografia e ciência do solo Nós, agora, conseguimos um bom entendimento sobre os
Controle Geodésia, topografia, fotogrametria elementos fundamentais de interpretação de imagem. Po­
geodésico demos utilizar os elementos de interpretação de imagem
Geologia Geologia, geomorfologia, agronomia, para uma análise cuidadosa de uma fotografia aérea ou de
solos geografia outros tipos de dados de sensores remotos ópticos (com­
primentos de onda do azul, verde, vermelho e infraver­
Desastres Geologia, hidrologia, geografia urbana e
melho). Baseados neste fundamento, estamos preparados
física
para progredir para técnicas mais sofisticadas de análise de
Hidrologia Hidrologia, química, geologia, geografia imagens, que incluem a extração quantitativa de informa­
Topografia/ Geodésia, topografia, fotogrametria ções dos dados de sensores remotos, usando os princípios
batimetria de fotogrametria.
Transporte Engenharia de transporte, planejamento
de cidades, geografia urbana
Referências
Estudos Geografia urbana, econômica e política,
urbanos planejamento de cidades, engenharia de
transporte, engenharia civil e ecologia da
paisagem
BBC, 2005, “What Lies Behind the Zimbabwe Demolitions?”
Tempo/ Meteorologia, climatologia, física, quí­ BBC News World Edition, London: BBC NEWS, July 26.
atmosfera mica, ciência atmosférica
Áreas alagadas Biologia, ecologia da paisagem, Boeing, 2005, Airborne Warning and Control (AWACS)
e úmidas biogeografia Aircraft, Seattle: Boeing Aircraft Corporation, www.boeing.
com/defense-space/ic/awacs/e3svcww/e3overview.html.

A utilização de dados de sensoriamento remoto obtidos Bossler, J. D., Jensen, J. R., McMaster, R. B. and C. Rizos,
em uma única data podem fornecer informações impor­ 2002, Manual o f Geospatial Science and Technology, London:
tantes sobre o objeto de estudo, porém nem sempre per­ Taylor & Francis, 623 p.
mitem entender os processos desenvolvidos na área. Por
outro lado, a investigação que utilize dados de sensoria­ Colwell, R. N., 1997, “History and Place of Photographic
mento remoto multitemporais permite a obtenção de mais Interpretation,” Manual o f Photographic Interpretation, W.
de uma imagem de um determinado objeto. O monitora­ Philipson (Ed.), 2nd Ed., Bethesda: ASP&RS, 3-48.
mento de fenômenos através do tempo permite-nos enten­
der os processos que atuam na área e desenvolver modelos Davis, B. A. and J. R. Jensen, 1998, “Remote Sensing of
prognósticos (Lunetta e Elvidge, 1998; Schill et al., 1999). Mangrove Biophysical Characteristics,” Geocarto International,
Colwell foi pioneiro a introduzir o conceito de calendário 13(4):55-64.
fenológico no desenvolvimento de culturas, com o objeti­
vo de monitorar as mudanças espectrais que ocorrem nas Donnay, J., Barnsley, M. J. and P. A. Longley, 2001, Remote
plantas durante o seu desenvolvimento. Uma vez que esses Sensing and Urban Analysis, NY.: Taylor & Francis, 268 p.
150 CAPITULO Elementos de Interpretação Visual de Imagens

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I
Fotogrametria 6
otogrametria é a arte e a ciência de realizar medições precisas por meio de foto­

F grafia aérea. A. fotogrametria analógica é realizada usando-se dados em formato


palpável, tais como fotografias aéreas impressas em papel fotográfico de 23 x
23 cm' ou então cópias em transparência positiva (diafilmes ou diapositivos).
A fotogrametria digital é realizada usando-se um computador e fotografias aé­
reas digitais ou digitalizadas. Nenhum dos métodos é superior ao outro. Cada
abordagem tem um papel apropriado, dependendo da natureza dos dados de
sensoriamento remoto e dos objetivos da análise de imagem. Este capítulo en­
foca métodos para a extração de informação quantitativa de fotografia aérea
usando técnicas de fotogrametria tanto analógica quanto digital.

A seguir, encontram-se listadas medições importantes que podem ser obtidas a


partir de uma simples fotografia aérea vertical, com base em técnicas de foto­
grametria analógica ou digital:

• escala da fotografia;

• altura do objeto;

• comprimento do objeto;

• área de um objeto ou polígono;

• perímetro de um objeto ou polígono;

• o tom em escala de cinza ou cor de um objeto.

As seguintes informações quantitativas podem ser extraídas usando múltiplas


fotografias aéreas estereoscópicas (sobrepostas entre si) e medição analógica ou
digital de paralaxe estereoscópica (a ser definida):

• localização planimétrica {x,y) precisa de objetos, como projeção horizontal


de edificações, vias, hidrografia e linhas costeiras em uma projeção cartográ­
fica padrão;

• altura precisa de um objeto (z).

Em adição a isso, técnicas de fotogrametria digital aplicadas à fotografia


aérea estereoscópica podem fornecer:

• modelos digitais de elevação (MDE);

1 N.T. Sempre que cabível, procurou-se converter as unidades de medida para o sistema métrico, com arredondamentos. Em
algumas situações, mantiveram-se as mesmas unidades de medida do autor.
152 CAPÍTULO Fotogrametria

L inha de Voo de Fotografias Aéreas B loco de Fotografias Aéreas


Fotografias oblíquas
. Direção de voo ■
——■ ^
Posição de exposição
#1 #2 #3

Figura 6-2 Um bloco de fotografias aéreas é produzido fotogra­


fando-se múltiplas linhas de voo, as quais possuem de
20 a 30% de sobreposição lateral. Algumas fotogra­
fias aéreas oblíquas podem ser adquiridas ao final da
Figura 6-1 Uma simples linha de voo de fotografias aéreas ver­ linha de voo, se a câmera não for desligada durante o
ticais com 60% de sobreposição estereoscópica ob­ giro de retorno da aeronave.
tida em três posições de exposição, H metros acima
do nível do solo.
importante porque fornece pelo menos duas e, em alguns
• modelos batimétricos; casos, três visadas fotográficas de cada objeto do mundo real
ao longo de uma linha de voo (Figura 6-1). Algumas vezes,
• informação de declividade e orientação de vertentes de­ as fotografia'- aéreas são adquiridas com mais de 80% de
rivada dos modelos digitais de elevação e batimétricos; sobreposição ém terreno montanhoso (Konecny, 2003).

• ortofotos com acurácia planimétrica (x,y). A maior parte dos levantamentos por fotografia aérea re­
quer múltiplas linhas de voo para recobrir a área geográfica
Linhas de Voo da Fotografia Aérea de interesse. Quando isso ocorre, as linhas de voo se so­
Vertical brepõem entre si em cerca de 20-30%, o que é conhecido
como sobreposição lateral (Figuras 6-2 e 6-3). Para adqui­
rir múltiplas linhas de voo, o piloto deve fazer um giro de
É necessário entender como as fotografias aéreas indivi­ 180° ao final de uma linha de voo e então voar na direção
duais são adquiridas nas várias tomadas (exposições) ao oposta. Deve-se tomar cuidado na análise de fotografias
longo de uma linha de voo, antes de se poderem aplicar aéreas verticais adquiridas ao final da linha de voo, por­
corretamente técnicas de fotogrametria para a extração de que alguma das fotografias, obtida no momento em que
informações quantitativas. a aeronave voava de forma inclinada durante o giro, pode
resultar oblíqua. Os algoritmos apresentados neste capí­
Uma linha de voo de fotografia aérea vertical é obtida pela tulo operam melhor com fotografias aéreas praticamente
instalação de uma câmera em um avião, helicóptero ou saté­ verticais (< 3o do nadir). Algumas vezes, o vento ou erro
lite, e aquisição de fotografias do terreno diretamente abaixo do piloto levarão a aeronave a desviar-se para a esquerda
da plataforma em uma sequência de tomadas ou exposições ou direita da linha de voo desejada. Quando isto ocorre,
específicas. A geometria de três fotografias aéreas verticais a área de imageamento de cada fotografia (“footprint”) ou
hipotéticas adquiridas sucessivamente sobre um terreno até mesmo toda a linha de voo poderão apresentar-se des­
plano é apresentada na Figura 6 - 1 . 0 tempo entre as ex­ locadas, conforme mostrado na Figura 6-3b. Isto não re­
posições individuais ao longo de uma linha de voo é deter­ presenta um problema sério, desde que não se torne muito
minado pelo intervalômetro. O responsável pelas fotografias severo e que a sobreposição estereoscópica de 60% e a so­
aéreas deve levar em consideração a velocidade da aerona­ breposição lateral de 20-30% sejam mantidas.
ve e a escala desejada da fotografia, para então configurar
o intervalômetro de modo que cada fotografia aérea verti­ Múltiplas linhas de voo com 20-30% de sobreposição
cal sobreponha-se à fotografia seguinte na linha de voo em lateral são denominadas como bloco de fotografias aéreas
aproximadamente 60% (denominada como sobreposição (Figura 6-2). Por exemplo, uma porção de um bloco de
estereoscópica) (Linder, 2003). Essa sobreposição é muito fotografias aéreas verticais do centro da cidade de Colum-
Linhas de Vôo da Fotografia Aérea Vertical 153

B loco de Fotografias Aéreas C om pilado para Criar um F otom osaico N ão-C ontrolado

Figura 6-3 a) Duas linhas de voo (n° 3 e n° 4) de fotografias aéreas verticais da cidade de Columbia, SC (South Carolina), EUA, com
escala de 1:6.000, obtidas a 914,4 m acima do nível do solo e com lente de distância focal de 152,82 mm. b) Um fotomosaico
não-controlado do bloco de fotografias aéreas.

bia, SC, nos EUA, é apresentada na Figura 6-3a. O bloco duzindo fotografias na escala aproximada de 1:6.000. Há
consiste de três fotografias em cada uma das duas linhas de 60% de sobreposição ao longo de cada linha de voo e 20%
voo (n° 3 e n° 4). As fotografias foram adquiridas em 30 de de sobreposição lateral entre as duas linhas de voo.
março de 1993, a uma altitude de aproximadamente 914
m acima do nível do solo e com lentes de distância focal E possível combinar várias fotografias verticais do bloco
de 152,82 mm, usando-se uma câmera Wild RC 10, pro­ para criar um fotomosaico não-controlado (Figura 6-3b).
154 CAPITULO Fotogrametria

Figura 6-4 Linha de voo n° 4, Foto n° 5 da fotografia aérea pancromática vertical de Columbia, SC, obtida em 30 de março de 1993, a
aproximadamente 914,4 m acima do nível do solo e com lente de distância focal de 152,82 mm, usando-se uma câmera Wild
RC 10. A fotografia mostra o Capitólio do Estado no canto inferior direito e o campus da Universidade da Carolina do Sul
(University o f South Carolina) no centro da imagem. Oito marcas fiduciais são encontradas na foto. Os dados auxiliares da
legenda nas bordas da foto contêm informações importantes, incluindo uma escala verbal (1 pol. = 500 pés), mas infelizmente
não descrevem a altitude exata, período do dia, grau de inclinação, etc., que muitas câmeras métricas hoje em dia fornecem
regularmente. Esta é uma redução da fotografia original de 23 x 23 cm, com escala de 1:6.000.

Esse exemplo reúne apenas seis fotografias em escala também é especialmente importante nos casos de extração
1:6.000. O levantamento aerofotogramétrico de um mu­ de informação topográfica a partir de fotografia aérea este­
nicípio, Estado ou país requer algumas vezes milhares de reoscópica (a ser discutido).
fotografias, dependendo do tamanho da unidade admi­
nistrativa ou país e da escala da fotografia. A Tabela 6-1 Marcas Fiduciais e Pontos Principais
fornece várias unidades métricas e inglesas equivalentes
que podem ser valiosas para a medição do comprimento e
largura das linhas de voo.
Uma típica fotografia aérea vertical pancromática de 23
A maior parte das fotografias aéreas adquiridas anualmente x 23 cm é mostrada na Figura 6-4 (reduzida para fins
nos EUA é obtida no início da primavera, período em que de impressão). Observam-se as oito marcas fiduciais
as árvores ainda se encontram sem folhas e a neve não está localizadas nos quatro cantos e nos centros das quatro
mais presente. Isto facilita ao analista de imagem visuali­ laterais. Algumas câmeras métricas apresentam apenas
zar a superfície do solo através dos galhos do dossel. Isso quatro marca fiduciais. Ao traçar uma linha entre mar-
Geometria da Fotografia Aérea Vertical 155

Marca fiducial

Linha de voo g

/
Ponto Principal Ponto
da Foto n° 1 Principal da
PP. Foto n° 2
PP,

Figura 6-5 a) Geometria de uma fotografia aérea (Foto n° 1). O ponto principal (PP) está localizado na intersecção das linhas unindo
marcas fiduciais opostas, b) Geometria da Foto n° 2. c) Sobreposição da Foto n° 1 e Foto n° 2. A área de 60% de sobreposição
pode ser visualizada estereoscopicamente. Observa-se a localização do ponto principal (PP) e pontos principais conjugados
(PPC) em cada fotografia. Uma linha desenhada entre os pontos principais identifica a linha de voo.

cas fiduciais opostas, localiza-se o ponto principal (PP) da Geometria da Fotografia Aérea
fotografia, que é o ponto exato na Terra para onde o eixo
óptico da câmera estava apontando durante o momento
da exposição (Figura 6-5). Examinando-se cuidadosa­
mente a vizinhança do ponto principal de uma aerofoto,
pode-se visualmente transferir a sua localização para cada
uma das duas fotos adjacentes na linha de voo. O ponto
a Vertical

Um diagrama da geometria de uma simples fotografia aé­


rea vertical do centro da cidade de Columbia, SC, é apre­
principal transferido é denominado de ponto p rincipal
sentado na Figura 6-6. Neste exemplo, um negativo de 23
conjugado —PPC (“conjugate principalpoint —CPP”). A
x 23 cm foi obtido no momento de exposição L, a uma
verdadeira linha de voo (em oposição à linha de voo de­
altitude de 975 m acima do nível do mar (H), com uma
sejada) pode ser determinada desenhando-se sobre as fo­
elevação local de 61 m (h). O espaço-imagem do negativo
tografias uma linha através dos pontos principais e ponto
revelado (d, b\ c’e d) é o reverso tanto em termos de tom
principal conjugado (Figura 6-5).
como de geometria do espaço-objeto na Terra (A, B, C e D)
e está situado a uma distância idêntica à distância focal f
156 CAPITULO Fotogrametria

Negativo
(reverso do tom c
e geometria)

Distância
Focal,
/

Posição de exposição, L Lentes da câmera

Altitude
acima
nível do
do mar,
H
Positivo
impresso em papel ou
transparência

Elevação acima
do nível do
A mar, h
Nível do mar

Figura 6-6 Geometria de uma fotografia aérea vertical adquirida sobre terreno plano (Columbia, SC).

(distância oL) atrás do ponto nodal traseiro das lentes da Os eixos das coordenadas fotográficas x e y irradiam-se
câmera. Uma versão positiva da cena pode ser produzida a partir do ponto principal na impressão positiva. Esses
pela impressão do negativo em papel fotográfico ou em eixos são importantes para medições fotogramétricas, as
transparência positiva (diapositivo ou diafilme). O resul­ quais serão discutidas posteriormente neste capítulo. De­
tado é uma impressão positiva ou transparência positiva, vido ao fato de que fotointérpretes trabalham frequen­
com o mesmo tom e geometria do espaço-objeto original. temente com impressões positivas ou transparências po­
O reverso na geometria do espaço negativo para o positivo sitivas, eles se interessam basicamente pelas posições de
é visto pela comparação das localizações dos pontos a\ b\ c imagens no plano positivo. Consequentemente, a maior
e d ’na imagem negativa com os correspondentes pontos a, parte dos desenhos neste capítulo descreve o plano posi­
b, c e d na imagem positiva (Figura 6-6). tivo ao invés O negativo.
Medição de Escala e Altura em Fotografias Aéreas Verticais Simples 157

Tabela 6-1. Unidades selecionadas e seus equivalentes. de maior escala, que é a com escala 1/11.000, i.e., um campo
de futebol americano de 100 jardas será maior na foto com
Métrico Inglês Conversão escala 1/11.000 do que na fotografia com escala 1/12.000.
Medição Linear A Tabela 6-2 apresenta uma útil escala de conversão.
centímetro (cm) polegada (pol.) 1 cm = 0,3937”
ou (”) 1” = 2,54 cm A escala verbal é algumas vezes encontrada na informação
auxiliar da legenda nas bordas de fotografias aéreas. Em­
metro (m) pé (’) 1 m = 3,28’ bora essa escala seja correta, é muito preferível calcular a
T = 0,305 m escala exata de toda fotografia que for usada para extrair
quilômetro milha (mi) 1 km = 0,621 mi medições fotogramétricas. Vários métodos encontram-se
(km) 1 mi = 1,61 km disponíveis para o cálculo da escala de fotografias aéreas
Medição de Área obtidas sobre terreno plano ou de relevo acidentado.
centímetro polegada 1 cm2 = 0,155 pol,2
quadrado (cm2) quadrada (pol,2) 1 pol,2 = 6,4516 cm2 Escala de Fotografia Aérea Vertical Adquirida
sobre Terreno Plano
metro quadrado pé quadrado 1 m2 = 10,764 pés2
(m2) (pé2) 1 pé2 = 0,0929 m2
Há dois métodos principais para a determinação da escala
quilômetro milha quadrada 1 km2 = 0,3861 mi2 de fotografias aéreas simples adquiridas sobre terreno pla­
quadrado (km2) (mi2) 1 mi2 = 2,59 km2 no. Um envolve a comparação do tamanho dos objetos
medidos no mundo real ou a partir de um mapa (p.ex., o
hectare (ha) acre 1 ha = 10.000 m2
1 ha = 2,471 acres comprimento de um trecho de estrada) com o correspon­
1 acre = 43.560 pés2 dente objeto medido na fotografia aérea. O segundo méto­
1 acre = 0,4047 ha do envolve o cálculo da relação entre a distância focal das
Medição de Volume lentes da câmera e a altitude da aeronave acima do solo.

centímetro polegada cúbica 1 cm3 = 0,061 pol,3 Cálculo da Escala pela Comparação do Tamanho do Objeto
cúbico (cm3) (pol,3) 1 pol,3 = 16,387 cm3
no Mundo Real com o Tamanho na Imagem Fotográfica
metro cúbico pé cúbico (pé3) 1 m3 = 35,315 pés3
(m3) 1 pé3 = 0,02832 m3 A escala, s (scale), de uma fotografia aérea vertical obtida
litro (1) galão (gal) 11= 1.000 cm3 sobre um terreno plano consiste na razão entre o tamanho
1 1 = 0,264 gal do objeto medido na fotografia aérea, ab, e o verdadeiro
1 gal = 231 pol,3 comprimento do objeto no mundo real, AB:
1 gal = 3,7853 1

Medição de Escala e Altura em


Fotografias Aéreas Verticais Simples Essa relação é baseada na geometria de triângulos seme­
lhantes Lab e LAB, conforme mostrado nas Figuras 6-6 e
6-7. Para calcular a escala usando a Equação 6-1, o analista
A escala de uma fotografia aérea pode ser expressa como de imagem inicialmente identifica um objeto na fotografia
escala verbal ou fração representativa (adimensional). Por aérea vertical, cujo comprimento (AB) foi medido no solo
exemplo, se 1 cm em uma fotografia aérea representa 200 ou, de forma mais usual, medido a partir de um mapa de
m (20.000 cm) no solo, a escala pode ser expressa por: referência. Depois, o analista mede a distância correspon­
dente na fotografia (ab) e enfim calcula s.
• Escala verbal: 1 cm = 200 m
Um outro exemplo a ser considerado é o da fotografia aérea
• Fração representativa: ----- ------- ou 1:20.000. vertical do centro da cidade de Columbia, SC, apresentado
r 20.000 anteriormente na Figura 6-4. A informação da legenda afir­
ma que a fotografia original foi obtida com uma escala no­
Quando se comparam duas escalas, deve-se lembrar que minal de 1” = 500’ (1:6.000, pois 1 pé = 12 polegadas; ou 1
quanto maior for o número na expressão da escala, menor polegada na foto = 500 x 12 polegadas no terreno). Mas isto
será a escala. Um exemplo é a comparação das expressões de está correto? Muitos cálculos subsequentes farão uso do parâ­
escala 1/11.000 e 1/12.000. A imagem de certo objeto na metro de escala, o que torna importante saber com certeza a
fotografia aérea será na verdade maior na escala na fotografia escala real da fotografia e não somente a escala nominal.
158 CAPÍTULO Fotogrametria

Tabela 6-2. Quadro de conversão de escala.


Escala pés pol. milha acres ha m cm km
por pol. por milha por pol. por pol,2 por pol,2 por cm por km por cm
(a) (b)
1:500 41,67 126,72 0,008 0,03986 0,0161 5,00 200 0,005
1:600 50,00 105,60 0,009 0,05739 0,0232 6,00 166,66 0,006
1:1.000 83,33 63,36 0,016 0,15940 0,0645 10,00 100 0,010
1:2.000 166,67 31,68 0,032 0,63771 0,2581 20,00 50,00 0,020
1:3.000 250,00 21,12 0,047 1,4348 0,5807 30,00 33,33 0,030
1:4.000 333,33 15,84 0,063 2,5507 1,0323 40,00 25,00 0,040
1:5.000 416,67 12,67 0,079 3,9856 1,6129 50,00 20,00 0,050
1:6.000 500,00 10,56 0,095 5,7392 2,3226 60,00 16,66 0,060
1:10.000 833,33 6,336 0,158 15,9421 6,4517 100 10,00 0,100
1:12.000 1.000,00 5,280 0,189 22,9568 9,29058 120,00 8,33 0,120
1:15.000 1.250,00 4,224 0,237 35,8700 14,5164 150,00 6,66 0,150
1:20.000 1.666,67 3,168 0,316 63,7692 25,8070 200,00 5,0 0,200
1:24.000 2.000,00 2,640 0,379 91,8273 37,1620 240,00 4,166 0,240
1:25.000 2.083,33 2,534 0,395 99,6387 40,3234 250,00 4,00 0,250
1:48.000 4.000,00 1,320 0,758 367,309 148,6481 480,00 2,08 0,480
1:50.000 4.166,67 1,267 0,789 398,556 161,2935 500,00 2,00 0,500
1:63.360 5.280,00 1 1 640,000 259,0056 633,60 1,58 0,634
1:100.000 8.333,33 0,634 1,578 1.594,00 645,174 1.000,00 1 1
1:250.000 20.833,33 0,2534 3,946 9.963,90 4.032,338 2.500,00 0,40 2,50
1:500.000 41.666,67 0,1267 7,891 39.855,63 16.129,35 5.000,00 0,2 5,00
1:1.000.000 83.333,33 0,0634 15,783 159.422,49 64.517,41 10.000,00 0,100 10,00
escala 63.360 escala (a)1 (b) escala 100.000 escala
12 escala 63.360 43.560 2,471 100 escala 100.000

Neste exemplo, será inicialmente determinada a escala da na fotografia aérea. Usando a largura da calçada para calcu­
fotografia, usando-se a via mostrada na Figura 6-8. A lar­ lar a escala da fotografia, obtém-se o valor de 1:6.000:
gura da via, de uma margem a outra, é de 17,09928 m
(AB), conforme medido em campo usando uma fita mé­ ab 0,03048 cm _ 0,03048 cm _ 1 cm
trica de topógrafo. A largura da mesma via foi de 0,28702 AB 1,8288 m 182,88 cm 6.000 cm
cm {ab) na fotografia aérea vertical (Figura 6-8).
Fração representativa : 1
Usando a Equação 6-1, a escala da fotografia é: 6.000

= (ó = 0,28702 cm = 0,28702 cm = 1 cm Escala verbal: 1 cm = 60 m.


AB 17,09928 cm 1709,928 cm 5957,52 cm
Quando se calcula a escala, a meta é modificar os valores de
Fração representativa : 1 entrada, de modo que o numerador tenha valor um, e tanto
5.957 o numerador como o denominador estejam na mesma uni­
dade, p.ex., polegadas, pés, centímetros ou metros. Algumas
Escala verbal: 1 cm = 59,57 m. vezes, isto requer a multiplicação de ambos, numerador e
denominador, pelo inverso do numerador. A melhor manei­
Ainda um outro exemplo refere-se à largura da calçada la­ ra para conceituar a escala é a fração representativa. Portan­
teral da via, a qual foi medida do mesmo modo. A calçada to, neste último exemplo, 1” na fotografia equivale a 6.000”
possui 1,8288 m de largura no mundo real e 0,03048 cm no mundo real 1’ na fotografia equivale a 6.000’; 1 cm na
Medição de Escala e Altura em Fotografias Aéreas Verticais Simples 159

Figura 6-7 Geometria de uma fotografia aérea vertical adquirida Figura 6-8 Uma ampliação da porção da fotografia aérea mostra­
sobre terreno relativamente plano. da na Figura 6-4. As setas indicam a largura da via de
uma margem a outra (17,099 m) e a largura da cal­
fotografia equivale a 6000 cm; e 1 m na fotografia equivale a çada (1,83 m), conforme medido em campo usando
uma fita métrica de topógrafo. Esses valores corres­
6.000 m. Com uma fração representativa, pode-se trabalhar
pondem na fotografia aérea a 0,28702 cm e 0,03048
com qualquer unidade, conforme desejado. cm, respectivamente. Essas medições podem ser usa­
das para calcular a escala nesta porção da fotografia.
Para eliminar os efeitos da oscilação da aeronave no momen­
to da exposição, a medição da escala usando este método
deve ser baseada na média de vários pontos de verificação Exemplos de dimensões de campos e quadras esportivas
de escala na fotografia. Sempre que possível, alguns analistas existentes no mundo encontram-se sumarizados no Capí­
gostam de calcular a escala selecionando objetos ao longo de tulo 13 (Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana).
elementos lineares, como estradas que se cruzam aproxima­
damente em ângulo reto e estão situadas de forma centra­ Cálculo da Escala pela Relação entre D istância Fo­
lizada na fotografia. Eles então calculam uma escala média, cal e A ltitude Acima do Nível do Solo (AGL - Above
utilizando várias medições de escala (Mikhail et al., 2001). Ground Levei)

A escala de fotografias aéreas verticais também pode ser de­ A escala também pode ser expressa em termos de distância
terminada se objetos, cujos comprimentos são conhecidos, focal da câmera, e altura de voo acima do solo, H, pelo
aparecem na fotografia. Um campo de beisebol (em forma equacionamento dos triângulos geometricamente seme­
de losango), um campo de futebol ou futebol americano lhantes Loa e LPA, conforme a Figura 6-7:
podem ser medidos na fotografia, e a escala da foto deter­
minada como a razão entre a distância medida na foto e a r= X (6-2)
distância em solo conhecida. Por exemplo, qual é a escala H '
de uma fotografia aérea vertical, na qual a distância entre
a base do rebatedor (“home plate”) e a primeira base (“first Com base na Equação 6-2, torna-se evidente que a escala
base”) equivale a 1,27 cm? A distância entre a base do reba­ de uma fotografia aérea vertical é diretamente proporcio­
tedor e a primeira base é de 27,36 m. Portanto: nal à distância focal da câmera (distância da imagem) e in­
versamente proporcional à altura de voo acima do nível do
f _ ab 1,27 cm _ 1,27 cm _ 1,27 cm solo (distância do objeto). Isto significa que se a altitude
~ Ã B ~ 27,432 m ” 27,432 m x 100 cm ~ 2743,2 cm acima do nível do solo for mantida constante, o aumento
no tamanho da distância focal resultará em imagens maio­
r- ^cm res dos objetos no plano do filme. De forma oposta, se a
2.160 cm distância focal for mantida constante, as imagens dos ob­
Fração representativa: 1 . jetos serão menores conforme se aumenta a altitude acima
2.160 do nível do solo. Se a distância focal da câmera e a altitude
160 CAPÍTULO Fotogrametria

da aeronave acima do nível do solo são desconhecidas, o diferentes escalas presentes na fotografia aérea. Se a eleva­
analista de imagem terá que consultar a informação auxi­ ção topográfica diminui dentro de certa porção da foto­
liar constante nas bordas da fotografia, o relatório de voo grafia aérea em relação a outras áreas, então essa porção da
ou o resumo da missão do aerolevantamento. fotografia terá uma escala menor do que o resto, porque o
solo “terá se distanciado” da câmera aérea, que se mantém
Por exemplo, uma fotografia aérea vertical é adquirida sobre em altitude constante. De forma inversa, se uma feição
terreno plano com uma câmera com distância focal de 30,48 topográfica, tal como uma montanha ou uma edificação
cm e situada a uma altitude de 18.288 m acima do nível do elevada, estiver acima da média da elevação do terreno lo­
solo. Usando-se a Equação 6-2, a escala é dada por: cal, então a escala nessa área da fotografia será maior, uma
vez que o solo “terá se aproximado” da câmera aérea.
/ _ 30,48 cm 0,3048 m
S H 18.288 m * 18.288 m A geometria de uma simples fotografia aérea vertical ad­
quirida sobre terreno de relevo acidentado a partir da esta­
Fração representativa : qqq~ ção de exposição L é mostrada na Figura 6-9. Os pontos A
e B no espaço-objeto do mundo real estão localizados em
terreno plano e registrados no espaço-imagem da impres­
Escala verbal: 1 cm = 600 m. são positiva como a z b, respectivamente. Os pontos A z B
estão localizados em uma elevação de h unidades acima do
Invertendo-se a Equação 6-2, nível do mar. Conforme discutido anteriormente, a escala
da fotografia aérea na localização ab na impressão positiva
//= _ / (6-3) é igual à razão entre a distância ab na foto e a distância AB
r no solo. Por meio dos triângulos semelhantes Lab e LAB, a
ou escala da foto na localização ab da fotografia aérea vertical
pode ser calculada usando várias relações, incluindo:
f= H xs, (6-4)
s - ab _ Lb (6-5)
é possível determinar a altitude acima do nível do solo, H, ah AB LB '
da fotografia no momento de exposição, ou a distância focal, E também pelos triângulos semelhantes Lob e LPB,
f da câmera, se a escala da fotografia, s, for conhecida junta­
mente com uma das demais variáveis. Por exemplo, no caso = ( 6- 6)
da fotografia do centro da cidade de Columbia, SC (Figura LB LP H-h '
6-4), sabe-se que a escala da fotografia baseada na medição
da largura da via é 1:5.957 ou 1 cm = 5.957 cm, e a distância Substituindo a Equação 6-6 na Equação 6-5,
focal é 15,24 cm. Usando a Equação 6-3, a altitude da aero­
nave acima do datum local no momento da exposição é: S _ ab _ f (6-7)
ah ÃB HLh '
U _ 15,24 cm _ 90.784,68 cm = 907,8468 m.
/ 2,54 cm \ Se a linha entre os pontos a z b na fotografia aérea vertical
Vl5.130.78 cm / for considerada infinitamente pequena, a Equação 6-7 re-
duz-se a uma expressão para o cálculo da escala da foto em
Do mesmo modo, conhecendo-se a altitude acima do da­ um ponto específico. Eliminando-se os termos subscritos,
tum (907,8468 m) e a escala (1:5.957), pode-se calcular a a escala em qualquer ponto onde a elevação acima do nível
distância focal da câmera usando a Equação 6-4: do mar seja h e a altitude da câmera acima do nível do mar
seja H, pode ser expressa por:
^ _ 907,8468 m y 0,3048 m = 0,1524 m = 15,24 cm.
1513,078 m S. J _ ( 6 - 8)
H-h
Escala de Fotografia Aérea Vertical Adquirida
sobre Terreno Acidentado No exemplo da Figura 6-9, diferentes valores de escala se­
riam calculados nas localizações c e d da fotografia aérea.
Um valor de escala seria uma função da mínima elevação
Uma das principais diferenças entre uma fotografia aérea acima do nível do mar na foto enquanto o outro
quase-vertical e um mapa planimétrico é que, para fotos seria uma função da máxima elevação acima do nível do
adquiridas sobre terreno plano, há um número infinito de mar na foto ( 0 :
Medição de Escala e Altura em Fotografias Aéreas Verticais Simples 161

Posição da exposição, L Lentes da 5 = 0,1524 m


6.096 m — 3.048 m

s max 0,1524 m
3.048 m

S
max
1:20.000

Smin. _ f
H-hmm

S . = 0,1524 m
6.096 m - 1.828,8 m

5min 0,1524 m
~
4.267,2 m

smin = 1:28.000

Figura 6-9 Geometria de uma fotografia aérea vertical ad­

II
^med
quirida sobre terreno de relevo acidentado.

£
5 / (6-9) 0,1524 m
med
H-h m, 6.096 m —2.438,4 m

S = / S - 0,1324 m
H-h ( 6- 10) mcd~ 3.657,6 m

Normalmente, uma escala média ou nominal é calculada smed, = 1:24.000 •


para definir a escala geral da fotografia aérea adquirida so­
bre terreno de relevo acidentado: Medição de Altura em Fotografias Aéreas Simples

Sm'd = f ( 6- 11)
H-h med Há dois métodos principais para a determinação da altura dos
objetos em fotografias aéreas verticais simples. O primeiro en­
Deve-se salientar que a escala média é válida apenas nos pon­ volve a medição do deslocamento do relevo na imagem, e o
tos que se situam em elevação média, e que ela é somente uma segundo é baseado na medição do comprimento da sombra.
escala aproximada para as outras localizações na fotografia.
Medição da Altura Baseada no Deslocamento do Relevo
Para demonstrar essas relações, pode-se considerar a ele­
vação máxima, hmax, a elevação média, hmeJ, e a elevação A imagem de qualquer objeto situado acima ou abaixo do
mínima, h , do terreno na Figura 6-9 como sendo 3.048 plano horizontal que passa pela elevação do ponto prin­
m, 2.438,4 m e 1.828,8 m, respectivamente. A altura de cipal apresenta-se deslocada em relação à sua verdadeira
voo da aeronave acima do nível do mar é de 6.096 m, e a localização planimétrica (x,y) em uma fotografia aérea ver­
distância focal da câmera é de 152,4 mm. As escalas máxi­ tical autêntica. O deslocamento do relevo é externo ao ponto
ma, mínima e média da fotografia aérea vertical seriam: principal para aqueles objetos cujas elevações estão acima
do datum local, e interno ou em direção ao ponto prin­
cipal para aqueles objetos cujas elevações estão abaixo do
5 / datum local. A direção de deslocamento de relevo é radial
H-h max a partir do ponto principal da fotografia.
162 CAPÍTULO ^3 Fotogrametria

A magnitude de deslocamento de relevo, d', é: h _ 0,32766 cm x 907,8468 m _ 52,51704 m .


5,6642 cm
• diretamente proporcional à diferença na elevação, A, en­
tre o topo do objeto cuja imagem está deslocada e o da- A verdadeira altura do edifício medida com uma fita de
tum local, i.e., quanto maior a altura do objeto acima topógrafo é de 52,6542 m. Para se obterem medições pre­
do datum local, maior o deslocamento. cisas da altura de objetos usando esta técnica, é imperativo
que a altitude da aeronave acima do datum local seja tão
• diretamente proporcional à distância radial, r, entre o precisa quanto possível. Do mesmo modo, deve-se ter cui­
topo da imagem deslocada e o ponto principal, i.e., dado na medição de r e d na fotografia. Deve-se sempre ter
quanto mais distante estiver o objeto do ponto princi­ em mente que r é medido a partir do ponto principal em
pal, maior o deslocamento. direção ao topo do objeto.

• inversamente proporcional à altitude, H, da câmera aci­ Medição da Altura Baseada no Comprimento da Sombra
ma do datum local. Portanto, uma redução no deslo­
camento de relevo de um objeto pode ser conseguida A altura de um objeto, h, pode ser calculada através da me­
aumentando-se a altura de voo. dição do comprimento da extensão da sombra, L, em uma
fotografia aérea vertical. Em vista de os raios solares serem
Essas relações são descritas na Figura 6-10. A partir dos essencialmente paralelos ao longo da área compreendida pe­
triângulos semelhantes no diagrama, nota-se que: las fotografias aéreas verticais, o comprimento da sombra
de um objeto em uma superfície horizontal é proporcional
] ^ = d_ (6-12) à sua altura. A Figura 6-11 ilustra a relação trigonométrica
H r ' envolvida na determinação da altura de objetos a partir de
medições das sombras. Observa-se que a tangente do ângulo
Reorganizando a relação, pode-se observar que a magnitu­ a é igual à razão entre o cateto oposto, h, e o cateto adjacen­
de de deslocamento, d, é diretamente proporcional à altura te, que corresponde ao comprimento da sombra, L, i.e.:
do objeto, />, e à sua distância do ponto principal, r, e inver­
samente proporcional à altitude acima do datum local, H:

d - ^xr (6-13)
H Resolvendo-a para a altura, tem-se que:

Resolvendo-a para a altura do objeto, h, a equação torna-se: h = L x tana . (6-16)

h - dxH (6-14) O ângulo de elevação solar, a, acima do horizonte local pode


r ser previsto usando-se uma tabela de efemérides solares.
Isto requer um conhecimento das coordenadas geográficas
Portanto, pode-se computar a altura de um objeto a partir do sítio (longitude e latitude), a data e o horário de aqui­
das características do seu deslocamento de relevo em uma fo­ sição. De forma alternativa, a altitude solar pode ser empi-
tografia aérea vertical simples. É importante que tanto o topo ricamente calculada se sombras bem definidas e de altura
como a base do objeto sendo medidos estejam claramente vi­ conhecida estiverem presentes na fotografia. Por exemplo,
síveis, e que a base esteja situada sobre terreno plano. sabe-se a partir dos cálculos prévios que a altura do Edifício
do Senado na Figura 6-12 é de 52,6542 m. Ele forma uma
Como exemplo, pode-se considerar o cálculo da altura do sombra no solo, a qual possui o comprimento de 0,61214
Edifício do Senado Norteamericano mostrado na Figura cm na fotografia. A escala da fotografia é 1:5.957 ou 1 cm =
6 -10a. A fotografia foi rotacionada 90° no sentido anti- 59,57 m. Portanto, o comprimento da sombra que aparece
horário para facilitar a visualização (as sombras encon- na fotografia é 36,46932 m. A tangente do ângulo a pode
tram-se na direção do observador, e a fachada deslocada ser encontrada, usando a Equação 6-15:
do edifício inclina-se na direção oposta ao observador).
Baseando-se nas medições anteriores, a altitude da câmera , „ h 52,6542 m , ÁÁ
tan a =— = — ------------= 1,44.
acima do datum local, H, é sabidamente 907,8468 m, a L 36,46932 m
distância radial do ponto principal ao topo do edifício,
r, é medida em 3,6642 cm, e o deslocamento de relevo Outros comprimentos de sombras na mesma fotografia
do edifício, d, é de 0,32766 cm. A altura do Edifício do aérea podem ser medidos e multiplicados por 1,44 para se
Senado, h, calculada pela fotogrametria, é de: determinarem as respectivas alturas. Por exemplo, a torre
Medição de Escala e Altura em Fotografias Aéreas Verticais Simples 163

Figura 6-10 Medição da altura de um objeto (neste caso, o Edifício do Senado em Columbia, SC) a partir de uma simples fotografia
aérea vertical com base nos princípios de deslocamento de relevo, a) A distância radial do ponto principal (PP) ao topo do
edifício é r. A distância da base ao topo do edifício é d. b) A altura do edifício (h) acima do datum local é calculada com
base na relação entre triângulos semelhantes.

M edição da Altura de O bjetos Baseada no


próxima à estrutura de estacionamento na Figura 6-12 for­
C om prim ento da Som bra
ma uma sombra que é de 0,50546 cm, e que corresponde
na fotografia a um comprimento de 18,01368 m no nível
do solo. Portanto, a altura da torre é:
cateto oposto ‘^
tan a
h = L x tan a = 18,01368 m x 1,44 = 25,9397 m. cateto adjacente

altura, h ^
A verdadeira altura da torre, medida com uma fita de topó- tan# = -------------
grafo, é de 26,2128 m. sombra, L
h = I x tan a
Deve-se tomar cuidado quando se calcula a altura de ob­
jetos com base no comprimento da sombra em fotografias sombra
aéreas. Fatores importantes a serem considerados incluem h ----------- L ---------- H
Figura 6-11 A altura de objetos pode ser medida a partir de fo­
sombras que recaem sobre terrenos acidentados, sombras tografias aéreas verticais, com base no comprimento
produzidas por objetos inclinados, sombras que não são das sombras formadas sobre o terreno plano.
164 CAPÍTULO Fotogrametria

produzidas pelo topo verdadeiro dos objetos, além de neve ângulo paralático 0 . Da mesma forma, quando se olha para
ou outros tipos de cobertura que ocultam o verdadeiro ní­ o ponto B, os eixos ópticos convergem, formando o ângulo
vel do solo. paralático 0 t. O cérebro aprendeu a associar distâncias DA
e D |( com os correspondentes ângulos paraláticos 0 a e 0 ; e
Medição Estereoscópica da Altura de fornece ao observador a impressão visual e mental de que o

a Objetos ou Elevação do Terreno

Cada fotografia aérea capta um registro preciso das posições


dos objetos na cena no momento da exposição. Caso sejam
adquiridas múltiplas fotografias ao longo de uma linha de
voo, registram-se imagens da paisagem a partir de diferentes
objeto A está mais próximo do que o objeto B. Esta é a base
da percepção de profundidade. Se ambos os objetos estivessem
exatamente à mesma distância do observador, então 0 = 0 , ,
e o observador os percebería como igualmente distantes.

Quando se caminha ao ar livre, a máxima distância na qual


pontos de perspectiva. Por exemplo, o topo de um edifício a percepção estereoscópica de profundidade é possível é de
elevado pode estar no lado esquerdo da foto de número 1 e aproximadamente 1.000 m para um adulto, em média.
no meio da foto de número 2, que se sobrepõe à primeira, Além desta distância, os ângulos paraláticos são extrema­
uma vez que a aeronave moveu-se centenas de metros entre mente pequenos, e mudanças no ângulo paralático necessá­
as exposições. Se fosse aberta a parte traseira da câmera aérea rias para a percepção de profundidade podem não mais ser
e se mantivesse o diafragma aberto, ao olhar-se pela lente discernidas. Isto explica por que os humanos têm proble­
no plano focal enquanto a aeronave se deslocasse ao lon­ mas para definir se uma casa está atrás de outra casa, ou um
go da linha de voo, ver-se-ia literalmente o edifício elevado carro está atrás de outro carro, quando esses objetos estão
inicialmente aparecer no campo de visada da lente, e então a milhares de metros distantes do observador. De forma
atravessá-la até desaparecer do campo de visada da câmera. oposta, se nós, humanos, pudéssemos afastar nossos olhos
um metro ou até mesmo centenas de metros um do outro,
A mudança na posição de um objeto com altura, de uma então seríamos capazes de solucionar diferenças muito mais
fotografia para a seguinte, em relação ao seu fundo, é cau­ sutis nos ângulos paraláticos e determinar quais objetos es­
sada pelo deslocamento da aeronave, e isto é chamado de tariam mais próximos de nós a distâncias muito maiores.
paralaxe estereoscópica. A paralaxe é, portanto, o desloca­ Essa percepção hiperestereoscópica de profundidade seria
mento aparente na posição de um objeto, com respeito ideal para caça e atividades esportivas, mas iria requerer
a uma estrutura de referência, causado pela alteração na uma modificação substancial da cabeça humana. Felizmen­
posição de observação. A paralaxe é uma característica nor­ te, há um método simples que pode ser empregado para a
mal da fotografia aérea e é a base para a visualização estere­ obtenção de uma condição hiperestereoscópica na aquisi­
oscópica tridimensional. Diferenças na paralaxe de vários ção e interpretação de fotografias aéreas estereoscópicas.
objetos de interesse (denominadas de paralaxe diferencial!)
podem ser usadas para medir a altura de objetos e extrair Estereoscopia Aplicada à Fotografia Aérea
informação topográfica, como curvas de nível a partir de
fotografias aéreas por meio de instrumentos estereoscópi­
cos. A medição da paralaxe estereoscópica é a base para a Fotografias aéreas com sobreposição (usualmente com 60%
criação de quase todos os mapas topográficos (x, y e z) e de sobreposição) obtidas em sucessivas exposições ao longo
mapas planimétricos [x,y) e é um elemento de suma im­ de uma linha de voo apresentam paralaxe estereoscópica.
portância para a fotogrametria e o sensoriamento remoto. Os instantes de exposição são separados por amplas distân­
cias. Contudo, é possível permitir aos nossos olhos visuali­
Fundamentos da Estereoscopia Humana zarem as fotografias como se eles estivessem presentes nas
duas posições de exposição no instante da aquisição (Figura
6-14a). Isso resulta em uma condição hiperestereoscópica
A estereoscopia é a ciência da percepção de profundidade que permite a visualização do terreno em três dimensões.
usando-se os dois olhos. Quando os dois olhos de um ser Normalmente, fotografias aéreas estereoscópicas são visua­
humano (visão binocular) estão focados sobre certo ponto, lizadas por meio de estereoscópios de lentes ou de espelhos
os eixos ópticos dos olhos convergem para aquele ponto, for­ com lentes de aumento. Esses instrumentos realçam a na­
mando um ânguloparalático (0 ). Quanto mais próximo esti­ tureza tridimensional do modelo estereoscópico. Há ainda
ver o objeto, maior será o ângulo paralático. Por exemplo, na outras alternativas para a visualização estereoscópica.
Figura 6-13, os eixos ópticos do olho esquerdo e do direito, L
e R, estão separados pela base ocular ou distância interpupilar M étodos de Visualização Estereoscópica
(Konecny, 2003). A distância interpupilar de um adulto, em
média, situa-se entre 63 e 69 mm. Quando os olhos foca­ O fotointérprete pode visualizar o modelo estereoscópico
lizam o ponto A, os eixos ópticos convergem, formando o com exagero vertical referente à área de 60% de sobrepo-
Medição Estereoscópica da Altura de Objetos ou Elevação do Terreno 165

Figura 6 -1 3 Ângulos paraláticos são formados quando nossos


olhos focam objetos no mundo real. A mente associa
Figura 6-12 A altura da torre da garagem pode ser calculada de- diferenças nos ângulos paraláticos com diferenças nas
terminando-se a relação entre o comprimento da sua distâncias aos vários objetos. Isto nos permite ter uma
sombra e o comprimento da sombra formada por um percepção de profundidade muito aguçada.
edifício cuja altura seja conhecida, tal como o Edifício
do Senado, situado nas vizinhanças. É importante que
a sombra recaia totalmente sobre terreno plano e que reoscópicas em uma terceira imagem diretamente no meio
tanto o seu início como o seu final sejam visíveis. das duas fotos estéreo. Esta é uma excelente habilidade a se
conquistar, uma vez que se pode facilmente visualizar foto­
sição estereoscópica de duas fotografias aéreas sucessivas grafias estereoscópicas sem um estereoscópio, sempre que
usando um dos quatro métodos listados a seguir: 1) man­ houver necessidade. Isto é particularmente útil quando se
tendo as linhas de visão paralelas com o auxílio de um es- realizam trabalhos de campo. Entretanto, este não é um
tereoscópio, 2) mantendo as linhas de visão paralelas sem procedimento natural para os olhos e pode ser desconfor­
o auxílio de um estereoscópio, 3) cruzando a visão e rever­ tável e causar estresse ocular.
tendo a ordem das imagens estereoscópicas, ou 4) usando
óculos anaglíficos ou polarizados. Alguns analistas de imagem são capazes de reverter a or­
dem das fotografias estéreo (Figura 6-l4d,g) e então fixar
A imensa maioria dos analistas de imagem prefere usar um a visão em um ponto diretamente à frente das fotos. Isto
simples estereoscópio de lentes (ou de bolso) ou estereoscó­ causará o cruzamento da visão e produzirá uma verdadeira
pio de espelhos, que auxilia os olhos a manterem as linhas impressão estereoscópica. Por ser muito extenuante para os
de visão paralelas e adicionalmenre amplia as fotografias olhos, este procedimento não é recomendado.
(Figura 6-l4b,e). Isto produz algum tipo de estresse ocular.
Sugere-se que intérpretes novatos apenas visualizem foto­ Uma outra forma de assegurar que o olho esquerdo e o di­
grafias em estéreo de 1 0 a 15 minutos por vez, quando os reito visualizem imagens distintas é usar óculos anaglíficos
olhos ainda estão se acostumando a usar o estereoscópio. ou polarizados conjuntamente com materiais de imagem
específicos. E possível produzir fotografia aérea em que a
Algumas pessoas são adeptas da prática de forçarem seus imagem esquerda é gerada em tons sombreados de azul e
olhos a permanecerem paralelos e não necessitam, portan­ a imagem direita é projetada em tons sombreados de ver­
to, do uso de estereoscópio (Figura 6-l4c,f). Eles simples­ melho. O analista usará então óculos anaglíficos com len­
mente colocam a porção de sobreposição das duas foto­ tes vermelha (esquerda) e azul (direita). A mente fusiona
grafias estéreo lado a lado, posicionam a cabeça a cerca de as duas visualizações e cria uma cena tridimensional. Do
20 centímetros das fotografias e então deixam seus olhos mesmo modo, é possível visualizar as fotografias esquerda
relaxarem como se estivessem olhando para o infinito. e direita através de óculos polarizados especialmente fabri­
Gradualmente, a mente irá fusionar as duas imagens este- cados para esse fim (Konecny, 2003).
166 CAPÍTULO Fotogrametria

Estereoscópios de Lentes e de Espelhos e Câmeras Estéreo pios fotogramétricos atuais. O simples estereoscópio de len­
tes ou de bolso consiste de duas lentes convexas dispostas
O estereoscópio consiste em um sistema de visualização bi- em um metal rígido ou estrutura plástica (Figura 6-17a).
nocular especialmente desenvolvido para analisar fotogra­ A distância entre as duas lentes pode ser ajustada para
fias estereoscópicas terrestres (não fotografias aéreas). Ele foi acomodar observadores com variadas distâncias interpu-
inventado pelo físico inglês Charles Wheatstone em 1833, pilares. As lentes especiais auxiliam a manter as linhas de
embora ele não o tenha anunciado publicamente até 1838. visão do observador paralelas, além de atuarem como len­
Wheatstone usou um par de espelhos, um à frente de cada tes de aumento para a fotografia. O método de arranjo de
olho, orientado a 45° para permitir que as imagens localiza­ fotografias estereoscópicas para análise por meio de um
das de cada lado fossem fusionadas pelos olhos, conforme estereoscópio de lentes é demonstrado na Figura 6-18a,b.
mostrado na Figura 6-13a. David Brewster inventou um sis­ Inicialmente, o ponto principal e o ponto principal con­
tema estereoscópico alternativo usando lentes, em 1849 (Fi­ jugado (PP e PPC, respectivamente) são localizados em
gura 6-15b). As imagens eram menores, mas eram ampliadas cada fotografia. Uma linha é então desenhada através des­
pelas lentes. Isto popularizou o estereoscópio de salão duran­ ses pontos em cada fotografia. Essa é a própria linha de
te o século XIX e início do século XX para a visualização de voo discutida anteriormente. As linhas de voo em cada
fotografias estereoscópicas especialmente produzidas. uma das fotografias são orientadas de modo a formar uma
linha contínua (i.e., elas se tornam colineares). O analista
Ao longo da maior parte do século XIX, as fotografias esté­ então desliza uma das fotografias, esquerda ou direita, de
reo eram obtidas pela aquisição inicial de uma foto, seguida modo que uma porção da sobreposição estereoscópica se
do deslocamento do tripé da câmera ligeiramente para a es­ torne visível. Na sequência, o estereoscópio é colocado
querda ou direita, e nova aquisição de foto. Isto introduziu acima da área de sobreposição, e é dado início à visualiza­
a paralaxe estereoscópica entre duas fotografias sucessivas. ção estereoscópica. A área de sobreposição que usualmen­
Por exemplo, pode-se considerar o estereograma de 1899 te pode ser visualizada em um par estéreo de fotografias
do Templo de Salt Lake, na cidade de Salt Lake, Utah, aéreas de 23 x 23 cm, obtidas com 60% de sobreposição,
mostrado na Figura 6-16a. Uma profusão de informação é de 13,716 cm. Infelizmente, quando as fotografias es­
histórica sobre o templo torna-se disponível quando o par tão alinhadas para a visão estéreo usando o estereoscópio
estereoscópico é visualizado usando-se um estereoscópio. de bolso, nem toda a extensão de 13,716 cm do modelo
estéreo pode ser vista de uma vez. Quando isto ocorre, o
Fotografias estereoscópicas também podem ser adquiridas intérprete pode suavemente erguer a borda da fotografia
usando-se câmeras estereoscópicas especiais que contenham superior, para ver o que há embaixo dela.
duas lentes idênticas, situadas de 60 a 70 mm uma da ou­
tra, e que adquiram duas fotografias da cena exatamente ao Um estereoscópio de espelhos (Figura 6 -17b) permite
mesmo tempo. Essas câmeras obtêm, assim, fotografias de a visualização de todo o modelo estereoscópico de duas
objetos a partir de pontos de observação ligeiramente dis­ fotografias aéreas com sobreposição entre si. Estereoscó­
tintos, introduzindo a paralaxe estereoscópica. Observam- pios de espelhos frequentemente apresentam opções de
se duas lentes diferenciadas na câmera estereoscópica mos­ aumento (p.ex., 2x, 3x, 6x) disponíveis, que aumentam
trada na Figura 6-16b. Companhias em diferentes países consideravelmente a habilidade do intérprete para incre­
continuam a produzir câmeras estereoscópicas. mentar o tamanho e melhor interpretar detalhes finos
do modelo estéreo. Por exemplo, um estereoscópio de
O desenvolvimento do conceito de fotografias estereoscó­ espelhos sofisticado e com lentes de aumento, acoplado
picas e a invenção de câmeras estereoscópicas permitiram às a uma mesa de luz, é mostrado na Figura 6 -17c. Esta
pessoas visualizarem maravilhosas cenas estereoscópicas de configuração permite ao analista de imagem visualizar
paisagens locais e estrangeiras como se elas estivessem real­ estereoscopicamente sucessivas fotografias aéreas com so­
mente nessas localidades. E há um contínuo e significativo breposição entre si em um filme fotográfico contínuo,
interesse do público na aquisição e coleção de fotografias sem a necessidade de cortar o rolo do filme. Instrumentos
estereoscópicas. A Associação Nacional de Estereoscopia dos ainda mais sofisticados, baseados no princípio da câmera-
EUA (“National Stereoscopic Association') promove o estudo lúcida, permitem ao analista visualizar simultaneamente
e a coleção de estereógrafos, câmeras estéreo e material rela­ imagens estereoscópicas e um mapa em sobreposição (Fi­
cionado, além de editar e publicar a revista Stereo World. gura 6-17d). Isto é comumente chamado de restituidor
aproximado (“zoom-transfer-scope") e é frequentemente
Visualizando Fotografias Aéreas Estereoscópicas usado para transferir informação interpretada a partir das
fotografias aéreas para um mapa. Restituidores aproxi­
Os mesmos princípios estereoscópicos usados nos primei­ mados estereoscópicos digitais encontram-se atualmente
ros estereoscópios são empregados nos nossos estereoscó­ disponíveis no mercado (Figura 6-17e).
Medição Estereoscópica da Altura de Objetos ou Elevação do Terreno 167

Visualização Estereoscópica
Baseada em Olhos Paralelos Visualização Estereoscópica
Baseada em Olhos Paralelos

Visualização Estereoscópica
Baseada em Olhos Cruzados

Estereoscópio Olhos Paralelos Olhos Cruzados

g-

Figura 6-14 a) Uma condição hiperestereoscópica pode ser alcançada adquirindo-se fotografias aéreas verticais com sobreposição entre si,
ao longo de uma linha de voo. O analista então visualiza uma foto do par estéreo com o olho esquerdo e a foto adjacente com
o olho direito. Q uando o observador foca ambos os olhos em uma única feição dentro do modelo estereoscópico, tal como o
topo ou a base de um edifício, a mente subconscientemente associa as diferenças no ângulo paralítico entre a base e o topo do
edifício como informação de percepção de profundidade. Assim, o observador percebe um modelo tridimensional realístico
do terreno na sua mente. Isto significa que se pode literalmente visualizar qualquer paisagem do mundo de forma tridimen­
sional bem realística, caso se disponha de fotografias aéreas estereoscópicas e um adequado equipamento para visualização.
b,e) Um estereoscópio de lentes ou de espelhos auxilia as linhas de visão ocular humanas a se manterem paralelas ao invés de
convergentes, que é a tendência natural. O analista da figura está olhando para um par estéreo de fotografias especialmente
preparado para a visualização estereoscópica. c,f) E possível obter uma visão estereoscópica, treinando-se as linhas de visão dos
olhos para se manterem paralelas sem o uso de um estereoscópio. Isto é muito útil em campo. d,g) Algumas pessoas conseguem
ver de modo estéreo, focando em um ponto em frente das fotografias estereoscópicas, deixando suas linhas de visão cruzar
entre si. Isto não é um procedimento natural e pode causar estresse ocular.

Como Funciona a Fotografia Aérea Estereoscópica? ções, Lt e /. ,, conforme mostrado na Figura 6-19. Neste
exemplo, consideram-se as características do topo de um
edifício alto (designado como objeto A no espaço-objeto
Um exemplo hipotético irá demonstrar como o analista do mundo real) e o topo de um edifício mais baixo (objeto
de imagem percebe a terceira dimensão em fotografias aé­ B no espaço-objeto do mundo real) situados em terreno
reas estereoscópicas usando um estereoscópio. Inicialmen­ muito plano ao nível do mar. A distância entre as duas
te, pode-se considerar a vista em perfil de duas fotografias posições de exposição do filme, L { e Z.,, é chamada de base
aéreas estereoscópicas tiradas a partir de distintas exposi­ aérea Cair base”ou ”A-base”). A base aérea torna-se efetiva-
f

168 CAPITULO Fotogrametria

Figura 6-15 a) O estereoscópio de espelhos de W heatstone usava dois espelhos inclinados a 45° (a e b) para refletir as imagens esquerda e
direita das fotografias (A e B) em direção ao observador. Um mecanismo de rotação ajustava as visualizações para acomodar
distintas distâncias interpupilares. b) Um exemplo do estereoscópio de lentes de Brewster.

Estereogram a

C âm era Estéreo

Figura 6-16 a) Um estereograma terrestre do templo em Salt Lake City, UT, EUA, obtido em 1899. b) Uma veterana câmera estéreo.

mente uma distância interpupilar alongada. Essa condição Há propriedades muito interessantes associadas com a parala­
é responsável pelo exagero da terceira dimensão quando se xe em x, que permitem a obtenção de medições fotogramétri-
analisam as fotografias estereoscopicamente. cas precisas a partir de uma fotografia aérea vertical. Para en­
tender essas relações, pode-se considerar o exemplo da Figura
Neste exemplo, os objetos A e B são registrados na foto­ 6-19c, que descreve as duas fotografias tiradas nas exposições
grafia da direita (Z;) nas localizações a e b, respectivamen­ Z.; e L, em sobreposição. A sobreposição significa que se ajus­
te (Figura 6 -19b). A aeronave continua então a deslocar- tam as vistas em perfil das fotos Z.; e de modo que as linhas
se ao longo de sua linha de voo prevista. O deslocamento verticais que passam pelos pontos principais de cada uma das
da aeronave para frente leva os objetos da imagem a t b a fotos (PPj e PP ) sejam perfeitamente sobrepostas uma à ou­
moverem-se através do plano focal da câmera em paralelo tra. Isto permite determinar quanto os objetos se moveram
à linha de voo. Quando é feita a exposição do filme em através do plano do filme de uma exposição para outra.
L,, capta-se a imagem dos objetos A e B, nas localiza­
ções a’e b\ na fotografia da esquerda (Figura 6 -19a). Essa Observa-se que a imagem do objeto A se moveu de a para
mudança de posição na imagem de um objeto de uma nas duas fotografias aéreas sucessivas. A paralaxe do pon­
fotografia para a seguinte, causada pelo deslocamento da to tf é /> = x/: —x . Da mesma forma, a imagem do objeto
aeronave, é denominada como paralaxe estereoscópica ou B moveu-se de b para b’ nas duas fotografias aéreas suces­
paralaxe em x (Wolf e Dewitt, 2000). sivas. A paralaxe do ponto b é p h = xh — xh. Um aspecto
Medição Estereoscópica da Altura de Objetos ou Elevação do Terreno 169

c. Estereoscópio com zoom.

e. Restituidor de aproximação estereoscópico


digital.

Figura 6-17 a) Estereoscópio de lentes com barra de paralaxe acoplada, situado sobre fotografias aéreas estereoscópicas com 60% de sobre­
posição entre si. Apenas uma porção de todo o modelo estereoscópico pode ser visualizada de cada vez, usando o estereoscópio
de lentes, b) Um analista usando um estereoscópio de espelhos pode visualizar todo o modelo estereoscópico de uma vez. c) Um
estereoscópio com zoom funciona como um estereoscópio de espelhos. Neste exemplo, fotografias em transparência positiva são
visualizadas em uma mesa de luz. d) Um restituidor de aproximação estereoscópico (“stereoscopic zoom-transfer-scope”) analógico
pode ser usado para visualizar fotografias aéreas estereoscópicas e um mapa ao mesmo tempo (cortesia de Image Interpretation
Systems, Inc.). e) Um restituidor de aproximação estereoscópico digital (cortesia de Optem, Inc.).

importante a ser reconhecido nisso é que a (o edifício mais modelo estereoscópico apresentando a mesma altura que o
alto) moveu-se ao longo de uma distância maior através do edifício A terá o mesmo valor de paralaxe em x.
plano do filme em relação a b (o edifício mais baixo), uma
vez que a possui maior paralaxe estereoscópica que b. Uma outra forma de se entender a paralaxe em x seria colocar
uma bola de praia (neste caso, denominada como objeto A)
Também é importante entender que todos os objetos na cena em qualquer ponto de uma superfície muito plana, tal como
com exatamente a mesma elevação terão uma quantia idêntica a região das Salinas de Bonneville (Bonneville Salt Flats), em
deparalaxe em x. Por exemplo, qualquer ponto localizado no Utah, nos EUA, ou então sobre um lago qualquer, e então
topo do edifício A terá uma paralaxe em x exatamente com adquirir fotografias estereoscópicas. Não importa onde es­
o valor de p , quando se analisarem as fotografias estereos- teja a bola de praia no modelo estereoscópico, sua imagem,
copicamente. Do mesmo modo, qualquer outro edifício no a, na primeira fotografia se deslocaria exatamente a mesma
170 CAPÍTULO Fotogrametria

Preparação do Par Estéreo

área que pode ser visualizada usando


um estereoscópio de lentes
Figura 6-18 Preparação de um par estéreo para visualização usando um estereoscópio de lentes, a) O ponto principal e o ponto principal
conjugado são identificados em cada fotografia, e uma linha reta é desenhada através deles. Esta linha corresponde à linha de
voo. b) Uma porção da área de sobreposição comum, que é do interesse do intérprete, é deslocada paralelamente à linha de
voo. O intérprete então visualiza a área de sobreposição usando um estereoscópio de lentes.

distância ao longo do sistema de coordenada da imagem h = (H —h) x — —— (6-17)


para d na fotografia adjacente, com sobreposição em relação (P+dp)
à primeira, porque a bola teria exatamente a mesma quantia
de paralaxe em x em qualquer lugar do modelo estéreo! Por­ em que H - h é a altitude da aeronave acima do nível do
tanto, a paralaxe em x de qualquer ponto é: solo; P é a paralaxe estereoscópica absoluta na base do ob­
jeto sendo medido (usa-se normalmente a base aérea para
• diretamente relacionada à elevação do ponto sobre o esta medição), e dp è a paralaxe diferencial.
terreno (considerando-se a cota média do terreno);
Esta equação pode fornecer resultados incorretos, a menos
• maior para pontos mais altos (p.ex., aqueles mais pró­ que as seguintes condições sejam atendidas:
ximos da câmera aérea) do que para os mais baixos.
• as fotografias aéreas verticais devem apresentar uma in­
A habilidade para medir pequenas diferenças na paralaxe clinação igual ou inferior a 3o;
(i.e., a paralaxe diferencial) entre dois pontos quaisquer uti­
lizando duas fotografias com sobreposição entre si permite • as fotografias adjacentes devem ser expostas com prati­
determinar as diferenças de elevação com base em equações camente a mesma altitude acima do nível do solo;
de paralaxe estereoscópica. Esta é a forma pela qual são fei­
tos quase todos os mapas topográficos e também a forma • os pontos principais (PPs) de ambas as fotografias de­
como medições precisas da altura de árvores e edifícios são vem possuir aproximadamente a mesma elevação aci­
realizadas usando fotografias estéreo. Para se fazer isto, usa- ma do nível do solo;
se a equação fundamental da paralaxe estereoscópica.
• a base de cada objeto de interesse deve apresentar apro­
Medição da Paralaxe Absoluta e Diferencial ximadamente a mesma elevação dos pontos principais.

Para calcular a altura de um objeto, ho, usando técnicas de Se essas condições forem observadas, necessita-se realizar
fotogrametria estereoscópica, usa-se a equação da paralaxe: apenas três medições nas fotografias estereoscópicas para
Medição Estereoscópica da Altura de Objetos ou Elevação do Terreno 171

calcular a altura absoluta de um objeto presente na porção base do edifício como Objeto B. Observa-se na Figura 6-20a,b
de sobreposição estereoscópica do par estéreo. Por exemplo, que o edifício é visível apenas na porção inferior esquerda da
podem-se considerar as características estereoscópicas da Foto44, mas ele se moveu consideravelmente através do plano
Foto4 . e Foto4 5 de Columbia, SC, mostradas previamente do filme e está localizado próximo à linha vertical que cruza o
na Figura 6-3 e apresentadas sob a forma de diagramas na ponto principal na Foto(.. A localização do topo do edifício é
Figura 6-20. Recordando, a fotografia aérea foi adquirida denominada a na Foto44 e d na Foto4.. A localização da base
a uma altitude de 907,85 m acima do nível do solo, com do edifício é denominada b na Foto44 e b’nà" Foto4 . A para­
lentes de distância focal de 152,4 mm, fornecendo uma laxe em x do topo (de « a « ) e a paralaxe em x da base do edi­
escala nominal de aproximadamente 1:5.957. Será então fício (de b a b) podem ser medidas com o uso de uma régua
calculada a altura do Edifício do Senado. O cálculo da al­ de três modos distintos: 1) medição usando linhas fiduciais,
tura do ediíício é realizado através dos seguintes passos: 2) medição baseada na sobreposição, ou 3) medição usando
uma barra de paralaxe (estereômetro).
1) determinação da altitude da aeronave acima do nível do
solo ( H —h), a qual é conhecida como sendo de 907,85 m. Medição da Paralaxe em X com o Uso de Linhas Fiduciais
Quando se usa a equação de paralaxe, é necessário expres­
sar a altura da aeronave acima do nível do solo (H —h) nas A Figura 6-20c,d descreve um plano de vista sob a forma
unidades desejadas. Neste caso, será usado metro. de diagrama do conteúdo da Foto44 e Foto4, . Observa-se
que a localização dos pontos principais (PP), pontos prin­
2) localização do ponto principal (PP) em cada uma das fo­ cipais conjugados (PPC), da base e do topo do edifício es­
tografias, desenhando-se linhas através das quatro marcas tão indicados em cada fotografia. Também se observa que
fiduciais opostas em cada fotografia. o diagrama descreve o afastamento do edifício em relação
ao ponto principal devido ao deslocamento do relevo, con­
3) encontrar o ponto principal conjugado (PPC) em ambas forme discutido anteriormente.
as fotos, pela localização da posição do ponto principal de
cada foto na outra fotografia. Fim adição ao mapa planimétrico, também é útil visualizar
a imagem do Edifício do Senado conforme registrado na
4) posicionamento das fotografias ao longo da linha de voo, Foto44 e Foto^ . Há uma vista consideravelmente ampliada
por meio do alinhamento do PP e PPC de cada fotografia, de na Figura 6-21. Observa-se que a linha do ponto principal
modo que eles se situem ao longo de uma linha reta. Esta re­ (linha fiducial) é visível próxima ao edifício na Foto (Fi­
presenta a própria linha de voo. Observa-se que a linha de voo gura 6-21 a), mas a linha do ponto principal está distante
segue da direita para a esquerda na Figura 6-20. Intérpretes do edifício na Foto , 4, necessitando de uma interrupção na
novatos frequentemente acham que as linhas de voo devem linha que demarca a distância entre ambos (Figura 6-2lb).
proceder da esquerda para a direita, mas isto é errado. Usando a fotografia aérea real, é possível medir a paralaxe em
x do topo do edifício na Foto44 (denotada por xa = -9,7028
5) determinação da base aérea média da foto (paralaxe este­ cm) e a paralaxe em x da base do edifício (denotada por xh
reoscópica absoluta, P). Inicialmente, mede-se a distância = -9,15924 cm) a partir da linha fiducial. De modo seme­
entre o ponto principal (PP(4) e o ponto principal conju­ lhante, é possível medir a paralaxe em x do topo do edifício
gado (PPC4 5) na Foto44, distância esta que será chamada na Foto , (denotada por xa. = -0,6858 cm) e a paralaxe em x
de Base Aérea4 4 (Figura 6-20b,d). A distância é de 8,6614 da base do edifício (denotada p orx,= -0,67818 cm) a partir
cm. Repete-se o procedimento para a Foto4.. Neste caso, da linha fiducial. O valor absoluto da paralaxe em x do topo
a Base Aérea4 é de 8,6106 cm (Figura 6-20a,c). A média do edifício é p = 9,017 cm e da paralaxe em x da base do
destes dois valores é a base aérea média da foto (P) entre edifício é p h = 8,48106 cm. A paralaxe diferencial (dp) é a
as duas exposições (i.e., a paralaxe estereoscópica absoluta, diferença entre esses dois valores, dp = 0,53594 cm. Substi­
P = 8,636 cm). A paralaxe estereoscópica absoluta (P) e a tuindo os valores medidos na Equação 6-17
paralaxe diferencial (dp) devem ser medidas nas mesmas
dp
unidades, p.ex., milímetros ou milhares de centímetros. h = (H —h) x —
0 (P + dp)
6) medição da paralaxe diferencial (dp) entre a base e o topo fornece
do edifício. Esta medição é mais bem realizada quando se 0,53594 cm
h = 907,8468 m x
usa uma barra de paralaxe (frequentemente chamada de es- (8,636 cm + 0,53594 cm)
tereômetro), a qual será brevemente abordada. No entanto,
também é possível calcular a diferença na paralaxe entre os h0 = 53,0352 m .
objetos usando uma régua de alta precisão. Neste exemplo,
o canto superior do edifício é designado como Objeto A, e a A altura real do edifício é 52,4256 m.
172 CAPÍTULO Fotogrametria

Paralaxe Estereoscópica

Figura 6-1 9 A paralaxe estereoscópica é introduzida quando um objeto é visualizado a partir de dois pontos de perspectiva distintos. a,b)
Os objetos A e B no mundo real são registrados como os pontos a e b na posição de exposição L t e como a ' e b ' na posição de
exposição L , c) Quando as localizações de a c b são sobrepostas a a ' e b a imagem do objeto A apresenta paralaxe em x (/> )
maior que a imagem do objeto B (p Essa diferença na paralaxe (chamada de paralaxe diferencial, pode estar relacionada
à altura real dos objetos.

M edição da Paralaxe em X Baseada na Sobreposição feições no modelo estereoscópico e calcular os seus valores
de paralaxe diferencial {dp). Embora seja simples e útil po­
E possível orientar as duas fotografias com sobreposição der medir a magnitude da paralaxe diferencial usando uma
entre si, conforme mostrado nas Figuras 6-20e e 6-2 lc, de simples régua, conforme anteriormente descrito, também
modo que a base e o topo do edifício estejam paralelamente é possível usar uma barra de paralaxe especialmente conce­
alinhados com a linha de voo. Não importa qual a distância bida para a medição da paralaxe estereoscópica.
que separa as duas fotografias. A paralaxe em x do topo do
edifício é medida como a distância do topo do edifício na Medição da Paralaxe em X com o Uso de uma Barra de
Foto| . ao topo do mesmo canto do edifício na Foto44 {p t Paralaxe
= 0,762 cm). A paralaxe em x da base do edifício é a dis­
tância da base do edifício na Foto/(. à base na Foto44 (/;, = A paralaxe de objetos específicos em um par estereoscópico
1,29794 cm). A paralaxe diferencial entre o topo e a base pode ser calculada de forma rápida e precisa usando uma
do edifício é idêntica à que foi calculada usando o método barra de paralaxe (algumas vezes denominada como este-
da linha fiducial, dp = 0,53594 cm, e fornecería a mesma reômetro). A barra de paralaxe consiste de uma barra com
estimativa para a altura do edifício. Alguns analistas de ima­ dois discos de plástico transparente ou vidro acoplados a ela
gem preferem essa técnica simples de medição de paralaxe. (Figura 6-22). Um dos discos é fixo, enquanto o outro pode
ser movido para trás ou para frente ao longo do eixo da
Com a altitude da aeronave acima do nível do solo ( / / - h) barra, ajustando-se uma pequena roldana. Usualmente, há
e a paralaxe estereoscópica absoluta {P) calculadas para as um ponto vermelho brilhante demarcado em cada um dos
duas fotografias, é possível medir a base e o topo de outras discos, os quais são conhecidos como marcas de medição.
Medição Estereoscópica da Altura de Objetos ou Elevação do Terreno 173

L,

Figura 6-20 Cálculo da altura do Edifício do Senado em Columbia, SC, por meio da medição da paralaxe em x estereoscópica do topo e da base
do edifício a partir da Foto44 e da Foto/(_f. Quando sobrepostas uma à outra (e), a paralaxe diferencial (dp) é determinada e pode ser
usada para calcular a altura do edifício. Favor consultar a próxima ilustração para ver as fotografias aéreas reais usadas neste cálculo.

O analista de imagem, ao usar um estereoscópio simples da esquerda, e 2) a marca de medição direita seja colocada
de lentes, dispõe as fotografias de modo que o objeto de exatamente sobre o mesmo canto do topo do edifício na
interesse (tal como o canto do topo de um edifício) na fotografia da direita. As marcas de medição têm as suas
fotografia da esquerda seja visto pelo olho esquerdo, e o posições deslocadas no estereômetro por meio de um dis­
mesmo objeto na fotografia da direita seja visto pelo olho positivo de roldana, até que elas visualmente se fusionem
direito. Em seguida, o analista ajusta o estereômetro de em uma única marca, que parece existir no modelo estéreo
forma que 1) a marca de medição esquerda seja colocada como uma bola vermelha tridimensional posicionada par­
exatamente sobre o canto do topo do edifício na fotografia ticularmente na elevação do canto do topo do edifício. Isto
174 CAPÍTULO Fotogrametria

produz o mesmo efeito caso a bola vermelha estivesse de sentando uma elevação específica) e então move a marca
fato no canto do topo do edifício no momento em que as flutuante pelo terreno no modelo estéreo, preocupando-se
duas fotografias foram adquiridas. Se as marcas de medição em manter a marca firmemente sobre o solo. Pode-se con­
forem fusionadas com perfeição e pairarem exatamente no verter a medida de paralaxe em x para a elevação real, por
canto do topo do edifício, então a paralaxe em x estereos­ meio da localização de pontos de controle horizontal e ver­
cópica deste ponto poderá ser facilmente lida a partir da tical no terreno (p.ex., 30,48 m acima do nível do mar na
escala ajustável na barra de paralaxe. Este procedimento localização x,y) inseridos no modelo estereoscópico, e da
refere-se ao uso do princípio da marca flutuante. consequente determinação dos seus valores de paralaxe em
x. Qualquer outro ponto dentro do mesmo modelo estere­
Caso se deseje medir a paralaxe da base do canto do mes­ oscópico com o mesmo valor de paralaxe em x deve obri­
mo edifício, basta simplesmente focar a visão estereos­ gatoriamente estar situado a 30,48 m acima do nível do
cópica na base e ajustar as duas marcas de medição (es­ mar. Também é possível mapear os perímetros de edifica­
querda e direita), até que elas mais uma vez se fusionem ções, posicionando a marca flutuante tridimensional sobre
em uma bola tridimensional que apenas toca a base do o topo da cobertura dessas construções e traçar então uma
edifício. Pode-se então ler a escala para obter o valor da linha ao longo das bordas da cobertura. Isto resulta em um
paralaxe em x na base do edifício. mapa de localização planimétrica (x,y) dos edifícios.

A importância da marca flutuante para medições fotogra- A simples barra de paralaxe (estereômetro) é menos one­
métricas é a de que ela pode ser usada para medir com rosa, porém se constitui em um dos instrumentos menos
precisão a paralaxe de quaisquer pares de pontos em um precisos baseados no conceito de marca flutuante. Equi­
modelo estéreo. Ela pode ser posicionada no topo de um pamentos estereorrestituidores analíticos e digitais mais
objeto, tal como um edifício, e a paralaxe desse ponto caros estão disponíveis no mercado e permitem medições
pode ser lida, p.ex., py Da mesma forma, a marca flutu­ mais precisas de paralaxe. Como exemplo, cita-se o es­
ante pode ser posicionada na base do objeto, e a paralaxe tereorrestituidor analítico da Zeiss, mostrado na Figura
lida, p.ex., p y A diferença (pa - p b) resulta na medida de 6-23. Quando usado em conjunto com a informação de
paralaxe diferencial (dp) requerida como dado de entrada pontos de controle coletados em campo, o sistema ana-
para a Equação 6-17. Não importa neste caso se o obje­ liticamente correlaciona e calcula a quantia de paralaxe
to considerado foi construído pelo homem ou se é uma em x para cada elemento da imagem (pixel) em ambas
feição topográfica, i.e., ele pode ser o topo ou a base de as fotografias aéreas estereoscópicas. Um operador de es­
um edifício ou uma torre, o pico de uma montanha ou tereorrestituidor interage com o equipamento analítico
a planície inundável de um rio. A partir da paralaxe dife­ para produzir mapas planimétricos e topográficos. Em
rencial entre os dois pontos de medição, pode-se derivar adição a isso, eles também podem ser usados para gerar
a diferença de elevação. modelos digitais de elevação em formato matricial (ras-
ter). Um exemplo de planimetria (x,y) e curvas de nível
O princípio da marca flutuante pode ser usado para mape­ (z) típicas derivadas de um estereorrestituidor é apresen­
ar linhas de elevação constante no terreno. Por exemplo, se tado na Figura 6-24. Para uma discussão detalhada sobre
a marca flutuante (a bola tridimensional fusionada de cor como funcionam os estereorrestituidores analíticos, favor
vermelha) se movesse ao longo do modelo estéreo de modo consultar a obra Manual o f Photogrammetry, publicada
que ela mantivesse contato com o terreno, i.e., não seria pela “Sociedade Americana de Fotogrametria e Senso-
permitido flutuar acima do terreno ou penetrar abaixo dele riamento Remoto” (American Society for Photogrammetry
(o que é possível em uma visualização estereoscópica!), en­ and Remote Sensing) (McGlone, 2004).
tão uma linha de paralaxe em x estereoscópica constante
seria identificada. Se isso fosse feito ao longo da encosta de Fotografias estereoscópicas também podem ser adquiridas
uma montanha, a linha de paralaxe em x constante poderia no solo. As fotografias estereoscópicas podem ser analisa­
ser determinada, o que poderia ser então diretamente con­ das usando o princípio da marca flutuante para produzir
vertido na elevação acima do nível do mar. Esta linha de uma representação tridimensional detalhada da fachada dos
paralaxe constante está relacionada à real elevação através edifícios, se desejada (naturalmente, pontos de controle ho­
do uso de marcadores de pontos de controle horizontais rizontais e verticais coletados em campo são requeridos para
(x,y) e verticais (z) levantados em campo. E dessa forma conferir escala ao modelo estéreo). Isto é chamado de fo­
que são produzidos os mapas topográficos com curvas de togrametria de curto alcance fclose-range photogrammetry”)
nível do “Serviço de Levantamento Geológico Americano” (Warner et al., 1996; Wolf e Dewitt, 2000). Técnicas de
(United States Geological Survey — USGS). O operador do fotogrametria estereoscópica podem ser aplicadas à fotogra­
equipamento denominado de estereorrestituidor fstere- fia terrestre para restaurar edifícios históricos, ou ainda, para
oplotter”) posiciona a marca flutuante no terreno (repre­ reconstruir um braço, perna ou face humanos.
Modelos Digitais de Elevação, Ortofotos e Atributos Planimétricos Usando Fotogrametria Digital 175

M étod os de M edição da Paralaxe em x E stereoscópica


a partir da Sobreposição de Fotografias Aéreas:
- Medição usando linhas fiduciais (a,b)
- Medição baseada na sobreposição (c) —s.
T ~\p
PP.
Foto 4-5

4-4
Foto 4-4 fl

Figura 6-21 a,b) Medição da paralaxe em x estereoscópica usando as linhas fiduciais para a Foto4 5 e a Foto4 4, respectivamente, c) Medição
da paralaxe em x estereoscópica usando sobreposição.

Modelos Digitais de Elevação, grammetry Suite) permitem ao analista processar imagens


Ortofotos e Atributos Planimétricos digitais em um computador pessoal (“personal Computer —
Usando Fotogrametria Digital P C ’), visualizar o modelo estéreo em três dimensões na
tela do computador, derivar modelos digitais de elevação
Um dos eventos mais importantes na história do sensoria- (MDEs), extrair curvas de nível, produzir ortofotos, além
mento remoto e da fotogrametria foi o desenvolvimento da de extrair detalhes de atributos planimétricos. Um analista
fotogrametria digital (“soft-copy photogrammetry") . O ter­ operando um programa de fotogrametria digital e usando
mo sofi-copy significa que uma versão digital da fotografia óculos anaglíficos para analisar um modelo estéreo em três
aérea estereoscópica é analisada ao invés de uma impressão dimensões é mostrado na Figura 6-25.
material da fotografia (em papel ou transparência positi­
va). James Case concebeu o primeiro sistema de fotogra­ As etapas observadas para a geração de MDEs e imagens
metria digital no início da década de 1980. Sistemas atuais ortorretificadas, bem como para a extração de atributos te­
de fotogrametria digital (p.ex., Leica GeoSystems Photo­ máticos de interesse a partir de fotogrametria digital estão
176 CAPÍTULO Fotogrametria

E stereoscópio de Lentes e Barra de Paralaxe Estereorrestituidor analítico

Figura 6-22 Vista detalhada de uma barra de paralaxe com as mar­ Figura 6-23 Um estereorrestituidor analítico, modelo “P3 Plani-
cas flutuantes e o dispositivo de régua ajustável para comp”, da Zeiss. O analista visualiza o modelo esté­
medição. A barra está acoplada ao estereoscópio de reo através do sistema de lentes binoculares e pode
lentes e posicionada sobre o par estéreo para a realiza­ ajustar a marca flutuante usando o cursor de mesa
ção de medidas de paralaxe. (cortesia de Carl Zeiss).

descritas na Figura 6-26. Considerações importantes sobre precisão, em que o erro quadrático médio (“root-mean-
essas etapas incluem: squared-error - RM SF’) das coordenadas X, Y,Z é inferior
a 3 cm, quando os dados são submetidos à correção dife­
• coleta de pontos de controle no terreno; rencial (McCoy, 2005). E bom lembrar, no entanto, que
o GPS ainda é mais frequentemente usado para calcular
• aquisição de fotografia aérea estereoscópica e outros da­ a posição horizontal. A posição vertical derivada de GPS
dos de sensores remotos; (elevação ou cota Z) refere-se ao elipsoide, e não ao geoi-
de ou ao nível médio do mar. Portanto, para relacionar a
• tecnologia de digitalização de imagens; elevação derivada do GPS (altura do elipsoide) à elevação
convencional (altura ortométrica), um modelo de geoide
• programas de fotogrametria digital; é necessário (Wolf e Dewitt, 2000). Segundo, os dados de
GCP derivados de GPS, necessários para montar um bloco
• extração de cotas altimétricas de referência, curvas de de fotografias aéreas para a extração de informação, podem
nível e modelos digitais de elevação; ser obtidos sem o auxílio de topógrafos (i.e., por geógrafos,
engenheiros florestais, geólogos, etc.).
• criação de ortoimagens digitais;
Aquisição de Fotografia Aérea Estereoscópica ou
• extração de atributos temáticos de interesse. Outros Dados de Sensores Remotos

Aquisição de Pontos de Controle Horizontais e


Verticais no Terreno Fotografias aéreas estereoscópicas de alta qualidade são ne­
cessárias para a produção de MDEs e ortofotos com preci­
são, bem como para a extração de detalhes planimétricos
Por muitos anos, dados de ponto de controle no terreno (Figura 6-26a). Uma quantidade considerável de fotogra­
(“ground control point - GCP") eram obtidos apenas por fias aéreas métricas de média escala (1:20.000 a 1:40.000)
topógrafos credenciados, usando equipamentos tradicio­ foi adquirida por empresas contratadas por agências go­
nais de topografia. Esta situação alterou-se de duas formas vernamentais norte-americanas (p.ex., Programa Nacional
importantes. Primeiro, o uso de sistemas globais de po­ de Levantamento Geológico Aerofotogramétrico dos EUA
sicionamento (“global positioning systems - GPS”) para a ou “ (7.5. Geological Survey National Aerial Photography
coleta de pontos de controle tornou-se uma rotina (Figura Program ’, Levantamento Costeiro e Geodésico dos EUA
6-26a). A disponibilidade da tecnologia de levantamento ou “ (7.5. Coast and Geodetic Survey ’, Agência de Gestão
por GPS possibilita a coleta de pontos de controle com Territorial ou “Bureau o f Land Management"). Empresas
Modelos Digitais de Elevação, Ortofotos e Atributos Planimétricos Usando Fotogrametria Digital 177

Figura 6-25 Uma analista de imagem olhando um modelo estéreo


tridimensional usando óculos anaglíficos e o conjunto
analítico Leica Geosystems 1’hotogrammetry Suite.

Figura 6-24 a) Uma fotografia aérea de um par estéreo de Covina, nas construções, vias estreitas e redes de drenagem, tão im­
CA, EUA. b) Um mapa vetorial indicando a localiza­ portantes em aplicações urbanas (Jensen e Cowen, 1999).
ção planimétrica (x,y) de vias, da projeção horizontal Felizmente, muitas firmas comerciais oferecem atualmente
de edifícios, de cercas e elementos da paisagem (árvo­ dados derivados de imagens orbitais de alta resolução espa­
res, arbustos), assim como de curvas de nível espaça­ cial que podem ser usados para produzir MDEs e ortoima­
das de 0,3048 m, derivados do modelo estéreo. gens, bem como para a extração de atributos planimétricos
(consultar o Capítulo 7):
comerciais de engenharia fotogramétrica continuam a
adquirir a maior parte das fotografias aéreas métricas de • dados pancrom áticos de 1 x 1 m do IK O N O S
grande escala (> 1:20.000). Elas utilizam sistemas sensores (GeoEye);
analógicos e digitais, os quais fornecem melhor resolução
geométrica e radiométrica (p.ex., Leica ADS 40). A maior • dados pancromáticos de 1 x 1 m do OrbView-3 (Or-
parte das plataformas de aquisição de dados de sensoria- blrnage);
mento remoto está atualmente equipada com GPS e sis­
temas de navegação inercial. MDEs, ortofotos e detalhes • dados pancromáticos de 61 x 61 cm do QuickBird
de atributos planimétricos de alta e muito alta resolução (DigitalGlobe).
espacial podem ser derivados dessas imagens. Infelizmente,
a fotografia e os produtos dela derivados ainda são caros. Embora esses dados de sensoriamento remoto orbital jamais
venham a substituir a demanda por fotografias aéreas de alta
Alguns dados de sensoriamento remoto orbital adequados resolução e qualidade, haverá muitas aplicações em que os
para aplicações fotogramétricas de média escala estão dispo­ dados de satélite serão suficientes para a geração de MDEs e
níveis. Por exemplo, é possível obter dados estéreo de sensores ortoimagens. Portanto, uma limitação importante está sen­
remotos pancromáticos com uma resolução espacial nominal do superada, na medida em que dados de sensoriamento
de 5 x 5 m a partir do sensor francês SPOT e do sensor india­ remoto orbital de alta resolução espacial tornam-se disponí­
no IRS-1C (consultar o Capítulo 7). Os dados pancromáticos veis para uso na produção de MDEs e ortoimagens.
podem ser usados para gerar MDEs e ortoimagens de média
resolução, apesar do fato de que residências unifamiliares in­ Tecnologia de Digitalização de Imagens
dividuais e pequenas construções não são discerníveis.

Imagens com uma resolução espacial de 0,25 a 2,5 m são A tecnologia de digitalização de imagens por meio de arran­
necessárias para detectar alvos como trailers, casas, peque- jos lineares ou matriciais de detectores instalados em dispo-
178 CAPÍTULO Fotogrametria

Extração de M odelos D igitais de Elevação, O rtoim agens e


A tributos P lanim étricos com o U so de Técnicas de Fotogram etria D ig ita l

Dados de sensoriamento remoto

Coleta dos dados de


pontos de controle Interior
no terreno com GPS

Anáglifo do par estéreo


(mostrado em preto e branco)
Exterior

C— " ” 'N f. Extração de Atributos Planimétricos


d. Extração de Modelo Digital e. Extração de Ortoimagens - visualização do modelo estéreo trian-
de Elevação (MDE) Digitais gulado por meio de óculos anaglíficos
- produção automática de MDE - uso do MDE para criação de or­ ou polarizados
a partir de uma grade especificada toimagens - posicionamento da marca flutuante
pelo usuário - criação do mosaico de ortoima­ sobre o atributo de interesse e sua de­
- edição dos pontos de elevação, > gens a partir das cenas individuais marcação
com base na sobreposição a uma - sobreposição das ortoimagens aos - criação de curvas de nível, manten­
vista 3D do terreno dados temáticos para a produção do-se a marca flutuante sobre o terre­
- atribuir o MDE ao arquivo de de mapas de ortoimagens no em uma elevação constante (i.e.,
saída quantia constante de paralaxe).
V_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ J V

eixo de
simetria
da via

projeção
horizontal
do edifício

Figura 6-26 Etapas típicas na criação de modelos digitais de elevação, de ortoimagens e na extração de atributos planimétricos com o uso
de técnicas de fotogrametria digital.
Modelos Digitais de Elevação, Ortofotos e Atributos Planimétricos Usando Fotogrametria Digital 179

sitivos de carga acoplada (“charge coupled devices —CCDs”) fica a localização x,y das marcas fiduciais associadas a cada
ou fotodiodos revolucionou a aquisição de imagens digitais. fotografia produzida pela câmera. Como exemplo, pode-
Os cientistas passaram a ter acesso, em seus microcomputa­ se observar a Figura 6-27, em que um analista realiza o
dores, a sistemas capazes de digitalizar imagens em preto e processo de orientação interior para uma das fotografias da
branco com 12 bits (valores de níveis de cinza de 0 a 4.095) cidade de Columbia, SC. O analista está coletando infor­
e imagens coloridas com 30 bits (mais de 1 bilhão de cores) mação sobre a marca fiducial n° 2, localizada em um canto
em resoluções espaciais inferiores a 10 pm. Os cientistas da fotografia. As coordenadas de todas as quatro marcas
podem escanear gratuitamente imagens históricas com ele­ fiduciais do relatório de calibração da câmera são rotuladas
vada resolução espacial para projetos fotogramétricos (Ko- como Filme X e Filme Y na tela do monitor. As coordena­
necny, 2003). A importância da digitalização de imagens das da imagem de todas as quatro marcas fiduciais medidas
irá diminuir à medida que aumentar a aquisição de dados pelo analista são rotuladas como Imagem X e Imagem Y na
por sistemas digitais de sensoriamento remoto para fins de tela do monitor. As coordenadas do relatório de calibração
análise em programas computacionais de fotogrametria. da marca fiducial são então relacionadas às coordenadas
das marcas fiduciais medidas pelo analista de imagem, e
Fotogrametria Digital*• são calculados os resíduos. A relação entre esta imagem
particular e a informação de calibração da câmera tem um
erro quadrático médio de 1,12 pixels (56,76 pm), o que é
Programas digitais de fotogrametria possibilitaram aos cien­ considerado muito bom. A orientação interior é executada
tistas e leigos criarem MDEs, produzirem ortofotos, extraí­ para cada fotografia do bloco. Ela relaciona as caracterís­
rem curvas de nível e mapearem atributos temáticos de inte­ ticas geométricas da fotografia aérea às características geo­
resse. Essa capacidade é em grande parte devido a melhorias métricas internas da câmera que a produziu.
nos programas de fotogrametria, que executam a) orientação
interior, b) orientação exterior, e c) aerotriangulação. Orientação Exterior

Orientação Interior Todas as fotografias aéreas apresentam alguma inclinação.


Deve-se saber como modelar esta inclinação, para extrair
Orientação interior é o procedimento pelo qual as carac­ medidas úteis a partir da fotografia aérea. Há seis elementos
terísticas geométricas de uma fotografia aérea são relacio­ de orientação exterior que expressam a localização espacial
nadas matematicamente às características geométricas (in­ e orientação angular de uma fotografia aérea inclinada no
cluindo deformidades) do sistema da câmera que adquiriu momento da exposição (XL, Y , Z r co, (j>, k). As coordenadas
a fotografia. Isto significa estabelecer a relação entre 1) o tridimensionais da aeronave no momento da exposição são
sistema de coordenadas internas da câmera e 2) o sistema X[t Yl,Zl , em que Z L é a altitude da câmera acima do datum
de coordenadas do pixel da imagem (Linder, 2003). Este local. No instante da exposição, a câmera pode apresentar
passo requer informação sobre o sistema da câmera, o qual arfagem, rolagem ou deriva. Estes três ângulos de orientação
é comumente encontrado no relatório de calibração da câ­ são ômega, phi e kappa (co-<t>-K). Todos os métodos desen­
mera. A maior parte das câmeras possui um relatório de volvidos para determinar estes seis parâmetros para cada fo­
calibração, que é produzido na fabricação ou a cada nova tografia aérea requerem imagens fotográficas de pelo menos
calibração da câmera. A informação típica requerida para três pontos de controle no terreno, cujas coordenadas X, Y,Z
a orientação interior que está disponível no relatório de sejam conhecidas (Wolf e Dewitt, 2000). Caso se possam
calibração da câmera inclui: determinar estes parâmetros para cada fotografia aérea, então
pode-se usar a informação para relacionar coordenadas da
• localização x,y do ponto principal (p.ex., x,y = 0,0; re­ imagem às coordenadas (exteriores) do mapa do mundo real.
ferir-se à Figura 6-6);
A orientação exterior determina a relação matemática en­
• localização x,y de todas as marcas fiduciais (mm); tre coordenadas da imagem (x,y,z) e coordenadas do mapa
do mundo real (X,Y,Z) para pontos de controle no terreno
• distância focal das lentes (cm); selecionados. Um ponto de controle no terreno (“ground
controlpoint —GCF’) é definido como qualquer objeto na
• características de deformação das lentes. imagem para o qual as coordenadas no terreno no mundo
real X ,Y,Z são conhecidas (Linder, 2003). E necessário lo­
calizar pelo menos três pontos de controle bem distribuídos
O analista obtém assim essa informação do relatório de em cada imagem. Isto significa que eles devem estar distri­
calibração da câmera e a importa para o programa de buídos de modo a formar um triângulo na imagem. Eles
orientação interior. Depois, o analista de imagem identi­ não devem estar localizados formando uma linha reta.
180 CAPITULO 6 Fotogrametria

Pontos de controle artificiais (ou de painel) de alta qua­ Aerotriangulação


lidade são usualmente demarcados no campo usando
uma cruz branca, na qual cada uma das quatro pernas Uma vez que as orientações interior e exterior foram con­
tenham um comprimento de 5D e uma largura igual a D cluídas, a informação pode ser usada para executar a aero­
(p.ex., 0,6 m) (Wolf e Dewitt, 2001). A cor de um ponto triangulação. A aerotriangulação é o processo pelo qual as
de controle artificial deve contrastar com o material do coordenadas no terreno X, Y e Z podem ser determinadas
fundo (p.ex., uma cruz branca em um asfalto negro). A para qualquer pixel no par estéreo com base em medições
maior parte dos analistas de imagem localiza pontos de das coordenadas da foto (Wolf e Dewitt, 2000). Esta é
controle artificiais em cruzamentos de vias selecionados uma capacidade poderosa. Isso significa que as característi­
em uma cidade. Algumas vezes, os pontos de controle no cas geométricas obtidas do número relativamente pequeno
terreno são posicionados em localizações estratégicas no de pontos de controle no terreno usados durante a orien­
meio rural. A localização horizontal (X,Y) e/ou elevação tação exterior podem ser estendidas a cada pixel dentro de
Z dos pontos de controle no terreno são obtidas usando um modelo digital estéreo e que se pode obter a localização
medições dos pontos corrigidas diferencialmente (de for­ X, Ye a elevação Z em cada um desses pixels sem ter que ir
ma estática ou cinemática) e o próprio modelo de geoi- a campo para realizar o levantamento topográfico formal
de. Quanto mais pontos de controle horizontais/verticais de pontos de controle. A aerotriangulação permite que a
puderem ser localizados no bloco de fotografias aéreas, quantia relativamente pequena de pontos de controle no
melhor. A orientação exterior mais precisa irá ocorrer terreno possa ser passada (ou estendida) de uma fotografia
nas áreas circundadas pelos pontos de controle artificiais. para outra em um bloco de fotografias aéreas usando pon­
Pontos de controle horizontais são geralmente simboliza­ tos de passagem e de ajuste derivados da imagem.
dos com um triângulo, e pontos de controle verticais são
simbolizados usando um círculo. Um ponto de controle O processo de aerotriangulação cria pares estéreos que po­
horizontal e vertical é simbolizado por meio de um triân­ dem ser visualizados e usados para extrair modelos digitais de
gulo contido por um círculo. elevação, ortofotos e atributos temáticos de interesse (Figu­
ra 6-25 e 6-26c). O analista geralmente visualiza a imagem
Em adição aos pontos de controle artificiais horizontais/ triangulada na tela usando óculos anaglíficos. Isto produz
verticais, o analista de imagem pode selecionar pontos de um modelo tridimensional na mente do observador, confor­
passagem (pass points), algumas vezes denominados como me discutido anteriormente. A Prancha Colorida 6-1 apre­
pontos naturais, dentro da área de sobreposição de um par senta um anáglifo do par estéreo da cidade de Columbia,
estéreo. Os pontos de passagem devem estar claramente SC, produzido a partir dos procedimentos supramenciona-
visíveis em cada fotografia do par estéreo (p.ex., esquina de dos de orientação interior e exterior e aerotriangulação.
uma rua, base de um poste telefônico, cruzamento de duas
cercas). O analista obtém a localização x,y destes pontos A aerotriangulação utiliza um ajuste geral por mínimos
de passagem em cada imagem do par estéreo. Pontos de quadrados com restrição de pesos para orientar adequada­
passagem podem ser usados para passar o controle de uma mente todas as imagens em um bloco de fotografia aérea.
fotografia para a próxima, em uma sequência de fotogra­ Este ajuste é baseado no uso de equações de colinearidade.
fias aéreas. Pontos de ajuste (fiepoints) são pontos de pas­ Colinearidade é a condição na qual a posição de exposição
sagem localizados na área de 20% de sobreposição lateral da câmera (L), um objeto no solo (A) e sua correspondente
(consultar Figura 6-2), que podem ser usados para passar imagem na foto (d) situam-se todos em uma linha reta no
o controle de uma sequência de fotografias aéreas de uma espaço tridimensional (p.ex., Figura 6-29) (Wolf e Dewitt,
linha de voo para outra. 2000). A condição de colinearidade para qualquer ponto
(a) em uma fotografia aérea pode ser expressa por duas
De forma diversa da orientação interior, que trabalha equações, uma para a coordenada x da foto (x ) e outra
apenas uma fotografia por vez, a orientação exterior requer para a coordenada y da foto ( y j :
que o analista localize as coordenadas dos pontos de con­
trole em ambas as imagens do par estéreo. Por exemplo, (6-18)
pode-se considerar a orientação exterior sendo executada m n (XA- X L) + m]2 (YA~ Yl) + W|3
na Figura 6-28. O analista está adquirindo as coordena­
YYl31 (XA- X L) + mi2 iYA- Y ^ m 3 V a - zÀ
das da imagem para o ponto de controle no terreno de
n° 1, localizado nas imediações do Capitólio do Estado
da Carolina do Sul. A imagem esquerda é a Fore>44, e a (6-19)
imagem direita é a Foto4 . O analista já entrou com as YYl21 (XÁ- X L) + m22 (yA- Y L) + m 23 <Za ~ Z l)
coordenadas de referência no terreno X, Y,Z (Referência
m31 CXA ~ XL) + msi + 33 & a - z l)
X, Referência Y, Referência Z).
Modelos Digitais de Elevação, Ortofotos e Atributos Planimétricos Usando Fotogrametria Digital 181

O rientação Interior: C oordenadas da Marca Fiducial na Im agem


Relacionadas às C oordenadas do R elatório de Calibração da Câmera

Marca Fiducial
•** 4
REI , n° 2

má 0
#2 1
W
1K ,
Çensoí fnteiioi Orienlatiun | Exterior Information |
Fiducial Oiienlation: Viewer Fiducial Localor:
rsr-u o - _ 1___ 100 RMSE 1 12ptxels

[□ V Q j n J f S O jiõ-Jjo - 10C or 56.76microns


i l W f l à l - J '
| fjg) Auto Locate... J AppH1 Resei Sol ve j
ÈdtÀiiimages... !

Point í? > Color Imaqe X Imaqe V Fim X Fim Y Residual X Residual Y


1 153 531 4350 531 -106.007 -106.006 -1 121 0047
2 > 4323 591 137 891 106.001 105.99b 1 121 •0.047
3 132 471 159 525 -106.002 105.996 1 121 0047
A 4340 169 4328 510 105.996 -106.006 1.1211 0 0471
d _____

Figura 6-27 Execução de orientação interior em uma das fotografias aéreas de Columbia, SC. O analista encontra-se na etapa de aquisição
de informação sobre a marca fiducial n° 2. As coordenadas de todas as quatro marcas fiduciais do relatório de calibração da
câmera são rotuladas como Filme X e Filme Y. As coordenadas da imagem de todas as quatro marcas fiduciais medidas pelo
analista são rotuladas como Imagem X e Imagem Y.

em que x e y são as coordenadas do ponto principal (PP) Extração de Cotas Altimétricas de Referência,
do relatório de calibração da câmera; X [t Yj e Z L são as Curvas de Nível e MD Es Usando Fotogrametria
coordenadas no terreno da posição de exposição L; as co­ Digital
ordenadas no terreno do ponto A são XA, YA e Z p a dis­
tância focal da câmera é f , e o s m são funções dos ângulos
de rotação ômega, phi e kappa (co-(j)-K) (Wolf e Dewitt, O controle no terreno incorporado na orientação exterior
2000). As equações de colinearidade são usadas na resseção e aerotriangulação possibilita atribuir uma elevação (na
espacial (“space resection”) para determinar os seis elemen­ verdade, uma certa quantia de paralaxe) a cada par con­
tos da orientação exterior para ambas as fotografias do par jugado de pixels encontrado em um modelo estéreo. A in­
estéreo. A intersecção espacial pode então ocorrer, a fim de formação de elevação pode ser extraída a partir do modelo
identificar as coordenadas no terreno do mundo real para estéreo triangulado:
qualquer ponto no modelo estéreo. As complexidades da
resseção espacial e da intersecção espacial baseadas na co­ • em localizações muito específicas identificadas pelo
linearidade estão além do escopo deste livro introdutório. operador;
Recomenda-se ao leitor consultar Wolf e Dewitt (2000),
Mikhail et al. (2001) ou a obra Manual ofPhotogrammetry • ao longo de linhas com a mesma elevação (criando cur­
(McGlone, 2004) para informações adicionais. vas de nível);
182 CAPÍTULO Fotogrametria

O rientação Exterior: A quisição Estereoscópica de C oordenadas


na Im agem dos Pontos de C ontrole no Terreno

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Vertical: none

5 J ' Coordenadas da i in agem


Imaqe tt Irnaqe Narne Active XFile Y Fite
1 4-5®500 X I 3885 6231 3248 755
I 4-4 <?5QQdpi X | 2192.0841 3231 947

Figura 6-28 Execução de orientação exterior em parte do par estéreo de Columbia, SC. O analista encontra-se no processo de aqui­
sição das coordenadas da imagem (Arquivo X, Arquivo Y) para o ponto de controle no terreno n° 1, localizado nas ime­
diações do Capitólio do Estado da Carolina do Sul. O analista já inseriu as coordenadas X,Y,Z de referência no terreno
[Referência X, Referência Y, Referência Z (oculta na visualização)]. As coordenadas na imagem de todos os pontos de
controle no terreno devem ser determinadas.

• em uma grade sistemática, criando um modelo digital Conforme previamente mencionado, o analista obtém cur­
de elevação. vas de nível, especificando-as com uma elevação desejada,
p.ex., 100 m acima do nível do mar. Para isso, o analista
As elevações extraídas pelo analista em localizações muito posiciona a marca flutuante no solo em uma localização
específicas (p.ex., em cruzamentos de vias, cantos de edifí­ que se sabe situar a 100 m acima do nível do mar (basean­
cios, coberturas de poços de inspeção) no modelo estéreo do-se nas suas propriedades de paralaxe). Depois, ele move
são comumente denominadas como cotas altimétricas de a marca flutuante ao longo do terreno com a mesma eleva­
referência. O analista obtém as coordenadas X, Y,Z de um ção, criando assim uma curva de nível. Quando a linha da
ponto situando a marca flutuante (discutida anteriormen­ curva de nível está completa, o analista então passa para o
te) firmemente sobre o terreno (nem abaixo e nem pairan­ próximo intervalo da curva de nível (p.ex., 110 m acima
do sobre a superfície) e efetuando a leitura. do nível do mar), posiciona o cursor no solo em 110 m aci-
Modelos Digitais de Elevação, Ortofotos e Atributos Planimétricos Usando Fotogrametria Digital 183

C on d ição de C olinearidade A precisão do modelo digital de elevação que pode ser ob­
tida usando métodos de fotogrametria é função da escala
e da resolução dos dados do sensor remoto, da altura de
voo na qual as imagens foram adquiridas, da relação base/
altura (i.e., geometria) das imagens estereoscópicas, da
precisão do controle no terreno, bem como da qualidade
do programa computacional de fotogrametria emprega­
do. Algumas vezes, os usuários acreditam que o M DE
derivado de fotogrametria digital está livre de erros, mas
isto nem sempre é procedente.

Estruturas Elevadas e Arvores Im pactam a Criação


de M odelos D igitais de Elevação D erivados de Fo­
togram etria

A estereocorrelação automática usada para criar MDEs


funciona bem quando o terreno está livre de árvores, edi­
ficações, viadutos, pontes, etc., os quais se elevam acima
do terreno nominal. No entanto, quando tais objetos estão
presentes os algoritmos assumem-nos como pertencentes
ao terreno e computam a paralaxe diferencial e altura re­
Figura 6-29 Condição de colinearidade associada a uma fotografia sultante de tais superfícies. As alturas são então inseridas
aérea inclinada. em um MDE. Por exemplo, a Figura 6-30a apresenta um
MDE de uma área com quatro quadras no campus da Uni­
ma do nível do mar e repete os procedimentos conforme versidade da Carolina do Sul (University o f South Carolina),
descrito anteriormente. Este é um método preciso, porém derivado de fotografia aérea na escala de 1:6.000. A aparên­
de alto custo humano, para a extração de curvas de nível. cia geometrizada do MDE deve-se à detalhada informação
de elevação para cada edifício e árvore da área de estudo.
Usando sistemas de fotogrametria digital, controle no
terreno e informação de calibração da câmera, é possível M étodos U sados para Editar um M D E Im pactam
realizar aerotriangulação da fotografia (ou de imagens) e sua Precisão
utilizar a informação obtida durante o processo para gerar
uma grade regular de valores de elevação dentro de cada Os sistemas de fotogrametria digital permitem aos usuá­
modelo estéreo de uma linha de voo (Figura 6-26d). O rios visualizar a grade de pontos de elevação de um M DE
programa realiza automaticamente a estereocorrelação em sobreposta a um par estéreo em três dimensões. O ana­
porções ortorretificadas das imagens e calcula a paralaxe lista pode editar individualmente os pontos de elevação,
(e correspondente elevação) associada a cada novo pon­ movendo-os de forma que eles entrem em contato com o
to no modelo estéreo. A estereocorrelação é realizada para terreno, usando o “princípio da marca flutuante”, em que
todos os pontos de uma grade especificada pelo usuário. cada ponto se torna uma marca flutuante. O analista pode
Os sistemas correntes podem processar milhares de pon­ 1) corrigir pontos individualmente, selecionar um polígo­
tos no modelo estéreo por segundo (Konecny, 2003). Um no de pontos e passá-los todos para a mesma elevação, ou
exemplo de um modelo digital de elevação produzido a 3) selecionar um polígono de pontos ao longo de uma
partir de um par estéreo para a cidade de Columbia, SC, é encosta e reescaloná-Ios para que se situem entre os valo­
apresentado na Figura 6-30a. O MDE foi processado para res máximo e mínimo encontrados dentro do polígono.
ter a aparência de um modelo de relevo sombreado. Quando usado criteriosamente, o analista pode corrigir a
maior parte dos problemas encontrados em um MDE. Por
Os cientistas podem reamostrar e mosaicar o MDE final exemplo, o M DE na Figura 6-30b foi editado de modo
para qualquer outra resolução espacial desejada (p.ex., 5 x que o topo de cada edifício estivesse com a elevação corre­
5 m, 20 x 20 m). Desta forma, o MDE pode apresentar ta. Os MDEs que incluem informação de elevação sobre
correspondência geométrica com dados em um SIG (Sis­ edifícios e árvores podem ser de grande utilidade para os
tema de Informações Geográficas). Portanto, os cientistas e casos em que o analista deseje sobrepor uma ortofoto ao
leigos têm a capacidade de criar MDEs de alta precisão, con­ modelo digital de elevação urbano e realizar um voo digital
forme a demanda de projetos específicos, usando programas de simulado sobre a cidade. Entretanto, se o analista quisesse
fotogrametria digital em microcomputadores. apenas um modelo nominal do terreno, i.e., um mode-
184 CAPÍTULO Fotogrametria

Figura 6-30 a) Modelo digital de elevação não-corrigido derivado de técnicas de fotogrametria digital, b) M D E corrigido, c) M D E com
edifícios e árvores removidos, d) Mapa de declividade produzido a partir do M DE com edifícios e árvores removidos.

Io digital de terreno ou M D T para a área do campus da M DE contendo edifícios e árvores. Ele pode ser produzido
Universidade da Carolina do Sul, ele não o encontraria apenas a partir do M DE com a remoção desses objetos,
disponível nas Figuras 6-30a e b. conforme apresentado na Figura 6-30d.

Para criar um MDE da área do campus sem a informação Áreas urbanizadas com edifícios e árvores deverão ser ma­
de edifícios e árvores, o analista deve editar manualmen­ nualmente editadas para a obtenção de um M DE somente
te os pontos no M DE que correspondam à elevação de do terreno nominal. Este pode ser um processo trabalho­
edifícios e árvores, e efetivamente “reposicioná-los” para a so, além de estar sujeito a erros introduzidos pelo analista.
altura nominal do terreno na área. Isto pode tornar-se di­ Quanto maior a escala da fotografia aérea e maior a altura
fícil no caso de grandes edifícios ou conjuntos de árvores. dos edifícios e das estruturas na área de estudo, maior a difi­
Entretanto, se os edifícios e as árvores não forem muito culdade para obter um MDE preciso do terreno. Os MDEs
grandes, é possível identificar a tendência geral do terreno são mais precisos e requerem menos edição quando produ­
entre os edifícios e as árvores, de modo que os pontos cor­ zidos para áreas rurais que não apresentam cobertura arbó­
respondentes à elevação desses objetos possam ser movidos rea densa ou estruturas artificiais (edifícios, pontes, etc.).
para a elevação nominal do terreno. Uma edição cuidadosa
do M DE original seguindo este procedimento pode pro­ Como exemplo, pode-se considerar o M DE de alta qua­
duzir um MDE revisado que descreva apenas o relevo lo­ lidade extraído da fotografia aérea de grande escala, com
cal da área, sem edifícios e árvores, conforme mostrado na poucas árvores e edifícios, apresentado na Figura 6-31.
Figura 6-30c. Um mapa da declividade em percentual da Essas quatro zonas de teste na região de Savannah River
área (importante em muitos estudos ambientais e hidro- Site - uma planta nuclear -, próxima a Aiken, SC, são usa­
lógicos) não pode ser precisamente construído a partir do das para avaliar a eficácia de vários materiais argilosos de
Modelos Digitais de Elevação, Ortofotos e Atributos Planimétricos Usando Fotogrametria Digital 185

cobertura para aterros de resíduos perigosos. Fotografias uma distância infinita ao solo. A Figura 6-32 demonstra
aéreas estereoscópicas de grande escala das zonas de teste a mudança na geometria da imagem e a remoção do des­
são adquiridas rotineiramente, de modo que qualquer sub- locamento induzido do terreno (At). O ponto P, que se
sidência (i.e., afundamento) nas camadas de cobertura de situa no terreno em uma elevação específica acima do nível
argila seja documentada imediatamente. A Figura 6-31 a médio do mar, corresponde a p n o sistema de coordenadas
documenta a seleção do ponto de controle no terreno de do plano da imagem, quando ele deveria estar localizado
n° 5 durante a fase de orientação exterior do projeto. O em c. A correção do deslocamento de p para c (i.e., Ar) é a
ponto de controle de n° 3 refere-se a um duto plástico meta da ortorretificação. Cada parte do terreno é corrigida
de 15” de diâmetro, que se eleva 30 cm acima do solo e de forma independente durante o processo de retificação.
que foi levantado com ± 3 cm de precisão, usando-se um
aparelho de GPS. O modelo digital de elevação extraído Os efeitos do deslocamento do relevo topográfico e de
após o modelo estéreo aerotriangulado é apresentado na variações na altitude da câmera são removidos nas ortoi­
Figura 6-31 b. Esta vista foi criada sobrepondo-se uma das magens. O resultado é uma ortoimagem corrigida plani-
fotografias do par estéreo sobre o M DE e visualizando-a metricamente. Por exemplo, a Figura 6-33 apresenta uma
a partir de uma perspectiva oblíqua. Uma versão colorida linha de transmissão de energia em terreno acidentado. A
deste exemplo pode ser vista na Prancha Colorida 6-2. linha de transmissão foi implementada com o auxílio de
um levantamento topográfico rigoroso, de forma a estar
Criação de Ortoimagens Digitais bem alinhada no mundo real; porém, o relevo local pro­
duz deslocamento de relevo na fotografia da área. Isto faz
com que a linha de transmissão não apareça na sua posição
Há mais de 30 anos, Thrower e Jensen (1976) fizeram uma planimétrica correta na fotografia aérea não-retificada. O
revisão sobre como ortofotos analógicas eram criadas e iden­ processo de retificação ortográfica diferencial bit-a-bit re­
tificaram inúmeras aplicações cartográficas. Eles afirmavam: move as distorções causadas pela inclinação da câmera no
momento da exposição e os efeitos de deslocamento de
O mapeamento por ortofotos representa uma relevo. A linha de transmissão passa então à sua posição
técnica pela qual dados espaciais podem ser planimétrica devida, e sua forma e geometria tornam-se
mais precisamente medidos e transferidos, em corretas. A fotografia da Figura 6-33b é uma ortofoto com
vista dos atributos especiais do mapa de orto- a precisão de um mapa vetorial tradicional.
foto, que combina a imagem de uma fotografia
aérea com as qualidades métricas de um mapa Esta precisão planimétrica permite aos analistas usarem or­
vetorial preciso. toimagens como mapas para a realização de medições de lo­
calização geográfica, distâncias, ângulos e área. Em imagens
Conforme foi previsto, houve um considerável aumento no não-retificadas, essas medições podem ser feitas somente de
uso de ortofotos digitais e modelos digitais de elevação em maneira aproximada, por causa do deslocamento na imagem
muitas aplicações. Leigos, planejadores, profissionais usuá­ e da mudança de escala causados por variações no relevo local
rios de SIG, cartógrafos e a mídia (p.ex., jornais, revistas, (i.e., deslocamento de relevo) e inclinação da foto aérea.
televisão) usam ortoimagens como fundo sobre o qual se
sobrepõe informação temática (p.ex., linhas divisórias de Instrumentos de fotogrametria digital podem produzir or­
propriedades imobiliárias, rede de serviços e infraestrutura, toimagens com correção de terreno sob demanda. O pro­
rede de drenagem, curvas de nível, movimentação de tropas) cedimento geral empregado para isso encontra-se resumido
(Rumsey e Punt, 2004). Muitos analistas de imagem estão no na Figura 6-26a-e. O usuário seleciona qualquer imagem
momento usando sistemas de fotogrametria digital em seus PCs triangulada no bloco de fotografias aéreas (ou nos dados
para gerar seuspróprios MDEs e ortofotos como dados de entra­ SPOT) e seu correspondente MDE para gerar uma ortoi­
da em SIG. Esta seção descreve como as ortofotos são criadas magem digital. Durante o processo de ortorretificação, os
usando fotogrametria digital e aborda questões importantes efeitos da elevação sobre a perspectiva da imagem são re­
que devem ser consideradas na criação e uso de ortofotos. movidos para a produção de um conjunto de dados geo-
codificados, com um espaçamento regular entre pixels no
Ortoimagens são criadas a partir de imagens de sensoria- espaço do mapa. Para cada pixel da ortoimagem com latitu­
mento remoto. A geometria de uma fotografia digital não- de e longitude conhecidas, o algoritmo usa inicialmente o
retificada altera-se de um feixe cônico de raios para uma MDE para determinar a altura do ponto. As funções racio­
geometria de raios paralelos ortogonais ao solo e ao plano nais para a imagem são então usadas para determinar o pi­
da imagem no caso da fotografia ortorretificada ou ortofo- xel na imagem triangulada que corresponde ao ponto sobre
to. Portanto, ao invés de se ter um centro de perspectiva, o terreno no mundo real. A intensidade deste ponto (rea-
a perspectiva de visualização é modelada como sendo de mostrado com base nos seus vizinhos usando um esquema
186 CAPÍTULO Fotogrametria

O rientação Exterior: W estinghouse S avan nah R iver S ite


A quisição E stereoscópica de C oordenadas na Im agem dos Pontos de C ontrole no Terreno

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a.

Fotografia Aérea Sobreposta a um M odelo D igital de


Elevação O btido por Fotogrametria

Figura 6-31 a) Orientação exterior executada sobre um par estéreo referente a zonas de teste na região de Westinghouse Savannah River Site,
próxima a Aiken, SC. A fotografia foi adquirida em 1995. b) Visualização do M DE obtido por fotogrametria sobreposto a
uma das fotografias do par estéreo.

de interpolação bilinear) é então atribuída ao pixel de saída Problemas e Soluções Associados com Ortoimagens
na ortoimagem. Este processo é tipicamente executado a Derivadas de Fotogrametria D igital
uma taxa de processamento superior a 200.000 pixels/s até
que a ortoimagem retificada de saída esteja totalmente pre­ A precisão de uma ortoimagem digital é função da quali­
enchida. O resultado é uma ortoimagem com correção de dade das imagens, do controle no terreno, da triangulação
terreno que pode ser usada como um mapa cartográfico. fotogramétrica, bem como do M DE usado para criá-la (Fi-
Modelos Digitais de Elevação, Ortofotos e Atributos Planimétricos Usando Fotogrametria Digital 187

Projeção Perspectiva Projeção Ortográfica Fotografia Aérea Vertical N ão-C orrigida

Figura 6-32 a) Uma fotografia aérea com projeção perspectiva dis­ b.


tancia a imagem dos objetos de sua verdadeira posi­ Figura 6 -3 3 a) Uma fotografia aérea não-corrigida de uma linha
ção planimétrica. Por exemplo, P está localizado em p de transmissão de energia em terreno acidentado, b)
na fotografia, quando ele deveria estar localizado em Ortofoto com precisão planimétrica após correção
c. b) Uma projeção ortográfica reposiciona todas as para remover erros de rolagem, deriva e arfagem in­
imagens dos objetos na sua correta posição planimé­ troduzidos pela aeronave no momento da exposição,
trica. A meta quando se cria uma ortofoto é deslocar bem como erros de deslocamento de relevo.
os objetos registrados em uma fotografia aérea em
distâncias e direções específicas, As, até que atinjam a
sua posição planimétrica devida.
árvores adjacentes na Figura 6-35a. De forma oposta, quan­
do as elevações das coberturas e árvores estão corrigidas no
gura 6-26). Uma ortoimagem pode ser produzida a partir MDE, a ortoimagem resultante apresenta os mesmos edi­
do M DE original, a partir de um MDE com a remoção fícios com bordas claras e diferenciadas dos demais alvos
da cobertura dos edifícios, ou ainda, a partir de um MDE (Figura 6-35b). Este é o tipo de ortoimagem que deve ser
com edifícios e árvores removidos. Um MDE produzido usada em voos digitais simulados em ambientes urbanos.
a partir de pontos levantados em campo ou até mesmo Sistemas de fotogrametria digital mais sofisticados podem
a partir de curvas de nível digitalizadas também pode ser produzir modelos digitais de elevação extremamente pre­
usado para criar a ortoimagem. Portanto, o analista sempre cisos e ortofotos com alta definição, a exemplo da vista
deve ter acesso aos metadados (histórico) de como o MDE tridimensional da cidade de Rosslyn, VA, na Figura 6-36.
foi gerado. Desta forma, somente os dados de M DE mais
apropriados serão usados na criação de ortoimagens. Ortorretificação Tradicional Não Elimina D eslocam en­
to Radial e de Relevo de Estruturas Elevadas
Ortoimagens urbanas de grande escala (p.ex., 1:6.000) deri­
vadas de MDEs não-corrigidos frequentemente apresentam A maior parte dos usuários tem a falsa impressão de que os
severas distorções das bordas dos edifícios (Nale, 1994). Por topos de edifícios altos ou de árvores extremamente altas
exemplo, a ortofoto na Figura 6-34a foi gerada a partir de em uma ortoimagem apresentam-se na sua correta posição
um M DE não-corrigido, ao passo que a ortofoto apresen­ planimétrica, i.e., que as coberturas dos edifícios altos estão
tada na Figura 6-34b foi produzida usando um M DE com exatamente sobre suas bases. Isto ocorre apenas quando o
elevações corrigidas de edifícios e árvores. As bordas das co­ sensor adquire os dados de uma altitude elevada e o deslo­
berturas em “a” e “b” estão corretas na Figura 6-34b. camento de relevo dos edifícios ou outras estruturas causa­
do pela distorção radial é mínima. Infelizmente, quando se
A importância da qualidade de um MDE pode ser aprecia­ usam fotografias aéreas de grande escala com deslocamento
da ainda mais quando a ortoimagem é sobreposta ao MDE significativo de relevo em edifícios e árvores, somente as ba­
usado na sua criação. Como exemplo, pode-se considerar ses dos edifícios ou árvores encontram-se na sua correta lo­
as duas ortofotos na Figura 6-35ab criadas e sobrepostas calização planimétrica em uma ortoimagem. Uma ortofoto
aos MDEs não-corrigido e corrigido, respectivamente. As digital tradicional não corrige a “inclinação de edificações”
bordas dos edifícios estão indefinidas devido ao efeito de causada pela distorção radial. De fato, a “inclinação de edi-
188 CAPÍTULO Fotogrametria

Figura 6-34 A qualidade do M D E influencia a qualidade da ortofoto.

a. Ortofoto sobreposta a um M D E não-corrigido. b. Ortofoto sobreposta a um M D E corrigido.

Figura 6-35 A qualidade do M D E influencia a qualidade da ortofoto. O impacto das árvores é minimizado, e a forma dos edifícios é re­
presentada corretamente, quando a ortofoto é sobreposta a um M D E corrigido.

ficações” no caso de edifícios elevados ou outras estruturas terpolando-se a elevação a partir do M DE, transferindo-se
(pontes, viadutos, etc.) pode ocultar completamente a ima­ o modelo matemático para a imagem, interpolando-se o
gem da superfície terrestre por dezenas de metros. Caso se próprio tom de cinza a partir da imagem e, finalmente,
tentasse digitalizar edifícios a partir de uma ortoimagem atribuindo-se o tom de cinza resultante ao pixel a na nova
digital tradicional, descobrir-se-ia que as localizações dos ortofoto (Figura 6-37a). O processo é aceitável para o pi­
edifícios na superfície do terrestre estão deslocadas em rela­ xel a, porque não há obstrução (p.ex., edifício) entre a
ção às suas respectivas alturas (Nale, 1994). câmera e a localização x,y,z de a no terreno que oculte a
visualização do terreno a partir da posição da exposição.
Felizmente, um método preciso para a criação de ortofotos O problema que surge é ilustrado pelo pixel b. Na ima­
verdadeiras foi desenvolvido. Para entender como ele é exe­ gem original, o terreno “atrás” do edifício em b não é mos­
cutado, seria útil revisar inicialmente como uma ortofoto trado devido à altura do edifício. O pixel b terá o tom ou
tradicional é produzida. O valor de brilho de um pixel a é cor da cobertura do edifício. A ortofoto tradicional final
obtido, iniciando-se pela posição x,y de a no terreno, in- mostrará o edifício distanciando-se do centro da forogra-
Modelos Digitais de Elevação, Ortofotos e Atributos Planimétricos Usando Fotogrametria Digital 189

Método de Extração de
Valores de Brilho do Pixel Posição de
a partir de Fotografia Aérea Exposição n° 2
Triangulada para Produzir
uma Ortofoto Tradicional

O solo
nesta região é
ocultado pelo
deslocamento
do edifício

b Pixels da ortofoto a
Figura 6-36 Uma ortofoto com alta qualidade da cidade de Ros- Extração de Valores de Brilho do Pixel a partir de Múltiplas Fotografias
Aéreas Trianguladas para Produzir uma Ortofoto Verdadeira
slyn, VA, EUA, sobreposta a um modelo digital de
elevação cuidadosamente editado (cortesia de L-H
Systems, Inc. e Marconi, lnc.\ © SO CET Ser).

fia, conforme a Figura 6-37a. A cobertura será mostrada


onde deve haver terreno, isto é, nos fundos do edifício,
e a lateral do edifício será mostrada onde deveria estar a
cobertura. O terreno atrás do edifício não será mostra­
do. Esses deslocamentos estão relacionados com a altura
e a posição do edifício na foto original. Quanto maior a
altura do edifício e mais próximo ele estiver da lateral da
fotografia original, pior será o deslocamento.

Uma solução elegante para os problemas da ortofoto


acima foi desenvolvida (Walker, 1994; BAE Systems,
2005). Na Figura 6-37b, observam-se três fotografias aé­ Figura 6-37 a) O valor de brilho do pixel b em uma ortofoto tradi­
cional seria extraído a partir do topo do edifício devi­
reas trianguladas e um M DE cobrindo toda a projeção
do ao deslocamento do relevo. O pixel a apresentaria
horizontal da área de estudo. Usando-se ferramentas es­ o correto tom ou nível de cinza, porque ele não está
tereoscópicas tridimensionais tradicionais para a extração oculto à visualização. Observa-se que ambos os pixels
de atributos, os limites de edificações, pontes e outros foram extraídos a partir de uma foto adquirida em
obstáculos são identificados. Contudo, o valor de brilho uma única posição de exposição, b) Os pixels a e b em
ou nível de cinza para o pixel a é interpolado a partir da uma ortofoto verdadeira são derivados da foto triangu­
posição de exposição mais próxima ao nadir (diretamente lada na linha de voo que é mais adequada. Por exem­
plo, o pixel a é derivado da foto adquirida na Posição
acima), que no caso corresponde à posição de n° 3 (Figu­
de Exposição n° 3. O tom de b é extraído da Posição
ra 6-37b), a qual possui a melhor visualização do terreno de Exposição n° 1, na qual ele não foi ocultado pelo
na localização a. O algoritmo então examina o M DE e os deslocamento do edifício (Southard, 1994; cortesia de
dados de atributos e determina que a visualização do ter­ L-H Systems, Inc. e Marconi, Inc.\ © SO CET Set).
reno para o pixel b é ocultada pelo edifício na posição de
exposição n° 2, e em seguida automaticamente seleciona
a imagem da posição de exposição n° 1, visando obter • os topos e bases de viadutos são mostrados nas suas
a cor de pixel correta para o pixel b. A aplicação desses localizações corretas;
algoritmos resulta na ortofoto verdadeira, em que:
• ortofotos e mapas podem ser gerados com dimensões
• as coberturas dos edifícios são mostradas na sua correta que excedem a qualquer uma das imagens de entrada.
localização planimétrica x,y,*
Uma comparação entre uma ortofoto tradicional e uma or­
* os terrenos adjacentes a todos os edifícios são mostra­ tofoto verdadeira do Capitólio dos EUA é apresentada na
dos na sua devida localização; Figura 6-38. A inclinação do edifício (deslocamento) foi
190 CAPITULO Fotogrametria

removida, e todas as coberturas dos edifícios encontram-se


na sua correta localização planimétrica. A capacidade de
geração de ortoimagens verdadeiras está acelerando a apli­
cação de ortoimagens em SIG (BAE Systems, 2005).

Extração de Atributos Temáticos de Interesse


Usando Fotogrametria Digital

Quase todo detalhe encontrado em mapas planimétricos


e/ou topográficos tradicionais, tais como os produtos em
escala 1:24.000 ou 7,5 min do Serviço de Levantamento
Geológico Americano (USGS), é extraído usando técnicas
de fotogrametria. Com o adequado controle no terreno,
imagens estereoscópicas de alta qualidade, bem como pro­
gramas de fotogrametria, tornou-se possível aos leigos a
extração de inúmeros tipos de informação temática. Isto
representa um evento significativo na história da análise
de dados cartográficos e de sensoriamento remoto, uma
vez que os cientistas e outros pesquisadores não depen­
dem mais de nenhuma agência para lhes fornecer a infor­
mação de que necessitam. Eles podem gerar seus próprios
produtos temáticos de acordo com especificações por eles
estabelecidas.
Figura 6-38 A diferença entre uma ortofoto convencional (a) e
O procedimento de extração de informação temática é exa­ uma ortofoto verdadeira (b) do Capitólio dos EUA.
tamente igual àquele descrito anteriormente para a criação A inclinação do edifício foi removida, e todas as co­
de curvas de nível, à exceção de que, neste caso, o analista berturas dos edifícios encontram-se na sua correta
extrai vários atributos temáticos de interesse. Por exemplo, posição planimétrica (Southard, 1994; cortesia de
a Figura 6-39 apresenta três tipos de atributos sendo extra­ L-H Systems, Inc. e Marconi, Inc.\ © SO CET Set).
ídos a partir de um par estéreo aerotriangulado da cidade
de Columbia, SC, mostrado nas Pranchas Coloridas 6-1 e
6-3. Para extrair a informação da projeção horizontal do & & Medição de Área
edifício, o analista sistematicamente posiciona a marca
flutuante tridimensional em vários cantos do edifício. O
programa automaticamente cria uma linha de um canto a
outro do edifício. O resultado é um polígono que contém E possível obter medições de áreas diretamente a partir de
a localização planimétrica da projeção horizontal do edifí­ fotografias aéreas verticais não-retificadas, se o terreno for
cio, como se as coordenadas X, Y da base fossem medidas consideravelmente plano. Entretanto, se a elevação topo­
no terreno. A localização planimétrica do espelho d'água gráfica local dentro do campo de visada da fotografia variar
situado em frente ao edifício é obtida da mesma forma. mais do que cerca de 5% da altura de voo acima do nível
do solo (p.ex., 200 m se H = 4.000 m), então sérios erros
Serviços de emergência (p.ex., resgate, polícia, bombeiros) de medição de área poderão ocorrer. Se o relevo local va­
requerem informação detalhada sobre o eixo de simetria de riar mais que 5%, o intérprete de imagem pode cuidado­
ruas e vias. Isto é obtido, mantendo-se a marca flutuante samente compartimentar a fotografia em áreas geográficas
firmemente sobre o terreno, enquanto o analista traça a que têm aproximadamente a mesma escala. Por exemplo,
linha ao longo do eixo central da via ao mesmo tempo se uma simples fotografia aérea consistiu basicamente da
em que visualiza o anáglifo tridimensional do par estéreo. imagem de um platô plano em uma elevação (p.ex., 400
Procedimentos semelhantes são usados para mapear linhas m acima do nível do mar) e um vale suavemente inclinado
de transmissão telefônica e de outros serviços visíveis na em outra elevação (p.ex., 150 m acima do nível do mar),
superfície terrestre. Um mapa de rede de drenagem pode o intérprete poderia seccionar a fotografia em duas partes.
ser criado mantendo-se a marca flutuante sobre o terreno, Ele então calcularia a escala exata da porção da fotografia
enquanto se traça o eixo de simetria de cursos d'água de que contém o platô, e a escala exata da porção da fotografia
maior importância e de seus afluentes. que contém o vale. Essas duas escalas diferenciadas seriam
Medição de Área 191

Extração de A tributos P lanim étricos U sando Fotogram etria D igital

projeção horizontal
do edifício

eixo de simetria
da via

projeção horizontal
do edifício

projeção horizontal
do edifício

projeção horizontal
do espelho d'água

Figura 6-39 Projeção horizontal do edifício, projeção horizontal do espelho d'água e eixo de simetria da rua extraídos de um anáglifo do
par estéreo, o qual é mostrado na Prancha Colorida 6-3. Recomenda-se visualizar este par estéreo com um estereoscópio.

usadas para a medição da área de atributos selecionados, irrigação agrícola por pivô central é de 1,27 cm quando me­
encontrados nessas duas paisagens distintas. A solução óti­ dido em uma fotografia aérea com escala de 1:24.000 (1 cm
ma é a conversão da fotografia aérea em uma ortoimagem, = 240 m), então o diâmetro {d) da distância em solo é 304,8
conforme discutido anteriormente. As medições de área m, e o raio (r) é 132,4 m. O sistema de irrigação agrícola por
serão obviamente precisas, uma vez que a ortofoto possui pivô central possui assim 3,1416 x 152,42 ou 72.966 m2.
uma escala uniforme. Um hectare (ha) contém lO.OOOnr (Tabela 6-1). Portanto,
o sistema de irrigação agrícola por pivô central é de 7,3 ha.
Medição de Área de Formas Geométricas Bem
Conhecidas Medição de Área de Polígonos com Formato
Irregular

A determinação da área de figuras geométricas conhecidas


(p.ex., retângulos, quadrados e círculos) em fotografias aé­ Há vários métodos para a obtenção de medições precisas
reas é uma tarefa simples e exata. O analista inicialmente de área de feições poligonais com formato irregular, tais
mede o comprimento, largura, lado ou diâmetro da feição como lagos, manchas de floresta e áreas urbanizadas, en­
na imagem. Ele então converte o valor medido para uma contradas em fotografias aéreas verticais. Os métodos mais
distância em solo, com base na escala da fotografia. A dis­ populares incluem o uso de grades de pontos e digitaliza­
tância em solo é então usada para o cálculo da área, por ção em tela, usando técnicas de processamento digital de
meio da adequada relação matemática, conforme segue: imagens ou de fotogrametria digital.

Área de um círculo = nr2 Grade de Pontos

Área de um quadrado = F Uma grade de pontos é simplesmente um pedaço de acetato


transparente que possui um número de pontos inscritos sobre
Área de um retângulo = / x w ele, número este especificado pelo usuário e que é dado por
pol,2 ou cm2, p.ex., 25 pontos/cm2 (Figura 6-40). A meta é
em que s é o lado (side) de um quadrado; lé o comprimento usar uma grade que tenha uma densidade de pontos suficiente
(,lengtb) de um retângulo; e w é a largura (widtb) de um para capturar a essência do fenômeno que se pretende medir
retângulo. Por exemplo, se o diâmetro de um sistema de (p.ex., a área em acres de certa cobertura florestal), mas que ao
192 CAPÍTULO Fotogrametria

mesmo tempo não seja excessivamente densa de modo a gerar Grade de P ontos
um enorme número de pontos a serem contados. É útil criar
uma grade que seja a mais adequada possível à escala da foto­
grafia ou do mapa em análise. Por exemplo, se um analista for
usar uma grade de pontos sobre uma fotografia aérea de escala
1:24.000, seria recomendável produzir uma grade com nove
pontos por pol,2, porque na escala 1:24.000, 1 pol,2 equivale
a aproximadamente 9 acres (1 acre = 4.046,8252519 m2 ou
0,4046863 hectares). Caso se deseje mais precisão, 18 pontos
poderíam ser sistematicamente colocados em cada polegada
quadrada da grade. O analista então aleatoriamente posiciona
a grade sobre um polígono de interesse e conta o número de
pontos que recaem sobre ele. Um método alternativo para se
aumentar a precisão na medição consiste em, após a primeira
contagem, erguer a grade de acetato, aleatoriamente recolocá-
la sobre o polígono e então proceder a uma nova contagem.
Extraindo-se a média das duas contagens, obtém-se um re­
sultado que é geralmente próximo ao valor verdadeiro. Este
procedimento pode ser repetido tantas vezes quantas forem
desejadas. Os melhores resultados são obtidos quando os po­
lígonos fotointerpretados são transferidos para um mapa-base
e a grade de pontos é sobreposta ao mapa.
Figura 6-40 Uma grade de pontos consistindo de 25 pontos por
A ortofoto de 15,24 x 15,24 cm na Figura 6-40 possui
polegada quadrada, sobreposta a uma fotografia aérea
a escala de 1:600 (1 cm = 6 m). Portanto, ela contém na escala de 1:6.00 (1 cm = 6 m). Neste exemplo, a
8.360 m2 de terreno (2,066 acres ou 0,836 ha). A ela foi meta é determinar a quantidade de hectares (acres) de
sobreposta uma grade de pontos consistindo de 25 pontos terreno coberto por floresta.
por pol,2. Nesta escala, cada polegada quadrada contém
232,2576 m2. Cada ponto representa, portanto, 9,290304
m2. O intérprete analisa a imagem e sinaliza aqueles pon­ fotografias aéreas ou de dados de sensoriamento remoto
tos que aparentam coincidir com a localização de floresta é a análise da imagem por meio de sistemas de proces­
(eles estão exagerados neste exemplo, a fim de melhorar samento digital ou SIG (Figura 6-41). Embora seja fácil
a visibilidade). O analista simplesmente conta o número escanear uma fotografia aérea não-retificada de 23 x 23 cm
de pontos correspondendo a floresta, no caso 336, o que e executar cálculos de área usando um sistema digital, é
equivale a 0, 316 ha (ou 0,771 acres). A floresta ocupa as­ melhor desempenhar esta tarefa quando a fotografia, após
sim 37,3% da área de estudo (0,316/0,836 hectares). o escaneamento, tenha sido registrada geometricamen­
te a um mapa-base ou de referência. Todos os principais
Torna-se evidente a partir deste exemplo que há algumas sistemas de processamento digital de imagens (ERDAS,
pequenas manchas escuras florestadas que não se encon­ PCI, ER Mapper, ENVI, etc.) e de SIG (ESRI, Autodesk,
tram exatamente abaixo de um ponto e que não foram con­ SPRING, etc.) apresentam essa capacidade fundamental.
tadas. Um outro intérprete poderia ter incluído os pontos Detalhes sobre como é feito o registro de imagens podem
mais próximos a essas manchas na contagem. Portanto, o ser encontrados em Jensen (2005).
uso de uma grade de pontos envolve “erros induzidos pelo
método”, o que é basicamente uma função da metodologia Com a fotografia aérea registrada a um mapa-base, torna-se
(lógica) usada pelo analista de imagem, conforme ele aloca uma tarefa simples utilizar um sistema digital e gerar uma
os pontos para contagem. Um aspecto importante a ser máscara vetorial em torno da área de interesse. Por exem­
lembrado quando se usa uma grade de pontos é a busca plo, a Figura 6-41 a mostra polígonos digitalizados à mão
pela consistência. Algumas grades de pontos são disponi­ em torno da cobertura florestal. Os vértices dos polígonos
bilizadas por companhias do setor florestal. podem ser facilmente editados. O mérito desta abordagem
de medição em tela reside no fato de que cada um dos po­
Digitalização em Tela lígonos possui um registro em uma “tabela de atributos de
polígonos”, a eles associada, que compreende informações
Provavelmente, o método mais amplamente utilizado para sobre o tipo de atributo (p.ex., floresta ou não-floresta),
a obtenção de estimativas de áreas de polígonos a partir de perímetro e área (em hectares ou acres). Por exemplo, há
Referências 193

D igitalização em Tela P olígon os D igitalizados

Figura 6-41 a) Exemplo de digitalização em tela usando um sistema de processamento digital de imagens, b) Tabelas de atributos de po­
lígonos contêm para cada um dos polígonos individuais informações sobre o perímetro e a área.

apenas 14 polígonos de floresta na Figura 6-4 lb. Os atri­ Bossler, J. D., Jensen, J. R., McMaster, R. B. and C. Rizos,
butos para todos os 14 polígonos (p.ex., hectares) podem 2002, Manual o f Geospatial Science and Technology, London:
ser somados pelo programa de processamento de imagens Taylor & Francis, 623 p.
ou pelo SIG para gerar os totais.
Jensen, J. R., 2005, Introductory Digital Image Processing:
Em resumo, não é aconselhável digitalizar polígonos dire­ A Remote Sensing Perspective, 3rd Ed., Upper Saddle River:
tamente a partir de fotografias aéreas que não tenham sido Prentice-Hall, 525 p.
corrigidas geometricamente, especialmente quando o terre­
no apresenta variação substancial no relevo local. Por exem­ Jensen, J. R. and D. J. Cowen, 1999, “Remote Sensing
plo, nunca se deve extrair informação de área digitalizan- of Urban/Suburban Infrastructure and Socio-Economic
do-se polígonos sobre mapas de fotos não-redficadas. Se o Attributes,” Photogrammetric Engineering & Remote Sensing,
relevo local não for acidentado, algumas medições de áreas 65(5):611-622.
relativamente precisas podem ser feitas se as imagens tive­
rem sido geometricamente registradas de acordo com um Konecny, G., 2003, Geoinformation: Remote Sensing,
sistema de projeção geográfica, com base no uso de técnicas Photogrammetry and Geographic Information Systems, London:
descritas em Jensen (2005). No entanto, deve-se sempre Taylor & Francis, 248 p.
lembrar que qualquer deslocamento de relevo presente nas
imagens introduzirá erro nessas medições de área. O méto­ Linder, W., 2003, Digital Photogrammetry: Theory and
do preferido para a extração de informação de área consiste, Applications, Berlin: Springer-Verlag, 189 p.
inicialmente, em aerotriangular as fotografias aéreas e então
utilizar técnicas de fotogrametria digital para a extração de McCoy, R. M., 2005, FieldMethods in Remote Sensing, N.Y.:
informação temática, discutidas anteriormente. Guilford Press, 159 p.

McGlone, J. C., 2004, Manual o f Photogrammetry, 5th Ed.,


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and Orthophotomap: Characteristics, Development and
Application,” The American Cartographer, 3(1):39—56.
Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento
Remoto

s sistemas multiespectrais de sensoriamento remoto registram a energia refletida

O ou emitida de um objeto ou área de interesse em múltiplas bandas (regiões,


canais) do espectro eletromagnético. Os sistemas hiperespectrais de sensoria­
mento remoto registram dados em centenas de bandas. Os sistemas ultraespec-
trais coletam dados em milhares de bandas. A maioria dos sistemas multies­
pectrais e hiperespectrais de sensoriamento remoto coleta dados em formato
digital. Inicialmente, esse capítulo introduz a estrutura fundamental de uma
imagem digital. Depois, as características dos sistemas multiespectrais e hipe­
respectrais históricos, atuais e propostos são então apresentadas.

Aquisição de Dados Multiespectrais Digitais

O Capítulo 4 discutiu a digitalização de fotografias aéreas em papel. As fo­


tografias aéreas digitalizadas coloridas e infravermelho-coloridas podem ser
consideradas como dados multiespectrais de três bandas. As fotografias aéreas
coloridas naturais (cor-verdadeira) digitalizadas podem ser convertidas para
as bandas do azul, verde e vermelho. As fotografias aéreas infravermelho-co­
loridas podem ser convertidas para as bandas do verde, vermelho e infraver­
melho próximo. Embora esses conjuntos multiespectrais de três bandas sejam
suficientes para atender muitas aplicações, algumas vezes há necessidade de
utilizar bandas espectrais adicionais, posicionadas em localizações ótimas no
espectro eletromagnético, para atender uma aplicação mais específica. Feliz­
mente, os engenheiros têm desenvolvido detectores que são sensíveis a cente­
nas de bandas no espectro eletromagnético.

Uma revisão de como os dados digitais de sensoriamento remoto são transforma­


dos em informação útil é apresentada na Figura 7 -1 .0 sistema de sensoriamento
remoto primeiro detecta a energia eletromagnética que deixa o fenômeno de inte­
resse e atravessa a atmosfera. A energia detectada é registrada como um sinal elé­
trico analógico, que é normalmente convertido em um valor digital por meio de
uma conversão analógico-digital (A para D). Se uma plataforma aérea for usada,
os dados digitais simplesmente retornam para a Terra. Se uma plataforma orbital
for utilizada, os dados digitais podem ser enviados diretamente por telemetria
para as estações de recepção na Terra, ou indiretamente através de satélites de ras-
treamento e envio de dados (TDRS). Em cada caso, pode ser necessária a execu­
ção de algum pré-processamento radiométrico e/ou geométrico dos dados digitais
medidos para melhorar sua interpretação. Os dados podem ser então realçados
para análise visual humana subsequente ou processados posteriormente usando
algoritmos de processamento de imagens digitais. A informação biofísica e/ou
da cobertura do terreno extraída, usando interpretação visual ou processamento
digital de imagens, é distribuída e utilizada para tomar decisões. Espera-se que tais
decisões possam resultar em desenvolvimento sustentável (Jensen et al., 2002).
196 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto

Sistema Sensor
Sistema de Sensoriamento
Conversão
Remoto
analógico-digital a
bordo e calibração

Telemetria direta para a Terra ou


indiretamente através dos denominados
“Tracking and Data Relay Satellites”
(TDRS)
O

Distribuição
e Uso da
Informação

Figura 7-1 Uma revisão do modo como os dados medidos remotamente são transformados em informação útil. Os dados registrados
pelos detectores são frequentemente convertidos de um sinal elétrico analógico para um valor digital e calibrado. O pré-pro-
cessamento terrestre remove distorções geométricas e radiométricas. Isto pode envolver o uso de efemérides ou dados auxiliares
(colaterais) como coordenadas x,y de mapas, um modelo digital de elevação, etc. Os dados estão então prontos para análise
visual ou digital, visando extrair informação biofísica ou de uso e cobertura da terra. Futuros sistemas sensores poderão fazer o
pré-processamento e a extração de informação a bordo do sistema de sensoriamento remoto.
«
Terminologia de Imagens Digitais A conversão analógico-digital, que ocorre a bordo do sis­
tema sensor, geralmente cria pixels com uma variação no
valor de brilho de 8 a 12 bits. Isto é chamado de nível de
Os dados digitais dos sensores remotos são normalmente quantização do dado do sensor remoto. Dados de sensores
armazenados como uma matriz (arranjo) de números. Cada remotos quantizados para 8 bits têm valores de brilho que
valor digital está localizado em uma linha (i) e coluna (j) variam de 0 a 255 (28). Dados quantizados para 10 bits
específica na matriz (Figura 7-2). Um pixel é definido como variam de 0 a 1023 (210), etc. Quanto maior for a variação
um elemento de cena bidimensional que constitui o menor possível de valores de brilho, mais precisas serão as me­
elemento não-divisível de uma imagem digital. Cada pixel didas da quantidade de radiação registrada pelo detector.
na linha (i) e coluna (j) na imagem tem um valor de brilho Pode-se pensar a quantização como uma espécie de régua.
(BV) associado. Alguns cientistas denominam esse valor de Podemos obter medidas mais precisas de um objeto usan­
número digital (DN). O conjunto de dados pode ser com­ do uma régua que tem 1024 subdivisões do que usando
posto por n bandas individuais (k) resultantes de um ima- outra régua que tem apenas 256 subdivisões.
geamento multiespectral ou hiperespectral. Portanto, é pos­
sível identificar o valor de brilho (BV) de um determinado Sistemas de Sensoriamento Remoto para
pixel no conjunto de dados por meio de suas coordenadas de Discussão
linha (/), coluna (j) e banda (k), isto é, BV.jk. E importante
compreender que as n bandas são todas geometricamente
registradas entre si. Por conseguinte, uma intersecção de es­ Existe uma variedade de sistemas digitais de sensoriamento
trada, na banda 1, linha 4 e coluna 4 (i.e., BV441), deverá remoto multiespectral e hiperespectral. Está fora do esco­
estar localizada na mesma linha e coluna na quarta banda po desse livro fornecer informação sobre todos eles. Entre­
(i.e., BV444). Supostamente, os valores de brilho nas duas tanto, é possível rever seletivamente alguns deles que são
posições devem ser diferentes; caso contrário, o conteúdo de ou que serão de valor significativo para as investigações de
informação das duas imagens é redundante. recursos da Terra. Eles estão organizados de acordo com
Aquisição de Dados Multiespectrais Digitais 197

Terminologia de Imagens Digitais


Variação do valor de Escala de cinza
Colunas (j) brilho (normalmente 8 bits) associada

Figura 7-2 Dados digitais de um sensor remoto no formato de uma matriz. Os valores de brilho (B V - brightness values) dos elementos de cena
(pixel) estão localizados na linha i, coluna j e banda k no conjunto de dados multiespectral ou hiperespectral. Os valores digitais
de brilho do sensor remoto são normalmente armazenados em bytes de 8 bits com valores variando de 0 a 255. Entretanto, vários
sistemas de digitalização de imagens e alguns sistemas de sensoriamento remoto agora rotineiramente adquirem dados em 10, 11
ou 12 bits.

o tipo de tecnologia de sensoriamento remoto utilizada, • Indian Remote Sensing System (IRS) Linear Imaging
conforme resumido na Figura 7-3, incluindo: Self-scanning Sensor (LISS-III e LISS-1V)

Imageamento Multiespectral Usando Detectores Dis­ • NASA Terra Advanced Spaceborne Thermal Emission
cretos e Espelhos de Varredura and Reflection Radiometer (ASTER)

• Landsat Multispectral Scanner (MSS) • NASA Terra Multiangle Imaging Spectroradiometer


(MISR)
• Landsat Thematic Mapper (TM)
• Digital Globe, Inc. (QuickBird)
• Landsat 7 Enhanced Thematic Mapper Plus (ETM+)
• Space Imaging, Inc. (IKONOS)
• NOAA Geostationary Operational Environmental Sa-
tellite (GOES) • ImageSat International, Inc. (EROS Al)

• NOAA Advanced Very High Resolution Radiometer • ORBIMAGE, Inc. (OrbView-3 e OrbView-5)
(AVHRR)
• Leica Geosystems, Inc. Airborne Digital Sensor System
• NASA e ORB1MAGE, Inc., Sea-viewing Wide Field- (ADS-40)
of-view Sensor (SeaWiFS)
Espectrometria de Imageamento Usando Arranjos Li­
• Daedalus, Inc., Aircraft Multispectral Scanner (AMS) neares e de Área

• NASA Airborne Terrestrial Applications Sensor • NASA Jet Propulsion Laboratory Airborne Visible/In-
(ATLAS) frared Imaging Spectrometer (AVIRIS)

Imageamento Multiespectral Usando Arranjos Lineares • Compact Airborne Spectrographic Imager 1500 (CASI
1500) e sensor hiperespectral do SWIR (SASI 600)
• Sensores High Resolution Visible (HRV) dos satéli­
tes SPOT 1, 2 e 3 e High Resolution Visible Infrared • NASA Terra Moderate Resolution Imaging Spectrora­
(HRVIR) e Vegetation dos satélites SPOT 4 e 5 diometer (MODIS)
198 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto

Sistemas de Sensoriamento Remoto Usados para Obter Imagens Multiespectrais e Hiperespectrais

Câmera Analógica de “Pushbroom” (arranjo linear)


Quadro e Filme (cristais Varredor
D e te c to re s.
de haleto de prata) Espelho de varredura

Fotografia /Im ag em NIR


a 'É55 Vermelho Objetiva
Verde
Azul
Detectores
discretos

Arranjo de Area Hiperespectral


Arranjos de Área de Câmera
Digital de Quadro

“Whiskbroom”
(Arranjo linear)

Figura 7-3 Seis tipos de sistemas de sensores remoto usados para aquisição de dados multiespectrais e hiperespectrais: a) fotografias aéreas
tradicionais, b) imageamento multiespectral usando um espelho de varredura e detectores discretos, c) imageamento multiespec-
tral com arranjos lineares (frequentemente denominado de tecnologia "pushbroom”), d) imageamento com espelho de varredura
e arranjos lineares (tecnologia “whiskbroom’), e) espectrometria de imageamento usando arranjos lineares e de área, e f) fotografia
aérea de câmera digital de quadro com base em arranjos de área.
Imageamento Multiespectral Usando Detectores Discretos e Espelhos de Varredura 199

• NASA Earth Observer (EO-1) Advanced Land Imager rebatizou o programa ERTS de Landsat, distinguindo-o
(ALI), Hyperion, e LEISA Atmospheric Corrector (LAC) do satélite de micro-ondas ativas Seasat, lançado em 26 de
junho de 1978. Nesta época, o ERTS-1 foi retroativamen-
Câmera Digital de Quadro com Base em Arranjos de Area te denominado de Landsat-1 e o ERTS-B de Landsat-2 no
lançamento. O Landsat-3 foi lançado em 5 de março de
• Leica Geosystems Emerge Digital Sensor System
1978; o Landsat-4 em 16 de Julho de 1982; e o Landsat-5
• Vexcel UltraCam Large Format Camera em 1 de março de 1984.
• Z/I Digital Modular Camera
A companhia denominada “Earth Observation Satellite
Company (EOSAT)” obteve o controle dos satélites Landsat
Sistemas Fotográficos de Astronauta
em setembro de 1985. Infelizmente, o Landsat-6, com seu
sensor “Enhanced Thematic Mapper (ETM)” (uma banda
• NASA Space Shuttle e International Space Station
pancromática de 15 x 15 m foi adicionada) falhou em ser
Imagery
colocado em órbita em 5 de outubro de 1993. O Landsat-7,
com seu sistema sensor “Enhanced Thematic Mapper Plus
A discussão seguinte identifica as características espaciais,
(ETM+)”, foi lançado em 15 de abril de 1999. Favor consul­
espectrais, temporais e radiométricas dos sistemas de sen­
tar a homepage do Landsat-7 da NASA para uma história
soriamento remoto.
detalhada do programa Landsat (NASA Landsat 7, 2006).
Imageamento Multiespectral usando
Os Landsats 1 a 3 foram lançados em órbitas polares sín-
Detectores Discretos e Espelhos de
cronas com o Sol em uma altitude nominal de 919 km. A
Varredura
plataforma é mostrada na Figura 7-5a. Os satélites tiveram
uma inclinação orbital de 99°, que os tornava aproximada­
A aquisição de dados multiespectrais por sensores remotos,
mente polares (Figura 7-5b), fazendo com que eles cruzas­
usando detectores discretos e espelhos de varredura, que
sem o equador em um ângulo de aproximadamente 9° da
funcionam como escaneadores do terreno, iniciou-se em
normal à superfície. Os satélites cobriam a Terra uma vez a
meados da década de 60. Apesar da idade dessa tecnologia,
cada 103 minutos, resultando em 14 órbitas por dia (Figu­
vários sistemas de sensoriamento remoto ainda a usam.
ra 7-5c). Durante cada órbita polar, os satélites cruzavam
o equador aproximadamente à mesma hora local (9:30 às
Satélites Tecnológicos de Recursos Terrestres e
10:00 horas da manhã) no lado iluminado da Terra.
Sistemas Sensores Landsat
As Figuras 7-5c e 7-6 ilustram como a cobertura repetitiva
de uma área geográfica era obtida. Da primeira órbita para a
Em 1967, a “National Aeronautics & Space Administration”
seguinte, a posição diretamente abaixo da plataforma movia-
(NASA), encorajada pelo Ministério do Interior americano,
se 2875 km no equador quando a Terra rotacionava abaixo
iniciou o programa denominado “Earth Resource Technolo­
dela. No dia seguinte, 14 órbitas depois, a plataforma volta­
gy Satellite” (ERTS). Esse programa resultou no lançamento
va para a sua localização original, com a órbita 15 deslocada
de sete satélites com uma diversidade de sistemas de senso­
a oeste da órbita 1 por 159 km no equador. Isto continuava
riamento remoto construídos para adquirir informação dos
por 18 dias, após os quais a órbita 252 sobrepunha-se dire­
recursos da Terra. Os sensores mais marcantes foram os de
tamente à órbita 1 novamente. Portanto, os sistemas senso­
varredura multiespectral (“Landsat Multispectral Scanners”)
res Landsat tinham a capacidade de observar todo o globo
e os mapeadores temáticos (“Landsat Thematic Mappers”)
(exceto os pólos acima de 81°) a cada 18 dias, ou cerca de 20
(Figura 7-4; Tabelas 7-1 e 7-2). O programa Landsat é o
vezes ao ano. Flavia aproximadamente 26 km de sobrepo­
sistema de satélites de observação da Terra mais antigo dos
sição entre órbitas sucessivas. Essa sobreposição era máxima
Estados Unidos, tendo adquirido dados desde 1972. Esse
em 81° de latitudes norte e sul (cerca de 85%) e mínima no
programa tem tido uma história difícil de gerenciamento e
equador (cerca de 14%). Essa sobreposição mostrou-se de
de fontes de financiamento.
utilidade para aplicações de análise estereoscópica.

A cronologia de lançamentos e fim-de-operações dos saté­ A natureza da órbita do Landsat resultou em um sistema
lites são mostrados na Figura 7-4. O satélite ERTS-1, lan­ de órbita e ponto conhecido como “Worldwide Reference
çado em 23 de julho de 1972, foi um sistema experimental System (WRS) ” (Sistema de Referência Mundial) para lo­
construído para testar a possibilidade de adquirir dados de calizar e obter imagens Landsat de qualquer área da Terra.
recursos da Terra por satélites não-tripulados. Antes do lan­ O sistema WRS catalogou 57.784 cenas de todo o mundo.
çamento do ERTS-B em 22 de janeiro de 1975, a NASA Cada cena tem dimensões aproximadas de 185 x 170 km.
200 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto

Cronologia de lançamentos e fim de operações dos Satélites Landsat

86 88 90 92 94 96 98 00 02 04

D atas de Lançamento e Fim de Operações


Landsat 1 - 23/07/1972 a 06/01/1978
Landsat 2 - 22/01/1975 a 27/07/1983
.andsat 3 - 05/03/1978 a 07/09/1983
.andsat 4 - 16/07/1982
.andsat 5 -01/03/1984
Landsat 6 - 05/10/1993, falhou em atingir a órbita
Landsat 7 - 15/04/1999
Landsat 8 - aprovado pela OSTP em 23/12/2005.


ETMi ETM
6 7
j_

Figura 7-4 Cronologia de lançamentos e fim de operações da série de satélites Landsat (1 a 7) de 1972 a 2004.

Um método elegante de determinar se os dados de sensores Nessa seção, estamos interessados nos tipos de sensores pre­
remotos (p.ex., Landsat MSS, Thematic Mapper, Enhanced sentes nos satélites Landsat e na natureza e qualidade dos
Thematic Mapper Plus) estão disponíveis para um determi­ dados de sensores remotos fornecidos para as investigações
nado local é usar o sistema de visualização de imagens deno­ de recursos da Terra. Os sensores mais importantes são os de
minado “U.S. Geological Survey's Global VisualizationViewer varredura multiespectral (“Landsat Multispectral Scanner”)
(USGS GloVis, 2006)”. Por exemplo, suponha que estejamos e o Mapeador Temático (“Landsat Thematic Mapper”).
interessados em localizar uma imagem Landsat Thematic
Mapper de Charleston, SC. Podemos entrar no sistema de Landsat Multispectral Scanner
visualização mencionado e inserir a órbita e ponto WRS,
buscando a imagem desejada no banco de dados, conforme O sensor Landsat Multispectral Scanner (MSS) foi inclu­
mostra a Figura 7-7. Se não conhecermos a órbita/ponto, ído nos satélites Landsat 1 a 5. O arranjo de múltiplos
podemos: a) mover o cursor sobre o mapa regional e posi­ detectores do MSS e o sistema de varredura (escaneamento
cioná-lo sobre Charleston, SC, ou b) introduzir as coordena­ do terreno) são mostrados diagramaticamente na Figura
das de latitude e longitude de Charleston, SC (33,2° N, -81“ 7-8. Sensores como o Landsat MSS (e o Thematic Mapper,
W). Podemos especificar o mês e ano (p.ex., maio, 2005) e que será discutido adiante) são sistemas ópticos-mecânicos
a quantidade aceitável de cobertura de nuvens, assim como em que um espelho varre o terreno perpendicularmente
determinar também se a busca deve ser feita regionalmente, à direção de voo. Enquanto varre, ele focaliza a energia
como na Figura 7-7a (pixels reamostrados para 1000 m), ou refletida ou emitida do terreno sobre elementos detectores
localmente como na Figura 7-7b (pixels reamostrados para discretos. Os detectores convertem o fluxo radiante me­
240 m). Uma versão colorida da interface do sistema “Global dido dentro de cada campo de visada instantâneo (“ins-
Visualization Viewer” é mostrada na Prancha Colorida 7-1. tantaneous field o f vieu) - IFOV”) na cena em um sinal
Imageamento Multiespectral Usando Detectores Discretos e Espelhos de Varredura 201

Tabela 7-1. Características dos sistemas sensores Landsat Multispectral Scanner (MSS) e Landsat Thematic Mapper (TM).

Landsat Multispectral Scanner (MSS) Thematic Mapper (TM) do Landsat 4 e 5

Resolução Sensibilidade Resolução Sensibilidade


Espectral Radiométrica Espectral Radiométrica
Banda (pm) (IMEAp)3 Banda (pm) (NEAp)
4b 0,5 - 0,6 0,57 1 0,45 - 0,52 0,8
5 0,6- 0,7 0,57 2 0,52 - 0,60 0,5
6 0,7 - 0,8 0,65 3 0,63 - 0,69 0,5
7 0,8-1,1 0,70 4 0,76 - 0,90 0,5
8“ 10,4-12,6 1,4K (NEAT) 5 1,55-1,75 1,0
6 10,40- 12,5 0,5 (NEAT)
7 2,08 - 2,35 2,4
IFOV no 79 x 79 m para as bandas 4 a 7 30 x 30 m para as bandas 1 a 5 e 7
nadir 240 x 240 m para a banda 8 120 x 120 m para a banda 6
Taxa de dados 15 Mb/s 85 Mb/s
Níveis de
6 bits (valores de 0 a 63) 8 bits (valores de 0 a 255)
quantização
Cobertura da 18 dias para Landsat 1,2, 3
16 dias para Landsat 4, 5
Terra 16 dias para Landsat 4, 5
Altitude 919 km 705 km
Faixa de
185 km 185 km
Imageamento
Inclinação 99° 98,2°
a As sensibilidades radiométricas são diferenças de reflectância equivalentes de ruído para os canais refletivos expressos em %
(NEAp) e diferenças de temperatura para as bandas do infravermelho termal (NEAT).
b As bandas 4, 5, 6 e 7 do MSS foram renumeradas para bandas 1, 2, 3 e 4 nos Landsats 4 e 5.
c A banda 8 do MSS esteve presente apenas no Landsat 3.

elétrico (Figuras 7-3b e 7-8a). Os elementos detectores são próximo refletido). Essas bandas foram originalmente nume­
colocados atrás dos filtros em que passam porções amplas radas 4, 5, 6 e 7, respectivamente, porque o sistema sensor
de energia do espectro. O MSS tinha quatro conjuntos de Return Beam Vidicon (RBV) - também presente no satélite
filtros e detectores, enquanto o TM tem sete. A limitação - registrava a energia em três bandas denominadas 1, 2 e 3.
primária dessa abordagem é o curto tempo de residência
da visada do detector em cada IFOV. Para obter uma re­ Quando não estava vendo a Terra, os detectores do MSS
lação sinal/ruído adequada sem sacrificar a resolução espa­ eram expostos às fontes de calibração de luz interna e do
cial, esse tipo de sensor deve operar em bandas espectrais Sol. A sensibilidade espectral das bandas está resumida na
amplas com largura > 1 0 0 nm, ou deve usar uma óptica Tabela 7-1 e é mostrada diagramaticamente na Figura 7-8b.
com razões de distância focal/abertura ( f l stop) pequenas Observe que existe sobreposição espectral entre as bandas.
(muitas vezes não realísticas).
Antes do lançamento do satélite, o modelo de engenharia
O espelho de varredura do MSS oscilava com um desloca­ do ERTS MSS foi testado fazendo o imageamento da cena
mento angular de ±5,78° em relação ao nadir. Este campo que ficava atrás do Centro de Pesquisa de Santa Bárbara
de visada (Field-of-View - FOV) de 11,56“ resultava em uma em Goleta, CA. As bandas 4 e 6 (verde e infravermelho
faixa de imageamento de 185 km para cada órbita. Seis detec­ próximo, respectivamente) da área são mostradas na Fi­
tores paralelos sensíveis às quatro bandas (canais) no espectro gura 7-9. Observe o detalhe espacial presente quando o
eletromagnético visualizavam o terreno simultaneamente: sensor está localizado há apenas 1 a 2 km das montanhas.
0,5-0,6 pm (verde), 0,6-0,7 pm (vermelho), 0,7-0,8 pm (in­ A resolução espacial é muito inferior quando o sensor está
fravermelho próximo refletido) e 0,8-1,1 pm (infravermelho posicionado 919 km acima da Terra, em órbita.
202 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto

Vidicon (RBV)

Órbita 16, dia 2


Órbita 2, dia 1
Órbita 15, dia 2
Órbita 1, dia 1

Figura 7-5 a) Plataforma tipo Nimbus usada para os satélites


185 km
Landsat 1, 2 e 3 e sensores e sistemas de telecomu­
de largura nicação associados, b) Inclinação da órbita Landsat
para manter uma órbita síncrona com o Sol. c) Da
órbita 1 para a seguinte, a posição diretam ente abai­
xo do satélite moveu-se 2875 km no equador quando
a Terra rotacionou sob o satélite. No dia seguinte,
2875 km •| |«- 159 km 14 órbitas depois, o satélite retorna aproximadamen­
no equador te à sua posição original, com a órbita 15 deslocada
para oeste da órbita 1 em 159 km (99 milhas). Essa é
maneira como a cobertura repetitiva da mesma área
geográfica era obtida.

O IFOV de cada detector era quadrado e resultava em estação terrena (isto é, as bandas 4, 5 e 6 foram descom­
um elemento de resolução no terreno de aproximada­ pactadas para uma variação de 0 a 127). É importante
mente 79 x 79 m. O sinal analógico de voltagem de cada lembrar que os primeiros dados MSS da década de 70
detector era convertido para um valor digital usando um foram quantizados para 6 bits, enquanto que os dados da
conversor A/D a bordo. Os dados eram quantizados para década de 80 foram coletados em 8 bits.
6 bits com uma variação de valores de 0 a 63. Estes dados
eram então re-escalados para 7 bits (0 a 127) para três Durante cada varredura, a voltagem produzida por cada
das quatro bandas em processamento subsequente em detector era amostrada a cada 9,95 ps. Para um detector,
Imageamento Multiespectral Usando Detectores Discretos e Espelhos de Varredura 203

Trajetórias Orbitais do Landsat

Figura 7-6 Trajetórias orbitais dos satélites Landsat 1,2 e 3 durante um único dia de cobertura. O satélite cruzava o equador a cada 103 minutos,
tempo em que a Terra rotacionava uma distância de 2875 km sob o satélite no equador. A cada 14 órbitas, transcorriam 24 horas.

aproximadamente 3300 amostras eram tomadas ao longo Landsat Thematic Mapper


de uma linha de 185 km de extensão. Portanto, o IFOV
de 79 m x 79 m transformava-se em cerca de 56 m no Os sistemas sensores Landsat Thematic Mapper (TM) fo­
terreno entre cada amostra (Figura 7-10). A área de 56 ram lançados em 16 de julho de 1982 (Landsat 4) e em 1
x 79 m é chamada de um elemento de cena do Landsat de março de 1984 (Landsat 5). O TM é um sensor óptico-
MSS. Portanto, embora a medida do brilho do terreno mecânico “whiskbroom” que registra a energia nas regiões
tenha sido feita de uma área de 6241 m2, cada pixel foi do visível, infravermelho refletido, infravermelho de ondas
reformatado como se a medida tivesse sido feita de uma curtas (SWIR) e infravermelho termal do espectro eletro­
área de 4424 m 2 (Figura 7-10). Observe a sobreposição magnético. Ele coleta imagens multiespectrais que têm
das áreas a partir das quais as medidas de brilho foram melhores resoluções espacial, espectral, temporal e radio-
feitas para pixels adjacentes. métrica do que as do MSS.

O MSS varria cada linha perpendicular à trajetória do A plataforma do Landsat 4 e 5 é mostrada na Figura 7-11.
satélite de oeste para leste à medida que a órbita do saté­ A configuração do sistema sensor Thematic Mapper é
lite para sul promovia a progressão ao longo da trajetória. apresentada na Figura 7-12. Um telescópio direciona o
Cada cena MSS representa um paralelograma de 185 x fluxo radiante incidente, obtido ao longo de uma linha de
170 km resultante do contínuo imageamento de uma varredura, através de um corretor de linhas para: 1) o plano
órbita e tem aproximadamente 10% de sobreposição focal primário do visível e infravermelho próximo, ou 2)
nas proximidades do equador. Uma típica cena contém o plano focal resfriado do infravermelho de ondas curtas e
aproximadamente 2340 linhas com cerca de 3240 pixels infravermelho termal. Os detectores para as bandas do vi­
por linha, ou cerca de 7.581.600 pixels por canal. As sível e do infravermelho próximo (1-4) são quatro arranjos
quatro bandas juntas representam um conjunto de dados lineares, cada qual contendo 16 detectores de silício. Os
de mais de 30 milhões de valores de brilho. As imagens detectores para as duas bandas do infravermelho médio são
Landsat MSS forneceram uma oportunidade inédita para 16 células de antimoneto de índio em um arranjo linear, e
observar áreas geográficas amplas numa única imagem. o detector do infravermelho termal é um arranjo de quatro
Por exemplo, são necessárias aproximadamente 5.000 fo­ elementos de células de telureto de mercúrio e cádmio.
tografias aéreas verticais na escala de 1:15.000 para igua­
lar a cobertura geográfica de uma única imagem Landsat Os dados do Landsat TM têm um IFOV projetado no ter­
MSS. Isto possibilita que a análise regional do terreno reno de 30 x 30 m para as bandas 1 a 5 e 7. A banda 6
seja feita usando uma única fonte de dados ao invés de do infravermelho termal tem uma resolução espacial de 120
um número enorme de fotografias aéreas. x 120 m. As bandas espectrais do TM apresentam impor-
204 CAPITULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto

Uso do USGS Global Visualization Viewer


para Localizar Dados do Landsat
Global Visualization Viewer

a. Busca para imagens de Charleston, SC, usando os critérios: órbita/ponto (16/37), Landsat 4-5
TM , Maio de 2005, 100% de cobertura máxima de nuvens; reamostrado para pixels de 1.000 m.

b. Busca por Charleston, SC, usando pixels reamostrados para 240 m.

Figura 7-7 Uso do sistema de visualização de imagens denominado “USGS Global Visualization Viewer" para localizar imagens Landsat
Thematic Mapper de Charleston, SC.
Imageamento Multiespectral Usando Detectores Discretos e Espelhos de Varredura 205

Landsat Multispectral Scanner Bandas do Landsat Multispectral Scanner


100

£ 80 r

S 60
5 'E i 7 ^
£

e i 1
<u™
bí) 40
C
<u
Abertura com 20
protetor solar
1 m ^
0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
Comprimento de Onda, |im
b.

Figura 7-8 a) Principais componentes do sistema Landsat Mul­


tispectral Scanner nos Landsats 1 a 5 (o Landsat 3
também tinha uma banda no infravermelho termal).
Um conjunto de 24 detectores (seis para cada uma das
quatro bandas) media a energia refletida da Terra de
um campo de visada instantâneo de 79 m x 79 m. b)
Função de resposta dos filtros das bandas do Landsat
Multispectral Scanner. Observe que as bandas não ter­
minam abruptamente, como sugerido na nomencla­
tura usual, p.ex., banda 4 (0,5 - 0,6 pm).

tantes diferenças em relação às bandas encontradas no tra­ As bandas do Landsat TM foram selecionadas para maximizar
dicional MSS, também presente a bordo dos Landsats 4 e o uso dos fatores dominantes que controlam a reflectância das
5. O posicionamento e a largura das bandas do MSS' foram folhas, tais como pigmentação da folha, estrutura da folha e do
selecionados com base em sua utilidade para inventários de dossel, e conteúdo de umidade, conforme demonstrado na Fi­
vegetação e estudos geológicos. De forma oposta, as bandas gura 7-15. A vegetação absorve a maior parte do fluxo radiante
do TM foram escolhidas após anos de análise quanto à sua incidente no azul, verde e vermelho para fins fotossintéticos;
importância na penetração na água, discriminação de tipos e consequentemente, áreas com vegetação aparecem escuras nas
vigor de vegetação, medidas de umidade de plantas e solos, imagens das bandas 1 (azul), 2 (verde) e 3 (vermelho), como
diferenciação de nuvens, neve e gelo, e identificação de alte­ visto nos dados Landsat TM de Charleston, SC (ver Figura
ração hidrotermal em certos tipos de rochas (Tabela 7-2). As 7-14). A vegetação reflete aproximadamente metade do fluxo
bandas mais refinadas e a melhor resolução espacial do Lan­ radiante incidente no infravermelho próximo, fazendo com
dsat TM, em comparação com as do MSS e de vários outros que a vegetação apareça clara na imagem da banda 4 (infra­
sistemas sensores (Landsat 7 e SPOTs 1-5), são mostradas vermelho próximo). Ambas as bandas 5 e 7 fornecem mais
graficamente na Figura 7-13. Exemplos de imagens de ban­ detalhes em terrenos úmidos, porque elas são sensíveis às con­
das individuais do Landsat Thematic Mapper de Charleston, dições de umidade dos solos e plantas (Tabela 7-2). A imagem
SC, obtidas em 1994, são apresentados na Figura 7-14. da banda 6 (termal) fornece informação de valor limitado.
206 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto

Figura 7-10 Relação entre o IFOV original projetado no terreno


(79 x 79 m) e a taxa em que ele foi amostrado (isto é, a
cada 9,95 ps). Isto resultava em pixels com 56 x 79 m
nos dados obtidos do EROS Data Center em Sioux
Falis, SD.

Thematic Mappers dos Satélites Landsat 4 e 5

Antena de ganho alto

b. Banda 6 do Landsat MSS (0,7 - 0,8 fim).


L Antena do Sistema
Figura 7-9 Duas imagens terrestres adquiridas pelo modelo de de Posicionamento
engenharia do Landsat MSS em 4 de março de 1972 Módulo Global (GPS)
no centro de pesquisa denominado “Santa Barbara Re­ de controleV. I
search Center o f Hughes Aircraft, Inc.” A imagem de
cima (a) foi obtida usando os detectores da banda 4 do
MSS (0,5-0,6 fim) e a imagem de baixo (b) foi adquiri­
da usando os detectores da banda 6 (0,7-0,8 pm). O b­
serve a alta fidelidade espacial das imagens obtidas em
campo, que é possível quando o terreno está próximo e
não a 919 km de distância, como o satélite Landsat.

O horário de passagem equatorial foi às 9:45 horas para


os Landsats 4 e 5, com uma inclinação orbital de 98,2°. Figura 7-11 Plataforma do Landsat 4 e 5 e sistemas sensores e de
Os Landsats 4 e 5 foram posicionados em uma órbita de telecomunicação associados.
705 km. A órbita mais baixa também aumentou a quantida­
de de deslocamento do relevo introduzido no intageamento geriu que “parece que o TM pode ser descrito como sendo duas
de terrenos montanhosos. A nova órbita também diminuiu vezes mais efetivo em fornecer informação do que o Landsat
o período de cobertura repetitiva de 18 para 16 dias para MSS. Isto se baseia em sua habilidade para diferenciar mais
dados do MSS e TM coletados pelos Landsats 4 e 5. classes em uma determinada área do que o MSS, fornecer
numericamente dois vetores mais independentes nos dados ou
Houve uma substancial melhoria no nível de quantização demonstrar através da teoria clássica de informação que duas
de 6 para 8 bits por pixel (Tabela 7-1). Isto, além do maior vezes ou mais de informação existe nos dados TM. ”
número de bandas e da melhor resolução espacial, aumen­
tou a taxa de dados de 15 para 85 Mb/s. Estações de re­ Os esforços para transferir o Programa Landsat para o setor
cepção terrenas foram modificadas para processar o fluxo comercial iniciaram-se na Administração Carter em 1979
crescente de dados. Com base nas melhorias das resoluções e resultaram na legislação aprovada em 1984, que pressio­
espectral, espacial e radiométrica, Salomonson (1984) su- nava a “National Oceanic and Atmospheric Administra-
Imageamento Multiespectral Usando Detectores Discretos e Espelhos de Varredura 207

Tabela 7-2. Características das bandas espectrais do Landsat 6 em 5 de outubro de 1993, o Landsat 5 TM con­
sensor Thematic Mapper do Landsat 4 e 5. tinuou a fornecer dados de alta qualidade. A aquisição de
Banda 1: 0,45 - 0,52 \xm (azul). Essa banda tem maior penetração dados foi suspensa por algum tempo em 26 de novembro
em corpos d água, assim como fornece suporte para análises de uso de 2005 devido a problemas no satélite (USGS Landsat 5,
da terra, solo e características da vegetação. O limite inferior do com­ 2006). Atualmente (Janeiro de 2009), ele ainda continua
primento de onda é abaixo do pico de transmitância da água clara. O em operação, ainda que com certas deficiências.
limite superior é o de absorção por clorofila no azul para a vegetação
verde saudável. Comprimentos de onda <0,45 pm são substancial­
mente influenciados por espalhamento e absorção atmosférica. Enhanced Thematic Mapper Plus do Landsat 7
Batida 2: 0,52 - 0,60 p m (verde). Essa banda cobre a região
entre as bandas de absorção pela clorofila no azul e no vermelho e Em outubro de 1992, o Presidente Clinton, dos Estados Uni­
responde à reflectância da vegetação sadia no verde. dos, assinou o Decreto da Política de Sensoriamento Remoto
Banda 3: 0,63 - 0,69 p m (vermelho). Essa é a banda vermelha de Terrestre (Lei Pública 102-555). A lei autorizou a construção
absorção por clorofila da vegetação verde sadia e é útil para discri­ do Landsat 7 e seu lançamento em um período de 5 anos após
minação da vegetação. É também útil para delinear os limites de o lançamento do Landsat 6. Em ações paralelas, o Congresso
classes de solos e tipos de rochas. Essa banda pode exibir mais con­ financiou o Landsat 7 e estipulou que dados de sistemas sa­
traste do que as bandas 1 e 2 devido ao efeito reduzido da atenuação
télites de sensoriamento remoto como os do Landsat, finan­
atmosférica. O limite superior de 0,69 pm é importante porque
compreende o início de uma região espectral de 0,68 a 0,75 pm ciados com recursos públicos, deveríam ser vendidos para as
em que a reflectância muda abruptamente (borda vermelha ou red agências de governo dos Estados Unidos e suas afiliadas ao
edge), o que pode reduzir a precisão das investigações da vegetação. custo de produção e atendimento do pedido do usuário.
Banda 4: 0,76 - 0,90 p m (infravermelho próximo). Pelas ra­
zões discutidas anteriormente, o limite inferior dessa banda foi Com a aprovação da Lei Pública de 1992, o programa
posicionado acima de 0,75 pm (término da borda vermelha). Esta Landsat começou a retornar do setor comercial para o do
banda é muito sensível à quantidade de biomassa da vegetação e/
governo federal. A NASA foi responsável pelo projeto,
ou área foliar presente. É útil para identificação de culturas e para
realçar contrastes entre solo/cultura e terra/água.
desenvolvimento, lançamento e verificação em órbita do
Landsat 7 (Figura 7-16), assim como pela instalação e ope­
B anda 5: 1,55 - 1,75 p m (infiavermelho médio - SW IR ). Essa
banda é sensível à turgidez ou quantidade de água nas plantas.
ração do sistema de solo. O Serviço Geológico americano,
Esta informação é útil em estudos de estresse de culturas e em conhecido como “U.S. Geological Survey (USGS)”, foi
investigações de vigor das plantas. Essa é uma das poucas bandas responsável pela aquisição, processamento e distribuição
que podem ser usadas para discriminar entre nuvens, neve e gelo. dos dados do Landsat 7, gerenciamento da missão e ma­
Banda 6: 10,4 - 12,5 p m (infiavermelho termal). Essa banda nutenção do arquivo de dados do Landsat 7.
mede a quantidade de energia radiante infravermelha emitida das
superfícies. A temperatura aparente é uma função da emissivi- O Landsat 7 foi lançado em 15 de abril de 1999, da Base Aérea
dade e da temperatura verdadeira (cinética) da superfície. E útil
de Vandenburg, CA, numa órbita síncrona com o Sol (Figura
para focalizar atividade geotermal, mapeamento de inércia termal
para investigações geológicas, classificação e análise de estresse de 7-16). O Landsat 7 foi projetado para trabalhar em sintonia
vegetação, e para estudos de umidade de solos. Esta banda fre­ com os satélites EOS Terra e Aqua da NASA. Foi projetado
quentemente capta informação única sobre diferenças em aspecto para atingir três objetivos (NASA Landsat 7, 2006):
topográfico em áreas montanhosas.
Banda 7: 2,08 - 2 ,3 5 p m (infiavermelho médio - S W IR - • manter a continuidade de dados, fornecendo dados que
shortivave infia red, ou infravermelho de ondas curtas). Essa são consistentes com dados Landsat prévios em termos
é uma importante banda para a discriminação de formações
de geometria, resolução espacial, calibração, caracterís­
geológicas de rochas. Ela tem sido efetiva para identificar zonas de
alteração hidrotermal em rochas. ticas de cobertura e características espectrais;

• gerar e periodicamente atualizar um arquivo global de


tion (NOAA)” para transferir o programa para o setor pri­ imagens substancialmente livres de cobertura de nu­
vado. A companhia “Earth Observing Satellite Company vens e com boas condições de iluminação;
(EOSAT)” começou a operar em 1985 e foram-lhe dados
os direitos para comercializar os dados Landsat TM. Esse • continuar a tornar os dados do tipo Landsat disponíveis
foi um período muito difícil para o sensoriamento remoto para os Estados Unidos e para usuários internacionais a
orbital nos Estados Unidos, com cada cena Landsat TM custos satisfatórios e expandir o uso desses dados para
custando aproximadamente 4.500 dólares. pesquisas de mudanças globais e propósitos comerciais.

E importante destacar a impressionante longevidade do sis­ O Landsat 7 é uma plataforma estabilizada em três eixos
tema Landsat 5 Thematic Mapper, lançado em 1 de março portando um instrumento apontado para o nadir, o ETM +
de 1984. Mesmo após a falha de colocação em órbita do (Figura 7-16). O instrumento F.TM' é um subproduto dos
208 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto

Landsat Thematic Mapper

Dispositivos de
controle térmico

Resfriador
radiativo

Abertura com
proteção solar
Protetor contra
radiação terrestre

Figura 7-12 Principais componentes do sistema sensor Thematic Mapper dos Landsats 4 e 5. O sensor é sensível às sete bandas do espectro
eletromagnético resumidas na Tabela 7-1. Seis das sete bandas têm uma resolução espacial de 30 x 30 m; a banda do infravermelho
termal tem uma resolução espacial de 120 x 120 m. O diagrama inferior exibe o sensor em sua posição operacional.

sensores Thematic Mapper dos Landsats 4 e 5. Portanto, às dos Landsat 4 e 5 e têm a mesma resolução espacial de
é possível consultar a Figura 7-12 para uma revisão de seu 30 x 30 m. A banda 6 do infravermelho termal tem uma
projeto de espelho e detectores. O ETM* tem como base resolução espacial de 60 x 60 m (ao invés de 120 x 120 m).
a tecnologia de varredura mecânica (Figura 7-3b), a des­ Talvez a mais notável mudança seja a nova banda pancro-
peito do fato de que a tecnologia “pushbroom” (varredura mática de 15 x 13 m (0,52-0,90 pm). As imagens Landsat
eletrônica) de arranjo linear já tivesse sido disponibilizada 7 ETM* de San Diego, CA, são mostradas na Figura 7-17.
comercialmente desde o lançamento do satélite francês Uma composição colorida ETM* de San Diego, CA, é
SPOT 1 em 1986. Apesar disso, o instrumento ETM* era apresentada na Prancha Colorida 7-2.
um excelente sensor com várias melhorias notáveis sobre
os seus precursores Landsats 4 e 5. O Landsat 7 está numa órbita de 705 km acima da Terra,
coleta dados em uma faixa de 185 km e não pode observar
As características do Landsat 7 ETM* podem ser vistas na fora do nadir. Seu intervalo de revisita é de 16 dias. Ele tem
Tabela 7-3. As bandas 1 a 5 e 7 do ETM* são idênticas um gravador de estado sólido de 378 gigabits que pode gra-
Imageamento Multiespectral Usando Detectores Discretos e Espelhos de Varredura 209

Resolução Espacial e Espectral do Landsat Multispectral Scanner, do Landsat


Thematic Mapper e dos Sistemas Sensores do SPOT

w
o
taJ
O
d

04

0,4 ,5 ,6 ,7 ,8 ,9 1,0 1,1 1,55 1,75 2,0 2,1 2,2 2,3 2,4 10 11 12
Comprimento de Onda, (lm

Figura 7-13 Resolução espacial e espectral do Landsat Multispectral Scanner (MSS) e do Thematic Mapper (TM) dos Landsat 4 e 5, do
Enhanced Thematic Mapper Plus (ETM*) do Landsat 7, do High Resolution Visible (HRV) dos SPOT 1,2 e 3, e do High Re-
solution Visible Infrared (HRVIR) dos SPOT 4 e 5. As características do sensor Vegetation dos SPOT 4 e 5 não são mostradas
(ele consiste de quatro bandas com 1 ,1 5 x 1 ,1 5 km de resolução espacial).

var 42 minutos de dados de imagem e 29 horas de dados de Flouve uma época em que aproximadamente 250 imagens
telemetria. O ETM + registra 150 megabits de dados a cada ETM + eram processadas diariamente pelo EROS Data
segundo. O Landsat 7 pode transmitir os dados diretamen­ Center. Infelizmente, o Scan Line Corrector (SLC) do
te para as estações receptoras no EROS Data Center em ETM* falhou em 31 de maio de 2003, resultando em ima­
Sioux Falis, SD, ou para Fairbanks, AK. Os dados interna­ gens com significativa perda de dados. O SLC compensava
cionais do Landsat 7 podem ser adquiridos por transmissões os efeitos do movimento para frente do satélite. Os esfor­
usando satélites TDRS (Track and Data Relay Satellite, ou ços para recuperar o SLC não foram bem sucedidos.
Satélites Auxiliares para Rastreio, Recepção e Transmissão
de Dados) ou por estações receptoras internacionais. A equipe do Landsat do USGS/NASA refinou técnicas de
compensação de ausência de dados que fazem a fusão de
O Landsat 7 ETM* tem excçlente calibração radiométrica, múltiplas aquisições do ETM*. Eles desenvolveram modifi­
que é feita usando abertura parcial e total para calibração cações no esquema de aquisição do Landsat 7 para a obten­
solar. A calibração em solo é executada adquirindo ima­ ção de duas ou mais cenas limpas e próximas no tempo para
gens de certos alvos terrestres de calibração. As caracterís­ facilitar essa estratégia de preenchimento ou substituição de
ticas biofísicas e atmosféricas destes alvos são bem docu­ dados. Esta fusão de imagens soluciona alguns problemas
mentadas em solo. de ausência de dados (USGS Landsat 7, 2006).
210 CAPITULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto

Dados do Landsat-5 Thematic Mapper de Charleston, SC

a. Banda 1 b. Banda 2 c. Banda 3

d. Banda 4 e. Banda 5 f. Banda 6 (infravermelho termal)

Figura 7-14 Dados do Landsat Thematic Mapper de Charleston, SC,


obtidos em 3 de fevereiro de 1994. As bandas 1 a 5 e 7
têm resolução espacial de 30 x 30 m. A banda 6 tem reso­
lução de 120 x 120 m.

Continuidade dos Dados Landsat • O DOI (Department of Interior), por meio do USGS,
será responsável pelas operações da missão de continui­
Um memorando do President's Office of Science and Te­ dade dos dados Landsat e pela aquisição, arquivamento,
chnology Policy (OSTP), dos Estados Unidos, assinado processamento e distribuição dos dados da superfície
em 23 de dezembro de 2005, resume o futuro do Landsat terrestre para o governo americano e outros usuários;
(OSTP, 2005). Os Departamentos de Comércio, Defesa,
Interior e a NASA tomarão as seguintes ações: • As agências procurarão implementar uma abordagem
para esta missão de forma que não torne impossível
• Prosseguir com o programa NPOESS sem incorporar uma solução de longo prazo para a continuidade de
um instrumento do tipo Landsat;• dados do tipo Landsat.

• A NASA irá executar uma missão dedicada de continuida­ Ainda permanece como objetivo do governo americano a
de de dados Landsat com um satélite para obter os dados transição do programa Landsat de uma série de missões pla­
necessários da superfície terrestre e enviá-los para o U.S. nejadas independentemente para um programa operacional
Geological Survey (USGS) do Departamento do Interior; financiado e gerenciado por uma agência operacional do go-
Imageamento Multiespectral Usando Detectores Discretos e Espelhos de Varredura 211

Reflectância de uma Folha de Plátano em Diferentes Condições de Umidade

Figura 7-15 Mudanças progressivas na percentagem de reflectância de uma folha de plátano em função de seu conteúdo de umidade. Os
fatores que controlam a reflectância das folhas e a localização das seis bandas do Landsat Thematic Mapper são indicados.

Landsat 7 Enhanced Thematic Mapper Plus

Figura 7-16 Satélite Landsat 7 com seu sistema sensor Enhanced Thematic Mapper Plus (ETM*) (cortesia de Lockheed Martin, Inc.).

verno americano ou por agências, consórcio internacional, posicionado em uma órbita síncrona com o Sol a 705 km
e/ou por parcerias comerciais. Concomitantemente com de altitude com uma inclinação de 98,7° de tal forma a
as ações acima citadas, o National Science and Technology voar em formação 1 minuto atrás do Landsat 7, com mes­
Council, em coordenação com a NASA, DOI/USGS e outras ma trajetória no terreno. Essa separação próxima entre os
agências e escritórios EOP (Executive Office of the President, dois satélites possibilitou ao satélite EO-1 a observação das
dos Estados Unidos) quando apropriado, farão esforços para mesmas localizações no terreno (cena) através da mesma
desenvolver um plano de longo prazo para obter estabilidade região atmosférica. Consequentemente, comparações de
técnica, financeira e gerencial para o imageamento operacio­ cenas obtidas pelos dois satélites puderam ser feitas.
nal da superfície terrestre de acordo com os objetivos do U.S.
Integrated Earth Observation System (OSTP, 2005). As especificações do satélite EO-1 estão resumidas na Ta­
bela 7-3. O sensor Advanced Land Imager (ALI) contém
Earth Observer (EO-1) uma matriz linear de 10 bandas, de 0,4 a 2,35 pm com
resolução espacial de 30 x 30 m. O sensor hiperespectral
A missão Earth Observer (EO-1) foi lançada em 21 de Hyperion registra dados em 220 bandas, de 0,4 a 2,4 pm
novembro de 2000 (NASA EO-1, 2006). O satélite foi com resolução espacial de 30 x 30 m. O sensor Linear Eta-
212 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto

Imagem Landsat 7 Enhanced Thematic Mapper Plus de San D iego, CA

d. Banda 4 (0,75 - 0,90 pm) e. Banda 5 (1,55 - 1,75 |imj f. Banda 6 do termal (10,4 - 12,5 pm)

g. Banda 7 (2,08 - 2,35 pm j


Figura 7-17 Imagem Landsat 7 ETM* de San Diego, CA, obtida em 24 de abril de 2000. As bandas 1 a 5 e 7 têm 30 x 30 m de resolução
espacial. A banda 6 do infravermelho termal tem 60 x 60 m. A banda 8 pancromática tem 15 x 15 m (cortesia da NASA).

lon Imaging Spectrometer Array (LEISA) Atmospheric


Corrector é um instrumento hiperespectral de 256 bandas, Visible/Infrared Imager Radiometer Suite (VIIRS), Cross-
sensível à região de 0,9 a 1,6 pm, com resolução espacial track Infrared Sounder, Advanced Technology Microwave
de 250 x 250 m. Foi construído para fins de correção de Sounder, ATMS Photos (NOAA NPOESS, 2006).
vapor d’água da atmosfera. Todos os três instrumentos do
EO-1 observam toda a cena Landsat 7 ou porções dela. Sensores de Varredura Multiespectral da National
Atmospheric and Oceanic Administration (NOAA)
Projeto Preparatório NPOESS (NPP)

O Goddard Space Flight Center da NASA selecionou o A NOAA opera duas séries de satélites de sensoriamento
Bali Aerospace para construir um satélite para o denomi­ remoto: os denominados Geostationary Operational En-
nado NPOESS Preparatory Project (NPP), o precursor da vironmental Satellites (GOES) e os Polar-orbiting Opera­
missão NPOESS. O NPP foi concebido para funcionar tional Environmental Satellites (POES). Ambos se baseiam
como uma ponte entre o programa EOS da NASA e o atualmente em tecnologia de varredura multiespectral. O
NPOESS para o desenvolvimento dos seguintes sensores: U.S. National Weather Service usa os dados desses sensores
Imageamento Multiespectral Usando Detectores Discretos e Espelhos de Varredura 213

Tabela 7-3. Comparação do sensor Landsat Enhanced Thematic Mapper Plus (ETM+) com os instrumentos do satélite
Earth Observer (EO-1).
Landsat 7 Enhanced Thematic Mapper Plus (ETM+) EO-1 Advanced Land Imager (ALI)

Resolução Resolução
Resolução Espacial (m) Resolução Espacial (m)
Banda Espectral (pm) no Nadir Banda Espectral (pm) no Nadir
1 0,450-0,515 30x30 MS-1 0,433 -0,453 30 x30
2 0,525 - 0,605 30 x 30 MS-1 0,450 -0,510 3 0x30
3 0,630 - 0,690 30 x 30 MS-2 0,525 - 0,605 30 x 30
4 0,750 - 0,900 30x30 MS-3 0,630 - 0,690 30 x 30
5 1,55 - 1,75 30x30 MS-4 0,775 - 0,8605 30 x 30
6 10,40 - 12,50 60x60 MS-4’ 0,845 - 0,890 30 x 30
7 2,08 - 2,35 30x30 MS-5’ 1,20 - 1,30 3 0x30
8 (pancromática) 0,52 - 0,90 15 x 15 MS-5 1,55 - 1,75 30 x 30
MS-7 2,08 - 2,35 30 x 30
Pancromática 0,480 - 0,690 10x 10
Sensor hiperespectral EO-1 Hyperion com 220 bandas de 0,4 a
2,4 pm e 30 x 30 m de resolução espacial

Corretor Atmosférico LEISA do EO-1 (LAC) com 256 bandas de


0,9 a 1,6 pm e 250 x 250 m de resolução espacial

O sensor ALI - Advanced Land Imager, Imageador Terrestre Avan­


Tecnologia do _ A . . .. çado - é um radiômetro de varredura eletrônica. O Hyperion é um
° hspectrometro de varredura por espelho
Sensor espectrorradiômetro de varredura eletrônica
O LAC usa matrizes bidimensionais

^ xade 185 km ALI = 37 km; Hyperion = 7,5 km; LAC = 185 km


Imageamento
Taxa de Dados 250 imagens por dia@31.450 km2
Revisita 16 dias 16 dias
Órbita e (Síncrona com o Sol; Inclinação = 98,2° 705 km, Síncrona com o Sol; Inclinação = 98,2°; Cruzamento
Inclinação Cruzamento Equatorial = 10 horas ± 15 min.) Equatorial = Landsat 7 + 1 minuto
Lançamento 15 de abril de 1999 21 de novembro de 2000

para previsão de tempo. Frequentemente vemos as imagens lançado em abril de 1994. O GOES-9 foi lançado em
GOES mostrando os padrões de tempo das Américas do 23 de maio de 1995. O GOES-10 Oeste foi lançado em
Norte e do Sul nos noticiários diários. O Advanced Very 25 de abril de 1997 e tornou-se operacional em 7 de
High Resolution Radiometer (AVHRR) foi desenvolvido julho de 1998. O GOES-12 Leste foi lançado em 23 de
para fins meteorológicos. Entretanto, pesquisas de mudan­ julho de 2001 e tornou-se operacional em 1 de abril de
ças climáticas globais têm usado os dados do AVHRR para 2003 (NOAA GOES, 2006).
mapear a vegetação e as características da superfície do mar.
O sistema GOES consiste de vários subsistemas de ob-
Geostationary Operational Environmental Satellite servaçao:
(GOES)
• GOES Imager (fornece os dados de imagem multies-
O GOES é operado pelo National Environmental Sa­ pectral);
tellite Data and Inform ation Service (NESDIS) da
NOAA. A mais recente geração de satélites geoestacio- • GOES Sounder (fornece dados de sondagens a cada
nários da NOAA iniciou-se com o GOES-8, que foi hora em 19 canais);
214 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto

Tabela 7-4. Características do sistema sensor imageador NOAA Geostationary Operational Environmental Satellite
(GOES l-M) Imager.

Resolução Resolução
Bandas do GOES Espectral Espacial
8, 9, 10 e 12 (pm) (km) Utilidade da Banda

1 0,52 - 0,72 1x 1 Nuvens; poluição; detecção de neblina e identificação de tempestades.


Detecção de nevoeiro; separação entre água, nuvens neve ou nuvens
2 3,78-4,03 4x4 de gelo durante o dia; detecção de incêndios e vulcões; obtenção da
temperatura da superfície do mar (SST).
Estimativa de vapor d’água de nível intermediário e superior; detec­
3 6,47 - 7,02 8x8 ção de advecção; rastreamento de movimento atmosférico de nível
intermediário.
Ventos de deriva de nuvens; tempestades; altura do topo das nuvens;
4 10,2- 11,2 4x4
chuva intensa.
Identificação de vapor d’água do nível inferior; SST; poeira e cinza
5 11,5 - 12,5 4x4
vulcânica.

• um sistema de coleta de dados (data-collection System espacial são apresentadas na Tabela 7-4. Por meio de um
- DCS) que envia dados de locais in situ na superfície espelho giratório com dois eixos, em conjunto com um
da Terra para outras localidades. telescópio de 31,1 cm de diâmetro, os canais multiespec­
trais do Imager podem simultaneamente varrer de norte
O satélite GOES é um projeto estabilizado em três eixos para o sul uma faixa de 8 km ao longo de uma trajetória
(.x,y,z) capaz de continuamente apontar a óptica de visada de leste para oeste ou de oeste para leste a uma taxa de
dos radiômetros de imageamento e sondagem na direção da 20" (óptica) por segundo. O telescópio concentra ambos
Terra. Os instrumentos GOES são posicionados em órbita os fluxos radiantes do visível e do termal, provenientes do
geoestacionária a aproximadamente 35790 km acima do terreno, sobre um espelho secundário de 5,3 cm (Figura
equador. Os satélites permanecem em um ponto estacionário 7-18b). Filtros dicróicos separam a radiância incidente e a
acima do equador e rotacionam na mesma velocidade e dire­ focalizam sobre 22 detectores (8 do visível e 14 do termal).
ção da Terra. Isto faz com que os sensores permaneçam sobre A energia do visível passa através do filtro e é focalizada
uma porção da Terra em uma órbita geossíncrona e, portanto, sobre 8 elementos detectores de silício. Cada um dos 8
mais frequentemente obtenham imagens de nuvens, monito­ detectores do visível tem um IFOV de aproximadamente
rem a temperatura da superfície da Terra e as características 1 x 1 km no ponto suborbital do satélite na Terra.
de vapor d’água e meçam a atmosfera da Terra em termos de
suas estruturas verticais termais e de vapor d água. A energia do infravermelho termal é redirecionada para os
detectores especializados no resfriador radiativo. A energia
O G O ES-12 Leste está normalmente situado a 75" de do infravermelho termal é posteriormente separada para os
longitude oeste e o GO ES-10 Oeste a 135° de longitude canais posicionados em 3,9 pm, 6,75 |tm, 10,7 pm e 12 pm.
oeste. A cobertura geográfica do GOES Leste e do GOES Cada um dos quatro canais do infravermelho tem um con­
Oeste está ilustrada na Figura 7-18a. Esses satélites vêem a junto separado de detectores: quatro elementos detectores
maior parte da Terra, de aproximadamente 20° W a 165" de antimoneto de índio (InSb) para a banda 2; dois elemen­
E de longitude. A cobertura na direção dos pólos é entre tos detectores de telureto de mercúrio e cádmio (Hg:Cd:Te)
aproximadamente 77° de latitudes norte e sul. Os satélites para a banda 3; e quatro elementos detectores de telureto de
GOES Leste e Oeste monitoram os 48 Estados america­ mercúrio e cádmio (Hg:Cd:Te) para as bandas 4 e 5.
nos, a América do Sul e as principais porções do centro e
leste do Oceano Pacífico e do centro e oeste do Oceano Os canais do GOES têm precisão radiométrica de 10 bits.
Atlântico. A cobertura no Pacífico inclui as ilhas do Havaí A utilidade primária da banda 1 do visível ( l x l km) é o
e o Golfo do Alasca, este último local conhecido pelos me­ monitoramento diurno de tempestades, sistemas frontais e
teorologistas como “o berço dos sistemas climáticos norte- ciclones tropicais. A banda 2 (4 x 4 km) é sensível tanto à
americanos” (NOAA GOES, 2006). radiação terrestre emitida, quanto à radiação refletida. E útil
para identificar nevoeiro, para discriminar entre nuvens de
GOES Imager: O Imager (imageador) é um varredor água e de gelo, discriminar neve de nuvens, e para detectar
multiespectral com cinco canais. As bandas e a resolução incêndios extensos ou muito intensos. A banda 2 pode ser
Imageamento Multiespectral Usando Detectores Discretos e Espelhos de Varredura 215

Cobertura do GOES Leste e Oeste Elementos Ópticos do GOES Imager


_i_ detectores do visível (8)
iÇ 0,52 - 0,72 pm

Espelho ;■
II Filtro despolarizador
10,7 mi Lentes colimadoras " da faixa do visível

?
Separador de
12 pm Lentes j S feixe dicróico

6,75 pm

Espelho Fluxo radiante (O)


3,9 fim Filtro janela de Janela de lentes de do terreno
vácuo resfriamento foco

b.
Figura 7-18 a) Cobertura geográfica do GOES Leste (75° W ) e do GOES Oeste (135° W ). b) o fluxo radiante do terreno é refletido por um
espelho de varredura (não mostrado) para espelhos primários e secundários. Um filtro dicróico separa a luz visível da energia
do infravermelho termal. Outros separadores de feixes subsequentes separam a energia do termal em bandas específicas (após
Loral Space Systems, 1996).

usada à noite para rastrear nuvens de nível inferior e monito­ GOES Sounder: O GOES Sounder (sonda) usa 1 canal
rar a circulação do vento próximo à superfície. A banda 3 (8 do visível e 18 canais de sondagem do infravermelho para
x 8 km) responde ao vapor d’água e às nuvens do nível médio registrar dados de norte para sul, com varreduras perpen­
e superior. E útil para identificar as correntes aéreas, campos diculares de leste para oeste. Os instrumentos Sounder e
de vento do nível superior e tempestades. A energia registrada Imager fornecem um imageamento completo da Terra,
pela banda 4 (4 x 4 km) não é absorvida significantemente ou um imageamento setorial, ou varreduras de áreas de
pelos gases atmosféricos. É ideal para medir a altura de topo regiões locais. As 19 bandas fornecem os produtos essen­
das nuvens, identificar as feições do topo das nuvens, avalian­ ciais de sondagem de perfis verticais de temperatura at­
do a intensidade de algumas tempestades e rastreando nuvens mosférica, perfis verticais de umidade, temperatura média
e sistemas frontais à noite. A banda 5 do termal (4 x 4 km) é da camada atmosférica, umidade média da camada, água
similar à banda 4, exceto pelo fato de que essa região espectral total precipitável e o índice de ascensão (uma medida de
tem uma sensibilidade única ao vapor d água de nível infe­ estabilidade). Esses produtos são usados para incrementar
rior. As imagens GOES-8 Leste do visível e do infravermelho os dados do Imager para fornecer informação sobre os per­
termal e as imagens vapor d’água do furacão Bonnie de 25 de fis de temperatura e umidade atmosférica, temperaturas de
agosto de 1998 são apresentadas nas Figuras 7-19a-e. superfície e de topo das nuvens e a distribuição do ozônio
atmosférico (Loral Space Systems, 1996).
O Imager varre os Estados Unidos continental a cada 15
minutos; cobre a maior parte do hemisfério, das proximida­ Advanced Very High Resolution Radiometer
des do Pólo Norte até aproximadamente 20° S de latitude (AVHRR)
a cada 30 minutos; e varre todo o hemisfério a cada 3 horas
em modo programado de “rotina”. Opcionalmente, progra­ O órgão denominado “Satellite Services Branch of the Na­
mações especiais de imageamento estão disponíveis, o que tional Climatic Data Center”, sob os auspícios do NES-
possibilita aquisição de dados em intervalos mais rápidos de DIS, estabeleceu um arquivo digital de dados coletados
tempo sobre áreas geográficas reduzidas. Durante as ope­ pelos Polar-orbiting Operational Environmental Satellites
rações denominadas de “Rapid Scan Operations (RSO)” (POES) da NOAA (Kidwell, 1998). Esta série de satélites
e “Super Rapid Scan Operations (SRSO)”, as imagens são começou com o satélite TIROS-N (lançado em outubro
adquiridas sobre setores de áreas cada vez mais reduzidos em de 1978) e continuou com o NOAA-A (lançado em mar­
intervalos de 7,5 minutos (RSO) e 1 minuto ou 30 segun­ ço de 1983 e rebatizado de NOAA-8). O NOAA-18 foi
dos (SRSO). Uma imagem típica adquirida em intervalos de lançado em 20 de maio de 2005. Esses satélites de órbita
30 segundos cobre um retângulo de cerca de 10° de latitude polar síncrona com o Sol transportam o Advanced Very
e 15° de longitude. O SRSO, com 1 minuto de intervalo, High Resolution Radiometer (AVHRR) (Tabela 7-5). Um
adquire 22 imagens por hora com 2 segmentos de 1 minuto, substancial progresso tem sido obtido com o uso dos dados
possibilitando varreduras operacionais regularmente progra­ do AVHRR para a caracterização de classes de cobertura
madas em intervalos de 15 minutos. da terra e para o mapeamento diurno e noturno de nu-
216 CAPITULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto

Imagens do Geostationary Operational Environmental Satellite (GOES)

c. GOES-8 Leste visível; 25/08/2008 d. GOES-8 Leste infravermelho termal; 25/08/1998

f. Satélite GOES-8.

e. GOES-8 Leste vapor d ’água; 25/08/1998

Figura 7-19 a-e) Exemplos de imagens GOES-8 Leste obtidas em 25 de agosto de 1998. f) O satélite GOES-8 (cortesia da NOAA).

vens, neve, gelo e temperatura de superfície. Ao contrário possível o monitoramento de mudanças na cobertura do
dos sistemas sensores Landsat TM e Landsat 7 ETM +, com terreno em curtos períodos de tempo, como a estação de
ciclos de revisita ao nadir de 16 dias, os sensores AVHRR crescimento. Além disso, a resolução moderada (1,1 x 1,1
adquirem imagens de toda a Terra duas vezes por dia km) dos dados do AVHRR torna possível a coleta, arma­
(NOAA AVHRR, 2006). Essa alta frequência de cobertura zenamento e processamento de conjuntos de dados con­
aumenta a probabilidade que observações livres de nuvens tinentais ou globais. Por essas razões, a NASA e a NOAA
possam ser feitas em janelas temporais específicas e torna iniciaram o programa denominado “AVHRR Pathfinder
Imageamento Multiespectral Usando Detectores Discretos e Espelhos de Varredura 217

Tabela 7-5. C aracterísticas do sistem a sensor N O A A A dvanced Very High R esolution R adiom eter (AVHRR).

Resolução Resolução
Resolução Espectral Espectral do
Espectral do NOAA-7, AVHRR/3 do
do NOAA-6, 9, 11, 12, 13 NOAA-15
Banda 8 e 10 (pm)a e 14 (pm)a ao 18 (pm) Utilidade da Banda

Detecção diurna de nuvens, neve, gelo; mapeamento


1 0,580 -0,68 0,580-0,68 0,580 - 0,68
da vegetação; usada para calcular NDVI
Interface terra/água, neve, gelo e mapeamento da ve­
2 0,725 - 1,10 0,725 - 1,10 0,725 - 1,10
getação; usada para calcular NDVI
3A-. 1,58 - 1,64 Discriminação neve/gelo; Mapeamento diurno/notur­
3 3,55-3,93 3,55 - 3,93
3B-. 3,55 - 3,93 no da temperatura da superfície do mar e das nuvens
Mapeamento diurno/noturno da temperatura da su­
4 10,50 - 11,50 10,30 - 11,30 10,30 - 11,30
perfície do mar e das nuvens
Temperatura de superfície e nuvens, mapeamento
5 Nenhum 11,50 - 12,50 11,50 - 12,50 diurno/noturno de nuvens; remoção da radiância de
trajetória do vapor d’água atmosférico.
IFOV no nadir 1,1 x 1,1 km
Faixa de 2700 km
imageamento no nadir

a O TIROS-N foi lançado em 13 de outubro de 1978; o NOAA-6 em 27 de junho de 1979; o NOAA-7 em 23 de junho de
1981; o NOAA-8 em 28 de março de 1983; o NOAA-9 em 12 de dezembro de 1984; o NOAA-IO em 17 de setembro de
1986; o NOAA-11 em 24 de setembro de 1988; o NOAA-12 em 14 de maio de 1991; o NOAA-13 em 9 de agosto de 1993;
o NOAA-14 em 30 de dezembro de 1994; o NOAA (K)-15 em 13 de maio de 1998; o NOAA (L)-16 em 21 de setembro de
2000; o NOAA (M)-17 em 24 de junho de 2002; o NOAA (N)-18 em 20 de maio de 2005.

Program” para criar um banco de dados de sensoriamento o tempo causa uma mudança sistemática nas condições de
remoto de longo prazo que ficasse universalmente disponí­ iluminação e no horário local de observação, o que é uma
vel para estudar mudanças climáticas globais. fonte de não-uniformidade na análise de dados multitem-
porais do AVHRR.
Os satélites NOAA com os AVHRR operam em órbita
de aproximadamente 833 km acima da Terra, com uma O AVHRR é um sistema de varredura perpendicular à traje­
inclinação de 98,9° e registram dados continuamente em tória. A taxa de varredura do AVHRR é de 360 escaneamen-
uma faixa de imageamento de 2700 km com 1,1 x 1,1 km tos por minuto. Um total de 2048 amostras (pixels) é obtido
de resolução espacial no nadir. Normalmente, dois satéli­ por canal por varredura da Terra, que alcança um ângulo de
tes da série NOAA estão operacionais em um dado tem­ ±55,4° do nadir. O IFOV de cada banda é aproximadamen­
po (um ímpar, outro par). O satélite com número ímpar te 1,4 milirradianos, o que produz uma resolução espacial
tipicamente cruza o equador às 14:30 horas e 2:30 horas, de 1,1 x 1,1 km (Figura 7-21 a). Os sistemas AVHRR mais
enquanto que o de número par cruza o equador às 19:30 recentes têm cinco canais (Tabela 7-5; Figura 7-2lb).
horas e 7:30 horas, hora local. Cada satélite circula a Terra
14,1 vezes por dia (a cada 102 minutos) e faz uma cobertu­ Dados AVHRR obtidos com resolução completa de 1,1
ra global completa a cada 24 horas. A trajetória orbital do x 1,1 km compreendem a denominada “local area covera-
satélite NOAA-17 em 17 de outubro de 2003 é mostrada ge (LAC)”. Os dados podem ser reamostrados para 4 x 4
na Figura 7-20. Pelo fato de o número de órbitas por dia km, compreendendo a denominada “global area coverage
não ser um número inteiro, as trajetórias suborbitais não (GAC) Os dados GAC contêm apenas uma das três linhas
se repetem diariamente, embora o horário local de passa­ originais AVHRR. O volume de dados e a resolução são
gem do satélite permaneça exatamente o mesmo para qual­ posteriormente reduzidos iniciando com a terceira amos­
quer latitude. Entretanto, a deriva orbital do satélite com tra ao longo da linha de varredura, calculando a média das
218 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto

Passagens do NOAA 17 em 17 de Outubro de 2003

Figura 7-20 Passagens do satélite NOAA-17 em 17 de outubro de 2003. O AVHRR está a bordo do NOAA-17 (cortesia da NOAA).

próximas quatro amostras e descartando a seguinte. A se­ zed Difference Vegetation Index (NDVI)” a partir dos da­
quência de “média de quatro” e “um descarte” continua até dos AVHRR, usando as bandas do visível (AVHRR,) e do
o final da linha. Alguns estudos usam os dados GAC, en­ infravermelho próximo (AVI IRR,). O objetivo é mapear a
quanto outros usam os dados LAC de resolução completa. condição da vegetação em nível regional e nacional. O ín­
dice é uma transformação simples que se baseia na seguinte
O AVHRR fornece informação regional sobre a condição razão:
de vegetação e a temperatura da superfície do mar. Por p . - p . AVHRR, - AVHRR,
exemplo, uma porção de uma imagem AVHRR da costa NDVI = r mr 1 red _ _____________2___________________1_ (7-1)
p + p “ AVHRR, + AVHRR,
da Carolina do Sul obtida em 13 de maio de 1993, às 15 r mr ' red 2 1

horas, é mostrada na figura 7-22. A banda 1 é aproximada­


mente equivalente à banda 3 do LandsatTM. A vegetação A equação do NDVI produz valores que variam de -1,0 a
aparece em tons escuros devido à absorção da luz vermelha 1,0, em que valores positivos crescentes indicam aumento
pela clorofila. A banda 2 é aproximadamente equivalente à de vegetação verde, enquanto valores negativos indicam
banda 4 do TM . A vegetação reflete a maior parte do flu­ superfícies sem vegetação como água, solo exposto e neve
xo incidente do infravermelho próximo produzindo tons ou nuvens. Para obter maior precisão, o NDVI é calculado
claros, enquanto a água absorve a maior parte da energia de dados AVHRR dos canais 1 e 2 calibrados e atmosfe-
incidente. A interface terra-água é completamente distin­ ricamente corrigidos em 16 bits, antes do registro geomé­
ta. As três bandas do termal fornecem informação sobre trico e amostragem. Os resultados finais do NDVI, de -1
a superfície da Terra e a temperatura da água. A escala de a 1, são normalmente escalonados de 0 a 200. Índices de
cinza é invertida para os dados do infravermelho termal. vegetação são discutidos em detalhe no Capítulo 10. Os
Nuvens frias e altas aparecem em preto, enquanto águas dados de NDVI, ohtidos de múltiplas datas a partir do
e terras mais quentes aparecem em tons mais claros. Essa AVHRR, podem ser compostos para fornecer uma infor­
imagem, em particular, captou um grande lóbulo de água mação sazonal resumida. A composição NDVI de «-dias
mais quente da Corrente do Golfo. é produzida examinando-se cada valor de NDVI, pixel a
pixel para cada observação durante o período da composi­
Os dados do AVHRR também são usados rotineiramen­
ção, visando identificar o valor máximo do índice. A reten­
te para o levantamento da tem peratura de superfície do
ção do valor de NDVI mais alto reduz o número de pixels
mar (“sea surface temperature —SST”). A Prancha C o­
contaminados por nuvens.
lorida 7-3 é um mapa de tem peratura da superfície do
mar obtido do NOAA-16 AVHRR em 16 de outubro
O NDVI e outros índices de vegetação (ver Capítulo
de 2003 (Gasparovic, 2003).
10) têm sido usados amplamente com dados do AVHRR
para monitorar a vegetação natural e as condições de cul­
Os cientistas frequentemente calculam o índice de vegeta­ turas agrícolas, para identificar desmatamento nos trópi­
ção por diferença normalizada conhecido como “Normali- cos e para monitorar áreas de desertificação e secas. Por
Imageamento Multiespectral Usando Detectores Discretos e Espelhos de Varredura 219

Comprimento de Onda, nm

3,3 3,4 3,5 3,6 3,7 3,8 3,9 4,0 9,5 10 10,5 11 11,5 12
Comprimento de Onda, pm

Bandas do
AVHRR

b. 11 11,25 11,5 11,75 12 12,25 12,5


Comprimento de Onda, pm

Figura 7-21 a) Relações entre a Terra, o Sol e o Satélite NOAA. O subponto do satélite fica no nadir. b) Função de resposta das bandas 1 a
5 do NOAA-14 AVHRR.

exemplo, o U.S. Geological Survey organizou um banco ORBIMAGE, Inc., e NASA Sea-viewing Wide
de dados denominado “Global Land Cover Characteriza- Field-of-view Sensor (SeaWiFS)
tion”, que se baseia em classificação não-supervisionada
de composições de 10 dias de dados NDVI obtidos do
AVHRR (1 km). A fonte de dados compreende as ima­ Os oceanos cobrem mais de dois terços da superfície da Terra
gens AVHRR adquiridas no período de abril de 1992 e têm um importante papel no sistema climático global. O
a março de 1993. Fontes complementares incluem da­ SeaWiFS é um sistema avançado de varredura projetado espe­
dos digitais de elevação, interpretação de ecorregiões e cificamente para monitorar oceanos. O satélite SeaStar (Orb-
mapas de vegetação e de uso da terra de escala local ou View-2), desenvolvido pela ORBIMAGE, Inc., em conjunto
regional (USGS Global Land Cover, 2006). Os produ­ com a NASA, portava o SeaWiFS, que foi colocado em órbita
tos “NOAA Global Vegetation Index” que se baseiam nos em 1 de agosto de 1997 usando um foguete Pegasus (NASA/
dados AVHRR são resumidos no NOAA GVI (2006): pri­ Orbimage SeaWiFS, 2006). O foguete Pegasus foi transporta­
meira geração (maio de 1982 a abril de 1985); segunda do por um Lockheed L-1011 e liberado a uma altitude de cer­
geração (abril de 1985 até a presente data) e terceira gera­ ca de 39.000 pés (cerca de 13 quilômetros), posição em que
ção de novos produtos (abril de 1985 até a presente data). houve ignição do foguete e o posicionamento subsequente em
Uma composição colorida AVHRR dos Estados Unidos é órbita do satélite. A órbita final foi 705 km acima da Terra. O
mostrada na Prancha Colorida 7-4a. O NDVI médio para horário de passagem no equador é às 12 horas.
a maior parte do Canadá e dos Estados Unidos, calculado
a partir dos dados AVHRR de 1981 a 2000, é exibido na O SeaWiFS foi construído a partir do que se aprendeu
Prancha Colorida 7-4b. sobre sensoriamento remoto dos oceanos usando o Co-
220 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto

Tabela 7-6. Características do Sea-viewing W ide Field-of-view Sensor (SeaWiFS).

Banda do Centro da Intervalo


SeaWiFS Banda (nm) Espectral (nm) Utilidade da Banda

1 412 402 - 422 Identificação de substâncias amarelas

2 443 433 -453 Concentração de clorofila

3 490 480 - 500 Melhor sensibilidade para concentração de clorofila

4 510 500 - 520 Concentração de clorofila

5 555 545 - 565 Gelbstoffe (substância amarela)

6 670 660 - 680 Concentração de clorofila

7 765 745 - 785 Vegetação de superfície, interface terra-água, correção atmosférica

8 865 845 - 885 Vegetação de superfície, interface terra-água, correção atmosférica

astal Zone Color Scanner (CZCS) do satélite Nimbus-7,


Varredores Multiespectrais de Aeronave
lançado em 1978. O CZCS cessou sua operação em
1986. O instrumento SeaWiFS consiste de um varredor
Sensores orbitais como os Landsat MSS, TM e ETM*
óptico com um campo de visada total de 58,3o- A ra­
diação de cena incidente é coletada por um telescópio e adquirem dados em um ciclo repetitivo e com resoluções
refletida para um espelho de rotação. A radiação é então espaciais e espectrais fixas. Frequentemente é necessário
enviada para filtros dicróicos que separam a radiação em adquirir dados de sensoriamento remoto em datas que não
oito intervalos de comprimentos de onda (Tabela 7-6). O coincidem com as passagens programadas do satélite e, às
SeaWiFS tem uma resolução espacial de 1,13 x 1,13 km vezes, com diferentes resoluções espaciais e espectrais. A
(ao nadir) e uma faixa de imageamento de 2800 km. Seu rápida coleta e a análise de dados de alta resolução podem
tempo de revisita é de 1 dia. ser necessárias para estudos de locais específicos. Quando
tais condições ocorrem, ou quando uma configuração de
O SeaWiFS registra a energia em oito bandas espectrais sensor diferente das dos sensores Landsat ou SPOT é ne­
com intervalos estreitos de comprimento de onda (Tabela cessária, as agências e companhias frequentemente usam
um varredor (escaneador) multiespectral colocado a bordo
7-6) para a detecção e monitoramento de fenômenos oce­
ânicos muito específicos, incluindo a produção primária de uma aeronave para adquirir dados. Existem vários siste­
oceânica e os processos do fitoplâncton, a influência dos mas sensores públicos ou comercialmente disponíveis para
oceanos sobre os processos climáticos (formação de aeros­ voar a bordo de aeronaves, incluindo o Daedalus Airborne
sóis e armazenamento de calor), e os ciclos do carbono, en­ Multispectral Scanner (AMS) e o Airborne Terrestrial Ap­
xofre e nitrogênio. Em particular, o SeaWiFS tem bandas plications Sensor (ATLAS —Sensor Aerotransportado para
especialmente configuradas centradas em 412 nm (para Aplicações Terrestres) da NASA.
identificar substâncias amarelas através de sua absorção no
azul), 490 nm (sensível à concentração de clorofila), e no Daedalus DS-1260, DS-1268 e Airborne Multiespec­
infravermelho próximo em 765 nm e 865 nm (para ajudar tral Scanner (AMS)
na remoção da atenuação atmosférica).
Vários laboratórios de sensoriamento remoto e agências
As observações do SeaWiFS ajudam os cientistas a compre­ governamentais de muitos países compraram nos últi­
ender a dinâmica das correntes oceânicas e costeiras, a física mos 40 anos os sensores Daedalus DS-1260 e DS-1268,
da mistura de águas, e as relações entre a física dos oceanos ou o instrumento Airborne Multispectral Scanner (AMS)
e os padrões de larga escala de produtividade. Os dados (SenSyTech, 2004). Esses sistemas sensores caros fornece­
preenchem o espaço vazio nas observações biológicas dos ram a maior parte dos dados de varredura multiespectral
oceanos entre aquelas produzidas pelos CZCS e MODIS. de alta resolução espacial e espectral (incluindo o infra­
O SeaWiFS também fornece imageamento laser de profun­ vermelho termal) úteis para monitorar o ambiente. Por
didade de penetração na água para operações navais. exemplo, o AMS tem detectores que cobrem a região do
Imageamento Multiespectral Usando Detectores Discretos e Espelhos de Varredura 221

a. AVHRR Banda 1 b. AVHRR Banda 2

c. AVHRR Banda 3 d. AVHRR Banda 4

Imagem NOAA-11 AVHRR


da Costa da Carolina do Sul
Obtida em 13 de Maio de 1993

e. AVHRR Banda 5

Figura 7-22 Porção de uma imagem NOAA-11 AVHRR da costa da Carolina do Sul obtida em 13 de maio de 1993, às 15 horas (veja a
Tabela 7-5 para as especificações das bandas). A vegetação aparece escura na banda 1 devido à absorção da luz vermelha pela
clorofila. A vegetação aparece clara na banda 2 porque ela reflete a maior parte do fluxo radiante incidente no infravermelho
próximo. A água absorve a maior parte da energia incidente; portanto, a interface terra-água é geralmente distinta. As três ban­
das termais (3, 4 e 5) fornecem informação sobre a temperatura da superfície. A escala de cinza é invertida, com nuvens altas
e frias em preto e com terra e água aquecida em tons claros. Um extenso lóbulo de água mais quente da Corrente do Golfo é
facilmente identificado (as imagens são cortesias da NOAA).

ultravioleta até o infravermelho próximo (0,42-1,05 jim), Os princípios básicos de operação e os componentes do
um detector de alvos quentes no infravermelho termal Airborne Multispectral Scanner (AMS) são mostrados na
(3,0-5,5 pm, usado em monitoramento de queimadas, por Figura 7-23. O fluxo radiante refletido ou emitido do
exemplo), e um detector padrão do infravermelho termal terreno é coletado por um sistema óptico de varredura
(8,5-12,5 pm). A Tabela 7-7 resume as características do e projetado sobre uma grade dicróica. A grade separa
sistema sensor AMS. o fluxo radiante refletido do fluxo radiante emitido. A
222 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto

Escaneador Multispectral Detectores do visível


Aerotransportado (AMS) e do infravermelho
próximo, pm
da Daedalus
Eletrônica

A
Fluxo radiante da
superfície da Terra Monitor, bateria,
digitalizador e
gravador de dados

Figura 7-23 Características do sensor Escaneador Multispectral Aerotransportado (AMS - Airborne Multispectral Scanner) da Daedalus e da ele­
trônica associada a bordo de uma aeronave durante a obtenção dos dados. O diâmetro da área circular do terreno vista pelo sensor, D,
é uma função do campo de visada instantâneo do imageador, p, e da altitude da aeronave acima do nível do terreno, H, no momento
de obtenção dos dados. O fluxo radiante da superfície da Terra é transmitido de um sistema óptico para uma grade dicróica, que envia
os vários comprimentos de onda de luz para os detectores, que são continuamente monitorados pela eletrônica do sistema sensor.

energia na parte refletida do espectro é dirigida da grade D =pxH (7-2)


para um prisma (ou grade de difração), que separa pos­
teriormente a energia em bandas específicas. Ao mesmo Por exemplo, se o IFOV do escaneador é 2,5 mrad, o tama­
tempo, a energia termal emitida incidente é separada da nho do pixel no terreno em metros é o produto do IFOV
energia refletida incidente. A energia eletromagnética é (0,0025) pela altitude em metros. A Tabela 7-8 apresenta
então focalizada sobre um banco de detectores discretos as altitudes de voo e os tamanhos de pixels corresponden­
situados atrás da grade e do prisma. Os detectores que tes ao nadir para um IFOV de 2,5 mrad.
registram a energia emitida são normalmente resfriados
com nitrogênio líquido ou com outra substância. Os Os seguintes fatores devem ser considerados na coleta de
sinais registrados pelos detectores são amplificados pelo dados MSS de aeronave:
sistema eletrônico e gravados.
• O IFOV do sistema óptico do MSS e a altitude definem
As altitudes de voo para os levantamentos com os sistemas a largura de uma única linha do voo de recobrimento.
escaneadores multiespectrais (MSS) aerotransportados são Em baixas altitudes, a alta resolução espacial pode ser
determinadas avaliando-se o tamanho desejado do pixel e o mais importante do que o fato de que mais linhas de
tamanho da área de estudo. O diâmetro de uma área circular voo serão necessárias para cobrir a área em compara­
no terreno vista pelo sensor, D, é uma função do campo de vi­ ção com a cobertura espacial mais eficiente feita em
sada instantâneo do sensor, p, e da altitude de voo, H, onde maiores altitudes e com pixels maiores. O tamanho do
Imageamento Multiespectral Usando Detectores Discretos e Espelhos de Varredura 223

Tabela 7-7. Características do sistema Daedalus Airborne Multispectral Scanner (AMS) e do NASAAirborne Terrestrial Ap­
plications Sensor (ATLAS).
NASAAirborne Terrestrial Applications Sen-
Airborne Multispectral Scanner (AMS) sor (ATLAS)

Resolução Resolução
Espectral Resolução Espectral Resolução
Banda (pm) Espacial (m) Banda (pm) Espacial (m)
1 0,42 - 0,45 Variável, 1 0,45-0,52 2,5 a 25 m,
2 0,45 - 0,52 dependendo da 2 0,52-0,60 dependendo da
altitude de voo altitude de voo
3 0,52 - 0,60 3 0,60 - 0,63
4 0,60 - 0,63 4 0,63 - 0,69
5 0,63 - 0,69 5 0,69 - 0,76
6 0,69 - 0,75 6 0,76 - 0,90
7 0,76 - 0,90 7 1,55 - 1,75
8 0,91 - 1,05 8 2,08 - 2,35
9 3,00-5,50 9 removida
ÍO


Oi
O

10 10 8,20 - 8,60
11 8,60 - 9,00
12 9,00 - 9,40
13 9,60- 10,20
14 10,20 - 11,20
15 11,20- 12,20
IFOV 2,5 mrad 2,0 mrad
Quantizaçao 8 - 1 2 bits 8 bits
Altitude variável variável
Faixa de
714 pixels 800 pixels
Imageamento

pixel e a extensão geográfica da área de levantamento de dados por sensores remotos de satélites. Por exemplo,
são considerados, os objetivos são ponderados, e um a “NASA Ames Airborne Sensor Facility ar Moffet Field,
compromisso é obtido. CA” (órgão da NASA que centraliza as aquisições de da­
dos por aeronave) continua a operar os seguintes sistemas:
• Mesmo linhas de voo simples de dados MSS aerotrans- Thematic Mapper Simulator, MODIS Airborne Simula-
portados são difíceis de retificar em relação a mapas pa­ tor, Airborne Ocean Color Simulator e o Multispectral
dronizados em função do rolamento (“roll”), arfagem Atmospheric Mapping Sensor (NASA Airborne, 2006).
(“pitch”) e guinada (“yaw”) da aeronave durante a aqui­ Uma imagem da banda 10 do infravermelho próximo do
sição de dados. Cortes dos dados nas bordas da linha de Daedalus DS-1260 de uma área do delta do córrego Four
voo indicam rolagem da aeronave. Estes dados reque­ Mile, na usina da Westinghouse no Rio Savannah na
rem recursos humanos e computacionais significativos Carolina do Sul, é mostrada na Prancha Colorida 7-5a.
para torná-los planimetricamente precisos. Várias agên­ Uma composição colorida das bandas 10, 6 e 4 (infra­
cias usam unidades de GPS na aeronave para obterem vermelho próximo, vermelho e verde) é apresentada na
coordenadas precisas das linhas de voo, que são úteis Prancha Colorida 7-5b. A imagem da banda 10 do in­
durante a retificação de dados MSS de aeronave. fravermelho próximo da mesma região, obtida em 23 de
abril de 1992, é apresentada na Prancha Colorida 7-5c.
Em muitas ocasiões os sistemas de varredura multiespectral A Prancha Colorida 7-5d é uma composição colorida das
da Daedalus foram modificados para simular a aquisição bandas 10, 6 e 4. Não se permitiu a entrada do efluen-
224 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto

Tabela 7-8. Altitude de voo de um escaneador multi- Imageamento Multiespectral Usando


espectral aerotransportado e tam anho do Arranjos Lineares
pixel, assum indo um IFOV de 2,5 milirra-
dianos (mrad).

Tamanho do Pixel (m)


Sistemas sensores baseados em arranjos lineares usam dio-
Altitude do Voo (m)
dos ou dispositivos de CCD (“Charge-Coupled-Devices” —
1.000 2,5 ou dispositivos de cargas acopladas) para registrar a radiân-
2.000 5,0 cia refletida ou emitida do terreno. Sensores com arranjos
lineares são frequentemente chamados de “pushbroom” (ou
4.000 10,0 varredura eletrônica), porque, como as linhas de fios em
16.000 40,0 uma vassoura de pêlo, os arranjos lineares visam constante­
mente o terreno enquanto a plataforma aérea realiza o des­
50.000 125,0
locamento para frente (ver Figura 7-3c). O resultado é uma
medida mais precisa do fluxo radiante refletido, porque: 1)
te termal no córrego Four Mile após 1985. O exame da não existe espelho móvel, e 2) os detectores do arranjo line­
imagem revela que a regeneração da vegetação ocorreu ar permanecem mais tempo sobre uma porção específica do
em muitas áreas de alagamento. terreno, produzindo uma medida mais precisa.

NASA Airborne Terrestrial Applications Sensor (ATLAS) Os Sistemas Sensores SPOT

O escaneador multiespectral ATLAS da NASA é operado O primeiro satélite SPOT foi lançado em 21 de fevereiro
pelo Stennis Space Center, MS. O ATLAS tem 14 canais de 1986 (Figura 7-25). Ele foi desenvolvido pelo Centro
com uma faixa espectral de 0,45 a 12,2 pm. Existem seis Francês de Estudos Espaciais - “Centre National d'Etudes
bandas no visível e infravermelho próximo, duas no infra­ Spatiales (CNES)” em cooperação com a Bélgica e a Suécia.
vermelho médio (idênticas às bandas 5 e 7 do Thematic Seus sensores tinham uma resolução espacial de 10 x 10
Mapper) e outras seis no infravermelho termal. As bandas m (modo pancromático) e de 20 x 20 m (modo multies­
estão resumidas na Tabela 7-7. O sensor tem um campo pectral), e forneceu várias outras inovações em termos de
de visada total de 72° e um IFOV de 2,0 mrad. O ATLAS projeto de sistemas de sensores remotos (Tabela 7-9). Os
voa em um Learjet 23, de 6000 a 41000 pés acima do satélites SPOT 2 e 3, com cargas úteis idênticas, foram lan­
solo, fornecendo pixels com uma resolução no terreno de çados em 22 de janeiro de 1990 e 25 de setembro de 1993,
aproximadamente 2,5 x 2,5 m a 25 x 25 m, dependendo respectivamente. O SPOT 4 foi lançado em 24 de março
das especificações do usuário. Existem normalmente 800 de 1998, com a adição do sensor Vegetation ( l x l km) e
pixels por linha e mais três pixels da fonte de calibração. uma banda no infravermelho de ondas curtas. O SPOT 5
Os dados são quantizados em 8 bits. foi lançado em 3 de maio de 2002 com bandas no visível,
infravermelho próximo e infravermelho de ondas curtas
A calibração dos dados do termal é feita usando dois corpos (shortwave infrared - SWIR) com 10 x 10 m de resolução
negros internos. A calibração do visível e do infravermelho espacial e uma banda pancromática com 2,5 x 2,5 m.
próximo é complementada no terreno entre as missões usan­
do uma esfera integradora. Um GPS a bordo documenta a Desde 1986, os satélites de observação da Terra SPOT têm
localização no espaço de cada linha de dados coletada. sido fontes consistentes de informação de alta resolução dos
recursos terrestres. Enquanto muitos países têm visto seus
O sensor ATLAS é ideal para obter dados de alta resolução sistemas de monitoramento de recursos terrestres ir e vir, de­
espacial no visível, infravermelho próximo, infravermelho pendendo principalmente da política, pode-se sempre contar
médio e infravermelho termal, que são importantes para com a SPOT Image, Inc. para fornecer imagens de qualida­
muitas aplicações comerciais de sensoriamento remoto. O de. Infelizmente, a imagem tem sido relativamente cara, nor­
Learjet é uma plataforma suborbital ideal em função de malmente mais de 2000 dólares por cena pancromática ou
sua estabilidade em voo e de sua habilidade para sobrevoar multiespectral, embora o preço tenha se reduzido em anos
a área de estudo rapidamente. E particularmente útil para recentes. O custo pode exceder 4000 dólares se ambas as
obter dados imediatamente após desastres, como os dos fu­ imagens pancromáticas e multiespectrais forem necessárias.
racões Hugo e Andrew. Um exemplo de dados ATLAS da
banda 6 (infravermelho próximo), obtidos com 2,5 x 2,5 SPOT 1, 2 e 3
m de resolução espacial em 1998 sobre uma área adjacente
a Sullivans Island, SC, é apresentado na Figura 7-24. Esses satélites são todos idênticos e consistem de duas par­
tes: 1) a plataforma SPOT, que é uma plataforma padrão
Imageamento Multiespectral Usando Arranjos Lineares 225

Imagem do Airborne Terrestrial Applications Sensor (ATLAS) de Sullivans Island, SC

Figura 7-24 Imagem da banda 6 (0,76-0,90 pm) do infravermelho próximo do sensor Airborne Terrestrial Applications Sensor (ATLAS), adqui­
rida próxima a Sullivans Island, SC. Os dados, com 2,5 x 2,5 m de resolução espacial, foram obtidos em 15 de outubro de 1998.

História Cronológica de Lançamento dos Satélites SPOT

1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

D atas de Lançamento
SPOT 1 -2 1 /0 2 /1 9 8 6
SPOT 2 -2 2 /0 1 /1 9 9 0
SPO T 3 -2 5 /0 9 /1 9 9 3
SPO T 4 -2 4 /0 3 /1 9 9 8
SPOT 5 - 03/05/2002 I 4

Figura 7-25 História cronológica do lançamento dos satélites SPOT (SPOT, 2006).

multimissão, e 2) os instrumentos (Figura 7-26b), com­ em branco e preto). O segundo é um modo multiespectral
preendendo dois sensores idênticos HRV e um pacote (cor) compreendendo a observação em três bandas relativa­
com dois gravadores de dados e um transmissor de tele- mente estreitas (Tabela 7-9). Portanto, a resolução espectral
metria. Os satélites operam em uma órbita síncrona com dos SPOT 1 a 3 não é tão boa quando aquela do Landsat
o Sol, quase-polar (inclinação de 98,7°) em uma altitude Thematic Mapper. A resolução no terreno, no entanto, é 10 x
de 822 km. Os satélites passam no mesmo horário solar; 10 m para a banda pancromática e 20 x 20 m para as bandas
o horário local varia com a latitude. multiespectrais, quando os instrumentos operam no nadir.
A energia refletida do terreno incide sobre o HRV via es­
Os sensores HRV operam em dois modos nas porções do pelho plano e é então projetada sobre dois arranjos de
visível e do infravermelho refletido do espectro. O primei­ CCD . Cada arranjo de CCD consiste de 6000 detectores
ro é um modo pancromático correspondendo à observação organizados linearmente. Uma imagem feita por micros­
numa banda espectral ampla (similar a uma típica fotografia cópio eletrônico de alguns dos detectores individuais do
226 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto

Tabela 7-9. C aracterísticas dos sistem as sensores High Resolution Visible (HRV - ou Alta R esolução no Visível) dos
SPOT 1, 2 e 3 e High Resolution Visible and Infrared (HRVIR - ou Alta Resolução no Visível e Infraver­
melho) e V e g e ta tio n dos SPOT 4 e 5.

SPOT 1, 2, 3 HRV e 4 HRVIR SPOT 5 HRVIR SPOT 4 e 5 V egetation

Resolução Resolução Resolução


Resolução Espacial Resolução Espacial Resolução Espacial
Espectral no Nadir Espectral no Nadir Espectral no Nadir
Banda (pm) (m) Banda (pm) (m) Banda (pm) (km)
1 0,50 - 0,59 2 0x20 1 0,50-0,59 lOx 10 0 0,43 - 0,47 1,15 x 1,15
2 0,61 - 0,68 2 0x20 2 0,61 - 0,68 10 x 10 2 0,61 - 0,68 1,15 x 1,15
3 0,79 - 0,89 20x20 3 0,79 - 0,89 10 x 10 3 0,78 - 0,89 1,15 x 1,15
Pan 0,51 - 0,73 10 x 10 Pan 0,48 - 0,71 2,5 x 2,5
Pan (4) 0,61 -0,68 10 x 10

SWIR (4) 1,58 x 1,75 2 0x20 SWIR 1,58 x 1,75 20x20 SWIR 1,58 x 1,75 1,15 x 1,15
“pushbroom” de arranjo
Sensor “pushbroom” de arranjo linear “pushbroom” de arranjo linear
linear
Faixa 60 km í 50,5° 60 km ± 27° 2250 km ±50,5°
Taxa 25 Mb/s 50 Mb/s 50 Mb/s
Revisita 26 dias 26 dias 1 dia
822 km, Síncrona com o Sol,
822 km, Síncrona com o Sol, 822 km, Síncrona com o Sol,
Órbita ^nclÍnaçã° = 98’7°’ Inclinação = 98,7°, Inclinação = 98,7°,
Cruzamento
Cruzamento equatorial = 10:30 horas Cruzamento equatorial = 10:30 horas
equatorial = 10:30 horas

arranjo linear é mostrada na Figura 7-27a,b. Esse sensor da estação terrestre. Nessa configuração, é possível observar
“pushbroom” de arranjo linear imageia uma linha comple­ qualquer região de interesse dentro de uma faixa de 950 km
ta da cena terrestre na direção perpendicular à trajetória, centrada na trajetória do satélite no terreno (isto é, a região
à medida que o sistema sensor avança em sua trajetória observada pode não estar centrada na trajetória no terreno)
(ver Figura 7-26c). Essa capacidade rompe a tradição dos (Figura 7-28a). A largura da faixa de imageamento realmente
sensores Landsat MSS, TM e Landsat 7 ETM +, porque observada varia de 60 km (visada no nadir) a 80 km (visadas
nenhum dispositivo de varredura mecânica é utilizado. extremas fora do nadir) para cada instrumento HRV.
Um sensor de arranjo linear é superior, porque não existe
espelho que deva escanear de lado a lado para adquirir os Se os instrumentos HRV fossem capazes de operar apenas
dados (a velocidade do espelho de varredura é um pro­ ao nadir, a frequência de revisita para uma dada região
blema sério). Isso permite que os detectores literalmente do mundo seria de 26 dias. Este intervalo geralmente é
“enxerguem” a superfície por um tempo mais longo de inaceitável para a observação de fenômenos envolvendo
observação, obtendo um registro mais preciso do fluxo escalas de tempo variando de poucos dias a poucas sema­
radiante espectral que deixa o terreno. Os satélites SPOT nas, especialmente quando a cobertura de nuvens atrapa­
foram os pioneiros na tecnologia “pushbroom” de arranjo lha a aquisição de dados úteis. Durante o período de 26
linear em atividades comerciais de sensoriamento remoto dias, que separa duas passagens sucessivas do SPOT sobre
de recursos terrestres ainda nos idos de 1986. um dado ponto da Terra e levando em conta a capacidade
de controlar os instrumentos, o ponto em questão pode
Quando observam diretamente o terreno abaixo do sistema ser observado em sete diferentes passagens se localizado
sensor, os dois instrumentos HRV podem ser apontados para próximo ao equador e em 11 ocasiões se posicionado em
cobrir campos adjacentes, cada um com 60 km de largura uma latitude de 45° (Figura 7-28b). Uma dada região
de imageamento (Figura 7-26c). Nessa configuração, a faixa pode ser revisitada em datas separadas alternativamente
total imageada é de 117 km e os dois campos se sobrepõem em 1 a 4 (ou ocasionalmente 5) dias.
em 3 km. E também possível apontar seletivamente o espe­
lho para ângulos de visada fora do nadir usando comandos Os sensores do SPOT podem também adquirir pares
estereocópicos de imagens para uma área geográfica (Fi-
Imageamento Multiespectral Usando Arranjos Lineares 227

Satélite SPOT e Sistemas Sensores


Unidade de

HRV 1 (SPOT
1-3) ou HRVIR
1 (SPOT 4 e 5)

HRV 2 (SPOT
1-3) ou HRVIR -*■
2 (SPOT 4 e 5)

Figura 7-26 Os satélites SPOT são compostos por uma plataforma, que é uma plataforma multimissão, e pela carga útil que é o sistema
sensor propriamente dito. Dois sensores idênticos High Resolution Visible (HRV) foram colocados nos SPOT 1, 2 e 3 e dois
sensores High Resolution Visible Infrared (HRVIR) nos SPOT 4 e 5. A energia radiante do terreno é captada no HRV ou H R­
VIR por um espelho plano e é então projetada sobre dois arranjos de CCD . Cada arranjo de C CD consiste de 6000 detectores
dispostos linearmente. Isto resulta em uma resolução espacial de 10 x 10 m ou de 20 x 20 m, dependendo do modo que o
sensor esteja sendo usado. A largura da faixa de imageamento no nadir é 60 km para cada sensor. Os sensores HRV e HRVIR
podem ser apontados fora do nadir para adquirir dados. Os SPOT 4 e 5 transportam o sensor Vegetation com 1,15 x 1,15 km
de resolução espacial e 2250 km de faixa de imageamento (adaptado de SPOT Image, Inc.).

gura 7-28c). Duas observações podem ser feitas em dias típica fotografia aérea. Por essa razão, os dados pancromáticos
sucessivos de tal forma que as duas imagens são adquiri­ do SPOT frequentemente são registrados com mapas topo­
das em ângulos laterais ao percurso do satélite em cada gráficos e usados como ortofotomapas. Essas cartas-imagens
lado da vertical. Nesses casos, a razão entre a base da são úteis em banco de dados GIS, porque contêm informação
observação (distância entre as duas posições do satélite) planimétrica mais precisa (p.ex., novas estradas, subdivisões)
e a altura (altitude do satélite) é aproximadamente 0,75 do que mapas topográficos de 7,5 minutos desatualizados. A
no equador e 0,50 em uma latitude de 45°. Os dados do resolução espacial melhorada disponível é demonstrada na
SPO T com essas razões base/altura podem ser usados Figura 7-29, que apresenta uma imagem da banda 3 do TM
para mapeamento topográfico. Os dados pancromáticos e uma imagem pancromática SPOT de Charleston, SC (Ca-
10 x 10 m do SPOT são de tão alta fidelidade geométrica, rolina do Sul).
que muitas vezes eles podem ser fotointerpretados como uma
228 CAPITULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto

Ampliações do Arranjo Linear de Detectores do SPOT

100 pm a 10 pm

Figura 7-27 a) Imagens de microscópio de varredura eletrônica da superfície de um arranjo linear de C C D usado nos sistemas sensores
HRV do SPOT. Aproximadamente 58 detectores C CD são visíveis, com linhas de registros de leitura em ambos os lados, b)
Sete detectores do arranjo linear de C CD são mostrados com maior ampliação (CNES 2004, Spot Image Corporation).

Os sensores do SPOT coletam dados sobre uma área re­ ca HRV (0,51-0,73 pm) pela banda 2 (0,61-0,68 pm)
lativamente pequena de 60 x 60 km (3600 km2), quando operando em modo de resolução de 10 e 20 m;
comparada com as áreas das imagens Landsat MSS eTM de
170 x 185 km (31450 km2) (Figura 7-30). São necessárias • as bandas pancromáticas do SPOT 5 (0,48-0,7 pm) po­
8,74 imagens do SPOT para cobrir a mesma área vista pelo dem coletar imagens de 2,5 x 2,5 m. Uma composição
Landsat TM ou MSS. Isso pode ser um fator limitante para colorida de Los Angeles, CA, incorporando os dados
estudos regionais. Entretanto, o SPOT permite a compra de pancromáticos, é mostrada na Prancha Colorida 7-6.
imagens por km2 (p.ex., para uma bacia ou distrito escolar)
ou por km linear (p.ex., ao longo de uma estrada). Devido ao fato de os sensores HRV (SPOT 1 a 3) te­
rem evoluído no sentido de serem sensíveis à energia do
SPOT 4 e 5 SWIR, nos SPOT 4 e 5 os sensores HRV são chamados
de HRVIR 1 e HRVIR2.
A SPOT Image, Inc. lançou o SPOT 4 em 24 de março de
1998 e o SPOT 5 em 3 de maio de 2002. Suas características O sensor Vegetation do SPOT 4 e 5 é um instrumento
estão resumidas na Tabela 7-9. O ângulo de visada do seu independente dos sensores HRVIR. E um radiômetro de
sensor pode ser ajustado para ±27° fora do nadir1*. Os SPOT varredura eletrônica multiespectral operando em compri­
4 e 5 têm várias feições notáveis de significativo valor para o mentos de onda ópticos com objetivas separadas para cada
sensoriamento remoto de recursos terrestres, incluindo: uma das quatro bandas espectrais: (azul = 0,43-0,47 pm
usada primariamente para correção atmosférica; vermelho
• a adição de uma banda de infravermelho de ondas cur­ = 0,61-0,68 pm; infravermelho próximo = 0,78-0,89 pm;
tas (SWIR) (1,58-1,75 pm) de 20 x 20 m para aplica­ SWIR = 1,58-1,75 pm). Cada banda tem um C CD com
ções em vegetação e umidade de solo; arranjo linear de 1728 elementos, localizado no plano fo­
cal das objetivas correspondentes. A resolução espectral das
• um sensor independente chamado Vegetation para es­ bandas individuais é resumida na Tabela 7-9. O sensor Ve­
tudos de pequena escala em vegetação, mudanças glo­ getation tem uma resolução espacial de 1,15x1,15 km. As
bais e oceanografia; objetivas fornecem uma campo de visada de ±50,5°, que
se traduz em uma faixa de imageamento de 2250 km. O
• o SPOT 4 tem registro a bordo das bandas espectrais, sensor Vegetation tem várias características importantes:
obtido pela substituição da banda original pancromáti-
• a precisão de calibração radiométrica em múltiplas
1 ’ Também faz parte da carga útil do SPO T 5 um sensor denominado HRS - HRS (High
Resolution Stereo - ou Imageador Estéreo de Alta Resolução), pancromático, com largura datas é melhor que 3% e a calibração absoluta é me­
de imageamento de 120 km, e resolução espacial de 10 m. Consiste basicamente de duas lhor que 5%. Essas características são superiores às do
ópticas: uma com visada avante e outra a ré. Dessa forma, duas imagens do mesmo local são
adquiridas sob dois ângulos diferentes, defasadas de um pequeno intervalo de tempo e na AVHRR, tornando-o mais útil para levantamentos de
mesma órbita, permitindo a geração de pares estéreos de forma altamente propícia. (N.T.) vegetação repetitivos globais e regionais;
Imageamento Multiespectral Usando Arranjos Lineares 229

Capacidade de Visada Estereoscópica do SPOT


Passagem no dia D Passagem no dia D + 1

^ _____A n

Figura 7-28 a) Os instrumentos SPOT HRV e HRVIR podem ser


apontados e usados para cobrir áreas que não estão
diretamente abaixo do satélite (isto é, áreas fora do na­
dir). Isso é útil para coletar informação sobre desastres,
quando a trajetória do satélite não é adequada para
obter imagens estereoscópicas, b) D urante o período
de 26 dias, separando duas passagens sucessivas do sa­
télite SPOT, um ponto da Terra pode ser observado
em 7 diferentes passagens se localizado no equador
e em 11 ocasiões se posicionado em uma latitude de
45°. Uma dada região pode ser revisitada em datas
separadas alternadamente por 1, 4, e ocasionalmente
5 dias. c) Duas observações podem ser feitas em dias
sucessivos de tal forma que as duas imagens sejam ad­
quiridas em cada lado da vertical, resultando em um
imageamento estereoscópico. Tais imagens podem ser
usadas para produzir mapas topográficos e altimétri-
cos (adaptado de SPOT Image, Inc.).
230 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto

Comparação do Landsat TM (30 x 30 m) com o SPOT HRV (10 x 10 m)

a. Banda 3 (30 x 30 m) do Landsat Thematic Mapper em 3 de b. Banda pancromática do SPOT HRV (10 x 10 m) de 10 de
fevereiro de 1994. janeiro de 1996.

Figura 7-29 Comparação entre o detalhe dos dados da banda 3 do Landsat TM (30 x 30 m) e o dos dados pancromáticos do SPO T (10 x
10 m) de Charleston, SC (Spot Image Corporation, Inc.).

• o tamanho do pixel é uniforme em toda a faixa de ima- A constelação dos satélites SPOT oferece uma capacidade
geamento, com precisão geométrica melhor que 0,3 ímpar de aquisição de imagens de quase qualquer ponto
pixels e registro inter-bandas melhor que 0,3 km por do globo diariamente.
causa da tecnologia “pushbroom”;
Sistemas de Sensoriamento Remoto da índia
• o horário de passagem no equador às 10:30 horas é
mais adequado para estudos de cobertura da terra do
que o horário do AVHRR às 14:30 horas;
A agência denominada “Indian National Remote Sen-
sing Agency (NRSA)” lançou vários satélites intitulados
• a banda no infravermelho de ondas curtas pode melho­
Indian Remote Sensing (IRS): IRS-1A em 17 de mar­
rar o mapeamento da vegetação;
ço de 1988, IRS-1B em 29 de agosto de 1991, IRS-1C
em 1995 e IRS-D em setembro de 1997 (Tabela 7-10).
• torna-se mais fácil relacionar os dados de 10 x 10 m ou Os IRS-P3 e IRS-P4 foram lançados em 21 de março de
de 20 x 20 m do HRV1R existentes na faixa de image- 1996 e 26 de maio de 1999, respectivamente. O IRS-P6
amento do Vegetation (2250 x 2250 km);• (RESOURCESAT-1) foi lançado em 17 de outubro de
2003. Os sensores a bordo dos satélites usam tecnologia
• imagens individuais podem ser obtidas ou os dados po­ de arranjo linear (NRSA, 2006).
dem ser resumidos em um período de 24 horas (chama­
do de síntese diária). Os dados de síntese diária podem IRS-1A, -1B, -IC e -lD
ser compilados em uma síntese de «-dias. Os conjuntos
de dados NDVI podem ser computados com base em Os satélites IRS-1A e IRS-1B adquiriam dados com os
imagens de sínteses diárias ou de 10 dias. Um exemplo sensores denominados “Linear Imaging Self-scanning Sen-
de uma síntese de 10 dias de índice de vegetação, para sors” (LISS-I e LISS-II) com resoluções espaciais de 72,5 x
uma região centrada na Europa, Meio Leste e África, é 72,5 m e 36,25 x 36,25 m, respectivamente (Tabela 7-10).
mostrado na Prancha Colorida 7-7. Os dados eram coletados em quatro bandas espectrais, pra­
ticamente idênticas às bandas do visível e do infravermelho
próximo do Landsat. A altitude dos satélites era de 904
Imageamento Multiespectral Usando Arranjos Lineares 231

Tabela 7-10. C aracterísticas dos satélites Indian Remote Sensing (IRS - Sensoriam ento Remoto Indiano) da National
Remote Sensing Agency (NRSA).

IRS-1A e 1B IRS-1C e 1D
Resolução Resolução
Bandas do Resolução Espacial (m) no Bandas do LISS- Resolução Espacial (m) no
LISS-I e LISS-II Espectral (pm) Nadir III, Pan e WiFS Espectral (pm) Nadir

1 n /o n Cl LISS-I @72,5 m 1
1 0,42- 0,52 TTCCTTffljrní
LISS-II @36,25 m

2 °>52-0,59 2 0,52 - 0,59 23,5 x23,5


LISS-II @36,25 m

3 0,62 - 0,68 [ic fn 3 0,62- 0,68 23,5 x23,5


LISS-II @36,25 m
/ n -7-7 n Qr LISS-I @72,5 m
4 0,77- 0,86 ttcc ti 4 0,77- 0,86 23,5 x 23,5
LISS-II @36,25 m
5 1,55 - 1,70 70,5 x70,5
Pan 0,50 - 0,75 5,2 x 5,2
WiFS 1 0,62-0,68 188x 188
WilS 2 0,77-0,86 188 x 188
Sensor “Pushbroom” de arranjo linear “Pushbroom” de arranjo linear

Faixa de LISS-I - 148 km; LISS-II - 146 km LISS-III = 141 km para as bandas 2, 3 e 4; banda 5 = 148
Imageamento km; Pan = 70 km; WiFS = 692 km
24 dias no equador para o LISS-III; 5 dias para a banda Pan com
Revisita 22 dias no equador
visada fora do nadir de ±26°; 5 dias no equador para o WiFS
904 km, síncrona com o Sol 817 km, síncrona com o Sol
Órbita Inclinação = 99,5° Inclinação = 98,69°
Cruzamento equatorial = 10:26 horas Cruzamento equatorial = 10:30 horas ± 5 minutos
IRS-1A em 17 de março de 1988; IRS-
Lançamento 1B em 29 de agosto de 1991 IRS-1C em 1995; IRS-1D em setembro de 1997

km com órbita síncrona com o Sol, cobertura repetitiva a com cobertura repetitiva de 24 dias no equador e um tem­
cada 22 dias no equador (11 dias de cobertura repetitiva po de revisita de 5 dias com ângulo de visada fora do nadir
com dois satélites) e inclinação orbital de 99,5°. A faixa de de ±26°. Um exemplo dos dados pancromáticos (5,2 x 5,2
imageamento era de 146 x 148 km. m) do centro de San Diego, CA (reamostrados para 5 x 5
m) é apresentado na Figura 7-31.
Os satélites IRS-1C e IRS-1D transportam três sensores
(Tabela 7-10): o sensor multiespectral LISS-III, um sensor O instrumento Wide Field Sensor (WiFS) tem uma reso­
pancromático e o instrumento Wide Field Sensor (WiFS). lução espacial de 188 x 188 m. O WiFS tem duas bandas
O LISS-III tem quatro bandas, com as bandas do verde, comparáveis às bandas do NOAA AVHRR (0,62 —0,68 pm
vermelho e infravermelho próximo com resolução espacial e 0,77 - 0,86 pm) com uma faixa de imageamento de 692
de 23,5 x 23,5 m e a banda do SWIR com resolução espa­ km. A cobertura repetitiva é de cinco dias no equador.
cial de 70,5 x 70,5 m. A faixa de imageamento é de 141 km
para as bandas 2, 3 e 4 e de 148 km para a banda do SWTR. IRS-P3 e IRS-P4
O ciclo de cobertura repetitiva é de 24 dias no equador.
O sensor pancromático tem uma resolução espacial de O IRS-P3 WiFS é similar ao IRS-1D WiFS, exceto pela
aproximadamente 5,2 x 5,2 m e capacidade de imagea­ inclusão de uma banda adicional na região do infraverme­
mento estereoscópico, obtido por visadas laterais. A banda lho médio (1,55-1,70 pm). O IRS-P3 tem o instrumento
pancromática tem uma faixa de imageamento de 70 km Modular Opto-electronics Scanner (MOS), que coleta da-
232 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto

Imagem Obtida pelo Indian Remote Sensing


Área da imagem dos Sensores Satellite de San D iego, CA
Landsat Thematic Mapper e
Multispectral Scanner

Área da
60 km imagem do
SPOT HRV

60 km

185 km

Figura 7-30 Cobertura geográfica do sensor SPO T HRV e dos


instrumentos Landsat Multispectral Scanner e T he­
matic Mapper.

Figura 7-31 Imagem pancromática do Indian Remote Sensing


Satellite (IRS-1D) do centro de San Diego, CA.
dos em três resoluções espaciais (MOS A, B, C = 1569 x A imagem de 5,2 x 5,2 m foi reamostrada para 5
1395 m; 523 x 523 m; e 523 x 644 m, respectivamente) x 5 m (cortesia da Indian National Remote Sensing
Agency).
em três bandas (MOS A, B, C = 0,755-0,768 pm; 0,408-
1,01 pm; 1,5-1,7 pm). IRS-P6 (RESOURCESAT-I)

O satélite 1RS-P4 é voltado primariamente às aplicações O RESOURCESAT-1 opera em órbita polar síncrona com
oceanográficas baseadas em seu sensor Ocean Color Mo­ o Sol a 817 km de altitude (NRSA, 2006). Transporta três
nitor (OCM), que adquire dados em 8 bandas, de 402 a sistemas sensores: LISS-III, LISS-IV e AWiFS. O sensor
885 nm, com uma resolução espacial de 360 m x 236 m LISS-III é idêntico ao LISS-III do IRS-1C/1-D, exceto por
e com 12 bits de resolução radiométrica. A faixa de ima- algumas poucas mudanças. O LISS-IV tem exatamente as
geamento é de 1420 km. O IRS-P4 também transporta o mesmas bandas multiespectrais do LISS-III. Entretanto, os
sensor Multifrequency Scanning Microwave Radiometer dados multiespectrais são gravados com resolução espacial
(MSMR) (NRSA, 2006). de 5,8 x 5,8 m. O usuário pode selecionar uma das bandas
(p.ex., a banda do vermelho) e obter dados pancromáticos.
IRS-P5 (CARTOSAT-1) Em modo multiespectral, as imagens têm largura de 23
O CARTOSAT-1 foi projetado para fornecer imagens km, enquanto que em modo pancromático elas possuem
para aplicações cartográficas em larga escala. O satélite está 70 km. A resolução espacial da banda 5 (1,55-1,70 pm)
melhorou para 23,5 x 23,5 m. Os dados são registrados
numa órbita polar síncrona com o Sol (618 km), regis­
usando arranjos lineares de 10.000 elementos com quanti­
trando imagens de todo o globo em 1867 órbitas com um
ciclo repetitivo de 126 dias. O CARTOSAT-1 tem duas zação de 10 bits. O sensor LISS-IV pode ser apontado late­
ralmente, o que possibilita um tempo de revisita de 5 dias.
câmeras pancromáticas (0,5-0,85 pm) com 2,5 x 2,5 m de
resolução espacial, que adquirem duas imagens simultane­
amente, uma visando 26° à frente e outra para trás (-5°) em O sensor AWiFS é uma versão melhorada do sensor WiFS
modo estéreo. Cada câmera usa um arranjo linear contendo do IRS-1C/1D. O AWiFS opera em quatro bandas espec­
12000 detectores (Krishnaswamy e Kalyanaraman, 2006). trais idênticas às do LISS-III, com uma resolução espacial
A faixa de imageamento é de 26 km. Todos os dados são de 56 x 56 m, cobrindo uma faixa de 740 km.
coletados com 10 bits de quantização.
Advanced Spaceborne Thermal Emission and
A plataforma pode ser manobrada para obter duas imagens Reflection Radiometer (ASTER)
pancromáticas, lado a lado, cobrindo 55 km. Os usuários
podem especificar dados corrigidos radiometricamente e
geometricamente, ou dados de precisão ortorretificados O ASTER é um esforço de cooperação entre a NASA e
(NRSA, 2006). o Ministério do Comércio Internacional e Indústria do
Imageamento Multiespectral Usando Arranjos Lineares 233

Tabela 7-11. C aracterísticas do sensor Advanced Spaceborne Therm al Emission and Reflection Radiom eter (ASTER)
da NASA.

Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER)


Resolução Resolução Resolução
Espectral do Espectral do Espectral do TIR
Banda VNIR (pm) Banda SWIR (pm) Banda (pm)
1 (nadir) 0,52 - 0,60 4 1,600 - 1,700 10 8,125 - 8,475
2 (nadir) 0,63 - 0,69 5 2,145 - 2,185 11 8,475 - 8,825
3 (nadir) 0,76 - 0,86 6 2,185 -2,225 12 8,925 - 8,275
3 (para trás) 0,76 - 0,86 7 2,235 - 2,285 13 10,25 - 10,95
8 2,295 - 2,365 14 10,95 - 11,65
9 2,360 - 2,430
“Pushbroom - “Whiskbroom -
“Pushbroom -
Tecnologia varredura varredura
varredura
(detector) eletrônica” mecânica”
PtSitSi Hg:Cd:Te
Resolução
15x15 30 x 30 90 x 90
Espacial (m)
Faixa de
60 km 60 km 60 km
Imageamento
Quantização 8-bits 8-bits 12-bits

Japão. O ASTER obtém informação detalhada sobre a o conjunto telescópico. Uma imagem da banda 3 (0,76-
temperatura de superfície, emissividade, reflectância e ele­ 0,86 pm) do infravermelho próximo (15 x 15 m) de Pearl
vação (NASA ASTER, 2006). É o único instrumento com Harbor, H l, obtida em 3 de junho de 2000, é mostrada
resolução espacial relativamente alta a bordo do satélite na Figura 7-32. Composições coloridas ASTER da ilha de
Terra (Tabela 7-11). É usado em conjunto com os sensores Oahu e Pearl Harbor, obtidas em 3 de junho de 2000,
MODIS, MISR e CERES, que monitoram a Terra com podem ser vistas na Prancha Colorida 7-8.
resoluções espaciais moderadas a grosseiras. O ASTER ser­
ve como uma lente zoom para os outros instrumentos do O subsistema do SWIR opera em seis bandas espectrais na
satélite Terra e é importante para a detecção de mudanças região de 1,6 a 2,43 pm por meio de um único telescópio
e estudos de calibração/validação (King, 2003). apontado ao nadir, que fornece uma resolução espacial de
30 x 30 m. O apontamento lateral (±8,55“) para recobri-
O ASTER obtém dados em 14 canais posicionados des­ mento das faixas adjacentes à faixa do nadir pode ser efeti­
de a região do visível até a do infravermelho termal do vado com um espelho de apontamento.
espectro eletromagnético. Consiste de três subsistemas de
instrumentos separados. As bandas individuais e as carac­ O subsistema do TIR opera em cinco bandas na região
terísticas dos subsistemas estão resumidas na Tabela 7-11. do infravermelho termal usando um único telescópio de
posição fixa e com visada ao nadir, com uma resolução
espacial de 90 x 90 m. Ao contrário dos outros subsistemas
O subsistema de detecção do VNIR opera em três bandas com tecnologia “pushbroom”, esse sistema é de varredura
espectrais nos comprimentos de onda do visível e do infra­ “whiskbroom” (ou mecânica) (Figura 7-3d). Cada banda
vermelho próximo com uma resolução espacial de 15 x 15 usa 10 detectores em um arranjo espacial com filtros ópti­
m. Esse subsistema consiste de dois telescópios - um diri­ cos específicos para cada banda sobre cada elemento detec­
gido ao nadir com detectores CCD em três bandas espec­ tor. O espelho de varredura funciona tanto para a varredu­
trais e outro para trás com detector CCD em uma única ra, quanto para o apontamento lateral (±8,55°). Durante a
banda. O telescópio de retrovisada fornece uma segunda varredura, o espelho move-se a 90° do nadir para observar
visada da área de estudo na banda 3 para observações este­ um corpo negro interno. A Figura 7-33 mostra imagens
reoscópicas. O apontamento perpendicular à trajetória em noturnas de diferentes datas da banda 14 (10,95-11,65
um ângulo de 24° do nadir é possível pela rotação de todo pm) do infravermelho termal (90 x 90 m), ilustrando o
234 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto

Imagem ASTER do Infravermelho Próximo de Pearl Harbor, Hawaii

Figura 7-32 Imagem da banda 3 do infravermelho próximo (0,76-0,86 pm, resolução de 15 x 15 m) do sensor ASTER/ Terra, obtida em
3 de junho de 2000 em Pearl Harbor, Hawaii (cortesia da NASA/GSFC/M1TI/ERSDAC/JAROS e do U.S./Japan ASTER
Science Team e Califórnia Institute ofTechnology).

fluxo de lava do Pu’u 0 ’o entrando no mar em Kamoku- Cada câmera MISR vê instantaneamente uma única linha
na, no lado sudeste da Ilha do Hawaii. de pixels em ângulos perpendiculares à trajetória do saté­
lite projetada no terreno em um formato “pushbroom”.
Multiangle Imaging Spectroradiometer (MISR) Cada câmera registra dados em quatro bandas: azul, verde,
vermelho e infravermelho próximo. Os comprimentos de
onda de cada banda são indicados na Figura 7-34. Cada câ­
O Multiangle Imaging Spectroradiometer (MISR - Es- mera tem quatro arranjos lineares de C CD independentes
pectrorradiômetro Imageador Multiângulo) foi construído (um por filtro) com 1054 pixels ativos por arranjo linear.
pelo Jet Propulsion Laboratory da NASA e é um dos cin­
co instrumentos a bordo do satélite Terra. O instrumento A câmera de visada ao nadir (rotulada de “An” na Figura
MISR mede o brilho da Terra em quatro bandas espectrais 7-34) fornece um imageamento menos distorcido pelos
e em nove ângulos de visada ao longo da linha de voo, efeitos da topografia do que o visto nas demais câmeras
distribuídos nas direções de espalhamento frontal e retro- MISR. E também a câmera menos afetada pelo espalha­
espalhamento. A amostragem espacial é feita a cada 275 m. mento atmosférico. A câmera do nadir fornece: 1) uma
Em um período de 7 minutos, uma faixa de imageamento referência útil para navegação dentro de todo o processo
de 360 km da Terra é registrada em todos os nove ângulos de imageamento MISR, e 2) uma imagem-base para fins
de visada (King, 2003; NASA MISR, 2006). de comparação com as demais imagens adquiridas em di­
ferentes ângulos de visada. Essas comparações geram in­
Uma ilustração dos nove ângulos de visada é apresen­ formação importante sobre a Função de Distribuição de
tada na Figura 7-34. Os sensores digitais “pushbroom ” Reflectância Bidirecional (BRDF) introduzida no Capítu­
imageiam a Terra nos ângulos de 26,1°, 45,6°, 60° e lo 1. A câmera do nadir oferece uma oportunidade para
70,5° para frente e para trás da visada vertical (nadir, comparar observações com outros sensores de visada ao
0o). Observe que os ângulos são os mesmos em torno nadir como os Landsat TM e ETM +. A câmera de visada
do nadir, ou seja, as câmeras estão dispostas sim etri­ ao nadir também facilita a calibração dos dados.
camente em torno do nadir. Em geral, maiores ângu­ As câmeras com ângulo de visada de 26,1° para frente
los de visada são mais sensíveis aos efeitos de aerossóis e para trás (Af e Aa) fornecem informação estereoscópi­
atmosféricos e aos efeitos de reflectância de nuvens, ca útil para medidas de elevação topográfica e altura de
enquanto ângulos menores são mais úteis para obser­ nuvens. As câmeras com ângulo de visada de 45,6° (Bf e
vação da superfície terrestre. Ba) foram planejadas para serem especialmente sensíveis às
Imageamento Multiespectral Usando Arranjos Lineares 235

Imagens ASTER do Infravermelho Termal de um Derrame de Lavas no Hawaii

Figura 7-33 Uma sequência de imagens noturnas da banda 14 (10,95-11,65 pm) do infravermelho termal (90 x 90 m) do sensor ASTER/
Terra, mostrando o fluxo de lava do Pu’u 0 ’o entrando no mar em Kamokuna, no lado sudeste da Ilha do Hawaii. As imagens
foram obtidas em a) 22 de maio de 2000, b) 30 de junho de 2000, e c) 1 de agosto de 2000. Quanto mais claro for o pixel,
maior é a temperatura da lava (cortesia da NASA/GSFC/MIT1/ERSDAC/JAROS e do U.S./Japan ASTER Science Team e
Califórnia Institute ofTechnology).

propriedades atmosféricas dos aerossóis. As câmeras com mapeamento e eventualmente em outras aplicações (Space
ângulos de visada de 60° avante e a ré (Cf e Ca) fornecem Imaging, 2006). A guerra, durante o início do século 21,
observações visando através da atmosfera com o dobro da tem criado uma demanda militar significativa para o ima­
quantidade de ar da visada ao nadir (vertical). Isto fornece geamento comercial de alta resolução espacial.
informação ímpar sobre o albedo hemisférico da superfí­
cie terrestre. As câmeras com ângulos de visada de 70,5° Todas as empresas oferecem um serviço de compra on-line
avante e a ré (D f e Da) fornecem máxima sensibilidade aos na internet. As empresas oferecem um conjunto padrão
efeitos de visada fora do nadir. A comunidade científica e não-padrão de produtos que podem ser adaptados às
está interessada em obter informação quantitativa sobre necessidades do usuário, incluindo a criação de modelos
nuvens e sobre a superfície da Terra no maior número pos­ digitais de elevação a partir dos dados de sensores remotos.
sível de ângulos de visada. As companhias comerciais de sensoriamento remoto tipi­
camente estabelecem o preço do imageamento de acordo
Sistemas de Sensoriamento Remoto com Arranjo com o tipo de produto solicitado e a quantidade de cober­
Linear e Alta Resolução Espacial tura geográfica desejada (km2). Os sensores usados por es­
sas companhias são baseados primariamente em tecnologia
C CD de arranjo linear (Figura 7-3c). As características dos
Em 1994, o governo americano deu permissão às compa­ sistemas sensores estão resumidas na Tabela 7-12.
nhias civis para comercializar dados de sensores remotos
de alta resolução espacial (de aproximadamente 1 x 1 m DigitalGlobe, Inc., EarlyBird e QuickBird
a 4 x 4 m). Isto resultou na criação de consórcios comer­
ciais para ter o capital necessário para produzir, lançar e A companhia Earth Watch, Inc., lançou o EarlyBird em 1996
comercializar tais dados. As companhias que se destacam com uma banda pancromática (3 x 3 m) e com três bandas
são a Space Imaging, Inc., a ORBIMAGE, Inc., a Digital- no visível e infravermelho próximo (VNIR) com resolução
Globe, Inc. e a ImageSat International, Inc. Essas com­ espacial de 15 x 15 m. Infelizmente, a EarthWatch perdeu
panhias entraram no mercado de Sistemas de Informação contato com o satélite. A EarthWatch (agora DigitalGlobe,
Geográfica (GIS) e de mapeamento cartográfico, que era Inc.) lançou o QuickBird em 18 de outubro de 2001 em
tradicionalmente dominado pela indústria de aerofoto- uma órbita de 600 km. É interessante observar que o satélite
grametria. Alguns estimam o crescimento da indústria de está em uma órbita de 66° que não é síncrona com o Sol. Os
observação da Terra em 5 a 15 bilhões de dólares por ano. tempos de revisita variam de 1 a 5 dias, dependendo da lati­
As companhias comerciais de sensoriamento remoto espe­ tude. Ele tem uma faixa de imageamento de 20 a 40 km. O
ram ter um impacto em mercados tão diversos como os da QuickBird tem uma banda pancromática de 0,61 x 0,61 m
agricultura, manejo de recursos naturais, governos locais e e quatro bandas no visível/infravermelho próximo de 2,44
regionais, transporte, resposta a emergências ou desastres, x 2,44 m de resolução espacial (Tabela 7-12). Os dados são
236 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto

Multiangle Imaging Spectroradiometer

Sensores Df Cf Bf Af An Aa Ba Ca Da
Ângulo de
70,5” 60” 45,6“ 26,1" 0” 26,1" 45,6" 60" 70,5"
visada
425 - 467 nm

5 4 3 -5 7 1 nm

660 - 682 nm

846 - 886 nm

275 x 275 m 1,1 x 1,1 km 275 m 1,1 km

Figura 7-34 Representação artística do Multiangle Imaging Spectroradiometer (MISR) do EOS Terra. O MISR usa tecnologia de arranjo
linear para adquirir imagens do terreno em quatro bandas e nove ângulos de visada: Nadir (0”) e em 26,1°, 45,6°, 60°, e 70,5°
para frente e para trás do nadir (adaptado de NASA Jet Propulsion Laboratory).

quantizados em 11 bits (os valores de brilho variam de 0 a com meio metro de resolução2*. O WorldView I será capaz
2047). O sensor pode ser apontado para diversas direções de transmitir diretamente as imagens para os clientes.
para obter dados estereoscópicos (Digital-Globe, 2006).

A Digital-Globe planeja lançar uma nova geração de siste­ O WorldView II coletará dados pancromáticos de 0,5 x
mas de sensoriamento remoto de alta resolução denomi­ 0,5 m e dados multiespectrais de 1,8 x 1,8 m. Além das
nada WorldView I e WorldView II (Digital Globe, 2005). quatro bandas multiespectrais tradicionais, ele incorpo­
O WorldView I fornecerá imageamento pancromático com rará quatro novas bandas (costeira, amarelo, borda ver­
resolução espacial de 0,5 x 0,5 m, com um tempo de revisi­ melha e infravermelho próximo-2).
ta de 1,7 dias e com uma faixa de imageamento de 16 km.
Será capaz de coletar até 500.000 km2 por dia de imagens

2 * O WorldView-I foi lançado em 18 de Setembro de 2007. (N.T.)


Imageamento Multiespectral Usando Arranjos Lineares 237

Tabela 7-12. Características dos sensores da Space Imaging/GeoEye, Inc., (satélite /KOA/OS); da ORBIMAGE, Inc.,
(satélite O rb V ie w -3 ) e da Digital-Globe, Inc., (satélite Q u ic k B ird ).
Space Imaging/GeoEye, Inc. ORBIMAGE, Inc. Digital-Globe, Inc.
IK O N O S O rb V ie w -3 Q u ic k B ir d
Resolução Resolução Resolução
Resolução Espacial Resolução Espacial Resolução Espacial
Espectral ao Nadir Espectral ao Nadir Espectral ao Nadir
Banda (pm) (m) Banda (pm) (m) Banda (pm) (m)

1 0,45 - 0,52 4x4 1 0,45-0,52 4x4 1 0,45 - 0,52 2,44 x 2,44


2 0,52 - 0,60 4x4 2 0,52 - 0,60 4x4 2 0,52 - 0,60 2,44 x 2,44
3 0,63 - 0,69 4x4 3 0,625 - 0,695 4x4 3 0,63 - 0,69 2,44 x 2,44
4 0,76 - 0,90 4x4 4 0,76 - 0,90 4x4 4 0,76 - 0,89 2,44 x 2,44
Pan 0,45 - 0,90 1 X1 Pan 0,45 - 0,90 1X1 Pan 0,45 - 0,90 0,61 x 0,61
“Pushbroom” de arranjo
Sensor “Pushbroom” de arranjo linear “Pushbroom” de arranjo linear
linear
Faixa de
11 km 8 km 20 a 40 km
Imageamento
Taxa 25 Mb/s 50 Mb/s 50 Mb/s
Revisita < 3 dias < 3 dias 1 a 5 dias dependendo da latitude
681 km, síncrona com o 600 km, não-síncrona com o Sol,
470 km, síncrona com o Sol, Cruza­
Órbita Sol, Cruzamento equato­ horário variável de cruzamento
mento equatorial às 10:30 horas
rial às 10-11 horas equatorial
27 de abril de 1999
Lançamento (falhou), 24 de setembro 26 de junho de 2003 18 de outubro de 2001
de 1999

planejamento urbano e de recursos terrestres. A imagem


Space Imaging/GeoEye, Inc., IKONOS IKONOS de Columbia, SC, é mostrada na Prancha Co­
lorida 7-9.
A companhia Space Imaging, Inc., lançou o IKONOS em
27 de abril de 1999. Infelizmente, o satélite não atingiu Em 12 de janeiro de 2006, a ORBIMAGE Holdings Inc.
sua órbita. A Space Imaging lançou um segundo IKONOS comprou a Space Imaging, Inc. (GeoEye, 2006). A com­
em 24 de setembro de 1999. O sensor do satélite IKONOS panhia resultante dessa operação faz agora negócios sob
tem uma banda pancromática de 1 x 1 m e quatro bandas a denominação de GeoEye, Inc. A GeoEye opera três sa­
multiespectrais no visível e no infravermelho próximo com télites de sensoriamento remoto, incluindo o IKONOS,
4 x 4 m de resolução espacial (Space Imaging, 2006). As o OrbView-2 e o Orb-View-3. A GeoEye planeja lançar
características do sensor estão resumidas na Tabela 7-12. outro satélite em 2007 com uma resolução espacial de 0,4
O IKONOS está em órbita de 681 km síncrona com o Sol x 0,4 m (GeoEye, 2006).3*
com um horário descendente de cruzamento equatorial
entre 10 e 11 horas. Ele tem instrumentos para observação ImageSat International, Inc., EROS A l
ao longo da trajetória do satélite e perpendicular a ela, o
que torna a aquisição de dados flexível e o tempo de re­ A companhia ImageSat International, Inc., lançou com
visita frequente: <3 dias com resolução espacial de 1 x 1 sucesso, em 5 de dezembro de 2000, o satélite EROS A l,
m (para ângulos de visada <26°) e 1,5 dias com resolução usando um foguete Star-1 da Rússia a partir de Svobodni,
espacial de 4 x 4 m. A faixa nominal de imageamento é de Sibéria (ImageSat, 2006). O EROS Al foi construído pela
11 km. Os dados são quantizados em 11 bits. A primeira Aircraft Industry's MBT Division de Israel. O satélite está
imagem pancromática IKONOS (1 x 1 m) foi obtida em em órbita de 480 km, síncrona com o Sol, com um horá­
30 de setembro de 1999 sobre o centro de Washington, rio de cruzamento equatorial às 9:45 horas. O EROS Al
DC (Figura 7-35). A imagem contém detalhe de alta re­
solução espacial suficiente para muitas investigações de 3 ' O GeoEye-1 foi lançado com sucesso em 26/09/2008. (N.T.)
238 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto

Imagem Pancromática do IKONOS de Washington, D C

a. Imagem pancromática IK ON OS (1 x 1 m) de Washington, DC b. Visão ampliada do M onum ento de Washington.

Figura 7-35 a) Imagem pancromática IKONOS ( l x l m) de Washington, DC, obtida em 30 de setembro de 1999. O M onum ento de Wa­
shington e a Casa Branca são visíveis, b) Ampliação do Monumento de Washington (cortesia Space Imaging/GeoEye, Inc.).

é um sistema de sensoriamento remoto com uma única de imageamento de 15,2 km. O OrbView-5 será útil para
banda pancromática. A resolução espacial é de 1,8 x 1,8 aplicações de engenharia fotogramétrica.
m (padrão) ou de 1 x 1 nr (modo superamostrado). Uma
imagem EROS Al da Base Submarina de Kamchatka na Airbome Digital Sensor System-40 da Leica Geosystems
Rússia é mostrada na Figura 7-36. A ImageSat planeja lan­
çar o EROS B e outros satélites para criar uma constelação A câmera digital ADS-40 da Leica Geosystems usa a tec­
de satélites comerciais de alta resolução. nologia de arranjo linear de detectores. Ela se baseia no ar­
ranjo linear de CCDs com 12000 elementos. Os arranjos
ORBIMAGE, Inc., OrbView-3 lineares funcionam em harmonia para obter imagens es­
tereoscópicas para aplicações fotogramétricas. O ASD-40
A ORBIMAGE, Inc., lançou o OrbView-3 em 26 de junho coleta dados de acordo com as especificações resumidas na
de 2003 com dados pancromáticos com 1 x 1 m e quatro Tabela 7-13 e a lógica mostrada na Figura 7-37. Três dos
bandas multiespectrais no visível e infravermelho próximo arranjos lineares coletam dados pancromáticos: um olha
com 4 x 4 m de resolução espacial (Orbimage, 2006). O para frente com 28,4°, o outro ao nadir e o último para
OrbView-3 tem uma órbita de 470 km síncrona com o Sol trás com -14,2° [existem de fato dois arranjos lineares com
com um horário de cruzamento equatorial às 10:30 horas e 12000 elementos em cada um desses três locais, que são
uma faixa de imageamento de 8 km. O sensor revisita cada analisados em conjunto para fornecer dados pancromáti­
local da Terra em menos de três dias com uma habilidade cos] (McClone, 2004).
de girar de um lado para outro de até 45°. As especificações
do sensor OrbView-3 estão resumidas na Tabela 7-12. Os arranjos lineares sensíveis ao azul, verde e vermelho co­
letam dados com ângulo de 14,2° fora do nadir. As medi­
A ORBIMAGE, Inc. planeja lançar o OrbView-5 (Orbi­ das do azul, verde e vermelho são obtidas com um sistema
mage, 2006). Ele terá a mesma configuração de bandas do óptico tricróide, que segmenta a luz incidente nas compo­
OrbView-3, mas a banda pancromática terá 0,41 x 0,41 nentes vermelho, verde e azul usando filtros dicróicos. Isso
m e as bandas multiespectrais terão 1,64 x 1,64 m de re­ resulta em informação perfeitamente registrada no azul,
solução espacial. Ele poderá ser apontado e terá uma faixa verde e vermelho. Um arranjo linear sensível ao infraver-
Espectrometria Usando Arranjos Lineares e de Área (Sensoriamento Remoto Hiperespectral) 239

Imagem Pancromática do EROS A l da Base Submarina de Kamchatka, Rússia

Figura 7-36 Imagem pancromática (1,8 x 1,8 m) da Base Submarina de Kamchatka na fronteira leste da Rússia, obtida pelo sistema de
sensoriamento remoto EROS A l em 25 de dezembro de 2001 (cortesia da ImageSat, International, Inc.).

melho próximo visa 2o fora do nadir adjacente ao arranjo Muitos materiais de superfície, mas não todos, possuem
linear pancromático ao nadir. feições de absorção com largura de 20 a 40 nm diagnosticas
da sua presença na cena. Portanto, sistemas de imageamen­
Espectrometria Usando Arranjos to espectral que adquirem dados em bandas contíguas de
Lineares e de Área (Sensoriamento 10 nm de largura produzem dados com resolução espectral
Remoto Hiperespectral) suficiente para a identificação direta desses materiais nas
imagens hiperespectrais. Por exemplo, a Figura 7-38 exibe
Esta seção descreve um importante avanço no sensoria­ espectros de culturas agrícolas obtidos com alta resolução
mento remoto, conhecido pela denominação “espectrome­ espectral no intervalo de 400 a 1000 nm usando um espec­
tria de imageamento ou sensoriamento remoto hiperespectral”, trômetro de imageamento em uma área agrícola próxima a
definido como a aquisição simultânea de imagens em um Bakersfield, CA. Os espectros de absorção para o algodão
grande número de bandas espectrais relativamente estrei­ Pima e Royale diferem um do outro em torno de 725 nm,
tas, contíguas d ou não-contíguas nas porções ultravioleta, comprimento de onda onde a borda vermelha (“red edge”)
visível e infravermelho do espectro eletromagnético. está localizada, até 900 nm. Isso indica a possibilidade de
que espécies dentro de um mesmo tipo de cultura possam
No passado, a maioria dos dados de sensoriamento remoto ser discriminadas (SBRC, 1994). Os sensores do Landsat e
era adquirida em 4 a 12 bandas espectrais. A espectrometria SPOT HRV, que têm bandas relativamente largas, podem
de imageamento torna possível a aquisição simultânea de não ser capazes de medir essas diferenças espectrais.
dados em centenas de bandas espectrais. Devido à natureza
muito precisa dos dados adquiridos pela espectrometria de O imageamento simultâneo em muitas bandas espectrais
imageamento, alguns problemas associados com recursos contíguas requer novas abordagens para a construção de
terrestres podem ser investigados com maior detalhe. sistemas sensores remotos. Uma abordagem é aumentar
o tempo de permanência de um detector em cada IFOV
O valor de um espectrômetro de imageamento reside em usando um arranjo linear de elementos detectores (Figura
sua habilidade de fornecer um espectro de reflectância de 7-3c). Nesta configuração, há um elemento detector de­
alta resolução para cada elemento de cena (pixel) na ima­ dicado para cada pixel no sentido transversal à órbita, o
gem. O espectro de reflectância na região de 0,4 a 2,5 |tm que aumenta o tempo de permanência para o intervalo
pode ser usado para identificar diversas classes de materiais necessário para mover um IFOV ao longo da direção da
de cobertura da superfície que não podem ser identifica­ linha de voo.
das com sistemas de imageamento de banda larga ou baixa
resolução espectral, como os Landsat MSS, TM e SPOT. Duas abordagens mais práticas para a espectrometria de ima-
240 CAPITULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto

Airborne Digital Sensor (ADS-40)

Reflectância de um
pixel no IFOV

Figura 7-37 Características do Airborne Digital Sensor - Sensor Digital Aerotransportado - (ADS-40) da Leica Geosystems. a) Comparti­
mento da câmera digital, b) Sistema óptico tricróide. c) Configuração dos arranjos lineares com 12000 elementos das cameras
com visada para frente, para trás e ao nadir (adaptado de Leica Geosystems, Inc.).
Espectrometria Usando Arranjos Lineares e de Area (Sensoriamento Remoto Hiperespectral) 241

Tabela 7-13. Características do Airborne Digital sensor


40 (ADS-40) da Leica GeoSystems.

Resolução Resolução
Espectral Espacial (cm)
Banda (nm) ao Nadir

variável
15 cm @
Pan 465 - 680
1450 m de
altitude
Azul 430 - 490 variável
Verde 535 - 585 variável
Vermelho 610-660 variável
Infravermelho Próximo 835 - 885 variável
Figura 7-38 Espectros de culturas agrícolas obtidos por um espec­
Sensor 7 arranjos lineares de CCDs trômetro de imageamento para algodão Pima e Royale
e para uma estrada. Os espectros foram extraídos de
Faixa de
12.000 pixels dados de 2 x 2 m de resolução espacial, coletados pró­
Imageamento
ximo a Bakersfield, CA.
Tamanho do Detector 6,5 pm
Detectores por Arran­ Pancromático = 2 x 12.000 gura de banda. De forma oposta, espectrômetros de ima­
jo Linear Multiespectral = 12.000 geamento amostram em intervalos espectrais próximos
Resolução (bandas da ordem de dezenas de nanômetros de largura de
12 bits
Radiométrica banda) e têm um número suficiente de bandas espectrais
Distância Focal 62,7 mm que permite a obtenção de espectros que se assemelham
1:500 - 1:5.000 (dependendo aos medidos por instrumentos de laboratório. A análise
Maior Escala de Apli­
cação da altitude de voo) de dados de espectrômetros de imageamento possibilita a
extração de um espectro detalhado para cada pixel na ima­
Applanix POS IMU com gem (Figura 7-39). Esses espectros frequentemente permi­
Georreferenciamento
GPSe INS tem a identificação direta de materiais específicos dentro
do IFOV do sensor com base em suas características de
geamento são mostradas nas Figuras 7-3d e 3e. A abordagem reflectância, incluindo minerais, gases atmosféricos, vege­
“whiskbroom” com arranjo linear (Figura 7-3d) é análoga tação, neve e gelo, e matéria dissolvida em corpos d’água.
àquela usada para o Landsat MSS e ETM+, exceto que o flu­
xo radiante proveniente de um IFOV é transmitido para um A análise de dados hiperespectrais normalmente requer o
espectrômetro, onde sofre dispersão e é focalizado sobre um uso de aplicativos sofisticados de processamento de ima­
arranjo linear de detectores. Portanto, cada pixel é simultane­ gens digitais (p.ex., ENVI). Isto ocorre devido ao fato de
amente medido em tantas bandas espectrais quantos forem os que normalmente é necessário calibrar (converter) os da­
elementos detectores no arranjo linear. Para o imageamento de dos de radiância para valores de reflectância de superfície
alta resolução espacial, esta abordagem é adequada apenas para antes da interpretação propriamente dita. Isto equivale a
um sensor aerotransportado, que voa lentamente e quando o remover os efeitos atmosféricos, efeitos topográficos (de-
tempo de leitura do arranjo de detectores for uma pequena clividade, aspecto), e de qualquer anomalia do sensor. De
fração do tempo de integração. Devido à alta velocidade dos forma similar, para otimizar a extração de informação,
satélites, a espectrometria de imageamento orbital requer o uso normalmente é necessário usar algoritmos que: 1) anali­
de arranjos bidimensionais de área (Figura 3-e). Isto elimina a sem os espectros para determinar os seus materiais consti­
necessidade do mecanismo de varredura óptica. Nesta situação, tuintes, e 2) comparem os espectros dos pixels com os de
existe uma coluna de elementos detectores espectrais dedicada uma biblioteca espectral obtida, por exemplo, usando es-
para cada pixel no sentido transversal na cena. pectrorradiômetros portáteis, como a biblioteca colocada à
disposição pelo U.S. Geological Survey (Jensen, 2005).
Portanto, sistemas tradicionais de sensoriamento remo­
to de banda larga, como os Landsat MSS e SPOT HRV, As agências governamentais e firmas comerciais têm pro­
subamostram a informação disponível em um espectro de jetado centenas de espectrômetros de imageamento capa­
reflectância por fazerem apenas umas poucas medidas em zes de adquirir dados hiperespectrais. Está fora do escopo
bandas espectrais com até centenas de nanômetros de lar- deste livro listar todos eles. Apenas três sistçmas são des-
242 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto

NASA Airborne Visible Infrared Imaging Spectrometer

Escâner
“whiskbroom”
do AVIRIS

— 400 nm

224
bandas (k)
com largu­
ra espectral
de 10 nm
— 2500 nm

l:^ Z (6’4

'to j reH.
7/ C ^

O fluxo radiante (O), num IFOV (P) de 1,0 mrad é direcionado por
um espelho de varredura para arranjo linear de detectores:
• Silício (Si) para as bandas do visível;
• Antimoneto de índio (InSb) para as bandas do infravermelho

500 1000 1500 2000 2500


Comprimento de O nda (nm)

Figura 7-39 Representação conceituai da espectroscopia de imageamento com o uso do Airborne Visible/Infrared Imaging Spectrometer
(AVIRIS - Espectrômetro Imageador Visível e Infravermelho Aerotransportado) da NASA/JPL. O espelho de varredura
focaliza o fluxo radiante sobre arranjos lineares que contêm 224 elementos detectores com uma sensibilidade espectral de
400 a 2500 nm. Um espectro de radiância (L) ou reflectância pode ser obtido para cada pixel. A cena AVIRIS foi adquirida
sobre o Kennedy Space Center, FL. Apenas a banda 30 (655 nm) é exibida (adaptado de Filippi, 1999).

critos: o Airborne Visible/Infrared Imaging Spectrometer jos de área para o infravermelho (Vane e Goetz, 1993). A
(AVIRIS) da NASA/JPL, o sensor comercialmente dis­ cobertura espectral do instrumento era de 1,9 a 2,1 pm
ponível Compact Airborne Spectrographic Imager 1500, no “modo árvore” e de 1,2 a 2,4 pm no “modo rocha” em
e o Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer da bandas contíguas com 9,3 nm de largura.
NASA a bordo do satélite Terra.
Para adquirir dados com maior cobertura espectral e espa­
Airborne Visible/Infrared Imaging Spectrometer cial, o AVIRIS foi desenvolvido pelo Jet Propulsion Labo-
(AVIRIS) ratory da NASA em Pasadena, CA (Tabela 7-14). Usando
um espelho de varredura “whiskbroom” e arranjos lineares
de silício (Si) e antimoneto de índio (InSb), configurados
O primeiro espectrômetro de imageamento aerotrans­ como mostrado na Figura 7-3d, o AVIRIS adquire ima­
portado (denominado AIS) foi construído para testar o gens em 224 bandas na faixa de 400 a 2500 nm, cada ban­
conceito de espectrometria de imageamento com arran­ da com 10 nm de largura (NASA AVIRIS, 2006). 1 ipica-
Espectrometria Usando Arranjos Lineares e de Área (Sensoriamento Remoto Hiperespectral) 243

Tabeia 7-14. Características dos sistemas de sensoriamento remoto hiperespectral Airborne Visible/Infrared Imaging
Spectrom eter (AVIRIS) da NASA e do Compact Airborne Spectrographic Imager 1500 (CASI 1500) da
ITRES Research, Ltd.
Resolução Intervalo Campo
Espectral Espectral Quantização IFOV de Visada
Sensor Tecnologia (nm) (nm) Número de Bandas (bits) (mrad) Total (°)
AVIRIS Arranjo linear 400 - 2500 10 224 12 1,0 30°
“whiskbroom”

CASI CCD em 400 - 1050 2,2 288 bandas possíveis 14 0,49 40,5”
1500 arranjo linear com 2,2 nm de largura;
(1480) o número de bandas e o
e de área número de pixels no sentido
(1480 x288) transversal são programáveis

mente, o sensor voa a bordo de uma aeronave NASA/ARC do CCD de área, quando a aeronave move-se ao longo da
ER-2 a 20 km de altitude e tem um campo de visada total trajetória de voo, uma imagem bidimensional de alta reso­
de 30° e um 1FOV de 1,0 mrad, o que resulta em pixels lução espectral é formada. Visto que os fluxos radiantes de
de 20 x 20 m. Os dados são gravados em 12 bits (valores todos os pixels em uma determinada varredura são regis­
de 0 a 4095). trados simultaneamente, o co-registro espacial e espectral é
assegurado. A resolução espacial perpendicular à trajetória
As características do AVIRIS estão resumidas na Figura de voo é determinada pela altitude do CASI e pelo IFOV,
7-39. O diagrama exibe a imagem de uma única banda enquanto a resolução ao longo da trajetória depende da ve­
do AVIRIS (banda 30; 655 nm), obtida sobre o Kenne- locidade da aeronave e da taxa de leitura do CCD.
dy Space Center, FL, e um espectro de radiância extraída
para um único pixel de vegetação de um tipo de palmeira O CASI 1500 pode ser programado para coletar dados em
denominada “saw palmetto (Serenoa reppens)”. A Prancha 14 bits em vários modos (Tabela 7-14) (ITRES, 2006):
Colorida 7-10 exibe a porção de uma imagem AVIRIS ad­
quirida sobre Moffett Field, CA, no extremo sul da Baía de • Modo espacial - onde a resolução máxima de 1480 pixels
São Francisco. Três das 224 bandas espectrais foram usadas é obtida para até 19 bandas espectrais sem superposição,
para produzir a composição colorida da face do cubo hipe­ sendo possível programar o centro e a largura das bandas.
respectral. As áreas pretas no cubo representam bandas de
absorção atmosférica por vapor d’água em 1,4 e 1,9 pm. • Modo hiperespectral —até 1480 pixels adjacentes pro-
gramáveis e até 288 bandas em toda a faixa espectral.
Compact Airborne Spectroqraphic Imaqer 1500 • Modo completo - 1480 pixels (perpendicular à trajetó­
(CASI 1500) ria) e 288 bandas espectrais.

As bandas específicas são selecionadas de acordo com a


A companhia ITRES Research, Ltd., do Canadá comerciali­ aplicação (p.ex., mapeamento batimétrico, concentração
za o sistema de sensoriamento remoto CASI. O CASI 1500 de clorofila a). O resultado é um sistema de sensoriamento
é um espectrômetro de imageamento “pushbroom” baseado remoto de arranjo programável que pode ser o precursor
no uso de um CCD em arranjo linear transversal de 1480 de futuros satélites com sistemas sensores hiperespectrais.
elementos e de um CCD em arranjo de área (matriz bidi­
mensional) de 1480 x 288 (Figura 7-3e) elementos. O ins­ O ITRES também comercializa o SASI 600. Este é o pri­
trumento opera na faixa espectral de 400 a 1050 nm e tem meiro sistema hiperespectral no SWIR que coleta dados
um campo de visada total de 40,5° (ITRES, 2006). no infravermelho em 100 bandas posicionadas na faixa de
950 a 2450 nm, em intervalos de 15 nm, com uma faixa
Uma única linha do terreno com largura de 1480 pixels, de imageamento de 600 pixels (ITRES, 2006).
perpendicular à trajetória de voo, é vista pela óptica do es­
pectrômetro (Figura 7-40). A radiância proveniente de um Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer
determinado IFOV é espectralmente dispersa ao longo do (MODIS)
eixo do CCD matricial bidimensional, de tal forma que um
espectro de energia (do azul ao infravermelho próximo) é
obtido para cada pixel. Pela leitura repetitiva do conteúdo Embora não seja um sensor hiperespectral, o Moderate Re-
244 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto

Aquisição de Dados Hiperespectrais Usando Arran­ perpendicular ao deslocamento do satélite, de uma óptica
jos Lineares e de Área (matrizes bidimensionais) coletora e de um conjunto de arranjos lineares de detecto­
res com filtros espectrais de interferência localizados em
quatro planos focais (Figura 3-d). O instrumento coleta
dados em 36 bandas espectrais coregistradas: 20 bandas na
faixa de 0,4 a 3 pm e 16 bandas na faixa de 3 a 15 |tm. As
bandas e suas aplicações estão resumidas na Tabela 7-15.

A resolução espacial grosseira do M ODIS varia de 250 x


250 m (bandas 1 e 2) a 500 x 500 m (bandas 3 a 7) e 1
x 1 km (bandas 8 a 36). Uma imagem da banda 4 (ver­
de; 0,545-0,565 pm) do Delta do Nilo, no Rio Nilo, e
grande parte das vizinhanças do Mar Morto é apresentada
na Figura 7-41 a. A vegetação sadia absorve a maior parte
do fluxo radiante incidente do verde e, portanto, as áreas
com vegetação são registradas em tons escuros na imagem
MODIS. O MODIS fornece imagens da reflexão diurna
e emissão diurna/noturna de qualquer ponto da Terra a
cada dois dias. A faixa de imageamento é 2330 km. Uma
imagem composta da cobertura global do M ODIS em 19
de abril de 2000 é mostrada na Figura 7-4 lb.

O MODIS tem um dos mais compreensivos subsistemas


de calibração já existentes em um instrumento de sensoria­
mento remoto. O hardware de calibração inclui um difu­
Figura 7-40 Aquisição de dados hiperespectrais usando um sensor sor solar, um monitor de estabilidade do difusor solar, um
“pushbroom” com arranjo linear, que distribui a ener­ instrumento de calibração espectrorradiométrica, um cor­
gia sobre um arranjo de área de 1480 x 228 elementos po negro para calibração termal e uma abertura para visada
sensíveis à faixa espectral de 400 a 1050 nm. do espaço. A calibração possibilita que os dados ópticos
sejam convertidos para reflectância. Os dados do M ODIS
solution Imaging Spectroradiometer (MODIS) representa são também processados para criar diversos bancos de da­
um importante avanço em termos de resolução espectral. dos globais, incluindo (NASA M ODIS, 2006):
O M ODIS voa a bordo dos satélites da NASA EOS Ter­
ra (horário de cruzamento equatorial pela manhã) e Aqua • variáveis dos ecossistemas terrestres (p.ex., índices de
(horário de cruzamento equatorial à tarde). O MODIS vegetação, índice de área foliar, fração de radiação fo-
fornece observações de longo prazo para obter um me­ tossinteticamente ativa, produção primária total da ve­
lhor conhecimento da dinâmica global e dos processos getação);
que ocorrem na superfície da Terra e na baixa atmosfera
(King, 2003; NASA M ODIS, 2006). Ele fornece obser­ • variáveis atmosféricas (p.ex., fração de nuvens, espessu­
vações simultâneas das feições atmosféricas (cobertura de ra óptica das nuvens, profundidade óptica de aerossóis,
nuvens e propriedades associadas), oceânicas (temperatura etc.);
da superfície do mar e clorofila) e terrestres (mudanças de
cobertura da terra, temperatura da superfície do terreno e • variáveis dos oceanos (p.ex., temperatura da superfície
propriedades da vegetação). do mar e clorofila).

O M ODIS está em uma órbita de 705 km síncrona com Câmeras Digitais de Quadro
o Sol. Ele observa toda a superfície da Terra a cada um ou Baseadas em Arranjos de Área
dois dias. Tem um campo de visada de ±55° do nadir, o (Matrizes Bidimensionais)
que resulta numa faixa de imageamento de 2330 km. O
M ODIS obtém imagens de alta resolução radiométrica (12 O Dispositivo de Cargas Acopladas (charge-coupled-devi-
bits) da radiação solar refletida e da emissão termal diurna/ ce —CCD) foi inventado no final de 1960 pelos cientistas
noturna sobre todas as regiões do globo. O MODIS é um da Bell Labs. Ele foi originalmente concebido como um
radiômetro de imageamento por varredura “whiskbroom”, novo tipo de circuito de memória de computador, mas
que consiste de um espelho de varredura com movimento logo se tornou evidente que ele tinha muitas outras aplica-
Câmeras Digitais de Quadro Baseadas em Arranjos de Area (Matrizes Bidimensionais) 245

Tabela 7-15. Características do Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer (MODIS) a bordo do satélite Terra.

R e s o lu ç ã o E s p e c tra l
B anda (p m ) R e s o lu ç ã o E s p a c ia l U tilid a d e d a B a n d a

1 0,620 - 0,670 250 x 250 m Classificação de cobertura da terra, absorção por


2 0,841 - 0,876 250 x 250 m clorofila, mapeamento do índice de área foliar
3 0,459 - 0,479 500 x 500 m Propriedades da terra, nuvens e aerossóis
4 0,545 - 0,565 500 x 500 m
5 1,230- 1,250 500 x 500 m
6 1,628 - 1,652 500 x 500 m
7 2,105-2,155 500 x 500 m
8 0,405 - 0,420 1 x 1 km Cor dos oceanos, fitoplâncton, biogeoquímica
9 0,438 - 0,448 l x l km
10 0,483 - 0,493 1 x 1 km
11 0,526-0,536 1 x 1 km
12 0,546-0,556 l x l km
13 0,662 - 0,672 1 x 1 km
14 0,673 - 0,683 1 x 1 km
15 0,743 - 0,753 l x l km
16 0,862 - 0,877 1 x 1 km
17 0,890 - 0,920 l x l km Vapor d água atmosférico
18 0,931 -0,941 1 x 1 km
19 0,915-0,965 1 x 1 km
20 3,600 - 3,840 l x l km Temperatura de superfície-nuvem
21 3,929 - 3,989 1 x 1 km
22 3,929 - 3,989 1 x 1 km
23 4,020 - 4,080 1 x 1 km
24 4,433 - 4,498 1 x 1 km Temperatura atmosférica
25 4,482 - 4,549 1 x 1 km
26 1,360- 1,390 1 x 1 km Nuvens cirrus
27 6,535 - 6,895 l x l km Vapor d água
28 7,175 -7,475 1 x 1 km
29 8,400 - 8,700 1 x 1 km
30 9,580 - 9,880 1 x 1 km Ozônio
31 10,780- 11,280 l x l km Temperatura de superfície-nuvem
32 11,770- 12,270 l x l km
33 13,185 - 13,485 1 x 1 km Altitude do topo das nuvens
34 13,485 - 13,785 l x l km
35 13,785 - 14,085 1 x 1 km
36 14,085 - 14,385 l x l km

ções, incluindo a coleta de dados de imagens, em função formato, que se baseiam em tecnologia de arranjo de área
da sensibilidade do silício à luz. (quadro) (Z/I DM C e Vexcel Ultracam).

As características gerais das câmeras digitais de pequeno, Aquisição de Dados Digitais de Pequeno
médio e grande formato foram introduzidas no Capítulo Formato: Leica Geossystems Emerge Digital
4. Esta seção resume as características e fornece exemplos Sensor System
de três câmeras digitais modernas. Iniciamos com a câme­
ra de pequeno formato da Leica Geosystems, denominada
Emerge Digital Sensor System (DSS), que se baseia em A Digital Sensor System (DSS) usa uma câmera digital
tecnologia de arranjo de área (Figure 3-f). Em seguida, de arranjo de área que adquire imagens contendo 4092 x
discutimos câmeras digitais mais sofisticadas de grande 4079 pixels (Tabela 7-16). Cada pixel no arranjo de área é
246 CAPITULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto

Imagem do Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer (M ODIS)

do Nilo, obtida em 28 de fevereiro de 2000. Terra M ODIS em 19 de abril de 2000.

Figura 7-41 Imagem da banda 4 (verde: 0,545-0,565 (.im) do sensor M O D IS /Terra, do Delta do Rio Nilo com vegetação densa, e dos arre­
dores do Mar Morto. A imagem da banda 4 tem uma resolução espacial de 500 x 500 m. b) Uma imagem composta da banda
1 (vermelho: 0,62-0,67 pm) da cobertura global do M O D IS/ Terra em 19 de abril de 2000. A largura da laixa de imageamento
do M O DIS é de 2330 km (cortesia da NASA Goddard Space Flight Center).

Aquisição de Dados Digitais de Grande Formato:


de 9 x 9 mícrons. Os usuários podem especificar imagens
coloridas normais (azul, verde e vermelho) ou infraverme-
ZJ\ Digital Modular Camera
lho-coloridas (verde, vermelho e infravermelho próximo)
na região espectral de 0,4 a 0,9 pm. No modo infraverme­
A Z/I Digital Modular Camera (DCM) usa quatro C CD
lho próximo, o sensor tem uma resposta espectral similar à
do filme infravermelho colorido Kodak Aerochrome 2443, de matriz de área de 7000 x 4000 elementos. Todos os
CCD têm sua própria óptica e funcionam como espécies
mas com maior faixa dinâmica. Os dados podem ser regis­
de câmeras digitais individuais que são sincronizadas para
trados em 8 ou 16 bits por pixel. A câmera coleta dados em
obter dados no mesmo instante. Quatro C C D adicionais
tempo real corrigidos por GPS diferencial para cada qua­
com 3000 x 2000 detectores são usados para obter no
dro digital de imageamento. Esses dados são usados para
mesmo instante dados multiespectrais no azul, verde, ver­
compor os mosaicos e para ortorretificar as imagens, usan­
melho e infravermelho próximo. Dessa forma, as bandas
do as técnicas fotogramétricas introduzidas no Capítulo 6.
multiespectrais têm resolução reduzida no terreno quando
A precisão de posicionamento do pixel atinge os padrões
comparadas com a dos dados pancromáticos. Quadros in­
nacionais estabelecidos de precisão de mapas (Light, 2001;
dividuais de imageamento são obtidos de forma similar aos
Leica Emerge, 2006).
de uma câmera tradicional com os limites entre quadros
Diferentes altitudes de voo e lentes Nikon podem ser definidos pelo usuário (Hinz et al., 2001).
usadas para obter imagens com resoluções espaciais va­
riando de 0,15 a 3 m. A Figura 7-42 exibe imagens de
Aquisição de Dados Digitais de Grande Formato:
bandas multiespectrais da Emerge (1 x 1 m) obtidas sobre
Vexcel Ultracam baseada em Arranjos de Área
Dunkirk, N.Y. Esses dados de alta resolução podem ser
adquiridos sob demanda em condições de tempo bom.
Uma composição infravermelho-colorida da mesma cena A câmera digital de grande formato Vexcel usa oito cones
pode ser vista na Prancha Colorida 7-1 la. Uma cena em ópticos (isto é, aberturas de visada) com 13 CCD em ar­
cor natural da Emerge, de uma área adjacente ao local ranjo de área estrategicamente localizados atrás das oito
denominado New York Power Authority, é ilustrada na aberturas. Nove dos CCD em matriz de 4000 x 2700 são
Prancha Colorida 7-1 lb. usados para adquirir dados pancromáticos. Quatro dos
CCD matriciais são usados para obter dados multiespec-
Espectrometria Usando Arranjos Lineares e de Area (Sensoriamento Remoto Hiperespectral) 247

Imagem de Câmera Digital de Quadro de Dunkirk, NY

Figura 7-42 Imagens multiespectrais de Dunkirk, NY, obtidas pela câmera F,merge Digital Sensor System (DSS) da Leica Geosystems. Os
dados foram coletados em 12 de dezembro de 1998 com uma resolução espacial de 1 x 1 m (cortesia da Litton Emerge, Inc.).

trais no azul, verde, vermelho e infravermelho próximo. Tabela 7-16. Características da Emerge Digital Sensor
Cada quadro de imageamento tem dimensões de 11500 System (DSS) da Leica Geosystems.
x 7500 pixels. Quadros individuais de imageamento são
obtidos de acordo com as especificações do usuário (Vex­ Resolução Resolução
cel, 2006). Espectral Espectral
(nm) em (nm) em Modo
Fotografia Digital do U.S. Space Shuttle Modo Cor Infravermelho Resolução
Banda Natural Próximo Espacial (m)
1 400 - 500 Variável,
Os astronautas da NASA documentam os processos da mas normal­
Terra durante as missões do Space Shuttle Transportation mente de
System (STS) usando sistemas de câmeras analógicas e di­ 0,15 a 3 m
gitais (Lulla e Dessinov, 2000). As fotografias são cataloga­ 2 500 - 600 510-600 Variável,
das em um banco de dados de acordo com a missão espe­ mas normal­
cífica (p.ex., STS-74) ou com o assunto temático (NASA mente de
Shuttle Photograph, 2006). 0,15 a 3 m
3 600 - 680 600 - 700 Variável,
Câmeras Analógicas do Space Shutle mas normal­
mente de
Câmeras analógicas Hasselblad e Linhof são usadas nas mis­ 0,15 a 3 m
sões do Space Shuttle. As quatro janelas na parte dianteira 4 800 - 900 Variável,
do Space Shuttle são usadas para obter fotografias da Terra. mas normal­
As janelas permitem a passagem de luz entre 0,4 a 0,8 pm. mente de
Uma fotografia com um ângulo solar muito baixo fornece 0,15 a3 m
visões topográficas únicas de áreas montanhosas distantes e S ensor Arranjo de área (4092 x 4079)
pobremente mapeadas. Setenta e cinco por cento das foto­ Faixa de 4092 pixels
grafias no arquivo cobrem as regiões entre 28° N e 28° S de Im ageam ento
latitude, fornecendo cobertura para muitas áreas tropicais
pouco conhecidas. O projeto denominado Space Shuttle T am an h o do 0,009 mm
Earth Observations Project (SSEOP) da NASA Johnson D e tec to r
Space Center contém o registro de mais de 400.000 fotos Resolução 8 e 16 bits
(http://images.j sc.nasa.gov). R adiom étrica
248 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto

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Wf
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Sensoriamento Remoto no Infravermelho
Termal
8
bjetos que têm temperatura acima do zero absoluto (0 K) emitem energia

O eletromagnética. Portanto, todas as feições que encontramos cotidianamente


na paisagem, como vegetação, solo, rocha, água e pessoas emitem radiação
eletromagnética infravermelha termal na porção de 3,0 - 14 pm do espectro.
Experimentamos essa energia termal primariamente pelo nosso sentido do
tato. Por exemplo, sentimos em nossa face a energia radiante termal prove­
niente do Sol ou a energia radiante de um incêndio. Porém, nossos olhos não
podem detectar diferenças sutis em energia infravermelha termal vinda de
objetos do mundo real porque nossos olhos são sensíveis primariamente aos
comprimentos de onda curtos da luz visível de 0,4 - 0,7 pm. Felizmente, os
engenheiros desenvolveram detectores que são sensíveis à radiação infraver­
melha termal. Esses sensores de infravermelho termal permitem aos humanos
conhecerem um mundo de informação anteriormente invisível, ao monitora­
rem as características térmicas da paisagem.

Quando estamos doentes, uma das primeiras coisas que fazemos é medir nossa
temperatura para determinar se ela está diferente dos 37 “C (98,6 °F) normais.
Se nossa temperatura estiver alta, geralmente significa que há algo errado. Da
mesma forma, os vários componentes da paisagem, tais como vegetação, solo,
rocha, água, concreto e coberturas asfálticas têm características termais previ­
síveis, com base em como eles seletivamente absorvem energia solar nos com­
primentos de onda curtos e radiam energia infravermelha termal. Os sistemas
infravermelhos termais de sensoriamento remoto registram a radiação infraver­
melha termal, a qual podemos usar para determinar: 1) o tipo de material com
base nas suas características de emissão térmica, e/ou 2) se mudanças significa­
tivas ocorrerem nas características termais desses fenômenos ao longo do tempo
(Quattrochi e Luvall, 2004). Dessa maneira, é possível identificar a manifesta­
ção física superficial de certas doenças em humanos (p.ex., talvez a existência de
um tumor), estresse em plantas, poluição termal em corpos d'água, ou a perda
de calor em edificações causada por falhas no isolamento térmico.

O imageamento infravermelho termal aéreo não tem sido largamente dis­


ponível ao público em geral por causa de: 1) custo relativamente alto do
sensor termal, 2) custo de mobilização de uma aeronave para aquisição dos
dados de sensoriamento remoto, e 3) dificuldade de calibrar e interpretar
corretamente a imagem. O público sabe sobre o sensoriamento remoto no in­
fravermelho termal principalmente pelas aplicações de curta distância como
aquelas mostradas na Figura 8-1, incluindo: estudos de isolamento térmico
em edificações residenciais e comerciais, uso de unidades de imageamento
termal portáteis para localizar pontos quentes em residências e encontrar pes­
soas num incêndio ou à noite, imagens termais de pessoas para detectar uma
variedade de problemas médicos (algumas vezes chamada de termogmfid), e
testes e avaliações não-destrutivas de componentes eletrônicos.
252 CAPITULO Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal

O público também vê o imageamento infravermelho ter­ Mundial. De fato, o mais importante desenvolvimento na
mal sendo usado para alocar recursos anti-incêndio duran­ tecnologia do infravermelho foi a invenção do elemento de­
te um incêndio florestal ou para identificar alvos inimi­ tector pelas nações beligerantes durante a II Guerra Mundial.
gos, como na Guerra do Golfo em 1991 ou na Guerra do Os primeiros detectores de infravermelho consistiam de
Iraque em 2006. O público em geral não percebe que as fotodetectores de sais de chumbo (Fischer, 1983). Agora
imagens noturnas de frentes climáticas geradas pelo GOES temos detectores muito rápidos consistindo de germânio e
mostradas no noticiário noturno são imagens infraverme­ mercúrio dopado (Ge:Hg), antimoneto de índio (In:Sb),
lhas termais. e outras substâncias que são muito sensíveis à radiação in­
fravermelha. Também temos computadores para processar
O sensoriamento remoto no infravermelho termal vai tor- rapidamente a energia registrada pelos sensores e exibir as
nar-se mais importante no futuro à medida que sensores características termais da cena.
orbitais obtiverem dados termais e os custos decrescerem.
Também, as agências governamentais (p.ex., polícia, forças Portanto, levou cerca de um século para que os governos
anti-drogas, polícia de imigração que opera nas fronteiras) entendessem que o sensoriamento remoto na região do in­
atualmente usam rotineiramente sensores de infraverme­ fravermelho termal poderia produzir importante informa­
lho termal portáteis e sensores de infravermelho de visada ção tática de reconhecimento, especialmente em função
avante (FLIR) montados em aeronaves para procurar pes­ de que as imagens podiam ser tomadas tanto de dia quanto
soas perdidas ou investigar atividades criminosas. à noite. Nos anos 1950s, o governo (dos Estados Unidos)
contratou empresas privadas para melhorar a tecnologia
História do Sensoriamento Remoto no de infravermelho termal (p.ex., a Texas Instruments). Nos
Infravermelho Termal anos 1960s, algumas dessas empresas receberam permissão
do governo para usarem os sensores classificados (restritos
ao uso militar) e produzirem imagens infravermelhas ter­
Sir Frederick William Herschel (1738-1822, Figura 8-2), mais para alguns seletos clientes civis (Estes, 1966). Em
provavelmente o mais famoso astrônomo do século 18, 1968, o governo desclassificou (abriu para o meio civil) a
descobriu a porção infravermelha do espectro eletromag­ produção de sistemas de sensoriamento remoto no infra­
nético e descreveu-a no seu famoso artigo “Investigations vermelho termal que não excedessem uma certa resolução
of the Powers of the Prismatic Colours to Heat and Illumi- espacial e sensibilidade térmica. Os sistemas de sensoria­
nate Objects: with Remarks.”1ÊEm 1800, Herschel criou mento remoto no infravermelho termal desenvolvidos
um espectro de cores usando um prisma e mediu as dife­ pela Texas Instruments, Inc., Deadalus Enterprises, Inc.,
rentes partes do espectro com um termômetro para ver se Rockwell International, Inc., etc., foram inicialmente uti­
algumas cores eram mais quentes que outras. A medida que lizados em aeronaves. Companhias de petróleo conduzin­
movia o termômetro em direção à porção do vermelho do do exploração geológica foram as que mais requisitaram os
espectro, a temperatura aumentava. Pareceu-lhe razoável primeiros dados de infravermelho termal e continuam a ser
mover o termômetro um pouco além do final do vermelho os maiores usuários. Os sistemas de sensoriamento remoto
para ver se o efeito de aquecimento desaparecia. Não de­ no infravermelho termal montados a bordo de aeronaves
saparecia. Ao contrário, a temperatura continuava a subir continuam a coletar a maioria dos dados de infravermelho
além do final do vermelho do espectro (Figura 8-3). Hers­ termal demandados pelas agências públicas (p.ex., Environ-
chel chamou esta região do espectro eletromagnético de mental Protection Agency, Department of Energy, agências
infravermelho, que significa “abaixo do vermelho” (Omega, estaduais de recursos naturais) e governos estrangeiros.
2005). Herschel também foi o primeiro a descrever corre­
tamente a forma da nossa galáxia, a Via Láctea. O primeiro dado de um sensor remoto desclassificado (li­
berado para uso civil) e a bordo de satélite foi coletado pelo
Em 1879, S. P. Langley começou um programa de pesquisa U.S. Television IR Operational Satellite (TIROS), lançado
para encontrar um detector de radiação melhor. Um ano de­ em 1960. Os dados de infravermelho termal de resolução
pois ele inventou o bolômetro, que era capaz de medir varia­ grosseira foram ideais para o monitoramento de padrões
ções de temperatura de 1/10.000 °C. Na I Guerra Mundial, regionais de nuvens e movimentos de frentes. A NASA
S. O. Hoffman foi capaz de detectar homens a 120 m e mes­ lançou o Heat Capacity Mapping Mission (HCMM ) em
mo aeronaves. Nos anos 1930s, a Alemanha desenvolveu o 26 de abril de 1978. Ele obtinha dados de infravermelho
sistema Kiel para discriminar entre bombardeiros e caças no­ termal com resolução espacial de 600 x 600 m (10,5 - 12,6
turnos. A Inglaterra e os Estados Unidos também desenvolve­ pm) de dia (1:30 p.m.) e à noite (2:30 a.m.). Este foi um
ram técnicas de reconhecimento infravermelho na II Guerra dos primeiros sistemas de infravermelho termal dirigido à
comunidade científica (geologia). O Nimbus 7 da NASA,
1 * Investigações das forças das cores prismáticas para aquecer e iluminar objetos: com lançado em 23 de outubro de 1978, tinha um Coastal
comentários. (N.T.)
História do Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal 253

Imagens Infravermelhas Termais

Figura 8-1 a) Imagem infravermelha termal de um jato F-l 16 em voo. Note os escapamentos da turbinas aquecidos, b) Imagem infraver­
melha termal da energia radiante emanando de uma casa residencial, especialmente pelas janelas. Note como o teto isolado e a
calha metálica são frios, c) Esta casa sobre blocos está perdendo muito da sua energia pelo piso. d) Imagem termal de um crime
acontecendo à noite, e) Imagem infravermelha termal de um helicóptero Apache com seus motores quentes, f) Imagem infra­
vermelha termal de um jato F-l 17. g) Imagem termal de um transformador de força mostrando vários cabos muito quentes,
h) Teste termal não-destrutivo de uma placa de circuito impresso, i) Imagem termal de um barco de pedalinho e passageiros
(cortesia de FLIR Systems, Inc. e outros).
254 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal

Frederick W illiam Herschel

Figura 8-3 Herschel usou um prisma e um termômetro para des­


cobrir que a temperatura aumentava além da porção
vermelha do espectro.

- 11,65 pm. O Capítulo 7 fornece informação detalhada


sobre as características espaciais, espectrais, temporais e
Figura 8-2 Sir Frederick William Herschel (1738-1822) desco­ radiométricas desses e de outros sistemas sensores de in­
briu a porção infravermelha do espectro eletromagné­ fravermelho termal.
tico em 1800 (do Herschel Space Observatory, NASA
Jet Propulsion Lab).
Propriedades da Radiação
Infravermelha Termal
Zone Color Scanner (CZCS) que incluía um sensor de M -'
infravermelho termal para monitoramento da temperatura
de superfície do mar. Em 1980, a NASA e o Jet Propulsion Um analista de imagens não deve interpretar uma imagem
Laboratory desenvolveram o Thermal Infrared Multispec- de infravermelho termal como se ela fosse uma fotografia
tral Scanner (TIMS) de seis canais, que adquiria energia aérea ou uma imagem típica produzida por um escaneador
no infravermelho termal em seis bandas em intervalos opto-mecânico multiespectral ou um sistema sensor de dis­
de comprimento de onda <1,0 pm (Quattrochi e Ridd, positivo de carga acoplada (CCD). Ao invés disso, o analista
1994). O sucesso dos estudos usando o TIMS resultou deve pensar termalmente. Deve entender 1) como a energia
no desenvolvimento do Airborne Terrestrial Applications de comprimentos de onda curtos radiada pelo Sol interage
Sensor (ATLAS) de 15 canais (Lo et al., 1997). com a atmosfera, 2) como ela interage com os materiais da
superfície da Terra (i.e., parte da energia é transformada em
O NOAA Geostationary Operational Environmental Sa- energia de comprimentos de onda maiores), 3) como a ener­
tellite (GOES) coleta dados no infravermelho termal com gia emitida pelo terreno interage com a atmosfera novamente,
resolução espacial de 8 x 8 km para previsão meteorológica. e finalmente, 4) como um detector de sensoriamento remoto
Imagens do disco completo da Terra são obtidas a cada 30 registra a radiação eletromagnética infravermelha termal. O
minutos tanto de dia quanto à noite pelo sensor de infra­ analista também deve entender como ambos o próprio sis­
vermelho termal. Também, o NOAA Advanced Very High tema sensor e o terreno podem introduzir ruídos na imagem
Resolution Radiometer (AVHRR) coleta dados de 1,1 x 1,1 infravermelha termal que poderíam tornar os dados menos
km no modo de cobertura de área local (LAC - local area úteis ou levar a uma interpretação incorreta da imagem.
coverage) no infravermelho termal, e de 4 x 4 km no modo
de cobertura de área global (GAC - global area coverage). Calor Cinético, Temperatura, Energia Radiante e
Fluxo Radiante
O sensor Thematic Mapper dos Landsat-4 e 5 foram lan­
çados em 16 de julho de 1982 e 1 de março de 1984, res­
pectivamente, e coletavam dados infravermelhos termais Todos os objetos do mundo real tendo temperatura acima
(10,4 - 12,5 pm) de 120 x 120 m, junto com duas bandas do zero absoluto (0 K; -273,16 °C; -459,69 °F) apresentam
no infravermelho médio (1,55 - 1,75 e 2,08 - 2,35 pm). movimento aleatório. A energia das partículas da matéria
O Landsat-7 foi lançado em 15 de abril de 1999 com um molecular em movimento aleatório é chamada calor cinéti­
sensor de infravermelho termal (10,4 - 12,5 pm) bem co (também chamada de calor interno, real ou verdadeiro).
calibrado. O Advanced Spaceborne Thermal Emission Quando essas partículas colidem, elas mudam seu estado
and Reflection Radiometer (ASTER) a bordo do Terra de energia e emitem radiação eletromagnética, como dis­
tem seis canais de 1,60 - 2,43 pm e cinco canais de 8,125 cutido no Capítulo 2. A quantidade de calor pode ser me-
Janelas Atmosféricas no Infravermelho Termal 255

mas de infravermelho com visada avante (FLIR) para dois


rios no Oregon são mostrados na Prancha Colorida 8-1.

Relações como essas sugerem que podemos utilizar radiô-


metros colocados a alguma distância de um objeto para me­
dir sua temperatura radiante, a qual espera-sç que se correla­
cione bem com a temperatura cinética verdadeira do objeto.
Esta é a base da medição da temperatura por sensoriamento
remoto no infravermelho termal.

Infelizmente, a relação não é perfeita, com as medidas re­


motas da temperatura radiante sendo sempre um pouco
menores que a temperatura cinética verdadeira do objeto,
especialmente para superfícies terrestres. Isso é devido à
propriedade termal chamada emissividade, a ser discutida
adiante (Schmugge et al., 2002).

Métodos de Transferência de Calor

Figura 8-4 Regressão linear da temperatura da água obtida por


sensoriamento remoto (T d) versus a temperatura ci- O calor gerado pelo movimento aleatório das partículas
nética verdadeira da água obtida por medição in situ pode ser transferido de um local a outro por condução, con­
(Tk.n) para quatro anos de levantamento e em cinco
vecção e radiação, como discutido no Capítulo 2. A fusão
diferentes córregos (Torgersen et al., 2001; reproduzi­
do com permissão da Elsevier).
termonuclear que ocorre no Sol produz um plasma de fluxo
radiante que consiste basicamente de luz visível de compri­
mentos de onda curtos que se deslocam por 150 milhões
dida em calorias. Podemos medir a temperatura cinética
de quilômetros através do vácuo do espaço à velocidade da
verdadeira (7jj.) ou concentração desse calor usando um luz (3 x 108 m s'1). Parte dessa energia de comprimentos de
termômetro. Podemos medir a temperatura in situ (no lo­ onda curtos passa através da atmosfera, é absorvida pelos
cal) colocando um termômetro em contato físico direto materiais da superfície da Terra, e é rerradiado (emitido) em
com uma planta, solo, rocha ou corpo d'água. comprimentos de onda mais longos. Parte dessa radiação
Felizmente, o calor cinético interno de um objeto também eletromagnética de comprimentos de onda longos passa
é convertido em energia radiante (frequentemente cha­ através da atmosfera de novo e pode ser registrada usando
mada de energia externa ou aparente), o que nos permite detectores de infravermelho termal colocados em aeronaves.
utilizar a tecnologia de sensoriamento remoto. A radiação Provavelmente, a radiação de comprimentos de onda longos
eletromagnética deixando um objeto é chamada de fluxo registrada pelos detectores fornece valiosa informação sobre
radiante (<f>) e é medido em Watts, como discutido no Ca­ as características de temperatura da superfície da Terra.
pítulo 2. A concentração da quantidade de fluxo radian­
te deixando (emitido por) um objeto é a sua temperatura Janelas Atmosféricas no
radiante (T J . Para a maioria dos objetos do mundo real Infravermelho Termal
(exceto para aqueles compostos de vidro e metal), geral­
mente há uma alta correlação positiva entre a temperatura
cinética verdadeira do objeto (7^ ) e a quantidade de fluxo Depois da região do visível do espectro eletromagnético,
radiante radiado pelo objeto ( T f . Por exemplo, a Figura encontramos a região do infravermelho refletido de 0,7 - 3
8-4 correlaciona a temperatura radiante da água obtida por pm e a região do infravermelho termal de 3 - 14 pm (Fi­
sensoriamento remoto com a temperatura da água medida gura 8-5). A única razão pela qual usamos instrumentos
in situ em rios (Torgensen et al., 2001). As temperaturas de sensoriamento remoto para detectar a energia infra­
obtidas por sensoriamento remoto estiveram consistente­ vermelha nessas regiões é porque a atmosfera permite que
mente no intervalo de ±0,5 °C em relação às medidas de uma porção da energia infravermelha seja transmitida do
referência terrestre em quatro levantamentos anuais em terreno para os detectores (Schmugge et al., 2002). Cha­
cinco diferentes rios. Estudos recentes confirmam esses re­ mamos de janelas atmosféricas a essas regiões pelas quais
sultados (Oregon DEC, 2003). Exemplos de temperatura a energia passa. Por outro lado, as áreas escuras na Figu­
de superfície da água obtida com dados coletados por siste­ ra 8-5 denotam regiões do espectro eletromagnético nas
quais a atmosfera absorve a maior parte da energia infra-
256 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal

Janelas Atmosféricas no Espectro Eletromagnético


Visível Infravermelho Refletido Infravermelho Termal
0,4 -0 ,7 0 ,7 -3 ,0 3 - 14

0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,8 1 1,5 2 3 4 5 6 7 8 10 12 15 20 30


Comprimento de Onda, pm

Figura 8-5 As janelas atmosféricas no espectro eletromagnético mostradas aqui são de valor significativo para o sensoriamento remoto da
energia refletida e da energia no infravermelho termal. Os filmes fotográficos podem ser produzidos com sensibilidade à energia
refletida de 0,7 - 1,3 pm. Os sistemas sensores eletro-ópticos podem registrar a energia infravermelha de 0,7 - 14 pm. A região
de 3 - 5 pm é especialmente útil para o monitoramento de alvos quentes como incêndios florestais e atividades geotermais.
Vegetação, solo e rocha são mais bem monitorados usando a região de 8 - 14 pm em coletas de dados sub-orbitais. A região de
10,5 - 12,5 pm é usada quando a imagem termal é adquirida por sensores orbitais acima da camada de ozônio da Ierra.

vermelha presente. Chamamos a estas regiões de bandas remoto no infravermelho termal geralmente registram
de absorção. O vapor d'água (H ,0 ), dióxido de carbono dados na região de 10,5 - 12,5 pm (Figura 8-5) para evi­
( C 0 2), e ozônio ( 0 3) são responsáveis pela maior parte tar esta banda de absorção. Por exemplo, a banda 12 do
da absorção. A atmosfera “fecha-se”, fazendo com que ASTER é de 8,925 - 9,275 pm e a banda 13 é de 10,25 -
seja quase impossível fazer sensoriamento remoto am­ 10,95 pm. A região de 9,276 - 10,24 pm não é observada
biental nessas regiões. Por exemplo, o vapor d'água at­ por causa da absorção atmosférica.
mosférico (H ,0 ) absorve a maioria da energia que deixa
o terreno na região de 5 - 7 pm, tornando-a inútil para o v Leis da Radiação Termal
sensoriamento remoto infravermelho termal.

Os instrumentos de sensoriamento remoto podem ser


construídos para serem sensíveis apenas à energia infra­ Um corpo negro é uma entidade teórica que absorve toda a
vermelha presente nas janelas atmosféricas. Por exem­ radiação que o atinge e radia energia na máxima taxa possí­
plo, as emulsões dos filmes podem ser feitas para serem vel por unidade de área em cada comprimento de onda para
sensíveis à energia infravermelha refletida na janela de uma dada temperatura. Nenhum objeto da natureza é um
0,7 - 1,3 pm. O filme infravermelho colorido 2443 da corpo negro verdadeiro; porém, podemos tomar o Sol como
Eastman Kodak trabalha nesta região do infravermelho se aproximando de um corpo negro a 6.000 K e a Terra
fotográfico e é ideal para monitoramento de vegetação e como um corpo negro a 300 K. Se apontarmos um sensor
água (Capítulo 4). Os detectores eletro-ópticos do The- para um corpo negro, seremos capazes de registrar uma in­
matic Mapper dos Landsat-4 e 5 são sensíveis à janela do formação quantitativa sobre a quantidade total de energia
infravermelho médio refletido de 1,55 - 1,75 pm (banda radiante em comprimentos de onda específicos emanando
TM 5) e 2,08 - 2,35 pm (banda TM 7). do objeto e o comprimento de onda dominante para o ob­
jeto. Para fazer isso, utilizamos duas importantes leis físicas:
Os detectores eletrônicos também podem ser sensíveis a a lei de Stefan-Boltzmann e a lei do deslocamento de Wien.
fótons de energia radiante infravermelha termal em duas
janelas importantes do infravermelho termal: 3 - 5 pm Lei de Stefan-Boltzmann
e 8 - 14 pm. Os sistemas suborbitais de sensoriamento
remoto no infravermelho termal utilizam essas bandas
espectrais. Entretanto, a camada de ozônio ( 0 5) da Terra A exitância radiante espectral total (M f medida em Watts
absorve a maioria da energia termal que emana do terre­ m'2 deixando um corpo negro (veja a Tabela 2-4) é propor­
no numa banda de absorção em aproximadamente 9,2 cional à quarta potência da sua temperatura (7). Esta é a
- 10,2 pm. Assim, os sistemas orbitais de sensoriamento chamada lei de Stefan-Boltzmann e é expressa como:
Leis da Radiação Termal 257

Curvas de Radiação de Corpo Negro


M b= a r ( 8- 1)

onde cté a constante de Stefan-Bolzmann no valor de 5,6697


x 108 W m'2 K'4, e T é a temperatura em graus Kelvin. A
exitância radiante total é a integração de toda a área sob
a curva de radiação do corpo negro (Figura 8-6). Observe
como o Sol produz mais exitância espectral radiante (M j a
6.000 K do que a Terra a 300 K. À medida que a temperatu­
ra aumenta, a quantidade total de energia radiante medida
em Watts por m2 (a área sob a curva) aumenta e o pico da
energia radiante desloca-se em direção dos comprimentos
de onda menores. Para determinar o comprimento de onda
dominante para um corpo negro a uma temperatura especí­
fica, usamos a lei do deslocamento de Wien.

Lei do Deslocamento de Wien

A relação entre a temperatura verdadeira de um corpo ne­


gro (7) em graus Kelvin e seu pico de exitância espectral
ou comprimento de onda dominante (A, ^ é descrita pela
lei do deslocamento de Wien:

onde k é uma constante igual a 2.898 pm K. Podemos


determinar o comprimento de onda dominante de qual­
quer objeto substituindo sua temperatura na Equação 8-2.
Lembre-se do Capítulo 2 e Figura 8-6 que o comprimento
de onda dominante do Sol a 6.000 K é 0,48 pm. O com­
primento de onda dominante para um objeto no ponto de Comprimento de Onda, pm
vermelho a 800 K (Figura 8-6) é: Figura 8-6 Curvas de radiação de corpo negro para diversos objetos,
x 2.898 pm K incluindo o Sol e a Terra, que se aproximam de corpos
negros a 6.000 K e 300 K, respectivamente. O compri­
800 K
mento de onda dominante, A, , desloca-se em direção à
X = 3 ,6 2 pm porção dos menores comprimentos de onda do espectro
à medida que aumenta a temperatura do objeto.

Vemos um deslocamento dos maiores para os menores


comprimentos de onda à medida que a temperatura do var remotamente um objeto. Por exemplo, se procuramos
corpo negro aumenta. Podemos observar a lei do desloca­ incêndios florestais a 800 K que têm um comprimento de
mento de Wien no nosso cotidiano. Por exemplo, quando onda dominante de aproximadamente 3,62 pm, então o
um pedaço de ferro é colocado no fogo a ponta progride de sistema de sensoriamento remoto mais apropriado pode
um vermelho escuro passando pelo laranja e então para o ser um detector de infravermelho termal de 3 - 5 pm. Por
amarelo. Ele nunca se desloca até a porção do verde ou azul outro lado, se estamos interessados em solo, água e rochas
do espectro porque a temperatura não é suficientemente à temperatura ambiente da superfície da Terra (300 K)
alta. Por outro lado, um bico de acetileno de maçarico tem com um comprimento de onda dominante de 9,67 pm,
uma flama quente de cor azul. então um detector de infravermelho termal operando na
região de 8 - 14 pm é mais apropriado.
Por que o conhecimento do comprimento de onda dominante
de um objeto é importante para o sensoriamento remoto no Emissividade
infravermelho termal? O comprimento de onda dominante
fornece uma informação importante quanto à parte do es­ O mundo não é composto de corpos negros radiadores. Ao
pectro eletromagnético que deve ser escolhida para obser- contrário, é composto de corpos que radiam seletivamente,
258 CAPITULO Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal

um corpo negro. Onde a emissividade do radiador seletivo é


0, ele não emite exitância espectral radiante.
í
corpo negro A exitância espectral radiante para vários corpos radiadores
do mundo real é mostrada na Figura 8-8. Observe que a
energia radiante emanando da substância é aproximada­
- ----- radiador seletivo
mente a mesma que a de um corpo negro à mesma tempe­
ratura para a maior parte do intervalo espectral, mas que as
■J
curvas afastam-se em certas partes. Se a área sob cada uma
corpo cinza
\ das curvas for somada (integrada) no intervalo de compri­

S _ J ___ mentos de onda espectrais de interesse no eixo x, obser­


vamos que a exitância espectral radiante do mundo real é
0,1 1 10 100 sempre menor do que a exitância espectral radiante do cor­
Comprimento de O nda, pm po negro à mesma temperatura. Portanto, a emissividade
dos materiais do mundo real deve ficar em algum lugar en­
tre 0 e 1 mas nunca igualar-se a 1. Alguns materiais como
água destilada têm emissividades próximas a 1 (0,99) no
intervalo de comprimentos de onda de 8 - 14 pm, como
apresentado na Tabela 8-1. Outros, como alumínio polido
(0,08) e aço inoxidável (0,16) têm emissividades baixas.

Por que é importante saber sobre a emissividade ao conduzir uma


investigação de sensoriamento remoto no infravermelho termal? A
razão é que dois objetos que estejam próximos um ao outro no
terreno podem ter a mesma temperatura cinética verdadeira
mas terem diferentes temperaturas aparentes quando medidas
Figura 8-7 a) Emissividade espectral de um corpo negro, um cor­ por sensoriamento remoto usando um radiômetro termal sim­
po cinza, e um radiador seletivo hipotético, b) Distri­
plesmente porque suas emissividades são diferentes. A emissi­
buição espectral da exitância radiante de um corpo ne­
gro, um corpo cinza e um radiador seletivo hipotético vidade de um objeto pode ser influenciada por diversos fato­
(adaptado de Slater, 1980). res, incluindo (Schmugge et al., 2002; Weng et al., 2004):

como rocha, solo, vegetação e água, que emitem uma certa • cor - objetos de coloração escura são melhores absor-
proporção da energia emitida por um corpo negro à mes­ vedores e emissores (i.e., eles têm maior emissividade)
ma temperatura. Emissividade (s) é a razão entre a radiân- que objetos de coloração clara, que tendem a refletir
cia real emitida por um corpo do mundo real radiando se­ mais a energia incidente;
letivamente (M ), e um corpo negro à mesma temperatura
termodinâmica (cinética) {M f (Jacob et al., 2004): • composição química;
e =ML. (8-3)
Mb • rugosidade superficial - quanto maior a rugosidade super­
Todos os corpos que radiam seletivamente têm emissivida­ ficial de um objeto em relação ao tamanho do compri­
des variando de 0 < 1, que flutua dependendo dos compri­ mento de onda incidente, maior a área superficial do ob­
mentos de onda sendo considerados. Um corpo cinza tem jeto e o potencial para absorção e re-emissão de energia;
uma emissividade constante que é menor que 1 em todos os
comprimentos de onda. A Figura 8-7a mostra a emissividade • teor de umidade - quanto mais umidade um objeto
de um corpo negro, de um corpo cinza e de um radiador contém, maior é a capacidade para absorver energia e
seletivo hipotético em todo o intervalo espectral de 0,1 - 100 tornar-se um bom emissor. Partículas de solo úmido
pm (Slater, 1980). Observe como a emissividade espectral do têm uma alta emissividade, similar à da água;
radiador seletivo hipotético flutua entre os níveis de 0; 0,1;
0,3; e 1,0. A exitância radiante espectral de cada um desses • compactação - o grau de compactação do solo pode
corpos a 6.000 K é mostrada na Figura 8-7b. Observe como afetar a emissividade do solo;
as diferentes emissividades dão origem a mudanças muito
grandes na distribuição espectral da exitância radiante do • campo de visada - a emissividade de uma única folha
radiador seletivo. Onde a emissividade do radiador seletivo medida com um radiômetro termal de resolução muito
é 1,0, ele emite a mesma quantidade de energia radiante que alta será diferente da emissividade da copa inteira de
Leis da Radiação Termal 259

b. c.

Figura 8-8 Energia radiante sendo emanada da a) água, b) granito, e c) dunito aquecido a 350 K comparada com um corpo negro
à mesma temperatura.

uma árvore vista usando um radiômetro de resolução pej çja Radiação de Kirchoff
espacial mais grosseira;
No Capítulo 2 aprendemos que o terreno intercepta o flu­
• comprimento de onda - a emissividade de um objeto xo radiante incidente (<t>) (que está chegando). Esta ener­
é geralmente considerada como sendo dependente do gia incidente interage com os materiais da superfície. A
comprimento de onda. Por exemplo, enquanto a emis­ quantidade de fluxo radiante refletido pela superfície (®p),
sividade de um objeto é frequentemente considerada a quantidade de fluxo radiante absorvido pela superfície
como sendo constante na região de 8 - 14 pm, sua emis­ (®m), e a quantidade de fluxo radiante transmitido atra­
sividade na região de 3 - 5 pm pode ser diferente; e vés da superfície (® ) podem ser cuidadosamente medidos
quando aplicamos o princípio da conservação da energia
• ângulo de visada - a emissividade de um objeto pode e tentamos manter controle sobre o que acontece a toda
variar com o ângulo de visada do sensor. a energia incidente. A equação geral para a interação do
fluxo radiante espectral (k) com o terreno é:
Salisbury e D A ria (1992) calcularam a emissividade para
diversos materiais terrestres na região espectral de 8 -14 pm, ® =® +® + ct> . (8-4)
'X PX ax Tx
incluindo rochas ígneas, metamórficas e sedimentares, ro­
chas do deserto, solo, vegetação, água e gelo. Snyder et al. Dividindo cada uma das variáveis pelo fluxo radiante inci­
(1997) forneceram informação adicional sobre medidas de dente original, ®. :
reflectância bidirecional de areias e solos na região espectral
de 3 - 14 pm. Devemos levar em conta a emissividade de ® ® o Cp
‘X ax
um objeto quando tentamos usar sensoriamento remoto no - Px t 1 lx
® ® ® ®
infravermelho termal para medir a temperatura cinética ver­ •x ‘X •X •X

dadeira de um objeto (Peres e DaCamara, 2004). Isso é feito


com a aplicação da Lei da radiação de Kirchoff. permite-nos re-escrever a Equação 8-4 como:
260 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal

Tabela 8-1. Emissividade de 8 - 14 |jm para materiais S. . Em função disso, diz-se frequentemente que "bons ab-
selecionados (McDonnelI Douglas, 1982; Sa- sorvedores são bons emissores e bons refletores são maus emis­
bins, 1997; Lillesand and Kiefer, 2003). sores”. Também, a maioria dos materiais do mundo real
geralmente são opacos à radiação infravermelha termal,
Material Emissividade, e
significando que pouco fluxo radiante emerge do outro
água destilada 0,99 lado do elemento do terreno. Portanto, podemos assumir
a transmitância, x. = 0. Substituindo a emissividade pela
água 0,92-0,98
absortância e removendo a transmitância da equação, fica
água com filme de petróleo 0,972 (Vaughn et al., 2003):
concreto 0,71 - 0,90
1 = Px + h • (8-7)
asfalto 0,95
cimento/pedra 0,97 Esta relação é importante pois descreve porque os objetos
aparecem do jeito que aparecem na imagem infraverme­
solo siltoso seco 0,92
lha termal. Como o terreno teoricamente não perde nenhu­
solo siltoso úmido 0,95 ma energia por transmitância, toda a energia que emana do
objeto tem que ser explicada pela relação entre a reflectância
solo arenoso 0,90
(p f e a emissividade (s.). Se a refletividade aumenta, então
tijolo, vermelho e áspero 0,93 a emissividade deve diminuir. Por exemplo, a água absorve
vegetação, dossel fechado 0,98 quase toda a energia e reflete muito pouco. Portanto, a
água é um emissor muito bom e tem uma alta emissivi­
vegetação, dossel aberto 0,96 dade, perto de 1. Ao contrário, um teto metálico reflete a
grama 0,97 maior parte da energia incidente e absorve muito pouco,
gerando uma emissividade muito menor que 1. Portanto,
madeira, carvalho aplainado 0,90
objetos metálicos, como carros, aeronaves e tetos metálicos
floresta decídua 0,97 - 0,98 geralmente aparecem muito frios (escuros) numa imagem
floresta de coníferas 0,97 - 0,99 infravermelha termal. Por exemplo, o hangar metálico e
a aeronave na imagem infravermelha termal noturna na
aço inoxidável 0,16 Figura 8-9 aparecem frios. Note que várias aeronaves estão
alumínio, folha 0,05 com seus motores ligados, que aparecem brilhantes, e que
as suas turbinas estão aquecendo o piso.
alumínio, pintura 0,08
alumínio, polido 0,55 Ao medir a temperatura do solo ou de uma superfície d'água,
metais polidos o objetivo do sensoriamento remoto termal é ser capaz de
0,16-0,21
apontar um radiômetro para um objeto e ter o registro da
aço anodizado 0,70 temperatura radiante aparente (T J igual à temperatura ciné-
granito 0,86 tica verdadeira (f f do objeto. Infelizmente, o fluxo radiante
de um objeto do mundo real a uma dada temperatura não é
dunito 0,78 igual ao fluxo radiante proveniente de um corpo negro à mes­
basalto, grosseiro 0,95 ma temperatura, devido largamente aos efeitos da emissivida­
de. Saber a emissividade de um objeto torna possível modificar
neve 0,83 - 0,85
a lei de Stefan-Boltzmann originalmente aplicável a corpos ne­
pintura 0,90 - 0,96 gros (Mh= ctT), de tal forma que ela se ajuste ao fluxo radian­
pele humana 0,98 te espectral total dos materiais do mundo real (M):

M , = e a T kin ■ (S -8 )
1 = px + ctÀ+ X, (8-6)
A equação leva em conta a temperatura do objeto e sua
onde p; é a reflectância espectral hemisférica do terreno,
emissividade para criar uma estimativa mais exata do fluxo
a x é a absortância espectral hemisférica, e t , é a transmi-
radiante que emana de um objeto e é registrado por um
tância espectral hemisférica (Slater, 1980).
sensor de infravermelho termal.
O físico Russo Kirchoff observou que na porção do infra­
vermelho do espectro a emissividade espectral de um obje­ Os sistemas de sensoriamento remoto de infravermelho ter­
to geralmente é igual à sua absortância espectral, i.e., a. = mal geralmente registram a temperatura radiante aparente,
Leis da Radiação Termal 261

Tabela 8-2. Emissividade, temperatura cinética verda­


deira e temperatura radiante de materiais
selecionados a 300 K e 27 °C.
temperatura Temperatura
Cinética Radiante T rad.
Material Emissividade
Verdadeira T,km T ~ e 1/4 T
rad & kin

8 K °C K °C
c o rp o
1,00 300 27 300,0 27,0
n e g ro

água
0,99 300 27 299,2 26,2
d e s tila d a

b a s a lto
0,95 300 27 296,2 23,2
1'UgOSO

Figura 8-9 Imagem infravermelha termal noturna de um aero­ v e g e ta ç ã o 0,98 300 27 298,5 25,5
porto com diferentes tipos de aviões a jato. O hangar
metálico e a aeronave aparecem frios (escuros) por s o lo s ilto s o
causa da baixa emissividade do metal. O piso de con­ 0,92 300 27 293,8 20,8
se c o
creto tem uma emissividade relativamente alta e apa­
rece em tons de cinza mais claros. Várias das turbinas
dos aviões a jato estão ativas, como evidenciado pela usando um termômetro e um radiômetro portátil de infra­
feição brilhante ao longo das suas fuselagens e das suas vermelho termal. Se medimos a temperatura verdadeira de
emissões aquecendo o piso. As turbinas de um ou dois um objeto com um termômetro (Tjj.) e sua temperatura
aviões foram desligadas recentemente. radiante aparente ( T J com um radiômetro termal, pode­
mos estimar sua emissividade, £, usando a equação:
T , do terreno e não a tenrperatua cinética verdadeira, 7 7 .
rad r . . . *,n
Se assumirmos que a incorporação da emissividade na Equa­
ção 8-1 tenha melhorado nossa medição ao ponto que
Idealmente, poderiamos coletar ambas as medidas da
M = 8 ct TkJ e assumirmos que temperatura in situ e da temperatura medida remota si­
M.b = d Tkm* e multaneamente. Também, para obter a melhor aproxi­
mação da emissividade, seria bom coletar a medida re­
M r = s M.b então, mota a partir de um helicóptero para tentar simular 1)
o tamanho do IFOV de interesse (p.ex., 20 x 20 m), e
CT 7radV = sct T.km. 4 (8-9) 2) os efeitos atmosféricos (Peres e DaCamara, 2004) que
poderíam ser encontrados.
Portanto, a temperatura radiante de um objeto registrada
por um sensor remoto está relacionada à sua temperatura Muitos estudos geológicos não estão interessados na
cinética verdadeira e à sua emissividade pela seguinte rela­ informação de temperatura que poderia ser extraída da
ção (Sabins, 1997): imagem infravermelha termal. Ao invés disso, a radiância
aparente da superfície emergindo do terreno é analisada
r rad
, = e l/4 7 km
7. (8-10) de tal forma que os efeitos da temperatura são removidos
e tudo o que resta é a informação de emissividade do
As relações entre a temperatura cinética verdadeira e a ra­ terreno. A informação de emissividade então é usada para
diante para vários diferentes tipos de materiais estão apre­ mapear minerais na superfície terrestre com base nas ca­
sentadas na Tabela 8-2. E claro a partir desta tabela que, racterísticas documentadas de suas emissividades (p.ex.,
exceto para a água, se o efeito da emissividade não for le­ Kirkland et al., 2002; Vaughn et al., 2003; Jacob et al.,
vado em conta quando se analisa a temperatura radiante 2004). Peticolin e Vermote (2002) descrevem como a re­
aparente ( T J registrada por um sensor remoto, então a flectância superficial no infravermelho termal médio e a
temperatura verdadeira (TkjJ do objeto será subestimada informação de emissividade derivada, obtidas a partir do
(Torgensen et al., 2001; Peres e DaCamara, 2004). E se M ODIS, podem ser usadas em conjunção com a radiân­
quiséssemos determinar a emissividade de vários objetos cia infravermelha termal para resolver o problema da se­
no interior de nossa área de estudo? Isso pode ser feito paração emissividade/temperatura. Sobrino et al. (2004)
262 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal

usaram bandas do visível e infravermelho próximo e o


Tabela 8-3. Propriedades térmicas de materiais comuns
NDVI (Normalized Difference Vegetation Index - índice a 20 °C (Janza, 1975).
de Vegetação da Diferença Nomalizada) para extrair valo­
res de emissividade superficial do solo a partir de imagens Condutividade Densidade Capacidade Inércia
térmica, térmica térmica termal
termais da banda 6 do TM /landsat-5.
k P c P

Propriedades Térmicas do Terreno Materiais


vidro 0.0021 2,6 0,16 0,029

água 0,0013 1,0 1,0 0,036


Água, rocha, solo, vegetação, atmosfera e tecidos huma­
nos, todos têm capacidade de conduzir calor diretamente madeira 0,0050 0,5 0,327 0,009
através deles (condutividade térmica) para outra superfície
e armazenar calor (capacidade térmica). Alguns materiais Materiais Geológicos
respondem a mudanças na temperatura mais rápida ou basalto 0,0050 2,8 0,20 0,053
mais lentamente que outros (inércia termal). E útil revi­
sar essas propriedades térmicas, pois elas têm impacto em dolomito 0,0120 2,6 0,18 0,075
nossa capacidade de obter remotamente informação ter­
mal sobre vários tipos de materiais. granito 0,0075 2,6 0,16 0,056
cascalho,
O calor ou capacidade térmica (c) é uma medida da capa­ 0,0060 2,1 0,20 0,050
areia
cidade de um material para absorver energia calórica. E a
quantidade de calor necessária para elevar a temperatura calcáreo 0,0048 2,5 0,17 0,045
de um grama do material de 1 °C (cal g 1 °C '). A Tabela
8-3 apresenta a capacidade térmica de diversos materiais a obsidiana 0,0030 2,4 0,17 0,035
20 °C. A água tem maior capacidade térmica que qualquer
substância comum (1,00). A temperatura de um lago ge­ arenito 0,0120 2,5 0,19 0,075
ralmente varia pouco entre a noite e o dia. Ao contrário,
rochas não armazenam calor bem e exibem temperaturas folhelho 0,0042 2,3 0,17 0,041
diurnas e noturnas significativamente diferentes.
ardósia 0,0050 2,8 0,17 0,049
A condutividade térmica (K) é uma medida da taxa com solo
0,0014 1,8 0,24 0,024
que uma substância transfere calor por ela. É medida como arenoso
o número de calorias que passa por 1 cm3 do material em 1 solo
segundo quando duas faces opostas são mantidas a uma di­ argiloso 0,0030 1,7 0,35 0,042
ferença de temperatura de 1 °C (cal cm '1s'1°C_I). A condu­ úmido
tividade do material pode ser variável em função da quan­
tidade de umidade presente. A condutividade térmica de
diversos materiais é apresentada na Tabela 8-3. Note que Seria ótimo se pudéssemos fazer sensoriamento remoto de
muitas rochas e solos são maus condutores de calor. cada uma dessas variáveis anteriores e simplesmente calcular a
inércia termal. Infelizmente, esse não é o caso, porque a con­
A inércia termal {P) é uma medida da resposta térmica do dutividade, a densidade e a capacidade térmica devem ser me­
material a mudanças de temperatura e é medida em calorias didas in situ. Não obstante, é possível medir remotamente e
por cm2 pela raiz quadrada do segundo por 1 °C (cal cm 2 calcular uma inércia termal aparente por pixel da seguinte ma­
s'1/2oC'i). A inércia termal é calculada usando a equação neira. Uma imagem infravermelha termal é adquirida sobre o
mesmo terreno à tarde e durante o dia logo pela manhã. As
P = ^{K.p.c) (8-12) duas imagens são geométrica e radiometricamente registra­
das uma com a outra, e a mudança na temperatura, AT, para
onde Ké a condutividade térmica, p é a densidade (g cm'3), um pixel específico é determinada subtraindo a temperatura
e c é a capacidade térmica. A densidade é uma variável bio­ aparente da imagem da manhã da temperatura aparente da
física muito importante nesta equação porque geralmente imagem da tarde. A inércia termal aparente (ATI) por pixel é
a inércia termal aumenta linearmente com o aumento da
densidade do material. A Tabela 8-3 mostra a inércia ter­ ATI~ (8-13)
mal de diversos materiais.
Coleta de Dados Infravermelhos Termais 263

com A sendo o albedo (reflectância) medido no espectro • Escaneadores termais de varredura transversal; e
visível durante o dia para o pixel de interesse (Kahle et al.,
1981; Sabins, 1997). • Detectores de CCD (Charge Coupled Device - Dispo­
sitivo de Carga Acoplada) de varredura eletrônica em
A melhor maneira de pensar sobre a inércia termal é formação linear ou matriz bidimensional.
associá-la numa relação inversa com a mudança de tem­ E útil revisar a natureza dos sistemas sensores de infraver­
peratura medida, AT. Basicamente, um alto valor de AT melho termal e seus componentes, e como os vários pa­
geralmente está associado com materiais do terreno que râmetros do sistema influenciam o tipo e qualidade dos
têm um baixo valor de inércia termal. E um baixo valor dados infravermelhos termais coletados.
de A A geralmente está associado com materiais do terreno
que têm um alto valor de inércia termal. Geólogos e outros Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal
cientistas de sensoriamento remoto marcam áreas numa Baseado em Escaneadores Multiespectrais
imagem que tenham características homogêneas ou hete­
rogêneas de inércia termal aparente para distinguir limi­
tes entre rochas e materiais aluvionares, discriminar entre O Capítulo 7 mostrou como os escaneadores multiespec­
unidades rochosas com propriedades espectrais similares, trais funcionam. Esta seção fornece informação adicional
e identificar zonas de alteração hidrotermal (Kahle et al., sobre os escaneadores infravermelhos termais.
1984). Price (1985) chamou a atenção para o fato de que
imagens de inércia termal aparente não devem ser usadas Daedalus DS-1260, D S-I268, Airborne Multispectral
em regiões que tenham variabilidade na umidade superfi­ Scanner (MAS), NASA TIMS e NASA ATLAS
cial (evaporação), como áreas agrícolas.
Esses escaneadores têm fornecido muitos dos dados infraver­
Um dos primeiros sistemas orbitais de sensoriamento re­ melhos termais de alta resolução espacial para o monitora­
moto de infravermelho termal a coletar imagens no infra­ mento ambiental. O DS-1260 registra dados em 10 bandas
vermelho termal tanto diurnas (1:30 p.m.) como noturnas incluindo um canal no infravermelho termal (8,5 - 13,5 pm).
(2:30 a.m.) com valor significativo para o mapeamento de O DS-1268 incorpora as bandas do infravermelho médio do
inércia termal aparente foi o Heat Capacity Mapping Mis- Landsat Thematic Mapper (1,55 — 1,75 pm e 2,08 —2,35
sion (HCM M ) lançado em 1978, mas que teve vida curta. pm). O MAS contém detector para alvos quentes, que opera
O HCM M adquiria dados de 600 x 600 m na região de no infravermelho termal (3,0 —5,5 pm) em adição a um de­
10,5 - 12,6 |tm. O sensor ASTER a bordo do satélite Terra tector de infravermelho termal padrão (8,5 - 12,5 pm).
coleta dados de infravermelho termal diurnos e noturnos
em cinco bandas com uma resolução espacial de 90 x 90 m Os cientistas continuam a usar imagens infravermelhas ter­
e com uma largura de faixa de imageamento de 60 km (Ja- mais adquiridas pelo Thermal Infrared Multispectral Scan­
cob et al., 2004). As cinco bandas termais do ASTER estão ner (TIMS) da NASA, que tem seis bandas cobrindo de
centradas em 8,28; 8,63; 9,07; 10,65 e 11,28 pm. O sen­ 8,2 — 12,2 pm (p.ex., Schmugge et al., 2002; Coll et al.,
sor M ODIS a bordo do Terra e do Aqua tem três bandas 2003). Muitos cientistas também usam o Airborne Terres-
no infravermelho médio centradas em 3,75; 3,95 e 4,05 trial Applications Sensor (ATLAS) da NASA, que tem seis
pm, e três canais no infravermelho termal centrados em bandas no visível e infravermelho próximo, duas bandas do
8,55; 11,03 e 12,02 pm. Jacob et al. (2004) compararam a Thematic Mapper no infravermelho médio, e seis bandas
emissividade e a temperatura radiométrica de superfície de no infravermelho termal de 8,2 — 12,2 pm. As larguras de
solos derivadas dos sensores MODIS e ASTER. Imagens banda específicas estão apresentadas no Capítulo 7. Ambos
infravermelhas termais diurnas e noturnas também podem os sensores TIMS e ATLAS têm IFOV de 2,0 ou 2,5 mi-
ser coletadas a partir de aeronaves suborbitais usando di­ lirradianos (mrad) (Wallace, 1999; Coll et al., 2003). Os
versos sensores, p.ex., os da NASA (TIMS e ATLAS) e o princípios básicos de operação e os componentes do MAS,
Itres TABI (Quattrochi e Ridd, 1998; Schmugge et al., TIMS e ATLAS estão mostrados na Figura 8-10. O diâ­
2002; Itres TABI, 2006). metro da área circular do terreno vista pelo sensor, D2*, é
uma função do campo de visada instantâneo, B, do esca-
Coleta de Dados Infravermelhos neador medido em milirradianos e da altitude do sensor
Termais acima do nível do terreno (AGL), H, onde

D =H xB . (8-14)
Dados de sensoriamento remoto no infravermelho termal
podem ser coletados por: 2 * Embora o autor mencione um diâmetro, na maioria dos casos os detectores são
quadrados (N.T.).
264 CAPITULO Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal

D isco rígido

R ecipiente
— de n itro g ên io
líq u id o
D ete c to r

] E spelhos de
\ / focalização

C a m p o de visada
an g u lar total

Fluxo radiante, <f> no in terio r do


cam po de visada in stan tân eo , P

Figura 8-10 Características de um escaneador infravermelho ter­


mal de varredura transversal aerotransportado. O diâ­
metro da área circular de terreno visada pelo sensor, D,
é uma função do campo de visada instantâneo, p, do
escaneador e da altitude acima do nível do solo (AGL)
da aeronave, H , no momento da coleta de dados. O
fluxo radiante infravermelho termal registrado pelo
sensor é uma função da energia radiante emitida por
todos os materiais do terreno no interior do elemen­
to de resolução no terreno. Neste caso, isso incluiría
a energia dos pinheiros sadios, árvores mortas, solo e
qualquer energia radiante vinda da atmosfera interve-
niente. O detector também visa as fontes de calibração
fria e aquecida durante cada linha de varredura.

(p.ex., 2,5 mrad). O espelho varre o terreno num ângulo


Por exemplo, se o IFOV do escaneador é 2,5 mrad, o reto (perpendicular) à direção de voo. Normalmente, o es­
tamanho do pixel no terreno em metros é um produto do pelho cobre um campo de visada angular total de 90 —120°
IFOV (0,0025) pela altitude AGL em metros. A Tabela durante cada varredura, dependendo do sistema sensor. O
8-4 apresenta altitudes de voo e correspondentes tama­ espelho também visa fontes de calibração quentes e frias in­
nhos de pixels no nadir (o ponto diretamente abaixo da ternas (alvos) durante cada varredura. A temperatura exa­
aeronave) para um IFOV de 2,5 mrad. Tipicamente, os ta dessas fontes de calibração é conhecida. Os fótons do
IFOVs variam de 0,5 —5 mrad. fluxo radiante no infravermelho termal, <t>, emitidos pelo
terreno, são canalizados para o espelho que focaliza esses
Para fazer uma varredura transversal {across-track), há um fótons no detector. O detector converte a energia radiante
motor elétrico orientado paralelo à fuselagem da aerona­ que chega num sinal elétrico analógico. Quanto maior o
ve e à direção de voo. Este motor aciona um espelho de número de fótons impactando o detector, maior a potên­
varredura facetado em 45° localizado no final do eixo ro­ cia do sinal. Geralmente, os detectores de infravermelho
tativo que tem um campo de visada instantâneo preciso são compostos de:
Coleta de Dados Infravermelhos Termais 265

Tabela 8-4. Altitudes de voo de aeronave com escaneador Detectores de Infravermelho Termal
multiespectral e tamanho de pixel baseado num
ângulo de visada instantâneo de 2,5 mrad.

Altitude de Voo AGL, m Tamanho do Pixel, m

1.000 2,5
2.000 5,0

4.000 10,0

6.000 15,0
20.000 50,0
50.000 125,0*•

• In:Sb (antimoneto de índio) com um pico de sensibili­


dade próximo a 5 |im;
• Ge:Hg (germânio dopado com mercúrio) com um pico
de sensibilidade próximo a 10 |im;

• Hg:Cd:Te (telureto de cádmio-mercúrio) que é sensível


no intervalo de 8 —14 pm.
Figura 8-11 O pico de sensibilidade espectral de um detector de
Os detectores são refrigerados a baixas temperaturas (-196
antimoneto de índio (In:Sb) para o infravermelho ter­
°C; -243 °F; 73 K) usando hélio líquido ou nitrogênio mal é em aproximadamente 5,0 pm, enquanto que o
líquido. O resfriamento dos detectores assegura que a pico de sensibilidade espectral do detector de germânio
energia radiante (fótons) registrada pelos detectores vem dopado com mercúrio (Ge:Hg) é em aproximadamente
do terreno e não da temperatura ambiente dos objetos in­ 10 pm (adaptado de McDonnell Douglas, 1982).
ternos que compõem o próprio escaneador. A Terra não
emite muita radiação infravermelha termal; em função que a atmosfera tenha espalhado para dentro do IFOV
disso, o sinal relativamente fraco geralmente é amplifi­ do sensor. Por exemplo, o fluxo radiante emitido por ár­
cado. O sinal é então registrado numa fita magnética ou vores de pinheiro sadias, pinheiros mortos, solo exposto
outro dispositivo de armazenamento para futura conver­ e atmosfera devem ser integrados numa única medida
são analógico-digital (A-D) e análise. Se desejável, o sinal do terreno mostrada na Figura 8-10. Os seguintes fatores
também pode ser usado para modular uma fonte de luz devem ser considerados ao coletar dados de infravermelho
que reflete luz visível sobre o espelho de um gravador lo­ termal a partir de Sistemas de Varredura Multiespectrais
calizado na outra extremidade do eixo motorizado. Aqui (MSS - Multispectral Scanner Systems) em aeronave:
o processo é revertido e o fluxo radiante de luz visível
proporcional à quantidade de energia infravermelha re­ • Há uma relação inversa entre ter alta resolução espacial
cebida é usado para expor um filme fotográfico pixel-a- e alta resolução radiométrica quando se coletam dados
pixel e linha-a-linha, criando uma imagem infravermelha de infravermelho termal. Quanto maior o campo de
termal do terreno. Para que o filme fotográfico seja ex­ visada instantâneo do radiômetro, P, maior o tempo de
posto adequadamente, ele precisa ser avançado à mesma permanência de um detector individual visando o ter­
velocidade de rotação do eixo que contém o espelho. A reno num IFOV durante cada uma das varreduras do
imagem infravermelha termal pode ser processada como espelho. Um IFOV grande provê boa resolução radio­
um filme negativo ou positivo. métrica, que é a capacidade de discriminar entre dife­
renças muito pequenas na energia radiante que emerge
E im portante lembrar que o fluxo radiante infraverme­ de um elemento do terreno. Na realidade, o sinal de
lho registrado pelo sistema sensor é uma integração de energia radiante medido pode ser bem mais forte que
todos os fluxos radiantes emitidos pelos diversos mate­ qualquer ruído introduzido como fruto dos compo­
riais que compõem o IFOV e qualquer fluxo radiante nentes do sistema sensor. Quando isso ocorre, dizemos
266 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal

Lei do Inverso do Quadrado Energia infravermelha detectada por

d ,1 = M ^n = m b; . (8 - 15)
Kcr

Energia infravermelha detectada por

D = M ^ = Me . (8-16)
2 471^° 4

• A maioria das investigações de sensoriamento remoto no


infravermelho termal tentam manter boas resoluções es­
pacial e radiométrica por meio de 1) seleção de um IFOV
relativamente grande, como 2,5 mrad, e 2) fazer o voo a
altitudes relativamente mais baixas para conseguir pixels
Figura 8-12 A lei do inverso do quadrado revela que a intensidade
de tamanhos menores. Infelizmente, a altitudes menores,
da radiação termal emitida por uma fonte pontual de
corpo negro, S, varia com o inverso do quadrado da a alta resolução espacial pode ser confrontada com o fato
distância, d, entre a fonte e os detectores em sensores de que mais linhas de voo são necessárias para cobrir uma
remotos, D l e D2. área comparado à cobertura mais eficiente feita a altitu­
des maiores com pixels maiores. O tamanho do pixel e
que temos uma boa relação sinal-ruído. Obviamente, o tamanho geográfico do levantamento são considera­
quanto maior o IFOV, pior a capacidade para resolver dos, os objetivos são ponderados, e um compromisso é
detalhes espaciais finos. A seleção de um IFOV menor estabelecido. Múltiplas linhas de voo com dados de MSS
aumentará (melhorará) a resolução espacial, mas o sen­ aerotransportado são difíceis de serem mosaicadas.
sor permanecerá um tempo menor em cada elemento
do terreno durante a varredura do espelho, resultando Correção Geométrica de Dados de Escaneadores de In­
numa resolução radiométrica mais pobre e talvez numa fravermelho Termal
relação sinal-ruído mais baixa.•
Os sistemas de infravermelho termal por varredura (real­
• A diminuição pela metade da distância entre um de­ mente, todos os sistemas de varredura) introduzem numero­
tector de um sistema de sensoriamento remoto e uma sos tipos de erros geométricos que precisam ser entendidos,
fonte pontual quadruplica a energia infravermelha re­ porque eles impactam 1) a qualidade da imagem para análise
cebida por tal detector. A lei do inverso do quadrado visual ou o processamento digital das imagens, e 2) a criação
diz que “a intensidade da radiação emitida por uma de mapas planimétricos a partir de dados infravermelhos
fonte pontual varia com o inverso do quadrado da termais. As considerações mais importantes incluem:
distância entre a fonte e o receptor.” Assim, podemos
obter um sinal de infravermelho termal mais intenso, • largura da faixa de imageamento;
forte, se chegarmos o detector do sistema de sensoria­
mento remoto tão próximo do solo quanto possível. • tamanho da célula de resolução espacial no terreno;
Por exemplo, considere um corpo negro como uma
fome pontual, S, e dois detectores de sensoriamen­ • deslocamento unidimensional do relevo; e
to remoto (D l e D ) de iguais áreas de sensibilidade,
digamos, 1 cm2. O detector D 7 está a uma distância • distorção tangencial da escala.
d cm de S, e o detector D está à distância 2d cm de
S (Figura 8-12). Segundo a lei de Stefan-Boltzmann Largura da Faixa de Imageamento do Terreno (gsw -
(Equação 8-1), a energia infravermelha total radiada ground swath width): A largura da faixa de imageamento
por S numa hemisfera é M h Watts/cm2 da superfície do terreno é a extensão da faixa imageada remotamente pelo
radiante. Assim, M h é a energia infravermelha total sistema durante uma varredura transversal completa do espe­
radiada numa hemisfera de raio d na qual o detector lho de varredura. E uma função do campo de visada angular
D t está localizado, isto é, numa superfície de área nd2 total do sistema sensor, 0, e da altitude do sistema sensor aci­
cm2. Mas M h também é a energia infravermelha total ma do nível do solo, H (Figura 8-13). E computada como
radiada numa hemisfera de raio 2 d na qual o detector
D 2 está localizado, especificamente, num a superfície gsw = tan jxH x2 (8-17)
de área 4jtd2 cm2. Portanto,
Coleta de Dados Infravermelhos Termais 267

Figura 8-13 O tamanho da célula de resolução no terreno ao longo de um dada linha de varredura transversal é uma função de: a) distância
da aeronave até o ponto de observação, i.e., H é a altitude da aeronave acima do nível do solo (AGL) no nadir e H sec® fora
do nadir; b) campo de visada instantâneo do sensor, P, medido em milirradianos; e c) ângulo de varredura fora do nadir, ®.
Assim, os pixels fora do nadir têm semi-eixos maiores e menores (diâmetros) que definem o tamanho da célula de resolução. O
deslocamento uni-dimensional do relevo e a distorção tangencial de escala também ocorrem na direção perpendicular à linha
de voo e paralela à linha de varredura.

Por exemplo, a largura da faixa de imageamento de um A maioria dos cientistas que trabalham com dados de es-
sistema de varredura transversal com um ângulo de visada caneadores transversais usam apenas os 70% centrais da
total de 100° e a uma altitude acima do nível do solo de largura da faixa (35% de cada lado do nadir) basicamente
6.000 m seria 14.301 m: porque os elementos de resolução do terreno têm maiores
tamanhos de células quanto mais distantes estão do nadir.
gsw = tan x 6000 x 2
Tamanho da Célula de Resolução no Terreno (D): O di­
gsw = 1,191753 x 6000 x 2 âmetro da área circular de terreno vista pelo sensor, D , no
nadir é uma função do campo de visada instantâneo, p, do
gsw = 14.301 m.
escaneador medido em milirradianos (mrad) e da altitude
Se o campo de visada total fosse 90°, a largura da faixa de do escaneador acima do nível do solo, H, onde D = H x p. E
imageamento seria de 12.000 m: interessante notar que à medida que o campo de visada ins­
tantâneo do escaneador afasta-se para longe de cada lado do
gsw = tan x 6000 x 2 nadir o círculo torna-se um elipsoide. Uma das principais
razões é que a distância da aeronave à célula de resolução
gsiv = 1 x 6000 x 2 está aumentando, como mostrado na Figura 8-13. De fato,
a distância da aeronave à célula de resolução no terreno,
gsw = 12.000 m. //. , é uma função do ângulo de varredura off-nadir (fora
268 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal

Geometria Perspectiva da Fotografia Aérea Vertical Geometria de Varredura Transversal com


Deslocamento Unidimensional de Relevo
e Distorção Tangencial de Escala

□ a <u*
(U 1 \ _c3>_l

/ V

mm 1 mm -drü
F—
çu
tanque

7 T

CD
1r □ \r significativa
compressão
geométrica na
0
extremidade
0 3 de uma linha
00**X á c __________ y _ 6 -4— de varredura

distorção sigmóide de deslocamento unidimensional


uma feição linear de relevo

Figura 8-14 a) Geometria perspectiva hipotética de uma fotografia aérea vertical obtida acima do nível do solo. Q uatro tanques de 50 pés
(15,24 m) estão distribuídos pelo terreno e sofrem graus variados de distorção de relevo quanto mais distantes estão do ponto
principal (PP). b) Sistemas de varredura transversal introduzem deslocamento unidimensional de relevo perpendicular à linha
de voo, e distorção tangencial de escala e compressão quanto mais distante o objeto se afasta do nadir. Feições lineares que
tendem a cruzar o terreno são frequentemente registradas com características de curvas sigmóides ou em formato de s por causa
da distorção tangencial de escala e compressão.

do nadir), <)), no momento da coleta do dado e à altitude reduz o impacto dos pixels maiores encontrados nos extre­
verdadeira da aeronave, H (Lillesand e Kiefer, 2003): mos das bordas da faixa de imageamento.

H^ = H . sec<t>. (8-18) Deslocamento Unidimensional de Relevo: Fotografias


aéreas verdadeiramente verticais têm um ponto principal e
Assim, o tamanho da célula de resolução no terreno aumenta único no nadir, diretamente abaixo da aeronave, no instante
à medida que o ângulo aumenta para longe do nadir. O di­ da exposição. Esta perspectiva de geometria faz com que to­
âmetro nominal (médio) da célula de resolução elíptica, D , dos os objetos que se elevem acima da elevação local do ter­
nesta posição angular em relação ao nadir tem a dimensão: reno sejam deslocados da sua posição planimétrica própria
radialmente para fora do ponto principal (discutido no Ca­
D^ = (H . sec4>). p (8-19) pítulo 6). Por exemplo, os quatro tanques teóricos na Figura
8-l4a têm cada um 50 pés (15,24 m) de altura. Quanto
na direção da linha de voo, e maior a distância do ponto principal, maior o deslocamento
radial de relevo do topo do tanque em relação à sua base.
D^= ( H . sechj)) . (5 (8-20)
Imagens infravermelhas termais adquiridas usando um
na direção ortogonal de varredura (perpendicular à li­ sistema de varredura transversal também possuem deslo­
nha de voo). camento de relevo. Porém, ao invés de ser radial a partir
de um ponto principal, o deslocamento ocorre na direção
Os cientistas que usam dados termais de escaneador trans­ perpendicular à linha de voo para cada uma e para todas
versal geralmente preocupam-se com a resolução espacial as linhas de varredura, como mostrado na Figura 8-l4b.
da célula no terreno no nadir, D. Se for necessário fazer um Com efeito, o elemento de resolução no terreno no nadir
trabalho quantitativo preciso com pixels a algum ângulo funciona como um ponto principal para cada linha de var­
(|) fora do nadir, então é importante lembrar que o fluxo redura. No nadir, o sistema de varredura visa diretamente
radiante registrado é uma integração do fluxo radiante pro­ abaixo para o tanque, e ele aparece como um círculo per­
veniente de todos os materiais da superfície numa célula de feito na Figura 8-14b. Quanto maior a altura do objeto
resolução no terreno que está permanentemente mudando acima do terreno local e maior a distância do topo do obje­
de diâmetro. O uso de apenas 70% da largura da faixa to em relação ao nadir (i.e., da linha de voo), maior a mag-
Coleta de Dados Infravermelhos Termais 269

Fotografia Aérea Vertical

prédios de
ciência

dormitórios

a.

Imagem Infravermelha Termal de Antes do Amanhecer

deslocamento
unidimensional
de relevo

Figura 8-15 a) Fotografia aérea vertical


pancromática do campus da
linhas de Universidade da Carolina do
vapor Sul obtida em 26 de abril de
1980. Note que o desloca­
mento de relevo dos prédios
de ciência é radial para fora
tampa da rede do ponto principal, b) Ima­
de esgoto —| gem infravermelha termal 1 x
1 m de antes do amanhecer.
Note a intrincada rede sub­
terrânea do sistema de aque­
planta do
cimento a vapor. O prédio de
sistema de
aquecimento ciência apresenta um desloca­
a vapor mento de relevo unidimen­
sional causado pelo sistema
de varredura transversal.

nitude do deslocamento unidimensional de relevo presente. vermelha termal perpendicular à linha de voo. Note como
O deslocamento unidimensional de relevo é introduzido é fácil ver o lado (fachada) dos prédios de ciências na ima­
em ambas as direções para fora do nadir para cada varre­ gem infravermelha termal. Isso é importante se quisermos
dura do espelho de varredura transversal. estudar as características de temperatura das laterais desses
prédios. Porém, se quisermos avaliar as características tér­
O deslocamento unidimensional de relevo pode ser be­ micas da estrada ou dos objetos imediatamente atrás dos
néfico ou causar problemas na interpretação das imagens. prédios, eles estão obscurecidos à vista.
Por exemplo, considere a fotografia aérea e a imagem in­
fravermelha termal de antes do amanhecer do campus da A fotografia aérea e a imagem infravermelha termal de antes
Universidade da Carolina do Sul mostrada na Figura 8-15. do amanhecer da Cidade de Nova Iorque permitem uma
Os prédios da área de ciência exibem deslocamento radial apreciação ainda maior do deslocamento unidimensional
de relevo na fotografia aérea para fora do ponto principal, e de relevo (Figura 8-16). Neste caso, o deslocamento radial
deslocamento unidimensional de relevo na imagem infra­ de relevo na fotografia aérea torna difícil obter informação
270 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal

Fotografia aérea em perspectiva da Imagem infravermelha termal de antes do


região central de Nova Iorque amanhecer do centro de Nova Iorque

Figura 8-16 a) Fotografia aérea em perspectiva da região central de Nova Iorque. Note o deslocamento radial de relevo do Empire State
Building para fora do ponto principal (não mostrado), b) Imagem infravermelha termal de antes do amanhecer do centro de
Nova Iorque. Note o deslocamento unidimensional de relevo que é perpendicular à linha de voo. O metal no topo do Empire
State Building mostra-se como sendo muito frio por causa da sua baixa emissividade. O prédio à esquerda está muito frio,
enquanto o Empire State Building radia uma significativa quantidade de energia. Os carros, que são de metal, têm baixa emis­
sividade, da mesma forma que os resfriadores evaporativos metálicos circulares no topo do prédio próximo.

sobre o padrão de arruamento. De fato, o padrão das ruas Distorção Tangencial de Escala: Num sistema infraver­
é quase completamente obscurecido à vista. Por outro lado, melho termal de varredura transversal o espelho gira numa
como a imagem termal foi obtida ao longo de uma linha de velocidade constante e tipicamente visa o terreno de 70° a
voo que era paralela à orientação das ruas, o deslocamento 120° durante uma linha de varredura completa. Natural­
unidimensional de relevo cria uma excelente vista das ca­ mente, esses valores dependem do sistema sensor específi­
racterísticas dos prédios e ruas, especialmente daquelas que co. Pela Figura 8-13 fica claro que o terreno diretamente
ficam perpendiculares à direção do voo. Observe a quan­ abaixo da aeronave (no nadir) fica mais perto da aeronave
tidade significativa de detalhe termal na lateral do Empi­ do que o terreno que está nas bordas durante uma certa
re State Building, que é visível por causa do deslocamento varredura do espelho. Consequentemente, como o espelho
unidimensional de relevo. Note também o metal radiome- gira a uma taxa constante, o sensor varre uma distância
tricamente frio do topo do Empire State Building. geográfica menor no nadir do que nas bordas da imagem.
Esta relação tende a comprimir as feições ao longo do eixo
Enquanto alguns aspectos do deslocamento unidimensio­ que fica perpendicular à linha de voo. Quanto maior a
nal de relevo podem ser úteis na interpretação visual de distância entre o nadir e a célula de resolução no terreno,
uma imagem infravermelha termal, ele desloca seriamente maior a compressão de escala na imagem. Isso é chamado
os topos dos objetos que se projetam acima do terreno lo­ de distorção tangencial de escala. Objetos próximos do na­
cal para fora das suas posições planimétricas. Mapas pro­ dir exibem sua forma própria. Objetos próximos à borda
duzidos a partir de tais imagens contêm sérios erros plani- da linha de voo tornam-se comprimidos e têm sua forma
métricos. As imagens infravermelhas termais precisam ser distorcida. Por exemplo, considere a distorção geométrica
retificadas geometricamente a fim de produzir mapas com tangencial e compressão das piscinas circulares e do ter­
alguma exatidão geométrica. Os métodos de retificação ge­ reno de um hectare à medida que se afastam do nadir no
ométrica são apresentados em Jensen (2005). diagrama hipotético da Figura 8-14b.
Coleta de Dados Infravermelhos Termais 271

Esta distorção geométrica tangencial e compressão na dis­ redura, como demonstrado na Figura 8-10. A temperatura
tância mais afastada faz com que feições como estradas, cinética verdadeira desses alvos frios e quentes é constante­
linhas de trem, linhas de transmissão, etc., tenham uma mente monitorada pelo sistema de sensoriamento remoto e
forma de s ou distorção sigmóide quando registradas numa é gravada em disco, fita ou algum outro meio junto com os
imagem infravermelha termal (Figura 8-14b). E interes­ dados de imagem para cada linha de varredura. Se deseja­
sante observar que se a feição linear for paralela ou perpen­ do, todos os valores de brilho do terreno coletados durante
dicular à linha de voo ela não sofre distorção sigmóide. uma varredura podem então ser calibrados (convertidos)
para valores de temperatura aparente verdadeira com base
Alguns sistemas de varredura transversal sofisticados levam em sua relação com as informações dos alvos frios e quentes
em conta a distorção tangencial de escala e fazem com que armazenadas para cada linha de varredura. A resolução ra­
o feixe de luz de exposição no gravador de filme tenha sua diométrica geralmente tem precisão de ±0,2 °C. Este seria o
varredura a uma velocidade com variação contínua. Ideal­ método ideal de calibração radiométrica porque não envolve
mente, este é o tipo de imagem infravermelha termal dis­ trabalho de campo. Infelizmente, este método não leva em
ponível para análise. Quando a distorção tangencial de es­ conta a atmosfera interveniente 1) emitindo energia radian­
cala não for removida, é melhor 1) usar os 70% da porção te espúria no IFOV do sistema sensor, ou 2) absorvendo
central do campo de visada para análise a fim de minimizar energia emitida pelo terreno antes que ela atinja a óptica do
os efeitos de distorção, e 2) retificar geometricamente o sensor (e o detector).
dado do sensor remoto usando pontos de controle de cam­
po para retificação, como discutido em Jensen (2005). Referência Externa: Para incorporar efeitos atmosféricos,
pode ser necessário fazer uma referenciação empírica exter­
Mesmo dados do MSS aerotransportado provenientes de na. Isso envolve a tomada de medidas in situ com 1) um
linhas de voo únicas são difíceis de serem retificados para termômetro que meça a temperatura cinética verdadeira
uma projeção cartográfica padrão por causa dos movimen­ de um material ou corpo d'água, 2) um radiômetro portá­
tos de rolamento (roll), arfagem (pitch) e deriva (yaw) da til que meça a temperatura radiante emanando do terreno
aeronave durante a coleta de dados (Jensen et al., 1988). num campo de visada instantâneo específico, ou 3) uma
Falhas nas bordas de uma linha de voo de dados são in­ radiossonda (um balão portando instrumentos meteoroló­
dicativas de rolamento da aeronave. Tais dados requerem gicos sensíveis) lançada para obter perfis atmosféricos de
significativos recursos humanos e de máquina para torná- temperatura, pressão barométrica e vapor d’água.
los planimetricamente precisos. Diversas empresas colocam
GPS e sistemas de navegação inercial (INS) a bordo das ae­ Termômetros são equipamentos de medida direta in situ.
ronaves para obter a localização exata da aeronave e os dados Um radiômetro é um instrumento portátil de sensoria­
de rolamento, arfagem e deriva no instante exato da coleta mento remoto que você aponta para o terreno e ele fornece
do dado. Essas informações podem ser usadas para corrigir uma leitura de temperatura radiante aparente. Qualquer
geometricamente cada linha de dados do sensor remoto sem um dos tipos de medida precisa ser obtida no momento
a necessidade de coleta de pontos de controle no terreno. exato em que os dados do sensor remoto estão sendo co­
letados acima. Idealmente, mais de 30 amostras in situ são
Calibração Radiométrica de Dados de Escaneador Termal obtidas. Infelizmente, isso nem sempre é prático devido à
dificuldade de contratar pessoal, barcos, etc., e obter um
A fim de obter temperaturas de superfície a partir de dados de número suficiente de termômetros e/ou radiômetros de
sensoriamento remoto no infravermelho termal, dois impor­ alta qualidade. A localização exata de cada medição com
tantes problemas precisam ser resolvidos (Coll et al., 2003): termômetro ou radiômetro é obtida usando GPS. As lo­
(i) compensação pela absorção e emissão atmosféricas na ra- calizações dos pontos de coleta de dados in situ são então
diância que chega ao sensor; e (ii) correção para os efeitos de localizados nos dados retificados do sensor remoto, e os
emissividade da superfície, que estão acoplados com a tempe­ valores de brilho desses locais são extraídos. A exatidão
ratura, na radiância emitida pela superfície. Esta calibração ra­ da correção geométrica dos dados infravermelhos termais
diométrica pode ser feita usando 1) fonte de referência de um torna-se muito importante neste ponto.
corpo negro interno, ou 2) referência empírica externa basea­
da em coleta de dados in situ (Quattrochi e Goel, 1995). As n medidas coletadas com termômetros ou radiômetros
in situ são então registradas com os correspondentes n valo­
Fonte de Referência Interna: Quando um sistema de var­ res de brilho obtidos pelo sensor remoto obtidos nas mes­
redura transversal é usado para coletar dados infravermelhos mas localizações geográficas. Por exemplo, considere as oito
termais, o detector visa inicialmente um alvo de referência medidas de temperatura da água in situ na Figura 8-17 e os
“frio”, a um ângulo de aproximadamente 120° do terreno, e correspondentes valores de temperatura de brilho não-cali-
depois um alvo de referência “quente” em cada linha de var­ brados obtidos pelo sensor remoto de infravermelho termal
272 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal

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— (£U
« Oi 6 0 --
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4 0 -- 4 0 --
5s
\ 8.
20 - Linear 20 - -
Não-linear: Polinomial de 2 a Ordem
BV. = 0,659x + 56,173 B V = -0,015x2 + 2,12x + 26,3
R2 1 0,863 R2 = 0,989

0 ------------ 1------------ 1------------ 1------------ 1 0 ------------- 1-------------1


------------- 1
-------------1
0 20 40 60 80 b. 0 20 40 60 80
Medida de Temperatura Cinética Verdadeira In Situ, Tkin, °F Medida de Temperatura Cinética Verdadeira In Situ, Tkin, °F

Figura 8-17 a) Linha de ajuste por regressão linear entre oito medidas de temperatura in situ e valores de brilho não-calibrados obtidos por
sensoriamento remoto para o mesmo local geográfico, b) Equação de ajuste não-linear por um polinômio de 2a ordem para as
mesmas observações.

{BV) para as mesmas oito posições. Curvas lineares e/ou Mas e se não for prático coletar medidas com term ô­
não-lineares são ajustadas para as observações. A equação metro ou radiômetro no campo em grandes áreas ou
linear explicou 86% da variância enquanto o polinômio a distâncias muito grandes sim ultaneam ente ao sobre­
de 2o grau explicou 99% da variância. Qualquer uma das voo de sensoriamento remoto? Como podemos levar
equações pode ser usada para relacionar as medidas de tem­ em conta os efeitos perniciosos da absorção e emissão
peratura in situ com os valores de brilho obtidos por senso­ atmosféricas em nossas medidas de infravermelho ter­
riamento remoto, e consequentemente calibrar radiometri- mal? A resposta é o uso de 1) radiossondas e modelagem
camente os dados do sensor remoto. Este método não leva de transferência radiativa atmosférica, ou 2) técnicas de
em conta os fatores intervenientes da atmosfera presentes correção atmosférica por split-window.
no momento da coleta de dados. Note que a equação linear
é da forma BVij = a I km + b. Se quisermos levar em conta a Como observado, a atmosfera interveniente tem um im­
emissividade (s) do terreno, utilizamos o intercepto {/>) e a pacto significativo sobre a energia emitida pelo terreno
inclinação da relação (a) e a equação: antes que ela seja realmente registrada pelo sistema de
sensoriamento remoto infravermelho termal. De fato,
BVij = a . e . T.km 4 + b . ( 8- 21) a transmitância atmosférica máxima para a radiação in­
fravermelha termal na região espectral de 8 - 14 |im é
O rearranjo da equação permite que a temperatura ciné­ de cerca de 80%. A magnitude da absorção atmosférica
tica 7Q de qualquer pixel BV.. na matriz de dados não- é função principalmente do conteúdo de vapor d água
calibrados do sensor remoto seja determinada: na atmosfera, embora haja uma banda de absorção por
ozônio ao redor de 9,5 |tm. Para obter valores exatos de
{BV
T„ 4 " (8 - 22 ) radiância termal de superfície, os lançamentos de radios­
kin
a.c sondas precisam ser feitos em coincidência com os sobre-
Os dados radiometricamente calibrados de um sensor re­ voos diurnos e noturnos. Perfis atmosféricos de tempe­
moto podem então ser usados para fazer mapas de tempera­ ratura, pressão barométrica e umidade obtidos usando a
tura. Este método requer um programa de coleta de dados radiossonda são transmitidos para o solo. Esses dados são
de campo custoso e bem coordenado. Também, todos os então incorporados num modelo de transmissão atmos­
instrumentos, como termômetros, radiômetros e GPS pre­ férica (p.ex., LOWTRAN ou M ODTRAN) para calcular
cisam ser cuidadosamente calibrados, e as medições in situ as características de transmissão atmosférica (Quattrochi
devem ser feitas exatamente ao mesmo tempo, se possível. e Goel, 1995). A saída do modelo LOW TRAN ou M O-
Coleta de Dados Infravermelhos Termais 273

Tabela 8-5. Sensibilidade espectral e temperaturas de


operação para planos focais matriciais ele-
tro-ópticos infravermelhos selecionados.

Comprimento de Material Temperatura de


onda fiim) Detector Operação (K)

0,3 - 5,5 In:Sb <90


1,0-3,0 PV Hg:Cd:Te >150

3 ,0 -5 ,0 PV Hg:Cd:Te <120

8,0- 12,0 PV Hg:Cd:Te 50- 80


12,0 - 25,0 Si:As 10
Figura 8-18 M atriz bidimensional de 640 x 480 elementos de
Hg:Cd:Te (telureto de cádmio mercúrio) para m e­
dição de infravermelho de ondas longas (LWIR) e
DTRAN é combinada com curvas de resposta espectral respectivo dispositivo de leitura. Esta matriz de de­
tectores é resfriada a 50 - 80 K. Novas matrizes têm
calibradas para as bandas individuais dos detectores de
> 1000 x 1000 detectores.
infravermelho termal usados e com dados da fonte de
referência de corpo negro interno registrados durante
o voo. Todos esses dados são então modelados e usados
para produzir uma tabela de conversão do valor de bri­ Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal
lho de cada pixel em medidas de temperatura cinética baseado em Matrizes Lineares ou Bi-dimensionais
verdadeira (p.ex., Luvall, 1999; Coll et al., 2003). Este de Detectores
é o método mais rigoroso de calibração de imagens in­
fravermelhas termais. Infelizmente, pouquíssimas pesso­
as têm acesso à tecnologia de radiossonda. Às vezes, a Até recentemente, era difícil tornar comercialmente dispo­
informação meteorológica de perfil atmosférico de uma níveis detectores CCDs que tivessem sensibilidade espec­
estação meteorológica (ou aeroporto) próxima pode ser tral à radiação infravermelha termal nos comprimentos de
usada ao invés dos dados de radiossondas como entrada onda médios e longos. Portanto, a maioria dos dados de
para o modelo de transmissão atmosférica (Quattrochi e sensores remotos de infravermelho termal eram coletados
Goel, 1995). com um único detector e um espelho de varredura, como
discutido anteriormente. Isso mudou (FLIR, 2006). Agora
Cientistas tentando remover efeitos atmosféricos e deter­ é possível fazer matrizes lineares ou bi-dimensionais (algu­
minar dados de temperatura de superfície ( T) também mas vezes chamadas de matrizes com plano focal “fixo”)
observaram que uma abordagem split-window funciona que sejam sensíveis à radiação no infravermelho médio e
bem em certas situações (Czajkowski et ah, 1997; Ou- termal, como exemplificado na Tabela 8-5. Por exemplo,
aidrari et ah, 2002). Basicamente, as temperaturas de uma matriz bi-dimensional de 640 x 480 de Hg:Cd:Te
brilho observadas num canal termal (p.ex., banda l 'f do para o infravermelho de ondas longas e todo o conjunto
AVHRR) são corrigidas para efeitos atmosféricos por de medição associado é mostrado na Figura 8-18. Matrizes
uma diferença linear entre as temperaturas de brilho em de detectores com mais de 1024 x 1024 elementos são ago­
outros canais termais (p.ex., banda T5 do AVHRR). Um ra disponíveis para aplicações extremamente corriqueiras.
exemplo de uma equação split-window é Matrizes “fixas” de detectores feitos de silicato de platina
(Pt:Si) também são populares.
T= a + T4 + b{T4 - T ) (8-23)
As matrizes lineares e fixas permitem uma melhoria na rea­
onde a e b são constantes que podem ser estimadas por lização do sensoriamento remoto no infravermelho termal
modelos de simulação (Becker e Li, 1995) ou por correla­ porque (FLIR, 2006):
ção com observações de campo. Seis equações split-window
são apresentadas em Ouaidrari et ah (2002) e em Czajko­ • os detectores microeletrônicos de estado sólido são me­
wski et ah (2004). Coll et ah (2003) descrevem a obtenção nores em tamanho (p.ex., 20 x 20 pm) e peso, reque­
da temperatura de superfície do terreno usando métodos rem menos potência para operarem, têm poucas partes
split-windows, dados TIMS e medições de campo. móveis e são mais confiáveis;
274 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal

Figura 8-19 Helicóptero com um sistema sensor de infravermelho


de visada avante (FLIR) localizado abaixo do nariz
(cortesia de FLIR Systems, Inc.).

Figura 8-20 Imagem infravermelha termal noturna de uma incur­


• cada detector da matriz pode visar o elemento de re­ são (cortesia de FLIR Systems, Inc.).
solução do terreno por um tempo maior (i.e., ele tem
um maior tempo de medição), permitindo que mais termais. Alguns sistemas usam tecnologia de matriz bilinear
fótons de energia provenientes do IFOV sejam registra­ de detectores. Um exemplo de sistema FLIR montado sob
dos pelo detector individual, resultando numa melhor o nariz de uma aeronave é mostrado na Figura 8-19.
resolução radiométrica (a habilidade de distinguir pe­
quenas diferenças de temperatura); Os FLIR e outros sistemas de infravermelho termal são
usados rotineiramente pelas forças policiais para verem
• cada elemento detector da matriz linear ou bi-dimen- atividades criminosas e encontrar pessoas perdidas à noi­
sional fica fixo em relação a todos os outros elementos; te. Por exemplo, um criminoso está a ponto de entrar no
portanto, a geometria da imagem de infravermelho ter­ segundo pavimento de uma residência na Figura 8-20. A
mal é muito melhorada em relação à produzida por um pessoa está a aproximadamente 36,6 “C, enquanto o terre­
sistema de varredura transversal;• no está entre 21, 1- 26,6 °C. O teto úmido é relativamente
frio (escuro), o tronco e a copa da árvore são relativamen­
• alguns detectores termais lineares e bi-dimensionais te quentes (claros), e os componentes metálicos da escada
agora usam um sistema miniaturizado de resfriamento são frios (escuros). Guardas florestais e bombeiros usam o
de ciclo fechado do tipo Sterling que não requer o apa­ FLIR para localizar o perímetro dos incêndios florestais e
rato de resfriamento por gás comprimido (nitrogênio alocar com eficiência os recursos de combate a incêndio. O
ou argônio líquido) discutido anteriormente. pessoal da segurança do Aeroporto Gatwick em Londres
usa sistemas de vigilância FLIR montados em torres para
Sistemas Infravermelhos de Visada Avante (FLIR) monitorar as cercas perimetrais e assegurar que nenhuma
pessoa não-autorizada ganhe acesso ao aeroporto. Várias
Durante a Guerra do Golfo de 1991 e a Guerra do Iraque outras imagens FLIR são apresentadas na Figura 8-21.
iniciada em 2004, o público viu imagens infravermelhas de
visada avante (FLIR) diurnas e noturnas do terreno e de Imageador Termal de Banda Larga
vários alvos. Por décadas, organizações militares ao redor Aerotransportado (TABI)
do mundo financiaram o desenvolvimento de sistemas do
tipo FLIR que visam obliquamente à frente da aeronave e A Itres, Inc., do Canadá desenvolveu dois dos mais ino­
adquirem imagens infravermelhas termais de alta qualida­ vadores sistemas de sensoriamento remoto infravermelho
de, especialmente à noite. De fato, seu objetivo geralmen­ termal aerotransportados baseados na tecnologia de matriz
te é “vasculhar a noite”. Alguns sistemas FLIR coletam a linear de varredura eletrônica. O Imageador Termal de Ban­
energia infravermelha com base em alguns princípios seme­ da Larga Aerotransportado (TABI) obtém dados num único
lhantes aos de um escaneador transversal (discutido previa­ e largo canal de infravermelho termal de 8,0 - 12,0 pm. A
mente), exceto que o espelho aponta a cerca de 45° à frente matriz linear contém 320 elementos que têm dimensões
e projeta a energia do terreno durante cada varredura do de 50 x 50 pm. O IFOV é 2,8 mrad, com um campo de
espelho numa matriz linear de detectores infravermelhos visada total de 48°. Os dados são quantizados em 12 bits (0
Coleta de Dados Infravermelhos Termais 275

FLIR (infravermelho de visada avante) aerotransportado

e. f.

Figura 8-21 Exemplos de imagens FLIR (infravermelho de visada avante) aerotransportado. a) Imagem noturna de pessoas num bote sendo
resgatadas, b) Imagem noturna de uma pessoa num teto metálico sendo perseguida por outra pessoa no solo. Note os trans­
formadores quentes nos postes telefônicos e a baixa emissividade das linhas de telefone metálicas, c) Vista de helicóptero de
um policial fazendo uma prisão armada, d) Imagem noturna de um veículo militar Hummer com o motor ligado, e) Tanque
de armazenamento cujo conteúdo da parte inferior está relativamente frio. f) Imagem noturna de uma área urbana com água,
bote, automóveis e pedestres (cortesia de FLIR Systems, Inc.).
276 CAPITULO Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal

- 4095). O sensor pode funcionar a uma altitude máxima Tabela 8-6. Características do Imageador Termal de
de 10.000 pés (3.048 m) acima do nível do solo (AGL). Banda Larga Aerotransportado (TABI-320)
A retificação geométrica é feita usando dados de GPS e e do Imageador Termal Espectrográfico
INS a bordo, tornando desnecessária a coleta de pontos de Aerotransportado (TASI-600).
controle no solo. As características do Itres TABI-320 são TABI-320 TASI-600
mostradas na Tabela 8-6 (Itres TABI, 2006).
Sensibilidade
8 -1 2 pm 8 - 11,5 pm
Imageador Termal Espectrográfico Aerotransportado espectral (nin)
(TASI) Resolução espacial Variável baseada na altitude da
(cm) no Nadir aeronave acima do nível do solo (AGL)
O Imageador Termal Espectrográfico Aerotransportado (TASI) Número bandas
é um dos primeiros sistemas de sensoriamento remoto in­ 1 32
termais
fravermelho termal hiperespectral baseados em tecnologia
de matriz linear de detectores. Ele coleta dados em 32 canais Sensor matriz ;linear de CCD
termais na região de 8,0 - 11,5 pm. O tamanho do pixel é IFOV 2,8 mrad 1,25 mrad
de 30 x 30 pm e o IFOV é de 1,25 mrad. A matriz linear
Campo de visada
contém 600 pixels. O campo de visada total é de 40°. Os 48° 40°
total
dados são quantizados em 14 bits. As características do Itres
TASI são apresentadas na Tabela 8-6 (Itres TASI, 2006). Largura da faixa de
320 pixels 600 pixels
iinageamento
Considerações Ambientais no Tamanho do
50 x 50 pm 30 x 30 pm
Infravermelho Termal detector
Detectores na
320 600
matriz linear
Ao interpretar uma imagem infravermelha termal, é útil Resolução
entender o ciclo diário e como ele se relaciona à tempera­ 12-bit 14-bit
radiométrica
tura dos objetos na superfície da Terra.
Software Applanix POS com GPS e
dados do Sistema de Navegação Iner-
Ciclo Diário da Temperatura de Materiais Típicos Georreferenciamento
cial (INS). Pontos de controle no ter­
reno não são necessários.
O ciclo diário compreende 24 horas. Começando ao nas­
cer do Sol, a Terra passa a interceptar principalmente ener­ As variações diárias típicas da temperatura para solos, ro­
gia de comprimentos de onda curtos (0,4 - 0,7 pm) do Sol chas, água, vegetação, solo úmido e objetos metálicos são
(Figura 8-22a). De manhã até o anoitecer, o terreno inter­ mostradas na Figura 8-22b. Se todas essas curvas ficassem
cepta a energia incidente de comprimentos de onda curtos exatamente uma em cima da outra, então o sensoriamen­
e reflete a maioria dessa energia de volta para a atmosfera, to remoto na porção do infravermelho termal do espectro
e podemos usar sensores remotos ópticos para medir tal não teria valor porque todos os fenômenos teriam a mesma
energia refletida. Porém, parte da energia de comprimen­ temperatura radiante aparente. Não havería contraste entre
tos de onda curtos incidente é absorvida pelo terreno e de­ os diferentes fenômenos na imagem. Felizmente, há apenas
pois rerradiada de volta para a atmosfera como radiação de dois momentos durante o dia (após o nascer do Sol e pró­
comprimentos de onda no infravermelho termal ( 3 - 1 4 ximo ao poente) quando alguns materiais como solo, rocha
pm). O pico de emissão de radiação de comprimento de e água têm exatamente a mesma temperatura radiante. Du­
onda longo tem um deslocamento de duas a quatro horas rante esse período de cruzamento não é aconselhável adquirir
após o pico do meio-dia de incidência da radiação de onda dados de sensoriamento remoto no infravermelho termal.
curta, devido ao tempo necessário para aquecer o solo. A
contribuição da energia de comprimentos de onda curtos Felizmente, alguns materiais armazenam calor mais efi­
refletida e da energia de comprimentos de onda longos cientemente que outros, i.e., eles têm uma maior capacida­
emitida causa uma sobra de energia que ocorre durante o de térmica. Por exemplo, a água tem uma capacidade tér­
dia, como mostrado na Figura 8-22a. Ambas as radiações mica muito maior do que o solo ou a rocha (Tabela 8-3).
de onda curta incidente e emergente tornam-se zero de­ Sua variação diária de temperatura flutua pouco quando
pois do pôr do Sol (exceto para a luz da lua e das estrelas), comparada com a forte variação de temperatura do solo e
mas a radiação de onda longa emergindo do terreno con­ da rocha durante um período de 24 horas.
tinua durante toda a noite.
Considerações Ambientais no Infravermelho Termal 277

Temperatura Temperatura
mínima:

Energia Incidente Total Energia Emergente Total


(principalmente comprimentos (principalmente comprimentos
de onda curtos) de onda longos)

Figura 8-22 a) Ciclo diário da energia de comprimentos de onda curtos refletida e da energia de comprimentos de onda longos emitida.
Observe o período de pico da radiação emanada em comprimentos de onda longos e da temperatura diária máxima geral, b)
Temperatura radiante diária de solo exposto e rocha, concreto, vegetação, solo exposto úmido e objetos metálicos.

Se estivermos interessados em fazer um mapeamento da mosfera durante a noite. Durante o começo da noite a ro­
temperatura de um terreno consistindo apenas de solo, ro­ cha e o solo (e o concreto) ainda estão mais quentes que a
cha e água, podemos prever como a imagem parecerá se maioria do terreno em volta. A meia noite essas superfícies
adquirirmos a imagem infravermelha termal próximo das radiaram a maioria da energia calórica que eles absorveram
2:00 p.m. ou às 4:00 a.m da manhã. O solo e a rocha apa­ durante o dia, e gradualmente diminuem em brilho. Por
receríam mais claros que a água na imagem infravermelha outro lado, a água com sua alta capacidade térmica, man­
termal diurna por causa da sua temperatura aparente mais tém uma temperatura de superfície relativamente estável
alta. Rocha e solo continuam a radiar energia para a at­ que bem pode ser mais alta que a do solo e da rocha (e do
278 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal

concreto) por volta das 4:00 a.m. Isso faz com que a água • ao redor das 4:00 a.m., a maioria dos materiais no ter­
seja mais clara na imagem infravermelha termal noturna reno tem temperaturas de equilíbrio relativamente es­
que o solo e a rocha, e mesmo que a vegetação em certas táveis, como mostrado na Figura 8-22b, i.e., os declives
situações. Como a vegetação contém água, ela geralmente das curvas são próximos de zero;
é mais fria (mais escura) que solo e rocha de dia às 2:00 • as correntes convectivas de vento geralmente se acal­
p.m. e mais quente (mais clara) que o solo e a rocha na mam de manhã cedo, resultando em voos mais precisos
imagem de antes do amanhecer. (menos arraste da aeronave pelo vento) e ausência de
borramento ou faixas na imagem causadas pelo vento.
A vegetação tende a ser um pouco mais quente que a água
durante todo o dia e mais fria que a água durante as horas que Atualmente, os pilotos são capazes de obter linhas de voo
antecedem o amanhecer. Solos muito úmidos tendem a ter precisas no imageamento infravermelho termal noturno
ciclos de temperatura diários estáveis, como mostrado na Fi­ usando GPS a bordo.
gura 8-22b, porque quanto mais água há no solo, maior é sua
capacidade térmica. Objetos metálicos como carros e tetos de Exemplos de Sensoriamento Remoto no
alumínio aparecem frios (escuros) em ambas as imagens in­ Infravermelho Termal
fravermelhas termais diurna e noturna por causa da sua baixa
emissividade (lembre-se que metais bons refletores são maus
absorvedores e, portanto, maus emissores). De fato, frequen­ Monitoramento de Poluição da Água:
temente eles são os objetos mais escuros nas imagens. Identificação de Efluentes Termais no

Várias relações com ciclos diários de temperatura previa­


mente mencionados são mostradas na Figura 8-23. Uma
missão ATLAS voou numa grande área às margens do Rio A Usina Atômica do Rio Savannah na Carolina do Sul
Mississipi às 3:00 a.m. e às 10:30 a.m. (Jensen et al., 2004). extraía água do Rio Savannah e a usava para resfriar as
Os dados tinham uma resolução espacial de 2,5 x 2,5 m. As operações do reator nuclear. A água quente usada no
bandas termais diurnas 10, 11 e 12 revelam uma dramática resfriamento voltava então para o sistema fluvial do
diferença nas propriedades de temperatura da areia e do Rio Savannah via Córrego Four Mile (Figura 8-24). Às
cascalho das margens. Os diferentes materiais absorvem a vezes os efluentes termais atingiam o Rio Savannah e
energia solar diferenciadamente, resultando em diferenças criavam uma plum a termal como m ostrado na imagem
substanciais na exitância das superfícies de areia e cascalho infravermelha termal obtida no voo de antes do ama­
nessas três bandas do infravermelho termal. Durante o dia, nhecer na Figura 8-25.
a água é mais fria que a maioria da vizinhança de terra fir­
me. A vegetação (V) às margens do rio também é relativa­ Uma vista infravermelha termal da pluma em resolução
mente fria. Como esperado, a água é bem mais quente que plena é mostrada na Figura 8-26. Diversas leis estadu­
a vizinhança de terra firme à noite, e a vegetação é mais fria ais e federais governavam as características da pluma no
que a água. Há ainda uma notável diferença entre as gran­ Rio Savannah. Por exemplo, o Departam ento de Saúde
des áreas de cascalho e areia na imagem noturna, embora e Controle Ambiental da Carolina do Sul (DH EC) exi­
não no grau presente na imagem diurna. O objetivo deste gia que a pluma fosse menos que um terço da largura
projeto era ver se a imagem infravermelha termal seria útil do rio e com temperatura não superior a 2,8 °C acima
para discriminar entre areia e cascalho. Foi praticamente da temperatura ambiente do rio. Depois de uma forte
impossível a discriminação entre áreas de areia e cascalho chuva o Rio Savannah é perigoso, tem movimentos rá­
numa fotografia aérea colorida normal na escala 1:8.000 pidos e contém uma quantidade substancial de entulho.
obtida à mesma hora de 10:30 a.m. do sobrevoo. E difícil obter medidas precisas de tem peratura colo­
cando pessoas com termômetros em barcos para ficarem
A menos que os cientistas estejam especificamente tentan­ acompanhando as correntes. Além disso, não é prático
do computar a inércia termal, que requer ambas as imagens colocar termômetros in situ no rio por causa do entulho
diurnas e noturnas, eles frequentemente preferem coletar escorrendo a alta velocidade. Portanto, a abordagem por
imagens de antes do amanhecer porque:• sensoriamento remoto foi usada para obter a requerida
informação espacial da temperatura.
• a energia de ondas curtas proveniente do Sol e refletida
pode criar sombras indesejáveis na imagem infraverme­ A Tabela 8-7 sumariza os requisitos de usuário e os parâ­
lha termal diurna; metros do sistema sensor que foram usados para obter os
dados de temperatura necessários. Um sistema multiespec-
tral de varredura transversal equipado com um detector
Exemplos de Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal 279

c. Banda 12 diurna (9,0 - 9,4 pm)

Imagens Infravermelhas Termais


Diurnas e de Antes do Ama­
nhecer de um Banco de Areia
no Rio Mississipi obtidas pelo
ATLAS

10 de setembro de 1999

Resolução espacial de 2,5 x 2,5 m

5:00 a.m. e 10:30 a.m.

d. Banda 10 antes do amanhecer e. Banda 12 antes do amanhecer

Figura 8-23 Imagens infravermelhas termais de um grande banco de areia no Rio Mississipi obtidas às 5:00 a.m. e às 10:30 a.m. em
10 de setembro de 1999. O detector da Banda 11 do ATLAS não funcionou apropriadam ente durante a coleta de dados
antes do amanhecer (Jensen et ah, 2004).

infravermelho termal (Hg:Cd:Te) foi usado para registrar


de pixel, um sensor com um IFOV de 2,5 milirradianos
a energia radiante emitida na região de 8 - 14 pm do es­
foi usado para produzir uma resolução espacial nominal
pectro. Esta região foi selecionada porque o terreno era re­
de aproximadamente 3,05 x 3,05 m no nadir quando o
lativamente frio, com uma emitância máxima de energia
sensor estivesse voando a 1.220 m (4.000 pés) acima do
termal com pico em cerca de 9,7 pm.
nível do solo. Como um sistema de varredura transversal
foi usado para registrar a temperatura radiante dos objetos,
A largura do Rio Savannah era de aproximadamente 90 uma distorção tangencial de escala estava presente. Se não
m (300 pés) nas vizinhanças da pluma. Para os cientistas fosse removida, a qualidade dos produtos cartográficos se­
obterem uma amostra representativa mínima de 30 pixels ria prejudicada. Assim, a imagem foi corrigida geometrica­
do rio, cada pixel tinha de registrar a temperatura super­ mente pela modelagem de cada pixel como uma função do
ficial para uma área <3 x 3 m. Para atingir esta dimensão desvio do ângulo de varredura em relação ao nadir. Isso fez
280 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal

Região do Rio Savannah Detecção Infravermelha Termal da Poluição Termal


da Agua no Rio Savannah

Figura 8-24 A Usina Atômica do Rio Savannah na Carolina do Sul


extraía água do Rio Savannah e a usava para resfriar
as operações do reator nuclear. Os efluentes termais
retornavam para o sistema fluvial do Rio Savannah via Figura 8-25 Imagem infravermelha termal de antes do amanhecer
Córrego Four Creek, onde ela era dissipada. Porém, de um efluente termal entrando no sistema fluvial do
de vez em quando os efluentes termais atingiam o Rio Rio Savannah a partir do Córrego Four Mile em 31 de
Savannah, resultando numa pluma termal. março de 1981, às 4:28 a.m. A água migrou pelo sis­
tema fluvial e acabou entrando no Rio Savannah, pro­
com que cada pixel numa linha de varredura tivesse uma duzindo uma pluma termal. A temperatura e a distri­
resolução espacial efetiva de 2,8 x 2,8 m. Depois, os dados buição espacial dessa pluma era governada por diversas
legislações estaduais e federais. Esta é uma redução de
foram corrigidos geometricamente pela seleção de pontos
2x da imagem de uma parte da linha de voo e consiste
de controle de campo e retificação dos dados usando rea- de 1.065 linhas por 632 colunas. Ela fornece uma visão
mostragem pelo método do vizinho mais próximo, como geral da distribuição espacial do efluente termal.
discutido em Jensen (2005). Para que os investigadores
possam identificar uma pluma termal e mapear sua tempe­
ratura e distribuição espacial, a pluma do rio, e o terreno
circunvizinho, todos têm que ser discerníveis na imagem Para atender ao requisito de ±0,2 °C, os dados do escaneador
infravermelha termal obtida por sensoriamento remoto. de infravermelho termal foram calibrados usando um corpo
Em cada dia o contraste térmico máximo entre a água do negro interno de referência. Ao escanear cada linha de da­
Rio Savannah e as outras superfícies de terra ocorre ime­ dos, o detector visava uma placa fria com uma temperatura
diatamente antes do amanhecer, como discutido previa­ conhecida, o terreno, e depois uma placa quente com uma
mente, quando o rio é mais quente que a superfície externa temperatura conhecida. Conhecendo a relação entre as tem­
ao rio. Assumiu-se que a pluma quente seria discernível peraturas dessas placas, o analista podia calcular a tempera­
do restante da água do Rio Savannah e do terreno externo tura aparente do terreno para cada pixel, de -3 a 48 °C. O
ao rio tanto de dia quanto à noite. Um fator adicional a principal problema deste método de calibração era que ele
favor do voo pré-amanhecer foi o fato de que à noite não não incorporava o efeito da atmosfera interveniente no sinal
havia sombras de árvores ao longo das margens do rio que de resposta. Não obstante, parece que a calibração foi bem
pudessem causar medidas espúrias da temperatura do rio satisfatória. Quando os dados calibrados foram comparados
ou da pluma. Essas considerações resultaram na coleta dos com duas medidas de temperatura superficial in situ feitas
dados em 31 de março de 1981, às 4:28 a.m., sob a influ­ na pluma do Córrego Four Mile concomitantes ao sobre­
ência de um sistema meteorológico de alta pressão com voo, ambas as medidas de sensoriamento remoto estiveram
uma umidade absoluta de 27%. no intervalo de ±0,2 °C em relação às medidas in situ.
Exemplos de Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal 281

Detecção Infravermelha Termal da Poluição Termal


Tabela 8-7. Requisitos do Usuário para monitoramento da
da Agua no Rio Savannah distribuição de uma pluma termal no Rio Sa­
vannah e parâmetros do sistema sensor.

Parâmetro do Sistema de
Requisito do Usuário
Sensoriamento Remoto
A temperatura aparente de Medição da região de 8- 14
cada pixel deve ter precisão pm usando detector de
de ±0,2 °C em relação à telureto de cádmio-mercúrio
sua temperatura verda­ (Hg:Cd:Te) com um conver­
deira. As temperaturas sor A-D de 8 bits (0 —255).
na cena > a temperatura Calibração radiométrica para
ambiente do rio são de 0±0,2 °C com valores de pi­
interesse primordial. xels variando de -3 a 48 °C.

Pelo menos 30 pixels de­ Use um sensor com um IFOV


Figura 8-26 Imagem infravermelha termal de antes do amanhecer
(8,0 - 14 |im) de efluentes termais fluindo para o Rio
vem cair dentro da largura de 2,5 mrad voando a 1.200
Savannah adquirida às 4:28 a.m. de 31 de março de de 90 m do rio. Portanto, m (4.000 pés) AGL. Remova
1981, usando um sistema de varredura multiespectral é necessário um elemento distorções geométricas do
Daedalus DS-1260. de resolução espacial de <3 sistema sensor e reamostre
x 3 m. Retificação de todos para elementos de imagem de
os pixels para estarem 2,8 x 2,8 m.
Análise de Dados dentro de ± 10% da sua
posição planimétrica.
Cientistas ambientais e ictiologistas têm interesse na Adquira imagens de antes Aquisição de dados de antes
tem peratura e distribuição espacial de plumas termais e do amanhecer na prima­ do amanhecer em condições
como elas se relacionam com a temperatura ambiente do vera e analise os resultados de atmosfera estável. Calibre
rio. Se existe uma pluma, é im portante determinar onde rapidamente. e analise.
a pluma tem um número de graus acima da temperatu­
Produza mapas de isoter- Aplique processamento de ima­
ra ambiente do rio. Dependendo da época do ano, as
mas e extraia informação gens e princípios cartográficos
plumas termais podem atrair certas espécies de organis­
quantitativa de temperatu­ para obter informação quanti­
mos aquáticos e excluir outras. Infelizmente, uma pluma
ra para intervalos de classe tativa dos mapas de isotermas e
quente que se estenda através de um rio e a uma certa
selecionados. transectos selecionados.
profundidade inibirá certas espécies de nadarem rio aci­
ma durante a estação reprodutiva.

Dois tipos de análise de dados foram utilizados para extrair Às 4:28 o rio é muito mais quente que o terreno circunvi-
informação quantitativa de temperatura. Primeiro, mapeou- zinho e facilmente distinguível. Dois métodos foram usa­
se a distribuição espacial de intervalos selecionados de classes dos para determinar a temperatura ambiente do rio. Pri­
de temperatura >2,8 °C acima da temperatura ambiente do meiro, as medidas de temperatura in situ do Rio Savannah
rio. Depois, foram traçados transectos pelo mapa de isoter- estavam disponíveis e indicavam a temperatura acima do
mas para documentar a área superficial transversal da pluma local da pluma como sendo 12 °C. Em segundo lugar, uma
em intervalos de classes de temperatura específicos. amostra de 200 pixels bem acima da pluma do Córrego
Four Creek forneceu uma média de 12 “C e um desvio
O mapeamento da distribuição espacial da temperatura fez padrão de ±0,2 °C. Então, a temperatura ambiente do rio
com que fosse necessário identificar:• foi determinada como sendo de 12 °C.

• o terreno (solo e vegetação) para assegurar que não fos­ Depois, sete intervalos de classe foram selecionados. Três dos
se confundida com a pluma termal; intervalos de classe eram para temperaturas <2,8 °C acima
da temperatura ambiente do rio e incluíam o terreno e o rio
• a temperatura ambiente do rio; não afetado termalmente. Quatro intervalos de classe foram
usados para realçar variações especiais de temperatura no in­
• a distribuição espacial da temperatura da pluma >2,8 terior da pluma termal que estivessem a >2,8 °C acima da
°C acima da temperatura ambiente do rio. temperatura ambiente do rio. A cada um dos sete intervalos
282 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal

Tabela 8-8. Transectos de temperatura aparente de plumas termais do Rio Savannah e lógica de codificação de cores
(intervalos de densidade).
Relações entre Classe e Temperatura Ambiente do Rio, 12 °C
Casse 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4 Classe 5 Classe 6 Classe 7
Azul Azul claro Verde Amarelo Laranja Vermelho Branco
escuro +1 °C 1,2-2,8 °C 3,0-5,0 °C 5,2-10 °C 10,2-20 °C >20 °C
ambiente
Transecto* Intervalo de Valores de B rilho para C ada Intervalo de C lasse
Largura M édia d o R io b 7 4 -7 6 7 7 -7 8 81 - 89 90- 100 101 - 125 126- 176 177-255
A 32 pixels = 15/42c 17/47,6
89,6 m
B 38 pixels = 25/70 1/2,8 1/2,8 2/5,6 1/2,8 5/14 3/8,4
106,4 m
C 34 pixels = 19/53,2 2/5,6 2/5,6 2/5,6 6/16,8 3/8,4
95,2 m
a Cada transecto tinha aproximadamente 285 m de comprimento (66 pixels de 2,8 m/pixel). As medições nos transectos no rio foram feitas apenas depois que a imagem foi rotacio-
nada, de tal forma que os pixels iniciais e finais dos transectos caíssem na mesma linha de varredura.
b Inclui um pixel misto de terra e água em cada lado do rio.
‘ Notação representa pixels e metros; por exemplo, 15 pixels representam 42 m.

de classe foi atribuída uma única cor, com amarelo, laran­ Um histograma do transecto B é mostrado na Prancha Co­
ja, vermelho e branco correspondendo às temperaturas mais lorida 8-2d. A relação entre os valores de brilho originais
quentes na pluma (Tabela 8-8). A análise da Prancha Colori­ e os intervalos de classe do mapa de fatiamento é apresen­
da 8-2a revela que a parte mais quente da pluma estava bem tado na Tabela 8-8. Pela contagem do número de pixels ao
na desembocadura do Córrego Four Creek (34,6 °C; 94,28 longo do transecto nos intervalos de classe de temperaturas
°F). A temperatura do córrego era a mesma que a da par­ específicas dentro da pluma, e pela contagem do número
te mais quente da pluma; entretanto, a vegetação arbustiva total de pixels do rio, é possível determinar a proporção da
e flutuante presa ao longo da borda do córrego diminuiu a pluma termal que cai dentro dos intervalos de classes de
temperatura aparente obtida por sensoriamento remoto do temperaturas específicos (Jensen et ah, 1983 e 1986). Por
córrego ao longo do seu canal principal. Também, a borda exemplo, em 1981 na Carolina do Sul uma pluma termal
norte do Córrego Four Creek aqueceu a água um pouco aci­ não podia ser >2,8 °C acima da temperatura ambiente do
ma da pluma à medida que ela entrava no Rio Savannah. rio para mais que um terço da largura do rio. As informa­
ções de transecto extraídas das imagens infravermelhas ter­
Um mapa de isotermas codificado com cores (técnica de mais e sumarizadas na Tabela 8-8 foram usadas para deter­
fatiamento - density-sliced) forneceu uma valiosa informa­ minar se a pluma estava dentro dos limites estabelecidos.
ção sobre a distribuição espacial da temperatura da pluma
à medida que ela entrava no Rio Savannah e prosseguia rio A principal imagem infravermelha termal preto-e-branco
abaixo. Entretanto, dados mais quantitativos foram obti­ da pluma continha valiosa informação (Figura 8-27a). Po­
dos ao traçar três transectos (A, B e C) cruzando a pluma, rém, também foi possível realçar digitalmente a imagem
como mostrado na Prancha Colorida 8-2b. Os valores de infravermelha termal original para apreciar visualmente as
brilho observados ao longo de cada transecto estão suma- características mais sutis da pluma termal e dos fenômenos
rizados na Tabela 8-8. Esses valores foram obtidos apenas circundantes. Por exemplo, a Figura 8-27b é uma imagem
depois que a imagem original foi geometricamente rotacio- filtrada com um filtro de baixa frequência aplicado sobre
nada de 16° no sentido horário de tal forma que os pontos a imagem original com realce de contraste. Ela enfatizou
de cada transecto caíssem na mesma linha de varredura. as componentes que variavam pouco dentro da imagem.
Isso assegurou que o número de metros em cada classe de Por outro lado, a aplicação de um filtro de alta frequência
temperatura ao longo de cada transecto fosse determinado realçou os detalhes de alta frequência na imagem. Observe
precisamente. Se o analista extrai transectos onde os pon­ como diversos erros radiométricos nas linhas de varredu­
tos não caem na mesma linha de varredura (ou coluna), a ra são mais pronunciados na imagem filtrada com o filtro
hipotenusa dos pixels serrilhados deve ser considerada ao de alta frequência na Figura 8-27c. Um filtro de mínimos
invés da simples distância horizontal dos pixels. Estas rela­ realçou o núcleo da pluma, enquanto que um filtro de má­
ções estão demonstradas na Prancha Colorida 8-2c. ximos realçou a pluma toda (Figura 8-27d,e). Um filtro de
Exemplos de Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal 283

Realces Aplicados à Imagem Infravermelha Termal de uma Pluma Termal no Rio Savannah

Figura 8-27 a) Imagem original com realce de contraste da pluma termal do Córrego Four Mile no Rio Savannah registrada em 31 de março
de 1981, às 4:28 a.m. b) Imagem filtrada com um filtro passa-baixa. c) Imagem filtrada com um filtro passa-alta. d) Aplicação de
um filtro de mínimos, e) Aplicação de um filtro de máximos, f) Um filtro de relevo dá a impressão de um relevo sombreado, g)
Realce de bordas de Roberts. h) Realce de bordas de Sobel. i) Realce de bordas Laplaciano.

relevo criou uma impressão de relevo sombreado da pluma pluma e as bordas dos limites pluma/terreno/água (Figura
(Figura 8-27f). Três algoritmos de realce de bordas (Ro­ 8-27g,h,i). A lógica e a matemática desses algoritmos estão
berts, Sobel e Laplaciano) realçaram diferentes partes da mostrados em Jensen (2005).
284 CAPITULO Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal

Levantamentos infravermelhos termais da pluma do Cór­ Detecção por Infravermelho Termal de Vazamento
rego Four Creek eram rotineiramente feitos pelo menos duas Fossas Sépticas Próximas a Charleston,
duas vezes por ano de 1981 a 1988 para assegurar que a Carolina do Sul
pluma estava de acordo com os padrões estaduais e federais
quanto à qualidade da água. Torres de resfriamento foram
então construídas para receber os efluentes termais.

Monitoramento da Poluição da Água: Identificação de


Vazamentos em Tanques Sépticos que Contribuem
para a Contagem de Coliformes Fecais

Uma alta contagem de coliformes fecais em águas doces e


marinhas correntes podem indicar a presença de bactérias
que podem causar febre tifóide, hepatite A e cólera. Os
departamentos de saúde rotineiramente monitoram a água
potável, lagos recreativos, rios, represas, estuários e águas
oceânicas para verificarem a contaminação por coliformes
fecais. Moluscos marinhos com carapaça são sensíveis à
contaminação por coliformes fecais porque os organis­
mos que filtram os alimentos, como ostras, mexilhões e
mariscos podem acumular bactérias, protozoários e vírus.
As bactérias concentradas nos organismos marinhos com
carapaça por causa do seu método de alimentação não são
danosas a esses organismos, mas podem ser prejudiciais às
pessoas que consomem esses moluscos. Níveis aumentados Figura 8-28 Imagem FLIR de antes do amanhecer, num inverno, de
de coliformes fecais próximos a áreas de concentração de duas fossas sépticas que vazaram próximo à costa perto
organismos marinhos com carapaça levam a fechamentos de Charleston, Carolina do Sul (SC).
das áreas de concentração desses organismos.
muitos parâmetros importantes precisam ser conhecidos
para documentar quantitativamente as características exatas
O Departamento de Saúde e Controle da Carolina do Sul
do isolamento de cada residência ou escritório num bairro.
(DHEC-SC) investigou o uso do sensoriamento remoto
por infravermelho com visada avante (FLIR) para identi­
ficar vazamentos em tanques sépticos nas proximidades de Alguns dos mais importantes parâmetros a serem levados
Charleston, SC. Vazamentos de tanques sépticos são uma em conta ao fazer um levantamento residencial por infra­
fonte comum de coliformes fecais em baías, enseadas e estu­ vermelho termal para fins de isolamento estão apresentados
ários. Por exemplo, dois vazamentos em sistemas de tanques na Tabela 8-9. Colcord (1981) sugere que a resolução de
sépticos são identificados na imagem FLIR mostrada na Fi­ temperatura (radiométrica) deve ser ±0,8 °C para diferenciar
gura 8-28. A imagem foi obtida à noite no inverno quando uma casa padrão R-10 de uma R-203. Isso resulta numa dis­
o efluente quente do tanque séptico contrastava com a água criminação de aproximadamente quatro níveis de isolamen­
relativamente fria do mangue e da enseada. Imagens como to aparente (pobre, regular, bom e excelente) com base num
esta têm ajudado fiscais a saber onde obter amostras no ter­ exame visual. A maioria das casas estão a aproximadamente
reno para fazer com que os tanques sépticos passem a aten­ 80 °F (26,6 °C). Isso se aproxima de um corpo negro a 300
der à legislação de saúde (NOAA Coastal Services, 2006). K com um comprimento de onda dominante de aproxima­
damente 9,7 pm. Portanto, a cena deve ser imageada usan­
Levantamentos Infravermelhos Termais de do um detector de telureto de cádmio-mercúrio (Hg:Cd:Te)
Isolamentos Residenciais sensível na faixa de 8 - 14 pm. As temperaturas cinéticas
verdadeiras dos telhados de diversas casas são necessárias se
os dados tiverem que ser calibrados para ±0,8 °C.
Residências, prédios de escritórios e indústrias são isolados
de forma que no inverno o calor - que custa caro - não O sistema sensor precisa adquirir pixels suficientes num te­
vaze facilmente. E possível usar sensoriamento remoto para lhado para caracterizar seu ambiente termal. Um pixel por
monitorar a eficácia do isolamento. Porém, geralmente os
resultados são mais qualitativos do que quantitativos porque 3 Sistema de classificação residencial usado nos Estados Unidos.
Exemplos de Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal 285

Tabela 8-9. Emissividades de 8 - 14 pm para materiais de Tabela 8-10. Requisitos do usuário para condução de le­
construção (Colcord, 1981; Wolfe, 1985). vantamento de isolamento térmico por ima-
geamento termal em edificações.

Material Emissividade, s Parâmetro do Sistema de


Requisito do Usuário
Sensoriamento Remoto
cobertura asfáltica (seca) 0,97 A resolução da temperatu­ Sensoriamento remoto na re­
ra (radiométrica) deve ser gião 8-14 pm usando detector
cobertura asfáltica
1,00 ±0,8 °C para diferenciação de telureto de cádmio-mercú-
(úmida)
entre residências R-10 e rio (Hg:Cd:Te). As tempera­
cobertura de madeira R-20a (Colcord, 1981). turas cinéticas verdadeiras de
0,95
(seca) vários telhados são necessárias
cobertura de madeira para calibrar para ±0,8 °C.
0,99
(úmida)
Obter resolução espacial Use sensor com um IFOV
concreto/pedra 0,97 de 15 x 15 cm para con­ de 2,5 mrad voando a 400
alumínio (folha) 0,09 seguir muitas amostras de m AGL. Isso resultará numa
cada telhado; entretanto, resolução de 1 x 1 m no nadir.
cobre (oxidado) 0,78 uma resolução espacial de Remova distorção tangencial de
1 x 1 m pode ser suficien­ escala se possível e retifique para
ferro (folha enferrujada) 0,69 te. Retifique os dados para mapas planimétricos de grande
estarem no intervalo de escala usando pontos de contro­
latão (folha de metal) 0,07 ± 1 pixel da sua posição le no terreno e reamostragem
planimétrica. por vizinho mais próximo.
tijolo (vermelho comum) 0,93
Adquira imagens de antes Adquira imagens quando o céu
tinta (média de 16 cores) 0,94 do amanhecer na prima­ estiver limpo, o vento for <7
vera e analise os resultados km/h, houver baixa umidade
areia 0,90 rapidamente. e nenhuma água, neve ou
madeira (carvalho gelo no telhado. Imagens de
0,90
aplainado) antes do amanhecer não têm
cristais de gelo 0,98 sombras de prédios ou árvores
vizinhos para causar confusão.

Produza mapas de isoter- Obtenha características


telhado não é suficiente. Alguns têm recomendado uma cé­
mas e extraia informação de emissividade dos telha­
lula de resolução espacial de 15 x 15 cm, mas uma resolução qualitativa e quantitativa dos para o bairro. Observe
espacial de 1 x 1 m parece ser suficiente para a maioria das ca­ de temperatura. Reduza a diferenças nos materiais dos
sas, excluindo parques de trailers. Um sensor com um IFOV informação para níveis de telhados, orientação e inclina­
de 2,5 milirradianos voando a 400 m acima do nível do solo classe de temperatura que ção dos telhados e ocupação
atingiría uma resolução espacial no terreno de 1 x 1 m por pi­ o público possa entender das edificações. Use processa­
xel no nadir. Isso resultaria em problemas em terrenos mon­ (p.ex., pobre, razoável, mento digital de imagens para
tanhosos onde o relevo local atingisse 400 m. A distorção bom e excelente). obter informação quantitativa
de escala teria que ser removida e os dados serem retificados das imagens termais.
geometricamente. O levantamento infravermelho termal de­ a Sistema de classificação de bairros residenciais adotado nos Estados Unidos (N.T.).
veria ocorrer sob as seguintes condições, se possível:
É importante obter as características precisas de emissividade
• água, gelo ou neve não devem estar presentes no teto, dos telhados para o bairro residencial ou distritos empresa­
pois isso altera dramaticamente as características de riais de interesse porque diferentes materiais constituintes de
emissividade do teto, como mostrado na Tabela 8-10; telhados têm diferentes emissividades. Por exemplo, telhas
laminadas de cedro têm uma emissividade de 0,99 quando
• a velocidade do vento deve ser <7 km/h; úmidas e 0,95 quando secas, enquanto uma cobertura de
alumínio tem uma emissividade de 0,09 (Tabela 8-10).
• umidade e neblina no terreno devem ser mínimas;
Idealmente, todos os telhados são planos. Infelizmente, a in­
• a cobertura de nuvens deve ser mínima, já que as nu­ clinação (quão inclinado ele é) e a orientação na direção do
vens radiam calor de volta sobre o teto. sensor ou na direção oposta ao sensor impactará a precisão
dos valores de temperatura aparente obtidos. Finalmente,
286 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal

Figura 8-29 Imagem infravermelha termal de antes do amanhecer de uma subdivisão residencial em Forth W orth, Texas. A imagem foi
adquirida a uma altitude de 250 m acima do nível do solo com um sistema de varredura transversal e um campo de visada
instantâneo de 1 rnrad às 6:45 a.m. em 10 de janeiro de 1980. Isso gerou uma resolução espacial efetiva no terreno de 0,25 x
0,25 m por pixel no nadir. O céu estava limpo.

as pessoas tendem a diminuir a temperatura de suas casas Algumas companhias de serviço público subcontratam le­
no inverno quando deixam suas cidades por alguns dias, de vantamentos de dados infravermelhos termais e depois ten­
aproximadamente 72 °F (22,2 °C) para aproximadamente tam convencer os proprietários de que seus sistemas de isola­
55 - 60 °F (12,8 - 15,6 °C). Consequentemente, alguns te­ mento não são tão bons quanto os de seus vizinhos. O único
tos que aparecem frios numa imagem infravermelha termal problema com esta logística é que 1) a casa do vizinho pode­
(i.e., casas que parecem ter um bom sistema de isolamento) ría ter um teto de material diferente, 2) a orientação do teto
podem de fato ser de casas desocupadas com o termostato do vizinho em relação ao sensor poderia ser diferente, e 3) o
regulado para baixa temperatura. A imagem infravermelha vizinho poderia manter sua casa a uma temperatura muito
termal de um área residencial em Fort Worth, TX, é mos­ mais fria. Se esses parâmetros são levados em conta, então a
trada na Figura 8-29. Ela foi adquirida a uma altitude de informação de temperatura do teto extraída de dados infra­
250 m acima do nível do solo com um sistema de varredura vermelhos termais pode ser de valor para o proprietário.
transversal com um campo de visada de 1,0 milirradiano,
às 6:45 a.m. do dia 10 de janeiro de 1980 (época fria nos Levantamentos de energia infravermelha termal também
Estados Unidos). Esta configuração fornecia uma resolução são feitos rotineiramente para prédios públicos e indus­
espacial efetiva no terreno de 0,25 x 0,25 m por pixel no triais. A Figura 8-30 mostra uma fotografia aérea e uma
nadir. imagem infravermelha termal de antes do amanhecer da
casa de campo Solomon Blatt no campus da Universidade
Ieoricamente, na Figura 8-29, a casa com pior isolamento da Carolina do Sul. A imagem infravermelha termal foi
na região está em (a), enquanto a casa vizinha em (b) parece adquirida às 4:30 a.m. em 10 de março de 1983, a 500
estar bem isolada. Há fogo na lareira da casa (c). A rede m acima do nível do solo usando um sistema sensor com
viária (d), as calçadas de concreto (e), e os revestimentos dos IFOV de 2,5 mrad. Isso resultava numa resolução espacial
pórticos de concreto (f) são muito mais quentes que o ter­ de aproximadamente 1,25 x 1,25 m.
reno ao redor. Alguns dos terrenos ajardinados estão mais
úmidos (g) que outras áreas. Todos os veículos metálicos (h) Levantamentos Infravermelhos Termais de
são escuros (frios) por causa da sua baixa emissividade. A Umidade em Tetos Comerciais/lndustriais
maioria das casas nesta região provavelmente recebeu mais
ou menos o mesmo isolamento; portanto, não é surpresa
que a temperatura de seus tetos pareçam similares. A manutenção de telhados é uma indústria de bilhões
de dólares. Sempre será necessário para o contratante do
Exemplos de Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal 287

a. Fotografia Aérea Vertical b. Imagem Infravermelha Termal de Antes do Amanhecer

Figura 8-30 a) Fotografia aérea do galpão Solomon Blatt no campus da Universidade da Carolina do Sul, Colúmbia, Carolina do Sul. b)
Imagem infravermelha termal obtida às 4:30 a.m. de 10 de março de 1983, com uma resolução espacial de 1,25 x 1,25 m. Note
os 11 exaustores metálicos frios, o ar quente saindo de nove dos exaustores, e os beirais frios pendentes. Os beirais são expostos ao
ar frio matinal de ambos os lados.

serviço de telhado andar sobre o telhado para determinar pode ser usado para mapear padrões de temperatura do teto.
exatamente que reparos precisam ser feitos, mas tem se Um técnico pode usar uma sonda nuclear ou um medidor
tomado crescentemente útil conduzir estudos de sensoria­ de capacitância para medições numa grade de 1 x 1 m ou 5
mento remoto no infravermelho termal em telhados, es­ x 5 m no teto. Esses pontos amostrais são então usados para
pecialmente quando uma quantidade substancial de água extrapolar onde está localizada a água sub-superficial do teto.
puder estar presente em superfície e/ou sub-superfície. Isso
ajuda o contratante do serviço de telhado localizar todos os O sensoriamento remoto no infravermelho termal é o mé­
problemas do telhado. O processo é chamado de levanta­ todo preferido para o levantamento de umidade de teto
mento de umidade de telhado. (Stockton, 2004b). Durante o dia, a energia do Sol in­
cidente aquece o material do teto. Parte dessa energia é
A expansão e resfriamento diários, vento, chuva, neve, gra­ transferida para baixo da superfície do teto para a água,
nizo, gelo, produtos químicos, manchas e furos, e o tempo a madeira ou o isolante. Durante a noite, esses materiais
eventualmente causam falhas nos telhados. Os problemas radiam essa energia armazenada de volta para a atmosfera.
dos telhados manifestam-se por si mesmos de dois mo­ Isso é chamado de resfriamento radiativo. Áreas de massas
dos: vazamentos e contaminação da água coletada. O va­ maiores (úmidas) absorvem e dissipam calor em taxas di­
zamento é simples, embora o vazamento dentro do prédio ferentes das áreas de massas menores (secas). As áreas de
raramente reflita a localização exata no teto onde há um massas maiores radiam calor por um período de tempo
buraco ou trinca do material do telhado. Como a maio­ maior à noite porque têm maior capacidade térmica, como
ria dos isolantes absorvem uma certa quantidade de água, discutido previamente. O sensoriamento remoto infraver­
é difícil localizar a água contaminada infiltrada porque o melho termal aéreo pode detectar essas fontes de calor e
teto pode não mostrar um vazamento até que o material identificar as maiores massas (áreas úmidas) durante esta
que fica entre o teto e o isolante tenha absorvido toda a janela noturna de dissipação desigual de calor.
água que pode manter retida (Stockton, 2004a).
Por exemplo, considere o imóvel comercial mostrado na
Três métodos não-destrutivos podem ser usados para localizar Figura 8-31 a. Uma fotografia aérea vertical de grande es­
umidade sub-superficial: 1) medidores nucleares que contam cala é mostrada na Figura 8-3 lb. Uma imagem infraver­
nêutrons, 2) medidores de capacitância que medem resistên­ melha termal de antes do amanhecer é mostrada na Figura
cia, e 3) sensoriamento remoto no infravermelho termal que 8-31 c, e um mapa feito em CAD (computer aided design)
288 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal

Levantamento Infravermelho Termal de Umidade em Telhado

a. Vista oblíqua de um imóvel comercial. b. Fotografia aérea vertical de grande escala.

Figura 8-31 a) Fotografia aérea vertical de um imóvel comercial na Carolina do N orte, b) Fotografia aérea vertical de grande escala.
c) Desenho em CAD m ostrando polígonos com provável umidade no telhado (cortesia de Stockton Infrared T herm o-
graphic Services; Stockton Infrared, 2006).

da extensão da umidade sub-superficial é mostrado na Fi­ porte e usos industriais. As menores temperaturas diurnas
gura 8-31 d. Essa informação é usada para estimar a quan­ foram encontradas nos corpos d’água, vegetação e terras
tidade de teto que precisa ser trocado ou arrumado. de uso agrícola, nesta ordem. Áreas residenciais sendo
compostas de uma mistura heterogênea de casas, grama e
Análise do Efeito de Ilha de Calor Urbana coberturas arbóreas exibiram uma temperatura intermedi­
ária, como esperado.

Sabe-se muito bem que uma ilha de calor urbana existe na À noite, as coberturas da terra com comércio, serviço, in­
maioria das áreas urbanas em comparação à zona rural cir­ dústria e transporte esfriaram relativamente rápido. Não
cundante relativamente mais fria. Ilhas de calor urbanas são obstante, suas temperaturas mesmo nas horas matinais
causadas pelo desflorestamento e substituição da superfície antes do amanhecer ainda estavam ligeiramente mais altas
do solo por materiais não-evaporativos e não-porosos, como que aquelas de vegetação e agricultura. A água tem uma alta
asfalto e concreto. Além disso, os sistemas de ar condicionado capacidade térmica; consequentemente, ela tipicamente é a
introduzem uma significativa quantidade de energia calórica cobertura da terra mais quente durante as horas que antece­
na paisagem urbana. O resultado é uma reduzida evapotrans- dem o amanhecer, como discutido anteriormente. Por outro
piração e um aumento geral na temperatura da paisagem. lado, a agricultura exibe a menor temperatura à noite.

Quattrochi e Ridd (1994) e Lo et al. (1997) avaliaram di­ Exemplos de imagens infravermelhas termais diurnas e no­
versas cidades usando sistemas de sensoriamento remoto turnas de Atlanta, GA, confirmam essas observações (Figura
infravermelhos termais de alta resolução espacial para do­ 8-32ab). A imagem do canal 13 do ATLAS (9,60 — 10,2
cumentar o efeito da ilha de calor urbana. Em geral, ob­ pm) com resolução espacial de 10 x 10 m foi obtida como
servaram que durante o dia as áreas comerciais exibiram as parte da investigação do Projeto ATLANTA - parte do EOS
temperaturas mais altas, seguidas pelas de serviços, trans­ da NASA (Quattrochi e Luvall, 1999). Sombras de prédios
Exemplos de Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal 289

Atlanta, Geórgia

mj " ?

K l

nagem infravermelha termal rem infravermelha termal noturna.


diurna de Atlanta, GA.

Figura 8-32 a) Imagem infravermelha termal aérea diurna do canal 13 (9,60 - 10,2 gm) do ATLAS, de Atlanta, Geórgia. Feições ur­
banas proeminentes são identificadas para orientação, b) Imagem infravermelha termal noturna de antes do amanhecer, de
Atlanta, Geórgia (cortesia de D. Q uattrochi e J. Luvall, Project ATLANTA; NASA Marshall Space Flight Center, Global
Hydrology Climate Center, Huntsville, Alabama).

altos localizados no Distrito Central de Negócios de Atlan­ bertura da terra e a qualidade do ar através do tempo, e 3)
ta são observadas na imagem diurna. A intensa exitância modelar os efeitos gerais do desenvolvimento urbano nas
termal dos prédios, pavimentos e outras superfícies típicas características do balanço de energia na superfície ao longo
da paisagem urbana, bem como a distribuição heterogênea da paisagem urbana de Atlanta. Tais dados também podem
dessas respostas, surgem em significativo contraste à relativa ser usados para recomendar programas de plantio de árvores
monotonia da paisagem termal de Atlanta à noite. Também, que possam ser capazes de diminuir substancialmente o efei­
o efeito tampão que a floresta urbana tem sobre a resposta to da ilha de calor urbana (Quattrochi e Ridd, 1998).
da energia termal ascendente é evidente, particularmente na
porção nordeste da imagem diurna onde o dossel das ár­ Weng et al. (2004) analisaram dados ETM+/Landsat-7 para
vores residenciais é extenso. Na imagem noturna ainda há extrair informação de temperatura da superfície do solo para
evidência, mesmo bem de manhã, das elevadas respostas ter­ estudos de ilha de calor urbana de Indianápolis, Indiana. Veri­
mais dos edifícios e outras superfícies no Distrito Central de ficaram que a incorporação de quantidades de vegetação ver­
Negócios de Atlanta e das ruas e auto-estradas. As respostas de, solo seco e sombra no interior de cada pixel era útil para
de energia termal para a vegetação em toda a imagem são re­ estimar a relação entre a temperatura da superfície/abundân­
lativamente uniformes à noite, independentemente do tipo cia de vegetação em estudos de ilha de calor urbana.
de vegetação (p.ex., grama, árvores).
Uso da Imagem Infravermelha Termal para
Tais informações termais têm sido usadas para 1) modelar as Aplicações Florestais
relações entre o crescimento urbano de Atlanta, a mudança
na cobertura da terra e o desenvolvimento do fenômeno da
ilha de calor urbana através do tempo, 2) modelar a relação Informação quantitativa sobre estrutura de dossel florestal,
entre o crescimento urbano de Atlanta e a mudança na co­ biomassa, idade e condição fisiológica foi extraída de dados
290 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal

infravermelhos termais. Basicamente, uma mudança na tem­ e emissividade são variáveis biofísicas críticas e poderosas
peratura superficial pode ser medida por um sensor de infra­ em muitas investigações. Agora temos detectores de infra­
vermelho termal aerotransportado (p.ex., TIMS ou ATLAS) vermelho termal lineares e matriciais muito sensíveis que
fazendo sobrevoos repetidos sobre a mesma área por algumas podem funcionar em bandas termais largas ou em configu­
vezes. Geralmente, uma separação de cerca de 30 minutos rações hiperespectrais. No futuro, será comum encontrar
resulta numa alteração mensurável da temperatura causada sensores infravermelhos termais miniaturizados em veí­
por mudança na incidência de radiação solar; porém, um pe­ culos aéreos não-tripulados (UAV) usados por militares,
ríodo de tempo maior pode ser necessário. A radiação líquida cientistas e pessoas comuns.
(RJ média na superfície é medida in situ para a área de estu­
do e é usada para integrar os efeitos dos fluxos não-radiativos. Referências
A mudança na temperatura superficial do período de tempo
para t, (i.e., At) é o valor que revela como aqueles fluxos
não-radiativos estão reagindo às entradas de energia radiante.
A razão entre esses dois parâmetros é usada para computar a Becker, F. and A. L. Li, 1995, “Surface Temperature and
propriedade de superfície definida por Luvall (1997) como Emissivity at Various Scales: Definition, Measurement and
Número de Resposta Termal (TRN): Related Problems,” Remote SensingofEnvironment, 12:225-253.

£ [ (Rn) (Ar) ] Colcord, J., 1981, “Thermal Imagery Energy Surveys,”


(8-24) Photogrammetric Engineering& Remote Sensing, 47(2):237—240.
TRN =Il_________
At Coll, C., Caselles, V., Valor, E. and E. Rubio, 2003,
Terrenos contendo principalmente solo úmido e rocha expos­ “Validation ofTemperature-Emissivity Separation and Split-
ta têm os menores valores de TRN, enquanto florestas têm os Window Methods from TIMS and Ground Measurements,”
maiores. O TRN é uma propriedade específica do local, que Remote Sensing of Environment, 85:232-242.
pode discriminar entre vários tipos de florestas de coníferas e
algumas das suas característica biofísicas (Luvall, 1997). Czajkowski, K. P., Goward, S. N., Mulhern, T., Goetz, S. J.,
Walz, A, Shirey, D., Stadler, S., Prince, S. and R. O. Dubayah,
Sensoriamento Remoto para Graus-Dia de 2004, “Estimating Environmental Variables Using Thermal
Estresse em Plantas Remote Sensing,” in D. A. Quattrochi and J. C. Luvall,
(Eds.), Thermal Remote Sensing in Land Surface Processes,
Boca Raton: CRC Press, 11-32.
Moran (2004) sintetizou várias medidas relativas de sani­
dade de ecossistemas vegetais que podem ser monitoradas Czajkowski, K. E, Goward, S. N., Mulhern, T., Goetz, S. J.,
usando sensoriamento remoto no infravermelho termal. Walz, A, Shirey, D., Stadler, S., Prince, S. and R. O. Dubayah,
Por exemplo, o grau-dia de estresse (SDD) foi definido 1997, “Recovery of Environmental Variables from Thermal
por Idso et al. (1977) como: Remote Sensing,” in D. A. Quattrochi and M. F. Goodchild
(Eds.), Scale in Remote Sensing and GIS, Chelsea: Lewis.
SDD= S ( T c 'Ta), (8' 25)
í= l Estes, J. E., 1966, “Some Applications of Aerial Infrared
Imagery,” Annals of the Association of American Geographers,
Onde T é a temperatura de dossel da planta (uma medi­ 56(4):673-682.
ção por sensoriamento remoto no infravermelho termal) 1
a 1,3 horas após o meio-dia, T é a temperatura do ar 1,5 m Fischer, W. A., 1983, “History of Remote Sensing,” Manual
acima do solo (uma medição in situ), e (T — T) é somado of Remote Sensing, R. Reeves (Ed.), Bethesda: ASP&RS, 27-
para n dias começando no dia i. O índice SDD está rela­ 50. FLIR Systems, 2006, Infrared Imaging Systems, Portland:
cionado ao consumo de água pela planta e tem sido usado FLIR Systems, Inc., www.FLIR.com.
para planejar irrigação agrícola, monitorar estresse em gra­
mados e melhorar as estimativas de produtividade. Idso, S. B., Jackson, R. D. and R. J. Reginato, 1977, “Remote
Sensing of Crop Yields,” Science, 196: 19-25.
Resumo
Itres TABI, 2006, Thermal Airborne Broadband Imager
(TABI), Alberta, Canada: Itres Research, www.itres.com.
O sensoriamento remoto no infravermelho termal vai
tornar-se ainda mais importante no futuro. Temperatura
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'

Sensoriamento Remoto por Micro-ondas


Ativas e Passivas

s sistemas passivos de sensoriamento remoto registram a energia eletromagné­

O tica que é refletida (p.ex., luz azul, verde, vermelha e infravermelho próximo)
ou emitida (p.ex., radiação infravermelho termal) pela superfície da Terra. Há,
também, os sistemas ativos de sensoriamento remoto que não são dependen­
tes da energia eletromagnética do Sol, ou das propriedades termais da Terra.
Os sensores remotos ativos geram a sua própria energia eletromagnética, que
1) é transmitida do sensor para a superfície do terreno (e é pouco afetada pela
atmosfera), 2) interage com o terreno produzindo um retroespalhamento da
energia, e 3) é registrada pelo receptor do sensor remoto. Os sistemas de sen­
soriamento remoto ativos mais amplamente utilizados incluem:

• Micro-ondas ativos (RADAR), que são baseados na transmissão de micro­


ondas de comprimentos de onda mais longos (p.ex., 3 - 2 5 cm) através
da atmosfera e na detecção da quantidade de energia retroespalhada pela
superfície do terreno;

• LIDAR, que são baseados na transmissão de energia de comprimentos de


onda relativamente curtos da luz laser (p.ex., 1040nm) através da atmos­
fera e na detecção da quantidade de energia retroespalhada pela superfície
do terreno;

• SONAR, que são baseados na transmissão de ondas sonoras através da co­


luna de água e na detecção da quantidade de energia retroespalhada pelo
fundo, ou por objetos no interior da coluna de água.

Dos três sistemas, o RADAR é o mais amplamente utilizado para estudos dos
recursos naturais da Terra. O LIDAR e o SONAR são especialmente úteis
para o mapeamento topográfico e batimétrico, respectivamente. E possível,
também, registrar a energia das micro-ondas passivas que é emitida natural­
mente pela superfície da Terra, usando um radiômetro de micro-ondas passivas.
Este capítulo dará uma visão geral do sensoriamento remoto por micro-ondas
ativas e passivas. O sensoriamento remoto por LIDAR é discutido no Capítu­
lo 10 e o SONAR no Capítulo 12.

História do Sensoriamento Remoto por Micro-ondas


Ativas (RADAR)

James Clerk Maxwell (1831 —1879) fez a descrição matemática dos campos
magnético e elétrico associados com a radiação eletromagnética. Heinrich R.
Hertz (1857 - 1894) aumentou o nosso conhecimento sobre a criação e pro­
pagação da energia eletromagnética nas porções do espectro das micro-ondas
294 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas

e do rádio. Hertz também estudou a interação das ondas de mitiam detectar a chegada de aeronaves com um alcance
rádio com superfícies metálicas e deu início aos conceitos máximo de 80 quilômetros. Sem os radares, os britânicos
que levariam à invenção do rádio e do radar. Baseado nos não teriam tido efetividade para conter os bombardeiros e
princípios físicos fundamentais descobertos por Maxwell caças da Luftwaffe Alemã durante a Batalha da Bretanha,
e Hertz, Guglielmo M. Marconi (1874 —1937) construiu que teve início em Julho de 1940 (Price, 1990). O radar
uma antena que transmitia e recebia sinais de rádio. Em Doppler de varredura circular, que nos alerta todos os dias,
1901, ele enviou ondas de rádio através do Atlântico e, em nos programas de TV de previsão do tempo, sobre a locali­
1909, recebeu o Prêmio Nobel de física pelo seu trabalho. zação geográfica de tempestades, é baseado no mesmo con­
ceito de radar de varredura circular (plan-position indicator
O RADAR, como nós o conhecemos, foi estudado por A. radar, PPI) encontrado nos radares originais utilizados na
H. Taylor e L. C. Young, em 1922. Estes cientistas posicio­ II Guerra Mundial. Os radares PPI são utilizados, tam­
naram um transmissor de rádio de alta frequência de um bém, no controle do tráfego aéreo nos aeroportos.
lado do Rio Anacostia, próximo a Washington, DC, EUA,
e um receptor no lado oposto. Os navios que passavam As imagens de RADAR obtidas de aeronaves ou satélites,
rio acima e rio abaixo interrompiam o sinal de rádio de como nós as conhecemos hoje, não eram disponíveis duran­
comprimento de onda longo (1 - 10 m), enviado entre te a II Guerra Mundial. A capacidade de mapeamento em
o transmissor e o receptor. Essa experiência forneceu os faixas contínuas do radar aerotransportado de visada lateral
primeiros indicadores de que os sinais de rádio poderíam (.side-looking airborne radar —SLAR) só foi desenvolvida na
ser úteis para a detecção da distância de navios no mar década de 1950. Uma importante vantagem do SLAR é a sua
(i.e, o alcance = range). Isto teve importantes implicações habilidade para obter imagens de reconhecimento cobrindo
na navegação, porque a transmissão e a recepção ativa de uma ampla região, à esquerda ou à direita da aeronave (Sa-
rádio podem ser feitas tanto à noite como em condições bins, 1970). Esta capacidade é denominada de aquisição de
atmosféricas adversas. Os militares logo demonstraram in­ dados laterais de longo alcance, porque o piloto pode voar ao
teresse no radar, porque durante a guerra é importante co­ longo do limite do espaço aéreo amigo enquanto obtém um
nhecer a localização de todos os navios e aeronaves (amigos imageamento de radar detalhado do espaço aéreo inimigo.
e inimigos). A frase descrevendo o processo foi “radio de- Este avanço tecnológico tornou possível, também, a realiza­
tection and ranging” ou RADAR. Embora os sistemas de ção de medidas radargramétricas —a ciência de extrair infor­
radar atualmente usem, quase que exclusivamente, energia mações geométricas quantitativas de um objeto a partir de
de comprimentos de ondas das micro-ondas ao invés das imagens de radar (Leberl, 1990; Henderson e Lewis, 1998).
ondas de rádio, o acrônimo nunca foi mudado.
Os militares começaram a usar o SLAR na década de 1950.
Em 1935, Young e Taylor (e independentemente Sir Ro- Por volta da metade da década de 1960, alguns sistemas dei­
bert Watson-Watt, na Inglaterra) combinaram a antena xaram de ser restritos aos militares. Há dois tipos primários
transmissora e o receptor em um mesmo instrumento. de SLAR: radar de abertura real (conhecido, também, como
Consequentemente, transmissões de alta potência, em radar de força bruta) e radar de abertura sintética (synthetic
bandas muito específicas do espectro eletromagnético, aperture radar - SAR), onde a palavra “abertura” significa
foram possíveis. Esses e outros avanços eletrônicos servi­ antena. O radar de abertura real usa uma antena de com­
ram de fundamentos para o desenvolvimento do RADAR primento fixo, p.ex., 1 —2 m. O radar de abertura sintética
durante a segunda guerra mundial, para a navegação e lo­ também usa uma antena de 1 —2 m, porém com a capacida­
calização de alvos. No final de 1936, foram construídos de de simular uma antena muito maior (p.ex., talvez 600 m
radares experimentais nos Estados Unidos, na Inglaterra, de comprimento), melhorando a sua capacidade de resolu­
na Alemanha e na União Soviética. Dessas nações, nenhu­ ção. Os SAR alcançam resoluções muito finas para grandes
ma foi mais vulnerável ao ataque aéreo do que a Inglaterra. distâncias. Por exemplo, uma antena SAR de 11 m em uma
Londres situa-se a 145 km da fronteira de países estrangei­ plataforma orbital pode ser eletronicamente calibrada para
ros e a 440 km da Alemanha. Sob a direção do Marechal ter um comprimento sintético de 15 km. Posteriormente,
Hugh Dowding, os britânicos construíram 21 radares ao será demonstrado quão importante é esta capacidade para
longo das costas sul e leste da Inglaterra e da costa leste da a resolução em azimute de um SAR. Tanto os RADARES
Escócia. O nome-código “Chain Home — C H ” surgiu a militares como os civis comerciais são de abertura sintética.
partir do plano de construção de uma “rede local” (“home
chain”) de radares na Inglaterra, que seria complementa­ Nas décadas de 1960 e 1970, os SLAR de abertura real e
da com uma rede ultra-marinha, para defender as porções sintética foram extensivamente utilizados em vastas áreas
ameaçadas do império Britânico. Os radares C H foram para o reconhecimento e cartografia dos recursos naturais da
os primeiros radares britânicos de advertência e de longo Terra. Os primeiros estudos foram desenvolvidos nos con­
alcance a atuarem na II Guerra Mundial. Os radares per­ tinentes onde a cobertura de nuvens é muito forte. O pri-
História do Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas (RADAR) 295

Tabela 9-1. Características dos principais radares de abertura sintética (SAR) orbitais.
Ângulo de
depressão,
Radar de Com­ y (do near Largura
Abertura primento ao far-range Resolução Resolução da
Sintética Lança­ de onda, [ângulo de Polari­ em azimute em range faixa, Altitude, Cober­ Dura­
(SAR) mento Origem cm incidência] zação m m km km tura ção
SEASAT 26-06-78 EUA L-(23,5) 73°-67° HH 25 25 100 800 10o- 105 d
[23o] 75°N
SIR-A 12-11-81 EUA L-(23,5) 43°-37° HH 40 40 50 260 4l°N - 2,5 d
150°] 36°S
SIR-B 05-10-84 EUA L-(23,5) 75°-35° HH 17-58 25 10-60 225 e 60°N- 8d
[15°-64°] 350 60°S
SIR-C/X-SAR 04-94 EUA X-(3,0) Variável HH, 30 10-30 15-90 225 57°N- 10 d
10-94 C-(5,8) [15°-55°] HV, W , 57°S
L-(23,5) VH
ALMAZ-1 31-03-91 URSS S-(9,6) 590-400 HH 15 15-30 20-45 300 73°N- 18 m
[30°-60°] 73°S

ERS-1,2 1991 ESA C-(5,6) 67° W 30 26 100 785 Órbita -


1995 [23o] polar
JERS-1 11-02-92 Japão L-(23,5) 51° HH 18 18 75 568 Órbita 6,5 a
[39o] polar
RADARSAT-1 11-95 Canadá C-(5,6) 70°-30° HH 8-100 8-100 50-500 798 Órbita
[ 10°-60°] polar
SRTM 11-02-00 EUA X-(9,6) " HH 30 30 X-50 225 60°N- 11 d
C-(5,3) W , HH 30 30 C-225 56°S
RADARSAT-2 14-12-07 Canadá C-(5,4) 70°-30° Quad- 3-100 2,4-100 20-500 798 Órbita “
[10°-60°] pol polar
Envisat 01-03-02 ESA C-(5,3) [15°-45°] W , HH, 30-1000 30-1000 5-150 786 Órbita -
ASAR VV/VH polar
HV/HH 98°
V H /W

meiro projeto SLAR de grande escala foi feito na província a Guatemala, a Nigéria, o Togo, porções da Indonésia, das
de Darien, que conecta o Panamá e a América do Sul. Em Filipinas, do Peru e de outras regiões (Leber, 1990).
1968, a Westinghouse Electric, Inc., em cooperação com a
Raytheon, Inc., empregou um SLAR de abertura real, desen­ A NASA lançou, com sucesso, diversos SAR, como os ex­
volvido pela Westinghouse para o exército americano, para perimentos SEASAT e o Space Shuttle Imaging Radar. O
fazer, com sucesso, um mosaico com 20.000 km2 desta área. SEASAT (satélite para o mar) foi lançado em 1978, para
Depois disto, a área jamais foi vista ou mapeada em sua tota­ obter informações oceanográficas na banda L (23,5 cm) e
lidade por causa da cobertura de nuvens quase perpétua. com resolução espacial de 25 x 25 m (Tabela 9-1). Este foi
o primeiro SAR orbital a fornecer dados de domínio públi­
A Goodyear Aerospace, Inc. e a Divisão de Serviço Aéreo da co (Evans et al., 2005). Ele forneceu, também, informações
Western Geophysical, Inc., adaptaram um radar de abertu­ valiosas sobre a superfície continental, mas funcionou por
ra sintética construído pela Goodyear e o instalaram em um somente 105 dias. O experimento “A” do Shuttle Imaging
jato do Serviço Aéreo, para realizar levantamentos civis. Em Radar (SIR-A), com um SAR banda L (23,5 cm) e resolução
1971, eles iniciaram o Projeto RADAM (Radar da Amazô­ de 40 x 40 m, foi lançado em 1981. O SIR-B foi lança­
nia) para mapear a Bacia Amazônica na Venezuela e no Bra­ do em 1984, com uma resolução de 17 x 25 m. O SIR-C
sil. Uma área de aproximadamente 4 milhões de km2 (cerca foi lançado em 1994, com capacidade de multifrequência e
de metade do tamanho dos Estados Unidos) foi levantada e multipolarização. As missões SIR-A, SIR-B e SIR-C dura­
subdividida em mosaicos de radar. A Goodyear e o Serviço ram somente 2,5; 8 e 10 dias, respectivamente. A Shuttle To-
Aéreo realizaram levantamentos na floresta tropical Amazô­ pography Mission (SRTM) foi lançada em 11 de Fevereiro de
nica no Brasil, na Venezuela, no leste da Colômbia, no Peru 2000 e durou 11 dias (NASA SRTM, 2006) (Tabela 9-1).
e na Bolívia. Investigações de radar subsequentes mapearam
296 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas

Tabela 9-3. Comprimentos de onda e frequências de RA­


Tabela 9-2. Vantagens do sensoriamento remoto por radar.
DAR usados em investigações de sensoria­
Vantagens mento remoto por micro-ondas ativas.
Primárias RADAR
Designação
• Certas frequências de micro-ondas penetram as nuvens, das bandas Comprimento
permitindo o sensoriamento remoto em quaisquer condi­ (comprimentos de de onda (À) Frequência em
ções meteorológicas. onda mais comuns) em cm (u) GHz
• Visão sinóptica de grandes áreas para mapeamento nas K (0,86cm) 0,75-1,18 40,0-26,5
escalas de 1:10.000 a 1:400.000. A cobertura por satélite
de países com a presença de nuvens é possível. K 1,19-1,67 26,5-18,0

• A cobertura pode ser obtida em horários especificados Ku 1,67-2,4 18,0-12,5


pelo usuário, inclusive à noite. X (3,0 e 3,2cm) 2,4-3,8 12,5-8,0
• Permite o imageamento com ângulos de visada rasantes,
C (7,5; 6,0cm) 3,9-7,5 8,0-4,0
resultando em perspectivas diferentes, que nem sempre po­
dem ser obtidas por fotografias aéreas. S (8,0; 9,6; 12,6cm) 7,5-15,0 4,0-2,0
• Atua em comprimentos de onda fora das regiões do es­ L (23,5; 24,0; 5,0cm) 15,0-30,0 2,0-1,0
pectro eletromagnético óptico e infravermelho, fornecendo
informações sobre rugosidade superficial, propriedades die- P (68,0cm) 30,0-100,0 1,0-0,3
létricas e conteúdo de umidade.
Secundárias As características desses sistemas orbitais SAR estão resumidas
• Certas frequências da energia de micro-ondas penetram a na Tabela 9-1 e são discutidas ao longo desse capítulo.
vegetação, a areia e os níveis superficiais da neve.
• Baseia-se em sua própria fonte de energia, podendo con­ O sensoriamento remoto por micro-ondas, ativas e passi­
trolar o ângulo de iluminação. vas, continuará a crescer em importância. Esses sensores
são a única fonte de informações viável para as porções tro­
• Permite que a resolução seja independente da distância do picais da Terra, caracterizadas por ecossistemas frágeis e em
objeto, com tamanhos de célula de resolução de até 1 x lm. permanente risco, e por uma cobertura perene de nuvens.
• As imagens podem ser produzidas com diferentes tipos de Para uma história detalhada sobre o desenvolvimento do
energia polarizada (HH, HV, W , VH). radar, ver Henderson e Lewis (1998). As vantagens primá­
rias e secundárias do sensoriamento remoto por radar estão
• Pode operar, simultaneamente, em diversos comprimen­ sintetizadas na Tabela 9-2.
tos de onda (frequências), ou seja, com um potencial de
atuação em multifrequências.
Componentes do Sistema Ativo de
• Pode medir as propriedades das ondas dos oceanos, mes­ Micro-ondas
mo em altitudes orbitais.
• Pode produzir superposição de imagens para a observação
estereoscópica e para a radargrametria. O imageamento ativo por micro-ondas é obtido usando-
se instrumentos e princípios que são diferentes daqueles
• Suporta operações interferométricas usando duas antenas
para o mapeamento 3D e análise da assinatura dos objetos utilizados na aquisição de dados nas porções do espectro
de acordo com o ângulo de incidência. EM no visível, infravermelho próximo, médio e termal,
que se baseiam em técnicas de sensoriamento remoto pas­
A antiga União Soviética lançou o ALMAZ-1, um radar ban­ sivo. Portanto, é necessário o conhecimento sobre os com­
da S (9,6 cm), em 1991. A Agência Espacial Européia (Euro- ponentes do sistema ativo de micro-ondas e sobre como
pean Space Agency —ESA) lançou o ERS-1 (European Remote a energia eletromagnética é enviada, recebida e registrada
Sensing Satellite), com um radar imageador na banda C, em pelo sistema sensor, antes que um analista possa fazer uma
1991, e o ERS-2 em 1995. A ESA lançou o Envisat em 1 de interpretação detalhada da imagem de radar. A descrição
Março de 2002, com o Radar Avançado de Abertura Sintética será baseada, inicialmente, nas funções e componentes do
{AdvancedSynthetic Aperture Radar—ASAR) de banda C (5,3 sistema de um radar aerotransportado de visada lateral e
cm), para dar continuidade aos radares ERS-1 e 2. O Japão de abertura real (real aperture side-looking airborne radar
lançou o JERS-1 (Japanese Earth Resources Satellite —JERS) —SLAR). Na sequência, a discussão será expandida para
em banda L (23,5 cm), em 1992. O governo canadense co­ incluir os radares de abertura sintética {synthetic aperture ra­
locou em órbita o RADARSAT-1 em banda C (5,6 cm), em d a r - SAR), que apresentam um melhor desempenho.
1995. O RADARSAT-2 foi lançado em Dezembro de 2007.
Componentes do Sistema Ativo de Micro-ondas 297

a. Intermap Learjet 36 Star3/.

pulso transmitido
>-

retroespalhado

antena

b. Componentes típicos de um sistema de micro-ondas ativas.


Figura 9-1 a) Um radar de visada lateral aerotransportado (SLAR) denominado de Star 3 i IFSAR (radar de abertura sintética interferomé-
trico) está montado na parte inferior de uma aeronave Learjet 36 (cortesia da Intermap Technologies, Inc.). b) Os componentes
de um sistema de micro-ondas ativas e o fluxo de energia através de um típico SLAR. Ele consiste de um equipamento gerador
de pulsos, um transmissor, um duplexer, uma antena, um receptor e um gravador digital. Alguns sistemas têm um monitor
CRT para avaliar os dados que estão sendo coletados. A antena de abertura sintética com 1 metro, como no exemplo, pode
sintetizar uma antena com centenas de metros de comprimento.

Enviando e Recebendo um Pulso de Energia Comprimento de Onda, Frequência e Duração do Pulso


Eletromagnética na Região das Micro-ondas -
Componentes do Sistema O pulso de radiação eletromagnética enviada pelo transmis­
sor através da antena tem uma duração e comprimento de
onda específicos (i.e., duração do pulso medida em microsse-
Um típico sistema ativo de micro-ondas SLAR montado gundos, pseg). Os comprimentos de onda mais comumente
em uma aeronave é mostrado na Figura 9-1 a. Ele consiste usados em radares imageadores estão resumidos na Tabela
de um equipamento gerador de pulsos, um transmissor, 9-3. Os comprimentos de onda são muito maiores do que os
um seletor (duplexer) que coordena, cuidadosamente, a do visível, do infravermelho próximo, do infravermelho mé­
transmissão e a recepção da energia ativa das micro-ondas, dio ou do infravermelho termal utilizados em outros sistemas
uma antena, um receptor, um equipamento de gravação sensores (Figura 9-2). Assim, a energia das micro-ondas é
do tipo gravador digital de alta densidade ou um disco medida muito mais em centímetros do que em micrômetros
rígido, e um monitor CRT para que o técnico na aeronave (Carver, 1988). A nomenclatura incomum associada com os
possa acompanhar, detalhadamente, o imageamento que comprimentos de onda do radar (p.ex., K, Ka, Ku, X, C, S,
está sendo registrado pelo radar (Figura 9-lb). L e P) é consequência do trabalho secreto em sensoriamento
remoto de radar na II Guerra Mundial, quando era normal
O radar pode ser montado, também, a bordo de um satéli­ usar um descritor alfabético ao invés do real comprimento
te. O equipamento gerador envia ao transmissor um pulso de onda ou frequência. Esses descritores são utilizados, ainda
eletromagnético, em um comprimento de onda específico hoje, na maioria da literatura científica sobre radar.
(frequência). Quando no modo enviar, o seletor (duplexer)
envia, então, um pulso de energia polarizada, pela antena, Os menores comprimentos de onda de radar são denomi­
em direção à superfície da Terra. nados de banda K. Os comprimentos de onda da banda
298 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas

Bandas de Micro-ondas
10 GHz l GHz
— I---------------------1-------- ►

U,z pm

- I ------1-1-------------- 1----------------------------1“ ■+
Visível I IV-médio Infravermelho termal i i i i i — i r
K,K, X C S L P
UV Infravermelho próximo

Figura 9-2 Comprimento de onda e a frequência das principais bandas de RADAR. As antenas de RADAR transmitem e recebem a energia
de comprimentos de onda muito longos, da ordem de centímetros, ao contrário dos comprimentos de onda relativamente curtos
das regiões do visível, do infravermelho próximo, médio e termal, que são medidos em micrômetros.

K deveriam, teoricamente, fornecer a melhor resolução de X em centímetros = —------— ■ (9-4)


u (em GHz)
radar. Infelizmente, nos comprimentos de onda da banda
K, a energia é parcialmente absorvida pelo vapor d’água, e
a penetração em nuvens pode ser limitada. Esta é a razão Direção de Azimute e de Alcance {Range), Angulo de
pela qual a maioria dos radares de solo usados para ma­ Depressão, Angulo de Visada, Angulo de Incidência e
pear a trajetória das coberturas de nuvens e precipitações, Polarização
operam na banda K. A banda X inclui os menores com­
primentos de onda frequentemente utilizados por radares Há alguns parâmetros importantes sobre a natureza do
imageadores orbitais e sub-orbitais (Mikhail et al., 2001). pulso de energia de micro-ondas que é enviado pela antena
Alguns sistemas de radar funcionam usando mais de uma à superfície da Terra, incluindo: direção de azimute, alcance
frequência e são denominados de radares multifrequência de radar (radar range) ou direção de visada, ângulo de depres­
(p.ex., SIR-C e SRTM) (Tabela 9-1). são, ângulo de visada, ângulo de incidência e polarização. A
discussão a seguir é baseada no uso de um sistema de radar
A Tabela 9-3 e a Figura 9-2 também fornecem as bandas aerotransportado, embora os princípios sejam igualmente
de radar em unidades de frequência medida em bilhões de aplicáveis a um sistema de radar orbital.
ciclos por segundo (Gigahertz ou GHz, 109 ciclos seg')•
Os intérpretes que analisam os recursos naturais nas ima­ Direção de Azimute: Em uma típica configuração S1AR,
gens compreendem o conceito de comprimento de onda a antena é montada abaixo e paralela à fuselagem da aero­
com mais facilidade do que o de frequência, adotando nave (Figura 9-3). A aeronave trafega em uma linha reta
como convenção descrever o radar em termos de seu com­ denominada direção de azimute de voo. Pulsos ativos de
primento de onda. Por outro lado, os engenheiros normal­ energia de micro-ondas iluminam faixas do terreno, for­
mente preferem trabalhar em unidades de frequência, por­ mando ângulos retos (ortogonais) com a direção de voo da
que, quando a radiação atravessa materiais de diferentes aeronave, que é denominada de direção de alcance {range)
densidades, a frequência mantém-se constante, enquanto ou de visada. A Figura 9-3 detalha uma aeronave equipada
há uma alteração na velocidade e no comprimento de com um sistema SLAR que está iluminando um terreno
onda. Sabendo-se que o comprimento de onda (X) e a fre­ em um dos lados da aeronave, porém não abaixo dela. Os
quência (u) estão inversamente relacionados à velocidade pulsos de energia enviados na direção range iluminam so­
da luz (c), as seguintes relações podem ser obtidas: mente uma determinada parte do terreno. O terreno ilu­
minado mais próximo da aeronave, ao longo da linha de
c = À.U (9-1) visada, é denominado de near range {alcance próximo) (Fi­
gura 9-3). O ponto mais distante iluminado pelo pulso de
y 3 x l 0 8ms e g ' (9-2) energia, é chamado de far range {alcance distante).
u
Direção de Alcance (Range)-. A direção de alcance ou de
3 x 108m seg 1 (9-3) visada para qualquer imagem de radar é a direção da ilu­
U= X minação de radar, que está a ângulos retos com a direção
de deslocamento da aeronave ou espaçonave. Em geral,
A seguinte equação simples pode ser usada para converter, a direção de visada tem um impacto significativo na in­
rapidamente, frequência em unidades de comprimento de terpretação das feições numa imagem. O nível de realce
onda de radar: ou supressão de feições lineares nas imagens depende,
Componentes do Sistema Ativo de Micro-ondas 299

Características Geométricas do RADAR

direção de azimute de voo

ângidos de visada, cp,


ângulos de depressão, i do near- ao far-range
y, do near- ao f
far-range

altitude acima
do nível do
terreno, H

•^
ângulos de /
incidência, 0, /
do near- ao projeção da linha de
far-range / voo no solo

Figura 9-3 Características geométricas do imageamento adquirido por um radar de visada lateral aerotransportado (SLAR), através de
uma cobertura de nuvens. Todas as nomenclaturas assumem que o terreno é plano.

principalmente, da sua orientação relativa a uma dada Ângulo de Depressão: O ângido de depressão (y) é me­
direção de visada da iluminação do radar. Geralmente, os dido entre o plano horizontal, que se estende a partir da
objetos que se posicionam em uma direção ortogonal (ou fuselagem da aeronave, e o pulso de energia da antena ao
próxima a ela) à direção de visada são muito mais realça­ longo da linha de visada do radar, em um ponto específico
dos do que aqueles paralelos à iluminação. Assim, feições no terreno (Figura 9-3). O ângulo de depressão, dentro de
lineares que aparecem escuras ou imperceptíveis em uma uma faixa iluminada pelo radar, varia do near range para o
imagem de radar que utilize uma determinada direção de far range. O ângulo médio de depressão de uma imagem de
visada podem aparecer brilhantes em uma outra imagem radar é determinado pelo ponto médio entre o near e o far
de radar com uma direção de visada diferente. Um bom range. Sumários sobre sistemas de radar fornecem, muitas
exemplo disso é apresentado na Figura 9-4, que mostra vezes, apenas o ângulo médio de depressão.
o imageamento de radar na Nigéria, África Oriental, ob­
tido usando-se duas diferentes direções de visada. Note Ângulo de Visada: O ângulo de visada (O) é medido entre
como algumas feições de terreno estão realçadas e/ou su­ a vertical da antena à superfície do terreno e a linha de
primidas nas duas imagens. visada do radar (Figura 9-3). O ângulo de visada varia,
300 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas

Normal à superfície
V
■jÂngulo de incidência, 9
\ q V
Ângulo de
declividade
local, a
Angulo de
Superfície
incidência local.
de espalhamento

Figura 9-5 As relações entre o ângulo de incidência do radar (0),


a. Banda X, polarização H H ^ direção de visada a vertical verdadeira e o ângulo de declividade local
(a) para um terreno não plano (após Henderson e
Lewis, 1998).

plana (horizontal), assumindo, portanto, que o ângulo de


incidência é o complemento do ângulo de depressão.

Polarização: A energia não-polarizada vibra em todas as


direções possíveis perpendiculares à direção de propagação.
As antenas de radar enviam e recebem energia polarizada.
Isto significa que o pulso de energia é filtrado para que as
vibrações do campo elétrico da onda ocorram somente em
um único plano, perpendicular à direção de propagação.
O pulso de energia eletromagnética enviado pela antena
pode ser polarizado vertical ou horizontalmente, como mos­
b. Banda X, polarização H H I direção de visada
trado na Figura 9-6. O pulso de energia eletromagnética
transmitido interage com o terreno e parte dele é retro-
Figura 9-4 a) Imagem banda X do Estado de Kaduma, na N i­
géria, obtida por sobrevoo leste-oeste, com visada
espalhado, à velocidade da luz, em direção à aeronave ou
de RADAR para norte, b) Esta imagem foi obtida ao satélite, onde ele passa, novamente, por um filtro. Se a
por uma aeronave, em sobrevoo leste-oeste, com vi­ antena aceita a energia retroespalhada, ela é registrada. Há
sada de RADAR para sul. Geralmente, orienta-se a vários tipos de energia polarizada retroespalhada que po­
imagem de radar de forma que a direção de visada dem ser registradas pelo radar. Por exemplo, é possível:
posicione-se no sentido do observador. Dessa forma,
as sombras também estarão posicionadas em direção
• enviar energia polarizada verticalmente e receber somen­
ao observador, evitando-se o efeito da ilusão pseudos-
cópica (i.e., a inversão topográfica).
te energia polarizada verticalmente (designada W );

• enviar e receber energia polarizada horizontalmente


também, do near para o far range e é o complemento do (HH);
ângulo de depressão (Mikhail et al., 2001).
• enviar energia polarizada horizontalmente e receber
Angulo de Incidência: O ângulo de incidência (0) é forma­ verticalmente (H V); ou
do entre o pulso de energia de radar e a linha perpendicular
à superfície da Terra, no ponto onde o pulso faz contato. • enviar energia polarizada verticalmente e receber hori­
Quando o terreno é plano, o ângulo de incidência (9) é o zontalmente (VH).
complemento (0 = 90 —y) do ângulo de depressão (y). En­
tretanto, se o terreno apresenta declividade, não há relação As configurações H H e W produzem imageamento de
entre o ângulo de depressão e o ângulo de incidência. O radar com polarização paralela ou co-polarização. As con­
ângulo de incidência descreve melhor a relação entre o fei­ figurações H V e VH produzem imageamento com polari­
xe de radar e a declividade superficial. Um diagrama desta zação cruzada. A capacidade para registrar diferentes tipos
relação é mostrado na Figura 9-5. Muitos estudos mate­ de energia polarizada a partir de um elemento de resolução
máticos de radar consideram que a superfície do terreno é no terreno possibilita, em certas circunstâncias, a obtenção
Componentes do Sistema Ativo de Micro-ondas 301

Polarização
a antena de radar
transmite energia envia
W polarizada verticalmente vertical

a energia polarizada verticalmente


é retroespalhada da Terra e
recebida pela antena
a antena de radar transmite energia
polarizada horizontalmente envia
horizontal

a energia polarizada horizontal­


mente é retroespalhada da Terra e
recebida pela antena
Figura 9-6 a) Polarização W . A antena de radar transmite energia polarizada verticalmente em direção ao terreno, b) Parte da energia po­
larizada verticalmente não é despolarizada pelo terreno. Um filtro vertical na antena permite que somente a energia polarizada
verticalmente retroespalhada pelo terreno seja registrada, c) Polarização H H . A antena de radar transmite energia polarizada ho­
rizontalmente para a superfície do terreno, d) Parte da energia polarizada horizontalmente não é despolarizada pelo terreno. Um
filtro horizontal na antena permite que somente a energia polarizada horizontalmente retroespalhada pelo terreno seja registrada.

de informações valiosas sobre os recursos naturais da Ter­ do que na polarização HV, sendo que as imagens foram
ra. Por exemplo, a Figura 9-7 documenta como é possível adquiridas ao mesmo tempo e com a mesma direção de
obter diferentes informações registrando, seletivamente, a visada. Mais detalhes sobre as interações do terreno com a
luz visível (0,4 —0,7 pm) polarizada vertical ou horizontal­ energia eletromagnética polarizada encontram-se na seção
mente. A cena consiste de água, vegetação e blocos flutu­ de considerações ambientais sobre o radar.
antes de madeira. Um filtro polarizado verticalmente colo­
cado em frente às lentes da câmera permitiu que somente a A Geometria da Imagem de RADAR: Slant-Range
luz polarizada verticalmente passasse através do filme. Um (Alcance Inclinado) versus Ground-Range (Alcance
outro filtro, polarizado horizontalmente e colocado em no Terreno)
frente às lentes, permitiu que somente a luz polarizada ho­
rizontalmente passasse através do filme. Neste exemplo, a
luz polarizada horizontalmente forneceu informações mais O imageamento de radar tem uma geometria diferente
detalhadas sobre a presença e a distribuição das rochas daquela produzida pelos sistemas sensores mais convencio­
abaixo da lâmina d’água. De forma semelhante, as rochas nais, como câmeras, sistemas multiespectrais de varredura
e outros materiais superficiais apresentam características mecânica ou por matrizes de detectores de varredura eletrô­
únicas, de acordo com a polarização, na região das micro­ nica. Portanto, é necessário considerar as características es­
ondas (p.ex., banda Ka= 0,86 cm). Por exemplo, a Figura pecíficas da geometria do imageamento de radar quando se
9-8 demonstra como o fluxo de lava basáltica do norte do realizam medições radargramétricas. Em primeiro lugar, a
Arizona é muito mais facilmente identificável na imagem imagem de radar não-corrigida é aquela que se apresenta na
de radar de abertura real, banda K , de polarização H Fí, geometria slant-range (alcance inclinado), i.e., ela é baseada
302 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas

O Uso de Filtros de Polarização Vertical e Florizontal

a. O filtro vertical permite somente a passagem da luz


polarizada verticalmente.

b. Banda K , polarização H V norte --------►

Figura 9-8 a) Imagem de radar de abertura real na banda K , com


polarização H H , de um cone vulcânico e de um fluxo
de lava basáltica, no centro-norte do Arizona, b) Ima­
gem simultânea obtida com polarização HV e com a
mesma direção de visada. A forte resposta do fluxo
de lava na imagem com polarização paralela (H H) e
o fraco retorno na imagem com polarização cruzada
b. O filtro horizontal permite somente a passagem da luz (HV) indicam que os blocos de lava são altamente
polarizada horizontalmente.
polarizados. Isto se deve à reflexão direta dos blocos,
Figura 9-7 a) Um filtro polarizado verticalmente colocado que são relativamente grandes em relação ao compri­
em frente às lentes de uma câmera permite apenas mento de onda (cortesia NASA; Carver, 1988).
a passagem da luz polarizada verticalmente, b) Um
filtro polarizado horizontalmente permite apenas a
passagem da luz polarizada horizontalmente. Nes­
1980). E possível converter essas informações em geome­
te exemplo, baseado na luz visível, a luz polarizada
horizontalmente forneceu mais informações sobre as
tria slant range (S ) para a ground range (G J projetando-as
rochas abaixo da lâmina d ’água, do que a luz pola­ no eixo dos x, de forma que as feições na cena mantenham,
rizada verticalmente. Sensores ativos de micro-ondas umas em relação às outras, as suas propriedades reais de
podem ser configurados para enviar e receber energia posicionamento planimétrico na imagem final de radar. A
nas micro-ondas polarizada horizontal e verticalmen- equação, a seguir, baseada no teorema de Pitágoras aplicado
a um triângulo retângulo, transforma a distância no alcance
na distância real entre o radar e cada uma das feições con­ inclinado, áU, no início do campo A para uma distância
tidas na cena de radar. Por exemplo, na Figura 9-9 obser­ corrigida no alcance do terreno, Grd, baseado nas relações
vamos dois campos, A e B, que são do mesmo tamanho no trigonométricas entre a altitude do sensor acima de um da-
terreno. Um dos campos está próximo à aeronave {near ran­ tum no terreno {H) e os outros dois lados do triângulo, Srd
ge) e o outro, mais distante (far range). O campo A, próxi­ e GrJ>mostrado na Figura 9-9:
mo à aeronave, é muito mais comprimido do que o campo
B na direção do alcance inclinado (slant range) (Ford et al., (9-5)
Resolução Espacial e Temporal para Aplicações Selecionadas
Resolução Temporal (Anos)

Resolução Espacial Nominal

Prancha colorida 1-1 Características de resolução espacial e temporal para aplicações selecionadas. Ao conduzir um projeto de sen-
soriamento remoto, é comum haver uma análise de custo-benefício entre os requisitos de resolução temporal e
espacial. Geralmente, à medida que a resolução temporal aumenta, é comum ser necessário diminuir os requi­
sitos de resolução espacial de tal forma que a quantidade de dados coletados pelo sensor remoto não se torne
de difícil gerenciamento. Felizmente, muitas aplicações que requerem informação espacial muito detalhada
(p.ex., mapeamento de uso da terra) normalmente não requerem dados de alta resolução temporal (isto é, dados
coletados uma vez a cada cinco a dez anos pode ser suficiente). Há exceções a essas regras gerais. Por exemplo,
agricultura de precisão, investigações sobre produtividade agrícola, estudos de tráfego, e aplicações de respostas
a emergências às vezes requerem dados de sensoriamento remoto de muito alta resolução espacial e temporal.
O volume de dados coletados pode criar sérios problemas de gerenciamento e análise de dados. Há também
custos-benefícios com outras resoluções (p.ex., espectral, radiométrica, polarização) que podem precisar de
consideração.
Imagem do Sol produzida pelo Solar and Heliospheric Observatory (SOHO)
em 14 de setembro de 1999

Prancha colorida 2-1 Imagem do Sol obtida pelo instrum ento EIT do Solar and Heliospheric Observatory (SO H O ) em 14 de
setembro de 1999 (Cortesia do Solar Data Analysis Center, do NASA Goddard Space Flight Center). As
feições brilhantes são chamadas de regiões ativas. O Sol tem um diâmetro de 1.390.000 km. A tem peratura
do centro do Sol é de 15.600.000 K. A temperatura da superfície do Sol (fotosfera) é de 5.800 - 6.000 K.
Exatamente acima da superfície do Sol está a cromosfera. A região acima da cromosfera denomina-se corona e
estende-se por milhões de quilômetros no espaço mas é visível apenas durante os eclipses. As temperaturas na
corona estão acima dos 1.000.000 K. Uma imensa proeminência eruptiva é vista escapando do Sol na região
superior direita. Proeminências são plasmas relativamente “frios” a 60.000 K inseridos na corona circundante
muito mais quente. Se uma erupção como esta for dirigida na direção da Terra pode causar uma significativa
atividade geomagnética no ambiente terrestre. O Sol é o maior objeto no sistema solar e contém 99% da sua
massa (Júpiter contém a maioria do restante). Em massa, o Sol é constituído por 75% de hidrogênio e 25%
de hélio. A geração de energia pelo Sol é de 386 bilhões de bilhões de megawatts por segundo, produzida pe­
las reações de fusão nuclear. O gregos chamavam o Sol de Hélio, enquanto os romanos o denominavam Sol.
Ele é a fonte da maior parte da energia eletromagnética registrada pelos sistemas de sensoriamento remoto.
Porção Visível do Espectro Eletromagnético de 400 a 700 nm

700
<U
violeta (limite)

|
O
- ti

a
o
>

105________IO'2 . - '3 102 104 106 (pm)


J—►
Gama 1 Raios-X 1 U l t r a - | | o 1 ti 1 I! oaJ 1| Rádio
violeta "+-J j-i ti
cti 01
_. »-< -a Íu-H
o ■<u
C/5 6Ph 2
> s <>U
<u cd
>
cd ti
Gt-i >—<
c

Prancha colorida 2-2 A porção do espectro eletromagnético visível pelos seres humanos é geralmente considerada como sendo de
400 a 700 nm, consistindo da luz azul (400 —500 nm), verde (500 —600 nm) e vermelha (600 - 700 nm). A
imagem do espectro solar foi observada com o Espectrômetro de Transformada de Fourier no McMath-Pierce
Solar Facility no Kitt Peak National Observatory, próximo a Tucson, Arizona, E.U.A. Cada uma das 50 faixas
cobre 60 angstroms e o comprimento de onda aumenta de cima para baixo ao longo de cada faixa. Note que
cada faixa contém linhas de Fraunhofer relativamente estreitas e escuras assim nomeadas em homenagem ao
físico Alemão Joseph von Fraunhofer (1787-1826) por ter “mapeado” a localização de mais de 570 delas no
espectro solar. Cientistas que vieram depois descobriram que as linhas escuras eram causadas por absorção por
elementos químicos nas camadas superiores do Sol e alguma absorção por moléculas de oxigênio na atmosfera
da Terra (usada com permissão de N. A. Sharp, N O A O /N SO /K itt Peak FTS/AURA/NSF).
Dano do Furacão Katrina em
Gulfport, MS

30 de Agosto de 2003

a. Fotografia aérea oblíqua baixa de uma parte do Grand


Casino que se moveu pela forte tempestade sobre a
rodovia 1-90.

Prancha colorida 4-1 a) Fotografia aérea oblíqua baixa do dano causado por vento e tempestade pelo Furacão Katrina em Gulfport.
MS, obtida em 30 de agosto de 2005 (cortesia do USGS Coastal and Marine Geology Program - Programa de
Geologia Costeira e Marinha), b) Fotografia aérea vertical (cortesia da Divisão de Sensoriamento Remoto da
NOAA, National Oceanic and Atmospheric Administration).
Dispersão da Luz Branca Através de um Prisma

a.

Síntese Aditivas das Cores Síntese Subtrativas das Cores

Prancha colorida 4-2 a) Sir Isaac Newton descobriu que a luz branca podia ser dividida ou dispersada em seus componentes espectrais
ao passar a luz branca através de um prisma (David Parker, Photo Researchers, Inc.). b) Síntese aditivas das cores
- iguais proporções de luz azul, verde e vermelha superimpostas umas sobre as outras cria luz branca, i.e., a luz
branca é composta pela luz azul, verde e vermelha. As cores complementares amarela, magenta e ciano são cria­
das seletivamente pela adição conjunta de vermelho e verde, azul e vermelho, e azul e verde, respectivamente, c)
Síntese subtrativas das cores - iguais proporções de pigmentos ciano, amarelo e magenta produz uma superfície
preta. Um filtro amarelo efetivamente absorve luz azul, um filtro magenta absorve toda a luz verde, e um filtro
ciano absorve toda a luz vermelha.
Exposição, Revelação e Formação de Cores num Filme Colorido Normal
A. Reflectância
da Cena

B. Filme após
a exposição
Azul

imagem
Verde e azul latente

Vermelho e azul

C. Filme após o luz branca


processamento re- B G R B G R B G R B G R B G R
verso de revelação | | 1 ^ 1 |__jr J I 1 | | ^ !
Camada sensível ao transparente i v.ll \ 11 .1; l< ' >. . _
Amarelo
1 :
Camada sensível ao M . M •• :.
Magenta
V
Camada sensível ao ( 111hi 1 ( nu» ( li .
Ciano
▼ ▼ i t t t
B G R B G R
D. Cores na Transparência Positiva Vistas pelo Fotointérprete
1
1 | \ rdt Branco
Azul - a cor Verde - a cor Vermelho —a cor
complementar complementar complementar do
do amarelo do magenta ciano

Exposição, Revelação e Formação de Cores no Filme Infravermelho Falsa-Cor


A. Reflectância da
cena

B. Filme após a
exposição

Camada sensível ao
Ifravermelho
imagem
Camada sensível ao latente
Verde
Camada sensível ao
Vermelho
b.
C. Filme após o proces­
samento reverso de B G R B G R B G R B G R
revelação I I j l l-tJ i +, i i i
Camada sensível ao t 1t l> l 1:111 ( . UH)
Ciano
1 * 1'
Camada sensível ao ' \, . , iii i r o l o
Amarelo
f ir
Camada sensível ao V ■ 1 \ 1 ,, ,
Magenta
7
D. Cores na Transparência Positiva Vistas pelo Fotointérprete
preto
Azul - a cor Verde - a cor Vermelho - a cor
complementar complementar complementar do
do amarelo do magenta ciano

Prancha colorida 4 •3 Processo de exposição, revelação e formação das cores em a) filme colorido normal e b) filme colorido falsa-
(cortesia Eastman Kodak).
Tivoli North Bay no Rio H udson, NY

Prancha colorida 4-4 a) Uma fotografia colorida normal (natural) da Tivoli North Bay ao lado do Rio Hudson, em Nova Iorque,
EUA. A fotografia aérea colorida registra a luz azul, verde e vermelha refletida pela cena. Um filtro anti-névoa
(HF3) geralmente é colocado na frente das lentes para evitar que a luz ultravioleta espalhada atinja o plano do
filme. A vegetação aparece em tons de verde porque as plantas absorvem mais a luz incidente azul e vermelha
do que a verde, b) Uma fotografia aérea infravermelha colorida registra a luz verde, vermelha e infravermelha
refletida pela cena. Um filtro amarelo (Wratten 12) geralmente é colocado na frente das lentes para evitar que
a luz azul atinja o plano do filme. A interface terra-água é especialmente bem delineada porque a água absorve
a maioria da luz incidente no infravermelho próximo fazendo com que ela apareça escura. A vegetação aparece
em tons de magenta porque a vegetação sadia reflete quantidades substanciais de luz no infravermelho próximo
enquanto absorve a maioria da incidente no verde e no vermelho (adaptado do Berglund, 1999).

Universidade de Nebraska, Lincoln, NB, EUA

a. Fotografia colorida normal. b. Fotografia infravermelha colorida.

Prancha colorida 4-5 a) Fotografia colorida normal (natural) de um prédio na Universidade de Nebraska. b) Fotografia infravermelha
colorida tirada usando um filtro menos-azul W ratten 12 (conforme Rundquist e Sampsom, 1988).
O Sensoriamento Remoto Pode Fornecer Informações pela Medição das Características da Energia
em Regiões Espectrais Além da Percepção Visual Humana

a. Reflectância no verde de uma área de agricultura b. Reflectância no vermelho.


na Arábia Saudita.

c. Reflectância no infravermelho próximo. d. Composição colorida (RGB = infravermelho próximo,


vermelho, verde).

Prancha colorida 5-1 Imageamento multiespectral de uma agricultura com pivô central na Arábia Saudita, a, b) A vegetação absorve
a maior parte da energia incidente no verde e no vermelho fazendo com que os campos vegetados apareçam
em tons escuros nas imagens multiespectrais do verde e do vermelho, c) Por outro lado, a vegetação reflete uma
quantidade substancial de energia incidente no infravermelho próximo, tornando-a brilhante. Neste exemplo,
diversos campos aparecem em tons escuros nas imagens do verde e do vermelho (possivelmente devido à irriga­
ção recente, retirada de uma colheita anterior, ou preparo do solo para plantio), sugerindo a presença de vegeta­
ção. O exame cuidadoso dos mesmos campos na imagem do infravermelho próximo revela que a presença de
vegetação é muito pequena. A imagem do infravermelho próximo provê, também, informação detalhada sobre
a distribuição espacial da biomassa presente em cada campo, d) Uma composição colorida infravermelha torna
claro quais campos estão vegetados (as imagens IRS-1C LISS III são cortesia da Agência Espacial Indiana).
Uma Ilha de Mangue próximo a Key West, Flórida

Prancha colorida 5-2 Dados do Calibrated Airborne Multispectral Scanner - CAMS (Imageador por Varredura Multiespectral
Aerotransportado) de uma das ilhas próximas a Key West, FL. A resolução espacial é de 2,5 x 2,5 m. A imagem
é uma composição colorida das bandas verde, vermelho e infravermelho próximo. O denso e saudável mangue
(Rhizophora mangale), em vermelho, tem uma altura de 6 a 12 m. As árvores mais altas são encontradas na
periferia, ao redor da ilha, onde as marés fornecem um fluxo contínuo de nutrientes. Duas áreas de areia sem
vegetação estão localizadas no interior da ilha. Um recife de coral circunda a ilha (Davis e Jensen, 1998).

Cartas de Percepção de Cores

Prancha colorida 5-3 Algumas pessoas não percebem a cor como a maioria da população. Isto não as exclui de tornarem-se excelentes
analistas de imagem. Eles apenas necessitam entender a natureza de suas diferenças de percepção das cores, e
ajustá-las. São apresentadas duas cartas de percepção de cores. O observador deve ver um ‘3’ em (a) e um '6 ’ em
(b). Se você vê um ‘5’, no seu próximo exame da visão você deve pedir ao seu oftalmologista que lhe faça o teste
de percepção de cores, para identificar a limitação de sua percepção (Cortesia de Smith, J.T., 1968, Manual of
Color Aerial Photography, American Society for Photogrammetry and Remote Sensing).
Extração de Informação Planimétrica:
Par Estéreo Aerotriangulado Apresentado como Anáglifo

Prancha colorida 6-1 Anáglifo de um par de imagens estéreo da cidade de Columbia, SC, criado por meio de técnicas de fotograme-
tria digital. Favor usar óculos anaglíficos para visualizar o modelo tridimensional. A fotografia aérea à esquerda
deve ser visualizada com lentes vermelhas, e a fotografia aérea à direita, com lentes azuis.
Orientação Exterior: P lanta (Usina) da Westinghouse no Rio Savannah
Aquisição Estereoscópica, na Imagem, de Coordenadas de Pontos de Controle no Terreno
Left Image c /W O R K S P "! /lps/ftames/SRS95_~2 TIF Right Imoge c /V»'0RKSP~1 /lps/fram es/SRS95_~3 TIF

Deletel

I- Use Viewer As Reterence

LeftView: jç /workspace/lps
I- Apply Image Shift

jíf nrtl0—.Y z
Re sei

Right VBMc /w Qrkspace/lp;


( ~ Apply Image Shitt

Apply | Reset [

Horizontal: none
Vertical: none

P o int# PointID Description Type Usaqe Active XReference Y Reterence Z Reterence maqe # Imaqe Name Active X File
laymax_pip Control 438912 700 3682631.232
laymax_pip Control 438907 990 3682623 710
Control 438912 870 3682623 110
entonitejoi 438931 951 3682650 304
=ntonite_pip Control 438945249
3ntomte_pip Control 438945250 3682623.192

a.

Fotografia Aérea Sobreposta a um M odelo Digital de Terreno O btido por Fotogrametria

Prancha colorida 6-2 a) Orientação exterior de um par de imagens estéreo da Planta da Westinghouse no Rio Savannah, próximo a
Aiken, SC. b) Modelo Digital de Terreno (M DT) extraído por meio de técnicas de fotogrametria digital ao qual
é sobreposta uma das fotografias aéreas em cor verdadeira do par estéreo, mostrados em perspectiva oblíqua.
Os quatro terraços de teste são usados para analisar a eficácia de vários materiais para cobertura de aterros de
rejeitos tóxicos. Qualquer subsidência devida a problemas associados com a cobertura pode ser documentada,
comparando-se MDTs da região obtidos por sensores remotos em diferentes datas.
Extração de Informação Planimétrica:
Análise Estereoscópica de um Anáglifo de Par Estéreo Usando a Marca Flutuante

a. Anáglifo de um par estéreo aerotriangulado analisado em três dimensões para a extração


de detalhes planimétricos. Favor visualizar esse par estéreo com o uso de óculos anaglíficos.

b. A projeção horizontal dos edifícios, o perímetro do espelho d’água e o eixo de simetria da via foram extraídos a
partir do anáglifo do par estéreo apresentado acima. Favor visualizar esse par estéreo com o uso de um estereoscópio.

Prancha colorida 6-3 a) Este anáglifo de um par estéreo foi analisado em três dimensões usando a marca flutuante para a identificação
da projeção horizontal dos edifícios, do perímetro do espelho d ’água e do eixo de simetria da via. b) As feições
extraídas são mostradas no par estéreo aerotriangulado e podem ser visualizadas com um estereoscópio.
Visualizador de Imagens “U SG S G lobal V isualization Vietver”

Órbita 15
Órbita 16
Órbita 17

Ponto 36

Ponto 37

Ponto 38

a. Busca de imagens de Charleston, SC, usando os critérios: órbita/ponto (16/37), Landsat 4-5
TM , Maio de 2005, 100% de cobertura máxima de nuvens; reamostrado para 1.000 pixels.

Sensor Resolution MapLayers Tools File Help

b. Busca por Charleston, SC, usando pixels reamostrados para 240 m.

Prancha colorida 7-1 Uso do sistema de visualização de imagens denominado “USGS Global Visualization Viewer” para localizar
imagens Landsat Thematic Mapper de Charleston, SC.
Imagem do Sensor Enhanced Thematic M apper Plus do Satélite Landsat 7 de San Diego (Califórnia)

Órbita 40, Ponto 37

Composição colorida falsa-cor (RGB = bandas 4, 3, 2)

Prancha colorida 7-2 Composição colorida do sensor Enhanced Thematic Mapper Plus do satélite Landsat 7 de San Diego (Califór­
nia), obtida em 24 de abril de 2000 (cortesia da NASA).
Imagem do Sensor Advanced Very High Resolution Radiometer (AVHRR) do Satélite NOAA-16

Temperatura, °C

Mapa de temperatura da superfície do mar (TSM) obtido na banda 4


(10,3 - 11,3 |im) do sensor AVHRR/NOAA-16 em 16 de outubro de 2003,

Prancha colorida 7-3 Mapa de temperatura da superfície do mar (TSM) obtido da imagem do infravermelho termal do sensor
AVHRR do satélite NOAA-16 (cortesia da NOAA e do "Ocean Remote Sensing Program” da Universidade Johns
Hopkins; Gasparovic, 2003).
Mosaico AVHRR dos Estados Unidos a partir do AVHRR/NOAA

Prancha colorida 7-4 a) Mosaico AVHRR dos Estados Unidos obtido de 16 imagens NOAA-8 e NOAA-9 ( l x l km) adquiridas de
24 de maio de 1984 a 14 de maio de 1986, usando os canais 1 e 2 (Cortesia da NOAA e do USGS). b) Imagem
NDVI (média de agosto) da América do Norte obtida do imageamento feito pelo AVHRR no período de 1981
a 2000 (cortesia da NASA Goddard Space Flight Center Scientific Visualization Studio).
Dados do Escaneador Multiespectral Aerotransportado do Delta do

b . Composição infravermelho-colorida
obtida em 31 de março de 1981. (RGB = bandas 10, 6, 4).

d. Composição infravermelho-colorida
(RGB = bandas 10, 6, 4).

Prancha colorida 7-5 Imagens do sensor aerotransportado de varredura multiespectral Daedalus D S-1260 do delta do Córrego Four
Mile na Usina Westinghouse do Rio Savannah (Carolina do Sul). a) Imagem da banda 10 do infravermelho próxi­
mo obtida em 31 de março de 1981. b) Composição infravermelho-colorida. c) Imagem da banda 10 obtida em
23 de abril de 1992. d) Composição infravermelho-colorida. Observe as diferenças na distribuição da vegetação
do pântano entre 1981 e 1992 (cortesia da Westinghouse Savannah River Company e do Department o f Energy).
Imagem SPOT 5 de Los Angeles, Califórnia

colorida 7-6 Imagem SPO T 5 de Los Angeles


(Califórnia) criada pela fusão de
dados pancromáticos (2,5 x 2,5 m)
com dados muldespectrais (10 x 10
m). A imagem foi sobreposta a um
modelo digital de elevação (30 x 30
m) do USGS (© SPOT Image Inc.).

Porção do Primeiro Produto “Síntese Global de 10


Dias” Gerado do Sensor Vegetation do SPOT

Porção de um produto “Síntese de 10


Dias” gerado do sensor Vegetation do
SPOT 4. O produto diário fornece o
índice de vegetação para toda a Terra
na resolução espacial de 1 x 1 km. A
“Síntese Global de 10 Dias” é resul­
tante da análise de dados de “Síntese
Diária” (© SPOT Image, Inc.).

11 a 20 de Maio de 1998
Imagem Óptica ASTER Terra de Oahu, Havaí.

b. Ampliação centralizada em Pearl Harbor.

Prancha colorida 7-8 Imagem ASTER Terra de Oahu, Havaí (cortesia da NASA/GSFC/MITI/ERSDAC/JAROS, do ASTER Science
Team e do Califórnia Institute o f Technology).
Imagens Multiespectrais e Pancromáticas do IKONOS de Columbia (Carolina do Sul)

d. Banda pancromática (0,45 - 0,90 pm), 1 x 1 m.

f. Composição colorida resultante da fusão das ban­


das 4, 3, 2 e pancromática.

Prancha colorida 7-9 Imagem IK ON OS de um condomínio de negócios em Columbia (Carolina do Sul), a-d) As bandas multiespec­
trais individuais (4 x 4 m) e a banda pancromática (1 x 1 m) são exibidas, e) Composição colorida das bandas
IKONOS 4, 3 e 2. f) Composição colorida resultante da fusão de dados multiespectrais (4 x 4 m) e pancromá-
ticos (1 x 1 m) (cortesia da GeoEye, Inc.).
Imagem AVIRIS de Moffett Field (Califórnia)

A imagem da face do cubo


é uma composição colorida
de três das 224 bandas
'
400 nm — - j£ Lagos de evaporação
/
400 nm

224 bandas
com largura
1400 i nominal de
10 nm cada

1400 nm
1900 nm

1900 nm
2500 nm —

2500 :

Prancha colorida 7-10 Cubo hiperespectral do sensor Airborne Visible Infrared Imaging Spectrometer (AVIRIS) de Moffett Field (Ca­
lifórnia), adjacente à Baía São Francisco. Os dados foram adquiridos em 20 de agosto de 1992 pela aeronave
ER-2 (um U-2 modificado) da NASA de uma altitude de 20 km, resultando em uma resolução espacial nominal
de 20 x 20 m. O AVIRIS adquire imagens em 224 bandas (10 nm de largura cada) na faixa espectral de 400 a
2500 nm. Três das 224 bandas do AVIRIS foram usadas para produzir a composição colorida da face do cubo
para realçar a água e os lagos de evaporação à direita. Os lados do cubo exibem apenas os pixels das bordas da
imagem para todas as 224 bandas de 400 nm (topo) a 2500 nm (base). As áreas escuras dos lados do cubo ex­
pressam a forte absorção atmosférica, especialmente em 1400 nm e 1900 nm (vapor d’água). Os lados são mos­
trados em pseudo-cor variando do preto-azul (baixa resposta espectral) ao vermelho (alta resposta espectral). De
particular interesse no cubo, destaca-se uma pequena região de alta resposta espectral no canto superior direito,
logo abaixo dos lagos. Essa resposta espectral alta no comprimento de onda do vermelho (680 nm) é causada
pela presença de 1 cm de salmoura vermelha de camarão nos lagos de evaporação (cortesia de R.O. Green da
NASA Jet Propulsion Laboratory).
Imagens do Em erge D ig ita l Sensor System (D SS) de Nova Iorque

Fotografia infravermelho-colorida.

b. Fotografia cor-verdadeira.

Prancha colorida 7-11 Dados do Emerge Digital Sensor System (DSS). a) Imagem infravermelho-colorida (RGB = infravermelho próxi­
mo, vermelho e verde) de Dunkirk, Nova Iorque, obtida com resolução de 1 x 1 m em 12 de dezembro de 1998.
A quadra de tênis e a trilha são cobertas por astro-turfa. b) Imagem cor-verdadeira (RGB = vermelho, verde e
azul) de uma área adjacente ao lago Power Authority. Os dados de 30,5 x 30,5 cm foram adquiridos em 13 de
outubro de 1997. Essa bela imagem registrou a senescência de árvores decíduas (cortesia de D on Light).
Imagem Infravermelha Termal e Videografia Colorida de Segmentos
da Bacia do Rio Umpqua no Oregon

17.0 J L 5

a. Fatiamento colorido da imagem infravermelha termal e videografia colorida natural da confluência do Rio Umpqua do
Sul (27,5 °C) com o Rio Umpqua do Norte (25,7 °C) na posição da milha 109,3 do rio.

b. Confluência do Córrego W olf (19,7 °C) com o Rio Little (22,8 °C) na posição da milha 11 do rio.

Prancha colorida 8-1 Imagens infravermelhas coloridas obtidas por um sistema de visada avante (FLIR) de dois segmentos da Bacia
do Rio Umpqua mostradas junto com videografias em cor natural obtidas ao mesmo tempo. Os dados in­
fravermelhos termais foram calibrados para temperatura superficial e codificados em cores (procedimento de
fatiamento density sliced). As medidas de temperatura superficial da água obtidas por sensoriamento remoto
geralmente estavam no intervalo ±0,5 °C da temperatura cinética verdadeira (as imagens são cortesia do Oregon
Departm ent of Environmental Quality, 2003).
Detecção Infravermelho Termal da Poluição Térmica das Águas do Rio Savannah

a. Imagem infravermelha termal ( 8 - 1 4 (im) b. Extração de transectos após rotação de 16°.


fatiada de antes do amanhecer.

Histograma do Tansecto B

> 20 °C acima
branco da temperatura
200 ambiente do rio

■ca180
:§>i6o
Ui

O vermelho 10,2 - 20 °C
o 140
-C
m 120
<U laranja 5,2- 10 °C
*T3
io o --
amarelo 3,0_-_5,0 °C
__ verde + 1 °C
80
pantano 12 °C
terra
60 rio
ambiente
40
10 20 30 40 50 60
Pixel no Transecto
d.

Prancha colorida 8-2 a) Produto colorido do fatiamento de um dado infravermelho termal de antes do amanhecer de um pluma
termal do Córrego Four Mile no Rio Savannah em 28 de março de 1981 (resolução espacial de 2,8 x 2,8 m).
A codificação de cores dos dados está de acordo com os intervalos de classe mostrados na Tabela 8-8. b) Três
transectos passam através da pluma após rotacioná-la de 16o. c) Porque é importante rotacionar a imagem, d)
Informação de temperatura no Transecto B mostrada em formato de histograma.
Fotografia do Ônibus Espacial e Imagem SAR do SIR-C/X do Rio N ilo, Sudão

Prancha colorida 9-1 a) Fotografia do Ônibus Espacial do Rio Nilo, Sudão, b) Composição colorida de imagens SAR do SIR-C/X com­
posta pela banda C com polarização HV, banda L com polarização H V e banda L com polarização H H . Os dados
foram adquiridos pelo Ônibus Espacial Endeavor em Abril de 1994 (cortesia de NASA Jet Propulsion Lab).

Imageamento SAR do SIR-C/X de Rondônia, Brasil

Prancha colorida 9-2 Imagem SAR do SIR-C/X de uma parte de Rodônia, Brasil, obtida em 10 de Abril de 1994. É uma composição
colorida da banda X com polarização W , banda C com polarização H V e banda L com polarização HV. Uma forte
precipitação de chuva aparece como uma nuvem negra na imagem banda X, mais tênue na imagem banda C e é
relativamente invisível na banda L. A floresta tropical aparece em rosa claro (cortesia de NASA Jet Propulsion Lab).
Interferogramas das Bandas C e L do SIR-C, da Região de Fort Irwin, CA

Prancha colorida 9-3 Interferogramas do SIR-C/X de Fort Irwin, CA, no Deserto de Mojave. As bandas coloridas fornecem detalha­
das informações quantitativas de elevação, que podem ser usadas para construir um modelo digital do terreno
(cortesia de NASA Jet Propulsion Lab).

Imageamento SAR do SIR-C/X de Owens Valley, CA

Prancha colorida 9-4 Visão em perspectiva tridimensional de Owens Valley, perto de Bishop, CA, criada pela combinação de duas
imagens SAR orbitais do SIR-C/X obtidas em Outubro de 1994, usando-se técnicas interferométricas. As
Montanhas Brancas {WhiteMountains) estão no centro da imagem e elevam-se a 3.000m (-10.000 pés). O Rio
Owens e seus tributários podem ser observados (cortesia de NASA Jet Propulsion Lab).
M odelo de Elevação Digital das Montanhas de Wasatch, em
Utah, Derivado dos Dados SRTM (Shuttle Radar Topography
Mission) e Integrado com Imagem TM Landsat

a. Modelo digital de elevação obtido dos dados SRTM e


visto em perspectiva, no sentido norte.

b. Estéreo-par anaglifo.

Prancha colorida 9-5 a) Modelo digital de elevação derivado dos dados SRTM e integrado com imagem TM Landsat (RGB = bandas
4, 3, 1). Os dados SRTM banda C foram obtidos em 12 de Fevereiro de 2000. b) Uma apresentação em ana­
glifo dos dados SRTM em banda C (por favor, use os óculos anaglifo). c) Um estéreo-par de dados T M Landsat
superpostos ao DEM obtido dos dados SRTM (as imagens são cortesia de NASA Jet Propulsion Lab).
Comparação Entre o DEM G TOPO 30 e o DEM Derivado dos Dados SRTM do
M onte Kilimanjaro, na Tanzânia e no Quênia

a. Modelo digital de elevação G TO PO 30 de 1 x lkm . b. Modelo digital de elevação derivado dos dados SRTM de 30 x 30m.

c. Modelo digital de elevação G TO PO 30 de 1 x lkm , visto em d. Modelo digital de elevação derivado dos dados SRTM de 30 x 30m.
perspectiva oblíqua, a partir de W-NW.

Prancha colorida 9-6 a) Modelo digital de elevação G TO PO 30 de 1 x lkm . O modelo é parte da base de dados DEM G TO PO 30,
mantida pelo USGS (Serviço Geológico dos Estados Unidos da América), b) Modelo digital de elevação deriva­
do dos dados SRTM de 30 x 30m. c) DEM G TO PO30 visto a partir de W-NW. d) Modelo digital de elevação
derivado dos dados SRTM visto a partir de W-NW. Note os detalhes associados aos pequenos cones vulcânicos
no flanco da m ontanha (as imagens são cortesia de NASA Jet Propulsion Lab).
Radiômetro Avançado por Varredura de Micro-ondas {Advanced M icrow ave Scanning R adiom eter - AM SR-E)

a. Imagem composta da temperatura da superfície do mar (sêa surface temperature - SST)


obtida a partir de dados AMSR-E para Junho de 2002.

de Agosto de 2005.
Prancha colorida 9-7 a) Imagem composta da temperatura da superfície do mar (sea surface temperature - SST), derivada dos dados do
AMSR-E {AdvancedMicrowave Scanning Radiometer), do local de origem dos furacões, a zona de convergência
inter-tropical. b) Uma média de três dias da SST obtida pelo AMSR-E para o Mar do Caribe e o Oceano Atlân­
tico, no período de 25-27 de Agosto de 2005. A água aquecida dos oceanos dão energia aos furacões, e foi uma
grande quantidade de água aquecida que permitiu o crescimento do Furacão Katrina e forneceu-lhe energia
suficiente para cruzar a Flórida e se mover até o Golfo do México. Toda a água com as cores amarelo, laranja e
vermelho está com uma temperatura de > 27,8 °C (82 F). Um furacão requer SST neste nível de temperatura,
ou superior, para se fortalecer. Os dados sobre cobertura de nuvens foram extraídos do imageamento NOAA
GOES. Os dados da terra firme foram obtidos das imagens M O DIS (as imagens são cortesia da NASA e da
Agência Nacional de Desenvolvimento Espacial do Japão).
L iquidâm bar
{Liquidâmbar styraciflua L.)

80-

70-
folha
60 vermelha

50^ folha
U folha verde folha
c
<w 40 f amarela marrom
ü<U
qq azul verde
30 vermel ho
I
20d

10- Infravermelho
Próximo
e- 0 “ | | | | | | | | | | | | | I
400 500 600 700 800 900 1000
Comprimento de onda (nm)
Prancha colorida 11-1 a) Folha verde fotossintetizante de liquidâmbar (Liquidâmbar styracifluaL.) obtida de uma árvore em 11 de novem­
bro de 1998. b-c) Folhas senescentes amarela e vermelha obtidas da mesma árvore, d) Folha velha de liquidâmbar
coletada no chão. e) Medições espectrorradiométricas de reflectância percentual no intervalo entre 400 e 1050 nm.
Informações de Referência de Campo Mapa de Classificação da Vegetação,
Sobrepostas a um Canal AVIRIS, 3 de Setembro de 1993
San Luis Valley, CO

a. b.
cevada nenhuma
canola pastagem

aveia para feno vN. spinafre


batata

Mapa de Vegetação Senescente/Estressada

vegetação seca /
solo exposto

Prancha colorida 11-2 a) Informações de referência de campo sobrepostas a uma banda AVIRIS (20 x 20 m) obtida em 03 de setembro
de 1993. b) Mapa mostrando a classificação de espécies de vegetação, obtido pela análise de dados AVIRIS. c)
Mapa de vegetação senescente/estressada (modificado de Clark et al., 1995).
Biomassa num Trecho da Enseada de Murrells, SC,
derivada a partir de dados do sensor CAMS
(Calibrated Airborne Multispectral Scanner,
Escâner Multiespectral Calibrado Aerotransportado)
Obtidos em 02 de agosto de 1997

Biomassa Total (g/m2)

500 - 749

750 - 999

| 1 1 0 0 0 - 1499

I 1 1 5 0 0 - 1999

I j 2 0 0 0 -2 4 9 9

I j 2 5 0 0 -2 9 9 9

Prancha colorida 11-3 a) Composição colorida natural de um pequeno trecho da Enseada de Murrells, SC, registrado pelo sensor
CAMS (NASA), em 2 de agosto de 1997. b) Composição colorida infravermelha, c) Informação de biomassa
(g/m2) extraída a partir de dados do sensor CAMS (Jensen et al., 1998).
Ciclos Fenológicos de Culturas Agrícolas nas Áreas do San Joaquin Valley e do Imperial Valley, Califórnia,
e Imagens Multiespectrais Landsat de um Campo Obtidas Durante o Ciclo de Crescimento.

Amadure- Colheita Preparo do Solo Plantio Emergência Desbaste


cimento

Algodão

Preparo do Solo Emergência Início dos Florescimento Início das Abertura Colheita Gradagem
Botões Maçãs das Maçãs -
Desfolhamento

Florescimento Primeiro Segundo Terceiro Quarto Q uinto Sexto


Corte Corte Corte Corte Corte Corte

Prancha colorida 11-4 Ciclos fenológicos de a) beterraba açucareira, b) algodão e c) alfafa cultivados no San Joaquin Valley e no Impe­
rial Valley, sul da Califórnia. As imagens MSS/Landsat foram obtidas durante um período de 12 meses em San
Joaquin Valley. As composições coloridas (RGB = bandas 4, 2, 1) de três campos agrícolas foram selecionadas e
colocadas sob os calendários agrícolas de cada uma das culturas citadas.
Classificação de um Trecho do Imperial Valley, CA, Obtida de Imagem T M /
Landsat (Bandas 1-5 e 7) Coletada em 10 de Dezembro de 1982

a. Bandas T M 3, 2, 1 (RGB). b. Bandas TM 4, 3, 2 (RGB).

c. Bandas T M 5, .3, 2 (RGB). d. Bandas TM 7, 3. 2 (RGB).

Beterraba

Alfafa

Algodão

Pousio

Prancha colorida 11-5 a) Imagem composição colorida normal TM/Landsat de uma porção do Imperial Valley, CA, obtida em 10 de
dezembro de 1982. b - d) Vários tipos de composições coloridas falsa-cor. e) Mapa de classificação obtido via
processamento digital de imagens.
Cobertura Agrícola da Terra na Região do Rio Mhlathuze, na África do Sul

de Manejo Hídrico #6: bacias dos rios Usutu e Mhlathuze, registrada por imagens SPOT coletadas
em 09 de janeiro de 2004 (RGB = bandas 3, 2, 1).

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□ Água
□ Solo Exposto
0 Quebra-Vento
1 I Banana
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b. Mapa de classificação derivado de dados multiespectrais e pancromáticos do satélite SPOT datados de 2004.

Prancha colorida 11-6 a) Imagem em composição colorida HRVIR/SPOT de uma área do Rio Mhlathuze, na República da África do
Sul. b) Mapa de classificação derivada a partir de dados de sensoriamento remoto da área de estudo. Este tipo
de informação é usado pelo Departamento de Assuntos Hídricos e Florestais da República da África do Sul
para inventariar a cobertura da terra como entrada para o sistema espacial de suporte à decisão WARMS (Water
Authorization and Resource Management) (cortesia de Jensen et al., 2006).
Imagem do Sea-viewing Wide Field-of- View (SeaWiFS)

dezembro de 1997. Cores mais claras indicam maiores concentrações de clorofila.

b. Composição cor-verdadeira do SeaWiFS da costa leste


dos Estados Unidos obtida em 30 de setembro de 1997. SeaWiFS de 30 de setembro de 1997.

Prancha colorida 12-1 Exemplos de dados do sensor remoto Sea-viewing Wide Field-of-View (SeaWiFS, Imageador Oceânico de Gran
de Campo de Visada) (cortesia da NASA Goddard Space Flight Center e da Orbital Imaging Corporation (ORB1
MAGE); usado com permissão).
Produto Clorofila a do sensor M O DIS

Prancha colorida 12-2 Distribuição de clorofila a em 23 de novembro de 2003 na porção sudeste dos Estados Unidos determinada
com o uso do algoritmo M O DIS Chlor_«_2 (cortesia da NASA).
Lago Tahoe, Califórnia-Nevada

Profundidade (m)

a. Batimetria determinada por LIDAR e por SONAR b. Informação de retroespalhamento oriunda de


de múltiplos feixes para profundidades inferiores e SONAR de múltiplos feixes.
superiores a 15 m, respectivamente.

c. Visão oblíqua dos dados batimétricos olhando-se para oeste


(ver seta na Fig. a).

Prancha colorida 12-3 a) Batimetriado LagoTahoe resultante do uso do sistema SHOALS LIDAR para profundidades < 15 m e de um
SONAR Kongsberg de múltiplos feixes para profundidades > 15 m. b) Tons mais claros nos dados de retroespa-
lhamento acústico indicam superfícies mais duras, como rochas. Tons mais escuros indicam superfícies menos
compactas, como sedimentos. A superfície ao redor do lago é uma imagem de relevo-sombreado de um modelo
digital de elevação do USGS (10 m). c) O colapso da parte central da margem oeste resultou no lançamento de
grandes blocos com até 20 m de altura sobre o assoalho do lago. Essa grande falha é denominada de “avalanche
de escombros” e é muito similar em tamanho às feições de colapso encontradas ao longo de margens oceânicas
em áreas tectonicamente ativas e em torno de vulcões (cortesia do USGS, 2006).
Temperatura da Superfície do Mar a partir de Dados NOAA AVHRR

! .õ 1C 22 2-S 26 28

b. Mapa Global de temperatura da superfície do mar (TSM) resultante dos dados NOAA-14 AVHRR.

Prancha colorida 12-4 a) Mapa de temperatura da superfície do mar (TSM) resultante de uma composição de três dias de dados do
infravermelho termal do NOAA AVHRR com a série centrada em 4 de março de 1999. Os pixels com maiores
temperaturas no período de três dias foram alocados para compor a imagem (cortesia da NOAA Coastal Services
Center). b) TSM (°C) em escala global (50 x 50 km) calculada a partir de dados NOAA-14 AVHRR obtidos de 9
a 13 de março de 1999 (95 horas) (cortesia da NOAA/NESDIS).
Temperatura Mensal da Superfície do Mar (°C)

c. El Nino em dezembro de 1997.

Prancha colorida 12-5 Mapas Reynolds mensais de temperatura da superfície do mar (TSM) determinados a partir de dados in situ de
bóias e de sensoriamento remoto (cortesia NOAA/TAO/National Centerfo r Environment Prediction).
Tropical Rainfall Measurement M ission (TRMM)

a. Dados do TRM M Microwave Imager (TMI) obtidos em 9 de março de 1998.

b. Dados TRM M de Radar de precipitação


obtidos em 9 de março de 1998.
Altura (km)

Distância (km)
c. Seção transversal ao longo da trajetória com dados de Radar de precipitação do TRM M obtidos em 9 de março de 1998.

Prancha colorida 12-6 a) Dados globais do TRM M Microwave Imager (Imageador de Micro-ondas do satélite Tropical Rainfall Me­
asurement Mission) coletados em 9 de março de 1998. b) Dados de Radar de precipitação do sul da Flórida,
c) Seção-transversal dos dados de Radar de precipitação (cortesia da NASA Goddard T R M M Office e da Japan
National Space Development Agency).
Bancos de Dados Selecionados da Base Nacional de Dados Espaciais da Carolina do Sul

Imagens Digitais
Ortorretificadas

Hidrologia

Terreno Digital

Transporte

Cobertura da
Terra/Uso
da Terra

Prancha colorida 13-1 Bancos de dados selecionados da Base de Dados Espaciais da Carolina do Sul.

Nível I - Cobertura da Terra Urbana/Não-Urbana para os Condados de


Berkeley, Dorchester e Charleston na Carolina do Sul

d. 4 de janeiro de 1989. e. 17 de março de 1992. f. 3 de fevereiro de 1994.

Prancha colorida 13-2 Nível I - cobertura da terra urbana/não-urbana para os condados de Berkeley, Dorchester e Charleston, locali­
zados em Charleston, SC, obtido de imagens Landsat MSS 79 x 79 m. A informação de cobertura da terra está
sobreposta a uma imagem do infravermelho próximo (MSS banda 4).
Mapas Minerais de Cuprite, NV, Derivados a Partir de Dados Hiperespectrais AVIRIS
Cuprite, Nevada
AVIRIS AVIRIS 1998 AVIRIS Data
3.9 km AGL 20 km AGL USGSTetraeorder Mineral Map
Sway-ze, Clark, Goetz,
2.3 x 7 m 18 Livo, and Sutlcy
Eaitern Centct
Clays, Micas, Sulfate*, Carb*.
K- Alunite
High Temp
K AJunite
Interm. Temp
K-Na Alunile
LowTemp
Alunite ♦ Kaolimte
Buddingtonite .
N»--Montmorillonite
Wx! Kaolinile
Pxl Kaolinile or
Wxl Kaol. *Other
Dickite
Halloysitc or
Kaol ♦ Mu*c 2
Na.Montmorillonite
Nontronite or Clay
with 2.29um Bd.
Muscovite 1 High
Muscovite 2
Muscovite 3
Muscovite 4 Low
Kíolinite-Muscovite
Intimate Mix
Kaolinile » Musc 2
Chlorite ♦ Muscovite
Intimate Mix
Caleite
Cakite ♦ Muscovite
Calcite ♦
Na Mont or Musc 3 í
Calcite ♦
Ca-Mont or Musc 4
Carbonates or Chlorite|
Chalcedony

v: *•0 o ■*> u
Prancha colorida 14-1 Mapas minerais de Cuprite, NV, derivados a partir de dados ÀVTRIS de baixa-altitude (3,9 km ÀGL - Acima do
Nível do Solo) e de alta-altitude (20 km AGL) obtidos em 11 de outubro de 1998 e em 18 de Junho de 1998,
respectivamente (cortesia de Swayze et al., 1999).

Imagens SIR-C/X-SAR da Shuttle do Vulcão Kilauea, no Havaí

Prancha colorida 14-2 a) Imagem em composição colorida Shuttle SIR-C/X do vulcão Kilauea, H I, (bandas C, X, L) obtida em 12 de
abril de 1994. b) A imagem sobreposta a um modelo digital de elevação. O fluxo de lava sobre o terreno neste
vulcão é muito evidente (cortesia da NASA Jet Propulsion Lab).
Estéreopar do M onte St. Helens, em Washington

Estéreopar infravermelho
colorido de Fotografia de
Alta Altitude (USGS) do
M onte St. Helens, WA,
obtida em 06 de agosto
de 1981. O domo ativo de
lavas no centro do cone é
visível. Um padrão de dre­
nagem radial foi desenvol­
vido. O norte está à esquer­
da (cortesia do USGS).

O Grand Canyon

a. Composição colorida TM /I.andsat (RGB = bandas 7, 4, 2)

Prancha colorida 14-4 Composições coloridas TM/Landsat de uma porção do Grand Canyon (cortesia NASA).
Rio Ugab, Namíbia

Prancha colorida 14-5 Imagem AS I ER, do Rio Ugab, na Namíbia, obtida em 5 de dezembro de 2000 (RGB = bandas 7, 3, 1). O
rio passa através de camadas dobradas quase verticalmente de calcário, arenito e siltito finamente estratificados
(cortesia de NASA/GSFC/METI/ERS-DAC/JAROS e U.S./Japan ASTER Science Team).

Rio Mississipi

Prancha colorida 14-6 Composição colorida Thematic Mapper Landsat (RGB = bandas 4, 3, 2) do Rio Mississipi (cortesia Space
Imaging, Inc.)
Baía Morro, CA

a. Composição colorida T M / Landsat (RGB = bandas 7, 4, 2) b. Composição colorida (RGB = bandas 4, 3, 2)

Prancha colorida 14-7 Composições coloridas Thematic Mapper Landsat de Baía Morro, CA (cortesia Space Imaging, Inc.).

Ilha de Palms, SC

b. Dados multiespectrais Atlas de um mangue atrás da Ilha

a. Ortofotografia infravermelha-colorida NAPP.

Prancha colorida 14-8 a. Porção de uma ortofotografia infravermelha-colorida USGS NAPP da Ilha Sullivan, SC (cortesia U.S. Geolo-
gical Survey). b) Dados do escaneador multiespectral Atlas (2,5 x 2,5 m) de um mangue atrás da Ilha de Palms,
SC, (RGB = bandas 6, 4, 2) (cortesia NASA Stennis Space Center).
Glacial Glacial
Agassiz Seward

Glacial Malaspina, AL

a. Composição colorida (RGB = bandas 5, 4, 3) ETM 7 b. Visada oblíqua alta do glacial criada pela sobreposição de uma imagem
Landsat do Glacial Malaspina, obtida em 31 de agosto TM /Landsat obtida em fevereiro de 2000 (RGB = bandas 3, 2, 1) com um
de 2000. modelo digital de elevação extraído dos dados SAR interferométricos Space
Shuttle Radar Topography Mission banda C coletados em fevereiro 2000.

Prancha colorida 14 -9 a) Visada vertical infravermelho próximo e b) visada oblíqua alta colorida normal do Glacial Malaspina, no Alasca.
Este é o maior glacial do Alasca e cobre 3.880 km2. E um glacial composto formado pela junção de glaciais de vale,
sendo o Agassiz e o Seward os mais proeminentes deles (cortesia NASA e Jet Propulsion Lab).

Sensoriamento Remoto de Paisagens Glaciais

c. Lago Tahoe, em Sierra Nevada, na fronteira entre a


Califórnia e Nevada.

Prancha colorida 14-10 Composições coloridas Landsat de paisagens glaciais em porções de a) Uinta Mountains, em Utah, b) Cadeia
Wasatch nas Montanhas Rochosas, em Utah, e c) Lago Tahoe, em Sierra Nevada, na fronteira entre a Califórnia
e Nevada. Consultar as anotações nas ilustrações em preto e branco no Capítulo 14 (cortesia U.S. Geological
Survey e Space Imaging, Inc.).
Deserto Namib, Namíbia, África

a. Imagem ETM+ Landsat 7 do Deserto Namib obtida em 12 de agosto de 2000


(RGB = bandas 5, 4 3).

outubro de 2002. A imagem foi sobreposta num modelo de elevação digital de elevação obtido
de dados estereoscópicos ASTER.

Prancha colorida 14-11 Visada vertical e visada oblíqua baixa do Deserto Namib no Parque Nacional N am ib-Naukluft. Essas são as
dunas mais altas do mundo, algumas > 300 m. A área recebe uma média de apenas 63 mm de chuva por
ano. A cor alaranjada desenvolve-se com o tempo à medida que o ferro contido na areia é oxidado. Q uanto
mais velha a duna, mais brilhante é cor alaranjada (cortesia USGS e NASA/GSFC/M ETI/ERSDAC/JAROS
e U.S./Japan ASTER Science Team).
Componentes do Sistema Ativo de Micro-ondas 303

Imagem em Slant-R ange versus Imagem pelo relevo topográfico (a ser discutido à frente). O intér­
em G round-Range prete deve, sempre, determinar se a sua imagem de radar
apresenta-se com a sua geometria convertida para ground-
range. A maioria dos sistemas e provedores de dados de
radar fornecem as imagens já na geometria ground-range.

Calculando a Resolução em Range

Para determinar a resolução espacial em qualquer ponto de


uma imagem de radar é necessário calcular a resolução em
duas dimensões: as resoluções em range (alcance) e azimute.
O radar é um equipamento que mede as distâncias até os
objetos no terreno, pelo envio e recepção de pulsos de ener­
gia ativa de micro-ondas (Figura 9-10). A resolução em range
é medida ao longo da direção de iluminação do radar e é
proporcional ao comprimento do pulso de micro-ondas.
Figura 9-9 Imagens de radar não-corrigidas apresentam a geome­ Quanto menor o comprimento do pulso, mais detalhada é
tria slant-range (alcance inclinado), onde os objetos no a resolução em range. O comprimento do pulso é uma função
near-range (alcance próximo) são mais comprimidos da velocidade da luz (c) multiplicada pela duração da trans­
que os objetos no far-range (alcance distante). Neste missão (x). O intervalo de tempo que a energia de micro­
exemplo, os campos A e B são do mesmo tamanho e ondas (p.ex., banda L, 23,5 cm) é transmitida é medido em
não apresentam relevo local. A imagem em slant-range
microssegundos (10'6 seg), e normalmente varia de 0,4 a
situa-se no plano conectando a antena, a uma altitude
H, com o ponto mais distante no far-range. Quando o
1,0 microssegundos. Isso se traduz em um comprimento de
início do campo A é iluminado por um pulso de ener­ pulso de 8 a 210 m. O pulso deve seguir uma trajetória até
gia, com um ângulo de depressão y , ele é projetado o alvo e retornar ao sensor. Portanto, é necessário dividir o
no plano slant-range, como mostra a figura. A mesma comprimento do pulso por 2 para se medir a resolução em
situação ocorre no final do campo A e nos dois lados slant-range (alcance inclinado). Para escaloná-la para a reso­
do campo B, na imagem em slant-range. lução em ground-range (alcance no terreno), é necessário mul­
tiplicá-la pelo co-seno do ângulo de depressão (y) . Assim, a
equação para determinar a resolução em range, torna-se:
^■<sjrw (9-6)
R (9-9)
Também, é possível transformar a geometria slant-range para r 2cosy
a ground-range usando a altura da antena acima do nível lo­
cal do terreno, H, e o ângulo de depressão (y) no ponto de Pode-se perguntar por que não selecionar, então, um com­
interesse, usando a seguinte equação (Ford et al., 1980): primento de pulso extremamente pequeno para se obter
uma resolução em range extremamente detalhada? A razão
G (9-7) é que a quantidade de energia que ilumina o alvo é propor­
cional ao comprimento do pulso. Pulsos muito pequenos
resultarão em um retroespalhamento com sinais de retorno
Se quisermos medir a distância verdadeira (ground range) muito fracos para serem registrados pelo sensor. O sensoria-
entre dois pontos em uma imagem de radar, como os pon­ mento remoto por micro-ondas fundamenta-se, portanto,
tos 1 e 2 no campo A, podemos usar a seguinte relação na busca do equilíbrio entre a diminuição do comprimento
(Henderson e Lewis, 1998): do pulso com o objetivo de melhorar a resolução em range
e, ao mesmo tempo, na transmissão de um pulso com ener­
Grtl,.2 = H (coty, - coty,) (9-8) gia suficiente para gerar um forte sinal de retorno.

A regra geral é que, sinais refletidos a partir de dois ob­


que leva em consideração a altitude do sensor, H, e o ângu­ jetos distintos no terreno (p.ex., duas casas) podem ser
lo de depressão (y) para os pontos 1 e 2 na imagem. individualizados se suas respectivas distâncias em range
estão separadas por, pelo menos, metade do comprimento
Essas equações assumem que o terreno é plano. Elas não do pulso. Por exemplo, considere a Figura 9-10, na qual
corrigem as distorções devidas à inversão de relevo (layo- o terreno está sendo iluminado com um único pulso de
ver) ou encurtamento de rampa (foreshortening), causadas micro-ondas, com duração de 10'7 segundos. Isto significa
304 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas

te do pulso continuou a sua trajetória normal. No tempo


n+2, as casas 2, 3 e 4 refletiram, de volta para a antena,
parte da energia de micro-ondas incidente. As casas 1 e
2, por estarem separadas por uma distância superior a 13
m, aparecem como feições distintas na imagem de radar.
As casas 3 e 4, entretanto, por estarem separadas por uma
distância inferior a 15 m, têm os seus sinais de retorno
superpostos e registrados pela antena como um único e
amplo objeto. Essas duas casas serão, provavelmente, de
difícil individualização em uma imagem de radar.

Enquanto o comprimento do pulso permanece constante,


a resolução em range varia linearmente a partir dos pontos
mais próximos (near-range) até os mais distantes (far-range)
da antena de radar. Por exemplo, considere a Figura 9-11,
que mostra as torres 1 e 2, separadas entre si por 30 m e
localizadas mais próximas à antena (near-range), e as torres
3 e 4, também separadas por 30 m, porém localizadas na
região mais distante da antena (far-range). Se usarmos a
Equação 9-9 para calcular a resolução em range na região
mais afastada da antena (far-range), com um ângulo de de­
pressão de 40° e duração de transmissão do pulso de 0,1
pseg, a resolução em range é:
^ (0,1 x 106seg) . (3 x 10” m seg')
2cos40°

í n 1x Iseg \ x 300.000.000 m
\ 1.000.000/ seg
2 x 0,766

0,1 seg „ 300.000.000 m


_ 1.000.000 X seg*
2 x 0,766
da aeronave é determinado pelo intervalo de tempo n 30 m
requerido para o pulso de energia de micro-ondas, * = L532
viajando à velocidade da luz, atingir o objeto e ser re­
fletido de volta para a antena. Os sinais das casas 1 e 2 R = 19,58 m
retornarão antes do que os sinais das duas casas mais
distantes (3 e 4). Neste exemplo, o comprimento do Portanto, as torres 3 e 4 precisam estar a uma distância
pulso de 1 0 7 segundos equivale a 30 m. A resolução superior a 19,58 m para serem individualizadas na ima­
ao longo da direção de iluminação (em range) equiva­
gem de radar. Como as torres 3 e 4 estão separadas por
le a metade do comprimento do pulso, neste caso 15
m. As casas 1 e 2 serão registradas na imagem de radar
30 m, esta individualização é possível. Por outro lado, as
como objetos distintos. Os dois objetos (casas 3 e 4) torres 1 e 2, localizadas em região mais próxima à antena
separados por uma distância menor do que a metade (near-range), com um ângulo de depressão de 65°, não se­
do comprimento do pulso de radar serão registrados riam individualizadas porque a resolução nesta área seria
pela antena como um único e amplo objeto. de 35,5 m. As duas torres, provavelmente, apareceríam
como um único sinal de retorno.
um pulso com 30 m de comprimento e, portanto, com
uma resolução em range de 13 m. O destino de um pulso Calculando a Resolução em Azimute
de energia de micro-ondas é monitorado por quatro breves
períodos de tempo. No tempo n, o pulso ainda não atingiu Até aqui, identificamos somente o comprimento, em me­
nenhuma das casas. No tempo n+1, uma parte do pulso foi tros, de um elemento de resolução de micro-ondas ativas,
refletida de volta à antena enquanto a parte remanescen­ com ângulo de depressão e comprimento de pulso espe-
Componentes do Sistema Ativo de Micro-ondas 305

Calculando a resolução em range


para um radar de abertura real,
com dois diferentes ângulos de
depressão (40° e 65°) e um pulso
com duração de 0,1 x 10'6 seg.
As torres podem ser individuali­
zadas no far-range, mas não no
near-range (após Sabins, 1997).

cíficos, ao longo da direção de iluminação {range). Para onde 5 é a distância slant-range (alcance inclinado) até o
conhecermos as dimensões do elemento de resolução, é ponto de interesse. A equação pode ser usada para calcu­
necessário calcular, também, a sua largura, medida na di­ lar a resolução em azimute para qualquer posição entre o
reção do voo do veículo imageador —a direção de azimute. near- e o far-range. Por exemplo, considere as condições
A resolução em azimute (RJ é determinada pelo cálculo da mostradas na Figura 9-12, onde o slant-range próximo
largura da faixa do terreno que é iluminada pelo pulso de (SncJ é 20 km e o distante (Sfar) é 40 km. Os tanques 1
radar. Radares de micro-ondas de abertura real produzem e 2 e os tanques 3 e 4 estão separados por 200 m. Se um
pulsos na forma de lóbulos, similares aos da Figura 9-12, radar na banda X (3 cm) for utilizado com uma antena
os quais são estreitos no near-range e alargam-se em dire­ de 500 cm, então a Equação 9 pode ser empregada para
ção ao far-range. Basicamente, a largura angular do lóbulo calcular a resolução em azimute no near-range\
é diretamente proporcional ao comprimento de onda do
pulso de energia transmitida, i.e., comprimentos de onda ^ _ 20 km x 3 cm
maiores, lóbulos mais largos, e comprimentos de onda “ 500 cm
menores, lóbulos mais estreitos. Portanto, em radares de
abertura real (força bruta), pulsos com comprimentos de j^ _ 20.000 m x 0,03 m
onda menores resultarão na melhoria da resolução em azi­ ' 5m
mute. Infelizmente, os comprimentos de onda menores
são, também, os que apresentam a menor capacidade de ^ _ 600 m
penetração na atmosfera e na vegetação. a 5m

Felizmente, a largura do lóbulo é, também, inversamente Ra = 120 m


proporcional ao comprimento da antena (L). Isto significa
que quanto maior a antena de radar, menor a largura do A resolução em azimute no far-range, a 40 km de distância, é:
lóbulo e melhor a resolução em azimute. A relação entre o
comprimento de onda (A.) e o comprimento da antena (L) ^ _ 40 km x 3 cm
é resumida na Equação 9-10, que pode ser usada para cal­ * 500 cm
cular a resolução em azimute (Henderson e Lewis, 1998):
D 40.000 m x 0,03 m
^ S x À, R*= ---------5 ^ -----------
a (9-10)
L
306 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas

Antena

distância entre os Figura 9-12 Calculando a resolução em azimu-


tanques 1 e 2 e entre te para duas diferentes distâncias
os 3 e 4 = 200 m (20 e 40 km em slant-range = al­
cance inclinado), com um radar de
abertura real, operando na banda
X (3 cm) e com uma antena de 500
cm. Os tanques mais próximos da
antena (near-range) podem ser in­
dividualizados, porém os mais dis­
tantes (far-range) não.
range

• os tanques 1 e 2 são individualizados


• os tanques 3 e 4 não são individualizados
largura do feixe de
radar de abertura real

R = 1200 m Idealmente, poderia ser construída uma antena extrema­


* 5m mente longa que, colocada em uma aeronave permitiría a
obtenção de uma resolução em azimute muito alta. Infe-
Ra = 240 m lizmente, há um limite prático para o tamanho da antena
(cerca de 2 m) a ser montada em uma aeronave (embora
Os tanques 1 e 2, mais próximos da antena (near-range), esse tamanho seja, virtualmente, sem limites no espaço exte­
seriam, mais provavelmente, individualizados porque a re­ rior!). Felizmente, há formas de se sintetizar eletronicamente
solução em azimute (120 m) é menor do que a distância uma antena longa, o que constitui o fundamento do radar
entre os tanques 1 e 2 (200 m). Por outro lado, os tanques de abertura sintética, que será discutido resumidamente.
3 e 4, mais afastados da antena (far-range), provavelmente
não seriam individualizados, porque a resolução em azi­ Embora não tenhamos, ainda, detalhado a operação do
mute de 240 m, a uma distância de 40 km (slant-range), é radar de abertura sintética (SAR), é importante entender­
muito maior do que os 200 m que separam os tanques. mos, nesse momento, as diferenças significativas no cálcu­
lo das resoluções em azimute para os radares de abertura
Há uma relação trigonométrica entre a distância slant-ran­ real e de abertura sintética. A equação para a resolução em
ge (S), o ângulo de depressão (y) e a altura da aeronave ou azimute de um radar de abertura sintética (SARJ é:
satélite acima de um datum local, H:

S=JL (9-11)
seny
onde, L é o comprimento da antena. Como Henderson e
A equação para calcular a resolução em azimute torna-se: Lewis (1998) salientaram,

H \ X (9-12) Esta é uma das mais incríveis equações na dis­


seny) L ciplina do sensoriamento remoto de radar. A
omissão da distância slant-range (S) na equação,
Componentes do Sistema Ativo de Micro-ondas 307

significa que a resolução em azimute de um sis­ no terreno), que seja planimetricamente correta em x,y.
tema SAR é independente da distância (near- ou Entretanto, quando árvores, edifícios altos ou montanhas
far-range) ou altitude do sensor. Teoricamente, estão presentes na cena, ocorrem deslocamentos de relevo
a resolução espacial na direção azimute para um na imagem de radar. Em uma imagem de radar, o deslo­
sistema de imageamento SAR será a mesma, camento horizontal de um objeto causado pela sua eleva­
tanto para uma aeronave como para um satélite. ção ocorre em direção à antena do radar (Figura 9 -13a).
Não existe outro sistema de sensoriamento re­ Pelo fato de que a imagem de radar é formada na direção
moto com esta capacidade! perpendicular à trajetória (range) do veículo imageador, os
objetos mais altos estarão mais próximos da antena e, por­
Entretanto, a Equação 9-13 não é o único parâmetro que tem tanto, serão detectados primeiro. Este aspecto é totalmente
impacto nos dados SAR. A natureza coerente do sinal SAR contrastante com o deslocamento de relevo nas fotografias
produz speckle na imagem (espécie de estrutura granular). aéreas ópticas, onde o deslocamento de relevo é radial a
Para remover o speckle, normalmente a imagem é processada partir do ponto principal (centro) da fotografia. As distor­
utilizando-se diversos looks, i.e., é feito uma média de várias ções induzidas pela elevação no imageamento de radar são
observações. Por exemplo, pode ser feita a média de quatro denominadas de foreshortening e layover.
looks (N). Este procedimento aumenta dramaticamente a in-
terpretabilidade dos dados na imagem SAR. Portanto, a reso­ Foreshortening e Layover
lução em azimute necessita ser ajustada pela equação:
Basicamente, todo terreno que apresentar uma encosta
SAR=N{^ (9-14) voltada em direção ao radar, ela aparecerá relativamente
comprimida na imagem, em relação à encosta do sentido
oposto. O eleito é ilustrado na Figura 9 -13a. O fator de
O SAR SIR-C tem uma antena de 12 m, que produziría encurtamento da encosta, F., é, aproximadamente:
uma resolução em azimute de 6 m, se a Equação 9-13 fos­
se usada. No entanto, devido ao speckle, os dados SAR Ff = sen(0 - a) (9-15)
SIR-C foram processados usando-se 4 looks (N=4) para au­
mentar a interpretabilidade dos dados. Assim, a resolução onde o ângulo de incidência 9 é medido entre o plano ver­
em azimute ajustada é de 24 m. tical no nadir e a linha que une a antena de radar e a feição
no terreno, e o a é o ângulo de declividade da superfície.
Esta discussão inicial resume como as resoluções em range O ângulo alfa é positivo (a*) onde a declividade é inclina­
e em azimute são calculadas dentro de uma faixa imageada da em direção ao radar (foreslope = encosta frontal) e nega­
por um radar de abertura real. Observe que o elemento de tivo ( a ) onde a declividade é inclinada no sentido oposto
resolução pode ter diferentes dimensões, i.e., a resolução (backslope = encosta dorsal).
em range poderia ser 10 m e a em azimute 20 m. Portanto,
devido à constante mudança de escala numa imagem de Por exemplo, considere o morro com pequena declivida­
radar de abertura real, é importante ser cuidadoso na reali­ de da Figura 9-13a. Ele é perfeitamente simétrico, com as
zação de medidas radargramétricas que abranjam grandes distâncias AB’ e B’C iguais quando projetadas no plano
áreas. Quando se utilizam tais dados, o mais indicado é ground-range (i.e., alcance no terreno em um mapa pla-
calcular as resoluções em range e em azimute para a área nimétrico). Um único pulso de energia de micro-ondas
de interesse e, só então, realizar as medições. Se novas áreas iluminando o terreno encontrará, em um primeiro mo­
forem selecionadas para estudo, o processo de determina­ mento, a base do morro (A) que será registrado na imagem
ção das resoluções deve ser repetido. em slant-range (alcance inclinado) no ponto a. Como o
topo do morro (B) se estende acima do terreno e está re­
Deslocamento de Relevo no RADAR, Foreshor- lativamente próximo da antena, ele é registrado em b. A
tening (Encurtamento de Rampa), Layover base do morro em C é registrada na imagem em slant-range
(Inversão de Relevo), Sombra e Speckle no ponto c. Quanto mais alto o objeto acima do terreno,
maior será o seu encurtamento (foreshortening). Neste caso,
a imagem de radar apresentará uma pequena encosta fron­
As distorções geométricas existem em quase todas as ima­ tal muito brilhante e uma encosta dorsal em tons escuros.
gens de radar, incluindo o foreshortening (encurtamento de Seria difícil fazer um mapa das feições do morro usando
rampa), o layover (inversão de relevo) e o sombreamento. esta imagem de radar porque o topo do morro, embora
Quando o terreno é plano, é correto utilizar a Equação não muito alto, está deslocado da sua posição planimétrica
9-6 para converter uma imagem de radar em slant-range verdadeira, i.e., ab não é igual a bc. O foreshortening é in­
(alcance inclinado) para uma em ground-range (alcance fluenciado pelos seguintes fatores:
308 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas

• altura do objeto: Quanto maior a altura de um objeto


acima de um datum local, maior o foreshortening.

• ângulo de depressão (ou ângulo de incidência): Quanto


maior o ângulo de depressão (y), ou menor o de inci­
dência (0), maior o foreshortening. Um bom exemplo
pode ser observado na Figura 9-l4a,b, onde o sensor
ERS-1, com seu alto ângulo de depressão de 67° e ân­
gulo de incidência de 23°, introduz mais foreshortening
do que o radar do JERS-1, com seu ângulo de depressão
de 51 ° e incidência de 39°. Pode-se observar, também, o
encurtamento do cone vulcânico no Arizona, registrado
na imagem de radar, quando comparado com uma fo­
tografia aérea vertical convencional (Figura 9-14c,d).

• localização dos objetos ao longo da direção transversal à


trajetória do sensor remoto: Feições na faixa de radar mais
próximas da antena (near-range) são mais comprimidas
do que as feições mais distantes (far-range). O foreshor­
tening faz com que as encostas no near-range pareçam
ter, na imagem de radar, uma declividade maior do que
realmente têm na natureza, e no far-range aparentem
uma declividade menor do que a real.

O layover na imagem de radar é um caso extremo de encur­


tamento da encosta frontal. Ele ocorre quando o ângulo de
incidência (0) é menor do que o ângulo de declividade da
encosta frontal ( a +), i.e., 0 < a*. Este conceito está ilustrado
na Figura 9-13b. Neste caso, as encostas do morro são tão
íngremes que a energia é retroespalhada pelo seu cume (B)
em direção à antena antes que ela chegue à base do morro
(A). Relembre que, em termos de distância planimétrica a
partir do ponto nadir diretamente abaixo da aeronave, a base
do morro (A) está muito mais próxima do que o cume (B),
como está projetado no eixo das distâncias ground-range.
Porém, como o cume do morro (B) reflete a energia micro­
ondas incidente antes que a base do morro (A), na imagem
de radar em slant-range haverá uma inversão de posições
(layover) do cume (a) em relação à base (b). Novamente, o
Figura 9-13 a) Foreshortening (encurtamento de rampa) em uma
imagem de radar em slant-range. As encostas AB de­
cume do morro (a) está significativamente deslocado da sua
veríam ser iguais à sua projeção (slant-range) ab, assim posição planimétrica verdadeira. Esta distorção não pode
como BC e bc. Na verdade, a encosta ab é menor e ser corrigida, mesmo quando a topografia superficial é co­
com maior declividade, enquanto a encosta bc tem nhecida. É necessária uma atenção especial na interpretação
menor declividade e maior comprimento do que de­ de imagens de radar em áreas montanhosas, onde o layover
veria ter. b) Layover (inversão de relevo) da encosta pode ocorrer. As cristas em branco brilhante na Figura 9-13
frontal AB em uma imagem de radar em slant-range
representam uma severa deformação por layover em uma
(ba), causado pelo ângulo de incidência 9 menor que
o ângulo de declividade da encosta frontal a*. Os
imagem de radar banda L (HH) do SIR-C, na região de San
pontos a e b estão em posições invertidas, causando o Gabriel Mountains, a leste de Los Angeles, CA.
layover. c) Uma quantidade substancial de sombra é
formada em bd porque o ângulo de declividade dorsal Sombras
da encosta (cr) é maior do que o ângulo de depressão
(y) (após Ford et al„ 1980). As sombras nas imagens de radar podem realçar a geomor-
fologia e a textura do terreno. As sombras podem, também,
obliterar muitas feições importantes em uma imagem de
Componentes do Sistema Ativo de Micro-ondas 309

ângulo de depressão de 67° ângulo de depressão de 51°


ângulo de incidência de 23° ângulo de incidência de 39°

Figura 9-14 a) A imagem da banda C do ERS-1 das White Mountains mostra um substancial foreshortening devido ao seu pequeno ângulo
de incidência (cortesia Alaska SAR Facility; © 1992, Agência Espacial Européia —ESA). b) A imagem da banda L do JERS-1,
com um ângulo de incidência maior, apresenta uma significativa diminuição de foreshortening (cortesia Alaska SAR Facility;
© NASDA). c) Imagem aérea de radar de abertura sintética (SAR), na banda X, de um cone vulcânico no Arizona. A forma
basicamente cilíndrica do cone está distorcida na direção de visada (slant-range), aparecendo com uma forma mais elíptica do
que em uma fotografia aérea. O foreshortening (deslocamento de relevo em direção à antena de radar) ocorre nas regiões mais
próximas à antena (near-range). Há, também, uma sombra escura em parte da cratera, no topo do cone. d) Fotografia aérea
pancromática vertical de SP Mountain, AZ (cortesia Eric Kasichke, ERIM International, Inc.).

radar, corno as informações na parte posterior de um edi­ é denominada de iluminação rasante, porque o pulso de
fício alto ou o uso da terra em vales profundos. Sob certas radar incide apenas levemente na encosta dorsal. A encosta
condições, um objeto que se eleve acima de um datum lo­ dorsal é totalmente iluminada quando o seu ângulo de de­
cal pode causar, pela sua escarpa frontal (foreslope), a refle­ clividade for menor que o de depressão (a" < y).
xão total do pulso de energia de micro-ondas, produzindo
uma área de sombra negra na sua escarpa dorsal (backslope). A Figura 9-13c demonstra como pode ser formada uma
Uma escarpa dorsal será uma sombra de radar quando o grande área sombreada a partir de uma escarpa dorsal ín­
seu ângulo de declividade (a ‘) for maior do que o ângu­ greme. Neste caso, a declividade é de aproximadamente 85°
lo de depressão (y), i.e., a > y (Figura 9-13c). Se os dois (cr = 85°) e o ângulo de depressão é de 45° (y = 45°). Como
ângulos forem iguais (a' = y), a encosta dorsal será apenas a declividade é maior do que o ângulo de depressão, a ex­
fracamente iluminada pela energia incidente. Esta situação pectativa é que a área seja sombreada. De fato, a superfície
310 CAPITULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas

SIR-C (H H ) banda L • As sombras de radar ocorrem somente na dimensão per­


20 de Julho de 1995 pendicular à trajetória da nave. Portanto, a orientação
das sombras na imagem de radar dá informações sobre a
direção de visada e a localização do near- e do far-range.

As sombras no imageamento de radar são úteis quando se


avaliam características geomórficas. As sombras de radar
funcionam como os pequenos ângulos de elevação do Sol
nas fotografias, realçando lineamentos e outras feições
geológicas. Informações sobre a superfície do terreno,
como variações topográficas, declividade, etc., podem ser
usadas para configurar a disposição das linhas de voo na
aquisição de dados de radar, ou para determinar os ân­
gulos de depressão e a largura da faixa de radar (near- e
far-range) que melhor realcem as sombras de radar.

Speckle

O speckle é um padrão granulado, do tipo “sal e pimenta”,


que está presente nas imagens de radar (Figura 9-16) de­
vido à natureza coerente das micro-ondas, que causa uma
Figura 9-15 Imagem banda L do SIR-C (H H ) de San Gabriel interferência aleatória construtiva e destrutiva e, conse­
Mountains e de uma porção da cidade de Pasadena quentemente, a formação também aleatória de áreas claras
(EUA). Observa-se extenso layover (inversão de re­ e escuras na imagem. O speckle pode ser reduzido pelo
levo) nos terrenos montanhosos, causando um des­ processamento de porções de uma imagem e pela recom-
locamento das linhas de crista em direção à antena binação dessas porções de forma que a interferência não
(cortesia de NASA Jet Propulsion Lab).
ocorra (Kasischke et al., 1984). Como mencionado ante­
riormente, este processo é denominado de múltiplos looks
BCD no terreno está completamente na sombra na ima­ ou integração não-coerente. Ele produz uma melhoria na
gem de radar em slant-range (bd). Na projeção planimétrica aparência da imagem e, em muitos casos, pode ajudar na
(ground-rangé), a distância do cume B à base posterior do interpretação, porém com o custo da degradação da reso­
morro C é relativamente curta. Porém, na imagem de radar lução. Por exemplo, considere as imagens de radar da Figu­
em slant-range, bd é bastante longa. Uma imagem de radar ra 9-16, que foram processadas usando-se 1-look, 4-looks
nessa disposição apresentaria foreshortening (mas não layo­ e 16-looks. A maioria dos intérpretes preferiría trabalhar
ver, porque a antena registraria A antes de B), e registraria com as imagens em 4- ou 16-looks.
para a encosta frontal um forte brilho de retorno.
Sistemas de Radar de Abertura Sintética
A seguir, algumas características importantes das sombras
de radar.
O principal avanço no sensoriamento remoto por radar
• Diferentemente das fotografias aéreas, onde a luz pode foi obtido com a melhoria na resolução em azimute atra­
ser espalhada para as áreas sombreadas e, então, ser re­ vés do desenvolvimento do radar de abertura sintética
gistrada em um filme, as sombras de radar não contêm (.synthetic aperture radar - SAR). Como afirmado ante­
nenhuma informação. Ela é negra.• riormente, em um sistema de radar de abertura real o
tamanho da antena (L) é inversamente proporcional à
• Duas feições no terreno (p.ex., montanhas), com idên­ largura angular do feixe de radar que iluminará o terre­
ticas alturas e declividades frontais e dorsais, podem ser no (Equação 9-10). Portanto, uma grande melhoria na
registradas com sombras inteiramente diferentes, de­ resolução em azimute pode ser obtida se for aumenta­
pendendo de suas posições ao longo da direção de visa­ do o tamanho da antena. Os engenheiros desenvolveram
da (perpendicular à trajetória do sensor remoto). Uma procedimentos para sintetizar (simular) eletronicamente
feição em posição mais afastada da antena (far-range), uma antena de tamanho muito grande. Assim como o ra­
que apresente uma extensa área sombreada, pode ter a dar de abertura real, o radar de abertura sintética também
sua encosta dorsal totalmente iluminada em uma posi­ utiliza uma antena pequena (p.ex., lm ; ver Figura 9-1),
ção mais próxima da antena (near-rangé). que envia um feixe de radar relativamente amplo, per-
Componentes do Sistema Ativo de Micro-ondas 311

Os princípios Doppler estabelecem que a frequência (altura)


de um som muda se o ouvinte e/ou a fonte estão em mo­
vimento relativo, um em relação ao outro. Por exemplo, o
apito de um trem em movimento terá um aumento nos sons
com frequências mais altas à medida que o trem aproxima-
se do ouvinte. Este aumento será o mais alto quando estiver
diretamente perpendicular ao ouvinte (receptor). Este caso
é chamado de Doppler ponto zero. Conforme o trem se
afasta, o som diminuirá em frequência na mesma propor­
ção da sua distância ao ouvinte (receptor). Este princípio
é aplicável ao movimento de todas as ondas harmônicas,
incluindo as micro-ondas utilizadas nos sistemas de radar.

A Figura 9-17 representa as mudanças de frequência Do­


ppler em um feixe de radar, devido aos deslocamentos re­
lativos de um objeto no terreno nos tempos n, n+1, n+2,
n+3 e n+4, ocasionados pela movimentação da aeronave.
O diagrama de frequência Doppler revela que a frequência
do pulso de energia retornando do alvo aumenta de um
mínimo no tempo n para um máximo no ponto n+3, nor­
mal (ângulo reto) à aeronave. A partir daí, à medida que o
alvo se afasta, de n+3 para n+4, a frequência diminui.

Como é produzida, de fato, uma imagem de abertura sinté­


tica? Uma longa antena pode ser simulada por uma antena
pequena que não comprometa a movimentação da aerona­
ve, baseando-se nos princípios do efeito Doppler. Assume-
se que o terreno seja estável e sem movimento. Assume-se,
também, que o objeto de interesse permaneça a uma dis­
tância hxa da linha de voo da aeronave. À medida que o
veículo portando o sensor voa ao longo de uma linha reta,
uma pequena antena montada em sua fuselagem envia uma
série de pulsos a intervalos regulares. Quando um objeto
(ponto negro) entra no campo de iluminação da antena
(Figura 9 -17a), ele reflete uma parte dos pulsos de volta
à antena. Em vários pontos, na trajetória da aeronave, o
objeto estará em uma determinada região do conjunto de
micro-ondas que constitui o pulso. Por exemplo, na ilustra­
ção o objeto está, inicialmente, na onda 9 do pulso em a,
na onda 8 em b, na 7 em c e 6,5 em d, onde o objeto está
em ângulo reto com a antena. A partir daí, aumenta a dis­
tância do objeto, p.ex., ponto e. A antena recebe uma série
de ondas refletidas e as combina eletronicamente com o
conjunto de ondas de referência (não mostrado), e avalia a
Figura 9-16 Redução de speckle no radar utilizando-se a técnica
interferência entre as duas séries oscilatórias. O sinal de in­
de múltiplos looks (cortesia Eric Kasischke, ERIM
International, Inc.). terferência é transformado em uma voltagem, que controla
o brilho de um sistema de varredura em um tubo de raios
catódicos. Quando o pulso refletido coincide com o pulso
pendicularmente à aeronave. A principal diferença está de referência, a interferência é construtiva, a voltagem será
no número maior de pulsos que é enviado em direção ao alta e a resposta será de alto brilho (tons claros). Quando
objeto. Os princípios do efeito Doppler são, então, usados a fase das ondas refletidas não coincide com a fase de re­
para monitorar o retorno de todos esses pulsos adicionais ferência, a interferência é destrutiva, a voltagem é baixa e
de micro-ondas e sintetizar a resolução em azimute para a resposta é de baixo brilho (tons escuros). O sistema de
se obter um feixe de radar bastante estreito. varredura registra, então, uma série de áreas claras e escuras,
312 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas

Pulsos de energia
de micro-ondas

[ ] holograma de radar
9 8

Figura 9-17 Uma longa antena pode ser simulada por uma antena pequena (p.ex., lm de comprimento), que não comprometa a movi­
mentação da aeronave, baseando-se nos princípios do efeito Doppler. À medida que a aeronave voa ao longo de uma linha
reta, uma pequena antena montada em sua fuselagem envia uma série de pulsos, a intervalos regulares. Cada pulso consiste
de um conjunto de micro-ondas coerentes. Embora o tamanho dos pulsos determine a resolução perpendicular à trajetória
da aeronave, é o comprimento de onda da radiação de micro-ondas que determina a resolução medida ao longo da trajetória.
Q uando um objeto (ponto negro) entra no campo de iluminação da antena (a), ele reflete uma parte dos pulsos de volta à
antena. Em vários pontos, na trajetória da aeronave, o objeto situa-se em uma determinada região do conjunto de micro-ondas
que constitui o pulso. Por exemplo, na ilustração o objeto está, inicialmente, na onda 9 do pulso em a, na onda 8 em b, na 7
em c e 6,5 em d, onde o objeto está em ângulo reto com a antena. A partir daí, aumenta a distância do objeto, p.ex., ponto e.
A antena recebe uma série de ondas refletidas e as combina eletronicamente com o conjunto de ondas de referência (não mos­
trado), avaliando a interferência entre as.duas séries oscilatórias. O sinal de interferência é transformado em uma voltagem,
que controla o brilho de um sistema de varredura em um tubo de raios catódicos. Q uando o pulso refletido coincide com o
pulso de referência, a interferência é construtiva, a voltagem será alta e a resposta será de alto brilho (tons claros). Quando
a fase dos comprimentos de onda refletidos não coincide com a fase de referência, a interferência é destrutiva, a voltagem é
baixa e a resposta de é baixo brilho (tons escuros). O sistema de varredura registra, então, uma série de áreas claras e escuras, de
diferentes tamanhos, que são impressas em um filme de dados que se move com uma velocidade proporcional à da aeronave
(após Kasischke et al., 1984).
Componentes do Sistema Ativo de Micro-ondas 313

Luz Coerente
Filme de dados de radar
com padrão de interferência Holograma de radar
do ponto

Luz Coerente
Holograma
de radar 9 8 7657 8 etc. Filme fotográfico

\ WWW Lentes

Imagem de radar
imagem do do ponto
objeto
b.

Figura 9-18 a) Quando o holograma revelado é iluminado por uma luz coerente laser, cada área transparente funciona como uma fonte
separada de luz coerente. Abaixo do holograma haverá um único ponto onde toda a luz resultante das ondas interferirá cons­
trutivamente. Aqui, o nono (9) comprimento de onda de luz (linhas curvas grossas) de um ponto transparente criado pela
nona (9) micro-ondas encontrará o oitavo (8) comprimento de onda de luz (linhas normais) de um ponto transparente criado
pela oitava (8) micro-ondas, e ambos encontrarão o sétimo (7) comprimento de onda de luz (linhas finas) de um ponto trans­
parente criado pela sétima (7) micro-ondas, b) Quando o filme de dados avança sob o feixe de luz laser, a imagem reconstruída
é registrada em um outro filme em movimento. Como o filme de dados é holográfico somente nas coordenadas ao longo da
trajetória da aeronave, as imagens nas coordenadas transversais à trajetória precisam ser focalizadas com lentes cilíndricas.

de diferentes tamanhos, que são impressas em um filme que O registro da frequência Doppler permite a identificação
se move com uma velocidade proporcional à da aeronave. de um alvo no filme imagem quando observado por uma
As áreas opacas e transparentes impressas são, na realidade, antena de comprimento L, como mostrado na Figura 9-19
padrões de interferência unidimensionais, e o filme no qual (Sabins, 1997). Esta antena, expandida sinteticamente, pro­
elas são registradas é denominado de holograma de radar. duz o efeito de um feixe de ondas bastante estreito e com
largura constante na direção de azimute, mostrado pela
Quando o holograma revelado é iluminado por uma fonte área sombreada na Figura 5-19. Para ambos os sistemas, de
de luz coerente (Figura 9-18a), cada área transparente fun­ abertura real e sintética, a resolução em range é determinada
ciona como uma fonte separada de luz coerente. Abaixo do pelo comprimento do pulso e pelo ângulo de depressão. Ge­
holograma haverá um único ponto onde toda a luz resul­ ralmente, as imagens de abertura sintética apresentam uma
tante das ondas interferirá construtivamente. Neste exem­ resolução em azimute melhor do que as de abertura real.
plo, o nono (9) comprimento de onda de luz (linhas cur­
vas grossas), de um ponto transparente criado pela nona Normalmente, o método descrito é denominado de corre­
(9) micro-onda encontrará o oitavo (8) comprimento de lação óptica do radar de abertura sintética, devido à preci­
onda de luz (linhas normais) de um ponto transparente são óptica utilizada. E possível, também, utilizar técnicas de
criado pela oitava (8) micro-onda e, ambos, encontrarão o correlação digital de SAR para registrar e processar a história
sétimo (7) comprimento de onda de luz (linhas finas) de da amplitude e da fase dos sinais de retorno do radar. A cor­
um ponto transparente criado pela sétima (7) micro-onda, relação digital não produz um filme intermediário de radar.
e assim por diante (para maior clareza, somente os padrões O processo digital é baseado em computação intensiva. As
9, 8 e 7 são mostrados neste exemplo). Assim, toda a luz principais vantagens da correlação digital incluem a habili­
proveniente do padrão de interferência é focalizada para dade para 1) realizar rapidamente as correções radiométrica
formar uma imagem em miniatura do objeto original. A e geométrica durante o processamento a bordo da aerona­
Figura 9 -18b demonstra como a imagem holográfica é ve (bom para emergências, como derramamento de óleo,
reconstruída e registrada em um filme. Após o processa­ inundação, incêndio, etc.), 2) fazer a telemetria dos dados
mento do filme negativo para a obtenção de um impresso processados de radar diretamente ao solo, para subsidiar
positivo, a imagem de radar está pronta para a análise. decisões em tempo real, e/ou 3) arquivar digitalmente em
314 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas

Figura 9-19 Uma antena sintética de comprimento L é construída através do processamento óptico ou digital das fases de retorno do
sinal de radar, enviado e recebido por uma antena real de comprimento D, que envia pulsos no tempo n. O radar de abertura
sintética tem uma resolução em range que é, aproximadamente, a metade do comprimento do pulso. Note que a resolução em
azimute permanece constante desde o near-mnge até o far-mnge (após Sabins, 1997).

discos rígidos os dados SAR para o processamento digital espalhamento porque o sinal inicia-se no ponto de retroespa-
subsequente em solo. Muitos dos SAR comerciais (p.ex., lhamento (p.ex., rochas) e espalha-se em todas as direções, de
Intermap Star 3 1) e governamentais (RADARSAT Cana­ forma que a potência por unidade de área é menor a grandes
dense, ESA ASAR) utilizam técnicas de correlação digital. distâncias do que seria próximo ao ponto de retroespalha-
mento. Portanto, a energia do retroespalhamento para o re­
A Equação de Radar ceptor é o produto da potência por unidade de área ilumina­
da, vezes a área de espalhamento efetivo do alvo. O tamanho
A discussão a seguir fornecerá informações quantitativas real da antena receptora também tem a sua influência.
adicionais sobre o sinal de radar. Uma imagem de radar é
uma representação bidimensional da potência (ou volta­ A equação fundamental de radar é derivada da combina­
gem) de retorno do radar de uma área específica no solo, ção dessas quantidades verbalizadas para criar uma expres­
que representa um elemento de imagem (pixel). Normal­ são matemática (Moore, 1983; Kasischke et ah, 1984):
mente, a potência de retorno é quantizada em uma escala
radiométrica de n bits para a apresentação em sistemas de P P, - Gr -a - A , (9-16)
processamento de imagens (Leberl, 1990). O RADAR­ (4tt)2 . R'
SAT é quantizado em 11 bits. Para entendermos como se
interpreta uma imagem de radar, devemos compreender a onde, P é a potência recebida, P é a potência transmitida
natureza da potência que é retroespalhada para a antena para o alvo, G é o ganho da antena na direção do alvo,
de radar. No caso mais simples, isto pode ser estabelecido R é a distância range do transmissor ao alvo, a é a área
verbalmente, como sugerido por Moore (1983): de retroespalhamento efetivo do alvo (frequentemente de­
/Potência\ _ /Potência por unidade\ ^ /Área de espalhamento\
nominado de seção transversal de radar), e d é a área da
\ recebida/ \ de área do alvo / \ efetivo do alvo / antena receptora. Esta equação pode, para maior clareza,
ser quebrada em sete partes:
x /Perda por espalhamento\ x / Área efetiva de \
\ do sinal re-irradiado / \recepção da antena/
Pr= Pt. Gt. J __ . a . 1 . A r (9-17)
onde a potência por unidade de área do receptor é a energia 4nRJ 4nRJ
retroespalhada pela superfície do terreno. Ocorre perda por
Considerações sobre a Influência dos Parâmetros Ambientais no RADAR 315

1 = 2 . 3 . 4 . 5. 6 . 7 . depressão, polarização; Leberl, 1990). O ct° fornece um


número adimensional, que define o comportamento do
A potência recebida [1] pelo sistema de radar, P , é uma espalhamento de todos os elementos contidos em uma de­
função de um pulso de energia eletromagnética, P [2], fo­ terminada célula no terreno. Como o ct° pode variar por
calizado num feixe com uma abertura angular por uma diversas ordens de magnitude, ele é expresso como loga­
antena, de forma que o fluxo torne-se maior por um fator ritmo com unidades de decibéis (dB), que normalmente
de G , em uma onda que se expande esfericamente [4]. A variam de —5 a +40 dB.
energia focalizada ilumina uma área no solo que tem uma
seção transversal a [5]. A seção transversal de radar é defi­ A seção transversal de radar de uma área (A) no terreno
nida como o equivalente de uma área de reflexão perfeita, torna-se, portanto, (o°A), e a forma final da equação de
refletindo isotropicamente (esfericamente). A energia re­ radar para uma área extensa é expressa como (Henderson e
troespalhada da superfície expande-se, mais uma vez, esfe­ Lewis, 1998; Mikhail et al., 2001):
ricamente [6], Finalmente, a área da antena receptora (A)
intercepta e registra [7] uma parte da onda refletida. / G2. X 2 \ (9-21)
Pr = Pr (oM)
[m n fj
Muitos radares utilizam a mesma antena para transmissão
(A) e recepção (A). Consequentemente, os fatores de ga­ Uma imagem SAR digital consiste de um arranjo (matriz)
nho de uma antena podem ser combinados usando-se o bidimensional de elementos de imagem (pixels), com a in­
ganho e a abertura de recepção como (Moore, 1983): tensidade (chamada de brilho) de cada pixel proporcional
à potência do pulso de micro-ondas refletido pela célula
4nA (9-18) correspondente no terreno (Waring et al., 1995). O sinal
G= Gt = Gr =_____ r_
X1 de radar refletido é proporcional ao coeficiente de retroes­
palhamento (ü”) de uma dada célula no terreno.
onde, X é o comprimento de onda (ou frequência) do sis­
tema de radar. Substituindo este valor na Equação 9-16 Considerações sobre a Influência dos
ou 9-17, ocorrerá uma modificação na equação de radar Parâmetros Ambientais no RADAR
(Carver et al., 1985):

n. P,- Gr <3 . X2 (9-19) Já tendo definido o coeficiente de retroespalhamento do ra­


(4tt)3 . R* dar, ct°, como a medida quantitativa da intensidade de ener­
gia de uma área específica na superfície da Terra que retorna
Assim, concluímos que a equação de radar pode ser vista à antena do radar, é importante identificar os parâmetros
como um produto dos parâmetros do sistema e de outros ambientais, dentro da célula de resolução no terreno, que são
parâmetros da superfície que produzem o retroespalhamen­ responsáveis pelo retroespalhamento da energia incidente.
to na seção transversal a. Como os parâmetros do sistema
são bem conhecidos, os seus efeitos podem ser removidos Características da Rugosidade Superficial
da imagem de radar, i.e., os parâmetros do sistema podem
ser ajustados para a unidade (1).
A rugosidade superficial é a propriedade do terreno que in­
São os efeitos do terreno sobre o sinal de radar que mais fluencia fortemente a intensidade do retroespalhamento de
nos interessa, i.e., a quantidade de energia refletida pela radar. Quando interpretamos fotografias aéreas, frequente­
seção transversal, a , para o receptor, por unidade de área mente utilizamos a terminologia “rugoso” (grosseiro), “in­
(A) no terreno. Isto é denominado de coeficiente de retroes­ termediário” ou “liso” (fino) para descrever texturas super­
palhamento do radar (o°) e é calculado como: ficiais características (ver Capítulo 5). E possível estender
esta analogia para a interpretação de imagens de radar se
ct° = — (9-20) considerarmos que, neste caso, a rugosidade superficial pode
A ser analisada em microescala, mesoescala e/ou macroescala.
onde, ct é a seção transversal de radar. O coeficiente de
retroespalhamento determina a porcentagem de energia Normalmente, a rugosidade superficial em microescala é me­
eletromagnética refletida por uma célula de resolução, dida em centímetros (i.e, altura de pequenos seixos, tama­
p.ex. lOxlOm, para o radar. O o° real para uma superfície nho de folhas ou galhos de árvores) e nunca em centenas
depende de diversos parâmetros do terreno, como geome­ ou milhares de metros, como os relevos topográficos ou
tria, rugosidade superficial e conteúdo de umidade, e de montanhas. A quantidade de energia de micro-ondas re­
parâmetros do sistema (comprimento de onda, ângulo de troespalhada para o sensor, relacionada aos componentes
316 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas

Antena

um refletor especular mento moderado

Figura 9-20 Retroespalhamento pela rugosidade superficial em um terreno iluminado por energia de micro-ondas com 3 cm de com­
primento de onda. a) Com um ângulo de depressão de 45°e um relevo local < 0,17 cm, o terreno representa uma superfície
relativamente lisa e deve produzir um retroespalhamento muito pequeno em direção ao sensor. Este refletor especular apa­
recerá escuro na imagem de radar, b) O relevo local de 0,17 - 0,96 cm representa uma rugosidade superficial intermediária
e deve produzir uma resposta em um tom cinza médio na imagem de radar, c) Quando o relevo da rugosidade superficial
local é > 0,96 cm, a superfície é rugosa e produzirá retroespalhamento muito difuso. Este refletor difuso produzirá tons claros
(brilhantes) na imagem de radar, devido à grande quantidade de energia de micro-ondas refletida para a antena.

de micro-escala, é uma função da relação entre o compri­ h< 3cm


mento de onda da energia de micro-ondas incidente (X), o 25sen45°
ângulo de depressão (y) e a altura local dos objetos (h em ^ 3 cm
cm) que se encontram dentro da célula de resolução que 1<: 25 x0,70711
está sendo iluminada. Podemos usar o critério de Rayleigh
modificado para prever como a superfície da Terra será vista h < 0,17 cm
em uma imagem de radar se conhecermos as características
de rugosidade superficial de microescala e os parâmetros Isto significa que a célula de resolução uniformemen­
mencionados do sistema de radar (X, y, h) (Peake e Oliver, te preenchida com grama seca, que tem uma altura de
1971). Por exemplo, espera-se que uma área com rugosida­ < 0,17cm, deve produzir um retroespalhamento de radar
de superficial lisa apresente um retorno de energia para a an­ relativamente pequeno e, portanto, registrará um tom es­
tena muito pequeno, i.e., ela age como uma superfície com curo na imagem de radar.
reflexão especular, onde a maior parte da energia é refletida
para a direção oposta à da antena (Figura 9-20a). A pequena Um alto sinal de retorno (tons claros) deverá ocorrer se o
quantidade de energia retroespalhada que retorna à antena seguinte critério rugoso de Rayleigh modificado for usado:
é registrada e aparece como uma área escura na imagem de
radar. A expressão quantitativa deste critério liso é: h> — — (9-23)
4,4sen7
h <— (9-22) Substituindo os mesmos comprimento de onda e ângulo
25senÀ, de depressão nesta equação, teremos:
Para ilustrar, calcularemos qual é a altura local (h) dos h> — 3 _ c m —

objetos (p.ex., grama e rochas neste exemplo) necessária 4,4sen45°


para produzir um retorno de radar liso (escuro) quando se
^ 3 cm
utiliza um radar de banda X (X = 3,0cm) com um ângulo
de depressão (y) de 45° (Figura 9-20a). Substituindo esses > 4,4x0,70711
valores na Equação 9-22, teremos: h > 0,96 cm
Considerações sobre a Influência dos Parâmetros Ambientais no RADAR 317

Tabela 9-4. Critério de rugosidade superficial modifi­ • Uma’ superfície produzirá um retorno relativamente
cado de Rayleigh para três diferentes fraco se o seu relevo local for menor que um oitavo do
sistemas de radar com dois ângulos de comprimento de onda incidente. Neste caso, a maior
depressão diferentes. parte da energia de micro-ondas incidente será espalha­
Aeronave Aeronave Seasat da ou refletida especularmente para longe da antena,
Banda Ka Banda X Banda L resultando num sinal de retorno fraco.
Categoria de
Rugosidade X = 0,86 cm X = 3 cm X= 23,5 cm
Superficial y = 45° y =45° y = 70° • Um sinal de retorno intermediário será produzido
quando o relevo local variar de um oitavo à metade do
Lisa, cm h < 0,048 h < 0,17 h < 1,00
comprimento de onda de radar incidente. Esses refle­
Intermediária, h = 0,048 h = 0,17 h = 1,00 tores difusos dispersam energia em todas as direções,
cm a 0,276 a 0,96 a 5,68 resultando em uma porção moderada de energia retro-
Rugosa, cm h > 0,276 h > 0,96 espalhada em direção à antena de radar.
h > 5,68

• Um forte sinal de retorno de radar será produzido


Portanto, se as rochas distribuídas unifòrmemente na célu­ quando o relevo local do terreno for maior do que a
la de resolução tem um relevo local de > 0,96 cm (Figura metade do comprimento de onda de radar incidente.
9-20c), o esperado seria um forte sinal de retorno do terreno,
que registraria tons claros (brilhantes) na imagem de radar. A energia de radar incidente pode ser espalhada de acordo
com os critérios de rugosidade superficial de mesoescala e de
Se o terreno for composto de rochas com um relevo local macroescala (Henderson e Lewis, 1998). Como mencio­
entre 0,17 e 0,96 cm, será considerado como tendo ru­ nado, a rugosidade na microescala é uma função do tama­
gosidade superficial intermediária para esta combinação de nho de folhas, pequenos e, talvez, grandes galhos dentro
comprimento de onda e ângulo de depressão, e produzirá de uma célula individual de resolução. Por outro lado, a
tons intermediários de cinza na imagem de radar. rugosidade superficial na mesoescala é uma função das ca­
racterísticas de uma área que englobe diversas células de
E importante relembrar que o retroespalhamento de radar resolução, cobrindo, talvez, até todo o dossel de uma flo­
é dependente do comprimento de onda e do ângulo de de­ resta. Com base nesta lógica, o esperado seria que os dos­
pressão. Por exemplo, considere a Tabela 9-4, onde o crité­ séis de floresta apresentassem uma textura mais grosseira
rio de Rayleigh modificado é calculado para três diferentes do que um gramado, quando registrados em uma mesma
comprimentos de onda de radar (X = 0,86, 3,0 e 23,5 cm) imagem e com os mesmos ângulos de depressão e compri­
e dois diferentes ângulos de depressão (y = 45° e 70°). O mentos de onda. Finalmente, a rugosidade na macroescala
terreno com um relevo local de 0,5 cm aparecería em tons é influenciada, por exemplo, pelo posicionamento de toda
muito claros (brilhantes) na imagem banda Kt e como uma a área florestada na encosta de uma elevação. A rugosidade
gradação intermediária de cinza na imagem banda X. Neste na macroescala é fortemente influenciada pela declividade
caso, o único parâmetro modificado foi o comprimento de topográfica e pelo aspecto do terreno, com a presença ou
onda. Se alterarmos o comprimento de onda e o ângulo de não de sombras desempenhando um papel muito impor­
depressão para que sejam iguais aos do SAR Seasat (Tabela tante na criação da rugosidade superficial na imagem.
9-4), veremos que o mesmo relevo local de 0,5 cm produ­
ziría um retorno fraco (liso = escuro) nesta imagem banda Características Elétricas (Constante Dielétrica
L. A significância desta relação reside no fato de que um Complexa) e a Relação com o Conteúdo
mesmo terreno aparecerá diferentemente em uma imagem de Umidade
de radar em função do ângulo de depressão e do compri­
mento de onda utilizados pelo sensor (Henderson e Xia,
1998). Portanto, é difícil criar “chaves de interpretação em Um radar envia um pulso de energia de micro-ondas que
imagens de radar” quando se analisa um determinado fenô­ interage com a superfície da Terra. Alguns tipos de terreno
meno. Um analista precisa considerar este aspecto sempre conduzem melhor a eletricidade do que outros. Uma me­
que for interpretar uma imagem de radar. Posteriormente, dida das características elétricas dos materiais é a constante
veremos que a direção de visada da aeronave ou espaçonave dielétrica complexa, definida como a medida da capacidade
também causa impacto no retroespalhamento da energia. de um material (vegetação, solo, rocha, água, gelo, etc.)
para conduzir a energia elétrica. Materiais superficiais se­
Mikhail et al. (2001) sugerem que o seguinte critério tam­ cos, como solo, rocha e vegetação, têm constantes dielétri-
bém pode ser usado para prever se o sinal de retorno do cas que variam de 3 a 8 na região do espectro das micro­
radar será fraco, intermediário ou forte: ondas. Por outro lado, a água tem uma constante dielétrica
318 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas

de 80. O parâmetro que apresenta uma influência mais


significativa na constante dielétrica dos materiais é o seu Areia
conteúdo de umidade. Portanto, a quantidade de umidade
em um solo, em uma rocha ou no tecido da vegetação pode
ter um impacto significativo na quantidade da energia de
radar retroespalhada (Mikhail et al., 2001).

Solos úmidos refletem mais energia de radar do que solos


secos, que absorvem mais a onda de radar, dependendo da
constante dielétrica do material que compõe o solo. As ima­
gens de radar podem ser usadas para estimar o conteúdo de
umidade no solo, quando o terreno é desprovido de outros
materiais como plantas e rochas e tem uma rugosidade super­
ficial uniforme. A quantidade de umidade no solo influencia
na profundidade de penetração da energia eletromagnética
incidente. Se o solo tem um alto conteúdo de umidade su­
perficial, então a energia incidente irá penetrar apenas poucos
centímetros na coluna do solo e será mais fortemente espa­
lhada pela superfície, produzindo um forte sinal de retorno.

A regra prática geral é que a penetração da energia de mi­ b. Imagem banda C -H V do SIR-C
cro-ondas em uma substância seca deve ser igual ao compri­
mento de onda do sistema de radar. Entretanto, a energia
de micro-ondas ativas pode penetrar por diversos metros
em solos extremamente secos. Por exemplo, a Figura 9-21
mostra quatro imagens de uma parte do Rio Nilo, próximo
de Fourth Cataract no Sudão. A imagem superior é uma
fotografia registrada pela tripulação do Ônibus Espacial
Columbia, em Novembro de 1995. As três imagens de ra­
dar foram adquiridas pelo Radar de Abertura Sintética nas
bandas C/X do SIR-C (Shuttle Imaging Radar), a bordo do
Ônibus Espacial Endeavor, em Abril de 1994; banda C-HV, c. Imagem banda L-HV do SIR-C
banda L-HV e banda L-HH. Cada imagem de radar for­
nece alguma informação específica sobre a geomorfologia
da área. A faixa branca e contínua na parte superior direita
da imagem de radar é um antigo canal do Nilo, que está,
atualmente, coberto por camadas de areia. Este canal não
pode ser visto na fotografia, e sua existência não era conhe­
cida antes do processamento das imagens de radar. A área à
esquerda nas imagens mostra como o Nilo é forçado a fluir
através de um conjunto de fraturas, que causa a quebra do
rio em canais menores, sugerindo que só recentemente o
rio tenha estabelecido este curso. As imagens de radar têm d. Imagem banda L-H H do SIR-C
permitido aos cientistas o desenvolvimento de novas teorias F ig u ra 9-21 Exemplo de penetração do radar em solo seco ao
para explicar a origem da “Grande Curvatura” do Nilo, no longo do Rio Nilo, no Sudão, a) Versão branco e
Sudão. A Prancha Colorida 9-1 é uma composição colorida preto de uma fotografia infravermelha colorida ad­
das três imagens de radar. A composição revela mais infor­ quirida pela tripulação do ônibus Espacial Colum­
mação visual sobre a geomorfologia regional. bia, em Novembro de 1995. b-d) Imagens SAR do
SIR-C/X adquiridas pelo Ô nibus Espacial Endea­
vor, em Abril de 1994. Informações com diferenças
As superfícies dos oceanos têm uma constante dielétrica
sutis estão registradas em cada uma das três imagens
muito alta, causando a reflexão da maior parte da energia de radar. Elas revelam um antigo, e até então desco­
de radar incidente. A constante dielétrica da neve depende nhecido, canal do Rio Nilo. Os valores de brilho do
do conteúdo de água em estado líquido. Assim, o senso­ radar estão invertidos nesses exemplos (cortesia de
riamento remoto por micro-ondas pode ser usado para de- Jet Propulsion Lab.).
Considerações sobre a Influência dos Parâmetros Ambientais no RADAR 319

terminar a quantidade de água na neve. De forma similar, da, espalhada, transmitida e/ou absorvida pelas camadas
há diferenças na constante dielétrica do gelo, dependendo mais exteriores de folhas e galhos do dossel da vegetação
da idade, do grau de compactação e do tipo do gelo. O sadia. Normalmente, obtém-se pouca informação sobre as
sensoriamento remoto por micro-ondas tem sido útil para características internas do dossel, e menos ainda sobre as
a extração dessas variáveis biofísicas. Finalmente, áreas características superficiais do solo, abaixo do dossel. Por
agrícolas com plantações saudáveis e os dosséis de flores­ outro lado, a energia de micro-ondas ativas pode penetrar
tas apresentam, normalmente, áreas superficiais relativa­ o dossel em profundidades variáveis, dependendo da fre­
mente grandes e com alto conteúdo de umidade (turgidez quência, da polarização e do ângulo de incidência do siste­
relativamente alta). Portanto, não é surpresa que dosséis ma de radar. A energia de micro-ondas responde a objetos
de vegetação densa e úmida reflitam bem a energia de ra­ situados na estrutura da vegetação que tenham tamanhos
dar. Com efeito, o dossel de uma floresta em estágio de de centímetros até decímetros. É importante identificar a
turgidez completa age como uma nuvem de gotas d’água relação entre os componentes do dossel e como eles in­
pairando sobre a superfície da Terra. Além disso, quanto fluenciam o retroespalhamento de radar.
maior o ângulo de depressão, maior é a sensibilidade do
radar ao conteúdo de umidade no solo e na vegetação. Quando um radar envia um pulso de energia de micro­
ondas com polarização horizontal ou vertical em direção a
Resposta da Vegetação à Energia de Micro­ um conjunto de árvores, ele interage com os componentes
ondas presentes e espalha parte da energia de volta para o sensor.
A quantidade de energia recebida é proporcional à natureza
da energia enviada (suas frequência e polarização) e depende
A ênfase atual é direcionada para se monitorar quantita­ da ocorrência ou não de despolarização do sinal pelos com­
tivamente a distribuição espacial, a biomassa, a produ­ ponentes do dossel, de quanto o sinal penetra no dossel, e se
tividade primária bruta e líquida, e as condições das co­ ele, eventualmente, interage com a superfície do solo.
munidades globais de vegetação, especialmente florestas
(aproximadamente 33 por cento da superfície emersa da Profundidade de Penetração e Polarização
Terra), dos ecossistemas do semi-árido (gramínea/estepe/
deserto), das terras agricultáveis (10 por cento) e das áre­ O retroespalhamento da polarização paralela (HH ou W )
as alagáveis. Os cientistas estão interessados em entender resulta de uma única reflexão dos componentes do dos­
como a energia e a matéria se movem nesses ecossistemas sel, como folhas, galhos e troncos. Esses sinais de retorno
vegetados. Muitas dessas áreas vegetadas estão sob uma co­ são, geralmente, muito fortes e são registrados como áreas
bertura perene de nuvens. A imagem de radar de abertura brilhantes nas imagens de radar com polarização paralela.
sintética pode fornecer alguns dos parâmetros biofísicos da Este fenômeno é denominado de espalhamento superficial
vegetação (Carver, 1988): do dossel. Por outro lado, se a energia é espalhada múltiplas
vezes dentro de um volume difuso, como um conjunto de
• conteúdo de água do dossel; pinheiros (i.e., de uma folha, para um galho, para o tron­
co, para uma folha), a energia pode tornar-se despolariza-
• tipo de vegetação; da. Isto é denominado de espalhamento volumétrico. Um
radar pode medir a quantidade de energia despolarizada
• biomassa por componente (folhagem, troncos de or­ pelo espalhamento volumétrico. Por exemplo, é possível
dem superior e tronco principal); configurar um radar para enviar um pulso de energia com
polarização vertical. Parte dessa energia torna-se despolari­
• estrutura do dossel (incluindo índice de área foliar zada no dossel e atinge de volta o sensor, no domínio ho­
verde), orientação da folha, geometria e distribuição rizontal. A energia despolarizada é, então, registrada pelo
espacial dos troncos e galhos principais, tamanho e dis­ sensor no modo VH —envia vertical e recebe horizontal.
tribuição angular dos troncos e galhos.
Kasischke e Bourgeau-Chaves (1997) estudaram o com­
Qualquer dossel de plantas (floresta, agricultura, gramínea, portamento do coeficiente de retroespalhamento do radar,
etc.) pode ser identificado como uma estrutura dinâmica G°, em ambientes arborizados (florestas) e não-arborizados
tridimensional que contém água, consistindo de compo­ (p.ex., arbustos, capim, culturas).
nentes de folhagem (folhas) e componentes de madeira
(troncos, galhos e ramos). Os sistemas de sensoriamento Para entender o espalhamento de radar em coberturas de
remoto, como o TM (ThematicMapper) Landsat, o SPOT vegetação complexa, é necessário avaliar os diferentes ní­
ou a fotografia aérea registram a energia no comprimento veis do dossel que afetam a assinatura de radar. Para áreas
de onda óptico, medida em micrômetros, que é refleti­ alagáveis contendo arbustos e árvores, há três níveis distin­
320 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas

tos a serem considerados, como mostrado na Figura 9-22a:


1) um nível do dossel que consiste de pequenos galhos e
folhagem (folhas), 2) um nível que consiste de grandes
galhos e troncos, e 3) um nível superficial que pode ou
não estar coberto por água. Para as áreas alagáveis que não
contenham plantas arbóreas, um modelo simples de dois
níveis pode ser usado (Figura 9-22b): 1) um nível do dos­
sel constituído de vegetação herbácea, e 2) um nível na su­
perfície do solo, que pode ser constituído de solo ou água.
O coeficiente de retroespalhamento da vegetação arbórea é
ct° e pode ser expresso como (Wang et al., 1995; Dobson
et al., 1995; Kasischke e Borgeau-Chaves, 1997):

ct°w = ct°c + i c: tt 2(v ct°m + c■t°t ct°s + ct°.)


cl
(9-24)

onde,

• a" é o coeficiente de retroespalhamento da camada do


dossel constituída pelos galhos menores e pela folha­
gem (i.e., espalhamento superficial);
b. Vegetação não-arbórea (herbácea).
• t é o coeficiente de transmissão do dossel da vegetação;
Figura 9-22 Principais fontes de espalhamento de um a) dossel de
• xt é o coeficiente de transmissão da camada de troncos; vegetação arbórea e b) herbácea, onde o" é o coefi­
ciente de retroespalhamento da camada da copa das
• ct" é o espalhamento por múltiplas reflexões entre o árvores, formada por pequenos galhos e pela folha­
gem (i.e., espalhamento superficial), o°mé o espalha­
solo e a camada do dossel; mento por múltiplas reflexões entre o solo e a camada
do dossel, a" é o espalhamento direto pelo tronco
• ct" é o espalhamento direto dos troncos das árvores; das árvores, ct" é o retroespalhamento superficial di­
reto do solo e o''jé o espalhamento por dupla reflexão
• ct" é o retroespalhamento superficial direto do solo; (double-bouncé) entre os troncos das árvores e o solo
(adaptado de Kasischke e Borgeau-Chaves, 1997).
• ct" /é o espalhamento em dupla reflexão (double-boun-
ce) entre os troncos e o solo.
mente, o principal controle do coeficiente de atenuação de
Pela eliminação de todos os termos associados com a cama­ um dossel de vegetação é o conteúdo de água por unidade
da de troncos é possível determinar o coeficiente total de de volume, não necessariamente a estrutura e a geometria
espalhamento do radar para terrenos não-arbóreos, con­ das folhas, galhos e troncos das plantas.
tendo vegetação herbácea, <3"h :
As condições da camada correspondente à superfície do
<3 ° , = ct° + t 2 (ct° + ct° ) (9-25) terreno também são muito importantes no espalhamento
das micro-ondas em áreas com vegetação. Há duas pro­
Os termos nas Equações 9-24 e 9-25 são dependentes 1) priedades desta camada que são importantes: 1) a rugo-
do tipo de vegetação presente (que tem um impacto na ru- sidade superficial de micro e mesoescala (em relação ao
gosidade superficial), 2) do comprimento de onda e da po­ comprimento de onda de radar discutido anteriormente),
larização da energia de micro-ondas incidente, 3) da cons­ e 2) o coeficiente de reflexão. Em geral, quanto maior a
tante dielétrica da vegetação, e 4) da constante dielétrica rugosidade superficial: 1) maior a quantidade de energia
da superfície do terreno. O espalhamento e a atenuação de micro-ondas retroespalhada (aumentando ct"), e 2)
nas equações são diretamente proporcionais à constante menor a quantidade de energia espalhada à frente (espe­
dielétrica. A vegetação viva, com um conteúdo maior de cular) (diminuindo CT°me CT°^). O coeficiente de reflexão é
água (turgidez), tem uma constante dielétrica maior do dependente da constante dielétrica (ou condutividade) da
que uma vegetação seca ou morta. A presença de orvalho superfície do terreno. Uma camada de solo seco tem uma
ou umidade aumenta a constante dielétrica de superfícies constante dielétrica baixa e, portanto, um coeficiente de
vegetadas (Kasischke e Borgeau-Chaves, 1997). Normal- reflexão também baixo. O aumento da umidade do solo
Considerações sobre a Influência dos Parâmetros Ambientais no RADAR 321

ocasiona a elevação da constante dielétrica e, por conse­


quência, o coeficiente de reflexão. Dada uma rugosidade
superficial constante, o aumento da constante dielétrica do
solo ocasionará, também, um aumento nas quantidades de
energia de micro-ondas retroespalhada e espalhada à frente
(resultando no aumento de a°m, ct° e ct° ).
espalhamento superficial
do topo do dossel
Se houver uma camada de água sobre a superfície do terre­
no em uma área com vegetação, como em um ambiente do
tipo terras alagadas (wetlands), duas situações ocorrem: 1) ela
elimina qualquer rugosidade superficial, e 2) ela aumenta sig­
nificativamente o coeficiente de reflexão. Em termos do espa­
lhamento das micro-ondas, a inexistência de qualquer rugo­ espalhamento
sidade superficial significa que toda a energia sofrerá reflexão volumétrico
especular, eliminando o termo retroespalhamento superficial
(ct°) nas equações; e o aumento do espalhamento à frente e o
maior coeficiente de reflexão resultam num acréscimo signi­
ficativo nos termos de interação solo-tronco e solo-dossel, cQ
e ct" j;, respectivamente (Kasischke e Borgeau-Chaves, 1997).

Profundidade de Penetração e Frequência espalhamentos superficial


e volumétrico da
superfície do terreno
Quanto maior o comprimento de onda, maior a penetra­
ção no dossel das plantas (ESA ASAR, 2006). Por exemplo,
a Figura 9-23 descreve a resposta de uma hipotética floresta Figura 9-23 Os tipos de espalhamento superficial e volumétrico
de pinheiros à energia de micro-ondas. O espalhamento das micro-ondas ativas que poderíam ocorrer em uma
superficial ocorre no topo do dossel, onde a energia inte­ hipotética floresta de pinheiros (após Carver, 1988).
rage com as folhas e galhos. O espalhamento volumétrico
pelas folhas, galhos, ramos e troncos ocorre através de todo Retroespalhamento e Biomassa
o conjunto das árvores (estande), e o espalhamento super­
ficial pode ocorrer novamente na superfície do solo. Uma O retroespalhamento de radar aumenta de forma apro­
comparação das respostas da energia de micro-ondas nas ximadamente linear com aumento da biomassa até um
bandas X, C e L incidente em um mesmo dossel é apre­ nível de saturação, que depende da frequência do radar.
sentada na Figura 9-24a-c. A energia do comprimento de Por exemplo, Dobson et al. (1992) determinaram que o
onda menor da banda X (3cm) é atenuada, principalmen­ nível de saturação de biomassa era de cerca de 200 tons/
te, pelo espalhamento superficial no topo do dossel, pelas ha de pinheiro Lobloliy, com o uso da banda P e de 100
folhas e galhos menores. A energia da banda C (5,8cm) tons/ha, com a banda L. Observaram, ainda, que o coe­
é submetida ao espalhamento superficial no topo do dos­ ficiente de retroespalhamento na banda C mostrou uma
sel e, em parte, ao espalhamento volumétrico no interior sensibilidade muito menor ao total de biomassa. Wang
das árvores. Pouca energia atinge a superfície do terreno. A et al. (1994) avaliaram o pinheiro Lobloliy usando dados
energia de micro-ondas na banda L tem uma maior pene­ de retroespalhamento do SAR ERS-1. Eles também ob­
tração no dossel, onde o espalhamento volumétrico pelas servaram que a banda C apresentou uma baixa efetivida­
folhas, galhos, ramos e troncos ocasiona a despolarização da de, devido à sua alta sensibilidade à umidade do solo e ao
energia. Pode, também, ocorrer a transmissão de diversos ângulo de incidência local íngreme (23°). Geralmente, o
pulsos até a superfície do terreno, onde são submetidos ao retroespalhamento nas menores frequências (bandas P e
espalhamento superficial no limite entre o solo e a vegeta­ L) é dominado pelos processos de espalhamento envolven­
ção. Os comprimentos de onda maiores da banda P (não do os componentes maiores da biomassa (troncos e galhos
mostrados) permitiríam uma penetração ainda maior na maiores), enquanto que em frequências altas (bandas C e
vegetação, com a reflexão sendo ocasionada, principalmen­ X) o espalhamento é dominado pelos processos nas partes
te, pelos galhos maiores e pela superfície do solo (Waring superiores da camada da copa das árvores, que ocorrem nas
et al., 1995). folhagem e nas ramificações menores. Também observou-
se que medidas de radar são correlacionadas com medidas
de índice de área foliar (IAF) (Franklin et al., 1994).
322 CAPITULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas

Figura 9-24 Resposta teórica de uma floresta de pinheiro para a energia de micro-ondas nas bandas X, C e L. Q uanto menor o comprimen­
to de onda, maior é a contribuição do espalhamento superficial. Quanto maior o comprimento de onda, maior é a penetração
da energia nos materiais e maior é o espalhamento uolumétrico.

Algumas outras observações gerais sobre a interpretação de • As imagens com polarização cruzada (HV ou VH) são
vegetação em SAR incluem: menos sensíveis à variação de declividade. Isto sugere
• A energia polarizada verticalmente é fortemente atenu­ que o monitoramento da vegetação em áreas monta­
ada pela orientação vertical dos componentes do dossel nhosas pode ter uma melhor performance usando-se
(tolhas, galhos, ramos e troncos), enquanto a energia técnicas de polarização cruzada. As imagens com po­
polarizada horizontalmente não é. larização paralela, em áreas com culturas dispostas em
fileiras com diferentes direções, podem ser de difícil
• Quanto mais brilhante for o sinal de retorno nas ima­ interpretação. Esta ambiguidade pode ser reduzida
gens com polarização paralela (HH ou VV), maior é a quando se dispõe de imagens de radar nos dois tipos de
contribuição do espalhamento superficial. polarização (cruzada e paralela).

• Quanto mais brilhante for o sinal de retorno nas ima­ • Uma das variáveis chaves para modelar o ciclo hidro-
gens com polarização cruzada (HV ou VH), maior é lógico fundamenta-se na quantidade de água que está
a contribuição do espalhamento volumétrico (interior sendo armazenada no dossel da vegetação e na taxa de
do dossel). evapotranspiração que está ocorrendo. Geralmente,
quanto mais umidade na estrutura da vegetação, maior
• Quando o comprimento de onda do radar é aproxi­ será a constante dielétrica e mais elevado será o sinal de
madamente do mesmo tamanho dos componentes do retorno do radar. Sob certas circunstâncias, o sensoria­
dossel (banda X ou C), haverá um substancial espalha­ mento remoto de micro-ondas ativas é capaz de avaliar
mento superficial e volumétrico e pouca energia atin­ o conteúdo de água do dossel (ou da folha).
girá o solo. Consequentemente, os comprimentos de
onda menores (2 —6cm) podem ser os preferidos quan­ • As imagens de radar podem fornecer algumas informa­
do se monitora o dossel de plantações ou a folhagem ções sobre a ecologia da paisagem de pequenas áreas e
de árvores. Radar de maiores comprimentos de onda sobre aberturas (lacunas) nos dosséis, que são impor­
(9 —30cm) apresentam um espalhamento volumétrico tantes no monitoramento da fragmentação e do vigor
substancial, com a energia incidente interagindo com de ecossistemas (Sun e Ranson, 1993).
os componentes maiores do dossel. O espalhamento
superficial do solo subjacente também pode ocorrer, Imagens do Shuttle Imaging Radar nas bandas C e X (SIR-
podendo ocasionar alguma confusão na resposta. C/X-SAR) da floresta tropical na Amazônia, obtidas em 10
de Abril de 1994, são mostradas em branco&preto na Figu-
Considerações sobre a Influência dos Parâmetros Ambientais no RADAR 323

ra 9-25 e como composição colorida na Prancha Colorida


9-2. Essas imagens podem ser usadas para demonstrar vários
dos conceitos mencionados. Inicialmente, os dados de radar
multifrequência revelam, rapidamente, mudanças nos pa­
drões de uso da terra e demonstram, também, a capacidade
das diferentes frequências de radar para detectar e penetrar
grandes tempestades. A imagem banda X, no topo da figura,
tem polarização W , a imagem do centro, banda C, é HV, e
a da base, banda L, é HV. Uma pesada tempestade (chuva)
no centro inferior da imagem aparece como uma “nuvem”
negra na banda X, mais tênue na imagem da banda C, e é
invisível na imagem da banda L. Quando combinadas em
uma composição colorida, a chuva aparece em vermelho
e amarelo. Embora o radar possa, normalmente, penetrar
através de nuvens, os pequenos comprimentos de onda do
radar (alta frequência), como os das bandas X e C, podem
ser alterados em áreas com chuvas muito fortes. A banda L,
com comprimento de onda de 23,5cm, praticamente não
é afetada por essas células de chuva. Essas informações têm
sido usadas para estimar as taxas de precipitação (NASA JPL,
1996). Naturalmente, há muito pouco retroespalhamento
pelo rio, o que o torna negro em todas as três imagens.

A área mostrada situa-se no Estado de Rondônia, na porção


oeste do Brasil. As áreas em rosa na composição colorida são
de floresta tropical inalterada, e as manchas em azul e verde
são áreas onde a floresta foi derrubada para a agricultura.
As imagens de radar podem ser usadas para monitorar não
somente as modificações na floresta tropical úmida, mas
também a taxa de recuperação dos campos abandonados.
Uma inspeção nas imagens em preto e branco revela que o
aumento do comprimento de onda da banda X para a C e
para a L torna mais fácil discriminar clareiras das áreas de
floresta tropical. Na imagem em branco e preto da banda
L, as clareiras aparecem em tons relativamente escuros, en­
quanto a floresta tropical aparece com alto brilho. Eviden­
temente, as clareiras apresentam uma rugosidade suficien­
Figura 9-25 Imagens SIR-C/X-SAR de uma parte de Rondônia,
te para que a energia retroespalhada pelas frequências das
Brasil, obtidas em 10 de Abril de 1994. a) Imagem
bandas X e C sejam registradas em tons claros (alto brilho), banda X com polarização VV. b) Imagem banda C
enquanto que os pulsos de energia na banda L são refletidos com polarização HV. c) Imagem banda L com polari­
pela clareira para longe do receptor do radar. A floresta tro­ zação HV. Uma chuva pesada na porção centro infe­
pical aparece relativamente brilhante em todas as imagens rior da imagem aparece como uma “nuvem" negra na
devido: 1) ao imenso número de folhas, galhos, ramos e imagem banda X, mais tênue na imagem da banda C,
e é invisível na imagem da banda L. A banda L, com
troncos que podem contribuir para o espalhamento super­
comprimento de onda de 24cm, praticamente não é
ficial pelo dossel e para o espalhamento volumétrico dentro
afetada por essas células de chuva. A imagem ban­
do dossel (a banda L penetra mais profundamente no dossel da L diferencia, também, as áreas de floresta tropical
e é a que apresenta o maior brilho), e 2) ao alto conteúdo inalterada (tons claros) das clareiras mais escuras, de­
de umidade no dossel da floresta tropical, aumentando o vido à sua maior penetração no dossel, ocasionando
retroespalhamento nas três bandas (NASA JPL, 1996). um maior espalhamento volumétrico. A água aparece
negra nas três bandas. Uma composição colorida das
três imagens é mostrada na Prancha Colorida 9-2
Resposta da Água à Energia nas Micro-ondas
(cortesia de NASA Jet Propulsion Lab).

Muitas vezes a cobertura de nuvens dificulta a obtenção


de dados nas áreas em que ocorrem inundações, quando
324 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas

se usam sensores ópticos e termais. Felizmente, a super­ Imagem SAR do SIRC/X da Grande Los Angeles, CA
fície lisa formada pela água estagnada reflete quase toda
a radiação de micro-ondas incidente para fora do alcance
do sensor (a menos que haja um vento forte com a for­
mação de ondas, as quais poderão alterar as respostas),
resultando em um retroespalhamento m enor do que o
causado por uma superfície seca. Q uando água parada
está presente sob a vegetação, o retroespalhamento é ca­
racterizado por uma única interação (corner-reflection)
entre a superfície da água e os galhos das árvores resul­
tando em um retroespalhamento muito alto, que per­
mite a clara identificação das áreas inundadas (Waring
et al., 1995). Ford et al. (1986) demonstraram como
as terras alagadas (wetlands) ao longo do Rio Savannah
aparecem com um brilho superior quando comparado
a águas paradas em terrenos mais elevados e com outro
tipo de cobertura vegetal, como o pinheiro Loblolly, de­
vido às condições especiais de reflexão do tipo reflexão
de canto (corner-reflection) entre a água e os troncos das
árvores que margeiam o rio.

Estimando a Umidade do Solo


Figura 9-26 O efeito cardinal é responsável pela assinatura bri­
0 radar banda L penetra em um solo descoberto, lhante de partes de Santa Monica e de San Fernando
úmido e liso, a uma profundidade máxima de lOcm. nesta imagem SIR-C/X-SAR da bacia de Los Ange­
les, obtida em 3 de O utubro de 1994. A direção de
Com primentos de onda menores penetram somente
visada é do topo para a base da imagem (cortesia de
1 - 3cm. Em campos de agricultura, que apresentam NASAJet Propulsion Laboratory).
uma superfície do solo lisa e uma biomassa menor que
1 M g/ha (1 ton/ha), o conteúdo de umidade das cama­
das superficiais pode ser determ inado com uma precisão Resposta da Estrutura Urbana à Energia de Micro­
satisfatória (Wang et al., 1994). Q uando a biomassa da ondas
vegetação excede um certo limite, a capacidade do radar
em avaliar as condições superficiais solo-água diminui
rapidamente (Waring et al., 1995). Sob o denso dossel Edificações urbanas, carros, cercas, pontes, etc., agem
de uma floresta, a quantidade de umidade contida nas como refletores de canto (comer reflectors), que enviam
folhas é tão grande que interfere em qualquer estimativa grande parte da energia incidente de volta para a antena.
do status solo-água (Jackson e Schmugge, 1991). Por isso, as estruturas urbanas resultam, normalmente, em
assinaturas brilhantes na imagem de radar. Infelizmente,
Assim, a presença da vegetação sobre a superfície do solo este alto sinal de retorno torna-se, muitas vezes, confu­
pode adicionar considerável complexidade às medições so em imagens de radar de áreas urbanas, especialmente
de umidade do solo utilizando-se técnicas de sensoria­ quando 1) ocorre o efeito cardinal, e/ou 2) o imageamento
mento remoto por micro-ondas. Como a transmissivi- é de resolução espacial relativamente baixa.
dade da vegetação dim inui com o aum ento da frequên­
cia de micro-ondas, é mais adequado usar os maiores Uma imagem SIR-C/X SAR de Los Angeles, CA, encon­
comprimentos de onda disponíveis para o mapeamento tra-se na Figura 9-26. Ela tem aproximadamente 30 x 30m
da umidade do solo (Dobson e Ulaby, 1998). Isto signi­ de resolução. A direção de visada do radar orienta-se do
fica banda P (A, = 68cm) para SAR aerotransportados e topo para a base da imagem. Somente as principais feições
banda L (A, = 23cm) para SAR orbitais. Se a biomassa da do terreno podem ser identificadas, incluindo as auto-es­
vegetação é <0,5kg/m2, o efeito da vegetação no retroes­ tradas, os principais núcleos urbanos, o Oceano Pacífico e
palhamento pode ser ignorado para dados na banda L e os terrenos montanhosos. De modo geral, não é possível
com polarização paralela, i.e., o°vv e a°HH. Infelizmente, distinguir entre as comunidades comerciais e residenciais.
quando a biomassa é >0,5kg/m 2, não é possível separar A imagem realça algumas áreas poligonais com alto brilho.
as contribuições da umidade do solo e da vegetação no Essas áreas são produzidas pelo efeito cardinal de radar. Ain-
retroespalhamento do sinal de radar.
Sensoriamento Remoto SAR a Partir do Espaço 325

Figura 9-27 a) Fotografia aérea oblíqua-baixa do Pentágono em Washington, DC. b) Imagem de radar de abertura sintética do Pentágono
(cortesia da Federation o f American Scientists),

da no início das pesquisas sobre sensoriamento remoto de bela 9-1), podem ser úteis para a obtenção de informações
radar, notou-se que as reflexões de áreas urbanas frequen­ gerais sobre o Nível I de cobertura e uso do solo. Quando
temente variavam em intensidade de acordo com a sua po­ se busca extrair informações sobre a cobertura urbana e uso
sição em relação aos pontos cardeais. Assim, observou-se do solo nos níveis II e III, os dados de sensoriamento re­
que os sinais de retorno eram significativamente maiores moto óptico são, normalmente, superiores. Entretanto, se
quando as feições lineares eram iluminadas pela energia de estiver disponível um radar de alta resolução espacial (p.ex.,
radar a um ângulo ortogonal (perpendicular) em relação o RADARSAT-2), pode-se extrair informação urbana deta­
à sua orientação (Raney, 1998). Por exemplo, as comuni­ lhada. Por exemplo, uma fotografia e uma imagem de radar
dades residenciais de San Fernando e Santa Monica (Cali­ de alta resolução encontram-se na Figura 9-27. Henderson
fórnia) são, para todos os propósitos práticos, similares em e Xia (1998) fornecem exemplos de como padrões de povo­
natureza a outras comunidades na sua vizinhança (Figura amento e informações sócio-econômicas, como estimativas
9-26). Entretanto, devido ao efeito cardinal causado pela de população, podem ser extraídos de dados de radar.
sua orientação em relação ao sistema sensor SIR-C, no mo­
mento da coleta da imagem, elas são registradas de forma ... ’ Sensoriamento Remoto SAR a Partir
totalmente diferente de outras comunidades residenciais, l do Espaço
que se encontram ao longo da bacia de Los Angeles.

Repetidamente, tem sido demonstrado que dois condomí­ As seções seguintes resumem as características dos princi­
nios idênticos em uma área urbana (p.ex., que contenham pais sistemas sensores SAR orbitais.
duas residências por lote), construídas ao mesmo tempo, em
lotes de mesmo tamanho e usando os mesmos materiais, Seasat
aparecerão totalmente diferentes um do outro em uma ima­
gem de radar se eles se posicionarem em orientações dis­
tintas, p.ex., um tendo as ruas orientadas para nordeste e o O Seasat foi lançado pela NASA em 26 de Junho de 1978
outro ruas direcionando-se para norte. De forma similar, o e funcionou por 105 dias. Ele atuava com um SAR de mi­
espaçamento regular e geométrico das plantações em áreas cro-ondas ativas na banda L (23,5cm), a uma altitude de
agrícolas pode produzir o mesmo efeito. Uma mesma área 800km. A antena tinha uma dimensão de 10,7 x 2,16m. O
urbana pode, também, aparecer com aspectos muito dife­ sensor coletava dados com polarização HFd, com um ân­
rentes em imagens de radar adquiridas em datas diferentes gulo de incidência de 23°. A sua resolução em range e em
se qualquer um dos parâmetros do sistema sensor for alte­ azimute era de 25m, e a largura da faixa de imageamento
rado, especialmente a direção de visada. Isto se torna um era lOOkm. Os dados foram processados com 4 “looks”. O
problema sério quando se busca a detecção baseada nas va­ Seasat tinha um ciclo orbital de 17 dias. Os dados foram
riações digitais, usando-se imagens de radar. processados, primeiro, opticamente e, depois, digitalmen-
te (Evans et al., 2005).
O RADARSAT, o JERS-1, os ERS-1,2 e o EN VISAT ASAR,
com suas resoluções espaciais relativamente grosseiras (Ta­
326 CAPITULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas

Shuttle Imaging Radar SIR-A, SIR-B, SIR-C, RADARSAT e RADARSAT-2


Shuttle Radar Topography Mission SRTM

O RADARSAT foi lançado pelo governo canadense em 4


Diversos instrumentos importantes de radares científicos de Novembro de 1995, em uma órbita quase-polar, sín-
foram levados a bordo do Ônibus Espacial (Space Shuttle), crona com o Sol, a 798 km acima da superfície da Terra.
da NASA, e operados por um determinado número de dias, Sua órbita cruza o equador no amanhecer e no anoitecer
até o retorno da nave à Terra. O SIR-A e o SIR-B foram (aproximadamente 6:00 e 18:00 horas locais) e, raramente,
lançados, respectivamente, em 2 de Novembro de 1981 e em eclipse ou escuridão. A inclinação orbital é de 98,6°,
5 de Outubro de 1984 e estiveram em órbita por 2,5 e 8 com um período de 100,7 minutos e 14 órbitas por dia.
dias. Ambos consistiam de um SAR banda L (23,5cm). Ele tem um único sensor de micro-ondas ativas na banda
C (5,6cm), que transmite na frequência de 5,3GHz, com
O SIR-A tinha uma antena de 9,4 x 2,16m, que operava uma duração de pulso de 42,0ps. O tamanho da antena é
com polarização H H . O ângulo de incidência era de 50° . de 15 x l,5m. Sua polarização é horizontal no envio e na
O sensor tinha uma resolução em range e em azimute de recepção (HH).
40m, com um processamento de 6 looks. A largura da faixa
de imageamento foi de 50km. O Ônibus Espacial esteve Diferentemente de muitos outros radares, o RADARSAT
em uma órbita a 260km de altitude. Os dados foram pro­ permite uma grande variação de resoluções espaciais e de
cessados opticamente. áreas de cobertura. Há sete tamanhos de imagem, deno­
minados modos de iluminação (beam modes), resumidos na
O SIR-B tinha uma antena com 10,7 x 2,16m, com polari­ Figura 9-28 e na Tabela 9-5. Cada modo de iluminação é
zação H H . Ele tinha um ângulo de incidência que variava definido pela sua área geográfica de cobertura e pela reso­
de 15 a 64°. A sua resolução em azimute foi de 17 - 58m, e lução espacial. Os modos variam do Fine, que cobre uma
em range de 25m, com 4 looks. A largura de imageamento área de 50 x 50km e tem uma resolução espacial de 10 x
foi de 10 - 60km. Ele operou entre 225 e 350km acima lOm, até o ScanSAR Wide, que cobre uma área de 500 x
da superfície da Terra. Os dados foram processados, tanto 500km, com uma resolução espacial.de 100 x lOOm.
óptica quanto digitalmente.
O RADARSAT obtém os dados usando um intervalo de
O SIR-C promoveu um avanço significativo no sensoria­ ângulos de incidência que varia de menos de 20° (ângulo
mento remoto por radar. Foi um projeto conjunto entre íngreme) a quase 60° (ângulo rasante). Para cada modo
os Estados Unidos (NASA JPL) e um consórcio de grupos de iluminação, está disponível um determinado número
europeus. O SIR-C utilizou um SAR com três frequências: de posições com intervalos de ângulos de incidência (Figu­
banda X (3cm), banda C (5,8cm) e banda L (23,5cm). As ra 9-28 e Tabela 9-5), denominadas posições de ilumina­
três antenas foram colocadas em uma plataforma comum ção (beam positions). Por exemplo, o modo de iluminação
no Ônibus Espacial. As bandas L e C tinham quádrupla Standard, que cobre uma área de 100 x lOOkm, tem sete
polarização (Quad Pol, i.e., H H , HV, W e VH), enquan­ posições de iluminação. A partir da especificação da posi­
to a banda X atuava com polarização W . O ângulo de in­ ção de iluminação, uma das sete imagens de 100 x lOOkm
cidência variava de 15 a 55°. A resolução em range variava será coletada dentro de uma faixa disponível para imagea­
de 10 a 30m, e a resolução em azimute era de 30m, com mento de 500km. Os fatores que influenciam a escolha do
aproximadamente 4 looks. A largura da faixa imageada era modo de iluminação incluem a sensibilidade da aplicação
de 15 a 90km. Sua órbita tinha uma altitude de 225km. ao ângulo de incidência, o tipo do terreno, a necessidade
Os dados foram processados digitalmente. O SIR-C foi de esteréoscopia, a resolução espacial desejada e a frequên­
o primeiro SAR orbital verdadeiramente multifrequência e cia de cobertura da área.
multipolarização. Os dados de todas as três bandas são ex­
celentes e de grande disponibilidade no JPL e em outros A órbita do RADARSAT tem um ciclo de 24 dias, o que
locais. Diversos exemplos de dados SIR-C encontram-se significa que ele retorna ao mesmo local a cada 24 dias.
neste capítulo e na seção de pranchas coloridas. No entanto, o RADARSAT pode ser programado para um
ciclo de revisita mais frequente. O usuário tem, também, a
A Missão Topográfica por Radar do Ônibus Espacial (Spa­ opção de coletar imagens com duas diferentes direções de
ce Shuttle Topography Mission - SRTM) foi lançada em 11 visada. Quando o RADARSAT descende do Pólo Norte
de Fevereiro de 2000 e durou 11 dias. Foram usados ra­ (uma passagem de órbita descendente), ele imageia a su­
dares interferométricos de abertura sintética nas bandas C perfície da Terra na direção oeste. Quando ele ascende do
e X. As características da SRTM são discutidas na seção Pólo Sul (uma passagem de órbita ascendente), ele observa
sobre interferometria de radar. a Terra na direção leste. Isto pode ser muito útil quando se
Sensoriamento Remoto SAR a Partir do Espaço 327

R A D A R SA T

Figura 9-28 Os modos de iluminação e as opções de ângulo de incidência na aquisição de dados RADARSAT. Os tamanhos das imagens dão
indicações sobre as resoluções espaciais. Ver Tabela 9-5 para especificações (após MDA, 2006ab).

trabalha em áreas com alto relevo, quando se está interes­ As novas especificações do RADARSAT-2 incluem (MDA,
sado em iluminar feições com uma orientação particular, 2006ab):
e/ou quando o estudo requer imagens adquiridas no início • < ls para a mudança entre modos de imageamento.
da manhã ou no final da tarde.
• Modos de imageamento com polarização total (HH,
O RADARSAT-2 foi lançado em 14 de Dezembro de W , VH, HV).
2007. Ele tem muitas especificações que são idênticas ao
RADARSAT; porém, apresenta alguns melhoramentos • Um sensor que pode imagear à direita e à esquerda do
significativos que fazem do RADARSAT-2 o principal sis­ nadir, o que é muito importante quando se busca obter
tema de sensoriamento remoto por micro-ondas ativas de­ dados em uma situação de emergência.
senvolvido para a observação da Terra. Em primeiro lugar,
é muito importante manter a continuidade de uma série • Modo de iluminação ultrafino (Ultrafine beam mode) (re­
de satélites dedicados a sistemas de sensoriamento remoto. soluções em azimute e em range de 3,0 x 2,4 —3,4m),
Isto permite o amadurecimento das aplicações para usar que fornece a melhor resolução espacial entre todos os
os dados produzidos pelo novo sistema. Os principais as­ satélite SAR comerciais (Tabela 9-5). A faixa de cober­
pectos que caracterizam a continuidade do RADARSAT, tura no solo é limitada a 20 x 20km, para manter o
incluem o uso da mesma altitude (798km) e órbita e todos fluxo de dados dentro dos limites de gravação. O con­
os mesmos modos de imageamento na banda C. junto das posições ultrafine cobre qualquer área dentro
do intervalo dos ângulos de incidência de 30 a 40°.
As imagens são geradas em uma única polarização, que
328 CAPITULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas

Tabela 9-5. Características das posições de iluminação do RADARSAT e do RADARSAT-2 (MDA, 2006ab).
Modos Posições dos Resolução Espacial Número de
Operacionais de Posição do Ângulos de Nominal (m) Área Nominal Looks de
Iluminação Feixe Incidência (Graus) [azimute x range] (km) Processamento

U ltrafine e m u lti- 3 0 -4 0 3,0 x 2,4 - 3,4 20x20 1x 1


lo o k fine (somente 3 0 -5 0 7,9 x 7,4-9,1 50x50 >3
no RADARSAT-2)
Fine F1 3 7 -4 0 10 50 x 50 1
(5 posições) F2 3 9 -4 2
F3 4 1 -4 4
F4 43 —46
F5 4 5 -4 8
Standard SI 2 0 -2 7 30 100x 100 1x4
(7 posições) S2 2 4 -3 1
S3 3 0 -3 7
S4 3 4 -4 0
S5 3 6 -4 2
S6 4 1 -4 6
S7 4 5 -4 9
W id e W1 2 0 -3 1 30 165x 165 1x 4
(3 posições) W2 3 1 -3 9 150 x 150
W3 3 9 -4 5 130 x 130
ScanSA R N arrow SN1 2 0 -4 0 50 300 x 300 2x2
(2posições) SN2 3 1 -4 6
ScanSA R W id e SW1 20 - 49 100 500 x 500 2x4
E xtended H igh H1 4 9 -5 2 25 75x75 1x4
(6 posições) H2 5 0 -5 3
H3 5 2 -5 5
H4 5 4 -5 7
H5 5 6 -5 8
H6 5 7 -5 9
LI 1 0 -2 3 35 1x 4
\l

E xtended L ow
o
O
X

pode ser selecionada. A melhoria na detecção e reco­ precisa das imagens de radar, sem a necessidade de pon­
nhecimento de objetos permite uma grande variedade tos de controle no solo (ground-controlpoint - GCP).
de novas aplicações, incluindo vigilância e defesa, e o
mapeamento de áreas urbanas na escala de 1:20.000 • E o primeiro satélite SAR comercial a oferecer pola-
(Van der Sanden eThom as, 2004). rimetria (quadrature-polarimetry — “quad-pol')y que
fornece informações de amplitude e fase. Há um certo
• Modo de iluminação multilookfine (múltipla visadafina) número de parâmetros polarimétricos únicos, que po­
(multilook fine beam mode), que obtém dados com dem ser derivados desses dados e usados para melhorar
a mesma faixa de cobertura do modo ultrafine, com o entendimento das feições presentes nas imagens de
resolução espacial de 7,9m em azimute e 7,4 - 9,lm radar (p.ex., razão de imagens com polarização paralela
em range. Esses dados, no entanto, apresentam uma e cruzada; coeficiente de correlação em imagem com
resolução radiométrica melhorada devido ao processa­ polarização paralela). A Tabela 9-6 resume alguns des­
mento de múltiplos looks (múltiplas visadas). A largura ses parâmetros e as respostas esperadas para um tipo
da faixa de cobertura é de 50 x 50km (Tabela 9-5). Os específico de superfície (MDA, 2006b).
dados são coletados em um ângulo de incidência que
varia de 30 a 50°. As imagens no modo multi-look fine ERS-1 e ERS-2 da Agência Espacial Européia
são, normalmente, em uma única polarização. (ESA - European Space Agency)

• Os receptores de GPS a bordo, que monitoram a posição A Agencia Espacial Européia lançou o ERS-1 em 16 de Ju­
do satélite, permitem uma retificação geométrica mais lho de 1991. Ele tinha um SAR banda C (5,6cm), com uma
Sensoriamento Remoto SAR a Partir do Espaço 329

Tabela 9-6. Diversos parâmetros polarimétricos do RADARSAT-2 e guias de interpretação (MDA, 2006b).
Razão de co- ou polarização Razão de polarização Coeficiente de correlação
Parâmetro paralela cruzada co-polarizada
U ltra-fine isj is j
2 2 Sm. S„
ISVV'I2
1 ISJ 2 ^ (|S J2) . (|SJ2)
U so Medida de rugosidade superficial Descriminação entre Detecção de despolarização e
espalhamento superficial e dupla reflexão (double bounce)
volumétrico
E sp alh am en to Baixo para superfícies lisas e Muito baixo para as superfícies Alta amplitude (baixa
superficial tendendo a 1 com o aumento da lisas, aumentando com a despolarização), pequena
rugosidade rugosidade superficial diferença de fase
E spalham ento Aproximadamente 1 Relativamente alto Baixa amplitude (alta
v olu m étrico despolarização), diferença de
fase pouco definida
D ied ro > 1 Baixo Diferença de fase próximo a
(d o u b le bourtce) 180°

Tabela 9-7. Especificações do Satélite Avançado de Abertura Sintética (A d v a n c e d S y n th e tic A p e rtu re R a d a r - A S A R )


do satélite Envisat (ESAASAR, 2006b).
Modo ASAR Características
M o d o Im agem Resolução espacial de 30 x 30m para o produto precision. Imagens com polarização
(Im age M o d e - IM ) W ou HH para qualquer uma das 7 posições da faixa de cobertura. A largura da faixa
(perpendicular à trajetória) varia entre 56km (faixa 7) e lOOkm (faixa 1).
M od o A lternância de Polarização Resolução espacial de 30 x 30m para o produto precision. Duas imagens coregistradas
(A lte rn a tin g P o la riz a tio n M o d e por aquisição, de qualquer uma das 7 posições da faixa de cobertura. Possíveis
-A P ) polarizações dos pares: H H /W , HH/HV ou W /V H .
M o d o Faixa Larga Resolução espacial de 150 x 150m. Largura da faixa de 400km.
(W id e S w a th M o d e - W S)
M od o M o n itora m en to G lobal Resolução espacial de 1000 x 1OOOm (azimute e range, respectivamente) para o
(G lo b a l M o n ito r in g M o d e - G M ) produto nominal. Cobertura total das órbitas. Polarização HH ou W .
M odo O nda Pequenas imagens (dimensões variando entre 10 x 5km e 5 x 5km) são adquiridas
(W a ve M o d e - W V ) a intervalos regulares de lOOkm ao longo da trajetória. Essas pequenas imagens
podem ser posicionadas em qualquer lugar da faixa de cobertura de uma Image Mode.
Polarização: VV ou HH. Essas imagens são convertidas para o espectro de ondas para
o monitoramento de oceanos.

antena de 10 x 1m e com polarização VV. Operou com um 10 sofisticados instrumentos ópticos e de radar, que permi­
ângulo de incidência de 23°. A sua resolução em range é de tem uma observação e um monitoramento contínuos dos
26m e em azimute de 30m, com um processamento de 6 continentes, da atmosfera, dos oceanos e das áreas cobertas
looks. O ERS-1 recobre uma faixa com 1OOkm de largura. por gelo (Tabela 9-7). O Radar Avançado de Abertura Sin­
A sua órbita situa-se a aproximadamente 785km acima da tética (.Advanced Synthetic Aperture Radar - ASAR) a bordo
superfície da Terra. Os dados são processados digitalmen- do Envisat dá continuidade à missão dos radares de aber­
te. Um ERS-2 idêntico foi lançado em 1995. O ERS-1 e tura sintética - SAR (.Active Microwave Instrument - AM1),
o ERS-2 operaram, também, em conjunto obtendo pares utilizados pelos satélites ERS-1 e ERS-2. O ASAR utiliza
de imagens para a realização de pesquisas sobre interfero- uma antena ativa (activephased-array antennd), com ângu­
metria SAR. los de incidência entre 15 e 45°. As aplicações para este
sensor incluem o estudo de ondas nos oceanos, a extensão
Envisat ASAR da Agência Espacial Européia e o movimento de blocos de gelo nos oceanos e estudos na
superfície continental, como o desflorestamento e a deser-
Lançado em 01 de Março de 2002, o Envisat é o maior sa­ tificação. Diferentemente dos SAR do ERS-1 e ERS-2, que
télite de observação da Terra já construído. Ele leva a bordo tinham uma posição fixa da faixa de imageamento (ângulo
330 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas

de incidência de 23° no centro da faixa), o ASAR Image par interferométrico. A precisão pode alcançar escalas
Mode permite a aquisição de dados em sete posições dife­ de subcomprimento de onda.
rentes da faixa de imageamento (i.e., IS1 a IS7), com ângu­
los de incidência variando entre 15 e 45° (Tabela 9-1). Uma Mapeamento Topográfico por Interferometria
vantagem significativa dos ângulos de incidência maiores é
a redução das distorções do terreno.
O mapeamento topográfico pela interferometria SAR baseia-
JERS-1 se na aquisição de dados a partir de dois ângulos de visada
diferentes e assume que a cena imageada não sofreu deslo­
camento durante o intervalo da obtenção dos dados. As
A Agência Espacial do Japão (.National Space Development duas medições podem ser feitas por dois radares colocados
Agency - N AS DA) lançou o JERS-1 {Japanese Eartb Resource na mesma plataforma e separados por alguns metros. Isto é
Satellite - JERS-1) em 11 de Fevereiro de 1992. Ele era denominado de interferometria de passagem única (single-pass
muito semelhante ao original Seasat. Tinha um SAR banda interferometry). A missão do SRTM (Space Shuttle Radar To-
L (23,5cm), com uma antena de 11,9 x 2,4m e com polari­ pograpby Mission), lançada em 11 de Fevereiro de 2000, foi a
zação HH. O ângulo de incidência era de 39°. As resoluções primeira a usar este tipo cobertura interferométrica. Ele tinha
em range e em azimute eram, ambas, de 18m com 3 looks. uma antena banda C e banda X no compartimento de carga
A largura da faixa de recobrimento foi de 75km. O SAR e uma outra antena banda C e banda X posicionada no final
orbitou a Terra a aproximadamente 568km acima da super­ de uma haste de 60m (Figura 9-29a). A interferometria pode
fície. Os dados foram processados digitalmente. A operação também ser realizada usando um único radar para obter duas
do JERS-1 terminou em 12 de Outubro de 1998. medidas em diferentes passagens orbitais que sejam muito
próximas no espaço e no tempo (um dia, ou menos). Esta é a
Almaz-1 metodologia de interferometria utilizada pelo SIR-C e ERS-1
e 2, denominada de interferometria por passagens múltiplas ou
repetidas (multiple-pass ou repeat-pass interferometry).
Este SAR foi colocado em órbita em 31 de Março de 1991
pela antiga União Soviética, e funcionou por 1,5 anos. Os dados interferométricos SAR podem, muitas vezes, forne­
Consistiu de um SAR banda S (9,6cm), com uma antena cer informação topográfica (x,y,z) que são tão precisas quanto
de 1,5 x 15m e com polarização HH. O ângulo de inci­ os modelos de elevação digital obtidos pelas técnicas fotogra-
dência variava de 30 a 60°. A resolução em range foi de métricas ópticas tradicionais. Além disso, a interferometria
15 — 30m e a em azimute de 15m, com processamento pode operar através de nuvens e durante o dia ou durante
maior que 4 looks. A largura da faixa de cobertura foi de a noite. Isto é importante para áreas tropicais com cober­
20 - 45km. A órbita foi de 300km acima da superfície da tura perene de nuvens, ou em ambientes árticos, ou ainda,
Terra e os dados foram processados digitalmente. na ocorrência de desastres, onde não há a possibilidade de
espera de uma janela atmosférica que permita a obtenção de
Interferometria de Radar dados ópticos (fotográficos). Informações de elevação digital
derivadas dos dados interferométricos do SIR-C são apresen­
tadas nas Pranchas Coloridas 9-3 e 9-4. A comunidade carto­
gráfica tem um interesse especial na interferometria SAR.
As discussões anteriores sobre os sistemas de radar de
abertura sintética foram focadas, principalmente, na co­ A seguir, será descrito como a interferometria SAR obtém in­
leta de uma única imagem no terreno. É possível adqui­ formação sobre a elevação digital (JPL, 1999b). Em primeiro
rir múltiplas imagens SAR de uma mesma área, a partir lugar, as duas imagens de radar precisam ser precisamente re­
de uma aeronave ou satélite, para extrair informações gistradas. Portanto, a sua geometria é tal que, os dois radares e
tridimensionais e dados sobre a velocidade de objetos qualquer objeto no solo formam um triângulo (Figura 9-29b).
em movimento. O imageamento interferométrico por ra­ Se conhecermos a distância {range) de cada radar ao objeto no
dar é o processo pelo qual as imagens de radar de um solo (r, e r2), a distância entre os dois radares (a linha de base
mesmo local no terreno são registradas por antenas em B) e o ângulo da linha de base, a (em relação à horizontal),
1) diferentes localizações ou 2) tempos diferentes (Mad- poderemos usar a trigonometria (a regra do co-seno) para
sen e Zebker, 1998; Rabus et al., 2003; Hodgson et al., calcular a altura, h, de um dos radares acima da posição do
2003). A análise de dois interferogramas permite me­ objeto no solo. A partir da figura 9-29b sabemos que
didas muito precisas sobre o deslocamento de qualquer
ponto específico x,y,z, encontrado em cada imagem do h = r.cosG (9-26)
Interferometria de Radar 331

Interferometria SAR#2
Missão SRTM (Sbuttle Radar Topography Mission)

m---- SAR#2: antenas


banda C e banda X

haste \
de 60m

Figura 9-29 a) Localização do par de antenas banda C e banda X no ônibus espacial Endeavor, usadas para a aquisição de dados interferomé­
tricos da Missão SRTM (Shuttle Radar Topography Mission - SRTM). b) Relações geométricas entre os dois sistemas SAR usados
para a interferometria com o objetivo de extrair informações topográficas (após NASA JPL, 1999b).

e pela regra do co-seno, de elevação foi realizado usando-se interferometria e não fo-
togrametria. Os pares interferométricos podem, também, ter
(r2)2 = ( r f + B2- 2q£cos(90 + 0 - a) (9-27) um valor significativo para muitas aplicações sobre os recur­
que é o mesmo que sos da Terra. Rodriguez et al. (2006) estimaram a precisão
dos produtos de elevação derivados do SRTM.
(r,)2 = (q)2 + B2 - 2q5sen(0 - a ) (9-28) Um exemplo de um modelo de elevação digital derivado do
SRTM, da região das Montanhas de Wasatch, em Utah, é
Resolvemos para 0, e depois para h (usando h = r cos 0). apresentado na Figura 9-30. Ele é visto em perspectiva e é
Este cálculo é repetido para todos os pontos no solo, den­ integrado com dados de uma única banda do TM Landsat. A
tro da imagem. Se determinarmos com precisão a altitude Prancha Colorida 9-5 apresenta os dados derivados do SRTM,
de um dos radares acima do nível do mar, podemos pro­ da região de Wasatch, como um anaglifo e um estéreo-par.
duzir um mapa das altitudes superficiais. Nós precisamos,
portanto, somente medir precisamente a distância relativa Antes do lançamento do SRTM, os dados x,y,z eram com­
(r2 - q), relacionada à diferença de fase entre cada par de pilados a partir de uma variedade de fontes in situ e de sen-
medidas de radar. Esta distância relativa pode ser relacio­ soriamento remoto para produzir DEM globais com uma
nada à altura, h, após alguma álgebra adicional (SIR-CED resolução espacial de 30 arc-seg (1 x lkm) (p.ex., GLOBE
home page; JPL, 1999b). e GTOPO30). Muitas partes do mundo não têm, ainda
hoje, DEM com resolução de 1-arc seg (30m) ou de 3-arc
A missão SRTM (Space Shuttle Radar Topography Mission) seg (90m) (Rabus et al., 2003). DEM derivados do SRTM
usou um radar de abertura sintética interferométrico, banda de grande parte do planeta estão, agora, disponíveis com
C e banda X, para adquirir dados topográficos em mais de 80 uma resolução espacial de 3 arc-seg (90m). No entanto,
por cento da área emersa da Terra, entre 60° N e 56° S, du­ uma considerável quantidade de dados já foi processada
rante os 11 dias de duração da missão (NASA SRTM, 2006). para uma resolução de 30m. Os dados podem ser adquiri­
A NASA JPL processou os dados interferométricos da banda dos através da NASA (Jet Propulsion Laboratory).
C, enquanto o Centro Aeroespacial da Alemanha (German
Aerospace Center) processou os da banda X. As superfícies Os dados GTOPO30 são mantidos pela USGS. Uma
topográficas produzidas encontram-se nas especificações In- comparação entre o DEM GTOPO30 e o DEM feito a
terferometric Terrain Height Data - ITHD-2 (Dados Interfe- partir dos dados SRTM, do Monte Kilimanjaro, na Tan­
rométricos de Altitude do Terreno). O SRTM mapeou, pelo zânia e no Quênia, é mostrada na Prancha Colorida 9-6.
menos uma vez, 99,97% da área alvo (119.000.000 km2). Observe que os dados derivados do SRTM fornecem mui­
Assim, o primeiro levantamento mundial de dados digitais to mais detalhes para as análises de elevação, declividade e
332 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas

M odelo de Elevação Digital das Montanhas de possível fazer observações quantitativas sobre a velocidade
Wasatch, em Utah, Derivado dos Dados SRTM de objetos que se movem, entre duas observações. A interfe­
{Shuttle R a d a r Topogi'aphy M ission) e Integrado rometria tem sido aplicada, com sucesso, para medir movi­
com Imagem TM Landsat mentos ao longo de linhas de falha, em medidas de desloca­
mento sísmico provocado por terremotos, no mapeamento
de velocidade de geleiras, no monitoramento de correntes
oceânicas e em medidas do espectro de ondas. Além disso,
a interferometria pode ser usada para determinar se objetos
feitos pelo homem apresentaram algum movimento. Esta é
uma arma poderosa na detecção de mudanças.

) Sensoriamento Remoto por Micro-


f f t É i ondas Passivas
F

Há um grande interesse em se medir a energia de micro­


ondas passivas, para monitorar algumas das mais impor­
tantes variáveis hidrológicas globais, como a umidade do
solo, a precipitação, o conteúdo de água das geleiras e a
temperatura da superfície do mar. De fato, diversos sen­
sores a bordo do satélite Aqua da NASA, lançado em 4
de Maio de 2002, incluem radiômetros de micro-ondas
passivas especializados (NASA AMSR-E, 2006).
Figura 9-30 Visão em perspectiva de um DEM derivado dos da­
dos SRTM das Montanhas de Wasatch, em Utah, Como discutido no Capítulo 2, a Terra aproxima-se de um
integrado com dados da banda 3 do T M Landsat. Os corpo negro a 300 K, com o comprimento de onda do­
dados SRTM banda C foram obtidos em 12 de Feve­
minante em, aproximadamente, 9,7pm. Embora o com­
reiro de 2000 (as imagens são cortesia de NASA Jet
primento de onda dominante seja 9,7pm, um continuum
Propulsion I.ab).
de energia é emitido pela Terra e pela atmosfera. De fato,
a Terra emite passivamente um fluxo constante de energia
aspecto, bem como para a drenagem e para as investigações nas micro-ondas. A única diferença é que 1) os materiais da
geomórficas (Jensen et al., 2002). Terra não emitem quantidades extraordinárias de energia de
micro-ondas passivas, e 2) a energia que ela emite é relativa­
Companhias comerciais privadas também fazem levanta­ mente fraca em intensidade devido ao seu comprimento de
mentos com radar de abertura sintética interferométrico onda longo. No entanto, foi desenvolvida uma série de ra­
(Interferometric Synthetic Aperture Radar - IFSAR). Um dos diômetros que podem registrar variações sutis de energia de
sistemas mais amplamente usados é o Intermap X-band micro-ondas passivas. Os instrumentos medem a temperatu­
Star 3i, que gera imageamento em micro-ondas banda X, ra de brilho do terreno ou da atmosfera e seus constituintes.
de alta qualidade (3 x 3m), além de um detalhado modelo
de elevação digital do terreno. Um bom exemplo é mos­ Radiômetros de Micro-ondas Passivas
trado na Figura 9-31, com a imagem banda X de Bachelor
Mountain, CA, posicionada à esquerda e o modelo de ele­
vação digital, à direita. Naturalmente, a imagem e o DEM Os equipamentos para sensoriamento remoto por micro-on­
estão registrados. Esses dados são muito úteis para análises das passivas podem ser 1) radiômetros de perfil ou 2) radiô­
de uso e da cobertura da terra, assim com em estudos hi- metros de varredura. Um radiômetro de perfil mede, simples­
drológicos em bacias de drenagem. mente, o terreno diretamente abaixo da aeronave ou satélite,
no nadir (ou fora do nadir, se desejado), e registra a radiância
Mapeamento Interferométrico de Velocidade dentro do campo de visada instantâneo do sensor. A saída é
um perfil de temperatura de brilho de micro-ondas registra­
do ao longo da trajetória da aeronave ou satélite. Um radiô­
Se os ângulos de visada de múltiplas aquisições de dados metro de varredura de micro-ondas é bastante semelhante ao
permanecem constantes, não haverá sensibilidade à topo­ radiômetro de infravermelho termal, discutido no Capítulo
grafia, e a interferometria poderá ser usada para obter in­ 8. Ele adquire dados em varredura perpendicular à trajetória
formações sobre objetos que se movimentaram na cena. É do veículo que porta o sensor. O resultado é uma matriz de
Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Passivas 333

m /
a. Imagem banda X do Intermap Star 3i. b. Modelo Digital do Terreno da Intermap a partir de dados
do radar de abertura sintética interferométrico (IFSAR).

Figura 9-31 a) Imagem ortorretificada Intermap X-band Star 3 i de Bachelor Mountain, CA. b) Modelo de elevação digital da mesma área
usando o radar de abertura sintética interferométrico (Interferometric Synthetic Aperture Radar - IFSAR) (imagem ortorretifi­
cada e modelo de elevação digital fornecidos pela Intermap Technologies, Inc).

valores de temperatura do brilho, que podem ser usados para cal Satellite Program - DMSP), que opera desde 1987. O
construir uma imagem de micro-ondas passivas. Departamento de Defesa dos EUA também disponibiliza
os dados para a comunidade científica (Figura 9-32). O
Os radiômetros de micro-ondas passivas registram a ener­ SSM/I é um sistema radiométrico de micro-ondas pas­
gia, geralmente, na região entre 0,15 e 30cm (entre 1 e sivas, polarizado linearmente e com quatro frequências
20GHz), muito além da região do infravermelho termal (19,3; 22,3; 36,5 e 85,5GHz), que mede as temperaturas
(3 - I4pm). As frequências de micro-ondas mais frequen­ de brilho das micro-ondas da atmosfera, dos oceanos e dos
temente usadas estão centradas em 1, 4, 6, 10, 18, 21, terrenos naquelas quatro frequências. O SSM/I rotaciona
37, 50, 85, 157 e 183GHz. Isto significa que teoricamente continuamente ao redor de um eixo paralelo à vertical lo­
é possível adquirir imagens de micro-ondas passivas mul- cal do satélite, e mede as temperaturas de brilho da cena
tiespectrais. As bandas utilizadas (intervalo de frequências) abaixo. Ele é calibrado usando a radiação fria do espaço
são, normalmente, bastante amplas, de tal forma que haja e um absorvedor de referência quente. A largura da faixa
suficiente energia de micro-ondas passivas para ser registra­ de cobertura é de, aproximadamente, l400km. Os dados
da pela antena. De forma semelhante, a resolução espacial são registrados pelo sensor, transformados em valores digi­
dos radiômetros de micro-ondas passivas é baixa para que tais e transmitidos para o National Environmental Satellite,
haja energia suficiente coletada no IFOV e seja registrada Data, and Information Service (NESDIS). O SSM/I é um
pela antena. Sensores em aeronave, voando próximo ao excelente sensor para medir a temperatura de brilho de
solo, apresentam resolução espacial da ordem de metros, amplas regiões. Por exemplo, a imagem de micro-ondas
enquanto que a maioria dos radiômetros de varredura que passivas do SSM/I mostrada na Figura 9-32 engloba quase
utilizam micro-ondas passivas a bordo de satélites apresen­ que totalmente a Bacia Amazônica.
tam resolução espacial medida em quilômetros. O sensor
é, na realidade, uma grande antena sensível à energia de A NOAA desenvolveu um algoritmo para precipitação que
micro-ondas passivas. utiliza o canal de 85,5GHz do SSM/I para detectar o espa-
lhamento ascendente da radiação causado pelas partículas
Sensor Especial de Micro-ondas/Imageador (Special de gelo com tamanho para precipitação dentro da camada
Sensor Microwave/Imager —SSM /I) (nuvem) de chuva. A técnica de espalhamento é aplicável tan­
to sobre os oceanos como sobre os continentes. As taxas de
Um dos primeiros sensores de micro-ondas passivas foi precipitação podem ser obtidas indiretamente, baseando-se
o SSM/I, a bordo dos satélites do Programa de Satélite na relação entre a quantidade de gelo na camada chuvosa e
Meteorológicos de Defesa dos EUA (Defense Meteorologi- a quantidade real de precipitação na superfície. Além disso,
334 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas

Tabela 9-8. Comparativo das características de operação do SSM/I, do AMSR-E no A q u a e do AMSR no A D E O S -2


(NSIDC, 2006).
SSM/I
Parâmetro (DMSP F8, F10, F11, F13 AMSR-E, no A qua AMSR, no AD EOS-2
P eríodo de operação 09/07/87 até o presente 04/05/02 até o presente 14/12/02 até o presente
Frequências (G H z) 19,3; 22,3; 36,5; 85,5 6,925; 10,65; 18,7; 23,8; 6,925; 10,65; 18,7; 23,8;
36,5; 89,0 36,5; 50,3; 52,8; 89;0
R esolução espacial (km) 37 x 28 (37GHz) 74 x 43 (6,9GHz) 74 x 43 (6,9GHz)
15 x 13 (85,5GHz) 14x8 (36,5GHz) 1 4 x 8 (36,5GHz)
6 x 4 (89,0GHz) 6 x 4 (89,0GHz)

foi desenvolvido um algoritmo de precipitação global para as Imagem de Micro-ondas Passivas SSM/I
massas continentais baseado no espalhamento da radiação. da Bacia Amazônica
Foram produzidos grades (grids) de 100 x lOOkm e 250 x
250km para a precipitação mensal para o período de Julho de
1987 até o presente (Li et al., 1998; NSIDC SSM/I, 2006).

Imageador de Micro-ondas TRMM (TRMM Micro-


wttve Imager - TMI)

A Missão TRMM (Tropical Rainfall Measuring Mission -


TRMM) é patrocinada pela NASA e pela NASDA (Natio­
nal Space Development Agency) do Japão e tem o objetivo de
estudar as precipitações nas regiões tropicais e a liberação de
energia associada que contribui na circulação atmosférica
global (NASA TRMM, 2006). O satélite, lançado em 27
de Novembro de 1997, porta cinco instrumentos. O TMI
(Imageador de Micro-ondas TRMM) é um sensor de micro­
ondas passivas desenvolvido para obter informações quanti­ Figura 9-32 Imagem da Bacia Amazônica obtida pelo radiôme­
tro de micro-ondas passivas SSM/I na frequência de
tativas sobre a precipitação em uma faixa de 780km (487 mi­
86GHz e com polarização vertical (cortesia DMSP).
lhas) de largura. Ele é baseado nas características do SSM/I.
Mede a intensidade da radiação em cinco frequências: 10,7
(resolução espacial de 45km); 19,4; 21,3; 37 e 85,5GHz (re­ As áreas continentais são muito diferentes dos oceanos,
solução espacial de 5km). A dupla polarização para quatro pois emitem cerca de 90 por cento de sua temperatura real
frequências resulta em um total de nove canais. A frequência nas frequências das micro-ondas. Isto diminui o contraste
de 10,7GHz fornece uma resposta mais linear para as altas entre as gotas de chuva e a superfície do terreno. Feliz­
taxas de precipitação, comuns nas chuvas tropicais. mente, as altas frequências de micro-ondas (85,5GHz) são
fortemente espalhadas pela presença de gelo em muitas
A estimativa de taxas de precipitação através dos sensores nuvens de chuva. Isto reduz o sinal, relativo às chuvas, que
SSM/I e TMI requer cálculos complicados porque os corpos chega ao satélite, permitindo um contraste com a superfí­
d’água, como lagos e oceanos, emitem somente cerca da me­ cie quente do terreno, tornando possível, também, a esti­
tade da energia especificada pela lei da radiação de Planck, mativa precisa de taxas de precipitação de chuvas sobre o
para as frequências das micro-ondas. Portanto, esses corpos continente. Um exemplo de medidas de precipitação usan­
comportam-se como se tivessem somente cerca de metade da do o Imageador de Micro-ondas TRM M é apresentado no
sua temperatura real de superfície e parecerão muito “frios” Capítulo 12: Sensoriamento Remoto da Agua.
para um radiômetro de micro-ondas. Felizmente, a chuva é
registrada com sua temperatura real e é considerada “quen­ Radiômetro Avançado por Varredura de Micro-on­
te” ou brilhante por um radiômetro de micro-ondas passivas. das (Advanced Microivave Scanning Radiometer —
Quanto mais intensa a chuva, mais quente parecerá toda a AMSR-E)
cena. Pesquisas realizadas nas últimas três décadas tornaram
possível obter taxas de precipitação relativamente precisas, ba­ O AMSR-E é um dos seis sensores a bordo do Aqua (NASA
seadas nas temperaturas obtidas por micro-ondas passivas. AMSR-E, 2006). O AMSR-E é o resultado de uma coo­
peração entre a NASA e a Agência Nacional de Desenvol­
Referências 335

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frequências: 6,925; 10,65; 18,7; 23,8; 36,5 e 89GHz (pola­ Flood, M. and B. Gutelius, 1997, “Commercial Implications
rização HV). Ele tem uma resolução espacial de 5,4km em of Topographic Terrain Mapping Using Scanning Airborne
89GHz e 56km em 6,9GHz (Tabela 9-8), com um faixa de Laser Radar,” Photogrammetric Engineering and Remote
cobertura com largura de l445km. A radiação de micro-ondas Sensing, 63:327.
emitida pela Terra é coletada por um refletor parabólico com
1,6m de diâmetro, que varre a superfície da Terra mantendo Ford, J. P., R. G. Blom, M. L. Bryan, M. K. Daily, T. H.
um ângulo de incidência constante de 55°. Seis conjuntos de Dixon, C. Elachi and E. C. Xenos, 1980, Seasat Views North
dados de radiação de micro-ondas passivas são registrados por America the Caribbean and Western Europe with Imaging
seis radiômetros. A calibração é feita pela radiação cósmica de Radar, Publication #80 - 67, Pasadena: NASA Jet Propulsion
fundo e por um padrão quente a bordo do satélite. Lab, 1-6 p.

O AMSR-E mede o conteúdo total de vapor d’água, o con­ Ford, J. P., J. B. Cimino and C. Elachi, 1983, Space Shuttle
teúdo total de água líquida, a precipitação, o equivalente de Columbia View the World with Imaging Radar: the SIR-A
água na neve, a umidade do solo (usando as frequências 6,925 Experiment, Pasadena: NASA Jet Propulsion Lab, 179 p.
e 10,65GHz), a temperatura da superfície do mar (sea-surface
temperature - SST), a velocidade do vento na superfície do mar Ford, J. P., J. B. Cimino, B. Holt and M. R. Ruzek, 1986,
e a extensão das geleiras (NSIDC, 2006). A Prancha Colorida Shuttle Imaging Radar Views the Earth from Challenger: SIR-B
9-7 apresenta exemplos com informações de temperatura su­ Experiment, Pasadena: NASA Jet Propulsion Lab, 135 pp.
perficial do mar (SST) obtidas a partir de dados AMSR-E. O
SST nos arredores do Furacão Katrina, de 25 a 27 de Agosto Franklin, S. E., M. B. Lavigne, B. A. Wilson and E. R.
de 2005, pode ser visto na Prancha Colorida 9-7b. Hunt, 1994, “Empirical Relations Between Balsam Fir Stand
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Sensoriamento Remoto por LIDAR

informação sobre elevação é um componente crítico nas bases de dados geográ­

A ficos utilizadas por muitas agências (p.ex., DoD, 2000; FEMA, 2004; USGS,
2006). Ela é tão importante que o Programa Nacional de Elevação Digital (Na­
tional Digital Elevation Program - NDEP) foi criado para incentivar o uso com­
partilhado dos dados das agências federais, estaduais e locais, do setor comercial e
do acadêmico, com o objetivo de minimizar a redundância na produção de dados
sobre elevação (NDEP, 2006). Esses dados são usados em um grande número de
aplicações práticas, como no mapeamento de áreas de inundação, no planeja­
mento regional e na localização de áreas para a instalação de empresas públicas.

A maioria dos dados de elevação é arquivada em modelos digitais de elevação,


que podem ser analisados conjuntamente com outros dados espaciais em um
GIS. Um modelo digital de elevação (digital elevation model - DEM) é definido
como um arquivo ou base de dados contendo pontos de elevação numa área
contígua (Miller, 2004; Ma, 2005). Os DEMs podem ser subdivididos em:

1. modelos digitais de superfície (digital surface models - DSM), que contêm


informação de elevação de todas as feições na paisagem, como a vegetação,
edifícios e outras estruturas; e

2. modelos digitais do terreno (digital terrain models - DTM), que contêm in­
formação de elevação da superfície desnuda da Terra, sem a influência da
vegetação ou das estruturas feitas pelo homem.

Quatro técnicas principais são utilizadas para obter informações sobre eleva­
ção, incluindo (Bossler et al., 2002):

• levantamento in situ;

• fotogrametria (Capítulo 6);

• Radar Interferométrico de Abertura Sintética (Interferometric Synthetic


Aperture Radar - IFSAR) (Capítulo 9); e

• LIDAR (Light Detection and Ranging - Detecção de Luz e Distância).

O levantamento in situ utilizando métodos convencionais (p.ex., estação total


ou instrumentos GPS) pode fornecer informações x,y,z precisas. Entretanto,
os trabalhos de campo demandam tempo e têm um alto custo por ponto ad­
quirido. Mesmo com instrumentos GPS, geralmente é difícil obter pontos em
áreas com vegetação densa. Devido a esses obstáculos, a densidade de obser­
vações x,y,z obtidas em uma área é, muitas vezes, baixa. Isso torna necessário
a interpolação entre pontos distantes para se produzir um modelo digital do
terreno (DTM) de uma área.

As técnicas fotogramétricas são utilizadas rotineiramente para adquirir infor­


mação topográfica em x,y,z. Os levantamentos fotogramétricos podem mapear
338 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por LIDAR

grandes áreas durante a estação de perda da folhagem pela peamento batimétrico devido à sua capacidade de penetra­
vegetação e permitem a aquisição de uma densa quantidade ção na água (Mikhail et al., 2001). Os dados LIDAR podem
de pontos. O Capítulo 6 resume como os modelos digitais ser obtidos, se necessário, à noite, por ser um sistema ativo,
de elevação são extraídos diretamente de pares estereoscó­ que não depende da iluminação solar passiva.
picos de fotografias aéreas. A fotogrametria pode ser usa­
da para obter uma densa quantidade de informação sobre Os sistemas LIDAR podem emitir pulsos a taxas superiores a
elevação em terrenos inóspitos. Além disso, o analista pode 100.000 pulsos por segundo, normalmente denominadas de
obter, seletivamente, uma grande densidade de observações frequência de repetição de pulso. Um pulso de luz laser desloca-
x,y,z associadas a feições críticas, como linhas de crista ou se à velocidade da luz, c ( 3 x 108m .s')• A tecnologia laser é
mudanças abruptas de declividade (p.ex., ao longo de viadu­ baseada na medição precisa do tempo que o pulso de luz leva
tos nas rodovias), denominadas de linhas de quebra. do transmissor ao alvo e de volta ao receptor. O tempo de
percurso de um pulso de luz, t, é (Boland et ah, 2004)
O LIDAR oferece uma alternativa para os levantamentos
in situ no campo e para as técnicas de mapeamento fo- t = 2— (10-1)
togramétrico na aquisição de dados de elevação (Maune, c
2001). A tecnologia LIDAR pode ser usada na obtenção onde R é a distância [range) entre o sensor LIDAR e o
de dados de elevação com precisão e rapidez, com aplicabi­ objeto. A distância R pode ser determinada rearranjando a
lidade crescente em terrenos inóspitos (McGlone, 2004). equação (Baltsavias, 1999a,b)
Entretanto, o LIDAR não permite que o analista tenha o
controle da localização individual das medidas x,y,z obti­ R = — tc (10-2)
das sobre linhas de crista ou linhas de quebra. 2
O processo de medição das distâncias resulta em um con­
Princípios do LIDAR junto de pontos com dados de elevação (normalmente de­
nominados como masspoints) distribuídos sistematicamen­
te no tempo, ao longo da linha de voo, como mostrado na
Figura 10-lb. O exemplo mostra pontos associados com o
O primeiro laser óptico foi desenvolvido em 1960 pela terreno, com diversas linhas de transmissão, uma torre de
Hughes Aircraft, Inc. Os instrumentos laser foram usados, energia, e com o dossel de árvores.
inicialmente, para medir o tempo gasto pela luz para se
deslocar do transmissor laser até o alvo e retornar ao recep­ A área de cobertura de um pulso laser no terreno é aproxi­
tor laser. Os primeiros sistemas de sensoriamento remoto madamente circular e varia com o ângulo de varredura e a
a utilizar o LIDAR tinham a capacidade de coletar medi­ topografia (Baltsavias, 1999b). O diâmetro da visada instan­
das apenas diretamente abaixo da aeronave, produzindo tânea laser (F p .) no terreno (Figura 10-1 a) é calculado por
um único perfil de elevação ao longo da trajetória de voo
(Jensen et ah, 1987). O uso sinérgico do GPS cinemático
e das unidades de medição inercial (inertial measurement Fp.inst =
í
(10-3)
2(B J
units - IMUs) nos sistemas de varredura LIDAR aeroporta- ' inst

dos, permitiram o rápido amadurecimento da tecnologia.


As acurácias ou exatidões vertical e horizontal obtidas pelo onde b é a altitude da aeronave em relação ao solo (AGL
LIDAR e os seus custos de operação são, hoje, similares aos —above ground levei), Q.mi é o ângulo de varredura instan­
da fotogrametria (McGlone, 2004; Raber et ah, 2006). tâneo, e y é a divergência do feixe laser (Baltsavias, 1999b;
Boland et ah, 2004b). Por exemplo, se h = 750m, 0 ;; =15°
LIDAR: Laser e Sistema de Varredura e y = lmrad, então Fp = 0,80m para um terreno plano.
Voando a uma altitude de 1000 m, uma típica divergência
de feixe laser de 1mrad resulta em uma área de cobertura
O instrumento LIDAR consiste de um sistema de controle instantânea com lm de diâmetro (Baltsavias, 1999b).
e um transmissor e receptor. Quando a aeronave se move ao
longo da linha de voo, pulsos de luz laser são direcionados A largura da faixa de cobertura perpendicular à trajetória
ao terreno por um espelho com varredura perpendicular à [sw - Swath width) é dada por:
trajetória (Figura 10-1 a). A maioria dos sistemas LIDAR
usados para mapeamentos topográficos utilizam a luz laser sw = 2Âtan — (10-4)
no infravermelho próximo, na região de 1040 a 1060 nm 2
(Boland et ah, 2004). Lasers que utilizam a luz azul-verde, onde 9 é o ângulo de varredura. Por exemplo, se h = 750m,
centrada em aproximadamente 532 nm, são usados em ma­ e 0 = 30°, então sw = 402m.
Princípios do LIDAR 339

Aquisição de Dados de LIDAR


Z

k Y
X

. linhas de transmissão de energia

tr a n s m is s o r /
receptor espe[ho torre de
varredura transmissão •dossel de
altitude AGÍ., h árvores
ângulo de
varredura

área de visada
instantânea
-°9 0 o " do laser

a. Aquisição de dados de LIDAR. b. Massa de pontos de coleta de elevação (masspoints) do LIDAR para uma área pequena

c. Impacto causado pelo aumento do ângulo de varredura. d. Modelo digital de superfície obtido do I.IDAR.

Figura 10-1 a) Os instrumentos LIDAR transmitem pulsos de luz laser em direção ao solo usando um espelho de varredura. Grande parte dessa
energia é retroespalhada em direção à aeronave e registrada eletronicamente pelo receptor. O GPS e o IMU a bordo documentam
a localização exata e os movimentos de roll, pitch e yaw (rolamento, arfagem e deriva) da aeronave nos instantes em que o pulso
de laser é enviado e recebido, b) Pontos de elevação x,yz (masspoints) obtidos pelo LIDAR para uma área próxima de Aiken, SC.
Muitos desses pontos estão localizados na superfície do terreno, enquanto outros situam-se no dossel de árvores e sobre linhas de
transmissão de energia e postes, c) Assumindo que o dossel das árvores tem altura e densidade uniformes, então, quanto maior o
ângulo de varredura a partir do nadir, maior será a quantidade de dossel a ser penetrada para se atingir a superfície do solo e, por­
tanto, adquirir a informação necessária para produzir um modelo digital do terreno desprovido da vegetação, d) Modelo digital da
superfície obtido do LIDAR para uma área próxima de Aiken, SC - Carolina do Sul (de Cowen et al., 2000).
340 CAPITULO Sensoriamento Remoto por LIDAR

Tabela 10-1. Características dos dados LIDAR adquiridos na Região do Rio Savannah, em 10 de Outubro de 2004.

Sensor P u ls o s p o r C o m p rim e n to  n g u lo d e P ó s -e s p a ç a m e n to
F o rn e ce d o r L ID A R D a ta segundo de onda v a rr e d u r a n o m in a l

Optech ALTM 10-10- 50.000 A cada 30cm em x e y


Sanborn, Inc. 1046nm ±10
2050 2004 (50KHz)

O espaçamento de pontos perpendiculares à trajetória (P . ) • o efeito da refração atmosférica na velocidade da luz;


é dependente da frequência de repetição de pulso (PRF*), cfa
altitude AGL da aeronave (h), da velocidade de varredura • o tempo de deslocamento do pulso laser do instrumen­
angular instantânea (a ) em radianos por segundo, e do to LIDAR até o alvo e de volta ao instrumento.
ângulo de varredura instantâneo (9jm) (Baltsavias, 1999b):
F importante investigar mais a fundo alguns desses parâ­
p _ k _____ x a »ist metros. Para fins de discussão, usaremos os dados de LI­
spacing cosYQ ) PRF (10-5) DAR da região do Rio Savannah, próxima a Aiken, SC,
adquiridos em 10 de Outubro de 2004. Os dados foram
A densidade de amostragem real para uma área depende, adquiridos por um LIDAR que transmitia 50.000 pulsos
também, da velocidade da aeronave. Densidades típicas de laser no infravermelho próximo (1046nm) por segundo.
amostragem no solo variam de 1 ponto por 20m2 a 20 As especificações de aquisição dos dados LIDAR estão re­
pontos por m2 para uma altitude de voo de lOOOm (Bo- sumidas na Tabela 10-1 (Sanborn, 2005).
land et al., 2004). Essas densidades mais altas são obtidas
pela superposição de múltiplas linhas de voo para cobrir a Localização do Laser LIDAR
área de estudo. Os sinais de retorno registrados são, quase
sempre, menores que o número de pulsos emitidos.
E importante conhecer a posição exata do laser LIDAR
O ângulo máximo de varredura fora do nadir (off-nadir) durante a aquisição de cada um dos pontos. Isso é obtido
pode ser ajustado de acordo com as necessidades da missão com o uso da tecnologia de GPS Diferencial (Dijferential
de coleta de dados. Quanto maior o ângulo de varredura Global Positioning System - DGPS). O DGPS é baseado no
fora do nadir, maior será a quantidade de vegetação que o uso de dois receptores GPS que registram, simultaneamen­
pulso terá que penetrar para atingir a superfície do terreno, te, a informação de posicionamento. Uma estação-base
assumindo um dossel uniforme (Figura 10-lc). Os dados de GPS terrestre é posicionada através de um levantamento
LIDAR podem ser usados para preparar modelos digitais do preciso, com coordenadas x,y,z bem definidas. A estação-
terreno ou da superfície, como o modelo na Figura 10-1 d, base terrestre registra a sua posição durante a missão de
que foi usado para identificar a localização ótima de uma coleta de dados de LIDAR. O segundo receptor GPS está
nova ferrovia próxima a Aiken, SC (Cowen et al., 2000). localizado na aeronave e registra a posição da antena do
LIDAR durante a aquisição de cada um dos pontos.
O sensoriamento remoto por LIDAR evita os problemas da
triangulação e da ortorretificação discutidos no Capítulo 6, Após a aquisição dos dados de LIDAR, as informações das
pois cada medida LIDAR é georreferenciada individualmente duas unidades GPS (uma no solo e outra na aeronave) são
(Flood e Gutelius, 1997). Porém, isso implica num substan­ pós-processadas considerando-se a posição conhecida da an­
cial processamento para transformar os dados laser de distância tena da estação-base. Este processo determina a localização
[range) em pontos (masspoints) georreferenciados. Algumas va­ exata da antena da aeronave durante todo o voo. A precisão
riáveis mais importantes usadas no processamento incluem: típica do posicionamento da aeronave é <5-10cm, e as in­
formações são obtidas em unidades de latitude, longitude e
• a localização x,y,z do laser no espaço tridimensional no altura elipsoidal em um sistema de coordenadas WGS 84.
momento de envio do pulso;
Atitude (Orientação) da Antena do LIDAR
• a atitude (orientação do sensor nas três dimensões: roll,
pitch, heading) do laser no momento do envio do pulso;
É necessário ter informações precisas sobre a orientação
• o ângulo de varredura do LIDAR no momento do en­ da antena do LIDAR (roll, pitch e heading) durante todo
vio do pulso; o tempo de aquisição de dados. Isto é obtido por meio de
Princípios do LIDAR 341

uma unidade de medição inercial (inertial measurement unit


- IMU). A IMU utiliza giroscópios {roll, pitch e yaw) e três
acelerômetros para medir a orientação da antena do LIDAR
no momento exato em que cada pulso é transmitido e rece­
bido. Após a aquisição dos dados de LIDAR, as informações
do IMU são pós-processadas considerando os dados de po­
sicionamento da antena obtidos do GPS, resultando em um
arquivo que indica a trajetória da aeronave e da antena laser
durante todo o tempo de duração da missão. O arquivo de
saída documenta a posição da aeronave (latitude, longitude
e altura elipsoidal) e a orientação do sensor {roll, pitch e hea­
ding) indexadas pelo tempo do GPS.

Pós-Processamento dos Retornos Múltiplos


de LIDAR

Até aqui, adquirimos os dados GPS, os dados IMU, e en­


viamos e recebemos os pulsos laser. Como esses dados serão
transformados em valores digitais de elevação com localiza­
ções específicas x,y,z na superfície da Terra? Isto é realizado
pelo pós-processamento dos dados LIDAR feito após a fi­
nalização do sobrevoo. O software de pós-processamento é
usado para associar 1) a posição x,y,z da antena LIDAR, 2) a
orientação roll, pitch eyaw da antena, e 3) a informação sobre
a distância {range) para cada retorno do LIDAR, identificado
por um conjunto de coordenadas de latitude, longitude e al­
titude {x,y,z). A saída tem, tipicamente, um formato binário
compacto de coordenadas WGS 84, com opções de conver­
são para os formatos ASCII, e/ou coordenadas UTM. Agora,
vamos considerar as características dos dados LIDAR.
Figura 10-2 Como múltiplos retornos são gerados a partir de um
único pulso de luz laser.
Retornos LIDAR

Como mencionado, um pulso de energia laser é enviado as distâncias {range) associadas com o primeiro e o último
diretamente em direção ao terreno, com um determinado retornos são muito similares.
ângulo fornecido pelo espelho rotativo. Dependendo, prin­
cipalmente, da altitude do instrumento LIDAR e do ângulo O pulso laser B encontra duas partes de uma árvore a diferentes
em que é enviado, cada pulso irá iluminar no terreno uma alturas e, então, a superfície desnuda do terreno. Neste exem­
área com o formato aproximado de um círculo, denominada plo, parte do pulso B encontra um galho a 3m do solo, pro­
de área de cobertura laser instantânea {instantaneous laserfoot- vocando o retorno de parte do laser incidente para o receptor
priní), com cerca de 30cm de diâmetro (Figura 10-la). Este LIDAR. Este sinal é registrado como o primeiro retomo (Figu­
pulso único pode gerar um retorno ou múltiplos retornos. ra 10-2). O pulso remanescente continua até dois metros do
A Figura 10-2 demonstra como múltiplos retornos podem solo, onde encontra um outro galho, que espalha a energia de
ser produzidos a partir de um único pulso. Toda a energia volta ao receptor LIDAR. Este sinal é registrado como segundo
contida em um pulso A interage com a superfície do terre­ retomo. Neste exemplo, aproximadamente metade do pulso
no. Poderia ser assumido que esta interação resultasse em atinge, finalmente, o solo, e parte dele é retroespalhada em
um único sinal de retorno. Entretanto, se houver qualquer direção ao receptor LIDAR. Este é o último retomo. Se quiser­
material que provoque um relevo local dentro da área de co­ mos informações sobre a altura da árvore e suas características
bertura instantânea laser (p.ex., grama, pequenas rochas ou estruturais, então nós estaríamos interessados nos retornos 1 e
galhos), haverá múltiplos retornos. O primeiro retorno virá 2 associados ao pulso B. Se nós estivermos interessados apenas
desses materiais que formam o relevo local (normalmente da na construção de um modelo digital da superfície desnuda
ordem de 3 a 5cm) e o segundo, e talvez último retorno, da do terreno, então estaríamos particularmente interessados no
superfície desnuda do terreno. Embora não sejam idênticas, último retorno associado com os pulsos A e B.
342 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por LIDAR

Assim, cada pulso laser transmitido da aeronave pode resultar desses pontos. Cada ponto tem uma localização x,y única.
em múltiplos retornos. São os denominados dados de múltiplos O exame cuidadoso revela que o conjunto de dados de úl­
retornos de LIDAR. O pós-processamento dos dados originais timos retornos contêm pontos derivados de múltiplas e su­
irá resultar em diversos arquivos de LIDAR, que se referem a: perpostas linhas de voo. Em um ambiente computacional
interativo, podemos clicar sobre um ponto individual na
• primeiro retorno; Figura 10-3a para obter o valor de elevação. Isso é útil, po­
rém não revela qualquer padrão de elevação no conjunto
• possíveis retornos intermediários; de dados. Portanto, é comum o uso de diversas técnicas de
processamento de imagem para melhorar o nosso conheci­
• último retorno; e mento sobre o conjunto de dados. Por exemplo, os pontos
de coleta individuais foram processados usando a interpo-
• intensidade. lação ponderada pelo inverso da distância (inverse distance
weigbting- IDW) para criar uma grade (raster) com valores
Os pontos (masspoint) associados com cada arquivo de re­ de elevação a cada 0,23 x 0,25m (Figura 10-3b) [ver Jen-
torno (p.ex., primeiro retorno) estão distribuídos na paisa­ sen (2005) para uma discussão sobre a técnica IDW]. O
gem em várias densidades, dependendo, principalmente, do processo de interpolação cria um modelo digital de super­
ângulo de varredura, do número de pulsos transmitidos por fície —DSM, que contém as características de elevação de
segundo (p.ex., 50.000pps), da velocidade da aeronave e dos todas as árvores, arbustos e estruturas feitas pelo homem.
materiais que os pulsos laser encontram. As áreas no solo Quanto mais brilhante for o pixel em um DSM, maior é
que não apresentam nenhum dado de retorno do LIDAR a elevação. Por exemplo, as edificações na Figura 10-3b
são denominadas de destituídas de dados (data voids). são mais altas do que a superfície do terreno ao seu redor;
portanto, aparecem com maior brilho. Os pontos de coleta
Os conjuntos de dados de LIDAR podem ser fornecidos originais foram superpostos ao modelo digital de super­
de acordo com as especificações do usuário. Por exemplo, fície IDW, com propósitos ilustrativos, na Figura 10-3b.
os dados de retorno do LI DAR da região do Rio Savannah Muitos pesquisadores criam DSMs usando uma estrutura
foram enviados no formato ASCII como: de dados de rede triangular irregular (triangular irregular
network - TIN) (a ser mostrada posteriormente).
• hora do dia, coordenada-x, coordenada-y, coordena-
da-z e intensidade. O modelo digital de superfície IDW obtido pelo LIDAR
pode se tornar de melhor visualização para o intérprete
O formato ASCII permite que os dados de LIDAR sejam pela aplicação do algoritmo de sombreamento do relevo,
examinados e analisados diretamente em um GIS. Os re­ que realça o terreno como se ele fosse iluminado pelo Sol
tornos de LIDAR foram processados pelo fornecedor em em uma direção específica (p.ex., do noroeste). Um exem­
arquivos separados de: plo é apresentado na Figura 10-3c. Para fins ilustrativos, os
pontos originais de coleta de dados foram superpostos ao
• primeiros retornos; modelo digital de superfície realçado pelo sombreamento
do relevo. A superposição dos pontos de coleta em ortofo-
• últimos retornos; e tografias é, também, muito útil (Figura 10-3d).

• retornos da superfície desnuda da Terra. A maioria dos projetos de LIDAR gera uma quantidade
tão grande de dados que é necessário subdividir o con­
Os retornos da superfície desnuda da Terra foram deriva­ junto em setores, como se fossem peças de um mosaico.
dos a partir dos primeiros e últimos retornos usando um O que examinamos até agora é apenas uma pequena par­
procedimento de pós-processamento (a ser discutido). te de um desses setores. Os modelos digitais de elevação
dos primeiros e dos últimos retornos para um setor intei­
Extração de Modelos Digitais de Superfície ro são mostrados na Figura 10-4ab. Este gráfico apresenta
(Digital Surface Models - DSMs) do Primeiro, os modelos digitais de superfície ponderados pelo inverso
do Intermediário e/ou do Último Retorno da distância (IDW) para os dados dos primeiros e dos
últimos retornos. Esses dois modelos são apresentados no
íormato de relevo sombreado.
Os pontos de coleta (masspoints) associados com os últi­
mos retornos do sobrevoo da missão de LIDAR na Região Os arquivos de DSM de múltiplos retornos são de valor
do Rio Savannah em 10 de Outubro de 2004 são mostra­ significativo para muitas aplicações, como na extração da
dos na Figura 10-3a. Observe a distribuição e a densidade altura e da biomassa da vegetação e na obtenção de infor-
Princípios do LIDAR 343

Diversas Representações de Pontos de Último Retorno de LIDAR

a. Distribuição dc pontos de último retorno b. Modelo digital de superfície ID W superposto aos


não-editados. pontos de coleta.

c. Modelo ID W com relevo sombreado superposto d. Pontos de último retorno não-editados superpos­
aos pontos de coleta. tos em uma ortofoto.

Figura 10-3 a) Os pontos de coleta (masspoints) podem ser vistos individualmente. Este procedimento é útil para identificar qualquer
vazio de dados. Pode ser visto, também, que os dados deste conjunto de últimos retornos são oriundos de múltiplas linhas
de voo. Modelos digitais de superfície podem ser criados usando a ponderação pelo inverso da distância (inverse distance wei-
ghting - IDW), como em (b) ou usando a estrutura de dados de redes triangulares irregulares (triangular irregular networks-
TIN) (não mostrado). c) O modelo digital de superfície ID W é apresentado com o relevo sombreado. O terreno é modelado
como se o Sol estivesse a noroeste produzindo sombras que se dispõem em direção ao observador. A teoria cartográfica
sugere que esta é uma das melhores formas de representação tridimensional de informações, d) Os pontos de último retorno
superpostos a uma ortofotografia digital podem, também, ser úteis.

mações sobre a altura de edificações (p.ex., Lefsky et al., presença de vegetação (e outros obstáculos superficiais)
2005; Ma, 2005). Entretanto, e se nós desejarmos um mo­ pode se tornar um incômodo. Em áreas cobertas por
delo digital do terreno - DTM, sem a presença de árvores vegetação densa, a maioria dos retornos do LIDAR será
ou estruturas feitas pelo homem? Como ele é criado? do dossel, com apenas alguns poucos pulsos atingindo
a superfície do terreno. Hendrix (1999) observou que
Extração de Modelos Digitais do Terreno (DTMs) mais de 93% dos pulsos do LIDAR nunca atingiam o
da Superfície Desnuda da Terra solo em áreas florestadas em planície de inundação (bot-
tomland hardwoods) próximo a Aiken, SC —Carolina do
Sul. A separação entre os retornos vindos do solo e os
Se o objetivo de um sobrevoo com LIDAR é coletar vindos do dossel da vegetação pode ser problemática.
dados para produzir um modelo digital do terreno, a Nem sempre ela pode ser feita.
344 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por LIDAR

Dados de LIDAR da Região do Rio Savannah, Obtidos em 10 de Outubro de 2004

a. Primeiro retorno ponderado pelo b. Últim o retorno ponderado pelo inverso


inverso da distância. da distância. após edição.

d. Versão de (a) com relevo sombreado. e. Versão de (b) com relevo sombreado. f. Versão de (c) com relevo sombreado.

Figura 10-4 a) A ponderação pelo inverso da distância (IDW) aplicada aos dados de LIDAR de primeiro retorno, para criar um m o­
delo digital de superfície (DSM). b) O ID W aplicado aos dados de LIDAR de último retorno, c) O ID W aplicado aos
pontos de coleta editados para criar um modelo digital do terreno (DTM ) da superfície da Terra desnuda, d-f) Versões
com o relevo sombreado de a-c.
Princípios do LIDAR 345

Um modelo digital do terreno (DTM) da superfície des­ desnuda podem, então, ser processados para produzir um
nuda da Terra pode ser criado removendo-se sistemati­ D I M que não contém as edificações, como mostrado na
camente dos dados de LIDAR os pontos com primeiro, Figura 10-5d. Note também que quase toda a vegetação
intermediário e/ou último retornos, que sejam provenien­ presente nos dados de LIDAR de primeiro e último re­
tes das árvores, dos arbustos e até da grama. Este procedi­ tornos (Figuras 10-4a,b e 10-4d,e) está ausente no DTM
mento é realizado tipicamente em duas etapas: 1) filtragem mostrado nas Figuras 10-4c e 10-4f.
semi-automática dos pontos de coleta, e 2) edição manual
dos pontos (Raber et al., 2002; Leonard, 2005). E importante notar que o DTM final da superfície desnu­
da da Terra pode, ou não, incluir estruturas feitas pelo ho­
Filtragem Semi-automática dos Pontos com Vegetação mem, como edificações. Por exemplo, se nós pretendemos
e/ou Estruturas Feitas pelo Homem construir um DTM que será usado para modelar o fluxo
de água no solo, não iríamos querer utilizar o DTM mos­
Muitas paisagens contêm uma vegetação densa. É impera­ trado na Figura 10-4f (e na Figura 10-5d) porque as cons­
tivo ter uma técnica que remova 90 - 98% dos pontos de truções foram removidas. Assim, iríamos remover apenas
coleta de dados com vegetação. Isto é feito usando-se um toda a vegetação e criar o DTM. O DTM conteria, en­
algoritmo de filtragem que percorra sistematicamente o tão, informações de elevação da superfície do terreno e das
conjunto de dados de LIDAR examinando cada ponto e construções. Um modelo hidrológico usando este DTM
as características de elevação associadas aos seus n vizinhos iria determinar, corretamente, o fluxo da água ao redor dos
mais próximos. Então, o filtro identifica aqueles pontos que edifícios, e não através deles.
são a) superfície desnuda do terreno, b) arbustos-cerrado, c)
árvores, e/ou d) estruturas feitas pelo homem. Por exemplo, Intensidade de LIDAR
Raber et al. (2002) desenvolveram um filtro adaptativo para
a remoção da vegetação que considera o tipo de cobertura A maioria dos sistemas de LIDAR fornecem um arquivo
do solo. Sithole e Vosselman (2004) revisaram oito diferen­ de intensidade junto com dados de múltiplos retornos. Por
tes filtros aplicados a doze conjuntos de dados de LIDAR. exemplo, os dados de intensidade produzidos pelo sistema
Tem-se obtido progresso no desenvolvimento de algoritmos de LIDAR Leica ALS40/50 representam os picos de volta­
para a remoção semi-automática da vegetação e de objetos gem dos sinais de retorno registrados pelo controlador do
feitos pelo homem. É promissor o desenvolvimento desses sistema (Leonard, 2005). Em muitos casos, a intensidade re­
novos algoritmos, que serão mais eficientes e precisos. gistrada não é a integração dos ecos que retornaram de todos
os pulsos, mas apenas os seus máximos (Baltsavias, 1999).
Edição Manual dos Pontos com Vegetação e/ou Estru­ Há diversos fatores que influenciam o valor de intensidade.
turas Feitas pelo Homem
Inicialmente, é importante relembrar que a luz laser é mo­
Infelizmente, a filtragem semi-automática raramente iden­ nocromática e tem uma largura de banda extremamente
tifica todos os pontos de coleta de dados associados a ar­ pequena (p.ex., 2 - 5nm), normalmente centrada em um
bustos, árvores e/ou objetos feitos pelo homem (Leonard, comprimento de onda do infravermelho próximo (p.ex.,
2005). Normalmente, é necessário que um analista bem 1046nm). Por outro lado, no sensoriamento remoto mul-
treinado examine visualmente os resultados da aplicação tiespectral as bandas apresentam larguras de 50 - lOOnm,
do filtro semi-automático e, então, identifique seleti­ embora os sensores hiperespectrais possam ter larguras de
vamente e retire qualquer ponto acima da superfície do banda da ordem de até lOnm (Baltsavias, 1999). Outros fa­
terreno que não tenha sido detectado pela filtragem. Esta tores significativos incluem a distância do alvo, o ângulo de
abordagem pode envolver a observação tridimensional do incidência e a dispersão atmosférica. Além disso, o contro­
conjunto de pontos ou a superposição dos pontos de coleta lador do sistema também registra o estado do AGC (auto-
a uma fotografia aérea retificada. Os pontos editados ma­ matic gain control). O circuito AGC ajusta o ganho do sinal
nualmente podem, então, ser usados para criar um modelo de retorno em resposta às mudanças na reflectância do alvo.
digital do terreno (DTM) da superfície desnuda da Terra. Os valores de ganho e de intensidade podem apresentar uma
As Figuras 10-4c e 10-4f apresentam um DTM onde toda variação diária e dentro da própria cena. Esta variabilidade
a vegetação e edificações foram removidas. A Figura 10-5a no controle do ganho pode causar problemas na interpreta­
apresenta uma ampliação de uma pequena parte da área ção de dados de intensidade (Leonard, 2005).
mostrada nas figuras 10-4c e 10-4f, com os pontos da fil­
tragem semi-automática superpostos ao modelo digital Teoricamente, poder-se-ia pensar que, devido ao uso pelo
de superfície (DSM) IDW. Note a ausência de dados no laser da luz no infravermelho próximo, o valor de intensi­
teto do edifício, onde os pontos de coleta foram retirados dade de cada ponto de coleta tivesse um efeito similar à da
pela filtragem e/ou manualmente. Os pontos de superfície reflectância no sensoriamento remoto óptico no espectro
346 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por LIDAR

Distribuição de Pontos de Coleta de Dados Após Edição Manual e Digital

a. Pontos de coleta editados superpostos ao modelo


digital de superfície ID W dos últimos retornos.

c. Pontos de coleta editados superpostos a d. T IN da superfície terrestre desnuda a partir de pontos


uma ortofoto 1 x lm . de coleta editados.

Figura 10-5 a) Pontos de coleta editados superpostos sobre o modelo digital de superfície ID W dos últimos retornos, b) Versão de (a)
com o relevo sombreado, c) Pontos de coleta editados superpostos a uma ortofoto. d) Modelo digital do terreno da super­
fície desnuda da Terra em uma estrutura de dados em rede triangular irregular ( Triangular irregular network - TIN ).

do infravermelho próximo. Infelizmente, isto não ocorre. Primeiro, considere a extensa área florestada mostrada em a
Por exemplo, a Figura 10-6a apresenta um DSM produzi­ na Figura 10-6b. Ela é uma floresta madura, com um relevo
do usando-se o IDW aplicado aos dados de último retorno local substancial, evidenciado na imagem adjacente (Figura
do LIDAR. A Figura 10-6b é um DSM da intensidade 10-6a) pelo brilho no conjunto de dados de último retomo.
produzido usando-se o IDW. A imagem de intensidade O normal seria que esta área aparecesse brilhante em uma
contém riqueza de detalhes e é, em muitos aspectos, se­ imagem preto e branco no infravermelho próximo. Ao con­
melhante a uma fotografia aérea pancromática da área de trário, na imagem de intensidade ela aparece bastante escura.
estudo. Entretanto, observam-se várias anomalias interes­
santes quando comparamos a imagem de intensidade com De forma similar, considere as diversas árvores da locali­
o que esperaríamos encontrar em uma típica imagem preto zação b na Figura 10-6b, mostradas na Figura 10-7. Essas
e branco no infravermelho próximo. árvores apresentam, também, intensidade menor do que
Princípios do LIDAR 347

Dados de Último Retorno do LIDAR e Dados de Intensidade

a. Elevação obtida pela aplicação da ponderação pelo b. Intensidade do LIDAR,


inverso da distância (IDW) aos dados de último
retorno do LIDAR .

Figura 10-6 a) Ponderação pelo inverso da distância aplicada aos dados de último retorno do LIDAR, b) ID W aplicado aos dados de
intensidade de LIDAR. Três áreas estão realçadas para discussão.

a esperada. A grama natural, ao redor dessas árvores, tem espalhada em direção ao receptor do LIDAR. Por isso,
uma intensidade maior do que as árvores (Figura 10-7c). as árvores aparecem escuras na imagem de intensidade.
Por outro lado, os pulsos do LIDAR ao encontrarem
Finalm ente, considere as áreas brilhantes na locali­ o gramado natural na localização b, e o plantado com
zação c na imagem de intensidade (Figura 10-6b). A grama na localização c, não são absorvidos ou espalha­
m etade norte dos três terraços experimentais foi lim ­ dos na direção oposta ao LIDAR. Ao contrário, um
pa e plantada com um tipo de grama. Estas áreas não forte retorno ocorre nessas superfícies, que misturam
contêm tanta biomassa quando comparadas com as áreas gramadas e de solo nu, tornando-as brilhantes na
árvores das localizações a ou b. No entanto, elas mos­ imagem de intensidade.
tram um brilho de retorno m uito alto na imagem de
intensidade (Figura 10-6b). Muitas edificações aparecem brilhantes nas imagens de
intensidade, sugerindo que a maior parte do pulso laser
Nesses exemplos, observa-se que quando os pulsos de incidente é retroespalhada, resultando na leitura de altas
LIDAR encontram árvores o espalhamento volumétrico voltagens. A intensidade do retorno é uma função do ma­
dentro do dossel reduz a quantidade de energia retro- terial que constitui o teto da edificação.
348 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por LIDAR

Elevação de Ultimo Retorno Comparado com a Intensidade LIDAR

.v

a. Elevação de últimos retornos ponderados pelo inverso b. Versão de (a) com relevo sombreado.
da distância.

Figura 10-7 a) Ponderação pelo inverso da distância


aplicada aos dados de último retorno, b)
Versão de (a) com relevo sombreado, c)
Dados de intensidade LIDAR.

c. Intensidade LIDAR.

Leonard (2005) estabeleceu que no curso de uma única li­ Quando esses dados são codificados em cores (Prancha Co­
nha de voo a distância e o ângulo de incidência também têm lorida 10-1 d) e avaliados obliquamente (Prancha Colorida
efeitos sobre o valor da intensidade. Conforme o espelho de 10-le), fica claro que a intensidade dos retornos das árvores
varredura do LIDAR se movimenta do nadir para o limite é função de quanto os pulsos penetram no dossel. Tais infor­
do campo de visada, há um aumento proporcional da quan­ mações podem estar relacionadas às características biofísicas
tidade de energia refletida para fora da óptica do receptor. das árvores (p.ex., LAF ou LAI (índice de área foliar), por­
Por esse motivo, os valores de leitura de intensidade dimi­ centagem de fechamento do dossel, biomassa, área basal).
nuem quando se afasta do nadir. A distância do alvo é um
outro fator significativo na normalização da intensidade. Contornos
Distâncias menores significam maiores valores de intensida­
de devido à menor perda de sinal na atmosfera. Muitas vezes, é importante extrair os contornos (linhas de
igual elevação) dos DSMs ou DTM , para realçar diferenças
Atualmente, ainda não existe um guia completo de como sutis no terreno e para identificar depressões. Por exemplo,
interpretar imagens de intensidade de LIDAR. Fica eviden­ considere os terraços experimentais localizados em c na Fi­
te, no entanto, que essas imagens contêm uma grande quan­ gura 10-6b. Estas áreas foram alteradas especificamente para
tidade de informações. Por exemplo, considere a Prancha testar a efetividade de vários materiais usados para proteger
Colorida 10-1, que apresenta os dados de intensidade super­ substâncias perigosas em subsuperfície. Diversos tipos de
postos aos dados de elevação de último retorno de árvores barreiras de poliuretano impermeável foram colocados nes­
caducifólias, mostradas na localização b na Figura 10-6b. sas áreas e cobertos por argila, onde se plantou um tipo de
Princípios do LIDAR 349

Dados de LIDAR dos Terraços Experimentais tta Região do Rio Savannah

a. Elevação obtida pela ponderação pelo inverso da distância de primeiros retornos.

b. Versão de (a) com relevo sombreado.

Figura 10-8 a) Ponderação pelo inverso da distância aplicada aos dados de primeiro retorno. Note a presença de árvores nos terraços
experimentais e na floresta a leste, b) Versão de (a) com relevo sombreado.
350 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por LIDAR

Contornos Extraídos do Modelo Digital do Terreno de Superfície Desnuda dos Terraços Experimentais

a. Elevação da superfície desnuda obtida pela ponderação pelo inverso da distância.

b. Contornos (intervalo de 0,25m) derivados de (a) e superpostos em um modelo de (a) com relevo sombreado.

Figura 10-9 a) Elevação da superfície desnuda obtida pela ponderação pelo inverso da distância. N ote que as árvores foram removi­
das, quando comparada com a Figura 10-8. b) Os contornos com intervalo de 0,25m estão superpostos a uma versão
de (a) com o relevo sombreado.
Acurácia das Medidas de LIDAR 351

Tabela 10-2. Acurácia vertical dos dados de elevação obtidos pelo LIDAR em 10 de Outubro de 2004 para a Região
do Rio Savannah, usando a Geospatial Position Accuracy Standards Part 3: National Standard for Spatial
Data Accuracy (NSSDA) (FGDC, 1998).

A c u r á c ia v e rtic a l
N S S D A p a ra
N ú m e ro d e in te rv a lo d e
Sensor D a tu m D a tu m p o n to s d e RMSE c o n fia n ç a d e 9 5 %
F o rn e ce d o r L ID A R D a ta H o riz o n ta l U n id a d e V e rtic a l c o n tro le NSSDA (1 ,9 6 x R M S E )

Optech UTM
Sanborn, 10-10-
ALTM NAD 83 m NAVD88 95 6,6cm 12,9cm
Inc. 2004
2050 Zona 17

grama. As superfícies foram, então, submetidas aos processos situ, espalhados ao longo da área de estudo, usando-se uma
da natureza. Os dados de LIDAR de primeiro retorno dos técnica de alta precisão, como levantamento de estação to­
terraços experimentais, processados usando-se o IDW, são tal (total station surveying) ou GPS diferencial. Cada um
apresentados na Figura 10-8a. Uma versão com relevo som­ dos pontos de controle in situ é, então, localizado no DSM
breado do DSM IDW é mostrada na Figura 10-8b. Note ou DTM obtido dos dados de LIDAR. A informação ob­
que metade das árvores foram removidas na parte norte dos tida do LIDAR é, então, comparada com os valores de ele­
terraços experimentais, o que não ocorreu na região mais a vação e de localização do ponto de controle mais próximo.
leste. As porções onde as árvores foram removidas estavam Isto é feito para todos os pontos de controle. Então, os
cobertas por grama na época da aquisição dos dados. resultados são usados para calcular a acurácia horizontal
e vertical dos dados de LIDAR, que é expressa como erro
Os dados de LIDAR de último retorno foram filtrados quadrático médio (root mean squared error - RMSE).
usando-se os procedimentos automático e manual, para se
obter o DTM da superfície desnuda do terreno, mostrado Em 1998, o C om itê Federal de Dados Geográficos dos
na Figura 10-9a. Como esperado, quase todas as árvores pre­ EUA (Federal Geographic Data Comíttee - FGDC) pu­
sentes nos dados de primeiro retorno (Figura 10-8a) foram blicou o Geospatial Position Accuracy Standards Part 3:
removidas. A despeito de sua utilidade, não é possível extrair N ational Standard fo r Spatial Data Accuracy (NSSDA)
visualmente informação quantitativa sobre a natureza dos (FG D C , 1998). Este padrão substituiu o N ational
terraços experimentais, a partir do DTM mostrado na Fi­ Map Accuracy Standards (NMAS) dos EUA, publicado
gura 10-9a. É somente quando analisamos os contornos ou em 1947 pelo Office o f Management and Budget, e o
outras representações sintéticas 3D do DTM que é possível ASPRS (Americam Society fo r Photogrammetry and Re-
avaliar a natureza tridimensional dos terraços experimentais mote Sensing) Accuracy Standards fo r Large-Scale Maps,
e caracterizar depressões sutis, principalmente na porção publicado em 1990.
mais a leste. O intervalo do contorno foi de 0,25m.
O Padrão de Acurácia Geoespacial (Geospatial Accuracy
Acurácia das Medidas de LIDAR Standard) para a acurácia horizontal e vertical de produtos
espaciais da FGDC é baseado no cálculo do RMSE, onde
T> (Miller, 2004)

O LIDAR é uma tecnologia relativamente nova. Como tal,


há um ceticismo normal sobre a sua capacidade de fornecer ( 10- 6 )
informações sobre elevação x,y e z com a mesma precisão RMSE =
dos tradicionais levantamentos in situ e fotogrametria (p.ex.,
Baltsavias, 1999; McGlone, 2004). Felizmente, há padrões e A é a diferença entre a medida do ponto de controle in
de acurácia que podem ser usados para determinar, de forma situ e a medida obtida por sensoriamento remoto na mes­
imparcial, a acurácia dos produtos derivados de LIDAR. ma localização. O padrão recomenda que seja usado um
mínimo de 20 pontos de controle, i.e., n>20. Os pontos
Padrão de Acurácia Horizontal e Vertical NSSDA de controle devem ter uma acurácia substancialmente
maior do que a dos produtos obtidos por sensoriamento
remoto que estejam sendo avaliados.
Para determinar a acurácia de um modelo digital de super­
fície (DSM) ou de um modelo digital do terreno (DTM), A acurácia horizontal (i.e., erro padrão circular) com um
normalmente determinam-se pontos de controle x,y,z in nível de confiança de 95% é calculada usando-se
352 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por LIDAR

Localização dos Pontos de Controle para Determinar a Acurácia do LIDAR na Região do Rio Savannah

• •
: ■ / '
'■ % 'i

5 '■ •'*

• •

a. Pontos de controle sobre a área de manejo de materiais radioa­ b. Pontos de controle nos terraços experimentais.
tivos e químicos.

c. Relação Entre as Elevações Obtidas In Situ e as Derivadas dos Dados de


LIDAR para 95 Pontos de Controle na Região do Rio Savannah

/
- /

1/5
O
£
<u
93 00 -

Q? 00 _
y = 1,00 27x - 0,2 53
R 2 = 0,9 992
/
/ /

Js,
5 SP/”
#/#
r 91,00 -
C/5

72
-Q
O
lO
o
&
3
/
88 00 - ,j
/
87,00 z
87,00 88,00 89,00 90,00 91,00 92,00 93,00 94,00

Elevações derivadas dos dados de LIDAR (metros)


Figura 10-10 a) Localização dos pontos de controle na área de manejo de materiais radioativos e químicos de alta periculosidade. Esta área
é capeada por argila e coberta com gramínea. b) Localização dos pontos de controle nos terraços experimentais, c) Relação
estatística entre os 95 pontos de controle de elevação obtidos por GPS em levantamentos in situ e as elevações obtidas pelos
dados de LIDAR para as mesmas localizações, extraídas de um D TM de superfície desnuda, obtida com auxílio de uma rede
triangular irregular (TIN). As estatísticas sobre os níveis de acurácia pelo padrão de acurácia vertical dos dados espaciais da
NSSDA (National Standard for Spatial Data Accuracy) estão resumidos na Tabela 10-2.
Informações Sobre Vegetação Obtidas Pelo LIDAR 353

Horizontal = 2,4477 x 0,5 x (RMSEx + RMSEj). (10-7) caducifólia apresentaram erros médios de 27,6cm e 27,3cm,
respectivamente. Na média, a elevação obtida pelo LIDAR
A acurácia vertical com um nível de confiança de 95% é foi inferior à elevação verdadeira, independentemente do
calculada usando-se tipo de cobertura do solo. A diferença foi significativa, e atin­
giu até 23,6cm em área de densa cobertura por pinheiros.
Vertical = 1,96 x RMSE( (10-8)
Em outro estudo, coberturas menos densas de pinheiro
As equações 10-7 e 10-8 assumem uma distribuição nor­ apresentaram erros tão pequenos quanto os obtidos em
mal para os erros de z,y e z. A FEMA (Federal Emergency áreas pavimentadas e de gramados baixos (Hodgson e Bres-
Management Agency) descreveu, a partir desses critérios, nahan, 2004). A descoberta de que a cobertura do solo por
procedimentos detalhados para a caracterização dos níveis arbustos/cerrado e por vegetação decídua apresentam os
de acurácia, para seus parceiros no mapeamento de áreas mais altos erros, independentemente das condições de pre­
com risco de inundação (FEMA, 2004). sença/ausência de folhagem, parece ser consistente (p.ex.,
Hodgson et al., 2003ab; Hodgson e Brasnahan, 2004).
A acurácia vertical das elevações derivadas do LIDAR na Basicamente, o que parece ocorrer é que a cobertura mais
Região do Rio Savannah foi avaliada usando 95 pontos de densa de arbustos/cerrado e vegetação decídua impede que
controle (Tabela 10-2). A distribuição espacial dos pontos os pulsos de laser atinjam o solo, fazendo com que a eleva­
de controle na área submetida a manejo pela presença de ção da superfície seja obtida pela interpolação a partir dos
materiais radioativos e químicos de alta periculosidade, e poucos pulsos que alcançam a superfície do solo. Portanto,
nas áreas dos terraços experimentais é mostrada na Figu­ o DSM ou DTM resultantes podem conter erros.
ra 10-10a,b. A acurácia vertical dos dados de LIDAR, de
acordo com as especificações da NSSDA, foi de 12,9cm. Hodgson et al. (2005) observaram que nas pequenas varia­
Como esperado, os valores de elevação derivados do LI­ ções de declividade (0o a 10°) em sua área de estudo não
DAR foram altamente correlacionados com as medidas havia um aumento estatisticamente significativo no erro das
obtidas in situ pelo GPS (Figura 10-10c). elevações obtidas pelo LIDAR. No entanto, eles determina­
ram um aumento nos erros de declividade dos produtos deri­
Miller (2004) estabeleceu que as acurácias verticais do LIDAR vados do LIDAR com o aumento da declividade superficial,
variam, normalmente, entre 5 e 30cm. No entanto, este nível ficando, tipicamente, 2o abaixo da declividade verdadeira.
de acurácia mantém-se quando o terreno é escarpado? Ele
vale para qualquer tipo de cobertura do solo (p.ex., solo nu, Informações Sobre Vegetação Obtidas
gramínea, arbusto/cerrado, floresta, deserto, águas profundas Y Pelo LIDAR
ou rasas, gelo, neve, infraestrutura urbana)? Ao contrário dos
levantamentos fotogramétricos, o LIDAR pode ser usado
com sucesso durante as condições de vegetação com folha­ A capacidade da tecnologia de LIDAR de obter retornos,
gem? É necessário considerar algumas dessas questões. tanto da vegetação como da superfície do terreno, permi­
te a sua aplicação na medição de atributos da vegetação.
A Influência da Cobertura do Solo, da Declivldade e Weltz et al. (1994) usaram um sistema de LIDAR perfi-
das Condições de Presença/Ausência de Folhagem lômetro para mapear a altura da vegetação e a cobertura
na Acurácia da Elevação Obtida pelo LIDAR do dossel na bacia hidrográfica experimental de Walnut
Gulch, no Arizona. Este estudo demonstrou a capacida­
de do LIDAR para distinguir diferentes comunidades de
Muitos cientistas estão investigando os efeitos da cobertura vegetação e tipos de cobertura do solo. Nilson (1996) ava­
do solo, da declividade e das condições de presença/ausência liou a aplicabilidade do LIDAR para estimar o volume de
de folhagem sobre a acurácia dos dados de elevação obtidos madeira, como parte do Inventário Nacional de Florestas
por LIDAR. Hodgson et al. (2005) investigaram os efeitos da Suécia.
da cobertura do solo e da declividade, usando dados de ele­
vação de LIDAR em condições de ausência de folhagem, em Zimble et al. (2003) conseguiram extrair informações so­
uma bacia hidrográfica em uma região de sopé na Caroli- bre a estrutura vertical da floresta a partir de uma pequena
na do Norte. Foi obtida uma grade com pontos de controle célula de resolução de dados do LIDAR. Eles obtiveram
(1225) de elevação para sete diferentes classes de cobertura informações sobre a altura de árvores subtraindo o DTM
do solo. O erro da elevação dos dados do LIDAR, associado de superfície desnuda do DSM de primeiro retorno, i.e.,
com as sete classes de cobertura do solo, variou de l4,5cm DSM da altura da árvore = DSM de primeiro retorno -
no gramado baixo a 36,1 cm para as áreas densas de arbusto/ DTM da superfície desnuda.
cerrado. As elevações encontradas em florestas de pinheiro e
354 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por LIDAR

Elevação da Cidade de Nova York, NY, Obtida do LIDAR após 11 de Setembro de 2001

Figura 10-11 Vista em perspectiva da Cidade de Nova York, NY, após 11 de Setembro de 2001. O monte de entulho está associado com as Torres
Gêmeas do World Trade Center (Dados de LIDAR cortesia da EarthData International; Jensen e Hodgson, 2004; 2006).

É difícil estimar o conteúdo de carbono em uma floresta com • medição das características de elevação de infraestru-
moderada a alta biomassa utilizando sensores convencionais turas de transporte como rodovias, pontes e viadutos
ópticos ou de radar. Lefsky et al. (2005) compararam as re­ (NCRST, 2004);
lações entre as medidas de estruturas do dossel obtidas pelo • identificação das rotas ótimas para a implantação de
LIDAR e as obtidas no campo, em cinco áreas de floresta no vias de transporte, que requeiram um mínimo de cor­
noroeste dos Estados Unidos. Eles obtiveram valores de Coe­ tes e aterramentos (p.ex., Cowen et al., 2000); e
ficiente de Determinação (R2) de 81% e 92% para o IAF (ín­
dice de área foliar, ou LAI - leaf area index) e para a biomassa • na visualização do ambiente urbano (Queija et al., 2005).
acima da superfície do solo, respectivamente.
Os dados de elevação obtidos pelo LIDAR, antes e depois
Morris et al. (2005) usaram dados de LIDAR para caracte­ de um determinado evento, são especialmente úteis para
rizar a elevação do habitat de duas espécies de vegetação de calcular a quantidade de material escavado ou depositado
pântano salobro em North Inlet, SC. Aproximadamente em uma região (p.ex., Shrestha et al., 2005). Por exemplo,
80% da Spartina alterniflora ocorria dentro de um estreito informações de elevação obtidas pelo LIDAR foram usa­
intervalo de elevação variando de 0,22 a 0,48 lm acima do das para calcular o volume de entulho associado com as
nível do mar, enquanto que 80% do Juncus roemerianus Torres Gêmeas do World Trade Center na cidade de Nova
ocorria num intervalo de elevação de 0,296 —0,98lm. York (Figura 10-11) (Jensen e Hodgson, 2006).

Informações Sobre Áreas Urbanas O Futuro do Sensoriamento Remoto por LIDAR


Obtidas Pelo LIDAR

A tecnologia de sensoriamento remoto por LIDAR tem re­


As informações obtidas do LIDAR são frequentemente volucionado a obtenção de modelos digitais de superfície
utilizadas em aplicações urbanas, como: e modelos digitais do terreno. Os sensores de LIDAR ob­
têm centenas de milhares de pontos de coleta (masspoints)
• identificação da localização e elevação das linhas de por segundo, com acurácia das coordenadas x,y e z e sem
transmissão (Maune, 2001); a necessidade de aerotriangulação. A acurácia dos equipa­
mentos GPS e IMUs (unidades de medida inercial) a bordo
• obtenção da elevação precisa de edificações (p.ex., Ma, tem sido continuamente aperfeiçoada. O número de pulsos
2005); transmitidos por segundo continua a aumentar. O mesmo
vem acontecendo com a capacidade do equipamento de
medir a duração do pulso. Os sensores de LIDAR têm se
Referências 355

tornado mais acessíveis. Todos esses fatores resultam em um Hendrix, C., 1999, Parameterization o f LIDAR Interaction
contínuo aperfeiçoamento na obtenção de informações de with Vegetation Canopy in a Forested Environment, Columbia:
elevação derivadas do LIDAR. O LIDAR irá fornecer, no University of South Carolina, Masters Thesis, 150 p.
futuro, informações consideráveis sobre o dossel da vegeta­
ção (p.ex., IAF, biomassa). Ele será, também, extensivamen­ Hodgson, M.E. and P. Bresnahan, 2004, “Accuracy of
te usado para obter informações tridimensionais sobre infra- Airborne Lidar-Derived Elevation: Empirical Assessment
estrutura urbana (p.ex., tamanho e altura de edificações). Os and Error Budget,” Photogrammetric Engineering & Remote
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Sensoriamento Remoto da Vegetação

proximadamente 70% da superfície terrestre é recoberta com vegetação. Além

A disso, a vegetação é um dos mais importantes componentes dos ecossistemas.


Conhecimentos sobre variações de espécies e dos padrões de distribuição das co­
munidades vegetais, alterações dos ciclos fenológicos (crescimento), e modifica­
ções na fisiologia e na morfologia da planta proveem importantes informações
sobre as características climáticas, edáficas, geológicas e fisiográficas de uma área
(Weiers et al., 2004; Jackson e Jensen, 2005). Os cientistas têm empenhado sig­
nificativos esforços visando desenvolver sensores e algoritmos de processamento
visual e digital de imagens para extrair importantes informações biofísicas da ve­
getação a partir de dados de sensoriamento remoto (p.ex., Townshend e Justice,
2002). Muitas das técnicas de sensoriamento remoto são de natureza genérica e
podem ser aplicadas a uma variedade de paisagens vegetadas, incluindo:

• agricultura

• florestas

• pastagens nativas

• planícies de inundação

• vegetação urbana.

O presente capítulo introduz os conceitos fundamentais associados com ca­


racterísticas biofísicas da vegetação e como os dados de sensoriamento remo­
to podem ser processados para prover informações significativas sobre esses
parâmetros. Desta forma, são sumarizados alguns dos índices de vegetação
desenvolvidos para extrair informações biofísicas a partir de dados digitais de
sensores remotos. Várias das métricas usadas por ecologistas da vegetação para
extrair parâmetros informativos acerca dos polígonos de vegetação (forma, ta­
manho, etc.) usando dados de sensoriamento remoto são depois sumarizados.
Neste capítulo são fornecidos estudos de casos relacionados com agricultura,
planícies de inundação interiores e costeiras, além de biodiversidade.

Fundamentos sobre Fotossíntese

Petróleo e carvão fornecem mais de 90% da energia necessária para movimen­


tar automóveis, trens, caminhões, navios, aviões, fábricas e uma miríade de
equipamentos elétricos, como computadores e sistemas de comunicações. A
energia do petróleo e do carvão foi originalmente “capturada” do Sol por plan­
tas que existiram há milhões de anos e que depois foram transformadas em
combustíveis fósseis por forças geológicas. Portanto, a fotossíntese, ao menos
358 CAPITULO Sensoriamento Remoto da Vegetação

indiretamente, não é somente o principal meio de permi­ Características Espectrais da


tir o funcionamento normal da sociedade civilizada, mas J Vegetação
também o único meio de manter a vida —exceto para o
caso de algumas poucas bactérias que extraem sua energia
de sais sulfurados e de outros compostos inorgânicos. Este Uma folha verde sadia intercepta o fluxo radiante incidente
singular processo de fabricação fotossintética das plantas (<t>;) direto proveniente do Sol ou da radiação difusa espa­
verdes fornece matéria bruta, energia e oxigênio. Na fo- lhada sobre a folha. Esta energia eletromagnética interage
tossíntese, a energia do Sol é aproveitada e acumulada em com os pigmentos, água e espaços intercelulares internos à
moléculas simples de açúcar feitas a partir de água e de folha vegetal. A quantidade de fluxo radiante refletido da
dióxido de carbono (CO,) com o auxílio da clorofila. O folha (®p), a quantidade de fluxo radiante absorvido pela
oxigênio é gerado como subproduto do processo. folha (® ) e a quantidade de fluxo radiante transmitido
através da folha (® ) podem ser cuidadosamente medidos
O naturalista Joseph Priestly descobriu em 1772 que, ao co­ se aplicarmos a equação do balanço de energia e continuar­
locar uma vela sob uma redoma de cristal ela se apagava mos acompanhando o que acontece com toda a energia in­
rapidamente, muito antes de consumir toda a cera. Também cidente. A equação geral para a interação do fluxo radiante
observou que um rato morria se deixado sob o mesmo reci­ espectral (X) sobre e dentro da folha é:
piente. Ele acreditava que o ar ficava danificado pela vela e
pelo rato, mas que poderia ser restaurado pela colocação de O = o +o + <I> (11-2)
't Pt «t *t
uma planta sob a redoma. Jan Ingen-Housz continuou os ex­
perimentos de Priestly e descobriu em 1788 que a influência Dividindo cada uma das variáveis pelo fluxo radiante inci-
da luz solar sobre a planta poderia causar o salvamento do dente original, ® ,:
rato em poucas horas. Em 1796 o pastor francês Jean Sene-
bier descobriu que o ar danificado na redoma era o dióxido O ® ® ®
_'i_ ___ px +__^t +__^t (11-3)
de carbono (C 0 2), o qual era absorvido pelas plantas. Final­ O o ® O
't 't 't 't
mente, Theodore de Saussure demonstrou que o aumento na
massa da planta à medida em que ela cresce era devido não Obtém-se:
somente à absorção de C 0 2, mas também de água (H ,0).
No início do século vinte, cientistas descobriram que o oxi­ h = Pt + a t + Tt (11-4)
gênio da fotossíntese provinha da água. De fato, a energia da
luz ao entrar na planta quebra a água em oxigênio e hidrogê­ onde px é a reflectância hemisférica espectral da folha, a ?
nio. O processo fotossintético é descrito pela equação: é a absortância hemisférica espectral e t ; é a transmitância
hemisférica espectral pela folha. Muitos sistemas de senso­
6 CO, + 6 / / ,O + energia solar —» C(H n Ob + 6 0 , (11-1) riamento remoto funcionam na região de 0,35 a 3,0 pm
medindo principalmente a energia refletida. Portanto, é
A fotossíntese é um processo de armazenamento de energia também útil a relação
que ocorre em folhas e em outras partes verdes das plan­
tas na presença de luz. A energia luminosa é armazenada Pt = K ' («X+ O 1-5)
numa molécula de açúcar simples (glucose), que é produ­
zida a partir do dióxido de carbono (C 0 2) existente no ar, onde a energia refletida da superfície foliar da planta é igual
e da água (H ,0 ) absorvida pela planta, principalmente por à energia incidente menos a energia absorvida diretamente
meio do sistema radicular. Quando o dióxido de carbono para a fotossíntese ou para outros processos e a quantidade
e a água são combinados e formam a molécula de açúcar de energia transmitida diretamente através da folha em di­
(C6H 120 6) em um cloroplasto, o gás oxigênio ( 0 2) é libera­ reção a outras folhas ou ao substrato debaixo do dossel.
do como um subproduto. O oxigênio difunde-se na atmos­
fera. O processo fotossintético começa quando a luz solar Principais Fatores que Controlam a
atinge os cloroplastos, pequenos corpos existentes nas folhas, Reflectância Foliar
os quais contêm uma substância verde chamada clorofila.

As plantas adaptaram sua estrutura interna e externa para Trabalhos pioneiros de Gates et al. (1965), Gausmann et
realizar a fotossíntese. Esta estrutura e suas interações al. (1969), Myers (1970) e outros demonstraram a impor­
com a energia eletromagnética têm um impacto direto na tância do entendimento sobre como os pigmentos foliares,
forma como as folhas e os dosséis vegetais aparecem es­ os espalhamentos internos e o conteúdo interno de umi­
pectralmente quando registrados usando instrumentos de dade afetam as propriedades de reflectância e de transmi­
sensoriamento remoto. tância das folhas (Peterson e Running, 1989). Os fatores
Características Espectrais da Vegetação 359

Características Espectrais da Vegetação Verde Sadia


Fatores
Pigmentos foliares
Dominantes
do mesófilo paliçá-
Controladores
da Reflectância dico: clorofilas d e Espalhamento no
_b \ P-caroteno, etc. mesófilo esponjoso Conteúdo de água foliar
Foliar
i*-------- ► h-------------- ► h —

3
00
3
pi
o
>
3
o

Visível Infravermelho refletido


!*«- -► K
Infravermelho Infravermelho Médio
Próximo
Figura 11-1 Reflectância espectral característica da folha vegetal verde sadia, para o intervalo de comprimentos de onda entre 0,4 e 2,6
pm. Os fatores dominantes que controlam a reflectância foliar são os vários pigmentos foliares existentes no mesófilo pali-
çádico (por exemplo, as clorofilas a e b, e o fl-caroteno), o espalhamento da energia infravermelha no mesófilo esponjoso e
a quantidade de umidade na planta. As principais bandas de absorção pela clorofila ocorrem em 0,43 - 0,45 pm e em 0,65
- 0,66 pm na região do visível. As principais bandas de absorção pela água ocorrem em 0,97; 1,19; 1,45; 1,94 e 2,7 pm.

dominantes que controlam a reflectância foliar na região O dióxido de carbono do ar e a água fornecida através das
entre 0,35 e 2,6 pm estão sumarizados na Figura 11-1. raízes representam as matérias-primas fundamentais da fo­
tossíntese. A luz solar provê a irradiância (E.) que fornece
Interação da Luz Visível com os Pigmentos nas Células a energia para a fotossíntese.
do Mesófilo Paliçádico
A folha é o órgão fotossintetizante por excelência. Um corte
O processo de geração de alimento via fotossíntese determi­ transversal de uma folha verde típica é mostrado na Figura
na como uma folha ou um dossel vegetal de fato aparecem 11-2. A estrutura celular das folhas é bastante variável, de­
radiometricamente em imagens de sensoriamento remoto. pendendo da espécie e das condições ambientais durante o
Uma folha sadia necessita de três coisas para gerar alimento: crescimento. O dióxido de carbono entra na folha, prove­
niente da atmosfera, através de minúsculos poros chamados ,
• dióxido de carbono (CO,) os quais estão localizados principalmente na epiderme infe­
rior. Cada estômato é circundado pelas células-guardas que se
• água (H 20 ) incham ou se contraem. Quando elas incham, os poros dos
estômatos abrem-se e permitem que o dióxido de carbono
• irradiância (_£) medida em W m 2. entre na folha. Uma folha de girassol típica possui cerca de
360 CAPITULO Sensoriamento Remoto da Vegetação

Corte Transversal de uma Folha Hipotética


Epiderme
Cutícula Célula do mesófilo
paliçádico Floema Xilema

Cloroplastos

Epiderme Estômato mesófilo


inferior esponjoso
Corte Transversal de uma Folha Real

Espaço de ar Célula do mesófilo


intercelular esponjoso
Figura 11-2 a) Secção transversal de uma folha verde típica hipotética, mostrando tanto o topo como a parte inferior da folha. Os
pigmentos foliares nas células do parênquima paliçádico têm um impacto significativo na absorção e na reflectância da luz
visível (azul, verde e vermelho), enquanto que as células do mesófilo esponjoso têm um impacto significativo na absorção e
na reflectância da energia infravermelha incidente; b) Imagem de microscópio eletrônico de uma folha verde.

2 milhões de estômatos, mas eles perfazem apenas um por pouca luz (Philpott, 1971). A espessura desta superfície
cento da superfície foliar. Usualmente, há mais estômatos na é variável (aproximadamente 3 - 5 pm), sendo que as di­
parte inferior da folha; entretanto, em algumas folhas os es­ mensões das células giram em torno de 18 x 15 x 20 pm.
tômatos podem estar equilibradamente distribuídos tanto na Trata-se de um material graxo e translúcido similar à cutí­
epiderme inferior quanto na epiderme superior. cula das unhas dos dedos humanos. As folhas de muitas
plantas de ambientes claros possuem uma fina cutícula
As células da camada externa da epiderme superior possuem que pode filtrar parte da luz e proteger contra excessivas
uma superfície cuticular que difunde mas reflete muito perdas de umidade. Por outro lado, algumas plantas como
Características Espectrais da Vegetação 361

samambaias e alguns arbustos em sub-bosques de florestas uma planta verde típica que absorvem preferencialmente
precisam sobreviver em condições sombreadas. As folhas comprimentos de onda da região espectral do visível (0,35 -
de muitas destas plantas apresentam uma cutícula mais 0,70 pm) são denominadas pigmentos. Um espectro de absor­
fina, de tal forma que a planta possa coletar tanto quanto ção para um pigmento específico descreve os comprimentos
possível a luz difusa que ali chega para a fotossíntese. de onda nos quais este pigmento pode absorver luz e entrar
em estado de excitação. A Figura 1 l-3a apresenta o espectro
Muitas folhas sob luz solar direta apresentam pêlos tanto de absorção de pigmentos puros de clorofila em solução. A
na epiderme superior como na inferior, tornando-as difu­ clorofila « e a clorofila b são os mais importantes pigmentos
sas. Esses pêlos podem ser benéficos, pois reduzem a inten­ vegetais absorvedores da luz azul e luz vermelha: a clorofila
sidade da luz solar direta na planta. Não obstante, grande a nos comprimentos de onda 0,43 e 0,66 pm, e a clorofila b
parte da energia visível e infravermelha é transmitida atra­ nos comprimentos de onda 0,45 e 0,65 pm (Farabee, 1997).
vés da cutícula e da epiderme superior chegando às células Uma relativa diminuição de absorção entre as duas citadas
do mesófilo do parênquima paliçádico e do mesófilo do bandas de absorção produz um decréscimo na eficiência de
parênquima lacunoso, abaixo. absorção em aproximadamente 0,54 pm, na porção verde
do espectro eletromagnético (Figura 1 l-3a). Dessa forma, é
A fotossíntese ocorre dentro da folha verde típica em dois a menor absorção da luz verde (em comparação com a da
tipos de células produtoras de alimentos - as células do me­ luz azul e com a da luz vermelha) que faz com que as folhas
sófilo dos parênquimas paliçádico e lacunoso. Muitas folhas verdes sadias pareçam verdes aos nossos olhos.
apresentam uma camada distinta de células longas do pa­
rênquima paliçádico na parte superior do mesófilo, ao passo Há outros pigmentos presentes nas células do mesófilo
que, no mesófilo inferior (ou parênquima lacunoso), as célu­ paliçádico, os quais ficam normalmente mascarados pela
las são mais irregulares e folgadamente dispostas. As células maior abundância das clorofilas. Por exemplo, há os caro-
paliçádicas tendem a se formar na porção do mesófilo mais tenos amarelos e as xantofilas amarelo-claras, que absorvem
próximo do lado por onde a luz entra na folha. Em várias fo­ principalmente na região do azul. Espectros de absorção do
lhas horizontais (também chamadas planófilas), as células pa­ P-caroteno são mostrados na Figura 11 -3b, destacando-se
liçádicas estarão na porção superior, mas em folhas mais ver­ uma forte banda de absorção centrada em 0,45 pm. Os
ticais (as erectófilas), as células paliçádicas podem formar-se pigmentos ficoeritrina podem também estar presentes nas
em ambos os lados. Em algumas folhas as células paliçádicas folhas, e absorvem predominantemente na região centra­
alongadas estão inteiramente ausentes e somente as células da no verde (aproximadamente em 0,55 pm) permitindo
do parênquima lacunoso existirão dentro do mesófilo. que a luz azul e a vermelha sejam refletidas. A ficocianina
absorve principalmente nas regiões do verde e do verme­
A estrutura celular da folha é grande em relação aos com­ lho centradas em 0,62 pm, permitindo que grande parte
primentos de onda da luz que interage com ela. As células do azul e uma parte da luz verde (ou seja, combinando
paliçádicas têm tipicamente 15 x 15 x 60 pm, enquanto estas duas cores gera-se a cor ciano) sejam refletidas. (Fi­
que as do parênquima lacunoso são menores. As células gura 11 -3b). Dado que as clorofilas a e b também estão
vegetais do parênquima lacunoso do mesófilo contêm clo- presentes e têm bandas de absorção similares nesta região
roplastos com pigmentos de clorofila. do azul, elas tendem a dominar e mascaram o efeito dos
outros pigmentos presentes. Quando uma planta atinge
Geralmente os cloroplastos têm 5 - 8 pm de diâmetro e cer­ a senescência ou é afetada por estresse, os pigmentos de
ca de 1 pm de espessura. Em média 50 cloroplastos podem clorofila podem desaparecer, permitindo que os carotenos
estar presentes em cada célula. Dentro dos cloroplastos estão e outros pigmentos tornem-se dominantes. Por exemplo,
os longos e delgados filamentos dos grana (não mostrados), no outono, cessa a produção de clorofila, fazendo com que
no interior dos quais a clorofila (aproximadamente 0,5 pm a coloração amarela dos carotenos e de outros pigmentos
de comprimento por 0,05 pm de diâmetro) está localizada. específicos na folhagem arbórea tornem-se mais visíveis
Geralmente os cloroplastos são mais abundantes na parte aos nossos olhos. Além disso, algumas árvores produzem
superior da folha, nas células paliçádicas, o que explica a grandes quantidades de antocianina no outono, fazendo
aparência verde mais escura da superfície superior da folha com que suas folhas fiquem vermelho-brilhantes.
quando comparada com a superfície inferior, mais clara.
As duas regiões espectrais ótimas para observar as caracte­
Quando atingida por uma onda ou fóton de luz, uma mo­ rísticas de absorção da clorofila de uma folha são localizadas
lécula reflete parte da energia ou pode absorvê-la, e assim em 0,45 - 0,52 pm e em 0,63 - 0,69 pm (Figura 1 l-3a).
ficar num estado de maior energia ou excitada (conforme A primeira delas é caracterizada por uma forte absorção
o Capítulo 2). Cada molécula absorve ou reflete seus com­ causada pelos carotenóides e pelas clorofilas, enquanto
primentos de onda luminosos específicos. As moléculas de que a outra é caracterizada por forte absorção da clorofila.
362 CAPITULO Sensoriamento Remoto da Vegetação

0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5 0,55 0,6 0,65 0,7 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5 0,55 0,6 0,65 0,7
violeta azul verde amarelo vermelho violeta azul verde amarelo vermelho
Comprimento de onda, pm Comprimento de onda, pm
a. b.
Figura 11-3 a) Espectros de absorção dos pigmentos clorofila a e clorofila b. As clorofilas a e b da folha vegetal absorvem grande parte da
energia azul e da vermelha incidentes, b) Espectros de absorção do fl-caroteno, que absorve principalmente no azul. Outros
pigmentos encontráveis nas folhas vegetais incluem a ficoeritrina, que absorve preferencialmente a luz verde, e a ficocianina,
que absorve principalmente a luz verde e a luz vermelha (conforme Farabee, 1997).

O sensoriamento remoto da absorção por clorofila num condições de laboratório medindo a quantidade de energia
dossel vegetal representa uma variável biofísica fundamen­ refletida pela superfície foliar (ou seja, o alvo) dividida pela
tal útil para vários tipos de pesquisas biogeográficas. As quantidade de energia refletida por uma placa de referên­
características de absorção dos dosséis vegetais podem ser cia de Spectralon®, da seguinte forma: (reflectância (%)
associadas a outros dados de sensoriamento remoto para = [ alvo / referência ] x 100). Em seguida, os valores de
identificar estresse, produtividade e outras variáveis hí­ reflectância para cada folha, entre 400 e 1050 nm, foram
bridas da vegetação. Desta forma, muitos estudos de sen­ plotados em um gráfico (Prancha Colorida 11-le).
soriamento remoto estão focalizados no monitoramento
do que acontece com a radiação fotossinteticamente ativa A folha verde (Prancha Colorida 11 -1 a) ainda estava fotos-
(PAR) quando ela interage com as folhas individuais e/ sintetizando e, desta forma, produziu uma curva espectral
ou com o dossel vegetal. O uso de espectrômetros ima- típica de vegetação verde sadia, com fortes bandas de ab­
geadores de alta resolução espectral é particularmente útil sorção devidas à clorofila nas regiões do azul e do vermelho
para medir as características de absorção e a reflectância da (aproximadamente 6% de reflectância em 450 nm e 5%
radiação fotossinteticamente ativa. em 650 nm, respectivamente), além de um pico de reflec­
tância no verde (11% em 550 nm). Na região do infraver­
Visando demonstrar estes princípios, consideremos as ca­ melho próximo (em 900 nm), aproximadamente 76% do
racterísticas de reflectância espectral de quatro diferentes fluxo radiante incidente foi refletido pela folha.
folhas obtidas de uma mesma árvore sadia de Liquidambar
(Liquidambar styraciflua L.) em 11 de novembro de 1998, A folha amarela (Prancha Colorida 11-lb) estava em pro­
em Columbia, SC (Prancha Colorida 11-1). A folha ver­ cesso de senescência e, desta forma, à medida que a influ­
de (a), a folha amarela (b), e a folha vermelha (c) estavam ência da clorofila diminuiu, maiores quantidades de luz
ainda na árvore no momento da coleta dos dados. A folha verde (24% em 550 nm) e vermelha (32% em 650 nm)
marrom escura (d) foi coletada do chão debaixo da árvore. foram refletidas, resultando na sua aparência amarelada.
Em 750 nm a folha amarela refletiu menos fluxo radian­
Um espectrorradiômetro portátil GER 1500 (Geophysi- te no infravermelho próximo do que a folha verde sadia.
cal & Environmental Research, Inc.) foi usado para fazer Entretanto, a reflectância no infravermelho próximo, em
medições de reflectância espectral de cada uma das citadas 900 nm, foi de aproximadamente 76%; portanto, muito
folhas vegetais. O espectrorradiômetro obteve medidas da similar à da folha verde sadia.
reflectância espectral em 512 bandas nas regiões do ultra­
violeta, azul, verde, vermelho e infravermelho próximo, de A folha vermelha (Prancha Colorida 11-lc) refletiu cerca
350 a 1050 nm. A reflectância percentual foi obtida em de 7% no azul (em 450 nm), 6% no verde (em 550 nm) e
Características Espectrais da Vegetação 363

23% no vermelho (em 650 nm), sendo que, no infraver­ com um filme infravermelho colorido, além de um filtro
melho próximo, a reflectância caiu para 70%. adequado (um filtro chamado “band-pass”, ou seja, que per­
mita a passagem de determinados comprimentos de onda,
A folha marrom escura (Prancha Colorida 11-1 d) produ­ impedindo outros), pode ser usada para fazer sensoriamento
ziu uma curva de reflectância espectral com baixo valor no remoto e obter diferenças de reflectância espectral causadas
azul (7% em 450 nm), no verde (9% em 550 nm) e no por variações dos pigmentos normalmente presentes nas cé­
vermelho (10% em 650 nm) e, assim, esta combinação lulas do parênquima paliçádico do mesófilo de folhas vege­
produziu a aparência marrom escura. A reflectância no in­ tais típicas. Entretanto, para detectar diferenças espectrais
fravermelho próximo caiu para 44% em 900 nm. muito sutis nas bandas espectralmente estreitas sugeridas
por Cibula e Carter (1992) e Carter et al. (1996), pode ser
E importante entender a fisiologia das plantas em análise necessário o uso de um espectrorradiômetro imageador de
e especialmente as suas características de pigmentação, de alta resolução espectral, cujas bandas sejam muito estreitas.
tal forma que possamos ponderar como uma planta típi­
ca aparecerá quando a absorção pela clorofila começa a di­ Interação da Energia do Infravermelho Próximo com
minuir, seja pela senescência ou por algum tipo de estresse as Células do Mesófilo Lacunoso
ambiental. Como foi mostrado anteriormente, quando uma
planta está sob estresse e/ou a produção de clorofila dimi­ Numa folha verde sadia típica, a reflectância no infraverme­
nui, a falta de clorofila faz com que a planta absorva menor lho próximo aumenta muito na região entre 700 e 1200 nm.
quantidade de energia nas respectivas bandas de absorção Por exemplo, no caso mostrado anteriormente, a folha verde
da clorofila. Estas plantas terão uma reflectância bem maior, sadia refletia aproximadamente 76% da energia incidente
principalmente no verde e no vermelho do espectro, fazen­ no infravermelho próximo (em 900 nm). As folhas verdes
do com que pareçam amareladas ou cloróticas. De fato, Car- sadias absorvem energia radiante muito eficientemente nas
ter (1993) sugere que o aumento da reflectância no visível é porções do azul e do vermelho, que são regiões espectrais
a mais consistente resposta da reflectância foliar ao estresse. necessárias para a fotossíntese. Porém, imediatamente após
A reflectância no infravermelho é um indicador consistente a banda de absorção do vermelho causada pela clorofila, por
do estresse somente quando ocorre severa desidratação foliar que a transmitância e a reflectância das folhas vegetais au­
(a ser demonstrado logo à frente). mentam tanto, fazendo com que a absortância caia a valores
tão baixos (Figura 11-1)? É interessante enfatizar que este
Tratando-se de reflectância espectral foliar, as regiões espec­ fenômeno acontece em todo o intervalo do infravermelho
trais da região visível mais sensíveis a estresse localizam-se nos próximo onde a luz solar direta incidente sobre as plantas
intervalos de 535 a 640 nm e de 685 a 700 nm. Valores au­ tem o maior volume de energia. Se as plantas absorvessem
mentados de reflectância nas proximidades de 700 nm repre­ esta energia com a mesma eficiência que acontece no visível,
sentam o que frequentemente é chamado de “deslocamento elas poderiam esquentar muito e, desta forma, as proteínas
da borda vermelha para o azul” (em inglês, “blue shift of the poderíam ser irreversivelmente danificadas. Assim, as plan­
red edge”). Trata-se do deslocamento, em direção aos meno­ tas desenvolveram uma adaptação, de tal forma que elas não
res comprimentos de onda, da curva de transição vermelho/ usam esta grande quantidade de energia do infravermelho
infravermelho próximo em vegetação estressada, quando é próximo, simplesmente refletindo-a ou transmitindo-a para
feita a plotagem num gráfico reflectância x comprimento de as camadas inferiores de folhas ou para o solo.
onda (Cibula e Carter, 1992). O deslocamento em direção
aos menores comprimentos de onda na região entre 650 e Numa folha verde, a camada correspondente ao mesófilo
700 nm é particularmente evidente para as curvas de reflec­ esponjoso controla a quantidade de energia do infraver­
tância amarela e vermelha mostradas na Prancha Colorida melho próximo que será refletida. O mesófilo esponjoso
11-le. O sensoriamento remoto nestes intervalos espectral­ localiza-se, tipicamente, abaixo do mesófilo paliçádico e
mente estreitos pode fornecer um meio muito importante é composto de muitas células e espaços de ar intercelular,
para detectar estresses não somente para folhas individuais como é mostrado na Figura 11-2. É aqui que as trocas de
como para plantas inteiras e até mesmo para dosséis vegetais oxigênio e de dióxido de carbono ocorrem durante a fo­
densos (Carter, 1993; Carter et al., 1996). tossíntese e a respiração. Na região do infravermelho pró­
ximo, a vegetação verde sadia é geralmente caracterizada
O filme colorido normal é sensível às energias no azul, no por uma alta reflectância (40 —60%), alta transmitância
verde e no vermelho. O filme infravermelho colorido é sen­ (40 —60%) e relativamente baixa absortância (5 — 10%).
sível às energias no verde, no vermelho e no infravermelho Observe que os espectros de reflectância e de transmitância
próximo, em função da presença de um filtro amarelo (ou da folha verde sadia ao longo do visível e do infravermelho
anti-azul) (verificar no Capítulo 4). Desta forma, mesmo próximo são praticamente um espelho um do outro, como
a mais simples câmera com um filme colorido normal ou é mostrado na Figura 11-4 (Walter-Shea e Biehl, 1990).
364 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Vegetação

Absorção, Reflectância e Transmitância de Capim Andropogon (Andropogon gerardit)

Comprimento de onda, pm

Figura 11-4 Características de reflectância, transmitância e absortância hemisféricas de superfícies foliares adaxiais (ou seja, as faces supe­
riores ou ventrais) da gramínea capim andropogon obtidas com o uso de um espectrorradiômetro de laboratório. As curvas de
reflectância e de transmitância são quase espelhos uma da outra, ao longo das porções do visível e do infravermelho próximo.
No azul e no vermelho as clorofilas absorvem grande parte da energia incidente na porção visível do espectro (0,4 - 0,7 pm)
(conforme Walter-Shea e Biehl, 1990). Espectrômetros imageadores, como o AVIR1S, são capazes de identificar pequenas
mudanças nas características de absorção e de reflexão das plantas porque estes sensores podem ter canais separados por
apenas 10 nm, ou seja, seriam possíveis 10 bandas na região entre 0,6 e 0,7 pm (600 a 700 nm).

A alta reflectância difusa da energia do infravermelho pró­ Este fenômeno é chamado de reflectância foliar aditiva.
ximo (0,7 —1,2 pm) é devida ao espalhamento interno cau­ Considere, por exemplo, as características de reflectância
sado pelas interfaces paredes celulares!ar de dentro da folha e de transmitância de um hipotético dossel vegetal de duas
(Gausmann et al., 1969; Peterson e Running, 1989). Existe camadas de folhas, como o mostrado na Figura 11-5. As­
uma banda de absorção causada pelo vapor d ’água localiza­ suma que a folha 1 reflete 50% da energia do infraverme­
da em 0,92 - 0,98 pm; consequentemente, a região espec­ lho próximo para a atmosfera e que os restantes 50% desta
tral ótima para o sensoriamento no infravermelho próximo energia são transmitidos através da folha 1, para a folha 2.
é indicada como sendo em 0,74 - 0,90 pm (Tucker, 1978). Esta energia transmitida incide então na folha 2, onde 50%
são novamente transmitidos (ou seja, 25% do fluxo original
As principais razões pelas quais os dosséis de plantas sadias incidente) e 50% são refletidos. Esta energia refletida passa
refletem tanto no infravermelho próximo são as seguintes; então pela folha 1, que permite que metade desta energia
(ou 12,5% do fluxo original) seja transmitida e metade seja
• a folha já reflete de 40 a 60% da energia do infraverme­ refletida. Assim, a energia total resultante deixando a folha
lho próximo incidente devido ao mesófilo esponjoso 1, neste exemplo de um dossel hipotético de duas camadas
(Figura 11-4), e• de folhas, é 62,5% do fluxo original incidente. Portanto,
quanto maior o número de camadas de folhas num dossel
• os restantes 45 a 50% da energia penetram (ou seja, são maduro e sadio, teoricamente maior a reflectância no in­
transmitidos) na folha e podem ser refletidos uma vez fravermelho próximo. Por outro lado, se o dossel for com­
mais pelas folhas abaixo. posto por somente uma camada de folhas esparsas, então a
Características Espectrais da Vegetação 365

Reflectância Aditiva da Folha 1- e da Folha 2


R,+ r 3= 5/8 O. = 62,5%

Fluxo radiante Fluxo radiante

Figura 11-5 Um exemplo hipotético de reflectância aditiva de um dossel com duas camadas foliares. Cinquenta por cento do fluxo
radiante incidente (tt>.) na folha 1 são refletidos (R,), e os outros 50% são transmitidos para a folha 2 (T ^. Cinquenta por
cento do fluxo radiante incidente sobre a folha 2 são transmitidos através da folha 2 (T ); os outros 50% são refletidos em
direção à base da folha 1 (R2). Cinquenta por cento da energia incidente na base da folha 1 são transmitidos através dela
(T ), enquanto que os remanescentes 50% (R() são refletidos em direção à folha 2 novamente. Neste ponto, uma reflectância
adicional de 12,5% (1/8) foi acrescentada pela folha 2, elevando o fluxo radiante refletido total para 62,5%. Entretanto, para
ser mais preciso, seria necessário considerar também a quantidade de energia refletida pela base da folha 1 (R4) sobre a folha
2, a quantidade refletida pela folha 2 (R4) e, finalmente, transmitida através da folha 1 mais uma vez (T5), sendo que este
processo poderia ser continuado mais ainda.

reflectância no infravermelho próximo não será tão grande valores muito maiores de reflectância na região do infra­
como no dossel hipotético acima citado, porque a energia vermelho próximo (como será mostrado proximamente).
que é transmitida através da camada de folhas pode ser ab­
sorvida pela cobertura do solo abaixo dela. Pesquisadores têm demonstrado desde os anos 1960 que
existe uma relação direta entre resposta no infravermelho
Mudanças nas propriedades espectrais no infravermelho próximo e variáveis relacionadas com biomassa. Por outro
próximo da vegetação verde sadia podem fornecer in­ lado, também tem sido demonstrado que existe uma relação
formações sobre questões de senescência e/ou de estresse inversa entre a resposta no visível, particularmente no ver­
das plantas. Considere, por exemplo, as quatro folhas e melho, e variáveis relacionadas com a biomassa das plantas.
suas características espectrais de reflectância mostradas na A melhor maneira de verificar isso é plotar num gráfico x-y
Prancha Colorida 11-1. A folha verde fotossintetizante (a) todos os pixels de uma cena típica de sensoriamento remo­
exibiu forte absorção clorofiliana nas regiões do azul e do to, considerando as reflectâncias nas bandas do vermelho
vermelho, um esperado aumento de reflectância no verde e do infravermelho próximo. A Figura 1 l-6a, por exemplo,
e aproximadamente 76% de reflectância no infravermelho mostra, no espaço multiespectral de atributos do vermelho
próximo. Num determinado ponto, a reflectância no in­ e do infravermelho próximo, onde localizam-se aproxima­
fravermelho próximo diminuiu à medida que as folhas se- damente 10.000 pixels de uma cena agrícola típica (ou seja,
nesceram (b - d). Entretanto, se as folhas tivessem secado dentro da área cinza). Os campos de solos expostos secos
significativamente durante a senescência, seria de esperar e de solos expostos úmidos, presentes nesta mesma cena,
366 CAPITULO 11 Sensoriamento Remoto da Vegetação

Distribuição de Pixels no Trajetória de um Pixel no


Grande
Espaço Espectral Vermelho x Grande fechamento Espaço Espectral Vermelho
fechamento
Infravermelho Próximo do dossel (muita x Infravermelho Próximo
(do dossel (alta
biomassa) Durante o Ciclo
biomassa)
Fenológico da Vegetação
Quase adulto
Fechamento
intermediário do
dossel (média
biomassa) Solo exposto Solo exposto
o
_c

Vegetação colhida:
nenhuma vegetação
<u presente, solo seco
cn

antio: nenhuma
Solo exposto Solo exposto vegetação presente
úmido úmido (solo úmido)

Reflectância no Vermelho Reflectância no Vermelho


a. b.
Figura 11-6 a) A distribuição de todos os pixels em uma cena, no espaço multiespectral do vermelho x infravermelho próximo, é vista
na área sombreada. Campos de solos expostos úmidos ou molhados localizam-se ao longo da linha-do-solo. Q uanto maior a
biomassa e/ou o fechamento do dossel, maior o valor de reflectância no infravermelho próximo e menor no vermelho. Esta
condição move a localização espectral do pixel na direção perpendicular que se afasta da linha-do-solo. b) A migração de um
pixel de vegetação agrícola no espaço vermelho x infravermelho próximo ao longo do ciclo fenológico é mostrada. Após a
emergência das plantas, há um afastamento da linha-do-solo até atingir o completo fechamento do dossel. Após a colheita,
o pixel será encontrado sobre a linha-do-solo novamente, mas agora num local correspondente a condições mais secas.

localizam-se em lados opostos da linha-do-solo. Isto significa solos expostos úmidos da linha-do-solo, com baixos valores
que um solo exposto úmido tem valores muito baixos de de reflectância no vermelho e no infravermelho próximo.
reflectância, tanto no vermelho quanto no infravermelho Assim que a cultura começa a emergir, tal pixel começa a
próximo. Inversamente, uma área de solo exposto seco pro­ afastar-se progressivamente da linha-do-solo, até atingir o
vavelmente terá altos valores de reflectância, tanto no verme­ completo fechamento do dossel, quando o fluxo radiante
lho quanto no infravermelho próximo. A medida que um no infravermelho próximo torna-se máximo e a reflectância
dossel vegetal se desenvolve, a sua reflectância vai aumen­ no vermelho atinge seu ponto mínimo. Após a colheita, o
tando no infravermelho próximo, enquanto que sua vege­ pixel deverá voltar novamente para a linha-do-solo, porém
tação vai absorvendo cada vez mais no vermelho em função numa posição correspondente a condições mais secas.
do aumento na fotossíntese. Isto faz com que a reflectância
espectral do pixel mova-se numa direção perpendicular em O tipo de comportamento acima relatado para a reflectân­
relação à linha-do-solo. À medida que a biomassa aumenta cia no vermelho e no infravermelho próximo, em relação
e que a cobertura do dossel vegetal aumenta, a localização ao desenvolvimento dos dosséis vegetais, levou ao desen­
dos pixels correspondentes a esta parcela agrícola no espa­ volvimento de numerosos índices de vegetação e de técni­
ço de atributos vermelho x infravermelho próximo move-se cas de estimação da biomassa que utilizam diversos tipos
para regiões cada vez mais distantes da linha-do-solo. de parâmetros envolvendo o vermelho e o infravermelho
próximo (p.ex., Richardson e Everitt, 1992; Lyon et al.,
A Figura 11-6b mostra o comportamento de um pixel de 1998). O resultado é uma combinação linear que pode ser
uma área agrícola no espaço espectral vermelho x infraver­ mais bem correlacionada com biomassa do que o valor do
melho próximo, durante um ciclo fenológico típico. Se esta vermelho ou o do infravermelho próximo isoladamente.
área foi preparada adequadamente, no começo do ciclo o Diversos desses algoritmos estão sumarizados na secção so­
seu correspondente pixel deveria localizar-se na região de bre índices de Vegetação deste capítulo.
Características Espectrais da Vegetação 367

Interações Entre a Energia no Infravermelho Médio e a 11-7). Os intervalos de comprimentos de onda no infra­
Agua do Mesófilo Esponjoso vermelho médio entre 1,5 - 1,8 pm e entre 2,1 - 2,3 pm
são citados como mais sensíveis a mudanças no conteú­
As plantas necessitam de água para crescer. Uma folha ob­ do de umidade das plantas, do que os comprimentos de
tém água pelo sistema radicular da planta. A água desloca- onda no visível e no infravermelho próximo (isto signifi­
se pelas raízes, subindo pelo caule e entra na folha através ca que, considerando o eixo y, a distância entre as curvas
do pecíolo (ou seja, a parte que une a lâmina foliar ao caule) espectrais é maior à medida que o conteúdo de umidade
e, daí, pequenos vasos levam esta água até as células foliares. diminui). E interessante notar também que significativas
Se, num determinado momento, uma planta estiver bem mudanças nas curvas de reflectância no visível (0,4 —0,7
irrigada, conterá tanta água quanto seja possível armaze­ pm) não começam a aparecer até que a umidade das fo­
nar, ficando então completamente túrgida. A maior parte lhas diminua até aproximadamente 50%. Quando o con­
desta água encontra-se no mesófilo esponjoso. Se houver teúdo relativo de água diminui para 50%, praticamente
falta de irrigação ou de chuva, a planta conterá uma quan­ qualquer porção do visível, do infravermelho próximo ou
tidade de água menor do que é o seu máximo potencial de do infravermelho médio pode prover alguma informação
armazenamento de água e, neste estado, estará em turgidez útil de reflectância espectral.
relativa. Seria então útil a existência de um instrumento
de sensoriamento remoto sensível à quantidade de água A reflectância foliar no infravermelho médio é inversamen­
nas plantas. Até um certo ponto, o sensoriamento remoto te relacionada com a absortância de uma camada de água de
nas regiões espectrais do infravermelho médio, do infra­ aproximadamente 1 mm de espessura (Carter, 1991). A in­
vermelho termal (Capítulo 8) e das micro-ondas passivas tensidade com que a energia solar incidente no infraverme­
(Capítulo 9) pode prover tais informações. lho médio é absorvida pela vegetação é função da quantida­
de total de água presente na folha e da espessura da folha. Se
A água líquida na atmosfera gera cinco principais bandas a seleção de sensores e de bandas espectrais for adequada, é
de absorção nas porções entre o infravermelho próximo e possível monitorar a turgidez relativa das plantas.
o infravermelho médio do espectro eletromagnético: 0,97;
1,19; 1,45; 1,94 e 2,7 pm (Figura 11-1). A banda em 2,7 Os sistemas de sensoriamento remoto ópticos (exceto os
pm é devida à absorção vibracional fundamental pela água, radares) são geralmente limitados a funcionarem em inter­
constituindo-se na maior absorção na citada região espectral valos espectrais de 0,3 - 1,3; de 1,5 - 1,8 e de 2,0 - 2,6
(destacando, porém, que existe também uma forte absorção pm, devido a fortes bandas de absorção pela água atmosfé­
em 6,27 pm, na região do infravermelho termal). Entretan­ rica em 1,45; 1,94 e 2,7 pm. Felizmente, como mostrado
to, há também uma forte relação entre a reflectância na re­ na Figura 11-7, há uma forte sensibilidade “suplementar”
gião do infravermelho médio (1,3 - 2,5 pm) e a quantidade ao conteúdo de água nas regiões em 1,5 — 1,8 pm e em
de água presente nas folhas de um dossel vegetal. A água 2,0 —2,6 pm, que são adjacentes às principais bandas de
nas plantas absorve a energia incidente, entre as bandas de absorção pela água. Esta é a razão pela qual os sensores
absorção, com força crescente em comprimentos de ondas Thematic Mapper (TM/Landsat-4 e TM/Landsat-5) e
maiores. Nestes comprimentos de onda do infravermelho Enhanced Thematic Mapper Plus (ETM+/Landsat-7) tive­
médio, os picos de reflectância da vegetação ocorrem apro­ ram duas bandas escolhidas nas citadas regiões espectrais: a
ximadamente em 1,6 pm e 2,2 pm, entre as duas principais banda 5 (1,55 - 1,75 pm) e a banda 7 (2,08 - 2,35 pm). Já
bandas de absorção pela água atmosférica (Figura 11-1). foi consistentemente demonstrado que a banda no infra­
vermelho médio (1,55 —1,75 pm) é sensível ao conteúdo
A água é um bom absorvedor da energia no infraverme­ de umidade do dossel. Pierce et al. (1990), por exemplo,
lho médio, de tal forma que quanto maior a turgidez demonstraram que esta banda, bem como os índices de ve­
das folhas, menores as reflectâncias no infravermelho getação em que ela é usada, estavam correlacionados com
médio. Inversamente, à medida que o conteúdo de umi­ estresses de água em dosséis de florestas coníferas.
dade das folhas diminui, a reflectância no infravermelho
médio aumenta substancialmente. À medida que a água Grande parte da água na planta é perdida via transpiração.
da planta nos espaços de ar intercelular diminui, isto faz A transpiração ocorre à medida que o Sol aquece a água
com que a energia do infravermelho médio incidente nas dentro da folha, fazendo com que uma parte da água mude
folhas seja mais intensamente espalhada pelas interfaces seu estado para vapor d’água, que escapa através dos estô-
das paredes intercelulares, resultando em maiores valores matos. Algumas das funções importantes desempenhadas
de reflectância no infravermelho médio. Considere, por pela transpiração são as seguintes:
exemplo, as reflectâncias espectrais de amostras foliares
de Magnólia em cinco diferentes condições de umidade • ela refrigera o interior das folhas, uma vez que o vapor
plotadas no intervalo espectral entre 0,4 e 2,5 pm (Figura d’água que escapa contém calor;
368 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Vegetação

Efeitos Espectrais do Secamento Progressivo da Folha

Conteúdo de umidade
relativa de M agnólia
{Magnólia grandiflora)
----------------- 5%
....................... 25%
....................... 50%
- 75%
---------------------100%

0 ,4 ,5 ,6 ,7 ,8 ,9 1 ,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4


Comprimento de onda, pm
Figura 11-7 Resposta de reflectância de uma folha de Magnólia (Magnolia grandiflora) a diferentes conteúdos de umidade. À medida que
o conteúdo de umidade diminuiu, a reflectância aumentou ao longo da região 0,4 - 2,5 pm. Entretanto, o maior aumento
ocorreu na região do infravermelho médio (1,3 - 2,5 pm) (conforme Carter, 1991).

• ela mantém o fluxo ascendente de água absorvida pelas Seria excelente se um dossel vegetal como o de milho ou de
raízes, através do caule, até as folhas; uma plantação de pinheiros refletisse a mesma quantidade
de fluxo radiante em direção a um sensor, independente­
• ela assegura um suprimento constante de minerais dis­ mente de: 1) ângulos de incidência e azimutal solares, ou 2)
solvidos provenientes do solo. geometria de visada do sensor. Isto significaria que o dossel
vegetal seria uma superfície Lambertiana real, ou seja, uma
A medida que as moléculas de vapor d’água no topo da fo­ superfície que reflete a energia nela incidente, em todas as
lha são perdidas por transpiração, toda a coluna d'água é direções, igualmente. Infelizmente, uma grande quantidade
puxada para cima. As plantas perdem consideráveis quan­ de investigações demonstrou que não é assim que as coisas
tidades de água por transpiração, diariamente. Por exem­ acontecem (p.ex., Kimes, 1983). De fato, o fluxo radiante
plo, uma única planta de milho pode perder até cerca de espectral que sai de um dossel vegetal é significativamen­
3,8 litros de água num dia muito quente. Se as raízes desta te afetado por um grande número de fatores, muitos dos
planta não puderem repor esta água, as folhas murcham, quais estão listados na Tabela 11-1. A seguir, discutiremos
cessa a fotossíntese e a planta morre. Desta forma, moni­ brevemente os principais parâmetros da vegetação e depois
torar o conteúdo de umidade dos dosséis vegetais, que por aprofundaremos mais em relação às características geomé­
sua vez correlaciona-se com as taxas de transpiração, pode tricas de iluminação solar e do sistema sensor.
prover valiosas informações sobre a saúde de uma cultura
agrícola ou de uma outra área de vegetação. O sensoria­ A quantidade e a distribuição espectral do fluxo radiante
mento remoto no infravermelho termal e nas micro-on­ refletido pelo dossel vegetal é influenciado pelo tipo de ve­
das passivas também têm fornecido valiosas informações getação presente. Por exemplo, gramíneas devem refletir
sobre evapotranspiração de dosséis vegetais. diferentemente em relação a um estande de árvores. Al­
guns dosséis vegetais possuem 100% de fechamento, re­
A mais prática aplicação das informações sobre umidade cobrindo completamente a superfície, o que significa que
das plantas é a avaliação regional das condições de umi­ o substrato e o solo abaixo dele não são visíveis através
dade das culturas agrícolas com objetivos de planejamen­ do dossel. Inversamente, outros dosséis que apresentam
to de irrigação, de avaliação de estresses, e de modelagem menos de 100% de fechamento do dossel permitem que
de produtividade (tanto agrícola quanto de pastagens ou porções do substrato e/ou do solo reflitam energia na di­
para manejo de florestas). reção do IFOV (“instantaneous field o f view” ou campo de
visada instantâneo) do sensor, gerando um pixel híbrido
Características Avançadas de Reflectância Espectral da ou misturado. E possível separar a contribuição espectral
Vegetação: a Função de Distribuição da Reflectância das coberturas individuais, porém isto requer considerável
Bidirecional (FDRB) conhecimento em processamento de imagens.
Características Espectrais da Vegetação 369

Sensor

+ 75° + 45° 0o - 45° - 75°


* Visada do retroespalhamento Visada a nadir Visada do espalhamento ---- ►
frontal
Figura 11-8 Efeitos da reflectância bidirecional numa parcela da gramínea azevém (Loliumperenne L.) observada em diferentes ângu­
los de visada no plano solar principal com uma câmera FIGOS. O ângulo solar zenital era de 35°, como indicado pelas
setas tracejadas. Os ângulos de visada do sensor são mostrados com linhas pretas a nadir e a ± 45° e ± 75° fora do nadir
(conforme Sandmeier e Itten, 1999).

Determinadas vegetações são orientadas aleatoriamente, Todos esses fatores relacionados com a vegetação podem ter
enquanto que outras são sistematicamente arranjadas em significativo impacto na reflexão da luz incidente em direção
fileiras em determinadas direções cardeais (0 - 360°). As ao sistema sensor. Portanto, é importante manter constan­
copas das árvores frequentemente apresentam formas es­ tes tantos fatores quanto possível quando se busca extrair
pecíficas (p.ex., a forma cônica do pinheiro Ponderosa ou informações biofísicas tais como a produtividade primária
a forma circular da copa do carvalho Blackjack), de modo ou a biomassa via dados de sensores remotos. Mesmo man­
que o diâmetro da copa de cada árvore individual possa tendo constantes essas variáveis tanto quanto possível, os
ser medido. Os troncos de árvores ou os caules de plantas ângulos zenitais e azimutais da radiação solar incidente e os
apresentam certa densidade (p.ex., o número de troncos ângulos zenitais e azimutais do sistema sensor podem intro­
por unidade de área) com valor específico para a variável duzir efeitos tão marcantes que pode tornar-se impossível
diâmetro-à-altura-do-peito (DAP). comparar medições de reflectância espectral de um deter­
minado momento com outras obtidas em outro momento.
Índice de área foliar (IAF): é a área foliar verde total, con­ Felizmente, se conhecemos bem as características do dossel
siderando apenas um lado da folha (ou também a meta­ vegetal em estudo (como discutidas acima) e obtemos infor­
de da área de ambos os lados), por unidade de área do mações sobre as características de reflectância bidirecional
terreno ocupado pelas plantas estudadas. É um parâmetro do ângulo de incidência solar e da geometria de visada do
biológico importante porque: 1) define a área que interage sensor, torna-se possível calibrar os dados de sensoriamento
com a radiação solar e que provê grande parte do sinal de remoto para a extração de informações biofísicas úteis.
sensoriamento remoto; e 2) é a superfície responsável pela
absorção de carbono e pelas trocas com a atmosfera (Chen Função Distribuição da Reflectância Bidirecional
e Black, 1992). Alguns dosséis têm valores significativa­ (FDRB): várias pesquisas já realizadas no passado, envol­
mente maiores de IAF do que outros. vendo medições de reflectância bidirecional obtidas para
vários tipos de superfícies vegetais ou pedológicas, de­
Distribuição angular das folhas (DAF): pode mudar du­ monstraram que a maioria das superfícies terrestres exibem
rante o dia, à medida que as folhas orientam-se em di­ características de não-lambertianidade (anisotropia) (Ki-
reção ou contra a radiação incidente. Algumas folhas mes, 1983). Em tempos passados, os efeitos da reflectância
dispõem-se predominantemente no plano horizontal bidirecional das superfícies terrestres não desempenhavam
(p.ex., as folhas planófilas de muitas árvores de folhas lar­ papel importante nos estudos relacionados com mudanças
gas), enquanto que outras orientam-se mais verticalmen­ globais e com ecologia, embora se assumisse, então, que
te (p.ex., as folhas erectófilas de gramíneas existentes em tais efeitos fossem cruciais em estudos multitemporais, em
áreas de restingas costeiras). função das variações dos ângulos de incidências solares.
370 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Vegetação

Tabela 11-1. Principais variáveis que afetam a Função


de Distribuição de Reflectância Bidirecional
(FDRB) de um dossel vegetado.
Variáveis que afetam a Reflectância Bidirecional
de um dossel vegetado
• Geometria
- ângulo de incidência solar (ou radar)
Iluminação
- azimute
• Características espectrais (X)
Sensor • Geometria
- ângulo de visada (p.ex., 0" nadir)
- azimute da direção de visada (0 —360°)
• Sensibilidade espectral (X)
• IFOV (milirradianos)
Vegetação • Dossel
- tipo (plantas ou árvores) Figura 11-9 Um hotspot próximo da marca fiducial à esquerda de
- fechamento (%) uma fotografia aérea vertical da superfície de inun­
- orientação dação do Rio Savannah, em South Carolina, EUA.
- sistemática (p.ex., ruas 0 - 360°) A vegetação do tipo Cypress-Tupelo, nesta superfície
- não-sistemática (aleatória) de inundação, apresenta porcentagem de fechamen­
• Copas (de árvores) to de dossel relativamente uniforme e sua tonalidade
- forma (p.ex., circular, cônica) e textura deveríam ser bastante homogêneas, mas
- diâmetro (m) não o são. Um hot spot é produzido quando o ângu­
lo de iluminação e o ângulo de visada do sensor são
• Troncos ou caules
praticamente idênticos e estão no mesmo plano.
- densidade (unidades por m2)
- diâmetro à altura do peito (DAP)
• Folha
- índice de Área Foliar (IAF ou LAI) Várias superfícies naturais (solos, vegetação, e até mesmo
- Distribuição de Ângulo Foliar (DAF) água) revelam uma relação entre a magnitude da radiância
(planófilas, erectófilas) refletida e 1) as características geométricas da irradiância
Substrato mesmas variáveis que as da Vegetação, acima solar, e 2) a geometria de visada do sensor utilizado. Daí,
o surgimento do termo bidirecional. Dependendo dos ân­
Solos • Textura
gulos de irradiância e de visada, a maioria das superfícies
• Cor
pode parecer mais clara ou mais escura —todos nós temos
• Conteúdo de umidade
testemunhado este efeito: se andamos em volta de um gra­
mado ou de uma piscina funda, essas superfícies parecerão
mais claras ou mais escuras, dependendo do nosso ângulo
Isto era assim principalmente devido à falta de dados bidi- de visada em relação ao ângulo solar (que, neste caso, es­
recionais obtidos por sensores remotos ou adquiridos em tará constante). Um bom exemplo disso é a Figura 11-8,
campanhas de campo. O impacto da FDRB ainda hoje que mostra uma área de gramínea azevém {Lolium peren-
não é muito bem entendido, a despeito do fato de que ne L.) iluminada por luz natural num ângulo zenital solar
atualmente já saibamos que tal impacto existe na maioria constante de 35°. Cada fotografia desta mesma área é ob­
dos dados de sensoriamento remoto com objetivos de ob­ tida a nadir (0°) e em ângulos fora do nadir de ± 45° e de
servação da Terra, especialmente para sensores com amplos ± 73° (Sandmeier e Itten, 1999). O terreno geralmente é
campos de visada, tais como o AVHRR/NOAA (1,1 x 1,1 mais claro quando o sensor registra energia retroespalhada
km). Além disso, uma grande quantidade de dados obti­ (“back-scattered'), em oposição ao caso de espalhamento
dos por sensores com características de visada fora do nadir frontal (“forward-scattered’), como é mostrado na Figura
está sendo crescentemente colocada à disposição, especial­ 11-8 (ver, p.ex., a imagem +75° produzida pela energia
mente por satélites comerciais como o 1KONOS (Space retroespalhada, que aparece como a mais brilhante). Note,
Imaging), e também pelos satélites da NASA, como o Ter­ entretanto, que tanto a imagem +75° como a imagem -75°
ra, com os sensores M ODIS e MISR (Capítulo 7). Quan­ são mais brilhantes do que a imagem obtida a nadir (0o).
do se pretende utilizar estes dados para relevantes estudos
de mudanças no uso da terra ou ecológicos, a FDRB deve O efeito bidirecional em dados de sensoriamento remoto
ser bem entendida, a fim de calibrar os dados (Walter-Shea é mais óbvio quando o ângulo de iluminação e o ângulo
e Biehl, 1990; Abuelgasim et al., 1998). de visada do sensor são praticamente idênticos e estão no
Características Espectrais da Vegetação 371

Goniômetro Goniômetro Radiômetro na

Espectrorra-
diô m etro

a.

Função Distribuição da Reflectância


Bidirecional (FDRB)

- Espalhamento Angulo zenital Retroespalhamento-


Frontal de visada

Figura 11-10 a) O sistema goniômetro de campo (FIGOS) desenvolvido por


S. Sandmeier. b) Neste exemplo hipotético, o espectrorradiô-
metro está posicionado em dois locais. As medições espectrais
são feitas no local #1 com o ângulo zenital solar 9., com o ân­
gulo azimutal solar cp, o ângulo de visada do sensor 9 , e ângulo
azimutal do sensor (p. O espectrorradiômetro GER registra a
quantidade de radiância que sai de um alvo em 704 bandas
espectrais. Depois, o radiômetro é movido para o local #2 (ou
seja, variando somente o ângulo azimutal do sensor, como é
mostrado), onde adquire dados de radiância novamente em
704 bandas, c) O conceito e os parâmetros da FDRB. Um alvo
é iluminado com irradiância (dE) a partir de ângulos zenital e
azimutal específicos, e o sensor registra a radiância (d L ) que sai
do alvo de interesse em ângulos azimutal e zenital específicos,
d) Fator de anisotropia para a gramínea azevém (Lolium peren-
ne L.) em múltiplos ângulos de visada zenitais no plano solar
principal para quatro das 704 bandas. O ângulo zenital solar
era de 35° (conforme Sandmeier e Itten, 1999). e) Segunda
geração do goniômetro de Sandmeier (SFG, “Second-generation
Sandmeier Field Goniometer’) obtendo medições para uma área
de pastagem (Spartina alterniflora) em North Inlet (SC), em 21
de outubro de 1999 (Sandmeier, 1999; Schill et al., 2004).
372 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Vegetação

mesmo plano. Isto pode produzir o denominado efeito hot R( 0., (p.;0r, tpr; X ) = (11-7)
spot (isto é, quando a sombra não é visível). O plano solar
principal é formado quando a fonte de iluminação, o alvo dL ( 0 , cp.; 0r, (pr; X )
e o sensor estão todos alinhados no mesmo plano (ou seja, x ^ / ( 0,’ <pr;A.)
dL ref,.(x 0 / , cp
' /
;0 r ,~ cp
r
; X)'
no ângulo azimutal solar). Este é o plano onde os efeitos da
FDRB são os mais pronunciados. Um exemplo do efeito onde:
hot spot em fotografia aérea é mostrado na Figura 11-9. R é um coeficiente de calibração determinado para o pai­
nel de referência espectral. Os fatores de reflectâncias bi-
Felizmente, os pesquisadores têm desenvolvido instru­ direcionais (FRB) são adimensionais. Tanto o FRB como
mentos para medir a FDRB de várias superfícies. Um dos a FDRB assumem valores entre zero e infinito. Valores >
instrumentos mais úteis é o sistema goniômetro de campo 1 para FRB e > l/n para FDRB são obtidos nas direções
(FIGOS, “field goniometer system’) projetado por S. San- de pico de reflectâncias, tais como o hot spot, onde o fluxo
dmeier. O FIGOS consiste de um espectrorradiômetro refletido por uma superfície-alvo é maior que o fluxo de
GER 3700 controlado por computador, sensível no inter­ uma superfície Lambertiana.
valo espectral entre 300 e 2.450 nm em 704 bandas com
uma resolução espectral de 1,5 nm para o intervalo 300 É, também, possível desenvolver um fator de anisotropia,
— 1.050 nm e de 8,4 nm para o intervalo 1.050 —2.450 que é usado para analisar a variabilidade espectral nos da­
nm. Consiste de três partes principais: um trilho em arco dos de FDRB. Os fatores de anisotropia (ANIF —Ani-
zenital, um trilho em arco azimutal e um trenó motorizado sotropy factors) permitem a separação entre a assinatura
onde o radiômetro é montado (Figura 1 l-10a, b). O goni­ espectral de um alvo e os efeitos provenientes da FDRB
ômetro de alumínio pesa aproximadamente 230 kg e pode espectral. Esses fatores são calculados através da norma­
ser transportado para o campo, como mostrado. Montado lização dos dados de reflectância bidirecional R com a re­
no goniômetro, o sensor visa, na parte mais central do cír­ flectância a nadir, R (Sandmeier et al., 1998a; Sandmeier
culo, uma área de aproximadamente 10,5 cm de diâmetro e Itten, 1999):
a nadir e de cerca de 41 cm (no eixo maior) na posição de
75° (que é o ângulo zenital mais extremo). R( 0., cp ;0 ., cpr; 7 ) ( 11- 8)
ANIF{ 6., cp.;0(., cpr; À,)
R„ (6, . tp,; X )
Assim, é possível, num período de tempo muito curto e
enquanto o Sol fica aproximadamente no mesmo arco ze­ Afinal, o que estas medições nos informam sobre a FDRB
nital (0) e azimutal (cp.), variar a posição do radiômetro de uma superfície típica? Para responder a esta questão, con­
visando determinar se a quantidade de fluxo radiante nas sideremos dados FDRB normalizados para o nadir (ou seja,
várias regiões espectrais (p. ex., azul, verde, vermelho, in­ os dados ANIF) da gramínea azevém (Lolium perenne L.)
fravermelho próximo, infravermelho médio) é influencia­ mostrados na Figura 11-1 Od. Durante a coleta dos dados go-
da pelos ângulos de visada (0) e azimutal (cp) do sensor. niométricos o ângulo zenital solar era 35°. Os resultados de
apenas quatro das 704 bandas do espectrorradiômetro foram
A função distribuição de reflectância bidirecional (FDRB), apresentados tendo-se utilizado apenas o ângulo de visada do
f [ s r 1), é formalmente definida como a razão entre a radi- plano solar principal. Vê-se que os efeitos do FDRB foram
ância dL (W .m TsD.nm 1) refletida em uma direção (0 , cpr mais pronunciados nas bandas de absorção da clorofila no
) e a irradiância solar incidente dE (W.mAnm ') provenien­ azul (480 nm) e no vermelho (675 nm) discutidas anterior­
mente, enquanto que no verde e particularmente na faixa de
te da direção (0 , cp.) (Sandmeier, 1999; Sandmeier e Itten,
baixa absorção do infravermleho próximo, foram observados
1999):
relativamente poucos efeitos da FDRB. Desta forma, pesso­
dLr ( 0., cp ;0 ; , cpr; X ) as que usam dados de sensores remotos podem considerar
f ( Q r tp^-0,,, cpr ,-A.) = ( 11- 6)
dE. (9., cp,; X ) ajustes radiométricos dos valores de brilho associados com
as bandas do azul e do vermelho, mas não necessariamente
com as bandas do infravermelho próximo. Tipicamente, as
Notar que dLr e dE. são quantidades direcionais medidas
superfícies vegetadas exibem em todas as quatro bandas uma
em ângulos sólidos (esterradianos, s r 1), como está mos­
forma abaulada, um hot spot, e uma componente de espalha-
trado na Figura 11-10c. Normalmente, um fator de re­
mento frontal (forward-scattering).
flectância bidirecional (ERB, também referido como R) é
computado como sendo a radiância refletida (dL ) por uma
É mais interessante ver os fatores de anisotropia do azevém
superfície numa determinada direção dividida pela radiân­
para os quatro comprimentos de onda de interesse não só
cia dLnj, refletida por um painel de referência praticamente
em função do ângulo de visada zenital de 0° mas também
lambertiano, medida sob idêntica geometria de iluminação
no intervalo de ± 75° (Figura 11-11). Idealmente, toda a
(Sandmeier e Itten, 1999):
Características Espectrais da Vegetação 373

Figura 11-11 Fatores de anisotropia (dados FDRB normalizados ao nadir) de azevém (Lolium perenne L.) para quatro bandas, adquiridos
com o instrumento FIGOS, com um ângulo zenital solar de 35° (conforme Sandmeier e Itten, 1999).

superfície tridimensional deveria ser plana, como ocorreu Terra (Capítulo 7) deverão documentar quando deveremos
com o infravermelho próximo (750 nm), significando que estar atentos aos efeitos da FDRB. Tais informações podem
as medições nesta faixa espectral são relativamente livres dos ajudar a 1) identificar e selecionar as bandas que são menos
efeitos de FDRB. Porém, as bandas em 480 nm e em 675 impactadas pelos efeitos da FDRB, 2) reconhecer que há
nm exibem significativos fatores de anisotropia. Nos interva­ certas relações entre Sol e/ou ângulo de visada do sensor
los de comprimentos de onda de alta absorção (os quais, por­ que deveríam ser evitadas quando dados de sensoriamen­
tanto, refletem pouco) os efeitos de espalhamento múltiplo to remoto são coletados, e 3) prover métodos para ajustar
são reduzidos devido à relativamente pequena quantidade radiometricamente os dados de sensoriamento remoto de
de radiação no dossel. Desta forma, o contraste entre com­ modo a minimizar os efeitos de FDRB.
ponentes iluminados e componentes sombreados, no dossel,
é realçado, o que provoca o realce dos efeitos de FDRB. Por Nem sempre os efeitos da FDRB são completamente preju­
outro lado, os efeitos de FDRB são, geralmente, menores nos diciais. Qi et al. (1995) ressaltam que medições multidirecio-
comprimentos de onda de baixa absorção (portanto, os de nais de sensoriamento remoto (p.ex., ângulos de visada fora
maior reflexão) do verde e do infravermelho próximo, onde do nadir) podem prover informações complementares àque­
os efeitos de espalhamento múltiplo são fortes e, portanto, di­ las obtidas a nadir. De fato, uma medição única a nadir ob­
minuem o contraste no dossel (Sandmeier et al., 1998b). tém informação sobre uma superfície como se esta superfície
não tivesse estruturas verticais, o que, na prática, nem sem­
Pesquisas futuras utilizando goniômetros acoplados com pre ocorre —por outro lado, as medições em visada fora do
sistemas de sensoriamento remoto aerotransportados e or­ nadir revelam diferentes aspectos das estruturas verticais, tais
bitais, com apontamento fora do nadir, tais como o MISR/ como a altura da vegetação. Consequentemente, para caracte­
374 CAPITULO Sensoriamento Remoto da Vegetação

rizar objetivamente parâmetros biofísicos da vegetação, uma só onde S é o valor de brilho de um pixel, AG K , AT e K signi­
geometria de visada (p.ex., a nadir) pode ser insuficiente. ficam, respectivamente, as proporções em área de substrato
iluminado, de copas iluminadas, de copas sombreadas e de
Modelagem da Reflectância de Dosséis Vegetais substrato sombreado; sendo que os parâmetros G, C, T e
A equivalem às assinaturas espectrais dos correspondentes
Nas últimas décadas, os pesquisadores da área vêm bus­ componentes. Este é chamado de modelo de mistura, ou
cando predizer, através de modelos, exatamente como a modelo de componentes de cena.
energia radiante em comprimentos de onda específicos é
refletida por uma determinada folha ou por um certo dos­ Os modelos SAIL e Li-Strahler representam im portan­
sel vegetal, com base em um conjunto de fatores, dentre tes tentativas para explicitamente modelar as interações
os quais podem ser incluídos (Danson, 1998): o índice de energia-matéria que ocorrem acima, dentro e abaixo do
área foliar (IAF), as propriedades de reflectância dos solos dossel vegetal. Os cientistas têm também buscado inten­
abaixo do dossel, a quantidade de luz direta e/ou difusa in­ samente formas de inverter os modelos, visando usar as
cidente no dossel, a distribuição de ângulo foliar (que varia características de reflectância registradas pelos sensores
desde a erectófila, com íolhas a 90°, até a planófila, com remotos para predizer as características de tipos específi­
folhas predominantemente horizontais, a 0" de inclinação), cos de estruturas interiores aos dosséis, tais como a altura
e a FDRB influenciada pelos fatores geométricos (ângulos das árvores, a densidade, o índice de área foliar, etc. Infe-
solares e de visadas do sensor), conforme discutidos ante­ lizmente, com frequência é difícil calibrar tais modelos,
riormente. O modelo SAIL (“Scattering by Arbitrarily Jn- pois para isso é necessária uma grande quantidade de in­
clined Leaves” - Espalhamento por Folhas Arbitrariamente formações sobre as características das folhas e dos dosséis,
Inclinadas), por exemplo, tem sido largamente utilizado sobre as condições atmosféricas, sobre os ângulos solares
em pesquisas de sensoriamento remoto visando investigar e da geometria de visada, e sobre a declividade e o aspecto
as propriedades de reflectância espectral e direcional dos do terreno. Porém, esta é uma área de pesquisa muito
dosséis vegetais. Este modelo utiliza equações de transfe­ importante do sensoriamento remoto.
rência radiativa para modelar a energia que interage com o
dossel vegetal em três distintos fluxos, sendo: a) um fluxo Espectroscopia de Imageamento da Vegetação
para baixo de radiação direta; b) um fluxo para baixo de
radiação difusa; e c) um fluxo para cima de radiação difusa. Como foi discutido no Capítulo 7, um espectrômetro ima-
O SAIL assume que o dossel pode ser representado por pe­ geador coleta reflectância da superfície terrestre em espec­
quenos elementos que absorvem e que espalham (p.ex., as tros praticamente contínuos. Ao invés de ter apenas quatro
Íolhas) com propriedades ópticas conhecidas, distribuídos ou oito canais espectrais (como, p.ex., no SPOT ou no
aleatoriamente em camadas horizontais e com ângulos de ETM7Landsat-7, respectivamente) para registrar as carac­
distribuição conhecidos. Este modelo tem sido usado para terísticas espectrais da vegetação, um espectrômetro image-
simular os efeitos da visada fora do nadir, para simular os ador coleta informação em centenas de canais espectrais.
deslocamentos espectrais da borda vermelha (“red-edge”, ou
região de transição entre o vermelho e o infravermelho pró­ Desta forma, um espectrômetro imageador tem grande
ximo), e para estimar propriedades do dossel diretamente potencial para monitorar tipos e características biofísicas
relacionadas com os dados de sensoriamento remoto. da vegetação (Goetz, 1995). Em geral, os espectros de re­
flectância da vegetação são muito informativos, contendo
Similarmente, o modelo de Li-Strahler (1985, 1992) pro­ indicações sobre as bandas de absorção da clorofila na re­
duz estimativas do tamanho e da densidade de árvores, gião do visível, a alta reflectância na região do infraverme­
a partir de dados de sensoriamento remoto. O sinal re­ lho próximo, e os efeitos da absorção pela umidade interna
cebido pelo sensor é modelado como sendo constituído da planta na região do infravermelho médio.
pela luz refletida pelos elementos que se encontram dentro
do campo de visada do sensor (quais sejam, as copas das Os geólogos têm usado as imagens hiperespectrais há anos
árvores, as suas sombras, e o substrato (“backgroundj ali para discriminar entre diferentes tipos de rochas, com base
presente). Desta forma, o sinal refletido é modelado como em suas características de reflectância e de absorção espec­
uma combinação linear de quatro componentes e de suas tral. Já estão disponíveis extensas bibliotecas espectrais dos
respectivas proporções (Woodcock et al., 1997):S mais importantes minerais, solos e tipos de rochas (p.ex.,
Clark et al., 2003). Quando são adquiridas imagens hipe­
respectrais calibradas, por aeronaves, os geólogos podem
S = Kg G + Kc C + Kt T + K z A (11-9)
v '
então comparar os espectros obtidos nestas imagens com
os espectros armazenados nas referidas bibliotecas espectrais,
visando determinar os tipos de minerais presentes, bem
Características Espectrais da Vegetação 375

Assinaturas Espectrais AVIRIS para Várias Culturas

solo exposto
40 ♦
•-cevada ' J \ A
/ / ,Z\ r- \ V V /'
/ / \ \
30 -^«-pastagem ;/ \ 'A
/ / , V
Y

20 /
i ^ ii
t ..
■pastagem >batata Norkotah
(Chico)
10
//
// as curvas
foram deslocadas
' em 4%
0 n | i | i i i i i i i i i i i i i i i i i r b.
0,5 0,7 1,0 1,5 2,0 2,5
Comprimento de onda, pm Comprimento de onda, pm
Figura 11-12 a) Espectros de vegetação verde sadia de uma área de San Luis Valley, Colorado, obtidos em 3 de setembro de 1993, usando
o AVIRIS, 224 canais, com pixels de 20 x 20 m. b) A maioria dos outros tipos de vegetação exibiram reduzidas absorções por
clorofila. Notar que os espectros estão com deslocamentos para efeitos de clareza (conforme Clark et al., 1995). Diferenças
nas características de reflectância e/ou de absorção da vegetação tornam possível, em determinadas condições, distinguir um
tipo de vegetação em relação a outro, ou identificar se está sob estresse por algum fator.

como outras características de interesse. Vários exemplos da 11 -2a. Os espectros de reflectância AVIRIS das parcelas
são fornecidos no Capítulo 14 (Sensoriamento Remoto de com batata, alfafa, cevada, aveia, canola e pastagem são
Solos, Minerais e Geomorfologia). mostrados na Figura 1 l-12a, b.

Idealmente, seria de grande utilidade a existência de um Os espectros das parcelas com alfafa, canola, aveia e ba­
banco de dados espectrais da vegetação, com informações tata (Nugget) mostram que as respectivas plantas estão
sobre: 1) características de reflectância e de emitância de verdes e sadias (Figura 11-12a). A cevada já havia perdi­
vários tipos de vegetação, na região 0,35 —14 pm; 2) como do toda a sua resposta de clorofila à época do sobrevoo
estes dados aparecem em diferentes datas, conforme varia AVIRIS (Figura 11-12b). Por seu turno, as parcelas com
a dinâmica fenológica destas vegetações; e 3) como seriam batata Norkotah não estavam sendo irrigadas, uma vez
esses espectros em consequência de eventos como estresses que estavam próximas da colheita —consequentemente,
ou infestações por insetos. Infelizmente, ainda não existem seus espectros mostravam fracas absorções por clorofila e
bancos de dados como os citados. Assim sendo, usualmente celulose, estando presentes absorção por argila tendo em
ainda é necessário coletar dados in situ de espectrorradio- vista que havia exposição de solo. Trabalhos de campo
metria da vegetação de interesse durante o sobrevoo aéreo feitos àquela época mostraram que os agricultores tam­
para poder usar esses dados para calibrar as informações de bém haviam pulverizado desfolhantes em parcelas de ba­
reflectância espectral derivadas do espectrorradiômetro aé­ tatas e assim estas parcelas mostravam diminuição das ab­
reo. Quando tal procedimento é realizado com os devidos sorções por clorofila acompanhada por deslocamento da
cuidados, torna-se possível extrair informações sobre tipos borda vermelha (“red edge") para comprimentos de onda
e condições da vegetação, via dados hiperespectrais. menores, como se esperaria ocorrer nestas circunstân­
cias. Os espectros de pastagem exibem combinações de
Consideremos, por exemplo, os dados AVIRIS coletados absorção por clorofila e por celulose (neste caso, devido
sobre San Luis Valley, no Colorado, em 3 de setembro de à presença de vegetação seca). Os espectros de parcelas
1993, mostrados na Prancha Colorida 1 l-2a (Clark et al., confirmadamente conhecidas foram usados num algorit­
1995). Os 224 canais espectrais foram radiometricamente mo computacional chamado , desenvolvido pelo USGS
corrigidos para remover os efeitos do vapor d’água atmos­ (U.S. Geological Service), para identificar outros pixels
férico e em seguida retificados geometricamente para uma presentes na área de estudo com respostas similares às
projeção padrão. Os usos da terra presentes em algumas conhecidas (Clark et ah, 1995). O resultado obtido foi
parcelas à época do sobrevoo AVIRIS estão anotados no um mapa classificado, com precisão aproximada de 96%
topo da imagem, conforme é mostrado na Prancha Colori­ de acerto (Prancha Colorida 11-2b).
376 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Vegetação

Clark et al. (1995) ressaltam que a parte dos maiores com­


Central Valley K ansas/Centro-

O
O v/~\
100-

1---- 1--
primentos de onda da banda de absorção causada pela clo­ Califórnia Norte
rofila (0,68 - 0,73 pm) forma uma das declividades mais 75-
acentuadas encontradas nos espectros de materiais que ocor­ 50- 50-
rem comumente na natureza. Esta absorção é normalmen­ 25- 25-
te muito intensa, fazendo com que a reflectância seja baixa J FMAM J J A S OND j FMAM j J1Á S OND
(<5%) próximo de 0,68 pm, porém com valores muito altos
(> 50% de reflectância máxima) para o infravermelho pró­
ximo (em aproximadamente 0,73 pm). Quando a absorção Nordeste da Carolina
100- G eórgia/Sudoeste 100-1
por clorofila diminui, a largura total da banda de absorção do Norte
75- 75-
também diminui. Estes fatores causam um deslocamento
50- 50-
em direção aos comprimentos de onda menores à medida
25- 25-
que a absorção por clorofila diminui - este processo é conhe­
cido como “red-edge shifi’ (,deslocamento da borda vermelha) J FMAM J I A S OND J FMAM j j A S O N D
ou também como “blue shifi ofthe red edge” {deslocamento da
borda vermelha em direção ao azul), conforme anteriormente Figura 11-13 Coberturas por nuvens, preditas para quatro áreas
já discutido, e pode ser causado por senescência natural, es­ dos Estados Unidos. A maior quantidade de cober­
tresses de umidade ou presença de materiais tóxicos. Clark tura por nuvens está frequentemente associada com
o ponto alto da estação de crescimento, exceto para
et al. (1995) observaram que os dados AVIRIS poderíam
a Califórnia. Isto pode complicar significativamen­
detectar deslocamentos red-edge de < 0,1 nm. As informações
te a coleta de dados de sensoriamento remoto para
sobre deslocamento red-edge foram analisadas usando o pro­ análises de vegetação.
grama Tricorder e em seguida usadas para identificar áreas
com algum tipo de estresse (Prancha Colorida 1 l-2c).

Características Temporais da Contudo, a afirmação de Simonett ainda é correta em


Vegetação muitas situações. Frequentemente, nossa única possibili­
dade de discriminar entre duas culturas usando dados de
resolução relativamente larga (como, p.ex., os dados TM /
Há épocas mais propícias que outras quando se busca iden­ Landsat, SPOT ou IKONOS) é se:
tificar diferentes tipos de vegetação ou extrair informações
biofísicas da vegetação (p.ex., biomassa e características de • as culturas tiverem sido plantadas em datas ligeiramen­
clorofila) a partir de dados de sensoriamento remoto. A te diferentes (p.ex., 10 dias) e isto fez com que um dos­
seleção das datas mais apropriadas para as coletas de dados sel estivesse menos desenvolvido (menor percentagem
requer um profundo conhecimento sobre os ciclosfenológi- de fechamento) do que o outro;
cos (ou de crescimento) das plantas. As plantas que perdem
folhas sazonalmente são chamadas decíduas. As plantas que • uma cultura tenha recebido irrigação significativamen­
mantêm suas folhas em todas as estações são denominadas te diferente do que a outra, fazendo com que ela apre­
perenifólias (“evergreen”). sente maior (ou menor) biomassa;

Um renomado especialista em sensoriamento remoto, Dave • uma cultura tenha maturado mais rapidamente do que
Simonett, frequentemente dizia “Green is green is green”(Ver­ a outra (p.ex., em função de adubação ou de melhores
de é verde é verde), significando que se duas diferentes culturas tratos culturais);
(p.ex., milho e algodão) foram plantadas na mesma data e
completaram o fechamento de dossel na mesma data em que • o espaçamento entre linhas de plantio, ou a orienta­
os dados de sensoriamento remoto foram coletados, as carac­ ção da parcela, for significativamente diferente de uma
terísticas espectrais das duas culturas devem parecer muito si­ para outra cultura; ou
milares tanto no visível quanto no infravermelho do espectro.
Porém, estes seus comentários eram baseados no uso dos sen­ • uma cultura tiver uma estrutura de dossel diferente
sores de faixas largas disponíveis nas décadas de 1970 e 1980. da outra.
Mais recentemente surgiram os sensores hiperespectrais, que
permitem amostrar em porções muito estreitas do espectro, A diferença na porcentagem de fechamento do dossel, na
com muito boas possibilidades de identificar feições de ab­ umidade do solo, na biomassa, ou diferenças quanto a es-
sorção singulares que nos permitem discriminar entre um paçamentos/orientações entre linhas de plantio podem fa­
tipo de vegetação e outro ou extrair informações biofísicas. zer com que uma cultura tenha propriedades de reflectân-
Características Temporais da Vegetação 377

cia significativamente diferentes em relação a outra, devido Capim Marinho (Spartina alterniflora)
a influências do solo de fundo (“background') ou dos tipos
de substratos ali presentes. Portanto, é frequente que a
proporção de substrato presente no IFOV (“instantaneous
field o f vieiv’ —campo de visada instantâneo) do sistema
sensor utilizado (p.ex., aproximadamente 30 cm para foto­
grafia aérea infravermelha colorida de alta resolução; 30 m
x 30 m para imagens TM/Landsat) seja determinante para
permitir a discriminação entre dois tipos de vegetação. A
quantidade de substrato presente será, por sua vez, função
do estádio da planta dentro de seu ciclo fenológico. Por­
tanto, se um cientista está tentando diferenciar (classificar)
entre vários tipos de culturas, de superfícies de inundação,
ou de florestas, usando dados de sensores remotos, é essen­
cial conhecer as características do ciclo fenológico de todos
eles. Esta informação é então usada para determinar a épo­
ca ótima do ano para coletar os dados de sensoriamento
remoto para a discriminação entre uma determinada co­ Figura 11-14 Ciclo fenológico da biomassa de capim-marinho
bertura terrestre ou vegetal e outra. {Spartina alterniflora) na Carolina do Sul, EUA.
A maior quantidade de biomassa viva é encontra­
da entre julho e outubro, e a maior quantidade de
Outro importante fator temporal não pode ser ignorado:
biomassa seca está presente entre janeiro e março.
as plantas requerem água para crescer. Desta forma, seu
Estas áreas costeiras contêm proporções aproxima­
mais importante período de crescimento está frequente­ damente iguais de biomassa viva e seca entre de­
mente associado a períodos de precipitação mais intensa zembro e janeiro (conforme Jensen et al., 1998).
e, também, épocas em que mais ocorrem coberturas por
nuvens. A Figura 11-13, por exemplo, identifica as esta­
tísticas que mostram percentagens anuais de cobertura por Ciclos Fenológicos Naturais
nuvens para algumas áreas dos Estados Unidos.

Exceto para a Califórnia, em função de sua baixa umidade A maioria das espécies vegetais encontradas em florestas,
e baixa cobertura por nuvens, a maior parte das áreas apre­ áreas úmidas, pastagens, etc., possuem ciclos fenológicos
sentam sua maior cobertura por nuvens exatamente no pe­ de crescimento relativamente específicos. Cada uma destas
ríodo do ciclo agrícola em que os cientistas querem coletar espécies têm seus específicos períodos brotação, de máxi­
o máximo de dados de sensoriamento remoto. Consequen­ ma folhagem verde, maturidade e senescência, períodos es­
temente, os cientistas precisam conciliar a identificação da tes que, em função da espécie, geralmente ocorrem sempre
melhor data para a obtenção de dados de sensoriamento à mesma época do ano. Entretanto, temperaturas muito
remoto com o provável risco de uma considerável cober­ baixas ou muito altas podem, às vezes, ocorrer de forma
tura por nuvens. Este é o motivo pelo qual são necessários não-sazonal, podendo então modificar os ciclos fenológi­
sensores com altas resoluções temporais. cos em mais de trinta dias. Desta forma, o analista deve es­
tar atento se os seus dados de sensoriamento remoto foram
Os desenvolvimentos de dosséis florestais, de pastagens coletados num ano típico ou atípico. Se este analista está
ou de superfícies de inundação, seguem ciclos relativa­ tentando classificar vegetação a partir de dados de sensoria­
mente previsíveis em cada ano, exceto quando estejam mento remoto, pode ser muito útil coletar dados do início
sob estresse, ou quando há alguma forte ocorrência não- da estação de crescimento, momento em que as vegetações
sazonal ou temperaturas baixas. Similarmente, as culturas estão se desenvolvendo em diferentes taxas, aumentando
agrícolas também têm ciclos fenológicos bem conhecidos assim as possibilidades de encontrar diferentes porcenta­
para cada região, sendo que pode haver algumas varia­ gens de fechamento dos dosséis e, portanto, realçando as
ções de tipos de manejos entre fazendeiros. Desta forma, diferenças em suas assinaturas espectrais. Se o objetivo é,
é muito útil ter um ideia clara dos ciclos fenológicos tan­ por exemplo, discriminar entre espécies em áreas úmidas
to das vegetações naturais quanto das culturas agrícolas, (herbáceas, salgueiros, arbustos) na região sudeste dos Es­
visando tirar o máximo proveito das peculiaridades feno- tados Unidos, é interessante selecionar imagens entre 15
lógicas quando se usam dados de sensoriamento remoto de fevereiro e 01 de maio, uma vez que, após o início de
para extrair informações biofísicas da vegetação. Vários maio, as vegetações de áreas úmidas já estarão com seus
estudos de casos serão apresentados. dosséis praticamente fechados e, portanto, as assinaturas
378 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Vegetação

Dados do Sensor C alibrated A irborne M ultispectral Scanner (C AM S)


obtidos sobre Murrells Inlet (Carolina do Sul)

Canal 4 (vermelho: 0,63 - 0,69 pm) Canal 5 (infravermelho próximo: Canal 6 (infravermelho próximo:
0,69 - 0,76 pm) 0,76 - 0,90 pm)

Canal 7 (infravermelho médio: Canal 8 (infravermelho médio: Canal 9 (termal: 10,4 - 12,5 pm)
1,55 - 1,75 pm) 2,08 - 2,35 pm)
Figura 11-15 Dados de nove bandas 3 m x 3 m do sensor CAMS, obtidos sobre Murrells Inlet, SC, em 2 de agosto de 1997, a uma altitude
de 1.200 m acima do solo.

espectrais dos vários tipos de dosséis serão muito similares, des máximas de vegetação. O monitoramento da biomassa
confirmando que “Green is green is green" (conforme se re­ ao longo do tempo pode prover importantes informações
feria Simonett a este tipo de fenômeno). sobre a estabilidade do ecossistema natural e se estão ocor­
rendo mudanças significativas. A seção seguinte demonstra
Inversamente, se a meta é monitorar a biomassa vegetal, é esta lógica aplicada ao monitoramento costeiro nas planí­
mais indicado coletar dados de sensores remotos nas épocas cies inundáveis de Smooth Cordgrass (capim marinho ou
de pico do crescimento vegetal, quando existem quantida­ macega mole - Spartina alterniflora) (Figura 11-14).
Características Temporais da Vegetação 379

das nos dias 2 e 3 de agosto de 1997. Posteriormente, os


dados obtidos in situ foram correlacionados com valores
de brilho de bandas individuais e de índices gerados a par­
tir dos dados CAMS (Jensen et al., 1998). Uma das mais
interessantes relações obtidas foi entre a banda 6 CAMS
(infravermelho próximo) e as medidas in situ, tendo pro­
duzido coeficiente de correlação de 0,88 e r2 de 0,774, o
que significa uma explicação de aproximadamente 77% da
variância destes dados (Figura 11-16).

A Prancha Colorida 11-3 é um mapa da distribuição es­


pacial da biomassa seca total para uma pequena porção
de Murrells Inlet, em 2 de agosto de 1997. Este mapa foi
produzido usando a equação de regressão:

y = 3,489lx —23,9 (11-10)

ondejy é a biomassa seca total (g/m2) e x é o valor de brilho


da banda 6 do sensor CAMS. Estudos como este fornecem
Canal 6 / Sensor CAMS (Infravermelho Próximo: importantes informações biofísicas de base que podem ser
0 ,7 6 -0 ,9 0 pm) comparadas com futuros estudos para avaliar se estão ocor­
Figura 11-16 Relacionamento entre valores de brilho na banda 6
rendo mudanças deletérias naquela região.
do sensor CAMS (Calibrated Airborne Multispec-
tral Scanner) e biomassa seca total (g/m2) de Spar­ Para estudos comparativos de biomassa é recomendável
tina alterniflora medida em 27 localidades (in situ) que a maioria das variáveis, tanto do sistema como do am­
de Murrells Inlet, SC, em 2 e 3 de agosto de 1997 biente sejam mantidas as mais constantes possíveis (p.ex.,
(Jensen et al„ 1998). aproximadamente a mesma configuração do sistema sen­
sor e da geometria de visada, altitude de voo, condições at­
mosféricas, época do ano, horário do dia e ciclo da maré).
Ciclo Fenológico da Macega Mole (Spartina alterniflora) As limitações quanto ao uso da abordagem por regressão
Costeira, na Carolina do Sul, EUA para a estimativa de variáveis biofísicas com dados de sen­
sores remotos são sumarizadas por Qi et al. (1995).
O ciclo fenológico do capim-marinho perene macega mole
(.Spartina alterniflora), de ocorrência comum na costa leste Ciclos Fenológicos de Vegetação sob Manejo
dos Estados Unidos, é mostrado na Figura 11-14. A ma­
téria orgânica decomposta da Spartina é despejada no mar
e representa a base da cadeia alimentar que suporta a in­ Áreas de culturas agrícolas ou florestais mecanizadas têm
dústria pesqueira marinha da costa leste norte-americana. seu estabelecimento, crescimento e aplicação de tratos de
A época de máximo crescimento e de máximo peso da manejo realizados de acordo com ciclos fenológicos rela­
biomassa seca da Spartina ocorre entre julho e outubro e, tivamente previsíveis. Seria ótimo se todos os agricultores
portanto, este é o período ótimo para a seleção de dados plantassem a mesma cultura numa data única numa esta­
de sensoriamento remoto. Dados obtidos entre janeiro e ção de crescimento. Isso possibilitaria que as análises dos
março apresentam pouca utilidade para a Spartina, pois dados de sensoriamento remoto fossem mais diretas. Afor-
este é um período de dormência, em que esta espécie per­ tunadamente para nós que nos beneficiamos dos frutos do
manece em estado de senescência. Ainda assim, é possível trabalho agrícola, os agricultores plantam as culturas em
encontrar quem tente usar imagens do inverno, coletadas função de determinadas condições meteorológicas e de
para outros objetivos, visando monitorar Spartina. acordo com regras heurísticas de manejo. Portanto, nem
todas as áreas da mesma cultura são plantadas durante o
A Figura 11-15 mostra nove bandas (3m x 3m) do sen­ mesmo mês ou colhidas à mesma época. Se duas parcelas de
sor CAMS (Calibrated Airborne Multispectral Scanner), milho são plantadas com uma diferença de vinte dias entre
da NASA, de Murrells Inlet (South Carolina), adquiridas si, suas respectivas respostas espectrais deverão ser diferen­
em 2 de agosto de 1997, durante o período de máxima tes ao longo de seus específicos ciclos fenológicos. Isto pode
biomassa. Medições in situ da biomassa seca total (g/m2), trazer algumas dificuldades quando se busca, por exemplo,
para a Spartina, em 27 diferentes localidades, foram obti­ identificar culturas via dados de sensores remotos.
380 CAPITULO 11 Sensoriamento Remoto da Vegetação

Fenologia do Trigo
de Inverno

• mwv—
'V W s s ’})’, rf íi; í •'Üv-.b

Se t O ut N ov Dez Jan Fev M ar A br M ai Jun Jul Ago


___ 1___ _ i ___ 1 _ i i I i 1 i i i I i i i _ l ___ 1___ 1 1
Crescimento Espiga- Maduro Colheita
Cultura plantada
vegetativo mento
50 108 dias -2 8 - ■29' -21 - Planta
10| 141 26 14 114 21 13 25 |4 7 \2 ll seca
plantioy perfilhamento
emergência
dormência Reinicio do Alongamento
crescimento
lE snigam cnti\/ A
Graos farináceos Grãos du
Emborrachamento
Máxima cobertura

Figura 11-17 O ciclo fenológico do trigo de inverno nas Great Plains, EUA. A cultura é plantada em outubro e novembro, permanece
em dormência sob a neve até março, quando reinicia o crescimento. O desenvolvimento vegetativo ocorre em abril, com o
espigamento em maio e maturação em meados de junho. Em seguida ocorre o secamento do trigo, que é colhido no início
de julho. Os dados de sensoriamento remoto adquiridos em outubro e novembro fornecem informações sobre a quantidade
de terras preparadas para o período do plantio. Imagens adquiridas durante o desenvolvimento vegetativo, em abril e maio,
podem ser usadas para extrair informações sobre a biomassa em pé, possibilitando a previsão da produtividade do trigo.

Os engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas, os exten- em solos de pradarias no meio oeste americano é mostrado
sionistas e os pesquisadores da área agronômica conhe­ na Figura 11 -17. A cultura é plantada em outubro e em no­
cem muito bem as características dos ciclos fenológicos vembro, permanecendo em dormência sob a neve (se pre­
para as diferentes localidades e regiões. Esses profissionais sente) até março, quando o crescimento reinicia. Em segui­
representam, em geral, a mais segura fonte de informação da, ocorre o desenvolvimento vegetativo em abril, em maio
sobre ciclos fenológicos, solos, ou sobre quaisquer pecu­ o surgimento das espiguetas de grãos, que amadurecem em
liaridades associadas com práticas agrícolas específicas de meados de junho. Usualmente, atingem a maturidade e fi­
cada localidade. Neste contexto, acreditamos que será de cam prontas para a colheita no início de julho. Dados de
grande proveito o fornecimento de exemplos sobre vários sensores remotos coletados em outubro ou em novembro
tipos de ciclos fenológicos que ocorrem nos EUA, visan­ fornecem informações sobre a quantidade de solo prepa­
do demonstrar a importância das informações da feno­ rado para o plantio. Imagens adquiridas durante a fase de
logia da vegetação. Isto incluirá estudos de casos sobre desenvolvimento vegetativo, em abril e em maio, podem
trigo de inverno no meio oeste, sobre várias culturas de ser usadas para a extração de informações sobre biomassa,
importância da Carolina do Sul, e o sensoriamento remo­ permitindo prováveis previsões sobre produtividade.
to de beterraba, algodão e alfafa no Imperial Valley, CA.
Cada exemplo inclui informações fenológicas detalhadas São também úteis informações detalhadas sobre o calendá­
mostradas em diferentes formatos. rio agrícola, tais como as usadas por governos, indivíduos
e companhias privadas, para a aquisição de dados de sen­
Ciclo Fenológico do Trigo de Inverno no Meio Oeste soriamento remoto em datas ótimas do ciclo fenológico
dos EUA que permitam modelar e prever a produção de determi­
nado cereal para venda no mercado mundial. Tais moni­
O ciclo fenológico detalhado do trigo de inverno (triticalej toramentos podem, em certas oportunidades, ser também
Características Temporais da Vegetação 381

Ciclos Fenológicos de Soja e de M ilho na Carolina do Sul

Soja a.

úteis para prever desastres agrícolas futuros tais como se­ fenológicas do trigo apresentadas na Figura 11-17. Os ciclos
cas, permitindo mitigar suas consequências. fenológicos para o trigo e outras culturas importantes da Ca­
rolina do Sul são apresentados nas Figuras 11-18 e 11-19.
Ciclos Fenológicos de Culturas Agrícolas na Carolina O espigamento do trigo ocorre no final de maio e no co­
do Sul meço de junho para o Meio Oeste americano, sendo que,
na Carolina do Sul, o espigamento ocorre no início de
Os ciclos fenológicos de vegetações naturais e cultivadas maio, aproximadamente 15 dias antes, em função de ali
variam significativamente de uma região para outra. Por a estação sem frio começar mais cedo e ser mais longa. As
exemplo, se um cientista necessita monitorar as condições do imagens adquiridas em junho, para o Meio Oeste, podem
trigo na Carolina do Sul, não é possível usar as informações ser úteis no inventário da produção do trigo, enquanto que
382 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Vegetação

Ciclos Fenologicos do Trigo, do Algodão e do Fumo na Carolina do Sul

125

100

25 cm de altura

Jan Fev M ar A br M ai Jun Jul Ago Set O ut N ov Dez

Dormência ou outras culturas Plantio Frutificação Bola Maturação/


colheita
Pré-florescência

125

Figura 11-19 Ciclos fenologicos do trigo de inverno (a), do algodão (b) e do fumo (c) na Carolina do Sul. As informações foram obtidas
com extensionistas agrícolas, agrônomos e trabalho de campo (Savitsky, 1986).

as imagens obtidas em junho para a Carolina do Sul deve­ difícil diferenciar entre tabaco e milho a menos que se
rão ser mais indicativas de que o trigo já foi colhido. obtenha uma imagem do meio de junho e o tabaco tenha
tido um desenvolvimento vegetativo maior do que o do
Os calendários agrícolas também revelam que é difícil milho, a fim de se poder notar uma diferença espectral
identificar a produção de trigo na Carolina do Sul com correspondente. Similarmente, pode ser possível discri­
uma única imagem adquirida em março ou no começo minar entre soja e algodão se o analista tiver em mãos
de abril, época em que o trigo é a única cultura existente uma imagem do final de julho ou do início de agosto
com o dossel completamente fechado. Por outro lado, é e a soja tiver um fechamento de dossel maior do que o
Características Temporais da Vegetação 383

Imagens do TM/Landsat sobre o Imperial Valley (CA), de 10 de dezembro de 1982.

d. Canal 4 (infravermelho próximo: e. Canal 5 (infravermelho médio: f. Canal 7 (infravermelho médio:


0,76 - 0,90 pm) 1,55 - 1 ,7 5 pm) 2,08 - 2,35 pm)

mmm
n \ sede
li
Legenda:

■■■ Algodão
■i
1
Beterraba

■ ■ ■1 II ni Allafa Pousio
1 m■
g. Canal 6 (termal: 10,4 —12,5 pm) Informação de referência de campo

Figura 11 -20 Bandas individuais das imagens TM /Landsat de uma porção do Imperial Valley, CA, obtidas em 10 de dezembro de 1982.
As bandas TM1 a TM 5 e a TM 7 estão na resolução espacial de 30 m x 30 m. A banda TM 6, no termal, está na resolução
espacial de 120 m x 120 m. Os talhões de beterraba estão claros na banda TM 4 (infravermelho próximo) e escuros nas duas
bandas do infravermelho médio (TM5 eT M 7). Áreas em pousio estão em cinza em todas as bandas, exceto na banda TM 4,
na qual estas áreas aparecem escuras (as imagens são cortesia da Space Imaging, Inc.).

do algodão. Se todos os ciclos fenologicos das principais Ciclo Fenológico de Culturas Agrícolas no Imperial
culturas forem muito semelhantes para a Carolina do Valley, CA, EUA
Sul, com fechamento de dossel na mesma época do ano,
tornar-se-á difícil usar dados de sensoriamento remoto A região do Imperial Valley da Califórnia é um dos ecos­
para discriminar entre os tipos de vegetação. Entretanto, sistemas mais produtivos do mundo, produzindo grandes
em função da oscilação temporal dos ciclos fenologicos, quantidades de beterraba, algodão e alfafa. Os ciclos fenoló-
é possível discriminar entre os tipos de vegetação, se as gicos de várias de suas principais culturas estão sumarizados
imagens são coletadas em épocas ótimas dos respectivos na Prancha Colorida 11-4 (GRSU, 1999). Cada calendário
ciclos de crescimento (Savitsky, 1986). representa uma parcela monitorada ao longo de vinte meses
384 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Vegetação

Tabela 11-2. Características tonais de tipos de culturas Em função do grande contraste existente entre culturas
nas bandas individuais TM/Landsat (em nesta imagem TM/Landsat de 10 de dezembro de 1982, é
preto-e-branco) de uma cena relativa ao Im­ possível realizar uma interpretação visual das culturas com
perial Valley (Califórnia) mostrada na Figura
base na análise das bandas individuais mostradas na Fi­
11-20, obtida em 10 de dezembro de 1982
gura 11-20. Analisando cuidadosamente, verificamos, por
(E = escuro; CM = cinza médio; CL = claro).
exemplo, que as regras heurísticas sumarizadas na Tabela
Tipo de 11-2 podem ser usadas para classificar a cena.
TM1 TM2 TM3 TM4 TM5 TM7
cultura
Beterraba E E E CL E E Desta forma, podemos dizer que é possível programar um
algoritmo computacional que leve em conta essas caracte­
Alfafa E E E CL CM CM
rísticas espectrais e então possa executar esta classificação.
Algodão CM CM CM E CL CL A Prancha Colorida 11-5e mostra um mapa da área de
Pousio CM CM CM E CM CM estudo obtido por classificação digital, o qual, comparado
com o mapa de referência mostrado na Figura 11-20, apre­
senta uma precisão de aproximadamente 85%. O mapa
com dados MSS/Landsat (79m x 79m), na composição das digital foi produzido usando as bandas TM 1 a 5 e a banda
bandas 4, 2, 1 (RGB). Quanto mais intenso o vermelho TM7, com um algoritmo de classificação supervisionada
(magenta), maior a quantidade de biomassa e de fechamen­ por máxima verossimilhança (para maiores detalhamentos
to do dossel. A beterraba é plantada no início de setembro, sobre classificação digital, consulte Jensen, 2005). Haack
emerge em novembro, sendo colhida em abril ou início e Jampoler (1994, 1995) avaliaram esta mesma cena TM /
de maio. Quanto ao algodão, por lei deve ser plantado em Landsat e obtiveram uma exatidão de aproximadamente
março, e colhido e incorporado em novembro de cada ano 90%, usando diferentes bandas.
com o objetivo de controlar o bicudo-do-algodoeiro (“Bole
Weevil”). Em 1982, a data de incorporação foi o dia primei­ A exatidão de uma classificação feita com dados de sensoria­
ro de janeiro. A alfafa é plantada em qualquer época do ano mento remoto é altamente dependente da existência de dife­
e pode ser colhida cinco ou seis vezes por ano, como está renças espectrais significativas entre os vários tipos de culturas
ilustrado no calendário agrícola. existentes. A única maneira de identificar quando existem es­
ses contrastes máximos entre respostas das culturas é avalian­
E possível identificar o tipo de cultura em cada talhão (par­ do os calendários fenológicos das culturas e selecionando as
cela agrícola) se as imagens são obtidas em épocas do ano datas apropriadas para as análises e interpretações. Os mapas
que maximizem o contraste espectral entre as culturas de classificados, como o mostrado na Prancha Colorida 11-5,
interesse. Neste sentido, a Figura 11-20, por exemplo, ilus­ podem ser usados para predizer a quantidade de área de uma
tra sete bandas das imagens TM/Landsat obtidas em 10 de determinada cultura num determinado instante de tempo, e
dezembro de 1982. As seis bandas do espectro refletido es­ esta informação, associada com modelos agro-meteorológi-
tão na resolução espacial de 30 m x 30 m, enquanto que a cos, pode ser usada para previsões de produções agrícolas.
do termal (banda TM6) está na resolução de 120 m x 120
m. Também está incluído na mesma figura um mapa da índices de Vegetação
distribuição espacial das culturas realizado pelo Imperial
Valley Irrigation Board (Haack e Jampoler, 1995).

As quatro composições coloridas ilustradas na Prancha Desde a década de 1960, os cientistas vêm extraindo e mo­
Colorida 11-5 demonstram a importância das bandas no delando vários parâmetros biofísicos da vegetação com o
infravermelho médio quando o objetivo é discriminar en­ uso de dados de sensoriamento remoto. Grande parte des­
tre tipos de culturas. A composição colorida verdadeira se esforço tem envolvido o uso de índices de vegetação —que
(bandas 3, 2, 1 em RGB) e a colorida falsa-cor, com o são medidas radiométricas adimensionais, as quais indi­
infravermelho próximo (bandas 4, 3, 2 em RGB) não são cam a abundância relativa e a atividade da vegetação ver­
tão efetivas para a interpretação visual de tipos de culturas de, incluindo índice de área foliar (IAF), porcentagem de
quanto as composições que envolvem também as bandas cobertura verde, teor de clorofila, biomassa verde, e radia­
no infravermelho médio, ou sejam, as composições visível/ ção fotossinteticamente ativa absorvida (RFAA, ou APAR,
infravermelho médio (bandas 5, 3, 2 em RGB ou também em inglês). Idealmente, um índice de vegetação ideal deve:
bandas 7, 3, 2 em RGB). Note que todos os talhões com (Running et al., 1994; Huete e Justice, 1999):
beterraba aparecem negros na composição do infraverme­
lho médio (Prancha Colorida 11-5c; RGB com bandas 5, • maximizar a sensibilidade a parâmetros biofísicos das
3, 2) e na banda individual TM 5 (Figura 11-20). plantas, preferencialmente de uma forma linear, para
índices de Vegetação 385

Base Fisiológica para o Desenvolvimento de índices de Vegetação

Figura 11-21 a) Base fisiológica para o desenvolvimento de índices de vegetação. Características típicas de reflectância espectral para gra-
mínea verde sadia e para solo seco exposto, no intervalo entre 250 e 1.000 nm. b) O NDVI é a razão normalizada entre as
bandas do infravermelho próximo e vermelho. O N DV I é funcionalmente equivalente à razão simples, da qual é também
uma transformação não-linear (adaptado de Huete et al., 2002b).
386 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Vegetação

Tabela 11-3. Sumário de alguns índices de vegetação selecionados.


índice de Vegetação Equação Referências
Razão Simples (SR) Birth e McVey, 1968
SR =^ - Colombo et al., 2003
Pred Schlerf et al., 2005
índice de Vegetação por Dife­ Rouse et al., 1974
rença Normalizada (NDVI) Deering et al., 1975
N D V I- P»"~P'‘d
Pnir + P red Huete et al., 2002a
Schlerf et al., 2005
Transformação Kauth-Thomas Landsat Multispectral Scanner (MSS) Kauth e Thomas, 1976
Brightness (brilho) B = 0 , 3 3 2 ^ + 0 , 6 0 3 ^ + 0,675,^3+ ° ’262^ Kauth et al., 1979
Greenness (verdor) G = - ° ’28^ « s, - °>660^ + 0 ,5 7 7 ^3 + 0 , 3 8 8 ^
Yellow stuff (material amarelo) Y = - 0 . 8 9 9 ^ + 0 , 4 2 8 ^ + 0 , 0 7 6 ^ - 0 , 0 4 1 ^
None-such (inespecífico) N = - 0.016MS5; + 0 , 1 3 1 ^ - 0 , 4 5 2 ^ + 0.,882MW
Landsat Thematic Mapper (TM)
Brightness B = 0,2909 TM1 + 0,2493 TM2 + 0,4$06TM3 + Crist e Kauth, 1986
Greenness 0,5568 TM 4 + 0,4438 7M 5 + 0,1706 TM 7 Kauth et al., 1979
Wetness G = - 0,2728 TM I - 0,2174 TM2 - 0,5 5 0 8 771# + Lunetta et al., 2002
0,7221 TM4 + 0,0733 TM5 -0,1648 TM 7 Rogan et ah, 2002
W = 0,144677W7 + 0,1761 TM 2 + 0,3322 TM3 + Jin e Sader, 2005
0,3396 TM4 - 0,6210 TM5 - 0,4186 TM 7 Schlerf et al., 2005
índice de Umidade por Diferença Hardisky et al., 1983
Normalizada ou índice de Gao, 1996
Água (“Water Index”) (NDMI N D M I ou N D W I- N IR™4' M ld m TM5 Jackson et al., 2004
ou NDWI) N I R + M i d l R . TM5 Galvão et al., 2005
Jin e Sader, 2005
índice de Vegetação Perpendicu­ Richardson e Wiegand,
PVI =^(0,355MSS4 - 0,149MSS2)1+ ( 0,355MSS2 - 0,852MSS4)2
lar (PVI) 1977
índice Conteúdo Relativo de r w i N ^ [ ^ ( N I R m4- M N I R n J ] Hunt et al ., 1987
Água Foliar (LWCI)
- l o g [ l - N IR TM4-M idIRTMSfi\

índice de Vegetação Ajustado ao Huete, 1988;


Solo (SAVI) e SAVI Modificado ^ + 2 ^P«/> **Pred} Huete e Liu, 1994;
(MSAVI) P„,r + Pred + 1 Running et al., 1994;
Qi et al., 1995
índice de Vegetação Resistente à Kaufman eTanré, 1992;
Atmosfera (ARVI) A R V l J P* - P* A Huete e Liu, 1994
\P*»,V + P*rb)

índice de Vegetação Resistente à SARVI-VmrVrb , Huete e Liu, 1994;


Atmosfera e ao solo P*„,V+ P*rí+ I Running et al., 1994;
índice de Vegetação Realçado Huete et al., 1997;
D* - D*
(EVI) EVI = G p "" M * . (1+1) Huete e Justice, 1999;
p* + C,p* C p*.. + L Huete et al., 2002a;
TBRS, 2003
Novo índice de Vegetação /\r\/f _ P777' P747 Gupta et al., 2001
(NVI) P673
índices de Vegetação 387

Tabela 11-3. Continuação.


índice de Vegetação Equação Referências
índice de Vegetação Livre de _
(p mr -0,66o ., )
~ l.b u m 7
Karnieli et al., 2001
Aerosol (AFRI) AFRI l,6fim
(p
v r mr
+ 0,66p,
* l,6 n m '
)

_ (P,fr-ft5p2.1 J
AFRI 2,1um
(P n i r + M P l l J

índice de Vegetação Triangular Broge e Leblanc, 2000


TVI= 0,5 (120(p1 m .r - •pgreen')) - 200(p1 rea, - 1pgreen )
(TVI)
Razão Simples Reduzida (RSR) P
1 swir
swtr "Pr1 swirmm
.
Chen et al., 2001
RSR:
red
+ 0
~ st.

Razão TCARI/OSAVI Kim et al, 1994


TCARI = 3 - Pr 67(r1-0 2 vh
(P700 - P' 550'I IM
p I Rondeaux et al., 1996
Daughtry et al., 2000
d + 0 ,!6 ) (P800 -P (,70) Haboudane et al., 2002
OSAVI =
(P«on+ P(,70+ ° ’16)
TCARI
O SAVI
índice Resistente à Atmosfera 'P red Gitelson et al., 2002
VARIgreen = p-
no Visível (VARI) green + P r e C Pblue
índice Diferença Normalizada M i d I R . - N I R TMJ Zha et al., 2003
para Areas Construídas (NDBI) NDBI =
M idlRTM IM 5
, +N IR TM
!M 4
i
built-up
F area
=NDBI-NDVI

Posição da Borda Vermelha P (red edge) P(700nm )


Clevers, 1994
(REP) REP = 700 + 40 Dawson e Curran, 1998
P (740nm ) " P(700nm )
Baranoski, 2005
onc e
/
P*,b = P*red - I (P\.ue - P* J

que esta sensibilidade seja fidedigna para uma grande Há muitos índices de vegetação, e alguns deles estão suma-
amplitude de condições da vegetação e para facilitar a rizados na Tabela 11-3. Muitos são funcionalmente equi­
validação e a calibração do índice; valentes (redundantes) em termos de conteúdos de infor­
mação (Perry e Lautenschlager, 1984), e alguns proveem
• normalizar ou modelar efeitos externos tais como o ângu­ informações biofísicas singulares (Qi et al., 1995). E útil
lo solar, o ângulo de visada e as interferências atmosféricas, rever o desenvolvimento histórico dos principais índices e
de modo a permitir comparações espaciais e temporais; prover informações sobre os avanços recentes observados
neste desenvolvimento. Sumários detalhados podem ser
• normalizar efeitos internos, tais como variações no encontrados em Running et al. (1994) e em Lyon et al.
substrato abaixo do dossel, incluindo topografia (decli- (1998). Muitos índices fazem uso da relação inversa entre
vidade e aspecto), solos, e diferenças quanto à vegeta­ as reflectâncias no vermelho e no infravermelho próximo
ção senescente ou presença de ramos lenhosos (compo­ associada com a vegetação verde sadia (Figura 11-21 a).
nentes não-fotossintéticos);
Razão Simples (RS, ou Simple Ratio, SR)
• ser acoplável a algum parâmetro biofísico mensurável,
tais como a biomassa, o LAF, ou a APAR, para fins de Cohen (1991) sugere que o primeiro índice de vegetação
validação e de controle de qualidade. verdadeiro foi a Razão Simples (SR), que é a razão entre o
388 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Vegetação

fluxo radiante refletido no infravermelho próximo (p ) e o Imagem NDVI de Charleston (SC, EUA), Derivada
fluxo radiante refletido no vermelho (p ,), como é descrito de Dados do Sensor TM /Landsat
por Birth e McVey (1968):

SR=Bss. ( H - l l)
Pred

O SR fornece valiosas informações sobre a biomassa da vege­


tação ou sobre o IAF (Schlerfet al., 2005). Ele é especialmente
sensível a variações em biomassa ou em IAF para vegetação de
grande biomassa, tais como florestas (Huete et al., 2002b).

índice de Vegetação por Diferença Normalizada (IVDN


ou NDVI)

Rouse et al. (1974) desenvolveram o índice de Vegetação


por Diferença Normalizada (IVDN ou NDVI):

N D V I = Pnir — Pred (H-12)


Figura 11-22 Imagem índice de Vegetação por Diferença N or­
P
' mr• +D• red, malizada (NDVI) de Charleston, SC, derivada das
bandas TM 3 e TM 4 do Landsat.
O NDVI é funcionalmente equivalente ao SR, isto é, prati­
camente não há dispersão num gráfico de SR x NDVI, e para
cada valor de SR há um valor fixo para o NDVI. Quando plo- de alta biomassa, mas tem pouca variação reservada
tamos os valores médios de NDVI e de SR para vários biomas, para regiões de baixa biomassa (pastagens, biomas ári­
observamos que o NDVI aproxima-se de uma transformação dos, biomas semiáridos);
não-Iinear do SR (Figura 11-21 b) (Huete et al., 2002b). O
NDVI é um índice de vegetação importante porque: • O NDVI é muito sensível a variações do substrato sob
o dossel (p.ex., os solos que são visíveis sob os dosséis).
• Mudanças sazonais e interanuais no desenvolvimento e Os valores de NDVI são particularmente altos com
na atividade da vegetação podem ser monitoradas; substratos mais escuros. \

• A razão reduz muitas formas de ruídos multiplicativos O NDVI foi amplamente adotado e aplicado para dados
(diferenças de iluminação solar, sombras de nuvens, al­ MSS do Landsat. Deering et al. (1975) usaram o artifício
gumas atenuações atmosféricas, algumas variações to­ de adicionar 0,5 ao NDVI para evitar valores negativos e
pográficas) presentes em múltiplas bandas de imagens empregaram a raiz quadrada do resultado para estabilizar
de múltiplas datas. a variância. Este índice é referido como Transformed Ve-
getation Index (TVI) ou índice de Vegetação Transformado.
Por outro lado, as desvantagens do NDVI (Huete et al., Esses três índices supra-citados (SR, NDVI eTVI) respon­
2002a; Wang et al., 2005) são as seguintes: dem a mudanças na quantidade de biomassa verde.

• Sendo um índice baseado em razão, é não-linear e pode Muitos cientistas continuam a utilizar o NDVI (p.ex.,
ser influenciado por efeitos ruidosos aditivos, tais como Miura et al., 2001; Trishcenko et al., 2002; Galvão et al.,
radiância de trajetória atmosférica (Capítulo 6);• 2005). De fato, dois dos produtos padrões do MODIS são
as composições de dezesseis dias NDVI de todo o planeta
• O NDVI é altamente correlacionado com o IAF; en­ em resolução de 500 m e de 1 km (Huete et al., 2002a).
tretanto, esta relação pode não ser tão forte durante Uma imagem NDVI derivada do conjunto de dados de
períodos de máximo LAF, aparentemente devido à sa­ Charleston do TM/Landsat é mostrada na Figura 11-22.
turação do NDVI quando o IAF é muito alto (Wang
et al., 2005). Por exemplo, a Figura 11 -21 b revela que A Transformação “Tasseled Cap” de Kauth-Thomas
o intervalo dinâmico do NDVI é ampliado a favor
de condições de baixa biomassa, sendo comprimido Kauth e Thomas (1976) produziram uma transformação
a favor de condições de alta biomassa, de florestas. O ortogonal dos dados MSS/Landsat originais para um novo
oposto é verdadeiro para a Razão Simples, para a qual espaço 4-Dimensões, que passou a ser conhecida como “tas­
grande parte do intervalo dinâmico abrange florestas seled cap"ou “transformação de Kauth-Thomas”, que é cons-
índices de Vegetação 389

Tabela 11-4. Coeficientes “tasseled cap” para uso com da­ Na Figura :11-24, a cena TM/Landsat de Charleston está
dos do sensor Enhanced Thematic Mapper transformada nas imagens “brightness”, “greenness” e
Plus do Landsat-7 (Huang et al., 2002). “wetness” (conteúdo de umidade), tendo como base o uso
dos coeficientes Tasseled Cap apropriados ao sensor TM
índice TM1 TM2 TM3 TM4 TM5 TM7
(Equações 11-17 a 11-19). As áreas urbanizadas estão par­
brilho 0,3563 0,3972 0,3904 0,6966 0,2286 0,1596 ticularmente evidentes na imagem “brightness”. Na ima­
gem “greenness”, quanto maior a biomassa, mais brilhante
verdor -0,334 -0,354 -0,456 0,6966 -0,024 -0,263
é o valor do pixel. Por seu lado, a imagem “wetness” provê
um idade 0,2626 0,2141 0,0926 0,0656 -0,763 -0,539 informações sutis referentes ao estado de umidade da área
de superfícies inundáveis - como era esperado, quanto
quarto 0,0805 -0,050 0,1950 -0,133 0,5752 -0,777 maior o conteúdo de umidade, mais brilhante é a resposta
e, além disso, os corpos d’água são brilhantes. Crist eTho-
quinto -0,725 -0,020 0,6683 0,0631 -0,149 -0,027
mas (1986) identificaram o quarto componente “tasseled
sexto 0,400 -0,817 0,3832 0,0602 -0,109 0,0985 cap” como relacionado com o “haze” ou névoa.

A transformação “tasseled cap” é um índice de vegetação


tituída por quatro novos eixos: o índice brilho do solo (“bri- global e, teoricamente, pode ser usado em qualquer parte do
ghtness”, representado por B); o índice verdor da vegetação mundo visando particionar as quantidades de brilho refe­
(“greenness”, representado por G); o índice de material rentes aos componentes de solo, da vegetação e de umidade
amarelo (“yellow stuff”, representado por Y) e “none-such” em pixels individuais numa cena MSS ou TM do Landsat.
(inespecífico, representado por N). Os nomes junto aos no­ Entretanto, é recomendado que se computem coeficientes
vos eixos indicam as características que os índices pretendem específicos para cada condição local. Jackson (1983) provê
medir. Segundo Kauth et al. (1979), os coeficientes são: um programa computacional para este propósito.

B= 0,332MSS, + 0,603M5S2 + 0 , 6 7 5 ^ + 0 , 2 6 2 ^ (11-13) A transformação “tasseled cap” continua a ser amplamente


usada (p.ex., Lunetta et al., 2002; Price et al., 2002; Rogan
G = ' 0 , 2 8 3 ^ , ' 0,660ms,2 + 0 , 5 7 7 ^ + 0 , 3 8 8 ^ (11-14) et al., 2002). Huang et al. (2002) desenvolveram coefi­
cientes “tasseled cap” para uso com dados reflectância “no
Y= - 0,899M5S; + 0 , 4 2 8 ^ + 0 , 0 7 6 ^ - 0,041 MSS4 nível do satélite ou at satellite" do ETM +/Landsat-7. Esses
coeficientes são mais apropriados para aplicações regionais,
N= - 0 , 0 1 6 ^ + 0 , 1 3 1 ^ - 0 , 4 5 2 ^ + 0 ,8 8 2 ^ (1 1 -1 6 ) onde a correção atmosférica não é possível. Os coeficientes
estão sumarizados na Tabela 11-4.
Crist e Kauth (1986) derivaram os coeficientes no visível,
no infravermelho próximo e no infravermelho médio para índice de Umidade por Diferença Normalizada ou ín ­
transformar imagens TM/Landsat em variáveis “bright­ dice de Água (NDMI ou NDWI)
ness”, “greenness” e “wetness”:
Em inglês, este índice é denominado “Normalized Diffe-
B = 0,2909 TM1 + 0,2493 TM2 + 0,4806TA/3 + (11-17) rence Moisture Index” (NDMI) ou também “Water In­
0,5568 7M 4 + 0,4438 TM5 + 0,170 GTM7 dex” (NDWI). As informações sobre conteúdo de umidade
interno à vegetação são de grande utilidade na agricultura,
G = - 0,2728 TM1 - 0,21747M 2- 0,5508 TM3 + (11-18) floresta e hidrologia (Galvão et al., 2005). Hardisky et al.
0,7221TM 4 + 0,0733 TM5 -0,1648 TM 7 (1983) e Gao (1996) notaram que o NDWI baseado nas
bandas do infravermelho próximo e do infravermelho médio
W = 0,14467/W + 0,176 1 77142 + 0,3322 771Í3 + (11-19) do TM/Landsat,
0,3396 TM 4 - 0,6210 TM5 - 0,4186 TM 7
N D M I ou N D W I =
Estas são chamadas de “transformações tasseled cap” em N IR TM4 +M idIRTm
função de que geram gráficos com a forma de gorros (Figu­
ras 1 l-23a-c). Crist e Cicone (1984) identificaram um ter­ era altamente correlacionado com o conteúdo de água do
ceiro componente que está relacionado a feições de solos, dossel vegetal e conseguia acompanhar melhor mudan­
inclusive da condição de umidade (Figura ll-23d). Desta ças na biomassa e nos estresses de umidade das plantas
forma, uma importante fonte de informações sobre solos é do que o índice NDVI (descrito acima). Jackson et al.
disponível a partir da inclusão das bandas do infraverme­ (2004) observaram que o NDVI saturava, enquanto que
lho médio do TM/Landsat (Price et al., 2002). o N D W I continuava a registrar mudanças no conteúdo
390 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Vegetação

Características da Transformação “Tasseled Cap” de Kauth-Thomas

Brilho Brilho
a. Desenvolvimento de uma cultura b. Posicionamento das coberturas da
agrícola no espaço da transformação terra quando distribuídas no espaço
brilho x verdor. espectral brilho x verdor.

c. Plotagem de valores reais dos índices brilho d. Direção aproximada da variação de


e verdor para uma área agrícola. A forma da umidade no plano de solos. A seta apon-
distribuição assemelha-se a um capuz. ta na direção de umidades decrescentes.

Figura 11-23 Características da transformação “tasseled cap” de Kauth-Thomas (adaptado de Crist, 1985; Crist e Kauth, 1986). A trans­
formação “tasseled cap” é aplicada corretamente se a base do “tasseled cap” é paralela ao eixo “brightness - brilho”.

de água de áreas plantadas com milho e com soja. Jin e onde fit representa a reflectância nas bandas especificadas
Sader (2005) compararam o N DW I com a transforma­ quando as folhas estão em seu máximo Conteúdo Relativo
ção “wetness” proveniente da transformação tasseled cap de Água (fi = fully turgid; RWC - relative water content),
para detectar alterações em florestas. definido como:

RWC [Peso no camP° —Peso após secagem em estufa] ^ ^


índice de Vegetação Perpendicular (PVI)
[peso túrgido - peso após secagem em estufa]

Em inglês, este índice é denominado “Perpendicular Vege-


tation Index” e sua correspondente sigla é PVI. índice de Vegetação Ajustado ao Solo (SAVT)
Richardson e Wiegand (1977) usaram a distância perpendi­
cular até a chamada “linha do solo” como um indicador do Em inglês, este índice é denominado “Soil Adjusted Vege­
desenvolvimento das plantas. A “linha do solo”, que é um ta tion Index” (SAVI). A utilidade do índice de Vegetação
índice bi-dimensional à semelhança do índice “brightness” Diferença Normalizada (NDVI) e outros índices para a
de Kauth-Thomas, foi estimada por regressão linear. O PVI avaliação da vegetação terrestre via dados aéreos e de saté­
baseado em dados MSS banda 4 foi definido como: lites foi demonstrada nas últimas três décadas. A análise de
séries temporais de dados NDVI sazonais tem fornecido
PVI =\J(0355MSS4 - 0. 149MSS2)2+ ( 0355MSS2 - 0,852MSM)J métodos para a estimação da produção primária líquida
para vários tipos de biomas, bem como para o monitora­
índice Conteúdo de Água Foliar (LWCI) mento de padrões fenológicos de superfícies terrestres ve-
getadas e para a avaliação da duração dos ciclos biológicos
Em inglês, este índice é denominado “Leaf Water Content e da velocidade de secagem (ou perda de água pelos grãos)
Index” (LWCI), e foi desenvolvido por H unt et al. (1987) após a maturação fisiológica (“dry-doum”) (Huete e Liu,
para estimar estresses de umidade em folhas: 1994; Ramsey et al., 1995). Por exemplo, inicialmente a
análise da vegetação global era feita com base em valores
LWCI = - l o g t l -{N IR n h -M idIRnK)]
de NDVI obtidos por regressão linear (derivados de dados
- log [1 - N IR TM4ft- M idIRJM5fj\
AVHRR, MSS/Landsat e HRV/Spot) e por medições in
índices de Vegetação 391

a. Brightness b. Greenness

Transformações “Tasseled Cap” de Kauth-


Thomas (Brightness - Brilho, Greenness
- Verdor, e Wetness - Umidade) para dados
TM/Landsat de Charleston (SC, EUA)

c. Wetness

Figura 11-24 Imagens “brightness” (brilho), “greenness” (verdor) e “wetness” (umidade) derivadas por aplicação dos coeficientes de transfor­
mação “tasseled cap” de Kauth-Thomas para dados TM/Landsat (6 bandas) de Charleston, SC.

situ de IAF, APAR, porcentagem de cobertura, e/ou bio- Desta forma, tem sido dada ênfase ao desenvolvimento de
massa. Esta abordagem empírica revolucionou a ciência da índices de vegetação melhorados, que utilizem as vanta­
análise biofísica da cobertura terrestre global em apenas gens de sistemas sensores calibrados, tais como o Moderate
uma década (Running et al., 1994). Infelizmente, estudos Resolution Imaging Spectrometer (MODIS) (Running et
realizados demonstraram que os produtos NDVI deriva­ al., 1994). Embora tenha sido demonstrada a utilidade do
dos empiricamente podem ser instáveis, variando com a NDVI na estimativa de propriedades da vegetação, mui­
cor do solo e com as suas condições de umidade, e com tas influências internas e externas importantes restringem
efeitos da função distribuição de reflectância bidirecional sua utilidade global. Tipicamente, os índices melhorados
(FDRB) (verificar Capítulo 1), com as condições atmosfé­ incorporam um fator de ajuste para os solos e/ou para as
ricas e com a presença de material morto no próprio dossel
condições atmosféricas.
(Qi et al., 1995). Por exemplo, Goward et al. (1991) en­
contraram erros de ± 50% em imagens NDVI usadas para O SAVI é definido como:
estudos de vegetação global derivadas do produto “NOAA
Global Vegetation Index”. Verifica-se então a necessidade
SA V I_ (1 + 01-24)
de produtos NDVI precisos e que não necessitem ser cali­
brados por medições in situ para cada área geográfica, mas Pm r + P,ed + L
que se mantenham constantes sob condições atmosféricas onde L é um fator de ajuste para o substrato do dossel, que
instáveis e para diversas condições de solos de fundo (Hue- leva em conta, para o vermelho e para o infravermelho pró­
te e Justice, 1999). ximo, a extinção diferencial através do dossel (F-Iuete, 1988;
392 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Vegetação

Huete et ai., 1992; Karnieli et al., 2001). Observou-se que índices EVI x NDVI do M O D IS para Áreas de
um valor de L igual a 0,5 no espaço reflectância (Vermelho Vegetação Densa
x Infravermelho Próximo) minimizava as variações de bri­
lho dos solos, eliminando a necessidade de calibrações adi­
cionais para diferentes solos (Huete e Liu, 1994). Devido à
minimizaçao dos “ruídos” dos solos nos valores de NDVI,
a utilidade do SAVI tem sido corroborada em muitos estu­
dos. Qi et al. (1995) desenvolveram um SAVI modificado,
denominado MSAVI, que utiliza uma função iterativa e
contínua para otimizar os ajustes relativos aos solos e para
aumentar o intervalo dinâmico do SAVI.

índice de Vegetação Resistente à Atmosfera (ARVT)

Em inglês, o nome deste índice é “Atmospherically Re­


sistam Vegetation Index” (ARVI). O SAVI foi construído
de forma que fosse menos sensível aos efeitos atmosféricos
devido à normalização da radiância no azul, no vermelho e
no infravermelho, tornando-se então o ARVI:

P* m■-
r 1p *rb, (11-25) Figura 11-25 Uma comparação da sensibilidade do NDVI (da­
ARVI = 1
p*
1 mr
. + 1p* rb, dos MODIS) com o índice de Vegetação Realçado
(EVI) (também com M ODIS) para vegetação den­
sa (Didan, 2002).
onde:

P*,*=P*,w -Y (PV -P*J


M SARVI .. + 1f ~y (p*... -P*„)T ( J ! _28)
A técnica requer correção a priori para o espalhamento mo­ 2
lecular e para a absorção por ozônio nos dados de senso­ Huete e Liu (1994) realizaram uma análise de sensibilidade no
riamento remoto no azul, no vermelho e no inlravermelho NDVI original e melhoraram os índices de vegetação (SAVI,
próximo, por isso o termo p*. O ARVI usa a diferença de ARVI, SARVI, MSARVI), chegando às seguintes conclusões:
radiância entre o canal azul e o canal vermelho para corri­
gir a radiância no canal vermelho e assim reduzir os efeitos • Se foi feita uma correção atmosférica total, então ainda
atmosféricos. A menos que o modelo de aerossol seja co­ deve haver “ruídos de solos”, e as melhores equações a
nhecido a priori, o gama (y) normalmente é igual a 1,0 para serem usadas serão as dos índices SAVI e MSARVI, en­
minimizar os efeitos atmosféricos. Kaufman eTanré (1992) quanto os usos de NDVI e de ARVI seriam os piores.
fornecem indicações sobre diferentes gamas a serem usados
em áreas vegetadas continentais, marítimas, desérticas (p.ex., • Se foi feita uma correção atmosférica parcial para re­
no Saara), ou áreas de alta densidade de vegetação. mover os componentes Rayleigh e ozônio, então as
melhores equações a serem usadas serão as dos índices
índice de Vegetação Resistente à Atmosfera e aos Solos SARVI e MSARVI, enquanto os usos de NDVI e de
(SARVI) ARVI seriam os piores.

Em inglês, é chamado de “Soil and Atmospherically Re­ • Se não houve correção atmosférica alguma (ou seja, não
sistam Vegetation Index” (SARVI). Huete e Liu (1994) houve a correção para Rayleigh, ozônio ou aerossóis), o
integraram a função L do índice SAVI e a normalização da índice SARVI torna-se levemente melhor, porém ainda
banda azul do índice ARVI para derivar o índice de Vegeta­ haveria o ruído total em menor grau. O NDVI e o
ção Resistente à Atmosfera e aos Solos (SARVI), que corrige ARVI apresentariam o maior ruído e erro.
tanto para os ruídos devidos aos solos como para os devi­
dos à atmosfera, assim como o MSARVI: índice de Vegetação Livre de Aerossol (AFRI)

S A R V I ~P*^ r (11-27) Em inglês, este índice é denominado “Aerosol Free Vege­


tation Index” (AFRI). Karnieli et al. (2001) observaram
e que sob condições de céu claro as bandas centradas em
índices de Vegetação 393

Mapa Mundial do índice de Vegetação Realçado (EVI) do M O DIS

Figura 11 -26 Mapa Mundial do índice de Vegetação Realçado (EVI) do M O DIS, obtido a partir de dados correspondentes a um período
de dezesseis dias, iniciando no dia 193 de 2003. Quanto mais clara a área, maior a quantidade de biomassa vegetal (cortesia
de “Terrestrial Biophysics andRemote SensingMODIS Team, University o f Arizona, e NASA).

1,6 e 2,1 pm são altamente correlacionadas com bandas índice de Vegetação Realçado - EVI
espectrais do visível centradas no azul (0,469 pm), no
verde (0,555 pm) e no vermelho (0,645 pm). Observou- Em inglês, este índice é denominado “Enbanced Vegetation
se que relações lineares empíricas tais como: p0469 = Index”e, por isso, sua sigla original é “E V I”.
0 ,2 5 p .. , p „ .„ = 0 ,3 3 p ,. e p . = 0 ,6 6 p lf eram O “MODIS Land Discipline Group” desenvolveu o ín­
estatisticamente significativas. Portanto, com base nestas dice de Vegetação Realçado (EVI) para uso com dados do
e em outras relações, foram desenvolvidos dois índices de sensor MODIS:
Vegetação Livres de Aerossol (AFRI)-.
EVI = G- (1 + 2 ) (11-31)
(p -0,66p]r ) , + C. p* /+ C2P\/„U 1
AFRI l,6jtm _ v r mr ~ l.o jin r
(11-29)
~ ( P mr + ° , 66P l 6J

O EVI é um NDVI modificado, contendo um fator de ajus­


_
(p m r -0,5p ,, It m 7)
' 2,1 (11-30) te para solos (L), e dois coeficientes (C; e C,), que descre­
AFRI 2 ,l|im
(p m r + 0,5p,,
~ 2,1 jam'
) vem o uso da banda azul para correção da banda vermelha
quanto ao espalhamento atmosférico por aerossóis. Esses
Sob condições de céu claro, os AFRIs (especialmente o coeficientes ( C , C, e L) são empiricamente determinados,
A F R I,, ) resultam em valores muito similares ao NDVI. assumindo valores de 6,0; 7,5; e 1,0, respectivamente). G
Entretanto, se a coluna atmosférica contém fumaça ou sul- é um fator de ganho ajustado em 2,5. Este algoritmo tem
fatos, então os AFRIs são superiores aos NDVIs. Portanto, melhorado a sensibilidade para regiões de alta biomassa,
os AFRIs têm maiores aplicações na avaliação da vegetação permitindo um melhor desempenho do monitoramento
na presença de fumaça, poluição antropogênica e plumas da vegetação através da diminuição da influência do sinal
vulcânicas. Um sucesso mais limitado é esperado no caso proveniente do substrato abaixo do dossel, e através da re­
de poeira constituída de partículas maiores e com tama­ dução da influência atmosférica (Huete et al., 1997; Huete
nhos semelhantes ao comprimento de onda de 2,1 pm, e e Justice, 1999; Huete et al., 2002). Uma comparação dos
portanto não transparentes a ele (Kaufman et al., 2000). valores NDVI derivados do MODIS com valores EVI tam­
Os AFRIs podem ser implementados usando quaisquer bém derivados do MODIS para áreas de vegetação densa é
sensores que tenham bandas centradas em 1,5 e/ou em 2,1 mostrada na Figura 11-25 (Didan, 2002). O EVI melho­
pm, tais como o TM e ETMVLandsat, o MODIS, o AS- rou a sensibilidade para altas biomassas. Os dois índices de
TER, e o JERS-OPS (Japanese Earth Resource Satellite - vegetação MODIS, o NDVI e o EVI, são produzidos nas
Optical System), o Vegetation/SPOT-4, e o IRS-1 C/D. resoluções de 1 x 1 km e 500 x 500 m (e ocasionalmente
394 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Vegetação

em 250 x 250 m) usando composições de imagens obtidas de cobertura terrestre é muito reduzida, de tal forma que
em períodos de dezesseis dias. Na Figura 11-26 é mostrado a precisão dos IAFs obtidos para locais com misturas de
um mapa em preto-e-branco do EVI MODIS, cujos dados coberturas terrestres pode ser melhorada, ou um algoritmo
começaram a ser adquiridos no dia 193 de 2003. simples para IAF pode ser desenvolvido sem a necessidade
de recorrer a mapas de cobertura terrestre coregistrados; e
índice de Vegetação Triangular - TVI b) a influência do substrato (ou seja, a vegetação rasteira, a
liteira e o solo) é suprimida ao usar a RSR, urna vez que a
Este índice é denominado, em inglês, como “Triangular banda SWIR é mais sensível à quantidade de vegetação que
Vegetation Index”e, por isso, a sua sigla original é “T V I”. contém água líquida no substrato (Chen et al., 2002).

Broge e Leblanc (2000) desenvolveram o TVI, o qual des­ índice de Reflectância para Absorção pela
creve a energia radiativa absorvida pelos pigmentos como Clorofila(CARI); índice de Reflectância para Absorção
uma função da diferença relativa entre as reflectâncias no pela Clorofila Modificado (TCARI); índice de Vegeta­
vermelho e no infravermelho próximo conjuntamente ção Ajustado a Solos Otimizado (OSAVI); Razão TCA-
com a magnitude da reflectância na região do verde, onde RI/OSAVI
a absorção de luz pelas clorofilas a e b é relativamente in­
significante. O índice é calculado como a área do triân­ Os nomes e respectivas siglas, em inglês, dos índices acima
gulo definido pelo pico do verde, pelo mínimo na região citados são os seguintes:
de absorção da clorofila e pelo ombro do infravermelho CARI = Chlorophyll Absorption in Reflectance Index (CARI)
próximo, quando se considera a curva de resposta espec­ OSAVI = OptimizedSoU-Adjusted Vegetation Index (OSAVI)
tral típica da vegetação. O fundamento deste índice é o de TCARI = TransformedAbsorption in Reflectance Index (TCARI)
que tanto a absorção pela clorofila causa um decréscimo na Razão TCARI/OSAVI = Ratio TCARI/OSAVI
região do vermelho, quanto a abundância de tecido foliar
causa aumento na reflectância infravermelha, fazendo en­ Muitos cientistas têm interesse na quantidade de clorofi­
tão com que a área total do triângulo aumente. O índice la da vegetação (p.ex., Daughtry et al., 2000). Kim et al.
TVI abrange a área coberta pelo triângulo ABC com as (1994) desenvolveram o índice de Reflectância para Absor­
co-ordenadas dadas no espaço espectral: ção pela Clorofila (CARI), o qual posteriormente foi modi­
ficado para tornar-se o índice de Reflectância para Absorção
TVI =0,5 (120(p„;r- PpJ ) - 200(pw - PgJ (11-32) pela Clorofila Modificado (TCARI):

onde 1pgreen , p1 red,e p' mr são as reflectâncias centradas em 0,55 TCARI = 3 (P-, -0,2 (P (11-34)
pm, 0,67 pm e em 0,75 pm, respectivamente.

Razão Simples Reduzida - RSR Este índice usa bandas correspondentes ao mínimo de ab­
sorção pelos pigmentos fotossintéticos, centradas em 550 e
Nas bibliografias em inglês, este índice é citado como “Re- em 700 nm, conjuntamente com a banda de absorção má­
duced Simple Ratio” e sua correspondente sigla é “RSR”. xima da clorofila a, centrada em 670 nm. A escolha de 700
nm é devida à sua localização no limite entre a região onde
Chen et al. (2002) modificaram o algoritmo do índice a reflectância da vegetação é dominada pela absorção pelos
Razão Simples original, incluindo informação da banda pigmentos e o começo da porção “red edge” onde as caracte­
SWIR encontrada no sensor Vegetation do satélite SPOT. rísticas estruturais da vegetação (ou seja, o mesófilo esponjo­
Eles usaram este sensor para mapear o índice de área fo­ so) têm mais influência na reflectância (Kim et al., 1994).
liar (IAF) do Canadá. O índice Razão Simples Reduzida
(RSR) é definido como: Infelizmente, o índice TCARI é sensível às propriedades
de reflectância do solo subjacente, particularmente quan­
Pmr P -P
RSR- 1
1— 1 swir 1 sun (11-33) do a vegetação apresenta baixo IAF. Assim, Daughtry et al.
red 1 sunrmax + 1p st
P (2000) propuseram a combinação entre o TCARI e um
índice de vegetação com linha do solo, tal como o OSAVI
onde p e p correspondem aos valores de reflec- (índice de Vegetação Ajustado a Solos Otimizado) (Ron-
tância SWIR, mínimo e máximo, encontrados em cada deaux et al., 1996):
imagem e definidos como os pontos de corte correspon­
(1 + 0 ,1 6 ) (p800 - P670)
dentes a 1%, do mínimo e do máximo, no histograma da OSAVI = (11-35)
reflectância SWIR da cena estudada. As maiores vantagens (P800 + P670 ° ’16)
da RSR sobre a SR original são: a) a diferença entre tipos A razão entre os índices é:
índices de Vegetação 395

TCARI (11-36) As bandas no infravermelho próximo encontradas nos sen­


OSAVI sores TM/Landsat, AVHRR/NOAA e LISS ("Linear Ima-
ging Self Scanning”, do Satélite Indiano de Sensoriamento
a qual é altamente correlacionada com o conteúdo de clo­ Remoto) posicionam-se na região de 770 a 860 nm, 760 a
rofila da vegetação (Haboudane et al., 2002). 900 nm e 725 a 1100 nm, respectivamente. Infelizmente,
essas regiões infravermelhas incluem bandas de absorção
índice Resistente à Atmosfera no Visível - VARI pelo vapor d’água. Portanto, visando melhorar a capacida­
de de monitoramento da biomassa do NDVI, Gupta et al.
Nas bibliografias em inglês este índice é encontrado com o (2001) resolveram excluir as bandas de absorção do vapor
nome de “Visible Atmospberically Resistant Index”(VARI). d’água criando o Novo índice de Vegetação (NVI):
Muitos administradores de recursos naturais necessitam
de informações sobre a fração de vegetação (por exemplo, N V I = P777' P747 (11-40)
60%) (Rundquist, 2002). Tomando por base o índice de Pô73

Vegetação Resistente à Atmosfera (ARVI), foi desenvolvido o onde, p77y, p74y e p673 são as reflectâncias centradas em 777,
índice Resistente à Atmosfera no Visível (VARI), que é com­ 747 e 673 nm, respectivamente, usando dados hiperespec-
putado como (Gitelson et al., 2002): trais com larguras de bandas entre 3 e 10 nm. Outros índi­
ces de vegetação que usam dados hiperespectrais ( “narrow-
red
VARIgreen = —
p
(11-37) band vegetation indices”ou índices de vegetação de bandas
1 en red bltie
estreitas) são encontrados em Jensen (2005).
Este índice foi muito pouco sensível aos efeitos atmosféri­
cos, permitindo a estimativa da fração vegetação com erro Determinação da Posição da Borda Vermelha - REP
menor que 10% em uma grande variedade de espessuras
ópticas atmosféricas. Em inglês, “Red-edge Position Determination" (REP).

índice por Diferença Normalizada para Áreas Constru­ A mudança abrupta da curva espectral de folhas na região
ídas - NDBI entre 680 e 800 nm é causada por efeitos combinados da
forte absorção pela clorofila e do espalhamento interno na
O nome deste índice, em inglês, é “Normalized Dijference folha, sendo denominada pelo nome de “borda vermelha”
Built-up Index” (NDBI). (“red edge”). A posição da borda vermelha (REP) é o pon­
to de máxima declividade no espectro de reflectância da
Muitos profissionais trabalham com assuntos relacionados vegetação entre os comprimentos de onda do vermelho e
com áreas urbanas e peri-urbanas e, desta forma, estão in­ do infravermelho próximo. A borda vermelha foi primei­
teressados no monitoramento da distribuição espacial e no ramente descrita por Collins (1978), e talvez seja a feição
crescimento das áreas construídas urbanas. Estes dados po­ mais estudada na curva espectral da vegetação, conforme
dem ser usados para previsões de escoamento de bacias hi­ Schlerf e Atzberger (2001). A REP é útil porque está forte­
drográficas e para outras aplicações de planejamento. Zha mente correlacionada com o conteúdo de clorofila na folha
et al. (2003) calcularam o NDBI da seguinte forma: e pode ser um indicador sensível do estresse da vegetação.
A determinação da REP usando dados de sensoriamento
N D B I = Bu - N D V I (11-38) remoto usualmente requer dados hiperespectrais.

onde: Um método linear proposto por Clevers (1994) pode ser


N IR -M idIR implementado fazendo uso de quatro bandas hiperespec­
B = ___ IM 4 ______ IM 5 (11-39) trais, e é computado como:
N IR TM4 +M idIRTM5
O resultado é uma imagem que contém somente pixels REP = 700 + 40 P (re d edge) P(700nm ) (11-41)
de áreas construídas e estéreis que apresentem valores po­ P (740nm) P(700nm )

sitivos, ao passo que todas as outras classes de cobertura onde:


terrestre apresentam valores zero ou -254. Reportou-se que
esta técnica apresentou uma precisão de 92%. (670nm) + P(780nm) (11-42)
(red edge)

Novo índice de Vegetação - NVI


Dawson e Curran (1998) e Baranoski e Rokne (2005)
Na bibliografia em inglês, este índice é denominado “New sumarizam métodos adicionais usados para determinar a
Vegetation Index”(NVI). posição da borda vermelha.
396 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Vegetação

Cientistas de todo o mundo estão estudando o papel da ve­ SIG, bem como pelos avanços na teoria ecológica.
getação terrestre nos processos globais de larga escala. Isto é Ecologia da Paisagem é o estudo da estrutura, função e m u­
necessário para entender como a Terra funciona como um danças em áreas terrestres heterogêneas compostas por or­
sistema. Os índices de vegetação estão sendo usados para in­ ganismos que interagem (Bourgeron e Jensen, 1993). E o
ventariar com precisão a distribuição global dos tipos de ve­ estudo da interação entre os padrões de paisagem e os pro­
getação, assim como para obter estimativas de suas variáveis cessos ecológicos, especialmente a influência do padrão da
biofísicas (p.ex., IAF, biomassa, APAR) e de suas proprieda­ paisagem nos fluxos de água, energia, nutrientes e biota. O
des estruturais (p.ex., porcentagem de fechamento do dos­ que distingue a ecologia da paisagem de outras disciplinas
sel). O monitoramento dessas características no espaço e no que ela engloba (p.ex., a geografia, a biologia, a ecologia,
tempo fornecerá valiosas informações para o entendimento a hidrologia) é que ela provê uma abordagem hierárquica
da Terra como um sistema (Townshend e Justice, 2002). para interpretar estrutura ecológica, função, mudança e re-
siliência em múltiplas escalas de investigação.
Métricas de Ecologia da Paisagem
Medidas tradicionais para proteger o ambiente, tais como
evitar a poluição da água ou proteger a biodiversidade,
frequentemente focavam em descargas de efluentes espe­
Os índices de vegetação são úteis para o monitoramento cíficos ou em condições específicas de habitats. Esse mé­
das condições e da saúde da vegetação. Entretanto, análises todo tem sido descrito como a abordagem de filtro fino.
per-pixel, ou baseadas em pixels únicos, não dão nenhuma Em contraste, a abordagem mais ampla para a conserva­
informação sobre a natureza dos pixels vizinhos, inclusive ção de recursos estabelece que “ao gerenciar agregados
sua localização e características associativas. Os princípios (p.ex., comunidades, ecossistemas, paisagens), os com­
da ecologia da paisagem desenvolveram-se com crescente ponentes desses agregados também serão gerenciados”
incorporação de dados de sensores remotos, visando avaliar (Bourgeron e Jensen, 1993). Em outras palavras, a estra­
a saúde e a diversidade da vegetação, bem como outras vari­ tégia mais eficiente para manter a resiliência e a produti­
áveis dentro de ecossistemas inteiros. Isto resultou no desen­ vidade de sistemas ecológicos é conservar (ou restaurar)
volvimento de numerosas métricas de ecologia da paisagem a diversidade de espécies, os processos do ecossistema,
ou indicadores que são de grande valor quando se analisam e os padrões da paisagem que criam os sistemas (Jensen
pastagens nativas, campos, florestas e planícies inundáveis e Everett, 1993). A aplicação desse método de manejo
(Frohn, 1998; McGarigal et al., 2006). Várias agências go­ com abordagem mais ampla requer que os padrões de
vernamentais, tais como a Agência de Proteção Ambiental paisagem sejam avaliados em múltiplas escalas espaciais
{‘Environmental Protection Agency”, EPA, dos EUA), baseiam e temporais, o que é preferível às escalas tradicionais ao
grande parte de sua modelagem ambiental e caracterização nível de riacho ou de parcela florestal.
da paisagem nessas métricas e indicadores (EPA Landsca-
pe Ecology, 2006). Assim sendo, torna-se útil fornecer uma A teoria hierárquica permite aos ecologistas de paisagem
breve revisão sobre a sua origem e sumarizar várias das mais integrar múltiplas escalas de informações para determinar
importantes métricas de ecologia da paisagem que podem se os padrões de paisagem são suficientes para permitir que
ser extraídas de dados de sensoriamento remoto. processos ecológicos operem nas necessárias escalas. O ob­
jetivo é investigar mudanças na distribuição, dominância
O termo ecologia da paisagem ( “landscape ecology", em in­ e conectividade de componentes do ecossistema e o efeito
glês) foi primeiramente introduzido pelo geógrafo alemão de tais mudanças nos recursos ecológicos e biológicos. Por
Carl Troll (1939), o qual fez amplo uso da então nova exemplo, a fragmentação de ecossistemas tem implicado
técnica das f~tografias aéreas. Troll pretendia que o termo no declínio da diversidade biológica e na sustentabilida-
ecologia da paisagem pudesse distinguir entre a abordagem de dos ecossistemas em várias escalas espaciais (Forman,
feita com o uso das fotografias aéreas para interpretar a 1995; Jones et al., 1998). A determinação do status e das
interação de água, superfícies terrestres, solo, vegetação e tendências no padrão da paisagem é crítico para o entendi­
uso da terra, e aquela abordagem feita pelas interpretações mento das condições gerais dos recursos ecológicos. Os pa­
fotográficas e cartográficas convencionais. drões de paisagem fornecem então um conjunto de indica­
dores (p.ex., padrão de forma, dominância, conectividade,
A ecologia da paisagem tem sido intensamente praticada configuração) que podem ser usados para avaliar o status
na Europa por muitas décadas e tornou-se amplamente ecológico e as tendências em escalas variadas. Uma abor­
reconhecida nos Estados Unidos a partir de 1980. Desde dagem hierárquica também permite dois importantes ti­
então, a ecologia da paisagem tem-se desenvolvido rapida­ pos de comparações: 1) para comparar condições dentro
mente como uma disciplina,- estimulada pelas interações de e entre paisagens, e 2) para comparar condições entre
sinergísticas entre o sensoriamento remoto e as tecnologias diferentes tipos de riscos ecológicos. Tais riscos ecológi-
Métricas de Ecologia da Paisagem 397

Tabela 11-5. Valores societários, indicadores exemplos e métricas candidatas de ecologia da paisagem.

Valor societário Indicador Métricas candidatas

Biodiversidade aptidão para vida selvagem estatísticas de polígonos (núm ero, área total, tam anho médio, tam anho maior,
distância entre, razão perím etro/área, forma, dim ensão fractal, m odelo pixel
quadrado, etc.), fragmentação, contágio, índice de fragmentação zonal, índice
de polígono por unidade de área, dom inância, adjacência e tipos de cobertu­
ras terrestres, diversidade Shannon, padrões de atributos biofísicos
condição de diversidade, modelo pixel quadrado, dominância, fragmentação, índice de frag­
corrente biológica mentação zonal, índice de polígono por unidade de área, tipos de adjacência de
coberturas terrestres, inclinação, elevação, taxas de difusão, limiar de percolação,
índice de erosão, textura, padrões de atributos biofísicos, atributos geoquímicos
riqueza de espécies vegetais diversidade, dom inância, fragmentação, índice de fragmentação zonal, índice
florestais de polígono por unidade de área, inclinação, índice de erosão, textura, estatís­
ticas de polígonos, m odelo pixel quadrado, padrões de atributos biofísicos
sustentabilidade da paisagem estatísticas de polígonos, contágio, índice de fragmentação zonal, índice de
polígono por unidade de área, fragmentação, textura, dom inância, dim ensão
fractal, modelo pixel quadrado, padrões de atributos biofísicos
Integridade da qualidade da água estatísticas de polígonos, índice de erosão, m odificação hidrológica, tipos
bacia de adjacência de coberturas terrestres, dom inância, contágio, índice de frag­
m entação zonal, índice de polígono p o r unidade de área, dim ensão fractal,
m odelo pixel quadrado, elevação, inclinação, padrões de atributos biofísi­
cos, atributos geoquím icos
vulnerabilidade a inundações estatísticas de polígonos, tipos de adjacência de coberturas terrestres, índice de
erosão, dom inância, contágio, índice de fragmentação zonal, índice de polígo­
no por unidade de área, dim ensão fractal, modelo pixel quadrado, modifica­
ção hidrológica, elevação, inclinação, textura, padrões de atributos biofísicos
Resiliência da estatísticas de polígonos, dom inância, contágio, índice de fragmentação zo­
sustentabilidade da paisagem
paisagem nal, índice de polígono por unidade de área, fragmentação, dim ensão fractal,
modelo pixel quadrado, padrões de atributos biofísicos

cos incluem o risco de erosão, de perda da produtividade Indicadores de Paisagem e Métricas de Polígonos
do solo, de perda da função hidrológica e de perda da
biodiversidade.
Jones et al. (1998) sugerem que a integridade da paisagem
Unidades que possam ser representadas em escalas são ne­ pode ser monitorada observando cuidadosamente o status
cessárias para tratar de questões ecológicas em múltiplas dos seguintes indicadores:
escalas dentro da abordagem hierárquica. Exemplos de
unidades representáveis em escalas incluem manchas (ou • composição e padrão da cobertura terrestre
pplígonos), padrões e paisagens. Uma unidade de mancha
é um conjunto de unidades de medidas contíguas (p.ex., • distribuição e extensão da mata ciliar
pixels) que tenham o mesmo valor numérico. Uma uni­
dade de padrão é uma coleção de unidades de medida e/ • água subterrânea
ou de unidades de mancha que tenham a propriedade de
ser a unidade mínima de descrição de uma área espacial • padrão de vigor da vegetação
maior. As escalas de questões e de indicadores de avaliação
sugerem dois tipos de unidades de paisagens: bacias hidro­ • grau de limitações biofísicas
gráficas e tipos de padrões de paisagem (LPT) (Wickham
e Norton, 1994). Bacias hidrográficas e LPTs abrangem • potencial de erosão
ou delimitam quatro importantes processos de fluxos que
operam dentro e entre paisagens: fluxos de energia, de O monitoramento desses indicadores da paisagem requer
água, de nutrientes, e de biota. As escalas de bacias hidro­ medições precisas e repetíveis de manchas polígonos) de
gráficas e de LPTs abrangem de aproximadamente 103 a terreno tais como parcelas florestais, pastagens nativas,
10f>unidades em extensão e de 1 a 100 ha. planícies inundáveis, e/ou campos agrícolas (Tabela 11-5).
398 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Vegetação

Espaço das Métricas da Paisagem K - K )1 (11-43)


D=1
ln(«)

onde 0 < Pk < 1 é a proporção do tipo k de cobertura ter­


restre, e n é o número total de tipos de coberturas terrestres
presentes na paisagem.

Contágio (C) expressa a probabilidade de que a cobertura


terrestre seja mais “agrupada” do que a expectativa aleató­
ria. O índice, 0 < C < 1, é

(-P . lnP..)l (11-44)


C= 1 v V •!
21n(«)

onde P é a probabilidade de que um pixel do tipo de co­


bertura i seja adjacente ao do tip o /
Figura 11-27 Ilustração hipotética de um espaço tridimensional
de métricas da paisagem. O ponto a representa onde A dimensão fractal, F, de manchas indica a extensão da re­
um ecossistema estável e não-modificado poderia organização humana da estrutura da paisagem ( 0 ’Neill et
localizar-se quando são consideradas as métricas al., 1997). Os homens criam estruturas simples de paisa­
dominância, contágio e dimensão fractal. Quando
gens, ao passo que a natureza cria padrões complexos. O
a paisagem é modificada pelo homem ou por for­
ças naturais, ele pode mover-se para o ponto b com
índice de dimensão fractal é calculado pela regressão do log
muitos tipos de coberturas terrestres sendo introdu­ do perímetro da mancha em relação ao log da área da man­
zidas (mudança de dominância), tornando-se menos cha para cada mancha da paisagem. O índice corresponde
agregado (mudança de contágio), e exibindo uma ao dobro da inclinação da linha de regressão. As manchas
dimensão fractal mais modificada. Isto poderia ser de quatro ou menos pixels são excluídas em função de que
considerado bom ou ruim. O sensoriamento remoto problemas de resolução distorcem seu real formato.
da vegetação é muito importante para a extração de
métricas de manchas da paisagem.
0 ’Neill et al. (1997) sugerem que este conjunto de três ín­
dices pode capturar aspectos fundamentais do padrão de
Também é importante identificar polígonos de estrutura paisagem que influenciam processos ecológicos. Mudanças
urbana tais como áreas de uso residencial ou de uso co­ significativas nestes índices para um ecossistema podem
mercial. Estas medições de manchas de terreno são roti­ indicar que provavelmente processos deletérios estejam
neiramente referidas como padrão de paisagem e métricas atuando no ambiente. Por exemplo, consideremos um pe­
de estrutura (McGarigal et al., 2006). queno ecossistema que exibe uma pequena modificação da
dimensão fractal, seja altamente agrupado, e tenha relati­
Numerosas métricas de estrutura de paisagem têm sido de­ vamente poucos tipos de coberturas terrestres dentro dele.
senvolvidas (p.ex., Ritters et al., 1999; Weiers et al., 2005). Num espaço tridimensional de métricas da paisagem, este
Muitas destas métricas de ecologia da paisagem estão dispo­ ecossistema poderá aparecer na posição a, como na Figura
níveis no FRAGSTATS, que é um programa de análise do 11-27. Se este pequeno ecossistema fosse subdividido por
padrão espacial para mapas categóricos (McGarigal e Marks, várias novas estradas e fragmentado, esta posição poderia
1994; McGarigal et al., 2006). Muitos cientistas usam este mudar no espaço tridimensional para o local b, com muitos
programa para extrair manchas, classes e índices de paisagens tipos de cobertura terrestre sendo introduzidos (mudança
(p.ex., Millington et al., 2003; Jackson e Jensen, 2005). de dominância), sendo menos agregado (contágio), com
modificação na dimensão fractal. Isto pode ser bom ou
0 ’Neill et al. (1997) sugerem que a saúde de um ecossis­ ruim. De fato, as relações entre os valores das métricas e
tema poderia ser monitorada se as seguintes três métricas como elas realmente se relacionam com os princípios ecoló­
de ecologia da paisagem fossem monitoradas ao longo do gicos ainda estão sendo determinados. O sensoriamento re­
tempo: dominância, contágio e dimensão fractal. moto da vegetação dentro destas manchas é muito importante
e constitui um dos maiores fatores responsáveis por as métricas
Dominância (D) é o índice teórico de informação que in­ serem (ou não) robustas e úteis para o modelamento ecológico.
dica a extensão na qual a paisagem está dominada por um
determinado tipo de cobertura terrestre. A métrica, 0 < D Ritters et al. (1995) revisaram 55 métricas de manchas e
< 1, é computada como concluíram que as seguintes métricas explicaram melhor a
Biodiversidade e Análise de Vazios 399

variância: o número de tipos de coberturas numa região (n); Biodiversidade e Análise de Vazios
o contágio (variável discutida anteriormente aqui); a média
da razão perímetro-área; o escalonamento perímetro-área; a
média do escalonamento da densidade das grandes manchas
x áreas; a forma padronizada da mancha; e o escalonamento A rápida perda da diversidade biológica (biodiversidade) é
entre perímetro x área da mancha. Os algoritmos para calcu­ uma das maiores ameaças da humanidade. A abordagem
lar as 55 métricas são fornecidos no artigo citado. convencional de manutenção da biodiversidade geralmente
vem sendo realizada para espécies em perigo de extinção e
A aplicação dos princípios da ecologia da paisagem requer para cada caso de ameaça. Dentro dos Estados Unidos, os
um entendimento da variabilidade natural dos padrões e principais meios de prevenir esta perda é o Endangered Spe-
dos processos de paisagem em relação ao tempo e ao es­ cies Act (ESA, on Lei das Espécies Ameaçadas). Tem havido
paço. Estimativas desta variabilidade são essenciais para algumas críticas ao ESA por várias razões, incluindo uma
determinar se as atuais condições da paisagem são susten­ quantidade de petições não atendidas, falha no desenvol­
táveis, dados seus padrões e processos históricos (Jensen vimento e na implementação de planos de recuperação em
e Everett, 1993). Além disso, as estimativas são extrema­ tempo adequado, e falta de fundos suficientes para atingir
mente úteis tanto para uma avaliação rápida do risco aos os objetivos. Uma das principais causas desses problemas é
recursos, como também para avaliações mais detalhadas. que o ESA foca em espécies individuais. Os esforços des­
pendidos nesta abordagem “espécie-por-espécie” é inefi­
Em geral, as metas principais são as seguintes: ciente, caro e tendencioso na direção de espécies carismá­
• estimar, numa base regional e com uma confiabilidade ticas da megafauna que tenham grande apelo público (i.e.,
conhecida, o status atual, as tendências e as mudanças um belo animal tem mais chance de ser protegido do que
em indicadores selecionados das paisagens importantes; um outro não tão bonito). Os esforços de proteção de úl­
tima hora também contribuem para o conflito econômico,
• estimar com uma confiabilidade conhecida a cobertura uma vez que falham em prover uma abordagem razoavel­
geográfica e a extensão dos tipos e padrões de paisagens; mente planejada levando em conta interesses econômicos
(p.ex., entre biólogos e companhias de exploração flores­
• buscar associações entre indicadores selecionados de tal). Enquanto íor necessário, estes esforços precisam ser
fatores de estresse naturais e antropogênicos e indica­ complementados com métodos mais pró-ativos que tentem
dores das condições da paisagem; e manter as espécies e os ecossistemas enquanto eles ainda são
comuns (Edwards et al., 1995; Millington et al., 2003).
• prover sumários estatísticos e avaliações periódicas das
condições da paisagem. Uma abordagem para avaliar o atual status da biodiver­
sidade em todos os níveis, não somente das espécies em
O m onitoram ento da vegetação em manchas da paisa­ perigo, é chamada Análise de Vazios ( “Gap Analysis").
gem usando dados de sensoriamento remoto e derivan­ Como um processo de avaliação, ela provê uma aborda­
do métrica^ corretas destes dados está se tornando um gem sistemática para determinar a proteção proporcionada
com ponente muito im portante de muitos programas à diversidade biológica em certas áreas. Seus fundamentos
de m onitoram ento de ecossistemas. Por exemplo, Arro- são apresentados aqui por estarem fortemente baseados no
yo-Moya et al. (2005) usaram métricas de ecologia da uso de sensoriamento remoto e de SIG (sistemas de infor­
paisagem derivadas de dados de sensoriamento remoto mações geográficas) para identificar vazios na proteção da
para analisar a fragmentação de florestas e características biodiversidade que possam ser preenchidos pelo estabele­
de rebrota na Costa Rica, de 1960 a 2000. Jackson e cimento de novas reservas ou mudanças nas práticas de uso
Jensen (2005) também usaram métricas de ecologia da da terra (Scott et al., 1993; Edwards et al., 1995).
paisagem derivadas de dados de sensoriamento remoto
para executar o m onitoram ento de reservas ambientais Uma típica Análise de Vazios inclui a criação e análise de
costeiras na Carolina do Sul. quatro planos de informações principais:

É importante monitorar a saúde de ecossistemas tanto a distribuição dos atuais tipos de coberturas vegetais deli­
em nível regional como em nível nacional, para identifi­ neados a partir de dados de sensoriamento remoto por sa­
car áreas com problemas significativos que possam estar télites ou por aeronaves, além de informações auxiliares;
experimentando perda de biodiversidade. Um dos mais
úteis métodos de manutenção da biodiversidade baseados distribuição e situação da posse da terra;
no uso de dados de vegetação derivados do sensoriamento
remoto é a Análise de Vazios ( “Gap Analysis”). status do manejo da terra;
400 CAPITULO Sensoriamento Remoto da Vegetação

• distribuição dos vertebrados terrestres enquanto predi­ Ciclo Fenológico de “Taboas” e de “Lírios d’água”
tos a partir da distribuição da vegetação e de observa­ no Reservatório de Par Pond (SC, EUA)
ções in situ. Taboas estão verdes e
com dossel completo
A Análise de Vazios fornece uma visão geral da distribui­
ção e da conservação de vários componentes da biodi­
I
versidade. Ela usa a distribuição dos atuais tipos de vege­ / y....... “"""a............. vTaboas estão
tação e dos vertebrados terrestres e, quando disponível, \m arrons
/ / t
a taxa de invertebrados como indicadores (sucedâneos) Taboas estão ' / Lírios d’água estão v v i
para biodiversidade. Os “overlays” ou planos de infor­ marrons / / verdes com dossel
mação contendo os polígonos em mapas digitais num / completo
SIG são usados para identificar espécies individuais, áre­
as ricas em espécies, e tipos de coberturas que não estão
representadas ou estão sub-representadas nas áreas de
i i i 1 1 1 1 1 1 U
manejo existentes. A Análise de Vazios funciona como J 1 F 'M 'A 'M 1 J 1 J 1 A 1 S O 1N 1 D
um passo preliminar para estudos mais detalhados ne­ Meses
cessários para estabelecer os limites reais para potenciais Figura 11 -28 Ciclo fenológico anual das macrófitas aquáticas (“ta­
áreas de manejo da biodiversidade. A Análise de Vazios, boas” e “lírios d’água”) encontradas no reservatório
ao focar nos mais altos níveis de organizações biológicas, de Par Pond, na usina atômica do Rio Savannah, na
Carolina do Sul. As “taboas” são vegetação emer­
é provavelmente menos dispendioso e com mais chance
gente persistente que aumentam o verdor antes que
de sucesso do que os programas focados em espécies ou os “lírios d’água”, no final de março e começo de
em populações individuais (Scott et al., 1993). abril. Elas começam a senescer no final de outubro e
tornam-se dormentes durante o inverno. Os “lírios
Uma das primeiras Análises de Vazios foi dirigida aos d ’água” desaparecem completamente em novembro
pássaros de florestas do Havaí (Scott et al., 1987). Q uan­ de cada ano e reaparecem no final de abril. Tanto as
do comparado com um mapa de reservas existentes, < “taboas” como os “lírios d ’água” apresentam dossel
denso e completo durante os meses de verão.
10% das cadeias geográficas de florestas em perigo esta­
vam protegidas, i.e., havia significativos vazios no esque­
ma de proteção da biodiversidade existente. Várias áreas Tabela 11-6. Imagens HRV/SPOT usadas para documen­
com riqueza de espécies de pássaros em perigo passaram, tar a sucessão vegetacional de Par Pond.
desde então, a ser protegidas pela Nature Conservancy e Tipo de Foto aérea
pelas agências estaduais e federais. Casos de sucessos no Datas dados infravermelha
uso da Análise de Vazios têm sido relatados em muitas SPOT colorida de referência
localidades, incluindo o Havaí, Utah, Porto Rico e a Ca­ 14 março 1992 HRV-XS 31 janeiro 1992
lifórnia. A Análise de Vazios está ocorrendo em muitos
05 maio 1992 HRV-XS 02 maio 1992
outros estados e países (Savitsky, 1998).
13 outubro 1992 HRV-XS 10 agosto 1992
10 maio 1993 HRV-XS 23 abril 1993
Sensoriamento Remoto das Mudanças
da Vegetação 28 outubro 1993 HRV-XS 22 janeiro 1994
02 abril 1994 HRV-XS 18 abril 1994

A análise de apenas uma data de dados obtidos por sen­ 25 outubro 1994 HRV-XS
sores remotos visando extrair informações importantes
de variáveis biofísicas da vegetação frequentemente é de Sensoriamento Remoto das Mudanças
grande valor. Porém, quando se pretende analisar a dinâ­ Sucessionais de uma Planície de Inundação
mica do ecossistema, é necessário monitorar a vegetação
através do tempo e determinar quais sucessões de mu­
danças estão ocorrendo. Dados de alta resolução tempo­ As planícies de inundação assimilam poluentes, controlam
ral obtidos por satélites são de grande valor quando se enchentes e servem de criadouros, viveiros e locais de cres­
conduz tais estudos sucessionais. O caso relatado a seguir cimento para peixes e para vida selvagem. Infelizmente, os
documenta a utilidade dos dados dos sensores do SPOT Estados Unidos perderam 33% de suas planícies inundá­
e os métodos usados para monitorar as mudanças em pla­ veis para a agricultura, áreas residenciais e/ou usos comer­
nícies de inundação em uma reserva de água doce. ciais da terra entre 1780 e 1980. A informação precisa e em
Sensoriamento Remoto das Mudanças da Vegetação 401

Figura 11-29 a) Gráfico em perspectiva das porcentagens de coberturas terrestres em Par Pond, desde 14 de março de 1993 até 25 de ou­
tubro de 1994, obtidas através da análise de sete datas de dados HRV XS do SPOT. Extensas áreas de vegetação seca estavam
presentes no início de 1992. A vegetação “Spikerush” dominava no final de 1992 e no começo de 1993. Sucessões naturais
denominadas “Old Field” dominavam no final de 1993 e durante o ano de 1994. Mudas de pinus e de espécies arbóreas
estavam colonizando extensivamente a área em 25 de outubro de 1994; b) A porcentagem de cobertura terrestre por Spike­
rush, Old Field e Pine/Hardwood nas áreas secas ocasionadas pelo rebaixamento das águas de Par Pond desde 23 de junho
de 1991 até 25 de outubro de 1994 são apresentadas como dados brutos e depois modelados por equações polinomiais de
quinta ordem (Jensen et al., 1997).

tempo hábil sobre a distribuição das plapícies inundáveis documentado no calendário fenológico mostrado na Fi­
é essencial para a proteção e o manejo efetivos. O presente gura 11-28. As plantas senescem no final de setembro ou
estudo de caso documenta o uso de dados multiespectrais no começo de outubro, permanecendo marrons duran­
orbitais do SPOT, tanto multiestações (várias plataformas) te os meses de inverno. Estas plantas são normalmente
como multianos, para o monitoramento de mudanças su­ encontradas em águas rasas com < 1m de profundidade
cessionais na planície de inundação do Reservatório de Par adjacentes às linhas limítrofes do reservatório.
Pond, próxima à Usina Atômica do Rio Savannah, SC,
EUA, causadas pelo rebaixamento do nível de água do re­ • Os “lírios d’água” (Nymphaea odoratá) são macrófitas
servatório no período entre junho de 1991 e outubro de flutuantes dominantes que não persistem durante o
1994 (Jensen et al., 1997). O estudo traz muitas conside­ inverno (Figura 11-28). Elas aparecem na parte exter­
rações discutidas no presente capítulo. na às áreas dominadas pelas “taboas” no final de abril
ou começo de maio e atingem crescimento pleno seis
Área de Estudo do Reservatório de Par Pond a oito semanas depois. Os lençóis de “lírios d’água”
expandem-se para áreas de água aberta do reservatório
Par Pond é um reservatório de 1012 ha criado originalmente durante o mês de setembro e vão até a profundidades
em 1958 para receber um reator resfriado a água, mas que de 2 a 5 m. Esses lençóis persistem de meados de outu­
agora recebe água do Rio Savannah. O Par Pond tem uma bro a meados de novembro e depois desaparecem.
comunidade estável e previsível de plantas macrófitas tifáceas e
de ninfáceas quando os níveis de água flutuam < 1m por ano. Antes de junho de 1991, o nível da água de Par Pond estava
relativamente estável em 60,7 m acima do nível do mar,
Aproximadamente 30 espécies de plantas macrófitas são en­ flutuando <0,15m na maioria dos anos. Extensivos lençóis
contradas em Par Pond, mas somente umas poucas dominam: de “taboas” e de “lírios d’água” de 20 a 150 m de largura
distribuíam-se pelo lago. De 23 de junho de 1991 até 15 de
• As “taboas” (Typba spp.) são macrófitas persistentes emer­ setembro de 1991, o nível da água de Par Pond baixou a 55
gentes que existem durante o ano todo em Par Pond. m acima do nível do mar para reparos no reservatório. Os
Elas começam a aumentar o verdor em meados de abril, 5,7 m de rebaixamento do nível da água fizeram com que
formando um dossel denso no final de maio, como está uma zona que anteriormente estava submersa ao longo das
402 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Vegetação

margens, de aproximadamente 50 a 250 m de largura, fosse de 1994, para a área de estudo de Par Pond, estão mos­
exposta. Isto expôs os lençóis emergentes e não-emergentes tradas na Figura 11-29a. Esta informação documenta as
de macrófitas aquáticas das margens de Par Pond a condi­ tendências das sucessões de vegetação em quatro anos nas
ções de secagem por aproximadamente quatro anos, até que áreas de margens expostas pelo rebaixamento das águas em
o nível da água atingisse novamente os 60,7 m em 1995. Par Pond. Em 14 de março de 1992, a classe Vegetação
Seca ocupava aproximadamente 35,48% da área de estudo.
Dados de Sensores Remotos As macrófitas aquáticas “cattail” e “waterlily” não sobrevi­
veram ao rebaixamento do nível de água. Havia também
Sete imagens multiespectrais (XS) do satélite SPOT fo­ 7,46% da classe Solos Expostos e 8,74% de invasão por
ram adquiridas na primavera e no outono de 1992, 1993 “Spikerush”. Com o passar do tempo, as áreas de Vegeta­
e 1994, as quais foram analisadas (Tabela 11-6). Quan­ ção Seca foram colonizadas por outras espécies. Em 25 de
do possível, foram escolhidas datas próximas entre os ci­ outubro de 1994, não havia mais Vegetação Seca.
tados anos, visando minimizar mudanças na reflectância
causadas por diferenças de ângulos solares e de umidades Dois tipos dominantes de desenvolvimento sucessional
sazonais dos solos (Jensen et al., 1995). Fotos aéreas infra­ tomaram o lugar da Vegetação Seca e dos Solos Expostos
vermelhas coloridas também estavam disponíveis para este presentes nas áreas de rebaixamento do nível de água do
experimento. Os registros das imagens SPOT com os ma­ reservatório. Primeiramente houve um significativo au­
pas foram feitos com base em aproximadamente 50 pontos mento de “Spikerush” (plantas ciperáceas) em 1992. Em
de controle por data e foi feita reamostragem pelo método 5 de maio de 1992, estas ciperáceas ocupavam 20,28%
do vizinho mais próximo, usando a projeção UTM (Uni­ da área de estudo. À medida que o solo secava nos anos
versal Transverse Mercator). O erro geométrico, RMSE subsequentes, a cobertura por “Spikerush” diminuiu para
(root-mean-square-error), foi de ± 0,5 pixel (± 20 m) para aproximadamente 10,75% em 25 de outubro de 1994.
cada data de imagem. Na área de estudo, todo o terreno
acima de 60,7 m acima do nível do mar foi mascarado. As áreas de “Spikerush” e de Solos Expostos foram suce­
didas primeiramente por espécies “Old Field”, como se
Classificação de Imagens e Detecção de Mudanças esperava, numa taxa muito rápida. O aumento mais mar­
cante foi de 10 de maio de 1993 a 28 de outubro de 1993,
Cinquenta agrupamentos espectrais distintos foram extraídos mostrando um aumento da classe “Old Field” de quase
da imagem de cada data, usando o software ISODATA (“In­ nada para aproximadamente 25,62% da área de estudo.
teractive Self Organizing Data Analysis Technique”) (referido Coberturas de mudas de />/»«j/espécies arbóreas (“Pine/
em Jensen, 2005). Os agrupamentos foram rotulados geran­ Hardwood”) também aumentaram constantemente des­
do sete mapas de cobertura terrestre. A precisão geral para de quase nada em 1992 até a 10,25% em 25 de outubro
dois dos mapas classificados (28 de outubro de 1993 e 2 de de 1994. Se as áreas expostas pelo rebaixamento da água
abril de 1994) foi de 75,6% e de 77,9%, respectivamente. ficassem intocadas por aproximadamente uns 75 anos, ve­
Este nível de precisão está na faixa do que é esperado quando getações clímax dos tipos carvalhos (“oak”) ou castanheiras
se utilizam três bandas individuais de dados multiespectrais (“hickory”) poderiam fazer-se presentes nestas áreas.
com resolução de 20 x 20 m do SPOT (Jensen et al., 1995).
Usando as estatísticas relacionadas com as classes de cober­
O objetivo deste estudo foi documentar a mudança ecológica turas terrestres derivadas a partir de dados de sensoriamento
na cobertura vegetal nas áreas de rebaixamento da água usan­ remoto em múltiplas datas foi possível desenvolver modelos
do rmiltiplas datas de dados de sensoriamento remoto. Para sucessionais preditivos para cada um dos tipos de vegetação
isso, foi necessário usar um algoritmo de detecção de mudan­ ocorrentes nas áreas de rebaixamento das águas. Por exem­
ças (change-detectmi algorithni) que provê informações carto­ plo, a Figura 11 -29b ilustra a área porcentual atual e a pre­
gráficas do tipo “from-to” ou de-para (ou seja, que indicam a dita da cena ocupada com “Spikerush” em diferentes datas,
mudança, mostrando o que era e como ficou após a mudan­ desde o início do processo de rebaixamento do nível das
ça); p.ex., um pixel de 20 x 20 m de Vegetação Seca em 1992 águas em 23 de junho de 1991. A sucessão “Spikerush” foi
passou a ser um pixel de plantas ciperáceas (“Spikerush’) em modelada usando um polinômio de quinta ordem, onde:
1993. Vinte e um mapas de detecção de mudanças foram
produzidos e podem ser vistos em Jensen et al. (1997). %Spikerush = -0,0129x5+ 0,4018x4- 4,0989x3 + 15,383x2
- I4,425x,
Resultados
com R2 = 0,992. Usando esta equação, foi possível prever
As porcentagens de cobertura terrestre de cada classe em a porcentagem de Spikerush que estaria presente em datas
cada data, desde 14 de março de 1992 até 25 de outubro específicas após um sério rebaixamento das águas do reser-
Sensoriamento Remoto das Mudanças da Vegetação 403

Tabela 11-7. Classificação por segmentação orientada a objeto de dados SPOT 2004 multiespectrais (10 x 10 m) e
pancromáticos (5 x 5 m) de uma área da República da África do Sul.
Cana-de- Quebra- Total
Classe Citros Floresta Pastagem Estrada Água Pousio Banana E.U.
açúcar vento Linha
Cana-de- 1261 61 0 4 2 0 1 2 4 1335 94,46
açúcar
Citros 27 744 5 0 1 2 4 10 0 793 93,82
Floresta 13 23 87 13 0 2 1 1 0 140 62,14
Pastagem 28 25 8 82 1 0 5 0 0 149 55,03
Estrada 6 1 1 1 45 0 2 1 0 57 78,95
Agua 0 0 0 0 0 44 2 0 0 46 95,66
Pousio 7 0 2 2 0 1 39 0 0 49 79,59
Quebra- 2 4 0 0 1 1 0 36 0 44 81,82
vento
Banana 4 4 1 1 0 0 0 0 60 69 86,97
Total 1348 862 101 103 50 50 54 50 64 2682
Coluna
E.P. 93,55 86,31 86,14 79,61 90 88 72,22 72 93,75
Exatidão 89,4%
total =
Coeficien- 83,7%
te kappa =
E.U. = Exatidão do usuário
E.P. = Exatidão do produtor

vatório estudado. De modo similar, as classes sucessionais Numerosas agências estaduais e governamentais reconhe­
“Old Field” e “Pine/Hardwood” foram modeladas usando cem a importância de se utilizar dados de sensoriamento
as seguintes equações: remoto para monitorar as áreas de recursos vegetais amea­
çados. Por exemplo, o primeiro inventário abrangente da
%01d Field = - 0,04l6x5 + 0,6421x4—3,0604x3 + 5,1495 x2 vegetação, ao nível de comunidade de plantas, das Evergla-
- 2,3275x, des, na Flórida, foi realizado usando uma combinação de
imagens de satélite, fotografias aéreas, GPS e tecnologia
e SIG (Doren et al., 1999).

%Pine/Hardwood = 0,00762x5 - 0,1543x4 + l,0971x3 - Sensoriamento Remoto da Agricultura na


2,9539x2 + 2,4909x. África do Sul

O modelo polinomial para Old Field (R2 = 0,89) não expli­


cou a sucessão tão bem quanto o modelo preditivo da clas­ Muitos países usam sensoriamento remoto para obter in­
se Pine/Hardwood (R2 = 0,94). A primeira derivada desses formações biofísicas importantes, visando proteger seus ci­
modelos pode ser usada para prever a taxa de mudança (ou dadãos da fome durante secas prolongadas. Por exemplo, o
“gradiente”), em porcentagem de cobertura terrestre num Departamento de Assuntos de Agua e Floresta da República
dia específico, devida ao rebaixamento das águas. da África do Sul (cuja sigla em inglês é DWAF) é comanda­
do pelo South African National Water Act (1998) no sentido
A análise de mapas de cobertura terrestre de detecção de de obter informações sobre a distribuição espacial de toda
mudanças derivados de dados de sensoriamento remoto a agricultura que utiliza água durante o ano. Todos os agri­
por satélite documentaram quantitativamente: 1) a distri­ cultores que utilizam água devem ser documentados como
buição espacial das mudanças sucessionais na cobertura> “usuários de água registrados”, com o objetivo de obter per­
terrestre; e 2) a taxa de mudança sucessional ocorrida em missão para o uso dos escassos recursos hídricos nacionais.
Par Pond devida ao rebaixamento das águas. O DWAF é responsável por administrar a contabilidade do
404 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Vegetação

Dados SPOT do Rio Mhlathuze, na República da África do Sul

a. Parte da Área de Manejo da Água #6: reservatórios dos rios Usutu e Mhlathuze, na banda vermelha do
SPOT-5, de imagem coletada em 9 de janeiro de 2004.

b. Pontos de referência terrestres sobrepostos na ortofotografia.

Figura 11-30 a) Imagem H R V IR /SPO T de um a área ao longo do Rio M hlathuze, na República da África do Sul; b) Uma parte
dos 2682 campos usados para avaliar a precisão da classificação da cobertura agrícola, sobreposta em ortofotografia
1:10.000 (Jensen et al., 2006).

uso da água usando o sistema espacial de suporte à decisão Área de Estudo


denominado Water Authorization and Resource Manage­
ment System (WARMS). O sensoriamento remoto é um O estudo aqui relatado foi conduzido na Área de Manejo
dos principais métodos usados para obter informações sobre da Água #6: reservatórios dos rios Usutu e Mhlathuze (Fi­
o uso agrícola da água. Um estudo patrocinado pela NASA gura ll-30a). Neste local, a vegetação natural é constituí­
auxiliou o DWAF a desenvolver técnicas de sensoriamento da por floresta e vegetação de pequenos arbustos (“scrub-
remoto voltadas para a obtenção das necessárias informa­ shrub”, “bushveld”), fazendas de agricultura não-irrigada,
ções sobre usos agrícolas da água (Jensen et al., 2006). e fazendas de agricultura irrigada (basicamente cana-de-
Referências 405

açúcar e citros). Os dados do satélite SPOT, bem como mação sobre a cobertura agrícola é usado pelo Departamen­
informações obtidas in situ, foram usados para treinar e to de Assuntos de Água e Floresta da República da África
classificar as imagens em classes de coberturas agrícolas. do Sul como subsídio para o sistema espacial de suporte à
decisão do WARMS (Water Authorization and Resource
Dados de Sensoriamento Remoto Management System) (cortesia de Jensen et al., 2006).

Muitos dos campos agrícolas na área de manejo das águas


dos rios Usutu e Mhlathuze são <1 0 0 ha. Portanto, foi
necessário usar imagens com resolução espacial melhor
que 30 m para identificar o tipo de cultura dentro de
campos pequenos. Sensores como o M ODIS (NASA), Arroyo-Moya, J.P, Sanchez-Azofeifa, G. A., Rivard, B., Calvo,
MERIS (ESA) e AVHRR (NOAA) não seriam de utili­ J.C. and D. H. Janzen, 2005, “Dynamics in Landscape Structure
dade neste caso, em função de suas resoluções grosseiras and Composition for Chorotega Region, Costa Rica from 1960
(250 m, 300 m e 1100 m, respectivamente). Após ana­ to 2000,”Agriculture, Ecosystems and E?ivironment, 106:27-39.
lisar o calendário agrícola, o DWAF obteve os seguintes
dados de sensoriamento remoto: Baranoski, G. V. and J. G. Rokne, 2005, “A Practical Approa-
ch for Estimating the Red Edge Position of Plant Leaf Reflec-
• imagens SPOT-5, do sensor HRVIR (High Resolution tance,” Intl. Journal ofRemote Sensing, 26(3):503-521.
Visible Infrared), obtidas em 9 de janeiro de 2004 (ban­
das multiespectrais 1 a 4, com resolução de 10 x lOm; Birth, G. S. and G. McVey, 1968, “Measuring the Color of
banda pancromática 5 com resolução de 5 x 5 m). Growing Turf with a Reflectance Spectrophotometer,” Agro-
nomy Journal, 60:640-643.
Uma imagem SPOT da área de estudo é mostrada na Fi­
gura 1l-30a. Uma composição colorida SPOT é mostrada Bourgeron, P. S. and M. E. Jensen, 1993, “An OverView of
na Prancha Colorida 11 -6a Ecological Priciples for Ecosystem Management,” in Jensen,
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plications, Missoula: USDA Forest Service, 49-60.
O DWAF obteve informações de referência terrestre in situ
sobre o tipo de agricultura presente em 2682 campos da Broge, N. H. and E. Leblanc, 2000, “Comparing Prediction Po­
área de estudo. Os centróides de muitos destes campos fo­ wer and Stability of Broadband and Hyperspectral Vegetation ín­
ram sobrepostos em ortofotografias na escala de 1:10.000, dices for Estimation of Green LeafArea Index and Canopy Chlo-
conforme mostrado na Figura 11 -30b. rophyll Density,” Remote Sensing ofEnvironment, 76:156-172.

Análise dos Dados Carter, G. A., 1991, “Primary and Secondary Effects of the
Water Content on the Spectral Reflectance of Leaves,” Ame­
Os dados SPOT foram submetidos a uma classificação por rican Journal ofBotany, 78(7):916-924.
segmentação de imagem orientada a objetos, a qual leva
em conta tanto a informação espectral quanto a espacial Carter, G. A., 1993, “Responses of Leaf Spectral Reflectance to
existente nas imagens utilizadas. Neste ponto, recomenda- Plant Stress”, American Journal ofBotany, 80(3):2310-243.
se a consulta de Jensen (2005) para informações sobre seg­
mentação de imagens orientada a objetos. Carter, G. A., Cibula, W. G. and R. L. Miller, 1996, “Nar-
row-band Reflectance Imagery Compared with Thermal
Resultados Imagery for Early Detection of Plant Stress ."Journal o f Plant
Physiology, 148:515-522.
A classificação por segmentação orientada a objetos a partir
de imagens SPOT multiespectrais (10 x 10 m) e pancro- Chen, T. M., and T. A. Black, 1992, “Defining Leaf Area
máticas ( 5 x 5 m), de 2004, permitiu a produção do mapa Index for Non-flat Leaves,” Plant, Cell and Environment,
mostrado na Prancha Colorida 11-6b. A precisão geral foi 15:421-429.
de 89,4% com um coeficiente Kappa de concordância de \ '
83,7% (Tabela 11-7). As precisões do usuário para cana- Chen, J.M., Pavlic, G., Brown, L., Cihlar, J., Leblanc, S. G., Whi-
de-açúcar e citros foram de 94,46% e de 93,82%, respecti­ te, H. R, Hall, R. J., Peddle, D. R., King, D. J., Trofymow, J. A.,
vamente, enquanto que as precisões do produtor foram de Swift, E., Van der Sanden, ]., and P K. Pellikka, 2002, “Deriva-
93,55% e de 86,31%, respectivamente. Este tipo de infor­ tion and Validation of Canada-wide Coarse-resolution Leaf Area
406 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Vegetação

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Sensoriamento Remoto da Agua

A
água cobre aproximadamente 74% da superfície da Terra. Em nenhum outro lu­
gar do universo conhecido, esse líquido ocorre com tal abundância. Quase 97%
do volume de água da Terra ocorre nos grandes oceanos salinos. Apenas cerca de
0,02% da água da Terra está presente em córregos de água doce, rios, lagos e re­
servatórios. O restante da água está contido nos aquíferos subterrâneos (0,6%), na
atmosfera da Terra sob a forma de vapor d’água (0,001% ) e nas coberturas de gelo
(aproximadamente 2,2%).

A água existe em vários estados na Terra, incluindo água doce, água salgada, vapor
de água, chuva, neve e gelo. Os meteorologistas, oceanógrafos, hidrólogos, alguns
geógrafos e outros profissionais dedicam suas vidas para medir, monitorar e prever
a distribuição espacial, volume e movimento da água durante o ciclo hidrológico.

E possível obter medidas in situ em locais específicos de vários parâmetros hidroló-


gicos (água), tais como precipitação, profundidade da água, temperatura, salinida­
de, velocidade, volume, etc. Por exemplo, o U SG S mantém uma densa rede de me­
didores in situ do fluxo dos rios nos principais riachos e rios, que fornece registros
contínuos^do nível (altura) e velocidade deles. As principais cidades e aeroportos
obtêm informação in situ sobre a precipitação (chuva e neve). As divisões de saúde
e controle ambiental são muitas vezes responsáveis pela coleta de amostras para
avaliar a qualidade da água de rios, lagos, reservatórios e estuários. Estas medidas
pontuais são muito importantes. Se elas forem obtidas em número suficiente em
uma determinada região, pode-se interpolar entre os pontos de observação e fazer
inferências sobre padrões geográficos regionais. Infelizmente, normalmente essas
medidas não são suficientes em quantidade para criar um mapa de distribuição
estatisticamente significativa (Kroger e Law, 2005). De fato, em geral é difícil obter
informação espacial regional usando observações pontuais in situ para algumas das
mais importantes variáveis hidrológicas, incluindo:

• área da superfície da água (riachos, rios, lagos, reservatórios e mares),

• constituintes da água (orgânico e inorgânico),

• profundidade da água (batimetria),

• temperatura da superfície da água,

• área da superfície de neve,

• equivalente neve-água,

• área da superfície de gelo,

• equivalente gelo-água,
412 CAPÍTULO 12 Sensoriamento Remoto da Água

• cobertura de nuvens, Irradiância solar Radiância total


e atmosférica L = L +L + L + L
• precipitação, e

• vapor d’água.

Desta forma, uma quantidade significativa de pesquisa tem


sido feita para desenvolver métodos de sensoriamento remoto
que possam obter medidas espaciais quantitativas destas im­
portantes variáveis hidrológicas (p.ex., Gregg e Casey, 2004;
Karaska et al., 2004). Este capítulo introduz os princípios
fundamentais associados com o sensoriamento remoto da
água e seus constituintes: nuvens, vapor d’água, precipitação
e neve. O capítulo é finalizado com um estudo de caso sobre
qualidade de água e poluição de fonte não-pontual.

I Características Biofísicas da Água


de Superfície Detectadas por
Sensoriamento Remoto

Esta seção revê como o sensoriamento remoto pode ser Figura 12-1 Os corpos d’água recebem a irradiância do Sol
usado para inventariar e monitorar a extensão espacial, os (ESui) e da atmosfera (Eskj . A radiância total ascen­
constituintes orgânicos/inorgânicos, a profundidade e a dente, saindo de um corpo d’água para um sensor
temperatura das águas de rios, lagos, reservatórios, mares remoto, é uma função da radiância de espalhamen-
to atmosférico (L ), da radiância da superfície da
e oceanos. É importante primeiro ter um entendimento
água (L ), da radiância volumétrica de subsuperfície
sobre as interações da energia-matéria que podem ter im­ ( L ) e da radiância de fundo (Lb) do corpo d’água
pacto em nossa habilidade para efetivar uma investigação (após Bukata et al., 1995).
precisa de sensoriamento remoto aquático.
Esta energia refletida contém informação espectral va­
Radiância de Superfície da Água, Radiância liosa sobre as características da superfície (ou próxima à
Volumétrica de Subsuperfície e Radiância de Fundo superfície) do corpo cfágua (Figura 12-2a). Infelizmente,
se o ângulo zenital solar e o ângulo de visada do sensor
forem aproximadamente os mesmos, poderemos obter
A radiância total {L ) registrada por um sensor a bordo de uma reflexão puramente especular da superfície do corpo
uma aeronave ou satélite é uma função da energia eletro­ d’água, que fornecerá informação de pouco valor espec­
magnética proveniente de quatro fontes indicadas na Figu­ tral (Figura 12-2b). Este efeito, conhecido como sunglint
ra 12-1 (Bukata et al., 1995; Legleiter e Roberts, 2005): (reflexão solar ou gliter), deve ser evitado sempre que pos­
sível. Esta é a razão pela qual nós dificilmente coletamos
L = L + L + L + L, (12-1) dados de sensoriamento remoto ao nadir em um período
de uma ou duas horas ao redor do meio-dia local.
onde
• L é a radiância da radiação solar e atmosférica descen­
• L é a porção da radiância registrada por um sensor re­ dente que de fato penetra a interface ar-água, interage
moto resultante da radiação solar direta (.E ) e indireta com a água e seus constituintes orgânicos/inorgânicos
(chamada do céu ou da atmosfera) (E\ ) descendente que, e então emerge da coluna d’água sem interagir com o
de fato, nunca realmente atinge a superfície da água. Isto fundo. Essa radiância (denominada radiância volumé­
é ruído atmosférico e pode ser considerado como a radi­ trica de subsuperfície) fornece informação valiosa sobre
ância de trajetória indesejável discutida no Capítulo 2. as características da composição da coluna d’água.

• f é a radiância da radiação solar e atmosférica descen­ • Lhé a porção da radiância registrada resultante da radia­
dente que alcança a interface ar-água (algumas vezes de­ ção solar e atmosférica descendente que penetra a inter­
nominada camada de superfície livre ou camada limite), face ar-água, alcança o fundo do corpo d água e é propa­
mas que penetra apenas cerca de 1 mm na água sendo, gada de volta na coluna d’água até sair do corpo d’água e
portanto, essencialmente refletida da superfície da água. alcançar o sensor. Se quisermos obter informação sobre
Características Biofísicas da Superfície d’Água Detectadas por Sensoriamento Remoto 413

Sunglint (Reflexo)

a. Fotografia infravermelho preto-e-branco de b. Fotografia infravermelho preto-e-branco com o


corpos d’água na Flórida. efeito sunglint.

Figura 12-2 a) Fotografia infravermelho preto-e-branco de uma área na Flórida contendo vegetação natural, um campo de golfe e
corpos d’água profundos e não-túrbidos. b) Neste exemplo, o efeito sunglint é mostrado, o que atrapalha seriamente a
extração de informação útil. Os únicos dados de valor são os padrões de vento na superfície da água, que fornecem alguma
informação sobre a direção do vento na hora de obtenção da fotografia.

o fundo quando, por exemplo, executamos mapeamen­ eles devem tentar remover a radiância atmosférica (Lf) , a
to batimétrico (de profundidade) ou mapeamento de de superfície (Z^ e a volumétrica de subsuperfície (Z ).
recifes de corais, então essa radiância de fundo pode ter
valor significativo (Mumby et al., 1997; Pasqualini et al., Resposta Espectral da Água em Função do
1997). Entretanto, a radiância de fundo torna mais difí­ Comprimento de Onda
cil a caracterização apropriada da coluna de água. Basi­
camente, é difícil separar ou desagregar 7 de Lh (Jensen
et al., 1989; Islam et al., 2004). / Ao conduzir uma investigação de sensoriamento remoto
de corpos d água, é primeiramente útil entender como a
O objetivo da maioria dos estudos de sensoriamento re­ água pura seletivamente absorve e/ou espalha a radiação
moto aquático é extrair a radiância de interesse das outras incidente ou a luz solar descendente na coluna d’água.
componentes de radiância registradas pelo sistema sensor Depois, é importante considerar como a luz incidente é
(Doxaran et al., 2002). Por exemplo, o cientista interessado afetada quando a coluna d’água não é pura, mas contém
em identificar os constituintes orgânicos e inorgânicos na materiais orgânicos e inorgânicos.
coluna d’água (p.ex., sedimentos em suspensão ou clorofila
d) está mais preocupado em isolar a radiância volumétrica A água pura não contém matéria orgânica e inorgânica.
de subsuperfície (Z ) calculada de: Bukata et al. (1995) sintetizaram, a partir de diferentes estu­
dos, os valores do coeficiente de absorção a(y), do coeficien­
L„ =L,-(Lp + L + Lt) ( 12- 2) te de espalhamento b(y) e do coeficiente de atenuação total
c(y) de moléculas de água pura na faixa espectral de 250 a
Isto normalmente envolve cuidadosa correção radiomé- 800 nm (Tabela 12-1). Várias relações importantes são ob­
trica dos dados do sensor remoto para remover a atenua­ servadas quando os dados de absorção e espalhamento são
ção atmosférica (Z ), o efeito sunglint e de outras reflexões exibidos em gráficos, como o mostrado na Figura 12-3.
de superfície (Z ), e a reflectância de fundo (Lb) (p.ex.,
Mustard et al., 2001). A característica mais notável é que a quantidade mínima de
absorção e espalhamento da luz incidente na coluna d’água
Os cientistas que querem monitorar a profundidade da (portanto, a melhor transmissão) ocorre na região do com­
água (batimetria) ou as características de fundo, como a primento de onda do azul (400 a 500 nm), com o valor
estrutura de recifes, estão mais interessados em obter me­ mínimo localizado em aproximadamente 460 - 480 nm.
didas precisas de radiância de fundo (Z,), de tal forma que Nesses comprimentos de onda, do violeta ao azul claro,
414 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Água

Comprimento de Onda (nm)

Figura 12-3 Absorção e espalhamento da luz em água pura. A absorção molecular da água predomina no ultravioleta (<400 nm) e na
faixa do amarelo até a porção do infravermelho próximo do espectro (>580 nm). Praticamente todo o fluxo radiante inci­
dente que penetra num corpo de água pura é absorvido no infravermelho próximo e médio (740 - 2500 nm), sendo o efeito
de espalhamento desprezível nesse intervalo. Este é o motivo de a água aparecer tão escura em fotografias infravermelho
branco-e-preto ou colorida. O espalhamento na coluna d’água é importante especialmente nas porções violeta, azul escuro e
azul claro do espectro (400 - 500 nm). Esta é a razão pela qual a água pura é azul aos nossos olhos. Esses dados foram prove­
nientes de diferentes fontes compiladas por Bukata et al. (1995). O gráfico trunca a informação da absorção no ultravioleta
e na faixa do amarelo até o infravermelho próximo porque a atenuação é muito grande. Veja a Tabela 12-1 para informação
sobre os valores de absorção nessas faixas de truncamento do gráfico.

a luz penetra mais do que qualquer outro tipo de luz na onda do laranja e do vermelho (580 a 740 nm) pelas mo­
coluna d’água (Clark et al., 1997). léculas de água torna-se insignificante quando comparado
com a absorção por estas moléculas. Quase todo o fluxo ra­
A luz incidente do verde e amarelo, de 520 a 580 nm, é mui­ diante incidente no infravermelho próximo e médio (740 —
to bem absorvida na coluna d’água e pouco espalhamento 3000 nm) que penetra em um corpo d’água pura e profunda
ocorre. O espalhamento da energia nos comprimentos de é absorvido, e pouco espalhamento acontece (Figura 12-3).
Características Biofísicas da Superfície d’Água Detectadas por Sensoriamento Remoto 415

Recife Palancar na Ilha Cozum el, Q uintana Ro-o, México

a. Banda 1 do SPOT (0,50 - 0,59 |am) b. Banda 2 do SPOT (0,61 - 0,68 pm) c. Banda 3 do SPOT (0,791 - 0,89 pm)

Figura 12-4 Bandas individuais dos dados SPOT XS de Cozumel, México. O fluxo radiante incidente do verde e do vermelho (bandas
1 e 2) penetra na coluna d’água e é refletido pela areia, fundo consolidado e pelo recife Palancar. f)e forma oposta, a maior
parte da energia do verde e vermelho é absorvida pela vegetação terrestre, causando sua aparência escura. E difícil identificar
a interface terra-água (limite) usando essas bandas do visível. A água absorve quase todo o fluxo radiante no infravermelho
próximo, enquanto a vegetação terrestre reflete a maior parte da energia incidente nessa região espectral. O resultado é que a
água aparece quase preta nos dados do infravermelho próximo (banda 3), enquanto a vegetação terrestre aparece clara. Isto
facilita a identificação do limite terra-água (SPOT Image, Inc.).

Portanto, o espalhamento molecular da luz violeta e aztíf Por exemplo, considere as imagens SPO T HRV XS das ban­
(< 520 nm) e a significativa absorção da luz nos compri­ das do verde (banda 1), vermelho (banda 2) e do infraver­
mentos de onda do verde, amarelo, laranja e vermelho melho próximo (banda 3), obtidas em uma porção do recife
(520 —700 nm) em uma coluna d’água são responsáveis Palancar na ilha de Cozumel, Quintana Ro-o, México (Fi­
pela cor azul que vemos na água pura. A cor azul é especial­ gura 12-4). A visibilidade subaquática nesta porção do Mar
mente evidente em águas oceânicas puras e corpos d’água Caribenho é normalmente de 25 a 40 metros. A energia do
interiores profundos e não-túrbidos. Sol incidente nos comprimentos de onda do verde e verme­
lho penetra a coluna d’água e é refletida pelo fundo arenoso,
Monitorando a Extensão Superficial de Corpos d’Agua consolidado, e pelo recife de coral. Observe como os deta­
lhes do recife são mais visíveis nas imagens das bandas do
As melhores regiões de comprimento de onda para discriminar verde (banda 1) e do vermelho (banda 2) do que na imagem
terra de água pura são o infravermelho próximo e o infraver­ da banda 3 do infravermelho próximo (Figura 12-4).
melho médio (comprimentos de onda entre 740 e 2500 nm).
Nas regiões do infravermelho próximo e médio, os corpos Enquanto a informação de subsuperfície disponível nas ima­
d’água aparecem muito escuro, mesmo pretos, porque eles ab­ gens SPO T do verde e do vermelho (bandas 1 e 2) é útil por
sorvem praticamente todo o fluxo radiante incidente, especial­ muitas razões, ela não é de muito valor para se tentar iden­
mente quando a água é profunda e pura ou sem a presença de tificar a interface terra-água, isto é, o real limite da ilha de
sedimentos em suspensão ou matéria orgânica (p.ex., Figura Cozumel. Felizmente, a água absorve quase todo o fluxo ra­
12-2a). De forma oposta, as coberturas da terra, tipicamente diante incidente no infravermelho próximo (conforme visto
compostas por vegetação e solo exposto, refletem quantidades na Figura 12-4c), o que faz com que a banda 3 do SPO T
significativas de energia no infravermelho próximo e médio, HRV registre a água do oceano como preta. Por outro lado,
como discutido em capítulos anteriores. Consequentemente, a vegetação terrestre reflete a maior parte do fluxo radiante
essas coberturas aparecem relativamente claras nas imagens incidente no infravermelho próximo, o que faz com que ela
obtidas em bandas do infravermelho próximo e médio. apareça clara na imagem da banda 3. Portanto, é uma tarefa
416 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Água

Tabela 12-1. Propriedades ópticas da água pura (obtidas D elta do Rio M ississipi
de várias fontes por Bukata et al., 1995).
Atenuação
Comprimento Absorção Espalhamento Total
de Onda a(k) b(k) c {\)
(nm) (m-1) (nr1) (nr1)
250 -
ultravioleta 0,190 0,032 0,2200
3 00-
ultravioleta 0,040 0,015 0,0550
320-
ultravioleta 0,020 0,012 0,0320
350 -
ultravioleta 0,012 0,0082 0,0202

400 - violeta 0,006 0,0048 0,0108

420 - violeta 0,005 0,0040 0,0090


Figura 12-5 Fotografia do delta do Rio Mississipi exatamente
440 - violeta 0,004 0,0032 0,0072
abaixo de New Orleans, LA, obtida pelos astronau­
460 - azul tas da Space Shuttle durante a Missão STS 51. Os
escuto 0,002 0,0027 0,0047 sedimentos em suspensão na água refletem a maior
480 - azul parte do fluxo radiante incidente de volta para a at­
escuto 0,003 0,0022 0,0052 mosfera. De forma oposta, a água mais pura, dis­
tante da plataforma, absorve a maior parte do fluxo
500 - azul radiante incidente, o que produz sua aparência preta
claro 0,006 0,0019 0,0079 na imagem. O limite entre a água rica em sedimen­
tos e a água não-túrbida é claramente evidente (cor­
520 - verde 0,014 0,0016 0,0156 tesia de K. Lulla, NASA Johnson Space Center).

540 - verde 0,029 0,0014 0,0304


relativamente simples delinear a interface terra-água usando
560 - verde 0,039 0,0012 0,0402 a imagem SPO T da banda 3 do infravermelho próximo.

580 - amarelo 0,074 0,0011 0,0751 Entretanto, deve-se ter cuidado quando existem constituin­
tes orgânicos e inorgânicos na coluna d’água (especialmen­
600 - laranja 0,20 0,00093 0,2009 te próximo à superfície), porque esses materiais produzem
reflexão de superfície no infravermelho próximo e espalha-
620 - laranja 0,24 0,0082 0,2408 mento volumétrico de subsuperfície. Consequentemente,
6 40- a magnitude do fluxo radiante do infravermelho próximo
vermelho 0,27 0,00072 0,2707 deixando a superfície do corpo d’água pode aumentar dra­
maticamente. Por exemplo, considere a fotografia do Space
6 60-
vermelho 0,310 0,00064 0,3106 Shuttle mostrada na Figura 12-5 do delta do Rio Mississipi.
Os sedimentos em suspensão na coluna d’água causam sig­
680 -
vermelho 0,38 0,00056 0,3806 nificativo espalhamento e reflexão do fluxo radiante de volta
para o sistema sensor, fazendo com que a água apareça tão
700 -
clara quanto algumas feições do terreno próximas ao delta.
vermelho 0,60 0,0005 0,6005
7 40- Resposta Espectral da Água em Função dos Cons­
infravermelho
próximo 0,0004
tituintes Orgânicos e Inorgânicos - Monitorando
2,25 2,2504
Sedimentos em Suspensão (Turbidez), Clorofila e
7 60-
Matéria Orgânica Dissolvida
infravermelho
próximo 2,56 0,00035 2,5604
800 -
infravermelho Até agora, nós discutimos principalmente a resposta es­
próximo 2,02 0,00029 2,0203 pectral da água pura. Entretanto, muitos corpos naturais
Características Biofísicas da Superfície d’Água Detectadas por Sensoriamento Remoto 417

de água contêm uma variedade de constituintes orgânicos tar uma carga importante de sedimentos em suspensão que
(p.ex., clorofila a do fitoplâncton) e inorgânicos (p.ex., mi­ pode afetar dramaticamente as características de sua reflec­
nerais em suspensão na água). Quando as águas naturais tância espectral (Miller e McKee, 2004).
contêm uma mistura desses materiais, um dos problemas
mais difíceis em sensoriamento remoto é derivar (extrair) Monitorar o tipo, a quantidade e a distribuição espacial
informação quantitativa sobre esses constituintes específi­ de sedimentos em suspensão em corpos d’água interiores
cos a partir de dados de sensoriamento remoto (Doxaran e costeiros é muito importante. Por exemplo, a erosão do
et al., 2002; Karaska et al., 2004). solo em uma bacia hidrográfica lança uma carga de sedi­
mentos nos corpos d água, que resulta em assoreamentos
Ao conduzir estudos de qualidade da água ou tentar prever mais rápidos dos principais rios, reservatórios, obras para
a produtividade da água usando dados de sensoriamento controle de inundação e estuários. Isso pode diminuir a
remoto, normalmente estamos interessados na radiância vida útil dos reservatórios, lagos e dos mecanismos de con­
volumétrica de subsuperfície, L (Figura 12-1). Conforme trole de inundação, resultando na necessidade de dragagem
mencionado antes, essa é a radiância proveniente da radia­ de rios e estuários. Por exemplo, a redução na capacidade
ção solar direta e atmosférica descendente que de fato pe­ de armazenamento nos reservatórios dos Estados Unidos
netra na interface ar-água, interage com a água e seus cons­ causada pelo assoreamento (sedimentos em suspensão) pro­
tituintes orgânicos/inorgânicos, saindo da coluna d’água na duz uma perda anual superior a 100 milhões de dólares.
direção do sensor sem interagir com o fundo. A radiância Os sedimentos também afetam a qualidade da água e a sua
volumétrica de subsuperfície que deixa uma coluna d’água adequação para consumo humano, recreação e uso indus­
na direção do sensor (L ) é uma função da concentração da trial. Os sediçnentos servem como um agente transportador
água pura (w), dos sedimentos inorgânicos em suspensão e armazenador de pesticidas, fósforo e nitrogênio absorvi­
{SAÍ), da clorofila a orgânica {Chi), do material orgânico dos, e compostos orgânicos e podem ser um indicador de
dissolvido (DOM ) e da quantidade total de atenuação por poluição. Os sedimentos em suspensão podem impedir a
absorção e espalhamento que ocorre na coluna d’água devi­ transmissão de radiação solar e reduzir a fotossíntese em ve­
do a cada um desses constituintes, c(k), isto é, getação aquática submersa e fitoplâncton próximo ao subs­
trato. A vegetação aquática e o fitoplâncton têm um papel
SK W ChlcW D O M J . (12-3) vital na cadeia alimentar do ecossistema aquático.

E instrutivo observar o efeito que cada um desses consti­ Felizmente, o sensoriamento remoto pode ser usado para
tuintes tem sobre as características da reflectância espectral monitorar as concentrações de sedimentos em suspensão
de uma coluna d’água. nos corpos d’água. Isto geralmente requer a obtenção de me­
didas in situ de concentrações de sedimentos em suspensão
Sedimentos em Suspensão e a correlação dessas medidas com dados de sensores remo­
tos para obter uma relação quantitativa. E uma boa prática
Minerais ricos em silício, alumínio e óxidos de ferro são en­ coletar tanto dados de sensores remotos quanto medidas in
contrados em suspensão em muitos corpos d água naturais. situ de sedimentos em suspensão em dias que tenham pouco
As partículas variam de argila fina (3 —4 pm em diâmetro) vento. A rugosidade produzida pela ação do vento na água
para silte (5 - 40 pm) e areia fina ( 4 1 - 1 3 0 pm) a grosseira cria reflexões especulares que podem prejudicar a estimativa
(131 - 250 pm). Os sedimentos são provenientes de uma por sensoriamento remoto das concentrações de sedimentos
variedade de fontes, incluindo a erosão de áreas agrícolas, o em suspensão (Han e Rundquist, 1998).
intemperismo de terrenos montanhosos, a erosão costeira
causada por ondas naturais ou tráfego de barcos e as erup­ A reflectância espectral dos sedimentos em suspensão na água
ções vulcânicas (cinzas). A maior parte dos sedimentos em é uma função da quantidade e das características (tamanho
suspensão está concentrada em corpos d’água interiores ou de partículas, absorção) do material na água. A concentra­
costeiros (Bukata et al., 1995). Oceanos claros e profundos ção de sedimentos em suspensão é medida in situ usando
(denominados água Caso I), distantes da costa, raramente um disco de Secchi ou uma unidade de turbidez nefelomé-
contêm sedimentos em suspensão com diâmetro maior que trica (N TU ). O disco de Secchi (Figura 12-6) é uma placa
1 pm. Portanto, a concentração de sedimentos em suspen­ circular que é introduzida na água até que ela não possa mais
são normalmente não é significativa em estudos de oceanos ser vista. Quanto maior for a quantidade de sedimentos em
profundos com sensoriamento remoto. Isso é importante, suspensão, menor será a profundidade Secchi, isto é, a placa
visto que as contribuições de sedimentos em suspensão po­ deixará de ser vista rapidamente. Esse método depende da
dem ser desprezadas ao se conduzir uma investigação de percepção visual humana, que não é constante entre os cien­
sensoriamento remoto em oceanos profundos. De forma tistas. Uma medição mais rigorosa é feita com o N T U , que
oposta, corpos d água interiores e costeiros podem transpor­ consiste da passagem da luz através de uma amostra de água
418 CAPÍTULO 12 Sensoriamento Remoto da Agua

D isco de Secchi Espectrorradiôm etro

— H

Figura 12-6 Um disco de Secchi é usado para medir sedimentos


em suspensão em corpos d’água, introduzindo-o na
coluna d’água e verificando a profundidade em que
ele desaparece. A precisão da medida é uma função
da acuidade visual do observador, que pode variar Figura 12-7 Um espectrorradiômetro pode ser usado para me­
substancialmente. dir in situ as características da reflectância espectral
da água pura e da água com várias concentrações
de sedimentos em suspensão e de clorofila a (após
Lodhi et al., 1997).
obtida em várias profundidades para determinar suas carac­
terísticas de transmissão, que estão relacionadas, por sua vez, As Figuras 12-8a,b ilustram a reflectância espectral da água
com o material em suspensão na água. clara (pura) e da água com concentrações variáveis de sedi­
mentos em suspensão oriundos de solos argiloso e siltoso.
Pesquisas têm documentado o impacto geral do incremen­ A reflectância espectral da água clara diminui continua­
to de concentrações de sedimentos minerais em suspensão mente após cerca de 580 nm devido à absorção na coluna
em corpos tfágua nas porções do visível e do infravermelho d’água, conforme previamente descrito (veja Figura 12-3).
próximo do espectro. Por exemplo, considere o experimen­ Quando a concentração de sedimentos em suspensão au­
to conduzido por Lodhi et al. (1997), que determinaram menta, a reflectância é maior em todos os comprimentos
as características da reflectância espectral de dois tipos de de onda para ambos os solos. O solo argiloso (Figura 12-
solos de Nebraska (argiloso e siltoso) em várias concentra­ 8a) tinha mais matéria orgânica e tornou-se de cor mais es­
ções de sedimentos em suspensão na água. cura, o que resultou numa reflectância aproximadamente
10% menor em todos os comprimentos de onda do que a
A Figura 12-7 exibe o delineamento experimental, que inclui reflectância observada para o solo siltoso de cor mais clara
a utilização de um espectrorradiômetro para coletar dados (Figura 12-8b). A reflectância aumentou na região de 580
de reflectância espectral de uma altura de 165 cm acima da —690 nm e na região do infravermelho próximo quando
superfície da água. As medições espectrais foram feitas em mais minerais estiveram suspensos nos corpos d’água. Por­
252 bandas espectrais entre 368 e 1114 nm. O espectrorra­ tanto, o pico de reflectância desloca-se para maiores compri­
diômetro foi calibrado com uma placa cinza (18% de reflec­ mentos de onda na faix a do visível quando mais sedimentos
tância), que foi intercomparado com um painel de calibração em suspensão são adicionados. Mais fluxo radiante no verde,
de BaSO f. A reflectância, p r foi calculada como uma razão vermelho e infravermelho próximo é refletido do corpo
simples usando a equação (Markham e Barker, 1986): d’água e registrado pelo sistema de sensoriamento remoto.
Um corpo d’água com sedimentos em suspensão normal­
P t-= A x£ (12-4) mente irá aparecer mais claro na imagem do que um corpo
r d’água próximo sem qualquer sedimento em suspensão.

onde L.f é a radiância medida da superfície da água, L é a Coeficientes de correlação (r) foram computados para
radiância do painel de BaSCVe k é um fator de calibração descrever a relação entre a concentração de sedimentos
para o painel de B a S 0 4(veja Capítulo 15). em suspensão e a reflectância em cada uma das 252 ban-
Características Biofísicas da Superfície d’Água Detectadas por Sensoriamento Remoto 419

1.000 mg/1

400 450 500 550 600 650 700 750 800 850
Comprimento de Onda (nm)

.000 mg/1

400 450 500 550 600 650 700 750 800 850
b.
Comprimento de Onda (nm)

Figura 12-8 a) Medidas in situ de reflectância espectral de água clara e de água com vários níveis de concentrações de sedimentos em
suspensão de solo argiloso variando de 0 a 1000 mg/1. b) Medidas in situ de reflectância espectral de água clara e de água com
vários níveis de concentrações de sedimentos em suspensão de solo siltoso. Observe que o solo siltoso apresentou aproxima­
damente 10% a mais de reflectância em todos os comprimentos de onda do que o solo argiloso. Em ambos os casos, o pico
de reflectância deslocou-se para maiores comprimentos de onda na região do visível quando mais sedimentos em suspensão
foram adicionados à água (após Lodhi et al., 1997).

das do espectrorradiômetro. Para o solo argiloso, os va­ a faixa de comprirhento de onda do visível de 580 -
lores de correlação variaram de 0,28 a 0,97. Para o solo 690 nm pode fornecer informação sobre o tipo de sedi­
siltoso, eles variaram de 0,78 a 0,98. Para ambos os solos, mento em suspensão (solo) nas águas; e
os valores de r > 0,90 ocorreram na região do infraverme­
lho próximo entre 714 e 880 nm, como esperado (Han e a faixa de comprimento de onda do infravermelho pró­
Rundquist, 1994). ximo de 714 - 880 nm pode ser útil para determinar a
quantidade de sedimentos em suspensão nas águas em
Estes resultados sugerem que: que eles sejam os constituintes predominantes.
420 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Água

D iatom ácea Célula de Alga

material
cloroplasmático

parede celular

a.

Figura 12-9 a) Micrografia de luz azul refletida de uma diatomácea fotossinteticamente ativa, b) Micrografia de luz azul refletida de uma
célula de alga verde {Micrasterias sp.). O material cloroplasmático no centro aparece em tons escuros, porque os pigmentos de
clorofila a absorvem a maior parte da luz azul incidente durante a fotossíntese.

As relações estatísticas podem não ser universalmente aplicá­ Clorofila


veis. Os cientistas que pretendem estimar concentrações de se­
dimentos em suspensão com dados de sensoriamento remoto Plâncton é um termo genérico usado para descrever todos os
devem investigar as características de absorção e espalhanren- organismos vivos (plantas e animais) presentes em um corpo
to da água e solos em suas áreas geográficas de interesse. d’água que não podem resistir às correntezas (diferente dos
peixes). O plâncton pode ser subdividido em organismos ve­
Por exemplo, Doxaran et al. (2002) usaram dados do satéli­ getais algais (fitoplâncton), organismos animais (zooplâncton),
te SPO T para medir sedimentos em suspensão no estuário bactérias (bacterioplâncton) e formas inferiores de plantas,
Gironde no sudoeste da França. As melhores correlações como fungos algais. O fitoplâncton é composto por plantas
entre os dados do SPO T e os sedimentos em suspensão fo­ unicelulares menores que o tamanho de uma cabeça de agu­
ram obtidas usando: a) a banda N1R XS3 (790 - 890 nm), lha. Micrografias da energia radiante do azul, refletida de uma
atmosfericamente corrigida, quando a concentração de se­ diatomácea e de uma única célula de alga verde, são mostra­
dimentos em suspensão foi alta, e b) as razões [XS3 / XS1] das nas Figuras 12-9a,b. Em ambos os casos, os pigmentos
ou [XS3 / XS2], quando a concentração de sedimentos foi de clorofila a absorvem a maior parte da luz azul incidente,
baixa. As concentrações de sedimentos nas águas de super­ fazendo com que a porção fotossintética apareça escura.
fície no estuário foram estimadas até 2000 mg/1.
O fitoplâncton, como plantas de terra firme, é composto
De forma similar, Binding et al. (2005) concluíram que o por substâncias que contêm carbono. O fitoplâncton afun­
sucesso do uso dos comprimentos de onda do N IR para da no oceano ou para o fundo do corpo d’água quando
medir sedimentos em suspensão depende do fato de que, morre. O zooplânton migra para a superfície à noite para
em águas muito túrbidas, exista espalhamento suficiente alimentar-se do fitoplâncton vivo e submerge para pro­
para suplantar a forte absorção pela água no NIR. Em fundidades maiores durante o dia. Quando o zooplâncton
águas com menor turbidez, como as do Mar da Irlanda, os morre, ele também afunda, transportando carbono consi­
comprimentos de onda adequados para o desenvolvimen­ go. O carbono no fitoplâncton e zooplâncton mortos é logo
to de algoritmos para quantificar sedimentos em suspensão coberto por outros sedimentos. Além disso, o fitoplâncton
podem estar restritos à região do visível (p.ex., 665 nm). usa dióxido de carbono e produz oxigênio durante o proces­
Eles sugeriram que qualquer estudo que tente monitorar so fotossintético. Desse modo, os corpos d’água e oceanos
sedimentos em suspensão com sensoriamento remoto deva agem como sumidouros de carbono, locais que acumulam
se basear em um conhecimento completo sobre a composi­ carbono global, que de outra forma poderia acumular-se na
ção e o tamanho das partículas desses sedimentos. atmosfera como dióxido de carbono. Outros sumidouros
globais incluem a vegetação terrestre e o solo. Entretanto,
Miller e McKee (2004) obtiveram uma relação linear robus­ o carbono nesses sumidouros frequentemente retorna para
ta (R2 = 0,89) entre a banda 1 do M O D IS (620 - 670 nm), a atmosfera como dióxido de carbono pela queima ou de­
com 250 x 250 m de resolução espacial, e medidas in situ composição. Ninguém sabe exatamente a quantidade de
de sedimentos em suspensão no Golfo do México. carbono que se acumula em águas interiores e oceanos.
Características Biofísicas da Superfície d’Água Detectadas por Sensoriamento Remoto 421

Assim, as características do fitoplâncton e zooplânton são


muito importantes para o nosso conhecimento sobre o ci­
clo global de carbono, visto que representam um importan­
te sumidouro de carbono para níveis crescentes de dióxido
de carbono na atmosfera (Bukata et al., 1995).

Todo o fitoplâncton em corpos d’água contém o pigmento


fotossinteticamente ativo clorofila a. Entretanto, as clorofilas
c, d e mesmo e podem estar presentes em várias profundida­
des. Existem dois outros agentes fotossintéticos do fitoplânc­
ton: carotenóides eficobili?7as. Bukata et al. (1995) sugeriram,
entretanto, que a clorofila a pode ser considerada uma repre­
sentante razoável da componente orgânica de águas naturais
opticamente complexas. Felizmente, pelo fato de diferentes
tipos de fitoplâncton terem diferentes concentrações de clo­
rofila, eles aparecem em diferentes cores para os sensores re­
motos. Portanto, o registro da cor de uma área do oceano ou
de outro corpo d’água possibilita a estimativa da quantidade
e tipo geral do fitoplâncton na área e fornece informação
sobre a condição ambiental e química do corpo d água. A
comparação de imagens obtidas em diferentes datas indica
mudanças que ocorrem no tempo e nos processos.

A clorofila a ao ser introduzida na água pura provoca mudan­


ças em suas características de reflectância espectral, isto é, em
sua cor. Por exemplo, a Figura 12-1 Oa exibe as características da
reflectância espectral da água clara e da mesma água contendo
alga composta primariamente por clorofila a (Han, 1997). A
água clara refletiu aproximadamente 2% entre 400 e 500 nm e
diminuiu gradualmente para menos que 1% em comprimen­
tos de onda maiores que 710 nm, conforme esperado. De for­
ma contrária, quatro feições pronunciadas de espalhamento/
absorção por clorofila são evidentes na água rica em clorofila:

• forte absorção da luz azul pela clorofila a entre 400 e


500 nm;
Figuta 12-10 a) Percentagem de reflectância de água clara e de
água com algas com base em medidas in situ fei­
• forte absorção da luz vermelha pela clorofila a em apro­
tas com um espectrorradiômetro. b) Percentagem
ximadamente 675 nm (Gitelson, 1992);
de reflectância de água com algas e com várias con­
centrações de sedimentos em suspensão variando de
• máximo de reflectância em torno de 550 nm (pico do 0 - 500 mg/1 (após Han, 1997).
verde) causado pela absorção relativamente menor da
luz verde pela alga (Gitelson, 1992);
tidade relativa de energia refletida nos comprimentos de
• um pico de reflectância proeminente em torno de onda do azul e do vermelho, mas um aumento na reflec­
690 - 700 nm, causado por uma interação de espalha­ tância do comprimento de onda do verde.
mento celular de algas e de um efeito combinado mí­
nimo de absorção por pigmento e água. A altura des­ Quando sedimentos em suspensão e clorofila estão presentes
se pico acima da linha de base (mínimo da absorção) no corpo d agua ao mesmo tempo, uma resposta espectral
pode ser usada para medir precisamente a quantidade muito diferente é produzida. Por exemplo, a Figura 12-10b
de clorofila (Rundquist et al., 1995). mostra o que acontece com a resposta espectral da água quan­
do as concentrações de sedimentos de 0 - 500 mg/1 são adi­
Basicamente, quando a concentração de clorofila aumenta cionadas à água que contém alga (clorofila d). Para a água com
na coluna d’água, há um significativo decréscimo na quan- algas, o pico de reflectância na região do visível deslocou-se de
422 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Agua

547 nm (luz verde) com 0 mg/1 de sedimentos em suspensão Devido ao papel do fitoplâncton no ciclo global do carbono,
para 596 nm (laranja) com 500 mg/1 desse constituinte. os dados do SeaWiFS são usados para avaliar o papel do oce­
ano nesse ciclo e para examinar fatores oceânicos que afetam
Rundquist et al. (1996) e Han e Rundquist (1997) obtive­ mudanças climáticas globais (Pinkerton et al., 2005). Os da­
ram estimativas precisas da quantidade de clorofila de algas dos do SeaWiFS são usados para identificar a magnitude e a
na água usando uma razão simples de bandas do infraver­ variabilidade do ciclo anual de produção primária pelo fito­
melho próximo (705 nm) / vermelho (670 nm) quando a plâncton marinho e para determinar a distribuição e horário
concentração de clorofila foi relativamente baixa. Ao cal­ da proliferação (blooms) de algas. As observações ajudam os
cularem a primeira derivada da reflectância em torno de cientistas a entenderem a dinâmica das correntes costeiras e
690 nm, eles obtiveram os melhores resultados quando a oceânicas, a física da mistura e a relação entre a física dos
concentração de clorofila de algas foi relativamente alta. oceanos e os padrões de larga escala de produtividade.

Clorofila em Águas Oceânicas: Assume-se que uma es­ A pesquisa com o SeaWiFS incorpora correção atmosférica
timativa remota da concentração de clorofila próxima à e melhores algoritmos aplicados ao imageamento dos ocea­
superfície constitui também uma estimativa remota da nos. O algoritmo operacional mais importante do SeaWiFS
biomassa (ou produtividade primária) para águas de oce­ envolve o uso das bandas 443, 490 ou 510 nm divididas pela
anos profundos (Caso I) onde existe pouca probabilidade banda posicionada em 555 nm (Tabela 2-3) (Falkowski et al.,
de influência dos sedimentos em suspensão. Numerosos 1998; Pinkerton et al., 2005). Por exemplo, considere vários
estudos têm documentado uma relação entre bandas es­ exemplos de aplicações oceânicas do SeaWiFS na Prancha
pectrais específicas e concentração de clorofila nos oceanos Colorida 12-1. A primeira imagem é um mapa global de clo­
(Chi0 usando a equação (p.ex., Gordon et al., 1983): rofila a obtido de uma composição de imagens adquiridas no
y período de 3 de setembro de 1997 até 31 de dezembro de
’L ( k j
Chi = x (12-5) 1997 (Prancha Colorida 12-1 a). A próxima imagem é uma
w . composição cor-verdadeira de uma porção leste dos Estados
Unidos com resolução espacial de 1,13 x 1,13 km (Prancha
onde L (k t) e L fk J são as radiâncias ascendentes, em com­ Colorida 12-lb). A imagem cor-verdadeira é uma composi­
primentos de onda específicos, registradas pelo sistema de ção colorida das bandas 670, 555 e 412 nm (RGB) e realça a
sensoriamento remoto, e x e y são constantes empirica- vegetação associada com a morfologia do terreno. Áreas em
mente obtidas. Bukata et al. (1995) destacaram que esta branco são nuvens e aerossóis densos. A Prancha Colorida 12-
abordagem não leva em conta as características de absorção lc mostra a concentração de clorofila a em 30 de setembro de
e espalhamento dos constituintes inorgânicos e orgânicos 1997. Cores vermelhas revelam altas concentrações de cloro­
da área de estudo. A única razão para o seu sucesso é que, fila, enquanto cores amarelas e verdes indicam concentrações
distante da costa, os pigmentos de clorofila são os princi­ intermediárias desse constituinte. Finalmente, as cores azul e
pais constituintes de águas do tipo Caso I. púrpura documentam baixas concentrações de clorofila.

Os sistemas de satélite de sensoriamento remoto usados para Tang et al. (2003) obtiveram boa concordância entre os
medir a cor dos oceanos estão resumidos na Tabela 12-2. Os dados SeaWiFS e medidas in situ de clorofila a feitas no
algoritmos operacionais usados para extrair a informação de Golfo de Tonkin, no Mar do Sul da China. Gregg e Casey
abundância de fitoplâncton a partir de vários desses satélites (2004) compararam os dados de clorofila do SeaWiFS com
de sensoriamento remoto estão sintetizados na Tabela 12-3. arquivos globais e regionais de clorofila in situ da NASA e
E de se esperar que os algoritmos operacionais sejam espa­ NOAA. A comparação global forneceu um erro log médio
cialmente e temporalmente independentes, ou seja, em prin­ quadrático (RMS) de 31% com um coeficiente de deter­
cípio eles devem operar de forma eficiente para diferentes minação (R2) de 0,76 usando 4168 observações. O erro log
áreas de estudo e para diferentes datas de coleta de dados. RMS para oceano aberto (definido como tendo profundi­
dade >200 m) foi 27,7% com um R2 = 0,72 comparado
O instrumento denominado Sea-viewing Wide Field of View com 33% de RMS e 0,60 de R2 próximo à zona costeira.
Sensor (SeaWiFS), lançado em 1997, foi construído pela
NASA e pela indústria (ORBIMAGE, Inc.) levando em con­ O principal instrumento do satélite EO S Terra para avaliar
ta o que se aprendeu do uso do Coastal Zone Color Scan­ a produtividade dos oceanos é o M O D IS. As bandas 8 - 1 6
ner (CZCS). O SeaWiFS tem bandas adicionais em 412 nm do M O D IS, variando de 405 - 877 nm com resolução espa­
(para identificar substâncias amarelas pela sua absorção no cial de 1000 x 1000 m, são particularmente adequadas para
azul), em 490 nm (para aumentar a sensibilidade para a con­ a obtenção de informação sobre a cor dos oceanos, concen­
centração de clorofila) e no infravermelho próximo em 765 e tração de fitoplâncton e sobre a biogeoquímica (M O D IS,
865 nm (para ajudar na correção atmosférica). 2006). O produto Terra M O D IS número M O D 21, parâ-
Características Biofísicas da Superfície d’Água Detectadas por Sensoriamento Remoto 423

Tabela 12-2. Sistemas de sensoriamento remoto usados para medir a cor dos oceanos (cortesia do International Ocean
Colour Co-ordinating Group, http://www.ioccg.org/sensors).
“Datas de Operação Resolução Número Cobertura
Sensor Agência Satélite (Mês/Dia/Ano)” Espacial (m) de Bandas Espectral (nm)
Nimbus-7
CZCS NASA(USA) 10/24/78-06/22/86 825 6 433-12500
(USA)
ADEOS
O CTS NASDA (Japão) 08/17/96-07/01/97 700 12 402-12500
(Japão)
ADEOS
Polder-1 CNES (França) 08/17/96-07/01/97 6000 9 433-910
(Japão)
DLR
MOS IRS P3 (índia) Lançamento 03/21/96 500 18 408-1600
(Alemanha)
SeaWiFS NASA(USA) OrbView-2 Lançamento 08/01/97 1100 8 402-885
ROCSAT-1
OCI N EC (Japão) Lançamento 01/99 825 6 433-12500
(Taiwan)
OCM ISRO (índia) IRS P4 (índia) Lançamento 05/26/99 350 8 402-885
M ODIS- Terra NASA(USA) Terra (USA) Lançamento 12/18/99 250/500/1000 36 405-14385
KOMPSAT
OSMI KARI(Coréia) Lançamento 12/20/99 850 6 400-900
(Coréia)
ENVISAT-1
MERIS ESA (Europa) Lançamento 03/01/02 300/1200 15 412-1050
(Europa)
M O D IS-Aqua NASA(USA) Aqua (USA) Lançamento 05/04/02 250/500/1000 36 405-14385
Shen-Zhou-3 403-12500
CM O DIS CNSA (China) 03/25/02-09/15/02 - 400 34
(China)
HaiYang-1
CO CTS CNSA (China) Lançamento 05/15/02 1100 10 402-12500
(China)
HaiYang-1
CZI CNSA (China) 05/15/02-10/25/03 250 4 420-890
(China)
NASDA ADEOS-II
GLI 12/14/02-10/25/03 250/1000 36 375-12500
(Japão) (Japão)
CNES ADEOS-II 443-910
Polder-2 12/14/02-10/25/03 6000 9
(Europa) (Japão)

metros 26 e 27 (Chlor_a_2 e a_3, respectivamente), pode nos dados de sensores remotos, a informação sobre o pig­
ser utilizado para extrair informação sobre a concentração mento do fitoplâncton dos efeitos de materiais inorgânicos
de clorofila a de águas Caso 1 e 2 usando os algoritmos rela­ em suspensão ou de matéria orgânica dissolvida (D O M ).
cionados na Tabela 12-3 (O ’ Reilly et al., 2000; Carder et al., Isto normalmente requer o uso de técnicas sofisticadas de
2002; Darecki e Stramski, 2004). Um mapa da distribuição correção atmosférica aplicadas aos dados de sensores re­
de clorofila a ao longo do sul dos Estados Unidos em 23 de motos (p.ex., Ramsey et al., 1992) e de uma metodologia
novembro de 2003, obtido com o uso do algoritmo M O ­ complexa de múltiplos componentes (p.ex., Bukata et al.,
DIS Chlor_a_2, é apresentado na Prancha Colorida 12-2. 1995). Por exemplo, Karaska et al. (2004) documentaram
o uso de dados hiperespectrais do sensor Airborne Visible/
Infelizmente, mesmo esses algoritmos às vezes têm dificuldades Infrared Imaging Spectrometer (AVIRIS) para mapear clo­
de extrair informação sobre clorofila a em águas opticamen- rofila a em águas estuarinas e costeiras Caso 2 associadas ao
te complexas como as do Mar Báltico (Darecki e Stramski, Rio Neuse na Carolina do Norte.
2004). Maritorena e Siegel (2003) apresentaram uma maneira
de combinar dados da cor dos oceanos do M O D IS e do Sea­ Material Orgânico Dissolvido
WiFS para melhorar a informação da cobertura global diária.
A luz solar penetra na coluna d’água até uma distância
Clorofila em Águas Costeiras e Interiores: Para corpos fótica (a distância vertical da superfície d’água para 1%
d’água interiores e costeiros, é geralmente difícil separar, do nível de irradiância de subsuperfície). O fitoplâncton,
424 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Água

Tabela 12-3. Algoritmos operacionais que se baseiam em razões de bandas para o sensoriamento remoto de
abundância de fitoplâncton.
Sensor e Algoritmo Algoritmo Referências
O CTSc SeaDAS 4.3 C = 1 0 (-0,55006 + 3.497«) onde 0 ’Reilly et al., 1998
Chl_octsc Pinkerton et al., 2005
’L (520) + L (565)'
R = IoS,o
L (490)
. wn .
SeaWiFS OC2v4 C = a, +10(*o+*iR+*2 r2 +"3r3) onde 0 ’Reilly et al., 2000
SeaDAS 4.3
chl_oc2 '*„(4 9 O)1
R = loS,o onde
.* ( 5 5 5 )

a = [0,319, -2,336, 0,879, -0,135, -0,071

SeaWiFS OC4v4 C a = 10(a« +"iR+°2r2 +*3r3 * a4R4) onde OReilly et al., 2000
SeaDAS4.3
chl_oc4
R = log,, m ax [R {443), R (490), (510)]
clilora
*(555)
a = [0,366, -3,067,1,930, -0,649, -1,532]

MODIS DAAC-V4 q = j 0<«„«,R ♦*2r2 * *3R3♦^R4) 0 ’Reilly et al., 2000;


Chlor_a_2 Morei e Antoine, 2000;
(baseado no algoritmo onde R = log [max (r , r )] e Darecki e Stramski, 2004;
SeaWiFS OC4 Pinkerton et al., 2005
com bandas modificadas) r _ L{44?>) e r L(AA&)
25 ~~ *(5 5 1) 35 = 1(551)
onde a = [ 0,283, -2,753, 1,457, -0,659, -1,403]

M ODIS DAAC-V4 [A J4 4 3 )1 Clark, 1997;


chlor_MODIS C a = 10°'07 Pinkerton et al., 2005
A ,..(550)

M ODIS DAAC-V4 Z(448) Darecki e Stramski, 2004;


C a = 10(ao+'IiR+'*2R^onde R = logoio
Chlor_a_3 *(5 5 1 ) Carder et al., 2002
(para águas Caso 1 e
a = [0,289, -3,2, 1,2]
Caso 2)
MERIS-C C = 1 0 ('ío+,’iR + '!2R2 + “3R3* a4R4 + ‘!5R5)on de
Morei e Antoine, 2000
ESA Processor Chll a

R = log„
*(5 6 0 )

Se C , <1, então X=443 e a = [0,2115, -1,844, 1,282,


-2,747, 2,865, -1,204],
Se 1 < Ca <10, então A,0=490 e a = [0,3866, -2,626, 2,572,
-7,156, 10,15, -6,895].
Se Ca >10, então A.Q=510 e a = [0,390, -3,864, 3,168,
-20,33, 63,21, -113,9].
GLI OC4-GI.I Mitchell, 2001
NASDA Processor Chia C = a + io K ^ ir ^ 2r2 +"3r3) onde

m ax[Lwn(443), Z J 4 6 0 ) , 1^(520)]
R = l°g „
* (545)

a = [0,512, -3,65,4,457, -2,175, -0,167]


Características Biofísicas da Superfície d’Água Detectadas por Sensoriamento Remoto 425

dentro da profundidade fótica na coluna d’água, consome luna d’água é excepcionalmente clara é possível ver feições
nutrientes e os converte em matéria orgânica via fotossín- de subsuperfície até uma profundidade de 10 - 30 m com
tese. Isto é a chamada produção prim ária. O zooplâncton a utilização desses comprimentos de onda.
consome o fitoplâncton e cria matéria orgânica. O bac-
terioplâncton decompõe essa matéria orgânica. Toda essa O mapeamento batimétrico na porção de 0,44 —0,54 pm
conversão introduz matéria orgânica dissolvida (DO M ) em do espectro requer que a água esteja livre de constituintes
corpos d água oceânicos, costeiros e interiores. Em certos orgânicos e inorgânicos, como clorofila e sedimentos em
casos, pode existir matéria orgânica dissolvida na água em suspensão, que causariam espalhamento e/ou absorção,
quantidade suficiente para reduzir a penetração da luz na obscurecendo a topografia do fundo. Entretanto, como
coluna d’água (Bukata et al., 1995). demonstrado em Cozumel, México (Figura 12-4), mesmo
os comprimentos de onda do verde e vermelho são úteis
A decomposição das células de fitoplâncton produz dióxi­ para penetração na água quando a água é clara.
do de carbono, nitrogênio inorgânico, enxofre e compos­
tos de fósforo. Q uanto mais produtivo for o fitoplâncton, Mas o que acontece quando a água não é clara? Talvez a
maior será a liberação da matéria orgânica dissolvida. porção azul-verde do espectro possa não ser a ideal para usar
Além disso, substâncias húmicas podem ser produzidas. se a água contém sedimentos em suspensão. Legleiter et al.
Frequentemente, elas têm uma aparência amarelada e re­ (2004) documentaram os efeitos da profundidade da água
presentam um importante pigmento na coluna d’água a dos canais sobre a reflectância (Figura 12-11). Observaram
se considerar. Essas substâncias húmicas dissolvidas são que em comprimentos de onda <560 nm, a reflectância
chamadas de substância am arela ou Gelbstojfe e podem: 1) do substrato do fundo aumentou quando a profundidade
afetar a absorção e espalhamento da luz na coluna d’água, aumentou de 5 para 80 cm. De forma oposta, quando a
e 2) alterar a cor da água. profundidade aumentou, a reflectância medida no verme­
lho e particularmente no infravermelho próximo diminuiu
Existem outras fontes de matéria orgânica dissolvida, além devido à forte absorção pela água, conforme discutido an­
do fitoplâncton. Por exemplo, a cor amarelo-amarronzada da teriormente. Um ponto de cruzamento de igual reflectância
água em muitos rios no norte dos Estados Unidos é produ­ para todas as profundidades separou os regimes dominados
zida pelas altas concentrações de taninos presentes na Tsuga por espalhamento e absorção (Legleiter et al., 2004).
canadensis e em várias outras espécies de árvores e plantas nes­
sas áreas (Hoffer, 1978). Esses taninos podem criar problemas Com base nesses resultados, Legleiter et al. (2004) observa­
para o sensoriamento remoto de corpos d água interiores. ram que o log natural da razão simples de duas bandas de da­
dos hiperespectrais, centradas em 560 nm e 690 nm, foi bem
Penetração na Água e Batimetria correlacionado com a profundidade da água do canal (wd):

L(560)
O mapeamento batimétrico pode ser executado usando sis­ In ( 12- 6)
temas ópticos passivos (p.ex., fotografias aéreas) ou ativos 1(691)
de sensoriamento remoto. Os levantamentos mais precisos
em áreas geograficamente extensas são muitas vezes feitos sob uma ampla variação de condições de corrente (R2 = 0,79).
usando SO N A R (que reflete ondas de som do fundo) e Essa técnica superou o método de transformação linear usado
LIDA R (que reflete a luz laser do fundo). em estudos históricos de mapeamento batimétrico em águas
rasas costeiras com sensoriamento remoto. Posteriormente,
Mapeamento Batimétrico Usando Sensoriamento Re­ Legleiter e Roberts (2005) estudaram os efeitos da morfolo-
moto Óptico Passivo gia do canal e da resolução espacial do sensor nas estimativas
de profundidade usando as mesmas razões de bandas. Lafon
Os melhores comprimentos de onda para obter informa­ et al. (2002) verificaram que medidas batimétricas precisas
ção batimétrica (de profundidade) são os de aproximada­ em águas de ondas interiores do Caso II podem ser feitas
mente 0,44 a 0,54 |im, baseado na Figura 12-3. De fato, os usando dados multiespectrais do SPOT, se os dados forem
cientistas da Kodak, Inc., desenvolveram um filme especial calibrados usando medidas in situ de profundidade.
de penetração na água na década de 1970 que era sensível
ao intervalo de comprimento de onda de 0,44 —0,54 pm Ao se conduzirem levantamentos batimétricos usando
após filtragem. Essa informação foi também usada durante técnicas fotogramétricas, é importante levar em con­
a especificação da banda do azul (0,45 - 0,52 pm) do sis­ sideração o fato de que a luz do Sol é desviada do seu
tema sensor Landsat Thematic Mapper, que é frequente­ verdadeiro curso tanto na atmosfera, como no corpo
mente chamada de banda de penetração na água. Se a co- d’água. Consequentemente, a informação batimétrica (z)
426 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Água

Efeitos da Profundidade da Á gua sobre a pelo transdutor. O tempo entre o envio e o retorno do
Reflectância de um Canal eco pode ser então utilizado para determinar precisamente
0,016 a profundidade. Existem três principais tipos de sistemas
feição de c /■
5 cm ✓ SO N A R (NOAA C SC , 2006):
0,014 - ----5 cm profundidade absorção do /
----20 cm perifíton em j
^ 0,012 - — 30 cm 675 nm j - • SO N A R de feixe único;
......50 cm
-5- 0,01 ......65 cm i í \
— 80 cm il,'\ \
• SO N A R de múltiplos feixes;
II. \ \
dTJ 0,008
<C / \ ... \20 cm / • SO N A R de varredura lateral.
O /y ponto de V-V- ; \ \
cc 0,006 80 cm/< v cruzamento v' \\
cá 3 cm ^- ^ \ \ \ '>30 c m / O SONAR de feixe único usa um transdutor que emite um
0,004 "”" único pulso de som na coluna d’água em intervalos espe­
Substrato com Perifíton 3 0 rm
0,002 Concentração de sedimentos = 2mg/l
cíficos numa estreita área de cobertura acústica (footprint)
Velocidade do vento 5m/s 80 cm (Figura 12-12). A onda sonora é refletida pelo fundo mari­
0 _______ 1_______ L_ i 1 l 1 1 ~~~
nho (ou por peixes!) e o retorno é captado pelo transdutor
400 450 500 550 600 650 700 750 800
(NOAA C SC, 2006). Os dados do SO N A R de feixe único
Comprimento de Onda (nm)
são coletados ao longo de linhas ou perfis e tipicamente não
Figura 12-11 Os efeitos da profundidade da água sobre a reflectân­ podem fornecer cobertura contínua do fundo. A resolução
cia de um riacho. O substrato do fundo desse canal de saída dos dados é determinada pelo tamanho do footprint
esteve coberto com Perifíton (uma complexa matriz acústico, pelo intervalo de amostragem, pela velocidade da
de algas e microrganismos heterotróficos presos ao amostragem e pela distância entre os perfis. Os sensores de
material submerso em quase todos os ecossistemas
feixe único podem coletar dados batimétricos ou ser calibra­
aquáticos), que tem uma forte feição de absorção
dos para identificar habitat marinho, peixes ou sedimentos
em 675 nm. A água do riacho continha aproxima­
damente 2 mg/l de sedimentos em suspensão. Ob­ de subsuperfície. Muitos sistemas são projetados para serem
serve que quando a profundidade da água aumentou facilmente transportados e usados em pequenos botes que
de 5 para 80 cm, a reflectância da coluna d’água no possam acessar áreas rasas. A pesca recreativa usa sistemas
vermelho e no infravermelho próximo diminuiu. De SONARES de feixe único relativamente baratos.
forma oposta, quando a profundidade da água au­
mentou, a reflectância aumentou em comprimentos
O SONAR de feixes múltiplos fornece aos usuários dois tipos
de onda < 560 nm. Um ponto de cruzamento ocor­
de dados: batimétrico (profundidade) e “retroespalhamen-
reu em aproximadamente 560 nm (Legleiter et al.,
2004; reproduzido com a permissão da Elsevier). to acústico” (Gardner, 2002). Eles podem ser usados em
águas extremamente profundas (até 11000 m). Esses sen­
sores emitem múltiplos pulsos sonoros (feixes) que cobrem
na imagem pode não estar em sua posição planimétrica amplas faixas sobrepostas do fundo marinho, possibilitando
apropriada (x,y). Desta forma, o índice de refração, pre­ sua cobertura contínua. Os sinais retroespalhados podem ser
viamente discutido no Capítulo 2, deve ser levado em usados para mapeamento de habitat ou de feições na água.
consideração quando os métodos de sensoriamento re­
moto forem usados para fazer mapeamento batimétrico. Tipicamente, os sensores acústicos de feixes múltiplos são
montados em navios. O sonar envia um fluxo de energia
Mapeamento Batimétrico Usando SONAR Ativo sonora em direção ao fundo e depois registra o som re­
fletido por meio de um conjunto de receptores estreitos
O acrônimo SO N A R (SOund, NAvigation and Ranging — posicionados em diferentes ângulos (Figura 12-12). Ele
Navegação e Medição de Distância pelo Som) é um termo pode detectar feições muito pequenas, como por exemplo,
americano que foi primeiramente usado na segunda guerra de um metro, e localizá-las num raio de um metro de sua
mundial. Os britânicos chamam o SO N A R de A SD ICS localização geográfica verdadeira (NOAA Office o f Coast
(Anti-Submarine Detection Investigation Comittee). A Survey, 2006). Por exemplo, a eco-sonda de feixes múlti­
tecnologia SO N A R pode ser usada para coletar medidas plos Kongsberg EM 3002 tem uma frequência nominal
do fundo marinho. Quando o SO N A R ativo é usado para de 300 kFlz com uma cobertura angular abaixo do navio
medir a distância até o fundo, ele é conhecido como eco- de > 200° e até 508 sondagens acústicas por pulsos (pings)
sondagem. Dispositivos de eco-sondagem são usados para tão estreitos quanto 1 grau (Kongsberg, 2005). A largura
medir a profundidade da água pelo envio de um pulso de faixa obtida em um fundo plano é normalmente até
acústico via um transdutor. Os pulsos acústicos são refleti­ 10 vezes a profundidade da água. O espaçamento entre
dos pelo fundo marinho e os ecos refletidos são recebidos as sondagens, assim como os footprints acústicos (área de
Características Biofísicas da Superfície d’Água Detectadas por Sensoriamento Remoto 427

O SONAR de varredura lateral é normalmente posicionado


SONAR de na parte traseira do barco. Esses instrumentos são usados
feixes múltiplos
Batim etria por principalmente para procurar e detectar objetos no fundo, e
SO N A R não para mapeamento batimétrico. O SO N A R envia múl­
tiplos feixes em ângulos e cobre amplas faixas sobrepostas,
possibilitando cobertura contínua do fundo marinho. A
SONAR de energia transmitida é formada de forma similar à utilização
feixe único de um “ventilador” varrendo o assoalho lateralmente. Da
mesma forma que os outros SO NA RES, um varredor lateral

\
Transceptor
Matrizes^
transdutoras
j e transmissão Cobertura
transmite energia acústica e analisa o sinal de retorno (eco)
refletido pelo fundo ou por outros objetos. A intensidade
Feixe angular do eco de retorno é continuamente registrada criando uma
r r e re n rã o
acústico
“imagem” do fundo do oceano onde objetos que se desta­
cam do fundo criam uma imagem escura (forte retorno) e as
sombras desses objetos são áreas claras (pouco ou nenhum
Área de coberta ra acústica
retorno). Enquanto a forma do fundo e objetos nele exis­
tentes pode ser bem nítida, muitos sistemas de varredura
Figura 12-12 SONARES de feixe único e de feixes múltiplos. Um
lateral não fornecem informação sobre a profundidade. En­
transceptor SONAR de feixe único envia um único
pulso de energia acústica (som) diretamente abaixo tretanto, eles podem ser enviados para operar em águas pro­
do barco. A energia acústica (também conhecida fundas, de até 11000 metros de profundidade, e fornecer
como “ping”) é refletida pelo fundo (ou por qualquer dados com uma resolução de uns poucos centímetros.
outro objeto, como peixes) e é registrada pelo trans­
ceptor. Assim, é possível determinar a profundidade Mapeamento Batimétrico Usando LIDAR Ativo
dos alvos com base no tempo de retorno do pulso e
no conhecimento da velocidade do som na água. O
Informação batimétrica pode ser extraída precisamente
SONAR de feixes múltiplos transmite vários feixes
por “ping” acústico (p.ex., >500) tão estreitos quanto usando sensoriamento remoto por LIDAR (Light De-
1 grau e pode rastrear o momento exato em que eles tection And Ranging) (veja Capítulo 10 para informação
atingem o fundo ou outras feições na água. sobre aplicações terrestres com LIDAR). Guenter et al.
(2000) fornecerám uma revisão detalhada sobre mapea­
abrangência), podem ser ajustados para permanecerem mento batimétrico por LIDAR aerotransportado. O sis­
aproximadamente constantes, fornecendo uma detecção tema Scanning Hydrographic Operational Airborne Lidar
alta e uniforme durante o processo de mapeamento. Uma Survey (SHOALS) é o mais avançado para mapeamento
imagem acústica do fundo marinho também pode ser pro­ batimétrico com LIDAR aerotransportado (West e Wig-
duzida a partir dos dados (Kongsberg, 2005). gins, 2000; Optech, 2006; USACE, 2006). Tipicamente,
o SH O A LS opera em uma aeronave Twin Otter ou em um
A Prancha Colorida 12-3a exibe o relevo sombreado do Lago helicóptero. O SHOALS envia simultaneamente um pulso
Tahoe, Califórnia-Nevada, obtido por batimetria. Ele foi de luz laser no infravermelho próximo (1064 nm) e um no
criado pela combinação de dados batimétricos obtidos por verde (532 nm) na direção da superfície d água (Figura 12-
um sistema SO N A R de feixes múltiplos Kongsberg (para 13) (Optech, 2006). A maior parte do pulso do infraver­
profundidades > 15m) e de dados obtidos de um sistema melho próximo é absorvida pela água, conforme esperado,
LIDAR SHO ALS (para profundidades de 0 a 15 m) (Gard- mas uma certa quantidade é refletida de volta ao receptor
ner et ah, 2000; U SG S, 2006). Os dados de profundidade LIDAR (Figura 12-13). Uma porção do pulso verde de
obtidos por esta batimetria combinada foram codificados laser também é absorvida pela coluna de água, mas uma
com cores e foram submetidos à fusão com uma imagem quantidade suficiente alcança o fundo e é refletida de volta
Landsat-7 (RGB = bandas 3, 2, 1) da vizinhança. Um mapa para o receptor LIDAR. A luz verde é selecionada para a
de retroespalhamento acústico do Lago Tahoe é apresentado detecção de fundo porque compreende o comprimento de
na Prancha Colorida 12-3b. Os tons mais claros indicam su­ onda na região de 0,44 a 0,54 jim, que penetra águas cos­
perfícies mais consolidadas, como rochas, enquanto os tons teiras típicas com atenuação mínima. Quando a luz atra­
mais escuros indicam superfícies menos consolidadas, como vessa a coluna d’água e é refletida pelo fundo marinho, o
sedimentos. O terreno vizinho é uma imagem de relevo espalhamento, a absorção e a refração contribuem para li­
sombreado gerada de DEM s de 10 m do USGS. Uma visão mitar a intensidade do retorno de fundo, e portanto a pro­
oblíqua da batimetria é mostrada na Prancha Colorida 12- fundidade máxima de extinção do sistema. Sua máxima
3c (U SGS, 2006). O lago é alongado, com cerca de 34 km profundidade de penetração na água é de aproximadamen­
de comprimento, de norte para sul (Gardner et al., 2000). te 60 m ou 2 a 3 vezes a profundidade Secchi. A profun-
428 CAPITULO 12 Sensoriamento Remoto da Água

posicionamento global cinemático, o SHOALS localiza cada


medida de profundidade com uma precisão de posição hori­
zontal de 3 m e vertical de 15 cm. O SHOALS é gerenciado
pelo Joint Airborne Lidar Bathymetry Technical Center of
Expertise, US Army Engineer District, localizado em M o­
bile, Alabama, Estados Unidos. Um exemplo da informação
batimétrica do SHOALS é mostrada na Prancha Colorida
12-3a, em cujo exemplo ele foi utilizado para coletar dados
batimétricos de 0 a 15 m no Lago Tahoe.

A batimetria por LID A R aerotransportado supera as li­


mitações dos sensores acústicos (SO N A R ) em alguns
aspectos-chave:

• Ele opera especialmente bem em água rasa, onde os


barcos podem encalhar.

• Ele possibilita levantamentos de áreas costeiras arrisca­


das (p.ex., com ondas altas) de forma segura.

Figura 12-13 O LIDAR aerotransportado para batimetria en­ • E móvel, permitindo rápida resposta em situações de
via dois pulsos de laser (infravermelho próximo e emergência.
verde) para a água no mesmo instante. O pulso do
infravermelho próximo é refletido pela superfície • Áreas extensas podem ser inventariadas rapidamente,
da água para o receptor LIDAR. O pulso do verde
propiciando vantagens econômicas.
penetra na coluna d’água. Se a água for clara o su­
ficiente e sua profundidade não for muito grande,
uma porção do pulso do verde será refletida pelo O mapeamento badmétrico por LID A R e SO N A R com­
substrato do fundo de volta ao receptor. A diferença plementam-se. O LIDAR é especialmente útil para ma­
de tempo entre a recepção do retorno do infraver­ peamento badmétrico de alta resolução em ambientes de
melho próximo e do retorno do verde é usada para águas rasas, enquanto os SO N A R ES de feixe único e de
calcular a profundidade da água. A intensidade do feixes múltiplos são úteis para mapeamento badmétrico
pulso retroespalhado do LIDAR também pode ser
em águas de profundidades intermediárias e profundas.
registrada (adaptado de SHOALS, 2005).

Temperatura da Superfície da Água


didade da água é calculada a partir da diferença de tempo
entre o retorno do infravermelho próximo pela superfície e
o retorno do verde pelo fundo e também da velocidade da Nós sabemos da leitura do Capítulo 8 (Sensoriamento
luz no ar e na água (Guenther et al., 2000). Remoto no Infravermelho Termal) que podemos obter a
temperatura de corpos d’água interiores e a temperatura
Sistemas terrestres LIDAR enviam tipicamente >100.000 da superfície do mar (SST) durante o dia e à noite usan­
pulsos por segundo com um comprimento ou duração de do técnicas de sensoriamento remoto no infravermelho
pulso de 10 nano-segundos. Os sistemas LID A R de bati­ termal. Entretanto, ao contrário das superfícies de terra
metria operam com uma taxa muito menor, p.ex., 1.000 firme, os corpos d’água transferem energia primariamen­
pulsos por segundo com 250 nano-segundos de compri­ te por meio de convecção. Dessa forma, qualquer energia
mento de pulso. O comprimento de pulso mais longo é calórica introduzida no sistema pode ser transferida cente­
necessário porque um pulso curto de laser seria espalhado nas de metros no interior do corpo d’água. Essa mistura é
na coluna d’água (Optech, 2006). responsável pela temperatura de superfície relativamente
uniforme de um corpo d’água durante o dia e à noite. Por­
O sistema SHOALS pode fazer levantamentos de até 32 km2 tanto, corpos d’água geralmente têm alta inércia termal, o
por hora numa altitude de 200 a 400 m acima do nível do que implica que pode existir apenas uns poucos graus de
mar (ASL) com velocidade de até 115 nós (1 nó = 1 milha diferença entre a temperatura de superfície da água diur­
náutica/hora = 1,852 km/hora). O sistema SHOALS, depen­ na e noturna. Isto resulta em corpos d’água relativamen­
dendo da altitude e da velocidade, é capaz de fazer sondagens te mais frios do que a terra durante o dia e relativamente
de profundidade em grades de 4 m. Usando um sistema de mais quentes do que as terras vizinhas antes do amanhecer,
Características Biofísicas da Superfície d’Água Detectadas por Sensoriamento Remoto 429

M apas de Temperatura da Superfície do M ar O btidos dos D ados do NOAA AVHRR

Figura 12-14 Mapas de temperatura da superfície do mar (SST) obtidos de uma composição de três dias (dia central em 4 de março de
1999) dos dados do infravermelho termal do NOAA AVHRR. O valor mais alto de temperatura da superfície durante os
três dias foi o critério usado para a seleção dos pixels na composição, a) Esse mapa de temperatura foi ajustado para destacar
a água fria adjacente às costas da Geórgia e Carolina do Sul. b) Esse mapa foi ajustado para realçar os padrões de circulação
associados com a Corrente do Golfo. Uma composição colorida dessas imagens, que fornece informação adicional, é apre­
sentada na Prancha Colorida 12-4a (cortesia da NOAA).

como demonstrado nas imagens diurnas e noturnas do in­ (SST) de grandes áreas oceânicas, normalmente com uma
fravermelho termal de Atlanta, GA, no Capítulo 8. resolução espacial de >1 x 1 km. Por exemplo, medidas de
SST feitas pelo NOAA AVHRR em 4 de março de 1999,
A água tem uma emissividade (e) muito próxima de 1. Des­ na costa sudeste dos Estados Unidos, são apresentadas na
sa forma, é possível obter medidas relativamente precisas Figura 12-14 e na Prancha Colorida 12-4a.
da temperatura de superfície da água, porque a medida de
temperatura radiante registrada pelo sensor remoto ( T J é As imagens SST exibem a água fria, adjacente às costas da Ge­
aproximadamente igual à da temperatura cinética verdadei­ órgia e Carolina do Sul, resultante do influxo de água fria dos
ra ( Tkh) , assumindo que os efeitos da atmosfera são leva­ principais rios. Observe também a localização da Corrente
dos em conta. No entanto, é importante lembrar que ela é do Golfo, mais quente em sua trajetória para o norte a partir
apenas uma medida de superfície. Se existir uma mudança da Flórida. Tang et al. (2003b) examinaram 342 imagens do
significativa de temperatura a apenas alguns poucos metros infravermelho termal do NOAA AVHRR para monitorar as
abaixo da superfície (isto é, a termoclina), ela poderá não ser características de temperatura da pluma termal associada com
detectada por detectores no infravermelho termal. a primeira planta de usina nuclear da China (Daya Bay), o
maior projeto com investimento estrangeiro na China. Medi­
Dois dos mais importantes instrumentos de sensoriamento das de temperatura da superfície do mar feitas pelo GOES-8
remoto no infravermelho termal usados para medir a tem­ têm sido reportadas como precisas em até 1,0 ° C para águas
peratura da superfície do mar são os existentes no NOAA costeiras brasileiras (Franca e Carvalho, 2004).
Advanced Very High Resolution Radiometer (AVHRR)
e no NOAA Geostationary Operational Environmental El Nino e La Nina
Satellite (G O ES). Suas características de resoluções espa­
ciais, espectrais e temporais estão resumidas no Capítulo Um mapa global de temperatura da superfície do mar (SST)
7. Os dados desses dois sensores são de domínio público, é mostrado na Prancha Colorida 12-4b. Ele foi criado usan­
disponíveis a um preço razoável, sendo usados largamente do dados termais diurnos/noturnos do NOAA-14 adquiri­
para obter medidas da temperatura da superfície do mar dos de 9 a 13 de março de 1999. Mapas de SST como esse
430 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Água

têm sido indispensáveis no mapeamento da distribuição e Quando dados de temperatura de superfície do mar em
movimento do El Nino Southern Oscillation (ENSO). Em alta resolução espacial são necessários, é possível usar o
condições em que o fenômeno do El Nino não ocorre, ven­ Landsat Thematic Mapper (TM ). Por exemplo, Thomas
tos alísios sopram para o oeste no Pacífico tropical. Esses et al. (2002) usaram 23 imagens Landsat T M da banda
ventos concentram água aquecida no Pacífico oeste de tal 6 do infravermelho termal, obtidas de 1986 a 1996, para
forma que a superfície do mar torna-se cerca de 0,5 m mais monitorar a temperatura da superfície do mar ao longo da
alta próximo à Indonésia do que próximo ao Equador, na costa do Maine. Quando é necessário mapear a tempera­
América do Sul. A temperatura da superfície do mar tam­ tura de reservatórios muito pequenos, lagos, etc., então o
bém é cerca de 8 °C mais alta no oeste. Temperaturas mais uso de sensores de infravermelho termal aerotransportados
frias são verificadas na América do Sul devido à ressurgência pode ser necessário. Um exemplo do uso de um escanea-
de água fria de níveis mais profundos. Essa água fria é rica dor multiespectral no infravermelho termal montado em
em nutrientes, criando condições para altos níveis de produ­ uma aeronave para mapear a temperatura da água no Rio
tividade primária e para a diversidade de ecossistemas ma­ Savannah foi apresentado no Capítulo 8 (Sensoriamento
rinhos e pesca. Precipitações formam-se sobre as águas mais Remoto no Infravermelho Termal).
aquecidas, e o Pacífico leste torna-se relativamente seco.
Precipitação
A cada dois a sete anos os ventos alísios diminuem nas
porções centrais e oeste do Oceano Pacífico. Quando isso
ocorre, as correntes oceânicas e os ventos da costa oeste da
América do Sul migram, trazendo água aquecida para leste, A precipitação pode ser medida operacionalmente, em
deslocando as águas frias ricas em nutrientes que normal­ base local ou regional, usando sensoriamento remoto ativo
mente ressurgem das profundezas no oceano. Essa invasão de micro-ondas com sensores operando fixos em superfície
de água morna quebra a cadeia alimentar marinha e as eco­ (são os chamados radares meteorológicos). Por exemplo,
nomias de comunidades costeiras. Os pescadores chamam existem mais de 150 sistemas do tipo Next Generation Ra­
esse fenômeno de El Nino (o Menino Jesus), porque ele dar (NEXRAD) W SR-88D operando nos Estados Unidos
ocorre durante a época de Natal. Portanto, o El Nino é ca­ (NOAA ROC, 2005). A antena N EX R A D é envolvida em
racterizado por temperaturas oceânicas anormalmente mais uma cúpula de radar (Figura 12-15a) e emite um feixe de
altas, especialmente na porção leste equatorial do Oceano energia de micro-ondas (À, = 11,1 cm). Se a energia atinge
Pacífico. La Nina é caracterizada por temperaturas oceânicas um objeto (gota d água, floco de neve, granizo, pássaro,
anormalmente mais frias no Oceano Pacífico Equatorial. A etc.), a energia é espalhada. Uma pequena fração da energia
análise de anéis de árvores tem mostrado que essas oscilações espalhada pode dirigir-se de volta para a antena do radar.
ao sul não são novas e que têm ocorrido sistematicamente Os computadores analisam a intensidade do pulso de re­
por mais de uma centena de anos (NOAA, 1999). torno (medida em decibéis, dBZ), o tempo do seu retorno
e o deslocamento de fase doppler do pulso. Esse processo
O El Nino pode ser visto em medidas da temperatura da de emitir um sinal de pulso de micro-ondas, de esperar por
superfície do mar. Por exemplo, a Prancha Colorida 12-5 qualquer sinal de retorno e então de emitir o próximo sinal
ilustra três diferentes condições de temperatura da super­ ocorre de forma muito rápida, em aproximadamente 1300
fície do mar para meses de dezembro selecionados: a La vezes em cada segundo. O alcance máximo do radar é de
Nina em 1988, um mês normal em 1990 e um El Nino aproximadamente 400 quilômetros.
em 1997. Esses mapas foram obtidos da análise conjunta
de dados do infravermelho termal de satélite e de medidas O NEXRAD opera em dois modos: o modo ar claro e o
de temperatura diárias enviadas por telemetria, feitas por modo precipitação. No modo Ar Claro, ele produz uma
bóias da NO AA estrategicamente dispostas no Oceano imagem atualizada a cada 10 ou 11 minutos. N o modo
Pacífico Equatorial (Reynolds e Smith, 1994). Esse é um Precipitação, ele produz uma imagem atualizada a cada 6
bom exemplo da utilidade de usar ambos - medidas in situ minutos. Em ambos os modos, o importante a observar é o
e sensoriamento remoto - para melhorar a precisão de um nível de refledvidade medida em dBZ. Quanto mais forte
produto. Infelizmente, a despeito da nossa habilidade para for o retorno, maior será o dBZ. N o modo Ar Claro, a es­
medir precisamente a temperatura da superfície do mar cala pode atingir valores muito baixos, como -28, em que
do evento El Nino Southern Oscillation, uma quantidade é possível ocasionalmente detectar poeira ou pólen no ar.
substancial de vidas e propriedades ainda é perdida quan­ No modo Precipitação, a escala pode atingir valores muito
do ele ocorre, principalmente devido à pobre prevenção altos, como 75, o que indica condições severas de tempo.
feita pelas autoridades locais (Suplee, 1999). Dados do in­ A informação sobre a refletividade é usada para gerar ma­
fravermelho termal do A ST ER e do M O D IS também são pas de precipitação. Por exemplo, a Figura 12-15b mostra
úteis para monitorar a temperatura de superfície da água. um mapa de precipitação na Carolina do Sul, obtido em
Precipitação 431

Sistem a de Sensoriamento Remoto Terrestre Usando o N EX RA D

a. Antena do radar meteorológico denomi­ b. Mapa de precipitação da Carolina do Sul, obtido do NEXRAD
nado Next Generation Radar (NEXRAD). em 30 de julho de 2005, às 21 horas.

Figura 12-15 a) Uma antena de 8,5 m de diâmetro do radar meteorológico Next Generation Radar (NEXRAD) é colocada em uma cúpula
esférica de 9,1 m de diâmetro situada numa torre de 30,5 m. No modo Precipitação, o volume de varredura do radar com­
preende 11 escaneamentos completos de 360° em nove ângulos de elevação distintos (entre 0,5° e 19,5° acima do horizonte
local). Os dados do NEXRAD são atualizados a cada 6 minutos quando o radar opera no modo Precipitação, b) Mapa de
precipitação por refletividade da Carolina do Sul gerado pelo NEXRAD em Colúmbia, SC, em 30 de julho de 2005, com
o radar no modo Precipitação. Os dados de refletividade foram processados para realçar a precipitação associada a uma tem­
pestade severa deslocando-se de oeste para leste. As áreas em branco indicam intensa precipitação.

30 de julho de 2005, às 21 horas, a partir de dados do Técnicas do Visível - Infravermelho


N EXRA D W SR-88D no modo Precipitação.

Os denominados “National Weather Service Forecast Offi- Os primeiros métodos de estimativa de precipitação base­
ces” usam os sistemas NEXRAD W SR-88D para fornecer avam-se na hipótese de que o brilho da luz solar refletida
informação em tempo real sobre a localização de tormentas pelas nuvens, nas porções do visível e do infravermelho
perigosas e sobre a quantidade de precipitação. Nos Estados próximo do espectro poderia dar uma indicação de sua es­
Unidos, o Weather Channel usa a informação do NEXRAD pessura e, portanto, da probabilidade de trazer chuva con­
para fornecer previsões de tempo locais e regionais em tempo sigo. Infelizmente, nem todas as nuvens claras produzem
real. Sistemas similares funcionam na Europa (Bagella et al., precipitação. De forma similar, a temperatura do topo das
2005). O Brasil também dispõe de alguns sistemas similares. nuvens foi usada para estimar precipitação. Geralmente,
quanto mais frio for o topo da nuvem, maior será a proba­
Infelizmente, a maioria da superfície continental do mundo bilidade de precipitação. Infelizmente, nem todas as nu­
não faz uso dos radares meteorológicos ou mesmo de redes vens com topo frio produzem precipitação. Apesar disso,
de pluviômetros, e não o fará em um futuro próximo. Os sa­ algumas técnicas muito úteis para estimativa de precipita­
télites meteorológicos são os únicos sistemas capazes de ad­ ção foram desenvolvidas com dados do visível e do infra­
quirir dados de precipitação em extensas áreas. Felizmente, vermelho próximo, incluindo: 1) duas estimativas diárias
agora é possível monitorar determinados continentes de for­ da radiação de ondas longas emergentes usando os senso­
ma contínua por uma pequena fração do custo de uma rede res de órbita polar do infravermelho a bordo do AVFiRR
de observação de campo de densidade espacial equivalente para estimar precipitações mensais, e 2) um índice deno­
(Smith et al., 2004). Infelizmente, ao invés de medir direta­ minado G O E S Precipitation Index (GPI), que se baseia
mente a precipitação usando um pluviômetro, métodos de na análise de dados do infravermelho termal, classificando
sensoriamento remoto baseiam-se em dados indiretos de re- os pixels como “chuvosos” numa taxa de 3 mm hr'1 se a
flectância das nuvens, temperatura do topo das nuvens e/ou temperatura do topo das nuvens for <235 K. O GPI já
da presença de precipitação de neve e granizo para estimar a foi o produto climatológico de precipitação padrão, que
taxa de precipitação pluviométrica na superfície. fornecia um registro de precipitação em escala climática
432 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Água

Imagem do Satélite Tropical Rainfall Measurement M ission (TRM M )


de 9 de março de 1998

Figura 12-16 Cobertura da aquisição de dados orbitais pelo Tropical Rainfall Measurement Mission (TRM M) Microwave Imager (TMI)
em 9 de março de 1998. Observe que o ângulo de inclinação de 35° obtém boa cobertura das porções tropicais e subtropicais
da Terra. Um sistema frontal intenso está sobre o sul da Flórida. Favor também observar a Prancha Colorida 12-6a (cortesia
da NASA GoddardTRM M Office e da Japan National Space Development Agency).

nos trópicos e subtrópicos. Algoritmos têm sido desenvol­ (TRM M ) (TRM M , 2006). O satélite está em uma órbita
vidos utilizando múltiplas imagens obtidas ao longo do de 350 km com uma inclinação de 35°. O T R M M porta
tempo para refinar as estimativas de chuva. cinco instrumentos a bordo: o Precipitation Radar (PR),
T R M M Microwave Imager (TM I), Visible Infrared Scan­
Técnicas de Micro-ondas Ativas e Passivas ner (VIRS), Lightning Imaging Sensor (LIS) e o Clouds
and Earths Radiant Energy System (CERES).

Um marco na estimativa de taxa de precipitação por sa­ O TRM M Microwave Imager (TMI) é um sensor passivo de
télite foi o desenvolvimento de instrumentos de sensoria­ micro-ondas projetado para fornecer informação quantitativa
mento remoto de micro-ondas que respondiam de forma sobre o volume de precipitação integrada na coluna em uma
fisicamente mais direta à presença de partículas de água e/ faixa de 780 km de largura. E mais adequado para estimar
ou gelo no interior das nuvens, permanecendo não-sensí- chuvas sobre oceanos, onde esses dados são necessários para
veis às nuvens que não gerassem precipitação imediata. O verificação de modelos climáticos. Ele mede a intensidade
primeiro “Special Sensor Microwave Imager (SSM /I)” foi da radiação em cinco frequências: 10,7 (45 km de resolução
lançado em 1987 e incluía um canal de alta frequência em espacial); 19,4; 21,3; 37 e 85,5 GHz (5 km de resolução es­
85,5 GHz. Basicamente, partículas do tamanho de gelo e pacial). Ele tem polarização dual em quatro das frequências.
grandes gotas de chuva reduzem significantemente a emis- A frequência de 10,7 GHz fornece uma resposta mais linear
sividade da nuvem e, portanto, diminuem sua temperatura para altas taxas de precipitação - comuns em chuvas tropicais.
de brilho abaixo de um nível nominal de referência (back- Uma imagem composta de todas as trajetórias orbitais do
ground). Isso possibilita o cálculo da estimativa de precipi­ TRM M Microwave Imager em 9 de março de 1998 é apre­
tação. Esse sensor podia distinguir a chuva no continente sentada na Figura 12-16 e na Prancha Colorida 12-6a. O b­
com razoável consistência com 1 5 x 1 5 km de resolução serve a intensa linha de tempestades sobre o sul da Flórida.
espacial (Atlas et ah, 2005). O SSM /I tem fornecido esti­
mativas de precipitações globais desde 1987. O T RM M Precipitation Radar (PR), o primeiro no espaço,
mede a distribuição tridimensional da chuva sobre o con­
O marco mais importante na estimativa de precipitação tinente e os oceanos. Ele define a profundidade da camada
(especialmente para regiões tropicais e subtropicais) foi o de precipitação e fornece informação sobre a chuva que está
lançamento, pela NASA e pela National Space Develop­ realmente atingindo a superfície, que é usada para deter­
ment Agency (NASDA) do Japão em 27 de novembro de minar o calor latente da atmosfera (TR M M , 2006). Sen­
1997, do satélite Tropical Rainfall Measurement Mission sores passivos de micro-ondas têm dificuldade para medir
Aerossóis e Nuvens 433

chuvas sobre o continente (discutido no Capítulo 9), en­ Em particular, a missão proposta denom inada “ Inter­
quanto o radar de varredura operando em 13,8 GH z (HH) national Global Precipitation M easurem ent (G P M )” ,
fornece dados de precipitação precisos sobre o continente que consiste de um a constelação de oito ou mais satéli­
com resolução espacial de 4,3 km ao nadir e numa faixa de tes, poderá fornecer amostragem de precipitação de três
imageamento de 220 km de largura. Os dados do T R M M em três horas aproxim adam ente para qualquer parte da
Precipitation Radar sobre a Flórida, obtidos em 9 de mar­ Terra em aproxim adam ente 90% do tçm po (Smith et
ço de 1998, são mostrados como uma imagem oblíqua na al., 2004; Atlas et al., 2005). Um desses satélites, inti­
Prancha Colorida 12-6b e como uma seção transversal ao tulado G P M Core, será sim ilar ao satélite T R M M . O
longo da trajetória na Prancha Colorida 12-6c. A seção G PM Core terá em sua carga útil dois instrum entos de
transversal fornece uma significativa quantidade de infor­ m edição de chuva:
mação sobre precipitação e altura de nuvens. Gabella et al.
(2005) verificaram que as estimativas do T R M M Precipita­ • um radar de precipitação de frequência dual (banda
tion Radar apresentaram boa concordância com medidas de Ka/Ku), denominado de DPR, e
precipitação feitas por radares terrestres. Atlas et al. (2005)
ressaltaram que as estimativas de precipitação do TRM M • um radiômetro passivo de micro-ondas de chuva,
Precipitation Radar e do Special Sensor Microwave/Imager avançado, multicanal e de abertura larga, denominado
(SSM /I) forneceram excelente informação de precipitação de GPM Microwave Imager (GMI).
para uso em análise de furacões e previsão de tempo.
Esse esforço é primariamente um resultado do Earth
O T R M M Visible Infrared Scanner (VIRS) fornece infor­ Observation Sum mit (EO S), realizado em julho de 2003
mação em alta resolução sobre a cobertura de nuvens e em Washington, D .C ., onde mais de 30 nações estive­
sobre o tipo e temperatura do topo de nuvens. Ele é um ram reunidas para discutir desafios ambientais globais e
radiômetro de varredura transversal de cinco canais ope­ econômicos. Com o um dos resultados do E O S Summit,
rando em 0,63; 1,6; 3,75; 10,80 e 12 pm. Ele obtém da­ foi estabelecido um Grupo ad hòc de Observação da
dos de 2,1 km ao nadir com uma faixa de imageamento de Terra para preparar um plano de implementação de 10
aproximadamente 720 km. anos para um Sistema de Observação da Terra co-orde-
nado e sustentável.
O T R M M Lightning Imaging Sensor (LIS) mede a inci­
dência global de raios usando um sistema de sensoriamento A missão Global Precipitation Measurement será prova­
remoto óptico operando em 0,777 pm com uma resolução velmente lançada em 2013. A resolução espacial do GM I
espacial de 5 x 5 km ao nadir e uma faixa de imageamento excederá aquela de qualquer radiômetro de micro-ondas
de 590 km. O Clouds and Earths Radiant Energy System presente ou planejado, incluindo o novo radiômetro Coni-
(CERES) é um sensor que opera no visível e infraverme­ cal-scanning Microwave Image-Sounder (CM IS), em de­
lho, projetado especialmente para medir energia radiativa senvolvimento pela NOAA Polar Orbiter Environmental
refletida e emitida pela superfície da Terra e pela atmosfera Satellite System (N PO ESS) (Smith et al., 2004).
e seus constituintes (p.ex., nuvens e aerossóis). E um radi­
ômetro de varredura de bandas largas que opera na faixa Aerossóis e Nuvens
espectral total de 0,3 a 5,0 pm e de 8,0 a 12,0 pm.

A combinação singular dos comprimentos de onda dos


sensores do T R M M , coberturas e capacidade de resolução Os cientistas da NASA Earth Science Enterprise afirmam
com sua baixa altitude, órbita não-síncrona com o Sol, re­ que mais informação é necessária sobre as seguintes va­
sulta em estimativas mensais de precipitação em grades de riáveis se nós quisermos modelar e compreender as for­
500 x 500 km (TR M M , 2006). Infelizmente, como pode ças modificadoras do sistema climático global da Terra
ser visto na Figura 12-16, visto que a Missão T R M M foi (Kahn, 1999):
planejada para cobrir latitudes tropicais, seus 35° de latitu­
de cobrem apenas parte da Europa e de outras várias áreas • a quantidade e tipo de partículas atmosféricas (aeros­
importantes do hemisfério norte (Gabella et al., 2005). sóis), incluindo aquelas formadas pela natureza e ativi­
dades humanas;
Programa e Missão “ International Global Precipitation
Measurement (GPM )” • a quantidade, tipo e altura das nuvens; e

M elhores dados de precipitação gerados por m icro­ a distribuição da cobertura do solo, incluindo a estru­
ondas serão provavelmente disponibilizados no futuro. tura do dossel da vegetação.
434 CAPÍTULO 12 Sensoriamento Remoto da Água

Aerossóis perfície. Nuvens baixas e espessas refletem a radiação solar


incidente de volta para o espaço, o que causa resfriamento.
Nuvens altas aprisionam a radiação infravermelha emer­
Partículas de aerossóis podem ser sólidas ou líquidas e va­ gente e produzem o efeito estufa. Pelo fato de o tipo de
riar em tamanho de 0,01 (tm até várias dezenas de micrô- nuvem, altura, conteúdo de umidade e localização serem
metros. Partículas de fumaça de cigarro estão nessa faixa de tão variáveis, seus efeitos no clima global são difíceis de
tamanho; gotas de nuvens típicas têm 10 ou mais micrô- medir. Alguns acreditam que a maior incerteza nos mode­
metros de tamanho. Os aerossóis tendem a resfriar a super­ los de previsão do clima é como caracterizar e quantificar
fície abaixo deles, porque a maioria dos aerossóis reflete a as propriedades físicas e radiativas das nuvens.
luz do Sol de volta para o espaço, reduzindo a quantidade
de radiação solar que pode ser absorvida (Kahn, 1999). A Nuvens nas Imagens do Visível
magnitude desse efeito depende do tamanho e composição
dos aerossóis e das propriedades de reflectância da super­ Os primeiros satélites meteorológicos mediam apenas a
fície subjacente. Alguns acreditam que o efeito de resfria­ energia refletida pelas nuvens na faixa do visível (0,4 —0,7
mento devido às crescentes quantidades de aerossóis pode |im). Os sensores do G O E S fornecem dados tanto no vi­
de fato reduzir ou retardar parte do aquecimento global sível como na porção do infravermelho termal do espec­
esperado causado pelo aumento da quantidade de dióxido tro, conforme discutido no Capítulo 7. Durante o dia, a
de carbono atmosférico. Talvez mais neblina e fumaça se­ imagem do visível, que é a faixa de sensibilidade da visão
jam bons! Outros discordam. humana, permite o detalhamento dos padrões de nuvens,
que se assemelham muito ao que vemos a olho nu. Em
Embora a ciência de medições de aerossóis por sensoria­ geral, as nuvens aparecem claras nas imagens, enquanto
mento remoto tenha sido estabelecida há mais de 20 anos, a superfície continental e a água aparecem mais escuras.
até recentemente não existia um método para obter in­ Considere as imagens típicas do visível das porções leste
formação sobre a quantidade e distribuição (denominada e oeste dos Estados Unidos obtidas pelo GOES-Leste e
profundidade óptica) dos aerossóis e das propriedades das pelo GOES-Oeste em 17 de abril de 1998 (Figuras 12-
partículas (Bojinski et al., 2004). O instrumento Multi- 17a,b). Observe o amplo sistema frontal de baixa pressão
angle Imaging SpectroRadiometer (MISR) a bordo do aproximando-se de Washington a partir da Baía do Alaska.
satélite Terra do programa EO S coleta essa informação Existe também um importante sistema de baixa pressão
usando quatro bandas espectrais (azul, verde, vermelho localizado ao longo do litoral leste e da porção sudeste. O
e infravermelho próximo) e nove ângulos de visada (veja lançamento inaugural do G O E S foi em 16 de outubro de
Capítulo 7 para uma descrição detalhada). Quatro dos 1975. Desde essa época, vários novos satélites G O E S têm
sensores de matriz linear apontam para frente em ângulos sido colocados em órbitas geoestacionárias de 35.790 km
oblíquos (26,1°; 45,6°; 60° e 70,5°, respectivamente), um para obter imagens do visível e do infravermelho. Elas são
observa diretamente para baixo (nadir) e os outros quatro usadas para monitorar sistemas frontais e tempestades in­
para trás, com os mesmos ângulos dos que apontam para tensas associadas aos tornados e furacões.
frente. Esse arranjo fornece múltiplas visadas da mesma
parte da atmosfera (e da superfície da Terra), possibilitan­ A Europa tem um sistema similar ao G O E S, chamado
do a obtenção de informação quantitativa sobre a localiza­ METEOSAT. O M ETEO SA T 4 é um satélite meteoroló­
ção e conteúdo dos aerossóis (Diner et al., 2005). As carac­ gico geoestacionário localizado a 0" de latitude e longitude.
terísticas dos aerossóis de toda a Terra podem ser obtidas a Ele observa continuamente todo o disco da Terra. As ima­
cada nove dias. Tang et al. (2005) reportaram a extração de gens adquiridas pelo M ETEO SA T em três canais - visível
informação de aerossóis usando dados dos sensores MO- (0,4 - 1,14 pm ), infravermelho termal (10,5 - 12,5 (im)
DIS do Terra e do Aqua. Bojinski et al. (2004) relataram e vapor d’água (5,1 - 7,1 |tm) - são transmitidas a cada
a história do mapeamento de aerossóis e discutiram um 30 minutos. As imagens do M ET EO SA T disponíveis no
novo algoritmo usando dados hiperespectrais. modo de alta resolução têm 5000 x 5000 pixels para os
canais do visível e 2500 x 2500 pixels para os canais do
Nuvens infravermelho e de vapor d’água (Ameur et al., 2004).

A maioria dos sistemas de sensoriamento remoto que ope­


As nuvens têm um papel vital no controle do clima da ram na porção visível do espectro pode coletar dados ape­
Terra. Mais do que qualquer outro componente do sis­ nas durante o dia. Entretanto, um instrumento sensível à
tema climático, as nuvens afetam o fluxo de energia na luz a bordo do Defense Meteorological Satellite Program
atmosfera da Terra. Uma nuvem pode aquecer ou resfriar (DM SP) pode obter imagens do visível à noite. Isso é feito
a Terra, dependendo da sua espessura e altura acima da su- registrando as feições iluminadas à noite pela luz da Lua.
Aerossóis e Nuvens 435

Imagens do G O ES-O este e do G O ES-Leste

a. GOES-Oeste (visível) . GOES-Leste (visível)

c. GOES-Oeste (infravermelho termal) d. GOES-Leste (infravermelho termal)

e. GOES-Oeste (vapor d’água)

Figura 12-17 Exemplos de imagens do GOES-Leste e do GOES-Oeste dos Estados Unidos e de porções da América Central, obtidas em
17 de abril de 1998 (cortesia da NOAA).
436 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Água

normalmente invertidas, isto é, quanto maior for a radiância


topos de grandes
de um pixel, mais escuro ele será. Dessa forma, nuvens, que
nuvens convectivas
são normalmente mais frias do que a superfície da Terra, apa­
recem em branco nas imagens do visível. O terreno ou super­
fícies oceânicas mais quentes aparecem mais escuros do que as
nuvens de nível
nuvens. Imagens dos Estados Unidos provenientes do infra­
intermediário ou
vermelho termal dos satélites GOES-Oeste e GOES-Leste são
nuvens altas
nuvens convectivas de mostradas nas Figuras 12-17c,d. E mais fácil identificar o li­
semitransparentes
nível intermediário mite dos sistemas frontais usando a imagem do infravermelho
termal. Além disso, os limites terra-água são mais distintos.

Sabe-se bem que é possível extrair informação sobre os ti­


pos de nuvens e suas alturas usando sensoriamento remoto
multiespectral. Uma das primeiras relações é demonstrada
na Figura 12-18, onde dados do visível e do infravermelho
nuvens cumuliformes podem ser usados para diferenciar entre mar, terra, nuvens
baixas cumuliformes, nuvens altas semitransparentes e nuvens
convectivas (como tempestades). Nuvens cumulonimbus
convectivas altas são frias e claras. O mar e a superfície
da terra são mais quentes e escuros (Desbois et al., 1982).
mar terra
O analista extrai o valor do pixel nas bandas do visível e
Quente
do infravermelho termal, projeta esse valor no diagrama e
Escuro Visível Claro identifica a natureza da nuvem sob investigação.

Figura 12-18 É possível determinar o tipo de nuvem com base em


Muitos cientistas têm tentado detectar a presença de nu­
medidas espectrais nas porções do visível e infraver­
melho próximo do espectro eletromagnético (após vens usando um valor limiar de temperatura fria no infra­
Desbois et al., 1982). vermelho termal. O objetivo é identificar pixels com baixa
temperatura que correspondam a nuvens de média ou alta
Em geral, as nuvens não refletem radiação solar igualmen­ altitude. Normalmente, o principal problema é a especifica­
te bem em todas as direções. Portanto, uma única medida ção do valor exato do limiar de temperatura. Por exemplo,
da refletividade em uma única direção (p.ex., nadir) torna Franca e Cracknell (1995) desenvolveram cinco diferentes
difícil determinar a quantidade total de luz refletida pela algoritmos para detecção de nuvens em áreas tropicais, com
nuvem (seu albedo) relativa à energia incidente. Uma solu­ base em informação espectral do visível e do infravermelho
ção é obter múltiplas imagens de uma nuvem de diferentes próximo, usando dados diurnos do NOAA AVHRR. Feidas
pontos de observação. Isso introduz paralaxe estereoscópica. et al. (2000) desenvolveram um esquema de classificação de
O EO S Terra M ISR obtém informação estereoscópica das nuvens onde nuvens convectivas espessas opacas correspon­
nuvens observando-as de nove ângulos de visada distintos, dem a classes com os menores valores de temperatura de
conforme discutido anteriormente. Os dados estereoscópi­ brilho (7j) nas bandas do infravermelho termal (abaixo de
cos podem ser analisados para fornecer informação quan­ 223 K) e de vapor d’água (abaixo de 223 K). Feidas e Carta-
titativa tridimensional sobre a altura de nuvens, estrutura, lis (2005) ampliaram essa investigação e desenvolveram um
espessura, forma e rugosidade do topo das nuvens. A infor­ algoritmo automático para rastrear células de nuvens con­
mação precisa do albedo pode ser então calculada. vectivas. O índice de diferença normalizada da neve (N D SI
- Normalized Difference Snow Index), discutido na seção
Nuvens nas Imagens do Infravermelho Termal “Neve” deste capítulo, também pode ser utilizado para iden­
tificar nuvens usando sensores que contêm bandas no visível
A banda do infravermelho termal mais comum usada em in­ e infravermelho médio (p.ex., bandas 2 e 5 do LandsatTM )
vestigações metereológicas é a de 10 - 12,5 |tm. A atmosfera (Hall et al., 1995; Choi e Bindschadler, 2004).
é relativamente transparente à energia nesse comprimento
de onda emergente da superfície da Terra e das nuvens. A informação de altura de nuvens extraída de dados do in­
Também, as imagens do infravermelho termal podem ser fravermelho termal pode ser usada para gerar imagens oblí­
obtidas à noite e nós podemos ter um registro contínuo de quas pseudo-tridimensionais das principais tempestades.
24 horas dos padrões de nuvens, o que permite a inclusão de Por exemplo, as imagens AVHRR do visível e infravermelho
importantes eventos meteorológicos que ocorrem à noite. das Figuras 12-19a,b captaram o movimento do furacão
Em meteorologia por satélite, as imagens do infravermelho são Andrew na direção de Louisiana em 1992. Nesses exem-
Vapor d’Água 437

Imagem AVHRR de 25 de Agosto de 1992 do Furacão Andrew

Figura 12-19 a) Imagem AVHRR da banda 1 (0,58 - 0,68 pm) do visível, obtida em 25 de agosto de 1992, às 20:20 UT, mostrando o desloca­
mento do furacão Andrew na direção de Louisiana. A altura aparente da perspectiva na área do furacão é inversamente proporcional
à temperatura das nuvens observada na banda 5 (11,5 - 12,5 pm). b) Dados do infravermelho próximo da banda 2 do AVHRR
(0,725 - 1,10 pm) (cortesia de F. Hasler, K. Palaniapan, M. Manyin e H. Pierce, NASA Goddard Space Flight Center).

pios, as imagens do visível (banda 1; 0,58 - 0,68 pm) e do compreensão e previsão dos processos meteorológicos mais
infravermelho próximo (banda 2; 0,725 — 1,10 pm) foram importantes, desde a convecção até a formação de nuvens e
sobrepostas à informação de altura de nuvens obtida dos da­ precipitação, e dos fortes temporais resultantes (Wulfmeyer
dos do infravermelho termal (banda 5; 11,5 —12,5 pm). et al., 2005). É possível mapear o vapor d’água medindo as
bandas de absorção de vapor d’água. Vários comprimentos
O TRM M Visible Infrared Scanner (VIRS), lançado em de onda podem ser usados, mas um dos mais comuns está
1997, fornece informação sobre o tipo de nuvem e a tempe­ centrado ao redor de 6,7 pm. O M ETEO SA T 1, lançado
ratura do topo das nuvens usando um radiômetro de cinco em 1978 pela Agência Espacial Européia, foi o primeiro
canais de varredura transversal à trajetória do satélite. O sen­ satélite geoestacionário a obter imagens de vapor d’água
sor Terra M ISR coleta informação somente nas porções do da troposfera na região de 6,7 pm em complemento às
visível e do infravermelho próximo do espectro, enquanto imagens do visível e do infravermelho (10 — 12 pm). O
o sensor Terra Clouds and Earths Radiant Energy System M ETEO SA T 4 coleta informação de vapor d’água na re­
(CERES) obtém dados em apenas um ângulo de visada, mas gião espectral de 5,1 —7,1 pm (Ameur et al., 2004).
em todo o espectro solar. O sensor CERES mede a energia
no topo da atmosfera, e também estima os níveis de energia Os sensores G O E S rotineiramente fornecem imagens de
na atmosfera e na superfície da Terra. Mede a radiação de vapor d’água obtidas na região de 6,7 pm. Nesse compri­
onda curta refletida (0,3 a 5 pm), a radiação de onda longa mento de onda, a maior parte da radiação medida pelo
emitida (8 a 12 pm), e a energia total emergente da Terra satélite vem da camada atmosférica entre 300 e 600 km,
(0,3 pm a além de 100 pm). Ele também determina as pro­ isto é, das camadas intermediárias da troposfera. As Figu­
priedades das nuvens, incluindo a quantidade, a altura, a es­ ras 12-17e,f exibem imagens de vapor d’água do oeste e
pessura e o tamanho das partículas. Portanto, os instrumen­ leste dos Estados Unidos. Observe a tremenda quantidade
tos VIRS, M ISR e CERES complementam-se na coleta de de vapor d água na tormenta que se aproxima do oeste dos
informação sobre as nuvens. O M O D IS obtém informação Estados Unidos e na que sai do leste. Observe também a
sobre o topo das nuvens usando as bandas 33 - 36 na região falta de vapor d’água nessa data em torno do Hawaii e na
do infravermelho termal de 13,185 pm a 14,385 pm. porção inferior do Golfo do México, próximo a Cozumel,
México. O tempo foi muito agradável nesse dia nestas áre­
Vapor cTÁgua as. A umidade relativa é provavelmente mais alta nas áreas
claras do que nas escuras em uma imagem de vapor d’água.
Áreas claras e escuras podem também indicar movimentos
ascendentes e descendentes, respectivamente.
O vapor d’água é essencial para a precipitação. N ão apenas
é o mais importante gás estufa na atmosfera (Chylek et Também é possível extrair informação sobre vapor d’água
al., 2004), como também tem um papel essencial para a na porção do infravermelho próximo do espectro, que tem
438 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Agua

várias feições atrativas para tal propósito. É uma região onde Reflectância de Nuvens e Neve
a radiação solar ainda é muito forte; e existem bandas es­
pectrais dentro da faixa do infravermelho próximo onde a
interferência de outros gases da atmosfera é fraca. Na faixa de
comprimento de onda que vai de 890 a 990 nm existem três
importantes bandas de absorção de vapor d’água: uma forte
banda de absorção centrada em 942 nm e bandas mais fracas
centradas em 906 e 977 nm (Chylek et al., 2004). O MO-
DIS tem várias bandas sensíveis ao vapor d’água atmosférico
nestas regiões, incluindo as bandas 17 (890 —920 nm), 18
(931 —941 nm) e 19 (915 —965 nm). No futuro, a Agência
Espacial Européia poderá lançar o denominado Water Va-
pour Lidar Experiment in Space (WALES) usando um Lidar
de absorção diferencial (Wulfmeyer et al., 2005).

Figura 12-20 Reflectância de nuvens e neve no intervalo de com­


primentos de onda de 0,4 a 2,5 pm (após Avery e
O degelo da neve pode ser benéfico, mas também desastro­ Berlin, 1992).
so. N a primavera, é essencial para muitas atividades agríco­
las nos climas semi-áridos e fornece a maior parte da água damente iguais de fluxo radiante. Na porção do infraver­
potável para abastecimento humano (além da água subter­ melho médio do espectro (especialmente 1,5 - 2,5 |tm),
rânea). Infelizmente, um acúmulo muito grande de neve ou as nuvens continuam a refletir quantidades substanciais de
um degelo precoce pode causar inundação intensa e, conse­ energia, enquanto a reflectância da neve aproxima-se de
quentemente, perdas de vidas e propriedades. Dessa forma, zero (Hall et al., 1995; Choi e Bindschadler, 2004). Essa
meteorologistas, hidrologistas e glaciologistas trabalham relação foi primeiramente documentada pelos sensores da
para identificar: 1) a extensão geográfica do pacote de neve Skylab operando na região de 1,55 - 1,75 pm. Nesta ban­
em base sazonal, e b) seu conteúdo equivalente de água. da, as nuvens têm uma reflectância muito alta e aparecem
claras na imagem, enquanto a neve tem uma reflectância
Neve no Espectro Visível muito baixa e aparece escura. Portanto, a banda 5 (1,55
- 1 ,7 5 |im) do Landsat Thematic Mapper e a banda do in­
fravermelho médio (SWIR) do sensor do SPO T 4 podem
Quando as nuvens não estão presentes em uma imagem ser usadas para a discriminação entre coberturas de nuvens
do visível e/ou do infravermelho próximo, é uma tarefa e neve. O decréscimo na reflectância da neve de 80 —90%
relativamente simples identificar a distribuição espacial da nos comprimentos de onda < lp m para menos que 10%
neve, porque geralmente ela é mais clara do que a vegeta­ em 1,5 pm é extraordinário quando comparado com as
ção, solo ou água próxima que não estejam cobertos com características de reflectância de outros materiais da super­
neve. Além disso, uma das principais evidências diagnos­ fície terrestre. Com base nestas relações, Hall et al. (1995)
ticas que pode ser usada para distinguir neve de nuvens desenvolveram o índice de diferença normalizada da neve
é obter várias imagens do terreno em um período relati­ {Landsat TM Norm alized Difference Snow Index (N D SI))
vamente curto de tempo usando AVHRR ou G O E S. As usando as bandas 2 e 5 do Landsat T M :
nuvens movem-se, mas a neve não.
Landsat TM NDSI - g g ; ™ 5>> 02-7)
Neve nas Regiões do Infravermelho Médio e de
Micro-ondas Um limiar aplicado à imagem N D SI é usado para separar
pixels de nuvens de pixels sem nuvens (neve). O algoritmo
de detecção automática de cobertura de nuvens (ACCA),
Entretanto, se alguém obtiver somente uma única imagem proposto por Irish (2000) usou 0,7 como valor limiar
do terreno e ela possuir nuvens e neve, então é possível (Choi e Bindschadler, 2004). Entretanto, o limiar ótimo
utilizar a porção do infravermelho médio do espectro para pode variar de uma imagem N D SI para outra.
distinguir neve de nuvens. A razão é ilustrada na Figura
12-20. Nas porções do visível e do infravermelho próximo Os dados do M O D IS têm sido usados para produzir ma­
do espectro, nuvens e neve refletem quantidades aproxima- pas globais de cobertura de neve desde 13 de setembro de
Modelagem da Qualidade de Água 439

2000 com 500 x 500 m de resolução espacial (Dozier e de controlar e regular porque suas localizações são conhe­
Painter, 2004). O algoritmo de mapeamento automático cidas. Um fenômeno mais comum e mais difícil de detec­
de neve do M O D IS usa valores de reflectância nas bandas tar é a poluição de fonte não-pontual (NPS). A N PS é defi­
4 (0,545 - 0,565 pm) e 6 (1,628 - 1,652 pm) para cal­ nida como a poluição que se origina de descargas urbanas,
cular o denominado M O D IS Norm alized Difference Snow construção, modificação hidrológica, silvicultura, minera­
Index (Hall et al., 2002; Salomonson e Appel, 2004): ção, agricultura, fluxos de retorno de irrigação, lixo sólido,
deposição atmosférica, erosão de bancos de rios e esgotos.
(M O D IS 4 - M O D I S 6)
M O D IS N D SI = ( 12- 8) Os impactos da N PS incluem a diminuição do uso da água
(M O D IS 4 + M O D IS 6)
para recreação; redução da capacidade de armazenamento
Um pixel em uma região de floresta não-densa será mapeado de água em rios, lagos e estuários; bloqueio de condutores
como neve se o valor M O D IS N D SI for >0,4 e a reflectân­ de água e canais de irrigação; excessivo aporte e sedimen­
cia na banda 2 do M O D IS >11%. Entretanto, se a reflec­ tação das águas, o que contribui para a perda do habitat de
tância da banda 4 do M O D IS for <10%, então o pixel não peixes e vida selvagem; e uma redução na qualidade estéti­
será mapeado como neve mesmo se os outros critérios forem ca do ambiente aquático (Corbitt, 1990).
atingidos (Hall et al., 2002). Isso evita que pixels contendo
alvos muito escuros, como os das florestas “black spruce” Técnicas tradicionais de medidas in situ têm tido um efeito
(Picea m ariana —árvore de Natal), sejam erroneamente ma­ limitado na identificação e modelagem da poluição de fonte
peados como neve. Salomonson e Appel (2004) reportaram não-pontual. Os cientistas têm verificado que a integração
que a relação entre a cobertura fracional de neve e o M O D IS de dados in situ e de sensoriamento remoto com técnicas
N DSI é razoavelmente robusta quando aplicada localmente de modelagem GIS pode fornecer alguma informação útil
e sobre extensas áreas como a América do Norte. Zhou et al. sobre a qualidade da água. De fato, a coleta de dados de
(2005) destacaram a importância dos produtos de cobertura sensoriamento remoto combinada com modelagem GIS
de neve do M O D IS para modelagens hidrológicas. oferece um meio de identificar e classificar N PS potencial
em águas superficiais com um resultado final relativamen­
A região de micro-ondas do espectro é promissora para ob­ te simples de compreensão pelo público. Schultz (1988)
ter informação importante da neve (Forster et al., 2005). apresenta exemplos de como variáveis biofísicas medidas
Dependendo do comprimento de onda, estimativas de pro­ por sensoriamente remoto (p.ex., declividade, solos e ca­
fundidade, de água equivalente de neve e de quantidade/ racterísticas da cobertura da terra) podem ser usadas como
presença de água líquida no pacote de neve são possíveis. input para modelos hidrológicos.
Além disso, as nuvens são transparentes para a maior parte
das frequências de micro-ondas, de tal forma que o mape­ Um Modelo de Qualidade de Água Integrado por
amento da área da neve e de suas propriedades é possível Sensoriamento Remoto e GIS
mesmo em regiões onde nuvens são comuns e à noite (Fors­
ter et al., 2005). Medidas feitas a partir de aeronave e do
Space Shuttle Synthetic Aperture Radar mostraram que o Esse breve estudo de caso avalia a degradação da qualidade
SAR pode ser usado para discriminar entre neve e glaciais da água e os impactos das descargas urbanas na bacia hidro­
e também entre neve úmida e neve seca (Shi et al., 1994). gráfica de Withers Swash em Myrtle Beach, SC. Withers
Derksen et al. (2005) mostraram como os dados do sensor Swash é uma bacia urbanizada (34% impermeável) que
passivo de micro-ondas Special Sensor Microwave/Imager cobre aproximadamente 10,7 km2e inclui usos industriais,
(SSM/I) foram usados para extrair com sucesso inlorma- residenciais, comerciais, agrícolas, recreativos e terrenos sem
ção sobre água equivalente de neve no Canadá. Em geral, o uso. A bacia é dividida em duas sub-bacias (Figura 12-21 a),
sensoriamento remoto óptico usado para mapear a extensão que drenam para um lago de decantação construído para
espacial de neve (SAE —snow areai extern) tem melhor reso­ capturar sedimentos antes de a água adentrar para o Oce­
lução espacial do que o sensoriamento remoto de micro-on­ ano Atlântico. Um estudo foi conduzido usando dados de
das, que pode ser usado para mapear a água equivalente de sensoriamento remoto para obter informação sobre a cober­
neve (SWE —snow water equivalent) (Zhou et al., 2005). tura da terra que foi então integrada em uma base de dados
GIS com outras informações espaciais como hidrologia,
Modelagem da Qualidade de Água topografia e dados de solos. Os dados foram então analisa­
dos usando o modelo de poluição denominado Agricultuml
NonPoint Source (AGNPS) para gerar previsões de qualidade
da água (USDA, 1998; Schill e Jensen, 1998).
As agências governamentais estaduais e municipais são ne­
cessárias para reduzir as descargas de fontes pontuais para O modelo de qualidade de água A G N PS usa oito atri­
os córregos e rios. Fontes pontuais são relativamente fáceis butos de fluxo direcional determinados pela topografia
440 CAPITULO Sensoriamento Remoto da Água

M odelagem de Poluição de Fonte Nao-Pontual

a. Hidrologia

(cfs)

b. Topografia

□ 0,0 -0,05
|— ] 0,05 -0,15
jf§ j0 ,1 5 -0,25
Ü 0,25 -0,50
f. Erosão da célula
(toneladas por acre)
c. Solos

J . Cobertura do terreno obtida de dados de sensores remotos

Figura 12-21 Modelagem de poluição de fonte não-pontual usando o modelo de poluição e qualidade da água “Agricultural NonPoint
Source (AGNPS)” aplicado a duas sub-bacias. a) Hidrologia da bacia Withers Swash em Myrtle Beach, SC. A modelagem
baseou-se em células de 30 x 30 m e em uma precipitação de 68 mm em 24 horas, b) A topografia foi obtida fotogra-
metricamente e usada para extrair a informação da declividade. c) Dados dos solos foram amostrados em campo, d) As
características de cobertura da terra foram obtidas de análise de fotografias aéreas e de dados do sensor multiespectral
ATLAS, e) Fluxo concentrado de pico modelado em pés cúbicos por segundo, f) Erosão total da célula modelada em
toneladas por acre (Schill e Jensen, 1998).
Referências 441

e pelas características dos canais para dar vazão às águas Atlas, R.; Fiou, A. Y. and O. Reale, 2005, “Application of
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terço dos parâmetros de entrada do modelo são obtidos Photogrammetry & Remote Sensing, 59:233—243.
da topografia (Figura 12-21 b). Esses parâmetros incluem
a declividade do terreno, o comprimento da declividade Avery, T. E. and G. L. Berlin, 1992, Fundamentais o f Remote
(Equação Universal de Perda de Solos (U SLE)) e a forma Sensing and Airphoto Interpretation, NY: Macmillan.
da declividade. Os atributos do solo, incluindo a erodi-
bilidade (fator K da U SLE) e a textura, foram verificados Binding, C. E., Bowers, D. G. and E. G. Mitchelson-Jacob,
por meio de amostragem de campo e de testes de pe- 2005, “Estimating Suspended Sediment Concentrations from
neiramento (Figura 12-21c). A informação da cobertura Ocean Colour Measurements in Moderately Turbid Waters:
da terra foi obtida com uma fotografia aérea infraverme- The Impact of Variable Particle scattering Properties,” Remote
lho-colorida, na escala de 1:10.000 e com dados mul- Sensing o f Environment, 94:373-383.
tiespectrais do sensor da NASA denominado “Airborne
Terrestrial Applications Sensor (ATLAS)” com 3 x 3 m Bojinski, S., Schlapfer, D., Schaepman, M., Keller, J. and
de resolução espacial (Figura 12-21 d). Desses atributos K. Itten, 2004, “Aerosol Mapping over Land with Imaging
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do com o grupo hidrológico do solo, de acordo com Soil Remote Sensing, 25(22):5025-5047.
Conservation Service, dos Estados Unidos), o coeficiente
de rugosidade de M anning, os fatores U SL E C (cultivo) e Bukata, R. P., J. H. Jerome, K. Y. Kondratyev and D. V.
P (prática), a constante de condição do solo e a demanda Pozdnyakov, 1995, Optical Properties and Remote Sensing o f
química de oxigênio (C O D ) foram obtidos das tabelas de Inland and Coastal Waters, NY: CRC, 362 p.
conversão em Young et al. (1994).
Carder, K. L., Chen, F. R., Lee, Z., Hawes, S. K. and J. P.
Antes de executar o modelo, todos os dados espaciais foram Cannizzaro, 2002, MODIS Ocean Science Team Algorithm
reamostrados para células de 30 x 30 m (0,22 acre) em cada Theoretical Basis Document, Case 2 Chlorophyll a, MODIS
uma das duas sub-bacias. Um evento de tempestade foi simu­ Algorithm Theoretical Basis Doc. 19, Ver. 7, Greenbelt: NASA
lado usando os seguintes parâmetros: intensidade da energia GSFC, http://modis.gsfc.nasa.gov/data/atbd/atbd_modl9.pdf.
da tempestade (fator r) de 95,39, duração da tempestade de
24 horas, precipitação total igual a 68 mm e concentração Carder, J. V., Mayer, L. A. andj. E. H. Clarke, 2000, “Morphology
de nitrogênio da chuva de 0,80 ppm. Um exemplo de dois and Processes in Lake Tahoe (California-Nevada),” Geological
produtos de saída do modelo inclui o fluxo concentrado de Society o f America Bulletin, 112(5):736-746.
pico em pés cúbicos por segundo (cfs) (Figura 12021 e) e a
erosão total da célula em toneladas por acre (Figura 12-21 f). Choi, H. and R. Bindschadler, 2004, “Cloud Detection in
Os resultados do modelo foram comparados com medidas Landsat Imagery of Ice Sheets using Shadow MatchingTechnique
in situ e usados para localizar áreas com aporte crescente de and Automatic Normalized Difference Snow Index Threshold
sedimentos e perda de nutrientes, como também para indicar Value,” Remote Sensing o f Environment, 91:237—242
a extensão espacial do transporte de nutrientes e sedimentos,
deposição e acumulação. Essa informação tem sido usada Chylek, P., Clodius, W. B., Bender, S. C., Atkins, W. H. and
para alocar espacialmente interceptadores ou filtros (“buffer L. K. Balick, 2004, Sensitivity of Near Infrared Total Water
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442 CAPÍTULO 12 Sensoriamento Remoto da Água

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Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana

A
s paisagens urbanas são compostas por um conjunto diversificado de materiais
(concreto, asfalto, metal, plástico, telhas de madeira, vidro, água, grama, vegeta­
ção arbustiva, árvores e solo) dispostos de maneira complexa pelo Homem para
a construção de habitação, sistemas de transporte, estabelecimentos de comér­
cio e serviços, instalações industriais e áreas recreacionais (p.ex., Small, 2004).
Certamente, o objetivo dessas construções é melhorar a qualidade de vida. Em
muitos casos, a urbanização se dá em um ritmo assustador (p.ex., Auch et al.,
2004), frequentemente desprovida de um desenvolvimento planejado (denomi­
nado dispersão urbana, ou, em inglês, urban sprawí) (Clapham, 2003; Wilson
et al., 2003a). Um número significativo de profissionais, instituições públicas e
cientistas demandam constantemente informações atualizadas sobre a infraes-
trututa urbana e periurbana (Carlson, 2003; Herold et al., 2003, 2004). A título
exemplificativo, informações urbanas detalhadas são solicitadas por:

• conselhos de subprefeituras, prefeituras e regiões que a) elaboram dispo­


sitivos legais de zoneamento para melhorar a qualidade de vida em áreas
urbanizadas, e b) encarregam-se de modelar ou prever a localização do cres­
cimento urbano futuro;

• secretarias municipais e estaduais de comércio, que se incumbem de estimular


o desenvolvimento, frequentemente a partir do acréscimo da base tributária;

• servidores vinculados à arrecadação imobiliária, os quais devem manter cadastros


de imóveis com a descrição geográfica detalhada de cada lote, determinar seu
valor venal e o respectivo percentual a ser aplicado para cobrança de tributos;

• secretarias municipais e estaduais de transportes, que mantêm as redes exis­


tentes, constroem novas - a princípio - sem impactar negativamente o meio
ambiente, e se preparam para fazer frente a futuras demandas de transportes;

• companhias públicas e privadas de infraestrutura (p.ex., água, esgoto, gás,


eletricidade, telefonia, conexão a cabo) que necessitam prever onde novas
demandas ocorrerão e planejar métodos eficientes e de baixo custo para a
extensão dos serviços;

• agências nacionais de regulação, responsáveis por tornar os serviços eficien­


tes e economicamente viáveis para o consumidor;

• secretarias municipais e estaduais de turismo e meio ambiente, e depar­


tamentos de parques e áreas verdes, encarregados de melhorar instalações
recreacionais;

• órgãos de segurança e defesa civil, responsáveis pela prevenção e remoção de


ameaças e/ou mitigação de danos, bem como pela alocação de recursos em
situações de desastres ou terrorismo;
446 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana

• empresas imobiliárias, que são pagas para encontrar as unidades político-administrativas


localizações ideais para empreendimentos industriais,
comerciais e residenciais; hidrologia

• empreendedores e incorporadores imobiliários, que • transporte


constroem instalações industriais, comerciais e áreas
residenciais; e e vários outros bancos de dados temáticos, tais como uso e
cobertura do solo urbano/periurbano.
• cientistas que modelam condições hidrológicas em
ambiente urbano, mudanças climáticas, bem como a O F G D C desenvolve padrões de dados geoespaciais para
produtividade primária líquida (p.ex., Imhoff, 2005). a implementação do N SD I, em cooperação com gover­
nos estaduais, locais e tribais, o setor privado, a comuni­
Todos estes representam usuários qualificados e pro­ dade acadêmica e a comunidade internacional (Jensen et
fissionais da informação urbana (Cullingworth, 1997; al., 2002). O livro intitulado “Desenvolvendo a Base N a­
Jensen e Hodgson, 2004). O solo urbano/periurbano cional de Dados Espaciais: O Livro de Receita da B D E ”
que será por eles gerenciado ou utilizado para novos (.Developing Spatial D ata Infrastructure: Fhe S D I Cook-
empreendimentos possui um valor monetário significa­ book) (G SD I, 2006) apresenta às organizações regionais,
tivo. Portanto, não é de surpreender que órgãos públicos nacionais e multinacionais os conceitos e padrões para a
municipais e estaduais bem como companhias privadas implementação de uma base de dados espaciais compatível
invistam milhões de reais a cada ano na obtenção de fo­ em nível global. Bancos de dados selecionados da Base de
tografias aéreas e outras formas de dados de sensores re­ Dados Espaciais da Carolina do Sul são mostrados na Fi­
motos para extrair a informação urbana requerida. Ide­ gura 13-lb e na Prancha Colorida 13-1.
almente, a maior parte dessa informação espacial urbana
deveria estar armazenada em uma base nacional de dados Considerações sobre a Resolução
espaciais, a qual fosse acessível para diversos usuários dos Urbana
setores público e privado, o que já é uma realidade em
vários países desenvolvidos.
Muitos dos detalhados atributos urbanos/periurbanos re­
Base Nacional de Dados Espaciais queridos por profissionais e agências encontram-se resu­
midos na Tabela 13-1 e na Figura 13-2. Este capítulo versa
sobre a importância de dados de sensores remotos para a
coleta desses atributos. Para o sensoriamento remoto de
Nos Estados Unidos (e em muitas outras nações), existe fenômenos urbanos, é necessário a princípio investigar as
um chamado Comitê Federal Interinstitucional de Dados características das resoluções temporais, espectrais e espa­
Geográficos (Inter-Agency Federal Geographic D ata Com- ciais dos atributos urbanos.
mittee —F G D Q , o qual promove a produção coordenada,
o uso, o compartilhamento e a disseminação dos recursos Considerações sobre a Resolução Temporal
de informação geográfica digital do país (FG D C , 2006). Urbana/Periurbana
Esse esforço de disponibilização de dados em nível nacio­
nal é conhecido como a Base Nacional de Dados Espaciais
(.N ational Spatial D ata Infrastructure —NSDF). Três tipos de resolução temporal devem ser considerados no
monitoramento de ambientes urbanos com o uso de dados
O N SD I consiste de três bancos de dados espaciais de es­ de sensores remotos. Primeiro, fenômenos urbanos/periurba­
trutura básica (Figura 13-1 a): nos frequentemente ocorrem em um ciclo de desenvolvimento
identificável, à semelhança do ciclo fenológico observável na
• controle geodésico vegetação (Capítulo 11). Por exemplo, Jensen eToll (1983)
documentaram um ciclo de desenvolvimento de residências
• terreno digital (elevação e batimetria) unifamiliares no subúrbio de Denver, C O , consistindo de 10
etapas, o qual se inicia com uma primeira etapa (terreno sem
• imageamento digital ortorretificado construções) e evolui para a etapa 10 (habitação concluída e
plenamente integrada na paisagem), frequentemente em um
e quatro bancos de dados de estrutura temática: período de seis meses (Figura 13-3a). As etapas do desenvol­
vimento residencial foram identificadas com base na presen­
• cadastral ça ou ausência de cinco fatores principais, incluindo:
Considerações sobre a Resolução Urbana 447

B ase N acio n al de D a d o s E sp aciais B an co s de D a d o s Selecion ados d a B ase de


D a d o s E sp aciais d a C aro lin a do Sul
Temas adicionais
Cultura e Demografia
Outros Imagem
Geologia Dados Digital
^^^^^^T em áticos Ortorretificada
Solos
Vegetação
obertura daTerra/Uso da Terra Hidrologia

Cadastral Dados de Terreno


Hidrologia Estrutura Digital/
Temática Batimetria
Fronteiras (unidades
político-administrativas)
Transporte Transporte

Dados de Cobertura
Estrutura da Terra/
Básica da Terra

a.

Figura 13-1 a) Base Nacional de Dados Espaciais - Dados de estrutura básica, temáticos e outros (após FCjDC, 2006). b) Bancos de
dados selecionados da base de dados espaciais da Carolina do Sul (consultar a Prancha Colorida 13-1).

1. limpeza do terreno (parcial ou completa) temporal como aquelas que lidam com fenômenos de ele­
vado dinamismo como a vegetação, cujo ciclo vital pode se
2. loteamento (i.e., levantamento topográfico e dar em uma única estação do ano. Por essas razões, a maior
demarcação de lotes) parte das aplicações urbanas (exceto estudos de transporte
e tráfego, e emergências) requer que as imagens de sensores
3. sistema viário (ruas de terra ou pavimentadas) remotos sejam adquiridas apenas uma vez por ano, aproxi­
madamente. As características orbitais do satélite e a latitude
4. construções (presença ou ausência) da área de estudo também impactam o cronograma de re­
visita. Os dados de sensores remotos podem ser adquiridos
5. paisagismo (parcial ou completo). sob demanda a partir de aeronaves suborbitais (aviões, heli­
cópteros) se as condições de tempo permitirem.
O desenvolvimento de residências unifamiliares em San
Diego, CA, apresenta um ciclo similar (Figuras 13-3bc). E Finalmente, a resolução temporal também pode se referir
imperativo que o analista de imagens de sensores remotos à frequência com que os gestores do solo urbano requerem
entenda o ciclo de desenvolvimento temporal do fenôme­ certo tipo de informação. Por exemplo, órgãos de planeja­
no urbano em análise. Caso contrário, erros crassos e cus­ mento local podem necessitar de estimativas populacionais
tosos de interpretação de imagem podem ser feitos. precisas a cada 5-7 anos, além das estimativas fornecidas
pelos censos decenais. Os requisitos de resolução temporal
O segundo tipo de resolução temporal refere-se à periodici­ para muitas aplicações urbanas estão resumidas na Tabela
dade do sistema sensor remoto para a aquisição dos dados 13-1 e apresentadas de forma gráfica na Figura 13-2.
de uma paisagem urbana, p.ex., a cada 8 dias, 16 dias ou sob
encomenda. Informação atualizada é crucial para a maior Considerações sobre a Resolução Espectral
parte das aplicações urbanas. De modo geral, os sensores Urbana/Periurbana
que têm apontamento fora do nadir ou off-nadir (p.ex.,
Geo-Eye IK O N O S; DigitalGlobe QuickBird) apresentam
resoluções temporais mais elevadas do que sensores com vi­ Muitos analistas de imagens concordariam com o fato de
sada apenas no nadir (p.ex., Landsat Thematic Mapper). As que, quando se extrai informação urbana/periurbana a partir
aplicações urbanas normalmente não são sensíveis à escala de dados de sensores remotos, é frequentemente mais im-
448 CAPITULO 13 Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana
Considerações sobre a Resolução Urbana 449

Tabela 13-1. Relação entre os atributos urbanos/periurbanos e as resoluções mínimas de sensores remotos para o for­
necimento desses dados (adaptado de Jensen e Cowen, 1999; Jensen e Hodgson, 2004; Jensen, 2005).
Requisitos Mínimos de Resolução

Atributos Temporal Espacial Espectral


Uso da Terra/Cobertura da Terra
LI - Nível I USGS 5 —10 anos 2 0 - 100 m V-NIR-MIR-Radar
L2 - Nível II USGS 5 —10 anos 5 -2 0 m V-NIR-MIR-Radar
L3 - Nível III USGS 3 - 5 anos 1- 5 m Pan -V-NIR-MIR
L4 - Nível IV USGS 1 —3 anos 0,25 - 1 m Pancromático (Pan)
Infraestrutura Construtiva e Cadastral (Limites de
Propriedades Imobiliárias) 1 —5 anos 0 ,2 5 - 0 ,5 m Estéreo Pan - V, LIDAR
B l - Perímetro, área, volume e altura da construção
B2 - Informação cadastral (limites de propriedades) 1 - 6 meses 0 ,2 5 - 0 ,5 m Estéreo Pan —V
Características Socioeconômicas
51- Inferência da população local 5 —7 anos 0,25 - 5 m Pan -V-NIR, LIDAR
52- Inferência da população regional/nacional 5 - 1 5 anos 5 - 20 m Pan -V-NIR
53- Indicadores de qualidade de vida 5 - 1 0 anos 0,25 - 30 m Pan -V-NIR
Demanda e Conservação de Energia
E l - Demanda de energia e potencial de produção 1 - 5 anos 0,25 - 1 m Pan -V-NIR, LIDAR
E2 - Levantamento do isolamento das construções 1 - 5 anos 1- 5 m TIR
Infraestrutura de Transporte
T I - Eixo de simetria de vias em geral 1 - 5 anos 1-30m Pan -V-NIR
T2 - Largura de vias com precisão 1 - 2 anos 0 ,2 5 - 0 ,5 m Pan - Visível
T3 - Estudos de contagem de tráfego (carros, aviões, etc.) 5 - 1 0 min 0,25 - 0,5 m Pan - Visível
T4 - Estudos sobre a necessidade de estacionamentos 1 0 - 6 0 min 0 ,2 5 - 0 ,5 m Pan - Visível
Infraestrutura de Comunicações e Serviços
UI —Mapeamento e traçado de linhas de infraestrutura
U2 —Largura precisa de linhas de infraestrutura e áreas 1 —5 anos 1 -3 0 m
de servidão 1 —2 anos 0,25 - 0,6 m Pan -V-NIR
U3 —Localização de postes e torres, poços de inspeção, Pan -V, LIDAR
subestações 1 —2 anos 0,25 —0,6 m Pancromático, LIDAR
Modelo Digital de Elevação (MDE)
D l —Modelo digital de superfície (MDS) e/ou modelo 5 —10 anos 0,25 - 0,5 m Estéreo Pan - V, LIDAR
digital de terreno (MDT)
D2 - Mapa de declividade (derivado do M DT) 5 —10 anos 0 ,2 5 - 0 ,5 m Estéreo Pan - V, LIDAR
Dados Meteorológicos
M 1 - Previsão de tempo 3 - 2 5 min 1 - 8 km V -N IR -T IR
M2 - Temperatura atual 3 —25 min 1 - 8 km TIR
M3 - Modo de tempo limpo e modo de precipitação 5 - 1 0 min 1 - 4 km WSR-88D Radar
M4 - Modo de tempestade e condições adversas de tempo 5 - 1 0 min 1 - 4 km WSR-88D Radar
M5 —Monitoramento do efeito de ilha de calor urbana 12 - 24 h 5-3 0 m TIR
Hidrologia Urbana
H 1 - Mapeamento da superfície impermeabilizada 1 - 5 anos 0,25 - 10 m V - N I R - M I R , LIDAR
H2 - Fluxo de vazão e delimitação de planícies inundáveis 1 - 5 anos 1 - 30 m V - N I R - M I R , LIDAR
Identificação de Áreas Ambientais Críticas
C l - Ambientes estáveis sensíveis 1 —2 anos 1 - 10 m V -N IR -M IR
C2 - Ambientes dinâmicos sensíveis 1 —6 meses 0,25 - 2 m V -N IR -M IR -T IR
Resposta a Emergências em Desastres
DEI —Imageamento pré-emergência 1 - 5 anos 1-5 m Pan -V-NIR
DE2 - Imageamento pós-emergência 12h —2 dias 0 ,2 5 - 2 m Pan -NIR - Radar
DE3 - Estoque habitacional danificado 1 —2 dias 0,25 - 1 m Pan -N IR
DE4 - Sistema de transporte danificado 1 —2 dias 0,25 - 1 m Pan -N IR
DE5 - Rede de infraestrutura subterrânea danificada 1 - 2 dias 0,25 - 1 m Pan -N IR
450 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana

a. Construção de residências unifamiliares próximo a Denver, CO. O lote progride de um estágio em que o
terreno encontra-se livre de construções (etapa 1) e evolui para uma condição em que a residência encontra-
se concluída e plenamente integrada na paisagem (etapa 10). As etapas do desenvolvimento residencial
foram identificadas com base na presença ou ausência de cinco fatores principais, incluindo limpeza do ter­
reno, loteamento, sistema viário, construções e paisagismo parcial ou completo (Jensen e Toll, 1983).

b. Terrenos limpos, prontos para construção e demarcados, c. Residências unifamiliares em diferentes etapas de construção. A
ladeados por ruas de terra que acompanham as curvas de nível de primeira e segunda fileiras de casas no canto superior esquerdo da
áreas íngremes, loteadas para ocupação residencial unifamiliar em imagem encontram-se em suas fundações. As casas da terceira e quar­
San Diego, CA. ta fileiras já apresentam alvenaria e estão recebendo a estrutura do
telhado.
Figura 13-3 Exemplo de etapas no ciclo de desenvolvimento de residências unifamiliares em Denver, CO , e San Diego, CA. Dados de
sensores remotos podem captar o uso do solo urbano em uma das suas muitas etapas de desenvolvimento.

portante ter elevada resolução espacial (p.ex., < 5 x 5 m) do lho próximo poderá realizar essas tarefas. Obviamente, deve
que elevada resolução espectral (i.e., um grande número de haver contraste espectral suficiente entre o objeto de interesse
bandas). Por exemplo, estimativas populacionais locais base­ (p.ex., uma edificação) e o restante da cena (p.ex., a paisagem
adas na contagem de construções habitacionais usualmen­ do entorno) de forma a permitir a detecção, discriminação e
te requerem uma resolução espacial mínima de 0,25 —5 m identificação do objeto em meio ao restante da cena.
para detectarem, discriminarem e/ou identificarem o tipo de
construção individualmente. Praticamente, qualquer banda Há regiões relativamente grosseiras do espectro eletromag­
na região do visível (p.ex., verde ou vermelho) ou infraverme­ nético que são muito úteis para a extração de certos ti-
Considerações sobre a Resolução Urbana 451

para a aquisição de modelos digitais de superfície LIDAR


(.Light Detection an d Ranging) ou laser, com base nos sinais
de retorno iniciais, finais e intermediários, bem como nos
dados de intensidade (Hodgson et al., 2005).

Muitas aplicações urbanas também podem ser executadas


a partir de dados de sensores remotos hiperespectrais. He-
rold et al. (2004) coletaram medidas espectrais de 350 a
2400 nm de alvos urbanos em campo e revelaram o poten­
cial do sensoriamento remoto de alta resolução espectral
para o mapeamento detalhado de materiais urbanos e suas
condições. Infelizmente, eles também se depararam com
uma considerável confusão espectral entre alguns tipos de
cobertura do solo urbano (p.ex., tipos específicos de te-
lhados/lajes e pavimentação de vias). Small (2002, 2003,
2004) mostrou como diferentes materiais encontrados no
IFO V de um sistema sensor (denominados componentes,
tais como concreto, asfalto, vegetação, etc.) contribuem
para a reflectância espectral urbana e como eles podem ser
separados por meio da análise de mistura espectral [con­
sultar Jensen (2005) para uma discussão sobre a análise
de mistura espectral]. Em alguns casos, a única forma de
extração da informação urbana desejada é a utilização de
múltiplos tipos de dados de sensorps remotos em uma
Nível de Classe de Cobertura da Terra mesma investigação, conhecida como fusão de dados mul-
tissensores (Gamba et al., 2003).
Figura 13-4 Relação entre o Sistema USGS de Classificação
de Cobertura da Terra/Uso da Terra e a resolução Considerações sobre a Resolução Espacial
espacial do sistema de sensoriamento remoto (fre­ Urbana/Periurbana
quentemente denominada como resolução em
distância no solo, dada em metros). As “Escalas
Nacionais de Valoração da Interpretação de Ima­
gem” (National Image Interpretation Rating Scales Analistas de imagem qualificados baseiam-se em tons de cinza
- NIIRS) são fornecidas para fins de comparação. ou cores de fotografias aéreas ou outros tipos de imagem para
Uma escala zero de NIIRS sugere que a inter- a extração de informações urbanas úteis. Entretanto, em mui­
pretabilidade da imagem está impossibilitada por tos casos, os elementos espaciais geométricos para interpreta­
sombreamento, degradação ou baixa resolução. ção da imagem, tais como forma do objeto, tamanho, textura,
orientação, padrão e formato da sombra, não são suficientes
pos de informação urbana/periurbana (Tabela 13-1). Por para a extração de informação desejada (todos os elementos
exemplo, a cobertura da terra segundo a categoria U SG S são discutidos no Capítulo 5). Geralmente, quanto mais ele­
Nível III é mais bem identificada usando-se as faixas do vada a resolução espacial dos dados de sensores remotos, mais
visível (0,4 —0,7 pm; ou V), infravermelho próximo (0,7 detalhada é a informação que se pode extrair do ambiente ur­
—1,1 p m ;/ o u N IR ), infravermelho médio (1,5 —2,5 pm; bano. Mas como saber qual a resolução espacial ideal da ima­
ou M IR), e/ou pancromática (0,5 - 0,7 pm) do espectro. gem para aplicações urbanas específicas? Felizmente, há vários
O limite das construções, a área, a informação de altura métodos disponíveis para determinar a interpretabilidade de
são mais bem extraídos usando-se imagens pancromáticas imagens para aplicações urbanas, na sua maioria baseados na
preto e branco (0,5 - 0,7 pm) ou coloridas (0,4 —0,7 pm ). resolução espacial dos dados de sensores remotos.
A porção do infravermelho termal do espectro (3 —12 pm;
ou TIR) pode ser usada para obter medidas de tempera­ Critérios de N IIR S
tura da superfície urbana (Dousset e Gourmelon, 2003).
Sensores ativos de micro-ondas podem adquirir imagens Uma possível solução seria o uso de versões militares ou civis
de áreas urbanas encobertas por nuvens (p.ex., banda C das “Escalas Nacionais de Valoração da Interpretação de Ima­
do satélite canadense RADARSAT e banda C dos satélites gem” (N ational Image Interpretation Rating Scales - N IIRS),
da Agência Espacial Européia ERS-1 e 2). A luz a laser do desenvolvidas pelo “Comitê de Determinação da Resolução
infravermelho próximo (p.ex., 1024 nm) pode ser usada de Imagens e Relatório de Padrões” {Image Resolution Assess-
452 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana

ment and Reporting Standards Committee - IRARS). Os crité­ A erial Photography Program —NAPP) exibiría aproxima­
rios de NIIRS constituem a métrica usada pela comunidade damente 39 lp/mm e correspondería a aproximadamente
de inteligência norte-americana para caracterizar a utilidade 25 |im para o tamanho de 1 lp (1 par de linhas) na imagem.
de imagens com propósitos de inteligência (Leachtenauer et N a escala de 1:40.000, 25 pm equivalem a uma resolução
al., 1998; Logicon, 1997; Pike, 2006; FAS, 2006). Muitas em solo de 1 x 1 m para cenas de baixo contraste. Portanto,
tarefas de interpretação de imagens urbanas são semelhantes um mínimo de 1 m de resolução em solo deve ser esperado
àquelas requeridas por aplicações de inteligência. Os crité­ de uma missão fotogramétrica. De fato, os arquivos de or-
rios de NIIRS consistem de 10 níveis de avaliação (0 - 9) tofotos digitais produzidos pelo “Serviço de Levantamento
para um determinado tipo de imagem, estabelecidos através Geológico Americano” ( United States Geological Survey —
de uma avaliação criteriosa por analistas de imagem quali­ USGS) nas escalas NAPP de 1:40.000 são fornecidos com
ficados. O comitê IRARS esclarece que a resolução espacial uma resolução espacial de 1 x 1 m por meio do escanea-
(resolução medida em distância no solo) é apenas uma das mento da fotografia com um tamanho de pixel de 11 pm.
muitas medidas de interpretabilidade de uma imagem, em­ Light (1998) sugere que há uma relação linear geral para
bora seja uma das mais importantes (Figura 13-4). Outros fotografias aéreas de maior escala obtidas por câmeras mé­
fatores, como qualidade do filme, bruma atmosférica, con­ tricas, i.e., uma fotografia na escala de 1:20.000 equivale a
traste, ângulo de visada e ruído, podem reduzir a habilidade uma resolução espacial de aproximadamente 0,5 x 0,5 m;
de um analista bem treinado para detectar, discriminar e uma fotografia na escala de 1:10.000 a 0,25 x 0,25 m; e
identificar objetos civis e militares em uma imagem. Se, por uma fotografia na escala de 1:5.000 a 0,125 x 0,125 m.
um lado, o uso dos critérios de NIIRS é de grande utilidade, Infelizmente, a maior parte das pessoas que utiliza dados
por outro lado, eles ainda não são considerados ótimos, uma de sensores remotos para aplicações urbanas práticas não
vez que (1) os critérios civis de N IIRS foram disponibiliza­ reporta suas descobertas em termos de critérios da resolu­
dos apenas recentemente (Leachtenauer et al., 1998; FAS, ção média ponderada pela área - AWAR.
2006), (2) ainda não houve tempo hábil para a comunidade
civil familiarizar-se com o conceito e, consequentemente, Resolução Espacial N om inal (Resolução em D istância
(3) a comunidade civil em raríssimos casos reportou coleti­ no Solo)
vamente suas experiências na extração de informação urba-
na/periurbana com base no uso do sistema de NIIRS. A comunidade de usuários civis normalmente relata a utili­
dade de um determinado tipo de imagem para a extração de
Resolução M édia Ponderada pela Área informação urbana com base no conceito comparativamen­
te fácil de entender denominado resolução esp acial nom i­
Uma figura de mérito para medir a resolução de um siste­ n al (também chamado de resolução em distân cia no solo).
ma de câmera analógica frequentemente usada pelos intér­ Por exemplo, o Landsat 7 Enhanced Thematic Mapper Plus
pretes de imagens fotogramétricas é chamada de resolução - ETM + tem seis bandas multiespectrais com resolução es­
média ponderada pela área (area weighted average resolution pacial nominal de 30 x 30 m, uma banda pancromática com
—AWAR) medida em pares de linhas (Ip) por milímetro (//- 15 x 15 m e uma banda no infravermelho termal com 60 x
ne-pairs-per-milimeter —Ip/mm) (Light, 1993). Um par de li­ 60 m. O sensor HRV do SPO T 3 tem três bandas multies­
nhas é a largura de uma barra preta e um espaço em branco, pectrais com resolução espacial nominal de 20 x 20 m e uma
conforme aparecem na resolução de alvos registrados por fo­ única banda pancromática com resolução de 10 x 10 m.
tografias aéreas. Juntos, eles formam um par e servem como
uma medida da qualidade da imagem para a indústria de Uma outra regra geral da resolução espacial nominal é a
câmeras aerofotogramétricas analógicas. Os cinco elementos de que é necessário um mínimo de quatro observações es­
essenciais que configuram o sistema AWAR são as lentes, o paciais (p.ex., pixels) sobre um mesmo objeto urbano para
filme, o arrasto ou borramento de alvos (devido à velocida­ identificá-lo. Dito de outra forma, a resolução espacial do
de de deslocamento da aeronave), o movimento angular e a sensor deve ser metade da largura do menor objeto de in­
resolução de revelação do filme. De igual forma, o contraste teresse. Por exemplo, para a identificação de trailers (casas
da superfície terrestre e da atmosfera na cena desempenha motorizadas) com 5 m de largura, a resolução espacial mí­
um papel importante na resolução do sistema. nima da imagem, sem bruma atmosférica ou outros proble­
mas, teria de ser < 2,5 x 2,5 m (Jensen e Cowen, 1999).
Os cientistas têm estudado a relação geral entre a escala
da fotografia aérea e a AWAR. Por exemplo, Light (1993, É possível discriminar a cobertura da terra “urbano/cons-
1996) documentou que, se for assumido que a superfí­ truído” de todos os outros tipos de cobertura da terra em
cie terrestre é uma cena de baixo contraste, uma fotografia aplicações regionais ou globais usando-se dados orbitais
obtida na escala de 1:40.000 de acordo com o “Programa de sensores remotos com resolução espacial grosseira. Por
Nacional de Levantamento Aerofotogramétrico” (N ational exemplo, Giri et al. (2005) comparou o ajuste entre o con-
Sensoriamento Remoto de Cobertura da Terra e de Uso da Terra 453

Tabela 13-2. Quatro niveis do Sistema de Classificação de sios, capítulos de livros e em manuais de agências gover­
Uso da Terra/Cobertura da Terra do USGS namentais e instituições privadas [p.ex., Avery e Berlin,
para Utilização com Dados de Sensores 1992; Light (1993, 1996); Philipson, 1997; Haack et al.,
Remotos e tipos representativos de dados 1997; Jensen e Cowen, 1999; Donnay et al., 2001; Jensen
de sensoriamento remoto tipicamente usa­ et al., 2002; Jensen e Hodgson, 2004; Jensen, 2005; Pike,
dos para fornecer a informação.
2006 e outros]. Felizmente, sempre haverá um sistema de
Nível de Características dos Dados de sensoriamento remoto disponível capaz de obter imagens
Classificação Sensores Remotos da superfície terrestre que satisfaçam os requisitos de reso­
NOAA AVHRR (1,1 x 1,1 km), M O ­ lução dos atributos urbanos (Tabela 13-1).
DIS (250 x 250 m; 500 x 500 m), Land-
sat M SS (79 x 79 m), Thematic Mapper \ Sensoriamento Remoto de Cobertura

I
(30 x 30 m), LISS indiano (72,5 x 72,5
m; 36,25 x 36,25 m; 23,5 x 23,5 m),
SPO T Vegetation ( l x l km), CBERS-
2B C C D (20 x 20 m); RADA RS AT
(100 x 100 m), fotografia aérea em esca­
K da Terra e de Uso da Terra

la de 1:120.000 a 1:240.000. O termo uso da terra refere-se ao modo como a terra é


usada pelos seres humanos. A cobertura da terra refere-se
Landsat 7 Enhanced Thematic Mapper
aos materiais biofísicos encontrados sobre a superfície ter­
Plus Pan (15 x 15 m), SPO T HRV pan
restre. Por exemplo, um parque estadual pode ser usado
( 1 0 x 1 0 m), SPO T HRV XS (20 x 20
para recreação, mas apresentar uma cobertura florestal de
m), IRS indiano pan (5,8 x 5,8 m),
coníferas. A informação sobre cobertura e uso da terra em
II CBERS-2B H RC pan (2,7 x 2,7 m);
ambientes urbanos é necessária para uma grande varieda­
GeoEye IK O N O S (1 x 1 m pan; 4 x
de de aplicações, incluindo a escolha de locais para insta­
4 m multiespectral), RADARSAT (11
lações residenciais, industriais e comerciais, estimativa ou
x 9 m), fotografia aérea em escala de
inferência populacional, cobrança tributária, elaboração de
1:60.000 a 1:120.000.
regulamentos para zoneamento, etc. (Cullingworth, 1997;
IRS indiano pan (5,8 x 5,8 m), CBF1RS- Wilson et al., 2003b). Isto significa que a informação urba­
2B H R C pan (2,7 x 2,7 m); GeoEye na coletada para uma aplicação pode ser útil para outra.
IK O N O S (1 x 1 m pan), DigitalGlobe
III QuickBird pan (0,61 x 0,61 m), OrbView Esquemas de Classificação de Cobertura da Terra/
3 (1 x 1 m pan), fotografia aérea analó­ Uso da Terra
gica ou digital em escala de 1:20.000 a
A melhor forma de assegurar que a informação urbana deri­
1:60.000(1 - 3 m).
vada de dados de sensores remotos seja útil em muitas aplica­
DigitalGlobe QuickBird pan (0,61 x ções é organizá-la de acordo com um esquema padronizado de
0,61 m), fotografia aérea analógica ou classificação de cobertura e uso da terra (Chen e Stow, 2003).
IV
digital em escala de 1:6.000 a 1:20.000
(0,25 - 1 m). “ Padrão de Classificação Baseado na Terra” da Associa­
ção Am ericana de Planejam ento
junto de dados sobre a “Cobertura da Terra Global em
2000” (Global Land Cover 2000) derivado do sensor Ve- O sistema mais compreensivo de classificação hierárquica
getation, com resolução de 1 x 1 km, do satélite francês de uso da terra urbana/periurbana é o “Padrão de Classi­
SPOT, e o conjunto de dados sobre a “Cobertura da Terra ficação Baseado na Terra” (Land-Based Classification Stan­
Global do M O D IS ” (M O D IS Global Land Cover) obtido dard - LBCS) desenvolvido pela Associação Americana de
de dados do sensor M O D IS com resolução de 250 e 500 m Planejamento (American Planning Association, 2006).
reamostrados para 1 x 1 km. Infelizmente, o percentual de Este padrão atualiza o “Manual Padrão de Codificação
concordância para a classe de cobertura da terra urbano/ do Uso da Terra de 1965” (1965 Standard Land Use Co-
construído em nível de pixel foi considerado insatisfatório ding M anual), o qual é correferenciado com o “Manual de
em 15 dos 16 biomas examinados. Classificação Industrial Padrão de 1987 (1 9 8 7 Standard
Industrial Classification M anual - SIC) e com o já atuali­
Os requisitos de resolução temporal, espectral e espacial zado “Padrão de Classificação Industrial Norte-America­
para atributos urbanos específicos, sumarizados na Tabela no” (North American Industrial Classification Standard -
13-1 e Figura 13-2, foram sintetizados a partir da experi­ N AICS) (NAICS, 2006). O LBCS requer extensivos dados
ência prática reportada em artigos de periódicos, simpó­ de entrada a partir de coleta em campo, fotografias aéreas e
454 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana

Sistem a de C lassificação B asead o n a Terra d a A ssociação


A m erican a de Plan ejam en to

Tabela 1: Atividade Tabela 2: Função


ID do Lote Atividade Descrição Função Descrição
10-5-100 2100 compras 2110 vendas a varejo e serviços
10-5-100 2200 restaurante 2510 restaurante de serviço completo
10-5-100 6600 social, religioso 6620 instituições religiosas
10-5-100 2100 mobiliário 2121 mobiliário
10-5-100 5210 estacionamento de autos 5200 instalações de estacionamento
etc. etc. etc. etc. etc.

Tabela 3: Estrutura
ID do Lote Estrutura Descrição
10-5-100 2500 shopping center

Figura 13-5 A Associação Americana de Planejamento desenvolveu o “Padrão de Classificação Baseado na Terra” (Land-Based Classifica-
tion Standard - LBCS), que contém definições detalhadas de uso do solo urbano/periurbano. O sistema incorpora informa­
ções levantadas em campo e através de técnicas de sensoriamento remoto. Esta é uma fotografia aérea com visada oblíqua de
um shopping center em Ontario, CA. Atividades e códigos de estrutura hipotéticos associados com esse lote de grande porte
são identificados. As tabelas de atributos com informação sobre a titularidade da propriedade imobiliária e a construção da
obra não são apresentadas (cortesia de American Planning Association).

dados de sensores remotos orbitais para obter informação “ Sistem a de Classificação de Uso da Terra/Cobertura
em nível de lote a respeito das cinco seguintes característi­ da Terra para Utilização com D ad os de Sensores Re­
cas: atividade, função, propriedade, sítio, estrutura (Figura m otos” do U SG S
13-5) (American Planning Association, 2006). O sistema
fornece um código e descrição únicos para quase toda a O “Sistema de Classificação de Uso da Terra/Cobertura da
atividade de uso da terra de caráter comercial e industrial. Terra” do U SG S (Anderson et al., 1976; U SG S, 1992) foi
O LBCS não fornece informação sobre as características de especialmente concebido para ser “orientado a recursos” (co­
vegetação e cobertura da terra no ambiente urbano, uma bertura da terra), em oposição a vários outros sistemas que
vez que ele se baseia nos padrões do “Com itê Federal de são “orientados a pessoas ou a atividades” (uso da terra), tais
Dados Geográficos” (Federal Geographic D ata Committeé) como o “Manual Padrão de Codificação do Uso da Terra”
nesse âmbito. Os usuários são encorajados a se manterem {StandardLand Use CodingM anual). A lógica do U SG S re­
atualizados a respeito do LB C S e a utilizarem-no em estu­ side no fato de que, “embora houvesse a necessidade de um
dos urbanos intensivos, que requeiram códigos de classifi­ sistema de classificação de uso da terra orientado ao meio
cação comercial e industrial detalhados. urbano, também havia a necessidade de um sistema de cias-
Sensoriamento Remoto de Cobertura da Terra e de Uso da Terra 455

Tabela 13-3. Sistema de Classificação de Uso da Terra/ Tabela 13:4. Residencial Urbano, Comercial e Serviços -
Cobertura da Terra do USGS para Utiliza­ Níveis I e II do Sistema de Classificação de Uso
ção com Dados de Sensores Remotos (An- da Terra/Cobertura da Terra do USGS para Uti­
derson et al., 1976). lização com Dados de Sensores Remotos. Os
Níveis III, IV e V são extensões lógicas.
Nível de Classificação
Nível de Classificação
1 Solo Urbano ou Construído
I Solo Urbano ou Construído
11 Residencial
12 Comercial e Serviços II Residencial
13 Industrial 111 Residencial Unifamiliar
14 Transporte, Comunicação e Infraestrutura 1111 Casa, casa-barco, cabana, tenda
15 Complexos Industriais e Comerciais 1112 Casa motorizada (trailer)
112 Residencial Multifamiliar
16 Uso Urbano ou Construído Misto
1121 Duplex
17 Outros Usos do Solo Urbano ou Construído
1122 Triplex
2 Terra Agrícola 1123 Complexo de apartamentos ou
21 Lavoura e Pasto Condomínio (4 ou mais unidades geminadas)
22 Pomares, Bosques, Vinícolas, Horticultura Ornamental 1124 Parque de casas motorizadas (trailers)
23 Criação de Animais Confinados (em Cativeiro) 12 Comercial e Serviços
24 Outros Usos Agrícolas 121 Comercial
1211 Automotivo (carros, caminhões, motocicletas)
3 Pastagem
12111 Venda/revenda
31 Pasto de Gramíneas 12112 Posto de abastecimento de combustível
32 Pasto de Arbustos - Capoeira 12113 Cemitério automotivo (ferro-velho)
33 Pasto Misto 12114 Serviço ou reparo
4 Florestas 1212 Barco
41 Florestas Decíduas 12121 Venda/revenda
12122 Marina
42 Florestas Perenes
12123 Serviço ou reparo
43 Florestas Mistas 1213 Hipermercado/Loja de Departamento
5 Corpos d’Agua 12131 Hipermercado ou loja de departamento
51 Rios e Canais isolada (p.ex., WalMart, Americanas)
52 Lagos 12132 Shopping center
1214 Setor Financeiro e Construção
53 Reservatórios
12141 Bancos e Serviços Financeiros
54 Baías e Estuários
12142 Seguradora
6 Terras Alagáveis 12143 Imobiliária
61 Terras Alagáveis Florestadas 12144 Construtora
62 Terras Alagáveis Não-Florestadas 1215 Alimentos e Remédios
12151 Drogaria
7 Terra Estéril 12152 Mercado
71 Salinas 12153 Restaurante
72 Praias 1216 Funeral
73 Outras Áreas Arenosas (além de Praias) 12161 Necrotério
74 Afloramento Rochoso 12162 Cemitério - mausoléu
75 Minas a Céu Aberto, Pedreiras, Jazidas de Cascalho 1217 Habitação (temporária)
76 Áreas de Transição 12171 Hotel
12172 Motel
77 Terra Estéril Mista
12173 Camping
8 Tundra 1218 Construção e Jardinagem
81 Tundra Arbustiva e Arbórea 1219 Recreação (pública e privada)
82 Tundra Rasteira 12191 Parques de diversão (p.ex., pistas de cart,
83 Tundra de Solo Exposto mini-golfe)
84 Tundra Alagável 12192 Beisebol
12193 Futebol americano/futebol/pista de corrida
85 Tundra Mista
12194 Golfe
9 Neve Perene ou Geleiras 12195 Natação
91 Campos de Neve Perenes (Regiões Polares ou 12196 Estádios (multifinalitários)
Montanhosas) 12197 Tênis
92 Geleiras 12198 Cinema (salas múltiplas e drive-in)
1220 Infraestrutura
12201 Gás - eletricidade
12202 Água - esgoto
456 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana

Tabela 13-4. Continuação Tabela 13-5. Classificação de Uso do Solo Urbano Indus­
trial - Níveis I e II do Sistema de Classifica­
12203 Tratamento de efluentes [sólido (p.ex.,
ção de Uso da Terra/Cobertura da Terra do
aterro sanitário) ou líquido]
USGS para Utilização com Dados de Sen­
1221a Armazéns/Transporte de Cargas
sores Remotos. Os Níveis III, IV e V são
122 Serviços (Públicos e Privados)
extensões lógicas.
1221 Edifícios e Instalações Públicas
12211 Administração Nível de Classificação
12212 Educação
13 Industrial
122121 Fundamental (I a à 4a série)
131 Extração
122122 Fundamental (5a à 9a série)
1311 Dragagem
122123 Ensino médio
13111 Areia e cascalho
122124 Universidade ou faculdade
13112 Mineração de depósitos de aluvião de
12213 Bombeiro, Polícia, Resgate
ouro, platina e diamantes
12214 Academias de ginástica (fitness centers)
1312 Mineração a céu aberto por escavação (Lavra
12215 Biblioteca
em cava)
12216 Correios
13121 Cobre
12217 Parques
13122 Jazida de cascalho - pedreira
1222 Área Médica
13123 Minério de ferro
12221 Hospital
13124 Sal
12222 Consultórios e clínicas médicas
1313 Mineração subterrânea (Lavra subterrânea)
1223 Religião (igrejas e templos)
13131 Bauxita
13132 Carvão
13133 Chumbo
13134 Calcário
sificação orientado a recursos, cuja ênfase primordial seria os 1314 Mineração de superfície (Lavra em tiras ou fadas)
95% de áreas não-urbanas restantes nos Estados Unidos”. 13141 Carvão
13142 Folhelho (rocha sedimentar com grande
O sistema de classificação do U SG S foi desenvolvido para
quantidade de matéria orgânica)
ser alimentado primariamente pela interpretação de dados 1315 Poços
de sensores remotos obtidos em várias escalas e resoluções 13151 Petróleo
(Figura 13-4; Tabela 13-2) e não dados coletados em cam­ 13152 Gás natural
po. O sistema U SG S responde a essa necessidade com oito 13153 Água
das nove categorias do Nível 1, as quais tratam de áreas não 1316 Campos de corte
13161 Exploração madeireira por
enquadradas nas categorias urbana e área construída (Tabe­ desmatamento extensivo ou desbaste seletivo
las 13-3 a 13-6). O sistema de classificação foi inicialmente 1317 Pilhas de resíduos de dragagem ou escavação
concebido para incluir dados de uso da terra visualmente 132 Processamento
fotointerpretados, embora tenha sido amplamente utilizado 1321 Mecânico
13211 Refinamento de grãos
para estudos de classificação baseados em dados digitais de
13212 Alumínio
sensoriamento remoto multiespectral. 13213 Usina Hidrelétrica
13214 Concentração de minérios
Ainda que o “Sistema de Classificação de Uso da Terra/ 13215 Tratamento de esgoto
Cobertura da Terra do U SG S” não tenha sido, a princípio, 13216 Usina sucroalcooleira
elaborado exclusivamente para incorporar informações de­ 13217 Têxtil
13218 Serralheria
talhadas de atributos urbanos, ele tem sido, contudo, exten­ 13219 Tratamento e purificação de água
sivamente usado para estudos do uso do solo intraurbano 1322 Químico
por mais de duas décadas. Normalmente, isso é feito por 13221 Cloro e soda cáustica
meio do refinamento do sistema com a adição das defini­ 13222 Fertilizantes
ções detalhadas de classes nos Níveis III, IV e V, conforme 13223 Aterro químico
13224 Refinaria de petróleo
mostrado nas Tabelas 13-4 a 13-6. A utilidade do sistema 13225 Farmacêutica
modificado é a de que ele pode ser adaptado para incluir 13226 Magnésio e compostos
tantos níveis quantos desejados, permanecendo no entanto 13227 Têxtil (sintéticos)
compatíveis com os dados de uso e cobertura da terra dos 13228 Tratamento de madeira
Níveis I e II do sistema U SGS, compreendidos por cida­ 1323 Térmico
13231 Carbureto de cálcio
des, macrorregiões, estados ou países. Por exemplo, a Tabela 13232 Cimento
13-7 documenta como o “Sistema de Classificação de Uso 13233 Produtos cerâmicos
da Terra/Cobertura da Terra para Utilização com Dados de 13234 Cobre fundido
Sensores Remotos” foi modificado para incluir 22 classes 13235 Vidro
para a “Caracterização Nacional da Cobertura da Terra” 13236 Ferro e aço
13237 Chumbo
Sensoriamento Remoto de Cobertura da Terra e de Uso da Terra 457

Tabela 13-5. Continuação Tabela 13-6. Transporte Urbano, Comunicações, Serviços


de Infraestrutura e Complexos Industriais/
13238 Calcário
Comerciais - As classes dos Níveis I e II
13239 Usinas nucleares
são do Sistema de Classificação de Uso da
13240 Usina termelétrica Terra/Cobertura da Terra do USGS para Uti­
13241 Zinco lização com Dados de Sensores Remotos.
133 Fabricação Os Níveis III, IV e V são extensões lógicas.
1331 Pesada
13311 Maquinário pesado (escavadeiras, etc.) Nível de Classificação
13312 Manufatura e reparo de maquinário 14 Transporte, Comunicações e Serviços de Infraestrutura
ferroviário 141 Transporte
13313 Construção de navios 1411 Vias e Autoestradas
13314 Fabricação de aço estrutural 14111 Não-pavimentadas
1332 Leve 14112 Pavimentadas
13321 Montagem de aeronaves 14113 Acesso controlado (autoestrada, estrada
13322 Montagem de automóveis (p.ex., carros, com pedágios)
caminhões, motocicletas) 14114 Anel rodoviário
13323 Construção e reparo de barcos 14115 Estacionamento
13324 Enlatados 14116 Ponte
13325 Eletrônicos 1412 Ferrovias
13326 Construção (pré-fabricados) 14121 Trilho
13327 Frigoríficos 14122 Pátio de manobras de trens
13328 Produtos plásticos 14123 Terminal ou estação
14124 Ponte
(.N ational Land-Cover Characterization), baseadas em uma 1413 Aeroportos
produção contínua da “Base de Dados Nacional de Cober­ 14131 Pista de taxiamento, pouso e decolagem
tura da Terra” ( U.S. N ational Land-Cover Dataset - N LCD ), 14132 Hangar
14133 Terminal
obtida a partir do Landsat Thematic Mapper e outros da­
1414 Barcos/Navios
dos. Muitas das classes do Nível II são mais bem extraídas 142 Comunicações
usando-se fotografia aérea (USGS, 2006). 1421 Placa, outdoor
1422 Rádio/Televisão/Cabo
As mesmas classes também são usadas pelo “Centro de Ser­ 143 Serviços de Infraestrutura
1431 Eletricidade
viços Costeiros da Agência Nacional Americana de Admi­
1432 Gás natural
nistração dos Oceanos e Atmosfera” (Coastal Services Center 1433 Petróleo
- N ational Oceanic and Atmospheric Administration - NOAÃ) 1434 Água
na criação dos produtos do “Programa de Análise de Mudan­ 15 Complexos Industriais e Comerciais
ças Costeiras” (Coastal Change Analysis Program — C-CAP). 151 Complexo industrial (parque)
Esses produtos incluem a cobertura da terra para os dados 152 Complexo comercial (shopping center)
disponíveis mais atuais, uma retrospectiva da cobertura da
terra nos últimos cinco anqs, bem como a documentação das 16 Uso Urbano ou Construído Misto
mudanças entre duas datas consecutivas (NOAA, 2004). 17 Outros Usos do Solo Urbano ou Construído

Classificação de Uso da Terra/Cobertura da respectivamente), e o sino-brasileiro CBERS-2B C C D com


Terra (Níveis I a IV) com o Uso de Dados de 20 x 20 m. Certamente, qualquer sistema sensor com ele­
Sensores Remotos vada resolução espacial pode ser usado para adquirir dados
do Nível I. A Prancha Colorida 13-2 apresenta informação
de cobertura da terra urbana e não urbana do Nível I para
A relação geral entre os Níveis (I —IV) do “Sistema de Clas­ três regiões na porção central de Charleston, SC, extraída de
sificação de Uso da Terra/Cobertura da Terra do U SG S” e a dados Landsat M SS adquiridos em seis datas distintas, de 14
resolução espacial nominal de um dado sistema sensor (re­ de fevereiro de 1975 a 3 de fevereiro de 1994. Para projetos
solução em distância no solo, em metros) foi apresentada na globais, a cobertura da terra do Nível I pode ser extraída
Figura 13-4. De modo geral, as classes do Nível I do USGS a partir de imagens com resolução espacial mais grosseira
podem ser efetivamente inventariadas usando-se sensores (p.ex., AVHRR com 1,1 x 1,1 km; M O D IS com 250 x
com resolução espacial nominal de 20 - 100 m, como o 250 m ou 500 x 500 m) (p.ex., Giri et al., 2005).
Landsat Multiespectral Scanner (MSS) com 79 x 79 m de
resolução espacial nominal, o Thematic Mapper (TM) com Assinaturas de reflectância espectral características de alvos
30 x 30 m, o SPO T HRV XS com 20 x 20 m, o indiano urbanos encontram-se resumidas na Figura 13-6. Tipica­
LISS 1-3 (72,5 x 72,5 m; 36,25 x 36,25 m; 23,5 x 23,5 m, mente, a cobertura referente à área urbana aparece como
458 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana

Tabela 13-7. Sistema de Classificação de Uso da Terra/ C aracterísticas de R eflectân cia O b tid a s p o r um Es-
Cobertura da Terra do USGS para Utiliza­ pectrorradiôm etro em L a b o ra tó rio p a ra M ateriais
ção com Dados de Sensores Remotos U rb an os C o m u n s
modificado pela Base de Dados Nacional
de Cobertura da Terra e pelo Programa de
Análise de Mudanças Costeiras da NOAA
___________ (NOAA, 2006).________________________
Nível de Classificação
1 Corpos d’Agua
11 Aguas Marítimas
12 Geleiras/Neve
2 Terra Desenvolvida
21 Residencial de Baixa Densidade
22 Residencial de Alta Densidade
23 Comercial/Industrial/Transporte
3 Terra Estéril
31 Afloramento Rochoso/Areia/Argila
32 Pedreiras/Minas a Céu Aberto (Lavra em Cava)/
Minas de Superfície (Lavra em Tiras)
33 Áreas de Transição
4 Florestas de Terra Firme
41 Florestas Decíduas
42 Florestas Perenes Figura 13-6 Curvas de percentual de reflectância para materi­
43 Florestas Mistas ais comuns encontrados em ambientes urbanos.
5 Vegetação Arbustiva Os espectros de reflectância foram obtidos em um
ambiente de laboratório controlado, usando um es-
51 Vegetação Arbustiva
pectrorradiômetro GER 1500.
6 Cobertura Vegetal Não-Natural
61 Pomares/Vinícolas, Outras
cidente nos comprimentos de onda do verde e do vermelho,
7 Vegetação Rasteira Natural/Seminatural de Terra Firme
conforme discutido no Capítulo 4. A água absorve a maior
71 Campos Naturais/ Vegetação Herbácea
parte do fluxo radiante incidente, implicando na sua apa­
8 Vegetação Herbácea Plantada/Cultivada rência escura em imagens falsa-cor, facilmente diferenciável
81 Pastagem/Feno
da paisagem urbana. Composições coloridas do centro de
82 Culturas em Fileiras
Charleston, SC, com o uso de vários dos principais sistemas
83 Plantações de Cereais de Pequeno Porte
84 Pousio sensores são fornecidas no Capítulo 7.
85 Urbano/Recreação
86 Gramíneas Sensores com uma resolução espacial mínima de 5 —20 m
são geralmente necessários para obter informação do Nível
9 Terras Alagáveis
II. O sistema sensor do SPO T 5 fornece dados multiespec-
91 Florestas de Várzea
92 Planícies de Inundação trais com resolução de lO x l O m e dados pancromáticos
com 5 x 5 m. O RADARSAT fornece dados com resolução
espacial de 11 x 9 m para inventários de cobertura da terra
cinza-claro em imagens de composição colorida (bandas do nos Níveis I e II, mesmo em paisagens tropicais com a pre­
visível) e falsa-cor (uso da banda do infravermelho para ca­ sença permanente de nuvens. O Landsat 7 ET M + possui
racterização da vegetação) porque a superfície urbana, con­ uma banda pancromática com resolução de 15 x 15 m.
sistindo basicamente de vias de concreto e asfalto, áreas de
estacionamento, telhas e solo exposto, reflete tipicamente Classes mais detalhadas do Nível III podem ser inven­
altas parcelas do fluxo radiante incidente do verde, verme­ tariadas usando-se um sensor com resolução espacial de
lho e infravermelho próximo. A assinatura urbana cinza- aproximadamente 1 —5 m, como o IR S -lC D pancromá­
claro contrasta fortemente com as superfícies vegetadas que tico (dados com 5,8 x 5,8 m reamostrados para 5 x 5 m);
aparecem em vermelho brilhante ou magenta em imagens fotografia aérea de grande escala; IK O N O S (1 x 1 m no
coloridas e falsa-cor, porque a vegetação reflete quantidades pancromático; 4 x 4 m no multiespectral); QuickBird
substanciais da energia na faixa do infravermelho, ao mes­ (0,61 x 0,61 m no pancromático; 2,44 x 2,44 m no mul­
mo tempo em que absorve consideravelmente a energia in- tiespectral), OrbView 3 (1 x 1 m no pancromático; 4 x 4
Uso do Solo Residencial 459

m no multiespectral), e H R C do CBERS-2B (2,7 x 2,7 rio da localização, tipo, condição e número de residências
no pancromático). O uso sinérgico dos dados pancromá- é uma das mais importantes tarefas desempenhadas com o
ticos de alta resolução espacial (p.ex., l x l m), fusionados uso de dados de sensores remotos. A discriminação entre
com dados multiespectrais de resolução mais baixa (p.ex., os usos do solo residencial, comercial, industrial e de trans­
4 x 4 m), fornece um ambiente de interpretação de ima­ porte do Nível II requer um sistema sensor com uma reso­
gens superior ao uso de dados pancromáticos isoladamente lução espacial de 5 —20 m. A identificação das classes de
(Gamba et al., 2003; Jensen, 2005). uso do solo residencial do Nível III requer uma resolução
espacial de 1 - 5 m (Tabela 13-1; Figura 13-4).
A informação cadastral (limite de lotes e propriedades
imobiliárias em geral) e de classes do Nível IV é mais bem Antes de investigar como o uso do solo residencial apare­
monitorada com o uso de sensores pancromáticos de alta ce em dados de sensores remotos, é importante apresentar
resolução espacial, incluindo os dados pancromáticos com o conceito de form a e função. Basicamente, a função de
resolução de 0,61 x 0,61 m do QuickBird, fotografias aére­ uma edificação frequentemente dita a sua forma. De fato,
as analógicas estereoscópicas ( < 0,25 - 1 m) e imagens de comumente se afirma que “a forma segue a função” ou “a
câmeras digitais estereoscópicas [p.ex., Leica GeoSystems forma é ditada pela função”. Por exemplo, a necessidade de
Airborne Digital Sensor A D S40 ( < 5 x 5 cm)]. abrigar uma única família normalmente resulta na criação
de uma unidade habitacional individualizada, compos­
As classes urbanas de uso da terra e cobertura da terra dos ta de vários cômodos justapostos (isto não é verdade no
Níveis I ao IV possuem requisitos de atributos temporais distrito empresarial central das cidades norte-americanas,
que variam de 1 - 10 anos (Tabela 13-1 e Figura 13-2). apenas nos seus subúrbios). De forma inversa, uma indús­
Todos os sensores mencionados apresentam resoluções tria que produz aço acabado requer tipicamente uma insta­
temporais inferiores a 55 dias, de modo que a resolução lação ampla, linear {forma), que possa abrigar as sucessivas
temporal dos atributos de uso da terra/cobertura da terra é atividades de processamento do aço {função). Um analista
atendida pelos sistemas sensores atuais e previstos. de imagem, no entanto, deve ser cuidadoso, porque o uso
de uma edificação pode mudar ao longo do tempo. Assim,
Conforme exposto anteriormente, as paisagens urbanas o conhecimento sobre o histórico de ocupação das edifica­
são notoriamente complexas (Ridd, 1995; Small, 2001, ções em uma região é de suma importância.
2004). Embora uma simples informação binária do tipo
“urbano/não-urbano” seja valiosa para determinar as ten­ Residências Unifamiliares versus Residências
dências de crescimento (p.ex., Prancha Colorida 13-2), ela Multifamiliares
não fornece o nível de detalhe sobre o uso da terra/cober­
tura da terra necessário para decisões consistentes. Portan­
to, é aconselhável o fornecimento de deçalhes adicionais Uma residência unifamiliar encontra-se separada ou desta­
sobre a extração das seguintes informações de uso do solo cada de qualquer outra estrutura habitacional. Em países
urbano a partir de dados de sensores remotos: desenvolvidos, esse tipo de residência usualmente apresen­
ta um único acesso para veículos, um acesso para pedestres
• habitação residencial que conduz à porta frontal, um jardim na frente, um jardim
nos fundos (normalmente delimitado por muros ou cercas),
• comércio e serviços bem como uma garagem ou vaga para carros. Geralmen­
te, a residência possui no máximo três pavimentos. Várias
• atividades industriais residências unifamiliares em Richmond, CA, encontram-se
em fase de construção da estrutura do telhado na Figura
• infraestrutura de transporte 13-7a. Residências unifamiliares completamente integradas
à paisagem em Boca Raton, FE, e em San Diego, CA, são
• comunicações e outros serviços públicos/privados. apresentadas na Figura 13-7b,c. Casas motorizadas (trailers)
em países desenvolvidos são frequentemente muito menores
Uso do Solo Residencial que outras residências unifamiliares (aproximadamente 5 m
de largura e 10 m de comprimento), raramente possuem
uma garagem (mas podem apresentar uma vaga para veícu­
lo), e podem ou não possuir um acesso pavimentado para
Em quase todas as culturas, o larlcasa é a posse mais im­ autos ou pedestres (Figura 13-7d).
portante que uma pessoa adquire ao longo de sua vida. Ele
abriga a família e normalmente representa o maior investi­ Em países em desenvolvimento, residências unifamiliares
mento econômico de uma unidade domiciliar. O inventá­ podem consistir de um edifício, um barraco/casebre, uma
460 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana

a. Várias residências unifamiliares em fase de construção da estru- b. Uma residência unifamiliar em Boca Raton, FL, com um acesso
tura do telhado em Richmond, CA (nível 1111) (cortesia de Cris para pedestres, um acesso para autos e um jardim murado nos
C. Benton). fundos (nível 1111).

c. Residências unifamiliares com pouco espaçamento entre si em d. Trailers unifamiliares (casas motorizadas) em um parque de
San Diego, CA, com um acesso para pedestres, um acesso para trailers próximo a Myrtle Beach, SC (nível 1112).
autos, e eventualmente uma pequena piscina (nível 1111).

Figura 13-7 Exemplos de residenciais unifamiliares (nível 111).


Uso do Solo Residencial 461

N airo b i, Q u ên ia

'V

- "*> L .
«A *-r

a. Vilarejo tradicional no Quênia com habitações b. Loteamento informal multifamiliar (favela)


individuais circundadas por um curral comunitário. na periferia de Nairobi, Quênia.

Figura 13-8 Exemplos de residências unifamiliares e multifamiliares em um país em desenvolvimento.

tenda ou uma cabana, dependendo da cultura local. Por melhor e acaba por se deparar com poucas oportunidades de
exemplo, uma habitação tradicional associada a um vilarejo emprego e carência habitacional (Da Costa e Cintra, 1999).
de pastoreio no Quênia é mostrada na Figura 13-8a. Essa Isto geralmente resulta na criação de favelas e loteamentos
moradia pode ser permanente ou temporária (sazonal). As clandestinos, nos quais inúmeras famílias residem em edifi­
estruturas podem conter um único núcleo familiar ou fa­ cações construídas com qualquer tipo de material de refugo
mílias maiores (com vários casais). Algumas vezes, torna-se encontrado (Jensen et al., 2002). Um loteamento informal na
difícil identificar essas estruturas em países em desenvol­ periferia de Nairobi, Quênia, é mostrado na Figura 13-8b.
vimento, porque elas são construídas do mesmo material
presente no entorno, resultando em uma condição de baixo Usualmente, é possível determinar se uma edificação é uma
contraste do objeto com o fundo (Jensen et al., 2002). residência uni ou multifamiliar usando-se imagens com uma
resolução espacial de 1 —5 m. Algumas vezes, é necessário fu-
Em países desenvolvidos, residências multifamiliares nor­ sionar vários tipos de imagens, como as do Landsat Thematic
malmente possuem mais de um acesso para pedestres, po­ Mapper e imagens de radar para a identificação de vilarejos
dem apresentar amplas garagens coletivas no nível do solo em áreas tropicais do planeta (Haack e Slonecker, 1994).
ou subterrâneas, possuem dois ou mais pavimentos, além de
compartilharem jardins dianteiros e de fundo (Figura 13- Em numerosas ocasiões, a interpretação visual da estru­
9a). Pode haver uma piscina ou quadra de tênis coletiva. tura urbana em imagens supera o desempenho de proce­
Casas geminadas ou duplexes (duas unidades habitacionais dimentos digitais de classificação automática e semiau-
justapostas) e trigeminadas ou triplexes (três unidades habi­ tomática (Jensen, 2003). Os analistas ou intérpretes de
tacionais justapostas) comumente apresentam dois ou três imagem são capazes de considerar o sítio físico, a loca­
acessos para autos e pedestres, respectivamente. Algumas lização e a associação de estruturas de forma contextual.
vezes, essas residências são dotadas de uma área de estacio­ Esses elementos de interpretação de imagem dificilmente
namento comum. Geralmente, é difícil determinar quan­ têm sido incorporados em métodos analíticos de classifi­
tas famílias ocupam residências unifamiliares em países em cação digital de imagens. Apenas recentemente, sistemas
desenvolvimento. Quando há mais de três unidades habi­ analíticos de interpretação de imagens baseados em redes
tacionais conjuntas, a residência é usualmente denominada neurais artificiais começaram a incluir elementos funda­
como edifício de apartamentos ou condomínio (Figura 13- mentais de interpretação visual nos processos de análise
9b,c). N a maioria das vezes esses complexos ocupam amplas de imagens (Jensen et al., 2001; Q iu e Jensen, 2004). Por
áreas de terreno, possuem muitos pavimentos e, em grandes exemplo, a Figura 13-10 retrata a interface gráfica asso­
cidades, constituem-se em altos edifícios residenciais. ciada com um sistema de processamento digital de ima­
gens baseado em redes neurais, que auxilia um intérprete
Em países em desenvolvimento, a população rural migra para de imagem a obter a classificação correta de uso e cober­
a cidade na esperança de conquistar uma qualidade de vida tura da terra para uma determinada área. N o passado, o
462 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana

a. Condomínio residencial no Colorado (nível 1123). O número de b. Complexo de apartamentos de dois pavimentos em Columbia,
acessos para pedestres, acessos para autos e estruturas de telhado indi­ SC (nível 1123), com numerosos acessos para pedestres e circun­
cam a quantidade de unidades habitacionais presentes. O conjunto no dado por áreas de estacionamento.
canto superior esquerdo é um quadriplex, e o conjunto no canto supe­
rior direito é um heptaplex. Os dois conjuntos inferiores são pentaplex.

Figura 13-9 Exemplos de residenciais multifamiliares


(nível 112).

c. Complexo de apartamentos em residência universitária de doze


pavimentos na Universidade da Carolina do Sul (nível 1123).
Uso do Solo Residencial 463

Window Help
NJew Criteria File
Add Attribute to Criteria File
New Interpretation Theme
ÇollectTraining Data
Ira in the Neural Network
C fillectTe stD ata
Perform Classrfication S istem a de In terpretação de Im agem B asead o
em R edes N eurais

a. Interface do usuário. b. Interface de entrada de dados.

Figura 13-10 a) A interface do usuário de um sistema de interpretação baseado em redes neurais que assiste o analista de imagem na difícil
discriminação dos usos do solo urbano. Neste exemplo, o analista usou um recurso de digitação em tela para demarcar um
objeto de interesse desconhecido, b) O intérprete então utilizou um menu de apontamento e seleção para identificar atribu­
tos primitivos dentro do objeto de interesse, tais como a existência de área(s) de estacionamento, acessos para pedestre ou
calçadas, etc. A informação empírica é transmitida à rede neural, que então compara este padrão com padrões previamente
informados (que corresponde de fato aos pesos da rede) e tenta identificar o objeto desconhecido como um complexo resi­
dencial multifamiliar (Jensen et al., 2001).

intérprete tinha que confiar nas complexas e dicotômicas Infraestrutura Construtiva e Cadastral (Limites de
chaves para assisti-lo no processo de interpretação. Ago­ Propriedades Imobiliárias)
ra, o analista de imagem pode desenhar um polígono em
torno de um atributo da cena, como o mostrado na Figu­
ra 13-10a, e então informar ao sistema as características Em adição à informação fundamental sobre a escala no­
observadas no polígono de interesse usando um simples minal de diferentes classes de cobertura e uso da terra (i.e.,
menu de apontamento e seleção de itens, tal como in­ identificar se um objeto é uma residência unifamiliar ou
dicado na Figura 13-10b. As características podem in­ um edifício comercial), planejadores da área de transporte,
cluir o número de calçadas ou acessos para pedestres, a companhias de serviços públicos, assessores tributários e
presença de um acesso para veículos e/ou garagem, áreas outros requerem informações mais detalhadas sobre o pe­
de estacionamento, múltiplos pavimentos, bem como o rímetro das edificações, a área, a altura, os acessos, pátios,
tamanho geral do fenômeno observado. A rede neural muros, piscinas, edifícios agregados (como armazéns, gara­
então processa essas informações e devolve ao analista de gens, edículas, etc.), bem como sobre o paisagismo do en­
imagem o que julga ser o código de cobertura ou uso da torno, com frequência de um a cinco anos (Tabela 13-1).
terra mais apropriado para a situação em análise. A rede
neural é treinada a partir de dados observados no mundo E possível identificar a presença de construções indivi­
real e ela efetivamente aprende com eles. O sistema de dualmente, usando-se imagens monoscópicas e vários
interpretação baseado em redes neurais também pode ser elementos de interpretação de imagem, tais como tama­
usado para a interpretação de outros usos do solo, in­ nho, forma e contexto (Tullis e Jensen, 2003; Jensen et
cluindo comércio, serviços e atividades industriais (Jen­ al., 2005). Entretanto, a projeção horizontal detalhada das
sen et al., 2001). N o futuro, plataformas de interpretação construções no terreno e limites de propriedade são mais
baseadas em redes neurais ou sistemas especialistas serão, bem obtidos usando-se fotografia aérea pancromática este­
muito provavelmente, o meio de extração de detalhadas reoscópica ou outros dados de sensores remotos com uma
informações urbanas a partir de dados de sensoriamento resolução espacial de < 0,25 — 5 m (p.ex., Ehlers et al.,
remoto (Jensen e Hodgson, 2004). 2003). Por exemplo, fotografia aérea pancromática estere-
464 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana

a. Fotografia aérea pancromática vertical em escala 1:2.400. c. Estrutura aramada tridimensional do Capitólio, EUA, extraída a
b. Informação cadastral planimétrica (x,y) extraída a partir de fo­ partir de fotografia aérea vertical de grande escala, incluindo a pro­
tografia aérea estereoscópica, incluindo curvas de nível (60 cm), pro­ jeção horizontal com precisão, a altura, a área, o perímetro e o vol­
jeção das edificações, cercas, muros de contenção e árvores de grande ume dessa construção. As duas fotografias podem ser visualizadas de
porte (Jensen e Cowen, 1999). modo estereoscópico (cortesia de I.H Systems, LLC, San Diego, CA
e Marconi Integrated Systems, Inc.; © SO C E T Set).

Figura 13-11 Extração de informação cadastral a partir de fotografia aérea vertical estereoscópica, usando a) técnica tradicional, e
b,c) técnicas de fotogrametria digital (por favor, consultar o Capítulo 6). Esta informação é vital para um inventário
preciso do uso do solo residencial, comercial e industrial. Ela pode ser adquirida usando levantamento topográfico
tradicional ou técnicas de fotogrametria.

oscópica com resolução espacial de 0,25 x 0,25 m foi usada de fundo, sobre o qual informações cadastrais e tributárias
para extrair as dimensões exatas de casas individualmente, são adicionadas (Cowen e Craig, 2004).
bem como suas respectivas edículas e garagens, árvores,
piscinas, acessos para autos, muros e limites de proprie­ Dados detalhados sobre o volume e altura das construções
dade em uma área residencial unifamiliar, como mostrado também podem ser extraídos a partir de imagens estereos­
na Figura 13-1 la,b. Em muitos casos, as cercas ou muros cópicas de alta resolução espacial (0,25 —5 m) (Capítulo 6).
correspondem aos limites de propriedade ou limites ca­ Como exemplo, a estrutura aramada tridimensional do Ca­
dastrais. Se as cercas ou muros não forem visíveis ou não pitólio, EUA, é mostrada na Figura 13-1 lc. O perímetro,
corresponderem verdadeiramente ao limite da proprieda­ área, volume e projeção horizontal dessa construção estão
de, eles podem então ser identificados por um topógrafo disponíveis. Esse tipo de informação detalhada sobre uma
em campo, e essa informação ser sobreposta às ortofotos edificação permite a identificação exata do tipo de cobertura
ou mapas planimétricos da base de dados correspondente, empregada (p.ex., telhado convencional de duas águas, man­
a fim de constituir o plano de informação relativo ao mapa sarda, telhado de várias águas, telhado com águas desencon­
cadastral. Muitos municípios nos Estados Unidos usam tradas, laje), o que pode ser usado igualmente para inferir a
imagens de alta resolução espacial como fonte para infor­ data da construção (Lo e Yeung, 2002). Informações sobre a
mações cadastrais e, também, como um banco de imagens construção também podem ser obtidas a partir de imagens
Uso do Solo Residencial 465

de satélite de alta resolução espacial. Por exemplo, Fraser et dades domiciliares, baseada nas seguintes premissas (Lind-
al. (2002) constataram que as construções podem ser extraí­ gten, 1985; Lo, 1995; Holz, 1988; Haack et al., 1997):
das de imagens estéreo IK O N O S 1 x 1 m, com uma precisão
planimétrica de 0,3 - 0,6 m, e altimétrica de 0,5 —0,9 m. • As imagens devem ter resolução espacial suficiente
para permitir a identificação de estruturas individuais,
Características Socioeconômicas Derivadas da ainda que sob cobertura arbórea esparsa, bem como
Informação sobre as Construções Residenciais para discriminar se as estruturas são residenciais, co­
Unifamiliares ou Multifamiliares merciais ou industriais.

• Alguma estimativa acerca do número médio de pessoas


Atributos socioeconômicos específicos podem ser extraídos por unidade domiciliar deve estar disponível.
diretamente de dados de sensores remotos ou através de in­
formação indireta obtida das imagens. Duas das mais impor­ • Alguma estimativa acerca do número de trabalhadores
tantes são inferência (ou estimativa) populacional e indicadores migrantes, sazonais e “sem-teto” também é necessária.
de qualidade de vida, derivados primariamente da informa­
ção sobre o estoque residencial unifamiliar ou multifamiliar. • Assume-se que todas as unidades domiciliares estejam
ocupadas, e que apenas n famílias vivam em cada unida­
Inferência Populacional de (dado calibrado usando-se informação de campo).

Saber quantas pessoas vivem em uma determinada área ge­ Isto é normalmente executado a cada cinco ou sete anos e
ográfica ou unidade político-administrativa (p.ex., cidade, requer dados de sensoriamento remoto de alta resolução
município, estado, país) é uma informação muito valiosa espacial (0,25 —5 m). Por exemplo, unidades domiciliares
(Jensen et al., 2002). De fato, alguns sugerem que os efei­ individuais em Irmo, S C (Carolina do Sul), foram extraídas
tos globais resultantes do aumento da densidade popula­ de dados multiespectrais aerotransportados, com resolução
cional e a consequente conversão de muitos ecossistemas de de 2,5 x 2,5 m. A correlação entre os dados de unidades
cobertura da terra sejam muito mais significativos do que domiciliares derivados de sensoriamento remoto e os dados
aqueles originários de mudanças climáticas propriamente de unidades domiciliares da “Agência de Recenseamento
ditas (Skole, 1994). A inferência populacional pode ser exe­ Americana” (Bureau o f the Census) para uma área contendo
cutada em nível local, regional e nacional, com base em: 32 distritos censitários forneceu um R2 = 0,81, que respon­
deu por 81% da variância. Essas constatações sugerem que
• contagem individual de unidades domiciliares (o que os novos sensores pancromáticos de alta resolução espacial
requer resolução espacial nominal de 0,25 - 5 m) (Jen­ podem fornecer uma boa fonte de informação para o moni­
sen et al., 2005); toramento do estoque habitacional de uma comunidade de
forma sistemática. Isto permitirá aos governos locais prever
• medição da extensão de áreas urbanizadas (frequente­ a necessidade e planejar novas escolas e serviços com dados
mente denominada como tamanho do assentamento) que possuem uma resolução temporal de frequência mais
(p.ex., Tatem et al., 2004); elevada que os censos decenais. Esses dados também serão
valiosos para outras aplicações, como empreendimentos
• estimativas derivadas da classificação de uso da terra/ imobiliários, publicitários e outros. Infelizmente, a abor­
cobertura da terra (Lo, 1995; Sutton et al., 1997; Sut- dagem baseada na contagem individual de unidades domi­
ton, 2003). ciliares não é apropriada para recenseamentos populacio­
nais em escala regional/nacional, visto que ela é demorada
Técnicas de sensoriamento remoto podem fornecer estima­ e onerosa (Sutton et al., 1997). Alguns afirmam que esse
tivas populacionais que se aproximam da precisão de mé­ método requer tantos dados de campo para calibrar os da­
todos tradicionais de recenseamento, se houver a disponi­ dos de sensoriamento remoto que ele se torna impraticável
bilidade de dados de campo suficientemente precisos para do ponto de vista operacional. Portanto, outros métodos
calibrar o modelo de sensoriamento remoto. Infelizmente, foram desenvolvidos para este fim.
contagens populacionais feitas por amostragem mostram-se
frequentemente por demais imprecisas. Em muitos casos, H á uma relação entre a área construída urbanizada (tama­
métodos de sensoriamento remoto podem ser superiores a nho do assentamento) extraída a partir de uma imagem de
contagens feitas de forma amostrai em campo. sensoriamento remoto e a população nela residente (popu­
lação do assentamento) (Olorunfemi, 1984):
O método de sensoriamento remoto mais preciso para fins
de inferência populacional é a contagem individual de uni­ r = a x Ph (13-1)
466 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana

Figura 13-12 Imageamento noturno na faixa do infravermelho próximo de praticamente todo o território dos EUA, com resolução de 1 x 1
km, obtido pelo “Sistema de Varredura Operacional do Programa de Satélites Meteorológicos de Defesa” (Defense Meteorologi-
cal Satellite Program Operational Linescan System —DMSP-OLS). Quando os dados foram agregados para o nível de condados
ou Estados, a análise espacial dos clusters ou agrupamentos de pixels saturados pôde estimar a população com um = 0,81
(Sutton et al., 1997; cortesia de American Society for Photogrammetry & Remote Sensing).

em que ré o raio do círculo envolvente da área povoada, a é ceram um valor empírico para a densidade populacional de
uma constante de proporcionalidade obtida empiricamente, cada uso da terra por meio de pesquisa de campo ou dados
P é a população, e b é um expoente derivado empiricamen­ de censo (p.ex., residências multifamiliares podem conter
te. As estimativas desses parâmetros são razoavelmente con­ cinco pessoas por pixel usando dados de 30 x 30 m do The-
sistentes em escalas regionais, mas a estimativa do parâmetro matic Mapper; áreas rurais florestadas apresentam apenas
a varia de região para região. Sutton et al. (1997) usou ima­ 0,20 pessoas por pixel). Então, ao se estimar a área total
gens noturnas do visível e infravermelho próximo, com re­ para cada categoria de uso da terra, estima-se na sequência
solução de 1 x 1 km, do “Sistema de Varredura Operacional a correspondente população total por categoria. Somando-
do Programa de Satélites Meteorológicos de Defesa” (Defen­ se os totais estimados para cada categoria de uso da terra,
se Meteorological Satellite Program Operational Linescan Sys­ chega-se finalmente a uma projeção de população total (Lo,
tem - DM SP-OLS) para inventariar a extensão de áreas ur­ 1995). O método da área urbana construída/uso da terra
banas nos Estados Unidos (Figura 13-12). Quando os dados também pode ser baseado em dados de sensores remotos
foram agregados para o nível de condados (macrorregiões) multiespectrais com resolução espacial mais grosseira (5 -
ou estados, a análise espacial dos clusters ou agrupamentos 20 m) a cada 5 - 1 5 anos. Elenderson e Xia (1998) discu­
de pixels saturados pôde estimar a população com um Rf tem como imagens de radar podem ser valiosas para fazer a
= 0,81 novamente. Sutton (2003) usou imagens noturnas inferência populacional usando essas mesmas técnicas.
do DM SP-O LS para medir o consumo de uso da terra per
capita na forma de um índice agregado para as áreas urbanas Indicadores de Q ualidade de V ida
espacialmente contíguas dos Estados Unidos, com popula­
ção > 50.000 habitantes. Tatum et al. (2004) delimitaram Renda adequada, habitação digna, boa educação, serviços de
assentamentos no Quênia usando dados do Landsat TM e saúde, além de um ambiente físico com qualidade (p.ex., sem
do JE R S-1 - radar de abertura sintética (synthetic aperture ra­ riscos ou resíduos indesejáveis) são indicadores importantes
dar - SAP), visando produzir mapas populacionais de média de bem-estar social e qualidade de vida (Lo e Faber, 1998; Lo
escala para melhorar o planejamento da saúde pública. e Yeung, 2002). A avaliação da qualidade de vida de uma po­
pulação de forma contínua é importante, porque auxilia pla­
Uma outra técnica de inferência populacional amplamente nejadores e órgãos de governo envolvidos com serviços sociais
adotada é baseada no emprego da informação de uso da a se conscientizarem das áreas carentes e problemáticas.
terra dos Níveis I - III. Essa abordagem assume que o uso
da terra em uma área urbana é estreitamente correlacionado A maior parte dos estudos sobre qualidade de vida baseou-
com a densidade populacional. Os pesquisadores estabele­ se na análise de informação socioeconômica derivada de
Uso do Solo Residencial 467

Tabela 13-8. Atributos urbanos/periurbanos que podem ser de cômodos, valor médio do aluguel e nível educacional)
extraídos a partir de dados de sensores re­ podem ser estimados pelos atributos urbanos listados na
motos e usados para determinar a qualidade Tabela 13-8, extraídos a partir de imagens de alta e média
das habitações e/ou a qualidade de vida. resolução espacial (0,25 - 30 m) (Lindgren, 1985; Holz,
Fator Atributos 1988; Avery e Berlin, 1992; Haack et al., 1997; Lo e Faber,
1998; D a Costa e Cintra, 1999; Lo e Yeung, 2002; Jensen
Sítio Físico Construção
et al., 2005). Cumpre salientar que os atributos são organi­
• unifamiliar ou multifamiliar
• tamanho (m2) zados pelo sítio (construção e lote) e situação. O sítio pode
• altura (m) estar situado em vizinhanças positivas ou negativas.
• idade (obtida por convergência de evidên­
cias) Esses atributos derivados de sensoriamento remoto devem
• garagem (anexa, isolada) ser correlacionados com observações de censo levantadas
Lote em campo para computar os indicadores de qualidade de
• tamanho (m2) vida. Lo e Faber (1998) sugerem que, em muitas cidades,
• jardim dianteiro (m2) a vegetação é um bem precioso e dispendioso, e que apenas
• jardim dos fundos (m2) os habitantes mais abastados podem se dar ao luxo de man­
• recuo frontal (m)
ter áreas ajardinadas e árvores no seu ambiente de moradia.
• acesso para veículos (pavimentado, não-
Eles observaram que a informação de intensidade de verde
pavimentado)
• presença de muro ou cerca igreenness) extraída de dados T M encontrava-se altamente
• piscina (no solo, em pavimento acima do correlacionada com a qualidade de vida. Indicadores de qua­
solo) lidade de vida são usualmente coletados a cada 5 - 1 0 anos.
• pátio, deck
• edícula e/ou edifícios anexos (celeiros) Influências Am bientais A ssociadas com o Zoneam ento
• densidade de construções por lote
• percentual de áreas livres ajardinadas O zoneamento é uma ferramenta usada pelos planejadores
• saúde da vegetação (p.ex., NDVI, greeen- urbanos para o controle das características físicas de pai­
ness) sagens urbanas em desenvolvimento, pela imposição de
• via de acesso pavimentada ou não-pavi-
restrições a variáveis, como altura máxima e densidade das
mentada
edificações, percentual de área do terreno que deve perma­
• veículos abandonados
• lixo necer impermeável ou livre de construções, tipos de uso do
solo e atividades. Essas variáveis, por sua vez, influenciam
Situação Adjacência a Equipamentos Comunitários
processos ambientais de trocas de energia entre a atmosfe­
• escolas
ra e a superfície terrestre, regimes hidrológicos superficiais
• comércio
• igrejas/templos e subterrâneos e regimes climáticos e meteorológicos de
• hospitais micro a mesoescala. Wilson et al. (2003b) revelaram que
• posto de bombeiros houve diferenças significativas na temperatura radiante de
• espaços livres, parques, campos de golfe superfície e no índice de Vegetação Normalizado pela D i­
• várzeas ferença (Norm alized Difference Vegetation Index —NDVI)
Adjacência a Incômodos ou Riscos obtidos de imagens Landsat 7 ET M + para diferentes clas­
• ruas de tráfego intenso ses de zoneamento em Indianápolis, IN. Isso sugere que a
• ferrovia ou pátio de manobras de trens integração de dados de zoneamento de uma cidade em um
• aeroportos e/ou rotas de tráfego aéreo Sistema de Informações Geográficas - SIG - com medidas
• autoestrada
da temperatura de superfície e do N D V I obtidas a partir
• localização em planície inundável
de dados de sensoriamento remoto é capaz de fornecer in-
• estação de tratamento de esgoto
• área industrial sights ou “compreensão imediata” aos planejadores urbanos
• usina de energia ou subestação sobre possíveis consequências ambientais de certas deci­
• linhas de alta tensão sões de zoneamento.
• terreno íngreme
Demanda e Conservação de Energia
levantamentos em campo. Imagens de sensoriamento re­
moto raramente têm sido usadas em estudos sociais. Ape­ A demanda de energia local urbana/periurbana (algumas
nas recentemente, estudos de análise fatorial documenta­ vezes denominada como densidade de distribuição de car­
ram como indicadores de qualidade de vida (tais como, ga) pode ser estimada com o uso de dados de sensoriamen­
valor da habitação, renda familiar média, número médio to remoto. A princípio, determina-se individualmente a
468 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana

área das construções a partir de imagens de alta resolução


espacial. Informação sobre o consumo de energia local
com base em dados de campo é então obtida para uma
amostra representativa de residências na área. A seguir, são
gerados modelos de regressão para prever o consumo futu­
ro de energia para a região. Também é possível prever qual
o potencial de energia solar fotovoltaica presente em uma
região, por meio da modelagem da orientação em relação
ao Sol e área individual de cobertura de cada casa, em face
de restrições conhecidas de geração de energia fotovoltaica.
Ambas as aplicações requerem imagens de alta resolução
espacial (0,25 - 1 m) (Curran e Hobson, 1987; DOE,
2005). O consumo de energia em nível regional ou nacio­
nal também pode ser previsto usando-se imagens D M SS
(p.ex., Elvidge et al., 1997; Sutton et al., 1997).

Numerosos estudos documentaram como imagens do in­


fravermelho termal (8 — 14 pm) de alta resolução espacial
(1 - 5 m) obtidas de madrugada podem ser usadas para in­
ventariar a qualidade relativa do isolamento térmico de ha­ Figura 13-13 Uma parte do centro financeiro ou de negócios (cen­
bitações se (i) o material de cobertura é conhecido (p.ex., tral business district - CBD) do centro de Seattle, WA.
asfalto versus telhas de madeira), (ii) não há umidade na A região foi desmatada e é composta basicamente por
cobertura, (iii) a orientação e declividade da cobertura são altos edifícios que abrigam empresas de serviços finan­
conhecidas (Eliasson, 1992). Se a conservação de energia ceiros, seguradoras e do setor imobiliário. Inúmeros
complexos de apartamentos de múltiplos pavimentos
ou geração de potência fotovoltaica fosse importante para
também são encontrados. Um sistema viário sistemati­
um país, essas variáveis deveríam ser coletadas com uma camente retangular atende a área. Um novo edifício
frequência de um a cinco anos. de escritórios está em construção no canto superior
esquerdo da imagem, obtida com a câmera digital
O uso ativo ou passivo da energia solar pode ser usado para ADAR 5500, com resolução de 1 x 1 m (cortesia de
reduzir o consumo de energia elétrica predial e, portan­ Positive Systems, Inc).
to, reduzir o consumo de combustíveis fósseis. Hammer
et al. (2003) demonstraram como a quantidade de irra- caracterizam certas atividades em uma cultura em particu­
diância solar na superfície pode ser determinada a partir lar. Cada cultura possui atividades comerciais e de serviços
de dados de satélites geoestacionários e utilizada a seguir peculiares. Por exemplo, há muitos tipos de comércio en­
em um modelo preditivo (HELIO SAT) para previsões de contrados em cenários urbanos asiáticos, que simplesmente
energia solar. O objetivo é fornecer técnicas inteligentes de não existem em paisagens urbanas ocidentais. Portanto, um
controle da temperatura predial em tempo quase-real, que analista de imagem deve conhecer bem o universo cultural
considerem sistemas que se utilizam da energia solar (p.ex., do país de interesse antes de proceder ao inventário e mape­
painéis solares, clarabóias). amento de atividades comerciais e de serviços usando dados
de sensores remotos. De fato, se o analista não presenciou
Uso do Solo Para Comércio e ainda um dado fenômeno em solo e não entende totalmen­
V Serviços te o significado e finalidade cultural de certa atividade ou
H$s comércio, então é muito improvável que ele possa realizar
uma interpretação correta (Jensen et al., 2002).
As pessoas desenvolvem atividades comerciais (negócios)
para o fornecimento de alimentos, vestuário e abrigo para O autor ampliou o “Sistema de Classificação de Uso da Ter-
elas mesmas e suas famílias. Muitas trabalham em ativida­ ra/Cobertura da Terra do U SG S” nas Tabelas 13-4 a 13-6
des de serviços, fornecendo educação, assistência médica, para incluir classes do Nível IV e algumas classes do Nível V.
saneamento, proteção policial e contra incêndios, etc., vi­ Essa extensão é basicamente para paisagens dos Estados Uni­
sando melhorar a qualidade de vida para toda a comuni­ dos e Europa ocidental, mas pode ser aplicada de forma geral
dade. Curiosamente, muitas dessas atividades são visíveis a outros países desenvolvidos. Ela corresponde a um sistema
na paisagem. Atividades comerciais e de serviços frequen­ hierárquico, baseado no bom-senso, que pode ser agregado
temente apresentam uma única assinatura cultural definida de volta ao Níveis I e II. Essa extensão não está completa
pela associação de materiais e estruturas específicos, que em conteúdo; pelo contrário, ela reflete uma tentativa de ca-
Uso do Solo Para Comércio e Serviços 469

a. Agência de venda/revenda de carros em Columbia, SC (nível b. Típico posto de serviços automotivos, com múltiplas ilhas para o
12111). Carros para venda encontram-se sistematicamente dispos­ abastecimento de gasolina ou óleo diesel, além de um edifício princi­
tos para inspeção pelo comprador e facilidade de saída e retorno. pal, consistindo de baias de serviços ou mini-mercado (nível 12112).
As tampas circulares dos tanques de armazenamento de combustível
subterrâneos são visíveis neste exemplo.

Figura 13-14 Exemplos de estabelecimentos comerciais automotivos (nível 1211).

tegorizar o uso do solo que responde por aproximadamente Entretanto, os CBD s de algumas cidades nos Estados Unidos
95% do uso do solo urbano encontrado na maior parte das acabaram transformando-se em (1) bolsões de pobreza, (2)
cidades desenvolvidas. Sempre que possível, ela se utiliza de áreas de segregação social, em que apenas moradores idosos
uma terminologia comum. Uma definição detalhada de cada lá residem, à exceção de umas poucas famílias jovens, e/ou
classe não é fornecida aqui. Entretanto, é instrutivo fornecer (3) áreas de renovação urbana, com a presença de edifícios
exemplos dos vários tipos de uso do solo, além de comentá­ novos para atrair profissionais da classe média e suas respec­
rios sobre as características únicas que permitam a distinção tivas famílias de tamanho reduzido (geralmente com até dois
de um determinado tipo de comércio ou serviço dos demais. filhos). Essas e outras condições tornam difícil a identificação
do exato tipo de uso do solo em uma dada área do CBD.
O Centro Financeiro ou de Negócios (The Central Usualmente, é preciso levantamento de campo em adição a
Business District CBD)- análises feitas por meio de dados de sensoriamento remoto.

Uso do Solo Comercial


O centro financeiro ou de negócios (CBD - central business
district) de muitas cidades constitui-se na porção da paisagem
urbana mais diferenciada, com seus altos edifícios de escritó­ Uso Autom otivo e H idroviário/M arítim o
rios e a densidade mais elevada de uso do solo. Muitos CBD s
têm sofrido mudanças consideráveis em anos recentes, parti­ O mundo desenvolvido, em especial os Estados Unidos, é
cularmente nos Estados Unidos. Geógrafos urbanos utilizam adepto passional do automóvel particular e de outras formas
o termo “terceirização” para descrever a perda de indústrias pessoais de transporte, como caminhões, veículos utilitários,
(setor produtivo secundário) pelas cidades atualmente, e o veículos de recreação e barcos. Grande parte da renda pessoal
decorrente apogeu de atividades terciárias (comércio/servi- disponível é gasta para a aquisição e manutenção desses veí­
ços) e quaternárias (centros de ensino e pesquisa), em especial culos. Portanto, a paisagem urbana é salpicada por atividades
de empresas de serviços financeiros, seguradoras e do setor para a venda/revenda desses veículos, postos de abastecimen­
imobiliário. H á também muitos outros serviços profissio­ to de combustível, bem como oficinas/concessionárias para a
nais que caracterizam as cidades modernas e o fenômeno de venda de peças e serviços de reparo. Finalmente, restos desses
dispersão urbana. O centro da cidade de Seattle, WA, é um veículos são encontrados em cemitérios automotivos.
exemplo de centro financeiro por excelência (Figura 13-13).
Inúmeros edifícios de escritórios abrigam empresas do setor Agências de venda/revenda de carros, caminhões e barcos
financeiro, de seguros e do setor imobiliário. No entanto, novos e usados são relativamente fáceis de serem identi­
algumas das torres, como são chamados esses altos edifícios, ficadas, devido à miríade de veículos ou barcos organiza-
também abrigam residências uni e multifamiliares. damente estacionados em amplos estacionamentos, bem
470 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana

Figura 13-15 Exemplo de uso do solo comercial para shopping center e lojas de departamentos em alguns países desenvolvidos, a) Uma
loja de departamentos (nível 12131) Toys-R-Us, Inc. encontra-se isolada e independente do shopping center. O complexo
comercial do shopping center (nível 12132) é sustentado por três cadeias de lojas principais: Sears-Rocbuck, Inc. (b), Belk,
Inc. (c) e Dillards, Inc. (d). O corredor central do shopping é fechado e apresenta algumas clarabóias. O shopping é comple­
tamente circundado por estacionamentos, alguns dos quais são pavimentados por asfalto (cor escura), e outros, por concreto
(cor clara). A cobertura da loja de departamento Whites (e) é de asfalto, dificilmente discernível da área de estacionamento
adjacente. Nota-se a imensa quantidade de aparelhos de ar-condicionado em cada edifício.

como devido à presença de grandes showrooms e centros de vos, de jardinagem, vestuário, brinquedos). As instalações
serviço anexos (Figura 13—14a). Oficinas de reparo e/ou dessas lojas estão entre as de maior porte em área (m2) de
serviços isoladas são difíceis de identificar, mas usualmen­ uma região (Figura 13-15 localização d). Imensas áreas de
te possuem grandes estacionamentos, com vários veículos estacionamento encontram-se nas suas adjacências. Lojas
presentes em diferentes estágios de conserto. de departamento isoladas normalmente apresentam pon­
tos para armazenagem de carrinhos de compra.
Postos de abastecimento de combustível frequentemente
apresentam uma estrutura isolada, com sua própria cober­ De forma diversa, um shopping center é uma associação de
tura, na qual o abastecimento é feito, além de um edifício múltiplas lojas, especializadas ou de departamentos, e even­
destacado para abrigar uma loja de conveniência, e even­ tualmente hipermercados (Figura 13—15 localizações b,c,d).
tualmente uma outra edificação para lavagem de veículos. De modo geral, os shopping centers constituem-se em um dos
Postos de abastecimento comumente localizam-se em es­ maiores complexos construtivos de uma região (m2). As lojas
quinas (Figura 13-14b). Vários carros são encontrados no em um shopping são conectadas por amplos corredores, geral­
entorno de postos de abastecimento. mente cobertos. Clarabóias e coberturas transparentes são fre­
quentemente utilizadas, sobretudo em praças de alimentação.
Cemitérios automotivos apresentam um enorme número Na maioria dos casos, um shopping é completamente circun­
de veículos dispostos desordenadamente sobre o terreno, dado por estacionamentos de um ou mais andares, e eventual­
muitos deles sem capô e chassis. Vegetação rasteira pode ser mente estacionamentos subterrâneos. Hipermercados e shop­
observável entre os veículos, facilitando a sua diferenciação ping centers localizam-se com frequência no entroncamento de
de agências e concessionárias de vendas de automóveis. vias expressas e/ou estradas. Usualmente, essas construções são
facilmente identificáveis, em vista de seu porte e localização.
H iperm ercados e Lojas de D epartam ento
Em presas do Setor Financeiro e C onstrutoras
Hipermercados (p.ex., WalMart, Extra, Carrefour) e lojas
de departamento (p.ex., Americanas) oferecem inúmeros Normalmente, encontra-se no centro financeiro de uma ci­
produtos em uma única instalação (p.ex., artigos esporti­ dade um imenso número de escritórios de bancos, agências
Uso do Solo Para Comércio e Serviços 471

a. Serviços financeiros, incluindo bancos (nível 12141), b. Um estabelecimento bancário isolado (nível 12141),
seguradoras (nível 12142) e empresas do setor imobiliário contendo o edifício principal e um sistema “drive-through”
(nível 12143) são encontrados na torre de escritórios “Affin- de caixa eletrônico anexo. Neste exemplo, uma área do es­
ity Office Building”, localizada no centro da cidade de Co- tacionamento é normalmente vinculada com a agência pro­
lumbia, SC. O deslocamento do topo da construção nesta priamente dita, ao passo que outra parte do estacionamento
fotografia aérea vertical original em escala 1:6.000 fornece atende ao tráfego dos serviços “drive-through”,
informações detalhadas sobre a fachada lateral do edifício,
auxiliando na tarefa de interpretação da imagem.
í
Figura 13-16 Exemplos de uso de serviços financeiros (nível 1214).

de seguro, firmas de corretagem de bens e títulos, empresas cios podem tanto dificultar quanto auxiliar a identificação
construtoras e imobiliárias (p.ex., imagem de Seattle, WA, de construções. Neste sentido, o deslocamento do topo de
na Figura 13-13). Áreas de estacionamento podem ser visí­ um edifício ajuda a sua própria identificação, uma vez que
veis ao nível do solo ou sob a forma de edifícios de garagem. suas laterais (fachadas) tornam-se visíveis, fornecendo uma
Essas áreas também manifestam-se sob a forma de grandes boa impressão do formato vertical do edifício. As sombras
estruturas no subsolo. Um exemplo a ser citado é a torre de auxiliam a destacar o edifício do restante da cena. Quando
escritórios “Affinity Office Building”, localizada no centro se usam tais fotografias aéreas, é necessário usar técnicas fo-
da cidade de Columbia, SC (Figura 13-l6a). Trata-se do togramétricas para compensar o deslocamento do topo, se
mais alto edifício da cidade, que abriga bancos, firmas de o objetivo é o mapeamento do perímetro exato do edifício
corretagem, agências de seguro, além do escritório de vendas em termos planimétricos (x,y). N ão se pode simplesmente
de passagens de uma companhia aérea. O estacionamento desenhar um polígono em torno do edifício e assumir que
desse edifício encontra-se basicamente no nível do solo. E ele esteja na posição planimétrica correta. Alguns pensam
impossível especificar quais as atividades que se desenvolvem que o deslocamento do topo de construções não ocorre em
em um edifício de escritórios como esse. Portanto, muitas imagens orbitais de alta resolução espacial. Infelizmente
vezes é necessário rotular o edifício e suas adjacências como isso não é verdadeiro, uma vez que em imagem IKO N O S
sendo de uso comercial. Levantamento de campo ou dado e QuickBird, por exemplo, o deslocamento de edifícios é
censitário pode fornecer alguma informação adicional. plenamente aparente.

Amplos edifícios de escritórios como esse são comumente Instalações bancárias destacadas possuem tipicamente uma
encontrados nas maiores cidades do mundo. Em fotografias estrutura em pórtico para serviços “drive-through" (serviço
aéreas de grande escala, o deslocamento do topo dos edifí­ em que o usuário não precisa sair do seu veículo), na qual
cios ocorre em função de 1) como o edifício está localizado ocorrem transações financeiras (Figura 1 3 - 16b). Uma área
em relação ao datum empregado, 2) a altitude da aeronave de estacionamento é normalmente vinculada com a agên­
no momento da aquisição, 3) quão distante o edifício está cia propriamente dita, ao passo que outra parte do estacio­
localizado em relação ao ponto central da fotografia. Da namento atende ao tráfego dos serviços ''drive-through”.
mesma forma, os edifícios altos tendem a produzir grandes O analista de imagem deve tomar cuidado para não con­
sombras. O deslocamento do topo e as sombras dos edifí­ fundir a construção de um banco “drive-through” com um
472 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana

a. Exemplo de uma drogaria (nível 12151) à esquerda (1), anexa a um supermercado (nível b. Um restaurante fast-food (nível 12153).
12152), situado à direita (2). O pequeno edifício de um pavimento no estacionamento Nota-se o amplo estacionamento e a pista para
corresponde a uma loja de revelações fotográficas em uma hora —Fotomat (3). atendimento “drive-tbrougb”.

Figura 13-17 Exemplos de estabelecimentos para a comercializa­


ção de alimentos e remédios (nível 1215).

c. Um outro restaurante fast-food (nível 12153). Nota-se novamente a


pista “drive-througti’ com uma fila de carros aguardando o atendimento.

posto de abastecimento que também possui uma estrutura destacadas ou justapostas a outras, o que é mais comum. Esse
em pórtico do tipo “drive-througti’. é o caso, por exemplo, da drogaria (1) e supermercado (2)
justapostos mostrados na Figura 13—17a. Esses estabeleci­
Empresas de construção frequentemente possuem equipa­ mentos compartilham de uma ampla área de estacionamen­
mentos pesados (escavadeiras, caminhões basculantes, etc.) to comum. O código exato de uso do solo desses edifícios
localizados nos limites de suas propriedades, assim como é geralmente difícil de determinar sem trabalho de campo,
pilhas de materiais (p.ex., madeira, cimento, tijolos). porque as amplas instalações e facilidades de estacionamento
se parecem muito com outras atividades comerciais.
Alimentos e Rem édios
Restaurantes fast-food normalmente ocupam edifícios tér­
A paisagem urbana é repleta de estabelecimentos para a co­ reos, relativamente pequenos. Eles se localizam tanto em
mercialização de alimentos e remédios. Cadeias de supermer­ vias grandes quanto pequenas, apresentam áreas de esta­
cados e drogarias ocupam amplos edifícios com imensas áreas cionamento modestas, porém adequadas, e usualmen­
de estacionamento. Eles podem se constituir em construções te comportam uma pista única de atendimento “drive-
Uso do Solo Para Comércio e Serviços 473

Figura 13-18 Uma porção do Cemitério Elmwood em Columbia, SC (nível 12162), originalmente registrado por fotografia aérea em
escala de 1:10.000. Os pequenos pontos brancos correspondem a lápides individuais. As grandes estruturas brancas com
sombras referem-se aos túmulos. O edifício à direita é um grande mausoléu.

a. Exemplo de um motel (nível 12172). Muitos b. Columbia Plaza Hotel (nível 12171). Nota-se o complexo hoteleiro, consistindo
carros encontram-se estacionados diretamente do edifício elevado (com piscina no seu interior), da ampla área de estacionamento
em frente ao acesso para as suítes. e de um centro de convenções anexo, com rampa própria para carga e descarga em
eventos de feiras/exibições.

Figura 13-19 Habitação temporária —motéis e hotéis (nível 1217).


474 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana

through", que circunda o edifício (Figura 13-17b,c). Esse amplas áreas de estacionamento e piscina. Comumente,
dado é importante, pois diferencia os bancos com serviço o estacionamento em um motel é localizado em frente ao
“drive-through", os quais possuem tipicamente múltiplas quarto/suíte, ao passo que, de modo geral, os hotéis pos­
pistas "drive-through". Esses restaurantes possuem inúme­ suem amplos estacionamentos subterrâneos, que são de
ras entradas e saídas, apresentam paisagismo e jardinagem difícil detecção. Em muitos casos, os hotéis também apre­
modestos e, em alguns casos, playgrounds sofisticados com sentam quadras de tênis, enquanto que motéis são despro­
equipamentos de ginástica na área dianteira. vidos desse tipo de instalação. Grandes hotéis tendem a se
localizar próximos a vias principais, aeroportos, bem como
Restaurantes mais caros e de atendimento em maior escala estradas expressas com acesso controlado, ao passo que mo­
apresentam maior porte (m2) e paisagismo sofisticado com téis podem ser encontrados em qualquer lugar. Os hotéis
a presença de vegetação arbórea, ocupam uma área mais apresentam frequentemente um paisagismo mais luxuoso.
ampla e possuem áreas de estacionamento maiores que os
restaurantes fast-food. Tanto os restaurantes fast-food quan­ Há também áreas de camping especializadas que, de modo
to os mais refinados apresentam exaustores em seus telha­ geral, atendem aos viajantes em veículo próprio. Essas áre­
dos. Em alguns casos, a fumaça liberada pelos exaustores as possuem atributos únicos, incluindo acessos individuais
descolore as coberturas. para veículos, em que o carro pode ser estacionado, além
de pátios de concreto, sobre os quais uma barraca ou trailer
Velórios e Cem itérios podem se localizar. Há frequentemente uma piscina cen­
tral e outras facilidades de recreação. A área de camping
Após haverem viajado o equivalente a 100 vezes em torno é geralmente grande e situada próxima a uma estrada de
da Terra em seus automóveis durante um ciclo de vida (a maior porte. Usualmente, áreas de camping apresentam
Terra possui um perímetro de apenas 40.000 km) e have­ um tratamento paisagístico bem cuidado.
rem feito refeições em numerosos restaurantes fast-food, os
americanos e europeus ocidentais finalmente irão residir Construção e Jardinagem
em um cemitério ou mausoléu. Curiosamente, os cemité­
rios frequentemente confundem os analistas de imagem, Geralmente, esse tipo de atividade (p.ex., Leroy & Merlin,
ainda que possuam características únicas (Figura 13—18). Telhanorte) desenvolve-se em um único edifício de grande
Em países desenvolvidos, eles geralmente ocupam uma porte, com edificações de jardinagem justapostas, além de
porção de terra ampla e cara, frequentemente nas ime­ fileiras de arbustos, no entorno ou adjacentes ao edifício.
diações de igrejas. O paisagismo é de modo geral meti­ Também são visíveis pilhas de fertilizantes e outros ma­
culoso. O sistema viário é intrincado, com muitas vielas teriais, máquinas de jardim, como cortadores de grama e
estreitas. Em vários casos, as vielas seguem as curvas de trailers, fora do edifício, além de uma vasta área de esta­
nível do terreno. Mas o mais importante é que há centenas cionamento. Situa-se normalmente ao longo de uma via
de pequenos pontos brancos, que correspondem a lápides, expressa ou em bairros mais periféricos, próximos a áreas
sistematicamente espaçados entre si na paisagem. Frequen­ residenciais e condomínios horizontais.
temente, há um abrigo contendo equipamentos pesados
(escavadeira) e caixões, que podem também se localizar nas Recreação
imediações do abrigo, porém longe do campo de visão das
pessoas. Um velório para vigília dos mortos é geralmente A geração dos nascidos como fruto da explosão demográ­
construído em cemitérios, consistindo de um edifício am­ fica pós-segunda guerra mundial está em fase de envelhe­
plo e isolado, com estacionamento no seu entorno. cimento e, igualmente, a primeira e segunda geração dela
advindas. Muitos desses adultos estão fora de forma física,
H abitação Tem porária apresentam um poder aquisitivo elevado e possuirão cada
vez mais tempo livre, sobretudo depois da aposentadoria.
As pessoas em todo o mundo adoram pernoitar fora de casa Portanto, não é de surpreender que grandes quantidades
ou sair de férias. Isto resultou em uma profusão de peque­ de tempo, dinheiro e área na paisagem urbana sejam des­
nos motéis ao longo das estradas e de grandes complexos tinadas a instalações de recreação públicas e privadas, es­
hoteleiros usados tanto para negócios/convenções como pecialmente golfe. D a mesma forma, inúmeros parques
para recreação e descanso. Uma das maiores diferenças en­ temáticos, com uma enorme variedade de facilidades re-
tre um motel e um hotel é o tamanho. Os motéis tendem creacionais, encontram-se disponíveis ao público de forma
a ser pequenos e possuir poucos andares (Figura 13-19a). rotineira. Esses parques são relativamente fáceis de serem
Os hotéis consistem frequentemente de estruturas mais im- identificados com o uso de dados de sensores remotos,
positivas, em geral com quatro ou mais pavimentos (Figura devido às suas formas únicas e padrões curvilíneos. Por
13-19b). Tanto motéis como hotéis possuem usualmente exemplo, esse é o caso da montanha-russa, pista de cart e
Uso do Solo Para Comércio e Serviços 475

a. Montanha-russa em Myrtle Beach, SC, pavilhão do parque de diversão (nível 12191).

b. Uma típica pista de cart. A passagem em nível e c. Um tobogã aquático que deságua em uma piscina.
grande parte dos cantos da pista são leitos de concre­
to, enquanto o restante é pavimentado com asfalto.

Figura 13-20 Instalações de parques temáticos e de diversão.

tobogãs aquáticos localizados na Praia de Myrtle (Myrtle Piscinas são alvos fáceis de serem identificados, se for con­
Beach), SC , na Figura 13-20. siderado que elas geralmente apresentam uma faixa mais
escura na borda, já que muitas delas possuem uma ou mais
E uma tarefa relativamente simples a identificação de cam­ raias para natação. Elas se apresentam sob uma imensa va­
pos de beisebol, futebol ou futebol americano, pistas de riedade de formas e tamanhos, mas quase sempre têm áreas
corrida e quadras de tênis usando dados de sensoriamento significativas de deck no seu entorno. Dois exemplos são
remoto, porque elas apresentam uma organização espacial mostrados na Figura 13-24.
que atendem a especificações estritas. Exemplos dessas ati­
vidades e das dimensões das quadras e pistas encontram-se Muitas sociedades usam tributos para custear estádios pú­
resumidos nas Figuras 13-21 e 13-22. blicos ou salas de concerto. Um bom exemplo é o Estádio
da Universidade da Carolina do Sul (University o f South
Talvez o maior consumidor de terra dentro e fora das Carolina Coliseum) (Figura 13-25). Esses locais são usados
cidades sejam os campos públicos e privados de golfe. para uma enorme variedade de propósitos recreativos ou
Eles se apresentam sob uma imensa variedade de formas cerimoniais, incluindo jogos de basquete em quadra fecha­
e tamanhos de caminhos curvilíneos (fairways) e podem da, circos, corrida de tratores, concertos de rock, festas de
incluir nove, 18 e até 36 buracos. Eles são especialmente formatura, etc. Comumente, trata-se de imensos edifícios
fáceis de identificar com o uso de dados de sensores remo­ de múltiplos pavimentos, com sofisticado paisagismo e ro­
tos, porque sempre incluem uma sede social com amplo deados por amplas áreas de estacionamento.
estacionamento, longos caminhos curvilíneos, inúmeros
bancos de areia e lagos, além de colinas gramadas bem É praticamente impossível identificar um cinema instalado
cuidadas (Figura 13-23). dentro de um shopping center, a partir de dados de sensores
476 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana

Segunda
base

90 pés / \ 90 pés
x Campo de beisebol

Terceira Primeira
base base

Base do rebatedor
a. Dimensões de um campo de beisebol. b. Estádio de beisebol “ CapitoI City Bombers' da liga da segunda-
divisão, em Columbia, SC (originalmente na escala 1:6.000).

c. Campo de beisebol de uma escola do ensino médio. d. Estádio de beisebol “Atlanta Fulton County" , sede do
time de beisebol profissional “Atlanta Braves” (com resolu­
ção original de 2 x 2 m).

Figura 13-21 Exemplos de campos de beisebol (em formato de losango) de escolas do ensino médio, ligas da segunda divisão e ligas profis­
sionais (nível 12192). As dimensões do campo de beisebol permanecem as mesmas, ao passo que as instalações para o time
e espectadores mudam de forma considerável.

remotos. Entretanto, atualmente muitos complexos com mato circular é encontrada no local de um cinema drive-in,
salas de cinema são construídos de forma destacada, con­ e há dispositivos para sustentação de microfones a cada 5 m
tendo inúmeras salas de projeção e amplo estacionamento. no solo. O posto para vendas de ingressos localiza-se geral­
Algumas sociedades ainda possuem cinema drive-in, que, às mente no centro do sítio, o qual não apresenta paisagismo e
vezes, são dos alvos mais difíceis de identificar na paisagem é em geral pavimentado por asfalto ou cascalho.
urbana. O local de um cinema drive-in possui em geral o
formato circular ou de semicírculo, com um telão em uma Armazéns/Transporte de Cargas
das extremidades, sustentado por um ampla estrutura verti­
cal. Essa estrutura comumente produz longas sombras, de­ Os armazéns recebem mercadorias e então as reorganiza de
pendendo do período do dia. Usualmente, uma via em for­ acordo com ordens de emissão, que podem ser por cami-
Uso do Solo Para Comércio e Serviços 477

linha de linha de
eol Futebol Americano eol

b. Estádio de futebol americano da Universidade


da Carolina do Sul (nível 12193).
Futebol
150’-300’
Gol 24’

d. Campo de futebol e pista de corrida de uma escola do ensino mé­


c. Dimensões de um campo de futebol.
dio (nível 12193). As barras do gol revelam que o campo também é
usado para futebol americano.

e. Dimensões de uma quadra de tênis. f. Várias quadras de tênis, dispostas lado a lado, em um clube
de tênis (nível 12197).

Figura 13-22 Exemplos de um estádio de futebol americano universitário, um campo de futebol rodeado por uma pista de corrida em uma
escola do ensino médio, além de quadras de tênis comunitárias (as dimensões estão dadas em pés, 1 pé = 0,308 m).
478 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana

Figura 13-23 Fotografia aérea oblíqua baixa de um campo de golfe próximo a Atlanta, GA, com múltiplos caminhos longos e curvilíneos
(fairways), bancos de areia brilhantes e colinas gramadas bem cuidadas (nível 12194).

Figura 13-24 Fotografia aérea vertical de grande escala de piscinas (nível 12195) e decks adjacentes. A piscina à esquerda apresenta raias
de natação. A piscina à direita apresenta entulho dentro dela. Ambas as piscinas possuem profundidades rasas e elevadas.

nhões, trens ou navios, até o destino de transbordo ou final. ados nas docas ou nas suas proximidades imediatas. Como
Em geral, consistem de grandes construções com paisagis­ exemplo, uma fotografia aérea de uma porção do porto de
mo modesto. No caso de transporte por caminhões, há co- Seattle, WA, é apresentada na Figura 13-26. Nesse local, pi­
mumente uma ampla área de estacionamento, com sistemas lhas de minérios estão sendo carregadas em um navio a par­
elevados de carga/descarga (1,5 m de altura) em um ou mais tir de silos em formato cônico, usando um sofisticado siste­
lados do edifício. Empilhadeiras são frequentemente encon­ ma de esteira e guindaste. Amplos edifícios de armazéns são
tradas no pátio. Eventualmente, caixas de produtos não- encontrados nas proximidades do porto. Os minérios foram
perecíveis ou containers de carga também podem ser vistos trazidos às instalações portuárias pela via férrea adjacente.
na área de estacionamento. Os atributos mais característicos
para a identificação dessas áreas são as carrocerias situadas O utros Usos Com erciais
com a porta traseira voltada para o edifício de armazena­
gem, ou estacionadas sistematicamente ao longo do sítio, Finalmente, sobrevem a questão de como identificar todas
naturalmente fora das vias de circulação internas. as demais miríades de usos comerciais encontrados em pra­
ticamente todas as paisagens urbanas (lojas de hobby e ar­
Normalmente, o transporte de cargas em portos marítimos tigos esportivos, ópticas, lojas de vestuário, boliches, etc.).
ou fluviais compreende amplos edifícios de armazéns, situ­ É impossível determinar o tipo de atividade desenvolvido
Uso do Solo Para Comércio e Serviços 479

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Figura 13-25 Estádio multifinalitário pertencente à Universidade da Carolina do Sul (nível


12196). Um evento recreativo ou cultural está ocorrendo nesta data.

Figura 13-26 Armazenagem e carregamento de trigo e outras commodities no por­


to de Seattle, WA. Notam-se os silos em formato cônico, o sofisti­
cado sistema de esteira, os amplos armazéns em formato retangular
e as ramificações dos trilhos da via férrea, que transporta matérias-
primas até o porto.
480 CAPITULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana

b. Edifício de escritórios públicos com garagem de múltiplos pavimentos.

c. Ilha Ellis e a Estátua da Liberdade no Parque d. Fotografia aérea oblíqua baixa do Arco do Triunfo em Paris (12217).
Nacional em Nova Iorque, NY (12217).

Figura 13-27 Edifícios da administração pública, parques nacionais e monumentos.


Uso do Solo Para Comércio e Serviços 481

Figura 13-28 Exemplos de instalações educacionais em universidades públicas (nível 122124). a.) Fotografia aérea vertical do parque “hor-
seshoe” na Universidade da Carolina do Sul, fundada em 1801. Em épocas passadas, a maior parte dos edifícios circundando
o parque da ferradura era para pessoal administrativo, aulas e salas de alunos. Atualmente, a maior parte dos edifícios voltados
para o parque é de caráter administrativo. Este tipo de desenho arquitetônico é comum em outros campi do sul dos EUA, como
o da Universidade da Geórgia, b.) Fotografia oblíqua da Universidade da Califórnia, Santa Bárbara, em Goleta, CA, com suas
variadas formas arquitetônicas, paisagismo bem cuidado e uma intrincada rede de caminhos para pedestres entre os edifícios.

em uma dada área unicamente a partir dos atributos de mente, eles apresentam um estilo arquitetônico imponen­
sensoriamento remoto. Apenas o levantamento de campo te, uma vez que são concebidos para supostamente durar
permitirá a exata discriminação da classe de uso do solo, e inspirar por várias gerações. Esses edifícios tipicamente
com a sua inclusão ou exclusão da classe 17 (Outros Usos do possuem paisagismo extremamente sofisticado e amplo es­
Solo Urbano!Construído) , de acordo com a Tabela 13-3. tacionamento, que pode se dar sob a forma de edifícios de
garagem de múltiplos pavimentos. Monumentos nacionais
Serviços (Públicos e Privados) como a Estátua da Liberdade em Nova Iorque, EUA, e o
Arco do Triunfo em Paris, França, apresentam frequente­
mente uma arquitetura característica, o que permite a sua
Em países desenvolvidos, a sociedade organizou uma in- imediata identificação (Figura 13-27c,d, respectivamente).
fraestrutura sofisticada de serviços públicos para melhorar
a qualidade de vida. Alguns dos edifícios e instalações as­ De forma diversa, a única forma de se identificar instala­
sociados com esses serviços apresentam características con­ ções de bombeiro e resgate refere-se às ocasiões em que os
sideravelmente peculiares, as quais permitem a sua identi­ veículos e equipamentos encontram-se temporariamente
ficação por meio de dados de sensores remotos. visíveis no exterior dos edifícios. Da mesma forma, alguns
postos de bombeiros tornam-se identificáveis por apresen­
Edifícios e Instalações Públicas (Administração, Bom ­ tar uma torre para treinamento de incêndio, de dois ou
beiro, Polícia, Resgate, Correios, Bibliotecas, Presídios) três pavimentos. Por outro lado, é possível a identificação
de delegacias policiais, caso as viaturas estacionadas no seu
Instalações públicas proeminentes como palácios de gover­ entorno possuam números nos capôs.
no ou capitólios (Figura 13-27a) e edifícios administrativos
de importância (Figura 13-27b) são relativamente fáceis de Escritórios regionais de correios constituem-se em amplos
identificar com o uso de dados de sensores remotos. Usual­ edifícios, com grandes áreas de estacionamento e um nú-
CAPITULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana

mero significativo de caminhões dos correios e outras via­ Área M édica


turas menores presentes. Escritórios locais de correios são
de difícil identificação, devido ao seu tamanho reduzido. É difícil a identificação de consultórios e clínicas médicas e
Por apresentarem um bom tratamento paisagístico e esta­ academias de ginástica (fitness centers). Elas se apresentam
cionamento no seu entorno, eles se tornam frequentemen­ de forma semelhante a muitas outras atividades comerciais
te indiscerníveis de bibliotecas locais. que se desenvolvem em edifícios. Entretanto, é relativa­
mente fácil identificar hospitais e complexos hospitalares.
Presídios e casas de detenção são relativamente fáceis de Eles consistem usualmente de edifícios amplos de múltiplos
identificar, uma vez que eles se constituem em amplos pavimentos, com muitas instalações anexas. Vastas áreas de
edifícios, com vasta área de estacionamento no entorno, estacionamento são necessárias. Caminhos para pedestres (e
torres de observação localizadas em posições estratégicas, eventualmente pequenos trens elétricos) conectam um edifí­
múltiplas fileiras de muros muito elevados e acesso restrito. cio a outro. Algumas vezes é possível identificar a entrada do
Pátios para banhos de sol são comumente encontrados no pronto-socorro. Alguns hospitais possuem pistas para pouso
interior do perímetro fortificado das construções. de helicópteros, em solo ou no topo de um edifício.

Educação ' Uso do Solo Industrial

Universidades são alvos relativamente fáceis de identificar


com dados de sensoriamento remoto de alta resolução espa­
cial. À exceção das áreas centrais em grandes cidades (p.ex., Esta seção apresenta o conceito de interpretação de ima­
Nova Iorque, Chicago, Atlanta), as universidades exibem gem para a análise de fotografias aéreas e outros tipos de
uma extensa coleção de edifícios, espaços abertos, instalações dados de sensores remotos de alta resolução espacial, visan­
de recreação (piscinas, campos de beisebol, futebol america­ do à extração de informação sobre o uso do solo industrial.
no e futebol, pistas de corrida, quadras de tênis), ginásios e As regras heurísticas aqui discutidas foram concebidas para
estádios. Muitos dos edifícios para ensino são de múltiplos permitir ao intérprete não especializado na extração de in­
pavimentos. Residências universitárias também são frequen­ formação sobre uso industrial a identificação de indústrias
temente encontradas. O problema consiste de fato em deter­ basicamente apenas a partir das imagens. Se o analista de
minar onde formalmente começa e termina a universidade. imagem não for capaz de identificar uma indústria em par­
Dois exemplos distintos de universidades são fornecidos na ticular, ele ainda poderá, contudo, incluí-la em uma cate­
Figura 13-28. A Universidade da Carolina do Sul ( University goria de uso que compreenda o tipo de indústria de fato em
ofSouth Carolina) foi fundada em 1801. Todos os edifícios análise. O termo indústria inclui as atividades envolvidas
administrativos originais, residências universitárias e instala­ na extração de matéria-prima, processamento de materiais
ções de ensino foram sistematicamente orientados para um e fabricação de produtos intermediários e acabados.
parque denominado “ferradura” (horseshoe). De forma opos­
ta, a fotografia aérea com visada lateral de uma porção da A princípio, não é de se surpreender que a inteligência mi­
Universidade da Califórnia em Santa Bárbara (University o f litar, que envolve diversas organizações e é encontrada em
Califórnia at Santa Barbara) revela a disposição assistemática todo o mundo, seja a maior interessada no monitoramen­
de edifícios e outras instalações, interconectados por uma to do uso do solo industrial em países estrangeiros. Essas
complexa rede de caminhos para pedestre. organizações desenvolveram excelentes manuais para a in­
terpretação de alvos industriais em imagens, os quais tam­
A maior parte das escolas de ensino médio e da segunda me­ bém podem ser utilizados para aplicações civis. Vários dos
tade do ensino fundamental (5a à 9a série) possui edifícios de manuais mais importantes focam em: 1) lógica geral de
grande porte, com amplo estacionamento, além de campos análise de alvos industriais (D oD , 1976), 2) indústrias de
descobertos de beisebol, futebol americano, futebol, pistas de coque, ferro e aço (D oD , 1978a), 3) instalações de abas­
corrida e quadras de tênis. Escolas do ensino médio geralmen­ tecimento de energia e água (D oD , 1977), e 4) indústria
te apresentam um estádio de futebol americano e uma piscina, petrolífera (DoD, 1978b). Cópias desses manuais podem
ao passo que as escolas do ensino fundamental não possuem ser vistos na página da Federação de Cientistas Americanos
essas instalações. Em climas frios, a piscina é coberta. Geral­ (Federation of American Scientists) (Apêndice A).
mente, escolas do ensino médio e fundamental são muradas.
Lógica de Classificação do Uso do Solo Industrial
Escolas primárias apresentam edifícios relativamente meno­
res, amplo estacionamento e algumas poucas instalações des­
cobertas. Em raros casos, possuem piscina e estádio de futebol Frequentemente, as indústrias apresentam associações
americano, sendo também muradas na maioria dos casos. únicas de matéria-prima, equipamentos, produtos finais
Uso do Solo Industrial 483

C o m p an h ia de M in eração K en n ecott Ridgew ay, Ridgew ay, S C

Mina a céu aberto


(lavra em cava)

Pilha de resíduos

Mina a céu aberto


(lavra em cava)

Pilha de resíduos

Figura 13-29 Par estereoscópico pancromático da Companhia de Mineração Kennecott Ridgeway, localizada próximo a Ridgeway SC, obtido
em 16 de março de 1992 (nível 1312) (cortesia de Kennecott Ridgeway Mining Company).

e refugo, além de edificações que caracterizam as suas A identificação dos vários tipos de componentes relaciona­
instalações físicas. Em alguns casos, esses componentes dos à indústria em uma imagem permitirá a classificação
relacionados à indústria são visíveis nas fotografias ou da indústria em uma das três principais categorias, confor­
imagens; em outras circunstâncias, os equipamentos ou me segue (p.ex., N PIC, 1961; Avery e Berlin, 1992):
materiais podem estar abrigados em construções ou fora
do campo de visão. Neste último caso, dados de outros • extração
componentes, não significativos por si próprios, porém
intimamente associados com os componentes essenciais • processamento
ocultos, podem ter sido registrados na imagem. Além dis­
so, a partir das formas, padrões e relacionamentos carac­ • fabricação.
terísticos desses outros componentes, é possível inferir o
tipo de material ou equipamento cuja visão foi ocultada. Para se categorizar uma indústria usando dados de senso­
Por exemplo, edificações com formato incomum podem riamento remoto, recomenda-se que o analista: 1) primeiro
ter sido especialmente concebidas para abrigar tipos es­ decida se ela é de extração, processamento ou fabricação; 2)
pecíficos de equipamentos. Da mesma forma, chaminés se for uma indústria de processamento, que ele decida se ela
e dutos, dependendo da quantidade e disposição, podem é de processamento químico, térmico ou mecânico; e 3) se
indicar um tipo específico de fornalha ou forno, a partir for uma indústria de fabricação, que ele decida se é leve ou
do qual são liberados gases tóxicos e fumaça. pesada. Há uma imensa variedade de indústrias e, por esse
484 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana

a. Fotografia aérea com visada oblíqua baixa da Mina de Cobre b. Fotografia terrestre da mina revela trens para transporte de
Bingham Canyon, próxima a Salt Lake City, UT, a maior mina a minério bruto, imensas escavadeiras e uma densa rede de postes
céu aberto do mundo. de energia elétrica.

Figura 13-30 A Mina de Cobre Bingham Canyon, próxima a Salt Lake City, UT, constitui uma indústria extrativa (nível 13121).

motivo, é possível fornecer apenas uns poucos exemplos re­ Todos os atributos da indústria extrativa raramente são vis­
presentativos de cada categoria principal de indústria. tos em outros lugares. N ão raro, as áreas rurais no entorno
evidenciam tentativas de mitigar os efeitos da indústria ex­
Indústrias de Extração trativa, como recuperação, reflorestamento, etc.

Um par estéreo pancromático preto e branco na escala


Indústrias extrativas extraem os recursos naturais da Terra de 1:19.200 da Companhia de Mineração Kennecott Rid-
com o mínimo de manipulação necessária para acumular geway, localizada próximo a Ridgeway, SC , obtido em 16
matéria-prima em uma forma adequada ao transporte ou de março de 1992, é mostrado na Figura 13-29. Duas am­
processamento. A extração normalmente ocorre em minas plas minas a céu aberto (lavra em cava) são visíveis nas foto­
subterrâneas, minas a céu aberto (lavra em cava ou lavra grafias. Elas são circundadas basicamente por plantações de
em tiras), poços, ou campos de corte, p.ex., exploração ma­ pinheiros. O material de minério bruto é extraído da terra
deireira por desmatamento extensivo ou desbaste seletivo usando imensas escavadeiras localizadas no interior das mi­
(Tabela 13-4). As indústrias extrativas tipicamente possuem nas. O minério é então transportado à instalação localizada
vários dos seguintes atributos de reconhecimento imediato: no centro da mina por meio de caminhões basculantes, que
se deslocam por uma complexa rede de vias sinuosas. O
• presença de escavações a céu aberto, lagoas, entradas de ouro é separado da rocha de minério bruto por meio de um
mina subterrânea ou torres de perfuração subterrânea; processo químico na instalação de processamento central.
Duas elevadas pilhas de material já processado são visíveis.
• equipamentos de tamanho normal ou de grande porte, Nota-se que uma quantidade substancial de material de ro­
como tratores, caminhões basculantes, gruas, guindas­ cha processado também foi utilizado na construção de uma
tes, dragas, moto-serras, trens de mina; bacia de contenção. A mina foi desativada em 1999 e se
encontra em processo de recuperação ambiental.
• um sistema de transporte sofisticado para escoar a ma­
téria-prima no sítio, como esteiras, dutos, vias férreas, A maior mina a céu aberto (lavra em cava) no mundo é a
linhas de dragagem, além de sistema viário; Mina de Cobre Bingham Canyon, situada próximo a Salt
Lake City, UT, operada pela Kennecott Copper Corporation.
• materiais de grande volume armazenados em pilhas, Ela tem 4 km de comprimento e uma profundidade de 800
silos cônicos de aço, tanques; e m. É uma das poucas coisas na superfície terrestre criadas
pelo Homem que podem ser vistas do espaço a olho nu
• pilhas e lagoas para depósito de refugo, já separado do (um outro é a Grande Muralha da China). Mais de três bi­
material de interesse. lhões de toneladas de cobre foram extraídos, mais de cinco
Uso do Solo Industrial 485

a. Uma mina de cascalho (lavra em cava) a céu aberto na Carolina do Sul (nível b. Poços de extração de petróleo em área montanhosa
13122). O cascalho é transportado da base da mina por uma esteira rolante para atrás da cidade de Ventura, CA (nível 13151). Cada
várias peneiras de triagem na saída da mina. Caminhões transportam o material clareira contém um ou mais poços de petróleo, os
separado até os destinos finais. quais são interconectados por um intrincado sistema
de estradas de terra.

Figura 13-31 Exemplos de mineração a céu aberto e indústrias de extração de petróleo.

a. Fotografia aérea com visada oblíqua baixa de um proces­ b. Fotografia aérea com visada oblíqua baixa de um proces­
samento mecânico agrícola para moagem de trigo, o qual é samento mecânico na estação de tratamento de esgoto de
processado sob a forma de farinha para consumo humano Newport Beach, CA (nível 13215). Os efluentes sólidos são
e animal. O grão é armazenado em silos, e o processamento separados de modo mecânico dos efluentes líquidos, o que ex­
ocorre nos edifícios. A farinha e ração de trigo são transporta­ plica o emprego do termo processamento mecânico. Notam-
das aos mercados finais por caminhões (nível 13211). se as lagoas de decantação e aeração. O efluente purificado é
bombeado para um emissário submerso de 500 m no Oceano
Pacífico (nível 13215).

Figura 13-32 Exemplos de indústrias de processamento mecânico (nível 1321).


486 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana

vezes o material escavado para a construção do Canal do Os processos envolvidos requerem usualmente grandes
Panamá. A Figura 13-30a apresenta uma fotografia aérea quantidades de energia, o que é indicado pela presença de
com visada lateral da mina. A Figura 13-30b mostra uma pilhas de carvão, tanques de combustível, caldeiras (boi-
fotografia terrestre tirada de dentro da mina. A fotografia lers) ou transformadores, caso a energia elétrica seja empre­
terrestre fornece informação sobre quão imensa é a mina, gada ou produzida. As construções que abrigam os equi­
pois as quatro linhas escuras ao longo da encosta mais dis­ pamentos de processamento frequentemente são amplas
tante constituem na verdade quatro longos trens, usados ou, ao menos, complexas no seu projeto e estrutura da co­
para remover o material da mina. A via férrea desce em bertura. Uma vez que o processamento de matéria-prima
espiral até o nível mais inferior da mina. geralmente envolve refino, pilhas e lagoas de resíduos ou
refugos são comuns, e cuidado especial é necessário para
Uma mina de cascalho a céu aberto (lavra em cava) na distinguir entre lixo e matéria-prima, uma vez que ambos
Carolina do Sul é m ostrada na Figura 13-31 a. O ma­ são armazenados de maneira semelhante.
terial é dinam itado a partir dos muros ou encostas de
escavação e transportado por caminhão até um ponto As indústrias de processamento podem ser subdivididas com
de coleta na base da mina. Uma esteira rolante então base em componentes da imagem, em três subcategorias:
eleva o material bruto a 100 m, até chegar à superfície,
onde enfim ocorre uma triagem para a separação de vá­ • processamento mecânico
rios diâmetros de cascalho e areia. O material separado
é então transportado por caminhões até o destino final. • processamento químico
A ocorrência de precipitações resulta em uma lagoa in­
terna de drenagem na base da mina. • processamento térmico.

A Figura 13-31 b revela uma pequena porção de um poço Essas subcategorias possuem significado funcional.
de exploração de petróleo, situado em área montanhosa
atrás da cidade de Ventura, CA. Cada clareira contém um Indústrias de Processamento M ecânico
ou mais poços de petróleo, os quais são interconectados
por um intrincado sistema de estradas de terra. O petróleo As indústrias de processamento mecânico modelam, de-
é bombeado por dutos dos poços até pontos de coleta que sassociam, separam ou mudam a aparência ou forma físi­
não aparecem na fotografia. ca das matérias-primas. Os componentes da imagem que
caracterizam as indústrias de processamento mecânico
Indústrias de Processamento são os materiais brutos armazenados em pilhas, lagoas ou
reservatórios, ou instalações a céu aberto, como silos, to­
néis, containers em geral ou tanques abertos, assim como
As indústrias de processamento submetem as matérias- a presença abundante de equipamentos de manipulação e
primas a tratamento mecânico, químico ou térmico, para transporte, a exemplo de esteiras, guindastes, gruas, vagões
torná-las apropriadas a processamentos ulteriores ou então sobre trilhos e outros equipamentos móveis. O processa­
para produzir materiais, a partir dos quais bens e equipa­ mento envolvido nessa subcategoria de indústria deman­
mentos são fabricados. dará grandes quantidades de energia, conforme indicado
pela presença de caldeiras com seu próprio fornecimento
As indústrias de processamento caracterizam-se pela pre­ de combustível, além de transformadores, nos casos em
sença de instalações para o armazenamento e manipulação que a energia elétrica é empregada. Muitas das construções
de grande quantidade de materiais brutos. Esses materiais são amplas ou, ao menos, complexas no seu projeto e es­
podem ser armazenados em pilhas, lagoas ou reservatórios trutura da cobertura. Pilhas ou lagoas de resíduos são mui­
a céu aberto, ou em containers de armazenamento, tais to comuns. As indústrias na categoria de processamento
como silos, tonéis, caixas de aço, além de tanques abertos mecânico diferem de outras indústrias de processamento
e íechados. Esses materiais são transportados por dutos, no sentido de que possuem poucos dutos, tanques abertos
esteiras e gruas fixas, assim como por vagões sobre trilhos e ou fechados, ou dutos ao invés de casas de caldeiras. Além
outros equipamentos móveis. O sistema de esteira rolante disso, há ausência de fornos, os quais se encontram asso­
usado para separar o cascalho na mina a céu aberto exposto ciados às indústrias de processamento térmico.
acima é um bom exemplo. Em adição a isso, outros equi­
pamentos a céu aberto também são encontrados, incluindo O processamento mecânico ocorre na Adhul Flour M eai
fornalhas de combustão, fornos, torres de processamento and Feed Company (indústria de farinha e alimento, nível
químico, altas chaminés ou muitos dutos, todos indicati­ 13211) em Columbia, SC (Figura 13-32a). Os grãos che­
vos do tipo de processamento em execução. gam para moagem por meio de via férrea ou caminhões.
Uso do Solo Industrial 487

a*

t ■
Torres das
Lago Murray
comportas

Muro de represamento
Figura 13-33 Fotografia aérea da represa do lago Mur­
ray (Murray Lake Darri), SC, pertencente
a uma usina hidrelétrica (nível 13213), e
da usina termelétrica Saluda. Quatro com­
portas fornecem pressão de água suficiente
para acionar as turbinas, produzindo eletri­
cidade. A usina termelétrica queima carvão
que, por sua vez, produz vapor suficiente
para acionar turbinas, gerando eletricidade.
O carvão chega à usina por via férrea e é
transportado dos vagões para pilhas de
armazenamento por meio de esteiras. A
eletricidade é distribuída da usina para a
rede regional de energia por meio de sub­
estações.
Subestação
4

Três grandes silos de concreto armazenam o trigo não-pro- água flui então para o rio Saluda. A eletricidade é conduzi­
cessado. A moagem do trigo se dá em um amplo complexo da à rede regional de energia por meio de um amplo com­
construído à direita. Caminhões que aparecem com as ca­ plexo de subestações. Há também uma usina de energia
çambas voltadas para o complexo construtivo transportam termelétrica nesse local, a qual será apresentada e discutida
a farinha de trigo para os mercados locais e regionais. na Seção de Industrias de Processamento Térmico.

A Figura 13-32b consiste em uma fotografia de visada la­ Indústrias de Processam ento Q uím ico
teral de um processamento mecânico que ocorre em uma
estação de tratamento de esgoto (nível 13215) em New- Indústrias de processamento químico utilizam produtos ou
port Beach, CA. O esgoto escoa das comunidades próxi­ processos químicos para separar ou reorganizar os consti­
mas até a estação através de dutos subterrâneos. O proces­ tuintes químicos das matérias-primas. Refinarias de petró­
samento mecânico na estação separa efluentes sólidos dos leo e indústrias de fertilizantes são bons exemplos. Pressão,
efluentes líquidos. Várias lagoas de decantação, tanques, calor, catalisadores ou outros agentes químicos podem ser
aeradores e instalações com bactérias anaeróbicas purifi­ empregados. Compartimentos fechados para armazenar
cam os dejetos, de modo que eles possam ser bombeados ou manipular fluídos, gases ou material em suspensão em
por 500 m em um emissário submarino no Oceano Pa­ líquidos, além do uso de fluxo de fluídos no processamen­
cífico. Instalações para tratamento de água também são to da matéria-prima são típicos neste tipo de indústrias.
consideradas indústrias de processamento mecânico. Consequentemente, os componentes da imagem que ca­
racterizam as indústrias de processamento químico são a
Uma usina hidrelétrica utiliza a “energia hidrostática” da presença abundante de tanques fechados, dutos, além de
água represada em um lago para girar turbinas que pro­ grandes equipamentos de processamento como torres para
duzem eletricidade. Um exemplo consiste nas instalações decomposição e destilação. Assim como todas as indús­
da usina hidrelétrica localizada na represa do lago Murray trias de processamento, as pertencentes a esta subcategoria
(.Murray Lake D am ), próximo a Columbia, SC (Figura 13- apresentam instalações para armazenamento e manipula­
33). Quatro comportas transportam a água a 61 m de pro­ ção de matéria prima e requerem grandes quantidades de
fundidade até o compartimento das turbinas, onde a pres­ energia. As construções são frequentemente complexas, e
são da água aciona as turbinas produzindo eletricidade. A são comuns extensas pilhas e lagoas de resíduos.
488 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana

Imagem da indústria de fertili­


zante superfosfato Al Qaim no
Iraque, obtida durante a Guer­
ra do Golfo em 1991 (imagem
da “Assistência Técnica para
a Proteção de Instalações Pas­
síveis de Reparo” - Technical
Assistance for Repairable Pro-
tection - TARPS, da Marinha
dos EUA, cedida a William M.
Arkin, segundo o Ato de Liber­
dade de Informação - Freedom
o f Information Act).

a. Lixo radioativo sendo armazenado em tambores nas instalações do b. Tanques de armazenamento de lixo tóxico nas instalações do
Aterro de Baixo Nível, pertencente ao “Campo de Teste de Nevada, D O E em Hanford, WA. Em épocas passadas, a fazenda de tanques
do Departamento de Energia”, EUA (Department o f Energys - D O E em Hanford chegou a empregar um total de 2.300 funcionários
- Nevada Test Site). O lixo é eventualmente coberto com areia (cor­ (cortesia de Department o f Energy, ID 303-058-001; John Pike, Fed-
tesia de Department o f Energy, ID W B212; John Pike, FAS). eration o f American Scientists).

Figura 13-35 Exemplos de monitoramento de aterros químicos usando fotografia aérea de grande escala com visada oblíqua (nível 13223).

A indústria de fertilizante superfosfato de A l Qaim no De forma geral, as indústrias produzem uma grande quan­
Iraque é mostrada na Figura 13-34. Nota-se a existência tidade de resíduos químicos tóxicos. Algumas companhias
de inúmeros tanques fechados para armazenamento, uma usam dados de sensoriamento remoto para documentar as
imensa pilha de matéria-prima em formato cônico, uma condições iniciais sob as quais os resíduos são armazena­
lagoa circular, além de amplas instalações para processa­ dos, e então monitorar as características da superfície após
mento (várias com danos provocados por bombardeios o armazenamento. Por exemplo, a Figura 13-35a consiste
recentes). O fosfato também pode ser usado para produzir de uma fotografia aérea com visada lateral de um sítio para
explosivos, tais como aqueles usados no ataque a um edifí­ tratamento de resíduos sólidos do “Campo de Teste de Ne­
cio federal em Oklahoma, EUA. Este é o motivo pelo qual vada, do Departamento de Energia” (Department o f Energy
essas indústrias são visadas em época de guerra. —D O E —Nevada Test Site). Essa localidade provê armaze-
Uso do Solo Industrial 489

a. Fotografia aérea vertical de grande escala mostrando uma densa b. Refinaria de petróleo em Al Basrah, Iraque. Notam-se os grandes
rede de dutos em uma refinaria de petróleo no Texas. tanques e os diques de terra que os separam. Esta fotografia foi ad­
quirida durante a Guerra do Golfo em 1991, e alguns tanques estão em
chamas ou vazando (imagem da TARPS, da farin h a dos EUA, cedida
a William M. Arkin, segundo o Ato de Liberdade de Informação).

Figura 13-36 Exemplos de indústrias de processamento


químico (nível 1322).

c. Processamento químico, armazenamento e transporte de petró­


leo e seus derivados nas instalações da Atlantic Richfield, em Seattle,
WA. Notam-se os tanques de armazenamento de petróleo, navios
petroleiros e vagões-tanque ferroviários.
490 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana

Figura 13-37 Companhia de Aço Bethlehem (Bethlehem Steel Company) em Sparrows Point, M D, em 1952.

namento adequado para o lixo químico radioativo gerado parte do vazamento. A Figura 13-36c mostra as instalações
pelo programa de armas nucleares. O lixo é transportado de armazenamento e transporte de petróleo e seus deriva­
até esse sítio em containers (neste caso, tambores) aprovados dos da Atlantic Richfield, em Seattle, WA.
pelo Departamento de Transporte, e é então enterrado em
uma grande trincheira. Conforme o material vai sendo de­ Indústrias de Processam ento Térm ico
positado, a vala é progressivamente coberta com solo.
As indústrias de processamento térmico utilizam basi­
A Figura 13-35b é uma fotografia com visada oblíqua camente o calor para refinar, separar ou transformar as
mostrando lixo radioativo sendo armazenado em uma fa­ matérias-primas, ou ainda, gerar energia a partir delas. A
zenda de tanques em Hanford, WA, pertencente ao DOE. produção de ferro e aço e usinas termelétricas de energia,
As fazendas de tanques armazenam rejeitos produzidos em que queimam óleo ou carvão, são bons exemplos. Os com­
operações de extração de plutônio, antes do seu descarte ponentes da imagem que distinguem essa categoria são
final. Esse refugo (ou rejeito) não possui utilidade e é ar­ as grandes quantidades de carvão ou outro combustível,
mazenado em aproximadamente 177 tanques subterrâne­ altas chaminés, grande número de dutos e fornos de vá­
os, os quais totalizam uma capacidade acumulada de 208,2 rios tipos. Embora dutos e tanques sejam frequentemente
milhões de litros, com alguns tanques apresentando capa­ empregados nessas indústrias, em geral eles não são abun­
cidade individual de até 3,8 milhões de litros. Os carros e dantes, e a sua presença perde importância em relação aos
caminhões no canto inferior direito da fotografia fornecem componentes que evidenciam o uso de calor. Assim como
uma ideia aproximada do tamanho desses tanques. as outras indústrias de processamento, essas apresentam
extensas instalações para a manipulação e armazenagem de
As indústrias de refino de petróleo convertem o petróleo materiais sólidos volumosos e requerem grandes quantida­
bruto em gasolina, óleo diesel, produtos têxteis sintéticos des de combustível ou energia. Grandes equipamentos a
e plástico. As instalações possuem usualmente uma vasta e céu aberto, tais como fornalhas e fornos de combustão, são
frequentemente densa rede de dutos superficiais e subter­ comumente empregados. As construções são geralmente
râneos, como aqueles encontrados na refinaria de petróleo complexas, e pilhas de resíduos são comuns.
do Texas (Figura 13-36a). Em geral, os tanques de arma­
zenamento são completamente circundados por diques As indústrias de processamento de ferro e aço são usual­
de terra, a fim de conter os produtos químicos em caso mente identificadas de modo imediato em dados de sen­
de vazamento. Por exemplo, a Figura 13-36b mostra uma sores remotos. Por exemplo, a Figura 13-37 apresenta uma
fazenda de tanques na refinaria de petróleo de Al Basrah, fotografia aérea histórica de uma pequena porção da Com ­
Iraque, em 1991. Muitos dos tanques estão em chamas panhia de Aço Bethlehem (Bethlehem Steel Company) em
e vazando. Os diques de terra conseguem conter a maior Sparrows Point, M D , em 1952. A fotografia registra vários
Uso do Solo Industrial 491

a. b.

Figura 13-38 a) A Instalação Experimental de Fluxo Rápido (Fast Flux Test Facility) em Hanford, WA, possui um reator térmico de 400
MW. O domo representa a estrutura de contenção, b) A Cratera de Sedan foi formada pela detonação, em 6 de julho de
1962, de um explosivo de 100 mil toneladas enterrado a 194 m de profundidade em um solo desértico de aluvião, deslocan­
do 12 milhões de toneladas de terra. A cratera apresenta 98 m de profundidade e 391 m de diâmetro. Duas outras crateras
formadas por detonações são vistas à distância (cortesia de Department o f Energy).

edifícios longos que abrigam os fornos siderúrgicos, mui­ Indústrias de Processamento Mecânico:
tos edifícios de apoio, além de uma quantidade considerá­ • poucos dutos ou tanques fechados
vel de fumaça exalada por grandes dutos. • pouco combustível
• sistemas de esteiras rolantes frequentemente presentes
Usinas e instalações nucleares também são relativamente • poucas pilhas
fáceis de identificar. A Instalação Experimental de Fluxo • ausência de fornos.
Rápido (Fast Flux Test Facility) situada em Hanford, na
porção leste de Washington, consiste de um reator tér­ Indústrias de Processamento Químico:
mico de 400 M W resfriado por sódio líquido (Figura • muitos tanques altos ou fechados, incluindo tanques
13-38a). Ele foi construído em 1978 para testar equi­ de armazenagem de gás
pamentos e combustíveis industriais para o programa de • muitos dutos
desenvolvimento de um reator à base de metal líquido, • muitos equipamentos de processamento de grande
do governo norte-americano. Esse programa demonstrou porte a céu aberto.
a viabilidade da tecnologia de reatores de geração comer­
ciais. O domo de contenção é facilmente identificável na Indústrias de Processamento Térmico:
imagem. Testes de materiais nucleares na superfície foram • poucos dutos ou tanques
banidos há décadas. Entretanto, testes subterrâneos per­ • grandes chaminés e/ou dutos ativos
sistem. A Figura 13-38b mostra o resultado de um teste • grandes quantidades de combustível
no Cam po Experimental de Nevada, onde um explosivo • fornos.
de 100 mil toneladas foi enterrado a 194 m de profun­
didade, em um solo desértico de aluvião, e detonado em Indústrias de Fabricação
6 de julho de 1962, deslocando 12 milhões de toneladas
de terra. Testes subterrâneos conduzidos por nações em
todo o mundo geralmente produzem crateras como essa, As indústrias de fabricação reúnem subcomponentes me­
evidenciando essas ocorrências. cânicos e químicos em produtos acabados, tais como auto­
móveis, caminhões, lanchas e navios, trailers, maquinário
Abaixo, estão listados alguns atributos fundamentais pesado (p.ex., tratores), produtos plásticos e dispositivos
complementares para a interpretação de imagem, que po­ eletrônicos. As indústrias de fabricação podem ser subdi­
dem ser usados para distinguir os três tipos de indústrias vididas em fabricação leve e pesada. Indústrias de Fabri­
de processamento: cação Pesada geralmente apresentam construções térreas
492 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana

a. Fabricação pesada na Kline Iron and Steel Co. em Columbia, SC. A estoca- b. Uma fotografia aérea vertical detalhada de uma usina
gem das peças de ferro e aço é organizada segundo o tamanho e tipo em dois de energia em construção. O projeto usa quantidades
pátios centrais de armazenagem a céu aberto. A fabricação ocorre no interior significativas de ferro e aço estrutural pré-fabricado (cor­
dos edifícios. Os materiais brutos e acabados são transportados por caminhões tesia de Eastman Kodak Company).
ou ferrovia (nível 13314).

Figura 13-39 Exemplos de fabricação de ferro e aço e do uso desses materiais na construção de uma usina de energia.

em estrutura metálica e com pé-direito elevado, pátios de Construção de Navios:


armazenagem com guindastes e gruas, e eventualmente li­ • pátios de armazenagem para placas de aço
nhas férreas que adentram as construções. Indústrias de • extensos estaleiros e instalações em rampa
Fabricação Leve em geral apresentam construções em es­ • navios em construção
truturas de madeira ou estruturas metálicas leves (às vezes, • grandes gruas.
com múltiplos pavimentos) e tipicamente não apresentam
equipamentos para erguimento de cargas pesadas. Fabricação de Aço Estrutural:
• pátios de armazenagem de aço estrutural
Fabricação Pesada • pátios de fabricação de aço estrutural.

Abaixo, estão listados alguns dos atributos fundamentais Uma indústria de fabricação de aço estrutural é mostrada
para a interpretação de imagem, que podem ser usados na Figura 13-39a. A fabricação de barras de ferro e aço
para distinguir os principais tipos de indústrias de fabrica­ usadas na construção de edificações e pontes ocorre no
ção pesada. A fabricação pesada é quase que universalmen­ interior dos grandes edifícios alongados. A estocagem das
te associada com edifícios de grande porte. peças de ferro e aço é organizada segundo o tamanho e
tipo no pátio central de armazenagem a céu aberto. Duas
Fabricação de Maquinário Pesado: gruas com guindaste deslizante (não visíveis) transpor­
• pátio de armazenagem para peças metálicas pesadas tam a matéria-prima do ferro e aço de um lado para outro
• pilhas de aço estrutural e outros materiais (esquerda para a direita) até as instalações para fabrica­
• maquinário pesado acabado. ção. Os materiais brutos e acabados são transportados
por caminhões ou ferrovia.
Manufatura e Reparo de Maquinário Ferroviário:
• locomotivas ferroviárias e/ou vagões em construção Uma perspectiva vertical de como o aço estrutural é usado
• rede de trilhos ferroviários. na construção de uma usina de energia é apresentada na Fi-
Infraestrutura de Transporte 493

a. Companhia de fabricação leve. Algumas das matérias-primas são b. Uma indústria de enlatados de peixe (nível 13324) em San
organizadas a céu aberto em função do tipo. A fabricação ocorre no Pedro Harbour, CA, e a poluição a ela associada,
interior do edifício.

Figura 13-40 Exemplos de fabricação leve (manufatura).

gura 13-39b. Imagens aéreas como esta podem documentar abatedouros


o andamento do processo construtivo ao longo do tempo. alguns tanques
trilhos ferroviários nas proximidades
Fabricação Leve estacionamento para caminhões.

Abaixo, estão listados alguns dos atributos fundamentais para Têxteis:


a interpretação de imagem, que podem ser usados para distin­ • carga e descarga de caminhões
guir os principais tipos de indústrias de fabricação leve. • sacas de algodão ou de outra matéria-prima
• dutos e tanques, no caso de fabricação de tecidos
Montagem de Aeronaves: sintéticos.
• rampas para aeronaves ou hidroaviões ou pistas de ta-
xiamento adjacentes ou conectadas às instalações in­ Uma indústria de fabricação de componentes automotivos
dustriais em Columbia, SC , é mostrada na Figura 13-40a. Maté­
• hangares rias-primas não-suscetíveis a danos por exposição solar ou
• aeronaves acabadas armazenadas a céu aberto. intempéries são organizadas por tipo e armazenadas a céu
aberto. A fabricação ocorre dentro do edifício. Os produ­
Montagem de Automóveis (carros, caminhões, motocicletas): tos acabados são despachados em pátios de carregamento
• construções térreas ou de múltiplos pavimentos nos fundos do edifício.
• veículos acabados estacionados, dispostos de modo sis­
temático Uma indústria de enlatados de peixe localizada em San Pedro
• pista(s) de teste Harbour, CA, é apresentada na Figura 13-40b. Os navios atra­
• instalações para estacionamento e carregamento de cam nas docas próximas à indústria. O processo de fabricação
caminhões-cegonha (acondicionamento em latas) ocorre no interior do amplo
• trens para transporte de veículos. edifício. Vários tanques abrigam produtos químicos usados
durante o processo de acondicionamento. A indústria despeja
Construção e Reparo de Barcos: efluentes no porto através de um emissário marítimo.
• componentes de barcos armazenados a céu aberto
• moldes de fibra de vidro Infraestrutura de Transporte
• construções em que ocorre o uso de fibra de vidro
• engates e caminhões para transporte de barcos
• barcos acabados armazenados a céu aberto.
Planejadores de transporte frequentemente usam dados
Frigoríficos: de sensoriamento remoto para atualizar mapas da rede
494 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana

a. Imagem de alta resolução espacial de um cruzamento, adquirida b. Anel viário de uma autoestrada (com acesso controlado) no Texas,
por uma câmera instalada em uma pipa.

Figura 13-41 Exemplos de vias, estradas com acesso controlado, anéis viários, estacionamento e pontes, registrados com o uso de fotografia
aérea de diferentes escalas (nível 1411).

de transporte, avaliar as condições de rodovias e ferro­ patrocinado pela Agência Espacial Americana (N ational
vias, investigar padrões de tráfego urbano em pontos de Aeronautics an d Space Adm inistration - NASA) e pelo
estrangulamento, tais como túneis, pontes, shopping “Departamento de Transporte” (Departm ent o f Trans­
centers e aeroportos, além de conduzir estudos sobre portation) (N C R ST , 2006). Thirum alai (2003) revisou
necessidades de estacionamento (Haack et al., 1997). a pesquisa do N C R S T desenvolvida pelos membros do
O trabalho mais completo feito até o momento sobre consórcio nos seguintes aspectos: a) impacto ambiental
aplicações de sensoriamento remoto em problemas de para o planejamento de impacto de corredores multimo-
transporte foi executado pelo “Consórcio Nacional para dais, b) resposta a riscos e desastres e segurança à vida;
o Sensoriamento Remoto em Transporte” (N ation al Con- c) segurança e gestão de recursos de infraestrutura; e d)
sortium on Remote Sensing in Transportation - N C R ST), gestão do fluxo de transporte multimodal.
Infraestrutura de Transporte 495

Term inal Ferroviário de Zurique,: S u íça

Figura 13-42 Terminal ferroviário de Zurique, Suíça, registrado em 16 de agosto de 2002 (cortesia de DigitalGlobe, Inc.).
i
Estradas e A utoestradas autoestrada é mostrado na Figura 13-41 b. A declividade das
alças é suave e apresenta longas rampas de acesso e saída, que
As vias rodoviárias podem ser pavimentadas ou não. Es­ permitem a fusão de fluxos de tráfego com segurança.
tradas pavimentadas podem ser acessíveis a motoristas em
qualquer ponto ao longo da rota, ou então, serem de acesso De forma semelhante a investigações meteorológicas, es­
controlado (como autoestradas e estradas com pedágios). A tudos de contagem de tráfego de automóveis, aviões, bar­
atualização de um mapa da rede rodoviária é uma tarefa de cos, pedestres e grupos de pessoas requerem dados de mais
fundamental importância. Isto é geralmente realizado com elevada resolução temporal, frequentemente variando de
uma frequência de um a cinco anos e, em áreas com baixa 5 a 10 minutos. E difícil identificar o tipo de veículo ou
densidade de cobertura vegetal arbórea, pode ser executado barco até mesmo usando dados com resolução espacial de
usando imagens com resolução espacial de 1 —30 m (Lacy, 1 x 1 m. Essa tarefa demanda imagens de alta resolução
1992). Se for necessário um dimensionamento mais preciso espacial de 0,25 —0,5 nt. Esse tipo de informação só pode
das vias, por exemplo a largura exata da faixa de rolamento e ser adquirido utilizando câmeras de fotografia aérea ou vi-
calçadas, então é necessário uma resolução espacial de 0,25 deografia que estejam 1) localizadas no topo de edifícios
—0,5 m Qensen et al., 1994). Atualmente, apenas fotografias com visada oblíqua para o terreno, ou 2) instaladas a bordo
aéreas de grande escala podem fornecer esse tipo de informa­ de aeronaves ou helicópteros com sobrevoo repetitivo sobre
ção planimétrica. Um exemplo consiste na fotografia aérea a área de estudo. A Figura 13-4lc capta as características
de um cruzamento, mostrado na Figura 13-41 a. O semáforo de um estacionamento em um certo instante. Quando essa
sobre a rua, carros e caminhões e até mesmo a sinalização de informação é adquirida em um instante ótimo, futuras de­
pista mostrando o direito de conversões à direita e à esquerda cisões sobre tráfego e estacionamento podem ser tomadas.
são visíveis. N o futuro, veículos aéreos não-tripulados (Un- Estudos sobre necessidades de estacionamento requerem a
manned, Aerial Vehicles — UAVs) portando câmeras digitais mesma resolução espacial elevada (0,25 - 0,5 m), porém re­
leves poderão igualmente fornecer informação similar de alta solução temporal ligeiramente inferior ( 1 0 - 6 0 minutos).
resolução espacial a custos razoáveis (NCRST, 2006).
As condições de estradas, ferrovias e pontes (rachaduras,
Alças e anéis rodoviários são usados para introduzir e escoar o buracos, etc.) são monitoradas de forma rotineira em cam­
tráfego de veículos em estradas com acesso controlado. Eles se po e eventualmente usando dados de sensores remotos
apresentam sob uma infinita variedade de formas e tamanhos de alta resolução espacial. Por exemplo, a Figura 13-41 d
e são relativamente fáceis de distinguir em dados de sensores apresenta uma imagem fotográfica pancromática de uma
remotos. Um exemplo de um anel viário clássico em uma autoestrada e pontes ferroviárias. Uma inspeção cuidadosa
496 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana

^ ^ KS

H H H

-> V i* í
ifS

a. Um avião biplano veterano registrado com uma resolução espa­ b. Aeronaves a jato no terminal aéreo El Toro Marine, CA, registrado
cial de aproximadamente 15 x 15 cm. A fotografia do biplano foi com uma resolução espacial de aproximadamente 0,3 x 0,3 m.
adquirida utilizando uma câmera instalada em uma pipa (cortesia
de Cris C. Benton).

c. Imagem pancromática com resolução espacial de 1 x 1 m do Aeroporto Nacional Ronald Reagan em Washington, D C, registrada pelo
satélite IKONO S em 1999 (cortesia de Spacelmaging/GeoEye, Inc.).

Figura 13-43 Exemplos de aeronave, pista de taxiamento, pouso e decolagem em macadame, hangares e terminais civis e militares
(nível 1413).
Infraestrutura de Transporte 497

a. Barcos a vela ancorados em um porto próximo a b. Fotografia aérea vertical de alta resolução espacial mostrando
San Francisco, CA (cortesia de Cris C. Benton). doze barcaças comerciais sobre o rio Mississipi sendo puxadas por
dois rebocadores.

c. Quatro navios de brigada, dois navios transportadores de tropas e um porta-aviões atracados


em National City, San Diego, CÁ.
Figura 13-44 Exemplos de barcos e navios registrados por imagens de sensoriamento remoto (nível 1414).

por um analista de imagem qualificado fornece informa­ • os trilhos raramente mudam de ano para ano;
ção significativa sobre as condições da estrada e da ponte.
As condições da estrada e da ponte também podem ser • os trilhos não possuem ângulos retos, somente conver­
documentadas usando fotografias aéreas de alta resolução sões curvilíneas graduais;
espacial (< 0,25 x 0,25 m).
• as pontes ferroviárias tornam-se estreitas, em oposição às
Ferrovias pontes rodoviárias, que mantêm a mesma largura da via;

Trilhos ferroviários, locomotivas, vagões e terminais são • as sombras das sinaleiras e cancelas de cruzamento fer­
relativamente fáceis de distinguir em imagens de alta reso­ roviário são encontradas em quase todos os cruzamen­
lução espacial, porque tos com uma estrada;
498 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana

A plicações M ilitares

a. Base de submarinos em Andreyeva Guba, Rússia, obtida em b. Pátio de aeronaves na Base Aérea de Davis-Montham, próxima a
9 de fevereiro de 2004. Tucson, AZ, obtida em 11 de agosto de 2002.

Figura 13-45 a. Dois submarinos encontram-se atracados em Andreyeva Guba, uma base de submarinos da Rússia (cortesia de ImageSat
International, Inc.). b. Centro de Manutenção e Recuperação Aeroespacial da Base Aérea de Davis-Montham (Aerospace
Maintenance and Regeneration Center at Davis-Montham A ir Force Base) em Tucson, AZ, que abriga mais de 5.000 aeronaves
e fornece peças de reposição para aeronaves mais antigas em operação em todo o mundo. O centro recebe cerca de 400
aeronaves por ano e libera aproximadamente a mesma quantidade para entrada em operação. Notam-se alguns bombardeiros
B-52 na porção inferior esquerda da imagem, que foram cortados em pedaços por meio de uma imensa lâmina suspensa
por uma grua. Os pedaços são deixados a céu aberto por um período maior de tempo, para fins de verificação técnica por
satélites (p.ex., satélites-espiões), como parte do acordo firmado no tratado de redução de armas estratégicas (SALT II Treaty
and Protocol) entre os Estados Unidos e as Repúblicas Socialistas da União Soviética (cortesia de DigitalGlobe, Inc.).

• trilhos ferroviários raramente cruzam outros trilhos; e • uma extensa rede viária de pistas de taxiamento em
macadame conectando os hangares e terminais às pistas
• locomotivas e vagões são de tamanho grande e forma­ de pouso e decolagem
to longo e linear, tornando-os relativamente fáceis de
identificar. • amplas áreas de estacionamento

Boa parte das operações de uma ferrovia ocorre no pátio • aeronaves visíveis.
de manobras de trens. Lá, vagões que se movimentam na
mesma direção ao longo de uma linha férrea ou possuem Aeroportos rurais frequentemente apresentam uma única
destino idêntico são posicionados em um comboio especí­ pista de pouso e decolagem, um catavento, aviões visíveis e
fico. A Figura 13-42 mostra o terminal ferroviário e o pátio um ou dois hangares.
de manobras de trens de Zurique, Suíça.
A Figura 13-43a mostra um avião biplano registrado com
A eroportos uma resolução espacial de aproximadamente 1 5 x 1 5 cm.
A fotografia do biplano foi obtida utilizando uma câmera
Os aeroportos civis e militares usualmente apresentam: instalada em uma pipa. Uma porção do terminal aéreo El
Toro Marine, CA (0,3 x 0,3 m), registrada por uma câmera
• longa(s) pista(s) de pouso e decolagem convencional, é mostrada na Figura 13-43b. Uma imagem
IK O N O S 1 x 1 m do Aeroporto Nacional Ronald Reagan
• torre(s) de controle de tráfego aéreo é apresentada na Figura 13-43c. O aeroporto civil possui
um extenso terminal para o embarque e desembarque de
• terminal(is) de passageiros em aeroportos civis passageiros. De forma diversa, alguns aeroportos militares
não possuem terminais, pois as tripulações são transporta­
• hangares das para e das aeronaves por veículo.
Comunicações e Serviços de Infraestrutura 499

a. Torre de abastecimento de água protegida por cerca, b. Estação de televisão da emissora WIS TV-10, situada no edifício à direita,
com edifício de manutenção adjacente. Ela possui uma grande antena na cobertura e uma ampla antena parabólica de
transmissão via satélite na área do estacionamento. Um edifício de escritórios
do governo está situado à esquerda.

Figura 13-46 Exemplos de instalações de infraestrutura (nível 143).

Barcos e N avios de Manutenção e Recuperação Aeroespacial da Base Aérea


de Davis-Montham (Aerospace M aintenance an d Regenera-
Pequenos barcos e grandes navios são relativamente fáceis tion Center at Davis-Montham A ir Force Base) em Tucson,
de identificar usando dados de sensores remotos de alta AZ, são mostradas na Figura 13-45b.
resolução espacial, pelas seguintes razões:
Comunicações e Serviços de
* Eles são frequentemente avistados como objetos antró- Infraestrutura
picos isolados e refletivos sobre uma superfície aquática
relativamente uniforme, a qual pode aumentar o con­
traste do objeto com o fundo. Os ambientes urbanos/periurbanos são grandes consumi­
dores de energia elétrica, gás natural, serviços telefônicos e
• Barcos e navios apresentam formatos relativamente úni­ água potável (Haack et al., 1997). Além disso, eles geram
cos (i.e., o comprimento é quase sempre ao menos duas grandes quantidades de resíduos líquidos e sólidos. A remo­
vezes maior que a largura, com uma proa relativamente ção de águas pluviais das superfícies urbanas impermeabili­
pontiaguda), porque eles necessitam deslizar de modo zadas é também um grave problema (Schultz, 1988; Jensen
hidrodinâmico pela água, com o mínimo de atrito. et al., 2005a). Programas para a gestão e mapeamento auto­
mático de serviços (Automated M apping/Facilities M anage­
Barcos e navios variam muito em tamanho, desde barcos a ment AlM /FM ) e sistemas de informações geográficas - SIG
remo, lanchas e veleiros de 3 - 10 m de comprimento (Figu­ (Geographic Information Systems - G IS) foram desenvolvi­
ra 13-44a) a navios de cruzeiro extremamente grandes, ferry- dos para gerenciar extensos corredores expressos para vários
boats, navios-tanque, navios de brigada, submarinos e porta- serviços de infraestrutura, especialmente dutos (Jadkowski
aviões. A Figura 13-44b mostra doze barcaças comerciais et al., 1994). A tarefa mais importante consiste na atuali­
sobre o rio Mississipi sendo puxadas por dois rebocadores. zação de mapas para indicar o eixo de simetria e a área de
Vários navios militares de grande porte encontram-se atraca­ influência de serviços de interesse, como a área expressa das
dos em National City, San Diego, CA, na Figura 13-44c. linhas de transmissão de energia. Isto é relativamente fácil,
nos casos em que o serviço de infraestrutura não esteja en­
Organizações militares em todo o mundo usam a tecno­ terrado e dados de sensores remotos com resolução espacial
logia de sensoriamento remoto hiperespectral e de alta re­ de 1 —30 m estejam disponíveis. Também é frequentemen­
solução espacial para monitorar a localização e disposição te necessário identificar rotas alternativas de serviços (p.ex.,
de equipamentos militares. Por exemplo, a Figura 13-45a dutos) (Feldman et al., 1995). Esses estudos requerem ima­
mostra dois submarinos em Andreyeva Guba, uma base de gens de maior cobertura geográfica, a exemplo dos dados
submarinos da Rússia. Aeronaves estacionadas no Centro do Landsat Thematic Mapper. Portanto, a maioria dos cor-
500 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana

a. Fotografia aérea vertical pancromática. b. Modelo Digital de Superfície (M DS).

c. Ortofoto sobreposta ao MDS. d. Modelo de localização de uma antena

Figura 13-47 a) Fotografia aérea vertical do centro da cidade de Columbia, SC. b) Modelo digital de superfície (M DS) obtido por foto-
grametria digital e estereoscopia. c) Ortofoto digital sobreposta ao M DS. d) Modelo de intervisibilidade em um SIG para
identificar zonas mortas que seriam produzidas, caso uma antena receptora e transmissora de telefonia celular fosse localizada
no edifício indicado, em particular.

redores expressos de serviços atuais e previstos pode ser bem Criação de Modelos Digitais de
observada em imagens com resolução espacial de 1 —30 m, Elevação Urbanos
obtidas com frequência de um a cinco anos.

Quando se toma necessário inventariar a localização exata Um modelo digital de uma elevação da superfície terrestre
da malha dos serviços, torres de transmissão, postes, poços é denominado genericamente de Modelo Digital de Eleva­
de inspeção, eixo de simetria de serviços, largura da área de ção —M D E (D igital Elevation M odel - D EM ). Se o M D E
servidão para os serviços, além da exata dimensão de constru­ contém informação sobre a elevação da vegetação e edifica­
ções, casas de bombas e subestações, então deve-se trabalhar ções, então ele é chamado de Modelo Digital de Superfície
com uma resolução espacial de 0,25 —0,6 m (Jadkowski et - M D S (D igital Surface Model - D SM ). Se toda a informa­
al., 1994). Por exemplo, a Figura 13-46 mostra uma torre ção sobre a vegetação e edificações foi removida, então ele
de abastecimento de água e instalações para transmissão via é denominado de Modelo Digital de Terreno da superfície
satélite pertencentes a uma emissora de televisão. terrestre nua (D igital Terrain Model - DTAÍ). A maior par-
Dados Meteorológicos 501

construções ou identificar mudanças nas alturas das edi­


ficações. A Figura 13-47 mostra 1) uma fotografia aérea
de grande escala do centro da cidade de Columbia, SC , 2)
um modelo digital de superfície da mesma área extraído a
partir de fotografia estereoscópica, indicando a altura de
cada edificação, 3) a ortofoto sobreposta ao M D S, criando
uma representação em realidade virtual da rua principal, e
iv) o uso do M D S para a modelagem da localização ótima
de uma antena receptora e transmissora de telefonia celular
(Jensen, 1995; Cowen e Jensen, 1998). Arquitetos, pla­
nejadores, engenheiros e profissionais do setor imobiliário
estão começando a usar esse tipo de informação para uma
grande variedade de propósitos.

Um modelo digital de superfície de uma porção da Westin-


ghouse Savannab River Company, situada próximo a Aiken,
SC, é mostrada na Figura 13-48. Esta cena tridimensional foi
gerada a partir de dados de último retorno LIDAR, obtidos
Figura 13-48 Modelo digital de superfície (MDS) analiticamente
com uma densidade de espaçamento de aproximadamente
sombreado de uma porção da Westinghonse Savannab
River Company, situada próximo a Aiken, SC, deri­
10 cm. Nota-se que este não é um modelo digital de terreno
vado a partir de dados de último retorno LIDAR, da superfície terrestre nua, pois a informação sobre a elevação
obtidos em novembro de 2004, com uma densidade da vegetação e das edificações ainda está presente na cena.
de espaçamento de aproximadamente 10 cm. A ele­
vação dos edifícios, árvores, obras de transporte e do Venderhoe (2005) comparou e contçastou a informação de
próprio terreno pode ser extraída do MDS. elevação derivada de métodos fotogràmétricos em relação a
métodos lidargramétricos, para fins de projetos de engenharia
te dos SIG usados para planejamento socioeconômico ou de transporte, como parte do programa de pesquisa do Con­
ambiental no ambiente urbano inclui um M D S ou M D T sórcio Nacional para o Sensoriamento Remoto em Trans­
(Jensen et ai., 2005). Dois sensores que podem fornecer porte do Departamento de Transporte dos EUA (NCRST,
essa informação são: 2006). Ele constatou que a informação de elevação derivada
de lidargrametria foi tão eficaz quanto a derivada por méto­
• fotografia aérea métrica estereoscópica de grande esca­ dos fotogràmétricos para aplicações em transporte.
la, analógica ou digital, com uma resolução espacial de
< 0 ,2 5 - 0 ,5 m; Dados Meteorológicos

• dados LIDAR, com espaçamento da nuvem de pontos de


< 1 m e precisão vertical de aproximadamente 15 cm.
Em ambientes urbanos, o tempo afeta diariamente os sis­
A fotogrametria digital baseada em dados de sensores re­ temas sociais, educacionais, empresariais, de telecomuni­
motos de alta resolução espacial revolucionou a criação e cações e transporte. Grandes investimentos foram feitos
disponibilidade de modelos digitais de superfície e de ter­ para o desenvolvimento de monitoramento em tempo
reno (Jensen, 1995; Linder, 2003) (Capítulo 6). A extra­ quase-real de frentes meteorológicas, temperatura, precipi­
ção de M DTs de alta resolução a partir de dados LIDAR tação e, sobretudo, para o desenvolvimento de sistemas de
está se tornando cada vez menos onerosa e poderá se tor­ alerta de tempestades e condições meteorológicas adversas.
nar a tecnologia de escolha preferencial no futuro (Haala e Esses importantes parâmetros meteorológicos são monito­
Brenner, 1999; Hodgson et al., 2005) (Capítulo 10). rados quase que exclusivamente por sofisticados sistemas
de sensoriamento remoto em solo ou aerotransportados.
A elevação do terreno em ambientes urbanos não se altera Por exemplo, dois “Satélites Geoestacionários Operacio­
muito rapidamente. Portanto, um M D T de uma área ur­ nais Ambientais” (Geostationary Operational Environmental
banizada necessita ser adquirido apenas com frequência de Satellites - GOES) estão posicionados em uma altitude de
um a cinco anos, a menos que tenha ocorrido significati­ 35.790 km acima do equador, em órbitas geossíncronas.
vo desenvolvimento, e o analista deseje comparar M D Ss e O GO ES West obtém informação sobre a porção ocidental
M D Ts de duas datas diferentes para determinar mudanças dos Estados Unidos e está situado na longitude 135° oeste.
na elevação do terreno, identificar acréscimos ilegais nas O GOES East obtém informação sobre o Caribe e a porção
502 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana

E x tração de In form ação sobre Superfícies Im perm eabilizadas

a. Ortofoto digital NAPP U SGS 1 x 1 m (banda do vermelho). b. Extração de materiais de superfícies impermeabilizados.

Figura 13-49 Superfícies impermeabilizadas foram extraídas a partir de ortofotos digitais falsa-cor de 1 x 1 m do “Programa Nacional de
Levantamento Aerofotogramétrico” (NationalAerialPhotography Program - NAPP), realizado pelo “Serviço de Levantamen­
to Geológico Americano” ( United States Geological Survey - USGS), relativas a uma área na Carolina do Norte [cortesia de
Tom Tribble e Frank Obusek; Centro para Análise e Informação Geográfica da Carolina do Norte (North Carolina Center
for GeographicInformation andAnalysis)', Jensen e Hodgson (2004)].

oriental dos Estados Unidos e está situado na longitude 75° significativas para alertas de chuvas rápidas e condições
oeste. Todos os dias, milhões de pessoas em todo o mundo meteorológicas adversas, segurança do tráfego aéreo, con­
observam a movimentação de frentes meteorológicas, que trole de fluxo do tráfego aéreo, proteção de recursos em
em alguns casos resultam em tornados e furacões de grande bases militares, gestão de recursos hídricos, agrícolas e flo­
ameaça. Imagens completas do disco hemisférico terrestre restais, além da remoção de neve (NOAA R O C, 2006). O
podem ser obtidas a cada 25 minutos. Tempestades intensas produto de “refletividade composta” do radar Doppler é
em regiões relativamente pequenas podem ser imageadas a projetado sobre um mapa geográfico cartesiano, com reso­
cada 3,1 minutos. A resolução espacial é de 1 x 1 km para lução de 1 x 1 km em 230 km, ou de 4 x 4 km em 460 km.
a faixa do visível, e de 4 —8 km para as faixas do infraver­ Os dados são obtidos a cada 5 minutos para o modo de
melho termal. Os países europeus usam o satélite M ETE- tempestade ou condições meteorológicas adversas, e a cada
OSAT, cujas faixas do visível e infravermelho próximo são 10 minutos no modo de tempo limpo.
obtidas com resolução de 2,5 x 2,5 km, e do infravermelho
termal com 5 x 5 km, a cada 25 minutos. O monitoramen­ Dados diurnos e noturnos do infravermelho termal com alta
to antecipado e a modelagem de furacões baseados nos da­ resolução espacial (5 - 30 m) podem ser usados para obter
dos desses satélites ajudaram a salvar milhares de vidas em informação espacial quantitativa detalhada sobre os efeitos de
épocas recentes. Por exemplo, em 1989, o furacão Hugo ilhas de calor urbanas (Lo et al., 1997). O sensor Enhanced
causou aproximadamente um bilhão de dólares de prejuízo Thematic Mapper Plus do satélite Landsat 7, com sua resolu­
em instalações residenciais, comerciais e industriais, mas ção espacial de 60 x 60 m, e o ASTER, com resolução espacial
não houve vítimas fatais, em vista de alertas antecipados e de 90 x 90 m, são particularmente úteis. A informação espa­
evacuações auxiliados por sensoriamento remoto. cial pode então ser usada para promover campanhas de ar-
borização, a fim de melhorar o efeito da ilha de calor urbana.
A população também se baseia no Radar de Acompanha­
mento Meteorológico do Serviço Nacional de Meteorolo­ Hidrologia Urbana
gia (N ational Weatber Service Weather Surveillance Radar
- W SR-88D), localizado em solo, para o mapeamento de
precipitações e alerta de tempestades (Capítulo 12). A co­
bertura máxima do radar N EXR A D é de aproximadamen­ Engenheiros civis e hidráulicos e planejadores urbanos
te 460 quilômetros. A rede N EX R A D fornece melhoras constantemente requerem informação atualizada sobre a
Resposta a Emergências em Desastres 503

hidrologia urbana. Duas medidas úteis que podem ser ob­ de radar interferométrico de abertura sintética. Associações
tidas por sensoriamento remoto são a área da superfície de solo e cobertura vegetal encontram-se frequentemente
impermeabilizada e a delimitação de planícies inundáveis. em transição na fronteira da planície. Portanto, é possível
utilizar dados multiespectrais para identificar mudanças na
Mapeamento da Superfície Impermeabilizada associação do tipo de vegetação ou solo e usar essa infor­
mação conjuntamente com dados de elevação e declivida-
de para identificar os limites da planície.
Superfícies impermeabilizadas, tais como asfalto, concreto
e materiais de cobertura de edificações, não deixam que a Dados de sensores remotos multiespectrais ou hiperespectrais
água das chuvas infiltre-se no solo. Quanto maior a quan­ com uma resolução espacial de 1 —30 m são em geral sufi­
tidade de materiais impermeabilizadores de superfícies cientes para a delimitação de planícies inundáveis quando
em uma bacia hidrográfica, maior o escoamento superfi­ usados conjuntamente com dados de elevação. Em áreas di­
cial e maior a vazão de pico dos afluentes, que por sua nâmicas, a delimitação de planícies inundáveis deve ser atua­
vez, aumentam a vazão total na bacia. Um significativo lizada com frequência de um a cinco anos (Tabela 13-1).
número de trabalhos foi conduzido para desenvolver mé­
todos visando extrair informação sobre superfícies imper­ Identificação de Áreas Ambientais
meabilizadas a partir de dados de sensores remotos. Essas Críticas
superfícies, como áreas de estacionamento, estradas, cons­
truções, etc., podem ser facilmente identificadas em da­
dos de sensoriamento remoto de grande escala por meio Ambientes urbanos e periurbanos frequentemente in­
de elementos fundamentais de interpretação de imagem. cluem áreas ambientalmente sensíveis, tais como brejos
Além disso, as características espectrais de certos materiais ou pântanos, habitat de espécies ameaçadas, parques,
de superfícies impermeabilizadas podem ser coletadas e áreas circunvizinhas a estações de tratamento de esgoto,
usadas para treinar programas de processamento digital de bem como áreas em bacias hidrográficas urbanizadas que
imagens para identificar automaticamente coberturas com fornecem o escoamento para mananciais de abastecimento
superfície impermeabilizada e quantificar a sua extensão de água potável. Ambientes sensíveis relativamente está­
(Ridd, 1995). Por exemplo, a Figura 13-49 mostra como veis necessitam ser monitorados apenas a cada um ou dois
ortofotos de 1 x 1 m do “Programa Nacional de Levanta­ anos, usando dados de sensores remotos multiespectrais
mento Aerofotogramétrico” (N ational A erial Photography com resolução espacial de 1 - 10 m. Para áreas extrema­
Program —N APP), realizado pelo “Serviço de Levantamen­ mente críticas que possam sofrer mudanças rapidamente,
to Geológico Americano” ( United States Geological Survey os sensores remotos multiespectrais (incluindo um canal
— USGS) foram usadas para identificar superfícies imper­ de infravermelho termal) deveríam obter dados com reso­
meabilizadas associadas com um grande shopping center lução espacial < 0,25 - 2 m e com frequência de um a seis
na Carolina do Norte (Jensen e Hodgson, 2004). meses (Ehlers et al., 2003).

Superfícies impermeabilizadas podem ser mais precisamen­ Resposta a Emergências em


te inventariadas usando dados de sensores remotos mul­ Desastres
tiespectrais com uma resolução espacial de 0,25 - 10 m
(Ridd, 1995; Ji e Jensen, 1999; Jensen et al., 2005a,b). A
urbanização ocorre em um ritmo acelerado em muitos paí­ A Agência Federal de Gestão de Emergências (Federal
ses (Jensen et al., 2002). Neste sentido, torna-se necessário Emergency M anagement Agency - FEM A) dos EUA, que
adquirir informação sobre superfícies impermeabilizadas é parte do Departamento de Segurança Interna, utiliza
em ambientes urbanos de rápido crescimento com uma atualmente dados de sensores remotos na condução do
frequência de um a cinco anos (Tabela 13-1). programa de “Modernização do Mapa Multirrisco de En­
chentes” (M ulti-H azard Flood M ap M odernization pro­
Delimitação de Planícies Inundáveis gram ). Ele inclui o mapeamento e a análise de dados para
todos os tipos de riscos. O programa requer controle de
pontos geodésicos, imagens aéreas, dados de elevação e
A extensão geográfica de planícies inundáveis pode ser iden­ de extensão de corpos d ’água, bem como outros dados te­
tificada usando dados de sensores remotos multiespectrais máticos, que são usados para produzir mapas digitais de
associados à informação fornecida por modelos digitais de enchentes e outros produtos relacionados a riscos. Todos
terreno (M D T ), derivados de levantamento terrestre, foto- os dados são disponibilizados no portal Geospatial One-
grametria digital, LIDA R ou IFSAR (Interferometric Syn- Stop e no “M apa Nacional” ( The N ational M ap) (Lowe,
thetic Aperture Radar), este último correspondente a dados 2003; FEM A, 2006).
Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana

a. Caminhão de combustível tombado no Alasca (Jensen e Co- b. Fotografia aérea de trechos de um viaduto de uma autoestrada que
wen, 1999). cederam, próxima a Saugus, CA, imediatamente após um terremoto
em 1971. Os trechos do viaduto eram sustentados por pilares que não
resistiram ao tremor.

c. Danos de um tornado próximo a Mechanicsville, NY. Esta é uma ima­


gem com resolução espacial de 0,3 x 0,3 m, obtida em 1 de junho de
1998, usando uma câmera digital. Bombeiros e trabalhadores do serviço
de resgate aparecem na cena (cortesia de Litton Emerge, Inc.).

Figura 13-50 Exemplos de imagens de alta resolução espacial adquiridas imediatamente após a ocorrência de desastres, usando fotografia
aérea métrica tradicional (a,b) e câmera métrica digital (c).

Enchentes (p.ex., o rio M ississipi em 1993; o rio Reno Quando um desastre ocorre, dados de alta resolução
e o rio Danúbio em 1993), furacões (p.ex., o H ugo em ( < 0,25 - 2 m) pancromáticos e/ou do infravermelho
1989; o Andrew em 1991; três furacões na Flórida em próximo devem ser adquiridos dentro de 12 horas a dois
2004; o Katrina em 2005), tornados (todos os anos), dias (Schweitzer e M cLeod, 1997). Por exemplo, a Figura
incêndios, derramamentos de óleo, terremotos (p.ex., 13-50a registra um derramamento associado a um cam i­
Saugus, CA, em 1971; Northridge, CA, em 1994) e os nhão de combustível tombado, imediatamente após o
tsunamis do Oceano Indico em 2004 demonstraram acidente. Uma fotografia aérea adquirida imediatamente
que um banco pré-desastre de dados de imagens geor- após o terremoto fatal Saugus, CA, em fevereiro de 1971,
referenciadas (e ortorretificadas) de sensoriamento re­ é apresentada na Figura 13-50b. Danos de um tornado
m oto é indispensável (Jensen e H odgson, 2006). Os da­ ocasionados próximo a Mechanicsville, NY, foram capta­
dos pré-desastre necessitam ser atualizados apenas com dos por uma imagem digital mostrada na Figura 13-50c.
frequência de um a cinco anos. Entretanto, eles devem Se o terreno estiver entrecoberto por nuvens, o imagea-
se constituir de dados multiespectrais de alta resolução mento por radar geralmente fornece as informações úteis.
espacial ( 1 - 5 m), se possível (Jensen e Cowen, 1999). Imagens pós-desastre são usualmente corregistradas a
Resposta a Emergências em Desastres 505

Im p actos do T su nam i em B an d a Aceh e G leeb ruk, In do n ésia

a. Imagem QuickBird 60 x 60 cm de Banda Aceh, Indoné­ b. Imagem QuickBird 60 x 60 cm, obtida em 28 de


sia, obtida em 23 de junho de 2004. dezembro de 2004, revelando extensas pilhas de entulho.

c. Imagem QuickBird 60 x 60 cm de Gleebruk, Indonésia, d. Imagem QuickBird 60 x 60 cm, obtida em 2 de janeiro


obtida em 12 de abril de 2004. de 2005, revelando forte erosão e remoção da vegetação.

Figura 13-51 Imagens antes e depois do Tsunami em Banda Aceh e Gleebruk, Indonésia, revelando casas destruídas, vias e pontes removi­
das pela força das águas, e destruição das florestas (cortesia de DigitalGlobe, Inc.).

imagens pré-desastre, permitindo assim a detecção ma­ Prefeitos e governadores frequentemente usam dados de
nual e automática de mudanças (Jensen, 2005). Se infor­ sensores remotos pré e pós-desastre para obter uma rápida
mações precisas e quantitativas sobre habitações danifi­ avaliação da extensão e magnitude da devastação. Por exem­
cadas, vias de transporte interditadas, fluxo de materiais plo, imagens de BandAceh e Gleebruk, na Indonésia, antes
derramados, bem como danos a redes de infraestrutura e depois do tsunami revelam casas destruídas, vias e pontes
subterrâneas são requeridas, é aconselhável a aquisição removidas pela força das águas, e destruição das florestas (Fi­
de dados pós-desastre pancromáticos e no infravermelho gura 13-51). Quando essa informação é cruzada com a infor­
próximo, com resolução espacial de 0,25 — 1 m, dentro mação de valor das propriedades imobiliárias armazenada em
de um a dois dias. Esse tipo de informação é indispen­ um SIG para uma dada área, uma avaliação quantitativa dos
sável para a avaliação dos danos e alocação dos escassos danos em moeda corrente pode ser feita, o que é indispensável
recursos de limpeza e remoção de entulho. nos casos de requisição de assistência em eventos de desastre.
506 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana

f\ Observações Rondonia, Amazônia,” PhotogrammetricEngineeringík Remote

K A
A Tabela 13-1 e a Figura 13-2 revelam que há um bom nú­
Sensing, 69(7):805-812.

Carlson.T., 2003, “Applications of Remote Sensing to Urban


Problems,” Remote Sensing o f Environment, 86:273—274.
mero de sistemas de sensores remotos que atualmente for­
necem algumas das informações urbanas/socioeconômicas Chen, D. and D. Stow, 2003, “Strategies for Integrating
desejadas, quando a resolução espacial requisitada é inferior Information from Muldple Spatial Resolutions into Land-
a 4 x 4 m e a resolução temporal oscila entre 1 e 55 dias. use/Landcover Classification Routines,” Photogrammetric
Entretanto, dados de resolução espacial extremamente alta Engineeringík Remote Sensing, 69(11): 1279-1287.
(< 1 x 1 m) são necessários para satisfazer muitas das re­
quisições de dados socioeconômicos. De fato, conforme Clapham, W. B., 2003, “Continuum-based Classification
mostrado na Figura 13-2, o único sensor que atualmen­ o f Remotely Sensed Imagery to Describe Urban Sprawl
te fornece esses dados sob encomenda é a fotografia aérea on A Watershed Scale,” Remote Sensing o f Environment,
analógica ou digital (0,25 - 0,5 m). O satélite IKO NO S 86:322-340.
da empresa GeoEye, com seus dados pancromáticos de 1 x
1 m; o satélite OrbView 3, também da GeoEye e igualmen­ Cowen, D. J. and W. Craig, 2004, “A Retrospective Look at
te com dados pancromáticos de 1 x 1 m, além do satélite the Need for a Multipurpose Cadastre,” Surveying and Land
QuickBird da empresa DigitalGlobe, com seus dados pan­ Information Science, 63(4):205-2l4.
cromáticos de 0,61 x 0,61 m, podem ainda não atender a
todos os requisitos de dados. Nenhum dos sensores pode Cowen, D. C. andj. R. Jensen, 1998,“ExtractionandModeling
fornecer a resolução temporal de 5 a 60 minutos, necessá­ of Urban Attributes Using Remote Sensing Technology,”
ria para estudos de tráfego e demanda por estacionamento. People and Pixels: Linking Remote Sensing and Social Science,
A constelação de satélites G O ES (East e West) e o satélite Washington: National Academy Press, 164—188.
europeu M ETEO SA T fornecem informações meteorológi­
cas suficientes em escala regional e nacional, com razoáveis Cullingworth, B., 1997, Planning in the USA: Policies, Issues
resoluções temporal (3 —25 minutos) e espacial ( 1 —8 km and Processes, London: Routledge, 280 pp.
e 2,5 — 5 knt, respectivamente). O Radar de Acompanha­
mento Meteorológico do Serviço Nacional de Meteorolo­ Curran, P. J., andT. A. Hobson, 1987, “Landsat MSS Imagery
gia, posicionado em solo, fornece resolução espacial (I o x to Estintate Residential Heat-Load Density,” Environment
Io) e temporal ( 5 - 1 0 min) suficientes para o rastreio de and Planning, 19:1597-1610.
precipitações e tempestades em ambientes urbanos.
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510 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana

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Sensoriamento Remoto de Solos ,
Minerais e Geomorfologia

S
omente 26% da superfície terrestre é de terras expostas. Os restantes 74% são co­
bertos por água (incluindo ilhas interiores, lagos, reservatórios e rios). Muito pou­
cas pessoas vivem em barcos ou em estruturas localizadas na água. Quase toda a
humanidade vive sobre uma base sólida terrestre composta de rochas ou de rochas
intemperizadas, que chamamos de solos. Os homens conseguem obter colheitas rela­
tivamente abundantes em solos de certas partes do nosso Planeta. Conseguem tam­
bém extrair minerais importantes e materiais derivados que podem ser usados em
processos industriais e comerciais, visando melhorar a qualidade de vida na Terra.
Desta forma, é importante possuir informações as mais precisas possíveis sobre a lo­
calização, a qualidade e a abundância dos solos, dos minerais e das rochas, com o ob­
jetivo de conservar da melhor forma possível esses recursos naturais não-renováveis.

A camada rochosa está continuamente sendo intemperizada e erodida pelos efeitos


combinados da água, dos ventos e/ou de gelo. O domo monolítico arenítico de­
nominado Ayers Rock, na Austrália, é um bom exemplo de um material litológico
sedimentar inclinado, que está sendo intemperizado e erodido (Figura 14-1). A
placa arenítica anteriormente enterrada foi exposta à superfície há cerca de 70
milhões de anos. Os materiais erodidos foram se movendo para outras localidades
por transporte de massa. Estes materiais sedimentares inconsolidados são chama­
dos de depósitos superficiais. O sensoriamento remoto pode desempenhar im­
portante função na identificação, inventário e mapeamento dos solos superficiais
terrestres, especialmente quando não estão recobertos por vegetação. O Capítulo
14 faz uma revisão dos tópicos fundamentais associados com o sensoriamento
remoto das características espectrais dos solos, abordando a influência do tamanho
dos grãos, da matéria orgânica e do conteúdo de umidade na reflectância espectral
dos solos. O sensoriamento remoto pode também auxiliar na modelagem da ero­
são dos solos, provendo informações para a Equação Universal de Perdas de Solos
(também conhecida como “Universal Soil Loss Equation”, U SLE) e para outros
modelos hidrológicos (p.ex., King et al., 2005).

O sensoriamento remoto pode prover informações sobre a composição química


de rochas e de minerais da superfície terrestre que não estejam completamente
recobertos por vegetação densa. Para isso, a grande ênfase é colocada no enten­
dimento de bandas de absorção específicas associadas com determinados tipos de
rochas e minerais, quando é utilizada espectroscopia de imageamento (Dalton et
al., 2004; Hook et al., 2005). Em certos casos, o sensoriamento remoto pode ser
utilizado para identificar relações geobotânicas e para identificar geoquímica dos
solos ou tipos de rochas (p.ex., Rowan et al., 2000).

Este Capítulo conclui com uma abordagem sobre como informações geológicas ge­
rais podem ser extraídas de dados de sensoriamento remoto, incluindo informações
sobre litologia, estrutura, padrões de drenagem e geomorfologia (fisiografia) (Walsh
et al., 1998; Bocco et al., 2005). Os dados de sensoriamento remoto são geralmente
de valor limitado para detectar feições geológicas subsuperficiais, a menos que tais
feições tenham uma significativa expressão superficial que possa ser interpretada.
Sensoriamento Remoto de Solos,
512 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia

Ayers R o ck (U lu ru ), A u strália ou mais horizontes (ou camadas horizontais) que são dis­
tinguíveis do material rochoso (“rocha-mãe”, “rocha-matriz”
ou “material de origem”) como resultado de adições, perdas,
transferências e transformações de energia e matéria, com
capacidade para suportar plantas com raízes num ambiente
natural (USDA, 2003). O material intemperizado, incon­
solidado, orgânico e mineral existente sobre o leito rochoso,
conforme está mostrado na Figura 14-2, varia amplamente
em composição e espessura ao longo da superfície terrestre.
Nas regiões centrais dos continentes, como na América do
Norte, pode chegar a profundidades desde 25 até 300 m.
Nas regiões de montanhas escarpadas ou nos desertos este
material pode estar quase ausente. Solos congelados (“per-
mafrost”) são encontrados nos climas árticos.

Horizontes dos solos

Processos biológicos, químicos e físicos que ocorrem nos so­


Imagem QuickBird obtida em 4 de fevereiro de 2002.
los criam subdivisões zonais que se distribuem até a 200 cm
Figura 14-1 A geologia de “Ayers Rock” (Uluru, no idioma nativo ou mais em profundidade, nas quais há movimento relati­
aborígene), na Austrália, é uma placa monolítica de vamente livre da água gravitacional e da umidade do lençol
arenito arcóseo que emergiu mais de 348 m acima do freático. Isto resulta na criação de camadas relativamente
deserto. A placa sedimentar anteriormente horizon­ horizontais denominadas “horizontes dos solos” . Há vários
tal e enterrada foi inclinada (dobrada) de tal forma
horizontes padrões num perfil típico de solo situado sobre a
que ela projeta-se acima da superfície num ângulo
rocha matriz, incluindo (Figura 14-2) os horizontes: O, A, E,
aproximado de 85°. Ela continua abaixo da super­
fície por 5 a 6 km. Algumas camadas de arenito ar­ B, C, R e W, que podem ser distinguíveis um do outro com
cóseo são menos resistentes do que outras e erodem base em suas respectivas características de cor [hue (matiz),
mais rapidamente. Isto produz nervuras ou sulcos. A value (valor) e chroma (croma, saturação ou intensidade)],
Ayers Rock possui uma área de 3,33 km’ com uma textura e propriedades químicas (USDA, 1998; 2003).
circunferência de 9,4 km e localiza-se a 1.395 km ao
sul de Darwin (cortesia de DigitalGlobe, Inc.).
O epipedon (em grego, o prefixo epi significa sobre, superior,
enquanto que pedon significa solo) é um horizonte que se
Características e Taxonomia dos Solos forma na, ou próximo da, superfície, sendo que ali a maior
parte da estrutura da rocha-matriz já foi destruída (USDA,
2003). Quando o horizonte superficial contém mais de
20% de matéria orgânica parcialmente decomposta, este
Solo é o material inconsolidado da superfície terrestre que epipedon é denominado horizonte O e, desta forma, pode
serve como meio natural para o crescimento das plantas. ser considerado como uma mistura complexa de partículas
As raízes das plantas residem dentro deste material e dele inorgânicas e de matéria orgânica em decomposição. Solos
extraem água e nutrientes. O solo é o material intemperi- com horizonte O apresentam, tipicamente, uma colora­
zado entre a atmosfera terrestre e o leito rochoso abaixo da ção escurecida ou quase negra, com espessura entre poucos
superfície até uma profundidade de aproximadamente 200 centímetros chegando até a metros em locais de cobertura
cm (USDA, 1998). Um solo maduro e fértil é produto vegetal densa. Este horizonte é criado pela interação da
de séculos de intemperismo físico e químico da rocha, em água, materiais químicos, calor, materiais orgânicos e ar
combinação com a decomposição de plantas e de outros entre as partículas dos solos. Os sistemas radiculares das
materiais orgânicos (Loynachan et al., 1999). Os solos são plantas extraem grande parte da água e dos nutrientes a
essenciais para o sistema de suporte da vida na Terra. Os partir desta “zona de vida” (Marsh e Dozier, 1981).
agrônomos referem-se a eles com a denominação “solum”.
O horizonte A é uma zona de eluviação ou de lixiviação, que
Os solos são constituídos de partículas sólidas (minerais e or­ pode ser formado na superfície ou sob um horizonte O, onde
gânicas) de variados tamanhos e composições, que perfazem a água se move para cima e para baixo na coluna do solo, li-
aproximadamente 50% do seu volume. Os solos também xiviando minerais em solução (íons) e coloides argilosos e re-
contêm líquidos e gases. Um solo é caracterizado por um alocando-os nos horizontes abaixo. Os horizontes A exibem
Características e Taxonomia dos Solos 513

Perfil d o solo gravitacional vinda da parte superior proveniente de precipi­


tações ou irrigações. Ali os materiais podem ser depositados
Rico em húmus
no horizonte B, a zona de iluviação. Normalmente, esta ca­
Húmus textura fina mada é rica em argila, apresentando cores avermelhadas ou
Zona de
Eluviação Partículas minerais amareladas pelos óxidos de ferro (Lovnachan et al„ 1999).
claras
Com o passar do tempo, a zona de iluviação pode juntar
tanta massa de coloides e de minerais que os espaços de ar
entre partículas tornam-se obstruídos, cimentando as par­
Zona de Acumulação de coloides; tículas entre si. Isto pode levar ao desenvolvimento de uma
Iluviação duripã estrutura impermeável denominada duripã (ou hardpari).
Transição para o subsolo
O horizonte C é simplesmente o material de origem in-
temperizado, abaixo do horizonte B. A maior parte dos
horizontes C é mineral. O material de origem, ou seja, a
rocha-mãe, é submetido ao intemperismo físico e químico
Subsolo; usualmente
um depósito de minerais por ações do frio, das raízes, dos ácidos provenientes das
intemperizados a partir plantas e por outros agentes. Em alguns casos, o horizonte
da rocha-matriz C é transicional entre a rocha não intemperizada (R) abai­
xo e o solo em desenvolvimento acima. Pode ocorrer, em
alguns casos, a existência de uma camada de água dentro
Rocha-mãe ou abaixo do solo. A água pode estar permanentemente
congelada (Wfl ou não (W).

Tamanho das Partículas do Solo e Textura*•


Figura 14-2 Um perfil padrão de solo, como definido pelo D e­
partamento de Agricultura dos Estados Unidos
(USDA). Os principais horizontes dos solos são:
O, A, E, B, C, situados sobre a rocha-mãe (R). O diâmetro médio dos grãos de solo num horizonte é uma
O horizonte O contém matéria orgânica parcial­ das principais variáveis usadas para identificar a classifica­
mente decomposta. Os sub-horizontes são transi- ção taxonômica de um solo. Há três classes universalmente
cionais para e entre horizontes (U.S. Department aceitas de tamanhos de grãos de solos: areia, silte e argila.
o f Agriculture, 1998).
A Figura 14-3 identifica três diferentes escalas usadas para
classificar partículas de solos com base em seus diâmetros.
destruição de todas ou de praticamente todas as estruturas da Segundo a escala do Departamento de Agricultura dos Es­
rocha original. Em regiões de clima úmido, os minerais argila, tados Unidos (USDA) (Loynachan et ah, 1999):
os óxidos de ferro e os carbonatos de cálcio são normalmente
movidos para baixo. Esta lixiviação pode fazer com que os • Areia: a) partícula de solo entre 0,05 e 2,0 mm de diâ­
horizontes A sejam arenosos e de colorações claras, embora metro; b) solo composto de uma grande porcentagem
a sua parte superior seja, em geral, escurecida por causa do de partículas com tamanho da areia;
húmus proveniente de materiais vegetais decompostos. Os
solos com horizonte A podem ser influenciados pelo cultivo • Silte: a) partícula de solo entre 0,002 e 0,05 mm de di­
ou pelo pastoreio de animais nas regiões agrícolas. âmetro; b) solo composto de uma grande porcentagem
de partículas com tamanho do silte;
Pode ocorrer que exista um horizonte E entre a zona de
eluviação (horizonte A) e a zona de iluviação (horizonte • Argila: a) partículas de solo < 0,002 mm em diâmetro
B). Os horizontes E têm camadas minerais nas quais a fei­ equivalente; b) solo que apresenta propriedades domi­
ção principal refere-se à perda de argilas silicatadas, ferro, nadas pelas partículas de tamanho da argila.
alumínio ou combinações destes materiais, permanecendo
uma concentração de partículas de silte e de areia. Todas As partículas areia, silte e argila desempenham diferentes
ou quase todas as estruturas da rocha-matriz já foram pra­ funções no processo de formação do solo. As partículas
ticamente destruídas no horizonte E. com tamanho areia aumentam a drenagem do solo por­
que a água pode percolar livremente entre os espaços de ar
O movimento descendente de íons e de coloides na coluna existentes entre as grandes partículas arenosas. Por outro
do solo termina, em geral, numa certa altura onde a pressão lado, as partículas silte e argila aumentam o movimento
para cima da água capilar se contrabalanceia com a água e a retenção da água capilar do solo. As partículas argila,
Sensoriamento Remoto de Solos,
514 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia

a. Escala granulométrica da Soil Science Society o f America e do USDA

Areia
Argila Silte Cascalho
muito fina fina média grossa muito grossa
0,002 0,05 0,1 0,25 0,5 1 2 mm 76,2

?• Tamanhos relativos a um grão de


Argila * • , Silte
Areia de 0,15 mm em diâmetro

Areia
b. Escala do M IT e British Standards Institute
Silte Areia
Argila Cascalho Pedra;
fino médio grosso fina média grossa
0,002 0,006 0,02 0,06 0,2 0,6 2 mm

c. Escala da International Society o f Soil Science


Areia
Argila Silte Cascalho
grossa
0,002 0,02 0,2 2 mm

Figura 14-3 Três escalas de tamanhos de partículas dos solos: a) Escala granulométrica da Soil Science Society o f America e do USDA;
b) Massachusetts Institute o f Technology (MIT) e British Standards Institute; e c) International Society o f Soil Science
(conforme Marsh e Dozier, 1981; Loynachan et al., 1999).

que são muito pequenas, apresentam cargas elétricas que chaves para realizar a taxonomia dos solos (Keyes to Soil
atraem e prendem diminutas partículas de minerais dissol­ Taxonomy) têm sido utilizadas pelo U SD A Natural Re­
vidos (íons), tais como o potássio e o cálcio. Graças a este sources Conservation Service (USDA, 2003) desde 1975,
mecanismo de ligação dos íons às partículas de argila, eles visando diferenciar qualitativa e quantitativamente entre
não são facilmente lavados e lixiviados. Desta forma, algu­ categorias taxonômicas de solos { “soil taxa’). A mais alta
mas argilas ajudam a manter a fertilidade do solo, retendo categoria do Sistema Americano de Classificação de Solos
minerais dissolvidos ricos em potássio, cálcio e em outros (U.S. Soil Taxonomy, U SST ) é a Ordem. Cada Ordem re­
nutrientes (Marsh e Dozier, 1981). flete os processos dominantes deformação e o grau deformação
dos solos. As 12 principais Ordens de solos do U S ST são:
Os horizontes do solo contêm várias proporções de areia, Alfisols (solos ricos em nutrientes), Andisols (solos vulcâ­
silte e argila. A textura de um solo relaciona-se à proporção nicos), Aridisols (solos desérticos), Entisols (solos novos),
relativa de areia, silte e argila existente neste solo. A textura Gelisols (solos de tundra), Histosols (solos orgânicos), In-
típica do solo é a porcentagem em peso de partículas de vá­ ceptisols (solos jovens), Mollisols (solos de pradarias), Oxi-
rias classes de tamanhos. O triângulo de textura dos solos do sols (solos tropicais), Spodosols (solos de florestas), Ultisols
USDA, mostrado na Figura 14-4 identifica as porcentagens (solos pobres em nutrientes), e Vertisols (solos de argilas
de areia, silte e argila, conforme os tipos padrões de solos. expansivas). Chaves dicotômicas adicionais permitem aos
Por exemplo, um solo franco ( “loam’), encontrado no centro pedólogos a classificação dos solos em SubOrdens, Gran­
do diagrama, é constituído de 40% de areia, de 40% de silte des Grupos, SubGrupos, Famílias e Séries.
e de 20% de argila. Se um solo possui uma maior concentra­
ção de areia - p.ex., 60% - com 10% de argila e 30% de silte, A Soil Taxonomy é um sistema relativamente complexo
será chamado de franco-arenoso ( ‘sandy loam soil’), etc. baseado no uso de chaves dicotômicas de eliminação que
permitem ao pedólogo avaliar várias características pre­
Taxonomia de Solos sentes nos perfis de solos, incluindo a cor (matiz, valor e
croma), classe textural, conteúdo de umidade, densidade,
porosidade e a parte química. Por exemplo, a primeira cha­
Os pedólogos (cientistas que estudam solos) são aqueles ve de entrada para as Ordens de solos é: O solo contém:
que determinam a taxonomia dos solos (Petersen, 1999). As 1) camada gelada ( “perm afrost”) em profundidade até 100
Sensoriamento Remoto de Propriedades dos Solos 515

100
Os instrumentos sensores ópticos, por exemplo, tais como
as câmeras fotográficas aéreas, os imageadores multiespec-
trais e hiperespectrais, podem registrar as características
de reflectância espectral da superfície dos solos se eles não
estiverem recobertos por vegetações ou dosséis densos. Te­
oricamente, a radiância total que é refletida por um solo
exposto e é registrada por um sensor a bordo de um satélite
(L ) é função da energia eletromagnética das fontes identi­
ficadas na Figura 14-5 e sumarizadas como:

L =L +L +L (14-1)

Onde:

• L : esta é a porção da radiância registrada, proveniente da


radiação descendente do Sol ( E f e da atmosfera ( E f ,
que nunca atinge a superfície do solo. Trata-se de um
indesejado ruído atmosférico e deveria ser, em condições
ideais, removido das imagens antes de se tentar extrair
Figura 14-4 Porcentagens de argila (< 0,002mm), silte (0,002 informações sobre os solos e minerais superficiais.
- 0,05 mm) e areia (0,05 - 2,0 mm) nas classes
texturais principais dos solos (USDA, 1998). • L : Uma parte da radiação solar direta e difusa atinge a
interfacear-solo(tambémdenominada “boundarylayer)
cm; ou 2) m ateriais congelados nos primeiros 100 cm de pro­ e a penetra em aproximadamente Vi comprimento de
fundidade e permafrost nos 2 0 0 cm de profundidade desde a onda (X) de profundidade no solo. Se o comprimento
superfície1 Se a resposta fo r positiva, trata-se de um Gelisol. de onda da luz em estudo for da luz verde, a profundi­
dade de penetração na coluna do solo será aproximada­
Se a resposta for negativa, o analista progride então ao lon­ mente de 0,275 pm (ou seja, Vi de 0,55 pm). A quan­
go das chaves dicotômicas até que encontre aquele solo tidade de fluxo radiante que emerge da coluna do solo
que encaixe com todas as condições por ele identificadas. por reflexão e por espalhamento, que ocorre nesta pro­
fundidade, é L . As características dos constituintes do
Sensoriamento Remoto de solo, seja a matéria orgânica (material animal ou vegetal
Propriedades dos Solos em decomposição), sejam os inorgânicos (material mi­
neral), bem como a quantidade de umidade presente no
solo, apresentam significativo impacto na quantidade
Considerando o que foi exposto até este ponto, fica claro que de energia absorvida, espalhada e/ou refletida por esta
grande parte das informações usadas pelos pedólogos para superfície. A Figura l4-5a ilustra um solo com horizon­
mapear séries de solos de uma região necessitam ser observa­ tes O e A bem desenvolvidos. Provavelmente, a maior
das de forma direta, no campo. Assim, é essencial que perfis parte da energia refletida por este solo será representa­
subsuperficiais sejam examinados e se obtenham cuidadosas tiva dos constituintes do horizonte O. A medida que
medições biológicas, químicas e físicas dentro de cada hori­ a quantidade de húmus (matéria orgânica) diminui, a
zonte do solo em análise. Desta forma, não é realístico ter reflectância superficial deverá ser mais representativa das
como expectativa que o sensoriamento remoto possa ser uma características do horizonte A (Figura l4-5b). Quando
panaceia universal que permita executar mapeamentos de ca­ tanto o horizonte O quanto o horizonte A são pratica­
tegorias de solos sem contar com coletas de dados in situ. Ao mente inexistentes, como é mostrado na Figura l4-5c, a
invés disso, é necessário entender que, sob certas condições, reflectância superficial pode ser uma função do subsolo
é possível que os dados de sensoriamento remoto tenham intemperizado (regolito) ou mesmo do leito rochoso, se
valor para o pedólogo na medida em que ele colete todos ele estiver completamente exposto, como pode ocorrer
os materiais pertinentes necessários para executar classifica­ no declive de uma montanha escarpada.
ções de solos seguras. De fato, muitos pedólogos acham que
as imagens de sensoriamento remoto são essenciais para o • L \ Uma parte da radiação solar direta e difusa incidentes
processo de mapeamento de uma área de interesse (Petersen, pode ser capaz de penetrar talvez uns poucos milímetros
1999). Felizmente, algumas características de solos podem ou até mesmo um ou dois centímetros na coluna de solo.
ser medidas remotamente sob determinadas condições. Esta parte pode ser referida como espalhamento volumé-
Sensoriamento Remoto de Solos,
516 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia

Irradiância Solar Radiância


Direta e Difusa Total
L t = L p + LS + L V

a. Solo com horizontes O e A b. Horizonte O fino sobre horizontes A c. Horizonte O muito fino sobre subsolo
bem desenvolvidos. e B menos desenvolvidos. ou leito rochoso intemperizado.

Figura 14-5 Solos e rochas recebem a irradiância proveniente do Sol {E J e da atmosfera (ú ( ). A radiância total que emerge de um solo/
matriz rochosa em direção a um sensor remoto é função da radiância do espalhamento atmosférico indesejado (L^, da quan­
tidade substancial de radiância (L ) refletida ou espalhada pela superfície superior do solo/matriz rochosa (aproximadamente
V2 comprimento de onda em profundidade), da pequena quantidade de radiância volumétrica de subsuperfície (L ) e da
muito pequena quantidade de radiância do subsequente substrato solo/rocha.

trico, L . A diferença da água (como referido no Capítulo Ls+ L v = L t- L p (14-2)


12), entretanto, deve ocorrer muito pouco espalhamen­
to volumétrico do fluxo radiante visível, infravermelho Isto envolve uma cuidadosa correção radiométrica dos
próximo e infravermelho médio que emerge do perfil do dados do sensor remoto visando remover a atenuação at­
solo a partir de uma profundidade significativa. De fato, mosférica (A ). Teoricamente, nós poderiamos separar a
quase toda a reflectância especular da interface ar-solo contribuição individual de L e de L para o fluxo radiante
( “boundary layer reflectance”, L ) e o espalhamento vo­ refletido. Contudo, na prática isto é difícil e usualmente é
lumétrico (L ) podem ocorrer nos primeiros milímetros necessário contentar-se em analisar uma integração (soma)
do perfil do solo. A quantidade de fluxo radiante volu­ destes dois constituintes da radiância. N o entanto, é possí­
métrico espalhado ou refletido de volta para a atmosfera vel fazer algumas observações gerais sobre como os solos de
é função do comprimento de onda da energia incidente superfície aparecem nos dados de sensoriamento remoto,
(i.e, os comprimentos de onda maiores das micro-ondas com base em suas propriedades de reflectância espectral.
ativas podem penetrar mais profundamente no solo,
como já se demonstrou no deserto do Saara), do tipo e As características de reflectância espectral dos solos são
da quantidade de constituintes orgânicos/minerais, da funções de várias características importantes, incluindo:
forma e da densidade dos minerais, do grau de com­ • a textura do solo (porcentagens de areia, silte e argila);
pactação mineral e da quantidade de umidade presente • o conteúdo de umidade do solo (p.ex.: seco, úmido,
no solo. As Figuras l4-5b,c sugerem que à medida que saturado);
o horizonte O torna-se menos desenvolvido, possivel­ • o conteúdo de matéria orgânica;
mente mais energia incidente interaja com as partículas • o conteúdo de óxidos de ferro;
de solo no horizonte A (Figura l4-5b) ou mesmo com o • a salinidade do solo;
subsolo e o leito rochoso (Figura l4-5c). • a rugosidade superficial.

O objetivo principal do sensoriamento remoto de solos e Geralmente, um solo seco com pouca matéria orgânica
de minerais é o de separar a radiância de interesse das ra- exibe uma curva de reflectância espectral relativamente
diâncias de todos os outros componentes, que estão sendo simples e menos complexa do que as curvas da vegetação
registradas pelo sistema sensor. Por exemplo, o pesquisador (Capítulo 11) ou dos corpos d’água que contêm algas (Ca­
interessado em identificar os constituintes orgânicos e inor­ pítulo 12). A Figura 14-6, por exemplo, ilustra reflectâncias
gânicos (ou minerais) presentes nos horizontes superiores espectrorradiométricas obtidas para solo siltoso seco e para
dos solos está principalmente interessado na medição da solo arenoso seco. Isto demonstra uma das mais consisten­
resposta espectral integrada da radiância de superfície e de tes características dos solos secos: aumento da reflectância
subsuperfície, i.e, L e L : com 0 aumento dos comprimentos de onda, especialmente no
Sensoriamento Remoto de Propriedades dos Solos 517

espaço de ar _ _ reflectância especular


Figura 14-6 Curvas de reflectância obtidas in situ para solo sil- intersticial
toso seco e para solo arenoso seco. A reflectância reflectância volumétrica
geralmente aumenta com o aumento dos compri­
mentos de onda ao longo do visível, do infraver­
melho próximo e do infravermelho médio.

visível e no infravermelho próximo. Entretanto, à medida


que se umedece um solo, ou que há aumento de matéria
orgânica ou de oxido de ferro, sua resposta espectral pode
divergir desta simplicidade acima aludida. Portanto, é útil
rever como estes parâmetros influenciam a resposta espec­
tral dos solos expostos, lembrando que uma importante
busca do sensoriamento remoto é conseguir esmiuçar a
resposta espectral proveniente de uma superfície de solo,
de modo a se poder identificar as proporções e/ou influên­
cias das características presentes dentro do campo de visa­
da instantâneo do sistema sensor utilizado.

Textura e Conteúdo de Umidade do Solo


Figura 14-7 a) A energia radiante incidente pode ser refletida
pela superfície de solo seco, ou pode penetrar para
Existe uma relação entre o tamanho das partículas do solo dentro das partículas de solo, onde ela pode ser ab­
sorvida ou espalhada. A reflectância total que deixa
encontrada num volume de solo (p.ex., m3) e a quantidade
o solo é função da reflectância especular e da re­
de umidade que o solo pode armazenar. A Figura l4-7a
flectância volumétrica interna, b) À medida que a
ilustra o que ocorre com grãos teóricos de areia. O fluxo ra­ umidade aumenta, cada partícula pode ser encap-
diante incidente pode ser refletido pela superfície dos grãos sulada por uma fina membrana de água capilar. Os
de areia, produzindo reflectância especular, ou a energia in­ espaços de ar intersticial podem ser preenchidos
cidente pode penetrar alguma distância dentro da partícula com água. Quanto maior a quantidade de água no
de areia. A energia pode então ser absorvida pela partícula solo, maior a absorção da energia eletromagnética
incidente e menor a reflectância do solo.
e transformada em energia calórica ou pode sair da partí­
cula e ser espalhada ou absorvida por outras partículas. O
vazio entre as partículas é chamado de espaço de ar intersti- Os solos de argilas mais finas possuem partículas que estão
cial. A reflectância total por comprimento de onda (p.ex., arranjadas mais próximas umas das outras e então os espaços
a luz azul, verde, vermelha, infravermelho próximo) para de ar intersticial entre as partículas de solo são muito pe­
um dado solo seco sem matéria orgânica e sem óxidos de quenos. Por outro lado, as partículas arenosas são grandes e,
ferro é função da média da energia especular refletida pelas portanto, conterão maiores espaços de ar intersticial. Quan­
superfícies das partículas do solo e da reflectância do volume do ocorre uma precipitação, ou quando a água que está
do solo advinda dos espalhamentos internos. em profundidade sobe dentro do horizonte, as partículas
Sensoriamento Remoto de Solos,
518 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia

ça a absorver seletivamente significativas quantidades de


energia incidente, nas bandas de absorção da água, em 1,4,
em 1,9 e em 2,7 pm. A umidade do solo absorve mais
energia radiante incidente nas regiões espectrais adjacentes
a estas bandas de absorção. O resultado é uma resposta
espectral muito mais complexa, com “vales” característi­
cos na curva de reflectância nas bandas de absorção pela
água atmosférica localizadas em 1,4 pm, em 1,9 pm e em
2,7 pm. E importante notar também que a quantidade de
energia refletida no verde, no vermelho, no infravermelho
próximo e no infravermelho médio é dramaticamente re­
duzida à medida que a umidade do solo aumenta.

Este mesmo relacionamento ocorre para solos argilosos,


como está demonstrado na Figura 14-8b, onde se pode
perceber que para altas umidades nos centímetros supe­
riores do solo diminui toda a curva espectral ao longo do
intervalo de comprimentos de onda entre 0,5 e 2,6 pm,
aprofundando a banda de absorção ao lado das bandas
de absorção pela água. E importante notar, porém, que
as bandas de absorção pela água parecem ser muito mais
ativas. Isto ocorre porque os solos argilosos, com sua fina
Figura 14-8 Quanto maior o conteúdo de umidade em so­
textura, podem controlar a retenção de mais umidade
los arenosos (a) e em solos argilosos (b), menor a
reHectância ao longo da região do visível e do in­ na porção superior do horizonte, o que permite que esta
fravermelho próximo, especialmente nas bandas de umidade absorva uma parte do fluxo radiante incidente e,
absorção de água em 1,4 pm, em 1,9 pm e em 2,7 assim, sejam criados significativos “vales” nas bandas de
pm (Hoffer, 1978). absorção e nas adjacências dessas bandas.

individuais podem ficar envolvidas por uma fina membra­ Analistas de imagens experientes sabem que os dados de
na de água capilar. A água pode também ocupar os espaços sensores remotos de superfícies expostas de solos, obtidos
de ar intersticial (Figura l4-7b). Os solos argilosos, mais após grandes precipitações, ficarão significativamente mais
densamente compactos, com cada uma de suas pequenas escuros do que se a imagem tivesse sido adquirida após mui­
partículas retendo uma membrana de água em sua parte tos dias sem precipitação. Isto ocorre porque a água, nas su­
externa, pode armazenar uma grande quantidade de água. perfícies de solos, absorve grande parte da energia radiante
Inversamente, os solos arenosos, com partículas significati­ incidente, especialmente no visível e no infravermelho pró­
vamente maiores e com espaços de ar também maiores: 1) ximo, resultando em menor quantidade de radiância que é
drenam muito mais rapidamente do que os solos argilosos, enviada em direção ao sistema sensor considerado.
e 2) secam muito mais rapidamente por evaporação do que
os solos argilosos. Porém, o que isso tem a ver com as ca­ Se houver a disponibilidade de sensores de alta resolução
racterísticas de reflectância espectral dos solos? A resposta a radiométrica e espectral, pode ser possível diferenciar entre
esta pergunta é que, basicamente, a quantidade de umida­ solos com diferentes texturas, uma vez que quase todos os
de retida na superfície do solo é função da textura do solo. solos que tenham moderada a alta proporção de partículas
Quanto mais fina a textura, maior a capacidade do solo em argilosas exibem fortes bandas de absorção pela hidroxila
manter um alto conteúdo de umidade quando ocorrem pre­ em aproximadamente 1,4 e em 2,2 pm. A resposta espec­
cipitações. Quanto maior a umidade do solo, maior será a tral de solos arenosos, na Figura l4-8a, não foi influencia­
absorção de energia radiante incidente e, portanto, menor da pela banda de absorção devida à hidroxila, ocorrente em
será a quantidade de luz refletida. 2,2 pm, enquanto que a resposta espectral do solo argiloso,
na Figura l4-8b, exibe significativa absorção tanto em 1,4
Isto fica demonstrado para solos arenosos com pequena pm como em 2,2 pm. E claro que isto somente é possível
quantidade de vegetação na superfície, na Figura l4-8a. O diferenciar entre solos argilosos e silto/arenosos, se os solos
solo arenoso seco tem uma resposta espectral relativamente estão praticamente secos e contêm muito pouca matéria
simples, que cresce ao longo da região entre 0,5 e 2,6 pm. orgânica, a qual poderia mascarar tal relação; além disso,
Entretanto, à medida que a umidade do solo aumenta, a deve-se destacar a fina resolução espectral dos sensores hi-
água dos primeiros centímetros superiores do solo come­ perespectrais, que podem ser sensíveis a intervalos especí-
Sensoriamento Remoto de Propriedades dos Solos 519

Matéria Orgânica e Crostas Biológicas do Solo

As plantas e os animais decompõem-se e tornam-se húmus


orgânico nas porções superiores dos horizontes de solos. A
quantidade de matéria orgânica no solo tem significativo
impacto nas características de reflectância espectral dos solos
expostos. Geralmente, quanto maior a quantidade matéria
orgânica, maior será a absorção de energia incidente e me­
nor a reflectância espectral. A Figura 14-9 sumariza a relação
curvilinear para solos com 0 a 100% de matéria orgânica.

Algumas vezes os solos apresentam crostas de materiais


biológicos (Wassenaar et al., 2005). Estas crostas biológicas
de solos são comunidades de musgos, líquens, briófitas, al­
gas, fungos, cianobactérias e bactérias. Elas podem sobre­
viver em condições de seca e temperaturas extremas (acima
de 70 °C ), em altos pH e em altas salinidades. As crostas
Figura 14-9 Quanto maior a quantidade de material orgânico
num solo, maior será a absorção da energia inci­
biológicas de solos têm sido encontradas em desertos ao
dente e menor a reflectância espectral. redor do mundo e desempenham importante papel em
ecossistemas desérticos na formação, estabilidade, fertili­
dade e prevenção de erosão de solos (Belnap, 2003). As ca­
racterísticas de reflectância espectral de três tipos de crostas
ficos de comprimentos de onda (p.ex., os comprimentos biológicas de solos são mostradas iva Figura 14-10.
de onda centrados em 1,4 e em 2,2 pm). Chabrillat et al.
(2002) mapearam solos de argilas expansivas (esmectita, Com base nestas relações, Chen et al. (2005) desenvolve­
ilita e caulinita) no Colorado usando dados hiperespectrais ram um índice de crostas biológicas de solos ( “biological
e informações encontradas nas bandas de absorção ocor- soil crust index”, BSCI), usando imagens ETMVLandsat:
rentes na região espectral entre 1.900 e 2.400 nm. Okin
and Painter (2004) usaram dados hiperespectrais para ma­ (14-3)
BSCI =
pear a distribuição espacial de tamanhos de grãos de areia
(desde 1,0 até 0,2 mm) em campos agrícolas abandona­
dos, num ambiente desértico. Eles observaram que quanto
maior o tamanho do grão, menor a reflectância no SW IR Onde Rgreen e Rrea. são as reflectâncias das bandas 2 e 3 do
(infravermelho de ondas curtas), especialmente nas regiões E T M ' e L é um fator de ajuste para amplificar a diferença
centradas em 1,7 e em 2,2 pm. absoluta entre Rgreen e Rrear Se o numerador tiver um valor ne-
gativo, L é restrito a um intervalo entre 2 e 4. O denomina­
Também é possível diferenciar entre algumas texturas dor é a reflectância média da reflectância no verde, vermelho
de solos usando características de retroespalhamento das e infravermelho próximo nas bandas E T M + 2, 3 e 4.
micro-ondas ativas (radar). Por exemplo, a missão SIR-A
(NASA Shuttle Imaging Radar) revelou canais de rios en­ Óxidos de Ferro
terrados abaixo da areia do Saara (McCauley et al., 1982)
(Figura 9-21). Os canais de rios apareciam escuros, com
padrões de drenagem dendrítica nas imagens de radar da N o sudeste dos EUA, no sudeste da Ásia, no Brasil e em
banda L (24 cm), enquanto que os leitos rochosos cober­ várias outras partes do mundo, os óxidos de ferro estão
tos por areia apresentavam sinais de radar claros. Os sinais presentes nos solos. A existência de óxidos de ferro geral­
de radar conseguiram penetrar até a 1-2 m na areia seca, mente causa aumento na reflectância no vermelho (600
retornando resposta de leitos rochosos e nódulos de car­ - 700 nm), avermelhando, portanto, a cor destes solos
bonato de cálcio enterrados. Williams e Greeley (2004) (Figura 14-11). FFá também uma significativa diminui­
observaram que comprimentos de onda relativamente ção na reflectância nas porções do azul e do verde nos
pequenos, na banda C (5,8 cm), foram melhores para solos com óxidos de ferro, os quais exibem também uma
identificar a extensão de areia seca, enquanto que compri­ banda de absorção na região de 850 - 900 nm, quando
mentos de onda maiores, na banda L, penetraram melhor se compara com solos de textura franco-arenosa (“sandy
em camadas finas de areia úmida. loam”) sem óxidos de ferro.
Sensoriamento Remoto de Solos,
520 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia

R eflectân cia de C ro stas B io ló g icas de S o lo s, S o lo E x p o sto , V egetação e S o m b ra

Figura 14-10 Reflectância espectral de crostas biológicas de solos, incluindo também a reflectância de solo exposto, vegetação e sombra de
vegetação (Chen et al., 2000; reimpresso com permissão da Elsevier).

Salinidade do Solo

A salinidade do solo é um importante risco ambiental. A


extensão global de solos afetados por salinidade primária é
da ordem de 955 milhões de hectares, enquanto que a sa-
linização secundária afeta aproximadamente 77 milhões de
hectares, dos quais 58% em áreas irrigadas. Perto de 20% de
todas as terras irrigadas são afetadas por sais, sendo que esta
proporção está aumentando, a despeito dos esforços de re­
cuperação. Os sais tendem a se concentrar nas camadas mais
superficiais dos solos de regiões áridas e de áreas irrigadas.

Metternicht e Zinck (2003) fornecem um panorama das


considerações que devem ser feitas quando se busca extrair
informações sobre salinidade com sistemas de sensoriamento
remoto. A Figura 14-12a ilustra as características espectrais
de crostas salinas versus não-salinas para solos siltosos da
Bolívia. Notar que ocorre alguma confusão espectral entre
crostas salinas e crostas de solos siltosos claros nas porções do
azul e do verde (450 - 550 nm). A reflectância geralmente Figura 14-11 Óxidos de ferro em solos franco-arenosos causam
aumenta com o aumento das concentrações de sais. Os solos aumento na reflectância no vermelho (0,6 - 0,7
afetados por sais mostram resposta espectral relativamente pm) e um decréscimo na reflectância do infraver­
maior nas regiões do visível e do infravermelho próximo melho próximo (0,85 - 0,90 pm).
do que os solos não-salinos, sendo que os solos fortemente
salino-sódicos exibem respostas espectrais maiores do que
os solos moderadamente salino-sódicos (Rao et al., 1995).
Este gráfico deixa claro porque os depósitos salinos tipica-
Sensoriamento Remoto de Propriedades dos Solos 521

R eflectância de V egetação e de C ro stas S alin as e N ão -Salin as

Comprimento de onda (nm)

Figura 14-12 a) Reflectância espectral de crostas de solos salinos e não-salinos (Metternicht e Zinck, 2003; reimpresso com permissão
da Elsevier) versus resposta espectral da vegetação, b) Medições espectrorradiométricas de reflectância de Halita (NaCl) em
variadas concentrações de sal (Farifteh et al., 2006; reimpresso com permissão da Elsevier).

mente se sobressaem como brancos intensos em fotos aéreas Rugosidade Superficial


infravermelhas coloridas ou em composições multiespectrais
falsa-cor (devido a altas proporções de reflectância no verde,
no vermelho e no infravermelho próximo), enquanto que a Com o foi explanado no Capítulo 9 (Sensoriamento Re­
vegetação se sobressai em vermelho brilhante (devido à ab­ moto na Faixa das Micro-ondas Ativas), quanto menor a
sorção por clorofila nas porções verde e vermelha do espectro rugosidade superficial relativa em relação ao tamanho da
e alta reflectância no infravermelho próximo). Indicadores radiação incidente, maior será a reflectância especular do
usados para distinguir solos salinos/alcalinos podem ser áreas terreno em questão. Nós podemos utilizar esta informa­
de desenvolvimento irregular dentro das lavouras agrícolas, a ção para fazer algumas considerações gerais em relação à
presença de árvores secas, matizes azul-esverdeados, além de quantidade de reflectância espectral de diferentes texturas
condições de estresses de umidade. Medições espectrorradio­ de solos, assumindo que eles estão sem umidade, matéria
métricas de halita com variadas concentrações de salinidade orgânica e óxidos de ferro. Os solos de textura argilosa,
são mostradas na Figura 14-12b (Farifteh et al., 2006). secos, em comparação com superfíces arenosas ou siltosas,
Sensoriamento Remoto de Solos,
522 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia

deveríam produzir uma resposta espectral mais alta ao lon­ misturas minerais com variados tamanhos de grãos (Clark,
go das porções do visível e do infravermelho próximo em 1999). Isto é importante porque significa que nós pode­
função de reflexão especular no infravermelho próximo. mos conseguir predizer como as curvas de reflectância de
N o entanto, não é bem assim, porque à medida que umi­ tipos específicos de minerais ou rochas deveríam parecer
dade, matéria orgânica ou óxido de ferro são adicionados nos vários comprimentos de onda. Isto pode ser impor­
ao solo argiloso, ele começa a absorver muito fluxo radian­ tante quando tentamos interpretar a informação contida
te incidente, e muito possivelmente aparecerá como siltoso em dados de sensoriamento remoto por espectroscopia de
ou talvez mesmo como arenoso no dado de sensoriamento imageamento de terrenos mineralizados.
remoto. Isso pode causar problemas de interpretação.
Espectroscopia de Imageamento de
Por outro lado, solos arenosos secos, com seus grãos gran­ Rochas e Minerais
des e que permitem fácil drenagem interna, deveríam espa­
lhar difusamente os comprimentos de onda incidentes no
visível e no infravermelho próximo em proporção maior do Os instrumentos de espectroscopia de imageamento são
que para os solos argilosos ou para os solos siltosos. No en­ úteis para a obtenção de informações quantitativas sobre
tanto, é comum para a maioria dos solos arenosos de grãos tipos de rochas e composições de minerais. No Capítulo
mais grosseiros estarem entre os terrenos mais brilhantes e, 7 foram revisadas as características fundamentais dos siste­
inversamente, os solos argilosos estarem entre os mais escu­ mas sensores de espectroscopia de imageamento, tais como
ros. King et al. (2005) e Zribi et al. (2005) descrevem como o AVIRIS (Airborne Visible Infrared Imaging Spectrome-
a rugosidade superficial pode ser medida usando sistemas ter). A presente seção revê as características fundamentais
de sensoriamento remoto por micro-ondas ativas. que impactam nossa capacidade de determinar tipos de
rochas e composições minerais quando utilizamos espec-
Sensoriamento Remoto de Rochas e trometria de imageamento.
de Minerais
Espectrôm etros de Im ageam ento

Rochas são assembléias de minerais interligados entre si ou Os espectrômetros de imageamento podem ser usados em
que estão mantidos unidos por vários tipos de cimentos laboratório, em campo ou instalados num avião para missões
(usualmente sílica ou carbonato cálcico). Quando pratica­ de sensoriamento remoto. As espectroscopias de reflectância
mente não ocorre vegetação à superfície e, desta forma, os e de emitância de superfícies naturais são sensíveis a ligações
solos e as rochas são visíveis diretamente por sistemas de químicas específicas dos materiais. N o passado, um dos pro­
sensoriamento remoto, pode tornar-se possível diferenciar blemas associados à espectroscopia era que ela era muito sen­
entre vários tipos de rochas e obter informações sobre suas sível a pequenas mudanças na química e/ou na estrutura dos
características. Grande parte das superfícies rochosas con­ materiais. Isto resultava na criação de curvas espectrais muito
siste de vários tipos de minerais. Clark (1999) sugere que complexas, as quais eram frequentemente ininteligíveis. Fe­
é possível modelar a reflectância de uma rocha exposta que lizmente, grandes avanços foram obtidos em 1) qualidade de
contenha vários minerais ou um único mineral, com base sensores espectrômetros imageadores, e 2) nossa habilidade
na equação de Hapke (1993): de entender e de destrinçar o conteúdo de informação pre­
sente nos dados gerados por espectrorradiômetros. Assim, o
r _ w’ x P x [(1 + B }P + H H fi (14-4) que então era uma desvantagem (ou seja, curvas de reflectân­
x 4n p + po
cia espectral muito complexas) tornou-se agora uma vanta­
onde r. é a reflectância no comprimento de onda A., \\r é o gem, na medida em que permite aos cientistas extrair mais
cosseno do ângulo de incidência da luz sobre a rocha ou mi­ informações úteis sobre a química do ambiente natural.
neral de interesse, p é o cosseno do ângulo da luz emitida, g é
ângulo fase, w’é o albedo médio de espalhamento individual Interações Energia-M atéria — Processos de Reflexão e
da rocha ou mineral de interesse, é uma função de retro- de Absorção
espalhamento, P é a função de fase média da partícula indi­
vidual, e H é uma função para espalhadores isotrópicos. Com o já foi discutido anteriormente, os fótons da luz inci­
dente num mineral ou rocha são 1) refletidos pelas superfí­
Equipado com esta avançada teoria de reflectância e com cies dos grãos para outras superfícies de grãos, 2) transmi­
as conhecidas constantes ópticas dos minerais, é possível tidos através do grão para outros grãos, e/ou 3) absorvidos
computar os espectros teóricos de reflectância para 1) mi­ dentro do grão. Para os fótons que são refletidos ou refrata-
nerais puros que tenham tamanho único de grão, 2) mi­ dos, diz-se que foram espalhados. Os fótons espalhados po­
neral puro com uma variedade de tamanhos de grãos, e 3) dem encontrar outro grão ou ser espalhados para longe da
Sensoriamento Remoto de Rochas e de Minerais 523

Figura 14-13 Comparação de espectros de alunita (um sulfato de


alumínio) obtido por sensor de laboratório; obtido
por simulação conforme as bandas TM/Landsat
(reamostrados a partir do espectro de laboratório);
e espectro obtido por um sensor GERIS (Geophysi-
cal and Environmental Research Imaging Spec-
trometer) de 63 canais, na região de Cuprite (NV,
Estados Unidos). Os símbolos e os números dos ca­
nais nas curvas do TM e do GERIS identificam os
centros das bandas. Muitas informações caracterís­
ticas de bandas de absorção são perdidas pela curva
simulada TM (com exceção da baixa reflectância
na banda 7 do TM , localizada em 2,2 pm), ao
passo que grande parte da informação espectral está Figura 14-14 a) O índice de refração e o coeficiente de extinção
preservada na curva do GERIS. Os espectros estão do quartzo para o intervalo espectral entre 6 - 1 6
deslocados verticalmente para maior clareza (con­ pm. b) As características de reflectância espectral
forme Kruse et al., 1990). de quartzo pulverizado obtidas com um espectror-
radiômetro (segundo Clark, 1999).

superfície, talvez em direção a um sistema sensor remoto,


onde sua quantidade e as propriedades podem ser detec­ e sua dependência do comprimento de onda permite-nos
tadas e medidas. E importante enfatizar que nós estamos derivar informações sobre a química de um mineral a partir
interessados aqui em fótons originados no Sol e que intera­ da energia refletida ou emitida. O sensor ideal é o espec-
jam com o mineral de interesse. É interessante lembrar, no trômetro de imageamento porque ele pode registrar grande
entanto, que os fótons podem também ser emitidos de um parte das informações de absorção, de forma muito seme­
mineral porque (como discutido no Capítulo 8) todos os lhante à de um espectrorradiômetro portátil. Consideremos,
objetos acima de zero absoluto emitem radiação. por exemplo, as curvas de reflectância espectral da alunita
mostradas na Figura 14-13. A mais detalhada informação
Se todo mineral absorvesse e espalhasse os fótons inci­ de reflectância espectral é obtida quando é utilizado um es­
dentes de maneira idêntica, então não haveria base para o pectrorradiômetro portátil. Os dados aéreos de reflectância
sensoriamento remoto mineralógico e, então, a quantida­ espectral obtidos pelo sensor GERIS (Geophysical and En­
de de energia que deixaria cada tipo de mineral em com­ vironmental Research Imaging Spectrometer), de 63 canais,
primentos de onda específicos seria idêntica. Felizmente, mantém grande parte da informação espectral. Por outro
certos tipos de minerais absorvem e/ou espalham energia lado, grande parte da informação sobre absorção espectral
incidente de formas diferentes. é perdida quando os dados espectrais são obtidos a partir
das seis bandas simuladas do sensor Thematic Mapper do
Há um certo número de processos que determinam como Landsat (Kruse et al., 1990).
um mineral absorverá ou espalhará a energia nele inciden­
te. Além disso, os processos de absorção e de espalhamen- Todos os materiais têm um índice de refração complexo. O
to de luz diferem em função do comprimento de onda (A.) vácuo do espaço exterior, a atmosfera, o quartzo e a água,
da luz em questão. A variedade de processos de absorção todos têm diferentes índices de refração. Se nós iluminar-
Sensoriamento Remoto de Solos,
524 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia

mos uma superfície plana com fótons de luz diretamente


de cima, a luz, R, será refletida pela superfície de acordo
com a equação de Fresnel:

( n - l )2 + K 2
(14-5)
(n + l ) 2 + K 2

onde n é o índice de refração e K é o coeficiente de extinção.


A Figura 14-14a (Clark, 1999) ilustra o índice de refração e o
coeficiente de extinção do quartzo. Destas ilustrações fica cla­
ro que as constantes ópticas (n eK ) para o quartzo variam for­
temente com o comprimento de onda. Notar que o índice de
refração (n) atinge um mínimo justamente antes de 8,5 pm
e de 12,6 pm. A reflectância relativa de quartzo pulverizado,
quando medida por um espectrômetro no intervalo espectral
entre 6 e 16 pm, é mostrada na Figura 14-14b (Clark, 1999).
Os espectros de reflectância do quartzo ao longo do visível e
do infravermelho próximo são praticamente zero e portanto
não estão mostrados. Entretanto, de 8 a 9,5 pm e em 12,6
pm há um notável aumento na reflectância. Se o quartzo ne­
cessita ser detectado de fato, usando espectrometria de image-
amento, é necessário utilizar a região entre 8 e 10 pm, como
está mostrado na citada figura. Porém, o que faz os espectros
de reflectância do quartzo aparecerem desta forma? Por que
certas partes do espectro são mais absorvidas do que outras? A
resposta reside no âmago do uso da espectrometria de image-
amento para análise mineral: é por causa dos tipos específicos
de absorção que ocorrem no interior dos minerais.

Processos de Absorção
Figura 14-15 Espectros de três minerais, derivados do AVIRIS
(Airborne Visible Infrared Imaging Spectrometer)
Como foi demonstrado nas ilustrações anteriores, uma curva e usando um espectrorradiômetro de laboratório
de reflectância espectral típica obtida por um espectrômetro (segundo Van der Meer, 1994). As linhas verticais
de imageamento exibe vários máximos e mínimos. Os míni­ identificam feições-chaves de absorção, úteis para
mos são causados por fortes bandas de absorção. Por exemplo, identificar a caulinita. A discrepância entre as curvas
espectros obtidos com sensor de laboratório e com o AVIRIS de laboratório e AVIRIS para cada mineral são devi­
das a 1) os espectros de laboratório são produzidos
para três minerais [caulinita, sulfato de alumínio (alunita) e
pelo uso de amostras puras, enquanto que os dados
buddingtonita (um feldspato de amônia)] são mostrados na
AVIRIS são extraídos de áreas relativamente grandes
Figura 14-15 (Van der Meer, 1994). Os cientistas documen­ (20 x 20 m) que contêm uma mistura de materiais
taram que minerais específicos exibem espectros de absorção dentro do campo de visada instantâneo (IFOV) do
relativamente únicos. Por exemplo, feições-chaves de absor­ sistema sensor, 2) os dados AVIRIS são registrados
ção associadas com caulinita são tipicamente encontradas em sob efeitos atmosféricos, e 3) as amostras de labo­
2,17, em 2,21, em 2,32 e em 2,38 pm. Se um espectro exibir ratório estão secas, enquanto as outras, obtidas em
condições de campo, podem exibir pequenas diferen­
mínimos e máximos nestas localidades, há grandes chances de
ças na umidade dos solos. Os espectros estão desloca­
ser caulinita. E importante destacar aqui que somente sensores
dos verticalmente para efeitos de maior clareza.
hiperespectrais com resolução de larguras de bandas espectrais
da ordem de aproximadamente 10 nm têm a capacidade de
captar tais informações. Os espectrorradiômetros com largura Processos Eletrônicos: o processo eletrônico mais comum
de banda de 20 nm podem perder inteiramente os mínimos e revelado nas curvas de reflectância espectral de minerais é
máximos. Este diagrama também sugere que as diferenças em devido a camadas de elétrons não preenchidas de elemen­
máximos, mínimos e na declividade entre os máximos e os tos de transição como Ni, Cr, Co, Fe, etc. (Clark, 1999).
mínimos podem permitir deduzir que estes três minerais po­ Isto é chamado de efeito de campo cristalino. As bandas de
dem ser diferenciados um do outro usando dados de sensores absorção podem também ser causadas por absorções por
remotos espectrais. As bandas de absorção nestes minerais são transferência de carga, bandas de condução e centros de cores.
causadas por processos eletrônicos e vibracionais. Boas exposições sobre estes itens podem ser encontradas
Sensoriamento Remoto de Rochas e de Minerais 525

em Clark (1999) ou no M anual de Sensoriamento Remoto em seguida usaram um programa computacional (o Tetracor-
— Geociências (Rencz, 1999), para informações detalhadas der) para comparar os espectros calibrados, obtidos para cada
relacionadas com estes processos de absorção eletrônica. pixel pelo AVIRIS, com espectros contidos numa biblioteca
de reflectâncias espectrais de minerais. Vinte e quatro cate­
Processos V ibracionais gorias de minerais foram encontradas na região entre 2 e 2,5
pm, usando o Tetracorder. Notar o detalhamento presente
As ligações numa molécula ou numa estrutura de cristal po­ nos dados AVIRIS de baixa altitude (2,3 x 7m), quando
dem ser comparadas a elásticos com pesos presos neles, que comparados com os resultados dos dados menos refinados do
causam vibrações no sistema. A frequência de vibração de­ AVIRIS de alta altitude (18 x 18m) (Swayze et al., 1999).
pende das ligações na molécula e de suas massas. Para uma
molécula com N átomos, há 3N-6 modos normais de vibra­ Rowan et al. (2000) conduziram um estudo geobotânico
ções chamadas fundamentais. Cada vibração pode também usando dados AVIRIS da Carolina do Norte e da Carolina
ocorrer grosseiramente em múltiplos das frequências fun­ do Sul, visando identificar rochas de alteração hidrotermal,
damentais originais. As vibrações adicionais são chamadas com base em características de reflectância espectral de ve­
de overtons ou combinações. Hunt (1977) desenvolveu um getação florestal ali presentes. Monoculturas esparsas de cas-
diagrama de assinatura espectral que sumariza o impacto tanheiras resultaram em menores densidades de dosséis nos
dos processos de absorção eletrônicos e vibracionais para um sítios de rochas alteradas, expressando-se em menores imen­
grupo de minerais (Clark, 1999). Agua, hidroxila, carbo- sidades de absorção O-H nos dados AVIRIS. Galvão et al.
natos, fosfatos, boratos, arsenatos e vanadatos apresentam (2005) usaram feições de absorção da hidroxila bem defini­
bandas de absorção vibracionais diagnosticas. das ocorrentes em 2.200 nm para identificar minerais alte­
rados hidrotermalmente (caulinita e moscovita), com dados
Bibliotecas de Reflectâncias Espectrais ASTER. Entretanto, estes autores advertem que coberturas
vegetais densas diminuem a probabilidade de identificação
O U.S. Geological Survey compilou uma Digital Spec- correta nos ambientes tropicais. Ellis e Scott (2004) utili­
tral Library (Biblioteca Espectral Digital) (U SG S Speclab, zaram dados hiperespectrais HyMap e bandas de absorção
2006). O Califórnia Institute o f Technology Jet Propul- para diferenciar entre biotita e topázio no Reino Unido. As
sion L.aboratory compilou uma biblioteca espectral que bandas de absorção associadas com o sensoriamento remoto
inclui a biblioteca de Salisbury et al. (1991), a JP L A ST ER de solos salinos são encontradas em Farifteh et al. (2006).
Spectral Library e a supramencionada U SG S Digital Spec-
tral Library (JPL, 2006). Estas são bibliotecas espectrais Características A ST E R de Reflectância e de Absorção
precisas. O recomendável é que se usem apenas bibliotecas Üteis para Discrim inação M ineral e Rochosa
espectrais que foram criadas usando rigorosos padrões de
calibração da espectroscopia de imageamento. Várias das características diagnosticas espectrais de rochas e
de minerais são encontradas na porção espectral do infraver­
O btenção de M apas M inerais pelo Uso de D ados Hi- melho termal. O mais importante sensor orbital que fornece
perespectrais tais tipos de informações é o A STER (Advanced Spacebor-
ne Thermal Emission and Reflection Radiometer), a bordo
Se nós dispusermos de espectros de alta resolução espectral do satélite EOS/Terra. Seis bandas A STER (da banda 4 à
para uma superfície rochosa desconhecida e removermos banda 9) cobrem o intervalo do infravermelho de ondas
os efeitos atmosféricos, convertendo os valores de brilho curtas (SWIR). A banda 6 está centrada numa feição de
para reflectância percentual (ou exitância), então pode­ absorção da argila, frequentemente associada com alteração
remos pesquisar uma biblioteca espectral para identificar hidrotermal e potencial mineral. A banda 8 está centrada
os tipos de minerais que apresentam espectros idênticos numa feição de absorção por carbonato, permitindo então
ou muito similares aos da biblioteca pesquisada. Desta a discriminação de calcários e dolomitas em relação a outras
maneira, o imageamento espectroscópico pode ser usado rochas. Cinco bandas A ST ER (da banda 10 à 14) cobrem o
para derivar informações mineralógicas significativas com infravermelho termal (TIR). As bandas 10, 11 e 12 foram
pouco ou nenhum trabalho de campo in situ. Em algumas projetadas para detectar feições espectrais dos sulfatos e da
situações, mapas mineralógicos podem ser feitos. sílica. Analisando a reflectância na banda 6 (SWIR) conjun­
tamente com a banda 10 (TIR) pode-se discriminar entre
Consideremos, por exemplo, os dois mapas minerais mos­ minerais comuns como a alunita (um sulfato importante
trados na Prancha Colorida 14-1, os quais foram derivados para depósitos minerais preciosos) e a anidrita (um sulfato
de dados AVIRIS de baixa e de alta altitude obtidos sobre evaporativo comum em regiões áridas). A banda 14 é cen­
Cuprite, NV (Swayze et al., 1999). Os cientistas do USGS trada numa feição espectral de absorção do carbonato com­
inicialmente removeram os efeitos atmosféricos dos dados e plementar da banda 8 (SWIR) (NASA ASTER, 2006).
Sensoriamento Remoto de Solos,
526 CAPITULO Minerais e Geomorfologia

fria, nos anos da década de 1950, os cientistas americanos


e russos instalaram detectores sensíveis a vibrações com
o objetivo de monitorar reciprocamente testes atômicos.
Estes instrumentos permitiram também a identificação de
A Terra não é uma rocha sólida. Ela está em constantes milhares de epicentros de terremotos em todo o planeta.
mudanças, movendo-se e sendo rearranjada. A Geologia é Estes epicentros usualmente ocorriam ao longo de linhas
a ciência das rochas. Ela revela a imensa história da Terra e claras. Então tornou-se claro aos geólogos que estas linhas
explana suas formações geológicas. A partir de um ponto eram bordas de enormes placas tectônicas terrestres e que
de vista geológico, a humanidade chegou apenas recente­ os terremotos eram resultados da fricção entre as placas.
mente, sendo uma espécie dentre milhões que comparti­ Os continentes sobre as placas estavam movendo-se lenta­
lham o patrimônio terrestre. mente na superfície terrestre. O conceito de placas tectôni­
cas está relacionado com, mas não é idêntico ao conceito
A Paleontologia é o estudo dos fósseis remanescentes de de deriva continental. Atualmente, muitos fenômenos ge­
organismos antigos, que foram transformados em rochas. ológicos podem ser explicados por estes dois conceitos.
William Smith (1769-1839) é considerado o pai da geolo­
gia inglesa. Ele estudou minas inglesas de carvão e obser­ Grande parte de nossas informações geológicas advêm de
vou que as camadas similares de rochas sedimentares eram investigações detalhadas feitas in situ por geólogos e paleon­
expostas ao longo de grandes áreas geográficas. Ele identifi­ tólogos. Eles escavam buracos de sondagem na Terra para
cou e correlacionou os estratos por seus conteúdos fósseis. extrair amostras-chaves e interpretar fósseis remanescentes.
Descobriu que a ordem em que as rochas foram deposita­ Além disso, alguns destes cientistas usam tecnologia de sen­
das não variava, apesar da extensão geográfica analisada. soriamento remoto aéreo e por satélites para suplementar suas
Ele concluiu que as rochas inferiores eram mais velhas do investigações in situ. As imagens de sensoriamento remoto
que as superiores. são rotineiramente interpretadas para identificar litologia,
estrutura, características dos padrões de drenagem e formas
O geólogo escocês James Hutton (1726-1797) trabalhou terrestres. Adicionalmente, o sensoriamento remoto é fre­
sobre as descobertas de Smith e concluiu que a história das quentemente usado para exploração mineral e de petróleo.
rochas ocorre em ciclos (Trefil e Hazen, 1995). As rochas
são decompostas em sedimentos por meio do intemperismo. Litologia*•
O sedimento é frequentemente movido por forças de erosão
e de transporte de massa, acumulando-se em novos locais. O
sedimento é então consolidado num novo tipo de rocha, Os geólogos utilizam sensoriamento remoto conjuntamen­
que pode ser enterrado sob mais rocha, até que, aquecido te com observações in situ para identificar a litologia de um
até o ponto de derretimento, pode fluir sob pressão até a tipo de rocha, i.e., sua origem. Os diferentes tipos de ro­
superfície como lavas extrusivas ou até a algum local inte­ chas são formados por um dos seguintes três processos:
rior como magma intrusivo. A lava ou o magma resfriam-se
em rochas. O intemperismo inicia-se imediatamente nas • rochas ígneas são formadas por material fundido;
lavas extrusivas, ao passo que pode levar milênios até que
o magma intrusivo seja exposto à superfície, onde ele pode • rochas sedimentares são formadas por partículas de ro­
ser intemperizado. Em qualquer caso, o ciclo começa outra chas pré-existentes e por remanescentes de plantas e de
vez. Hutton levantou a possibilidade de que a Terra pudesse animais; ou
ser mais antiga do que se pensava previamente, continua­
mente mudando e reciclando-se (Selby, 1989). • rochas metamórficas são formadas pela aplicação de ca­
lor e pressão sobre rochas previamente existentes.
Charles Lyell (1797 - 1875), o fundador da geologia mo­
derna, introduziu o uniformitarianismo - conceito segun­ As rochas são intemperizadas a partir da rocha matriz e
do o qual os eventos passados ocorreram às mesmas taxas transportadas por erosão e transporte de massa. Os mate­
em que ocorrem atualmente. Por exemplo, uma rocha se­ riais sedimentares inconsolidados são chamados depósitos
dimentar foi formada pelos mesmos processos de deposi­ superficiais. Os depósitos superficiais podem ser transporta­
ção e cimentação sedimentar e às mesmas taxas que podem dos e eventualmente depositados pela água, em cujo caso
ser observadas hoje. Ele foi o primeiro a sugerir que a Terra chamamos de depósitos aluviais. Os exemplos incluem deltas
tinha uma idade de milhões de anos. aluviais, bancos de areia, restingas e terraços fluviais. Se o
material inconsolidado é transportado por gelo, nós temos
Finalmente, Alfred Wegener (1880 — 1930) propôs a te­ materiais arenosos glaciais (“glacial till”), incluindo morainas
oria da deriva continental. Durante o período da guerra e colinas. Quando o material inconsolidado é transportado
Geologia 527

Camadas estratificadas horizontalmente

Dobras Anticlinal

Dobramento (compressão)

Figura 14-16 a) Camadas estratificadas horizontalmente, b) Ca­


madas estratificadas horizontalmente que foram
comprimidas, criando dobras na rocha, incluindo
anticlinais e sinclinais. c) Um exemplo de falhamento
onde um bloco foi rebaixado em relação a dois blocos Figura 14-17 a) Terreno estratificado horizontalmente, b) Um
estáveis de rocha. Isto é referido como “riffing”. monoclinal suavemente inclinado, c) Um anti­
clinal suavemente inclinado, d) Um sinclinal. e)
Uma sobredobradura.
pelo vento, encontramos as paisagens eólicas, incluindo du­
nas de areia e depósitos limosos glaciais. Finalmente, a massa
que deixa as rochas por gravidade pode produzir taludes ou é irreversível (i.e., o estresse compressional está acima do li­
montes de pedras. Sob certas condições favoráveis, todos es­ mite elástico) (Figura 14-16b), ou 3) fraturamento, onde o
ses materiais podem ser visíveis por sensoriamento remoto. limite plástico é excedido e a rocha quebra-se em pedaços
(os pedaços podem ser extremamente grandes!) (Figura 14-
Estrutura 16c). O basalto tem uma ruptura compressiva média ou
força de fratura (em kg/cm2) de aproximadamente 2750,
o quartzito (2020), o granito (1480), a ardósia (1480), o
As maiores cadeias de montanhas do mundo são de ori­ mármore (1020), o calcário (960) e o arenito (740). Desta
gem vulcânica ou por dobramento. As montanhas no oce­ forma, se mais do que 2750 kg/cm2 de compressão forem
ano (ilhas) são usualmente vulcânicas. A vasta maioria das aplicados a um pedaço de basalto, ele pode fraturar. Os
montanhas encontradas nos continentes foram criadas por arenitos fraturam-se sob compressões bem menores.
dobramento. Basicamente, a maior parte da orogênese (sur­
gimento das montanhas) toma lugar às margens dos conti­ D obram ento ,
nentes onde placas continentais empurram-se mutuamente,
fazendo com que as rochas sejam comprimidas e forçadas a Dobramento ocorre quando materiais horizontalmente es-
se mover para cima, às vezes por milhares de metros. tratificados são comprimidos. A compressão resulta em
ondulações impressas nos estratos. Há quatro tipos bási­
O tipo de rocha determina quanto estresse (ou compressão) cos de dobras. Uma monoclinal é uma dobra simples num
que ela pode suportar. Quando uma rocha (Figura 14-I6a) material estratificado horizontalmente, aparentando uma
é submetida à compressão, ela pode sofrer 1) uma deforma­ rampa arredondada (Figura 14-17b). Usualmente os mo-
ção elástica, caso em que ela pode retornar à sua forma e ta­ noclinais são assimétricos. Arcos dobrados para cima são
manho originais depois que o estresse é removido, 2) uma chamados anticlinais (Figura 14-17c), sendo que as rochas
deformação plástica (também chamada de dobramento), que mais antigas situam-se no centro da dobradura convexa.
Sensoriamento Remoto de Solos,
528 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia

Falhas

Direção de ataque

a. Falha normal “dip-slip

b. Falha de deslizamento lateral

c. Falha por deslizamento oblíquo

Figura 14-18 a) Uma falha normal (“dip-slip”), onde a parede lateral é deslocada a partir de um paredão. Notar que o ângulo do
plano de falha é chamado mergulho e que a linha de falha tende a cruzar o terreno numa certa direção azimutal de­
nominada de direção de ataque. O deslocamento causa uma escarpa de falha, b) Uma falha de deslizamento lateral, c)
Uma falha por deslizamento oblíquo.

Os leitos de camadas sedimentares mergulham em direções Anticlinais e sinclinais podem ser simétricos ou assimétri­
opostas em relação ao eixo central do anticlinal. A figura cos. Eles podem também mergulhar para baixo da super­
contrária de um anticlinal é o sinclinal, cuja dobradura é fície, criando um anticlinal mergulhante ou um sinclinal
para baixo (Figura l4-17d). Os sinclinais possuem uma mergulhante. Algumas vezes as forças compressivas são tão
dobradura côncava em que tipicamente as rochas mais re­ grandes que os leitos sedimentares são sobredobrados um
centes localizam-se em seu centro. Um sinclinal é uma do­ sobre outro (Figura 14-I7e). Os anticlinais e os sinclinais
bra na qual os leitos sedimentares mergulham para dentro são continuamente intemperizados, dando origem a uma
a partir ambos os lados, formando um vale sinclinal. variedade de formas geográficas (“landforms”), tais como
Geologia 529

Tabela 14-1. Parâmetros morfométricos da drenagem (adaptado de Reddy et al., 2004).


Parâmetro morfométrico Algoritmo Descrição
n
Densidade de drenagem (D J Com prim ento total (L) de n canais numa bacia
S /,
Dd=
de drenagem, dividido pela área superficial
' A (A) da bacia.
Razão de bifurcação (R'J Razão entre o número de canais de qualquer ordem

=4
_
II W
pelo número de canais na próxima maior ordem.

Relevo da bacia ( B j) B h = h max - h mm Distância vertical máxima entre o ponto mais baixo
e o ponto mais alto de uma sub-bacia.
índice de rugosidade (R ) >2 Produto de Relevo da bacia por sua Densidade
II

X
de drenagem.
Frequência de canais (F J Razão entre o número total de canais e a área
F =—
" A da bacia.
Razão de Textura ( 7) Razão entre o número total de canais de primeira
T=N{f) ordem e o perímetro da bacia.
Fator de forma (R ) Razão entre a área da bacia e o quadrado do
R< comprimento da bacia.

Razão de elongação (R ) Razão entre o diâmetro do círculo que tem a


r x m<Ãhz)) mesma área (que a da bacia) e o comprimento
máximo da bacia.

as cadeias de encostas escarpadas, etc. Exemplos de cama­ Se o deslocamento ocorre paralelamente ao plano de falha
das dobradas em imagens de sensoriamento remoto são ocorre uma falh a de desligamento lateral { “strike-slip fa u lt’)
encontrados na secção sobre “Formas Geográficas desen­ (Figura 14-18b). Deslocamentos para cima e para baixo ao
volvidas em camadas dobradas”. longo da linha de falha criam falhas híbridas por deslizameto
oblíquo ( “oblique-slip’) (figura 14-18c). O diagrama também
Falhas realça vários parâmetros que podem ser identificados quan­
do se usa uma combinação de trabalho de campo e dados de
As fraturas de rochas podem ser divididas em duas cate­ sensoriamento remoto. A escarpa de falh a e a linha de falha
gorias: juntas e falhas. Uma ju n ta é uma fenda na rocha podem ser identificáveis. Elas podem tender para uma certa
ao longo da qual não há significativo deslocamento (i.e., direção no terreno, denominada direção de ataque { “strike
movimento oblíquo ou vertical). Uma falh a é uma fenda ao direction). O ângulo em que a superfície é inclinada a par­
longo da qual houve deslocamento. Os falhamentos envol­ tir do plano horizontal é o ângulo de mergulho (0), sendo
vem o movimento de blocos massivos de rocha e usualmen­ medido para baixo em relação ao plano horizontal, numa
te originam terremotos. São somente as fraturas ao longo amplitude entre 0o e 90°. A direção de mergulho (0o a 359°) é
das quais os corpos rochosos realmente se movem um em medida ortogonalmente à direção de ataque. Fiá vários tipos
relação ao outro que chamamos defalhas. Este deslocamen­ de falhas do tipo “dip-slip faults”, que são discutidos na sec­
to pode ser local ou ocorrer por centenas de quilômetros. ção sobre “Formas de Terreno Controladas por Falhas”.
Em certos casos, a direção e a quantidade de movimen­
to (deslocamento) ao longo destes lineamentos podem ser Morfometria e Padrões de Drenagem
medidos a partir de sensoriamento remoto passivo (p.ex.,
Won-In e Charusiri, 2003; Fernandes da Silva, 2005) e por
sensoriamento remoto ativo (Hooper et al., 2003). Os parâmetros de drenagem superficial podem ser medi­
dos por dados de sensores remotos. Alguns dos parâmetros
Há três tipos principais de deslocamentos em falhas, in­ morfométricos mais expressivamente usados são sumariza-
c lu in d o :^ /^ normal, falh a de desligamento t falh a por desli­ dos na Tabela 14-1 (Reddy et al., 2004). Nós focaremos
ze oblíquo, como está mostrado na Figura 14-18. O desloca­ aqui principalmente na densidade de drenagem (que é de­
mento que ocorre para cima ou para baixo do plano de falha finida como o comprimento total de n canais numa ba­
produz uma falh a normal { “dip-slip fa u lt’) (Figura 14-I8a). cia de drenagem dividido pela área superficial da bacia),
Sensoriamento Remoto de Solos,
530 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia

relacionando este parâmetro com a textura encontrada em em que se ressalta a importância das informações in situ,
dados de sensoriamento remoto. Analisaremos então as ca­ muitos cientistas usam as vantagens das visadas sinópticas e
racterísticas dos vários padrões de drenagem. abrangentes possibilitadas pelo sensoriamento remoto, que
permitem apreciar o padrão de drenagem em nível regional.
D ensidade de drenagem e Textura Portanto, é importante a habilidade de reconhecer os princi­
pais padrões de drenagem em dados de sensores remotos.
A permeabilidade de um solo ou rocha (i.e., quão facilmente
a água passa através do material) tem uma grande correla­ Algumas vezes pode ocorrer uma variedade de padrões de
ção com a densidade de drenagem. A permeabilidade é in­ drenagem no interior de uma bacia ou de uma região e,
versamente proporcional ao escoamento. Nos locais onde a neste caso, dá-se o nome de padrão misto. Sempre que pos­
permeabilidade é baixa e o escoamento é alto, tipicamente sível, é melhor estratificar o padrão misto em múltiplas
muitos canais são formados. Ao contrário, quando a perme­ áreas com padrões distintos. E importante também lem­
abilidade é alta e o escoamento superficial é baixo, grande brar que o padrão de drenagem pode ser composto de ca­
parte da água se infiltra no perfil do solo e maiores superfícies nais úmidos e secos, especialmente em ambientes áridos.
são requeridas para prover suficiente escoamento para a cria­
ção e manutenção de um canal (ou tributário). Argilas fracas Padrão Dendrítico: é o mais comum padrão de drenagem
e relativamente impermeáveis e xistos produzem a mais alta (Figura l4-19a). E caracterizado por um padrão semelhante
densidade de drenagem. Regiões com densidades de drena­ ao de uma árvore, com ramos que se interligam em ângu­
gem extremamente altas são chamadas “badlands”, p.ex., o los preferencialmente agudos (i.e., < 90°). Há poucas curvas
“Badlands National Monument” em Dakota do Sul. abruptas nos canais de drenagem. Os padrões dendríticos são
desenvolvidos por cabeceiras de erosão aleatórias de canais
Os padrões de drenagem visíveis em dados de sensoriamen­ sobre rochas de resistência uniforme com pouco ou nenhum
to remoto, anteriormente discutidos, podem ser descritos controle estrutural causado por dobramento ou por falha-
como tendo texturas dos tipos: fina, média ou grosseira. mento. Este padrão é frequentemente encontrado em geo-
Textura é formalmente definida como a razão entre o nú­ morfologias compostas de rochas sedimentares estratificadas
mero total de canais de primeira ordem e o perímetro da horizontalmente (p.ex., xisto) relativamente homogêneas,
bacia (Tabela 14-1). Um padrão de drenagem com textura conglomerados glaciais (p.ex., limo calcário), rochas vulcâni­
fina tipicamente exibe pequenas distâncias entre tributários cas, em planícies arenosas costeiras, em planícies estuarinas
de primeira ordem, i.e., apresenta uma alta densidade de (Figura 14-19a), ou em planícies sedimentares glaciais.
canais muito próximos entre si por unidade de área (ou pe­
rímetro). Esta textura indica alto escoamento de formações Padrão Plum iform e ( “Pinnate”, em inglês): Um padrão
facilmente erodíveis, tais como as compostas por solos ricos de drenagem plumiforme é uma variação do padrão den­
em argila e xistosos de baixa permeabilidade. Um padrão de drítico, onde os canais e sulcos apresentam um formato de
drenagem de textura média apresenta densidades e distâncias ramificação semelhante à da samambaia, com interligações
moderadas entre tributários. E produzida por escoamento tipicamente em ângulos agudos. Este padrão indica a pre­
moderado de solos ou leitos rochosos relativamente perme­ sença de alto conteúdo de silte, usualmente consistindo
áveis. Leitos finos de arenitos podem produzir tais texturas. de limo calcário, aluvião siltoso, ou materiais sedimentares
Um padrão de drenagem de textura grosseira apresenta baixa erodíveis muito frágeis.
densidade de drenagem, com canais largamente espaçados
entre si, sugerindo a presença de tipos de rochas duras e re­ Padrão Treliça: O padrão de drenagem treliça é um pa­
sistentes (p.ex., granitos, gnaisses) e/ou de solos muito per­ drão dendrítico modificado, que assemelha-se a uma vinha
meáveis. Tais materiais tipicamente absorvem uma grande numa treliça de jardim. Este padrão frequentemente exibe
quantidade de água, ocorrendo então pouco escoamento. tributários primários paralelos, retos, e tributários secundá­
Além disso, o leito rochoso pode ser fraturado. rios mais curtos que se ligam aos ramos maiores em ângu­
los retos. Este padrão de drenagem frequentemente indica
Padrão de drenagem que a estrutura rochosa subjacente é inclinada, dobrada ou
falhada. Frequentemente é encontrado em rochas sedimen­
O padrão de drenagem desenvolvido ao longo do tempo tares interestratificadas. A drenagem treliça é especialmen­
numa paisagem fornece chaves sobre a litologia do leito ro­ te comum em áreas de rochas sedimentares dobradas de
choso (p.ex., ígnea, sedimentar, metamórfica), a topografia resistências diferentes, tais como na topografia de Ridge e
(declividade, aspecto), a textura do solo e/ou os materiais Valley, nas Appalachian Mountains desde Nova York até
rochosos, a permeabilidade do solo (que mostra quão bem Alabama, ou associadas com as cadeias de encostas de Uinta
a água percola através do solo), e o tipo de geomorfologia Mountains, em Utah (Figura 14-19b). Os canais primários
presente (p.ex., aluvial, eólica, glacial). Ao mesmo tempo paralelos fluem pelos lados das rochas mais resistentes.
Geologia 531

Figura 14-19 a) Topo: padrão de drenagem dendrítico hipotético. Embaixo: Fotografia aérea vertical de um padrão de drenagem den­
drítico encontrado em Tivoli North Bay da Hudson River National Estuarine Research Reserve, em New York. b) Padrão
de drenagem treliça encontrado nas cadeias de Uinta Mountains, em Utah (dados MSS Landsat). c) Padrão de drenagem
retangular controlado estruturalmente do Colorado River no Grand Canyon (dados da banda 4 do Thematic Mapper;
cortesia da Space Imaging, Inc.).

Padrão retangular: Um padrão de drenagem retangular dos os tributários juntam-se ao canal principal em ângulos
também exibe um padrão semelhante ao de uma árvore; muito similares. A drenagem paralela sugere que a área apre­
entretanto, os canais principais apresentam curvas mais senta declividades suaves e uniformes. Os tributários seguem
abruptas. Os canais frequentemente se juntam em ân­ sobre rochas pouco resistentes. A drenagem paralela e a ra­
gulos retos. Este padrão desenvolve-se em áreas onde há dial no vulcão Maui, HI, são mostradas na Figura l4-20a.
juntas e falhas no leito rochoso. A drenagem retangular
está presente onde as rochas são fraturadas, juntadas ou Padrão R adial (C entrífugo) e Centrípeto: Um padrão
foliadas e são provavelmente metamórficas, como ardósia, de drenagem radial forma-se quando a água flui a partir
xisto, ou gnaisse. Este padrão também pode ocorrer em de uma colina ou domo. O padrão de drenagem radial
arenitos duros de climas áridos (Figura 14-I9c). Quanto pode ter os canais unidos a um círculo, consistindo-se
mais reto e retangular for este padrão, geralmente me­ então de uma rede de canais quase paralelos (como se
nos espesso o solo que cobre a rocha (Rasher e Weaver, fossem os raios de uma roda) fluindo para lora de um
1990). Embora tanto o padrão treliça como o retangular ponto central ou dom o (o que seria então o eixo). N es­
apresentem tributários juntando-se em ângulos retos, os te caso, entretanto, o eixo da roda é elevado acima dos
canais individuais dos padrões retangulares geralmente raios. A drenagem radial é frequentemente encontrada
têm curvas em ângulos retos. em vertentes de cones vulcânicos, como a Diam ond
Head Crater, em Oahu, HI; ou em terrenos m ontanho­
Padrão Paralelo: Um padrão de drenagem paralelo consiste sos escarpados (Figura l4-20b). Pode ser referido tam ­
de tributários que fluem praticamente paralelos entre si. To­ bém como drenagem radial centrífuga.
Sensoriamento Remoto de Solos,
532 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia

a. b. c.

Figura 14-20 a) Imagem radar SIR-C de padrões de drenagem paralelo e radial encontrados no cone vulcânico em Maui, HI (cortesia jet
Propulsion Laboratory/NASA). b) Fotografia aérea oblíqua da Diamond Head Crater em Oahu, HI, revelando os padrões de
drenagem radial e centrípeto interior, c) Fotografia do Space Shuttle de padrão de drenagem anular na Manicouagan Crater,
em Canadian Shield, na Província de Quebec, Canadá (cortesia Johnson Space Center/NASA; STS009-48-3139).

Um padrão de drenagem radial também pode desenvolver- os sedimentos suspensos usualmente entram no delta alu-
se em áreas circulares que drenam dentro de uma bacia vial por um único canal. O fluxo é então redistribuído ao
comum ou de uma depressão. Este é referido como drena­ longo do delta através de um certo número de distributá-
gem radial centrípeta. Neste caso, o eixo da roda é menor rios. Num delta aluvial, os materiais grosseiros (pedregu­
do que os raios. Um vulcão pode ter drenagem radial cen­ lhos, cascalhos, etc.) são depositados no vértice do delta,
trífuga no seu exterior e uma drenagem radial centrípeta enquanto que os minerais menores e mais brilhantes são
nas paredes interiores da cratera (Figura l4-20b). depositados preferencialmente no final do delta. Em certos
casos, a drenagem dicotômica pode desaparecer comple­
Padrão Anular: Um padrão de drenagem anular é seme­ tamente próximo ao final do delta, i.e., o material é tão
lhante ao padrão radial exceto que os tributários em for­ poroso que toda a água percola. Distributários dicotômi­
mato de anel interceptam os canais radiais em ângulos re­ cos similares podem formar-se em deltas de rios (p.ex., o
tos (Rasher e Weaver, 1990). Estes desenvolvem-se quando Mississipi e o Nilo). Os padrões de drenagem dicotômi­
os cursos ajustam-se a fluir em volta dos domos resistentes. cos somente podem ser formados em deltas quando o se­
Domos de granito ou sedimentares frequentemente desen­ dimento suspenso é de granulação muito fina e pode ser
volvem este tipo de padrão, assim como crateras de mete­ transportado em grandes distâncias.
oritos (Figura l4-20c).
Padrão entrelaçado ( “braided”, em inglês): Um padrão
Padrão dicotôm ico: Um padrão de drenagem dicotômico de drenagem entrelaçado pode ser desenvolvido em pla­
pode ser encontrado em leques ou deltas aluviais na de­ nícies de inundação, onde a velocidade dos cursos não é
sembocadura de canais ou rios (Figura 14-21 a). A água e suficiente para mover os sedimentos suspensos para jusan-
Geologia 533

a. b. c.
Figura 14-21 a) Imagem ASTER de padrão de drenagem dicotômico em um delta aiuvial da cadeia de montanhas de Kunlun e Aitun no
sul de Taldimakan Desert na Província de Xinjiang, na China. A imagem foi adquirida em 02 de maio de 2002 (cortesia de
NASA/GSFC/M ETI/ERSDAC/JAROS e U.S./Japan ASTER Science Team). b) Foto Space Shuttle de padrão entrelaçado
no Rio Betsiboka, em Madagascar (cortesia Kamlesh Lulla; NASA Johnson Space Center). c) Imagem de radar SIR-C/X-
SAR do Rio Mississipi mostrando padrão de drenagem anastomosado (cortesia Jet Propulsion Laboratory/NASA).

te. O resultado é a deposição de material suspenso em ca­ de fluxo. Basicamente, o sistema hidrológico não tem sufi­
nais entrecruzados que parecem com cabelos entrelaçados. ciente energia para remover o sedimento da área. O maior
Consideremos, p.ex., o padrão entrelaçado encontrado na canal se ajusta à diminuição em energia depositando sua car­
desembocadura do rio Betsiboka, em Madagascar (Figura ga de sedimentos e aumentando o comprimento do canal.
l4-21b). As areias e cascalhos que são sistematicamente se­ Feições diagnosticas típicas incluem meandramento e cicatri­
lecionados e depositados na rede de drenagem podem even­ zes remanescentes de meandros e/ou lagos cotovelos, como
tualmente ter uma importância econômica significativa. aqueles encontrados no Rio Mississipi (Figura l4-21c).

Padrão desordenado: Um padrão de drenagem desorde­ Padrão cavidade (dolina): Um padrão de drenagem cavi­
nado exibe canais que vagueiam em desordem em pânta­ dade consiste de lagos isolados que não parecem estar co­
nos e entre corpos d’água (não mostrado). É encontrado nectados por qualquer drenagem superficial. Se pequenos
principalmente em paisagens muito jovens que têm topo­ segmentos de canal estiverem presentes, eles frequentemen­
grafia quase plana e lençol freático superficial. Pode ocorrer te terminam abruptamente ou desaparecem na topografia
em planícies glaciais jovens, morenas, planícies costeiras calcária de cavidades e depressões. Este padrão de drenagem
baixas, e planícies de inundação. Usualmente, pântanos, desenvolve-se em calcários sedimentares (CaCO^), onde
lamaçais e lagos estão presentes. cavidades e depressões se formam por dissolução química
(Trefil e Hazen, 1995). Algumas vezes redes de drenagem
Padrão anastomosado: Um padrão de drenagem anastomo­ subterrâneas, não visíveis em imagens, emergem para for­
sado pode ser encontrado em planícies de inundação madu­ mar nascentes e lagos. Um exemplo de topografia cavidade
ras onde há sedimentos homogêneos e reduzida velocidade na Flórida é mostrado na seção de topografia calcária.
534 CAPITULO 14 Sensoriamento Remoto de Solos,
Minerais e Geomorfologia

Geomorfologia • formas fluviais

• formas cársticas

Formas de relevo são feições tridimensionais da superfície • formas costeiras


terrestre formadas por processos naturais, como vulcões,
platôs, cadeias de montanhas, canais de drenagem, etc. • formas glaciais
Geomorfologia é a ciência que estuda a natureza e a história
das formas de relevo, bem como os processos de intempe- • formas eólicas
rismo, erosão e deposição que as originaram (Bocco et al.,
2005). O estudo da geomorfologia envolve uma análise O Soil Conservation Service, dos Estados Unidos, produ­
em relação a cinco processos principais que promovem ziu um excelente manual que resume as principais formas
constante erosão ou deposição de materiais, incluindo o de terreno e como elas aparecem em fotografias aéreas (Ra-
movimento da água (fluvial), gelo (glacial), vento (eó­ sher e Weaver, 1990). Vários de seus exemplos são utiliza­
lica) e águas subterrâneas. Geólogos, geógrafos físicos e dos no presente capítulo. Short e Blair (1999) forneceram
outros cientistas rotineiramente utilizam a visão sinóptica uma abrangente revisão sobre como executar análise ge-
proporcionada pelos dados de sensores remotos visando omorfológica a partir de imagens orbitais, visando obter
identificar e interpretar feições geomórficas na superfície informações sobre formas de terreno grandes e regionais,
terrestre. De fato, a identificação, o entendimento e a ava­ fornecendo exemplos de várias localidades do mundo.
liação quanto à natureza das formas de relevo visíveis em
imagens de sensores remotos é um dos grandes benefícios Uma pergunta natural poderia ser: Qual é o tipo ideal de
da ciência do sensoriamento remoto. É muito interessante dado e/ou imagem de sensoriamento remoto para estudar,
apreciar a tremenda beleza e variedade de formas de relevo avaliar e classificar formas de relevo terrestres? Inicialmente,
terrestres e como os ecossistemas associados com as várias pode-se dizer que nenhum sensor, sozinho, é ideal para o es­
formas de relevo interagem entre si. tudo de todas as formas de terreno existentes. As fotografias
aéreas podem ser úteis para estudar formas de terreno numa
Contudo, é necessário um pouco de precaução. No final do região relativamente livre de nuvens, como a região árida
século dezenove e começo do século vinte, princípios relacio­ do oeste dos Estados Unidos, ao passo que dados de radar
nados com a evolução da paisagem terrestre foram desenvol­ podem ser ideais para estudar formas de terreno em am­
vidos, de tal forma que as atuais formas de relevo poderiam bientes muito cobertos por nuvens (p.ex., Lu et al., 2004).
ser interpretadas como estando em fase de evolução (p.ex., Muitos analistas podem extrair informações sobre formas de
que vales de dissecação progridem desde a juventude, ma­ terreno de uma única foto aérea ou imagem. Entretanto,
turidade até a senitude). As formas de relevo evoluem, mas muitos outros preferem estudar formas de terreno via uma
a complexidade da mudança climática e sua influência, os apresentação tridimensional proporcionada por 1) fotogra­
efeitos do tectonismo e o impacto do homem como agente fia ou imagem estereoscópica (p.ex., Baldi et al., 2005), 2)
geomorfológico podem ser de tal magnitude que poucos ge- sobrepondo uma imagem monoscópica sobre um modelo
omorfólogos atualmente acreditam que exista uma simples digital de elevação e manipulando a posição de visada do
e direta sequência de formas de terreno, que possa ser reco­ observador para realçar a topografia, e/ou 3) obtendo ima­
nhecida como desenvolvendo-se conforme um determinado gens oblíquas que possam realçar a terceira dimensão. Além
padrão /«variável (Walsh et al., 1998; James, 2006). disso, imagens obtidas em condições de baixos ângulos so­
lares frequentemente realçam as possibilidades de identificar
Felizmente, muitas formas de terreno exibem atributos ob­ as formas do terreno. Finalmente, é importante realçar a
serváveis e repetíveis, tais como tamanho, forma, altura, necessidade de cuidados quando se interpretam imagens do
topografia tridimensional, composição, declividade, aspec­ Hemisfério Norte, uma vez que as sombras direcionam-se
to, etc. Estes atributos podem ser utilizados para classificar para o norte em relação à posição do observador. Desta for­
as formas de terreno nas seguintes classes; ma, analistas experientes costumam rotacionar as imagens
do Hemisfério Norte de modo que o sul esteja para cima, vi­
• formas ígneas sando evitar ilusões pseudoscópicas (p.ex., confundir cume-
adas de montanhas com vales). Algumas das ilustrações do
• formas desenvolvidas em estratos horizontais presente capítulo estão orientadas desta forma para facilitar
a interpretação. O contrário vale para o Hemisfério Sul.
• formas desenvolvidas em estratos dobrados
Está além do escopo deste capítulo prover exemplos de to­
• formas controladas por falhas das as possíveis paisagens geomorfológicas presentes na su-
Geomorfologia 535

Vulcão com Cone de Cinza Menan Butte, em Idaho

Figura 14-22 Estéreopar pancromático do vulcão com cone de cinza Menan Butte, em Idaho, obtido em 24 de junho de 1960. É um dos
maiores vulcões em cone “tuff” do mundo, com um volume de 0,30 km3. A “tuff” é feita de vidro vulcânico que foi alterado
por água. O cone é do final do Pleistoceno. O vulcão Menam Butte também lançou lava por vários quilômetros a oeste (parte
inferior das fotografias). Há brilho cintilante em Henrys Fork na fotografia à esquerda, à medida em que a lava flui para dentro
do Rio Snake. Notar a drenagem radial e paralela nos flancos da cratera e drenagem centrípeta no interior da cratera.

i
perfície terrestre. Entretanto, exemplos representativos de Isla Isabela, nas Ilh as G aláp ag o s
algumas das mais importantes formas de terreno são apre­
sentadas. E recomendável recorrer a livros relacionados com
análises geomorfológicas a partir de plataformas aéreas, tais
como Shelton (1966), Short e Blair (1999), Rasher e Wea­
ver (1990), Strain e Engle (1993), e Way e Everett (1997).

Formas de Terreno ígneas

O manto superior terrestre é parcialmente fundido e contém


muitos minerais, que foram forçados em profundidade por
Figura 14-23 Uma visão em perspectiva tridimensional de Isla
forças tectônicas e eventualmente fundidos. As rochas ígneas
Isabela, nas Ilhas Galápagos. Trata-se de uma ima­
são produzidas deste magma fluído fundido. Se o magma
gem SIR-C/X-SAR do Space Shuttle sobreposta a
é expulso para a superfície terrestre, originam-se as rochas um modelo digital de elevação. As lavas a a rugosas
ígneas (vulcânicas) extrusivas. Se o magma é expulso até uma produzem um retorno radar brilhante no lado do
porção da subsuperfície terrestre, formam-se as rochas ígneas domo vulcânico. Os depósitos de cinzas pahoehoe,
intrusivas. Se a lava fundida flui ou é explodida para fora relativamente lisos, aparecem como áreas escuras no
através de uma abertura central, produzindo uma colina ou lado do vulcão (cortesia NASA/JPL).
uma feição em forma de cone, nós teremos ali um vulcão.
por camada, por depósitos aéreos de “tuff” e por materiais
Vulcões com cones de cinzas são construídos inteiramente de piroclásticos maiores. Os dois vulcões Menan Butte tam­
materiais piroclásticos que foram ejetados no ar e caíram bém expulsaram lava para a superfície, cobrindo uma gran­
nas adjacências do terreno, acumulando-se em formato de de porção do Idaho oriental. A cratera Diamond Head, em
cones. Consideremos, por exemplo, uma das crateras vulcâ­ Oahu, HI, também é um cone vulcânico de tuff.
nicas de Menan Butte (Figura 14-22). Esta cratera foi cria­
da quando um dique de magma irrompeu num aquífero Vulcões em domos (escudo) de lavas são criados quando a lava é
raso. A água do aquífero evaporou-se e fragmentou explo­ derramada na paisagem. Geralmente isto resulta em vulcões
sivamente o magma basáltico em partículas semelhantes a com vertentes mais suaves, dependendo da viscosidade da
vidro denominadas “tuff”. O vulcão foi construído camada lava (i.e., quanto mais fluída a lava, menor a vertente; quanto
Sensoriamento Remoto de Solos,
536 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia

M ou n t St. H elens

a. Fotografia oblíqua alta b. Estéreopar

Figura 14-24 a) Fotografia oblíqua alta do Mount St. Helens, que teve uma erupção em 18 de maio de 1980 (cortesia do U.S. Geologi-
cal Service), b) Estéreopar de Fotografia de Alta Altitude (USGS) do Mount St. Helens, em Washington, obtido em 6 de
agosto de 1981 (U.S. Geological Survey photos 109-84, 85). O domo ativo de lavas no centro do cone é visível. Vapor está
elevando-se de dentro da cratera. Um padrão de drenagem radial de sedimento obstruído foi desenvolvido. O norte está à
esquerda. Consultar a Prancha Colorida 14-3.

mais viscosa a lava, mais escarpadas as vertentes produzidas). mente rasga os sapatos de alguém que tenta andar sobre
Rochas extrusivas comuns são basaltos, andesitos, dacitos e este tipo de lava, e pdhoehoe é uma lava que parece com
riolitos. O basalto é a rocha vulcânica mais profusamente um empastelamento de placas queimadas. Numerosos flu­
distribuída, sendo também a rocha mais comum da superfí­ xos individuais são facilmente vistos em perspectivas radar
cie terrestre. Ela flui para fora através de aberturas vulcânicas tridimensionais na Prancha Colorida l4-2b. E importante
indo por sobre outras rochas em grandes lóbulos ou em for­ notar os materiais escuros da cratera Kupaianaha. O Ki­
ma de finas lâminas (Lu et al., 2004). Ele pode viajar cen­ lauea está em erupção quase constante desde 1983.
tenas de quilômetros, sendo de granulação final, preto, rico
em sílica e em minerais ferromagnesianos. Normalmente o Isla Isabela é uma das ilhas de Galápagos, localizada na
basalto aparece preto em filmes pancromáticos em função costa oeste do Equador, na América do Sul e se constitui
de conter feldspato, hornblenda e micas. Dacitos e riolitos também em vulcão ativo em domo (escudo) de lavas. A
aparecem em tons claros nas imagens pancromáticas. Figura 14-23 ilustra uma imagem SIR-C/X-SA R Shuttle
de Isla Isabela sobreposta a um modelo digital de elevação.
A imagem de radar obtida pelo Shuttle SIR-C/X-SAR, As áreas claras são fluxos de lavas muito rugosos.
incluída na Prancha Colorida l4-2a, revela vários compo­
nentes do vulcão escudo Kilauea, localizado no Havaí. O Os fluxos de lava no Vulcão Westdahl, no Alasca, foram
grande vulcão continua a ser criado por extrusão de dois mapeados usando imagens de radar e TM /Landsat (Lu et
tipos de lava: d a é extremamente rugosa e afiada e rapida­ al., 2004). Baldi et al. (2005) usaram fotografias aéreas e
Geomorfologia 537

M o u n t T aran ak i, N ov a Z elân d ia

Figura 14-25 Imagem ASTER do Mount Taranaki, na Nova Zelândia, obtida em 27 de maio de 2 0 0 1. Este vulcão do tipo cone composto
é feito de lava de andesito e uma mistura de rochas piroclásticas (tefra) e cinzas. A forma única do Egmont National Park
resulta de sua proteção em 1881, a qual especificava que uma reserva florestal se estendería num raio de 9,6 km desde o ápice
do Mount Taranaki. Uma série de habitats de montanha ocorrem sucessivamente desde pastagens até os flancos do vulcão
—desde floresta úmida até arbustivas, alpinos e finalmente cobertura por neve (cortesia de NA SA/GSFC/M ETI/ERSDAC/
JAROS e U.S. Japan ASTER Science Team).

fotogrametria para mapear mudanças geomórficas no Vul­ andesito (Figura 14-25). As rochas são uma mistura de rochas
cão Stromboli, na Itália. Dados infravermelhos termais piroclásticas sólidas (tefra), cinzas e lavas, com pouca coesão
AVHRR foram usados para mapear hot spots nos Vulcões e facilmente esculpidos por erosão. O Monte Taranaki eleva-
do Monte Etna e Stromboli (Pergola et al., 2004). se a uma altitude 2.518m. O vulcão começou a formar-se há
70.000 anos e sua última erupção ocorreu em 1755.
Cones compostos ou vulcões estratos são criados tanto a par­
tir de materiais piroclásticos como de lavas. Os vulcões As rochas ígneas intrusivas são formadas quando o magma
mais impressionantes do mundo são do tipo cones com­ fundido resfria-se e cristaliza-se dentro da crosta terrestre.
postos. Por exemplo, o Mount St. Helens, em Washington O material acima desta rocha plutônica pode eventual­
(2.548 m) é um vulcão do tipo cone composto (Figura 14- mente ser erodido. Grandes corpos de rocha intrusiva íg-
24 e Prancha Colorida 14-3). Em 18 de maio de 1980, às nea, ou batólitos, frequentemente formam a fundação de
8:32 da manhã, houve uma erupção neste vulcão. Uma sé­ sistemas montanhosos tais como o de Sierra Nevada, no
rie de terremotos moderados a severos precederam a erup­ oeste dos Estados Unidos ou os Andes, na América do Sul.
ção, no lado norte da montanha em direção ao Lago Spirit. Corpos menores de rochas intrusivas em forma de domos
Esta avalanche, a maior já observada no Hemisfério Oeste, são chamados de lacólitos ou estoques.
enfraqueceu as câmaras de magma interiores ao vulcão,
causando uma explosão lateral ao norte e vertical, que des­ As rochas plutônicas intrusivas mais comuns incluem o
truiu cerca de 7.000 km2 de floresta em poucos segundos e granito, o diorito, o diabásio e o gabro. O granito é uma
arremessou nuvens onduladas de cinzas e fumaça a até 21 rocha ígnea de coloração clara, rica em quartzo e feldspa-
km de altura, na atmosfera. Uma planície de pedras-pomes to, mas pobre em minerais ferro-magnesianos. O granito
foi produzida, consistindo de lama, cinzas e destroços vul­ usualmente aparece em tons claros nas imagens pancromá-
cânicos que cobriram o Toutle River Valley original a uma ticas, enquanto que o diabásio e o gabro aparecem escu­
profundidade de 300 m. A fotografia estereoscópica obtida ros. O granito resfria-se por um tempo excepcionalmente
no dia 6 de agosto de 1981, após esta erupção, revelou ou­ longo no interior da Terra; portanto, tem cristais grandes
tro domo de lavas desenvolvendo-se no centro da cratera. que são visíveis a olho nu. Quando o granito é exposto à
O Monte Taranaki, em Egmont National Park, na Nova Ze­ superfície, pode ocorrer esfoliação nos locais em que enve­
lândia, é um vulcão do tipo cone composto feito de lava de lopes concêntricos de material rochoso quebram-se devido
Sensoriamento Remoto de Solos,
538 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia

Ston e M oun tain , GA

Figura 14-26 a) Fotografia aérea pancromática da Stone Mountain, GA. É um domo de esfoliação de granito originado por solidificação
de magma intrusivo em grande profundidade. Acredita-se que mais de 3.000 metros de material menos resistente foi erodido
para expor a rocha intrusiva. b) Fotografia de grande escala do topo da Stone Mountain. Notar as estriações lineares na rocha
e o padrão de drenagem paralelo e anular.

ao intemperismo químico ou térmico e também devido à M aciço B ran d berg, N am íb ia (África)


liberação de estresse interno quando a sobrecarga é remo­
vida. A Figura l4-26a, por exemplo, ilustra a Montanha
Stone, na Geórgia, que é um bloco rochoso intrusivo relati­
vamente pequeno, tendo cerca de 360 m de altura e 11 km
de circunferência. Uma imagem do topo do domo revela
estriações lineares que se irradiam a partir do ápice (Figura
l4-26b). Outro excelente exemplo é o Maciço Brandberg,
na Namíbia (Figura 14-27). Esta intrusão massiva de grani­
to está exposta à superfície e cobre aproximadamente 650
km2 atingindo cerca der 2573 m acima do deserto.

Algumas vezes o material menos resistente que circunda o


gargalo vulcânico intrusivo de um vulcão erode, expondo
os materiais vulcânicos mais resistentes daquele local. Por
exemplo, DevilsTower, em Wyoming, é um gargalo vulcâ­
nico intrusivo (Figura 14-28). Ocasionalmente o magma é
expulso pelas principais fendas e fissuras, formando diques
e umbrais. Posteriormente, os materiais sobre esses diques
Figura 14-27 O Maciço Brandberg, na Namíbia, é uma intru­
e umbrais podem ser erodidos, expondo diques semelhan­ são granítica com formato de domo, cobrindo 650
tes a paredes resistentes. km2, elevando-se a 2.573m acima do deserto. Esta
imagem foi obtida pelo ETM+/Landsat-7 em 10 de
Se o granito de uma superfície for não-fraturado, ocorrerá setembro de 2002. (Cortesia da NASA).
um padrão de drenagem dendrítico nas colinas em domo.
Ao contrário, se o granito estiver extensivamente fratura­
do, isto pode resultar em padrões de drenagem dos tipos zontal) dos estratos não afetou significativamente o desenvol­
retangular ou treliça. vimento da topografia. O tipo de rocha, sua erodibilidade, a
quantidade de precipitação da região, e o gradiente do fluxo
Formas de Terreno Desenvolvidas sobre Estratos local controlam o desenvolvimento das formas de terreno.
Horizontais
Rochas sedimentares estratificadas horizontalmente são
formadas pela cimentação das partículas soltas pelo intem­
Muitas formas de terreno desenvolveram-se em estratos pla­ perismo. Os agentes cimentantes mais comuns são quartzo,
nos e horizontais. Uma camada é considerada horizontal calcita e óxido de ferro. Muitos sedimentos depositam-se
quando o mergulho (inclinação em relação ao plano hori- na água em camadas relativamente horizontais chamadas
Geomorfologia 539

DeviPs Tower, W Y

Figura 14-28 a) Estéreopar pancromático do pescoço vulcânico da Devils Tower, WY, obtido em 15 de setembro de 1953. Juntas verticais
dividem a massa rochosa em colunas poligonais que se estendem desde a base até o topo da Tower. A Devils Tower tem uma
altura de 262 m, com uma elevação de 1.550 m. ATower é mais resistente à erosão do que a rocha sedimentar adjacente. Foi
formada pela intrusão de magma em rocha sedimentar. A rocha intemperizada (talude) posiciona-se na base. b) Seção trans­
versal geológica: Tp = pescoço vulcânico de rocha ígnea preta intrusiva cristalina - fonólito pórfiro com cristais de feldspato
branco; Tas = siltito e arenito com xisto vermelho interestratificado; Jgs = gipsita com argilito vermelho interestratificado;
Jsb = xisto verde-cinza com arenito; Jsh = arenito amarelo; Jsr = xisto verde-cinza com arenito e calcário.

estratos. Os sedimentos podem depositar-se em canais de Arenitos apresentam grãos visíveis semelhantes a cristais
fluxos lentos, áreas inundadas, lagos e em mares rasos. Os de açúcar de até quase 2 mm de diâmetro. A maior par­
sedimentos também depositam-se em oceanos, em platafor­ te dos arenitos são compostos de partículas arredondadas
mas continentais ou em canyons submarinos. Os fluxos pri­ de quartzo, mas podem conter feldspatos e fragmentos de
meiramente depositam areia grossa e depois partículas mais rocha inalterada. Para mover partículas deste tamanho, a
finas de argilas e siltes, em função dos tamanhos dos grãos. água ou o vento devem ter significativa força. Em ambien­
Os afloramentos rochosos mais comuns nos continentes tes áridos, os arenitos são de rochas duras, resistentes ao
são compostos de argilitos, arenitos e calcários. Grande for­ tempo. Os afloramentos frequentemente aparecem em tons
ça da água é necessária para mover partículas do tamanho claros nas fotografias preto-e-branco, a menos que estejam
de seixos, que são depositadas como conglomerados. recobertas por revestimentos desérticos, casos em que eles
podem apresentar tons escuros. Os arenitos de ambientes
Argilitos apresentam grãos não-visíveis, sendo compostos áridos e semiáridos frequentemente produzem platôs, me­
de sedimentos extremamente finos depositados em planí­ sas e testemunhos. Penhascos podem ocorrer onde arenito
cies de inundação, lagos e oceanos profundos muito cal­ sobrepõe-se a rochas sedimentares menos resistentes, tais
mos. Depósitos compactos de xistos calcários estão pre­ como o xisto. O arenito não é tão plástico (flexível) como
sentes em muitos deltas, onde os rios adentram nas águas o xisto e outras rochas sedimentares e, portanto, quebra-
tranquilas. A deposição em camadas ocorre em depósitos se facilmente quando sob estresse. As fraturas tornam-se
compactos em função de que as partículas de argila, sendo visíveis e podem produzir padrões de drenagem angulares,
chatas, alinham-se horizontalmente entre si. Usualmente dendríticos, treliças ou retangulares.
elas são de coloração cinza a vermelho escuro. O delta do
rio Mississipi contém argilito.
Sensoriamento Remoto de Solos,
540 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia

Calcários são formados a partir de carbonato de cálcio. das, como desertos substituídos por rios e depois lagos e
O limo precipita-se em mares rasos em águas tropicais mares interiores rasos. Finalmente, a terra foi sobrelevan-
quentes, onde quase não ocorrem outros sedimentos. As tada, formando o Colorado Plateau. Cinco a seis milhões
rochas calcárias são formadas em centros de continen­ de anos atrás, o jovem Rio Colorado começou a cortar as
tes antigos inundados e ao longo de plataformas conti­ camadas de rochas e o Grand Canyon foi criado.
nentais, onde são originados os recifes. Com o resultado
disso, muitos calcários são compostos de esqueletos de Um estéreopar pancromático da área próxima do South
animais. O calcário (e a dolomita) são susceptíveis à so­ Rim do Grand Canyon e do testemunho de xisto Bright
lução, significando que eles podem ser dissolvidos. Em Angel é mostrado na Figura l4-29b. O South Rim é com­
ambientes úmidos, onde há abundância de água, pode­ posto de afloramento arenítico do Coconino Plateau e é
mos encontrar topografia cárstica, nome este advindo resistente ao intemperismo, formando um platô disseca­
da região de Karst, na antiga Yugoslávia, originada pela do plano (mesa). Tanto o arenito como o argilito formam
dissolução de calcários. O terreno ondulado não contém despenhadeiros profundos em ambientes áridos. O xisto
padrão de drenagem visível à superfície, porém pode exi­ menos resistente é facilmente erodido, criando vertentes
bir cavidades ovais denominadas dolinas. O calcário de mais suaves (Figura 14-29b). Também pode ser visto no
ambientes áridos comporta-se de modo diferente. Com o estéreopar o entrincheirado Rio Colorado com seus desfi­
existe pouca água para dissolvê-lo, o calcário pode ser ladeiros em formato de V, profundos e rápidos.
muito resistente ao intemperismo. De fato, da mesma
forma que os arenitos, pode originar afloramentos com Outro exemplo de estratos horizontais é encontrado a
faces verticais, quando se sobrepõem a rochas sedimen­ cerca de poucas centenas de quilômetros rio abaixo. A
tares menos resistentes, como os xistos. Figura l4-30a ilustra o rio Colorado quando está dis­
secando o Shivwits Plateau, conforme cena T M /Land-
O xisto é produzido pela deposição e compactação de par­ sat, na banda 4 (infravermelho próximo), que fornece
tículas de silte e de argila. E relativamente impermeável à significativo detalhe, que é mais claro ainda na Prancha
água que se move através dele; portanto, mais água torna- Colorida l4-4ab, onde os afloramentos de arenitos mais
se disponível para a erosão de superfície. Em ambientes resistentes e o xisto sedimentar com declives mais suaves
áridos o xisto impermeável plástico é facilmente erodido. são evidentes nas cores mais vibrantes. Analistas de im a­
Ele geralmente não produz declives tão escarpados como o gens frequentemente acham útil ter informações sobre
arenito ou o argilito. Quando não ocorrem afloramentos, elevação e declividade de uma área quando interpretam
pode haver topografia ravinosa e rugosa, que consiste de formas de relevo. A Figura 14-30b é uma representação
um padrão de drenagem dendrítico pinado de textura fina de dados digitais de elevação do U SG S. Notar a elevação
com linhas de cristas bem definidas e declividades mais maior do Shivwits Plateau e a menor do Rio Colorado. A
escarpadas. Geralmente, o xisto é mais plástico do que o Figura l4-30c mostra uma imagem de relevo sombreado
arenito e, portanto, não é tão afetado por estresses geológi­ analítico dos dados digitais de elevação, a qual fornece
cos. Isto resulta em maior número de padrões de drenagem informações adicionais valiosas para o analista, sobre a
dendríticos de textura fina a média. O xisto geralmente natureza tridimensional do terreno. Finalmente, o mapa
aparece em tons claros em fotografias pancromáticas. de declividade (Figura l4-30d) torna claro que o terreno
com a maior declividade ocorre adjacente ao rio C olo­
O Grand Canyon, no Arizona, é um bom exemplo de rado e aos seus principais tributários. Platôs e mesas são
formas de relevo desenvolvidas em rochas sedimentares planos, com pouca declividade; portanto, eles aparecem
estratificadas horizontalmente. Um diagrama da estrutu­ escuros na imagem declividade.
ra estratificada é mostrado na Figura l4-29a. Esta região
contém um registro sedimentar quase contínuo da histó­ Outro excelente exemplo de um platô ou mesa é encontra­
ria da Terra, com aproximadamente 1.500 m de camadas do em Phang Hoei Range, no norte central da Tailândia,
horizontais estratificadas, empilhadas, com as mais velhas aproximadamente a 40 km do nordeste da cidade de Lom
embaixo. Uma das camadas superiores, o argilito Kaibab, Sak (Figura 14-31). O platô resistente destaca-se majesto­
formadas a partir de corais, esponjas e outros animais ma­ samente na paisagem, conforme é mostrado nesta imagem
rinhos é uma das mais jovens e tem aproximadamente 240 do SIR-C, banda F1V. Algumas vezes nós encontramos
milhões de anos de idade. No fundo do canyon está o Vish- rochas metamórficas estratificadas horizontalmente, que
nu Schist, com aproximadamente 1,7 bilhão de anos de foram expostas ao calor e à pressão. Este metamorfismo
idade, uma das rochas mais antigas do Planeta. As camadas faz com que o arenito se torne quartzito, que é muito re­
intermediárias de rochas revelam uma história turbulenta sistente ao intemperismo e pode formar cadeias de monta­
de reviravoltas orogênicas, depósitos de lavas, erosão pelo nhas escarpadas em todos os climas. Similarmente, o xisto
vento e pela água, bem como mudanças ambientais passa­ metamorfizado pode tornar-se ardósia muito resistente. O
Geomorfologia 541

Xisto - Shinarump
Xisto - Moenkopi
C o rte Transversal G eológico
do G ran d C anyon, no A rizon a

Figura 14-29 a) Corte transversal geológico do Grand Canyon, no Arizona, b) Estéreopar pancromático do Grand Canyon. Belvedere e
acampamento localizados no afloramento de arenito do Coconino Plateau, no South Rim. As imagens foram rotacionadas
de tal forma que o sul está à esquerda, a fim de evitar ilusão pseudoscópica. O arenito e o calcário resistentes formam escar­
pas profundas. O xisto menos resistente é facilmente erodido, originando declividades mais graduais. O testemunho Bright
Angel está localizado em “a”.

ortognaisse é granito metamorfizado e tem uma aparência Formas de terreno desenvolvidas em estratos
similar. Uma variedade de paragnaisse pode desenvolver-se dobrados
a partir de arenito metamorfizado, xisto e outros sedimen­
tos. Xistos são rochas cristalinas de granulação média deri­
vadas de rochas sedimentares. Eles são facilmente erodíveis O diastrofismo (surgimento de montanhas) pode eventu­
em climas úmidos, mas resistentes em ambientes áridos. almente inclinar ou dobrar as camadas de rochas sedimen-
Sensoriamento Remoto de Solos,
542 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia

G ran d C anyon, no A rizona

b. Modelo Digital de Elevação (DEM).

c. Mapa de relevo sombreado, obtido d. Mapa de decuvTdade derivado do DEM


a partir do DEM .

Figura 14-30 a) Ilustração de outra seção do Grand Canyon, no Rio Colorado, Arizona, conforme registrado pelo sensor TM/Landsat, na
banda 4; resolução de 30 x 30m. O norte é colocado à esquerda a fim de melhorar a interpretabilidade. A Prancha Colorida
14-4 fornece informações adicionais, b) O Modelo de Elevação Digital (DEM) derivado de dados 30 x 30m do USGS
(mostrados em células de 93 x 93 m). Notar a maior elevação do Shivwits Plateau. c) Mapa de relevo sombreado, d) Mapa
de declividade, onde quanto mais claro o pixel, maior a declividade (conforme Mojave Desert Ecosystem Program, 1998; as
imagens Landsat foram cortesia de Space Imaging, Inc.).

tares horizontais ou as metamórficas. O terreno dobrado ao intemperismo e tende a criar cadeias. Inversamente, em
pode produzir domos monoclinais tais como Ayers Roch, regiões úmidas o calcário pode ser dissolvido e portanto é
na Figura 14-1, anticlinais esinclinais, como anteriormente mais facilmente erodido, formando vales ou baixadas.
ilustrados na Figura 14-17. Os estratos dobrados são ero-
didos diferenciadamente, dependendo do tipo de rocha se­ Dependendo da declividade dos terrenos mergulhantes, as
dimentar presente. Para arenito e argilito interestratificado cadeias podem ser assimétricas ou simétricas. Uma cadeia
em ambientes áridos, o arenito mais resistente forma cadeias de encostas escarpadas é um conjunto de cristas bem defi­
anticlinais, enquanto que os argilitos são erodidos para va­ nidas formado pela erosão diferencial de um leito resistente
les sinclinais. Desta forma, podem ser formados sistemas de rochas mergulhantes declivosamente. Por exemplo, uma
aproximadamente paralelos de cadeias resistentes separadas paisagem dobrada próxima de Maverick Spring, WY, é mos­
por vales erodidos. A resistência de rochas carbonáticas tais trada na Figura l4-32a. É um domo assimétrico dissecado
como calcário e dolomita depende das condições climáticas. com uma série de cadeias escarpadas ao redor da estrutura. A
Em regiões áridas, com pouca água, o calcário é resistente Figura l4-32b ilustra uma cadeia da Appalachian Mountain
Geomorfologia 543

Im agem R A D A R S IR -C de P h an g H oei R an ge, n a T ailân dia

Figura 14-31 Imagem Shuttle Imaging Radar C de


Phang Hoei Range, no centro norte
da Tailândia, obtida em 03 de outubro
de 1994. O platô resistente é parte do
Phu Kradung National Park (cortesia
de NASAJet Propulsion Lab).

com vale sinclinal cercada pela linha da Brush Mountain l4-36a). A falha Wasatch ao longo das montanhas Wasa-
a oeste e pela linha da Canoe Mountain a leste, próximo tch, em Utah, é um bom exemplo (Figura 14-37). A cadeia
de Tyrone, PA. Neste ambiente, o arenito é mais resistente Wasatch Mountain Range, das Rocky Mountais, é o bloco
à erosão do que o calcário, que é solúvel. A Figura 14-33 superior, e o bloco inferior é o vale. As escarpas de falha na
ilustra a elevação San Raiael, no sul de Utah. Este é um mo- base da cadeia Wasatch Range geralmente faceiam o oeste.
noclinal deformado com topo plano, que deriva para oeste/
sudoeste. As cadeias de arenito mais resistentes formam cor­ Uma falha reversa é criada quando o deslocamento ocorre
dilheiras nos flancos sul e oeste do monoclinal. na direção inversa (Figura 14-36b). Se o falhamento rever­
so faz com que as lajes movam-se horizontalmente, como
Algumas vezes o dobramento é tão severo que as camadas mostrado na Figura l4-36c, nós temos uma falha de com­
são praticamente verticais. Por exemplo, a Figura 14-34 pressão ou de sobrecompressão. Uma falha pode também en­
ilustra o Ugab River, na Namíbia, que flui através de cama­ volver duas falhas planas. Um graben é produzido quando
das dobradas praticamente verticais de calcário, arenito e um bloco de material é deslocado para baixo entre duas fa­
siltito estratificados finamente (Prancha Colorida 14-5). lhas normais (Figura l4-36d). Estes frequentemente pro­
duzem vales rift (vale de fendas de grande extensão), tais
O ângulo de mergulho de um leito resistente pode ser calcula­ como o grande sistema rift do Leste Africano. Um horst é
do usando técnicas de medição fotogramétrica e a fórmula: criado quando um bloco de material é comprimido para
cima entre duas falhas planas paralelas (Figura l4-36e).
tan0 =A . (14-6)
d Quando o material rochoso deslocado ocorre paralelo com
a linha de falha, é criada uma falha de desligamento (Figura
onde 0 é o ângulo de mergulho, h é a distância vertical e d 14-18b). A Falha San Andreas, na Califórnia, é um exemplo
é a distância horizontal, como mostrado na Figura 14-35. clássico deste tipo de falhas. Ela passa sob o sul da Califórnia a
leste de Los Angeles, ao longo da porção sul do grande Central
Formas de Terreno Controladas por Falhas Valley, passa por San Francisco e chega ao mar. Uma porção
da linha de talha, no sul da Califórnia, é mostrada na Figura
14-38. O lado oeste da Falha San Andreas está movendo-
Há três principais tipos de deslocamentos em falhas, in­ se para noroeste, enquanto que o lado leste está movendo-se
cluindo: falh a normal, falh a de desligamento e falh a por des­ para sudeste; daí advindo a frequentemente citada observação
lize oblíquo, como está mostrado na Figura 14-18. As falhas de que Los Angeles e partes de San Francisco, uma vez que
normais (“dip-slip”) podem ser subdivididas em: normal, estão no lado oeste da falha, estão movendo-se em direção
reversa, compressão, graben e horst, como é mostrado na Fi­ ao oceano, ainda que muito lentamente. A Figura 14-38
gura l4-36a-e. Numa. falh a normal, o paredão saliente é também identifica a falha normal Garlock. A intersecção das
deslocado para baixo, expondo uma escarpa defalh a (Figura falhas Garlock e San Andreas é um local muito interessante
Sensoriamento Remoto de Solos,
544 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia

M averick Sp rin g, W Y

Vale Sin clin al nas A p p alach ian M ou n tain s, próxim o de Tyrone, PA

Figura 14-32 a) Fotografia de Alta Altitude (HAP) do USGS, mostrando uma paisagem dobrada erodida próxima a Maverick Spring,
WY. E um domo dissecado assimétrico, que é um remanescente erosional de um anticlinal mergulhante. Notar a topogra­
fia fino-texturada, a direção de cristas e vales, e as drenagens radial e treliça controladas pela estrutura anticlinal (o norte
está à direita). Notar também as cordilheiras proeminentes, b) Fotografia de Alta Altitude de um vale sinclinal nas Ap­
palachian Mountains, próximo de Tyrone, PA, registrada em 04 de maio de 1981. As linhas de crista da Brush Mountain
a oeste e a Canoe Mountain a leste são compostos de arenito muito resistente, enquanto as rochas sedimentares calcárias,
menos resistentes, foram erodidas. A interestratificação de arenito e calcário resulta em cadeias na periferia do sinclinal
com padrão de drenagem do tipo treliça (cortesia USGS).

para viver, com tremores pequenos ocorrendo quase todos os nais e deposicionais em praticamente todas as regiões do
dias. Notar que a Falha San Andreas criou um vale rifi que globo. Consequentemente, há uma enorme variedade de
é relativamente plano quando comparado com o terreno de formas de terreno fluviais.
cada lado da linha de falha. Isto é mais evidente quando se
observa o relevo sombreado do modelo digital de elevação E importante, quando se interpretam formas fluviais numa
(Figura l4-38d). Lagos naturais frequentemente ocorrem nos imagem, entender as características dos tipos de rochas pre­
vales rift, onde o padrão de drenagem foi interrompido. sentes na bacia de drenagem, o padrão de drenagem, sua
densidade, e o gradiente (declividade) da bacia. Córregos
Formas de Terreno Fluviais ou rios que fluem sobre terrenos com gradientes escarpados
têm maior velocidade (energia) e portanto maior capacidade
de carrear sedimentos. Eles podem até carrear seixos, pedras
Formas de terreno fluviais são criadas pelo intemperismo, e matacões no seu fluxo. Ao contrário, quando o gradien­
erosão, transporte e deposição de materiais pelo fluxo da te dos córregos ou rios diminui, as correntezas podem não
água. Os processos fluviais criam formas de terreno erosio- mais conseguir carregar sedimento em suspensão e então
Geomorfologia 545

E levação de San R afael, no Sul de U tah

Figura 14-33 Imagem TM/Landsat, banda 4, da feição elevada de


San Rafael, no sul de Utah. Este é um monoclinal
deformado com topo plano, que deriva para oeste/
sudoeste. As cadeias de arenito mais resistentes for­
mam cordilheiras nos flancos sul e oeste do mono­
clinal, enquanto que o argilito menos resistente foi
erodido (cortesia Doug Ramsey, Utah State Univ. e
Space Imaging, Inc.).

R io U gab, N am íb ia

Figura 14-34 Imagem ASTER do Rio Ugab, na Namíbia, obtida em 25 de dezembro de 2000 (banda 3). Este rio flui na superfície so­
mente por poucos dias a cada ano. O rio passa através de camadas verticais de calcário estratificado finamente com calcário,
arenito e siltito. Ver a Prancha Colorida 14-5 para uma versão colorida desta imagem (cortesia NASA/GSFC/M ETI/ERS-
DAC/JAROS e U.S./Japan ASTER Science Team).

Figura 14-35 O ângulo de mergulho, 0, de uma crista monoclinal, tal como uma encosta, pode ser calculado a partir de imagem
estereoscópica, usando a Equação 14-16.
Sensoriamento Remoto de Solos,
546 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia

Figura 14-36 Os principais tipos de falhas normais (“dip-slip”): a) Normal, b) Reversa, c) Compressão, d) Graben associado com um bloco
de material deslocado para baixo entre duas falhas normais, e) Horst associado com um bloco comprimido para cima entre
duas falhas planas paralelas.

depositam no canal como bancos de areia, deltas ou leques tributários com maior poder erosivo, especialmente se o
aluviais. Com efeito, a velocidade da correnteza determina terreno apresentar gradientes (declives) substanciais. Se a
que tipos de materiais (areia, silte, argila, cascalho, pedra) fonte de água continua sem interrupção, a torrente ou rio
podem ser carregados na água. Mesmo nos desertos, onde pode cortar e erodir tanto a base como as paredes do mate­
tempestades são pouco frequentes, escoamentos podem in­ rial rochoso, criando vales profundos e em formato de “V ”
duzir erosão massiva devido à sua intensa velocidade, trans­ com planícies aluviais mínimas e cursos d’água estreitos.
portando os materiais erodidos a grandes distâncias. E im­
portante realçar que quanto maior a velocidade, maior será Se o gradiente for suficiente, o rio pode continuar apro­
a quantidade de abrasão, corrosão e escavamento. Desta fundando e alargar o canal. Entretanto, em algum lugar o
forma, os rios são agentes ativos de mudanças geomórficas rio pode erodir sua base até o ponto em que o gradiente
que produzem tanto formas de terreno erosionais como de- torne-se substancialmente reduzido. Se isto ocorrer, o rio
posicionais. Algumas das mais importantes formas de terre­ perde velocidade e começa a depositar uma parte de sua
no incluem vales cortados por rios, planícies de inundação, carga de sedimentos. Isto pode ser o começo de um vale
terraços, deltas, leques aluviais, pedimentos e playas. com planícies de inundação, largos meandros e lagos em
ferradura ocasionais. Há um certo número de fatores que
Vales de R io s, P lan ícies de In u n d ação e T erraços pode fazer com que o rio tenha uma redução de gradiente,
R elíq u ias incluindo a subsidência terrestre.

O terreno soerguido pode ser erodido por erosão laminar, Algumas vezes, o ribeirão ou rio perde quantidade subs­
criando valas. Ao longo do tempo e sob precipitação con­ tancial de sua fonte de água ou seu gradiente é signifi­
tinuada, estas valas podem tornar-se em pequenos canais cativamente diminuído. Quando isto ocorre, mais sedi-
Geomorfologia 547

Falha Wasatch

Springville —►

Fork Spanish

Wasatch
Figura 14-37 Imagem TM /Landsat, banda 4, mostrando a Falha Wasatch ao longo das Montanhas Wasatch, a leste de Springville e
de Spanish Fork, UT. Esta é uma clássica falha normal, com o bloco inferior constituindo-se no vale e o bloco superior
constituindo-se na cadeia Wasatch Mountain Range. Há numerosos escarpamentos de falhas ao longo da linha de falha
(cortesia Space Imaging, Inc.).

mento pode ser depositado. Isto pode resultar em vales energia. Além disso, grande parte da carga de sedimentos
extremamente largos e rasos, com meandros, cicatrizes de numa planície meândrica permanece dentro dos limites
meandros, meandros interrompidos, numerosos lagos em das margens do rio, mesmo durante o estágio de inunda­
ferradura e numerosas barragens naturais. E importante ção. A maior erosão na planície de inundação ocorre nas
ressaltar, entretanto, que nem sempre ocorre este proces­ margens externas dos meandros. A maior deposição ocor­
so. Eventos climáticos pouco comuns e impactos causados re nas margens internas dos meandros. Este processo pode
pelo homem podem intervir e alterar dramaticamente o levar à formação de bancos de areia e de cascalho no rio.
que poderia ser o ciclo de erosão (juventude-maturidade- Planícies cobertas são originadas quando energia adicional
senectude) de um vale de drenagem (Selby, 1989). é fornecida durante a inundação e as águas de inundação
rotineiramente transbordam as margens. Isto pode criar
Way e Everett (1997) sugerem que há três tipos de planí­ barreiras naturais constituídas de sedimentos grosseiros
cies de inundação de rios: meandro, coberta e composta. (normalmente areia) que são formadas adjacentes ao ca­
As planícies meândricas são causadas por um baixo gra­ nal original. Ao longo do tempo, as barreiras naturais são
diente do canal e a deposição de uma parte da carga de construídas por acréscimos continuados. Uma parte da
sedimentos. Assim, é um sistema hidrológico de baixa água que flui sobre as barreiras naturais tem velocidade
Sensoriamento Remoto de Solos,
548 CAPITULO
Minerais e Geomorfologia

Falhas d e San A ndreas e G arlock , n a C alifó rn ia

a. Banda 4 do Thematic Mapper / Landsat. b. Relevo sombreado de um modelo digital de elevaçã

c. Ampliação d. Ampliação

Figura 14-38 a) Intersecção das falhas de San Andreas e Garlock, no sul da Califórnia, conforme mostradas numa cena TM/Landsat, banda
4. A Falha San Andreas é uma falha normal com direção noroeste-sudeste. b) Relevo sombreado de um modelo de elevação
digital do USGS (célula de 3 arcos de segundo, 93,3 m). c) Ampliação dos dados Landsat realçando uma porção da zona
rift da Falha San Andreas, conforme indicada na porção inferior da figura (a), d) A relativamente estreita zona rift quando
retratada pelo relevo sombreado (conforme Mojave Desert Ecosystem Program, 1998; cortesia da Space Imaging, Inc.).

menor e pode muitas vezes carregar somente partículas T M , no infravermelho médio, provê informação mais
finas de silte e argila, que são então transportadas para detalhada sobre umidade do solo do que qualquer outra
localidades de águas calmas distantes para além das barra­ banda. Com o esperado, as áreas vegetadas são escuras
gens naturais do rio. Estes sedimentos em geral melhoram nas bandas do verde e do vermelho e m uito claras tanto
a fertilidade dos solos. Uma planície composta contém fei­ no infravermelho próximo como no infravermelho mé­
ções comuns a ambos os tipos de planícies apresentados dio. Uma composição 4,3,2 (RG B) de imagens T M é
anteriormente (meândrica e coberta). As planícies com­ mostrada na Prancha Colorida 14-6.
postas são o tipo mais comum de planície de inundação.
Planícies de inundação podem, algumas vezes, apresentar
A Figura 14-39 ilustra uma pequena seção do Rio Mis- terraços residuais associados a elas. Um terraço é um trecho
sissipi, com exemplos de várias planícies de inundação da planície de inundação mais elevado que restou numa
compostas. Tanto barragens feitas pelo homem como as planície de inundação atual. Tipicamente, um terraço
naturais estão ali presentes. As bandas T M /Lan dsat no apresenta um escarpamento no lado que faceia a atual pla­
infravermelho próximo e no infravermelho médio são nície de inundação. Os terraços podem ser produzidos por
ideais para identificar os lagos em ferradura e as cicatri­ atividade glacial ou por grandes mudanças no clima, dis­
zes de meandros inundados em épocas geologicamente ponibilizando mais água e energia para cortar a planície de
mais recentes, que são muito difíceis de discernir em inundação existente. Muitas camadas de terraços presentes
imagens nas bandas do verde e do vermelho. Os bancos numa região indicam que grandes mudanças erosionais-
de areia são visíveis em todas as imagens. A banda 5 do deposicionais ocorreram ao longo do tempo.
Geomorfologia 549

Planícies de In u n d ação no R io M ississip i

c. Banda 4 (infravermelho próximo) do Thematic Mapper. d. Banda 5 (infravermelho médio) do Thematic Mapper.

Figura 14-39 Formas de terreno do tipo planície de inundação no Rio Mississipi ilustradas por uma imagem Landsat, sensor Thematic
Mapper, obtida em 13 de janeiro de 1983 (ver também a Prancha Colorida 14-6) (as imagens são cortesia da NASA Obser-
vatorium e da Space Imaging, Inc.).

D eltas à letra grega delta (A), mas outras formas também podem
ocorrer. Há cinco formas comuns de deltas.
Quando um canal ou rio carregando grande carga de se­
dimentos adentra num corpo d’água parado, tal como Deltas nlongados ou digitiformes são criados quando o siste­
um lago, um reservatório, mar ou oceano, sua velocidade ma é dominado ppr entradas contínuas de grandes volumes
é diminuída substancialmente fazendo com que deposite de água e sedimento que não são impactadas severamente
sua carga de sedimentos suspensos, sendo que os materiais por ondas. Isto pode produzir o que é chamado de delta pé-
mais grosseiros ficam logo no começo e as partículas finas de-pássaro, como ocorre no delta do Rio Mississipi, quando
de silte e argila depositam-se mais à frente. A deposição entra no Golfo do México, próximo de New Orleans, LA
continuada destes materiais ao longo do tempo origina um (Figura l4-40a). A entrada continuada de sedimentos faz
delta, que tende a apresentar formas triangulares similares com que os canais deltáicos migrem para trás e para frente ao
Sensoriamento Remoto de Solos,
550 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia

longo do delta. Entretanto, algumas vezes, o sedimento de­ ques aluviais que se juntam na base de uma cadeia de mon­
positado nos bancos do canal de entrada criam diques natu­ tanhas originam uma bajada.
rais similares aos encontrados nas planícies de inundação co­
bertas anteriormente descritas. Inundações intensas podem Na Figura 14-41 a é mostrada uma imagem do Thematic
causar a quebra destes confinamentos. Este processo pode Mapper/Landsat na banda 4 ilustrando um leque aluvial
levar à criação de um lóbulo inteiramente novo de deposi­ adjacente a Salton Sea, na Califórnia. Notar o canal de en­
ção sedimentar no delta. Existem vários canais distributários trada na parte superior direita e o leque aluvial de formato
principais de entrada presentes num delta pé-de-pássaro. cônico que foi resultado de milhões de anos de deposição
sedimentar por muitos eventos de precipitações esporádicas.
Num delta lobulado o rio constrói dentro do mar, mas a ação Fica evidente que os materiais de tons claros depositados
relativamente intensa das ondas redistribui grande parte dos neste leque tiveram sua origem em uma localidade diferente
sedimentos ao longo das barreiras costeiras, causando uma quando comparados com os materiais escuros encontrados
margem convexa ou em formato de leque faceando o corpo na base das montanhas vizinhas. Notar também o padrão
d’água. É um sistema dominado pela onda. O Rio Niger, no de drenagem dicotômico. Outro grande leque aluvial em
Golfo de Guiné, na África, criou um clássico delta lobulado White Mountains é mostrado na Figura 14-41 b.
(Figura l4-40b). O Rio Nilo, no Mar Mediterrâneo, tam­
bém é um exemplo de delta lobulado (Figura l4-40c). Uma imagem A STER do leque aluvial Taklimakan no De­
serto de Taklimakan, na Província Xinjiang, na China, é
Um delta crenulata forma-se onde correntes de marés mostrada na Figura 14-42. Este leque está localizado na pai­
auxiliam a criar numerosas ilhas arenosas separadas por sagem entre as cadeias de montanhas de Kunlun e Altun.
canais de maré ao longo do fro n t do delta. É um sistema
dom inado pelo front do delta. O delta do Rio Irrawa- Pedimentos
ddy, em Burma, é um bom exemplo (Figura l4-40d).
N otar os extensivos manguezais visíveis como áreas cla­ Um pedimento é uma superfície erosional suavemente inclina­
ras no delta do Irrawaddy. da, entalhada num leito rochoso, finamente preenchida com
cascalho e desenvolvida na base de montanhas. Pedimentos
Quando as ondas ou as correntezas ao longo da costa são são mais prevalentes em ambientes muito áridos. Um pedi­
muito fortes, podendo mover o sedimento para longe do mento pode parecer com um leque aluvial numa imagem,
delta e do rio, e somente serão formadas cristas de areia pa­ mas é muito diferente. Um pedimento é uma superfície ero­
ralelas à praia, então tem-se a criação do delta em cúspide. sional, enquanto que um leque aluvial é uma superfície de-
posicional. De fato, muitas feições cônicas na Great Basin, da
As correntes que entram em estuários costeiros também so­ América do Norte, no sul da África e na Austrália são de fato
frem redução de gradiente, causando a deposição de grande pedimentos e não leques aluviais. Exemplos de pedimentos
parte de sua carga sedimentar suspensa. Um delta estuarino na base das White Mountains, na Califórnia, são mostrados
será formado se estes depósitos não forem removidos pelas na Figura 14-41 b. A erosão do leito rochoso espalha mate­
correntes ou por transbordamentos diurnos das marés. riais na base da vertente. A montanha pode eventualmente se
afogar em seus próprios escombros erodidos.
Leques aluviais e bajadas
Playas
As correntes que emergem de um vale montanhoso numa
planície de baixada frequentemente encontram declivi- Playas são bacias de lagos rasos formados em regiões de-
dades reduzidas e são forçados a depositar material para sérticas que são intermitentemente preenchidas com água
manter um gradiente adequado. Um leque alu vialé um de­ que evapora relativamente rápido, deixando um resíduo
pósito cônico, baixo, com o ápice do cone na boca do vale, de materiais superficiais fino-texturados. Muitas playas são
a partir do qual o leque é construído. Os materiais mais salinas e exibem tons claros em imagens. Muitas playas são
grosseiros, como cascalhos, pedras arredondadas e rochas estéreis, com pouca vegetação. Uma playa está presente na
são depositados próximo do ápice, enquanto que areia, base do leque aluvial existente em White Mountains, na
silte e argila são transportados para partes mais distantes Califórnia (Figura l4 -4 lb ).
do leque. Estes materiais são coletivamente chamados de
alúvio e, portanto, daí advém o termo leque aluvial. Formas Cársticas

O amontoado cônico de material é depositado como ca­


nais distributários no leque. Isto pode ocasionar padrões Formas de terreno criadas em locais de calcários são geral­
de drenagem dicotômicos ou entrelaçados. Múltiplos le­ mente referidas como de topografia cárstica. Para ser um
Geomorfologia 551

D e lta d o R io M ississip i, n os E stad o s U n idos D elta d o R io N iger, na Á frica

a.

D e lta d o R io N ilo, no E gito D e lta do R io Irraw addy, em B u rm a

c.

Figura 14-40 a) Fotografia Space Shuttle do delta alongado pé-de-pássaro no Rio Mississipi, consistindo de várias saídas e suas barragens
naturais associadas (cortesia K. Lulla, NASA Johnson Space Center). b) fotografia Space Shuttle do delta lobulado do Rio
Niger desembocando no Golfo de Guiné, na África (NASA Johnson Space Center; STS61C-42-0072). c) Imagem M ODIS
do delta lobulado do Rio Nilo, no Egito (cortesia NASA Goddard Space Flight Center). d) Delta crenulata do Rio Ir­
rawaddy, em Burma, registrado pelo Thematic Mapper, banda 4 (infravermelho próximo) (cortesia Space Imaging, Inc.).
Sensoriamento Remoto de Solos,
552 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia

Figura 14-41 a) Leque aluvial entre Little San Bernardino e Chocolate Mountain, a nordeste de Salton Sea, na Califórnia. O Aqueduto
Califórnia também é visível nesta imagem Thematic Mapper/Landsat, banda 4. Sua forma arqueada fornece alguma indica­
ção de como o leque aumentou em volume ao longo do tempo, b) Um grande leque aluvial, vários pedimentos e uma playa
associada com uma área na White Mountain Range, noroeste de Death Valley, na Califórnia. Há vários locais nestas imagens
onde os leques aluviais se juntam originando uma bajada (cortesia Mojave Desert Ecosystem Programm and Space Imaging,
Inc.).

L eq u e A luvial T ak lim akan , em X in jia n g Province, n a C h in a

Figura 14-42 O leque aluvial Taklimakan se estende trans­


versalmente a uma desolada paisagem entre as
cadeias de montanhas Kunlun e Altun, que
forma a borda sul do Deserto Taklimakan,
na Província Xinjiang, na China. Notar o
intrincado padrão de drenagem dicotômico.
Esta imagem A STER foi obtida em 2 de maio
de 2002. O norte está na parte inferior da
ilustração para auxiliar a interpretação visual
(cortesia NA SA/GSFC/M ETI/ ERSDAC/
JAROS e U.S./Japan A STER Science Team).

calcário verdadeiro, pelo menos metade da rocha deve con­ erosão. Portanto, a dolomita não produz a mesma topogra­
sistir de minerais carbonatados, dos quais a calcita (Ca- fia cárstica quanto o calcário, em climas úmidos.
C 0 3) é o mais comum (Selby, 1989). A dolomita (CaMg)
C O é outra rocha carbonática e é também susceptível à A água superficial das precipitações é levemente ácida.
dissolução, mas não é tão facilmente afetada por precipita­ Quando esta água ácida percola através do calcário, o pro­
ções levemente ácidas, como o calcário. Isto faz diminuir a cesso químico de carbonatação ocorre ao longo das jun­
solubilidade e aumentar a resistência ao intemperismo e à tas e planos estratificados, abrindo gradualmente as fendas
Geomorfologia 553

por dissolução, até o ponto de cavernas subsuperficiais e T op o g rafia C árstica


canais subterrâneos serem originados. O colapso da cober­
tura de uma caverna subterrânea ou a dissolução para baixo
dos calcários da superfície produz depressões na superfície
comumente referidas como dolinas (o termo em inglês é
sinkhole). Dolinas são formalmente definidas como buracos
ou depressões com formas de cone ou de tigelas, circulares
ou elípticas, com margens rochosas ou vegetadas, de 2 a
100 m de profundidade e de 10 a 1000 m de diâmetro. A
maior topografia cárstica é encontrada na antiga Yugoslá-
via ao longo da Costa Adriática, no sul da França, Grécia,
Cuba, Jamaica, Península Yucatan (México), Tennessee,
Kentucky, sul de Indiana, norte da Flórida e Porto Rico.

Calcário com mais de 40% de carbonato de cálcio é mui­


to susceptível ao intemperismo em climas úmidos e pode
resultar no desenvolvimento de uma extensa malha de fei­
ções do tipo dolinas. Consideremos, por exemplo, a foto­ Figura 14-43 Dado obtido pelo sensor CAMS (Calibrated Air-
grafia preto-e-branco de uma área de topografia cárstica borne Multispectral Scanner) (3 x 3 m) ilustrando
encontrada próximo de Orlando (FL), mostrada na Figura exemplo de topografia cárstica com dolina (sink­
14-43. Estas dolinas (sinkholes) foram produzidas por dis­ hole), ao norte de Orlando, FL. As depressões são
criadas pela dissolução da rocha calcária. Não há
solução que ocorreram em locais favoráveis tais como a
padrão de drenagem superficial nesta área em função
intersecção das principais juntas no calcário. O calcário é de que toda a drenagem é subterrânea. As áreas mais
dissolvido, e a solução e o resíduo movem-se para baixo escuras são águas profundas. A área clara é areia.
constantemente abrindo as fissuras até que seja criada uma Muitas destas dolinas são densamente vegetadas.
depressão superficial. Isto permite então a coleta de gran­
de parte da água de escoamento e portanto o progressivo
aumento da dolina. Algumas vezes há pequenos canais de
drenagem subterrâneos. sáveis pela criação de tipos específicos de formas de terreno
em zonas costeiras: 1) a energia solar, que produz ondas e
Em áreas de relevo alto e de abundantes precipitações tropi­ correntes oceânicas, 2) as influências gravitacionais lunar e
cais, tal como em Porto Rico, o intemperismo é muito ace­ solar, que se combinam para criar as marés, e 3) o homem
lerado, causando o coalescimento dos sinkholes e criando como um agente geomórfico muito ativo.
topografia cárstica do tipo “haystack”. Inversamente, o cal­
cário dolomítico, como o encontrado em alguns lugares de A energia radiante solar aquece diferencialmente a su­
Kentucky, é menos susceptível à erosão. Consequentemen­ perfície terrestre, criando então variações na pressão do
te, este calcário desenvolve uma topografia de colinas e vales ar, que produzem distúrbios atmosféricos. Ondas su­
conjuntamente com um padrão de drenagem superficial. perficiais geradas pelo vento são as principais fontes de
energia ao longo da costa e são responsáveis por muitas
O calcário é especialmente difícil de identificar em deser­ das formas de terreno erosionais costeiras. Inversamen­
tos extremamente áridos ou em ambientes frios árticos, te, ondas também geram correntes costeiras que são res­
em função de que a pequena quantidade de precipitação ponsáveis pelos movimentos de sedimentos litorâneos
não produz feições de intemperismo, como as discutidas nas praias (Selby, 1989). Um a onda de altura h é pro­
acima. Ao invés disso, o calcário é provavelmente a rocha duzida por um vento sustentado que sopra sobre um
mais alta em escarpas e em platôs. corpo d ’água por uma certa distância de ação (F), na
seguinte relação: h = 0 ,3 6 Vi7. A altura da onda tam ­
Formas Costeiras bém pode ser estimada somente se a velocidade susten­
tada pelo vento (V) for conhecida, usando a relação h =
0 ,0 0 2 4 V2. Ventos contínuos e sustentados incidindo
Mais de dois terços da população mundial vive dentro dos sobre grandes volumes de água podem criar correntes
160 quilômetros costeiros. Os cientistas estão interessados oceânicas, que são também influenciadas por variações
em entender processos costeiros associados com a dinâmi­ na temperatura e na salinidade da água. Essas correntes
ca de planícies costeiras, praias, restingas, bancos de areia, oceânicas, tais como a Corrente do Golfo, podem im-
terraços, estuários, etc. Três principais agentes são respon- pactar o desenvolvimento de formas de terreno costeiras
Sensoriamento Remoto de Solos,
554 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia

Kuwait City, Kuwait

Gancho

Vi Quebra-mar feito
pelo homem
Deposição pela
corrente ao longo
da costa

a s K v v I _
y *
s i m

Figura 14-44 Imagem SPO T pancromática 10 x 10 m de Kuwait City. Vários quebra-mares construídos pelo homem influenciam a
deposição ou a erosão de sedimentos carregados pela correnteza ao longo do litoral, que geralmente flui de sudeste para
noroeste. Um grande banco de areia ou gancho está presente na parte mais a norte da cidade. Este é um bom exemplo de
como o ser humano é um agente ativo de mudança geomórfica em zonas costeiras (© SPO T Image, Inc.).

em função de que influenciam a temperatura e a quan­ mostra estruturas marítimas presentes no litoral de Kuwait
tidade de sedimentos suspensos na água, o que por sua City, as quais impactam a deposição e a erosão de sedimen­
vez pode im pactar o desenvolvimento de ecossistemas tos suspensos carregados pela corrente litorânea.
de recifes de corais e de manguezais.
A costa é definida formalmente como a região geográfica
As influências gravitacionais do Sol e da Lua sobre a Terra mais elevada adjacente ao mar. A linha costeira (ou linha
criam as marés, ou seja, o periódico crescimento e abaixa- litorânea) separa a costa do mar e é a área geográfica afe­
mento do nível do mar, que em várias regiões ocorre duas tada pela ação das ondas. A praia pode ser subdividida
vezes ao dia. As marés são importantes porque aumentam em (Selby, 1989):
a altura vertical acima da qual a ação das ondas pode afetar
a costa. Correntes produzidas por maré baixa e preamar • a área offshore, que fica abaixo da linha de quebra-ondas
podem erodir tanto quanto um transporte de sedimento. da maré baixa;
As marés também levam muitos dos detritos-carregados
com nutrientes de dentro dos estuários e lagunas para den­ • a área nearshore, que fica entre a linha de quebra-ondas
tro do oceano aberto. Os detritos são muito importantes da maré baixa e a linha da maré alta;
na cadeia alimentar aquática.
• a área foreshore, que fica entre as linhas costeiras da
Finalmente, a humanidade é um agente geomórfico ativo maré alta e da maré baixa;
que constantemente desenha e redesenha a zona costeira,
desviando rios e correntes litorâneas de seus cursos nor­ • a área backshore, que fica entre as mais altas marés-altas
mais, impactando suas cargas de sedimentos suspensos. com efeitos de tormentas, até a base da terra perma­
Muitas vezes rios são cavados, mudando seus gradientes; nente, que poderia ser um penhasco ou duna de areia.
planícies úmidas são preenchidas; cais, barricadas e estru­
turas marítimas são construídos, os quais redirecionam a Formas de terreno costeiras deposicionais e erosionais são
energia das ondas; além de outras estruturas sobre o topo discutidas a seguir.
de formas costeiras frágeis como as dunas. A Figura 14-44
Geomorfologia 555

B an co de A reia Farewell S p it, S o u th Islatid, N ova Z elân dia

Figura 14-45 Banco de areia Farewell no ponto noroeste de South Island, Nova Zelândia, que se alonga por 30 km de Cape Farewell. Esta
imagem ASTER foi obtida em 13 de fevereiro de 2001. O lado norte do banco de areia é composto de dunas de areia, enquanto
que o lado sul, que faceia Golden Bay é solo úmido. Áreas pantanosas submersas são visíveis ao sul do banco de areia (cortesia
de NASA/GSFC/METI/ ERSDAC/JAROS e U.S./japan ASTER ScienceTeam).

*
Praias, restingas, ganchos, bancos de areia, ilhas barrei­
ras, lagunas e estuários minante do transporte de sedimento ao longo da costa sob
a ação das ondas. Se o banco de areia curva-se em direção
Uma p raia é composta primariamente de sedimentos inor­ à terra, ele é chamado de gancho (“hook”). O gancho ao
gânicos depositados por correntes litorâneas na zona costei­ longo do litoral de Kuwait City é um bom exemplo (Fi­
ra. A ação contínua das ondas faz com que as praias sejam gura 14-44). Um banco de areia que conecta duas ilhas é
compostas de partículas de areia de diferentes tamanhos, chamado de barra. Atrás de um banco de areia pode for-
embora isto possa variar. Por exemplo, algumas praias adja­ mar-se uma laguna rasa ou uma baía. Algumas barras são
centes a rios maiores são compostas de materiais cascalhen- tão extensas que são chamadas de ilhas barreiras. Na costa
tos ou de pedras arredondadas transportadas ao longo da leste dos Estados Unidos elas se estendem por mais de 100
costa pelos leitos dos rios. A fonte de sedimentos praianos km e podem ter vários quilômetros de largura. Por exem­
pode ser de materiais rochosos intemperizados provenientes plo, a Sullivans Island é uma ilha barreira costeira próxima
das terras adjacentes às praias, ou da plataforma continental de Charleston, S £ (Figura 14-47 e Prancha Colorida 14-
de onde a ação das ondas move sedimentos em direção às 8a). Ilhas barreiras suportam o impacto de tempestades,
praias, ou de fragmentos de conchas e corais em decompo­ furacões e de surtos de tempestades. A Ilha de Sullivan foi
sição, ou de sedimentos suspensos ou dos leitos de rios. atingida por uma tormenta de 450 mm durante o Fura­
cão Hugo, em 1989. Um tômbolo é formado quando uma
A deposição continuada de sedimentos em linhas litorâne­ barra ou banco de areia junta uma ilha à terra continental.
as com declividade suave pode causar o aumento do tama­ Um estuário é uma baía na boca do rio, onde a maré in­
nho das praias, o movimento para dentro do continente, fluencia a corrente do rio.
ou o movimento em direção ao mar. Uma grande tem­
pestade pode causar quaisquer destes efeitos num tempo Planícies de M arés, M anguezais de M arés, Zonas Inun­
muito pequeno. Em qualquer caso, pontas de praia podem dadas por Marés
ser formadas. Se a ponta de praia termina em água aberta,
ela é chamada de banco de areia {"spit"). A ponta de areia Uma coisa curiosa sobre a zona próxima do litoral é que
Farewell Spit, na Nova Zelândia, é mostrada na Figura 14- a contínua ação das ondas causa a floculação de partícu­
45. A ponta de areia, ou banco de areia, em frente a Morro las com tamanhos de argila e de silte (significando que as
Bay, CA (Figura 14-46; Prancha Colorida 14-7), cria um partículas aderem-se entre si) em agregados fracos e rela­
excelente ancoradouro se ele for dragado regularmente. Os tivamente grandes na água do mar. Frequentemente este
bancos de areia tendem a desenvolver-se na direção predo- material é movido da zona de praia para lagunas e estuários
Sensoriamento Remoto de Solos,
556 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia

M orro Bay, CA

a. Ortofoto digital e parte de


Morro Bay, CA, obtida em 28
de maio de 1994.

b. Imagem TM/Landsat, banda 4. c. Imagem TM/Landsat, banda 7

Figura 14-46 a) Ortofoto pancromática USGS D O Q Q d e Morro Bay, CA. A baía ou laguna é separada do oceano por uma extensa ponta
de praia (cortesia U.S. Geological Survey). b) A barra de praia também tem numerosas dunas, algumas das quais são vegetadas.
A atividade da onda na linha litorânea é visível na imagem TM/Landsat banda 4. c) A banda 7 pode ser usada para identificar
claramente a linha do banco de areia. Terraços cortados pelas ondas também podem estar presentes nesta área (cortesia NASA
Observatorium e Space Imaging, Inc.). Duas composições coloridas desta área são mostradas na Prancha Colorida 14-7.
Geomorfologia 557

Ilha de Sullivan, SC

Monte
Pleasant

Figura 14-47 Versão pancromática de ortofoto digital


USGS de Sullivan Island, SC. Numerosas
formas costeiras estão presentes, inclu­
indo uma ilha barreira criada pelo cresci­
mento de várias pontas de praia, barras de
areia, enseadas de entremarés e mangues
{Spartina alterniflora). Uma composição
colorida infravermelha da área é mostrada
de barco na Prancha Colorida l4-8a.

pela ação de ondas ou das marés. Quando a ação da onda vido, porque o material silte-argila é homogêneo, como
ou da maré cessa ou torna-se lenta, o material floculado é é mostrado no sul de Farewell Spit, na Nova Zelândia
depositado no fundo da laguna ou estuário. Assim, pode- (Figura 14-45). Um manguezal de maré atrás da ilha de
se pensar sobre a zona de praia como um lugar que limpa barreira Isle o f Palms, SC (South Carolina), é mostrado na
a coluna d’água, depositando a areia mais grosseira e o ma­ Figura 14-48. Consiste de canais de marés contendo água
terial cascalhento na praia e preparando as partículas de salina e salobra, zona inundável por maré e não-vegetada,
argila e silte para deposição em outro lugar. Esta floculação e manguezais de mares com vegetação (Spartina alterniflo­
e movimento de materiais explica porque há tamanha di­ ra). A Prancha Colorida l4-8b fornece informações mais
ferença entre ambientes praianos e estuarinos. detalhadas sobre as características de zonas inundáveis por
marés e manguezais de marés em Isle o f Palms, SC.
Planícies de marés { “tidal flats’) são áreas costeiras protegi­
das da ação direta das ondas por bancos de areia, ganchos, Terraços M arinhos
barras e barreiras de praias ou ilhas. Estas planícies têm
declividades muito baixas e podem estar completamente Quando um litoral é soerguido por atividade tectônica, a
expostas na maré baixa e totalmente submersas na maré plataforma quebra-ondas original é elevada para uma al­
alta. As planícies de marés podem conter uma quantidade titude maior e a ação das ondas começa a criar uma nova
significativa de vegetação, tal como Spartina alterniflora, plataforma quebra-ondas. O resultado é a presença de um
Rhizophora mangale, ou outras espécies de vegetação, que terraço marinho residual e barrancos ou penhascos profun­
é chamada de manguezais de marés (Davis e Jensen, 1998). dos associados. Durante o Pleistoceno ocorreram muitos
Se não há vegetação presente, a área é simplesmente cha­ soerguimentos tectônicos. Os notáveis terraços marinhos
mada de zona inundávelpor maré ( “m udflat”). Manguezais ao longo da costa sul da Califórnia, próximo de Paios Ver­
de marés e zonas inundáveis por marés usualmente apre­ des foram produzidos desta maneira.
sentam um padrão de drenagem dendrítico bem desenvol­
Sensoriamento Remoto de Solos,
558 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia

M an gu ezal em Isle o f Palm s, S C

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Zona exposta ;
inundável por • Spartina
maré alterniflora

b. NASA ATLAS, banda 6 (infravermelho próximo)

Figura 14-48 a) Imagem NASA ATLAS, banda 10 (infravermelho termal), 3 x 3 m, do manguezal atrás da Isle o f Palms, SC, obtida em
agosto de 1998. b) Imagem ampliada ATLAS, banda 6 (infravermelho próximo) de uma porção da área. As imagens foram
obtidas na fase intermediária da maré. Algumas das zonas inundáveis por marés (que não têm vegetação) estão expostas, en­
quanto que outras estão inundadas pela maré que chega e que flui através dos canais de marés. Os polígonos mais escuros de
Spartina alterniflora mostram-se como áreas mais claras ao longo de barreiras naturais na imagem do infravermelho próximo.
O padrão de drenagem dendrítico associado com materiais homogêneos de solos é evidente. E mais fácil discriminar entre
as zonas inundáveis, as águas de marés e a vegetação Spartina quando se usa composição colorida infravermelha, conforme
mostrado na Prancha Colorida 14-8b.

Recifes de Corais frequentemente crescem melhor no lado voltado para o


vento das ilhas onde a energia da onda provê alimento e
Os recifes de corais são originados por pólipos de corais oxigênio para os pólipos de corais. Entretanto, o desen­
vivos e algas calcárias (Figura 14-49). Os recifes de corais volvimento de significativos recifes pode também ocorrer
desenvolvem-se melhor em águas marinhas entre 25 °C e no lado protegido pelo vento das ilhas se fortes correntes
30 °C com níveis normais de salinidade. Assim, os corais oceânicas estiverem presentes. Por exemplo, o sistema de
geralmente são restritos às regiões tropicais entre as lati­ recifes Palancar no sotavento da Ilha de Cozumel, México,
tudes 30° N e 25° S. O coral requer água com < 100 m é banhado por uma corrente oceânica forte e claramente
de profundidade e geralmente livre de sedimentos, de tal ascendente. Agua doce e significativas quantidades de sedi­
forma que a fotossíntese possa ocorrer. Os recifes de corais mentos podem impedir o crescimento de recifes de corais.
Geomorfologia 559

Grande Barreira de Recifes, Queensland, Austrália Coral Palancar, Cozumel, México

Recife _
palancar

parede
externa _
do coral

Atol Francês Mururoa, no Sul

c.
Figura 14-49 a) O Grande Recife Barreira da Austrália estende-se por aproximadamente 2.000 km ao longo da costa de Queensland. Os
recifes observados por esta fotografia do Shuttle (STS 046-077-031) estão localizados a longo da costa leste da Península de
Cape York (cortesia de Kamlesh Lulla, NASA Johnson Space Center). b) Imagem SPOT HRV XS banda 1 (verde) de uma
porção do recife de franja na Ilha Cozumel, México (© POT Image, Inc.). c) Imagem LandsatTM banda 2 (verde) do coral
do atol de Mururoa no Oceano Pacífico (cortesia da Space Imaging, Inc.).

O coral não pode crescer fora da água do mar; portanto, situa-se no mar e está separado da terra por uma laguna.
marés medianamente baixas determinam o limite para o N a Figura l4-49a está ilustrado o Great Barrier Reef, que
crescimento de corais. Os níveis dos oceanos podem subir é um excelente exemplo. Ele se estende por mais de 1.900
devido ao aquecimento global. Consequentemente, nós quilômetros ao longo da costa norte da Austrália. Se um
podemos esperar um proporcional crescimento na forma­ recife está agregado à terra e se estende em direção ao mar,
ção de recifes de corais durante o próximo século, se antes ele é chamado de recife de coral (“fringing reef”). Uma par­
a poluição não destruir os corais. te do recife de coral Palancar, em Cozumel, é mostrado na
Figura l4-49b. Pode haver lacunas em recifes de corais de­
Os pólipos de corais literalmente criam uma superfície de vido à entrada de água doce ou de sedimentos suspensos.
calcário ancorada em materiais de fundo. Há três prin­ Finalmente, nós podemos encontrar um atol (“atoll”), que
cipais tipos de recifes. Um recife barreira (“barrier reef”) é semelhante a um recife em anel confinando uma laguna
Sensoriamento Remoto de Solos,
560 CAPITULO Minerais e Geomorfologia

com uma ilha central (que pode estar ou não presente em C am ada de Gelo Antártico, próxim o de M ount Vinson
função da subsidência ou da elevação do nível do mar). O
atol de Mururoa, no Oceano Pacífico não tem uma ilha
central (Figura l4-49c).

Form as de Terreno Erosionais Costeiras

Estas formas são originadas quando a combinação da ca­


pacidade de transporte das ondas e da energia da corrente
litorânea excedem o fornecimento de sedimentos. Muitas
erosões costeiras têm lugar durante eventos de tempestades
devido à força destrutiva da energia das ondas. Dependen­
do de como uma linha costeira é orientada, a refração da
onda pode causar ou uma expansão ou uma convergência
da energia da onda. Os pontais (“headlands”) experimen­
tam uma convergência da energia das ondas e portanto são
mais susceptíveis à erosão. Inversamente, baías adjacentes
geralmente experimentam uma divergência da energia das
ondas e estão menos susceptíveis à erosão.
Figura 14-50 Uma pequena porção da camada de gelo Antártico
O potencial erosivo da água pode produzir escarpas de praia próximo de Mount Vinson, registrada pelo ASTER
com gradientes variáveis. Fragmentos de rochas nas ressa­ em 15 de novembro de 2003. Notar as cristas de
cas e a tremenda pressão de ar produzida quando ocorrem compressão formadas na borda do gelo glacial à me­
ressacas podem combinar-se para erodir escarpas de praias, dida que ele passa entre duas cadeias de montanhas.
A Antártica contém 90% do gelo mundial. O gelo
criando cavernas, arcos e até buracos.
da Antártica tem uma espessura média de 2.160 m
(cortesia de NASA/GSFC/M ETI/ ERSDAC/JA-
Formas Glaciais ROS e U.S./Japan A STER Science Team).

Um glaciar (ou geleira) é definido como um corpo de gelo, N ós focamos nossa atenção primeiramente nas principais
neve compactada granular e neve, que se origina na terra e formas de terreno que podem ser identificadas pela análise
mostra evidência de fluxo passado ou presente. Formas de de dados de sensoriamento remoto. É necessário realçar
terreno glaciais são criadas pelo movimento do gelo e por que o método ótimo de estudar formas de terreno glaciais
águas de degelo glacial. Há duas categorias gerais de glacia- é frequentemente avaliá-las em três dimensões. Por exem­
ção: continental e alpina. Durante o Pleistoceno (algumas plo, a Prancha Colorida 14-9 contém visadas vertical e 3D
vezes referido como a Grande Idade do Gelo), camada so­ de uma pequena parte do Glacial Malaspina, no Alasca.
bre camada de neve acumularam-se de ano para ano, crian­ A visada 3D com grande inclinação foi obtida pela sobre­
do vastas geleiras que cobriram grande parte do Hemisfério posição de uma imagem TM /Landsat numa imagem do
Norte. Houve aproximadamente quatro principais avan­ modelo de elevação digital SRTM (Space Shuttle RADAR
ços e retraimentos das geleiras continentais, sendo a mais Topography Mission). A visada tridimensional fornece in­
recente (com seu desaparecimento) há aproximadamente formações específicas sobre a altura relativa, a profundida­
10.000 anos no norte dos Estados Unidos. Somente por­ de e a vertente das feições glaciais.
ções da Antártica e da Groelândia, atualmente, apresentam
glaciação continental. A Figura 14-50, por exemplo, é uma Geoform as Glaciais Erosionais: Anfiteatros (“ Cir-
imagem A ST ER de uma pequena porção da camada de ques” ), “ Tarns” , “Aretes” , “ H orns” , Vales em “ U ” ,
gelo Antártica, próximo de Mount Vinson. Notar as cristas “ H anging Valleys”
de compressão ao longo das bordas do gelo à medida que
ele flui através do vale entre duas cadeias de montanhas. Um "cirque” é um vale escarpado e com formato de anfite­
atro nos cursos superiores de um glacial alpino. Um glacial
A glaciação alpina ainda está presente em muitas das gran­ alpino erode na parte superior, na parte inferior e ao longo
des cadeias de montanhas do mundo, tais como os Alpes, o dos lados de um vale originalmente com formato em “V ”
Himalaia, as Montanhas Rochosas, Sierra Nevada, Andes, produzido por fluxo d’água, usando a imensa pressão do
etc. Tanto a glaciação alpina como a continental produzem gelo. E notável que após o recuo do glacial alpino, pode
formas de terreno específicas erosionais ou por deposição. haver relativamente pouca quantidade de material na parte
Geomorfologia 561

inferior do anfiteatro. De fato, a base do anfiteatro pode fluência de ambas. Isto frequentemente aparece como fai­
ter sido erodida mais severamente em certas áreas crian­ xas escuras em fotos aéreas ou em outros tipos de imagens.
do uma depressão. Após o recuo do glacial, a depressão Por exemplo, a Figura l4-55a ilustra o Glacial Barnard, no
pode ser preenchida por escoamentos, criando então um Alasca, com vários glaciais tributários. Numerosas more­
lago glacial (ou “tarn ”). Numerosos cirques nas Montanhas nas laterais estão presentes. Várias “mediai moraines” fo­
Uinta (em Utah) são mostrados na Figura l4-51ab. Uma ram criadas nas confluências de morenas laterais.
imagem Landsat colorida sobreposta a um modelo digital
de elevação é mostrada na Prancha Colorida l4-10a. Se um glacial atinge o equilíbrio entre o acúmulo e o der-
retimento, então é produzido uma morena terminal, no fi­
Um “arete” é formado quando cirques de lados opostos de nal do glacial (Figura 55b). Se o equilíbrio dura por um
um divisor erodem na parte superior criando uma crista período considerável, o glacial continua a mover rochas e
estreita e serrilhada. Se os dois cirques continuam a ero- fragmentos para baixo, fazendo com que a morena terminal
dir na parte superior, eles podem eventualmente produzir aumente em volume. Se o derretimento excede a acumula­
um “col", que é um arqueamento na crista serrilhada. N u­ ção, o glacial recua, deixando a morena terminal como uma
merosos aretes e “cols” são visíveis na imagem oblíqua das geoforma remanescente. Se o glacial atinge o equilíbrio
Montanhas Uinta mostrada na Figura 14-5 lb. Um “horn” novamente, uma morena recessional pode ser produzida. E
é formado quando mais de dois cirques erodem na parte possível que um certo número de morenas recessionais este­
superior, deixando um pináculo com formato espiral. O jam presentes. Algumas vezes água pode ser represada atrás
mais famosos é o Matterhorn, na Suíça (Figura 14-52). Os de morenas terminais, formando então os “morainal lakes”.
“horns” frequentemente aparecem em formatos triangulares
quando vistos de cima por imagens de sensores remotos. Algumas vezes, glaciações continentais ou mesmo alpinas
depositam uma mistura de argila, areia e pedra, e até mes­
Durante a glaciação em terrenos montanhosos, os glaciais mo grandes rochas sobre toda a paisagem. Após o recuo, o
geralmente não produzem novos vales, mas a acumulação material é referido coletivamente como “glacial till” e a ge­
e o movimento do gelo glacial erode as partes altas, os oforma é denominada “glacial tillplain ". Tipicamente, não
lados dos vales, além de limpar e aprofundar os fundos de há geoformas importantes com alguma elevação significa­
vales. Este processo cria vales glaciais com form ato em “U ”, tiva no “till plain”, mas somente terreno suavemente on­
que são muito interessantes quando os glaciais recuam. O dulado. Grande parte do meio oeste dos Estados Unidos,
Canyon Wallsburg, nas Montanhas Wasatch (em Utah) considerado como um celeiro de alimentos para o mundo,
é um bom exemplo deste tipo de geoforma glacial (Fi­ é coberto com depósitos de “glacial till” de variadas espes­
gura 14-53; Prancha Colorida 14-1 Ob). Alguns glaciais suras. Tais depósitos frequentemente apresentam textura
escavam vales extremamente profundos, de tal forma que mosqueadas, com áreas mais claras sendo compostas de so­
tornam-se lagos após o recuo dos glaciais. Por exemplo, los arenosos mais bem drenados e áreas escuras compostas
o Lago Tahoe mostrado na Figura 14-54 e na Prancha de solos ricos em argila e mal drenados.
Colorida 14-10c foi criado desta maneira. O Lago Tahoe
tem uma extensão de 37 km e uma largura de 19 km, Vários glaciais são produzidos diretamente dentro, acima e
estando a 1.898m acima do nível do mar, chegando a ter até sob o gelo glacial. Por exemplo, as torrentes subglaciais
profundidades da ordem de 500 m. E um dos lagos de que correm dentro de gelos glaciais estacionados (que não se
maior profundidade nos Estados Unidos. movem) podem depositar materiais misturados com areia e
pedras dentro dos túneis formados. Após o recuo do glacial, o
Se os maiores glaciais com vales em formato de “U ” ero­ material depositado aparece como cristas sinuosas ou lineares
dem mais extensivamente na parte inferior do que os flu­ ou “esker”, que podem atingir entre 5 e 30 m de altura, com
xos glaciais tributários, podem ser criados os “hanging 50 a 60 m de largura. Os eskers podem alongar-se por vários
valleys”, os quais frequentemente entram no vale princi­ quilômetros. Por exemplo, a Figura l4-56a é uma fotografia
pal como cachoeiras. oblíqua baixa de um esker sinuoso de pedras alongando-se
por Northern Manitoba, Canadá. Este esker também depo­
Geoform as Glaciais Deposicionais: Morenas, “ Morainal sitou alúvio dentro do lago glacial quando o glacial recuou.
Lakes” , “ Till Plains” , “ Eskers” , “ Kettles” e “ D rum lins”
Algumas vezes pode ocorrer que um grande bloco de gelo
Geoformas glaciais impressionantes também são criadas glacial contendo uma grande variedade de pedaços de gla­
por deposições glaciais de materiais erodidos. Os materiais ciais (ou debris) se descole do glacial principal. O bloco de
rochosos que se acumulam nos lados ou nas bordas dos gelo e os materiais podem ser subsequentemente cobertos
glaciais são chamados “morenas laterais”. Se dois glaciais se por outros materiais. Após o recuo do glacial, o gelo do
encontram, pode ser criada uma “m ediai moraine” na con­ bloco se derrete, deixando uma depressão na paisagem. Es-
Sensoriamento Remoto de Solos,
562 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia

M on tan h as
U in ta, em
U tah

cirques e vales em U ”
a. Imagem TM Landsat banda 3 sobreposta a um modelo digital de elevação de 30 x 30 m do USGS.

Figura 14-51 a) Imagem da banda 3 (vermelho) do Thematic Mapper / Landsat de uma porção das Montanhas Uinta (Montanhas Ro­
chosas, em Utah). b) Imagem da banda 3 do TM/Landsat sobre DEM do USGS 30 x 30 m (exagero vertical de 4x) e visto
obliquamente. Uma versão colorida é encontrada na Prancha Colorida 14-10a (cortesia Space Imaging, Inc.).
Geomorfologia 563

M atterhorn , n a Suíça

Figura 14-52 Fotografia oblíqua alta do Matterhorn, na Suíça, for­


mado pela erosão superior de mais dé dois “cirques”. O
cirque neste lado direito do Matterhorn contém ainda
um glacial e na parte esquerda está um glacial “pen­
dente” aderido ao lado do pico. Rachaduras no glacial
são visíveis (cortesia American Geographical Society
Collection, arquivado no National Snow and Ice Data
Center, University of Colorado, Boulder, CO).

W asatch R an ge, M on tan h as R och osas, em U tah

Wallsburg Monte Timpanogos cirque arete cirque

Figura 14-53 Imagem banda 4 (infravermelho próximo) do TM/Landsat mostrando uma porção de Wasatch Mountain Range, nas Mon­
tanhas Rochosas, em Utah, sendo que a imagem foi sobreposta a um DEM 30 x 30m do USGS (exagero vertical de 5x),
realçando o Monte Timpanogos e os cirques e aretes glaciais, além dos vales com formato em “U ” do Canyon Wallsburg.
Vários “cols” estão presentes na crista serrilhada do Monte Timpanogos. Uma versão colorida é encontrada na Prancha Co­
lorida 14-I0b (cortesia Space Imaging, Inc.).

tas depressões são conhecidas como “kettles” e podem ser mador. Drumlins geralmente ocorrem em agrupamen­
preenchidas com água, criando lagos e pântanos. Um “ket- tos, que são referidos como “agrupamentos de drumlins” .
tle” relativamente grande é mostrado na Figura l4-56a. Drumlins consistem de pedras e areia misturados com
argila. H á muita controvérsia quanto ao processo que
Um a geoforma do tipo “drum lin” é uma colina lisa, com produz os drumlins. Acredita-se que um drumlin é de­
formato oval ou elíptico, constituída de till glacial com senvolvido embaixo de gelo ativo e é formado por alta
seu eixo maior paralelo à direção de fluxo do glacial for­ pressão de água que emoldura o till saturado dentro de
Sensoriamento Remoto de Solos,
564 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia

S ie rra N ev ad a M ou n tain R an ge, na C alifó rn ia

Figura 14-54 Imagem MSS banda 3 (infravermelho próximo) do Landsat sobre um DEM (Defense Mapping Agency, level-1, exagero vertical
de 5x), ilustrando o Lago Tahoe, em Sierra Nevada, na Califórnia. Adicionalmente, há também vários vales glaciados em degraus
na porção sul da imagem (cortesia USGS NALC database). Uma versão colorida é encontrada na Prancha Colorida 14-10c.

uma fôrma linear. Os drumlins podem ter entre 10 e 50 cm (equivalente a 100 litros por nr) de silte foi depositado
m de altura, de 100 a 300 m de largura e de 2 a 3 km de no sul da França, vindo de fontes da África, nos últimos 300
comprimento. Um pequeno campo de drumlins próximo anos. Assim, partículas de areia são transportadas no vento
do Grafton Lake, no Kejimkujik National Park, no C a­ por suspensão ou por saltação, e no solo por deslizamento.
nadá, é mostrado na Figura l4-56b.
Algumas vezes a areia que está sendo transportada por saltos
Geoformas Eólicas encontra vegetação ou outros fenômenos que impedem o
seu progresso, ou a velocidade do vento diminui, causando o
depósito destas partículas. Quando uma certa quantidade de
Quando o vento erode, transporta e/ou deposita material, areia é acumulada, temos uma duna de areia, que é definida
ocorre a chamada atividade eólica. Tipicamente, o vento como um monte, uma cadeia ou uma encosta de partículas
origina geoformas tanto erosionais como deposicionais em de areia transportadas pelo vento. Este monte de areia afeta
áreas costeiras e em desertos. As geoformas eólicas podem o fluxo do ar sobre ele. Geralmente, a velocidade do vento é
desenvolver-se quando há uma grande quantidade de areia máxima a barlavento (na direção onde sopra o vento e que
e suficiente velocidade do vento para mover as partículas o força a subir) e diminui a sotavento (na direção protegida
individuais do solo. Boas fontes de areia incluem praias cos­ do vento) (Figura l4-57a). A zona de velocidade reduzida
teiras e lacustres, depósitos aluviais e materiais de planícies do vento faz com que a areia seja depositada sobre o topo
glaciais. Quando ocorre um vento forte em local com gran­ do monte sobre o declive contrário. Cada tamanho de grão
de quantidade de areia, os grãos individuais de areia saltam de areia tem um ângulo de repouso diferente, i.e., a máxima
sobre o terreno (saltação, segundo Selby, 1989). A maior declividade na qual o material solto de solo permanece está­
parte dos grãos de areia move-se durante a saltação somente vel. Quando este ângulo é atingido para uma determinada
cerca de 1 a 2 cm acima da superfície, uns poucos vão a areia (p.ex., 30 - 40"), as partículas de areia deslizam-se para
1 a 3 m. A repetida colisão de partículas faz com que os baixo fazendo com que o monte se mova gradualmente para
grãos vão tornando-se crescentemente arredondados e lisos frente na direção do vento predominante.
(e levemente menores), ficando mais fácil de serem trans­
portados pelos campos de vento. Parte da energia dos saltos Os depósitos de areia podem ter várias formas, incluindo
é transferida diretamente para as partículas da superfície sob ondulações (distantes 5 cm e 3 m entre si e com 0,1 a 5 cm
impacto, fazendo com que aqueles grãos se movam para de altura), dunas (distantes 3 a 600 m entre si e com 0,1 a
frente ou deslizem. Grãos de silte extremamente finos, me­ 20 m de altura), e megadunas (distantes 300 m a 3 km en­
nores do que 200 pm podem ser capturados nos primeiros tre si, com 200 a 400 m de altura, com muitos quilômetros
1 a 2 km de uma atmosfera turbulenta e mover-se a grandes de comprimento). Evidentemente, pequenas ondulações
distâncias como poeira. Por exemplo, aproximadamente 10 podem existir em dunas individuais e em megadunas.
Geomorfologia 565

morena
lateral

morenas mediais m orena lateral


a. Morenas laterais e mediais no Glacial Barnard, AK.

morena
terminal

b. Morenas glaciais lateral e terminal em Bylot Island, Baffin Island,


NW Territories, Canadá.

Figura 14-55 a) Fotografia aérea oblíqua alta do Glacial Barnard, AK. Cada um dos glaciais tributários tem morenas laterais. A confluência
dos glaciais tributários cria morenas mediais. O glacial tributário à direita recebe material de pelo menos um outro glacial
tributário, como evidenciado pelas duas morenas mediais dentro do centro do seu fluxo (cortesia American Geographical
Society Collection, National Snow and Ice Data Center, Univ. o f Colorado, Boulder). b) Fotografia oblíqua baixa de more­
nas glaciais lateral e terminal em Bylot Island, Baffin Island, NW Territories, Canadá.

Geoform as Eólicas D eposicionais diagnosticas que podem ser reconhecidas em fotografias


aéreas ou em outros tipos de imagens. Os cientistas têm
Muitas dunas são compostas de areia de grãos médios compilado inventários dos principais tipos de dunas en­
(quartzo), entretanto, elas podem também ser compostas contrados ao redor do mundo e como as dunas aparecem
de cinza vulcânica, calcita, e até de partículas de gesso. Há em dados de sensoriamento remoto. Recomendamos, por
uma variedade de tipos de dunas arenosas deposicionais exemplo, o trabalho de Rinker et al. (1991), Dokka et al.
que têm ciclos de desenvolvimento característicos e formas (1997) e Walker (1986, 1998).
Sensoriamento Remoto de Solos,
566 CAPITULO Minerais e Geomorfologia

Figura 14-56 a) Fotografia oblíqua baixa de um esker sinuoso de pedras e de um kettle na floresta boreal de Northern Manitoba. As áreas
de tons claros à direita e à esquerda do esker são deltas de areia depositada pelo esker no interior do lago glacial, que foi for­
mado quando o glacial retraiu-se. b) Fotografia aérea oblíqua baixa de vários drumlins no Kejimkujik National Park, Canadá
(cortesia Terrain Sciences Division, Geological Survey of Canada).

O mais antigo e significativo trabalho sobre a física, a ori­ seca. Barchans individuais ou megabarchans extremamen­
gem e a evolução de dunas arenosas eólicas foi executado te grandes comumente ocorrem em cadeias alongadas que
por Ralph Bagnold (1941), que trabalhou no Egito antes podem fundir-se com dunas unidas em campos ou ergs.
da Segunda Guerra Mundial. Ele reconheceu dois tipos Pequenas barchans movem-se vários metros por ano, mas
básicos de dunas: a duna crescêntrica, que ele denominou megabarchans movem-se mais lentamente (Walker, 1998).
“barchan”, e a duna linear, que ele chamou de longitudinal
(ou “seif”, termo arábico para espada). Infelizmente, esta Linear: Dunas lineares (ou longitudinais) podem ser es­
terminologia também foi aplicada para muitos outros ti­ treitas ou irregularmente sinuosas. Uma fotografia oblíqua
pos de dunas, resultando numa terminologia confusa. Esta baixa de uma duna linear no sul de Soda Lake é mostrada
seção utiliza o seguinte sistema de classificação de dunas, na Figura l4-58a. Estas dunas podem ter muitos quilôme­
adaptado de várias fontes (Walker, 1986, 1998; Rinker et tros de comprimento e centenas de metros de altura. Elas
al., 1991): crescêntrica, linear, domo, estrela e parabólica. são geralmente compostas de areia solta, de tamanhos sor­
tidos de muito pequenos a médios. Dunas lineares muito
Todos os tipos de dunas podem ocorrer em três formas: sim­ estreitas podem frequentemente ser referidas como cordi­
ples, composta e complexa. As dunas simples são formas bá­ lheiras de areia, enquanto que as lineares sinuosas são cha­
sicas com um número mínimo de faces que definem o tipo madas de seifs. O comprimento de uma duna linear é mui­
geométrico. As dunas compostas são dunas de grande porte to maior do que sua largura. Enquanto a duna crescêntrica
sobre as quais dunas menores de tipo e orientação de face é a de ocorrência mais comum, as dunas lineares cobrem
similares ocorrem sobrepostas. As dunas complexas são com­ mais áreas desérticas, especialmente na Austrália central,
binações de dois ou mais tipos de dunas (Walker, 1998). sul da África, Península Arábica e partes do Sahara. As
maiores e mais altas dunas do mundo são encontradas no
Crescêntrica: É a duna mais comum na Terra (e em Mar­ Deserto da Namíbia, na África. Algumas dunas possuem
te). Elas geralmente são mais largas do que longas. Com alturas superiores a 300 m (Figura 14-59). A Prancha C o­
base no trabalho de Bagnold (1941), estas dunas são fre­ lorida 14-11 ilustra uma porção da vasta paisagem de du­
quentemente referidas como dunas barchan, barchanóides nas arenosas da Namíbia, usando dados ET M Landsat-7 e
ou transversais. As dunas barchan crescêntricas, tais como A STER, sobrepostos a um modelo digital de elevação.
as mostradas nas Figuras l4-57b,c podem ser produzidas
quando 1) o vento predominante vem de uma direção uni­ A origem das dunas lineares é controversa. Alguns sugerem
forme e consistente; 2) há pouca vegetação presente para que as dunas lineares são produzidas por ventos unidire-
ancorar qualquer porção da duna; e 3) há um suprimento cionais e que o alinhamento das dunas lineares é paralelo
de areia relativamente esparso. A declividade na direção do à direção do vento. Outros sugerem que ventos multidi-
vento é usualmente < 15o. A face sotavento (slipface ou de recionais também desempenham um papel no seu desen­
escorregamento) da duna barchan é mais íngreme com um volvimento. Pode ser que o comprimento da duna seja au­
ângulo de repouso de aproximadamente 34 a 40° para areia mentado quando o vento sopra na direção predominante.
Geomorfologia 567

zona de velocidade
reduzida do ar
>7ce ,/

« a r * * ,

a. Movimento da areia numa duna.

barchan ou dunas transversas).

Figura 14-57 a) Características gerais de como a areia é movida por saltação e deslize numa duna de areia. Esta ilustração é importante
para o entendimento da direção do vento e das feições mostradas em b). b) Várias dunas crescêntricas (barchan) na costa do
Peru, migrando da direita para a esquerda, paralelamente à direção do vento (cortesia U.S. Geological Survey, 1998; e John
McCauley). c) Vista de uma duna crescêntrica barchanoide singular (cortesia Desert Processes Working Group; Rinker et
ah, 1991; Dokka et ah, 1997).

A largura da duna é aumentada quando o vento sopra for­ estrela tendem mais a aumentar em altura do que migrar
temente em ângulos retos aos do vento predominante por na paisagem, o que faz com que sejam das mais altas dunas
períodos relativamente breves. Um extensivo mar de dunas encontradas. Podem alcançar de 200 a 300 m nos gran­
lineares é mostrado na fotografia obtida pela Space Shuttle de desertos do mundo. As dunas estrela também ocorrem
do Deserto Marzuq, na Líbia, na Figura l4-58b. como elementos secundários em combinação com outras
dunas. Uma duna estrela singular no Deserto da Namíbia
D unas dom o: Montes ovais ou circulares de areia que geral­ é mostrada na Figura l4-60a, e uma fotografia obtida pela
mente não apresentam a slipface (ou face de deslizamento) Space Shuttle de dunas estrela superpostas sobre dunas li­
são chamados de dunas domo. Elas são relativamente raras. neares na Argélia é mostrada na Figura l4-60b.
A Figura l4-58c ilustra um estéreopar de dunas domo no
Western Shield, na Arábia Saudita. Os domos são parcial­ D unas Parabólicas: Uma duna parabólica tem um forma­
mente separados por vazios interdunares que são enclausu­ to em U crescente, como uma duna barchan, exceto que
radas por dunas subsidiárias de areia compactada. seus chifres apontam em direção oposta ao vento. Elas são
também chamadas dunas em U, arco, ou grampo. Dunas
D unas estrela: Podem desenvolver-se onde há uma grande parabólicas são originadas quando o vento é suficientemente
quantidade de areia e o vento sopra em várias direções. intenso para demolir o centro de uma duna, mas uma quan­
Elas também são chamadas de dunas piramidais ou radiais. tidade relativamente pequena de vegetação em cada lado faz
Três ou mais braços de areia tipicamente radiam do monte com que os limites da duna sejam estabilizados. Algumas
central. Os braços podem variar em comprimento, largura, vezes os chifres da duna parabólica permanecem ligados à
número e forma, mas cada um tem uma slipface. As dunas vegetação por algum tempo até que o corpo da duna migre.
Sensoriamento Remoto de Solos,
568 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia

a. Visada oblíqua de uma duna linear (longitudinal) em Soda Lake. b. Fotografia Shuttle de dunas lineares no Deserto Marzuq, Líbia.

Figura 14-58 a) Exemplo de uma duna linear (longitudinal). Notar a obstrução física fazendo com que a maior parte da areia se desvie do
seu curso enquanto uma parte desliza sobre o topo (cortesia Desert Processes Working Group; Dokka et al., 1997). b) Versão
preto-e-branco de fotografia da Space ShuttleSTS054-152-189 obtida em janeiro de 1993, mostrando um extenso mar de
dunas lineares. As áreas escuras são parte do Hammadat Marzuq (deserto rochoso) consistindo de afloramentos rochosos (cor­
tesia NASA Johnson Space Center). c) Estéreopar pancromático de dunas domo em Western Shield, Arábia Saudita (fotografia
obtida pelo Army Map Service; cortesia Desert Processes Working Group; Rinker et al., 1991; Dokka et al., 1997).

Quando isto ocorre, a duna parabólica assemelha-se a um de saída pode extrair as partículas pequenas de silte. Estas
grampo modificado. Dunas parabólicas são sempre associa­ partículas podem ser depositadas como uma camada de
das com vegetação —gramíneas, arbustos, e ocasionalmente solo tipo loess. Por exemplo, o mais espesso depósito de
árvores que ancoram os braços posteriores. Elas usualmente loess é o Loess Plateau da China, com 335 m. As acu­
se formam em áreas com fortes ventos unidirecionais. mulações de loess na Europa e nas Américas resultantes
da glaciação Wisconsin possuem aproximadamente 20 a
Loess: Quando um glacial continental se retrai, ele pode 30 m de espessura. Os loess são solos altamente erodíveis
depositar till (areia e pedras) glacial em uma saída da gelei­ que em geral têm apenas pequenas espessuras. Os canais
ra. Fortes ventos soprando por milênios sobre esta região de drenagem em solos loess frequentemente têm bancos
Geomorfologia 569

D eserto d a N am íb ia, Á frica

Figura 14-59 Dunas longitudinais no Deserto da Namíbia, Naukluft National Park, conforme registrado pelo ETM+/Landsat-7 em 12 de
agosto de 2000. Estas são as dunas mais altas do mundo, algumas com mais de 300 m (cortesia USGS e NASA). Verificar a
Prancha Colorida 14-1 la para uma vista de uma porção da mesma área conforme registro feito pelo sensor ASTER.

a. Dunas estrela no Deserto da Namíbia. b. Fotografia Space Shuttle do complexo linear das Dunas Tifernine,
em Tassili NAjjer, sudeste da Argélia, sobreposto com dunas estrela.

Figura 14-60 a) Fotografia aérea de grande escala de duna estrela no Deserto da Namíbia. Cada duna estrela consiste de múltiplos braços,
cada um com suas slipfaces (faces de deslizamento) radiando de uma área central. Dunas estrela são produzidas por ventos
vindos de múltiplas direções (cortesia USGS; Walker, 1998). b) Versão preto-e-branco da fotografia STS070-705-094 das
Dunas Tifernine, na Argélia, em julho de 1995. Dunas extremamente longas e lineares estão presentes. As dunas lineares
têm dunas estrela sobrepostas em partes delas. Arenito alterado resistente ocorre no sul e no leste e aparece em tons escuros.
Várias playas estão presentes na imagem (cortesia NASA Johnson Space Center).

muito íngremes. Geralmente as dunas não são formadas vento age sobre a superfície do terreno e uma parte da
em depósitos loess, devido à forte coesão das partículas energia é transferida para o terreno como calor, enquanto
componentes dos solos loess. que outra parte desagrega as partículas do solo do terreno
e move-as por saltação. Quando o material é removido da
Geoform as eólicas erosionais superfície pelo vento, então temos a deflação. A contínua
remoção de areia e silte de áreas com depósitos aluviais dei­
A areia movimentada pelo vento também pode produzir xa somente uma combinação de areia grossa e seixos e um
feições erosionais impressionantes. A energia cinética do pouco de material argiloso. Isto pode resultar na criação da
Sensoriamento Remoto de Solos,
570 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia

paisagem de pavimento desértico, que é uma superfície com biological Soil Crusts in Desert Areas,” Remote Sensing o f En­
fragmentos rochosos que permanecem após o vento e a vironment, 96:165—175.
água terem removido as partículas finas. Quase metade das
superfícies desérticas são zonas de deflação pedregosa. Re­ Fernandes da Silva, P. C., Cripps, J. C. and S. M. Wise, 2005,
giões de pavimento desértico são chamadas regs na Argélia, “The Use of Remote Sensing Techniques and Empirical Tec-
serir na Líbia e gibbers na Austrália. Estas regiões deflatadas tonic Models for Inference o f Geological Structures: Bridging
podem ser muito extensas nos grandes desertos. Uma bacia from Regional to Local Scales,” Remote Sensing o f Environ­
deflatada é chamada de blowout. Algumas vezes uma capa ment, 96:18-36.
brilhante e escura é encontrada nos pavimentos desérticos,
produzida por minerais de manganês e óxidos de ferro. Dalton, J. B., Bove, D. J., Mladinich, C. S. and B. W. Rockwell,
2004, “Identification of Spectrally Similar Materials using the
As superfícies de corpos rochosos podem também ser ero- USGS Tetracorder Algorithm: the Calcite-epidote-chlorite
didas pela abrasão por partículas levadas pelo vento. Em Problem,” Remote Sensing o f Environment, 89:455-466.
casos extremos o vento pode ser tão forte que corta canais
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572 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia

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Medidas de Reflectância In Situ

M
edidas de reflectância espectral in situ feitas em solo usando um espectrorradiôme-
tro portátil podem ser usadas para:

• ter ideia sobre as características de reflectância espectral de materiais selecionados;

• calibrar dados de sensores remotos; e

• fornecer dados espectrais únicos para melhorar a extração de informação usan­


do dados de sensores remotos multiespectrais e hiperespectrais.

Dados de reflectância espectral in situ são frequentemente coletados por pesquisadores


simplesmente para terem ideia quanto às características espectrais dos materiais da su­
perfície terrestre (p.ex., grama batatais - Paspalum notatuní). Conhecimento adicional
sobre o material pode ser obtido submetendo-o a vários tratamentos (p.ex., aplicação
de diferentes quantidades de nitrogênio à grama batatais) e determinando se os trata­
mentos resultam em diferentes padrões de reflectância espectral. Os vários tratamen­
tos e suas características de reflectância espectral podem ser monitorados através do
tempo para se conseguirem idéias adicionais. Os pesquisadores frequentementj criam
bibliotecas de reflectância espectral dos materiais encontrados nas suas áreas de estudo.
Diversas agências públicas compartilham suas bibliotecas espectrais via Internet, como
por exemplo a Biblioteca Espectral #5 do Levantamento Geológico Norte Americano
(Clark et al., 2003) e a Biblioteca Espectral A STER (ASTER, 2006).

Os sistemas de sensoriamento remoto coletam dados de reflectância espectral do


terreno nas porções do visível e infravermelho próximo (VNIR) e do infraver­
melho de ondas curtas (SW IR - short-wavelength infrared) do espectro eletro­
magnético (0,35 - 2,5 pm). Espalhamento atmosférico, absorção e reflexão fre­
quentemente impactam a energia refletida do terreno e registrada pelo sistema de
sensoriamento remoto (veja o Capítulo 2). Felizmente, os dados de reflectância
espectral extraídos de sensoriamento remoto podem ser correlacionados com os
dados de reflectância espectral percentual in situ do mesmo fenômeno para cor­
rigi-los quanto aos efeitos atmosféricos (Teillet et al., 2002). Por exemplo, um
canteiro de 3 x 3 m de Grama Batatais no terreno pode ser medido usando a) um
escaneador multiespectral aerotransportado de alta resolução espacial, e b) um
espectrorradiômetro portátil. Os dados de sensoriamento remoto podem ser cole­
tados a milhares de metros AGL (acima do nível do solo). A medida in situ com
um espectrorradiômetro é tipicamente coletada aproximadamente a 1 m acima
do dossel. Numerosas medidas pareadas de reflectância espectral de aeronave e de
terreno (p.ex., 20 a 30) podem ser usadas para calibrar (ajustar) as medidas de re­
flectância espectral derivadas de sensoriamento remoto, para minimizar os efeitos
de espalhamento atmosférico, absorção e reflexão (Goetz, 2002). O resultado é
um conjunto de dados de sensoriamento remoto calibrados, que frequentemente
produz informação biofísica ou de cobertura da terra (p.ex., biomassa, índice de
área foliar) mais precisa que um conjunto de dados não-calibrados.
574 CAPÍTULO Medidas de Reflectância In Situ

M edição de Reflectância Espectral Usando um Espectrorradiôm etro Portátil

Referência Alvo Reflectância = Alvo /


(Placa Spectralon) (p.ex., Grama Batatais) Referência

Figura 15-1 Uma curva de reflectância espectral de Grama Batatais obtida pela divisão do espectro do alvo (Grama Batatais neste exem­
plo) pelo espectro da referência (p.ex., uma placa de referência Spectralon branca).

Dados de reflectância espectral in situ de materiais quase 1. a magnitude de radiância refletida num intervalo de
puros da superfície da Terra (p.ex., dosséis sadios e ple­ comprimentos de onda específico de uma amostra de
namente enfolhados de Grama Batatais, asfalto fresco, referência, Z (p.ex., uma placa de Spectralon);
água profunda límpida) podem ser usados para localizar
membros finais ou endmembers (membros puros) para 2. a magnitude de radiância refletida pelo alvo de interes­
uso durante a análise de dados multiespectrais ou hipe- se, Z , no mesmo intervalo de comprimentos de onda
respectrais. Os membros finais são usados para fazer a (p.ex., Grama Batatais).
separação espectral, a qual pode ser usada para produzir
mapas que revelem a proporção de materiais no interior O espectro de reflectância, p y, é computado dividindo a
de cada pixel num conjunto de dados (p.ex., um pixel resposta espectral do alvo de interesse pela resposta espec­
poderia conter 40% de Grama Batatais, 30% de asfalto tral da amostra de referência:
e 30% de água). Jensen (2005) fornece uma discussão
sobre separação linear de misturas. pr =I x x k (15-1)
r

Este capítulo descreve vários parâmetros que deveríam ser O fator de correção (k) é a razão entre a irradiância solar
considerados ao obter medidas de reflectância espectral in e a exitância da placa de referência e idealmente deveria
situ de materiais da cobertura terrestre usando um espec­ ser próximo de 1 (McCoy, 2005). Um exemplo de espec­
trorradiômetro portátil. tro de referência (Spectralon), espectro do alvo (Grama
Batatais) e reflectância percentual da Grama Batatais está

< Reflectância Espectral de um Material mostrado na Figura 15-1.

O processo de obtenção de medidas de reflectância espec­


tral com espectrorradiômetro portátil é intrigante. Para
< m
Material de Referência

obter o espectro de reflectância de um objeto material, p r O Spectralon é o material de referência mais largamente usa­
é necessário obter duas medidas espectrais: do para obter medidas de reflectância espectral in situ. E uma
Considerações sobre a Iluminação 575

Reflectância H em isférica de um a Placa Spectralon Qualquer variação nas características de iluminação entre
o momento em que os espectros de referência são coleta­
dos e o momento em que os espectros do alvo de interesse
são coletados resulta em erro no espectro de reflectância
obtido. Dito isso, é útil revisar várias considerações sobre
'S 0,92-- iluminação de cena.
0,90"-
0 , 88-1-------- 1-------- 1-------- 1-------- 1
-------- 1
-------- 1
-------- 1
-------- 1
-------- 1 Medição da Reflectância Espectral In Situ Usando
250 500 750 1000 1250 1500 1750 2000 2250 2500 Iluminação Solar
Comprimento de Onda, nm
Figura 15-2 Características da reflectância espectral de uma
placa Spectralon no intervalo espectral de 250 a A energia solar que atinge a superfície da Terra e os fato­
2500 nm medida em laboratório sob iluminação ar­ res dominantes que afetam a iluminação foram discutidos
tificial controlada. A curva de reflectância não exibe no Capítulo 2. Eles são revisitados na Figura 15-3 para
bandas de absorção atmosférica, que estão presentes esta discussão sobre radiometria portátil. O vapor d’água
quando as medidas são obtidas sob iluminação solar
é o principal fator que impacta o fluxo radiante incidente
direta, como mostrado na Figura 15-1 a.
(Gao e Goetz, 1990). A energia solar atingindo a superfí­
cie da Terra é essencialmente zero nas regiões ao redor de
1400 nm e 1900 nm porque o vapor d’água atmosférico
absorve a luz nessas regiões ao longo de todo o percurso
resina termoplástica branca (ou cinza) que demonstrou ter da atmosfera. Quanto maior a distância que a energia tem
maior reflectância difusa que qualquer outro material ou re­ que passar através da atmosfera (i.e., o tamanho da traje­
vestimento para aplicações de sensoriamento remoto terres­ tória), maior é a magnitude de absorção que ocorre pelos
tre, tanto para aplicações no campo como em laboratório. O vários constituintes atmosféricos. A quantidade de vapor
Spectralon qualificado para uso espacial combina alta reflec­ d’água na atmosfera muda diariamente e sazonalmente, e
tância com um perfil de reflectância extremamente lamber- pode variar no espaço a curtas distâncias dependendo das
tiano, exibindo valores de reflectância de >99% no intervalo características das massas de ar regionais.
espectral de 400 a 1.500 nm e >95% de 250 a 2.500 nm
(Labsphere, 2006). As características de reflectância espec­ Os espectros de reflectância obtidos no campo usando um
tral de uma placa Spectralon medidas em laboratório estão espectrorradiômetro portátil são influenciados por cinco ti­
mostradas na Figura 15-2. Placas Spectralon variam em ta­ pos de iluminação solar. A irradiância mais dominante é a
manhos de 5 x 5 x 1,5 cm a 6 1 x 6 l x 1,5 cm. A maioria iluminação solar direta (E : trajetória 1), como mostrado na
dos pesquisadores usam placas de 25 x 25 cm ou 30 x 30 cm Figura 15-3. Ela pode contribuir com até 90% da energia
montadas numa armação durável de alumínio anodizado. total iluminando o alvo sob condições de céu claro. O ân­
E possível comprar placas maiores, mas elas se tornam de gulo de elevação solar sazonal (0) e as condições atmosféri­
difícil manuseio no campo. Elas também são muito caras. cas (p.ex., alto teor de água) afetarão a magnitude do fluxo
A superfície da placa Spectralon deve ser mantida limpa de radiante e suas características espectrais iluminando o alvo.
poeira e ciscos. Após um uso pesado pode ser necessário usar A Figura 15-4 documenta a irradiância solar que realmente
água e lixa bem fina para restaurar a superfície. atinge a superfície da Terra depois de passar pela atmosfera.

Cada placa Spectralon é calibrada pelo fabricante. Dados de O espalhamento na atmosfera resulta na iluminação so­
calibração de 250 a 2.500 nm, a cada 50 nm são fornecidos lar difusa (skylight). A iluminação solar difusa geralmente
com a placa Spectralon. Os dados de calibração são obtidos a responde por cerca de 10-20% da energia total que ilu­
partir de padrões do laboratório nacional (Estados Unidos). mina o terreno. As características espectrais da ilumina­
ção solar difusa são uma função do tipo e quantidade
Considerações sobre a Iluminação de espalhamento e absorção que estiver ocorrendo. Parte
dessa iluminação solar difusa nunca atinge o alvo, mas é
espalhada para o interior do campo de visada instantâneo
do instrumento de sensoriamento remoto (Ed: trajetó­
Ao computar o espectro de reflectância de um material ria 2). Parte dessa irradiância solar difusa atinge o alvo
no campo ou no laboratório, é importante que as carac­ e é subsequentemente refletida para o interior do campo
terísticas da iluminação do material de referência (p.ex., de visada instantâneo do instrumento de sensoriamento
Spectralon) e do alvo de interesse (p.ex., Grama Batatais) remoto (Ed: trajetória 3). Alguma irradiância que atinge
permaneçam as mesmas. o terreno próximo é refletida para o interior do campo
576 CAPÍTULO Medidas de Reflectância In Situ

M edição da Reflectância Espectral In Situ


Usando Ilum inação Solar

Sol Nuvem
0 ^ 3
Espectrorradiômetro
Iluminação solar
direta, E„
41
Irradiância Campo de visada
solar ditusa instantâneo (IFOV)
do sistema sensor
H H= lm
Altitude acima
do nível do solo
(AGL)
Fatores adicionais a considerar. Reflectância da
sombra de nuvem, sombra de área vizinha '— D —M
objetos próximos, vento diâmetro do IFOV
projetado no terreno
na área do alvo
Figura 15-3 Montagem do espectrorradiômetro para obter medidas de reflectância espectral in situ usando iluminação solar.

de visada instantâneo do instrumento de sensoriamento Iluminação Solar Atingindo a Superfície da Terra


remoto (4). Finalmente, o alvo de interesse (p.ex., Gra­
ma Batatais) pode ser iluminado pela luz espalhada por
um campo agrícola, grama, floresta ou estruturas urbanas
próximos (5). Curtis e Ustin (1988) observaram que pelo
menos 20% da iluminação em áreas florestais cortadas
vinham de cobertura florestal adjacente.

N uvens são a evidência visual do vapor d’água na atmosfe­


ra. As nuvens podem modificar as características espectrais
da irradiância atingindo o terreno. Portanto, poderiamos
pensar que seria necessário ter um céu absolutamente claro
e livre de nuvens a fim de obter espectros de reflectância.
N ão é o caso. Uma vez que o espectro de referência (p.ex.,
obtido com um placa Spectralon) e o espectro do alvo
(p.ex., da Grama Batatais) sejam obtidos sob característi­
cas quase idênticas de cobertura de nuvens (i.e., tomados
numa sucessão bem rápida), então ao fazer a subsequen­
te razão haverá redução do erro introduzido pelas nuvens
presentes e pela variabilidade do vapor d’água (nuvens). susceptíveis porque os espectros de reflectância para um
alvo tipicamente não são obtidos numa medição única. Ao
Se os espectros de reflectância vão ser usados para calibrar contrário, uma medição na referência Spectralon é feita, e
espectros obtidos por sensoriamento remoto feito por sa­ então talvez 10 ou mais medições no alvo são feitas. Então,
télite ou aeronave, então os espectros de reflectância in situ é feita uma média das 10 medidas espectrais do alvo para
devem ser coletados aproximadamente ao mesmo tempo e fornecer uma única medida de reflectância do alvo, que é
sob as mesmas condições atmosféricas que os da missão de dividida pelo espectro de referência para fornecer um es­
sensoriamento remoto. pectro de reflectância calibrado para o dossel em estudo.
Idealmente, o dossel permanece completamente imóvel
Vento pode causar confusão na obtenção de espectros de durante a coleta das 10 medições do alvo. Idealmente, as
reflectância in situ. Os dosséis vegetais são particularmente folhas estão na mesma posição, da mesma forma que as
Considerações sobre a Iluminação 577

M edição de Reflectância Espectral In S itu


Usando Ilum inação Artificial
Espectrorradiômetro

Diâmetro do IFOV
projetado no terreno
na área do alvo

Figura 15-5 Montagem do espectrorradiômetro para obtenção de medidas de reflectância espectral in situ usando iluminação artificial
num laboratório.

sombras e a quantidade de solo exposto visto pelos detec­ Uma boa configuração para iluminação artificial em ambien­
tores do espectrorradiômetro através do campo de visada te fechado é mostrada na Figura 15-5. Ela consiste de duas
instantâneo óptico (IFOV). O vento move as folhas no lâmpadas de filamento Halógenas de Quartzo-Tungstênio
dossel, modificando a quantidade de vegetação, sombra e de 200 - 500 W (cada uma com temperatura de cor de
solo exposto medidos no interior do IFOV constante do aproximadamente 3400 K) colocadas em suportes refletores
espectrorradiômetro. O vento pode fazer com que dife­ de alumínio, orientadas a 30° da horizontal e posicionadas
rentes partes estruturais do dossel (p.ex., galhos, as faces 1 m acima do fenômeno de interesse (ASD, 2005). A fonte
ventrais das folhas) sejam vistas durantes as dilerentes var­ de potência deve ser estável. As ópticas do espectrorradiô­
reduras. Isso introduz ruído nas medidas de reflectância. metro são posicionadas para visar o dossel da vegetação no
nadir. Idealmente, o campo de visada do sensor é comple­
Medição da Reflectância Espectral In Situ Usando tamente tomado pelos materiais do alvo de interesse (p.ex.,
Iluminação Artificial no Laboratório*• Grama Batatais). Contudo, deve-se tomar cuidado ao usar
iluminação artificial para coletar espectros de reflectância do
alvo, porque uma exposição longa às lâmpadas Fialógenas
Às vezes é útil obter as características espectrais de grama, de Quartzo-Tungstênio pode literalmente “cozinhar” a ve­
folhas ou outras coberturas da Terra sujeitas a diversos tra­ getação. Isso pode degradar a clorofila no parênquima pali-
tamentos num ambiente de laboratório controlado. Num çádico e fazer com que a água da planta seja evaporada do
ambiente de laboratório, o analista tem controle de: mesófilo esponjoso da planta. Essas condições resultam em
espectros de reflectância de vegetação espúrios.
• geometria de iluminação baseada no uso de lâmpadas
cuidadosamente posicionadas e calibradas; P o r que Ilum in ação com L âm p ad as H alógenas de
Q uartzo-Tungstênio? Muitas fontes de luz podem ser
• geometria de visada do espectrorradiômetro (geral­ utilizadas para obter espectros in situ usando um espec­
mente apontado no nadir); trorradiômetro portátil. Por exemplo, poderiamos usar
lâmpadas fluorescentes comerciais de 60 ciclos AC. Infe-
• efeitos ambientais (p.ex., não há vento e não chove no lizmente, lâmpadas fluorescentes produzem vários picos
laboratório); fortes de energia ao longo da porção visível do espectro
(Figura 15-6). Elas também fornecem pouca energia além
• efeitos atmosféricos (p.ex., é possível controlar a tem­ de 750 nm. Por outro lado, o espectro de energia de uma
peratura e o vapor d água no laboratório). lâmpada D C Halógena de Quartzo-Tungstênio produz
578 CAPÍTULO Medidas de Reflectância In Situ

Comprimento de Onda (nm)


Figuta 15-7 Espectro de uma lâmpada Halógena de Quartzo-
Figura 15-6 Espectro de uma luz fluorescente.
Tungstênio.

energia com pico em aproximadamente 900 nm e fornece rofila b. Quando a vegetação está estressada há também um
energia bem além de 2500 nm (Figura 15-7) (ASD, 2005). notável movimento na região de transição do infraverme­
O filamento de tungstênio fica dentro de um tubo de vidro lho próximo para o vermelho conhecida como a posição da
de quartzo contendo gás halogênio. Esta combinação de borda do vermelho. Quanto maior a magnitude do estresse,
materiais emite uma curva de energia homogênea. Como maior o movimento da borda do vermelho em direção aos
no laboratório essa energia é medida bem próxima (a uma menores comprimentos de onda (Carter et ah, 1996). O
curta distância), não há feições de absorção atmosférica infravermelho de ondas curtas (SWIR) de 1050 a 2500 nm
presentes no espectro de referência obtido no laboratório. fornece valiosa informação sobre a quantidade de água
Também, não há as feições de absorção solar (linhas de numa planta (i.e., sua turgidez relativa) (Figura 15-8).
Fraunhofer) discutidas no Capítulo 2.
Numerosos índices de vegetação discutidos no Capítulo 11
■* Características do requerem informação nas bandas de absorção pela clorofila.
Espectrorradiômetro Usado para Obter A base teórica para os índices de vegetação “empiricamente
^ , o Espectro de Reflectância In Situ embasados” é derivada do exame de espectros de reflectân­
cia típicos de folhas (Figura 15-8). A energia refletida nas
Os espectros de reflectância a serem medidos são especifica­ bandas do visível é baixa, como resultado da alta absorção
dos no delineamento experimental do projeto. Fdá diversas pelos pigmentos fotossinteticamente ativos com máxima
outras importantes características que precisam ser especi­ sensibilidade nos comprimentos de onda do azul (470 nm)
ficadas para obter os espectros desejados, incluindo: região e vermelho (670 nm). A maioria da radiação no infraver­
espectral de interesse, resolução espectral, intervalo de amos­ melho próximo é espalhada (refletida e transmitida) com
tragem espectral, projeto do espectrorradiômetro, velocidade muito pouca absorção, de uma forma dependente das pro­
da coleta de dados, geometria de visada e campo de visada. priedades estruturais do dossel (IAF, distribuição angular
de folhas, morfologia foliar). Com o resultado, o contraste
Região Espectral de Interesse entre as respostas no vermelho e no infravermelho próximo
é uma medida sensível da quantidade de vegetação, com as
máximas diferenças vermelho versus N IR ocorrendo para
Se o objetivo é obter espectros de reflectância para um ob­ dosséis completos, e o mínimo contraste para alvos com
jeto em particular (p.ex., Grama Batatais) e tipos de cober­ pouca ou nenhuma vegetação. Para poucas ou medianas
tura da terra vizinhos (p.ex., solo exposto, floresta, asfalto), quantidades de vegetação, o contraste é um resultado de
precisamos medir a reflectância espectral dos materiais ao mudanças tanto no vermelho como no N IR, enquanto que
longo dos comprimentos de onda de 350 a 2500 nm. As para altas quantidades de vegetação, apenas o N IR contri­
feições de absorção mais importantes associadas com a ve­ bui para aumentar o contraste, já que a banda do vermelho
getação estão resumidas na Tabela 15-1 para o intervalo torna-se saturada por causa da absorção pela clorofila.
de comprimentos de onda de 430 a 2350 nm. A Figura
15-8 apresenta as características de reflectância espectral da O contraste vermelho versus N IR pode ser quantificado pelo
vegetação verde sadia de 400 nm a 2400 nm. uso de razões (NIR / Vermelho), diferenças (N IR -V erm e­
lho), diferenças ponderadas [N IR - ( k * Vermelho)], combi­
Fortes bandas de absorção por clorofila ocorrem em 430 nm nações lineares de bandas [(NIR - Vermelho)/(NIR + Ver­
e 660 nm para a clorofila a, e 460 nm e 640 nm para a clo- melho)], ou abordagens híbridas dos acima. Os índices de
Características do Espectrorradiômetro Usado para Obter o Espectro de Reflectância In Situ 579

Tabela 15-1. Feições de absorção espectral foliar (adaptado de Curran, 1989; ASD, 2005).
C o m p r im e n t o M e c a n is m o P r o d u t o ( s ) Q u ím ic o ( s )
de onda

0430 Transição eletrônica Clorofila a


0460 Transição eletrônica Clorofila b
0640 Transição eletrônica Clorofila b
0660 Transição eletrônica Clorofila a
0910 Estiramento C-H, 3o sobretom Proteína
0930 Estiramento C-H, 3o sobretom Óleo
0970 Estiramento O-H, 1° sobretom Água, amido
0990 Estiramento O-H, 2o sobretom Amido
1020 Estiramento N-H Proteína
1040 Estiramento C-H, deformação C-H Óleo
1120 Estiramento C-H, 2o sobretom Lignina
1200 Dobramento angular O-H, 1° sobretom Água, celulose, amido, lignina
1400 Dobramento angular O-H, 1° sobretom Água
1420 Estiramento C-H, deformação C-H Lignina
1450 Estiramento O-H, 1° sobretom, estiramento C-H, deformação C-H Amido, açúcar, lignina, água
1490 Estiramento O-H, 1° sobretom Celulose, açúcar
1510 Estiramento N-H, 1° sobretom Proteína, nitrogênio
1530 Estiramento O-H, 1° sobretom Amido
1540 Estiramento O-H, 1° sobretom Amido, celulose
1580 Estiramento O-H, 1° sobretom Amido, açúcar
1690 Estiramento C-H, 1° sobretom Lignina, amido, proteína, nitrogênio
1780 Estiramento C-H, 1° sobretom/ Estiramento O-H/deformação H-O-H Celulose, açúcar, amido
1820 Estiramento O-H/estiramento C-O, 2o sobretom Celulose
1900 Estiramento O-H, estiramento C-O Amido
1930 Absorção pela água Água
1940 Estiramento O-H, deformação O-H Água, lignina, proteína, nitrogênio,
amido, celulose
1960 Estiramento O-H/dobramento angular O-H Açúcar, amido
1980 Assimetria N-H Proteína
2000 Deformação O-H, deformação C-O Amido
2060 Dobramento angular N-H, 2o sobretom/ Dobramento angular N-H/ Proteína, nitrogênio
estiramento N-H
2080 Estiramento O-H/deformação O-H Açúcar, amido
2100 Dobramento angular O-H/estiramento C-O/ Estiramento C-O-C, 3o sobretom Amido, celulose
2130 Estiramento N-H Proteína
2180 Dobramento angular N-H, 2o sobretom/ estiramento C-H/estiramento C-O / Proteína
estiramento C-N
2240 Estiramento C-H Proteína
2250 Estiramento O-H, deformação O-H Amido
2270 Estiramento C-H/estiramento O-H, dobramento angular CH2/estiramento CH2 Celulose, açúcar, amido
2280 Estiramento C-H/deformação C H 2/ Amido, celulose
2300 Estiramento N-H, estiramento C-O, Dobramento angular C-H, 2° sobretom Proteína, nitrogênio
2310 Dobramento angular C-H, 2o sobretom Óleo
2320 Estiramento C-H/deformação CH2 Amido
2340 Estiramento C-H/deformação O-H/ deformação C-H / estiramento O-H Celulose
2350 Dobramento angular CH2, 2° sobretom, Deformação C-H, 2o sobretom Celulose, proteína, nitrogênio

vegetação são medidas desse contraste, e assim são funções radiômetro a uma fonte de luz monocromática (ASD,
integrativas de parâmetros estruturais (p.ex., percentagem 2005). O conceito de FW HM foi introduzido na Figura
de cobertura, IAF) e fisiológicos (p.ex., pigmentos, fotos- 1-6. Resolução espectral pode também ser definida como
síntese) do dossel (Huete et al., 2002). Numerosos índices a feição espectral mais fina que pode ser determinada por
de vegetação foram apresentados no Capítulo 11. um espectrorradiômetro. Muitos pesquisadores estão in­
teressados na obtenção de espectros de reflectância para
Resolução Espectral tipos selecionados de cobertura da terra sujeitos a diversos
tratamentos a fim de entender a resposta espectral a esses
tratamentos. Se possível, o ideal é usar um espectrorradi­
Resolução espectral é definida como a largura completa na ômetro portátil que tenha uma resolução espectral de 2
metade do máximo (FW HM ) da resposta do espectror­ a 3 nm para a região de 300 a 1000 nm, e 10 nm para a
580 CAPÍTULO Medidas de Reflectância In Situ

Base Fisiológica para o Desenvolvimento de índices de Vegetação

Comprimento de onda, nm
Figura 15-8 Base fisiológica para o desenvolvimento dos índices de vegetação na região de 250 a 2400 nm.

região de 1000 nm a 2400 nm. Os sistemas de sensoria- parâmetros ambientais e do sensor tão constantes quanto pos­
mento remoto hiperespectrais aerotransportados como o sível enquanto as varreduras do alvo e da referência são feitas.
AVIRIS têm uma resolução espectral de cerca de 10 nm
(veja o Capítulo 7 para informação sobre o AVIRIS). Detectores de silício têm os melhores desempenhos para as in­
vestigações de sensoriamento remoto na porção do visível e do
Intervalo de Amostragem Espectral infravermelho próximo (NIR) do espectro de 350 a 1000 nm.
Na região do infravermelho de comprimentos de onda curtos
(SWIR) de 1000 - 2500 nm, a quantidade de energia solar
Intervalo de amostragem espectral é o espaçamento entre disponível para as medições diminui. Portanto, são necessá­
pontos amostrais num espectro de reflectância. E acon­ rios detectores mais sensíveis para medir a energia na região do
selhável o uso de um espectrorradiômetro portátil que SWIR (ASD, 2005). Detectores típicos incluem dois fotodio-
tenha um intervalo de amostragem espectral de 1,4 nm dos de InGaAs (arsenieto de gálio e índio) separados.
para o intervalo 350 - 1000 nm, e 2 nm para o intervalo
10 0 0 - 2500 nm (ASD, 2005). Todo espectrorradiômetro produz algum ruído. A corrente
de escuro (i.e., ruído da eletrônica ou do detector) pode ser
Projeto do Espectrorradiômetro e Velocidade de medida ao visar um alvo de reflectância zero ou ao fazer me­
Coleta de Dados dições com a óptica coberta. O sinal de corrente de escuro
pode então ser subtraído dos espectros medidos na sequên­
cia. A maioria dos espectrorradiômetros inclui software para
Alguns espectrorradiômetros usados para coleta de dados in registro e subtração da corrente de escuro.
situ registram as informações espectrais mais rápida e precisa­
mente que outros. Quanto mais rapidamente um espectrorra­ Geometria de Visada e Campo de Visada
diômetro registra uma varredura individual no campo, maior
a probabilidade de que um espectro adicional seja obtido antes
que as condições ambientais (p.ex., cobertura de nuvens, ven­ Idealmente, espectros de reflectância in situ e derivados por
to) e as condições do sistema sensor (p.ex., geometria de visa­ sensoriamento remoto são obtidos por um espectrorradiô­
da) mudem. Lembre-se de que a meta é manter o máximo de metro visando o terreno no nadir. A maioria das investiga­
Características do Espectrorradiômetro Usado para Obter o Espectro de Reflectância In Situ 581

ções espectrais tem problemas com respeito aos efeitos da


função de distribuição da reflectância bidirecional (BRDF)
introduzidos pela variação diária dos ângulos azimutais e
zenitais solares. Schill et al. (2004) documentaram como
a reflectância espectral da Macega Mole (Spartina alterni-
flora) mudava ao longo do dia por causa de mudanças nos Cam pos de Visada
ângulos azimutal e de elevação do Sol. Os problemas de A ssociados a Várias
BR D F tornam-se ainda mais agudos quando o sensor ob­ Ó pticas Frontais
tém dados fora do nadir. Portanto, sempre que possível, os
dados de reflectância in situ devem ser obtidos no nadir.

O terreno real visto pelo espectrorradiômetro no nadir é


uma função de diversos fatores. O diâmetro (D) do campo
de visada instantâneo projetado no terreno observado pela
óptica do espectrorradiômetro é uma função do campo de
visada angular (|3) multiplicado pela distância do radiôme-
tro acima do fenômeno de interesse (H ):

D = (3 x //. (15-2)

O diâmetro (D) do IFOV projetado no terreno deve ser deci­


dido no começo do projeto. Em estudos exploratórios, D po­
dería ser ajustado para uma dimensão relativamente pequena
para obter espectros na escala espacial da folha, caule e dossel
[p.ex., valores de D variando de apenas alguns centímetros
até 0,25 m (aproximadamente 1 pé)]. Isso poderia fornecer
informação detalhada sobre as características da vegetação,
Figura 15-9 Campos de visada usando ópticas frontais de Io, 3o,
sombra e solo tipicamente encontrados numa pesquisa de
5o, 8o, 18° e 25° para um espectrorradiômetro portátil
sensoriamento remoto. Medidas de reflectância de folhas in­ posicionado 135 cm acima do terreno de interesse.
dividuais e ramos são mais bem obtidos num ambiente con­
trolado de um laboratório por razões previamente discutidas
(p.ex., variações de iluminação causadas por nuvens, vento). pode permitir ao espectrorradiômetro obter dados que
Informação importante sobre os efeitos de vários tratamentos sejam mais representativos dos sistemas de sensoriamento
poderíam ser descobertos dessa maneira. Porém, deve ser ob­ remoto hiperespectrais aerotransportados.
servado que os espectros de reflectância derivados de folhas e
ramos individuais geralmente são de valor limitado ao tentar Espectrorradiômetros Candidatos para Coleta de
fazer filtragem casada (matched-filtering) ou outros tipos de Dados de Reflectância In Situ
classificação de imagens baseados em espectros de reflectância
in situ (Research Systems, Inc., 2004).
Fiá uma variedade de espectrorradiômetros portáteis que
Por outro lado, se estivermos interessados em usar o espec­ podem ser usados para coletar as informações de reflectân­
tro de reflectância para calibrar um tipo específico de dado cia espectral in situ requeridas. Dois dos espectrorradiôme­
de sensor remoto (p.ex., dados de 224 bandas do AVIRIS tros mais amplamente usados são produzidos por
com 3 x 3 m de resolução espacial) ou fazer uma classifi­
cação por filtragem casada usando esses dados, então seria • Geophysical Environmental Research (GER),
lógico ajustar o diâmetro (D ) do IFOV projetado no ter­
reno do espectrorradiômetro portátil para ser de 3 m. Pre­ • Analytical Spectral Devices.
cisaríamos coletar os espectros in situ usando uma escada a
fim de obter tal campo de visada. Os espectrorradiômetros produzidos por essas compa­
nhias são capazes de obter os dados de reflectância es­
A Figura 15-9 mostra campos de visada disponíveis usan­ pectral requeridos em toda a região espectral de 400 a
do ópticas frontais de Io, 3o, 5o, 8o, 18° e 25° para um 2500 nm com resolução aproximada de 10 nm. Eles são
espectrorradiômetro mantido a 135 cm acima do alvo de de fácil operação, armazenam a informação em formato
interesse. O campo de visada da óptica frontal com 25° digital e podem ser adaptados para atender às necessi­
582 CAPÍTULO Medidas de Reflectância In Situ

dades específicas do usuário no campo (p.ex., campo de Filippi, A., 1999, Hyperspectral Image Classification Using a
visada, interfaces, mochila costal). As especificações dos Batch Descending Fuzzy Learning Vector Quantization Artificial
instrumentos espectrorradiômetros mudam rapidamen­ Neural NetWork: Vegetation Mapping at the John F. Kennedy
te, de modo que é necessário contactar as companhias Space Center, Masters thesis, Columbia: Univ. of S.C., 276 p.
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ce.ru/resurs/engl/resurs.htm contendo ilustrações sem direitos autorais encontradas
SeaWiFS (OrbView-2) — GeoEye, Ind., www.Geo-Eye. neste livro, sem custos, para fins educacionais. O processo
com pode ser iniciado por uma visita ao University of South
SO H O - Solar and Heliospheric Observatory, http://so- Carolina Center for GIS & Remote Sensing em
howww.nascom.nasa.gov/ www.cas.sc.edu/geog/ cgisrs/.
Space Shuttle Photography - www.nasm.si.edu/ceps/ Conteúdo em inglês sem suporte pela Parêntese Editora
rpif/sspr.cfm
SPIN-2 TK-350 and KVR-1000 - U.S. coverage served O Dr. Jensen também fornece livre acesso a exercícios de
on Microsoffs Terra Server (www.terraserver.com/pro- sensoriamento remoto e conjuntos de dados de sensoria­
viders/SPIN2.asp) mento remoto selecionados que ele usa no curso “Sensoria­
SPOT 1- 5 —www.spot.com mento Remoto do Ambiente”, na Universidade da Carolina
SSM/I —NOAA/NASA Special Sensor Microwave/Ima- do Sul. Por favor, acesse a informação em:
ger, http://podaac.jpl.nasa.gov:2031/sensor_docs/ssmi. www.cas.sc.edu/geog/Rsbook/index.html.
html Conteúdo em inglês sem suporte pela Parêntese Editora
TOMS —Total Ozone Mapping Spectrometer, http://
jwocky.gsfc.nasa.gov/ Você é bem-vindo para usar o material de aula e os exer­
TOPEX/POSEIDON —http://topex-www.jpl.nasa.gov/ cícios e adaptá-los às suas necessidades. Vários dos exercí­
TRMM - NASA/NASDA Tropical Rainfall Measuring cios requerem acesso ao sistema de processamento digital
Mission, http://trmm.gsfc.nasa.gov/ de imagem ERDAS Imagine (ou equivalente) para fazer as
UARS - NASA Upper Atmosphere Research Satellite, operações fundamentais, tais como visualizar uma imagem
http://umpgal.gsfc.nasa.gov/Radar Sensor Systems em composição colorida e fazer medições. Em muitos ca­
AIRSAR - NASA JPL SAR, http://airsar.jpl.nasa.gov/ sos, a imagem usada nos exercícios são de domínio público
ENVISAT-1 — European Space Agency, http://envisat. a menos que indicado de outra forma. Se Você usar o ma­
esa.int/ terial dos exercícios de sensoriamento remoto, por favor
ERS-1, 2 —European Space Agency, http://earth.esa.int/ mande ao autor informações sobre usos inovadores, refina­
ers/ mentos metodológicos que poderíam ser feitos, e conjunto
JERS-1 —Japanese Earth Resource Satellite, www. nasda. de dados melhorados que poderíam ser usados.
go.jp/projects/sat/jersl/index_e.html
índice Remissivo

A de Visada, 101, 259


Abertura Sintética, 310 paralático, 164
above ground levei, 123 solar, 127
Absorção, 52 sólido, 58
Espalhamento na Água Pura, 414 anisotropia, 369
vibracional fundamental, 367 ANN, 29
absortância, 55, 363 antena ativa, 329
hemisférica, 55 anti-halo, 112
hemisférica espectral, 358 antimoneto de índio, 265
ácido pirogálico, 67 antocianina, 361
active phased-array antenna, 329 APAR, 384
acurácia planimétrica, 152 Aplicações Florestais, 289
ADS40, 459 Aqua, 25
aeronaves Aquisição de Dados de LIDAR, 339
Lockheed SR-71, 82 área de cobertura laser instantânea, 341
U-2, 79 área de imageamento, 152
Aerosol Free Vegetation Index, 392 área de retroespalhamento efetivo, 314
Aerossóis, 50, 434 área foliar, 369
aerotriangulação, 179 area weighted average resolution, 452
AFRI, 393 Áreas Ambientais Críticas, 503
AGNPS, 440 Áreas Urbanas, 139
agricultura, 137 Obtidas pelo LIDAR, 354
na África do Sul, 403 areia, 137
água, 137, 411 arfagem, 271
constituintes, 411 argila, 375
conteúdo, 320 arranjo linear, 197, 224, 235, 239
cor, 425 Artificial Neural Networks, 29
Airborne Multispectral Scanner, 221 árvore de decisão, 29
Airborne Warning and Control System, 147 ASAR, 329
albedo, 263 assinatura espectral, 134, 374
Albert Einstein, 44 assinatura urbana, 458
algas, 422 assoreamento, 417
Algodão, 382 ASTER, 12, 232
ALI, 211 atenuação, 320
ALMAZ-1,296 atmosférica, 220
Almaz-1, 330 atmosfera da Terra, 39
Alta Resolução Espacial, 235 Atributos Planimétricos, 175, 178
altura da vegetação, 353 Atributos Temáticos de Interesse, 190
altura de voo acima do solo, 159 atributos urbanos, 453
ambiente urbano, 446 avaliação da exatidão, 31
amplitude, 328 AVHRR, 31
Análise de Dados AVIRIS, 242
de Sensoriamento Remoto, 26 AWACS, 147
análise de mistura espectral, 451 Ayers Rock, 511
Análise de Vazios, 399 azimute de voo, 298
análise visual, 27
ângulo de reflexão, 53
ângulo bacias hidrográficas, 397
azimutal, 22 back-scattered, 370
de depressão, 298 backslope, 309
de elevação solar, 575 bacterioplâncton, 420
de incidência, 22 balanço de energia, 358
588 índice

Balões de Reconhecimento Genetrix, 79 Costeiras, 423


banda de absorção, 52, 256, 437, 511 estuarinas, 423
da água, 518 Características Biofísicas, 412
vibracionais, 525 Resposta Espectral, 413
doAVHRR, 219 capim-marinho, 379
barra de paralaxe, 171 Características Espectrais da Vegetação, 358
Barragem de Grand Coulee, 96 Características Temporais, 376
base aérea média da foto, 171 índices, 384
Base em Arranjos de Área, 199 Obtidas pelo LIDAR, 353
Base Nacional de Dados Espaciais, 447 carotenóides, 361, 421
base ocular, 164 carotenos, 361
batimetria, 144 carta-imagem, 135
Biblioteca Espectral Digital, 525 cartografia, 8,151
bibliotecas espectrais, 374 CASI 1500, 243
Bidimensional de CCD, 123 CASI, 24
biodiversidade, 397, 399 caulinita, 524
biological soil crust index, 519 CBERS, 12
biomassa, 131 CCD, 25
seca, 379 célula de resolução, 315
seca total, 379 celulose, 375
vegetal, 378 Cemitério Elmwood, 473
verde, 384 CERES, 437
bloco de fotografias aéreas, 152 Charge-Coupled-Devices, 224
blooms, 422 Chlorophyll Absorption in Reflectance Index, 394
blue shift, 363 chuva, 432
BMPs, 441 CIA, 81
borda vermelha, 375 Ciclos
Bósnia-Herzegovina, 88 hidrológico, 25
BRDF, 20 Biogeoquímicos, 26
bruma bruta, 120 Fenológicos, 149, 357, 256
de Vegetação sob Manejo, 379
c Naturais, 377
Cálculo da Escala, 157 Classificação de Cobertura da Terra/Uso da Terra, 453
calendário agrícola, 380, 384 Classificação de Uso do Solo Urbano Industrial, 456
calendário fenológico, 149 classificação paramétrica, 29
calibração radiométrica, 209 classificação por pixel, 29
calibração, 201 clorofila, 53, 422
calor, 262 cloroplasto, 358
camada anti-halo, 112 CNES, 423
camada limite, 412 Cobertura
Camadas e Constituintes Atmosféricos, 51 da terra, 439, 573, 453
Câmera, 93 de gelo, 24
Aberturas Relativas (f/stops), 99 de nuvens, 200
Escura, 64 do dossel, 353
Digital do Solo, 353
de Grande-Formato, 107 do terreno, 195
de Quadro, 199 estereoscópica, 101
Quadro Baseadas em Arranjos de Área, 244 verde, 384
do nadir, 234 coeficiente de calibração, 372
lúcida, 166 coeficiente de extinção, 52
Métrica Analógica, 100 coeficiente de retroespalhamento do radar, 315
Polaroid, 79 coeficientes de transmissão atmosférica, 53
aéreas, 95, 101 COFUR, 31
digitais, 99 Coleta de Dados
estéreo, 166 In Situ, 1
estereoscópicas, 166 de Sensoriamento Remoto, 13, 2
métricas, 99 Colinearidade, 180
campo de visada, 52, 580 coluna d’água, 413
angular total, 264 Comércio e Serviços, 468
instantâneo, 3, 276 Comparação entre Câmera Aérea e Olho Ffumano, 97
camuflagem, 126 Compensação do Movimento da Imagem - Arraste, 102
capacidade térmica, 262 componentes de cena, modelo de, 374
capilar, 518 composição colorido-normal, 103
Caso I, 417 comprimento da antena, 305
líquida, 367 comprimento de onda, 30, 40
índice 589

Comunicações e Serviços de Infraestrutura, 499 D


conceito multi, 133, 147 Dados
Conceitos radiométricos, 56 de Último Retorno do LIDAR, 347
concentração de clorofila, 220 de Intensidade, 347
concentrações de sedimentos, 417 espaciais, 337
Concepção Artística do Satélite Corona, 84 geográficos, 337
condição fisiológica, 289 in situ, 375
condomínio, 461 Digitais, 245
condução, 39 Infravermelhos Termais, 263
condutividade, 320 Meteorológicos, 501
térmica, 262 Multiespectrais Digitais, 195
cone da objetiva, 103 Daguerre, 65
cone de montagem das lentes, 101 daguerreótipo, 65
conjugate principal point, 155 DÂP, 369
Considerações Ambientais, 276 datum, 144
constante dielétrica, 317 Declividade, 353
constituintes da água, 411 degelo, 438
constituintes orgânicos, 413 DEM, 500
contagem individual de unidades, 465 Densidade, 118
conteúdo de água, 320 amostragem, 19, 340
conteúdo de clorofila, 395 fluxo radiante, 57
Conteúdo de Umidade, 317 populacional, 466
contraste, 52 Densitometria, 120
contraste espectral, 384 densitômetro, 120, 214
do filme, 119 deriva, 271
Controle no Terreno e Coleta de Dados, 178 Desastres, 503
convecção, 39 desenvolvimento sustentável, 132
convergência de evidências, 129, 147 Desert Hawk, 88
conversão analógico-digital, 265 desertificação, 218
co-polarização, 300 deslocamento
cor(es) da borda vermelha em direção ao azul, 376
da água, 425 de relevo, 268, 307
do solo, 391 de Wien, 41
dos oceanos, 422 red-edge, 376
primária, 107 despolarização, 319
complementares, 106 detecção de mudanças, 27
primárias, 63, 425 detector óptico-mecânico, 59
subtrativas, 108 Detector por Carga Acoplada (CCD charge-coupled-device), 105
corner-reflection, 324 detectores, 195
Corona, 83 DGPS, 340
corpo cinza, 258 DHEC, 284
corpo negro, 41 Diafragma, 164
corpos d’água interiores, 417 abertura, 98
correção atmosférica, 53 Diagrama de Barras da Transmitância Espectral (Wratten), 110
correção geométrica, 271, 28 diâmetro da copa, 369
correção radiométrica, 60, 27 diâmetro-à-altura-do-peito, 369
correlação digital, 313 diferença de fase, 331
correlação óptica, 313 Differential Global Positioning System, 340
corrente de escuro, 580 Digital Surface Model, 500
corretor de linhas, 203 digitalização de imagens, 176
Cotas Altimétricas de Referência, 181 Digitalizador de Mesa com Matriz Linear de CCD, 123
cotas altimétricas, 176 Digitalizador de Imagem com Matriz, 123
Crise dos Mísseis, 81 dimensão fractal, 398
critério de Rayleigh, 316 dióxido de carbono, 25
critério liso, 316 direção de alcance, 298
critério rugoso, 316 direção de azimute de voo, 298
critérios de NIIRS, 452 direção de azimute, 298
crostas biológicas de solos, 519 direção de iluminação, 305
culturas agrícolas, 218 direção de visada, 298
curva de energia, 578 disco de Secchi, 417
curvas de nível, 174, 181 dispositivos de cargas acopladas, 224
Curvas de Radiação de Corpo Negro, 257 distância
curvas de reflectância, 56 focal, 155
CZCS, 220 da câmera, 159
fótica, 423
590 índice

interpupilar, 164 encurtamento da encosta, 307


slant-range, 305 encurtamento de rampa, 303
distorção Endangered Species Act, 399
radial, 187 endmembers, 574
Tangencial de Escala, 270 Energia, 39
Distribuição angular das folhas, 369 eletromagnética, 8, 297
distribuição de ângulo foliar, 374 especular refletida, 517
distribuição espectral do fluxo radiante, 368 incidente, 436
diversidade biológica, 399 não-polarizada, 300
DLR, 423 polarizada, 22
DN, 196 potencial, 45
Doppler, 311 radiante, 48, 254
dossel, 137 retroespalhada, 370
florestal, 289 solar, 468
vegetal, 366 termal, 279
double-bounce, 320 Enhanced Vegetation Index, 393
drive-in, 476 ENSO, 430
drive-through, 474 ENVISAT, 12, 296, 329
DTM, 500 EO-1, 211
dunas, 566 EOS Terra, 422
dupla reflexão, 320 EOS, 24
duração do pulso, 20 epiderme, 360
epipedon, 512
E equação da paralaxe, 170
Earth Science Enterprise, 24 equação do balanço de radiação, 55
ecologia da paisagem, 396 equações de colinearidade, 180
Economia da Observação da Terra, 31 erectófilas, 369
Economia, 32 erosão, 417
Ecossistemas, 399 ERS-1, 328
aquático, 417 escala, 157
edifício comercial, 463 Fotografia Aérea Vertical sobre Terreno Acidentado, 160
efeito Fotografia Aérea Vertical sobre Terreno Plano, 157
cardinal, 324 escaneador multiespectral, 430
de campo cristalino, 524 Escaneadores Multiespectrais, 263
Doppler, 311 escaneamento do terreno, 200
estufa, 24 escâneres, 4
Fotoelétrico, 48 multiespectrais, 56
hot spot, 372 escarpa, 309
líquido da absorção, 56 espalhamento, 50
atmosféricos, 271, 573 atmosférico, 27, 52
Espectrais do Secamento Progressivo da Folha, 368 direto, 320
Efluentes Termais, 278 frontal, 370
eixos ópticos, 164 Mie, 51
El Nino, 430 múltiplo, 373
elemento de cena, 203 não-seletivo, 50
elemento de resolução, 268 por múltiplas reflexões, 320
elementos de interpretação de imagem, 133, 28 volumétrico, 319
Elementos de Interpretação Visual de Imagens, 129, 132 Rayleigh, 52
eletromagnética, Radiação, 40 espectro
elevação, 337 contínuo, 43
local, 268 de absorção, 361
Elevação-z, 135 de reflectância, 574
emissão térmica, 251 eletromagnético, 16
emissividade espectral, 258 Eletromagnético e a Energia do Fóton da Luz Visível, 46
emitância, 279 espectrometria de imageamento, 239, 197
Empresas Comerciais, 26 espectrômetro imageador, 374
emulsão, 112 Aerotransportado, 24
do filme, 59 espectrorradiômetro, 22, 580
infravermelho-próximas, 113 imageador, 363
ortocromáticas, 113 portátil GER 1500, 362
pancromáticas, 113 para Coleta de Dados de Reflectância In Situ, 581
Fotográficas espectroscopia de imageamento, 511
Preto-e-branco, 113 espelho de varredura, 201, 197
Coloridas, 124 espessura da folha, 367
Emulsões Fotográficas, 112 estações de recepção, 195, 209
índice 591

estereocorrelação, 183 folha verde, 363


estereógrafos, 166 folhas erectófilas, 369
estereômetro, 171 folhas planófilas, 369
estéreopar, 130 Fonte de Referência Interna, 271
estereorrestituidor, 174 fontes pontuais, 439
estereoscópio, 130, 166 footprint, 152
Espelhos de Wheatstone, 168 foreshortening, 303, 307
de lentes, 166 foreslope, 309
fotogramétricos, 166 Formas
estimativas de população, 325 Cársticas, 550
estresse, 361 Costeiras, 553
plantas, 251 de terreno Controladas por Falhas, 543
ocular, 165 de terreno desenvolvidas em estratos dobrados, 541
Estrutura, 527 de Terreno Fluviais, 544
da folha, 205 de Terreno Igneas, 535
do dossel, 319 Geométricas, 191
urbana, 461 Glaciais, 560
ETM, 207 forward-scattered, 370
EUA, 87 Fotografia Aérea
evapotranspiração, 24 fotografia, 63
exatidão da classificação, 30 Aérea, 94
exitância, 22, 256 Visada, Câmeras, Filtros e Filme, 93
Experimento Clássico de Newton, 108 Vertical, 93
exposição, 164 Oblíqua, 94
Extração de Ortoimagens, 178 Estereoscópica, 176, 167
Multi-banda, 104
F oblíqua, 94
f/stop, 98 oblíqua-baixa, 94
F-117 Nighthawk, 83 pancromática estereoscópica, 463
faixa de cobertura, 338 vertical, 94
faixa de imageamento, 217 estereoscópicas, 164
falsa-cor, 458 quase-verticais, 95
far range, 298 estereoscópicas, 166
fase, 328 verticais, 153
fator de anisotropia, 372 fotografia, escala da, 151
favelas, 461 Fotografias a Partir de Plataformas Aéreas, 68
fenologia da vegetação, 380 Fotogrametria Digital, 175, 179
do Trigo de Inverno, 380 fotogrametria, 93, 29, 151
ficobilinas, 421 analógica, 151
ficoeritrina, 361 digital, 151, 501
figura de mérito, 452 estereoscópica, 174
Filmes, 111 fotomapa, 144
colorido normal, 43, 363 fotomosaico não-controlado, 153
colorido reverso, 124 fóton, 46
infravermelho colorido, 363, 126 Foto-Reconhecimento, 33
positivo, 67 Fotossíntese, 357, 53
Aéreos Coloridos, 115 fração representativa, 157
Aéreos Preto-e-Branco, 115 FRAGSTATS, 398
filtro, 93 frequência de repetição de pulso, 340
menos-azul, 109 frequência Doppler, 311
passa banda, 93, 109 Fumo, 382
polarizador, 111 função de distribuição da reflectância bidirecional, 20
de polarização, 22 função de transferência de modulação, 18
Kodak Wratten, 109 função distribuição de reflectância bidirecional, 372
névoa, 109 FWHM, 16
polarizadores, 109
em Fotografia Aérea, 106 G
fitoplâncton, 417 GAC, 217
FLIR, 252 gama, 119
floresta, 147 ganho da antena, 314
fluxo de energia, 53 Gap Analysis, 399
fluxo de radiação, 117, 53 GCP, 179
Fluxo Radiante, 254 Ge:Hg, 265
incidente, 458 Gelbstoffe, 425
fog, 118 gelo, 214
592 índice

Genetrix, 79 imageamento, 152


GeoEye, 31 imagem bidimensional, 243
Geoformas Eólicas, 564 imagem
Geologia, 526 digital, 195
geometria, 183 do Keyhole (buraco de fechadura) 12 (KH-12), 86
de visada, 368, 580 Estereoscópica de St. Louis, 131
de visada do sensor, 370 interferométrica de radar de abertura sintética, 11
do imageamento, 301 Landsat 7 de San Diego, 212
Perspectiva da Fotografia Aérea Vertical, 268 latente, 59
geomorfologia, 308, 511, 534 matricial, 19
geossíncrona, 214 Obtida pelo Veículo Aéreo Não-Tripulado Predator, 88
germânio dopado com mercúrio, 265 hiperespectrais, 239, 218
GIS, 8 ortorretificadas, 175
global area coverage, 217 Imager, 215
Global Hawk, 87 impressão positiva, 118
GOES, 212, 429, 501 In:Sb, 265
Precipitation Index, 431 incêndios, 214
Sounder, 215 índia, 230
goniômetro, 372 índice brilho do solo, 389
GPI, 431 índice de área foliar, 1,366
GPS, 134, 340 índice de refração, 49
grandezas radiométricas, 55 índice de Umidade, 389
Graus-Dia de Estresse em Plantas, 290 índice de Vegetação Transformado., 388
greenness, 389 índice verdor da vegetação, 389
ground control point, 179 índices de Vegetação Livres de Aerossol, 393
Ground-Range, 301 índices de vegetação, 28, 384
GTOPO30, 331 inércia termal, 262
Guerra do Golfo, 85 informação biofísica, 195
Guerra Fria, 77 informação cadastral, 459
Guerra Mundial, 76 Informação Não-Métrica, 29
Informação Paramétrica, 29
H informação tridimensional, 131
H.O, 358 informações biofísicas, 357
haleto de prata, 22 informações colaterais, 30, 129
haze filters, 109 Infraestrutura de Transporte, 493
Herschel, 252 infravermelho, 43
Hertz, 293 refletido, 255
Hg:Cd:Te, 265 termal, 43, 276
Hidrologia Urbana, 502 inorgânicos, 413
hidroxila, 518 instantaneous field of view, 200
hiperespectrais, 27 instantaneous laser footprint, 341
Hiperespectral, 30 integração não-coerente, 310
história da fotografia, 63 integridade da paisagem, 397
holograma de radar, 313 intemperismo, 526
Hora do Dia - Ângulo Solar, 127 intensidade, 137
hot spot, 372, 127 Interações Energia-Matéria na Atmosfera, 48
HyMap, 24 Interações Energia-Matéria no Sensor, 58
Hyperion, 211 Interações Energia-Matéria no Terreno, 53
interface ar-água, 412
I interferogramas, 330
IAF, 384 interferometria, 329
identificação de culturas, 27 de radar, 326
IFOV, 3, 337, 368 Interferometric Synthetic Aperture Radar, 332
IFSAR, 332 Intermap, 24
1GBP, 24 interpolação, 342
1KONOS, 458 de imagem, 129
Ilha de Calor Urbana, 288, 502 interpretação visual, 5
iluminação, 575 intersecção espacial, 181
artificial, 577 intervalo de amostragem espectral, 578
rasante, 309 intervalo de revisita, 208
ilusão pseudoscópica, 144 intervalômetro, 101
imageamento digital ortorretificado, 446 inundação, 337
imageamento espectral, 239 Inventário Nacional de Florestas da Suécia, 353
Imageamento Multiespectral, 199, 224 inversão de relevo, 303
imageamento termal, 251 íons de prata, 67
índice

irmãos Wright, 73 Lockheed U-2, 80


irradiância espectral solar, 59 Loess, 568
irradiância solar difusa, 60 looks, 307
irrigação, 137 loteamentos clandestinos, 461
Isaac Newton, 44 Luz Coerente, 313
isolamento térmico, 251 luz difusa, 361
Isolamentos Residenciais, 284 Luz e Cor, 63
luz laser, 338
J luz polarizada, 109, 112
Janelas Atmosféricas, 255, 52 luz verde, 135
JERS, 466
JERS-1, 296, 330 M
manejo da terra, 399
K mangue, 136
Kauth, 388 mapas
KH-4B em Voo, 84 cartográfico, 186
Kirchoff, 260 declividade, 184
de referência, 384
L planimétrico, 134, 94, 31
La Nina, 430 de precipitação, 430
LAC, 217 mineralógicos, 525
Lambertiana, 53 topográficos, 94
Lâmpada de Vapor de Sódio, 50 Mapeador Temático, 8
lâmpadas fluorescentes, 577 mapeamento batimétrico, 413
Landsat Multispectral Scanner, 205 Mapeamento Interferométrico, 332
Landsat, 18 mapeamento topográfico, 227, 330
landscape ecology, 396 marca flutuante, 174
Langley, 252 marcas de medição, 172
largura do lóbulo, 305 Marcas Fiduciais e Pontos Principais, 154
Laser, 338 marcas fiduciais, 103
layover, 303, 257 Marconi, 294
LBCS, 454 masspoints, 338
Leaf Water Content Index, 390 matéria biológica, 137
Lei matéria orgânica, 379, 517
das Espécies Ameaçadas, 399 Material orgânico dissolvido, 12
de SnelI, 49 matiz, 137
de Stefan-Boltzmann, 256 matricial bidimensional, 243
do deslocamento de Wien, 256 Matrizes Lineares, 273
do inverso do quadrado, 266 Max Planck, 47
Radiação de Kirchoff, 259 Maxwell, 40
LeicaADS 40, 129 MDEs, 181
LEISA, 212 MDT, 184
lente, 111 medição da paralaxe, 164
abertura relativa da objetiva, 97 Medição de Altura em Fotografias Aéreas Simples, 161
cone de montagem, 101 Medição de Área, 190
ópticas de vidro da câmera, 58 Medição de Escala e Altura em Fotografias Aéreas, 157
levantamento aerofotogramétrico, 154 Medição Estereoscópica da Altura de Objetos, 164
LIDAR, 293, 337 medição fotogramétrica, 27
Atitude da Antena, 340 medição radiométrica, 57
Pós-Processamento, 341 medidas radargramétricas, 294
Acurácia, 351 membros finais, 574
Elevação Obtida, 353 MER1S, 12
line pair per mm, 124 mesófilo esponjoso, 367
linha de varredura, 134 metano, 25
linha de voo, 152, 131 METEOSAT, 87
Fotografias Aéreas, 152 Métodos de Pesquisa, 146
linha do solo, 390, 366 métricas de ecologia da paisagem, 396
linha fiducial, 171 Métricas de Polígonos, 397
linhas de elevação constante, 174 microdensitômetro, 120
linhas de quebra, 338 Micro-ondas Ativas e Passivas, 293, 332
Linhas de Voo da Fotografia Aérea Vertical, 152 Mie, 50
Litologia, 526 Minerais, 511, 522
local area coverage, 217 MISR, 234
localização planimétrica, 151 Missouri, 131
Localização x,y, 133 mistura espectral, 30
594 índice

Modelagem, 30 NOAA Global Vegetation Index, 219


Qualidade de Água, 439 NOAA GOES, 20
de Cena, 30 NOAA, 212
de Imagem, 30 Normalized Difference Built-up Index, 395
Modelo (s) Normalized Difference Snow Index, 436
estéreo, 166 NPOESS, 25
estereoscópico, 164 NPP, 25,431
transferência radiativa, 60 nuvens, 422, 576, 434
digitais de elevação, 94, 12, 175
digitais de superfície, 337, 342 O
digitais do terreno, 337 oblíqua-alta, 93
hidrológicos, 439 oblíqua-baixa, 93
tridimensional, 130 oceanos profundos, 417
de Li-Strahler, 374 óculos, 165
de mistura, 374 off-nadir, 447
de poluição, 439 ombro da curva, 119
de Qualidade de Água, 439 onda eletromagnética, 40
Ondulatório da Energia Eletromagnética, 40 Opacidade, 118
de Radiação Eletromagnética, 40 Operação Murambatsvina, 132
Digitais de Elevação Urbanos, 500 Optimized Soil-Adjusted Vegetation Index, 394
MODIS, 12, 243 ORBIMAGE, Inc.,219
modos de iluminação, 326 órbita geoestacionária, 214
ultrafino, 327 órbita polar, 215
monitoramento costeiro, 378 órbita síncrona com o Sol, 207
monitoramento da biomassa, 378 órbita/ponto, 200
Monitoramento de Poluição da Água, 278 órbitas polares, 199
morfologia do terreno, 422 OrbView, 423, 26
Morfometria, 529 Ordem e Métodos de Pesquisa, 134
movimentos rotacionais, 48 ornitóptero, 68
MSS, 201 orogênese, 527
MSS/Landsat, 31 ortofotografia, 139
MTF, 18 ortofotomapa, 144, 124
mudanças climáticas, 446 ortofotos, 94, 175
Mudanças da Vegetação, 400 analógicas, 185
mudanças espectrais, 149 verdadeiras, 188
mudanças globais, 207 ortoimagem, 139, 176, 185
Mudanças Sucessionais, 400 Extração de, 178
Multiangle Imaging Spectroradiometer, 236 orvalho, 320
múltiplas visadas, 328 óxidos de ferro, 519
múltiplos retornos, 341 ozônio, 25
de LIDAR, 342
Multispectral Scanner, 20 P
do Landsat (MSS), 17 padrão da cobertura terrestre, 397
Padrão de Acurácia Horizontal e Vertical NSSDA, 351
N Padrões de Drenagem, 529
Nadar, 68 padrões de paisagem, 397
nadir, 20, 208 painel de BaSCQ 418
NAPP, 124 Paisagem Urbana, 445, 472
NASA, 210, 423, 432 par estéreo, 183
NAS DA, 432 PAR, 362
NDMI, 389 paralaxe, 22
NDSI, 436 diferencial, 164
NDVI, 218 em x, 168
NDWI, 389 estereoscópica, 144, 172
near range, 298 estereoscópica absoluta, 170
NESDIS, 333 Parâmetros Ambientais, 315
Neve, 438 parâmetros biofísicos da vegetação, 384
nevoeiro, 214 pares de linhas, 112
New Vegetation Index, 395 por milímetro, 18, 124
Newton, 63 pares estereocópicos, 226
NEXRAD, 502 Pares Estéreos Registrados, 178
Niels Bohr, 47 Partículas Atômicas, 50
Niepce, 64 pass points, 180
nível de cinza, 103 penetração da energia, 318
nível de quantização, 206 Penetração na Água e Batimetria, 425
índice
595

percepção de profundidade, 164 produção primária, 425


percepção estereoscópica, 164 primária oceânica, 220
percepção hiperestereoscópica de profundidade, 164 produtividade, 380
Perpendicular Vegetation Index, 390 primária, 369, 446
perspectiva, 164 primária líquida, 30
Aérea/Regional, 130 profundidade
da Análise de Recursos Terrestres, 32 da água, 411
Tridimensional, 131 óptica, 434
pigmentação da folha, 205 Tridimensional, 130
pigmentos, 361 Programa de Ciência Terrestre, 24
fotossinteticamente ativos, 578 Programa de Reconhecimento com a Aeronave U-2, 79
pitch, 271 Programas Atuais de Satélite Ligados à Defesa, 85
pixel, 196, 133, 18 Projeto Preparatório, 25
Plâncton, 420 Propriedades dos Solos, 515
Planejamento de Missões de Fotografias Aéreas, 127 Propriedades Térmicas do Terreno, 262
Planejamento de Voo, 178 pulso de laser, 19, 338
planejamento regional, 337 pulso de radiação eletromagnética, 297
planícies inundáveis, 503 pushbroom, 208
planimetria, 174
Plano de Voo, 127 Q
plano do filme, 159 Quad Pol, 326
plano focal, 164 quadrature-polarimetry, 328
planófilas, 369 Quadro de conversão de escala, 158
plantas, 141 qualidade da água, 439
plataforma aérea, 9, 68 qualidade das imagens, 186
Plataformas Comerciais de Sensoriamento Remoto, 89 qualidade de vida, 465
pluma, 282 quanta de luz, 109
pluviômetros, 431 quanta, 45
POES, 212 quantidade de precipitação, 431
polarimetria, 328 quantização, 20
Polarização, 16. 22 quantum de energia, 47
cruzada, 300 QuickBird, 26
paralela, 300
Polígonos, 191 R
poluição, 439 RADAR, 129,293
de fonte não-pontual, 439 alcance, 298
ponto de controle aerotransportado de visada lateral, 294
artificial, 180 de abertura real, 294
no terreno, 179 de abertura sintética, 294, 306, 466
Horizontais e Verticais, 176 Doppler de varredura circular, 294
ponto de velocidade, 120 range, 298
ponto nodal, 156 RADARSAT, 326, 441,296
ponto principal, 134 radiação, 39, 358
conjugado, 155, 224 Termal, 256
Pontos de ajuste, 180 difusa, 53
Pontos de elevação, 339 eletromagnética, 40
pontos de passagem, 180 fotossinteticamente ativa, 362
porcentagem de cobertura verde, 384 fotossinteticamente ativa absorvida, 384, 12
positivo e negativo, 66 incidente, 53
posse da terra, 399 infravermelha termal, 251
potência transmitida, 314 refletida, 214
potência recebida, 314 solar direta, 417
potencial de erosão, 397 radiador seletivo, 258
PPC, 155 radiância
precipitação, 25, 430 de fundo, 413
precisão planimétrica, 185 de trajetória, 60, 412
Preparatory Projet to NPOESS, 25 total, 412
Priestly, 358 volumétrica de subsuperfície, 412, 417
primeiro retorno, 341 de Superfície da Agua, 412
princípios de interpretação de imagens, 132 Volumétrica de Subsuperfície, 412
Princípios de Radiação Eletromagnética, 39 de Fundo, 412
princípios Doppler, 311 radiometria portátil, 575
prisma, 106 radiômetro, 228, 214, 332
Processo do Sensoriamento Remoto, 10 de micro-ondas passivas, 332
processos do fitoplâncton, 220 termal, 258
596 índice

range, 294 Resposta da Vegetação, 319


Rapid Scan Operations, 215 resposta espectral, 18
Ratio TCARI/OSAVI, 394 do solo, 518
Rayleigh, 50 da Água, 413
Razão Simples, 387 resseção espacial, 181
Realce de Imagens, 28 restituidor aproximado, 166
recifes de corais, 413 retorno de energia, 316
reconhecimento aéreo com múltiplas bandas espectrais, 103 Retornos de LIDAR, 341
Reconhecimento Fotográfico nas Ia e 2a Guerras Mundiais, 74 retroespalhamento acústico, 427
red edge, 375 Return Beam Vidicon, 201
rede triangular irregular, 342 RFAA, 384
redes neurais, 27 Rochas, 522
Reduced Simple Ratio, 394 rolamento, 271
Reflectância, 53 roll, 271
bidirecional, 372 RSO, 215
Espectral In Situ Usando Iluminação Artificial, 577 Rugosidade Superficial, 315, 521, 258
Espectral In Situ Usando Iluminação Solar, 575 ruídos multiplicativos, 388
Foliar, 358
Espectral de um Material, 574 s
bidirecional, 369 safras, 20
das nuvens, 431 Salinidade do Solo, 520
dos solos, 374 SAR, 294, 306, 325
do volume do solo, 517 satélite, 214
de Materiais Selecionados, 57 Aqua, 25
especular, 517 geoestacionário, 437, 501
foliar aditiva, 364 na Terra, 214
hemisférica, 55 de reconhecimento, 83
espectral, 358 meteorológicos, 431
superficial escalonada, 27 Terra, 434
total, 517 Tecnológicos de Recursos Terrestres, 199
refletividade, 430 saturação, 137
reflexão, 53 Saussure, 358
de canto, 324 ScanSAR Wide, 326
difusa, 53 SEASAT, 295
especular, 53, 417 Seasat, 325
refração, 49 SeaWiFS, 12
Atmosférica, 51 seção transversal de radar, 314
Região Espectral de Interesse, 578 secas, 218
regras de seleção, 46 Secchi, 418
regras heurísticas, 384 sedimentos, 137,413, 126
relação base/altura, 183 senescência, 361
Relação Inversa Entre Comprimento de Onda e Frequência, 42 sensibilidade espectral, 201, 125, 114
relação sinal-ruído, 266, 201 sensibilidade térmica, 252
relatório de calibração da câmera, 179 Sensitometria, 1 12
relevo sensor ativo, 20
deslocamento, 268, 171 sensor de detecção, 11
Unidimensional, 268 sensores de infravermelho termal, 252
resfriamento radiativo, 287 Sensores de Varredura Multiespectral, 212
residências multifamiliares, 461,447 sensores hiperespectrais, 518
resiliência, 396 sensoriamento remoto, 2
Resolução Espacial Urbana/Periurbana, 451 aquático, 412
Resolução Espectral, 447, 579 hiperespectral, 239
Resolução Temporal Urbana/Periurbana, 446 por Satélites, 82
resolução Infravermelho Termal, 251
do filme, 112 Coleta de Dados, 2
em azimute, 294 Identificação dos Requisitos de Dados In situ, 11
em distância no solo, 452 Principais marcos do, 6
em range, 303 separação linear de misturas, 574
espacial, 18 Serviço de Levantamento Geológico Americano, 174
média ponderada, 452 Shadow 200, 88
radiométrica, 16 SHOALS, 427
temporal, 446, 19 shopping center, 475
Urbana, 446 shortwave infrared, 207
Resposta da Água, 323, 413 Shuttle Imaging Radar SIR-A, 326
Resposta da Estrutura Urbana, 324 Shuttle Topography Mission, 295
J

índice 597

side-looking airborne radar, 294 T


SIG, 146 tamanho de partículas, 417
SIGINT, 86 tasseled cap, 388, 111
signal intelligence satellites, 86 taxa de precipitação pluviométrica na superfície, 431
síntese aditiva das cores, 106 taxas de transpiração, 368
síntese subtrativa das cores, 108 Taxonomia de Solos, 514
SIR-A, 295 Taylor, 294
SIR-B, SIR-C, 326 TDRS, 86
Sistema Climático Físico, 26 Técnicas de Micro-ondas Ativas e Passivas, 432
Sistema de Classificação Baseado na Terra, 454 Técnicas do Visível - Infravermelho, 431
Sistema de Sensoriamento Remoto, 196 Tecnologia de Camuflagem de Aeronave, 82
Sistema de Varredura, 338 Tecnologia de Digitalização de Imagens, 177
Sistema Visual Humano, 131 telureto de cádmio-mercúrio, 265
sistemas ativos, 22 Temperatura, 254
Sistemas de rastreamento e de transmissão de dados de satélite, 86 aparente verdadeira, 271
sistemas especialistas, 30 cinética verdadeira, 255
Sistemas Fotográficos de Astronauta, 199 da superfície da água, 411,428
Sistemas Multiespectrais, 195 da superfície do mar, 429
sistemas passivos de sensoriamento remoto, 293 da superfície urbana, 451
Sistemas Sensores SPOT, 224 de brilho, 332
skylight, 575 do topo das nuvens, 431
Slant-Range, 301 radiante da água, 255
SLAR, 294 de Materiais Típicos, 276
sobreposição lateral, 152 tempo de exposição, 98
soft-copy photogrammetry, 175 tempo de permanência, 265
Soil Adjusted Vegetadon Index, 390 tempo de residência, 201
Soil and Atmospherically Resistant Vegetadon Index, 392 Tempo, 127
Solo, 205, 511,482 teor de clorofila, 384
cor, 391 teor de umidade, 258
Taxonomia, 512 teoria das cores, 67
Horizontes, 512 teoria hierárquica, 396
Tamanho das Partículas, 513 terceira dimensão, 168
Propriedades dos Solos, 515 Terminologia de Imagens Digitais, 197
Salinidade do Solo, 520 termoclina, 429
arenosos, 518 termografia, 251
argilosos, 518 Termômetros, 271
seco, 320 terra
Sombra, 307, 141, 307 cobertura, 439, 573
SONAR, 293 Terreno, 94
de feixes múltiplos, 426 alcance, 303
de feixe único, 426 textura, 308
de varredura lateral, 427 textura do solo, 518
sondagem, 214 Textura e Conteúdo de Umidade do Solo, 517
space resection, 181 Thematic Mapper, 8
Space Shuttle Imaging Radar, 295 Thomas, 388
Space Shuttle Topography Mission, 326 tie points, 180
Spartina, 379 TIN, 342
Speckle, 307 tipo de emulsão, 118
Spectralon, 574 Tipo de filme, 93
SPOT, 225 tipo de vegetação, 319, 376
SPRING, 192 Tipos de Câmeras Aéreas, 99
SR-71, 82 tipos de coberturas vegetais, 399
SRSO, 215 tipos de uso do solo, 469
SRTM, 295, 326 Tipos, Tamanhos e Cores de Filtros, 109
SST, 335 TM, 137
Star-3i, 24 TM/Landsat, 31
substância amarela, 425 amarelas, 220 tom, 135
substâncias húmicas, 425 tonalidade, 118
sumidouros de carbono, 420 topografia, 144, 338
sunglint, 412 Track and Data Relay Satellite, 209, 86
Super Rapid Scan Operations, 215 Trajetórias Orbitais do Landsat, 203
superfície da Terra, 39 Transferência de Calor, 255
superfície Lambertiana, 53 Transferência de Energia, 40
SWIR, 43 transformação de Kauth-Thomas, 388
synthetic aperture radar, 294 Transformed Absorption in Reflectance Index, 394
598 índice

transmitância, 363, 118 Vexcel Ultracam, 246


atmosférica, 59 vigor da vegetação, 397
espectral, 109 Visada, 93
hemisférica, 55 instantânea laser, 338
hemisférica espectral, 358 oblíqua, 20
Transmitância, 55 visão binocular, 164
transparências positivas, 124 visão tridimensional, 130
transpiração, 367 Visible Atmospherically Resistant Index, 395
transporte de massa, 526 visualização estereoscópica tridimensional, 164
triangulação, 340 Voador Wright, 73
fotogramétrica, 178, 186 volume de madeira, 353
Triangular Vegetation Index, 394 Voos
Tricorder, 375 com Balões Mais Leves do que o Ar, 68
Trigo de inverno, 382 mais Leves do que o Ar Utilizando Pipas, 71
TRMM, 24 mais Pesados do que o Ar Utilizando Foguetes, 72
Tropical Rainfall Measuring Mission, 334, 24 mais Pesados do que o Ar Utilizando Pombos, 72
turgidez, 319
relativa, 367, 578 w
TVI, 388 wetness, 389
whiskbroom, 203
U Wien, 41
U-2, 79 Worldwide Reference System, 199
último retorno, 341 WRS, 199
Ultrafine beam mode, 327
ultravioleta, 47 X
Umidade em Tetos Comerciais/lndustriais, 286 xantofilas, 361
umidade, 205, 320
do solo, 25, 204 Y
sub-superficial, 287 yaw, 271, 339
unidade de mancha, 397 Young, 294
unidade de padrão, 397
unidade de turbidez nefelométrica, 417 z
unidade domiciliar, 459 Z/I Digital Modular Camera, 246
United States Geological Survey, 174 zenital, 22
urbanização, 445 zoneamento, 467
USGS, 174 zooplâncton, 420
uso da terra, 453, 13
Uso do Solo, 124
Urbano Industrial, 456
intraurbano, 456

V
valor de brilho, 71, 379
valor de número digital, 196
valor digital, 196
Vantagens e Limitações do Sensoriamento Remoto, 8
vapor d água, 127, 364, 367, 412, 437
variáveis biofísicas, 379, 11, 118
variáveis hidrológicas, 411
Variáveis Radiométricas, 60
Varredores Multiespectrais de Aeronave, 220
varredura, 217
eletrônica, 25
mecânica, 208
multiespectral, 200
Vazamentos em Tanques Sépticos, 284
vazio de conhecimento, 32
vegetação, 218, 224, 357
altura, 353
Veículos Aéreos Não-Tripulados, 87
velocidade da objetiva, 98
velocidade do filme, 118
velocidade do sistema óptico da câmera, 97
Vento, 576
vertebrados terrestres, 400

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