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Sensoriamento Remoto
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ios do Ambiente
Information. Sciênoe Uma Perspectiva em Recursos Terrestres
KF.ITH C CLARKE
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( p e s q u i s a d o r e s do INPE)
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a rente
John R. Jensen
Prentice-Hall Series
in Geographic
Information Science
KEITH C. CLARKE,
Series Advisor
Avery/Berlin, Fundamentais ofRemote Sensing and Air Photo Interpretation, Sixth Edition
Jensen, Introductory Digital Image Processing: A Remote Sensing Perspective, Third Edition
Jensen, Remote Sensing ofthe Environment: An Earth Resource Perspective, Second Edition
John R. Jensen
University of South Carolina
TRADUÇÃO:
(V arêntese
São José dos Campos, SP, Brasil
2009
www.parentese.com.br
Authorized translation from the English language edition, entitled REMOTE SENSING O FTH E ENVIRONMEN T: AN EARTH RESOURCE PERSPECTIVE,
2nd Edition by JO HN JENSEN, publishcd by Pearson Education, Inc., publishing as Prentice Hall, Copyright © 2007. All rights reserved. No part of this book may
bc reproduced or transmitted in any form or by any means, electronic or mechanical, including photocopying, recording or by any information storage retrieval system,
without permission from Pearson Education, Inc. PORTUGUESE language edition published by PARENTESE EDI I ORA, Copyright © 2009.
Créditos da edição norte-americana
Editor de Aquisições: JefF Howard Editor Chefe, Área de Ciência: Daniel Kaveney Editora Executiva: Kathleen Schiaparelli
Editor de Produção: Edward Thomas Comprador de Manufatura: Alan Fischer Dir. de Marketing - Ciência: Patrick Lynch
Assistente de Marketing: Renee Hanenberg Editor de Cópias: Barbara Booth Assistente Editorial: Margaret Ziegler
Assistente de Produção: Nancy Bauer Diretor de Arte: Jayne Conte
Créditos da Capa: (superior esquerdo) Dispersão da luz branca usando um prisma (cortesia de David Parker, Photo Researchers, Inc.); (superior direito) Concepção artís
tica do satélite Terra (cortesia da NASA); (centro esquerdo) Imagem de Denver, CO, em alta resolução espacial e em cores naturais, gravada pelo satélite QuickBird em 13
de Julho de 2003 (cortesia da DigitalGlobe, Inc.); (inferior esquerdo) Composição colorida do Landsat Thematic Mapper 30 x 30 m do Monte Kilimanjaro, na Tanzânia
(cortesia da NASA e Earth Satellite, Inc.); (inferior direito) Modelo digital de elevação do Monte Kilimanjaro (30 x 30 m) visto de uma visada oblíqua na direção W-NW,
derivado de dados interferométricos SAR da Space Shuttle Topography Mission (SRTM) (cortesia do USGS EROS Data Center e NASA Jet Propulsion Lab).
Sensoriamento Remoto do Ambiente: Uma Perspectiva em Recursos Terrestres (Tradução da Segunda Edição)
Copyright © 2009 da Editora Parêntese, mediante acordo firmado com a editora original.
Créditos da edição traduzida
Editor Chefe: Anderson da Silva Vieira (anderson@parentese.com.br)
Editoração: Caroline Melo Duran e Jackson Costa Oliveira - Feira Livre Design (www.feiralivredesign.com)
Processo Gráfico: In Revisão e Produção Editorial Impresso nas oficinas da Gráfica Prol - São Paulo
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
J53s
Tradução de: Remote sensing of the environment : an earth resource perspective, 2nd ed.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-60507-06-1
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arêntese
edit ra Tel/Fax: (12) 3027 3047
it
Conteúdo
índice..............................................................................................................................................................................587
Sumário
i
X Sensoriamento Remoto do Ambiente
índice...............................................................................................................................................................................587
-j-
Este livro foi escrito para pesquisadores em ciências físicas, naturais e sociais
interessados em saber como o sensoriamento remoto do ambiente pode ser usa
do para resolver problemas do mundo real. O leitor deve ter uma experiência
educacional ou prática num corpo de conhecimento sistemático (p.ex., geogra
fia física, biogeografia, geologia, hidrologia, planejamento urbano, agricultura,
floresta, ciências marinhas, etc.) ao qual a ciência do sensoriamento remoto
pode ser aplicada. Este leitor deve ter um conhecimento mínimo de álgebra
elementar. Este livro pode ser usado na graduação ou pós-graduação, em cursos
de um ou dois semestres em fotointerpretação e/ou sensoriamento remoto.
remotos estão disponíveis a um custo razoável por km2 e Capítulo 2. Princípios de Radiação Eletromagnética. Con
podem ser obtidos pelo usuário via internet. Alguns dados dução, convecção e radiação são introduzidos como meca
de sensores remotos são muito caros. nismos de transferência de energia. Os modelos de onda e
partícula são usados para descrever como a radiação eletro
Para utilizar os dados de sensoriamento remoto no seu po magnética é gerada e transportada através do espaço. Apre-
tencial pleno, eles precisam ser interpretados corretamente. senta-se ao leitor como a energia eletromagnética interage
Isso requer um entendimento de como a energia interage com a atmosfera, o terreno, e como a energia refletida ou
com a atmosfera e o terreno, como funciona o sistema de emitida é registrada por um sistema de sensoriamento re
sensoriamento remoto, e como se extrai informação útil a moto. Conceitos radiométricos importantes são definidos
partir dos dados dos sensores remotos. cuidadosamente. Novas curvas espectrais de materiais sele
cionados são introduzidas. Coloca-se ênfase na minimiza-
Espera-se que as seguintes características tomem a infor ção dos efeitos do espelhamento atmosférico para maximi
mação contida neste livro fácil de compreender e aplicar: zar o sinal de sensoriamento proveniente do terreno.
• Cada capítulo inclui ilustrações que foram especial Capítido 3. História da Fotografia Aérea e das Plataformas
mente feitas para fazer com que conceitos complexos Aéreas. E fornecida uma história da fotografia, incluindo
sejam entendidos mais facilmente. a invenção de tipos específicos de emulsões e agentes fixa
dores. Faz-se uma revisão da história da aquisição de foto
• Cada capítulo contém uma alentada lista de referências. grafia aérea por uma variedade de plataformas, incluindo:
balões, pipas, foguetes, pombos, planadores, aeronaves e
• O seu formato grande permite que imagens e diagra satélites. É apresentada uma história do fotorreconheci-
mas sejam legíveis e visualmente informativos. mento na Guerra Civil (norte americana), nas 1 e II Guer
ras Mundiais, na Crise dos Mísseis de Cuba, na Guerra
• Esta segunda edição contém 48 páginas com pran Fria, na guerra do Oriente Médio. Apresentam-se novos
chas coloridas para mostrar imagens ou informação desenvolvimentos na tecnologia de plataformas, incluindo
biofísica que pode ser extraída de dados de sensores veículos aéreos não-tripulados (UAV) e tecnologia antide-
remotos. tecção (invisibilidade de plataformas).
• Um apêndice contém endereços na internet para Capítulo 4. Fotografia Aérea —Visada, Câmeras, Filtros e Fil
muitas das mais importantes fontes de informação de mes. As fotografias aéreas verticais e oblíquas são apresen
sensoriamento remoto e fontes públicas e privadas de tadas usando exemplos do Furacão Katrina. Apresentam-se
dados de sensoriamento remoto. os componentes da câmera aérea, as câmeras aéreas mais
importantes e os filtros passa-banda usados durante a aqui
A seguir apresenta-se um breve resumo dos tópicos discu sição de dados. Novas seções descrevem as características
tidos em cada capítulo e os aprimoramentos introduzidos das câmeras digitais de pequeno, médio e grande formato.
nesta segunda edição. Os principais filmes (emulsões) preto e branco e coloridos
usados para fotografia aérea são identificados, incluindo o
Capítulo 1. Sensoriamento Remoto do Ambiente. O livro co filme infravermelho colorido. São descritos métodos de di
meça definindo cuidadosamente a aquisição de dados in gitalização de fotografias coloridas.
situ e por sensoriamento remoto. Os elementos do pro
cesso de sensoriamento remoto são atualizados, incluindo Capítulo 6. Fotogrametria. Os métodos de extração de in
a enunciação do problema, a coleta de dados pelo sensor formação quantitativa de fotografias aéreas verticais são
remoto, a análise de dados (visual e digital) e as alternati apresentados. O capítulo define a nomenclatura e a geome
vas para a apresentação das informações. São definidas as tria de uma fotografia aérea isolada e como são feitas me
resoluções espacial, espectral, temporal e radiométrica bem dições de escala e altura. Os princípios de estereoscopia são
como são feitas considerações de solução de compromisso introduzidos. Novas seções descrevem a orientação interior
(trade-off). Foi incluída uma nova seção sobre economia e exterior das imagens estereoscópicas usando fotograme
ligada ao sensoriamento remoto para observação da Terra. tria digital e extração de elevação de elementos isolados,
O capítulo faz uma revisão sobre como o sensoriamento re contornos, modelos digitais de elevação e ortofotos. Uma
moto é usado para uma variedade de programas nacionais e nova seção descreve como feições temáticas de interesse são
internacionais de monitoramento de recursos da Terra. extraídas com base nos princípios da marca flutuante. A
seção final descreve como são obtidas medições de área a
partir de dados de sensores remotos verticais.
Sensoriamento Remoto do Ambiente XV
Capítulo 7. Sistemas de Sensoriamento Remoto Multiespec- sobre o TRM M Microwave Imager e o Shuttle Radar To-
trais. A terminologia de sensoriamento remoto multies- pography Mission (SRTM) da NASA. A seção sobre in-
pectral é definida. Os principais tipos de instrumentos de terferometria por micro-ondas ativas inclui novos exem
sensoriamento remoto são descritos junto com informação plos do SRTM em Utah e na Tanzânia. O sensoriamento
significativamente atualizada sobre os mais importantes remoto por micro-ondas passivo é discutido com novos
sistemas de sensoriamento remoto. Sistemas sensores exis dados sobre o Advanced Microwave Scanning Radiometer
tentes e propostos são apresentados, como: os WorldView (AMSR-E) da NASA.
1 e 11 da DigitalGlobe, o Landsat Data Continuity Mission
da NASA, e o NPOESS da NOAA. O Global Visualization Capítulo 10. Sensoriamento Remoto por LIDAR. Este capí
Viewer do USGS é apresentado para auxiliar os estudantes tulo completamente novo introduz os princípios funda
a localizar os vários tipos de dados de sensores remotos. mentais do sensoriamento remoto usando tecnologia Light
Detection and Ranging (LIDAR). A ênfase é colocada em
Capítulo 8. Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal. como os sensores LIDAR funcionam e em como extrair in
Este capítulo descreve como o mapeamento da tempera formação útil do primeiro, intermediário e último dado de
tura superficial é feito usando sensoriamento remoto no retorno LIDAR. Um estudo de caso documenta a utilidade
infravermelho termal. A história do sensoriamento remoto do LIDAR para fornecer modelos digitais de superfície e
por infravermelho termal inclui mais informação sobre o modelos digitais do terreno detalhados. Também é dada
experimento de Herschel. As propriedades da radiação in atenção aos dados de intensidade do LIDAR.
fravermelha termal, leis de radiação e janelas atmosféricas
são descritas. Introduzem-se as características de tempe Capítulo 11. Sensoriamento Remoto da Vegetação. São intro
ratura diária da vegetação, solo, rocha, água e fenômenos duzidos os fundamentos da fotossíntese. Depois, o capítulo
urbanos. As características dos instrumentos de varredura identifica os fatores dominantes que controlam a reflectân-
no infravermelho termal e dos sensores de infravermelho cia da folha nas porções do visível, infravermelho próximo e
de visada avante (FLIR) são apresentadas. São introduzidos infravermelho médio do espectro. O conceito da função de
novos sistemas aerotransportados de sensoriamento remoto distribuição da reflectância bidirecional (BRDF) é discutido.
no infravermelho termal, tais como o Canadian Thermal Enfatiza-se a importância do entendimento do ciclo feno-
Airborne Broadband Imager (TABI) e o Thermal Airbor- lógico temporal dos tipos de vegetação em estudo. A seção
ne Spectrographic Imagery (TASI). Novos estudos de caso sobre os índices de vegetação derivados do sensoriamento
são fornecidos, incluindo: mapeamento da temperatura de remoto incluem agora mais de 20 algoritmos entre aqueles
cursos d’água no Oregon, mapeamento de vazamento em mais largamente adotados. Há novas informações sobre a
tanque de decantação séptico na Carolina do Sul, moni relação não-linear entre o índice Simpe Ratio e o Normali-
toramento de umidade em tetos industriais na Carolina zed Difference Vegetation Index (NDVI). O uso de dados
do Norte, e monitoramento de graus-dia de estresse em de sensoriamento remoto para calcular métricas de ecologia
culturas agrícolas. da paisagem e para auxiliar na avaliação da biodiversidade é
introduzido. Um novo estudo de caso documenta como a
Capítulo 9. Sensoriamento Remoto Ativo e Passivo nas M i agricultura na África do Sul pode ser monitorada para prever
cro-ondas. A história do sensoriamento remoto por micro a demanda agrícola por água.
ondas ativo é revisto. Os métodos de envio e recepção de
um pulso de energia nas micro-ondas são apresentados. Capítulo 12. Sensoriamento Remoto da Água. Este capítulo
Uma nova tabela sintetiza as características dos Radares de introduz como a energia eletromagnética interage com a
Abertura Sintética para observação da Terra mais impor água superficial, água subsuperficial, e com o fundo em
tantes. Importantes parâmetros dos sistemas radares, tais função do comprimento de onda. O impacto do material
como frequência, polarização, tamanho de pulso, ângulo orgânico (p.ex., clorofila) e/ou inorgânico (p.ex., sedimen
de depressão, direção de visada, ângulo de incidência, e to em suspensão) na coluna d’água sobre a reflectância es
geometria de imagem de distância inclinada e distância no pectral é discutido. Oito dos mais importantes algoritmos
terreno são discutidos. Os principais fatores ambientais que usados para medir a abundância de fitoplâncton na água
influenciam o sinal de retorno dos sistemas de micro-ondas são fornecidos agora. Uma nova seção revisa os avanços no
ativos são apresentados, incluindo rugosidade, constante mapeamento batimétrico usando sensoriamento remoto
dielétrica complexa e o efeito cardinal. As seções sobre a óptico passivo (fotografia aérea) e sensoriamento remoto
resposta da vegetação, da água superficial e dos fenômenos ativo (SONAR e LIDAR). São apresentados os métodos de
urbanos à energia nas micro-ondas ativas estão ampliadas. sensoriamento remoto para monitoramento da temperatu
São fornecidas novas informações sobre os Radarsat 1 e ra da superfície da água, precipitação, aerossóis e nuvens,
2 do Canadá; os ERS 1 e 2, e Envisat ASAR da ESA; e vapor d’água e neve. Os principais sistemas orbitais de sen-
XVI Sensoriamento Remoto do Ambiente
M edição In S itu
Figura 1-1 Dados in situ (no local) são coletados no campo, a) Um pesquisador está coletando medidas de índice de área foliar (IAF) de
soja (Glycine max L. Merrill) usando um ceptômetro, que mede o número de regiões do substrato que foram iluminadas dire
tamente sem interceptação pelo dossel vegetal. As medições são feitas bem acima do dossel e no solo, sob o dossel. As medidas
de IAF in situ podem ser usadas para calibrar as estimativas de IAF derivadas de dados de sensores remotos, b) Medidas de
reflectância espectral de vegetação estão sendo coletadas usando um espectrorradiômctro colocado a aproximadamente 1 m
acima do dossel. As medidas de reflectância espectral in situ podem ser usadas para calibrar medidas de reflectância espectral
obtidas por um sistema de sensoriamento remoto.
As coletas de dados pelos cientistas no campo ou por ins amostrai viesado, ou o uso impróprio e sistemático de uma
trumentos colocados no campo fornecem muitos dos dados parte do equipamento. Finalmente, o dispositivo de medi
para as pesquisas científicas físicas, biológicas e sociais. En ção para coleta de dados in situ pode estar calibrado incorre
tretanto, é importante lembrar que não importa quão cuida tamente. Isso pode resultar em sérios erros de medição.
doso seja o cientista, erros podem ser introduzidos durante
o processo de coleta de dados in situ. Primeiro, no campo o A intrusão na coleta de dados in situ, junto com o erro hu
cientista pode ser um intruso. Isso significa que a menos que mano produzido pelo método e a má calibração do equipa
seja tomado um grande cuidado, o cientista pode realmente mento de medição, todos contribuem para o erro na coleta
alterar as características do fenômeno sendo medido duran de dados in situ. Portanto, é impróprio referir aos dados in
te o processo de coleta de dados. Por exemplo, um cientista situ como dados de verdade terrestre. Em seu lugar, deveri
pode inclinar-se de um barco para obter uma amostra de amos simplesmente referir a eles como dados de referência
água-superficial de um lago. Infelizmente, o movimento do terrestre in situ, reconhecendo que eles contêm erros.
barco na área de estudo pode ter mexido a coluna d’água nas
vizinhanças da amostra de água, resultando numa amostra Coleta de Dados por
não-representativa, ou viesada. De forma similar, um cien Sensoriamento Remoto
tista fazendo uma medição de reflectância espectral poderia
inadvertidamente pisar no local da amostragem, alterando o
dossel vegetal antes da coleta de dados. Felizmente, também é possível coletar informação sobre
um objeto ou área geográfica a partir de um ponto dis
Os cientistas também podem coletar dados no campo usan tante privilegiado usando instrumentos de sensoriamento
do procedimentos viesados. Isso introduz o erro produzido remoto (Figura 1-2). A coleta de dados por sensoriamento
pelo método. Ele pode envolver o uso de um delineamento remoto foi originalmente feita usando câmeras montadas
Coleta de Dados por Sensoriamento Remoto 3
M edição por Sensoriamento Remoto em aeronaves suborbitais. A fotogrametria foi definida nas
primeiras edições do M anual o f Photogrammetry como:
Todo o campo esrava avançando e era difícil para lineares e/ou matriciais localizados em platafor
o Programa de Geografia saber em que direção se mas tais como aeronaves ou satélites, e a análise
mover. Finalmente, em 1960, foi decidido levar o da informação adquirida por meio visual ou pro
problema ao Comitê Assessor. Eu e o Walter H. cessamento digital de imagens.
Bailey ponderamos por um longo tempo sobre
como apresentar a situação e sobre como denomi Robert Green, do JP L (Jet Propulsion Laboratory), da
nar o campo mais abrangente que sentíamos deve NASA (National Aeronautics and Space Administration),
ria ser encampado num programa para substituir sugere que o termo medição remota poderia ser usado ao
o projeto de fotointerpretação aérea. O termo “fo invés de sensoriamento remoto porque os dados obtidos
tografia” era muito limitado porque ele cobria as usando os novos sistemas de sensoriamento remoto hipe-
regiões do espectro eletromagnético além da faixa respectral são muito precisos (Robbins, 1999). Cada uma
do “visível”, e era nessas frequências não-visíveis das definições é correta num contexto apropriado. E útil
que parecia estar o futuro da interpretação. “Aérea” discutir brevemente os componentes dessas definições de
também estava muito limitada em função do po sensoriamento remoto.
tencial para observar a Terra a partir do espaço.
Sensoriamento Remoto: Arte e/ou Ciência?
O termo sensoriamento remoto foi promovido numa série de
simpósios patrocinados pelo O N R nos Laboratórios Willow Ciência: Uma ciência é definida como um grande campo
Run da Universidade de Michigan em conjunto com o Na do conhecimento humano interessado em fatos unidos por
tional Research Council durante os anos 1960s e inícios dos princípios (regras). Os cientistas descobrem e testam fatos
1970s, e desde então tem sido usado (Estes e Jensen, 1998). e princípios pelo método científico, úm sistema ordenado
para solução de problemas. Geralmente, os cientistas con
Definições Máximas/Mínimas sideram que qualquer assunto que o ser humano possa es
tudar usando o método científico e outras regras especiais
de pensamento possa ser chamado de uma ciência. As ciên
Numerosas outras definições de sensoriamento remoto cias incluem: 1) matemática e lógica, 2) ciências físicas, tais
têm sido propostas. De fato, Colwell (1984) sugere que como a física e a química, 3) ciências biológicas, tais como
“uma medida de quão nova uma ciência é, ou da rapidez a botânica e a zoologia, e 4) as ciências sociais, tais como a
com a qual está se desenvolvendo, está na preocupação dos geografia, sociologia e antropologia (Figura 1-3). É interes
seus cientistas com assuntos de terminologia.” Alguns têm sante que algumas pessoas não considerem a matemática e
proposto uma definição máxima globalizante: a lógica como ciências. Mas os campos do conhecimento
associados com a matemática e a lógica são ferramentas tão
Sensoriamento remoto é a aquisição de dados valiosas para a ciência que não podemos ignorá-las. As pri
sobre um objeto sem tocá-lo. meiras questões da raça humana estavam ligadas ao “quan
to” e ao “o que pertence ao mesmo conjunto.” Eles lutaram
Tal definição é curta, simples, geral e memorizável. Infeliz- para contar, para classificar, para pensar sistematicamente e
mente, ela exclui pouco da esfera do sensoriamento remoto para descrever precisamente. Sob muitos aspectos, o nível
(Fussel et al., 1986). Ela abrange virtualmente todos os dis de desenvolvimento de uina ciência é indicado pelo uso que
positivos de sensoriamento remoto, incluindo câmeras, escâ- faz da matemática. Uma ciência parece começar com uma
neres opto-mecânicos, dispositivos de imageamento lineares matemática simples para medir, depois trabalha em direção
ou matriciais, lasers, sistemas de radar, sonares, sismógrafos, a uma matemática mais complexa para explicar.
gravímetros, magnetômetros e cintilômetros.
O sensoriamento remoto é uma ferramenta ou técnica simi
Outros têm sugerido uma definição m ínim a, mais focada lar à matemática. O uso de sofisticados sensores para medir
de sensoriamento remoto, que adicione qualificadores e a quantidade de energia eletromagnética que emana de um
mais qualificadores numa tentativa de assegurar que ape objeto ou área geográfica à distância, e depois a extração de
nas funções legítimas sejam incluídas na definição do ter informação importante dos dados usando algoritmos base
mo. Por exemplo: ados em matemática e estatística é uma atividade científica
(Fussell et al., 1986). O sensoriamento remoto funciona
Sensoriamento remoto é o registro da informa em harmonia com outras ciências da informação geográfica
ção das regiões do ultravioleta, visível, infraver (frequentemente chamadas de GIScience), incluindo carto
melho e micro-ondas do espectro eletromagné grafia, levantamento, e sistemas de informações geográficas
tico, sem contato, por meio de instrumentos (GIS) (Curran, 1987; Clarke, 2001; Jensen, 2005). Dahl-
tais como câmeras, escâneres, lasers, dispositivos berg e Jensen (1986) e Fisher e Lindenberg (1989) suge-
Coleta de Dados por Sensoriamento Remoto 5
Figura 1-3 Modelo de interação mostrando a relação entre as trovérsias; e Estádio 4 - diminuição da participação tanto
ciências de informação geográfica (sensoriamento re de colaboradores como dos colégios invisíveis.
moto, cartografia, sistemas de informações geográfi
cas e levantamento) à medida que elas se relacionam
Usando esta lógica pode-se dizer que o sensoriamento re
com a matemática e a lógica, e com as ciências físicas,
biológicas e sociais. moto esteja no Estádio 2 de um campo científico, tendo
um crescimento exponencial desde meados dos anos 1960
com o número de publicações dobrando a intervalos re
riram um modelo onde há interação entre sensoriamento gulares (Colwell, 1983; Cracknell e Hayes, 1993; Jensen,
remoto, cartografia, levantamento e GIS, em que nenhuma 2005). A evidência empírica é apresentada na Tabela 1-1,
sub-disciplina domina, e todas são reconhecidas como tendo incluindo: 1) a organização de muitos institutos especiali
áreas únicas, ainda que com sobreposição, de conhecimento zados e centros de excelência associados com sensoriamen
e atividade intelectual à medida que são usadas na pesquisa to remoto, 2) a organização de numerosas sociedades pro
científica física, biológica e social (Figura 1-3). fissionais dedicadas à pesquisa em sensoriamento remoto,
3) a publicação de numerosas novas revistas especializadas
A teoria da ciência sugere que as disciplinas científicas em sensoriamento remoto, 4) significativo avanço tecno
passam por quatro estádios clássicos de desenvolvimento. lógico, tais como avançados sistemas sensores e métodos
Wolter (1973) sugeriu que o crescimento de uma discipli de análise de imagens, e 5) intensa auto-análise (p.ex.,
na científica, tal como o sensoriamento remoto, que tem Dehqanzada e Florini, 2000). Podemos estar nos aproxi
suas próprias técnicas, metodologias e orientação intelec mando do Estádio 3, com aumento de especialização e de
tual parece seguir a curva sigmóide ou logística ilustrada controvérsia teórica. Porém, a taxa de crescimento do sen
na Figura 1-4. Os estádios de crescimento de um campo soriamento remoto não começou a declinar. De fato, houve
científico são: Estádio 1 - um período de crescimento ini um enorme surto no número de pessoas especializando-se
cial com poucos incrementos de literatura; Estádio 2 - um em sensoriamento remoto e empresas comerciais usando
período de crescimento exponencial quando o número de sensoriamento remoto durante os anos 1990 e início dos
publicações dobra a intervalos regulares; Estádio 3 - um anos 2000 (Davis, 1999; ASPRS, 2004). Os significativos
período quando a taxa de crescimento começa declinar, avanços na resolução espacial dos satélites de sensoriamen
mas os incrementos anuais permanecem constantes; e Es to remoto (p.ex., dados pancromáticos em 1 x 1 m mais
tádio 4 - um período final quando a taxa de crescimento úteis) têm trazido à luz ainda mais pessoas ligadas à aplica
aproxima-se de zero. As características de um campo do ção de GIS às ciências sociais. Centenas de novos artigos
conhecimento durante cada um dos estádios podem ser científicos de sensoriamento remoto são publicados em
brevemente descritas como se segue: Estádio 1 - pouca ou revistas com revisão pelos pares todo mês.
nenhuma organização social; Estádio 2 - grupos de colabo
radores e existência de colégios invisíveis, frequentemente Arte; O processo de interpretação visual de uma foto ou
na forma de institutos e unidades de pesquisa nd hoc, etc.; imagem exige não apenas conhecimento científico, mas
Estádio 3 - aumento da especialização e aumento das con- todo o conhecimento que uma pessoa obteve durante toda
6 C A P IT U L O Sensoriamento Remoto do Ambiente
1970s 1990s
1972- 73 - Implantação da estação de recepção de dados de 1995 - Imagens do CORONA são desclassificadas e transferidas
satélite de sensoriamento remoto, em Cuiabá-MT para os Arquivos Nacionais (U.S.)
1972 - Implantação do Curso de Mestrado cm Sensoriamento 1996 - Manual oí Photographic Interpretation, 2a edição
Remoto, no INPE (ASP RS)
1973- 1979 - Programa Skylab (NASA) 1997 - O Earlybird não atinge sua órbita (EarthWatch, Inc.)
1973 - Canadian Journal o f Remote Sensing (Canadian Remote 1998 - O programa Mission to Planet Earth torna-se Earth Science
Sensing Society) Enterprise (NASA)
1975 —ERTS-2 lançado (renomeado para Landsat-2) 1998 - Manual of Remote Sensing —Radar (ASPRS)
1975 - Manual of Remote Sensing (ASP) 1998 - Criação do Curso de Doutoramento em Sensoriamento
1977 - METEOSAT-1 lançado (European Space Agency) Remoto, no INPE
1978 - Landsat-3 lançado (NASA) 1999 - Lançado o Landsat-7 ETM+
1978 - Nimbus 7 lançado - senscfr Coastal Zone Color Scanner 1999 - Lançado o CBERS-1 (China-Brazil Earth Resources
1978 -T IR O S -N lançado com o sensor AVHRR Satellite, outubro)
1978 - SEASAT lançado (NASA Jet Propulsion Laboratory) 1999 - O IKONOS não atinge sua órbita (Space Imaging, Inc.,
1978 - Primeiro Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto 27 de Abril)
I980s 1999 - Lançado o IKONOS-2, (Space Imaging, Inc., 24 de
1980s - AAG Remote Sensing Specialty Group >500 membros setembro)
1980s - Tentativa frustrada de comercialização (do Landsat) - 1999 - Lançado o sistema de observação da Terra chamado Terra
EOSAT, Inc. 1999 - Lançado o ImageSat (Israel ImageSat International)
1980 - ISP torna-se International Society for Photogrammetry 2000s
& Remote Sensing 2000 - Iniciou-se o programa New Millenium (NASA)
1980 - European Space Agency (ESA) é criada (30 de outubro) 2001 - Lançado o QuickBird (DigitaIGlobe, Inc.)
1980 - IEEE Transactions on Geoscience and Remote Sensing 2002 - Lançado o sistema de observação da Terra chamado Aqua
(GRSS Society) (NASA)
1981 - Primeiro International Geoscience and Remote Sensing 2002 - Lançado o ENVISAT (European Space Agency)
Symposium IGARSS) 2002 - Introdução dos algoritmos de segmentação de imagens
1981 - Iniciado o programa Space Shuttle (STS-1), da NASA orientada ao objeto
1981 - Lançado o Space Shuttle Imaging Radar (SIR-A) (NASA) 2003 - Lançado o OrbView-3 (ORBIMAGE, Inc.)
1982 - Lançado o Landsat-4 com o Thematic Mapper ( FM) e o MSS 2003 - Lançado o CBERS-2 (China-Brazil Earth Resources
1983 - Manual of Remote Sensing, 2a edição (ASP) Satellite, outubro)
1984 - Lançado o Landsat-5 - Thematic Mapper c MSS (NASA) 2004 - GIScience & Remote Sensing (Bcllwether Publishing,
1984 - Lançado o Space Shuttle Imaging Radar (SIR-A) (NASA) Inc.)
1986 - Lançado o SPOT-1 (SPOT Image, Inc.) 2004 - Manual ol Photogrammetry, 5a edição (ASPRS)
1986 - Início da Geocarto International (Geocarto International 2005 - Google Earth usa dados da DigitaIGlobe e do TM /
Center) Landsat
1989 - T h e Earth Observer (NASA Goddard Space Flight Center) 2006 - A ORBIM AGE compra a Space Imaging e muda o
1990s nome para GeoEye
1990s - Maturidade da fotogrametria digital computadorizada 2007 - Lançado o CBERS-2B (China-Brazil Earth Resources
(soft-copy) Satellite, setembro)
1990s - São disponíveis programas de pós-graduação em senso
riamento remoto em universidades
a sua vida. Tal aprendizado não pode ser medido, progra
1990s - Maturidade dos Light Detection and Ranging (LIDAR)
1990s - NASA apóia o sensoriamento remoto comercial (Sten- mado, ou entendido completamente. A sinergia da com
nis Space Center) binação do conhecimento científico com a experiência de
1990s - Aumento do uso de sensores hiperespectrais e LIDAR mundo real do analista permite ao intérprete desenvolver
1990 - Lançado o SPOT-2 (Spot Image, Inc.) métodos heurísticos práticos para extrair informações im
1991 - Começo da “Mission to Planet Earth” (NASA) portantes de uma imagem. E conhecido o fato de que al
1991 - Lançado o ERS-1 (European Space Agency) guns analistas de imagens são superiores a outros analistas
1992 - O U.S. Land Remote Sensing Act torna-se lei de imagens porque eles: 1) entendem melhor os princípios
1993 - O Landsat-6 não atinge sua órbita (EOSAT, Inc.)
científicos, 2) têm maior experiência de campo e viram
1993 - Lançado o SPOT-3 (Spot Image, Inc.)
muitos objetos da paisagem e áreas geográficas, e/ou 3)
1993 - Space Shuttle Imaging Radar (SIR-C) (NASA)
1995 - Lançado o RADARSAT-1 (Canadá) podem sintetizar princípios científicos e experiência do
1995 - Lançado o ERS-2 (European Space Agency) mundo real para chegarem a conclusões lógicas e corretas.
1995 - Lançado o IRS-1C ( 5 x 5 m) (Indian Remote Sensing Então, a interpretação de imagens de sensoriamento remo
Program) to é tanto uma arte como uma ciência.
8 C A P ÍT U L O 1 Sensoriamento Remoto do Ambiente
Informação Sobre um Objeto ou Área pode ser usado para obter fotografias de objetos extrema
mente pequenos na pele, no olho, etc. Um instrumento
Os sensores podem obter uma informação muito específica de raios-x é um sistema de sensoriamento remoto onde
sobre um objeto (p.ex., o diâmetro da copa de um carvalho) a pele e o músculo são como a atmosfera que podem ser
ou a extensão de um fenômeno geográfico (p.ex., o limi penetrados, e os ossos ou outra matéria internos são os
te poligonal de toda uma floresta de carvalho). A energia objetos de interesse.
eletromagnética emitida ou refletida por um objeto ou área
geográfica é usada como um substituto da propriedade real Vantagens e Limitações do Sensoriamento Remoto
sob investigação. As medições da energia eletromagnética
devem ser convertidas em informação usando técnicas visu
ais e/ou técnicas de processamento digital de imagens. O sensoriamento remoto tem várias vantagens únicas bem
como algumas limitações.
O Instrumento (Sensor)
Vantagens
O sensoriamento remoto é realizado usando um instru
mento, frequentemente chamado de sensor. A maioria dos O sensoriamento remoto é não-intrusivo se o sensor estiver
instrumentos de sensoriamento remoto registram a REM registrando passivamente a energia eletromagnética refletida
(radiação eletromagnética) que se desloca a uma velocida ou emitida pelo fenômeno de interesse. Esta é uma con
de de 3 x 108 m s'1 a partir da fonte, diretamente através sideração muito importante, uma vez que o sensoriamento
do vácuo ou, indiretamente, por reflexão ou rerradiação remoto passivo não perturba o objeto ou a área de interesse.
para o sensor. A REM representa um canal de comunica
ção muito eficiente e em alta velocidade entre o sensor e o Os equipamentos de sensoriamento são programados para
fenômeno remoto. De fato, não conhecemos nada que se coletar dados sistematicamente, tais como as fotografias
desloque mais rápido que à velocidade da luz. Mudanças aéreas verticais de 23 x 23 cm ou uma matriz (raster, ou
na quantidade ou propriedade da REM tornam-se, pela bitmap, ou mapa de bits, ou uma matriz de pontos ou
detecção pelo sensor, uma valiosa fonte de dados para in pixels) de dados do Thematic M apper (Mapeador Temá
terpretar importantes propriedades do fenômeno (p.ex., tico) do Landsat-5. Esta coleta de dados sistemática pode
temperatura, cor). Outros tipos de campos de força po remover o viés de amostragem introduzido em algumas
dem ser usados em lugar da REM , tais como ondas acústi investigações in situ (p.ex., Karaska et al., 2004).
cas (sonar) (p.ex., Dartnell e Gardner, 2004). Entretanto,
a maioria dos dados de sensoriamento remoto coletados A ciência do sensoriamento remoto também é diferente da
para aplicações em recursos da Terra é o resultado de sen cartografia ou do GIS (Ciência da Informação Geográfica)
sores que registram a energia eletromagnética. porque estas ciências assentam-se em dados obtidos por
outras. A ciência do sensoriamento remoto pode fornecer
Distância: Quão Longe E Remoto? nova e fundamental informação científica. Sob condições
controladas, o sensoriamento remoto pode fornecer in
O sensoriamento remoto ocorre a uma distância do objeto formação biofísica básica, incluindo localização em x t y,
ou área de interesse. O interessante é que não há uma dis elevação ou profundidade em biomassa; temperatura; e
tinção clara sobre quão grande essa distância deveria ser. A teor de água. Nesse sentido, a ciência do sensoriamento re
distância poderia ser 1 cm, 1 m, 100 m, ou mais de 1 milhão moto assemelha-se ao levantamento, fornecendo informa
de metros do objeto ou da área de interesse. Muito da astro ção básica que outras ciências podem usar ao conduzirem
nomia é baseado em sensoriamento remoto. De fato, mui investigações científicas. Porém, ao contrário do levanta
tos dos mais inovadores sistemas de sensoriamento remoto e mento, os dados de sensoriamento remoto podem ser obti
de métodos visuais e de processamento de imagens digitais dos sistematicamente para áreas geográficas muito grandes
foram originalmente desenvolvidos para o sensoriamento ao invés de observações apenas pontuais. De fato, a in
remoto de paisagens extra-terrestres, como a Lua, Marte, Io, formação derivada do sensoriamento remoto atualmente é
Saturno, Júpiter, etc. Este texto, porém, trata primariamen crítica para o satisfatório modelamento de numerosos pro
te com o sensoriamento remoto da Terra, usando sensores cessos naturais (p.ex., estimativa do suprimento de água;
colocados em aeronaves suborbitais na atmosfera ou em sa estudos de eutrofização; poluição por fontes não-pontuais)
télites colocados no espaço, operando no vácuo. e culturais (p.ex., conversão do uso da terra nas bordas ur
banas; estimativa da demanda por água; estimativas popu
As técnicas de sensoriamento remoto e de processamento lacionais) (Walsh et ah, 1999; Stow et al., 2003; Nemani
digital de imagens também podem ser usadas para analisar et al., 2003; Karaska et al., 2004). Um bom exemplo é o
espaços internos. Por exemplo, um microscópio eletrônico modelo digital de elevação, que é tão importante em mui-
O Processo do Sensoriamento Remoto 9
tos modelos de GIS espacialmente distribuídos (Clarke, francês Gaspard Felix Tournachon (que se auto-apelidava
2001). Agora, os modelos digitais de elevação são produ Nadar). Grandes passos na fotografia aérea e outros siste
zidos principalmente a partir de imagens estereoscópicas mas de coleta de dados por sensoriamento remoto ocor
de LID A R (light detection and ranging ou detecção da luz reram durante as I e II Guerras Mundiais, no conflito
e medição de distância) (p.ex., Maune, 2001; Hodgson et da Coréia, na Crise dos Mísseis de Cuba, na Guerra do
al., 2003b; 2005), de medições por RADAR (radio detec Vietnã, na Guerra do Golfo, na guerra da Bósnia, e na
tion an d ranging ou detecção de ondas de rádio e medição guerra contra o terrorismo. Muitos dos marcos signifi
de distância), ou de imagens interferométricas de radares cativos estão sumarizados na Tabela 1-1 e no Capítulo 3
de abertura sintética (IFSAR). (História da Fotografia Aérea e das Plataformas Aéreas).
Basicamente, os contratos militares junto às companhias
Limitações privadas resultaram no desenvolvimento de sofisticados
sistemas eletro-ópticos multiespectrais e sistemas senso
A ciência do sensoriamento remoto tem limitações. Talvez res de infravermelho termal e de micro-ondas (radar),
a maior limitação é que geralmente ela é superestimada. O cujas características estão apresentadas nos Capítulos 7,
sensoriamento remoto não éum apanacéia que fornecerá todas 8 e 9, respectivamente. Embora a maioria dos sistemas de
as informações necessárias à condução das pesquisas físicas, sensoriamento remoto possa ter sido inicialmente desen
biológicas ou das ciências sociais. Ele simplesmente provê volvida para aplicações de reconhecimento militar, esses
alguma informação espacial, espectral e temporal de valor, sistemas são também largamente usados para monitora
de uma forma que esperamos seja eficiente e econômica. mento dos recursos naturais da Terra.
Os seres humanos selecionam o sistema de sensoriamento Os procedimentos de coleta e análise de dados de sensoria
remoto mais apropriado para coletar os dados, especificam mento remoto usados para aplicações aos recursos da Terra
as várias resoluções dos dados dos sensores remotos, cali são frequentemente implementados de um modo sistemá
bram os sensores, selecionam a plataforma que irá portar tico que pode ser chamado de o processo do sensoriamento
o sensor, determinam quando os dados serão coletados e remoto. Os procedimentos no processo do sensoriamento
especificam como os dados serão processados. O erro pro remoto são sumarizados aqui e na Figura 1-5:
duzido pelo método humano pode ser introduzido quan
do os parâmetros da missão e do instrumento de sensoria • A hipótese a ser testada é definida usando um tipo es
mento remoto são especificados. pecífico de lógica (p.ex., indutiva, dedutiva) e um mo
delo adequado de processamento (p.ex., determinísti-
Potentes sistemas sensores remotos ativos que emitem sua co, estocástico).
própria radiação eletromagnética (p.ex., LIDAR, RADAR,
SONAR) podem ser intrusivos e afetar o fenômeno que está • São coletados dados colaterais e in situ necessários para
sendo investigado. Mais pesquisas são necessárias para deter calibrar os dados do sensor remoto e/ou julgar suas ca
minar quão intrusivos podem ser esses sensores ativos. racterísticas geométricas, radiométricas e temáticas.
Os instrumentos de sensoriamento remoto podem ficar • Os dados do sensor remoto são coletados passiva ou
descalibrados, resultando em dados não-calibrados obtidos ativamente usando instrumentos de sensoriamento
por tais sensores remotos. Finalmente, os dados dos senso remoto analógicos ou digitais, idealmente ao mesmo
res remotos podem ser muito caros para serem coletados tempo em que se coletam os dados in situ.
e analisados. Espera-se, porém, que a informação extraída
dos dados dos sensores remotos justifique os gastos. E in • Os dados in situ e de sensoriamento remoto são proces
teressante notar que o maior gasto numa típica investiga sados usando a) processamento de imagem analógica,
ção com sensoriamento remoto é com analistas de imagens b) processamento digital de imagens, c) modelagem, e
bem treinados, e não com os dados dos sensores remotos. d) visualização a «-dimensões.
RH
Remoto dão da informação são fornecidos, e os resultados são
comunicados usando imagens, gráficos, tabelas estatís
ticas, base de dados GIS, Sistemas Espaciais de Suporte
Os cientistas vêm desenvolvendo procedimentos para à Decisão (SD SS), etc.
coleta e análise de dados de sensoriamento remoto por
mais de 150 anos. A primeira fotografia a partir de uma E útil revisar as características desses procedimentos do
plataforma aérea (um balão fixo) foi obtida em 1858 pelo processo do sensoriamento remoto.
10 C A P IT U L O 1 Sensoriamento Remoto do Ambiente
• Formulação de Hipóteses • Medições /’// situ • Processamento Analógico (Análise • M etadados de Imagens
(se apropriado) - Campo (p.ex., x, y, z com Visual) de Imagens - Pontes
GPS, biomassa, reflectância) - Usando os Elementos de Interpretação de - Passos do Processamento
• Seleção da Lógica - Laboratório (p.ex., reflectân Imagens
Apropriada cia, índice de área foliar) • Avaliação da Exatidão
- Indutiva e/ou • Processamento Digital de Imagens - Geométrica
- Dedutiva • D ados Colaterais - Pré-processamento - Radiométrica
- Tecnológica - Modelos digitais de elevação - Correção radiométrica - Temática
- Mapas de solos - Correção geométrica - Detecção de mudanças
• Seleção do Modelo - Mapas de geologia de - Realce
Apropriado superfície - Análise fotogramétrica • Analógica e Digital
- Determinístico - Densidade populacional, etc. - Paramétrica, como - Imagens
- Empírico - Máxima verossimilhança - Não-retificadas
- Baseado no conhecimento • Sensoriamento Remoto - Não-paramétrica, como - Ortorretificadas
- Baseado no processo - Analógico passivo - Redes neurais artificiais - Ortofotomapas
- Estocástico - Câmera métrica - Não-métrica, como - Mapas temáticos
- Videografia - Sistemas especialistas - Base de dados GIS
- Digital passivo - Classificadores por árvore de decisão - Animações
- Câmera métrica - Aprendizado pela máquina - Simulações
- Escânercs - Análise hiperespectral
- Multiespectral - Detecção de mudanças • Estatísticas
- Hiperespectral - Modelagem - Univariada
- Matrizes lineares e de área - Modelagem espacial usando dados GIS - Multivariada•
- Multiespectral - Modelagem de cena
- Hiperespectral - Geo-visualização científica • Gráficos
- Ativo - 1,2, 3, n dimensões - 1, 2 e 3 dimensões
- Micro-ondas (RADAR)
- Laser (LIDAR) • Teste de Hipóteses
- Acústico (SONAR) - Aceitação ou Rejeição das hipóteses
Figura 1-5 Os cientistas geralmente usam o processo tio sensoriamento remoto quando extraem informação a partir de dados de
sensoriamento remoto.
O sensoriamento remoto é usado tanto na abordagem remoto. Idealmente, os dados colaterais ficam residen
científica (indutiva e dedutiva) quanto na tecnológica tes em um G IS (Clarke, 2001).
para obter conhecimento. Há controvérsia sobre como
os diferentes tipos de lógica usados no processo do sen Requisitos de Dados de Sensoriamento Remoto
soriamento remoto fornecem novos conhecimentos cien
tíficos (p.ex., Fussel et ah, 1986; Curran, 1987; Fisher e Uma vez que tenhamos uma lista de variáveis, é útil deter
Lindenberg, 1989; Dobson, 1993; Skidmore, 2002). minar quais delas podem ser obtidas por sensoriamento re
moto. O sensoriamento remoto pode fornecer informação
Identificação dos Requisitos de Dados In situ sobre duas classes de variáveis: biofísicas e híbridas.
e de Sensoriamento Remoto
Variáveis biofísicas: Algumas variáveis biofísicas podem
ser medidas diretamente por um sistema de sensoriamen
Se uma hipótese é formulada usando lógica indutiva e/ to remoto. Isso significa que os dados de sensoriamento
ou dedutiva, é identificada* uma lista de variáveis ou ob remoto podem fornecer diretamente informação bioló
servações que serão usadas durante a investigação. O b gica e/ou física (biofísica) fundamental, geralmente sem
servações in situ e/ou de sensoriamento remoto podem ter de usar outros dados substitutos ou auxiliares. Por
ser usadas para coletar informação sobre a maioria das exemplo, os sistemas de sensoriamento remoto no infra
variáveis importantes. vermelho termal podem registrar a temperatura aparente
de um corpo rochoso pela medição da energia radiante
Cientistas usando tecnologias de sensoriamento remoto que emana dessa superfície. Similarmente, é possível fa
deveríam ser bem treinados nos procedimentos de cole zer sensoriamento remoto numa região muito específica
ta de dados no campo e no laboratório. Por exemplo, se do espectro e identificar a quantidade de vapor d’água na
um cientista quer mapear a temperatura superficial de um atmosfera. E possível também medir o teor de umidade
lago, em geral é necessário coletar algumas medidas da do solo diretamente usando técnicas de sensoriamento
temperatura do lago in situ de forma precisa e empírica ao remoto na faixa de micro-ondas (Engman, 2000). O Mo-
mesmo tempo em que os dados do sensor remoto forem derate Resolution Imaging Spectrometer (M O D IS), da
coletados. As observações in situ podem ser usadas para NASA, pode ser usado para medir a radiação fotossin-
1) calibrar os dados do sensor remoto, e/ou 2) fazer uma teticamente ativa absorvida (APAR) e o índice de área
avaliação não-viesada da precisão dos resultados finais foliar (LAI). A localização x, y, e a altura {z) precisas de
(Congalton e Green, 1998). Os livros-textos de sensoria um objeto podem ser extraídas diretamente da fotografia
mento remoto fornecem alguma informação sobre téc aérea estereoscópica, de imagem de satélite com recobri-
nicas de amostragem no campo e no laboratório. Entre mento (p.ex., SPO T ), de dados de sensor de detecção de
tanto, os procedimentos de amostragem in situ são mais luz e distância (LIDAR), ou de imagem interferométrica
bem aprendidos durante os cursos formais de ciência (por de radar de abertura sintética (IFSAR).
exemplo, química, biologia, floresta, solos, hidrologia,
meteorologia). Também é importante saber como coletar A Tabela 1-2 é uma lista selecionada de variáveis biofísicas
de forma precisa informação sócio-econômica e demográ que podem ser obtidas por sensoriamento remoto usando
fica em ambientes urbanos com base no treinamento em sensores adequados para adquirir os dados. As característi
geografia humana, sociologia, etc. cas de muitos desses sistemas de sensoriamento remoto são
discutidas nos Capítulos 4, 7, 8 e 9. Foram dados grandes
Atualmente, a maioria dos dados in situ é coletada em con passos no sensoriamento remoto de muitas dessas variáveis
junto com dados x, y, z do sistema de posicionamento glo biofísicas. Elas são importantes para o esforço nacional e
bal (GPS) (Jensen e Cowen, 1999). Os cientistas deveriam internacional em andamento para modelar o ambiente
saber como coletar os dados de GPS em cada estação (local) global (Jensen et ah, 2002; Asrar, 2004).
de coleta de dados in situ e como fazer a correção diferencial
para obter coordenadas x,y, z precisas (Rizos, 2002). Variáveis Híbridas: O segundo grupo geral de variáveis
que podem ser obtidas por sensoriamento remoto inclui as
Requisitos de Dados Colaterais variáveis híbridas, criadas pela análise sistemática de mais
de uma variável biofísica. Por exemplo, pelo sensoriamen
Muitas vezes os dados colaterais (frequentemente cha to remoto das características de uma planta quanto à sua
mados dados auxiliares), tais como modelos digitais de absorção pela clorofila, temperatura e teor de umidade,
elevação, mapas de solos, mapas geológicos, arquivos seria possível modelar esses dados para detectar estresse
com limites políticos, e estatísticas populacionais agru de vegetação — uma variável híbrida. A diversidade de
padas, são importantes no processo de sensoriamento variáveis híbridas é grande; consequentemente, nenhuma
12 C A P ÍT U L O 1 Sensoriamento Remoto do Ambiente
Tabela 1-2. Seleção de variáveis biofísicas e híbridas, e o potencial dos sistemas de sensoriamento remoto usados para
obter a informação.
tentativa é feita para identificá-las. Entretanto, é impor sensores passivos registram a radiação eletromagnética que
tante salientar que o uso da terra e a cobertura da terra é refletida ou emitida pelo terreno (Shippert, 2004). Por
em escala nominal são variáveis híbridas. Por exemplo, a exemplo, câmeras e gravadores de vídeo podem ser usa
cobertura da terra de uma área particular numa imagem dos para registrar a energia visível e infravermelha refletida
pode ser derivada a partir da avaliação de diversas vari pelo terreno. Um escâner multiespectral pode ser usado
áveis biofísicas ao mesmo tempo [p.ex., localização (x, para registrar a quantidade de fluxo radiante termal que
y) do objeto, altura (z), cor e/ou tonalidade, biomassa deixa o terreno. Sensores ativos, tais como os de micro
e talvez temperatura]. Tamanha atenção foi colocada no ondas (RADAR), LIDAR ou SO NA R, cobrem o terreno
sensoriamento remoto dessas variáveis híbridas de escala com energia eletromagnética gerada pelo próprio equipa
nom inal que as variáveis biofísicas escalonadas por inter mento, e depois registram a quantidade de fluxo radiante
valo ou fração foram muito negligenciadas até meados espalhado de volta em direção ao sistema sensor.
dos anos 1980s. O mapeamento em escala nominal do
uso da terra e da cobertura da terra são potencialidades Os sistemas de sensoriamento remoto coletam dados
importantes da tecnologia do sensoriamento remoto e analógicos (p.ex., fotografias aéreas em papel ou dados
não deveríam ser minimizadas. Muitos cientistas sociais e de vídeo) e/ou dados digitais [p.ex., uma matriz (raster)
físicos usam rotineiramente tais dados em suas pesquisas. de valores de brilho obtidos usando um escâner, uma
Entretanto, agora há um dramático aumento na extração matriz linear, ou uma matriz de área ou bidim ensional].
de dados biofísicos escalonados por intervalo e fração que Um a lista selecionada de alguns dos mais importantes
são incorporados em modelos quantitativos que podem sistemas de sensoriamento remoto é apresentada na Ta
aceitar informação espacialmente distribuída. bela 1-3.
Espectral
1 1 1 0,25 - 5 Variável
CAPÍTULO
Câmeras métricas digitais (CCD) 1
AVIRIS - Airborne Visible Infrared 224 bandas ------------------------------ 2,5 pm 2,5 ou 20 Variável
0,40
Imaging Spectrometer
X
Sensores em Satélites
com aponta
SPOT 4 HRV - Multiespectral 1 1 1 20
mento
com aponta
- Pancromático 0,51 ------- 0,73 pm 10
mento
Espectral
Sistemas de Sensoriamento Remoto Azul Verde Vermelho lnfravermelho Infravermelho Espacial Temporal
Infravermelho Micro-ondas
proximo termal (m ) (dias)
médio (SWIR)
Sensores Suborbitais
RADARSAT Canadense (vários modos) Polarização HH Banda C (5,3 GHz) 9-100 1-6 dias
oi
16 C A P ÍT U L O 1 Sensoriamento Remoto do Ambiente
L = f ( X , s ^ , t , Q , P,Q) (1-1) banda pode ser grande (isto é, grosseira), como a banda
4 do M SS Landsat no infravermelho próximo (800 -
onde 1.100 nm) ou relativamente menor (isto é, mais fina),
como a banda 3 do M SS do Landsat (700 — 800 nm).
A, = comprimento de onda (resposta espectral medida em Neste caso, os detectores da banda 4 do M SS do Landsat
várias bandas ou em frequências específicas). O compri registravam um intervalo relativamente largo de fluxo
mento de onda (À.) e a frequência (v) podem ser usados radiante refletido no infravermelho (300 nm de largura)
intercambiavelmente com base na sua relação com a velo enquanto os detectores da banda 3 do M SS registravam
cidade da luz (c) onde c = X x v. um intervalo bem mais reduzido de fluxo radiante no
svi = localização x, y, z do pixel e seu tamanho (x, y); infravermelho (100 nm de largura).
t = informação temporal, i.e, quando, durante quanto tem As quatro bandas multiespectrais da câmera métrica digital
po, e com que frequência os dados são adquiridos; do ADAR 5500 da Positive Systems são mostradas para
fins comparativos (Figura l-6a, c e d). As larguras de banda
0 = conjunto de ângulos que descrevem as relações geo da câmera foram refinadas para registrarem informação em
métricas entre a fonte de radiação (por exemplo, o Sol), o regiões mais específicas do espectro (banda 1 = 450 —515
objeto de interesse no terreno (por exemplo, um campo ou nm; banda 2 = 525 - 605 nm; banda 3 = 640 - 690 nm,
talhão de milho), e o sistema de sensoriamento remoto; e banda 4 = 750 - 900 nm). Há espaços entre as sensibili
dades espectrais dos detectores. Observe que esse sistema
P = polarização da energia retroespalhada registrada pelo de câmera digital também é sensível à energia refletida no
sensor; e comprimento de onda do azul.
Q = resolução radiométrica (precisão) com que os dados A terminologia mencionada anteriormente é tipicamente
(i.e., radiação refletida, emitida, ou retroespalhada) foram usada para descrever a resolução espectral nominal de um sen
registrados pelo sistema de sensoriamento remoto. sor. Entretanto, é difícil criar um detector que tenha limites
de comprimento de onda extremamente bem definidos tais
E interessante revisar brevemente as características dos parâ como aqueles mostrados na Figura l-6a. Mais propriamen
metros associados com a Equação 1-1 e como eles influenciam te, o método mais preciso para estabelecer o intervalo de
a natureza dos dados de sensoriamento remoto coletados. comprimento de onda é observar a forma Gaussiana típica
da sensibilidade do detector, como mostrado no exemplo da
Informação Espectral e Resolução Figura 1-6b. O analista então determina a Largura Com
pleta na Metade do Máximo (FW HM ). Neste exemplo hi
A maioria das pesquisas de sensoriamento remoto é ba potético, a banda 3 do infravermelho próximo do M SS do
seada no desenvolvimento de uma relação determinística Landsat em análise é sensível à energia entre 700 e 800 nm.
(i.e., um modelo) entre a quantidade de energia eletro
magnética refletida, emitida, ou retroespalhada em bandas Um instrumento hiperespectral de sensoriamento remoto
ou frequências específicas e as características químicas, bio adquire os dados tipicamente em centenas de bandas es
lógicas e físicas dos fenômenos em investigação (p.ex., um pectrais (Goetz, 2002). Por exemplo, o Airborne Visible
dossel de campo de milho). Resolução espectral é o número Infrared Imaging Spectrometer (AVIRIS) tem 224 bandas
e a dimensão (tamanho) de intervalos de comprimentos na região de 400 a 2.500 nm espaçadas de apenas 10 nm
de onda específicos (chamados de bandas ou canais) no entre elas com base no critério de FW HM (Clark, 1999;
espectro eletromagnético aos quais um instrumento de NASA, 2006). Um cubo de dados hiperespectrais AVIRIS
sensoriamento remoto é sensível. de uma porção da área da Usina Nuclear de Savannah Ri-
ver, perto de Aiken, Carolina da Sul, é mostrado na Figura
Os sistemas de sensoriamento remoto imiltiespectrais re 1-7. O sensoriamento remoto ultraespectralenvolve a cole
gistram a energia em múltiplas bandas do espectro ele ta de dados em muitas centenas de bandas.
tromagnético. Por exemplo, nos anos 1970s e início dos
1980s, o Multispectral Scanner do Landsat (M SS) regis Certas regiões ou bandas espectrais do espectro eletromag
trou dados de sensoriamento remoto de grande parte da nético são ótimas para obter informações sobre parâmetros
Terra que ainda são de valor significativo para estudos de biofísicos. As bandas são normalmente selecionadas para ma
detecção de mudanças. As larguras das quatro bandas do ximizar o contraste entre o objeto de interesse e o seu subs
M SS são mostradas na Figura l-6a (banda 1 = 500 - 600 trato (i.e., o contraste objeto—substrato). A seleção cuidadosa
nm; banda 2 = 600 - 700 nm; banda 3 = 700 - 800 nm; das bandas espectrais pode melhorar a probabilidade de que
e banda 4 = 800 - 1.100 nm). A largura nominal de uma a informação desejada vá ser extraída do sensor remoto.
O Processo do Sensoriamento Remoto 17
Resolução Espectral
M ultispectral Scanner do Landsat (M SS)
G R NIR Infravermelho
próximo
1 2 3 banda 4
I-----1-----C— l------1----- 1----- 1----- 1
0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1
banda do v<
(525 - 605
banda do vermelho
(640 - 690 nm)
banda do infravermelho
próximo (750 - 900 nm)
Figura 1-6 a) Intervalos espectrais das quatro bandas (verde, vermelho, e duas no infravermelho próximo) do Multispectral Scanner do
Landsat (MSS) comparados com os intervalos espectrais de uma câmera métrica digital ADAR 5500. b) O intervalo espectral
verdadeiro é a largura do perfil espectral de uma forma Gaussiana na Largura Completa na Metade da Máxima (FWHM)
intensidade (Clark, 1999). Este exemplo tem intervalo espectral de 0,1 pm (100 nm) entre 700 e 800 nm. c) Se desejável, é
possível coletar energia refletida numa única banda do espectro eletromagnético (p.ex., 750 - 900 nm). Esta é uma imagem do
ADAR 5500 de 0,33 x 0,33 m de resolução espacial no infravermelho próximo, d) Sensores multiespectrais coletam dados em
múltiplas bandas do espectro eletromagnético (as imagens são uma cortesia da Positive Systems, Inc.).
Informação e Resolução Espacial fica padrão, a informação espacial associada com cada cristal
de baleto de prata ou pixel é de valor significativo porque
A maioria dos estudos de sensoriamento remoto registra os ela permite que a informação derivada do sensoriamento
atributos espaciais dos objetos no terreno. Por exemplo, cada remoto seja usada com outros dados espaciais num GIS ou
cristal de baleto de prata numa fotografia aérea analógica e sistema de suporte à decisão (Jensen et al., 2002).
cada elemento de imagem (pixel) numa imagem digital de
sensoriamento remoto está localizado numa posição especí Há uma relação geral entre o tamanho de um objeto ou
fica na imagem e associado com coordenadas x,y específicas área a ser identificada e a resolução espacial de um sistema
no terreno. Uma vez retificada para uma projeção cartográ de sensoriamento remoto. Resolução espacialé uma medida
18 C A P ÍT U L O 1 Sensoriamento Remoto do Ambiente
C ubo de D ados H iperespectrais do Airborne Visible tro do círculo (D )1 no terreno é uma função do campo de
Infrared Im aging Spectrom eter (AVIRIS) da área da visada instantâneo ((3) vezes a altitude (H) do sensor sobre
Usina do Savannah River próxim a a Aiken, o nível do terreno (AGL) (Figura 1-2):
na C arolina do Sul.
D = (3 x H (1-2)
Resolução Espacial
40 x 40 m 80 x 80 m 1 10 20 80 m
Figura 1-8 Imagem de uma área residencial próxima a Mechanicsville, Nova Iorque, obtida em I o de Junho de 1998, na escala nominal de
0,3 x 0,3 m usando uma câmera digital (cortesia da Litton Emerge, Inc.). Os dados originais foram reamostrados para gerar a
imagem com as resoluções espaciais simuladas mostradas.
ber et al., 2002). A projeção do pulso de laser no terreno Informação e Resolução Temporal
pode ser muito pequena (p.ex., 1 0 - 1 5 cm de diâmetro)
com amostras localizadas aproximadamente a cada 1 a 6 Uma das coisas de muito valor quanto à ciência do senso
m no terreno. A resolução espacial seria apropriadamente riamento remoto é que ela obtém um registro das feições
descrita pela projeção do pulso de laser no terreno (p.ex., da Terra num momento único no tempo. Registros múl
15 cm), mas a densidade de amostragem (i.e., o número de tiplos da mesma feição terrestre obtidos através do tempo
pontos por unidade área) descreve a frequência das obser podem ser úteis para identificar processos em desenvolvi
vações no terreno (Hodgson et al., 2005). mento e fazer previsões.
Com o temos informação espacial sobre a localização de A resolução temporal de um sistema de sensoriamento re
cada pixel (x,y) na imagem matricial, é também possível moto geralmente se refere a quão frequentemente o sen
examinar a relação espacial entre um pixel e seus vizinhos. sor registra imagens de uma área particular. A resolução
Consequentemente, a magnitude de auto-correlação es temporal do sistema sensor mostrado na Figura 1-9 é de
pectral e outras medidas geoestatísticas espaciais podem 16 dias. Idealmente, o sensor obtém dados repetitivamente
ser determinadas com base na informação espacial inerente para captar características discriminativas singulares de um
na imagem (Walsh et al., 1999; Jensen, 2005). objeto sob investigação (Haack et al., 1997). Por exemplo,
20 C A P ÍT U L O 1 Sensoriamento Remoto do Ambiente
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10 m 100 m 10 km 100 km
Resolução Espacial Nomi nal
Figura 1-10 Há considerações sobre resolução espacial e temporal que precisam ser feitas para certas aplicações (Prancha Colorida
1-1). Um maior detalhamento dos requisitos espaciais e temporais para aplicações urbanas encontra-se no Capítulo 13.
Figura 1-11 Trechos de ortofotos digitais de uma área próxima a Atlanta, Geórgia. Esses dados ficam no banco de dados da Geórgia
Spatial Data Infrastructure e são úteis para o monitoramento da mudança de uso-da-terra ao longo do tempo e do pro
cesso de urbanização.
22 C A P ÍT U L O 1 Sensoriamento Remoto do Ambiente
8 bits
(0-255) H á sempre um ângulo de incidência associado à energia
incidente que ilumina o terreno e um ângulo de exitância
9 bits
-O (0-511) do terreno para o sistema sensor. Sabe-se que esta na
10 bits tureza bidirecional da coleta de dados de sensoriamento
-O (0-1023) remoto influencia as características espectrais e de pola
rização da radiância no sensor, L, registrada pelo sistema
Figura 1-12 A resolução radiométrica de um sistema de sensoria
de sensoriamento remoto.
mento remoto é a sensibilidade dos seus detectores a
diferenças na potência do sinal ao registrarem o fluxo
radiante refletido, emitido ou retroespalhado pelo ter Um goniômetro pode ser usado para documentar as m u
reno. A energia normalmente é quantizada durante o danças de radiância no sensor, L , causadas pela mudança
processo de conversão analógico-para-digital (A-D) em da posição do sensor e/ou da fonte de iluminação (p.ex.,
8, 9, 10 bits ou mais. o Sol) (Figura l-13b). Por exemplo, a Figura 1-13c apre
senta gráficos tridimensionais dos dados de B R D F de
grama (Spartina alterniflora) coletados às 8 a.m., 9 a.m.,
Informação de Polarização 12 p.m., 4 p.m. de 21 de março de 2000, para a banda
de 624,20 nm. A única coisa que m udou entre as obser
As características de polarização da energia eletromagnéti vações foi o ângulo azimutal e zenital do Sol. Os ângulos
ca registradas por um sistema de sensoriamento remoto são azimutais e zenitais do espectrorradiômetro foram m an
uma variável importante que pode ser usada em muitas das tidos constantes enquanto se visava a grama em estudo.
investigações dos recursos terrestres (Curran et al., 1998). A Idealmente, os gráficos de B R D F seriam idênticos, su
luz solar é fracamente polarizada. Entretanto, quando a luz gerindo que não importa em que hora do dia coletamos
solar atinge um objeto não-metálico (p.ex., grama, floresta, os dados de sensoriamento remoto, uma vez que as ca
ou concreto) ela se torna despolarizada e a energia incidente racterísticas de reflectância espectral da grama lisa per
é espalhada diferenciadamente. Geralmente, quanto mais manecem constantes. Fica claro que este não é o caso e
lisa a superfície, maior é a polarização. É possível usar filtros que a hora do dia influencia a resposta espectral. O Mul-
de polarização em sistemas de sensoriamento remoto pas tiangle Imaging Spectroradiometer (M ISR ), a bordo do
sivos (p.ex., câmeras aéreas) para registrar a luz polarizada satélite Terra, foi planejado para investigar os fenômenos
em vários ângulos. Também é possível transmitir e receber de BRDF. A pesquisa continua sobre como incorporar a
seletivamente energia polarizada usando sistemas ativos de informação de BR D F no sistema de processamento de
sensoriamento remoto, como o RADAR (p.ex., enviar ra imagens digitais para melhorar nosso entendimento do
diação polarizada horizontal, receber radiação polarizada que é registrado numa imagem de sensoriamento remo
vertical - HV; enviar vertical, receber horizontal - VH; en to (Sandmeier, 2000; Schill et al., 2004). A informação
viar vertical, receber vertical —W ; enviar horizontal, receber angular é central para usar os dados de um sensor remoto
horizontal - HH). A imagem de RADAR multipolarizada é em aplicações fotogramétricas. A análise de uma imagem
uma aplicação especialmente útil da energia polarizada. estereoscópica é baseada na pressuposição de que o senso
riamento remoto de um objeto no terreno dá-se a partir
Informação Angular de dois ângulos. A visada do mesmo terreno sob duas vi
sadas diferentes introduz a paralaxe estereoscópica, que é o
Os sistemas de sensoriamento remoto registram caracterís fundamento para a análise fotogramétrica estereoscópica e
ticas angulares muito específicas associadas com cada cristal radargramétrica (Light e Jensen, 2002).
de haleto de prata exposto ou pixel (Barnsley, 1999). As ca
racterísticas angulares são uma função da (Figura 1-13a): Sistemas Suborbitais (Aeronave) de
Sensoriamento Remoto
• localização na esfera tridimensional da fonte de ilumi
nação (p.ex., o Sol para um sistema passivo ou o pró Câmeras fotogramétricas de alta qualidade montadas a
prio sensor no caso do RADAR, LIDAR e SONAR) e bordo de aeronaves continuam a fornecer fotografias aéreas
seus ângulos azimutais e zenitais associados, para muitas aplicações em recursos terrestres. Por exemplo,
o U.S. Geological Surveys National Aerial Photography
• da orientação da face do terreno (pixel) ou cobertura Program (NAPP) sistematicamente coletava fotografias aé
do terreno (p.ex., vegetação) sob investigação, e reas preto e branco ou infravermelhas coloridas na escala de
O Processo do Sensoriamento Remoto 23
T) o
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CL,
Banda 624,20 nm 8:00 a.m. 0. 20.4 ° tp 103.4° Banda 624,20 nm 9:00 a.m. 0. 32.3°(pi 113.0°
Banda 624,20 nm 12:00 p.m. 0. 57.1°(p. 169.0° Banda 624,20 nm 4:00 p.m. 0 29.8°($ 248.7°
c. Comparação dos gráficos horários e tridimensionais dos dados de BRDF do capim praturá (Spartina alterniflora) às 8 a.m., 9
a.m., 12 p.m., e 4 p.m. num campo vegetado em 21-22 de Março de 2000, para a banda de 624,20 nm.
Figura 1-13 a) Conceitos e parâmetros da função de distribuição da reflectância bidirecional (BRDF). Um alvo recebe uma irradiância (dE)
a partir de um ângulo Solar zenital e azimutal específico, e o sensor registra a radiância (dL} emergindo do alvo de interesse
num ângulo azimutal e zenital específico, b) O Goniômetro de Campo de Sandmeier fazendo medições de BRDF em gramínea
capim praturá (Spartina alterniflora) em North Inlet, Carolina do Sul. As medições espectrais são feitas com o ângulo zenital do
Sol 0. e ângulo azimutal do Sol (p., e um ângulo zenital do sensor 0 e ângulo azimutal do sensor (p. Um espectrorradiômetro
GER 3700, acoplado à plataforma móvel deslizante no arco zenital, registra a quantidade de radiância que deixa o alvo em 704
bandas e 76 ângulos (Sandmeier, 2000; Schill et al., 2004). c) Gráficos horários tridimensionais de dados BRDF.
24 C A P ÍT U L O 1 Sensoriamento Remoto do Ambiente
1:40.000 da maior parte do Estados Unidos a cada cinco O International Geosphere-Biosphere Program (IGBP -
ou 10 anos. Alguns desses dados fotogramétricos agora es Programa International de Geosfera - Biosfera) e o Uni
tão sendo coletados usando câmeras métricas digitais. Além ted States Global Change Research Program (U SG C R P
disso, sofisticados sistemas de sensoriamento remoto são - Programa de Pesquisa em Mudanças Globais dos Estados
rotineiramente montados em aeronaves para fornecerem Unidos) visam à pesquisa científica para esclarecer e enten
dados de sensoriamento remoto em altas resoluções espa der os processos interativos físicos, químicos e biológicos
ciais e espectrais. Os exemplos incluem sensores hiperespec- que regulam todo o sistema terrestre. O sistema espacial de
trais tais como o AVIRIS da NASA, o Canadian Airborne sensoriamento remoto é uma parte integrante desses pro
Imaging Spectrometer (CASI - Espectrômetro Imageador gramas de pesquisa porque fornece o único meio de obser
Aerotransportado), e o sistema hiperespectral australiano vação dos ecossistemas globais de uma forma consistente
HyMap. Esses sensores podem coletar dados sob demanda e sinóptica. O Earth Science Enterprise (ESE - Programa
quando ocorrem desastres (por exemplo, derramamentos de Ciência Terrestre) da NASA é o nome dado ao plano
de óleo ou enchentes) se as condições de cobertura de nu coordenado para fornecer as plataformas e instrumentos
vem assim o permitirem. Também há numerosos radares, orbitais necessários e um Sistema de Dados e Informações
como o Star-3/ da Intermap, que podem voar em aerona para o Sistema de Observação da Terra (Earth Observing
ves dia e noite e sob tempos inclementes. Infelizmente, os System Data and Information System - EO SD IS), e pes
dados de sensores remotos suborbitais geralmente têm um quisas científicas relacionadas para o IGBP. O Sistema de
alto custo por km2. A turbulência também pode fazer com Observação da Terra (Earth Observing System - EO S) é
que os dados tenham severas distorções geométricas, que uma série de satélites que orbitam a Terra e que fornecerão
podem ser de difícil correção. observações globais por 15 anos ou mais. Os primeiros sa
télites foram lançados no final dos anos 1990s. O EO S é
Sistemas de Sensoriamento Remoto por Satélite complementado por missões e instrumentos em parcerias
Atuais e Propostos internacionais. Por exemplo, a Missão de Mapeamento
da Chuva Tropical (Tropical Rainfall M apping Mission -
Os sistemas de sensoriamento remoto a bordo de satélites T RM M ) é uma missão conjunta NASA/Japão.
fornecem dados de alta qualidade e relativamente baratos
quando analisados por km 2. Por exemplo, os satélites Eu- O Plano Científico do EOS: Asrar e Dozier (1994) conce
ropean Remote Sensing (ERS-1 e 2) coletam imagens de beram a condução da ciência do sensoriamento remoto como
micro-ondas ativas (RADAR) na banda C com resolução parte do ESE da NASA. Sugeriram que a Terra consiste de
espacial de 26 x 28 m mesmo através das nuvens. Da dois subsistemas: 1) o clima físico, e 2) os ciclos biogeoquí-
mesma forma, o RADARSAT da Agência Espacial C a micos ligados pelo ciclo hidrológico global, como mostrado
nadense obtém imagens de micro-ondas ativas na banda na Figura 1-14. O subsistema de clima físico é sensível a flu
C. Os Estados Unidos fizeram progresso com os siste tuações no balanço de radiação da Terra. As atividades huma
mas de varredura multiespectrais (M SS/Landsat lançado nas têm causado mudanças no mecanismo de aquecimento
em 1972), e com sistemas mais avançados de varredu radiativo do Planeta que iguala ou excede as mudanças na
ra (Enhanced Them atic M apper Plus, do Landsat-7 em turais. Os aumentos dos gases de efeito estufa entre 1765 e
1999). O Land Remote Sensing Policy Act (Ato N or 1990 causaram uma forçante radiativa de 2,5 W m'2. Se essa
mativo de Política de Sensoriamento Remoto Terrestre) taxa for mantida, pode resultar num acréscimo da tempera
de 1992, dos Estados Unidos, especificou o futuro dos tura média global de cerca de 0,2 a 0,5 °C por década du
programas norte americanos de satélites de sensoriamen rante este século. As erupções vulcânicas e a capacidade dos
to remoto (Asker, 1992; Jensen, 1992). Infelizmente, o oceanos para absorver calor podem impactar as projeções.
Landsat-6 com o seu Enhanced Them atic M apper não Não obstante, as seguintes questões estão sendo colocadas
atingiu a órbita quando lançado em 5 de Outubro de usando sensoriamento remoto (Asrar e Dozier, 1994):
1993. O Landsat-7 foi lançado em 13 de Abril de 1999
para minimizar o problema norte americano de ausên • Como as nuvens, vapor d’água, e aerossóis mudam os ba
cia de dados de sensoriamento remoto terrestre. Infeliz- lanços de radiação e calor terrestre com o acréscimo das
mente, ele agora enfrenta sérios problemas com o seu concentrações atmosféricas dos gases de efeito estufa?
corretor de linhas de varredura. O Capítulo 7 revisa os
planos de proposta de continuidade da missão do Land- • Com o os oceanos interagem com a atmosfera no trans
sat —Landsat Data Continuity Mission. Enquanto isso, porte e absorção de calor?
os franceses foram pioneiros no desenvolvimento da tec
nologia de matrizes lineares para sensoriamento remoto, • Como as propriedades da superfície terrestre, como a neve
com o lançamento dos satélites SPOT-1 ao 5 em 1986, e a cobertura de gelo, evapotranspiração, uso da terra ur-
1990, 1993, 1998, e 2002, respectivamente. bana/suburbana, e a vegetação influenciam a circulação?
O Processo do Sensoriamento Remoto 25
Os ciclos biogeoquímicos da Terra também têm sido mu 36 bandas espectrais da superfície terrestre e oceânica, da
dados pelo ser humano. O dióxido de carbono atmosféri temperatura, da produtividade primária, da cobertura da
co aumentou em 30% desde 1859, o metano em mais de superfície terrestre, nuvens, aerossóis, vapor d’água, perfis
100%, e as concentrações de ozônio na estratosfera têm de temperatura, e incêndios florestais.
diminuído, causando aumentos nos níveis de radiação ul
travioleta que atingem a superfície terrestre. As pesquisas O Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflec-
em mudanças globais ressaltam as seguintes questões: tion Radiometer (A STER - Radiômetro Espacial Avan
çado de Emissão Térmica e Reflexão) tem cinco bandas
• Que papel os componentes da biosfera oceânica e ter na região do infravermelho termal entre 8 e 12 pm com
restre desempenham na mudança do balanço global de pixels de 90 m. Ele também tem três bandas largas entre
carbono? 0,5 e 0,9 pm com pixels de 15 m e capacidade estéreo,
e seis bandas na região do infravermelho de ondas curtas
• Que efeitos nos ecossistemas naturais e manejados são (1,6 - 2,5 pm) com resolução espacial de 30 m. O AS
causados pelo acréscimo de dióxido de carbono e de T E R é o sistema sensor que tem a melhor resolução es
posição ácida, alterações nos padrões de precipitação, pacial na plataforma Terra do EO S e fornece informação
e mudanças na erosão dos solos, química dos rios, e sobre a temperatura superficial, que pode ser usada em
concentração de ozônio na atmosfera? modelos de evapotranspiração.
O ciclo hidrológico liga os ciclos biogeoquímicos e o clima O Multiangle Imaging SpectroRadiom eter (M ISR - Es-
físico. As mudanças de fase da água em seu estado gasoso, pectrorradiômetro Imageador Multiangular) tem nove
líquido e sólido envolvem o armazenamento e a liberação câmeras de varredura eletrônica baseadas em dispositi
de calor latente; assim, ele influencia a circulação atmos vos de carga acoplada (C C D ) para observar a Terra em
férica e redistribui globalmente a água e o calor (Asrar e quatro bandas espectrais e em nove ângulos de visada.
Dozier, 1994). O ciclo hidrológico é o processo integrador Ele fornece dados de nuvens, aerossóis atmosféricos, e
para os fluxos de água, energia e elementos químicos entre visadas em múltiplos ângulos de desertos, vegetação e
os componentes do sistema terrestre. Questões importan cobertura de gelo da Terra. O Clouds and the Earths
tes a serem assinaladas incluem essas três: Radiant Energy System (C E R E S - Sistema de Nuvens e
Energia Radiante Terrestre) consiste de dois radiômetros
• Como a variabilidade atmosférica, as atividades humanas de varredura que medem o balanço de radiação terres
e as mudanças climáticas afetam os padrões de umidade, tre e fornecem estimativas de propriedades das nuvens
precipitação, evapotranspiração e umidade do solo? para avaliar seu papel nos fluxos radiativos da superfície
da Terra para o topo da atmosfera. Finalmente, o Me-
• Com o a umidade do solo varia no tempo e no espaço? asurements o f Pollution in the Troposphere (M O P IT T
- Sistema de Medição de Poluição na Troposfera) é um
• Podemos prever mudanças no ciclo hidrológico glo radiômetro de varredura que fornece informação sobre
bal usando modelos e sistemas de observações atuais e a distribuição, transporte, fontes e sum idouros de m o
futuros? nóxido de carbono e metano na troposfera.
Essas e outras questões científicas são atualmente articu O Projeto Preparatório (NPP - Preparatory Projet to
ladas nas áreas focais da Ciência do Sistema Terrestre da N PO ESS) do National Polar-Orbiting Operational Envi-
NASA (Asrar, 2004). Os modelos que levam em conta ronmental Satellite System (N PO ESS - Sistema Nacional
essas questões científicas requerem sofisticadas medições de Satélites Ambientais Operacionais de Órbita Polar) a
de sensoriamento remoto. Para este fim, o satélite Terra ser lançado ampliará as medições chaves do EO S como
do EO S foi lançado em 18 de Dezembro de 1999. Ele suporte ao monitoramento de longo prazo das tendências
contém cinco instrumentos de sensoriamento remoto climáticas e da produtividade biológica global até que o
(M O D IS, A STER, M ISR, CERES, e M O PIT T) proje N PO ESS possa ser lançado em algum momento do fu
tados para considerarem muitos desses tópicos de pesqui turo. O NPP conterá instrumentos parecidos com os do
sa (King, 2003). O satélite Aqua do EO S foi lançado em M O D IS, tais como o Visible Infrared Imaging Radiome
Maio de 2002. O Moderate Resolution Imaging Spectro- ter Suite (VIIRS - Conjunto de Radiômetros Imageadores
radiometer (M O D IS - Espectrômetro Imageador de Re no Visível e Infravermelho). Com uma vida útil projetada
solução Moderada) tem 36 bandas de 0,405 a 14,385 pm de cinco anos, o NPP fornecerá dados entre o final das
que coletam dados com resoluções espaciais de 250 x 250 vidas úteis projetadas dos satélites Terra e Aqua do EO S e
m, 500 x 500 m, e 1 x 1 km. O M O D IS cobre a superfície o lançamento do N PO ESS (NOAA N PO ESS, 2006).
terrestre inteira a cada 1 ou 2 dias, fazendo observações em
26 C A P ÍT U L O 1 Sensoriamento Remoto do Ambiente
Funções
Forçantes
Externas
----------V----------------------
Sistem a Clim ático Físico Ciclos Biogeoquím icos
Biogeoquímica
Dinâmica marinha
oceânica
Energia e
umidade Ecossistemas
terrestre terrestres
Química do solo
e da água
Mudança
Climática D ióxido de Carbono e outros Gases-Traços
Figura 1-14 O sistema Terra pode ser subdividido cm dois subsistemas - o sistema climático tísico c os ciclos biogeoquímicos —que são
ligados pelo ciclo hidrológico global. Alterações significativas nas funções forçantes externas c nas atividades humanas têm
impacto no sistema climático físico, nos ciclos biogeoquímicos, e no ciclo hidrológico global. O exame desses subsistemas e
suas ligações definem as questões críticas que o Sistema de Observação da Terra (EOS - Earth Observing System), da NASA,
está tentando responder (adaptado de Asrare Dozier, 1994).
Empresas Comerciais: A Space Imaging, Inc., lançou Análise de Dados de Sensoriamento Remoto
o IK O N O S-2 em 24 de setembro de 1999. O sistema
sensor do IK O N O S-2 tem uma banda pancromática e
quatro bandas multiespectrais de 4 x 4 m (Tabela 1-3). Os dados de um sensor remoto são analisados usando uma
A DigitalGlobe, Inc., lançou o QuickBird em 18 de O u variedade de técnicas de processamento de imagens (Figu
tubro de 2001, com uma banda pancromática e quatro ras 1-5 e 1-15), incluindo:
bandas multiespectrais de 2,44 x 2,44 m. A Orbimage,
Inc., lançou o OrbView-3 em 26 Junho de 2003 com • Processamento analógico (visual) de imagens, e
uma banda pancromática de 1 x lm e bandas multies
pectrais de 4 x 4m. • Processamento digital de imagens.
O Processo do Sensoriamento Remoto 27
As análises analógica e digital de dados de sensoriamento pessoal antecedente e informações colaterais. Então, con
remoto buscam detectar e identificar Fenômenos impor vergimos todas essas evidências para identificar fenômenos
tantes na cena. Uma vez identificados, geralmente os fenô nas imagens e julgar sua significância. Medições precisas
menos são medidos, e a informação é usada na solução de dos objetos (comprimento, área, perímetro, volume, etc.)
problemas (Estes et al., 1983; Haack et al., 1997). Assim, podem ser feitas usando técnicas fotogramétricas aplicadas
tanto a análise visual como a digital têm os mesmos fins seja a imagens monoscópicas (fotos isoladas) ou a imagens
genéricos. Entretanto, para atingir esses objetivos é preciso estereoscópicas (imagens com sobreposições). Muitos li
seguir diferentes percursos. vros foram escritos sobre como fazer interpretação visual
de imagens e medição fotogramétrica. Há um ressurgi
Os seres humanos são adeptos da interpretação visual de mento na arte e ciência da interpretação visual de imagens
imagens produzidas por certos tipos de dispositivos de à medida que os sistemas digitais de sensoriamento remoto
sensoriamento remoto, especialmente de câmeras. Po fornecem imagens cada vez mais com maior resolução es
deriamos perguntar, “por que tentar imitar ou melhorar pacial. Muitos estão mostrando imagens IK O N O S 1 x 1
esta capacidade?” Primeiro, há certos limiares acima dos m e QuickBird 6 1 x 6 1 cm na tela de computadores e in
quais o intérprete humano não pode detectar “pequenas terpretando visual mente os dados. Os dados também são
diferenças” na imagem. Por exemplo, é sabido que um frequentemente usados como mapas-bases em projetos de
analista pode discriminar apenas cerca de nove níveis de GIS (Clark, 2001).
cinzas ao interpretar uma fotografia preto e branco de
tons contínuos. Se os dados forem originalmente grava Processamento Digital de Imagens
dos com 256 níveis de cinza, haveria mais informações
sutis presentes na imagem do que o intérprete poderia Os cientistas têm feito significativos avanços no processa
extraí-las visualmente. Além disso, o intérprete traz para mento digital de imagens de sensoriamento remoto para
o trabalho toda a pressão do dia a dia, tornando a in visualizações científicas e testes de hipóteses (p.ex., Estes e
terpretação subjetiva e geralmente não-reproduzível. Por Jensen, 1998; Townshend e Justice, 2002; Kraak, 2003). Os
outro lado, os resultados obtidos pelo computador são métodos estão resumidos em Donnay et al. (2001), Boss-
reproduzíveis (mesmo quando errados!). Também, quan ler et al. (2002), Jensen (2005) e outros. O processamento
do é necessário manter o registro de uma grande quan digital de imagens faz uso de muitos elementos de interpre
tidade de informação quantitativa detalhada, como as tação de imagens usando as técnicas resumidas na Figura
características espectrais de um campo vegetal agrícola 1-15. Os principais tipos de processamento digital de ima
durante uma estação de crescimento para fins de identi gens incluem o pré-processamento de imagens (correções
ficação de culturas, o computador é muito prático para radiométricas e geométricas), o realce das imagens, o reco
armazenar e manipular tais informações tediosas e possi nhecimento de padrões usando estatísticas inferenciais, o
velmente obter uma conclusão mais definitiva sobre qual processamento fotogramétrico de imagens usando imagens
cultura está em crescimento naquele campo. Isso não estereoscópicas, sistemas especialistas (árvores de decisão) e
significa dizer que o processamento digital de imagens análises de imagens usando redes neurais, análises de dados
seja superior à análise visual de imagens. Significa apenas hiperespectrais, e detecção de mudanças (Figura 1-5).
que pode haver situações em que a abordagem digital seja
mais adequada ao problema em apreço. Frequentemente Correção Radiom étrica de D ados de Sensores Rem o
são obtidos ótimos resultados usando uma combinação tos: Imagens analógicas e digitais provenientes de sen
sinérgica de ambos os processamentos de imagens, tanto sores remotos podem conter ruídos ou erros que foram
digital quanto visual. introduzidos pelo sistema sensor (p.ex., ruído eletrôni
co) ou pelo ambiente (p.ex., espalhamento atm osféri
Processamento Analógico (Visual) de Imagens co da luz na direção do cam po de visada do sensor).
Têm havido avanços na nossa habilidade de remover
Os seres humanos usam os elementos fundamentais de esses efeitos deletérios por meio de técnicas simples de
interpretação de imagens apresentados na Figura 1-15, in normalização de imagens, e de técnicas mais avançadas
cluindo escala de cinza, tom, cor, altura (profundidade), de calibração radiométrica absoluta dos dados para a
tamanho, forma, sombra, textura, localização, associação reflectância superficial escalonada (para dados ópticos).
e arranjo. A mente humana é muito boa para reconhe Os dados calibrados de um sensor remoto permitem
cer e associar esses elementos complexos numa imagem que imagens e produtos derivados obtidos em diferentes
ou fotografia porque nós constantemente processamos (a) datas sejam comparados (p.ex., para medir a mudança
vistas de perfil das feições da Terra todo dia, e (b) imagens no índice de área foliar entre duas datas). Os princípios
vistas em livros, revistas, televisão e internet. Além disso, fundamentais de processamento digital de imagem são
somos competentes em juntar todo o nosso conhecimento discutidos em Jensen (2005).
28 C A P ÍT U L O 1 Sensoriamento Remoto do Ambiente
• Tons de cinza (do preto ao branco) • Valores de brilho em 8 - 1 2 bits ou escalonados para
reflectância ou emitância de superfície
• Cor (RGB = vermelho, verde, azul) • Tabelas de conversão de cores em 24 bits
- Composições coloridas RGB multibandas
- Transformações (p.ex., intensidade, matiz, saturação)
• Altura (elevação) c profundidade • Fotogrametria computadorizada, radargrametria,
interferometria RADAR, LIDAR, SO NA R
• Tamanho (comprimento, área, perímetro, volume) • Fotogrametria computadorizada, radargrametria,
interferometria RADAR
• Forma • Fotogrametria computadorizada, radargrametria,
interferometria RADAR, métricas de ecologia da
paisagem, segmentação de imagens orientada ao objeto
• Textura • Transformações de textura, análise geoestatística,
análises fractais
• Padrão • Auto-correlação, análise geoestatística, métricas de
ecologia da paisagem, análises fractais
• Sombra • Fotogrametria computadorizada, radargrametria,
medições a partir de imagens retificadas
• Local • Análise contextual, sistemas especialistas, redes neurais
• Associação • Análise contextual, sistemas especialistas, redes neurais
• Arranjo • Análise contextual, sistemas especialistas, redes neurais
Figura 1-15 Os processamentos analógico (visual) e digital de imagens de sensoriamento remoto usam os elementos de interpretação de imagens.
Correção Geométrica de D ados de Sensores Remotos: analógicas ou digitais que de outra forma seriam perdidas.
A maioria dos dados analógicos e digitais de sensores re Foram feitos avanços significativos na nossa habilidade
motos é agora processada de tal forma que os elementos para realçar contrastes e filtrar dados para realçar compo
de imagens individuais fiquem em suas posições plani- nentes de alta ou baixa frequência, bordas e texturas em
métricas apropriadas numa projeção cartográfica padrão. imagens (p.ex., Emerson et al., 1999). Além disso, os da
Isto facilita o uso da imagem e produtos derivados em dos de sensores remotos podem ser linearmente e/ou não-
sistemas de suporte à decisão espacial ou em GIS. linearmente transformados em informação que seja mais
altamente correlacionada com os fenômenos do mundo
Realce de Imagens: As imagens podem ser realçadas di- real por meio de análises de componentes principais e vá
gitalmente para identificar informações sutis em imagens rios índices de vegetação (Townshend e Justice, 2002).
O Processo do Sensoriamento Remoto 29
Fotogrametria: Avanços significativos foram feitos na aná cativo aumento no desenvolvimento do uso de redes neurais
lise de dados estereoscópicos de sensores remotos obtidos artificiais (ANN - Artificial Neural Networks) para aplica
por plataformas aerotransportadas ou por satélites usando ções de sensoriamento remoto (p.ex., Qiu e Jensen, 2005).
estações de trabalho computadorizadas e algoritmos de A A N N não precisa de dados de treinamento normalmente
processamento fotogramétrico de imagens digitais (p.ex., distribuídos. A A N N pode incorporar virtualmente qualquer
Adams e Chandler, 2002). Imagens digitais trabalhadas tipo de dados distribuídos espacialmente na classificação. O
em estações de trabalho fotogramétricas podem ser usadas único inconveniente é que algumas vezes é difícil determi
para extrair modelos digitais de elevação precisos (DEM s) nar exatamente como a A N N chega a uma certa conclusão
e ortofotografias corrigidas diferencialmente a partir de fo porque a informação é conjugada com os pesos nas camadas
tografias aéreas ou imagens trianguladas (Light e Jensen, ocultas. Os cientistas estão trabalhando numa maneira de ex
2002; Linder, 2003). A tecnologia está revolucionando o trair a informação oculta de tal forma que as regras usadas
modo como os D EM s e as ortofotos são produzidos para possam ser mais formalmente estabelecidas. A habilidade de
aplicações rurais e urbanas/suburbanas. uma A N N para aprender não deve ser subestimada.
Extração de Informação Paramétrica: Cientistas ten Extração de Informação Não-Métrica: E difícil fazer um
tando extrair informação de cobertura da terra a partir de computador entender e usar as regras heurísticas práticas e
dados de sensoriamento remoto agora rotineiramente es o conhecimento que um especialista humano usa ao inter
pecificam se a classificação vai ser: pretar uma imagem. Não obstante, tem havido progresso
no uso da inteligência artificial (AI) para tentar fazer com
• rígida (hard) com classes discretas e mutuamente ex que os computadores façam coisas que, no momento, as
clusivas, ou nebulosa (fuzzy), onde são extraídas as pro pessoas fazem melhor. Uma área de AI que tem grande po
porções dos materiais no interior dos pixels (Seong e tencial na análise de imagens é o uso de sistemas especialis
Usery, 2001); tas que colocam toda a informação contida numa imagem
num contexto apropriado com dados auxiliares e extraem
• baseada em pixels individuais (chamada de classificação informações valiosas. Duda et ah (2001) descrevem vários
por pixel) ou se será usado um algoritmo de segmenta tipos de classificadores do tipo sistemas especialistas basea
ção de imagens orientada ao objeto que leve em con dos em árvore de decisão como sendo não-métricos.
ta não apenas as características espectrais de um pixel,
mas também as características espectrais dos pixels da As técnicas de classificação digital de imagens paramé-
vizinhança contextual. Assim, os algoritmos levam em tricas são baseadas primariamente em estatísticas bási
conta a informação espectral e espacial (Herold et al., cas, tais como média, variância e matrizes de covariân
2003; Hodgson et ah, 2003a; Tullis e Jensen, 2003). cia. Classificadores de árvore de decisão ou baseados em
regras não são baseados em estatísticas inferenciais, mas
Uma vez colocados esses assuntos, trata-se de determi sim no “deixe os dados falarem por si mesmos” (Gahegan,
nar se se deve usar técnicas de classificação paramétrica, 2003). Em outras palavras, os dados retêm sua precisão e
não-paramétrica, e/ou não-métrica. O algoritmo de clas não seria fora de propósito sumarizá-los pela média, etc.
sificação por máxima verossimilhança continua a ser o Os classificadores por árvore de decisão podem processar
algoritmo de classificação paramétrica mais largamente qualquer tipo de dados distribuídos espacialmente, e po
empregado. Infelizmente, o algoritmo requer que os da dem incorporar probabilidades a priori (Mclver e Friedl,
dos de treinamento sejam distribuídos normalmente em 2002). Há três abordagens para a criação de regras: 1) ex
n bandas (raramente o caso) para computar a variância da plicitamente pela extração de conhecimento e criação de
classe e as matrizes de covariância. E difícil incorporar da regras a partir de especialistas, 2) implicitamente extrain
dos categóricos que não sejam imagens numa classificação do variáveis e regras usando métodos cognitivos (Lloyd
de máxima verossimilhança. Felizmente, os algoritmos de et ah, 2002), e 3) empiricamente gerando regras a partir
classificação por máxima verossimilhança nebulosos são de dados observados e métodos de indução automática
agora disponíveis (p.ex., Foody, 1996). (Tullis e Jensen, 2003). O desenvolvimento de uma ár
vore de decisão usando regras baseadas no conhecimento
Extração de Informação Não-Paramétrica: Algoritmos de humano é difícil e muito demandante de tempo. Entre
agrupamento não-paramétricos, como o ISODATA, conti tanto, ela recompensa o usuário com informação deta
nuam a ser largamente usados em pesquisa em processamento lhada sobre como as decisões individuais de classificação
digital de imagens. Infelizmente, tais algoritmos dependem foram feitas (Zhang e Wang, 2003).
de como os dados de treinamento sementes são extraídos, e
geralmente é difícil rotular os agrupamentos para torná-los Idealmente, os computadores podem derivar as regras a
classes de informação. Por essas razões tem havido um signifi partir de dados de treinamento sem a intervenção hum a
30 C A P IT U L O 1 Sensoriamento Remoto do Ambiente
na. A isso se chama aprendizagem da m áquina (Huang e atmosfera e a energia incidente e emitida da cena; e 3)
Jensen, 1997; Jensen, 2005). O analista identifica áre um modelo de sensor, que descreve o comportamento do
as de treinamento representativas. A máquina aprende sensor em resposta aos fluxos de energia incidentes sobre
os padrões a partir desses dados de treinamento, cria as si e na produção das medidas que constituem a imagem.
regras, e as usa para classificar os dados de sensoriamen Eles sugerem que o problema da inferência da cena, então,
to remoto. As regras são disponíveis para documentar torna-se um problema de inversão de modelo, no qual a
como as decisões são feitas. ordem na cena é reconstruída a partir da imagem e do mo
delo de sensoriamento remoto. Por exemplo, Woodcock et
Hiperespectral: São necessários softwares especiais para al. (1997) inverteram o modelo de reflectância de dossel de
processar dados hiperespectrais obtidos por espectrôme- Li-Strahler para o mapeamento da estrutura da floresta.
tros imageadores como o AVIRIS e o M O D IS. Kruse et al.
(1992), Landgrebe e Biehl (2006), Digital Research Syste Basicamente, uma modelagem satisfatória em sensoria
ms (2006) e outros foram pioneiros no desenvolvimento mento remoto prevê quanto do fluxo radiante em certos
de software de análise de imagens hiperespectrais. O sof comprimentos de onda deveria deixar um objeto particular
tware reduz a dimensionalidade dos dados (números de (p.ex., um dossel de coníferas), mesmo sem efetivamente
bandas) a um grau gerenciável, embora retenha a essência estar fazendo o sensoriamento remoto do objeto. Quando
dos dados. Sob certas condições o software pode ser usado a predição do modelo é a mesma da medição pelo sensor, a
para comparar as curvas de reflectância espectral obtidas relação foi corretamente modelada. O cientista então tem
por sensoriamento remoto com uma biblioteca de curvas uma melhor avaliação das interações energia—matéria na
de reflectância espectral. Os analistas também são capazes cena e pode ser capaz de estender com confiança a lógica a
de identificar o tipo e a proporção dos diferentes materiais outras regiões ou aplicações. Os dados de sensores remotos
contidos num elemento de imagem individual (chamada podem então ser usados mais efetivamente em modelos fí-
de análise de mistura espectral dos membros individuais) sico-determinísticos (p.ex., modelos de escoamento super
(Lu e Weng, 2004; Platt e Goetz, 2004). ficial da água em bacias de drenagem, produtividade primá
ria líquida, e evapotranspiração), que são tão importantes
Modelagem de Imagem de Sensoriamento Remoto para a modelagem de grandes ecossistemas. Um trabalho
Usando uma Abordagem GIS: Dados de sensoriamen recente permite que se modele a utilidade de sensores com
to remoto não deveríam ser analisados num vácuo, sem o diferentes resoluções espaciais para aplicações particulares,
benefício de informações colaterais, tais como mapas de como análises urbanas (Collins e Woodcock, 1999).
solos, hidrologia e topografia (Ramsey et al., 1995). Por
exemplo, o mapeamento de cobertura da terra usando Detecção de Mudança: Dados de sensoriamento remoto
dados de sensoriamento remoto é significativamente me obtidos em múltiplas datas podem ser usados para identifi
lhorado pela incorporação de informação topográfica a car o tipo e a distribuição de mudanças que ocorrem na pai
partir de modelos digitais do terreno e outros dados GIS sagem (Friedl et al., 2002; Zhan et al., 2002). A informação
(p.ex., Stow et al., 2003). Os estudos de GIS requerem de mudanças fornece preciosa intuição compreensiva sobre
atualizações precisas e periódicas das variáveis distribuídas os processos em ação (Alberti et al., 2002; Auch et al., 2004).
espacialmente na base de dados, as quais o sensoriamen Os algoritmos de detecção de mudanças podem ser usados
to remoto pode fornecer. O sensoriamento remoto pode em classificações por pixel e orientadas ao objeto (polígo
beneficiar-se do acesso à informação auxiliar precisa para no). Infelizmente, ainda não há um método universalmen
melhorar a exatidão da classificação e outros tipos de mo te aceito para detecção de mudança ou para avaliação da
delagem. Tal sinergia é crítica para que as análises com exatidão dos produtos em mapas de detecção de mudança.
sistemas especialistas e redes neurais sejam feitas satisfato Os princípios de processamento digital de imagens para de
riamente (Tullis e Jensen, 2003). A estrutura conceituai da tecção de mudanças são discutidos em Jensen (2005).
modelagem da incerteza entre o sensoriamento remoto e
os sistemas de informação geográfica foi desenvolvida por Apresentação da Informação
Gahegan e Ehlers (2000).
Modelagem de Cena: Strahler et al. (1986) descrevem a A informação derivada dos dados de sensores remotos é
estrutura conceituai para a modelagem em sensoriamen geralmente apresentada como uma imagem realçada, um
to remoto. Basicamente, um modelo de sensoriamento mapa-imagem, ortofotomapas, mapas temáticos, arqui
remoto tem três componentes: 1) um modelo de cena, vos espaciais em bancos de dados, estatísticas, ou gráficos
que especifica a forma e a natureza da energia e da matéria (Figura 1-5). Assim, os produtos de saída finais frequen
no interior da cena e sua ordem espacial e temporal; 2) temente requerem conhecimentos de sensoriamento re
um modelo atmosférico, que descreve a interação entre a moto, cartografia, GIS e estatísticas espaciais, assim como
Economia da Observação da Terra 31
da ciência sistemática sob investigação (p.ex., solos, agri (Figura 1-16) (Miller et al., 2001). Ele consiste de um
cultura, estudos urbanos). Os cientistas que entendem as sistema de transmissão de informação com três com
regras e as relações sinergísticas das tecnologias podem ge ponentes: coleta de dados, processamento de imagens e
rar produtos de saída que comuniquem efetivamente os consumo da informação (usuário).
resultados. Aqueles que violam regras fundamentais (p.ex., y
teoria cartográfica ou projeto topológico de base de dados) O sistema de coleta de dados é composto por empresas
frequentemente geram produtos de saída pobres que não comerciais e agências públicas que operam sistemas de
comunicam efetivamente os resultados. sensoriamento remoto. A indústria privada fornece in
formação a valor de mercado. As agências públicas geral
Os mapas-imagens oferecem aos cientistas uma alternativa mente fornecem dados de sensoriamento remoto ao custo
aos mapas de linha para muitas aplicações cartográficas. da geração do produto pedido pelo usuário (CO FU R ). O
Milhares de mapas-imagens de satélite foram produzidos sensoriamento remoto existe desde cerca de 1960. Há um
a partir do MSS/Landsat-(escalas 1:250.000 e 1:500.000), número crescente de especialistas que podem usar técnicas
TM /Landsat (escala 1:100.000), e de dados AVHRR e de processamento de imagens digitais e ou analógicas para
M O D IS. Mapas-imagens em escalas >1:24.000 são pos extrair informação de imagens. Finalmente, há o consu
síveis usando imagens com uma resolução espacial <1 x midor (usuário) da informação derivada do sensoriamento
1 m (Light e Jensen, 2002). Em função de os produtos remoto. O usuário normalmente precisa de informação
de mapas-imagens poderem ser produzidos a uma fração que tenha valor econômico, social, estratégico, ambiental
do custo dos mapas convencionais de linha, eles fornecem e/ou político (Liverman et al., 1998).
a base para as séries de mapas nacionais orientados à ex
ploração e ao desenvolvimento econômico de áreas menos A fim de que o lucro produzido pelo sistema de geração
desenvolvidas do mundo, a maioria das quais não foram de informação seja suficiente para fazer frente aos custos
mapeadas em escalas 1:100.000 ou maiores. de capital e operação do sistema, é preciso que haja um
balanço (equilíbrio) entre o valor da informação, como é
Dados de sensores remotos que foram geometricamente percebido pelo usuário (consumidor), e o lucro necessá
retificados para uma projeção cartográfica padrão estão se rio para sustentar o sistema (Miller et al., 2 0 0 1 ,2 0 0 3 ). O
tornando indispensáveis em bases de dados GIS mais so equilíbrio tem sido conseguido para aplicações de mapea
fisticadas. Isto é especialmente verdadeiro para os ortofo- mento com levantamentos fotogramétricos e por LIDAR
tomapas, que têm as qualidades métricas de um mapa de há várias décadas. O tempo dirá se o balanço entre o va
linha e o conteúdo informativo de uma fotografia aérea ou lor sentido pelo usuário e o custo pode ser mantido no
de outro tipo de imagem. caso de sistemas orbitais. Estão ocorrendo agrupamentos
de empresas. Em 12 de Janeiro de 2006 a O R BIM A G E
Infelizmente, erros são introduzidos no processo de sensoria adquiriu os bens da Space Imaging e agora opera como
mento remoto e devem ser identificados e relatados. As ino GeoEye, Inc., fornecendo produtos e imagens IK O N O S,
vações na redução de erros incluem: 1) registro dos passos OrbView-2 e Orbview-3. A GeoEye lançou um novo
operacionais aplicados aos dados originais de sensoriamento sensor em 2008 com uma resolução espacial de 0,41 x
remoto, 2) documentação dos erros geométricos (espacial) e 0,41 m (GeoEye, 2006).
erros temáticos (atributo) dos materiais-fontes, 3) melhoria
da legenda, especialmente para produtos que são mapas de O equilíbrio também pode ser impactado pelos espe
detecção de mudanças derivados de sensoriamento remoto, cialistas em tecnologia de sensoriamento remoto que
e 4) melhoria da avaliação da exatidão. A comunidade de não têm um bom entendimento dos requisitos de in
sensoriamento remoto e GIS deve incorporar tecnologias formação pelos usuários. De fato, alguns especialistas
que rastreiem o erro nos produtos finais, sejam mapas ou em sensoriamento remoto ficam desconcertados quanto
imagens. Isso resultará em informação mais exata sendo usa ao porquê de os usuários não se entusiasmarem com a
da nos processos de tomada de decisão. informação derivada do sensoriamento remoto. O que
eles falham em considerar é que os usuários geralmente
| Economia da Observação da Terra não têm motivação para migrarem para uma inform a
ção derivada de sensoriamento remoto sobre parâmetros
econômicos, sociais, ambientais, estratégicos ou políti
cos simplesmente porque tal informação é baseada em
O National Research Council (Conselho Nacional de nova tecnologia. Além do mais, os usuários que estão do
Pesquisa) reconheceu que há um sistema econômico em lado direito do gráfico da Figura 1-16 geralmente têm
jogo quando dados de sensoriamento remoto são usados pouco conhecimento da tecnologia de sensoriamento
para aplicações de gerenciamento dos recursos terrestres ou como ela é usada para extração de informação.
32 C A P ÍT U L O 1 Sensoriamento Remoto do Ambiente
Equilíbrio $ Custo
-► Facilidade de uso
Dificuldade para
entender
baixo alto
Figura 1-16 Economia do sensoriamento remoto para observação da Terra. O objetivo é minimizar o hiato de conhecimento entre o sistema
de geração de informação, o especialista em sensoriamento remoto, e o consumidor da informação (usuário). A informação
econômica, social, estratégica, ambiental, e/ou política gerada pelo sensoriamento remoto deve ser custo-efetiva, e ser fácil de
usar a fim de atingir um equilíbrio (adaptado de Miller et al., 2003).
Miller et al. (2001; 2003) sugerem que esta situação cria mendo impacto na opinião e no uso dos dados de sensoria
um vazio de conhecimento entre os especialistas em sen mento remoto pelo público em geral (Fallows, 2006).
soriamento remoto e os consumidores de informação
(usuários) (Figura 1-16). Fazer a ponte para superar esse H | Perspectiva da Análise de Recursos
vazio é mandatório se vamos usar o sensoriamento remo
to para resolver problemas de gerenciamento ambiental.
E improvável que a comunidade de usuários vá devotar
tempo para aprender a física do sensoriamento remoto e
E 'mt Terrestres
Organização do
livro Sensoriamento Remoto do Ambiente
Capítulo 1. Capítulo 7.
Sensoriamento Remoto do Ambiente Sensoriamento Remoto Multiespectral
• Coleta de Dados In Situ • Coleta de Dados Multiespectrais
Coleta de Dados de Sensoriamento Remoto • Detectores Discretos e Espelhos de Varredura
• O Processo do Sensoriamento Remoto Imageamento Multiespectral Usando Matrizes Lineares
• Espectroscopia por Imageamento
• Câmeras Métricas Digitais
• Sistemas Fotográficos em Satélites
Capítulo 2.
Princípios de Radiação Eletromagnética
• Condução, Convecção e Radiação
• Interações Energra-Matéria na Atmosfera Capítulo 8.
1Interações Energia-Matéria com o Terreno Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal
------------- |--- • História
• Propriedades da Radiação no Infravermelho Termal
Capítulo 3. • Janelas Atmosféricas
• Leis da Radiação Termal
História da Fotografia Aérea e das Plataformas Aéreas
• Coleta de Dados no Infravermelho Termal
• História da Fotografia
• Considerações Ambientais no Infravermelho Termal
• Fotografia a partir de Plataformas Aéreas
'
• Foto-Reconhecimento na I-GG e na II-GG
• Foto-Reconhecimento na Guerra Fria
• Satélites como Sentinelas Celestes
Capítulo 9.
• Veículos Aéreos Não-Tripulados
— Micro-ondas Ativo e Passivo
-
• História
• Componentes do Sistema de Micro-ondas Ativo
Capítulo 4. • Considerações Ambientais do RADAR
Fotografia Aérea • Sensoriamento Remoto SAR a partir do Espaço
• Visadas Verticais e Oblíquas • Interferometria SAR
• Câmeras Aéreas Sensoriamento Remoto com Micro-ondas Passivo
• Filtros e Filmes —
Planejamento de Missões Fotográficas Aéreas
--------------------------------------------------- -----------------------------------—
Capítulo 10.
Sensoriamento Remoto com LIDAR
Capítulo 5.
• Princípios (retornos, densidade, intensidade)
Elementos de Interpretação Visual de Imagens • Processamentos para Criar DEM, DSM , D TM
• Elementos de Interpretação de Imagens • Precisão dos Produtos Derivados do LIDAR
• Métodos de Pesquisa —
—
Capítulo 11.
Capítulo 6. Sensoriamento Remoto da Vegetação
Fotogrametria • Fundamentos da Fotossíntese
• Linhas de Voo de Fotografia Aérea • Características Espectrais da Vegetação
• Nomenclatura de Imagens • Características Temporais da Vegetação
• Medições de Altura/Escala em Fotos Isoladas • índices de Vegetação
• Medições Estereoscópicas • Métricas em Ecologia da Paisagem
• Ortofotos e Modelos Digitais de Elevação • Biodiversidade e Análise GAP
• Medição de Área • Detecção de Mudanças em vegetação
— ---- •> .......... ..... "
Organização do
livro Sensoriamento Remoto do Ambiente
Capítulo 12.
Sensoriamento Remoto da Agua
Características Biofísicas da Água Superficial
• Precipitação
• Aerossóis e Nuvens
• Vapor D ’Água e Neve
• Modelagem da Qualidade da Água
Capítulo 13.
Sensoriamento Remoto das Feições Urbanas
1Considerações sobre Resolução Urbana/Periurbana
Sensoriamento Remoto do Uso/Cobertura da Terra
• Residencial
• Comércio e Serviços
• Industrial e Transportes
• Comunicações e Infraestrutura
• Dados Meteorológicos Urbanos
• Avaliação de Áreas Ambientais Críticas
• Resposta a Desastres Emergenciais
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Princípios de Radiação Eletromagnética
A rações fundamentais que precisam ser entendidas para que os dados de senso
riamento remoto possam ser interpretados apropriadamente. Por exemplo, se a
energia do sensoriamento remoto vem do Sol, tal energia
• finalmente atinge o sensor, onde ela interage com vários componentes óp
ticos, filtros, emulsões de filmes, ou detectores.
Convecção
Transferência de Energia
Condução
Pulso de
ar quente
Panela em contato
com a chapa do fogão Terreno
Figura 2-1 A energia pode ser transferida de trcs modos: condução, convecção e radiação, a) A energia pode ser conduzida diretamente
de um objeto a outro como quando uma panela está em contato físico direto com a chapa de um fogão, b) O Sol banha a
superfície da Terra com energia radiante fazendo com que o ar próximo ao solo aumente de temperatura. O ar menos denso
sobe, criando correntes convectivas na atmosfera, c) A energia eletromagnética na forma de ondas eletromagnéticas pode ser
transmitida através do vácuo espacial desde o Sol até a Terra.
Modelos de Radiação Eletromagnética retos (ortogonais) entre si, e ambos são perpendiculares à
direção do deslocamento da onda.
Figura 2-2 Uma onda eletromagnética é composta pelos vetores elétrico e magnético, que são ortogonais (em ângulos de 90°) entre si. As
ondas deslocam-se da fonte à velocidade da luz (3 x 10's m s 1)-
c = )IV, (2-1) sua temperatura absoluta (7) medida em kelvin (K). Esta
é conhecida como a lei de Stefan-Boltzmann e é expressa
V (2-2) como (Rott, 2000):
e M. = <3T 4 (2-4)
JW V R A A A A Frequência maior
Figura 2-3 Este corte transversal de várias ondas eletromagnéticas ilustra a relação inversa entre comprimento de onda (A.) e frequência
(V). Quanto maior o comprimento de onda, menor a frequência; quanto menor o comprimento de onda, maior a frequência.
A amplitude de uma onda eletromagnética é a altura da crista da onda em relação à posição fixa. Cristas de onda sucessivas são
numeradas como 1, 2, 3 e 4. Um observador na posição do relógio registra o número de cristas que passam a cada segundo.
Esta frequência é medida em ciclos por segundo, ou hertz.
Figura 2-4 A fusão termonuclear ocorrendo na superfície do Sol gera um espectro contínuo de energia eletromagnética. A temperatura
de 5.770 - 6.000 K desse processo produz uma grande quantidade de energia de comprimentos de onda relativamente curtos
que se desloca através do vácuo do espaço à velocidade da luz. Parte dessa energia é interceptada pela Terra, onde ela interage
com a atmosfera e com os materiais da superfície. A Terra reflete parte dessa energia diretamente de volta para o espaço exterior
ou pode absorver a energia de comprimentos de onda menores e então reemiti-la em comprimentos de onda maiores (após
Strahler e Strahler, 1989).
Modelos de Radiação Eletromagnética 43
Hertz (Hz) 1
Quilohertz (kHz) 1.000= 103
Megahertz (MHz) 1.000.000= 106
Gigahertz (GHz) 1.000.000.000= 109
2.898 pm K
9,66 pm =
300 K
Figura 2-5 Curvas de radiação de corpo negro para diversos ob
Embora o Sol tenha um comprimento de onda dominante jetos, incluindo o Sol e a Terra, que se aproximam de
corpos negros às temperaturas de 6.000 K e 300 K,
em 0,48 pm, ele produz um espectro contínuo de radia
respectivamente. A área sob cada curva pode ser in
ção eletromagnética variando desde ondas muito curtas,
tegrada para computar a energia radiante total (M.)
de extrema alta Frequência como os raios gama e cósmicos, emanando de cada objeto (Equação 2-4). Assim, o Sol
até ondas de rádio de muito baixa frequência (Figuras 2-6 produz mais exitância radiante do que a Terra porque
e 2-7). A Terra intercepta uma porção muito pequena da sua temperatura é maior. À medida que a temperatura
energia eletromagnética produzida pelo Sol. do corpo aumenta, seu comprimento de onda domi
nante (7mi ) desloca-se em direção aos menores com
Como mencionado no Capítulo 1, na pesquisa em sen- primentos de onda do espectro.
soriamento remoto frequentemente especificamos uma
região particular do espectro eletromagnético (p.ex., luz
vermelha) identificando um comprimento de onda (ou magnético. A energia eletromagnética no infravermelho
frequência) inicial e final e depois colocando uma descri próximo refletida na região de 0,7 a 1,3 pm é comumente
ção. Este intervalo de comprimento de onda (ou frequên usada para expor filmes preto e branco e filmes coloridos
cia) no espectro eletromagnético é comumente chamado sensíveis ao infravermelho.
de banda, canal, ou região. As principais subdivisões da luz
visível estão resumidas na Tabela 2-2 e apresentadas dia- A região do infravermelho médio (frequentemente cha
gramaticamente na Figura 2-7 e na Prancha Colorida 2-2. mada de infravermelho de ondas curtas, SWIR - short
Geralmente pensamos na luz visível como sendo composta wavelength infrared) inclui energia com comprimentos
de energia nas bandas do azul (0,4 - 0,5 pm), verde (0,5 de onda de 1,3 a 3,0 pm. A região do infravermelho ter
- 0,6 pm) e vermelho (0,6 - 0,7 pm) do espectro eletro mal tem duas bandas muito úteis em 3 a 5 pm e 8 a
44 CAPÍTULO Princípios de Radiação Eletromagnética
Número de
Nanômetro Micrômetro Frequência Elétron-volt
Cora Angstrom (Â) Onda0
(nm) (pm) (Hz x 1014) (eV) = 1240IX
(ip cm*1)
Ultravioleta, sw 2.537 254 0,254 11,82 39.400 4,89
Ultravioleta, lw 3.660 366 0,366 8,19 27.300 3,39
Violeta (limite)b 4.000 400 0,40 7,50 25.000 3,10
Azul 4.500 450 0,45 6,66 22.200 2,75
Verde 5.000 500 0,50 6,00 20.000 2,48
Verde 5.500 550 0,55 5,45 18.200 2,25
Amarelo 5.800 580 0,58 5,17 17.240 2,14
Laranja 6.000 600 0,60 5,00 16.700 2,06
Vermelho 6.500 650 0,65 4,62 15.400 1,91
Vermelho (limite)1’ 7.000 700 0,70 4,29 14.300 1,77
Infravermelho,
10.000 1.000 1,0 3,00 10.000 1,24
próximo
Infravermelho,
300.000 30.000 30,00 0,10 333 0,041
distante
'Apenas valores típicos; lw = comprimentos de onda longos; sw = comprimentos de onda curtos. ‘'O limite exato depende
do observador, intensidade da luz, adaptação da vista, e outros fatores. cO número de onda (l|J) é o número de ondas numa
unidade de comprimento (usualmente por cm). Assim, LjJ = 1 / X (cm) = 10.000 / X (pm) = 100.000.000 / X (Â) em c m 1.
14 pm. A porção das micro-ondas do espectro eletro O Modelo de Partícula: Radiação das
magnético consiste de comprimentos de onda muito Estruturas Atômicas
maiores (1 mm — 1 m). A porção das ondas de rádio do
espectro pode ser subdividida em UHF, VHF, e frequên
cias de rádio HF, LF e ULF. Na Opticks' (1704), Sir Isaac Newton afirmou que a luz era
um feixe de partículas, ou corpúsculos, deslocando-se em
A resolução espectral da maioria dos sistemas de sensoria- linhas retas. Ele também sabia que a luz tinha caracterís
mento remoto é descrita em termos de bandas do espectro ticas ondulatórias com base em seus trabalhos com placas
eletromagnético. Por exemplo, as dimensões espectrais das de vidro. Não obstante, durante os duzentos anos antes de
quatro bandas dos sensores Multispectral Scanner (MSS) 1905, a luz foi encarada primariamente como uma onda
do Landsat e do High Resolution Visible (HRV) do SPOT plana e contínua. Depois, Albert Einstein (1879 - 1955)
são mostradas na Figura 2-8, junto com a resolução es descobriu que quando a luz interage com elétrons, tem
pacial de cada banda para fins de comparação. As especi um caráter diferente (Figura 2-9). Concluiu que quando a
ficações exatas das bandas MSS/Landsat e do SPOT são luz interage com a matéria, ela comporta-se como se fosse
fornecidas no Capítulo 7. composta de muitos corpos individuais chamados fótons,
os quais portam propriedades parecidas com as de partícu
A energia eletromagnética pode ser descrita não apenas las, como energia e momento (Meadows, 1992). Como re
em termos de comprimento de onda e frequência, mas sultado, hoje a maioria dos físicos responderíam à pergun
também em unidades de energia do fóton tais como jou- ta, “O que é a luz?” dizendo que a luz é um tipo particular
les (J) e elétronvolts (eV), como mostrado na Figura 2-7. de matéria (Feinberg, 1985). Assim, às vezes descrevemos
Diversas das mais importantes conversões de massa, ener
gia e potência são mostradas na Tabela 2-3. 1 N .T .: há trad u ção em p o rtu g u ês, feita p o r A n d ré K och Torres Assis, pela ed ito ra
ED U SP, co m o títu lo Ó p tica .
Modelos de Radiação Eletromagnética 45
10 n
Infravermelho Tabela 2-3. Conversões de massa, energia e potência.
5
Radiação de ondas curtas do Sol a Conversão do Sistema Inglês para o SI
6.000 K incidente na Terra, com (Sistema Internacional)
um comprimento de onda domi
nante de 0,48 pm Para obter: Multiplique: Por:
Ultravioleta
Limite do
violeta
Azul
Verde
Limite do verde
Amarelo
Laranja
Vermelho
Limite do
vermelho
Infravermelho
próximo
Micro-ondas e
ondas de rádio 0,5 Infravermelho
-► 0,41 30k- distante
10
Figura 2-7 O espectro eletromagnético c a energia do fóton da luz visível. O Sol produz um espectro contínuo de energia desde os raios
gama até as ondas de rádio, que banha continuamente a Terra com energia. A porção visível do espectro pode ser medida
usando comprimentos de onda (medidos em micrômetros ou nanômetros, i.e., pm ou nm) ou elétron-volt (eV).
As órbitas eletrônicas são como degraus de uma escada. citado (Figura 2 -10b) para um estado não-excitado (Figura
Ganhos de energia movem o elétron para cima na escada 2 -10c) é emitida pelo átomo como um pacote único de
de energia; emissão de energia move-o para baixo. Porém, radiação eletromagnética, uma unidade de luz com com
a escada de energia difere de uma escada comum, pois seus portamento de partícula, chamado fóton. Toda vez que um
degraus não são igualmente espaçados. Isso significa que elétron salta de um nível energético maior para um menor,
a energia que um elétron necessita absorver, ou ceder, a um fóton move-se para fora à velocidade da luz.
fim de saltar de uma órbita para a próxima pode não ser
a mesma que a troca energética necessária para alguns dos De alguma forma um elétron deve desaparecer de sua órbi
outros degraus. Além disso, um elétron não usa necessaria ta original e reaparecer na sua órbita de destino sem nunca
mente degraus consecutivos. Ao invés disso, ele usa o que ter que atravessar quaisquer das posições intermediárias.
os físicos denominam regras de seleção. Em muitos casos, Este processo é chamado de passo quântico ou salto quân-
um elétron usa uma sequência de degraus à medida que tico. Se o elétron salta do seu estado de excitação mais alto
sobe a escada e outra sequência à medida que desce (Nas- para o estado basal num único salto, ele emitirá um único
sau, 1983; 1984). A energia que fica disponível quando o fóton de energia. Também é possível ao elétron saltar de
elétron eletricamente carregado se move de um estado ex uma órbita excitada até o nível de base numa série de saltos
Modelos de Radiação Eletromagnética 47
Albert Einstein
Sensor High
Resolution
Visible - SPOT-3
Mutispectral
Scanner (MSS)
- Landsat
Figura 2-8 As larguras nominais das bandas espectrais individuais Figura 2-9 Albert Einstein (1879-1955) (cortesia da Library
dos sistemas sensores MSS/Landsat e do HRV/SPOT of Congress).
são resumidas ao longo das abscissas. A resolução espa
cial de cada banda individual c mostrada no eixo das
ordenadas.
(p.ex., do 4 para o 2 para o 1). Se ele dá dois passos para Assim, vemos que a energia de um quantum é inversamen
atingir o nível de base, então cada um desses saltos emitirá te proporcional ao seu comprimento de onda, i.e., quanto
fótons de um pouco menos de energia. As energias nesses maior o comprimento de onda envolvido, menor seu conteú
dois saltos devem produzir uma soma total igual a um úni do energético. Esta relação inversa é importante para o senso-
co salto maior (Trefil e Hazen, 1995). riamento remoto porque ela sugere que é mais difícil detectar
a energia de comprimentos de onda maiores sendo emitida
Niels Bohr (1885-1962) e Max Planck (1858-1947) reco em comprimentos de onda do infravermelho termal do que
nheceram a natureza discreta das trocas de energia radiante aquela nos menores comprimentos de onda do visível. De
e propuseram a teoria quântica da radiação eletromagnéti fato, é necessário fazer o sensor olhar ou permanecer visando
ca. Esta teoria postula que a energia é transferida em paco por mais tempo uma parcela do terreno se estivermos tentan
tes discretos chamados quanta ou fótons, como discutido. do medir a energia em comprimentos de onda maiores.
A relação entre a frequência da radiação expressa pela teo
ria ondulatória e o quantum é: As substâncias têm cores por causa das diferenças nos seus
níveis de energia e nas regras de seleção. Por exemplo, con
Q = hv (2-6) sidere o vapor de sódio energizado que produz uma luz
amarela brilhante que é usada em algumas lâmpadas de
Onde Q é a energia de um quantum medida em joules, ruas. Quando a lâmpada de vapor de sódio é ligada, vários
h é a constante de Planck (6,626 x 10'34 J s), e v é a fre milhares de volts de eletricidade energizam o vapor. O elé
quência da radiação (Figura 2-11). Tomando a Equação tron mais externo em cada átomo energizado do vapor de
2-3, podemos multiplicar a equação por h/h, ou 1, sem sódio sobe para um degrau mais alto na escada de energia e
alterar seu valor: depois retoma a descida da escada numa certa sequência de
degraus, dos quais os dois últimos são separados por 2,1 eV
X= ( 2 - 7 ) (Figura 2-12). A energia liberada neste último salto parece
com um fóton de luz amarela com um comprimento de
onda de 0,58 pm com 2,1 eV de energia (Nassau, 1983).
Substituindo Q por h v (da Equação 2-6), podemos ex
pressar o comprimento de onda associado com o quantum A matéria pode ser aquecida a temperaturas tão altas que
de energia como: os elétrons, que normalmente se movem em órbitas fixas
e não-radiantes, tornam-se livres. Este é o chamado efeito
( 2- 8) fotoelétrico (Figura 2-10d). Quando isso acontece, o átomo
permanece com uma carga positiva igual à do elétron ne
ou gativamente carregado que escapou. O elétron torna-se um
elétron livre e o átomo é chamado de íon. Nas partes do
(2-9) ultravioleta e visível (azul, verde e vermelho) do espectro
48 CAPÍTULO Princípios de Radiação Eletromagnética
emitido quando um
elétron muda de um
estado de maior ener
gia para um estado
de menor energia
c.
Emissão de um
elétron portando a
mesma quantidade
de energia
Efeito fotoelétinco
Figura 2-10 a-c) Um fóton de energia eletromagnética é emitido quando um elétron num átomo ou molécula salta de um estado de maior
energia para um estado de menor energia. A luz emitida (i.e., seus comprimentos de onda) é uma função das mudanças nos
níveis de energia do elétron de valência mais externa. Por exemplo, luz amarela é produzida por uma lâmpada de vapor de sódio
na Figura 2-12. d) A matéria também pode ser submetida a temperaturas tão altas que os elétrons, que normalmente se movem
em órbitas fixas e não-radiantes, tornam-se livres. Quando isso acontece, o átomo permanece com uma carga positiva igual à do
elétron negativamente carregado que escapou. O elétron torna-se um elétron livre e o átomo é chamado de íon. Se um outro elé
tron livre completa o nível de energia vazio criado pelo elétron liberado, então é produzida radiação de todos os comprimentos de
onda, i.e., um espectro de energia contínuo. O intenso calor na superfície do Sol produz um espectro contínuo desta maneira.
eletromagnético, a radiação é produzida por mudanças nos Em átomos e moléculas, mudanças nas órbitas dos elétrons
níveis de energia dos elétrons de valências mais externas. produzem as radiações de menores comprimentos de onda,
Os comprimentos de onda da energia produzida são uma mudanças nos movimentos vibracionais das moléculas produ
função dos níveis orbitais particulares dos elétrons envol zem energia no infravermelho e/ou no infravermelho médio,
vidos no processo de excitação. Se os átomos absorvem su e mudanças nos movimentos rotacionais produzem radiação
ficiente energia para serem ionizados e se um elétron livre no infravermelho distante ou nas micro-ondas. No Capítulo
cai para preencher o nível de energia disponível, então a 8 (Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal) será dito
radiação liberada não é quantizada e um espectro contínuo é mais sobre como a radiação no infravermelho termal é produ
produzido ao invés de uma banda ou uma série de bandas. zida e registrada pelos sistemas de sensoriamento remoto.
Cada encontro de um desses elétrons livres com um nú
cleo carregado positivamente causa mudanças rápidas nos Interações Energia-Matéria
campos elétrico e magnético, de tal forma que é produzida na Atmosfera
radiação em todos os comprimentos de onda. A superfície
quente do Sol em sua grande parte é um plasma no qual
é produzida radiação de todos os comprimentos de onda. Energia radiante é a capacidade de a radiação numa banda
Como mostrado anteriormente na Figura 2-7, o espectro espectral realizar trabalho. Uma vez que a radiação eletro
de um plasma como o do Sol é contínuo. magnética é gerada, ela é propagada através da atmosfera da
Interações Energia-Matéria na Atmosfera 49
Figura 2-11 A energia dos quanta (fótons) variando dos raios gama às ondas de rádio no espectro eletromagnético.
Terra quase à velocidade da luz num vácuo. Ao contrário de A velocidade da luz numa substância nunca pode atingir a
um vácuo no qual nada acontece, porém, a atmosfera pode velocidade da luz no vácuo. Portanto, o índice de refração
afetar não apenas a velocidade da radiação como também sempre deve ser maior do que 1. Por exemplo, o índice de
seu comprimento de onda, sua intensidade e sua distribui refração para a atmosfera é 1,0002926 e é 1,33 para a água.
ção espectral. A radiação eletromagnética pode também ser A luz desloca-se mais lentamente através da água por causa
desviada da sua direção original devido à refração. da maior densidade desta.
Refração A refração pode ser descrita pela lei de Snell, que postula
que para uma dada frequência da luz (devemos usar fre
quência uma vez que, ao contrário do comprimento de
A velocidade da luz no vácuo é de 3 x 108 m s'1. Quando a onda, ela não muda quando a velocidade da luz muda), o
radiação eletromagnética encontra substâncias de diferen produto do índice de refração pelo seno do ângulo entre o
tes densidades, como ar e água, pode ocorrer a refração. A raio e a linha normal à interface é constante:
refração refere-se ao desvio da luz quando ela passa de um
meio a um outro de densidade diferente. A refração ocorre «j sen 0! = «,sen 0, (2-11)
porque os meios são diferentes em densidade e a veloci
dade da REM (radiação eletromagnética) é diferente em Na Figura 2-13 podemos ver que uma atmosfera não-
cada um deles. O índice de refração (n) é uma razão entre a turbulenta pode ser vista como uma série de camadas de
velocidade da luz no vácuo, c, e a velocidade da luz numa gases, cada uma delas com uma densidade um pouco dife
substância como a atmosfera ou água, c : rente. Toda vez que a energia propaga-se através da atmos
fera por uma distância apreciável num ângulo diferente
n =— . (2-10) do vertical, ocorre refração.
cn
50 CAPÍTULO Princípios de Radiaçao Eletromagnética
Criação de Luz a Partir de Partículas Atômicas no meio usando relações trigonométricas. É interessante
numa Lâmpada de Vapor de Sódio notar, porém, que a maioria dos analistas de imagens nun
ca se preocupa em computar o índice de refração.
Mudança de energia
em elétron-volt (eV)
Espalhamento
V
Atmosfera
opticamente
menos densa
_______________ B ______ ----
\
Percurso da energia afetada
violeta e do azul são espalhados ainda mais durante os seus
agora longos percursos através do ar que quando o Sol está
a pino, o que vemos quando olhamos em direção ao pôi
do Sol é o resíduo - os comprimentos de onda da luz solar
que dificilmente são espalhados, especialmente os referen
pela refração atmosférica tes ao laranja e vermelho.
Figura 2-13 Refração em três camadas atmosféricas não-turbulen- O espalhamento Mie (às vezes denominado de não-mole-
tas. A energia incidente é desviada de sua trajetória cular ou por partículas de aerossóis) ocorre nos 4,5 km in
normal quando se desloca de uma camada atmosférica feriores da atmosfera, onde podem estar muitas partículas
para outra. A lei de Snell pode ser usada para predizer
essencialmente esféricas com diâmetros aproximadamente
quanto desvio ocorrerá, com base no ângulo de in
iguais ao tamanho do comprimento de onda da energia
cidência (0) c no índice dc refração de cada nível at
mosférico, tf , //, e «v
incidente (Figura 2-15b). O tamanho real das partículas
pode variar de 0,1 a 10 vezes o comprimento de onda da
energia incidente. Para a luz visível, os principais agentes
0,6 pm, i.e., (0,6/0,4)'4 = 5,06. A quantidade de espalha de espalhamento são a poeira e outras partículas variando
mento Rayleigh esperada em todo o espectro visível (0,4 de poucos décimos de micrômetro a vários micrômetros
- 0,7 pm) é mostrada na Figura 2-16. em diâmetro. A magnitude desse espalhamento é maior
que a do espalhamento Rayleigh, e os comprimentos de
A maioria do espalhamento Rayleigh por moléculas de gás onda espalhados são maiores. Quanto maior a quantidade
ocorre na atmosfera, de 2 a 8 km acima do solo (Figura de partículas de fumaça e de poeira na coluna atmosfé
2-14). O espalhamento Rayleigh é responsável pela apa rica, mais a luz violeta e azul será removida e apenas os
rência azul do céu. Os comprimentos de onda mais curtos comprimentos de onda maiores de luz laranja e vermelha
do violeta e azul são mais eficientemente espalhados que os atingirão nossos olhos. A poluição também contribui para
comprimentos de onda maiores do laranja e do vermelho. belos amanheceres e entardeceres.
Quando olhamos para cima num dia sem nuvens e admi
ramos o céu azul, estamos testemunhando o espalhamento O espalhamento não-seletivo ocorre nas porções mais baixas
preferencial dos menores comprimentos de onda da luz so da atmosfera, onde há partículas >10 vezes o comprimen
lar. O espalhamento Rayleigh também é responsável pelo to de onda da radiação eletromagnética incidente (Figura
vermelho do pôr do Sol. Como a atmosfera é uma fina 2-15c). Este tipo de espalhamento é não-seletivo, i.e., todos
concha de ar que cerca gravitacionalmente a Terra sólida, os comprimentos de onda são espalhados, e não apenas o
a luz solar é obrigada a passar por um caminho inclinado azul, verde, ou vermelho. Assim, as gotículas de água e os
mais longo de ar ao entardecer (e ao amanhecer) do que cristais de gelo que formam as nuvens e os nevoeiros espa
ao meio dia. Uma vez que os comprimentos de onda do lham todos os comprimentos de onda da luz visível igual-
50 CAPÍTULO Princípios de Radiação Eletromagnética
Criação de Luz a Partir de Partículas Atômicas no meio usando relações trigonométricas. É interessante
numa Lâmpada de Vapor de Sódio notar, porém, que a maioria dos analistas de imagens nun
ca se preocupa cm computar o índice de refração.
Mudança de energia
em elétron-volt (eV)
Espalhamento
«3 .
Atmosfera violeta e do azul são espalhados ainda mais durante os seus
opticamente agora longos percursos através do ar que quando o Sol está
menos densa a pino, o que vemos quando olhamos em direção ao pôr
___________________ ! \ do Sol é o resíduo - os comprimentos de onda da luz solar
Percurso da energia afetada que dificilmente são espalhados, especialmente os referen
pela refração atmosférica tes ao laranja e vermelho.
Figura 2-13 Refração em três camadas atmosféricas não-turbulen- O espalhamento Mie (às vezes denominado de não-mole-
tas. A energia incidente é desviada de sua trajetória cular ou por partículas de aerossóis) ocorre nos 4,5 km in
normal quando se desloca de uma camada atmosférica feriores da atmosfera, onde podem estar muitas partículas
para outra. A lei de Snell pode ser usada para predizer
essencialmente esféricas com diâmetros aproximadamente
quanto desvio ocorrerá, com base no ângulo de in
iguais ao tamanho do comprimento de onda da energia
cidência (0) e no índice dc refração de cada nível at
mosférico, « , //, e «v
incidente (Figura 2-15b). O tamanho real das partículas
pode variar de 0,1 a 10 vezes o comprimento de onda da
energia incidente. Para a luz visível, os principais agentes
0,6 pm, i.e., (0,6/0,4)4 = 5,06. A quantidade de espalha de espalhamento são a poeira e outras partículas variando
mento Rayleigh esperada em todo o espectro visível (0,4 de poucos décimos de micrômetro a vários micrômetros
- 0,7 pm) é mostrada na Figura 2-16. em diâmetro. A magnitude desse espalhamento é maior
que a do espalhamento Rayleigh, e os comprimentos de
A maioria do espalhamento Rayleigh por moléculas de gás onda espalhados são maiores. Quanto maior a quantidade
ocorre na atmosfera, de 2 a 8 km acima do solo (Figura de partículas de fumaça e de poeira na coluna atmosfé
2-14). O espalhamento Rayleigh é responsável pela apa rica, mais a luz violeta e azul será removida e apenas os
rência azul do céu. Os comprimentos de onda mais curtos comprimentos de onda maiores de luz laranja e vermelha
do violeta e azul são mais eficientemente espalhados que os atingirão nossos olhos. A poluição também contribui para
comprimentos de onda maiores do laranja e do vermelho. belos amanheceres e entardeceres.
Quando olhamos para cima num dia sem nuvens e admi
ramos o céu azul, estamos testemunhando o espalhamento O espalhamento não-seletivo ocorre nas porções mais baixas
preferencial dos menores comprimentos de onda da luz so da atmosfera, onde há partículas >10 vezes o comprimen
lar. O espalhamento Rayleigh também é responsável pelo to de onda da radiação eletromagnética incidente (Figura
vermelho do pôr do Sol. Como a atmosfera é uma fina 2-15c). Este tipo de espalhamento é não-seletivo, i.e., todos
concha de ar que cerca gravitacionalmente a Terra sólida, os comprimentos de onda são espalhados, e não apenas o
a luz solar é obrigada a passar por um caminho inclinado azul, verde, ou vermelho. Assim, as gotículas de água e os
mais longo de ar ao entardecer (e ao amanhecer) do que cristais de gelo que formam as nuvens e os nevoeiros espa
ao meio dia. Uma vez que os comprimentos de onda do lham todos os comprimentos de onda da luz visível igual-
52 CAPÍTULO Princípios de Radiação Eletromagnética
1 © “
Fóton de energia
Espalham ento Não-seletivo eletromagnética
modelado como
uma onda
mente bem, fazendo com que a nuvem pareça branca, O Comprimento de Onda, pm
espalhamento não-seletivo de aproximadamente iguais pro
porções de luz azul, verde e vermelha sempre aparece como Figura 2-16 A intensidade do espalhamento Rayleigh varia in
luz branca ao observador comum. Esta é a razão porque ao versamente com a quarta potência do comprimento
usarmos a luz alta do nosso veículo durante um nevoeiro de onda (7"')-
apenas torna pior o problema, pois espalhamos não-seleti-
vamente ainda mais luz no nosso campo de visada.
O espalhamento é uma consideração muito importante constituintes pode fazer com que a atmosfera se “feche”
em pesquisas em sensoriamento remoto. Ele pode redu completamente em certas regiões do espectro. Isso é ruim
zir severamente o conteúdo de informação dos dados de para o sensoriamento remoto porque nenhuma energia fica
sensoriamento remoto até o ponto que a imagem perde disponível para ser registrada por sensoriamento remoto.
contraste e torna-se difícil diferenciar um objeto de outro. Por outro lado, na porção visível do espectro eletromagné
tico (0,4 —0,7 pm), a atmosfera não absorve toda a energia
Absorção incidente, mas a transmite efetivamente bem. Porções do
espectro que transmitem a energia radiante com eficiência
são chamadas d &janelas atmosféricas.
Absorção é o processo pelo qual a energia radiante é absorvi
da e convertida em outras formas de energia. A absorção da A absorção ocorre quando a energia incidente de mesma
energia radiante incidente ocorre na atmosfera ou no terre frequência que a frequência ressonante de um átomo ou
no. Uma banda de absorção é um intervalo de comprimen molécula é absorvida, produzindo um estado excitado. Se
tos de onda (ou frequências) do espectro eletromagnético ao invés de rerradiar um fóton do mesmo comprimento de
no qual a energia radiante é absorvida por uma substân onda, a energia for transformada em calor e for subsequen
cia. Os efeitos da água (H ,0 ), dióxido de carbono (CO,), temente rerradiada num comprimento de onda maior,
oxigênio (O,), ozônio (O,) e oxido nitroso (N ,0 ) sobre a ocorre absorção. Quando se trata de um meio como o ar,
transmissão da luz através da atmosfera estão resumidos na a absorção e o espalhamento são frequentemente com
Figura 2 -17a. O efeito cumulativo da absorção pelos vários binados num coeficiente de extinção (Konecny, 2003). A
Interações Energia-Matéria na Atmosfera 53
transmissão é inversamente relacionada ao coeficiente de onda da radiação que está atingindo a superfície). Várias
extinção e à espessura da camada. Certos comprimentos de feições, como corpos d’água calmos, atuam como refleto
onda da radiação são mais afetados pela absorção do que res especulares quase perfeitos (Figura 2-18a,b). Se houver
pelo espalhamento. Isso é particularmente verdade para o muito poucas ondulações na superfície, a energia incidente
infravermelho e para os comprimentos de onda menores deixará a superfície do corpo d’água num ângulo igual e
do que a luz visível. Os efeitos combinados de absorção, oposto ao da energia incidente. Sabemos que isso ocor
espalhamento e reflectância (dos topos das nuvens) atmos re pela nossa própria experiência. Se à noite iluminarmos
féricos podem reduzir dramaticamente a quantidade de com um farolete um lago tranquilo, a luz irá resvalar na
radiação solar atingindo a superfície da Terra ao nível do superfície e atingir as árvores na outra margem num ângu
mar, como mostrado na Figura 2 -17b. lo igual e oposto ao da radiação incidente.
A clorofila na vegetação absorve muito da luz azul e verme Se a superfície tem uma grande altura superficial (rugosa)
lha incidente para fins de fotossíntese. O Capítulo 10 des relativamente ao tamanho do comprimento de onda da
creve a importância dessas bandas de absorção da clorofila e energia incidente, os raios refletidos vão em muitas dire
seus papéis durante o sensoriamento remoto da vegetação. ções, dependendo da orientação das superfícies refletoras
Similarmente, a água é um excelente absorvedor de ener menores. Esta reflexão difusa não produz uma imagem es
gia (Capítulo 11). Muitos minerais têm características úni pelho, mas sim uma radiação difusa (Figura 2-18c). Papel
cas de absorção em porções muito específicas do espectro branco, pó branco, e outros materiais refletem a luz visível
eletromagnético que nos permitem usar o sensoriamento desta maneira difusa. Se a superfície for muito rugosa, en
remoto para identificá-los (Capítulo 13), assumindo que tão pode ocorrer um espalhamento imprevisível. Lambert
não haja vegetação sobrejacente (Clark, 1999). definiu uma superfície perfeitamente difusa; assim, a co-
mumente chamada superfície Lambertiana é aquela na qual
A energia que atinge o sistema de sensoriamento remoto o fluxo radiante que deixa a superfície é constante para
deve passar pela atmosfera duas vezes. Assim, é comum qualquer ângulo de reflectância (Figura 2-18d).
identificar dois coeficientes de transmissão atmosférica: um
para a energia chegando à atmosfera (Tj,) num ângulo de A maior parte do fluxo radiante incidente é refletida pelo topo
incidência relacionado à fonte de energia (p.ex., o Sol), e das nuvens e outros materiais na atmosfera. Uma quantidade
um para a energia refletida ou emitida pela superfície da substancial dessa energia é rerradiada de volta para o espaço.
Terra que deve passar pela atmosfera para atingir o sistema Como veremos, os princípios da reflexão especular e difusa
sensor remoto (TQ). Veremos o quanto esses dois parâme que se aplicam às nuvens também se aplicam ao terreno.
tros são importantes na discussão sobre correção atmosfé
rica, posteriormente neste capítulo. A reflectância espectral pode ser medida a grandes distâncias
usando sistemas multiespectrais de sensoriamento remoto.
Reflectância Os sistemas ópticos de sensoriamento remoto que registram
a reflectância espectral são apresentados resumidamente
nos Capítulos 4 e 7. Também é possível obter medições de
A reflectância é o processo pelo qual a radiação “resva reflectância espectral do terreno (p.ex., culturas agrícolas,
la” num objeto como o topo de uma nuvem, um corpo solo e água) segurando um espectrorradiômetro a apenas
d’água, ou um solo exposto. Verdadeiramente, o processo poucos centímetros acima do solo como mostrado na Figu
é mais complicado, envolvendo re-radiação de fótons em ra 1-1. Os métodos de obtenção de medidas de reflectância
uníssono por átomos ou moléculas numa camada de apro espectral in situ estão apresentados no Capítulo 15.
ximadamente metade do comprimento de onda em pro
fundidade. A reflexão exibe características fundamentais Interações Energia-Matéria
que são importantes no sensoriamento remoto. Primeiro, a no Terreno
radiação incidente, a radiação refletida, e uma vertical à su
perfície a partir da qual os ângulos de incidência e reflexão
são medidos, todos ficam no mesmo plano. Segundo, o A taxa temporal do fluxo de energia em direção a, para
ângulo de incidência e o ângulo de reflexão (exitância) são fora de, ou através de uma superfície é chamada de fluxo
aproximadamente iguais, como mostrado na Figura 2-18. radiante (O) e é medida em watts (W) (Tabela 2-4). As
características do fluxo radiante e o que acontece com ele
Há vários tipos de superfícies refletoras. A reflexão especular quando interage com a superfície da Terra é de importân
ocorre quando a superfície a partir da qual a radiação é cia crucial no sensoriamento remoto. De fato, este é o foco
refletida é essencialmente lisa (i.e., a altura média do perfil fundamental da maioria das pesquisas em sensoriamento
da superfície é várias vezes menor que o comprimento de remoto. Pelo monitoramento cuidadoso da natureza exata
54 CAPÍTULO Princípios de Radiação Eletromagnética
100%
N ,0
0
100 O .e O ,
0 1
III
100
CO,
0
100
_c
< HO
0
100
^ ■ i v
Atmosfera
“fechada”
a.
0,2 0,3 0,4 0,6 0,8 1 1,5 2 3 4 5 6 8 10 20 30
Figura 2-17 a) Absorção da energia eletromagnética do Sol incidente na região de 0,1 a 3,0 pm por vários gases atmosféricos. Os
primeiros quatro gráficos mostram as características de absorção do N ,0 , O, e O^, CO, e H ,0 , enquanto o último gráfico
mostra o resultado acumulado de todos esses constituintes estando na atmosfera ao mesmo tempo. A atmosfera essencial-
mente “se fecha” em certas porções do espectro, enquanto “janelas atmosféricas” existem em outras regiões, as quais efeti
vamente transmitem energia ao terreno. São nessas janelas que os sistemas de sensoriamento remoto devem funcionar, b)
O efeito combinado da absorção, espalhamento e reflectância atmosféricos reduzem a quantidade de irradiância solar que
atinge a superfície da Terra ao nível do mar.
Interações Energia-Matéria no Terreno 55
Densidade de fluxo
radiante na superfície
Irradiância E,. watts por metro Fluxo radiante incidente sobre a superfície por
quadrado, W m'2 unidade de área da superfície.
Exitância radiante Mx watts por metro Fluxo radiante emergente da superfície por
quadrado, W m’2 unidade de área da superfície.
O refletido^
Reflectância hemisférica Pz adimensional
(D
'X
cl)transmitido^
..
Transmitância hemisférica Tx
adimensional
(D.
•X
O absorvido^
Absortância hemisférica a x
adimensional
cD
•X
Figura 2-19 Curvas de reflectância espectral para fenômenos urbano-periurbanos na região espectral 400 - 2.500 nm obtidas usando um
espcctrorradiômetro portátil (o Capítulo 15 descreve como as medidas de reflectância espectral in situ são coletadas).
Por exemplo, é claro a partir da Figura 2-19 que a grama importante refinarmos nossas técnicas de medição radio-
Centipede reflete apenas cerca de 3 a 4 por cento da energia métrica de tal forma que informações radiométricas mais
radiante incidente no vermelho (0,6 - 0,7 pm), enquanto precisas possam ser extraídas dos dados de sensoriamento
reflete até aproximadamente 35 por cento do fluxo radian remoto (Du et ah, 2002). Isso requer a introdução de di
te incidente no infravermelho próximo (0,7 —0,9 pm). Se versas grandezas radiométricas que fornecem informações
queremos discriminar entre grama e turfa artificial, a porção radiométricas gradativamente mais precisas.
ideal do espectro para o sensoriamento remoto é a região do
infravermelho próximo, pois a turfa artificial reflete apenas Densidade de Fluxo Radiante
cerca de 5 por cento da energia incidente no infravermelho
próximo. Isso faria com que urna imagem infravermelho
preto-e-branco do terreno mostrasse a grama Centipede em Uma área plana (p.ex., com dimensões de 1 x 1 m) sendo
tons brilhantes e a turfa artificial em tons mais escuros. iluminada pelo Sol com um fluxo radiante (O) em com
primentos de onda específicos (X) é mostrada na Figura
As grandezas reflectância, transmitância e absortância he 2-20. A quantidade de fluxo radiante interceptado divi
misféricas não fornecem informações sobre a quantidade dida pela área da superfície plana é a densidade de fluxo
exata de energia atingindo uma área específica no terreno radiante média.
proveniente de uma direção específica ou sobre a quanti
dade exata de fluxo radiante emergindo do terreno numa Irradiância e Exitância
certa direção. Os sistemas de sensoriamento remoto podem
ficar posicionados num ponto do espaço durante apenas A quantidade de fluxo radiante incidente sobre uma su
um ponto único no tempo, e geralmente observam uma perfície por unidade de área da superfície é chamada de
pequena porção da Terra num certo instante. Portanto, é irradiância (E.fl:
58 CAPÍTULO Princípios de Radiação Eletromagnética
( 2- 21 )
Radiância
emulsão do filme com seus cristais de haleto cie prata sen • A trajetória 3 contém a energia proveniente do Sol que
síveis à luz. A emulsão deve então ser revelada e impressa sofreu algum espalhamento Rayleigh, Mie, e/ou espa
antes que uma cópia analógica seja disponível para análise. lhamento não-seletivo e talvez alguma absorção e re-
Ao invés de armazenar uma imagem latente no filme, um emissão antes de iluminar a área de estudo. Assim, sua
detector óptico-mecânico registrará digitalmente o núme composição espectral e polarização pode ser um pouco
ro de fótons atingindo o sensor em regiões espectrais de diferente da energia que atinge o terreno segundo a tra
comprimentos de onda muito específicos. jetória 1. Green (2003) refere-se a esta grandeza como
reflectância descendente da atmosfera (EM ).
Alvo e Radiância de Trajetória*•
• A trajetória 4 contém a radiação que foi refletida ou
espalhada pelo terreno próximo (p. ) coberto por neve,
Idealmente, a radiância (Z) registrada por uma câme concreto, solo, água, e/ou vegetação para dentro do
ra ou detector é uma função verdadeira da quantida IFOV do sistema sensor. A energia não ilumina efeti
de de radiância emergindo do alvo no terreno dentro vamente a área de interesse. Portanto, se possível, deve
do campo de visada instantâneo (IFOV) num ângulo riamos minimizar seus efeitos.
sólido específico, como discutido previamente. Infeliz-
mente, outras energias radiantes provenientes de várias • A trajetória 5 é a energia que também foi refletida pelo
outras trajetórias podem adentrar no campo de visada e terreno próximo para a atmosfera, mas que então foi
introduzir ruído/confusão no processo de sensoriamen espalhada ou refletida para a área de estudo.
to remoto. Assim, definições de variáveis radiométricas
adicionais são necessárias para identificar as principais Portanto, para um dado intervalo espectral no espectro
fontes e trajetórias dessa energia (Cracknell e Hayes, eletromagnético (p.ex., A, a X poderia ser 0,6 - 0,7 pm ou
1993; Green, 2003). As variáveis estão sintetizadas na luz vermelha), a irradiância solar total atingindo a superfí
Tabela 2-5. As várias trajetórias e fatores que determ i cie da Terra, E , é uma integração de vários componentes:
nam a radiância atingindo um sensor remoto estão resu
midos na Figura 2-22, incluindo: K
Es. . f (£_ r 0 COSe ♦ £,_)dX (W m'2
• A trajetória 1 contém a irradiância espectral solar (E )
que foi muito pouco atenuada antes de iluminar o ter ' \
reno contido no IFOV. Note neste caso que estamos Ela é uma função da irradiância solar espectral no topo da
interessados na irradiância solar proveniente de um atmosfera (E ) multiplicada pela transmitância atmosféri
ângulo zenital solar específico (0 ) e que a quantida ca (7" ) num certo ângulo zenital solar (0 ) mais a contri
de de irradiância atingindo o terreno é uma função da buição da irradiância solar difusa (£ ).
60 CAPITULO Princípios de Radiação Eletromagnética
Tabela 2-5. Variáveis radiométricas usadas em Seria maravilhoso se a radiância total registrada pelo
sensoriamento remoto. sensor, se igualasse à radiância retornada do alvo
em estudo na área de interesse, Lr Infelizmente, L
Variáveis Radiométricas L porque há alguma radiância adicional de diferentes
E j = irradiância solar no topo da atmosfera (W m'2) trajetórias que podem adentrar ao IFOV do detector do
Eo = irradiância solar espectral no topo da atmosfera sistema sensor (Figura 2-22). Isso é geralmente chamado
'' (W nr2 pm'1) de radiância de trajetória, Lp. Assim, a radiância total
Ed = irradiância solar difusa (W n r2) registrada por um sensor torna-se:
E(1 = irradiância solar espectral difusa (W nr2 pm 1)
E,du^ = a reflectância ascendente da atmosfera L s = Lt + Lp (W n r2 sr'1). (2-25)
Edd^
.." = a reflectância descendente da atmosfera
E^ = irradiância global incidente na superfície (W m 2) Vemos pela Equação 2-25 e Figura 2-22 que a radiân
E = irradiância global espectral incidente na superfície cia de trajetória (Lp) é um componente intrusivo (mau)
8X (W m'2 pm'1) na quantidade total de radiância registrada pelo sistema
T = espessura óptica atmosférica normal sensor {Lj. Ela é composta de energia radiante prove
T0 = transmitância atmosférica num ângulo 9 com o niente primariamente da irradiância solar difusa (E ) da
zênite trajetória 2 e também da reflectância de áreas do terreno
0 = ângulo zenital solar próximas (p. ) da trajetória 4. A radiância de trajetória
9v = ângulo de visada do sensor a bordo do satélite introduz erros no processo de coleta de dados por senso
(ou ângulo de varredura) riamento remoto. Ela pode impedir-nos de obter medi
p = cos 0 das espectrais exatas.
p. = reflectância superficial do alvo num comprimento
de onda específico Uma grande quantidade de trabalhos foi feita para desen
p. = reflectância de uma área vizinha volver métodos de remoção da contribuição da radiância
= radiância total no sensor (W m'2 s r ') de trajetória {Lf). Os métodos para computar a radiância
L.: = radiância total do alvo de interesse em direção ao de trajetória estão sumarizados em Richards e Jia (1999).
sensor (W m'2 sr *) Programas de modelos de transferência radiativa como o
L. = radiância intrínseca do alvo (W m'2 s r 1) (i.e., o que MODTRAN, o Second Simulation of the Satellite Signal
um radiômetro portátil registraria no terreno sem a in the Solar Spectrum (6S), e outros podem ser usados
interferência da atmosfera) para predizer a radiância de trajetória num dia particular
L = radiância de trajetória de múltiplos espalhadores para uma particular área de estudo (p.ex., Matthew et al.,
r (W n r2 s r 1) 2000; InSpec, 2002; Vermote et al., 2002). Tal informa
ção pode então ser usada para remover a contribuição da
radiância de trajetória {Lj) para o sinal de sensoriamen
Apenas uma pequena quantidade desta irradiância é real to remoto ( L j (p.ex., Research Systems, 2003; Green,
mente refletida pelo terreno na direção do sistema sensor 2003). Song et al. (2001) e Jensen (2005) fornecem in
a bordo do satélite. Se assumirmos que a superfície da formação sobre quando e como remover os efeitos deleté
Terra seja um refletor difuso (uma superfície Lambertia- rios da radiância de trajetória. O processo é comumente
na), a quantidade total de radiância emergindo do alvo chamado de correção radiométrica.
da área de estudo (L.) em direção ao sensor é:
Os métodos de coleta de medidas de reflectância espec
K tral in situ que podem ser usadas para corrigir atmosferi-
/ P>T o,(E„To„coS0„ + EJ;) d ^ . (2-24) camente os dados de sensoriamento remoto são apresen
tados no Capítulo 15.
Radiância total
/
L,
no sensor
Figura 2-22 As radiâncias (Lr) das trajetórias 1,3 e 5 contêm informação espectral intrínseca importante sobre o alvo de interesse. Por outro
lado, a radiância de trajetória (LJ das trajetórias 2 e 4 incluem irradiância solar difusa ou radiância de áreas vizinhas no terreno.
Esta radiância de trajetória geralmente introduz ruído radiométrico indesejável nos dados de sensoriamento remoto e complica
o processo de interpretação de imagens.
S
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62 CAPÍTULO Princípios de Radiação Eletromagnética
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História da Fotografia Aérea e das Plataformas
Aéreas
História da Fotografia
A fotografia é uma invenção que foi concretizada entre 1833 e 1839. É interessante
notar que dois componentes tecnológicos básicos da fotografia já se encontravam dis
poníveis há muito tempo, mas faltava alguém para colocá-los em funcionamento: 1)
uma correta teoria sobre a luz e as cores, e 2) um instrumento de captação da cena (a
câmera escura). Ainda faltava inventar uma emulsão sensível à luz e que pudesse ser
í- fixada para gravar a cena de forma permanente.
Luz e Cor
Há mais de mil anos astrólogos indianos já afirmavam que a luz branca do Sol é com
posta pela combinação de todas as cores. Contudo, a crença errônea de Aristóteles de
que as cores são formadas pela mistura do preto e do branco prevaleceu até o final do
século XVII (Wolinsky, 1999). Até Leonardo da Vinci tinha dúvidas sobre o número
de cores primárias, achando que eram seis ou oito. Somente em 1672 Isaac Newton
apresentou um conceito correto sobre a luz e as cores publicado em sua obra Nova
Teoria sobre Luz e Cores, em que ele escreveu,
Newton verificou que o prisma dispersava a luz branca num espectro de cores —ver
melho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. Ele verificou ainda que com um
segundo prisma o feixe de cores podia ser recombinado em luz branca. Ele foi o pri
meiro a documentar cientificamente a natureza espectral da luz, e suas idéias ajudaram
a iniciar a era da óptica moderna.
64 CAPITULO História da Fotografia Aérea e das Plataformas Aéreas
/
História da Fotografia 65
Primeira Fotografia
Daguerreótipos
Figura 3-5 Daguerreótipos do: a) Capitólio dos Estados Unidos e b) Presidente Abraham Lincoln (cortesia da Biblioteca do Congresso).
supera todas as teorias da luz e óptica, e irá revolucionar a ser revelada com ácido gálico e nitrato de prata. Utilizando
arte do desenho”. Outros membros eminentes da Academia fotografias negativas em papel transparente ele obtinha có
Francesa de Ciências, tal como Alexander von Humboldt (o pias contato positivas em papel, chamadas de calótipos (do
geógrafo que criou o conceito de “isolinha”), confirmaram grego kalos para “lindo” e tipos para “impressão”), mas não
a importância do invento. O processo do daguerreótipo foi tinham a mesma qualidade dos daguerreótipos em brilho
comprado pelo governo francês, e Daguerre e Isidore Niepce ou nitidez. O livro de Talbot Lápis da Natureza (1844) foi o
receberam uma pensão por toda a vida. Daguerre escreveu primeiro a ser ilustrado com fotografias.
um livro de 79 páginas descrevendo o processo do daguerre
ótipo, que foi publicado em mais de 30 edições e distribuído O processo negativo-positivo de Talbot é basicamente o
ao redor do mundo. Contudo, os primeiros fotógrafos que mesmo que utilizamos hoje em fotografias terrestres e aé
faziam daguerreótipos enfrentaram um sério problema cau reas. Talbot contestou que o seu processo era anterior ao de
sado pelo envenenamento pela exposição prolongada aos va Daguerre e apresentou seu caso à Sociedade Real. Interes-
pores de mercúrio, que levou muitos fotógrafos à loucura. santemente, quando o renomado astrônomo inglês John
F. W. Flerschel foi chamado para a França para comparar
Nos Estados Unidos, milhares de daguerreótipos foram feitos os dois processos, ele praticamente desqualificou as foto
de paisagens e de pessoas por fotógrafos famosos como Mat- grafias do inglês Talbot por sua baixa qualidade, dizendo
thew Brady. Os daguerreótipos preservados pela biblioteca “Devo dizer aos senhores que, comparado a essas obras de
do Congresso americano são importantes documentos histó arte de Daguerre, o senhor Talbot não produz mais do que
ricos. Daguerreótipos do Capitólio dos Estados Unidos e do coisas vagas e nebulosas. Há tanta diferença entre esses dois
presidente Abraham Lincoln são mostrados na Figura 3-3. produtos como há entre a Lua e o Sol” (Newhall, 1993).
Herschel foi quem apresentou a palavra fotografia em lugar
Os daguerreótipos, como eram chamadas as primeiras fo do termo “desenho fotogênico”, de Talbot, e consagrou os
tografias tiradas com um daguerreótipo, registravam a cena termos positivo e negativo.
com bastante detalhe e tornaram-se muito populares. No en
tanto, faltava uma forma de reproduzir estas fotografias para Em 1839 a fotografia era considerada milagrosa, pois antes
obter cópias, o que só era possível tirando uma fotografia do era impossível saber exatamente como uma pessoa ou um
original. Em 1839, WilliamHenry FoxTalbot (1800-1877), lugar se parecia sem conhecê-los pessoalmente. A pintura
membro da Sociedade Real inglesa (equivalente à Academia de retratos era algo disponível somente para os ricos e esta
Francesa de Ciências), descobriu que uma imagem formada va sujeita a modificações pelo artista. Mesmo as melhores
sobre um papel com uma emulsão de iodeto de prata podia descrições dos mais lindos lugares do mundo eram tão so
História da Fotografia 67
Figura 3-8 O famoso fotógrafo parisiense Gaspard Felix Tour- Boston, tal como a águia e o ganso selvagem a
nachon (1820-1910), mais conhecido por Nadar, é vêem, é um objeto bem diferente do que visto de
visto nesta fotografia ajoelhado numa frágil gôndola baixo para cima por uma pessoa que olha para
de balão. Ele foi o primeiro a obter uma fotografia
as calhas e chaminés. O Velho Sul e a Igreja da
aérea a partir de um balão próximo a Paris em 1858
e a patentear o levantamento aéreo tal como o conhe Trindade são dois pontos de referência inconfun
cemos hoje em dia. Infelizmente, a primeira fotogra díveis. A rua Washington inclina-se através da
fia aérea foi perdida (© Roger-Viollet, Paris, França; fotografia como se fosse uma estreita rachadura.
usado com permissão). A construção dos edifícios comerciais ao longo
da rua do Leite vão mudando de direção pare
uma fotografia sobre o Vai de Bievre nos arredores de Paris. cendo a trilha seguida pelo gado leiteiro, de onde
Ele expôs a placa fotográfica subindo num balão cativo até veio o nome da rua. A vista da parte central da
uma altura de 80 m; em seguida foi rapidamente puxado imagem chama a atenção aos olhos pelas inúme
de volta para a superfície onde correu para dentro de uma ras janelas, chaminés e clarabóias perfeitamente
casa para revelar a fotografia. Esta primeira fotografia aérea definidas... Como uma primeira tentativa, esta
foi perdida; no entanto, Nadar descreveu seu conteúdo; foto é um extraordinário sucesso; contudo, seu
maior interesse está em mostrar o que podemos
Estou revelando a minha foto...Boa sorte! Tem esperar que aconteça na mesma direção.
algo aparecendo nela!... Ninguém pode negar:
bem aqui abaixo de mim estão as três casas da Durante a guerra civil americana, a União Geral de Mc-
pequena vila: a fazenda, a estalagem e a delegacia Clellan utilizou balões para observar as posições e os mo
de polícia... Você pode distinguir perfeitamen- vimentos do exército confederado. Por exemplo, em ju
te um veículo de entregas parado na estrada, e lho de 1862 a União do Exército utilizou balões cativos
sobre o telhado tem dois pombos que tinham a uma altura de cerca de 400 m para obter informações
70 CAPÍTULO História da Fotografia Aérea e das Plataformas Aéreas
Figura 3-11 O balão Intrepid sendo inflado utilizando o sistema portátil gerador de hidrogênio de Thaddeus Lowe durante a Guerra Civil
Americana na batalha de Fair Oaks, Virgínia, EUA, em Io de junho de 1862 (utilizado com permissão do Instituto Smithsonian,
Washington, DC, EUA; #2A-03675).
Figura 3-13 Fotografia aérea dos escombros de São Francisco, EUA, obtida por George R. Lawrence após o terremoto de 18 de abril de 1906
usando uma câmera de 22,5 kg presa a uma aeronave cativa com uma sequência de 17 pipas amarradas a um navio na Baia de São
Francisco. As pipas atingiram uma altura de cerca de 610 m (cortesia da Biblioteca do Congresso, #LC-USZ 62-16440).
agrônomo (a fim de localizar focos de doença em vinhedos). O maior problema com as pipas e os balões está na dificul
Batut achava que através da pipa o uso da fotografia aérea dade de navegá-los. Ainda assim, muitas fotografias aéreas
pudesse ser popularizado (Batut, 1890; Tennant, 1903). de excelente qualidade foram obtidas por tais plataformas.
Existe um grupo de usuários na Internet dedicado a obter
George R. Lawrence, de Chicago, EUA, depois de ter sofri fotografias aéreas com pipas (Apêndice A).
do dois acidentes com balões cativos tornou-se um grande
adepto da fotografia aérea a partir de pipas. Em certa oca Voos mais Pesados do que o Ar Utilizando Foguetes
sião o seu balão caiu de uma altura de 70 m, mas ele foi
salvo porque a gôndola caiu sobre cabos telegráficos que
amorteceram a queda. Ele usava uma sequência de pipas Fotografias aéreas de câmeras lançadas ao espaço através de
conectadas à qual chamava de Aeronave Cativa. Com essas foguetes foram obtidas mesmo antes da invenção do avião.
pipas ele podia içar câmeras que pesavam até 23 kg (Baker, Em 1888, La Nature descreveu um “foguete para fotogra
1994). Na pipa mais baixa da sequência ele prendia um fia” inventado por Amadee Denisse. Em 1891, Ludwig
suporte que permitia posicionar a câmera em qualquer Rahrmann recebeu uma patente alemã para um sistema
direção antes de suspendê-la. Um sistema composto de fotográfico lançado por meio de um foguete ou de uma
mastros, linhas e pesos de chumbo fazia com que a câmera espingarda de calibre grosso. A câmera retornava ao solo
ficasse na posição correta e também diminuía a tendência por meio de um pára-quedas (Newhall, 1969). Em 1903,
de a câmera balançar. O obturador da câmera era acionado Alfred Maul patenteou uma câmera para foguete. Fotogra
por um fio encapado preso ao cabo de aço da pipa e que era fias aéreas de um foguete que atingiu uma altura de quase
usado para enviar uma corrente elétrica à câmera (Newhall, 800 m foram publicadas na Illustrated London News, em 7
1960; Baker, 1994). Algumas das mais célebres fotogra de dezembro de 1912.
fias aéreas de Lawrence foram obtidas seis semanas após o
terremoto do dia 18 de abril de 1906 em São Francisco, \/oos mais Pesados do que o A r Utilizando Pombos,
EUA, utilizando 17 pipas de uma só vez (Figura 3-13). Na Planadores e Aviões
primeira tentativa para obter essas fotografias a chuva mo
lhou a linha da pipa e não foi possível acionar o obturador.
Depois, o Sol saiu secando o fio e o obturador voltou a Todos os objetos mais pesados do que o ar, como pássaros,
funcionar. O filme negativo de 48 x 122 cm da fotografia planadores e aviões alcançam sustentação para o voo com
aérea foi adquirido utilizando uma câmera panorâmica de base no princípio da força de sustentação aerodinâmica. Se
22,5 kg. Cópias por contato foram obtidas a partir deste a asa tiver a forma adequada, então o vento que sopra por
negativo. Estas foram as maiores fotografias produzidas na cima e por baixo da asa faz com que ela atinja a força de
quela época a partir de plataformas aéreas. A câmera tinha sustentação aerodinâmica. Uma asa em forma plana difi
lentes que cobriam um ângulo de 160° em uma única visa culta o fluxo, causando resistência do ar ao avanço, enquan
da, produzindo fotografias grande angulares extremamente to que uma asa em forma curvada (Figura 3-14) permite
detalhadas dos escombros da cidade (Baker, 1994). que o ar flua suavemente sobre ela. Uma asa curvada na
Fotografias a Partir de Plataformas Aéreas 73
Relação entre o Projeto da Asa e a Força de Fischer, 1975). Por razões diversas, os pombos não são
Sustentação Aerodinâmica uma plataforma ideal para sensoriamento remoto.
Força de sustentação
Planadores
Figura 3-15 a) Uma esquadra de pombos equipada com câmeras leves (cerca de 70 g) com lente de 70 mm. b) Parte de uma fotografia aérea
oblíqua obtida por uma câmera presa a um pombo. As asas do pombo podem ser vistas na foto (© Museu Alemão, Munique,
Alemanha; usado com permissão).
Figura 3-16 Orville e W ilbur Wright colaboraram no desenvolvimento dos planadores e do avião motorizado (cortesia da Wikipedia).
Figura 3-17 a) Um dos irmãos Wright em um planador em Kitty Hawk, N C, EUA, em 1902. b) O Voador Wright tinha um motor com potên
cia de 12 cavalos e hélices especialmente projetadas. Orville realizou o primeiro voo motorizado com uma máquina mais pesada
do que o ar em 17 de dezembro de 1903. O voo teve a duração de 12 segundos num percurso de 35 m (usado com permissão do
Instituto Smithsonian, Washington, DC, EUA).
Donald Douglas em 1920 — atualmente McDonnell • Leroy Grumman em 1929 - atualmente Northrop/
Douglas Grumman
Alan Lockheed em 1926 — atualmente Lockheed- Os aviões produzidos por estas companhias e outras na
Martin Alemanha, França e Inglaterra foram utilizados para reco
nhecimento fotográfico militar e outras finalidades duran
John Northrop em 1929 - Northrop te as duas primeiras guerras mundiais.
76 CAPÍTULO História da Fotografia Aérea e das Plataformas Aéreas
Figura 3-1 8 a) Um fotógrafo aéreo e um piloto em um avião Curtiss AH-13 com uma câmera Graflex, em 1915. b) detalhe de um Curtiss
JN -4 Jenny da I a Guerra Mundial com uma câmera montada do lado direito (usado com permissão do Instituto Smithsonian,
Washington, DC, EUA; #2B-41742 e 2B-41668, respectivamente).
Fotografia Aérea na 1a Guerra Mundial britânico da Ia Guerra Mundial mostrou uma significativa
alteração no direcionamento das forças alemãs que avan
çavam sobre Paris. Esta informação veio em tempo hábil
Para obter uma fotografia aérea no início da Ia Guerra para que o Exército Aliado pudesse fortificar suas posições
Mundial, era necessário que o fotógrafo segurasse a câmera no rio Mame e retardar o avanço dos alemães sobre Paris
com a mão para fora do avião, fizesse a exposição, e então (Lopez, 1995). A Ia Guerra Mundial foi marcada por com
trocasse a placa fotográfica antes de tirar uma outra foto bates em trincheiras. A Figura 3-19 mostra trincheiras ca
grafia. No início, as câmeras eram atadas ao peito do fotó vadas num campo de batalha na I a Guerra Mundial numa
grafo ou presas na lateral do avião (Figura 3-18ab). Tirar área desconhecida. Fotointérpretes treinados analisavam
fotografias aéreas era uma tarefa perigosa, especialmente repetidamente as fotografias estereoscópicas das trincheiras
nos primeiros anos do seu desenvolvimento. para localizar o posicionamento de armamentos e depósi
tos de munição. Em 1918, durante os períodos de intensa
No início, o uso da fotografia aérea, em tempo de guerra, atividade militar, as unidades aéreas da França chegaram a
não era bem aceita. Com efeito, mapas das trincheiras, obti revelar e imprimir até 10.000 fotografias por noite. Duran
dos por fotografias tiradas por iniciativa própria dos pilotos te a ofensiva de Meuse-Argonne, 56.000 fotografias aéreas
durante a I a Guerra Mundial, eram rejeitados e tidos como foram feitas e enviadas em quatro dias para as Forças Expe
sendo “a mais desgraçada das coisas a ser feita” (Newhall, dicionárias americanas. Ao final da I a Guerra Mundial, o
1969). Contudo, mais à frente, os comandantes reconhe Tenente Edward Steichen da Seção de Fotografias das For
ceram o valor das fotografias aéreas de reconhecimento, e ças Expedicionárias americanas afirmou,
as táticas militares usadas na 1a Guerra Mundial mudaram
completamente. Inicialmente, as fotografias aéreas foram O consenso da opinião de especialistas, expressa
utilizadas para fazer mapas relativamente precisos sobre em várias conferências dos Aliados sobre foto
áreas com pouca informação para orientar o planejamen grafia aérea, é que pelo menos dois terços de toda
to da estratégia militar. O conhecimento sobre as estradas a informação militar foi obtida ou verificada em
existentes ou destruídas, as barreiras e os pontos de estran fotografias aéreas.
gulamento era muito valioso para planejar o movimento
de tropas e materiais. Além disso, não era possível esconder Fotografia Aérea na 2a Guerra Mundial
uma grande quantidade de material bélico diante das lentes
das câmeras fotográficas (Quackenbush, 1960). O movi
mento das tropas e o armazenamento de material bélico e O reconhecimento aerofotográfico teve um papel signifi
suprimentos podiam ser documentados. Por exemplo, em cativo na 2a Guerra Mundial. Em 1938, o General Werner
22 de agosto de 1914, o reconhecimento aéreo fotográfico von Fritsch, Chefe do Estado Maior Geral da Alemanha,
Reconhecimento Fotográfico na Guerra Fria 77
fez um pronunciamento anunciando que a nação com o ficadas, como a P-38. Além disso, bombardeiros obtinham
melhor reconhecimento aerofotográfico vencería a próxi com frequência fotografias aéreas durante bombardeios e
ma guerra. Em 1940, a Alemanha liderava o mundo no que eram usadas para subsequente avaliação dos danos. A
reconhecimento aerofotográfico militar, mas estagnou à Figura 3-2 lab documenta um acidente ocorrido durante
medida que a guerra progrediu. Os Estados Unidos não o bombardeio em uma área rural de Berlin na Alemanha.
tinham quase nenhuma capacitação em fotointerpretação Um bombardeiro B-17 Flying Fortress (Fortaleza Voadora)
militar quando entraram na 2a Guerra Mundial (Fischer, da 8a Força Aérea dos Estados Unidos estava voando por
1975). Contudo, a capacitação dos ingleses e americanos baixo de uma frota bem no momento do lançamento das
melhorou rapidamente no que se refere à fotografia aérea, bombas. A primeira fotografia aérea mostra um detalhe do
tanto na coleta de dados quanto na fotointerpretação. bombardeiro B-17 e a bomba lançada pelo avião de cima,
Após a retirada dos ingleses do continente, em Dunkirk, prestes a colidir com o estabilizador horizontal (cauda).
em 1940, eles foram praticamente isolados das suas fontes A fotografia seguinte (Figura 3-2 lb) mostra o estrago da
convencionais de informação militar e tiveram que de bomba feito no estabilizador, além de outras duas bom
pender das fotografias aéreas como sua principal fonte de bas lançadas na sequência. É pouco provável que o B-17
informação. A fotoidentificação de embarcações invasoras danificado tenha conseguido retornar com segurança. A
alemãs em canais próximos à costa da França no verão de Alemanha introduziu o uso de aviões a jato no final da 2a
1940 constituiu a maior evidência de que uma invasão à Guerra Mundial (Boyne, 1993).
Inglaterra aconteceria em menos de 48 horas. Os britâni
cos lançaram um ataque aéreo tão efetivo contra as forças Reconhecimento Fotográfico na Guerra
invasoras que a Alemanha foi forçada a adiar a invasão e Fria
por fim abandoná-la (Quackenbush, 1960). A fotografia
aérea também ajudou a destruir a base de lançamento do
foguete alemão V-2 no final da guerra (Figura 3-20). A corrida armamentista entre os Estados Unidos e a União
Soviética teve início após a 2a Guerra Mundial quando o
A maioria das aeronaves de reconhecimento da 2a Guerra governo americano achava que havia uma tremenda discre
Mundial tinha pouca capacidade de defesa. Desta forma, pância de bombas e/ou mísseis entre as duas nações. Assim,
era importante que fossem escoltadas por aviões de caça. foi dada uma grande ênfase no desenvolvimento de tecno
Milhões de fotografias aéreas de reconhecimento foram logias para coleta de informações para espionar o arsenal bé
obtidas durante a 2a Guerra Mundial por aeronaves modi lico do inimigo. Da mesma forma, a União Soviética queria
78 CAPÍTULO História da Fotografia Aérea e das Plataformas Aéreas
a. b.
Figura 3-21 a) Um bombardeiro B-17 Flying Fortress (Fortaleza Voadora) da 8“ Força Aérea dos Estados Unidos voando numa frota abaixo
de outra frota bem no momento do lançamento das bombas, b) A exposição seguinte documenta que a bomba do avião acima
estraçalhou o estabilizador horizontal (cauda) do avião abaixo (usado com permissão do Instituto Smithsonian, Washington, DC,
EUA; #3A-20850 e 20851, respectivamente).
obter informações sobre as atividades bélicas dos Estados tário-geral do Partido Comunista, Khruschev, ter rejeitado
Unidos. Qualquer sobrevoo de reconhecimento aéreo feito no mesmo dia a proposta da “Doutrina dos Céus Abertos”
por um outro país sem prévia autorização das autoridades (Hall, 1996), o conceito tinha sido apresentado.
competentes era considerado um ato ilegal e inimigo. Ape
sar disso, os Estados Unidos consideravam essencial realizar Alguns dias mais tarde, em 29 de julho de 1955, o presi
este tipo de sobrevoo para saber o que estava acontecendo na dente Eisenhower anunciou publicamente um plano para
União Soviética e em outros países considerados inimigos. lançar “satélites de pequeno porte não-tripulados como
Em dezembro de 1954, o presidente dos Estados Unidos parte da participação dos Estados Unidos no Ano Inter
Dwight Eisenhower aprovou o programa denominado U-2 nacional da Geofísica de 1957-1958”. Contudo, isto foi
para reconhecimento aéreo (Brugioni e Doyle, 1997). Em apenas um pretexto para estabelecer o princípio da “li
21 de julho de 1955 o presidente Eisenhower participou da berdade do espaço” na legislação internacional e tudo o
Conferência das Quatro-Potências (Four-Power Summit), que isto implicaria na questão do reconhecimento estra
em Genebra, Suíça, onde apresentou o que a imprensa cha tégico conduzido em altitudes acima do “espaço aéreo”,
mou de “Doutrina dos Céus Abertos”. Ele insinuou que uma vez que abaixo desse espaço cada país reivindicava sua
a falta de confiança e a presença de terríveis armamentos soberania exclusiva (Hall, 1996). Com efeito, Eisenhower
em certos países causavam em todo o mundo preocupa estava lançando os fundamentos para aquilo que já havia
ção e o perigo de ataques-surpresa. A fim de eliminar tais sido concebido nos Estados Unidos: a) o projeto de reco
preocupações ele recomendou que a União Soviética e os nhecimento por balões chamado Genetrix sobre a União
Estados Unidos colaborassem no fornecimento dos meios Soviética para obter fotografias aéreas e informações; b) o
para obter fotografias aéreas em voos de reconhecimento e projeto da aeronave de espionagem suborbital U-2; e c) o
que seriam mutuamente supervisionados. Embora o secre- reconhecimento por satélites orbitais.
Reconhecimento Fotográfico na Guerra Fria 79
Lockheed U-2
b.
a. Aeronave U-2.
c. Aeronave ER-2.
Após o incidente de Francis Gary Powers, os U-2 conti cos de médio alcance próximo a San Cristobal, Cuba, no
nuaram fornecendo importantes informações estratégicas dia 25 de outubro de 1962 (Figura 3-23b).
de reconhecimento ao redor do mundo. Por exemplo, em
julho de 1962, o diretor da CIA enviou um memorando No dia 25 de outubro de 1962 o embaixador dos Esta
ao presidente John F. Kennedy dizendo que ele acredita dos Unidos das Nações Unidas Adiai Stevenson desafiou
va que os soviéticos estavam se preparando para instalar o embaixador soviético Valerian A. Zorin a desmentir a
mísseis balísticos de médio alcance em Cuba, a cerca de acusação feita pelos Estados Unidos de que a União So
150 km do território dos Estados Unidos (Walter, 1992; viética tinha instalado uma base de mísseis ofensivos em
Goldberg, 1993). Em 9 de outubro de 1962, o presiden Cuba. Em resposta o embaixador soviético Zorin disse:
te Kennedy autorizou a realização de voos de reconhe “No tempo certo, senhor, terá sua resposta. Não se preocu
cimento sobre a parte ocidental de Cuba utilizando as pe”. Stevenson respondeu: “Estou preparado para esperar
aeronaves U-2 de alta altitude. O furacão Ella manteve até que o inferno congele, se esta é sua decisão. Também
as aeronaves em solo até o dia 14 de outubro de 1962. estou preparado para apresentar a evidência nesta sala”. O
As fotografias foram interpretadas no dia 15 de outubro embaixador americano apresentou as provas da acusação e
e mostradas ao presidente Kennedy no dia 16 de outubro mostrou as fotografias aéreas com as instalações da base de
de 1962. Parte de uma das fotografias tiradas pelo U-2 e mísseis. Em agosto, não havia nada em Cuba, mas em ou
mostradas ao presidente Kennedy encontra-se na Figura tubro a infraestrutura de mísseis estava lá. Vinte e quatro
3-23a. Uma fotografia aérea oblíqua obtida por uma ae horas mais tarde havia sinais inequívocos das instalações
ronave RF-101 registrou as instalações de mísseis balísti- de mísseis. O presidente Kennedy iniciou então um blo-
Reconhecimento Fotográfico na Guerra Fria 81
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r **- t .£ *r V Arfa das barracas
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r-V» j: • S A ? * v :r. ■ s f k - f '
a. Fotografia aérea vertical de San Cristobal, Cuba.
25 de outubro de 1962
Sítio 1 de lançamento
dos mísseis
San Cristobal, Cuba
Figura 3-23 a) Parte de uma fotografia aérea do U-2 de San Cristobal, Cuba, obtida em 14 de outubro de 1962, a uma altitude de 21.300 m.
A fotografia foi mostrada ao presidente Kennedy em 16 de outubro de 1962 pelo fotointérprete Arthur Lundahl indicando os
trailers dos mísseis, alguns lançadores e as barracas usadas para preparar os mísseis e as ogivas para lançamento. O presidente Ken
nedy perguntou ao fotointérprete se ele tinha certeza sobre o que havia identificado na fotografia e ele afirmou categoricamente
que estava convencido que eram mísseis (Brugioni, 1996) (Fotografia da Força Aérea dos Estados Unidos), b) Fotografia aérea
oblíqua, obtida em 25 de outubro de 1962 pela aeronave RF-101 voando a baixa altitude sobre o sítio de lançamento dos mísseis
balísticos de médio alcance próximo a San Cristobal, Cuba. Abrigos para os mísseis e caminhões transportando mísseis podem ser
vistos nesta fotografia (Fotografia da Força Aérea dos Estados Unidos; cortesia da Federação dos Cientistas Americanos).
queio naval sobre Cuba. Após muita negociação política que tinha que acreditar naquilo que a CIA estava dizendo,
temerária, em 28 de outubro de 1962 o primeiro ministro pois ao examinar cuidadosamente as fotografias, não via
soviético Khruschev cedeu e o mundo retornou da beira de nada mais do que uma área desmatada para uso agrícola e
uma possível guerra nuclear. a fundação de uma casa. Afirmou ainda, que tinha ficado
aliviado quando quase todas as outras pessoas presentes na
Curiosamente, os detalhes identificados pela CIA nas fo reunião tiveram esta mesma impressão, incluindo o presi
tografias foram em grande parte ignorados pelos destrei dente Kennedy. Mesmo após alguns dias, quando novas
nados assessores presidenciais. O Procurador-Geral Robert fotografias foram tiradas, ele comentou que a área parecia
F. Kennedy afirmou na primeira reunião de emergência um campo de futebol americano (Kennedy, 1969).
82 CAPITULO História da Fotografia Aérea e das Plataformas Aéreas
Figura 3-24 Duas vistas da aeronave de reconhecimento Lockheed SR-71. Ela pode voar a altitudes maiores do que 21.350 m e atingir
velocidade aérea superior a 3.500 km/h (cortesia Lockheed Martin, Inc.).
F-117 Nighthawk
e. f.
Figura 3-25 Diversas vistas da aeronave Lockheed F-117 Nighthawk “invisível” ao radar. A geometria da fuselagem e o material absorvedor de
energia dificulta a detecção da aeronave por meio de radares convencionais.
de “céus abertos” em todo o mundo para objetos lançados grama Corona; KH-5 e KE1-6 foram os sensores do Argon e
em órbita. Os Estados Unidos iniciaram o projeto Corona, do Lanyard, respectivamente. A resolução espacial do KH-1
que era parte de um programa de satélites de reconheci era de 12,2 m em 1960, chegando a 1,4 a 1,8 m para o sen
mento iniciado no final dos anos 1950 e que entrou em sor KH-4B, em 1972 (Ruffuer, 1995; McDonald, 1997b).
operação no dia 28 de fevereiro de 1959. O programa era Todas as câmeras tinham distância focal de 600 mm.
administrado conjuntamente pela CIA e pela Força Aérea
dos Estados Unidos. As primeiras oito missões de reconhe A primeira fotografia do Corona foi obtida da antiga base
cimento não produziram nenhuma imagem (McDonald, aérea militar de Mys Shmidta na Chukotka, Rússia (Figura
1997b). Contudo, no dia 18 de agosto de 1960, a Missão 3-26a). Os satélites com as câmeras KH-4 (1962 a 1972)
9009 foi a primeira a ser recuperada em ar e retornar do tinham câmeras pancromáticas gêmeas para obterem pares
espaço com um filme de reconhecimento. Além disso, foi de fotografias estereoscópicas. A Figura 3-26b apresenta uma
a primeira vez que um objeto retornando do espaço foi re concepção artística da plataforma KH-4B e de seus compo
cuperado no ar (McDonald, 1997a). A era dos reconheci nentes internos. Detalhes sobre o lançamento de cada Coro
mentos a partir do espaço havia iniciado. Em apenas uma na desde o início em 25 de junho de 1959 até a última mis
missão foram obtidas mais fotografias aéreas cobrindo a são em 25 de maio de 1972 são encontrados em McDonald
União Soviética do que durante todas as missões do U-2. (1997b). Uma fotografia pancromática obtida pelo Corona
KH-4 em 20 de outubro de 1964, quarto dias após o pri
Corona meiro teste nuclear da China na base de Lop Nor é mostrada
na Figura 3-27a. O programa Corona teve uma importante
participação no monitoramento da proliferação nuclear.
Keyhole (KH), ou seja, buraco da fechadura, foi o codinome
dados às atividades de reconhecimento espacial dos Estados Apesar do seu grande valor e importância, os primeiros
Unidos para os programas Corona, Argon e Lanyard. A abre satélites de reconhecimento estavam longe de serem per
viação KE1 refere-se aos sistemas das câmeras (ou sensores) feitos. As imagens que eles adquiriam do espaço voltavam
associadas a esses programas de reconhecimento, por exem para a Terra numa cápsula por meio de pára-quedas. Isto
plo, KH-1, KH-2, KH-3 e KH-4 foram os sensores do pro podia demorar muitas vezes dias ou até mesmo semanas
84 CAPÍTULO História da Fotografia Aérea e das Plataformas Aéreas
Primeira Fotografia obtida pelo Satélite Corona da que a União Soviética lançou o Zenit-2 em 1961. Ambas
Base Aérea de Mys Shmidta, da União Soviética, em as plataformas Zenit e Corona atenderam aos objetivos
18 de agosto de 1960 propostos de serem sistemas confiáveis de reconhecimento
operando numa dimensão espacial totalmente nova (Gor-
gin, 1997). A última imagem do Corona foi obtida em 31
de maio de 1972. Mais de 800.000 imagens foram adqui
ridas pelo programa Corona, o que consiste em aproxi
madamente 640.500 m de filme, distribuídos em 39.000
rolos de filme (Clarke, 1999).
c. Pentágono
a. O suspeito campo de treinamento de terroristas de Zhawar Kili, b. Indústria farmacêutica de Shifa, no Sudão, suspeita
no Afeganistão. de produzir armamentos químicos.
Figura 3-29 Exemplo de uma imagem do Keyhole (buraco de fechadura) 12 (KH-12). a) Campo de treinamento de Zhawar Kili, no Afe
ganistão (resolução espacial de aproximadamente 1 0 x 1 0 cm), b) Indústria farmacêutica de Shifa, no Sudão. Estas imagens
de satélite foram utilizadas pelo Secretário de Estado William S. Cohen durante seu relato de missão após ataque dos mísseis
teleguiados no dia 20 de agosto de 1998, no Afeganistão e no Sudão (cortesia da Federação Americana de Cientistas, Programa
de Pesquisa em Informação).
Nos Estados Unidos, pelo menos quatro tipos de satélites exemplo, um satélite de sensoriamento remoto pode estar
atualmente coletam informações secretas. O LaCrosse co fora do alcance de uma estação de recepção direta de dados
bre a Terra com imagens de micro-ondas (radar) e pode na Terra, mas, através de um TDRS, os dados do satélite de
imagear objetos menores que um metro mesmo através de sensoriamento remoto podem chegar até esta estação.
cobertura de nuvens, ampliando o trabalho feito pelos sa
télites de sensoriamento remoto óptico, que não podem Imagens de alta resolução espacial adquiridas por satélites
obter imagens na presença de nuvens. Os atuais sistemas são utilizadas para monitorar a adesão a tratados, o cumpri
de sensoriamento remoto óptico são bem mais poderosos mento de acordos para controle de armamentos, as disputas
do que os antigos sistemas Corona. Acredita-se que alguns por limites de territórios, entre outros (Richelson, 1990).
sensores ópticos têm resolução espacial de 15 cm utilizan Por exemplo, a imagem pancromática obtida pelo KH-12,
do a tecnologia de C CD (charge-coupled-device ou disposi de Zhawar Kili, no Afeganistão, aponta um suspeito com
tivo de cargas acopladas), discutida nos Capítulos 4 e 7. plexo de apoio para campo de treinamento de terroristas
(Figura 3-29a). Outro exemplo de uma imagem do KH-12
Os sistemas Ferrets (satélites para informações de inteligên é a indústria farmacêutica no Sudão, suspeita de produzir
cia ou signal intelligence satellites - SIGINT) detectam trans armamentos químicos (Figura 3-29b). Estas imagens foram
missões de rádio e de micro-ondas por meio de receptores utilizadas pelo Secretário de Estado William S. Cohen du
muito sensíveis. Mesmo no início dos anos de 1970, um rante seu relato sobre o ataque feito pelos Estados Unidos
ferret de nome Rhyolite podia gravar sinais provenientes de com os mísseis teleguiados no dia 20 de agosto de 1998.
mísseis soviéticos e chineses, e ao mesmo tempo monitorar
até 11.000 conversas telefônicas e por transceptores portá Felizmente, a humanidade também destinou alguns dos
teis [walkie-talkies). Sistemas de rastreamento e de trans seus recursos e esforços para colocar no espaço platafor
missão de dados de satélite (Tracking and Data Relay Satelli- mas de sensoriamento remoto para aplicações pacíficas
te Systems - TDRS) estão em órbita geoestacionária a cerca relacionadas à observação dos recursos terrestres e do
de 44.000 km acima do equador, tal como sugere o artigo meio ambiente. As mais notáveis são: o Skylab (primei
de Arthur C. Clarke, escrito em 1945 para a revista ingle ra estação espacial dos EUA), de 1973 a 1979; o Lan-
sa Wireless World (Mundo sem Fio) (Walter, 1992). Esses dsat-MSS (Multispectral Scanner Subsystem), de 1972
satélites podem ser utilizados para transmitir dados de sa a 1984; o Landsat-TM (Thematic Mapper), de 1984
télites de sensoriamento remoto para estações na Terra. Por até o presente; o Landsat ETM*, de 1999 até o presen-
Veículos Aéreos Não-Tripulados 87
Imagem de Boston, MA, EUA, Obtida Guerra Mundial, a 2a Guerra Mundial, a Guerra da Co
pelo QuickBird réia, a Guerra do Vietnã, a Guerra do Golfo, o conflito na
Bósnia-Herzegovina e a Invasão do Iraque, em 2003. Um
dos mais importantes avanços recentes é o uso de veículos
aéreos não-tripulados {Unmanned Aerial Vehicles - UAV)
(McDaid e Oliver, 1997; Lockheed Martin, 2006).
¥
Figura 3-30 Imagem pancromática com resolução de 61 x 61 cm ob Desde os anos de 1980, o Departamento de Defesa dos
tida pelo QuickBird em 27 de dezembro de 2001 sobre Estados Unidos (DOD) investiu bilhões de dólares no
Boston, MA, EUA, com uma ampla e detalhada visão
desenvolvimento de veículos aéreos não-tripulados para
do porto de Boston (cortesia da DigitalGlobe, Inc.).
atender aos requisitos de missões específicas táticas ou
daquelas que precisem de grande autonomia de voo para
te (operação normal até maio de 2003); o Programa de reconhecimento ou vigilância. Veículos aéreos não-tripula
Fotografias do Space Shuttle (em andamento); e diversos dos táticos funcionam dentro de um raio de ação de 200
satélites meteorológicos (p.ex., o GOES e o AVHRR dos km da base principal por um período relativamente curto.
Estados Unidos, o METEOSAT e o ENVISAT, da Euro Contrariamente, os veículos aéreos não-tripulados com
pa). O Sistema de Observação da Terra (Earth Observing grande autonomia de voo podem voar por diversas horas e
System) da NASA lançou seu primeiro satélite voltado a distâncias superiores a 200 km da base. Alguns veículos
para observação da Terra em 1999 (chamado de Terra) aéreos não-tripulados permanecem no ar por horas a fio
e o segundo em 2002 (chamado Aqua). O Brasil e C hi realizando um monitoramento contínuo de uma mesma
na mantêm seu programa CBERS, com três satélites já área geográfica. Devido ao seu reduzido tamanho eles são
lançados (CBERS-1, em 1999, CBERS-2, em 2003, e praticamente imperceptíveis no espaço aéreo.
o CBERS-2B, em 2007). Empresas comerciais lançaram
o IKONOS-2 em 1999, o ImageSat em 1999; o Quick Na Tabela 3-1 são apresentadas as características dos prin
Bird em 2001; o OrbView-3 in 2003, entre outros, todos cipais veículos aéreos não-tripulados. Estes veículos vão
com resolução espacial nominal < 2 x 2 m. O Capítulo desde pequenos, leves e portáteis (p.ex., o Desert Hawk
7 fornece detalhes sobre muitas dessas plataformas e seus tem 80 cm de comprimento e pesa apenas 3 kg), até ver
sistemas sensores. A Figura 3-30 mostra uma imagem dadeiros monstros que precisam de pista de decolagem e
pancromática obtida pelo QuickBird com resolução de pesam milhares de quilogramas (p.ex., o Global Hawk tem
6 1 x 6 1 cm sobre Boston, MA, EUA. Imagens digitais de 13,5 m de comprimento e pesa quase 12.000 kg). Apesar
alta resolução espacial como esta contêm tantos detalhes do elevado custo dos veículos aéreos não-tripulados mili
da superfície que podem ser fotointerpretadas tal como se tares, eles têm a vantagem de não envolverem a perda de
fossem fotografias aéreas analógicas. vida humana e custam bem menos do que uma aeronave
tripulada. Cada Global Hawk custa cerca de US$ 15 mi
Veículos Aéreos Não-Tripulados lhões. Um Predator custa US$ 4,5 milhões. Um Sbadow
200 ou um pacote com seis Desert Hawks custa US$ 300
mil. Obviamente, esses preços estão sujeitos a variações.
É lamentável constatar o fato de que os grandes avanços O Predator é um veículo aéreo não-tripulado dos Estados
no desenvolvimento tecnológico tanto da coleta de dados Unidos que foi utilizado em missões de vigilância sobre
por fotografias aéreas analógicas e digitais quanto na arte áreas sensíveis na Bósnia-Herzegovina em 1995 (Figura
e na ciência da fotointerpretação ocorreram durante a Ia 3-31a,b), na Invasão do Iraque em 2003, e no Afeganistão.
88 CAPITULO História da Fotografia Aérea e das Plataformas Aéreas
Imagem Obtida pelo Veículo Aéreo Não-Tripulado Predãtor sobre uma Fábrica de Armamentos
em Saraievo, Bósnia-Herzegovina
Figura 3-31 Imagem de uma fábrica de armamentos em Saraievo, Bósnia-Herzegovina, obtida pelo veículo aéreo não-tripulado Predãtor antes do
ataque (a) e depois do ataque (b) (cortesia John Pike, Federação de Cientistas Americanos, Programa de Pesquisa em Informação).
O Shadow 200 foi amplamente utilizado durante a Inva melho-termais de visada frontal (FLIR), sensores hiperes-
são do Iraque, em 2003. A Tabela 3-1 mostra um soldado pectrais, ou ainda sistemas sensores de radares de abertura
americano do 101° Batalhão de Inteligência Militar pre sintética para obtenção de imagens em qualquer condição
parando um Shadow 200 para uma missão sobre o Iraque, de tempo. Veículos aéreos não-tripulados normalmente
em 22 de setembro de 2004. utilizam a tecnologia sem fio para transmitir imagens em
tempo real para a base principal, ou armazenam os dados
O Desert Hawk foi desenvolvido pela Lockheed Martin em gravadores a bordo.
Skunk Works e usado na Invasão do Iraque, em 2003 (Lo
ckheed Martin, 2006). Ele é moldado em espuma de po- Considerações Sobre os Veículos Aéreos Não-
lipropileno e movido por uma hélice propulsora acionada Tripulados
por um motor elétrico. O seu lançamento é feito com uma
corda flexível (bungee), esticada por duas pessoas até uma
distância de cerca de 100 m, que impulsiona o avião para A tecnologia de veículos aéreos não-tripulados pode ser
levantar voo. O Desert Hawk opera a uma altitude de 150 uma faca de dois gumes. Por um lado, o uso não militar
m podendo voar por cerca de uma hora a uma velocidade desta tecnologia é útil para aquisição de dados de sensoria-
de 92 km/h num raio de 11 km a partir da base. Ele pousa mento remoto a baixo custo para fins de vigilância, aná
sobre sua barriga feita de Kevlar, e sua carga útil consiste de lise de recursos terrestres, planejamento urbano, etc. Por
uma câmera colorida para operação diurna ou uma câmera exemplo, há muito tempo cientistas vêm equipando ae-
infravermelha termal para vigilância noturna. romodelos com câmeras leves para obter fotografias aéreas
de qualidade com alta resolução espacial (p.ex., Hinckley
Carga Útil dos Veículos Aéreos Não-Tripulados e Walker, 1993). Jackson e Hardin (2005) documentaram
o uso de aeromodelos relativamente baratos para adquirir
fotografias aéreas de grande escala utilizando câmeras di
Os veículos aéreos não-tripulados sumarizados na Tabela gitais, conforme exemplificado na Figura 3-32. Detalhes
3-1 podem carregar uma carga útil que vai desde alguns sobre esta plataforma são fornecidos no Capítulo 4. Por
gramas até quase 1.000 kg. Os veículos aéreos não-tripu outro lado, os veículos aéreos não-tripulados de uso militar
lados podem carregar câmeras digitais, câmeras infraver são extremamente úteis para reconhecimento. McDaid e
Plataformas Comerciais de Sensoriamento Remoto 89
Tabela 3-1. Principais características de alguns veículos aéreos não- tripulados. As imagens dessas aeronaves estão
em diferentes escalas (as imagens são cortesia do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, 2005 e NASA, 2006).
Altura
Autonomia
Veículos Aéreos Peso Altitude (m) Comprimento
Fabricante de Voo
Não-Tripulados (kg) Alcance (km) Envergadura da
(horas)
asa (m)
Aerosonde n.d.
(Aerosonde 40 6.100
14,2 1,64 m
Robotic Aircraft, 3.333
LLC) 2,89 m
Cypher 0,61 m
(United 1.525
2,5 138 n.d.
Technologies/ 30
n.d.
Sikorsky, Inc.)
Predãtor 2,25 m
> 12.200
(General Atomics, 29 2.983 11,0 m
Inc.) n.d.
19,5 m
Figura 3-32 Fotografia aérea de grande escala de uma parte da ilha de South Padre no Texas, EUA, obtida em 2005, utilizando um veículo aéreo
não-tripulado barato. Note que o detalhe da fotografia permite identificar os je t skis, as docas dos je t skis, pequenas embarcações e
automóveis. O veículo aéreo não-tripulado utilizado para coleta destas imagens é discutido no Capítulo 4 (cortesia de Perry Hardin
e Mark Jackson, Departmento de Geografia da Brigham Young University, Provo, Utah, EUA).
são adequados para adquirir fotografias aéreas métricas Brugioni, D. A., 1996, “The Art and Science of
de boa qualidade e outros dados de sensoriamento remo Photoreconnaissance,” Scientific American, 274(3):78-85.
to para planejamento urbano, manejo dos recursos na
turais, etc. As atuais aeronaves são equipadas com GPS, Brugioni, D. A. and F. J. Doyle, 1997, “Arthur C. Lundahl:
que mantêm a aeronave na exata localização planejada Founder of the Image Exploitation Discipline,” Corona:
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Fotografia Aérea - Visada, Câmeras,
Filtros e Filme
4
primeira vista, pode parecer que a técnica de obter e interpretar fotografias aéreas
A seja uma tarefa rotineira, uma vez que ela já existe há mais de um século. Contudo,
esta tarefa pode ser complexa, pois frequentemente importantes decisões têm que
ser tomadas para assegurar que sejam obtidas fotografias aéreas de boa qualidade a
fim de que possam ser interpretadas corretamente (Narumalani et al., 2002).
Muitas dessas decisões têm por base princípios físicos da óptica e da interação
da energia luminosa com materiais sensíveis à luz, sendo que algumas questões
importantes precisam ser consideradas ao se obter uma fotografia aérea:
• Filtros (p.ex., filtro amarelo {haze ou névoa), menos azul, filtro passa banda), e
Uma fotografia aérea pode ser obtida com visada vertical ou oblíqua em fun
ção dos requisitos do projeto.
Uma fotografia aérea é considerada vertical quando o eixo óptico da câmera está
dentro de ±3° da vertical (perpendicular) à superfície da Terra (Figura 4-la). A
Figura 4-lb apresenta uma fotografia aérea vertical branco e preto mostrando
parte dos meandros, em formato de pescoços de ganso (Goosenecks), do rio San
Juan em Utah, EUA. Dentro do campo de visada vertical desta fotografia aé
rea podem ser obtidas informações qualitativas detalhadas sobre a geologia da
superfície, geomorfologia e hidrologia. Esta fotografia aérea, em conjunto com
outras fotografias aéreas verticais sobrepostas e obtidas em posições ligeiramente
diferentes, pode ser analisada aplicando-se os princípios quantitativos da foto-
grametria (discutidos no Capítulo 6) para gerar as seguintes informações:
94 CAPÍTULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme
Fotografia Aérea
Vertical de um
Plano do filme Terreno Plano
da câmera
Figura 4-1 a) Uma fotografia aérea vertical tem <3° de inclinação em relação a uma linha perpendicular ao terreno, b) Uma fotografia aérea
vertical mostrando os meandros em forma de pescoços de ganso (Goosenecks) do rio San Juan em Utah, EUA.
• mapasplanimétricos (coordenadas x, y) de alvos, e feições Mississippi, EUA, apresentada na Figura 4-2. Ela mos
naturais (p.ex., rede de drenagem, afloramentos rocho tra os danos causados pelo vento e pela ressaca ao Grand
sos) e artificiais (p.ex., trilhas, estradas, edificações); Cassino, indicando que uma parte do cassino rompeu-se
e foi levada pela ressaca até a rodovia 1-90. Também os
• mapas topográficos (altitude z); containeres de um armazém próximo ao cassino foram
espalhados pela força da ressaca e do vento. Uma versão
• modelos digitais de elevação (DEMs); colorida desta fotografia aérea vertical pode ser vista na
Prancha Colorida 4-1.
• ortofiotos (fotografias aéreas geometricamente corrigidas
em x,y). Para interpretar de forma correta e eficiente uma fotografia
aérea vertical do terreno é necessária uma boa prática e
Os analistas envolvidos no gerenciamento dos recursos na experiência, pois não estamos acostumados a ver de cima
turais às vezes esquecem-se de que os mapas planimétricos prédios, árvores, estradas, etc.
ou topográficos e as ortofotos, utilizadas em quase todos
os sistemas de informação geográfica (SIG), são criados a Fotografia Aérea Oblíqua
partir dos princípios fundamentais da fotogrametria apli
cados às fotografias aéreas verticais (Jensen et al., 2002;
2005). Por exemplo, a série de mapas na escala 1:24.000 Uma fotografia aérea oblíqua ou inclinada é aquela em que
do Levantamento Geológico dos Estados Unidos (USGS) o eixo óptico da câmera está deslocado da vertical em al
e vários modelos digitais de elevação são gerados com base guns graus (Wolf e DeWitt, 2000). Quando o horizonte
na fotogrametria (Linder, 2003). da fotografia não for visível então ela é chamada de fotogra
fia aérea oblíqua-baixa (Figura 4-3a). A Figura 4-3b mostra
Fotografias aéreas verticais são adquiridas para uma gran uma. fotografia aérea oblíqua-baixa obtida a uma altura de
de variedade de aplicações na área dos recursos naturais e 183 m (600 pés) sobre uma ponte do rio Congaree na
do planejamento (Miller et al., 2003; Paine e Kiser, 2003). Carolina do Sul, EUA. Uma análise visual da fotografia
Veja por exemplo a fotografia aérea vertical de Gulfport, mostra os detalhes da estrutura da ponte.
Câmeras Aéreas 95
Fotografia Aérea Vertical do D ano Causado pelo Furacão Katrina em Gulfport, MS,
EUA em 30 de Agosto de 2005
Figura 4-2 Fotografia aérea vertical obtida em 30 de agosto de 2005 registrando os danos causados pelo vento e pela tempestade do furacão
Katrina em Gulfport no Estado de Mississippi, EUA (cortesia da Divisão de Sensoriamento Remoto da NOAA).
Uma fotografia aérea oblíqua-alta é aquela em que o hori reçam em sua perspectiva natural. Normalmente, isto
zonte é visível na fotografia (Figura 4-4a). A Figura 4-4b significa que os objetos com elevação aparentemente se
mostra uma fotografia oblíqua-alta da barragem de Grand afastem de quem vê a imagem.
Coolee no Estado de Washington, EUA. Esta fotografia
oblíqua foi obtida em 1940 durante a construção da barra Em geral, as fotografias aéreas oblíquas não são utiliza
gem e representa um valioso registro histórico da paisagem das para extrair informações quantitativas e, portanto,
criada para abrigar os trabalhadores da obra. os princípios fotogramétricos destas fotografias não se
rão tratados neste livro, mas podem ser consultados no
Em geral, é mais fácil interpretar uma fotografia aé M anual de Fotogrametria (McGlone, 2004). A discussão
rea oblíqua do que uma fotografia aérea vertical, pois aqui apresentada tem seu foco na obtenção de fotografias
estamos acostumados a ver as coisas lateralmente. Por aéreas quase-verticais e na extração de informações quali
exemplo, é bem mais fácil identificar as feições na fo tativas e quantitativas.
tografia aérea oblíqua-baixa de Gulfport, Mississippi
apresentada na Figura 4-5 do que na fotografia aérea Câmeras Aéreas
vertical da Figura 4-2. Observamos com facilidade na
Figura 4-5 a parte do Grand Cassino que foi desloca
da para a rodovia 1-90 e a fachada do Grand Hotel ao
fundo. Uma versão colorida da fotografia aérea oblíqua- Uma das primeiras câmeras comercialmente disponíveis foi
baixa é encontrada na Prancha Colorida 4-1. feita por Samuel F. B. Morse, o inventor do código Morse
(Figura 4-6). As atuais câmeras são muito mais sofisticadas
Para analisar uma fotografia aérea oblíqua ela deve ser do que esta simples câmera em forma de caixa, mas exis
posicionada de tal forma que os objetos de interesse apa tem entre elas algumas características básicas em comum.
96 CAPÍTULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme
b.
Figura 4-3 a) Uma fotografia aérea oblíqua-baixa é inclinada em >3° da vertical e o horizonte não é visível, b) Uma fotografia aérea oblíqua-
baixa de uma ponte do rio Congaree próximo a Columbia no Estado da Carolina do Sul, EUA. A fotografia foi obtida a uma
altura de aproximadamente 183 m (600 pés). Uma fotografia aérea oblíqua deve ser vista de tal forma que as feições mais impor
tantes, como a ponte, se distanciem do observador.
Figura 4-4 a) Uma fotografia aérea oblíqua-alta é inclinada em >3° da vertical e o horizonte é visível, b) Uma fotografia aérea oblíqua-alta da
barragem de Grand Coulee em Washington, EUA obtida em 1940. As casas foram construídas para os trabalhadores durante a
construção da barragem.
Câmeras Aéreas 97
Fotografia Aérea Oblíqua-baixa dos Danos Tanto o olho quanto a câmera usam lentes para focalizar
Causados pelo Furacão Katrina em Gulfport, MS, a luz refletida do mundo real sobre a retina ou filme. No
EUA em 30 de Agosto de 2005 olho, a quantidade de luz que entra para iluminar a retina
é controlada pela íris, que pode expandir-se ou contrair-se
em função da intensidade luminosa, e pela pálpebra, que
atua como um obturador. Na câmera, a quantidade de luz
que chega ao plano do filme é controlada pela abertura da
lente e por um obturador que controla o tempo de exposi
çãoi, ou seja, o tempo que a objetiva fica aberta para per
mitir a passagem da luz que chega ao filme. O obturador
pode ser colocado dentro da objetiva ou em frente ao filme
no fundo da câmera, sendo que neste caso é chamado de
obturador de plano focal.
y/stop
A retina do olho humano é análoga ao filme sensível à luz Se o diâmetro máximo de abertura da objetiva fosse o do
que está no plano do filme localizado no fundo da câmera. bro, ou seja, 20 mm ao invés de 10 mm, a razão entre a
98 CAPÍTULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme
Velocidades do obturador
Mais lento------------------------------------------------------ Mais rápido
1-1/2-1/4-1/8-1/16-1/30-1 /60-1/125-1/250-1/500-1/1000-1/2000-etc.
T
Carretei
do Filme
Corpo da
Câmera
Montagem do
Cone das Lentes
Lente traseira
ponto nodal Lente
Obturado Diafragma
.ente dianteira
do ponto nodal
b.
Figura 4-9 a) Os componentes do sistema de uma câmera métrica consistem em 1) elementos de isolação da vibração, 2) placa de pressão do
filme, 3) unidade motora, 4) unidade de controle, 5) carretei de alimentação do filme, 6) carretei de rebobinagem, 7) carretei do
filme, 8) bobina com filme virgem, 9) unidade motora, 10) mecanismo de compensação do movimento de arraste, 11) berço, 12)
obturador universal, 13) cone de montagem das lentes e 14) objetiva, b) Vista do perfil da câmera métrica e dos componentes do
sistema, c) Exemplo de uma câmera métrica instalada no piso de uma aeronave, com um console para o operador e um instru
mento que permite visualizar o terreno através de um buraco para fins de navegação, d) Uma aeronave com duas aberturas para
câmeras pode obter fotografias com dois tipos de filmes ao mesmo tempo (p.ex., colorido e infravermelho-colorido). Note que
nesta fotografia aparecem duas aberturas para câmeras e o compartimento das duas rodas do trem de pouso (cortesia E. Coyote
Enterprises, Inc., Marilyn 0 ’Cuilinn; Z /i Imaging).
artística dos componentes internos de uma câmera métrica Um exemplo de uma câmera com uma objetiva montada
é mostrada na Figura 4-9a. Uma visão do perfil de uma no piso da fuselagem de um avião é mostrado na Figura
câmera métrica típica é mostrada na Figura 4-9b. 4-9c. Se duas câmeras aéreas estiverem montadas na aero
nave (Figura 4-9d), é possível obter ao mesmo tempo foto
Nos Estados Unidos, é necessário que a Administração Fe grafias com dois tipos de filmes diferentes (p.ex., colorido
deral de Aviação (FAA) aprove que seja feito um buraco na e infravermelho-colorido) sincronizando o mecanismo de
fuselagem do avião para instalação de uma câmera aérea. disparo do obturador.
Câmeras Aéreas 101
Figura 4-10 a) Quanto maior for o ângulo de visada da objetiva da câmera, maior será a área fotografada no terreno para uma mesma altitude
da aeronave. A figura mostra a visada com objetivas de ângulo estreito (tele-objetiva) (40°), normal (70°), grande-angular (90°),
e super-gande angular (110°). b) Utilizando a câmera com objetiva de ângulo estreito (tele-objetiva) (40°) uma área maior no
terreno pode ser fotografada posicionado-se a aeronave a uma altitude maior.
O cone de montagem das lentes é a parte mais importante da do filme. As fotos individuais são geralmente de 23 x 23
câmera. Geralmente ele consiste de uma objetiva com múlti cm (9 x 9 pol.). No momento da exposição o filme é preso
plos elementos de lentes caras que projetam imagens do mun sobre uma superfície plana localizada no plano focal. A
do real, sem distorção, sobre o plano do filme. O elemento placa sobre a qual o filme se encontra aplica uma pressão a
com as múltiplas lentes está focado no infinito, pois a aerona vácuo instantes antes da exposição para eliminar bolhas de
ve normalmente voa a milhares de metros acima do terreno ar ou qualquer outra irregularidade na superfície do filme
enquanto coleta os dados. Câmeras métricas de mapeamento virgem. Após a exposição, o vácuo é suspenso e o mecanis
utilizam diversas objetivas com diferentes campos de visada mo de avanço move o filme para a bobina do filme exposto
angular, dependendo dos requisitos da missão. O campo de para se preparar para a próxima exposição.
visada angular das câmeras com teleobjetiva é <60°, com ob
jetiva normal é de 60° - 75°, com objetiva grande angular é Dependendo da velocidade da aeronave (v) e da altitude da
de 75° - 100°, e com super-grande angular é >100°. Quanto aeronave acima do terreno (h), o filme pode ser avançado
mais largo for o campo de visada angular, maior será a área suavemente durante a exposição para compensar o movi
recoberta no terreno pelo filme a uma dada altitude. Quanto mento da imagem também chamado de arraste. Magazines
maior for a altitude da aeronave acima do terreno maior será para aplicações específicas podem mover o filme sobre o
a área fotografada na superfície para uma mesma objetiva. plano focal para compensar o movimento da imagem a
Estas relações estão sumarizadas na Figura 4-10. uma velocidade variável que pode chegar até 64 mm por
segundo. A correção do movimento da imagem é obtida
Um intervalômetro é utilizado para expor o filme em inter por meio do deslocamento da placa com o filme prensado
valos específicos de tempo (dependendo da altitude da ae a vácuo na direção de voo de acordo com a razão veloci-
ronave e da sua velocidade), que irá resultar na quantidade dade-altura (v/h) e a distância focal da objetiva. Isto me
adequada de sobreposição entre fotografias para permitir lhora muito a qualidade da fotografia aérea. Um exemplo
uma cobertura estereoscópica. da efetividade do uso da compensação do movimento da
imagem (IMC —Image Motion Compensation) e da esta
Câmeras aéreas geralmente têm filmes com 24 cm (9,5 bilização é mostrado na Figura 4-11. Note a melhora nos
pol.) de largura em rolos de >30,5 m (100 pés) a 152,4 detalhes da fotografia aérea que foi obtida usando a com
m (500 pés) de comprimento, dependendo da espessura pensação do movimento da imagem.
102 CAPÍTULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme
Figura 4-11 a) Fotografia aérea vertical de uma piscina obtida sem compensação do movimento de arraste da imagem. Observe o quadro
para teste de resolução espacial que está do lado da piscina, b) Fotografia obtida com compensação do movimento de arraste
da imagem. Mais elementos podem ser discernidos no quadro de resolução (cortesia E. Coyote Enterprises, Inc., Marilyn
0 ’Cuilinn; Z /I lmaging).
Anotações
Figura 4-12 As anotações ao redor da fotografia aérea são muito importantes. Esta câmera métrica em particular fornece a seguinte infor
mação: 1) uma escala de níveis de cinza, 2) anotação básica, 3) altímetro, 4) marcas fiduciais, 5) relógio, 6) número de série do
cone da objetiva, 7) distância focal em mm, 8) número da fotografia, 9) nome da missão e data e 10) data da navegação (não
visível). Somente metade desta fotografia aérea de Mineral Wells, TX, EUA, é mostrada (cortesia E. Coyote Enterprises, Inc.,
Marilyn 0 ’Cuilinn; Z /I lmaging).
A maioria das câmeras métricas modernas fornece detalhes vertical de Mineral Wells, TX, EUA, mostrada na Figura
sobre as anotações da imagem ao redor do filme de 23 x 23 4-12. Um diodo emissor de luz (LED) dentro da câmera é
cm (Paine e Kiser, 2003). Por exemplo, diversas informa programado e expõe informação de texto no filme. Entre
ções auxiliares são apresentadas ao redor da fotografia aérea as informações importantes apresentadas incluem-se: 1)
Câmeras Aéreas 103
uma escala de nível de cinza para determinar se a exposi detector por carga acoplada (CCD, Charge-Coupled De-
ção correta foi utilizada, 2) um lugar em que o fotógrafo vicé) ou de Semiconductor Metal-Óxido Complementar
aéreo pode fazer anotações sobre a missão com lápis se for (CMOS, Complementary Metal Oxide Semiconductor). O
necessário, 3) altímetro, 4) linhas das marcas fiduciais, 5) detector do sensor converte luz em elétrons que podem ser
relógio, 6) número de série do cone da objetiva, 7) distân medidos e convertidos em valores de intensidade radiomé-
cia focal em mm, 8) número da fotografia do projeto, 9) trica (McGlone, 2004). As câmeras digitais são baseadas
nome da missão e data e 10) data da navegação (não visí em conjuntos de detectores em linha ou em área (Figura
vel). Marcas fiduciais serão discutidas no Capítulo 6. 4-14). A Tabela 4-2 sumariza o número de detectores en
contrados em alguns dos conjuntos de detectores de área
Algumas vezes vamos analisar fotografias aéreas obtidas há atualmente disponíveis no mercado.
vários anos atrás. Assim, as anotações com as informações
detalhadas sobre a imagem são muito importantes para Câmeras digitais também utilizam objetivas com diafrag
que a informação extraída da imagem seja correta, espe ma para controlar oy7stop, com obturador para controlar
cialmente se for necessário calibrar algum instrumento fo- o tempo de exposição, e com um mecanismo para focali-
togramétrico sofisticado ou se a fotografia for ser utilizada zação. Contudo, a maior diferença consiste no uso de uma
em forma digital em aplicações fotogramétricas a serem matriz uni- ou bi-dimensional de CCD ao invés de um
discutidas no Capítulo 6. filme. A objetiva focaliza a luz proveniente da cena sobre
a matriz de detectores uni- ou bi-dimensional. Os fótons
Câmeras com Múltiplas Objetivas (Multi-Bandas) de luz que iluminam cada um dos detectores produzem
uma carga elétrica diretamente relacionada com a quan
Normalmente, extraem-se mais informação do meio am tidade de energia radiante incidente. Este sinal analógi
biente em estudos feitos com fotografias obtidas simulta co é então eletronicamente amostrado e convertido num
neamente em diversas regiões do espectro eletromagnético valor digital de brilho que varia de 8-bit (valores 0-255)
(bandas) do que com fotografias obtidas em uma única a 12-bit (valores de 0 a 4095). O valor de brilho obtido
banda. Ao conduzir um reconhecimento aéreo com múl na conversão analógico-para-digital (A-para-D) pode ser
tiplas bandas espectrais (Colwell, 1997), cada uma das câ armazenado e lido por um computador. Os CCDs são na
meras grava simultaneamente fotografias da mesma área verdade mais sensíveis a mudanças na reflectância espectral
geográfica, mas utilizando diferentes filmes e/ou combina da cena do que os cristais de haleto de prata utilizados na
ções de filtros. Por exemplo, uma configuração de quatro fotografia aérea analógica convencional.
câmeras Hasselblad 70 mm é mostrada na Figura 4 -13a.
Ao selecionar cuidadosamente as combinações de filme e Câmeras Digitais de Pequeno-Formato: Estas câmeras
de filtro, comprimentos de onda específicos refletidos de normalmente têm <15 megapixels (MP). Por exemplo, a
alvos da cena serão registrados em cada uma das câmeras. câmera digital mostrada na Figura 4 -15a tem uma matriz
de 3.456 colunas e 2.304 linhas, resultando em quase 8
Uma fotografia aérea multi-banda de Century City, Los MP (Tabela 4-2). No momento da exposição, a câmera
Angeles, CA, EUA, é mostrada na Figura 4 -13b. Note as rapidamente grava três versões da cena utilizando filtra
diferentes informações gravadas nas fotografias individuais gem interna. O resultado é uma imagem gerada a partir
do azul, verde, vermelho e infravermelho-próximo. Uma da luz azul refletida pela superfície, outra gerada a partir
composição colorido-normal pode ser produzida com es da luz verde refletida pela superfície, e uma última ima
tas fotografias ao projetar sobre uma tela simultaneamen gem gerada a partir da luz vermelha refletida pela super
te luz azul através da fotografia azul, luz verde através da fície. As três imagens individuais em preto-e-branco são
fotografia verde, e luz vermelha através da fotografia ver gravadas na memória de acesso aleatório (RAM) e podem
melha. Uma composição infravermelho-colorida pode ser ser compostas numa imagem colorida utilizando a teoria
produzida com estas fotografias ao projetar sobre uma tela aditiva de cores para produzir uma imagem colorido-nor
simultaneamente luz azul através da fotografia verde, luz mal. Também é possível ter detectores sensíveis à radiação
verde através da fotografia vermelha, e luz vermelha através no infravermelho-próximo.
da fotografia infravermelho-próximo. Mais adiante, neste
capítulo, falaremos mais sobre composições coloridas. Este veículo aéreo não-tripulado (UAV) de baixo custo mos
trado na Figura 4-15b possui um intervalômetro para obter
Câmeras Digitais Aéreas fotografias em intervalos de tempo específicos com o reco-
brimento necessário entre fotos. As imagens são rapidamen
Câmeras digitais estão revolucionando a coleta de dados te armazenadas em um gravador de dados. Com base no
aerofotogramétricos. O sensor de imageamento de uma uso de uma antena de GPS a bordo da aeronave o operador
câmera digital é normalmente um circuito integrado de no terreno sabe a localização da aeronave (não mostrado). A
104 CAPÍTULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme
a. Câmeras Multi-banda.
Figura 4-13 a) Quatro câmeras Hasselblad de 70 mm dispostas em uma base que pode ser instalada em um buraco especialmente confeccio
nado na parte inferior da aeronave. Todas a quatro câmeras são expostas eletronicamente ao mesmo tempo. Diferentes combina
ções de filme e de filtro podem ser utilizadas em cada uma das câmeras, b-e) Fotografia aérea multi-banda de Century City, Los
Angeles, CA, EUA. Os grandes painéis localizados no estacionamento foram utilizados para calibrar a fotografia. Observe como é
clara a vegetação em torno do hotel curvilíneo no centro da fotografia no infravermelho-próximo preto-e-branco e como aparece
escura nas fotografias no azul, verde e vermelho.
câmera digital de 8 MP obtém fotografias aéreas de resolu tradicionais câmeras analógicas de grande-formato. Con
ção muito alta (Figuras 4-15cd). Assim como para qualquer tudo, as câmeras digitais de médio-formato têm-se mostra
aeronave, é preciso que se tome muito cuidado quando se do úteis para diversas aplicações. A Emerge Digital Sensor
utiliza um veículo aéreo não-tripulado para assegurar que ele System (DSS) é um bom exemplo de uma câmera digital de
não provoque acidentes. Este assunto não é trivial. médio-formato (a ser discutido no Capítulo 7).
Câmeras Digitais de Médio-Formato: Estas câmeras são Câmeras Digitais de Grande-Formato: Estas câmeras
normalmente baseadas em matriz bi-dimensional com têm desempenho superior ao das câmeras analógicas de
aproximadamente 4.000 x 4.000 detectores (16 MP) uti grande-formato. Algumas câmeras como a Leica Geosys-
lizando chips Fairchild CCD486 ou Kodak KAF-1680 tems Airborne Digital Sensor 40 (ADS-40) são baseadas
(Tabela 4-2). Devido ao número relativamente limitado em múltiplas matrizes lineares. A ADS-40 utiliza diversas
de pixels a cobertura do terreno não é tão boa quanto as matrizes lineares com visada frontal, nadir e à popa cada
Câmeras Aéreas 105
Figura 4-14 a) Vista ampliada de uma matriz linear de um CCD de 2.048 elementos, b) Vista ampliada de uma matriz bi-dimensional de um
C C D de 3.456 x 2.304 elementos.
Tabela 4-2. Características de diversos CCDs disponíveis no mercado (McGlone, 2004; Nikon, 2005).
Tamanho
Fabricante Sensor Pixels
(horizontal x vertical)
uma com 12.000 elementos de detecção (Figura 4-1 lb). um bom tempo. Daqui a algum tempo, contudo, a maio
Outras câmeras, como a Z/I Imaging Digital Modular ria das fotografias aéreas fotogramétricas será obtida uti
Camera (DMC) e a Vexcel são baseadas no uso de múlti lizando as câmeras métricas digitais de grande-formato
plas matrizes bi-dimensionais. A Z/I usa quatro matrizes (McGlone, 2004).
de 7.000 x 4.000 elementos para obter dados pancro-
máticos e quatro matrizes de 3.000 x 2.000 elementos Câmeras Diversas
para obter dados multiespectrais. A câmera digital Vexcel
usa 13 matrizes de C CD com 4.000 x 2.700 elementos. Existe uma variedade de câmeras relativamente simples e de
As características das câmeras digitais de grande-formato baixo custo que são utilizadas tanto comercialmente quanto
(Emerge DSS, Leica ADS40, Z/I DM C e Vexcel) são para pesquisa para obter fotografias aéreas de alta qualida
apresentadas no Capítulo 7 (Sistemas Multiespectrais de de. Por exemplo, câmeras de 35-mm montadas dentro do
Sensoriamento Remoto). Devido ao grande número de avião ou seguradas pela mão do cientista são amplamente
câmeras analógicas ainda em existência as câmeras digi utilizadas para obter fotografias aéreas de pequenas áreas de
tais ainda serão utilizadas junto com as analógicas por pesquisa (Warner et al., 1996). Esses sistemas podem forne-
106 CAPÍTULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme
c. Pomar de citrus próximo a Weslaco, TX, EUA. d. Estação de tratamento de água em South Padre Island, TX, EUA.
Figura 4-15 a) Um veículo aéreo não-tripulado modificado para portar uma câmera digital, b) Os componentes do sistema incluem um
gravador de dados, um intervalômetro e uma antena de GPS (não mostrada), c e d) Exemplos de fotografias aéreas obtidas
usando o veículo aéreo não-tripulado [cortesia de Perry Hardin e Mark Jackson, Departamento de Geografia da Universidade
de Brigham Young; Hardin e Jackson (2005)].
cer fotografias aéreas de excelente qualidade a baixo custo se publicou a pesquisa sobre as propriedades da luz no livro
forem adequadamente montados, expostos e processados. Opticks em 1704 (Figura 4 -17b).
Filtragem em Fotografia Aérea A síntese aditiva das cores está baseada no que acontece quan
do a luz é misturada. A Prancha Colorida 4-2b mostra que
a luz branca consiste nas cores do espectro visível. Preto é
a ausência destas cores. Azul, verde e vermelho são as cores
Em 1666, Sir Isaac Newton (1642-1727) (Figura 4-17a), primárias. Combinando de forma aditiva a luz verde e ver
enquanto fazia experimentos com um prisma, verificou melha será formada a luz amarela. Combinando de forma
que ele podia dispersar a luz branca em um espectro de aditiva a luz azul e verde será formada a luz ciano. Combi
cores (vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, índigo e vio nando de forma aditiva a luz azul e vermelha será formada
leta - ROYGBIV) (Figura 4-18). Um exemplo colorido do a luz magenta. Amarelo, magenta e ciano são chamadas de
que acontece quando a luz branca é direcionada através cores complementares pois, quando unidas, elas produzem luz
do prisma é fornecido na Prancha Colorida 4-2a. Utili branca, p.ex., amarelo mais azul, magenta mais verde, e ciano
zando um segundo prisma, Newton verificou que ele po mais vermelho. A relação entre as cores está sumarizada na
dia recombinar as cores em luz branca (Figura 4-19). Ele Tabela 4-3.
Filtragem em Fotografia Aérea 107
|O P T IC K S :! O R, A
I T R E A T I S E
O F T H E
RF .F L EXIONS , R E F R A C T I O N S ,
I N F L E X I O N S and COLOUR S
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7 Two T R E A T I S E S
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S P F . C I E S and M A G N I T U D E
o F
Figura 4-16 A câmera digital Leica Geosystems ADS-40 utiliza Curvilincar Figures.
múltiplas matrizes lineares de 12.000 elementos (cor
tesia da Leica Geosystems, Inc.). Priiirct for S ,\i. S m i t h , and B e m . W a l f o r i ?.
P n n tc n i" tlie R oyal Sotictv , a : th c - ir n i in
S:. P .sfs Churcb-yari M ÍrZciV -
Cores Vistas na Luz Figura 4-17 Frontispício do livro Opticks, de Sir Isaac Newton,
Cores da Luz Absorvida
Branca publicado em 1704. Este trabalho acabou levando à
invenção do telescópio reflexivo.
Azul Verde e vermelho
Verde Azul e vermelho
Vermelho Azul e verde A síntese aditiva das cores é utilizada para mostrar as ima
gens na tela da televisão e nos monitores de computador.
Amarelo (verde e vermelho) Azul Cada elemento (pixel) da tela do monitor (que normal
Magenta (azul e vermelho) Verde mente tem 480 colunas por 525 linhas de pixels) consiste
de três canhões de cores —azul, verde e vermelho. A in
Ciano (azul e verde) Vermelho tensidade do canhão de cor em cada pixel é modulada de
Preto Azul, verde e vermelho acordo com a quantidade da cor primária presente na cena
que está sendo transmitida da emissora de TV ou da uni
Branco Nenhuma
dade central de processamento do computador (Jensen,
Partes iguais de azul, verde e 2005). O resultado é uma apresentação visual colorida do
Cinza
vermelho fenômeno com base na síntese aditiva das cores.
108 CAPÍTULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme
o
O
s> Ph
Figura 4-18 A luz branca pode ser separada em seus componentes espectrais utilizando um prisma, conforme inicialmente descoberto por Sir
Isaac Newton em 1666 e publicado em Opticks, em 1704. Somente a luz azul, verde e vermelha são visíveis ao olho humano.
Figura 4-19 Uma representação diagramática do experimento clássico de Newton no qual a luz branca é decomposta em seus com ponen
tes espectrais utilizando um prisma, e em seguida recombinando de volta em luz branca usando um segundo prisma, antes
de ser projetado num a tela.
A síntese subtrativa das cores é baseada no uso de pigmentos tudo menos a luz azul será subtraído. Isto ocorre porque
ou tinturas e não na luz. Nós usamos a síntese subtrativa o filtro magenta subtrai a luz verde enquanto que o filtro
das cores quando pintamos ou trabalhamos com filtros. ciano subtrai a luz vermelha. Se nós sobrepusermos os fil
Por exemplo, nós sabemos que quando misturamos por tros amarelo e ciano só a luz verde será percebida. Final
ções iguais de tinta azul, verde e vermelha, não vamos che mente, se nós sobrepusermos os filtros amarelo e magenta
gar no branco mas sim obter uma certa cor cinza escuro. só a luz vermelha será percebida. Se todas as três tintas
A síntese subtrativa das cores é baseada no uso das cores subtrativas (amarelo, magenta e ciano) forem usadas, elas
complementares - amarelo, magenta e ciano. Um exemplo irão subtrair (filtrar) toda a luz branca e nenhuma cor será
da síntese subtrativa das cores é apresentado na Prancha percebida; vai aparecer preto. Será demonstrado como as
Colorida 4-2c. Se nós projetarmos luz branca em um fil tintas de cores subtrativas são utilizadas para criar as cores
tro translúcido feito de tinta amarela, o filtro vai subtrair a que nós vemos em: 1) negativos coloridos revelados, e 2)
luz azul e permitir a passagem da luz verde e vermelha. Si impressões coloridas positivas.
milarmente, um filtro de tinta magenta subtrai a luz verde
e permite que a luz azul e vermelha sejam transmitidas. Um cientista pode gravar a luz refletida da cena sobre a
Um filtro de tinta ciano subtrai a luz vermelha e permi emulsão fotográfica de forma seletiva em comprimentos
te que a luz azul e verde sejam transmitidas. Mas o que de onda bem específicos. Isto é feito usando combinações
acontece se sobrepusermos dois destes filtros? Se sobrepu específicas de filtro e filme. Primeiro, vamos investigar as
sermos o filtro da tinta magenta e o filtro da tinta ciano, várias opções de filtros.
Filtragem em Fotografia Aérea 109
200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100
96*
98 |
102 |
C o m p rim e n to de o n d a (nm )
Legenda
Figura 4-21 Características de transmissão de alguns filtros Wratten (cortesia Eastman Kodak Co.).
Filmes Para Fotografia Aérea 111
0, 1%
1 1
Filtro HF3 B
CO ,
£ 10 - C 1
100 j
200 300 400 500 600 700 800 900
Comprimento de onda (nm)
0,1
1 - 2
Filtro
4 -4 -
Wratten 12
F 10
100
200 30 40A. , - â 6 700 S00 m
Comprimento de onda (nm)
Figura 4-22 a) Características da transmitância de um filtro de névoa HF3 frequentemente utilizado na obtenção de fotografias aéreas, b)
Características da transmitância de um filtro Wratten 12 (menos-azul) utilizado para obter fotografias infravermelho-coloridas
(cortesia Eastman Kodak Co.).
metálicas na atmosfera. Da mesma forma, a luz refletida os nossos olhos. A energia polarizada também é impor
de um campo de trigo ou de um corpo d’água dentro do tante no sensoriamento remoto por micro-ondas (radar)
campo de visada da câmera é polarizada, uma vez que o discutido no Capítulo 9.
trigo e a água são não-metálicos.
Assim, os filtros permitem filtrar seletivamente alguns tipos
As vezes pode ser útil ver apenas um certo “ângulo” da luz de luz indesejada enquanto permitem a passagem de certos
polarizada que emerge da cena. Por exemplo, a Figura 4-24 comprimentos de onda bem específicos. A luz transmitida
demonstra como um filtro polarizador colocado na frente pelo filtro passa através da objetiva e ilumina os cristais de
da objetiva da câmera deixa passar as vibrações de um raio haleto de prata na emulsão do filme.
de luz em apenas um plano de cada vez. Alguns filtros até
têm alças para serem ajustados e deixarem passar as vibra Filmes Para Fotografia Aérea
ções da luz no plano paralelo à alça.
S sB »
Uma das aplicações dos filtros polarizadores mais ampla
mente utilizadas é quando se fotografa corpos d’água. Ao O filme utilizado para fotografias aéreas é geralmente ex
manipular o filtro polarizador, é possível filtrar as reflexões posto em câmeras fotográficas montadas em aeronaves
indesejadas de alguns tipos de luz polarizada refletida da que se movem a velocidades relativamente altas (p.ex.,
superfície da água. Isto pode aumentar a nossa capacidade >300 km/h). Por isso, esses filmes foram desenvolvidos
de observar mais fundo na coluna d’água. Os óculos po para obter fotografias aéreas de alta qualidade, em que
larizados utilizados por pessoas são simplesmente filtros os objetos aparecem como se a aeronave estivesse para
polarizadores que desempenham a mesma função. Curio da, desde que: 1) a combinação adequada de filme/filtro
samente, as pessoas nunca perguntam se o óculos deve seja usada, 2) a abertura da lente (flstop) seja apropria
polarizar os raios vertical ou horizontalmente, uma vez da, e 3) o tempo de exposição seja correto. Muitas vezes,
que eles proporcionam diferentes visões do mundo para os analistas são forçados a interpretar fotografias aéreas
112 CAPÍTULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme
Base Base
Base Base
Figura 4-25 C orte Transversal Genérico de Filmes, a) Pancromático Preto-e-Branco, b) Infravermelho Preto-e-Branco, c) Colorido N or
mal, e d) Infravermelho-Colorido.
100 pares de linhas por milímetro em cópias de fotografias O limite inferior do comprimento de onda da luz ao qual
aéreas na escala de 1:10.000. Esta resolução espacial resulta o filme é sensível é aproximadamente 0,35 pm, e resulta
em fotografias aéreas com detalhe espacial muito elevado. das características de absorção da luz pela gelatina que
está associada à emulsão.
Emulsões Fotográficas Preto-e-branco
As sensibilidades espectrais padrões para papel fotográfico
Da mesma forma que a retina do olho humano é sensível a preto-e-branco, filme pancromático, e filme infraverme
diferentes comprimentos de onda de luz variando do azul lho-próximo estão sumarizadas na Figura 4-27. O diagra
ao vermelho (0,4 - 0,7 pm), é possível fabricar filmes com ma mostra porque é possível utilizar uma “luz de segu
emulsões fotográficas preto-e-branco com as seguintes sen rança” vermelha em um laboratório fotográfico. O papel
sibilidades (McGlone, 2004): fotográfico simplesmente não é sensível à luz vermelha.
Todavia, o filme pancromático preto-e-branco é sensível
• emulsões ortocromdticas são sensíveis à luz azul e verde à luz azul, verde e vermelha. Portanto, um filtro de névoa
até aproximadamente 0,6 pm; (como o Kodak HF3 anteriormente discutido) é frequen
temente utilizado para evitar que tanto a luz ultravioleta
• emulsões pancromáticas são sensíveis à luz ultravioleta, quanto a luz azul cheguem a expor o filme. O filme aéreo
azul, verde e vermelha até aproximadamente 0,7 pm;• pancromático preto-e-branco é o mais amplamente utili
zado, uma vez que ele gera tons de cinza que são esperados
• emulsões infravermelho-próximas são sensíveis à luz e reconhecidos pelo homem, i.e., a água aparece escura, a
azul, verde, vermelho e infravermelho-próximo até areia aparece branca, o concreto aparece cinza, as nuvens
aproximadamente 0,9 pm. aparecem brancas. As fotografias aéreas obtidas para fins
114 CAPÍTULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme
Cristais
de haleto Filme A
b.
Figura 4-26 a) Os filmes A e B representam perfis hipotéticos de dois filmes com diferentes tamanhos e densidades de cristais de haleto de
prata, b) Uma fotografia obtida em microscópio eletrônico mostra os cristais de haleto de prata. Observe que os cristais não são
perfeitamente uniformes em tamanho, formato ou espaçamento (cortesia Eastman Kodak Co.).
Figura 4-27 Sensibilidade espectral da emulsão de um filme preto-e-branco e papel fotográfico no intervalo de comprimento de onda de
0,35 a 0,9 pm (cortesia Eastman Kodak Co.).
fotogramétricos para fazer mapas planimétricos e topográ Figura 4-28b. É preciso tomar cuidado quando se inter
ficos são geralmente de filmes pancromáticos. Filmes aére pretam fotografias infravermelho-próximo porque a câ
os pancromáticos típicos comercializados pela Kodak estão mera registrou uma energia que está além da percepção
sumarizados na Tabela 4-4. dos nossos olhos. Consequentemente, certas tonalidades
podem não representar na imagem aquilo que estaría
Uma fotografia aérea pancromática preto-e-branco é mos antecipando. Por exemplo, uma vegetação verde
mostrada na Figura 4-28a. Uma fotografia preto-e-bran sadia aparece escura na fotografia pancromática pois ela
co infravermelho-próximo da mesma área é mostrada na absorve quase 80-90% da energia radiante incidente do
y
Filmes Para Fotografia Aérea 115
Tabela 4-4. Filmes para fotografia aérea da Kodak (cortesia Eastman Kodak Co.; todos os nomes dos filmes são
marcas registradas).
Plus-X A E R E C O N II 3404 Velocidade-média, grão-fino, filme para reconhecimento de média a alta altitude.
Tri-X A E R E C O N SO-50 Similar ao 2403; base fina para maior número de fotografias por rolo de filme.
Similar ao 2412; base fina para maior número de fotografias por rolo de filme,
Panatomic-X A ER O G R A PH IC II 3412
filme para mapeamento de média a alta altitude.
A E R O C H R O M E HS SO-358 Filme colorido negativo de velocidade alta para fotografia aérea de baixa-altitude.
A E R O C H R O M E II Infravermelho NP Similar ao 2443; maior resposta ao infravermelho, adequado para altitudes acima
SO -134 de 4.500 m.
azul, verde e vermelho para realizar a fotossíntese. Por de reflectância espectral, pois elas sintetizam a quantida
outro lado, uma vegetação sadia aparece clara na fotogra de de energia do verde, do vermelho e do infravermelho-
fia preto-e-branco infravermelho-próximo pois ela reflete próximo que tipicamente é refletida pelos objetos (veja
40-70% da energia incidente no infravermelho-próximo. Capítulo 2). Desta forma, podemos entender e mesmo
O ser humano faz pouca ideia sobre a quantidade de prever como certos objetos do mundo real vão aparecer
energia radiante do infravermelho-próximo que é refle numa fotografia no infravermelho. E instrutivo rever o
tida por alvos comuns como vegetação, água e concreto. processo pelo qual são formados os filmes negativos e as
Portanto, é importante tomar como referência as curvas cópias positivas de fotografias aéreas preto-e-branco.
116 CAPITULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme
b.
Figura 4-28 a) Fotografia pancromática preto-e-branco da Tivoli North Bay no rio Hudson, NY, EUA. A vegetação aparece em tonalidades
relativamente escuras, pois ela absorve boa parte da energia incidente do verde e do vermelho. Alguma energia do verde e do ver
melho passa através da coluna d’água e fornece informação sobre o padrão dos sedimentos em suspensão e da vegetação aquática
submersa (V = gramínea aquática, Vallisneria americana (w ild celery)). b) A fotografia infravermelho-próximo preto-e-branco
mostra bem a interface terra-água, pois a água absorve grande parte da energia incidente no infravermelho-próximo fazendo
com que apareça escura. Por outro lado as árvores caducifólias na ilha e a vegetação de mangue (tidal wetland) (T = cattail; Typha
angustifolia (planta de habitat úmido); P = common reed; Phragmites aus. (grama)) aparecem claras pois a vegetação sadia reflete
muita energia incidente no infravermelho-próximo (Berglund, 1999) (veja a Prancha Colorida 4-4ab).
5 Lentes da Câmera
Figura 4-29 Uma representação diagramática de como um negativo preto-e-branco de uma cena de mar-praia é exposta e revelada.
Filmes Para Fotografia Aérea 117
U U U 1U I U
Denso (a praia) Claro (o mar)
Cristais de haleto
de prata revelados •oooooooooooooooooo Negativo depois
de revelado
© @ @ @ ( â x s ) ( 5 ) @ @ p o o o o o o o c > ^ ‘“ Ç |7 J
não revelado
..# ® ,# # # ® ® # ® O Q Q Q Q O O Q Q __1papei fotográfico
após revelação
Mar Praia arenosa
Gerando um Negativo de uma Fotografia Aérea Preto- expor os cristais no lado direito do filme. Uma emulsão que
e-Branco loi exposta à luz contém uma imagem invisível do objeto, que
se chama imagem latente. Para converter a imagem latente na
Considere os dois tipos de alvos da superfície terrestre que es emulsão em um negativo, ela precisa ser revelada.
tão representados na Figura 4-29. Eles consistem de um mar
calmo e claro e de uma praia arenosa sem vegetação. Assuma Quando a imagem latente é revelada com as soluções quí
que os cristais de haleto de prata no filme da câmera aérea micas adequadas, as áreas da emulsão que foram expostas à
sejam sensíveis à luz azul, verde e vermelha de 0,4 a 0,7 pm. luz intensa passam para prata livre (denso ou opaco), con
A água clara do mar vai absorver grande parte do fluxo de forme mostrado. As áreas da emulsão que não receberam
radiação do Sol no azul, verde e vermelho. Por outro lado, a luz ficam claras se a base da emulsão for um filme plástico
praia arenosa vai refletir a maior parte do fluxo de radiação transparente. O negativo revelado vai ficar mais escuro ou
incidente. Uma parte desta energia será coletada pelos com mais claro em função da exposição total (produto da ilu-
ponentes ópticos da objetiva da câmera e focalizada sobre os minância e do tempo de exposição), que é responsável pela
cristais de haleto de prata no plano do filme. Quando a quan formação da imagem latente na emulsão.
tidade apropriada de luz expõe um cristal de haleto de prata
em suspensão na emulsão, todo o cristal fica exposto, inde Gerando uma Fotografia Aérea Positiva a partir de um
pendentemente do seu tamanho. Basicamente, a ligação entre Negativo Preto-e-Branco
a prata e o haleto é enfraquecida quando os cristais de haleto
de prata são expostos à luz. Note que no nosso exemplo hou Para que serve o negativo? A maioria das pessoas não inter
ve energia suficiente para expor os cristais de haleto de prata preta um negativo, pois ele é o reverso tanto da tonalidade
na parte esquerda do filme, mas a energia foi insuficiente para quanto da geometria daquilo que foi fotografado, conforme
118 CAPÍTULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme
mostrado na Figura 4-29. Portanto, é de costume que se pro Tabela 4-5. Relação entre Transmitância, Opacidade e
duza uma cópia positiva da cena a partir do negativo (Figu Densidade.
ra 4-30). Uma impressão positiva é produzida colocando-se
o negativo em um ampliador e a luz branca é transmitida Transmitância Transmitância Opacidade Densidade
através do negativo. Ela passa pela objetiva do ampliador e Percentual 0 D .
li I.J i .j
incide sobre o papel fotográfico, que tem os cristais de haleto
de prata com sua própria sensibilidade e velocidade do filme. 100 1 1 0,00
Neste caso, a área densa (escura) do negativo que correspon
50 0,50 2 0,30
dente à praia quase não permite a passagem de luz através do
filme, enquanto que a área clara (mar) do negativo permite 25 0,25 4 0,60
que passe bastante luz através do filme. A energia é focalizada
pela objetiva do ampliador sobre o papel fotográfico virgem 10 0,10 10 1,00
(não exposto nem revelado), e normalmente os cristais de ha 0,01 100 2,00
1,0
leto de prata individuais são ou não expostos completamen
te, formado uma imagem latente sobre o papel fotográfico. 0,1 0,001 1000 3,00
Após a revelação, a área do mar fica escura no papel e a praia
arenosa fica clara. Assim, nós temos a tonalidade e a geome
tria correta (a imagem não está mais invertida) na forma de Se 10% da luz incidente pode ser transmitida através do
uma impressão fotográfica positiva em papel e que pode ser filme em uma certa porção i,j do filme, a transmitância é
visualmente interpretada. Se quisermos ver a fotografia aérea 1/10, a opacidade é 1/0,10 ou 10, e a densidade é o loga
em um filme transparente positivo então basta utilizar filme ritmo de 10 ou 1,0. A Tabela 4-5 resume a relação geral
transparente ao invés de papel fotográfico. Isto vai gerar uma entre os valores de transmitância, opacidade e densidade.
fotografia aérea com detalhe mais fino e com mais tons de
cinza. Curva Característica: Diversas variáveis como: tempo de
exposição, tempo de revelação, tipo de emulsão, e veloci
Características Radiométricas Avançadas dos Filmes dade do filme podem influenciar na forma como um ob
Preto-e-Branco jeto é registrado no filme e na sua densidade. Portanto, é
importante entender a natureza da curva característica dos
Transmitância: A capacidade que uma pequena porção de filmes e como isto impacta na geração de áreas correta
um filme revelado tem em deixar passar a luz é chamada mente expostas no negativo fotográfico.
de transmitância ( T f . Uma porção escura do filme pode
não deixar passar luz alguma, enquanto que uma porção As curvas características de dois filmes negativos preto-e-
bem clara do filme pode deixar passar quase 100% da luz branco hipotéticos, X e Y, são mostradas na Figura 4-31.
incidente. Portanto, a transmitância numa porção i,j da Estas são chamadas de curvas D logE em que a densidade da
fotografia é (Mikhail et al., 2001): porção analisada no filme é plotada no eixo-y (já na forma
logarítmica, conforme discutido anteriormente) e o total de
y. Luz que passa através do filme ^ 2) exposição do filme é plotado em medidas logarítmicas no
Luz incidente total eixo-x (McGlone, 2004). Utilizamos aqui unidades relativas
do log da Exposição ao invés de ergs/cm2 ou metro-candela-
Opacidade: A opacidade (O ) é o inverso da transmitân segundo utilizado na ciência fotométrica. Diferentes filmes
cia. Algo que é muito opaco não transmite bem a luz: têm diferentes curvas D log E, mas as formas são geralmen
te parecidas, consistindo de três partes —o pé, uma linha reta
ou seção linear, e o ombro. As curvas fornecem importantes
informações sobre a emulsão do filme.
Densidade: Transmitância e opacidade são duas boas me Mesmo que o filme não tenha sido exposto (p.ex., antes de se
didas sobre quão escuro é qualquer porção de um negativo obter uma fotografia aérea), já existe alguma densidade pre
após sua revelação. Todavia, psicólogos verificaram que o sente no filme. A densidade do filme virgem é chamada de
sistema visual humano não responde de forma linear aos fog. Também existe alguma densidade que vem da base do
estímulos da luz, mas sim de forma logarítmica. Portanto, filme. O fog bruto é a soma da densidade da base do filme não
é comum utilizar a densidade (D. ), que é o logaritmo da exposto (virgem) e o fog da emulsão. O fog bruto está localiza
opacidade, para medir o quão escuro está um filme: do no pé da curva e rotulado de D na Figura 4-31. Para ini-
ciar a formação de uma imagem na fotografia é preciso que se
Di,i = logio °i,j = log ,o (^ ) (4-4) tenha uma exposição que seja maior do que o valor de D .
s
Filmes Para Fotografia Aérea 119
Figura 4-31 Curvas características de dois filmes hipotéticos preto-e-branco. Para obter uma densidade de 0,5 no filme negativo revelado, o
Filme X precisa de 0,9 unidades de log Exposição relativa, enquanto que o Filme Y precisa de 1,6 unidades. Assim, o Filme X é
mais veloz do que o Filme Y. Isto significa que podemos obter as mesmas densidades no Filme X utilizando um tempo de expo
sição menor. Isto pode ser muito importante se quisermos obter uma imagem parada e, consequentemente, uma fotografia aérea
de boa qualidade. O Filme X tem uma curva mais inclinada com um valor dz gama (y) maior, o que significa que ele tem maior
variação de densidade (i.e., contraste) do que o Filme Y na parte linear da curva D log E (linha-reta).
A esta altura é útil dar uma definição formal à exposição A inclinação da parte linear da curva D log E é chamada de
(E), que é função dos diversos fatores anteriormente discu gama (y) e fornece informação valiosa sobre o contraste do fil
tidos, incluindo f l stop (i,e .,fd ), a quantidade de energia me. Quanto maior for a inclinação da linha da curva caracte
radiante que vem da cena (r) medida em Joules mm'2 sec'1, rística em sua parte linear, maior será o valor dzgama e maior
e o tempo de exposição (í) em segundos: o contraste do filme. Note que os filmes X e Y da Figura 4-31
têm valores de gama bem diferentes. Se o mesmo tempo de
exposição (p.ex., 1,6 unidades de log Exposição relativa) for
usado para os dois filmes, o Filme X terá uma maior variação
de densidade (aproximadamente 2,2) enquanto que o Filme
Com o início da exposição, a densidade aumenta de forma Y terá apenas uma densidade de aproximadamente 0,5 para
curvilinear do ponto a para o ponto b. Isto é chamado de esta mesma exposição. O Filme X irá fornecer toda a variação
pé da curva. Se os objetos forem gravados com apenas este de tons de cinza do branco ao preto, com muitos tons de
tempo de exposição, eles ficarão subexpostos. A medida cinza intermediários para esta exposição. Já o Filme Y não
que o tempo de exposição aumenta, tem início uma parte terá toda esta variação de tons de cinza com esta exposição. É
da curva que vai de b até c em que o aumento da densidade muito importante que os tons de cinza intermediários sejam
é praticamente linear com o aumento do log da exposição. bem definidos nas fotografias aéreas, pois eles contêm muita
Esta parte da curva característica é chamada de linear ou informação sobre a paisagem (solos, rochas, vegetação, água),
linha-reta. Uma fotografia aérea de alta qualidade pode ser que têm contrastes relativamente baixos.
obtida se a exposição for feita dentro da parte linear da
curva e um pouco da parte do pé da curva. Com o aumen Retornando novamente à velocidade do filme, vemos que al
to do tempo de exposição de c para d, a densidade decresce guns filmes são mais sensíveis à luz do que outros. No exem
numa taxa curvilinear. Este é o ombro da curva. A densida plo da Figura 4-31 vemos que o Filme X é mais veloz. Ele
de máxima do filme é D . Os objetos gravados na parte requer um tempo de exposição menor para gerar uma maior
do ombro da curva normalmente estão superexpostos. variação de densidades (e, consequentemente, contraste).
120 CAPÍTULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme
Este conhecimento é útil para a obtenção da fotografia aé locidade dos filmes comerciais é determinada pelo sistema
rea, pois a cena deve ficar “parada” à medida que a aeronave de velocidade do filme da American Standards Association
desloca-se a centenas de km/h sobre a superfície a ser foto (ASA), que determina um número para o filme que é apro
grafada. Os filmes mais velozes têm cristais de haleto de prata ximadamente igual ao inverso da velocidade do obturador
maiores, o que reduz a resolução espacial do filme e diminui (em segundos) que seria ideal para obter uma correta expo
a sua capacidade de resolver objetos que são espectralmen sição do filme sob boas condições de iluminação solar para
te diferentes, mas estão muito próximos entre si. Já para o uma abertura da objetiva de //1 6. Portanto, se um filme
Filme Y, será necessário um tempo maior de exposição para foi exposto corretamente sob boas condições de iluminação
formar uma imagem com a mesma variação de densidades. solar com uma abertura defl 16 e uma velocidade do obtu
Este filme tem cristais de haleto de prata menores. Se o Filme rador de 1/200 segundo, ele é classificado como sendo um
Y for adequadamente exposto, ele deverá fornecer fotografias filme de ASA 200 (Wolf e DeWitt, 2000). O filme original
aéreas com alta resolução espacial e uma detalhada escala de Kodacolor comercializado a partir de 1942 tinha uma velo
níveis de cinza. Mas se o Filme Y não for veloz o suficiente cidade de apenas ASA 25. Em 1955 esta velocidade passou
para obter uma imagem parada ela ficará embaçada (tremi para ASA 32, e em 1963 para ASA 64 com a entrada do
da). Obviamente, tem que haver uma forma quantitativa filme Kodacolor-X. Em 1977, a Kodak lançou o filme Ko
para comparar a velocidade de filmes diferentes. dacolor II com ASA 100 e o Kodacolor 400 com ASA 400.
Em 1983, o filme Kodacolor VR 1000 foi lançado com
Todo sistema de velocidade do filme requer a seleção do ponto ASA 1000, que foi o avanço mais significativo observado
de velocidade para comparar a velocidade de dois filmes. Para na tecnologia de haletos de prata em mais de 50 anos.
filmes de fotografia aérea, o ponto de velocidade é “densidade
= 0,3 + densidade acima da bruma bruta (Kodak, 1988). No planejamento de missões para obtenção de fotografias
Portanto, uma vez que a bruma bruta é 0,2 para ambos os aéreas pode-se utilizar o Kodak Aerial Exposure Computer
filmes aéreos hipotéticos, o ponto de velocidade para ambos os para determinar a abertura mais indicada da objetiva (//
filmes é 0,3 + 0,2 = 0,5, conforme mostrado na Figura 4-31. stop) e velocidade do obturador, uma vez que são forne
A linha para a densidade de 0,5 que intercepta os dois filmes cidas informações sobre as seguintes variáveis: velocidade
pode ser usada para determinar quanto um filme é mais veloz efetiva do filme aéreo, fator de névoa, velocidade da aero
(sensível) do que o outro. Por exemplo, para gerar uma densi nave, altura acima da superfície, latitude e hora do dia.
dade de 0,5 no Filme X, é necessário 0,9 unidade relativa do
logaritmo da exposição. Para gerar a mesma densidade (0,5) Digitalização de Filme Preto-e-Branco (e Colorido)
no Filme Y, é necessário aproximadamente 1,6 unidade rela
tiva do logaritmo da exposição. Consequentemente, o Filme Densitometria é a medição das características de transmi-
X é mais veloz que o Filme Y por aproximadamente 0,7 uni tância ou reflectância de objetos ou feições em imagens
dade relativa do logaritmo da exposição (E). Para cada 0,3 log fotográficas. As características de densidade (D) de um fil
E, existe um^/stop de diferença na exposição (Kodak, 1988). me transparente negativo ou positivo podem ser medidas
Assim, estes dois filmes diferem em velocidade por mais do usando um densitômetro. Existem diversos tipos de densi-
que dois f stops (i.e., 0,7/0,3 = 2,33). Para se obter uma boa tômetros, incluindo: microdensitômetros de mesa (Figura
variação de níveis de cinza na fotografia, como p.ex. 2,0 (i.e., 4-32) e de tambor, densitômetros de vídeo, e densitôme-
tons de cinza, preto e branco bem expostos) e se for neces tros de CCD linear ou de área.
sário utilizar um tempo de exposição pequeno para “parar”
a cena, o que é muito comum em fotografias aéreas, então Digitalização por Microdensitômetro: As características de
deve-se escolher o Filme X, pois ele fornece uma boa variação um típico microdensitômetro de mesa são mostradas na Fi
de níveis de cinza com um log E bem menor do que para o gura 4-32. Este instrumento pode medir a característica da
Filme Y. É possível calcular a velocidade exata de um filme densidade de porções muito pequenas de uma transparên
aéreo (FS) utilizando a seguinte equação (Kodak, 1988): cia negativa ou positiva, que chega a alguns micrômetros
em tamanho, daí o nome microdensitômetro. Basicamente,
uma quantidade de luz conhecida é enviada da fonte de luz
para o receptor. Se a luz incide sobre uma parte bem densa
em que E é a exposição medida em metro-candela-segun- do filme, pouca luz será transmitida para o receptor. Se a
do (MCS) no ponto da curva característica onde a den luz incide sobre uma parte clara do filme, então boa parte
sidade é 0,3 unidade acima de D m in (i.e.,
v bruma bruta),
77 da luz será transmitida para o receptor. O densitômetro
conforme já discutido. pode fornecer informação sobre a característica da trans-
mitância, opacidade ou densidade em cada ponto i,j da
Fotografias aéreas podem ser obtidas também com uma fotografia, conforme discutido anteriormente. A quantida
câmera portátil utilizando filme fotográfico comum. A ve de de luz gravada pelo receptor é normalmente convertida
Filmes Para Fotografia Aérea 121
em um certo valor digital de brilho, BV. .k que se refere à A digitalização de fotografias com câmeras de vídeo é feita
linha /, coluna / e banda k da fotografia. No final de cada de forma bastante rápida, mas o resultado nem sempre é
linha varrida a fonte de luz move-se um certo Ay na dire satisfatório para fins de processamento digital de imagens.
ção y para varrer uma nova linha abaixo e paralela à linha Por exemplo, existem diferenças marcantes na sensibilidade
anterior. A medida que a fonte de luz é varrida ao longo da radiométrica e repetibilidade das diversas câmeras de vídeo.
imagem, a informação contínua do receptor é convertida Um dos problemas sérios é o “vignetting (redução do brilho
para uma série de valores numéricos discretos para cada pi da imagem ou saturação nas bordas em relação à parte cen
xel, pixel por pixel. Este processo de conversão analógico- tral da imagem) que aparece fora do centro da imagem di
digital (A-para-D) resulta em uma matriz de valores que gitalizada. Isto afeta a assinatura espectral extraída da cena.
normalmente são gravados em 8-bit (valores variam de 0 Também, qualquer distorção no sistema óptico do vidicon
a 255) ou mais (p.ex., dados em 12-bit). Estes dados são será transferida para o sensor remoto digital, dificultando o
então armazenados em disco ou fita para análise posterior. ajuste entre imagens nas bordas das imagens digitalizadas.
1
A varredura de imageamento em pontos de <12 pm pode Digitalização com matriz linear e matriz bidimensional
resultar em ruído nos dados digitalizados, pois o tamanho de CCD: Os avanços verificados na indústria de computa
do ponto se aproxima das dimensões dos cristais de haleto dores pessoais aceleraram o desenvolvimento de escâneres
de prata do filme (McGlone, 2004). A Tabela 4-6 sumariza digitalizadores de mesa com matriz linear (linear array) de
a relação entre o tamanho do ponto do escâner digitaliza- CCD que podem ser utilizados para digitalizar cópias de
dor (IFOV, campo de visada instantâneo) medido em pon negativos, de impressões fotográficas ou transparências com
tos por polegada (DPI, dots per inch) ou micrômetros e a 300 a 3.000 pixels por polegada (Figura 4-33ab). A fotogra
resolução do pixel no terreno em diferentes escalas da foto fia em papel é colocada sobre o vidro, e o sistema óptico do
grafia aérea ou imagem. Para investigações fotogramétricas digitalizador ilumina uma linha inteira da fotografia de uma
simples, um valor de 600 DPI pode ser utilizado, pois uma só vez com uma quantidade de luz conhecida. Uma fileira
resolução de 600 DPI (42 pm) está próxima da acurácia linear de detectores grava a quantidade de luz refletida ou
122 CAPITULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme
Tabela 4-6. Relação entre o campo de visada instantâneo (IFOV) do digitalizador medido em pontos por polegada
(DPI, dots per inch) ou micrômetros (pm) e a resolução espacial do pixel no terreno para fotografias em
diferentes escalas.
transmitida através da fotografia ao longo da fileira e realiza to digital de imagens utilizam esses digitalizadores de baixo
a conversão A/D. Existem CCD lineares com até 20.000 custo para converter os dados analógicos de sensoriamento
elementos e CCDs tri-lineares com até 14.000 elementos remoto em formato digital. Escâneres de mesa têm uma
(McGlone, 2004). A matriz linear de detectores avança precisão espacial muito boa e uma curva característica ra
na direção y e uma nova linha de dados é digitalizada. E zoável quando fotografias preto-e-branco são escanerizadas.
possível comprar escâneres de mesa de boa qualidade por Um “transiluminador” opcional pode ser comprado para
menos de US$ 300. Diversos laboratórios de processamen iluminar o filme (ou slide 35-mm) por detrás. Infelizmente,
Filmes Para Fotografia Aérea 123
Figura 4-33 a) Digitalizador de mesa de baixo custo com matriz linear de CCD . b) Um digitalizador de imagem baseado na tecnologia de
matriz bidimensional de C CD (cortesia Vexcel, Inc.).
a maioria dos escâneres de mesa são feitos para escanerizar pm para imagens de 23 x 23 cm quando escanerizadas a
originais no formato A4 (8,5 x 14 polegadas), mas a maioria 25 pm por pixel, e repitibilidade de - 3 pm.
das fotografias aéreas são obtidas no formato de 9 x 9 pole
gadas. Neste caso, o analista tem que digitalizar a fotografia É interessante notar que existe uma relação entre o valor de
em duas partes (p.ex., 8,5 x 9 pol e 0,5 x 9 pol) e depois brilho {BV..k) ou densidade (ZX) em qualquer localização
juntar as duas partes digitalmente o que pode introduzir particular no filme e a energia refletida pelo objeto da cena
erros tanto geométricos quanto radiométricos. (O ) naquela exata localização. Muitos cientistas se benefi
ciam desta relação fazendo cuidadosas observações de campo
CCDs em fileira linear são utilizados em escâneres digita- in situ para verificar a quantidade de biomassa em uma área
lizadores de baixo custo, tal como o mostrado na Figura de 1 x 1 m na superfície localizada em O e medem o valor
1 x>y
4-33a. CCDs em matriz bidimensional são utilizados em de brilho (7i Q ou densidade do objeto na exata localização
certos digitalizadores como o mostrado na Figura 4-33b, na fotografia utilizando um densitômetro. Com uma quanti
que digitaliza de 160 dpi até 3.000 dpi (aproximadamente dade suficiente de amostras selecionadas no campo e na foto
160 pm a 8,5 pm,) uma imagem com área de 254 mm x grafia, é possível estabelecer uma correlação entre os pontos
508 mm (10 x 20 pol.). O sistema escaneriza o filme (o da superfície do terreno e os pontos na imagem. Esta é uma
negativo original ou a transparência positiva) na forma de importante aplicação das fotografias aéreas digitalizadas.
uma série de segmentos retangulares de imagens. Depois,
ele ilumina e escaneriza uma grade de linhas finas gravadas Dados do Programa de Digitalização de Fotografias Aé
em uma placa de vidro [reseau grid), formando quadrados reas nos EUA: Este programa de digitalização de fotografias
de tamanho padrão com localização precisamente conheci aéreas dos EUA é denominado de NAPP (Digitized Natio
da. As coordenadas desta grade são utilizadas para localizar nal Aerial Photography Program) e foi iniciado em 1987
a exata orientação da câmera CCD durante a escaneriza- em substituição ao Programa de Fotografias Aéreas de Alta
ção e para corrigir geometricamente cada um dos segmen Altitude dos EUA (NHAP, National High Altitude Aerial
tos retangulares da imagem em relação a todos os outros. Photography Program). O objetivo do NAPP foi adquirir e
Algoritmos de calibração radiométrica são então utilizados arquivar a cobertura fotográfica de todo território dos EUA
para compensar variações na iluminação em qualquer re na escala de 1:40.000 com filme infravermelho-colorido ou
gião do segmento retangular. Quando se escaneriza uma infravermelho preto-e-branco. As fotografias foram adquiri
imagem colorida, o escâner pára numa seção retangular das a uma altitude de 6.100 m (20.000 pés) acima do ter
da imagem e captura a informação sequencialmente para reno (AGL - above ground levei) com uma câmera métrica
cada um dos quatro filtros (azul, verde, vermelho e neutro) com distância focal de 152,4 mm (6 pol.). A cobertura foto
antes de se mover para o retângulo seguinte. A maioria dos gráfica deveria ser adquirida idealmente em ciclos de cinco
outros escâneres digitalizam toda a imagem com um filtro anos, fornecendo uma base de dados fotográficos de todo
colorido e então repetem o processo com os demais filtros. o território dos EUA disponibilizada através do Centro de
Isto pode resultar em problemas de registro das cores e em Dados da EROS em Sioux Falis, SD, EUA, ou do Escritório
perda na qualidade da imagem. A tecnologia de digitali Regional de Fotografias Aéreas (Aerial Photography Field
zação matricial tem alcançado acurácia geométrica de <2 Office) em Salt Lake City, UT, EUA (USGS, 1994).
124 CAPÍTULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme
Essas fotografias de alta resolução espacial do NAPP são mui Tabela 4-7. Cores primárias e complementares.
to valiosas para extrair informação por meio de trabalhos de
fotointerpretação na própria tela do computador a fim de Cores Primárias Cores Complementares
gerar mapas-base de alta resolução. Esses mapas podem ser
azul amarelo
analisados em conjunto com outras informações em SIG
(p.ex., limites de parcelas, rede de linhas de serviços públi verde magenta
cos, imposto territorial) numa projeção cartográfica padrão vermelho ciano
após digitalização e retificação das fotografias. Light (1993)
sumariza os métodos mais adequados para converter os da
dos do NAPP numa base de dados nacionais de fotografias de haleto de prata dispostas conforme mostrado na Figura
aéreas digitalizadas que atendam aos padrões de acurácia para 4 -25c. A camada superior é sensível à luz azul, a camada
mapeamento (National Map Accuracy Standards). As foto intermediária é sensível à luz azul e verde, e a camada in
grafias escaneadas com microdensitômetros utilizando um ferior é sensível à luz vermelha e azul. Para impedir que a
tamanho de ponto de 15 pm preserva a resolução espacial luz azul atinja as duas camadas inferiores do filme, coloca-se
original das fotografias do NAPP, que é de 27 pares de linhas um filtro amarelo entre as duas camadas superiores evitando
por milímetro (line pair per mm; lp/mm). Este processo ge assim que as camadas intermediária e inferior recebam luz
ralmente resulta em um conjunto de dados digitais que tem azul (McGlone, 2004). A sensibilidade espectral das camadas
uma resolução espacial de 1 x 1 m, dependendo do contraste das emulsões azul, verde e vermelho é mostrada na Figura
da imagem original. Isto atende à maioria dos requisitos para 4-34a. Filmes coloridos para fotografia aérea comercializados
mapeamento do uso e cobertura do solo. pela Companhia Kodak estão sumarizados na Tabela 4-4. A
luz azul, verde e vermelha refletida pelos diversos objetos
Caso haja interesse, as fotografias aéreas coloridas digitali da cena interagem com os cristais de haleto de prata ati
zadas podem ser separadas em bandas espectrais. O tama vando as camadas sensíveis à luz azul, verde e vermelha,
nho do campo de visada instantânea da varredura (scan- formando a imagem latente. Uma reprodução em cores do
ning spot size) de 15 pm serve para a maioria dos arquivos processo é mostrada na Prancha Colorida 4-3a.
digitais fotogramétricos para os quais as medidas das co
ordenadas são feitas utilizando um computador e a tela A revelação do filme colorido é exatamente igual ao pri
do monitor (Light, 1993). Devido à grande utilidade dos meiro passo da revelação do filme preto-e-branco, i.e., os
dados digitalizados do NAPP como mapas-base de alta re cristais de haleto de prata expostos em cada camada tor
solução espacial em SIG, diversos Estados nos EUA estão nam-se cristais pretos de prata. O restante do processo,
dividindo os custos com o Serviço de Levantamento Geo contudo, depende de o filme ser colorido negativo ou co
lógico dos EUA (USGS) para digitalizarem sua cobertura lorido reverso. Com o filme colorido negativo, um negativo
e obterem ortolotomapas digitais. Uma grande quantidade é produzido, e impressões coloridas são feitas a partir deste
de fotografias do NAPP já foi digitalizada e convertida em negativo. O filme colorido reverso produz uma transparên
mapas de ortofotos. Boa parte dos dados digitais está dis cia colorida-normal diretamente no filme. Este processo é
ponível e pode ser buscado e pedido na página da Internet utilizado para fazer slides ou transparências positivas.
do USGS citada no Apêndice A.
O segundo passo na geração do positivo de uma fotogra
Emulsões de Fotografias Coloridas fia colorido-normal em papel ou transparência a partir de
um negativo colorido envolve o uso de pigmentos coloridos
(,dyes) especiais. Os haletos de prata que ficaram pretos em
Emulsões de fotografias em colorido-normal e infraver- cada uma das camadas durante a primeira parte do processo
melho-colorido são muito utilizadas em fotogrametria e são substituídos por cores complementares da cor da cama
fotointerpretação. da (Prancha Colorida 4-3a; Tabela 4-7). Os grãos de prata
densos e escuros da camada sensível ao azul são substituí
Fotografia Aérea em Colorido Normal dos com a cor amarela (amarela é a cor complementar do
azul e é composta pela luz verde e vermelha). Contudo, a
A fotografia aérea em colorido-normal grava a energia da re quantidade de tinta da cor colocada em cada ponto da camada
gião de 0,4 —0,7 pm (luz azul, verde e vermelha) e representa do filme é inversamente proporcional à intensidade da luz que
a superfície do terreno com as mesmas tonalidades (cores) iluminou aquele ponto. Consequentemente, quanto mais luz
que os nossos olhos vêem a paisagem. Um filtro névoa (haze) azul tiver iluminado a área, menos cor amarela vai estar pre
é normalmente utilizado para evitar que a luz ultravioleta sente. Cristais de prata pretos na camada sensível ao verde
exponha o filme (p.ex., Kodak HF3). Emulsões de filmes são substituídos pela tinta da cor magenta. Cristais de prata
coloridos geralmente consistem de três camadas de cristais pretos na camada sensível ao vermelho são substituídos pela
Filmes Para Fotografia Aérea 125
Comprimento de onda, pm
Figura 4-34 a) A sensibilidade espectral das três camadas de um filme colorido normal. Um filtro de névoa (haze) (p.ex., HF3) pode ser
utilizado para filtrar boa parte da luz menor do que 0,4 pm. b) A sensibilidade espectral das três camadas de um filme infraver-
melho-colorido. Um filtro amarelo Wratten 12 é muito utilizado para filtrar a luz em comprimentos de onda menores do que
0,3 pm (cortesia Eastman Kodak Co.).
tinta da cor ciano. Este processo resulta em um negativo que luz branca é projetada através do filme negativo para expor
é composto pelas tintas nas cores amarelo, magenta e ciano. as três camadas da emulsão de um papel fotográfico colo
Por isso, quando olhamos para um negativo colorido nós ve rido. O negativo colorido age como um filtro, expondo as
mos cores estranhas (amarelo, magenta e ciano) ao invés das três camadas do papel fotográfico às três cores amarelo, ma
cores naturais azul, verde e vermelho que aparecem na paisa genta e ciano. Contudo, ao revelar a cópia em papel as cores
gem. Nós não estamos acostumados a ver a natureza em to complementares do amarelo, magenta e ciano (i.e., azul,
nalidades de amarelo, magenta e ciano; por isso, raramente verde e vermelho) são geradas. Esta segunda reversão forma
interpretamos o negativo de uma fotografia colorida. as cores originais da cena na cópia positiva que então está
em condições de ser interpretada (Prancha Colorida 4-3a).
Para gerar uma fotografia colorida em positivo a partir de Uma fotografia aérea em colorido-normal de Tivoli North
um negativo a fim de se poder interpretar a fotografia, uma Bay, NY, EUA é mostrada na Prancha Colorida 4-4a.
126 CAPÍTULO Fotografia Aérea - Visada, Câmeras, Filtros e Filme
Fotografia Aérea In fraverm elha-C olorida sicamente, elas estão “deslocados por um”, significando que
a camada sensível ao verde recebe a cor amarela, a camada
O filme infravermelho-colorido foi originalmente desenvolvi sensível ao vermelho recebe a cor magenta, e a camada sen
do durante a II Guerra Mundial, quando havia muito interesse sível ao infravermelho recebe a cor ciano. Assim, quando a
em aumentar a sensibilidade dos filmes na região do espectro luz branca é finalmente projetada através do negativo e uma
eletromagnético do infravermelho para detectar camuflagem. cópia positiva é produzida, qualquer coisa que reflita apenas
Em 1941, S. Q. Duntley, do M IT (Massachusetts Institute of luz verde na cena aparece como azul claro, qualquer coisa
Technology), liderou um estudo para detecção visual e óptica que reflita apenas luz vermelha na cena aparece em matizes
de camuflagem. A pesquisa concluiu que seria difícil replicar de verde claro, e qualquer coisa que reflita apenas energia no
uma camuflagem que simulasse a vegetação, que tem uma infravermelho-próximo na cena aparece como matizes de ver
banda de absorção na região espectral do vermelho (0,60 - melho claro. Se algo refletir quantidades iguais de luz verme
0,68 pm) e uma banda de reflexão intensa da radiação na re lha e infravermelho-próximo, mas nenhuma luz verde, então
gião de comprimentos de onda maiores que 0,7 pm, ou seja, vai aparecer em matizes de amarelo no filme infravermelho-
no infravermelho-próximo. Consequentemente, em 1942, colorido. Similarmente, quantidades iguais de luz refletida da
Duntley pediu que a Companhia Kodak produzisse um fil cena no verde, vermelho e infravermelho-próximo, tal como
me falsa-cor para detecção de camuflagem. Os resultados dos superfície de concreto, vai aparecer em tons médios de cinza.
testes feitos pela Companhia Kodak foram apresentados em
19 de outubro de 1942. Foi durante esta época que se decidiu Assim, o filme infravermelho-colorido exibe um desloca
que a folhagem deveria aparecer em tonalidade vermelha na mento no balanço das cores quando comparado com as fo
imagem positiva da fotografia aérea infravermelha-colorida. tografias aéreas tradicionais. O que pode ser confuso para o
O filme foi disponibilizado para uso militar sob o nome de fotointérprete é o fato de que o ser humano não tem idéia
“Aero Kodacolor Reversal Film, Camouflage Detection” (Fil sobre quanta energia do infravermelho-próximo é refleti
me Reverso Kodacolor, Detecção de Camuflagem) (Colwell, da por certos alvos uma vez que nós não podemos ver ou
1997). Fotografias aéreas com o filme infravermelho-colorido apreciar a energia nesta região. Por exemplo, uma fotografia
foram obtidas com sucesso durante a guerra para localizar aérea infravermelha-colorida é mostrada na Prancha Co
alvos cobertos com redes ou pintados. Ele também provou lorida 4-4b. Esta fotografia foi obtida utilizando um filme
ser um filme de valor significativo para monitoramento das Kodak AEROCHROME II Infravermelho 2443 com uma
condições e identificação da vegetação em levantamentos dos objetiva de distância focal de 152,4 mm (6 pok). Água clara
recursos terrestres. Os filmes infravermelhos comercializados profunda absorve quase todo o fluxo de radiação incidente
pela Companhia Kodak estão sumarizados na Tabela 4-4. O no infravermelho-próximo enquanto reflete um pouco mais
mais popular continua sendo o Filme Infravermelho 2443 de luz verde e vermelha. Portanto, se a água é profunda e
Kodak AEROCHROMEII. sem sedimentos em suspensão ou qualquer outro material
orgânico, ela aparecerá escura ou quase preta no filme in
O filme infravermelho-colorido registra a energia refletida fravermelho-colorido. Contudo, se houver uma quantidade
na região do espectro eletromagnético que vai de aproxi considerável de sedimentos em suspensão na água, ela pode
madamente 0,35 pm até em torno de 0,9 pm (ultravioleta, rá aparecer em tons relativamente escuros de azul e verde na
azul, verde, vermelho e infravermelho-próximo) e retrata a fotografia do infravermelho-próximo. De modo oposto, a
energia no filme em falsas cores (Rundquist e Sampson, vegetação absorve aproximadamente 80% do fluxo radiante
1988; Kodak, 1999). Tal como o filme colorido normal, incidente do verde e vermelho que incide sobre ela e reflete
o filme infravermelho-colorido também tem três camadas aproximadamente 40-70% do fluxo de radiação incidente
de emulsão, cada uma sensível a diferentes partes do espec no infravermelho próximo. Esta condição faz com que a
tro (Figura 4-25d; 4-34b). A camada superior é sensível à vegetação verde e sadia seja registrada em tons de verme
radiação do ultravioleta até o infravermelho-próximo. A lho devido à predominância da radiação no infravermelho
camada intermediária é mais sensível à luz verde e azul. A próximo. Estradas pavimentadas com concreto ou cascalho
camada inferior é mais sensível à luz azul e vermelha. refletem porções iguais de energia no verde, vermelho e in
fravermelho-próximo e são gravadas em assinaturas de cinza
O filme infravermelho-colorido é exposto através de um fil azulado nas fotografias infravermelhas-coloridas.
tro amarelo escuro (geralmente um filtro Kodak Wratten 12
menos-azul) que permite que a luz do verde, vermelho e infra Reversões de cores similares são evidenciadas no exemplo
vermelho-próximo do terreno exponha o filme enquanto que de um edifício da Universidade de Nebraska, EUA, utili
a luz menor do que 0,5 pm não chega até o filme (McGIone, zando fotografias de filmes colorido-normal e infraverme
2004). A Prancha Colorida 4-3b ilustra como as cores (dyes) lho-colorido (Prancha Colorida 4-5ab). Objetos que refle
introduzidas em cada uma das camadas do filme são diferen tem exclusivamente azul claro são registrados em preto na
tes quando comparadas com um filme colorido padrão. Ba fotografia infravermelho-colorido (p.ex., carro à esquerda).
Planejamento de Missões de Fotografia aéreas 127
O tapete vermelho nas escadarias do edifício está registra d’água e partículas (especialmente poluição) do ar e per
do em tons de verde. O telhado está registrado em tons mite que o vento associado ao sistema frontal diminua. A
de amarelo, significando que a telha absorve muita luz no fotografia aérea obtida em condições de muita umidade
verde claro enquanto que reflete fortemente nas porções fica degradada devido ao espalhamento indesejado da luz
do vermelho e infravermelho-próximo do espectro. que ocorre na atmosfera e que chega ao campo de visada
da câmera. Além disso, o vapor d’água pode absorver parte
A fotografia aérea infravermelha-colorida continuará sendo da energia refletida pelos alvos da cena qúe deveriam ser
uma das ferramentas mais importantes do sensoriamento re registrados no filme.
moto. O filme infravermelho-colorido foi escolhido pelo Pro
grama de Fotografia Aérea do USGS. As novas resoluções espa Ventos fortes podem tirar o avião da rota e causar defeitos
ciais (< 1 x 1 m pancromático e < 4 x 4 m multiespectral) dos no recobrimento das linhas de voo, perdendo a sobreposi
dados digitais de satélites de sensoriamento remoto de empre ção necessária para estereoscopia e até mesmo obter foto
sas comerciais como a Space Imaging e a Digital Globe estão grafias oblíquas ao invés de verticais. Nuvens em fotografias
reduzindo nossa dependência por fotografias aéreas em grande- aéreas são evidentemente inaceitáveis. Não somente uma
escala com os filmes infravermelhos-coloridos analógicos. parte do terreno é obscurecida pela presença da nuvem,
mas também a sombra causada pela nuvem acarreta varia
Planejamento de Missões de ções na tonalidade da fotografia, que pode ser interpretada
Fotografias Aéreas erroneamente. As fotografias aéreas obtidas antes da passa
gem de um sistema frontal podem ser ideais se a umidade
relativa for baixa e os ventos não forem fortes.
Hora do Dia - Ângulo Solar
Plano de Voo
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Elementos de Interpretação Visual de Imagens
O o homem faz isso ao longo de toda a sua vida. Com alguma instrução, ele pode
tornar-se um excelente analista de imagem. A interpretação de foto ou imagem é
definida como
Introdução
• a perspectiva aérea/regional;
Perspectiva Tridimensional:
Imagem Estereoscópica de St. Louis, Missouri
Figura 5-2 Este estéreopar de St. Louis, Missouri, consiste de duas cenas do terreno obtidas em duas diferentes estações (posições)
de exposição ao longo de uma única linha de voo. A informação tridimensional do terreno pode ser obtida obser
vando o modelo (par de fotos) com um estereoscópio. A mente humana usa a informação da paralaxe, inerente às
imagens, para produzir um modelo tridimensional que pode conter informações detalhadas sobre o terreno.
Obtendo Conhecimento Além do Sistema Visual 1999). Por exemplo, consideremos a área de agricultura
Humano na Arábia Saudita mostrada na Figura 5-3. A vegetação
sadia absorve mais a luz verde e vermelha do Sol para
a sua fotossíntese. Portanto, as áreas agrícolas mostram
Os nossos olhos são sensíveis, primariamente, à luz azul, tons de cinza escuro no imageamento multiespectral no
verde e vermelha. Portanto, nós amostramos uma porção verde e no vermelho. Por outro lado, a maior quantida
muito limitada da energia eletromagnética que de fato de de biomassa presente nas plantações representa uma
está atuando no ambiente e interagindo com o solo, a maior quantidade de energia refletida no infravermelho
água, a vegetação, a atmosfera e a estrutura urbana. Feliz próximo, tornando brilhantes (tons de cinza claros) as
mente, sensores engenhosos foram desenvolvidos com a áreas densamente vegetadas em imagens no infraverme
capacidade de medir a atividade de raios-x, do ultraviole lho próximo. As imagens no verde e no vermelho suge
ta, do infravermelho próximo, do infravermelho médio, rem, pelos tons escuros, que a vegetação está presente em
do infravermelho termal, das micro-ondas e das ondas quase todos os pivôs centrais. O imageamento do infra
de rádio. Sensores remotos cuidadosamente calibrados vermelho próximo dá uma informação mais definitiva
fornecem novas informações sobre um objeto, as quais o sobre a distribuição e quantidade de vegetação (biomas
ser humano jamais teria habilidade para avaliar (Robbins, sa) encontrada no interior dos campos. Uma composição
colorida é mostrada na Prancha Colorida 5-1.
132 CAPÍTULO Elementos de Interpretação Visual de Imagens
Figura 5-4 A imagem de satélite pancromática de alta resolução espacial (61 x 61 cm) registrou a destruição de moradias
informais em Harare, Zimbabwe, que começou em 25 de maio de 2005. O Presidente Mugabe ordenou que a
polícia, com tratores e marretas, demolisse mais de 20.000 estruturas de habitações informais, tornando mais de
200.000 pessoas sem teto (as imagens são cortesia da DigitalGlobe, Inc.).
McGlone, 2004). Os princípios mais fundamentais são os são frequentemente baseados em diferentes métodos de pes
elementos de interpretação de imagem, que são usados rotinei quisa, incluindo: o uso de informação colateral (auxiliar), a
ramente quando se faz uma fotointerpretação visual em uma convergência de evidências e o uso do conceito multi.
imagem (Bossler et al., 2002). Os elementos de interpretação
de imagem incluem localização, tonalidade e cor, tamanho, Um intérprete de imagens bem treinado utiliza de forma inte
forma, textura, padrão, sombra, altura e profundidade, volu grada os elementos de interpretação de imagem, sem ter que
me, declividade, aspecto, sítio, situação, e associação (Figura pensar neles individualmente (Lloyd et al., 2002). Por outro
5-5). Alguns dos adjetivos associados com cada um desses lado, um intérprete inexperiente pode ter que, sistemática e
elemento de interpretação de imagem estão resumidos na conscientemente, avaliar um objeto desconhecido com relação
Tabela 5-1. Cada imagem é composta por cristais de haleto a cada um desses elementos para, finalmente, identificar e jul
de prata ou pixels individuais que têm uma cor ou tonalida gar o seu significado em relação a outros fenômenos na cena.
de únicas, em uma determinada localização geográfica. Estes
aspectos constituem o bloco fundamental no qual os outros Localização x,y
elementos estão baseados. Portanto, pode-se considerar esses
elementos de interpretação de imagem como primários ou
de primeira ordem (Konecny, 2003). Os elementos secun Há dois métodos primários para obter informações precisas
dários e terciários são, basicamente, arranjos de tom e cor. de coordenadas x,y de um objeto: 1) através de medidas de
Os elementos de ordem mais alta, sítio, situação e associação campo utilizando técnicas tradicionais de levantamento to-
134 CAPÍTULO Elementos de Interpretação Visual de Imagens
Ordem
Primário
Figura 5-5 A interpretação de foto ou imagem é, normalmente, baseada no uso de elementos de interpretação de imagem. A
localização de um cristal individual de haleto de prata em uma fotografia, ou pixels em uma imagem, representa os
elementos primários (primeira ordem) de interpretação de imagem. Elementos secundários e terciários são arran
jos espaciais de tom e cor. Os elementos de ordem mais alta (superior), como sítio, situação, e associação utilizam,
normalmente, diversos métodos de pesquisa para desenvolver interpretações precisas de imagem.
pográfico ou instrumentos que utilizam o sistema de posicio das no terreno), para registrar (retificar) a foto ou imagem
namento global (GPS), ou 2) a coleta de dados de sensoria- não-controlada numa projeção cartográfica com padrão de
mento remoto do objeto, o registro (retificação) da imagem mapa (UTM ou outra projeção). Se corrigirmos, também,
para um mapa-base, e então a extração das informações de o deslocamento de relevo da topografia, então a foto ou
coordenadas x,y diretamente da imagem retificada. imagem torna-se uma ortofoto ou ortoimagem com todas as
qualidades métricas de um mapa (McGlone, 2004). As co
Se a opção um for a selecionada, a maioria dos cientistas, ordenadas geográfica: \x,y) de pontos e polígonos podem,
hoje, utiliza no campo o instrumento GPS (Figura 5-6), de então, ser extraídas diretamente da imagem retificada. O
custo relativamente baixo, para obter medidas precisas da Capítulo 6 (Fotogrametria) discute como as ortofotos são
localização de um objeto em graus de longitude e latitude criadas. Jensen (2005) descreve os métodos usados para
no globo terrestre, ou em metros a leste e a norte, em uma retificar digitalmente (i.e., registrar) dados de sensores re
projeção em mapa (p.ex., Universal Transverse Mercator - motos para uma projeção padrão de mapa.
UTM) (McCoy, 2005). E preciso, então, transferir as co
ordenadas de um ponto (p.ex., a localização de uma árvore Tom e Cor
específica) ou polígono (p.ex., o perímetro de um pequeno
lago) para um mapa planimétrico preciso. Nos Estados
Unidos é comum o uso de quadrículas de 7,5 minutos do Os materiais superficiais naturais, como a vegetação, a
U. S. Geological Survey. Na Grã-Bretanha usam-se os ma água e o solo descoberto, refletem diferentes proporções
pas da Agência Ordinance Survey. de energia nas porções do espectro eletromagnético do
azul, do verde, do vermelho e do infravermelho próximo.
A maioria das aeronaves e satélites utilizados para coletar Podemos plotar a quantidade de energia refletida por cada
dados de sensoriamento remoto têm um receptor GPS. um desses materiais em comprimentos de onda específicos
Isto permite que os instrumentos de sensoriamento remo e criar uma curva de reflectância espectral, algumas vezes
to a bordo obtenham coordenadas GPS x,y,z precisas em chamada de assinatura espectral (Jensen et ah, 2005). Por
cada estação de exposição fotográfica ou no centro de cada exemplo, curvas de reflectância espectral, generalizadas
linha de varredura. No caso das fotografias aéreas, significa para objetos encontrados no ecossistema de mangue no sul
que nós podemos obter informações sobre a localização da Flórida, são mostradas na Figura 5-7a (Davis e Jensen,
exata do centro de cada cena (i.e., o ponto principal) no 1998). As curvas de reflectância de materiais selecionados
instante da exposição. Podemos usar a informação GPS dão indicações para que possamos entender como esses
coletada pelo sensor (e talvez, também, algumas coleta materiais aparecem em um imageamento branco-e-preto
Elementos de Interpretação de Imagem 135
Tom e Cor
Areia
Mangue
Agua
Vermelho IníravermelhoH
,6 - ,7 jam ,7 - ,9 pm
a. Curvas de reflectância espectral para b. Fotografia branco e preto da energia refle c. Fotografia branco e preto da energia refle
areia, mangue e água, na Flórida. tida no verde, de mangues da Flórida. tida no vermelho.
alta reflexão da energia incidente, em proporções iguais de 91 por cento da energia incidente para realizar a fotossíntese.
azul, verde, vermelho e infravermelho, resultando em tons Isto causa uma resposta do mangue em tons muito escuros
de alto brilho em todas as imagens. na fotografia no vermelho (Figura 5-7c). A luz vermelha não
tem grande penetração na coluna de água, resultando em tons
O mangue reflete aproximadamente 9 por cento da energia levemente escuros, especialmente nos canais mais profundos.
da luz vermelha (0,6 - 0,7 pm), enquanto absorve cerca de Como esperado, áreas arenosas apresentam tons brilhantes.
Elementos de Interpretação de Imagem 137
Nas imagens branco e preto sensíveis somente à energia do branco e preto pancromáticas ou em bandas individuais. Por
infravermelho próximo (0,7 - 0,92 pm), a vegetação apa exemplo, considere a fotografia U-2 da base de lançamento
rece em tons brilhantes (Figura 5-7d). A vegetação sadia de um Sputnik Russo, mostrado na Figura 5-7g. O exame
reflete grande parte da energia incidente no infravermelho cuidadoso dos tons de cinza e das sombras por um analista
próximo (aproximadamente 28 por cento). Geralmente, treinado revela que a terra escavada da depressão da área de
os tons mais brilhantes de uma superfície vegetada relacio- lançamento foi, em grande parte, depositada em uma eleva
nam-se a uma maior quantidade de matéria biológica (bio- ção nas proximidades. O ser humano não está acostumado
massa) presente (Jensen et al., 1999). Inversamente, a água a ver a parte superior dos objetos em tons de cinza. Ele pre
absorve grande parte da energia incidente no infraverme cisa ser treinado. Além do mais, o homem frequentemente
lho próximo, aparecendo em tons escuros na imagem. Há tem grande dificuldade para identificar feições se a cena é
um grande contraste entre as áreas emersas brilhantes, pela composta de informações com contraste muito alto. Isto é
resposta da vegetação e da areia, e a água escura. Portanto, exemplificado pela observação de fotografias de dois objetos
não é surpreendente que a região do infravermelho próxi muito bem conhecidos: um Dálmata e uma vaca nas figuras
mo seja considerada a melhor para a discriminação entre as 5-7h e i, respectivamente. Muitos analistas inexperientes não
áreas emersas e a interface com a água. conseguem identificar o Dálmata ou a vaca nas fotografias.
Isto sugere que fotografias aéreas ou imagens de contraste ex
Uma imagem infravermelho branco e preto de uma plan tremamente alto são difíceis para interpretar, e que é melhor
tação de pinheiro (folhagem perene) circundada por uma adquirir e interpretar imagens de sensoriamento remoto que
floresta decídua (folhagem sazonal) é mostrada na Figura tenham uma escala de cinza contínua, com tons variando do
5-7e. O contraste tonal torna fácil a discriminação entre as preto para o cinza até o branco, se possível.
duas espécies principais.
Cor
Deve-se, no entanto, ser cuidadoso quando se interpretam
bandas individuais de imagens branco e preto. Por exem Nós podemos utilizar técnicas de combinação de cores
plo, considere a imagem TM (Thematic Mapper) Landsat aditivas para criar composições coloridas a partir de ban
na banda 3 (vermelho) de uma área de agricultura no Co das individuais de dados de sensoriamento remoto, como
lorado (Figura 5-7f). Como esperado, a maior quantidade discutido anteriormente no Capítulo 4. Essas composições
de vegetação significa uma maior absorção da luz vermelha introduzem o matiz (cor) e a saturação à escala de tons de
incidente e, consequentemente, áreas mais escuras na ima cinza (intensidade). A Prancha Colorida 5-2 mostra uma
gem dentro do sistema de irrigação do pivô central. Por composição colorida de bandas do verde, do vermelho e do
outro lado, campos descobertos e áreas que não se encon infravermelho próximo em área de mangue. Observe que
tram em produção agrícola mostram tonalidades muito há um grande ganho de informação visual na composição
mais brilhantes. Infelizmente, o lago também aparece em colorida. O homem tem a capacidade de diferenciar cer
tons intermediários de cinza. Isto acontece porque o lago ca de mil variações sutis de cores. Nesta imagem falsa-cor,
recebeu uma quantidade substancial de sedimentos em sus toda a vegetação está representada por matizes de vermelho
pensão, causando uma maior reflexão da energia radiante (magenta), a areia aparece como um branco brilhante e a
no vermelho, do que seria normalmente esperado se a água água em vários matizes de azul. Muitos estudiosos preferem
do lago fosse profunda e límpida. Se estivéssemos anali adquirir dados de diferentes tipos para criar as suas compo
sando bandas adicionais no azul, no verde e, talvez, no in sições coloridas. Tais dados podem incluir fotografias aéreas
fravermelho próximo, provavelmente ficaria evidente que em cores naturais, fotografias aéreas infravermelho coloridas
se trata de um corpo d’água. Portanto, neste caso, quando ou dados multiespectrais, onde muitas bandas individuais
observamos uma única imagem com variações de tons en são coletadas, e algumas são selecionadas e combinadas por
tre o branco e o preto, nós podemos chegar à conclusão adição de cores para produzir imagens coloridas.
de que o lago é, simplesmente, um grande campo vege-
tado, talvez em seus estágios iniciais de desenvolvimento, Infelizmente, a percepção de cores, em algumas pessoas,
quando alguma quantidade do solo arenoso é ainda visível não é bem desenvolvida. Isto significa que elas não experi
através do dossel. De fato, o lago tem aproximadamente o mentam a mesma sensação mental de uma cor (p.ex., ver
mesmo tom de cinza de diversas áreas adjacentes no inte de) como acontece com a grande maioria da população.
rior dos sistemas de irrigação por pivô central. Apesar das naturais dificuldades que essa disfunção repre
senta no dia-a-dia das pessoas, muitos excelentes analistas
O ser humano pode diferenciar aproximadamente 40-50 de imagem apresentam algum tipo de limitação na percep
gradações de cinza em uma fotografia ou imagem de senso- ção de cores. Existem testes especiais, como aquele exem
riamento remoto em branco e preto. Entretanto, é necessário plificado na Prancha Colorida 5-3, que podem determinar
prática e habilidade para extrair a informação útil de imagens a capacidade de percepção das cores.
138 CAPÍTULO Elementos de Interpretação Visual de Imagens
Tamanho
a. Automóveis: diversos, mas aproximada b. Ferrovia: 1,43 m de bitola e 20 cm entre c. Uma carreta tem aproximadamente 13,5 a
mente com 4,5 m de comprimento e 1,8 m dormentes. 15 m de comprimento.
de largura.
d. Baseball: 27 m entre bases; 18 m do arre- e. Trampolim: aproximadamente 3,6 m de f. Carros e caminhões podem ser usados
messador à sua base. comprimento. como escala para determinar o tamanho das
unidUes de ar condicionado.
Figura 5-8 Elementos de Interpretação de Imagem -Tam anho.
Tamanho - Comprimento, Largura, Perímetro e são miniaturizada de um objeto, que pode medir, em uma
Área imagem, somente uns poucos centímetros de comprimen
to e de largura. A medição, numa imagem, do tamanho de
alguns objetos bem conhecidos, tais como o comprimento
O tamanho de um objeto é uma de suas características mais de um carro, a largura de uma rodovia e de uma ferrovia,
distintivas e um dos mais importantes elementos de inter o tamanho de uma típica residência familiar, etc., permi-
pretação de imagem. Os parâmetros mais comumente me te-nos uma melhor compreensão do tamanho das feições
didos são comprimento (m), largura (m), perímetro (m), desconhecidas na imagem e, possivelmente, identificá-las.
área (m2), e ocasionalmente, volume (m3). O analista deve Há diversos adjetivos subjetivos e relativos que descrevem o
medir, rotineiramente, o tamanho de objetos desconheci tamanho dos objetos, incluindo pequeno, médio e grande.
dos. Para fazer isto, é necessário conhecer a escala da foto Esses adjetivos devem ser usados moderadamente.
grafia (p.ex., 1:24.000) e a sua unidade geral equivalente ou
escala verbal (i.e., 1 cm = 240 m). No caso do imageamento Objetos que apresentam tamanhos relativamente padroni
digital é necessário conhecer a resolução espacial nominal zados podem ser usados para avaliar o tamanho de outros
no terreno do sistema sensor (p.ex., 1 x lm). objetos na cena. Por exemplo, nos Estados Unidos um carro
de tamanho médio tem, aproximadamente, 4,5 m de com
A medição do tamanho de um objeto desconhecido permite primento por 1,8 m de largura (Figura 5-8a). Eles podem ter
ao intérprete excluir muitas alternativas possíveis. No entan dois terços desse tamanho na Europa, na Ásia, etc. Observe
to, é necessário ser cuidadoso, porque todos os objetos nos que é possível diferenciar carros de caminhonetes. Note, tam
dados de sensoriamento remoto estão em uma escala menor bém, que a linha branca de 15 cm separando os espaços de es
do que 1:1 e nós não estamos acostumados a observar a ver tacionamento é bem visível, dando indicações sobre a alta re
Elementos de Interpretação de Imagem 139
solução espacial desta fotografia aérea. A bitola padrão para as pretes inexperientes muitas vezes encontram dificuldades
ferrovias nos Estados Unidos é de 1,43 m (Figura 5-8b). Esta para identificar até mesmo a forma do prédio em que se
é uma informação diagnostica para se inferir o comprimen encontram. Essa dificuldade é ainda maior quando se ava
to dos vagões ferroviários. O comprimento médio de uma lia a forma planimétrica x,y de objetos naturais ou feitos
carreta de um caminhão é de 13,5 a 15,0 m (Figura 5-8c), pelo homem, registrados em uma fotografia aérea ou outro
permitindo-nos avaliar o tamanho do depósito adjacente. tipo de imagem. Há numerosos adjetivos para descrever a
forma, tais como (Tabela 5-1) linear, curvilinear, circular,
As dimensões dos campos das principais modalidades es elíptico, radial, quadrado, retangular, triangular, hexago-
portivas, como o futebol, o baseball (Figura 5-8d) e o tênis nal, estrela, alongado e amorfo (sem uma forma clara).
são padronizadas no mundo todo. A distância entre as ba
ses no baseball é de 27 m, enquanto a distância do arre- Há, no mundo real, uma infinidade de objetos cujas for
messador à sua base é de 18 m. A maioria dos trampolins mas devem-se a eventos da natureza ou à interferência do
em piscinas (Figura 5-8e) tem um comprimento de 3,6 m. homem. Infelizmente, podemos mostrar apenas alguns
Exemplos adicionais podem ser encontrados no Capítulo poucos exemplos (Figura 5-9). Uma moderna aeronave a
13 (Sensoriamento Remoto de Áreas Urbanas). jato (Figura 5-9a) tem, tipicamente, uma forma triangular
e sombras com formato característico. Construções resi
Se esses objetos são visíveis em uma imagem, é possível denciais e públicas/comerciais podem variar, desde a for
determinar o tamanho de outros objetos na cena pela com ma retangular muito simples de construções residenciais
paração entre as suas dimensões. Por exemplo, o diâmetro (Figure 5-9b) até padrões geométricos complexos como o
das duas unidades de ar condicionado de teto mostradas Pentágono, em Washington, D.C. (Figura 5-9c). A ima
na Figura 5-8f, equivale, no mínimo, ao comprimento do gem infravermelha branco e preto foi obtida usando-se
carro e do caminhão, também visíveis na imagem. uma câmera digital. Normalmente, os sistemas de trans
porte do homem (Figura 5-9d) têm uma forma curvilinear
E arriscado fazer medições precisas de comprimento, pe e exibem grandes obras de engenharia.
rímetro, e área de objetos em fotografias aéreas (ou outros
dados de sensoriamento remoto) não-retificadas. São raras O ser humano modifica a natureza de modos muito di
as superfícies totalmente planas dentro do campo de visada versos, alguns deles muito interessantes. Por exemplo, a
instantâneo de uma fotografia aérea ou de outro tipo de Figura 5-9e realça a forma curvilinear de pequenos aterros
imagem. Isso faz com que pontos que sejam mais altos do cuidadosamente construídos (elevando-se cerca de 60cm
que a elevação média estejam mais próximos do sensor, e acima da superfície do terreno), que direcionam a água
pontos que sejam menores do que a elevação média estejam continuamente através de um campo de arroz, em Loui-
mais distantes do sistema sensor. Assim, diferentes partes da siana. Um campo adjacente apresenta-se sistematicamente
imagem têm diferentes escalas. Prédios altos, montes e de arado. No entanto, a natureza constrói as mais bonitas for
pressões podem ter escalas significativamente diferentes do mas, padrões e texturas, como exemplificado pelo padrão
que a escala calculada pela elevação média na fotografia. radial das palmeiras na Figura 5-9f.
Portanto, a situação ideal é aquela em que os dados da O bom intérprete de imagens dedica uma grande quanti
fotografia aérea, ou de outra imagem, tenham sido reti dade de tempo no campo observando e avaliando as for
ficados e corrigidos geometricamente para se tornarem, mas dos objetos naturais e feitos pelo homem. O intérpre
de fato, uma ortofotografia ou ortoimagem, onde todos te adquire, então, uma melhor capacidade para entender
os objetos estão em sua real localização planimétrica x, y. como essas formas aparecem quando registradas em uma
Então, é possível medir o comprimento, o perímetro, e a imagem vertical ou oblíqua.
área das feições usando-se diversos métodos, incluindo o
planímetro polar, mesa digitalizadora, análise de grade de Textura
pontos (dot-grid) ou análise digital de imagem. Estes mé
todos de medição do tamanho de objetos estão descritos
no Capítulo 6 (Fotogrametria). A Textura é a disposição e o arranjo característico dos tons
de cinza ou cores que se repetem em uma imagem. Em uma
Forma fotografia aérea, ela é criada pelas repetições tonais de gru
pos de objetos, que podem ser muito pequenos para serem
discernidos individualmente. Muitas vezes, duas feições que
Seria maravilhoso se todas as coisas tivessem uma única tenham características espectrais muito similares (p.ex., tons
forma que pudesse ser facilmente discernida a partir de branco e preto ou cores similares) mostram características de
uma perspectiva vertical ou oblíqua. Infelizmente, intér textura diferentes, que permitem a um intérprete experiente
140 CAPITULO Elementos de Interpretação Visual de Imagens
Forma
a. Forma triangular (delta) de um típico jato b. Formas retangulares de residências com mó- c. Imagem infravermelho branco e preto do
de passageiros. dulos de larguras simples ou duplas, para venda. Pentágono (cortesia de Positive Systems, Inc.).
d. Trevo de auto-estrada de forma curviline- e. Formas curvilineares de barreiras cuida f. Forma radial de copas de palmeiras em San
ar, nos Estados Unidos. dosamente construídas em um campo de Diego, CA.
arroz na Louisiana.
Figura 5-9 Elementos de Interpretação de Imagem —Forma.
distinguir entre elas. Para caracterizar textura, frequente Outros adjetivos são frequentem ente utilizados para
mente utilizamos os adjetivos liso (uniforme, homogêneo), descrever a textura, entre os quais mosqueado, ponti
intermediário, e rugoso (grosseiro, heterogêneo). lhado, etc. É difícil definir exatamente o que signifi
ca cada uma dessas texturas. E melhor mostrar alguns
E importante entender que a textura em uma certa porção exemplos, como os apresentados na Figura 5-10. Tanto
de uma fotografia é, estritamente, uma função da escala. o pomar de abacate como as árvores têm uma textura
Por exemplo, em uma fotografia aérea de escala muito grosseira na fotografia de grande escala da Figura 5 -10a.
grande (p.ex., 1:500) é possível identificar as folhas e os Por outro lado, a estrada de concreto e o gramado apre
galhos no dossel de um conjunto de árvores e descrever a sentam uma textura lisa. Próximo à piscina, o solo exibe
área como tendo uma textura grosseira. Entretanto, quan graus variados de conteúdo de umidade, resultando em
do se diminui a escala do imageamento (p.ex., 1:5.000), as uma textura mosqueada.
folhas e galhos individuais, e até mesmo a copa das árvores,
poderão coalescer, dando-nos a impressão que o conjunto Na Figura 5-10b, a floresta de pinheiro, à esquerda, tem
de árvores tem, agora, uma textura intermediária, i.e., ela uma textura relativamente grosseira, onde as copas das ár
não é lisa mas, definitivamente, não é rugosa. Quando es vores são visíveis. A areia da praia em tons claros apresenta
sas mesmas árvores são observadas em uma escala muito uma textura lisa. As plantas ”rabo-de-gato” mais próximas
pequena (p.ex., 1: 50.000), elas vão aparecer como uma e os aguapés mais distantes no Lago-L da Usina Nuclear do
floresta uniforme com uma textura lisa. Portanto, a textu Rio Savannah, apresentam texturas intermediárias a rugo-
ra é função da escala do imageamento e da habilidade do sas. Finalmente, os aguapés dão lugar aos tons escuros da
intérprete de percebê-la e de descrevê-la. água, com uma textura lisa.
Elementos de Interpretação de Imagem 141
Textura
a. Textura relativamente grosseira de planta b. O pinheiro tem uma textura grosseira; os c. Textura grosseira de troncos de pinheiro de
ção de abacate. O gramado e a rodovia têm “rabo-de-gato” e os aguapés apresentam tex- corte recente, em uma serraria na Geórgia,
textura lisa. tura intermediária.
d. Textura grosseira de um campo de milho e. Textura mosqueada em solo exposto em i. Variedades de texturas ao longo de um tri
na Carolina do Sul, entremeado com pés de um sistema de irrigação de pivô central na butário do Mississipi.
maconha circulares . Geórgia.
Duas pilhas de troncos de pinheiro com 15 m em uma ser de solos, resultando em uma textura mosqueada. Uma parte
raria na Geórgia, são mostradas na Figura 5-10c. Os troncos da região com textura mosqueada mostra, ainda, os sulcos cir
apresentam uma textura grosseira heterogênea com um pa culares das seis rodas do sistema de irrigação de pivô central.
drão linear. A sombra entre as pilhas tem uma textura lisa.
Diversas texturas formadas pela vegetação e cordões areno
A Figura 5-10d é uma fotografia interessante mostrando sos estão presentes em uma fotografia de grande escala de
uma plantação de pés de maconha de forma circular sis um tributário do Rio Mississipi, na Figura 5-10f. Um den
tematicamente dispostos entremeados em um campo de so conjunto de salgueiros paralelos à margem inferior cria
milho. A fisiologia (estrutura) dos dois tipos de plantas, uma textura relativamente fina, quando comparada com a
seu espaçamento e orientação combinam para produzir textura grosseira da floresta com a qual faz limite. Os cor
uma textura grosseira. As sombras produzidas pelos pés de dões de areia entremeados com a água criam uma textura
maconha contribuem substancialmente para a textura da sinuosa, única, assim como um padrão serrilhado. Muitas
área. Poucos intérpretes inexperientes notariam as diferen das copas das árvores, na porção superior da imagem, estão
ças sutis de textura na fotografia. bem espaçadas criando uma textura mais grosseira.
Padrão
a. Padrão triangular e sistemático dos B-52 . Sete silos de armazenagem de grãos mos c. Padrão sinuoso de canais em forma de
sendo desmontados (cortesia USGS). trando um padrão curvilinear, em uma fa trança, dispostos aleatoriamente, em um
zenda no SW dos EUA. solo arenoso no braço do Rio Pen, SC.
d. Padrão de distribuição de glebas em um e. Fileiras de batatas lineares e sistemáticas, f. Padrão de ruas radiais em Paris (Sovinfor-
solo mosqueado, no Texas. mostrando áreas escuras onde a batata foi msputnik and Aerial Images, Inc.).
afetada por doença.
Figura 5-11 Elementos de Interpretação de Imagem - Padrão.
um padrão de drenagem, ou feitos pelo homem, como o Sete grandes silos de estocagem de grãos podem ser vistos
sistema de posse de terra subdividida em distritos, comum na Figura 5-1 lb. Os silos são circulares e estão dispostos
no oeste dos EUA. O padrão é uma característica bastan na paisagem em um padrão curvilinear. Numerosas edifi
te diagnostica de muitas feições. Os adjetivos típicos de cações retangulares da fazenda, orientadas norte-sul, estão
padrão incluem aleatório, sistemático, circular, centrípeto, dispostas em um arranjo aleatório.
oval, curvilinear, linear, radial, retangular, hexagonal, pen
tagonal, octogonal, etc. Um padrão sinuoso e aleatório de canais em forma de tran
ças presente na desembocadura do braço do Rio Pen é apre
Exemplos de padrões típicos observados em dados de sen- sentado na Figura 5-1 lc. Este padrão particular assemelha-
soriamento remoto são mostrados na Figura 5-11. O pri se a uma trança de cabelo, daí a terminologia. Os principais
meiro exemplo representa um padrão triangular e sistemá padrões de drenagem que podem ser identificados em dados
tico dos B-52 sendo desmontados, na Base da Força Aérea de sensoriamento remoto são discutidos no Capítulo 13.
de Monthan (Figura 5-11 a). Uma grande lâmina de metal
corta a fuselagem em um número determinado de partes. A Figura 5-11 d representa o sistema cadastral de subdivi
As partes precisam permanecer visíveis por um certo nú são de glebas (Township & Range) superimposto em uma
mero de dias, para que os outros países possam, através de região de agricultura no Texas. A fotografia NAPP (Pro
sua própria tecnologia de reconhecimento aéreo, verificar grama Nacional de Fotografias Aéreas) revela pequenas áreas
que o número especificado de B-52 foi desativado, como de trabalho da fazenda, separadas por grandes campos de
parte do processo estratégico de limitação de armas. O terra agriculturável. As diferenças de conteúdo de umidade
equipamento pesado movendo-se entre as aeronaves cria nos tipos de solo dos campos combinam-se para criar uma
um padrão único curvilinear. textura mosqueada, não sistemática.
Elementos de Interpretação de Imagem 143
Sombra
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d. As Pirâmides de Glsã (cortesia de Sovin- e. As sombras dão informações sobre a altura f. Imagem orientada, durante a análise, de
forsputnik and Aerial Images, Inc). dos objetos (Emerge, Inc). forma que as sombras posicionem-se em di
reção ao observador.
Figura 5-12 Elementos de Interpretação de Imagem - Sombra.
As batatas arranjadas em fileiras lineares espaçadas sistema imagem dão mais informações do que os próprios objetos.
ticamente são mostradas na Figura 5-1 le. As fileiras estão La Gloriette —Arco da Glória —em Viena, na Áustria, tem
arranjadas em um padrão retangular. Esta fotografia do in uma única estátua em seu topo (Figura 5-12b). Através de
fravermelho próximo revela que alguns desses campos apare uma avaliação cuidadosa das sombras em uma fotografia
cem em tons escuros, indicando áreas afetadas por doença. vertical, é possível determinar a localização da estátua no
topo do prédio. De forma similar, as sombras da placa de
Uma fotografia do satélite russo KVR-1000 revela o pa sinalização da rodovia e da pista elevada sobre a rodovia
drão radial de ruas centradas no Arco do Triunfo, em Paris (Figura 5-12c) dão mais informação que os próprios obje
(Figura 5-1 lf). tos, em uma fotografia aérea vertical.
Altura e Profundidade
a. Deslocamento de relevo como um importante b. Sombras e mascaramentos na cidade de São c. A batimetria da Baia de Monterey, CA
indicativo monoscópico sobre a altura de objetos. Francisco (cortesia GeoEye Inc.). (cortesia HJW, In cS P O T Im a g e, Inc.).
a. Planta da Usina Termelétrica de Haynes b. Uma serraria com suas pilhas de troncos
em Long Beach, CA. enfileirados e tábuas serradas. de Augusta, GA.
nar, que envia um pulso de som e mede o tempo necessário têm, tipicamente, múltiplos edifícios térreos, muitas áreas de
para que ele atravesse a coluna d’água, seja refletido pelo estacionamento e são, idealmente, situadas próximo às princi
fundo, e retorne ao sensor. A imagem da Baia de Monte- pais artérias de transporte e centros populacionais.
rey, CA, mostrada na Figura 5-13c, foi obtida usando-se
sonar e integrada com uma imagem SPOT. Plantas de usinas termelétricas, como a de Flaynes Steam
em Long Beach mostrada na Figura 5-14a, normalmente
Sítio, Situação e Associação estão localizadas em áreas planas, com diversas obras de
engenharia e próximas a grandes reservatórios de petróleo
(ou outro tipo de recurso natural), para serem utilizados na
Sítio, situação e associação são características muito impor geração de vapor d água que irá movimentar os geradores
tantes quando se busca identificar um objeto ou atividade. de energia elétrica. Anteparos feitos pelo homem, normal
Um sítio tem características físicas e/ou sócio-econômicas mente envolvem a área onde se situa o tanque, para conter
únicas. As características físicas podem incluir elevação, de- o petróleo em caso de ocorrer algum acidente. As plantas
clividade, aspecto e tipo de cobertura superficial (p.ex., solo das usinas termelétricas são, frequentemente, refrigeradas
descoberto, grama, arbusto/cerrado, pastagem nativa, flores pela circulação de algum tipo de líquido armazenado em
ta, água, asfalto, concreto, residência, etc.). As características pequenos lagos. A água é utilizada para refrigerar os com
sócio-econômicas do sítio incluem o valor da terra, o sistema ponentes críticos geradores de vapor d’água.
de posse da terra, a proximidade da água, e/ou a certo tipo
de população (profissional, horista, aposentado). Serrarias, como a mostrada na Figura 5-l4b, estão, normal
mente, situadas em um terreno plano, com muitas árvores
A situação refere-se à organização e orientação de certos objetos disponíveis num raio de 20 km e contendo muitas pilhas de
na cena, um em relação ao outro. Frequentemente, conjuntos troncos enfileirados e outras pilhas de tábuas bem organiza
de materiais, de construções, de oleodutos, de produtos, etc., das, uma fornalha para queimar os restos de madeira, e amplas
estão distribuídos de uma maneira lógica, previsível. instalações de processamento da madeira. Frequentemente,
um ramal ferroviário é utilizado para escoar a madeira.
A associação refere-se ao fato de que, quando se avalia um
certo fenômeno ou atividade, quase que invariavelmente en- As plantas de usinas nucleares localizam-se em áreas carac
contram-se feições ou atividades relacionadas ou associadas. terizadas por grandes obras de engenharia. Elas contêm um
Quando se analisa uma imagem, os elementos de interpreta (ou mais) grande edifício de concreto onde se situa o reator.
ção sítio, situação e associação raramente são usados de forma A área pode conter grandes lagos, para a recirculação da água
independente. O normal é serem usados sinergicamente para que refrigera o reator, ou possuir enormes torres refrigerado-
atingir uma conclusão lógica. Por exemplo, as estações de tra ras, como aquelas em construção na Usina Nuclear de Vogle,
tamento de esgoto são quase sempre localizadas em uma área próximo de Augusta, GA, mostrada na Figura 5-14c. Como
(sítio) plana, próximas de uma fonte de água, para que possa a eletricidade pode ser transportada economicamente a gran
dispor de água tratada, e relativamente próximas da comu des distâncias, não há necessidade de que as usinas nucleares
nidade. Alamedas que compõem grandes centros comerciais sejam construídas próximas à população consumidora.
146 CAPÍTULO Elementos de Interpretação Visual de Imagens
Um intérprete experiente traz o seu conhecimento sobre sí Tabela 5-2 Informações colaterais frequentemente usadas na
tio, situação e associação para a solução de um problema de interpretação de fotografias aéreas e outros dados
interpretação de imagem. Esse conhecimento é obtido pela de sensoriamento remoto nos Estados Unidos.
observação dos fenômenos que ocorrem no mundo real. O
T ó p ic o In fo r m a ç ã o C o la te r a l
intérprete mais eficiente é aquele que teve a oportunidade de
observar um grande número de ambientes naturais e modi Orientação Mapa Internacional do Mundo: 1:1.000.000
ficados pelo homem. E difícil identificar um objeto em uma Geral National Geospatial-Intelligence Agency
imagem se ele nunca foi observado in situ e nunca teve as (NGA) 1:100.000, 1:250.000
suas características de sítio, situação e associação avaliadas. USGS 7,5 min 1:24.000
USGS 15 min 1:63.300
Métodos de Pesquisa Sistemas de navegação de imagens: Google
Earth,
Space Imaging, DigitalGlobe, SPOT
Limites ou USGS 7,5 min 1:24.000
A fotointerpretação tem sido utilizada desde que Gaspard
Distritos USGS 15 min 1:63.300
Felix Tournachon (Nadar) obteve, com sucesso, a primeira
Estado, município, cidade, escola, corpo
fotografia aérea na França, em 1858. Nesses anos, os cientis de bombeiro (incêndio), cadastro eleitoral,
tas desenvolveram muitas abordagens para interpretar dados
água/esgoto
de sensores remotos, incluindo: 1) utilização de informações
colaterais (auxiliares), 2) aplicação da convergência de evidên Cadastral Mapas de tributos de cidades e municípios
cias, e 3) aplicação do conceito multi na análise de imagens. Controle USGS gráfico linear digital - elevação
Geodésico NGS - cartas náuticas e batimétricas
Usando a Informação Colateral
Floresta USFS - informações florestais
Geologia USGS - superfície e sub-superfície
Os intérpretes experientes raramente analisam uma foto Desastres 1EMA - mapas de inundação
grafia aérea, ou outros dados de sensoriamento remoto, USCG - índice de sensibilidade ambiental
sem ter, previamente, algum outro tipo de informação. Na
Hidrologia USGS gráfico linear digital - elevação
realidade, o intérprete deve coletar o maior número possí
NGS - cartas náuticas e batimétricas
vel de informações colaterais (frequentemente chamadas de
USGS - relatórios sobre abastecimento de água
anteriores ou auxiliares) sobre a área e o objeto de estudo.
USGS - relatórios de descarga volumétrica
Os principais tipos de informações colaterais estão resumi
(fluxo)
dos na Tabela 5-2, incluindo o uso de uma variedade de
mapas para orientação, informação sobre limites políticos, Sócio- Bureau of the Census —dados demográficos
dados cadastrais de propriedades, controle geodésico (x, Econômico -Blocos de dados TIGER (Topologically
y, z), dados florestais, dados geológicos, informação sobre Integrated Geographic and Reference)
riscos, dados hidrológicos de superfície e sub-superfície, -Censo de cidades e municípios (Census tract)
dados sócio-econômicos, taxonomia do solo, dados topo Solos SCS, NRCS - mapas de taxonomia de solos
gráficos e batimétricos, características de transporte, infor
Topografia/ USGS —Dados nacionais de elevação (NET)
mação sobre áreas alagadas ou úmidas. O ideal é que esses
Batimetria NGA - Banco de dados digitais de elevação
dados estejam arquivados em um Sistema de Informações do terreno (DTED)
Geográficas (SIG), para que sejam facilmente acessados e USCG - cartas náuticas e batimétricas
superpostos aos dados de sensoriamento remoto.
Transporte USGS gráfico linear digital - transporte
É importante contactar um serviço nacional de previsão de Mapas de transporte de Estados e municípios
tempo, que forneça informações quantitativas sobre as con Tempo/ Serviço Meteorológico Nacional - NEXRAD
dições meteorológicas (cobertura de nuvens, visibilidade e atmosfera
precipitação) no dia em que os dados de sensoriamento re Áreas USGS - Mapas do Inventário Nacional de
moto foram coletados e nos dias imediatamente anteriores. alagadas/ áreas Alagáveis
úmidas NOAA - Programa de análise de mudanças
Pode-se obter, também, mapas sobre as ruas locais, fotogra costeiras
fias terrestres, livros sobre a geografia local e regional, e ar
tigos e revistas populares sobre o local ou objeto de estudo.
Pode-se, também, obter informações com a população local.
Métodos de Pesquisa 147
O bom fotointérprete vai ao campo fazer uma avaliação ini • notar a ausência de instalações de rampas para embar
cial da configuração do terreno, das características de vege que/ desembarque de passageiros, comuns em aeroportos
tação e solo, da drenagem e das condições geomórficas, e do comerciais, sugerindo tratar-se de um aeroporto militar;
impacto cultural causado pelo homem na região.
• examinar os padrões incomuns de sombra;
Frequentemente, essas informações espaciais estão arqui
vadas em um SIG. Isto é importante porque os dados de • consultar manuais que contenham exemplos de aero
sensoriamento remoto podem ser registrados geometrica naves compatíveis com os padrões de sombra (p.ex.,
mente com as informações da base de dados do SIG, facili Figura 5-11 b);
tando a superposição e análise conjunta desses dados.
• convergir as evidências para chegar a uma conclusão
Convergência de Evidências correta.
Convergência de Evidências
Figura 5-15 a) Imagem pancromática (61 x 61 cm) de um aeroporto em Riyadh, Arábia Saudita, obtida em 9 de Dezembro
de 2001 (cortesia da DigitalGlobe, Inc.). b) Vista terrestre da aeronave E-3 (.Airborne Warning and Control System -
AWACS) da Real Força Aérea Saudita. A E-3 é equipada com um radar “look down , que pode identificar alvos no
solo e no mar. Seu radar tem uma visão de 360° no horizonte e tem um alcance superior a 320 km. A Força Aérea dos
Estados Unidos, a NATO, o Reino Unido, a França e a Arábia Saudita operam AWACS. [Velocidade > 800 km/h;
Teto > 10.670 m; Autonomia de voo > 11 horas; Alcance > 9.250 km] (Boeing, 2005).
de sensoriamento remoto ou um problema de extração de foi o grande incentivador da inclusão de cientistas multidis-
informações. O mundo real consiste de solos, de geologia ciplinares no processo de interpretação de imagens. Esta fi
de superfície e sub-superfície, de vegetação, de água, de at losofia e a sinergia do processo permitem, frequentemente,
mosfera e de estruturas urbanas feitas pelo homem. Nesta resultados originais e inesperados, com cada cientista mul-
época, em que a especialização científica é cada vez maior, tidisciplinar trazendo o seu conhecimento e sua visão sobre
é difícil para qualquer pessoa ter a habilidade de entender o problema analisado (Donnay et ah, 2001). A Tabela 5-3
e extrair todo o tipo de informação pertinente presente em lista as disciplinas dos profissionais que, normalmente, co
uma imagem de sensoriamento remoto. Por isso, Colwell laboram no estudo sistemático de um determinado tópico.
Conclusão 149
Tabela 5-3 A contribuição de cientistas multidisciplinares no calendários estejam disponíveis, eles podem ser utilizados
processo de interpretação de imagens. para selecionar as melhores datas para adquirir os dados
de sensoriamento remoto durante a época de desenvolvi
T ó p ic o D is c ip lin a s
mento das culturas. Muitos outros fenômenos que se de
Agricultura Agronomia, engenharia agronômica, senvolvem ao longo do tempo, como o desenvolvimento
biologia, biogeografia, geologia, ecologia residencial urbano, podem ser monitorados usando-se da
da paisagem, ciência do solo dos de sensoriamento remoto. Um intérprete de imagem
Biodiversidade, Biologia, zoologia, biogeografia, ecologia experiente, entende o ciclo fenológico de um fenômeno
habitat da paisagem, ciência marinha, ciência do interpretando esta informação e usando-a para escolher o
solo melhor tipo de sensor remoto para o estudo e os dias mais
Preparação de Cartografia, SIG, ciência da computação, favoráveis do ano para a aquisição dos dados.
base de dados e fotogrametria, programação, modelagem
algoritmos analítica Conclusão
Floresta, Floresta, agronomia, ecologia de pasta-
pastagem gem nativa, ecologia da paisagem, bio
geografia e ciência do solo Nós, agora, conseguimos um bom entendimento sobre os
Controle Geodésia, topografia, fotogrametria elementos fundamentais de interpretação de imagem. Po
geodésico demos utilizar os elementos de interpretação de imagem
Geologia Geologia, geomorfologia, agronomia, para uma análise cuidadosa de uma fotografia aérea ou de
solos geografia outros tipos de dados de sensores remotos ópticos (com
primentos de onda do azul, verde, vermelho e infraver
Desastres Geologia, hidrologia, geografia urbana e
melho). Baseados neste fundamento, estamos preparados
física
para progredir para técnicas mais sofisticadas de análise de
Hidrologia Hidrologia, química, geologia, geografia imagens, que incluem a extração quantitativa de informa
Topografia/ Geodésia, topografia, fotogrametria ções dos dados de sensores remotos, usando os princípios
batimetria de fotogrametria.
Transporte Engenharia de transporte, planejamento
de cidades, geografia urbana
Referências
Estudos Geografia urbana, econômica e política,
urbanos planejamento de cidades, engenharia de
transporte, engenharia civil e ecologia da
paisagem
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atmosfera mica, ciência atmosférica
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A utilização de dados de sensoriamento remoto obtidos Bossler, J. D., Jensen, J. R., McMaster, R. B. and C. Rizos,
em uma única data podem fornecer informações impor 2002, Manual o f Geospatial Science and Technology, London:
tantes sobre o objeto de estudo, porém nem sempre per Taylor & Francis, 623 p.
mitem entender os processos desenvolvidos na área. Por
outro lado, a investigação que utilize dados de sensoria Colwell, R. N., 1997, “History and Place of Photographic
mento remoto multitemporais permite a obtenção de mais Interpretation,” Manual o f Photographic Interpretation, W.
de uma imagem de um determinado objeto. O monitora Philipson (Ed.), 2nd Ed., Bethesda: ASP&RS, 3-48.
mento de fenômenos através do tempo permite-nos enten
der os processos que atuam na área e desenvolver modelos Davis, B. A. and J. R. Jensen, 1998, “Remote Sensing of
prognósticos (Lunetta e Elvidge, 1998; Schill et al., 1999). Mangrove Biophysical Characteristics,” Geocarto International,
Colwell foi pioneiro a introduzir o conceito de calendário 13(4):55-64.
fenológico no desenvolvimento de culturas, com o objeti
vo de monitorar as mudanças espectrais que ocorrem nas Donnay, J., Barnsley, M. J. and P. A. Longley, 2001, Remote
plantas durante o seu desenvolvimento. Uma vez que esses Sensing and Urban Analysis, NY.: Taylor & Francis, 268 p.
150 CAPITULO Elementos de Interpretação Visual de Imagens
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I
Fotogrametria 6
otogrametria é a arte e a ciência de realizar medições precisas por meio de foto
• escala da fotografia;
• altura do objeto;
• comprimento do objeto;
1 N.T. Sempre que cabível, procurou-se converter as unidades de medida para o sistema métrico, com arredondamentos. Em
algumas situações, mantiveram-se as mesmas unidades de medida do autor.
152 CAPÍTULO Fotogrametria
• ortofotos com acurácia planimétrica (x,y). A maior parte dos levantamentos por fotografia aérea re
quer múltiplas linhas de voo para recobrir a área geográfica
Linhas de Voo da Fotografia Aérea de interesse. Quando isso ocorre, as linhas de voo se so
Vertical brepõem entre si em cerca de 20-30%, o que é conhecido
como sobreposição lateral (Figuras 6-2 e 6-3). Para adqui
rir múltiplas linhas de voo, o piloto deve fazer um giro de
É necessário entender como as fotografias aéreas indivi 180° ao final de uma linha de voo e então voar na direção
duais são adquiridas nas várias tomadas (exposições) ao oposta. Deve-se tomar cuidado na análise de fotografias
longo de uma linha de voo, antes de se poderem aplicar aéreas verticais adquiridas ao final da linha de voo, por
corretamente técnicas de fotogrametria para a extração de que alguma das fotografias, obtida no momento em que
informações quantitativas. a aeronave voava de forma inclinada durante o giro, pode
resultar oblíqua. Os algoritmos apresentados neste capí
Uma linha de voo de fotografia aérea vertical é obtida pela tulo operam melhor com fotografias aéreas praticamente
instalação de uma câmera em um avião, helicóptero ou saté verticais (< 3o do nadir). Algumas vezes, o vento ou erro
lite, e aquisição de fotografias do terreno diretamente abaixo do piloto levarão a aeronave a desviar-se para a esquerda
da plataforma em uma sequência de tomadas ou exposições ou direita da linha de voo desejada. Quando isto ocorre,
específicas. A geometria de três fotografias aéreas verticais a área de imageamento de cada fotografia (“footprint”) ou
hipotéticas adquiridas sucessivamente sobre um terreno até mesmo toda a linha de voo poderão apresentar-se des
plano é apresentada na Figura 6 - 1 . 0 tempo entre as ex locadas, conforme mostrado na Figura 6-3b. Isto não re
posições individuais ao longo de uma linha de voo é deter presenta um problema sério, desde que não se torne muito
minado pelo intervalômetro. O responsável pelas fotografias severo e que a sobreposição estereoscópica de 60% e a so
aéreas deve levar em consideração a velocidade da aerona breposição lateral de 20-30% sejam mantidas.
ve e a escala desejada da fotografia, para então configurar
o intervalômetro de modo que cada fotografia aérea verti Múltiplas linhas de voo com 20-30% de sobreposição
cal sobreponha-se à fotografia seguinte na linha de voo em lateral são denominadas como bloco de fotografias aéreas
aproximadamente 60% (denominada como sobreposição (Figura 6-2). Por exemplo, uma porção de um bloco de
estereoscópica) (Linder, 2003). Essa sobreposição é muito fotografias aéreas verticais do centro da cidade de Colum-
Linhas de Vôo da Fotografia Aérea Vertical 153
B loco de Fotografias Aéreas C om pilado para Criar um F otom osaico N ão-C ontrolado
Figura 6-3 a) Duas linhas de voo (n° 3 e n° 4) de fotografias aéreas verticais da cidade de Columbia, SC (South Carolina), EUA, com
escala de 1:6.000, obtidas a 914,4 m acima do nível do solo e com lente de distância focal de 152,82 mm. b) Um fotomosaico
não-controlado do bloco de fotografias aéreas.
bia, SC, nos EUA, é apresentada na Figura 6-3a. O bloco duzindo fotografias na escala aproximada de 1:6.000. Há
consiste de três fotografias em cada uma das duas linhas de 60% de sobreposição ao longo de cada linha de voo e 20%
voo (n° 3 e n° 4). As fotografias foram adquiridas em 30 de de sobreposição lateral entre as duas linhas de voo.
março de 1993, a uma altitude de aproximadamente 914
m acima do nível do solo e com lentes de distância focal E possível combinar várias fotografias verticais do bloco
de 152,82 mm, usando-se uma câmera Wild RC 10, pro para criar um fotomosaico não-controlado (Figura 6-3b).
154 CAPITULO Fotogrametria
Figura 6-4 Linha de voo n° 4, Foto n° 5 da fotografia aérea pancromática vertical de Columbia, SC, obtida em 30 de março de 1993, a
aproximadamente 914,4 m acima do nível do solo e com lente de distância focal de 152,82 mm, usando-se uma câmera Wild
RC 10. A fotografia mostra o Capitólio do Estado no canto inferior direito e o campus da Universidade da Carolina do Sul
(University o f South Carolina) no centro da imagem. Oito marcas fiduciais são encontradas na foto. Os dados auxiliares da
legenda nas bordas da foto contêm informações importantes, incluindo uma escala verbal (1 pol. = 500 pés), mas infelizmente
não descrevem a altitude exata, período do dia, grau de inclinação, etc., que muitas câmeras métricas hoje em dia fornecem
regularmente. Esta é uma redução da fotografia original de 23 x 23 cm, com escala de 1:6.000.
Esse exemplo reúne apenas seis fotografias em escala também é especialmente importante nos casos de extração
1:6.000. O levantamento aerofotogramétrico de um mu de informação topográfica a partir de fotografia aérea este
nicípio, Estado ou país requer algumas vezes milhares de reoscópica (a ser discutido).
fotografias, dependendo do tamanho da unidade admi
nistrativa ou país e da escala da fotografia. A Tabela 6-1 Marcas Fiduciais e Pontos Principais
fornece várias unidades métricas e inglesas equivalentes
que podem ser valiosas para a medição do comprimento e
largura das linhas de voo.
Uma típica fotografia aérea vertical pancromática de 23
A maior parte das fotografias aéreas adquiridas anualmente x 23 cm é mostrada na Figura 6-4 (reduzida para fins
nos EUA é obtida no início da primavera, período em que de impressão). Observam-se as oito marcas fiduciais
as árvores ainda se encontram sem folhas e a neve não está localizadas nos quatro cantos e nos centros das quatro
mais presente. Isto facilita ao analista de imagem visuali laterais. Algumas câmeras métricas apresentam apenas
zar a superfície do solo através dos galhos do dossel. Isso quatro marca fiduciais. Ao traçar uma linha entre mar-
Geometria da Fotografia Aérea Vertical 155
Marca fiducial
Linha de voo g
/
Ponto Principal Ponto
da Foto n° 1 Principal da
PP. Foto n° 2
PP,
Figura 6-5 a) Geometria de uma fotografia aérea (Foto n° 1). O ponto principal (PP) está localizado na intersecção das linhas unindo
marcas fiduciais opostas, b) Geometria da Foto n° 2. c) Sobreposição da Foto n° 1 e Foto n° 2. A área de 60% de sobreposição
pode ser visualizada estereoscopicamente. Observa-se a localização do ponto principal (PP) e pontos principais conjugados
(PPC) em cada fotografia. Uma linha desenhada entre os pontos principais identifica a linha de voo.
cas fiduciais opostas, localiza-se o ponto principal (PP) da Geometria da Fotografia Aérea
fotografia, que é o ponto exato na Terra para onde o eixo
óptico da câmera estava apontando durante o momento
da exposição (Figura 6-5). Examinando-se cuidadosa
mente a vizinhança do ponto principal de uma aerofoto,
pode-se visualmente transferir a sua localização para cada
uma das duas fotos adjacentes na linha de voo. O ponto
a Vertical
Negativo
(reverso do tom c
e geometria)
Distância
Focal,
/
Altitude
acima
nível do
do mar,
H
Positivo
impresso em papel ou
transparência
Elevação acima
do nível do
A mar, h
Nível do mar
Figura 6-6 Geometria de uma fotografia aérea vertical adquirida sobre terreno plano (Columbia, SC).
(distância oL) atrás do ponto nodal traseiro das lentes da Os eixos das coordenadas fotográficas x e y irradiam-se
câmera. Uma versão positiva da cena pode ser produzida a partir do ponto principal na impressão positiva. Esses
pela impressão do negativo em papel fotográfico ou em eixos são importantes para medições fotogramétricas, as
transparência positiva (diapositivo ou diafilme). O resul quais serão discutidas posteriormente neste capítulo. De
tado é uma impressão positiva ou transparência positiva, vido ao fato de que fotointérpretes trabalham frequen
com o mesmo tom e geometria do espaço-objeto original. temente com impressões positivas ou transparências po
O reverso na geometria do espaço negativo para o positivo sitivas, eles se interessam basicamente pelas posições de
é visto pela comparação das localizações dos pontos a\ b\ c imagens no plano positivo. Consequentemente, a maior
e d ’na imagem negativa com os correspondentes pontos a, parte dos desenhos neste capítulo descreve o plano posi
b, c e d na imagem positiva (Figura 6-6). tivo ao invés O negativo.
Medição de Escala e Altura em Fotografias Aéreas Verticais Simples 157
Tabela 6-1. Unidades selecionadas e seus equivalentes. de maior escala, que é a com escala 1/11.000, i.e., um campo
de futebol americano de 100 jardas será maior na foto com
Métrico Inglês Conversão escala 1/11.000 do que na fotografia com escala 1/12.000.
Medição Linear A Tabela 6-2 apresenta uma útil escala de conversão.
centímetro (cm) polegada (pol.) 1 cm = 0,3937”
ou (”) 1” = 2,54 cm A escala verbal é algumas vezes encontrada na informação
auxiliar da legenda nas bordas de fotografias aéreas. Em
metro (m) pé (’) 1 m = 3,28’ bora essa escala seja correta, é muito preferível calcular a
T = 0,305 m escala exata de toda fotografia que for usada para extrair
quilômetro milha (mi) 1 km = 0,621 mi medições fotogramétricas. Vários métodos encontram-se
(km) 1 mi = 1,61 km disponíveis para o cálculo da escala de fotografias aéreas
Medição de Área obtidas sobre terreno plano ou de relevo acidentado.
centímetro polegada 1 cm2 = 0,155 pol,2
quadrado (cm2) quadrada (pol,2) 1 pol,2 = 6,4516 cm2 Escala de Fotografia Aérea Vertical Adquirida
sobre Terreno Plano
metro quadrado pé quadrado 1 m2 = 10,764 pés2
(m2) (pé2) 1 pé2 = 0,0929 m2
Há dois métodos principais para a determinação da escala
quilômetro milha quadrada 1 km2 = 0,3861 mi2 de fotografias aéreas simples adquiridas sobre terreno pla
quadrado (km2) (mi2) 1 mi2 = 2,59 km2 no. Um envolve a comparação do tamanho dos objetos
medidos no mundo real ou a partir de um mapa (p.ex., o
hectare (ha) acre 1 ha = 10.000 m2
1 ha = 2,471 acres comprimento de um trecho de estrada) com o correspon
1 acre = 43.560 pés2 dente objeto medido na fotografia aérea. O segundo méto
1 acre = 0,4047 ha do envolve o cálculo da relação entre a distância focal das
Medição de Volume lentes da câmera e a altitude da aeronave acima do solo.
centímetro polegada cúbica 1 cm3 = 0,061 pol,3 Cálculo da Escala pela Comparação do Tamanho do Objeto
cúbico (cm3) (pol,3) 1 pol,3 = 16,387 cm3
no Mundo Real com o Tamanho na Imagem Fotográfica
metro cúbico pé cúbico (pé3) 1 m3 = 35,315 pés3
(m3) 1 pé3 = 0,02832 m3 A escala, s (scale), de uma fotografia aérea vertical obtida
litro (1) galão (gal) 11= 1.000 cm3 sobre um terreno plano consiste na razão entre o tamanho
1 1 = 0,264 gal do objeto medido na fotografia aérea, ab, e o verdadeiro
1 gal = 231 pol,3 comprimento do objeto no mundo real, AB:
1 gal = 3,7853 1
Neste exemplo, será inicialmente determinada a escala da na fotografia aérea. Usando a largura da calçada para calcu
fotografia, usando-se a via mostrada na Figura 6-8. A lar lar a escala da fotografia, obtém-se o valor de 1:6.000:
gura da via, de uma margem a outra, é de 17,09928 m
(AB), conforme medido em campo usando uma fita mé ab 0,03048 cm _ 0,03048 cm _ 1 cm
trica de topógrafo. A largura da mesma via foi de 0,28702 AB 1,8288 m 182,88 cm 6.000 cm
cm {ab) na fotografia aérea vertical (Figura 6-8).
Fração representativa : 1
Usando a Equação 6-1, a escala da fotografia é: 6.000
Figura 6-7 Geometria de uma fotografia aérea vertical adquirida Figura 6-8 Uma ampliação da porção da fotografia aérea mostra
sobre terreno relativamente plano. da na Figura 6-4. As setas indicam a largura da via de
uma margem a outra (17,099 m) e a largura da cal
fotografia equivale a 6000 cm; e 1 m na fotografia equivale a çada (1,83 m), conforme medido em campo usando
uma fita métrica de topógrafo. Esses valores corres
6.000 m. Com uma fração representativa, pode-se trabalhar
pondem na fotografia aérea a 0,28702 cm e 0,03048
com qualquer unidade, conforme desejado. cm, respectivamente. Essas medições podem ser usa
das para calcular a escala nesta porção da fotografia.
Para eliminar os efeitos da oscilação da aeronave no momen
to da exposição, a medição da escala usando este método
deve ser baseada na média de vários pontos de verificação Exemplos de dimensões de campos e quadras esportivas
de escala na fotografia. Sempre que possível, alguns analistas existentes no mundo encontram-se sumarizados no Capí
gostam de calcular a escala selecionando objetos ao longo de tulo 13 (Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana).
elementos lineares, como estradas que se cruzam aproxima
damente em ângulo reto e estão situadas de forma centra Cálculo da Escala pela Relação entre D istância Fo
lizada na fotografia. Eles então calculam uma escala média, cal e A ltitude Acima do Nível do Solo (AGL - Above
utilizando várias medições de escala (Mikhail et al., 2001). Ground Levei)
A escala de fotografias aéreas verticais também pode ser de A escala também pode ser expressa em termos de distância
terminada se objetos, cujos comprimentos são conhecidos, focal da câmera, e altura de voo acima do solo, H, pelo
aparecem na fotografia. Um campo de beisebol (em forma equacionamento dos triângulos geometricamente seme
de losango), um campo de futebol ou futebol americano lhantes Loa e LPA, conforme a Figura 6-7:
podem ser medidos na fotografia, e a escala da foto deter
minada como a razão entre a distância medida na foto e a r= X (6-2)
distância em solo conhecida. Por exemplo, qual é a escala H '
de uma fotografia aérea vertical, na qual a distância entre
a base do rebatedor (“home plate”) e a primeira base (“first Com base na Equação 6-2, torna-se evidente que a escala
base”) equivale a 1,27 cm? A distância entre a base do reba de uma fotografia aérea vertical é diretamente proporcio
tedor e a primeira base é de 27,36 m. Portanto: nal à distância focal da câmera (distância da imagem) e in
versamente proporcional à altura de voo acima do nível do
f _ ab 1,27 cm _ 1,27 cm _ 1,27 cm solo (distância do objeto). Isto significa que se a altitude
~ Ã B ~ 27,432 m ” 27,432 m x 100 cm ~ 2743,2 cm acima do nível do solo for mantida constante, o aumento
no tamanho da distância focal resultará em imagens maio
r- ^cm res dos objetos no plano do filme. De forma oposta, se a
2.160 cm distância focal for mantida constante, as imagens dos ob
Fração representativa: 1 . jetos serão menores conforme se aumenta a altitude acima
2.160 do nível do solo. Se a distância focal da câmera e a altitude
160 CAPÍTULO Fotogrametria
da aeronave acima do nível do solo são desconhecidas, o diferentes escalas presentes na fotografia aérea. Se a eleva
analista de imagem terá que consultar a informação auxi ção topográfica diminui dentro de certa porção da foto
liar constante nas bordas da fotografia, o relatório de voo grafia aérea em relação a outras áreas, então essa porção da
ou o resumo da missão do aerolevantamento. fotografia terá uma escala menor do que o resto, porque o
solo “terá se distanciado” da câmera aérea, que se mantém
Por exemplo, uma fotografia aérea vertical é adquirida sobre em altitude constante. De forma inversa, se uma feição
terreno plano com uma câmera com distância focal de 30,48 topográfica, tal como uma montanha ou uma edificação
cm e situada a uma altitude de 18.288 m acima do nível do elevada, estiver acima da média da elevação do terreno lo
solo. Usando-se a Equação 6-2, a escala é dada por: cal, então a escala nessa área da fotografia será maior, uma
vez que o solo “terá se aproximado” da câmera aérea.
/ _ 30,48 cm 0,3048 m
S H 18.288 m * 18.288 m A geometria de uma simples fotografia aérea vertical ad
quirida sobre terreno de relevo acidentado a partir da esta
Fração representativa : qqq~ ção de exposição L é mostrada na Figura 6-9. Os pontos A
e B no espaço-objeto do mundo real estão localizados em
terreno plano e registrados no espaço-imagem da impres
Escala verbal: 1 cm = 600 m. são positiva como a z b, respectivamente. Os pontos A z B
estão localizados em uma elevação de h unidades acima do
Invertendo-se a Equação 6-2, nível do mar. Conforme discutido anteriormente, a escala
da fotografia aérea na localização ab na impressão positiva
//= _ / (6-3) é igual à razão entre a distância ab na foto e a distância AB
r no solo. Por meio dos triângulos semelhantes Lab e LAB, a
ou escala da foto na localização ab da fotografia aérea vertical
pode ser calculada usando várias relações, incluindo:
f= H xs, (6-4)
s - ab _ Lb (6-5)
é possível determinar a altitude acima do nível do solo, H, ah AB LB '
da fotografia no momento de exposição, ou a distância focal, E também pelos triângulos semelhantes Lob e LPB,
f da câmera, se a escala da fotografia, s, for conhecida junta
mente com uma das demais variáveis. Por exemplo, no caso = ( 6- 6)
da fotografia do centro da cidade de Columbia, SC (Figura LB LP H-h '
6-4), sabe-se que a escala da fotografia baseada na medição
da largura da via é 1:5.957 ou 1 cm = 5.957 cm, e a distância Substituindo a Equação 6-6 na Equação 6-5,
focal é 15,24 cm. Usando a Equação 6-3, a altitude da aero
nave acima do datum local no momento da exposição é: S _ ab _ f (6-7)
ah ÃB HLh '
U _ 15,24 cm _ 90.784,68 cm = 907,8468 m.
/ 2,54 cm \ Se a linha entre os pontos a z b na fotografia aérea vertical
Vl5.130.78 cm / for considerada infinitamente pequena, a Equação 6-7 re-
duz-se a uma expressão para o cálculo da escala da foto em
Do mesmo modo, conhecendo-se a altitude acima do da um ponto específico. Eliminando-se os termos subscritos,
tum (907,8468 m) e a escala (1:5.957), pode-se calcular a a escala em qualquer ponto onde a elevação acima do nível
distância focal da câmera usando a Equação 6-4: do mar seja h e a altitude da câmera acima do nível do mar
seja H, pode ser expressa por:
^ _ 907,8468 m y 0,3048 m = 0,1524 m = 15,24 cm.
1513,078 m S. J _ ( 6 - 8)
H-h
Escala de Fotografia Aérea Vertical Adquirida
sobre Terreno Acidentado No exemplo da Figura 6-9, diferentes valores de escala se
riam calculados nas localizações c e d da fotografia aérea.
Um valor de escala seria uma função da mínima elevação
Uma das principais diferenças entre uma fotografia aérea acima do nível do mar na foto enquanto o outro
quase-vertical e um mapa planimétrico é que, para fotos seria uma função da máxima elevação acima do nível do
adquiridas sobre terreno plano, há um número infinito de mar na foto ( 0 :
Medição de Escala e Altura em Fotografias Aéreas Verticais Simples 161
s max 0,1524 m
3.048 m
S
max
1:20.000
Smin. _ f
H-hmm
S . = 0,1524 m
6.096 m - 1.828,8 m
5min 0,1524 m
~
4.267,2 m
smin = 1:28.000
II
^med
quirida sobre terreno de relevo acidentado.
£
5 / (6-9) 0,1524 m
med
H-h m, 6.096 m —2.438,4 m
S = / S - 0,1324 m
H-h ( 6- 10) mcd~ 3.657,6 m
Sm'd = f ( 6- 11)
H-h med Há dois métodos principais para a determinação da altura dos
objetos em fotografias aéreas verticais simples. O primeiro en
Deve-se salientar que a escala média é válida apenas nos pon volve a medição do deslocamento do relevo na imagem, e o
tos que se situam em elevação média, e que ela é somente uma segundo é baseado na medição do comprimento da sombra.
escala aproximada para as outras localizações na fotografia.
Medição da Altura Baseada no Deslocamento do Relevo
Para demonstrar essas relações, pode-se considerar a ele
vação máxima, hmax, a elevação média, hmeJ, e a elevação A imagem de qualquer objeto situado acima ou abaixo do
mínima, h , do terreno na Figura 6-9 como sendo 3.048 plano horizontal que passa pela elevação do ponto prin
m, 2.438,4 m e 1.828,8 m, respectivamente. A altura de cipal apresenta-se deslocada em relação à sua verdadeira
voo da aeronave acima do nível do mar é de 6.096 m, e a localização planimétrica (x,y) em uma fotografia aérea ver
distância focal da câmera é de 152,4 mm. As escalas máxi tical autêntica. O deslocamento do relevo é externo ao ponto
ma, mínima e média da fotografia aérea vertical seriam: principal para aqueles objetos cujas elevações estão acima
do datum local, e interno ou em direção ao ponto prin
cipal para aqueles objetos cujas elevações estão abaixo do
5 / datum local. A direção de deslocamento de relevo é radial
H-h max a partir do ponto principal da fotografia.
162 CAPÍTULO ^3 Fotogrametria
• inversamente proporcional à altitude, H, da câmera aci Medição da Altura Baseada no Comprimento da Sombra
ma do datum local. Portanto, uma redução no deslo
camento de relevo de um objeto pode ser conseguida A altura de um objeto, h, pode ser calculada através da me
aumentando-se a altura de voo. dição do comprimento da extensão da sombra, L, em uma
fotografia aérea vertical. Em vista de os raios solares serem
Essas relações são descritas na Figura 6-10. A partir dos essencialmente paralelos ao longo da área compreendida pe
triângulos semelhantes no diagrama, nota-se que: las fotografias aéreas verticais, o comprimento da sombra
de um objeto em uma superfície horizontal é proporcional
] ^ = d_ (6-12) à sua altura. A Figura 6-11 ilustra a relação trigonométrica
H r ' envolvida na determinação da altura de objetos a partir de
medições das sombras. Observa-se que a tangente do ângulo
Reorganizando a relação, pode-se observar que a magnitu a é igual à razão entre o cateto oposto, h, e o cateto adjacen
de de deslocamento, d, é diretamente proporcional à altura te, que corresponde ao comprimento da sombra, L, i.e.:
do objeto, />, e à sua distância do ponto principal, r, e inver
samente proporcional à altitude acima do datum local, H:
d - ^xr (6-13)
H Resolvendo-a para a altura, tem-se que:
Figura 6-10 Medição da altura de um objeto (neste caso, o Edifício do Senado em Columbia, SC) a partir de uma simples fotografia
aérea vertical com base nos princípios de deslocamento de relevo, a) A distância radial do ponto principal (PP) ao topo do
edifício é r. A distância da base ao topo do edifício é d. b) A altura do edifício (h) acima do datum local é calculada com
base na relação entre triângulos semelhantes.
altura, h ^
A verdadeira altura da torre, medida com uma fita de topó- tan# = -------------
grafo, é de 26,2128 m. sombra, L
h = I x tan a
Deve-se tomar cuidado quando se calcula a altura de ob
jetos com base no comprimento da sombra em fotografias sombra
aéreas. Fatores importantes a serem considerados incluem h ----------- L ---------- H
Figura 6-11 A altura de objetos pode ser medida a partir de fo
sombras que recaem sobre terrenos acidentados, sombras tografias aéreas verticais, com base no comprimento
produzidas por objetos inclinados, sombras que não são das sombras formadas sobre o terreno plano.
164 CAPÍTULO Fotogrametria
produzidas pelo topo verdadeiro dos objetos, além de neve ângulo paralático 0 . Da mesma forma, quando se olha para
ou outros tipos de cobertura que ocultam o verdadeiro ní o ponto B, os eixos ópticos convergem, formando o ângulo
vel do solo. paralático 0 t. O cérebro aprendeu a associar distâncias DA
e D |( com os correspondentes ângulos paraláticos 0 a e 0 ; e
Medição Estereoscópica da Altura de fornece ao observador a impressão visual e mental de que o
Estereoscópios de Lentes e de Espelhos e Câmeras Estéreo pios fotogramétricos atuais. O simples estereoscópio de len
tes ou de bolso consiste de duas lentes convexas dispostas
O estereoscópio consiste em um sistema de visualização bi- em um metal rígido ou estrutura plástica (Figura 6-17a).
nocular especialmente desenvolvido para analisar fotogra A distância entre as duas lentes pode ser ajustada para
fias estereoscópicas terrestres (não fotografias aéreas). Ele foi acomodar observadores com variadas distâncias interpu-
inventado pelo físico inglês Charles Wheatstone em 1833, pilares. As lentes especiais auxiliam a manter as linhas de
embora ele não o tenha anunciado publicamente até 1838. visão do observador paralelas, além de atuarem como len
Wheatstone usou um par de espelhos, um à frente de cada tes de aumento para a fotografia. O método de arranjo de
olho, orientado a 45° para permitir que as imagens localiza fotografias estereoscópicas para análise por meio de um
das de cada lado fossem fusionadas pelos olhos, conforme estereoscópio de lentes é demonstrado na Figura 6-18a,b.
mostrado na Figura 6-13a. David Brewster inventou um sis Inicialmente, o ponto principal e o ponto principal con
tema estereoscópico alternativo usando lentes, em 1849 (Fi jugado (PP e PPC, respectivamente) são localizados em
gura 6-15b). As imagens eram menores, mas eram ampliadas cada fotografia. Uma linha é então desenhada através des
pelas lentes. Isto popularizou o estereoscópio de salão duran ses pontos em cada fotografia. Essa é a própria linha de
te o século XIX e início do século XX para a visualização de voo discutida anteriormente. As linhas de voo em cada
fotografias estereoscópicas especialmente produzidas. uma das fotografias são orientadas de modo a formar uma
linha contínua (i.e., elas se tornam colineares). O analista
Ao longo da maior parte do século XIX, as fotografias esté então desliza uma das fotografias, esquerda ou direita, de
reo eram obtidas pela aquisição inicial de uma foto, seguida modo que uma porção da sobreposição estereoscópica se
do deslocamento do tripé da câmera ligeiramente para a es torne visível. Na sequência, o estereoscópio é colocado
querda ou direita, e nova aquisição de foto. Isto introduziu acima da área de sobreposição, e é dado início à visualiza
a paralaxe estereoscópica entre duas fotografias sucessivas. ção estereoscópica. A área de sobreposição que usualmen
Por exemplo, pode-se considerar o estereograma de 1899 te pode ser visualizada em um par estéreo de fotografias
do Templo de Salt Lake, na cidade de Salt Lake, Utah, aéreas de 23 x 23 cm, obtidas com 60% de sobreposição,
mostrado na Figura 6-16a. Uma profusão de informação é de 13,716 cm. Infelizmente, quando as fotografias es
histórica sobre o templo torna-se disponível quando o par tão alinhadas para a visão estéreo usando o estereoscópio
estereoscópico é visualizado usando-se um estereoscópio. de bolso, nem toda a extensão de 13,716 cm do modelo
estéreo pode ser vista de uma vez. Quando isto ocorre, o
Fotografias estereoscópicas também podem ser adquiridas intérprete pode suavemente erguer a borda da fotografia
usando-se câmeras estereoscópicas especiais que contenham superior, para ver o que há embaixo dela.
duas lentes idênticas, situadas de 60 a 70 mm uma da ou
tra, e que adquiram duas fotografias da cena exatamente ao Um estereoscópio de espelhos (Figura 6 -17b) permite
mesmo tempo. Essas câmeras obtêm, assim, fotografias de a visualização de todo o modelo estereoscópico de duas
objetos a partir de pontos de observação ligeiramente dis fotografias aéreas com sobreposição entre si. Estereoscó
tintos, introduzindo a paralaxe estereoscópica. Observam- pios de espelhos frequentemente apresentam opções de
se duas lentes diferenciadas na câmera estereoscópica mos aumento (p.ex., 2x, 3x, 6x) disponíveis, que aumentam
trada na Figura 6-16b. Companhias em diferentes países consideravelmente a habilidade do intérprete para incre
continuam a produzir câmeras estereoscópicas. mentar o tamanho e melhor interpretar detalhes finos
do modelo estéreo. Por exemplo, um estereoscópio de
O desenvolvimento do conceito de fotografias estereoscó espelhos sofisticado e com lentes de aumento, acoplado
picas e a invenção de câmeras estereoscópicas permitiram às a uma mesa de luz, é mostrado na Figura 6 -17c. Esta
pessoas visualizarem maravilhosas cenas estereoscópicas de configuração permite ao analista de imagem visualizar
paisagens locais e estrangeiras como se elas estivessem real estereoscopicamente sucessivas fotografias aéreas com so
mente nessas localidades. E há um contínuo e significativo breposição entre si em um filme fotográfico contínuo,
interesse do público na aquisição e coleção de fotografias sem a necessidade de cortar o rolo do filme. Instrumentos
estereoscópicas. A Associação Nacional de Estereoscopia dos ainda mais sofisticados, baseados no princípio da câmera-
EUA (“National Stereoscopic Association') promove o estudo lúcida, permitem ao analista visualizar simultaneamente
e a coleção de estereógrafos, câmeras estéreo e material rela imagens estereoscópicas e um mapa em sobreposição (Fi
cionado, além de editar e publicar a revista Stereo World. gura 6-17d). Isto é comumente chamado de restituidor
aproximado (“zoom-transfer-scope") e é frequentemente
Visualizando Fotografias Aéreas Estereoscópicas usado para transferir informação interpretada a partir das
fotografias aéreas para um mapa. Restituidores aproxi
Os mesmos princípios estereoscópicos usados nos primei mados estereoscópicos digitais encontram-se atualmente
ros estereoscópios são empregados nos nossos estereoscó disponíveis no mercado (Figura 6-17e).
Medição Estereoscópica da Altura de Objetos ou Elevação do Terreno 167
Visualização Estereoscópica
Baseada em Olhos Paralelos Visualização Estereoscópica
Baseada em Olhos Paralelos
Visualização Estereoscópica
Baseada em Olhos Cruzados
g-
Figura 6-14 a) Uma condição hiperestereoscópica pode ser alcançada adquirindo-se fotografias aéreas verticais com sobreposição entre si,
ao longo de uma linha de voo. O analista então visualiza uma foto do par estéreo com o olho esquerdo e a foto adjacente com
o olho direito. Q uando o observador foca ambos os olhos em uma única feição dentro do modelo estereoscópico, tal como o
topo ou a base de um edifício, a mente subconscientemente associa as diferenças no ângulo paralítico entre a base e o topo do
edifício como informação de percepção de profundidade. Assim, o observador percebe um modelo tridimensional realístico
do terreno na sua mente. Isto significa que se pode literalmente visualizar qualquer paisagem do mundo de forma tridimen
sional bem realística, caso se disponha de fotografias aéreas estereoscópicas e um adequado equipamento para visualização.
b,e) Um estereoscópio de lentes ou de espelhos auxilia as linhas de visão ocular humanas a se manterem paralelas ao invés de
convergentes, que é a tendência natural. O analista da figura está olhando para um par estéreo de fotografias especialmente
preparado para a visualização estereoscópica. c,f) E possível obter uma visão estereoscópica, treinando-se as linhas de visão dos
olhos para se manterem paralelas sem o uso de um estereoscópio. Isto é muito útil em campo. d,g) Algumas pessoas conseguem
ver de modo estéreo, focando em um ponto em frente das fotografias estereoscópicas, deixando suas linhas de visão cruzar
entre si. Isto não é um procedimento natural e pode causar estresse ocular.
Como Funciona a Fotografia Aérea Estereoscópica? ções, Lt e /. ,, conforme mostrado na Figura 6-19. Neste
exemplo, consideram-se as características do topo de um
edifício alto (designado como objeto A no espaço-objeto
Um exemplo hipotético irá demonstrar como o analista do mundo real) e o topo de um edifício mais baixo (objeto
de imagem percebe a terceira dimensão em fotografias aé B no espaço-objeto do mundo real) situados em terreno
reas estereoscópicas usando um estereoscópio. Inicialmen muito plano ao nível do mar. A distância entre as duas
te, pode-se considerar a vista em perfil de duas fotografias posições de exposição do filme, L { e Z.,, é chamada de base
aéreas estereoscópicas tiradas a partir de distintas exposi aérea Cair base”ou ”A-base”). A base aérea torna-se efetiva-
f
Figura 6-15 a) O estereoscópio de espelhos de W heatstone usava dois espelhos inclinados a 45° (a e b) para refletir as imagens esquerda e
direita das fotografias (A e B) em direção ao observador. Um mecanismo de rotação ajustava as visualizações para acomodar
distintas distâncias interpupilares. b) Um exemplo do estereoscópio de lentes de Brewster.
Estereogram a
C âm era Estéreo
Figura 6-16 a) Um estereograma terrestre do templo em Salt Lake City, UT, EUA, obtido em 1899. b) Uma veterana câmera estéreo.
mente uma distância interpupilar alongada. Essa condição Há propriedades muito interessantes associadas com a parala
é responsável pelo exagero da terceira dimensão quando se xe em x, que permitem a obtenção de medições fotogramétri-
analisam as fotografias estereoscopicamente. cas precisas a partir de uma fotografia aérea vertical. Para en
tender essas relações, pode-se considerar o exemplo da Figura
Neste exemplo, os objetos A e B são registrados na foto 6-19c, que descreve as duas fotografias tiradas nas exposições
grafia da direita (Z;) nas localizações a e b, respectivamen Z.; e L, em sobreposição. A sobreposição significa que se ajus
te (Figura 6 -19b). A aeronave continua então a deslocar- tam as vistas em perfil das fotos Z.; e de modo que as linhas
se ao longo de sua linha de voo prevista. O deslocamento verticais que passam pelos pontos principais de cada uma das
da aeronave para frente leva os objetos da imagem a t b a fotos (PPj e PP ) sejam perfeitamente sobrepostas uma à ou
moverem-se através do plano focal da câmera em paralelo tra. Isto permite determinar quanto os objetos se moveram
à linha de voo. Quando é feita a exposição do filme em através do plano do filme de uma exposição para outra.
L,, capta-se a imagem dos objetos A e B, nas localiza
ções a’e b\ na fotografia da esquerda (Figura 6 -19a). Essa Observa-se que a imagem do objeto A se moveu de a para
mudança de posição na imagem de um objeto de uma nas duas fotografias aéreas sucessivas. A paralaxe do pon
fotografia para a seguinte, causada pelo deslocamento da to tf é /> = x/: —x . Da mesma forma, a imagem do objeto
aeronave, é denominada como paralaxe estereoscópica ou B moveu-se de b para b’ nas duas fotografias aéreas suces
paralaxe em x (Wolf e Dewitt, 2000). sivas. A paralaxe do ponto b é p h = xh — xh. Um aspecto
Medição Estereoscópica da Altura de Objetos ou Elevação do Terreno 169
Figura 6-17 a) Estereoscópio de lentes com barra de paralaxe acoplada, situado sobre fotografias aéreas estereoscópicas com 60% de sobre
posição entre si. Apenas uma porção de todo o modelo estereoscópico pode ser visualizada de cada vez, usando o estereoscópio
de lentes, b) Um analista usando um estereoscópio de espelhos pode visualizar todo o modelo estereoscópico de uma vez. c) Um
estereoscópio com zoom funciona como um estereoscópio de espelhos. Neste exemplo, fotografias em transparência positiva são
visualizadas em uma mesa de luz. d) Um restituidor de aproximação estereoscópico (“stereoscopic zoom-transfer-scope”) analógico
pode ser usado para visualizar fotografias aéreas estereoscópicas e um mapa ao mesmo tempo (cortesia de Image Interpretation
Systems, Inc.). e) Um restituidor de aproximação estereoscópico digital (cortesia de Optem, Inc.).
importante a ser reconhecido nisso é que a (o edifício mais modelo estereoscópico apresentando a mesma altura que o
alto) moveu-se ao longo de uma distância maior através do edifício A terá o mesmo valor de paralaxe em x.
plano do filme em relação a b (o edifício mais baixo), uma
vez que a possui maior paralaxe estereoscópica que b. Uma outra forma de se entender a paralaxe em x seria colocar
uma bola de praia (neste caso, denominada como objeto A)
Também é importante entender que todos os objetos na cena em qualquer ponto de uma superfície muito plana, tal como
com exatamente a mesma elevação terão uma quantia idêntica a região das Salinas de Bonneville (Bonneville Salt Flats), em
deparalaxe em x. Por exemplo, qualquer ponto localizado no Utah, nos EUA, ou então sobre um lago qualquer, e então
topo do edifício A terá uma paralaxe em x exatamente com adquirir fotografias estereoscópicas. Não importa onde es
o valor de p , quando se analisarem as fotografias estereos- teja a bola de praia no modelo estereoscópico, sua imagem,
copicamente. Do mesmo modo, qualquer outro edifício no a, na primeira fotografia se deslocaria exatamente a mesma
170 CAPÍTULO Fotogrametria
Para calcular a altura de um objeto, ho, usando técnicas de Se essas condições forem observadas, necessita-se realizar
fotogrametria estereoscópica, usa-se a equação da paralaxe: apenas três medições nas fotografias estereoscópicas para
Medição Estereoscópica da Altura de Objetos ou Elevação do Terreno 171
calcular a altura absoluta de um objeto presente na porção base do edifício como Objeto B. Observa-se na Figura 6-20a,b
de sobreposição estereoscópica do par estéreo. Por exemplo, que o edifício é visível apenas na porção inferior esquerda da
podem-se considerar as características estereoscópicas da Foto44, mas ele se moveu consideravelmente através do plano
Foto4 . e Foto4 5 de Columbia, SC, mostradas previamente do filme e está localizado próximo à linha vertical que cruza o
na Figura 6-3 e apresentadas sob a forma de diagramas na ponto principal na Foto(.. A localização do topo do edifício é
Figura 6-20. Recordando, a fotografia aérea foi adquirida denominada a na Foto44 e d na Foto4.. A localização da base
a uma altitude de 907,85 m acima do nível do solo, com do edifício é denominada b na Foto44 e b’nà" Foto4 . A para
lentes de distância focal de 152,4 mm, fornecendo uma laxe em x do topo (de « a « ) e a paralaxe em x da base do edi
escala nominal de aproximadamente 1:5.957. Será então fício (de b a b) podem ser medidas com o uso de uma régua
calculada a altura do Edifício do Senado. O cálculo da al de três modos distintos: 1) medição usando linhas fiduciais,
tura do ediíício é realizado através dos seguintes passos: 2) medição baseada na sobreposição, ou 3) medição usando
uma barra de paralaxe (estereômetro).
1) determinação da altitude da aeronave acima do nível do
solo ( H —h), a qual é conhecida como sendo de 907,85 m. Medição da Paralaxe em X com o Uso de Linhas Fiduciais
Quando se usa a equação de paralaxe, é necessário expres
sar a altura da aeronave acima do nível do solo (H —h) nas A Figura 6-20c,d descreve um plano de vista sob a forma
unidades desejadas. Neste caso, será usado metro. de diagrama do conteúdo da Foto44 e Foto4, . Observa-se
que a localização dos pontos principais (PP), pontos prin
2) localização do ponto principal (PP) em cada uma das fo cipais conjugados (PPC), da base e do topo do edifício es
tografias, desenhando-se linhas através das quatro marcas tão indicados em cada fotografia. Também se observa que
fiduciais opostas em cada fotografia. o diagrama descreve o afastamento do edifício em relação
ao ponto principal devido ao deslocamento do relevo, con
3) encontrar o ponto principal conjugado (PPC) em ambas forme discutido anteriormente.
as fotos, pela localização da posição do ponto principal de
cada foto na outra fotografia. Fim adição ao mapa planimétrico, também é útil visualizar
a imagem do Edifício do Senado conforme registrado na
4) posicionamento das fotografias ao longo da linha de voo, Foto44 e Foto^ . Há uma vista consideravelmente ampliada
por meio do alinhamento do PP e PPC de cada fotografia, de na Figura 6-21. Observa-se que a linha do ponto principal
modo que eles se situem ao longo de uma linha reta. Esta re (linha fiducial) é visível próxima ao edifício na Foto (Fi
presenta a própria linha de voo. Observa-se que a linha de voo gura 6-21 a), mas a linha do ponto principal está distante
segue da direita para a esquerda na Figura 6-20. Intérpretes do edifício na Foto , 4, necessitando de uma interrupção na
novatos frequentemente acham que as linhas de voo devem linha que demarca a distância entre ambos (Figura 6-2lb).
proceder da esquerda para a direita, mas isto é errado. Usando a fotografia aérea real, é possível medir a paralaxe em
x do topo do edifício na Foto44 (denotada por xa = -9,7028
5) determinação da base aérea média da foto (paralaxe este cm) e a paralaxe em x da base do edifício (denotada por xh
reoscópica absoluta, P). Inicialmente, mede-se a distância = -9,15924 cm) a partir da linha fiducial. De modo seme
entre o ponto principal (PP(4) e o ponto principal conju lhante, é possível medir a paralaxe em x do topo do edifício
gado (PPC4 5) na Foto44, distância esta que será chamada na Foto , (denotada por xa. = -0,6858 cm) e a paralaxe em x
de Base Aérea4 4 (Figura 6-20b,d). A distância é de 8,6614 da base do edifício (denotada p orx,= -0,67818 cm) a partir
cm. Repete-se o procedimento para a Foto4.. Neste caso, da linha fiducial. O valor absoluto da paralaxe em x do topo
a Base Aérea4 é de 8,6106 cm (Figura 6-20a,c). A média do edifício é p = 9,017 cm e da paralaxe em x da base do
destes dois valores é a base aérea média da foto (P) entre edifício é p h = 8,48106 cm. A paralaxe diferencial (dp) é a
as duas exposições (i.e., a paralaxe estereoscópica absoluta, diferença entre esses dois valores, dp = 0,53594 cm. Substi
P = 8,636 cm). A paralaxe estereoscópica absoluta (P) e a tuindo os valores medidos na Equação 6-17
paralaxe diferencial (dp) devem ser medidas nas mesmas
dp
unidades, p.ex., milímetros ou milhares de centímetros. h = (H —h) x —
0 (P + dp)
6) medição da paralaxe diferencial (dp) entre a base e o topo fornece
do edifício. Esta medição é mais bem realizada quando se 0,53594 cm
h = 907,8468 m x
usa uma barra de paralaxe (frequentemente chamada de es- (8,636 cm + 0,53594 cm)
tereômetro), a qual será brevemente abordada. No entanto,
também é possível calcular a diferença na paralaxe entre os h0 = 53,0352 m .
objetos usando uma régua de alta precisão. Neste exemplo,
o canto superior do edifício é designado como Objeto A, e a A altura real do edifício é 52,4256 m.
172 CAPÍTULO Fotogrametria
Paralaxe Estereoscópica
Figura 6-1 9 A paralaxe estereoscópica é introduzida quando um objeto é visualizado a partir de dois pontos de perspectiva distintos. a,b)
Os objetos A e B no mundo real são registrados como os pontos a e b na posição de exposição L t e como a ' e b ' na posição de
exposição L , c) Quando as localizações de a c b são sobrepostas a a ' e b a imagem do objeto A apresenta paralaxe em x (/> )
maior que a imagem do objeto B (p Essa diferença na paralaxe (chamada de paralaxe diferencial, pode estar relacionada
à altura real dos objetos.
M edição da Paralaxe em X Baseada na Sobreposição feições no modelo estereoscópico e calcular os seus valores
de paralaxe diferencial {dp). Embora seja simples e útil po
E possível orientar as duas fotografias com sobreposição der medir a magnitude da paralaxe diferencial usando uma
entre si, conforme mostrado nas Figuras 6-20e e 6-2 lc, de simples régua, conforme anteriormente descrito, também
modo que a base e o topo do edifício estejam paralelamente é possível usar uma barra de paralaxe especialmente conce
alinhados com a linha de voo. Não importa qual a distância bida para a medição da paralaxe estereoscópica.
que separa as duas fotografias. A paralaxe em x do topo do
edifício é medida como a distância do topo do edifício na Medição da Paralaxe em X com o Uso de uma Barra de
Foto| . ao topo do mesmo canto do edifício na Foto44 {p t Paralaxe
= 0,762 cm). A paralaxe em x da base do edifício é a dis
tância da base do edifício na Foto/(. à base na Foto44 (/;, = A paralaxe de objetos específicos em um par estereoscópico
1,29794 cm). A paralaxe diferencial entre o topo e a base pode ser calculada de forma rápida e precisa usando uma
do edifício é idêntica à que foi calculada usando o método barra de paralaxe (algumas vezes denominada como este-
da linha fiducial, dp = 0,53594 cm, e fornecería a mesma reômetro). A barra de paralaxe consiste de uma barra com
estimativa para a altura do edifício. Alguns analistas de ima dois discos de plástico transparente ou vidro acoplados a ela
gem preferem essa técnica simples de medição de paralaxe. (Figura 6-22). Um dos discos é fixo, enquanto o outro pode
ser movido para trás ou para frente ao longo do eixo da
Com a altitude da aeronave acima do nível do solo ( / / - h) barra, ajustando-se uma pequena roldana. Usualmente, há
e a paralaxe estereoscópica absoluta {P) calculadas para as um ponto vermelho brilhante demarcado em cada um dos
duas fotografias, é possível medir a base e o topo de outras discos, os quais são conhecidos como marcas de medição.
Medição Estereoscópica da Altura de Objetos ou Elevação do Terreno 173
L,
Figura 6-20 Cálculo da altura do Edifício do Senado em Columbia, SC, por meio da medição da paralaxe em x estereoscópica do topo e da base
do edifício a partir da Foto44 e da Foto/(_f. Quando sobrepostas uma à outra (e), a paralaxe diferencial (dp) é determinada e pode ser
usada para calcular a altura do edifício. Favor consultar a próxima ilustração para ver as fotografias aéreas reais usadas neste cálculo.
O analista de imagem, ao usar um estereoscópio simples da esquerda, e 2) a marca de medição direita seja colocada
de lentes, dispõe as fotografias de modo que o objeto de exatamente sobre o mesmo canto do topo do edifício na
interesse (tal como o canto do topo de um edifício) na fotografia da direita. As marcas de medição têm as suas
fotografia da esquerda seja visto pelo olho esquerdo, e o posições deslocadas no estereômetro por meio de um dis
mesmo objeto na fotografia da direita seja visto pelo olho positivo de roldana, até que elas visualmente se fusionem
direito. Em seguida, o analista ajusta o estereômetro de em uma única marca, que parece existir no modelo estéreo
forma que 1) a marca de medição esquerda seja colocada como uma bola vermelha tridimensional posicionada par
exatamente sobre o canto do topo do edifício na fotografia ticularmente na elevação do canto do topo do edifício. Isto
174 CAPÍTULO Fotogrametria
produz o mesmo efeito caso a bola vermelha estivesse de sentando uma elevação específica) e então move a marca
fato no canto do topo do edifício no momento em que as flutuante pelo terreno no modelo estéreo, preocupando-se
duas fotografias foram adquiridas. Se as marcas de medição em manter a marca firmemente sobre o solo. Pode-se con
forem fusionadas com perfeição e pairarem exatamente no verter a medida de paralaxe em x para a elevação real, por
canto do topo do edifício, então a paralaxe em x estereos meio da localização de pontos de controle horizontal e ver
cópica deste ponto poderá ser facilmente lida a partir da tical no terreno (p.ex., 30,48 m acima do nível do mar na
escala ajustável na barra de paralaxe. Este procedimento localização x,y) inseridos no modelo estereoscópico, e da
refere-se ao uso do princípio da marca flutuante. consequente determinação dos seus valores de paralaxe em
x. Qualquer outro ponto dentro do mesmo modelo estere
Caso se deseje medir a paralaxe da base do canto do mes oscópico com o mesmo valor de paralaxe em x deve obri
mo edifício, basta simplesmente focar a visão estereos gatoriamente estar situado a 30,48 m acima do nível do
cópica na base e ajustar as duas marcas de medição (es mar. Também é possível mapear os perímetros de edifica
querda e direita), até que elas mais uma vez se fusionem ções, posicionando a marca flutuante tridimensional sobre
em uma bola tridimensional que apenas toca a base do o topo da cobertura dessas construções e traçar então uma
edifício. Pode-se então ler a escala para obter o valor da linha ao longo das bordas da cobertura. Isto resulta em um
paralaxe em x na base do edifício. mapa de localização planimétrica (x,y) dos edifícios.
A importância da marca flutuante para medições fotogra- A simples barra de paralaxe (estereômetro) é menos one
métricas é a de que ela pode ser usada para medir com rosa, porém se constitui em um dos instrumentos menos
precisão a paralaxe de quaisquer pares de pontos em um precisos baseados no conceito de marca flutuante. Equi
modelo estéreo. Ela pode ser posicionada no topo de um pamentos estereorrestituidores analíticos e digitais mais
objeto, tal como um edifício, e a paralaxe desse ponto caros estão disponíveis no mercado e permitem medições
pode ser lida, p.ex., py Da mesma forma, a marca flutu mais precisas de paralaxe. Como exemplo, cita-se o es
ante pode ser posicionada na base do objeto, e a paralaxe tereorrestituidor analítico da Zeiss, mostrado na Figura
lida, p.ex., p y A diferença (pa - p b) resulta na medida de 6-23. Quando usado em conjunto com a informação de
paralaxe diferencial (dp) requerida como dado de entrada pontos de controle coletados em campo, o sistema ana-
para a Equação 6-17. Não importa neste caso se o obje liticamente correlaciona e calcula a quantia de paralaxe
to considerado foi construído pelo homem ou se é uma em x para cada elemento da imagem (pixel) em ambas
feição topográfica, i.e., ele pode ser o topo ou a base de as fotografias aéreas estereoscópicas. Um operador de es
um edifício ou uma torre, o pico de uma montanha ou tereorrestituidor interage com o equipamento analítico
a planície inundável de um rio. A partir da paralaxe dife para produzir mapas planimétricos e topográficos. Em
rencial entre os dois pontos de medição, pode-se derivar adição a isso, eles também podem ser usados para gerar
a diferença de elevação. modelos digitais de elevação em formato matricial (ras-
ter). Um exemplo de planimetria (x,y) e curvas de nível
O princípio da marca flutuante pode ser usado para mape (z) típicas derivadas de um estereorrestituidor é apresen
ar linhas de elevação constante no terreno. Por exemplo, se tado na Figura 6-24. Para uma discussão detalhada sobre
a marca flutuante (a bola tridimensional fusionada de cor como funcionam os estereorrestituidores analíticos, favor
vermelha) se movesse ao longo do modelo estéreo de modo consultar a obra Manual o f Photogrammetry, publicada
que ela mantivesse contato com o terreno, i.e., não seria pela “Sociedade Americana de Fotogrametria e Senso-
permitido flutuar acima do terreno ou penetrar abaixo dele riamento Remoto” (American Society for Photogrammetry
(o que é possível em uma visualização estereoscópica!), en and Remote Sensing) (McGlone, 2004).
tão uma linha de paralaxe em x estereoscópica constante
seria identificada. Se isso fosse feito ao longo da encosta de Fotografias estereoscópicas também podem ser adquiridas
uma montanha, a linha de paralaxe em x constante poderia no solo. As fotografias estereoscópicas podem ser analisa
ser determinada, o que poderia ser então diretamente con das usando o princípio da marca flutuante para produzir
vertido na elevação acima do nível do mar. Esta linha de uma representação tridimensional detalhada da fachada dos
paralaxe constante está relacionada à real elevação através edifícios, se desejada (naturalmente, pontos de controle ho
do uso de marcadores de pontos de controle horizontais rizontais e verticais coletados em campo são requeridos para
(x,y) e verticais (z) levantados em campo. E dessa forma conferir escala ao modelo estéreo). Isto é chamado de fo
que são produzidos os mapas topográficos com curvas de togrametria de curto alcance fclose-range photogrammetry”)
nível do “Serviço de Levantamento Geológico Americano” (Warner et al., 1996; Wolf e Dewitt, 2000). Técnicas de
(United States Geological Survey — USGS). O operador do fotogrametria estereoscópica podem ser aplicadas à fotogra
equipamento denominado de estereorrestituidor fstere- fia terrestre para restaurar edifícios históricos, ou ainda, para
oplotter”) posiciona a marca flutuante no terreno (repre reconstruir um braço, perna ou face humanos.
Modelos Digitais de Elevação, Ortofotos e Atributos Planimétricos Usando Fotogrametria Digital 175
4-4
Foto 4-4 fl
Figura 6-21 a,b) Medição da paralaxe em x estereoscópica usando as linhas fiduciais para a Foto4 5 e a Foto4 4, respectivamente, c) Medição
da paralaxe em x estereoscópica usando sobreposição.
Figura 6-22 Vista detalhada de uma barra de paralaxe com as mar Figura 6-23 Um estereorrestituidor analítico, modelo “P3 Plani-
cas flutuantes e o dispositivo de régua ajustável para comp”, da Zeiss. O analista visualiza o modelo esté
medição. A barra está acoplada ao estereoscópio de reo através do sistema de lentes binoculares e pode
lentes e posicionada sobre o par estéreo para a realiza ajustar a marca flutuante usando o cursor de mesa
ção de medidas de paralaxe. (cortesia de Carl Zeiss).
descritas na Figura 6-26. Considerações importantes sobre precisão, em que o erro quadrático médio (“root-mean-
essas etapas incluem: squared-error - RM SF’) das coordenadas X, Y,Z é inferior
a 3 cm, quando os dados são submetidos à correção dife
• coleta de pontos de controle no terreno; rencial (McCoy, 2005). E bom lembrar, no entanto, que
o GPS ainda é mais frequentemente usado para calcular
• aquisição de fotografia aérea estereoscópica e outros da a posição horizontal. A posição vertical derivada de GPS
dos de sensores remotos; (elevação ou cota Z) refere-se ao elipsoide, e não ao geoi-
de ou ao nível médio do mar. Portanto, para relacionar a
• tecnologia de digitalização de imagens; elevação derivada do GPS (altura do elipsoide) à elevação
convencional (altura ortométrica), um modelo de geoide
• programas de fotogrametria digital; é necessário (Wolf e Dewitt, 2000). Segundo, os dados de
GCP derivados de GPS, necessários para montar um bloco
• extração de cotas altimétricas de referência, curvas de de fotografias aéreas para a extração de informação, podem
nível e modelos digitais de elevação; ser obtidos sem o auxílio de topógrafos (i.e., por geógrafos,
engenheiros florestais, geólogos, etc.).
• criação de ortoimagens digitais;
Aquisição de Fotografia Aérea Estereoscópica ou
• extração de atributos temáticos de interesse. Outros Dados de Sensores Remotos
Figura 6-24 a) Uma fotografia aérea de um par estéreo de Covina, nas construções, vias estreitas e redes de drenagem, tão im
CA, EUA. b) Um mapa vetorial indicando a localiza portantes em aplicações urbanas (Jensen e Cowen, 1999).
ção planimétrica (x,y) de vias, da projeção horizontal Felizmente, muitas firmas comerciais oferecem atualmente
de edifícios, de cercas e elementos da paisagem (árvo dados derivados de imagens orbitais de alta resolução espa
res, arbustos), assim como de curvas de nível espaça cial que podem ser usados para produzir MDEs e ortoima
das de 0,3048 m, derivados do modelo estéreo. gens, bem como para a extração de atributos planimétricos
(consultar o Capítulo 7):
comerciais de engenharia fotogramétrica continuam a
adquirir a maior parte das fotografias aéreas métricas de • dados pancrom áticos de 1 x 1 m do IK O N O S
grande escala (> 1:20.000). Elas utilizam sistemas sensores (GeoEye);
analógicos e digitais, os quais fornecem melhor resolução
geométrica e radiométrica (p.ex., Leica ADS 40). A maior • dados pancromáticos de 1 x 1 m do OrbView-3 (Or-
parte das plataformas de aquisição de dados de sensoria- blrnage);
mento remoto está atualmente equipada com GPS e sis
temas de navegação inercial. MDEs, ortofotos e detalhes • dados pancromáticos de 61 x 61 cm do QuickBird
de atributos planimétricos de alta e muito alta resolução (DigitalGlobe).
espacial podem ser derivados dessas imagens. Infelizmente,
a fotografia e os produtos dela derivados ainda são caros. Embora esses dados de sensoriamento remoto orbital jamais
venham a substituir a demanda por fotografias aéreas de alta
Alguns dados de sensoriamento remoto orbital adequados resolução e qualidade, haverá muitas aplicações em que os
para aplicações fotogramétricas de média escala estão dispo dados de satélite serão suficientes para a geração de MDEs e
níveis. Por exemplo, é possível obter dados estéreo de sensores ortoimagens. Portanto, uma limitação importante está sen
remotos pancromáticos com uma resolução espacial nominal do superada, na medida em que dados de sensoriamento
de 5 x 5 m a partir do sensor francês SPOT e do sensor india remoto orbital de alta resolução espacial tornam-se disponí
no IRS-1C (consultar o Capítulo 7). Os dados pancromáticos veis para uso na produção de MDEs e ortoimagens.
podem ser usados para gerar MDEs e ortoimagens de média
resolução, apesar do fato de que residências unifamiliares in Tecnologia de Digitalização de Imagens
dividuais e pequenas construções não são discerníveis.
Imagens com uma resolução espacial de 0,25 a 2,5 m são A tecnologia de digitalização de imagens por meio de arran
necessárias para detectar alvos como trailers, casas, peque- jos lineares ou matriciais de detectores instalados em dispo-
178 CAPÍTULO Fotogrametria
eixo de
simetria
da via
projeção
horizontal
do edifício
Figura 6-26 Etapas típicas na criação de modelos digitais de elevação, de ortoimagens e na extração de atributos planimétricos com o uso
de técnicas de fotogrametria digital.
Modelos Digitais de Elevação, Ortofotos e Atributos Planimétricos Usando Fotogrametria Digital 179
sitivos de carga acoplada (“charge coupled devices —CCDs”) fica a localização x,y das marcas fiduciais associadas a cada
ou fotodiodos revolucionou a aquisição de imagens digitais. fotografia produzida pela câmera. Como exemplo, pode-
Os cientistas passaram a ter acesso, em seus microcomputa se observar a Figura 6-27, em que um analista realiza o
dores, a sistemas capazes de digitalizar imagens em preto e processo de orientação interior para uma das fotografias da
branco com 12 bits (valores de níveis de cinza de 0 a 4.095) cidade de Columbia, SC. O analista está coletando infor
e imagens coloridas com 30 bits (mais de 1 bilhão de cores) mação sobre a marca fiducial n° 2, localizada em um canto
em resoluções espaciais inferiores a 10 pm. Os cientistas da fotografia. As coordenadas de todas as quatro marcas
podem escanear gratuitamente imagens históricas com ele fiduciais do relatório de calibração da câmera são rotuladas
vada resolução espacial para projetos fotogramétricos (Ko- como Filme X e Filme Y na tela do monitor. As coordena
necny, 2003). A importância da digitalização de imagens das da imagem de todas as quatro marcas fiduciais medidas
irá diminuir à medida que aumentar a aquisição de dados pelo analista são rotuladas como Imagem X e Imagem Y na
por sistemas digitais de sensoriamento remoto para fins de tela do monitor. As coordenadas do relatório de calibração
análise em programas computacionais de fotogrametria. da marca fiducial são então relacionadas às coordenadas
das marcas fiduciais medidas pelo analista de imagem, e
Fotogrametria Digital*• são calculados os resíduos. A relação entre esta imagem
particular e a informação de calibração da câmera tem um
erro quadrático médio de 1,12 pixels (56,76 pm), o que é
Programas digitais de fotogrametria possibilitaram aos cien considerado muito bom. A orientação interior é executada
tistas e leigos criarem MDEs, produzirem ortofotos, extraí para cada fotografia do bloco. Ela relaciona as caracterís
rem curvas de nível e mapearem atributos temáticos de inte ticas geométricas da fotografia aérea às características geo
resse. Essa capacidade é em grande parte devido a melhorias métricas internas da câmera que a produziu.
nos programas de fotogrametria, que executam a) orientação
interior, b) orientação exterior, e c) aerotriangulação. Orientação Exterior
Marca Fiducial
•** 4
REI , n° 2
má 0
#2 1
W
1K ,
Çensoí fnteiioi Orienlatiun | Exterior Information |
Fiducial Oiienlation: Viewer Fiducial Localor:
rsr-u o - _ 1___ 100 RMSE 1 12ptxels
Figura 6-27 Execução de orientação interior em uma das fotografias aéreas de Columbia, SC. O analista encontra-se na etapa de aquisição
de informação sobre a marca fiducial n° 2. As coordenadas de todas as quatro marcas fiduciais do relatório de calibração da
câmera são rotuladas como Filme X e Filme Y. As coordenadas da imagem de todas as quatro marcas fiduciais medidas pelo
analista são rotuladas como Imagem X e Imagem Y.
em que x e y são as coordenadas do ponto principal (PP) Extração de Cotas Altimétricas de Referência,
do relatório de calibração da câmera; X [t Yj e Z L são as Curvas de Nível e MD Es Usando Fotogrametria
coordenadas no terreno da posição de exposição L; as co Digital
ordenadas no terreno do ponto A são XA, YA e Z p a dis
tância focal da câmera é f , e o s m são funções dos ângulos
de rotação ômega, phi e kappa (co-(j)-K) (Wolf e Dewitt, O controle no terreno incorporado na orientação exterior
2000). As equações de colinearidade são usadas na resseção e aerotriangulação possibilita atribuir uma elevação (na
espacial (“space resection”) para determinar os seis elemen verdade, uma certa quantia de paralaxe) a cada par con
tos da orientação exterior para ambas as fotografias do par jugado de pixels encontrado em um modelo estéreo. A in
estéreo. A intersecção espacial pode então ocorrer, a fim de formação de elevação pode ser extraída a partir do modelo
identificar as coordenadas no terreno do mundo real para estéreo triangulado:
qualquer ponto no modelo estéreo. As complexidades da
resseção espacial e da intersecção espacial baseadas na co • em localizações muito específicas identificadas pelo
linearidade estão além do escopo deste livro introdutório. operador;
Recomenda-se ao leitor consultar Wolf e Dewitt (2000),
Mikhail et al. (2001) ou a obra Manual ofPhotogrammetry • ao longo de linhas com a mesma elevação (criando cur
(McGlone, 2004) para informações adicionais. vas de nível);
182 CAPÍTULO Fotogrametria
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I Horizontal: none
Vertical: none
Figura 6-28 Execução de orientação exterior em parte do par estéreo de Columbia, SC. O analista encontra-se no processo de aqui
sição das coordenadas da imagem (Arquivo X, Arquivo Y) para o ponto de controle no terreno n° 1, localizado nas ime
diações do Capitólio do Estado da Carolina do Sul. O analista já inseriu as coordenadas X,Y,Z de referência no terreno
[Referência X, Referência Y, Referência Z (oculta na visualização)]. As coordenadas na imagem de todos os pontos de
controle no terreno devem ser determinadas.
• em uma grade sistemática, criando um modelo digital Conforme previamente mencionado, o analista obtém cur
de elevação. vas de nível, especificando-as com uma elevação desejada,
p.ex., 100 m acima do nível do mar. Para isso, o analista
As elevações extraídas pelo analista em localizações muito posiciona a marca flutuante no solo em uma localização
específicas (p.ex., em cruzamentos de vias, cantos de edifí que se sabe situar a 100 m acima do nível do mar (basean
cios, coberturas de poços de inspeção) no modelo estéreo do-se nas suas propriedades de paralaxe). Depois, ele move
são comumente denominadas como cotas altimétricas de a marca flutuante ao longo do terreno com a mesma eleva
referência. O analista obtém as coordenadas X, Y,Z de um ção, criando assim uma curva de nível. Quando a linha da
ponto situando a marca flutuante (discutida anteriormen curva de nível está completa, o analista então passa para o
te) firmemente sobre o terreno (nem abaixo e nem pairan próximo intervalo da curva de nível (p.ex., 110 m acima
do sobre a superfície) e efetuando a leitura. do nível do mar), posiciona o cursor no solo em 110 m aci-
Modelos Digitais de Elevação, Ortofotos e Atributos Planimétricos Usando Fotogrametria Digital 183
C on d ição de C olinearidade A precisão do modelo digital de elevação que pode ser ob
tida usando métodos de fotogrametria é função da escala
e da resolução dos dados do sensor remoto, da altura de
voo na qual as imagens foram adquiridas, da relação base/
altura (i.e., geometria) das imagens estereoscópicas, da
precisão do controle no terreno, bem como da qualidade
do programa computacional de fotogrametria emprega
do. Algumas vezes, os usuários acreditam que o M DE
derivado de fotogrametria digital está livre de erros, mas
isto nem sempre é procedente.
Figura 6-30 a) Modelo digital de elevação não-corrigido derivado de técnicas de fotogrametria digital, b) M D E corrigido, c) M D E com
edifícios e árvores removidos, d) Mapa de declividade produzido a partir do M DE com edifícios e árvores removidos.
Io digital de terreno ou M D T para a área do campus da M DE contendo edifícios e árvores. Ele pode ser produzido
Universidade da Carolina do Sul, ele não o encontraria apenas a partir do M DE com a remoção desses objetos,
disponível nas Figuras 6-30a e b. conforme apresentado na Figura 6-30d.
Para criar um MDE da área do campus sem a informação Áreas urbanizadas com edifícios e árvores deverão ser ma
de edifícios e árvores, o analista deve editar manualmen nualmente editadas para a obtenção de um M DE somente
te os pontos no M DE que correspondam à elevação de do terreno nominal. Este pode ser um processo trabalho
edifícios e árvores, e efetivamente “reposicioná-los” para a so, além de estar sujeito a erros introduzidos pelo analista.
altura nominal do terreno na área. Isto pode tornar-se di Quanto maior a escala da fotografia aérea e maior a altura
fícil no caso de grandes edifícios ou conjuntos de árvores. dos edifícios e das estruturas na área de estudo, maior a difi
Entretanto, se os edifícios e as árvores não forem muito culdade para obter um MDE preciso do terreno. Os MDEs
grandes, é possível identificar a tendência geral do terreno são mais precisos e requerem menos edição quando produ
entre os edifícios e as árvores, de modo que os pontos cor zidos para áreas rurais que não apresentam cobertura arbó
respondentes à elevação desses objetos possam ser movidos rea densa ou estruturas artificiais (edifícios, pontes, etc.).
para a elevação nominal do terreno. Uma edição cuidadosa
do M DE original seguindo este procedimento pode pro Como exemplo, pode-se considerar o M DE de alta qua
duzir um MDE revisado que descreva apenas o relevo lo lidade extraído da fotografia aérea de grande escala, com
cal da área, sem edifícios e árvores, conforme mostrado na poucas árvores e edifícios, apresentado na Figura 6-31.
Figura 6-30c. Um mapa da declividade em percentual da Essas quatro zonas de teste na região de Savannah River
área (importante em muitos estudos ambientais e hidro- Site - uma planta nuclear -, próxima a Aiken, SC, são usa
lógicos) não pode ser precisamente construído a partir do das para avaliar a eficácia de vários materiais argilosos de
Modelos Digitais de Elevação, Ortofotos e Atributos Planimétricos Usando Fotogrametria Digital 185
cobertura para aterros de resíduos perigosos. Fotografias uma distância infinita ao solo. A Figura 6-32 demonstra
aéreas estereoscópicas de grande escala das zonas de teste a mudança na geometria da imagem e a remoção do des
são adquiridas rotineiramente, de modo que qualquer sub- locamento induzido do terreno (At). O ponto P, que se
sidência (i.e., afundamento) nas camadas de cobertura de situa no terreno em uma elevação específica acima do nível
argila seja documentada imediatamente. A Figura 6-31 a médio do mar, corresponde a p n o sistema de coordenadas
documenta a seleção do ponto de controle no terreno de do plano da imagem, quando ele deveria estar localizado
n° 5 durante a fase de orientação exterior do projeto. O em c. A correção do deslocamento de p para c (i.e., Ar) é a
ponto de controle de n° 3 refere-se a um duto plástico meta da ortorretificação. Cada parte do terreno é corrigida
de 15” de diâmetro, que se eleva 30 cm acima do solo e de forma independente durante o processo de retificação.
que foi levantado com ± 3 cm de precisão, usando-se um
aparelho de GPS. O modelo digital de elevação extraído Os efeitos do deslocamento do relevo topográfico e de
após o modelo estéreo aerotriangulado é apresentado na variações na altitude da câmera são removidos nas ortoi
Figura 6-31 b. Esta vista foi criada sobrepondo-se uma das magens. O resultado é uma ortoimagem corrigida plani-
fotografias do par estéreo sobre o M DE e visualizando-a metricamente. Por exemplo, a Figura 6-33 apresenta uma
a partir de uma perspectiva oblíqua. Uma versão colorida linha de transmissão de energia em terreno acidentado. A
deste exemplo pode ser vista na Prancha Colorida 6-2. linha de transmissão foi implementada com o auxílio de
um levantamento topográfico rigoroso, de forma a estar
Criação de Ortoimagens Digitais bem alinhada no mundo real; porém, o relevo local pro
duz deslocamento de relevo na fotografia da área. Isto faz
com que a linha de transmissão não apareça na sua posição
Há mais de 30 anos, Thrower e Jensen (1976) fizeram uma planimétrica correta na fotografia aérea não-retificada. O
revisão sobre como ortofotos analógicas eram criadas e iden processo de retificação ortográfica diferencial bit-a-bit re
tificaram inúmeras aplicações cartográficas. Eles afirmavam: move as distorções causadas pela inclinação da câmera no
momento da exposição e os efeitos de deslocamento de
O mapeamento por ortofotos representa uma relevo. A linha de transmissão passa então à sua posição
técnica pela qual dados espaciais podem ser planimétrica devida, e sua forma e geometria tornam-se
mais precisamente medidos e transferidos, em corretas. A fotografia da Figura 6-33b é uma ortofoto com
vista dos atributos especiais do mapa de orto- a precisão de um mapa vetorial tradicional.
foto, que combina a imagem de uma fotografia
aérea com as qualidades métricas de um mapa Esta precisão planimétrica permite aos analistas usarem or
vetorial preciso. toimagens como mapas para a realização de medições de lo
calização geográfica, distâncias, ângulos e área. Em imagens
Conforme foi previsto, houve um considerável aumento no não-retificadas, essas medições podem ser feitas somente de
uso de ortofotos digitais e modelos digitais de elevação em maneira aproximada, por causa do deslocamento na imagem
muitas aplicações. Leigos, planejadores, profissionais usuá e da mudança de escala causados por variações no relevo local
rios de SIG, cartógrafos e a mídia (p.ex., jornais, revistas, (i.e., deslocamento de relevo) e inclinação da foto aérea.
televisão) usam ortoimagens como fundo sobre o qual se
sobrepõe informação temática (p.ex., linhas divisórias de Instrumentos de fotogrametria digital podem produzir or
propriedades imobiliárias, rede de serviços e infraestrutura, toimagens com correção de terreno sob demanda. O pro
rede de drenagem, curvas de nível, movimentação de tropas) cedimento geral empregado para isso encontra-se resumido
(Rumsey e Punt, 2004). Muitos analistas de imagem estão no na Figura 6-26a-e. O usuário seleciona qualquer imagem
momento usando sistemas de fotogrametria digital em seus PCs triangulada no bloco de fotografias aéreas (ou nos dados
para gerar seuspróprios MDEs e ortofotos como dados de entra SPOT) e seu correspondente MDE para gerar uma ortoi
da em SIG. Esta seção descreve como as ortofotos são criadas magem digital. Durante o processo de ortorretificação, os
usando fotogrametria digital e aborda questões importantes efeitos da elevação sobre a perspectiva da imagem são re
que devem ser consideradas na criação e uso de ortofotos. movidos para a produção de um conjunto de dados geo-
codificados, com um espaçamento regular entre pixels no
Ortoimagens são criadas a partir de imagens de sensoria- espaço do mapa. Para cada pixel da ortoimagem com latitu
mento remoto. A geometria de uma fotografia digital não- de e longitude conhecidas, o algoritmo usa inicialmente o
retificada altera-se de um feixe cônico de raios para uma MDE para determinar a altura do ponto. As funções racio
geometria de raios paralelos ortogonais ao solo e ao plano nais para a imagem são então usadas para determinar o pi
da imagem no caso da fotografia ortorretificada ou ortofo- xel na imagem triangulada que corresponde ao ponto sobre
to. Portanto, ao invés de se ter um centro de perspectiva, o terreno no mundo real. A intensidade deste ponto (rea-
a perspectiva de visualização é modelada como sendo de mostrado com base nos seus vizinhos usando um esquema
186 CAPÍTULO Fotogrametria
Save |
í I- UseViewerAsReference
LettView. |c /workspace/lps ^1
I- Apply Image Shift
)/;
o rwTj« —'Er. 100
Apply | Reset |
RighlViev|c/woikspace/lps ;
í~ Apply Image Shift
a.
Figura 6-31 a) Orientação exterior executada sobre um par estéreo referente a zonas de teste na região de Westinghouse Savannah River Site,
próxima a Aiken, SC. A fotografia foi adquirida em 1995. b) Visualização do M DE obtido por fotogrametria sobreposto a
uma das fotografias do par estéreo.
de interpolação bilinear) é então atribuída ao pixel de saída Problemas e Soluções Associados com Ortoimagens
na ortoimagem. Este processo é tipicamente executado a Derivadas de Fotogrametria D igital
uma taxa de processamento superior a 200.000 pixels/s até
que a ortoimagem retificada de saída esteja totalmente pre A precisão de uma ortoimagem digital é função da quali
enchida. O resultado é uma ortoimagem com correção de dade das imagens, do controle no terreno, da triangulação
terreno que pode ser usada como um mapa cartográfico. fotogramétrica, bem como do M DE usado para criá-la (Fi-
Modelos Digitais de Elevação, Ortofotos e Atributos Planimétricos Usando Fotogrametria Digital 187
Figura 6-35 A qualidade do M D E influencia a qualidade da ortofoto. O impacto das árvores é minimizado, e a forma dos edifícios é re
presentada corretamente, quando a ortofoto é sobreposta a um M D E corrigido.
ficações” no caso de edifícios elevados ou outras estruturas terpolando-se a elevação a partir do M DE, transferindo-se
(pontes, viadutos, etc.) pode ocultar completamente a ima o modelo matemático para a imagem, interpolando-se o
gem da superfície terrestre por dezenas de metros. Caso se próprio tom de cinza a partir da imagem e, finalmente,
tentasse digitalizar edifícios a partir de uma ortoimagem atribuindo-se o tom de cinza resultante ao pixel a na nova
digital tradicional, descobrir-se-ia que as localizações dos ortofoto (Figura 6-37a). O processo é aceitável para o pi
edifícios na superfície do terrestre estão deslocadas em rela xel a, porque não há obstrução (p.ex., edifício) entre a
ção às suas respectivas alturas (Nale, 1994). câmera e a localização x,y,z de a no terreno que oculte a
visualização do terreno a partir da posição da exposição.
Felizmente, um método preciso para a criação de ortofotos O problema que surge é ilustrado pelo pixel b. Na ima
verdadeiras foi desenvolvido. Para entender como ele é exe gem original, o terreno “atrás” do edifício em b não é mos
cutado, seria útil revisar inicialmente como uma ortofoto trado devido à altura do edifício. O pixel b terá o tom ou
tradicional é produzida. O valor de brilho de um pixel a é cor da cobertura do edifício. A ortofoto tradicional final
obtido, iniciando-se pela posição x,y de a no terreno, in- mostrará o edifício distanciando-se do centro da forogra-
Modelos Digitais de Elevação, Ortofotos e Atributos Planimétricos Usando Fotogrametria Digital 189
Método de Extração de
Valores de Brilho do Pixel Posição de
a partir de Fotografia Aérea Exposição n° 2
Triangulada para Produzir
uma Ortofoto Tradicional
O solo
nesta região é
ocultado pelo
deslocamento
do edifício
b Pixels da ortofoto a
Figura 6-36 Uma ortofoto com alta qualidade da cidade de Ros- Extração de Valores de Brilho do Pixel a partir de Múltiplas Fotografias
Aéreas Trianguladas para Produzir uma Ortofoto Verdadeira
slyn, VA, EUA, sobreposta a um modelo digital de
elevação cuidadosamente editado (cortesia de L-H
Systems, Inc. e Marconi, lnc.\ © SO CET Ser).
projeção horizontal
do edifício
eixo de simetria
da via
projeção horizontal
do edifício
projeção horizontal
do edifício
projeção horizontal
do espelho d'água
Figura 6-39 Projeção horizontal do edifício, projeção horizontal do espelho d'água e eixo de simetria da rua extraídos de um anáglifo do
par estéreo, o qual é mostrado na Prancha Colorida 6-3. Recomenda-se visualizar este par estéreo com um estereoscópio.
usadas para a medição da área de atributos selecionados, irrigação agrícola por pivô central é de 1,27 cm quando me
encontrados nessas duas paisagens distintas. A solução óti dido em uma fotografia aérea com escala de 1:24.000 (1 cm
ma é a conversão da fotografia aérea em uma ortoimagem, = 240 m), então o diâmetro {d) da distância em solo é 304,8
conforme discutido anteriormente. As medições de área m, e o raio (r) é 132,4 m. O sistema de irrigação agrícola por
serão obviamente precisas, uma vez que a ortofoto possui pivô central possui assim 3,1416 x 152,42 ou 72.966 m2.
uma escala uniforme. Um hectare (ha) contém lO.OOOnr (Tabela 6-1). Portanto,
o sistema de irrigação agrícola por pivô central é de 7,3 ha.
Medição de Área de Formas Geométricas Bem
Conhecidas Medição de Área de Polígonos com Formato
Irregular
mesmo tempo não seja excessivamente densa de modo a gerar Grade de P ontos
um enorme número de pontos a serem contados. É útil criar
uma grade que seja a mais adequada possível à escala da foto
grafia ou do mapa em análise. Por exemplo, se um analista for
usar uma grade de pontos sobre uma fotografia aérea de escala
1:24.000, seria recomendável produzir uma grade com nove
pontos por pol,2, porque na escala 1:24.000, 1 pol,2 equivale
a aproximadamente 9 acres (1 acre = 4.046,8252519 m2 ou
0,4046863 hectares). Caso se deseje mais precisão, 18 pontos
poderíam ser sistematicamente colocados em cada polegada
quadrada da grade. O analista então aleatoriamente posiciona
a grade sobre um polígono de interesse e conta o número de
pontos que recaem sobre ele. Um método alternativo para se
aumentar a precisão na medição consiste em, após a primeira
contagem, erguer a grade de acetato, aleatoriamente recolocá-
la sobre o polígono e então proceder a uma nova contagem.
Extraindo-se a média das duas contagens, obtém-se um re
sultado que é geralmente próximo ao valor verdadeiro. Este
procedimento pode ser repetido tantas vezes quantas forem
desejadas. Os melhores resultados são obtidos quando os po
lígonos fotointerpretados são transferidos para um mapa-base
e a grade de pontos é sobreposta ao mapa.
Figura 6-40 Uma grade de pontos consistindo de 25 pontos por
A ortofoto de 15,24 x 15,24 cm na Figura 6-40 possui
polegada quadrada, sobreposta a uma fotografia aérea
a escala de 1:600 (1 cm = 6 m). Portanto, ela contém na escala de 1:6.00 (1 cm = 6 m). Neste exemplo, a
8.360 m2 de terreno (2,066 acres ou 0,836 ha). A ela foi meta é determinar a quantidade de hectares (acres) de
sobreposta uma grade de pontos consistindo de 25 pontos terreno coberto por floresta.
por pol,2. Nesta escala, cada polegada quadrada contém
232,2576 m2. Cada ponto representa, portanto, 9,290304
m2. O intérprete analisa a imagem e sinaliza aqueles pon fotografias aéreas ou de dados de sensoriamento remoto
tos que aparentam coincidir com a localização de floresta é a análise da imagem por meio de sistemas de proces
(eles estão exagerados neste exemplo, a fim de melhorar samento digital ou SIG (Figura 6-41). Embora seja fácil
a visibilidade). O analista simplesmente conta o número escanear uma fotografia aérea não-retificada de 23 x 23 cm
de pontos correspondendo a floresta, no caso 336, o que e executar cálculos de área usando um sistema digital, é
equivale a 0, 316 ha (ou 0,771 acres). A floresta ocupa as melhor desempenhar esta tarefa quando a fotografia, após
sim 37,3% da área de estudo (0,316/0,836 hectares). o escaneamento, tenha sido registrada geometricamen
te a um mapa-base ou de referência. Todos os principais
Torna-se evidente a partir deste exemplo que há algumas sistemas de processamento digital de imagens (ERDAS,
pequenas manchas escuras florestadas que não se encon PCI, ER Mapper, ENVI, etc.) e de SIG (ESRI, Autodesk,
tram exatamente abaixo de um ponto e que não foram con SPRING, etc.) apresentam essa capacidade fundamental.
tadas. Um outro intérprete poderia ter incluído os pontos Detalhes sobre como é feito o registro de imagens podem
mais próximos a essas manchas na contagem. Portanto, o ser encontrados em Jensen (2005).
uso de uma grade de pontos envolve “erros induzidos pelo
método”, o que é basicamente uma função da metodologia Com a fotografia aérea registrada a um mapa-base, torna-se
(lógica) usada pelo analista de imagem, conforme ele aloca uma tarefa simples utilizar um sistema digital e gerar uma
os pontos para contagem. Um aspecto importante a ser máscara vetorial em torno da área de interesse. Por exem
lembrado quando se usa uma grade de pontos é a busca plo, a Figura 6-41 a mostra polígonos digitalizados à mão
pela consistência. Algumas grades de pontos são disponi em torno da cobertura florestal. Os vértices dos polígonos
bilizadas por companhias do setor florestal. podem ser facilmente editados. O mérito desta abordagem
de medição em tela reside no fato de que cada um dos po
Digitalização em Tela lígonos possui um registro em uma “tabela de atributos de
polígonos”, a eles associada, que compreende informações
Provavelmente, o método mais amplamente utilizado para sobre o tipo de atributo (p.ex., floresta ou não-floresta),
a obtenção de estimativas de áreas de polígonos a partir de perímetro e área (em hectares ou acres). Por exemplo, há
Referências 193
Figura 6-41 a) Exemplo de digitalização em tela usando um sistema de processamento digital de imagens, b) Tabelas de atributos de po
lígonos contêm para cada um dos polígonos individuais informações sobre o perímetro e a área.
apenas 14 polígonos de floresta na Figura 6-4 lb. Os atri Bossler, J. D., Jensen, J. R., McMaster, R. B. and C. Rizos,
butos para todos os 14 polígonos (p.ex., hectares) podem 2002, Manual o f Geospatial Science and Technology, London:
ser somados pelo programa de processamento de imagens Taylor & Francis, 623 p.
ou pelo SIG para gerar os totais.
Jensen, J. R., 2005, Introductory Digital Image Processing:
Em resumo, não é aconselhável digitalizar polígonos dire A Remote Sensing Perspective, 3rd Ed., Upper Saddle River:
tamente a partir de fotografias aéreas que não tenham sido Prentice-Hall, 525 p.
corrigidas geometricamente, especialmente quando o terre
no apresenta variação substancial no relevo local. Por exem Jensen, J. R. and D. J. Cowen, 1999, “Remote Sensing
plo, nunca se deve extrair informação de área digitalizan- of Urban/Suburban Infrastructure and Socio-Economic
do-se polígonos sobre mapas de fotos não-redficadas. Se o Attributes,” Photogrammetric Engineering & Remote Sensing,
relevo local não for acidentado, algumas medições de áreas 65(5):611-622.
relativamente precisas podem ser feitas se as imagens tive
rem sido geometricamente registradas de acordo com um Konecny, G., 2003, Geoinformation: Remote Sensing,
sistema de projeção geográfica, com base no uso de técnicas Photogrammetry and Geographic Information Systems, London:
descritas em Jensen (2005). No entanto, deve-se sempre Taylor & Francis, 248 p.
lembrar que qualquer deslocamento de relevo presente nas
imagens introduzirá erro nessas medições de área. O méto Linder, W., 2003, Digital Photogrammetry: Theory and
do preferido para a extração de informação de área consiste, Applications, Berlin: Springer-Verlag, 189 p.
inicialmente, em aerotriangular as fotografias aéreas e então
utilizar técnicas de fotogrametria digital para a extração de McCoy, R. M., 2005, FieldMethods in Remote Sensing, N.Y.:
informação temática, discutidas anteriormente. Guilford Press, 159 p.
Nale, D. K., 1994, “Digital Orthophotography: “What It Is Walker, A. S., 1994, Correspondence concerning the SOCET
and Isnt,” GIS World, 7(6):22. SET, San Diego: Leica AG Photogrammetry and Metrology,
Inc., December 20.
Rumsey, D. and E. M. Punt, 2004, Cartograpbica
Extraordinai?'e: The Historical Map Transformed, Redlands: Warner, W. S., R. W. Graham and R. E. Read, 1996, Small
ESRI Press, 147 p. Format Aerial Photography, Scotland: Whittles, 348 p.
Southard, G. W., 1994, True Orthophoto Capabilities of Wolf, P. R. and B. A Dewitt, 2000, Elements o f Photogrammetry
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McGraw Hill, 608 p.
Thrower, N. J. W. and J. R. Jensen, 1976, “The Orthophoto
and Orthophotomap: Characteristics, Development and
Application,” The American Cartographer, 3(1):39—56.
Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento
Remoto
Sistema Sensor
Sistema de Sensoriamento
Conversão
Remoto
analógico-digital a
bordo e calibração
Distribuição
e Uso da
Informação
Figura 7-1 Uma revisão do modo como os dados medidos remotamente são transformados em informação útil. Os dados registrados
pelos detectores são frequentemente convertidos de um sinal elétrico analógico para um valor digital e calibrado. O pré-pro-
cessamento terrestre remove distorções geométricas e radiométricas. Isto pode envolver o uso de efemérides ou dados auxiliares
(colaterais) como coordenadas x,y de mapas, um modelo digital de elevação, etc. Os dados estão então prontos para análise
visual ou digital, visando extrair informação biofísica ou de uso e cobertura da terra. Futuros sistemas sensores poderão fazer o
pré-processamento e a extração de informação a bordo do sistema de sensoriamento remoto.
«
Terminologia de Imagens Digitais A conversão analógico-digital, que ocorre a bordo do sis
tema sensor, geralmente cria pixels com uma variação no
valor de brilho de 8 a 12 bits. Isto é chamado de nível de
Os dados digitais dos sensores remotos são normalmente quantização do dado do sensor remoto. Dados de sensores
armazenados como uma matriz (arranjo) de números. Cada remotos quantizados para 8 bits têm valores de brilho que
valor digital está localizado em uma linha (i) e coluna (j) variam de 0 a 255 (28). Dados quantizados para 10 bits
específica na matriz (Figura 7-2). Um pixel é definido como variam de 0 a 1023 (210), etc. Quanto maior for a variação
um elemento de cena bidimensional que constitui o menor possível de valores de brilho, mais precisas serão as me
elemento não-divisível de uma imagem digital. Cada pixel didas da quantidade de radiação registrada pelo detector.
na linha (i) e coluna (j) na imagem tem um valor de brilho Pode-se pensar a quantização como uma espécie de régua.
(BV) associado. Alguns cientistas denominam esse valor de Podemos obter medidas mais precisas de um objeto usan
número digital (DN). O conjunto de dados pode ser com do uma régua que tem 1024 subdivisões do que usando
posto por n bandas individuais (k) resultantes de um ima- outra régua que tem apenas 256 subdivisões.
geamento multiespectral ou hiperespectral. Portanto, é pos
sível identificar o valor de brilho (BV) de um determinado Sistemas de Sensoriamento Remoto para
pixel no conjunto de dados por meio de suas coordenadas de Discussão
linha (/), coluna (j) e banda (k), isto é, BV.jk. E importante
compreender que as n bandas são todas geometricamente
registradas entre si. Por conseguinte, uma intersecção de es Existe uma variedade de sistemas digitais de sensoriamento
trada, na banda 1, linha 4 e coluna 4 (i.e., BV441), deverá remoto multiespectral e hiperespectral. Está fora do esco
estar localizada na mesma linha e coluna na quarta banda po desse livro fornecer informação sobre todos eles. Entre
(i.e., BV444). Supostamente, os valores de brilho nas duas tanto, é possível rever seletivamente alguns deles que são
posições devem ser diferentes; caso contrário, o conteúdo de ou que serão de valor significativo para as investigações de
informação das duas imagens é redundante. recursos da Terra. Eles estão organizados de acordo com
Aquisição de Dados Multiespectrais Digitais 197
Figura 7-2 Dados digitais de um sensor remoto no formato de uma matriz. Os valores de brilho (B V - brightness values) dos elementos de cena
(pixel) estão localizados na linha i, coluna j e banda k no conjunto de dados multiespectral ou hiperespectral. Os valores digitais
de brilho do sensor remoto são normalmente armazenados em bytes de 8 bits com valores variando de 0 a 255. Entretanto, vários
sistemas de digitalização de imagens e alguns sistemas de sensoriamento remoto agora rotineiramente adquirem dados em 10, 11
ou 12 bits.
o tipo de tecnologia de sensoriamento remoto utilizada, • Indian Remote Sensing System (IRS) Linear Imaging
conforme resumido na Figura 7-3, incluindo: Self-scanning Sensor (LISS-III e LISS-1V)
Imageamento Multiespectral Usando Detectores Dis • NASA Terra Advanced Spaceborne Thermal Emission
cretos e Espelhos de Varredura and Reflection Radiometer (ASTER)
• NOAA Advanced Very High Resolution Radiometer • ORBIMAGE, Inc. (OrbView-3 e OrbView-5)
(AVHRR)
• Leica Geosystems, Inc. Airborne Digital Sensor System
• NASA e ORB1MAGE, Inc., Sea-viewing Wide Field- (ADS-40)
of-view Sensor (SeaWiFS)
Espectrometria de Imageamento Usando Arranjos Li
• Daedalus, Inc., Aircraft Multispectral Scanner (AMS) neares e de Área
• NASA Airborne Terrestrial Applications Sensor • NASA Jet Propulsion Laboratory Airborne Visible/In-
(ATLAS) frared Imaging Spectrometer (AVIRIS)
Imageamento Multiespectral Usando Arranjos Lineares • Compact Airborne Spectrographic Imager 1500 (CASI
1500) e sensor hiperespectral do SWIR (SASI 600)
• Sensores High Resolution Visible (HRV) dos satéli
tes SPOT 1, 2 e 3 e High Resolution Visible Infrared • NASA Terra Moderate Resolution Imaging Spectrora
(HRVIR) e Vegetation dos satélites SPOT 4 e 5 diometer (MODIS)
198 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto
“Whiskbroom”
(Arranjo linear)
Figura 7-3 Seis tipos de sistemas de sensores remoto usados para aquisição de dados multiespectrais e hiperespectrais: a) fotografias aéreas
tradicionais, b) imageamento multiespectral usando um espelho de varredura e detectores discretos, c) imageamento multiespec-
tral com arranjos lineares (frequentemente denominado de tecnologia "pushbroom”), d) imageamento com espelho de varredura
e arranjos lineares (tecnologia “whiskbroom’), e) espectrometria de imageamento usando arranjos lineares e de área, e f) fotografia
aérea de câmera digital de quadro com base em arranjos de área.
Imageamento Multiespectral Usando Detectores Discretos e Espelhos de Varredura 199
• NASA Earth Observer (EO-1) Advanced Land Imager rebatizou o programa ERTS de Landsat, distinguindo-o
(ALI), Hyperion, e LEISA Atmospheric Corrector (LAC) do satélite de micro-ondas ativas Seasat, lançado em 26 de
junho de 1978. Nesta época, o ERTS-1 foi retroativamen-
Câmera Digital de Quadro com Base em Arranjos de Area te denominado de Landsat-1 e o ERTS-B de Landsat-2 no
lançamento. O Landsat-3 foi lançado em 5 de março de
• Leica Geosystems Emerge Digital Sensor System
1978; o Landsat-4 em 16 de Julho de 1982; e o Landsat-5
• Vexcel UltraCam Large Format Camera em 1 de março de 1984.
• Z/I Digital Modular Camera
A companhia denominada “Earth Observation Satellite
Company (EOSAT)” obteve o controle dos satélites Landsat
Sistemas Fotográficos de Astronauta
em setembro de 1985. Infelizmente, o Landsat-6, com seu
sensor “Enhanced Thematic Mapper (ETM)” (uma banda
• NASA Space Shuttle e International Space Station
pancromática de 15 x 15 m foi adicionada) falhou em ser
Imagery
colocado em órbita em 5 de outubro de 1993. O Landsat-7,
com seu sistema sensor “Enhanced Thematic Mapper Plus
A discussão seguinte identifica as características espaciais,
(ETM+)”, foi lançado em 15 de abril de 1999. Favor consul
espectrais, temporais e radiométricas dos sistemas de sen
tar a homepage do Landsat-7 da NASA para uma história
soriamento remoto.
detalhada do programa Landsat (NASA Landsat 7, 2006).
Imageamento Multiespectral usando
Os Landsats 1 a 3 foram lançados em órbitas polares sín-
Detectores Discretos e Espelhos de
cronas com o Sol em uma altitude nominal de 919 km. A
Varredura
plataforma é mostrada na Figura 7-5a. Os satélites tiveram
uma inclinação orbital de 99°, que os tornava aproximada
A aquisição de dados multiespectrais por sensores remotos,
mente polares (Figura 7-5b), fazendo com que eles cruzas
usando detectores discretos e espelhos de varredura, que
sem o equador em um ângulo de aproximadamente 9° da
funcionam como escaneadores do terreno, iniciou-se em
normal à superfície. Os satélites cobriam a Terra uma vez a
meados da década de 60. Apesar da idade dessa tecnologia,
cada 103 minutos, resultando em 14 órbitas por dia (Figu
vários sistemas de sensoriamento remoto ainda a usam.
ra 7-5c). Durante cada órbita polar, os satélites cruzavam
o equador aproximadamente à mesma hora local (9:30 às
Satélites Tecnológicos de Recursos Terrestres e
10:00 horas da manhã) no lado iluminado da Terra.
Sistemas Sensores Landsat
As Figuras 7-5c e 7-6 ilustram como a cobertura repetitiva
de uma área geográfica era obtida. Da primeira órbita para a
Em 1967, a “National Aeronautics & Space Administration”
seguinte, a posição diretamente abaixo da plataforma movia-
(NASA), encorajada pelo Ministério do Interior americano,
se 2875 km no equador quando a Terra rotacionava abaixo
iniciou o programa denominado “Earth Resource Technolo
dela. No dia seguinte, 14 órbitas depois, a plataforma volta
gy Satellite” (ERTS). Esse programa resultou no lançamento
va para a sua localização original, com a órbita 15 deslocada
de sete satélites com uma diversidade de sistemas de senso
a oeste da órbita 1 por 159 km no equador. Isto continuava
riamento remoto construídos para adquirir informação dos
por 18 dias, após os quais a órbita 252 sobrepunha-se dire
recursos da Terra. Os sensores mais marcantes foram os de
tamente à órbita 1 novamente. Portanto, os sistemas senso
varredura multiespectral (“Landsat Multispectral Scanners”)
res Landsat tinham a capacidade de observar todo o globo
e os mapeadores temáticos (“Landsat Thematic Mappers”)
(exceto os pólos acima de 81°) a cada 18 dias, ou cerca de 20
(Figura 7-4; Tabelas 7-1 e 7-2). O programa Landsat é o
vezes ao ano. Flavia aproximadamente 26 km de sobrepo
sistema de satélites de observação da Terra mais antigo dos
sição entre órbitas sucessivas. Essa sobreposição era máxima
Estados Unidos, tendo adquirido dados desde 1972. Esse
em 81° de latitudes norte e sul (cerca de 85%) e mínima no
programa tem tido uma história difícil de gerenciamento e
equador (cerca de 14%). Essa sobreposição mostrou-se de
de fontes de financiamento.
utilidade para aplicações de análise estereoscópica.
A cronologia de lançamentos e fim-de-operações dos saté A natureza da órbita do Landsat resultou em um sistema
lites são mostrados na Figura 7-4. O satélite ERTS-1, lan de órbita e ponto conhecido como “Worldwide Reference
çado em 23 de julho de 1972, foi um sistema experimental System (WRS) ” (Sistema de Referência Mundial) para lo
construído para testar a possibilidade de adquirir dados de calizar e obter imagens Landsat de qualquer área da Terra.
recursos da Terra por satélites não-tripulados. Antes do lan O sistema WRS catalogou 57.784 cenas de todo o mundo.
çamento do ERTS-B em 22 de janeiro de 1975, a NASA Cada cena tem dimensões aproximadas de 185 x 170 km.
200 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto
86 88 90 92 94 96 98 00 02 04
■
ETMi ETM
6 7
j_
Figura 7-4 Cronologia de lançamentos e fim de operações da série de satélites Landsat (1 a 7) de 1972 a 2004.
Um método elegante de determinar se os dados de sensores Nessa seção, estamos interessados nos tipos de sensores pre
remotos (p.ex., Landsat MSS, Thematic Mapper, Enhanced sentes nos satélites Landsat e na natureza e qualidade dos
Thematic Mapper Plus) estão disponíveis para um determi dados de sensores remotos fornecidos para as investigações
nado local é usar o sistema de visualização de imagens deno de recursos da Terra. Os sensores mais importantes são os de
minado “U.S. Geological Survey's Global VisualizationViewer varredura multiespectral (“Landsat Multispectral Scanner”)
(USGS GloVis, 2006)”. Por exemplo, suponha que estejamos e o Mapeador Temático (“Landsat Thematic Mapper”).
interessados em localizar uma imagem Landsat Thematic
Mapper de Charleston, SC. Podemos entrar no sistema de Landsat Multispectral Scanner
visualização mencionado e inserir a órbita e ponto WRS,
buscando a imagem desejada no banco de dados, conforme O sensor Landsat Multispectral Scanner (MSS) foi inclu
mostra a Figura 7-7. Se não conhecermos a órbita/ponto, ído nos satélites Landsat 1 a 5. O arranjo de múltiplos
podemos: a) mover o cursor sobre o mapa regional e posi detectores do MSS e o sistema de varredura (escaneamento
cioná-lo sobre Charleston, SC, ou b) introduzir as coordena do terreno) são mostrados diagramaticamente na Figura
das de latitude e longitude de Charleston, SC (33,2° N, -81“ 7-8. Sensores como o Landsat MSS (e o Thematic Mapper,
W). Podemos especificar o mês e ano (p.ex., maio, 2005) e que será discutido adiante) são sistemas ópticos-mecânicos
a quantidade aceitável de cobertura de nuvens, assim como em que um espelho varre o terreno perpendicularmente
determinar também se a busca deve ser feita regionalmente, à direção de voo. Enquanto varre, ele focaliza a energia
como na Figura 7-7a (pixels reamostrados para 1000 m), ou refletida ou emitida do terreno sobre elementos detectores
localmente como na Figura 7-7b (pixels reamostrados para discretos. Os detectores convertem o fluxo radiante me
240 m). Uma versão colorida da interface do sistema “Global dido dentro de cada campo de visada instantâneo (“ins-
Visualization Viewer” é mostrada na Prancha Colorida 7-1. tantaneous field o f vieu) - IFOV”) na cena em um sinal
Imageamento Multiespectral Usando Detectores Discretos e Espelhos de Varredura 201
Tabela 7-1. Características dos sistemas sensores Landsat Multispectral Scanner (MSS) e Landsat Thematic Mapper (TM).
elétrico (Figuras 7-3b e 7-8a). Os elementos detectores são próximo refletido). Essas bandas foram originalmente nume
colocados atrás dos filtros em que passam porções amplas radas 4, 5, 6 e 7, respectivamente, porque o sistema sensor
de energia do espectro. O MSS tinha quatro conjuntos de Return Beam Vidicon (RBV) - também presente no satélite
filtros e detectores, enquanto o TM tem sete. A limitação - registrava a energia em três bandas denominadas 1, 2 e 3.
primária dessa abordagem é o curto tempo de residência
da visada do detector em cada IFOV. Para obter uma re Quando não estava vendo a Terra, os detectores do MSS
lação sinal/ruído adequada sem sacrificar a resolução espa eram expostos às fontes de calibração de luz interna e do
cial, esse tipo de sensor deve operar em bandas espectrais Sol. A sensibilidade espectral das bandas está resumida na
amplas com largura > 1 0 0 nm, ou deve usar uma óptica Tabela 7-1 e é mostrada diagramaticamente na Figura 7-8b.
com razões de distância focal/abertura ( f l stop) pequenas Observe que existe sobreposição espectral entre as bandas.
(muitas vezes não realísticas).
Antes do lançamento do satélite, o modelo de engenharia
O espelho de varredura do MSS oscilava com um desloca do ERTS MSS foi testado fazendo o imageamento da cena
mento angular de ±5,78° em relação ao nadir. Este campo que ficava atrás do Centro de Pesquisa de Santa Bárbara
de visada (Field-of-View - FOV) de 11,56“ resultava em uma em Goleta, CA. As bandas 4 e 6 (verde e infravermelho
faixa de imageamento de 185 km para cada órbita. Seis detec próximo, respectivamente) da área são mostradas na Fi
tores paralelos sensíveis às quatro bandas (canais) no espectro gura 7-9. Observe o detalhe espacial presente quando o
eletromagnético visualizavam o terreno simultaneamente: sensor está localizado há apenas 1 a 2 km das montanhas.
0,5-0,6 pm (verde), 0,6-0,7 pm (vermelho), 0,7-0,8 pm (in A resolução espacial é muito inferior quando o sensor está
fravermelho próximo refletido) e 0,8-1,1 pm (infravermelho posicionado 919 km acima da Terra, em órbita.
202 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto
Vidicon (RBV)
O IFOV de cada detector era quadrado e resultava em estação terrena (isto é, as bandas 4, 5 e 6 foram descom
um elemento de resolução no terreno de aproximada pactadas para uma variação de 0 a 127). É importante
mente 79 x 79 m. O sinal analógico de voltagem de cada lembrar que os primeiros dados MSS da década de 70
detector era convertido para um valor digital usando um foram quantizados para 6 bits, enquanto que os dados da
conversor A/D a bordo. Os dados eram quantizados para década de 80 foram coletados em 8 bits.
6 bits com uma variação de valores de 0 a 63. Estes dados
eram então re-escalados para 7 bits (0 a 127) para três Durante cada varredura, a voltagem produzida por cada
das quatro bandas em processamento subsequente em detector era amostrada a cada 9,95 ps. Para um detector,
Imageamento Multiespectral Usando Detectores Discretos e Espelhos de Varredura 203
Figura 7-6 Trajetórias orbitais dos satélites Landsat 1,2 e 3 durante um único dia de cobertura. O satélite cruzava o equador a cada 103 minutos,
tempo em que a Terra rotacionava uma distância de 2875 km sob o satélite no equador. A cada 14 órbitas, transcorriam 24 horas.
O MSS varria cada linha perpendicular à trajetória do A plataforma do Landsat 4 e 5 é mostrada na Figura 7-11.
satélite de oeste para leste à medida que a órbita do saté A configuração do sistema sensor Thematic Mapper é
lite para sul promovia a progressão ao longo da trajetória. apresentada na Figura 7-12. Um telescópio direciona o
Cada cena MSS representa um paralelograma de 185 x fluxo radiante incidente, obtido ao longo de uma linha de
170 km resultante do contínuo imageamento de uma varredura, através de um corretor de linhas para: 1) o plano
órbita e tem aproximadamente 10% de sobreposição focal primário do visível e infravermelho próximo, ou 2)
nas proximidades do equador. Uma típica cena contém o plano focal resfriado do infravermelho de ondas curtas e
aproximadamente 2340 linhas com cerca de 3240 pixels infravermelho termal. Os detectores para as bandas do vi
por linha, ou cerca de 7.581.600 pixels por canal. As sível e do infravermelho próximo (1-4) são quatro arranjos
quatro bandas juntas representam um conjunto de dados lineares, cada qual contendo 16 detectores de silício. Os
de mais de 30 milhões de valores de brilho. As imagens detectores para as duas bandas do infravermelho médio são
Landsat MSS forneceram uma oportunidade inédita para 16 células de antimoneto de índio em um arranjo linear, e
observar áreas geográficas amplas numa única imagem. o detector do infravermelho termal é um arranjo de quatro
Por exemplo, são necessárias aproximadamente 5.000 fo elementos de células de telureto de mercúrio e cádmio.
tografias aéreas verticais na escala de 1:15.000 para igua
lar a cobertura geográfica de uma única imagem Landsat Os dados do Landsat TM têm um IFOV projetado no ter
MSS. Isto possibilita que a análise regional do terreno reno de 30 x 30 m para as bandas 1 a 5 e 7. A banda 6
seja feita usando uma única fonte de dados ao invés de do infravermelho termal tem uma resolução espacial de 120
um número enorme de fotografias aéreas. x 120 m. As bandas espectrais do TM apresentam impor-
204 CAPITULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto
a. Busca para imagens de Charleston, SC, usando os critérios: órbita/ponto (16/37), Landsat 4-5
TM , Maio de 2005, 100% de cobertura máxima de nuvens; reamostrado para pixels de 1.000 m.
Figura 7-7 Uso do sistema de visualização de imagens denominado “USGS Global Visualization Viewer" para localizar imagens Landsat
Thematic Mapper de Charleston, SC.
Imageamento Multiespectral Usando Detectores Discretos e Espelhos de Varredura 205
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<u™
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Abertura com 20
protetor solar
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0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
Comprimento de Onda, |im
b.
tantes diferenças em relação às bandas encontradas no tra As bandas do Landsat TM foram selecionadas para maximizar
dicional MSS, também presente a bordo dos Landsats 4 e o uso dos fatores dominantes que controlam a reflectância das
5. O posicionamento e a largura das bandas do MSS' foram folhas, tais como pigmentação da folha, estrutura da folha e do
selecionados com base em sua utilidade para inventários de dossel, e conteúdo de umidade, conforme demonstrado na Fi
vegetação e estudos geológicos. De forma oposta, as bandas gura 7-15. A vegetação absorve a maior parte do fluxo radiante
do TM foram escolhidas após anos de análise quanto à sua incidente no azul, verde e vermelho para fins fotossintéticos;
importância na penetração na água, discriminação de tipos e consequentemente, áreas com vegetação aparecem escuras nas
vigor de vegetação, medidas de umidade de plantas e solos, imagens das bandas 1 (azul), 2 (verde) e 3 (vermelho), como
diferenciação de nuvens, neve e gelo, e identificação de alte visto nos dados Landsat TM de Charleston, SC (ver Figura
ração hidrotermal em certos tipos de rochas (Tabela 7-2). As 7-14). A vegetação reflete aproximadamente metade do fluxo
bandas mais refinadas e a melhor resolução espacial do Lan radiante incidente no infravermelho próximo, fazendo com
dsat TM, em comparação com as do MSS e de vários outros que a vegetação apareça clara na imagem da banda 4 (infra
sistemas sensores (Landsat 7 e SPOTs 1-5), são mostradas vermelho próximo). Ambas as bandas 5 e 7 fornecem mais
graficamente na Figura 7-13. Exemplos de imagens de ban detalhes em terrenos úmidos, porque elas são sensíveis às con
das individuais do Landsat Thematic Mapper de Charleston, dições de umidade dos solos e plantas (Tabela 7-2). A imagem
SC, obtidas em 1994, são apresentados na Figura 7-14. da banda 6 (termal) fornece informação de valor limitado.
206 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto
Tabela 7-2. Características das bandas espectrais do Landsat 6 em 5 de outubro de 1993, o Landsat 5 TM con
sensor Thematic Mapper do Landsat 4 e 5. tinuou a fornecer dados de alta qualidade. A aquisição de
Banda 1: 0,45 - 0,52 \xm (azul). Essa banda tem maior penetração dados foi suspensa por algum tempo em 26 de novembro
em corpos d água, assim como fornece suporte para análises de uso de 2005 devido a problemas no satélite (USGS Landsat 5,
da terra, solo e características da vegetação. O limite inferior do com 2006). Atualmente (Janeiro de 2009), ele ainda continua
primento de onda é abaixo do pico de transmitância da água clara. O em operação, ainda que com certas deficiências.
limite superior é o de absorção por clorofila no azul para a vegetação
verde saudável. Comprimentos de onda <0,45 pm são substancial
mente influenciados por espalhamento e absorção atmosférica. Enhanced Thematic Mapper Plus do Landsat 7
Batida 2: 0,52 - 0,60 p m (verde). Essa banda cobre a região
entre as bandas de absorção pela clorofila no azul e no vermelho e Em outubro de 1992, o Presidente Clinton, dos Estados Uni
responde à reflectância da vegetação sadia no verde. dos, assinou o Decreto da Política de Sensoriamento Remoto
Banda 3: 0,63 - 0,69 p m (vermelho). Essa é a banda vermelha de Terrestre (Lei Pública 102-555). A lei autorizou a construção
absorção por clorofila da vegetação verde sadia e é útil para discri do Landsat 7 e seu lançamento em um período de 5 anos após
minação da vegetação. É também útil para delinear os limites de o lançamento do Landsat 6. Em ações paralelas, o Congresso
classes de solos e tipos de rochas. Essa banda pode exibir mais con financiou o Landsat 7 e estipulou que dados de sistemas sa
traste do que as bandas 1 e 2 devido ao efeito reduzido da atenuação
télites de sensoriamento remoto como os do Landsat, finan
atmosférica. O limite superior de 0,69 pm é importante porque
compreende o início de uma região espectral de 0,68 a 0,75 pm ciados com recursos públicos, deveríam ser vendidos para as
em que a reflectância muda abruptamente (borda vermelha ou red agências de governo dos Estados Unidos e suas afiliadas ao
edge), o que pode reduzir a precisão das investigações da vegetação. custo de produção e atendimento do pedido do usuário.
Banda 4: 0,76 - 0,90 p m (infravermelho próximo). Pelas ra
zões discutidas anteriormente, o limite inferior dessa banda foi Com a aprovação da Lei Pública de 1992, o programa
posicionado acima de 0,75 pm (término da borda vermelha). Esta Landsat começou a retornar do setor comercial para o do
banda é muito sensível à quantidade de biomassa da vegetação e/
governo federal. A NASA foi responsável pelo projeto,
ou área foliar presente. É útil para identificação de culturas e para
realçar contrastes entre solo/cultura e terra/água.
desenvolvimento, lançamento e verificação em órbita do
Landsat 7 (Figura 7-16), assim como pela instalação e ope
B anda 5: 1,55 - 1,75 p m (infiavermelho médio - SW IR ). Essa
banda é sensível à turgidez ou quantidade de água nas plantas.
ração do sistema de solo. O Serviço Geológico americano,
Esta informação é útil em estudos de estresse de culturas e em conhecido como “U.S. Geological Survey (USGS)”, foi
investigações de vigor das plantas. Essa é uma das poucas bandas responsável pela aquisição, processamento e distribuição
que podem ser usadas para discriminar entre nuvens, neve e gelo. dos dados do Landsat 7, gerenciamento da missão e ma
Banda 6: 10,4 - 12,5 p m (infiavermelho termal). Essa banda nutenção do arquivo de dados do Landsat 7.
mede a quantidade de energia radiante infravermelha emitida das
superfícies. A temperatura aparente é uma função da emissivi- O Landsat 7 foi lançado em 15 de abril de 1999, da Base Aérea
dade e da temperatura verdadeira (cinética) da superfície. E útil
de Vandenburg, CA, numa órbita síncrona com o Sol (Figura
para focalizar atividade geotermal, mapeamento de inércia termal
para investigações geológicas, classificação e análise de estresse de 7-16). O Landsat 7 foi projetado para trabalhar em sintonia
vegetação, e para estudos de umidade de solos. Esta banda fre com os satélites EOS Terra e Aqua da NASA. Foi projetado
quentemente capta informação única sobre diferenças em aspecto para atingir três objetivos (NASA Landsat 7, 2006):
topográfico em áreas montanhosas.
Banda 7: 2,08 - 2 ,3 5 p m (infiavermelho médio - S W IR - • manter a continuidade de dados, fornecendo dados que
shortivave infia red, ou infravermelho de ondas curtas). Essa são consistentes com dados Landsat prévios em termos
é uma importante banda para a discriminação de formações
de geometria, resolução espacial, calibração, caracterís
geológicas de rochas. Ela tem sido efetiva para identificar zonas de
alteração hidrotermal em rochas. ticas de cobertura e características espectrais;
E importante destacar a impressionante longevidade do sis O Landsat 7 é uma plataforma estabilizada em três eixos
tema Landsat 5 Thematic Mapper, lançado em 1 de março portando um instrumento apontado para o nadir, o ETM +
de 1984. Mesmo após a falha de colocação em órbita do (Figura 7-16). O instrumento F.TM' é um subproduto dos
208 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto
Dispositivos de
controle térmico
Resfriador
radiativo
Abertura com
proteção solar
Protetor contra
radiação terrestre
Figura 7-12 Principais componentes do sistema sensor Thematic Mapper dos Landsats 4 e 5. O sensor é sensível às sete bandas do espectro
eletromagnético resumidas na Tabela 7-1. Seis das sete bandas têm uma resolução espacial de 30 x 30 m; a banda do infravermelho
termal tem uma resolução espacial de 120 x 120 m. O diagrama inferior exibe o sensor em sua posição operacional.
sensores Thematic Mapper dos Landsats 4 e 5. Portanto, às dos Landsat 4 e 5 e têm a mesma resolução espacial de
é possível consultar a Figura 7-12 para uma revisão de seu 30 x 30 m. A banda 6 do infravermelho termal tem uma
projeto de espelho e detectores. O ETM* tem como base resolução espacial de 60 x 60 m (ao invés de 120 x 120 m).
a tecnologia de varredura mecânica (Figura 7-3b), a des Talvez a mais notável mudança seja a nova banda pancro-
peito do fato de que a tecnologia “pushbroom” (varredura mática de 15 x 13 m (0,52-0,90 pm). As imagens Landsat
eletrônica) de arranjo linear já tivesse sido disponibilizada 7 ETM* de San Diego, CA, são mostradas na Figura 7-17.
comercialmente desde o lançamento do satélite francês Uma composição colorida ETM* de San Diego, CA, é
SPOT 1 em 1986. Apesar disso, o instrumento ETM* era apresentada na Prancha Colorida 7-2.
um excelente sensor com várias melhorias notáveis sobre
os seus precursores Landsats 4 e 5. O Landsat 7 está numa órbita de 705 km acima da Terra,
coleta dados em uma faixa de 185 km e não pode observar
As características do Landsat 7 ETM* podem ser vistas na fora do nadir. Seu intervalo de revisita é de 16 dias. Ele tem
Tabela 7-3. As bandas 1 a 5 e 7 do ETM* são idênticas um gravador de estado sólido de 378 gigabits que pode gra-
Imageamento Multiespectral Usando Detectores Discretos e Espelhos de Varredura 209
w
o
taJ
O
d
04
0,4 ,5 ,6 ,7 ,8 ,9 1,0 1,1 1,55 1,75 2,0 2,1 2,2 2,3 2,4 10 11 12
Comprimento de Onda, (lm
Figura 7-13 Resolução espacial e espectral do Landsat Multispectral Scanner (MSS) e do Thematic Mapper (TM) dos Landsat 4 e 5, do
Enhanced Thematic Mapper Plus (ETM*) do Landsat 7, do High Resolution Visible (HRV) dos SPOT 1,2 e 3, e do High Re-
solution Visible Infrared (HRVIR) dos SPOT 4 e 5. As características do sensor Vegetation dos SPOT 4 e 5 não são mostradas
(ele consiste de quatro bandas com 1 ,1 5 x 1 ,1 5 km de resolução espacial).
var 42 minutos de dados de imagem e 29 horas de dados de Flouve uma época em que aproximadamente 250 imagens
telemetria. O ETM + registra 150 megabits de dados a cada ETM + eram processadas diariamente pelo EROS Data
segundo. O Landsat 7 pode transmitir os dados diretamen Center. Infelizmente, o Scan Line Corrector (SLC) do
te para as estações receptoras no EROS Data Center em ETM* falhou em 31 de maio de 2003, resultando em ima
Sioux Falis, SD, ou para Fairbanks, AK. Os dados interna gens com significativa perda de dados. O SLC compensava
cionais do Landsat 7 podem ser adquiridos por transmissões os efeitos do movimento para frente do satélite. Os esfor
usando satélites TDRS (Track and Data Relay Satellite, ou ços para recuperar o SLC não foram bem sucedidos.
Satélites Auxiliares para Rastreio, Recepção e Transmissão
de Dados) ou por estações receptoras internacionais. A equipe do Landsat do USGS/NASA refinou técnicas de
compensação de ausência de dados que fazem a fusão de
O Landsat 7 ETM* tem excçlente calibração radiométrica, múltiplas aquisições do ETM*. Eles desenvolveram modifi
que é feita usando abertura parcial e total para calibração cações no esquema de aquisição do Landsat 7 para a obten
solar. A calibração em solo é executada adquirindo ima ção de duas ou mais cenas limpas e próximas no tempo para
gens de certos alvos terrestres de calibração. As caracterís facilitar essa estratégia de preenchimento ou substituição de
ticas biofísicas e atmosféricas destes alvos são bem docu dados. Esta fusão de imagens soluciona alguns problemas
mentadas em solo. de ausência de dados (USGS Landsat 7, 2006).
210 CAPITULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto
Continuidade dos Dados Landsat • O DOI (Department of Interior), por meio do USGS,
será responsável pelas operações da missão de continui
Um memorando do President's Office of Science and Te dade dos dados Landsat e pela aquisição, arquivamento,
chnology Policy (OSTP), dos Estados Unidos, assinado processamento e distribuição dos dados da superfície
em 23 de dezembro de 2005, resume o futuro do Landsat terrestre para o governo americano e outros usuários;
(OSTP, 2005). Os Departamentos de Comércio, Defesa,
Interior e a NASA tomarão as seguintes ações: • As agências procurarão implementar uma abordagem
para esta missão de forma que não torne impossível
• Prosseguir com o programa NPOESS sem incorporar uma solução de longo prazo para a continuidade de
um instrumento do tipo Landsat;• dados do tipo Landsat.
• A NASA irá executar uma missão dedicada de continuida Ainda permanece como objetivo do governo americano a
de de dados Landsat com um satélite para obter os dados transição do programa Landsat de uma série de missões pla
necessários da superfície terrestre e enviá-los para o U.S. nejadas independentemente para um programa operacional
Geological Survey (USGS) do Departamento do Interior; financiado e gerenciado por uma agência operacional do go-
Imageamento Multiespectral Usando Detectores Discretos e Espelhos de Varredura 211
Figura 7-15 Mudanças progressivas na percentagem de reflectância de uma folha de plátano em função de seu conteúdo de umidade. Os
fatores que controlam a reflectância das folhas e a localização das seis bandas do Landsat Thematic Mapper são indicados.
Figura 7-16 Satélite Landsat 7 com seu sistema sensor Enhanced Thematic Mapper Plus (ETM*) (cortesia de Lockheed Martin, Inc.).
verno americano ou por agências, consórcio internacional, posicionado em uma órbita síncrona com o Sol a 705 km
e/ou por parcerias comerciais. Concomitantemente com de altitude com uma inclinação de 98,7° de tal forma a
as ações acima citadas, o National Science and Technology voar em formação 1 minuto atrás do Landsat 7, com mes
Council, em coordenação com a NASA, DOI/USGS e outras ma trajetória no terreno. Essa separação próxima entre os
agências e escritórios EOP (Executive Office of the President, dois satélites possibilitou ao satélite EO-1 a observação das
dos Estados Unidos) quando apropriado, farão esforços para mesmas localizações no terreno (cena) através da mesma
desenvolver um plano de longo prazo para obter estabilidade região atmosférica. Consequentemente, comparações de
técnica, financeira e gerencial para o imageamento operacio cenas obtidas pelos dois satélites puderam ser feitas.
nal da superfície terrestre de acordo com os objetivos do U.S.
Integrated Earth Observation System (OSTP, 2005). As especificações do satélite EO-1 estão resumidas na Ta
bela 7-3. O sensor Advanced Land Imager (ALI) contém
Earth Observer (EO-1) uma matriz linear de 10 bandas, de 0,4 a 2,35 pm com
resolução espacial de 30 x 30 m. O sensor hiperespectral
A missão Earth Observer (EO-1) foi lançada em 21 de Hyperion registra dados em 220 bandas, de 0,4 a 2,4 pm
novembro de 2000 (NASA EO-1, 2006). O satélite foi com resolução espacial de 30 x 30 m. O sensor Linear Eta-
212 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto
d. Banda 4 (0,75 - 0,90 pm) e. Banda 5 (1,55 - 1,75 |imj f. Banda 6 do termal (10,4 - 12,5 pm)
O Goddard Space Flight Center da NASA selecionou o A NOAA opera duas séries de satélites de sensoriamento
Bali Aerospace para construir um satélite para o denomi remoto: os denominados Geostationary Operational En-
nado NPOESS Preparatory Project (NPP), o precursor da vironmental Satellites (GOES) e os Polar-orbiting Opera
missão NPOESS. O NPP foi concebido para funcionar tional Environmental Satellites (POES). Ambos se baseiam
como uma ponte entre o programa EOS da NASA e o atualmente em tecnologia de varredura multiespectral. O
NPOESS para o desenvolvimento dos seguintes sensores: U.S. National Weather Service usa os dados desses sensores
Imageamento Multiespectral Usando Detectores Discretos e Espelhos de Varredura 213
Tabela 7-3. Comparação do sensor Landsat Enhanced Thematic Mapper Plus (ETM+) com os instrumentos do satélite
Earth Observer (EO-1).
Landsat 7 Enhanced Thematic Mapper Plus (ETM+) EO-1 Advanced Land Imager (ALI)
Resolução Resolução
Resolução Espacial (m) Resolução Espacial (m)
Banda Espectral (pm) no Nadir Banda Espectral (pm) no Nadir
1 0,450-0,515 30x30 MS-1 0,433 -0,453 30 x30
2 0,525 - 0,605 30 x 30 MS-1 0,450 -0,510 3 0x30
3 0,630 - 0,690 30 x 30 MS-2 0,525 - 0,605 30 x 30
4 0,750 - 0,900 30x30 MS-3 0,630 - 0,690 30 x 30
5 1,55 - 1,75 30x30 MS-4 0,775 - 0,8605 30 x 30
6 10,40 - 12,50 60x60 MS-4’ 0,845 - 0,890 30 x 30
7 2,08 - 2,35 30x30 MS-5’ 1,20 - 1,30 3 0x30
8 (pancromática) 0,52 - 0,90 15 x 15 MS-5 1,55 - 1,75 30 x 30
MS-7 2,08 - 2,35 30 x 30
Pancromática 0,480 - 0,690 10x 10
Sensor hiperespectral EO-1 Hyperion com 220 bandas de 0,4 a
2,4 pm e 30 x 30 m de resolução espacial
para previsão de tempo. Frequentemente vemos as imagens lançado em abril de 1994. O GOES-9 foi lançado em
GOES mostrando os padrões de tempo das Américas do 23 de maio de 1995. O GOES-10 Oeste foi lançado em
Norte e do Sul nos noticiários diários. O Advanced Very 25 de abril de 1997 e tornou-se operacional em 7 de
High Resolution Radiometer (AVHRR) foi desenvolvido julho de 1998. O GOES-12 Leste foi lançado em 23 de
para fins meteorológicos. Entretanto, pesquisas de mudan julho de 2001 e tornou-se operacional em 1 de abril de
ças climáticas globais têm usado os dados do AVHRR para 2003 (NOAA GOES, 2006).
mapear a vegetação e as características da superfície do mar.
O sistema GOES consiste de vários subsistemas de ob-
Geostationary Operational Environmental Satellite servaçao:
(GOES)
• GOES Imager (fornece os dados de imagem multies-
O GOES é operado pelo National Environmental Sa pectral);
tellite Data and Inform ation Service (NESDIS) da
NOAA. A mais recente geração de satélites geoestacio- • GOES Sounder (fornece dados de sondagens a cada
nários da NOAA iniciou-se com o GOES-8, que foi hora em 19 canais);
214 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto
Tabela 7-4. Características do sistema sensor imageador NOAA Geostationary Operational Environmental Satellite
(GOES l-M) Imager.
Resolução Resolução
Bandas do GOES Espectral Espacial
8, 9, 10 e 12 (pm) (km) Utilidade da Banda
• um sistema de coleta de dados (data-collection System espacial são apresentadas na Tabela 7-4. Por meio de um
- DCS) que envia dados de locais in situ na superfície espelho giratório com dois eixos, em conjunto com um
da Terra para outras localidades. telescópio de 31,1 cm de diâmetro, os canais multiespec
trais do Imager podem simultaneamente varrer de norte
O satélite GOES é um projeto estabilizado em três eixos para o sul uma faixa de 8 km ao longo de uma trajetória
(.x,y,z) capaz de continuamente apontar a óptica de visada de leste para oeste ou de oeste para leste a uma taxa de
dos radiômetros de imageamento e sondagem na direção da 20" (óptica) por segundo. O telescópio concentra ambos
Terra. Os instrumentos GOES são posicionados em órbita os fluxos radiantes do visível e do termal, provenientes do
geoestacionária a aproximadamente 35790 km acima do terreno, sobre um espelho secundário de 5,3 cm (Figura
equador. Os satélites permanecem em um ponto estacionário 7-18b). Filtros dicróicos separam a radiância incidente e a
acima do equador e rotacionam na mesma velocidade e dire focalizam sobre 22 detectores (8 do visível e 14 do termal).
ção da Terra. Isto faz com que os sensores permaneçam sobre A energia do visível passa através do filtro e é focalizada
uma porção da Terra em uma órbita geossíncrona e, portanto, sobre 8 elementos detectores de silício. Cada um dos 8
mais frequentemente obtenham imagens de nuvens, monito detectores do visível tem um IFOV de aproximadamente
rem a temperatura da superfície da Terra e as características 1 x 1 km no ponto suborbital do satélite na Terra.
de vapor d’água e meçam a atmosfera da Terra em termos de
suas estruturas verticais termais e de vapor d água. A energia do infravermelho termal é redirecionada para os
detectores especializados no resfriador radiativo. A energia
O G O ES-12 Leste está normalmente situado a 75" de do infravermelho termal é posteriormente separada para os
longitude oeste e o GO ES-10 Oeste a 135° de longitude canais posicionados em 3,9 pm, 6,75 |tm, 10,7 pm e 12 pm.
oeste. A cobertura geográfica do GOES Leste e do GOES Cada um dos quatro canais do infravermelho tem um con
Oeste está ilustrada na Figura 7-18a. Esses satélites vêem a junto separado de detectores: quatro elementos detectores
maior parte da Terra, de aproximadamente 20° W a 165" de antimoneto de índio (InSb) para a banda 2; dois elemen
E de longitude. A cobertura na direção dos pólos é entre tos detectores de telureto de mercúrio e cádmio (Hg:Cd:Te)
aproximadamente 77° de latitudes norte e sul. Os satélites para a banda 3; e quatro elementos detectores de telureto de
GOES Leste e Oeste monitoram os 48 Estados america mercúrio e cádmio (Hg:Cd:Te) para as bandas 4 e 5.
nos, a América do Sul e as principais porções do centro e
leste do Oceano Pacífico e do centro e oeste do Oceano Os canais do GOES têm precisão radiométrica de 10 bits.
Atlântico. A cobertura no Pacífico inclui as ilhas do Havaí A utilidade primária da banda 1 do visível ( l x l km) é o
e o Golfo do Alasca, este último local conhecido pelos me monitoramento diurno de tempestades, sistemas frontais e
teorologistas como “o berço dos sistemas climáticos norte- ciclones tropicais. A banda 2 (4 x 4 km) é sensível tanto à
americanos” (NOAA GOES, 2006). radiação terrestre emitida, quanto à radiação refletida. E útil
para identificar nevoeiro, para discriminar entre nuvens de
GOES Imager: O Imager (imageador) é um varredor água e de gelo, discriminar neve de nuvens, e para detectar
multiespectral com cinco canais. As bandas e a resolução incêndios extensos ou muito intensos. A banda 2 pode ser
Imageamento Multiespectral Usando Detectores Discretos e Espelhos de Varredura 215
Espelho ;■
II Filtro despolarizador
10,7 mi Lentes colimadoras " da faixa do visível
?
Separador de
12 pm Lentes j S feixe dicróico
6,75 pm
b.
Figura 7-18 a) Cobertura geográfica do GOES Leste (75° W ) e do GOES Oeste (135° W ). b) o fluxo radiante do terreno é refletido por um
espelho de varredura (não mostrado) para espelhos primários e secundários. Um filtro dicróico separa a luz visível da energia
do infravermelho termal. Outros separadores de feixes subsequentes separam a energia do termal em bandas específicas (após
Loral Space Systems, 1996).
usada à noite para rastrear nuvens de nível inferior e monito GOES Sounder: O GOES Sounder (sonda) usa 1 canal
rar a circulação do vento próximo à superfície. A banda 3 (8 do visível e 18 canais de sondagem do infravermelho para
x 8 km) responde ao vapor d’água e às nuvens do nível médio registrar dados de norte para sul, com varreduras perpen
e superior. E útil para identificar as correntes aéreas, campos diculares de leste para oeste. Os instrumentos Sounder e
de vento do nível superior e tempestades. A energia registrada Imager fornecem um imageamento completo da Terra,
pela banda 4 (4 x 4 km) não é absorvida significantemente ou um imageamento setorial, ou varreduras de áreas de
pelos gases atmosféricos. É ideal para medir a altura de topo regiões locais. As 19 bandas fornecem os produtos essen
das nuvens, identificar as feições do topo das nuvens, avalian ciais de sondagem de perfis verticais de temperatura at
do a intensidade de algumas tempestades e rastreando nuvens mosférica, perfis verticais de umidade, temperatura média
e sistemas frontais à noite. A banda 5 do termal (4 x 4 km) é da camada atmosférica, umidade média da camada, água
similar à banda 4, exceto pelo fato de que essa região espectral total precipitável e o índice de ascensão (uma medida de
tem uma sensibilidade única ao vapor d água de nível infe estabilidade). Esses produtos são usados para incrementar
rior. As imagens GOES-8 Leste do visível e do infravermelho os dados do Imager para fornecer informação sobre os per
termal e as imagens vapor d’água do furacão Bonnie de 25 de fis de temperatura e umidade atmosférica, temperaturas de
agosto de 1998 são apresentadas nas Figuras 7-19a-e. superfície e de topo das nuvens e a distribuição do ozônio
atmosférico (Loral Space Systems, 1996).
O Imager varre os Estados Unidos continental a cada 15
minutos; cobre a maior parte do hemisfério, das proximida Advanced Very High Resolution Radiometer
des do Pólo Norte até aproximadamente 20° S de latitude (AVHRR)
a cada 30 minutos; e varre todo o hemisfério a cada 3 horas
em modo programado de “rotina”. Opcionalmente, progra O órgão denominado “Satellite Services Branch of the Na
mações especiais de imageamento estão disponíveis, o que tional Climatic Data Center”, sob os auspícios do NES-
possibilita aquisição de dados em intervalos mais rápidos de DIS, estabeleceu um arquivo digital de dados coletados
tempo sobre áreas geográficas reduzidas. Durante as ope pelos Polar-orbiting Operational Environmental Satellites
rações denominadas de “Rapid Scan Operations (RSO)” (POES) da NOAA (Kidwell, 1998). Esta série de satélites
e “Super Rapid Scan Operations (SRSO)”, as imagens são começou com o satélite TIROS-N (lançado em outubro
adquiridas sobre setores de áreas cada vez mais reduzidos em de 1978) e continuou com o NOAA-A (lançado em mar
intervalos de 7,5 minutos (RSO) e 1 minuto ou 30 segun ço de 1983 e rebatizado de NOAA-8). O NOAA-18 foi
dos (SRSO). Uma imagem típica adquirida em intervalos de lançado em 20 de maio de 2005. Esses satélites de órbita
30 segundos cobre um retângulo de cerca de 10° de latitude polar síncrona com o Sol transportam o Advanced Very
e 15° de longitude. O SRSO, com 1 minuto de intervalo, High Resolution Radiometer (AVHRR) (Tabela 7-5). Um
adquire 22 imagens por hora com 2 segmentos de 1 minuto, substancial progresso tem sido obtido com o uso dos dados
possibilitando varreduras operacionais regularmente progra do AVHRR para a caracterização de classes de cobertura
madas em intervalos de 15 minutos. da terra e para o mapeamento diurno e noturno de nu-
216 CAPITULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto
f. Satélite GOES-8.
Figura 7-19 a-e) Exemplos de imagens GOES-8 Leste obtidas em 25 de agosto de 1998. f) O satélite GOES-8 (cortesia da NOAA).
vens, neve, gelo e temperatura de superfície. Ao contrário possível o monitoramento de mudanças na cobertura do
dos sistemas sensores Landsat TM e Landsat 7 ETM +, com terreno em curtos períodos de tempo, como a estação de
ciclos de revisita ao nadir de 16 dias, os sensores AVHRR crescimento. Além disso, a resolução moderada (1,1 x 1,1
adquirem imagens de toda a Terra duas vezes por dia km) dos dados do AVHRR torna possível a coleta, arma
(NOAA AVHRR, 2006). Essa alta frequência de cobertura zenamento e processamento de conjuntos de dados con
aumenta a probabilidade que observações livres de nuvens tinentais ou globais. Por essas razões, a NASA e a NOAA
possam ser feitas em janelas temporais específicas e torna iniciaram o programa denominado “AVHRR Pathfinder
Imageamento Multiespectral Usando Detectores Discretos e Espelhos de Varredura 217
Tabela 7-5. C aracterísticas do sistem a sensor N O A A A dvanced Very High R esolution R adiom eter (AVHRR).
Resolução Resolução
Resolução Espectral Espectral do
Espectral do NOAA-7, AVHRR/3 do
do NOAA-6, 9, 11, 12, 13 NOAA-15
Banda 8 e 10 (pm)a e 14 (pm)a ao 18 (pm) Utilidade da Banda
a O TIROS-N foi lançado em 13 de outubro de 1978; o NOAA-6 em 27 de junho de 1979; o NOAA-7 em 23 de junho de
1981; o NOAA-8 em 28 de março de 1983; o NOAA-9 em 12 de dezembro de 1984; o NOAA-IO em 17 de setembro de
1986; o NOAA-11 em 24 de setembro de 1988; o NOAA-12 em 14 de maio de 1991; o NOAA-13 em 9 de agosto de 1993;
o NOAA-14 em 30 de dezembro de 1994; o NOAA (K)-15 em 13 de maio de 1998; o NOAA (L)-16 em 21 de setembro de
2000; o NOAA (M)-17 em 24 de junho de 2002; o NOAA (N)-18 em 20 de maio de 2005.
Program” para criar um banco de dados de sensoriamento o tempo causa uma mudança sistemática nas condições de
remoto de longo prazo que ficasse universalmente disponí iluminação e no horário local de observação, o que é uma
vel para estudar mudanças climáticas globais. fonte de não-uniformidade na análise de dados multitem-
porais do AVHRR.
Os satélites NOAA com os AVHRR operam em órbita
de aproximadamente 833 km acima da Terra, com uma O AVHRR é um sistema de varredura perpendicular à traje
inclinação de 98,9° e registram dados continuamente em tória. A taxa de varredura do AVHRR é de 360 escaneamen-
uma faixa de imageamento de 2700 km com 1,1 x 1,1 km tos por minuto. Um total de 2048 amostras (pixels) é obtido
de resolução espacial no nadir. Normalmente, dois satéli por canal por varredura da Terra, que alcança um ângulo de
tes da série NOAA estão operacionais em um dado tem ±55,4° do nadir. O IFOV de cada banda é aproximadamen
po (um ímpar, outro par). O satélite com número ímpar te 1,4 milirradianos, o que produz uma resolução espacial
tipicamente cruza o equador às 14:30 horas e 2:30 horas, de 1,1 x 1,1 km (Figura 7-21 a). Os sistemas AVHRR mais
enquanto que o de número par cruza o equador às 19:30 recentes têm cinco canais (Tabela 7-5; Figura 7-2lb).
horas e 7:30 horas, hora local. Cada satélite circula a Terra
14,1 vezes por dia (a cada 102 minutos) e faz uma cobertu Dados AVHRR obtidos com resolução completa de 1,1
ra global completa a cada 24 horas. A trajetória orbital do x 1,1 km compreendem a denominada “local area covera-
satélite NOAA-17 em 17 de outubro de 2003 é mostrada ge (LAC)”. Os dados podem ser reamostrados para 4 x 4
na Figura 7-20. Pelo fato de o número de órbitas por dia km, compreendendo a denominada “global area coverage
não ser um número inteiro, as trajetórias suborbitais não (GAC) Os dados GAC contêm apenas uma das três linhas
se repetem diariamente, embora o horário local de passa originais AVHRR. O volume de dados e a resolução são
gem do satélite permaneça exatamente o mesmo para qual posteriormente reduzidos iniciando com a terceira amos
quer latitude. Entretanto, a deriva orbital do satélite com tra ao longo da linha de varredura, calculando a média das
218 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto
Figura 7-20 Passagens do satélite NOAA-17 em 17 de outubro de 2003. O AVHRR está a bordo do NOAA-17 (cortesia da NOAA).
próximas quatro amostras e descartando a seguinte. A se zed Difference Vegetation Index (NDVI)” a partir dos da
quência de “média de quatro” e “um descarte” continua até dos AVHRR, usando as bandas do visível (AVHRR,) e do
o final da linha. Alguns estudos usam os dados GAC, en infravermelho próximo (AVI IRR,). O objetivo é mapear a
quanto outros usam os dados LAC de resolução completa. condição da vegetação em nível regional e nacional. O ín
dice é uma transformação simples que se baseia na seguinte
O AVHRR fornece informação regional sobre a condição razão:
de vegetação e a temperatura da superfície do mar. Por p . - p . AVHRR, - AVHRR,
exemplo, uma porção de uma imagem AVHRR da costa NDVI = r mr 1 red _ _____________2___________________1_ (7-1)
p + p “ AVHRR, + AVHRR,
da Carolina do Sul obtida em 13 de maio de 1993, às 15 r mr ' red 2 1
Comprimento de Onda, nm
3,3 3,4 3,5 3,6 3,7 3,8 3,9 4,0 9,5 10 10,5 11 11,5 12
Comprimento de Onda, pm
Bandas do
AVHRR
Figura 7-21 a) Relações entre a Terra, o Sol e o Satélite NOAA. O subponto do satélite fica no nadir. b) Função de resposta das bandas 1 a
5 do NOAA-14 AVHRR.
exemplo, o U.S. Geological Survey organizou um banco ORBIMAGE, Inc., e NASA Sea-viewing Wide
de dados denominado “Global Land Cover Characteriza- Field-of-view Sensor (SeaWiFS)
tion”, que se baseia em classificação não-supervisionada
de composições de 10 dias de dados NDVI obtidos do
AVHRR (1 km). A fonte de dados compreende as ima Os oceanos cobrem mais de dois terços da superfície da Terra
gens AVHRR adquiridas no período de abril de 1992 e têm um importante papel no sistema climático global. O
a março de 1993. Fontes complementares incluem da SeaWiFS é um sistema avançado de varredura projetado espe
dos digitais de elevação, interpretação de ecorregiões e cificamente para monitorar oceanos. O satélite SeaStar (Orb-
mapas de vegetação e de uso da terra de escala local ou View-2), desenvolvido pela ORBIMAGE, Inc., em conjunto
regional (USGS Global Land Cover, 2006). Os produ com a NASA, portava o SeaWiFS, que foi colocado em órbita
tos “NOAA Global Vegetation Index” que se baseiam nos em 1 de agosto de 1997 usando um foguete Pegasus (NASA/
dados AVHRR são resumidos no NOAA GVI (2006): pri Orbimage SeaWiFS, 2006). O foguete Pegasus foi transporta
meira geração (maio de 1982 a abril de 1985); segunda do por um Lockheed L-1011 e liberado a uma altitude de cer
geração (abril de 1985 até a presente data) e terceira gera ca de 39.000 pés (cerca de 13 quilômetros), posição em que
ção de novos produtos (abril de 1985 até a presente data). houve ignição do foguete e o posicionamento subsequente em
Uma composição colorida AVHRR dos Estados Unidos é órbita do satélite. A órbita final foi 705 km acima da Terra. O
mostrada na Prancha Colorida 7-4a. O NDVI médio para horário de passagem no equador é às 12 horas.
a maior parte do Canadá e dos Estados Unidos, calculado
a partir dos dados AVHRR de 1981 a 2000, é exibido na O SeaWiFS foi construído a partir do que se aprendeu
Prancha Colorida 7-4b. sobre sensoriamento remoto dos oceanos usando o Co-
220 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto
e. AVHRR Banda 5
Figura 7-22 Porção de uma imagem NOAA-11 AVHRR da costa da Carolina do Sul obtida em 13 de maio de 1993, às 15 horas (veja a
Tabela 7-5 para as especificações das bandas). A vegetação aparece escura na banda 1 devido à absorção da luz vermelha pela
clorofila. A vegetação aparece clara na banda 2 porque ela reflete a maior parte do fluxo radiante incidente no infravermelho
próximo. A água absorve a maior parte da energia incidente; portanto, a interface terra-água é geralmente distinta. As três ban
das termais (3, 4 e 5) fornecem informação sobre a temperatura da superfície. A escala de cinza é invertida, com nuvens altas
e frias em preto e com terra e água aquecida em tons claros. Um extenso lóbulo de água mais quente da Corrente do Golfo é
facilmente identificado (as imagens são cortesias da NOAA).
ultravioleta até o infravermelho próximo (0,42-1,05 jim), Os princípios básicos de operação e os componentes do
um detector de alvos quentes no infravermelho termal Airborne Multispectral Scanner (AMS) são mostrados na
(3,0-5,5 pm, usado em monitoramento de queimadas, por Figura 7-23. O fluxo radiante refletido ou emitido do
exemplo), e um detector padrão do infravermelho termal terreno é coletado por um sistema óptico de varredura
(8,5-12,5 pm). A Tabela 7-7 resume as características do e projetado sobre uma grade dicróica. A grade separa
sistema sensor AMS. o fluxo radiante refletido do fluxo radiante emitido. A
222 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto
A
Fluxo radiante da
superfície da Terra Monitor, bateria,
digitalizador e
gravador de dados
Figura 7-23 Características do sensor Escaneador Multispectral Aerotransportado (AMS - Airborne Multispectral Scanner) da Daedalus e da ele
trônica associada a bordo de uma aeronave durante a obtenção dos dados. O diâmetro da área circular do terreno vista pelo sensor, D,
é uma função do campo de visada instantâneo do imageador, p, e da altitude da aeronave acima do nível do terreno, H, no momento
de obtenção dos dados. O fluxo radiante da superfície da Terra é transmitido de um sistema óptico para uma grade dicróica, que envia
os vários comprimentos de onda de luz para os detectores, que são continuamente monitorados pela eletrônica do sistema sensor.
Tabela 7-7. Características do sistema Daedalus Airborne Multispectral Scanner (AMS) e do NASAAirborne Terrestrial Ap
plications Sensor (ATLAS).
NASAAirborne Terrestrial Applications Sen-
Airborne Multispectral Scanner (AMS) sor (ATLAS)
Resolução Resolução
Espectral Resolução Espectral Resolução
Banda (pm) Espacial (m) Banda (pm) Espacial (m)
1 0,42 - 0,45 Variável, 1 0,45-0,52 2,5 a 25 m,
2 0,45 - 0,52 dependendo da 2 0,52-0,60 dependendo da
altitude de voo altitude de voo
3 0,52 - 0,60 3 0,60 - 0,63
4 0,60 - 0,63 4 0,63 - 0,69
5 0,63 - 0,69 5 0,69 - 0,76
6 0,69 - 0,75 6 0,76 - 0,90
7 0,76 - 0,90 7 1,55 - 1,75
8 0,91 - 1,05 8 2,08 - 2,35
9 3,00-5,50 9 removida
ÍO
Oá
0°
Oi
O
10 10 8,20 - 8,60
11 8,60 - 9,00
12 9,00 - 9,40
13 9,60- 10,20
14 10,20 - 11,20
15 11,20- 12,20
IFOV 2,5 mrad 2,0 mrad
Quantizaçao 8 - 1 2 bits 8 bits
Altitude variável variável
Faixa de
714 pixels 800 pixels
Imageamento
pixel e a extensão geográfica da área de levantamento de dados por sensores remotos de satélites. Por exemplo,
são considerados, os objetivos são ponderados, e um a “NASA Ames Airborne Sensor Facility ar Moffet Field,
compromisso é obtido. CA” (órgão da NASA que centraliza as aquisições de da
dos por aeronave) continua a operar os seguintes sistemas:
• Mesmo linhas de voo simples de dados MSS aerotrans- Thematic Mapper Simulator, MODIS Airborne Simula-
portados são difíceis de retificar em relação a mapas pa tor, Airborne Ocean Color Simulator e o Multispectral
dronizados em função do rolamento (“roll”), arfagem Atmospheric Mapping Sensor (NASA Airborne, 2006).
(“pitch”) e guinada (“yaw”) da aeronave durante a aqui Uma imagem da banda 10 do infravermelho próximo do
sição de dados. Cortes dos dados nas bordas da linha de Daedalus DS-1260 de uma área do delta do córrego Four
voo indicam rolagem da aeronave. Estes dados reque Mile, na usina da Westinghouse no Rio Savannah na
rem recursos humanos e computacionais significativos Carolina do Sul, é mostrada na Prancha Colorida 7-5a.
para torná-los planimetricamente precisos. Várias agên Uma composição colorida das bandas 10, 6 e 4 (infra
cias usam unidades de GPS na aeronave para obterem vermelho próximo, vermelho e verde) é apresentada na
coordenadas precisas das linhas de voo, que são úteis Prancha Colorida 7-5b. A imagem da banda 10 do in
durante a retificação de dados MSS de aeronave. fravermelho próximo da mesma região, obtida em 23 de
abril de 1992, é apresentada na Prancha Colorida 7-5c.
Em muitas ocasiões os sistemas de varredura multiespectral A Prancha Colorida 7-5d é uma composição colorida das
da Daedalus foram modificados para simular a aquisição bandas 10, 6 e 4. Não se permitiu a entrada do efluen-
224 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto
O escaneador multiespectral ATLAS da NASA é operado O primeiro satélite SPOT foi lançado em 21 de fevereiro
pelo Stennis Space Center, MS. O ATLAS tem 14 canais de 1986 (Figura 7-25). Ele foi desenvolvido pelo Centro
com uma faixa espectral de 0,45 a 12,2 pm. Existem seis Francês de Estudos Espaciais - “Centre National d'Etudes
bandas no visível e infravermelho próximo, duas no infra Spatiales (CNES)” em cooperação com a Bélgica e a Suécia.
vermelho médio (idênticas às bandas 5 e 7 do Thematic Seus sensores tinham uma resolução espacial de 10 x 10
Mapper) e outras seis no infravermelho termal. As bandas m (modo pancromático) e de 20 x 20 m (modo multies
estão resumidas na Tabela 7-7. O sensor tem um campo pectral), e forneceu várias outras inovações em termos de
de visada total de 72° e um IFOV de 2,0 mrad. O ATLAS projeto de sistemas de sensores remotos (Tabela 7-9). Os
voa em um Learjet 23, de 6000 a 41000 pés acima do satélites SPOT 2 e 3, com cargas úteis idênticas, foram lan
solo, fornecendo pixels com uma resolução no terreno de çados em 22 de janeiro de 1990 e 25 de setembro de 1993,
aproximadamente 2,5 x 2,5 m a 25 x 25 m, dependendo respectivamente. O SPOT 4 foi lançado em 24 de março
das especificações do usuário. Existem normalmente 800 de 1998, com a adição do sensor Vegetation ( l x l km) e
pixels por linha e mais três pixels da fonte de calibração. uma banda no infravermelho de ondas curtas. O SPOT 5
Os dados são quantizados em 8 bits. foi lançado em 3 de maio de 2002 com bandas no visível,
infravermelho próximo e infravermelho de ondas curtas
A calibração dos dados do termal é feita usando dois corpos (shortwave infrared - SWIR) com 10 x 10 m de resolução
negros internos. A calibração do visível e do infravermelho espacial e uma banda pancromática com 2,5 x 2,5 m.
próximo é complementada no terreno entre as missões usan
do uma esfera integradora. Um GPS a bordo documenta a Desde 1986, os satélites de observação da Terra SPOT têm
localização no espaço de cada linha de dados coletada. sido fontes consistentes de informação de alta resolução dos
recursos terrestres. Enquanto muitos países têm visto seus
O sensor ATLAS é ideal para obter dados de alta resolução sistemas de monitoramento de recursos terrestres ir e vir, de
espacial no visível, infravermelho próximo, infravermelho pendendo principalmente da política, pode-se sempre contar
médio e infravermelho termal, que são importantes para com a SPOT Image, Inc. para fornecer imagens de qualida
muitas aplicações comerciais de sensoriamento remoto. O de. Infelizmente, a imagem tem sido relativamente cara, nor
Learjet é uma plataforma suborbital ideal em função de malmente mais de 2000 dólares por cena pancromática ou
sua estabilidade em voo e de sua habilidade para sobrevoar multiespectral, embora o preço tenha se reduzido em anos
a área de estudo rapidamente. E particularmente útil para recentes. O custo pode exceder 4000 dólares se ambas as
obter dados imediatamente após desastres, como os dos fu imagens pancromáticas e multiespectrais forem necessárias.
racões Hugo e Andrew. Um exemplo de dados ATLAS da
banda 6 (infravermelho próximo), obtidos com 2,5 x 2,5 SPOT 1, 2 e 3
m de resolução espacial em 1998 sobre uma área adjacente
a Sullivans Island, SC, é apresentado na Figura 7-24. Esses satélites são todos idênticos e consistem de duas par
tes: 1) a plataforma SPOT, que é uma plataforma padrão
Imageamento Multiespectral Usando Arranjos Lineares 225
Figura 7-24 Imagem da banda 6 (0,76-0,90 pm) do infravermelho próximo do sensor Airborne Terrestrial Applications Sensor (ATLAS), adqui
rida próxima a Sullivans Island, SC. Os dados, com 2,5 x 2,5 m de resolução espacial, foram obtidos em 15 de outubro de 1998.
1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
D atas de Lançamento
SPOT 1 -2 1 /0 2 /1 9 8 6
SPOT 2 -2 2 /0 1 /1 9 9 0
SPO T 3 -2 5 /0 9 /1 9 9 3
SPO T 4 -2 4 /0 3 /1 9 9 8
SPOT 5 - 03/05/2002 I 4
Figura 7-25 História cronológica do lançamento dos satélites SPOT (SPOT, 2006).
multimissão, e 2) os instrumentos (Figura 7-26b), com em branco e preto). O segundo é um modo multiespectral
preendendo dois sensores idênticos HRV e um pacote (cor) compreendendo a observação em três bandas relativa
com dois gravadores de dados e um transmissor de tele- mente estreitas (Tabela 7-9). Portanto, a resolução espectral
metria. Os satélites operam em uma órbita síncrona com dos SPOT 1 a 3 não é tão boa quando aquela do Landsat
o Sol, quase-polar (inclinação de 98,7°) em uma altitude Thematic Mapper. A resolução no terreno, no entanto, é 10 x
de 822 km. Os satélites passam no mesmo horário solar; 10 m para a banda pancromática e 20 x 20 m para as bandas
o horário local varia com a latitude. multiespectrais, quando os instrumentos operam no nadir.
A energia refletida do terreno incide sobre o HRV via es
Os sensores HRV operam em dois modos nas porções do pelho plano e é então projetada sobre dois arranjos de
visível e do infravermelho refletido do espectro. O primei CCD . Cada arranjo de CCD consiste de 6000 detectores
ro é um modo pancromático correspondendo à observação organizados linearmente. Uma imagem feita por micros
numa banda espectral ampla (similar a uma típica fotografia cópio eletrônico de alguns dos detectores individuais do
226 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto
Tabela 7-9. C aracterísticas dos sistem as sensores High Resolution Visible (HRV - ou Alta R esolução no Visível) dos
SPOT 1, 2 e 3 e High Resolution Visible and Infrared (HRVIR - ou Alta Resolução no Visível e Infraver
melho) e V e g e ta tio n dos SPOT 4 e 5.
SWIR (4) 1,58 x 1,75 2 0x20 SWIR 1,58 x 1,75 20x20 SWIR 1,58 x 1,75 1,15 x 1,15
“pushbroom” de arranjo
Sensor “pushbroom” de arranjo linear “pushbroom” de arranjo linear
linear
Faixa 60 km í 50,5° 60 km ± 27° 2250 km ±50,5°
Taxa 25 Mb/s 50 Mb/s 50 Mb/s
Revisita 26 dias 26 dias 1 dia
822 km, Síncrona com o Sol,
822 km, Síncrona com o Sol, 822 km, Síncrona com o Sol,
Órbita ^nclÍnaçã° = 98’7°’ Inclinação = 98,7°, Inclinação = 98,7°,
Cruzamento
Cruzamento equatorial = 10:30 horas Cruzamento equatorial = 10:30 horas
equatorial = 10:30 horas
arranjo linear é mostrada na Figura 7-27a,b. Esse sensor da estação terrestre. Nessa configuração, é possível observar
“pushbroom” de arranjo linear imageia uma linha comple qualquer região de interesse dentro de uma faixa de 950 km
ta da cena terrestre na direção perpendicular à trajetória, centrada na trajetória do satélite no terreno (isto é, a região
à medida que o sistema sensor avança em sua trajetória observada pode não estar centrada na trajetória no terreno)
(ver Figura 7-26c). Essa capacidade rompe a tradição dos (Figura 7-28a). A largura da faixa de imageamento realmente
sensores Landsat MSS, TM e Landsat 7 ETM +, porque observada varia de 60 km (visada no nadir) a 80 km (visadas
nenhum dispositivo de varredura mecânica é utilizado. extremas fora do nadir) para cada instrumento HRV.
Um sensor de arranjo linear é superior, porque não existe
espelho que deva escanear de lado a lado para adquirir os Se os instrumentos HRV fossem capazes de operar apenas
dados (a velocidade do espelho de varredura é um pro ao nadir, a frequência de revisita para uma dada região
blema sério). Isso permite que os detectores literalmente do mundo seria de 26 dias. Este intervalo geralmente é
“enxerguem” a superfície por um tempo mais longo de inaceitável para a observação de fenômenos envolvendo
observação, obtendo um registro mais preciso do fluxo escalas de tempo variando de poucos dias a poucas sema
radiante espectral que deixa o terreno. Os satélites SPOT nas, especialmente quando a cobertura de nuvens atrapa
foram os pioneiros na tecnologia “pushbroom” de arranjo lha a aquisição de dados úteis. Durante o período de 26
linear em atividades comerciais de sensoriamento remoto dias, que separa duas passagens sucessivas do SPOT sobre
de recursos terrestres ainda nos idos de 1986. um dado ponto da Terra e levando em conta a capacidade
de controlar os instrumentos, o ponto em questão pode
Quando observam diretamente o terreno abaixo do sistema ser observado em sete diferentes passagens se localizado
sensor, os dois instrumentos HRV podem ser apontados para próximo ao equador e em 11 ocasiões se posicionado em
cobrir campos adjacentes, cada um com 60 km de largura uma latitude de 45° (Figura 7-28b). Uma dada região
de imageamento (Figura 7-26c). Nessa configuração, a faixa pode ser revisitada em datas separadas alternativamente
total imageada é de 117 km e os dois campos se sobrepõem em 1 a 4 (ou ocasionalmente 5) dias.
em 3 km. E também possível apontar seletivamente o espe
lho para ângulos de visada fora do nadir usando comandos Os sensores do SPOT podem também adquirir pares
estereocópicos de imagens para uma área geográfica (Fi-
Imageamento Multiespectral Usando Arranjos Lineares 227
HRV 1 (SPOT
1-3) ou HRVIR
1 (SPOT 4 e 5)
HRV 2 (SPOT
1-3) ou HRVIR -*■
2 (SPOT 4 e 5)
Figura 7-26 Os satélites SPOT são compostos por uma plataforma, que é uma plataforma multimissão, e pela carga útil que é o sistema
sensor propriamente dito. Dois sensores idênticos High Resolution Visible (HRV) foram colocados nos SPOT 1, 2 e 3 e dois
sensores High Resolution Visible Infrared (HRVIR) nos SPOT 4 e 5. A energia radiante do terreno é captada no HRV ou H R
VIR por um espelho plano e é então projetada sobre dois arranjos de CCD . Cada arranjo de C CD consiste de 6000 detectores
dispostos linearmente. Isto resulta em uma resolução espacial de 10 x 10 m ou de 20 x 20 m, dependendo do modo que o
sensor esteja sendo usado. A largura da faixa de imageamento no nadir é 60 km para cada sensor. Os sensores HRV e HRVIR
podem ser apontados fora do nadir para adquirir dados. Os SPOT 4 e 5 transportam o sensor Vegetation com 1,15 x 1,15 km
de resolução espacial e 2250 km de faixa de imageamento (adaptado de SPOT Image, Inc.).
gura 7-28c). Duas observações podem ser feitas em dias típica fotografia aérea. Por essa razão, os dados pancromáticos
sucessivos de tal forma que as duas imagens são adquiri do SPOT frequentemente são registrados com mapas topo
das em ângulos laterais ao percurso do satélite em cada gráficos e usados como ortofotomapas. Essas cartas-imagens
lado da vertical. Nesses casos, a razão entre a base da são úteis em banco de dados GIS, porque contêm informação
observação (distância entre as duas posições do satélite) planimétrica mais precisa (p.ex., novas estradas, subdivisões)
e a altura (altitude do satélite) é aproximadamente 0,75 do que mapas topográficos de 7,5 minutos desatualizados. A
no equador e 0,50 em uma latitude de 45°. Os dados do resolução espacial melhorada disponível é demonstrada na
SPO T com essas razões base/altura podem ser usados Figura 7-29, que apresenta uma imagem da banda 3 do TM
para mapeamento topográfico. Os dados pancromáticos e uma imagem pancromática SPOT de Charleston, SC (Ca-
10 x 10 m do SPOT são de tão alta fidelidade geométrica, rolina do Sul).
que muitas vezes eles podem ser fotointerpretados como uma
228 CAPITULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto
100 pm a 10 pm
Figura 7-27 a) Imagens de microscópio de varredura eletrônica da superfície de um arranjo linear de C C D usado nos sistemas sensores
HRV do SPOT. Aproximadamente 58 detectores C CD são visíveis, com linhas de registros de leitura em ambos os lados, b)
Sete detectores do arranjo linear de C CD são mostrados com maior ampliação (CNES 2004, Spot Image Corporation).
Os sensores do SPOT coletam dados sobre uma área re ca HRV (0,51-0,73 pm) pela banda 2 (0,61-0,68 pm)
lativamente pequena de 60 x 60 km (3600 km2), quando operando em modo de resolução de 10 e 20 m;
comparada com as áreas das imagens Landsat MSS eTM de
170 x 185 km (31450 km2) (Figura 7-30). São necessárias • as bandas pancromáticas do SPOT 5 (0,48-0,7 pm) po
8,74 imagens do SPOT para cobrir a mesma área vista pelo dem coletar imagens de 2,5 x 2,5 m. Uma composição
Landsat TM ou MSS. Isso pode ser um fator limitante para colorida de Los Angeles, CA, incorporando os dados
estudos regionais. Entretanto, o SPOT permite a compra de pancromáticos, é mostrada na Prancha Colorida 7-6.
imagens por km2 (p.ex., para uma bacia ou distrito escolar)
ou por km linear (p.ex., ao longo de uma estrada). Devido ao fato de os sensores HRV (SPOT 1 a 3) te
rem evoluído no sentido de serem sensíveis à energia do
SPOT 4 e 5 SWIR, nos SPOT 4 e 5 os sensores HRV são chamados
de HRVIR 1 e HRVIR2.
A SPOT Image, Inc. lançou o SPOT 4 em 24 de março de
1998 e o SPOT 5 em 3 de maio de 2002. Suas características O sensor Vegetation do SPOT 4 e 5 é um instrumento
estão resumidas na Tabela 7-9. O ângulo de visada do seu independente dos sensores HRVIR. E um radiômetro de
sensor pode ser ajustado para ±27° fora do nadir1*. Os SPOT varredura eletrônica multiespectral operando em compri
4 e 5 têm várias feições notáveis de significativo valor para o mentos de onda ópticos com objetivas separadas para cada
sensoriamento remoto de recursos terrestres, incluindo: uma das quatro bandas espectrais: (azul = 0,43-0,47 pm
usada primariamente para correção atmosférica; vermelho
• a adição de uma banda de infravermelho de ondas cur = 0,61-0,68 pm; infravermelho próximo = 0,78-0,89 pm;
tas (SWIR) (1,58-1,75 pm) de 20 x 20 m para aplica SWIR = 1,58-1,75 pm). Cada banda tem um C CD com
ções em vegetação e umidade de solo; arranjo linear de 1728 elementos, localizado no plano fo
cal das objetivas correspondentes. A resolução espectral das
• um sensor independente chamado Vegetation para es bandas individuais é resumida na Tabela 7-9. O sensor Ve
tudos de pequena escala em vegetação, mudanças glo getation tem uma resolução espacial de 1,15x1,15 km. As
bais e oceanografia; objetivas fornecem uma campo de visada de ±50,5°, que
se traduz em uma faixa de imageamento de 2250 km. O
• o SPOT 4 tem registro a bordo das bandas espectrais, sensor Vegetation tem várias características importantes:
obtido pela substituição da banda original pancromáti-
• a precisão de calibração radiométrica em múltiplas
1 ’ Também faz parte da carga útil do SPO T 5 um sensor denominado HRS - HRS (High
Resolution Stereo - ou Imageador Estéreo de Alta Resolução), pancromático, com largura datas é melhor que 3% e a calibração absoluta é me
de imageamento de 120 km, e resolução espacial de 10 m. Consiste basicamente de duas lhor que 5%. Essas características são superiores às do
ópticas: uma com visada avante e outra a ré. Dessa forma, duas imagens do mesmo local são
adquiridas sob dois ângulos diferentes, defasadas de um pequeno intervalo de tempo e na AVHRR, tornando-o mais útil para levantamentos de
mesma órbita, permitindo a geração de pares estéreos de forma altamente propícia. (N.T.) vegetação repetitivos globais e regionais;
Imageamento Multiespectral Usando Arranjos Lineares 229
^ _____A n
a. Banda 3 (30 x 30 m) do Landsat Thematic Mapper em 3 de b. Banda pancromática do SPOT HRV (10 x 10 m) de 10 de
fevereiro de 1994. janeiro de 1996.
Figura 7-29 Comparação entre o detalhe dos dados da banda 3 do Landsat TM (30 x 30 m) e o dos dados pancromáticos do SPO T (10 x
10 m) de Charleston, SC (Spot Image Corporation, Inc.).
• o tamanho do pixel é uniforme em toda a faixa de ima- A constelação dos satélites SPOT oferece uma capacidade
geamento, com precisão geométrica melhor que 0,3 ímpar de aquisição de imagens de quase qualquer ponto
pixels e registro inter-bandas melhor que 0,3 km por do globo diariamente.
causa da tecnologia “pushbroom”;
Sistemas de Sensoriamento Remoto da índia
• o horário de passagem no equador às 10:30 horas é
mais adequado para estudos de cobertura da terra do
que o horário do AVHRR às 14:30 horas;
A agência denominada “Indian National Remote Sen-
sing Agency (NRSA)” lançou vários satélites intitulados
• a banda no infravermelho de ondas curtas pode melho
Indian Remote Sensing (IRS): IRS-1A em 17 de mar
rar o mapeamento da vegetação;
ço de 1988, IRS-1B em 29 de agosto de 1991, IRS-1C
em 1995 e IRS-D em setembro de 1997 (Tabela 7-10).
• torna-se mais fácil relacionar os dados de 10 x 10 m ou Os IRS-P3 e IRS-P4 foram lançados em 21 de março de
de 20 x 20 m do HRV1R existentes na faixa de image- 1996 e 26 de maio de 1999, respectivamente. O IRS-P6
amento do Vegetation (2250 x 2250 km);• (RESOURCESAT-1) foi lançado em 17 de outubro de
2003. Os sensores a bordo dos satélites usam tecnologia
• imagens individuais podem ser obtidas ou os dados po de arranjo linear (NRSA, 2006).
dem ser resumidos em um período de 24 horas (chama
do de síntese diária). Os dados de síntese diária podem IRS-1A, -1B, -IC e -lD
ser compilados em uma síntese de «-dias. Os conjuntos
de dados NDVI podem ser computados com base em Os satélites IRS-1A e IRS-1B adquiriam dados com os
imagens de sínteses diárias ou de 10 dias. Um exemplo sensores denominados “Linear Imaging Self-scanning Sen-
de uma síntese de 10 dias de índice de vegetação, para sors” (LISS-I e LISS-II) com resoluções espaciais de 72,5 x
uma região centrada na Europa, Meio Leste e África, é 72,5 m e 36,25 x 36,25 m, respectivamente (Tabela 7-10).
mostrado na Prancha Colorida 7-7. Os dados eram coletados em quatro bandas espectrais, pra
ticamente idênticas às bandas do visível e do infravermelho
próximo do Landsat. A altitude dos satélites era de 904
Imageamento Multiespectral Usando Arranjos Lineares 231
Tabela 7-10. C aracterísticas dos satélites Indian Remote Sensing (IRS - Sensoriam ento Remoto Indiano) da National
Remote Sensing Agency (NRSA).
IRS-1A e 1B IRS-1C e 1D
Resolução Resolução
Bandas do Resolução Espacial (m) no Bandas do LISS- Resolução Espacial (m) no
LISS-I e LISS-II Espectral (pm) Nadir III, Pan e WiFS Espectral (pm) Nadir
1 n /o n Cl LISS-I @72,5 m 1
1 0,42- 0,52 TTCCTTffljrní
LISS-II @36,25 m
Faixa de LISS-I - 148 km; LISS-II - 146 km LISS-III = 141 km para as bandas 2, 3 e 4; banda 5 = 148
Imageamento km; Pan = 70 km; WiFS = 692 km
24 dias no equador para o LISS-III; 5 dias para a banda Pan com
Revisita 22 dias no equador
visada fora do nadir de ±26°; 5 dias no equador para o WiFS
904 km, síncrona com o Sol 817 km, síncrona com o Sol
Órbita Inclinação = 99,5° Inclinação = 98,69°
Cruzamento equatorial = 10:26 horas Cruzamento equatorial = 10:30 horas ± 5 minutos
IRS-1A em 17 de março de 1988; IRS-
Lançamento 1B em 29 de agosto de 1991 IRS-1C em 1995; IRS-1D em setembro de 1997
km com órbita síncrona com o Sol, cobertura repetitiva a com cobertura repetitiva de 24 dias no equador e um tem
cada 22 dias no equador (11 dias de cobertura repetitiva po de revisita de 5 dias com ângulo de visada fora do nadir
com dois satélites) e inclinação orbital de 99,5°. A faixa de de ±26°. Um exemplo dos dados pancromáticos (5,2 x 5,2
imageamento era de 146 x 148 km. m) do centro de San Diego, CA (reamostrados para 5 x 5
m) é apresentado na Figura 7-31.
Os satélites IRS-1C e IRS-1D transportam três sensores
(Tabela 7-10): o sensor multiespectral LISS-III, um sensor O instrumento Wide Field Sensor (WiFS) tem uma reso
pancromático e o instrumento Wide Field Sensor (WiFS). lução espacial de 188 x 188 m. O WiFS tem duas bandas
O LISS-III tem quatro bandas, com as bandas do verde, comparáveis às bandas do NOAA AVHRR (0,62 —0,68 pm
vermelho e infravermelho próximo com resolução espacial e 0,77 - 0,86 pm) com uma faixa de imageamento de 692
de 23,5 x 23,5 m e a banda do SWIR com resolução espa km. A cobertura repetitiva é de cinco dias no equador.
cial de 70,5 x 70,5 m. A faixa de imageamento é de 141 km
para as bandas 2, 3 e 4 e de 148 km para a banda do SWTR. IRS-P3 e IRS-P4
O ciclo de cobertura repetitiva é de 24 dias no equador.
O sensor pancromático tem uma resolução espacial de O IRS-P3 WiFS é similar ao IRS-1D WiFS, exceto pela
aproximadamente 5,2 x 5,2 m e capacidade de imagea inclusão de uma banda adicional na região do infraverme
mento estereoscópico, obtido por visadas laterais. A banda lho médio (1,55-1,70 pm). O IRS-P3 tem o instrumento
pancromática tem uma faixa de imageamento de 70 km Modular Opto-electronics Scanner (MOS), que coleta da-
232 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto
Área da
60 km imagem do
SPOT HRV
60 km
185 km
O satélite 1RS-P4 é voltado primariamente às aplicações O RESOURCESAT-1 opera em órbita polar síncrona com
oceanográficas baseadas em seu sensor Ocean Color Mo o Sol a 817 km de altitude (NRSA, 2006). Transporta três
nitor (OCM), que adquire dados em 8 bandas, de 402 a sistemas sensores: LISS-III, LISS-IV e AWiFS. O sensor
885 nm, com uma resolução espacial de 360 m x 236 m LISS-III é idêntico ao LISS-III do IRS-1C/1-D, exceto por
e com 12 bits de resolução radiométrica. A faixa de ima- algumas poucas mudanças. O LISS-IV tem exatamente as
geamento é de 1420 km. O IRS-P4 também transporta o mesmas bandas multiespectrais do LISS-III. Entretanto, os
sensor Multifrequency Scanning Microwave Radiometer dados multiespectrais são gravados com resolução espacial
(MSMR) (NRSA, 2006). de 5,8 x 5,8 m. O usuário pode selecionar uma das bandas
(p.ex., a banda do vermelho) e obter dados pancromáticos.
IRS-P5 (CARTOSAT-1) Em modo multiespectral, as imagens têm largura de 23
O CARTOSAT-1 foi projetado para fornecer imagens km, enquanto que em modo pancromático elas possuem
para aplicações cartográficas em larga escala. O satélite está 70 km. A resolução espacial da banda 5 (1,55-1,70 pm)
melhorou para 23,5 x 23,5 m. Os dados são registrados
numa órbita polar síncrona com o Sol (618 km), regis
usando arranjos lineares de 10.000 elementos com quanti
trando imagens de todo o globo em 1867 órbitas com um
ciclo repetitivo de 126 dias. O CARTOSAT-1 tem duas zação de 10 bits. O sensor LISS-IV pode ser apontado late
ralmente, o que possibilita um tempo de revisita de 5 dias.
câmeras pancromáticas (0,5-0,85 pm) com 2,5 x 2,5 m de
resolução espacial, que adquirem duas imagens simultane
amente, uma visando 26° à frente e outra para trás (-5°) em O sensor AWiFS é uma versão melhorada do sensor WiFS
modo estéreo. Cada câmera usa um arranjo linear contendo do IRS-1C/1D. O AWiFS opera em quatro bandas espec
12000 detectores (Krishnaswamy e Kalyanaraman, 2006). trais idênticas às do LISS-III, com uma resolução espacial
A faixa de imageamento é de 26 km. Todos os dados são de 56 x 56 m, cobrindo uma faixa de 740 km.
coletados com 10 bits de quantização.
Advanced Spaceborne Thermal Emission and
A plataforma pode ser manobrada para obter duas imagens Reflection Radiometer (ASTER)
pancromáticas, lado a lado, cobrindo 55 km. Os usuários
podem especificar dados corrigidos radiometricamente e
geometricamente, ou dados de precisão ortorretificados O ASTER é um esforço de cooperação entre a NASA e
(NRSA, 2006). o Ministério do Comércio Internacional e Indústria do
Imageamento Multiespectral Usando Arranjos Lineares 233
Tabela 7-11. C aracterísticas do sensor Advanced Spaceborne Therm al Emission and Reflection Radiom eter (ASTER)
da NASA.
Japão. O ASTER obtém informação detalhada sobre a o conjunto telescópico. Uma imagem da banda 3 (0,76-
temperatura de superfície, emissividade, reflectância e ele 0,86 pm) do infravermelho próximo (15 x 15 m) de Pearl
vação (NASA ASTER, 2006). É o único instrumento com Harbor, H l, obtida em 3 de junho de 2000, é mostrada
resolução espacial relativamente alta a bordo do satélite na Figura 7-32. Composições coloridas ASTER da ilha de
Terra (Tabela 7-11). É usado em conjunto com os sensores Oahu e Pearl Harbor, obtidas em 3 de junho de 2000,
MODIS, MISR e CERES, que monitoram a Terra com podem ser vistas na Prancha Colorida 7-8.
resoluções espaciais moderadas a grosseiras. O ASTER ser
ve como uma lente zoom para os outros instrumentos do O subsistema do SWIR opera em seis bandas espectrais na
satélite Terra e é importante para a detecção de mudanças região de 1,6 a 2,43 pm por meio de um único telescópio
e estudos de calibração/validação (King, 2003). apontado ao nadir, que fornece uma resolução espacial de
30 x 30 m. O apontamento lateral (±8,55“) para recobri-
O ASTER obtém dados em 14 canais posicionados des mento das faixas adjacentes à faixa do nadir pode ser efeti
de a região do visível até a do infravermelho termal do vado com um espelho de apontamento.
espectro eletromagnético. Consiste de três subsistemas de
instrumentos separados. As bandas individuais e as carac O subsistema do TIR opera em cinco bandas na região
terísticas dos subsistemas estão resumidas na Tabela 7-11. do infravermelho termal usando um único telescópio de
posição fixa e com visada ao nadir, com uma resolução
espacial de 90 x 90 m. Ao contrário dos outros subsistemas
O subsistema de detecção do VNIR opera em três bandas com tecnologia “pushbroom”, esse sistema é de varredura
espectrais nos comprimentos de onda do visível e do infra “whiskbroom” (ou mecânica) (Figura 7-3d). Cada banda
vermelho próximo com uma resolução espacial de 15 x 15 usa 10 detectores em um arranjo espacial com filtros ópti
m. Esse subsistema consiste de dois telescópios - um diri cos específicos para cada banda sobre cada elemento detec
gido ao nadir com detectores CCD em três bandas espec tor. O espelho de varredura funciona tanto para a varredu
trais e outro para trás com detector CCD em uma única ra, quanto para o apontamento lateral (±8,55°). Durante a
banda. O telescópio de retrovisada fornece uma segunda varredura, o espelho move-se a 90° do nadir para observar
visada da área de estudo na banda 3 para observações este um corpo negro interno. A Figura 7-33 mostra imagens
reoscópicas. O apontamento perpendicular à trajetória em noturnas de diferentes datas da banda 14 (10,95-11,65
um ângulo de 24° do nadir é possível pela rotação de todo pm) do infravermelho termal (90 x 90 m), ilustrando o
234 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto
Figura 7-32 Imagem da banda 3 do infravermelho próximo (0,76-0,86 pm, resolução de 15 x 15 m) do sensor ASTER/ Terra, obtida em
3 de junho de 2000 em Pearl Harbor, Hawaii (cortesia da NASA/GSFC/M1TI/ERSDAC/JAROS e do U.S./Japan ASTER
Science Team e Califórnia Institute ofTechnology).
fluxo de lava do Pu’u 0 ’o entrando no mar em Kamoku- Cada câmera MISR vê instantaneamente uma única linha
na, no lado sudeste da Ilha do Hawaii. de pixels em ângulos perpendiculares à trajetória do saté
lite projetada no terreno em um formato “pushbroom”.
Multiangle Imaging Spectroradiometer (MISR) Cada câmera registra dados em quatro bandas: azul, verde,
vermelho e infravermelho próximo. Os comprimentos de
onda de cada banda são indicados na Figura 7-34. Cada câ
O Multiangle Imaging Spectroradiometer (MISR - Es- mera tem quatro arranjos lineares de C CD independentes
pectrorradiômetro Imageador Multiângulo) foi construído (um por filtro) com 1054 pixels ativos por arranjo linear.
pelo Jet Propulsion Laboratory da NASA e é um dos cin
co instrumentos a bordo do satélite Terra. O instrumento A câmera de visada ao nadir (rotulada de “An” na Figura
MISR mede o brilho da Terra em quatro bandas espectrais 7-34) fornece um imageamento menos distorcido pelos
e em nove ângulos de visada ao longo da linha de voo, efeitos da topografia do que o visto nas demais câmeras
distribuídos nas direções de espalhamento frontal e retro- MISR. E também a câmera menos afetada pelo espalha
espalhamento. A amostragem espacial é feita a cada 275 m. mento atmosférico. A câmera do nadir fornece: 1) uma
Em um período de 7 minutos, uma faixa de imageamento referência útil para navegação dentro de todo o processo
de 360 km da Terra é registrada em todos os nove ângulos de imageamento MISR, e 2) uma imagem-base para fins
de visada (King, 2003; NASA MISR, 2006). de comparação com as demais imagens adquiridas em di
ferentes ângulos de visada. Essas comparações geram in
Uma ilustração dos nove ângulos de visada é apresen formação importante sobre a Função de Distribuição de
tada na Figura 7-34. Os sensores digitais “pushbroom ” Reflectância Bidirecional (BRDF) introduzida no Capítu
imageiam a Terra nos ângulos de 26,1°, 45,6°, 60° e lo 1. A câmera do nadir oferece uma oportunidade para
70,5° para frente e para trás da visada vertical (nadir, comparar observações com outros sensores de visada ao
0o). Observe que os ângulos são os mesmos em torno nadir como os Landsat TM e ETM +. A câmera de visada
do nadir, ou seja, as câmeras estão dispostas sim etri ao nadir também facilita a calibração dos dados.
camente em torno do nadir. Em geral, maiores ângu As câmeras com ângulo de visada de 26,1° para frente
los de visada são mais sensíveis aos efeitos de aerossóis e para trás (Af e Aa) fornecem informação estereoscópi
atmosféricos e aos efeitos de reflectância de nuvens, ca útil para medidas de elevação topográfica e altura de
enquanto ângulos menores são mais úteis para obser nuvens. As câmeras com ângulo de visada de 45,6° (Bf e
vação da superfície terrestre. Ba) foram planejadas para serem especialmente sensíveis às
Imageamento Multiespectral Usando Arranjos Lineares 235
Figura 7-33 Uma sequência de imagens noturnas da banda 14 (10,95-11,65 pm) do infravermelho termal (90 x 90 m) do sensor ASTER/
Terra, mostrando o fluxo de lava do Pu’u 0 ’o entrando no mar em Kamokuna, no lado sudeste da Ilha do Hawaii. As imagens
foram obtidas em a) 22 de maio de 2000, b) 30 de junho de 2000, e c) 1 de agosto de 2000. Quanto mais claro for o pixel,
maior é a temperatura da lava (cortesia da NASA/GSFC/MIT1/ERSDAC/JAROS e do U.S./Japan ASTER Science Team e
Califórnia Institute ofTechnology).
propriedades atmosféricas dos aerossóis. As câmeras com mapeamento e eventualmente em outras aplicações (Space
ângulos de visada de 60° avante e a ré (Cf e Ca) fornecem Imaging, 2006). A guerra, durante o início do século 21,
observações visando através da atmosfera com o dobro da tem criado uma demanda militar significativa para o ima
quantidade de ar da visada ao nadir (vertical). Isto fornece geamento comercial de alta resolução espacial.
informação ímpar sobre o albedo hemisférico da superfí
cie terrestre. As câmeras com ângulos de visada de 70,5° Todas as empresas oferecem um serviço de compra on-line
avante e a ré (D f e Da) fornecem máxima sensibilidade aos na internet. As empresas oferecem um conjunto padrão
efeitos de visada fora do nadir. A comunidade científica e não-padrão de produtos que podem ser adaptados às
está interessada em obter informação quantitativa sobre necessidades do usuário, incluindo a criação de modelos
nuvens e sobre a superfície da Terra no maior número pos digitais de elevação a partir dos dados de sensores remotos.
sível de ângulos de visada. As companhias comerciais de sensoriamento remoto tipi
camente estabelecem o preço do imageamento de acordo
Sistemas de Sensoriamento Remoto com Arranjo com o tipo de produto solicitado e a quantidade de cober
Linear e Alta Resolução Espacial tura geográfica desejada (km2). Os sensores usados por es
sas companhias são baseados primariamente em tecnologia
C CD de arranjo linear (Figura 7-3c). As características dos
Em 1994, o governo americano deu permissão às compa sistemas sensores estão resumidas na Tabela 7-12.
nhias civis para comercializar dados de sensores remotos
de alta resolução espacial (de aproximadamente 1 x 1 m DigitalGlobe, Inc., EarlyBird e QuickBird
a 4 x 4 m). Isto resultou na criação de consórcios comer
ciais para ter o capital necessário para produzir, lançar e A companhia Earth Watch, Inc., lançou o EarlyBird em 1996
comercializar tais dados. As companhias que se destacam com uma banda pancromática (3 x 3 m) e com três bandas
são a Space Imaging, Inc., a ORBIMAGE, Inc., a Digital- no visível e infravermelho próximo (VNIR) com resolução
Globe, Inc. e a ImageSat International, Inc. Essas com espacial de 15 x 15 m. Infelizmente, a EarthWatch perdeu
panhias entraram no mercado de Sistemas de Informação contato com o satélite. A EarthWatch (agora DigitalGlobe,
Geográfica (GIS) e de mapeamento cartográfico, que era Inc.) lançou o QuickBird em 18 de outubro de 2001 em
tradicionalmente dominado pela indústria de aerofoto- uma órbita de 600 km. É interessante observar que o satélite
grametria. Alguns estimam o crescimento da indústria de está em uma órbita de 66° que não é síncrona com o Sol. Os
observação da Terra em 5 a 15 bilhões de dólares por ano. tempos de revisita variam de 1 a 5 dias, dependendo da lati
As companhias comerciais de sensoriamento remoto espe tude. Ele tem uma faixa de imageamento de 20 a 40 km. O
ram ter um impacto em mercados tão diversos como os da QuickBird tem uma banda pancromática de 0,61 x 0,61 m
agricultura, manejo de recursos naturais, governos locais e e quatro bandas no visível/infravermelho próximo de 2,44
regionais, transporte, resposta a emergências ou desastres, x 2,44 m de resolução espacial (Tabela 7-12). Os dados são
236 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto
Sensores Df Cf Bf Af An Aa Ba Ca Da
Ângulo de
70,5” 60” 45,6“ 26,1" 0” 26,1" 45,6" 60" 70,5"
visada
425 - 467 nm
5 4 3 -5 7 1 nm
660 - 682 nm
846 - 886 nm
Figura 7-34 Representação artística do Multiangle Imaging Spectroradiometer (MISR) do EOS Terra. O MISR usa tecnologia de arranjo
linear para adquirir imagens do terreno em quatro bandas e nove ângulos de visada: Nadir (0”) e em 26,1°, 45,6°, 60°, e 70,5°
para frente e para trás do nadir (adaptado de NASA Jet Propulsion Laboratory).
quantizados em 11 bits (os valores de brilho variam de 0 a com meio metro de resolução2*. O WorldView I será capaz
2047). O sensor pode ser apontado para diversas direções de transmitir diretamente as imagens para os clientes.
para obter dados estereoscópicos (Digital-Globe, 2006).
A Digital-Globe planeja lançar uma nova geração de siste O WorldView II coletará dados pancromáticos de 0,5 x
mas de sensoriamento remoto de alta resolução denomi 0,5 m e dados multiespectrais de 1,8 x 1,8 m. Além das
nada WorldView I e WorldView II (Digital Globe, 2005). quatro bandas multiespectrais tradicionais, ele incorpo
O WorldView I fornecerá imageamento pancromático com rará quatro novas bandas (costeira, amarelo, borda ver
resolução espacial de 0,5 x 0,5 m, com um tempo de revisi melha e infravermelho próximo-2).
ta de 1,7 dias e com uma faixa de imageamento de 16 km.
Será capaz de coletar até 500.000 km2 por dia de imagens
Tabela 7-12. Características dos sensores da Space Imaging/GeoEye, Inc., (satélite /KOA/OS); da ORBIMAGE, Inc.,
(satélite O rb V ie w -3 ) e da Digital-Globe, Inc., (satélite Q u ic k B ird ).
Space Imaging/GeoEye, Inc. ORBIMAGE, Inc. Digital-Globe, Inc.
IK O N O S O rb V ie w -3 Q u ic k B ir d
Resolução Resolução Resolução
Resolução Espacial Resolução Espacial Resolução Espacial
Espectral ao Nadir Espectral ao Nadir Espectral ao Nadir
Banda (pm) (m) Banda (pm) (m) Banda (pm) (m)
Figura 7-35 a) Imagem pancromática IKONOS ( l x l m) de Washington, DC, obtida em 30 de setembro de 1999. O M onum ento de Wa
shington e a Casa Branca são visíveis, b) Ampliação do Monumento de Washington (cortesia Space Imaging/GeoEye, Inc.).
é um sistema de sensoriamento remoto com uma única de imageamento de 15,2 km. O OrbView-5 será útil para
banda pancromática. A resolução espacial é de 1,8 x 1,8 aplicações de engenharia fotogramétrica.
m (padrão) ou de 1 x 1 nr (modo superamostrado). Uma
imagem EROS Al da Base Submarina de Kamchatka na Airbome Digital Sensor System-40 da Leica Geosystems
Rússia é mostrada na Figura 7-36. A ImageSat planeja lan
çar o EROS B e outros satélites para criar uma constelação A câmera digital ADS-40 da Leica Geosystems usa a tec
de satélites comerciais de alta resolução. nologia de arranjo linear de detectores. Ela se baseia no ar
ranjo linear de CCDs com 12000 elementos. Os arranjos
ORBIMAGE, Inc., OrbView-3 lineares funcionam em harmonia para obter imagens es
tereoscópicas para aplicações fotogramétricas. O ASD-40
A ORBIMAGE, Inc., lançou o OrbView-3 em 26 de junho coleta dados de acordo com as especificações resumidas na
de 2003 com dados pancromáticos com 1 x 1 m e quatro Tabela 7-13 e a lógica mostrada na Figura 7-37. Três dos
bandas multiespectrais no visível e infravermelho próximo arranjos lineares coletam dados pancromáticos: um olha
com 4 x 4 m de resolução espacial (Orbimage, 2006). O para frente com 28,4°, o outro ao nadir e o último para
OrbView-3 tem uma órbita de 470 km síncrona com o Sol trás com -14,2° [existem de fato dois arranjos lineares com
com um horário de cruzamento equatorial às 10:30 horas e 12000 elementos em cada um desses três locais, que são
uma faixa de imageamento de 8 km. O sensor revisita cada analisados em conjunto para fornecer dados pancromáti
local da Terra em menos de três dias com uma habilidade cos] (McClone, 2004).
de girar de um lado para outro de até 45°. As especificações
do sensor OrbView-3 estão resumidas na Tabela 7-12. Os arranjos lineares sensíveis ao azul, verde e vermelho co
letam dados com ângulo de 14,2° fora do nadir. As medi
A ORBIMAGE, Inc. planeja lançar o OrbView-5 (Orbi das do azul, verde e vermelho são obtidas com um sistema
mage, 2006). Ele terá a mesma configuração de bandas do óptico tricróide, que segmenta a luz incidente nas compo
OrbView-3, mas a banda pancromática terá 0,41 x 0,41 nentes vermelho, verde e azul usando filtros dicróicos. Isso
m e as bandas multiespectrais terão 1,64 x 1,64 m de re resulta em informação perfeitamente registrada no azul,
solução espacial. Ele poderá ser apontado e terá uma faixa verde e vermelho. Um arranjo linear sensível ao infraver-
Espectrometria Usando Arranjos Lineares e de Área (Sensoriamento Remoto Hiperespectral) 239
Figura 7-36 Imagem pancromática (1,8 x 1,8 m) da Base Submarina de Kamchatka na fronteira leste da Rússia, obtida pelo sistema de
sensoriamento remoto EROS A l em 25 de dezembro de 2001 (cortesia da ImageSat, International, Inc.).
melho próximo visa 2o fora do nadir adjacente ao arranjo Muitos materiais de superfície, mas não todos, possuem
linear pancromático ao nadir. feições de absorção com largura de 20 a 40 nm diagnosticas
da sua presença na cena. Portanto, sistemas de imageamen
Espectrometria Usando Arranjos to espectral que adquirem dados em bandas contíguas de
Lineares e de Área (Sensoriamento 10 nm de largura produzem dados com resolução espectral
Remoto Hiperespectral) suficiente para a identificação direta desses materiais nas
imagens hiperespectrais. Por exemplo, a Figura 7-38 exibe
Esta seção descreve um importante avanço no sensoria espectros de culturas agrícolas obtidos com alta resolução
mento remoto, conhecido pela denominação “espectrome espectral no intervalo de 400 a 1000 nm usando um espec
tria de imageamento ou sensoriamento remoto hiperespectral”, trômetro de imageamento em uma área agrícola próxima a
definido como a aquisição simultânea de imagens em um Bakersfield, CA. Os espectros de absorção para o algodão
grande número de bandas espectrais relativamente estrei Pima e Royale diferem um do outro em torno de 725 nm,
tas, contíguas d ou não-contíguas nas porções ultravioleta, comprimento de onda onde a borda vermelha (“red edge”)
visível e infravermelho do espectro eletromagnético. está localizada, até 900 nm. Isso indica a possibilidade de
que espécies dentro de um mesmo tipo de cultura possam
No passado, a maioria dos dados de sensoriamento remoto ser discriminadas (SBRC, 1994). Os sensores do Landsat e
era adquirida em 4 a 12 bandas espectrais. A espectrometria SPOT HRV, que têm bandas relativamente largas, podem
de imageamento torna possível a aquisição simultânea de não ser capazes de medir essas diferenças espectrais.
dados em centenas de bandas espectrais. Devido à natureza
muito precisa dos dados adquiridos pela espectrometria de O imageamento simultâneo em muitas bandas espectrais
imageamento, alguns problemas associados com recursos contíguas requer novas abordagens para a construção de
terrestres podem ser investigados com maior detalhe. sistemas sensores remotos. Uma abordagem é aumentar
o tempo de permanência de um detector em cada IFOV
O valor de um espectrômetro de imageamento reside em usando um arranjo linear de elementos detectores (Figura
sua habilidade de fornecer um espectro de reflectância de 7-3c). Nesta configuração, há um elemento detector de
alta resolução para cada elemento de cena (pixel) na ima dicado para cada pixel no sentido transversal à órbita, o
gem. O espectro de reflectância na região de 0,4 a 2,5 |tm que aumenta o tempo de permanência para o intervalo
pode ser usado para identificar diversas classes de materiais necessário para mover um IFOV ao longo da direção da
de cobertura da superfície que não podem ser identifica linha de voo.
das com sistemas de imageamento de banda larga ou baixa
resolução espectral, como os Landsat MSS, TM e SPOT. Duas abordagens mais práticas para a espectrometria de ima-
240 CAPITULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto
Reflectância de um
pixel no IFOV
Figura 7-37 Características do Airborne Digital Sensor - Sensor Digital Aerotransportado - (ADS-40) da Leica Geosystems. a) Comparti
mento da câmera digital, b) Sistema óptico tricróide. c) Configuração dos arranjos lineares com 12000 elementos das cameras
com visada para frente, para trás e ao nadir (adaptado de Leica Geosystems, Inc.).
Espectrometria Usando Arranjos Lineares e de Area (Sensoriamento Remoto Hiperespectral) 241
Resolução Resolução
Espectral Espacial (cm)
Banda (nm) ao Nadir
variável
15 cm @
Pan 465 - 680
1450 m de
altitude
Azul 430 - 490 variável
Verde 535 - 585 variável
Vermelho 610-660 variável
Infravermelho Próximo 835 - 885 variável
Figura 7-38 Espectros de culturas agrícolas obtidos por um espec
Sensor 7 arranjos lineares de CCDs trômetro de imageamento para algodão Pima e Royale
e para uma estrada. Os espectros foram extraídos de
Faixa de
12.000 pixels dados de 2 x 2 m de resolução espacial, coletados pró
Imageamento
ximo a Bakersfield, CA.
Tamanho do Detector 6,5 pm
Detectores por Arran Pancromático = 2 x 12.000 gura de banda. De forma oposta, espectrômetros de ima
jo Linear Multiespectral = 12.000 geamento amostram em intervalos espectrais próximos
Resolução (bandas da ordem de dezenas de nanômetros de largura de
12 bits
Radiométrica banda) e têm um número suficiente de bandas espectrais
Distância Focal 62,7 mm que permite a obtenção de espectros que se assemelham
1:500 - 1:5.000 (dependendo aos medidos por instrumentos de laboratório. A análise
Maior Escala de Apli
cação da altitude de voo) de dados de espectrômetros de imageamento possibilita a
extração de um espectro detalhado para cada pixel na ima
Applanix POS IMU com gem (Figura 7-39). Esses espectros frequentemente permi
Georreferenciamento
GPSe INS tem a identificação direta de materiais específicos dentro
do IFOV do sensor com base em suas características de
geamento são mostradas nas Figuras 7-3d e 3e. A abordagem reflectância, incluindo minerais, gases atmosféricos, vege
“whiskbroom” com arranjo linear (Figura 7-3d) é análoga tação, neve e gelo, e matéria dissolvida em corpos d’água.
àquela usada para o Landsat MSS e ETM+, exceto que o flu
xo radiante proveniente de um IFOV é transmitido para um A análise de dados hiperespectrais normalmente requer o
espectrômetro, onde sofre dispersão e é focalizado sobre um uso de aplicativos sofisticados de processamento de ima
arranjo linear de detectores. Portanto, cada pixel é simultane gens digitais (p.ex., ENVI). Isto ocorre devido ao fato de
amente medido em tantas bandas espectrais quantos forem os que normalmente é necessário calibrar (converter) os da
elementos detectores no arranjo linear. Para o imageamento de dos de radiância para valores de reflectância de superfície
alta resolução espacial, esta abordagem é adequada apenas para antes da interpretação propriamente dita. Isto equivale a
um sensor aerotransportado, que voa lentamente e quando o remover os efeitos atmosféricos, efeitos topográficos (de-
tempo de leitura do arranjo de detectores for uma pequena clividade, aspecto), e de qualquer anomalia do sensor. De
fração do tempo de integração. Devido à alta velocidade dos forma similar, para otimizar a extração de informação,
satélites, a espectrometria de imageamento orbital requer o uso normalmente é necessário usar algoritmos que: 1) anali
de arranjos bidimensionais de área (Figura 3-e). Isto elimina a sem os espectros para determinar os seus materiais consti
necessidade do mecanismo de varredura óptica. Nesta situação, tuintes, e 2) comparem os espectros dos pixels com os de
existe uma coluna de elementos detectores espectrais dedicada uma biblioteca espectral obtida, por exemplo, usando es-
para cada pixel no sentido transversal na cena. pectrorradiômetros portáteis, como a biblioteca colocada à
disposição pelo U.S. Geological Survey (Jensen, 2005).
Portanto, sistemas tradicionais de sensoriamento remo
to de banda larga, como os Landsat MSS e SPOT HRV, As agências governamentais e firmas comerciais têm pro
subamostram a informação disponível em um espectro de jetado centenas de espectrômetros de imageamento capa
reflectância por fazerem apenas umas poucas medidas em zes de adquirir dados hiperespectrais. Está fora do escopo
bandas espectrais com até centenas de nanômetros de lar- deste livro listar todos eles. Apenas três sistçmas são des-
242 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto
Escâner
“whiskbroom”
do AVIRIS
— 400 nm
224
bandas (k)
com largu
ra espectral
de 10 nm
— 2500 nm
l:^ Z (6’4
'to j reH.
7/ C ^
O fluxo radiante (O), num IFOV (P) de 1,0 mrad é direcionado por
um espelho de varredura para arranjo linear de detectores:
• Silício (Si) para as bandas do visível;
• Antimoneto de índio (InSb) para as bandas do infravermelho
Figura 7-39 Representação conceituai da espectroscopia de imageamento com o uso do Airborne Visible/Infrared Imaging Spectrometer
(AVIRIS - Espectrômetro Imageador Visível e Infravermelho Aerotransportado) da NASA/JPL. O espelho de varredura
focaliza o fluxo radiante sobre arranjos lineares que contêm 224 elementos detectores com uma sensibilidade espectral de
400 a 2500 nm. Um espectro de radiância (L) ou reflectância pode ser obtido para cada pixel. A cena AVIRIS foi adquirida
sobre o Kennedy Space Center, FL. Apenas a banda 30 (655 nm) é exibida (adaptado de Filippi, 1999).
critos: o Airborne Visible/Infrared Imaging Spectrometer jos de área para o infravermelho (Vane e Goetz, 1993). A
(AVIRIS) da NASA/JPL, o sensor comercialmente dis cobertura espectral do instrumento era de 1,9 a 2,1 pm
ponível Compact Airborne Spectrographic Imager 1500, no “modo árvore” e de 1,2 a 2,4 pm no “modo rocha” em
e o Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer da bandas contíguas com 9,3 nm de largura.
NASA a bordo do satélite Terra.
Para adquirir dados com maior cobertura espectral e espa
Airborne Visible/Infrared Imaging Spectrometer cial, o AVIRIS foi desenvolvido pelo Jet Propulsion Labo-
(AVIRIS) ratory da NASA em Pasadena, CA (Tabela 7-14). Usando
um espelho de varredura “whiskbroom” e arranjos lineares
de silício (Si) e antimoneto de índio (InSb), configurados
O primeiro espectrômetro de imageamento aerotrans como mostrado na Figura 7-3d, o AVIRIS adquire ima
portado (denominado AIS) foi construído para testar o gens em 224 bandas na faixa de 400 a 2500 nm, cada ban
conceito de espectrometria de imageamento com arran da com 10 nm de largura (NASA AVIRIS, 2006). 1 ipica-
Espectrometria Usando Arranjos Lineares e de Área (Sensoriamento Remoto Hiperespectral) 243
Tabeia 7-14. Características dos sistemas de sensoriamento remoto hiperespectral Airborne Visible/Infrared Imaging
Spectrom eter (AVIRIS) da NASA e do Compact Airborne Spectrographic Imager 1500 (CASI 1500) da
ITRES Research, Ltd.
Resolução Intervalo Campo
Espectral Espectral Quantização IFOV de Visada
Sensor Tecnologia (nm) (nm) Número de Bandas (bits) (mrad) Total (°)
AVIRIS Arranjo linear 400 - 2500 10 224 12 1,0 30°
“whiskbroom”
CASI CCD em 400 - 1050 2,2 288 bandas possíveis 14 0,49 40,5”
1500 arranjo linear com 2,2 nm de largura;
(1480) o número de bandas e o
e de área número de pixels no sentido
(1480 x288) transversal são programáveis
mente, o sensor voa a bordo de uma aeronave NASA/ARC do CCD de área, quando a aeronave move-se ao longo da
ER-2 a 20 km de altitude e tem um campo de visada total trajetória de voo, uma imagem bidimensional de alta reso
de 30° e um 1FOV de 1,0 mrad, o que resulta em pixels lução espectral é formada. Visto que os fluxos radiantes de
de 20 x 20 m. Os dados são gravados em 12 bits (valores todos os pixels em uma determinada varredura são regis
de 0 a 4095). trados simultaneamente, o co-registro espacial e espectral é
assegurado. A resolução espacial perpendicular à trajetória
As características do AVIRIS estão resumidas na Figura de voo é determinada pela altitude do CASI e pelo IFOV,
7-39. O diagrama exibe a imagem de uma única banda enquanto a resolução ao longo da trajetória depende da ve
do AVIRIS (banda 30; 655 nm), obtida sobre o Kenne- locidade da aeronave e da taxa de leitura do CCD.
dy Space Center, FL, e um espectro de radiância extraída
para um único pixel de vegetação de um tipo de palmeira O CASI 1500 pode ser programado para coletar dados em
denominada “saw palmetto (Serenoa reppens)”. A Prancha 14 bits em vários modos (Tabela 7-14) (ITRES, 2006):
Colorida 7-10 exibe a porção de uma imagem AVIRIS ad
quirida sobre Moffett Field, CA, no extremo sul da Baía de • Modo espacial - onde a resolução máxima de 1480 pixels
São Francisco. Três das 224 bandas espectrais foram usadas é obtida para até 19 bandas espectrais sem superposição,
para produzir a composição colorida da face do cubo hipe sendo possível programar o centro e a largura das bandas.
respectral. As áreas pretas no cubo representam bandas de
absorção atmosférica por vapor d’água em 1,4 e 1,9 pm. • Modo hiperespectral —até 1480 pixels adjacentes pro-
gramáveis e até 288 bandas em toda a faixa espectral.
Compact Airborne Spectroqraphic Imaqer 1500 • Modo completo - 1480 pixels (perpendicular à trajetó
(CASI 1500) ria) e 288 bandas espectrais.
Aquisição de Dados Hiperespectrais Usando Arran perpendicular ao deslocamento do satélite, de uma óptica
jos Lineares e de Área (matrizes bidimensionais) coletora e de um conjunto de arranjos lineares de detecto
res com filtros espectrais de interferência localizados em
quatro planos focais (Figura 3-d). O instrumento coleta
dados em 36 bandas espectrais coregistradas: 20 bandas na
faixa de 0,4 a 3 pm e 16 bandas na faixa de 3 a 15 |tm. As
bandas e suas aplicações estão resumidas na Tabela 7-15.
O M ODIS está em uma órbita de 705 km síncrona com Câmeras Digitais de Quadro
o Sol. Ele observa toda a superfície da Terra a cada um ou Baseadas em Arranjos de Área
dois dias. Tem um campo de visada de ±55° do nadir, o (Matrizes Bidimensionais)
que resulta numa faixa de imageamento de 2330 km. O
M ODIS obtém imagens de alta resolução radiométrica (12 O Dispositivo de Cargas Acopladas (charge-coupled-devi-
bits) da radiação solar refletida e da emissão termal diurna/ ce —CCD) foi inventado no final de 1960 pelos cientistas
noturna sobre todas as regiões do globo. O MODIS é um da Bell Labs. Ele foi originalmente concebido como um
radiômetro de imageamento por varredura “whiskbroom”, novo tipo de circuito de memória de computador, mas
que consiste de um espelho de varredura com movimento logo se tornou evidente que ele tinha muitas outras aplica-
Câmeras Digitais de Quadro Baseadas em Arranjos de Area (Matrizes Bidimensionais) 245
Tabela 7-15. Características do Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer (MODIS) a bordo do satélite Terra.
R e s o lu ç ã o E s p e c tra l
B anda (p m ) R e s o lu ç ã o E s p a c ia l U tilid a d e d a B a n d a
ções, incluindo a coleta de dados de imagens, em função formato, que se baseiam em tecnologia de arranjo de área
da sensibilidade do silício à luz. (quadro) (Z/I DM C e Vexcel Ultracam).
As características gerais das câmeras digitais de pequeno, Aquisição de Dados Digitais de Pequeno
médio e grande formato foram introduzidas no Capítulo Formato: Leica Geossystems Emerge Digital
4. Esta seção resume as características e fornece exemplos Sensor System
de três câmeras digitais modernas. Iniciamos com a câme
ra de pequeno formato da Leica Geosystems, denominada
Emerge Digital Sensor System (DSS), que se baseia em A Digital Sensor System (DSS) usa uma câmera digital
tecnologia de arranjo de área (Figure 3-f). Em seguida, de arranjo de área que adquire imagens contendo 4092 x
discutimos câmeras digitais mais sofisticadas de grande 4079 pixels (Tabela 7-16). Cada pixel no arranjo de área é
246 CAPITULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto
Figura 7-41 Imagem da banda 4 (verde: 0,545-0,565 (.im) do sensor M O D IS /Terra, do Delta do Rio Nilo com vegetação densa, e dos arre
dores do Mar Morto. A imagem da banda 4 tem uma resolução espacial de 500 x 500 m. b) Uma imagem composta da banda
1 (vermelho: 0,62-0,67 pm) da cobertura global do M O D IS/ Terra em 19 de abril de 2000. A largura da laixa de imageamento
do M O DIS é de 2330 km (cortesia da NASA Goddard Space Flight Center).
Figura 7-42 Imagens multiespectrais de Dunkirk, NY, obtidas pela câmera F,merge Digital Sensor System (DSS) da Leica Geosystems. Os
dados foram coletados em 12 de dezembro de 1998 com uma resolução espacial de 1 x 1 m (cortesia da Litton Emerge, Inc.).
trais no azul, verde, vermelho e infravermelho próximo. Tabela 7-16. Características da Emerge Digital Sensor
Cada quadro de imageamento tem dimensões de 11500 System (DSS) da Leica Geosystems.
x 7500 pixels. Quadros individuais de imageamento são
obtidos de acordo com as especificações do usuário (Vex Resolução Resolução
cel, 2006). Espectral Espectral
(nm) em (nm) em Modo
Fotografia Digital do U.S. Space Shuttle Modo Cor Infravermelho Resolução
Banda Natural Próximo Espacial (m)
1 400 - 500 Variável,
Os astronautas da NASA documentam os processos da mas normal
Terra durante as missões do Space Shuttle Transportation mente de
System (STS) usando sistemas de câmeras analógicas e di 0,15 a 3 m
gitais (Lulla e Dessinov, 2000). As fotografias são cataloga 2 500 - 600 510-600 Variável,
das em um banco de dados de acordo com a missão espe mas normal
cífica (p.ex., STS-74) ou com o assunto temático (NASA mente de
Shuttle Photograph, 2006). 0,15 a 3 m
3 600 - 680 600 - 700 Variável,
Câmeras Analógicas do Space Shutle mas normal
mente de
Câmeras analógicas Hasselblad e Linhof são usadas nas mis 0,15 a 3 m
sões do Space Shuttle. As quatro janelas na parte dianteira 4 800 - 900 Variável,
do Space Shuttle são usadas para obter fotografias da Terra. mas normal
As janelas permitem a passagem de luz entre 0,4 a 0,8 pm. mente de
Uma fotografia com um ângulo solar muito baixo fornece 0,15 a3 m
visões topográficas únicas de áreas montanhosas distantes e S ensor Arranjo de área (4092 x 4079)
pobremente mapeadas. Setenta e cinco por cento das foto Faixa de 4092 pixels
grafias no arquivo cobrem as regiões entre 28° N e 28° S de Im ageam ento
latitude, fornecendo cobertura para muitas áreas tropicais
pouco conhecidas. O projeto denominado Space Shuttle T am an h o do 0,009 mm
Earth Observations Project (SSEOP) da NASA Johnson D e tec to r
Space Center contém o registro de mais de 400.000 fotos Resolução 8 e 16 bits
(http://images.j sc.nasa.gov). R adiom étrica
248 CAPÍTULO Sistemas Multiespectrais de Sensoriamento Remoto
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Quando estamos doentes, uma das primeiras coisas que fazemos é medir nossa
temperatura para determinar se ela está diferente dos 37 “C (98,6 °F) normais.
Se nossa temperatura estiver alta, geralmente significa que há algo errado. Da
mesma forma, os vários componentes da paisagem, tais como vegetação, solo,
rocha, água, concreto e coberturas asfálticas têm características termais previ
síveis, com base em como eles seletivamente absorvem energia solar nos com
primentos de onda curtos e radiam energia infravermelha termal. Os sistemas
infravermelhos termais de sensoriamento remoto registram a radiação infraver
melha termal, a qual podemos usar para determinar: 1) o tipo de material com
base nas suas características de emissão térmica, e/ou 2) se mudanças significa
tivas ocorrerem nas características termais desses fenômenos ao longo do tempo
(Quattrochi e Luvall, 2004). Dessa maneira, é possível identificar a manifesta
ção física superficial de certas doenças em humanos (p.ex., talvez a existência de
um tumor), estresse em plantas, poluição termal em corpos d'água, ou a perda
de calor em edificações causada por falhas no isolamento térmico.
O público também vê o imageamento infravermelho ter Mundial. De fato, o mais importante desenvolvimento na
mal sendo usado para alocar recursos anti-incêndio duran tecnologia do infravermelho foi a invenção do elemento de
te um incêndio florestal ou para identificar alvos inimi tector pelas nações beligerantes durante a II Guerra Mundial.
gos, como na Guerra do Golfo em 1991 ou na Guerra do Os primeiros detectores de infravermelho consistiam de
Iraque em 2006. O público em geral não percebe que as fotodetectores de sais de chumbo (Fischer, 1983). Agora
imagens noturnas de frentes climáticas geradas pelo GOES temos detectores muito rápidos consistindo de germânio e
mostradas no noticiário noturno são imagens infraverme mercúrio dopado (Ge:Hg), antimoneto de índio (In:Sb),
lhas termais. e outras substâncias que são muito sensíveis à radiação in
fravermelha. Também temos computadores para processar
O sensoriamento remoto no infravermelho termal vai tor- rapidamente a energia registrada pelos sensores e exibir as
nar-se mais importante no futuro à medida que sensores características termais da cena.
orbitais obtiverem dados termais e os custos decrescerem.
Também, as agências governamentais (p.ex., polícia, forças Portanto, levou cerca de um século para que os governos
anti-drogas, polícia de imigração que opera nas fronteiras) entendessem que o sensoriamento remoto na região do in
atualmente usam rotineiramente sensores de infraverme fravermelho termal poderia produzir importante informa
lho termal portáteis e sensores de infravermelho de visada ção tática de reconhecimento, especialmente em função
avante (FLIR) montados em aeronaves para procurar pes de que as imagens podiam ser tomadas tanto de dia quanto
soas perdidas ou investigar atividades criminosas. à noite. Nos anos 1950s, o governo (dos Estados Unidos)
contratou empresas privadas para melhorar a tecnologia
História do Sensoriamento Remoto no de infravermelho termal (p.ex., a Texas Instruments). Nos
Infravermelho Termal anos 1960s, algumas dessas empresas receberam permissão
do governo para usarem os sensores classificados (restritos
ao uso militar) e produzirem imagens infravermelhas ter
Sir Frederick William Herschel (1738-1822, Figura 8-2), mais para alguns seletos clientes civis (Estes, 1966). Em
provavelmente o mais famoso astrônomo do século 18, 1968, o governo desclassificou (abriu para o meio civil) a
descobriu a porção infravermelha do espectro eletromag produção de sistemas de sensoriamento remoto no infra
nético e descreveu-a no seu famoso artigo “Investigations vermelho termal que não excedessem uma certa resolução
of the Powers of the Prismatic Colours to Heat and Illumi- espacial e sensibilidade térmica. Os sistemas de sensoria
nate Objects: with Remarks.”1ÊEm 1800, Herschel criou mento remoto no infravermelho termal desenvolvidos
um espectro de cores usando um prisma e mediu as dife pela Texas Instruments, Inc., Deadalus Enterprises, Inc.,
rentes partes do espectro com um termômetro para ver se Rockwell International, Inc., etc., foram inicialmente uti
algumas cores eram mais quentes que outras. A medida que lizados em aeronaves. Companhias de petróleo conduzin
movia o termômetro em direção à porção do vermelho do do exploração geológica foram as que mais requisitaram os
espectro, a temperatura aumentava. Pareceu-lhe razoável primeiros dados de infravermelho termal e continuam a ser
mover o termômetro um pouco além do final do vermelho os maiores usuários. Os sistemas de sensoriamento remoto
para ver se o efeito de aquecimento desaparecia. Não de no infravermelho termal montados a bordo de aeronaves
saparecia. Ao contrário, a temperatura continuava a subir continuam a coletar a maioria dos dados de infravermelho
além do final do vermelho do espectro (Figura 8-3). Hers termal demandados pelas agências públicas (p.ex., Environ-
chel chamou esta região do espectro eletromagnético de mental Protection Agency, Department of Energy, agências
infravermelho, que significa “abaixo do vermelho” (Omega, estaduais de recursos naturais) e governos estrangeiros.
2005). Herschel também foi o primeiro a descrever corre
tamente a forma da nossa galáxia, a Via Láctea. O primeiro dado de um sensor remoto desclassificado (li
berado para uso civil) e a bordo de satélite foi coletado pelo
Em 1879, S. P. Langley começou um programa de pesquisa U.S. Television IR Operational Satellite (TIROS), lançado
para encontrar um detector de radiação melhor. Um ano de em 1960. Os dados de infravermelho termal de resolução
pois ele inventou o bolômetro, que era capaz de medir varia grosseira foram ideais para o monitoramento de padrões
ções de temperatura de 1/10.000 °C. Na I Guerra Mundial, regionais de nuvens e movimentos de frentes. A NASA
S. O. Hoffman foi capaz de detectar homens a 120 m e mes lançou o Heat Capacity Mapping Mission (HCMM ) em
mo aeronaves. Nos anos 1930s, a Alemanha desenvolveu o 26 de abril de 1978. Ele obtinha dados de infravermelho
sistema Kiel para discriminar entre bombardeiros e caças no termal com resolução espacial de 600 x 600 m (10,5 - 12,6
turnos. A Inglaterra e os Estados Unidos também desenvolve pm) de dia (1:30 p.m.) e à noite (2:30 a.m.). Este foi um
ram técnicas de reconhecimento infravermelho na II Guerra dos primeiros sistemas de infravermelho termal dirigido à
comunidade científica (geologia). O Nimbus 7 da NASA,
1 * Investigações das forças das cores prismáticas para aquecer e iluminar objetos: com lançado em 23 de outubro de 1978, tinha um Coastal
comentários. (N.T.)
História do Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal 253
Figura 8-1 a) Imagem infravermelha termal de um jato F-l 16 em voo. Note os escapamentos da turbinas aquecidos, b) Imagem infraver
melha termal da energia radiante emanando de uma casa residencial, especialmente pelas janelas. Note como o teto isolado e a
calha metálica são frios, c) Esta casa sobre blocos está perdendo muito da sua energia pelo piso. d) Imagem termal de um crime
acontecendo à noite, e) Imagem infravermelha termal de um helicóptero Apache com seus motores quentes, f) Imagem infra
vermelha termal de um jato F-l 17. g) Imagem termal de um transformador de força mostrando vários cabos muito quentes,
h) Teste termal não-destrutivo de uma placa de circuito impresso, i) Imagem termal de um barco de pedalinho e passageiros
(cortesia de FLIR Systems, Inc. e outros).
254 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal
Figura 8-5 As janelas atmosféricas no espectro eletromagnético mostradas aqui são de valor significativo para o sensoriamento remoto da
energia refletida e da energia no infravermelho termal. Os filmes fotográficos podem ser produzidos com sensibilidade à energia
refletida de 0,7 - 1,3 pm. Os sistemas sensores eletro-ópticos podem registrar a energia infravermelha de 0,7 - 14 pm. A região
de 3 - 5 pm é especialmente útil para o monitoramento de alvos quentes como incêndios florestais e atividades geotermais.
Vegetação, solo e rocha são mais bem monitorados usando a região de 8 - 14 pm em coletas de dados sub-orbitais. A região de
10,5 - 12,5 pm é usada quando a imagem termal é adquirida por sensores orbitais acima da camada de ozônio da Ierra.
vermelha presente. Chamamos a estas regiões de bandas remoto no infravermelho termal geralmente registram
de absorção. O vapor d'água (H ,0 ), dióxido de carbono dados na região de 10,5 - 12,5 pm (Figura 8-5) para evi
( C 0 2), e ozônio ( 0 3) são responsáveis pela maior parte tar esta banda de absorção. Por exemplo, a banda 12 do
da absorção. A atmosfera “fecha-se”, fazendo com que ASTER é de 8,925 - 9,275 pm e a banda 13 é de 10,25 -
seja quase impossível fazer sensoriamento remoto am 10,95 pm. A região de 9,276 - 10,24 pm não é observada
biental nessas regiões. Por exemplo, o vapor d'água at por causa da absorção atmosférica.
mosférico (H ,0 ) absorve a maioria da energia que deixa
o terreno na região de 5 - 7 pm, tornando-a inútil para o v Leis da Radiação Termal
sensoriamento remoto infravermelho termal.
como rocha, solo, vegetação e água, que emitem uma certa • cor - objetos de coloração escura são melhores absor-
proporção da energia emitida por um corpo negro à mes vedores e emissores (i.e., eles têm maior emissividade)
ma temperatura. Emissividade (s) é a razão entre a radiân- que objetos de coloração clara, que tendem a refletir
cia real emitida por um corpo do mundo real radiando se mais a energia incidente;
letivamente (M ), e um corpo negro à mesma temperatura
termodinâmica (cinética) {M f (Jacob et al., 2004): • composição química;
e =ML. (8-3)
Mb • rugosidade superficial - quanto maior a rugosidade super
Todos os corpos que radiam seletivamente têm emissivida ficial de um objeto em relação ao tamanho do compri
des variando de 0 < 1, que flutua dependendo dos compri mento de onda incidente, maior a área superficial do ob
mentos de onda sendo considerados. Um corpo cinza tem jeto e o potencial para absorção e re-emissão de energia;
uma emissividade constante que é menor que 1 em todos os
comprimentos de onda. A Figura 8-7a mostra a emissividade • teor de umidade - quanto mais umidade um objeto
de um corpo negro, de um corpo cinza e de um radiador contém, maior é a capacidade para absorver energia e
seletivo hipotético em todo o intervalo espectral de 0,1 - 100 tornar-se um bom emissor. Partículas de solo úmido
pm (Slater, 1980). Observe como a emissividade espectral do têm uma alta emissividade, similar à da água;
radiador seletivo hipotético flutua entre os níveis de 0; 0,1;
0,3; e 1,0. A exitância radiante espectral de cada um desses • compactação - o grau de compactação do solo pode
corpos a 6.000 K é mostrada na Figura 8-7b. Observe como afetar a emissividade do solo;
as diferentes emissividades dão origem a mudanças muito
grandes na distribuição espectral da exitância radiante do • campo de visada - a emissividade de uma única folha
radiador seletivo. Onde a emissividade do radiador seletivo medida com um radiômetro termal de resolução muito
é 1,0, ele emite a mesma quantidade de energia radiante que alta será diferente da emissividade da copa inteira de
Leis da Radiação Termal 259
b. c.
Figura 8-8 Energia radiante sendo emanada da a) água, b) granito, e c) dunito aquecido a 350 K comparada com um corpo negro
à mesma temperatura.
uma árvore vista usando um radiômetro de resolução pej çja Radiação de Kirchoff
espacial mais grosseira;
No Capítulo 2 aprendemos que o terreno intercepta o flu
• comprimento de onda - a emissividade de um objeto xo radiante incidente (<t>) (que está chegando). Esta ener
é geralmente considerada como sendo dependente do gia incidente interage com os materiais da superfície. A
comprimento de onda. Por exemplo, enquanto a emis quantidade de fluxo radiante refletido pela superfície (®p),
sividade de um objeto é frequentemente considerada a quantidade de fluxo radiante absorvido pela superfície
como sendo constante na região de 8 - 14 pm, sua emis (®m), e a quantidade de fluxo radiante transmitido atra
sividade na região de 3 - 5 pm pode ser diferente; e vés da superfície (® ) podem ser cuidadosamente medidos
quando aplicamos o princípio da conservação da energia
• ângulo de visada - a emissividade de um objeto pode e tentamos manter controle sobre o que acontece a toda
variar com o ângulo de visada do sensor. a energia incidente. A equação geral para a interação do
fluxo radiante espectral (k) com o terreno é:
Salisbury e D A ria (1992) calcularam a emissividade para
diversos materiais terrestres na região espectral de 8 -14 pm, ® =® +® + ct> . (8-4)
'X PX ax Tx
incluindo rochas ígneas, metamórficas e sedimentares, ro
chas do deserto, solo, vegetação, água e gelo. Snyder et al. Dividindo cada uma das variáveis pelo fluxo radiante inci
(1997) forneceram informação adicional sobre medidas de dente original, ®. :
reflectância bidirecional de areias e solos na região espectral
de 3 - 14 pm. Devemos levar em conta a emissividade de ® ® o Cp
‘X ax
um objeto quando tentamos usar sensoriamento remoto no - Px t 1 lx
® ® ® ®
infravermelho termal para medir a temperatura cinética ver •x ‘X •X •X
Tabela 8-1. Emissividade de 8 - 14 |jm para materiais S. . Em função disso, diz-se frequentemente que "bons ab-
selecionados (McDonnelI Douglas, 1982; Sa- sorvedores são bons emissores e bons refletores são maus emis
bins, 1997; Lillesand and Kiefer, 2003). sores”. Também, a maioria dos materiais do mundo real
geralmente são opacos à radiação infravermelha termal,
Material Emissividade, e
significando que pouco fluxo radiante emerge do outro
água destilada 0,99 lado do elemento do terreno. Portanto, podemos assumir
a transmitância, x. = 0. Substituindo a emissividade pela
água 0,92-0,98
absortância e removendo a transmitância da equação, fica
água com filme de petróleo 0,972 (Vaughn et al., 2003):
concreto 0,71 - 0,90
1 = Px + h • (8-7)
asfalto 0,95
cimento/pedra 0,97 Esta relação é importante pois descreve porque os objetos
aparecem do jeito que aparecem na imagem infraverme
solo siltoso seco 0,92
lha termal. Como o terreno teoricamente não perde nenhu
solo siltoso úmido 0,95 ma energia por transmitância, toda a energia que emana do
objeto tem que ser explicada pela relação entre a reflectância
solo arenoso 0,90
(p f e a emissividade (s.). Se a refletividade aumenta, então
tijolo, vermelho e áspero 0,93 a emissividade deve diminuir. Por exemplo, a água absorve
vegetação, dossel fechado 0,98 quase toda a energia e reflete muito pouco. Portanto, a
água é um emissor muito bom e tem uma alta emissivi
vegetação, dossel aberto 0,96 dade, perto de 1. Ao contrário, um teto metálico reflete a
grama 0,97 maior parte da energia incidente e absorve muito pouco,
gerando uma emissividade muito menor que 1. Portanto,
madeira, carvalho aplainado 0,90
objetos metálicos, como carros, aeronaves e tetos metálicos
floresta decídua 0,97 - 0,98 geralmente aparecem muito frios (escuros) numa imagem
floresta de coníferas 0,97 - 0,99 infravermelha termal. Por exemplo, o hangar metálico e
a aeronave na imagem infravermelha termal noturna na
aço inoxidável 0,16 Figura 8-9 aparecem frios. Note que várias aeronaves estão
alumínio, folha 0,05 com seus motores ligados, que aparecem brilhantes, e que
as suas turbinas estão aquecendo o piso.
alumínio, pintura 0,08
alumínio, polido 0,55 Ao medir a temperatura do solo ou de uma superfície d'água,
metais polidos o objetivo do sensoriamento remoto termal é ser capaz de
0,16-0,21
apontar um radiômetro para um objeto e ter o registro da
aço anodizado 0,70 temperatura radiante aparente (T J igual à temperatura ciné-
granito 0,86 tica verdadeira (f f do objeto. Infelizmente, o fluxo radiante
de um objeto do mundo real a uma dada temperatura não é
dunito 0,78 igual ao fluxo radiante proveniente de um corpo negro à mes
basalto, grosseiro 0,95 ma temperatura, devido largamente aos efeitos da emissivida
de. Saber a emissividade de um objeto torna possível modificar
neve 0,83 - 0,85
a lei de Stefan-Boltzmann originalmente aplicável a corpos ne
pintura 0,90 - 0,96 gros (Mh= ctT), de tal forma que ela se ajuste ao fluxo radian
pele humana 0,98 te espectral total dos materiais do mundo real (M):
M , = e a T kin ■ (S -8 )
1 = px + ctÀ+ X, (8-6)
A equação leva em conta a temperatura do objeto e sua
onde p; é a reflectância espectral hemisférica do terreno,
emissividade para criar uma estimativa mais exata do fluxo
a x é a absortância espectral hemisférica, e t , é a transmi-
radiante que emana de um objeto e é registrado por um
tância espectral hemisférica (Slater, 1980).
sensor de infravermelho termal.
O físico Russo Kirchoff observou que na porção do infra
vermelho do espectro a emissividade espectral de um obje Os sistemas de sensoriamento remoto de infravermelho ter
to geralmente é igual à sua absortância espectral, i.e., a. = mal geralmente registram a temperatura radiante aparente,
Leis da Radiação Termal 261
8 K °C K °C
c o rp o
1,00 300 27 300,0 27,0
n e g ro
água
0,99 300 27 299,2 26,2
d e s tila d a
b a s a lto
0,95 300 27 296,2 23,2
1'UgOSO
Figura 8-9 Imagem infravermelha termal noturna de um aero v e g e ta ç ã o 0,98 300 27 298,5 25,5
porto com diferentes tipos de aviões a jato. O hangar
metálico e a aeronave aparecem frios (escuros) por s o lo s ilto s o
causa da baixa emissividade do metal. O piso de con 0,92 300 27 293,8 20,8
se c o
creto tem uma emissividade relativamente alta e apa
rece em tons de cinza mais claros. Várias das turbinas
dos aviões a jato estão ativas, como evidenciado pela usando um termômetro e um radiômetro portátil de infra
feição brilhante ao longo das suas fuselagens e das suas vermelho termal. Se medimos a temperatura verdadeira de
emissões aquecendo o piso. As turbinas de um ou dois um objeto com um termômetro (Tjj.) e sua temperatura
aviões foram desligadas recentemente. radiante aparente ( T J com um radiômetro termal, pode
mos estimar sua emissividade, £, usando a equação:
T , do terreno e não a tenrperatua cinética verdadeira, 7 7 .
rad r . . . *,n
Se assumirmos que a incorporação da emissividade na Equa
ção 8-1 tenha melhorado nossa medição ao ponto que
Idealmente, poderiamos coletar ambas as medidas da
M = 8 ct TkJ e assumirmos que temperatura in situ e da temperatura medida remota si
M.b = d Tkm* e multaneamente. Também, para obter a melhor aproxi
mação da emissividade, seria bom coletar a medida re
M r = s M.b então, mota a partir de um helicóptero para tentar simular 1)
o tamanho do IFOV de interesse (p.ex., 20 x 20 m), e
CT 7radV = sct T.km. 4 (8-9) 2) os efeitos atmosféricos (Peres e DaCamara, 2004) que
poderíam ser encontrados.
Portanto, a temperatura radiante de um objeto registrada
por um sensor remoto está relacionada à sua temperatura Muitos estudos geológicos não estão interessados na
cinética verdadeira e à sua emissividade pela seguinte rela informação de temperatura que poderia ser extraída da
ção (Sabins, 1997): imagem infravermelha termal. Ao invés disso, a radiância
aparente da superfície emergindo do terreno é analisada
r rad
, = e l/4 7 km
7. (8-10) de tal forma que os efeitos da temperatura são removidos
e tudo o que resta é a informação de emissividade do
As relações entre a temperatura cinética verdadeira e a ra terreno. A informação de emissividade então é usada para
diante para vários diferentes tipos de materiais estão apre mapear minerais na superfície terrestre com base nas ca
sentadas na Tabela 8-2. E claro a partir desta tabela que, racterísticas documentadas de suas emissividades (p.ex.,
exceto para a água, se o efeito da emissividade não for le Kirkland et al., 2002; Vaughn et al., 2003; Jacob et al.,
vado em conta quando se analisa a temperatura radiante 2004). Peticolin e Vermote (2002) descrevem como a re
aparente ( T J registrada por um sensor remoto, então a flectância superficial no infravermelho termal médio e a
temperatura verdadeira (TkjJ do objeto será subestimada informação de emissividade derivada, obtidas a partir do
(Torgensen et al., 2001; Peres e DaCamara, 2004). E se M ODIS, podem ser usadas em conjunção com a radiân
quiséssemos determinar a emissividade de vários objetos cia infravermelha termal para resolver o problema da se
no interior de nossa área de estudo? Isso pode ser feito paração emissividade/temperatura. Sobrino et al. (2004)
262 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal
com A sendo o albedo (reflectância) medido no espectro • Escaneadores termais de varredura transversal; e
visível durante o dia para o pixel de interesse (Kahle et al.,
1981; Sabins, 1997). • Detectores de CCD (Charge Coupled Device - Dispo
sitivo de Carga Acoplada) de varredura eletrônica em
A melhor maneira de pensar sobre a inércia termal é formação linear ou matriz bidimensional.
associá-la numa relação inversa com a mudança de tem E útil revisar a natureza dos sistemas sensores de infraver
peratura medida, AT. Basicamente, um alto valor de AT melho termal e seus componentes, e como os vários pa
geralmente está associado com materiais do terreno que râmetros do sistema influenciam o tipo e qualidade dos
têm um baixo valor de inércia termal. E um baixo valor dados infravermelhos termais coletados.
de A A geralmente está associado com materiais do terreno
que têm um alto valor de inércia termal. Geólogos e outros Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal
cientistas de sensoriamento remoto marcam áreas numa Baseado em Escaneadores Multiespectrais
imagem que tenham características homogêneas ou hete
rogêneas de inércia termal aparente para distinguir limi
tes entre rochas e materiais aluvionares, discriminar entre O Capítulo 7 mostrou como os escaneadores multiespec
unidades rochosas com propriedades espectrais similares, trais funcionam. Esta seção fornece informação adicional
e identificar zonas de alteração hidrotermal (Kahle et al., sobre os escaneadores infravermelhos termais.
1984). Price (1985) chamou a atenção para o fato de que
imagens de inércia termal aparente não devem ser usadas Daedalus DS-1260, D S-I268, Airborne Multispectral
em regiões que tenham variabilidade na umidade superfi Scanner (MAS), NASA TIMS e NASA ATLAS
cial (evaporação), como áreas agrícolas.
Esses escaneadores têm fornecido muitos dos dados infraver
Um dos primeiros sistemas orbitais de sensoriamento re melhos termais de alta resolução espacial para o monitora
moto de infravermelho termal a coletar imagens no infra mento ambiental. O DS-1260 registra dados em 10 bandas
vermelho termal tanto diurnas (1:30 p.m.) como noturnas incluindo um canal no infravermelho termal (8,5 - 13,5 pm).
(2:30 a.m.) com valor significativo para o mapeamento de O DS-1268 incorpora as bandas do infravermelho médio do
inércia termal aparente foi o Heat Capacity Mapping Mis- Landsat Thematic Mapper (1,55 — 1,75 pm e 2,08 —2,35
sion (HCM M ) lançado em 1978, mas que teve vida curta. pm). O MAS contém detector para alvos quentes, que opera
O HCM M adquiria dados de 600 x 600 m na região de no infravermelho termal (3,0 —5,5 pm) em adição a um de
10,5 - 12,6 |tm. O sensor ASTER a bordo do satélite Terra tector de infravermelho termal padrão (8,5 - 12,5 pm).
coleta dados de infravermelho termal diurnos e noturnos
em cinco bandas com uma resolução espacial de 90 x 90 m Os cientistas continuam a usar imagens infravermelhas ter
e com uma largura de faixa de imageamento de 60 km (Ja- mais adquiridas pelo Thermal Infrared Multispectral Scan
cob et al., 2004). As cinco bandas termais do ASTER estão ner (TIMS) da NASA, que tem seis bandas cobrindo de
centradas em 8,28; 8,63; 9,07; 10,65 e 11,28 pm. O sen 8,2 — 12,2 pm (p.ex., Schmugge et al., 2002; Coll et al.,
sor M ODIS a bordo do Terra e do Aqua tem três bandas 2003). Muitos cientistas também usam o Airborne Terres-
no infravermelho médio centradas em 3,75; 3,95 e 4,05 trial Applications Sensor (ATLAS) da NASA, que tem seis
pm, e três canais no infravermelho termal centrados em bandas no visível e infravermelho próximo, duas bandas do
8,55; 11,03 e 12,02 pm. Jacob et al. (2004) compararam a Thematic Mapper no infravermelho médio, e seis bandas
emissividade e a temperatura radiométrica de superfície de no infravermelho termal de 8,2 — 12,2 pm. As larguras de
solos derivadas dos sensores MODIS e ASTER. Imagens banda específicas estão apresentadas no Capítulo 7. Ambos
infravermelhas termais diurnas e noturnas também podem os sensores TIMS e ATLAS têm IFOV de 2,0 ou 2,5 mi-
ser coletadas a partir de aeronaves suborbitais usando di lirradianos (mrad) (Wallace, 1999; Coll et al., 2003). Os
versos sensores, p.ex., os da NASA (TIMS e ATLAS) e o princípios básicos de operação e os componentes do MAS,
Itres TABI (Quattrochi e Ridd, 1998; Schmugge et al., TIMS e ATLAS estão mostrados na Figura 8-10. O diâ
2002; Itres TABI, 2006). metro da área circular do terreno vista pelo sensor, D2*, é
uma função do campo de visada instantâneo, B, do esca-
Coleta de Dados Infravermelhos neador medido em milirradianos e da altitude do sensor
Termais acima do nível do terreno (AGL), H, onde
D =H xB . (8-14)
Dados de sensoriamento remoto no infravermelho termal
podem ser coletados por: 2 * Embora o autor mencione um diâmetro, na maioria dos casos os detectores são
quadrados (N.T.).
264 CAPITULO Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal
D isco rígido
R ecipiente
— de n itro g ên io
líq u id o
D ete c to r
] E spelhos de
\ / focalização
C a m p o de visada
an g u lar total
Tabela 8-4. Altitudes de voo de aeronave com escaneador Detectores de Infravermelho Termal
multiespectral e tamanho de pixel baseado num
ângulo de visada instantâneo de 2,5 mrad.
1.000 2,5
2.000 5,0
4.000 10,0
6.000 15,0
20.000 50,0
50.000 125,0*•
d ,1 = M ^n = m b; . (8 - 15)
Kcr
D = M ^ = Me . (8-16)
2 471^° 4
Figura 8-13 O tamanho da célula de resolução no terreno ao longo de um dada linha de varredura transversal é uma função de: a) distância
da aeronave até o ponto de observação, i.e., H é a altitude da aeronave acima do nível do solo (AGL) no nadir e H sec® fora
do nadir; b) campo de visada instantâneo do sensor, P, medido em milirradianos; e c) ângulo de varredura fora do nadir, ®.
Assim, os pixels fora do nadir têm semi-eixos maiores e menores (diâmetros) que definem o tamanho da célula de resolução. O
deslocamento uni-dimensional do relevo e a distorção tangencial de escala também ocorrem na direção perpendicular à linha
de voo e paralela à linha de varredura.
Por exemplo, a largura da faixa de imageamento de um A maioria dos cientistas que trabalham com dados de es-
sistema de varredura transversal com um ângulo de visada caneadores transversais usam apenas os 70% centrais da
total de 100° e a uma altitude acima do nível do solo de largura da faixa (35% de cada lado do nadir) basicamente
6.000 m seria 14.301 m: porque os elementos de resolução do terreno têm maiores
tamanhos de células quanto mais distantes estão do nadir.
gsw = tan x 6000 x 2
Tamanho da Célula de Resolução no Terreno (D): O di
gsw = 1,191753 x 6000 x 2 âmetro da área circular de terreno vista pelo sensor, D , no
nadir é uma função do campo de visada instantâneo, p, do
gsw = 14.301 m.
escaneador medido em milirradianos (mrad) e da altitude
Se o campo de visada total fosse 90°, a largura da faixa de do escaneador acima do nível do solo, H, onde D = H x p. E
imageamento seria de 12.000 m: interessante notar que à medida que o campo de visada ins
tantâneo do escaneador afasta-se para longe de cada lado do
gsw = tan x 6000 x 2 nadir o círculo torna-se um elipsoide. Uma das principais
razões é que a distância da aeronave à célula de resolução
gsiv = 1 x 6000 x 2 está aumentando, como mostrado na Figura 8-13. De fato,
a distância da aeronave à célula de resolução no terreno,
gsw = 12.000 m. //. , é uma função do ângulo de varredura off-nadir (fora
268 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal
□ a <u*
(U 1 \ _c3>_l
/ V
mm 1 mm -drü
F—
çu
tanque
7 T
CD
1r □ \r significativa
compressão
geométrica na
0
extremidade
0 3 de uma linha
00**X á c __________ y _ 6 -4— de varredura
Figura 8-14 a) Geometria perspectiva hipotética de uma fotografia aérea vertical obtida acima do nível do solo. Q uatro tanques de 50 pés
(15,24 m) estão distribuídos pelo terreno e sofrem graus variados de distorção de relevo quanto mais distantes estão do ponto
principal (PP). b) Sistemas de varredura transversal introduzem deslocamento unidimensional de relevo perpendicular à linha
de voo, e distorção tangencial de escala e compressão quanto mais distante o objeto se afasta do nadir. Feições lineares que
tendem a cruzar o terreno são frequentemente registradas com características de curvas sigmóides ou em formato de s por causa
da distorção tangencial de escala e compressão.
do nadir), <)), no momento da coleta do dado e à altitude reduz o impacto dos pixels maiores encontrados nos extre
verdadeira da aeronave, H (Lillesand e Kiefer, 2003): mos das bordas da faixa de imageamento.
prédios de
ciência
dormitórios
a.
deslocamento
unidimensional
de relevo
nitude do deslocamento unidimensional de relevo presente. vermelha termal perpendicular à linha de voo. Note como
O deslocamento unidimensional de relevo é introduzido é fácil ver o lado (fachada) dos prédios de ciências na ima
em ambas as direções para fora do nadir para cada varre gem infravermelha termal. Isso é importante se quisermos
dura do espelho de varredura transversal. estudar as características de temperatura das laterais desses
prédios. Porém, se quisermos avaliar as características tér
O deslocamento unidimensional de relevo pode ser be micas da estrada ou dos objetos imediatamente atrás dos
néfico ou causar problemas na interpretação das imagens. prédios, eles estão obscurecidos à vista.
Por exemplo, considere a fotografia aérea e a imagem in
fravermelha termal de antes do amanhecer do campus da A fotografia aérea e a imagem infravermelha termal de antes
Universidade da Carolina do Sul mostrada na Figura 8-15. do amanhecer da Cidade de Nova Iorque permitem uma
Os prédios da área de ciência exibem deslocamento radial apreciação ainda maior do deslocamento unidimensional
de relevo na fotografia aérea para fora do ponto principal, e de relevo (Figura 8-16). Neste caso, o deslocamento radial
deslocamento unidimensional de relevo na imagem infra de relevo na fotografia aérea torna difícil obter informação
270 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal
Figura 8-16 a) Fotografia aérea em perspectiva da região central de Nova Iorque. Note o deslocamento radial de relevo do Empire State
Building para fora do ponto principal (não mostrado), b) Imagem infravermelha termal de antes do amanhecer do centro de
Nova Iorque. Note o deslocamento unidimensional de relevo que é perpendicular à linha de voo. O metal no topo do Empire
State Building mostra-se como sendo muito frio por causa da sua baixa emissividade. O prédio à esquerda está muito frio,
enquanto o Empire State Building radia uma significativa quantidade de energia. Os carros, que são de metal, têm baixa emis
sividade, da mesma forma que os resfriadores evaporativos metálicos circulares no topo do prédio próximo.
sobre o padrão de arruamento. De fato, o padrão das ruas Distorção Tangencial de Escala: Num sistema infraver
é quase completamente obscurecido à vista. Por outro lado, melho termal de varredura transversal o espelho gira numa
como a imagem termal foi obtida ao longo de uma linha de velocidade constante e tipicamente visa o terreno de 70° a
voo que era paralela à orientação das ruas, o deslocamento 120° durante uma linha de varredura completa. Natural
unidimensional de relevo cria uma excelente vista das ca mente, esses valores dependem do sistema sensor específi
racterísticas dos prédios e ruas, especialmente daquelas que co. Pela Figura 8-13 fica claro que o terreno diretamente
ficam perpendiculares à direção do voo. Observe a quan abaixo da aeronave (no nadir) fica mais perto da aeronave
tidade significativa de detalhe termal na lateral do Empi do que o terreno que está nas bordas durante uma certa
re State Building, que é visível por causa do deslocamento varredura do espelho. Consequentemente, como o espelho
unidimensional de relevo. Note também o metal radiome- gira a uma taxa constante, o sensor varre uma distância
tricamente frio do topo do Empire State Building. geográfica menor no nadir do que nas bordas da imagem.
Esta relação tende a comprimir as feições ao longo do eixo
Enquanto alguns aspectos do deslocamento unidimensio que fica perpendicular à linha de voo. Quanto maior a
nal de relevo podem ser úteis na interpretação visual de distância entre o nadir e a célula de resolução no terreno,
uma imagem infravermelha termal, ele desloca seriamente maior a compressão de escala na imagem. Isso é chamado
os topos dos objetos que se projetam acima do terreno lo de distorção tangencial de escala. Objetos próximos do na
cal para fora das suas posições planimétricas. Mapas pro dir exibem sua forma própria. Objetos próximos à borda
duzidos a partir de tais imagens contêm sérios erros plani- da linha de voo tornam-se comprimidos e têm sua forma
métricos. As imagens infravermelhas termais precisam ser distorcida. Por exemplo, considere a distorção geométrica
retificadas geometricamente a fim de produzir mapas com tangencial e compressão das piscinas circulares e do ter
alguma exatidão geométrica. Os métodos de retificação ge reno de um hectare à medida que se afastam do nadir no
ométrica são apresentados em Jensen (2005). diagrama hipotético da Figura 8-14b.
Coleta de Dados Infravermelhos Termais 271
Esta distorção geométrica tangencial e compressão na dis redura, como demonstrado na Figura 8-10. A temperatura
tância mais afastada faz com que feições como estradas, cinética verdadeira desses alvos frios e quentes é constante
linhas de trem, linhas de transmissão, etc., tenham uma mente monitorada pelo sistema de sensoriamento remoto e
forma de s ou distorção sigmóide quando registradas numa é gravada em disco, fita ou algum outro meio junto com os
imagem infravermelha termal (Figura 8-14b). E interes dados de imagem para cada linha de varredura. Se deseja
sante observar que se a feição linear for paralela ou perpen do, todos os valores de brilho do terreno coletados durante
dicular à linha de voo ela não sofre distorção sigmóide. uma varredura podem então ser calibrados (convertidos)
para valores de temperatura aparente verdadeira com base
Alguns sistemas de varredura transversal sofisticados levam em sua relação com as informações dos alvos frios e quentes
em conta a distorção tangencial de escala e fazem com que armazenadas para cada linha de varredura. A resolução ra
o feixe de luz de exposição no gravador de filme tenha sua diométrica geralmente tem precisão de ±0,2 °C. Este seria o
varredura a uma velocidade com variação contínua. Ideal método ideal de calibração radiométrica porque não envolve
mente, este é o tipo de imagem infravermelha termal dis trabalho de campo. Infelizmente, este método não leva em
ponível para análise. Quando a distorção tangencial de es conta a atmosfera interveniente 1) emitindo energia radian
cala não for removida, é melhor 1) usar os 70% da porção te espúria no IFOV do sistema sensor, ou 2) absorvendo
central do campo de visada para análise a fim de minimizar energia emitida pelo terreno antes que ela atinja a óptica do
os efeitos de distorção, e 2) retificar geometricamente o sensor (e o detector).
dado do sensor remoto usando pontos de controle de cam
po para retificação, como discutido em Jensen (2005). Referência Externa: Para incorporar efeitos atmosféricos,
pode ser necessário fazer uma referenciação empírica exter
Mesmo dados do MSS aerotransportado provenientes de na. Isso envolve a tomada de medidas in situ com 1) um
linhas de voo únicas são difíceis de serem retificados para termômetro que meça a temperatura cinética verdadeira
uma projeção cartográfica padrão por causa dos movimen de um material ou corpo d'água, 2) um radiômetro portá
tos de rolamento (roll), arfagem (pitch) e deriva (yaw) da til que meça a temperatura radiante emanando do terreno
aeronave durante a coleta de dados (Jensen et al., 1988). num campo de visada instantâneo específico, ou 3) uma
Falhas nas bordas de uma linha de voo de dados são in radiossonda (um balão portando instrumentos meteoroló
dicativas de rolamento da aeronave. Tais dados requerem gicos sensíveis) lançada para obter perfis atmosféricos de
significativos recursos humanos e de máquina para torná- temperatura, pressão barométrica e vapor d’água.
los planimetricamente precisos. Diversas empresas colocam
GPS e sistemas de navegação inercial (INS) a bordo das ae Termômetros são equipamentos de medida direta in situ.
ronaves para obter a localização exata da aeronave e os dados Um radiômetro é um instrumento portátil de sensoria
de rolamento, arfagem e deriva no instante exato da coleta mento remoto que você aponta para o terreno e ele fornece
do dado. Essas informações podem ser usadas para corrigir uma leitura de temperatura radiante aparente. Qualquer
geometricamente cada linha de dados do sensor remoto sem um dos tipos de medida precisa ser obtida no momento
a necessidade de coleta de pontos de controle no terreno. exato em que os dados do sensor remoto estão sendo co
letados acima. Idealmente, mais de 30 amostras in situ são
Calibração Radiométrica de Dados de Escaneador Termal obtidas. Infelizmente, isso nem sempre é prático devido à
dificuldade de contratar pessoal, barcos, etc., e obter um
A fim de obter temperaturas de superfície a partir de dados de número suficiente de termômetros e/ou radiômetros de
sensoriamento remoto no infravermelho termal, dois impor alta qualidade. A localização exata de cada medição com
tantes problemas precisam ser resolvidos (Coll et al., 2003): termômetro ou radiômetro é obtida usando GPS. As lo
(i) compensação pela absorção e emissão atmosféricas na ra- calizações dos pontos de coleta de dados in situ são então
diância que chega ao sensor; e (ii) correção para os efeitos de localizados nos dados retificados do sensor remoto, e os
emissividade da superfície, que estão acoplados com a tempe valores de brilho desses locais são extraídos. A exatidão
ratura, na radiância emitida pela superfície. Esta calibração ra da correção geométrica dos dados infravermelhos termais
diométrica pode ser feita usando 1) fonte de referência de um torna-se muito importante neste ponto.
corpo negro interno, ou 2) referência empírica externa basea
da em coleta de dados in situ (Quattrochi e Goel, 1995). As n medidas coletadas com termômetros ou radiômetros
in situ são então registradas com os correspondentes n valo
Fonte de Referência Interna: Quando um sistema de var res de brilho obtidos pelo sensor remoto obtidos nas mes
redura transversal é usado para coletar dados infravermelhos mas localizações geográficas. Por exemplo, considere as oito
termais, o detector visa inicialmente um alvo de referência medidas de temperatura da água in situ na Figura 8-17 e os
“frio”, a um ângulo de aproximadamente 120° do terreno, e correspondentes valores de temperatura de brilho não-cali-
depois um alvo de referência “quente” em cada linha de var brados obtidos pelo sensor remoto de infravermelho termal
272 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal
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20 - Linear 20 - -
Não-linear: Polinomial de 2 a Ordem
BV. = 0,659x + 56,173 B V = -0,015x2 + 2,12x + 26,3
R2 1 0,863 R2 = 0,989
Figura 8-17 a) Linha de ajuste por regressão linear entre oito medidas de temperatura in situ e valores de brilho não-calibrados obtidos por
sensoriamento remoto para o mesmo local geográfico, b) Equação de ajuste não-linear por um polinômio de 2a ordem para as
mesmas observações.
{BV) para as mesmas oito posições. Curvas lineares e/ou Mas e se não for prático coletar medidas com term ô
não-lineares são ajustadas para as observações. A equação metro ou radiômetro no campo em grandes áreas ou
linear explicou 86% da variância enquanto o polinômio a distâncias muito grandes sim ultaneam ente ao sobre
de 2o grau explicou 99% da variância. Qualquer uma das voo de sensoriamento remoto? Como podemos levar
equações pode ser usada para relacionar as medidas de tem em conta os efeitos perniciosos da absorção e emissão
peratura in situ com os valores de brilho obtidos por senso atmosféricas em nossas medidas de infravermelho ter
riamento remoto, e consequentemente calibrar radiometri- mal? A resposta é o uso de 1) radiossondas e modelagem
camente os dados do sensor remoto. Este método não leva de transferência radiativa atmosférica, ou 2) técnicas de
em conta os fatores intervenientes da atmosfera presentes correção atmosférica por split-window.
no momento da coleta de dados. Note que a equação linear
é da forma BVij = a I km + b. Se quisermos levar em conta a Como observado, a atmosfera interveniente tem um im
emissividade (s) do terreno, utilizamos o intercepto {/>) e a pacto significativo sobre a energia emitida pelo terreno
inclinação da relação (a) e a equação: antes que ela seja realmente registrada pelo sistema de
sensoriamento remoto infravermelho termal. De fato,
BVij = a . e . T.km 4 + b . ( 8- 21) a transmitância atmosférica máxima para a radiação in
fravermelha termal na região espectral de 8 - 14 |im é
O rearranjo da equação permite que a temperatura ciné de cerca de 80%. A magnitude da absorção atmosférica
tica 7Q de qualquer pixel BV.. na matriz de dados não- é função principalmente do conteúdo de vapor d água
calibrados do sensor remoto seja determinada: na atmosfera, embora haja uma banda de absorção por
ozônio ao redor de 9,5 |tm. Para obter valores exatos de
{BV
T„ 4 " (8 - 22 ) radiância termal de superfície, os lançamentos de radios
kin
a.c sondas precisam ser feitos em coincidência com os sobre-
Os dados radiometricamente calibrados de um sensor re voos diurnos e noturnos. Perfis atmosféricos de tempe
moto podem então ser usados para fazer mapas de tempera ratura, pressão barométrica e umidade obtidos usando a
tura. Este método requer um programa de coleta de dados radiossonda são transmitidos para o solo. Esses dados são
de campo custoso e bem coordenado. Também, todos os então incorporados num modelo de transmissão atmos
instrumentos, como termômetros, radiômetros e GPS pre férica (p.ex., LOWTRAN ou M ODTRAN) para calcular
cisam ser cuidadosamente calibrados, e as medições in situ as características de transmissão atmosférica (Quattrochi
devem ser feitas exatamente ao mesmo tempo, se possível. e Goel, 1995). A saída do modelo LOW TRAN ou M O-
Coleta de Dados Infravermelhos Termais 273
3 ,0 -5 ,0 PV Hg:Cd:Te <120
e. f.
Figura 8-21 Exemplos de imagens FLIR (infravermelho de visada avante) aerotransportado. a) Imagem noturna de pessoas num bote sendo
resgatadas, b) Imagem noturna de uma pessoa num teto metálico sendo perseguida por outra pessoa no solo. Note os trans
formadores quentes nos postes telefônicos e a baixa emissividade das linhas de telefone metálicas, c) Vista de helicóptero de
um policial fazendo uma prisão armada, d) Imagem noturna de um veículo militar Hummer com o motor ligado, e) Tanque
de armazenamento cujo conteúdo da parte inferior está relativamente frio. f) Imagem noturna de uma área urbana com água,
bote, automóveis e pedestres (cortesia de FLIR Systems, Inc.).
276 CAPITULO Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal
- 4095). O sensor pode funcionar a uma altitude máxima Tabela 8-6. Características do Imageador Termal de
de 10.000 pés (3.048 m) acima do nível do solo (AGL). Banda Larga Aerotransportado (TABI-320)
A retificação geométrica é feita usando dados de GPS e e do Imageador Termal Espectrográfico
INS a bordo, tornando desnecessária a coleta de pontos de Aerotransportado (TASI-600).
controle no solo. As características do Itres TABI-320 são TABI-320 TASI-600
mostradas na Tabela 8-6 (Itres TABI, 2006).
Sensibilidade
8 -1 2 pm 8 - 11,5 pm
Imageador Termal Espectrográfico Aerotransportado espectral (nin)
(TASI) Resolução espacial Variável baseada na altitude da
(cm) no Nadir aeronave acima do nível do solo (AGL)
O Imageador Termal Espectrográfico Aerotransportado (TASI) Número bandas
é um dos primeiros sistemas de sensoriamento remoto in 1 32
termais
fravermelho termal hiperespectral baseados em tecnologia
de matriz linear de detectores. Ele coleta dados em 32 canais Sensor matriz ;linear de CCD
termais na região de 8,0 - 11,5 pm. O tamanho do pixel é IFOV 2,8 mrad 1,25 mrad
de 30 x 30 pm e o IFOV é de 1,25 mrad. A matriz linear
Campo de visada
contém 600 pixels. O campo de visada total é de 40°. Os 48° 40°
total
dados são quantizados em 14 bits. As características do Itres
TASI são apresentadas na Tabela 8-6 (Itres TASI, 2006). Largura da faixa de
320 pixels 600 pixels
iinageamento
Considerações Ambientais no Tamanho do
50 x 50 pm 30 x 30 pm
Infravermelho Termal detector
Detectores na
320 600
matriz linear
Ao interpretar uma imagem infravermelha termal, é útil Resolução
entender o ciclo diário e como ele se relaciona à tempera 12-bit 14-bit
radiométrica
tura dos objetos na superfície da Terra.
Software Applanix POS com GPS e
dados do Sistema de Navegação Iner-
Ciclo Diário da Temperatura de Materiais Típicos Georreferenciamento
cial (INS). Pontos de controle no ter
reno não são necessários.
O ciclo diário compreende 24 horas. Começando ao nas
cer do Sol, a Terra passa a interceptar principalmente ener As variações diárias típicas da temperatura para solos, ro
gia de comprimentos de onda curtos (0,4 - 0,7 pm) do Sol chas, água, vegetação, solo úmido e objetos metálicos são
(Figura 8-22a). De manhã até o anoitecer, o terreno inter mostradas na Figura 8-22b. Se todas essas curvas ficassem
cepta a energia incidente de comprimentos de onda curtos exatamente uma em cima da outra, então o sensoriamen
e reflete a maioria dessa energia de volta para a atmosfera, to remoto na porção do infravermelho termal do espectro
e podemos usar sensores remotos ópticos para medir tal não teria valor porque todos os fenômenos teriam a mesma
energia refletida. Porém, parte da energia de comprimen temperatura radiante aparente. Não havería contraste entre
tos de onda curtos incidente é absorvida pelo terreno e de os diferentes fenômenos na imagem. Felizmente, há apenas
pois rerradiada de volta para a atmosfera como radiação de dois momentos durante o dia (após o nascer do Sol e pró
comprimentos de onda no infravermelho termal ( 3 - 1 4 ximo ao poente) quando alguns materiais como solo, rocha
pm). O pico de emissão de radiação de comprimento de e água têm exatamente a mesma temperatura radiante. Du
onda longo tem um deslocamento de duas a quatro horas rante esse período de cruzamento não é aconselhável adquirir
após o pico do meio-dia de incidência da radiação de onda dados de sensoriamento remoto no infravermelho termal.
curta, devido ao tempo necessário para aquecer o solo. A
contribuição da energia de comprimentos de onda curtos Felizmente, alguns materiais armazenam calor mais efi
refletida e da energia de comprimentos de onda longos cientemente que outros, i.e., eles têm uma maior capacida
emitida causa uma sobra de energia que ocorre durante o de térmica. Por exemplo, a água tem uma capacidade tér
dia, como mostrado na Figura 8-22a. Ambas as radiações mica muito maior do que o solo ou a rocha (Tabela 8-3).
de onda curta incidente e emergente tornam-se zero de Sua variação diária de temperatura flutua pouco quando
pois do pôr do Sol (exceto para a luz da lua e das estrelas), comparada com a forte variação de temperatura do solo e
mas a radiação de onda longa emergindo do terreno con da rocha durante um período de 24 horas.
tinua durante toda a noite.
Considerações Ambientais no Infravermelho Termal 277
Temperatura Temperatura
mínima:
Figura 8-22 a) Ciclo diário da energia de comprimentos de onda curtos refletida e da energia de comprimentos de onda longos emitida.
Observe o período de pico da radiação emanada em comprimentos de onda longos e da temperatura diária máxima geral, b)
Temperatura radiante diária de solo exposto e rocha, concreto, vegetação, solo exposto úmido e objetos metálicos.
Se estivermos interessados em fazer um mapeamento da mosfera durante a noite. Durante o começo da noite a ro
temperatura de um terreno consistindo apenas de solo, ro cha e o solo (e o concreto) ainda estão mais quentes que a
cha e água, podemos prever como a imagem parecerá se maioria do terreno em volta. A meia noite essas superfícies
adquirirmos a imagem infravermelha termal próximo das radiaram a maioria da energia calórica que eles absorveram
2:00 p.m. ou às 4:00 a.m da manhã. O solo e a rocha apa durante o dia, e gradualmente diminuem em brilho. Por
receríam mais claros que a água na imagem infravermelha outro lado, a água com sua alta capacidade térmica, man
termal diurna por causa da sua temperatura aparente mais tém uma temperatura de superfície relativamente estável
alta. Rocha e solo continuam a radiar energia para a at que bem pode ser mais alta que a do solo e da rocha (e do
278 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal
concreto) por volta das 4:00 a.m. Isso faz com que a água • ao redor das 4:00 a.m., a maioria dos materiais no ter
seja mais clara na imagem infravermelha termal noturna reno tem temperaturas de equilíbrio relativamente es
que o solo e a rocha, e mesmo que a vegetação em certas táveis, como mostrado na Figura 8-22b, i.e., os declives
situações. Como a vegetação contém água, ela geralmente das curvas são próximos de zero;
é mais fria (mais escura) que solo e rocha de dia às 2:00 • as correntes convectivas de vento geralmente se acal
p.m. e mais quente (mais clara) que o solo e a rocha na mam de manhã cedo, resultando em voos mais precisos
imagem de antes do amanhecer. (menos arraste da aeronave pelo vento) e ausência de
borramento ou faixas na imagem causadas pelo vento.
A vegetação tende a ser um pouco mais quente que a água
durante todo o dia e mais fria que a água durante as horas que Atualmente, os pilotos são capazes de obter linhas de voo
antecedem o amanhecer. Solos muito úmidos tendem a ter precisas no imageamento infravermelho termal noturno
ciclos de temperatura diários estáveis, como mostrado na Fi usando GPS a bordo.
gura 8-22b, porque quanto mais água há no solo, maior é sua
capacidade térmica. Objetos metálicos como carros e tetos de Exemplos de Sensoriamento Remoto no
alumínio aparecem frios (escuros) em ambas as imagens in Infravermelho Termal
fravermelhas termais diurna e noturna por causa da sua baixa
emissividade (lembre-se que metais bons refletores são maus
absorvedores e, portanto, maus emissores). De fato, frequen Monitoramento de Poluição da Água:
temente eles são os objetos mais escuros nas imagens. Identificação de Efluentes Termais no
10 de setembro de 1999
Figura 8-23 Imagens infravermelhas termais de um grande banco de areia no Rio Mississipi obtidas às 5:00 a.m. e às 10:30 a.m. em
10 de setembro de 1999. O detector da Banda 11 do ATLAS não funcionou apropriadam ente durante a coleta de dados
antes do amanhecer (Jensen et ah, 2004).
Parâmetro do Sistema de
Requisito do Usuário
Sensoriamento Remoto
A temperatura aparente de Medição da região de 8- 14
cada pixel deve ter precisão pm usando detector de
de ±0,2 °C em relação à telureto de cádmio-mercúrio
sua temperatura verda (Hg:Cd:Te) com um conver
deira. As temperaturas sor A-D de 8 bits (0 —255).
na cena > a temperatura Calibração radiométrica para
ambiente do rio são de 0±0,2 °C com valores de pi
interesse primordial. xels variando de -3 a 48 °C.
Dois tipos de análise de dados foram utilizados para extrair Às 4:28 o rio é muito mais quente que o terreno circunvi-
informação quantitativa de temperatura. Primeiro, mapeou- zinho e facilmente distinguível. Dois métodos foram usa
se a distribuição espacial de intervalos selecionados de classes dos para determinar a temperatura ambiente do rio. Pri
de temperatura >2,8 °C acima da temperatura ambiente do meiro, as medidas de temperatura in situ do Rio Savannah
rio. Depois, foram traçados transectos pelo mapa de isoter- estavam disponíveis e indicavam a temperatura acima do
mas para documentar a área superficial transversal da pluma local da pluma como sendo 12 °C. Em segundo lugar, uma
em intervalos de classes de temperatura específicos. amostra de 200 pixels bem acima da pluma do Córrego
Four Creek forneceu uma média de 12 “C e um desvio
O mapeamento da distribuição espacial da temperatura fez padrão de ±0,2 °C. Então, a temperatura ambiente do rio
com que fosse necessário identificar:• foi determinada como sendo de 12 °C.
• o terreno (solo e vegetação) para assegurar que não fos Depois, sete intervalos de classe foram selecionados. Três dos
se confundida com a pluma termal; intervalos de classe eram para temperaturas <2,8 °C acima
da temperatura ambiente do rio e incluíam o terreno e o rio
• a temperatura ambiente do rio; não afetado termalmente. Quatro intervalos de classe foram
usados para realçar variações especiais de temperatura no in
• a distribuição espacial da temperatura da pluma >2,8 terior da pluma termal que estivessem a >2,8 °C acima da
°C acima da temperatura ambiente do rio. temperatura ambiente do rio. A cada um dos sete intervalos
282 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal
Tabela 8-8. Transectos de temperatura aparente de plumas termais do Rio Savannah e lógica de codificação de cores
(intervalos de densidade).
Relações entre Classe e Temperatura Ambiente do Rio, 12 °C
Casse 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4 Classe 5 Classe 6 Classe 7
Azul Azul claro Verde Amarelo Laranja Vermelho Branco
escuro +1 °C 1,2-2,8 °C 3,0-5,0 °C 5,2-10 °C 10,2-20 °C >20 °C
ambiente
Transecto* Intervalo de Valores de B rilho para C ada Intervalo de C lasse
Largura M édia d o R io b 7 4 -7 6 7 7 -7 8 81 - 89 90- 100 101 - 125 126- 176 177-255
A 32 pixels = 15/42c 17/47,6
89,6 m
B 38 pixels = 25/70 1/2,8 1/2,8 2/5,6 1/2,8 5/14 3/8,4
106,4 m
C 34 pixels = 19/53,2 2/5,6 2/5,6 2/5,6 6/16,8 3/8,4
95,2 m
a Cada transecto tinha aproximadamente 285 m de comprimento (66 pixels de 2,8 m/pixel). As medições nos transectos no rio foram feitas apenas depois que a imagem foi rotacio-
nada, de tal forma que os pixels iniciais e finais dos transectos caíssem na mesma linha de varredura.
b Inclui um pixel misto de terra e água em cada lado do rio.
‘ Notação representa pixels e metros; por exemplo, 15 pixels representam 42 m.
de classe foi atribuída uma única cor, com amarelo, laran Um histograma do transecto B é mostrado na Prancha Co
ja, vermelho e branco correspondendo às temperaturas mais lorida 8-2d. A relação entre os valores de brilho originais
quentes na pluma (Tabela 8-8). A análise da Prancha Colori e os intervalos de classe do mapa de fatiamento é apresen
da 8-2a revela que a parte mais quente da pluma estava bem tado na Tabela 8-8. Pela contagem do número de pixels ao
na desembocadura do Córrego Four Creek (34,6 °C; 94,28 longo do transecto nos intervalos de classe de temperaturas
°F). A temperatura do córrego era a mesma que a da par específicas dentro da pluma, e pela contagem do número
te mais quente da pluma; entretanto, a vegetação arbustiva total de pixels do rio, é possível determinar a proporção da
e flutuante presa ao longo da borda do córrego diminuiu a pluma termal que cai dentro dos intervalos de classes de
temperatura aparente obtida por sensoriamento remoto do temperaturas específicos (Jensen et ah, 1983 e 1986). Por
córrego ao longo do seu canal principal. Também, a borda exemplo, em 1981 na Carolina do Sul uma pluma termal
norte do Córrego Four Creek aqueceu a água um pouco aci não podia ser >2,8 °C acima da temperatura ambiente do
ma da pluma à medida que ela entrava no Rio Savannah. rio para mais que um terço da largura do rio. As informa
ções de transecto extraídas das imagens infravermelhas ter
Um mapa de isotermas codificado com cores (técnica de mais e sumarizadas na Tabela 8-8 foram usadas para deter
fatiamento - density-sliced) forneceu uma valiosa informa minar se a pluma estava dentro dos limites estabelecidos.
ção sobre a distribuição espacial da temperatura da pluma
à medida que ela entrava no Rio Savannah e prosseguia rio A principal imagem infravermelha termal preto-e-branco
abaixo. Entretanto, dados mais quantitativos foram obti da pluma continha valiosa informação (Figura 8-27a). Po
dos ao traçar três transectos (A, B e C) cruzando a pluma, rém, também foi possível realçar digitalmente a imagem
como mostrado na Prancha Colorida 8-2b. Os valores de infravermelha termal original para apreciar visualmente as
brilho observados ao longo de cada transecto estão suma- características mais sutis da pluma termal e dos fenômenos
rizados na Tabela 8-8. Esses valores foram obtidos apenas circundantes. Por exemplo, a Figura 8-27b é uma imagem
depois que a imagem original foi geometricamente rotacio- filtrada com um filtro de baixa frequência aplicado sobre
nada de 16° no sentido horário de tal forma que os pontos a imagem original com realce de contraste. Ela enfatizou
de cada transecto caíssem na mesma linha de varredura. as componentes que variavam pouco dentro da imagem.
Isso assegurou que o número de metros em cada classe de Por outro lado, a aplicação de um filtro de alta frequência
temperatura ao longo de cada transecto fosse determinado realçou os detalhes de alta frequência na imagem. Observe
precisamente. Se o analista extrai transectos onde os pon como diversos erros radiométricos nas linhas de varredu
tos não caem na mesma linha de varredura (ou coluna), a ra são mais pronunciados na imagem filtrada com o filtro
hipotenusa dos pixels serrilhados deve ser considerada ao de alta frequência na Figura 8-27c. Um filtro de mínimos
invés da simples distância horizontal dos pixels. Estas rela realçou o núcleo da pluma, enquanto que um filtro de má
ções estão demonstradas na Prancha Colorida 8-2c. ximos realçou a pluma toda (Figura 8-27d,e). Um filtro de
Exemplos de Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal 283
Realces Aplicados à Imagem Infravermelha Termal de uma Pluma Termal no Rio Savannah
Figura 8-27 a) Imagem original com realce de contraste da pluma termal do Córrego Four Mile no Rio Savannah registrada em 31 de março
de 1981, às 4:28 a.m. b) Imagem filtrada com um filtro passa-baixa. c) Imagem filtrada com um filtro passa-alta. d) Aplicação de
um filtro de mínimos, e) Aplicação de um filtro de máximos, f) Um filtro de relevo dá a impressão de um relevo sombreado, g)
Realce de bordas de Roberts. h) Realce de bordas de Sobel. i) Realce de bordas Laplaciano.
relevo criou uma impressão de relevo sombreado da pluma pluma e as bordas dos limites pluma/terreno/água (Figura
(Figura 8-27f). Três algoritmos de realce de bordas (Ro 8-27g,h,i). A lógica e a matemática desses algoritmos estão
berts, Sobel e Laplaciano) realçaram diferentes partes da mostrados em Jensen (2005).
284 CAPITULO Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal
Levantamentos infravermelhos termais da pluma do Cór Detecção por Infravermelho Termal de Vazamento
rego Four Creek eram rotineiramente feitos pelo menos duas Fossas Sépticas Próximas a Charleston,
duas vezes por ano de 1981 a 1988 para assegurar que a Carolina do Sul
pluma estava de acordo com os padrões estaduais e federais
quanto à qualidade da água. Torres de resfriamento foram
então construídas para receber os efluentes termais.
Tabela 8-9. Emissividades de 8 - 14 pm para materiais de Tabela 8-10. Requisitos do usuário para condução de le
construção (Colcord, 1981; Wolfe, 1985). vantamento de isolamento térmico por ima-
geamento termal em edificações.
Figura 8-29 Imagem infravermelha termal de antes do amanhecer de uma subdivisão residencial em Forth W orth, Texas. A imagem foi
adquirida a uma altitude de 250 m acima do nível do solo com um sistema de varredura transversal e um campo de visada
instantâneo de 1 rnrad às 6:45 a.m. em 10 de janeiro de 1980. Isso gerou uma resolução espacial efetiva no terreno de 0,25 x
0,25 m por pixel no nadir. O céu estava limpo.
as pessoas tendem a diminuir a temperatura de suas casas Algumas companhias de serviço público subcontratam le
no inverno quando deixam suas cidades por alguns dias, de vantamentos de dados infravermelhos termais e depois ten
aproximadamente 72 °F (22,2 °C) para aproximadamente tam convencer os proprietários de que seus sistemas de isola
55 - 60 °F (12,8 - 15,6 °C). Consequentemente, alguns te mento não são tão bons quanto os de seus vizinhos. O único
tos que aparecem frios numa imagem infravermelha termal problema com esta logística é que 1) a casa do vizinho pode
(i.e., casas que parecem ter um bom sistema de isolamento) ría ter um teto de material diferente, 2) a orientação do teto
podem de fato ser de casas desocupadas com o termostato do vizinho em relação ao sensor poderia ser diferente, e 3) o
regulado para baixa temperatura. A imagem infravermelha vizinho poderia manter sua casa a uma temperatura muito
termal de um área residencial em Fort Worth, TX, é mos mais fria. Se esses parâmetros são levados em conta, então a
trada na Figura 8-29. Ela foi adquirida a uma altitude de informação de temperatura do teto extraída de dados infra
250 m acima do nível do solo com um sistema de varredura vermelhos termais pode ser de valor para o proprietário.
transversal com um campo de visada de 1,0 milirradiano,
às 6:45 a.m. do dia 10 de janeiro de 1980 (época fria nos Levantamentos de energia infravermelha termal também
Estados Unidos). Esta configuração fornecia uma resolução são feitos rotineiramente para prédios públicos e indus
espacial efetiva no terreno de 0,25 x 0,25 m por pixel no triais. A Figura 8-30 mostra uma fotografia aérea e uma
nadir. imagem infravermelha termal de antes do amanhecer da
casa de campo Solomon Blatt no campus da Universidade
Ieoricamente, na Figura 8-29, a casa com pior isolamento da Carolina do Sul. A imagem infravermelha termal foi
na região está em (a), enquanto a casa vizinha em (b) parece adquirida às 4:30 a.m. em 10 de março de 1983, a 500
estar bem isolada. Há fogo na lareira da casa (c). A rede m acima do nível do solo usando um sistema sensor com
viária (d), as calçadas de concreto (e), e os revestimentos dos IFOV de 2,5 mrad. Isso resultava numa resolução espacial
pórticos de concreto (f) são muito mais quentes que o ter de aproximadamente 1,25 x 1,25 m.
reno ao redor. Alguns dos terrenos ajardinados estão mais
úmidos (g) que outras áreas. Todos os veículos metálicos (h) Levantamentos Infravermelhos Termais de
são escuros (frios) por causa da sua baixa emissividade. A Umidade em Tetos Comerciais/lndustriais
maioria das casas nesta região provavelmente recebeu mais
ou menos o mesmo isolamento; portanto, não é surpresa
que a temperatura de seus tetos pareçam similares. A manutenção de telhados é uma indústria de bilhões
de dólares. Sempre será necessário para o contratante do
Exemplos de Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal 287
Figura 8-30 a) Fotografia aérea do galpão Solomon Blatt no campus da Universidade da Carolina do Sul, Colúmbia, Carolina do Sul. b)
Imagem infravermelha termal obtida às 4:30 a.m. de 10 de março de 1983, com uma resolução espacial de 1,25 x 1,25 m. Note
os 11 exaustores metálicos frios, o ar quente saindo de nove dos exaustores, e os beirais frios pendentes. Os beirais são expostos ao
ar frio matinal de ambos os lados.
serviço de telhado andar sobre o telhado para determinar pode ser usado para mapear padrões de temperatura do teto.
exatamente que reparos precisam ser feitos, mas tem se Um técnico pode usar uma sonda nuclear ou um medidor
tomado crescentemente útil conduzir estudos de sensoria de capacitância para medições numa grade de 1 x 1 m ou 5
mento remoto no infravermelho termal em telhados, es x 5 m no teto. Esses pontos amostrais são então usados para
pecialmente quando uma quantidade substancial de água extrapolar onde está localizada a água sub-superficial do teto.
puder estar presente em superfície e/ou sub-superfície. Isso
ajuda o contratante do serviço de telhado localizar todos os O sensoriamento remoto no infravermelho termal é o mé
problemas do telhado. O processo é chamado de levanta todo preferido para o levantamento de umidade de teto
mento de umidade de telhado. (Stockton, 2004b). Durante o dia, a energia do Sol in
cidente aquece o material do teto. Parte dessa energia é
A expansão e resfriamento diários, vento, chuva, neve, gra transferida para baixo da superfície do teto para a água,
nizo, gelo, produtos químicos, manchas e furos, e o tempo a madeira ou o isolante. Durante a noite, esses materiais
eventualmente causam falhas nos telhados. Os problemas radiam essa energia armazenada de volta para a atmosfera.
dos telhados manifestam-se por si mesmos de dois mo Isso é chamado de resfriamento radiativo. Áreas de massas
dos: vazamentos e contaminação da água coletada. O va maiores (úmidas) absorvem e dissipam calor em taxas di
zamento é simples, embora o vazamento dentro do prédio ferentes das áreas de massas menores (secas). As áreas de
raramente reflita a localização exata no teto onde há um massas maiores radiam calor por um período de tempo
buraco ou trinca do material do telhado. Como a maio maior à noite porque têm maior capacidade térmica, como
ria dos isolantes absorvem uma certa quantidade de água, discutido previamente. O sensoriamento remoto infraver
é difícil localizar a água contaminada infiltrada porque o melho termal aéreo pode detectar essas fontes de calor e
teto pode não mostrar um vazamento até que o material identificar as maiores massas (áreas úmidas) durante esta
que fica entre o teto e o isolante tenha absorvido toda a janela noturna de dissipação desigual de calor.
água que pode manter retida (Stockton, 2004a).
Por exemplo, considere o imóvel comercial mostrado na
Três métodos não-destrutivos podem ser usados para localizar Figura 8-31 a. Uma fotografia aérea vertical de grande es
umidade sub-superficial: 1) medidores nucleares que contam cala é mostrada na Figura 8-3 lb. Uma imagem infraver
nêutrons, 2) medidores de capacitância que medem resistên melha termal de antes do amanhecer é mostrada na Figura
cia, e 3) sensoriamento remoto no infravermelho termal que 8-31 c, e um mapa feito em CAD (computer aided design)
288 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal
Figura 8-31 a) Fotografia aérea vertical de um imóvel comercial na Carolina do N orte, b) Fotografia aérea vertical de grande escala.
c) Desenho em CAD m ostrando polígonos com provável umidade no telhado (cortesia de Stockton Infrared T herm o-
graphic Services; Stockton Infrared, 2006).
da extensão da umidade sub-superficial é mostrado na Fi porte e usos industriais. As menores temperaturas diurnas
gura 8-31 d. Essa informação é usada para estimar a quan foram encontradas nos corpos d’água, vegetação e terras
tidade de teto que precisa ser trocado ou arrumado. de uso agrícola, nesta ordem. Áreas residenciais sendo
compostas de uma mistura heterogênea de casas, grama e
Análise do Efeito de Ilha de Calor Urbana coberturas arbóreas exibiram uma temperatura intermedi
ária, como esperado.
Sabe-se muito bem que uma ilha de calor urbana existe na À noite, as coberturas da terra com comércio, serviço, in
maioria das áreas urbanas em comparação à zona rural cir dústria e transporte esfriaram relativamente rápido. Não
cundante relativamente mais fria. Ilhas de calor urbanas são obstante, suas temperaturas mesmo nas horas matinais
causadas pelo desflorestamento e substituição da superfície antes do amanhecer ainda estavam ligeiramente mais altas
do solo por materiais não-evaporativos e não-porosos, como que aquelas de vegetação e agricultura. A água tem uma alta
asfalto e concreto. Além disso, os sistemas de ar condicionado capacidade térmica; consequentemente, ela tipicamente é a
introduzem uma significativa quantidade de energia calórica cobertura da terra mais quente durante as horas que antece
na paisagem urbana. O resultado é uma reduzida evapotrans- dem o amanhecer, como discutido anteriormente. Por outro
piração e um aumento geral na temperatura da paisagem. lado, a agricultura exibe a menor temperatura à noite.
Quattrochi e Ridd (1994) e Lo et al. (1997) avaliaram di Exemplos de imagens infravermelhas termais diurnas e no
versas cidades usando sistemas de sensoriamento remoto turnas de Atlanta, GA, confirmam essas observações (Figura
infravermelhos termais de alta resolução espacial para do 8-32ab). A imagem do canal 13 do ATLAS (9,60 — 10,2
cumentar o efeito da ilha de calor urbana. Em geral, ob pm) com resolução espacial de 10 x 10 m foi obtida como
servaram que durante o dia as áreas comerciais exibiram as parte da investigação do Projeto ATLANTA - parte do EOS
temperaturas mais altas, seguidas pelas de serviços, trans da NASA (Quattrochi e Luvall, 1999). Sombras de prédios
Exemplos de Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal 289
Atlanta, Geórgia
mj " ?
K l
Figura 8-32 a) Imagem infravermelha termal aérea diurna do canal 13 (9,60 - 10,2 gm) do ATLAS, de Atlanta, Geórgia. Feições ur
banas proeminentes são identificadas para orientação, b) Imagem infravermelha termal noturna de antes do amanhecer, de
Atlanta, Geórgia (cortesia de D. Q uattrochi e J. Luvall, Project ATLANTA; NASA Marshall Space Flight Center, Global
Hydrology Climate Center, Huntsville, Alabama).
altos localizados no Distrito Central de Negócios de Atlan bertura da terra e a qualidade do ar através do tempo, e 3)
ta são observadas na imagem diurna. A intensa exitância modelar os efeitos gerais do desenvolvimento urbano nas
termal dos prédios, pavimentos e outras superfícies típicas características do balanço de energia na superfície ao longo
da paisagem urbana, bem como a distribuição heterogênea da paisagem urbana de Atlanta. Tais dados também podem
dessas respostas, surgem em significativo contraste à relativa ser usados para recomendar programas de plantio de árvores
monotonia da paisagem termal de Atlanta à noite. Também, que possam ser capazes de diminuir substancialmente o efei
o efeito tampão que a floresta urbana tem sobre a resposta to da ilha de calor urbana (Quattrochi e Ridd, 1998).
da energia termal ascendente é evidente, particularmente na
porção nordeste da imagem diurna onde o dossel das ár Weng et al. (2004) analisaram dados ETM+/Landsat-7 para
vores residenciais é extenso. Na imagem noturna ainda há extrair informação de temperatura da superfície do solo para
evidência, mesmo bem de manhã, das elevadas respostas ter estudos de ilha de calor urbana de Indianápolis, Indiana. Veri
mais dos edifícios e outras superfícies no Distrito Central de ficaram que a incorporação de quantidades de vegetação ver
Negócios de Atlanta e das ruas e auto-estradas. As respostas de, solo seco e sombra no interior de cada pixel era útil para
de energia termal para a vegetação em toda a imagem são re estimar a relação entre a temperatura da superfície/abundân
lativamente uniformes à noite, independentemente do tipo cia de vegetação em estudos de ilha de calor urbana.
de vegetação (p.ex., grama, árvores).
Uso da Imagem Infravermelha Termal para
Tais informações termais têm sido usadas para 1) modelar as Aplicações Florestais
relações entre o crescimento urbano de Atlanta, a mudança
na cobertura da terra e o desenvolvimento do fenômeno da
ilha de calor urbana através do tempo, 2) modelar a relação Informação quantitativa sobre estrutura de dossel florestal,
entre o crescimento urbano de Atlanta e a mudança na co biomassa, idade e condição fisiológica foi extraída de dados
290 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto no Infravermelho Termal
infravermelhos termais. Basicamente, uma mudança na tem e emissividade são variáveis biofísicas críticas e poderosas
peratura superficial pode ser medida por um sensor de infra em muitas investigações. Agora temos detectores de infra
vermelho termal aerotransportado (p.ex., TIMS ou ATLAS) vermelho termal lineares e matriciais muito sensíveis que
fazendo sobrevoos repetidos sobre a mesma área por algumas podem funcionar em bandas termais largas ou em configu
vezes. Geralmente, uma separação de cerca de 30 minutos rações hiperespectrais. No futuro, será comum encontrar
resulta numa alteração mensurável da temperatura causada sensores infravermelhos termais miniaturizados em veí
por mudança na incidência de radiação solar; porém, um pe culos aéreos não-tripulados (UAV) usados por militares,
ríodo de tempo maior pode ser necessário. A radiação líquida cientistas e pessoas comuns.
(RJ média na superfície é medida in situ para a área de estu
do e é usada para integrar os efeitos dos fluxos não-radiativos. Referências
A mudança na temperatura superficial do período de tempo
para t, (i.e., At) é o valor que revela como aqueles fluxos
não-radiativos estão reagindo às entradas de energia radiante.
A razão entre esses dois parâmetros é usada para computar a Becker, F. and A. L. Li, 1995, “Surface Temperature and
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O tica que é refletida (p.ex., luz azul, verde, vermelha e infravermelho próximo)
ou emitida (p.ex., radiação infravermelho termal) pela superfície da Terra. Há,
também, os sistemas ativos de sensoriamento remoto que não são dependen
tes da energia eletromagnética do Sol, ou das propriedades termais da Terra.
Os sensores remotos ativos geram a sua própria energia eletromagnética, que
1) é transmitida do sensor para a superfície do terreno (e é pouco afetada pela
atmosfera), 2) interage com o terreno produzindo um retroespalhamento da
energia, e 3) é registrada pelo receptor do sensor remoto. Os sistemas de sen
soriamento remoto ativos mais amplamente utilizados incluem:
Dos três sistemas, o RADAR é o mais amplamente utilizado para estudos dos
recursos naturais da Terra. O LIDAR e o SONAR são especialmente úteis
para o mapeamento topográfico e batimétrico, respectivamente. E possível,
também, registrar a energia das micro-ondas passivas que é emitida natural
mente pela superfície da Terra, usando um radiômetro de micro-ondas passivas.
Este capítulo dará uma visão geral do sensoriamento remoto por micro-ondas
ativas e passivas. O sensoriamento remoto por LIDAR é discutido no Capítu
lo 10 e o SONAR no Capítulo 12.
James Clerk Maxwell (1831 —1879) fez a descrição matemática dos campos
magnético e elétrico associados com a radiação eletromagnética. Heinrich R.
Hertz (1857 - 1894) aumentou o nosso conhecimento sobre a criação e pro
pagação da energia eletromagnética nas porções do espectro das micro-ondas
294 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas
e do rádio. Hertz também estudou a interação das ondas de mitiam detectar a chegada de aeronaves com um alcance
rádio com superfícies metálicas e deu início aos conceitos máximo de 80 quilômetros. Sem os radares, os britânicos
que levariam à invenção do rádio e do radar. Baseado nos não teriam tido efetividade para conter os bombardeiros e
princípios físicos fundamentais descobertos por Maxwell caças da Luftwaffe Alemã durante a Batalha da Bretanha,
e Hertz, Guglielmo M. Marconi (1874 —1937) construiu que teve início em Julho de 1940 (Price, 1990). O radar
uma antena que transmitia e recebia sinais de rádio. Em Doppler de varredura circular, que nos alerta todos os dias,
1901, ele enviou ondas de rádio através do Atlântico e, em nos programas de TV de previsão do tempo, sobre a locali
1909, recebeu o Prêmio Nobel de física pelo seu trabalho. zação geográfica de tempestades, é baseado no mesmo con
ceito de radar de varredura circular (plan-position indicator
O RADAR, como nós o conhecemos, foi estudado por A. radar, PPI) encontrado nos radares originais utilizados na
H. Taylor e L. C. Young, em 1922. Estes cientistas posicio II Guerra Mundial. Os radares PPI são utilizados, tam
naram um transmissor de rádio de alta frequência de um bém, no controle do tráfego aéreo nos aeroportos.
lado do Rio Anacostia, próximo a Washington, DC, EUA,
e um receptor no lado oposto. Os navios que passavam As imagens de RADAR obtidas de aeronaves ou satélites,
rio acima e rio abaixo interrompiam o sinal de rádio de como nós as conhecemos hoje, não eram disponíveis duran
comprimento de onda longo (1 - 10 m), enviado entre te a II Guerra Mundial. A capacidade de mapeamento em
o transmissor e o receptor. Essa experiência forneceu os faixas contínuas do radar aerotransportado de visada lateral
primeiros indicadores de que os sinais de rádio poderíam (.side-looking airborne radar —SLAR) só foi desenvolvida na
ser úteis para a detecção da distância de navios no mar década de 1950. Uma importante vantagem do SLAR é a sua
(i.e, o alcance = range). Isto teve importantes implicações habilidade para obter imagens de reconhecimento cobrindo
na navegação, porque a transmissão e a recepção ativa de uma ampla região, à esquerda ou à direita da aeronave (Sa-
rádio podem ser feitas tanto à noite como em condições bins, 1970). Esta capacidade é denominada de aquisição de
atmosféricas adversas. Os militares logo demonstraram in dados laterais de longo alcance, porque o piloto pode voar ao
teresse no radar, porque durante a guerra é importante co longo do limite do espaço aéreo amigo enquanto obtém um
nhecer a localização de todos os navios e aeronaves (amigos imageamento de radar detalhado do espaço aéreo inimigo.
e inimigos). A frase descrevendo o processo foi “radio de- Este avanço tecnológico tornou possível, também, a realiza
tection and ranging” ou RADAR. Embora os sistemas de ção de medidas radargramétricas —a ciência de extrair infor
radar atualmente usem, quase que exclusivamente, energia mações geométricas quantitativas de um objeto a partir de
de comprimentos de ondas das micro-ondas ao invés das imagens de radar (Leberl, 1990; Henderson e Lewis, 1998).
ondas de rádio, o acrônimo nunca foi mudado.
Os militares começaram a usar o SLAR na década de 1950.
Em 1935, Young e Taylor (e independentemente Sir Ro- Por volta da metade da década de 1960, alguns sistemas dei
bert Watson-Watt, na Inglaterra) combinaram a antena xaram de ser restritos aos militares. Há dois tipos primários
transmissora e o receptor em um mesmo instrumento. de SLAR: radar de abertura real (conhecido, também, como
Consequentemente, transmissões de alta potência, em radar de força bruta) e radar de abertura sintética (synthetic
bandas muito específicas do espectro eletromagnético, aperture radar - SAR), onde a palavra “abertura” significa
foram possíveis. Esses e outros avanços eletrônicos servi antena. O radar de abertura real usa uma antena de com
ram de fundamentos para o desenvolvimento do RADAR primento fixo, p.ex., 1 —2 m. O radar de abertura sintética
durante a segunda guerra mundial, para a navegação e lo também usa uma antena de 1 —2 m, porém com a capacida
calização de alvos. No final de 1936, foram construídos de de simular uma antena muito maior (p.ex., talvez 600 m
radares experimentais nos Estados Unidos, na Inglaterra, de comprimento), melhorando a sua capacidade de resolu
na Alemanha e na União Soviética. Dessas nações, nenhu ção. Os SAR alcançam resoluções muito finas para grandes
ma foi mais vulnerável ao ataque aéreo do que a Inglaterra. distâncias. Por exemplo, uma antena SAR de 11 m em uma
Londres situa-se a 145 km da fronteira de países estrangei plataforma orbital pode ser eletronicamente calibrada para
ros e a 440 km da Alemanha. Sob a direção do Marechal ter um comprimento sintético de 15 km. Posteriormente,
Hugh Dowding, os britânicos construíram 21 radares ao será demonstrado quão importante é esta capacidade para
longo das costas sul e leste da Inglaterra e da costa leste da a resolução em azimute de um SAR. Tanto os RADARES
Escócia. O nome-código “Chain Home — C H ” surgiu a militares como os civis comerciais são de abertura sintética.
partir do plano de construção de uma “rede local” (“home
chain”) de radares na Inglaterra, que seria complementa Nas décadas de 1960 e 1970, os SLAR de abertura real e
da com uma rede ultra-marinha, para defender as porções sintética foram extensivamente utilizados em vastas áreas
ameaçadas do império Britânico. Os radares C H foram para o reconhecimento e cartografia dos recursos naturais da
os primeiros radares britânicos de advertência e de longo Terra. Os primeiros estudos foram desenvolvidos nos con
alcance a atuarem na II Guerra Mundial. Os radares per tinentes onde a cobertura de nuvens é muito forte. O pri-
História do Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas (RADAR) 295
Tabela 9-1. Características dos principais radares de abertura sintética (SAR) orbitais.
Ângulo de
depressão,
Radar de Com y (do near Largura
Abertura primento ao far-range Resolução Resolução da
Sintética Lança de onda, [ângulo de Polari em azimute em range faixa, Altitude, Cober Dura
(SAR) mento Origem cm incidência] zação m m km km tura ção
SEASAT 26-06-78 EUA L-(23,5) 73°-67° HH 25 25 100 800 10o- 105 d
[23o] 75°N
SIR-A 12-11-81 EUA L-(23,5) 43°-37° HH 40 40 50 260 4l°N - 2,5 d
150°] 36°S
SIR-B 05-10-84 EUA L-(23,5) 75°-35° HH 17-58 25 10-60 225 e 60°N- 8d
[15°-64°] 350 60°S
SIR-C/X-SAR 04-94 EUA X-(3,0) Variável HH, 30 10-30 15-90 225 57°N- 10 d
10-94 C-(5,8) [15°-55°] HV, W , 57°S
L-(23,5) VH
ALMAZ-1 31-03-91 URSS S-(9,6) 590-400 HH 15 15-30 20-45 300 73°N- 18 m
[30°-60°] 73°S
meiro projeto SLAR de grande escala foi feito na província a Guatemala, a Nigéria, o Togo, porções da Indonésia, das
de Darien, que conecta o Panamá e a América do Sul. Em Filipinas, do Peru e de outras regiões (Leber, 1990).
1968, a Westinghouse Electric, Inc., em cooperação com a
Raytheon, Inc., empregou um SLAR de abertura real, desen A NASA lançou, com sucesso, diversos SAR, como os ex
volvido pela Westinghouse para o exército americano, para perimentos SEASAT e o Space Shuttle Imaging Radar. O
fazer, com sucesso, um mosaico com 20.000 km2 desta área. SEASAT (satélite para o mar) foi lançado em 1978, para
Depois disto, a área jamais foi vista ou mapeada em sua tota obter informações oceanográficas na banda L (23,5 cm) e
lidade por causa da cobertura de nuvens quase perpétua. com resolução espacial de 25 x 25 m (Tabela 9-1). Este foi
o primeiro SAR orbital a fornecer dados de domínio públi
A Goodyear Aerospace, Inc. e a Divisão de Serviço Aéreo da co (Evans et al., 2005). Ele forneceu, também, informações
Western Geophysical, Inc., adaptaram um radar de abertu valiosas sobre a superfície continental, mas funcionou por
ra sintética construído pela Goodyear e o instalaram em um somente 105 dias. O experimento “A” do Shuttle Imaging
jato do Serviço Aéreo, para realizar levantamentos civis. Em Radar (SIR-A), com um SAR banda L (23,5 cm) e resolução
1971, eles iniciaram o Projeto RADAM (Radar da Amazô de 40 x 40 m, foi lançado em 1981. O SIR-B foi lança
nia) para mapear a Bacia Amazônica na Venezuela e no Bra do em 1984, com uma resolução de 17 x 25 m. O SIR-C
sil. Uma área de aproximadamente 4 milhões de km2 (cerca foi lançado em 1994, com capacidade de multifrequência e
de metade do tamanho dos Estados Unidos) foi levantada e multipolarização. As missões SIR-A, SIR-B e SIR-C dura
subdividida em mosaicos de radar. A Goodyear e o Serviço ram somente 2,5; 8 e 10 dias, respectivamente. A Shuttle To-
Aéreo realizaram levantamentos na floresta tropical Amazô pography Mission (SRTM) foi lançada em 11 de Fevereiro de
nica no Brasil, na Venezuela, no leste da Colômbia, no Peru 2000 e durou 11 dias (NASA SRTM, 2006) (Tabela 9-1).
e na Bolívia. Investigações de radar subsequentes mapearam
296 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas
pulso transmitido
>-
retroespalhado
antena
Bandas de Micro-ondas
10 GHz l GHz
— I---------------------1-------- ►
U,z pm
- I ------1-1-------------- 1----------------------------1“ ■+
Visível I IV-médio Infravermelho termal i i i i i — i r
K,K, X C S L P
UV Infravermelho próximo
Figura 9-2 Comprimento de onda e a frequência das principais bandas de RADAR. As antenas de RADAR transmitem e recebem a energia
de comprimentos de onda muito longos, da ordem de centímetros, ao contrário dos comprimentos de onda relativamente curtos
das regiões do visível, do infravermelho próximo, médio e termal, que são medidos em micrômetros.
altitude acima
do nível do
terreno, H
•^
ângulos de /
incidência, 0, /
do near- ao projeção da linha de
far-range / voo no solo
Figura 9-3 Características geométricas do imageamento adquirido por um radar de visada lateral aerotransportado (SLAR), através de
uma cobertura de nuvens. Todas as nomenclaturas assumem que o terreno é plano.
principalmente, da sua orientação relativa a uma dada Ângulo de Depressão: O ângido de depressão (y) é me
direção de visada da iluminação do radar. Geralmente, os dido entre o plano horizontal, que se estende a partir da
objetos que se posicionam em uma direção ortogonal (ou fuselagem da aeronave, e o pulso de energia da antena ao
próxima a ela) à direção de visada são muito mais realça longo da linha de visada do radar, em um ponto específico
dos do que aqueles paralelos à iluminação. Assim, feições no terreno (Figura 9-3). O ângulo de depressão, dentro de
lineares que aparecem escuras ou imperceptíveis em uma uma faixa iluminada pelo radar, varia do near range para o
imagem de radar que utilize uma determinada direção de far range. O ângulo médio de depressão de uma imagem de
visada podem aparecer brilhantes em uma outra imagem radar é determinado pelo ponto médio entre o near e o far
de radar com uma direção de visada diferente. Um bom range. Sumários sobre sistemas de radar fornecem, muitas
exemplo disso é apresentado na Figura 9-4, que mostra vezes, apenas o ângulo médio de depressão.
o imageamento de radar na Nigéria, África Oriental, ob
tido usando-se duas diferentes direções de visada. Note Ângulo de Visada: O ângulo de visada (O) é medido entre
como algumas feições de terreno estão realçadas e/ou su a vertical da antena à superfície do terreno e a linha de
primidas nas duas imagens. visada do radar (Figura 9-3). O ângulo de visada varia,
300 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas
Normal à superfície
V
■jÂngulo de incidência, 9
\ q V
Ângulo de
declividade
local, a
Angulo de
Superfície
incidência local.
de espalhamento
Polarização
a antena de radar
transmite energia envia
W polarizada verticalmente vertical
de informações valiosas sobre os recursos naturais da Ter do que na polarização HV, sendo que as imagens foram
ra. Por exemplo, a Figura 9-7 documenta como é possível adquiridas ao mesmo tempo e com a mesma direção de
obter diferentes informações registrando, seletivamente, a visada. Mais detalhes sobre as interações do terreno com a
luz visível (0,4 —0,7 pm) polarizada vertical ou horizontal energia eletromagnética polarizada encontram-se na seção
mente. A cena consiste de água, vegetação e blocos flutu de considerações ambientais sobre o radar.
antes de madeira. Um filtro polarizado verticalmente colo
cado em frente às lentes da câmera permitiu que somente a A Geometria da Imagem de RADAR: Slant-Range
luz polarizada verticalmente passasse através do filme. Um (Alcance Inclinado) versus Ground-Range (Alcance
outro filtro, polarizado horizontalmente e colocado em no Terreno)
frente às lentes, permitiu que somente a luz polarizada ho
rizontalmente passasse através do filme. Neste exemplo, a
luz polarizada horizontalmente forneceu informações mais O imageamento de radar tem uma geometria diferente
detalhadas sobre a presença e a distribuição das rochas daquela produzida pelos sistemas sensores mais convencio
abaixo da lâmina d’água. De forma semelhante, as rochas nais, como câmeras, sistemas multiespectrais de varredura
e outros materiais superficiais apresentam características mecânica ou por matrizes de detectores de varredura eletrô
únicas, de acordo com a polarização, na região das micro nica. Portanto, é necessário considerar as características es
ondas (p.ex., banda Ka= 0,86 cm). Por exemplo, a Figura pecíficas da geometria do imageamento de radar quando se
9-8 demonstra como o fluxo de lava basáltica do norte do realizam medições radargramétricas. Em primeiro lugar, a
Arizona é muito mais facilmente identificável na imagem imagem de radar não-corrigida é aquela que se apresenta na
de radar de abertura real, banda K , de polarização H Fí, geometria slant-range (alcance inclinado), i.e., ela é baseada
302 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas
Prancha colorida 1-1 Características de resolução espacial e temporal para aplicações selecionadas. Ao conduzir um projeto de sen-
soriamento remoto, é comum haver uma análise de custo-benefício entre os requisitos de resolução temporal e
espacial. Geralmente, à medida que a resolução temporal aumenta, é comum ser necessário diminuir os requi
sitos de resolução espacial de tal forma que a quantidade de dados coletados pelo sensor remoto não se torne
de difícil gerenciamento. Felizmente, muitas aplicações que requerem informação espacial muito detalhada
(p.ex., mapeamento de uso da terra) normalmente não requerem dados de alta resolução temporal (isto é, dados
coletados uma vez a cada cinco a dez anos pode ser suficiente). Há exceções a essas regras gerais. Por exemplo,
agricultura de precisão, investigações sobre produtividade agrícola, estudos de tráfego, e aplicações de respostas
a emergências às vezes requerem dados de sensoriamento remoto de muito alta resolução espacial e temporal.
O volume de dados coletados pode criar sérios problemas de gerenciamento e análise de dados. Há também
custos-benefícios com outras resoluções (p.ex., espectral, radiométrica, polarização) que podem precisar de
consideração.
Imagem do Sol produzida pelo Solar and Heliospheric Observatory (SOHO)
em 14 de setembro de 1999
Prancha colorida 2-1 Imagem do Sol obtida pelo instrum ento EIT do Solar and Heliospheric Observatory (SO H O ) em 14 de
setembro de 1999 (Cortesia do Solar Data Analysis Center, do NASA Goddard Space Flight Center). As
feições brilhantes são chamadas de regiões ativas. O Sol tem um diâmetro de 1.390.000 km. A tem peratura
do centro do Sol é de 15.600.000 K. A temperatura da superfície do Sol (fotosfera) é de 5.800 - 6.000 K.
Exatamente acima da superfície do Sol está a cromosfera. A região acima da cromosfera denomina-se corona e
estende-se por milhões de quilômetros no espaço mas é visível apenas durante os eclipses. As temperaturas na
corona estão acima dos 1.000.000 K. Uma imensa proeminência eruptiva é vista escapando do Sol na região
superior direita. Proeminências são plasmas relativamente “frios” a 60.000 K inseridos na corona circundante
muito mais quente. Se uma erupção como esta for dirigida na direção da Terra pode causar uma significativa
atividade geomagnética no ambiente terrestre. O Sol é o maior objeto no sistema solar e contém 99% da sua
massa (Júpiter contém a maioria do restante). Em massa, o Sol é constituído por 75% de hidrogênio e 25%
de hélio. A geração de energia pelo Sol é de 386 bilhões de bilhões de megawatts por segundo, produzida pe
las reações de fusão nuclear. O gregos chamavam o Sol de Hélio, enquanto os romanos o denominavam Sol.
Ele é a fonte da maior parte da energia eletromagnética registrada pelos sistemas de sensoriamento remoto.
Porção Visível do Espectro Eletromagnético de 400 a 700 nm
700
<U
violeta (limite)
|
O
- ti
a
o
>
Prancha colorida 2-2 A porção do espectro eletromagnético visível pelos seres humanos é geralmente considerada como sendo de
400 a 700 nm, consistindo da luz azul (400 —500 nm), verde (500 —600 nm) e vermelha (600 - 700 nm). A
imagem do espectro solar foi observada com o Espectrômetro de Transformada de Fourier no McMath-Pierce
Solar Facility no Kitt Peak National Observatory, próximo a Tucson, Arizona, E.U.A. Cada uma das 50 faixas
cobre 60 angstroms e o comprimento de onda aumenta de cima para baixo ao longo de cada faixa. Note que
cada faixa contém linhas de Fraunhofer relativamente estreitas e escuras assim nomeadas em homenagem ao
físico Alemão Joseph von Fraunhofer (1787-1826) por ter “mapeado” a localização de mais de 570 delas no
espectro solar. Cientistas que vieram depois descobriram que as linhas escuras eram causadas por absorção por
elementos químicos nas camadas superiores do Sol e alguma absorção por moléculas de oxigênio na atmosfera
da Terra (usada com permissão de N. A. Sharp, N O A O /N SO /K itt Peak FTS/AURA/NSF).
Dano do Furacão Katrina em
Gulfport, MS
30 de Agosto de 2003
Prancha colorida 4-1 a) Fotografia aérea oblíqua baixa do dano causado por vento e tempestade pelo Furacão Katrina em Gulfport.
MS, obtida em 30 de agosto de 2005 (cortesia do USGS Coastal and Marine Geology Program - Programa de
Geologia Costeira e Marinha), b) Fotografia aérea vertical (cortesia da Divisão de Sensoriamento Remoto da
NOAA, National Oceanic and Atmospheric Administration).
Dispersão da Luz Branca Através de um Prisma
a.
Prancha colorida 4-2 a) Sir Isaac Newton descobriu que a luz branca podia ser dividida ou dispersada em seus componentes espectrais
ao passar a luz branca através de um prisma (David Parker, Photo Researchers, Inc.). b) Síntese aditivas das cores
- iguais proporções de luz azul, verde e vermelha superimpostas umas sobre as outras cria luz branca, i.e., a luz
branca é composta pela luz azul, verde e vermelha. As cores complementares amarela, magenta e ciano são cria
das seletivamente pela adição conjunta de vermelho e verde, azul e vermelho, e azul e verde, respectivamente, c)
Síntese subtrativas das cores - iguais proporções de pigmentos ciano, amarelo e magenta produz uma superfície
preta. Um filtro amarelo efetivamente absorve luz azul, um filtro magenta absorve toda a luz verde, e um filtro
ciano absorve toda a luz vermelha.
Exposição, Revelação e Formação de Cores num Filme Colorido Normal
A. Reflectância
da Cena
B. Filme após
a exposição
Azul
imagem
Verde e azul latente
Vermelho e azul
B. Filme após a
exposição
Camada sensível ao
Ifravermelho
imagem
Camada sensível ao latente
Verde
Camada sensível ao
Vermelho
b.
C. Filme após o proces
samento reverso de B G R B G R B G R B G R
revelação I I j l l-tJ i +, i i i
Camada sensível ao t 1t l> l 1:111 ( . UH)
Ciano
1 * 1'
Camada sensível ao ' \, . , iii i r o l o
Amarelo
f ir
Camada sensível ao V ■ 1 \ 1 ,, ,
Magenta
7
D. Cores na Transparência Positiva Vistas pelo Fotointérprete
preto
Azul - a cor Verde - a cor Vermelho - a cor
complementar complementar complementar do
do amarelo do magenta ciano
Prancha colorida 4 •3 Processo de exposição, revelação e formação das cores em a) filme colorido normal e b) filme colorido falsa-
(cortesia Eastman Kodak).
Tivoli North Bay no Rio H udson, NY
Prancha colorida 4-4 a) Uma fotografia colorida normal (natural) da Tivoli North Bay ao lado do Rio Hudson, em Nova Iorque,
EUA. A fotografia aérea colorida registra a luz azul, verde e vermelha refletida pela cena. Um filtro anti-névoa
(HF3) geralmente é colocado na frente das lentes para evitar que a luz ultravioleta espalhada atinja o plano do
filme. A vegetação aparece em tons de verde porque as plantas absorvem mais a luz incidente azul e vermelha
do que a verde, b) Uma fotografia aérea infravermelha colorida registra a luz verde, vermelha e infravermelha
refletida pela cena. Um filtro amarelo (Wratten 12) geralmente é colocado na frente das lentes para evitar que
a luz azul atinja o plano do filme. A interface terra-água é especialmente bem delineada porque a água absorve
a maioria da luz incidente no infravermelho próximo fazendo com que ela apareça escura. A vegetação aparece
em tons de magenta porque a vegetação sadia reflete quantidades substanciais de luz no infravermelho próximo
enquanto absorve a maioria da incidente no verde e no vermelho (adaptado do Berglund, 1999).
Prancha colorida 4-5 a) Fotografia colorida normal (natural) de um prédio na Universidade de Nebraska. b) Fotografia infravermelha
colorida tirada usando um filtro menos-azul W ratten 12 (conforme Rundquist e Sampsom, 1988).
O Sensoriamento Remoto Pode Fornecer Informações pela Medição das Características da Energia
em Regiões Espectrais Além da Percepção Visual Humana
Prancha colorida 5-1 Imageamento multiespectral de uma agricultura com pivô central na Arábia Saudita, a, b) A vegetação absorve
a maior parte da energia incidente no verde e no vermelho fazendo com que os campos vegetados apareçam
em tons escuros nas imagens multiespectrais do verde e do vermelho, c) Por outro lado, a vegetação reflete uma
quantidade substancial de energia incidente no infravermelho próximo, tornando-a brilhante. Neste exemplo,
diversos campos aparecem em tons escuros nas imagens do verde e do vermelho (possivelmente devido à irriga
ção recente, retirada de uma colheita anterior, ou preparo do solo para plantio), sugerindo a presença de vegeta
ção. O exame cuidadoso dos mesmos campos na imagem do infravermelho próximo revela que a presença de
vegetação é muito pequena. A imagem do infravermelho próximo provê, também, informação detalhada sobre
a distribuição espacial da biomassa presente em cada campo, d) Uma composição colorida infravermelha torna
claro quais campos estão vegetados (as imagens IRS-1C LISS III são cortesia da Agência Espacial Indiana).
Uma Ilha de Mangue próximo a Key West, Flórida
Prancha colorida 5-2 Dados do Calibrated Airborne Multispectral Scanner - CAMS (Imageador por Varredura Multiespectral
Aerotransportado) de uma das ilhas próximas a Key West, FL. A resolução espacial é de 2,5 x 2,5 m. A imagem
é uma composição colorida das bandas verde, vermelho e infravermelho próximo. O denso e saudável mangue
(Rhizophora mangale), em vermelho, tem uma altura de 6 a 12 m. As árvores mais altas são encontradas na
periferia, ao redor da ilha, onde as marés fornecem um fluxo contínuo de nutrientes. Duas áreas de areia sem
vegetação estão localizadas no interior da ilha. Um recife de coral circunda a ilha (Davis e Jensen, 1998).
Prancha colorida 5-3 Algumas pessoas não percebem a cor como a maioria da população. Isto não as exclui de tornarem-se excelentes
analistas de imagem. Eles apenas necessitam entender a natureza de suas diferenças de percepção das cores, e
ajustá-las. São apresentadas duas cartas de percepção de cores. O observador deve ver um ‘3’ em (a) e um '6 ’ em
(b). Se você vê um ‘5’, no seu próximo exame da visão você deve pedir ao seu oftalmologista que lhe faça o teste
de percepção de cores, para identificar a limitação de sua percepção (Cortesia de Smith, J.T., 1968, Manual of
Color Aerial Photography, American Society for Photogrammetry and Remote Sensing).
Extração de Informação Planimétrica:
Par Estéreo Aerotriangulado Apresentado como Anáglifo
Prancha colorida 6-1 Anáglifo de um par de imagens estéreo da cidade de Columbia, SC, criado por meio de técnicas de fotograme-
tria digital. Favor usar óculos anaglíficos para visualizar o modelo tridimensional. A fotografia aérea à esquerda
deve ser visualizada com lentes vermelhas, e a fotografia aérea à direita, com lentes azuis.
Orientação Exterior: P lanta (Usina) da Westinghouse no Rio Savannah
Aquisição Estereoscópica, na Imagem, de Coordenadas de Pontos de Controle no Terreno
Left Image c /W O R K S P "! /lps/ftames/SRS95_~2 TIF Right Imoge c /V»'0RKSP~1 /lps/fram es/SRS95_~3 TIF
Deletel
LeftView: jç /workspace/lps
I- Apply Image Shift
jíf nrtl0—.Y z
Re sei
Apply | Reset [
Horizontal: none
Vertical: none
P o int# PointID Description Type Usaqe Active XReference Y Reterence Z Reterence maqe # Imaqe Name Active X File
laymax_pip Control 438912 700 3682631.232
laymax_pip Control 438907 990 3682623 710
Control 438912 870 3682623 110
entonitejoi 438931 951 3682650 304
=ntonite_pip Control 438945249
3ntomte_pip Control 438945250 3682623.192
a.
Prancha colorida 6-2 a) Orientação exterior de um par de imagens estéreo da Planta da Westinghouse no Rio Savannah, próximo a
Aiken, SC. b) Modelo Digital de Terreno (M DT) extraído por meio de técnicas de fotogrametria digital ao qual
é sobreposta uma das fotografias aéreas em cor verdadeira do par estéreo, mostrados em perspectiva oblíqua.
Os quatro terraços de teste são usados para analisar a eficácia de vários materiais para cobertura de aterros de
rejeitos tóxicos. Qualquer subsidência devida a problemas associados com a cobertura pode ser documentada,
comparando-se MDTs da região obtidos por sensores remotos em diferentes datas.
Extração de Informação Planimétrica:
Análise Estereoscópica de um Anáglifo de Par Estéreo Usando a Marca Flutuante
b. A projeção horizontal dos edifícios, o perímetro do espelho d’água e o eixo de simetria da via foram extraídos a
partir do anáglifo do par estéreo apresentado acima. Favor visualizar esse par estéreo com o uso de um estereoscópio.
Prancha colorida 6-3 a) Este anáglifo de um par estéreo foi analisado em três dimensões usando a marca flutuante para a identificação
da projeção horizontal dos edifícios, do perímetro do espelho d ’água e do eixo de simetria da via. b) As feições
extraídas são mostradas no par estéreo aerotriangulado e podem ser visualizadas com um estereoscópio.
Visualizador de Imagens “U SG S G lobal V isualization Vietver”
Órbita 15
Órbita 16
Órbita 17
Ponto 36
Ponto 37
Ponto 38
a. Busca de imagens de Charleston, SC, usando os critérios: órbita/ponto (16/37), Landsat 4-5
TM , Maio de 2005, 100% de cobertura máxima de nuvens; reamostrado para 1.000 pixels.
Prancha colorida 7-1 Uso do sistema de visualização de imagens denominado “USGS Global Visualization Viewer” para localizar
imagens Landsat Thematic Mapper de Charleston, SC.
Imagem do Sensor Enhanced Thematic M apper Plus do Satélite Landsat 7 de San Diego (Califórnia)
Prancha colorida 7-2 Composição colorida do sensor Enhanced Thematic Mapper Plus do satélite Landsat 7 de San Diego (Califór
nia), obtida em 24 de abril de 2000 (cortesia da NASA).
Imagem do Sensor Advanced Very High Resolution Radiometer (AVHRR) do Satélite NOAA-16
Temperatura, °C
Prancha colorida 7-3 Mapa de temperatura da superfície do mar (TSM) obtido da imagem do infravermelho termal do sensor
AVHRR do satélite NOAA-16 (cortesia da NOAA e do "Ocean Remote Sensing Program” da Universidade Johns
Hopkins; Gasparovic, 2003).
Mosaico AVHRR dos Estados Unidos a partir do AVHRR/NOAA
Prancha colorida 7-4 a) Mosaico AVHRR dos Estados Unidos obtido de 16 imagens NOAA-8 e NOAA-9 ( l x l km) adquiridas de
24 de maio de 1984 a 14 de maio de 1986, usando os canais 1 e 2 (Cortesia da NOAA e do USGS). b) Imagem
NDVI (média de agosto) da América do Norte obtida do imageamento feito pelo AVHRR no período de 1981
a 2000 (cortesia da NASA Goddard Space Flight Center Scientific Visualization Studio).
Dados do Escaneador Multiespectral Aerotransportado do Delta do
b . Composição infravermelho-colorida
obtida em 31 de março de 1981. (RGB = bandas 10, 6, 4).
d. Composição infravermelho-colorida
(RGB = bandas 10, 6, 4).
Prancha colorida 7-5 Imagens do sensor aerotransportado de varredura multiespectral Daedalus D S-1260 do delta do Córrego Four
Mile na Usina Westinghouse do Rio Savannah (Carolina do Sul). a) Imagem da banda 10 do infravermelho próxi
mo obtida em 31 de março de 1981. b) Composição infravermelho-colorida. c) Imagem da banda 10 obtida em
23 de abril de 1992. d) Composição infravermelho-colorida. Observe as diferenças na distribuição da vegetação
do pântano entre 1981 e 1992 (cortesia da Westinghouse Savannah River Company e do Department o f Energy).
Imagem SPOT 5 de Los Angeles, Califórnia
11 a 20 de Maio de 1998
Imagem Óptica ASTER Terra de Oahu, Havaí.
Prancha colorida 7-8 Imagem ASTER Terra de Oahu, Havaí (cortesia da NASA/GSFC/MITI/ERSDAC/JAROS, do ASTER Science
Team e do Califórnia Institute o f Technology).
Imagens Multiespectrais e Pancromáticas do IKONOS de Columbia (Carolina do Sul)
Prancha colorida 7-9 Imagem IK ON OS de um condomínio de negócios em Columbia (Carolina do Sul), a-d) As bandas multiespec
trais individuais (4 x 4 m) e a banda pancromática (1 x 1 m) são exibidas, e) Composição colorida das bandas
IKONOS 4, 3 e 2. f) Composição colorida resultante da fusão de dados multiespectrais (4 x 4 m) e pancromá-
ticos (1 x 1 m) (cortesia da GeoEye, Inc.).
Imagem AVIRIS de Moffett Field (Califórnia)
224 bandas
com largura
1400 i nominal de
10 nm cada
1400 nm
1900 nm
1900 nm
2500 nm —
2500 :
Prancha colorida 7-10 Cubo hiperespectral do sensor Airborne Visible Infrared Imaging Spectrometer (AVIRIS) de Moffett Field (Ca
lifórnia), adjacente à Baía São Francisco. Os dados foram adquiridos em 20 de agosto de 1992 pela aeronave
ER-2 (um U-2 modificado) da NASA de uma altitude de 20 km, resultando em uma resolução espacial nominal
de 20 x 20 m. O AVIRIS adquire imagens em 224 bandas (10 nm de largura cada) na faixa espectral de 400 a
2500 nm. Três das 224 bandas do AVIRIS foram usadas para produzir a composição colorida da face do cubo
para realçar a água e os lagos de evaporação à direita. Os lados do cubo exibem apenas os pixels das bordas da
imagem para todas as 224 bandas de 400 nm (topo) a 2500 nm (base). As áreas escuras dos lados do cubo ex
pressam a forte absorção atmosférica, especialmente em 1400 nm e 1900 nm (vapor d’água). Os lados são mos
trados em pseudo-cor variando do preto-azul (baixa resposta espectral) ao vermelho (alta resposta espectral). De
particular interesse no cubo, destaca-se uma pequena região de alta resposta espectral no canto superior direito,
logo abaixo dos lagos. Essa resposta espectral alta no comprimento de onda do vermelho (680 nm) é causada
pela presença de 1 cm de salmoura vermelha de camarão nos lagos de evaporação (cortesia de R.O. Green da
NASA Jet Propulsion Laboratory).
Imagens do Em erge D ig ita l Sensor System (D SS) de Nova Iorque
Fotografia infravermelho-colorida.
b. Fotografia cor-verdadeira.
Prancha colorida 7-11 Dados do Emerge Digital Sensor System (DSS). a) Imagem infravermelho-colorida (RGB = infravermelho próxi
mo, vermelho e verde) de Dunkirk, Nova Iorque, obtida com resolução de 1 x 1 m em 12 de dezembro de 1998.
A quadra de tênis e a trilha são cobertas por astro-turfa. b) Imagem cor-verdadeira (RGB = vermelho, verde e
azul) de uma área adjacente ao lago Power Authority. Os dados de 30,5 x 30,5 cm foram adquiridos em 13 de
outubro de 1997. Essa bela imagem registrou a senescência de árvores decíduas (cortesia de D on Light).
Imagem Infravermelha Termal e Videografia Colorida de Segmentos
da Bacia do Rio Umpqua no Oregon
17.0 J L 5
a. Fatiamento colorido da imagem infravermelha termal e videografia colorida natural da confluência do Rio Umpqua do
Sul (27,5 °C) com o Rio Umpqua do Norte (25,7 °C) na posição da milha 109,3 do rio.
b. Confluência do Córrego W olf (19,7 °C) com o Rio Little (22,8 °C) na posição da milha 11 do rio.
Prancha colorida 8-1 Imagens infravermelhas coloridas obtidas por um sistema de visada avante (FLIR) de dois segmentos da Bacia
do Rio Umpqua mostradas junto com videografias em cor natural obtidas ao mesmo tempo. Os dados in
fravermelhos termais foram calibrados para temperatura superficial e codificados em cores (procedimento de
fatiamento density sliced). As medidas de temperatura superficial da água obtidas por sensoriamento remoto
geralmente estavam no intervalo ±0,5 °C da temperatura cinética verdadeira (as imagens são cortesia do Oregon
Departm ent of Environmental Quality, 2003).
Detecção Infravermelho Termal da Poluição Térmica das Águas do Rio Savannah
Histograma do Tansecto B
> 20 °C acima
branco da temperatura
200 ambiente do rio
■ca180
:§>i6o
Ui
O vermelho 10,2 - 20 °C
o 140
-C
m 120
<U laranja 5,2- 10 °C
*T3
io o --
amarelo 3,0_-_5,0 °C
__ verde + 1 °C
80
pantano 12 °C
terra
60 rio
ambiente
40
10 20 30 40 50 60
Pixel no Transecto
d.
Prancha colorida 8-2 a) Produto colorido do fatiamento de um dado infravermelho termal de antes do amanhecer de um pluma
termal do Córrego Four Mile no Rio Savannah em 28 de março de 1981 (resolução espacial de 2,8 x 2,8 m).
A codificação de cores dos dados está de acordo com os intervalos de classe mostrados na Tabela 8-8. b) Três
transectos passam através da pluma após rotacioná-la de 16o. c) Porque é importante rotacionar a imagem, d)
Informação de temperatura no Transecto B mostrada em formato de histograma.
Fotografia do Ônibus Espacial e Imagem SAR do SIR-C/X do Rio N ilo, Sudão
Prancha colorida 9-1 a) Fotografia do Ônibus Espacial do Rio Nilo, Sudão, b) Composição colorida de imagens SAR do SIR-C/X com
posta pela banda C com polarização HV, banda L com polarização H V e banda L com polarização H H . Os dados
foram adquiridos pelo Ônibus Espacial Endeavor em Abril de 1994 (cortesia de NASA Jet Propulsion Lab).
Prancha colorida 9-2 Imagem SAR do SIR-C/X de uma parte de Rodônia, Brasil, obtida em 10 de Abril de 1994. É uma composição
colorida da banda X com polarização W , banda C com polarização H V e banda L com polarização HV. Uma forte
precipitação de chuva aparece como uma nuvem negra na imagem banda X, mais tênue na imagem banda C e é
relativamente invisível na banda L. A floresta tropical aparece em rosa claro (cortesia de NASA Jet Propulsion Lab).
Interferogramas das Bandas C e L do SIR-C, da Região de Fort Irwin, CA
Prancha colorida 9-3 Interferogramas do SIR-C/X de Fort Irwin, CA, no Deserto de Mojave. As bandas coloridas fornecem detalha
das informações quantitativas de elevação, que podem ser usadas para construir um modelo digital do terreno
(cortesia de NASA Jet Propulsion Lab).
Prancha colorida 9-4 Visão em perspectiva tridimensional de Owens Valley, perto de Bishop, CA, criada pela combinação de duas
imagens SAR orbitais do SIR-C/X obtidas em Outubro de 1994, usando-se técnicas interferométricas. As
Montanhas Brancas {WhiteMountains) estão no centro da imagem e elevam-se a 3.000m (-10.000 pés). O Rio
Owens e seus tributários podem ser observados (cortesia de NASA Jet Propulsion Lab).
M odelo de Elevação Digital das Montanhas de Wasatch, em
Utah, Derivado dos Dados SRTM (Shuttle Radar Topography
Mission) e Integrado com Imagem TM Landsat
b. Estéreo-par anaglifo.
Prancha colorida 9-5 a) Modelo digital de elevação derivado dos dados SRTM e integrado com imagem TM Landsat (RGB = bandas
4, 3, 1). Os dados SRTM banda C foram obtidos em 12 de Fevereiro de 2000. b) Uma apresentação em ana
glifo dos dados SRTM em banda C (por favor, use os óculos anaglifo). c) Um estéreo-par de dados T M Landsat
superpostos ao DEM obtido dos dados SRTM (as imagens são cortesia de NASA Jet Propulsion Lab).
Comparação Entre o DEM G TOPO 30 e o DEM Derivado dos Dados SRTM do
M onte Kilimanjaro, na Tanzânia e no Quênia
a. Modelo digital de elevação G TO PO 30 de 1 x lkm . b. Modelo digital de elevação derivado dos dados SRTM de 30 x 30m.
c. Modelo digital de elevação G TO PO 30 de 1 x lkm , visto em d. Modelo digital de elevação derivado dos dados SRTM de 30 x 30m.
perspectiva oblíqua, a partir de W-NW.
Prancha colorida 9-6 a) Modelo digital de elevação G TO PO 30 de 1 x lkm . O modelo é parte da base de dados DEM G TO PO 30,
mantida pelo USGS (Serviço Geológico dos Estados Unidos da América), b) Modelo digital de elevação deriva
do dos dados SRTM de 30 x 30m. c) DEM G TO PO30 visto a partir de W-NW. d) Modelo digital de elevação
derivado dos dados SRTM visto a partir de W-NW. Note os detalhes associados aos pequenos cones vulcânicos
no flanco da m ontanha (as imagens são cortesia de NASA Jet Propulsion Lab).
Radiômetro Avançado por Varredura de Micro-ondas {Advanced M icrow ave Scanning R adiom eter - AM SR-E)
de Agosto de 2005.
Prancha colorida 9-7 a) Imagem composta da temperatura da superfície do mar (sea surface temperature - SST), derivada dos dados do
AMSR-E {AdvancedMicrowave Scanning Radiometer), do local de origem dos furacões, a zona de convergência
inter-tropical. b) Uma média de três dias da SST obtida pelo AMSR-E para o Mar do Caribe e o Oceano Atlân
tico, no período de 25-27 de Agosto de 2005. A água aquecida dos oceanos dão energia aos furacões, e foi uma
grande quantidade de água aquecida que permitiu o crescimento do Furacão Katrina e forneceu-lhe energia
suficiente para cruzar a Flórida e se mover até o Golfo do México. Toda a água com as cores amarelo, laranja e
vermelho está com uma temperatura de > 27,8 °C (82 F). Um furacão requer SST neste nível de temperatura,
ou superior, para se fortalecer. Os dados sobre cobertura de nuvens foram extraídos do imageamento NOAA
GOES. Os dados da terra firme foram obtidos das imagens M O DIS (as imagens são cortesia da NASA e da
Agência Nacional de Desenvolvimento Espacial do Japão).
L iquidâm bar
{Liquidâmbar styraciflua L.)
80-
70-
folha
60 vermelha
50^ folha
U folha verde folha
c
<w 40 f amarela marrom
ü<U
qq azul verde
30 vermel ho
I
20d
10- Infravermelho
Próximo
e- 0 “ | | | | | | | | | | | | | I
400 500 600 700 800 900 1000
Comprimento de onda (nm)
Prancha colorida 11-1 a) Folha verde fotossintetizante de liquidâmbar (Liquidâmbar styracifluaL.) obtida de uma árvore em 11 de novem
bro de 1998. b-c) Folhas senescentes amarela e vermelha obtidas da mesma árvore, d) Folha velha de liquidâmbar
coletada no chão. e) Medições espectrorradiométricas de reflectância percentual no intervalo entre 400 e 1050 nm.
Informações de Referência de Campo Mapa de Classificação da Vegetação,
Sobrepostas a um Canal AVIRIS, 3 de Setembro de 1993
San Luis Valley, CO
a. b.
cevada nenhuma
canola pastagem
vegetação seca /
solo exposto
Prancha colorida 11-2 a) Informações de referência de campo sobrepostas a uma banda AVIRIS (20 x 20 m) obtida em 03 de setembro
de 1993. b) Mapa mostrando a classificação de espécies de vegetação, obtido pela análise de dados AVIRIS. c)
Mapa de vegetação senescente/estressada (modificado de Clark et al., 1995).
Biomassa num Trecho da Enseada de Murrells, SC,
derivada a partir de dados do sensor CAMS
(Calibrated Airborne Multispectral Scanner,
Escâner Multiespectral Calibrado Aerotransportado)
Obtidos em 02 de agosto de 1997
500 - 749
750 - 999
| 1 1 0 0 0 - 1499
I 1 1 5 0 0 - 1999
I j 2 0 0 0 -2 4 9 9
I j 2 5 0 0 -2 9 9 9
Prancha colorida 11-3 a) Composição colorida natural de um pequeno trecho da Enseada de Murrells, SC, registrado pelo sensor
CAMS (NASA), em 2 de agosto de 1997. b) Composição colorida infravermelha, c) Informação de biomassa
(g/m2) extraída a partir de dados do sensor CAMS (Jensen et al., 1998).
Ciclos Fenológicos de Culturas Agrícolas nas Áreas do San Joaquin Valley e do Imperial Valley, Califórnia,
e Imagens Multiespectrais Landsat de um Campo Obtidas Durante o Ciclo de Crescimento.
Algodão
Preparo do Solo Emergência Início dos Florescimento Início das Abertura Colheita Gradagem
Botões Maçãs das Maçãs -
Desfolhamento
Prancha colorida 11-4 Ciclos fenológicos de a) beterraba açucareira, b) algodão e c) alfafa cultivados no San Joaquin Valley e no Impe
rial Valley, sul da Califórnia. As imagens MSS/Landsat foram obtidas durante um período de 12 meses em San
Joaquin Valley. As composições coloridas (RGB = bandas 4, 2, 1) de três campos agrícolas foram selecionadas e
colocadas sob os calendários agrícolas de cada uma das culturas citadas.
Classificação de um Trecho do Imperial Valley, CA, Obtida de Imagem T M /
Landsat (Bandas 1-5 e 7) Coletada em 10 de Dezembro de 1982
Beterraba
Alfafa
Algodão
Pousio
Prancha colorida 11-5 a) Imagem composição colorida normal TM/Landsat de uma porção do Imperial Valley, CA, obtida em 10 de
dezembro de 1982. b - d) Vários tipos de composições coloridas falsa-cor. e) Mapa de classificação obtido via
processamento digital de imagens.
Cobertura Agrícola da Terra na Região do Rio Mhlathuze, na África do Sul
de Manejo Hídrico #6: bacias dos rios Usutu e Mhlathuze, registrada por imagens SPOT coletadas
em 09 de janeiro de 2004 (RGB = bandas 3, 2, 1).
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_______ ... / , 'V '' I Estrada
□ Água
□ Solo Exposto
0 Quebra-Vento
1 I Banana
7 T A ..
b. Mapa de classificação derivado de dados multiespectrais e pancromáticos do satélite SPOT datados de 2004.
Prancha colorida 11-6 a) Imagem em composição colorida HRVIR/SPOT de uma área do Rio Mhlathuze, na República da África do
Sul. b) Mapa de classificação derivada a partir de dados de sensoriamento remoto da área de estudo. Este tipo
de informação é usado pelo Departamento de Assuntos Hídricos e Florestais da República da África do Sul
para inventariar a cobertura da terra como entrada para o sistema espacial de suporte à decisão WARMS (Water
Authorization and Resource Management) (cortesia de Jensen et al., 2006).
Imagem do Sea-viewing Wide Field-of- View (SeaWiFS)
Prancha colorida 12-1 Exemplos de dados do sensor remoto Sea-viewing Wide Field-of-View (SeaWiFS, Imageador Oceânico de Gran
de Campo de Visada) (cortesia da NASA Goddard Space Flight Center e da Orbital Imaging Corporation (ORB1
MAGE); usado com permissão).
Produto Clorofila a do sensor M O DIS
Prancha colorida 12-2 Distribuição de clorofila a em 23 de novembro de 2003 na porção sudeste dos Estados Unidos determinada
com o uso do algoritmo M O DIS Chlor_«_2 (cortesia da NASA).
Lago Tahoe, Califórnia-Nevada
Profundidade (m)
Prancha colorida 12-3 a) Batimetriado LagoTahoe resultante do uso do sistema SHOALS LIDAR para profundidades < 15 m e de um
SONAR Kongsberg de múltiplos feixes para profundidades > 15 m. b) Tons mais claros nos dados de retroespa-
lhamento acústico indicam superfícies mais duras, como rochas. Tons mais escuros indicam superfícies menos
compactas, como sedimentos. A superfície ao redor do lago é uma imagem de relevo-sombreado de um modelo
digital de elevação do USGS (10 m). c) O colapso da parte central da margem oeste resultou no lançamento de
grandes blocos com até 20 m de altura sobre o assoalho do lago. Essa grande falha é denominada de “avalanche
de escombros” e é muito similar em tamanho às feições de colapso encontradas ao longo de margens oceânicas
em áreas tectonicamente ativas e em torno de vulcões (cortesia do USGS, 2006).
Temperatura da Superfície do Mar a partir de Dados NOAA AVHRR
! .õ 1C 22 2-S 26 28
b. Mapa Global de temperatura da superfície do mar (TSM) resultante dos dados NOAA-14 AVHRR.
Prancha colorida 12-4 a) Mapa de temperatura da superfície do mar (TSM) resultante de uma composição de três dias de dados do
infravermelho termal do NOAA AVHRR com a série centrada em 4 de março de 1999. Os pixels com maiores
temperaturas no período de três dias foram alocados para compor a imagem (cortesia da NOAA Coastal Services
Center). b) TSM (°C) em escala global (50 x 50 km) calculada a partir de dados NOAA-14 AVHRR obtidos de 9
a 13 de março de 1999 (95 horas) (cortesia da NOAA/NESDIS).
Temperatura Mensal da Superfície do Mar (°C)
Prancha colorida 12-5 Mapas Reynolds mensais de temperatura da superfície do mar (TSM) determinados a partir de dados in situ de
bóias e de sensoriamento remoto (cortesia NOAA/TAO/National Centerfo r Environment Prediction).
Tropical Rainfall Measurement M ission (TRMM)
Distância (km)
c. Seção transversal ao longo da trajetória com dados de Radar de precipitação do TRM M obtidos em 9 de março de 1998.
Prancha colorida 12-6 a) Dados globais do TRM M Microwave Imager (Imageador de Micro-ondas do satélite Tropical Rainfall Me
asurement Mission) coletados em 9 de março de 1998. b) Dados de Radar de precipitação do sul da Flórida,
c) Seção-transversal dos dados de Radar de precipitação (cortesia da NASA Goddard T R M M Office e da Japan
National Space Development Agency).
Bancos de Dados Selecionados da Base Nacional de Dados Espaciais da Carolina do Sul
Imagens Digitais
Ortorretificadas
Hidrologia
Terreno Digital
Transporte
Cobertura da
Terra/Uso
da Terra
Prancha colorida 13-1 Bancos de dados selecionados da Base de Dados Espaciais da Carolina do Sul.
Prancha colorida 13-2 Nível I - cobertura da terra urbana/não-urbana para os condados de Berkeley, Dorchester e Charleston, locali
zados em Charleston, SC, obtido de imagens Landsat MSS 79 x 79 m. A informação de cobertura da terra está
sobreposta a uma imagem do infravermelho próximo (MSS banda 4).
Mapas Minerais de Cuprite, NV, Derivados a Partir de Dados Hiperespectrais AVIRIS
Cuprite, Nevada
AVIRIS AVIRIS 1998 AVIRIS Data
3.9 km AGL 20 km AGL USGSTetraeorder Mineral Map
Sway-ze, Clark, Goetz,
2.3 x 7 m 18 Livo, and Sutlcy
Eaitern Centct
Clays, Micas, Sulfate*, Carb*.
K- Alunite
High Temp
K AJunite
Interm. Temp
K-Na Alunile
LowTemp
Alunite ♦ Kaolimte
Buddingtonite .
N»--Montmorillonite
Wx! Kaolinile
Pxl Kaolinile or
Wxl Kaol. *Other
Dickite
Halloysitc or
Kaol ♦ Mu*c 2
Na.Montmorillonite
Nontronite or Clay
with 2.29um Bd.
Muscovite 1 High
Muscovite 2
Muscovite 3
Muscovite 4 Low
Kíolinite-Muscovite
Intimate Mix
Kaolinile » Musc 2
Chlorite ♦ Muscovite
Intimate Mix
Caleite
Cakite ♦ Muscovite
Calcite ♦
Na Mont or Musc 3 í
Calcite ♦
Ca-Mont or Musc 4
Carbonates or Chlorite|
Chalcedony
v: *•0 o ■*> u
Prancha colorida 14-1 Mapas minerais de Cuprite, NV, derivados a partir de dados ÀVTRIS de baixa-altitude (3,9 km ÀGL - Acima do
Nível do Solo) e de alta-altitude (20 km AGL) obtidos em 11 de outubro de 1998 e em 18 de Junho de 1998,
respectivamente (cortesia de Swayze et al., 1999).
Prancha colorida 14-2 a) Imagem em composição colorida Shuttle SIR-C/X do vulcão Kilauea, H I, (bandas C, X, L) obtida em 12 de
abril de 1994. b) A imagem sobreposta a um modelo digital de elevação. O fluxo de lava sobre o terreno neste
vulcão é muito evidente (cortesia da NASA Jet Propulsion Lab).
Estéreopar do M onte St. Helens, em Washington
Estéreopar infravermelho
colorido de Fotografia de
Alta Altitude (USGS) do
M onte St. Helens, WA,
obtida em 06 de agosto
de 1981. O domo ativo de
lavas no centro do cone é
visível. Um padrão de dre
nagem radial foi desenvol
vido. O norte está à esquer
da (cortesia do USGS).
O Grand Canyon
Prancha colorida 14-4 Composições coloridas TM/Landsat de uma porção do Grand Canyon (cortesia NASA).
Rio Ugab, Namíbia
Prancha colorida 14-5 Imagem AS I ER, do Rio Ugab, na Namíbia, obtida em 5 de dezembro de 2000 (RGB = bandas 7, 3, 1). O
rio passa através de camadas dobradas quase verticalmente de calcário, arenito e siltito finamente estratificados
(cortesia de NASA/GSFC/METI/ERS-DAC/JAROS e U.S./Japan ASTER Science Team).
Rio Mississipi
Prancha colorida 14-6 Composição colorida Thematic Mapper Landsat (RGB = bandas 4, 3, 2) do Rio Mississipi (cortesia Space
Imaging, Inc.)
Baía Morro, CA
Prancha colorida 14-7 Composições coloridas Thematic Mapper Landsat de Baía Morro, CA (cortesia Space Imaging, Inc.).
Ilha de Palms, SC
Prancha colorida 14-8 a. Porção de uma ortofotografia infravermelha-colorida USGS NAPP da Ilha Sullivan, SC (cortesia U.S. Geolo-
gical Survey). b) Dados do escaneador multiespectral Atlas (2,5 x 2,5 m) de um mangue atrás da Ilha de Palms,
SC, (RGB = bandas 6, 4, 2) (cortesia NASA Stennis Space Center).
Glacial Glacial
Agassiz Seward
Glacial Malaspina, AL
a. Composição colorida (RGB = bandas 5, 4, 3) ETM 7 b. Visada oblíqua alta do glacial criada pela sobreposição de uma imagem
Landsat do Glacial Malaspina, obtida em 31 de agosto TM /Landsat obtida em fevereiro de 2000 (RGB = bandas 3, 2, 1) com um
de 2000. modelo digital de elevação extraído dos dados SAR interferométricos Space
Shuttle Radar Topography Mission banda C coletados em fevereiro 2000.
Prancha colorida 14 -9 a) Visada vertical infravermelho próximo e b) visada oblíqua alta colorida normal do Glacial Malaspina, no Alasca.
Este é o maior glacial do Alasca e cobre 3.880 km2. E um glacial composto formado pela junção de glaciais de vale,
sendo o Agassiz e o Seward os mais proeminentes deles (cortesia NASA e Jet Propulsion Lab).
Prancha colorida 14-10 Composições coloridas Landsat de paisagens glaciais em porções de a) Uinta Mountains, em Utah, b) Cadeia
Wasatch nas Montanhas Rochosas, em Utah, e c) Lago Tahoe, em Sierra Nevada, na fronteira entre a Califórnia
e Nevada. Consultar as anotações nas ilustrações em preto e branco no Capítulo 14 (cortesia U.S. Geological
Survey e Space Imaging, Inc.).
Deserto Namib, Namíbia, África
outubro de 2002. A imagem foi sobreposta num modelo de elevação digital de elevação obtido
de dados estereoscópicos ASTER.
Prancha colorida 14-11 Visada vertical e visada oblíqua baixa do Deserto Namib no Parque Nacional N am ib-Naukluft. Essas são as
dunas mais altas do mundo, algumas > 300 m. A área recebe uma média de apenas 63 mm de chuva por
ano. A cor alaranjada desenvolve-se com o tempo à medida que o ferro contido na areia é oxidado. Q uanto
mais velha a duna, mais brilhante é cor alaranjada (cortesia USGS e NASA/GSFC/M ETI/ERSDAC/JAROS
e U.S./Japan ASTER Science Team).
Componentes do Sistema Ativo de Micro-ondas 303
Imagem em Slant-R ange versus Imagem pelo relevo topográfico (a ser discutido à frente). O intér
em G round-Range prete deve, sempre, determinar se a sua imagem de radar
apresenta-se com a sua geometria convertida para ground-
range. A maioria dos sistemas e provedores de dados de
radar fornecem as imagens já na geometria ground-range.
í n 1x Iseg \ x 300.000.000 m
\ 1.000.000/ seg
2 x 0,766
cíficos, ao longo da direção de iluminação {range). Para onde 5 é a distância slant-range (alcance inclinado) até o
conhecermos as dimensões do elemento de resolução, é ponto de interesse. A equação pode ser usada para calcu
necessário calcular, também, a sua largura, medida na di lar a resolução em azimute para qualquer posição entre o
reção do voo do veículo imageador —a direção de azimute. near- e o far-range. Por exemplo, considere as condições
A resolução em azimute (RJ é determinada pelo cálculo da mostradas na Figura 9-12, onde o slant-range próximo
largura da faixa do terreno que é iluminada pelo pulso de (SncJ é 20 km e o distante (Sfar) é 40 km. Os tanques 1
radar. Radares de micro-ondas de abertura real produzem e 2 e os tanques 3 e 4 estão separados por 200 m. Se um
pulsos na forma de lóbulos, similares aos da Figura 9-12, radar na banda X (3 cm) for utilizado com uma antena
os quais são estreitos no near-range e alargam-se em dire de 500 cm, então a Equação 9 pode ser empregada para
ção ao far-range. Basicamente, a largura angular do lóbulo calcular a resolução em azimute no near-range\
é diretamente proporcional ao comprimento de onda do
pulso de energia transmitida, i.e., comprimentos de onda ^ _ 20 km x 3 cm
maiores, lóbulos mais largos, e comprimentos de onda “ 500 cm
menores, lóbulos mais estreitos. Portanto, em radares de
abertura real (força bruta), pulsos com comprimentos de j^ _ 20.000 m x 0,03 m
onda menores resultarão na melhoria da resolução em azi ' 5m
mute. Infelizmente, os comprimentos de onda menores
são, também, os que apresentam a menor capacidade de ^ _ 600 m
penetração na atmosfera e na vegetação. a 5m
Antena
S=JL (9-11)
seny
onde, L é o comprimento da antena. Como Henderson e
A equação para calcular a resolução em azimute torna-se: Lewis (1998) salientaram,
significa que a resolução em azimute de um sis no terreno), que seja planimetricamente correta em x,y.
tema SAR é independente da distância (near- ou Entretanto, quando árvores, edifícios altos ou montanhas
far-range) ou altitude do sensor. Teoricamente, estão presentes na cena, ocorrem deslocamentos de relevo
a resolução espacial na direção azimute para um na imagem de radar. Em uma imagem de radar, o deslo
sistema de imageamento SAR será a mesma, camento horizontal de um objeto causado pela sua eleva
tanto para uma aeronave como para um satélite. ção ocorre em direção à antena do radar (Figura 9 -13a).
Não existe outro sistema de sensoriamento re Pelo fato de que a imagem de radar é formada na direção
moto com esta capacidade! perpendicular à trajetória (range) do veículo imageador, os
objetos mais altos estarão mais próximos da antena e, por
Entretanto, a Equação 9-13 não é o único parâmetro que tem tanto, serão detectados primeiro. Este aspecto é totalmente
impacto nos dados SAR. A natureza coerente do sinal SAR contrastante com o deslocamento de relevo nas fotografias
produz speckle na imagem (espécie de estrutura granular). aéreas ópticas, onde o deslocamento de relevo é radial a
Para remover o speckle, normalmente a imagem é processada partir do ponto principal (centro) da fotografia. As distor
utilizando-se diversos looks, i.e., é feito uma média de várias ções induzidas pela elevação no imageamento de radar são
observações. Por exemplo, pode ser feita a média de quatro denominadas de foreshortening e layover.
looks (N). Este procedimento aumenta dramaticamente a in-
terpretabilidade dos dados na imagem SAR. Portanto, a reso Foreshortening e Layover
lução em azimute necessita ser ajustada pela equação:
Basicamente, todo terreno que apresentar uma encosta
SAR=N{^ (9-14) voltada em direção ao radar, ela aparecerá relativamente
comprimida na imagem, em relação à encosta do sentido
oposto. O eleito é ilustrado na Figura 9 -13a. O fator de
O SAR SIR-C tem uma antena de 12 m, que produziría encurtamento da encosta, F., é, aproximadamente:
uma resolução em azimute de 6 m, se a Equação 9-13 fos
se usada. No entanto, devido ao speckle, os dados SAR Ff = sen(0 - a) (9-15)
SIR-C foram processados usando-se 4 looks (N=4) para au
mentar a interpretabilidade dos dados. Assim, a resolução onde o ângulo de incidência 9 é medido entre o plano ver
em azimute ajustada é de 24 m. tical no nadir e a linha que une a antena de radar e a feição
no terreno, e o a é o ângulo de declividade da superfície.
Esta discussão inicial resume como as resoluções em range O ângulo alfa é positivo (a*) onde a declividade é inclina
e em azimute são calculadas dentro de uma faixa imageada da em direção ao radar (foreslope = encosta frontal) e nega
por um radar de abertura real. Observe que o elemento de tivo ( a ) onde a declividade é inclinada no sentido oposto
resolução pode ter diferentes dimensões, i.e., a resolução (backslope = encosta dorsal).
em range poderia ser 10 m e a em azimute 20 m. Portanto,
devido à constante mudança de escala numa imagem de Por exemplo, considere o morro com pequena declivida
radar de abertura real, é importante ser cuidadoso na reali de da Figura 9-13a. Ele é perfeitamente simétrico, com as
zação de medidas radargramétricas que abranjam grandes distâncias AB’ e B’C iguais quando projetadas no plano
áreas. Quando se utilizam tais dados, o mais indicado é ground-range (i.e., alcance no terreno em um mapa pla-
calcular as resoluções em range e em azimute para a área nimétrico). Um único pulso de energia de micro-ondas
de interesse e, só então, realizar as medições. Se novas áreas iluminando o terreno encontrará, em um primeiro mo
forem selecionadas para estudo, o processo de determina mento, a base do morro (A) que será registrado na imagem
ção das resoluções deve ser repetido. em slant-range (alcance inclinado) no ponto a. Como o
topo do morro (B) se estende acima do terreno e está re
Deslocamento de Relevo no RADAR, Foreshor- lativamente próximo da antena, ele é registrado em b. A
tening (Encurtamento de Rampa), Layover base do morro em C é registrada na imagem em slant-range
(Inversão de Relevo), Sombra e Speckle no ponto c. Quanto mais alto o objeto acima do terreno,
maior será o seu encurtamento (foreshortening). Neste caso,
a imagem de radar apresentará uma pequena encosta fron
As distorções geométricas existem em quase todas as ima tal muito brilhante e uma encosta dorsal em tons escuros.
gens de radar, incluindo o foreshortening (encurtamento de Seria difícil fazer um mapa das feições do morro usando
rampa), o layover (inversão de relevo) e o sombreamento. esta imagem de radar porque o topo do morro, embora
Quando o terreno é plano, é correto utilizar a Equação não muito alto, está deslocado da sua posição planimétrica
9-6 para converter uma imagem de radar em slant-range verdadeira, i.e., ab não é igual a bc. O foreshortening é in
(alcance inclinado) para uma em ground-range (alcance fluenciado pelos seguintes fatores:
308 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas
Figura 9-14 a) A imagem da banda C do ERS-1 das White Mountains mostra um substancial foreshortening devido ao seu pequeno ângulo
de incidência (cortesia Alaska SAR Facility; © 1992, Agência Espacial Européia —ESA). b) A imagem da banda L do JERS-1,
com um ângulo de incidência maior, apresenta uma significativa diminuição de foreshortening (cortesia Alaska SAR Facility;
© NASDA). c) Imagem aérea de radar de abertura sintética (SAR), na banda X, de um cone vulcânico no Arizona. A forma
basicamente cilíndrica do cone está distorcida na direção de visada (slant-range), aparecendo com uma forma mais elíptica do
que em uma fotografia aérea. O foreshortening (deslocamento de relevo em direção à antena de radar) ocorre nas regiões mais
próximas à antena (near-range). Há, também, uma sombra escura em parte da cratera, no topo do cone. d) Fotografia aérea
pancromática vertical de SP Mountain, AZ (cortesia Eric Kasichke, ERIM International, Inc.).
radar, corno as informações na parte posterior de um edi é denominada de iluminação rasante, porque o pulso de
fício alto ou o uso da terra em vales profundos. Sob certas radar incide apenas levemente na encosta dorsal. A encosta
condições, um objeto que se eleve acima de um datum lo dorsal é totalmente iluminada quando o seu ângulo de de
cal pode causar, pela sua escarpa frontal (foreslope), a refle clividade for menor que o de depressão (a" < y).
xão total do pulso de energia de micro-ondas, produzindo
uma área de sombra negra na sua escarpa dorsal (backslope). A Figura 9-13c demonstra como pode ser formada uma
Uma escarpa dorsal será uma sombra de radar quando o grande área sombreada a partir de uma escarpa dorsal ín
seu ângulo de declividade (a ‘) for maior do que o ângu greme. Neste caso, a declividade é de aproximadamente 85°
lo de depressão (y), i.e., a > y (Figura 9-13c). Se os dois (cr = 85°) e o ângulo de depressão é de 45° (y = 45°). Como
ângulos forem iguais (a' = y), a encosta dorsal será apenas a declividade é maior do que o ângulo de depressão, a ex
fracamente iluminada pela energia incidente. Esta situação pectativa é que a área seja sombreada. De fato, a superfície
310 CAPITULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas
Speckle
Pulsos de energia
de micro-ondas
[ ] holograma de radar
9 8
Figura 9-17 Uma longa antena pode ser simulada por uma antena pequena (p.ex., lm de comprimento), que não comprometa a movi
mentação da aeronave, baseando-se nos princípios do efeito Doppler. À medida que a aeronave voa ao longo de uma linha
reta, uma pequena antena montada em sua fuselagem envia uma série de pulsos, a intervalos regulares. Cada pulso consiste
de um conjunto de micro-ondas coerentes. Embora o tamanho dos pulsos determine a resolução perpendicular à trajetória
da aeronave, é o comprimento de onda da radiação de micro-ondas que determina a resolução medida ao longo da trajetória.
Q uando um objeto (ponto negro) entra no campo de iluminação da antena (a), ele reflete uma parte dos pulsos de volta à
antena. Em vários pontos, na trajetória da aeronave, o objeto situa-se em uma determinada região do conjunto de micro-ondas
que constitui o pulso. Por exemplo, na ilustração o objeto está, inicialmente, na onda 9 do pulso em a, na onda 8 em b, na 7
em c e 6,5 em d, onde o objeto está em ângulo reto com a antena. A partir daí, aumenta a distância do objeto, p.ex., ponto e.
A antena recebe uma série de ondas refletidas e as combina eletronicamente com o conjunto de ondas de referência (não mos
trado), avaliando a interferência entre as.duas séries oscilatórias. O sinal de interferência é transformado em uma voltagem,
que controla o brilho de um sistema de varredura em um tubo de raios catódicos. Q uando o pulso refletido coincide com o
pulso de referência, a interferência é construtiva, a voltagem será alta e a resposta será de alto brilho (tons claros). Quando
a fase dos comprimentos de onda refletidos não coincide com a fase de referência, a interferência é destrutiva, a voltagem é
baixa e a resposta de é baixo brilho (tons escuros). O sistema de varredura registra, então, uma série de áreas claras e escuras, de
diferentes tamanhos, que são impressas em um filme de dados que se move com uma velocidade proporcional à da aeronave
(após Kasischke et al., 1984).
Componentes do Sistema Ativo de Micro-ondas 313
Luz Coerente
Filme de dados de radar
com padrão de interferência Holograma de radar
do ponto
Luz Coerente
Holograma
de radar 9 8 7657 8 etc. Filme fotográfico
\ WWW Lentes
Imagem de radar
imagem do do ponto
objeto
b.
Figura 9-18 a) Quando o holograma revelado é iluminado por uma luz coerente laser, cada área transparente funciona como uma fonte
separada de luz coerente. Abaixo do holograma haverá um único ponto onde toda a luz resultante das ondas interferirá cons
trutivamente. Aqui, o nono (9) comprimento de onda de luz (linhas curvas grossas) de um ponto transparente criado pela
nona (9) micro-ondas encontrará o oitavo (8) comprimento de onda de luz (linhas normais) de um ponto transparente criado
pela oitava (8) micro-ondas, e ambos encontrarão o sétimo (7) comprimento de onda de luz (linhas finas) de um ponto trans
parente criado pela sétima (7) micro-ondas, b) Quando o filme de dados avança sob o feixe de luz laser, a imagem reconstruída
é registrada em um outro filme em movimento. Como o filme de dados é holográfico somente nas coordenadas ao longo da
trajetória da aeronave, as imagens nas coordenadas transversais à trajetória precisam ser focalizadas com lentes cilíndricas.
de diferentes tamanhos, que são impressas em um filme que O registro da frequência Doppler permite a identificação
se move com uma velocidade proporcional à da aeronave. de um alvo no filme imagem quando observado por uma
As áreas opacas e transparentes impressas são, na realidade, antena de comprimento L, como mostrado na Figura 9-19
padrões de interferência unidimensionais, e o filme no qual (Sabins, 1997). Esta antena, expandida sinteticamente, pro
elas são registradas é denominado de holograma de radar. duz o efeito de um feixe de ondas bastante estreito e com
largura constante na direção de azimute, mostrado pela
Quando o holograma revelado é iluminado por uma fonte área sombreada na Figura 5-19. Para ambos os sistemas, de
de luz coerente (Figura 9-18a), cada área transparente fun abertura real e sintética, a resolução em range é determinada
ciona como uma fonte separada de luz coerente. Abaixo do pelo comprimento do pulso e pelo ângulo de depressão. Ge
holograma haverá um único ponto onde toda a luz resul ralmente, as imagens de abertura sintética apresentam uma
tante das ondas interferirá construtivamente. Neste exem resolução em azimute melhor do que as de abertura real.
plo, o nono (9) comprimento de onda de luz (linhas cur
vas grossas), de um ponto transparente criado pela nona Normalmente, o método descrito é denominado de corre
(9) micro-onda encontrará o oitavo (8) comprimento de lação óptica do radar de abertura sintética, devido à preci
onda de luz (linhas normais) de um ponto transparente são óptica utilizada. E possível, também, utilizar técnicas de
criado pela oitava (8) micro-onda e, ambos, encontrarão o correlação digital de SAR para registrar e processar a história
sétimo (7) comprimento de onda de luz (linhas finas) de da amplitude e da fase dos sinais de retorno do radar. A cor
um ponto transparente criado pela sétima (7) micro-onda, relação digital não produz um filme intermediário de radar.
e assim por diante (para maior clareza, somente os padrões O processo digital é baseado em computação intensiva. As
9, 8 e 7 são mostrados neste exemplo). Assim, toda a luz principais vantagens da correlação digital incluem a habili
proveniente do padrão de interferência é focalizada para dade para 1) realizar rapidamente as correções radiométrica
formar uma imagem em miniatura do objeto original. A e geométrica durante o processamento a bordo da aerona
Figura 9 -18b demonstra como a imagem holográfica é ve (bom para emergências, como derramamento de óleo,
reconstruída e registrada em um filme. Após o processa inundação, incêndio, etc.), 2) fazer a telemetria dos dados
mento do filme negativo para a obtenção de um impresso processados de radar diretamente ao solo, para subsidiar
positivo, a imagem de radar está pronta para a análise. decisões em tempo real, e/ou 3) arquivar digitalmente em
314 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas
Figura 9-19 Uma antena sintética de comprimento L é construída através do processamento óptico ou digital das fases de retorno do
sinal de radar, enviado e recebido por uma antena real de comprimento D, que envia pulsos no tempo n. O radar de abertura
sintética tem uma resolução em range que é, aproximadamente, a metade do comprimento do pulso. Note que a resolução em
azimute permanece constante desde o near-mnge até o far-mnge (após Sabins, 1997).
discos rígidos os dados SAR para o processamento digital espalhamento porque o sinal inicia-se no ponto de retroespa-
subsequente em solo. Muitos dos SAR comerciais (p.ex., lhamento (p.ex., rochas) e espalha-se em todas as direções, de
Intermap Star 3 1) e governamentais (RADARSAT Cana forma que a potência por unidade de área é menor a grandes
dense, ESA ASAR) utilizam técnicas de correlação digital. distâncias do que seria próximo ao ponto de retroespalha-
mento. Portanto, a energia do retroespalhamento para o re
A Equação de Radar ceptor é o produto da potência por unidade de área ilumina
da, vezes a área de espalhamento efetivo do alvo. O tamanho
A discussão a seguir fornecerá informações quantitativas real da antena receptora também tem a sua influência.
adicionais sobre o sinal de radar. Uma imagem de radar é
uma representação bidimensional da potência (ou volta A equação fundamental de radar é derivada da combina
gem) de retorno do radar de uma área específica no solo, ção dessas quantidades verbalizadas para criar uma expres
que representa um elemento de imagem (pixel). Normal são matemática (Moore, 1983; Kasischke et ah, 1984):
mente, a potência de retorno é quantizada em uma escala
radiométrica de n bits para a apresentação em sistemas de P P, - Gr -a - A , (9-16)
processamento de imagens (Leberl, 1990). O RADAR (4tt)2 . R'
SAT é quantizado em 11 bits. Para entendermos como se
interpreta uma imagem de radar, devemos compreender a onde, P é a potência recebida, P é a potência transmitida
natureza da potência que é retroespalhada para a antena para o alvo, G é o ganho da antena na direção do alvo,
de radar. No caso mais simples, isto pode ser estabelecido R é a distância range do transmissor ao alvo, a é a área
verbalmente, como sugerido por Moore (1983): de retroespalhamento efetivo do alvo (frequentemente de
/Potência\ _ /Potência por unidade\ ^ /Área de espalhamento\
nominado de seção transversal de radar), e d é a área da
\ recebida/ \ de área do alvo / \ efetivo do alvo / antena receptora. Esta equação pode, para maior clareza,
ser quebrada em sete partes:
x /Perda por espalhamento\ x / Área efetiva de \
\ do sinal re-irradiado / \recepção da antena/
Pr= Pt. Gt. J __ . a . 1 . A r (9-17)
onde a potência por unidade de área do receptor é a energia 4nRJ 4nRJ
retroespalhada pela superfície do terreno. Ocorre perda por
Considerações sobre a Influência dos Parâmetros Ambientais no RADAR 315
Antena
Figura 9-20 Retroespalhamento pela rugosidade superficial em um terreno iluminado por energia de micro-ondas com 3 cm de com
primento de onda. a) Com um ângulo de depressão de 45°e um relevo local < 0,17 cm, o terreno representa uma superfície
relativamente lisa e deve produzir um retroespalhamento muito pequeno em direção ao sensor. Este refletor especular apa
recerá escuro na imagem de radar, b) O relevo local de 0,17 - 0,96 cm representa uma rugosidade superficial intermediária
e deve produzir uma resposta em um tom cinza médio na imagem de radar, c) Quando o relevo da rugosidade superficial
local é > 0,96 cm, a superfície é rugosa e produzirá retroespalhamento muito difuso. Este refletor difuso produzirá tons claros
(brilhantes) na imagem de radar, devido à grande quantidade de energia de micro-ondas refletida para a antena.
Tabela 9-4. Critério de rugosidade superficial modifi • Uma’ superfície produzirá um retorno relativamente
cado de Rayleigh para três diferentes fraco se o seu relevo local for menor que um oitavo do
sistemas de radar com dois ângulos de comprimento de onda incidente. Neste caso, a maior
depressão diferentes. parte da energia de micro-ondas incidente será espalha
Aeronave Aeronave Seasat da ou refletida especularmente para longe da antena,
Banda Ka Banda X Banda L resultando num sinal de retorno fraco.
Categoria de
Rugosidade X = 0,86 cm X = 3 cm X= 23,5 cm
Superficial y = 45° y =45° y = 70° • Um sinal de retorno intermediário será produzido
quando o relevo local variar de um oitavo à metade do
Lisa, cm h < 0,048 h < 0,17 h < 1,00
comprimento de onda de radar incidente. Esses refle
Intermediária, h = 0,048 h = 0,17 h = 1,00 tores difusos dispersam energia em todas as direções,
cm a 0,276 a 0,96 a 5,68 resultando em uma porção moderada de energia retro-
Rugosa, cm h > 0,276 h > 0,96 espalhada em direção à antena de radar.
h > 5,68
A regra prática geral é que a penetração da energia de mi b. Imagem banda C -H V do SIR-C
cro-ondas em uma substância seca deve ser igual ao compri
mento de onda do sistema de radar. Entretanto, a energia
de micro-ondas ativas pode penetrar por diversos metros
em solos extremamente secos. Por exemplo, a Figura 9-21
mostra quatro imagens de uma parte do Rio Nilo, próximo
de Fourth Cataract no Sudão. A imagem superior é uma
fotografia registrada pela tripulação do Ônibus Espacial
Columbia, em Novembro de 1995. As três imagens de ra
dar foram adquiridas pelo Radar de Abertura Sintética nas
bandas C/X do SIR-C (Shuttle Imaging Radar), a bordo do
Ônibus Espacial Endeavor, em Abril de 1994; banda C-HV, c. Imagem banda L-HV do SIR-C
banda L-HV e banda L-HH. Cada imagem de radar for
nece alguma informação específica sobre a geomorfologia
da área. A faixa branca e contínua na parte superior direita
da imagem de radar é um antigo canal do Nilo, que está,
atualmente, coberto por camadas de areia. Este canal não
pode ser visto na fotografia, e sua existência não era conhe
cida antes do processamento das imagens de radar. A área à
esquerda nas imagens mostra como o Nilo é forçado a fluir
através de um conjunto de fraturas, que causa a quebra do
rio em canais menores, sugerindo que só recentemente o
rio tenha estabelecido este curso. As imagens de radar têm d. Imagem banda L-H H do SIR-C
permitido aos cientistas o desenvolvimento de novas teorias F ig u ra 9-21 Exemplo de penetração do radar em solo seco ao
para explicar a origem da “Grande Curvatura” do Nilo, no longo do Rio Nilo, no Sudão, a) Versão branco e
Sudão. A Prancha Colorida 9-1 é uma composição colorida preto de uma fotografia infravermelha colorida ad
das três imagens de radar. A composição revela mais infor quirida pela tripulação do ônibus Espacial Colum
mação visual sobre a geomorfologia regional. bia, em Novembro de 1995. b-d) Imagens SAR do
SIR-C/X adquiridas pelo Ô nibus Espacial Endea
vor, em Abril de 1994. Informações com diferenças
As superfícies dos oceanos têm uma constante dielétrica
sutis estão registradas em cada uma das três imagens
muito alta, causando a reflexão da maior parte da energia de radar. Elas revelam um antigo, e até então desco
de radar incidente. A constante dielétrica da neve depende nhecido, canal do Rio Nilo. Os valores de brilho do
do conteúdo de água em estado líquido. Assim, o senso radar estão invertidos nesses exemplos (cortesia de
riamento remoto por micro-ondas pode ser usado para de- Jet Propulsion Lab.).
Considerações sobre a Influência dos Parâmetros Ambientais no RADAR 319
terminar a quantidade de água na neve. De forma similar, da, espalhada, transmitida e/ou absorvida pelas camadas
há diferenças na constante dielétrica do gelo, dependendo mais exteriores de folhas e galhos do dossel da vegetação
da idade, do grau de compactação e do tipo do gelo. O sadia. Normalmente, obtém-se pouca informação sobre as
sensoriamento remoto por micro-ondas tem sido útil para características internas do dossel, e menos ainda sobre as
a extração dessas variáveis biofísicas. Finalmente, áreas características superficiais do solo, abaixo do dossel. Por
agrícolas com plantações saudáveis e os dosséis de flores outro lado, a energia de micro-ondas ativas pode penetrar
tas apresentam, normalmente, áreas superficiais relativa o dossel em profundidades variáveis, dependendo da fre
mente grandes e com alto conteúdo de umidade (turgidez quência, da polarização e do ângulo de incidência do siste
relativamente alta). Portanto, não é surpresa que dosséis ma de radar. A energia de micro-ondas responde a objetos
de vegetação densa e úmida reflitam bem a energia de ra situados na estrutura da vegetação que tenham tamanhos
dar. Com efeito, o dossel de uma floresta em estágio de de centímetros até decímetros. É importante identificar a
turgidez completa age como uma nuvem de gotas d’água relação entre os componentes do dossel e como eles in
pairando sobre a superfície da Terra. Além disso, quanto fluenciam o retroespalhamento de radar.
maior o ângulo de depressão, maior é a sensibilidade do
radar ao conteúdo de umidade no solo e na vegetação. Quando um radar envia um pulso de energia de micro
ondas com polarização horizontal ou vertical em direção a
Resposta da Vegetação à Energia de Micro um conjunto de árvores, ele interage com os componentes
ondas presentes e espalha parte da energia de volta para o sensor.
A quantidade de energia recebida é proporcional à natureza
da energia enviada (suas frequência e polarização) e depende
A ênfase atual é direcionada para se monitorar quantita da ocorrência ou não de despolarização do sinal pelos com
tivamente a distribuição espacial, a biomassa, a produ ponentes do dossel, de quanto o sinal penetra no dossel, e se
tividade primária bruta e líquida, e as condições das co ele, eventualmente, interage com a superfície do solo.
munidades globais de vegetação, especialmente florestas
(aproximadamente 33 por cento da superfície emersa da Profundidade de Penetração e Polarização
Terra), dos ecossistemas do semi-árido (gramínea/estepe/
deserto), das terras agricultáveis (10 por cento) e das áre O retroespalhamento da polarização paralela (HH ou W )
as alagáveis. Os cientistas estão interessados em entender resulta de uma única reflexão dos componentes do dos
como a energia e a matéria se movem nesses ecossistemas sel, como folhas, galhos e troncos. Esses sinais de retorno
vegetados. Muitas dessas áreas vegetadas estão sob uma co são, geralmente, muito fortes e são registrados como áreas
bertura perene de nuvens. A imagem de radar de abertura brilhantes nas imagens de radar com polarização paralela.
sintética pode fornecer alguns dos parâmetros biofísicos da Este fenômeno é denominado de espalhamento superficial
vegetação (Carver, 1988): do dossel. Por outro lado, se a energia é espalhada múltiplas
vezes dentro de um volume difuso, como um conjunto de
• conteúdo de água do dossel; pinheiros (i.e., de uma folha, para um galho, para o tron
co, para uma folha), a energia pode tornar-se despolariza-
• tipo de vegetação; da. Isto é denominado de espalhamento volumétrico. Um
radar pode medir a quantidade de energia despolarizada
• biomassa por componente (folhagem, troncos de or pelo espalhamento volumétrico. Por exemplo, é possível
dem superior e tronco principal); configurar um radar para enviar um pulso de energia com
polarização vertical. Parte dessa energia torna-se despolari
• estrutura do dossel (incluindo índice de área foliar zada no dossel e atinge de volta o sensor, no domínio ho
verde), orientação da folha, geometria e distribuição rizontal. A energia despolarizada é, então, registrada pelo
espacial dos troncos e galhos principais, tamanho e dis sensor no modo VH —envia vertical e recebe horizontal.
tribuição angular dos troncos e galhos.
Kasischke e Bourgeau-Chaves (1997) estudaram o com
Qualquer dossel de plantas (floresta, agricultura, gramínea, portamento do coeficiente de retroespalhamento do radar,
etc.) pode ser identificado como uma estrutura dinâmica G°, em ambientes arborizados (florestas) e não-arborizados
tridimensional que contém água, consistindo de compo (p.ex., arbustos, capim, culturas).
nentes de folhagem (folhas) e componentes de madeira
(troncos, galhos e ramos). Os sistemas de sensoriamento Para entender o espalhamento de radar em coberturas de
remoto, como o TM (ThematicMapper) Landsat, o SPOT vegetação complexa, é necessário avaliar os diferentes ní
ou a fotografia aérea registram a energia no comprimento veis do dossel que afetam a assinatura de radar. Para áreas
de onda óptico, medida em micrômetros, que é refleti alagáveis contendo arbustos e árvores, há três níveis distin
320 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas
onde,
Figura 9-24 Resposta teórica de uma floresta de pinheiro para a energia de micro-ondas nas bandas X, C e L. Q uanto menor o comprimen
to de onda, maior é a contribuição do espalhamento superficial. Quanto maior o comprimento de onda, maior é a penetração
da energia nos materiais e maior é o espalhamento uolumétrico.
Algumas outras observações gerais sobre a interpretação de • As imagens com polarização cruzada (HV ou VH) são
vegetação em SAR incluem: menos sensíveis à variação de declividade. Isto sugere
• A energia polarizada verticalmente é fortemente atenu que o monitoramento da vegetação em áreas monta
ada pela orientação vertical dos componentes do dossel nhosas pode ter uma melhor performance usando-se
(tolhas, galhos, ramos e troncos), enquanto a energia técnicas de polarização cruzada. As imagens com po
polarizada horizontalmente não é. larização paralela, em áreas com culturas dispostas em
fileiras com diferentes direções, podem ser de difícil
• Quanto mais brilhante for o sinal de retorno nas ima interpretação. Esta ambiguidade pode ser reduzida
gens com polarização paralela (HH ou VV), maior é a quando se dispõe de imagens de radar nos dois tipos de
contribuição do espalhamento superficial. polarização (cruzada e paralela).
• Quanto mais brilhante for o sinal de retorno nas ima • Uma das variáveis chaves para modelar o ciclo hidro-
gens com polarização cruzada (HV ou VH), maior é lógico fundamenta-se na quantidade de água que está
a contribuição do espalhamento volumétrico (interior sendo armazenada no dossel da vegetação e na taxa de
do dossel). evapotranspiração que está ocorrendo. Geralmente,
quanto mais umidade na estrutura da vegetação, maior
• Quando o comprimento de onda do radar é aproxi será a constante dielétrica e mais elevado será o sinal de
madamente do mesmo tamanho dos componentes do retorno do radar. Sob certas circunstâncias, o sensoria
dossel (banda X ou C), haverá um substancial espalha mento remoto de micro-ondas ativas é capaz de avaliar
mento superficial e volumétrico e pouca energia atin o conteúdo de água do dossel (ou da folha).
girá o solo. Consequentemente, os comprimentos de
onda menores (2 —6cm) podem ser os preferidos quan • As imagens de radar podem fornecer algumas informa
do se monitora o dossel de plantações ou a folhagem ções sobre a ecologia da paisagem de pequenas áreas e
de árvores. Radar de maiores comprimentos de onda sobre aberturas (lacunas) nos dosséis, que são impor
(9 —30cm) apresentam um espalhamento volumétrico tantes no monitoramento da fragmentação e do vigor
substancial, com a energia incidente interagindo com de ecossistemas (Sun e Ranson, 1993).
os componentes maiores do dossel. O espalhamento
superficial do solo subjacente também pode ocorrer, Imagens do Shuttle Imaging Radar nas bandas C e X (SIR-
podendo ocasionar alguma confusão na resposta. C/X-SAR) da floresta tropical na Amazônia, obtidas em 10
de Abril de 1994, são mostradas em branco&preto na Figu-
Considerações sobre a Influência dos Parâmetros Ambientais no RADAR 323
se usam sensores ópticos e termais. Felizmente, a super Imagem SAR do SIRC/X da Grande Los Angeles, CA
fície lisa formada pela água estagnada reflete quase toda
a radiação de micro-ondas incidente para fora do alcance
do sensor (a menos que haja um vento forte com a for
mação de ondas, as quais poderão alterar as respostas),
resultando em um retroespalhamento m enor do que o
causado por uma superfície seca. Q uando água parada
está presente sob a vegetação, o retroespalhamento é ca
racterizado por uma única interação (corner-reflection)
entre a superfície da água e os galhos das árvores resul
tando em um retroespalhamento muito alto, que per
mite a clara identificação das áreas inundadas (Waring
et al., 1995). Ford et al. (1986) demonstraram como
as terras alagadas (wetlands) ao longo do Rio Savannah
aparecem com um brilho superior quando comparado
a águas paradas em terrenos mais elevados e com outro
tipo de cobertura vegetal, como o pinheiro Loblolly, de
vido às condições especiais de reflexão do tipo reflexão
de canto (corner-reflection) entre a água e os troncos das
árvores que margeiam o rio.
Figura 9-27 a) Fotografia aérea oblíqua-baixa do Pentágono em Washington, DC. b) Imagem de radar de abertura sintética do Pentágono
(cortesia da Federation o f American Scientists),
da no início das pesquisas sobre sensoriamento remoto de bela 9-1), podem ser úteis para a obtenção de informações
radar, notou-se que as reflexões de áreas urbanas frequen gerais sobre o Nível I de cobertura e uso do solo. Quando
temente variavam em intensidade de acordo com a sua po se busca extrair informações sobre a cobertura urbana e uso
sição em relação aos pontos cardeais. Assim, observou-se do solo nos níveis II e III, os dados de sensoriamento re
que os sinais de retorno eram significativamente maiores moto óptico são, normalmente, superiores. Entretanto, se
quando as feições lineares eram iluminadas pela energia de estiver disponível um radar de alta resolução espacial (p.ex.,
radar a um ângulo ortogonal (perpendicular) em relação o RADARSAT-2), pode-se extrair informação urbana deta
à sua orientação (Raney, 1998). Por exemplo, as comuni lhada. Por exemplo, uma fotografia e uma imagem de radar
dades residenciais de San Fernando e Santa Monica (Cali de alta resolução encontram-se na Figura 9-27. Henderson
fórnia) são, para todos os propósitos práticos, similares em e Xia (1998) fornecem exemplos de como padrões de povo
natureza a outras comunidades na sua vizinhança (Figura amento e informações sócio-econômicas, como estimativas
9-26). Entretanto, devido ao efeito cardinal causado pela de população, podem ser extraídos de dados de radar.
sua orientação em relação ao sistema sensor SIR-C, no mo
mento da coleta da imagem, elas são registradas de forma ... ’ Sensoriamento Remoto SAR a Partir
totalmente diferente de outras comunidades residenciais, l do Espaço
que se encontram ao longo da bacia de Los Angeles.
Repetidamente, tem sido demonstrado que dois condomí As seções seguintes resumem as características dos princi
nios idênticos em uma área urbana (p.ex., que contenham pais sistemas sensores SAR orbitais.
duas residências por lote), construídas ao mesmo tempo, em
lotes de mesmo tamanho e usando os mesmos materiais, Seasat
aparecerão totalmente diferentes um do outro em uma ima
gem de radar se eles se posicionarem em orientações dis
tintas, p.ex., um tendo as ruas orientadas para nordeste e o O Seasat foi lançado pela NASA em 26 de Junho de 1978
outro ruas direcionando-se para norte. De forma similar, o e funcionou por 105 dias. Ele atuava com um SAR de mi
espaçamento regular e geométrico das plantações em áreas cro-ondas ativas na banda L (23,5cm), a uma altitude de
agrícolas pode produzir o mesmo efeito. Uma mesma área 800km. A antena tinha uma dimensão de 10,7 x 2,16m. O
urbana pode, também, aparecer com aspectos muito dife sensor coletava dados com polarização HFd, com um ân
rentes em imagens de radar adquiridas em datas diferentes gulo de incidência de 23°. A sua resolução em range e em
se qualquer um dos parâmetros do sistema sensor for alte azimute era de 25m, e a largura da faixa de imageamento
rado, especialmente a direção de visada. Isto se torna um era lOOkm. Os dados foram processados com 4 “looks”. O
problema sério quando se busca a detecção baseada nas va Seasat tinha um ciclo orbital de 17 dias. Os dados foram
riações digitais, usando-se imagens de radar. processados, primeiro, opticamente e, depois, digitalmen-
te (Evans et al., 2005).
O RADARSAT, o JERS-1, os ERS-1,2 e o EN VISAT ASAR,
com suas resoluções espaciais relativamente grosseiras (Ta
326 CAPITULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas
R A D A R SA T
Figura 9-28 Os modos de iluminação e as opções de ângulo de incidência na aquisição de dados RADARSAT. Os tamanhos das imagens dão
indicações sobre as resoluções espaciais. Ver Tabela 9-5 para especificações (após MDA, 2006ab).
trabalha em áreas com alto relevo, quando se está interes As novas especificações do RADARSAT-2 incluem (MDA,
sado em iluminar feições com uma orientação particular, 2006ab):
e/ou quando o estudo requer imagens adquiridas no início • < ls para a mudança entre modos de imageamento.
da manhã ou no final da tarde.
• Modos de imageamento com polarização total (HH,
O RADARSAT-2 foi lançado em 14 de Dezembro de W , VH, HV).
2007. Ele tem muitas especificações que são idênticas ao
RADARSAT; porém, apresenta alguns melhoramentos • Um sensor que pode imagear à direita e à esquerda do
significativos que fazem do RADARSAT-2 o principal sis nadir, o que é muito importante quando se busca obter
tema de sensoriamento remoto por micro-ondas ativas de dados em uma situação de emergência.
senvolvido para a observação da Terra. Em primeiro lugar,
é muito importante manter a continuidade de uma série • Modo de iluminação ultrafino (Ultrafine beam mode) (re
de satélites dedicados a sistemas de sensoriamento remoto. soluções em azimute e em range de 3,0 x 2,4 —3,4m),
Isto permite o amadurecimento das aplicações para usar que fornece a melhor resolução espacial entre todos os
os dados produzidos pelo novo sistema. Os principais as satélite SAR comerciais (Tabela 9-5). A faixa de cober
pectos que caracterizam a continuidade do RADARSAT, tura no solo é limitada a 20 x 20km, para manter o
incluem o uso da mesma altitude (798km) e órbita e todos fluxo de dados dentro dos limites de gravação. O con
os mesmos modos de imageamento na banda C. junto das posições ultrafine cobre qualquer área dentro
do intervalo dos ângulos de incidência de 30 a 40°.
As imagens são geradas em uma única polarização, que
328 CAPITULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas
Tabela 9-5. Características das posições de iluminação do RADARSAT e do RADARSAT-2 (MDA, 2006ab).
Modos Posições dos Resolução Espacial Número de
Operacionais de Posição do Ângulos de Nominal (m) Área Nominal Looks de
Iluminação Feixe Incidência (Graus) [azimute x range] (km) Processamento
E xtended L ow
o
O
X
pode ser selecionada. A melhoria na detecção e reco precisa das imagens de radar, sem a necessidade de pon
nhecimento de objetos permite uma grande variedade tos de controle no solo (ground-controlpoint - GCP).
de novas aplicações, incluindo vigilância e defesa, e o
mapeamento de áreas urbanas na escala de 1:20.000 • E o primeiro satélite SAR comercial a oferecer pola-
(Van der Sanden eThom as, 2004). rimetria (quadrature-polarimetry — “quad-pol')y que
fornece informações de amplitude e fase. Há um certo
• Modo de iluminação multilookfine (múltipla visadafina) número de parâmetros polarimétricos únicos, que po
(multilook fine beam mode), que obtém dados com dem ser derivados desses dados e usados para melhorar
a mesma faixa de cobertura do modo ultrafine, com o entendimento das feições presentes nas imagens de
resolução espacial de 7,9m em azimute e 7,4 - 9,lm radar (p.ex., razão de imagens com polarização paralela
em range. Esses dados, no entanto, apresentam uma e cruzada; coeficiente de correlação em imagem com
resolução radiométrica melhorada devido ao processa polarização paralela). A Tabela 9-6 resume alguns des
mento de múltiplos looks (múltiplas visadas). A largura ses parâmetros e as respostas esperadas para um tipo
da faixa de cobertura é de 50 x 50km (Tabela 9-5). Os específico de superfície (MDA, 2006b).
dados são coletados em um ângulo de incidência que
varia de 30 a 50°. As imagens no modo multi-look fine ERS-1 e ERS-2 da Agência Espacial Européia
são, normalmente, em uma única polarização. (ESA - European Space Agency)
• Os receptores de GPS a bordo, que monitoram a posição A Agencia Espacial Européia lançou o ERS-1 em 16 de Ju
do satélite, permitem uma retificação geométrica mais lho de 1991. Ele tinha um SAR banda C (5,6cm), com uma
Sensoriamento Remoto SAR a Partir do Espaço 329
Tabela 9-6. Diversos parâmetros polarimétricos do RADARSAT-2 e guias de interpretação (MDA, 2006b).
Razão de co- ou polarização Razão de polarização Coeficiente de correlação
Parâmetro paralela cruzada co-polarizada
U ltra-fine isj is j
2 2 Sm. S„
ISVV'I2
1 ISJ 2 ^ (|S J2) . (|SJ2)
U so Medida de rugosidade superficial Descriminação entre Detecção de despolarização e
espalhamento superficial e dupla reflexão (double bounce)
volumétrico
E sp alh am en to Baixo para superfícies lisas e Muito baixo para as superfícies Alta amplitude (baixa
superficial tendendo a 1 com o aumento da lisas, aumentando com a despolarização), pequena
rugosidade rugosidade superficial diferença de fase
E spalham ento Aproximadamente 1 Relativamente alto Baixa amplitude (alta
v olu m étrico despolarização), diferença de
fase pouco definida
D ied ro > 1 Baixo Diferença de fase próximo a
(d o u b le bourtce) 180°
antena de 10 x 1m e com polarização VV. Operou com um 10 sofisticados instrumentos ópticos e de radar, que permi
ângulo de incidência de 23°. A sua resolução em range é de tem uma observação e um monitoramento contínuos dos
26m e em azimute de 30m, com um processamento de 6 continentes, da atmosfera, dos oceanos e das áreas cobertas
looks. O ERS-1 recobre uma faixa com 1OOkm de largura. por gelo (Tabela 9-7). O Radar Avançado de Abertura Sin
A sua órbita situa-se a aproximadamente 785km acima da tética (.Advanced Synthetic Aperture Radar - ASAR) a bordo
superfície da Terra. Os dados são processados digitalmen- do Envisat dá continuidade à missão dos radares de aber
te. Um ERS-2 idêntico foi lançado em 1995. O ERS-1 e tura sintética - SAR (.Active Microwave Instrument - AM1),
o ERS-2 operaram, também, em conjunto obtendo pares utilizados pelos satélites ERS-1 e ERS-2. O ASAR utiliza
de imagens para a realização de pesquisas sobre interfero- uma antena ativa (activephased-array antennd), com ângu
metria SAR. los de incidência entre 15 e 45°. As aplicações para este
sensor incluem o estudo de ondas nos oceanos, a extensão
Envisat ASAR da Agência Espacial Européia e o movimento de blocos de gelo nos oceanos e estudos na
superfície continental, como o desflorestamento e a deser-
Lançado em 01 de Março de 2002, o Envisat é o maior sa tificação. Diferentemente dos SAR do ERS-1 e ERS-2, que
télite de observação da Terra já construído. Ele leva a bordo tinham uma posição fixa da faixa de imageamento (ângulo
330 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas
de incidência de 23° no centro da faixa), o ASAR Image par interferométrico. A precisão pode alcançar escalas
Mode permite a aquisição de dados em sete posições dife de subcomprimento de onda.
rentes da faixa de imageamento (i.e., IS1 a IS7), com ângu
los de incidência variando entre 15 e 45° (Tabela 9-1). Uma Mapeamento Topográfico por Interferometria
vantagem significativa dos ângulos de incidência maiores é
a redução das distorções do terreno.
O mapeamento topográfico pela interferometria SAR baseia-
JERS-1 se na aquisição de dados a partir de dois ângulos de visada
diferentes e assume que a cena imageada não sofreu deslo
camento durante o intervalo da obtenção dos dados. As
A Agência Espacial do Japão (.National Space Development duas medições podem ser feitas por dois radares colocados
Agency - N AS DA) lançou o JERS-1 {Japanese Eartb Resource na mesma plataforma e separados por alguns metros. Isto é
Satellite - JERS-1) em 11 de Fevereiro de 1992. Ele era denominado de interferometria de passagem única (single-pass
muito semelhante ao original Seasat. Tinha um SAR banda interferometry). A missão do SRTM (Space Shuttle Radar To-
L (23,5cm), com uma antena de 11,9 x 2,4m e com polari pograpby Mission), lançada em 11 de Fevereiro de 2000, foi a
zação HH. O ângulo de incidência era de 39°. As resoluções primeira a usar este tipo cobertura interferométrica. Ele tinha
em range e em azimute eram, ambas, de 18m com 3 looks. uma antena banda C e banda X no compartimento de carga
A largura da faixa de recobrimento foi de 75km. O SAR e uma outra antena banda C e banda X posicionada no final
orbitou a Terra a aproximadamente 568km acima da super de uma haste de 60m (Figura 9-29a). A interferometria pode
fície. Os dados foram processados digitalmente. A operação também ser realizada usando um único radar para obter duas
do JERS-1 terminou em 12 de Outubro de 1998. medidas em diferentes passagens orbitais que sejam muito
próximas no espaço e no tempo (um dia, ou menos). Esta é a
Almaz-1 metodologia de interferometria utilizada pelo SIR-C e ERS-1
e 2, denominada de interferometria por passagens múltiplas ou
repetidas (multiple-pass ou repeat-pass interferometry).
Este SAR foi colocado em órbita em 31 de Março de 1991
pela antiga União Soviética, e funcionou por 1,5 anos. Os dados interferométricos SAR podem, muitas vezes, forne
Consistiu de um SAR banda S (9,6cm), com uma antena cer informação topográfica (x,y,z) que são tão precisas quanto
de 1,5 x 15m e com polarização HH. O ângulo de inci os modelos de elevação digital obtidos pelas técnicas fotogra-
dência variava de 30 a 60°. A resolução em range foi de métricas ópticas tradicionais. Além disso, a interferometria
15 — 30m e a em azimute de 15m, com processamento pode operar através de nuvens e durante o dia ou durante
maior que 4 looks. A largura da faixa de cobertura foi de a noite. Isto é importante para áreas tropicais com cober
20 - 45km. A órbita foi de 300km acima da superfície da tura perene de nuvens, ou em ambientes árticos, ou ainda,
Terra e os dados foram processados digitalmente. na ocorrência de desastres, onde não há a possibilidade de
espera de uma janela atmosférica que permita a obtenção de
Interferometria de Radar dados ópticos (fotográficos). Informações de elevação digital
derivadas dos dados interferométricos do SIR-C são apresen
tadas nas Pranchas Coloridas 9-3 e 9-4. A comunidade carto
gráfica tem um interesse especial na interferometria SAR.
As discussões anteriores sobre os sistemas de radar de
abertura sintética foram focadas, principalmente, na co A seguir, será descrito como a interferometria SAR obtém in
leta de uma única imagem no terreno. É possível adqui formação sobre a elevação digital (JPL, 1999b). Em primeiro
rir múltiplas imagens SAR de uma mesma área, a partir lugar, as duas imagens de radar precisam ser precisamente re
de uma aeronave ou satélite, para extrair informações gistradas. Portanto, a sua geometria é tal que, os dois radares e
tridimensionais e dados sobre a velocidade de objetos qualquer objeto no solo formam um triângulo (Figura 9-29b).
em movimento. O imageamento interferométrico por ra Se conhecermos a distância {range) de cada radar ao objeto no
dar é o processo pelo qual as imagens de radar de um solo (r, e r2), a distância entre os dois radares (a linha de base
mesmo local no terreno são registradas por antenas em B) e o ângulo da linha de base, a (em relação à horizontal),
1) diferentes localizações ou 2) tempos diferentes (Mad- poderemos usar a trigonometria (a regra do co-seno) para
sen e Zebker, 1998; Rabus et al., 2003; Hodgson et al., calcular a altura, h, de um dos radares acima da posição do
2003). A análise de dois interferogramas permite me objeto no solo. A partir da figura 9-29b sabemos que
didas muito precisas sobre o deslocamento de qualquer
ponto específico x,y,z, encontrado em cada imagem do h = r.cosG (9-26)
Interferometria de Radar 331
Interferometria SAR#2
Missão SRTM (Sbuttle Radar Topography Mission)
haste \
de 60m
Figura 9-29 a) Localização do par de antenas banda C e banda X no ônibus espacial Endeavor, usadas para a aquisição de dados interferomé
tricos da Missão SRTM (Shuttle Radar Topography Mission - SRTM). b) Relações geométricas entre os dois sistemas SAR usados
para a interferometria com o objetivo de extrair informações topográficas (após NASA JPL, 1999b).
e pela regra do co-seno, de elevação foi realizado usando-se interferometria e não fo-
togrametria. Os pares interferométricos podem, também, ter
(r2)2 = ( r f + B2- 2q£cos(90 + 0 - a) (9-27) um valor significativo para muitas aplicações sobre os recur
que é o mesmo que sos da Terra. Rodriguez et al. (2006) estimaram a precisão
dos produtos de elevação derivados do SRTM.
(r,)2 = (q)2 + B2 - 2q5sen(0 - a ) (9-28) Um exemplo de um modelo de elevação digital derivado do
SRTM, da região das Montanhas de Wasatch, em Utah, é
Resolvemos para 0, e depois para h (usando h = r cos 0). apresentado na Figura 9-30. Ele é visto em perspectiva e é
Este cálculo é repetido para todos os pontos no solo, den integrado com dados de uma única banda do TM Landsat. A
tro da imagem. Se determinarmos com precisão a altitude Prancha Colorida 9-5 apresenta os dados derivados do SRTM,
de um dos radares acima do nível do mar, podemos pro da região de Wasatch, como um anaglifo e um estéreo-par.
duzir um mapa das altitudes superficiais. Nós precisamos,
portanto, somente medir precisamente a distância relativa Antes do lançamento do SRTM, os dados x,y,z eram com
(r2 - q), relacionada à diferença de fase entre cada par de pilados a partir de uma variedade de fontes in situ e de sen-
medidas de radar. Esta distância relativa pode ser relacio soriamento remoto para produzir DEM globais com uma
nada à altura, h, após alguma álgebra adicional (SIR-CED resolução espacial de 30 arc-seg (1 x lkm) (p.ex., GLOBE
home page; JPL, 1999b). e GTOPO30). Muitas partes do mundo não têm, ainda
hoje, DEM com resolução de 1-arc seg (30m) ou de 3-arc
A missão SRTM (Space Shuttle Radar Topography Mission) seg (90m) (Rabus et al., 2003). DEM derivados do SRTM
usou um radar de abertura sintética interferométrico, banda de grande parte do planeta estão, agora, disponíveis com
C e banda X, para adquirir dados topográficos em mais de 80 uma resolução espacial de 3 arc-seg (90m). No entanto,
por cento da área emersa da Terra, entre 60° N e 56° S, du uma considerável quantidade de dados já foi processada
rante os 11 dias de duração da missão (NASA SRTM, 2006). para uma resolução de 30m. Os dados podem ser adquiri
A NASA JPL processou os dados interferométricos da banda dos através da NASA (Jet Propulsion Laboratory).
C, enquanto o Centro Aeroespacial da Alemanha (German
Aerospace Center) processou os da banda X. As superfícies Os dados GTOPO30 são mantidos pela USGS. Uma
topográficas produzidas encontram-se nas especificações In- comparação entre o DEM GTOPO30 e o DEM feito a
terferometric Terrain Height Data - ITHD-2 (Dados Interfe- partir dos dados SRTM, do Monte Kilimanjaro, na Tan
rométricos de Altitude do Terreno). O SRTM mapeou, pelo zânia e no Quênia, é mostrada na Prancha Colorida 9-6.
menos uma vez, 99,97% da área alvo (119.000.000 km2). Observe que os dados derivados do SRTM fornecem mui
Assim, o primeiro levantamento mundial de dados digitais to mais detalhes para as análises de elevação, declividade e
332 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas
M odelo de Elevação Digital das Montanhas de possível fazer observações quantitativas sobre a velocidade
Wasatch, em Utah, Derivado dos Dados SRTM de objetos que se movem, entre duas observações. A interfe
{Shuttle R a d a r Topogi'aphy M ission) e Integrado rometria tem sido aplicada, com sucesso, para medir movi
com Imagem TM Landsat mentos ao longo de linhas de falha, em medidas de desloca
mento sísmico provocado por terremotos, no mapeamento
de velocidade de geleiras, no monitoramento de correntes
oceânicas e em medidas do espectro de ondas. Além disso,
a interferometria pode ser usada para determinar se objetos
feitos pelo homem apresentaram algum movimento. Esta é
uma arma poderosa na detecção de mudanças.
m /
a. Imagem banda X do Intermap Star 3i. b. Modelo Digital do Terreno da Intermap a partir de dados
do radar de abertura sintética interferométrico (IFSAR).
Figura 9-31 a) Imagem ortorretificada Intermap X-band Star 3 i de Bachelor Mountain, CA. b) Modelo de elevação digital da mesma área
usando o radar de abertura sintética interferométrico (Interferometric Synthetic Aperture Radar - IFSAR) (imagem ortorretifi
cada e modelo de elevação digital fornecidos pela Intermap Technologies, Inc).
valores de temperatura do brilho, que podem ser usados para cal Satellite Program - DMSP), que opera desde 1987. O
construir uma imagem de micro-ondas passivas. Departamento de Defesa dos EUA também disponibiliza
os dados para a comunidade científica (Figura 9-32). O
Os radiômetros de micro-ondas passivas registram a ener SSM/I é um sistema radiométrico de micro-ondas pas
gia, geralmente, na região entre 0,15 e 30cm (entre 1 e sivas, polarizado linearmente e com quatro frequências
20GHz), muito além da região do infravermelho termal (19,3; 22,3; 36,5 e 85,5GHz), que mede as temperaturas
(3 - I4pm). As frequências de micro-ondas mais frequen de brilho das micro-ondas da atmosfera, dos oceanos e dos
temente usadas estão centradas em 1, 4, 6, 10, 18, 21, terrenos naquelas quatro frequências. O SSM/I rotaciona
37, 50, 85, 157 e 183GHz. Isto significa que teoricamente continuamente ao redor de um eixo paralelo à vertical lo
é possível adquirir imagens de micro-ondas passivas mul- cal do satélite, e mede as temperaturas de brilho da cena
tiespectrais. As bandas utilizadas (intervalo de frequências) abaixo. Ele é calibrado usando a radiação fria do espaço
são, normalmente, bastante amplas, de tal forma que haja e um absorvedor de referência quente. A largura da faixa
suficiente energia de micro-ondas passivas para ser registra de cobertura é de, aproximadamente, l400km. Os dados
da pela antena. De forma semelhante, a resolução espacial são registrados pelo sensor, transformados em valores digi
dos radiômetros de micro-ondas passivas é baixa para que tais e transmitidos para o National Environmental Satellite,
haja energia suficiente coletada no IFOV e seja registrada Data, and Information Service (NESDIS). O SSM/I é um
pela antena. Sensores em aeronave, voando próximo ao excelente sensor para medir a temperatura de brilho de
solo, apresentam resolução espacial da ordem de metros, amplas regiões. Por exemplo, a imagem de micro-ondas
enquanto que a maioria dos radiômetros de varredura que passivas do SSM/I mostrada na Figura 9-32 engloba quase
utilizam micro-ondas passivas a bordo de satélites apresen que totalmente a Bacia Amazônica.
tam resolução espacial medida em quilômetros. O sensor
é, na realidade, uma grande antena sensível à energia de A NOAA desenvolveu um algoritmo para precipitação que
micro-ondas passivas. utiliza o canal de 85,5GHz do SSM/I para detectar o espa-
lhamento ascendente da radiação causado pelas partículas
Sensor Especial de Micro-ondas/Imageador (Special de gelo com tamanho para precipitação dentro da camada
Sensor Microwave/Imager —SSM /I) (nuvem) de chuva. A técnica de espalhamento é aplicável tan
to sobre os oceanos como sobre os continentes. As taxas de
Um dos primeiros sensores de micro-ondas passivas foi precipitação podem ser obtidas indiretamente, baseando-se
o SSM/I, a bordo dos satélites do Programa de Satélite na relação entre a quantidade de gelo na camada chuvosa e
Meteorológicos de Defesa dos EUA (Defense Meteorologi- a quantidade real de precipitação na superfície. Além disso,
334 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por Micro-ondas Ativas e Passivas
foi desenvolvido um algoritmo de precipitação global para as Imagem de Micro-ondas Passivas SSM/I
massas continentais baseado no espalhamento da radiação. da Bacia Amazônica
Foram produzidos grades (grids) de 100 x lOOkm e 250 x
250km para a precipitação mensal para o período de Julho de
1987 até o presente (Li et al., 1998; NSIDC SSM/I, 2006).
vimento Espacial do Japão. O AMSR-E foi desenvolvido a ESA ASAR,,2006, ASAR Users Guide, European Space Agency,
partir do sensor AMSR do satélite Japonês ADEOS-2. http://envisat.esa.int/dataproducts/asar/CNTR3-l-2.htm.
A órbita do AMSR-E é polar e síncrona com o Sol. O sensor Evans, D. Land 12 co-authors, 2005, “Seasat-25 YearLegacy
é um radiômetro de micro-ondas passivas, que atua em seis of Success,” Remote Sensing of Environment, 94:384-404.
frequências: 6,925; 10,65; 18,7; 23,8; 36,5 e 89GHz (pola Flood, M. and B. Gutelius, 1997, “Commercial Implications
rização HV). Ele tem uma resolução espacial de 5,4km em of Topographic Terrain Mapping Using Scanning Airborne
89GHz e 56km em 6,9GHz (Tabela 9-8), com um faixa de Laser Radar,” Photogrammetric Engineering and Remote
cobertura com largura de l445km. A radiação de micro-ondas Sensing, 63:327.
emitida pela Terra é coletada por um refletor parabólico com
1,6m de diâmetro, que varre a superfície da Terra mantendo Ford, J. P., R. G. Blom, M. L. Bryan, M. K. Daily, T. H.
um ângulo de incidência constante de 55°. Seis conjuntos de Dixon, C. Elachi and E. C. Xenos, 1980, Seasat Views North
dados de radiação de micro-ondas passivas são registrados por America the Caribbean and Western Europe with Imaging
seis radiômetros. A calibração é feita pela radiação cósmica de Radar, Publication #80 - 67, Pasadena: NASA Jet Propulsion
fundo e por um padrão quente a bordo do satélite. Lab, 1-6 p.
O AMSR-E mede o conteúdo total de vapor d’água, o con Ford, J. P., J. B. Cimino and C. Elachi, 1983, Space Shuttle
teúdo total de água líquida, a precipitação, o equivalente de Columbia View the World with Imaging Radar: the SIR-A
água na neve, a umidade do solo (usando as frequências 6,925 Experiment, Pasadena: NASA Jet Propulsion Lab, 179 p.
e 10,65GHz), a temperatura da superfície do mar (sea-surface
temperature - SST), a velocidade do vento na superfície do mar Ford, J. P., J. B. Cimino, B. Holt and M. R. Ruzek, 1986,
e a extensão das geleiras (NSIDC, 2006). A Prancha Colorida Shuttle Imaging Radar Views the Earth from Challenger: SIR-B
9-7 apresenta exemplos com informações de temperatura su Experiment, Pasadena: NASA Jet Propulsion Lab, 135 pp.
perficial do mar (SST) obtidas a partir de dados AMSR-E. O
SST nos arredores do Furacão Katrina, de 25 a 27 de Agosto Franklin, S. E., M. B. Lavigne, B. A. Wilson and E. R.
de 2005, pode ser visto na Prancha Colorida 9-7b. Hunt, 1994, “Empirical Relations Between Balsam Fir Stand
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Sensoriamento Remoto por LIDAR
A ficos utilizadas por muitas agências (p.ex., DoD, 2000; FEMA, 2004; USGS,
2006). Ela é tão importante que o Programa Nacional de Elevação Digital (Na
tional Digital Elevation Program - NDEP) foi criado para incentivar o uso com
partilhado dos dados das agências federais, estaduais e locais, do setor comercial e
do acadêmico, com o objetivo de minimizar a redundância na produção de dados
sobre elevação (NDEP, 2006). Esses dados são usados em um grande número de
aplicações práticas, como no mapeamento de áreas de inundação, no planeja
mento regional e na localização de áreas para a instalação de empresas públicas.
2. modelos digitais do terreno (digital terrain models - DTM), que contêm in
formação de elevação da superfície desnuda da Terra, sem a influência da
vegetação ou das estruturas feitas pelo homem.
Quatro técnicas principais são utilizadas para obter informações sobre eleva
ção, incluindo (Bossler et al., 2002):
• levantamento in situ;
grandes áreas durante a estação de perda da folhagem pela peamento batimétrico devido à sua capacidade de penetra
vegetação e permitem a aquisição de uma densa quantidade ção na água (Mikhail et al., 2001). Os dados LIDAR podem
de pontos. O Capítulo 6 resume como os modelos digitais ser obtidos, se necessário, à noite, por ser um sistema ativo,
de elevação são extraídos diretamente de pares estereoscó que não depende da iluminação solar passiva.
picos de fotografias aéreas. A fotogrametria pode ser usa
da para obter uma densa quantidade de informação sobre Os sistemas LIDAR podem emitir pulsos a taxas superiores a
elevação em terrenos inóspitos. Além disso, o analista pode 100.000 pulsos por segundo, normalmente denominadas de
obter, seletivamente, uma grande densidade de observações frequência de repetição de pulso. Um pulso de luz laser desloca-
x,y,z associadas a feições críticas, como linhas de crista ou se à velocidade da luz, c ( 3 x 108m .s')• A tecnologia laser é
mudanças abruptas de declividade (p.ex., ao longo de viadu baseada na medição precisa do tempo que o pulso de luz leva
tos nas rodovias), denominadas de linhas de quebra. do transmissor ao alvo e de volta ao receptor. O tempo de
percurso de um pulso de luz, t, é (Boland et ah, 2004)
O LIDAR oferece uma alternativa para os levantamentos
in situ no campo e para as técnicas de mapeamento fo- t = 2— (10-1)
togramétrico na aquisição de dados de elevação (Maune, c
2001). A tecnologia LIDAR pode ser usada na obtenção onde R é a distância [range) entre o sensor LIDAR e o
de dados de elevação com precisão e rapidez, com aplicabi objeto. A distância R pode ser determinada rearranjando a
lidade crescente em terrenos inóspitos (McGlone, 2004). equação (Baltsavias, 1999a,b)
Entretanto, o LIDAR não permite que o analista tenha o
controle da localização individual das medidas x,y,z obti R = — tc (10-2)
das sobre linhas de crista ou linhas de quebra. 2
O processo de medição das distâncias resulta em um con
Princípios do LIDAR junto de pontos com dados de elevação (normalmente de
nominados como masspoints) distribuídos sistematicamen
te no tempo, ao longo da linha de voo, como mostrado na
Figura 10-lb. O exemplo mostra pontos associados com o
O primeiro laser óptico foi desenvolvido em 1960 pela terreno, com diversas linhas de transmissão, uma torre de
Hughes Aircraft, Inc. Os instrumentos laser foram usados, energia, e com o dossel de árvores.
inicialmente, para medir o tempo gasto pela luz para se
deslocar do transmissor laser até o alvo e retornar ao recep A área de cobertura de um pulso laser no terreno é aproxi
tor laser. Os primeiros sistemas de sensoriamento remoto madamente circular e varia com o ângulo de varredura e a
a utilizar o LIDAR tinham a capacidade de coletar medi topografia (Baltsavias, 1999b). O diâmetro da visada instan
das apenas diretamente abaixo da aeronave, produzindo tânea laser (F p .) no terreno (Figura 10-1 a) é calculado por
um único perfil de elevação ao longo da trajetória de voo
(Jensen et ah, 1987). O uso sinérgico do GPS cinemático
e das unidades de medição inercial (inertial measurement Fp.inst =
í
(10-3)
2(B J
units - IMUs) nos sistemas de varredura LIDAR aeroporta- ' inst
k Y
X
tr a n s m is s o r /
receptor espe[ho torre de
varredura transmissão •dossel de
altitude AGÍ., h árvores
ângulo de
varredura
área de visada
instantânea
-°9 0 o " do laser
a. Aquisição de dados de LIDAR. b. Massa de pontos de coleta de elevação (masspoints) do LIDAR para uma área pequena
c. Impacto causado pelo aumento do ângulo de varredura. d. Modelo digital de superfície obtido do I.IDAR.
Figura 10-1 a) Os instrumentos LIDAR transmitem pulsos de luz laser em direção ao solo usando um espelho de varredura. Grande parte dessa
energia é retroespalhada em direção à aeronave e registrada eletronicamente pelo receptor. O GPS e o IMU a bordo documentam
a localização exata e os movimentos de roll, pitch e yaw (rolamento, arfagem e deriva) da aeronave nos instantes em que o pulso
de laser é enviado e recebido, b) Pontos de elevação x,yz (masspoints) obtidos pelo LIDAR para uma área próxima de Aiken, SC.
Muitos desses pontos estão localizados na superfície do terreno, enquanto outros situam-se no dossel de árvores e sobre linhas de
transmissão de energia e postes, c) Assumindo que o dossel das árvores tem altura e densidade uniformes, então, quanto maior o
ângulo de varredura a partir do nadir, maior será a quantidade de dossel a ser penetrada para se atingir a superfície do solo e, por
tanto, adquirir a informação necessária para produzir um modelo digital do terreno desprovido da vegetação, d) Modelo digital da
superfície obtido do LIDAR para uma área próxima de Aiken, SC - Carolina do Sul (de Cowen et al., 2000).
340 CAPITULO Sensoriamento Remoto por LIDAR
Tabela 10-1. Características dos dados LIDAR adquiridos na Região do Rio Savannah, em 10 de Outubro de 2004.
Sensor P u ls o s p o r C o m p rim e n to  n g u lo d e P ó s -e s p a ç a m e n to
F o rn e ce d o r L ID A R D a ta segundo de onda v a rr e d u r a n o m in a l
Como mencionado, um pulso de energia laser é enviado as distâncias {range) associadas com o primeiro e o último
diretamente em direção ao terreno, com um determinado retornos são muito similares.
ângulo fornecido pelo espelho rotativo. Dependendo, prin
cipalmente, da altitude do instrumento LIDAR e do ângulo O pulso laser B encontra duas partes de uma árvore a diferentes
em que é enviado, cada pulso irá iluminar no terreno uma alturas e, então, a superfície desnuda do terreno. Neste exem
área com o formato aproximado de um círculo, denominada plo, parte do pulso B encontra um galho a 3m do solo, pro
de área de cobertura laser instantânea {instantaneous laserfoot- vocando o retorno de parte do laser incidente para o receptor
priní), com cerca de 30cm de diâmetro (Figura 10-la). Este LIDAR. Este sinal é registrado como o primeiro retomo (Figu
pulso único pode gerar um retorno ou múltiplos retornos. ra 10-2). O pulso remanescente continua até dois metros do
A Figura 10-2 demonstra como múltiplos retornos podem solo, onde encontra um outro galho, que espalha a energia de
ser produzidos a partir de um único pulso. Toda a energia volta ao receptor LIDAR. Este sinal é registrado como segundo
contida em um pulso A interage com a superfície do terre retomo. Neste exemplo, aproximadamente metade do pulso
no. Poderia ser assumido que esta interação resultasse em atinge, finalmente, o solo, e parte dele é retroespalhada em
um único sinal de retorno. Entretanto, se houver qualquer direção ao receptor LIDAR. Este é o último retomo. Se quiser
material que provoque um relevo local dentro da área de co mos informações sobre a altura da árvore e suas características
bertura instantânea laser (p.ex., grama, pequenas rochas ou estruturais, então nós estaríamos interessados nos retornos 1 e
galhos), haverá múltiplos retornos. O primeiro retorno virá 2 associados ao pulso B. Se nós estivermos interessados apenas
desses materiais que formam o relevo local (normalmente da na construção de um modelo digital da superfície desnuda
ordem de 3 a 5cm) e o segundo, e talvez último retorno, da do terreno, então estaríamos particularmente interessados no
superfície desnuda do terreno. Embora não sejam idênticas, último retorno associado com os pulsos A e B.
342 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por LIDAR
Assim, cada pulso laser transmitido da aeronave pode resultar desses pontos. Cada ponto tem uma localização x,y única.
em múltiplos retornos. São os denominados dados de múltiplos O exame cuidadoso revela que o conjunto de dados de úl
retornos de LIDAR. O pós-processamento dos dados originais timos retornos contêm pontos derivados de múltiplas e su
irá resultar em diversos arquivos de LIDAR, que se referem a: perpostas linhas de voo. Em um ambiente computacional
interativo, podemos clicar sobre um ponto individual na
• primeiro retorno; Figura 10-3a para obter o valor de elevação. Isso é útil, po
rém não revela qualquer padrão de elevação no conjunto
• possíveis retornos intermediários; de dados. Portanto, é comum o uso de diversas técnicas de
processamento de imagem para melhorar o nosso conheci
• último retorno; e mento sobre o conjunto de dados. Por exemplo, os pontos
de coleta individuais foram processados usando a interpo-
• intensidade. lação ponderada pelo inverso da distância (inverse distance
weigbting- IDW) para criar uma grade (raster) com valores
Os pontos (masspoint) associados com cada arquivo de re de elevação a cada 0,23 x 0,25m (Figura 10-3b) [ver Jen-
torno (p.ex., primeiro retorno) estão distribuídos na paisa sen (2005) para uma discussão sobre a técnica IDW]. O
gem em várias densidades, dependendo, principalmente, do processo de interpolação cria um modelo digital de super
ângulo de varredura, do número de pulsos transmitidos por fície —DSM, que contém as características de elevação de
segundo (p.ex., 50.000pps), da velocidade da aeronave e dos todas as árvores, arbustos e estruturas feitas pelo homem.
materiais que os pulsos laser encontram. As áreas no solo Quanto mais brilhante for o pixel em um DSM, maior é
que não apresentam nenhum dado de retorno do LIDAR a elevação. Por exemplo, as edificações na Figura 10-3b
são denominadas de destituídas de dados (data voids). são mais altas do que a superfície do terreno ao seu redor;
portanto, aparecem com maior brilho. Os pontos de coleta
Os conjuntos de dados de LIDAR podem ser fornecidos originais foram superpostos ao modelo digital de super
de acordo com as especificações do usuário. Por exemplo, fície IDW, com propósitos ilustrativos, na Figura 10-3b.
os dados de retorno do LI DAR da região do Rio Savannah Muitos pesquisadores criam DSMs usando uma estrutura
foram enviados no formato ASCII como: de dados de rede triangular irregular (triangular irregular
network - TIN) (a ser mostrada posteriormente).
• hora do dia, coordenada-x, coordenada-y, coordena-
da-z e intensidade. O modelo digital de superfície IDW obtido pelo LIDAR
pode se tornar de melhor visualização para o intérprete
O formato ASCII permite que os dados de LIDAR sejam pela aplicação do algoritmo de sombreamento do relevo,
examinados e analisados diretamente em um GIS. Os re que realça o terreno como se ele fosse iluminado pelo Sol
tornos de LIDAR foram processados pelo fornecedor em em uma direção específica (p.ex., do noroeste). Um exem
arquivos separados de: plo é apresentado na Figura 10-3c. Para fins ilustrativos, os
pontos originais de coleta de dados foram superpostos ao
• primeiros retornos; modelo digital de superfície realçado pelo sombreamento
do relevo. A superposição dos pontos de coleta em ortofo-
• últimos retornos; e tografias é, também, muito útil (Figura 10-3d).
• retornos da superfície desnuda da Terra. A maioria dos projetos de LIDAR gera uma quantidade
tão grande de dados que é necessário subdividir o con
Os retornos da superfície desnuda da Terra foram deriva junto em setores, como se fossem peças de um mosaico.
dos a partir dos primeiros e últimos retornos usando um O que examinamos até agora é apenas uma pequena par
procedimento de pós-processamento (a ser discutido). te de um desses setores. Os modelos digitais de elevação
dos primeiros e dos últimos retornos para um setor intei
Extração de Modelos Digitais de Superfície ro são mostrados na Figura 10-4ab. Este gráfico apresenta
(Digital Surface Models - DSMs) do Primeiro, os modelos digitais de superfície ponderados pelo inverso
do Intermediário e/ou do Último Retorno da distância (IDW) para os dados dos primeiros e dos
últimos retornos. Esses dois modelos são apresentados no
íormato de relevo sombreado.
Os pontos de coleta (masspoints) associados com os últi
mos retornos do sobrevoo da missão de LIDAR na Região Os arquivos de DSM de múltiplos retornos são de valor
do Rio Savannah em 10 de Outubro de 2004 são mostra significativo para muitas aplicações, como na extração da
dos na Figura 10-3a. Observe a distribuição e a densidade altura e da biomassa da vegetação e na obtenção de infor-
Princípios do LIDAR 343
c. Modelo ID W com relevo sombreado superposto d. Pontos de último retorno não-editados superpos
aos pontos de coleta. tos em uma ortofoto.
Figura 10-3 a) Os pontos de coleta (masspoints) podem ser vistos individualmente. Este procedimento é útil para identificar qualquer
vazio de dados. Pode ser visto, também, que os dados deste conjunto de últimos retornos são oriundos de múltiplas linhas
de voo. Modelos digitais de superfície podem ser criados usando a ponderação pelo inverso da distância (inverse distance wei-
ghting - IDW), como em (b) ou usando a estrutura de dados de redes triangulares irregulares (triangular irregular networks-
TIN) (não mostrado). c) O modelo digital de superfície ID W é apresentado com o relevo sombreado. O terreno é modelado
como se o Sol estivesse a noroeste produzindo sombras que se dispõem em direção ao observador. A teoria cartográfica
sugere que esta é uma das melhores formas de representação tridimensional de informações, d) Os pontos de último retorno
superpostos a uma ortofotografia digital podem, também, ser úteis.
mações sobre a altura de edificações (p.ex., Lefsky et al., presença de vegetação (e outros obstáculos superficiais)
2005; Ma, 2005). Entretanto, e se nós desejarmos um mo pode se tornar um incômodo. Em áreas cobertas por
delo digital do terreno - DTM, sem a presença de árvores vegetação densa, a maioria dos retornos do LIDAR será
ou estruturas feitas pelo homem? Como ele é criado? do dossel, com apenas alguns poucos pulsos atingindo
a superfície do terreno. Hendrix (1999) observou que
Extração de Modelos Digitais do Terreno (DTMs) mais de 93% dos pulsos do LIDAR nunca atingiam o
da Superfície Desnuda da Terra solo em áreas florestadas em planície de inundação (bot-
tomland hardwoods) próximo a Aiken, SC —Carolina do
Sul. A separação entre os retornos vindos do solo e os
Se o objetivo de um sobrevoo com LIDAR é coletar vindos do dossel da vegetação pode ser problemática.
dados para produzir um modelo digital do terreno, a Nem sempre ela pode ser feita.
344 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por LIDAR
d. Versão de (a) com relevo sombreado. e. Versão de (b) com relevo sombreado. f. Versão de (c) com relevo sombreado.
Figura 10-4 a) A ponderação pelo inverso da distância (IDW) aplicada aos dados de LIDAR de primeiro retorno, para criar um m o
delo digital de superfície (DSM). b) O ID W aplicado aos dados de LIDAR de último retorno, c) O ID W aplicado aos
pontos de coleta editados para criar um modelo digital do terreno (DTM ) da superfície da Terra desnuda, d-f) Versões
com o relevo sombreado de a-c.
Princípios do LIDAR 345
Um modelo digital do terreno (DTM) da superfície des desnuda podem, então, ser processados para produzir um
nuda da Terra pode ser criado removendo-se sistemati D I M que não contém as edificações, como mostrado na
camente dos dados de LIDAR os pontos com primeiro, Figura 10-5d. Note também que quase toda a vegetação
intermediário e/ou último retornos, que sejam provenien presente nos dados de LIDAR de primeiro e último re
tes das árvores, dos arbustos e até da grama. Este procedi tornos (Figuras 10-4a,b e 10-4d,e) está ausente no DTM
mento é realizado tipicamente em duas etapas: 1) filtragem mostrado nas Figuras 10-4c e 10-4f.
semi-automática dos pontos de coleta, e 2) edição manual
dos pontos (Raber et al., 2002; Leonard, 2005). E importante notar que o DTM final da superfície desnu
da da Terra pode, ou não, incluir estruturas feitas pelo ho
Filtragem Semi-automática dos Pontos com Vegetação mem, como edificações. Por exemplo, se nós pretendemos
e/ou Estruturas Feitas pelo Homem construir um DTM que será usado para modelar o fluxo
de água no solo, não iríamos querer utilizar o DTM mos
Muitas paisagens contêm uma vegetação densa. É impera trado na Figura 10-4f (e na Figura 10-5d) porque as cons
tivo ter uma técnica que remova 90 - 98% dos pontos de truções foram removidas. Assim, iríamos remover apenas
coleta de dados com vegetação. Isto é feito usando-se um toda a vegetação e criar o DTM. O DTM conteria, en
algoritmo de filtragem que percorra sistematicamente o tão, informações de elevação da superfície do terreno e das
conjunto de dados de LIDAR examinando cada ponto e construções. Um modelo hidrológico usando este DTM
as características de elevação associadas aos seus n vizinhos iria determinar, corretamente, o fluxo da água ao redor dos
mais próximos. Então, o filtro identifica aqueles pontos que edifícios, e não através deles.
são a) superfície desnuda do terreno, b) arbustos-cerrado, c)
árvores, e/ou d) estruturas feitas pelo homem. Por exemplo, Intensidade de LIDAR
Raber et al. (2002) desenvolveram um filtro adaptativo para
a remoção da vegetação que considera o tipo de cobertura A maioria dos sistemas de LIDAR fornecem um arquivo
do solo. Sithole e Vosselman (2004) revisaram oito diferen de intensidade junto com dados de múltiplos retornos. Por
tes filtros aplicados a doze conjuntos de dados de LIDAR. exemplo, os dados de intensidade produzidos pelo sistema
Tem-se obtido progresso no desenvolvimento de algoritmos de LIDAR Leica ALS40/50 representam os picos de volta
para a remoção semi-automática da vegetação e de objetos gem dos sinais de retorno registrados pelo controlador do
feitos pelo homem. É promissor o desenvolvimento desses sistema (Leonard, 2005). Em muitos casos, a intensidade re
novos algoritmos, que serão mais eficientes e precisos. gistrada não é a integração dos ecos que retornaram de todos
os pulsos, mas apenas os seus máximos (Baltsavias, 1999).
Edição Manual dos Pontos com Vegetação e/ou Estru Há diversos fatores que influenciam o valor de intensidade.
turas Feitas pelo Homem
Inicialmente, é importante relembrar que a luz laser é mo
Infelizmente, a filtragem semi-automática raramente iden nocromática e tem uma largura de banda extremamente
tifica todos os pontos de coleta de dados associados a ar pequena (p.ex., 2 - 5nm), normalmente centrada em um
bustos, árvores e/ou objetos feitos pelo homem (Leonard, comprimento de onda do infravermelho próximo (p.ex.,
2005). Normalmente, é necessário que um analista bem 1046nm). Por outro lado, no sensoriamento remoto mul-
treinado examine visualmente os resultados da aplicação tiespectral as bandas apresentam larguras de 50 - lOOnm,
do filtro semi-automático e, então, identifique seleti embora os sensores hiperespectrais possam ter larguras de
vamente e retire qualquer ponto acima da superfície do banda da ordem de até lOnm (Baltsavias, 1999). Outros fa
terreno que não tenha sido detectado pela filtragem. Esta tores significativos incluem a distância do alvo, o ângulo de
abordagem pode envolver a observação tridimensional do incidência e a dispersão atmosférica. Além disso, o contro
conjunto de pontos ou a superposição dos pontos de coleta lador do sistema também registra o estado do AGC (auto-
a uma fotografia aérea retificada. Os pontos editados ma matic gain control). O circuito AGC ajusta o ganho do sinal
nualmente podem, então, ser usados para criar um modelo de retorno em resposta às mudanças na reflectância do alvo.
digital do terreno (DTM) da superfície desnuda da Terra. Os valores de ganho e de intensidade podem apresentar uma
As Figuras 10-4c e 10-4f apresentam um DTM onde toda variação diária e dentro da própria cena. Esta variabilidade
a vegetação e edificações foram removidas. A Figura 10-5a no controle do ganho pode causar problemas na interpreta
apresenta uma ampliação de uma pequena parte da área ção de dados de intensidade (Leonard, 2005).
mostrada nas figuras 10-4c e 10-4f, com os pontos da fil
tragem semi-automática superpostos ao modelo digital Teoricamente, poder-se-ia pensar que, devido ao uso pelo
de superfície (DSM) IDW. Note a ausência de dados no laser da luz no infravermelho próximo, o valor de intensi
teto do edifício, onde os pontos de coleta foram retirados dade de cada ponto de coleta tivesse um efeito similar à da
pela filtragem e/ou manualmente. Os pontos de superfície reflectância no sensoriamento remoto óptico no espectro
346 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por LIDAR
Figura 10-5 a) Pontos de coleta editados superpostos sobre o modelo digital de superfície ID W dos últimos retornos, b) Versão de (a)
com o relevo sombreado, c) Pontos de coleta editados superpostos a uma ortofoto. d) Modelo digital do terreno da super
fície desnuda da Terra em uma estrutura de dados em rede triangular irregular ( Triangular irregular network - TIN ).
do infravermelho próximo. Infelizmente, isto não ocorre. Primeiro, considere a extensa área florestada mostrada em a
Por exemplo, a Figura 10-6a apresenta um DSM produzi na Figura 10-6b. Ela é uma floresta madura, com um relevo
do usando-se o IDW aplicado aos dados de último retorno local substancial, evidenciado na imagem adjacente (Figura
do LIDAR. A Figura 10-6b é um DSM da intensidade 10-6a) pelo brilho no conjunto de dados de último retomo.
produzido usando-se o IDW. A imagem de intensidade O normal seria que esta área aparecesse brilhante em uma
contém riqueza de detalhes e é, em muitos aspectos, se imagem preto e branco no infravermelho próximo. Ao con
melhante a uma fotografia aérea pancromática da área de trário, na imagem de intensidade ela aparece bastante escura.
estudo. Entretanto, observam-se várias anomalias interes
santes quando comparamos a imagem de intensidade com De forma similar, considere as diversas árvores da locali
o que esperaríamos encontrar em uma típica imagem preto zação b na Figura 10-6b, mostradas na Figura 10-7. Essas
e branco no infravermelho próximo. árvores apresentam, também, intensidade menor do que
Princípios do LIDAR 347
Figura 10-6 a) Ponderação pelo inverso da distância aplicada aos dados de último retorno do LIDAR, b) ID W aplicado aos dados de
intensidade de LIDAR. Três áreas estão realçadas para discussão.
a esperada. A grama natural, ao redor dessas árvores, tem espalhada em direção ao receptor do LIDAR. Por isso,
uma intensidade maior do que as árvores (Figura 10-7c). as árvores aparecem escuras na imagem de intensidade.
Por outro lado, os pulsos do LIDAR ao encontrarem
Finalm ente, considere as áreas brilhantes na locali o gramado natural na localização b, e o plantado com
zação c na imagem de intensidade (Figura 10-6b). A grama na localização c, não são absorvidos ou espalha
m etade norte dos três terraços experimentais foi lim dos na direção oposta ao LIDAR. Ao contrário, um
pa e plantada com um tipo de grama. Estas áreas não forte retorno ocorre nessas superfícies, que misturam
contêm tanta biomassa quando comparadas com as áreas gramadas e de solo nu, tornando-as brilhantes na
árvores das localizações a ou b. No entanto, elas mos imagem de intensidade.
tram um brilho de retorno m uito alto na imagem de
intensidade (Figura 10-6b). Muitas edificações aparecem brilhantes nas imagens de
intensidade, sugerindo que a maior parte do pulso laser
Nesses exemplos, observa-se que quando os pulsos de incidente é retroespalhada, resultando na leitura de altas
LIDAR encontram árvores o espalhamento volumétrico voltagens. A intensidade do retorno é uma função do ma
dentro do dossel reduz a quantidade de energia retro- terial que constitui o teto da edificação.
348 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por LIDAR
.v
a. Elevação de últimos retornos ponderados pelo inverso b. Versão de (a) com relevo sombreado.
da distância.
c. Intensidade LIDAR.
Leonard (2005) estabeleceu que no curso de uma única li Quando esses dados são codificados em cores (Prancha Co
nha de voo a distância e o ângulo de incidência também têm lorida 10-1 d) e avaliados obliquamente (Prancha Colorida
efeitos sobre o valor da intensidade. Conforme o espelho de 10-le), fica claro que a intensidade dos retornos das árvores
varredura do LIDAR se movimenta do nadir para o limite é função de quanto os pulsos penetram no dossel. Tais infor
do campo de visada, há um aumento proporcional da quan mações podem estar relacionadas às características biofísicas
tidade de energia refletida para fora da óptica do receptor. das árvores (p.ex., LAF ou LAI (índice de área foliar), por
Por esse motivo, os valores de leitura de intensidade dimi centagem de fechamento do dossel, biomassa, área basal).
nuem quando se afasta do nadir. A distância do alvo é um
outro fator significativo na normalização da intensidade. Contornos
Distâncias menores significam maiores valores de intensida
de devido à menor perda de sinal na atmosfera. Muitas vezes, é importante extrair os contornos (linhas de
igual elevação) dos DSMs ou DTM , para realçar diferenças
Atualmente, ainda não existe um guia completo de como sutis no terreno e para identificar depressões. Por exemplo,
interpretar imagens de intensidade de LIDAR. Fica eviden considere os terraços experimentais localizados em c na Fi
te, no entanto, que essas imagens contêm uma grande quan gura 10-6b. Estas áreas foram alteradas especificamente para
tidade de informações. Por exemplo, considere a Prancha testar a efetividade de vários materiais usados para proteger
Colorida 10-1, que apresenta os dados de intensidade super substâncias perigosas em subsuperfície. Diversos tipos de
postos aos dados de elevação de último retorno de árvores barreiras de poliuretano impermeável foram colocados nes
caducifólias, mostradas na localização b na Figura 10-6b. sas áreas e cobertos por argila, onde se plantou um tipo de
Princípios do LIDAR 349
Figura 10-8 a) Ponderação pelo inverso da distância aplicada aos dados de primeiro retorno. Note a presença de árvores nos terraços
experimentais e na floresta a leste, b) Versão de (a) com relevo sombreado.
350 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por LIDAR
Contornos Extraídos do Modelo Digital do Terreno de Superfície Desnuda dos Terraços Experimentais
b. Contornos (intervalo de 0,25m) derivados de (a) e superpostos em um modelo de (a) com relevo sombreado.
Figura 10-9 a) Elevação da superfície desnuda obtida pela ponderação pelo inverso da distância. N ote que as árvores foram removi
das, quando comparada com a Figura 10-8. b) Os contornos com intervalo de 0,25m estão superpostos a uma versão
de (a) com o relevo sombreado.
Acurácia das Medidas de LIDAR 351
Tabela 10-2. Acurácia vertical dos dados de elevação obtidos pelo LIDAR em 10 de Outubro de 2004 para a Região
do Rio Savannah, usando a Geospatial Position Accuracy Standards Part 3: National Standard for Spatial
Data Accuracy (NSSDA) (FGDC, 1998).
A c u r á c ia v e rtic a l
N S S D A p a ra
N ú m e ro d e in te rv a lo d e
Sensor D a tu m D a tu m p o n to s d e RMSE c o n fia n ç a d e 9 5 %
F o rn e ce d o r L ID A R D a ta H o riz o n ta l U n id a d e V e rtic a l c o n tro le NSSDA (1 ,9 6 x R M S E )
Optech UTM
Sanborn, 10-10-
ALTM NAD 83 m NAVD88 95 6,6cm 12,9cm
Inc. 2004
2050 Zona 17
grama. As superfícies foram, então, submetidas aos processos situ, espalhados ao longo da área de estudo, usando-se uma
da natureza. Os dados de LIDAR de primeiro retorno dos técnica de alta precisão, como levantamento de estação to
terraços experimentais, processados usando-se o IDW, são tal (total station surveying) ou GPS diferencial. Cada um
apresentados na Figura 10-8a. Uma versão com relevo som dos pontos de controle in situ é, então, localizado no DSM
breado do DSM IDW é mostrada na Figura 10-8b. Note ou DTM obtido dos dados de LIDAR. A informação ob
que metade das árvores foram removidas na parte norte dos tida do LIDAR é, então, comparada com os valores de ele
terraços experimentais, o que não ocorreu na região mais a vação e de localização do ponto de controle mais próximo.
leste. As porções onde as árvores foram removidas estavam Isto é feito para todos os pontos de controle. Então, os
cobertas por grama na época da aquisição dos dados. resultados são usados para calcular a acurácia horizontal
e vertical dos dados de LIDAR, que é expressa como erro
Os dados de LIDAR de último retorno foram filtrados quadrático médio (root mean squared error - RMSE).
usando-se os procedimentos automático e manual, para se
obter o DTM da superfície desnuda do terreno, mostrado Em 1998, o C om itê Federal de Dados Geográficos dos
na Figura 10-9a. Como esperado, quase todas as árvores pre EUA (Federal Geographic Data Comíttee - FGDC) pu
sentes nos dados de primeiro retorno (Figura 10-8a) foram blicou o Geospatial Position Accuracy Standards Part 3:
removidas. A despeito de sua utilidade, não é possível extrair N ational Standard fo r Spatial Data Accuracy (NSSDA)
visualmente informação quantitativa sobre a natureza dos (FG D C , 1998). Este padrão substituiu o N ational
terraços experimentais, a partir do DTM mostrado na Fi Map Accuracy Standards (NMAS) dos EUA, publicado
gura 10-9a. É somente quando analisamos os contornos ou em 1947 pelo Office o f Management and Budget, e o
outras representações sintéticas 3D do DTM que é possível ASPRS (Americam Society fo r Photogrammetry and Re-
avaliar a natureza tridimensional dos terraços experimentais mote Sensing) Accuracy Standards fo r Large-Scale Maps,
e caracterizar depressões sutis, principalmente na porção publicado em 1990.
mais a leste. O intervalo do contorno foi de 0,25m.
O Padrão de Acurácia Geoespacial (Geospatial Accuracy
Acurácia das Medidas de LIDAR Standard) para a acurácia horizontal e vertical de produtos
espaciais da FGDC é baseado no cálculo do RMSE, onde
T> (Miller, 2004)
Localização dos Pontos de Controle para Determinar a Acurácia do LIDAR na Região do Rio Savannah
• •
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• •
a. Pontos de controle sobre a área de manejo de materiais radioa b. Pontos de controle nos terraços experimentais.
tivos e químicos.
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Horizontal = 2,4477 x 0,5 x (RMSEx + RMSEj). (10-7) caducifólia apresentaram erros médios de 27,6cm e 27,3cm,
respectivamente. Na média, a elevação obtida pelo LIDAR
A acurácia vertical com um nível de confiança de 95% é foi inferior à elevação verdadeira, independentemente do
calculada usando-se tipo de cobertura do solo. A diferença foi significativa, e atin
giu até 23,6cm em área de densa cobertura por pinheiros.
Vertical = 1,96 x RMSE( (10-8)
Em outro estudo, coberturas menos densas de pinheiro
As equações 10-7 e 10-8 assumem uma distribuição nor apresentaram erros tão pequenos quanto os obtidos em
mal para os erros de z,y e z. A FEMA (Federal Emergency áreas pavimentadas e de gramados baixos (Hodgson e Bres-
Management Agency) descreveu, a partir desses critérios, nahan, 2004). A descoberta de que a cobertura do solo por
procedimentos detalhados para a caracterização dos níveis arbustos/cerrado e por vegetação decídua apresentam os
de acurácia, para seus parceiros no mapeamento de áreas mais altos erros, independentemente das condições de pre
com risco de inundação (FEMA, 2004). sença/ausência de folhagem, parece ser consistente (p.ex.,
Hodgson et al., 2003ab; Hodgson e Brasnahan, 2004).
A acurácia vertical das elevações derivadas do LIDAR na Basicamente, o que parece ocorrer é que a cobertura mais
Região do Rio Savannah foi avaliada usando 95 pontos de densa de arbustos/cerrado e vegetação decídua impede que
controle (Tabela 10-2). A distribuição espacial dos pontos os pulsos de laser atinjam o solo, fazendo com que a eleva
de controle na área submetida a manejo pela presença de ção da superfície seja obtida pela interpolação a partir dos
materiais radioativos e químicos de alta periculosidade, e poucos pulsos que alcançam a superfície do solo. Portanto,
nas áreas dos terraços experimentais é mostrada na Figu o DSM ou DTM resultantes podem conter erros.
ra 10-10a,b. A acurácia vertical dos dados de LIDAR, de
acordo com as especificações da NSSDA, foi de 12,9cm. Hodgson et al. (2005) observaram que nas pequenas varia
Como esperado, os valores de elevação derivados do LI ções de declividade (0o a 10°) em sua área de estudo não
DAR foram altamente correlacionados com as medidas havia um aumento estatisticamente significativo no erro das
obtidas in situ pelo GPS (Figura 10-10c). elevações obtidas pelo LIDAR. No entanto, eles determina
ram um aumento nos erros de declividade dos produtos deri
Miller (2004) estabeleceu que as acurácias verticais do LIDAR vados do LIDAR com o aumento da declividade superficial,
variam, normalmente, entre 5 e 30cm. No entanto, este nível ficando, tipicamente, 2o abaixo da declividade verdadeira.
de acurácia mantém-se quando o terreno é escarpado? Ele
vale para qualquer tipo de cobertura do solo (p.ex., solo nu, Informações Sobre Vegetação Obtidas
gramínea, arbusto/cerrado, floresta, deserto, águas profundas Y Pelo LIDAR
ou rasas, gelo, neve, infraestrutura urbana)? Ao contrário dos
levantamentos fotogramétricos, o LIDAR pode ser usado
com sucesso durante as condições de vegetação com folha A capacidade da tecnologia de LIDAR de obter retornos,
gem? É necessário considerar algumas dessas questões. tanto da vegetação como da superfície do terreno, permi
te a sua aplicação na medição de atributos da vegetação.
A Influência da Cobertura do Solo, da Declivldade e Weltz et al. (1994) usaram um sistema de LIDAR perfi-
das Condições de Presença/Ausência de Folhagem lômetro para mapear a altura da vegetação e a cobertura
na Acurácia da Elevação Obtida pelo LIDAR do dossel na bacia hidrográfica experimental de Walnut
Gulch, no Arizona. Este estudo demonstrou a capacida
de do LIDAR para distinguir diferentes comunidades de
Muitos cientistas estão investigando os efeitos da cobertura vegetação e tipos de cobertura do solo. Nilson (1996) ava
do solo, da declividade e das condições de presença/ausência liou a aplicabilidade do LIDAR para estimar o volume de
de folhagem sobre a acurácia dos dados de elevação obtidos madeira, como parte do Inventário Nacional de Florestas
por LIDAR. Hodgson et al. (2005) investigaram os efeitos da Suécia.
da cobertura do solo e da declividade, usando dados de ele
vação de LIDAR em condições de ausência de folhagem, em Zimble et al. (2003) conseguiram extrair informações so
uma bacia hidrográfica em uma região de sopé na Caroli- bre a estrutura vertical da floresta a partir de uma pequena
na do Norte. Foi obtida uma grade com pontos de controle célula de resolução de dados do LIDAR. Eles obtiveram
(1225) de elevação para sete diferentes classes de cobertura informações sobre a altura de árvores subtraindo o DTM
do solo. O erro da elevação dos dados do LIDAR, associado de superfície desnuda do DSM de primeiro retorno, i.e.,
com as sete classes de cobertura do solo, variou de l4,5cm DSM da altura da árvore = DSM de primeiro retorno -
no gramado baixo a 36,1 cm para as áreas densas de arbusto/ DTM da superfície desnuda.
cerrado. As elevações encontradas em florestas de pinheiro e
354 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto por LIDAR
Elevação da Cidade de Nova York, NY, Obtida do LIDAR após 11 de Setembro de 2001
Figura 10-11 Vista em perspectiva da Cidade de Nova York, NY, após 11 de Setembro de 2001. O monte de entulho está associado com as Torres
Gêmeas do World Trade Center (Dados de LIDAR cortesia da EarthData International; Jensen e Hodgson, 2004; 2006).
É difícil estimar o conteúdo de carbono em uma floresta com • medição das características de elevação de infraestru-
moderada a alta biomassa utilizando sensores convencionais turas de transporte como rodovias, pontes e viadutos
ópticos ou de radar. Lefsky et al. (2005) compararam as re (NCRST, 2004);
lações entre as medidas de estruturas do dossel obtidas pelo • identificação das rotas ótimas para a implantação de
LIDAR e as obtidas no campo, em cinco áreas de floresta no vias de transporte, que requeiram um mínimo de cor
noroeste dos Estados Unidos. Eles obtiveram valores de Coe tes e aterramentos (p.ex., Cowen et al., 2000); e
ficiente de Determinação (R2) de 81% e 92% para o IAF (ín
dice de área foliar, ou LAI - leaf area index) e para a biomassa • na visualização do ambiente urbano (Queija et al., 2005).
acima da superfície do solo, respectivamente.
Os dados de elevação obtidos pelo LIDAR, antes e depois
Morris et al. (2005) usaram dados de LIDAR para caracte de um determinado evento, são especialmente úteis para
rizar a elevação do habitat de duas espécies de vegetação de calcular a quantidade de material escavado ou depositado
pântano salobro em North Inlet, SC. Aproximadamente em uma região (p.ex., Shrestha et al., 2005). Por exemplo,
80% da Spartina alterniflora ocorria dentro de um estreito informações de elevação obtidas pelo LIDAR foram usa
intervalo de elevação variando de 0,22 a 0,48 lm acima do das para calcular o volume de entulho associado com as
nível do mar, enquanto que 80% do Juncus roemerianus Torres Gêmeas do World Trade Center na cidade de Nova
ocorria num intervalo de elevação de 0,296 —0,98lm. York (Figura 10-11) (Jensen e Hodgson, 2006).
tornado mais acessíveis. Todos esses fatores resultam em um Hendrix, C., 1999, Parameterization o f LIDAR Interaction
contínuo aperfeiçoamento na obtenção de informações de with Vegetation Canopy in a Forested Environment, Columbia:
elevação derivadas do LIDAR. O LIDAR irá fornecer, no University of South Carolina, Masters Thesis, 150 p.
futuro, informações consideráveis sobre o dossel da vegeta
ção (p.ex., IAF, biomassa). Ele será, também, extensivamen Hodgson, M.E. and P. Bresnahan, 2004, “Accuracy of
te usado para obter informações tridimensionais sobre infra- Airborne Lidar-Derived Elevation: Empirical Assessment
estrutura urbana (p.ex., tamanho e altura de edificações). Os and Error Budget,” Photogrammetric Engineering & Remote
instrumentos de LIDAR possivelmente também venham a Sensing, 70(3):331-339.
ser utilizados em veículos aéreos não-tripulados.
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Sensoriamento Remoto da Vegetação
• agricultura
• florestas
• pastagens nativas
• planícies de inundação
• vegetação urbana.
As plantas adaptaram sua estrutura interna e externa para Trabalhos pioneiros de Gates et al. (1965), Gausmann et
realizar a fotossíntese. Esta estrutura e suas interações al. (1969), Myers (1970) e outros demonstraram a impor
com a energia eletromagnética têm um impacto direto na tância do entendimento sobre como os pigmentos foliares,
forma como as folhas e os dosséis vegetais aparecem es os espalhamentos internos e o conteúdo interno de umi
pectralmente quando registrados usando instrumentos de dade afetam as propriedades de reflectância e de transmi
sensoriamento remoto. tância das folhas (Peterson e Running, 1989). Os fatores
Características Espectrais da Vegetação 359
3
00
3
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o
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3
o
dominantes que controlam a reflectância foliar na região O dióxido de carbono do ar e a água fornecida através das
entre 0,35 e 2,6 pm estão sumarizados na Figura 11-1. raízes representam as matérias-primas fundamentais da fo
tossíntese. A luz solar provê a irradiância (E.) que fornece
Interação da Luz Visível com os Pigmentos nas Células a energia para a fotossíntese.
do Mesófilo Paliçádico
A folha é o órgão fotossintetizante por excelência. Um corte
O processo de geração de alimento via fotossíntese determi transversal de uma folha verde típica é mostrado na Figura
na como uma folha ou um dossel vegetal de fato aparecem 11-2. A estrutura celular das folhas é bastante variável, de
radiometricamente em imagens de sensoriamento remoto. pendendo da espécie e das condições ambientais durante o
Uma folha sadia necessita de três coisas para gerar alimento: crescimento. O dióxido de carbono entra na folha, prove
niente da atmosfera, através de minúsculos poros chamados ,
• dióxido de carbono (CO,) os quais estão localizados principalmente na epiderme infe
rior. Cada estômato é circundado pelas células-guardas que se
• água (H 20 ) incham ou se contraem. Quando elas incham, os poros dos
estômatos abrem-se e permitem que o dióxido de carbono
• irradiância (_£) medida em W m 2. entre na folha. Uma folha de girassol típica possui cerca de
360 CAPITULO Sensoriamento Remoto da Vegetação
Cloroplastos
2 milhões de estômatos, mas eles perfazem apenas um por pouca luz (Philpott, 1971). A espessura desta superfície
cento da superfície foliar. Usualmente, há mais estômatos na é variável (aproximadamente 3 - 5 pm), sendo que as di
parte inferior da folha; entretanto, em algumas folhas os es mensões das células giram em torno de 18 x 15 x 20 pm.
tômatos podem estar equilibradamente distribuídos tanto na Trata-se de um material graxo e translúcido similar à cutí
epiderme inferior quanto na epiderme superior. cula das unhas dos dedos humanos. As folhas de muitas
plantas de ambientes claros possuem uma fina cutícula
As células da camada externa da epiderme superior possuem que pode filtrar parte da luz e proteger contra excessivas
uma superfície cuticular que difunde mas reflete muito perdas de umidade. Por outro lado, algumas plantas como
Características Espectrais da Vegetação 361
samambaias e alguns arbustos em sub-bosques de florestas uma planta verde típica que absorvem preferencialmente
precisam sobreviver em condições sombreadas. As folhas comprimentos de onda da região espectral do visível (0,35 -
de muitas destas plantas apresentam uma cutícula mais 0,70 pm) são denominadas pigmentos. Um espectro de absor
fina, de tal forma que a planta possa coletar tanto quanto ção para um pigmento específico descreve os comprimentos
possível a luz difusa que ali chega para a fotossíntese. de onda nos quais este pigmento pode absorver luz e entrar
em estado de excitação. A Figura 1 l-3a apresenta o espectro
Muitas folhas sob luz solar direta apresentam pêlos tanto de absorção de pigmentos puros de clorofila em solução. A
na epiderme superior como na inferior, tornando-as difu clorofila « e a clorofila b são os mais importantes pigmentos
sas. Esses pêlos podem ser benéficos, pois reduzem a inten vegetais absorvedores da luz azul e luz vermelha: a clorofila
sidade da luz solar direta na planta. Não obstante, grande a nos comprimentos de onda 0,43 e 0,66 pm, e a clorofila b
parte da energia visível e infravermelha é transmitida atra nos comprimentos de onda 0,45 e 0,65 pm (Farabee, 1997).
vés da cutícula e da epiderme superior chegando às células Uma relativa diminuição de absorção entre as duas citadas
do mesófilo do parênquima paliçádico e do mesófilo do bandas de absorção produz um decréscimo na eficiência de
parênquima lacunoso, abaixo. absorção em aproximadamente 0,54 pm, na porção verde
do espectro eletromagnético (Figura 1 l-3a). Dessa forma, é
A fotossíntese ocorre dentro da folha verde típica em dois a menor absorção da luz verde (em comparação com a da
tipos de células produtoras de alimentos - as células do me luz azul e com a da luz vermelha) que faz com que as folhas
sófilo dos parênquimas paliçádico e lacunoso. Muitas folhas verdes sadias pareçam verdes aos nossos olhos.
apresentam uma camada distinta de células longas do pa
rênquima paliçádico na parte superior do mesófilo, ao passo Há outros pigmentos presentes nas células do mesófilo
que, no mesófilo inferior (ou parênquima lacunoso), as célu paliçádico, os quais ficam normalmente mascarados pela
las são mais irregulares e folgadamente dispostas. As células maior abundância das clorofilas. Por exemplo, há os caro-
paliçádicas tendem a se formar na porção do mesófilo mais tenos amarelos e as xantofilas amarelo-claras, que absorvem
próximo do lado por onde a luz entra na folha. Em várias fo principalmente na região do azul. Espectros de absorção do
lhas horizontais (também chamadas planófilas), as células pa P-caroteno são mostrados na Figura 11 -3b, destacando-se
liçádicas estarão na porção superior, mas em folhas mais ver uma forte banda de absorção centrada em 0,45 pm. Os
ticais (as erectófilas), as células paliçádicas podem formar-se pigmentos ficoeritrina podem também estar presentes nas
em ambos os lados. Em algumas folhas as células paliçádicas folhas, e absorvem predominantemente na região centra
alongadas estão inteiramente ausentes e somente as células da no verde (aproximadamente em 0,55 pm) permitindo
do parênquima lacunoso existirão dentro do mesófilo. que a luz azul e a vermelha sejam refletidas. A ficocianina
absorve principalmente nas regiões do verde e do verme
A estrutura celular da folha é grande em relação aos com lho centradas em 0,62 pm, permitindo que grande parte
primentos de onda da luz que interage com ela. As células do azul e uma parte da luz verde (ou seja, combinando
paliçádicas têm tipicamente 15 x 15 x 60 pm, enquanto estas duas cores gera-se a cor ciano) sejam refletidas. (Fi
que as do parênquima lacunoso são menores. As células gura 11 -3b). Dado que as clorofilas a e b também estão
vegetais do parênquima lacunoso do mesófilo contêm clo- presentes e têm bandas de absorção similares nesta região
roplastos com pigmentos de clorofila. do azul, elas tendem a dominar e mascaram o efeito dos
outros pigmentos presentes. Quando uma planta atinge
Geralmente os cloroplastos têm 5 - 8 pm de diâmetro e cer a senescência ou é afetada por estresse, os pigmentos de
ca de 1 pm de espessura. Em média 50 cloroplastos podem clorofila podem desaparecer, permitindo que os carotenos
estar presentes em cada célula. Dentro dos cloroplastos estão e outros pigmentos tornem-se dominantes. Por exemplo,
os longos e delgados filamentos dos grana (não mostrados), no outono, cessa a produção de clorofila, fazendo com que
no interior dos quais a clorofila (aproximadamente 0,5 pm a coloração amarela dos carotenos e de outros pigmentos
de comprimento por 0,05 pm de diâmetro) está localizada. específicos na folhagem arbórea tornem-se mais visíveis
Geralmente os cloroplastos são mais abundantes na parte aos nossos olhos. Além disso, algumas árvores produzem
superior da folha, nas células paliçádicas, o que explica a grandes quantidades de antocianina no outono, fazendo
aparência verde mais escura da superfície superior da folha com que suas folhas fiquem vermelho-brilhantes.
quando comparada com a superfície inferior, mais clara.
As duas regiões espectrais ótimas para observar as caracte
Quando atingida por uma onda ou fóton de luz, uma mo rísticas de absorção da clorofila de uma folha são localizadas
lécula reflete parte da energia ou pode absorvê-la, e assim em 0,45 - 0,52 pm e em 0,63 - 0,69 pm (Figura 1 l-3a).
ficar num estado de maior energia ou excitada (conforme A primeira delas é caracterizada por uma forte absorção
o Capítulo 2). Cada molécula absorve ou reflete seus com causada pelos carotenóides e pelas clorofilas, enquanto
primentos de onda luminosos específicos. As moléculas de que a outra é caracterizada por forte absorção da clorofila.
362 CAPITULO Sensoriamento Remoto da Vegetação
0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5 0,55 0,6 0,65 0,7 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5 0,55 0,6 0,65 0,7
violeta azul verde amarelo vermelho violeta azul verde amarelo vermelho
Comprimento de onda, pm Comprimento de onda, pm
a. b.
Figura 11-3 a) Espectros de absorção dos pigmentos clorofila a e clorofila b. As clorofilas a e b da folha vegetal absorvem grande parte da
energia azul e da vermelha incidentes, b) Espectros de absorção do fl-caroteno, que absorve principalmente no azul. Outros
pigmentos encontráveis nas folhas vegetais incluem a ficoeritrina, que absorve preferencialmente a luz verde, e a ficocianina,
que absorve principalmente a luz verde e a luz vermelha (conforme Farabee, 1997).
O sensoriamento remoto da absorção por clorofila num condições de laboratório medindo a quantidade de energia
dossel vegetal representa uma variável biofísica fundamen refletida pela superfície foliar (ou seja, o alvo) dividida pela
tal útil para vários tipos de pesquisas biogeográficas. As quantidade de energia refletida por uma placa de referên
características de absorção dos dosséis vegetais podem ser cia de Spectralon®, da seguinte forma: (reflectância (%)
associadas a outros dados de sensoriamento remoto para = [ alvo / referência ] x 100). Em seguida, os valores de
identificar estresse, produtividade e outras variáveis hí reflectância para cada folha, entre 400 e 1050 nm, foram
bridas da vegetação. Desta forma, muitos estudos de sen plotados em um gráfico (Prancha Colorida 11-le).
soriamento remoto estão focalizados no monitoramento
do que acontece com a radiação fotossinteticamente ativa A folha verde (Prancha Colorida 11 -1 a) ainda estava fotos-
(PAR) quando ela interage com as folhas individuais e/ sintetizando e, desta forma, produziu uma curva espectral
ou com o dossel vegetal. O uso de espectrômetros ima- típica de vegetação verde sadia, com fortes bandas de ab
geadores de alta resolução espectral é particularmente útil sorção devidas à clorofila nas regiões do azul e do vermelho
para medir as características de absorção e a reflectância da (aproximadamente 6% de reflectância em 450 nm e 5%
radiação fotossinteticamente ativa. em 650 nm, respectivamente), além de um pico de reflec
tância no verde (11% em 550 nm). Na região do infraver
Visando demonstrar estes princípios, consideremos as ca melho próximo (em 900 nm), aproximadamente 76% do
racterísticas de reflectância espectral de quatro diferentes fluxo radiante incidente foi refletido pela folha.
folhas obtidas de uma mesma árvore sadia de Liquidambar
(Liquidambar styraciflua L.) em 11 de novembro de 1998, A folha amarela (Prancha Colorida 11-lb) estava em pro
em Columbia, SC (Prancha Colorida 11-1). A folha ver cesso de senescência e, desta forma, à medida que a influ
de (a), a folha amarela (b), e a folha vermelha (c) estavam ência da clorofila diminuiu, maiores quantidades de luz
ainda na árvore no momento da coleta dos dados. A folha verde (24% em 550 nm) e vermelha (32% em 650 nm)
marrom escura (d) foi coletada do chão debaixo da árvore. foram refletidas, resultando na sua aparência amarelada.
Em 750 nm a folha amarela refletiu menos fluxo radian
Um espectrorradiômetro portátil GER 1500 (Geophysi- te no infravermelho próximo do que a folha verde sadia.
cal & Environmental Research, Inc.) foi usado para fazer Entretanto, a reflectância no infravermelho próximo, em
medições de reflectância espectral de cada uma das citadas 900 nm, foi de aproximadamente 76%; portanto, muito
folhas vegetais. O espectrorradiômetro obteve medidas da similar à da folha verde sadia.
reflectância espectral em 512 bandas nas regiões do ultra
violeta, azul, verde, vermelho e infravermelho próximo, de A folha vermelha (Prancha Colorida 11-lc) refletiu cerca
350 a 1050 nm. A reflectância percentual foi obtida em de 7% no azul (em 450 nm), 6% no verde (em 550 nm) e
Características Espectrais da Vegetação 363
23% no vermelho (em 650 nm), sendo que, no infraver com um filme infravermelho colorido, além de um filtro
melho próximo, a reflectância caiu para 70%. adequado (um filtro chamado “band-pass”, ou seja, que per
mita a passagem de determinados comprimentos de onda,
A folha marrom escura (Prancha Colorida 11-1 d) produ impedindo outros), pode ser usada para fazer sensoriamento
ziu uma curva de reflectância espectral com baixo valor no remoto e obter diferenças de reflectância espectral causadas
azul (7% em 450 nm), no verde (9% em 550 nm) e no por variações dos pigmentos normalmente presentes nas cé
vermelho (10% em 650 nm) e, assim, esta combinação lulas do parênquima paliçádico do mesófilo de folhas vege
produziu a aparência marrom escura. A reflectância no in tais típicas. Entretanto, para detectar diferenças espectrais
fravermelho próximo caiu para 44% em 900 nm. muito sutis nas bandas espectralmente estreitas sugeridas
por Cibula e Carter (1992) e Carter et al. (1996), pode ser
E importante entender a fisiologia das plantas em análise necessário o uso de um espectrorradiômetro imageador de
e especialmente as suas características de pigmentação, de alta resolução espectral, cujas bandas sejam muito estreitas.
tal forma que possamos ponderar como uma planta típi
ca aparecerá quando a absorção pela clorofila começa a di Interação da Energia do Infravermelho Próximo com
minuir, seja pela senescência ou por algum tipo de estresse as Células do Mesófilo Lacunoso
ambiental. Como foi mostrado anteriormente, quando uma
planta está sob estresse e/ou a produção de clorofila dimi Numa folha verde sadia típica, a reflectância no infraverme
nui, a falta de clorofila faz com que a planta absorva menor lho próximo aumenta muito na região entre 700 e 1200 nm.
quantidade de energia nas respectivas bandas de absorção Por exemplo, no caso mostrado anteriormente, a folha verde
da clorofila. Estas plantas terão uma reflectância bem maior, sadia refletia aproximadamente 76% da energia incidente
principalmente no verde e no vermelho do espectro, fazen no infravermelho próximo (em 900 nm). As folhas verdes
do com que pareçam amareladas ou cloróticas. De fato, Car- sadias absorvem energia radiante muito eficientemente nas
ter (1993) sugere que o aumento da reflectância no visível é porções do azul e do vermelho, que são regiões espectrais
a mais consistente resposta da reflectância foliar ao estresse. necessárias para a fotossíntese. Porém, imediatamente após
A reflectância no infravermelho é um indicador consistente a banda de absorção do vermelho causada pela clorofila, por
do estresse somente quando ocorre severa desidratação foliar que a transmitância e a reflectância das folhas vegetais au
(a ser demonstrado logo à frente). mentam tanto, fazendo com que a absortância caia a valores
tão baixos (Figura 11-1)? É interessante enfatizar que este
Tratando-se de reflectância espectral foliar, as regiões espec fenômeno acontece em todo o intervalo do infravermelho
trais da região visível mais sensíveis a estresse localizam-se nos próximo onde a luz solar direta incidente sobre as plantas
intervalos de 535 a 640 nm e de 685 a 700 nm. Valores au tem o maior volume de energia. Se as plantas absorvessem
mentados de reflectância nas proximidades de 700 nm repre esta energia com a mesma eficiência que acontece no visível,
sentam o que frequentemente é chamado de “deslocamento elas poderiam esquentar muito e, desta forma, as proteínas
da borda vermelha para o azul” (em inglês, “blue shift of the poderíam ser irreversivelmente danificadas. Assim, as plan
red edge”). Trata-se do deslocamento, em direção aos meno tas desenvolveram uma adaptação, de tal forma que elas não
res comprimentos de onda, da curva de transição vermelho/ usam esta grande quantidade de energia do infravermelho
infravermelho próximo em vegetação estressada, quando é próximo, simplesmente refletindo-a ou transmitindo-a para
feita a plotagem num gráfico reflectância x comprimento de as camadas inferiores de folhas ou para o solo.
onda (Cibula e Carter, 1992). O deslocamento em direção
aos menores comprimentos de onda na região entre 650 e Numa folha verde, a camada correspondente ao mesófilo
700 nm é particularmente evidente para as curvas de reflec esponjoso controla a quantidade de energia do infraver
tância amarela e vermelha mostradas na Prancha Colorida melho próximo que será refletida. O mesófilo esponjoso
11-le. O sensoriamento remoto nestes intervalos espectral localiza-se, tipicamente, abaixo do mesófilo paliçádico e
mente estreitos pode fornecer um meio muito importante é composto de muitas células e espaços de ar intercelular,
para detectar estresses não somente para folhas individuais como é mostrado na Figura 11-2. É aqui que as trocas de
como para plantas inteiras e até mesmo para dosséis vegetais oxigênio e de dióxido de carbono ocorrem durante a fo
densos (Carter, 1993; Carter et al., 1996). tossíntese e a respiração. Na região do infravermelho pró
ximo, a vegetação verde sadia é geralmente caracterizada
O filme colorido normal é sensível às energias no azul, no por uma alta reflectância (40 —60%), alta transmitância
verde e no vermelho. O filme infravermelho colorido é sen (40 —60%) e relativamente baixa absortância (5 — 10%).
sível às energias no verde, no vermelho e no infravermelho Observe que os espectros de reflectância e de transmitância
próximo, em função da presença de um filtro amarelo (ou da folha verde sadia ao longo do visível e do infravermelho
anti-azul) (verificar no Capítulo 4). Desta forma, mesmo próximo são praticamente um espelho um do outro, como
a mais simples câmera com um filme colorido normal ou é mostrado na Figura 11-4 (Walter-Shea e Biehl, 1990).
364 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Vegetação
Comprimento de onda, pm
Figura 11-4 Características de reflectância, transmitância e absortância hemisféricas de superfícies foliares adaxiais (ou seja, as faces supe
riores ou ventrais) da gramínea capim andropogon obtidas com o uso de um espectrorradiômetro de laboratório. As curvas de
reflectância e de transmitância são quase espelhos uma da outra, ao longo das porções do visível e do infravermelho próximo.
No azul e no vermelho as clorofilas absorvem grande parte da energia incidente na porção visível do espectro (0,4 - 0,7 pm)
(conforme Walter-Shea e Biehl, 1990). Espectrômetros imageadores, como o AVIR1S, são capazes de identificar pequenas
mudanças nas características de absorção e de reflexão das plantas porque estes sensores podem ter canais separados por
apenas 10 nm, ou seja, seriam possíveis 10 bandas na região entre 0,6 e 0,7 pm (600 a 700 nm).
A alta reflectância difusa da energia do infravermelho pró Este fenômeno é chamado de reflectância foliar aditiva.
ximo (0,7 —1,2 pm) é devida ao espalhamento interno cau Considere, por exemplo, as características de reflectância
sado pelas interfaces paredes celulares!ar de dentro da folha e de transmitância de um hipotético dossel vegetal de duas
(Gausmann et al., 1969; Peterson e Running, 1989). Existe camadas de folhas, como o mostrado na Figura 11-5. As
uma banda de absorção causada pelo vapor d ’água localiza suma que a folha 1 reflete 50% da energia do infraverme
da em 0,92 - 0,98 pm; consequentemente, a região espec lho próximo para a atmosfera e que os restantes 50% desta
tral ótima para o sensoriamento no infravermelho próximo energia são transmitidos através da folha 1, para a folha 2.
é indicada como sendo em 0,74 - 0,90 pm (Tucker, 1978). Esta energia transmitida incide então na folha 2, onde 50%
são novamente transmitidos (ou seja, 25% do fluxo original
As principais razões pelas quais os dosséis de plantas sadias incidente) e 50% são refletidos. Esta energia refletida passa
refletem tanto no infravermelho próximo são as seguintes; então pela folha 1, que permite que metade desta energia
(ou 12,5% do fluxo original) seja transmitida e metade seja
• a folha já reflete de 40 a 60% da energia do infraverme refletida. Assim, a energia total resultante deixando a folha
lho próximo incidente devido ao mesófilo esponjoso 1, neste exemplo de um dossel hipotético de duas camadas
(Figura 11-4), e• de folhas, é 62,5% do fluxo original incidente. Portanto,
quanto maior o número de camadas de folhas num dossel
• os restantes 45 a 50% da energia penetram (ou seja, são maduro e sadio, teoricamente maior a reflectância no in
transmitidos) na folha e podem ser refletidos uma vez fravermelho próximo. Por outro lado, se o dossel for com
mais pelas folhas abaixo. posto por somente uma camada de folhas esparsas, então a
Características Espectrais da Vegetação 365
Figura 11-5 Um exemplo hipotético de reflectância aditiva de um dossel com duas camadas foliares. Cinquenta por cento do fluxo
radiante incidente (tt>.) na folha 1 são refletidos (R,), e os outros 50% são transmitidos para a folha 2 (T ^. Cinquenta por
cento do fluxo radiante incidente sobre a folha 2 são transmitidos através da folha 2 (T ); os outros 50% são refletidos em
direção à base da folha 1 (R2). Cinquenta por cento da energia incidente na base da folha 1 são transmitidos através dela
(T ), enquanto que os remanescentes 50% (R() são refletidos em direção à folha 2 novamente. Neste ponto, uma reflectância
adicional de 12,5% (1/8) foi acrescentada pela folha 2, elevando o fluxo radiante refletido total para 62,5%. Entretanto, para
ser mais preciso, seria necessário considerar também a quantidade de energia refletida pela base da folha 1 (R4) sobre a folha
2, a quantidade refletida pela folha 2 (R4) e, finalmente, transmitida através da folha 1 mais uma vez (T5), sendo que este
processo poderia ser continuado mais ainda.
reflectância no infravermelho próximo não será tão grande valores muito maiores de reflectância na região do infra
como no dossel hipotético acima citado, porque a energia vermelho próximo (como será mostrado proximamente).
que é transmitida através da camada de folhas pode ser ab
sorvida pela cobertura do solo abaixo dela. Pesquisadores têm demonstrado desde os anos 1960 que
existe uma relação direta entre resposta no infravermelho
Mudanças nas propriedades espectrais no infravermelho próximo e variáveis relacionadas com biomassa. Por outro
próximo da vegetação verde sadia podem fornecer in lado, também tem sido demonstrado que existe uma relação
formações sobre questões de senescência e/ou de estresse inversa entre a resposta no visível, particularmente no ver
das plantas. Considere, por exemplo, as quatro folhas e melho, e variáveis relacionadas com a biomassa das plantas.
suas características espectrais de reflectância mostradas na A melhor maneira de verificar isso é plotar num gráfico x-y
Prancha Colorida 11-1. A folha verde fotossintetizante (a) todos os pixels de uma cena típica de sensoriamento remo
exibiu forte absorção clorofiliana nas regiões do azul e do to, considerando as reflectâncias nas bandas do vermelho
vermelho, um esperado aumento de reflectância no verde e do infravermelho próximo. A Figura 1 l-6a, por exemplo,
e aproximadamente 76% de reflectância no infravermelho mostra, no espaço multiespectral de atributos do vermelho
próximo. Num determinado ponto, a reflectância no in e do infravermelho próximo, onde localizam-se aproxima
fravermelho próximo diminuiu à medida que as folhas se- damente 10.000 pixels de uma cena agrícola típica (ou seja,
nesceram (b - d). Entretanto, se as folhas tivessem secado dentro da área cinza). Os campos de solos expostos secos
significativamente durante a senescência, seria de esperar e de solos expostos úmidos, presentes nesta mesma cena,
366 CAPITULO 11 Sensoriamento Remoto da Vegetação
Vegetação colhida:
nenhuma vegetação
<u presente, solo seco
cn
antio: nenhuma
Solo exposto Solo exposto vegetação presente
úmido úmido (solo úmido)
localizam-se em lados opostos da linha-do-solo. Isto significa solos expostos úmidos da linha-do-solo, com baixos valores
que um solo exposto úmido tem valores muito baixos de de reflectância no vermelho e no infravermelho próximo.
reflectância, tanto no vermelho quanto no infravermelho Assim que a cultura começa a emergir, tal pixel começa a
próximo. Inversamente, uma área de solo exposto seco pro afastar-se progressivamente da linha-do-solo, até atingir o
vavelmente terá altos valores de reflectância, tanto no verme completo fechamento do dossel, quando o fluxo radiante
lho quanto no infravermelho próximo. A medida que um no infravermelho próximo torna-se máximo e a reflectância
dossel vegetal se desenvolve, a sua reflectância vai aumen no vermelho atinge seu ponto mínimo. Após a colheita, o
tando no infravermelho próximo, enquanto que sua vege pixel deverá voltar novamente para a linha-do-solo, porém
tação vai absorvendo cada vez mais no vermelho em função numa posição correspondente a condições mais secas.
do aumento na fotossíntese. Isto faz com que a reflectância
espectral do pixel mova-se numa direção perpendicular em O tipo de comportamento acima relatado para a reflectân
relação à linha-do-solo. À medida que a biomassa aumenta cia no vermelho e no infravermelho próximo, em relação
e que a cobertura do dossel vegetal aumenta, a localização ao desenvolvimento dos dosséis vegetais, levou ao desen
dos pixels correspondentes a esta parcela agrícola no espa volvimento de numerosos índices de vegetação e de técni
ço de atributos vermelho x infravermelho próximo move-se cas de estimação da biomassa que utilizam diversos tipos
para regiões cada vez mais distantes da linha-do-solo. de parâmetros envolvendo o vermelho e o infravermelho
próximo (p.ex., Richardson e Everitt, 1992; Lyon et al.,
A Figura 11-6b mostra o comportamento de um pixel de 1998). O resultado é uma combinação linear que pode ser
uma área agrícola no espaço espectral vermelho x infraver mais bem correlacionada com biomassa do que o valor do
melho próximo, durante um ciclo fenológico típico. Se esta vermelho ou o do infravermelho próximo isoladamente.
área foi preparada adequadamente, no começo do ciclo o Diversos desses algoritmos estão sumarizados na secção so
seu correspondente pixel deveria localizar-se na região de bre índices de Vegetação deste capítulo.
Características Espectrais da Vegetação 367
Interações Entre a Energia no Infravermelho Médio e a 11-7). Os intervalos de comprimentos de onda no infra
Agua do Mesófilo Esponjoso vermelho médio entre 1,5 - 1,8 pm e entre 2,1 - 2,3 pm
são citados como mais sensíveis a mudanças no conteú
As plantas necessitam de água para crescer. Uma folha ob do de umidade das plantas, do que os comprimentos de
tém água pelo sistema radicular da planta. A água desloca- onda no visível e no infravermelho próximo (isto signifi
se pelas raízes, subindo pelo caule e entra na folha através ca que, considerando o eixo y, a distância entre as curvas
do pecíolo (ou seja, a parte que une a lâmina foliar ao caule) espectrais é maior à medida que o conteúdo de umidade
e, daí, pequenos vasos levam esta água até as células foliares. diminui). E interessante notar também que significativas
Se, num determinado momento, uma planta estiver bem mudanças nas curvas de reflectância no visível (0,4 —0,7
irrigada, conterá tanta água quanto seja possível armaze pm) não começam a aparecer até que a umidade das fo
nar, ficando então completamente túrgida. A maior parte lhas diminua até aproximadamente 50%. Quando o con
desta água encontra-se no mesófilo esponjoso. Se houver teúdo relativo de água diminui para 50%, praticamente
falta de irrigação ou de chuva, a planta conterá uma quan qualquer porção do visível, do infravermelho próximo ou
tidade de água menor do que é o seu máximo potencial de do infravermelho médio pode prover alguma informação
armazenamento de água e, neste estado, estará em turgidez útil de reflectância espectral.
relativa. Seria então útil a existência de um instrumento
de sensoriamento remoto sensível à quantidade de água A reflectância foliar no infravermelho médio é inversamen
nas plantas. Até um certo ponto, o sensoriamento remoto te relacionada com a absortância de uma camada de água de
nas regiões espectrais do infravermelho médio, do infra aproximadamente 1 mm de espessura (Carter, 1991). A in
vermelho termal (Capítulo 8) e das micro-ondas passivas tensidade com que a energia solar incidente no infraverme
(Capítulo 9) pode prover tais informações. lho médio é absorvida pela vegetação é função da quantida
de total de água presente na folha e da espessura da folha. Se
A água líquida na atmosfera gera cinco principais bandas a seleção de sensores e de bandas espectrais for adequada, é
de absorção nas porções entre o infravermelho próximo e possível monitorar a turgidez relativa das plantas.
o infravermelho médio do espectro eletromagnético: 0,97;
1,19; 1,45; 1,94 e 2,7 pm (Figura 11-1). A banda em 2,7 Os sistemas de sensoriamento remoto ópticos (exceto os
pm é devida à absorção vibracional fundamental pela água, radares) são geralmente limitados a funcionarem em inter
constituindo-se na maior absorção na citada região espectral valos espectrais de 0,3 - 1,3; de 1,5 - 1,8 e de 2,0 - 2,6
(destacando, porém, que existe também uma forte absorção pm, devido a fortes bandas de absorção pela água atmosfé
em 6,27 pm, na região do infravermelho termal). Entretan rica em 1,45; 1,94 e 2,7 pm. Felizmente, como mostrado
to, há também uma forte relação entre a reflectância na re na Figura 11-7, há uma forte sensibilidade “suplementar”
gião do infravermelho médio (1,3 - 2,5 pm) e a quantidade ao conteúdo de água nas regiões em 1,5 — 1,8 pm e em
de água presente nas folhas de um dossel vegetal. A água 2,0 —2,6 pm, que são adjacentes às principais bandas de
nas plantas absorve a energia incidente, entre as bandas de absorção pela água. Esta é a razão pela qual os sensores
absorção, com força crescente em comprimentos de ondas Thematic Mapper (TM/Landsat-4 e TM/Landsat-5) e
maiores. Nestes comprimentos de onda do infravermelho Enhanced Thematic Mapper Plus (ETM+/Landsat-7) tive
médio, os picos de reflectância da vegetação ocorrem apro ram duas bandas escolhidas nas citadas regiões espectrais: a
ximadamente em 1,6 pm e 2,2 pm, entre as duas principais banda 5 (1,55 - 1,75 pm) e a banda 7 (2,08 - 2,35 pm). Já
bandas de absorção pela água atmosférica (Figura 11-1). foi consistentemente demonstrado que a banda no infra
vermelho médio (1,55 —1,75 pm) é sensível ao conteúdo
A água é um bom absorvedor da energia no infraverme de umidade do dossel. Pierce et al. (1990), por exemplo,
lho médio, de tal forma que quanto maior a turgidez demonstraram que esta banda, bem como os índices de ve
das folhas, menores as reflectâncias no infravermelho getação em que ela é usada, estavam correlacionados com
médio. Inversamente, à medida que o conteúdo de umi estresses de água em dosséis de florestas coníferas.
dade das folhas diminui, a reflectância no infravermelho
médio aumenta substancialmente. À medida que a água Grande parte da água na planta é perdida via transpiração.
da planta nos espaços de ar intercelular diminui, isto faz A transpiração ocorre à medida que o Sol aquece a água
com que a energia do infravermelho médio incidente nas dentro da folha, fazendo com que uma parte da água mude
folhas seja mais intensamente espalhada pelas interfaces seu estado para vapor d’água, que escapa através dos estô-
das paredes intercelulares, resultando em maiores valores matos. Algumas das funções importantes desempenhadas
de reflectância no infravermelho médio. Considere, por pela transpiração são as seguintes:
exemplo, as reflectâncias espectrais de amostras foliares
de Magnólia em cinco diferentes condições de umidade • ela refrigera o interior das folhas, uma vez que o vapor
plotadas no intervalo espectral entre 0,4 e 2,5 pm (Figura d’água que escapa contém calor;
368 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Vegetação
Conteúdo de umidade
relativa de M agnólia
{Magnólia grandiflora)
----------------- 5%
....................... 25%
....................... 50%
- 75%
---------------------100%
• ela mantém o fluxo ascendente de água absorvida pelas Seria excelente se um dossel vegetal como o de milho ou de
raízes, através do caule, até as folhas; uma plantação de pinheiros refletisse a mesma quantidade
de fluxo radiante em direção a um sensor, independente
• ela assegura um suprimento constante de minerais dis mente de: 1) ângulos de incidência e azimutal solares, ou 2)
solvidos provenientes do solo. geometria de visada do sensor. Isto significaria que o dossel
vegetal seria uma superfície Lambertiana real, ou seja, uma
A medida que as moléculas de vapor d’água no topo da fo superfície que reflete a energia nela incidente, em todas as
lha são perdidas por transpiração, toda a coluna d'água é direções, igualmente. Infelizmente, uma grande quantidade
puxada para cima. As plantas perdem consideráveis quan de investigações demonstrou que não é assim que as coisas
tidades de água por transpiração, diariamente. Por exem acontecem (p.ex., Kimes, 1983). De fato, o fluxo radiante
plo, uma única planta de milho pode perder até cerca de espectral que sai de um dossel vegetal é significativamen
3,8 litros de água num dia muito quente. Se as raízes desta te afetado por um grande número de fatores, muitos dos
planta não puderem repor esta água, as folhas murcham, quais estão listados na Tabela 11-1. A seguir, discutiremos
cessa a fotossíntese e a planta morre. Desta forma, moni brevemente os principais parâmetros da vegetação e depois
torar o conteúdo de umidade dos dosséis vegetais, que por aprofundaremos mais em relação às características geomé
sua vez correlaciona-se com as taxas de transpiração, pode tricas de iluminação solar e do sistema sensor.
prover valiosas informações sobre a saúde de uma cultura
agrícola ou de uma outra área de vegetação. O sensoria A quantidade e a distribuição espectral do fluxo radiante
mento remoto no infravermelho termal e nas micro-on refletido pelo dossel vegetal é influenciado pelo tipo de ve
das passivas também têm fornecido valiosas informações getação presente. Por exemplo, gramíneas devem refletir
sobre evapotranspiração de dosséis vegetais. diferentemente em relação a um estande de árvores. Al
guns dosséis vegetais possuem 100% de fechamento, re
A mais prática aplicação das informações sobre umidade cobrindo completamente a superfície, o que significa que
das plantas é a avaliação regional das condições de umi o substrato e o solo abaixo dele não são visíveis através
dade das culturas agrícolas com objetivos de planejamen do dossel. Inversamente, outros dosséis que apresentam
to de irrigação, de avaliação de estresses, e de modelagem menos de 100% de fechamento do dossel permitem que
de produtividade (tanto agrícola quanto de pastagens ou porções do substrato e/ou do solo reflitam energia na di
para manejo de florestas). reção do IFOV (“instantaneous field o f view” ou campo de
visada instantâneo) do sensor, gerando um pixel híbrido
Características Avançadas de Reflectância Espectral da ou misturado. E possível separar a contribuição espectral
Vegetação: a Função de Distribuição da Reflectância das coberturas individuais, porém isto requer considerável
Bidirecional (FDRB) conhecimento em processamento de imagens.
Características Espectrais da Vegetação 369
Sensor
Determinadas vegetações são orientadas aleatoriamente, Todos esses fatores relacionados com a vegetação podem ter
enquanto que outras são sistematicamente arranjadas em significativo impacto na reflexão da luz incidente em direção
fileiras em determinadas direções cardeais (0 - 360°). As ao sistema sensor. Portanto, é importante manter constan
copas das árvores frequentemente apresentam formas es tes tantos fatores quanto possível quando se busca extrair
pecíficas (p.ex., a forma cônica do pinheiro Ponderosa ou informações biofísicas tais como a produtividade primária
a forma circular da copa do carvalho Blackjack), de modo ou a biomassa via dados de sensores remotos. Mesmo man
que o diâmetro da copa de cada árvore individual possa tendo constantes essas variáveis tanto quanto possível, os
ser medido. Os troncos de árvores ou os caules de plantas ângulos zenitais e azimutais da radiação solar incidente e os
apresentam certa densidade (p.ex., o número de troncos ângulos zenitais e azimutais do sistema sensor podem intro
por unidade de área) com valor específico para a variável duzir efeitos tão marcantes que pode tornar-se impossível
diâmetro-à-altura-do-peito (DAP). comparar medições de reflectância espectral de um deter
minado momento com outras obtidas em outro momento.
Índice de área foliar (IAF): é a área foliar verde total, con Felizmente, se conhecemos bem as características do dossel
siderando apenas um lado da folha (ou também a meta vegetal em estudo (como discutidas acima) e obtemos infor
de da área de ambos os lados), por unidade de área do mações sobre as características de reflectância bidirecional
terreno ocupado pelas plantas estudadas. É um parâmetro do ângulo de incidência solar e da geometria de visada do
biológico importante porque: 1) define a área que interage sensor, torna-se possível calibrar os dados de sensoriamento
com a radiação solar e que provê grande parte do sinal de remoto para a extração de informações biofísicas úteis.
sensoriamento remoto; e 2) é a superfície responsável pela
absorção de carbono e pelas trocas com a atmosfera (Chen Função Distribuição da Reflectância Bidirecional
e Black, 1992). Alguns dosséis têm valores significativa (FDRB): várias pesquisas já realizadas no passado, envol
mente maiores de IAF do que outros. vendo medições de reflectância bidirecional obtidas para
vários tipos de superfícies vegetais ou pedológicas, de
Distribuição angular das folhas (DAF): pode mudar du monstraram que a maioria das superfícies terrestres exibem
rante o dia, à medida que as folhas orientam-se em di características de não-lambertianidade (anisotropia) (Ki-
reção ou contra a radiação incidente. Algumas folhas mes, 1983). Em tempos passados, os efeitos da reflectância
dispõem-se predominantemente no plano horizontal bidirecional das superfícies terrestres não desempenhavam
(p.ex., as folhas planófilas de muitas árvores de folhas lar papel importante nos estudos relacionados com mudanças
gas), enquanto que outras orientam-se mais verticalmen globais e com ecologia, embora se assumisse, então, que
te (p.ex., as folhas erectófilas de gramíneas existentes em tais efeitos fossem cruciais em estudos multitemporais, em
áreas de restingas costeiras). função das variações dos ângulos de incidências solares.
370 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Vegetação
Espectrorra-
diô m etro
a.
mesmo plano. Isto pode produzir o denominado efeito hot R( 0., (p.;0r, tpr; X ) = (11-7)
spot (isto é, quando a sombra não é visível). O plano solar
principal é formado quando a fonte de iluminação, o alvo dL ( 0 , cp.; 0r, (pr; X )
e o sensor estão todos alinhados no mesmo plano (ou seja, x ^ / ( 0,’ <pr;A.)
dL ref,.(x 0 / , cp
' /
;0 r ,~ cp
r
; X)'
no ângulo azimutal solar). Este é o plano onde os efeitos da
FDRB são os mais pronunciados. Um exemplo do efeito onde:
hot spot em fotografia aérea é mostrado na Figura 11-9. R é um coeficiente de calibração determinado para o pai
nel de referência espectral. Os fatores de reflectâncias bi-
Felizmente, os pesquisadores têm desenvolvido instru direcionais (FRB) são adimensionais. Tanto o FRB como
mentos para medir a FDRB de várias superfícies. Um dos a FDRB assumem valores entre zero e infinito. Valores >
instrumentos mais úteis é o sistema goniômetro de campo 1 para FRB e > l/n para FDRB são obtidos nas direções
(FIGOS, “field goniometer system’) projetado por S. San- de pico de reflectâncias, tais como o hot spot, onde o fluxo
dmeier. O FIGOS consiste de um espectrorradiômetro refletido por uma superfície-alvo é maior que o fluxo de
GER 3700 controlado por computador, sensível no inter uma superfície Lambertiana.
valo espectral entre 300 e 2.450 nm em 704 bandas com
uma resolução espectral de 1,5 nm para o intervalo 300 É, também, possível desenvolver um fator de anisotropia,
— 1.050 nm e de 8,4 nm para o intervalo 1.050 —2.450 que é usado para analisar a variabilidade espectral nos da
nm. Consiste de três partes principais: um trilho em arco dos de FDRB. Os fatores de anisotropia (ANIF —Ani-
zenital, um trilho em arco azimutal e um trenó motorizado sotropy factors) permitem a separação entre a assinatura
onde o radiômetro é montado (Figura 1 l-10a, b). O goni espectral de um alvo e os efeitos provenientes da FDRB
ômetro de alumínio pesa aproximadamente 230 kg e pode espectral. Esses fatores são calculados através da norma
ser transportado para o campo, como mostrado. Montado lização dos dados de reflectância bidirecional R com a re
no goniômetro, o sensor visa, na parte mais central do cír flectância a nadir, R (Sandmeier et al., 1998a; Sandmeier
culo, uma área de aproximadamente 10,5 cm de diâmetro e Itten, 1999):
a nadir e de cerca de 41 cm (no eixo maior) na posição de
75° (que é o ângulo zenital mais extremo). R( 0., cp ;0 ., cpr; 7 ) ( 11- 8)
ANIF{ 6., cp.;0(., cpr; À,)
R„ (6, . tp,; X )
Assim, é possível, num período de tempo muito curto e
enquanto o Sol fica aproximadamente no mesmo arco ze Afinal, o que estas medições nos informam sobre a FDRB
nital (0) e azimutal (cp.), variar a posição do radiômetro de uma superfície típica? Para responder a esta questão, con
visando determinar se a quantidade de fluxo radiante nas sideremos dados FDRB normalizados para o nadir (ou seja,
várias regiões espectrais (p. ex., azul, verde, vermelho, in os dados ANIF) da gramínea azevém (Lolium perenne L.)
fravermelho próximo, infravermelho médio) é influencia mostrados na Figura 11-1 Od. Durante a coleta dos dados go-
da pelos ângulos de visada (0) e azimutal (cp) do sensor. niométricos o ângulo zenital solar era 35°. Os resultados de
apenas quatro das 704 bandas do espectrorradiômetro foram
A função distribuição de reflectância bidirecional (FDRB), apresentados tendo-se utilizado apenas o ângulo de visada do
f [ s r 1), é formalmente definida como a razão entre a radi- plano solar principal. Vê-se que os efeitos do FDRB foram
ância dL (W .m TsD.nm 1) refletida em uma direção (0 , cpr mais pronunciados nas bandas de absorção da clorofila no
) e a irradiância solar incidente dE (W.mAnm ') provenien azul (480 nm) e no vermelho (675 nm) discutidas anterior
mente, enquanto que no verde e particularmente na faixa de
te da direção (0 , cp.) (Sandmeier, 1999; Sandmeier e Itten,
baixa absorção do infravermleho próximo, foram observados
1999):
relativamente poucos efeitos da FDRB. Desta forma, pesso
dLr ( 0., cp ;0 ; , cpr; X ) as que usam dados de sensores remotos podem considerar
f ( Q r tp^-0,,, cpr ,-A.) = ( 11- 6)
dE. (9., cp,; X ) ajustes radiométricos dos valores de brilho associados com
as bandas do azul e do vermelho, mas não necessariamente
com as bandas do infravermelho próximo. Tipicamente, as
Notar que dLr e dE. são quantidades direcionais medidas
superfícies vegetadas exibem em todas as quatro bandas uma
em ângulos sólidos (esterradianos, s r 1), como está mos
forma abaulada, um hot spot, e uma componente de espalha-
trado na Figura 11-10c. Normalmente, um fator de re
mento frontal (forward-scattering).
flectância bidirecional (ERB, também referido como R) é
computado como sendo a radiância refletida (dL ) por uma
É mais interessante ver os fatores de anisotropia do azevém
superfície numa determinada direção dividida pela radiân
para os quatro comprimentos de onda de interesse não só
cia dLnj, refletida por um painel de referência praticamente
em função do ângulo de visada zenital de 0° mas também
lambertiano, medida sob idêntica geometria de iluminação
no intervalo de ± 75° (Figura 11-11). Idealmente, toda a
(Sandmeier e Itten, 1999):
Características Espectrais da Vegetação 373
Figura 11-11 Fatores de anisotropia (dados FDRB normalizados ao nadir) de azevém (Lolium perenne L.) para quatro bandas, adquiridos
com o instrumento FIGOS, com um ângulo zenital solar de 35° (conforme Sandmeier e Itten, 1999).
superfície tridimensional deveria ser plana, como ocorreu Terra (Capítulo 7) deverão documentar quando deveremos
com o infravermelho próximo (750 nm), significando que estar atentos aos efeitos da FDRB. Tais informações podem
as medições nesta faixa espectral são relativamente livres dos ajudar a 1) identificar e selecionar as bandas que são menos
efeitos de FDRB. Porém, as bandas em 480 nm e em 675 impactadas pelos efeitos da FDRB, 2) reconhecer que há
nm exibem significativos fatores de anisotropia. Nos interva certas relações entre Sol e/ou ângulo de visada do sensor
los de comprimentos de onda de alta absorção (os quais, por que deveríam ser evitadas quando dados de sensoriamen
tanto, refletem pouco) os efeitos de espalhamento múltiplo to remoto são coletados, e 3) prover métodos para ajustar
são reduzidos devido à relativamente pequena quantidade radiometricamente os dados de sensoriamento remoto de
de radiação no dossel. Desta forma, o contraste entre com modo a minimizar os efeitos de FDRB.
ponentes iluminados e componentes sombreados, no dossel,
é realçado, o que provoca o realce dos efeitos de FDRB. Por Nem sempre os efeitos da FDRB são completamente preju
outro lado, os efeitos de FDRB são, geralmente, menores nos diciais. Qi et al. (1995) ressaltam que medições multidirecio-
comprimentos de onda de baixa absorção (portanto, os de nais de sensoriamento remoto (p.ex., ângulos de visada fora
maior reflexão) do verde e do infravermelho próximo, onde do nadir) podem prover informações complementares àque
os efeitos de espalhamento múltiplo são fortes e, portanto, di las obtidas a nadir. De fato, uma medição única a nadir ob
minuem o contraste no dossel (Sandmeier et al., 1998b). tém informação sobre uma superfície como se esta superfície
não tivesse estruturas verticais, o que, na prática, nem sem
Pesquisas futuras utilizando goniômetros acoplados com pre ocorre —por outro lado, as medições em visada fora do
sistemas de sensoriamento remoto aerotransportados e or nadir revelam diferentes aspectos das estruturas verticais, tais
bitais, com apontamento fora do nadir, tais como o MISR/ como a altura da vegetação. Consequentemente, para caracte
374 CAPITULO Sensoriamento Remoto da Vegetação
rizar objetivamente parâmetros biofísicos da vegetação, uma só onde S é o valor de brilho de um pixel, AG K , AT e K signi
geometria de visada (p.ex., a nadir) pode ser insuficiente. ficam, respectivamente, as proporções em área de substrato
iluminado, de copas iluminadas, de copas sombreadas e de
Modelagem da Reflectância de Dosséis Vegetais substrato sombreado; sendo que os parâmetros G, C, T e
A equivalem às assinaturas espectrais dos correspondentes
Nas últimas décadas, os pesquisadores da área vêm bus componentes. Este é chamado de modelo de mistura, ou
cando predizer, através de modelos, exatamente como a modelo de componentes de cena.
energia radiante em comprimentos de onda específicos é
refletida por uma determinada folha ou por um certo dos Os modelos SAIL e Li-Strahler representam im portan
sel vegetal, com base em um conjunto de fatores, dentre tes tentativas para explicitamente modelar as interações
os quais podem ser incluídos (Danson, 1998): o índice de energia-matéria que ocorrem acima, dentro e abaixo do
área foliar (IAF), as propriedades de reflectância dos solos dossel vegetal. Os cientistas têm também buscado inten
abaixo do dossel, a quantidade de luz direta e/ou difusa in samente formas de inverter os modelos, visando usar as
cidente no dossel, a distribuição de ângulo foliar (que varia características de reflectância registradas pelos sensores
desde a erectófila, com íolhas a 90°, até a planófila, com remotos para predizer as características de tipos específi
folhas predominantemente horizontais, a 0" de inclinação), cos de estruturas interiores aos dosséis, tais como a altura
e a FDRB influenciada pelos fatores geométricos (ângulos das árvores, a densidade, o índice de área foliar, etc. Infe-
solares e de visadas do sensor), conforme discutidos ante lizmente, com frequência é difícil calibrar tais modelos,
riormente. O modelo SAIL (“Scattering by Arbitrarily Jn- pois para isso é necessária uma grande quantidade de in
clined Leaves” - Espalhamento por Folhas Arbitrariamente formações sobre as características das folhas e dos dosséis,
Inclinadas), por exemplo, tem sido largamente utilizado sobre as condições atmosféricas, sobre os ângulos solares
em pesquisas de sensoriamento remoto visando investigar e da geometria de visada, e sobre a declividade e o aspecto
as propriedades de reflectância espectral e direcional dos do terreno. Porém, esta é uma área de pesquisa muito
dosséis vegetais. Este modelo utiliza equações de transfe importante do sensoriamento remoto.
rência radiativa para modelar a energia que interage com o
dossel vegetal em três distintos fluxos, sendo: a) um fluxo Espectroscopia de Imageamento da Vegetação
para baixo de radiação direta; b) um fluxo para baixo de
radiação difusa; e c) um fluxo para cima de radiação difusa. Como foi discutido no Capítulo 7, um espectrômetro ima-
O SAIL assume que o dossel pode ser representado por pe geador coleta reflectância da superfície terrestre em espec
quenos elementos que absorvem e que espalham (p.ex., as tros praticamente contínuos. Ao invés de ter apenas quatro
Íolhas) com propriedades ópticas conhecidas, distribuídos ou oito canais espectrais (como, p.ex., no SPOT ou no
aleatoriamente em camadas horizontais e com ângulos de ETM7Landsat-7, respectivamente) para registrar as carac
distribuição conhecidos. Este modelo tem sido usado para terísticas espectrais da vegetação, um espectrômetro image-
simular os efeitos da visada fora do nadir, para simular os ador coleta informação em centenas de canais espectrais.
deslocamentos espectrais da borda vermelha (“red-edge”, ou
região de transição entre o vermelho e o infravermelho pró Desta forma, um espectrômetro imageador tem grande
ximo), e para estimar propriedades do dossel diretamente potencial para monitorar tipos e características biofísicas
relacionadas com os dados de sensoriamento remoto. da vegetação (Goetz, 1995). Em geral, os espectros de re
flectância da vegetação são muito informativos, contendo
Similarmente, o modelo de Li-Strahler (1985, 1992) pro indicações sobre as bandas de absorção da clorofila na re
duz estimativas do tamanho e da densidade de árvores, gião do visível, a alta reflectância na região do infraverme
a partir de dados de sensoriamento remoto. O sinal re lho próximo, e os efeitos da absorção pela umidade interna
cebido pelo sensor é modelado como sendo constituído da planta na região do infravermelho médio.
pela luz refletida pelos elementos que se encontram dentro
do campo de visada do sensor (quais sejam, as copas das Os geólogos têm usado as imagens hiperespectrais há anos
árvores, as suas sombras, e o substrato (“backgroundj ali para discriminar entre diferentes tipos de rochas, com base
presente). Desta forma, o sinal refletido é modelado como em suas características de reflectância e de absorção espec
uma combinação linear de quatro componentes e de suas tral. Já estão disponíveis extensas bibliotecas espectrais dos
respectivas proporções (Woodcock et al., 1997):S mais importantes minerais, solos e tipos de rochas (p.ex.,
Clark et al., 2003). Quando são adquiridas imagens hipe
respectrais calibradas, por aeronaves, os geólogos podem
S = Kg G + Kc C + Kt T + K z A (11-9)
v '
então comparar os espectros obtidos nestas imagens com
os espectros armazenados nas referidas bibliotecas espectrais,
visando determinar os tipos de minerais presentes, bem
Características Espectrais da Vegetação 375
solo exposto
40 ♦
•-cevada ' J \ A
/ / ,Z\ r- \ V V /'
/ / \ \
30 -^«-pastagem ;/ \ 'A
/ / , V
Y
20 /
i ^ ii
t ..
■pastagem >batata Norkotah
(Chico)
10
//
// as curvas
foram deslocadas
' em 4%
0 n | i | i i i i i i i i i i i i i i i i i r b.
0,5 0,7 1,0 1,5 2,0 2,5
Comprimento de onda, pm Comprimento de onda, pm
Figura 11-12 a) Espectros de vegetação verde sadia de uma área de San Luis Valley, Colorado, obtidos em 3 de setembro de 1993, usando
o AVIRIS, 224 canais, com pixels de 20 x 20 m. b) A maioria dos outros tipos de vegetação exibiram reduzidas absorções por
clorofila. Notar que os espectros estão com deslocamentos para efeitos de clareza (conforme Clark et al., 1995). Diferenças
nas características de reflectância e/ou de absorção da vegetação tornam possível, em determinadas condições, distinguir um
tipo de vegetação em relação a outro, ou identificar se está sob estresse por algum fator.
como outras características de interesse. Vários exemplos da 11 -2a. Os espectros de reflectância AVIRIS das parcelas
são fornecidos no Capítulo 14 (Sensoriamento Remoto de com batata, alfafa, cevada, aveia, canola e pastagem são
Solos, Minerais e Geomorfologia). mostrados na Figura 1 l-12a, b.
Idealmente, seria de grande utilidade a existência de um Os espectros das parcelas com alfafa, canola, aveia e ba
banco de dados espectrais da vegetação, com informações tata (Nugget) mostram que as respectivas plantas estão
sobre: 1) características de reflectância e de emitância de verdes e sadias (Figura 11-12a). A cevada já havia perdi
vários tipos de vegetação, na região 0,35 —14 pm; 2) como do toda a sua resposta de clorofila à época do sobrevoo
estes dados aparecem em diferentes datas, conforme varia AVIRIS (Figura 11-12b). Por seu turno, as parcelas com
a dinâmica fenológica destas vegetações; e 3) como seriam batata Norkotah não estavam sendo irrigadas, uma vez
esses espectros em consequência de eventos como estresses que estavam próximas da colheita —consequentemente,
ou infestações por insetos. Infelizmente, ainda não existem seus espectros mostravam fracas absorções por clorofila e
bancos de dados como os citados. Assim sendo, usualmente celulose, estando presentes absorção por argila tendo em
ainda é necessário coletar dados in situ de espectrorradio- vista que havia exposição de solo. Trabalhos de campo
metria da vegetação de interesse durante o sobrevoo aéreo feitos àquela época mostraram que os agricultores tam
para poder usar esses dados para calibrar as informações de bém haviam pulverizado desfolhantes em parcelas de ba
reflectância espectral derivadas do espectrorradiômetro aé tatas e assim estas parcelas mostravam diminuição das ab
reo. Quando tal procedimento é realizado com os devidos sorções por clorofila acompanhada por deslocamento da
cuidados, torna-se possível extrair informações sobre tipos borda vermelha (“red edge") para comprimentos de onda
e condições da vegetação, via dados hiperespectrais. menores, como se esperaria ocorrer nestas circunstân
cias. Os espectros de pastagem exibem combinações de
Consideremos, por exemplo, os dados AVIRIS coletados absorção por clorofila e por celulose (neste caso, devido
sobre San Luis Valley, no Colorado, em 3 de setembro de à presença de vegetação seca). Os espectros de parcelas
1993, mostrados na Prancha Colorida 1 l-2a (Clark et al., confirmadamente conhecidas foram usados num algorit
1995). Os 224 canais espectrais foram radiometricamente mo computacional chamado , desenvolvido pelo USGS
corrigidos para remover os efeitos do vapor d’água atmos (U.S. Geological Service), para identificar outros pixels
férico e em seguida retificados geometricamente para uma presentes na área de estudo com respostas similares às
projeção padrão. Os usos da terra presentes em algumas conhecidas (Clark et ah, 1995). O resultado obtido foi
parcelas à época do sobrevoo AVIRIS estão anotados no um mapa classificado, com precisão aproximada de 96%
topo da imagem, conforme é mostrado na Prancha Colori de acerto (Prancha Colorida 11-2b).
376 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Vegetação
O
O v/~\
100-
1---- 1--
primentos de onda da banda de absorção causada pela clo Califórnia Norte
rofila (0,68 - 0,73 pm) forma uma das declividades mais 75-
acentuadas encontradas nos espectros de materiais que ocor 50- 50-
rem comumente na natureza. Esta absorção é normalmen 25- 25-
te muito intensa, fazendo com que a reflectância seja baixa J FMAM J J A S OND j FMAM j J1Á S OND
(<5%) próximo de 0,68 pm, porém com valores muito altos
(> 50% de reflectância máxima) para o infravermelho pró
ximo (em aproximadamente 0,73 pm). Quando a absorção Nordeste da Carolina
100- G eórgia/Sudoeste 100-1
por clorofila diminui, a largura total da banda de absorção do Norte
75- 75-
também diminui. Estes fatores causam um deslocamento
50- 50-
em direção aos comprimentos de onda menores à medida
25- 25-
que a absorção por clorofila diminui - este processo é conhe
cido como “red-edge shifi’ (,deslocamento da borda vermelha) J FMAM J I A S OND J FMAM j j A S O N D
ou também como “blue shifi ofthe red edge” {deslocamento da
borda vermelha em direção ao azul), conforme anteriormente Figura 11-13 Coberturas por nuvens, preditas para quatro áreas
já discutido, e pode ser causado por senescência natural, es dos Estados Unidos. A maior quantidade de cober
tresses de umidade ou presença de materiais tóxicos. Clark tura por nuvens está frequentemente associada com
o ponto alto da estação de crescimento, exceto para
et al. (1995) observaram que os dados AVIRIS poderíam
a Califórnia. Isto pode complicar significativamen
detectar deslocamentos red-edge de < 0,1 nm. As informações
te a coleta de dados de sensoriamento remoto para
sobre deslocamento red-edge foram analisadas usando o pro análises de vegetação.
grama Tricorder e em seguida usadas para identificar áreas
com algum tipo de estresse (Prancha Colorida 1 l-2c).
Um renomado especialista em sensoriamento remoto, Dave • uma cultura tenha maturado mais rapidamente do que
Simonett, frequentemente dizia “Green is green is green”(Ver a outra (p.ex., em função de adubação ou de melhores
de é verde é verde), significando que se duas diferentes culturas tratos culturais);
(p.ex., milho e algodão) foram plantadas na mesma data e
completaram o fechamento de dossel na mesma data em que • o espaçamento entre linhas de plantio, ou a orienta
os dados de sensoriamento remoto foram coletados, as carac ção da parcela, for significativamente diferente de uma
terísticas espectrais das duas culturas devem parecer muito si para outra cultura; ou
milares tanto no visível quanto no infravermelho do espectro.
Porém, estes seus comentários eram baseados no uso dos sen • uma cultura tiver uma estrutura de dossel diferente
sores de faixas largas disponíveis nas décadas de 1970 e 1980. da outra.
Mais recentemente surgiram os sensores hiperespectrais, que
permitem amostrar em porções muito estreitas do espectro, A diferença na porcentagem de fechamento do dossel, na
com muito boas possibilidades de identificar feições de ab umidade do solo, na biomassa, ou diferenças quanto a es-
sorção singulares que nos permitem discriminar entre um paçamentos/orientações entre linhas de plantio podem fa
tipo de vegetação e outro ou extrair informações biofísicas. zer com que uma cultura tenha propriedades de reflectân-
Características Temporais da Vegetação 377
cia significativamente diferentes em relação a outra, devido Capim Marinho (Spartina alterniflora)
a influências do solo de fundo (“background') ou dos tipos
de substratos ali presentes. Portanto, é frequente que a
proporção de substrato presente no IFOV (“instantaneous
field o f vieiv’ —campo de visada instantâneo) do sistema
sensor utilizado (p.ex., aproximadamente 30 cm para foto
grafia aérea infravermelha colorida de alta resolução; 30 m
x 30 m para imagens TM/Landsat) seja determinante para
permitir a discriminação entre dois tipos de vegetação. A
quantidade de substrato presente será, por sua vez, função
do estádio da planta dentro de seu ciclo fenológico. Por
tanto, se um cientista está tentando diferenciar (classificar)
entre vários tipos de culturas, de superfícies de inundação,
ou de florestas, usando dados de sensores remotos, é essen
cial conhecer as características do ciclo fenológico de todos
eles. Esta informação é então usada para determinar a épo
ca ótima do ano para coletar os dados de sensoriamento
remoto para a discriminação entre uma determinada co Figura 11-14 Ciclo fenológico da biomassa de capim-marinho
bertura terrestre ou vegetal e outra. {Spartina alterniflora) na Carolina do Sul, EUA.
A maior quantidade de biomassa viva é encontra
da entre julho e outubro, e a maior quantidade de
Outro importante fator temporal não pode ser ignorado:
biomassa seca está presente entre janeiro e março.
as plantas requerem água para crescer. Desta forma, seu
Estas áreas costeiras contêm proporções aproxima
mais importante período de crescimento está frequente damente iguais de biomassa viva e seca entre de
mente associado a períodos de precipitação mais intensa zembro e janeiro (conforme Jensen et al., 1998).
e, também, épocas em que mais ocorrem coberturas por
nuvens. A Figura 11-13, por exemplo, identifica as esta
tísticas que mostram percentagens anuais de cobertura por Ciclos Fenológicos Naturais
nuvens para algumas áreas dos Estados Unidos.
Exceto para a Califórnia, em função de sua baixa umidade A maioria das espécies vegetais encontradas em florestas,
e baixa cobertura por nuvens, a maior parte das áreas apre áreas úmidas, pastagens, etc., possuem ciclos fenológicos
sentam sua maior cobertura por nuvens exatamente no pe de crescimento relativamente específicos. Cada uma destas
ríodo do ciclo agrícola em que os cientistas querem coletar espécies têm seus específicos períodos brotação, de máxi
o máximo de dados de sensoriamento remoto. Consequen ma folhagem verde, maturidade e senescência, períodos es
temente, os cientistas precisam conciliar a identificação da tes que, em função da espécie, geralmente ocorrem sempre
melhor data para a obtenção de dados de sensoriamento à mesma época do ano. Entretanto, temperaturas muito
remoto com o provável risco de uma considerável cober baixas ou muito altas podem, às vezes, ocorrer de forma
tura por nuvens. Este é o motivo pelo qual são necessários não-sazonal, podendo então modificar os ciclos fenológi
sensores com altas resoluções temporais. cos em mais de trinta dias. Desta forma, o analista deve es
tar atento se os seus dados de sensoriamento remoto foram
Os desenvolvimentos de dosséis florestais, de pastagens coletados num ano típico ou atípico. Se este analista está
ou de superfícies de inundação, seguem ciclos relativa tentando classificar vegetação a partir de dados de sensoria
mente previsíveis em cada ano, exceto quando estejam mento remoto, pode ser muito útil coletar dados do início
sob estresse, ou quando há alguma forte ocorrência não- da estação de crescimento, momento em que as vegetações
sazonal ou temperaturas baixas. Similarmente, as culturas estão se desenvolvendo em diferentes taxas, aumentando
agrícolas também têm ciclos fenológicos bem conhecidos assim as possibilidades de encontrar diferentes porcenta
para cada região, sendo que pode haver algumas varia gens de fechamento dos dosséis e, portanto, realçando as
ções de tipos de manejos entre fazendeiros. Desta forma, diferenças em suas assinaturas espectrais. Se o objetivo é,
é muito útil ter um ideia clara dos ciclos fenológicos tan por exemplo, discriminar entre espécies em áreas úmidas
to das vegetações naturais quanto das culturas agrícolas, (herbáceas, salgueiros, arbustos) na região sudeste dos Es
visando tirar o máximo proveito das peculiaridades feno- tados Unidos, é interessante selecionar imagens entre 15
lógicas quando se usam dados de sensoriamento remoto de fevereiro e 01 de maio, uma vez que, após o início de
para extrair informações biofísicas da vegetação. Vários maio, as vegetações de áreas úmidas já estarão com seus
estudos de casos serão apresentados. dosséis praticamente fechados e, portanto, as assinaturas
378 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Vegetação
Canal 4 (vermelho: 0,63 - 0,69 pm) Canal 5 (infravermelho próximo: Canal 6 (infravermelho próximo:
0,69 - 0,76 pm) 0,76 - 0,90 pm)
Canal 7 (infravermelho médio: Canal 8 (infravermelho médio: Canal 9 (termal: 10,4 - 12,5 pm)
1,55 - 1,75 pm) 2,08 - 2,35 pm)
Figura 11-15 Dados de nove bandas 3 m x 3 m do sensor CAMS, obtidos sobre Murrells Inlet, SC, em 2 de agosto de 1997, a uma altitude
de 1.200 m acima do solo.
espectrais dos vários tipos de dosséis serão muito similares, des máximas de vegetação. O monitoramento da biomassa
confirmando que “Green is green is green" (conforme se re ao longo do tempo pode prover importantes informações
feria Simonett a este tipo de fenômeno). sobre a estabilidade do ecossistema natural e se estão ocor
rendo mudanças significativas. A seção seguinte demonstra
Inversamente, se a meta é monitorar a biomassa vegetal, é esta lógica aplicada ao monitoramento costeiro nas planí
mais indicado coletar dados de sensores remotos nas épocas cies inundáveis de Smooth Cordgrass (capim marinho ou
de pico do crescimento vegetal, quando existem quantida macega mole - Spartina alterniflora) (Figura 11-14).
Características Temporais da Vegetação 379
Fenologia do Trigo
de Inverno
• mwv—
'V W s s ’})’, rf íi; í •'Üv-.b
Figura 11-17 O ciclo fenológico do trigo de inverno nas Great Plains, EUA. A cultura é plantada em outubro e novembro, permanece
em dormência sob a neve até março, quando reinicia o crescimento. O desenvolvimento vegetativo ocorre em abril, com o
espigamento em maio e maturação em meados de junho. Em seguida ocorre o secamento do trigo, que é colhido no início
de julho. Os dados de sensoriamento remoto adquiridos em outubro e novembro fornecem informações sobre a quantidade
de terras preparadas para o período do plantio. Imagens adquiridas durante o desenvolvimento vegetativo, em abril e maio,
podem ser usadas para extrair informações sobre a biomassa em pé, possibilitando a previsão da produtividade do trigo.
Os engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas, os exten- em solos de pradarias no meio oeste americano é mostrado
sionistas e os pesquisadores da área agronômica conhe na Figura 11 -17. A cultura é plantada em outubro e em no
cem muito bem as características dos ciclos fenológicos vembro, permanecendo em dormência sob a neve (se pre
para as diferentes localidades e regiões. Esses profissionais sente) até março, quando o crescimento reinicia. Em segui
representam, em geral, a mais segura fonte de informação da, ocorre o desenvolvimento vegetativo em abril, em maio
sobre ciclos fenológicos, solos, ou sobre quaisquer pecu o surgimento das espiguetas de grãos, que amadurecem em
liaridades associadas com práticas agrícolas específicas de meados de junho. Usualmente, atingem a maturidade e fi
cada localidade. Neste contexto, acreditamos que será de cam prontas para a colheita no início de julho. Dados de
grande proveito o fornecimento de exemplos sobre vários sensores remotos coletados em outubro ou em novembro
tipos de ciclos fenológicos que ocorrem nos EUA, visan fornecem informações sobre a quantidade de solo prepa
do demonstrar a importância das informações da feno rado para o plantio. Imagens adquiridas durante a fase de
logia da vegetação. Isto incluirá estudos de casos sobre desenvolvimento vegetativo, em abril e em maio, podem
trigo de inverno no meio oeste, sobre várias culturas de ser usadas para a extração de informações sobre biomassa,
importância da Carolina do Sul, e o sensoriamento remo permitindo prováveis previsões sobre produtividade.
to de beterraba, algodão e alfafa no Imperial Valley, CA.
Cada exemplo inclui informações fenológicas detalhadas São também úteis informações detalhadas sobre o calendá
mostradas em diferentes formatos. rio agrícola, tais como as usadas por governos, indivíduos
e companhias privadas, para a aquisição de dados de sen
Ciclo Fenológico do Trigo de Inverno no Meio Oeste soriamento remoto em datas ótimas do ciclo fenológico
dos EUA que permitam modelar e prever a produção de determi
nado cereal para venda no mercado mundial. Tais moni
O ciclo fenológico detalhado do trigo de inverno (triticalej toramentos podem, em certas oportunidades, ser também
Características Temporais da Vegetação 381
Soja a.
úteis para prever desastres agrícolas futuros tais como se fenológicas do trigo apresentadas na Figura 11-17. Os ciclos
cas, permitindo mitigar suas consequências. fenológicos para o trigo e outras culturas importantes da Ca
rolina do Sul são apresentados nas Figuras 11-18 e 11-19.
Ciclos Fenológicos de Culturas Agrícolas na Carolina O espigamento do trigo ocorre no final de maio e no co
do Sul meço de junho para o Meio Oeste americano, sendo que,
na Carolina do Sul, o espigamento ocorre no início de
Os ciclos fenológicos de vegetações naturais e cultivadas maio, aproximadamente 15 dias antes, em função de ali
variam significativamente de uma região para outra. Por a estação sem frio começar mais cedo e ser mais longa. As
exemplo, se um cientista necessita monitorar as condições do imagens adquiridas em junho, para o Meio Oeste, podem
trigo na Carolina do Sul, não é possível usar as informações ser úteis no inventário da produção do trigo, enquanto que
382 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Vegetação
125
100
25 cm de altura
125
Figura 11-19 Ciclos fenologicos do trigo de inverno (a), do algodão (b) e do fumo (c) na Carolina do Sul. As informações foram obtidas
com extensionistas agrícolas, agrônomos e trabalho de campo (Savitsky, 1986).
as imagens obtidas em junho para a Carolina do Sul deve difícil diferenciar entre tabaco e milho a menos que se
rão ser mais indicativas de que o trigo já foi colhido. obtenha uma imagem do meio de junho e o tabaco tenha
tido um desenvolvimento vegetativo maior do que o do
Os calendários agrícolas também revelam que é difícil milho, a fim de se poder notar uma diferença espectral
identificar a produção de trigo na Carolina do Sul com correspondente. Similarmente, pode ser possível discri
uma única imagem adquirida em março ou no começo minar entre soja e algodão se o analista tiver em mãos
de abril, época em que o trigo é a única cultura existente uma imagem do final de julho ou do início de agosto
com o dossel completamente fechado. Por outro lado, é e a soja tiver um fechamento de dossel maior do que o
Características Temporais da Vegetação 383
mmm
n \ sede
li
Legenda:
■■■ Algodão
■i
1
Beterraba
■ ■ ■1 II ni Allafa Pousio
1 m■
g. Canal 6 (termal: 10,4 —12,5 pm) Informação de referência de campo
Figura 11 -20 Bandas individuais das imagens TM /Landsat de uma porção do Imperial Valley, CA, obtidas em 10 de dezembro de 1982.
As bandas TM1 a TM 5 e a TM 7 estão na resolução espacial de 30 m x 30 m. A banda TM 6, no termal, está na resolução
espacial de 120 m x 120 m. Os talhões de beterraba estão claros na banda TM 4 (infravermelho próximo) e escuros nas duas
bandas do infravermelho médio (TM5 eT M 7). Áreas em pousio estão em cinza em todas as bandas, exceto na banda TM 4,
na qual estas áreas aparecem escuras (as imagens são cortesia da Space Imaging, Inc.).
do algodão. Se todos os ciclos fenologicos das principais Ciclo Fenológico de Culturas Agrícolas no Imperial
culturas forem muito semelhantes para a Carolina do Valley, CA, EUA
Sul, com fechamento de dossel na mesma época do ano,
tornar-se-á difícil usar dados de sensoriamento remoto A região do Imperial Valley da Califórnia é um dos ecos
para discriminar entre os tipos de vegetação. Entretanto, sistemas mais produtivos do mundo, produzindo grandes
em função da oscilação temporal dos ciclos fenologicos, quantidades de beterraba, algodão e alfafa. Os ciclos fenoló-
é possível discriminar entre os tipos de vegetação, se as gicos de várias de suas principais culturas estão sumarizados
imagens são coletadas em épocas ótimas dos respectivos na Prancha Colorida 11-4 (GRSU, 1999). Cada calendário
ciclos de crescimento (Savitsky, 1986). representa uma parcela monitorada ao longo de vinte meses
384 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Vegetação
Tabela 11-2. Características tonais de tipos de culturas Em função do grande contraste existente entre culturas
nas bandas individuais TM/Landsat (em nesta imagem TM/Landsat de 10 de dezembro de 1982, é
preto-e-branco) de uma cena relativa ao Im possível realizar uma interpretação visual das culturas com
perial Valley (Califórnia) mostrada na Figura
base na análise das bandas individuais mostradas na Fi
11-20, obtida em 10 de dezembro de 1982
gura 11-20. Analisando cuidadosamente, verificamos, por
(E = escuro; CM = cinza médio; CL = claro).
exemplo, que as regras heurísticas sumarizadas na Tabela
Tipo de 11-2 podem ser usadas para classificar a cena.
TM1 TM2 TM3 TM4 TM5 TM7
cultura
Beterraba E E E CL E E Desta forma, podemos dizer que é possível programar um
algoritmo computacional que leve em conta essas caracte
Alfafa E E E CL CM CM
rísticas espectrais e então possa executar esta classificação.
Algodão CM CM CM E CL CL A Prancha Colorida 11-5e mostra um mapa da área de
Pousio CM CM CM E CM CM estudo obtido por classificação digital, o qual, comparado
com o mapa de referência mostrado na Figura 11-20, apre
senta uma precisão de aproximadamente 85%. O mapa
com dados MSS/Landsat (79m x 79m), na composição das digital foi produzido usando as bandas TM 1 a 5 e a banda
bandas 4, 2, 1 (RGB). Quanto mais intenso o vermelho TM7, com um algoritmo de classificação supervisionada
(magenta), maior a quantidade de biomassa e de fechamen por máxima verossimilhança (para maiores detalhamentos
to do dossel. A beterraba é plantada no início de setembro, sobre classificação digital, consulte Jensen, 2005). Haack
emerge em novembro, sendo colhida em abril ou início e Jampoler (1994, 1995) avaliaram esta mesma cena TM /
de maio. Quanto ao algodão, por lei deve ser plantado em Landsat e obtiveram uma exatidão de aproximadamente
março, e colhido e incorporado em novembro de cada ano 90%, usando diferentes bandas.
com o objetivo de controlar o bicudo-do-algodoeiro (“Bole
Weevil”). Em 1982, a data de incorporação foi o dia primei A exatidão de uma classificação feita com dados de sensoria
ro de janeiro. A alfafa é plantada em qualquer época do ano mento remoto é altamente dependente da existência de dife
e pode ser colhida cinco ou seis vezes por ano, como está renças espectrais significativas entre os vários tipos de culturas
ilustrado no calendário agrícola. existentes. A única maneira de identificar quando existem es
ses contrastes máximos entre respostas das culturas é avalian
E possível identificar o tipo de cultura em cada talhão (par do os calendários fenológicos das culturas e selecionando as
cela agrícola) se as imagens são obtidas em épocas do ano datas apropriadas para as análises e interpretações. Os mapas
que maximizem o contraste espectral entre as culturas de classificados, como o mostrado na Prancha Colorida 11-5,
interesse. Neste sentido, a Figura 11-20, por exemplo, ilus podem ser usados para predizer a quantidade de área de uma
tra sete bandas das imagens TM/Landsat obtidas em 10 de determinada cultura num determinado instante de tempo, e
dezembro de 1982. As seis bandas do espectro refletido es esta informação, associada com modelos agro-meteorológi-
tão na resolução espacial de 30 m x 30 m, enquanto que a cos, pode ser usada para previsões de produções agrícolas.
do termal (banda TM6) está na resolução de 120 m x 120
m. Também está incluído na mesma figura um mapa da índices de Vegetação
distribuição espacial das culturas realizado pelo Imperial
Valley Irrigation Board (Haack e Jampoler, 1995).
As quatro composições coloridas ilustradas na Prancha Desde a década de 1960, os cientistas vêm extraindo e mo
Colorida 11-5 demonstram a importância das bandas no delando vários parâmetros biofísicos da vegetação com o
infravermelho médio quando o objetivo é discriminar en uso de dados de sensoriamento remoto. Grande parte des
tre tipos de culturas. A composição colorida verdadeira se esforço tem envolvido o uso de índices de vegetação —que
(bandas 3, 2, 1 em RGB) e a colorida falsa-cor, com o são medidas radiométricas adimensionais, as quais indi
infravermelho próximo (bandas 4, 3, 2 em RGB) não são cam a abundância relativa e a atividade da vegetação ver
tão efetivas para a interpretação visual de tipos de culturas de, incluindo índice de área foliar (IAF), porcentagem de
quanto as composições que envolvem também as bandas cobertura verde, teor de clorofila, biomassa verde, e radia
no infravermelho médio, ou sejam, as composições visível/ ção fotossinteticamente ativa absorvida (RFAA, ou APAR,
infravermelho médio (bandas 5, 3, 2 em RGB ou também em inglês). Idealmente, um índice de vegetação ideal deve:
bandas 7, 3, 2 em RGB). Note que todos os talhões com (Running et al., 1994; Huete e Justice, 1999):
beterraba aparecem negros na composição do infraverme
lho médio (Prancha Colorida 11-5c; RGB com bandas 5, • maximizar a sensibilidade a parâmetros biofísicos das
3, 2) e na banda individual TM 5 (Figura 11-20). plantas, preferencialmente de uma forma linear, para
índices de Vegetação 385
Figura 11-21 a) Base fisiológica para o desenvolvimento de índices de vegetação. Características típicas de reflectância espectral para gra-
mínea verde sadia e para solo seco exposto, no intervalo entre 250 e 1.000 nm. b) O NDVI é a razão normalizada entre as
bandas do infravermelho próximo e vermelho. O N DV I é funcionalmente equivalente à razão simples, da qual é também
uma transformação não-linear (adaptado de Huete et al., 2002b).
386 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Vegetação
_ (P,fr-ft5p2.1 J
AFRI 2,1um
(P n i r + M P l l J
que esta sensibilidade seja fidedigna para uma grande Há muitos índices de vegetação, e alguns deles estão suma-
amplitude de condições da vegetação e para facilitar a rizados na Tabela 11-3. Muitos são funcionalmente equi
validação e a calibração do índice; valentes (redundantes) em termos de conteúdos de infor
mação (Perry e Lautenschlager, 1984), e alguns proveem
• normalizar ou modelar efeitos externos tais como o ângu informações biofísicas singulares (Qi et al., 1995). E útil
lo solar, o ângulo de visada e as interferências atmosféricas, rever o desenvolvimento histórico dos principais índices e
de modo a permitir comparações espaciais e temporais; prover informações sobre os avanços recentes observados
neste desenvolvimento. Sumários detalhados podem ser
• normalizar efeitos internos, tais como variações no encontrados em Running et al. (1994) e em Lyon et al.
substrato abaixo do dossel, incluindo topografia (decli- (1998). Muitos índices fazem uso da relação inversa entre
vidade e aspecto), solos, e diferenças quanto à vegeta as reflectâncias no vermelho e no infravermelho próximo
ção senescente ou presença de ramos lenhosos (compo associada com a vegetação verde sadia (Figura 11-21 a).
nentes não-fotossintéticos);
Razão Simples (RS, ou Simple Ratio, SR)
• ser acoplável a algum parâmetro biofísico mensurável,
tais como a biomassa, o LAF, ou a APAR, para fins de Cohen (1991) sugere que o primeiro índice de vegetação
validação e de controle de qualidade. verdadeiro foi a Razão Simples (SR), que é a razão entre o
388 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Vegetação
fluxo radiante refletido no infravermelho próximo (p ) e o Imagem NDVI de Charleston (SC, EUA), Derivada
fluxo radiante refletido no vermelho (p ,), como é descrito de Dados do Sensor TM /Landsat
por Birth e McVey (1968):
SR=Bss. ( H - l l)
Pred
• A razão reduz muitas formas de ruídos multiplicativos O NDVI foi amplamente adotado e aplicado para dados
(diferenças de iluminação solar, sombras de nuvens, al MSS do Landsat. Deering et al. (1975) usaram o artifício
gumas atenuações atmosféricas, algumas variações to de adicionar 0,5 ao NDVI para evitar valores negativos e
pográficas) presentes em múltiplas bandas de imagens empregaram a raiz quadrada do resultado para estabilizar
de múltiplas datas. a variância. Este índice é referido como Transformed Ve-
getation Index (TVI) ou índice de Vegetação Transformado.
Por outro lado, as desvantagens do NDVI (Huete et al., Esses três índices supra-citados (SR, NDVI eTVI) respon
2002a; Wang et al., 2005) são as seguintes: dem a mudanças na quantidade de biomassa verde.
• Sendo um índice baseado em razão, é não-linear e pode Muitos cientistas continuam a utilizar o NDVI (p.ex.,
ser influenciado por efeitos ruidosos aditivos, tais como Miura et al., 2001; Trishcenko et al., 2002; Galvão et al.,
radiância de trajetória atmosférica (Capítulo 6);• 2005). De fato, dois dos produtos padrões do MODIS são
as composições de dezesseis dias NDVI de todo o planeta
• O NDVI é altamente correlacionado com o IAF; en em resolução de 500 m e de 1 km (Huete et al., 2002a).
tretanto, esta relação pode não ser tão forte durante Uma imagem NDVI derivada do conjunto de dados de
períodos de máximo LAF, aparentemente devido à sa Charleston do TM/Landsat é mostrada na Figura 11-22.
turação do NDVI quando o IAF é muito alto (Wang
et al., 2005). Por exemplo, a Figura 11 -21 b revela que A Transformação “Tasseled Cap” de Kauth-Thomas
o intervalo dinâmico do NDVI é ampliado a favor
de condições de baixa biomassa, sendo comprimido Kauth e Thomas (1976) produziram uma transformação
a favor de condições de alta biomassa, de florestas. O ortogonal dos dados MSS/Landsat originais para um novo
oposto é verdadeiro para a Razão Simples, para a qual espaço 4-Dimensões, que passou a ser conhecida como “tas
grande parte do intervalo dinâmico abrange florestas seled cap"ou “transformação de Kauth-Thomas”, que é cons-
índices de Vegetação 389
Tabela 11-4. Coeficientes “tasseled cap” para uso com da Na Figura :11-24, a cena TM/Landsat de Charleston está
dos do sensor Enhanced Thematic Mapper transformada nas imagens “brightness”, “greenness” e
Plus do Landsat-7 (Huang et al., 2002). “wetness” (conteúdo de umidade), tendo como base o uso
dos coeficientes Tasseled Cap apropriados ao sensor TM
índice TM1 TM2 TM3 TM4 TM5 TM7
(Equações 11-17 a 11-19). As áreas urbanizadas estão par
brilho 0,3563 0,3972 0,3904 0,6966 0,2286 0,1596 ticularmente evidentes na imagem “brightness”. Na ima
gem “greenness”, quanto maior a biomassa, mais brilhante
verdor -0,334 -0,354 -0,456 0,6966 -0,024 -0,263
é o valor do pixel. Por seu lado, a imagem “wetness” provê
um idade 0,2626 0,2141 0,0926 0,0656 -0,763 -0,539 informações sutis referentes ao estado de umidade da área
de superfícies inundáveis - como era esperado, quanto
quarto 0,0805 -0,050 0,1950 -0,133 0,5752 -0,777 maior o conteúdo de umidade, mais brilhante é a resposta
e, além disso, os corpos d’água são brilhantes. Crist eTho-
quinto -0,725 -0,020 0,6683 0,0631 -0,149 -0,027
mas (1986) identificaram o quarto componente “tasseled
sexto 0,400 -0,817 0,3832 0,0602 -0,109 0,0985 cap” como relacionado com o “haze” ou névoa.
Brilho Brilho
a. Desenvolvimento de uma cultura b. Posicionamento das coberturas da
agrícola no espaço da transformação terra quando distribuídas no espaço
brilho x verdor. espectral brilho x verdor.
Figura 11-23 Características da transformação “tasseled cap” de Kauth-Thomas (adaptado de Crist, 1985; Crist e Kauth, 1986). A trans
formação “tasseled cap” é aplicada corretamente se a base do “tasseled cap” é paralela ao eixo “brightness - brilho”.
de água de áreas plantadas com milho e com soja. Jin e onde fit representa a reflectância nas bandas especificadas
Sader (2005) compararam o N DW I com a transforma quando as folhas estão em seu máximo Conteúdo Relativo
ção “wetness” proveniente da transformação tasseled cap de Água (fi = fully turgid; RWC - relative water content),
para detectar alterações em florestas. definido como:
a. Brightness b. Greenness
c. Wetness
Figura 11-24 Imagens “brightness” (brilho), “greenness” (verdor) e “wetness” (umidade) derivadas por aplicação dos coeficientes de transfor
mação “tasseled cap” de Kauth-Thomas para dados TM/Landsat (6 bandas) de Charleston, SC.
situ de IAF, APAR, porcentagem de cobertura, e/ou bio- Desta forma, tem sido dada ênfase ao desenvolvimento de
massa. Esta abordagem empírica revolucionou a ciência da índices de vegetação melhorados, que utilizem as vanta
análise biofísica da cobertura terrestre global em apenas gens de sistemas sensores calibrados, tais como o Moderate
uma década (Running et al., 1994). Infelizmente, estudos Resolution Imaging Spectrometer (MODIS) (Running et
realizados demonstraram que os produtos NDVI deriva al., 1994). Embora tenha sido demonstrada a utilidade do
dos empiricamente podem ser instáveis, variando com a NDVI na estimativa de propriedades da vegetação, mui
cor do solo e com as suas condições de umidade, e com tas influências internas e externas importantes restringem
efeitos da função distribuição de reflectância bidirecional sua utilidade global. Tipicamente, os índices melhorados
(FDRB) (verificar Capítulo 1), com as condições atmosfé incorporam um fator de ajuste para os solos e/ou para as
ricas e com a presença de material morto no próprio dossel
condições atmosféricas.
(Qi et al., 1995). Por exemplo, Goward et al. (1991) en
contraram erros de ± 50% em imagens NDVI usadas para O SAVI é definido como:
estudos de vegetação global derivadas do produto “NOAA
Global Vegetation Index”. Verifica-se então a necessidade
SA V I_ (1 + 01-24)
de produtos NDVI precisos e que não necessitem ser cali
brados por medições in situ para cada área geográfica, mas Pm r + P,ed + L
que se mantenham constantes sob condições atmosféricas onde L é um fator de ajuste para o substrato do dossel, que
instáveis e para diversas condições de solos de fundo (Hue- leva em conta, para o vermelho e para o infravermelho pró
te e Justice, 1999). ximo, a extinção diferencial através do dossel (F-Iuete, 1988;
392 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Vegetação
Huete et ai., 1992; Karnieli et al., 2001). Observou-se que índices EVI x NDVI do M O D IS para Áreas de
um valor de L igual a 0,5 no espaço reflectância (Vermelho Vegetação Densa
x Infravermelho Próximo) minimizava as variações de bri
lho dos solos, eliminando a necessidade de calibrações adi
cionais para diferentes solos (Huete e Liu, 1994). Devido à
minimizaçao dos “ruídos” dos solos nos valores de NDVI,
a utilidade do SAVI tem sido corroborada em muitos estu
dos. Qi et al. (1995) desenvolveram um SAVI modificado,
denominado MSAVI, que utiliza uma função iterativa e
contínua para otimizar os ajustes relativos aos solos e para
aumentar o intervalo dinâmico do SAVI.
P* m■-
r 1p *rb, (11-25) Figura 11-25 Uma comparação da sensibilidade do NDVI (da
ARVI = 1
p*
1 mr
. + 1p* rb, dos MODIS) com o índice de Vegetação Realçado
(EVI) (também com M ODIS) para vegetação den
sa (Didan, 2002).
onde:
Em inglês, é chamado de “Soil and Atmospherically Re • Se não houve correção atmosférica alguma (ou seja, não
sistam Vegetation Index” (SARVI). Huete e Liu (1994) houve a correção para Rayleigh, ozônio ou aerossóis), o
integraram a função L do índice SAVI e a normalização da índice SARVI torna-se levemente melhor, porém ainda
banda azul do índice ARVI para derivar o índice de Vegeta haveria o ruído total em menor grau. O NDVI e o
ção Resistente à Atmosfera e aos Solos (SARVI), que corrige ARVI apresentariam o maior ruído e erro.
tanto para os ruídos devidos aos solos como para os devi
dos à atmosfera, assim como o MSARVI: índice de Vegetação Livre de Aerossol (AFRI)
Figura 11 -26 Mapa Mundial do índice de Vegetação Realçado (EVI) do M O DIS, obtido a partir de dados correspondentes a um período
de dezesseis dias, iniciando no dia 193 de 2003. Quanto mais clara a área, maior a quantidade de biomassa vegetal (cortesia
de “Terrestrial Biophysics andRemote SensingMODIS Team, University o f Arizona, e NASA).
1,6 e 2,1 pm são altamente correlacionadas com bandas índice de Vegetação Realçado - EVI
espectrais do visível centradas no azul (0,469 pm), no
verde (0,555 pm) e no vermelho (0,645 pm). Observou- Em inglês, este índice é denominado “Enbanced Vegetation
se que relações lineares empíricas tais como: p0469 = Index”e, por isso, sua sigla original é “E V I”.
0 ,2 5 p .. , p „ .„ = 0 ,3 3 p ,. e p . = 0 ,6 6 p lf eram O “MODIS Land Discipline Group” desenvolveu o ín
estatisticamente significativas. Portanto, com base nestas dice de Vegetação Realçado (EVI) para uso com dados do
e em outras relações, foram desenvolvidos dois índices de sensor MODIS:
Vegetação Livres de Aerossol (AFRI)-.
EVI = G- (1 + 2 ) (11-31)
(p -0,66p]r ) , + C. p* /+ C2P\/„U 1
AFRI l,6jtm _ v r mr ~ l.o jin r
(11-29)
~ ( P mr + ° , 66P l 6J
em 250 x 250 m) usando composições de imagens obtidas de cobertura terrestre é muito reduzida, de tal forma que
em períodos de dezesseis dias. Na Figura 11-26 é mostrado a precisão dos IAFs obtidos para locais com misturas de
um mapa em preto-e-branco do EVI MODIS, cujos dados coberturas terrestres pode ser melhorada, ou um algoritmo
começaram a ser adquiridos no dia 193 de 2003. simples para IAF pode ser desenvolvido sem a necessidade
de recorrer a mapas de cobertura terrestre coregistrados; e
índice de Vegetação Triangular - TVI b) a influência do substrato (ou seja, a vegetação rasteira, a
liteira e o solo) é suprimida ao usar a RSR, urna vez que a
Este índice é denominado, em inglês, como “Triangular banda SWIR é mais sensível à quantidade de vegetação que
Vegetation Index”e, por isso, a sua sigla original é “T V I”. contém água líquida no substrato (Chen et al., 2002).
Broge e Leblanc (2000) desenvolveram o TVI, o qual des índice de Reflectância para Absorção pela
creve a energia radiativa absorvida pelos pigmentos como Clorofila(CARI); índice de Reflectância para Absorção
uma função da diferença relativa entre as reflectâncias no pela Clorofila Modificado (TCARI); índice de Vegeta
vermelho e no infravermelho próximo conjuntamente ção Ajustado a Solos Otimizado (OSAVI); Razão TCA-
com a magnitude da reflectância na região do verde, onde RI/OSAVI
a absorção de luz pelas clorofilas a e b é relativamente in
significante. O índice é calculado como a área do triân Os nomes e respectivas siglas, em inglês, dos índices acima
gulo definido pelo pico do verde, pelo mínimo na região citados são os seguintes:
de absorção da clorofila e pelo ombro do infravermelho CARI = Chlorophyll Absorption in Reflectance Index (CARI)
próximo, quando se considera a curva de resposta espec OSAVI = OptimizedSoU-Adjusted Vegetation Index (OSAVI)
tral típica da vegetação. O fundamento deste índice é o de TCARI = TransformedAbsorption in Reflectance Index (TCARI)
que tanto a absorção pela clorofila causa um decréscimo na Razão TCARI/OSAVI = Ratio TCARI/OSAVI
região do vermelho, quanto a abundância de tecido foliar
causa aumento na reflectância infravermelha, fazendo en Muitos cientistas têm interesse na quantidade de clorofi
tão com que a área total do triângulo aumente. O índice la da vegetação (p.ex., Daughtry et al., 2000). Kim et al.
TVI abrange a área coberta pelo triângulo ABC com as (1994) desenvolveram o índice de Reflectância para Absor
co-ordenadas dadas no espaço espectral: ção pela Clorofila (CARI), o qual posteriormente foi modi
ficado para tornar-se o índice de Reflectância para Absorção
TVI =0,5 (120(p„;r- PpJ ) - 200(pw - PgJ (11-32) pela Clorofila Modificado (TCARI):
onde 1pgreen , p1 red,e p' mr são as reflectâncias centradas em 0,55 TCARI = 3 (P-, -0,2 (P (11-34)
pm, 0,67 pm e em 0,75 pm, respectivamente.
Razão Simples Reduzida - RSR Este índice usa bandas correspondentes ao mínimo de ab
sorção pelos pigmentos fotossintéticos, centradas em 550 e
Nas bibliografias em inglês, este índice é citado como “Re- em 700 nm, conjuntamente com a banda de absorção má
duced Simple Ratio” e sua correspondente sigla é “RSR”. xima da clorofila a, centrada em 670 nm. A escolha de 700
nm é devida à sua localização no limite entre a região onde
Chen et al. (2002) modificaram o algoritmo do índice a reflectância da vegetação é dominada pela absorção pelos
Razão Simples original, incluindo informação da banda pigmentos e o começo da porção “red edge” onde as caracte
SWIR encontrada no sensor Vegetation do satélite SPOT. rísticas estruturais da vegetação (ou seja, o mesófilo esponjo
Eles usaram este sensor para mapear o índice de área fo so) têm mais influência na reflectância (Kim et al., 1994).
liar (IAF) do Canadá. O índice Razão Simples Reduzida
(RSR) é definido como: Infelizmente, o índice TCARI é sensível às propriedades
de reflectância do solo subjacente, particularmente quan
Pmr P -P
RSR- 1
1— 1 swir 1 sun (11-33) do a vegetação apresenta baixo IAF. Assim, Daughtry et al.
red 1 sunrmax + 1p st
P (2000) propuseram a combinação entre o TCARI e um
índice de vegetação com linha do solo, tal como o OSAVI
onde p e p correspondem aos valores de reflec- (índice de Vegetação Ajustado a Solos Otimizado) (Ron-
tância SWIR, mínimo e máximo, encontrados em cada deaux et al., 1996):
imagem e definidos como os pontos de corte correspon
(1 + 0 ,1 6 ) (p800 - P670)
dentes a 1%, do mínimo e do máximo, no histograma da OSAVI = (11-35)
reflectância SWIR da cena estudada. As maiores vantagens (P800 + P670 ° ’16)
da RSR sobre a SR original são: a) a diferença entre tipos A razão entre os índices é:
índices de Vegetação 395
Vegetação Resistente à Atmosfera (ARVI), foi desenvolvido o onde, p77y, p74y e p673 são as reflectâncias centradas em 777,
índice Resistente à Atmosfera no Visível (VARI), que é com 747 e 673 nm, respectivamente, usando dados hiperespec-
putado como (Gitelson et al., 2002): trais com larguras de bandas entre 3 e 10 nm. Outros índi
ces de vegetação que usam dados hiperespectrais ( “narrow-
red
VARIgreen = —
p
(11-37) band vegetation indices”ou índices de vegetação de bandas
1 en red bltie
estreitas) são encontrados em Jensen (2005).
Este índice foi muito pouco sensível aos efeitos atmosféri
cos, permitindo a estimativa da fração vegetação com erro Determinação da Posição da Borda Vermelha - REP
menor que 10% em uma grande variedade de espessuras
ópticas atmosféricas. Em inglês, “Red-edge Position Determination" (REP).
índice por Diferença Normalizada para Áreas Constru A mudança abrupta da curva espectral de folhas na região
ídas - NDBI entre 680 e 800 nm é causada por efeitos combinados da
forte absorção pela clorofila e do espalhamento interno na
O nome deste índice, em inglês, é “Normalized Dijference folha, sendo denominada pelo nome de “borda vermelha”
Built-up Index” (NDBI). (“red edge”). A posição da borda vermelha (REP) é o pon
to de máxima declividade no espectro de reflectância da
Muitos profissionais trabalham com assuntos relacionados vegetação entre os comprimentos de onda do vermelho e
com áreas urbanas e peri-urbanas e, desta forma, estão in do infravermelho próximo. A borda vermelha foi primei
teressados no monitoramento da distribuição espacial e no ramente descrita por Collins (1978), e talvez seja a feição
crescimento das áreas construídas urbanas. Estes dados po mais estudada na curva espectral da vegetação, conforme
dem ser usados para previsões de escoamento de bacias hi Schlerf e Atzberger (2001). A REP é útil porque está forte
drográficas e para outras aplicações de planejamento. Zha mente correlacionada com o conteúdo de clorofila na folha
et al. (2003) calcularam o NDBI da seguinte forma: e pode ser um indicador sensível do estresse da vegetação.
A determinação da REP usando dados de sensoriamento
N D B I = Bu - N D V I (11-38) remoto usualmente requer dados hiperespectrais.
Cientistas de todo o mundo estão estudando o papel da ve SIG, bem como pelos avanços na teoria ecológica.
getação terrestre nos processos globais de larga escala. Isto é Ecologia da Paisagem é o estudo da estrutura, função e m u
necessário para entender como a Terra funciona como um danças em áreas terrestres heterogêneas compostas por or
sistema. Os índices de vegetação estão sendo usados para in ganismos que interagem (Bourgeron e Jensen, 1993). E o
ventariar com precisão a distribuição global dos tipos de ve estudo da interação entre os padrões de paisagem e os pro
getação, assim como para obter estimativas de suas variáveis cessos ecológicos, especialmente a influência do padrão da
biofísicas (p.ex., IAF, biomassa, APAR) e de suas proprieda paisagem nos fluxos de água, energia, nutrientes e biota. O
des estruturais (p.ex., porcentagem de fechamento do dos que distingue a ecologia da paisagem de outras disciplinas
sel). O monitoramento dessas características no espaço e no que ela engloba (p.ex., a geografia, a biologia, a ecologia,
tempo fornecerá valiosas informações para o entendimento a hidrologia) é que ela provê uma abordagem hierárquica
da Terra como um sistema (Townshend e Justice, 2002). para interpretar estrutura ecológica, função, mudança e re-
siliência em múltiplas escalas de investigação.
Métricas de Ecologia da Paisagem
Medidas tradicionais para proteger o ambiente, tais como
evitar a poluição da água ou proteger a biodiversidade,
frequentemente focavam em descargas de efluentes espe
Os índices de vegetação são úteis para o monitoramento cíficos ou em condições específicas de habitats. Esse mé
das condições e da saúde da vegetação. Entretanto, análises todo tem sido descrito como a abordagem de filtro fino.
per-pixel, ou baseadas em pixels únicos, não dão nenhuma Em contraste, a abordagem mais ampla para a conserva
informação sobre a natureza dos pixels vizinhos, inclusive ção de recursos estabelece que “ao gerenciar agregados
sua localização e características associativas. Os princípios (p.ex., comunidades, ecossistemas, paisagens), os com
da ecologia da paisagem desenvolveram-se com crescente ponentes desses agregados também serão gerenciados”
incorporação de dados de sensores remotos, visando avaliar (Bourgeron e Jensen, 1993). Em outras palavras, a estra
a saúde e a diversidade da vegetação, bem como outras vari tégia mais eficiente para manter a resiliência e a produti
áveis dentro de ecossistemas inteiros. Isto resultou no desen vidade de sistemas ecológicos é conservar (ou restaurar)
volvimento de numerosas métricas de ecologia da paisagem a diversidade de espécies, os processos do ecossistema,
ou indicadores que são de grande valor quando se analisam e os padrões da paisagem que criam os sistemas (Jensen
pastagens nativas, campos, florestas e planícies inundáveis e Everett, 1993). A aplicação desse método de manejo
(Frohn, 1998; McGarigal et al., 2006). Várias agências go com abordagem mais ampla requer que os padrões de
vernamentais, tais como a Agência de Proteção Ambiental paisagem sejam avaliados em múltiplas escalas espaciais
{‘Environmental Protection Agency”, EPA, dos EUA), baseiam e temporais, o que é preferível às escalas tradicionais ao
grande parte de sua modelagem ambiental e caracterização nível de riacho ou de parcela florestal.
da paisagem nessas métricas e indicadores (EPA Landsca-
pe Ecology, 2006). Assim sendo, torna-se útil fornecer uma A teoria hierárquica permite aos ecologistas de paisagem
breve revisão sobre a sua origem e sumarizar várias das mais integrar múltiplas escalas de informações para determinar
importantes métricas de ecologia da paisagem que podem se os padrões de paisagem são suficientes para permitir que
ser extraídas de dados de sensoriamento remoto. processos ecológicos operem nas necessárias escalas. O ob
jetivo é investigar mudanças na distribuição, dominância
O termo ecologia da paisagem ( “landscape ecology", em in e conectividade de componentes do ecossistema e o efeito
glês) foi primeiramente introduzido pelo geógrafo alemão de tais mudanças nos recursos ecológicos e biológicos. Por
Carl Troll (1939), o qual fez amplo uso da então nova exemplo, a fragmentação de ecossistemas tem implicado
técnica das f~tografias aéreas. Troll pretendia que o termo no declínio da diversidade biológica e na sustentabilida-
ecologia da paisagem pudesse distinguir entre a abordagem de dos ecossistemas em várias escalas espaciais (Forman,
feita com o uso das fotografias aéreas para interpretar a 1995; Jones et al., 1998). A determinação do status e das
interação de água, superfícies terrestres, solo, vegetação e tendências no padrão da paisagem é crítico para o entendi
uso da terra, e aquela abordagem feita pelas interpretações mento das condições gerais dos recursos ecológicos. Os pa
fotográficas e cartográficas convencionais. drões de paisagem fornecem então um conjunto de indica
dores (p.ex., padrão de forma, dominância, conectividade,
A ecologia da paisagem tem sido intensamente praticada configuração) que podem ser usados para avaliar o status
na Europa por muitas décadas e tornou-se amplamente ecológico e as tendências em escalas variadas. Uma abor
reconhecida nos Estados Unidos a partir de 1980. Desde dagem hierárquica também permite dois importantes ti
então, a ecologia da paisagem tem-se desenvolvido rapida pos de comparações: 1) para comparar condições dentro
mente como uma disciplina,- estimulada pelas interações de e entre paisagens, e 2) para comparar condições entre
sinergísticas entre o sensoriamento remoto e as tecnologias diferentes tipos de riscos ecológicos. Tais riscos ecológi-
Métricas de Ecologia da Paisagem 397
Tabela 11-5. Valores societários, indicadores exemplos e métricas candidatas de ecologia da paisagem.
Biodiversidade aptidão para vida selvagem estatísticas de polígonos (núm ero, área total, tam anho médio, tam anho maior,
distância entre, razão perím etro/área, forma, dim ensão fractal, m odelo pixel
quadrado, etc.), fragmentação, contágio, índice de fragmentação zonal, índice
de polígono por unidade de área, dom inância, adjacência e tipos de cobertu
ras terrestres, diversidade Shannon, padrões de atributos biofísicos
condição de diversidade, modelo pixel quadrado, dominância, fragmentação, índice de frag
corrente biológica mentação zonal, índice de polígono por unidade de área, tipos de adjacência de
coberturas terrestres, inclinação, elevação, taxas de difusão, limiar de percolação,
índice de erosão, textura, padrões de atributos biofísicos, atributos geoquímicos
riqueza de espécies vegetais diversidade, dom inância, fragmentação, índice de fragmentação zonal, índice
florestais de polígono por unidade de área, inclinação, índice de erosão, textura, estatís
ticas de polígonos, m odelo pixel quadrado, padrões de atributos biofísicos
sustentabilidade da paisagem estatísticas de polígonos, contágio, índice de fragmentação zonal, índice de
polígono por unidade de área, fragmentação, textura, dom inância, dim ensão
fractal, modelo pixel quadrado, padrões de atributos biofísicos
Integridade da qualidade da água estatísticas de polígonos, índice de erosão, m odificação hidrológica, tipos
bacia de adjacência de coberturas terrestres, dom inância, contágio, índice de frag
m entação zonal, índice de polígono p o r unidade de área, dim ensão fractal,
m odelo pixel quadrado, elevação, inclinação, padrões de atributos biofísi
cos, atributos geoquím icos
vulnerabilidade a inundações estatísticas de polígonos, tipos de adjacência de coberturas terrestres, índice de
erosão, dom inância, contágio, índice de fragmentação zonal, índice de polígo
no por unidade de área, dim ensão fractal, modelo pixel quadrado, modifica
ção hidrológica, elevação, inclinação, textura, padrões de atributos biofísicos
Resiliência da estatísticas de polígonos, dom inância, contágio, índice de fragmentação zo
sustentabilidade da paisagem
paisagem nal, índice de polígono por unidade de área, fragmentação, dim ensão fractal,
modelo pixel quadrado, padrões de atributos biofísicos
cos incluem o risco de erosão, de perda da produtividade Indicadores de Paisagem e Métricas de Polígonos
do solo, de perda da função hidrológica e de perda da
biodiversidade.
Jones et al. (1998) sugerem que a integridade da paisagem
Unidades que possam ser representadas em escalas são ne pode ser monitorada observando cuidadosamente o status
cessárias para tratar de questões ecológicas em múltiplas dos seguintes indicadores:
escalas dentro da abordagem hierárquica. Exemplos de
unidades representáveis em escalas incluem manchas (ou • composição e padrão da cobertura terrestre
pplígonos), padrões e paisagens. Uma unidade de mancha
é um conjunto de unidades de medidas contíguas (p.ex., • distribuição e extensão da mata ciliar
pixels) que tenham o mesmo valor numérico. Uma uni
dade de padrão é uma coleção de unidades de medida e/ • água subterrânea
ou de unidades de mancha que tenham a propriedade de
ser a unidade mínima de descrição de uma área espacial • padrão de vigor da vegetação
maior. As escalas de questões e de indicadores de avaliação
sugerem dois tipos de unidades de paisagens: bacias hidro • grau de limitações biofísicas
gráficas e tipos de padrões de paisagem (LPT) (Wickham
e Norton, 1994). Bacias hidrográficas e LPTs abrangem • potencial de erosão
ou delimitam quatro importantes processos de fluxos que
operam dentro e entre paisagens: fluxos de energia, de O monitoramento desses indicadores da paisagem requer
água, de nutrientes, e de biota. As escalas de bacias hidro medições precisas e repetíveis de manchas polígonos) de
gráficas e de LPTs abrangem de aproximadamente 103 a terreno tais como parcelas florestais, pastagens nativas,
10f>unidades em extensão e de 1 a 100 ha. planícies inundáveis, e/ou campos agrícolas (Tabela 11-5).
398 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Vegetação
variância: o número de tipos de coberturas numa região (n); Biodiversidade e Análise de Vazios
o contágio (variável discutida anteriormente aqui); a média
da razão perímetro-área; o escalonamento perímetro-área; a
média do escalonamento da densidade das grandes manchas
x áreas; a forma padronizada da mancha; e o escalonamento A rápida perda da diversidade biológica (biodiversidade) é
entre perímetro x área da mancha. Os algoritmos para calcu uma das maiores ameaças da humanidade. A abordagem
lar as 55 métricas são fornecidos no artigo citado. convencional de manutenção da biodiversidade geralmente
vem sendo realizada para espécies em perigo de extinção e
A aplicação dos princípios da ecologia da paisagem requer para cada caso de ameaça. Dentro dos Estados Unidos, os
um entendimento da variabilidade natural dos padrões e principais meios de prevenir esta perda é o Endangered Spe-
dos processos de paisagem em relação ao tempo e ao es cies Act (ESA, on Lei das Espécies Ameaçadas). Tem havido
paço. Estimativas desta variabilidade são essenciais para algumas críticas ao ESA por várias razões, incluindo uma
determinar se as atuais condições da paisagem são susten quantidade de petições não atendidas, falha no desenvol
táveis, dados seus padrões e processos históricos (Jensen vimento e na implementação de planos de recuperação em
e Everett, 1993). Além disso, as estimativas são extrema tempo adequado, e falta de fundos suficientes para atingir
mente úteis tanto para uma avaliação rápida do risco aos os objetivos. Uma das principais causas desses problemas é
recursos, como também para avaliações mais detalhadas. que o ESA foca em espécies individuais. Os esforços des
pendidos nesta abordagem “espécie-por-espécie” é inefi
Em geral, as metas principais são as seguintes: ciente, caro e tendencioso na direção de espécies carismá
• estimar, numa base regional e com uma confiabilidade ticas da megafauna que tenham grande apelo público (i.e.,
conhecida, o status atual, as tendências e as mudanças um belo animal tem mais chance de ser protegido do que
em indicadores selecionados das paisagens importantes; um outro não tão bonito). Os esforços de proteção de úl
tima hora também contribuem para o conflito econômico,
• estimar com uma confiabilidade conhecida a cobertura uma vez que falham em prover uma abordagem razoavel
geográfica e a extensão dos tipos e padrões de paisagens; mente planejada levando em conta interesses econômicos
(p.ex., entre biólogos e companhias de exploração flores
• buscar associações entre indicadores selecionados de tal). Enquanto íor necessário, estes esforços precisam ser
fatores de estresse naturais e antropogênicos e indica complementados com métodos mais pró-ativos que tentem
dores das condições da paisagem; e manter as espécies e os ecossistemas enquanto eles ainda são
comuns (Edwards et al., 1995; Millington et al., 2003).
• prover sumários estatísticos e avaliações periódicas das
condições da paisagem. Uma abordagem para avaliar o atual status da biodiver
sidade em todos os níveis, não somente das espécies em
O m onitoram ento da vegetação em manchas da paisa perigo, é chamada Análise de Vazios ( “Gap Analysis").
gem usando dados de sensoriamento remoto e derivan Como um processo de avaliação, ela provê uma aborda
do métrica^ corretas destes dados está se tornando um gem sistemática para determinar a proteção proporcionada
com ponente muito im portante de muitos programas à diversidade biológica em certas áreas. Seus fundamentos
de m onitoram ento de ecossistemas. Por exemplo, Arro- são apresentados aqui por estarem fortemente baseados no
yo-Moya et al. (2005) usaram métricas de ecologia da uso de sensoriamento remoto e de SIG (sistemas de infor
paisagem derivadas de dados de sensoriamento remoto mações geográficas) para identificar vazios na proteção da
para analisar a fragmentação de florestas e características biodiversidade que possam ser preenchidos pelo estabele
de rebrota na Costa Rica, de 1960 a 2000. Jackson e cimento de novas reservas ou mudanças nas práticas de uso
Jensen (2005) também usaram métricas de ecologia da da terra (Scott et al., 1993; Edwards et al., 1995).
paisagem derivadas de dados de sensoriamento remoto
para executar o m onitoram ento de reservas ambientais Uma típica Análise de Vazios inclui a criação e análise de
costeiras na Carolina do Sul. quatro planos de informações principais:
É importante monitorar a saúde de ecossistemas tanto a distribuição dos atuais tipos de coberturas vegetais deli
em nível regional como em nível nacional, para identifi neados a partir de dados de sensoriamento remoto por sa
car áreas com problemas significativos que possam estar télites ou por aeronaves, além de informações auxiliares;
experimentando perda de biodiversidade. Um dos mais
úteis métodos de manutenção da biodiversidade baseados distribuição e situação da posse da terra;
no uso de dados de vegetação derivados do sensoriamento
remoto é a Análise de Vazios ( “Gap Analysis”). status do manejo da terra;
400 CAPITULO Sensoriamento Remoto da Vegetação
• distribuição dos vertebrados terrestres enquanto predi Ciclo Fenológico de “Taboas” e de “Lírios d’água”
tos a partir da distribuição da vegetação e de observa no Reservatório de Par Pond (SC, EUA)
ções in situ. Taboas estão verdes e
com dossel completo
A Análise de Vazios fornece uma visão geral da distribui
ção e da conservação de vários componentes da biodi
I
versidade. Ela usa a distribuição dos atuais tipos de vege / y....... “"""a............. vTaboas estão
tação e dos vertebrados terrestres e, quando disponível, \m arrons
/ / t
a taxa de invertebrados como indicadores (sucedâneos) Taboas estão ' / Lírios d’água estão v v i
para biodiversidade. Os “overlays” ou planos de infor marrons / / verdes com dossel
mação contendo os polígonos em mapas digitais num / completo
SIG são usados para identificar espécies individuais, áre
as ricas em espécies, e tipos de coberturas que não estão
representadas ou estão sub-representadas nas áreas de
i i i 1 1 1 1 1 1 U
manejo existentes. A Análise de Vazios funciona como J 1 F 'M 'A 'M 1 J 1 J 1 A 1 S O 1N 1 D
um passo preliminar para estudos mais detalhados ne Meses
cessários para estabelecer os limites reais para potenciais Figura 11 -28 Ciclo fenológico anual das macrófitas aquáticas (“ta
áreas de manejo da biodiversidade. A Análise de Vazios, boas” e “lírios d’água”) encontradas no reservatório
ao focar nos mais altos níveis de organizações biológicas, de Par Pond, na usina atômica do Rio Savannah, na
Carolina do Sul. As “taboas” são vegetação emer
é provavelmente menos dispendioso e com mais chance
gente persistente que aumentam o verdor antes que
de sucesso do que os programas focados em espécies ou os “lírios d’água”, no final de março e começo de
em populações individuais (Scott et al., 1993). abril. Elas começam a senescer no final de outubro e
tornam-se dormentes durante o inverno. Os “lírios
Uma das primeiras Análises de Vazios foi dirigida aos d ’água” desaparecem completamente em novembro
pássaros de florestas do Havaí (Scott et al., 1987). Q uan de cada ano e reaparecem no final de abril. Tanto as
do comparado com um mapa de reservas existentes, < “taboas” como os “lírios d ’água” apresentam dossel
denso e completo durante os meses de verão.
10% das cadeias geográficas de florestas em perigo esta
vam protegidas, i.e., havia significativos vazios no esque
ma de proteção da biodiversidade existente. Várias áreas Tabela 11-6. Imagens HRV/SPOT usadas para documen
com riqueza de espécies de pássaros em perigo passaram, tar a sucessão vegetacional de Par Pond.
desde então, a ser protegidas pela Nature Conservancy e Tipo de Foto aérea
pelas agências estaduais e federais. Casos de sucessos no Datas dados infravermelha
uso da Análise de Vazios têm sido relatados em muitas SPOT colorida de referência
localidades, incluindo o Havaí, Utah, Porto Rico e a Ca 14 março 1992 HRV-XS 31 janeiro 1992
lifórnia. A Análise de Vazios está ocorrendo em muitos
05 maio 1992 HRV-XS 02 maio 1992
outros estados e países (Savitsky, 1998).
13 outubro 1992 HRV-XS 10 agosto 1992
10 maio 1993 HRV-XS 23 abril 1993
Sensoriamento Remoto das Mudanças
da Vegetação 28 outubro 1993 HRV-XS 22 janeiro 1994
02 abril 1994 HRV-XS 18 abril 1994
A análise de apenas uma data de dados obtidos por sen 25 outubro 1994 HRV-XS
sores remotos visando extrair informações importantes
de variáveis biofísicas da vegetação frequentemente é de Sensoriamento Remoto das Mudanças
grande valor. Porém, quando se pretende analisar a dinâ Sucessionais de uma Planície de Inundação
mica do ecossistema, é necessário monitorar a vegetação
através do tempo e determinar quais sucessões de mu
danças estão ocorrendo. Dados de alta resolução tempo As planícies de inundação assimilam poluentes, controlam
ral obtidos por satélites são de grande valor quando se enchentes e servem de criadouros, viveiros e locais de cres
conduz tais estudos sucessionais. O caso relatado a seguir cimento para peixes e para vida selvagem. Infelizmente, os
documenta a utilidade dos dados dos sensores do SPOT Estados Unidos perderam 33% de suas planícies inundá
e os métodos usados para monitorar as mudanças em pla veis para a agricultura, áreas residenciais e/ou usos comer
nícies de inundação em uma reserva de água doce. ciais da terra entre 1780 e 1980. A informação precisa e em
Sensoriamento Remoto das Mudanças da Vegetação 401
Figura 11-29 a) Gráfico em perspectiva das porcentagens de coberturas terrestres em Par Pond, desde 14 de março de 1993 até 25 de ou
tubro de 1994, obtidas através da análise de sete datas de dados HRV XS do SPOT. Extensas áreas de vegetação seca estavam
presentes no início de 1992. A vegetação “Spikerush” dominava no final de 1992 e no começo de 1993. Sucessões naturais
denominadas “Old Field” dominavam no final de 1993 e durante o ano de 1994. Mudas de pinus e de espécies arbóreas
estavam colonizando extensivamente a área em 25 de outubro de 1994; b) A porcentagem de cobertura terrestre por Spike
rush, Old Field e Pine/Hardwood nas áreas secas ocasionadas pelo rebaixamento das águas de Par Pond desde 23 de junho
de 1991 até 25 de outubro de 1994 são apresentadas como dados brutos e depois modelados por equações polinomiais de
quinta ordem (Jensen et al., 1997).
tempo hábil sobre a distribuição das plapícies inundáveis documentado no calendário fenológico mostrado na Fi
é essencial para a proteção e o manejo efetivos. O presente gura 11-28. As plantas senescem no final de setembro ou
estudo de caso documenta o uso de dados multiespectrais no começo de outubro, permanecendo marrons duran
orbitais do SPOT, tanto multiestações (várias plataformas) te os meses de inverno. Estas plantas são normalmente
como multianos, para o monitoramento de mudanças su encontradas em águas rasas com < 1m de profundidade
cessionais na planície de inundação do Reservatório de Par adjacentes às linhas limítrofes do reservatório.
Pond, próxima à Usina Atômica do Rio Savannah, SC,
EUA, causadas pelo rebaixamento do nível de água do re • Os “lírios d’água” (Nymphaea odoratá) são macrófitas
servatório no período entre junho de 1991 e outubro de flutuantes dominantes que não persistem durante o
1994 (Jensen et al., 1997). O estudo traz muitas conside inverno (Figura 11-28). Elas aparecem na parte exter
rações discutidas no presente capítulo. na às áreas dominadas pelas “taboas” no final de abril
ou começo de maio e atingem crescimento pleno seis
Área de Estudo do Reservatório de Par Pond a oito semanas depois. Os lençóis de “lírios d’água”
expandem-se para áreas de água aberta do reservatório
Par Pond é um reservatório de 1012 ha criado originalmente durante o mês de setembro e vão até a profundidades
em 1958 para receber um reator resfriado a água, mas que de 2 a 5 m. Esses lençóis persistem de meados de outu
agora recebe água do Rio Savannah. O Par Pond tem uma bro a meados de novembro e depois desaparecem.
comunidade estável e previsível de plantas macrófitas tifáceas e
de ninfáceas quando os níveis de água flutuam < 1m por ano. Antes de junho de 1991, o nível da água de Par Pond estava
relativamente estável em 60,7 m acima do nível do mar,
Aproximadamente 30 espécies de plantas macrófitas são en flutuando <0,15m na maioria dos anos. Extensivos lençóis
contradas em Par Pond, mas somente umas poucas dominam: de “taboas” e de “lírios d’água” de 20 a 150 m de largura
distribuíam-se pelo lago. De 23 de junho de 1991 até 15 de
• As “taboas” (Typba spp.) são macrófitas persistentes emer setembro de 1991, o nível da água de Par Pond baixou a 55
gentes que existem durante o ano todo em Par Pond. m acima do nível do mar para reparos no reservatório. Os
Elas começam a aumentar o verdor em meados de abril, 5,7 m de rebaixamento do nível da água fizeram com que
formando um dossel denso no final de maio, como está uma zona que anteriormente estava submersa ao longo das
402 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Vegetação
margens, de aproximadamente 50 a 250 m de largura, fosse de 1994, para a área de estudo de Par Pond, estão mos
exposta. Isto expôs os lençóis emergentes e não-emergentes tradas na Figura 11-29a. Esta informação documenta as
de macrófitas aquáticas das margens de Par Pond a condi tendências das sucessões de vegetação em quatro anos nas
ções de secagem por aproximadamente quatro anos, até que áreas de margens expostas pelo rebaixamento das águas em
o nível da água atingisse novamente os 60,7 m em 1995. Par Pond. Em 14 de março de 1992, a classe Vegetação
Seca ocupava aproximadamente 35,48% da área de estudo.
Dados de Sensores Remotos As macrófitas aquáticas “cattail” e “waterlily” não sobrevi
veram ao rebaixamento do nível de água. Havia também
Sete imagens multiespectrais (XS) do satélite SPOT fo 7,46% da classe Solos Expostos e 8,74% de invasão por
ram adquiridas na primavera e no outono de 1992, 1993 “Spikerush”. Com o passar do tempo, as áreas de Vegeta
e 1994, as quais foram analisadas (Tabela 11-6). Quan ção Seca foram colonizadas por outras espécies. Em 25 de
do possível, foram escolhidas datas próximas entre os ci outubro de 1994, não havia mais Vegetação Seca.
tados anos, visando minimizar mudanças na reflectância
causadas por diferenças de ângulos solares e de umidades Dois tipos dominantes de desenvolvimento sucessional
sazonais dos solos (Jensen et al., 1995). Fotos aéreas infra tomaram o lugar da Vegetação Seca e dos Solos Expostos
vermelhas coloridas também estavam disponíveis para este presentes nas áreas de rebaixamento do nível de água do
experimento. Os registros das imagens SPOT com os ma reservatório. Primeiramente houve um significativo au
pas foram feitos com base em aproximadamente 50 pontos mento de “Spikerush” (plantas ciperáceas) em 1992. Em
de controle por data e foi feita reamostragem pelo método 5 de maio de 1992, estas ciperáceas ocupavam 20,28%
do vizinho mais próximo, usando a projeção UTM (Uni da área de estudo. À medida que o solo secava nos anos
versal Transverse Mercator). O erro geométrico, RMSE subsequentes, a cobertura por “Spikerush” diminuiu para
(root-mean-square-error), foi de ± 0,5 pixel (± 20 m) para aproximadamente 10,75% em 25 de outubro de 1994.
cada data de imagem. Na área de estudo, todo o terreno
acima de 60,7 m acima do nível do mar foi mascarado. As áreas de “Spikerush” e de Solos Expostos foram suce
didas primeiramente por espécies “Old Field”, como se
Classificação de Imagens e Detecção de Mudanças esperava, numa taxa muito rápida. O aumento mais mar
cante foi de 10 de maio de 1993 a 28 de outubro de 1993,
Cinquenta agrupamentos espectrais distintos foram extraídos mostrando um aumento da classe “Old Field” de quase
da imagem de cada data, usando o software ISODATA (“In nada para aproximadamente 25,62% da área de estudo.
teractive Self Organizing Data Analysis Technique”) (referido Coberturas de mudas de />/»«j/espécies arbóreas (“Pine/
em Jensen, 2005). Os agrupamentos foram rotulados geran Hardwood”) também aumentaram constantemente des
do sete mapas de cobertura terrestre. A precisão geral para de quase nada em 1992 até a 10,25% em 25 de outubro
dois dos mapas classificados (28 de outubro de 1993 e 2 de de 1994. Se as áreas expostas pelo rebaixamento da água
abril de 1994) foi de 75,6% e de 77,9%, respectivamente. ficassem intocadas por aproximadamente uns 75 anos, ve
Este nível de precisão está na faixa do que é esperado quando getações clímax dos tipos carvalhos (“oak”) ou castanheiras
se utilizam três bandas individuais de dados multiespectrais (“hickory”) poderiam fazer-se presentes nestas áreas.
com resolução de 20 x 20 m do SPOT (Jensen et al., 1995).
Usando as estatísticas relacionadas com as classes de cober
O objetivo deste estudo foi documentar a mudança ecológica turas terrestres derivadas a partir de dados de sensoriamento
na cobertura vegetal nas áreas de rebaixamento da água usan remoto em múltiplas datas foi possível desenvolver modelos
do rmiltiplas datas de dados de sensoriamento remoto. Para sucessionais preditivos para cada um dos tipos de vegetação
isso, foi necessário usar um algoritmo de detecção de mudan ocorrentes nas áreas de rebaixamento das águas. Por exem
ças (change-detectmi algorithni) que provê informações carto plo, a Figura 11 -29b ilustra a área porcentual atual e a pre
gráficas do tipo “from-to” ou de-para (ou seja, que indicam a dita da cena ocupada com “Spikerush” em diferentes datas,
mudança, mostrando o que era e como ficou após a mudan desde o início do processo de rebaixamento do nível das
ça); p.ex., um pixel de 20 x 20 m de Vegetação Seca em 1992 águas em 23 de junho de 1991. A sucessão “Spikerush” foi
passou a ser um pixel de plantas ciperáceas (“Spikerush’) em modelada usando um polinômio de quinta ordem, onde:
1993. Vinte e um mapas de detecção de mudanças foram
produzidos e podem ser vistos em Jensen et al. (1997). %Spikerush = -0,0129x5+ 0,4018x4- 4,0989x3 + 15,383x2
- I4,425x,
Resultados
com R2 = 0,992. Usando esta equação, foi possível prever
As porcentagens de cobertura terrestre de cada classe em a porcentagem de Spikerush que estaria presente em datas
cada data, desde 14 de março de 1992 até 25 de outubro específicas após um sério rebaixamento das águas do reser-
Sensoriamento Remoto das Mudanças da Vegetação 403
Tabela 11-7. Classificação por segmentação orientada a objeto de dados SPOT 2004 multiespectrais (10 x 10 m) e
pancromáticos (5 x 5 m) de uma área da República da África do Sul.
Cana-de- Quebra- Total
Classe Citros Floresta Pastagem Estrada Água Pousio Banana E.U.
açúcar vento Linha
Cana-de- 1261 61 0 4 2 0 1 2 4 1335 94,46
açúcar
Citros 27 744 5 0 1 2 4 10 0 793 93,82
Floresta 13 23 87 13 0 2 1 1 0 140 62,14
Pastagem 28 25 8 82 1 0 5 0 0 149 55,03
Estrada 6 1 1 1 45 0 2 1 0 57 78,95
Agua 0 0 0 0 0 44 2 0 0 46 95,66
Pousio 7 0 2 2 0 1 39 0 0 49 79,59
Quebra- 2 4 0 0 1 1 0 36 0 44 81,82
vento
Banana 4 4 1 1 0 0 0 0 60 69 86,97
Total 1348 862 101 103 50 50 54 50 64 2682
Coluna
E.P. 93,55 86,31 86,14 79,61 90 88 72,22 72 93,75
Exatidão 89,4%
total =
Coeficien- 83,7%
te kappa =
E.U. = Exatidão do usuário
E.P. = Exatidão do produtor
vatório estudado. De modo similar, as classes sucessionais Numerosas agências estaduais e governamentais reconhe
“Old Field” e “Pine/Hardwood” foram modeladas usando cem a importância de se utilizar dados de sensoriamento
as seguintes equações: remoto para monitorar as áreas de recursos vegetais amea
çados. Por exemplo, o primeiro inventário abrangente da
%01d Field = - 0,04l6x5 + 0,6421x4—3,0604x3 + 5,1495 x2 vegetação, ao nível de comunidade de plantas, das Evergla-
- 2,3275x, des, na Flórida, foi realizado usando uma combinação de
imagens de satélite, fotografias aéreas, GPS e tecnologia
e SIG (Doren et al., 1999).
a. Parte da Área de Manejo da Água #6: reservatórios dos rios Usutu e Mhlathuze, na banda vermelha do
SPOT-5, de imagem coletada em 9 de janeiro de 2004.
Figura 11-30 a) Imagem H R V IR /SPO T de um a área ao longo do Rio M hlathuze, na República da África do Sul; b) Uma parte
dos 2682 campos usados para avaliar a precisão da classificação da cobertura agrícola, sobreposta em ortofotografia
1:10.000 (Jensen et al., 2006).
açúcar e citros). Os dados do satélite SPOT, bem como mação sobre a cobertura agrícola é usado pelo Departamen
informações obtidas in situ, foram usados para treinar e to de Assuntos de Água e Floresta da República da África
classificar as imagens em classes de coberturas agrícolas. do Sul como subsídio para o sistema espacial de suporte à
decisão do WARMS (Water Authorization and Resource
Dados de Sensoriamento Remoto Management System) (cortesia de Jensen et al., 2006).
Análise dos Dados Carter, G. A., 1991, “Primary and Secondary Effects of the
Water Content on the Spectral Reflectance of Leaves,” Ame
Os dados SPOT foram submetidos a uma classificação por rican Journal ofBotany, 78(7):916-924.
segmentação de imagem orientada a objetos, a qual leva
em conta tanto a informação espectral quanto a espacial Carter, G. A., 1993, “Responses of Leaf Spectral Reflectance to
existente nas imagens utilizadas. Neste ponto, recomenda- Plant Stress”, American Journal ofBotany, 80(3):2310-243.
se a consulta de Jensen (2005) para informações sobre seg
mentação de imagens orientada a objetos. Carter, G. A., Cibula, W. G. and R. L. Miller, 1996, “Nar-
row-band Reflectance Imagery Compared with Thermal
Resultados Imagery for Early Detection of Plant Stress ."Journal o f Plant
Physiology, 148:515-522.
A classificação por segmentação orientada a objetos a partir
de imagens SPOT multiespectrais (10 x 10 m) e pancro- Chen, T. M., and T. A. Black, 1992, “Defining Leaf Area
máticas ( 5 x 5 m), de 2004, permitiu a produção do mapa Index for Non-flat Leaves,” Plant, Cell and Environment,
mostrado na Prancha Colorida 11-6b. A precisão geral foi 15:421-429.
de 89,4% com um coeficiente Kappa de concordância de \ '
83,7% (Tabela 11-7). As precisões do usuário para cana- Chen, J.M., Pavlic, G., Brown, L., Cihlar, J., Leblanc, S. G., Whi-
de-açúcar e citros foram de 94,46% e de 93,82%, respecti te, H. R, Hall, R. J., Peddle, D. R., King, D. J., Trofymow, J. A.,
vamente, enquanto que as precisões do produtor foram de Swift, E., Van der Sanden, ]., and P K. Pellikka, 2002, “Deriva-
93,55% e de 86,31%, respectivamente. Este tipo de infor tion and Validation of Canada-wide Coarse-resolution Leaf Area
406 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Vegetação
Index Maps Using High-resolution Satellite Imagery and Ground Dawson, T. P. and P. J. Curran, 1998, “A New Technique for
Measurements,” Remote Sensing ofEnvironment, 80:165-184. Interpolating the Reflectance Red Edge Position,” Internatio
nal Journal o f Remote Sensing, 19(11): 2133-2139.
Cibula, W. G., and G. A. Carter, 1992, “Identification ofa Far-
Red Reflectance Response to Ectomycorrbizae in Slash Pine,” Deering, D. W„ Rouse, J. W„ Haas, R. H. and J. A. Schell, 1975,
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Sensoriamento Remoto da Agua
A
água cobre aproximadamente 74% da superfície da Terra. Em nenhum outro lu
gar do universo conhecido, esse líquido ocorre com tal abundância. Quase 97%
do volume de água da Terra ocorre nos grandes oceanos salinos. Apenas cerca de
0,02% da água da Terra está presente em córregos de água doce, rios, lagos e re
servatórios. O restante da água está contido nos aquíferos subterrâneos (0,6%), na
atmosfera da Terra sob a forma de vapor d’água (0,001% ) e nas coberturas de gelo
(aproximadamente 2,2%).
A água existe em vários estados na Terra, incluindo água doce, água salgada, vapor
de água, chuva, neve e gelo. Os meteorologistas, oceanógrafos, hidrólogos, alguns
geógrafos e outros profissionais dedicam suas vidas para medir, monitorar e prever
a distribuição espacial, volume e movimento da água durante o ciclo hidrológico.
• equivalente neve-água,
• equivalente gelo-água,
412 CAPÍTULO 12 Sensoriamento Remoto da Água
• vapor d’água.
Esta seção revê como o sensoriamento remoto pode ser Figura 12-1 Os corpos d’água recebem a irradiância do Sol
usado para inventariar e monitorar a extensão espacial, os (ESui) e da atmosfera (Eskj . A radiância total ascen
constituintes orgânicos/inorgânicos, a profundidade e a dente, saindo de um corpo d’água para um sensor
temperatura das águas de rios, lagos, reservatórios, mares remoto, é uma função da radiância de espalhamen-
to atmosférico (L ), da radiância da superfície da
e oceanos. É importante primeiro ter um entendimento
água (L ), da radiância volumétrica de subsuperfície
sobre as interações da energia-matéria que podem ter im ( L ) e da radiância de fundo (Lb) do corpo d’água
pacto em nossa habilidade para efetivar uma investigação (após Bukata et al., 1995).
precisa de sensoriamento remoto aquático.
Esta energia refletida contém informação espectral va
Radiância de Superfície da Água, Radiância liosa sobre as características da superfície (ou próxima à
Volumétrica de Subsuperfície e Radiância de Fundo superfície) do corpo cfágua (Figura 12-2a). Infelizmente,
se o ângulo zenital solar e o ângulo de visada do sensor
forem aproximadamente os mesmos, poderemos obter
A radiância total {L ) registrada por um sensor a bordo de uma reflexão puramente especular da superfície do corpo
uma aeronave ou satélite é uma função da energia eletro d’água, que fornecerá informação de pouco valor espec
magnética proveniente de quatro fontes indicadas na Figu tral (Figura 12-2b). Este efeito, conhecido como sunglint
ra 12-1 (Bukata et al., 1995; Legleiter e Roberts, 2005): (reflexão solar ou gliter), deve ser evitado sempre que pos
sível. Esta é a razão pela qual nós dificilmente coletamos
L = L + L + L + L, (12-1) dados de sensoriamento remoto ao nadir em um período
de uma ou duas horas ao redor do meio-dia local.
onde
• L é a radiância da radiação solar e atmosférica descen
• L é a porção da radiância registrada por um sensor re dente que de fato penetra a interface ar-água, interage
moto resultante da radiação solar direta (.E ) e indireta com a água e seus constituintes orgânicos/inorgânicos
(chamada do céu ou da atmosfera) (E\ ) descendente que, e então emerge da coluna d’água sem interagir com o
de fato, nunca realmente atinge a superfície da água. Isto fundo. Essa radiância (denominada radiância volumé
é ruído atmosférico e pode ser considerado como a radi trica de subsuperfície) fornece informação valiosa sobre
ância de trajetória indesejável discutida no Capítulo 2. as características da composição da coluna d’água.
• f é a radiância da radiação solar e atmosférica descen • Lhé a porção da radiância registrada resultante da radia
dente que alcança a interface ar-água (algumas vezes de ção solar e atmosférica descendente que penetra a inter
nominada camada de superfície livre ou camada limite), face ar-água, alcança o fundo do corpo d água e é propa
mas que penetra apenas cerca de 1 mm na água sendo, gada de volta na coluna d’água até sair do corpo d’água e
portanto, essencialmente refletida da superfície da água. alcançar o sensor. Se quisermos obter informação sobre
Características Biofísicas da Superfície d’Água Detectadas por Sensoriamento Remoto 413
Sunglint (Reflexo)
Figura 12-2 a) Fotografia infravermelho preto-e-branco de uma área na Flórida contendo vegetação natural, um campo de golfe e
corpos d’água profundos e não-túrbidos. b) Neste exemplo, o efeito sunglint é mostrado, o que atrapalha seriamente a
extração de informação útil. Os únicos dados de valor são os padrões de vento na superfície da água, que fornecem alguma
informação sobre a direção do vento na hora de obtenção da fotografia.
o fundo quando, por exemplo, executamos mapeamen eles devem tentar remover a radiância atmosférica (Lf) , a
to batimétrico (de profundidade) ou mapeamento de de superfície (Z^ e a volumétrica de subsuperfície (Z ).
recifes de corais, então essa radiância de fundo pode ter
valor significativo (Mumby et al., 1997; Pasqualini et al., Resposta Espectral da Água em Função do
1997). Entretanto, a radiância de fundo torna mais difí Comprimento de Onda
cil a caracterização apropriada da coluna de água. Basi
camente, é difícil separar ou desagregar 7 de Lh (Jensen
et al., 1989; Islam et al., 2004). / Ao conduzir uma investigação de sensoriamento remoto
de corpos d água, é primeiramente útil entender como a
O objetivo da maioria dos estudos de sensoriamento re água pura seletivamente absorve e/ou espalha a radiação
moto aquático é extrair a radiância de interesse das outras incidente ou a luz solar descendente na coluna d’água.
componentes de radiância registradas pelo sistema sensor Depois, é importante considerar como a luz incidente é
(Doxaran et al., 2002). Por exemplo, o cientista interessado afetada quando a coluna d’água não é pura, mas contém
em identificar os constituintes orgânicos e inorgânicos na materiais orgânicos e inorgânicos.
coluna d’água (p.ex., sedimentos em suspensão ou clorofila
d) está mais preocupado em isolar a radiância volumétrica A água pura não contém matéria orgânica e inorgânica.
de subsuperfície (Z ) calculada de: Bukata et al. (1995) sintetizaram, a partir de diferentes estu
dos, os valores do coeficiente de absorção a(y), do coeficien
L„ =L,-(Lp + L + Lt) ( 12- 2) te de espalhamento b(y) e do coeficiente de atenuação total
c(y) de moléculas de água pura na faixa espectral de 250 a
Isto normalmente envolve cuidadosa correção radiomé- 800 nm (Tabela 12-1). Várias relações importantes são ob
trica dos dados do sensor remoto para remover a atenua servadas quando os dados de absorção e espalhamento são
ção atmosférica (Z ), o efeito sunglint e de outras reflexões exibidos em gráficos, como o mostrado na Figura 12-3.
de superfície (Z ), e a reflectância de fundo (Lb) (p.ex.,
Mustard et al., 2001). A característica mais notável é que a quantidade mínima de
absorção e espalhamento da luz incidente na coluna d’água
Os cientistas que querem monitorar a profundidade da (portanto, a melhor transmissão) ocorre na região do com
água (batimetria) ou as características de fundo, como a primento de onda do azul (400 a 500 nm), com o valor
estrutura de recifes, estão mais interessados em obter me mínimo localizado em aproximadamente 460 - 480 nm.
didas precisas de radiância de fundo (Z,), de tal forma que Nesses comprimentos de onda, do violeta ao azul claro,
414 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Água
Figura 12-3 Absorção e espalhamento da luz em água pura. A absorção molecular da água predomina no ultravioleta (<400 nm) e na
faixa do amarelo até a porção do infravermelho próximo do espectro (>580 nm). Praticamente todo o fluxo radiante inci
dente que penetra num corpo de água pura é absorvido no infravermelho próximo e médio (740 - 2500 nm), sendo o efeito
de espalhamento desprezível nesse intervalo. Este é o motivo de a água aparecer tão escura em fotografias infravermelho
branco-e-preto ou colorida. O espalhamento na coluna d’água é importante especialmente nas porções violeta, azul escuro e
azul claro do espectro (400 - 500 nm). Esta é a razão pela qual a água pura é azul aos nossos olhos. Esses dados foram prove
nientes de diferentes fontes compiladas por Bukata et al. (1995). O gráfico trunca a informação da absorção no ultravioleta
e na faixa do amarelo até o infravermelho próximo porque a atenuação é muito grande. Veja a Tabela 12-1 para informação
sobre os valores de absorção nessas faixas de truncamento do gráfico.
a luz penetra mais do que qualquer outro tipo de luz na onda do laranja e do vermelho (580 a 740 nm) pelas mo
coluna d’água (Clark et al., 1997). léculas de água torna-se insignificante quando comparado
com a absorção por estas moléculas. Quase todo o fluxo ra
A luz incidente do verde e amarelo, de 520 a 580 nm, é mui diante incidente no infravermelho próximo e médio (740 —
to bem absorvida na coluna d’água e pouco espalhamento 3000 nm) que penetra em um corpo d’água pura e profunda
ocorre. O espalhamento da energia nos comprimentos de é absorvido, e pouco espalhamento acontece (Figura 12-3).
Características Biofísicas da Superfície d’Água Detectadas por Sensoriamento Remoto 415
a. Banda 1 do SPOT (0,50 - 0,59 |am) b. Banda 2 do SPOT (0,61 - 0,68 pm) c. Banda 3 do SPOT (0,791 - 0,89 pm)
Figura 12-4 Bandas individuais dos dados SPOT XS de Cozumel, México. O fluxo radiante incidente do verde e do vermelho (bandas
1 e 2) penetra na coluna d’água e é refletido pela areia, fundo consolidado e pelo recife Palancar. f)e forma oposta, a maior
parte da energia do verde e vermelho é absorvida pela vegetação terrestre, causando sua aparência escura. E difícil identificar
a interface terra-água (limite) usando essas bandas do visível. A água absorve quase todo o fluxo radiante no infravermelho
próximo, enquanto a vegetação terrestre reflete a maior parte da energia incidente nessa região espectral. O resultado é que a
água aparece quase preta nos dados do infravermelho próximo (banda 3), enquanto a vegetação terrestre aparece clara. Isto
facilita a identificação do limite terra-água (SPOT Image, Inc.).
Portanto, o espalhamento molecular da luz violeta e aztíf Por exemplo, considere as imagens SPO T HRV XS das ban
(< 520 nm) e a significativa absorção da luz nos compri das do verde (banda 1), vermelho (banda 2) e do infraver
mentos de onda do verde, amarelo, laranja e vermelho melho próximo (banda 3), obtidas em uma porção do recife
(520 —700 nm) em uma coluna d’água são responsáveis Palancar na ilha de Cozumel, Quintana Ro-o, México (Fi
pela cor azul que vemos na água pura. A cor azul é especial gura 12-4). A visibilidade subaquática nesta porção do Mar
mente evidente em águas oceânicas puras e corpos d’água Caribenho é normalmente de 25 a 40 metros. A energia do
interiores profundos e não-túrbidos. Sol incidente nos comprimentos de onda do verde e verme
lho penetra a coluna d’água e é refletida pelo fundo arenoso,
Monitorando a Extensão Superficial de Corpos d’Agua consolidado, e pelo recife de coral. Observe como os deta
lhes do recife são mais visíveis nas imagens das bandas do
As melhores regiões de comprimento de onda para discriminar verde (banda 1) e do vermelho (banda 2) do que na imagem
terra de água pura são o infravermelho próximo e o infraver da banda 3 do infravermelho próximo (Figura 12-4).
melho médio (comprimentos de onda entre 740 e 2500 nm).
Nas regiões do infravermelho próximo e médio, os corpos Enquanto a informação de subsuperfície disponível nas ima
d’água aparecem muito escuro, mesmo pretos, porque eles ab gens SPO T do verde e do vermelho (bandas 1 e 2) é útil por
sorvem praticamente todo o fluxo radiante incidente, especial muitas razões, ela não é de muito valor para se tentar iden
mente quando a água é profunda e pura ou sem a presença de tificar a interface terra-água, isto é, o real limite da ilha de
sedimentos em suspensão ou matéria orgânica (p.ex., Figura Cozumel. Felizmente, a água absorve quase todo o fluxo ra
12-2a). De forma oposta, as coberturas da terra, tipicamente diante incidente no infravermelho próximo (conforme visto
compostas por vegetação e solo exposto, refletem quantidades na Figura 12-4c), o que faz com que a banda 3 do SPO T
significativas de energia no infravermelho próximo e médio, HRV registre a água do oceano como preta. Por outro lado,
como discutido em capítulos anteriores. Consequentemente, a vegetação terrestre reflete a maior parte do fluxo radiante
essas coberturas aparecem relativamente claras nas imagens incidente no infravermelho próximo, o que faz com que ela
obtidas em bandas do infravermelho próximo e médio. apareça clara na imagem da banda 3. Portanto, é uma tarefa
416 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Água
Tabela 12-1. Propriedades ópticas da água pura (obtidas D elta do Rio M ississipi
de várias fontes por Bukata et al., 1995).
Atenuação
Comprimento Absorção Espalhamento Total
de Onda a(k) b(k) c {\)
(nm) (m-1) (nr1) (nr1)
250 -
ultravioleta 0,190 0,032 0,2200
3 00-
ultravioleta 0,040 0,015 0,0550
320-
ultravioleta 0,020 0,012 0,0320
350 -
ultravioleta 0,012 0,0082 0,0202
580 - amarelo 0,074 0,0011 0,0751 Entretanto, deve-se ter cuidado quando existem constituin
tes orgânicos e inorgânicos na coluna d’água (especialmen
600 - laranja 0,20 0,00093 0,2009 te próximo à superfície), porque esses materiais produzem
reflexão de superfície no infravermelho próximo e espalha-
620 - laranja 0,24 0,0082 0,2408 mento volumétrico de subsuperfície. Consequentemente,
6 40- a magnitude do fluxo radiante do infravermelho próximo
vermelho 0,27 0,00072 0,2707 deixando a superfície do corpo d’água pode aumentar dra
maticamente. Por exemplo, considere a fotografia do Space
6 60-
vermelho 0,310 0,00064 0,3106 Shuttle mostrada na Figura 12-5 do delta do Rio Mississipi.
Os sedimentos em suspensão na coluna d’água causam sig
680 -
vermelho 0,38 0,00056 0,3806 nificativo espalhamento e reflexão do fluxo radiante de volta
para o sistema sensor, fazendo com que a água apareça tão
700 -
clara quanto algumas feições do terreno próximas ao delta.
vermelho 0,60 0,0005 0,6005
7 40- Resposta Espectral da Água em Função dos Cons
infravermelho
próximo 0,0004
tituintes Orgânicos e Inorgânicos - Monitorando
2,25 2,2504
Sedimentos em Suspensão (Turbidez), Clorofila e
7 60-
Matéria Orgânica Dissolvida
infravermelho
próximo 2,56 0,00035 2,5604
800 -
infravermelho Até agora, nós discutimos principalmente a resposta es
próximo 2,02 0,00029 2,0203 pectral da água pura. Entretanto, muitos corpos naturais
Características Biofísicas da Superfície d’Água Detectadas por Sensoriamento Remoto 417
de água contêm uma variedade de constituintes orgânicos tar uma carga importante de sedimentos em suspensão que
(p.ex., clorofila a do fitoplâncton) e inorgânicos (p.ex., mi pode afetar dramaticamente as características de sua reflec
nerais em suspensão na água). Quando as águas naturais tância espectral (Miller e McKee, 2004).
contêm uma mistura desses materiais, um dos problemas
mais difíceis em sensoriamento remoto é derivar (extrair) Monitorar o tipo, a quantidade e a distribuição espacial
informação quantitativa sobre esses constituintes específi de sedimentos em suspensão em corpos d’água interiores
cos a partir de dados de sensoriamento remoto (Doxaran e costeiros é muito importante. Por exemplo, a erosão do
et al., 2002; Karaska et al., 2004). solo em uma bacia hidrográfica lança uma carga de sedi
mentos nos corpos d água, que resulta em assoreamentos
Ao conduzir estudos de qualidade da água ou tentar prever mais rápidos dos principais rios, reservatórios, obras para
a produtividade da água usando dados de sensoriamento controle de inundação e estuários. Isso pode diminuir a
remoto, normalmente estamos interessados na radiância vida útil dos reservatórios, lagos e dos mecanismos de con
volumétrica de subsuperfície, L (Figura 12-1). Conforme trole de inundação, resultando na necessidade de dragagem
mencionado antes, essa é a radiância proveniente da radia de rios e estuários. Por exemplo, a redução na capacidade
ção solar direta e atmosférica descendente que de fato pe de armazenamento nos reservatórios dos Estados Unidos
netra na interface ar-água, interage com a água e seus cons causada pelo assoreamento (sedimentos em suspensão) pro
tituintes orgânicos/inorgânicos, saindo da coluna d’água na duz uma perda anual superior a 100 milhões de dólares.
direção do sensor sem interagir com o fundo. A radiância Os sedimentos também afetam a qualidade da água e a sua
volumétrica de subsuperfície que deixa uma coluna d’água adequação para consumo humano, recreação e uso indus
na direção do sensor (L ) é uma função da concentração da trial. Os sediçnentos servem como um agente transportador
água pura (w), dos sedimentos inorgânicos em suspensão e armazenador de pesticidas, fósforo e nitrogênio absorvi
{SAÍ), da clorofila a orgânica {Chi), do material orgânico dos, e compostos orgânicos e podem ser um indicador de
dissolvido (DOM ) e da quantidade total de atenuação por poluição. Os sedimentos em suspensão podem impedir a
absorção e espalhamento que ocorre na coluna d’água devi transmissão de radiação solar e reduzir a fotossíntese em ve
do a cada um desses constituintes, c(k), isto é, getação aquática submersa e fitoplâncton próximo ao subs
trato. A vegetação aquática e o fitoplâncton têm um papel
SK W ChlcW D O M J . (12-3) vital na cadeia alimentar do ecossistema aquático.
E instrutivo observar o efeito que cada um desses consti Felizmente, o sensoriamento remoto pode ser usado para
tuintes tem sobre as características da reflectância espectral monitorar as concentrações de sedimentos em suspensão
de uma coluna d’água. nos corpos d’água. Isto geralmente requer a obtenção de me
didas in situ de concentrações de sedimentos em suspensão
Sedimentos em Suspensão e a correlação dessas medidas com dados de sensores remo
tos para obter uma relação quantitativa. E uma boa prática
Minerais ricos em silício, alumínio e óxidos de ferro são en coletar tanto dados de sensores remotos quanto medidas in
contrados em suspensão em muitos corpos d água naturais. situ de sedimentos em suspensão em dias que tenham pouco
As partículas variam de argila fina (3 —4 pm em diâmetro) vento. A rugosidade produzida pela ação do vento na água
para silte (5 - 40 pm) e areia fina ( 4 1 - 1 3 0 pm) a grosseira cria reflexões especulares que podem prejudicar a estimativa
(131 - 250 pm). Os sedimentos são provenientes de uma por sensoriamento remoto das concentrações de sedimentos
variedade de fontes, incluindo a erosão de áreas agrícolas, o em suspensão (Han e Rundquist, 1998).
intemperismo de terrenos montanhosos, a erosão costeira
causada por ondas naturais ou tráfego de barcos e as erup A reflectância espectral dos sedimentos em suspensão na água
ções vulcânicas (cinzas). A maior parte dos sedimentos em é uma função da quantidade e das características (tamanho
suspensão está concentrada em corpos d’água interiores ou de partículas, absorção) do material na água. A concentra
costeiros (Bukata et al., 1995). Oceanos claros e profundos ção de sedimentos em suspensão é medida in situ usando
(denominados água Caso I), distantes da costa, raramente um disco de Secchi ou uma unidade de turbidez nefelomé-
contêm sedimentos em suspensão com diâmetro maior que trica (N TU ). O disco de Secchi (Figura 12-6) é uma placa
1 pm. Portanto, a concentração de sedimentos em suspen circular que é introduzida na água até que ela não possa mais
são normalmente não é significativa em estudos de oceanos ser vista. Quanto maior for a quantidade de sedimentos em
profundos com sensoriamento remoto. Isso é importante, suspensão, menor será a profundidade Secchi, isto é, a placa
visto que as contribuições de sedimentos em suspensão po deixará de ser vista rapidamente. Esse método depende da
dem ser desprezadas ao se conduzir uma investigação de percepção visual humana, que não é constante entre os cien
sensoriamento remoto em oceanos profundos. De forma tistas. Uma medição mais rigorosa é feita com o N T U , que
oposta, corpos d água interiores e costeiros podem transpor consiste da passagem da luz através de uma amostra de água
418 CAPÍTULO 12 Sensoriamento Remoto da Agua
— H
onde L.f é a radiância medida da superfície da água, L é a Coeficientes de correlação (r) foram computados para
radiância do painel de BaSCVe k é um fator de calibração descrever a relação entre a concentração de sedimentos
para o painel de B a S 0 4(veja Capítulo 15). em suspensão e a reflectância em cada uma das 252 ban-
Características Biofísicas da Superfície d’Água Detectadas por Sensoriamento Remoto 419
1.000 mg/1
400 450 500 550 600 650 700 750 800 850
Comprimento de Onda (nm)
.000 mg/1
400 450 500 550 600 650 700 750 800 850
b.
Comprimento de Onda (nm)
Figura 12-8 a) Medidas in situ de reflectância espectral de água clara e de água com vários níveis de concentrações de sedimentos em
suspensão de solo argiloso variando de 0 a 1000 mg/1. b) Medidas in situ de reflectância espectral de água clara e de água com
vários níveis de concentrações de sedimentos em suspensão de solo siltoso. Observe que o solo siltoso apresentou aproxima
damente 10% a mais de reflectância em todos os comprimentos de onda do que o solo argiloso. Em ambos os casos, o pico
de reflectância deslocou-se para maiores comprimentos de onda na região do visível quando mais sedimentos em suspensão
foram adicionados à água (após Lodhi et al., 1997).
das do espectrorradiômetro. Para o solo argiloso, os va a faixa de comprirhento de onda do visível de 580 -
lores de correlação variaram de 0,28 a 0,97. Para o solo 690 nm pode fornecer informação sobre o tipo de sedi
siltoso, eles variaram de 0,78 a 0,98. Para ambos os solos, mento em suspensão (solo) nas águas; e
os valores de r > 0,90 ocorreram na região do infraverme
lho próximo entre 714 e 880 nm, como esperado (Han e a faixa de comprimento de onda do infravermelho pró
Rundquist, 1994). ximo de 714 - 880 nm pode ser útil para determinar a
quantidade de sedimentos em suspensão nas águas em
Estes resultados sugerem que: que eles sejam os constituintes predominantes.
420 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Água
material
cloroplasmático
parede celular
a.
Figura 12-9 a) Micrografia de luz azul refletida de uma diatomácea fotossinteticamente ativa, b) Micrografia de luz azul refletida de uma
célula de alga verde {Micrasterias sp.). O material cloroplasmático no centro aparece em tons escuros, porque os pigmentos de
clorofila a absorvem a maior parte da luz azul incidente durante a fotossíntese.
547 nm (luz verde) com 0 mg/1 de sedimentos em suspensão Devido ao papel do fitoplâncton no ciclo global do carbono,
para 596 nm (laranja) com 500 mg/1 desse constituinte. os dados do SeaWiFS são usados para avaliar o papel do oce
ano nesse ciclo e para examinar fatores oceânicos que afetam
Rundquist et al. (1996) e Han e Rundquist (1997) obtive mudanças climáticas globais (Pinkerton et al., 2005). Os da
ram estimativas precisas da quantidade de clorofila de algas dos do SeaWiFS são usados para identificar a magnitude e a
na água usando uma razão simples de bandas do infraver variabilidade do ciclo anual de produção primária pelo fito
melho próximo (705 nm) / vermelho (670 nm) quando a plâncton marinho e para determinar a distribuição e horário
concentração de clorofila foi relativamente baixa. Ao cal da proliferação (blooms) de algas. As observações ajudam os
cularem a primeira derivada da reflectância em torno de cientistas a entenderem a dinâmica das correntes costeiras e
690 nm, eles obtiveram os melhores resultados quando a oceânicas, a física da mistura e a relação entre a física dos
concentração de clorofila de algas foi relativamente alta. oceanos e os padrões de larga escala de produtividade.
Clorofila em Águas Oceânicas: Assume-se que uma es A pesquisa com o SeaWiFS incorpora correção atmosférica
timativa remota da concentração de clorofila próxima à e melhores algoritmos aplicados ao imageamento dos ocea
superfície constitui também uma estimativa remota da nos. O algoritmo operacional mais importante do SeaWiFS
biomassa (ou produtividade primária) para águas de oce envolve o uso das bandas 443, 490 ou 510 nm divididas pela
anos profundos (Caso I) onde existe pouca probabilidade banda posicionada em 555 nm (Tabela 2-3) (Falkowski et al.,
de influência dos sedimentos em suspensão. Numerosos 1998; Pinkerton et al., 2005). Por exemplo, considere vários
estudos têm documentado uma relação entre bandas es exemplos de aplicações oceânicas do SeaWiFS na Prancha
pectrais específicas e concentração de clorofila nos oceanos Colorida 12-1. A primeira imagem é um mapa global de clo
(Chi0 usando a equação (p.ex., Gordon et al., 1983): rofila a obtido de uma composição de imagens adquiridas no
y período de 3 de setembro de 1997 até 31 de dezembro de
’L ( k j
Chi = x (12-5) 1997 (Prancha Colorida 12-1 a). A próxima imagem é uma
w . composição cor-verdadeira de uma porção leste dos Estados
Unidos com resolução espacial de 1,13 x 1,13 km (Prancha
onde L (k t) e L fk J são as radiâncias ascendentes, em com Colorida 12-lb). A imagem cor-verdadeira é uma composi
primentos de onda específicos, registradas pelo sistema de ção colorida das bandas 670, 555 e 412 nm (RGB) e realça a
sensoriamento remoto, e x e y são constantes empirica- vegetação associada com a morfologia do terreno. Áreas em
mente obtidas. Bukata et al. (1995) destacaram que esta branco são nuvens e aerossóis densos. A Prancha Colorida 12-
abordagem não leva em conta as características de absorção lc mostra a concentração de clorofila a em 30 de setembro de
e espalhamento dos constituintes inorgânicos e orgânicos 1997. Cores vermelhas revelam altas concentrações de cloro
da área de estudo. A única razão para o seu sucesso é que, fila, enquanto cores amarelas e verdes indicam concentrações
distante da costa, os pigmentos de clorofila são os princi intermediárias desse constituinte. Finalmente, as cores azul e
pais constituintes de águas do tipo Caso I. púrpura documentam baixas concentrações de clorofila.
Os sistemas de satélite de sensoriamento remoto usados para Tang et al. (2003) obtiveram boa concordância entre os
medir a cor dos oceanos estão resumidos na Tabela 12-2. Os dados SeaWiFS e medidas in situ de clorofila a feitas no
algoritmos operacionais usados para extrair a informação de Golfo de Tonkin, no Mar do Sul da China. Gregg e Casey
abundância de fitoplâncton a partir de vários desses satélites (2004) compararam os dados de clorofila do SeaWiFS com
de sensoriamento remoto estão sintetizados na Tabela 12-3. arquivos globais e regionais de clorofila in situ da NASA e
E de se esperar que os algoritmos operacionais sejam espa NOAA. A comparação global forneceu um erro log médio
cialmente e temporalmente independentes, ou seja, em prin quadrático (RMS) de 31% com um coeficiente de deter
cípio eles devem operar de forma eficiente para diferentes minação (R2) de 0,76 usando 4168 observações. O erro log
áreas de estudo e para diferentes datas de coleta de dados. RMS para oceano aberto (definido como tendo profundi
dade >200 m) foi 27,7% com um R2 = 0,72 comparado
O instrumento denominado Sea-viewing Wide Field of View com 33% de RMS e 0,60 de R2 próximo à zona costeira.
Sensor (SeaWiFS), lançado em 1997, foi construído pela
NASA e pela indústria (ORBIMAGE, Inc.) levando em con O principal instrumento do satélite EO S Terra para avaliar
ta o que se aprendeu do uso do Coastal Zone Color Scan a produtividade dos oceanos é o M O D IS. As bandas 8 - 1 6
ner (CZCS). O SeaWiFS tem bandas adicionais em 412 nm do M O D IS, variando de 405 - 877 nm com resolução espa
(para identificar substâncias amarelas pela sua absorção no cial de 1000 x 1000 m, são particularmente adequadas para
azul), em 490 nm (para aumentar a sensibilidade para a con a obtenção de informação sobre a cor dos oceanos, concen
centração de clorofila) e no infravermelho próximo em 765 e tração de fitoplâncton e sobre a biogeoquímica (M O D IS,
865 nm (para ajudar na correção atmosférica). 2006). O produto Terra M O D IS número M O D 21, parâ-
Características Biofísicas da Superfície d’Água Detectadas por Sensoriamento Remoto 423
Tabela 12-2. Sistemas de sensoriamento remoto usados para medir a cor dos oceanos (cortesia do International Ocean
Colour Co-ordinating Group, http://www.ioccg.org/sensors).
“Datas de Operação Resolução Número Cobertura
Sensor Agência Satélite (Mês/Dia/Ano)” Espacial (m) de Bandas Espectral (nm)
Nimbus-7
CZCS NASA(USA) 10/24/78-06/22/86 825 6 433-12500
(USA)
ADEOS
O CTS NASDA (Japão) 08/17/96-07/01/97 700 12 402-12500
(Japão)
ADEOS
Polder-1 CNES (França) 08/17/96-07/01/97 6000 9 433-910
(Japão)
DLR
MOS IRS P3 (índia) Lançamento 03/21/96 500 18 408-1600
(Alemanha)
SeaWiFS NASA(USA) OrbView-2 Lançamento 08/01/97 1100 8 402-885
ROCSAT-1
OCI N EC (Japão) Lançamento 01/99 825 6 433-12500
(Taiwan)
OCM ISRO (índia) IRS P4 (índia) Lançamento 05/26/99 350 8 402-885
M ODIS- Terra NASA(USA) Terra (USA) Lançamento 12/18/99 250/500/1000 36 405-14385
KOMPSAT
OSMI KARI(Coréia) Lançamento 12/20/99 850 6 400-900
(Coréia)
ENVISAT-1
MERIS ESA (Europa) Lançamento 03/01/02 300/1200 15 412-1050
(Europa)
M O D IS-Aqua NASA(USA) Aqua (USA) Lançamento 05/04/02 250/500/1000 36 405-14385
Shen-Zhou-3 403-12500
CM O DIS CNSA (China) 03/25/02-09/15/02 - 400 34
(China)
HaiYang-1
CO CTS CNSA (China) Lançamento 05/15/02 1100 10 402-12500
(China)
HaiYang-1
CZI CNSA (China) 05/15/02-10/25/03 250 4 420-890
(China)
NASDA ADEOS-II
GLI 12/14/02-10/25/03 250/1000 36 375-12500
(Japão) (Japão)
CNES ADEOS-II 443-910
Polder-2 12/14/02-10/25/03 6000 9
(Europa) (Japão)
metros 26 e 27 (Chlor_a_2 e a_3, respectivamente), pode nos dados de sensores remotos, a informação sobre o pig
ser utilizado para extrair informação sobre a concentração mento do fitoplâncton dos efeitos de materiais inorgânicos
de clorofila a de águas Caso 1 e 2 usando os algoritmos rela em suspensão ou de matéria orgânica dissolvida (D O M ).
cionados na Tabela 12-3 (O ’ Reilly et al., 2000; Carder et al., Isto normalmente requer o uso de técnicas sofisticadas de
2002; Darecki e Stramski, 2004). Um mapa da distribuição correção atmosférica aplicadas aos dados de sensores re
de clorofila a ao longo do sul dos Estados Unidos em 23 de motos (p.ex., Ramsey et al., 1992) e de uma metodologia
novembro de 2003, obtido com o uso do algoritmo M O complexa de múltiplos componentes (p.ex., Bukata et al.,
DIS Chlor_a_2, é apresentado na Prancha Colorida 12-2. 1995). Por exemplo, Karaska et al. (2004) documentaram
o uso de dados hiperespectrais do sensor Airborne Visible/
Infelizmente, mesmo esses algoritmos às vezes têm dificuldades Infrared Imaging Spectrometer (AVIRIS) para mapear clo
de extrair informação sobre clorofila a em águas opticamen- rofila a em águas estuarinas e costeiras Caso 2 associadas ao
te complexas como as do Mar Báltico (Darecki e Stramski, Rio Neuse na Carolina do Norte.
2004). Maritorena e Siegel (2003) apresentaram uma maneira
de combinar dados da cor dos oceanos do M O D IS e do Sea Material Orgânico Dissolvido
WiFS para melhorar a informação da cobertura global diária.
A luz solar penetra na coluna d’água até uma distância
Clorofila em Águas Costeiras e Interiores: Para corpos fótica (a distância vertical da superfície d’água para 1%
d’água interiores e costeiros, é geralmente difícil separar, do nível de irradiância de subsuperfície). O fitoplâncton,
424 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Água
Tabela 12-3. Algoritmos operacionais que se baseiam em razões de bandas para o sensoriamento remoto de
abundância de fitoplâncton.
Sensor e Algoritmo Algoritmo Referências
O CTSc SeaDAS 4.3 C = 1 0 (-0,55006 + 3.497«) onde 0 ’Reilly et al., 1998
Chl_octsc Pinkerton et al., 2005
’L (520) + L (565)'
R = IoS,o
L (490)
. wn .
SeaWiFS OC2v4 C = a, +10(*o+*iR+*2 r2 +"3r3) onde 0 ’Reilly et al., 2000
SeaDAS 4.3
chl_oc2 '*„(4 9 O)1
R = loS,o onde
.* ( 5 5 5 )
SeaWiFS OC4v4 C a = 10(a« +"iR+°2r2 +*3r3 * a4R4) onde OReilly et al., 2000
SeaDAS4.3
chl_oc4
R = log,, m ax [R {443), R (490), (510)]
clilora
*(555)
a = [0,366, -3,067,1,930, -0,649, -1,532]
R = log„
*(5 6 0 )
m ax[Lwn(443), Z J 4 6 0 ) , 1^(520)]
R = l°g „
* (545)
dentro da profundidade fótica na coluna d’água, consome luna d’água é excepcionalmente clara é possível ver feições
nutrientes e os converte em matéria orgânica via fotossín- de subsuperfície até uma profundidade de 10 - 30 m com
tese. Isto é a chamada produção prim ária. O zooplâncton a utilização desses comprimentos de onda.
consome o fitoplâncton e cria matéria orgânica. O bac-
terioplâncton decompõe essa matéria orgânica. Toda essa O mapeamento batimétrico na porção de 0,44 —0,54 pm
conversão introduz matéria orgânica dissolvida (DO M ) em do espectro requer que a água esteja livre de constituintes
corpos d água oceânicos, costeiros e interiores. Em certos orgânicos e inorgânicos, como clorofila e sedimentos em
casos, pode existir matéria orgânica dissolvida na água em suspensão, que causariam espalhamento e/ou absorção,
quantidade suficiente para reduzir a penetração da luz na obscurecendo a topografia do fundo. Entretanto, como
coluna d’água (Bukata et al., 1995). demonstrado em Cozumel, México (Figura 12-4), mesmo
os comprimentos de onda do verde e vermelho são úteis
A decomposição das células de fitoplâncton produz dióxi para penetração na água quando a água é clara.
do de carbono, nitrogênio inorgânico, enxofre e compos
tos de fósforo. Q uanto mais produtivo for o fitoplâncton, Mas o que acontece quando a água não é clara? Talvez a
maior será a liberação da matéria orgânica dissolvida. porção azul-verde do espectro possa não ser a ideal para usar
Além disso, substâncias húmicas podem ser produzidas. se a água contém sedimentos em suspensão. Legleiter et al.
Frequentemente, elas têm uma aparência amarelada e re (2004) documentaram os efeitos da profundidade da água
presentam um importante pigmento na coluna d’água a dos canais sobre a reflectância (Figura 12-11). Observaram
se considerar. Essas substâncias húmicas dissolvidas são que em comprimentos de onda <560 nm, a reflectância
chamadas de substância am arela ou Gelbstojfe e podem: 1) do substrato do fundo aumentou quando a profundidade
afetar a absorção e espalhamento da luz na coluna d’água, aumentou de 5 para 80 cm. De forma oposta, quando a
e 2) alterar a cor da água. profundidade aumentou, a reflectância medida no verme
lho e particularmente no infravermelho próximo diminuiu
Existem outras fontes de matéria orgânica dissolvida, além devido à forte absorção pela água, conforme discutido an
do fitoplâncton. Por exemplo, a cor amarelo-amarronzada da teriormente. Um ponto de cruzamento de igual reflectância
água em muitos rios no norte dos Estados Unidos é produ para todas as profundidades separou os regimes dominados
zida pelas altas concentrações de taninos presentes na Tsuga por espalhamento e absorção (Legleiter et al., 2004).
canadensis e em várias outras espécies de árvores e plantas nes
sas áreas (Hoffer, 1978). Esses taninos podem criar problemas Com base nesses resultados, Legleiter et al. (2004) observa
para o sensoriamento remoto de corpos d água interiores. ram que o log natural da razão simples de duas bandas de da
dos hiperespectrais, centradas em 560 nm e 690 nm, foi bem
Penetração na Água e Batimetria correlacionado com a profundidade da água do canal (wd):
L(560)
O mapeamento batimétrico pode ser executado usando sis In ( 12- 6)
temas ópticos passivos (p.ex., fotografias aéreas) ou ativos 1(691)
de sensoriamento remoto. Os levantamentos mais precisos
em áreas geograficamente extensas são muitas vezes feitos sob uma ampla variação de condições de corrente (R2 = 0,79).
usando SO N A R (que reflete ondas de som do fundo) e Essa técnica superou o método de transformação linear usado
LIDA R (que reflete a luz laser do fundo). em estudos históricos de mapeamento batimétrico em águas
rasas costeiras com sensoriamento remoto. Posteriormente,
Mapeamento Batimétrico Usando Sensoriamento Re Legleiter e Roberts (2005) estudaram os efeitos da morfolo-
moto Óptico Passivo gia do canal e da resolução espacial do sensor nas estimativas
de profundidade usando as mesmas razões de bandas. Lafon
Os melhores comprimentos de onda para obter informa et al. (2002) verificaram que medidas batimétricas precisas
ção batimétrica (de profundidade) são os de aproximada em águas de ondas interiores do Caso II podem ser feitas
mente 0,44 a 0,54 |im, baseado na Figura 12-3. De fato, os usando dados multiespectrais do SPOT, se os dados forem
cientistas da Kodak, Inc., desenvolveram um filme especial calibrados usando medidas in situ de profundidade.
de penetração na água na década de 1970 que era sensível
ao intervalo de comprimento de onda de 0,44 —0,54 pm Ao se conduzirem levantamentos batimétricos usando
após filtragem. Essa informação foi também usada durante técnicas fotogramétricas, é importante levar em con
a especificação da banda do azul (0,45 - 0,52 pm) do sis sideração o fato de que a luz do Sol é desviada do seu
tema sensor Landsat Thematic Mapper, que é frequente verdadeiro curso tanto na atmosfera, como no corpo
mente chamada de banda de penetração na água. Se a co- d’água. Consequentemente, a informação batimétrica (z)
426 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Água
Efeitos da Profundidade da Á gua sobre a pelo transdutor. O tempo entre o envio e o retorno do
Reflectância de um Canal eco pode ser então utilizado para determinar precisamente
0,016 a profundidade. Existem três principais tipos de sistemas
feição de c /■
5 cm ✓ SO N A R (NOAA C SC , 2006):
0,014 - ----5 cm profundidade absorção do /
----20 cm perifíton em j
^ 0,012 - — 30 cm 675 nm j - • SO N A R de feixe único;
......50 cm
-5- 0,01 ......65 cm i í \
— 80 cm il,'\ \
• SO N A R de múltiplos feixes;
II. \ \
dTJ 0,008
<C / \ ... \20 cm / • SO N A R de varredura lateral.
O /y ponto de V-V- ; \ \
cc 0,006 80 cm/< v cruzamento v' \\
cá 3 cm ^- ^ \ \ \ '>30 c m / O SONAR de feixe único usa um transdutor que emite um
0,004 "”" único pulso de som na coluna d’água em intervalos espe
Substrato com Perifíton 3 0 rm
0,002 Concentração de sedimentos = 2mg/l
cíficos numa estreita área de cobertura acústica (footprint)
Velocidade do vento 5m/s 80 cm (Figura 12-12). A onda sonora é refletida pelo fundo mari
0 _______ 1_______ L_ i 1 l 1 1 ~~~
nho (ou por peixes!) e o retorno é captado pelo transdutor
400 450 500 550 600 650 700 750 800
(NOAA C SC, 2006). Os dados do SO N A R de feixe único
Comprimento de Onda (nm)
são coletados ao longo de linhas ou perfis e tipicamente não
Figura 12-11 Os efeitos da profundidade da água sobre a reflectân podem fornecer cobertura contínua do fundo. A resolução
cia de um riacho. O substrato do fundo desse canal de saída dos dados é determinada pelo tamanho do footprint
esteve coberto com Perifíton (uma complexa matriz acústico, pelo intervalo de amostragem, pela velocidade da
de algas e microrganismos heterotróficos presos ao amostragem e pela distância entre os perfis. Os sensores de
material submerso em quase todos os ecossistemas
feixe único podem coletar dados batimétricos ou ser calibra
aquáticos), que tem uma forte feição de absorção
dos para identificar habitat marinho, peixes ou sedimentos
em 675 nm. A água do riacho continha aproxima
damente 2 mg/l de sedimentos em suspensão. Ob de subsuperfície. Muitos sistemas são projetados para serem
serve que quando a profundidade da água aumentou facilmente transportados e usados em pequenos botes que
de 5 para 80 cm, a reflectância da coluna d’água no possam acessar áreas rasas. A pesca recreativa usa sistemas
vermelho e no infravermelho próximo diminuiu. De SONARES de feixe único relativamente baratos.
forma oposta, quando a profundidade da água au
mentou, a reflectância aumentou em comprimentos
O SONAR de feixes múltiplos fornece aos usuários dois tipos
de onda < 560 nm. Um ponto de cruzamento ocor
de dados: batimétrico (profundidade) e “retroespalhamen-
reu em aproximadamente 560 nm (Legleiter et al.,
2004; reproduzido com a permissão da Elsevier). to acústico” (Gardner, 2002). Eles podem ser usados em
águas extremamente profundas (até 11000 m). Esses sen
sores emitem múltiplos pulsos sonoros (feixes) que cobrem
na imagem pode não estar em sua posição planimétrica amplas faixas sobrepostas do fundo marinho, possibilitando
apropriada (x,y). Desta forma, o índice de refração, pre sua cobertura contínua. Os sinais retroespalhados podem ser
viamente discutido no Capítulo 2, deve ser levado em usados para mapeamento de habitat ou de feições na água.
consideração quando os métodos de sensoriamento re
moto forem usados para fazer mapeamento batimétrico. Tipicamente, os sensores acústicos de feixes múltiplos são
montados em navios. O sonar envia um fluxo de energia
Mapeamento Batimétrico Usando SONAR Ativo sonora em direção ao fundo e depois registra o som re
fletido por meio de um conjunto de receptores estreitos
O acrônimo SO N A R (SOund, NAvigation and Ranging — posicionados em diferentes ângulos (Figura 12-12). Ele
Navegação e Medição de Distância pelo Som) é um termo pode detectar feições muito pequenas, como por exemplo,
americano que foi primeiramente usado na segunda guerra de um metro, e localizá-las num raio de um metro de sua
mundial. Os britânicos chamam o SO N A R de A SD ICS localização geográfica verdadeira (NOAA Office o f Coast
(Anti-Submarine Detection Investigation Comittee). A Survey, 2006). Por exemplo, a eco-sonda de feixes múlti
tecnologia SO N A R pode ser usada para coletar medidas plos Kongsberg EM 3002 tem uma frequência nominal
do fundo marinho. Quando o SO N A R ativo é usado para de 300 kFlz com uma cobertura angular abaixo do navio
medir a distância até o fundo, ele é conhecido como eco- de > 200° e até 508 sondagens acústicas por pulsos (pings)
sondagem. Dispositivos de eco-sondagem são usados para tão estreitos quanto 1 grau (Kongsberg, 2005). A largura
medir a profundidade da água pelo envio de um pulso de faixa obtida em um fundo plano é normalmente até
acústico via um transdutor. Os pulsos acústicos são refleti 10 vezes a profundidade da água. O espaçamento entre
dos pelo fundo marinho e os ecos refletidos são recebidos as sondagens, assim como os footprints acústicos (área de
Características Biofísicas da Superfície d’Água Detectadas por Sensoriamento Remoto 427
\
Transceptor
Matrizes^
transdutoras
j e transmissão Cobertura
transmite energia acústica e analisa o sinal de retorno (eco)
refletido pelo fundo ou por outros objetos. A intensidade
Feixe angular do eco de retorno é continuamente registrada criando uma
r r e re n rã o
acústico
“imagem” do fundo do oceano onde objetos que se desta
cam do fundo criam uma imagem escura (forte retorno) e as
sombras desses objetos são áreas claras (pouco ou nenhum
Área de coberta ra acústica
retorno). Enquanto a forma do fundo e objetos nele exis
tentes pode ser bem nítida, muitos sistemas de varredura
Figura 12-12 SONARES de feixe único e de feixes múltiplos. Um
lateral não fornecem informação sobre a profundidade. En
transceptor SONAR de feixe único envia um único
pulso de energia acústica (som) diretamente abaixo tretanto, eles podem ser enviados para operar em águas pro
do barco. A energia acústica (também conhecida fundas, de até 11000 metros de profundidade, e fornecer
como “ping”) é refletida pelo fundo (ou por qualquer dados com uma resolução de uns poucos centímetros.
outro objeto, como peixes) e é registrada pelo trans
ceptor. Assim, é possível determinar a profundidade Mapeamento Batimétrico Usando LIDAR Ativo
dos alvos com base no tempo de retorno do pulso e
no conhecimento da velocidade do som na água. O
Informação batimétrica pode ser extraída precisamente
SONAR de feixes múltiplos transmite vários feixes
por “ping” acústico (p.ex., >500) tão estreitos quanto usando sensoriamento remoto por LIDAR (Light De-
1 grau e pode rastrear o momento exato em que eles tection And Ranging) (veja Capítulo 10 para informação
atingem o fundo ou outras feições na água. sobre aplicações terrestres com LIDAR). Guenter et al.
(2000) fornecerám uma revisão detalhada sobre mapea
abrangência), podem ser ajustados para permanecerem mento batimétrico por LIDAR aerotransportado. O sis
aproximadamente constantes, fornecendo uma detecção tema Scanning Hydrographic Operational Airborne Lidar
alta e uniforme durante o processo de mapeamento. Uma Survey (SHOALS) é o mais avançado para mapeamento
imagem acústica do fundo marinho também pode ser pro batimétrico com LIDAR aerotransportado (West e Wig-
duzida a partir dos dados (Kongsberg, 2005). gins, 2000; Optech, 2006; USACE, 2006). Tipicamente,
o SH O A LS opera em uma aeronave Twin Otter ou em um
A Prancha Colorida 12-3a exibe o relevo sombreado do Lago helicóptero. O SHOALS envia simultaneamente um pulso
Tahoe, Califórnia-Nevada, obtido por batimetria. Ele foi de luz laser no infravermelho próximo (1064 nm) e um no
criado pela combinação de dados batimétricos obtidos por verde (532 nm) na direção da superfície d água (Figura 12-
um sistema SO N A R de feixes múltiplos Kongsberg (para 13) (Optech, 2006). A maior parte do pulso do infraver
profundidades > 15m) e de dados obtidos de um sistema melho próximo é absorvida pela água, conforme esperado,
LIDAR SHO ALS (para profundidades de 0 a 15 m) (Gard- mas uma certa quantidade é refletida de volta ao receptor
ner et ah, 2000; U SG S, 2006). Os dados de profundidade LIDAR (Figura 12-13). Uma porção do pulso verde de
obtidos por esta batimetria combinada foram codificados laser também é absorvida pela coluna de água, mas uma
com cores e foram submetidos à fusão com uma imagem quantidade suficiente alcança o fundo e é refletida de volta
Landsat-7 (RGB = bandas 3, 2, 1) da vizinhança. Um mapa para o receptor LIDAR. A luz verde é selecionada para a
de retroespalhamento acústico do Lago Tahoe é apresentado detecção de fundo porque compreende o comprimento de
na Prancha Colorida 12-3b. Os tons mais claros indicam su onda na região de 0,44 a 0,54 jim, que penetra águas cos
perfícies mais consolidadas, como rochas, enquanto os tons teiras típicas com atenuação mínima. Quando a luz atra
mais escuros indicam superfícies menos consolidadas, como vessa a coluna d’água e é refletida pelo fundo marinho, o
sedimentos. O terreno vizinho é uma imagem de relevo espalhamento, a absorção e a refração contribuem para li
sombreado gerada de DEM s de 10 m do USGS. Uma visão mitar a intensidade do retorno de fundo, e portanto a pro
oblíqua da batimetria é mostrada na Prancha Colorida 12- fundidade máxima de extinção do sistema. Sua máxima
3c (U SGS, 2006). O lago é alongado, com cerca de 34 km profundidade de penetração na água é de aproximadamen
de comprimento, de norte para sul (Gardner et al., 2000). te 60 m ou 2 a 3 vezes a profundidade Secchi. A profun-
428 CAPITULO 12 Sensoriamento Remoto da Água
Figura 12-13 O LIDAR aerotransportado para batimetria en • E móvel, permitindo rápida resposta em situações de
via dois pulsos de laser (infravermelho próximo e emergência.
verde) para a água no mesmo instante. O pulso do
infravermelho próximo é refletido pela superfície • Áreas extensas podem ser inventariadas rapidamente,
da água para o receptor LIDAR. O pulso do verde
propiciando vantagens econômicas.
penetra na coluna d’água. Se a água for clara o su
ficiente e sua profundidade não for muito grande,
uma porção do pulso do verde será refletida pelo O mapeamento badmétrico por LID A R e SO N A R com
substrato do fundo de volta ao receptor. A diferença plementam-se. O LIDAR é especialmente útil para ma
de tempo entre a recepção do retorno do infraver peamento badmétrico de alta resolução em ambientes de
melho próximo e do retorno do verde é usada para águas rasas, enquanto os SO N A R ES de feixe único e de
calcular a profundidade da água. A intensidade do feixes múltiplos são úteis para mapeamento badmétrico
pulso retroespalhado do LIDAR também pode ser
em águas de profundidades intermediárias e profundas.
registrada (adaptado de SHOALS, 2005).
Figura 12-14 Mapas de temperatura da superfície do mar (SST) obtidos de uma composição de três dias (dia central em 4 de março de
1999) dos dados do infravermelho termal do NOAA AVHRR. O valor mais alto de temperatura da superfície durante os
três dias foi o critério usado para a seleção dos pixels na composição, a) Esse mapa de temperatura foi ajustado para destacar
a água fria adjacente às costas da Geórgia e Carolina do Sul. b) Esse mapa foi ajustado para realçar os padrões de circulação
associados com a Corrente do Golfo. Uma composição colorida dessas imagens, que fornece informação adicional, é apre
sentada na Prancha Colorida 12-4a (cortesia da NOAA).
como demonstrado nas imagens diurnas e noturnas do in (SST) de grandes áreas oceânicas, normalmente com uma
fravermelho termal de Atlanta, GA, no Capítulo 8. resolução espacial de >1 x 1 km. Por exemplo, medidas de
SST feitas pelo NOAA AVHRR em 4 de março de 1999,
A água tem uma emissividade (e) muito próxima de 1. Des na costa sudeste dos Estados Unidos, são apresentadas na
sa forma, é possível obter medidas relativamente precisas Figura 12-14 e na Prancha Colorida 12-4a.
da temperatura de superfície da água, porque a medida de
temperatura radiante registrada pelo sensor remoto ( T J é As imagens SST exibem a água fria, adjacente às costas da Ge
aproximadamente igual à da temperatura cinética verdadei órgia e Carolina do Sul, resultante do influxo de água fria dos
ra ( Tkh) , assumindo que os efeitos da atmosfera são leva principais rios. Observe também a localização da Corrente
dos em conta. No entanto, é importante lembrar que ela é do Golfo, mais quente em sua trajetória para o norte a partir
apenas uma medida de superfície. Se existir uma mudança da Flórida. Tang et al. (2003b) examinaram 342 imagens do
significativa de temperatura a apenas alguns poucos metros infravermelho termal do NOAA AVHRR para monitorar as
abaixo da superfície (isto é, a termoclina), ela poderá não ser características de temperatura da pluma termal associada com
detectada por detectores no infravermelho termal. a primeira planta de usina nuclear da China (Daya Bay), o
maior projeto com investimento estrangeiro na China. Medi
Dois dos mais importantes instrumentos de sensoriamento das de temperatura da superfície do mar feitas pelo GOES-8
remoto no infravermelho termal usados para medir a tem têm sido reportadas como precisas em até 1,0 ° C para águas
peratura da superfície do mar são os existentes no NOAA costeiras brasileiras (Franca e Carvalho, 2004).
Advanced Very High Resolution Radiometer (AVHRR)
e no NOAA Geostationary Operational Environmental El Nino e La Nina
Satellite (G O ES). Suas características de resoluções espa
ciais, espectrais e temporais estão resumidas no Capítulo Um mapa global de temperatura da superfície do mar (SST)
7. Os dados desses dois sensores são de domínio público, é mostrado na Prancha Colorida 12-4b. Ele foi criado usan
disponíveis a um preço razoável, sendo usados largamente do dados termais diurnos/noturnos do NOAA-14 adquiri
para obter medidas da temperatura da superfície do mar dos de 9 a 13 de março de 1999. Mapas de SST como esse
430 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Água
têm sido indispensáveis no mapeamento da distribuição e Quando dados de temperatura de superfície do mar em
movimento do El Nino Southern Oscillation (ENSO). Em alta resolução espacial são necessários, é possível usar o
condições em que o fenômeno do El Nino não ocorre, ven Landsat Thematic Mapper (TM ). Por exemplo, Thomas
tos alísios sopram para o oeste no Pacífico tropical. Esses et al. (2002) usaram 23 imagens Landsat T M da banda
ventos concentram água aquecida no Pacífico oeste de tal 6 do infravermelho termal, obtidas de 1986 a 1996, para
forma que a superfície do mar torna-se cerca de 0,5 m mais monitorar a temperatura da superfície do mar ao longo da
alta próximo à Indonésia do que próximo ao Equador, na costa do Maine. Quando é necessário mapear a tempera
América do Sul. A temperatura da superfície do mar tam tura de reservatórios muito pequenos, lagos, etc., então o
bém é cerca de 8 °C mais alta no oeste. Temperaturas mais uso de sensores de infravermelho termal aerotransportados
frias são verificadas na América do Sul devido à ressurgência pode ser necessário. Um exemplo do uso de um escanea-
de água fria de níveis mais profundos. Essa água fria é rica dor multiespectral no infravermelho termal montado em
em nutrientes, criando condições para altos níveis de produ uma aeronave para mapear a temperatura da água no Rio
tividade primária e para a diversidade de ecossistemas ma Savannah foi apresentado no Capítulo 8 (Sensoriamento
rinhos e pesca. Precipitações formam-se sobre as águas mais Remoto no Infravermelho Termal).
aquecidas, e o Pacífico leste torna-se relativamente seco.
Precipitação
A cada dois a sete anos os ventos alísios diminuem nas
porções centrais e oeste do Oceano Pacífico. Quando isso
ocorre, as correntes oceânicas e os ventos da costa oeste da
América do Sul migram, trazendo água aquecida para leste, A precipitação pode ser medida operacionalmente, em
deslocando as águas frias ricas em nutrientes que normal base local ou regional, usando sensoriamento remoto ativo
mente ressurgem das profundezas no oceano. Essa invasão de micro-ondas com sensores operando fixos em superfície
de água morna quebra a cadeia alimentar marinha e as eco (são os chamados radares meteorológicos). Por exemplo,
nomias de comunidades costeiras. Os pescadores chamam existem mais de 150 sistemas do tipo Next Generation Ra
esse fenômeno de El Nino (o Menino Jesus), porque ele dar (NEXRAD) W SR-88D operando nos Estados Unidos
ocorre durante a época de Natal. Portanto, o El Nino é ca (NOAA ROC, 2005). A antena N EX R A D é envolvida em
racterizado por temperaturas oceânicas anormalmente mais uma cúpula de radar (Figura 12-15a) e emite um feixe de
altas, especialmente na porção leste equatorial do Oceano energia de micro-ondas (À, = 11,1 cm). Se a energia atinge
Pacífico. La Nina é caracterizada por temperaturas oceânicas um objeto (gota d água, floco de neve, granizo, pássaro,
anormalmente mais frias no Oceano Pacífico Equatorial. A etc.), a energia é espalhada. Uma pequena fração da energia
análise de anéis de árvores tem mostrado que essas oscilações espalhada pode dirigir-se de volta para a antena do radar.
ao sul não são novas e que têm ocorrido sistematicamente Os computadores analisam a intensidade do pulso de re
por mais de uma centena de anos (NOAA, 1999). torno (medida em decibéis, dBZ), o tempo do seu retorno
e o deslocamento de fase doppler do pulso. Esse processo
O El Nino pode ser visto em medidas da temperatura da de emitir um sinal de pulso de micro-ondas, de esperar por
superfície do mar. Por exemplo, a Prancha Colorida 12-5 qualquer sinal de retorno e então de emitir o próximo sinal
ilustra três diferentes condições de temperatura da super ocorre de forma muito rápida, em aproximadamente 1300
fície do mar para meses de dezembro selecionados: a La vezes em cada segundo. O alcance máximo do radar é de
Nina em 1988, um mês normal em 1990 e um El Nino aproximadamente 400 quilômetros.
em 1997. Esses mapas foram obtidos da análise conjunta
de dados do infravermelho termal de satélite e de medidas O NEXRAD opera em dois modos: o modo ar claro e o
de temperatura diárias enviadas por telemetria, feitas por modo precipitação. No modo Ar Claro, ele produz uma
bóias da NO AA estrategicamente dispostas no Oceano imagem atualizada a cada 10 ou 11 minutos. N o modo
Pacífico Equatorial (Reynolds e Smith, 1994). Esse é um Precipitação, ele produz uma imagem atualizada a cada 6
bom exemplo da utilidade de usar ambos - medidas in situ minutos. Em ambos os modos, o importante a observar é o
e sensoriamento remoto - para melhorar a precisão de um nível de refledvidade medida em dBZ. Quanto mais forte
produto. Infelizmente, a despeito da nossa habilidade para for o retorno, maior será o dBZ. N o modo Ar Claro, a es
medir precisamente a temperatura da superfície do mar cala pode atingir valores muito baixos, como -28, em que
do evento El Nino Southern Oscillation, uma quantidade é possível ocasionalmente detectar poeira ou pólen no ar.
substancial de vidas e propriedades ainda é perdida quan No modo Precipitação, a escala pode atingir valores muito
do ele ocorre, principalmente devido à pobre prevenção altos, como 75, o que indica condições severas de tempo.
feita pelas autoridades locais (Suplee, 1999). Dados do in A informação sobre a refletividade é usada para gerar ma
fravermelho termal do A ST ER e do M O D IS também são pas de precipitação. Por exemplo, a Figura 12-15b mostra
úteis para monitorar a temperatura de superfície da água. um mapa de precipitação na Carolina do Sul, obtido em
Precipitação 431
a. Antena do radar meteorológico denomi b. Mapa de precipitação da Carolina do Sul, obtido do NEXRAD
nado Next Generation Radar (NEXRAD). em 30 de julho de 2005, às 21 horas.
Figura 12-15 a) Uma antena de 8,5 m de diâmetro do radar meteorológico Next Generation Radar (NEXRAD) é colocada em uma cúpula
esférica de 9,1 m de diâmetro situada numa torre de 30,5 m. No modo Precipitação, o volume de varredura do radar com
preende 11 escaneamentos completos de 360° em nove ângulos de elevação distintos (entre 0,5° e 19,5° acima do horizonte
local). Os dados do NEXRAD são atualizados a cada 6 minutos quando o radar opera no modo Precipitação, b) Mapa de
precipitação por refletividade da Carolina do Sul gerado pelo NEXRAD em Colúmbia, SC, em 30 de julho de 2005, com
o radar no modo Precipitação. Os dados de refletividade foram processados para realçar a precipitação associada a uma tem
pestade severa deslocando-se de oeste para leste. As áreas em branco indicam intensa precipitação.
Os denominados “National Weather Service Forecast Offi- Os primeiros métodos de estimativa de precipitação base
ces” usam os sistemas NEXRAD W SR-88D para fornecer avam-se na hipótese de que o brilho da luz solar refletida
informação em tempo real sobre a localização de tormentas pelas nuvens, nas porções do visível e do infravermelho
perigosas e sobre a quantidade de precipitação. Nos Estados próximo do espectro poderia dar uma indicação de sua es
Unidos, o Weather Channel usa a informação do NEXRAD pessura e, portanto, da probabilidade de trazer chuva con
para fornecer previsões de tempo locais e regionais em tempo sigo. Infelizmente, nem todas as nuvens claras produzem
real. Sistemas similares funcionam na Europa (Bagella et al., precipitação. De forma similar, a temperatura do topo das
2005). O Brasil também dispõe de alguns sistemas similares. nuvens foi usada para estimar precipitação. Geralmente,
quanto mais frio for o topo da nuvem, maior será a proba
Infelizmente, a maioria da superfície continental do mundo bilidade de precipitação. Infelizmente, nem todas as nu
não faz uso dos radares meteorológicos ou mesmo de redes vens com topo frio produzem precipitação. Apesar disso,
de pluviômetros, e não o fará em um futuro próximo. Os sa algumas técnicas muito úteis para estimativa de precipita
télites meteorológicos são os únicos sistemas capazes de ad ção foram desenvolvidas com dados do visível e do infra
quirir dados de precipitação em extensas áreas. Felizmente, vermelho próximo, incluindo: 1) duas estimativas diárias
agora é possível monitorar determinados continentes de for da radiação de ondas longas emergentes usando os senso
ma contínua por uma pequena fração do custo de uma rede res de órbita polar do infravermelho a bordo do AVFiRR
de observação de campo de densidade espacial equivalente para estimar precipitações mensais, e 2) um índice deno
(Smith et al., 2004). Infelizmente, ao invés de medir direta minado G O E S Precipitation Index (GPI), que se baseia
mente a precipitação usando um pluviômetro, métodos de na análise de dados do infravermelho termal, classificando
sensoriamento remoto baseiam-se em dados indiretos de re- os pixels como “chuvosos” numa taxa de 3 mm hr'1 se a
flectância das nuvens, temperatura do topo das nuvens e/ou temperatura do topo das nuvens for <235 K. O GPI já
da presença de precipitação de neve e granizo para estimar a foi o produto climatológico de precipitação padrão, que
taxa de precipitação pluviométrica na superfície. fornecia um registro de precipitação em escala climática
432 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Água
Figura 12-16 Cobertura da aquisição de dados orbitais pelo Tropical Rainfall Measurement Mission (TRM M) Microwave Imager (TMI)
em 9 de março de 1998. Observe que o ângulo de inclinação de 35° obtém boa cobertura das porções tropicais e subtropicais
da Terra. Um sistema frontal intenso está sobre o sul da Flórida. Favor também observar a Prancha Colorida 12-6a (cortesia
da NASA GoddardTRM M Office e da Japan National Space Development Agency).
nos trópicos e subtrópicos. Algoritmos têm sido desenvol (TRM M ) (TRM M , 2006). O satélite está em uma órbita
vidos utilizando múltiplas imagens obtidas ao longo do de 350 km com uma inclinação de 35°. O T R M M porta
tempo para refinar as estimativas de chuva. cinco instrumentos a bordo: o Precipitation Radar (PR),
T R M M Microwave Imager (TM I), Visible Infrared Scan
Técnicas de Micro-ondas Ativas e Passivas ner (VIRS), Lightning Imaging Sensor (LIS) e o Clouds
and Earths Radiant Energy System (CERES).
Um marco na estimativa de taxa de precipitação por sa O TRM M Microwave Imager (TMI) é um sensor passivo de
télite foi o desenvolvimento de instrumentos de sensoria micro-ondas projetado para fornecer informação quantitativa
mento remoto de micro-ondas que respondiam de forma sobre o volume de precipitação integrada na coluna em uma
fisicamente mais direta à presença de partículas de água e/ faixa de 780 km de largura. E mais adequado para estimar
ou gelo no interior das nuvens, permanecendo não-sensí- chuvas sobre oceanos, onde esses dados são necessários para
veis às nuvens que não gerassem precipitação imediata. O verificação de modelos climáticos. Ele mede a intensidade
primeiro “Special Sensor Microwave Imager (SSM /I)” foi da radiação em cinco frequências: 10,7 (45 km de resolução
lançado em 1987 e incluía um canal de alta frequência em espacial); 19,4; 21,3; 37 e 85,5 GHz (5 km de resolução es
85,5 GHz. Basicamente, partículas do tamanho de gelo e pacial). Ele tem polarização dual em quatro das frequências.
grandes gotas de chuva reduzem significantemente a emis- A frequência de 10,7 GHz fornece uma resposta mais linear
sividade da nuvem e, portanto, diminuem sua temperatura para altas taxas de precipitação - comuns em chuvas tropicais.
de brilho abaixo de um nível nominal de referência (back- Uma imagem composta de todas as trajetórias orbitais do
ground). Isso possibilita o cálculo da estimativa de precipi TRM M Microwave Imager em 9 de março de 1998 é apre
tação. Esse sensor podia distinguir a chuva no continente sentada na Figura 12-16 e na Prancha Colorida 12-6a. O b
com razoável consistência com 1 5 x 1 5 km de resolução serve a intensa linha de tempestades sobre o sul da Flórida.
espacial (Atlas et ah, 2005). O SSM /I tem fornecido esti
mativas de precipitações globais desde 1987. O T RM M Precipitation Radar (PR), o primeiro no espaço,
mede a distribuição tridimensional da chuva sobre o con
O marco mais importante na estimativa de precipitação tinente e os oceanos. Ele define a profundidade da camada
(especialmente para regiões tropicais e subtropicais) foi o de precipitação e fornece informação sobre a chuva que está
lançamento, pela NASA e pela National Space Develop realmente atingindo a superfície, que é usada para deter
ment Agency (NASDA) do Japão em 27 de novembro de minar o calor latente da atmosfera (TR M M , 2006). Sen
1997, do satélite Tropical Rainfall Measurement Mission sores passivos de micro-ondas têm dificuldade para medir
Aerossóis e Nuvens 433
chuvas sobre o continente (discutido no Capítulo 9), en Em particular, a missão proposta denom inada “ Inter
quanto o radar de varredura operando em 13,8 GH z (HH) national Global Precipitation M easurem ent (G P M )” ,
fornece dados de precipitação precisos sobre o continente que consiste de um a constelação de oito ou mais satéli
com resolução espacial de 4,3 km ao nadir e numa faixa de tes, poderá fornecer amostragem de precipitação de três
imageamento de 220 km de largura. Os dados do T R M M em três horas aproxim adam ente para qualquer parte da
Precipitation Radar sobre a Flórida, obtidos em 9 de mar Terra em aproxim adam ente 90% do tçm po (Smith et
ço de 1998, são mostrados como uma imagem oblíqua na al., 2004; Atlas et al., 2005). Um desses satélites, inti
Prancha Colorida 12-6b e como uma seção transversal ao tulado G P M Core, será sim ilar ao satélite T R M M . O
longo da trajetória na Prancha Colorida 12-6c. A seção G PM Core terá em sua carga útil dois instrum entos de
transversal fornece uma significativa quantidade de infor m edição de chuva:
mação sobre precipitação e altura de nuvens. Gabella et al.
(2005) verificaram que as estimativas do T R M M Precipita • um radar de precipitação de frequência dual (banda
tion Radar apresentaram boa concordância com medidas de Ka/Ku), denominado de DPR, e
precipitação feitas por radares terrestres. Atlas et al. (2005)
ressaltaram que as estimativas de precipitação do TRM M • um radiômetro passivo de micro-ondas de chuva,
Precipitation Radar e do Special Sensor Microwave/Imager avançado, multicanal e de abertura larga, denominado
(SSM /I) forneceram excelente informação de precipitação de GPM Microwave Imager (GMI).
para uso em análise de furacões e previsão de tempo.
Esse esforço é primariamente um resultado do Earth
O T R M M Visible Infrared Scanner (VIRS) fornece infor Observation Sum mit (EO S), realizado em julho de 2003
mação em alta resolução sobre a cobertura de nuvens e em Washington, D .C ., onde mais de 30 nações estive
sobre o tipo e temperatura do topo de nuvens. Ele é um ram reunidas para discutir desafios ambientais globais e
radiômetro de varredura transversal de cinco canais ope econômicos. Com o um dos resultados do E O S Summit,
rando em 0,63; 1,6; 3,75; 10,80 e 12 pm. Ele obtém da foi estabelecido um Grupo ad hòc de Observação da
dos de 2,1 km ao nadir com uma faixa de imageamento de Terra para preparar um plano de implementação de 10
aproximadamente 720 km. anos para um Sistema de Observação da Terra co-orde-
nado e sustentável.
O T R M M Lightning Imaging Sensor (LIS) mede a inci
dência global de raios usando um sistema de sensoriamento A missão Global Precipitation Measurement será prova
remoto óptico operando em 0,777 pm com uma resolução velmente lançada em 2013. A resolução espacial do GM I
espacial de 5 x 5 km ao nadir e uma faixa de imageamento excederá aquela de qualquer radiômetro de micro-ondas
de 590 km. O Clouds and Earths Radiant Energy System presente ou planejado, incluindo o novo radiômetro Coni-
(CERES) é um sensor que opera no visível e infraverme cal-scanning Microwave Image-Sounder (CM IS), em de
lho, projetado especialmente para medir energia radiativa senvolvimento pela NOAA Polar Orbiter Environmental
refletida e emitida pela superfície da Terra e pela atmosfera Satellite System (N PO ESS) (Smith et al., 2004).
e seus constituintes (p.ex., nuvens e aerossóis). E um radi
ômetro de varredura de bandas largas que opera na faixa Aerossóis e Nuvens
espectral total de 0,3 a 5,0 pm e de 8,0 a 12,0 pm.
M elhores dados de precipitação gerados por m icro a distribuição da cobertura do solo, incluindo a estru
ondas serão provavelmente disponibilizados no futuro. tura do dossel da vegetação.
434 CAPÍTULO 12 Sensoriamento Remoto da Água
Figura 12-17 Exemplos de imagens do GOES-Leste e do GOES-Oeste dos Estados Unidos e de porções da América Central, obtidas em
17 de abril de 1998 (cortesia da NOAA).
436 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Água
Figura 12-19 a) Imagem AVHRR da banda 1 (0,58 - 0,68 pm) do visível, obtida em 25 de agosto de 1992, às 20:20 UT, mostrando o desloca
mento do furacão Andrew na direção de Louisiana. A altura aparente da perspectiva na área do furacão é inversamente proporcional
à temperatura das nuvens observada na banda 5 (11,5 - 12,5 pm). b) Dados do infravermelho próximo da banda 2 do AVHRR
(0,725 - 1,10 pm) (cortesia de F. Hasler, K. Palaniapan, M. Manyin e H. Pierce, NASA Goddard Space Flight Center).
pios, as imagens do visível (banda 1; 0,58 - 0,68 pm) e do compreensão e previsão dos processos meteorológicos mais
infravermelho próximo (banda 2; 0,725 — 1,10 pm) foram importantes, desde a convecção até a formação de nuvens e
sobrepostas à informação de altura de nuvens obtida dos da precipitação, e dos fortes temporais resultantes (Wulfmeyer
dos do infravermelho termal (banda 5; 11,5 —12,5 pm). et al., 2005). É possível mapear o vapor d’água medindo as
bandas de absorção de vapor d’água. Vários comprimentos
O TRM M Visible Infrared Scanner (VIRS), lançado em de onda podem ser usados, mas um dos mais comuns está
1997, fornece informação sobre o tipo de nuvem e a tempe centrado ao redor de 6,7 pm. O M ETEO SA T 1, lançado
ratura do topo das nuvens usando um radiômetro de cinco em 1978 pela Agência Espacial Européia, foi o primeiro
canais de varredura transversal à trajetória do satélite. O sen satélite geoestacionário a obter imagens de vapor d’água
sor Terra M ISR coleta informação somente nas porções do da troposfera na região de 6,7 pm em complemento às
visível e do infravermelho próximo do espectro, enquanto imagens do visível e do infravermelho (10 — 12 pm). O
o sensor Terra Clouds and Earths Radiant Energy System M ETEO SA T 4 coleta informação de vapor d’água na re
(CERES) obtém dados em apenas um ângulo de visada, mas gião espectral de 5,1 —7,1 pm (Ameur et al., 2004).
em todo o espectro solar. O sensor CERES mede a energia
no topo da atmosfera, e também estima os níveis de energia Os sensores G O E S rotineiramente fornecem imagens de
na atmosfera e na superfície da Terra. Mede a radiação de vapor d’água obtidas na região de 6,7 pm. Nesse compri
onda curta refletida (0,3 a 5 pm), a radiação de onda longa mento de onda, a maior parte da radiação medida pelo
emitida (8 a 12 pm), e a energia total emergente da Terra satélite vem da camada atmosférica entre 300 e 600 km,
(0,3 pm a além de 100 pm). Ele também determina as pro isto é, das camadas intermediárias da troposfera. As Figu
priedades das nuvens, incluindo a quantidade, a altura, a es ras 12-17e,f exibem imagens de vapor d’água do oeste e
pessura e o tamanho das partículas. Portanto, os instrumen leste dos Estados Unidos. Observe a tremenda quantidade
tos VIRS, M ISR e CERES complementam-se na coleta de de vapor d água na tormenta que se aproxima do oeste dos
informação sobre as nuvens. O M O D IS obtém informação Estados Unidos e na que sai do leste. Observe também a
sobre o topo das nuvens usando as bandas 33 - 36 na região falta de vapor d’água nessa data em torno do Hawaii e na
do infravermelho termal de 13,185 pm a 14,385 pm. porção inferior do Golfo do México, próximo a Cozumel,
México. O tempo foi muito agradável nesse dia nestas áre
Vapor cTÁgua as. A umidade relativa é provavelmente mais alta nas áreas
claras do que nas escuras em uma imagem de vapor d’água.
Áreas claras e escuras podem também indicar movimentos
ascendentes e descendentes, respectivamente.
O vapor d’água é essencial para a precipitação. N ão apenas
é o mais importante gás estufa na atmosfera (Chylek et Também é possível extrair informação sobre vapor d’água
al., 2004), como também tem um papel essencial para a na porção do infravermelho próximo do espectro, que tem
438 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Agua
várias feições atrativas para tal propósito. É uma região onde Reflectância de Nuvens e Neve
a radiação solar ainda é muito forte; e existem bandas es
pectrais dentro da faixa do infravermelho próximo onde a
interferência de outros gases da atmosfera é fraca. Na faixa de
comprimento de onda que vai de 890 a 990 nm existem três
importantes bandas de absorção de vapor d’água: uma forte
banda de absorção centrada em 942 nm e bandas mais fracas
centradas em 906 e 977 nm (Chylek et al., 2004). O MO-
DIS tem várias bandas sensíveis ao vapor d’água atmosférico
nestas regiões, incluindo as bandas 17 (890 —920 nm), 18
(931 —941 nm) e 19 (915 —965 nm). No futuro, a Agência
Espacial Européia poderá lançar o denominado Water Va-
pour Lidar Experiment in Space (WALES) usando um Lidar
de absorção diferencial (Wulfmeyer et al., 2005).
2000 com 500 x 500 m de resolução espacial (Dozier e de controlar e regular porque suas localizações são conhe
Painter, 2004). O algoritmo de mapeamento automático cidas. Um fenômeno mais comum e mais difícil de detec
de neve do M O D IS usa valores de reflectância nas bandas tar é a poluição de fonte não-pontual (NPS). A N PS é defi
4 (0,545 - 0,565 pm) e 6 (1,628 - 1,652 pm) para cal nida como a poluição que se origina de descargas urbanas,
cular o denominado M O D IS Norm alized Difference Snow construção, modificação hidrológica, silvicultura, minera
Index (Hall et al., 2002; Salomonson e Appel, 2004): ção, agricultura, fluxos de retorno de irrigação, lixo sólido,
deposição atmosférica, erosão de bancos de rios e esgotos.
(M O D IS 4 - M O D I S 6)
M O D IS N D SI = ( 12- 8) Os impactos da N PS incluem a diminuição do uso da água
(M O D IS 4 + M O D IS 6)
para recreação; redução da capacidade de armazenamento
Um pixel em uma região de floresta não-densa será mapeado de água em rios, lagos e estuários; bloqueio de condutores
como neve se o valor M O D IS N D SI for >0,4 e a reflectân de água e canais de irrigação; excessivo aporte e sedimen
cia na banda 2 do M O D IS >11%. Entretanto, se a reflec tação das águas, o que contribui para a perda do habitat de
tância da banda 4 do M O D IS for <10%, então o pixel não peixes e vida selvagem; e uma redução na qualidade estéti
será mapeado como neve mesmo se os outros critérios forem ca do ambiente aquático (Corbitt, 1990).
atingidos (Hall et al., 2002). Isso evita que pixels contendo
alvos muito escuros, como os das florestas “black spruce” Técnicas tradicionais de medidas in situ têm tido um efeito
(Picea m ariana —árvore de Natal), sejam erroneamente ma limitado na identificação e modelagem da poluição de fonte
peados como neve. Salomonson e Appel (2004) reportaram não-pontual. Os cientistas têm verificado que a integração
que a relação entre a cobertura fracional de neve e o M O D IS de dados in situ e de sensoriamento remoto com técnicas
N DSI é razoavelmente robusta quando aplicada localmente de modelagem GIS pode fornecer alguma informação útil
e sobre extensas áreas como a América do Norte. Zhou et al. sobre a qualidade da água. De fato, a coleta de dados de
(2005) destacaram a importância dos produtos de cobertura sensoriamento remoto combinada com modelagem GIS
de neve do M O D IS para modelagens hidrológicas. oferece um meio de identificar e classificar N PS potencial
em águas superficiais com um resultado final relativamen
A região de micro-ondas do espectro é promissora para ob te simples de compreensão pelo público. Schultz (1988)
ter informação importante da neve (Forster et al., 2005). apresenta exemplos de como variáveis biofísicas medidas
Dependendo do comprimento de onda, estimativas de pro por sensoriamente remoto (p.ex., declividade, solos e ca
fundidade, de água equivalente de neve e de quantidade/ racterísticas da cobertura da terra) podem ser usadas como
presença de água líquida no pacote de neve são possíveis. input para modelos hidrológicos.
Além disso, as nuvens são transparentes para a maior parte
das frequências de micro-ondas, de tal forma que o mape Um Modelo de Qualidade de Água Integrado por
amento da área da neve e de suas propriedades é possível Sensoriamento Remoto e GIS
mesmo em regiões onde nuvens são comuns e à noite (Fors
ter et al., 2005). Medidas feitas a partir de aeronave e do
Space Shuttle Synthetic Aperture Radar mostraram que o Esse breve estudo de caso avalia a degradação da qualidade
SAR pode ser usado para discriminar entre neve e glaciais da água e os impactos das descargas urbanas na bacia hidro
e também entre neve úmida e neve seca (Shi et al., 1994). gráfica de Withers Swash em Myrtle Beach, SC. Withers
Derksen et al. (2005) mostraram como os dados do sensor Swash é uma bacia urbanizada (34% impermeável) que
passivo de micro-ondas Special Sensor Microwave/Imager cobre aproximadamente 10,7 km2e inclui usos industriais,
(SSM/I) foram usados para extrair com sucesso inlorma- residenciais, comerciais, agrícolas, recreativos e terrenos sem
ção sobre água equivalente de neve no Canadá. Em geral, o uso. A bacia é dividida em duas sub-bacias (Figura 12-21 a),
sensoriamento remoto óptico usado para mapear a extensão que drenam para um lago de decantação construído para
espacial de neve (SAE —snow areai extern) tem melhor reso capturar sedimentos antes de a água adentrar para o Oce
lução espacial do que o sensoriamento remoto de micro-on ano Atlântico. Um estudo foi conduzido usando dados de
das, que pode ser usado para mapear a água equivalente de sensoriamento remoto para obter informação sobre a cober
neve (SWE —snow water equivalent) (Zhou et al., 2005). tura da terra que foi então integrada em uma base de dados
GIS com outras informações espaciais como hidrologia,
Modelagem da Qualidade de Água topografia e dados de solos. Os dados foram então analisa
dos usando o modelo de poluição denominado Agricultuml
NonPoint Source (AGNPS) para gerar previsões de qualidade
da água (USDA, 1998; Schill e Jensen, 1998).
As agências governamentais estaduais e municipais são ne
cessárias para reduzir as descargas de fontes pontuais para O modelo de qualidade de água A G N PS usa oito atri
os córregos e rios. Fontes pontuais são relativamente fáceis butos de fluxo direcional determinados pela topografia
440 CAPITULO Sensoriamento Remoto da Água
a. Hidrologia
(cfs)
b. Topografia
□ 0,0 -0,05
|— ] 0,05 -0,15
jf§ j0 ,1 5 -0,25
Ü 0,25 -0,50
f. Erosão da célula
(toneladas por acre)
c. Solos
Figura 12-21 Modelagem de poluição de fonte não-pontual usando o modelo de poluição e qualidade da água “Agricultural NonPoint
Source (AGNPS)” aplicado a duas sub-bacias. a) Hidrologia da bacia Withers Swash em Myrtle Beach, SC. A modelagem
baseou-se em células de 30 x 30 m e em uma precipitação de 68 mm em 24 horas, b) A topografia foi obtida fotogra-
metricamente e usada para extrair a informação da declividade. c) Dados dos solos foram amostrados em campo, d) As
características de cobertura da terra foram obtidas de análise de fotografias aéreas e de dados do sensor multiespectral
ATLAS, e) Fluxo concentrado de pico modelado em pés cúbicos por segundo, f) Erosão total da célula modelada em
toneladas por acre (Schill e Jensen, 1998).
Referências 441
e pelas características dos canais para dar vazão às águas Atlas, R.; Fiou, A. Y. and O. Reale, 2005, “Application of
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da (Cronshey e Theurer, 1998). Aproximadamente um Hurricane Analysis and Forecasting,” ISPRS Journal o f
terço dos parâmetros de entrada do modelo são obtidos Photogrammetry & Remote Sensing, 59:233—243.
da topografia (Figura 12-21 b). Esses parâmetros incluem
a declividade do terreno, o comprimento da declividade Avery, T. E. and G. L. Berlin, 1992, Fundamentais o f Remote
(Equação Universal de Perda de Solos (U SLE)) e a forma Sensing and Airphoto Interpretation, NY: Macmillan.
da declividade. Os atributos do solo, incluindo a erodi-
bilidade (fator K da U SLE) e a textura, foram verificados Binding, C. E., Bowers, D. G. and E. G. Mitchelson-Jacob,
por meio de amostragem de campo e de testes de pe- 2005, “Estimating Suspended Sediment Concentrations from
neiramento (Figura 12-21c). A informação da cobertura Ocean Colour Measurements in Moderately Turbid Waters:
da terra foi obtida com uma fotografia aérea infraverme- The Impact of Variable Particle scattering Properties,” Remote
lho-colorida, na escala de 1:10.000 e com dados mul- Sensing o f Environment, 94:373-383.
tiespectrais do sensor da NASA denominado “Airborne
Terrestrial Applications Sensor (ATLAS)” com 3 x 3 m Bojinski, S., Schlapfer, D., Schaepman, M., Keller, J. and
de resolução espacial (Figura 12-21 d). Desses atributos K. Itten, 2004, “Aerosol Mapping over Land with Imaging
de cobertura da terra, o número da curva SC S (relaciona Spectroscopy using Spectral Autocorrelation,” Intl. Journal o f
do com o grupo hidrológico do solo, de acordo com Soil Remote Sensing, 25(22):5025-5047.
Conservation Service, dos Estados Unidos), o coeficiente
de rugosidade de M anning, os fatores U SL E C (cultivo) e Bukata, R. P., J. H. Jerome, K. Y. Kondratyev and D. V.
P (prática), a constante de condição do solo e a demanda Pozdnyakov, 1995, Optical Properties and Remote Sensing o f
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conversão em Young et al. (1994).
Carder, K. L., Chen, F. R., Lee, Z., Hawes, S. K. and J. P.
Antes de executar o modelo, todos os dados espaciais foram Cannizzaro, 2002, MODIS Ocean Science Team Algorithm
reamostrados para células de 30 x 30 m (0,22 acre) em cada Theoretical Basis Document, Case 2 Chlorophyll a, MODIS
uma das duas sub-bacias. Um evento de tempestade foi simu Algorithm Theoretical Basis Doc. 19, Ver. 7, Greenbelt: NASA
lado usando os seguintes parâmetros: intensidade da energia GSFC, http://modis.gsfc.nasa.gov/data/atbd/atbd_modl9.pdf.
da tempestade (fator r) de 95,39, duração da tempestade de
24 horas, precipitação total igual a 68 mm e concentração Carder, J. V., Mayer, L. A. andj. E. H. Clarke, 2000, “Morphology
de nitrogênio da chuva de 0,80 ppm. Um exemplo de dois and Processes in Lake Tahoe (California-Nevada),” Geological
produtos de saída do modelo inclui o fluxo concentrado de Society o f America Bulletin, 112(5):736-746.
pico em pés cúbicos por segundo (cfs) (Figura 12021 e) e a
erosão total da célula em toneladas por acre (Figura 12-21 f). Choi, H. and R. Bindschadler, 2004, “Cloud Detection in
Os resultados do modelo foram comparados com medidas Landsat Imagery of Ice Sheets using Shadow MatchingTechnique
in situ e usados para localizar áreas com aporte crescente de and Automatic Normalized Difference Snow Index Threshold
sedimentos e perda de nutrientes, como também para indicar Value,” Remote Sensing o f Environment, 91:237—242
a extensão espacial do transporte de nutrientes e sedimentos,
deposição e acumulação. Essa informação tem sido usada Chylek, P., Clodius, W. B., Bender, S. C., Atkins, W. H. and
para alocar espacialmente interceptadores ou filtros (“buffer L. K. Balick, 2004, Sensitivity of Near Infrared Total Water
strips”) e determinar outras formas melhores de práticas de Vapour Estimate to Calibration Errors,” Intl. Journal o f
manejo (BMPs - best management practices). King et al. Remote Sensing, 25(21 ):4457—4470.
(2005) discutiram o uso de inputs de uso da terra a partir de
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Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana
A
s paisagens urbanas são compostas por um conjunto diversificado de materiais
(concreto, asfalto, metal, plástico, telhas de madeira, vidro, água, grama, vegeta
ção arbustiva, árvores e solo) dispostos de maneira complexa pelo Homem para
a construção de habitação, sistemas de transporte, estabelecimentos de comér
cio e serviços, instalações industriais e áreas recreacionais (p.ex., Small, 2004).
Certamente, o objetivo dessas construções é melhorar a qualidade de vida. Em
muitos casos, a urbanização se dá em um ritmo assustador (p.ex., Auch et al.,
2004), frequentemente desprovida de um desenvolvimento planejado (denomi
nado dispersão urbana, ou, em inglês, urban sprawí) (Clapham, 2003; Wilson
et al., 2003a). Um número significativo de profissionais, instituições públicas e
cientistas demandam constantemente informações atualizadas sobre a infraes-
trututa urbana e periurbana (Carlson, 2003; Herold et al., 2003, 2004). A título
exemplificativo, informações urbanas detalhadas são solicitadas por:
Dados de Cobertura
Estrutura da Terra/
Básica da Terra
a.
Figura 13-1 a) Base Nacional de Dados Espaciais - Dados de estrutura básica, temáticos e outros (após FCjDC, 2006). b) Bancos de
dados selecionados da base de dados espaciais da Carolina do Sul (consultar a Prancha Colorida 13-1).
1. limpeza do terreno (parcial ou completa) temporal como aquelas que lidam com fenômenos de ele
vado dinamismo como a vegetação, cujo ciclo vital pode se
2. loteamento (i.e., levantamento topográfico e dar em uma única estação do ano. Por essas razões, a maior
demarcação de lotes) parte das aplicações urbanas (exceto estudos de transporte
e tráfego, e emergências) requer que as imagens de sensores
3. sistema viário (ruas de terra ou pavimentadas) remotos sejam adquiridas apenas uma vez por ano, aproxi
madamente. As características orbitais do satélite e a latitude
4. construções (presença ou ausência) da área de estudo também impactam o cronograma de re
visita. Os dados de sensores remotos podem ser adquiridos
5. paisagismo (parcial ou completo). sob demanda a partir de aeronaves suborbitais (aviões, heli
cópteros) se as condições de tempo permitirem.
O desenvolvimento de residências unifamiliares em San
Diego, CA, apresenta um ciclo similar (Figuras 13-3bc). E Finalmente, a resolução temporal também pode se referir
imperativo que o analista de imagens de sensores remotos à frequência com que os gestores do solo urbano requerem
entenda o ciclo de desenvolvimento temporal do fenôme certo tipo de informação. Por exemplo, órgãos de planeja
no urbano em análise. Caso contrário, erros crassos e cus mento local podem necessitar de estimativas populacionais
tosos de interpretação de imagem podem ser feitos. precisas a cada 5-7 anos, além das estimativas fornecidas
pelos censos decenais. Os requisitos de resolução temporal
O segundo tipo de resolução temporal refere-se à periodici para muitas aplicações urbanas estão resumidas na Tabela
dade do sistema sensor remoto para a aquisição dos dados 13-1 e apresentadas de forma gráfica na Figura 13-2.
de uma paisagem urbana, p.ex., a cada 8 dias, 16 dias ou sob
encomenda. Informação atualizada é crucial para a maior Considerações sobre a Resolução Espectral
parte das aplicações urbanas. De modo geral, os sensores Urbana/Periurbana
que têm apontamento fora do nadir ou off-nadir (p.ex.,
Geo-Eye IK O N O S; DigitalGlobe QuickBird) apresentam
resoluções temporais mais elevadas do que sensores com vi Muitos analistas de imagens concordariam com o fato de
sada apenas no nadir (p.ex., Landsat Thematic Mapper). As que, quando se extrai informação urbana/periurbana a partir
aplicações urbanas normalmente não são sensíveis à escala de dados de sensores remotos, é frequentemente mais im-
448 CAPITULO 13 Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana
Considerações sobre a Resolução Urbana 449
Tabela 13-1. Relação entre os atributos urbanos/periurbanos e as resoluções mínimas de sensores remotos para o for
necimento desses dados (adaptado de Jensen e Cowen, 1999; Jensen e Hodgson, 2004; Jensen, 2005).
Requisitos Mínimos de Resolução
a. Construção de residências unifamiliares próximo a Denver, CO. O lote progride de um estágio em que o
terreno encontra-se livre de construções (etapa 1) e evolui para uma condição em que a residência encontra-
se concluída e plenamente integrada na paisagem (etapa 10). As etapas do desenvolvimento residencial
foram identificadas com base na presença ou ausência de cinco fatores principais, incluindo limpeza do ter
reno, loteamento, sistema viário, construções e paisagismo parcial ou completo (Jensen e Toll, 1983).
b. Terrenos limpos, prontos para construção e demarcados, c. Residências unifamiliares em diferentes etapas de construção. A
ladeados por ruas de terra que acompanham as curvas de nível de primeira e segunda fileiras de casas no canto superior esquerdo da
áreas íngremes, loteadas para ocupação residencial unifamiliar em imagem encontram-se em suas fundações. As casas da terceira e quar
San Diego, CA. ta fileiras já apresentam alvenaria e estão recebendo a estrutura do
telhado.
Figura 13-3 Exemplo de etapas no ciclo de desenvolvimento de residências unifamiliares em Denver, CO , e San Diego, CA. Dados de
sensores remotos podem captar o uso do solo urbano em uma das suas muitas etapas de desenvolvimento.
portante ter elevada resolução espacial (p.ex., < 5 x 5 m) do lho próximo poderá realizar essas tarefas. Obviamente, deve
que elevada resolução espectral (i.e., um grande número de haver contraste espectral suficiente entre o objeto de interesse
bandas). Por exemplo, estimativas populacionais locais base (p.ex., uma edificação) e o restante da cena (p.ex., a paisagem
adas na contagem de construções habitacionais usualmen do entorno) de forma a permitir a detecção, discriminação e
te requerem uma resolução espacial mínima de 0,25 —5 m identificação do objeto em meio ao restante da cena.
para detectarem, discriminarem e/ou identificarem o tipo de
construção individualmente. Praticamente, qualquer banda Há regiões relativamente grosseiras do espectro eletromag
na região do visível (p.ex., verde ou vermelho) ou infraverme nético que são muito úteis para a extração de certos ti-
Considerações sobre a Resolução Urbana 451
ment and Reporting Standards Committee - IRARS). Os crité A erial Photography Program —NAPP) exibiría aproxima
rios de NIIRS constituem a métrica usada pela comunidade damente 39 lp/mm e correspondería a aproximadamente
de inteligência norte-americana para caracterizar a utilidade 25 |im para o tamanho de 1 lp (1 par de linhas) na imagem.
de imagens com propósitos de inteligência (Leachtenauer et N a escala de 1:40.000, 25 pm equivalem a uma resolução
al., 1998; Logicon, 1997; Pike, 2006; FAS, 2006). Muitas em solo de 1 x 1 m para cenas de baixo contraste. Portanto,
tarefas de interpretação de imagens urbanas são semelhantes um mínimo de 1 m de resolução em solo deve ser esperado
àquelas requeridas por aplicações de inteligência. Os crité de uma missão fotogramétrica. De fato, os arquivos de or-
rios de NIIRS consistem de 10 níveis de avaliação (0 - 9) tofotos digitais produzidos pelo “Serviço de Levantamento
para um determinado tipo de imagem, estabelecidos através Geológico Americano” ( United States Geological Survey —
de uma avaliação criteriosa por analistas de imagem quali USGS) nas escalas NAPP de 1:40.000 são fornecidos com
ficados. O comitê IRARS esclarece que a resolução espacial uma resolução espacial de 1 x 1 m por meio do escanea-
(resolução medida em distância no solo) é apenas uma das mento da fotografia com um tamanho de pixel de 11 pm.
muitas medidas de interpretabilidade de uma imagem, em Light (1998) sugere que há uma relação linear geral para
bora seja uma das mais importantes (Figura 13-4). Outros fotografias aéreas de maior escala obtidas por câmeras mé
fatores, como qualidade do filme, bruma atmosférica, con tricas, i.e., uma fotografia na escala de 1:20.000 equivale a
traste, ângulo de visada e ruído, podem reduzir a habilidade uma resolução espacial de aproximadamente 0,5 x 0,5 m;
de um analista bem treinado para detectar, discriminar e uma fotografia na escala de 1:10.000 a 0,25 x 0,25 m; e
identificar objetos civis e militares em uma imagem. Se, por uma fotografia na escala de 1:5.000 a 0,125 x 0,125 m.
um lado, o uso dos critérios de NIIRS é de grande utilidade, Infelizmente, a maior parte das pessoas que utiliza dados
por outro lado, eles ainda não são considerados ótimos, uma de sensores remotos para aplicações urbanas práticas não
vez que (1) os critérios civis de N IIRS foram disponibiliza reporta suas descobertas em termos de critérios da resolu
dos apenas recentemente (Leachtenauer et al., 1998; FAS, ção média ponderada pela área - AWAR.
2006), (2) ainda não houve tempo hábil para a comunidade
civil familiarizar-se com o conceito e, consequentemente, Resolução Espacial N om inal (Resolução em D istância
(3) a comunidade civil em raríssimos casos reportou coleti no Solo)
vamente suas experiências na extração de informação urba-
na/periurbana com base no uso do sistema de NIIRS. A comunidade de usuários civis normalmente relata a utili
dade de um determinado tipo de imagem para a extração de
Resolução M édia Ponderada pela Área informação urbana com base no conceito comparativamen
te fácil de entender denominado resolução esp acial nom i
Uma figura de mérito para medir a resolução de um siste n al (também chamado de resolução em distân cia no solo).
ma de câmera analógica frequentemente usada pelos intér Por exemplo, o Landsat 7 Enhanced Thematic Mapper Plus
pretes de imagens fotogramétricas é chamada de resolução - ETM + tem seis bandas multiespectrais com resolução es
média ponderada pela área (area weighted average resolution pacial nominal de 30 x 30 m, uma banda pancromática com
—AWAR) medida em pares de linhas (Ip) por milímetro (//- 15 x 15 m e uma banda no infravermelho termal com 60 x
ne-pairs-per-milimeter —Ip/mm) (Light, 1993). Um par de li 60 m. O sensor HRV do SPO T 3 tem três bandas multies
nhas é a largura de uma barra preta e um espaço em branco, pectrais com resolução espacial nominal de 20 x 20 m e uma
conforme aparecem na resolução de alvos registrados por fo única banda pancromática com resolução de 10 x 10 m.
tografias aéreas. Juntos, eles formam um par e servem como
uma medida da qualidade da imagem para a indústria de Uma outra regra geral da resolução espacial nominal é a
câmeras aerofotogramétricas analógicas. Os cinco elementos de que é necessário um mínimo de quatro observações es
essenciais que configuram o sistema AWAR são as lentes, o paciais (p.ex., pixels) sobre um mesmo objeto urbano para
filme, o arrasto ou borramento de alvos (devido à velocida identificá-lo. Dito de outra forma, a resolução espacial do
de de deslocamento da aeronave), o movimento angular e a sensor deve ser metade da largura do menor objeto de in
resolução de revelação do filme. De igual forma, o contraste teresse. Por exemplo, para a identificação de trailers (casas
da superfície terrestre e da atmosfera na cena desempenha motorizadas) com 5 m de largura, a resolução espacial mí
um papel importante na resolução do sistema. nima da imagem, sem bruma atmosférica ou outros proble
mas, teria de ser < 2,5 x 2,5 m (Jensen e Cowen, 1999).
Os cientistas têm estudado a relação geral entre a escala
da fotografia aérea e a AWAR. Por exemplo, Light (1993, É possível discriminar a cobertura da terra “urbano/cons-
1996) documentou que, se for assumido que a superfí truído” de todos os outros tipos de cobertura da terra em
cie terrestre é uma cena de baixo contraste, uma fotografia aplicações regionais ou globais usando-se dados orbitais
obtida na escala de 1:40.000 de acordo com o “Programa de sensores remotos com resolução espacial grosseira. Por
Nacional de Levantamento Aerofotogramétrico” (N ational exemplo, Giri et al. (2005) comparou o ajuste entre o con-
Sensoriamento Remoto de Cobertura da Terra e de Uso da Terra 453
Tabela 13-2. Quatro niveis do Sistema de Classificação de sios, capítulos de livros e em manuais de agências gover
Uso da Terra/Cobertura da Terra do USGS namentais e instituições privadas [p.ex., Avery e Berlin,
para Utilização com Dados de Sensores 1992; Light (1993, 1996); Philipson, 1997; Haack et al.,
Remotos e tipos representativos de dados 1997; Jensen e Cowen, 1999; Donnay et al., 2001; Jensen
de sensoriamento remoto tipicamente usa et al., 2002; Jensen e Hodgson, 2004; Jensen, 2005; Pike,
dos para fornecer a informação.
2006 e outros]. Felizmente, sempre haverá um sistema de
Nível de Características dos Dados de sensoriamento remoto disponível capaz de obter imagens
Classificação Sensores Remotos da superfície terrestre que satisfaçam os requisitos de reso
NOAA AVHRR (1,1 x 1,1 km), M O lução dos atributos urbanos (Tabela 13-1).
DIS (250 x 250 m; 500 x 500 m), Land-
sat M SS (79 x 79 m), Thematic Mapper \ Sensoriamento Remoto de Cobertura
I
(30 x 30 m), LISS indiano (72,5 x 72,5
m; 36,25 x 36,25 m; 23,5 x 23,5 m),
SPO T Vegetation ( l x l km), CBERS-
2B C C D (20 x 20 m); RADA RS AT
(100 x 100 m), fotografia aérea em esca
K da Terra e de Uso da Terra
Tabela 3: Estrutura
ID do Lote Estrutura Descrição
10-5-100 2500 shopping center
Figura 13-5 A Associação Americana de Planejamento desenvolveu o “Padrão de Classificação Baseado na Terra” (Land-Based Classifica-
tion Standard - LBCS), que contém definições detalhadas de uso do solo urbano/periurbano. O sistema incorpora informa
ções levantadas em campo e através de técnicas de sensoriamento remoto. Esta é uma fotografia aérea com visada oblíqua de
um shopping center em Ontario, CA. Atividades e códigos de estrutura hipotéticos associados com esse lote de grande porte
são identificados. As tabelas de atributos com informação sobre a titularidade da propriedade imobiliária e a construção da
obra não são apresentadas (cortesia de American Planning Association).
dados de sensores remotos orbitais para obter informação “ Sistem a de Classificação de Uso da Terra/Cobertura
em nível de lote a respeito das cinco seguintes característi da Terra para Utilização com D ad os de Sensores Re
cas: atividade, função, propriedade, sítio, estrutura (Figura m otos” do U SG S
13-5) (American Planning Association, 2006). O sistema
fornece um código e descrição únicos para quase toda a O “Sistema de Classificação de Uso da Terra/Cobertura da
atividade de uso da terra de caráter comercial e industrial. Terra” do U SG S (Anderson et al., 1976; U SG S, 1992) foi
O LBCS não fornece informação sobre as características de especialmente concebido para ser “orientado a recursos” (co
vegetação e cobertura da terra no ambiente urbano, uma bertura da terra), em oposição a vários outros sistemas que
vez que ele se baseia nos padrões do “Com itê Federal de são “orientados a pessoas ou a atividades” (uso da terra), tais
Dados Geográficos” (Federal Geographic D ata Committeé) como o “Manual Padrão de Codificação do Uso da Terra”
nesse âmbito. Os usuários são encorajados a se manterem {StandardLand Use CodingM anual). A lógica do U SG S re
atualizados a respeito do LB C S e a utilizarem-no em estu side no fato de que, “embora houvesse a necessidade de um
dos urbanos intensivos, que requeiram códigos de classifi sistema de classificação de uso da terra orientado ao meio
cação comercial e industrial detalhados. urbano, também havia a necessidade de um sistema de cias-
Sensoriamento Remoto de Cobertura da Terra e de Uso da Terra 455
Tabela 13-3. Sistema de Classificação de Uso da Terra/ Tabela 13:4. Residencial Urbano, Comercial e Serviços -
Cobertura da Terra do USGS para Utiliza Níveis I e II do Sistema de Classificação de Uso
ção com Dados de Sensores Remotos (An- da Terra/Cobertura da Terra do USGS para Uti
derson et al., 1976). lização com Dados de Sensores Remotos. Os
Níveis III, IV e V são extensões lógicas.
Nível de Classificação
Nível de Classificação
1 Solo Urbano ou Construído
I Solo Urbano ou Construído
11 Residencial
12 Comercial e Serviços II Residencial
13 Industrial 111 Residencial Unifamiliar
14 Transporte, Comunicação e Infraestrutura 1111 Casa, casa-barco, cabana, tenda
15 Complexos Industriais e Comerciais 1112 Casa motorizada (trailer)
112 Residencial Multifamiliar
16 Uso Urbano ou Construído Misto
1121 Duplex
17 Outros Usos do Solo Urbano ou Construído
1122 Triplex
2 Terra Agrícola 1123 Complexo de apartamentos ou
21 Lavoura e Pasto Condomínio (4 ou mais unidades geminadas)
22 Pomares, Bosques, Vinícolas, Horticultura Ornamental 1124 Parque de casas motorizadas (trailers)
23 Criação de Animais Confinados (em Cativeiro) 12 Comercial e Serviços
24 Outros Usos Agrícolas 121 Comercial
1211 Automotivo (carros, caminhões, motocicletas)
3 Pastagem
12111 Venda/revenda
31 Pasto de Gramíneas 12112 Posto de abastecimento de combustível
32 Pasto de Arbustos - Capoeira 12113 Cemitério automotivo (ferro-velho)
33 Pasto Misto 12114 Serviço ou reparo
4 Florestas 1212 Barco
41 Florestas Decíduas 12121 Venda/revenda
12122 Marina
42 Florestas Perenes
12123 Serviço ou reparo
43 Florestas Mistas 1213 Hipermercado/Loja de Departamento
5 Corpos d’Agua 12131 Hipermercado ou loja de departamento
51 Rios e Canais isolada (p.ex., WalMart, Americanas)
52 Lagos 12132 Shopping center
1214 Setor Financeiro e Construção
53 Reservatórios
12141 Bancos e Serviços Financeiros
54 Baías e Estuários
12142 Seguradora
6 Terras Alagáveis 12143 Imobiliária
61 Terras Alagáveis Florestadas 12144 Construtora
62 Terras Alagáveis Não-Florestadas 1215 Alimentos e Remédios
12151 Drogaria
7 Terra Estéril 12152 Mercado
71 Salinas 12153 Restaurante
72 Praias 1216 Funeral
73 Outras Áreas Arenosas (além de Praias) 12161 Necrotério
74 Afloramento Rochoso 12162 Cemitério - mausoléu
75 Minas a Céu Aberto, Pedreiras, Jazidas de Cascalho 1217 Habitação (temporária)
76 Áreas de Transição 12171 Hotel
12172 Motel
77 Terra Estéril Mista
12173 Camping
8 Tundra 1218 Construção e Jardinagem
81 Tundra Arbustiva e Arbórea 1219 Recreação (pública e privada)
82 Tundra Rasteira 12191 Parques de diversão (p.ex., pistas de cart,
83 Tundra de Solo Exposto mini-golfe)
84 Tundra Alagável 12192 Beisebol
12193 Futebol americano/futebol/pista de corrida
85 Tundra Mista
12194 Golfe
9 Neve Perene ou Geleiras 12195 Natação
91 Campos de Neve Perenes (Regiões Polares ou 12196 Estádios (multifinalitários)
Montanhosas) 12197 Tênis
92 Geleiras 12198 Cinema (salas múltiplas e drive-in)
1220 Infraestrutura
12201 Gás - eletricidade
12202 Água - esgoto
456 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana
Tabela 13-4. Continuação Tabela 13-5. Classificação de Uso do Solo Urbano Indus
trial - Níveis I e II do Sistema de Classifica
12203 Tratamento de efluentes [sólido (p.ex.,
ção de Uso da Terra/Cobertura da Terra do
aterro sanitário) ou líquido]
USGS para Utilização com Dados de Sen
1221a Armazéns/Transporte de Cargas
sores Remotos. Os Níveis III, IV e V são
122 Serviços (Públicos e Privados)
extensões lógicas.
1221 Edifícios e Instalações Públicas
12211 Administração Nível de Classificação
12212 Educação
13 Industrial
122121 Fundamental (I a à 4a série)
131 Extração
122122 Fundamental (5a à 9a série)
1311 Dragagem
122123 Ensino médio
13111 Areia e cascalho
122124 Universidade ou faculdade
13112 Mineração de depósitos de aluvião de
12213 Bombeiro, Polícia, Resgate
ouro, platina e diamantes
12214 Academias de ginástica (fitness centers)
1312 Mineração a céu aberto por escavação (Lavra
12215 Biblioteca
em cava)
12216 Correios
13121 Cobre
12217 Parques
13122 Jazida de cascalho - pedreira
1222 Área Médica
13123 Minério de ferro
12221 Hospital
13124 Sal
12222 Consultórios e clínicas médicas
1313 Mineração subterrânea (Lavra subterrânea)
1223 Religião (igrejas e templos)
13131 Bauxita
13132 Carvão
13133 Chumbo
13134 Calcário
sificação orientado a recursos, cuja ênfase primordial seria os 1314 Mineração de superfície (Lavra em tiras ou fadas)
95% de áreas não-urbanas restantes nos Estados Unidos”. 13141 Carvão
13142 Folhelho (rocha sedimentar com grande
O sistema de classificação do U SG S foi desenvolvido para
quantidade de matéria orgânica)
ser alimentado primariamente pela interpretação de dados 1315 Poços
de sensores remotos obtidos em várias escalas e resoluções 13151 Petróleo
(Figura 13-4; Tabela 13-2) e não dados coletados em cam 13152 Gás natural
po. O sistema U SG S responde a essa necessidade com oito 13153 Água
das nove categorias do Nível 1, as quais tratam de áreas não 1316 Campos de corte
13161 Exploração madeireira por
enquadradas nas categorias urbana e área construída (Tabe desmatamento extensivo ou desbaste seletivo
las 13-3 a 13-6). O sistema de classificação foi inicialmente 1317 Pilhas de resíduos de dragagem ou escavação
concebido para incluir dados de uso da terra visualmente 132 Processamento
fotointerpretados, embora tenha sido amplamente utilizado 1321 Mecânico
13211 Refinamento de grãos
para estudos de classificação baseados em dados digitais de
13212 Alumínio
sensoriamento remoto multiespectral. 13213 Usina Hidrelétrica
13214 Concentração de minérios
Ainda que o “Sistema de Classificação de Uso da Terra/ 13215 Tratamento de esgoto
Cobertura da Terra do U SG S” não tenha sido, a princípio, 13216 Usina sucroalcooleira
elaborado exclusivamente para incorporar informações de 13217 Têxtil
13218 Serralheria
talhadas de atributos urbanos, ele tem sido, contudo, exten 13219 Tratamento e purificação de água
sivamente usado para estudos do uso do solo intraurbano 1322 Químico
por mais de duas décadas. Normalmente, isso é feito por 13221 Cloro e soda cáustica
meio do refinamento do sistema com a adição das defini 13222 Fertilizantes
ções detalhadas de classes nos Níveis III, IV e V, conforme 13223 Aterro químico
13224 Refinaria de petróleo
mostrado nas Tabelas 13-4 a 13-6. A utilidade do sistema 13225 Farmacêutica
modificado é a de que ele pode ser adaptado para incluir 13226 Magnésio e compostos
tantos níveis quantos desejados, permanecendo no entanto 13227 Têxtil (sintéticos)
compatíveis com os dados de uso e cobertura da terra dos 13228 Tratamento de madeira
Níveis I e II do sistema U SGS, compreendidos por cida 1323 Térmico
13231 Carbureto de cálcio
des, macrorregiões, estados ou países. Por exemplo, a Tabela 13232 Cimento
13-7 documenta como o “Sistema de Classificação de Uso 13233 Produtos cerâmicos
da Terra/Cobertura da Terra para Utilização com Dados de 13234 Cobre fundido
Sensores Remotos” foi modificado para incluir 22 classes 13235 Vidro
para a “Caracterização Nacional da Cobertura da Terra” 13236 Ferro e aço
13237 Chumbo
Sensoriamento Remoto de Cobertura da Terra e de Uso da Terra 457
Tabela 13-7. Sistema de Classificação de Uso da Terra/ C aracterísticas de R eflectân cia O b tid a s p o r um Es-
Cobertura da Terra do USGS para Utiliza pectrorradiôm etro em L a b o ra tó rio p a ra M ateriais
ção com Dados de Sensores Remotos U rb an os C o m u n s
modificado pela Base de Dados Nacional
de Cobertura da Terra e pelo Programa de
Análise de Mudanças Costeiras da NOAA
___________ (NOAA, 2006).________________________
Nível de Classificação
1 Corpos d’Agua
11 Aguas Marítimas
12 Geleiras/Neve
2 Terra Desenvolvida
21 Residencial de Baixa Densidade
22 Residencial de Alta Densidade
23 Comercial/Industrial/Transporte
3 Terra Estéril
31 Afloramento Rochoso/Areia/Argila
32 Pedreiras/Minas a Céu Aberto (Lavra em Cava)/
Minas de Superfície (Lavra em Tiras)
33 Áreas de Transição
4 Florestas de Terra Firme
41 Florestas Decíduas
42 Florestas Perenes Figura 13-6 Curvas de percentual de reflectância para materi
43 Florestas Mistas ais comuns encontrados em ambientes urbanos.
5 Vegetação Arbustiva Os espectros de reflectância foram obtidos em um
ambiente de laboratório controlado, usando um es-
51 Vegetação Arbustiva
pectrorradiômetro GER 1500.
6 Cobertura Vegetal Não-Natural
61 Pomares/Vinícolas, Outras
cidente nos comprimentos de onda do verde e do vermelho,
7 Vegetação Rasteira Natural/Seminatural de Terra Firme
conforme discutido no Capítulo 4. A água absorve a maior
71 Campos Naturais/ Vegetação Herbácea
parte do fluxo radiante incidente, implicando na sua apa
8 Vegetação Herbácea Plantada/Cultivada rência escura em imagens falsa-cor, facilmente diferenciável
81 Pastagem/Feno
da paisagem urbana. Composições coloridas do centro de
82 Culturas em Fileiras
Charleston, SC, com o uso de vários dos principais sistemas
83 Plantações de Cereais de Pequeno Porte
84 Pousio sensores são fornecidas no Capítulo 7.
85 Urbano/Recreação
86 Gramíneas Sensores com uma resolução espacial mínima de 5 —20 m
são geralmente necessários para obter informação do Nível
9 Terras Alagáveis
II. O sistema sensor do SPO T 5 fornece dados multiespec-
91 Florestas de Várzea
92 Planícies de Inundação trais com resolução de lO x l O m e dados pancromáticos
com 5 x 5 m. O RADARSAT fornece dados com resolução
espacial de 11 x 9 m para inventários de cobertura da terra
cinza-claro em imagens de composição colorida (bandas do nos Níveis I e II, mesmo em paisagens tropicais com a pre
visível) e falsa-cor (uso da banda do infravermelho para ca sença permanente de nuvens. O Landsat 7 ET M + possui
racterização da vegetação) porque a superfície urbana, con uma banda pancromática com resolução de 15 x 15 m.
sistindo basicamente de vias de concreto e asfalto, áreas de
estacionamento, telhas e solo exposto, reflete tipicamente Classes mais detalhadas do Nível III podem ser inven
altas parcelas do fluxo radiante incidente do verde, verme tariadas usando-se um sensor com resolução espacial de
lho e infravermelho próximo. A assinatura urbana cinza- aproximadamente 1 —5 m, como o IR S -lC D pancromá
claro contrasta fortemente com as superfícies vegetadas que tico (dados com 5,8 x 5,8 m reamostrados para 5 x 5 m);
aparecem em vermelho brilhante ou magenta em imagens fotografia aérea de grande escala; IK O N O S (1 x 1 m no
coloridas e falsa-cor, porque a vegetação reflete quantidades pancromático; 4 x 4 m no multiespectral); QuickBird
substanciais da energia na faixa do infravermelho, ao mes (0,61 x 0,61 m no pancromático; 2,44 x 2,44 m no mul
mo tempo em que absorve consideravelmente a energia in- tiespectral), OrbView 3 (1 x 1 m no pancromático; 4 x 4
Uso do Solo Residencial 459
m no multiespectral), e H R C do CBERS-2B (2,7 x 2,7 rio da localização, tipo, condição e número de residências
no pancromático). O uso sinérgico dos dados pancromá- é uma das mais importantes tarefas desempenhadas com o
ticos de alta resolução espacial (p.ex., l x l m), fusionados uso de dados de sensores remotos. A discriminação entre
com dados multiespectrais de resolução mais baixa (p.ex., os usos do solo residencial, comercial, industrial e de trans
4 x 4 m), fornece um ambiente de interpretação de ima porte do Nível II requer um sistema sensor com uma reso
gens superior ao uso de dados pancromáticos isoladamente lução espacial de 5 —20 m. A identificação das classes de
(Gamba et al., 2003; Jensen, 2005). uso do solo residencial do Nível III requer uma resolução
espacial de 1 - 5 m (Tabela 13-1; Figura 13-4).
A informação cadastral (limite de lotes e propriedades
imobiliárias em geral) e de classes do Nível IV é mais bem Antes de investigar como o uso do solo residencial apare
monitorada com o uso de sensores pancromáticos de alta ce em dados de sensores remotos, é importante apresentar
resolução espacial, incluindo os dados pancromáticos com o conceito de form a e função. Basicamente, a função de
resolução de 0,61 x 0,61 m do QuickBird, fotografias aére uma edificação frequentemente dita a sua forma. De fato,
as analógicas estereoscópicas ( < 0,25 - 1 m) e imagens de comumente se afirma que “a forma segue a função” ou “a
câmeras digitais estereoscópicas [p.ex., Leica GeoSystems forma é ditada pela função”. Por exemplo, a necessidade de
Airborne Digital Sensor A D S40 ( < 5 x 5 cm)]. abrigar uma única família normalmente resulta na criação
de uma unidade habitacional individualizada, compos
As classes urbanas de uso da terra e cobertura da terra dos ta de vários cômodos justapostos (isto não é verdade no
Níveis I ao IV possuem requisitos de atributos temporais distrito empresarial central das cidades norte-americanas,
que variam de 1 - 10 anos (Tabela 13-1 e Figura 13-2). apenas nos seus subúrbios). De forma inversa, uma indús
Todos os sensores mencionados apresentam resoluções tria que produz aço acabado requer tipicamente uma insta
temporais inferiores a 55 dias, de modo que a resolução lação ampla, linear {forma), que possa abrigar as sucessivas
temporal dos atributos de uso da terra/cobertura da terra é atividades de processamento do aço {função). Um analista
atendida pelos sistemas sensores atuais e previstos. de imagem, no entanto, deve ser cuidadoso, porque o uso
de uma edificação pode mudar ao longo do tempo. Assim,
Conforme exposto anteriormente, as paisagens urbanas o conhecimento sobre o histórico de ocupação das edifica
são notoriamente complexas (Ridd, 1995; Small, 2001, ções em uma região é de suma importância.
2004). Embora uma simples informação binária do tipo
“urbano/não-urbano” seja valiosa para determinar as ten Residências Unifamiliares versus Residências
dências de crescimento (p.ex., Prancha Colorida 13-2), ela Multifamiliares
não fornece o nível de detalhe sobre o uso da terra/cober
tura da terra necessário para decisões consistentes. Portan
to, é aconselhável o fornecimento de deçalhes adicionais Uma residência unifamiliar encontra-se separada ou desta
sobre a extração das seguintes informações de uso do solo cada de qualquer outra estrutura habitacional. Em países
urbano a partir de dados de sensores remotos: desenvolvidos, esse tipo de residência usualmente apresen
ta um único acesso para veículos, um acesso para pedestres
• habitação residencial que conduz à porta frontal, um jardim na frente, um jardim
nos fundos (normalmente delimitado por muros ou cercas),
• comércio e serviços bem como uma garagem ou vaga para carros. Geralmen
te, a residência possui no máximo três pavimentos. Várias
• atividades industriais residências unifamiliares em Richmond, CA, encontram-se
em fase de construção da estrutura do telhado na Figura
• infraestrutura de transporte 13-7a. Residências unifamiliares completamente integradas
à paisagem em Boca Raton, FE, e em San Diego, CA, são
• comunicações e outros serviços públicos/privados. apresentadas na Figura 13-7b,c. Casas motorizadas (trailers)
em países desenvolvidos são frequentemente muito menores
Uso do Solo Residencial que outras residências unifamiliares (aproximadamente 5 m
de largura e 10 m de comprimento), raramente possuem
uma garagem (mas podem apresentar uma vaga para veícu
lo), e podem ou não possuir um acesso pavimentado para
Em quase todas as culturas, o larlcasa é a posse mais im autos ou pedestres (Figura 13-7d).
portante que uma pessoa adquire ao longo de sua vida. Ele
abriga a família e normalmente representa o maior investi Em países em desenvolvimento, residências unifamiliares
mento econômico de uma unidade domiciliar. O inventá podem consistir de um edifício, um barraco/casebre, uma
460 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana
a. Várias residências unifamiliares em fase de construção da estru- b. Uma residência unifamiliar em Boca Raton, FL, com um acesso
tura do telhado em Richmond, CA (nível 1111) (cortesia de Cris para pedestres, um acesso para autos e um jardim murado nos
C. Benton). fundos (nível 1111).
c. Residências unifamiliares com pouco espaçamento entre si em d. Trailers unifamiliares (casas motorizadas) em um parque de
San Diego, CA, com um acesso para pedestres, um acesso para trailers próximo a Myrtle Beach, SC (nível 1112).
autos, e eventualmente uma pequena piscina (nível 1111).
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tenda ou uma cabana, dependendo da cultura local. Por melhor e acaba por se deparar com poucas oportunidades de
exemplo, uma habitação tradicional associada a um vilarejo emprego e carência habitacional (Da Costa e Cintra, 1999).
de pastoreio no Quênia é mostrada na Figura 13-8a. Essa Isto geralmente resulta na criação de favelas e loteamentos
moradia pode ser permanente ou temporária (sazonal). As clandestinos, nos quais inúmeras famílias residem em edifi
estruturas podem conter um único núcleo familiar ou fa cações construídas com qualquer tipo de material de refugo
mílias maiores (com vários casais). Algumas vezes, torna-se encontrado (Jensen et al., 2002). Um loteamento informal na
difícil identificar essas estruturas em países em desenvol periferia de Nairobi, Quênia, é mostrado na Figura 13-8b.
vimento, porque elas são construídas do mesmo material
presente no entorno, resultando em uma condição de baixo Usualmente, é possível determinar se uma edificação é uma
contraste do objeto com o fundo (Jensen et al., 2002). residência uni ou multifamiliar usando-se imagens com uma
resolução espacial de 1 —5 m. Algumas vezes, é necessário fu-
Em países desenvolvidos, residências multifamiliares nor sionar vários tipos de imagens, como as do Landsat Thematic
malmente possuem mais de um acesso para pedestres, po Mapper e imagens de radar para a identificação de vilarejos
dem apresentar amplas garagens coletivas no nível do solo em áreas tropicais do planeta (Haack e Slonecker, 1994).
ou subterrâneas, possuem dois ou mais pavimentos, além de
compartilharem jardins dianteiros e de fundo (Figura 13- Em numerosas ocasiões, a interpretação visual da estru
9a). Pode haver uma piscina ou quadra de tênis coletiva. tura urbana em imagens supera o desempenho de proce
Casas geminadas ou duplexes (duas unidades habitacionais dimentos digitais de classificação automática e semiau-
justapostas) e trigeminadas ou triplexes (três unidades habi tomática (Jensen, 2003). Os analistas ou intérpretes de
tacionais justapostas) comumente apresentam dois ou três imagem são capazes de considerar o sítio físico, a loca
acessos para autos e pedestres, respectivamente. Algumas lização e a associação de estruturas de forma contextual.
vezes, essas residências são dotadas de uma área de estacio Esses elementos de interpretação de imagem dificilmente
namento comum. Geralmente, é difícil determinar quan têm sido incorporados em métodos analíticos de classifi
tas famílias ocupam residências unifamiliares em países em cação digital de imagens. Apenas recentemente, sistemas
desenvolvimento. Quando há mais de três unidades habi analíticos de interpretação de imagens baseados em redes
tacionais conjuntas, a residência é usualmente denominada neurais artificiais começaram a incluir elementos funda
como edifício de apartamentos ou condomínio (Figura 13- mentais de interpretação visual nos processos de análise
9b,c). N a maioria das vezes esses complexos ocupam amplas de imagens (Jensen et al., 2001; Q iu e Jensen, 2004). Por
áreas de terreno, possuem muitos pavimentos e, em grandes exemplo, a Figura 13-10 retrata a interface gráfica asso
cidades, constituem-se em altos edifícios residenciais. ciada com um sistema de processamento digital de ima
gens baseado em redes neurais, que auxilia um intérprete
Em países em desenvolvimento, a população rural migra para de imagem a obter a classificação correta de uso e cober
a cidade na esperança de conquistar uma qualidade de vida tura da terra para uma determinada área. N o passado, o
462 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana
a. Condomínio residencial no Colorado (nível 1123). O número de b. Complexo de apartamentos de dois pavimentos em Columbia,
acessos para pedestres, acessos para autos e estruturas de telhado indi SC (nível 1123), com numerosos acessos para pedestres e circun
cam a quantidade de unidades habitacionais presentes. O conjunto no dado por áreas de estacionamento.
canto superior esquerdo é um quadriplex, e o conjunto no canto supe
rior direito é um heptaplex. Os dois conjuntos inferiores são pentaplex.
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Add Attribute to Criteria File
New Interpretation Theme
ÇollectTraining Data
Ira in the Neural Network
C fillectTe stD ata
Perform Classrfication S istem a de In terpretação de Im agem B asead o
em R edes N eurais
Figura 13-10 a) A interface do usuário de um sistema de interpretação baseado em redes neurais que assiste o analista de imagem na difícil
discriminação dos usos do solo urbano. Neste exemplo, o analista usou um recurso de digitação em tela para demarcar um
objeto de interesse desconhecido, b) O intérprete então utilizou um menu de apontamento e seleção para identificar atribu
tos primitivos dentro do objeto de interesse, tais como a existência de área(s) de estacionamento, acessos para pedestre ou
calçadas, etc. A informação empírica é transmitida à rede neural, que então compara este padrão com padrões previamente
informados (que corresponde de fato aos pesos da rede) e tenta identificar o objeto desconhecido como um complexo resi
dencial multifamiliar (Jensen et al., 2001).
intérprete tinha que confiar nas complexas e dicotômicas Infraestrutura Construtiva e Cadastral (Limites de
chaves para assisti-lo no processo de interpretação. Ago Propriedades Imobiliárias)
ra, o analista de imagem pode desenhar um polígono em
torno de um atributo da cena, como o mostrado na Figu
ra 13-10a, e então informar ao sistema as características Em adição à informação fundamental sobre a escala no
observadas no polígono de interesse usando um simples minal de diferentes classes de cobertura e uso da terra (i.e.,
menu de apontamento e seleção de itens, tal como in identificar se um objeto é uma residência unifamiliar ou
dicado na Figura 13-10b. As características podem in um edifício comercial), planejadores da área de transporte,
cluir o número de calçadas ou acessos para pedestres, a companhias de serviços públicos, assessores tributários e
presença de um acesso para veículos e/ou garagem, áreas outros requerem informações mais detalhadas sobre o pe
de estacionamento, múltiplos pavimentos, bem como o rímetro das edificações, a área, a altura, os acessos, pátios,
tamanho geral do fenômeno observado. A rede neural muros, piscinas, edifícios agregados (como armazéns, gara
então processa essas informações e devolve ao analista de gens, edículas, etc.), bem como sobre o paisagismo do en
imagem o que julga ser o código de cobertura ou uso da torno, com frequência de um a cinco anos (Tabela 13-1).
terra mais apropriado para a situação em análise. A rede
neural é treinada a partir de dados observados no mundo E possível identificar a presença de construções indivi
real e ela efetivamente aprende com eles. O sistema de dualmente, usando-se imagens monoscópicas e vários
interpretação baseado em redes neurais também pode ser elementos de interpretação de imagem, tais como tama
usado para a interpretação de outros usos do solo, in nho, forma e contexto (Tullis e Jensen, 2003; Jensen et
cluindo comércio, serviços e atividades industriais (Jen al., 2005). Entretanto, a projeção horizontal detalhada das
sen et al., 2001). N o futuro, plataformas de interpretação construções no terreno e limites de propriedade são mais
baseadas em redes neurais ou sistemas especialistas serão, bem obtidos usando-se fotografia aérea pancromática este
muito provavelmente, o meio de extração de detalhadas reoscópica ou outros dados de sensores remotos com uma
informações urbanas a partir de dados de sensoriamento resolução espacial de < 0,25 — 5 m (p.ex., Ehlers et al.,
remoto (Jensen e Hodgson, 2004). 2003). Por exemplo, fotografia aérea pancromática estere-
464 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana
a. Fotografia aérea pancromática vertical em escala 1:2.400. c. Estrutura aramada tridimensional do Capitólio, EUA, extraída a
b. Informação cadastral planimétrica (x,y) extraída a partir de fo partir de fotografia aérea vertical de grande escala, incluindo a pro
tografia aérea estereoscópica, incluindo curvas de nível (60 cm), pro jeção horizontal com precisão, a altura, a área, o perímetro e o vol
jeção das edificações, cercas, muros de contenção e árvores de grande ume dessa construção. As duas fotografias podem ser visualizadas de
porte (Jensen e Cowen, 1999). modo estereoscópico (cortesia de I.H Systems, LLC, San Diego, CA
e Marconi Integrated Systems, Inc.; © SO C E T Set).
Figura 13-11 Extração de informação cadastral a partir de fotografia aérea vertical estereoscópica, usando a) técnica tradicional, e
b,c) técnicas de fotogrametria digital (por favor, consultar o Capítulo 6). Esta informação é vital para um inventário
preciso do uso do solo residencial, comercial e industrial. Ela pode ser adquirida usando levantamento topográfico
tradicional ou técnicas de fotogrametria.
oscópica com resolução espacial de 0,25 x 0,25 m foi usada de fundo, sobre o qual informações cadastrais e tributárias
para extrair as dimensões exatas de casas individualmente, são adicionadas (Cowen e Craig, 2004).
bem como suas respectivas edículas e garagens, árvores,
piscinas, acessos para autos, muros e limites de proprie Dados detalhados sobre o volume e altura das construções
dade em uma área residencial unifamiliar, como mostrado também podem ser extraídos a partir de imagens estereos
na Figura 13-1 la,b. Em muitos casos, as cercas ou muros cópicas de alta resolução espacial (0,25 —5 m) (Capítulo 6).
correspondem aos limites de propriedade ou limites ca Como exemplo, a estrutura aramada tridimensional do Ca
dastrais. Se as cercas ou muros não forem visíveis ou não pitólio, EUA, é mostrada na Figura 13-1 lc. O perímetro,
corresponderem verdadeiramente ao limite da proprieda área, volume e projeção horizontal dessa construção estão
de, eles podem então ser identificados por um topógrafo disponíveis. Esse tipo de informação detalhada sobre uma
em campo, e essa informação ser sobreposta às ortofotos edificação permite a identificação exata do tipo de cobertura
ou mapas planimétricos da base de dados correspondente, empregada (p.ex., telhado convencional de duas águas, man
a fim de constituir o plano de informação relativo ao mapa sarda, telhado de várias águas, telhado com águas desencon
cadastral. Muitos municípios nos Estados Unidos usam tradas, laje), o que pode ser usado igualmente para inferir a
imagens de alta resolução espacial como fonte para infor data da construção (Lo e Yeung, 2002). Informações sobre a
mações cadastrais e, também, como um banco de imagens construção também podem ser obtidas a partir de imagens
Uso do Solo Residencial 465
de satélite de alta resolução espacial. Por exemplo, Fraser et dades domiciliares, baseada nas seguintes premissas (Lind-
al. (2002) constataram que as construções podem ser extraí gten, 1985; Lo, 1995; Holz, 1988; Haack et al., 1997):
das de imagens estéreo IK O N O S 1 x 1 m, com uma precisão
planimétrica de 0,3 - 0,6 m, e altimétrica de 0,5 —0,9 m. • As imagens devem ter resolução espacial suficiente
para permitir a identificação de estruturas individuais,
Características Socioeconômicas Derivadas da ainda que sob cobertura arbórea esparsa, bem como
Informação sobre as Construções Residenciais para discriminar se as estruturas são residenciais, co
Unifamiliares ou Multifamiliares merciais ou industriais.
Saber quantas pessoas vivem em uma determinada área ge Isto é normalmente executado a cada cinco ou sete anos e
ográfica ou unidade político-administrativa (p.ex., cidade, requer dados de sensoriamento remoto de alta resolução
município, estado, país) é uma informação muito valiosa espacial (0,25 —5 m). Por exemplo, unidades domiciliares
(Jensen et al., 2002). De fato, alguns sugerem que os efei individuais em Irmo, S C (Carolina do Sul), foram extraídas
tos globais resultantes do aumento da densidade popula de dados multiespectrais aerotransportados, com resolução
cional e a consequente conversão de muitos ecossistemas de de 2,5 x 2,5 m. A correlação entre os dados de unidades
cobertura da terra sejam muito mais significativos do que domiciliares derivados de sensoriamento remoto e os dados
aqueles originários de mudanças climáticas propriamente de unidades domiciliares da “Agência de Recenseamento
ditas (Skole, 1994). A inferência populacional pode ser exe Americana” (Bureau o f the Census) para uma área contendo
cutada em nível local, regional e nacional, com base em: 32 distritos censitários forneceu um R2 = 0,81, que respon
deu por 81% da variância. Essas constatações sugerem que
• contagem individual de unidades domiciliares (o que os novos sensores pancromáticos de alta resolução espacial
requer resolução espacial nominal de 0,25 - 5 m) (Jen podem fornecer uma boa fonte de informação para o moni
sen et al., 2005); toramento do estoque habitacional de uma comunidade de
forma sistemática. Isto permitirá aos governos locais prever
• medição da extensão de áreas urbanizadas (frequente a necessidade e planejar novas escolas e serviços com dados
mente denominada como tamanho do assentamento) que possuem uma resolução temporal de frequência mais
(p.ex., Tatem et al., 2004); elevada que os censos decenais. Esses dados também serão
valiosos para outras aplicações, como empreendimentos
• estimativas derivadas da classificação de uso da terra/ imobiliários, publicitários e outros. Infelizmente, a abor
cobertura da terra (Lo, 1995; Sutton et al., 1997; Sut- dagem baseada na contagem individual de unidades domi
ton, 2003). ciliares não é apropriada para recenseamentos populacio
nais em escala regional/nacional, visto que ela é demorada
Técnicas de sensoriamento remoto podem fornecer estima e onerosa (Sutton et al., 1997). Alguns afirmam que esse
tivas populacionais que se aproximam da precisão de mé método requer tantos dados de campo para calibrar os da
todos tradicionais de recenseamento, se houver a disponi dos de sensoriamento remoto que ele se torna impraticável
bilidade de dados de campo suficientemente precisos para do ponto de vista operacional. Portanto, outros métodos
calibrar o modelo de sensoriamento remoto. Infelizmente, foram desenvolvidos para este fim.
contagens populacionais feitas por amostragem mostram-se
frequentemente por demais imprecisas. Em muitos casos, H á uma relação entre a área construída urbanizada (tama
métodos de sensoriamento remoto podem ser superiores a nho do assentamento) extraída a partir de uma imagem de
contagens feitas de forma amostrai em campo. sensoriamento remoto e a população nela residente (popu
lação do assentamento) (Olorunfemi, 1984):
O método de sensoriamento remoto mais preciso para fins
de inferência populacional é a contagem individual de uni r = a x Ph (13-1)
466 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana
Figura 13-12 Imageamento noturno na faixa do infravermelho próximo de praticamente todo o território dos EUA, com resolução de 1 x 1
km, obtido pelo “Sistema de Varredura Operacional do Programa de Satélites Meteorológicos de Defesa” (Defense Meteorologi-
cal Satellite Program Operational Linescan System —DMSP-OLS). Quando os dados foram agregados para o nível de condados
ou Estados, a análise espacial dos clusters ou agrupamentos de pixels saturados pôde estimar a população com um = 0,81
(Sutton et al., 1997; cortesia de American Society for Photogrammetry & Remote Sensing).
em que ré o raio do círculo envolvente da área povoada, a é ceram um valor empírico para a densidade populacional de
uma constante de proporcionalidade obtida empiricamente, cada uso da terra por meio de pesquisa de campo ou dados
P é a população, e b é um expoente derivado empiricamen de censo (p.ex., residências multifamiliares podem conter
te. As estimativas desses parâmetros são razoavelmente con cinco pessoas por pixel usando dados de 30 x 30 m do The-
sistentes em escalas regionais, mas a estimativa do parâmetro matic Mapper; áreas rurais florestadas apresentam apenas
a varia de região para região. Sutton et al. (1997) usou ima 0,20 pessoas por pixel). Então, ao se estimar a área total
gens noturnas do visível e infravermelho próximo, com re para cada categoria de uso da terra, estima-se na sequência
solução de 1 x 1 km, do “Sistema de Varredura Operacional a correspondente população total por categoria. Somando-
do Programa de Satélites Meteorológicos de Defesa” (Defen se os totais estimados para cada categoria de uso da terra,
se Meteorological Satellite Program Operational Linescan Sys chega-se finalmente a uma projeção de população total (Lo,
tem - DM SP-OLS) para inventariar a extensão de áreas ur 1995). O método da área urbana construída/uso da terra
banas nos Estados Unidos (Figura 13-12). Quando os dados também pode ser baseado em dados de sensores remotos
foram agregados para o nível de condados (macrorregiões) multiespectrais com resolução espacial mais grosseira (5 -
ou estados, a análise espacial dos clusters ou agrupamentos 20 m) a cada 5 - 1 5 anos. Elenderson e Xia (1998) discu
de pixels saturados pôde estimar a população com um Rf tem como imagens de radar podem ser valiosas para fazer a
= 0,81 novamente. Sutton (2003) usou imagens noturnas inferência populacional usando essas mesmas técnicas.
do DM SP-O LS para medir o consumo de uso da terra per
capita na forma de um índice agregado para as áreas urbanas Indicadores de Q ualidade de V ida
espacialmente contíguas dos Estados Unidos, com popula
ção > 50.000 habitantes. Tatum et al. (2004) delimitaram Renda adequada, habitação digna, boa educação, serviços de
assentamentos no Quênia usando dados do Landsat TM e saúde, além de um ambiente físico com qualidade (p.ex., sem
do JE R S-1 - radar de abertura sintética (synthetic aperture ra riscos ou resíduos indesejáveis) são indicadores importantes
dar - SAP), visando produzir mapas populacionais de média de bem-estar social e qualidade de vida (Lo e Faber, 1998; Lo
escala para melhorar o planejamento da saúde pública. e Yeung, 2002). A avaliação da qualidade de vida de uma po
pulação de forma contínua é importante, porque auxilia pla
Uma outra técnica de inferência populacional amplamente nejadores e órgãos de governo envolvidos com serviços sociais
adotada é baseada no emprego da informação de uso da a se conscientizarem das áreas carentes e problemáticas.
terra dos Níveis I - III. Essa abordagem assume que o uso
da terra em uma área urbana é estreitamente correlacionado A maior parte dos estudos sobre qualidade de vida baseou-
com a densidade populacional. Os pesquisadores estabele se na análise de informação socioeconômica derivada de
Uso do Solo Residencial 467
Tabela 13-8. Atributos urbanos/periurbanos que podem ser de cômodos, valor médio do aluguel e nível educacional)
extraídos a partir de dados de sensores re podem ser estimados pelos atributos urbanos listados na
motos e usados para determinar a qualidade Tabela 13-8, extraídos a partir de imagens de alta e média
das habitações e/ou a qualidade de vida. resolução espacial (0,25 - 30 m) (Lindgren, 1985; Holz,
Fator Atributos 1988; Avery e Berlin, 1992; Haack et al., 1997; Lo e Faber,
1998; D a Costa e Cintra, 1999; Lo e Yeung, 2002; Jensen
Sítio Físico Construção
et al., 2005). Cumpre salientar que os atributos são organi
• unifamiliar ou multifamiliar
• tamanho (m2) zados pelo sítio (construção e lote) e situação. O sítio pode
• altura (m) estar situado em vizinhanças positivas ou negativas.
• idade (obtida por convergência de evidên
cias) Esses atributos derivados de sensoriamento remoto devem
• garagem (anexa, isolada) ser correlacionados com observações de censo levantadas
Lote em campo para computar os indicadores de qualidade de
• tamanho (m2) vida. Lo e Faber (1998) sugerem que, em muitas cidades,
• jardim dianteiro (m2) a vegetação é um bem precioso e dispendioso, e que apenas
• jardim dos fundos (m2) os habitantes mais abastados podem se dar ao luxo de man
• recuo frontal (m)
ter áreas ajardinadas e árvores no seu ambiente de moradia.
• acesso para veículos (pavimentado, não-
Eles observaram que a informação de intensidade de verde
pavimentado)
• presença de muro ou cerca igreenness) extraída de dados T M encontrava-se altamente
• piscina (no solo, em pavimento acima do correlacionada com a qualidade de vida. Indicadores de qua
solo) lidade de vida são usualmente coletados a cada 5 - 1 0 anos.
• pátio, deck
• edícula e/ou edifícios anexos (celeiros) Influências Am bientais A ssociadas com o Zoneam ento
• densidade de construções por lote
• percentual de áreas livres ajardinadas O zoneamento é uma ferramenta usada pelos planejadores
• saúde da vegetação (p.ex., NDVI, greeen- urbanos para o controle das características físicas de pai
ness) sagens urbanas em desenvolvimento, pela imposição de
• via de acesso pavimentada ou não-pavi-
restrições a variáveis, como altura máxima e densidade das
mentada
edificações, percentual de área do terreno que deve perma
• veículos abandonados
• lixo necer impermeável ou livre de construções, tipos de uso do
solo e atividades. Essas variáveis, por sua vez, influenciam
Situação Adjacência a Equipamentos Comunitários
processos ambientais de trocas de energia entre a atmosfe
• escolas
ra e a superfície terrestre, regimes hidrológicos superficiais
• comércio
• igrejas/templos e subterrâneos e regimes climáticos e meteorológicos de
• hospitais micro a mesoescala. Wilson et al. (2003b) revelaram que
• posto de bombeiros houve diferenças significativas na temperatura radiante de
• espaços livres, parques, campos de golfe superfície e no índice de Vegetação Normalizado pela D i
• várzeas ferença (Norm alized Difference Vegetation Index —NDVI)
Adjacência a Incômodos ou Riscos obtidos de imagens Landsat 7 ET M + para diferentes clas
• ruas de tráfego intenso ses de zoneamento em Indianápolis, IN. Isso sugere que a
• ferrovia ou pátio de manobras de trens integração de dados de zoneamento de uma cidade em um
• aeroportos e/ou rotas de tráfego aéreo Sistema de Informações Geográficas - SIG - com medidas
• autoestrada
da temperatura de superfície e do N D V I obtidas a partir
• localização em planície inundável
de dados de sensoriamento remoto é capaz de fornecer in-
• estação de tratamento de esgoto
• área industrial sights ou “compreensão imediata” aos planejadores urbanos
• usina de energia ou subestação sobre possíveis consequências ambientais de certas deci
• linhas de alta tensão sões de zoneamento.
• terreno íngreme
Demanda e Conservação de Energia
levantamentos em campo. Imagens de sensoriamento re
moto raramente têm sido usadas em estudos sociais. Ape A demanda de energia local urbana/periurbana (algumas
nas recentemente, estudos de análise fatorial documenta vezes denominada como densidade de distribuição de car
ram como indicadores de qualidade de vida (tais como, ga) pode ser estimada com o uso de dados de sensoriamen
valor da habitação, renda familiar média, número médio to remoto. A princípio, determina-se individualmente a
468 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana
a. Agência de venda/revenda de carros em Columbia, SC (nível b. Típico posto de serviços automotivos, com múltiplas ilhas para o
12111). Carros para venda encontram-se sistematicamente dispos abastecimento de gasolina ou óleo diesel, além de um edifício princi
tos para inspeção pelo comprador e facilidade de saída e retorno. pal, consistindo de baias de serviços ou mini-mercado (nível 12112).
As tampas circulares dos tanques de armazenamento de combustível
subterrâneos são visíveis neste exemplo.
tegorizar o uso do solo que responde por aproximadamente Entretanto, os CBD s de algumas cidades nos Estados Unidos
95% do uso do solo urbano encontrado na maior parte das acabaram transformando-se em (1) bolsões de pobreza, (2)
cidades desenvolvidas. Sempre que possível, ela se utiliza de áreas de segregação social, em que apenas moradores idosos
uma terminologia comum. Uma definição detalhada de cada lá residem, à exceção de umas poucas famílias jovens, e/ou
classe não é fornecida aqui. Entretanto, é instrutivo fornecer (3) áreas de renovação urbana, com a presença de edifícios
exemplos dos vários tipos de uso do solo, além de comentá novos para atrair profissionais da classe média e suas respec
rios sobre as características únicas que permitam a distinção tivas famílias de tamanho reduzido (geralmente com até dois
de um determinado tipo de comércio ou serviço dos demais. filhos). Essas e outras condições tornam difícil a identificação
do exato tipo de uso do solo em uma dada área do CBD.
O Centro Financeiro ou de Negócios (The Central Usualmente, é preciso levantamento de campo em adição a
Business District CBD)- análises feitas por meio de dados de sensoriamento remoto.
Figura 13-15 Exemplo de uso do solo comercial para shopping center e lojas de departamentos em alguns países desenvolvidos, a) Uma
loja de departamentos (nível 12131) Toys-R-Us, Inc. encontra-se isolada e independente do shopping center. O complexo
comercial do shopping center (nível 12132) é sustentado por três cadeias de lojas principais: Sears-Rocbuck, Inc. (b), Belk,
Inc. (c) e Dillards, Inc. (d). O corredor central do shopping é fechado e apresenta algumas clarabóias. O shopping é comple
tamente circundado por estacionamentos, alguns dos quais são pavimentados por asfalto (cor escura), e outros, por concreto
(cor clara). A cobertura da loja de departamento Whites (e) é de asfalto, dificilmente discernível da área de estacionamento
adjacente. Nota-se a imensa quantidade de aparelhos de ar-condicionado em cada edifício.
como devido à presença de grandes showrooms e centros de vos, de jardinagem, vestuário, brinquedos). As instalações
serviço anexos (Figura 13—14a). Oficinas de reparo e/ou dessas lojas estão entre as de maior porte em área (m2) de
serviços isoladas são difíceis de identificar, mas usualmen uma região (Figura 13-15 localização d). Imensas áreas de
te possuem grandes estacionamentos, com vários veículos estacionamento encontram-se nas suas adjacências. Lojas
presentes em diferentes estágios de conserto. de departamento isoladas normalmente apresentam pon
tos para armazenagem de carrinhos de compra.
Postos de abastecimento de combustível frequentemente
apresentam uma estrutura isolada, com sua própria cober De forma diversa, um shopping center é uma associação de
tura, na qual o abastecimento é feito, além de um edifício múltiplas lojas, especializadas ou de departamentos, e even
destacado para abrigar uma loja de conveniência, e even tualmente hipermercados (Figura 13—15 localizações b,c,d).
tualmente uma outra edificação para lavagem de veículos. De modo geral, os shopping centers constituem-se em um dos
Postos de abastecimento comumente localizam-se em es maiores complexos construtivos de uma região (m2). As lojas
quinas (Figura 13-14b). Vários carros são encontrados no em um shopping são conectadas por amplos corredores, geral
entorno de postos de abastecimento. mente cobertos. Clarabóias e coberturas transparentes são fre
quentemente utilizadas, sobretudo em praças de alimentação.
Cemitérios automotivos apresentam um enorme número Na maioria dos casos, um shopping é completamente circun
de veículos dispostos desordenadamente sobre o terreno, dado por estacionamentos de um ou mais andares, e eventual
muitos deles sem capô e chassis. Vegetação rasteira pode ser mente estacionamentos subterrâneos. Hipermercados e shop
observável entre os veículos, facilitando a sua diferenciação ping centers localizam-se com frequência no entroncamento de
de agências e concessionárias de vendas de automóveis. vias expressas e/ou estradas. Usualmente, essas construções são
facilmente identificáveis, em vista de seu porte e localização.
H iperm ercados e Lojas de D epartam ento
Em presas do Setor Financeiro e C onstrutoras
Hipermercados (p.ex., WalMart, Extra, Carrefour) e lojas
de departamento (p.ex., Americanas) oferecem inúmeros Normalmente, encontra-se no centro financeiro de uma ci
produtos em uma única instalação (p.ex., artigos esporti dade um imenso número de escritórios de bancos, agências
Uso do Solo Para Comércio e Serviços 471
a. Serviços financeiros, incluindo bancos (nível 12141), b. Um estabelecimento bancário isolado (nível 12141),
seguradoras (nível 12142) e empresas do setor imobiliário contendo o edifício principal e um sistema “drive-through”
(nível 12143) são encontrados na torre de escritórios “Affin- de caixa eletrônico anexo. Neste exemplo, uma área do es
ity Office Building”, localizada no centro da cidade de Co- tacionamento é normalmente vinculada com a agência pro
lumbia, SC. O deslocamento do topo da construção nesta priamente dita, ao passo que outra parte do estacionamento
fotografia aérea vertical original em escala 1:6.000 fornece atende ao tráfego dos serviços “drive-through”,
informações detalhadas sobre a fachada lateral do edifício,
auxiliando na tarefa de interpretação da imagem.
í
Figura 13-16 Exemplos de uso de serviços financeiros (nível 1214).
de seguro, firmas de corretagem de bens e títulos, empresas cios podem tanto dificultar quanto auxiliar a identificação
construtoras e imobiliárias (p.ex., imagem de Seattle, WA, de construções. Neste sentido, o deslocamento do topo de
na Figura 13-13). Áreas de estacionamento podem ser visí um edifício ajuda a sua própria identificação, uma vez que
veis ao nível do solo ou sob a forma de edifícios de garagem. suas laterais (fachadas) tornam-se visíveis, fornecendo uma
Essas áreas também manifestam-se sob a forma de grandes boa impressão do formato vertical do edifício. As sombras
estruturas no subsolo. Um exemplo a ser citado é a torre de auxiliam a destacar o edifício do restante da cena. Quando
escritórios “Affinity Office Building”, localizada no centro se usam tais fotografias aéreas, é necessário usar técnicas fo-
da cidade de Columbia, SC (Figura 13-l6a). Trata-se do togramétricas para compensar o deslocamento do topo, se
mais alto edifício da cidade, que abriga bancos, firmas de o objetivo é o mapeamento do perímetro exato do edifício
corretagem, agências de seguro, além do escritório de vendas em termos planimétricos (x,y). N ão se pode simplesmente
de passagens de uma companhia aérea. O estacionamento desenhar um polígono em torno do edifício e assumir que
desse edifício encontra-se basicamente no nível do solo. E ele esteja na posição planimétrica correta. Alguns pensam
impossível especificar quais as atividades que se desenvolvem que o deslocamento do topo de construções não ocorre em
em um edifício de escritórios como esse. Portanto, muitas imagens orbitais de alta resolução espacial. Infelizmente
vezes é necessário rotular o edifício e suas adjacências como isso não é verdadeiro, uma vez que em imagem IKO N O S
sendo de uso comercial. Levantamento de campo ou dado e QuickBird, por exemplo, o deslocamento de edifícios é
censitário pode fornecer alguma informação adicional. plenamente aparente.
Amplos edifícios de escritórios como esse são comumente Instalações bancárias destacadas possuem tipicamente uma
encontrados nas maiores cidades do mundo. Em fotografias estrutura em pórtico para serviços “drive-through" (serviço
aéreas de grande escala, o deslocamento do topo dos edifí em que o usuário não precisa sair do seu veículo), na qual
cios ocorre em função de 1) como o edifício está localizado ocorrem transações financeiras (Figura 1 3 - 16b). Uma área
em relação ao datum empregado, 2) a altitude da aeronave de estacionamento é normalmente vinculada com a agên
no momento da aquisição, 3) quão distante o edifício está cia propriamente dita, ao passo que outra parte do estacio
localizado em relação ao ponto central da fotografia. Da namento atende ao tráfego dos serviços ''drive-through”.
mesma forma, os edifícios altos tendem a produzir grandes O analista de imagem deve tomar cuidado para não con
sombras. O deslocamento do topo e as sombras dos edifí fundir a construção de um banco “drive-through” com um
472 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana
a. Exemplo de uma drogaria (nível 12151) à esquerda (1), anexa a um supermercado (nível b. Um restaurante fast-food (nível 12153).
12152), situado à direita (2). O pequeno edifício de um pavimento no estacionamento Nota-se o amplo estacionamento e a pista para
corresponde a uma loja de revelações fotográficas em uma hora —Fotomat (3). atendimento “drive-tbrougb”.
posto de abastecimento que também possui uma estrutura destacadas ou justapostas a outras, o que é mais comum. Esse
em pórtico do tipo “drive-througti’. é o caso, por exemplo, da drogaria (1) e supermercado (2)
justapostos mostrados na Figura 13—17a. Esses estabeleci
Empresas de construção frequentemente possuem equipa mentos compartilham de uma ampla área de estacionamen
mentos pesados (escavadeiras, caminhões basculantes, etc.) to comum. O código exato de uso do solo desses edifícios
localizados nos limites de suas propriedades, assim como é geralmente difícil de determinar sem trabalho de campo,
pilhas de materiais (p.ex., madeira, cimento, tijolos). porque as amplas instalações e facilidades de estacionamento
se parecem muito com outras atividades comerciais.
Alimentos e Rem édios
Restaurantes fast-food normalmente ocupam edifícios tér
A paisagem urbana é repleta de estabelecimentos para a co reos, relativamente pequenos. Eles se localizam tanto em
mercialização de alimentos e remédios. Cadeias de supermer vias grandes quanto pequenas, apresentam áreas de esta
cados e drogarias ocupam amplos edifícios com imensas áreas cionamento modestas, porém adequadas, e usualmen
de estacionamento. Eles podem se constituir em construções te comportam uma pista única de atendimento “drive-
Uso do Solo Para Comércio e Serviços 473
Figura 13-18 Uma porção do Cemitério Elmwood em Columbia, SC (nível 12162), originalmente registrado por fotografia aérea em
escala de 1:10.000. Os pequenos pontos brancos correspondem a lápides individuais. As grandes estruturas brancas com
sombras referem-se aos túmulos. O edifício à direita é um grande mausoléu.
a. Exemplo de um motel (nível 12172). Muitos b. Columbia Plaza Hotel (nível 12171). Nota-se o complexo hoteleiro, consistindo
carros encontram-se estacionados diretamente do edifício elevado (com piscina no seu interior), da ampla área de estacionamento
em frente ao acesso para as suítes. e de um centro de convenções anexo, com rampa própria para carga e descarga em
eventos de feiras/exibições.
through", que circunda o edifício (Figura 13-17b,c). Esse amplas áreas de estacionamento e piscina. Comumente,
dado é importante, pois diferencia os bancos com serviço o estacionamento em um motel é localizado em frente ao
“drive-through", os quais possuem tipicamente múltiplas quarto/suíte, ao passo que, de modo geral, os hotéis pos
pistas "drive-through". Esses restaurantes possuem inúme suem amplos estacionamentos subterrâneos, que são de
ras entradas e saídas, apresentam paisagismo e jardinagem difícil detecção. Em muitos casos, os hotéis também apre
modestos e, em alguns casos, playgrounds sofisticados com sentam quadras de tênis, enquanto que motéis são despro
equipamentos de ginástica na área dianteira. vidos desse tipo de instalação. Grandes hotéis tendem a se
localizar próximos a vias principais, aeroportos, bem como
Restaurantes mais caros e de atendimento em maior escala estradas expressas com acesso controlado, ao passo que mo
apresentam maior porte (m2) e paisagismo sofisticado com téis podem ser encontrados em qualquer lugar. Os hotéis
a presença de vegetação arbórea, ocupam uma área mais apresentam frequentemente um paisagismo mais luxuoso.
ampla e possuem áreas de estacionamento maiores que os
restaurantes fast-food. Tanto os restaurantes fast-food quan Há também áreas de camping especializadas que, de modo
to os mais refinados apresentam exaustores em seus telha geral, atendem aos viajantes em veículo próprio. Essas áre
dos. Em alguns casos, a fumaça liberada pelos exaustores as possuem atributos únicos, incluindo acessos individuais
descolore as coberturas. para veículos, em que o carro pode ser estacionado, além
de pátios de concreto, sobre os quais uma barraca ou trailer
Velórios e Cem itérios podem se localizar. Há frequentemente uma piscina cen
tral e outras facilidades de recreação. A área de camping
Após haverem viajado o equivalente a 100 vezes em torno é geralmente grande e situada próxima a uma estrada de
da Terra em seus automóveis durante um ciclo de vida (a maior porte. Usualmente, áreas de camping apresentam
Terra possui um perímetro de apenas 40.000 km) e have um tratamento paisagístico bem cuidado.
rem feito refeições em numerosos restaurantes fast-food, os
americanos e europeus ocidentais finalmente irão residir Construção e Jardinagem
em um cemitério ou mausoléu. Curiosamente, os cemité
rios frequentemente confundem os analistas de imagem, Geralmente, esse tipo de atividade (p.ex., Leroy & Merlin,
ainda que possuam características únicas (Figura 13—18). Telhanorte) desenvolve-se em um único edifício de grande
Em países desenvolvidos, eles geralmente ocupam uma porte, com edificações de jardinagem justapostas, além de
porção de terra ampla e cara, frequentemente nas ime fileiras de arbustos, no entorno ou adjacentes ao edifício.
diações de igrejas. O paisagismo é de modo geral meti Também são visíveis pilhas de fertilizantes e outros ma
culoso. O sistema viário é intrincado, com muitas vielas teriais, máquinas de jardim, como cortadores de grama e
estreitas. Em vários casos, as vielas seguem as curvas de trailers, fora do edifício, além de uma vasta área de esta
nível do terreno. Mas o mais importante é que há centenas cionamento. Situa-se normalmente ao longo de uma via
de pequenos pontos brancos, que correspondem a lápides, expressa ou em bairros mais periféricos, próximos a áreas
sistematicamente espaçados entre si na paisagem. Frequen residenciais e condomínios horizontais.
temente, há um abrigo contendo equipamentos pesados
(escavadeira) e caixões, que podem também se localizar nas Recreação
imediações do abrigo, porém longe do campo de visão das
pessoas. Um velório para vigília dos mortos é geralmente A geração dos nascidos como fruto da explosão demográ
construído em cemitérios, consistindo de um edifício am fica pós-segunda guerra mundial está em fase de envelhe
plo e isolado, com estacionamento no seu entorno. cimento e, igualmente, a primeira e segunda geração dela
advindas. Muitos desses adultos estão fora de forma física,
H abitação Tem porária apresentam um poder aquisitivo elevado e possuirão cada
vez mais tempo livre, sobretudo depois da aposentadoria.
As pessoas em todo o mundo adoram pernoitar fora de casa Portanto, não é de surpreender que grandes quantidades
ou sair de férias. Isto resultou em uma profusão de peque de tempo, dinheiro e área na paisagem urbana sejam des
nos motéis ao longo das estradas e de grandes complexos tinadas a instalações de recreação públicas e privadas, es
hoteleiros usados tanto para negócios/convenções como pecialmente golfe. D a mesma forma, inúmeros parques
para recreação e descanso. Uma das maiores diferenças en temáticos, com uma enorme variedade de facilidades re-
tre um motel e um hotel é o tamanho. Os motéis tendem creacionais, encontram-se disponíveis ao público de forma
a ser pequenos e possuir poucos andares (Figura 13-19a). rotineira. Esses parques são relativamente fáceis de serem
Os hotéis consistem frequentemente de estruturas mais im- identificados com o uso de dados de sensores remotos,
positivas, em geral com quatro ou mais pavimentos (Figura devido às suas formas únicas e padrões curvilíneos. Por
13-19b). Tanto motéis como hotéis possuem usualmente exemplo, esse é o caso da montanha-russa, pista de cart e
Uso do Solo Para Comércio e Serviços 475
b. Uma típica pista de cart. A passagem em nível e c. Um tobogã aquático que deságua em uma piscina.
grande parte dos cantos da pista são leitos de concre
to, enquanto o restante é pavimentado com asfalto.
tobogãs aquáticos localizados na Praia de Myrtle (Myrtle Piscinas são alvos fáceis de serem identificados, se for con
Beach), SC , na Figura 13-20. siderado que elas geralmente apresentam uma faixa mais
escura na borda, já que muitas delas possuem uma ou mais
E uma tarefa relativamente simples a identificação de cam raias para natação. Elas se apresentam sob uma imensa va
pos de beisebol, futebol ou futebol americano, pistas de riedade de formas e tamanhos, mas quase sempre têm áreas
corrida e quadras de tênis usando dados de sensoriamento significativas de deck no seu entorno. Dois exemplos são
remoto, porque elas apresentam uma organização espacial mostrados na Figura 13-24.
que atendem a especificações estritas. Exemplos dessas ati
vidades e das dimensões das quadras e pistas encontram-se Muitas sociedades usam tributos para custear estádios pú
resumidos nas Figuras 13-21 e 13-22. blicos ou salas de concerto. Um bom exemplo é o Estádio
da Universidade da Carolina do Sul (University o f South
Talvez o maior consumidor de terra dentro e fora das Carolina Coliseum) (Figura 13-25). Esses locais são usados
cidades sejam os campos públicos e privados de golfe. para uma enorme variedade de propósitos recreativos ou
Eles se apresentam sob uma imensa variedade de formas cerimoniais, incluindo jogos de basquete em quadra fecha
e tamanhos de caminhos curvilíneos (fairways) e podem da, circos, corrida de tratores, concertos de rock, festas de
incluir nove, 18 e até 36 buracos. Eles são especialmente formatura, etc. Comumente, trata-se de imensos edifícios
fáceis de identificar com o uso de dados de sensores remo de múltiplos pavimentos, com sofisticado paisagismo e ro
tos, porque sempre incluem uma sede social com amplo deados por amplas áreas de estacionamento.
estacionamento, longos caminhos curvilíneos, inúmeros
bancos de areia e lagos, além de colinas gramadas bem É praticamente impossível identificar um cinema instalado
cuidadas (Figura 13-23). dentro de um shopping center, a partir de dados de sensores
476 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana
Segunda
base
90 pés / \ 90 pés
x Campo de beisebol
Terceira Primeira
base base
Base do rebatedor
a. Dimensões de um campo de beisebol. b. Estádio de beisebol “ CapitoI City Bombers' da liga da segunda-
divisão, em Columbia, SC (originalmente na escala 1:6.000).
c. Campo de beisebol de uma escola do ensino médio. d. Estádio de beisebol “Atlanta Fulton County" , sede do
time de beisebol profissional “Atlanta Braves” (com resolu
ção original de 2 x 2 m).
Figura 13-21 Exemplos de campos de beisebol (em formato de losango) de escolas do ensino médio, ligas da segunda divisão e ligas profis
sionais (nível 12192). As dimensões do campo de beisebol permanecem as mesmas, ao passo que as instalações para o time
e espectadores mudam de forma considerável.
remotos. Entretanto, atualmente muitos complexos com mato circular é encontrada no local de um cinema drive-in,
salas de cinema são construídos de forma destacada, con e há dispositivos para sustentação de microfones a cada 5 m
tendo inúmeras salas de projeção e amplo estacionamento. no solo. O posto para vendas de ingressos localiza-se geral
Algumas sociedades ainda possuem cinema drive-in, que, às mente no centro do sítio, o qual não apresenta paisagismo e
vezes, são dos alvos mais difíceis de identificar na paisagem é em geral pavimentado por asfalto ou cascalho.
urbana. O local de um cinema drive-in possui em geral o
formato circular ou de semicírculo, com um telão em uma Armazéns/Transporte de Cargas
das extremidades, sustentado por um ampla estrutura verti
cal. Essa estrutura comumente produz longas sombras, de Os armazéns recebem mercadorias e então as reorganiza de
pendendo do período do dia. Usualmente, uma via em for acordo com ordens de emissão, que podem ser por cami-
Uso do Solo Para Comércio e Serviços 477
linha de linha de
eol Futebol Americano eol
e. Dimensões de uma quadra de tênis. f. Várias quadras de tênis, dispostas lado a lado, em um clube
de tênis (nível 12197).
Figura 13-22 Exemplos de um estádio de futebol americano universitário, um campo de futebol rodeado por uma pista de corrida em uma
escola do ensino médio, além de quadras de tênis comunitárias (as dimensões estão dadas em pés, 1 pé = 0,308 m).
478 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana
Figura 13-23 Fotografia aérea oblíqua baixa de um campo de golfe próximo a Atlanta, GA, com múltiplos caminhos longos e curvilíneos
(fairways), bancos de areia brilhantes e colinas gramadas bem cuidadas (nível 12194).
Figura 13-24 Fotografia aérea vertical de grande escala de piscinas (nível 12195) e decks adjacentes. A piscina à esquerda apresenta raias
de natação. A piscina à direita apresenta entulho dentro dela. Ambas as piscinas possuem profundidades rasas e elevadas.
nhões, trens ou navios, até o destino de transbordo ou final. ados nas docas ou nas suas proximidades imediatas. Como
Em geral, consistem de grandes construções com paisagis exemplo, uma fotografia aérea de uma porção do porto de
mo modesto. No caso de transporte por caminhões, há co- Seattle, WA, é apresentada na Figura 13-26. Nesse local, pi
mumente uma ampla área de estacionamento, com sistemas lhas de minérios estão sendo carregadas em um navio a par
elevados de carga/descarga (1,5 m de altura) em um ou mais tir de silos em formato cônico, usando um sofisticado siste
lados do edifício. Empilhadeiras são frequentemente encon ma de esteira e guindaste. Amplos edifícios de armazéns são
tradas no pátio. Eventualmente, caixas de produtos não- encontrados nas proximidades do porto. Os minérios foram
perecíveis ou containers de carga também podem ser vistos trazidos às instalações portuárias pela via férrea adjacente.
na área de estacionamento. Os atributos mais característicos
para a identificação dessas áreas são as carrocerias situadas O utros Usos Com erciais
com a porta traseira voltada para o edifício de armazena
gem, ou estacionadas sistematicamente ao longo do sítio, Finalmente, sobrevem a questão de como identificar todas
naturalmente fora das vias de circulação internas. as demais miríades de usos comerciais encontrados em pra
ticamente todas as paisagens urbanas (lojas de hobby e ar
Normalmente, o transporte de cargas em portos marítimos tigos esportivos, ópticas, lojas de vestuário, boliches, etc.).
ou fluviais compreende amplos edifícios de armazéns, situ É impossível determinar o tipo de atividade desenvolvido
Uso do Solo Para Comércio e Serviços 479
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c. Ilha Ellis e a Estátua da Liberdade no Parque d. Fotografia aérea oblíqua baixa do Arco do Triunfo em Paris (12217).
Nacional em Nova Iorque, NY (12217).
Figura 13-28 Exemplos de instalações educacionais em universidades públicas (nível 122124). a.) Fotografia aérea vertical do parque “hor-
seshoe” na Universidade da Carolina do Sul, fundada em 1801. Em épocas passadas, a maior parte dos edifícios circundando
o parque da ferradura era para pessoal administrativo, aulas e salas de alunos. Atualmente, a maior parte dos edifícios voltados
para o parque é de caráter administrativo. Este tipo de desenho arquitetônico é comum em outros campi do sul dos EUA, como
o da Universidade da Geórgia, b.) Fotografia oblíqua da Universidade da Califórnia, Santa Bárbara, em Goleta, CA, com suas
variadas formas arquitetônicas, paisagismo bem cuidado e uma intrincada rede de caminhos para pedestres entre os edifícios.
em uma dada área unicamente a partir dos atributos de mente, eles apresentam um estilo arquitetônico imponen
sensoriamento remoto. Apenas o levantamento de campo te, uma vez que são concebidos para supostamente durar
permitirá a exata discriminação da classe de uso do solo, e inspirar por várias gerações. Esses edifícios tipicamente
com a sua inclusão ou exclusão da classe 17 (Outros Usos do possuem paisagismo extremamente sofisticado e amplo es
Solo Urbano!Construído) , de acordo com a Tabela 13-3. tacionamento, que pode se dar sob a forma de edifícios de
garagem de múltiplos pavimentos. Monumentos nacionais
Serviços (Públicos e Privados) como a Estátua da Liberdade em Nova Iorque, EUA, e o
Arco do Triunfo em Paris, França, apresentam frequente
mente uma arquitetura característica, o que permite a sua
Em países desenvolvidos, a sociedade organizou uma in- imediata identificação (Figura 13-27c,d, respectivamente).
fraestrutura sofisticada de serviços públicos para melhorar
a qualidade de vida. Alguns dos edifícios e instalações as De forma diversa, a única forma de se identificar instala
sociados com esses serviços apresentam características con ções de bombeiro e resgate refere-se às ocasiões em que os
sideravelmente peculiares, as quais permitem a sua identi veículos e equipamentos encontram-se temporariamente
ficação por meio de dados de sensores remotos. visíveis no exterior dos edifícios. Da mesma forma, alguns
postos de bombeiros tornam-se identificáveis por apresen
Edifícios e Instalações Públicas (Administração, Bom tar uma torre para treinamento de incêndio, de dois ou
beiro, Polícia, Resgate, Correios, Bibliotecas, Presídios) três pavimentos. Por outro lado, é possível a identificação
de delegacias policiais, caso as viaturas estacionadas no seu
Instalações públicas proeminentes como palácios de gover entorno possuam números nos capôs.
no ou capitólios (Figura 13-27a) e edifícios administrativos
de importância (Figura 13-27b) são relativamente fáceis de Escritórios regionais de correios constituem-se em amplos
identificar com o uso de dados de sensores remotos. Usual edifícios, com grandes áreas de estacionamento e um nú-
CAPITULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana
Pilha de resíduos
Pilha de resíduos
Figura 13-29 Par estereoscópico pancromático da Companhia de Mineração Kennecott Ridgeway, localizada próximo a Ridgeway SC, obtido
em 16 de março de 1992 (nível 1312) (cortesia de Kennecott Ridgeway Mining Company).
e refugo, além de edificações que caracterizam as suas A identificação dos vários tipos de componentes relaciona
instalações físicas. Em alguns casos, esses componentes dos à indústria em uma imagem permitirá a classificação
relacionados à indústria são visíveis nas fotografias ou da indústria em uma das três principais categorias, confor
imagens; em outras circunstâncias, os equipamentos ou me segue (p.ex., N PIC, 1961; Avery e Berlin, 1992):
materiais podem estar abrigados em construções ou fora
do campo de visão. Neste último caso, dados de outros • extração
componentes, não significativos por si próprios, porém
intimamente associados com os componentes essenciais • processamento
ocultos, podem ter sido registrados na imagem. Além dis
so, a partir das formas, padrões e relacionamentos carac • fabricação.
terísticos desses outros componentes, é possível inferir o
tipo de material ou equipamento cuja visão foi ocultada. Para se categorizar uma indústria usando dados de senso
Por exemplo, edificações com formato incomum podem riamento remoto, recomenda-se que o analista: 1) primeiro
ter sido especialmente concebidas para abrigar tipos es decida se ela é de extração, processamento ou fabricação; 2)
pecíficos de equipamentos. Da mesma forma, chaminés se for uma indústria de processamento, que ele decida se ela
e dutos, dependendo da quantidade e disposição, podem é de processamento químico, térmico ou mecânico; e 3) se
indicar um tipo específico de fornalha ou forno, a partir for uma indústria de fabricação, que ele decida se é leve ou
do qual são liberados gases tóxicos e fumaça. pesada. Há uma imensa variedade de indústrias e, por esse
484 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana
a. Fotografia aérea com visada oblíqua baixa da Mina de Cobre b. Fotografia terrestre da mina revela trens para transporte de
Bingham Canyon, próxima a Salt Lake City, UT, a maior mina a minério bruto, imensas escavadeiras e uma densa rede de postes
céu aberto do mundo. de energia elétrica.
Figura 13-30 A Mina de Cobre Bingham Canyon, próxima a Salt Lake City, UT, constitui uma indústria extrativa (nível 13121).
motivo, é possível fornecer apenas uns poucos exemplos re Todos os atributos da indústria extrativa raramente são vis
presentativos de cada categoria principal de indústria. tos em outros lugares. N ão raro, as áreas rurais no entorno
evidenciam tentativas de mitigar os efeitos da indústria ex
Indústrias de Extração trativa, como recuperação, reflorestamento, etc.
a. Uma mina de cascalho (lavra em cava) a céu aberto na Carolina do Sul (nível b. Poços de extração de petróleo em área montanhosa
13122). O cascalho é transportado da base da mina por uma esteira rolante para atrás da cidade de Ventura, CA (nível 13151). Cada
várias peneiras de triagem na saída da mina. Caminhões transportam o material clareira contém um ou mais poços de petróleo, os
separado até os destinos finais. quais são interconectados por um intrincado sistema
de estradas de terra.
a. Fotografia aérea com visada oblíqua baixa de um proces b. Fotografia aérea com visada oblíqua baixa de um proces
samento mecânico agrícola para moagem de trigo, o qual é samento mecânico na estação de tratamento de esgoto de
processado sob a forma de farinha para consumo humano Newport Beach, CA (nível 13215). Os efluentes sólidos são
e animal. O grão é armazenado em silos, e o processamento separados de modo mecânico dos efluentes líquidos, o que ex
ocorre nos edifícios. A farinha e ração de trigo são transporta plica o emprego do termo processamento mecânico. Notam-
das aos mercados finais por caminhões (nível 13211). se as lagoas de decantação e aeração. O efluente purificado é
bombeado para um emissário submerso de 500 m no Oceano
Pacífico (nível 13215).
vezes o material escavado para a construção do Canal do Os processos envolvidos requerem usualmente grandes
Panamá. A Figura 13-30a apresenta uma fotografia aérea quantidades de energia, o que é indicado pela presença de
com visada lateral da mina. A Figura 13-30b mostra uma pilhas de carvão, tanques de combustível, caldeiras (boi-
fotografia terrestre tirada de dentro da mina. A fotografia lers) ou transformadores, caso a energia elétrica seja empre
terrestre fornece informação sobre quão imensa é a mina, gada ou produzida. As construções que abrigam os equi
pois as quatro linhas escuras ao longo da encosta mais dis pamentos de processamento frequentemente são amplas
tante constituem na verdade quatro longos trens, usados ou, ao menos, complexas no seu projeto e estrutura da co
para remover o material da mina. A via férrea desce em bertura. Uma vez que o processamento de matéria-prima
espiral até o nível mais inferior da mina. geralmente envolve refino, pilhas e lagoas de resíduos ou
refugos são comuns, e cuidado especial é necessário para
Uma mina de cascalho a céu aberto (lavra em cava) na distinguir entre lixo e matéria-prima, uma vez que ambos
Carolina do Sul é m ostrada na Figura 13-31 a. O ma são armazenados de maneira semelhante.
terial é dinam itado a partir dos muros ou encostas de
escavação e transportado por caminhão até um ponto As indústrias de processamento podem ser subdivididas com
de coleta na base da mina. Uma esteira rolante então base em componentes da imagem, em três subcategorias:
eleva o material bruto a 100 m, até chegar à superfície,
onde enfim ocorre uma triagem para a separação de vá • processamento mecânico
rios diâmetros de cascalho e areia. O material separado
é então transportado por caminhões até o destino final. • processamento químico
A ocorrência de precipitações resulta em uma lagoa in
terna de drenagem na base da mina. • processamento térmico.
A Figura 13-31 b revela uma pequena porção de um poço Essas subcategorias possuem significado funcional.
de exploração de petróleo, situado em área montanhosa
atrás da cidade de Ventura, CA. Cada clareira contém um Indústrias de Processamento M ecânico
ou mais poços de petróleo, os quais são interconectados
por um intrincado sistema de estradas de terra. O petróleo As indústrias de processamento mecânico modelam, de-
é bombeado por dutos dos poços até pontos de coleta que sassociam, separam ou mudam a aparência ou forma físi
não aparecem na fotografia. ca das matérias-primas. Os componentes da imagem que
caracterizam as indústrias de processamento mecânico
Indústrias de Processamento são os materiais brutos armazenados em pilhas, lagoas ou
reservatórios, ou instalações a céu aberto, como silos, to
néis, containers em geral ou tanques abertos, assim como
As indústrias de processamento submetem as matérias- a presença abundante de equipamentos de manipulação e
primas a tratamento mecânico, químico ou térmico, para transporte, a exemplo de esteiras, guindastes, gruas, vagões
torná-las apropriadas a processamentos ulteriores ou então sobre trilhos e outros equipamentos móveis. O processa
para produzir materiais, a partir dos quais bens e equipa mento envolvido nessa subcategoria de indústria deman
mentos são fabricados. dará grandes quantidades de energia, conforme indicado
pela presença de caldeiras com seu próprio fornecimento
As indústrias de processamento caracterizam-se pela pre de combustível, além de transformadores, nos casos em
sença de instalações para o armazenamento e manipulação que a energia elétrica é empregada. Muitas das construções
de grande quantidade de materiais brutos. Esses materiais são amplas ou, ao menos, complexas no seu projeto e es
podem ser armazenados em pilhas, lagoas ou reservatórios trutura da cobertura. Pilhas ou lagoas de resíduos são mui
a céu aberto, ou em containers de armazenamento, tais to comuns. As indústrias na categoria de processamento
como silos, tonéis, caixas de aço, além de tanques abertos mecânico diferem de outras indústrias de processamento
e íechados. Esses materiais são transportados por dutos, no sentido de que possuem poucos dutos, tanques abertos
esteiras e gruas fixas, assim como por vagões sobre trilhos e ou fechados, ou dutos ao invés de casas de caldeiras. Além
outros equipamentos móveis. O sistema de esteira rolante disso, há ausência de fornos, os quais se encontram asso
usado para separar o cascalho na mina a céu aberto exposto ciados às indústrias de processamento térmico.
acima é um bom exemplo. Em adição a isso, outros equi
pamentos a céu aberto também são encontrados, incluindo O processamento mecânico ocorre na Adhul Flour M eai
fornalhas de combustão, fornos, torres de processamento and Feed Company (indústria de farinha e alimento, nível
químico, altas chaminés ou muitos dutos, todos indicati 13211) em Columbia, SC (Figura 13-32a). Os grãos che
vos do tipo de processamento em execução. gam para moagem por meio de via férrea ou caminhões.
Uso do Solo Industrial 487
a*
t ■
Torres das
Lago Murray
comportas
Muro de represamento
Figura 13-33 Fotografia aérea da represa do lago Mur
ray (Murray Lake Darri), SC, pertencente
a uma usina hidrelétrica (nível 13213), e
da usina termelétrica Saluda. Quatro com
portas fornecem pressão de água suficiente
para acionar as turbinas, produzindo eletri
cidade. A usina termelétrica queima carvão
que, por sua vez, produz vapor suficiente
para acionar turbinas, gerando eletricidade.
O carvão chega à usina por via férrea e é
transportado dos vagões para pilhas de
armazenamento por meio de esteiras. A
eletricidade é distribuída da usina para a
rede regional de energia por meio de sub
estações.
Subestação
4
Três grandes silos de concreto armazenam o trigo não-pro- água flui então para o rio Saluda. A eletricidade é conduzi
cessado. A moagem do trigo se dá em um amplo complexo da à rede regional de energia por meio de um amplo com
construído à direita. Caminhões que aparecem com as ca plexo de subestações. Há também uma usina de energia
çambas voltadas para o complexo construtivo transportam termelétrica nesse local, a qual será apresentada e discutida
a farinha de trigo para os mercados locais e regionais. na Seção de Industrias de Processamento Térmico.
A Figura 13-32b consiste em uma fotografia de visada la Indústrias de Processam ento Q uím ico
teral de um processamento mecânico que ocorre em uma
estação de tratamento de esgoto (nível 13215) em New- Indústrias de processamento químico utilizam produtos ou
port Beach, CA. O esgoto escoa das comunidades próxi processos químicos para separar ou reorganizar os consti
mas até a estação através de dutos subterrâneos. O proces tuintes químicos das matérias-primas. Refinarias de petró
samento mecânico na estação separa efluentes sólidos dos leo e indústrias de fertilizantes são bons exemplos. Pressão,
efluentes líquidos. Várias lagoas de decantação, tanques, calor, catalisadores ou outros agentes químicos podem ser
aeradores e instalações com bactérias anaeróbicas purifi empregados. Compartimentos fechados para armazenar
cam os dejetos, de modo que eles possam ser bombeados ou manipular fluídos, gases ou material em suspensão em
por 500 m em um emissário submarino no Oceano Pa líquidos, além do uso de fluxo de fluídos no processamen
cífico. Instalações para tratamento de água também são to da matéria-prima são típicos neste tipo de indústrias.
consideradas indústrias de processamento mecânico. Consequentemente, os componentes da imagem que ca
racterizam as indústrias de processamento químico são a
Uma usina hidrelétrica utiliza a “energia hidrostática” da presença abundante de tanques fechados, dutos, além de
água represada em um lago para girar turbinas que pro grandes equipamentos de processamento como torres para
duzem eletricidade. Um exemplo consiste nas instalações decomposição e destilação. Assim como todas as indús
da usina hidrelétrica localizada na represa do lago Murray trias de processamento, as pertencentes a esta subcategoria
(.Murray Lake D am ), próximo a Columbia, SC (Figura 13- apresentam instalações para armazenamento e manipula
33). Quatro comportas transportam a água a 61 m de pro ção de matéria prima e requerem grandes quantidades de
fundidade até o compartimento das turbinas, onde a pres energia. As construções são frequentemente complexas, e
são da água aciona as turbinas produzindo eletricidade. A são comuns extensas pilhas e lagoas de resíduos.
488 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana
a. Lixo radioativo sendo armazenado em tambores nas instalações do b. Tanques de armazenamento de lixo tóxico nas instalações do
Aterro de Baixo Nível, pertencente ao “Campo de Teste de Nevada, D O E em Hanford, WA. Em épocas passadas, a fazenda de tanques
do Departamento de Energia”, EUA (Department o f Energys - D O E em Hanford chegou a empregar um total de 2.300 funcionários
- Nevada Test Site). O lixo é eventualmente coberto com areia (cor (cortesia de Department o f Energy, ID 303-058-001; John Pike, Fed-
tesia de Department o f Energy, ID W B212; John Pike, FAS). eration o f American Scientists).
Figura 13-35 Exemplos de monitoramento de aterros químicos usando fotografia aérea de grande escala com visada oblíqua (nível 13223).
A indústria de fertilizante superfosfato de A l Qaim no De forma geral, as indústrias produzem uma grande quan
Iraque é mostrada na Figura 13-34. Nota-se a existência tidade de resíduos químicos tóxicos. Algumas companhias
de inúmeros tanques fechados para armazenamento, uma usam dados de sensoriamento remoto para documentar as
imensa pilha de matéria-prima em formato cônico, uma condições iniciais sob as quais os resíduos são armazena
lagoa circular, além de amplas instalações para processa dos, e então monitorar as características da superfície após
mento (várias com danos provocados por bombardeios o armazenamento. Por exemplo, a Figura 13-35a consiste
recentes). O fosfato também pode ser usado para produzir de uma fotografia aérea com visada lateral de um sítio para
explosivos, tais como aqueles usados no ataque a um edifí tratamento de resíduos sólidos do “Campo de Teste de Ne
cio federal em Oklahoma, EUA. Este é o motivo pelo qual vada, do Departamento de Energia” (Department o f Energy
essas indústrias são visadas em época de guerra. —D O E —Nevada Test Site). Essa localidade provê armaze-
Uso do Solo Industrial 489
a. Fotografia aérea vertical de grande escala mostrando uma densa b. Refinaria de petróleo em Al Basrah, Iraque. Notam-se os grandes
rede de dutos em uma refinaria de petróleo no Texas. tanques e os diques de terra que os separam. Esta fotografia foi ad
quirida durante a Guerra do Golfo em 1991, e alguns tanques estão em
chamas ou vazando (imagem da TARPS, da farin h a dos EUA, cedida
a William M. Arkin, segundo o Ato de Liberdade de Informação).
Figura 13-37 Companhia de Aço Bethlehem (Bethlehem Steel Company) em Sparrows Point, M D, em 1952.
namento adequado para o lixo químico radioativo gerado parte do vazamento. A Figura 13-36c mostra as instalações
pelo programa de armas nucleares. O lixo é transportado de armazenamento e transporte de petróleo e seus deriva
até esse sítio em containers (neste caso, tambores) aprovados dos da Atlantic Richfield, em Seattle, WA.
pelo Departamento de Transporte, e é então enterrado em
uma grande trincheira. Conforme o material vai sendo de Indústrias de Processam ento Térm ico
positado, a vala é progressivamente coberta com solo.
As indústrias de processamento térmico utilizam basi
A Figura 13-35b é uma fotografia com visada oblíqua camente o calor para refinar, separar ou transformar as
mostrando lixo radioativo sendo armazenado em uma fa matérias-primas, ou ainda, gerar energia a partir delas. A
zenda de tanques em Hanford, WA, pertencente ao DOE. produção de ferro e aço e usinas termelétricas de energia,
As fazendas de tanques armazenam rejeitos produzidos em que queimam óleo ou carvão, são bons exemplos. Os com
operações de extração de plutônio, antes do seu descarte ponentes da imagem que distinguem essa categoria são
final. Esse refugo (ou rejeito) não possui utilidade e é ar as grandes quantidades de carvão ou outro combustível,
mazenado em aproximadamente 177 tanques subterrâne altas chaminés, grande número de dutos e fornos de vá
os, os quais totalizam uma capacidade acumulada de 208,2 rios tipos. Embora dutos e tanques sejam frequentemente
milhões de litros, com alguns tanques apresentando capa empregados nessas indústrias, em geral eles não são abun
cidade individual de até 3,8 milhões de litros. Os carros e dantes, e a sua presença perde importância em relação aos
caminhões no canto inferior direito da fotografia fornecem componentes que evidenciam o uso de calor. Assim como
uma ideia aproximada do tamanho desses tanques. as outras indústrias de processamento, essas apresentam
extensas instalações para a manipulação e armazenagem de
As indústrias de refino de petróleo convertem o petróleo materiais sólidos volumosos e requerem grandes quantida
bruto em gasolina, óleo diesel, produtos têxteis sintéticos des de combustível ou energia. Grandes equipamentos a
e plástico. As instalações possuem usualmente uma vasta e céu aberto, tais como fornalhas e fornos de combustão, são
frequentemente densa rede de dutos superficiais e subter comumente empregados. As construções são geralmente
râneos, como aqueles encontrados na refinaria de petróleo complexas, e pilhas de resíduos são comuns.
do Texas (Figura 13-36a). Em geral, os tanques de arma
zenamento são completamente circundados por diques As indústrias de processamento de ferro e aço são usual
de terra, a fim de conter os produtos químicos em caso mente identificadas de modo imediato em dados de sen
de vazamento. Por exemplo, a Figura 13-36b mostra uma sores remotos. Por exemplo, a Figura 13-37 apresenta uma
fazenda de tanques na refinaria de petróleo de Al Basrah, fotografia aérea histórica de uma pequena porção da Com
Iraque, em 1991. Muitos dos tanques estão em chamas panhia de Aço Bethlehem (Bethlehem Steel Company) em
e vazando. Os diques de terra conseguem conter a maior Sparrows Point, M D , em 1952. A fotografia registra vários
Uso do Solo Industrial 491
a. b.
Figura 13-38 a) A Instalação Experimental de Fluxo Rápido (Fast Flux Test Facility) em Hanford, WA, possui um reator térmico de 400
MW. O domo representa a estrutura de contenção, b) A Cratera de Sedan foi formada pela detonação, em 6 de julho de
1962, de um explosivo de 100 mil toneladas enterrado a 194 m de profundidade em um solo desértico de aluvião, deslocan
do 12 milhões de toneladas de terra. A cratera apresenta 98 m de profundidade e 391 m de diâmetro. Duas outras crateras
formadas por detonações são vistas à distância (cortesia de Department o f Energy).
edifícios longos que abrigam os fornos siderúrgicos, mui Indústrias de Processamento Mecânico:
tos edifícios de apoio, além de uma quantidade considerá • poucos dutos ou tanques fechados
vel de fumaça exalada por grandes dutos. • pouco combustível
• sistemas de esteiras rolantes frequentemente presentes
Usinas e instalações nucleares também são relativamente • poucas pilhas
fáceis de identificar. A Instalação Experimental de Fluxo • ausência de fornos.
Rápido (Fast Flux Test Facility) situada em Hanford, na
porção leste de Washington, consiste de um reator tér Indústrias de Processamento Químico:
mico de 400 M W resfriado por sódio líquido (Figura • muitos tanques altos ou fechados, incluindo tanques
13-38a). Ele foi construído em 1978 para testar equi de armazenagem de gás
pamentos e combustíveis industriais para o programa de • muitos dutos
desenvolvimento de um reator à base de metal líquido, • muitos equipamentos de processamento de grande
do governo norte-americano. Esse programa demonstrou porte a céu aberto.
a viabilidade da tecnologia de reatores de geração comer
ciais. O domo de contenção é facilmente identificável na Indústrias de Processamento Térmico:
imagem. Testes de materiais nucleares na superfície foram • poucos dutos ou tanques
banidos há décadas. Entretanto, testes subterrâneos per • grandes chaminés e/ou dutos ativos
sistem. A Figura 13-38b mostra o resultado de um teste • grandes quantidades de combustível
no Cam po Experimental de Nevada, onde um explosivo • fornos.
de 100 mil toneladas foi enterrado a 194 m de profun
didade, em um solo desértico de aluvião, e detonado em Indústrias de Fabricação
6 de julho de 1962, deslocando 12 milhões de toneladas
de terra. Testes subterrâneos conduzidos por nações em
todo o mundo geralmente produzem crateras como essa, As indústrias de fabricação reúnem subcomponentes me
evidenciando essas ocorrências. cânicos e químicos em produtos acabados, tais como auto
móveis, caminhões, lanchas e navios, trailers, maquinário
Abaixo, estão listados alguns atributos fundamentais pesado (p.ex., tratores), produtos plásticos e dispositivos
complementares para a interpretação de imagem, que po eletrônicos. As indústrias de fabricação podem ser subdi
dem ser usados para distinguir os três tipos de indústrias vididas em fabricação leve e pesada. Indústrias de Fabri
de processamento: cação Pesada geralmente apresentam construções térreas
492 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana
a. Fabricação pesada na Kline Iron and Steel Co. em Columbia, SC. A estoca- b. Uma fotografia aérea vertical detalhada de uma usina
gem das peças de ferro e aço é organizada segundo o tamanho e tipo em dois de energia em construção. O projeto usa quantidades
pátios centrais de armazenagem a céu aberto. A fabricação ocorre no interior significativas de ferro e aço estrutural pré-fabricado (cor
dos edifícios. Os materiais brutos e acabados são transportados por caminhões tesia de Eastman Kodak Company).
ou ferrovia (nível 13314).
Figura 13-39 Exemplos de fabricação de ferro e aço e do uso desses materiais na construção de uma usina de energia.
Abaixo, estão listados alguns dos atributos fundamentais Uma indústria de fabricação de aço estrutural é mostrada
para a interpretação de imagem, que podem ser usados na Figura 13-39a. A fabricação de barras de ferro e aço
para distinguir os principais tipos de indústrias de fabrica usadas na construção de edificações e pontes ocorre no
ção pesada. A fabricação pesada é quase que universalmen interior dos grandes edifícios alongados. A estocagem das
te associada com edifícios de grande porte. peças de ferro e aço é organizada segundo o tamanho e
tipo no pátio central de armazenagem a céu aberto. Duas
Fabricação de Maquinário Pesado: gruas com guindaste deslizante (não visíveis) transpor
• pátio de armazenagem para peças metálicas pesadas tam a matéria-prima do ferro e aço de um lado para outro
• pilhas de aço estrutural e outros materiais (esquerda para a direita) até as instalações para fabrica
• maquinário pesado acabado. ção. Os materiais brutos e acabados são transportados
por caminhões ou ferrovia.
Manufatura e Reparo de Maquinário Ferroviário:
• locomotivas ferroviárias e/ou vagões em construção Uma perspectiva vertical de como o aço estrutural é usado
• rede de trilhos ferroviários. na construção de uma usina de energia é apresentada na Fi-
Infraestrutura de Transporte 493
a. Companhia de fabricação leve. Algumas das matérias-primas são b. Uma indústria de enlatados de peixe (nível 13324) em San
organizadas a céu aberto em função do tipo. A fabricação ocorre no Pedro Harbour, CA, e a poluição a ela associada,
interior do edifício.
a. Imagem de alta resolução espacial de um cruzamento, adquirida b. Anel viário de uma autoestrada (com acesso controlado) no Texas,
por uma câmera instalada em uma pipa.
Figura 13-41 Exemplos de vias, estradas com acesso controlado, anéis viários, estacionamento e pontes, registrados com o uso de fotografia
aérea de diferentes escalas (nível 1411).
de transporte, avaliar as condições de rodovias e ferro patrocinado pela Agência Espacial Americana (N ational
vias, investigar padrões de tráfego urbano em pontos de Aeronautics an d Space Adm inistration - NASA) e pelo
estrangulamento, tais como túneis, pontes, shopping “Departamento de Transporte” (Departm ent o f Trans
centers e aeroportos, além de conduzir estudos sobre portation) (N C R ST , 2006). Thirum alai (2003) revisou
necessidades de estacionamento (Haack et al., 1997). a pesquisa do N C R S T desenvolvida pelos membros do
O trabalho mais completo feito até o momento sobre consórcio nos seguintes aspectos: a) impacto ambiental
aplicações de sensoriamento remoto em problemas de para o planejamento de impacto de corredores multimo-
transporte foi executado pelo “Consórcio Nacional para dais, b) resposta a riscos e desastres e segurança à vida;
o Sensoriamento Remoto em Transporte” (N ation al Con- c) segurança e gestão de recursos de infraestrutura; e d)
sortium on Remote Sensing in Transportation - N C R ST), gestão do fluxo de transporte multimodal.
Infraestrutura de Transporte 495
Figura 13-42 Terminal ferroviário de Zurique, Suíça, registrado em 16 de agosto de 2002 (cortesia de DigitalGlobe, Inc.).
i
Estradas e A utoestradas autoestrada é mostrado na Figura 13-41 b. A declividade das
alças é suave e apresenta longas rampas de acesso e saída, que
As vias rodoviárias podem ser pavimentadas ou não. Es permitem a fusão de fluxos de tráfego com segurança.
tradas pavimentadas podem ser acessíveis a motoristas em
qualquer ponto ao longo da rota, ou então, serem de acesso De forma semelhante a investigações meteorológicas, es
controlado (como autoestradas e estradas com pedágios). A tudos de contagem de tráfego de automóveis, aviões, bar
atualização de um mapa da rede rodoviária é uma tarefa de cos, pedestres e grupos de pessoas requerem dados de mais
fundamental importância. Isto é geralmente realizado com elevada resolução temporal, frequentemente variando de
uma frequência de um a cinco anos e, em áreas com baixa 5 a 10 minutos. E difícil identificar o tipo de veículo ou
densidade de cobertura vegetal arbórea, pode ser executado barco até mesmo usando dados com resolução espacial de
usando imagens com resolução espacial de 1 —30 m (Lacy, 1 x 1 m. Essa tarefa demanda imagens de alta resolução
1992). Se for necessário um dimensionamento mais preciso espacial de 0,25 —0,5 nt. Esse tipo de informação só pode
das vias, por exemplo a largura exata da faixa de rolamento e ser adquirido utilizando câmeras de fotografia aérea ou vi-
calçadas, então é necessário uma resolução espacial de 0,25 deografia que estejam 1) localizadas no topo de edifícios
—0,5 m Qensen et al., 1994). Atualmente, apenas fotografias com visada oblíqua para o terreno, ou 2) instaladas a bordo
aéreas de grande escala podem fornecer esse tipo de informa de aeronaves ou helicópteros com sobrevoo repetitivo sobre
ção planimétrica. Um exemplo consiste na fotografia aérea a área de estudo. A Figura 13-4lc capta as características
de um cruzamento, mostrado na Figura 13-41 a. O semáforo de um estacionamento em um certo instante. Quando essa
sobre a rua, carros e caminhões e até mesmo a sinalização de informação é adquirida em um instante ótimo, futuras de
pista mostrando o direito de conversões à direita e à esquerda cisões sobre tráfego e estacionamento podem ser tomadas.
são visíveis. N o futuro, veículos aéreos não-tripulados (Un- Estudos sobre necessidades de estacionamento requerem a
manned, Aerial Vehicles — UAVs) portando câmeras digitais mesma resolução espacial elevada (0,25 - 0,5 m), porém re
leves poderão igualmente fornecer informação similar de alta solução temporal ligeiramente inferior ( 1 0 - 6 0 minutos).
resolução espacial a custos razoáveis (NCRST, 2006).
As condições de estradas, ferrovias e pontes (rachaduras,
Alças e anéis rodoviários são usados para introduzir e escoar o buracos, etc.) são monitoradas de forma rotineira em cam
tráfego de veículos em estradas com acesso controlado. Eles se po e eventualmente usando dados de sensores remotos
apresentam sob uma infinita variedade de formas e tamanhos de alta resolução espacial. Por exemplo, a Figura 13-41 d
e são relativamente fáceis de distinguir em dados de sensores apresenta uma imagem fotográfica pancromática de uma
remotos. Um exemplo de um anel viário clássico em uma autoestrada e pontes ferroviárias. Uma inspeção cuidadosa
496 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana
^ ^ KS
H H H
-> V i* í
ifS
a. Um avião biplano veterano registrado com uma resolução espa b. Aeronaves a jato no terminal aéreo El Toro Marine, CA, registrado
cial de aproximadamente 15 x 15 cm. A fotografia do biplano foi com uma resolução espacial de aproximadamente 0,3 x 0,3 m.
adquirida utilizando uma câmera instalada em uma pipa (cortesia
de Cris C. Benton).
c. Imagem pancromática com resolução espacial de 1 x 1 m do Aeroporto Nacional Ronald Reagan em Washington, D C, registrada pelo
satélite IKONO S em 1999 (cortesia de Spacelmaging/GeoEye, Inc.).
Figura 13-43 Exemplos de aeronave, pista de taxiamento, pouso e decolagem em macadame, hangares e terminais civis e militares
(nível 1413).
Infraestrutura de Transporte 497
a. Barcos a vela ancorados em um porto próximo a b. Fotografia aérea vertical de alta resolução espacial mostrando
San Francisco, CA (cortesia de Cris C. Benton). doze barcaças comerciais sobre o rio Mississipi sendo puxadas por
dois rebocadores.
por um analista de imagem qualificado fornece informa • os trilhos raramente mudam de ano para ano;
ção significativa sobre as condições da estrada e da ponte.
As condições da estrada e da ponte também podem ser • os trilhos não possuem ângulos retos, somente conver
documentadas usando fotografias aéreas de alta resolução sões curvilíneas graduais;
espacial (< 0,25 x 0,25 m).
• as pontes ferroviárias tornam-se estreitas, em oposição às
Ferrovias pontes rodoviárias, que mantêm a mesma largura da via;
Trilhos ferroviários, locomotivas, vagões e terminais são • as sombras das sinaleiras e cancelas de cruzamento fer
relativamente fáceis de distinguir em imagens de alta reso roviário são encontradas em quase todos os cruzamen
lução espacial, porque tos com uma estrada;
498 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana
A plicações M ilitares
a. Base de submarinos em Andreyeva Guba, Rússia, obtida em b. Pátio de aeronaves na Base Aérea de Davis-Montham, próxima a
9 de fevereiro de 2004. Tucson, AZ, obtida em 11 de agosto de 2002.
Figura 13-45 a. Dois submarinos encontram-se atracados em Andreyeva Guba, uma base de submarinos da Rússia (cortesia de ImageSat
International, Inc.). b. Centro de Manutenção e Recuperação Aeroespacial da Base Aérea de Davis-Montham (Aerospace
Maintenance and Regeneration Center at Davis-Montham A ir Force Base) em Tucson, AZ, que abriga mais de 5.000 aeronaves
e fornece peças de reposição para aeronaves mais antigas em operação em todo o mundo. O centro recebe cerca de 400
aeronaves por ano e libera aproximadamente a mesma quantidade para entrada em operação. Notam-se alguns bombardeiros
B-52 na porção inferior esquerda da imagem, que foram cortados em pedaços por meio de uma imensa lâmina suspensa
por uma grua. Os pedaços são deixados a céu aberto por um período maior de tempo, para fins de verificação técnica por
satélites (p.ex., satélites-espiões), como parte do acordo firmado no tratado de redução de armas estratégicas (SALT II Treaty
and Protocol) entre os Estados Unidos e as Repúblicas Socialistas da União Soviética (cortesia de DigitalGlobe, Inc.).
• trilhos ferroviários raramente cruzam outros trilhos; e • uma extensa rede viária de pistas de taxiamento em
macadame conectando os hangares e terminais às pistas
• locomotivas e vagões são de tamanho grande e forma de pouso e decolagem
to longo e linear, tornando-os relativamente fáceis de
identificar. • amplas áreas de estacionamento
Boa parte das operações de uma ferrovia ocorre no pátio • aeronaves visíveis.
de manobras de trens. Lá, vagões que se movimentam na
mesma direção ao longo de uma linha férrea ou possuem Aeroportos rurais frequentemente apresentam uma única
destino idêntico são posicionados em um comboio especí pista de pouso e decolagem, um catavento, aviões visíveis e
fico. A Figura 13-42 mostra o terminal ferroviário e o pátio um ou dois hangares.
de manobras de trens de Zurique, Suíça.
A Figura 13-43a mostra um avião biplano registrado com
A eroportos uma resolução espacial de aproximadamente 1 5 x 1 5 cm.
A fotografia do biplano foi obtida utilizando uma câmera
Os aeroportos civis e militares usualmente apresentam: instalada em uma pipa. Uma porção do terminal aéreo El
Toro Marine, CA (0,3 x 0,3 m), registrada por uma câmera
• longa(s) pista(s) de pouso e decolagem convencional, é mostrada na Figura 13-43b. Uma imagem
IK O N O S 1 x 1 m do Aeroporto Nacional Ronald Reagan
• torre(s) de controle de tráfego aéreo é apresentada na Figura 13-43c. O aeroporto civil possui
um extenso terminal para o embarque e desembarque de
• terminal(is) de passageiros em aeroportos civis passageiros. De forma diversa, alguns aeroportos militares
não possuem terminais, pois as tripulações são transporta
• hangares das para e das aeronaves por veículo.
Comunicações e Serviços de Infraestrutura 499
a. Torre de abastecimento de água protegida por cerca, b. Estação de televisão da emissora WIS TV-10, situada no edifício à direita,
com edifício de manutenção adjacente. Ela possui uma grande antena na cobertura e uma ampla antena parabólica de
transmissão via satélite na área do estacionamento. Um edifício de escritórios
do governo está situado à esquerda.
Figura 13-47 a) Fotografia aérea vertical do centro da cidade de Columbia, SC. b) Modelo digital de superfície (M DS) obtido por foto-
grametria digital e estereoscopia. c) Ortofoto digital sobreposta ao M DS. d) Modelo de intervisibilidade em um SIG para
identificar zonas mortas que seriam produzidas, caso uma antena receptora e transmissora de telefonia celular fosse localizada
no edifício indicado, em particular.
redores expressos de serviços atuais e previstos pode ser bem Criação de Modelos Digitais de
observada em imagens com resolução espacial de 1 —30 m, Elevação Urbanos
obtidas com frequência de um a cinco anos.
Quando se toma necessário inventariar a localização exata Um modelo digital de uma elevação da superfície terrestre
da malha dos serviços, torres de transmissão, postes, poços é denominado genericamente de Modelo Digital de Eleva
de inspeção, eixo de simetria de serviços, largura da área de ção —M D E (D igital Elevation M odel - D EM ). Se o M D E
servidão para os serviços, além da exata dimensão de constru contém informação sobre a elevação da vegetação e edifica
ções, casas de bombas e subestações, então deve-se trabalhar ções, então ele é chamado de Modelo Digital de Superfície
com uma resolução espacial de 0,25 —0,6 m (Jadkowski et - M D S (D igital Surface Model - D SM ). Se toda a informa
al., 1994). Por exemplo, a Figura 13-46 mostra uma torre ção sobre a vegetação e edificações foi removida, então ele
de abastecimento de água e instalações para transmissão via é denominado de Modelo Digital de Terreno da superfície
satélite pertencentes a uma emissora de televisão. terrestre nua (D igital Terrain Model - DTAÍ). A maior par-
Dados Meteorológicos 501
a. Ortofoto digital NAPP U SGS 1 x 1 m (banda do vermelho). b. Extração de materiais de superfícies impermeabilizados.
Figura 13-49 Superfícies impermeabilizadas foram extraídas a partir de ortofotos digitais falsa-cor de 1 x 1 m do “Programa Nacional de
Levantamento Aerofotogramétrico” (NationalAerialPhotography Program - NAPP), realizado pelo “Serviço de Levantamen
to Geológico Americano” ( United States Geological Survey - USGS), relativas a uma área na Carolina do Norte [cortesia de
Tom Tribble e Frank Obusek; Centro para Análise e Informação Geográfica da Carolina do Norte (North Carolina Center
for GeographicInformation andAnalysis)', Jensen e Hodgson (2004)].
oriental dos Estados Unidos e está situado na longitude 75° significativas para alertas de chuvas rápidas e condições
oeste. Todos os dias, milhões de pessoas em todo o mundo meteorológicas adversas, segurança do tráfego aéreo, con
observam a movimentação de frentes meteorológicas, que trole de fluxo do tráfego aéreo, proteção de recursos em
em alguns casos resultam em tornados e furacões de grande bases militares, gestão de recursos hídricos, agrícolas e flo
ameaça. Imagens completas do disco hemisférico terrestre restais, além da remoção de neve (NOAA R O C, 2006). O
podem ser obtidas a cada 25 minutos. Tempestades intensas produto de “refletividade composta” do radar Doppler é
em regiões relativamente pequenas podem ser imageadas a projetado sobre um mapa geográfico cartesiano, com reso
cada 3,1 minutos. A resolução espacial é de 1 x 1 km para lução de 1 x 1 km em 230 km, ou de 4 x 4 km em 460 km.
a faixa do visível, e de 4 —8 km para as faixas do infraver Os dados são obtidos a cada 5 minutos para o modo de
melho termal. Os países europeus usam o satélite M ETE- tempestade ou condições meteorológicas adversas, e a cada
OSAT, cujas faixas do visível e infravermelho próximo são 10 minutos no modo de tempo limpo.
obtidas com resolução de 2,5 x 2,5 km, e do infravermelho
termal com 5 x 5 km, a cada 25 minutos. O monitoramen Dados diurnos e noturnos do infravermelho termal com alta
to antecipado e a modelagem de furacões baseados nos da resolução espacial (5 - 30 m) podem ser usados para obter
dos desses satélites ajudaram a salvar milhares de vidas em informação espacial quantitativa detalhada sobre os efeitos de
épocas recentes. Por exemplo, em 1989, o furacão Hugo ilhas de calor urbanas (Lo et al., 1997). O sensor Enhanced
causou aproximadamente um bilhão de dólares de prejuízo Thematic Mapper Plus do satélite Landsat 7, com sua resolu
em instalações residenciais, comerciais e industriais, mas ção espacial de 60 x 60 m, e o ASTER, com resolução espacial
não houve vítimas fatais, em vista de alertas antecipados e de 90 x 90 m, são particularmente úteis. A informação espa
evacuações auxiliados por sensoriamento remoto. cial pode então ser usada para promover campanhas de ar-
borização, a fim de melhorar o efeito da ilha de calor urbana.
A população também se baseia no Radar de Acompanha
mento Meteorológico do Serviço Nacional de Meteorolo Hidrologia Urbana
gia (N ational Weatber Service Weather Surveillance Radar
- W SR-88D), localizado em solo, para o mapeamento de
precipitações e alerta de tempestades (Capítulo 12). A co
bertura máxima do radar N EXR A D é de aproximadamen Engenheiros civis e hidráulicos e planejadores urbanos
te 460 quilômetros. A rede N EX R A D fornece melhoras constantemente requerem informação atualizada sobre a
Resposta a Emergências em Desastres 503
hidrologia urbana. Duas medidas úteis que podem ser ob de radar interferométrico de abertura sintética. Associações
tidas por sensoriamento remoto são a área da superfície de solo e cobertura vegetal encontram-se frequentemente
impermeabilizada e a delimitação de planícies inundáveis. em transição na fronteira da planície. Portanto, é possível
utilizar dados multiespectrais para identificar mudanças na
Mapeamento da Superfície Impermeabilizada associação do tipo de vegetação ou solo e usar essa infor
mação conjuntamente com dados de elevação e declivida-
de para identificar os limites da planície.
Superfícies impermeabilizadas, tais como asfalto, concreto
e materiais de cobertura de edificações, não deixam que a Dados de sensores remotos multiespectrais ou hiperespectrais
água das chuvas infiltre-se no solo. Quanto maior a quan com uma resolução espacial de 1 —30 m são em geral sufi
tidade de materiais impermeabilizadores de superfícies cientes para a delimitação de planícies inundáveis quando
em uma bacia hidrográfica, maior o escoamento superfi usados conjuntamente com dados de elevação. Em áreas di
cial e maior a vazão de pico dos afluentes, que por sua nâmicas, a delimitação de planícies inundáveis deve ser atua
vez, aumentam a vazão total na bacia. Um significativo lizada com frequência de um a cinco anos (Tabela 13-1).
número de trabalhos foi conduzido para desenvolver mé
todos visando extrair informação sobre superfícies imper Identificação de Áreas Ambientais
meabilizadas a partir de dados de sensores remotos. Essas Críticas
superfícies, como áreas de estacionamento, estradas, cons
truções, etc., podem ser facilmente identificadas em da
dos de sensoriamento remoto de grande escala por meio Ambientes urbanos e periurbanos frequentemente in
de elementos fundamentais de interpretação de imagem. cluem áreas ambientalmente sensíveis, tais como brejos
Além disso, as características espectrais de certos materiais ou pântanos, habitat de espécies ameaçadas, parques,
de superfícies impermeabilizadas podem ser coletadas e áreas circunvizinhas a estações de tratamento de esgoto,
usadas para treinar programas de processamento digital de bem como áreas em bacias hidrográficas urbanizadas que
imagens para identificar automaticamente coberturas com fornecem o escoamento para mananciais de abastecimento
superfície impermeabilizada e quantificar a sua extensão de água potável. Ambientes sensíveis relativamente está
(Ridd, 1995). Por exemplo, a Figura 13-49 mostra como veis necessitam ser monitorados apenas a cada um ou dois
ortofotos de 1 x 1 m do “Programa Nacional de Levanta anos, usando dados de sensores remotos multiespectrais
mento Aerofotogramétrico” (N ational A erial Photography com resolução espacial de 1 - 10 m. Para áreas extrema
Program —N APP), realizado pelo “Serviço de Levantamen mente críticas que possam sofrer mudanças rapidamente,
to Geológico Americano” ( United States Geological Survey os sensores remotos multiespectrais (incluindo um canal
— USGS) foram usadas para identificar superfícies imper de infravermelho termal) deveríam obter dados com reso
meabilizadas associadas com um grande shopping center lução espacial < 0,25 - 2 m e com frequência de um a seis
na Carolina do Norte (Jensen e Hodgson, 2004). meses (Ehlers et al., 2003).
a. Caminhão de combustível tombado no Alasca (Jensen e Co- b. Fotografia aérea de trechos de um viaduto de uma autoestrada que
wen, 1999). cederam, próxima a Saugus, CA, imediatamente após um terremoto
em 1971. Os trechos do viaduto eram sustentados por pilares que não
resistiram ao tremor.
Figura 13-50 Exemplos de imagens de alta resolução espacial adquiridas imediatamente após a ocorrência de desastres, usando fotografia
aérea métrica tradicional (a,b) e câmera métrica digital (c).
Enchentes (p.ex., o rio M ississipi em 1993; o rio Reno Quando um desastre ocorre, dados de alta resolução
e o rio Danúbio em 1993), furacões (p.ex., o H ugo em ( < 0,25 - 2 m) pancromáticos e/ou do infravermelho
1989; o Andrew em 1991; três furacões na Flórida em próximo devem ser adquiridos dentro de 12 horas a dois
2004; o Katrina em 2005), tornados (todos os anos), dias (Schweitzer e M cLeod, 1997). Por exemplo, a Figura
incêndios, derramamentos de óleo, terremotos (p.ex., 13-50a registra um derramamento associado a um cam i
Saugus, CA, em 1971; Northridge, CA, em 1994) e os nhão de combustível tombado, imediatamente após o
tsunamis do Oceano Indico em 2004 demonstraram acidente. Uma fotografia aérea adquirida imediatamente
que um banco pré-desastre de dados de imagens geor- após o terremoto fatal Saugus, CA, em fevereiro de 1971,
referenciadas (e ortorretificadas) de sensoriamento re é apresentada na Figura 13-50b. Danos de um tornado
m oto é indispensável (Jensen e H odgson, 2006). Os da ocasionados próximo a Mechanicsville, NY, foram capta
dos pré-desastre necessitam ser atualizados apenas com dos por uma imagem digital mostrada na Figura 13-50c.
frequência de um a cinco anos. Entretanto, eles devem Se o terreno estiver entrecoberto por nuvens, o imagea-
se constituir de dados multiespectrais de alta resolução mento por radar geralmente fornece as informações úteis.
espacial ( 1 - 5 m), se possível (Jensen e Cowen, 1999). Imagens pós-desastre são usualmente corregistradas a
Resposta a Emergências em Desastres 505
Figura 13-51 Imagens antes e depois do Tsunami em Banda Aceh e Gleebruk, Indonésia, revelando casas destruídas, vias e pontes removi
das pela força das águas, e destruição das florestas (cortesia de DigitalGlobe, Inc.).
imagens pré-desastre, permitindo assim a detecção ma Prefeitos e governadores frequentemente usam dados de
nual e automática de mudanças (Jensen, 2005). Se infor sensores remotos pré e pós-desastre para obter uma rápida
mações precisas e quantitativas sobre habitações danifi avaliação da extensão e magnitude da devastação. Por exem
cadas, vias de transporte interditadas, fluxo de materiais plo, imagens de BandAceh e Gleebruk, na Indonésia, antes
derramados, bem como danos a redes de infraestrutura e depois do tsunami revelam casas destruídas, vias e pontes
subterrâneas são requeridas, é aconselhável a aquisição removidas pela força das águas, e destruição das florestas (Fi
de dados pós-desastre pancromáticos e no infravermelho gura 13-51). Quando essa informação é cruzada com a infor
próximo, com resolução espacial de 0,25 — 1 m, dentro mação de valor das propriedades imobiliárias armazenada em
de um a dois dias. Esse tipo de informação é indispen um SIG para uma dada área, uma avaliação quantitativa dos
sável para a avaliação dos danos e alocação dos escassos danos em moeda corrente pode ser feita, o que é indispensável
recursos de limpeza e remoção de entulho. nos casos de requisição de assistência em eventos de desastre.
506 CAPÍTULO Sensoriamento Remoto da Paisagem Urbana
K A
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Sensoriamento Remoto de Solos ,
Minerais e Geomorfologia
S
omente 26% da superfície terrestre é de terras expostas. Os restantes 74% são co
bertos por água (incluindo ilhas interiores, lagos, reservatórios e rios). Muito pou
cas pessoas vivem em barcos ou em estruturas localizadas na água. Quase toda a
humanidade vive sobre uma base sólida terrestre composta de rochas ou de rochas
intemperizadas, que chamamos de solos. Os homens conseguem obter colheitas rela
tivamente abundantes em solos de certas partes do nosso Planeta. Conseguem tam
bém extrair minerais importantes e materiais derivados que podem ser usados em
processos industriais e comerciais, visando melhorar a qualidade de vida na Terra.
Desta forma, é importante possuir informações as mais precisas possíveis sobre a lo
calização, a qualidade e a abundância dos solos, dos minerais e das rochas, com o ob
jetivo de conservar da melhor forma possível esses recursos naturais não-renováveis.
Este Capítulo conclui com uma abordagem sobre como informações geológicas ge
rais podem ser extraídas de dados de sensoriamento remoto, incluindo informações
sobre litologia, estrutura, padrões de drenagem e geomorfologia (fisiografia) (Walsh
et al., 1998; Bocco et al., 2005). Os dados de sensoriamento remoto são geralmente
de valor limitado para detectar feições geológicas subsuperficiais, a menos que tais
feições tenham uma significativa expressão superficial que possa ser interpretada.
Sensoriamento Remoto de Solos,
512 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia
Ayers R o ck (U lu ru ), A u strália ou mais horizontes (ou camadas horizontais) que são dis
tinguíveis do material rochoso (“rocha-mãe”, “rocha-matriz”
ou “material de origem”) como resultado de adições, perdas,
transferências e transformações de energia e matéria, com
capacidade para suportar plantas com raízes num ambiente
natural (USDA, 2003). O material intemperizado, incon
solidado, orgânico e mineral existente sobre o leito rochoso,
conforme está mostrado na Figura 14-2, varia amplamente
em composição e espessura ao longo da superfície terrestre.
Nas regiões centrais dos continentes, como na América do
Norte, pode chegar a profundidades desde 25 até 300 m.
Nas regiões de montanhas escarpadas ou nos desertos este
material pode estar quase ausente. Solos congelados (“per-
mafrost”) são encontrados nos climas árticos.
Areia
Argila Silte Cascalho
muito fina fina média grossa muito grossa
0,002 0,05 0,1 0,25 0,5 1 2 mm 76,2
Areia
b. Escala do M IT e British Standards Institute
Silte Areia
Argila Cascalho Pedra;
fino médio grosso fina média grossa
0,002 0,006 0,02 0,06 0,2 0,6 2 mm
Figura 14-3 Três escalas de tamanhos de partículas dos solos: a) Escala granulométrica da Soil Science Society o f America e do USDA;
b) Massachusetts Institute o f Technology (MIT) e British Standards Institute; e c) International Society o f Soil Science
(conforme Marsh e Dozier, 1981; Loynachan et al., 1999).
que são muito pequenas, apresentam cargas elétricas que chaves para realizar a taxonomia dos solos (Keyes to Soil
atraem e prendem diminutas partículas de minerais dissol Taxonomy) têm sido utilizadas pelo U SD A Natural Re
vidos (íons), tais como o potássio e o cálcio. Graças a este sources Conservation Service (USDA, 2003) desde 1975,
mecanismo de ligação dos íons às partículas de argila, eles visando diferenciar qualitativa e quantitativamente entre
não são facilmente lavados e lixiviados. Desta forma, algu categorias taxonômicas de solos { “soil taxa’). A mais alta
mas argilas ajudam a manter a fertilidade do solo, retendo categoria do Sistema Americano de Classificação de Solos
minerais dissolvidos ricos em potássio, cálcio e em outros (U.S. Soil Taxonomy, U SST ) é a Ordem. Cada Ordem re
nutrientes (Marsh e Dozier, 1981). flete os processos dominantes deformação e o grau deformação
dos solos. As 12 principais Ordens de solos do U S ST são:
Os horizontes do solo contêm várias proporções de areia, Alfisols (solos ricos em nutrientes), Andisols (solos vulcâ
silte e argila. A textura de um solo relaciona-se à proporção nicos), Aridisols (solos desérticos), Entisols (solos novos),
relativa de areia, silte e argila existente neste solo. A textura Gelisols (solos de tundra), Histosols (solos orgânicos), In-
típica do solo é a porcentagem em peso de partículas de vá ceptisols (solos jovens), Mollisols (solos de pradarias), Oxi-
rias classes de tamanhos. O triângulo de textura dos solos do sols (solos tropicais), Spodosols (solos de florestas), Ultisols
USDA, mostrado na Figura 14-4 identifica as porcentagens (solos pobres em nutrientes), e Vertisols (solos de argilas
de areia, silte e argila, conforme os tipos padrões de solos. expansivas). Chaves dicotômicas adicionais permitem aos
Por exemplo, um solo franco ( “loam’), encontrado no centro pedólogos a classificação dos solos em SubOrdens, Gran
do diagrama, é constituído de 40% de areia, de 40% de silte des Grupos, SubGrupos, Famílias e Séries.
e de 20% de argila. Se um solo possui uma maior concentra
ção de areia - p.ex., 60% - com 10% de argila e 30% de silte, A Soil Taxonomy é um sistema relativamente complexo
será chamado de franco-arenoso ( ‘sandy loam soil’), etc. baseado no uso de chaves dicotômicas de eliminação que
permitem ao pedólogo avaliar várias características pre
Taxonomia de Solos sentes nos perfis de solos, incluindo a cor (matiz, valor e
croma), classe textural, conteúdo de umidade, densidade,
porosidade e a parte química. Por exemplo, a primeira cha
Os pedólogos (cientistas que estudam solos) são aqueles ve de entrada para as Ordens de solos é: O solo contém:
que determinam a taxonomia dos solos (Petersen, 1999). As 1) camada gelada ( “perm afrost”) em profundidade até 100
Sensoriamento Remoto de Propriedades dos Solos 515
100
Os instrumentos sensores ópticos, por exemplo, tais como
as câmeras fotográficas aéreas, os imageadores multiespec-
trais e hiperespectrais, podem registrar as características
de reflectância espectral da superfície dos solos se eles não
estiverem recobertos por vegetações ou dosséis densos. Te
oricamente, a radiância total que é refletida por um solo
exposto e é registrada por um sensor a bordo de um satélite
(L ) é função da energia eletromagnética das fontes identi
ficadas na Figura 14-5 e sumarizadas como:
L =L +L +L (14-1)
Onde:
a. Solo com horizontes O e A b. Horizonte O fino sobre horizontes A c. Horizonte O muito fino sobre subsolo
bem desenvolvidos. e B menos desenvolvidos. ou leito rochoso intemperizado.
Figura 14-5 Solos e rochas recebem a irradiância proveniente do Sol {E J e da atmosfera (ú ( ). A radiância total que emerge de um solo/
matriz rochosa em direção a um sensor remoto é função da radiância do espalhamento atmosférico indesejado (L^, da quan
tidade substancial de radiância (L ) refletida ou espalhada pela superfície superior do solo/matriz rochosa (aproximadamente
V2 comprimento de onda em profundidade), da pequena quantidade de radiância volumétrica de subsuperfície (L ) e da
muito pequena quantidade de radiância do subsequente substrato solo/rocha.
O objetivo principal do sensoriamento remoto de solos e Geralmente, um solo seco com pouca matéria orgânica
de minerais é o de separar a radiância de interesse das ra- exibe uma curva de reflectância espectral relativamente
diâncias de todos os outros componentes, que estão sendo simples e menos complexa do que as curvas da vegetação
registradas pelo sistema sensor. Por exemplo, o pesquisador (Capítulo 11) ou dos corpos d’água que contêm algas (Ca
interessado em identificar os constituintes orgânicos e inor pítulo 12). A Figura 14-6, por exemplo, ilustra reflectâncias
gânicos (ou minerais) presentes nos horizontes superiores espectrorradiométricas obtidas para solo siltoso seco e para
dos solos está principalmente interessado na medição da solo arenoso seco. Isto demonstra uma das mais consisten
resposta espectral integrada da radiância de superfície e de tes características dos solos secos: aumento da reflectância
subsuperfície, i.e, L e L : com 0 aumento dos comprimentos de onda, especialmente no
Sensoriamento Remoto de Propriedades dos Solos 517
individuais podem ficar envolvidas por uma fina membra Analistas de imagens experientes sabem que os dados de
na de água capilar. A água pode também ocupar os espaços sensores remotos de superfícies expostas de solos, obtidos
de ar intersticial (Figura l4-7b). Os solos argilosos, mais após grandes precipitações, ficarão significativamente mais
densamente compactos, com cada uma de suas pequenas escuros do que se a imagem tivesse sido adquirida após mui
partículas retendo uma membrana de água em sua parte tos dias sem precipitação. Isto ocorre porque a água, nas su
externa, pode armazenar uma grande quantidade de água. perfícies de solos, absorve grande parte da energia radiante
Inversamente, os solos arenosos, com partículas significati incidente, especialmente no visível e no infravermelho pró
vamente maiores e com espaços de ar também maiores: 1) ximo, resultando em menor quantidade de radiância que é
drenam muito mais rapidamente do que os solos argilosos, enviada em direção ao sistema sensor considerado.
e 2) secam muito mais rapidamente por evaporação do que
os solos argilosos. Porém, o que isso tem a ver com as ca Se houver a disponibilidade de sensores de alta resolução
racterísticas de reflectância espectral dos solos? A resposta a radiométrica e espectral, pode ser possível diferenciar entre
esta pergunta é que, basicamente, a quantidade de umida solos com diferentes texturas, uma vez que quase todos os
de retida na superfície do solo é função da textura do solo. solos que tenham moderada a alta proporção de partículas
Quanto mais fina a textura, maior a capacidade do solo em argilosas exibem fortes bandas de absorção pela hidroxila
manter um alto conteúdo de umidade quando ocorrem pre em aproximadamente 1,4 e em 2,2 pm. A resposta espec
cipitações. Quanto maior a umidade do solo, maior será a tral de solos arenosos, na Figura l4-8a, não foi influencia
absorção de energia radiante incidente e, portanto, menor da pela banda de absorção devida à hidroxila, ocorrente em
será a quantidade de luz refletida. 2,2 pm, enquanto que a resposta espectral do solo argiloso,
na Figura l4-8b, exibe significativa absorção tanto em 1,4
Isto fica demonstrado para solos arenosos com pequena pm como em 2,2 pm. E claro que isto somente é possível
quantidade de vegetação na superfície, na Figura l4-8a. O diferenciar entre solos argilosos e silto/arenosos, se os solos
solo arenoso seco tem uma resposta espectral relativamente estão praticamente secos e contêm muito pouca matéria
simples, que cresce ao longo da região entre 0,5 e 2,6 pm. orgânica, a qual poderia mascarar tal relação; além disso,
Entretanto, à medida que a umidade do solo aumenta, a deve-se destacar a fina resolução espectral dos sensores hi-
água dos primeiros centímetros superiores do solo come perespectrais, que podem ser sensíveis a intervalos especí-
Sensoriamento Remoto de Propriedades dos Solos 519
Figura 14-10 Reflectância espectral de crostas biológicas de solos, incluindo também a reflectância de solo exposto, vegetação e sombra de
vegetação (Chen et al., 2000; reimpresso com permissão da Elsevier).
Salinidade do Solo
Figura 14-12 a) Reflectância espectral de crostas de solos salinos e não-salinos (Metternicht e Zinck, 2003; reimpresso com permissão
da Elsevier) versus resposta espectral da vegetação, b) Medições espectrorradiométricas de reflectância de Halita (NaCl) em
variadas concentrações de sal (Farifteh et al., 2006; reimpresso com permissão da Elsevier).
deveríam produzir uma resposta espectral mais alta ao lon misturas minerais com variados tamanhos de grãos (Clark,
go das porções do visível e do infravermelho próximo em 1999). Isto é importante porque significa que nós pode
função de reflexão especular no infravermelho próximo. mos conseguir predizer como as curvas de reflectância de
N o entanto, não é bem assim, porque à medida que umi tipos específicos de minerais ou rochas deveríam parecer
dade, matéria orgânica ou óxido de ferro são adicionados nos vários comprimentos de onda. Isto pode ser impor
ao solo argiloso, ele começa a absorver muito fluxo radian tante quando tentamos interpretar a informação contida
te incidente, e muito possivelmente aparecerá como siltoso em dados de sensoriamento remoto por espectroscopia de
ou talvez mesmo como arenoso no dado de sensoriamento imageamento de terrenos mineralizados.
remoto. Isso pode causar problemas de interpretação.
Espectroscopia de Imageamento de
Por outro lado, solos arenosos secos, com seus grãos gran Rochas e Minerais
des e que permitem fácil drenagem interna, deveríam espa
lhar difusamente os comprimentos de onda incidentes no
visível e no infravermelho próximo em proporção maior do Os instrumentos de espectroscopia de imageamento são
que para os solos argilosos ou para os solos siltosos. No en úteis para a obtenção de informações quantitativas sobre
tanto, é comum para a maioria dos solos arenosos de grãos tipos de rochas e composições de minerais. No Capítulo
mais grosseiros estarem entre os terrenos mais brilhantes e, 7 foram revisadas as características fundamentais dos siste
inversamente, os solos argilosos estarem entre os mais escu mas sensores de espectroscopia de imageamento, tais como
ros. King et al. (2005) e Zribi et al. (2005) descrevem como o AVIRIS (Airborne Visible Infrared Imaging Spectrome-
a rugosidade superficial pode ser medida usando sistemas ter). A presente seção revê as características fundamentais
de sensoriamento remoto por micro-ondas ativas. que impactam nossa capacidade de determinar tipos de
rochas e composições minerais quando utilizamos espec-
Sensoriamento Remoto de Rochas e trometria de imageamento.
de Minerais
Espectrôm etros de Im ageam ento
Rochas são assembléias de minerais interligados entre si ou Os espectrômetros de imageamento podem ser usados em
que estão mantidos unidos por vários tipos de cimentos laboratório, em campo ou instalados num avião para missões
(usualmente sílica ou carbonato cálcico). Quando pratica de sensoriamento remoto. As espectroscopias de reflectância
mente não ocorre vegetação à superfície e, desta forma, os e de emitância de superfícies naturais são sensíveis a ligações
solos e as rochas são visíveis diretamente por sistemas de químicas específicas dos materiais. N o passado, um dos pro
sensoriamento remoto, pode tornar-se possível diferenciar blemas associados à espectroscopia era que ela era muito sen
entre vários tipos de rochas e obter informações sobre suas sível a pequenas mudanças na química e/ou na estrutura dos
características. Grande parte das superfícies rochosas con materiais. Isto resultava na criação de curvas espectrais muito
siste de vários tipos de minerais. Clark (1999) sugere que complexas, as quais eram frequentemente ininteligíveis. Fe
é possível modelar a reflectância de uma rocha exposta que lizmente, grandes avanços foram obtidos em 1) qualidade de
contenha vários minerais ou um único mineral, com base sensores espectrômetros imageadores, e 2) nossa habilidade
na equação de Hapke (1993): de entender e de destrinçar o conteúdo de informação pre
sente nos dados gerados por espectrorradiômetros. Assim, o
r _ w’ x P x [(1 + B }P + H H fi (14-4) que então era uma desvantagem (ou seja, curvas de reflectân
x 4n p + po
cia espectral muito complexas) tornou-se agora uma vanta
onde r. é a reflectância no comprimento de onda A., \\r é o gem, na medida em que permite aos cientistas extrair mais
cosseno do ângulo de incidência da luz sobre a rocha ou mi informações úteis sobre a química do ambiente natural.
neral de interesse, p é o cosseno do ângulo da luz emitida, g é
ângulo fase, w’é o albedo médio de espalhamento individual Interações Energia-M atéria — Processos de Reflexão e
da rocha ou mineral de interesse, é uma função de retro- de Absorção
espalhamento, P é a função de fase média da partícula indi
vidual, e H é uma função para espalhadores isotrópicos. Com o já foi discutido anteriormente, os fótons da luz inci
dente num mineral ou rocha são 1) refletidos pelas superfí
Equipado com esta avançada teoria de reflectância e com cies dos grãos para outras superfícies de grãos, 2) transmi
as conhecidas constantes ópticas dos minerais, é possível tidos através do grão para outros grãos, e/ou 3) absorvidos
computar os espectros teóricos de reflectância para 1) mi dentro do grão. Para os fótons que são refletidos ou refrata-
nerais puros que tenham tamanho único de grão, 2) mi dos, diz-se que foram espalhados. Os fótons espalhados po
neral puro com uma variedade de tamanhos de grãos, e 3) dem encontrar outro grão ou ser espalhados para longe da
Sensoriamento Remoto de Rochas e de Minerais 523
( n - l )2 + K 2
(14-5)
(n + l ) 2 + K 2
Processos de Absorção
Figura 14-15 Espectros de três minerais, derivados do AVIRIS
(Airborne Visible Infrared Imaging Spectrometer)
Como foi demonstrado nas ilustrações anteriores, uma curva e usando um espectrorradiômetro de laboratório
de reflectância espectral típica obtida por um espectrômetro (segundo Van der Meer, 1994). As linhas verticais
de imageamento exibe vários máximos e mínimos. Os míni identificam feições-chaves de absorção, úteis para
mos são causados por fortes bandas de absorção. Por exemplo, identificar a caulinita. A discrepância entre as curvas
espectros obtidos com sensor de laboratório e com o AVIRIS de laboratório e AVIRIS para cada mineral são devi
das a 1) os espectros de laboratório são produzidos
para três minerais [caulinita, sulfato de alumínio (alunita) e
pelo uso de amostras puras, enquanto que os dados
buddingtonita (um feldspato de amônia)] são mostrados na
AVIRIS são extraídos de áreas relativamente grandes
Figura 14-15 (Van der Meer, 1994). Os cientistas documen (20 x 20 m) que contêm uma mistura de materiais
taram que minerais específicos exibem espectros de absorção dentro do campo de visada instantâneo (IFOV) do
relativamente únicos. Por exemplo, feições-chaves de absor sistema sensor, 2) os dados AVIRIS são registrados
ção associadas com caulinita são tipicamente encontradas em sob efeitos atmosféricos, e 3) as amostras de labo
2,17, em 2,21, em 2,32 e em 2,38 pm. Se um espectro exibir ratório estão secas, enquanto as outras, obtidas em
condições de campo, podem exibir pequenas diferen
mínimos e máximos nestas localidades, há grandes chances de
ças na umidade dos solos. Os espectros estão desloca
ser caulinita. E importante destacar aqui que somente sensores
dos verticalmente para efeitos de maior clareza.
hiperespectrais com resolução de larguras de bandas espectrais
da ordem de aproximadamente 10 nm têm a capacidade de
captar tais informações. Os espectrorradiômetros com largura Processos Eletrônicos: o processo eletrônico mais comum
de banda de 20 nm podem perder inteiramente os mínimos e revelado nas curvas de reflectância espectral de minerais é
máximos. Este diagrama também sugere que as diferenças em devido a camadas de elétrons não preenchidas de elemen
máximos, mínimos e na declividade entre os máximos e os tos de transição como Ni, Cr, Co, Fe, etc. (Clark, 1999).
mínimos podem permitir deduzir que estes três minerais po Isto é chamado de efeito de campo cristalino. As bandas de
dem ser diferenciados um do outro usando dados de sensores absorção podem também ser causadas por absorções por
remotos espectrais. As bandas de absorção nestes minerais são transferência de carga, bandas de condução e centros de cores.
causadas por processos eletrônicos e vibracionais. Boas exposições sobre estes itens podem ser encontradas
Sensoriamento Remoto de Rochas e de Minerais 525
em Clark (1999) ou no M anual de Sensoriamento Remoto em seguida usaram um programa computacional (o Tetracor-
— Geociências (Rencz, 1999), para informações detalhadas der) para comparar os espectros calibrados, obtidos para cada
relacionadas com estes processos de absorção eletrônica. pixel pelo AVIRIS, com espectros contidos numa biblioteca
de reflectâncias espectrais de minerais. Vinte e quatro cate
Processos V ibracionais gorias de minerais foram encontradas na região entre 2 e 2,5
pm, usando o Tetracorder. Notar o detalhamento presente
As ligações numa molécula ou numa estrutura de cristal po nos dados AVIRIS de baixa altitude (2,3 x 7m), quando
dem ser comparadas a elásticos com pesos presos neles, que comparados com os resultados dos dados menos refinados do
causam vibrações no sistema. A frequência de vibração de AVIRIS de alta altitude (18 x 18m) (Swayze et al., 1999).
pende das ligações na molécula e de suas massas. Para uma
molécula com N átomos, há 3N-6 modos normais de vibra Rowan et al. (2000) conduziram um estudo geobotânico
ções chamadas fundamentais. Cada vibração pode também usando dados AVIRIS da Carolina do Norte e da Carolina
ocorrer grosseiramente em múltiplos das frequências fun do Sul, visando identificar rochas de alteração hidrotermal,
damentais originais. As vibrações adicionais são chamadas com base em características de reflectância espectral de ve
de overtons ou combinações. Hunt (1977) desenvolveu um getação florestal ali presentes. Monoculturas esparsas de cas-
diagrama de assinatura espectral que sumariza o impacto tanheiras resultaram em menores densidades de dosséis nos
dos processos de absorção eletrônicos e vibracionais para um sítios de rochas alteradas, expressando-se em menores imen
grupo de minerais (Clark, 1999). Agua, hidroxila, carbo- sidades de absorção O-H nos dados AVIRIS. Galvão et al.
natos, fosfatos, boratos, arsenatos e vanadatos apresentam (2005) usaram feições de absorção da hidroxila bem defini
bandas de absorção vibracionais diagnosticas. das ocorrentes em 2.200 nm para identificar minerais alte
rados hidrotermalmente (caulinita e moscovita), com dados
Bibliotecas de Reflectâncias Espectrais ASTER. Entretanto, estes autores advertem que coberturas
vegetais densas diminuem a probabilidade de identificação
O U.S. Geological Survey compilou uma Digital Spec- correta nos ambientes tropicais. Ellis e Scott (2004) utili
tral Library (Biblioteca Espectral Digital) (U SG S Speclab, zaram dados hiperespectrais HyMap e bandas de absorção
2006). O Califórnia Institute o f Technology Jet Propul- para diferenciar entre biotita e topázio no Reino Unido. As
sion L.aboratory compilou uma biblioteca espectral que bandas de absorção associadas com o sensoriamento remoto
inclui a biblioteca de Salisbury et al. (1991), a JP L A ST ER de solos salinos são encontradas em Farifteh et al. (2006).
Spectral Library e a supramencionada U SG S Digital Spec-
tral Library (JPL, 2006). Estas são bibliotecas espectrais Características A ST E R de Reflectância e de Absorção
precisas. O recomendável é que se usem apenas bibliotecas Üteis para Discrim inação M ineral e Rochosa
espectrais que foram criadas usando rigorosos padrões de
calibração da espectroscopia de imageamento. Várias das características diagnosticas espectrais de rochas e
de minerais são encontradas na porção espectral do infraver
O btenção de M apas M inerais pelo Uso de D ados Hi- melho termal. O mais importante sensor orbital que fornece
perespectrais tais tipos de informações é o A STER (Advanced Spacebor-
ne Thermal Emission and Reflection Radiometer), a bordo
Se nós dispusermos de espectros de alta resolução espectral do satélite EOS/Terra. Seis bandas A STER (da banda 4 à
para uma superfície rochosa desconhecida e removermos banda 9) cobrem o intervalo do infravermelho de ondas
os efeitos atmosféricos, convertendo os valores de brilho curtas (SWIR). A banda 6 está centrada numa feição de
para reflectância percentual (ou exitância), então pode absorção da argila, frequentemente associada com alteração
remos pesquisar uma biblioteca espectral para identificar hidrotermal e potencial mineral. A banda 8 está centrada
os tipos de minerais que apresentam espectros idênticos numa feição de absorção por carbonato, permitindo então
ou muito similares aos da biblioteca pesquisada. Desta a discriminação de calcários e dolomitas em relação a outras
maneira, o imageamento espectroscópico pode ser usado rochas. Cinco bandas A ST ER (da banda 10 à 14) cobrem o
para derivar informações mineralógicas significativas com infravermelho termal (TIR). As bandas 10, 11 e 12 foram
pouco ou nenhum trabalho de campo in situ. Em algumas projetadas para detectar feições espectrais dos sulfatos e da
situações, mapas mineralógicos podem ser feitos. sílica. Analisando a reflectância na banda 6 (SWIR) conjun
tamente com a banda 10 (TIR) pode-se discriminar entre
Consideremos, por exemplo, os dois mapas minerais mos minerais comuns como a alunita (um sulfato importante
trados na Prancha Colorida 14-1, os quais foram derivados para depósitos minerais preciosos) e a anidrita (um sulfato
de dados AVIRIS de baixa e de alta altitude obtidos sobre evaporativo comum em regiões áridas). A banda 14 é cen
Cuprite, NV (Swayze et al., 1999). Os cientistas do USGS trada numa feição espectral de absorção do carbonato com
inicialmente removeram os efeitos atmosféricos dos dados e plementar da banda 8 (SWIR) (NASA ASTER, 2006).
Sensoriamento Remoto de Solos,
526 CAPITULO Minerais e Geomorfologia
Dobras Anticlinal
Dobramento (compressão)
Falhas
Direção de ataque
Figura 14-18 a) Uma falha normal (“dip-slip”), onde a parede lateral é deslocada a partir de um paredão. Notar que o ângulo do
plano de falha é chamado mergulho e que a linha de falha tende a cruzar o terreno numa certa direção azimutal de
nominada de direção de ataque. O deslocamento causa uma escarpa de falha, b) Uma falha de deslizamento lateral, c)
Uma falha por deslizamento oblíquo.
Os leitos de camadas sedimentares mergulham em direções Anticlinais e sinclinais podem ser simétricos ou assimétri
opostas em relação ao eixo central do anticlinal. A figura cos. Eles podem também mergulhar para baixo da super
contrária de um anticlinal é o sinclinal, cuja dobradura é fície, criando um anticlinal mergulhante ou um sinclinal
para baixo (Figura l4-17d). Os sinclinais possuem uma mergulhante. Algumas vezes as forças compressivas são tão
dobradura côncava em que tipicamente as rochas mais re grandes que os leitos sedimentares são sobredobrados um
centes localizam-se em seu centro. Um sinclinal é uma do sobre outro (Figura 14-I7e). Os anticlinais e os sinclinais
bra na qual os leitos sedimentares mergulham para dentro são continuamente intemperizados, dando origem a uma
a partir ambos os lados, formando um vale sinclinal. variedade de formas geográficas (“landforms”), tais como
Geologia 529
=4
_
II W
pelo número de canais na próxima maior ordem.
Relevo da bacia ( B j) B h = h max - h mm Distância vertical máxima entre o ponto mais baixo
e o ponto mais alto de uma sub-bacia.
índice de rugosidade (R ) >2 Produto de Relevo da bacia por sua Densidade
II
X
de drenagem.
Frequência de canais (F J Razão entre o número total de canais e a área
F =—
" A da bacia.
Razão de Textura ( 7) Razão entre o número total de canais de primeira
T=N{f) ordem e o perímetro da bacia.
Fator de forma (R ) Razão entre a área da bacia e o quadrado do
R< comprimento da bacia.
as cadeias de encostas escarpadas, etc. Exemplos de cama Se o deslocamento ocorre paralelamente ao plano de falha
das dobradas em imagens de sensoriamento remoto são ocorre uma falh a de desligamento lateral { “strike-slip fa u lt’)
encontrados na secção sobre “Formas Geográficas desen (Figura 14-18b). Deslocamentos para cima e para baixo ao
volvidas em camadas dobradas”. longo da linha de falha criam falhas híbridas por deslizameto
oblíquo ( “oblique-slip’) (figura 14-18c). O diagrama também
Falhas realça vários parâmetros que podem ser identificados quan
do se usa uma combinação de trabalho de campo e dados de
As fraturas de rochas podem ser divididas em duas cate sensoriamento remoto. A escarpa de falh a e a linha de falha
gorias: juntas e falhas. Uma ju n ta é uma fenda na rocha podem ser identificáveis. Elas podem tender para uma certa
ao longo da qual não há significativo deslocamento (i.e., direção no terreno, denominada direção de ataque { “strike
movimento oblíquo ou vertical). Uma falh a é uma fenda ao direction). O ângulo em que a superfície é inclinada a par
longo da qual houve deslocamento. Os falhamentos envol tir do plano horizontal é o ângulo de mergulho (0), sendo
vem o movimento de blocos massivos de rocha e usualmen medido para baixo em relação ao plano horizontal, numa
te originam terremotos. São somente as fraturas ao longo amplitude entre 0o e 90°. A direção de mergulho (0o a 359°) é
das quais os corpos rochosos realmente se movem um em medida ortogonalmente à direção de ataque. Fiá vários tipos
relação ao outro que chamamos defalhas. Este deslocamen de falhas do tipo “dip-slip faults”, que são discutidos na sec
to pode ser local ou ocorrer por centenas de quilômetros. ção sobre “Formas de Terreno Controladas por Falhas”.
Em certos casos, a direção e a quantidade de movimen
to (deslocamento) ao longo destes lineamentos podem ser Morfometria e Padrões de Drenagem
medidos a partir de sensoriamento remoto passivo (p.ex.,
Won-In e Charusiri, 2003; Fernandes da Silva, 2005) e por
sensoriamento remoto ativo (Hooper et al., 2003). Os parâmetros de drenagem superficial podem ser medi
dos por dados de sensores remotos. Alguns dos parâmetros
Há três tipos principais de deslocamentos em falhas, in morfométricos mais expressivamente usados são sumariza-
c lu in d o :^ /^ normal, falh a de desligamento t falh a por desli dos na Tabela 14-1 (Reddy et al., 2004). Nós focaremos
ze oblíquo, como está mostrado na Figura 14-18. O desloca aqui principalmente na densidade de drenagem (que é de
mento que ocorre para cima ou para baixo do plano de falha finida como o comprimento total de n canais numa ba
produz uma falh a normal { “dip-slip fa u lt’) (Figura 14-I8a). cia de drenagem dividido pela área superficial da bacia),
Sensoriamento Remoto de Solos,
530 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia
relacionando este parâmetro com a textura encontrada em em que se ressalta a importância das informações in situ,
dados de sensoriamento remoto. Analisaremos então as ca muitos cientistas usam as vantagens das visadas sinópticas e
racterísticas dos vários padrões de drenagem. abrangentes possibilitadas pelo sensoriamento remoto, que
permitem apreciar o padrão de drenagem em nível regional.
D ensidade de drenagem e Textura Portanto, é importante a habilidade de reconhecer os princi
pais padrões de drenagem em dados de sensores remotos.
A permeabilidade de um solo ou rocha (i.e., quão facilmente
a água passa através do material) tem uma grande correla Algumas vezes pode ocorrer uma variedade de padrões de
ção com a densidade de drenagem. A permeabilidade é in drenagem no interior de uma bacia ou de uma região e,
versamente proporcional ao escoamento. Nos locais onde a neste caso, dá-se o nome de padrão misto. Sempre que pos
permeabilidade é baixa e o escoamento é alto, tipicamente sível, é melhor estratificar o padrão misto em múltiplas
muitos canais são formados. Ao contrário, quando a perme áreas com padrões distintos. E importante também lem
abilidade é alta e o escoamento superficial é baixo, grande brar que o padrão de drenagem pode ser composto de ca
parte da água se infiltra no perfil do solo e maiores superfícies nais úmidos e secos, especialmente em ambientes áridos.
são requeridas para prover suficiente escoamento para a cria
ção e manutenção de um canal (ou tributário). Argilas fracas Padrão Dendrítico: é o mais comum padrão de drenagem
e relativamente impermeáveis e xistos produzem a mais alta (Figura l4-19a). E caracterizado por um padrão semelhante
densidade de drenagem. Regiões com densidades de drena ao de uma árvore, com ramos que se interligam em ângu
gem extremamente altas são chamadas “badlands”, p.ex., o los preferencialmente agudos (i.e., < 90°). Há poucas curvas
“Badlands National Monument” em Dakota do Sul. abruptas nos canais de drenagem. Os padrões dendríticos são
desenvolvidos por cabeceiras de erosão aleatórias de canais
Os padrões de drenagem visíveis em dados de sensoriamen sobre rochas de resistência uniforme com pouco ou nenhum
to remoto, anteriormente discutidos, podem ser descritos controle estrutural causado por dobramento ou por falha-
como tendo texturas dos tipos: fina, média ou grosseira. mento. Este padrão é frequentemente encontrado em geo-
Textura é formalmente definida como a razão entre o nú morfologias compostas de rochas sedimentares estratificadas
mero total de canais de primeira ordem e o perímetro da horizontalmente (p.ex., xisto) relativamente homogêneas,
bacia (Tabela 14-1). Um padrão de drenagem com textura conglomerados glaciais (p.ex., limo calcário), rochas vulcâni
fina tipicamente exibe pequenas distâncias entre tributários cas, em planícies arenosas costeiras, em planícies estuarinas
de primeira ordem, i.e., apresenta uma alta densidade de (Figura 14-19a), ou em planícies sedimentares glaciais.
canais muito próximos entre si por unidade de área (ou pe
rímetro). Esta textura indica alto escoamento de formações Padrão Plum iform e ( “Pinnate”, em inglês): Um padrão
facilmente erodíveis, tais como as compostas por solos ricos de drenagem plumiforme é uma variação do padrão den
em argila e xistosos de baixa permeabilidade. Um padrão de drítico, onde os canais e sulcos apresentam um formato de
drenagem de textura média apresenta densidades e distâncias ramificação semelhante à da samambaia, com interligações
moderadas entre tributários. E produzida por escoamento tipicamente em ângulos agudos. Este padrão indica a pre
moderado de solos ou leitos rochosos relativamente perme sença de alto conteúdo de silte, usualmente consistindo
áveis. Leitos finos de arenitos podem produzir tais texturas. de limo calcário, aluvião siltoso, ou materiais sedimentares
Um padrão de drenagem de textura grosseira apresenta baixa erodíveis muito frágeis.
densidade de drenagem, com canais largamente espaçados
entre si, sugerindo a presença de tipos de rochas duras e re Padrão Treliça: O padrão de drenagem treliça é um pa
sistentes (p.ex., granitos, gnaisses) e/ou de solos muito per drão dendrítico modificado, que assemelha-se a uma vinha
meáveis. Tais materiais tipicamente absorvem uma grande numa treliça de jardim. Este padrão frequentemente exibe
quantidade de água, ocorrendo então pouco escoamento. tributários primários paralelos, retos, e tributários secundá
Além disso, o leito rochoso pode ser fraturado. rios mais curtos que se ligam aos ramos maiores em ângu
los retos. Este padrão de drenagem frequentemente indica
Padrão de drenagem que a estrutura rochosa subjacente é inclinada, dobrada ou
falhada. Frequentemente é encontrado em rochas sedimen
O padrão de drenagem desenvolvido ao longo do tempo tares interestratificadas. A drenagem treliça é especialmen
numa paisagem fornece chaves sobre a litologia do leito ro te comum em áreas de rochas sedimentares dobradas de
choso (p.ex., ígnea, sedimentar, metamórfica), a topografia resistências diferentes, tais como na topografia de Ridge e
(declividade, aspecto), a textura do solo e/ou os materiais Valley, nas Appalachian Mountains desde Nova York até
rochosos, a permeabilidade do solo (que mostra quão bem Alabama, ou associadas com as cadeias de encostas de Uinta
a água percola através do solo), e o tipo de geomorfologia Mountains, em Utah (Figura 14-19b). Os canais primários
presente (p.ex., aluvial, eólica, glacial). Ao mesmo tempo paralelos fluem pelos lados das rochas mais resistentes.
Geologia 531
Figura 14-19 a) Topo: padrão de drenagem dendrítico hipotético. Embaixo: Fotografia aérea vertical de um padrão de drenagem den
drítico encontrado em Tivoli North Bay da Hudson River National Estuarine Research Reserve, em New York. b) Padrão
de drenagem treliça encontrado nas cadeias de Uinta Mountains, em Utah (dados MSS Landsat). c) Padrão de drenagem
retangular controlado estruturalmente do Colorado River no Grand Canyon (dados da banda 4 do Thematic Mapper;
cortesia da Space Imaging, Inc.).
Padrão retangular: Um padrão de drenagem retangular dos os tributários juntam-se ao canal principal em ângulos
também exibe um padrão semelhante ao de uma árvore; muito similares. A drenagem paralela sugere que a área apre
entretanto, os canais principais apresentam curvas mais senta declividades suaves e uniformes. Os tributários seguem
abruptas. Os canais frequentemente se juntam em ân sobre rochas pouco resistentes. A drenagem paralela e a ra
gulos retos. Este padrão desenvolve-se em áreas onde há dial no vulcão Maui, HI, são mostradas na Figura l4-20a.
juntas e falhas no leito rochoso. A drenagem retangular
está presente onde as rochas são fraturadas, juntadas ou Padrão R adial (C entrífugo) e Centrípeto: Um padrão
foliadas e são provavelmente metamórficas, como ardósia, de drenagem radial forma-se quando a água flui a partir
xisto, ou gnaisse. Este padrão também pode ocorrer em de uma colina ou domo. O padrão de drenagem radial
arenitos duros de climas áridos (Figura 14-I9c). Quanto pode ter os canais unidos a um círculo, consistindo-se
mais reto e retangular for este padrão, geralmente me então de uma rede de canais quase paralelos (como se
nos espesso o solo que cobre a rocha (Rasher e Weaver, fossem os raios de uma roda) fluindo para lora de um
1990). Embora tanto o padrão treliça como o retangular ponto central ou dom o (o que seria então o eixo). N es
apresentem tributários juntando-se em ângulos retos, os te caso, entretanto, o eixo da roda é elevado acima dos
canais individuais dos padrões retangulares geralmente raios. A drenagem radial é frequentemente encontrada
têm curvas em ângulos retos. em vertentes de cones vulcânicos, como a Diam ond
Head Crater, em Oahu, HI; ou em terrenos m ontanho
Padrão Paralelo: Um padrão de drenagem paralelo consiste sos escarpados (Figura l4-20b). Pode ser referido tam
de tributários que fluem praticamente paralelos entre si. To bém como drenagem radial centrífuga.
Sensoriamento Remoto de Solos,
532 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia
a. b. c.
Figura 14-20 a) Imagem radar SIR-C de padrões de drenagem paralelo e radial encontrados no cone vulcânico em Maui, HI (cortesia jet
Propulsion Laboratory/NASA). b) Fotografia aérea oblíqua da Diamond Head Crater em Oahu, HI, revelando os padrões de
drenagem radial e centrípeto interior, c) Fotografia do Space Shuttle de padrão de drenagem anular na Manicouagan Crater,
em Canadian Shield, na Província de Quebec, Canadá (cortesia Johnson Space Center/NASA; STS009-48-3139).
Um padrão de drenagem radial também pode desenvolver- os sedimentos suspensos usualmente entram no delta alu-
se em áreas circulares que drenam dentro de uma bacia vial por um único canal. O fluxo é então redistribuído ao
comum ou de uma depressão. Este é referido como drena longo do delta através de um certo número de distributá-
gem radial centrípeta. Neste caso, o eixo da roda é menor rios. Num delta aluvial, os materiais grosseiros (pedregu
do que os raios. Um vulcão pode ter drenagem radial cen lhos, cascalhos, etc.) são depositados no vértice do delta,
trífuga no seu exterior e uma drenagem radial centrípeta enquanto que os minerais menores e mais brilhantes são
nas paredes interiores da cratera (Figura l4-20b). depositados preferencialmente no final do delta. Em certos
casos, a drenagem dicotômica pode desaparecer comple
Padrão Anular: Um padrão de drenagem anular é seme tamente próximo ao final do delta, i.e., o material é tão
lhante ao padrão radial exceto que os tributários em for poroso que toda a água percola. Distributários dicotômi
mato de anel interceptam os canais radiais em ângulos re cos similares podem formar-se em deltas de rios (p.ex., o
tos (Rasher e Weaver, 1990). Estes desenvolvem-se quando Mississipi e o Nilo). Os padrões de drenagem dicotômi
os cursos ajustam-se a fluir em volta dos domos resistentes. cos somente podem ser formados em deltas quando o se
Domos de granito ou sedimentares frequentemente desen dimento suspenso é de granulação muito fina e pode ser
volvem este tipo de padrão, assim como crateras de mete transportado em grandes distâncias.
oritos (Figura l4-20c).
Padrão entrelaçado ( “braided”, em inglês): Um padrão
Padrão dicotôm ico: Um padrão de drenagem dicotômico de drenagem entrelaçado pode ser desenvolvido em pla
pode ser encontrado em leques ou deltas aluviais na de nícies de inundação, onde a velocidade dos cursos não é
sembocadura de canais ou rios (Figura 14-21 a). A água e suficiente para mover os sedimentos suspensos para jusan-
Geologia 533
a. b. c.
Figura 14-21 a) Imagem ASTER de padrão de drenagem dicotômico em um delta aiuvial da cadeia de montanhas de Kunlun e Aitun no
sul de Taldimakan Desert na Província de Xinjiang, na China. A imagem foi adquirida em 02 de maio de 2002 (cortesia de
NASA/GSFC/M ETI/ERSDAC/JAROS e U.S./Japan ASTER Science Team). b) Foto Space Shuttle de padrão entrelaçado
no Rio Betsiboka, em Madagascar (cortesia Kamlesh Lulla; NASA Johnson Space Center). c) Imagem de radar SIR-C/X-
SAR do Rio Mississipi mostrando padrão de drenagem anastomosado (cortesia Jet Propulsion Laboratory/NASA).
te. O resultado é a deposição de material suspenso em ca de fluxo. Basicamente, o sistema hidrológico não tem sufi
nais entrecruzados que parecem com cabelos entrelaçados. ciente energia para remover o sedimento da área. O maior
Consideremos, p.ex., o padrão entrelaçado encontrado na canal se ajusta à diminuição em energia depositando sua car
desembocadura do rio Betsiboka, em Madagascar (Figura ga de sedimentos e aumentando o comprimento do canal.
l4-21b). As areias e cascalhos que são sistematicamente se Feições diagnosticas típicas incluem meandramento e cicatri
lecionados e depositados na rede de drenagem podem even zes remanescentes de meandros e/ou lagos cotovelos, como
tualmente ter uma importância econômica significativa. aqueles encontrados no Rio Mississipi (Figura l4-21c).
Padrão desordenado: Um padrão de drenagem desorde Padrão cavidade (dolina): Um padrão de drenagem cavi
nado exibe canais que vagueiam em desordem em pânta dade consiste de lagos isolados que não parecem estar co
nos e entre corpos d’água (não mostrado). É encontrado nectados por qualquer drenagem superficial. Se pequenos
principalmente em paisagens muito jovens que têm topo segmentos de canal estiverem presentes, eles frequentemen
grafia quase plana e lençol freático superficial. Pode ocorrer te terminam abruptamente ou desaparecem na topografia
em planícies glaciais jovens, morenas, planícies costeiras calcária de cavidades e depressões. Este padrão de drenagem
baixas, e planícies de inundação. Usualmente, pântanos, desenvolve-se em calcários sedimentares (CaCO^), onde
lamaçais e lagos estão presentes. cavidades e depressões se formam por dissolução química
(Trefil e Hazen, 1995). Algumas vezes redes de drenagem
Padrão anastomosado: Um padrão de drenagem anastomo subterrâneas, não visíveis em imagens, emergem para for
sado pode ser encontrado em planícies de inundação madu mar nascentes e lagos. Um exemplo de topografia cavidade
ras onde há sedimentos homogêneos e reduzida velocidade na Flórida é mostrado na seção de topografia calcária.
534 CAPITULO 14 Sensoriamento Remoto de Solos,
Minerais e Geomorfologia
• formas cársticas
Figura 14-22 Estéreopar pancromático do vulcão com cone de cinza Menan Butte, em Idaho, obtido em 24 de junho de 1960. É um dos
maiores vulcões em cone “tuff” do mundo, com um volume de 0,30 km3. A “tuff” é feita de vidro vulcânico que foi alterado
por água. O cone é do final do Pleistoceno. O vulcão Menam Butte também lançou lava por vários quilômetros a oeste (parte
inferior das fotografias). Há brilho cintilante em Henrys Fork na fotografia à esquerda, à medida em que a lava flui para dentro
do Rio Snake. Notar a drenagem radial e paralela nos flancos da cratera e drenagem centrípeta no interior da cratera.
i
perfície terrestre. Entretanto, exemplos representativos de Isla Isabela, nas Ilh as G aláp ag o s
algumas das mais importantes formas de terreno são apre
sentadas. E recomendável recorrer a livros relacionados com
análises geomorfológicas a partir de plataformas aéreas, tais
como Shelton (1966), Short e Blair (1999), Rasher e Wea
ver (1990), Strain e Engle (1993), e Way e Everett (1997).
M ou n t St. H elens
Figura 14-24 a) Fotografia oblíqua alta do Mount St. Helens, que teve uma erupção em 18 de maio de 1980 (cortesia do U.S. Geologi-
cal Service), b) Estéreopar de Fotografia de Alta Altitude (USGS) do Mount St. Helens, em Washington, obtido em 6 de
agosto de 1981 (U.S. Geological Survey photos 109-84, 85). O domo ativo de lavas no centro do cone é visível. Vapor está
elevando-se de dentro da cratera. Um padrão de drenagem radial de sedimento obstruído foi desenvolvido. O norte está à
esquerda. Consultar a Prancha Colorida 14-3.
mais viscosa a lava, mais escarpadas as vertentes produzidas). mente rasga os sapatos de alguém que tenta andar sobre
Rochas extrusivas comuns são basaltos, andesitos, dacitos e este tipo de lava, e pdhoehoe é uma lava que parece com
riolitos. O basalto é a rocha vulcânica mais profusamente um empastelamento de placas queimadas. Numerosos flu
distribuída, sendo também a rocha mais comum da superfí xos individuais são facilmente vistos em perspectivas radar
cie terrestre. Ela flui para fora através de aberturas vulcânicas tridimensionais na Prancha Colorida l4-2b. E importante
indo por sobre outras rochas em grandes lóbulos ou em for notar os materiais escuros da cratera Kupaianaha. O Ki
ma de finas lâminas (Lu et al., 2004). Ele pode viajar cen lauea está em erupção quase constante desde 1983.
tenas de quilômetros, sendo de granulação final, preto, rico
em sílica e em minerais ferromagnesianos. Normalmente o Isla Isabela é uma das ilhas de Galápagos, localizada na
basalto aparece preto em filmes pancromáticos em função costa oeste do Equador, na América do Sul e se constitui
de conter feldspato, hornblenda e micas. Dacitos e riolitos também em vulcão ativo em domo (escudo) de lavas. A
aparecem em tons claros nas imagens pancromáticas. Figura 14-23 ilustra uma imagem SIR-C/X-SA R Shuttle
de Isla Isabela sobreposta a um modelo digital de elevação.
A imagem de radar obtida pelo Shuttle SIR-C/X-SAR, As áreas claras são fluxos de lavas muito rugosos.
incluída na Prancha Colorida l4-2a, revela vários compo
nentes do vulcão escudo Kilauea, localizado no Havaí. O Os fluxos de lava no Vulcão Westdahl, no Alasca, foram
grande vulcão continua a ser criado por extrusão de dois mapeados usando imagens de radar e TM /Landsat (Lu et
tipos de lava: d a é extremamente rugosa e afiada e rapida al., 2004). Baldi et al. (2005) usaram fotografias aéreas e
Geomorfologia 537
M o u n t T aran ak i, N ov a Z elân d ia
Figura 14-25 Imagem ASTER do Mount Taranaki, na Nova Zelândia, obtida em 27 de maio de 2 0 0 1. Este vulcão do tipo cone composto
é feito de lava de andesito e uma mistura de rochas piroclásticas (tefra) e cinzas. A forma única do Egmont National Park
resulta de sua proteção em 1881, a qual especificava que uma reserva florestal se estendería num raio de 9,6 km desde o ápice
do Mount Taranaki. Uma série de habitats de montanha ocorrem sucessivamente desde pastagens até os flancos do vulcão
—desde floresta úmida até arbustivas, alpinos e finalmente cobertura por neve (cortesia de NA SA/GSFC/M ETI/ERSDAC/
JAROS e U.S. Japan ASTER Science Team).
fotogrametria para mapear mudanças geomórficas no Vul andesito (Figura 14-25). As rochas são uma mistura de rochas
cão Stromboli, na Itália. Dados infravermelhos termais piroclásticas sólidas (tefra), cinzas e lavas, com pouca coesão
AVHRR foram usados para mapear hot spots nos Vulcões e facilmente esculpidos por erosão. O Monte Taranaki eleva-
do Monte Etna e Stromboli (Pergola et al., 2004). se a uma altitude 2.518m. O vulcão começou a formar-se há
70.000 anos e sua última erupção ocorreu em 1755.
Cones compostos ou vulcões estratos são criados tanto a par
tir de materiais piroclásticos como de lavas. Os vulcões As rochas ígneas intrusivas são formadas quando o magma
mais impressionantes do mundo são do tipo cones com fundido resfria-se e cristaliza-se dentro da crosta terrestre.
postos. Por exemplo, o Mount St. Helens, em Washington O material acima desta rocha plutônica pode eventual
(2.548 m) é um vulcão do tipo cone composto (Figura 14- mente ser erodido. Grandes corpos de rocha intrusiva íg-
24 e Prancha Colorida 14-3). Em 18 de maio de 1980, às nea, ou batólitos, frequentemente formam a fundação de
8:32 da manhã, houve uma erupção neste vulcão. Uma sé sistemas montanhosos tais como o de Sierra Nevada, no
rie de terremotos moderados a severos precederam a erup oeste dos Estados Unidos ou os Andes, na América do Sul.
ção, no lado norte da montanha em direção ao Lago Spirit. Corpos menores de rochas intrusivas em forma de domos
Esta avalanche, a maior já observada no Hemisfério Oeste, são chamados de lacólitos ou estoques.
enfraqueceu as câmaras de magma interiores ao vulcão,
causando uma explosão lateral ao norte e vertical, que des As rochas plutônicas intrusivas mais comuns incluem o
truiu cerca de 7.000 km2 de floresta em poucos segundos e granito, o diorito, o diabásio e o gabro. O granito é uma
arremessou nuvens onduladas de cinzas e fumaça a até 21 rocha ígnea de coloração clara, rica em quartzo e feldspa-
km de altura, na atmosfera. Uma planície de pedras-pomes to, mas pobre em minerais ferro-magnesianos. O granito
foi produzida, consistindo de lama, cinzas e destroços vul usualmente aparece em tons claros nas imagens pancromá-
cânicos que cobriram o Toutle River Valley original a uma ticas, enquanto que o diabásio e o gabro aparecem escu
profundidade de 300 m. A fotografia estereoscópica obtida ros. O granito resfria-se por um tempo excepcionalmente
no dia 6 de agosto de 1981, após esta erupção, revelou ou longo no interior da Terra; portanto, tem cristais grandes
tro domo de lavas desenvolvendo-se no centro da cratera. que são visíveis a olho nu. Quando o granito é exposto à
O Monte Taranaki, em Egmont National Park, na Nova Ze superfície, pode ocorrer esfoliação nos locais em que enve
lândia, é um vulcão do tipo cone composto feito de lava de lopes concêntricos de material rochoso quebram-se devido
Sensoriamento Remoto de Solos,
538 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia
Figura 14-26 a) Fotografia aérea pancromática da Stone Mountain, GA. É um domo de esfoliação de granito originado por solidificação
de magma intrusivo em grande profundidade. Acredita-se que mais de 3.000 metros de material menos resistente foi erodido
para expor a rocha intrusiva. b) Fotografia de grande escala do topo da Stone Mountain. Notar as estriações lineares na rocha
e o padrão de drenagem paralelo e anular.
DeviPs Tower, W Y
Figura 14-28 a) Estéreopar pancromático do pescoço vulcânico da Devils Tower, WY, obtido em 15 de setembro de 1953. Juntas verticais
dividem a massa rochosa em colunas poligonais que se estendem desde a base até o topo da Tower. A Devils Tower tem uma
altura de 262 m, com uma elevação de 1.550 m. ATower é mais resistente à erosão do que a rocha sedimentar adjacente. Foi
formada pela intrusão de magma em rocha sedimentar. A rocha intemperizada (talude) posiciona-se na base. b) Seção trans
versal geológica: Tp = pescoço vulcânico de rocha ígnea preta intrusiva cristalina - fonólito pórfiro com cristais de feldspato
branco; Tas = siltito e arenito com xisto vermelho interestratificado; Jgs = gipsita com argilito vermelho interestratificado;
Jsb = xisto verde-cinza com arenito; Jsh = arenito amarelo; Jsr = xisto verde-cinza com arenito e calcário.
estratos. Os sedimentos podem depositar-se em canais de Arenitos apresentam grãos visíveis semelhantes a cristais
fluxos lentos, áreas inundadas, lagos e em mares rasos. Os de açúcar de até quase 2 mm de diâmetro. A maior par
sedimentos também depositam-se em oceanos, em platafor te dos arenitos são compostos de partículas arredondadas
mas continentais ou em canyons submarinos. Os fluxos pri de quartzo, mas podem conter feldspatos e fragmentos de
meiramente depositam areia grossa e depois partículas mais rocha inalterada. Para mover partículas deste tamanho, a
finas de argilas e siltes, em função dos tamanhos dos grãos. água ou o vento devem ter significativa força. Em ambien
Os afloramentos rochosos mais comuns nos continentes tes áridos, os arenitos são de rochas duras, resistentes ao
são compostos de argilitos, arenitos e calcários. Grande for tempo. Os afloramentos frequentemente aparecem em tons
ça da água é necessária para mover partículas do tamanho claros nas fotografias preto-e-branco, a menos que estejam
de seixos, que são depositadas como conglomerados. recobertas por revestimentos desérticos, casos em que eles
podem apresentar tons escuros. Os arenitos de ambientes
Argilitos apresentam grãos não-visíveis, sendo compostos áridos e semiáridos frequentemente produzem platôs, me
de sedimentos extremamente finos depositados em planí sas e testemunhos. Penhascos podem ocorrer onde arenito
cies de inundação, lagos e oceanos profundos muito cal sobrepõe-se a rochas sedimentares menos resistentes, tais
mos. Depósitos compactos de xistos calcários estão pre como o xisto. O arenito não é tão plástico (flexível) como
sentes em muitos deltas, onde os rios adentram nas águas o xisto e outras rochas sedimentares e, portanto, quebra-
tranquilas. A deposição em camadas ocorre em depósitos se facilmente quando sob estresse. As fraturas tornam-se
compactos em função de que as partículas de argila, sendo visíveis e podem produzir padrões de drenagem angulares,
chatas, alinham-se horizontalmente entre si. Usualmente dendríticos, treliças ou retangulares.
elas são de coloração cinza a vermelho escuro. O delta do
rio Mississipi contém argilito.
Sensoriamento Remoto de Solos,
540 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia
Calcários são formados a partir de carbonato de cálcio. das, como desertos substituídos por rios e depois lagos e
O limo precipita-se em mares rasos em águas tropicais mares interiores rasos. Finalmente, a terra foi sobrelevan-
quentes, onde quase não ocorrem outros sedimentos. As tada, formando o Colorado Plateau. Cinco a seis milhões
rochas calcárias são formadas em centros de continen de anos atrás, o jovem Rio Colorado começou a cortar as
tes antigos inundados e ao longo de plataformas conti camadas de rochas e o Grand Canyon foi criado.
nentais, onde são originados os recifes. Com o resultado
disso, muitos calcários são compostos de esqueletos de Um estéreopar pancromático da área próxima do South
animais. O calcário (e a dolomita) são susceptíveis à so Rim do Grand Canyon e do testemunho de xisto Bright
lução, significando que eles podem ser dissolvidos. Em Angel é mostrado na Figura l4-29b. O South Rim é com
ambientes úmidos, onde há abundância de água, pode posto de afloramento arenítico do Coconino Plateau e é
mos encontrar topografia cárstica, nome este advindo resistente ao intemperismo, formando um platô disseca
da região de Karst, na antiga Yugoslávia, originada pela do plano (mesa). Tanto o arenito como o argilito formam
dissolução de calcários. O terreno ondulado não contém despenhadeiros profundos em ambientes áridos. O xisto
padrão de drenagem visível à superfície, porém pode exi menos resistente é facilmente erodido, criando vertentes
bir cavidades ovais denominadas dolinas. O calcário de mais suaves (Figura 14-29b). Também pode ser visto no
ambientes áridos comporta-se de modo diferente. Com o estéreopar o entrincheirado Rio Colorado com seus desfi
existe pouca água para dissolvê-lo, o calcário pode ser ladeiros em formato de V, profundos e rápidos.
muito resistente ao intemperismo. De fato, da mesma
forma que os arenitos, pode originar afloramentos com Outro exemplo de estratos horizontais é encontrado a
faces verticais, quando se sobrepõem a rochas sedimen cerca de poucas centenas de quilômetros rio abaixo. A
tares menos resistentes, como os xistos. Figura l4-30a ilustra o rio Colorado quando está dis
secando o Shivwits Plateau, conforme cena T M /Land-
O xisto é produzido pela deposição e compactação de par sat, na banda 4 (infravermelho próximo), que fornece
tículas de silte e de argila. E relativamente impermeável à significativo detalhe, que é mais claro ainda na Prancha
água que se move através dele; portanto, mais água torna- Colorida l4-4ab, onde os afloramentos de arenitos mais
se disponível para a erosão de superfície. Em ambientes resistentes e o xisto sedimentar com declives mais suaves
áridos o xisto impermeável plástico é facilmente erodido. são evidentes nas cores mais vibrantes. Analistas de im a
Ele geralmente não produz declives tão escarpados como o gens frequentemente acham útil ter informações sobre
arenito ou o argilito. Quando não ocorrem afloramentos, elevação e declividade de uma área quando interpretam
pode haver topografia ravinosa e rugosa, que consiste de formas de relevo. A Figura 14-30b é uma representação
um padrão de drenagem dendrítico pinado de textura fina de dados digitais de elevação do U SG S. Notar a elevação
com linhas de cristas bem definidas e declividades mais maior do Shivwits Plateau e a menor do Rio Colorado. A
escarpadas. Geralmente, o xisto é mais plástico do que o Figura l4-30c mostra uma imagem de relevo sombreado
arenito e, portanto, não é tão afetado por estresses geológi analítico dos dados digitais de elevação, a qual fornece
cos. Isto resulta em maior número de padrões de drenagem informações adicionais valiosas para o analista, sobre a
dendríticos de textura fina a média. O xisto geralmente natureza tridimensional do terreno. Finalmente, o mapa
aparece em tons claros em fotografias pancromáticas. de declividade (Figura l4-30d) torna claro que o terreno
com a maior declividade ocorre adjacente ao rio C olo
O Grand Canyon, no Arizona, é um bom exemplo de rado e aos seus principais tributários. Platôs e mesas são
formas de relevo desenvolvidas em rochas sedimentares planos, com pouca declividade; portanto, eles aparecem
estratificadas horizontalmente. Um diagrama da estrutu escuros na imagem declividade.
ra estratificada é mostrado na Figura l4-29a. Esta região
contém um registro sedimentar quase contínuo da histó Outro excelente exemplo de um platô ou mesa é encontra
ria da Terra, com aproximadamente 1.500 m de camadas do em Phang Hoei Range, no norte central da Tailândia,
horizontais estratificadas, empilhadas, com as mais velhas aproximadamente a 40 km do nordeste da cidade de Lom
embaixo. Uma das camadas superiores, o argilito Kaibab, Sak (Figura 14-31). O platô resistente destaca-se majesto
formadas a partir de corais, esponjas e outros animais ma samente na paisagem, conforme é mostrado nesta imagem
rinhos é uma das mais jovens e tem aproximadamente 240 do SIR-C, banda F1V. Algumas vezes nós encontramos
milhões de anos de idade. No fundo do canyon está o Vish- rochas metamórficas estratificadas horizontalmente, que
nu Schist, com aproximadamente 1,7 bilhão de anos de foram expostas ao calor e à pressão. Este metamorfismo
idade, uma das rochas mais antigas do Planeta. As camadas faz com que o arenito se torne quartzito, que é muito re
intermediárias de rochas revelam uma história turbulenta sistente ao intemperismo e pode formar cadeias de monta
de reviravoltas orogênicas, depósitos de lavas, erosão pelo nhas escarpadas em todos os climas. Similarmente, o xisto
vento e pela água, bem como mudanças ambientais passa metamorfizado pode tornar-se ardósia muito resistente. O
Geomorfologia 541
Xisto - Shinarump
Xisto - Moenkopi
C o rte Transversal G eológico
do G ran d C anyon, no A rizon a
Figura 14-29 a) Corte transversal geológico do Grand Canyon, no Arizona, b) Estéreopar pancromático do Grand Canyon. Belvedere e
acampamento localizados no afloramento de arenito do Coconino Plateau, no South Rim. As imagens foram rotacionadas
de tal forma que o sul está à esquerda, a fim de evitar ilusão pseudoscópica. O arenito e o calcário resistentes formam escar
pas profundas. O xisto menos resistente é facilmente erodido, originando declividades mais graduais. O testemunho Bright
Angel está localizado em “a”.
ortognaisse é granito metamorfizado e tem uma aparência Formas de terreno desenvolvidas em estratos
similar. Uma variedade de paragnaisse pode desenvolver-se dobrados
a partir de arenito metamorfizado, xisto e outros sedimen
tos. Xistos são rochas cristalinas de granulação média deri
vadas de rochas sedimentares. Eles são facilmente erodíveis O diastrofismo (surgimento de montanhas) pode eventu
em climas úmidos, mas resistentes em ambientes áridos. almente inclinar ou dobrar as camadas de rochas sedimen-
Sensoriamento Remoto de Solos,
542 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia
Figura 14-30 a) Ilustração de outra seção do Grand Canyon, no Rio Colorado, Arizona, conforme registrado pelo sensor TM/Landsat, na
banda 4; resolução de 30 x 30m. O norte é colocado à esquerda a fim de melhorar a interpretabilidade. A Prancha Colorida
14-4 fornece informações adicionais, b) O Modelo de Elevação Digital (DEM) derivado de dados 30 x 30m do USGS
(mostrados em células de 93 x 93 m). Notar a maior elevação do Shivwits Plateau. c) Mapa de relevo sombreado, d) Mapa
de declividade, onde quanto mais claro o pixel, maior a declividade (conforme Mojave Desert Ecosystem Program, 1998; as
imagens Landsat foram cortesia de Space Imaging, Inc.).
tares horizontais ou as metamórficas. O terreno dobrado ao intemperismo e tende a criar cadeias. Inversamente, em
pode produzir domos monoclinais tais como Ayers Roch, regiões úmidas o calcário pode ser dissolvido e portanto é
na Figura 14-1, anticlinais esinclinais, como anteriormente mais facilmente erodido, formando vales ou baixadas.
ilustrados na Figura 14-17. Os estratos dobrados são ero-
didos diferenciadamente, dependendo do tipo de rocha se Dependendo da declividade dos terrenos mergulhantes, as
dimentar presente. Para arenito e argilito interestratificado cadeias podem ser assimétricas ou simétricas. Uma cadeia
em ambientes áridos, o arenito mais resistente forma cadeias de encostas escarpadas é um conjunto de cristas bem defi
anticlinais, enquanto que os argilitos são erodidos para va nidas formado pela erosão diferencial de um leito resistente
les sinclinais. Desta forma, podem ser formados sistemas de rochas mergulhantes declivosamente. Por exemplo, uma
aproximadamente paralelos de cadeias resistentes separadas paisagem dobrada próxima de Maverick Spring, WY, é mos
por vales erodidos. A resistência de rochas carbonáticas tais trada na Figura l4-32a. É um domo assimétrico dissecado
como calcário e dolomita depende das condições climáticas. com uma série de cadeias escarpadas ao redor da estrutura. A
Em regiões áridas, com pouca água, o calcário é resistente Figura l4-32b ilustra uma cadeia da Appalachian Mountain
Geomorfologia 543
com vale sinclinal cercada pela linha da Brush Mountain l4-36a). A falha Wasatch ao longo das montanhas Wasa-
a oeste e pela linha da Canoe Mountain a leste, próximo tch, em Utah, é um bom exemplo (Figura 14-37). A cadeia
de Tyrone, PA. Neste ambiente, o arenito é mais resistente Wasatch Mountain Range, das Rocky Mountais, é o bloco
à erosão do que o calcário, que é solúvel. A Figura 14-33 superior, e o bloco inferior é o vale. As escarpas de falha na
ilustra a elevação San Raiael, no sul de Utah. Este é um mo- base da cadeia Wasatch Range geralmente faceiam o oeste.
noclinal deformado com topo plano, que deriva para oeste/
sudoeste. As cadeias de arenito mais resistentes formam cor Uma falha reversa é criada quando o deslocamento ocorre
dilheiras nos flancos sul e oeste do monoclinal. na direção inversa (Figura 14-36b). Se o falhamento rever
so faz com que as lajes movam-se horizontalmente, como
Algumas vezes o dobramento é tão severo que as camadas mostrado na Figura l4-36c, nós temos uma falha de com
são praticamente verticais. Por exemplo, a Figura 14-34 pressão ou de sobrecompressão. Uma falha pode também en
ilustra o Ugab River, na Namíbia, que flui através de cama volver duas falhas planas. Um graben é produzido quando
das dobradas praticamente verticais de calcário, arenito e um bloco de material é deslocado para baixo entre duas fa
siltito estratificados finamente (Prancha Colorida 14-5). lhas normais (Figura l4-36d). Estes frequentemente pro
duzem vales rift (vale de fendas de grande extensão), tais
O ângulo de mergulho de um leito resistente pode ser calcula como o grande sistema rift do Leste Africano. Um horst é
do usando técnicas de medição fotogramétrica e a fórmula: criado quando um bloco de material é comprimido para
cima entre duas falhas planas paralelas (Figura l4-36e).
tan0 =A . (14-6)
d Quando o material rochoso deslocado ocorre paralelo com
a linha de falha, é criada uma falha de desligamento (Figura
onde 0 é o ângulo de mergulho, h é a distância vertical e d 14-18b). A Falha San Andreas, na Califórnia, é um exemplo
é a distância horizontal, como mostrado na Figura 14-35. clássico deste tipo de falhas. Ela passa sob o sul da Califórnia a
leste de Los Angeles, ao longo da porção sul do grande Central
Formas de Terreno Controladas por Falhas Valley, passa por San Francisco e chega ao mar. Uma porção
da linha de talha, no sul da Califórnia, é mostrada na Figura
14-38. O lado oeste da Falha San Andreas está movendo-
Há três principais tipos de deslocamentos em falhas, in se para noroeste, enquanto que o lado leste está movendo-se
cluindo: falh a normal, falh a de desligamento e falh a por des para sudeste; daí advindo a frequentemente citada observação
lize oblíquo, como está mostrado na Figura 14-18. As falhas de que Los Angeles e partes de San Francisco, uma vez que
normais (“dip-slip”) podem ser subdivididas em: normal, estão no lado oeste da falha, estão movendo-se em direção
reversa, compressão, graben e horst, como é mostrado na Fi ao oceano, ainda que muito lentamente. A Figura 14-38
gura l4-36a-e. Numa. falh a normal, o paredão saliente é também identifica a falha normal Garlock. A intersecção das
deslocado para baixo, expondo uma escarpa defalh a (Figura falhas Garlock e San Andreas é um local muito interessante
Sensoriamento Remoto de Solos,
544 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia
M averick Sp rin g, W Y
Figura 14-32 a) Fotografia de Alta Altitude (HAP) do USGS, mostrando uma paisagem dobrada erodida próxima a Maverick Spring,
WY. E um domo dissecado assimétrico, que é um remanescente erosional de um anticlinal mergulhante. Notar a topogra
fia fino-texturada, a direção de cristas e vales, e as drenagens radial e treliça controladas pela estrutura anticlinal (o norte
está à direita). Notar também as cordilheiras proeminentes, b) Fotografia de Alta Altitude de um vale sinclinal nas Ap
palachian Mountains, próximo de Tyrone, PA, registrada em 04 de maio de 1981. As linhas de crista da Brush Mountain
a oeste e a Canoe Mountain a leste são compostos de arenito muito resistente, enquanto as rochas sedimentares calcárias,
menos resistentes, foram erodidas. A interestratificação de arenito e calcário resulta em cadeias na periferia do sinclinal
com padrão de drenagem do tipo treliça (cortesia USGS).
para viver, com tremores pequenos ocorrendo quase todos os nais e deposicionais em praticamente todas as regiões do
dias. Notar que a Falha San Andreas criou um vale rifi que globo. Consequentemente, há uma enorme variedade de
é relativamente plano quando comparado com o terreno de formas de terreno fluviais.
cada lado da linha de falha. Isto é mais evidente quando se
observa o relevo sombreado do modelo digital de elevação E importante, quando se interpretam formas fluviais numa
(Figura l4-38d). Lagos naturais frequentemente ocorrem nos imagem, entender as características dos tipos de rochas pre
vales rift, onde o padrão de drenagem foi interrompido. sentes na bacia de drenagem, o padrão de drenagem, sua
densidade, e o gradiente (declividade) da bacia. Córregos
Formas de Terreno Fluviais ou rios que fluem sobre terrenos com gradientes escarpados
têm maior velocidade (energia) e portanto maior capacidade
de carrear sedimentos. Eles podem até carrear seixos, pedras
Formas de terreno fluviais são criadas pelo intemperismo, e matacões no seu fluxo. Ao contrário, quando o gradien
erosão, transporte e deposição de materiais pelo fluxo da te dos córregos ou rios diminui, as correntezas podem não
água. Os processos fluviais criam formas de terreno erosio- mais conseguir carregar sedimento em suspensão e então
Geomorfologia 545
R io U gab, N am íb ia
Figura 14-34 Imagem ASTER do Rio Ugab, na Namíbia, obtida em 25 de dezembro de 2000 (banda 3). Este rio flui na superfície so
mente por poucos dias a cada ano. O rio passa através de camadas verticais de calcário estratificado finamente com calcário,
arenito e siltito. Ver a Prancha Colorida 14-5 para uma versão colorida desta imagem (cortesia NASA/GSFC/M ETI/ERS-
DAC/JAROS e U.S./Japan ASTER Science Team).
Figura 14-35 O ângulo de mergulho, 0, de uma crista monoclinal, tal como uma encosta, pode ser calculado a partir de imagem
estereoscópica, usando a Equação 14-16.
Sensoriamento Remoto de Solos,
546 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia
Figura 14-36 Os principais tipos de falhas normais (“dip-slip”): a) Normal, b) Reversa, c) Compressão, d) Graben associado com um bloco
de material deslocado para baixo entre duas falhas normais, e) Horst associado com um bloco comprimido para cima entre
duas falhas planas paralelas.
depositam no canal como bancos de areia, deltas ou leques tributários com maior poder erosivo, especialmente se o
aluviais. Com efeito, a velocidade da correnteza determina terreno apresentar gradientes (declives) substanciais. Se a
que tipos de materiais (areia, silte, argila, cascalho, pedra) fonte de água continua sem interrupção, a torrente ou rio
podem ser carregados na água. Mesmo nos desertos, onde pode cortar e erodir tanto a base como as paredes do mate
tempestades são pouco frequentes, escoamentos podem in rial rochoso, criando vales profundos e em formato de “V ”
duzir erosão massiva devido à sua intensa velocidade, trans com planícies aluviais mínimas e cursos d’água estreitos.
portando os materiais erodidos a grandes distâncias. E im
portante realçar que quanto maior a velocidade, maior será Se o gradiente for suficiente, o rio pode continuar apro
a quantidade de abrasão, corrosão e escavamento. Desta fundando e alargar o canal. Entretanto, em algum lugar o
forma, os rios são agentes ativos de mudanças geomórficas rio pode erodir sua base até o ponto em que o gradiente
que produzem tanto formas de terreno erosionais como de- torne-se substancialmente reduzido. Se isto ocorrer, o rio
posicionais. Algumas das mais importantes formas de terre perde velocidade e começa a depositar uma parte de sua
no incluem vales cortados por rios, planícies de inundação, carga de sedimentos. Isto pode ser o começo de um vale
terraços, deltas, leques aluviais, pedimentos e playas. com planícies de inundação, largos meandros e lagos em
ferradura ocasionais. Há um certo número de fatores que
Vales de R io s, P lan ícies de In u n d ação e T erraços pode fazer com que o rio tenha uma redução de gradiente,
R elíq u ias incluindo a subsidência terrestre.
O terreno soerguido pode ser erodido por erosão laminar, Algumas vezes, o ribeirão ou rio perde quantidade subs
criando valas. Ao longo do tempo e sob precipitação con tancial de sua fonte de água ou seu gradiente é signifi
tinuada, estas valas podem tornar-se em pequenos canais cativamente diminuído. Quando isto ocorre, mais sedi-
Geomorfologia 547
Falha Wasatch
Springville —►
Fork Spanish
Wasatch
Figura 14-37 Imagem TM /Landsat, banda 4, mostrando a Falha Wasatch ao longo das Montanhas Wasatch, a leste de Springville e
de Spanish Fork, UT. Esta é uma clássica falha normal, com o bloco inferior constituindo-se no vale e o bloco superior
constituindo-se na cadeia Wasatch Mountain Range. Há numerosos escarpamentos de falhas ao longo da linha de falha
(cortesia Space Imaging, Inc.).
mento pode ser depositado. Isto pode resultar em vales energia. Além disso, grande parte da carga de sedimentos
extremamente largos e rasos, com meandros, cicatrizes de numa planície meândrica permanece dentro dos limites
meandros, meandros interrompidos, numerosos lagos em das margens do rio, mesmo durante o estágio de inunda
ferradura e numerosas barragens naturais. E importante ção. A maior erosão na planície de inundação ocorre nas
ressaltar, entretanto, que nem sempre ocorre este proces margens externas dos meandros. A maior deposição ocor
so. Eventos climáticos pouco comuns e impactos causados re nas margens internas dos meandros. Este processo pode
pelo homem podem intervir e alterar dramaticamente o levar à formação de bancos de areia e de cascalho no rio.
que poderia ser o ciclo de erosão (juventude-maturidade- Planícies cobertas são originadas quando energia adicional
senectude) de um vale de drenagem (Selby, 1989). é fornecida durante a inundação e as águas de inundação
rotineiramente transbordam as margens. Isto pode criar
Way e Everett (1997) sugerem que há três tipos de planí barreiras naturais constituídas de sedimentos grosseiros
cies de inundação de rios: meandro, coberta e composta. (normalmente areia) que são formadas adjacentes ao ca
As planícies meândricas são causadas por um baixo gra nal original. Ao longo do tempo, as barreiras naturais são
diente do canal e a deposição de uma parte da carga de construídas por acréscimos continuados. Uma parte da
sedimentos. Assim, é um sistema hidrológico de baixa água que flui sobre as barreiras naturais tem velocidade
Sensoriamento Remoto de Solos,
548 CAPITULO
Minerais e Geomorfologia
c. Ampliação d. Ampliação
Figura 14-38 a) Intersecção das falhas de San Andreas e Garlock, no sul da Califórnia, conforme mostradas numa cena TM/Landsat, banda
4. A Falha San Andreas é uma falha normal com direção noroeste-sudeste. b) Relevo sombreado de um modelo de elevação
digital do USGS (célula de 3 arcos de segundo, 93,3 m). c) Ampliação dos dados Landsat realçando uma porção da zona
rift da Falha San Andreas, conforme indicada na porção inferior da figura (a), d) A relativamente estreita zona rift quando
retratada pelo relevo sombreado (conforme Mojave Desert Ecosystem Program, 1998; cortesia da Space Imaging, Inc.).
menor e pode muitas vezes carregar somente partículas T M , no infravermelho médio, provê informação mais
finas de silte e argila, que são então transportadas para detalhada sobre umidade do solo do que qualquer outra
localidades de águas calmas distantes para além das barra banda. Com o esperado, as áreas vegetadas são escuras
gens naturais do rio. Estes sedimentos em geral melhoram nas bandas do verde e do vermelho e m uito claras tanto
a fertilidade dos solos. Uma planície composta contém fei no infravermelho próximo como no infravermelho mé
ções comuns a ambos os tipos de planícies apresentados dio. Uma composição 4,3,2 (RG B) de imagens T M é
anteriormente (meândrica e coberta). As planícies com mostrada na Prancha Colorida 14-6.
postas são o tipo mais comum de planície de inundação.
Planícies de inundação podem, algumas vezes, apresentar
A Figura 14-39 ilustra uma pequena seção do Rio Mis- terraços residuais associados a elas. Um terraço é um trecho
sissipi, com exemplos de várias planícies de inundação da planície de inundação mais elevado que restou numa
compostas. Tanto barragens feitas pelo homem como as planície de inundação atual. Tipicamente, um terraço
naturais estão ali presentes. As bandas T M /Lan dsat no apresenta um escarpamento no lado que faceia a atual pla
infravermelho próximo e no infravermelho médio são nície de inundação. Os terraços podem ser produzidos por
ideais para identificar os lagos em ferradura e as cicatri atividade glacial ou por grandes mudanças no clima, dis
zes de meandros inundados em épocas geologicamente ponibilizando mais água e energia para cortar a planície de
mais recentes, que são muito difíceis de discernir em inundação existente. Muitas camadas de terraços presentes
imagens nas bandas do verde e do vermelho. Os bancos numa região indicam que grandes mudanças erosionais-
de areia são visíveis em todas as imagens. A banda 5 do deposicionais ocorreram ao longo do tempo.
Geomorfologia 549
c. Banda 4 (infravermelho próximo) do Thematic Mapper. d. Banda 5 (infravermelho médio) do Thematic Mapper.
Figura 14-39 Formas de terreno do tipo planície de inundação no Rio Mississipi ilustradas por uma imagem Landsat, sensor Thematic
Mapper, obtida em 13 de janeiro de 1983 (ver também a Prancha Colorida 14-6) (as imagens são cortesia da NASA Obser-
vatorium e da Space Imaging, Inc.).
D eltas à letra grega delta (A), mas outras formas também podem
ocorrer. Há cinco formas comuns de deltas.
Quando um canal ou rio carregando grande carga de se
dimentos adentra num corpo d’água parado, tal como Deltas nlongados ou digitiformes são criados quando o siste
um lago, um reservatório, mar ou oceano, sua velocidade ma é dominado ppr entradas contínuas de grandes volumes
é diminuída substancialmente fazendo com que deposite de água e sedimento que não são impactadas severamente
sua carga de sedimentos suspensos, sendo que os materiais por ondas. Isto pode produzir o que é chamado de delta pé-
mais grosseiros ficam logo no começo e as partículas finas de-pássaro, como ocorre no delta do Rio Mississipi, quando
de silte e argila depositam-se mais à frente. A deposição entra no Golfo do México, próximo de New Orleans, LA
continuada destes materiais ao longo do tempo origina um (Figura l4-40a). A entrada continuada de sedimentos faz
delta, que tende a apresentar formas triangulares similares com que os canais deltáicos migrem para trás e para frente ao
Sensoriamento Remoto de Solos,
550 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia
longo do delta. Entretanto, algumas vezes, o sedimento de ques aluviais que se juntam na base de uma cadeia de mon
positado nos bancos do canal de entrada criam diques natu tanhas originam uma bajada.
rais similares aos encontrados nas planícies de inundação co
bertas anteriormente descritas. Inundações intensas podem Na Figura 14-41 a é mostrada uma imagem do Thematic
causar a quebra destes confinamentos. Este processo pode Mapper/Landsat na banda 4 ilustrando um leque aluvial
levar à criação de um lóbulo inteiramente novo de deposi adjacente a Salton Sea, na Califórnia. Notar o canal de en
ção sedimentar no delta. Existem vários canais distributários trada na parte superior direita e o leque aluvial de formato
principais de entrada presentes num delta pé-de-pássaro. cônico que foi resultado de milhões de anos de deposição
sedimentar por muitos eventos de precipitações esporádicas.
Num delta lobulado o rio constrói dentro do mar, mas a ação Fica evidente que os materiais de tons claros depositados
relativamente intensa das ondas redistribui grande parte dos neste leque tiveram sua origem em uma localidade diferente
sedimentos ao longo das barreiras costeiras, causando uma quando comparados com os materiais escuros encontrados
margem convexa ou em formato de leque faceando o corpo na base das montanhas vizinhas. Notar também o padrão
d’água. É um sistema dominado pela onda. O Rio Niger, no de drenagem dicotômico. Outro grande leque aluvial em
Golfo de Guiné, na África, criou um clássico delta lobulado White Mountains é mostrado na Figura 14-41 b.
(Figura l4-40b). O Rio Nilo, no Mar Mediterrâneo, tam
bém é um exemplo de delta lobulado (Figura l4-40c). Uma imagem A STER do leque aluvial Taklimakan no De
serto de Taklimakan, na Província Xinjiang, na China, é
Um delta crenulata forma-se onde correntes de marés mostrada na Figura 14-42. Este leque está localizado na pai
auxiliam a criar numerosas ilhas arenosas separadas por sagem entre as cadeias de montanhas de Kunlun e Altun.
canais de maré ao longo do fro n t do delta. É um sistema
dom inado pelo front do delta. O delta do Rio Irrawa- Pedimentos
ddy, em Burma, é um bom exemplo (Figura l4-40d).
N otar os extensivos manguezais visíveis como áreas cla Um pedimento é uma superfície erosional suavemente inclina
ras no delta do Irrawaddy. da, entalhada num leito rochoso, finamente preenchida com
cascalho e desenvolvida na base de montanhas. Pedimentos
Quando as ondas ou as correntezas ao longo da costa são são mais prevalentes em ambientes muito áridos. Um pedi
muito fortes, podendo mover o sedimento para longe do mento pode parecer com um leque aluvial numa imagem,
delta e do rio, e somente serão formadas cristas de areia pa mas é muito diferente. Um pedimento é uma superfície ero
ralelas à praia, então tem-se a criação do delta em cúspide. sional, enquanto que um leque aluvial é uma superfície de-
posicional. De fato, muitas feições cônicas na Great Basin, da
As correntes que entram em estuários costeiros também so América do Norte, no sul da África e na Austrália são de fato
frem redução de gradiente, causando a deposição de grande pedimentos e não leques aluviais. Exemplos de pedimentos
parte de sua carga sedimentar suspensa. Um delta estuarino na base das White Mountains, na Califórnia, são mostrados
será formado se estes depósitos não forem removidos pelas na Figura 14-41 b. A erosão do leito rochoso espalha mate
correntes ou por transbordamentos diurnos das marés. riais na base da vertente. A montanha pode eventualmente se
afogar em seus próprios escombros erodidos.
Leques aluviais e bajadas
Playas
As correntes que emergem de um vale montanhoso numa
planície de baixada frequentemente encontram declivi- Playas são bacias de lagos rasos formados em regiões de-
dades reduzidas e são forçados a depositar material para sérticas que são intermitentemente preenchidas com água
manter um gradiente adequado. Um leque alu vialé um de que evapora relativamente rápido, deixando um resíduo
pósito cônico, baixo, com o ápice do cone na boca do vale, de materiais superficiais fino-texturados. Muitas playas são
a partir do qual o leque é construído. Os materiais mais salinas e exibem tons claros em imagens. Muitas playas são
grosseiros, como cascalhos, pedras arredondadas e rochas estéreis, com pouca vegetação. Uma playa está presente na
são depositados próximo do ápice, enquanto que areia, base do leque aluvial existente em White Mountains, na
silte e argila são transportados para partes mais distantes Califórnia (Figura l4 -4 lb ).
do leque. Estes materiais são coletivamente chamados de
alúvio e, portanto, daí advém o termo leque aluvial. Formas Cársticas
a.
c.
Figura 14-40 a) Fotografia Space Shuttle do delta alongado pé-de-pássaro no Rio Mississipi, consistindo de várias saídas e suas barragens
naturais associadas (cortesia K. Lulla, NASA Johnson Space Center). b) fotografia Space Shuttle do delta lobulado do Rio
Niger desembocando no Golfo de Guiné, na África (NASA Johnson Space Center; STS61C-42-0072). c) Imagem M ODIS
do delta lobulado do Rio Nilo, no Egito (cortesia NASA Goddard Space Flight Center). d) Delta crenulata do Rio Ir
rawaddy, em Burma, registrado pelo Thematic Mapper, banda 4 (infravermelho próximo) (cortesia Space Imaging, Inc.).
Sensoriamento Remoto de Solos,
552 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia
Figura 14-41 a) Leque aluvial entre Little San Bernardino e Chocolate Mountain, a nordeste de Salton Sea, na Califórnia. O Aqueduto
Califórnia também é visível nesta imagem Thematic Mapper/Landsat, banda 4. Sua forma arqueada fornece alguma indica
ção de como o leque aumentou em volume ao longo do tempo, b) Um grande leque aluvial, vários pedimentos e uma playa
associada com uma área na White Mountain Range, noroeste de Death Valley, na Califórnia. Há vários locais nestas imagens
onde os leques aluviais se juntam originando uma bajada (cortesia Mojave Desert Ecosystem Programm and Space Imaging,
Inc.).
calcário verdadeiro, pelo menos metade da rocha deve con erosão. Portanto, a dolomita não produz a mesma topogra
sistir de minerais carbonatados, dos quais a calcita (Ca- fia cárstica quanto o calcário, em climas úmidos.
C 0 3) é o mais comum (Selby, 1989). A dolomita (CaMg)
C O é outra rocha carbonática e é também susceptível à A água superficial das precipitações é levemente ácida.
dissolução, mas não é tão facilmente afetada por precipita Quando esta água ácida percola através do calcário, o pro
ções levemente ácidas, como o calcário. Isto faz diminuir a cesso químico de carbonatação ocorre ao longo das jun
solubilidade e aumentar a resistência ao intemperismo e à tas e planos estratificados, abrindo gradualmente as fendas
Geomorfologia 553
Gancho
Vi Quebra-mar feito
pelo homem
Deposição pela
corrente ao longo
da costa
a s K v v I _
y *
s i m
Figura 14-44 Imagem SPO T pancromática 10 x 10 m de Kuwait City. Vários quebra-mares construídos pelo homem influenciam a
deposição ou a erosão de sedimentos carregados pela correnteza ao longo do litoral, que geralmente flui de sudeste para
noroeste. Um grande banco de areia ou gancho está presente na parte mais a norte da cidade. Este é um bom exemplo de
como o ser humano é um agente ativo de mudança geomórfica em zonas costeiras (© SPO T Image, Inc.).
em função de que influenciam a temperatura e a quan mostra estruturas marítimas presentes no litoral de Kuwait
tidade de sedimentos suspensos na água, o que por sua City, as quais impactam a deposição e a erosão de sedimen
vez pode im pactar o desenvolvimento de ecossistemas tos suspensos carregados pela corrente litorânea.
de recifes de corais e de manguezais.
A costa é definida formalmente como a região geográfica
As influências gravitacionais do Sol e da Lua sobre a Terra mais elevada adjacente ao mar. A linha costeira (ou linha
criam as marés, ou seja, o periódico crescimento e abaixa- litorânea) separa a costa do mar e é a área geográfica afe
mento do nível do mar, que em várias regiões ocorre duas tada pela ação das ondas. A praia pode ser subdividida
vezes ao dia. As marés são importantes porque aumentam em (Selby, 1989):
a altura vertical acima da qual a ação das ondas pode afetar
a costa. Correntes produzidas por maré baixa e preamar • a área offshore, que fica abaixo da linha de quebra-ondas
podem erodir tanto quanto um transporte de sedimento. da maré baixa;
As marés também levam muitos dos detritos-carregados
com nutrientes de dentro dos estuários e lagunas para den • a área nearshore, que fica entre a linha de quebra-ondas
tro do oceano aberto. Os detritos são muito importantes da maré baixa e a linha da maré alta;
na cadeia alimentar aquática.
• a área foreshore, que fica entre as linhas costeiras da
Finalmente, a humanidade é um agente geomórfico ativo maré alta e da maré baixa;
que constantemente desenha e redesenha a zona costeira,
desviando rios e correntes litorâneas de seus cursos nor • a área backshore, que fica entre as mais altas marés-altas
mais, impactando suas cargas de sedimentos suspensos. com efeitos de tormentas, até a base da terra perma
Muitas vezes rios são cavados, mudando seus gradientes; nente, que poderia ser um penhasco ou duna de areia.
planícies úmidas são preenchidas; cais, barricadas e estru
turas marítimas são construídos, os quais redirecionam a Formas de terreno costeiras deposicionais e erosionais são
energia das ondas; além de outras estruturas sobre o topo discutidas a seguir.
de formas costeiras frágeis como as dunas. A Figura 14-44
Geomorfologia 555
Figura 14-45 Banco de areia Farewell no ponto noroeste de South Island, Nova Zelândia, que se alonga por 30 km de Cape Farewell. Esta
imagem ASTER foi obtida em 13 de fevereiro de 2001. O lado norte do banco de areia é composto de dunas de areia, enquanto
que o lado sul, que faceia Golden Bay é solo úmido. Áreas pantanosas submersas são visíveis ao sul do banco de areia (cortesia
de NASA/GSFC/METI/ ERSDAC/JAROS e U.S./japan ASTER ScienceTeam).
*
Praias, restingas, ganchos, bancos de areia, ilhas barrei
ras, lagunas e estuários minante do transporte de sedimento ao longo da costa sob
a ação das ondas. Se o banco de areia curva-se em direção
Uma p raia é composta primariamente de sedimentos inor à terra, ele é chamado de gancho (“hook”). O gancho ao
gânicos depositados por correntes litorâneas na zona costei longo do litoral de Kuwait City é um bom exemplo (Fi
ra. A ação contínua das ondas faz com que as praias sejam gura 14-44). Um banco de areia que conecta duas ilhas é
compostas de partículas de areia de diferentes tamanhos, chamado de barra. Atrás de um banco de areia pode for-
embora isto possa variar. Por exemplo, algumas praias adja mar-se uma laguna rasa ou uma baía. Algumas barras são
centes a rios maiores são compostas de materiais cascalhen- tão extensas que são chamadas de ilhas barreiras. Na costa
tos ou de pedras arredondadas transportadas ao longo da leste dos Estados Unidos elas se estendem por mais de 100
costa pelos leitos dos rios. A fonte de sedimentos praianos km e podem ter vários quilômetros de largura. Por exem
pode ser de materiais rochosos intemperizados provenientes plo, a Sullivans Island é uma ilha barreira costeira próxima
das terras adjacentes às praias, ou da plataforma continental de Charleston, S £ (Figura 14-47 e Prancha Colorida 14-
de onde a ação das ondas move sedimentos em direção às 8a). Ilhas barreiras suportam o impacto de tempestades,
praias, ou de fragmentos de conchas e corais em decompo furacões e de surtos de tempestades. A Ilha de Sullivan foi
sição, ou de sedimentos suspensos ou dos leitos de rios. atingida por uma tormenta de 450 mm durante o Fura
cão Hugo, em 1989. Um tômbolo é formado quando uma
A deposição continuada de sedimentos em linhas litorâne barra ou banco de areia junta uma ilha à terra continental.
as com declividade suave pode causar o aumento do tama Um estuário é uma baía na boca do rio, onde a maré in
nho das praias, o movimento para dentro do continente, fluencia a corrente do rio.
ou o movimento em direção ao mar. Uma grande tem
pestade pode causar quaisquer destes efeitos num tempo Planícies de M arés, M anguezais de M arés, Zonas Inun
muito pequeno. Em qualquer caso, pontas de praia podem dadas por Marés
ser formadas. Se a ponta de praia termina em água aberta,
ela é chamada de banco de areia {"spit"). A ponta de areia Uma coisa curiosa sobre a zona próxima do litoral é que
Farewell Spit, na Nova Zelândia, é mostrada na Figura 14- a contínua ação das ondas causa a floculação de partícu
45. A ponta de areia, ou banco de areia, em frente a Morro las com tamanhos de argila e de silte (significando que as
Bay, CA (Figura 14-46; Prancha Colorida 14-7), cria um partículas aderem-se entre si) em agregados fracos e rela
excelente ancoradouro se ele for dragado regularmente. Os tivamente grandes na água do mar. Frequentemente este
bancos de areia tendem a desenvolver-se na direção predo- material é movido da zona de praia para lagunas e estuários
Sensoriamento Remoto de Solos,
556 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia
M orro Bay, CA
Figura 14-46 a) Ortofoto pancromática USGS D O Q Q d e Morro Bay, CA. A baía ou laguna é separada do oceano por uma extensa ponta
de praia (cortesia U.S. Geological Survey). b) A barra de praia também tem numerosas dunas, algumas das quais são vegetadas.
A atividade da onda na linha litorânea é visível na imagem TM/Landsat banda 4. c) A banda 7 pode ser usada para identificar
claramente a linha do banco de areia. Terraços cortados pelas ondas também podem estar presentes nesta área (cortesia NASA
Observatorium e Space Imaging, Inc.). Duas composições coloridas desta área são mostradas na Prancha Colorida 14-7.
Geomorfologia 557
Ilha de Sullivan, SC
Monte
Pleasant
pela ação de ondas ou das marés. Quando a ação da onda vido, porque o material silte-argila é homogêneo, como
ou da maré cessa ou torna-se lenta, o material floculado é é mostrado no sul de Farewell Spit, na Nova Zelândia
depositado no fundo da laguna ou estuário. Assim, pode- (Figura 14-45). Um manguezal de maré atrás da ilha de
se pensar sobre a zona de praia como um lugar que limpa barreira Isle o f Palms, SC (South Carolina), é mostrado na
a coluna d’água, depositando a areia mais grosseira e o ma Figura 14-48. Consiste de canais de marés contendo água
terial cascalhento na praia e preparando as partículas de salina e salobra, zona inundável por maré e não-vegetada,
argila e silte para deposição em outro lugar. Esta floculação e manguezais de mares com vegetação (Spartina alterniflo
e movimento de materiais explica porque há tamanha di ra). A Prancha Colorida l4-8b fornece informações mais
ferença entre ambientes praianos e estuarinos. detalhadas sobre as características de zonas inundáveis por
marés e manguezais de marés em Isle o f Palms, SC.
Planícies de marés { “tidal flats’) são áreas costeiras protegi
das da ação direta das ondas por bancos de areia, ganchos, Terraços M arinhos
barras e barreiras de praias ou ilhas. Estas planícies têm
declividades muito baixas e podem estar completamente Quando um litoral é soerguido por atividade tectônica, a
expostas na maré baixa e totalmente submersas na maré plataforma quebra-ondas original é elevada para uma al
alta. As planícies de marés podem conter uma quantidade titude maior e a ação das ondas começa a criar uma nova
significativa de vegetação, tal como Spartina alterniflora, plataforma quebra-ondas. O resultado é a presença de um
Rhizophora mangale, ou outras espécies de vegetação, que terraço marinho residual e barrancos ou penhascos profun
é chamada de manguezais de marés (Davis e Jensen, 1998). dos associados. Durante o Pleistoceno ocorreram muitos
Se não há vegetação presente, a área é simplesmente cha soerguimentos tectônicos. Os notáveis terraços marinhos
mada de zona inundávelpor maré ( “m udflat”). Manguezais ao longo da costa sul da Califórnia, próximo de Paios Ver
de marés e zonas inundáveis por marés usualmente apre des foram produzidos desta maneira.
sentam um padrão de drenagem dendrítico bem desenvol
Sensoriamento Remoto de Solos,
558 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia
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Zona exposta ;
inundável por • Spartina
maré alterniflora
Figura 14-48 a) Imagem NASA ATLAS, banda 10 (infravermelho termal), 3 x 3 m, do manguezal atrás da Isle o f Palms, SC, obtida em
agosto de 1998. b) Imagem ampliada ATLAS, banda 6 (infravermelho próximo) de uma porção da área. As imagens foram
obtidas na fase intermediária da maré. Algumas das zonas inundáveis por marés (que não têm vegetação) estão expostas, en
quanto que outras estão inundadas pela maré que chega e que flui através dos canais de marés. Os polígonos mais escuros de
Spartina alterniflora mostram-se como áreas mais claras ao longo de barreiras naturais na imagem do infravermelho próximo.
O padrão de drenagem dendrítico associado com materiais homogêneos de solos é evidente. E mais fácil discriminar entre
as zonas inundáveis, as águas de marés e a vegetação Spartina quando se usa composição colorida infravermelha, conforme
mostrado na Prancha Colorida 14-8b.
Recife _
palancar
parede
externa _
do coral
c.
Figura 14-49 a) O Grande Recife Barreira da Austrália estende-se por aproximadamente 2.000 km ao longo da costa de Queensland. Os
recifes observados por esta fotografia do Shuttle (STS 046-077-031) estão localizados a longo da costa leste da Península de
Cape York (cortesia de Kamlesh Lulla, NASA Johnson Space Center). b) Imagem SPOT HRV XS banda 1 (verde) de uma
porção do recife de franja na Ilha Cozumel, México (© POT Image, Inc.). c) Imagem LandsatTM banda 2 (verde) do coral
do atol de Mururoa no Oceano Pacífico (cortesia da Space Imaging, Inc.).
O coral não pode crescer fora da água do mar; portanto, situa-se no mar e está separado da terra por uma laguna.
marés medianamente baixas determinam o limite para o N a Figura l4-49a está ilustrado o Great Barrier Reef, que
crescimento de corais. Os níveis dos oceanos podem subir é um excelente exemplo. Ele se estende por mais de 1.900
devido ao aquecimento global. Consequentemente, nós quilômetros ao longo da costa norte da Austrália. Se um
podemos esperar um proporcional crescimento na forma recife está agregado à terra e se estende em direção ao mar,
ção de recifes de corais durante o próximo século, se antes ele é chamado de recife de coral (“fringing reef”). Uma par
a poluição não destruir os corais. te do recife de coral Palancar, em Cozumel, é mostrado na
Figura l4-49b. Pode haver lacunas em recifes de corais de
Os pólipos de corais literalmente criam uma superfície de vido à entrada de água doce ou de sedimentos suspensos.
calcário ancorada em materiais de fundo. Há três prin Finalmente, nós podemos encontrar um atol (“atoll”), que
cipais tipos de recifes. Um recife barreira (“barrier reef”) é semelhante a um recife em anel confinando uma laguna
Sensoriamento Remoto de Solos,
560 CAPITULO Minerais e Geomorfologia
com uma ilha central (que pode estar ou não presente em C am ada de Gelo Antártico, próxim o de M ount Vinson
função da subsidência ou da elevação do nível do mar). O
atol de Mururoa, no Oceano Pacífico não tem uma ilha
central (Figura l4-49c).
Um glaciar (ou geleira) é definido como um corpo de gelo, N ós focamos nossa atenção primeiramente nas principais
neve compactada granular e neve, que se origina na terra e formas de terreno que podem ser identificadas pela análise
mostra evidência de fluxo passado ou presente. Formas de de dados de sensoriamento remoto. É necessário realçar
terreno glaciais são criadas pelo movimento do gelo e por que o método ótimo de estudar formas de terreno glaciais
águas de degelo glacial. Há duas categorias gerais de glacia- é frequentemente avaliá-las em três dimensões. Por exem
ção: continental e alpina. Durante o Pleistoceno (algumas plo, a Prancha Colorida 14-9 contém visadas vertical e 3D
vezes referido como a Grande Idade do Gelo), camada so de uma pequena parte do Glacial Malaspina, no Alasca.
bre camada de neve acumularam-se de ano para ano, crian A visada 3D com grande inclinação foi obtida pela sobre
do vastas geleiras que cobriram grande parte do Hemisfério posição de uma imagem TM /Landsat numa imagem do
Norte. Houve aproximadamente quatro principais avan modelo de elevação digital SRTM (Space Shuttle RADAR
ços e retraimentos das geleiras continentais, sendo a mais Topography Mission). A visada tridimensional fornece in
recente (com seu desaparecimento) há aproximadamente formações específicas sobre a altura relativa, a profundida
10.000 anos no norte dos Estados Unidos. Somente por de e a vertente das feições glaciais.
ções da Antártica e da Groelândia, atualmente, apresentam
glaciação continental. A Figura 14-50, por exemplo, é uma Geoform as Glaciais Erosionais: Anfiteatros (“ Cir-
imagem A ST ER de uma pequena porção da camada de ques” ), “ Tarns” , “Aretes” , “ H orns” , Vales em “ U ” ,
gelo Antártica, próximo de Mount Vinson. Notar as cristas “ H anging Valleys”
de compressão ao longo das bordas do gelo à medida que
ele flui através do vale entre duas cadeias de montanhas. Um "cirque” é um vale escarpado e com formato de anfite
atro nos cursos superiores de um glacial alpino. Um glacial
A glaciação alpina ainda está presente em muitas das gran alpino erode na parte superior, na parte inferior e ao longo
des cadeias de montanhas do mundo, tais como os Alpes, o dos lados de um vale originalmente com formato em “V ”
Himalaia, as Montanhas Rochosas, Sierra Nevada, Andes, produzido por fluxo d’água, usando a imensa pressão do
etc. Tanto a glaciação alpina como a continental produzem gelo. E notável que após o recuo do glacial alpino, pode
formas de terreno específicas erosionais ou por deposição. haver relativamente pouca quantidade de material na parte
Geomorfologia 561
inferior do anfiteatro. De fato, a base do anfiteatro pode fluência de ambas. Isto frequentemente aparece como fai
ter sido erodida mais severamente em certas áreas crian xas escuras em fotos aéreas ou em outros tipos de imagens.
do uma depressão. Após o recuo do glacial, a depressão Por exemplo, a Figura l4-55a ilustra o Glacial Barnard, no
pode ser preenchida por escoamentos, criando então um Alasca, com vários glaciais tributários. Numerosas more
lago glacial (ou “tarn ”). Numerosos cirques nas Montanhas nas laterais estão presentes. Várias “mediai moraines” fo
Uinta (em Utah) são mostrados na Figura l4-51ab. Uma ram criadas nas confluências de morenas laterais.
imagem Landsat colorida sobreposta a um modelo digital
de elevação é mostrada na Prancha Colorida l4-10a. Se um glacial atinge o equilíbrio entre o acúmulo e o der-
retimento, então é produzido uma morena terminal, no fi
Um “arete” é formado quando cirques de lados opostos de nal do glacial (Figura 55b). Se o equilíbrio dura por um
um divisor erodem na parte superior criando uma crista período considerável, o glacial continua a mover rochas e
estreita e serrilhada. Se os dois cirques continuam a ero- fragmentos para baixo, fazendo com que a morena terminal
dir na parte superior, eles podem eventualmente produzir aumente em volume. Se o derretimento excede a acumula
um “col", que é um arqueamento na crista serrilhada. N u ção, o glacial recua, deixando a morena terminal como uma
merosos aretes e “cols” são visíveis na imagem oblíqua das geoforma remanescente. Se o glacial atinge o equilíbrio
Montanhas Uinta mostrada na Figura 14-5 lb. Um “horn” novamente, uma morena recessional pode ser produzida. E
é formado quando mais de dois cirques erodem na parte possível que um certo número de morenas recessionais este
superior, deixando um pináculo com formato espiral. O jam presentes. Algumas vezes água pode ser represada atrás
mais famosos é o Matterhorn, na Suíça (Figura 14-52). Os de morenas terminais, formando então os “morainal lakes”.
“horns” frequentemente aparecem em formatos triangulares
quando vistos de cima por imagens de sensores remotos. Algumas vezes, glaciações continentais ou mesmo alpinas
depositam uma mistura de argila, areia e pedra, e até mes
Durante a glaciação em terrenos montanhosos, os glaciais mo grandes rochas sobre toda a paisagem. Após o recuo, o
geralmente não produzem novos vales, mas a acumulação material é referido coletivamente como “glacial till” e a ge
e o movimento do gelo glacial erode as partes altas, os oforma é denominada “glacial tillplain ". Tipicamente, não
lados dos vales, além de limpar e aprofundar os fundos de há geoformas importantes com alguma elevação significa
vales. Este processo cria vales glaciais com form ato em “U ”, tiva no “till plain”, mas somente terreno suavemente on
que são muito interessantes quando os glaciais recuam. O dulado. Grande parte do meio oeste dos Estados Unidos,
Canyon Wallsburg, nas Montanhas Wasatch (em Utah) considerado como um celeiro de alimentos para o mundo,
é um bom exemplo deste tipo de geoforma glacial (Fi é coberto com depósitos de “glacial till” de variadas espes
gura 14-53; Prancha Colorida 14-1 Ob). Alguns glaciais suras. Tais depósitos frequentemente apresentam textura
escavam vales extremamente profundos, de tal forma que mosqueadas, com áreas mais claras sendo compostas de so
tornam-se lagos após o recuo dos glaciais. Por exemplo, los arenosos mais bem drenados e áreas escuras compostas
o Lago Tahoe mostrado na Figura 14-54 e na Prancha de solos ricos em argila e mal drenados.
Colorida 14-10c foi criado desta maneira. O Lago Tahoe
tem uma extensão de 37 km e uma largura de 19 km, Vários glaciais são produzidos diretamente dentro, acima e
estando a 1.898m acima do nível do mar, chegando a ter até sob o gelo glacial. Por exemplo, as torrentes subglaciais
profundidades da ordem de 500 m. E um dos lagos de que correm dentro de gelos glaciais estacionados (que não se
maior profundidade nos Estados Unidos. movem) podem depositar materiais misturados com areia e
pedras dentro dos túneis formados. Após o recuo do glacial, o
Se os maiores glaciais com vales em formato de “U ” ero material depositado aparece como cristas sinuosas ou lineares
dem mais extensivamente na parte inferior do que os flu ou “esker”, que podem atingir entre 5 e 30 m de altura, com
xos glaciais tributários, podem ser criados os “hanging 50 a 60 m de largura. Os eskers podem alongar-se por vários
valleys”, os quais frequentemente entram no vale princi quilômetros. Por exemplo, a Figura l4-56a é uma fotografia
pal como cachoeiras. oblíqua baixa de um esker sinuoso de pedras alongando-se
por Northern Manitoba, Canadá. Este esker também depo
Geoform as Glaciais Deposicionais: Morenas, “ Morainal sitou alúvio dentro do lago glacial quando o glacial recuou.
Lakes” , “ Till Plains” , “ Eskers” , “ Kettles” e “ D rum lins”
Algumas vezes pode ocorrer que um grande bloco de gelo
Geoformas glaciais impressionantes também são criadas glacial contendo uma grande variedade de pedaços de gla
por deposições glaciais de materiais erodidos. Os materiais ciais (ou debris) se descole do glacial principal. O bloco de
rochosos que se acumulam nos lados ou nas bordas dos gelo e os materiais podem ser subsequentemente cobertos
glaciais são chamados “morenas laterais”. Se dois glaciais se por outros materiais. Após o recuo do glacial, o gelo do
encontram, pode ser criada uma “m ediai moraine” na con bloco se derrete, deixando uma depressão na paisagem. Es-
Sensoriamento Remoto de Solos,
562 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia
M on tan h as
U in ta, em
U tah
cirques e vales em U ”
a. Imagem TM Landsat banda 3 sobreposta a um modelo digital de elevação de 30 x 30 m do USGS.
Figura 14-51 a) Imagem da banda 3 (vermelho) do Thematic Mapper / Landsat de uma porção das Montanhas Uinta (Montanhas Ro
chosas, em Utah). b) Imagem da banda 3 do TM/Landsat sobre DEM do USGS 30 x 30 m (exagero vertical de 4x) e visto
obliquamente. Uma versão colorida é encontrada na Prancha Colorida 14-10a (cortesia Space Imaging, Inc.).
Geomorfologia 563
M atterhorn , n a Suíça
Figura 14-53 Imagem banda 4 (infravermelho próximo) do TM/Landsat mostrando uma porção de Wasatch Mountain Range, nas Mon
tanhas Rochosas, em Utah, sendo que a imagem foi sobreposta a um DEM 30 x 30m do USGS (exagero vertical de 5x),
realçando o Monte Timpanogos e os cirques e aretes glaciais, além dos vales com formato em “U ” do Canyon Wallsburg.
Vários “cols” estão presentes na crista serrilhada do Monte Timpanogos. Uma versão colorida é encontrada na Prancha Co
lorida 14-I0b (cortesia Space Imaging, Inc.).
tas depressões são conhecidas como “kettles” e podem ser mador. Drumlins geralmente ocorrem em agrupamen
preenchidas com água, criando lagos e pântanos. Um “ket- tos, que são referidos como “agrupamentos de drumlins” .
tle” relativamente grande é mostrado na Figura l4-56a. Drumlins consistem de pedras e areia misturados com
argila. H á muita controvérsia quanto ao processo que
Um a geoforma do tipo “drum lin” é uma colina lisa, com produz os drumlins. Acredita-se que um drumlin é de
formato oval ou elíptico, constituída de till glacial com senvolvido embaixo de gelo ativo e é formado por alta
seu eixo maior paralelo à direção de fluxo do glacial for pressão de água que emoldura o till saturado dentro de
Sensoriamento Remoto de Solos,
564 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia
Figura 14-54 Imagem MSS banda 3 (infravermelho próximo) do Landsat sobre um DEM (Defense Mapping Agency, level-1, exagero vertical
de 5x), ilustrando o Lago Tahoe, em Sierra Nevada, na Califórnia. Adicionalmente, há também vários vales glaciados em degraus
na porção sul da imagem (cortesia USGS NALC database). Uma versão colorida é encontrada na Prancha Colorida 14-10c.
uma fôrma linear. Os drumlins podem ter entre 10 e 50 cm (equivalente a 100 litros por nr) de silte foi depositado
m de altura, de 100 a 300 m de largura e de 2 a 3 km de no sul da França, vindo de fontes da África, nos últimos 300
comprimento. Um pequeno campo de drumlins próximo anos. Assim, partículas de areia são transportadas no vento
do Grafton Lake, no Kejimkujik National Park, no C a por suspensão ou por saltação, e no solo por deslizamento.
nadá, é mostrado na Figura l4-56b.
Algumas vezes a areia que está sendo transportada por saltos
Geoformas Eólicas encontra vegetação ou outros fenômenos que impedem o
seu progresso, ou a velocidade do vento diminui, causando o
depósito destas partículas. Quando uma certa quantidade de
Quando o vento erode, transporta e/ou deposita material, areia é acumulada, temos uma duna de areia, que é definida
ocorre a chamada atividade eólica. Tipicamente, o vento como um monte, uma cadeia ou uma encosta de partículas
origina geoformas tanto erosionais como deposicionais em de areia transportadas pelo vento. Este monte de areia afeta
áreas costeiras e em desertos. As geoformas eólicas podem o fluxo do ar sobre ele. Geralmente, a velocidade do vento é
desenvolver-se quando há uma grande quantidade de areia máxima a barlavento (na direção onde sopra o vento e que
e suficiente velocidade do vento para mover as partículas o força a subir) e diminui a sotavento (na direção protegida
individuais do solo. Boas fontes de areia incluem praias cos do vento) (Figura l4-57a). A zona de velocidade reduzida
teiras e lacustres, depósitos aluviais e materiais de planícies do vento faz com que a areia seja depositada sobre o topo
glaciais. Quando ocorre um vento forte em local com gran do monte sobre o declive contrário. Cada tamanho de grão
de quantidade de areia, os grãos individuais de areia saltam de areia tem um ângulo de repouso diferente, i.e., a máxima
sobre o terreno (saltação, segundo Selby, 1989). A maior declividade na qual o material solto de solo permanece está
parte dos grãos de areia move-se durante a saltação somente vel. Quando este ângulo é atingido para uma determinada
cerca de 1 a 2 cm acima da superfície, uns poucos vão a areia (p.ex., 30 - 40"), as partículas de areia deslizam-se para
1 a 3 m. A repetida colisão de partículas faz com que os baixo fazendo com que o monte se mova gradualmente para
grãos vão tornando-se crescentemente arredondados e lisos frente na direção do vento predominante.
(e levemente menores), ficando mais fácil de serem trans
portados pelos campos de vento. Parte da energia dos saltos Os depósitos de areia podem ter várias formas, incluindo
é transferida diretamente para as partículas da superfície sob ondulações (distantes 5 cm e 3 m entre si e com 0,1 a 5 cm
impacto, fazendo com que aqueles grãos se movam para de altura), dunas (distantes 3 a 600 m entre si e com 0,1 a
frente ou deslizem. Grãos de silte extremamente finos, me 20 m de altura), e megadunas (distantes 300 m a 3 km en
nores do que 200 pm podem ser capturados nos primeiros tre si, com 200 a 400 m de altura, com muitos quilômetros
1 a 2 km de uma atmosfera turbulenta e mover-se a grandes de comprimento). Evidentemente, pequenas ondulações
distâncias como poeira. Por exemplo, aproximadamente 10 podem existir em dunas individuais e em megadunas.
Geomorfologia 565
morena
lateral
morena
terminal
Figura 14-55 a) Fotografia aérea oblíqua alta do Glacial Barnard, AK. Cada um dos glaciais tributários tem morenas laterais. A confluência
dos glaciais tributários cria morenas mediais. O glacial tributário à direita recebe material de pelo menos um outro glacial
tributário, como evidenciado pelas duas morenas mediais dentro do centro do seu fluxo (cortesia American Geographical
Society Collection, National Snow and Ice Data Center, Univ. o f Colorado, Boulder). b) Fotografia oblíqua baixa de more
nas glaciais lateral e terminal em Bylot Island, Baffin Island, NW Territories, Canadá.
Figura 14-56 a) Fotografia oblíqua baixa de um esker sinuoso de pedras e de um kettle na floresta boreal de Northern Manitoba. As áreas
de tons claros à direita e à esquerda do esker são deltas de areia depositada pelo esker no interior do lago glacial, que foi for
mado quando o glacial retraiu-se. b) Fotografia aérea oblíqua baixa de vários drumlins no Kejimkujik National Park, Canadá
(cortesia Terrain Sciences Division, Geological Survey of Canada).
O mais antigo e significativo trabalho sobre a física, a ori seca. Barchans individuais ou megabarchans extremamen
gem e a evolução de dunas arenosas eólicas foi executado te grandes comumente ocorrem em cadeias alongadas que
por Ralph Bagnold (1941), que trabalhou no Egito antes podem fundir-se com dunas unidas em campos ou ergs.
da Segunda Guerra Mundial. Ele reconheceu dois tipos Pequenas barchans movem-se vários metros por ano, mas
básicos de dunas: a duna crescêntrica, que ele denominou megabarchans movem-se mais lentamente (Walker, 1998).
“barchan”, e a duna linear, que ele chamou de longitudinal
(ou “seif”, termo arábico para espada). Infelizmente, esta Linear: Dunas lineares (ou longitudinais) podem ser es
terminologia também foi aplicada para muitos outros ti treitas ou irregularmente sinuosas. Uma fotografia oblíqua
pos de dunas, resultando numa terminologia confusa. Esta baixa de uma duna linear no sul de Soda Lake é mostrada
seção utiliza o seguinte sistema de classificação de dunas, na Figura l4-58a. Estas dunas podem ter muitos quilôme
adaptado de várias fontes (Walker, 1986, 1998; Rinker et tros de comprimento e centenas de metros de altura. Elas
al., 1991): crescêntrica, linear, domo, estrela e parabólica. são geralmente compostas de areia solta, de tamanhos sor
tidos de muito pequenos a médios. Dunas lineares muito
Todos os tipos de dunas podem ocorrer em três formas: sim estreitas podem frequentemente ser referidas como cordi
ples, composta e complexa. As dunas simples são formas bá lheiras de areia, enquanto que as lineares sinuosas são cha
sicas com um número mínimo de faces que definem o tipo madas de seifs. O comprimento de uma duna linear é mui
geométrico. As dunas compostas são dunas de grande porte to maior do que sua largura. Enquanto a duna crescêntrica
sobre as quais dunas menores de tipo e orientação de face é a de ocorrência mais comum, as dunas lineares cobrem
similares ocorrem sobrepostas. As dunas complexas são com mais áreas desérticas, especialmente na Austrália central,
binações de dois ou mais tipos de dunas (Walker, 1998). sul da África, Península Arábica e partes do Sahara. As
maiores e mais altas dunas do mundo são encontradas no
Crescêntrica: É a duna mais comum na Terra (e em Mar Deserto da Namíbia, na África. Algumas dunas possuem
te). Elas geralmente são mais largas do que longas. Com alturas superiores a 300 m (Figura 14-59). A Prancha C o
base no trabalho de Bagnold (1941), estas dunas são fre lorida 14-11 ilustra uma porção da vasta paisagem de du
quentemente referidas como dunas barchan, barchanóides nas arenosas da Namíbia, usando dados ET M Landsat-7 e
ou transversais. As dunas barchan crescêntricas, tais como A STER, sobrepostos a um modelo digital de elevação.
as mostradas nas Figuras l4-57b,c podem ser produzidas
quando 1) o vento predominante vem de uma direção uni A origem das dunas lineares é controversa. Alguns sugerem
forme e consistente; 2) há pouca vegetação presente para que as dunas lineares são produzidas por ventos unidire-
ancorar qualquer porção da duna; e 3) há um suprimento cionais e que o alinhamento das dunas lineares é paralelo
de areia relativamente esparso. A declividade na direção do à direção do vento. Outros sugerem que ventos multidi-
vento é usualmente < 15o. A face sotavento (slipface ou de recionais também desempenham um papel no seu desen
escorregamento) da duna barchan é mais íngreme com um volvimento. Pode ser que o comprimento da duna seja au
ângulo de repouso de aproximadamente 34 a 40° para areia mentado quando o vento sopra na direção predominante.
Geomorfologia 567
zona de velocidade
reduzida do ar
>7ce ,/
« a r * * ,
Figura 14-57 a) Características gerais de como a areia é movida por saltação e deslize numa duna de areia. Esta ilustração é importante
para o entendimento da direção do vento e das feições mostradas em b). b) Várias dunas crescêntricas (barchan) na costa do
Peru, migrando da direita para a esquerda, paralelamente à direção do vento (cortesia U.S. Geological Survey, 1998; e John
McCauley). c) Vista de uma duna crescêntrica barchanoide singular (cortesia Desert Processes Working Group; Rinker et
ah, 1991; Dokka et ah, 1997).
A largura da duna é aumentada quando o vento sopra for estrela tendem mais a aumentar em altura do que migrar
temente em ângulos retos aos do vento predominante por na paisagem, o que faz com que sejam das mais altas dunas
períodos relativamente breves. Um extensivo mar de dunas encontradas. Podem alcançar de 200 a 300 m nos gran
lineares é mostrado na fotografia obtida pela Space Shuttle de desertos do mundo. As dunas estrela também ocorrem
do Deserto Marzuq, na Líbia, na Figura l4-58b. como elementos secundários em combinação com outras
dunas. Uma duna estrela singular no Deserto da Namíbia
D unas dom o: Montes ovais ou circulares de areia que geral é mostrada na Figura l4-60a, e uma fotografia obtida pela
mente não apresentam a slipface (ou face de deslizamento) Space Shuttle de dunas estrela superpostas sobre dunas li
são chamados de dunas domo. Elas são relativamente raras. neares na Argélia é mostrada na Figura l4-60b.
A Figura l4-58c ilustra um estéreopar de dunas domo no
Western Shield, na Arábia Saudita. Os domos são parcial D unas Parabólicas: Uma duna parabólica tem um forma
mente separados por vazios interdunares que são enclausu to em U crescente, como uma duna barchan, exceto que
radas por dunas subsidiárias de areia compactada. seus chifres apontam em direção oposta ao vento. Elas são
também chamadas dunas em U, arco, ou grampo. Dunas
D unas estrela: Podem desenvolver-se onde há uma grande parabólicas são originadas quando o vento é suficientemente
quantidade de areia e o vento sopra em várias direções. intenso para demolir o centro de uma duna, mas uma quan
Elas também são chamadas de dunas piramidais ou radiais. tidade relativamente pequena de vegetação em cada lado faz
Três ou mais braços de areia tipicamente radiam do monte com que os limites da duna sejam estabilizados. Algumas
central. Os braços podem variar em comprimento, largura, vezes os chifres da duna parabólica permanecem ligados à
número e forma, mas cada um tem uma slipface. As dunas vegetação por algum tempo até que o corpo da duna migre.
Sensoriamento Remoto de Solos,
568 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia
a. Visada oblíqua de uma duna linear (longitudinal) em Soda Lake. b. Fotografia Shuttle de dunas lineares no Deserto Marzuq, Líbia.
Figura 14-58 a) Exemplo de uma duna linear (longitudinal). Notar a obstrução física fazendo com que a maior parte da areia se desvie do
seu curso enquanto uma parte desliza sobre o topo (cortesia Desert Processes Working Group; Dokka et al., 1997). b) Versão
preto-e-branco de fotografia da Space ShuttleSTS054-152-189 obtida em janeiro de 1993, mostrando um extenso mar de
dunas lineares. As áreas escuras são parte do Hammadat Marzuq (deserto rochoso) consistindo de afloramentos rochosos (cor
tesia NASA Johnson Space Center). c) Estéreopar pancromático de dunas domo em Western Shield, Arábia Saudita (fotografia
obtida pelo Army Map Service; cortesia Desert Processes Working Group; Rinker et al., 1991; Dokka et al., 1997).
Quando isto ocorre, a duna parabólica assemelha-se a um de saída pode extrair as partículas pequenas de silte. Estas
grampo modificado. Dunas parabólicas são sempre associa partículas podem ser depositadas como uma camada de
das com vegetação —gramíneas, arbustos, e ocasionalmente solo tipo loess. Por exemplo, o mais espesso depósito de
árvores que ancoram os braços posteriores. Elas usualmente loess é o Loess Plateau da China, com 335 m. As acu
se formam em áreas com fortes ventos unidirecionais. mulações de loess na Europa e nas Américas resultantes
da glaciação Wisconsin possuem aproximadamente 20 a
Loess: Quando um glacial continental se retrai, ele pode 30 m de espessura. Os loess são solos altamente erodíveis
depositar till (areia e pedras) glacial em uma saída da gelei que em geral têm apenas pequenas espessuras. Os canais
ra. Fortes ventos soprando por milênios sobre esta região de drenagem em solos loess frequentemente têm bancos
Geomorfologia 569
Figura 14-59 Dunas longitudinais no Deserto da Namíbia, Naukluft National Park, conforme registrado pelo ETM+/Landsat-7 em 12 de
agosto de 2000. Estas são as dunas mais altas do mundo, algumas com mais de 300 m (cortesia USGS e NASA). Verificar a
Prancha Colorida 14-1 la para uma vista de uma porção da mesma área conforme registro feito pelo sensor ASTER.
a. Dunas estrela no Deserto da Namíbia. b. Fotografia Space Shuttle do complexo linear das Dunas Tifernine,
em Tassili NAjjer, sudeste da Argélia, sobreposto com dunas estrela.
Figura 14-60 a) Fotografia aérea de grande escala de duna estrela no Deserto da Namíbia. Cada duna estrela consiste de múltiplos braços,
cada um com suas slipfaces (faces de deslizamento) radiando de uma área central. Dunas estrela são produzidas por ventos
vindos de múltiplas direções (cortesia USGS; Walker, 1998). b) Versão preto-e-branco da fotografia STS070-705-094 das
Dunas Tifernine, na Argélia, em julho de 1995. Dunas extremamente longas e lineares estão presentes. As dunas lineares
têm dunas estrela sobrepostas em partes delas. Arenito alterado resistente ocorre no sul e no leste e aparece em tons escuros.
Várias playas estão presentes na imagem (cortesia NASA Johnson Space Center).
muito íngremes. Geralmente as dunas não são formadas vento age sobre a superfície do terreno e uma parte da
em depósitos loess, devido à forte coesão das partículas energia é transferida para o terreno como calor, enquanto
componentes dos solos loess. que outra parte desagrega as partículas do solo do terreno
e move-as por saltação. Quando o material é removido da
Geoform as eólicas erosionais superfície pelo vento, então temos a deflação. A contínua
remoção de areia e silte de áreas com depósitos aluviais dei
A areia movimentada pelo vento também pode produzir xa somente uma combinação de areia grossa e seixos e um
feições erosionais impressionantes. A energia cinética do pouco de material argiloso. Isto pode resultar na criação da
Sensoriamento Remoto de Solos,
570 CAPÍTULO Minerais e Geomorfologia
paisagem de pavimento desértico, que é uma superfície com biological Soil Crusts in Desert Areas,” Remote Sensing o f En
fragmentos rochosos que permanecem após o vento e a vironment, 96:165—175.
água terem removido as partículas finas. Quase metade das
superfícies desérticas são zonas de deflação pedregosa. Re Fernandes da Silva, P. C., Cripps, J. C. and S. M. Wise, 2005,
giões de pavimento desértico são chamadas regs na Argélia, “The Use of Remote Sensing Techniques and Empirical Tec-
serir na Líbia e gibbers na Austrália. Estas regiões deflatadas tonic Models for Inference o f Geological Structures: Bridging
podem ser muito extensas nos grandes desertos. Uma bacia from Regional to Local Scales,” Remote Sensing o f Environ
deflatada é chamada de blowout. Algumas vezes uma capa ment, 96:18-36.
brilhante e escura é encontrada nos pavimentos desérticos,
produzida por minerais de manganês e óxidos de ferro. Dalton, J. B., Bove, D. J., Mladinich, C. S. and B. W. Rockwell,
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As superfícies de corpos rochosos podem também ser ero- USGS Tetracorder Algorithm: the Calcite-epidote-chlorite
didas pela abrasão por partículas levadas pelo vento. Em Problem,” Remote Sensing o f Environment, 89:455-466.
casos extremos o vento pode ser tão forte que corta canais
nas rochas mais resistentes, deixando espinhas lineares resi Davis, B. A. and J. R. Jensen, 1998, “Remote Sensing ofMan-
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Medidas de Reflectância In Situ
M
edidas de reflectância espectral in situ feitas em solo usando um espectrorradiôme-
tro portátil podem ser usadas para:
Figura 15-1 Uma curva de reflectância espectral de Grama Batatais obtida pela divisão do espectro do alvo (Grama Batatais neste exem
plo) pelo espectro da referência (p.ex., uma placa de referência Spectralon branca).
Dados de reflectância espectral in situ de materiais quase 1. a magnitude de radiância refletida num intervalo de
puros da superfície da Terra (p.ex., dosséis sadios e ple comprimentos de onda específico de uma amostra de
namente enfolhados de Grama Batatais, asfalto fresco, referência, Z (p.ex., uma placa de Spectralon);
água profunda límpida) podem ser usados para localizar
membros finais ou endmembers (membros puros) para 2. a magnitude de radiância refletida pelo alvo de interes
uso durante a análise de dados multiespectrais ou hipe- se, Z , no mesmo intervalo de comprimentos de onda
respectrais. Os membros finais são usados para fazer a (p.ex., Grama Batatais).
separação espectral, a qual pode ser usada para produzir
mapas que revelem a proporção de materiais no interior O espectro de reflectância, p y, é computado dividindo a
de cada pixel num conjunto de dados (p.ex., um pixel resposta espectral do alvo de interesse pela resposta espec
poderia conter 40% de Grama Batatais, 30% de asfalto tral da amostra de referência:
e 30% de água). Jensen (2005) fornece uma discussão
sobre separação linear de misturas. pr =I x x k (15-1)
r
Este capítulo descreve vários parâmetros que deveríam ser O fator de correção (k) é a razão entre a irradiância solar
considerados ao obter medidas de reflectância espectral in e a exitância da placa de referência e idealmente deveria
situ de materiais da cobertura terrestre usando um espec ser próximo de 1 (McCoy, 2005). Um exemplo de espec
trorradiômetro portátil. tro de referência (Spectralon), espectro do alvo (Grama
Batatais) e reflectância percentual da Grama Batatais está
obter o espectro de reflectância de um objeto material, p r O Spectralon é o material de referência mais largamente usa
é necessário obter duas medidas espectrais: do para obter medidas de reflectância espectral in situ. E uma
Considerações sobre a Iluminação 575
Reflectância H em isférica de um a Placa Spectralon Qualquer variação nas características de iluminação entre
o momento em que os espectros de referência são coleta
dos e o momento em que os espectros do alvo de interesse
são coletados resulta em erro no espectro de reflectância
obtido. Dito isso, é útil revisar várias considerações sobre
'S 0,92-- iluminação de cena.
0,90"-
0 , 88-1-------- 1-------- 1-------- 1-------- 1
-------- 1
-------- 1
-------- 1
-------- 1
-------- 1 Medição da Reflectância Espectral In Situ Usando
250 500 750 1000 1250 1500 1750 2000 2250 2500 Iluminação Solar
Comprimento de Onda, nm
Figura 15-2 Características da reflectância espectral de uma
placa Spectralon no intervalo espectral de 250 a A energia solar que atinge a superfície da Terra e os fato
2500 nm medida em laboratório sob iluminação ar res dominantes que afetam a iluminação foram discutidos
tificial controlada. A curva de reflectância não exibe no Capítulo 2. Eles são revisitados na Figura 15-3 para
bandas de absorção atmosférica, que estão presentes esta discussão sobre radiometria portátil. O vapor d’água
quando as medidas são obtidas sob iluminação solar
é o principal fator que impacta o fluxo radiante incidente
direta, como mostrado na Figura 15-1 a.
(Gao e Goetz, 1990). A energia solar atingindo a superfí
cie da Terra é essencialmente zero nas regiões ao redor de
1400 nm e 1900 nm porque o vapor d’água atmosférico
absorve a luz nessas regiões ao longo de todo o percurso
resina termoplástica branca (ou cinza) que demonstrou ter da atmosfera. Quanto maior a distância que a energia tem
maior reflectância difusa que qualquer outro material ou re que passar através da atmosfera (i.e., o tamanho da traje
vestimento para aplicações de sensoriamento remoto terres tória), maior é a magnitude de absorção que ocorre pelos
tre, tanto para aplicações no campo como em laboratório. O vários constituintes atmosféricos. A quantidade de vapor
Spectralon qualificado para uso espacial combina alta reflec d’água na atmosfera muda diariamente e sazonalmente, e
tância com um perfil de reflectância extremamente lamber- pode variar no espaço a curtas distâncias dependendo das
tiano, exibindo valores de reflectância de >99% no intervalo características das massas de ar regionais.
espectral de 400 a 1.500 nm e >95% de 250 a 2.500 nm
(Labsphere, 2006). As características de reflectância espec Os espectros de reflectância obtidos no campo usando um
tral de uma placa Spectralon medidas em laboratório estão espectrorradiômetro portátil são influenciados por cinco ti
mostradas na Figura 15-2. Placas Spectralon variam em ta pos de iluminação solar. A irradiância mais dominante é a
manhos de 5 x 5 x 1,5 cm a 6 1 x 6 l x 1,5 cm. A maioria iluminação solar direta (E : trajetória 1), como mostrado na
dos pesquisadores usam placas de 25 x 25 cm ou 30 x 30 cm Figura 15-3. Ela pode contribuir com até 90% da energia
montadas numa armação durável de alumínio anodizado. total iluminando o alvo sob condições de céu claro. O ân
E possível comprar placas maiores, mas elas se tornam de gulo de elevação solar sazonal (0) e as condições atmosféri
difícil manuseio no campo. Elas também são muito caras. cas (p.ex., alto teor de água) afetarão a magnitude do fluxo
A superfície da placa Spectralon deve ser mantida limpa de radiante e suas características espectrais iluminando o alvo.
poeira e ciscos. Após um uso pesado pode ser necessário usar A Figura 15-4 documenta a irradiância solar que realmente
água e lixa bem fina para restaurar a superfície. atinge a superfície da Terra depois de passar pela atmosfera.
Cada placa Spectralon é calibrada pelo fabricante. Dados de O espalhamento na atmosfera resulta na iluminação so
calibração de 250 a 2.500 nm, a cada 50 nm são fornecidos lar difusa (skylight). A iluminação solar difusa geralmente
com a placa Spectralon. Os dados de calibração são obtidos a responde por cerca de 10-20% da energia total que ilu
partir de padrões do laboratório nacional (Estados Unidos). mina o terreno. As características espectrais da ilumina
ção solar difusa são uma função do tipo e quantidade
Considerações sobre a Iluminação de espalhamento e absorção que estiver ocorrendo. Parte
dessa iluminação solar difusa nunca atinge o alvo, mas é
espalhada para o interior do campo de visada instantâneo
do instrumento de sensoriamento remoto (Ed: trajetó
Ao computar o espectro de reflectância de um material ria 2). Parte dessa irradiância solar difusa atinge o alvo
no campo ou no laboratório, é importante que as carac e é subsequentemente refletida para o interior do campo
terísticas da iluminação do material de referência (p.ex., de visada instantâneo do instrumento de sensoriamento
Spectralon) e do alvo de interesse (p.ex., Grama Batatais) remoto (Ed: trajetória 3). Alguma irradiância que atinge
permaneçam as mesmas. o terreno próximo é refletida para o interior do campo
576 CAPÍTULO Medidas de Reflectância In Situ
Sol Nuvem
0 ^ 3
Espectrorradiômetro
Iluminação solar
direta, E„
41
Irradiância Campo de visada
solar ditusa instantâneo (IFOV)
do sistema sensor
H H= lm
Altitude acima
do nível do solo
(AGL)
Fatores adicionais a considerar. Reflectância da
sombra de nuvem, sombra de área vizinha '— D —M
objetos próximos, vento diâmetro do IFOV
projetado no terreno
na área do alvo
Figura 15-3 Montagem do espectrorradiômetro para obter medidas de reflectância espectral in situ usando iluminação solar.
Diâmetro do IFOV
projetado no terreno
na área do alvo
Figura 15-5 Montagem do espectrorradiômetro para obtenção de medidas de reflectância espectral in situ usando iluminação artificial
num laboratório.
sombras e a quantidade de solo exposto visto pelos detec Uma boa configuração para iluminação artificial em ambien
tores do espectrorradiômetro através do campo de visada te fechado é mostrada na Figura 15-5. Ela consiste de duas
instantâneo óptico (IFOV). O vento move as folhas no lâmpadas de filamento Halógenas de Quartzo-Tungstênio
dossel, modificando a quantidade de vegetação, sombra e de 200 - 500 W (cada uma com temperatura de cor de
solo exposto medidos no interior do IFOV constante do aproximadamente 3400 K) colocadas em suportes refletores
espectrorradiômetro. O vento pode fazer com que dife de alumínio, orientadas a 30° da horizontal e posicionadas
rentes partes estruturais do dossel (p.ex., galhos, as faces 1 m acima do fenômeno de interesse (ASD, 2005). A fonte
ventrais das folhas) sejam vistas durantes as dilerentes var de potência deve ser estável. As ópticas do espectrorradiô
reduras. Isso introduz ruído nas medidas de reflectância. metro são posicionadas para visar o dossel da vegetação no
nadir. Idealmente, o campo de visada do sensor é comple
Medição da Reflectância Espectral In Situ Usando tamente tomado pelos materiais do alvo de interesse (p.ex.,
Iluminação Artificial no Laboratório*• Grama Batatais). Contudo, deve-se tomar cuidado ao usar
iluminação artificial para coletar espectros de reflectância do
alvo, porque uma exposição longa às lâmpadas Fialógenas
Às vezes é útil obter as características espectrais de grama, de Quartzo-Tungstênio pode literalmente “cozinhar” a ve
folhas ou outras coberturas da Terra sujeitas a diversos tra getação. Isso pode degradar a clorofila no parênquima pali-
tamentos num ambiente de laboratório controlado. Num çádico e fazer com que a água da planta seja evaporada do
ambiente de laboratório, o analista tem controle de: mesófilo esponjoso da planta. Essas condições resultam em
espectros de reflectância de vegetação espúrios.
• geometria de iluminação baseada no uso de lâmpadas
cuidadosamente posicionadas e calibradas; P o r que Ilum in ação com L âm p ad as H alógenas de
Q uartzo-Tungstênio? Muitas fontes de luz podem ser
• geometria de visada do espectrorradiômetro (geral utilizadas para obter espectros in situ usando um espec
mente apontado no nadir); trorradiômetro portátil. Por exemplo, poderiamos usar
lâmpadas fluorescentes comerciais de 60 ciclos AC. Infe-
• efeitos ambientais (p.ex., não há vento e não chove no lizmente, lâmpadas fluorescentes produzem vários picos
laboratório); fortes de energia ao longo da porção visível do espectro
(Figura 15-6). Elas também fornecem pouca energia além
• efeitos atmosféricos (p.ex., é possível controlar a tem de 750 nm. Por outro lado, o espectro de energia de uma
peratura e o vapor d água no laboratório). lâmpada D C Halógena de Quartzo-Tungstênio produz
578 CAPÍTULO Medidas de Reflectância In Situ
energia com pico em aproximadamente 900 nm e fornece rofila b. Quando a vegetação está estressada há também um
energia bem além de 2500 nm (Figura 15-7) (ASD, 2005). notável movimento na região de transição do infraverme
O filamento de tungstênio fica dentro de um tubo de vidro lho próximo para o vermelho conhecida como a posição da
de quartzo contendo gás halogênio. Esta combinação de borda do vermelho. Quanto maior a magnitude do estresse,
materiais emite uma curva de energia homogênea. Como maior o movimento da borda do vermelho em direção aos
no laboratório essa energia é medida bem próxima (a uma menores comprimentos de onda (Carter et ah, 1996). O
curta distância), não há feições de absorção atmosférica infravermelho de ondas curtas (SWIR) de 1050 a 2500 nm
presentes no espectro de referência obtido no laboratório. fornece valiosa informação sobre a quantidade de água
Também, não há as feições de absorção solar (linhas de numa planta (i.e., sua turgidez relativa) (Figura 15-8).
Fraunhofer) discutidas no Capítulo 2.
Numerosos índices de vegetação discutidos no Capítulo 11
■* Características do requerem informação nas bandas de absorção pela clorofila.
Espectrorradiômetro Usado para Obter A base teórica para os índices de vegetação “empiricamente
^ , o Espectro de Reflectância In Situ embasados” é derivada do exame de espectros de reflectân
cia típicos de folhas (Figura 15-8). A energia refletida nas
Os espectros de reflectância a serem medidos são especifica bandas do visível é baixa, como resultado da alta absorção
dos no delineamento experimental do projeto. Fdá diversas pelos pigmentos fotossinteticamente ativos com máxima
outras importantes características que precisam ser especi sensibilidade nos comprimentos de onda do azul (470 nm)
ficadas para obter os espectros desejados, incluindo: região e vermelho (670 nm). A maioria da radiação no infraver
espectral de interesse, resolução espectral, intervalo de amos melho próximo é espalhada (refletida e transmitida) com
tragem espectral, projeto do espectrorradiômetro, velocidade muito pouca absorção, de uma forma dependente das pro
da coleta de dados, geometria de visada e campo de visada. priedades estruturais do dossel (IAF, distribuição angular
de folhas, morfologia foliar). Com o resultado, o contraste
Região Espectral de Interesse entre as respostas no vermelho e no infravermelho próximo
é uma medida sensível da quantidade de vegetação, com as
máximas diferenças vermelho versus N IR ocorrendo para
Se o objetivo é obter espectros de reflectância para um ob dosséis completos, e o mínimo contraste para alvos com
jeto em particular (p.ex., Grama Batatais) e tipos de cober pouca ou nenhuma vegetação. Para poucas ou medianas
tura da terra vizinhos (p.ex., solo exposto, floresta, asfalto), quantidades de vegetação, o contraste é um resultado de
precisamos medir a reflectância espectral dos materiais ao mudanças tanto no vermelho como no N IR, enquanto que
longo dos comprimentos de onda de 350 a 2500 nm. As para altas quantidades de vegetação, apenas o N IR contri
feições de absorção mais importantes associadas com a ve bui para aumentar o contraste, já que a banda do vermelho
getação estão resumidas na Tabela 15-1 para o intervalo torna-se saturada por causa da absorção pela clorofila.
de comprimentos de onda de 430 a 2350 nm. A Figura
15-8 apresenta as características de reflectância espectral da O contraste vermelho versus N IR pode ser quantificado pelo
vegetação verde sadia de 400 nm a 2400 nm. uso de razões (NIR / Vermelho), diferenças (N IR -V erm e
lho), diferenças ponderadas [N IR - ( k * Vermelho)], combi
Fortes bandas de absorção por clorofila ocorrem em 430 nm nações lineares de bandas [(NIR - Vermelho)/(NIR + Ver
e 660 nm para a clorofila a, e 460 nm e 640 nm para a clo- melho)], ou abordagens híbridas dos acima. Os índices de
Características do Espectrorradiômetro Usado para Obter o Espectro de Reflectância In Situ 579
Tabela 15-1. Feições de absorção espectral foliar (adaptado de Curran, 1989; ASD, 2005).
C o m p r im e n t o M e c a n is m o P r o d u t o ( s ) Q u ím ic o ( s )
de onda
vegetação são medidas desse contraste, e assim são funções radiômetro a uma fonte de luz monocromática (ASD,
integrativas de parâmetros estruturais (p.ex., percentagem 2005). O conceito de FW HM foi introduzido na Figura
de cobertura, IAF) e fisiológicos (p.ex., pigmentos, fotos- 1-6. Resolução espectral pode também ser definida como
síntese) do dossel (Huete et al., 2002). Numerosos índices a feição espectral mais fina que pode ser determinada por
de vegetação foram apresentados no Capítulo 11. um espectrorradiômetro. Muitos pesquisadores estão in
teressados na obtenção de espectros de reflectância para
Resolução Espectral tipos selecionados de cobertura da terra sujeitos a diversos
tratamentos a fim de entender a resposta espectral a esses
tratamentos. Se possível, o ideal é usar um espectrorradi
Resolução espectral é definida como a largura completa na ômetro portátil que tenha uma resolução espectral de 2
metade do máximo (FW HM ) da resposta do espectror a 3 nm para a região de 300 a 1000 nm, e 10 nm para a
580 CAPÍTULO Medidas de Reflectância In Situ
Comprimento de onda, nm
Figura 15-8 Base fisiológica para o desenvolvimento dos índices de vegetação na região de 250 a 2400 nm.
região de 1000 nm a 2400 nm. Os sistemas de sensoria- parâmetros ambientais e do sensor tão constantes quanto pos
mento remoto hiperespectrais aerotransportados como o sível enquanto as varreduras do alvo e da referência são feitas.
AVIRIS têm uma resolução espectral de cerca de 10 nm
(veja o Capítulo 7 para informação sobre o AVIRIS). Detectores de silício têm os melhores desempenhos para as in
vestigações de sensoriamento remoto na porção do visível e do
Intervalo de Amostragem Espectral infravermelho próximo (NIR) do espectro de 350 a 1000 nm.
Na região do infravermelho de comprimentos de onda curtos
(SWIR) de 1000 - 2500 nm, a quantidade de energia solar
Intervalo de amostragem espectral é o espaçamento entre disponível para as medições diminui. Portanto, são necessá
pontos amostrais num espectro de reflectância. E acon rios detectores mais sensíveis para medir a energia na região do
selhável o uso de um espectrorradiômetro portátil que SWIR (ASD, 2005). Detectores típicos incluem dois fotodio-
tenha um intervalo de amostragem espectral de 1,4 nm dos de InGaAs (arsenieto de gálio e índio) separados.
para o intervalo 350 - 1000 nm, e 2 nm para o intervalo
10 0 0 - 2500 nm (ASD, 2005). Todo espectrorradiômetro produz algum ruído. A corrente
de escuro (i.e., ruído da eletrônica ou do detector) pode ser
Projeto do Espectrorradiômetro e Velocidade de medida ao visar um alvo de reflectância zero ou ao fazer me
Coleta de Dados dições com a óptica coberta. O sinal de corrente de escuro
pode então ser subtraído dos espectros medidos na sequên
cia. A maioria dos espectrorradiômetros inclui software para
Alguns espectrorradiômetros usados para coleta de dados in registro e subtração da corrente de escuro.
situ registram as informações espectrais mais rápida e precisa
mente que outros. Quanto mais rapidamente um espectrorra Geometria de Visada e Campo de Visada
diômetro registra uma varredura individual no campo, maior
a probabilidade de que um espectro adicional seja obtido antes
que as condições ambientais (p.ex., cobertura de nuvens, ven Idealmente, espectros de reflectância in situ e derivados por
to) e as condições do sistema sensor (p.ex., geometria de visa sensoriamento remoto são obtidos por um espectrorradiô
da) mudem. Lembre-se de que a meta é manter o máximo de metro visando o terreno no nadir. A maioria das investiga
Características do Espectrorradiômetro Usado para Obter o Espectro de Reflectância In Situ 581
D = (3 x //. (15-2)
dades específicas do usuário no campo (p.ex., campo de Filippi, A., 1999, Hyperspectral Image Classification Using a
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com pode ser iniciado por uma visita ao University of South
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howww.nascom.nasa.gov/ www.cas.sc.edu/geog/ cgisrs/.
Space Shuttle Photography - www.nasm.si.edu/ceps/ Conteúdo em inglês sem suporte pela Parêntese Editora
rpif/sspr.cfm
SPIN-2 TK-350 and KVR-1000 - U.S. coverage served O Dr. Jensen também fornece livre acesso a exercícios de
on Microsoffs Terra Server (www.terraserver.com/pro- sensoriamento remoto e conjuntos de dados de sensoria
viders/SPIN2.asp) mento remoto selecionados que ele usa no curso “Sensoria
SPOT 1- 5 —www.spot.com mento Remoto do Ambiente”, na Universidade da Carolina
SSM/I —NOAA/NASA Special Sensor Microwave/Ima- do Sul. Por favor, acesse a informação em:
ger, http://podaac.jpl.nasa.gov:2031/sensor_docs/ssmi. www.cas.sc.edu/geog/Rsbook/index.html.
html Conteúdo em inglês sem suporte pela Parêntese Editora
TOMS —Total Ozone Mapping Spectrometer, http://
jwocky.gsfc.nasa.gov/ Você é bem-vindo para usar o material de aula e os exer
TOPEX/POSEIDON —http://topex-www.jpl.nasa.gov/ cícios e adaptá-los às suas necessidades. Vários dos exercí
TRMM - NASA/NASDA Tropical Rainfall Measuring cios requerem acesso ao sistema de processamento digital
Mission, http://trmm.gsfc.nasa.gov/ de imagem ERDAS Imagine (ou equivalente) para fazer as
UARS - NASA Upper Atmosphere Research Satellite, operações fundamentais, tais como visualizar uma imagem
http://umpgal.gsfc.nasa.gov/Radar Sensor Systems em composição colorida e fazer medições. Em muitos ca
AIRSAR - NASA JPL SAR, http://airsar.jpl.nasa.gov/ sos, a imagem usada nos exercícios são de domínio público
ENVISAT-1 — European Space Agency, http://envisat. a menos que indicado de outra forma. Se Você usar o ma
esa.int/ terial dos exercícios de sensoriamento remoto, por favor
ERS-1, 2 —European Space Agency, http://earth.esa.int/ mande ao autor informações sobre usos inovadores, refina
ers/ mentos metodológicos que poderíam ser feitos, e conjunto
JERS-1 —Japanese Earth Resource Satellite, www. nasda. de dados melhorados que poderíam ser usados.
go.jp/projects/sat/jersl/index_e.html
índice Remissivo
índice 597
V
valor de brilho, 71, 379
valor de número digital, 196
valor digital, 196
Vantagens e Limitações do Sensoriamento Remoto, 8
vapor d água, 127, 364, 367, 412, 437
variáveis biofísicas, 379, 11, 118
variáveis hidrológicas, 411
Variáveis Radiométricas, 60
Varredores Multiespectrais de Aeronave, 220
varredura, 217
eletrônica, 25
mecânica, 208
multiespectral, 200
Vazamentos em Tanques Sépticos, 284
vazio de conhecimento, 32
vegetação, 218, 224, 357
altura, 353
Veículos Aéreos Não-Tripulados, 87
velocidade da objetiva, 98
velocidade do filme, 118
velocidade do sistema óptico da câmera, 97
Vento, 576
vertebrados terrestres, 400