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Atividade proposta e desenvolvida

pela equipe do Redigir FALE/UFMG

Nada será como antes


(Material do aluno)

1. Escute a música Nada será como antes, de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos,
disponível no link <https://www.youtube.com/watch?v=8sW461txkqs> e marque, na
lista abaixo, os sentimentos que ela despertar em você.

❏ medo ❏ resistência ❏ esperança


❏ coragem ❏ determinação ❏ decepção/desilusão
❏ resignação (conformação) ❏ oposição ❏ alegria
❏ inconformação ❏ renúncia ❏ tristeza
❏ curiosidade ❏ amizade ❏ preocupação

Nada Será Como Antes1


Milton Nascimento e Ronaldo Bastos

Eu já estou com o pé nessa estrada Num domingo qualquer, qualquer hora


Qualquer dia a gente se vê Ventania em qualquer direção
Sei que nada será como antes, amanhã Sei que nada será como antes, amanhã
Que notícias me dão dos amigos? Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você? Que notícias me dão de você?
Alvoroço em meu coração Sei que nada será como está
Amanhã ou depois de amanhã Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite Resistindo na boca da noite
Um gosto de sol Um gosto de sol

2. Que sentimentos você marcou?


3. Que elementos do texto te levaram a marcar esses sentimentos da lista? A letra, a
melodia, os instrumentos e sonoridades, o ritmo?
4. Como você entende essa canção? Do que ela fala?
5. Por que ele está com o pé na estrada? Para onde ele vai?

1
Fonte: <http://www.miltonnascimento.com.br/site/letras.php> Acesso em: 16/03/2017.
Atividade proposta e desenvolvida
pela equipe do Redigir FALE/UFMG

6. O que seria a “boca da noite”? Por que ele resiste a ela?


7. O trecho a “boca da noite” se opõe a que expressão no texto? O que significa essa
expressão?
8. Por que ele diz que “nada será como antes, amanhã”? O que acontece no “agora”? O que
aconteceu antes e como será o amanhã?
9. O trecho a “boca da noite” se opõe a que expressão no texto? O que significa essa
expressão?
10. A palavra “ventania” nesse texto tem uma conotação positiva ou negativa? O que ela
representa ou significa?
11. Por que ele pergunta “Que notícias me dão dos amigos? /Que notícias me dão de você?”
Por que ele não tem notícias dos amigos? Por que ele não tem notícias do interlocutor
(você)?
12. Você é o amigo e vai responder às perguntas “Que notícias me dão dos amigos? Que
notícias me dão de você?” Escreva uma versão da música “Nada será como antes”
respondendo ao seu amigo.
Atividade proposta e desenvolvida
pela equipe do Redigir FALE/UFMG

Nada será como antes


(Material do professor)

Objetivos dessa atividade:

● Trabalhar com a canção “Nada será como antes” explorando as relações de amizade e
incertezas no contexto da ditadura militar.
● Produzir uma resposta às questões apresentadas pela canção.

1. Escute a música Nada será como antes, de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos,
disponível no link <https://www.youtube.com/watch?v=8sW461txkqs> e marque, na
lista abaixo, os sentimentos que ela despertar em você.

❏ medo ❏ resistência ❏ esperança


❏ coragem ❏ determinação ❏ decepção/desilusão
❏ resignação (conformação) ❏ oposição ❏ alegria
❏ inconformação ❏ renúncia ❏ tristeza
❏ curiosidade ❏ amizade ❏ preocupação

Nada Será Como Antes2


Milton Nascimento e Ronaldo Bastos

Eu já estou com o pé nessa estrada Num domingo qualquer, qualquer hora


Qualquer dia a gente se vê Ventania em qualquer direção
Sei que nada será como antes, amanhã Sei que nada será como antes, amanhã
Que notícias me dão dos amigos? Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você? Que notícias me dão de você?
Alvoroço em meu coração Sei que nada será como está
Amanhã ou depois de amanhã Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite Resistindo na boca da noite
Um gosto de sol Um gosto de sol

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Fonte: <http://www.miltonnascimento.com.br/site/letras.php> Acesso em: 16/03/2017.
Atividade proposta e desenvolvida
pela equipe do Redigir FALE/UFMG

Para saber mais sobre essa música, sugerimos a leitura do texto


Os quarenta anos do álbum Clube da Esquina: resistência política e inovação musical na
Sociedade do Espetáculo Brasileira de Emerson Ike Coan, disponível em
(<http://www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/anteriores/edicao54/materia02/>
Acesso em: 02/04/2018) do qual retiramos ao seguinte trecho para você:

“Nada será como antes” (Milton/Ronaldo Bastos) foi considerada “um autêntico libelo de
oposição ao regime vigente”. [...] os versos expõem o drama dos que se preocupavam com o
destino imprevisível dos exilados pela ditadura, entre os quais estava o próprio irmão de
Ronaldo Bastos, tendo a ideia da letra surgido quando ele lia um artigo sobre a questão do
“amanhã” na MPB, com transferência do enfoque da área musical para a política. Por ter na
procura pelos amigos a sua expressão máxima, não por acaso o motivo ritmo-melódico é muito
semelhante ao da canção “With a little help from my friends” (Lennon/McCartney), do disco dos
Beatles, St. Pepper’s Lonely Heart Club Band, de 1967. “Resistindo na boca da noite”
(escuridão da ditadura após o AI-5) “um gosto de sol” (a esperança de que no amanhã, com a
democracia e a liberdade, nada será como antes).

2. Que sentimentos você marcou?


Professor, sugerimos que você peça aos alunos para compararem as suas listas. Será que eles
marcaram os mesmos sentimentos? Por que eles acham que as diferenças/semelhanças podem
ter acontecido?
Seria interessante que eles pensassem em outros sentimentos e sensações que a música provocou
neles: Há outros sentimentos que eles adicionariam à lista? Por quê? Que elementos da música
os levaram a sentir isso?

3. Que elementos do texto te levaram a marcar esses sentimentos da lista? A letra, a


melodia, os instrumentos e sonoridades, o ritmo?
É importante que os alunos encontrem elementos no texto que reforcem as escolhas deles. Eles
podem responder que os sentimentos fazem uma associação com trechos da letra:
- Coragem/determinação - “Eu já estou com o pé na estrada”;
- Inconformação/resistência/oposição - “Resistindo na boca da noite”. Apesar de
demonstrar resistência, o eu lírico não expõe os modos de como praticá-la;
- Curiosidade - “Que notícias me dão dos amigos? Que notícias me dão de você?”;
- Amizade - “Que notícias me dão dos amigos?”;
- Esperança/alegria - “Amanhã ou depois de amanhã”, “Um gosto de sol”;
- Tristeza/preocupação “Alvoroço em meu coração”.
- Já os sentimentos de medo, renúncia, decepção/desilusão podem ser associados pelos
alunos como motivadores para o eu lírico colocar o pé na estrada.

4. Como você entende essa canção? Do que ela fala?


Professor, essa primeira interpretação dos alunos provavelmente será uma leitura que não vai
considerar o contexto histórico e que vai gerar diferentes respostas. As questões seguintes vão
ajudá-los a construir uma interpretação que leve em consideração esse contexto e,
provavelmente, irá gerar uma compreensão diferente da canção.
Sem considerar o contexto histórico, é possível dizer que o tema dessa canção é a esperança de
boas mudanças futuras.

5. Por que ele está com o pé na estrada? Para onde ele vai?
Atividade proposta e desenvolvida
pela equipe do Redigir FALE/UFMG

Pé na estrada é uma expressão muito usada por quem viaja e sabemos que músicos viajam muito
tocando em muitas cidades. Podemos interpretar que ele já está com o pé na estrada como ato
de resistência, talvez irá buscar auxílio ou fazer alguma coisa para mudar a situação imposta
pela “boca da noite”, contudo, a letra não deixa claro para onde ele vai exatamente, só sabemos
que ele vai “se mexer”, não vai ficar parado, vai fazer alguma coisa para mudar a situação.

6. O que seria a “boca da noite”? Por que ele resiste a ela?


De acordo com o dicionário Aulete Digital3, o termo “boca da noite” significa o começo da
noite, mas, considerando o contexto da música, podemos entender “boca da noite” como a
ditadura e as limitações impostas por ela. A boca da noite refere-se a escuridão instaurada pela
ditadura militar no país. O ato de resistir demonstra firmeza perante as imposições feitas pelo
governo, como a proibição de manifestações e protestos, a aplicação da censura militar e
qualquer outra atividade que abordasse a política. Como artista, ele resiste a ela por querer
liberdade de expressão.

7. O trecho a “boca da noite” se opõe a que expressão no texto? O que significa essa
expressão?
O termo “boca da noite” se opõe a expressão “um gosto de sol”. Ela remete a coisas boas,
sendo o contrário da noite, ou seja, que trás luz, esperança.

8. Por que ele diz que “nada será como antes, amanhã”? O que acontece no “agora”? O que
aconteceu antes e como será o amanhã?
O eu lírico sabe que as coisas irão mudar, ele tem esperança que não será como o passado, nem
como o presente. A letra sugere que aconteceram coisas más tanto no passado, quanto no
presente e que o causador é a “boca da noite”, ou seja, a ditadura militar. Já o amanhã é a
perspectiva de melhoria, de que aconteça uma mudança boa, de que as pessoas voltem a ter
liberdade e que volte a democracia.

9. O trecho a “boca da noite” se opõe a que expressão no texto? O que significa essa
expressão?
O termo “boca da noite” se opõe a expressão “um gosto de sol”. Ela remete a coisas boas,
sendo o contrário da noite, ou seja, que trás luz, esperança.

10. A palavra “ventania” nesse texto tem uma conotação positiva ou negativa? O que ela
representa ou significa?
A palavra ventania nos sugere semelhança com furacão, ou seja, corresponde a ventos fortes,
com velocidades altas fazendo estragos por onde passa. Ela pode ter no texto uma conotação
negativa, por outro lado, também pode ser um elemento que vai provocar mudanças que podem
ser positivas.
Não há uma resposta exata para essa questão, os alunos precisam construir um sentido com
base no restante do texto. A palavra “ventania” pode ter uma conotação ruim, se relacionada à
ditadura militar (“boca da noite”) ou uma conotação positiva se relacionada aos movimentos de
resistência que podem vir de vários lugares, quando menos se espera (“num domingo qualquer,
qualquer hora”). O importante é que os alunos construam uma lógica para suas respostas.

3
Fonte: <http://www.aulete.com.br/boca%20da%20noite> Acesso em: 16/03/2017.
Atividade proposta e desenvolvida
pela equipe do Redigir FALE/UFMG

11. Por que ele pergunta “Que notícias me dão dos amigos? /Que notícias me dão de você?”
Por que ele não tem notícias dos amigos? Por que ele não tem notícias do interlocutor
(você)?
Podemos inferir que após sua partida o eu lírico fica sem notícias de seus amigos e busca saber
como eles estão. Associamos o motivo de ele não ter notícias pela presença da “boca da noite” e
pela “ventania” presentes no texto, que, se relacionadas a algo ruim, podem causar males a seus
amigos. Ao questionar notícias também do interlocutor, ele cria uma espécie de aproximação e
de amizade.

12. Você é o amigo e vai responder às perguntas “Que notícias me dão dos amigos? Que
notícias me dão de você?” Escreva uma versão da música “Nada será como antes”
respondendo ao seu amigo.
Seria interessante que, para fazer essa resposta, os alunos pesquisassem um pouco mais sobre o
AI-5 e o período da ditadura no nosso país. O professor de História pode ser um parceiro nessa
atividade, fornecendo informações e sugerindo fontes de consulta aos alunos.
Seria interessante que situações mais recentes fossem pesquisadas por eles, como o assassinato
da vereadora Marielle Franco, que defendia os direitos das mulheres e era militante dos direitos
humanos. Ainda hoje não se sabe quem foram os responsáveis por esse crime.
Se quiserem, os alunos podem gravar suas versões e para isso, devem se preocupar em escrever
a nova letra respeitando a métrica da música. Eles podem tocar e cantar suas versões ou cantar
usando um playback da versão instrumental dessa música (ex.: Dudu Lims Trio:
https://youtu.be/O5FX23FA3Mc). É interessante que eles registrem essas experiências usando o
gravador ou a câmera do celular. Caso queiram, eles podem compartilhar a sua versão nas
redes sociais, sempre lembrando de citar a música original e seus compositores, que serviram de
inspiração para a produção dessa nova versão.
Caso eles prefiram, podem fazer outras músicas, explorar outros ritmos em resposta a essa
música, explorando o contexto da ditadura ou estabelecendo alguma relação desse período com
os tempos atuais.

Se quiser aprofundar ainda mais nessa discussão, há outra atividade do Redigir sobre a música
“Cérebro eletrônico”, de Gilberto Gil, que dialoga com o contexto da ditadura:
https://sites.google.com/site/redigirufmg/atividades/musica/cerebro-eletronico

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