WWW.AUDIOPT.

COM • REVISTA DE AUDIO, CINEMA EM CASA E NOVAS TECNOLOGIAS

HIGH-END SHOW
DE MUNIQUE 2017
OS GIRA-DISCOS

PRÉMIOS EISA 2017-2018

OS MELHORES DOS MUITO BONS

OPPO UDP-203 SIGNATURE

O TOQUE DO MESTRE

Plato Class A
A SOLUÇÃO (QUASE)
FINAL PARA OS
FICHEIROS DIGITAIS

Ainda nesta edição:

Aurender N 100H • Unison Research Unico 90 • JBL Playlist
Como afinar a sua fonte de vinilo • Pro-Ject Pre Box S2 digital
Philips 55OS9002/Samsung QE65Q8C/TCL U55CT7006/LG SJ9
iFi Audio Pro iCAN • Gold Note CD-1000/PA-1175

00266 N.º266 onoff

ANO 29 • BIMESTRAL • 4.00 €
SETEMBRO/OUTUBRO 2017
NOVA LOJA EM LISBOA
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WWW.AUDIOPT.COM VEJA A PÁGINA 41
 editorial/266
www.audiopt.com
REVISTA DE ÁUDIO E CINEMA EM CASA Mais alto,
N.° 266 | Ano 29 |
Setembro / Outubro 2017 | 4.00m mais forte,
DIRECÇÃO, REDACÇÃO E PUBLICIDADE:
R. Prof. Alfredo de Sousa, 7, 5.º Esq.
1600-188 Lisboa
mais números?
Telef. 213 190 650

D
Fax 213 190 659 iscutir a qualidade de um tema ou de um estilo musical é algo que daria panos pa-
ra mangas, tantas são as varáveis envolvidas, a não menos despicienda das quais
será o gosto de cada um. E lá diz o velho ditado que gostos não se discutem. No
entanto, há um «truque» já bem antigo que introduz digamos que alguma polarização no
Membro do Júri de Áudio e
Cinema em Casa da Associação
tema e que tem a ver com, antes de sequer se falar em qualidade, o que toca mais alto
Europeia de Revistas de Áudio, atrair mais atenções.
Imagem e Fotografia. Desde os grupos de rock às estações de rádio, e isto desde os anos 60 do século pas-
www.eisa-awards.eu
sado, todos têm usado e abusado desse efeito subjectivo, seja elevando o mais possível o
som durante os concertos, seja utilizando compressão, quer na maioria dos discos grava-
DIRECÇÃO dos quer nas estações de rádio, que querem soar sempre mais alto que o vizinho. E depois
Jorge Gonçalves admiram-se quando estudos recentes, como um apresentado no YouTube (www.youtube.
DEPARTAMENTO COMERCIAL com/watch?v=oVME_l4IwII), indicam que ao longo dos últimos 60 anos a qualidade da
Telef. directo: 213 190 653 música tem vindo a baixar, não só em termos do som em si, como em termos melódicos
e mesmo das letras.
COLABORADORES
Carlos Ribeiro, Vasco Félix, Holbein Menezes, E tanto os nossos ouvidos têm sido massacrados ao longo de todos estes anos, através
João Zeferino, António Bento, Rui Nicola, da verdadeira distorção (sim, esse é sem dúvida o nome correcto) resultante do total avil-
Manuel Bernardes, Honorato Pimentel, tamento da gama dinâmica da música, que passa de algo como 60 a 65 dB para um va-
Pedro Freitas, Daniel Santos, Leonel Marques lor entre 20 e 25 dB, que até fazemos leituras a contrario sensu (em sentido contrário, ao
e Pedro Flores
Proibida a reprodução, mesmo que parcial, de qualquer artigo ou ilustração publicados na Audio sem o consentimento prévio, por escrito, dos seus editores.

contrário do senso comum), como aconteceu num comentário que vi no Facebook recen-
REVISÃO temente, emitido originalmente por um blogger do país irmão, o qual incensava o Spoti-
Manuel Coelho
fy porque este serviço tomou a magnânima decisão de reduzir o índice de compressão de
PAGINAÇÃO E ARTE FINAL -11 LUFS para -14 LUFS! Apenas um parágrafo explicativo: LUFS é um acrónimo do termo
Cecília Matos, www.cecilia-designs.com
inglês Loudness Units Full Scale, um conceito criado pela EBU para quantificar a expansivi-
IMPRESSÃO dade dinâmica de um conteúdo de áudio e utilizado, por exemplo, em TV para tentar que
LISGRÁFICA
Rua Consiglieri Pedroso, nº90, existam menos variações de nível quando se passa de um conteúdo em exibição para o
Cª. de Sª. Leopoldina habitual intervalo para anúncios.
2730-053 BARCARENA Pois o que se passa é que desde o primeiro dia dos seus cerca de nove anos de exis-
tência o Spotify tem sido um dos principais detractores da gama dinâmica correcta das
Audio e Cinema em Casa é uma publicação
bimestral da editora Cadernos do Som, Lda, músicas que distribui por streaming, aplicando por defeito níveis bem elevados de com-
e é distribuída para venda ao público durante pressão, não muito diferentes dos utilizados pela maioria das estações de rádio, como eu
a primeira semana do mês indicado na capa detectei logo no primeiro dia em que ouvi algumas músicas a partir deste serviço, já lá
como mês de publicação. vão para aí cinco anos. O comentário escrito quase que dizia que o Spotify estava contra
CONSULTAS a utilização de compressão, o que não é verdade, pois -11 LUFS é bem penalizante, e que
Devido à especificidade da maioria das resolvera passar para -14 LUFS para poupar os nossos preciosos ouvidos em relação aos ní-
questões apresentadas e à objectividade veis ensurdecedores postos em prática na maioria das gravações actuais. Não seria «mais
inerente às respostas, lamentamos informar
os nossos leitores de que não nos é possível verdade» (desde que entrámos neste momento moderno de inverdades acho que é me-
responder a consultas. lhor definirmos uma escala de verdade, em que teremos uma verdade absoluta a valer,
TIRAGEM 10 000 exemplares digamos 100, uma mentira completa 0, e tudo o resto entre estes dois valores seria vá-
lido, dependendo dos interesses de quem emite a opinião) dizer que talvez tenha havi-
PREÇO DE CAPA 4,00m
do uma quantidade bem grande de subscritores do Spotify a queixarem-se dos níveis de
DEPÓSITO LEGAL N.° 27134/89
compressão?
REGISTO N.° 113788 ERC Voltando agora ao título deste editorial, em que me atrevo a alterar um pouco o sen-
DISTRIBUIÇÃO tido do conhecido lema dos Jogos Olímpicos, não será que as editoras de música estão a
Distrinews II matar a galinha dos ovos, que já não são de ouro mas possuem apenas um banho des-
Rua 1º de Maio
Centro Empresarial da Ganja – Junqueira te material, ao enveredarem por masters comprimidos que são verdadeiras torturas para
2625 – 717 Vialonga quem os ouve? Quantos grandes grupos musicais apareceram no panorama do rock de-
Telef.: 211 544 200 pois de, digamos, os Guns & Roses ou os Metallica? Alguém já se perguntou porque é que
Fax: 211 544 274 continuamos a ter tournées de grupos de rock com elementos que já deveriam estar apo-
EDITOR / PROPRIEDADE sentados há muito tempo, tais como os Rolling Stones e os Led Zeppelin? Durante algum
Cadernos do Som Publicações, Lda. tempo música mais alta significou mais números, mas há sinais de que já não é bem as-
R. Prof. Alfredo de Sousa, 7, 5.º Esq
1600-188 Lisboa sim. Estaremos ainda a tempo de dar a volta àquilo que foi a realidade por tantos anos?
Cont. n.°: 502 122 110 Permito-me duvidar mas, a bem da música, até estaria disposto a acreditar em milagres.

Estatuto editorial disponível em:

www.audiopt.com/7/estatuto-editorial.html

Audio & Cinema em Casa 3

sumário /266

pág 18 pág 30 pág 38

pág 49 pág 76 pág 81

pág 85 pág 98 pág 104

6_NOVIDADES OPINIÃO 38 Small is beautiful: o Pre Box S2 Digital

da Pro-Ject
Dan D’Agostino alarga a gama Progression 34 Sala de Audição – Acústica não é (ainda)
P-1000 • Nova linha KEF série Q • ciência! 42 JBL Playlist: sem fios, mas agora com
música
Liberte a música com as Monitor Audio S510 74 Musica erudita – Don Giovanni
• Novo Rega Planar 6 • Niagara 1000 e ou Idomeneo? 46 OPPO UDP-203 Signature – o toque
do mestre
5000, qualidade de alimentação ao alcance
de todos • Gira-discos SME Model 15 • 49_ESPECIAL 76 iFi Audio Pro iCAN – poder
e versatilidade
Novas Magico M6 • Dynaudio Special Forty,
um caso de sucesso • AVID lança três novos prémios 81 Sistema MBL – a música que envolve

braços Focal adiciona o Dolby Atmos com as
novas Sib Evo • Ars Antiqua Audio distribui
Rock na Audio e Audiobyte • Goldring
lança as novas cabeças MM da série E •
Projectores Optoma 4K para cinema em casa
14_NOTICIAS
DESTAQUES
16 Gold Note em comunhão gastronómica
e de design
17 Novo espaço Sonus Sutor
EISA
TESTES
18 Vem da Coreia e não é um Míssil: o
Servidor/Streamer N100H da Aurender
20 Unison Research Unico 90 – requinte
musculado
24 Plato Class A – (quase) a solução final
30 Como afinar a sua fonte de vinilo?
93 Gold Note CD-1000/PA-1175 – graça
e refinamento
98 Philips, Samsung e TCL – três propostas
4K para todas as carteiras
REPORTAGEM
85 High-End Show de Munique, parte 2
O vinilo em toda a sua glória
DISCOPATIA
104 Planetarium Supergrupo Espacial

4 Audio & Cinema em Casa

novidades DESTAQUES
Dan D’Agostino alarga a gama Progression
P-1000, o primeiro pré-amplificador da Gold Note
A Gold Note anunciou recentemente o lan-
çamento do seu primeiro prévio, com um
inovador conceito ultrabalanceado, basea-
do na topologia Six Gain Stage. O contro-
lo de volume tem lugar através de um co-
dificador óptico acoplado a um conjunto
de relés, a fonte de alimentação incorpora
três transformadores e estão disponíveis
dez entradas, cinco XLR e cinco RCA.
Em opção pode ser incluída uma entrada
digital coaxial e óptica, com conversores
que aceitam ficheiros de alta resolução até
24 bit / 192 kHz. A função Overboost tem
como objectivo reforçar o funcionamento
6 Audio & Cinema em Casa
O Progression Stereo é o mais recente ele-
mento da nova linha de preço mais aces-
sível da Dan D’Agostino e tem como prin-
cipal razão para esse preço mais baixo o
facto de os dissipadores serem em alumí-
nio em vez do cobre utilizado nos Momen-
tum. Cada um destes novos dissipadores é
maquinado a partir de um bloco de alumí-
nio que começa por ter 22 kg. O transfor-
mador de 3000 VA é acompanhado por um
banco de condensadores de filtragem de
400.000 microfarad e por andares de saí-
da com nada menos de 48 transístores. A
potência de saída por canal é de 300 Watt
sobre 8 Ohm e, como é usual nos equipa-
mentos desenhados por Dan, vai duplican-
do de cada vez que a impedância de carga
passa a metade, até garantir nada menos
de 1200 W sobre 2 Ohm.
Ao mesmo tempo, a marca lançou o Pro-
gresssion Preamplifier, o primeiro prévio
desta linha, com possibilidade de receber,
em opção, um módulo digital para ficheiros
PCM até 24 bit/384 kHz e DSD até 4xDSD.
Representante: Imacustica
Tel.: 225 194 180 / 218 408 374
www.imacustica.pt
de um sistema de áudio com colunas mui-
to exigentes na zona dos graves e pode
ser ajustada para dois modos de funcio-
namento ou desligada quando não neces-
sária. Os ajustes atribuídos a cada entrada
são armazenados em memória juntamen- Representante: Audioevolluto
te com o nível de volume para garantir ní- Tel.: 916 113 477
veis de audição perfeitamente equilibra-
dos quando se muda a fonte. www.audioevolluto.com
 SET - OUT 2017 / 266

Nova linha KEF série Q

Esta é a oitava iteração das reputadas KEF Q, as quais combinam os já

conhecidos altifalantes Uni-Q, com uma suspensão revista, com um
tweeter melhorado e novas unidades passivas de graves na coluna
central e nas colunas de chão. Nesta nova proposta temos seis colu-
nas: duas colunas de suporte/prateleira de duas vias (Q150 e Q350)
equipadas com uma unidade Uni-Q de 130 mm e de 165 mm, respec-
tivamente; três colunas de chão de 2,5 vias (Q550, Q750 e Q950, com
unidades de 130, 165 e 200 mm); e uma coluna central também de
2,5 vias. Todas as colunas estão disponíveis com acabamento acetina-
do em preto ou em branco. A impedância nominal de todos os mode-
los é de 8 Ohm.
Representante: Infinite Connections
Tel.: 213 162 084
www.infiniteconnections.pt

Liberte a música com

as Monitor
Audio S510

A Monitor Audio lançou recen-

temente as colunas Bluetooth
4.0 aptX/Airstream A510, as
quais integram DAC’s de alta
resolução e um processador
DSP avançado com algorit-
mos desenvolvidos nos labo-
ratórios da marca para ajuste
do áudio ao gosto do ouvin-
te. A potência disponível é de
40  W e existe ainda disponí-
vel uma entrada por jack de
3,5  mm para ligação a uma
TV, rádio ou qualquer equipa-
mento portátil. As unidades
activas incluem dois altifalan-
tes de graves de 3 polegadas
de diâmetro e um tweeter
Gold C-CAM. É extremamen- Representante: Delaudio
te fácil emparelhar várias co- Tel.: 218 436 410
lunas para um funcionamento
multiroom. www.delaudio.pt

Audio & Cinema em Casa 7

novidades DESTAQUES
Novo Rega Planar 6
Depois de renovar os seus gira-discos mais
acessíveis (modelos RP1, RP2 e RP3) ao
longo do ano passado, a Rega anunciou
recentemente um upgrade para o seu Re-
ga Planar 6. Sendo quase na totalidade um
produto novo, o Planar/Neo PSU partilha
apenas o braço RB330 e as braçadeiras da
tampa de acrílico com o seu antecessor.
A característica mais interessante deste gi-
ra-discos é a nova fonte de alimentação
externa Neo, a qual acompanhava ante-
riormente apenas o modelo mais caro
RP10, e que tem como função natural for-
Gira-discos SME Model 15
O gira-discos SME Model 15 recebe mui-
ta da inspiração do seu design do Mo-
del  10, ao mesmo tempo que procura
emular as grandes qualidades dos mode-
los 20/3 e 30/2. O subchassis é suspenso
em 30 anéis de borracha moldados especi-
ficamente para essa função e, juntamente
com o prato, pesa nada menos de 11 kg.
As vibrações são controladas através de
um fluido colocado centralmente, funcio-
8 Audio & Cinema em Casa
Representante: Audioteam
Tel.: 217 649 532
www.audioteam.pt
nando como uma «ligação à terra» para os
sinais espúrios e eliminando o overshoot.
O motor trifásico não tem escovas e está
equipado com oito ímanes de neodímio
e três sensores de efeito de Hall, estando
isolado de modo quase perfeito através de
bases de uretano ajustáveis para um posi-
cionamento preciso da correia. A alimen-
tação externa é controlada por um micro-
controlador ligado aos sensores de efeito
necer uma alimentação estável em tensão
(24 V) e frequência e com baixíssima dis-
torção, para o motor que acciona o prato.
Este é fabricado a partir de duas peças de
vidro temperado coladas com cola de cura
UV e assenta numa peça de alumínio fabri-
cada de acordo com as mais elevadas to-
lerâncias para definir um assento perfeito.
de Hall, o que permite uma grande esta-
bilidade de velocidade e um ajuste preci-
so de 0,01% de incremento ou decremen-
to da velocidade seleccionada, a qual pode
ser de 33, 45 ou 78 rpm.
Representante: Imacustica
Tel.: 225 194 180 / 218 408 374
www.imacustica.pt
novidades DESTAQUES

Niagara 1000 e 5000, qualidade de alimentação

ao alcance de todos
Depois do estrondoso sucesso do filtro de
corrente Niagara 7000, que veio redefinir
a qualidade da alimentação AC, eis que já
estão disponíveis no mercado as versões
Niagara 1000 e 5000.
O 5000 é uma versão em tudo idêntica ao
Niagara 7000, inclusivamente ao nível do
sistema passivo/activo de correcção de
transientes na alimentação dos amplifica-
dores de potência, corrigindo o problema
da compressão da corrente e permitindo
picos instantâneos de 90 A. Integra igual-
mente o inovador sistema patenteado
Low-Z Power, o qual permite a dissipação
do ruído da terra através da filtragem com
maior largura de banda. A cablagem inter-
na é de cobre unifilar com direccionalida-
de orientada em função do escoamento da
radiofrequência. Igualmente presentes es-
tão condensadores previamente rodados
com a mesma finalidade e tomadas Shu- Já a Niagara 1000 possui algumas das tec- sistema de correcção de transientes dos
cko com um forte banho a prata sobre co- nologias anteriormente descritas, como o dois modelos mais caros) e as restantes
bre de alta pureza, assegurando um con- sistema patenteado de dissipação de ruído cinco destinam-se aos componentes digi-
tacto de alta pressão e baixa impedância Low-Z Power, cablagem unifilar, condensa- tais e analógicos.
em três blocos individuais de quatro to- dores de dissipação de ruído direccionais
madas cada, individualizados conforme o e tomadas com banho a prata sobre co-
uso recomendado: componentes analó- bre de alta pureza mas aplicadas a uma
gicos ou digitais. O Niagara 5000 apenas «régua» metálica de seis tomadas. Uma Representante: Esotérico
não utiliza o último estágio de filtragem dessas tomadas é de baixa impedância e Tel.: 219 839 550
da 7000, implementado através de dois integra filtragem de terra dedicada exclu-
www.esoterico.pt
transformadores de isolamento adicionais. sivamente à amplificação (embora sem o

Novas Magico M6
O M-Project abriu um conjunto amplo de
expectativas e objectivos, e Alon Wolf já
tinha dado a entender por diversas
vezes que algo de novo poderia surgir,
transformando um projecto numa gama
de colunas.
As M6 representam o culminar dessa aspi-
ração, com o seu aspecto mais distintivo a
centrar-se nos seis painéis laterais de fibra
de carbono de especificação aeronáutica,
que implementa uma estrutura monoco-
que idêntica à do jacto F-35.
Quatro blocos maciços de alumínio fo-
ram meticulosamente maquinados pa-
ra dar origem a uma curvatura externa
contínua e sem qualquer ângulo e os al-
tifalantes estão fixados ao espesso painel
frontal, ao mesmo tempo que dez varões
tensores de alumínio fixados entre a fren-
te e a traseira reforçam ainda mais a soli-
dez da estrutura. Desde modo, a caixa das
M6 é completamente selada e com difrac-
ção nula, o que assegura uma dispersão
natural. O tweeter é uma versão de ren-
dimento superior do que foi utilizado nas
M-Project, tendo uma membrana de berí-
lio coberto com diamante com 28 mm de
diâmetro. A nova unidade de seis polega-
das utiliza o já famoso cone baseado em
nanografeno, material usado igualmente
nas unidades de graves de 10,5 polega-
das. A sensibilidade é de 91 dB/W/m, pa-
ra uma impedância de 4 Ohm e uma res-
posta em frequência que se estende dos
22 Hz aos 50 kHz.
Representante: Imacustica
Tel.: 225 194 180 / 218 408 374
www.imacustica.pt

10 Audio & Cinema em Casa

 SET - OUT 2017 / 266

Dynaudio Special Forty,

a reinvenção de um caso
de sucesso

Representante: Smartaudio
Tel.: 211 944 015
www.smartaudio.pt

Seguindo a tradição de ícones como as clássicas Special One, Special Twen-

ty-Five, Crafft e Contour 1.3SE, a Dynaudio criou uma coluna pura, mas si-
multaneamente bastante avançada.
A Special Forty possui os clássicos crossovers de 1ª ordem, combinados com
tecnologias de alinhamento de fase e impedância, aos quais foram adicio-
nados novos componentes de alta performance. As unidades, recorrendo a
tecnologias e materiais sobejamente conhecidos na marca, foram aprimo-
radas em várias áreas de construção, desde a maximização da passagem
de ar na traseira do famoso tweeter Esotar2, aos melhoramentos no íman,
o que levou à criação de uma nova unidade exclusiva para esta coluna, o
Esotar Forty. Também o altifalante de médios-graves, derivado directamen-
te das unidades utilizadas nas Evidence e Confidence, viu serem-lhe aplica-
das evoluções nas estruturas e suspensões e utiliza novos ímanes híbridos.
De tudo isto resulta uma transição suave entre unidades que podem tra-
balhar numa larga zona de espectro e permitem a utilização de crossovers
de alta qualidade de 1ª ordem. De salientar ainda os dois belíssimos aca-
bamentos especiais lacados das Special Forty, sendo o cinza o resultado do
corte transversal de várias lâminas de madeira sobrepostas.

AVID lança três novos braços

Representante: Pauca Sed Bona

Tel.: 912 315 200
www.paucasedbona.pt
Mostrados pela primeira vez em Munique, os três novos braços da AVID de-
verão entrar em produção no último trimestre de 2017. O conceito princi-
pal por detrás destas novas propostas é o escoamento da Neira proveniente
das más vibrações da cabeça para o subchassis do gira-discos, um concei-
to introduzido no Acutus. Ao mesmo tempo, a AVID utilizou técnicas inova-
doras de impressão 3D para produzir o tubo de titânio do braço do Oxyto-
ne como uma única peça. Falando ainda deste braço, a configuração biaxial
dos apoios coloca o contrapeso numa posição acima do eixo de rotação, re-
duzindo a inércia lateral, sendo os offsets laterais deste compensados mag-
neticamente. O Paroxytone e o Barytone utilizam igualmente o titânio co-
mo material, sendo a concha da cabeça impressa em 3D neste material e
ligada ao tubo de parede fina do braço, fabricado igualmente de titânio. Em
ambos os casos está disponível um ajuste muito simples do VTA.

Audio & Cinema em Casa 11

novidades DESTAQUES
Focal adiciona o Dolby Atmos com as novas Sib Evo
Ars Antiqua Audio distribui Rockna Audio
e Audiobyte para Portugal e Espanha
A Rockna e a Audiobyte são duas marcas
da mesma empresa, criada em 1999 e
dedicada ao desenvolvimento de equi-
pamentos de reprodução de ficheiros
digitais, com toda a pesquisa e mesmo
produção final a terem lugar «em casa».
O mentor das duas marcas é Nicolae Jita-
riu, o qual já funcionou como consultor pa-
ra um grande número de marcas bem co-
nhecidas no mundo da alta-fidelidade. O
12 Audio & Cinema em Casa
As Sib Evo são a segunda geração da
icónica linha de colunas satélites da Focal,
e passam a disponibilizar a tecnologia
Dolby Atmos, através de um altifalante
adicional de banda larga colocado na parte
superior da coluna para tirar partido da
reflexão no tecto.
Este sistema oferece efeitos sonoros num
plano vertical, proporcionando a sensa-
ção de ser mergulhado num universo tri-
dimensional e ultra-realista.
Cada satélite é pré-montado na sua base,
mas ainda permite o ajuste da inclinação
em ±5 graus, apesar de já virem de ori-
gem com o grau de inclinação recomenda-
do pela própria Dolby. Em sistemas de ci-
nema em casa de 5.1 e 5.1.2, as colunas
também podem ser usadas na horizontal,
transformando um dos satélites numa co-
luna central.
Representante: Esotérico
Tel.: 219 839 550
www.esoterico.pt
Wavedream, nas suas versões DAC e Net, Representante: Ars Antiqua Audio
é o produto mais conhecido da Rockna e a
versão Net combina um servidor com um Tel.: 0034 607 846 527
transporte de grande qualidade que po- www.arsantiquaudio.com
de reproduzir quase todo o tipo de discos
e, como servidor, suporta PCM, DSD, FLAC,
etc. Pode ser equipado com discos de 1 ou
2 TB de capacidade e vem com o Roon Ser-
ver instalado com licença válida para um
ano.
Goldring lança as novas
cabeças MM da série E

Representante: Audioteam
Tel.: 217 649 532
www.audioteam.pt

A linha E, da Goldring, é constituída por três novas cabeças

que utilizam a tecnologia Magnetic Duplex, a qual melhora
bastante a separação de canais ao emular o modo como fun-
cionam as cabeças de corte dos masters nos tornos de corte
das fábricas de produção de discos. De facto, nesta tecnologia
recorre-se a uma configuração especial com dois ímanes que
interagem apenas com as bobinas correspondentes e estan-
do estas orientadas a 45 graus em relação aos ímanes. Com
uma agulha do tipo esférico e escolha entre dois tipos de can-
tilevers, as E1 e E2 são ideais para funcionarem como substi-
tuição e upgrade para qualquer cabeça mais barata que pré-
-equipe um gira-discos de preço mais acessível, enquanto a
E3 já recorre a uma agulha elíptica e pode melhorar o som
de uma grande parte dos gira-discos existentes no mercado.

Projectores Optoma 4K
para cinema em casa

Representante: Ésistemas
Tel.: Porto: 229 558 456,
Lisboa: 212 405 070
www.esistemas.pt

Os novos projectores Optoma UHD60 e UHD65 são a estreia da

marca na resolução 4K e têm como base construtiva os novos
chips DLP da Texas. A tecnologia Amazing Color pemite obter
uma paleta de cores melhorada e, no modo de referência, é
compatível com a especificação Rec 709. Por outro lado, os
movimentos no ecrã são suaves e precisos, como resultado
do processamento de movimento PureMotion. O UHD60 tem
um nível de luminosidade máximo de 300 lúmen, enquanto
o UHD65 atinge um máximo de 2200 lúmen. As entradas in-
cluem duas portas HDMI 2.2 e ligação MHL para telefones e
tablets compatíveis. Os preços recomendados são de 2899 m
para o UHD60 e 3799 m para o UHD65.
notícias BREVES

Burmester coopera com a Qobuz

Para além das capacidades de streaming incorporadas na sua ga-
ma actual de produtos, a Burmester anunciou que eles vão pas-
sar a integrar o acesso à ampla biblioteca de música da Qobuz,
através da oferta da assinatura do serviço Sublime+. Deste modo
vai ser possível fazer streaming e download de ficheiros de mú-
sica com resoluções até 24 bit / 192 kHz, com uma actualização
a ser disponibilizada caso a caso para os equipamentos já dispo-
níveis, que foi incorporada nas linhas de produção a partir do fi-
nal do mês de Julho.
Nova linha HTS da ATC premiada
A linha HTS foi lançada durante o último High-End Show de Muni-
que e já foi premiada com um Best Buy pela Home Cinema Choi-
ce na forma de um sistema constituído por quatro HTS7, uma co-
luna central HTS7C e um subwoofer C1. A montagem das colunas
na parede é muito facilitada pelo molde fornecido juntamente
com as HTS7 e estas têm os terminais no topo, com um rasgo de
passagem dos cabos na traseira para uma montagem à face na
parede. As HTS7 estão disponíveis em branco e negro e a garan-
tia é de seis anos.

Life Motions finalista

Ultimate Audio assegura a distribuição
da NuPrime para Portugal e Espanha
Sob o controlo do co-fundador do prestigiado marca Nuforce e
seu CEO original, Jason Lim, um conjunto de talentosos engenhei-
ros desenvolveu uma ambiciosa panóplia de equipamentos digi-
tais de alta qualidade. A gama actual da marca estende-se des-
de amplificadores integrados de estrutura híbrida (classe A mais
classe D) a amplificadores para auscultadores e conversores ex-
ternos quer para aplicações típicas de áudio quer para interliga-
ção entre computadores e um sistema de áudio, amplificadores
multicanal, fontes de alimentação e acessórios.
Em termos de conceitos de amplificação a NuPrime consegue
conjugar um interessante número de conceitos tais como: ampla
largura de banda, factor de amortecimento extremamente ele-
vado, distorção e ruído mínimos, desfasamento nulo. Não é fácil
conjugar todas estas qualidades num único produto mas a mar-
ca segue uma política de elevada intensidade de pesquisa e de-
senvolvimento, tendo obtido até agora um amplo reconhecimen-
to da qualidade dos seus produtos, os quais podem a partir de
agora na Ultimate Audio Elite (www.ultimate-audio.eu), empresa
que assegurou a distribuição da marca para Portugal e Espanha.
dos CEDIA Awards 2017
A Life Emotions orgulha-se de ser
uma das empresas finalistas dos
CEDIA Awards 2017 na catego-
ria de «Best Media Room £20,000
– £80,000», seleccionada entre os
seus pares a nível internacional e
a única empresa portuguesa na lis-
ta total de finalistas. Os Prémios CE-
DIA celebram a excelência inter-
nacional de integração tecnológica
em projectos residenciais, desta-
cando o profissionalismo e a qualidade técnica dos trabalhos a
concurso. Em estreita colaboração com os arquitectos e designers
de interiores do cliente, a Life Emotions concebe soluções de al-
to nível, através da integração de sistemas de iluminação, som
de alta qualidade, cinema em casa, domótica, climatização, se-
gurança, conectividade – soluções totalmente geridas pelo clien-
te em tempo real através de um smartphone, tablet ou computa-
dor, e a partir de qualquer localização no mundo. Os vencedores
dos CEDIA Awards 2017 serão anunciados na cerimónia oficial em
Inglaterra a 29 de Setembro, nas instalações da Warner Bros, Stu-
dio Tour London – The Making of Harry Potter.

14 Audio & Cinema em Casa

 SET - OUT 2017 / 266

LG Display aumenta o investimento

na fábrica de painéis OLED
A LG Display anunciou planos para investir cerca de 12 mil mi-
lhões de euros para ampliar a sua capacidade de produção de
painéis OLED ao longo dos próximos três anos, tendo como finali-
dade cimentar a sua posição de liderança na fabricação de ecrãs
de grande dimensão para televisores e, ao mesmo tempo, pas-
sar a ser um fornecedor de grandes volumes de ecrãs OLED para
telemóveis. Destaca-se igualmente a intenção da LG de produzir
nessa fábrica ecrãs OLED flexíveis virados para aplicações em veí-
culos automóveis e smartphones. Embora corram rumores sobre PROMOÇÃO ESPECIAL DE LANÇAMENTO
possíveis clientes destes ecrãs OLED, a LG Display absteve-se de
comentários sobre este tema. GANHE ATÉ 650 € DE DESCONTO
IMEDIATO NA COMPRA DE UM PAR DE
COLUNAS PROAC RESPONSE DT8
As colunas ProAc são construídas à mão, por
técnicos especializados e individualmente res-
ponsáveis por montar e testar cada par de colu-
nas. A qualidade de construção é irrepreensível,
sendo de destacar os acabamentos especiais
em pau-santo e ébano, e o cuidado na escolha
dos materiais utilizados nos cones dos seus alti-
falantes é exaustivo. Assim, as novas Response
DT8 estão um passo à frente ao combinarem
vários materiais diferentes nos diafragmas dos
Pioneer lança actualização para DTS Play-Fi seus altifalantes, o que se traduz em desempe-
nhos excepcionais: graves extensos e controla-
A Pioneer activou a função de reprodução de áudio em modo dos, gamas médias detalhadas e naturais e uma
multi-sala DTS Play-Fi nas colunas sem fios MRX-5 e MRX-3 atra-
vés da actualização de firmware disponível no site da marca. A imagem sonora precisa – qualidades que há
actualização para determinados produtos Pioneer de 2017 e al- muito fazem a “imagem” da ProAc.
guns equipamentos lançados em 2016 está prevista para final de
Setembro. Durante todo o mês de Setembro, na troca das
A tecnologia DTS Play-Fi pode ser integrada com uma grande va- suas antigas colunas de som pelas novas ProAc
riedade de smartphones e tablets, permitindo aos seus utilizado- Response DT8 poderá obter um DESCONTO
res reproduzir música com a ajuda de uma rede Wi-Fi através de
um número ilimitado de colunas compatíveis com a função DTS
DIRETO E IMEDIATO até 650€.
Play-Fi.
A aplicação Pioneer Music Control incorpora uma interface de uti-
Com esta campanha promocional, a Imacustica
lização e visualização fácil que permite controlar a música em pretende oferecer, a um maior número de au-
reprodução através de um dispositivo iPad, iPhone, iPod Touch diófilos, a possibilidade de terem umas colunas
ou Android, e ainda oferece acesso aos serviços de transmissão ProAc de excelência, em suas casas.
mais populares. Do mesmo modo, a função DTS Play-Fi dispõe da
capacidade de localizar, exibir e transmitir música armazenada
em servidores multimédia ou determinados serviços de nuvem e,
ainda, reproduzir conteúdos armazenados no dispositivo.

Audio & Cinema em Casa 15

notícias DESTAQUES

Gold Note
em comunhão
gastronómica
e de design
Jorge Gonçalves

D
esde há muito tempo que se tem
promovido nestas páginas que a
alta-fidelidade se deve associar a
outras áreas de actividade para conseguir
o equilíbrio saudável e natural entre as ca-
pacidades de apreciação dos vários senti-
dos de que o ser humano está provido.
Pois a Gold Note resolveu passar das
palavras à prática e, desde o início de
Agosto, começou a colaborar com a desig-
ner e arquitecta de interiores Sofia Andrez,
colocando algumas peças em exposição
no seu novo showroom em Vilamoura, no-
meadamente o gira-discos Giglio, com as
colunas A3-XL e bases.
Em paralelo com esta acção, decor-
reu uma outra que surpreendeu convi-
dados e clientes de um dos restaurantes
mais in da região algarvia, os quais se de-
pararam com um magnífico sistema da
Gold Note constituído pelo gira-discos Gi-
glio, pelo prévio de phono PH-10, pelo lei-
tor CD-1000, pelo amplificador de potência
PA-1175 e pelas fantásticas colunas A3-XL
(edição limitada) que foram muito apre-
ciados.
Ao que se sabe, estas acções tiveram
resultados muito animadores e alguns
mesmo imediatos, o que só demonstra
uma vez mais que «sair da caixa» acaba
sempre por ser compensado de uma ma-
neira ou de outra.

16 Audio & Cinema em Casa


Sonus Sutor
a atenção aos detalhes
A
Sonus Sutor é um dos espaços
mais recentes do mercado de alta-
fidelidade, nascendo como uma
emanação do excelente trabalho que
Jorge Tavares e a Audiofidem têm vindo
a fazer em termos do desenvolvimento
de produtos, muito em especial cabos, em
que é notável a atenção a detalhes tais co-
mo o recurso a materiais de alto refina-
mento e técnicas de controlo de amorteci-
mento de vibrações.
Situada no bairro da Beneficência, em
Lisboa, junto ao Hospital de St.ª Maria, a
nova loja desenvolve soluções para clien-
tes com orçamentos nas gamas média e
média-alta, baseadas em crossovers acti-
vos cujas características fundamentais, tais
como a frequência de corte, são ajustadas
já na sala do cliente.
Todos estes conceitos levaram ao de-
senvolvimento de colunas tais como as
MESTAS, em demonstração na sala de
audições quando da inauguração da lo-
ja, com electrónica da Arcam alojada em
belas mesas desenhadas igualmente pe-
la equipa da Audiofidem e que utilizam
como material de base o aglomerado de
cortiça. Estão neste momento em fase de
desenvolvimento umas outras colunas, de
maior dimensão, em configuração D’Appo-
lito, esperando-se que sejam seguidas por
umas monitoras e ainda outras intermé-
dias entre estas e as MESTAS.
Outra das actividades em que a So-
SET - OUT 2017 / 266
nus Sutor está envolvida é na melhoria de
colunas já existentes, quer em termos de
cablagem quer com recurso a outros alti-
falantes, os quais podem mesmo ser esco-
lhidos pelo cliente. E nunca é de esquecer
a vasta gama de fusíveis CrystalFidem e
derivadores de corrente disponíveis para
uma grande variedade de equipamentos.
De tudo o que foi dito só se pode con-
cluir que é mais que justificada uma vi-
sita à Sonus Sutor, o que pode ter lugar
ao sábado entre as 15 e as 19 horas e
nos restantes dias da semana por mar-
cação através, por exemplo, do telemó-
vel 965 602 763. Ficam aqui os votos das
maiores felicidades para a equipa da So-
nus Sutor por parte de uma outra equipa,
a da Audio & Cinema em Casa.
Audio & Cinema em Casa 17
teste
VEM DA COREIA
E NÃO É UM MÍSSIL:
O Servidor/
Streamer N100H da Aurender
Leonel Garcia Marques
O
s produtos Aurender têm design
californiano mas são concebidos e
fabricados na Coreia do Sul, uma
referência para as novas tecnologias e um
dos quatro tigres asiáticos.  Os produtos
Aurender são um óptimo representantes
da capacidade tecnológica dos coreanos e
o caso em apreço, o N100H, é um grande
exemplo dessa mestria.
Descrição
O N100H é um streamer capaz de fazer a
música fluir de serviços da Net como o Qo-
buz ou o Tidal, ou de um servidor NAD mas
inclui, ele próprio, um disco rígido inter-
no de 2.5 polegadas com 2 TB e pode fun-
cionar como um servidor audiófilo. Possui
uma caixa estreita de 21.5cm (L) x 4.5cm
(P) por 3.5cm (A) e pesa 4,6 quilos. As di-
mensões do N100H permitem a partilha de
uma prateleira de ma estante dedicada à
Hi-Fi, com outro componente de meio cor-
po (por exemplo, o Amplificador-DAC X725
da Aurender). Como a maior parte dos pro-
dutos da Aurender que já vi, o N100H é re-
vestido de chapas de alumínio com dissi-
padores de calor ao longo dos lados. Na
frente, ostenta um botão quadrado de on/
off, um pequeno monitor AMOLED de 3 po-
legadas e quatro pequenos botões quadra-
dos, formando eles próprios, um quadrado
Playlist
Georg Kallweit Passaggio, eine barocke Download Qobuz 24 bits – 96.00 kHz
& Björn Colell Alpenüberquerung
Ann Hallenberg Carnevale 1729
& Il Pomo D’Oro
Rosedale Long Way To Go
Camille OUÏ
June Tabor & Nightfall
Quercus
Ben Webster Ballads
18 Audio & Cinema em Casa
(um botão de menu, um de tocar/pausa,
um de avançar e outro de recuar). Na par-
te de trás, tem uma saída USB, uma entra-
da LAN para cabos RJ45 Ethernet e mais
duas USB. Exibe ainda um botão de liga-
ção e uma entrada para um cabo com fi-
cha IEC. O N100H está disponível em pre-
to ou em prata (sempre com dissipadores
de calor pretos). O N100H funciona ape-
nas numa rede com fios (Ethernet) – a
única que garante verdadeira qualidade. O
N100H processa ficheiros áudio WAV, FLAC,
ALAC, APE, AIFF, M4A de forma nativa nati-
vo e resolução 32 bit/384 kHz, bem como
DSD64 ou DSD128 via DoP. Como já referi-
mos, através de uma conexão de Internet,
o N100H é também capaz de fazer strea-
ming de serviços como o Qobuz e o Tidal.
Como o processador interno do N100H usa
o sistema operativo da Linux, não requer
drivers. Note-se, no entanto, que o N100H
é um equipamento totalmente digital, o
que quer dizer que nem tem um conver-
sor de digital para analógico, por isso re-
quer sempre a ligação a um DAC USB que
depois transmita o sinal analógico para um
prévio, um amplificador ou colunas ativas.
O N100h é comandado por uma app, a Au-
render (que existe em versão IOS e em
versão mais light em Android) que foi fácil
de instalar e que funciona de forma bas-
tante intuitiva.
Download Qobuz 24 bit – 88.20 kHz
Download Qobuz 24 bits – 48.00 kHz
Download Qobuz 24 bits – 96.00 kHz
Download Qobuz ECM 24 bits –
48.00 kHz
Download Native DSD DSD128
Audição
Liguei o N100H à minha rede doméstica,
uma PowerLine da Devolo e daí ao meu
servidor NAS da Western Digital, WDMy-
CloudEX2. Ouvi o N100-H ligado quer ao
meu Micro iDSD DAC da iFi quer ao mini
DAC MOJO da Chord. Quer como streamer
dos serviços do meu NAS e da Qobuz, quer
como servidor, reproduzindo os ficheiros
áudio guardados no seu disco rígido. Esse
último aspeto foi indiferente porque ape-
sar do meu NAS ser bastante mais ruidoso
do que o N100H, como não está colocado
na sala de audições, não se nota a dife-
rença. Mas o silêncio do N100H em fun-
cionamento pode fazer uma grande dife-
rença para quem tenha um NAS na sala de
audição ou um DAS (Direct Attached Sto-
rage, um disco rígido diretamente ligado
ao DAC). Os DACs estavam ligados ao meu
Amplificador Primare A30.1 e às minhas
colunas Sonab OA5-Type 2.
O N100H soou bem com ambos os DA-
Cs mas soou melhor com o equipamento
da Chord, e por isso realizei o teste basica-
mente com o MOJO.
É claro que quando falar do som N100H
estarei sempre a falar da combinação
N100H + MOJO. É inevitável quando se
utiliza um transporte digital. Em termos
de audição não notei grandes diferenças
entre o funcionamento em servidor ou

em streaming (a partir do meu próprio
NAS). Em ambos os caos, melhor do que
em streaming do Qobuz (embora também
funcionasse bastante bem).
A música surgiu com presença e cor-
po (alguns streamers fazem a música soar
caracteristicamente sem esses atributos).
Soar num palco próximo e bem delimita-
do, com uma boca focalização da figura e
boa diferenciação do fundo.
Assim, a dupla Georg Kallweit & Björn
Colell, no violino e alaúde, cordas com cor-
das, soou detalhada, subtil e grave, exata-
mente como convinha à gravação. E mais
uma vez com o corpo necessário e agudos
convincentes.
Ann Hallenberg acompanhada pelos Il
Pomo D’Oro, celebrou o carnaval de 1729
para nosso deleite, interpretando autores
pouco conhecidos como Orlandini e Giaco-
melli, mas também Albinoni e Porpora),
soando sempre comedida mas musical, no
seu timbre andrógino de alto.
June Tabor e o insondável mistério da
sua voz, soaram soturnos e belos demais
para existirem num mundo finito. Nunca o
amor cantado soou tão próximo do fim e
tão encantador. Ah, mas o grão de mil sa-
bores de June Tabor, esse grão inimitável
foi reproduzido com emoção e detalhe pe-
lo N100H. Muito bem!
O novo grupo de Blues-Rock, Roseda-
le, surgiu dinâmico com o ácido necessá-
rio quer na voz de Amandyn Roses quer
na guitarra de Charlie Fabert. Que gran-
de vocalista, a Amdandyn, uma nova Beth
Hart, com todo o calor, emoção e força. E o
N100H não se fez rogado em ritmo vinca-
do, ataque preciso e timbre cortante.
E que dizer da imprevisível Camille e
o seu novo álbum Oui? Só podemos dizer
que sim. A Camille explora a linguagem
musical e música da linguagem como só
ela, sobretudo quando canta em francês.
Daí que na sua reprodução, o detalhe é
fundamental. Cada estalido com a língua,
cada vogal, cada batimento no corpo faz
parte do seu apelo ao mais desatento de
nós, aos que julgam que a música só está
na música. E aqui o N100H mostrou o seu
valor, o valor do pormenor que é capaz de
transmitir sem nunca perder em excessos
analíticos extra-musicais.
Finalmente, o Ben Webster contou-nos
as histórias que só ele sabia contar com
o seu tenor experiente, presente e carnal,
não soou a nada em DSD256, mas fazendo
o down-sampling para DSD128 soou co-
mo devia. O manual avisava do limite
a DSD128 mas como com certos fichei-
ros DSD, o N100H conseguiu ir mais lon-
ge (mas infelizmente não com a presente
gravação), tentei primeiro em DSD256.
Conclusão
O N100H não se portou como um verda-
SET - OUT 2017 / 266
deiro tigre asiático no que concerne a ser
capaz de toda e mais alguma pirotecnia
tecnológica, nomeadamente, por exem-
plo, na reprodução dos ficheiros áudio DSD
de maior definição (algo que encontra-
mos em muitos streamers de uma gama
de preços equivalente ou inferior). Tal não
é grave porque se podem recodificar os fi-
cheiros em formato FLAC ou WAV ou fazer
down-sampling para DSD64 ou DSD128.
Mas é algo a corrigir pela Aurender o mais
brevemente possível.
Mas a qualidade de fabrico, a facilidade
de utilização da App respectiva, a conve-
niência de um disco de 2 TB, e sobretudo a
presença e corpo da reprodução da música
sempre num palco sonoro fisicamente
próximo mas bem delimitado, com
detalhe mas sempre com musicalidade,
com gamas de baixos, médios e agudos
bem descriminadas mas bem integradas,
fazem do N100H da Aurender, uma opção
séria e a levar em conta.
Leitor de áudio digital
Aurender N100H
Preço 3390 m (disco 2 TB)
3690 m (disco 4 TB)
Representante Ultimate Audio Elite
Telef. 217 602 028
www.ultimate-audio.eu
Audio & Cinema em Casa 19
teste

Unison Research
Unico 90 Requinte musculado

João Zeferino

O
Unico 90 é a mais recente pro- dominada pelos dois grandes comutado- ta de um prévio/processador externo ao
posta da italiana da Unison Re- res de selecção de entrada e controlo de andar de potência, de modo a facilitar a
search a integrar a sua premiada volume. Ao centro um conjunto de oito inclusão do Unico  90 num sistema de ci-
gama de produtos Unico. Trata-se de um LED’s indica a fonte seleccionada. nema em casa. Seguem-se dois pares de
amplificador integrado de dimensões con- O painel traseiro conta com duas en- terminais de coluna por canal e a ficha de
sideráveis, com circuito híbrido de válvu- tradas balanceadas via fichas XLR, às quais corrente. O interruptor de ligação encon-
las/transístores, e possui apenas entradas se juntam outras três entradas de linha tra-se na face lateral direita.
analógicas de nível de linha. A Unison Re- com fichas RCA, marcadas como Aux1, Tu- No interior o Unico 90 exibe um circui-
search mantém-se assim fiel à filosofia da ner e CD. Possui ainda dois pares de RCA to duplo-mono com um grande transfor-
marca, procurando providenciar a melhor de saída para subwoofer e monitor, e uma mador toroidal encapsulado em posição
qualidade de som possível dentro do es- entrada bypass, a qual faz a ligação direc- central e um banco de oito condensadores
calão de preços em que o produto se in-
sere e para o fim a que se destina, evitan-
do enveredar pela moda de disponibilizar
entradas digitais nos mais diversos forma-
tos apenas porque sim, ou como atitude
seguidista porque os outros também o fa-
zem.
É de prever que o potencial comprador
de um amplificador como este Unico  90
não seja alguém que vá trocar de equi-
pamento passados uns meses ou um ano.
Com a volatilidade dos sistemas digitais e
a velocidade a que se opera a sua evolu-
ção, dentro de meia dúzia de anos é legí-
timo esperar que os circuitos digitais, hoje
actuais, já estejam tecnologicamente ul-
trapassados. Já os circuitos analógicos con-
tinuarão tão up-to-date como o são hoje.

Descrição
O Unico 90 é um amplificador substan-
cial, com umas dimensões de 43,5 × 18 ×
44 cm e 20 kg de peso. A face frontal em
alumínio, disponível também em negro, é

20 Audio & Cinema em Casa

 SET - OUT 2017 / 266

com uma capacidade de 10.000  µF cada. O registo grave apresenta uma exce- camente complexa como a 6.ª Sinfonia
Destaque ainda para outros componen- lente extensão e articulação e, ainda que de Mahler, o Unico  90 consegue ser fisi-
tes de grande qualidade, visíveis na placa pudesse ser um pouco mais rápido de camente robusto e transpor, sem esforço
de circuito, como condensadores E-Cap e modo a manter a segurança absoluta no aparente, a violência dos momentos mais
M-Cap da alemã Mundorf e um potenció- controlo dos ritmos mais complexos, as exaltados para logo a seguir apresentar
metro motorizado ALPS. características de dinâmica, velocidade de as passagens mais tranquilas, como no
O Unico 90 faz uso de apenas dois es- resposta e articulação global contribuem Andante Moderato, de um modo líquido
tágios de amplificação, um primeiro es- entre si de um modo muito equilibra- e timbricamente luxuriante que nos sur-
tágio de pré-amplificação a válvulas que do para uma expressão musical plena de preende pela capacidade de contrastar e
utiliza uma válvula duplo-tríodo ECC83 músculo e autoridade, aliada a uma apre- de colorir, no bom sentido, uma interpre-
(12AX7) e duas ECC81 (12AT7) por canal, sentação suave e líquida que é sempre um tação musical.
numa configuração totem pole, que ata- prazer experimentar. O palco sonoro está ao nível do me-
cam directamente o andar de potência a É curioso como, com música dinami- lhor que já ouvi neste escalão de pre-
transístores Hexfet (três por canal), permi-
tindo obter uma potência de 2 × 100 W /
Discos utilizados nas audições:
180 W a 8/4 Ohm, o suficiente para reali-
zar o potencial da maior parte das colunas COMPOSITOR / OBRA INTÉRPRETES EDITORA
no seu escalão de preços e mesmo bem G. Mahler Orquestra Filarmónica de Berlim PHILIPS
acima deste, desde que a impedância se Sinfonia n.º 6 Bernard Haitink (CD)
fique pelos 4 Ohm, o que aliás ficou prova-
R. Wagner Peter Hofmann – Matti Salminen PHILIPS
do pelo comportamento que exibiu com as
A Valquíria – 1.º acto Jeannine Altmeyer (CD)
Revel. De acordo com a Unison Research,
Orquestra do Festival
a inclusão de mais um par de transístores
de Bayreuth
permitiria um maior à-vontade para con-
Pierre Boulez
trolar cargas de 2 Ohm, sem um aumento
significativo de preço. Contudo, essa op- S. Rachmaninov Werner Haas PENTATONE
ção poderia comprometer a coerência e Concerto para Piano e Orquestra Orquestra Sinfónica da Rádio CLASSICS
a linearidade da reprodução nas altas fre- n.º 2, Op. 18 de Frankfurt (SACD)
quências, daí que a opção tenha sido pela Eliahu Inbal
qualidade em detrimento da quantidade. G. F. Handel Carolyn Sampson – James HYPERION
O circuito de válvulas que equipa o Uni- Ode para o Dia de Santa Cecília Gilchrist – King Consort Choir RECORDS
co 90 foi concebido para lhes facultar uma The King Consort – Robert King (SACD)
longa vida útil, tendo sido atingido em la-
John Pizzarelli Sings Richard Rodgers John Pizzarelli TELARC
boratório um período de vida das válvulas
– With a Song in My Heart (CD)
superior a 1500 horas.
– She Was Too Good to Me
Audições Jazz at the Pawnshop Arne Domnérus – Bengt Hallberg PROPHONE
O Unison Research substituiu a minha am- – Limehouse Blues – Lars Erstrand – Georg Riedel (CD)
plificação residente, ligado ao leitor Accu- – High Life Egil Johansen
phase DP-550 via cabo balanceado. Nas – Take Five
colunas estiveram as Revel Ultima Sudio 2. Dire Straits Dire Straits VERTIGO
A cablagem constou dos Kimber Select KS- – Walk of Life (CD)
1121 na interligação e Kimber Monocle XL – Your Latest Trickl
nas colunas. – Brothers in Arms

Audio & Cinema em Casa 21

teste Unison Research Unico 90
ços. Para além de muito amplo nas três
dimensões, demonstra uma transparên-
cia notável, que permite a percepção fácil
dos diversos níveis de profundidade com
uma excelente focagem de todos os inter-
venientes. A sensação de imersão no es-
pectáculo musical é ainda mais acentuada
em face da notável resolução tímbrica do
amplificador, que nos permite identificar
facilmente que instrumentos estão a tocar
em determinado momento.
Se o registo grave se destaca pela ri-
queza harmónica e pela robustez, que
confere uma excelente fundação para o
edifício musical, a gama média traduz a
utilização de válvulas no andar de entrada
e um circuito que prima pela simplicida-
de e qualidade dos componentes utiliza-
dos. Sobre o opulento registo grave surge
assim uma gama média que alia uma sua-
vidade de veludo à total ausência de grão
electrónico, apanágio dos bons circuitos a
válvulas, e uma apresentação musical de
grande naturalidade, que se desenvolve
de um modo fluido e propicia audições
plenas de satisfação e isentas de quais-
quer efeitos passíveis de induzir cansaço.
22 Audio & Cinema em Casa
O registo agudo comunga as princi-
pais características da gama média, prin-
cipalmente a naturalidade e a mesma
fluidez na apresentação. Surge por vezes
mais explícito do que poderíamos esperar,
em resposta a um fortíssimo nos metais
ou ao forte percutir dos pratos na orques-
tra sinfónica, o que confere a certas pas-
sagens um brilho um pouco mais enfático
que contribui também para enfatizar essas
passagens. Contudo, globalmente é um re-
gisto agudo que prima pela neutralidade,
como facilmente se comprova pelo modo
como mantém a vibração de um triângulo
ou o decaimento do som dos pratos, nunca
peca pelo exagero e não se evidencia nem
se esconde, antes responde com precisão
ao que é pedido pelo programa musical.
Conclusão
O Unison Research Unico 90 é um ampli-
ficador integrado de concepção clássica,
ESPECIFICAÇÕES
Potência de saída
Resposta em frequência
Sensibilidade de entrada
Impedância de entrada
Global feedback factor
Distorção (THD)
Dimensões
Peso unitário
Consumo
Preço
Representante
Telef.
Web
com um circuito híbrido que utiliza válvu-
las no andar de pré-amplificação e transís-
tores no andar de potência, com o objec-
tivo de obter uma qualidade de som que
exiba características de ambas as tecno-
logias. Nem todos os amplificadores cuja
concepção envereda por este caminho são
igualmente bem-sucedidos. Muitas vezes
torna-se evidente a prevalência de deter-
minadas características em detrimento de
outras.
No caso do Unico  90 a Unison Research
foi particularmente feliz com o resulta-
do, com o amplificador a exibir orgulhoso
uma gama média de veludo e um agudo
harmonicamente rico, atributos herdados
das válvulas, em conjunção com o poder,
o controlo e a robustez do registo grave,
que lhe são conferidos pelos transístores.
Globalmente um amplificador integrado
de prestações de alto gabarito a um pre-
ço realista.
100 Watt RMS p/ canal 8 Ohm
180 Watt RMS p/ canal 4 Ohm
-1 dB @ 12 Hz e 45 kHz,
-3 dB @ 6 Hz e 80 kHz
860 mV RMS
21 kΩ / 300 pF
0 dB
< 0,15% @ 1 kHz, 1 W
< 0,50% @ 1 kHz, 10 W
43,5 × 18 × 44 cm (L×A×C)
20 kg
550 Watt (P. máx. @ 8 Ohm)
4450 – prateado
4600 - negro
Supportview
218 686 101 / 02
www.supportview.pt
teste
Plato Class A
A (quase) solução final
Jorge Gonçalves
H
á ainda muitos audiófilos que, por
uma razão ou por outra, ainda não
aderiram à leitura digital de fichei-
ros como fonte de música. A razão que
mais vezes se aplica terá certamente a ver
com a elevada complexidade inerente à
integração de um leitor de ficheiros digi-
tais num sistema de áudio: desde o pla-
neamento de uma rede de computadores
caseira, com todos os detalhes a tal ine-
rentes, tais como definição de endere-
ços IP, autorizações de partilha de fichei-
ros e muito mais, à obtenção dos ficheiros
em si, o que pode ocorrer a partir do ri-
pping de CD’s ou LP’s que já se possuam ou
por compra em lojas digitais, ou ainda por
abertura de conta num dos vários serviços
de streaming existentes, dos quais os mais
populares são o Tidal e o Spotify.
Aqueles que leram a reportagem do
Audioshow, muito em especial a parte
em que mencionei a minha conversa com
Maurizio Aterini, da Gold Note, recordarão
que ele me confidenciou que estão a de-
senvolver um software/sistema operati-
24 Audio & Cinema em Casa
vo que tem exactamente como objectivo
facilitar o mais possível a inclusão de um
leitor digital num sistema de áudio, assim
tipo plug and play, como dizem os anglo-
-saxónicos. Significa isso que, com um sof-
tware destes no interior de um leitor ele
poderá passar a ser mais um elemento
de um sistema de áudio, tal como se fos-
se um leitor de CD’s, um sintonizador ou
outro equipamento semelhante: bastará
ligar os cabos de interconexão e o de ali-
mentação e tudo funcionará na perfeição.
O equipamento de que vou falar ho-
je, o Plato Class  A, promete ser tudo is-
so e ainda mais, uma vez que, para além
de todas as capacidades inerentes e um
leitor digital de ficheiros, armazenados ou
em streaming, e de rádio por Internet, po-
de fazer o ripping de CD’s e LP’s e incorpo-
ra ainda um amplificador estéreo de 50 W
por canal, o que significa que basta ligar-
-lhe um par de colunas e passamos a ter
um sistema de áudio «tudo-em-um». É
realmente um elevado conjunto de carac-
terísticas que levanta justas e elevadas ex-

pectativas a partir do primeiro momento
em que se lêem as especificações do Pla-
to. Vamos então ver até que ponto essas
expectativas são cumpridas.
Descrição técnica
A empresa original que desenvolveu a ga-
ma de equipamentos Plato era a Entotem,
a qual mudou recentemente o seu nome
para Convert Technologies, e resultou da
combinação de esforços de um grupo de
especialistas em tecnologia de informa-
ção, nomeadamente ao nível do armaze-
namento de dados. O conceito original era
exactamente o que foi descrito atrás: jun-
tar num só equipamento tudo aquilo que
se pudesse, de modo a colocar à dispo-
sição dos consumidores um produto que
lhes tornasse a vida o mais fácil possível.
O que temos aqui então é um leitor di-
gital de música e vídeo, com um disco in-
terno de 2 TB, um amplificador estéreo de
classe AB, várias entradas e saídas digitais
e analógicas, incluindo uma entrada dedi-
cada para cabeças de gira-discos do tipo
MM ou MC. E, como se tudo isto não fos-
se suficiente, a estrutura interna do Plato
é do tipo modular, o que significa que será
muito fácil acrescentar futuramente qual-
quer actualização que porventura o seu fa-
bricante decida implementar.
A parte frontal do Plato é dominada
por um mostrador LCD de 6  polegadas e
não precisa de ter muito mais que isso,
apenas o habitual interruptor de ligação
e uma entrada USB. Claro que lá atrás tu-
do está bastante mais povoado: três entra-
das ópticas digitais, duas com capacidade
de aceitação de sinais de frequências até
192 kHz e outra que vai apenas até 92 kHz
de frequência de amostragem; três entra-
das analógicas de linha e uma de phono
(MM e MC); saídas digitais óptica e coaxial
e saída analógica pré-amplificada; dois pa-
res de terminais para as colunas; duas en-
tradas USB para sinais de resoluções até
24 bit / 192 kHz e duas ligações do tipo
micro USB, uma das quais reservada para
situações de manutenção, e, claro, a entra-
da de sector por ficha IEC, equipada com
SET - OUT 2017 / 266
interruptor e fusível, e ainda a ligação de fontes de alimentação do tipo comutado,
rede Ethernet, do tipo RJ45. Parece que necessariamente mais ruidosas e com me-
nas primeiras versões a Convert utilizou nores capacidades de regulação. Na outra
terminais de ligação para as colunas do ti- metade do chassis encontram-se os di-
po Speakon, da Neutrik, utilizados quase versos circuitos de processamento digital,
universalmente no áudio profissional mas bem como uma placa de circuito impres-
que não mereceram muito interesse por so específica para o disco rígido de origem
parte dos fabricantes de equipamentos de com 2 TB de capacidade, o qual pode op-
áudio doméstico, razão porque hoje em cionalmente ser substituído por um disco
dia vemos o Plato Class  A equipado com SSD de 1  TB. A esmagadora maioria dos
robustos terminais de coluna que aceitam componentes é do tipo SMD, como seria
vários tipos de ligação, embora estejam de esperar. O módulo inferior é neste ca-
fundamentalmente virados para as fichas so um circuito impresso que contém tudo
banana, porque no que toca a forquilhas o que é necessário para os dois amplifica-
as hipóteses de ligação são quase nulas. dores de potência, incluindo um dissipador
Como se vê, o Plato está impressionante- central ao qual estão fixados os transísto-
mente bem equipado do ponto de vista de res de potência, quatro por canal, de tec-
ligações ao mundo exterior, o que só lhe nologia MOSFET.
pode facilitar a vida do ponto de vista de Antes de mais convém clarificar des-
corresponder aos anseios de um consumi- de já aqui uma coisa: a utilização do termo
dor que vê nele o elemento fundamental Class A, ou seja, classe A de amplificação,
do seu sistema de áudio. Ao mesmo tem- por parte da Convert Technologies não es-
po, a construção é extremamente sólida, tá de acordo com as normas de electróni-
com as tampas superior e inferior, de aço ca que definem as diversas classes de
galvanizado, a terem
uma espessura bem pró-
xima dos 6 mm!
O interior está pa-
ra já bem povoado, com
mais ou menos meta-
de do chassis, do tipo
modular, a ser ocupada
pela fonte de alimen-
tação: um volumoso
transformador toroidal
que aparenta ter cer-
ca de 200 VA de potên-
cia, e rodeado por uma
cinta metálica de blin-
dagem, e uma placa de
circuito impresso que
contém os componen-
tes de rectificação, fil-
tragem e estabilização,
todos a funcionar no do-
mínio analógico, ou seja,
a Convert não optou pe-
lo caminho mais fácil de
muitos outros fabrican-
tes, os quais recorrem a
Audio & Cinema em Casa 25
teste Plato Class A
funcionamento de um circuito amplifica-
dor. Assim, classe A corresponde a termos
o andar de saída polarizado no meio da
recta de carga, o que significa que é em
repouso que o amplificador produz mais
calor, pois nesse caso não há sinal a ser
transferido para as colunas. No melhor
dos casos o rendimento de um amplifica-
dor deste tipo é de 30%, razão porque tão
raramente encontramos amplificadores a
trabalhar genuinamente em classe  A. Se
olharmos para a especificação da potên-
cia por canal do Plato Class A, rapidamente
iríamos concluir que a fonte de alimenta-
ção teria de fornecer em permanência al-
go como 300 W de energia, 300 W esses
que, sem sinal aplicado às colunas, seriam
integralmente transformados em calor, o
que é fisicamente impossível, não só pelas
reduzidas capacidades de ventilação (em-
bora pontualmente reforçadas por uma
ventoinha interna), como ainda pelo facto
de o módulo de potência estar situado de-
baixo de todos os outros, o que limita as
capacidades de dissipação de calor. No ou-
tro extremo, no domínio do áudio, porque
não vou aqui falar da classe  C, utilizada
nos emissores de radiofrequência, temos
a classe  B, que na sua definição científi-
ca corresponde a termos os transístores de
saída com corrente de polarização nula na
ausência de sinal, o que é evidentemente
muito pouco conveniente, devido ao nível
de distorção que daí resulta. Em face de
estas duas situações serem algo extremas,
embora por razões diferentes, foi necessá-
rio procurar um ponto de equilíbrio e é por
26 Audio & Cinema em Casa
isso que praticamente todos os amplifica-
dores analógicos para áudio trabalham em
classe AB. E o que é a classe AB? Pois é co-
mo que o cruzamento da classe A com a
classe B: o andar de saída tem uma corren-
te de polarização permanente, da ordem
de algumas dezenas de mA, o que garan-
te que em qualquer momento os disposi-
tivos de saída estão a conduzir logo que o
sinal aparece, evitando-se assim a chama-
da distorção de cruzamento. Claro que ca-
da um pode escolher o nível que quiser de
corrente de polarização em repouso e foi
por isso que apareceram designações co-
mo classe AB1, classe AB2, classe AB en-
riquecida e assim por diante, várias das
quais caíram em desuso, principalmen-
te porque os responsáveis de marketing
das diversas marcas devem ter achado
que não eram suficientemente sonantes
aos ouvidos dos consumidores. Resumin-
do uma estória que já vai longa: o ampli-
ficador de potência do Plato Class  A não
funciona em classe A, como a designação
pode dar a entender: trata-se de um am-
plificador de classe AB2, ou seja, com uma
corrente de repouso ligeiramente mais al-
ta que o mínimo necessário, garantindo-
-se assim que o funcionamento até níveis
de saída tais como 6… 8 W, suficientes pa-
ra audições a níveis normais numa sala de
dimensões não muito grandes.
Feito o reparo, falemos então agora
daquela que é uma das principais mais-
-valias do Plato Class  A, o seu firmware,
ou seja, o software que constitui o seu sis-
tema operativo. De acordo com aquilo que
consegui saber, os projectistas principais
do Plato foram David Belcher e Pete Ea-
son, ambos já com vasta experiência no
mundo do áudio digital pois, apenas como
um exemplo, David desenvolveu softwa-
re para os transportes de CD’s da Philips
nos anos 90, só se transferindo para uma
empresa de alta tecnologia que projecta-
va sistemas de armazenamento em disco
rígido de elevada capacidade já em 2001.
Em 2013 juntou-se ao reduzido grupo que
fundou a Entotem e dirige agora um alar-
gado grupo de 26 pessoas, cada uma com
a sua especialização.
Assim, e com base na sua experiên-
cia em tecnologia de informação, em vez
de se perder tempos insanos a desenvol-
ver de raiz um software próprio, olharam
para aquele que é neste momento um
dos softwares mais testados do mundo,
o Android, não só nos telemóveis como
mais recentemente nos televisores. A par-
tir daí ficou aberta a porta de uma imen-
sidão de Apps presentes na loja Play, da
Google, e, ao mesmo tempo, fica facilita-
da toda e qualquer situação de actualiza-
ção: basta colocar o novo firmware na loja
Google Play e a partir daí ela chega ins-
tantaneamente a todo o mundo. De qual-
quer modo, quando se liga o Plato Class A
não somos presenteados com o habitual
ecrã cheio de ícones graficamente atraen-
tes e muitos dos quais já estamos habitua-
dos a ver em muitas outras situações, uma
vez que a Entotem/Convert desenhou
uma camada gráfica que oculta o que se
passa por detrás em termos do funciona-
mento do Android e disponibiliza apenas
o conjunto de possibilidades de actuação
necessárias para a selecção das diversas
funções. Aliás, estas funções dizem qua-
se exclusivamente respeito à reprodução
de música, incluindo o acesso às diversas
bibliotecas e servidores de áudio ou vídeo
(sim, o Plato reproduz som e imagem!).
Tudo resumido, o Plato Class  A aceita
sinais analógicos e digitais nas suas entra-
das, indo a resolução destes últimos até
24 bit  / 192  kHz (apenas PCM, portanto,
nada de DSD) e sendo de um dos seguin-
tes formatos: PCM/WAVE, WAV, AIFF, FLAC,
ALAC, AAC, MP3 ou VORBIS. Em termos
de vídeo, a resolução de saída é Full  HD
(1080p), podendo ser reproduzidos os for-
matos H263, MPEG2, H264SP/ASP, H264/
MPEG4 AVC, VP8, MJPEG, XVID E MKV. Tem
uma entrada phono dedicada para cabe-
ças MM ou MC, com resistência de carga
ajustável desde 100 Ohm até 47 kOhm
e capacidade de 100 ou 200  pF e ganho
igualmente ajustável em passos de 0,5 dB.
Tem acesso directo para o Spotify e para o
Tidal e ainda incorpora rádio por Internet.
Embora não possua leitor interno para fa-
zer o ripping de CD’s, é fornecido em con-
junto com ele um leitor de discos ópticos
externo com ligação USB. Pode igualmen-
te fazer a gravação digital de discos de vi-
nilo, com possibilidade de ajuste de nível
para evitar saturação. Possui um amplifi-
cador de áudio interno com uma potência
de 50 W por canal sobre 8 Ohm. Não ne-
cessita de controlo remoto, pois a Convert
disponibiliza uma aplicação para Android
ou iOS com diversas funções de pesquisa e
reprodução de música. Quem é que pode
pensar em pedir mais?
Experiências e audições
Inicialmente o Plato Class A foi integrado
no meu sistema como se fosse uma fon-
te convencional, utilizando as saídas ana-
lógicas pré-amplificadas e com o controlo
de volume no máximo. Deste modo pude
apreciar as suas qualidades como leitor di-
gital em streaming, passando então pos-
teriormente a investigar a sua performan-
ce em termos daquilo que o seu fabricante
propõe, ou seja, uma solução «tudo-em-
-um» a que basta pouco mais que acres-
centar um par de colunas. As colunas utili-
zadas para o ensaio foram as Quad ESL-63
e as Kef LS50. O meu sistema em si é já
conhecido de quase todos: electrónica de
amplificação Constellation Inspiration  1.0,

leitor de CD’s Accuphase DP85 e gira-dis-
cos Basis Gold Debut com braço SME  V e
cabeça van den Hul Grasshopper Colibri.
Em termos de metodologia, voltei a
dividir a análise do desempenho segundo
várias vertentes: reprodução dos ficheiros
já existentes no disco interno, reprodução
de ficheiros armazenados num disco exter-
no com ligação USB ou num computador
portátil, reprodução em rede a partir de
um NAS Synology 1513+ com três discos
WD Enterprise de 4 TB cada um. E se tudo
correu às mil maravilhas nas três primeiras
situações, já na quarta ocorreram alguns
«soluços». De modo resumido, o Plato te-
ve dificuldade em reconhecer o meu NAS
e só depois de ter sofrido uma actualiza-
ção de firmware é que se mostrou mais
aberto a colaborar. Mesmo assim, e ape-
sar de eu estar a utilizar a ligação Ether-
net super-rápida da Gigagate, o tempo de
reconhecimento das pastas e ficheiros foi
relativamente longo e, para além disso,
sempre que arrancava da situação de re-
pouso, repetia-se alguma demora. Ainda
desliguei a função Wakeup-on-LAN do Sy-
nology, o que aumenta o consumo, pois o
equipamento fica sempre activo, mas is-
so não alterou grandemente o estado das
coisas. Ao que o João Pina, da Exaudio, me
contou, nada disto ocorreu com o NAS My
Book, da Western Digital, que ele utilizou.
Portanto, uma vez mais, parece que as
idiossincrasias do software levaram a me-
lhor sobre a conveniência audiófila, ou se-
ja, ainda não foi desta que eu encontrei
o tal equipamento ideal que basta ligar
à corrente e se transforma numa torneira
a debitar música. Paciência, também não
é isso que a Convert reclama que o Plato
Class A seja, por isso só tive de me confor-
mar e seguir em frente com o teste.
Analisado do ponto de vista de um lei-
tor digital de áudio, o Plato Class A tem de
ser considerado como tendo uma perfor-
mance de nível elevado, com um equilí-
brio tonal muito interessante em termos
de neutralidade, principalmente no que
se refere à gama média, que chega a ser
quase eufónica na gravação em The Birds,
de Respighi, com Dorati a conduzir a Or-
questra Sinfónica de Londres, com reso-
lução 24/96, onde os violinos soam ao
mesmo tempo frescos e arejados e com
alguns resquícios do aroma das madeiras.
Por outro lado, as passagens corais dina-
micamente maciças, como por exemplo
no Otello, de Verdi, um dos clássicos de
Karajan, aqui com resolução de CD, soam
com uma naturalidade desarmante, sem
qualquer brilho excessivo na gama média,
do que resulta uma palpabilidade bastan-
te realista. O conteúdo harmónico é muito
rico, com timbre virado para a limpidez e
extensão e sem quaisquer notas de «digi-
talite», algo bem patente no som da gui-
SET - OUT 2017 / 266
tarra de Joe Satriani em Always with Me,
Always with You, onde os riffs de Satria-
ni assumem uma vivacidade assinalável,
com o contrabaixo a marcar com uma vi-
vacidade aliciante o ritmo de acompanha-
mento e diálogo. Quase que dava para
sentir os ventos do deserto que aparecem
no vídeo que está presente no YouTube.
Mas claro que a parte mais intensa do
teste tem que ver com a análise da perfor-
mance do Plato Class A como solução com-
pleta que inclui amplificação e, para isso,
embora tenha utilizado inicialmente as
Quad ESL 63 para avaliar os aspectos tím-
bricos e a espacialidade, rapidamente pas-
sei para as Kef LS50, as quais exploraram
mais em profundidade as capacidades de
fornecimento de corrente dos amplificado-
res, ao mesmo tempo que se revelaram
uma das melhores combinações que segu-
ramente é possível encontrar para este lei-
tor/amplificador.
Era então altura de ver como, apesar
de o leitor de CD’s ser externo, seria ou
não fácil fazer o ripping de CD’s sem en-
trar em grandes manobras de software. E
aqui tenho que dizer que fiquei comple-
tamente rendido à extrema simplicidade
inerente a copiar um CD para o disco du- e foi-me reproduzida com um gozo mu-
ro do Plato: basta inserir o CD na gaveta, sical que demonstrou uma vez mais que
passar ao menu de importação, seleccio- os projectistas da Entotem se dedicaram a
nar «Importar a partir de CD» e de modo fundo de modo a colocarem no mercado
instantâneo tem-se acesso a um ecrã onde um equipamento que não desmerecesse
aparece a capa do disco, graças ao serviço em termos sónicos da performance de um
Graceland. A partir daqui é só seleccionar o bom amplificador integrado. E o grave re-
formato de importação e em poucos minu- sultante nas LS50, forte e cheio de ritmo e
tos temos o CD completo dentro do disco batida foi mais uma prova disso.
duro. Simples, rápido e sem dor. Do mes- E continuei com todo o gosto com um
mo modo, o acesso às diversas estações trio de jazz norueguês a tocar uma faixa
de rádio por Internet, muito em especial com o nome Natsukashii (uma das tradu-
a Linn Jazz, a que mais aprecio, foi sim- ções possíveis poderá ser «Querido», ou
ples e imediato, sem qualquer situação de «Querida») que tem um gozo musical e
maior complexidade inerente. Portanto, e uma sensibilidade poética raros que só se
para já, tudo azul, pensei eu, vamos então tornam evidentes num sistema que glo-
apreciar como é que o Plato se comporta balmente tenha muito boa resolução, e foi
com as colunas da Kef. assim que ouvi as levíssimas notas do pia-
E os 50 W por canal dos amplificadores no a sobrevoarem as colunas, quase como
são mais que suficientes para pôr as LS50 que a adejarem, soltas e livres, na aber-
a «cantar», com uma alegria e vivacidade tura da faixa, como que dando umas pro-
que pede meças a muito sistema de áudio longadas boas-vindas à bateria, que se
cujo preço conjunto em termos de colunas, lhes juntaria com todo o gosto, e ao con-
amplificador e fonte se situa algo acima do trabaixo que nunca se quis impor, man-
Plato+LS50. Estas boas impressões resulta- tendo todo o respeito pelos outros dois
ram de modo quase imediato quando da instrumentos e intérpretes. Foi mais uma
audição do disco dos Supertramp, Crime of audição que fiz com bastante prazer. E es-
the Century, numa versão masterizada em se prazer continuou com um dos grandes
estúdio a partir da fita analógica original e clássicos dos anos  70 e que sempre me
convertida para digital com uma resolução desperta boas memórias – Simon & Gar-
de 24 bit  / 192  kHz e transferido a uma funkel em The Sound of Silence. Mesmo
velocidade de 9216 kbit/s (24x192x2, em resolução de CD soou muito bem no
porque são dois canais). A faixa Dreamer Plato, com as vozes dos dois grandes can-
é uma das que mais gosto, pela interes- tores a serem acompanhadas de maneira
santíssima combinação entre as vozes de quase perfeita primeiro pelo piano e de-
Roger Hogson e Rick Davies e o som do pois pelo coro.
sintetizador Wurlitzer, tudo isto combinado Deixei para o fim propositadamente as
com a percussão em caixas de cartão (!), minhas impressões sobre o andar de gi-
Audio & Cinema em Casa 27
teste Plato Class A

ra-discos, mas receio que tenha que me

apressar na avaliação, pois o texto já vai
algo mais longo do que esperava quando
o iniciei. Tenho então que dizer de manei-
ra muito sucinta que esta entrada de gi-
ra-discos superou as minhas expectativas:
tem um som bem aberto e fresco, permi-
te alguns ajustes (embora eu gostasse que
fosse possível ter mais alguns valores de
resistência acima dos 200 Ohm, pois es-
ta resistência é relativamente baixa como
carga para várias cabeças MC que prefe-
rem ver do outro lado algo mais perto de
400… 500 Ohm), sendo as escolhas pos-
síveis em termos de ganho mais que su-
ficientes. Já no que se refere à gravação simples e evidente em termos de acesso é a resposta a muitas dessas aspirações,
de LP’s no formato digital, tenho que re- aos ficheiros em si e apresentou excelen- funcionando como uma porta de entrada
conhecer que, como amante do vinilo, não te qualidade de imagem num televisor LG para quem gosta de ouvir música a partir
vejo aqui grande interesse, razão porque OLED65E6, principalmente quando repro- de ficheiros digitais sem «embarcar» nem
me limitei a experimentar os ajustes de ní- duzi o original Blu-ray do filme Wall-E que na parafernália de equipamentos que isso
vel, através da App pré-instalada no Plato. tenho armazenado no meu NAS. As cores pode implicar nem num conjunto de «tec-
Funciona de maneira simples e intuitiva, são vivas, a resolução de muito bom nível nicalidades» mais ligadas ao mundo da
embora se tenha que proceder a várias ex- e até o mostrador frontal do Plato agra- informática e que são apelativas para ape-
periências antes de definir o nível correcto deceu o aparecimento de imagens tão co- nas uma pequena minoria de audiófilos.
conforme as faixas e os géneros musicais. loridas para variar dos tons neutros que Equipado com um amplificador de potên-
Deixo este aspecto para ser aprofundado os seus projectistas escolheram para os cia com energia mais que suficiente para
pelos eventuais compradores de um Plato menus. audições a níveis que não sejam ensurde-
Class A e fica aqui lançado o repto para me cedores, basta juntar-lhe um par de colu-
enviarem as suas impressões que poderão Conclusão nas de boa qualidade para se obter um
até ser publicadas numa das próximas edi- Cada vez mais os consumidores procu- sistema de áudio de qualidade. Dentro do
ções da Audio… porque não? ram soluções que sejam o mais poliva- conceito «tudo-em-um» não é fácil encon-
Por fim, uma nota sobre a reprodu- lentes possível e simples de instalar, isto trar melhor. Será muito pedir que o preço
ção de filmes, a qual funciona de modo sem descurar a qualidade. O Plato Class A possa ser algo mais baixo?

Leitor/amplificador de ficheiros
digitais Plato Class A
Preço 5818 m
Representante Exaudio
Telef. 214 649 110/917 600 209
http://exaudio.net

28 Audio & Cinema em Casa

teste

Como afinar a sua fonte de vinilo?

Jorge Gonçalves

O
s amantes do vinilo como eu sa-
bem que uma das coisas mais
importantes num gira-discos é
garantir que todas e cada uma das suas
partes estão correctamente ajustadas e
calibradas. E isso implica que o prato de-
ve rodar à velocidade exacta, o braço deve
estar perfeitamente ajustado em termos
das suas características principais e o mes-
mo deve ocorrer com a cabeça. Se em rela-
ção à velocidade do prato um disco estro-
boscópico costuma ter precisão suficiente
para nos dar uma ideia muito aproximada
do seu valor, já no que toca ao braço e à
cabeça a quantidade de ajustes em causa
torna esta tarefa num pequeno quebra-ca-
beças cheio de especificidades e que, para
os menos versados na arte do analógico,
são pouco menos que enigmáticas.
De facto, se para calibrar um braço te-
mos, apenas como um exemplo, que defi-
nir a altura do pilar de fixação traseiro, o
que tem a ver com o VTA; nalguns casos é
ainda possível exercer uma ligeira rotação
no tubo do braço ou mesmo na concha da
célula, o que permite acertar o azimute,
mas sobre isso falaremos um pouco mais
adiante; depois de instalada a cabeça po-
demos, e devemos, acertar então o peso
de leitura e a antipatinagem (anti-skating)
e mesmo o elevador do tubo do braço.
Como se conclui de toda esta descri-
ção, não é de ânimo leve que se envereda
por uma operação completa de calibra-
ção de uma fonte analógica deste calibre, do veio no qual se insere o furo central sabem trabalhar. E foi por isso que Jim Fos-
mas também não é caso para fazer um bi- do disco. Se os dois lados da cabeça es- gate, um engenhoso inventor que deu o
cho-de-sete-cabeças desta operação. E is- tiverem bem paralelos às linhas inscritas seu nome a uma marca bem conhecida no
to porque, como eu costumo dizer, nada no esquadro de alinhamento, garante-se campo do áudio profissional, resolveu pôr
como dividir um problema grande em vá- que em quase todas as posições ao lon- mãos à obra e desenhar o Fozgometer, um
rios problemas mais pequenos para nos go do seu percurso pela superfície do disco equipamento de preço acessível, fácil de
sentirmos mais descansados. E essa divi- a agulha está posicionada o mais possível utilizar e que indica de maneira bem pre-
são pode fazer-se do seguinte modo: em na posição óptima de leitura, garantin- cisa se o azimute da cabeça está calibrado
primeiro lugar o braço do gira-discos es- do um erro de leitura o mais baixo pos- de maneira precisa.
tá montado de origem e não é necessá- sível. Por mim uso desde há muitos anos Externamente o Fozgometer tem um
rio alterar detalhes tais como a altura do um esquadro de alinhamento que me foi aspecto muito simples: uma caixa me-
pilar de fixação. Restam assim os diversos oferecido pelos irmãos Garrott, os criado- tálica de dimensões reduzidas, com um
ajustes da cabeça, situação que é normal- res da cabeça de leitura com o mesmo no- painel superior em alumínio no qual se
mente levada a cabo com aquilo que os me e que tanto furor causou no final dos destaca um indicador analógico de agu-
ingleses designam alignement protractor anos 80. lha, tal como nos vuímetros que ainda são
e não é mais que uma régua de plástico Mas em tudo aquilo que foi descri- utilizados em diversos equipamentos, por
ou de cartolina com um conjunto de linhas to nunca tivemos a intervenção de um exemplo da McIntosh. Duas fichas RCA pa-
paralelas impressas e dois pontos de me- equipamento de medida, ou seja, pode- ra os canais esquerdo e direito, um inter-
dição identificados por um pequeno furo mos dizer que este ajustes até aqui de- ruptor de ligação e três LED’s identificados
sobre o qual se deve posicionar a agulha finidos foram feitos «a olho». Claro que com Left, Center e Right complementam o
para acertar o alinhamento desta em re- para, por exemplo, ajustar o azimute po- «leque de oferta» de controlos e fichas de
lação ao sulco. Normalmente esses dois de-se utilizar um disco de teste especial entrada. Internamente temos apenas um
pontos de alinhamento estão a distâncias e um osciloscópio, mas este é um equi- circuito impresso e uma bateria de alimen-
de 66 e 120,9  mm em relação ao centro pamento bastante caro e com que poucos tação de 9 V. O circuito empregue no Foz-

30 Audio & Cinema em Casa


Esquadro de alinhamento da Garrott Borthers
gometer é baseado naquilo que na gíria
se designa detector de relação logarítmica
e que é utilizado no projecto de processa-
dores surround para medir a separação de
canais para uma vasta gama de níveis de
sinal e que podem ir até -70 dB. Deste mo-
do pode medir-se não só o equilíbrio en-
tre os níveis de saída de cada canal e, por
consequência, a separação de canais, e
ainda se as ligações à cabeça foram feitas
de modo correcto, isto desde que se tenha
um disco de teste adequado que contenha
faixas com os sinais de teste adequados:
nível de referência a 1 kHz, ambos os ca-
nais; sinal de referência a 1 kHz para o ca-
nal esquerdo; sinal de referência a 1 kHz
para o canal direito. Caso se pretenda veri-
ficar se a igualização RIAA está implemen-
tada de maneira perfeita, poderão ainda
existir faixas com diversos outros sinais de
teste, tais como sinais de 1 kHz a -20 dB,
varrimentos de 1 kHz a 20 kHz, ruído rosa
e assim por diante.
No meu caso utilizei dois dos discos de
teste que tinha ali à mão, nomeadamente
o da Analogue Productions, enviado jun-
tamente com o Fozgometer, e o da Hi-Fi
News, isto embora tenha por casa um ou-
tro da Ortofon. No entanto, antes de co-
meçar, e como tinha lido atentamente o
manual de instruções que acompanha o
Fozgometer, lembrei-me de que tinha vis-
to mesmo no final dele uma indicação so-
bre o facto de ser útil calibrar de vez em
quando o equipamento, utilizando para tal
três faixas de teste disponibilizadas no si-
te da Musical Surroundings. Assim sendo,
descarreguei as três faixas e em seguida
abri o Fozgometer para ter acesso às duas
resistências ajustáveis multivolta, que per-
mitem regular o nível de zero, e iniciei o
processo de calibração começando com a
faixa 1 para calibrar o este nível. De segui-
da avancei para a faixa 2 e foi imediato ve-
rificar que existia realmente necessidade
da calibração, pois a diferença em relação
SET - OUT 2017 / 266
à indicação de 20  dB no vuímetro ainda
andava em volta dos 3 a 4 dB. Repeti es-
te procedimento para o outro canal, agora
com a faixa 3 e regressei à faixa 1, só para
verificar se não tinha havido desvio, e foi
necessário um pequeno reajuste, pelo que
repeti todo o procedimento uma vez mais
até garantir que todos os níveis estavam
calibrados. Valeu realmente a pena todo
este procedimento porque o Fozgometer
tinha necessidade de alguns reajustes, pe-
lo que recomendo que quem decida com-
prar este equipamento tenha o cuidado de
garantir que ele está seguramente calibra-
do antes de o usar.
Passei então à verificação do azimute
e só posso dizer que o processo foi real-
mente rápido: o equilíbrio entre canais es-
tava quase perfeito, embora as medições
dessem para concluir que, conforme po-
de ser verificado nos gráficos referentes
às medições de cabeças de gira-discos, é
quase impossível encontrar uma que não
Audio & Cinema em Casa 31
teste Como afinar a sua fonte de vinilo?
tenha uma ligeira diferença entre os níveis
de saída do canal esquerdo e do canal di-
reito. No meu caso essa diferença era de
perto de 1,5  dB para a van den Hul Coli-
bri Grasshopper e não havia desvio para
a esquerda ou para a direita que alterasse
isso. No final de tudo, tenho que reconhe-
cer que valeu a pena recorrer ao Fozgo-
meter, porque pude afinar a combinação
braço/cabeça até à precisão máxima que
é possível em face das limitações ineren-
tes a uma fonte que depende da conjuga-
ção quase perfeita de uma vasto número
de parâmetros com interligações entre si,
ou seja, sempre que se altera um deles os
outros são afectados também, mesmo que
apenas ligeiramente.
Resolvi então experimentar o outro
acessório que me foi enviado pela Ars An-
Erro de leitura do disco em função do comprimento do braço.
32 Audio & Cinema em Casa
tiqua Audio, um disco estroboscópico da
KAB, o qual vem acompanhado por uma
«lanterna» a LED, com um díodo de cor
vermelha para iluminar o disco e permi-
tir verificar se as marcas existentes nele
se «deslocam» para a esquerda (velocida-
de mais rápida) ou para a direita (veloci-
dade mais lenta). Contando o número de
traços que se movimentavam num deter-
minado sentido, neste caso para a direita,
determina-se o desvio percentual de velo-
cidade em relação ao standard através da
fórmula: número de traços ao longo de um
minuto/3600 vezes 100%. No meu caso
deu exactamente mais 0,3%, que corres-
ponde perfeitamente ao desvio standard
admitido pela NAB, até porque a colocação
da agulha sobre o disco provoca um efei-
to de arrastamento que diminui muito li-
geiramente a velocidade quando um disco
está a ser reproduzido. Aliás, mesmo que
o desvio fosse maior, pouco poderia fazer
no meu caso, porque a velocidade do pra-
to do gira-discos Basis depende da veloci-
dade de rotação de um motor síncrono e
essa depende apenas da precisão da fre-
quência da tensão do sector e quanto a is-
so apenas a EDP pode fazer algo.
Conclusão
Um gira-discos é sem dúvida uma fonte
fabulosa mas, para tirar o máximo rendi-
mento dele, é necessário que os diversos
componentes estejam correctamente ajus-
tados. As duas ferramentas de calibração
da Musical Surroundings que a Ars Antiqua
Audio me disponibilizou para teste são ex-
tremamente úteis e permitem a qualquer
amante do analógico, mesmo que não se-
ja um especialista, optimizar aspectos im-
portantíssimos, tais como o azimute, a se-
paração entre canais e, inerentemente, o
equilíbrio entre ambos e a velocidade de
rotação do disco. Não posso deixar de as
recomendar a todos os que gostam do
som do analógico.
Calibrador de azimute Fozgometer
Preço 370 m
Disco de teste Analogue Productions
Preço 55 m
Disco estroboscópico KAB
Preço 135 euros
Representante Ars Antiqua Audio
Telf. 0034 607 846 527
www.arsantiquaudio.com
sala de audição
ACÚSTICA NÃO É
(AINDA) CIÊNCIA!
Holbein Menezes
A
cústica não é ainda uma Ciência;
para mim, continua no estágio de
Técnica Experimental; cujas «teo-
rias» baseiam-se em experiências repeti-
das e não no «pensamento abstrato». [O
conhecido caso do Lincoln Center, dos Ro-
ckefeller, fala à saciedade de que a Acús-
Sala Carnegie Hall, da Som Maior.
34 Audio & Cinema em Casa
tica está mais para arranjo do que para
Ciência.]
Porque não há dois teatros de ópera
ou de concerto iguais; foi o que o Maestro
Leopold Stokovski respondeu à revista Hi-
gh-Fidelity (quando ela existia): – «Não há
o som da sala de concerto; cada teatro pro-
duz um som musical diferente.»
Em decorrência do que posso afirmar
que das centenas de salas domésticas em
que estive por força de minha condição de
jornalista da AUDIO, só as piores guarda-
vam entre si alguma parecença... ou seja,
o aspecto antimusical; das outras centenas
posso afirmar: cada uma delas produzia
sons musicais dessemelhantes, em espe-
cial no que concerne ao balanço tonal e
aos sutis detalhes.
Para os que apreciam
«pegadas»:
– e eu penso que com «pegada» os do-
nos dessas salas desejam significar at-
tack ou tutti orquestrais ou coisa assim –
em tais salas – que não são abundantes
em nossas megalópoles de hoje – os sis-
temas soam apenas «aceitáveis» quando
se trata da reprodução de músicas para
grandes orquestras em que o detalhe su-
til e as nuanças definitórias do instrumen-
to ou do bom manejo dele não são tão
importantes; por isso que (em «tais sa-
las») o rendimento musical quando se re-
produzem obras de música de câmara ou
jazz ou popular – para os meus ouvidos an-
ciãos e para o meu gosto algo atento ao
timbre e ao formante – a reprodução não
me agrada.

Sala Parco della Musica, igualmente da Som Maior.
Sala do Prof. Aparecido Lopes
Pormenor da sala do prof. Aparecido.
SET - OUT 2017 / 266
§ Curioso: tal acontecia independente
da grife do sistema eletrônico em uso.
Vejam um exemplo: das dez ou onze ou
sei lá quantas salas que existem na sofis-
ticada loja SOM MAIOR, de Joinville (salas
projetadas por Acústico vindo dos Estados
Unidos), aos ouvidos sadios do Dr.  Geor-
ge Magalhães e aos meus gastos aurículos
nonagenários os sons musicais reproduzi-
dos em cada um dos ambientes – todos
alimentados por sistemas eletrônicos das
mais afamadas e caras marcas – nos che-
gavam aos ouvidos ou aos sentimentos
dos musicistas que somos (!), nos chega-
vam diferentes, de uma sala para outra.
Por sinal, nossos biológicos aparelhos ana-
lisadores – os ouvidos, associados à longa
experiência de escutar música em conser-
va, e os nossos sentimentos de musicistas
habituados em ouvir música reproduzida
–, nossos biológicos aparelhos analisado-
res não «gostaram» do que ouvimos em
Joinville; ainda que o analisador «visão»
se tenha deslumbrado com as nababescas
instalações da loja de áudio SOM MAIOR.§
É que não podemos «pensar» sons
musicais da mesma forma como represen-
tamos no cérebro, por exemplo, um auto-
móvel; aqui teríamos, na maioria dos itens
que constituem um carro, possibilidade de
afirmar: é bom (confortável, quatro por-
tas, direção hidráulica etc.), é regular (ora,
apenas duas portas..., pô!) ou ruim (um
«Fusca» de 1960! Vote!). Mas música são
tons, e tons são ondas sonoras que se ir-
radiam através do ar e são produzidas por
meio de alto-falantes instalados dentro de
caixas de madeira, cuja sonoridade depen-
de do formante da cada caixa (assim como
os violinos Stradivarius em relação a violi-
nos comuns), e também do ar e do espaço
em que circulam as ondas sonoras.
Audio & Cinema em Casa 35
sala de audição
[Certa vez o Professor Heber de Sousa,
Físico, sugeriu-me rarefazer o ar circulan-
te na minha internacionalmente conhe-
cida sand-filled, de Florianópolis... até ao
ponto em que a propagação do som musi-
cal dos meus falantes isodinâmicos, «Emi-
nent Technology», sua peculiar qualidade
de transparência e registro de detalhes se
aproximassem mais do meu particular...
pois é, do meu particular e peculiar senti-
mento musical. Porque ele, o Dr. Heber, na
sua alta condição de Físico afirmava que
as ondas sonoras dos tons musicais modi-
ficam-se com a rarefação; fenômeno esse
que torna o ar do ambiente musical me-
nos denso, e, portanto, mais fácil de pro-
pagar-se!]
Ora, de experiências estrambóticas
bastavam as minhas com meus tubos de
grave, de concreto, no chão ou pendura-
dos por meio de correntes de aço a fim
de guardar distâncias de quaisquer super-
fícies refletoras que influem, a dobrar ou
a quadruplicar, os tons de baixíssimas fre-
quências.
{Tons que eu os queria verdes (des-
culpe-me o «roubo», Garcia Lorca!); quero
dizer, «puros» como os gerados pelos alto-
-falantes instalados nos tubos de concreto
que usei na sand-filled (W-15 da Wharfe-
36 Audio & Cinema em Casa
dale, de 15 polegadas, fr em 17 Hz ao ar
livre, e Goodmans Axion  80, twin-cono,
free-edge). Usei-os como complemento
do sistema true infinite baffle instala-
do em parede de tijolos maciços, sistema
composto de seis alto-falantes de 12 pole-
gadas (dois dos quais desligados) ligados
em paralelo a fim de produzir 2  Ohm de
impedância, em cuja situação o amplifica-
dor Sunfire produzia 1200 Watt!}
A sala do aparecido.
A sala para música reproduzida eletronica-
mente do Professor APARECIDO LOPES, de
Guaratinguetá [cidade situada a meio ca-
minho, entre a supermegalópole capitalis-
ta São Paulo e a Cidade Maravilhosa, Rio
de Janeiro], é um retângulo que forma ân-
gulos obtusos com as paredes e piso e te-
to, cujas medidas tiveram por base a pro-
porção do Golden Ratio para pé-direito de
três metros; ou seja: todos os ângulos são
obtusos, entre as paredes laterais, entre
fundo e frente, e, também, entre piso e
teto. Com a rara especialidade de as pare-
des serem de alvenaria, e duplas (!!), isto
é, uma próxima da outra cujo entremeio
foi preenchido com areia de rio (!!!).
!!! Projetada por este pau-de-arara
que assina este texto, para demonstrar, e
Plantas da sala
do prof. Aparecido.
mostrar aos do Sul Maravilha que nordes-
tino não é o que paulistas pensam que so-
mos: uns coitados ignorantes!!!
Outra especialidade: projetei, e o APA-
RECIDO fez muito melhor do que projetei,
uma «gaiola de Faraday» do tamanho da
própria sala (sim! do tamanho da sala!),
isto é, APARECIDO pôs atrás das paredes
e piso e teto telas de arame de ferro de
malhas pequenas, ligadas entre si, a co-
brir todas as seis superfícies, conectada tal
«gaiola de Faraday» a uma terra própria e
especial e exclusiva, isto é, não conectada
no neutro da instalação elétrica.
Outro detalhe: em vez de painéis de
madeira para o disciplinamento das refle-
xões (como tenho cá na gessofilled), APA-
RECIDO usou na sua sala revestimento de
pedras de tamanhos e volumes diversos,
de tal forma a evitar reflexões em para-
lelo (de parede a parede), e consequente
criação de nódulos (node) de ressonância.
É, pois, uma sala modelo!
O equipamento eletrônico?
Não, não é de grife, não é nenhum
Maggiore M100, da AUDIOPAX, mas tam-
bém não é daquele tipo que os reviewers
apelidaram de «de entrada» (urgh!). Po-
rém desempenha esplendidamente na
conformidade do gosto musical do dono; e
também para o meu metido à besta.
≠ Aliás, fui assim, hoje contento-me
com o singelo sistema fone de ouvido que
não requer sala especial nem sistema de
amplificação.≠
O que a sala do Aparecido TEM DE ES-
PECIAL, muito especial é a «relação sinal-
-ruído», quero dizer, a localização da casa
num bairro residencial à beira de rio, local
quase sem trânsito de veículos.
O Paraíso!
ho.menezes@uol.com.br
teste
Qualquer tolo inteligente pode
tornar as coisas maiorEs, mais
complexas e mais violentas.
É preciso um toque de génio
– e muita coragem – para nos
movermos na direcção oposta.
E. F. Schumacher
38 Audio & Cinema em Casa
Small is beautiful:
O Pre Box S2 Digital
da Pro-Ject
Leonel Garcia Marques
A
Pro-Ject Audio Systems é uma
empresa que aparece frequente-
mente referida nestas páginas, e
por boas razões. A empresa começou por
destacar-se na produção de gira-discos,
mas hoje produz também equipamento
digital de características avançadas, a pre-
ços muito razoáveis e com tamanho dimi-
nuto. Desta vez, vou escrever-vos acerca
de um pré-amplificador de auscultadores
com um circuito de amplificação dual-mo-
no e um DAC duplo (com o célebre chip Sa-
bre ESS 9038), o Pre Box S2 Digital.
Descrição
O S2 é um pequeno equipamento de di-
mensões de 103 × 36 × 103 mm, pesan-
do 600  g. O revestimento é de alumínio
maciço, elegante, e pode ser comprado
em preto ou em prateado mate. A fronte
contém o logótipo da empresa, uma saí-
da para auscultadores por jack de 6,3 mm
e um miniecrã OLED com duas teclas de
selecção de fonte, ladeando-o pela direita
dois outros botões, um para escolher o fil-
tro digital e, por debaixo deste, a tecla de
acesso ao menu. Finalmente, um redondo
botão de volume. Na parte de trás exibe
três entradas digitais, uma USB e duas S/
 SET - OUT 2017 / 266

PDIF (coaxial e óptica); uma entrada pa-
ra o alimentador e saídas analógicas RCA.
No seu interior, o S2 possui o chip dual
DAC 2 x ESS9038Q2M, com uma capacida-
de de processamento de sinais com reso-
luções de até 32 bit, bem como um ou-
tro circuito integrado ESS9063 da Sabre, o
qual implementa a arquitectura de modu-
lação Hyperstream de 32 bit e a redução
de jitter Time Domain Jitter Eliminator, e
ainda um regulador de tensão ESS9311,
com uma configuração inovadora que o
torna ideal para utilização em aplicações
em que se trabalhe com sinais de áudio
de alta resolução. O S2 processa ficheiros
de áudio PCM até 32bit / 768 kHz e DSD
até DSD512 (via DoP). É o primeiro equipa-
mento da Pro-Ject a ter capacidade de lei-
tura de ficheiros de áudio MQA. Tem se-
te filtros digitais, uma gama dinâmica de
129 dB e consegue um nível de ruído na
sincronização em transmissão USB (jitter)
de menos de 1  picossegundo, mais con-
cretamente, 100 fentossegundos (10-13 s).
Um ergonómico controlo remoto com es-
trutura de alumínio pode ser fornecido co-
mo opção, ao preço de 29,9 m.
Audição
Ouvi o S2 ligado ao meu streamer Au-
ralic Aries Mini por USB, recebendo sinal
do leitor de CD’s Primare C31, ambos co-
mo sempre ligados ao amplificador Pri-
mare A30.1 e colunas Sonab OA-Type  5.
Ouvi-o ainda com os meus auscultadores
Hifiman HE-560 ligando a um computador
Asus Zenbook N751JX. A instalação foi fa-
cílima porque o Aries Mini reconheceu o
S2 imediatamente. Só quando o liguei ao
Asus, usando o JRiver, é que precisei dos
respectivos drivers ASIO. Como já referi, o
S2 tem um conjunto de sete filtros digi-
tais (Optimal Transient, Fast Rollof, Slow
Rollof, Minimum Phase Fast, Minimum
Phase Slow, Linear Apodizing, Hybrid, Bri-
ckwall). Depois de alguma tentativa e er-
ro, cheguei à conclusão de que o filtro que
melhor neutraliza o brilho digital e elimi-
na o pré e pós-eco (ringing) é o Optimal
Transient. De resto, o menu do S2 (ou do
comando) também permite compensar
ou não uma possível distorção e optar pe-
la definição da marca em termos de qua-
lidade de áudio ou escolher uma defini-
ção própria. Aconselho vivamente a não
usar a compensação e a optar pelas de-
finições de fábrica em termos de qualida-
de de áudio.
Mas, como sempre, a prova está na
música. E o S2 funcionou muito bem. Pos-

Playlist
Maria Savastano & Ensemble Diderot
Les Passions de l´Ame
Simon Murphy & New Dutch Academy
Dorothee Mields & Slagon Quartet
Diana Krall
Phil Woods & Vic Juris
Richie Cole
Snuff Box
Ristori: Cantatas for Soprano & Oboe Concerto 24 bit / 96 kHz download Qobuz
Schabernack: A Treasure Trove of Musical Jokes 24 bit / 96 kHz download Qobuz
Grand Tour Baroque Road Trip DSD64 download Native DSD
Stabat Mater Boccherini CD Carus
Turn up the Quiet 24 bit / 192 kHz download Qobuz
Songs One CD Philology
Richie Cole Plays Ballads and Love Songs CD Richie Cole Presents
Playing for Free CD Skye Records

Audio & Cinema em Casa 39

teste Pre Box S2 Digital
sui uma imagem sonora ampla e detalha-
da com boa discriminação entre baixos,
médios e agudos. Silencioso, discreto e
musical são os atributos que melhor des-
crevem o S2. A audição pelos ausculta-
dores revelou uma amplificação pura e
sombria, subtil e nada cansativa, embora
tivesse que recorrer ao máximo de ampli-
ficação para obter um volume credível. Tal
pode indicar que, com auscultadores mais
exigentes, a amplificação seja insuficiente.
Mais concretamente, a voz melíflua de
Dorothee Mields no magnífico Stabat Ma-
ter soou belíssima e triste, cheia de me-
lancolia mas sem ser tão cristalina como
é possível. Música intimista, reprodução
mais íntima ainda, num palco sonoro re-
lativamente amplo e com as cordas a ata-
car cada nota no momento certo, mesmo
quando tocam em legato.
Completamente diferentes, as canta-
tas para soprano para Ristori, estão cheias
de rendilhados barrocos e cristais cintilan-
tes da responsabilidade da espantosa Ma-
ria Savastano. Aqui a reprodução do S2
poderia necessitar de um pouco mais de
contrastes mas, de uma forma geral, re-
velou-se à altura das circunstâncias e dos
agudos, sem nunca parecer estridente ou
metálica. Melhor ainda, o oboé de Jon Ola-
berria soou esplêndido e triunfante, um
verdadeiro mel para os ouvidos, mais uma
vez sem qualquer evidência de excessos
ou de esforço.
40 Audio & Cinema em Casa
Simon Murphy e a New Dutch Aca-
demy, na sua viagem de circum-nave-
gação pelo mundo do barroco, e os Les
Passions de l’Ame com os seus tesouros
de humor barroco. Neste último, as obras
de Biber, Schmelzer e Fux a obrigarem os
violinos a imitar a natureza, forçando-os
em diversas scordaturas a emitir sons do
mundo (carroças, sapos, aves). Vivacidade,
ataque, contrastes, um verdadeiro fogo-
-de-artifício (com as devidas desculpas ao
Salvador Sobral) a ocorrer num amplo pal-
co sonoro, e tudo sempre muito musical.
No jazz, e em alta resolução, a voz de
Diana Krall emergiu com o seu grão mui-
to particular e o seu desprendimento ca-
tivante, tudo fielmente reproduzido pelo
S2. Mas o auge nestas audições foram os
saxes de Phil Woods e Richie Cole, com o
agridoce característico dos altos a trans-
parecer com facilidade na reprodução, na-
turalmente rebeldes, maravilhosamente
sonhadores, cada um com o seu timbre
particular. O maior elogio que posso fazer
ao S2 é o de a reprodução ter ficado to-
talmente à altura das fontes.
Finalmente os Snuff Box, um trio origi-
nal de música céltica, com guitarra, violon-
celo e violino, soaram muito bem, cheios
de ritmo, de precisão e com o necessário
contraste.
Conclusão
Mais uma miniatura da Pro-Ject Audio Sys-
tems? Não, não é mais uma miniatura. In-
clui novos e importantes avanços tecnoló-
gicos e o resultado é um grande pequeno
prévio/amplificador de auscultadores/
DAC.
Neste momento, estamos a viver um
período de grande desenvolvimento tec-
nológico dos DAC’s e equipamentos afins
e, por isso, mesmo a esta gama de preços
encontramos uma enorme concorrência,
tanto entre os fabricantes de conversores
dedicados, como entre os que fazem parte
do número crescente de aderentes do chip
ESS Sabre 9038.
Resumindo: se não possui ainda um
DAC externo e esta é a gama de preços
que pretende considerar, o Pre Box S2 Di-
gital é uma proposta que não pode ig-
norar. Se ainda não tem um DAC e, em
especial, se o seu leitor de CD’s está a pre-
cisar de um lift, então talvez tenha chega-
do a sua vez…
Pro-Ject Pre Box S2 Digital
Preço 349 m
Distribuidor Supportview
Telef. 218 686 101
www.supportview.pt
teste
JBL Playlist:
Sem fios, mas
agora com música
Leonel Garcia-Marques
A
s colunas sem fios estão na moda,
sobretudo pelo desembaraço de
fios, pela portabilidade e pela fácil
integração em sistemas multi-sala. Temos
as que são baseadas em ligações Bluetoo-
th e as que são baseadas em Wi-Fi. Só as
últimas têm até agora oferecido a quali-
dade necessária aos amadores de música.
Mas, mesmo restringindo-nos a colunas
Wi-Fi, existe uma infinidade de propostas.
42 Audio & Cinema em Casa
Em particular, começaram recentemente a
surgir colunas Wi-Fi Chromecast, uma ideia
original da empresa Google. O Chrome-
cast é um acessório digital com funções de
streamer. Mais concretamente, o Chrome-
cast é um dongle de 72 mm (de forma cir-
cular ou em forma de uma chave USB) que
reproduz conteúdos de áudio e vídeo em
smart TV’s, a partir do navegador Chrome
ou a partir de uma App para smartphones
ou tablets Android (é também compatível
com equipamentos iOS, mas nem sempre
sem problemas). E que tal uma coluna Wi-
-Fi com um Chromecast incorporado?
É essa a proposta que apresento hoje
aos leitores da Audio. Uma coluna que
provém de uma marca de prestígio, a JB
Lansing, há muito tempo receptiva às ino-
vações e à portabilidade. Além disso, a JBL
tem beneficiado de grande sinergia, por-
que foi adquirida nos anos  60, pela Har-
man, dona de várias marcas importantes
para os audiófilos, com todo o grupo Har-
man a ser adquirido bem recentemente

pela Samsung. A coluna de que vos vou
falar é a JBL Playlist.
Descrição
A JBL Playlist é uma coluna de forma oval,
de dimensões modestas, 316  × 147  ×
131  mm com o peso de 1120  g. A fron-
te exibe apenas o logo da marca e na par-
te de baixo um pequeno LED indicador da
ligação à rede Wi-Fi; o resto é uma super-
fície ampla de tela com uma grelha, com
acabamento de várias cores, a saber: ne-
gro, azul e branco. Na parte de trás, possui
um radiador metálico, também o logo da
marca, uma entrada Aux por mini-jack e
uma entrada para o cabo de alimentação.
Possui dois woofers de 57  mm, tem 2  ×
15 W de potência, a frequência de resposta
vai de 60 Hz a 20 kHz (-6 dB) e a razão si-
nal/ruído é superior a 80 dB. Possui supor-
Playlist
Rhiannon Giddens Freedom Highway
Aimee Mann Mental Illness
Buddy Guy Born to Play Guitar
Youn Sun Nah She Moves On
Regina Carter Ella: Accentuate the
Positive
Manu Katché Unstatic
te para a norma 802.11ac, conexão Wi-Fi
de banda dupla (2,4 GHz e 5 GHz) e tam-
bém conexão Bluetooth. Faz streaming de
ficheiros de áudio até 24 bit / 96 kHz em
WAV ou FLAC (em ALAC, o formato lossless,
do iTunes, funciona com muitas falhas). A
instalação pelo Google Home e com a App
BubbleUPnP ou a App da Harman (A HK)
foi facílima (é uma das grandes vantagens
do Google Chromecast). Usando, um iPad,
as coisas foram mais complicadas (o que
é o lado pior do Chromecast). Também foi
fácil fazer streaming do serviço Qobuz.
Audição
Ouvi a JBL Playlist sobretudo com o um ta-
blet Lenovo Tab  3 e o meu DAP Pioneer
XP100r, ambos equipamentos Android,
deixando a coluna fazer o streaming de
conteúdos de áudio contidos no DAP, no
download Qobuz 24 bit / 88,20 kHz
download Qobuz 16 bit / 44,1 kHz
download Qobuz 24 bit / 96 kHz
download Qobuz 24 bit / 96 kHz
download Qobuz 24 bit / 44,1 kHz
download Qobuz 24 bit / 88,20 kHz
SET - OUT 2017 / 266
servidor NAS ligado através de um adapta-
dor Powerline ou do serviço Qobuz.
O som da Playlist surpreendeu-me pe-
la positiva, por várias razões. Pelo volume
suficiente para preencher uma sala de di-
mensões médias, pela qualidade dos gra-
ves e pela incrível conveniência de tocar
no símbolo do Chromecast num equipa-
mento Android e a coluna começar ime-
diatamente a debitar música.
Sobretudo na música acústica, a Play-
list soou de forma completamente con-
vincente. Não é nenhum «tijolo», por isso
deixará a desejar em festas rave ou do
mesmo género; também não permite ní-
veis de separação das gamas exigidos por
uma orquestra com coro, mas no jazz, por
exemplo, é óptima.
Rhiannon Giddens é uma cantora que
tem uma carreira já relativamente forma-
da, mas só agora, com o seu álbum Free-
dom Highway, deu verdadeiramente nas
vistas. Tem uma voz forte e agreste e a
Playlist correspondeu sem problemas. Já
Aimee Mann tem uma voz desdenhosa
mas sombria, cheia de mistério e nuan-
ces, e a Playlist foi capaz de preservar es-
sas emoções com grande mérito. Youn Sun
Nah, uma cantora de jazz e compositora,
vive do grão subtil da sua voz e da simpli-
cidade dramática das suas melodias. Mais
uma vez, a Playlist captou quase inteira-
mente esse grão juntamente com a doçu-
Audio & Cinema em Casa 43
teste JBL Playlist

ra ácida da guitarra de Marc Ribot. Mas foi

na guitarra inimitável de Barry Guy, cheia
de electricidade e contrastes, e nos ritmos
desmultiplicados de Manu Katché que a
JBL mais brilhou. Palco sonoro amplo, pe-
so suficiente nos baixos – enfim, um deta-
lhe na reprodução que não é comum em
colunas sem fios. Com o violino «swingan-
te» de Regina Carter, muito exigente em
termos de agudos, não foi tão convincen-
te, mas não se registaram desequilíbrios,
nem pareceu a Playlist perder a discrimi-
nação das gamas e a musicalidade.

Conclusão
Como já disse as JBL Playlist surpreende-
ram-me pela positiva e pelas razões já
referidas. É claro que a minha selecção
privilegiou as forças da Playlist e não as
suas fraquezas. Não é equipamento pa-
ra um «metaleiro» ouvir todos os baixos
a que tem direito numa gravação dos Me-
tallica, tal como não satisfará o melóma-
no que queira comprazer-se nos pormeno-
res arrebatadores do Requiem de Mozart.
Mas, como equipamento de escritório ou
integrada num sistema multi-sala, satisfaz
muitos paladares em muitas circunstân-
cias do dia-a-dia. E eu, sempre um céptico
das propostas sem fios, posso ter começa-
do a mudar de ideias com a Playlist da JBL.

JBL Playlist
Preço 179 m
Distribuidor Magnelusa
Telef. 219 154 630
www.magnelusa.pt

44 Audio & Cinema em Casa

teste
OPPO UDP-203 Signature
o toque do mestre
Jorge Gonçalves
A
OPPO é um fabricante que desde
há alguns anos estabeleceu uma
aura de marca de referência em
termos da reprodução de discos Blu-ray
e, um pouco mais recentemente (final de
2016) de originais Blu-ray 4K, com o lan-
çamento do leitor UDP-203. Por outro lado,
a Audiocom tem lançado com regularidade
versões Reference e Signature dos leitores
da OPPO, versões essas alvo de modifica-
ções aprovadas pelo fabricante original e
cobertas pela mesma garantia da versão
não modificada.
Foi por isso que a minha curiosidade
e interesse ficaram bem alerta quando
Mark Bradley, da Audiocom, se ofereceu
para me enviar directamente para Portu-
gal a versão Signature do leitor de Blu-ray
4K UDP-203, na altura o leitor mais caro
disponível no mercado (2830 m), uma vez
que o UDP-205 ainda não tinha sido alvo
de modificações, as quais deram recente-
mente origem ao UDP-205 Reference e ao
UDP-205 Signature, com preços respectiva-
mente de 3420 m e 4500 m.
E se a versão «normal» do 203 já é
bem mais cara que os leitores propostos
ao mercado pela Panasonic e a Samsung,
o que é que o logótipo suplementar com o
nome Signature poderia trazer mais? E se-
rá que valeria a pena pagar bastante mais
por esses extras? É o que vamos tentar sa-
ber.
Descrição técnica
O leitor UDP-203 Signature tem um perfil
volumétrico muito semelhante ao dos lei-
tores de Blu-ray que o antecederam, com
46 Audio & Cinema em Casa
um chassis metálico bem sólido e um pai-
nel frontal de alumínio de design simples,
do qual se destacam fundamentalmente o
mostrador central e o logótipo com as in-
dicações Audiocom Signature colocado à
esquerda deste. Para completar o leque,
temos as teclas habituais de controlo de
reprodução dos discos e, por debaixo de-
las, uma entrada USB e a saída para aus-
cultadores, enquanto o painel traseiro já
está necessariamente algo mais populado,
até porque o 203 disponibiliza as saídas
de áudio descodificado no formato 7.1. Pa-
ra além das oito fichas RCA que correspon-
dem a estas saídas, temos duas saídas HD-
MI, uma designada principal e que retém
a qualidade máxima de vídeo, pelo que
deve ser utilizada para ligação directa ao
projector ou televisor 4K, e outra que ape-
nas direcciona o áudio para um receiver ou
processador AV. Ambas estas saídas HDMI
são compatíveis com os comandos CEC. Es-
tão igualmente disponíveis duas saídas
para áudio digital, uma coaxial e outra óp-
tica, bem como uma ligação Ethernet RJ45.
Um outro conector HDMI permite a ligação
de uma fonte de vídeo externa para que
ela possa usufruir das superiores capaci-
dades de processamento de áudio e vídeo
do UDP-203, e duas fichas USB possibili-
tam igualmente a ligação a uma pen ou
disco externo. Dois jacks de 3,5 mm per-
mitem que o leitor receba ou emita sinais
de trigger para ligação automática de ou-
tros equipamentos.
Aberta a caixa do equipamento somos
brindados com um interior completamen-
te recheado de placas de circuitos im-
pressos, e a partir deste ponto tenho que
pedir desculpa aos leitores que tanto apre-
ciam as fotos do interior dos equipamen-
tos, mas Mark Bradley fez-me um pedido
especial no sentido não publicar qualquer
foto deste género, uma vez que, segun-
do ele, muitos outros fabricantes esmiú-
çam excessivamente essas fotos com fins
pouco sérios. De qualquer modo, posso
sempre avançar que uma vez mais a OP-
PO fez uma aliança com a MediaTek para
desenvolver e fabricar um circuito integra-
do específico SoC, especializado na desco-
dificação e processamento de vídeo 4K e
baseado num microprocessador de quatro
núcleos, com a referência OP8591. O sis-
tema de transporte/gaveta assenta num
mecanismo desenvolvido pela própria OP-
PO e, embora optimizado para a leitura de
discos Blu-ray 4K, é compatível com uma
vasta quantidade de outros formatos (Blu-
-ray, Blu-ray 3D, DVD-Video, DVD-Audio,
AVCHD, SACD, CD, Kodak Picture CD, CD-R/
RW, DVD±R/RW, DVD±R DL e BD-R/RE), fa-
zendo jus à designação de leitor universal.
O servo do laser foi estudado de modo a
que a leitura se faça com o mínimo possí-
vel de erros.
Claro que o 203 é compatível com a
tecnologia HDR10, bem como Dolby Vision
(neste caso através de um update de fir-
mware que está disponível desde o meio
do mês de Junho), e o seu avançado pro-
cessamento de vídeo permite-lhe fazer
a conversão de originais HDR de modo a
que possam ser apresentados em tele-
visores que não sejam compatíveis com
esse formato. Claro que essa mesma su-
perior capacidade de processamento pode
ser utilizada para fazer o upscaling de ori-
ginais de Full  HD para 4K a 50/60p com
diversos espaços em termos de caracterís-

ticas de cor, desde YCbCr 4:4:4 a 4.2.2 e
4.2.0, bem como está disponível um com-
pleto menu que possibilita a execução de
um vasto número de ajustes na imagem.
Em termos de descodificação de forma-
tos surround, o UDP-203 é compatível quer
com Dolby TrueHD quer com DTS-HD Mas-
ter e pode enviar para o exterior streams
de bits Dolby Atmos e DTS:X para serem
descodificados exteriormente.
Tudo o que foi dito tem sobretudo a
ver com a versão normal do UDP-203, pelo
que será interessante avançar agora para
uma descrição das melhorias que o nome
Signature transporta consigo. Em primei-
ro lugar temos a fonte de alimentação, a
qual é do tipo linear, com várias tensões
estabilizadas na saída. De facto, uma gran-
de parte dos equipamentos de áudio e
vídeo actuais recorre a fontes de alimen-
tação comutadas, as quais inevitavelmen-
te geram ruído que acaba por ser inserido
nos circuitos de processamento e ampli-
ficação. Para melhorar ainda mais a per-
formance da alimentação são utilizados
dois circuitos activos de redução de ruído
na entrada da tensão de sector. Ao mes-
mo tempo, o relógio foi substituído por um
circuito de referência com um jitter extre-
mamente baixo, já na ordem dos fentos-
segundos (0,077 picossegundos, para ser
mais exacto) e designado muito apropria-
damente Femtosecond Reference Video
Clock. A gaveta de transporte é também
alvo de modificações, recebendo uma ca-
mada de material especial que absorve a
energia electromagnética e funciona como
amortecedor, diminuindo assim as interfe-
rências na leitura de dados. Os circuitos
geradores de radiofrequência são cuidado-
samente blindados para evitar que radiem
energia para o exterior.
Em termos de conversão D/A o UDP-
203 recorre a um circuito integrado de oito
canais da AKM, o AK4458VN, o qual acei-
ta formatos de alta resolução com resolu-
ções até 192 kHz / 32 bit, bem como DSD
até DSD64/DSD128. As saídas analógicas
empregam Ampops de alta qualidade no
que se refere a baixo ruído e elevada ca-
pacidade de corrente. Por fim, destaco a
grande facilidade com que é possível mu-
dar a região, uma situação útil para quem
tenha discos provenientes de outras áreas
geográficas, tais como os Estados Unidos.
O controlo remoto do 203 é muito seme-
lhante ao dos leitores de Blu-ray da marca,
com auto-iluminação ligada a um sensor
de movimento e um layout muito claro e
imediato das diversas teclas.
Visionamentos
Tal como já alvitrado na edição anterior da
Audio & Cinema em Casa, o UDP-203 Sig-
nature chegou às instalações da revista
em momento muito auspicioso, pois coin-
cidiu quase exactamente com a chegada
do televisor LG 65OLEDE7V, bem como ti-
ve depois possibilidade de o ensaiar com
dois outros excelentes televisores, o Phi-
lips 55OS9002 e o Samsung QE65Q8C. Nos
visionamentos foram utilizados diversos
originais de discos Blu-ray 4K, tais como
A Falha de Santo André, Mad Max – Fury
Road, The Revenant e Passageiros, bem
como discos Blu-ray de que destaco Star-
-Wars Rogue 1 e Ghost Rider, bem como o
DVD especial, que já mencionei no núme-
ro anterior, com uma versão masterizada
de Terminator, codificada para a Região 1.
Claro que antes de qualquer visionamento
a sério teve lugar a igualmente já mencio-
nada por mais de uma vez sessão de ca-
libração a que foram sujeitos todos os te-
levisores.
E uma vez mais tenho que gabar a ex-
celente qualidade dos menus de utilizador
desenvolvidos pela OPPO. São sem dúvi-
da os mais simples de utilizar que conhe-
ço, com acesso extremamente intuitivo às
mais diversas funções e ajustes. Cinco es-
trelas em cinco.
Passando agora à qualidade de ima-
gem do 203 Signature, começo por desta-
car que é possível seleccionar a resolução
do sinal de vídeo entre 8 e 12 bit, bem co-
mo é possível escolher os níveis de amos-
tragem de cor. No entanto, e uma vez que
SET - OUT 2017 / 266
essa escolha só tem sentido se o resulta-
do for compatível com o tipo de sinais que
o equipamento de apresentação de vídeo,
projector ou televisor, pode aceitar, o mais
simples é deixar a janela de selecção na
posição automática, caso em que o «aper-
to de mão» entre leitor e ecrã através da
ligação HDMI determina automaticamente
qual a resolução ideal.
E nada como começar com uma cena
bem difícil em termos de resposta à tec-
nologia HDR, pelos níveis de luminosidade
extremamente baixos combinados numa
mesma imagem, tal como a cena noctur-
na em que Hugh Glass é reencontrado pe-
los seus amigos em The Revenant. E foi
quase glorioso ver como era possível dis-
tinguir no ecrã todos os detalhes contidos
nas zonas quase negras e como era possí-
vel destrinçar com enorme facilidade ca-
da uma das faces dos intervenientes. Este
leitor consegue reproduzir níveis de negro
incrivelmente profundos mesmo quando
combinados com imagens altamente lu-
minosas, como acontece por diversas ve-
zes em Ghost Rider, algo que poderia
parecer simples mas que só pode ser apre-
ciado na sua plenitude quando se vêem
imagens tão poderosas quer no televisor
da LG quer no da Samsung.
Ao mesmo tempo, este leitor impres-
siona pela qualidade com que consegue
reproduzir cores intensas, com saturações
extremamente ricas, mas nunca exagera-
das, e detalhes subtis nas zonas com mui-
tas nuances de cor, como acontece quer
em Star-Wars Rogue 1 e em Passageiros,
nas zonas internas da nave e nas cambian-
tes de cor dos fatos dos tripulantes. As co-
res são maravilhosamente equilibradas,
com contrastes alucinantes e níveis de de-
talhe impressionantes mesmo no caso de
originais Blu-ray upscaled para 4K. Aliás,
como já disse quan-
do do teste do te-
levisor OLED da LG,
o UDP-203 Signa-
ture faz um traba-
lho quase perfeito
no processamento
de HD para 4K, tor-
nando muito difícil
a distinção de uns
em relação aos ou-
tros. Diversos colabo-
radores da Audio &
Cinema em Casa fi-
caram de boca aber-
Audio & Cinema em Casa 47
teste OPPO UDP-203 Signature
ta perante as imagens de discos Blu-ray
reproduzidas por este espectacular lei-
tor, não acreditando quando eu lhes disse
que estavam a ver um filme em qualida-
de Full  HD e não 4K. Sinceramente, acho
que a OPPO teve uma excelente decisão
ao abandonar o processamento Darbee e
optar por este novo chip da MediaTek.
Caso tudo o que já foi descrito não fos-
se suficiente, o processamento de movi-
mento do 203 Signature deixaria qualquer
um totalmente convencido só por si: con-
segue um equilíbrio quase perfeito entre
48 Audio & Cinema em Casa
uma quase total ausência de oscilações no
movimento de elementos individuais ou
em bloco no ecrã e a apresentação video-
gráfica perfeitamente plana e quase sem
vida que corresponde ao processamento
excessivo que retira toda a sensação cine-
matográfica do ecrã. Do melhor que tenho
visto sem dúvida.
Como indicado atrás, está disponível
no site da OPPO um novo firmware com
a prometida compatibilidade com o Dol-
by Vision. Infelizmente, os originais 4K
com Dolby Vision são escassos e a maio-
ria dos que existem estão disponíveis ape-
nas através da reprodução no YouTube, o
que coloca de lado qualquer experiência
com o leitor. Ainda fiz a descarga de um
pequeno troço do filme Lucy mas este es-
tava comprimido para 720p pelo que qual-
quer análise que aqui fosse formulada em
relação a este formato teria uma valida-
de muito reduzida, isto sem esquecer que
na altura apenas tinha como dispositivo
de visionamento o televisor OLED da Phi-
lips que ainda não tinha implementada a
compatibilidade com o Dolby Vison por ser
mesmo um dos primeiros exemplares de
produção. Vamos ter que esperar mais al-
gum tempo para ter ideias absolutas so-
bre este formato, embora as expectativas
sejam grandes.
E faltava fazer algumas experiências
em termos de reprodução de áudio, no-
vamente bastante convincentes, neste ca-
so no meu sistema caseiro, com as Quad
ESL63 Pro e a electrónica Constellation Ins-
piration. Desde CD’s convencionais a fichei-
ros DSD, o 203 Signature reproduziu tudo o
que eu lhe apresentei com um excelente
nível de qualidade, quer em temos tímbri-
cos, quer na recuperação de detalhes, quer
mesmo em termos de imagem espacial.
Claro que não substitui uma fonte de áudio
high-end, mas o nível de performance do
leitor da OPPO é mais que suficiente para
cumprir com completo à-vontade a função
de leitor universal num sistema de áudio
de alta qualidade no qual se queira igual-
mente implementar uma componente de
imagem.
Conclusão
O OPPO UDP-203 Signature é sem dú-
vida um dos melhores leitores de Blu-
-ray 4K que o dinheiro pode comprar. E só
não digo que é o melhor em termos ab-
solutos porque ainda não tive oportuni-
dade de ensaiar nem a versão Signature
nem a versão Reference do UDP-205 que
entretanto saíram. Mas, tendo em conta
que o mais barato dos dois tem um pre-
ço 600 mmais elevado, torna-se difícil dei-
xar de recomendar muito fortemente um
leitor 4K que tem uma qualidade de repro-
dução irrepreensível em termos de vídeo,
incluindo no que se refere ao processa-
mento de movimentos, e está ao nível de
um grande leitor dedicado de áudio quan-
do se trata de reproduzir quer CD’s quer fi-
cheiros de alta resolução.
OPPO UDP-203 Signature
Preço 2830 euros
Representante Ultimate Audio Elite
Telef. 217 602 028
http://ultimate-audio.eu/
prémios

EISA
2017
2018
 Prémios EISA 2017-2018,
da Europa às antípodas
O VERÃO costuma ser a estação de mui-
tas coisas boas, entre as quais as férias
(infelizmente, na altura em que este ar-
tigo for publicado já deverão ter passado
à história para muitos dos leitores da Au-
dio & Cinema em Casa) mas, neste caso,
aquilo a que me estou a referir são os pré-
mios EISA, uma distinção especial atribuí-
da aos melhores produtos que os edito-
res de revistas especializadas espalhadas
por essa Europa fora analisaram durante
o ano que decorreu entre Julho de 2016 e
Junho de 2017.
Uma vez que os prémios atribuídos esta-
rão em vigência durante o resto deste ano
e boa parte do próximo, é muito natural
que as atenções dos jurados se concen-
trem maioritariamente sobre os produtos
mais recentes, já que pouco sentido fa-
ria agraciar um equipamento que iria ser
substituído dentro de um a dois meses.
Outro aspecto interessante é o facto de as
categorias de produtos não serem estáti-
cas, isto é, adaptarem-se às rápidas evo-
luções dos mercados e das tecnologias.
Aliás, o contrário é que seria de admirar,
pois são muitas vezes as revistas que lide-
50 Audio & Cinema em Casa
ram o processo de renovação do merca-
do, sugerindo novas tendências e dando
destaque aos produtos mais interessan-
tes. De igual modo, nem sempre todas
as categorias são preenchidas, podendo,
por exemplo, considerar-se que num de-
terminado ano não ocorreram inovações
significativas em alguma das áreas em
apreciação. Tudo isto é mais ou menos co-
nhecido pela maior parte dos leitores da
Audio & Cinema em Casa, mas nunca é
demais recordá-lo.
Nunca é demais realçar igualmente o
crescente aumento no nível de reconhe-
cimento dos prémios EISA por parte dos
consumidores por toda essa Europa fora,
mas não só, que da Ásia e América nos
chegam permanentemente pedidos de
informação sobre este galardões. E foi in-
teressante ver que finalmente, após tan-
tos esforços da minha parte ao longo dos
últimos anos, a cobertura geográfica da
EISA se tenha ampliado generosamen-
te, com a inclusão este ano de represen-
tantes dos Estados Unidos e da Austrália.
Um dos resultados imediatos desse alar-
gamento é que o número de modelos co-
bertos por alguns prémios se tenha igual-
mente ampliado, pelo que a leitura dos
logótipos e, nalguns casos, das citações
reflecte essa maior abrangência. Espere-
mos pelo futuro para ver como resulta es-
ta nova configuração dos grupos de peri-
tos da EISA.
Foram três dias de extenuante trabalho
e grande concentração; felizmente o fac-
to de o local de reunião ter sido Split, na
Croácia, ajudou, tudo para que tenhamos
sempre a certeza de estar a escolher os
melhores produtos em cada categoria.
E isto para que saiba que, no meio das
prateleiras infindáveis de equipamentos,
existem alguns que se distinguem pelo
facto de terem recebido um prémio EISA.
Até que ponto eles serão ou não alvo da
sua escolha isso é consigo. Agora não há
dúvida é de que terão certamente mui-
tos méritos ou não teriam sido escolhidos
por tantos editores-chefes de tantos paí-
ses diferentes. Os dados estão lançados,
a decisão foi tomada, segue-se o desfile
dos premiados.

GRUPO DE ESPECIALISTAS DE TELEVISÃO E VÍDEO
SET - OUT 2017 / 266
TELEVISOR OLED EISA 2017-2018
LG OLED65E7V
A tecnologia OLED da LG disponibiliza ao utilizador um contraste soberbo com negros ab-
solutos e destaques luminosos, a somar a cores vibrantes que não se alteram quando se
olha lateralmente e o OLED65E7V melhora o desempenho em relação aos modelos an-
teriores – o detalhe na zona do «quase negros» melhorou sensivelmente e a luminosi-
dade de pico é mais elevada. O resultado é um ecrã perfeitamente adequado para ima-
gens Blu-ray HD ou serviços de streaming, ao mesmo tempo que os conteúdos com uma
gama dinâmica standard podem ganhar uma vivacidade extra através do upscaling HDR
Effect da LG. As capacidades de processamento em termos de HDR são muito vastas: to-
dos os formatos actuais, desde o Dolby Vision, HDR 10 ao HLG são suportados. O design
extremamente fino do televisor, o sistema de som compatível com Dolby Atmos e a ha-
bilidosa interface do utilizador, tudo isto contribui para que esta proposta da LG seja a
vencedora na categoria premium da tecnologia OLED.
Audio & Cinema em Casa 51
 prémios

EISA

TELEVISOR LCD EISA 2017-2018

LG 55SJ850V
Este televisor LED LG de 55 polegadas e de gama média tem um desempenho global de
nível superior, ao nível da versátil interface do utilizador webOS 3.5 e da compatibilida-
de com os standards Dolby Vision, HDR10 e HLG, o que lhe permite reproduzir imagens
ricas em cor e com admiráveis níveis de luminosidade. O ecrã utiliza a nova tecnologia
Nano Cell da LG para melhorar a pureza da cor, uma qualidade que se mantém (tal como
o contraste) quando se vê a imagem de uma perspectiva lateral. Seja em grandes sé- GRUPO DE ESPECIALISTAS DE TELEVISÃO E VÍDEO
ries de TV, seja com filmes Blu-ray Ultra HD, este televisor brilha. O áudio produzido pelo
conjunto de altifalantes 2.2, desenvolvido em conjunto com a Harman/Kardon, é limpo
e enérgico, o design do televisor elegante e discreto, e os seus talentos multimédia são
vastos. Este é uma grande adição à gama de televisores Super UHD da LG.

52 Audio & Cinema em Casa

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LEITOR ULTRA HD BLU-RAY «EISA DE MELHOR PREÇO» 2017-2018

Panasonic DMP-UB300/UB400 Series

A Panasonic baixou o ponto de entrada para o Blu-ray Ultra HD com os seus bem acessí-
veis DMP-UB300 e DMP-UB400. São duas propostas de design compacto, pelo que facil-
mente entram em qualquer sistema, mas não deixam de garantir imagens que agradam
a todos. No seu interior temos o processador 4K High Precision Chroma, da Panasonic, o
qual permite obter imagens bem detalhadas, ao mesmo tempo que os ajustes de ima-
gem permitem ao utilizador igualar a performance dos leitores à do seu televisor 4K. Os PRÉMIO CONJUNTO DOS GRUPOS DE ESPECIALISTAS
DMP-UB300/UB400 funcionam igualmente como leitores em rede, aceitando a reprodu- DE TELEVISÃO E VÍDEO E DE CINEMA EM CASA
ção de ficheiros de alta resolução, incluindo DSD e FLAC a 192 kHz / 24 bit, bem como
vídeo através dos seus portais de aplicações. Temos aqui excelentes propostas para to-
dos os que têm em mente um upgrade acessível para o Ultra HD.

Audio & Cinema em Casa 53

prémios

EISA

TELEVISOR EISA PARA CINEMA EM CASA 2017-2018

GRUPO DE ESPECIALISTAS DE TELEVISÃO E VÍDEO
Sony KD-65ZD9
O topo da gama 4K da Sony permite usufruir de espantosos momentos em situações de
cinema em casa, como a sua magnífica reprodução de cores e um nível de contraste que
é o melhor da classe, e as mais-valias da reprodução 3D e do suporte para quase todos
os formatos HDR, incluindo um upgrade já anunciado para Dolby Vision. O elemento cha-
ve para estas incríveis imagens com fontes Blu-ray e Blu-ray Ultra HD, mesmo numa sa-
la bem iluminada, é a tecnologia própria da Sony em termos de controlo local alargado
da retroiluminação a LEDs (Backlight Master Drive). O processamento de movimento e
upscaling, sob controlo dos chips X1 Extreme, são excelentes. O KD-65ZD9 é um televisor
premium para cinema em casa com uma performance que acompanha esta qualificação.

54 Audio & Cinema em Casa


GRUPO DE ESPECIALISTAS DE TELEVISÃO E VÍDEO
SET - OUT 2017 / 266
SMART TV EISA 2017-2018
Samsung QE55Q7F
A Samsung continua a ampliar os limites no que se refere a design de TV e interacção
com o utilizador – o QE55Q7F é inteligente de mais que uma maneira. As entradas es-
tão associadas à caixa externa One Connect Box, a qual liga ao televisor através de uma
quase invisível fibra óptica, o que proporciona uma instalação fácil e limpa. As elegantes
opções em termos de suportes e o painel traseiro quase plano realçam o atraente de-
sign. Ao mesmo tempo, utilizar este televisor é um verdadeiro prazer: o controlo vocal
através do controlo remoto da Samsung é preciso e fiável, enquanto a interface do utili-
zador de dois níveis transforma a navegação através das suas capacidades multimédia e
da enorme quantidade de conteúdos numa tarefa extremamente simples. E a gama de
cores excepcionalmente alargada e o intenso pico de luminosidade do ecrã QLED (basea-
do na tecnologia Quantum Dot) fazem com que o QE55Q7F seja igualmente «Smart» no
que toca a qualidade de imagem.
Audio & Cinema em Casa 55
 prémios

EISA BASE SONORA EISA 2017-2018

Grupo de Especialistas de Cinema em Casa
Sonos PLAYBASE
Uma vez mais, a Sonos conseguiu replicar o seu conceito de utilização simples e
imediata que transformou as colunas multiroom da marca num estrondoso suces-
so. Um design elegante e sofisticado é combinado com uma performance entusias-
mante proveniente de três tweeters, seis unidades de médios-graves e um woofer
integrado para assegurar que o som fastidioso e sem vida da maioria dos televiso-
res se transforme numa coisa do passado. O modo de configuração Plug & Play sig-
nifica que mesmo quem começa no AV vai pegar na PLAYBASE e pô-la a funcionar
em poucos minutos, ao mesmo tempo que a conectividade Wi-Fi e Ethernet (e a
aplicação da Sonos) estão ali à mão para abrir a porta de acesso a um vasto mundo
de serviços de streaming de música.

TELEVISOR EISA «DE MELHOR PREÇO» 2017-2018

TCL U55C7006
O U55C7006, da TCL, combina um painel de 55 polegadas com um amplo
processamento de cor e compatibilidade HDR a um preço acessível, o que o
transforma na companhia perfeita para o visionamento diário de TV. O upsca-
ling para 4K garante que sinais de menor resolução (transmissões terrestres,
DVD, Blu-ray) são apresentados com um agradável detalhe no ecrã do televi-
sor, ao mesmo tempo que os originais HDR são apresentados com uma eleva-
da dose de realismo – a compatibilidade com o formato HLG significa ao mes-
mo tempo que esta é uma proposta com um olho no futuro. Ao mesmo tempo,
a «barra sonora» de disparo frontal, de-
senvolvida em conjunto com os especia-
listas da JBL, complementa a experiência
visual com um som poderoso e ajustável.
As capacidades Smart deste televisor fa-
miliar são disponibilizadas através da pla-
taforma Android TV do Google.
GRUPO DE ESPECIALISTAS DE TELEVISÃO E VÍDEO

TELEVISOR OLED EISA «DE MELHOR PREÇO» 2017-2018

Philips 55POS9002
Com a sua segunda geração de televisores OLED, a Philips introduziu
o novo e eficiente processamento P5 para um tratamento de imagem
mais eficiente, ao mesmo tempo que aborda uma gama de preços mais
acessíveis para garantir uma posição num mercado OLED em expansão.
A notável qualidade de imagem deste televisor de 55 polegadas atrai
não apenas pelas suas cores ricas, nível de detalhe e negros intensos,
mas também pela precisão dos movimentos. Os utilizadores têm acesso
total à vasta gama de ajustes de imagem, podendo personalizar esta ao
seu gosto. A sensação de imersão com qualquer tipo de conteúdo é ele-
vada através da ímpar tecnologia
de iluminação Ambilight. Incorpo-
rando a interface Android TV, este
é um televisor 4K HDR que se po-
GRUPO DE ESPECIALISTAS DE TELEVISÃO E VÍDEO de transformar no principal cha-
mariz de qualquer sala.

56 Audio & Cinema em Casa

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PROJECTOR EISA PARA CINEMA EM CASA 2017-2018

Epson EH-TW9300W
O sucessor do EH-TW9200, galardoado com um prémio EISA para 2014/2015, comple-
menta a superior flexibilidade deste com novos formatos e funções. A tecnologia de des-
vio de pixel 4K Enhancement da Epson faz o upscaling dos sinais de entrada para uma
melhor definição de imagem. Os conteúdos Blu-ray Ultra HD (com HDR) são apresenta-
dos através da entrada HDMI com compatibilidade HDCP 2.2. As imagens têm um ópti-
mo detalhe e cores vibrantes, dando origem uma experiência imersiva de grande ecrã. GRUPO DE ESPECIALISTAS DE TELEVISÃO E VÍDEO
Os ajustes de zoom até 2.1 vezes e de focalização são motorizados, existe uma grande
variedade de possibilidades de posicionamento da lente e está disponível a ligação sem
fios para vídeo, e tudo isto faz com que o EH-TW9300W seja um projector fácil de insta-
lar num espaço dedicado para cinema em casa ou numa sala de estar.

Audio & Cinema em Casa 57

 prémios

EISA

LEITOR ULTRA HD BLU-RAY UNIVERSAL EISA 2017-2018

OPPO UDP-203
Valeu a pena esperar pelo primeiro leitor da OPPO depois BDP-103D. O UDP-203 adicio-
na o Blu-ray Ultra HD e HDR ao seu carácter universal, transformando-se num leitor que
não tem rival no que se refere a suporte de formatos. A qualidade de imagem (alarga-
da até conteúdos Dolby Vision) não tem mácula, podendo ser ajustada ao milímetro em
termos de profundidade de cor, amostragem de croma e conversão de HDR para SDR. No
que se refere ao áudio, o UDP-203 alia os seus talentos no que se refere à leitura de SA- PRÉMIO CONJUNTO DOS GRUPOS DE ESPECIALISTAS
CD e DVD-Audio com a leitura de ficheiros digitais em rede, saídas analógicas multicanal DE TELEVISÃO E VÍDEO E DE CINEMA EM CASA
e DAC de 32 bit da AKM. Os coleccionadores de música estão em boas mãos – este leitor
soa limpo, fresco e preciso. A qualidade de construção é líder na sua classe e os menus
simplificados adoçam a receita. Uma estreia notável no 4K.

58 Audio & Cinema em Casa

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SISTEMA DE COLUNAS EISA PARA CINEMA EM CASA 2017-2018

Focal Sib Evo

Caso tenha pensado que a linha Sib & Cub da Focal era o supra-sumo do estilo compacto,
pois aqui tem agora a nova gama Sib Evo para abalar as suas convicções e definir uma
nova dimensão em termos de performance. Com um arrojado design que ofusca as suas
antecessoras, mais unidades activas de disparo para cima para compatibilidade com os
formatos Dolby Atmos e DTS:X 3D, estas são umas colunas engenhosas em que o som
circunda o ouvinte, mesmo a partir de cima. Graves firmes e ritmados gerados pelo dis-
creto subwoofer juntam-se à gama média bem rica e a agudos detalhados – não é nada
fácil acreditar que um som tão poderoso emana de uma volumetria tão pequena. Temos
aqui uma soberba adição à linha da Focal.
GRUPO DE ESPECIALISTAS DE CINEMA EM CASA

Audio & Cinema em Casa 59

prémios

EISA SOLUÇÃO EISA PARA CINEMA EM CASA 2017-2018

Denon HEOS AVR

Com o seu HEOS AVR, a Denon redefine o tradicional receiver para cinema em casa ao
permitir que as colunas sem fios HEOS sejam utilizadas como colunas traseiras e subwoo-
fer. Junte-se a isto um painel frontal quase limpo e um chassis elegante, bem como am-
pla conectividade para fontes Ultra HD, e temos um receiver que pode dar graça a qual-
quer sala de estar. A poderosa amplificação de classe D transpira vida e vigor nas pistas
sonoras Dolby TrueHD e DTS-HD Master, e o HEOS
AVR reproduz também lindamente ficheiros de alta
resolução, aceitando até DSD128 sem fios ou atra-
vés de USB. A integração num sistema HEOS mais
vasto, bem como um setup e funcionamento infalí-
veis são a cereja no topo do bolo.

GRUPO DE ESPECIALISTAS DE CINEMA EM CASA

SUBWOOFER EISA PARA CINEMA EM CASA 2017-2018

SVS PB16-Ultra
Resumir aquilo que faz com que este subwoofer tenha uma performance impressio-
nante necessita apenas de duas palavras: tamanho e poder. Seja pela sua impressio-
nante caixa (com três imponentes pórticos de saída), pelos monstruosos altifalan-
tes de 16 polegadas ou mesmo pelo amplificador de classe D de 1,5 kW, nada neste
subwoofer da SVS é tímido ou reservado. Utilizado com bandas sonoras de filmes ou
com música, as suas marcantes dimensões estão sempre à altura dos resultados em
termos de atitude, controlo e requintados baixos. Os ajustes são uma tarefa ao alcance
de qualquer um, devido ao igualizador paramétri-
co integrado, combinado com a aplicação para te-
lemóvel. Um punho de betão dentro de uma luva
de veludo, o PB16-Ultra é um subwoofer à altura
dos melhores sistemas de cinema em casa.
Grupo de Especialistas de Cinema em Casa

HIGH-END EISA PARA CINEMA EM CASA 2017-2018

DALI Phantom S Series

Phantom como nome, Fantasma como modo de ser! Este sis-
tema de colunas encastráveis da DALI é a solução ideal para os
entusiastas do cinema em casa que gostam que as colunas se-
jam para se ouvir mas não para se ver. A marca incluiu todos os
seus conhecimentos em termos acústicos numa linha de discre-
tos modelos que reproduzem um placo sonoro sólido e detalha-
do que é em todos os aspectos tão imersivo como o que é pro-
duzido por colunas convencionais. Com quatro unidades activas,
incluindo um módulo com um tweeter híbrido e dois radiadores
passivos para um grave mais extenso, a Phantom S-280 consti-
tui o coração do sistema, e é combinada com as mais pequenas
S-180 e S-80 para dar ori-
gem a um som cinemato-
gráfico que tem de se ouvir
para acreditar.

Grupo de Especialistas de Cinema em Casa

60 Audio & Cinema em Casa


GRUPO DE ESPECIALISTAS DE CINEMA EM CASA
SET - OUT 2017 / 266
BARRA SONORA EISA 2017-2018
LG SJ9
É muito raro encontrar-se uma barra sonora que combine um design elegante com uma
bombástica performance de cinema, mas é exactamente isso que a LG fez com a topo-
-de-gama SJ9, compatível com Dolby Atmos. Dois altifalantes de disparo para cima co-
locados no topo da barra apresentam-lhe toda a emoção dos sons originados a partir do
tecto, em articulação com um detalhado campo sonoro proveniente do resto do conjun-
to, e graves bem ricos fornecidos pelo subwoofer sem fios. As capacidades de ligação in-
cluem HDMI com compatibilidade 4K/HDR e acessos Wi-Fi e Bluetooth para as redes sem
fios. Os amantes da música podem recorrer à aplicação MusicFlow, da LG, e a barra so-
nora tem capacidades Chromecast embebidas para streaming e multiroom, ao mesmo
tempo que os ficheiros digitais de alta resolução (até 24 bit / 192 kHz) podem ser repro-
duzidos até ao mais ínfimo detalhe musical.
Audio & Cinema em Casa 61
prémios

EISA AUSCULTADORES EISA 2017-2018

Denon AH-D7200
Quando se trata de auscultadores o conforto não tem preço. Graças às suas
cápsulas de nogueira leve e à banda de pele de carneiro, estes são uns
auscultadores muito agradáveis de utilizar, tendo ao mesmo tempo um
som encantador. Os Denon AH-D7200 soam encorpados e sumptuosos,
uma combinação ideal para longas sessões de audição com as suas músi-
cas favoritas. As suas membranas FreeEdge, colocadas em cápsulas fecha-
das com revestimento de espuma com memória, conferem um marcado
esplendor à música, nunca deixando que o som fique áspero. Temos aqui
um excelente regresso à plena forma por parte da Denon.

GRUPO DE ESPECIALISTAS DE HI-FI

COLUNAS SEM FIOS EISA 2017-2018

KEF LS50 Wireless

Temos aqui uma solução versátil para colunas activas que faz directamente o
streaming de música, é compatível com Bluetooth aptX e Tidal, e aceita fichei-
ros de música com resoluções até 192 kHz / 24 bit através da entrada USB. Caso
necessite, estão igualmente disponíveis uma entrada óptica digital e outra de li-
nha. A poderosa amplificação interna com 230 W alimenta directamente os alti-
falantes, e a refinada unidade de graves-médios tem um tweeter montado cen-
tralmente, o que possibilita a obtenção de imagens estéreo amplas e com uma
elevada precisão de localização. Manten-
do todas a qualidades das LS50, que já ga-
nharam igualmente um prémio EISA, es-
ta é uma proposta que faz todo o sentido
num mundo sem fios.
GRUPO DE ESPECIALISTAS DE HI-FI

SISTEMA ESTÉREO HIGH-END EISA 2017-2018

Marantz SA-10 & PM-10

A combinação do leitor de CD’s e do amplificador integrado topos-
-de-gama da Marantz fez com que a marca atinja um novo pata-
mar em termos de inovação e performance sónica. O SA-10 repro-
duz discos SACD e CD, bem como ficheiros digitais com níveis de
qualidade extremamente elevados, graças à tecnologia de proces-
samento digital Marantz Musical Mastering, a qual usa hardware e
software específicos para se obter uma conversão genuína a 1 bit.
O novo PM-10, equipado com os excelentes módulos de potência
Ncore, reproduz um som imensamente poderoso e de baixíssima
distorção. Juntos constituem uma formidável combinação.

GRUPO DE ESPECIALISTAS DE HI-FI

62 Audio & Cinema em Casa


GRUPO DE ESPECIALISTAS DE HI-FI
SET - OUT 2017 / 266
RECEPTOR EISA PARA CINEMA EM CASA 2017-2018
Yamaha RX-V483
Não se deixe enganar pelo preço tão convidativo – tem aqui um receiver AV carregado
de capacidades. Um som electrizante com compatibilidade Dolby TrueHD e DTS-HD Mas-
ter Audio é acompanhado pela passagem de vídeo 4K (incluindo Dolby Vision e HDR10),
mais upscaling de vídeo de SD para HD e Ultra HD através das ligações HDMI. O Bluetoo-
th está ali à mão para streaming de áudio, ao mesmo tempo que a tecnologia MusicCast,
exclusiva da Yamaha, permite que o receiver seja o centro de uma configuração multi-
room. Com o seu design inteligente, uma construção sólida e uma panóplia de efeitos Ci-
nema DSP 3D que transportam o som de uma sala de cinema multiplex para sua casa, o
RX-V483 é uma impressionante proposta completa.
Audio & Cinema em Casa 63
 prémios

EISA COLUNAS EISA DE MELHOR PREÇO 2017-2018

DALI SPEKTOR 6
É difícil que consiga encontrar umas colunas acessíveis melhores que estas. As
topo-de-gama da linha SPEKTOR da DALI disponibilizam um som grande e sério
graças à sua caixa ampla e sólida, disponível nos acabamentos preto e noguei-
ra, e a um conjunto de unidades activas de alta qualidade. O tweeter de cúpu-
la macia tem uma qualidade refinada para além do que é normal na sua gama
de preços, e as unidades duplas de médios-graves com cone de fibra de madei-
ra soam inesperadamente civilizadas, sem que renunciem a abanar o chão sem-
pre que necessário. Estas colunas acessíveis são inesperadamente divertidas e
fáceis de colocar na sala.
GRUPO DE ESPECIALISTAS DE HI-FI

DAC/AMPLIFICADOR PARA
AUSCULTADORES
PORTÁTIL EISA 2017-2018

RHA Dacamp L1
Esta jovem empresa está na berra com o seu primeiro amplificador de aus-
cultadores/DAC para uso portátil. É fornecido com todos os cabos necessá-
rios para poder ser ligado aos seus equipamentos digitais e está equipado
com entradas óptica digital e USB. Os audiófilos vão apreciar a saída balan-
ceada para auscultadores, para além do habitual jack de 3,5 mm, e o tem-
po de funcionamento de 10 horas quando alimentado pela bateria interna.
Os DAC’s ESS de alta qualidade disponibilizam um som vivo e detalhado, e a
sua robusta caixa de alumínio faz com que seja uma das mais elegantes pro-
postas do mercado. Esta é uma escolha formidável para quem ouve músi-
ca em movimento.
PRÉMIO CONJUNTO DOS GRUPOS DE ESPECIALISTAS DE HI-FI E DE EQUIPAMENTOS MÓVEIS

COLUNAS DE CHÃO EISA 2017-2018

Q Acoustics Concept 500

Os fabricantes de colunas com níveis de produção já razoáveis têm muitas
vezes dificuldades quando resolvem apontar mais para cima em termos da
gama de preços, mas esse não é o caso da Q Acoustics. As Concept 500 são
umas colunas de chão audaciosas que empregam altifalantes optimizados
em relação à caixa. Estas novas colunas bem elegantes estão disponíveis
em branco e negro de alto brilho ou numa variedade de folheados de ma-
deira. O singular tweeter harmoniza-se de maneira suave com as duas uni-
dades de médios-graves, as quais estão rigidamente fixadas à caixa forte-
mente reforçada de madeira de
camadas múltiplas. Estas colu-
nas têm um som que extravasa o
seu nível de preço, com uma per-
formance sónica neutra, embora
sempre musical.
GRUPO DE ESPECIALISTAS DE HI-FI

64 Audio & Cinema em Casa

 SET - OUT 2017 / 266

DAC/AMPLIFICADOR PARA AUSCULTADORES EISA 2017-2018

Pro-Ject Pre Box S2 Digital

Esta caixinha mínima prova que, pelo menos no mundo do áudio digital, menos po-
de ser mais. A sua longa lista de funções inclui ser um prévio completo e estar equipa-
do com os DAC’s mais recentes da linha Sabre da ESS na configuração duplo mono. Des-
te modo aceita tudo em termos de música digital, desde DSD512 até PCM a 768 kHz /
32 bit e pode mesmo descodificar ficheiros MQA. Componentes passivos de alta qualida-
de, um amplificador integrado para auscultadores e um pelotão de filtros digitais com-
pletam o quadro. Com uma natureza aberta e expressiva e uma versatilidade suprema,
o Pre Box S2 Digital soa muito para além do seu tamanho. Este é um grande produto Hi-
-Fi a um preço bem acessível.
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Audio & Cinema em Casa 65

prémios

EISA

GIRA-DISCOS HIGH-END EISA 2017-2018

ELAC Miracord 90
Para celebrar o seu nonagésimo aniversário a ELAC lançou um belíssimo gira-discos no-
vo. Este gira-discos artisticamente reimaginado amalgama valores tradicionais com um
design contemporâneo. O seu substancial chassis em MDF está disponível em genero-
sos acabamentos, constituindo uma firme fundação para um sólido gira-discos de trac-
ção por correia. O controlo electrónico de velocidade assegura uma rotação estável com
ajuste de passo, enquanto o braço de fibra de carbono inclui uma cabeça especialmen-
te desenvolvida em conjunto com a Audio Technica. Temos aqui um regresso em grande
por parte de uma das lendas do vinilo.

GRUPO DE ESPECIALISTAS DE HI-FI

66 Audio & Cinema em Casa

 SET - OUT 2017 / 266

GIRA-DISCOS «MELHOR VALOR» EISA 2017-2018

Pro-Ject Essential III Flexi-Range

Um degrau bem grande na escada acesso ao vinilo, a gama Flexi-Range da Pro-Ject tem
seis modelos diferentes que apelam a qualquer aspirante a fanático do vinilo. Desde o
valioso Essential III ao completíssimo Record Master – com controlo electrónico de velo-
cidade, andar de phono integrado, conversor A/D com saída USB – há sempre qualquer
coisa para qualquer um, incluindo um modelo com Bluetooth aptX. Cada gira-discos vem
equipado com uma cabeça Ortofon OM10, com um som bem melhor que a que equipava
o seu antecessor. Com opções de cores tais com vermelho, preto e branco, tem um esti-
lo bem à altura do seu belo som.

GRUPO DE ESPECIALISTAS DE HI-FI

Audio & Cinema em Casa 67

prémios

EISA

AMPLIFICADOR INTEGRADO EISA 2017-2018

GRUPO DE ESPECIALISTAS DE HI-FI
Hegel Röst
Não deixe que as elegantes proporções o iludam, porque temos aqui um amplificador de
som vibrante e que pode ser ligado a uma grande variedade de fontes. A tecnologia Sou-
ndEngine, patenteada pela Hegel, abre uma janela transparente sobre a música, ao mes-
mo tempo que disponibiliza uns sólidos 80 W que são suficientes para alimentar a gran-
de maioria das colunas. Tem um DAC interno com um belíssimo som e é compatível com
AirPlay e DLNA, bem como está equipado com uma entrada USB, de modo a que possa
tocar música directamente a partir da sua rede caseira. Uma ergonomia distinta faz com
que seja um prazer usá-lo, e o controlo por IP facilita a sua inserção numa estrutura com
domótica. E é bem bonito de se ver, disso não há dúvida.

68 Audio & Cinema em Casa

 SET - OUT 2017 / 266

AMPLIFICADOR «DE MELHOR VALOR» EISA 2017-2018

NAD C 338
A NAD é famosa pelos seus poderosos amplificadores que debitam energia a partir de
volumetrias razoáveis, mas o C 338 transporta a marca para uma nova dimensão. É o
primeiro amplificador a nível mundial com capacidades Chromecast integradas, fazen-
do streaming a partir da maioria dos serviços com o mero toque na aplicação. Apesar do
seu tamanho elegante, o amplificador de potência de classe D debita 50 W por canal e
temos disponíveis quase todas as entradas de que o seu utilizador pode precisar: desde
Bluetooth a entradas digitais óptica e coaxial, entradas phono MM e de linha. Contabili-
ze também a saída para auscultadores e nenhum outro se aproxima dele a este preço. GRUPO DE ESPECIALISTAS DE HI-FI

Audio & Cinema em Casa 69

prémios

EISA

INOVAÇÃO HI-FI EISA 2017-2018

Devialet Gold Phantom

GRUPO DE ESPECIALISTAS DE HI-FI
A «Gold» constitui uma importante evolução em relação à revolucionária coluna Phan-
tom, da Devialet. Está repleta de tecnologias inovadoras, incluindo um espantoso ampli-
ficador ADH com 4500 W de potência e gestão de graves SAM, e os altifalantes de gra-
ves laterais debitam graves com uma inacreditável extensão, enquanto o novo tweeter
de titânio reproduz agudos bem suaves. Em termos de conectividade inclui a compatibi-
lidade com AirPlay, Bluetooth e Spotify Connect, bem como está equipado com uma li-
gação Ethernet e uma entrada óptica digital. Nunca se integrou tanta inovação em Hi-Fi
numa proposta tão compacta e elegante.

70 Audio & Cinema em Casa

 SET - OUT 2017 / 266

COLUNAS DE SUPORTE EISA 2017-2018

Dynaudio Contour 20
Sendo umas colunas de suporte altamente conseguidas, as Contour 20 soam bem maio-
res do que o seu tamanho pode indicar. São as mais recentes de uma longa linha de colu-
nas de suporte da Dynaudio (cujas origens remontam ao início dos anos 80) e as primei-
ras a serem equipadas com o excelente tweeter Esotar2. Combinado com uma unidade
de médios-graves com cone MSP, ambos fixados a um espesso painel frontal de alumí-
nio, daqui resulta um som altamente emocional, com graves surpreendentemente pro-
fundos. As arestas arredondadas de uma caixa belamente acabada completam a pintura
com um elevado nível de requinte. GRUPO DE ESPECIALISTAS DE HI-FI

Audio & Cinema em Casa 71

prémios

EISA

LEITOR EM REDE MULTIROOM EISA 2017-2018

GRUPO DE ESPECIALISTAS DE HI-FI
Yamaha WXC-50
Apesar das suas reduzidas dimensões, este novo pré-amplificador sem fios é um
verdadeiro canivete suíço que cumpre uma vasta gama de funções. Funciona como
um streamer ou DAC/prévio individual e possui completas capacidades multiroom atra-
vés da tecnologia de streaming MusicCast, exclusiva da Yamaha. Esta tecnologia permi-
te fazer o streaming de áudio através de toda a casa, com o controlo a ser implemen-
tado de modo simples através de uma aplicação para telemóvel. O WXC-50 aceita tudo
desde 2DSD a ficheiros FLAC de alta resolução em paralelo com quase todos os servi-
ços disponíveis para audição de música. É uma solução acessível para se entrar na mú-
sica multiroom.

72 Audio & Cinema em Casa

 LISTA DE PRÉMIOS EISA 2017-2018
GRUPO DE ESPECIALISTAS DE HI-FI
COLUNAS SEM FIOS EISA 2017-2018
KEF LS50 Wireless
COLUNAS «DE MELHOR PREÇO» EISA 2017-2018
DALI SPEKTOR 6
COLUNAS MONITORAS EISA 2017-2018
Dynaudio Contour 20
COLUNAS DE CHÃO EISA 2017-2018
Q Acoustics Concept 500
AUSCULTADORES EISA 2017-2018
Denon AH-D7200
DAC/AMPLIFICADOR PARA AUSCULTADORES EISA
2017-2018
Pro-Ject Pre Box S2 Digital
GIRA-DISCOS «DE MELHOR VALOR» EISA 2017-2018
Pro-Ject Essential III Flexi-Range
GIRA-DISCOS HIGH-END EISA 2017-2018
ELAC Miracord 90
AMPLIFICADOR INTEGRADO EISA 2017-2018
Hegel Röst
AMPLIFICADODR «DE MELHOR VALOR»
EISA 2017-2018
NAD C 338
SISTEMA ESTÉREO HIGH-END EISA 2017-2018
Marantz SA-10 & PM-10
INOVAÇÃO HI-FI EISA 2017-2018
Devialet Gold Phantom
LEITOR EM REDE MULTIROOM EISA 2017-2018
Yamaha WXC-50
GRUPO DE ESPECIALISTAS DE CINEMA EM CASA
SISTEMA DE COLUNAS EISA PARA CINEMA EM CASA
2017-2018
Focal Sib Evo
RECEIVER EISA PARA CINEMA EM CASA 2017-2018
Yamaha RX-V483
BARRA SONORA EISA 2017-2018
LG SJ9
MELHORIA DE SOM PARA TV 2017-2018
Sonos PLAYBASE
HIGH-END PARA CINEMA EM CASA EISA 2017-2018
DALI PHANTOM S Series
SOLUÇÃO EISA PARA CINEMA EM CASA2017-2018
Denon HEOS AVR
SUBWOOFER EISA PARA CINEMA EM CASA
SVS PB16-Ultra
GRUPO DE ESPECIALISTAS DE TELEVISÃO E VÍDEO
TELEVISOR EISA PARA CINEMA EM CASA 2017-2018
Sony KD-65ZD9
TELEVISOR LCD EISA 2017-2018
LG 55SJ850V (EU)
SMART TV EISA 2017-2018
Samsung QE55Q7F
TELEVISOR OLED EISA 2017-2018
LG OLED65E7V (EU)
TELEVISOR EISA «DE MELHOR PREÇO» 2017-2018
TCL U55C7006
TELEVISOR OLED EISA «DE MELHOR PREÇO»
2017-2018
Philips 55POS9002
PROJECTOR EISA PARA CINEMA EM CASA 2017-2018
Epson EH-TW9300W
PRÉMIO CONJUNTO DOS GRUPOS DE ESPECIALISTAS
DE TELEVISÃO E VÍDEO E DE CINEMA EM CASA
LEITOR DE BLU-RAY UNIVERSAL EISA 2017-2018
OPPO UDP-203
LEITOR DE BLU-RAY EISA «DE MELHOR PREÇO»
2017-2018
Panasonic DMP-UB300/UB400 Series
GRUPOS DE ESPECIALISTAS DE FOTOGRAFIA
MÁQUINA FOTOGRÁFICA REFLEX EISA 2017-2018
Canon EOS 77D
MÁQUINA FOTOGRÁFICA REFLEX «PROSUMER»
EISA 2017-2018
Nikon D7500
MÁQUINA FOTOGRÁFICA REFLEX PROFISSIONAL
EISA 2017-2018
Canon EOS 5D Mark IV
MÁQUINA FOTOGRÁFICA DE SISTEMA COMPACTO
EISA 2017-2018
Fujifilm X-T20
MÁQUINA FOTOGRÁFICA DE SISTEMA COMPACTO
«PROSUMER» EISA 2017-2018
Sony α6500
MÁQUINA FOTOGRÁFICA EISA 2017-2018
Sony α9
MÁQUINA FOTOGRÁFICA COMPACTA EISA 2017-2018
Sony RX100 V
MÁQUINA FOTOGRÁFICA SUPERZOOM EISA 2017-2018
Sony RX10 III
MÁQUINA FOTOGRÁFICA PARA FOTO & VÍDEO
EISA 2017-2018
Panasonic Lumix DC-GH5
MÁQUINA FOTOGRÁFICA INSTANTÂNEA EISA
2017-2018
Fujifilm Instax SQUARE SQ10
LENTE REFLEX EISA 2017-2018
SIGMA 135mm F1.8 DG HSM | Art
LENTE REFLEX ZOOM EISA 2017-2018
Tamron SP 150-600mm F5-6.3 Di VC USD G2
LENTE REFLEX PROFISSIONAL EISA 2017-2018
Canon EF 16-35mm F2.8L III USM
LENTE EISA PARA SISTEMA COMPACTO 2017-2018
Sony FE 100mm F2.8 STF GM OSS
LENTE EISA PARA SISTEMA COMPACTO PROFISSIONAL
2017-2018
Sony FE 70-200mm F2.8 GM OSS
LENTE ZOOM EISA PARA SISTEMA COMPACTO
2017-2018
Olympus M.ZUIKO DIGITAL ED 12-100mm F4.0 IS PRO
INOVAÇÃO FOTOGRÁFICA EISA 2017-2018
Tamron 18-400mm F3.5-6.3 Di II VC HLD
MONITOR PARA FOTOGRAFIA EISA 2017-2018
EIZO ColorEdge CG2730
PRÉMIO CONJUNTO DOS GRUPOS DE ESPECIALISTAS
DE FOTOGRAFA E DE EQUIPAMENTOS MÓVEIS
SMARTPHONE COM CÂMARA EISA 2017-2018
Huawei P10
GRUPO DE ESPECIALISTAS
DE EQUIPAMENTOS MÓVEIS
MELHOR SMARTPHONE EISA 2017-2018
Samsung Galaxy S8/S8+
SMARTPHONE PARA CONSUMIDOR EISA 2017-2018
Honor 8 Pro
SMARTPHONE «DE MELHOR PREÇO» EISA 2017-2018
NOA Element H10le
AUSCULTADORES PORTÁTEIS EISA 2017-2018
JBL Everest Elite 750NC
COLUNA PORTÁTIL EISA 2017-2018
JBL Boombox
AURICULARES SEM FIOS EISA 2017-2018
Sennheiser MOMENTUM In-Ear Wireless
DISPOSITIVO PARA VESTIR EISA 2017-2018
Huawei Watch 2
LEITOR PORTÁTIL EISA 2017-2018
FiiO X5 3rd gen
PRÉMIO CONJUNTO DOS GRUPOS DE ESPECIALISTAS
DE HI-FI E DE EQUIPAMENTOS MÓVEIS
DAC/AMPLIFICADOR PORTÁTIL PARA AUSCULTADORES
EISA 2017-2018
RHA Dacamp L1
GRUPO DE ESPECIALISTAS DE CAR-AUDIO
AUTO-RÁDIO EISA 2017-2018
KENWOOD DMX7017DABS
LEITOR HD PARA AUTOMÓVEL EISA 2017-2018
Clarion NX807E
UPGRADE «SMART» PARA AUTOMÓVEL
EISA 2017-2018
Mosconi GLADEN RC-CAN
SUBWOOFER PARA AUTOMÓVEL EISA 2017-2018
GLADEN PRO 10
SUBWOOFER ACTIVO PARA AUTOMÓVEL
EISA 2017-2018
Pioneer TS-WX70DA
PROCESSADOR PARA AUTOMÓVEL EISA 2017-2018
Helix DSP.2
AMPLIFICADOR PARA AUTOMÓVEL EISA 2017-2018
Mosconi GLADEN PRO 5|30
INTEGRAÇÃO EM AUTOMÓVEL EISA 2017-2018
Hertz H8 DSP
SISTEMA DE COLUNAS PARA AUTOMÓVEL
EISA 2017-2018
Vibe Audio CVEN62C-V4
Audio & Cinema em Casa 73
música erudita

DON GIOVANNI ou Idomeneo?

S
eu nome completo poucos conhe- {Em vista dessa «crença», é possível nhor, acaba seduzido por lucros secundá-
cem: Johannes Chrysostomus Wolf- que os «classificadores» – em geral ho- rios…»
gangus Theophilus Mozart; ou sim- mens – considerem uma ópera que, em Porque Leporello é a própria memória
plesmente Mozart. Compôs em torno de quase toda sua totalidade é bufa, qua- de Don Giovanni… a cena entre ele e Do-
setecentas obras, algumas das quais per- se uma brincadeira, considerem-na uma na Elvira em a qual Mozart encaixou sua
didas, em especial seus seis trabalhos ini- obra-prima; Dr. Terra sutilmente especula: belíssima ária «Madamina! Il catalogo
ciais. Escreveu 24 óperas, e dessas, DON «Don Juan não é uma pessoa mas pode è questro» – uma das bonitas entre mui-
GIOVANNI é considerada sua obra-prima. estar nas pessoas, trespassá-las.» Enten- tas árias bonitas que Mozart compôs –, es-
{Com cuja avaliação e ou classifica- deram?} sa cena indica que Leporello é o duplo de
ção discordo; para mim ou para meu sa- Quase na totalidade da ópera atuam Don Giovanni.
ber «cismarento» quão metepsicológico, Don Giovanni e seu criado Leporello; se- § Sergio Terra explica: «A noção do du-
IDOMENEO, RE DI CRETA é a sua obra lírica gundo a análise do Dr.  Terra, «Leporello plo está presente a qualquer momento,
mais séria e densa e dramática e significa- representa o Ego de Don Juan, ora subme- em qualquer idade emocional… Criar du-
tiva, e nada bufa.} tido em servidão, ora companheiro de fo- plos é uma necessidade oral, canibalesca.
Segundo a visão psicanalítica do bra- lia, ora crítico e consequente e se, por duas É possuir o Desejo do Outro. Nesse senti-
sileiro Dr.  Sérgio Terra, «…  aglutinar Don vezes, realístico, quer se livrar de seu se- do, o narcisismo – visto como a vivência de
Juan [Don Giovanni/hm] como força do Id,
o criado como a instância mediadora do
Ego que se relaciona com a realidade, e o
Comendador como referência ético-moral
do Superego, cabe entender que tais per-
sonificações, fusionadas, realizam a perso-
nalidade humana e se auto-regulam, em
regime de interdependência.»
§ – Trocado em miúdos, quer isso dizer
que SOMOS TODOS personalidades mui-
tas, que se auto-regulam mas, nada obs-
tante, se interdependem. Ou seja: em nós
encontramos sempre um «Don Giovanni»
– aquela nossa parte considerada antiga,
digamos «masculina», crença arcaica «se-
gundo a qual o homem, ao possuir uma
mulher, temia perder sua energia interior,
sua alma, seu mana, sua imortalidade, por
isso que transferia a primeira noite para o
Tótem…» [conforme Sérgio Terra]. §

74 Audio & Cinema em Casa

 SET - OUT 2017 / 266

um duplo – necessita da imagem do Outro

para que o Eu invada o Tu, que confundido
pelo disfarce que lhe é lançado, se tome
pelo Eu e permaneça submetido, servindo
no plano inconsciente ao Eu.» §
Já o neurometapsicanalista brasileiro,
Dr. Victor Manoel Andrade, tem outra visão
do tal «duplo»: «… a estrutura psíquica com-
posta por ego, id e superego» une «os con-
ceitos de narcisismo primário [da onipo-
tência absoluta] e narcisismo secundário
[tentativa de recuperação da onipotência
perdida]».
Don Giovanni nada mais é, portanto,
do que o outro Don Giovanni que reside
em Leporello, e Leporello nada mais é que
o Don Giovanni que reside nele. Porque to-
dos somos na verdade «duplos»!
E quem «faz o papel» do Superego?
No enredo de Da Ponte é o pai de Donna
Anna, o Comendador, morto por Don Gio-
vanni; representado por sua estátua que qualidade dessa subalternidade: «Vossa Entretanto, quando foi chamado à Vie-
revive para CASTIGAR o devasso Don Gio- Reverendíssima Graça! Venerável Prínci- na para servir na Corte do novo imperador
vanni; mas tanto Giovanni, Leporello e Co- pe do Santo Império Romano! Magnânimo José II, em vez de Maestro Real foi tratado
mendador são a mesma pessoa: Mozart! Soberano e Senhor!» Enquanto se assina- como lacaio; nessa ocasião, e nessa humil-
Analisa Sergio Terra: «O Comendador va com humildade: «De Vossa Reverendís- de condição exclamou sua célebre frase:
se associa… numa fusão intrínseca, a Don sima Graça, meu magnânimo Soberano e «Eu não sabia que era um empregado do-
Giovanni, assim compondo… significações Senhor, obediente e atenciosamente, W. méstico…»
de interdependências. Relacionam-se por A. Mozart.» # Mas essa condição materialmente hu-
equivalências, confrontos e oposições; um ## Imagem dessa situação emocional milhante não abalou a «psicologia» de
dá sentido ao outro, entre condensações e está na carta que então escreveu ao pai, Mozart… porque, ora, porque ele estava
deslocamentos.» quando se lamenta: «Se eu toco ou se exe- em VIENA… e não em Salzburg; estava na
E conclui: «O Comendador, como guar- cutam alguma composição minha é como Capital e não no interior; estava na Metró-
dião da ordem social, zela pela proprieda- se a mesa ou se as cadeiras fossem os úni- pole e não na província; e essa situação
de privada, em cujo âmbito estão incluídas cos ouvintes presentes.» ## mexeu com seu narcisismo primário e fê-
as mulheres, esposas e filhas, vistas como {Daí a necessidade compulsiva de li- -lo evoluir.
posses de seus maridos e pais…» bertação consubstanciada na exagerada Idomeneo é, pois, o marco de ruptu-
Terra conclui sua análise: «Don Giovan- «permissividade» de Don Giovanni… que ra e de afirmação de Mozart. E o grande
ni evolui por um caminho transcendente. podia tudo, tudo! Nesses termos, Don Gio- sucesso que a ópera obteve, representou
Lida com uma ansiedade plural, inerente vanni fazia o «duplo» de Mozart…} uma virada na sua vida.
à natureza humana e é tal caráter que o
eleva acima do espetáculo de teatro ou de
música.»
E aqui reconheço que estou em off-si-
de; O Livro de Ouro da Ópera, de autoria
do apresentador das transmissões radio-
fônicas do Metropolitan de Nova York, Mil-
ton Cross, relaciona em seu livro 38 óperas
importantes; entre essas importantes, es-
tão quatro óperas de Mozart, mas entre as
de Mozart não está Idomeneo, Re di Creta;
além de Don Giovanni, estão as óperas bu-
fas de Mozart, Cosi Fan Tutte, Le Nozze di
Figaro e o cântico maçônico, Zauberflöte.
Ora, o sustentáculo histórico de Ido-
meneo – ópera criada em situação pessoal
do autor bastante oposta da vivida quan-
do compôs Don Giovanni – justifica e/ou
explica a grande diferença de conteúdo
«psicológico», e «operático», entre as duas
obras:
# em Don Giovanni, o compositor es-
tava em situação de subalternidade humi-
lhante, ele a serviço do príncipe-arcebispo
de Salzburg; e é a maneira bajulatória co-
mo se dirigia ao patrão que manifesta a

Audio & Cinema em Casa 75

teste

iFi Audio Pro iCAN

poder e versatilidade
Nuno Fraústo

M
ais uma vez me coube a tarefa
de dissecar um amplificador de
auscultadores e mais uma vez
convido os leitores da Audio a acompanha-
rem-me neste exercício.
A iFi é uma marca que faz parte do
portfólio da britânica AMR, esta uma mar-
ca presente no mercado há alguns anos e
com créditos bem firmados.
Lembro-me que o primeiro produto da
AMR que vi e ouvi, já lá vão uns bons anos,
foi um leitor de CD’s com o andar analógi-
co a válvulas, que na altura, e por ocasião
de um Audioshow, servia de fonte para
demonstrar alguns modelos da prestigia-
da marca japonesa de auscultadores elec-
trostáticos, a Stax.

76 Audio & Cinema em Casa


A impressão que o conjunto me deu
foi muito positiva, mas como desconhecia
por completo os componentes que inte-
gravam aquele, não fiquei com nenhuma
ideia do que cada um fazia e a qual dos
elementos se devia em primeira linha a
excelente prestação do que ouvi.
Em todo o caso, a fonte teria certa-
mente um importante papel no resulta-
do final, não fosse ela o começo de tudo
– embora para alguns, com alguma razão,
seja o disco, que é simultaneamente o ele-
mento mais fraco de um sistema de re-
produção, recordo a afirmação, proferida
numa conversa privada, por Pierre Lurné
precisamente neste sentido.
Mais tarde surgiram no nosso mercado
os pequenos produtos da iFi Audio: ampli-
ficadores de auscultadores; DAC’s e unida-
de de phono. Em todo o caso, eu nunca
tive oportunidade de ouvir nenhum, por is-
so cheguei às audições do iFi Pro iCAN sem
nenhum prejuízo formado sobre a marca;
o meu espírito encontrava-se «completa-
mente livre» para apreciar o equipamento
em teste – o que poderá ser uma vanta-
gem ou não…
II – Descrição
O Pro iCAN apresenta-se numa caixa em
alumínio, com um acabamento acetinado
bastante confortável ao toque, com rasgos
generosos para permitirem a dissipação
de calor, que aperta ao fim de algum tem-
po ligado, e cujos rasgos possibilitam aper-
cebermo-nos da luminosidade das válvu-
las e dos LED’s. Na parte superior da caixa
existe uma janela que nos permite vislum-
SET - OUT 2017 / 266
brar as duas válvulas incandescentes e que
nos transmitem uma sensação de que o
som deve ser «quentinho» – depois vere-
mos que é muito mais do que isso.
A caixa assenta numa «sapata» em
borracha, que impede que o equipamento
escorregue na superfície onde está insta-
lado e serve ao mesmo tempo de desaco-
plamento mecânico; no entanto, como o
Pro iCAN é bastante leve, é necessário ter
algum cuidado quando se fazem ligações
– devemos sempre segurá-lo com a outra
mão para evitar males maiores.
O painel frontal possui o logótipo da
marca, que se ilumina quando está ope-
racional e varia de cor de acordo com o
modo em que está operando; apresenta
todos os comandos das funções disponí-
veis, da esquerda para a direita: um botão
de On/Off; um enorme botão que selec-
ciona as entradas entre três RCA e uma
balanceada; um selector de graves (Off,
10 Hz, 20 Hz e 40 Hz – esta função aumen-
ta a resposta de graves nos auscultadores
ou nas colunas se estiver a ser utilizado co-
mo prévio, com toda a manipulação a ter
lugar no domínio analógico); um selector
que permite escolher o modo de funciona-
mento do amplificador entre estado sólido
– recorrendo a J-FET’s / tube / tube +; qua-
tro saídas para auscultadores (duas single-
-ended de 3,5  mm e 6,35  mm, e ainda
Audio & Cinema em Casa 77
teste iFi Audio Pro iCAN

duas balanceadas, XLR de três pinos – es-

querda e direita –, e XLR de quatro pinos);
botão de selecção do modo 3D (com três
níveis, mais uma posição para desligar);
selecção do nível de ganho (0 dB, 9 dB e
18 dB); e, por fim, o botão de generosas
dimensões para controlo do volume de au-
dição.
No painel traseiro encontramos: uma
entrada balanceada, três entradas RCA,
uma saída balanceada/XLR e uma RCA,
entrada para a alimentação e ainda uma
saída que permite alimentar outro equipa-
mento.
O circuito é integralmente balanceado,
o controlo de volume está a cargo de um
atenuador da Alps quádruplo e motorizado
(já que o Pro iCAN dispõe de um controlo
remoto por IR).
A qualidade da placa de PCB é de as-
sinalar; apresenta um layout irrepreensí-
vel e uma superior qualidade de execução.
O Pro iCAN utiliza duas válvulas da
General Electric 5670 – New Old Stock,
made in USA.
A alimentação é externa, não se en-
contrando nenhum transformador no inte-
rior do Pro iCAN, opção técnica dos seus
projectistas, mas que também contribui
para o seu baixo peso.
III – Audições
Para as audições o iFi Pro iCAN foi introdu-
zido no meu sistema residente, composto
pelos seguintes elementos:
Fontes:
• Digital: Accuphase DP 67 / Rega
Appolo R.
• Analógica: SME 20; braço SME V Gold;
Air Tigth PC 1; ASR Mini Basis.
Cabos:
• Entre o CD e o Pro iCan, ligação
balanceada Acrolink D 5000 / Kimber
Select KS 1130
• Entre o prévio de gira-discos
e o Pro iCAN, Kimber Select KS 1030
• Corrente para todos os equipamentos:
Acrolink 6N-P4030
• Alimentação da régua Nordost Brahma
Alimentação:
• Régua da Quantum QRT QB4
Auscultadores:
• Sennheiser HD 800
• Grado GS 1000
• AKG K-701
Passando às audições, o equipamento
em teste felizmente já chegou às minhas
mãos «rodado» o que dispensou aquele
período intragável, à espera que chegue
ao «ponto», por isso não tenho que me
queixar neste particular; foi chegar, de-
sembalar e «dar fogo à peça», e que pe-
ça…
Primeira questão a realçar é a ca-
pacidade de driving deste amplificador;
não devem existir no mercado nenhuns
auscultadores do tipo dinâmico que o Pro
iCAN não consiga conduzir, mesmo os fa-
mosos AKG K 1000, que por vezes eram
ligados à saída de amplificadores de po-
tência, tal era a exigência destes bichos
em matéria de alimentação.
Com efeito, por mais difíceis que se-
jam os auscultadores que o utilizador quei-
ra ligar, o Pro iCAN estará certamente à
altura e responderá com serenidade e vo-
luntarismo.
Esta capacidade de ataque está inti-
mamente associada a uma elevada di-
nâmica – quer no ataque à nota, quer na
velocidade de resposta aos transitórios. Es-
ta resposta é executada com uma tranqui-
lidade tal que aquele nunca foi apanhado
em falso, nunca se embrulhou, nem nunca
o som saiu «empastado» ou pouco defini-
do em situações em que muitos amplifica-
dores claudicam.
Usei o Pro iCAN com um leque bas-
tante variado de peças musicais: jazz, ro-
ck, barroco e clássica, sem que possa, em
consciência, dizer em qual dos géneros o
amplificador se mostrou mais à vontade.
Em todos os géneros musicais ensaia-
dos manifestou sempre uma competência
e versatilidade que fazem deste produ-
to da iFi Audio tanto uma ferramenta de
estúdio (faceta que aliás terá estado na
mente dos seus projectistas), como um
acessório indispensável para as audições
domésticas dos amantes de música, que,
tal como eu, não têm preconceitos relati-
vamente aos auscultadores.
No que respeita aos modos de funcio-
namento do amplificador preferi o Tube+.
Embora este seja aveludado e refinado co-
mo o modo Tube, apresenta ainda assim
uma maior resolução da informação ao ní-
vel dos detalhes e revela-se mais entu-
siasmante na apresentação musical. Talvez
se possa afirmar que tem uma sonorida-
de mais cativante, pelo menos para o meu
gosto. Aqui o crítico deveria afastar-se das
suas preferências pessoais e ser o mais ob-
jectivo possível, mas todos sabemos que
isso de apreciações assépticas são utopia
e, mesmo que não fossem, seriam sempre
exercícios desinteressantes.
O modo de funcionamento que menos
me seduziu foi o estado sólido; achei-o se-
guro, resolvido, mas sem a graça dos ou-
tros dois, mas, lá está, é o meu gosto e a
minha opinião – por isso o conselho que
dou é que ouçam com os vossos ouvidos
se ficaram interessados no equipamento.
Preferi a entrada balanceada à single-
-ended, embora esta apreciação não se-
ja completamente rigorosa, na medida em
que não consegui recriar condições iguais
para as duas, ou seja, não dispus de cabos

78 Audio & Cinema em Casa


de interligação iguais com terminações di-
ferentes. Mesmo os Kimber, o KS 1130 não
é igual ao KS 1030; embora dentro da fa-
mília Select pertençam à mesma estirpe
– condutores de prata – a construção dos
dois cabos não é igual.
A funcionalidade holograma 3D para
auscultadores, ao que parece, não se ba-
seia num simples padrão de sinal cruzado.
No entanto, como o fabricante não adianta
muito sobre a sua implementação, a nos-
sa tarefa é ingrata, e eu pouco poderei di-
zer sobre o seu funcionamento. Em todo
o caso, esta não foi a funcionalidade que
mais me entusiasmou no Pro iCAN, embo-
ra reconheça que contribui para alargar a
«imagem» criada, se é possível falar em
imagem nas condições de audição propor-
cionadas por auscultadores.
O X Bass, produz um reforço da res-
posta em baixa frequência, que em alguns
casos poderá dar jeito, principalmente
quando estamos a utilizar auscultadores
excessivamente secos, mas o ideal é es-
colher transdutores adequados, nomea-
damente ao nosso gosto, e não lançar
mão de correcções ao nível da manipula-
ção excessiva do sinal que, por isso, nun-
ca deixam de ser artificiais, embora aqui
também reconheça que esta funcionalida-
de poderá ser útil.
Das audições que tive oportunida-
de de fazer durante o longo período que
o Pro iCAN passou no meu sistema resi-
dente, concluí que se trata de equipamen-
to bem equilibrado na reprodução tímbrica
dos instrumentos e das vozes; tudo me pa-
receu bastante natural.
O Pro iCAN mostrou boa extensão de
agudos, agradáveis e sem qualquer nota
de agressividade, uma gama média cheia
e articulada, principalmente no modo Tu-
be+, que me deixou rendido e que teve o
seu ponto alto na reprodução de coros nas
peças de música sacra e na sonoridade das
orquestras de cordas do período barroco.
A resposta em baixa frequência é de
muito bom nível, com um baixo resolvido
e bem articulado, permitindo aos auscul-
tadores, que possuem amplitude suficien-
te neste particular, mostrar todas as suas
habilidades.
Como já tinha acontecido com o tes-
te do Luxman Pu 700 preferi os Grado GS
1000 às outras opções de que dispus –
Sennheiser HD 800 e AKG K-701 – mas esta
minha obsessão pelos Grado se calhar tem
pouco que ver com os amplificadores de
auscultadores mas antes com os próprios.
Gostei bastante da prestação do Pro
iCAN com a fonte analógica, embora acabe
por perder um pouco em relação à fonte
SET - OUT 2017 / 266
digital, devido ao facto de ter que proce-
der em exclusivo à ligação single-ended,
já que a minha unidade de phono, a ASR
mini Basis, não oferece outra possibilida-
de.
Conclusões
A iFi Audio conseguiu com este produto da
sua linha Pro o que se designa por «dois-
-em-um», uma ferramenta para utilização
em estúdio por profissionais e, em simul-
tâneo, um equipamento que vai ao en-
contro dos desejos dos audiófilos que ca-
da vez mais procuram elevar a audição de
música com auscultadores a patamares de
excelência.
Recomendado sem reservas, não só
pelas qualidades demonstradas, mas tam-
bém pela versatilidade difícil de igualar.
Amplificador de auscultadores
iFi Audio Pro iCAN
Preço 1950 m
Representante Smartaudio
Telef. 211 944 015
www.smartaudio.pt
Audio & Cinema em Casa 79

Sistema MBL
A música
que envolve
Rui Nicola
N
ão acontece muito frequentemen-
te, mas foi de uma forma distendi-
da e compassada que o trio de pe-
ças alemãs da MBL chegou a minha casa
para audição. Primeiro veio a electrónica,
com o amplificador integrado C51 e o lei-
tor de CD C31. As primeiras duas peças em
branco que recebi, com acabamentos li-
geiramente diferentes. Uns bons dias mais
tarde, completou-se o conjunto para tes-
te tendo chegado um par de colunas 120,
igualmente em branco.
Com o passar do tempo, revelou-se
feliz esta cadência de entrada, uma vez
que permitiu acompanhar com mais deta-
lhe cada uma das peças que foram sendo
introduzidas e ir substituindo os compo-
nentes do meu sistema de reprodução de
áudio doméstico. Esta abordagem «pas-
so a passo» ajudou a perceber o impac-
to de cada um dos elementos do conjunto
da gama de entrada desta marca alemã, a
linha Corona. De facto, esta sequência re-
velou-se menos traumática do que a alter-
nativa usada em vários testes anteriores:
ouvir o sistema completo em teste e de-
pois ir repondo ou trocando gradualmente
os componentes pelas peças do meu siste-
ma doméstico, para perceber as diferenças
que as várias peças produzem. Posso dizer
que foi menos traumático, pelo menos, até
ao dia em que o sistema foi levado pelo
representante, a Ajasom. Mas já lá vamos.
Descrição
O conjunto em teste destaca-se, num pri-
meiro momento, pelo seu aspecto luxu-
riante. Por comparação com outros aca-
bamentos que vi, estas peças em branco
exibem um desprendimento e arrojo es-
tético que transmite um aroma a peças de
selecção por todos os poros. Olhada como
um todo, e como é habitual, a electrónica
segue um perfil bem mais consensual, fi-
cando para as colunas a proeminência e o
principal papel no plano da afirmação es-
tética. No meu caso pessoal, como não me
inibo de colocar as colunas no lugar da sala
de estar que mais potencia o seu desem-
penho musical, também valorizo a forma e
o seu contributo para o bem-estar familiar
SET - OUT 2017 / 266
e social. Devido ao altifalante
radial e à sua tela de protec-
ção, as MBL 120 apresentam
um desenho longe do usual
e tornam-se objecto de apre-
ciações mais extremadas. Co-
mo acontece com qualquer
objecto de arte, esta é a si-
na das peças mais marcantes.
Em termos de funcionalida-
des, estas peças da série Co-
rona são do mais intuitivo de
se utilizar de que tenho me-
mória. E, neste caso, isso não
é sinónimo de um menor le-
que de opções. É muito sim-
ples ligar o conjunto para
transmissão de ficheiros de
áudio, como tantas vezes é
útil quando o sistema assu-
me um papel de elemento de
fundo para pontuar os conví-
vios. Quer a organização dos
menus, quer a disposição das
entradas e dos botões, seja
no equipamento, seja no co-
mando remoto, levam a que
nos esqueçamos de que esta-
mos a lidar com um equipa-
mento novo. Quando tudo flui
e não damos por hesitações
para realizar as operações
que pretendemos, a respos-
ta sobre o sucesso do design
funcional está dada.
Quanto a argumentos técni-
cos, e de um modo muito sin-
tético, o amplificador integra-
do C51 debita 180 Watt por
canal a 8 Ohm e 300 Watt a
4 Ohm, com base num design
electrónico denominado LASA
(Linear Analog Switching Am-
plifier). Trata-se de um equi-
pamento que opera em clas-
se  D e que utiliza na secção
de pré-amplificação um siste-
ma de controlo analógico de
volume que recorre a um po-
tenciómetro motorizado. Já o
C31 é bem mais do que um
leitor de CD. É quase um all-
-in-one em termos de fonte
Audio & Cinema em Casa 81
teste MLB
sonora, com um conversor digital/analó-
gico 24 bit / 96 kHz que permite entradas
USB, Toslink, S/PDIF, RCA e XLR (balancea-
das). Segundo a marca, o desenho tecno-
lógico do C31 permite um desempenho
optimizado em termos de jitter, de filtra-
gem e de relógio. Por último, as MBL 120
são colunas monitoras omnidireccionais de
três vias, com altifalantes médios e twee-
ter radiais, fabricados em fibra de carbo-
no, e dois woofers de alumínio, monta-
dos numa configuração push-push, que se
inserem numa caixa de alumínio. Com os
suportes, de modelo patenteado, há uma
maior integração estética e funcional, per-
mitindo a opção de conectar os cabos de
coluna em duas fichas situadas ao nível do
chão. As colunas têm uma sensibilidade de
82 dB e operam a 4 Ohm, assegurando lo-
go à partida que necessitam de comando
com energia e pulmão.
Durante a estadia em minha casa a
electrónica da MBL substituiu o residente
Lyngdorf TDAI 2200 e o Lyngdorf CD-1, ten-
do sido ligada a um gira-discos da Thorens
modificado pelo Rui Borges com uma célu-
la Gold Note Boboli e braço Linn Akito. Uti-
82 Audio & Cinema em Casa
lizou-se ainda uma ligação óptica a uma
Airport Express para passagem de fichei-
ros em streaming. A energia e as interli-
gações ficaram à responsabilidade de uma
PS Audio Power Plant Premier e da cabla-
gem da gama Heimdall da Nordost, res-
pectivamente.
Audições
Na primeira fase de audições, a electrónica
da MBL esteve ligada às residentes Sonus
faber Guarneri Memento. E não será exa-
gerado dizer que a sua entrada no sistema
se fez ouvir e sentir de um modo que ape-
nas se pode classificar de surpreenden-
te. Estas Sonus Faber não são propriamen-
te colunas fáceis de comandar, mas não
só o amplificador não demonstrou qual-
quer resquício de inibição neste campo,
como as colocou literalmente em sentido
e a mexer com outra desenvoltura. Após
as primeiras audições recordei-me de um
treinador que chegou aos comandos de
uma grande equipa de futebol e afirmou
logo de início que, com ele, «a equipa iria
jogar o dobro». Os ganhos em dinâmica,
o crescimento em corpo e na energia que
se fazia sentir ao longo da escala de fre-
quências fizeram-me pensar sobre se es-
taria perante um caso de doping no mun-
do audiófilo. O efeito do C31 também foi
evidente, a apresentação tornou-se mais
clara e «esclarecida», com um palco sono-
ro mais definido e benefícios inequívocos
na transparência e resolução da cena mu-
sical. O som ficou mais recortado, ágil, sol-
to e, ao mesmo tempo, bem temperado e
denso. Em suma, sem nenhuma das quei-
xas habituais das topologias em classe D,
as Sonus faber pareciam ter ganho uma
nova vida. Diria que ter-se-iam convertido
de modo instantâneo ao crossfit e exibido,
no imediato, os seus efeitos. E quantos de
nós não gostaríamos disso?
Com a chegada das MBL 120 tudo mu-
dou. Saem as rejuvenescidas Guarneri Me-
mento, com o seu romantismo revisto e
modernizado e entra um par de colunas
radiais de três vias que disparam para to-
dos os lados (literalmente). Após a mon-
tagem e colocação das 120 pelo António
Almeida e o Nuno Cristina o panorama fi-
cou claramente distinto, quer cénica, quer
musicalmente. Graças aos seus altifalantes

radiais a música respira por toda a sala de
um modo aberto, solto e vivo. Um pouco à
semelhança do que acontece quando pas-
samos de colunas de «caixa» para colunas
de painel, também neste caso rapidamen-
te se percebe que estamos perante todo
um mundo novo, uma abordagem com-
pletamente distinta e que nos mergulha
num período de estranheza e de admira-
ção.
Recalibrados os sentidos e dando o
necessário tempo às audições, o que se
apurou foi uma apresentação musical ho-
lográfica, com corpo e densidade quase
palpáveis. Sem dúvida alguma, há uma
integração muito bem conseguida en-
tre a tecnologia radial e os woofers late-
rais. A sonoridade apresentou-se solta,
limpa, livre, e durante a audição ficámos
com aquela sensação que temos quando
nos deitamos numa cama bem feita com
lençóis lavados: conforto. Quando o re-
gisto musical é de elevada qualidade tu-
do flui, tem vida e é credível na ilusão de
nos transportar para o momento funda-
dor da cena musical. Ao mesmo tempo, e
quase paradoxalmente, o sistema revela
SET - OUT 2017 / 266
não ter qualquer contemplação em mos-
trar a qualidade da informação que está
a reproduzir e mostra-se pouco perdulá-
rio face a registos menos bem gravados.
O famoso garbage in, garbage out («lixo
entra, lixo sai») aplica-se aqui sem quais-
quer complexos. Sei que este facto pode
deixar o nariz torcido a quem aprecie cer-
tos álbuns, bandas ou estilos musicais que
não primem pela qualidade na gravação e
produção dos registos musicais. Mas fica a
pergunta: afinal, não é alta-fidelidade que
se pretende?
Como é apanágio dos testes a siste-
mas que geram entusiasmo, as audições
percorreram temas e estilos tão diversifi-
cados como as músicas So Sorry e 1234
do álbum Reminder, de Feist, todo o Ca-
fé Blue, de Patricia Barber, a panóplia de
perspectivas de análise que proporcio-
na o Ultimate Resolution Demonstration
Disc da KEF, o fabuloso Something Else de
Cannonball Adderley… Sobre este último
álbum tenho de particularizar: ouvir instru-
mentos de sopro com este sistema é algo
«do outro mundo». Tudo conta na quali-
dade do desempenho do sistema, mas
Audio & Cinema em Casa 83
teste MLB

a tecnologia radial das MBL 120 levou a à capacidade dinâmica, à transparência, o preço reflecte adequadamente essa ca-
que este álbum tivesse tocado vezes sem resolução e fluidez no desempenho des- racterística. Como dizia a Claudia Schiffer
conta durante a estadia deste sistema em te conjunto alemão. Uma qualidade des- num anúncio automóvel: – It’s a German.
minha casa. E para minha felicidade e in- te nível numa gama de entrada é obra, e Em todos os sentidos.
felicidade (a vida é assim), aquela repro-
dução ficou indelével na minha memória.
Nestes temas e noutros, esta propos- Sistema estéreo MBL
ta assegura-nos uma apresentação com
Colunas MBL 120
desenvoltura e dinâmica, com punch e
escala. No excelente Friday Night in San Desenho Coluna de 3 vias, radiais
Francisco com o incomparável trio Al Di Resposta em frequência 49 a 20.000 Hz
Meola, McLaughlin e Paco de Lucia, as gui-
tarras soam ainda mais rápido, roçando as Sensibilidade 82 dB
fronteiras da surrealidade, em particular Impedância nominal 4 Ohm
para alguém que, como eu, já tentou «ar-
Peso 29,9 kg
ranhar as cordas» de uma guitarra. Os MBL
envolvem com uma sensação de natura- Acabamentos Piano-preto/cromo, branco/cromo, prata ártico/cromo,
lidade e familiaridade do piano, potência preto/ouro, branco/ouro
e segurança do baixo e com uma projec- Preço 18.800 m
ção das vozes em contexto orquestral, com
fluidez e sem áureas ou ênfases espúrias. Amplificador integrado MBL C51
Tudo isto «servido» com uma espacialida- Potência 180 Watt por canal a 8 Ohm e 300 Watt a 4 Ohm
de sem restrições em profundidade e lar-
Entradas 5 RCA e 1 XLR
gura.
Saídas RCA
Notas finais Peso 23 kg
Com este sistema de reprodução de áudio,
a MBL apresenta não um mas quatro sta- Acabamentos Preto/palinux, preto/ouro, branco/palinux, branco/ouro
tements. Cada peça constitui, por si pró- Preço 8.800 m
pria, uma afirmação de qualidade e com-
Representante Ajasom
petência. O amplificador integrado C51, o
leitor de CD C31 ou as colunas 120, são Leitor de CD C31
propostas que têm argumentos e valias Entradas S/PDIF, TosLink, USB
autónomas e que merecem a atenção de
quem procura uma aposta segura para op- Saídas Analógico: RCA, XLR, digital: S/PDIF
timizar o seu sistema de som, através da Peso 14,7 kg
troca de um ou dois componentes. São
Acabamentos Preto/palinux, preto/ouro, branco/palinux, branco/ouro
inequivocamente três afirmações de força
que valem por si. No entanto, se for possí- Preço 7.300 m
vel reunir o conjunto, as sinergias são por Representante Ajasom
demais evidentes e asseguram um pata-
mar elevado de fruição musical. É impossí- Telef. 21 464 87 09
vel ficar indiferente à envolvência sonora, Web www.ajasom.net

84 Audio & Cinema em Casa

 SET - OUT 2017 / 266
reportagem

High-End Show
de Munique,
parte 2
O vinilo em toda
a sua glória
Jorge Gonçalves

P
ublicada a primeira abordagem a este impressionante show
de áudio de alta qualidade, muito ficou ainda por dizer, mas
claro que nunca seria possível dizer tudo sobre a enorme
variedade de produtos que é possível encontrar nesta verdadeira
Babel do high-end. Mas, se há área do áudio que é quase reve-
renciada na Alemanha, essa será sem dúvida a da reprodução de
discos de vinilo, com uma enorme quantidade de fabricantes lo- 1
cais a marcarem posição no show de Munique. E isto quer sob a
forma de espaços próprios de exposição, quer em conjunto com
outras marcas, o que fará com que, quase seguramente, a exten-
são desta segunda parte da reportagem da minha excursão pe-
lo show da capital da Baviera seja algo mais alargada do que ini-
cialmente pretendia. Mas tive a possibilidade de ver tantos e tão
belos gira-discos, bem como uma grande variedade de acessó-
rios para vinilo, que mal ficaria não deixar aqui uma boa amostra
de todas essas belezas. Passemos então ao que interessa, nova-
mente seguindo o mais possível a ordem alfabética das marcas.

1 A 440 Audio é uma marca checa de gira-discos que começou

recentemente a sua actividade. Este é o modelo G3 Exclusive,
disponível numa grande variedade de acabamentos e com um
imponente prato em acrílico com um peso de cerca de 8 kg.
2 Tudo no Acoustic Signature Invictus é em grande: pode aceitar
quatro braços, os quais assentam sobre uma estrutura de latão
com 54 módulos de silenciamento, e o prato é accionado a par-
tir de nada menos de seis motores. O peso total do gira-discos é
de 143 kg, com a mesa dedicada a pesar 168 kg! 2

Audio & Cinema em Casa 85

reportagem High-end show Munique

3 E, já que falamos em gira-discos imponentes, que

tal o Acoustical Systems Apolyt, a obra-prima de
Dietrich Brakemeier? O veio do prato de 50 kg,
o qual é accionado por dois motores, apoia-se
numa almofada de ar e toda a estrutura foi
desenhada com base no método de análise de
elementos finitos para cancelar todo o tipo de
vibrações. A marca apresentou ainda o andar de
phono a válvulas Evocator, com quatro entradas
(RCA e balanceadas) e duas saídas e todo o tipo
de ajustes possíveis e imagináveis. O preço? Um
pouco menos de 50.000 €!
4 A Allendale Cavitek é uma máquina de limpeza
de discos por ultra-sons que funcionam a uma
frequência de 40 kHz, e utiliza também um
banho termostaticamente aquecido. O sistema
de suporte e rotação do disco resulta de uma
modificação do que é utilizado pelo fabricante
3 4 nas suas máquinas de limpeza de instrumentos
cirúrgicos.
5 Audio Exlusiv Referenz, com chassis em már-
more e veio invertido de fabricação especial em
material cerâmico revestido com um composto
absorsor de ressonâncias. O prato é de metalocri-
lato cuidadosamente afinado e temperado.
6 Já bem conhecida dos leitores da Audio &
Cinema em Casa, não só a partir da presença
no último Audioshow, como ainda pelo teste
publicado na edição n.º 265, a AMG apresentou
a versão jubileu do gira-discos Giro, limitada a
apenas cinco peças, com chumaceira hidrodinâ-
mica, motor controlado por oscilador de quartzo
e base de alumínio aeronáutico, na sua já famosa
cor azul. O preço por unidade equipada com o
braço de 9 polegadas é de 22.945 €.
7 O Audio Deva Sfera é um gira-discos indubitavel-
5 mente original, uma vez que não tem prato. Claro
que quase obrigatoriamente teria de ser italiano,
e o plinto quase esférico onde se coloca o disco
é de alumínio de alta qualidade da Alcoa, com
a referência Anticorodal, sendo o veio de apoio
fabricado a partir de alumínio ERGAL.
8 Como já referido brevemente na primeira parte
desta reportagem, a AVID, para além de ter
ampliado recentemente as suas instalações,
apresentou a versão Mono SP do gira-discos
Acutus Reference, bem como nada menos de
três braços de formato bem original, o Oxytone,
o Barytone e o Paraxytone. O primeiro é o
topo-de-gama e, tal como os outros dois, recorre
a impressão 3D para o tubo de titânio como uma
peça única. O sistema de prisão do braço facilita
o ajuste do VTA enquanto os discos estão a tocar.
6

7 8

86 Audio & Cinema em Casa


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13
9 A Bergmann tinha como principal novidade o
braço tangencial Odin com suspensão a ar e tubo
duplo, com material de amortecimento entre as
duas partes. O cabo de ligação à cabeça é uma
peça única entre esta e a ficha de ligação DIN,
e o contrapeso está igualmente desacoplado do
braço.
10 O Cantano W tem uma base de ardósia envolvida
por uma moldura de madeira preciosa, sendo o
prato de grafite de alta qualidade assente num
subprato de alumínio anodizado, trabalhado ao
torno com uma precisão de 0,01 mm. Estava
equipado com o braço Cantano T, de 12 polega-
das, com tubo de titânio.
11 O Clearaudio Concept Active é uma proposta
muito interessante, pois, para além do gira-discos,
inclui um prévio de phono e um amplificador de
auscultadores de alta qualidade. O gira-discos
tem três velocidades (33, 45 e 78 rpm) e o
chassis é de madeira altamente comprimida.
12
14
12 DE BAER Saphir. A construção é muito sofisti-
cada, começando pelo facto de o apoio do veio
do prato e da base do braço serem ligados ao
chassis por esferas de aço temperado, desaco-
pladas em cinco pontos de modo a definir uma
superfície de contacto mínima e um desacopla-
mento óptimo. O motor é de corrente contínua
e a estrutura global utiliza nada menos de 138
peças independentes. A alimentação pode ser
opcionalmente a baterias. O braço aqui utilizado é
o ONYX, igualmente da DE BAER.
13 Este era, sem sombra de dúvida, o gira-discos
mais complexo em termos de engenharia que
estava presente em Munique este ano. De
facto, o Derenville Modulaire Mk III é algo de
surpreendente, ao combinar uma base de Corian
com um prato de 23 kg construído a partir de
três camadas de materiais diferentes e com
suspensão magnética. Pode aceitar quatro braços
e todo o funcionamento pode ser controlado por
computador através de uma interface que permite
SET - OUT 2017 / 266
15
ajustar uma vasta quantidade de parâmetros, isto
caso o braço seja o DTT-01C, do tipo tangencial,
como acontece no caso vertente. O preço do
conjunto anda muito próximo dos 650 mil euros e,
embora o nome seja francês, o desenvolvimento e
a fabricação têm lugar na Alemanha.
14 Mais um exemplo impressionante de gira-discos,
este sim, francês. No seu desenvolvimento foram
tidos cuidados extremos com a minimização
de vibrações em termos de as escoar para um
receptáculo o mais maciço possível, neste caso,
o solo. O accionamento do prato, de alumínio
sólido e com mais de 20 kg, tem lugar através de
uma correia toroidal que liga a um potente motor
síncrono, alojado num cilindro de latão fixado a um
suporte em alumínio maciço.
15 O Fozgometer é um acessório muito útil que,
em conjunto com um disco de teste apropriado,
permite ajustar o azimute e medir a separação e o
equilíbrio de canais de uma cabeça de gira-discos.
Audio & Cinema em Casa 87
reportagem High-end show Munique
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16 Esta é a mais recente versão do DeMag, da Furu-
tech, um acessório para tratamento de discos de
vinilo.
17 O gira-discos Genuin Drive utiliza a tecnologia
das barras de torção, em número de três, para
implementar a suspensão. Cada uma das barras é
sintonizada para a frequência idêntica à frequên-
cia de ressonância do subchassis, fabricado a
partir de alumínio esponjoso. O motor está igual-
mente fixado ao subchassis através de material
altamente absorvente para eliminar as vibrações,
e a fonte de alimentação deste é externa.
18 Mais uma máquina de lavagem de discos, esta
bem sofisticada. Trata-se de uma proposta da
Hanl, designada Aragon ELB, e que utiliza um
líquido próprio de limpeza, extraído posteriormen-
te da superfície do disco através de um sistema
de vácuo.
19 Kondo Audio Ginga. Tem uma base feita de seis
materiais principais que vão desde aço para
armas, latão, aço inoxidável, cobre e acrílico ao
alumínio. O motor de quatro pólos é accionado
88 Audio & Cinema em Casa
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a partir de um gerador electrónico que sintetiza
duas tensões em oposição de fase. O apoio do
braço está sobredimensionado e utiliza um óleo
especial. O prato de alumínio tem a parte superior
em vidro.
20 Louis Desjardins tem sempre algo especial para
nos surpreender e este ano, para além da fonte
de alimentação especial para o Kronos Pro, tinha
o primeiro protótipo de um prévio de phono
com amplificação a válvulas (dois duplos tríodos
12AX7 por canal) e transformadores elevadores
na entrada, para o caso das cabeças MC. A fonte
de alimentação é externa e o nível de silêncio e a
precisão da reprodução de detalhes, de que me
pude aperceber numa audição privada, são algo
que merece ser ouvido.
21 Este era um dos grandes chamarizes do show,
tão forte que tive que esperar algum tempo para
conseguir tirar umas fotos. O nome Mag Lev dirá
seguramente algo a muitos leitores, recordando
o comboio de suspensão magnética que bate
permanentemente recordes de velocidade. Neste
caso a empresa é eslovena, chama-se MAG-LEV
Audio e lançou um gira-discos cujo prato está
fisicamente suspenso no ar enquanto o disco
toca, com base na acção de um conjunto de
electroímanes. Não há dúvida de que ficam assim
resolvidos muitos dos problemas associados às
suspensões e ao controlo de vibrações e existe
mesmo um conjunto de automatismos que
assegura um funcionamento quase automático:
a agulha posiciona-se automaticamente sobre o
disco e regressa à posição original terminada a
reprodução de cada um dos lados do disco de
vinilo. O fabricante previu ainda os problemas que
poderiam ocorrer perante uma falha de energia
e providenciou um conjunto de pés que sobem
automaticamente e assentam sobre a parte infe-
rior do prato, com a alimentação de emergência
assegurada através de uma fonte UPS alimentada
a baterias. Para já, estes surpreendentes gira-dis-
cos estão apenas disponíveis por pré-encomenda
em: www.indiegogo.com/projects/mag-lev-audio-
-the-first-levitating-turntable-vinyl#/

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28
22 O Mark Levinson Nº 515 estava finalmente
disponível em produção definitiva. É fabricado
sobre encomenda pela VPI, por isso não admira
que venha equipado com o braço produzido por
uma impressora 3D recentemente lançado por
aquela marca. O chassis é constituído por uma
sanduíche de alumínio e MDF recoberta por uma
camada de vinilo, e o prato de liga metálica é
accionado por três correias a partir de um motor
síncrono.
23 A Nagaoka é um prolífico fabricante de acessó-
rios para vinilo de praticamente todos os tipos,
desde capas para discos de altíssima qualidade, a
escovas de limpeza, cabeças de leitura e agulhas
para cabeças.
23
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24 A Nessie fez uma excelente demonstração do
funcionamento das suas máquinas de limpeza
de discos, apresentando num ecrã a superfície
dos discos altamente ampliada antes e depois de
terem sido sujeitos a uma operação de limpeza.
25 Um outro fabricante, a Nippon Precision Jewel,
mostrou aos visitantes como se coloca uma agu-
lha no cantilever, uma operação extremamente
delicada e para a qual é fundamental a utilização
de um microscópio.
26 A Origin Live lançou nada menos de três braços
no show, com os nomes Invincible, Renown e
Agile. As especificações ainda não estavam (nem
estão) disponíveis, por isso limito-me a apresentar
o Enterprise aqui ilustrado, este já em produção.
SET - OUT 2017 / 266
27 O Primary Control Kinea é um gira-discos com
prato de accionamento directo (direct-drive)
através de um motor de induzido com núcleo de
ar e sem escovas, o qual possibilita um tempo de
arranque de 5 segundos. A alimentação do motor
tem lugar através de um módulo electrónico com
ajuste fino de velocidade e binário, e a placa do
braço aceita dimensões de braço desde 9 a 13
polegadas. É possível ter opcionalmente uma
velocidade de 78 rpm.
28 Para além das diversas versões do Essential III,
a Pro-Ject tinha em exposição este magnífico
modelo comemorativo dos 175 anos da Filar-
mónica de Viena. Na sua construção é utilizada
exclusivamente madeira do tipo empregue na
fabricação de instrumentos musicais, com o
chassis a ser revestido com verniz de violino. Ao
mesmo tempo, as gravações no metal do chassis
baseiam-se nas utilizadas pela Filarmónica nos
instrumentos de metal, e o apoio do dedo para
levantar a cabeça do disco é proveniente da aba
de um clarinete. Está disponível em duas cores:
violoncelo-escuro e violino-brilhante.
Audio & Cinema em Casa 89
reportagem High-end show Munique
29 Reed Muse 3C. É um projecto inovador que
pode ser convertido de tracção por fricção ou
por correia em algo como 5 minutos. O prato é
accionado a partir de dois motores de corrente
contínua com a velocidade a ser estabilizada
através de um sistema PLL controlado por um
cristal de quartzo. Como se pode ver pela foto,
aceita dois braços.
30 Mais um gigantesco gira-discos, neste caso da
Refent Audio, com o apelativo nome de The
Gramophone Unit. Tem uma suspensão de ar
extremamente complexa, do tipo bi-radial, para o
prato e para o subchassis, neste último caso com
capacidade de auto-ajuste. A poleia do motor
funciona como volante estabilizador de velocidade
e pode ser fornecido com uma mesa de apoio
dedicada que escoa toda a energia para o solo.
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31 A Roksan está de regresso aos gira-discos com
o Xerxes 20 Plus. É o resultado de 30 anos de
desenvolvimento a partir do Xerxes original e
utiliza uma versão refinada do desacoplamento
de três níveis utilizado pela primeira vez neste
gira-discos em 1985. O rolamento de apoio do
veio do braço é de carboneto de tungsténio e o
motor tem uma unidade electrónica de controlo
externo.
32 Embora não tivesse exactamente novidades em
Munique, a SME criou como que uma espécie
de museu ilustrativo dos seus quase 60 anos
de dedicação à causa do analógico. Ao mesmo
tempo tinham um sistema em demonstração
no qual pontuava o gira-discos 30/12 ligado a
electrónica da Nagra e às colunas YG Sonya 1.3.
33 A SoundSmith é um dos nomes mais na berra
hoje em dia. Para além da originalidade de de-
signar as cabeças do tipo MM que fabrica como
cabeças de bobina fixa (FC, em inglês), este
fabricante propõe ainda um amplo conjunto de
acessórios para vinilo, bem como repara cabeças
de outras marcas.
34 Symphonic Line RG 6 Reference. Tem uma
estrutura mais ou menos modular: estrutura
base de 35 kg de peso com um veio de titânio
já montado e com 16 mm de diâmetro, motor,
estroboscópio, condicionador de sector, placa de
mármore para assentar o conjunto e prato com
16 kg.

35 Air Force One Premium. É uma edição limitada
do famoso gira-discos da TechDAS e está
disponível em duas versões: uma com o
prato superior em duralumínio (A705) e outra
com o prato superior em titânio. Ambas estas
versões estão equipadas com um compressor
redesenhado com uma bomba extra, tendo o
chassis um acabamento lacado de piano, e está
disponível uma mesa para alojar o conjunto:
gira-discos, armazenamento de ar, dispositivo
de carregamento de ar, fonte de alimentação e
bomba.
36 O Technics SL-1210GR é uma versão mais
acessível do SL-1210 que foi lançado há cerca
de dois anos em edição limitada. Tem uma
estrutura construtiva algo mais simplificada,
embora continue a utilizar a tracção directa do
motor para o prato.
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37 A Tedeska Analog Audio é um fabricante alemão
de cabeças, sediado em Berlim e que, para além
de disponibilizar modelos mono e estéreo, recorre
a materiais raros para o corpo, tais como palis-
sandro indiano (também chamado pau santo),
ziricote (madeira rara), nácar, etc.
38 Thales TTT-Slim II. É um gira-discos suíço muito
elegante que recorre a um motor de corrente
contínua, suspenso por molas a partir de quatro
pontos e com alimentação a baterias de lítio com
uma potência total de 100 W, que lhe assegura
mais de 20 horas de funcionamento indepen-
dente do sector. O prato e o chassis são de
alumínio sólido, estando este assente em spikes
de elevado nível de isolamento mecânico.
39 O Thorens TD 907 foi desenvolvido como uma
homenagem aos saudosos e bem-sucedidos
gira-discos da linha 160 lançados nos anos
SET - OUT 2017 / 266
70 do século passado. Tem um subchassis de
triCOM, uma combinação de alumínio e material
compósito, e o motor síncrono está montado
directamente sobre ele através de material de
amortecimento para eliminar as vibrações. Como
era característico da linha 160, o subchassis
está suspenso através de três molas cónicas e
é possível equipar o 907 com diversos tipos de
braços.
40 Tone Tool Sprocket. Mais um gira-discos alemão
que reclama qualidade só de olhar para o
seu braço tangencial, um Derenville DTT-02.
Parece que só foi fabricada uma unidade, que
já estava exposta em 2016, e sobre a qual não
existe qualquer informação no site do fabricante!
O melhor que consegui saber é que custa
108.000 €(gosto da precisão dos 8000!).
Audio & Cinema em Casa 91
reportagem High-end show Munique
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41 Gira-discos Triangle ART Master Reference. Tem
dois pratos idênticos de material compósito de
8 cm de altura, numa configuração semelhante ao
modelo da Kronos, e accionados por motores de
corrente alternada controlados por um oscilador
a cristal. O veio de aço inoxidável apoia-se sobre
uma esfera de titânio polida com pó de diamante.
O peso total ultrapassa os 100 kg e os cromados
sem dúvida impressionam.
42 VPI Titan. É uma evolução do Avenger e aceita até
três braços. O chassis emprega uma sanduíche
com camadas alternadas de alumínio e acrílico,
montada em pés com amortecimento pneumá-
tico. A fonte de alimentação externa gera sinais
sinusoidais de frequência extremamente precisa
para se poderem conseguir as velocidades de 33
e 45 rpm.
43 O Royale 400 é o topo-de-gama da Well Tem-
pered e utiliza uma estrutura central de madeira
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44
em contraplacado báltico, rodeada por uma placa
superior e uma inferior de alumínio anodizado,
ambas separadas por borracha isoladora de
amortecimento. A velocidade do motor é contro-
lada electronicamente através de um servo e o
Royale está equipado com o novo braço LDT de
16 polegadas.
44 E agora algo completamente diferente! Quantos
leitores desta revista se lembram de que Franco
Serblin, o fundador da Sonus faber, fabricou dez
peças deste sistema de áudio tão curioso antes
de ter começado com a marca? O nome é Snail
(caracol).
45
47
45 Infelizmente ainda não tenho mais informação
sobre as novas Quad 60S e o pequeno quarto de
hotel onde foram demonstradas não me permitiu
retirar informações suficientemente seguras para
emitir opiniões formadas. Vamos ter que esperar
mais algum tempo…
46 Claro que o habitual sistema de áudio quase
centenário da Western Electric não poderia faltar.
Apreciado por muitos visitantes que todos os
anos fazem bicha à porta, é sempre um momen-
to único de audição.
47 A alegria e a boa música ao vivo estiveram
sempre bem presentes nos corredores do show.
teste SET - OUT 2017 / 266

Gold Note CD-1000/PA-1175

Graça e refinamento
João Zeferino Na versão base, o andar de saída do ce de nível referencial pode ser utilizado
CD-1000 é um circuito de estado sólido um dos exóticos master clock opcionais. O

A
nova série 1000 de componentes
da italiana Gold Note, criada pelo
guru Stefano Bonifazi, alia um de-
sign cuidado com uma electrónica sofisti-
cada e uma invulgar capacidade para evo-
luir dentro da mesma gama, algo que é
pouco comum ver-se em equipamentos
deste nível de preços.
Para esta análise chegaram-me às
mãos o leitor/pré-amplificador CD-1000 e
o amplificador de potência PA-1175, cujo
escalão de preços os coloca em território
high-end mas em modo de bom senso e
justificando plenamente o preço pedido
com os argumentos ao nível da qualidade
do design e da construção, bem como do
desempenho sonoro demonstrado.
com conversores PCM1792A em configura-
ção duplo-mono, circuito que foi herdado
do leitor Favard. Ainda que a performan-
ce da versão base seja de alto nível, po-
de ser ainda melhorada com a adição de
uma das etapas de saída opcionais. A fon-
te de alimentação é do tipo duplo-mono e
inclui transformadores independentes pa-
ra cada canal.
O CD-1000 inclui também o circui-
to Gold Note Zero-Clock, o qual utiliza um
Master Clock Generator T.I. CDCE906 de
modo a garantir de valores de jitter extre-
mamente reduzidos. Para uma performan-
CD-1000 inclui entradas digitais coaxial S/
PDIF e óptica TosLink, para além de uma
entrada USB XMOS XS1-L1 500 MHz high-
-speed, capaz de tratar sinais até 24 bit /
192 kHz.
O mecanismo de transporte, JPL2580,
é oriundo da Stream-Unlimited, um fa-
bricante austríaco especializado em pe-
ças OEM de alta qualidade. Trata-se de
uma peça realizada em alumínio de gran-
de robustez e que assegura uma leitura
dos CD’s isenta de oscilações e com gran-
de suavidade de funcionamento. A etapa
de pré-amplificação é baseada num PGA –

Descrição
O design modular do CD-1000 permite a
utilização de um conjunto de opções ca-
pazes de transformar o excelente leitor
de CD’s base numa peça verdadeiramen-
te esotérica.
As opções disponíveis incluem:
– Duas etapas de saída a válvulas, uma
com oito válvulas e outra com doze (Tube
1008 e Tube 1012).
– Duas fontes de alimentação especiais
com 250 Watt ou 100 Watt (PSU-1250 e
PSU-1100).
– Dois «Atomic Master Clocks» (CLK-1055
de césio e CLK-1037 de rubídio).

Audio & Cinema em Casa 93

teste Gold Note CD-1000/PA-1175

Discos utilizados nas audições: Programmable Gain Amplifier – permitin-

do controlar um amplificador de potência
Richard Strauss Orquestra Filarmónica de Berlim DG directamente e prescindindo assim do ha-
Also Sprach Zarathustra Herbert von Karajan bitual pré-amplificador.
S. Rachmaninov Martha Argerich PHILIPS O painel frontal do CD-1000 é domina-
Conc. p/ Piano e Orq. N.º 3 Orquestra Sinf. da Rádio de Berlim do pela gaveta de carregamento do disco
Riccardo Chailly com o mostrador por debaixo desta. Do la-
do esquerdo dois rasgos verticais em bai-
Max Bruch Anne-Sophie Mutter DG
xo-relevo rompem a monotonia e incluem
Concerto p/ Violino e Orquestra Filarmónica de Berlim
um LED avisador e o logotipo da marca. Do
Orquestra N.º 1 Herbert von Karajan
lado direito estão seis discretos comutado-
L. V. Beethoven Carol Vaness, Janice Taylor, TELARC res de controlo do equipamento.
Sinfonia N.º 9 em Ré menor, Siegfried Jerusalem, Robert Lloyd Na traseira encontramos as saídas ana-
Op. 125 Coro e Orquestra de Cleveland lógicas via fichas RCA e balanceadas XLR,
Christoph von Dohnányi ligação para etapa de saída opcional, ficha
Patricia Barber Patricia Barber PREMONITION BNC para clock externo, entrada e saída di-
Café Blue RECORDS gital coaxial, entradas USB e óptica Toslink
e tomada de ligação à PSU exterior.
Eddy Louiss Eddy Louiss NOCTURNE O amplificador de potência PA-1175
Sang Mêlé conjuga o know-how obtido com o desen-
Dire Straits Dire Straits VERTIGO volvimento do premiado amplificador sin-
Brothers in Arms gle-ended Demidoff, com uma potência
de saída muito superior. O PA-1175 possui
Jazz at the Pawnshop Arne Domnérus – Bengt Hallberg PROPHONE um circuito dual-mono com quatro pares
– Limehouse Blues Lars Erstrand – Georg Riedl de transístores emparelhados por canal,
– High Life Egil Johansen que funciona em conjunto com o paten-

94 Audio & Cinema em Casa

 SET - OUT 2017 / 266

Audio & Cinema em Casa 95

teste Gold Note CD-1000/PA-1175

teado circuito gerador de corrente Gold O painel frontal é espartano, contan- dos às colunas Revel Ultima Studio II com
Note BIAS, de modo a obter uma corrente do com os dois rasgos verticais do lado es- cabo Kimber Monocle XL. Para além do lei-
e uma potência de saída elevadas com um querdo que lhe conferem a identificação tor de CD’s foi também utilizado o servi-
valor de distorção extremamente baixo. da origem, e um LED que muda de cor en- dor Liv Zen ligado via cabo USB Audioquest
Uma funcionalidade invulgar do PA- tre azul para DF=250 ou verde para DF=25. Carbon ao CD-1000. Na interligação analó-
1175 prende-se com o facto de ser pos- Do lado direito estão dois comutadores, gica esteve o Kimber Select 1121.
sível ao utilizador seleccionar o valor do um para a selecção do damping factor e o Os Gold Note revelaram-se uma ampli-
damping factor entre os seguintes valores: outro para o standby. ficação sempre muito competente e com
250, para uma melhor adaptação a colu- A traseira, disposta de forma simétri- uma sonoridade sempre atraente. O seu
nas mais exigentes/menor sensibilidade/ ca, conta com entradas de sinal RCA e XLR, som é cheio, envolvente e sedoso. O re-
grande banda passante; ou 25, com colu- ficha de corrente ao centro com interrup- gisto grave mostrou-se extenso, poderoso
nas de menor exigência/alta sensibilida- tor, e os excelentes terminais de coluna da e bem controlado e, tanto quanto me con-
de/monitoras. Gold Note, em ródio. sigo lembrar das audições que fiz em tem-
O circuito totalmente balanceado do pos ao amplificador Demidoff Signature,
PA-1175 permite que o amplificador seja Audições esta série 1000 denota um grave mais re-
utilizado em modo estéreo ou em mono Os Gold Note substituiram a minha fonte cortado, mais limpo e definido, mantendo
com a funcionalidade BTL (Bridge-Tied- e amplificação residente, tendo sido liga- contudo as características de beleza tím-
-Load), passando a potência disponível de
175 Watt/canal @ 8 Ohm para 350 Watt
@ 8 Ohm. Na fonte de alimentação encon-
tra-se um volumoso transformador toroi-
dal de 800 VA amortecido e desacoplado
do chassis por meio de um silent block ori-
ginalmente desenvolvido para as bicicle-
tas de corrida Ducati. Para além do toróide
principal existe um outro de 6 VA, que tem
a função de alimentar as funções secundá-
rias do amplificador, mantendo-se sempre
fora do percurso do sinal.

96 Audio & Cinema em Casa

 SET - OUT 2017 / 266

maior presença, com o som dos Gold No-

brica que o Demidoff tinha em abundân-
cia.
Quando em 2009 me referi ao som
Demidoff Signature com uma sinfonia de
Bruckner escrevi: «Os metais soaram re-
fulgentes, brilhantes e límpidos, sem o
menor resquício de agressividades, antes
opulentos, luminosos e perfeitamente co-
locados no âmbito do palco sonoro. As ma-
deiras, bem timbradas com boa presença
e focagem». Desta vez não ouvi Bruckner
mas posso decalcar com as exactas pala-
vras as características sonoras com que os
Gold Note me presentearam na audição de
Assim Falou Zaratustra de Richard Strauss.
A sonoridade geral é sempre muito
agradável, já que os Gold Note desenvol-
vem um placo sonoro amplo e que en-
volve o ouvinte no processo musical em
curso, com uma gama média sedosa e
sem quaisquer vestígios de agressivida-
de. Os registos agudos comungam das
mesmas características, apresentando-se
sempre limpos, timbricamente neutros
e sem quaisquer exuberâncias artificiais.
Com algumas gravações menos brilhan-
tes (leia-se com agudos puxados) como a
fantástica interpretação da 9.ª Sinfonia de
Beethoven pela Orquestra de Cleveland di-
rigida por Christoph Von Dohnányi, da Te-
larc, as notas mais agudas dos violinos, o
triângulo, os pratos e o flautim soaram até
ligeiramente recuados, dotando a sono-
ridade global de uma característica ligei-
ramente escura. Contudo, com a Patricia
Barber ou os Dire Straits não senti falta de
te a pautar-se sempre por uma certa graça
e um delicado requinte que tornam as au-
dições um verdadeiro deleite para os sen-
tidos.
O equilíbrio é a nota dominante, não
sendo muito fácil distinguir este ou aquele
aspecto da reprodução sonora. O grave ex-
tenso e controlado é dono de um slam de
todo inesperado face ao preço, ainda que
pudesse ser um pouco mais recortado, de
modo a beneficiar de uma maior precisão.
Uma gama média macia e envolvente e
um registo agudo limpo, bastante neutro
e sempre doce, proporcionam uma sono-
ridade cativante e requintada que convida
a longos períodos de audição. O amplifica-
dor PA-1175 nunca exibiu quaisquer sinto-
mas audíveis de esforço, tendo conduzido
as Revel com total à-vontade, mesmo com
o volume a níveis desafiadores e com pro-
gramas de elevada exigência dinâmica.
Conclusão
A Gold Note tem neste conjunto uma pro-
posta de referência a merecer a atenção
dos audiófilos. Enquanto o CD-1000 é mui-
to mais do que um leitor de CD’s, com as
suas funcionalidade de conversor D/A e o
funcionamento como prévio, que permi-
te controlar um sistema baseado em fon-
tes digitais, o amplificador PA-1175 deno-
ta uma potência suficiente para conduzir a
maior partes das colunas na maior parte
das salas de audição. Há ainda que contar
com as diversas possibilidades de melho-
rias a posteriori, sempre que a economia
doméstica o permita, permitindo elevar a
já alta fasquia da série 1000 para um pa-
tamar qualitativo superlativo.

ESPECIFICAÇÕES CD-1000 PA-1175

Resposta em frequência 20 Hz – 20 kHz ±0,3 dB 1 Hz – 100 kHz at ± 1 dB
Distorção harmónica total 0,001% máx. < 0,01% THD @
20 Hz – 20 kHz
Relação sinal/ruído -128 dB -110 dB
Potência de saída --- 175 W p/ch @ 8 Ω e 350 W @ 8 Ω mono (BTL)
Nível de saída (máx.) 2/4 V RMS (RCA/XLR) ---
Sensibilidade de entrada 1000/4000 mV RCA/XLR
Impedância de entrada/saída 50 Ohm 47 kOhm
Damping factor --- 250/25 seleccionável
Slew rate --- 20 V/µs
Dimensões 425 x 135 x 375 mm (LxAxC) 425 x 135 x 370 mm (LxAxC)
Peso 15 kg 25 kg
Preço CD-1000 – 3800 euros
PA-1175 – 4800 euros
Representante Audioevolluto
Telef – 91 611 34 77
www.audioevolluto.com 

Audio & Cinema em Casa 97

teste

Philips,
Samsung
e TCL
com barra
sonora
LG SJ9
três propostas
4K para todas
as carteiras e uma
barra sonora
de primeira água

Jorge Gonçalves

A
televisão é uma das áreas em que
se assiste a uma mais rápida evo-
lução em termos tecnológicos, co-
mo já por mais do que uma vez aqui afir-
mei, quer em editoriais quer quando da
realização de alguns testes, como aconte-
ceu no número anterior com o teste do te-
levisor OLED LG 65OLED E7V.
Neste teste vou abordar três propostas
que vão de um televisor LCD 4K da TCL com
um preço bem abordável, a um OLED que
já se pode considerar acessível, e a um to-
po-de-gama de ecrã curvo da Samsung.
Cobre-se assim quase todo o espectro de
oferta, e vamos ver que existem muito
boas razões para que duas destas três pro-
postas tenham recebido prémios EISA pa-
ra 2017-2018. Por uma questão de espaço,
ou seja, para evitar que este texto ganhe
uma dimensão exagerada que torne can-
sativa a sua leitura por parte dos leitores
interessados, vou ser o mais sucinto pos-
sível nas descrições e resultados dos tes-
tes, embora nunca deixando de mencionar
aquilo que é verdadeiramente essencial.

98 Audio & Cinema em Casa

 SET - OUT 2017 / 266

Antes de mais vou já avançar um as-

pecto que considero interessante e que
tem a ver com o facto de apenas a Sam-

sung apostar num ecrã curvo e, mesmo
neste caso, com uma curvatura bastante
suave, que me parece estar bem mais pró-
ximo do gosto dos consumidores do que
os ecrãs curvos apresentados aqui há três
anos. De facto, os primeiros ecrãs desta
tecnologia tinham uma curvatura dema-
siado acentuada, o que suscitou críticas
de alguns consumidores, nomeadamen-
te em termos de reflexão da luz ambien-
te no ecrã e ainda dos resultados estéticos
resultantes da sua fixação na parede. Pe-
lo que se vê, estas críticas forma escuta-
das pelos fabricantes que na maior parte
dos casos deixaram de ter estas propostas
na sua panóplia de produtos ou alteraram
a estrutura física dos televisores de modo
a continuar a apostar numa solução esté-
tica diferente.
Comecemos então por ordem alfabé-
tica, e assim teremos em primeiro lugar
o televisor
Philips 55OS9002
Esta é uma das propostas mais recentes da
Philips, recorrendo a um ecrã de tecnolo-
gia OLED, neste caso com 55 polegadas de
diagonal, como a referência dá a enten-
der. Foi apresentado de modo mais ou me-
nos privado aos membros da EISA duran-
te a última convenção e tem como grande
aliciante o facto de fazer uso da tecnolo-
gia P5 para aperfeiçoamento da qualida-
de de imagem. Os cinco aspectos de me-
lhoria da qualidade de imagem assentam
nas seguintes tecnologias: Perfect Natural
Motion – com uma capacidade de proces-
samento de 4 mil milhões de píxeis e que
assegura movimentos bastante fluidos no
ecrã, com uma frequência de refresca-
mento de 100  Hz; Perfect Color – proces-
samento de cor com uma resolução de 17
bit, dando origem a uma capacidade de
reprodução de nada menos de 2,35 biliões
de tonalidades de cor; Perfect Sharpness –
tecnologia exclusiva da Philips em termos
de upscaling para converter imagens de
resolução HD em imagens 4K; Perfect Con-
trast – análise das imagens através de um
algoritmo de software desenvolvido pela
Philips para realce local dos níveis de lu-
minosidade, exaltando ao mesmo tempo
os negros e os brancos; Source Perfection
– processamento das imagens HDR através
da tecnologia exclusiva da Philips para se
obter um equilíbrio perfeito em termos de
contraste, cor e resolução, permitindo atin-
gir uma gama de cores igual a 99% da nor-
ma DCI-P3. Em termos de formatos HDR o
55OS9002 é compatível com as normas
HDR  10, Hybrid Log Gamma (formato de
televisão), Dolby Vision e Philips/Techni-
color, satisfazendo igualmente os stan-
dards Ultra HD Premium e da UHD Allian-
ce, graças sobretudo à sua luminosidade
máxima de 900 nit. Os amantes dos jogos
não vão ficar desapontados com esta pro-
Philips
posta da Philips, a qual tem um tempo de
atraso máximo de 37 ms em qualquer das
suas entradas e para todas a resoluções
de ecrã. No que se refere a entradas, es-
te televisor está equipado com quatro li-
gações HDMI, uma das quais com capaci-
dades ARC, e três USB, isto para além da
habitual entrada de antena para radiodifu-
são ou TV por cabo, e ainda duas entradas
de satélite. No que se refere a ligações à
Internet elas podem ter lugar através da li-
gação sem fios Wi-Fi 11ac ou ainda através
da ficha RJ45. O áudio pode sair no forma-
to digital pela ligação óptica ou ainda pela
saída para auscultadores. O sistema opera-
tivo é o Android, apoiado num processador
de quatro núcleos, e está ainda incorpo-
rada a última versão do já bem conheci-
do sistema de iluminação ambiente trasei-
ra Ambilight, uma tecnologia patenteada
pela Philips. O controlo remoto tem uma
boa ergonomia, embora eu sinta a falta do
acabamento externo em alumínio dos mo-
delos de há uns anos.
Passo então agora ao,

Audio & Cinema em Casa 99

 teste Philips, Samsung e TCL

Samsung QE65Q8C
samsung

Como já referi acima, temos aqui um tele-

visor já de uma gama de preços bem mais
elevados, nitidamente entrando já na zo-
na dos topos-de-gama. O ecrã de 65 pole-
gadas tem uma curvatura muito suave e
emprega a tecnologia Quantum Dot, iden-
tificada pela letra inicial Q na referência
do televisor. Esta tecnologia permite ob-
ter níveis de luminosidade mais elevados
e cores mais vivas, graças à deposição de
subpíxeis de dimensões extremamente
reduzidas directamente em cima dos mi-
cro-LED’s que asseguram a iluminação tra-
seira do ecrã. O filtro de negros colocado
sobre o ecrã reflecte apenas 0,1% da luz
ambiente e, combinado como um outro fil-
tro interno, possibilita que a reflexão má-
xima de luz seja de 1,45%, um recorde,
segundo a Samsung.
O design é designado Ethos pela Sam-
sung, assentando num suporte elegante e
num acabamento totalmente em metal. A
caixa One Connect liga-se ao televisor atra- desses cabos e a caixa esteja colocada a suportam resoluções 4K de até 60p, três
vés de fibra óptica, o que facilita bastante até 5 metros deste. No que se refere a co- do tipo USB, entradas de antena terrestre
a gestão dos cabos de ligação, pois permi- nexões esta caixa integra quatro entradas e de satélite, e Ethernet (está integrada a
te que o televisor em si fique quase livre HDMI 2.0b compatíveis com ARC, as quais capacidade Wi-Fi). O controlo One Remo-
te tem uma distribuição de teclas intuitiva
e fácil de entender e é do tipo inteligente,
incluindo a capacidade de autodetecção
de outros equipamentos ligados ao tele-
visor numa das entradas HDMI, permitin-
do ao mesmo tempo o controlo vocal do
televisor. Em termos de HDR, o televisor é
compatível com o HDR 10 e possui ainda
uma especificação de maior nível de lumi-
nosidade designada Q  HDR 1500, corres-
pondendo a uma luminosidade máxima
de 1500 nit, sendo ainda utilizada a tecno-
logia micro-dimming de controlo local de
luminosidade.
No que se refere a capacidades «in-
teligentes», tenho de destacar que as ca-
pacidades Smart TV foram melhoradas de
modo sensível, com a interface que permi-
te implementá-las a assumir a designação
Q Smart. O acesso a conteúdos alternativos
em relação aos habituais canais de TV é
agora muito mais fácil e, para grande sur-
presa minha, quase imediato.
Chega então agora o momento do

100 Audio & Cinema em Casa

 SET - OUT 2017 / 266

tcl
TCL U55CT7006
A marca TCL pode não ser de reconheci-
mento imediato por uma boa parte dos
consumidores portugueses, mas talvez se
faça um «clic» se eu mencionar o nome
Thomson. De facto, a TCL é o terceiro fa-
bricante mundial de painéis para televi-
são e comprou aqui há uns anos a Thom-
son/Alcatel, tendo utilizado o primeiro
nome nos seus produtos vendidos na Eu-
ropa. No entanto, essa estratégia mudou
no ano passado e a pouco e pouco viu-se
a marca Thomson desaparecer e ser subs-
tituída quase na totalidade pelo nome ori-
ginal TCL.
O U55CT7006 pertence à gama mais
recente de televisores da marca e incorpo-
ra um número alargado de características
bem interessantes: sistema operativo An-
droid TV, apoiado num processador Cortex
de quatro núcleos; gama de tonalidades possibilitando o acesso directo ao Google ternas, Ethernet, saídas de áudio digital e
de cor alargada a mil milhões; som me- Cast, Google Play e um vasto número de para auscultadores e ainda compatibilida-
lhorado através da colaboração com a JBL aplicações, tais como o Netflix e a Amazon de Bluetooth 4.2. O controlo remoto es-
Harman, com recurso a câmaras de volu- TV. Ao longo do segundo semestre deste tá ao nível do que poderíamos esperar de
me ampliado para os altifalantes e desco- ano deverá estar igualmente disponível na um televisor de preço abaixo de 1000 eu-
dificação DTS Master; compatibilidade HDR Europa a assistente Google. É possível ain- ros, com uma tecla dedicada para o serviço
Pro e HLG; microcontrolo local de lumino- da, tal como no televisor da Samsung, fa- Netflix e ainda a novidade do controlo vo-
sidade; índice de performance de imagem zer o streaming directo de conteúdos do cal, o que o coloca num patamar diferente.
(PPI) de 1600; processamento de vídeo telemóvel para o televisor, bem como con- Ao longo das diversas sessões de vi-
a 10 bit, com compatibilidade Rec 2020 trolá-lo por voz. Em termos de entradas, sionamento foi utilizada a barra sonora LG
e Rec 709 e muito mais. As capacidades o CT7006 está bem equipado: três HDMI SJ9, da qual deixo aqui as características
Smart são igualmente muito interessantes, 2.0a, três USB, Wi-Fi com duas antenas in- principais:

Audio & Cinema em Casa 101

teste Philips, Samsung e TCL
LG SJ9
A SJ9 é uma excelente proposta da LG, com
a grande inovação de integrar um desco-
dificador para Dolby Atmos, bem como
empregar altifalantes de design extrafino
com cones de papel reforçado com nano-
fibras, os quais lhe permitem simular som
surround tridimensional com 9.1 canais.
Os DAC’s internos são de alta qualidade,
permitindo a conversão de sinais de áudio
com resoluções até 24 bit/ 192  kHz nos
formatos FLAC, WAV e ALAC. A capacidade
de reprodução de graves é já em sim im-
portante, uma vez que a resposta da barra
sonora vai até aos 70 Hz, mas o subwoofer
sem fios que a acompanha permite am-
pliar essa capacidade até aos 40 Hz.
Visionamentos
Para as experiências de visionamento, as
quais tiveram lugar na sala de testes da
revista, tive a sorte de receber quase na
mesma altura em que os três televisores
estiveram disponíveis o leitor de Blu-ray
4K OPPO UDP-203 Audiocom Signature,
uma peça de excepção que me permitiu
explorar ao máximo as capacidades de re-
produção de imagem e de som de cada
um deles. Utilizei sempre como cabo de
ligação um cabo HDMI de alta qualidade
que acompanhava o leitor 4K DMP-UB900,
da Panasonic, que testei no ano passado
e que ainda continua cá por estes lados.
As «lides» iniciaram-se com o televi-
sor da TCL, pela simples razão de que ti-
nha sido o primeiro a chegar, embora, por
uma questão de metodologia, tenha repe-
tido vários dos conteúdos utilizados com
ele nas outras duas propostas. Isto embora
deva dizer desde já, igualmente por uma
questão de metodologia, que este não é
um teste comparativo, pela simples e me-
ra razão de que estas três propostas não se
situam de modo nenhum no mesmo esca-
lão de preços. Mas não deixou de ser uma
experiência interessante verificar as capa-
cidades de desempenho de três televiso-
res de preços bem diferentes mas cada
um deles com excelentes argumentos na
sua categoria. Antes de serem iniciadas as
sessões de visionamento, todos os televi-
sores foram calibrados com recurso ao Blu-
-ray de teste da Spears & Munsil.
Iniciando esta recensão a falar então
102 Audio & Cinema em Casa
no TCL U55CT7006, começo por salientar
que o acesso à Internet é bastante rápi-
do, seja através de Wi-Fi ou pela ligação
Ethernet, bem como o sistema operativo
Android está muito melhorado em relação
ao ano passado, sendo agora bem mais
estável e nunca dando lugar a «congela-
mentos» de ecrã. As capacidades Smart
permitem o acesso directo aos serviços
Netflix, Spotify, YouTube e Wuaki.tv, e foi
por isso que resolvi dar mais uma chance
ao YouTube 4K e resolvi dar uma olhade-
la na oferta disponível na altura, a qual es-
tava bem mais variada e algo melhor em
termos de qualidade. Um dos clips mais
interessantes é Biosphere, o qual foi re-
produzido no CT7006 de modo bastan-
te bom, embora ainda se detecte alguma
da compressão utilizada antes de colocar
o vídeo online, principalmente na rotação
da Terra apresentada na entrada do vídeo
e no panning das antenas parabólicas. Já
no trailer de Os Guardiões da Galáxia 2
as coisas correram bem melhor, ajudadas,
sem dúvida, pela muito melhor qualidade
do original, apenas com uma ligeira solari-
zação nalgumas imagens, o que é natural
em face da tecnologia de iluminação late-
ral do painel.
Passei então ao visionamento de ori-
ginais em Blu-Ray, de qualidade HD ou 4K,
utilizando os mesmos originais a que re-
corri quando do teste do televisor OLED LG
65OLED E7V publicado no número anterior
da Audio & Cinema em Casa: A Falha de
Santo André, Mad Max – Fury Road, The
Revenant e Passageiros. E tenho que dizer
que, para um televisor de preço um nadi-
nha abaixo dos mil euros, a qualidade de
imagem está mesmo muito bem, com co-
res bem definidas, um contraste equilibra-
do e uma capacidade de reprodução de
originais HD de destacar, mesmo em ter-
mos de processamento de movimento.
Globalmente, eis aqui uma bela surpresa.
A entrada em cena do Philips
55OS9002 veio mostrar de imediato que
uma imagem OLED tem argumentos difí-
ceis de bater quando se trata de qualidade
de cor e níveis de negro: as cores são vívi-
das, bem saturadas (sem exageros) e mui-
to limpas. Os pequenos detalhes nas zonas
de imagem com níveis de luminosida-
de relativamente baixos são visíveis sem
qualquer dificuldade e o equilíbrio global
da imagem aponta para uma tonalidade
ligeiramente quente. O processamento de
vídeo P5 demonstra sem dúvida ser uma
grande mais-valia, não só em termos de
resolução das imagens 4K como no ups-
caling de originais HD para 4K, bem como
no superior tratamento dos movimentos.
Em termos de calibração pareceu-me que
o modo de cinema era o que produzia uma
imagem mais equilibrada, embora neces-
sitasse de um ligeiro incremento em ter-
mos de intensidade de luz. Inicialmente
a qualidade sonora deste televisor dei-
xou algo a desejar, com um realce excessi-
vo da gama média-alta, mas um upgrade
do sistema operativo que me foi enviado
pelo meu velho amigo Danny Tack permi-
tiu obviar quase em absoluto a esse in-
conveniente. Mas só a adição de uma boa
barra sonora, como a LG SJ9 que já men-
cionei, permitiu a reprodução de sons com
uma qualidade que fizesse jus à excelen-
te imagem. O que não foi melhorado foi
o arranque do sistema operativo Android:

parece-me que quem liga um televi-
sor não vai estar muito disposto a espe-
rar mais que um minuto até poder ver as
imagens que pretende, que não são cer-
tamente os círculos rotativos que lhe são
apresentados no ecrã. Uma televisão tem
no seu interior muito daquilo que existe
num computador mas, se esperar algum
tempo pelo arranque do Windows é uma
coisa a que quase todos nos habituámos, o
mesmo não acontece quando olhamos pa-
ra um ecrã de televisão com 55 polegadas.
O acesso a conteúdos 4K de Internet é bas-
tante fácil e a reprodução destes estava al-
guns furos acima daquilo que pude ver no
televisor da TCL.
E chegou a vez de falar no OLED da
Samsung, aquele que está muito orgu-
lhosamente situado numa gama de pre-
ços que o coloca bem acima dos seus dois
companheiros de jornada. E os primeiros
visionamentos provaram que os seus ar-
gumentos são mais do que válidos: uma
colorimetria bem imponente e generosa,
viva e muito agradável, e uma reprodução
em HDR quase sem pecha em termos de
tonalidades intensamente azuis ou laran-
ja, isto desde que não se utilize o modo de
imagem Eco, caso em que a luminosidade
máxima está limitada a algo muito perto
dos 600 nit. A reprodução de detalhes nas
zonas sombreadas é igualmente de gran-
de nível, com um misto entre opacidade
nocturna e uma iluminação quase de qua-
dro flamengo. A excelente transcrição 4K
de Passageiros, com um dos melhores tra-
balhos em HDR que eu conheço, foi um re-
galo para a vista, com os seus contrastes
bem marcados e os negros bem profun-
dos, embora ainda não ao nível do OLED,
claro. Um outro aspecto a destacar forte-
mente é a excelente qualidade de repro-
dução de conteúdos 4K de Internet por
parte desta proposta da Samsung, nomea-
damente em Os Guardiães da Galáxia 2,
caso em que a vivacidade luminosa das
cores do ecrã produziu resultados de es-
talo. Aliás, tenho que realçar igualmen-
te o grande avanço que a Samsung fez no
seu sistema operativo em termos de ges-
tão dos conteúdos Smart, com uma intui-
tividade e uma velocidade de acesso que
transformam o acesso a qualquer função
num prazer marcante.
Experimentei a transferência de con-
teúdos a partir de um telemóvel Android
e tive bons resultados em todos os casos,
excepto com o televisor TCL, caso em que
a aplicação disponível na loja Google Play
bloqueava e a nova versão dessa aplicação
nunca funcionou. Com os outros dois tele-
visores não tive qualquer problema, fos-
se com vídeos, fosse com fotografias. De
qualquer modo, não me parece que seja
esta uma das funções mais importantes de
um televisor 4K e, por outro lado, o tem-
po de transferência de fotos com alguma
qualidade é sempre razoavelmente lento.
Outro ensaio repetido com todos os
televisores foi a combinação com a barra
sonora LG SJ9, com excelentes resultados,
mesmo no caso do televisor da Samsung,
indubitavelmente o que tem uma quali-
dade de reprodução sonora de melhor ní-
vel. Mas em todas as situações a SJ9 teve
um desempenho de alto nível, quer no
que se refere à reprodução de vozes, as
quais ganham uma clareza e nitidez que
coloca a milhas tudo o que os limitados
altifalantes dos televisores poderiam
fazer, mesmo no seu melhor, quer quando
da reprodução das pistas sonoras de filmes
tais como Mad Max – Fury Road ou ainda
A Falha de Santo André, caso em que o
helicóptero se eleva indubitavelmente em
termos sonoros bem acima do limite su-
perior do ecrã. E no que se refere a expan-
sividade dinâmica a SJ9 marca realmente
muitos pontos, pois torna muito mais ve-
rosímeis as cenas de perseguição de Mad
Max ou ainda do assalto à nave no últi-
mo episódio da Guerra das Estrelas. Esta é
sem dúvida uma das melhores barras so-
noras que pode ser comprada, até porque
os ficheiros de áudio reproduzidos nela
em streaming têm uma qualidade muito
convincente, mesmo no caso de ficheiros
de alta resolução.
Conclusões
Visto individualmente, o TCL U55CT7006
apresenta um bom conjunto de qualidades
e uma imagem 4K de muito bom nível.
Apenas quando comparado com os outros
dois televisores podemos apontar-lhe uma
ligeira suavidade, embora não exagerada,
e um nadinha de grão. No entanto, não
nos podemos esquecer que os televisores
da Samsung e da Philips se situam em es-
calões de preços bem mais elevados, pe-
lo que não posso deixar de concluir que a
proposta da TCL tem uma relação preço/
qualidade difícil de bater.
SET - OUT 2017 / 266
O Philips 55OS9002 é uma das pro-
postas OLED mais acessíveis do momen-
to, mas isso não significa que não esteja
cheio de argumentos, nomeadamente um
processamento de vídeo de grande quali-
dade, quer em termos de reprodução 4K
quer no upscaling de material de resolu-
ção HD. Onde as coisas poderiam ser um
pouco melhoradas é em termos do siste-
ma de reprodução de som.
O Samsung QE65Q8C é sem dúvida
uma das melhores propostas existentes
no mercado em termos de tecnologia LCD.
Tem uma vivacidade marcante em termos
colorimétricos, com níveis de saturação di-
fíceis de igualar, capacidades Smart cor-
respondentes ao que de melhor se pode
encontrar hoje e uma grande versatilidade
em termos de posicionamento em face da
caixa One Connect, que se liga ao televisor
por fibra óptica, e ainda da facilidade com
que se fixa à parede.
Philips 55OS9002
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Audio & Cinema em Casa 103
discopatia

PLANETARIUM
SUPERGRUPO ESPACIAL
E-mail: honorato_pim@netcabo.pt térios insondáveis e corpos celestes de comissionou uma nova obra ao composi-
denominação herdada da mitologia. tor Nico Muhly, o qual aliciou Sufjan Ste-

O
s supergrupos são (foram) uma A mítica música das esferas, pois? vens e Bryce Dessner (guitarrista dos The
das eminências pardas da Histó- National) para um projecto complementa-
ria do Rock, umas vezes nascidos O projecto Planetarium do com James McAlister, habitual percus-
da curiosidade de músicos de top em to- Em 2011, a prestigiada sala de concertos sionista-de-mão de Stevens.
car com os seus émulos, outras da estraté- clássicos Musiekgebouw, de Eindhoven, Planetarium foi inicialmente concebi-
gia comercial de editoras ávidas em capi-
talizar com as luminárias do seu catálogo.
O primeiro, ou pelo menos o mais
mediático dos supergrupos, terá sido os
Cream – Eric Clapton, Jack Bruce e Gin-
ger Baker – de cujas cinzas nasceu outro
monstro sagrado, a Blind Faith – Clapton,
Baker e Steve Winwood.
Resistindo à tentação do recurso à
Wikipedia, cito de memória Emerson, Lake
& Palmerou, Crosby, Stills, Nash & You-
ng, Bad Company, Asia ou, mais recente-
mente, a constelação de estrelas Traveling
Wilburys (Bob Dylan, Roy Orbison, Geor-
ge Harrison, Tom Petty e Jeff Lynne). Ou
os curiosos e já nestas páginas celebrados
Monsters of Folk.
O supergrupo de que Discopatia se
ocupa hoje é de inspiração astronómi-
ca, de existência efémera e decerto re-
fractário do rock. O seu território é tão
terreno quanto espacial e a paisagem so-
nora (electrónica, orquestral) tão sedutora
quanto inóspita – tal qual o imaginário po-
pular do espaço astral, com os seus mis-

104 Audio & Cinema em Casa

 SET - OUT 2017 / 266

do como uma proposta teatral, celebra-

tória do cosmos e pensada para exibição
em salas decoradas com motivos espaciais
alusivos e enormes projectores laser sus-
pensos dos tectos.
Algum sucesso derivado das represen-
tações de Sydney, Amesterdão, Londres e
Brooklyn e o desapontamento pelo carác-
ter one-off do projecto levaram à gravação
do mesmo, transcendendo o carácter efé-
mero dos concertos.
O álbum daqui resultante trabalha li-
vremente o conceito e combina excertos
dos concertos com acrescentos sónicos de
estúdio, o que se traduz numa obra inclas-
sificável de música espacial contemporâ-
nea, seja lá o que este monstro designe.

Os Internautas
1. Sufjan Stevens – um dos mais interes-
santes e heterodoxos criadores da músi-
ca americana e velho favorito de Discopa-
tia, pela última vez celebrado na edição
n.º 252 da Audio, a propósito do seu notá-
vel último álbum Carrie and Lowell.
A arte de Stevens tem-se passeado
por diversos géneros, do lo-fi de Seven
Swans à electrónica de Enjoy Your Rabbit,
ao sacro-pastoral da caixa de EP’s Songs
for Christmas e à «exploração cinemática
e sinfónica» (palavras de Stevens) da via
rápida BQE, que liga as áreas de Brooklyn
e Queens em Nova Iorque.
O seu projecto mais ambicioso foi
anunciado como uma série de 50 álbuns
sobre cada um do igual número de estados
americanos. Afinal o fôlego resumiu-se ao
estado natal do Michigan e do Illinois (dois A solo grava música electrónica sob – The National, Sharon Van Etten, Lisa Han-
álbuns), deixando os fãs a salivar sobre hi- o nome 900X, e colabora com o músico nigan, Frightened Rabbit – curadorias de
póteses desafiantes como o Texas, o Alas- Jimmy LaValle no projecto The Album Leaf. festivais e organização de compilações
ca ou o inóspito e rural Vermont. (Dark Was the Night, para a associação de
As suas colaborações são demasiadas 4. Aaron Dessner – Guitarrista e composi- caridade de vítimas da sida, Red Hot Or-
para citar e tão estimulantes no forma- tor com The National, um dos mais interes- ganization ou o incontornável Day of the
to grandiloquente como na terna austeri- santes grupos de rock norte-americanos, Dead, álbum de tributo aos míticos Gra-
dade das passagens mais recolhidas. No Dessner é, como os seus companheiros na teful Dead).
Brooklyn natal, dirige ainda a etiqueta As- rota Planetarium, um criador inquieto que
thmatic Kitten, albergue de vários nomes não se confina aos limites da sua banda. Planetarium – o álbum
tão curiosos quanto ignotos. No seu currículo brilham várias produções Planetarium é um álbum conceptual sobre
2. Nico Muhly – compositor norte-ameri-
cano de formação clássica e trabalho com
vários músicos da área do rock e da pop,
como Björk, Antony and the Johnson ou os
Grizzly Bear.
Porém, foi na área da música erudita
que Muhly ganhou maior reputação, após
haver colaborado com Philip Glass, com-
posto a ópera Two Boys e recebido en-
comendas da Britten Sinfonia, Gilmore
International Keyboard Festival, Saint Paul
Chamber Orchestra ou BBC Scottish Sym-
phony Orchestra.
3. James McAlister – multi-instrumentis-
ta e produtor, é sobretudo como percussio-
nista que é conhecido McAlister, parceiro
recente e fiel de Sufjan Stevens em várias
das suas obras

Audio & Cinema em Casa 105

discopatia
o mais englobante e totalitário dos temas
– o Universo – concebido para um ensem-
ble de quarteto de cordas e sete (!) trom-
bones.
Todos os seus temas têm como título
corpos celestes, do mapa dos planetas à
Cintura de Belt, o Buraco Negro, o cometa
Halley ou a «sopa primordial» (In the Be-
ginning). O projecto apoia-se tanto na as-
trofísica e astronomia como na mitologia
e nas crenças pagãs associadas – a deusa
do amor é Vénus (show me yours, I’l show
you mine) e Marte o deus da guerra (I am
the God of war).
Em Planetarium, tanto os planetas
participam das qualidades humanas (Jupi-
ter is the loneliest planet) como o mistério
do universo é transposto para o pathos hu-
mano – afinal o disco não versa só o inson-
dável espaço sideral, como, sobretudo, o
misterioso espaço interior do ser humano.
A demanda sónica do álbum faz-se
através de uma vastidão de estímulos so-
noros – rock progressivo, humildes pas-
sagens de piano, intensa electrónica e
percussão – os tão arrojados quanto subtis
arranjos orquestrais de Muhly em convívio
com a pop íntima de Stevens, a discreta
guitarra de Dessner e a programação per-
cussiva de McAlister.
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Longos temas – Mars, Jupiter, Earth
(resquícios terrenos em ambiente outros-
sim lunar) – alternam com breves interlú-
dios instrumentais num contínuo sonoro
amiúde desconfortável, rugoso e ruidoso.
Mas sempre salvo pelo eco de uma canção
subjacente que resgata o disco de qual-
quer pretensão elitista.
Nas palavras de Dessner: «sobretudo
queríamos que as canções fossem boas e
não cair na armadilha do orquestral, avan-
t-garde ou ambiental. Cremos mesmo que
são belas canções e nomeá-las a partir
dos planetas foi dar rumo a uma navega-
ção por um espaço inexplorado. Tanto físi-
co como sonoro!»
Planetarium é um álbum difícil (não,
por favor não desistam de ler, nem,
sobretudo, de o ouvir) mas que, como os
grandes trabalhos, cresce a cada audição,
a grower. A profusão de elementos de ne-
gra textura torna a viagem turbulenta, tão
repelente como sedutora, de ambiente tão
rarefeito como atmosférico, árida como os
corpos celestes de cuja aura se apropria
mas de não menor sortilégio.
O centro de gravidade desta deman-
da e seu porto de abrigo são as letras de
Stevens, tão literatas como poéticas e ín-
timas, e a sua voz, bóia salvífica no inós-
pito e desconfortável território sonoro. A
sua infatigável curiosidade leva-o a flirtar
com o Vocoder (Halley’s Comet, Mars, Sa-
turn), esse divertido gadget de tratamento
da voz a cujos encantos não foram imunes
Cher, Madonna e, indiscutível influência a
quem Stevens pisca despudoradamente o
olho, os Daft Punk, para logo regressar a
um tocante falsetto (o belíssimo tema de
abertura Neptune).
Planetarium convida o ouvinte mais
destemido a aventurar-se no buraco negro
e desvendar o outro lado da Força. Sente-
-se o querido leitor preparado para esse
salto no desconhecido?