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AMPLA SOLUÇÕES URBANAS, TRANSPORTES E LIMPEZA EIRELI

CNPJ: 08.801.159/0001-17

AO ILUSTRÍSSIMO SENHOR JOSÉ EUSTÁQUIO NATAL SECRETÁRIO


MUNICIPAL DE ADMINISTRAÇÃO DO MUNICÍPIO DE GOVERNADOR
VALADARES/MG.

EDITAL DE CONCORRÊNCIA PÚBLICA Nº 004/2019

IMPUGNAÇÃO ADMINISTRATIVA RELATIVA AO EDITAL DE


CONCORRÊNCIA 004/2019 MODALIDADE “MENOR PREÇO GLOBAL”,
OBJETIVANDO A CONTRATAÇÃO DE PESSOA JURÍDICA PARA PRESTAÇÃO DOS
SERVIÇOS TÉCNICOS ESPECIALIZADOS DE ENGENHARIA PARA EXECUÇÃO DE
SERVIÇOS DE LIMPEZA, COLETA E TRANSPORTE DE RESÍDUOS SÓLIDOS
URBANOS, CONTEMPLANDO OS RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES E
COMERCIAIS – RSU, COLETA E TRANSPORTE DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DOS
SERVIÇOS DE SAÚDE – RSS, TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL DOS
RESÍDUOS SÓLIDOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE, VARRIÇÃO MANUAL DE VIAS
E LOGRADOUROS PÚBLICOS, VARRIÇÃO MECANIZADA DE VIAS E
LOGRADOUROS PÚBLICOS, LAVAGEM DE VIAS E LOGRADOUROS PÚBLICOS,
CAPINA E ROÇADA – MANUAL E MECANIZADA, EXECUC ̧ÃO DE SERVIÇOS
COMPLEMENTARES DE LIMPEZA URBANA CONTEMPLANDO: LIMPEZA DE
CANAIS E GALERIAS A CÉU ABERTO, LIMPEZA DE BOCAS-DE-LOBO,
REMOÇÃO DE ENTULHOS, RECOLHIMENTO DE ANIMAIS MORTOS E LIMPEZA
DE PRÓPRIOS MUNICIPAIS, RECOLHIMENTO DE VOLUMOSOS, PEQUENOS
ENTULHOS E BAGULHOS, COLETA MECANIZADA E TRANSPORTE DE
ENTULHOS, PINTURA DE MEIO-FIO, PONTES E VIADUTOS, MOBILIZAC ̧ÃO
SOCIAL E EDUCAÇÃO AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE GOVERNADOR
VALADARES-MG.

AMPLA SOLUÇÕES URBANAS, TRANSPORTES E LIMPEZA EIRELI, pessoa


jurídica de direito privado, inscrita no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do
Ministério da Fazenda sob o n.° 08.801.159/0001-17, com sede na rua João Dias
n.148 – 1º andar, Centro, São Gabriel da Palha/ES CEP: 29.780-000, neste ato
representada por sua mui procuradora a Sra. Joelma Pinafo Mauri, brasileira,
casada, portadora do documento de identidade n.° 1386673 SSP ES,
expedido pela Secretaria de Segurança Pública do Estado do Espirito Santo e
inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda sob o n.°
069.033.677-21, vem, respeitosamente, com fulcro no art. 5º, inciso XXXIV,
alínea ‘a’, da Constituição da República/88, e no nos termos dos §§1º e 2º do artigo
41 da Lei nº 8.666/93, apresentar a presente IMPUGNAÇÃO ao Instrumento

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Convocatório que rege a aludida Concorrência, com supedâneo nas razões


alinhavadas a seguir.

I - DA TEMPESTIVIDADE

Conforme se observa do §1º do art. 41 da Lei 8.666/93, qualquer


cidadão poderá apresentar impugnação aos termos do edital com antecedência de
até 5 (cinco) dias úteis à data prevista para abertura dos envelopes.

Da mesma sorte, o §2º do mesmo art. 41 da Lei 8.666/93, estabelece,


especificamente para os licitantes, o prazo de 2 (dois) dias úteis para impugnarem o
edital.

Neste aspecto, tendo em vista que a abertura dos envelopes está


prevista para o dia 09/01/2020, a apresentação de impugnação pode ser feita por
qualquer por qualquer licitante até o dia 07/01/2020.

Tendo a presente manifestação sido protocolizado dentro da data


acima mencionada, resta incontestável o atendimento, por parte da Impugnante, dos
pressupostos extrínsecos à interposição do presente recurso.

Passa-se, pois, à análise dos pressupostos intrínsecos à revisão que


ora se propõe.

II – DA EXIGÊNCIA DE LICENCIAMENTOS

Consoante se observa que o item 5.4.4 do Edital, é exigida a


apresentação de licença emitida por órgão competente que não guardam qualquer
previsão legal:

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Para complementar, cita-se a exigências do item 5.4.5

Inicialmente a Impugnante destaca a ilegalidade da referida


exigência, porquanto não se tratam de documentos previstos no rol do art. 27 da Lei
8.666/93, se tratando, portanto, de exigência exorbitante, que fere a ampla
concorrência e, em consequência, fere o interesse Público.

Neste sentido, cita-se a Súmula nº 14 do TCE – Tribunal de


Contas do Estado – de São Paulo:

“Exigências de comprovação de propriedade, apresentação


de laudos e licenças de qualquer espécie só são devidas pelo
vencedor da licitação; dos proponentes poder-se-á requisitar tão
somente declaração de disponibilidade ou de que a empresa reúne
condições de apresentá-los no momento oportuno”(grifo nosso). Dessa
forma, a cópia da “Licença/Alvará para realização de atividades com
produtos químicos controlados para fins comerciais, em nome do
licitante, emitida pela Polícia Científica da Secretaria de Segurança
Pública do Estado de São Paulo ou por quem lhe faça as vezes, com
validade na data de apresentação”

No mesmo norte, no processo Nº 33.232/201, Informação Nº


05/2011, Jurisdicionada pela Companhia do Metro do Distrito Federal – METRÔ/DF ao
Tribunal de Contas do Distrito Federal relativo ao Edital do Pregão Eletrônico Nº
03/2010-METRÔ/DF, tendo por objeto a contratação de empresa especializada para

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prestação de serviços de limpeza e conservação dos bens móveis e imóveis. A


jurisdicionada (Metro) entende que:

… descabe a exigência de apresentação de licença de funcionamento


expedida pelo órgão de vigilância sanitária (grifo nosso) do Distrito Federal
disposta na Lei 3.978/2007, seja no momento da assinatura do contrato, seja
na fase de habilitação do certame.

A empresa prestadora de serviço não necessitará manipular produtos


químicos, estes já devem estar prontos para uso. O que pode ocorrer é a
simples diluição desses produtos (em água por exemplo), o que pode ser
feito normalmente por qualquer pessoa, sem necessidade de nenhum
profissional ou exigência especial.

Segundo a Análise do Tribunal de Contas do Distrito Federal


acerca do Tópico acima, veremos que:

“Desse modo, entende-se que exigir a licença de


funcionamento do órgão competente da
VIGILÂNCIA SANITÁRIA do DF, na fase de
habilitação, conforme requer o SEAC/DF, quebra,
literalmente, a isonomia proposta na LL e na Carta
Federal, na medida em que as empresas licitantes de fora
do Distrito Federal terão ônus desnecessário apenas para
participar do certame, o que não se mostra razoável e nem
proporcional diante da ordem jurídica regente, servindo
apenas para restringir a competição (grifo nosso). Para
evitar tal distorção, é necessário que se faça uma
interpretação mitigada na exigência contida na Lei
3.978/2007.
Tanto é assim que a Lei 3.978/2007 é alvo da Ação Direta de
Inconstitucionalidade – ADI 3963 – interposta pelo Governador do
Distrito Federal perante o Supremo Tribunal Federal, questionando os
arts. 1º e 2º do referido diploma, conforme já comentado pelo ilustre
Relator à fl. 342. Contudo, a referida ação ainda não foi apreciada.
Lei Distrital Nº 3978 de 29/03/2007: Dispõe sobre a exigência da
Licença para Funcionamento aos estabelecimentos que executam as
atividades que especifica, altera a Lei nº 2.340, de 12 de abril de 1999,
que “Cria na estrutura administrativa do Governo do DF, a
Coordenadoria de Seguros do DF e a Central de Compras do Governo do
DF e dá outras providências”, e dá outras providências.

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Art. 1º. Sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis, os


estabelecimentos que executam as atividades dedicadas ao combate a
insetos e roedores, limpeza e higienização de reservatórios de água, bem
como manipulação de produtos químicos para limpeza e conservação,
(grifo nosso) dependerão, para o desenvolvimento dessas atividades, da
Licença para Funcionamento expedida pelo órgão competente de
vigilância sanitária do Distrito Federal.”

Também neste caso, cita-se o Acórdão 5611/2009 – 2ª


Câmara do TCU:

“Exclua das exigências editalícias, por atentarem contra os


princípios da isonomia, da legalidade, da competitividade e
da razoabilidade, a apresentação de:
– Certidão Negativa de Debito Salarial, de Certidão Negativa de Infrações
Trabalhistas e de prova de regularidade junto ao Sindicato Laboral;

– recolhimento da Contribuição Sindical Patronal e do pagamento da


anuidade do Conselho Regional de Administração – CRA;
– Licença Ambiental de Operação (grifo nosso) e do
Certificado de Registro Cadastral junto a Secretaria
Municipal de Meio Ambiente;
– que o licitante possui Comissão Interna de Prevenção de Acidentes –
CIPA devidamente registrada na Delegacia Regional do Trabalho.”

O Tribunal de Contas da União, mediante o Acórdão


2.872/2014-Plenário deliberou no sentido de

‘cientificara Casa da Moeda do Brasil de que a exigência a


todos os licitantes, e não apenas ao vencedor após a fase de
adjudicação e anteriormente à assinatura do contrato, de
apresentação de licença de operação concedida pelo órgão
ambiental, identificada na Concorrência Internacional nº
1/2013 (revogada), contraria as disposições sobre
qualificação técnica constantes do art. 30, inciso IV, da Lei
nº 8.666/1993 e a jurisprudência desta Corte de Contas’.
Na mesma linha de entendimento, o precedente seguinte:

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“O Plenário referendou cautelar deferida pelo relator que determinou à


Fundação Universidade do Amazonas que suspendesse o Pregão Eletrônico
nº 92/2009, cujo objeto era a ‘contratação de empresa especializada na
prestação de serviços gerais, limpeza e conservação, jardinagem, capina,
poda e corte de árvores de grande porte, realizados de forma continuada, nas
unidades do campus universitário (...)’. Entre as possíveis irregularidades
suscitadas na representação formulada ao TCU, mereceu destaque o
fato de que, nada obstante o edital ter previsto que as exigências
constantes do seu item 12.9 (‘Licença de Funcionamento da Vigilância
Sanitária’ e ‘Licença de Operação Ambiental’) estariam adstritas ao
licitante vencedor, tais requisitos teriam sido decisivos para inabilitar a
representante e uma outra empresa que acudiu ao certame, as quais
teriam ofertado preços significativamente menores que o orçado pela
administração. Para o relator, a fumaça do bom direito estaria caracterizada
pela violação aos princípios da vinculação ao instrumento convocatório e do
julgamento objetivo, insculpidos no art. 3º da Lei nº 8.666/1993 e no art. 5º
do Decreto nº 5.450/2005. A exigência, em si, não representaria
uma vez que se
restrição ao caráter competitivo do certame,
tratava de obrigação cabível somente à futura
contratada, em consonância com o art. 20, § 1º, da IN SLTI nº
2/2008, cujo teor é o seguinte: ‘Art. 20. (...) § 1º Exigências de
comprovação de propriedade, apresentação de laudos e
licenças de qualquer espécie só serão devidas pelo vencedor
da licitação; dos proponentes poder-se-á requisitar tão somente
declaração de disponibilidade ou de que a empresa reúne condições de
apresentá-los no momento oportuno.’ De acordo com o relator, o perigo na
demora decorre da iminência de assinatura do contrato resultante do pregão.
Além disso, a possibilidade de prorrogação da contratação por até 60 meses
aponta ‘para que o eventual prejuízo ao erário’ seja ‘de difícil reparação’.
Decisão monocrática no TC 001.597/20108, Relator Ministro Augusto
Nardes, em 10/2/2010.

A Decisão 739/2001, do Tribunal de Contas da União – TCU


foi direto a esse ponto, vejamos:

Decisão 739_2001 – TCU Plenário


Voto do Ministro Relator:
1. As exigências contidas no art. 30 da Lei nº 8.666/93 são do tipo
numerus clausus, ou seja, encontram-se esgotadas naquele dispositivo,
sendo defeso, aos diversos órgãos e entidades da Administração Pública
Federal, inovar (grifo nosso).
2. A esse respeito, ensina Marçal Justen Filho:

“A Lei nº 8.666 disciplinou de modo minucioso a matéria da qualificação


técnica. Um dos caracteres mais marcantes da Lei nº 8.666/93 foi a redução

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da margem de liberdade da Administração Pública nesse campo e a


limitação do âmbito das exigências (Grifo nosso). Buscou evitar que
exigências formais e desnecessárias acerca da qualificação técnica
constituam-se em instrumento de indevida restrição à liberdade de
participação em licitação (grifo nosso). O objetivo é eliminar distorções
ocorridas no sistema anterior, onde os requisitos de qualificação técnica
acabavam por inviabilizar o acesso de muitas empresas à licitação. (in
Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos, 5ª ed., p. 305)
4. Tais exigências somente seriam justificáveis se os referidos requisitos
fossem previstos em lei especial, passando a situação, então, a enquadrar-se
no inciso IV do referido art. 30 (grifo nosso).
Tal situação, entretanto, caso existisse, deveria ser expressamente
consignada no edital de licitação, em nome da motivação que deve nortear
os atos administrativos.”

Por analogia, cita-se que o art. 20, § 1º, da IN SLTI 2, de


2008, do MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO, pelo qual
se estabelece que:

“Art. 20. É vedado à Administração fixar nos instrumentos convocatórios:


[...]
§ 1º Exigências de comprovação de propriedade,
apresentação de laudos e licenças de qualquer espécie só
serão devidas pelo vencedor da licitação; dos proponentes
poder-se-á requisitar tão somente declaração de
disponibilidade ou de que a empresa reúne condições de
apresentá-los no momento oportuno.”

Assim, em razão dessa ilegalidade, desde já a Impugnante


pede que seja retirada do Edital a referida exigência como condição de habilitação,
eis que seriam pertinentes apenas à Vencedora da concorrência.

Noutro norte, é oportuno citar que, o Órgão


Licitante, sabido de que pouquíssimas empresas conseguiriam a
licença para o referido tratamento de RSS deve se fazer uma licitação
especifica para tal item de destinação final ampliando a concorrencia.

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Dessa forma, o condicionamento da habilitação a


circunstâncias restritivas, caracteriza o direcionamento do objeto da licitação a
empresas apadrinhadas, cujas exigências são previamente estudados, a fim de que o
Edital seja formulado com exigências específicas e determinadas, para a habilitação
de poucas empresas.

Portanto, em flagrante descumprimento legal, esta


Comissão direciona o objeto da licitação, afrontando os princípios basilares da
licitação, dentre eles o do julgamento objetivo.

Com relação ao princípio do julgamento objetivo, vejamos


os ensinamentos do festejado Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello 1:

“O princípio do julgamento objetivo almeja, como é


evidente, impedir que a licitação seja decidida sob o
influxo do subjetivismo, de sentimentos, impressões
ou propósitos pessoais dos membros da comissão
julgadora”.

O TJMG firmou o seguinte posicionamento a respeito do


princípio da competitividade:

AGRAVO DE INSTRUMENTO - MANDADO DE SEGURANÇA


- LICITAÇÃO - COMPROVAÇÃO DE CAPACIDADE
TÉCNICO-PROFISSIONAL - LIMITAÇÃO - VIOLAÇÃO AO
PRINCÍPIO DA COMPETITIVIDADE E DA LEGALIDADE -
ART. 30, §1º, DA LEI Nº 8.666/93. RECURSO NÃO
PROVIDO - O limite de 2 (dois) atestados de
comprovação da capacidade técnico-profissional, nos
procedimentos licitatórios, viola o princípio da
competitividade, segundo o qual "a Administração não
pode adotar medidas ou criar regras que
comprometam, restrinjam ou frustrem o caráter
competitivo da licitação." (TJMG. Agravo de
Instrumento. Autos nº 0261282-72.2010.8.13.0000.
Relator: Des. Silas Vieira. Data do julgamento
12.8.2010. DJE: 9.9.2010). (g.n.)

1
Mello, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. Ed. Malheiros. 27ª ed. Revista e atualizada. 2010. p.
536.

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Assim, visando a garantia da ampla concorrência, a


Impugnante requer a remoção das referidas exigências contidas nos itens 5.44 e
5.4.5 do Edital, eis que flagrante a sua ilegalidade.

III - DA AGLUTINAÇÃO DE ITENS PASSÍVEIS DE DIVISÃO – ACÚMULO VEDADO


POR LEI – VIOLAÇÃO AO art. 23, §1º, da Lei n. 8.666/93, SÚMULA 247 DO TCU

Além do vício acima apontado, a Impugnante registra a violação ao art.


23, §1º, da Lei n. 8.66/93, porquanto os itens licitados no edital impugnado são
perfeitamente divisíveis e sua união não é justificada em nenhuma nota técnica e
documentos orçamentários pelo município Licitante.

Nesse sentido, cita-se o teor do art. 23, §1º, da Lei 8.666/93:

“Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo anterior
serão determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da
contratação:
(...)
§ 1o As obras, serviços e compras efetuadas pela Administração serão divididas em
tantas parcelas quantas se comprovarem técnica e economicamente viáveis, procedendo-
se à licitação com vistas ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e à
ampliação da competitividade sem perda da economia de escala.
§ 2o Na execução de obras e serviços e nas compras de bens, parceladas nos
termos do parágrafo anterior, a cada etapa ou conjunto de etapas da obra,
serviço ou compra, há de corresponder licitação distinta, preservada a
modalidade pertinente para a execução do objeto em licitação. ”

Vale mencionar que os seguintes serviços estão discriminados no objeto


do edital impugnado

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Pois bem, é certo que os serviços de limpeza urbana e de


manejo de resíduos sólidos urbanos, tem suas atividades
circunscritas pela Lei 11.445/07, que, em seu art. 7º, estipula
especificamente:

“Art. 7o Para os efeitos desta Lei, o serviço público de limpeza urbana e de manejo de
resíduos sólidos urbanos é composto pelas seguintes atividades:
I - de coleta, transbordo e transporte dos resíduos relacionados na alínea c do inciso I do
caput do art. 3o desta Lei;
I - de coleta, transbordo e transporte dos resíduos relacionados na alínea “c” do inciso I do
caput do art. 2º; (Redação dada pela Medida Provisória nº 844, de 2018)
II - de triagem para fins de reúso ou reciclagem, de tratamento, inclusive por compostagem,
e de disposição final dos resíduos relacionados na alínea c do inciso I do caput do art. 3o
desta Lei;
II - de triagem, para fins de reuso ou reciclagem, de tratamento, inclusive por compostagem,
e de disposição final dos resíduos relacionados na alínea “c” do inciso I do caput do art. 2º; e
(Redação dada pela Medida Provisória nº 844, de 2018)
III - de varrição, capina e poda de árvores em vias e logradouros públicos e outros eventuais
serviços pertinentes à limpeza pública urbana.”

Desta feita, as atividades de serviços lavagem de vias, pintura de meio-fio/sarjeta


e tratamento e disposição final de resíduos serviços de saúde, sequer são atividades
relacionadas com o objeto principal do edital, sendo perfeitamente divisíveis.

Aliás, mesmo as atividades de limpeza urbana, ainda que


relacionadas, por serem passíveis de divisão, imporiam a
necessidade de parcelamento do objeto do edital, porquanto são
atividades que demandam serviços extremamente especializados e
que, portanto, a sua acumulação restringe o caráter competitivo da
licitação.

Inclusive, é incompatível que se exija uma empresa


ESPECIALIZADA, em tantas atividades, eis que a especialização em
todas elas restringe por completo a capacidade de participação de

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diversas empresas com especialidade em apenas uma ou algumas


das atividades.

Vale dizer que editais COM MENOS ITENS que o presente


foram, RECENTEMENTE, considerados ilegais pelo Tribunal de Contas
do Estado – TCE de Minas Gerais, consoante se observa do seguinte
julgado proferido no RECURSO ORDINÁRIO N. 997657 (decorrente das
denúncias 898423, 898537 e 898431):

“[...]
7 ‘Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica limitar-se-á a:
(...)
§ 2º As parcelas de maior relevância técnica e de valor significativo, mencionadas no
parágrafo anterior, serão definidas no instrumento convocatório.’
O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, fls. 84 a 85, manifestou-se da seguinte
forma: Na verdade, após o exame da descrição dos serviços da licitação (subitem
1.1 do Edital) e da planilha de composição dos preços unitários (Anexo III), este
Órgão Ministerial constatou a inserção de serviços no objeto que, pelas suas
naturezas e especificidades, eram tecnicamente divisíveis, como por exemplo:
coleta e transporte de resíduos sólidos domiciliares, comercial e de varrição;
limpeza mecanizada de bocas de lobo; operação e manutenção de aterro
sanitário licenciado; equipe de educação ambiental; fornecimento, instalação e
operação de mobiliário urbano.
Os serviços citados acima, em sua execução, necessitam de equipamentos, veículos,
treinamentos, equipes, roteiros, setores, tecnologias, investimentos, conhecimentos
específicos e principalmente metodologias e planos de gerenciamentos diferentes, o que
justificaria tecnicamente o parcelamento do objeto e a divisão da licitação em parcelas,
para o melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e à ampliação da
competitividade.
De acordo com a Súmula 114 desse Tribunal:
É obrigatória a realização de licitação por itens ou por lotes, com exigências de
habilitação proporcionais à dimensão de cada parcela, quando o objeto da contratação
for divisível e a medida propiciar melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no
mercado e a ampla participação de licitantes, sem perda da economia de escala,
adotando-se, em cada certame, a modalidade licitatória compatível com o valor global
das contratações. (grifo nosso)
A título de ilustração, cumpre transcrever trecho do voto prolatado pelo Conselheiro
Sebastião Helvecio, ao apreciar os autos da Denúncia nº 838.601, na Sessão da Segunda
Câmara do dia 05/7/2012, que tratou da questão referente à reunião de serviços distintos em
objeto único do certame, in litteris:
‘O objeto da licitação em análise, consoante cláusula 1.1 do edital, compreende a
contratação de empresa especializada nas atividades de coleta de lixo domiciliar e
comercial; coleta seletiva de materiais recicláveis; varrição manual das vias;
fornecimento de equipe de serviços diversos (capina, roçada e poda de árvores);

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fornecimento de equipe de limpeza de bocas de lobo e manutenção de rede de águas


pluviais; capinação mecânica; coleta de resíduos de serviços de saúde; implantação,
manutenção e operação de tratamento dos resíduos do serviço de saúde; operação e
manutenção de aterro controlado; e operação e manutenção de aterro sanitário
licenciado.
O art. 23, §1º, da Lei n. 8.666/93 determina que as obras, serviços e compras,
efetuadas pela Administração, serão divididas em tantas parcelas quantas se
comprovarem técnica e economicamente viáveis, procedendo-se à licitação com vistas
ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e à ampliação da
competitividade, sem perda da economia de escala.
Do texto legal, depreende-se que a divisibilidade é a regra e só pode ser evitada
quando for técnica ou economicamente inviável. Logo, cabe à Administração justificar
se algum desses fatores impeditivos encontra-se presente no caso concreto – caso opte
pelo não parcelamento.
Ademais, o parcelamento formal do objeto amplia a competitividade e o número de
possíveis interessados em disputar a licitação, tornando o prélio licitatório mais
isonômico e ampliando a probabilidade de obtenção de propostas mais vantajosas.
A excepcionalidade, que deve ser devidamente fundamentada, cinge-se, repiso, apenas
a questões de ordem técnica – nas quais o parcelamento do objeto importaria em
execução insatisfatória –; e de ordem econômica – nas quais o custo do objeto não
parcelado, ou seja, em maior quantitativo, reduziria os custos a serem despendidos
com a contratação.
O Tribunal de Contas de Contas da União consolidou o entendimento no sentido de
que:
Súmula n. 247 É obrigatória a admissão da adjudicação por item e não por preço
global, nos editais das licitações para a contratação de obras, serviços, compras e
alienações, cujo objeto seja divisível, desde que não haja prejuízo para o conjunto ou
complexo ou perda de economia de escala, tendo em vista o objetivo de propiciar a
ampla participação de licitantes que, embora não dispondo de capacidade para a
execução, fornecimento ou aquisição da totalidade do objeto, possam fazê-lo com
relação a itens ou unidades autônomas, devendo as exigências de habilitação adequar-
se a essa divisibilidade.
Este Tribunal, inclusive, já se posicionou especificamente sobre a ausência de
parcelamento em licitação envolvendo limpeza urbana.
Senão vejamos:
Licitação. Excessiva diversidade de itens como objeto de uma única licitação.
Prestação de serviços básicos de infraestrutura, compreendendo a manutenção de
vias urbanas com o fornecimento de mão de obra, materiais e equipamentos para a
realização da coleta de lixo e serviços correlatos no Município. “(...) o objeto licitado
é amplo e diversificado, composto de itens distintos, o que requer para sua execução
empresas de especialidades diversas (...) A Administração, ao concentrar em um
único procedimento licitatório objetos diversos, que demandam licitações
autônomas, violou o princípio da competitividade, pois certamente, ao englobar itens
distintos num mesmo certame, reduziu o universo de possíveis interessados que não
dispõe de capacidade para executar tão amplos e diversificados serviços, podendo,
inclusive, comprometer a qualidade dos serviços a serem prestados . (...) a diversidade
de itens num mesmo certame inviabiliza sua execução por uma mesma empresa”.
(Licitação nº 627.765. Rel. Conselheiro Moura e Castro. Sessão do dia 03/10/2006).
Não havendo, nos autos, de fato, elementos que motivem a decisão de não
parcelamento dos serviços licitados, o que deveria constar da documentação e dos atos

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que compõem a fase interna do procedimento, procedente a denúncia quanto à


irregularidade em análise (grifo nosso).
Portanto, o Edital da Concorrência Pública nº 004-SMA/13 restringiu a
competitividade, ao não parcelar o objeto da licitação.
Em consonância com o entendimento expresso pelo Parquet, considero irregular a
junção em lote único de bens e serviços se a Administração Pública não apresenta
razoável motivação para tanto. Dessa forma, não acolho o recurso, e mantenho a
decisão em seus termos.”

No mesmo sentido, a seguinte decisão do


Conselheiro Mauri Torres, nos autos da Denúncia nº 863.149,
na Sessão da Segunda Câmara de 04/12/2014, in litteris:

“DENÚNCIA – PREGÃO PRESENCIAL – PRELIMINAR – EXCLUSÃO DE PARTE


DA RELAÇÃO PROCESSUAL – MÉRITO – OCORRÊNCIA DE CLÁUSULAS EM
INOBSERVÂNCIA À CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA E À LEI N. 8666/93 –
PROCEDÊNCIA PARCIAL – APLICAÇÃO DE MULTA AO RESPONSÁVEL. 1) O
direcionamento para uma determinada marca na especificação do objeto licitado restringe a
competitividade do certame, em afronta ao disposto no art. 37, XXI, da CF/88 e art.7º, § 5º,
da Lei n. 8666/93 e o art. 3º, II, da Lei Federal n. 10.520/2002. 2) O fracionamento do
objeto amplia a competitividade e o universo de possíveis licitantes. Desse modo, vê-se
que o não parcelamento do objeto licitado é a exceção no regime jurídico, o que exige
uma justificativa de sua adoção pela Administração Pública.3) Em que pese não haver
prejuízo ao direito subjetivo do particular de receber o valor real avençado – salvaguardado
pelo princípio do equilíbrio econômico financeiro -, a falta de estipulação do reajuste dos
preços no ato convocatório e no próprio contrato, ofende os artigos 40, XI e 50, III, da Lei n.
8666/93. 4) Julga-se parcialmente procedente, com aplicação de multa ao responsável e
recomendações. [...].”

O e. Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais também se manifestou


sobre o tema na sessão da Primeira Câmara de 18/3/2014, nos autos de nº 765.869, de
relatoria do Conselheiro Sebastião Helvecio, in litteris:

“[...] 2.2. Procedimento Licitatório realizado em desacordo com a Lei n. 8.666/93:


Concorrência n. 1/2002 (fl. 14/1065)
[...]
Irregularidades apuradas:
a) Ausência de parcelamento do objeto licitado, contrariando o art. 23, §§ 1º e 2º da Lei
n. 8.666/93:
Restou constatado pela Unidade Técnica no Relatório de Inspeção (fl. 1509), bem como no
reexame elaborado pelo Órgão Técnico (fl. 2409), que o objeto do contrato (fl. 299), foi
descrito de forma ampla, genérica e imprecisa, e que, pela sua diversidade, porte e
abrangência, seguindo um cronograma de execução baseado em critérios técnicos, as suas
etapas deveriam ter sido licitadas parcialmente. O art. 23, §1º, da Lei n. 8.666/93
determina que as obras, serviços e compras, efetuadas pela Administração, devem ser

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divididas em tantas parcelas quantas se comprovarem técnica e economicamente


viáveis, procedendo-se à licitação com vistas ao melhor aproveitamento dos recursos
disponíveis no mercado e à ampliação da competitividade, sem perda da economia de
escala.
Nesse sentido posiciona-se este Tribunal de Contas, bem como o Tribunal de Contas
da União:
Súmula 114 do TCEMG (Publicada no “MG” DE 12/05/10 – pag. 53)
É obrigatória a realização de licitação por itens ou por lotes, com exigências de habilitação
proporcionais à dimensão de cada parcela, quando o objeto da contratação for divisível e a
medida propiciar melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e a ampla
participação de licitantes, sem perda da economia de escala, adotando-se, em cada certame, a
modalidade licitatória compatível com o valor global das contratações. Acórdão 1842/2007
Plenário (Sumário)
É obrigatório o parcelamento do objeto, quando este tem natureza divisível, em tantas
parcelas quantas se comprovarem técnica e economicamente viáveis visando ao melhor
aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e a ampliação da competitividade.
Acórdão 2625/2008 Plenário
Faça constar do procedimento licitatório, sempre que não houver parcelamento
do objeto, a devida justificativa quanto a inviabilidade técnica e econômica de
fazê-lo, segundo o art. 23, § 1o, da Lei no 8.666/1993, e a Súmula n. 247 do TCU.
Depreende-se, portanto, que a divisibilidade é a regra, só podendo ser evitada quando for
técnica ou economicamente inviável. Além disso, o parcelamento formal do objeto torna o
certame licitatório mais competitivo, fazendo com que um maior número de possíveis
interessados a dispute, privilegiando o princípio da isonomia e ampliando a probabilidade de
obtenção de propostas mais vantajosas.
Cabe aqui ressaltar que o parcelamento refere-se à divisão do objeto em parcelas (itens ou
etapas), ou seja, em partes menores e independentes, diferente do fracionamento, que se
relaciona à divisão da despesa para adoção de dispensa ou modalidade de licitação menos
rigorosa que a determinada para a
totalidade do valor do objeto a ser licitado.
Diante do exposto, não assiste razão às alegações da defesa, fl. 1557/1566, que,
aliás, não apresentou elementos ou estudos necessários à comprovação da
inviabilidade do parcelamento do objeto.
Assim, levando-se em conta a natureza diversificada, divisível e complexa do objeto do
contrato firmado, que, aliás, deu origem a 9 (nove) termos aditivos, considerando que,
conforme relatado no estudo técnico de fl. 2414, a planilha original do contrato foi composta
de 63 itens, sendo que, 92% destes, sofreram modificações no quantitativo contratado,
sendo-lhe acrescida com 40 novos itens, demonstrando falta de planejamento adequado,
infringindo o art. 23, §§1º e 2º, da Lei n. 8.666/93.
[...]
VOTO
Considerando o relatório de inspeção, a manifestação da Unidade Técnica e a documentação
contida nos autos VOTO pela irregularidade dos apontamentos atinentes ao sistema de
controle interno e da Concorrência n. 1/2002, realizada em desacordo com a Lei n. 8.666/93,
razão pela aplico multa, nos termos do art. 236, II, da Resolução n. 10/96, vigente à época,
dispositivo esse repetido no art. 85, II, da Lei Complementar n. 102/08, no total de
R$15.000,00 (treze mil reais) aos responsáveis, assim discriminadas:
[...]
b) Pelo Procedimento licitatório realizado em desacordo com a Lei n. 8.666/93,

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descrito no item 2.2 da fundamentação deste voto: -R$6.000,00 (seis mil reais) ao Sr. [...],
Prefeito em 2001/2004 (item 2.2, letras “a” e “b”); [...] (grifo nosso).”

Com efeito, o grau de especificidade de cada uma das atividades


cumulado com o leque extremamente diversificado de itens no objeto do edital, são
elementos que restringem demasiadamente a concorrência ao certame, notadamente
quando se observa a restrição à formação de consórcio.

Desta feita, a Impugnante pugna pelo parcelamento do objeto do edital


pelo máximo de itens divisíveis, restringindo, no mínimo às atividades próprias da
limpeza urbana, conforme rol de atividades descrito no art. 7º da Lei 11.445/07,
removendo-se, por consequência, as atividades de lavagem de vias, pintura de meio-fio/sarjeta
e tratamento e disposição final de resíduos serviços de saúde.

IV – DAS CONDIÇÕES RESTRINTIVAS

É imperioso destacar que condições restritivas como ITENS


INSIGNIFICANTES, QUANTIDADES MÍNIMAS, METODOLOGIA, além de contrariar a
lei, como já visto, ferem o PRINCÍPIO DA COMPETITIVIDADE.

Nesse sentido, Marçal Justen Filho alerta que “também não se


admitem requisitos que, restritivos à participação no certame, sejam
irrelevantes para a execução do objeto licitado. Deve-se considerar a atividade
principal e essencial a ser executada, sem maiores referências a especificações
ou detalhamentos. Isso não significa afirmar que tais peculiaridades sejam
irrelevantes. São significativas para a execução do objeto, mas não para a
habilitação.” (g.n.)

Inicialmente, registre-se que, na linha de proibir cláusulas desarrazoadas,


estabeleceu-se que somente podem ser previstas no ato convocatório exigências
autorizadas na Lei (art. 30, § 5º, da Lei 8.666/93). Portanto, estão excluídas tanto as
cláusulas expressamente reprovadas como aquelas não expressamente por ela
permitidas, tendo em vista o princípio da legalidade.

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Sobre o princípio da legalidade, a Profª. Maria Sylvia Zanella Di Pietro 2


ensina que:

“Segundo o princípio da legalidade, a Administração Pública


só pode fazer o que a lei permite. No âmbito das relações
entre particulares, o princípio aplicável é o da autonomia da
vontade, que lhes permite fazer tudo o que a lei não proíbe”.
(g.n.)

Também, é expressamente vedado ao administrador exigir a reunião das


características habilitadoras da licitante, indicando QUANTIDADES MÍNIMAS. No
entanto, pode-se inferir, in casu, na transcrição do documento 5.4.2., subitem 5.4, que o
Edital contém tais restrições, sendo que estas condições inibem, de forma efetiva, a
participação dos licitantes.

Vale transcrever o conteúdo do r. despacho do Presidente da República,


Sr. Itamar Franco, em 16.06.1993, ao enviar ao Senado Federal a MENSAGEM Nº335.

DESPACHOS DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Mensagem nº 335

Senhor Presidente do Senado Federal.

Comunico à Vossa Excelência que, nos termos do parágrafo 1º do artigo 66 da Constituição


Federal resolvi vetar parcialmente o Projeto de Lei nº 1.491, de 1991 (nº59/92 no Senado
Federal), que ‘Regulamenta o art.37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para
licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências”.

As disposições vetadas são as seguintes:

omissis

Alínea "b" do § 1º e §7º do art.30.

Art.30, §1º.

b) quanto à capacitação técnico-operacional: comprovação do licitante de ter executado, NO


SOMATÓRIO DE ATÉ 3 (TRÊS) CONTRATOS, QUANTITATIVOS MÍNIMOS não superiores a
50% (cinquenta por cento) daqueles previstos na mensuração e exclusivamente nas parcelas de
maior relevância técnica ou de valor significativo, do objeto da licitação, e a 50% (cinquenta por
cento) das relações quantitativos/prazo global destas, admitida a soma de atestados quando
referidos a um mesmo período, sem limite de contratos. "

2
Di Pietro, Maria Sylvia Zanella – Direito Administrativo. 23 ed. – São Paulo: Atlas, 2010.

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Razões do veto

A Advocacia Geral da União assim argumenta:


"Reconhecidamente, a competição entre possíveis interessados é princípio ínsito às licitações,
pois somente ao viabilizá-la o Poder Público pode obter a proposta economicamente mais
vantajosa, barateando, assim, os preços de suas obras e serviços.

Ora, a exigência de 'capacidade tecno operacional', nos termos definidos no primeiro


dos dispositivos supra, praticamente inviabiliza a consecução desse objetivo, pois
segmenta, de forma a incontornável, o universo dos prováveis competidores, na medida
em que, embora possuindo corpo técnico de comprovada experiência, uma empresa
somente se habilita a concorrer se comprovar já haver realizado obra ou serviço de
complexidade técnica idêntica à que estiver sendo licitada.
[...]
Impõe-se, assim, expungir do texto os dispositivos em foco, ter, por possibilitar em
possíveis direcionamentos em proveito de empresas de maior porte, se mostram
flagrantemente contrários ao interesse público.
[...]
omissis
Estas, Senhor Presidente, as razões que me levaram a vetar em parte o projeto em causa, as
quais ora submeto à elevada apreciação dos Senhores Membros do Congresso Nacional.
Brasília, 21 de junho de 1993.

ITAMAR FRANCO

Assim, por meio da aludida mensagem, resolveu o então Presidente


VETAR a alínea “b”, dos §§ 1º e 7º, do art.30, do Projeto de Lei nº 1.491, de 1991
(nº59/92 no Senado Federal), que regulamentaria, como de fato atualmente
regulamenta, pela Lei 8.666/93, o disposto no art. 37, XXI, da Constituição Federal.

Trata-se, portanto, do art.30 da Lei 8.666/93, que, quando ainda era


Projeto de Lei, regulamentava a comprovação da capacidade técnico-operacional, MAS
QUANDO SANCIONADO PELO PRESIDENTE, TEVE EXPURGADA TAL
REGULAMENTAÇÃO, E O VETO FOI MANTIDO PELO CONGRESSO NACIONAL,
sendo estas as razões da Advocacia Geral da União para o veto.

O que se verifica é que o fundamento pelo qual o Presidente da


República, respaldado em parecer da Advocacia Geral da União, veta a alínea b, do §1º,
do art.30, da Lei 8.666/93, é o direcionamento ilegal e inadmissível das licitações, que
ocorre quando se autoriza exigir quantidades mínimas, sendo de notório conhecimento
que o veto presidencial FOI SANCIONADO PELO CONGRESSO NACIONAL, tanto é que

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a Lei de Licitações não tem, em sua redação vigente, a referida alínea “b”, dada a
manutenção do veto.

Portanto, está estampada a verdadeira e real vontade do legislador, que,


não tendo derrubado o veto presidencial, acedeu aos motivos e razões de tal óbice, e
assim reconheceu a ilegalidade da regra e a expurgou do texto da lei sancionada,
tornando incontestável a sua exegese, e ilegal a realização de concorrência pública com
base em tais condições.

Dessa forma, não há juridicidade na exigência de QUANTIDADES


MÍNIMAS, o que já foi decidido acertadamente pelos Tribunais. Nesse sentido:

“ADMINSTRATIVO – MANDADO DE SEGURANÇA


– INABILITAÇÃO EM PROCESSO LICITATÓRIO FUNDADA EM
EXIGÊNCIA VEDADA PELA LEGISLAÇÃO – REMESSA OFICIAL
NEGADA
1 – Quando o instrumento convocatório faz inserir exigência
que limita a participação de licitantes, IMPONDO
QUANTIDADES MÍNIMAS, em confronto com o que dispõe o
art. 30, §1º, I, da Lei 8666/93, não pode prevalecer a decisão
que inabilita licitante do certame.
2 – os princípios que regem a licitação, visam garantir à
administração a possibilidade de selecionar a proposta que lhe
for mais vantajosa. Qualquer limitação imposta no edital que
possa restringir a isonomia entre os participantes deve ser
afastada.
3 – omissis
4 – Remessa oficial à qual se nega provimento.”
(TRF 4ª Região, 4ª Turma; REO – Remessa Ex Oficio – 9531;
Processo nº 9704068778; Juiz A.A. Ramos de Oliveira, Data da
decisão: 20/06/2001; DJ 09/08/2000, pág.258 – destaques
nossos)

Além do mais, o rigor excessivo, ou ainda, como no caso em tela, o rigor


incoerente com a lei, de modo a alijar da competição uma licitante que atende
plenamente aos anseios da Administração Pública, acaba por ferir a ISONOMIA, eis que
o mesmo rigor não é aplicado às licitantes apadrinhadas, que serão
favorecidas na disputa, expondo o procedimento licitatório à nova invalidação.

Ad argumentadum, caso esse não seja o entendimento desta Comissão, o


que se cogita apenas por hipótese, requer seja remetida a impugnação à Autoridade
Superior, sob a forma de Recurso Hierárquico, a fim de que surtam seus jurídicos e legais
efeitos, conforme previsto no § 4º, do art. 109, da Lei nº 8.666/93.

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A Impugnante informa que fornecerá, ao Ministério Público do


Estado de Minas Gerais, documentos capazes de demonstrar as irregularidades
detectadas no presente Edital, para que sejam observadas as providências
legais cabíveis.

IV) DO PEDIDO

Ex positis, o Impugnante requer o acolhimento da presente


impugnação para que seja:

1) seja julgado procedente a presente impugnação, revogando total


ou parcialmente o Edital, e, consequentemente, o imediato
cancelamento da entrega das propostas, designado para o dia
09.01.2020;

2) reabertura de prazo para entrega das propostas, nos termos do art.


21, §4º, da Lei 8.666/93.

Nestes termos, pede deferimento.

De São Gabriel da Palha/ES para Governador Valadares/MG, 06 de


janeiro de 2020.

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Joelma Pinafo Mauri
Representante Legal através de Procuração.
CPF: 069.033.677-21
RG: 1386673 SSP ES

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