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TANGARÁ DA SERRA
As coisas são ordenadas se elas se comportam como você espera, não podendo levar em
conta no planejamento de ações. Elas estão em ordem se não se preocupa com a ordem das
coisas. Quando começa a se pensar na ordem, descobre-se que sente falta de uma distribuição
de probabilidades clara e legível. É a aparente falta de qualquer vínculo entre o que você faz e
o que acontece com você, entre o “fazer” e o “sofrer”, que torna o caos odioso, repugnante e
aterrador. Qualquer tentativa de tentar colocar as coisas em ordem fica reduzida a manipular
as probabilidades dos eventos.
A manipulação das probabilidades, e assim a conjuração da ordem a partir do caos, é o
milagre realizado todos os dias pela cultura. A cultura manipula as probabilidades dos eventos
por meio da atividade de diferenciação. É a atividade de fazer distinções, classificar, segregar
e marcar fronteiras.
Por causa de conexões insípidas, porém íntimas, com o estado da incerteza, a
“impureza” das classificações, a nebulosidade e a porosidade das fronteiras são fontes
constantes de medo e agressividade inseparáveis dos esforços de criar e manter a ordem. A
dominação é alcançada ao remover as regras que impediam nossa própria liberdade de
escolha, enquanto se impõe o máximo de restrições possível sobre a conduta de todos os
demais. Quanto menos liberdade de escolha tenho, mais fracas são minhas chances na luta
pelo poder.
Os conceitos de ordem se diferenciam de várias maneiras. A ordem para pessoas no
poder, parece estranhamente o caos para as pessoas quem elas comandam. A nova desordem
mundial chamada de globalização tem um efeito revolucionário, a desvalorização da ordem.
No mundo que se globaliza, a ordem se transforma no índice de falta de poder e subordinação.
A nova hierarquia de poder está marcada, no topo, pela capacidade de se mover com rapidez e
sem aviso. Fuga e evasão, leveza e volatilidade, estas características substituíram a presença
pesada e ameaçadora como técnica principal de dominação.
FACULDADE DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE
TANGARÁ DA SERRA
Tudo pode acontecer e tudo pode ser feito, mas nada pode ser feito apenas uma única
vez e durar para sempre, e seja lá o que for que aconteça, chega sem anunciar e vai embora
sem avisar. Neste mundo, os laços são segmentados, as identidades, em máscaras usadas
sucessivamente, a história de vida, em uma série de episódios que perduram apenas na
igualmente efêmera memória. E assim, há pouco no mundo que possamos considerar sólido e
confiável, nada que lembre um tecido rústico no qual possamos tecer nosso próprio itinerário
de vida.
A humanidade contemporânea fala por meio de muitas vozes e sabemos que continuará
a fazer isso por um longo tempo. A questão central é como reforjar essa polifonia em
harmonia e impedir que se degenere em uma cacofonia. O medo de estrangeiros, a militância
tribal e a política de exclusão se originam na polarização da liberdade e da segurança. Isso
ocorre porque, para vastos setores da população, essa polarização significa impotência e
insegurança crescentes, que impedem na prática o que o novo individualismo saúda na teoria
e prometer entregar mas falha: a genuína e radical liberdade de auto constituição e
autoafirmação.