ISBN 978-85-387-3235-8
pedagogia e empreendedorismo
pedagogia e
empreendedorismo
pedagogia e
empreendedorismo
Ziléa Baptista Nespoli
Pedagogia e Empreendedorismo
Edição revisada
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
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N374p
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-3235-8
Empresa e sociedade.............................................................................................................91
Noções preliminares: empresa e sociedade..............................................................................................91
Visão empreendedora............................................................................................................101
A questão do conflito................................................................................................................................102
Empregabilidade: o desafio do fim do emprego.......................................................................................104
Características do empreendedor..........................................................................................111
A Gol.........................................................................................................................................................111
Espírito empreendedor..............................................................................................................................111
Características dos empreendedores.........................................................................................................112
Referências............................................................................................................................165
O
objetivo deste livro é discutir a relação educação, pedagogia e empreendedorismo, presente
na dimensão da gestão educacional. A partir de uma breve visão histórica das tendências
pedagógicas e do currículo escolar, procurando levantar características do gestor/professor/
educador/pedagogo empreendedor, o estudo parte de dois aspectos fundamentais: o primeiro refere-
-se à problemática da identidade do campo do conhecimento pedagógico e do currículo escolar, e o
segundo aspecto evidencia dados referentes à ação empreendedora do gestor escolar, destacando o
valor do autoconhecimento, do estímulo à criatividade e da eficácia da comunicação.
Os avanços científico-tecnológicos marcam um cotidiano em que espaço e tempo têm dimensões
diferenciadas e, por essa razão, sobressaem as ações empreendedoras, provocando nos educadores um
repensar sobre as competências e as habilidades que precisam ser desenvolvidas nos educandos e para
que possam estar preparados para viverem nesse tempo de mudanças radicais.
Morin (2003, p. 103) propõe: “Uma educação para uma cabeça benfeita, que acabe com a
disfunção entre as duas culturas (científica e humanidades), daria capacidade para se responder aos
formidáveis desafios da globalidade e da complexidade na vida quotidiana, social política, nacional e
mundial”.
E é nesse sentido que pretendemos levantar conceitos e nortear nossas reflexões e questiona-
mentos.
Bom trabalho!
P
ara iniciarmos nossos estudos sobre Pedagogia e Empreendedorismo, propomos um rápido
histórico dos estudos no campo pedagógico e da identidade do profissional pedagogo, uma vez
que há mais de 20 anos presenciamos debates sobre questões referentes ao campo de estudo.
Começaremos nossos estudos a partir dos conceitos de Educação e Pedagogia.
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Evolução histórica da Pedagogia
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Evolução histórica da Pedagogia
Pedagogia: considerações
Aproveitamos a breve incursão histórica da Pedagogia em Libâneo
(2002) e organizamos esta síntese para que possamos nos localizar no tempo
e no espaço, quando tratarmos das diferentes visões do pedagógico na prática
educativa concreta.
Certamente, a Pedagogia existe desde que houve a necessidade de cuidar da
criança e de promover sua inserção num contexto social. Todavia, sua institucio-
nalização ocorre com a modernidade, por volta do século XVI. Logo, a Pedagogia
e toda a base do seu discurso teórico é fruto da modernidade, achando-se ligada a
acontecimentos cruciais, como a Reforma, o Iluminismo, a Revolução Francesa,
a Industrialização, e a ideias, como a natureza humana universal, a autonomia do
sujeito, a educabilidade humana, a emancipação humana pela razão.
O século XVII lança as bases do movimento científico e filosófico que vai
dar o lastro para a Ilustração.
A Pedagogia Realista de Ratke, Comênio e Locke traz para a educação o
que Bacon propunha para a ciência da época: o conhecimento vem da experiência,
portanto, deve começar pelo estudo da natureza, pelo conhecimento das coisas.
O século XVIII é chamado o século da Pedagogia, não apenas porque nele
surgem grandes nomes da Pedagogia Clássica, como Rousseau e Pestalozzi, mas
porque se desenvolve a educação pública estatal e inicia-se a educação nacional.
Pertence ao século XVIII, o desenvolvimento da educação para a cidadania,
para a nacionalidade, a adoção do princípio da educação universal, gratuita e
obrigatória, a organização das escolas em torno da primazia da razão universal
que une os pensadores educadores e da crença do poder racional na vida dos
indivíduos e dos povos.
O século XX distingue-se por mergulhar a teoria educacional mais a fundo
na modernidade, inaugurando a cientificidade da Pedagogia. Com Herbert, o
saber sobre a educação desvincula-se da Filosofia e torna-se saber científico, como
conhecimento metódico, sistematizado e unificado. Herbert dá um importante
passo na cimentação teórica da Pedagogia quando a institui sobre dois pilares: a
Ética e a Psicologia.
Já Dewey expressa o vínculo educação-sociedade, afirmando claramente
a exigência de que a escola, ao mesmo tempo em que é expressão da sociedade
existente, atue também na preparação de uma sociedade diferente e mais justa.
As pedagogias de cunho crítico (Saviani, 1983; Libâneo, 1985; Mizukami,
1987 entre outros) destacam-se das demais por entender que o processo social
global da produção codetermina a constituição de seu objeto, a educação, de modo
que a formação e a educação ganham uma concreção histórico-social.
A conexão da Pedagogia com a dinâmica concreta das relações sociais
encontrou em propostas de inspiração marxista respostas bastante satisfatórias,
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Evolução histórica da Pedagogia
A formação do pedagogo
e sua identidade profissional
A primeira regulamentação do curso de Pedagogia no Brasil, em 1939, prevê
a formação do Bacharel em Pedagogia, conhecido como “técnico em educação”.
A legislação posterior, em atendimento à Lei 4.024/61 (LDB), mantém o curso de
bacharelado para formação do pedagogo (Parecer CFE 251/62) e regulamenta as
licenciaturas (Parecer CFE 292/62). O Parecer CFE 252/69 extingue a distinção
entre bacharelado e licenciatura, mas mantém a formação de especialistas nas
várias habilitações, no mesmo espírito do Parecer CFE 251/62. Com suporte na
ideia de “formar o especialista no professor”, a legislação em vigor estabelece que
o formado no curso de Pedagogia recebe o título de licenciado.
Na segunda metade da década de 1970, surgem as licenciaturas, fruto do
“repensar” o curso de Pedagogia, envolvendo organismos oficiais e identidades
independentes de educadores.
A partir dos anos 1980, destaca-se a atuação do movimento de reformulação
dos cursos de formação do educador, cuja atividade perdura até hoje na Anfope
(Associação Nacional para Estudo da Formação de Profissionais da Educação)
que produziu, ao longo desses anos, documentos bastante expressivos do debate,
tendo exercido efetiva influência na concepção de formação do professor e na
reformulação de currículos em algumas faculdades de Educação.
Concordamos com Libâneo (2002, p. 50) quando diz que
o esfacelamento dos estudos no âmbito da ciência pedagógica com a consequente subjunção
do especialista no docente, e a improcedente identificação dos estudos pedagógicos a uma
licenciatura, talvez sejam dois dos mais expressivos equívocos teóricos e operacionais da
legislação e do próprio movimento da reformulação dos cursos de formação do educador,
no que se refere à formação do pedagogo.
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Evolução histórica da Pedagogia
Nos anos 1950, surge nos Estados Unidos o “tecnicismo educacional” que
se intensifica nos anos 1970. Tanto o escolanovismo como o tecnicismo tendem
a uma visão cientificista do educativo, a psicologização da atividade escolar,
retirando da Pedagogia seu caráter ético-normativo e de disciplina integradora dos
vários enfoques de análise do fenômeno educativo. Em consequência, ocorre um
reducionismo dos termos pedagogia e pedagógico, que passam a ser empregados
para indicar meramente os aspectos metodológicos e organizativos da escola.
A teoria pedagógica esvaziada dá lugar a uma teoria sociopolítica da
educação e a Pedagogia seria, na sociedade de classes, o próprio modo de ser
da ideologia dominante, já que a educação escolar atuaria como reprodutora dos
antagonismos de classes sociais.
Os anos 1980 foram marcados pela crítica da educação ao capitalismo, por
um lado, e pela associação entre análise crítica e formas de intervenção na prática
escolar, por outro. São retomadas que se dão prosseguimento às discussões sobre
a sistemática de formação de educadores. A Anfope, como já dissemos, tem tido
expressiva atuação quanto às discussões e aos documentos sobre o assunto.
Há que se considerar que é necessário discutir mais sobre: a especificidade
do conhecimento pedagógico, a identidade profissional do pedagogo, a necessidade
do pedagogo na escola, a pertinência das habilitações e a questão da licenciatura.
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Evolução histórica da Pedagogia
não basta. Somente será considerado pedagogo aquele que fará surgir um “mais” na e
pela articulação teoria-prática na educação. Tal é a cadeia da fabricação pedagógica.
(HOUSSAYE, 1996 apud LIBÂNEO, 2002, p. 35)
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Evolução histórica da Pedagogia
gia apenas como campo de aplicação de conhecimentos científicos de outras áreas, isto é, como
tecnologia (no sentido de ser um saber técnico, aplicação sistemática de conhecimentos científicos
para resolver problemas práticos). Que a educação seja uma atividade prática não restam dúvidas;
como tal, todavia, pode realizar-se de maneira artesanal, improvisada, ou seguir leis e princípios
explicativos decorrentes da investigação científica. Além do mais, não é mais tempo de se opor
conhecimento teórico e conhecimento prático. Quanto à singularidade dos fenômenos humanos,
ela existe; mas isso não impossibilita a ocorrência de regularidades que possam gerar leis expli-
cativas, por mais que essas leis, no caso da educação, não impliquem uma predição exata de pres-
crições ou aplicações absolutamente objetivas. É sempre pertinente discutir se uma ciência pode
livrar-se de valores – há os que dizem que os cientistas se ocupam de fatos, não de valores – já que
a Pedagogia não tem como eximir-se de sua conotação ético-normativa. Quanto à última objeção,
a discussão parece estar já exaurida. Com efeito, a pluridimensionalidade do fato educativo levou
à recorrência de um conjunto de saberes que é o que se denomina hoje de “ciências da educação”.
Permanece, todavia, a polêmica questão: a Pedagogia seria uma das ciências da educação ou ela
seria substituída pelas ciências da educação?
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Em particular toda educação não pode, não deve ser feita na escola, pela escola. A escola
imprime sua marca particular sobre uma parte da vida e da cultura do jovem: ela se dá como tarefa
o encontro com o genial – e o máximo de sua ambição é que quer este encontro para todos.
Há muitos outros momentos da vida em que não temos tais objetivos, em que partimos
simplesmente de novos gostos, de nosso desejo; podemos então também encontrar o genial, lançarmo-
-nos no museu do Louvre, na maioria das vezes não pretenderemos ir tão longe, há muitas
possibilidades para que não se vá tão longe – e assim está muito bem. Do mesmo modo não temos
necessidades da obrigação, recusamos a obrigação.
A escola, minha escola, tem como objetivo extrair alegria do obrigatório. O que justifica que se vá
à escola (evidentemente fora da preparação para o futuro, mas é preciso lembrar que, por hipótese, estou
proibido de evocá-lo?) é que ela suscita uma alegria específica: a alegria da cultura elaborada, o confronto
com o mais bem-sucedido; o que exige condições particulares do sistemático: o que pode ser fácil, daí
o recurso necessário ao obrigatório. O problema todo é que os alunos sentem efetivamente a instituição
como dirigida a parar a alegria – e uma alegria que quase não se poderia atingir de outra maneira.
Eu gostaria de uma escola que tivesse a audácia, que corresse o risco de assumir sua espe-
cificidade e de jogar totalmente a carta de sua especificidade. Uma das causas do mal-estar atual
parece-me ser que a escola quer beber em todos os copos: ensinar o sistemático, mas também
deleitar-se com o disperso, com o acaso dos encontros; recorrer ao obrigatório, mas ela tenta
dissimulá-lo sob aparências de livre escolha. Em particular a escola, frequentemente ciosa dos
sucessos da animação, cobiça suas fórmulas mais suaves, mais agradáveis – mas ela é na verdade
obrigada a constatar que essas são inadequadas para ensinar álgebra ou para chegar até Mozart.
Direi até que isso não me parece um elogio concedido à escola que os alunos chegam a con-
fundir a classe com a recreação, o jogo com o trabalho, que eles queiram prolongar a classe como
uma recreação, retornar à escola como a um lazer; pois realmente é à escola que eles retomam?
Temo que a escola tenha abandonado seu próprio papel – reconhecendo-se precisamente que em
certos momentos, para certos alunos, pode ser indicado introduzir elementos de brincadeira, mo-
mentos de distração, com a condição de que não se esqueça que estes são estimulantes intermedi-
ários destinados a ser temporários.
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b) Comente: “O que justifica que se vá à escola [...] é que ela suscita uma alegria específica: a
alegria do cultural elaborado, o confronto com o mais bem-sucedido [...]”
Individual
1. Entrevistar três professores, solicitando que definam: educação, pedagogia e relação teoria-
-prática.
Em grupo
1. Analisar as definições coletadas nas entrevistas, tomando por base os teóricos estudados.
Registrar a opinião do grupo.
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Tendências e correntes
da Educação brasileira
Considerações iniciais
N
o livro Filosofia da Educação Brasileira (1985), coordenado por Saviani e Mendes, encon-
tramos um rico artigo, fruto de uma pesquisa de Saviani sobre o assunto que servirá de base
teórica para essa aula.
Iniciaremos com breve consideração sobre as expressões: Filosofia da Educação, tendências
e correntes.
Filosofia da Educação: entendida como tomada de posição explícita, portanto, sistematizada,
sobre a problemática educacional.
Tendências: são determinadas orientações gerais à luz das quais se desenvolvem determinadas
orientações específicas, também identificadas como correntes.
Logo, nosso estudo sobre Filosofia da Educação Brasileira visa a detectar as tendências, isto é,
as concepções de Filosofia da Educação sob cuja inspiração se desenvolvem as diferentes correntes
da educação brasileira.
A partir das tendências, mencionaremos as correntes: na medida em que concorrem para
explicitar as tendências, ou seja, as concepções de Filosofia da Educação que neste trabalho poderemos
identificar em dois sentidos fundamentais: a) a Filosofia da Educação como processo; b) a Filosofia
da Educação como produto. Esses dois sentidos ou significados estão intimamente relacionados, só
sendo distinguíveis por um ato de abstração. Assim, a ênfase será posta no produto, isto é, a Filosofia
da Educação será encarada enquanto concepção razoavelmente articulada à luz da qual se interpreta
e/ou se busca dar determinado rumo ao processo educativo.
Por razões didáticas, apresentaremos, primeiro, a classificação das diferentes concepções de
Filosofia da Educação. Em seguida, o modo como elas se articulam com a organização educacional
historicamente considerada.
Concepções fundamentais de Filosofia da Educação:
concepção “humanista” tradicional;
concepção “humanista” moderna;
concepção analítica;
concepção dialética.
Concepção “humanista”, seja na versão tradicional ou na moderna, engloba um conjunto
bastante grande de correntes que têm em comum a compreensão da educação de uma determinada
visão de homem.
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Educação brasileira: bases filosóficas/ideológicas
Século XIX Século XX Século XXI
Educação Educação Educação
Educação
humanista humanista progressista
tecnicista
tradicional moderna (dialética)
10 20 30 40 50 60 70 80 90
Bases
filosóficas/
ideológicas
Tomismo Filosofia Movimentos críticos
Pedagogia Pragmatismo
Empirismo Pombalino analítica (de inspiração dialética)
de Hebert Existencialismo
Positivismo Tecnicismo Pedagogias: libertadora,
libertária, crítico-social dos
conteúdos e construtivista
Tendências e correntes da Educação brasileira
Cinco passos
Atividade
Formais de Herbert:
Problema Modelo sistêmico Prática social
preparação Coleta de dados Taxionomia dos Problematização
apresentação Hipótese objetos educacionais Instrumentalização
generalização Experimentação
aplicação
Tendências e correntes da Educação brasileira
Concepção analítica
Não pressupõe explicitamente uma visão de homem nem um “sistema filo-
sófico” geral. Pretende que a tarefa da Filosofia da Educação é efetuar a análise
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Tendências e correntes da Educação brasileira
lógica da linguagem educacional e que essa deve ser uma linguagem comum, isto
é, não formalizada, não científica. O método que mais se presta à tarefa proposta é
o da chamada análise informal ou lógica informal, que parte do princípio segundo
o qual o significado de uma palavra é determinado pelo emprego, isto é, pelo uso
que dela se faz. A análise informal julga não ser necessário ultrapassar o âmbito
da linguagem corrente para se compreender o significado das palavras.
Concepção dialética
Também se recusa a colocar no ponto da partida determinada visão de homem.
Interessa-lhe o homem concreto, o homem como conjunto das relações sociais.
Considera que a tarefa da Filosofia da Educação é explicitar os problemas
educacionais e que estes não podem ser compreendidos senão por referência ao
contexto histórico em que estão inseridos. Também admite que a realidade é
dinâmica e que o dinamismo explica-se pela interação recíproca do todo com as
partes que o constituem, bem como pela contraposição das partes entre si. Logo,
o papel da educação será colocar-se a serviço da nova formação social em desen-
volvimento no âmbito da velha formação até então dominante.
A escola surge como o grande instrumento de realização dos ideais liberais
e, na segunda metade do século XIX, imprime-se a ideia da “escola redentora da
humanidade”. Surgem os sistemas nacionais de ensino e as campanhas pela escola
pública, universal e gratuita. Já no século XX, as esperanças depositadas na escola
começam a enfraquecer, uma vez que a escola não foi capaz de alcançar o objetivo
de redimir os homens da ignorância, da opressão e da miséria política e moral.
Acreditava-se que, ao reformar a escola, seria possível alcançar aquele
objetivo, e surge o movimento da Escola Nova. A Escola Nova pretende reformular
internamente o aparelho escolar, inspirada na concepção “humanista moderna”.
É importante observar que o movimento da Escola Nova não aboliu a escola
convencional, muito ao contrário. Ela ainda constitui o padrão dominante nas
redes oficiais de ensino. O movimento da Escola Nova influenciou apenas super-
ficialmente os procedimentos adotados nas escolas oficiais. A Escola Nova surge
como um mecanismo de recomposição da hegemonia da classe dominante, hege-
monia essa ameaçada pela crescente participação política das massas, viabilizada
pela alfabetização por meio da escola universal e gratuita.
Quando a Escola Nova enfatiza a qualidade do ensino, desloca o eixo de
preocupação do âmbito político para o âmbito técnico-pedagógico, com a fina-
lidade de manter a expansão da escola nos limites suportáveis pelos interesses
dominantes e desenvolver um tipo de ensino adequado a esses interesses. Assim, a
Escola Nova, ao mesmo tempo em que aprimorou a qualidade do ensino destinado
às elites, forçou a baixa da qualidade do ensino destinado às camadas populares,
já que sua influência provocou o afrouxamento da disciplina e das exigências de
qualificação nas escolas convencionais.
A Pedagogia hoje, no Brasil, vive um grande paradoxo, no dizer de Libâneo
(2002). Por um lado, ela está em alta na sociedade. Nos meios de comunicação,
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Tendências e correntes da Educação brasileira
Escola Nova
(GADOTTI, 2001, p. 242-243)
Por Escola Nova deve-se entender, hoje, um conjunto de doutrinas e princípios tendentes
a rever, de um lado, os fundamentos da finalidade da educação, de outro, as bases de aplicação
da ciência à técnica educativa. Tais tendências nasceram de novas necessidades, sentidas pelo
homem, na mudança de civilização em que nos achamos, e são mais evidentes, sob certos aspectos,
nos países que mais sofreram, direta ou indiretamente, os efeitos da conflagração europeia. Mas
a educação nova não deriva apenas da grande guerra. Ela se deve, em grande parte, ao progresso
das ciências biológicas, no último meio século, ao espírito objetivo, introduzido no estudo das
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ciências do homem. É possível resumir os pontos essenciais das novas doutrinas? Parece-nos
que sim. Do ponto de vista dos fins da educação, a Escola Nova entende que a escola deve
ser órgão de reforçamento e coordenação de toda a ação educativa da comunidade: a educação
é a socialização da criança. Do ponto de vista político, pretende a escola única e a paz pela
escola. Do ponto de vista filosófico, admite mais geralmente as bases do neovitalismo e do
neoespiritualismo, que as do mecanicismo empírico. Dentro desses pontos de vista, e para a
consecução de tais fins, propõe novos meios de aplicação científica. Aconselha, primeiramente, a
transformação da organização estática dos estabelecimentos de ensino, pelo emprego do estudo
objetivo da criança, para classificação racional: e pela verificação objetiva do trabalho escolar
(testes), para avaliação objetiva do que foi aprendido. Depois, a transformação da dinâmica do
ensino, a reforma dos processos. Ao invés do ensino passivo, decorrente da filosofia sensualista
e intelectualista de outros tempos, proclama a necessidade do ensino funcional ou ativo, baseado
na expansão dos interesses naturais da criança. Ao invés do “nada está na inteligência que não
tivesse passado pelos sentidos”, o “nada está na inteligência que não tenha sido ação interessada”.
Ao invés do trabalho individual, de fundo egoístico, o trabalho em comunidade, que dê o hábito
da cooperação. Ao invés da discriminação de materiais, o ensino em situação total ou globalizado.
Ao invés da escola de ouvir, a escola de fazer, de praticar a vida. Ao invés da autoridade externa,
a reunião de condições que permitiam desenvolver-se, em cada indivíduo, a autoridade interna:
toda educação dever ser uma autoeducação.
a) Entre os princípios da Escola Nova está o uso dos testes como instrumento de avaliação para
fazer a “verificação objetiva do trabalho escolar”. O que você acha das avaliações de tipo
teste?
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c) “[...] toda educação deve ser uma autoeducação”. Você concorda com essa afirmação? Por quê?
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para, reconhecendo as limitações desse conhecimento, conhecer mais. Pelo contrário, o que a eles
se lhes propõe é a recepção passiva de um “conhecimento empacotado”.
No segundo caso, os educandos são convidados a pensar. Ser consciente não é, nessa hipótese,
uma simples fórmula ou um mero slogan. É a forma radical de ser dos seres humanos enquanto
seres que, refazendo o mundo que não fizeram, fazem o seu mundo e nesse fazer e refazer se
refazem. São porque estão sendo.
O aprendizado da leitura e da escrita, como um ato criador, envolve, aqui, necessariamente, a
compreensão crítica da realidade. O conhecimento do conhecimento anterior a que os alfabetizandos
chegam ao analisar a sua prática concreta abre-lhes a possibilidade de um novo conhecimento.
Conhecimento novo, que indo mais além dos limites do anterior, desvela a razão de ser dos fatos,
desmistificando assim as falsas interpretações dos mesmos. Agora, nenhuma separação entre
pensamento-linguagem e realidade; daí que a leitura de um texto demande a “leitura” do contexto
social a que se refere.
Não basta saber ler mecanicamente que “Eva viu a uva”. É necessário compreender qual a
posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir uvas e quem lucra com
esse trabalho.
Os defensores da neutralidade da alfabetização não mentem quando dizem que a clarificação
da realidade simultaneamente com a alfabetização é um ato político. Falseiam, porém, quando
negam o mesmo caráter político à ocultação que fazem da realidade.
(Parte final da fala de Paulo Freire, no Simpósio Internacional para
a Alfabetização, em Persépolis, Irã, em setembro de 1975.)
a) “[...] o importante mesmo é não ler estórias alienadas e alienantes, mas fazer história e por
ela ser feito”. Tendo em mente essa afirmação feita por Paulo Freire, comente:
a postura do educador que faz uma opção revolucionária de educação.
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Tendências e correntes da Educação brasileira
Mas ele não as aceita. Não consegue entender como pode ser ele considerado um agente da explo-
ração quando, na verdade, ele se sente a primeira vítima da exploração. Pois o seu trabalho não está
sendo crescentemente desvalorizado? Não está ele sendo cada vez mais proletarizado? Então, se é
ele explorado, como pode ser acusado de explorador? Mas a lógica da acusação aciona um argu-
mento que parece irrespondível: o professor é explorado para explorar; é dominado para dominar. É
explorado na sua boa-fé. Enquanto pensa que está colaborando com os outros, que está ajudando os
seus alunos, tanto mais eficazmente ele está cumprindo a função de dominação. Aí o nosso professor
chega às raias da paranoia. Ele quase chega a se convencer de que vive num mundo maquiavélico
onde tudo e todos estão empenhados em enganá-lo. O desânimo se abate sobre ele. Uma onda de
pessimismo invade sua mente. Passa-lhe pela cabeça a ideia de mudar de profissão. Mas a coisa não
é tão simples assim. Afinal não é sem alguma razão que ele acabou se tornando professor. Apesar da
aparência de uma lógica impecável, no fundo ele suspeita que os argumentos da acusação estejam,
em determinado ponto imperceptível, escondendo algum sofisma. E uma tênue chama de esperança
mantém-se acesa, já que é preciso permanecer no magistério.
b) Discuta o texto de Saviani e sua prática com o grupo. Redija o pensamento do grupo.
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Tendências e correntes da Educação brasileira
Individual
1. Faça uma síntese das tendências educacionais brasileiras, do início do século XX até hoje.
Em grupo
1. Discutir e levantar duas questões sobre a síntese organizada por cada componente do grupo.
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Tendências e correntes da Educação brasileira
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O campo do conhecimento
pedagógico: teoria e prática
N
esta aula, reafirmaremos algumas ideias sobre o conhecimento pedagógico, a identidade
profissional do pedagogo e o sistema de formação de pedagogos e professores, que ainda estão
sendo temas de encontros, seminários, mesas-redondas, por todo o país. No entanto, podemos
dizer que os problemas e dilemas continuam, persistindo velhos preconceitos, mantendo-se apego a
teses ultrapassadas, às vezes, com o frágil argumento de que são conquistas históricas. Está claro
também que, por muitos fatos, as profissões de pedagogo e de professor têm sido abaladas por questões
relativas a baixos salários, a deficiências de formação, à desvalorização profissional implicando baixo
status social e profissional, à falta de condições de trabalho, à falta de profissionalismo etc. Tem-se
observado, assim, a desqualificação acadêmica da área, oportunizando que profissionais de outras
áreas, mesmo desconhecendo a especificidade da Pedagogia, façam críticas.
Quadro 1 – Comparação entre as pedagogias burguesas dominantes e pedagogias não
dominantes no Brasil, na segunda metade do século XX
Pedagogias Escolas Conteúdos Métodos
Conteúdos clássicos: científicos e
Preparação para a vida: educação Centrados no professor. Ele é o
Tradicional literários, como guia moral para
intelectual e preparo moral. modelo (professor).
o futuro pessoal.
Centrados nos alunos, através de
Não prepara, imitação da vida: Interesse de como se lida com os dinâmica de grupo, pesquisas e
Nova
estímulos e desafios. conteúdos: “aprender a aprender”. debates. O professor não ensina;
ajuda o aluno a aprender.
Prepara o aluno para integrar- Necessários para responder ao Centrados nos meios didáticos:
Tecnicista -se no sistema de produção mercado de trabalho (testes e slides, ensino programado,
capitalista. provas para concursos). módulos de ensino.
Comunidade em autogestão: Postura antiautoritária: abolição
Científicos e racionais,
professores e alunos determinam de provas, exames, frequência.
Libertária importante é a forma de
o projeto pedagógico e Aulas expositivas e dinâmicas
apresentar o conteúdo.
administrativo. de grupo.
Escola pouco faz para
Grupos de discussão: o
transformar a sociedade. Valoriza o aprendizado através da
professor e os alunos dialogam
Libertadora A crítica se desenvolve em visão crítica, problematizadora,
problematizando situações de
círculos de cultura e grupos de das situações de vida.
vida e criticando-as.
conscientização.
Estão subordinados aos
Escola tem função social de Patrimônio cultural e científico
Crítico- conteúdos que formam a
levar a cultura erudita às classes (nas mãos dos dominantes) deve
-social dos cultura universal, apresentados
populares; a escola pública é ser conhecido também pelas
conteúdos concretos e reveladores dos
absolutamente necessária. classes dominadas e ao seu favor.
conflitos sociais.
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O campo do conhecimento pedagógico: teoria e prática
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O campo do conhecimento pedagógico: teoria e prática
A formação de pedagogos
Resolvemos transcrever o texto do professor Saviani (2002, p. 38-41) que
trata desse assunto, por entendermos que seu trabalho coloca, de forma sintética
e clara, pontos importantes sobre o sistema de formação de pedagogos, ilustrados
com citações elucidativas.
O curso de pedagogia deve formar o pedagogo stricto sensu, isto é, um profissional
qualificado para atuar em vários campos educativos para atender demandas socioeducativas
de tipo formal e não formal, decorrentes de novas realidades – novas tecnologias, novos
atores sociais, ampliação das formas de lazer, mudanças nos ritmos de vida, presença dos
meios de informação, mudanças profissionais, desenvolvimento sustentado, preservação
ambiental não apenas na gestão, supervisão e coordenação pedagógica de escolas,
como também na pesquisa, na administração dos sistemas de ensino, no planejamento
educacional, na definição de políticas educacionais, nos movimentos sociais, nas
empresas, nas várias instâncias de educação de adultos, nos serviços de psicopedagogia
e orientação educacional, nos programas sociais, nos serviços para a terceira idade, nos
serviços de lazer e animação cultural, na televisão, no rádio, na produção de vídeos,
filmes, brinquedos, nas editoras, na requalificação profissional etc.
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O campo do conhecimento pedagógico: teoria e prática
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O campo do conhecimento pedagógico: teoria e prática
do docente reduziu o peso da formação pedagógica teórica mais aprofundada. Por sua vez, os pe-
dagogos que participaram desse movimento ou cederam ao discurso ora sociologizante, ora psico-
logizante, ou sua participação foi tão pequena que seu discurso teórico quase foi silenciado. Hoje,
nossas Faculdades de Educação estão repletas de filósofos, sociólogos e psicólogos da educação e
esvaziadas de pedagogos, mesmo porque aqueles raramente se reconhecem como pedagogos. Jun-
tando esses ingredientes, acentuou-se a tendência que vinha se delineando desde os anos 1920 com
o movimento escolanovista de empobrecimento dos estudos específicos de teoria pedagógica.
A crítica à Pedagogia tem aumentado: ela não cobriria os requisitos de “cientificidade”; seria
uma tarefa voltada para a prática, estando mais no campo da intuição e da arte do que no campo
científico; não teria objeto de estudo próprio porque o fenômeno educativo é pluridimensional, assim
como não disporia de um sistema claro e coerente de conceitos. Em primeiro lugar, algumas dessas
limitações são atribuíveis às Ciências Sociais em geral. Segundo, os críticos da Pedagogia não per-
cebem que a ocorrência dessas dificuldades epistemológicas não constituem razão suficiente para
se ignorar a atividade prática correspondente ao campo de conhecimento pedagógico. Tal ativida-
de, definida especificamente como formação humana, envolve dimensões da teoria científica e da
prática, reflexão e ação. Nesse sentido, a insistência na redução do trabalho pedagógico ao trabalho
docente – presente nos pareceres e resoluções do Conselho Federal de Educação, do movimento de
reformulação dos cursos de Pedagogia e, por consequência, do currículo de Faculdades de Educa-
ção – foi e tem sido um obstáculo ao desenvolvimento dos estudos propriamente pedagógicos. Com
efeito, a negação da existência de conhecimentos teóricos e práticos próprios da ciência pedagógica
(em conexão com as demais ciências da educação) e a recusa de admitir-se um campo de atuação
profissional mais amplo ao pedagogo abriram flancos a toda sorte de reducionismos, à intransigência
e intolerância das posições estabelecidas nos campos de conhecimento, resultando no empobreci-
mento da investigação pedagógica específica, no vazio teórico da formação profissional, na desvalo-
rização da formação pedagógico-didática dos licenciados.
Onde estaria a raiz dessa intolerância à Pedagogia como ciência ou, ao menos, como um cam-
po específico de conhecimentos e práticas? É uma pergunta difícil de responder. Seria ver nela um
caráter dogmático, excessivamente voltado para postulados ético-normativos num mundo propício à
relativização de valores? Ou, por outro lado, um caráter racionalista ou mesmo tecnicista, no sentido
de que toda ciência seria domesticadora, erigindo-se acima da sociedade? Ou a intolerância seria
decorrente da subestimação dos objetivos e processos pedagógico-didáticos em favor da tese de que,
para uma boa aprendizagem, os conteúdos/métodos de cada matéria se bastam? Se for isso, onde o
docente buscará critérios de escolha de objetivos sociopolíticos e seleção de conteúdos científicos
e métodos, para traduzi-los em escolhas concretas de modos de instrução e formação? Para essa
tarefa bastaria a Filosofia, a Sociologia, a Psicologia, ou, mesmo, os próprios conteúdos/métodos
de cada matéria? Mas para onde esses conhecimentos convergem, se não houver um campo de
conhecimentos orientado intencionalmente para a prática educativa? Além disso tudo, conviria
analisar mais a fundo a hipótese de que o desprestígio acadêmico dos estudos em Pedagogia se
explicaria como reflexo direto da desvalorização social e profissional do educador escolar.
Seja como for, entendo que retirar da prática docente seus fundamentos pedagógicos (onde
estão necessariamente implicados objetivos sociopolíticos da prática educativa) significa recusar
a direção de sentido do ensino diante de uma sociedade marcada por antagonismos de classes
e grupos sociais. Isso leva a reduzir o ensino à sua dimensão científica e técnica, desprezan-
do-se sua dimensão valorativa, intencional. O processo docente é pedagógico precisamente por-
que é intencional, porque tem objetivos explícitos em face do quadro de interesses antagônicos
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O campo do conhecimento pedagógico: teoria e prática
existentes na sociedade; é por isso que se justifica a mediação pedagógica e didática. Como escre
ve Manacorda: “Decidir o que e como ensinar significa decidir que homem se pretende formar,
que modelo de homem se tem em mente” (Maragliano et al., 1986, p. 8). No meu ponto de
vista é isso basicamente o que justifica uma pedagogia.
Uma visão verdadeiramente crítica do ensino, do ponto de vista histórico-social, não pode
simplesmente suprimir a Pedagogia, sob pena de afirmar-se a recusa à formulação de objetivos
sociopolíticos e formativos e à abordagem crítica dos conteúdos culturais. Todos os educadores
seriamente interessados nas ciências da educação, entre elas a Pedagogia, precisam concentrar
esforços em propostas de intervenção pedagógica nas várias esferas do educativo para enfren-
tamento dos desafios colocados pelas novas realidades do mundo contemporâneo.
a) Faça uma análise crítica do texto do professor Saviani e levante duas questões para serem
discutidas com o grupo.
A problemática da identidade
do campo do conhecimento pedagógico
(SAVIANI, 2002, p. 106)
A discussão sobre a identidade científica dos estudos relacionados com a educação poderia ser
simplificada se bastasse definir os termos. Com efeito, educação seria concebida como uma prática
social caracterizada como ação de influências entre os indivíduos e grupos, destinada à configu-
ração da existência humana; Pedagogia, a ciência que estudaria esse fenômeno em suas peculiari-
dades, e a didática um ramo da ciência pedagógica. A argumentação seria, também, mais simples
se tomássemos a educação apenas como educação escolar e a Pedagogia apenas como Pedagogia
escolar, entendimento, aliás, bastante comum no Brasil.
O caminho, todavia, deve ser outro. Não tem havido consenso em torno dessas definições entre
os estudiosos ligados às várias disciplinas que têm a educação como um de seus objetos de estudo
(Sociologia, Psicologia, História, Filosofia, por exemplo). A teorização dos problemas educativos,
devido à natureza interdisciplinar da educação, tem sido fértil em reducionismos, dificultando uma
unidade conceitual e metodológica. Intelectuais ligados a algumas das disciplinas especializadas in-
sistem em negar identidade científica à Pedagogia, mesmo desconhecendo o seu campo teórico e sua
problemática; outros julgam que somente sua área pode postular um discurso científico sobre educa-
ção. É comum, em nosso país, a pergunta: para que serve a Pedagogia?
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O campo do conhecimento pedagógico: teoria e prática
a) Você concorda com aquele entendimento simplório sobre Pedagogia, citado no primeiro pa-
rágrafo do texto? Registre seu entendimento sobre o assunto.
Individual
1. Entreviste dois professores do curso de Pedagogia e questione sobre sua formação e prática
pedagógicas.
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O campo do conhecimento pedagógico: teoria e prática
Em grupo
1. Fazer a análise das entrevistas.
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Currículo escolar e
fenômeno educativo
D ando continuidade à primeira unidade, nesta aula iremos focalizar as questões do currículo e
da didática como componentes importantes do processo educativo.
Currículo e didática
Todas as teorias pedagógicas e educacionais podem ser consideradas também como teorias
sobre o currículo, uma vez que acabam sempre enfocando questões de planejamento e de organi-
zação curricular.
Bourdieu (1983a, 1983b, 1989, 1990) destaca as áreas de currículo e didática como campo de
estudo e de práticas sobre a educação, uma vez que possuem objetivos, estrutura e lógica de funcio-
namento próprios.
O campo do currículo
Bobbitt escreveu, em 1918, The Curriculum, que foi o marco no estabelecimento do currículo
como campo especializado de estudos. Destacamos que, nesse momento, nos Estados Unidos da
América, a preocupação era a de responder questões cruciais sobre as finalidades e os contornos da
escolarização de massas.
Segundo Bobbit, a escola deveria funcionar da mesma forma que qualquer empresa e o sistema
educacional deveria estabelecer objetivos de maneira precisa, com base nas habilidades das ocupa-
ções profissionais. Havia uma grande preocupação com a economia e a palavra-chave para o sucesso
era eficiência, ou seja, “fazer certo as coisas”.
Faremos um paralelo entre as abordagens clássicas e a abordagem crítica do currículo para que
possamos melhor compreender a evolução do campo do currículo.
As abordagens clássicas têm os seguintes pressupostos:
existe um conhecimento universalmente válido.
o conhecimento científico contribui necessariamente para a melhoria da sociedade em geral.
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Currículo escolar e fenômeno educativo
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Currículo escolar e fenômeno educativo
O campo da didática
A didática, como disciplina prática, consistiria em processos de teorização
sobre os problemas que gera a prática institucional da educação. É, portanto,
uma prática teórica, que deve dar conta de sua produção dentro das tradições
de elaboração de conhecimento público, sem renunciar a ser um conhecimento
prático que aspira a conectar-se com os processos de pensamento e experiência
dos profissionais da educação, trazendo elementos para o enriquecimento e
reconstrução de seu conhecimento profissional (CONTRERAS, 1997).
Vamos agora refletir sobre a didática e o processo educativo, partindo da
conceituação anterior. Contreras promove a reconceptualização da didática ao
tomá-la como conhecimento teórico com intenção prática e, ao mesmo tempo,
estabelecer uma relação mais estreita entre o conhecimento teórico e o conheci-
mento profissional do professorado. As duas ideias nos remetem a uma didática
como prática social e como disciplina prática.
Como prática social, podemos dizer que o cerne está no trabalho docente
como atividade transformadora da realidade, em que entendemos que o aluno é
sujeito ativo do próprio conhecimento, um ser social historicamente determinado
e inserido em contextos sociais.
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Currículo escolar e fenômeno educativo
Observamos que esses elementos são constantes, porém a relação entre eles
varia conforme a concepção adotada: a didática como caminho (ciência e tecno-
logia que se constrói); didática como disciplina reflexivo-aplicativa e a didática
como prática teórica.
Observamos que currículo e didática têm trabalhado com a questão da cul-
tura escolar e que a complementaridade desses dois campos: do currículo – mais
relacionado com conteúdo – e da didática – mais relacionado com método (forma)
– é uma necessidade intrínseca a eles.
Concordamos com Santos e Oliveira (1998, p. 29):
Se o currículo e a didática se estabelecem como campos distintos, é inegável que, apesar
das especialidades de cada um, esses campos compartilham de preocupações comuns,
complementam-se, e a interseção entre eles possibilita uma compreensão rica e profunda
sobre o processo de educação escolar, sobretudo no que se refere à prática pedagógica que
se desenvolve na sala de aula.
se o meu filho não quer aprender, vocês têm que fazer com que ele queira. E o papel do professor
é o de garantir que o conhecimento seja adquirido, às vezes mesmo contra a vontade imediata
da criança, que espontaneamente não tem condições de enveredar para a realização dos esforços
necessários à aquisição dos conteúdos mais ricos e sem os quais ela não terá vez, não terá chance
de participar da sociedade.
É nesse sentido que digo que quanto mais se falou em democracia no interior da escola, menos
democrática ela foi, e quando menos se falou em democracia mais ela esteve articulada com a cons-
trução de uma ordem democrática. Ora, na explicação da minha primeira tese eu tinha indicado que
a burguesia, ao formular a pedagogia, a essência, ao criar os sistemas nacionais de ensino, colocou
a escolarização como uma das condições para a consolidação da ordem democrática. Consequen-
temente, a própria montagem do aparelho escolar estava aí a serviço da participação democrática,
embora no interior da escola nós tivéssemos aqueles professores que assumiam, não abdicavam, não
abriam mão da sua autoridade, e usavam essa autoridade para fazer com que os alunos ascendessem
a um nível elevado de assimilação da cultura da humanidade.
Individual
1. Fazer uma linha do tempo sobre a história do currículo e da didática.
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Currículo escolar e fenômeno educativo
Em grupo
1. Discutir a linha do tempo e redigir um texto (três folhas manuscritas, no máximo).
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Didática e currículo: relações
Temas atuais
A
lguns educadores examinam as repercussões de certos temas da atual teorização social
crítica da didática, considerando que a Pedagogia e a didática não podem ficar à margem das
questões contemporâneas. Assim, ao analisar certos princípios da pós-modernidade e sua
incorporação em estudos críticos de currículo, Libâneo reafirma seu compromisso com determinadas
utopias, defende o racionalismo do projeto iluminista, insiste no valor dos conteúdos científicos do
currículo escolar, enfatiza a importância da Psicologia para maior compreensão dos processos de
desenvolvimento cognitivo do aluno, criticando, ainda, a forma como alguns autores de currículo têm
abordado temas como ideologias, cultura, poder, cotidiano e linguagem, segundo textos de Moreira
(apud OLIVEIRA, 1998, p. 45).
No início dos anos 1980, o saber didático caracteriza-se por discutir suas limitações episte-
mológicas com a área da Pedagogia; a didática tem no ensino seu objeto de investigação. Considerá-
-lo como uma prática em situação historicamente definida significa examiná-lo nos contextos so-
ciais nos quais se efetiva nas aulas e demais situações de ensino nas diferentes áreas de conheci-
mento, nas escolas, nos sistemas de ensino, nas culturas, nas sociedades, estabelecendo-se o nexo
entre eles. As novas possibilidades da didática estão emergindo das investigações sobre o ensino
como prática social viva.
Com base em leituras recentes, Moreira (1998) tem percebido os seguintes focos nos estudos
da didática dos anos 1990: o estatuto epistemológico da didática, o professor – seus saberes, suas
reflexões, sua formação, sua identidade, sua prática profissional; o cotidiano escolar; o processo de
constituição do conhecimento educacional; o ensino e as culturas; o ensino e as novas tecnologias; a
história da didática; a pesquisa em didática.
Pergunto a você agora: quais contribuições práticas toda essa discussão dos anos 1990 trouxe
para a realidade escolar?
Sobre a teorização curricular contemporânea, os estudiosos colocam-na como a que melhor
vem discutindo e integrando os temas da configuração, do desenho e do desenvolvimento prático do
projeto educativo e cultural da escola. Assim, para tratar seriamente a prática educativa, o pensamento
curricular precisa abordar questões filosóficas, políticas, econômicas, ideológicas, sociais, culturais,
técnicas, estéticas, éticas e históricas.
Para Giroux, “O currículo não está simplesmente envolvido com a transmissão de fatos e
conhecimentos objetivos. O currículo é um local onde, ativamente, produzem-se e se criam significados
sociais” (apud SILVA, 1999, p. 55).
As análises de Giroux, em seus últimos trabalhos, podem iluminar a compreensão das possi-
bilidades emancipatórias do currículo, visto não como um conjunto de conteúdos e métodos a serem
aprendidos pelo aluno, mas como um esforço de introdução a um determinado modo de vida.
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Didática e currículo: relações
Fronteiras abertas
A delimitação de fronteiras e a cooperação entre campos do conhecimento
dependem de como lidamos com a relação entre a diferenciação e a integração das
ciências. A busca da integração não suprime a diferenciação. Exemplificando: a
interdisciplinaridade não dispensa a disciplinaridade.
É importante notar:
Integração – que as áreas do conhecimento busquem uma estrutura in-
terna de conceitos e métodos de investigação suficientemente diferencia-
da para aí selecionar contribuições das demais áreas até formular novos
problemas.
Cooperação – centrar a didática e o currículo de formação de profes-
sores nas demandas da prática. Propõe uma nova maneira de conceber
a relação entre conhecimento didático (teórico de origem acadêmica) e
conhecimento profissional do professor.
Assim, nessa visão, detectamos que o conhecimento didático-acadêmico
deve permitir a contínua reelaboração da experiência profissional, dotando os do-
centes de recursos para pensar sobre sua ação e possibilitando pôr em prática a
construção do conhecimento pessoal técnico. Trata-se, pois, de integrar conheci-
mento e ação na prática da construção do conhecimento. Surge a noção de ensino
como mediação na relação ativa do sujeito com os objetos de estudo, visando à au-
tonomia do aluno e considerando o ensino como prática social contextualizada.
No livro Pedagogia do Oprimido, Freire oferece instruções de como de-
senvolver um currículo que seja a expressão de sua concepção de “educação pro-
blematizadora”, na qual todos os sujeitos estão ativamente envolvidos no ato do
conhecimento. Assim, educador e educando criam, ideologicamente, um conhe-
cimento do mundo.
Freire acredita que “o conteúdo pragmático da educação não é uma doação
ou imposição, mas a devolução organizada, sistematizada e acrescentada ao povo
daqueles elementos que este lhe entregou em forma desestruturada” (apud SILVA,
1999, p. 61).
Destaca a participação dos educandos nas várias etapas da construção
do “conteúdo programático”, ressaltando que esse conteúdo deve ser buscado,
conjuntamente, naquela realidade, naquele mundo que, segundo ele, constitui o
objeto do conhecimento intersubjetivo. Enfatiza práticas pedagógicas desenhadas
para criar o que ele denomina comunicação dialógica e suas estruturas pedagógicas
são planejadas para a libertação, oferecendo possibilidades individuais e coletivas
para reflexão e ação. Essa comunicação dialógica deve instigar educadores a se
deterem no capital cultural do oprimido, para que este tenha a oportunidade de
“ler” o mundo em contextos amplos e imediatos. Para Freire, os educadores que
ignorarem o capital cultural, linguagem e estilo de vida do oprimido praticam
uma forma de invasão cultural. Entende que uma pedagogia de libertação não
tem respostas definidas: mudanças devem sempre emergir da luta contínua dentro
de situações pedagógicas específicas e entre estruturas teóricas competitivas. Ele
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Didática e currículo: relações
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Didática e currículo: relações
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Didática e currículo: relações
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Didática e currículo: relações
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Didática e currículo: relações
2. Em grupo, reflita sobre as colocações estudadas e faça uma síntese enfocando as questões didá-
ticas (metodológicas) e curriculares (o que vamos trabalhar).
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Didática e currículo: relações
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Projeto pedagógico, currículo
e capacidade empreendedora
A possibilidade não é realidade, mas é, também ela, uma realidade:
que o homem possa ou não fazer determinada coisa, isto tem
importância na valorização daquilo que realmente se faz.
Possibilidade quer dizer “ liberdade”.
Antonio Gramsci
A
possibilidade do refletir crítico sobre a prática educativa nos trouxe a consciência de que sua
trajetória se desenvolve num projeto específico, parte de um projeto social mais amplo. É,
pois, ao assumir uma nova prática educativa voltada para o real atendimento das necessidades
brasileiras, ou seja, das camadas populares, que os educadores legitimarão a necessidade de suas
presenças na escola e na educação.
A nova prática educativa requer que os educadores tenham compromisso político, que contém
em si a preocupação com os problemas, as inquietações e aspirações do povo brasileiro.
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Projeto pedagógico, currículo e capacidade empreendedora
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Projeto pedagógico, currículo e capacidade empreendedora
Princípios norteadores
do projeto político pedagógico
A abordagem do projeto político pedagógico, como organização do trabalho
da escola como um todo, está fundamentada nos princípios que deverão nortear a
escola democrática, pública e gratuita:
Igualdade de condições para acesso e permanência na escola. Saviani
alerta-nos para o fato de que há uma desigualdade no ponto de partida,
mas a igualdade no ponto de chegada deve ser garantida pela mediação
da escola.
Igualdade de oportunidades requer, portanto, mais que a expansão quanti-
tativa de ofertas; requer ampliação do atendimento com simultânea manutenção
de qualidade.
Qualidade que não pode ser privilégio de minorias econômicas e sociais.
O desafio que se coloca ao projeto político pedagógico da escola é o de
propiciar uma qualidade para todos.
A qualidade que se busca implica duas dimensões indissociáveis: a formal,
a técnica e a política. Uma não está subordinada à outra; cada uma delas tem
perspectivas próprias. A primeira enfatiza os instrumentos e os métodos, a técnica.
A qualidade formal não está afeita, necessariamente, a conteúdos determinados.
Demo (1994, p. 14) afirma que qualidade formal: “Significa a habilidade de
manejar meios, instrumentos, formas técnicas, procedimentos diante dos desafios
do desenvolvimento”.
A qualidade política é a condição imprescindível da participação. Está
voltada para os fins, os valores e os conteúdos. Quer dizer “a competência humana
do sujeito em termos de se fazer e de fazer história, diante dos fins históricos da
sociedade humana” (DEMO, 1994, p. 14).
Nessa perspectiva, o autor chama atenção para o fato de que a qualidade
centra-se no desafio de manejar os instrumentos adequados para fazer a história
humana, a qualidade formal está relacionada à qualidade política e esta depende
da competência dos meios.
A escola de qualidade tem a obrigação de evitar de todas as maneiras
possíveis repetência e evasão. Tem que garantir a todos a meta quantitativa do
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Projeto pedagógico, currículo e capacidade empreendedora
configuram uma proposta aberta e flexível, a ser concretizada nas decisões regionais e
locais sobre currículos e sobre programas de transformação da realidade educacional em-
preendidos pelas autoridades governamentais, pelas escolas e pelos professores. (MEC;
PCN, 1998, p. 50)
Capacidade empreendedora
O professor Fernando Dolabela, um dos dissiminadores da cultura empre-
endedora, afirma que os
nossos desafios dizem respeito à mudança, não só no ensino, mas também na visão que a
nossa sociedade tem do mundo. O ensino talvez seja o agente de mudança cultural mais
efetivo, mas se processa no ritmo em que as gerações se substituem. Para termos a criação
de uma cultura empreendedora em ritmo urgente, que é o que almejamos, seria necessário
que nossa palavra, enquanto professores universitários, ultrapassasse os limites da sala de
aula para atingir o consciente coletivo. (SEBRAE, 2003)
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Projeto pedagógico, currículo e capacidade empreendedora
Assim, podemos concluir que o empreendedor precisa ter uma visão clara
do seu sucesso e decidir pelo caminho que possibilitará o alcance dos objetivos e
metas. A escola e a educação têm uma grande responsabilidade quanto ao desen-
volvimento do espírito criativo, reflexivo e crítico que possibilitará, com certeza,
despertar no aluno as habilidades que o tornem um empreendedor.
Individual
1. Entreviste três professores e pergunte:
a) Para você, o que é ser empreendedor?
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Projeto pedagógico, currículo e capacidade empreendedora
Em grupo
1. Apresentem as entrevistas, analisem as respostas e redijam um texto sobre o assunto.
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Projeto pedagógico, currículo e capacidade empreendedora
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Projeto pedagógico, currículo e capacidade empreendedora
Conseguiremos anular todos os aspectos do processo curricular que têm contribuído para o
fracasso escolar? Provavelmente não. Outras considerações e medidas, algumas fora do âmbito
pedagógico, fazem-se necessárias para isso. Mas talvez possamos tornar disponíveis para o aluno
alguns dos instrumentos necessários a uma atuação mais crítica e mais criativa nesse mundo em
que vivemos.
b) Comente os dois desafios que precisam ser enfrentados quanto à seleção e organização do
conhecimento, atualmente.
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Projeto pedagógico, currículo e capacidade empreendedora
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Gestão e competências
profissionais do
pessoal da escola
Estilos de gestão
Técnico-científico (burocrático): no qual normas são previamente definidas, com forte
ênfase na determinação rígida de tarefas e no controle do comportamento das pessoas.
Autogestionário: pouca preocupação com planejamento organizativo, formas de acompa-
nhamento e de avaliação do trabalho. Valoriza a participação na gestão e tende a atribuir
maior importância à vida interna do grupo. A exclusão de qualquer forma de diretividade
pode levar à formação de subgrupos gerando dificuldades para atingir objetivos e práticas
comuns.
Democrático (participativo): acentua tanto a necessidade de estabelecer objetivos e metas
quanto a de prever formas organizativas e procedimentos mais explícitos de gestão e de
articulação das relações humanas. Sem a ausência de direção existem objetivos e processos
de decisão compartilhados. Admite-se a conveniência de canalizar a atividade das pessoas
para objetivos e executar as decisões.
Para assegurar a prática da gestão participativa, Libâneo (2003, p. 383) sugere ações concretas
e algumas competências profissionais.
Ações
Formação de uma boa equipe de trabalho
O trabalho em equipe é uma forma de desenvolvimento da organização que, por meio da
cooperação, do diálogo, do compartilhamento de atitudes e de modos de agir, favorece a convivência,
possibilita encarar as mudanças necessárias, rompe com as práticas individualistas e leva os alunos a
produzirem melhores resultados de aprendizagem.
Podemos dizer que existe equipe quando:
as decisões são tomadas coletivamente;
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Gestão e competências profissionais do pessoal da escola
Construção de uma
comunidade democrática de aprendizagem
A expressão comunidade de aprendizagem está associada à ideia de partici-
pação ativa de professores, especialistas e alunos nas decisões relacionadas com a
vida da escola. Esse compartilhamento possibilita à escola, como um todo, adqui-
rir experiência, acumular recursos cognitivos e operacionais e construir compe-
tências coletivas. Ou seja, a instituição torna-se uma organização aprendiz.
Segundo Libâneo, a construção de uma comunidade de aprendizagem requer:
consenso mínimo sobre os valores e objetivos;
estabilidade do corpo docente e tempo integral numa escola;
metas pertinentes, claras e viáveis;
capacitação de docentes para o trabalho em equipe e em habilidades de
participação;
promoção de ações sistemáticas de formação continuada para o desen-
volvimento profissional.
Promoção de ações de
desenvolvimento profissional
Destina-se à formação continuada do pessoal da escola, envolvendo os profes-
sores e os funcionários administrativos, durante e fora da jornada de trabalho. Essa
formação continuada é a garantia do desenvolvimento profissional permanente.
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Gestão e competências profissionais do pessoal da escola
Fortalecimento de formas de
comunicação e de difusão de informações
É importante observar o valor da comunicação com professores, pais e
alunos visando à transparência nas decisões da gestão.
Podemos analisar a comunicação em dois aspectos:
1.º Saber comunicar-se com os outros e saber ouvi-los, objetivando a
melhoria da rede de relações na escola.
2.º Comunicação como característica dos processos de gestão, no que diz
respeito às normas e rotinas administrativas.
O pessoal da escola e
suas competências profissionais
Para que as ações enunciadas no item anterior possam se processar com
sucesso, é necessário que competências sejam desenvolvidas.
Competência interativa
Diz respeito às formas de comunicar-se e à capacidade de relacionar-se com
as pessoas. Essa competência ganha importância no destaque das habilidades de
comunicação, de expressão e de escuta.
Para Rui Cenário reconhecer que a relação professor-aluno impregna a
totalidade da ação profissional do professor implica reconhecer, também, que os
professores, necessariamente, aprendem no contato com os alunos, e serão melhores
professores quanto maior for a sua capacidade para realizar essa aprendizagem
(CENÁRIO, 1997, p. 12).
Numa gestão participativa não basta haver uma equipe. É preciso que se
consiga da equipe o compartilhamento das intenções, de valores e de práticas.
Liderança é a capacidade de influenciar, motivar, integrar e organizar pessoas e
grupos, a fim de trabalharem para a consecução de objetivos.
No exercício da direção ou da coordenação, o líder precisa saber articular
responsabilidades individuais com a responsabilidade coletiva, como também
lidar com os conflitos e diferenças, uma vez que a busca de consenso implica o
enfrentamento de posições muitas vezes opostas.
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Gestão e competências profissionais do pessoal da escola
Competência técnica
Saber elaborar planos e projetos de ação. O projeto pedagógico e os planos
de ensino precisam apresentar com clareza as funções sociais e pedagógicas da
escola, os objetivos, os meios e as atividades.
Uma competência atual do professor é a pesquisa. O professor-pesquisador
é o profissional que sabe formular questões relevantes sobre sua própria prática
e tomar decisões que apresentem soluções a essas questões. A pesquisa constitui
modalidade de trabalho que colabora com a solução de problemas da escola e
da sala de aula e tem como resultado a produção, por parte dos professores, de
conhecimentos sobre seu trabalho.
Clima organizacional
(BORDIGNON; GRACINDO, 2001, p. 271-273)
Gestão da participação
(LIBÂNEO, 2003, p. 381)
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Gestão e competências profissionais do pessoal da escola
Individual
1. Visitar duas escolas do Ensino Fundamental e fazer um diagnóstico do estilo da gestão.
Em grupo
1. Apresentar o diagnóstico do estudo da gestão realizado e discutir com o grupo.
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Gestão e competências profissionais do pessoal da escola
Releia o texto, estudado em sala, e comente as afirmativas a seguir, tendo como foco o clima
organizacional da escola.
a) “Os Projetos Político Pedagógicos das escolas não podem ser meros controladores das ações
das escolas”.
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Gestão e competências profissionais do pessoal da escola
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Gestão e competências profissionais do pessoal da escola
A escola, em seu cotidiano, é um lugar de inúmeras e diversificadas práticas. Essas, por sua
vez, não se sustentam sem uma concepção de sociedade ou de mundo. Portanto, essa diversidade
de práticas está em permanente movimento no cotidiano da escola, seja para seu êxito, seja para seu
fracasso. As práticas de gestão fazem parte desse cotidiano e, historicamente, têm servido mais para
controlar do que para estimular os novos conhecimentos. Elas procuram materializar as relações
de poder na esfera administrativa – organização do trabalho, burocracia e pessoal. Mas as relações
de poder vão para além desse “administrativo”. Estão presentes no pedagógico, materializam-se
nas relações profissionais do professor com os alunos e a comunidade, permeiam o currículo,
mediante a seleção de conteúdos e atividades extraclasse, o sistema de avaliação e o planejamento
pedagógico. Nesse sentido, Marília Spósito alerta para que assim como a administração atinge a
totalidade da escola, a gestão democrática não pode ser uma proposta de democratizar apenas a
esfera da administração da escola. É fundamental que atinja todas as esferas da escola e chegue à
sala de aula. Enquanto a democracia não chegar no trabalho da sala de aula, a escola não pode ser
considerada democrática. A sala de aula não é só lugar de conteúdo, é também o lugar de disputa
pelo saber, é o lugar da construção da subjetividade, é o lugar da educação política.
Os conselhos de escola e comunidade trouxeram para o cotidiano escolar vozes diferentes e
discordantes, – assustam a direção, o corpo docente e os técnicos das secretarias de educação –,
mais importantes no conjunto das relações democráticas, porque fazem refletir, e provam que a
realidade não é homogênea e está sempre em movimento.
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Para além da
capacidade empreendedora
O
ensino do empreendorismo no Brasil é um fenômeno recente e que apresenta características
próprias. O primeiro curso na área do empreendorismo surgiu em 1981 e se desenvolveu no
ambiente acadêmico, pioneiramente na Fundação Getulio Vargas (FGV), em São Paulo.
Entre os anos de 1992 e 1994, destacam-se os workshops ministrados pelos professores cana-
denses Jaques Filion, André Joyal e Dena Lavoie, que constituíram fundamentos da metodologia de
ensino utilizada hoje por mais de 150 instituições nacionais. A partir de então, surgem importantes
projetos universitários de empreendedorismo.
Segundo Dolabela, (2003, p. 24):
Acredita-se que o empreendedor seja um talento que brota, um fenômeno individual. Esse mito é semelhante ao
do artista criador, explicado por um “dom divino” que obscurece os aspectos de formação e trabalho tão bem
lembrado pela frase atribuída ao compositor alemão Ludwig Van Beethoven, segundo o qual em suas criações
havia “1% de inspiração e 99% de transpiração.
Desenvolvimento da autoestima,
autoconfiança, crença no próprio potencial de realização
Dificilmente você estará preparado para o desafio da gestão se não há uma visão positiva do
seu próprio potencial. É preciso que você faça uma avaliação realística de suas conquistas, de seu
desenvolvimento passado, para que possa desenvolver a autoestima, a autoconfiança. É fundamental
que limpe sua mente de qualquer autoimagem negativa, porém, é preciso ter cuidado para que não
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Para além da capacidade empreendedora
Desenvolvimento de
emoções e atitudes positivas
É fundamental que o empreendedor tenha uma visão adequada e positiva do
seu negócio, dos clientes, do ambiente e dos processos operacionais.
Para refletir 2: emoções e atitudes
Como anda meu padrão de atitudes e sentimentos?
Existe algo a mudar? Caso tenha, em que sentido?
Controle do medo
O medo precisa ser controlado. Ele é um grande inibidor. Algumas pessoas
não conseguem o sucesso, apesar de terem alto potencial de realização, por causa
do medo. Diagnosticamos cinco medos básicos que devemos controlar: medo de
perder dinheiro, medo do fracasso, medo do trabalho, medo da responsabilidade
e medo do desconhecido. Para combater o medo é preciso desenvolver o auto-
controle, isto é, a reflexão calma e serena sobre os próprios medos, suas origens,
o grau de justificativa que têm. Além disso, o estudo cuidadoso das condições, a
disposição para fazer um curso ou uma leitura de valor, faz o medo dissipar-se.
Por fim, a informação realística e verdadeira faz o indivíduo ir perdendo o medo
do desconhecido, até porque vai-se tornando mais conhecido.
Para refletir 3: seus medos e suas preocupações
Como andam seus medos fundamentais quanto ao novo negócio, cargo
ou função?
Até que ponto se justificam?
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Para além da capacidade empreendedora
Mantendo a motivação
A motivação está associada à vocação. Ter motivação “fogo de palha” é fácil,
mas ter uma chama forte de motivação permanente não é descomplicado. É preciso
que você administre sua própria motivação para que ela impulsione-o ao sucesso.
Pessoas empreendedoras são capazes de automotivação relacionada com
desafios e tarefas em que acreditam. Não necessitam de prêmios externos, como
compensação financeira. Igualmente, por sua motivação, são capazes de entusias-
marem-se com suas ideias e projetos.
Mantendo a disciplina
A disciplina é importante na preparação emocional. É preciso que haja con-
trole das precipitações, na manutenção dos planos que foram pensados longa-
mente e na manutenção dos padrões de comportamento gerencialmente corretos,
para que a disciplina se faça presente. Ela pode e deve ser incorporada como um
instrumento de direção e de controle.
Para refletir 5: seu grau de otimismo, de motivação e de disciplina
Como anda meu padrão de otimismo, de motivação e de disciplina?
Existe algo a mudar? Caso exista, em que sentido?
Uma boa preparação intelectual leva o empreendedor a compreender a base
do raciocínio de negócio e da tomada de decisões inteligentes na condução de um
empreendimento.
Frases como:
“Se a gente cobrar o preço certo o cliente não compra.”
“Não adianta a gente falar que o pessoal não faz a coisa certa.”
“Eu não sirvo para ter dívidas”, são ditas por pessoas não preparadas inte-
lectualmente para atuar como empreendedores. No entanto, um raciocínio genui-
namente empreendedor vai por uma linha oposta:
“O preço certo é aquele que cobre os custos e deixa uma margem adequada
de retorno para a empresa.”
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Para além da capacidade empreendedora
Preparação profissional
É necessário que um pequeno empreendedor prepare-se para agir
profissionalmente como empresário. Isso quer dizer que tem que estar emocional
e intelectualmente preparado. No entanto, é preciso também que domine
determinados conhecimentos e padrões de comportamento profissionais de
empreendedor, tal como:
Conhecimento do futuro negócio – esse pode ser obtido por pesquisa e es-
tudo específico.
É fundamental saber:
em que mercado se vai operar;
quais são as características desse mercado;
quais são as regras do jogo do mercado;
quem são os concorrentes e quais são seus pontos fortes;
o que é necessário para operar no ramo em termos de equipamentos,
know-how, recursos;
onde estão as fontes de suprimento;
outras informações relevantes.
Para refletir 7: minha preparação profissional
Como anda meu grau de preparo quanto:
ao conhecimento do ramo em que pretendo atuar?
ao conhecimento de administração?
ao comportamento profissional?
Algo a mudar? Caso tenha, em que sentido?
Preparação econômica
Alguns elementos são essenciais para a iniciação com sucesso de um
empreendimento, um deles é ser um empreendedor também no aspecto econômico.
O que vem a ser isso?
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Para além da capacidade empreendedora
É preciso observar:
1. Montar um negócio empreendedor vai necessitar de algum dinheiro.
2. Alguma reserva para viver.
3. Estar preparado economicamente é estar com as contas pessoais
razoavelmente em dia. Sempre compensa passar por um período de
saneamento das finanças pessoais antes de montar um novo negócio. As
perguntas básicas são as seguintes:
Os gastos familiares estão sob controle?
O nível de gasto familiar é compatível com a renda atual?
Há algum gasto a ser cortado para deixar o orçamento administrável?
Há reserva suficiente para passar um período de ganhos menores ou ine-
xistentes?
Para refletir 8: preparação econômica
Como anda meu gasto de preparação econômica, hoje?
Gastos familiares.
Nível de reserva.
Algo a mudar? Se afirmativo, em que sentido?
É preciso que você se prepare para que o seu empreendimento corra o
mínimo risco possível, já que é impossível não correr riscos. Reflita, pense bem,
conviva, analise os fatos, ouça suas vozes interiores, pois só você pode decidir
qual é a hora certa.
O julgamento do grau de preparação é subjetivo e individual. Ele requer uma
reflexão devida do indivíduo, com maturidade e consciência, para uma decisão
sensata.
Já vi este filme antes. Esses consultores, professores e jornalistas estão sempre inventando
moda. Gestão do Conhecimento, Gestão do Capital Intelectual, Reengenharia, Gestão da
Qualidade, Balance Scorecard, Organização Horizontal, Organização em Rede, Administração
por Objetivos, Engenharia Simultânea etc. Eu? Vou ficar quietinho aqui no meu canto. Essas ideias
surgem e desaparecem rapidinho e nada muda. (Será?) Por que me arriscar?
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Para além da capacidade empreendedora
Vários estudos mostram que em boa parte das organizações não são os “agitadores” que
fazem carreiras de sucesso. Por que será? Uma das respostas plausíveis é que inventar e inovar são
por natureza coisas arriscadas e os profissionais politicamente mais astutos deixam para “pular” no
trem das novas ideias apenas quando os resultados de esforços inovadores parecem mais seguros
e contam com uma coalizão política bem-estruturada.
Sem compreender a dinâmica relatada anteriormente não é possível compreender por que tem
tanta gente estudando e falando de Gestão do Conhecimento no Brasil, e tão poucos resultados
amplos e efetivos nessa área nas nossas empresas (principalmente aquelas de capital nacional). O
“poder conservador” ainda não aderiu.
Com raras exceções, são os mais acadêmicos, visionários, ingênuos e “new idea lovers” que
estão por trás dessa nova onda. São poucas as pessoas, no entanto, da alta administração e em
posições de poder que já compreenderam e se engajaram para valer na “Gestão do Conhecimento”.
Eles, em geral, têm preocupações mais importantes.
Mas como falou-me um executivo de um dos maiores grupos brasileiros: “Quando comecei
o projeto de Gestão do Conhecimento não havia urgência alguma por parte da alta administração.
Quando, no entanto, o projeto começou a ganhar corpo e alguns resultados apareceram, mudou-se
completamente a postura. Agora estou sendo pressionado para acelerar e intensificar o projeto”.
Em algum momento a “onda” da Gestão do Conhecimento vai desaparecer? É bem provável
que sim, da mesma maneira que outras ondas de sucesso ou não desapareceram do noticiário (e
das palestras, cursos e afins) – não porque deixaram de ser relevantes, mas porque foram total-
mente assimiladas ao processo gerencial das empresas. Assim é o caso da Administração por
Objetivos, Programas de Fidelização, Programa de Participação nos Lucros, Seis Sigma etc.
O que a pequena digressão anterior tem a ver com Inovação e Competitividade? Absoluta-
mente tudo a ver! Deixe-me tentar explicar rapidamente uma das ligações importantes entre os
dois temas: uma das razões pela qual estamos atrasados na adoção da Gestão do Conhecimento,
como modelo organizacional, processo e ferramenta gerencial é a mesma que nos leva a investir
pouco em P&D, inovação de produtos e processos, desenvolvimento de mercados externos, start-
-ups e capital de risco etc. O fato é que temos uma cultura empresarial (e um ambiente pouco
propício) com grande aversão ao risco.
Eventualmente chegamos lá, porém apenas quando as empresas dos países avançados já
estiverem partindo para uma “nova onda”. Isso é lamentável, porque as inovações do processo
gerencial (que normalmente se tornam óbvias depois que dão certo) não exigem grandes recursos
financeiros e acesso a tecnologias de ponta, patentes etc. O processo de gestão é uma “tecnologia”
em que não há razão para não sermos amplamente inovadores e líderes mundiais (quantas escolas
de Administração e MBA temos mesmo por aqui?).
Os céticos leram este texto e estão torcendo para que a Gestão do Conhecimento seja mais
uma reengenharia (que, embora com alguns resultados desastrosos, também teve alguns resultados
positivos). Não vão arriscar e inovar e continuarão a torcer contra qualquer modelo que modifique
radicalmente o status quo. Por que mudar?
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Para além da capacidade empreendedora
b) “São poucas as pessoas da alta administração que se engajaram para valer na Gestão do
Conhecimento.”
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Para além da capacidade empreendedora
O empreendedor é a pessoa que inicia e/ou opera um negócio para realizar uma ideia ou
projeto pessoal assumindo riscos e responsabilidades e inovando continuamente. Essa definição
envolve não apenas os fundadores de empresas, mas os membros da segunda ou terceira geração
de empresas familiares e os gerentes-proprietários, que compram empresas já existentes de seus
fundadores. Mas o espírito empreendedor está também presente em todas as pessoas que – mesmo
sem fundarem uma empresa ou iniciarem seus próprios negócios – estão preocupadas e focalizadas
em assumir riscos e inovar continuamente.
Os empreendedores são heróis populares do mundo dos negócios. Fornecem empregos,
introduzem inovações e incentivam o crescimento econômico. Não são simplesmente provedores
de mercadorias ou de serviços, mas fontes de energia que assumem riscos inerentes em uma
economia em mudança, transformação e crescimento. Continuamente, milhares de pessoas com
esse perfil – desde jovens adolescentes a cidadãos mais idosos e de todas as classes sociais –
inauguram novos negócios por conta própria e agregam a liderança dinâmica que conduz ao
desenvolvimento econômico e ao progresso das nações. É essa força vital que faz pulsar o coração
da economia.
Na verdade, o empreendedor é a pessoa que consegue fazer as coisas acontecerem, pois é
dotado de sensibilidade para os negócios, tino financeiro e capacidade de identificar oportunidades.
Com esse arsenal, transforma ideias em realidade, para benefício próprio e para benefício da
comunidade. Por ter criatividade e um alto nível de energia, o empreendedor demonstra imaginação
e perseverança, aspectos que, combinados adequadamente, habilitam-no a transformar uma ideia
simples e mal estruturada em algo concreto e bem-sucedido no mercado.
Schumpeter amplia o conceito dizendo que “o empreendedor é a pessoa que destrói a ordem
econômica existente graças à introdução no mercado de novos produtos/serviços, pela criação de
novas formas de gestão ou pela exploração de novos recursos, materiais e tecnologias”. Para ele,
o empreendedor é a essência da inovação no mundo, tornando obsoletas as antigas maneiras de
fazer negócios.
a) Por que afirmamos que o empreendedor é a pessoa que consegue fazer as coisas acontecerem?
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Para além da capacidade empreendedora
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Para além da capacidade empreendedora
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Empresa e sociedade
São as pessoas que fazem o negócio.
Chiavenato
U
ma pessoa (ou grupo de pessoas) organiza uma empresa para produzir e/ou vender bens ou
serviços para os clientes. Isso deve ser feito a um preço que cubra os custos e ainda assim
proporcione um lucro para o proprietário. Uma organização desse tipo é chamada de empresa.
A empresa busca fundamentalmente o lucro, embora os proprietários saibam que elas devem desem-
penhar os serviços e os objetivos sociais para que possam obter esse lucro.
A empresa voltada para o futuro deverá se basear no modelo orgânico ou organicista, com
uma estrutura organizacional flexível e adaptável a mudanças e a inovações, descentralização das
decisões, hierarquia flexível, maior confiabilidade nas comunicações informais entre as pessoas e
ênfase nos princípios do bom relacionamento humano. Hoje, as pessoas não trabalham mais sozinhas
e isoladas; ao contrário, as empresas bem-sucedidas estão juntando as pessoas, e o conceito de cargo
está sendo substituído pelo de equipe.
Após conceituarmos empresa, vamos agora entender o que é “sociedade”.
Segundo Chiavenato (2004, p. 91): “Sociedade é quando duas ou mais pessoas se associam e
constituem uma entidade com personalidade jurídica distinta daquela dos indivíduos que a compõem”.
O Novo Código Civil define duas espécies de sociedades: a sociedade simples e a sociedade
empresária. Em Chiavenato (2004, p. 91-115), podemos verificar as espécies de sociedade e suas
definições:
Sociedade simples – é constituída por pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir
com bens ou serviços para o exercício de atividade econômica e a partilha entre si dos
resultados, não tendo por objeto o exercício de atividade própria de empresário. É, em geral,
uma sociedade formada por pessoas que exercem profissão intelectual, de natureza científica,
literária ou artística, mesmo se contar com auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício
da profissão constituir elemento de empresa. A sociedade simples é considerada pessoa
jurídica, substituindo o antigo conceito de firma individual e também a antiga sociedade de
capital e indústria, que, portanto, deixa de existir.
Sociedade empresária – é aquela que exerce profissionalmente atividade econômica
organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços, constituindo elemento de
empresa. As firmas empresárias podem apresentar-se sob diferentes formas, de acordo com
os interesses dos sócios e do tipo do negócio. É considerada pessoa jurídica. As principais
formas de sociedades empresariais são:
Sociedade em nome coletivo – é uma associação de duas ou mais pessoas operando sob um
nome ou uma firma em comum (comercial ou industrial), ficando os sócios responsáveis
solidariamente pelos direitos e obrigações da firma, sem qualquer limite de valor.
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Empresa e sociedade
A empresa-escola e
as inter-relações dos fatores de sucesso
Desenvolver uma educação empreendedora no Brasil significa acabar com
alguns mitos sobre: sociedade dependente, dinheiro como indicador de sucesso,
valores culturais transplantados, para educar é preciso punir erros, que é possível
construir uma vida sem riscos nem incertezas e partir para reconhecer a impor-
tância da nossa diversidade cultural. Significa aumentar a nossa autoestima, a
capacidade e o hábito cotidiano de nos indignar diante das injustiças.
O desafio de uma proposta educacional empreendedora é constituir novos
valores em uma sociedade heterogênea, marcada positivamente pela diversidade
cultural, mas negativamente pelas enormes diferenças na distribuição de renda,
de poder e de conhecimento.
Segundo Dolabela (2003, p. 33),
as condições favoráveis para o educando desenvolver o sentimento de competência e
fortalecer a autoestima advêm da sua imersão em um sistema de aprendizagem que tenha
como eixo as relações que ele estabelece consigo mesmo e com o mundo, possibilitando
uma formação significativa, que leva em conta suas bagagens existenciais cognitiva,
afetiva e social.
Pedagogia empreendedora
(DOLABELA, 2003, p. 113)
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Empresa e sociedade
técnicos ou científicos, mas o saber do empreendedor, que agrega o saber em todas as suas dimen-
sões (o saber ser, o saber conviver, o saber fazer e o saber conhecer), direcionando para busca da
autorrealização. A esses saberes acrescentamos o saber empreendedor: saber sonhar e buscar a
realização do sonho.
É importante reafirmar que a pedagogia empreendedora visa ao desenvolvimento da capaci-
dade empreendedora dos alunos. Nessa condição, ela se apresenta como uma estratégia pedagó-
gica específica que não prescinde de uma proposta educacional ampla, com a qual irá interagir.
É por esse motivo – pelo fato de a proposta educacional ampla incluir os conteúdos cognitivos
imprescindíveis – que a pedagogia empreendedora tem condições de se dedicar especificamente
ao saber empreendedor.
a) “Na Pedagogia Empreendedora, o conteúdo científico não é o ponto de partida para o desen-
volvimento individual.”
Reunindo forças
(CHIAVENATO, 2004, p. 65-67)
O empreendedor costuma ser uma figura complexa. Visão ampla, descortino, faro para
negócios, capacidade de transformar ideias vagas em projetos específicos, vontade de arriscar e de
assumir riscos, perseverança, aceitação de ambiguidades e de incertezas, inteligência emocional,
sintonia com os mercados e com as oportunidades que nem sempre são percebidas pelos outros etc.
Como caracterizar o empreendedor diante de tantas feições que ele pode assumir? Rogério Cher
destaca seis fatores vitais – os seis Cs – para se abrir um novo negócio, como vemos a seguir.
1. Convergência: se o negócio envolve sócios, eles devem ter unidade de pensamento,
identidade de valores e comunhão de objetivos. Os sócios não precisam pensar de modo
igual a respeito de tudo, ter os mesmos estilos de trabalho, mas devem ter compatibi-
lidades e convergências sobre valores pessoais, postura diante da vida e da empresa.
2. Complementaridade: as diferenças entre os sócios proprietários são corriqueiras, mas
não devem implicar filosofias opostas ou valores antagônicos; devem ser características
que se complementam e valores que se somam.
3. Companheirismo: a amizade não garante sucesso ao novo negócio e o insucesso
pode acabar com ela. Deve haver um limite entre amizade e sociedade. O que deve
prevalecer entre os sócios é o respeito mútuo e a solidariedade em todos os momentos,
bons ou ruins.
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Empresa e sociedade
a) Com base na leitura, analise a afirmativa: “Empreendedor é a pessoa que inicia ou que
desenvolve um negócio em que se arrisca perder o capital nele aplicado e os anos de
intenso esforço”.
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Empresa e sociedade
Individual
Entreviste três pessoas e pergunte:
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Empresa e sociedade
Em grupo
1. Discuta as respostas das entrevistas e redija uma conclusão do grupo.
2. Discuta as questões propostas e os fatos dos textos que vocês destacaram como importantes.
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Visão empreendedora
P ara iniciar esta aula vamos reproduzir uma história que confirma a afirmativa: O sucesso de hoje
não garante o sucesso amanhã.
Missão Visão
Inclui o negócio da empresa É o sonho do negócio
É orientadora É inspiradora
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Visão empreendedora
A questão do conflito
Todo problema traz em si a
semente da sua solução.
Máxima oriental
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Visão empreendedora
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Visão empreendedora
Empregabilidade:
o desafio do fim do emprego
O que cria um verdadeiro empreendedor
é sua competência para intuir,
imaginar, farejar um novo negócio.
É necessário saber o que as pessoas
vão precisar, antes mesmo que elas saibam.
Roberto Shinyashiki
O funil estreitou
São Paulo, 7h30min da manhã. Uma multinacional americana vai sele-
cionar candidatos para estágio, com remuneração de 1.600 reais por mês. A
vaga é uma só e os candidatos são 20, todos eles com curso universitário,
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Visão empreendedora
Autorrealização
Autorrealização sonho felicidade
Sonho estruturante (expressão usada por Dolabela) é o sonho que se sonha
acordado, capaz de conduzir à autorrealização. E qualquer pessoa, em qualquer
condição, tem a capacidade de formular sonhos, porque esse é um atributo da
natureza humana, alcançar a felicidade inclui aprender a construir a sua auto-
estima. É preciso aprender que a felicidade não é algo que depende apenas de
acontecimentos na sua vida; é muito mais um jeito de “estar” na vida. E, buscar
a felicidade significa tomar uma forte decisão sobre você ter direito à felicidade.
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Visão empreendedora
A dinâmica pedagógica é dada pela ação que integra os dois momentos do ciclo de apren-
dizado do empreendedor: o sonho e a busca de sua realização. Ao envolver-se na tarefa de reali-
zação do sonho, o indivíduo estará ponderando a adequação entre o sonho, tudo o que o cerca e
o seu próprio eu. Para isso, buscará, de forma autossuficiente, aprofundar conhecimentos sobre
si mesmo e sobre o ambiente do sonho, aumentando sua consciência sobre o mundo e os outros.
Com o sonho, o eu e o ambiente sofrem mudanças e se alteram permanentemente; desse modo, a
construção do conhecimento é dinâmica, o que lhe empresta força pedagógica.
Imaginar um sonho pode ser tarefa bastante simples. Mas adequá-lo ao “sistema ecológico
de vida” do indivíduo (FILION; DOLABELA, 2000) exige algumas habilidades. E buscar realizá-
-lo conduz a conquistas crescentes que dizem respeito a um maior entendimento do mundo. Essa
dinâmica diz respeito à formulação e à busca de realização do sonho. Assim, forma-se um movi-
mento em espiral ascendente, no qual todas as partes mantêm relações de causa e efeito.
A conexão entre sonhar e buscar realizar o sonho é a essência do processo. Nada mais
importante do que ela, porque irá redefinir os dois elementos: de um lado, o sonho (em constante
mutação); de outro, habilidades, competências e recursos para realizá-lo (em constante evolução).
Nada é estático, portanto. Nesse processo, o agente habitua-se a lidar com situações caracteri-
zadas pela incerteza – indefinição e imprevisibilidade são elementos constitutivos do ambiente
empreendedor – e também com a criatividade, que leva à inovação e permite caminhar com mais
objetividade rumo à realização do sonho.
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Visão empreendedora
O autor do sonho estará sempre diante da pergunta: “Qual é o próximo passo?”. E sabe que
ele, e somente ele, poderá dar a resposta que levará à ação.
Em resumo: o processo pedagógico vai se dedicar, principalmente, à conexão entre o sonho e
a sua realização, pois esta, em suas várias formas, contém o elemento dinâmico que irá construir
permanentemente o sonhar e o realizar, alterando-os de acordo com o aprendizado feito na tenta-
tiva de estabelecer a ligação entre as duas instâncias.
b) Em grupo, discutam o texto e redijam uma crítica sobre as conclusões a que chegaram.
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Visão empreendedora
Seja qual for a sua concepção de Deus e o nome que você atribua a Ele, haverá, com certeza, um
ponto em comum com todas as demais concepções: a convicção de que Ele nos colocou neste mundo
para sermos felizes. Não há outro sentido mais digno para a vida senão a busca e a convivência com
a felicidade.
O homem tem legado maravilhosos feitos à humanidade ao longo de sua história. É obra,
talvez, do seu lado divino, já que somos todos semideuses criados à imagem e semelhança Dele.
Mas há o nosso lado humano, imperfeito em essência, carente de aprendizado e crescimento. É esse
lado, não inteiramente desenvolvido, que traz consigo as ervas daninhas da violência, da injustiça,
dos preconceitos e do desamor, impedindo a paz universal. Na verdade, o homem nunca encontrará
a paz universal enquanto não descobrir a sua própria paz interior. É ela o antídoto contra todas as
distorções do comportamento humano, que vai tornar o homem feliz e espalhar a paz interior em
seus semelhantes.
Essa paz interior chama-se amor e sua semente encontra-se no coração de todos os homens.
Essa é mais uma das incontáveis mágicas da natureza; há uma semente de amor no coração de todos
os homens. Se ele não for todo insensível, perceberá sua existência e deixará que brote e cresça,
destinando seus frutos, em muitas ações, em benefício do próprio homem.
No entanto, como em tudo na vida, o amor precisa ser praticado para tornar-se bastante, tal
como se faz com a pequena semente para que se torne uma grande árvore. O amor requer aprendi-
zado, porque é sutil, multifacetado e se alimenta de muitos sentimentos. Há que se aprender e admi-
nistrar aqueles frutos saborosos, como ternura, paciência, compreensão, solidariedade, dedicação e
entrega, distinguindo-os daqueles outros quase sempre amargos, como o egoísmo, a deslealdade, a
desconfiança e a inveja.
Não importa quanto tempo leve, nem quão longa possa ser essa viagem; é preciso empreendê-la
mais cedo ou mais tarde (SEBRAE, 2003, p. 33, aula 12).
Finalizando, vamos analisar o texto do Dr. Cláudio de Moura Castro – “A melhor escola para
seu filho”, publicado na revista Veja (19/5/99), seção Ponto de Vista. Neste texto, ele ressalta que
“onde os pais vigiam, censuram e aplaudem, a educação melhora”. Estão presentes os conflitos, as
negociações e a cooperação: um trabalho verdadeiramente integrado e integrador.
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Visão empreendedora
O que gostaríamos de ver nas escolas que frequentam nossos filhos? Aí vai um decálogo:
1. Qual a atmosfera da escola? Favorece o trabalho sério? Tem bons fluidos ou baixo
astral? É difícil definir isso, mas a gente sabe quando o ambiente é bom. Na verdade,
a escola tem a cara do diretor. Mau agouro se o diretor é fraco, ausente, desanimado
ou sem liderança.
2. Quais as missões da escola? São claras para todos? Há alguns objetivos pairando acima
dos outros e que todos conhecem e perseguem? Em boas instituições, todos sabem a que
vieram e são claros no que tentam fazer. E todos empurram na mesma direção.
3. Os alunos leem além do estritamente necessário para a lição? Há bibliotecas? Há livros
que incendeiam a imaginação dos alunos? Os alunos escrevem bastante, qualquer que
seja a disciplina? Ler e escrever são os assuntos mais centrais da escola. Se ela falhar
neles, é difícil salvar o resto.
4. Há quantas horas efetivas de aula diária? Quantos dias por ano de aula (contados no lápis
e não anunciados nos planos de estudo)? Sabemos que o aprendizado é em grande parte
explicado pela fórmula A=f (traseiro/cadeira/hora), ou seja, quanto mais horas sentado
estudando, mais se aprende.
5. Quantas horas por semana os alunos gastam fazendo o dever de casa? Esse tempo se
inclui na fórmula anterior, aumentando o aprendizado. Menos de duas horas por dia é
pouco, menos de uma é inaceitável. Mau sinal se a televisão ocupa mais tempo do estu-
dante do que os deveres.
6. Quanto tempo os alunos passam ouvindo o professor falar ou ditar (método frontal) e quan-
to tempo passam discutindo, respondendo a perguntas, pesquisando, escrevendo ou traba-
lhando em grupo? Quanto mais tempo ouvindo passivamente a aula, menos se aprende.
7. Há atividades práticas para ilustrar e aplicar as teorias ensinadas nas aulas? A dedução de
fórmulas é menos importante do que a sua indução, isto é, observar o mundo e redesco-
brir as teorias.
8. Importa relativamente pouco o que se aprende nos cursos do tipo “moral e cívica”. O
que interessa é se a escola no seu cotidiano pratica justiça, responsabilidade pessoal,
tolerância, liberdade de expressão e generosidade. Civismo se aprende vendo a escola
funcionar e não ouvindo a pregação do professor.
9. A escola dialoga séria e criativamente com os pais? Os pais são sócios da escola na
empreitada de educar o aluno. Escola e pais têm de trabalhar como um time.
10. Se a escola do seu filho fica aquém desses princípios e se não é possível mudar seu filho
de escola, mude a escola! Deu certo onde foi tentado seriamente. Reclame, faça barulho,
organize os outros pais. Mas não se esqueça de ajudar, não é só reclamar. Os professores
precisam da apreciação e do apoio dos pais, tanto ou mais do que de cobrança.
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Visão empreendedora
Em grupo
Objetivo – Levar os alunos a vivenciarem uma situação de consenso.
1. O grupo deverá, em 15 minutos, chegar a uma solução para a questão apresentada no texto “O
funil estreitou.”
2. Após esse tempo, cada grupo aponta a sua solução e o dinamizador do encontro anotará no
quadro e comentará as conclusões.
3. Vocês devem chegar a um consenso sobre quais das cinco catástrofes a seguir citadas causariam
maiores danos à humanidade. Coloque-as em rigorosa ordem decrescente.
Falta absoluta de energia elétrica por seis meses.
Falta absoluta de água durante três meses.
Greve de todos os meios de transporte por um mês.
Falta absoluta de frutas e legumes por dois anos.
Greve total de médicos por seis meses.
Greve total de policiais e bombeiros por seis meses.
Falta de todo e qualquer anestésico e analgésico por quatro meses.
Greve geral da imprensa falada, escrita e televisionada por dez meses.
Falta absoluta de petróleo por três anos.
Proibição total à prática de qualquer religião por cinco anos.
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Características
do empreendedor
A Gol
Em um setor marcado por problemas e precária situação financeira – o das empreses de aviação comercial –, a
Gol Transportes Aéreos é um caso recente de ímpeto empreendedor. Em uma decisão audaciosa, nasceu a primei-
ra empresa aérea nacional a operar com o conceito de baixo custo e tarifa baixa (low cost, low fare) aplicado em
vários países. Trata-se de um mercado que não existia no Brasil. Em seu primeiro aniversário, a empresa chegou
à marca de 2,25 milhões de passageiros transportados, com uma média de 90 passageiros por voo – excelente
ocupação para o tipo de aeronave que a empresa utiliza. A nova companhia conquistou aproximadamente 20%
do mercado doméstico e já é a terceira maior do Brasil, batendo alguns recordes na história da aviação nacional.
A Gol possui um quadro de 1 400 funcionários e acumulou altos índices de pontualidade e regularidade ao longo
dos últimos 15 meses. Fechou o balanço do primeiro ano com 24 000 operações de pouso e decolagem e quase
26 000 horas voadas, tendo quase 14 horas de voo, por avião, a cada dia nos 130 trechos diários cobertos pela
empresa. A maioria dos passageiros por ela transportados, 99% do total, manifestou a possibilidade de voltar a
voar pela companhia. (CHIAVENATO, 2004, p. 10)
Espírito empreendedor
O que caracteriza o espírito empreendedor?
Podemos diagnosticar três características básicas, segundo Chiavenato (2004, p. 6-7) que são:
necessidade de realização, disposição para assumir riscos e autoconfiança.
Necessidade de realização: existem pessoas com alta necessidade de realização e pessoas
que se contentam com o status atual. McClelland (CHIAVENATO, 2004, p. 6), um famoso
psicólogo organizacional, descobriu em suas pesquisas uma correlação positiva entre a
necessidade de realização e a atividade empreendedora. Os empreendedores apresentam
elevada necessidade de realização em relação às pessoas da população em geral. O impulso
para realização reflete-se nas pessoas ambiciosas que iniciam novas empresas e orientam o
seu crescimento. Em muitos casos, o impulso empreendedor torna-se evidente desde cedo,
até mesmo na infância.
Disposição para assumir riscos: McClelland verificou, em suas pesquisas, que pessoas
com alta necessidade de realização também têm moderadas propensões para assumir riscos.
Isso significa que elas preferem situações arriscadas até o ponto em que podem exercer
determinado controle pessoal sobre o resultado, em contraste com situações de jogo no qual o
resultado depende apenas da sorte. A preferência pelo risco moderado reflete a autoconfiança
do empreendedor.
Autoconfiança: quem tem autoconfiança sente que pode enfrentar os desafios que existem
ao seu redor e tem domínio sobre os problemas que enfrenta. No entanto, existem pessoas
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Características do empreendedor
que sentem ter a vida controlada muito mais pela sorte ou pelo acaso.
As pesquisas revelam que os empreendedores têm um foco interno de
controle mais elevado do que aquele que se verifica na população geral.
Logo, a personalidade do empreendedor configurará a imagem da empresa,
os valores e o comportamento social da firma.
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Características do empreendedor
Necessidades do empreendedor
Aprovação
Conquistar uma alta posição na sociedade.
Ser respeitado pelos amigos.
Aumentar o status e o prestígio da família.
Conquistar algo a ser reconhecido.
O empreendedor vê a empresa como um instrumento que vai lhe permitir
mostrar aos outros que é capaz de levar uma ideia adiante, obter sucesso e, conse-
quentemente, ganhar respeito dos outros.
Independência
Impor seu próprio enfoque no trabalho.
Obter grande flexibilidade em sua vida profissional e familiar.
Controlar seu próprio tempo.
Confrontar-se com problemas e oportunidades de analisar e fazer crescer
uma nova firma.
Crer que é o momento de sua vida.
Entretanto, geralmente, essa necessidade é uma das primeiras a serem
frustradas. Pela carga excessiva de trabalho nos primeiros meses ou até anos,
o empreendedor dificilmente alcança a independência desejada. Os sonhados
horários flexíveis, normalmente, transformam-se em horas extras para dar conta
de toda a carga de trabalho.
Para superar essa frustração, o empreendedor de sucesso utilizará outras
ferramentas, como a dedicação e a perseverança.
Segurança
É a necessidade do empreendedor de proteger-se contra perigos reais ou
imaginários, físicos ou psicológicos. Em outras palavras, é a necessidade de auto-
preservação. A empresa pode ser vista como um meio para o empreendedor sentir-
-se seguro em relação a uma série de fatores, como o desemprego, por exemplo.
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Características do empreendedor
Porém, essa é outra necessidade que geralmente não encontra sua satisfação
após a criação da empresa. O empreendedor tem de enfrentar uma série de
circunstâncias que o mundo competitivo lhe impõe, inclusive o risco do fracasso,
que é bastante elevado.
Os empreendedores esperam sempre que a sua empresa lhes permita obter
rendimentos suficientes para levar uma vida digna. Esse é o próprio conceito de
segurança, uma vez que, na realidade, os benefícios financeiros irão permitir ao
empreendedor e à sua família disporem dos recursos necessários para enfrentar
qualquer imprevisto.
Autorrealização
É a necessidade que as pessoas sentem de maximizar seu próprio potencial,
de tornarem-se aquilo de que são capazes. O empreendedor visualiza a empresa
como um local em que suas capacidades podem ser utilizadas e aperfeiçoadas e,
em consequência, obtém a realização pessoal, principalmente se ele entrar em um
ramo que seja de sua vontade; as oportunidades de sentir-se realizado são altas.
É importante salientar que todas as necessidades apresentem-se de modo
diferente no decorrer da vida. Além de existirem necessidades diferentes, existem
níveis de predominância. Se um nível de necessidade foi de alguma forma satis-
feito, começam a prevalecer outras necessidades.
Os empreendedores, da mesma forma, têm necessidades diferentes e em
níveis diferenciados nos momentos de sua vida. É necessário, então, avaliar quais
são as necessidades que o empreendedor apresenta em relação à empresa no
momento de sua criação. Algumas podem ser essenciais e outras prejudiciais à
evolução da organização.
Conhecimento
O empreendedor deve ter um foco preciso do seu negócio. O conhecimento
é fundamental. O foco permite concentrar todas as forças sobre um único ponto.
Trata-se de obter convergência. Sem foco, o negócio torna-se fluido e esparso,
amorfo e indefinido.
É preciso conhecer sobre:
o que produzir?
como produzir?
onde produzir?
quais serviços/produtos?
para quem?
em que volume?
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Características do empreendedor
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Características do empreendedor
Comunicação persuasiva
Os empreendedores normalmente começam com nada mais que uma ideia
em sua cabeça. Para transformar uma ideia em realidade, devem convencer as
outras pessoas para associar-se ao novo negócio, convencer os amigos, parentes
e desconhecidos para que invistam ou emprestem dinheiro para a nova empresa,
convencer fornecedores a oferecer crédito e, finalmente, convencer os clientes
a pagarem com seu dinheiro um novo produto ou serviço proveniente de uma
firma desconhecida. As habilidades de persuasão compreendem a comunicação
oral e escrita.
Negociação
A habilidade para negociar, como as outras, se adquire pela experiência. Está
intimamente relacionada com aspectos culturais. As negociações giram em torno
do princípio da troca: é preciso dar para poder receber. A chave para qualquer
negociação é que cada uma das partes deve tirar vantagens das concessões que
fazem. Em princípio, negociar com êxito nunca deveria resultar em vencedor ou
perdedor e, estar preparado significa obter as respostas das seguintes perguntas:
Quem é o seu interlocutor?
O que espera que ele proponha?
Até que ponto está disposto a fazer concessões?
Aquisição de informações
Num ambiente instável e competitivo, a posse de informações sobre merca-
dos, os processos gerenciais e os avanços tecnológicos podem permitir à empresa
uma posição relativa mais sólida. Para alcançar essa posição, o empreendedor
deve ter habilidades específicas que lhe permitam adquirir as informações.
Resoluções de problemas
Há certos processos que são comuns no desenvolvimento de qualquer nova
empresa. Entretanto, cada novo negócio gera um conjunto único de problemas,
desafios e crises. É impossível ensinar aos empreendedores como responder
à grande quantidade de problemas que enfrentam na etapa inicial e durante o
crescimento de sua nova firma. Um fator de muita importância é a habilidade para
resolver problemas e é de extrema importância, entre outros fatores, identificá-lo.
Para resolver os problemas de maneira eficaz você deve:
Fazer bom uso dos recursos disponíveis – certifique-se se as habili-
dades, conhecimentos e experiências dos membros da sua equipe estão
sendo totalmente utilizados.
Nunca esquecer do tempo – tome as decisões nos prazos definidos; o
tempo deve ser usado adequadamente.
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Características do empreendedor
Os valores do empreendedor
Os valores caracterizam a visão de mundo dos indivíduos. Os empreende-
dores farão uso de seus valores para tomar decisões referentes à sua empresa, às
vezes inconscientemente. Os valores definirão o que o empreendedor gostaria de
fazer em relação à sua vida pessoal e à sociedade.
Os valores descritos por Empinott (1994, apud SEBRAE/RJ, 2003),
receberam uma classificação que destacaremos aqui:
Valores existenciais – referem-se à vida, sob todos os aspectos, às
dimensões e aos níveis: saúde, alimentação, lazer entre outros. Esses
valores constituem-se em um dos princípios referenciais na constituição
da visão de mundo das pessoas.
Valores estéticos – são ligados à sensibilidade. O empreendedor deve
despertar e cultivar o senso estético a partir de seu ambiente familiar, do
espaço geográfico, da natureza e da sua própria empresa.
Valores intelectuais – é por meio do intelecto que se processa a leitura da
realidade. Seu cultivo e aprimoramento é reconhecidamente importante.
Os valores intelectuais do empreendedor ajudarão, entre outras coisas, a
imprimir o ritmo da inovação tecnológica da empresa, a definir o papel
da criatividade na empresa e a postura em relação a algumas normas da
sociedade, como a proteção do meio ambiente.
Valores morais – referem-se à doutrina, aos princípios e às normas,
padrões orientadores do procedimento humano. É no pleno exercício e
aplicação dos valores éticos que se forma o homem honesto, virtuoso,
cumpridor de seus deveres, como profissional e como cidadão. Esses
valores estão ligados às relações e à forma de vida em sociedade.
O empreendedor é aquele que faz com que a sua empresa observe os
preceitos morais, éticos e legais da sociedade onde atua.
Concluindo, podemos dizer que as necessidades, os conhecimentos, as habi-
lidades e os valores podem ser classificados de diferentes formas.
A questão dos valores é bastante ampla e variada, conforme o tipo de
sociedade.
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Características do empreendedor
No Brasil, educar na área empreendedora significa buscar a realização da utopia, mas também
destruir mitos que atuam como obstáculos.
Mito de que ser empreendedor é coisa para poucos, um saber impossível de ser transmi-
tido e que, portanto, tem a natureza do dom.
Mito de dependência, que leva as comunidades a se sentirem incapazes de mudar a
realidade e promover o próprio desenvolvimento, porque este depende exclusivamente
de quem detém o poder.
Esses mitos são alimentados por outro, o qual diz que, para ser possível distribuir a riqueza,
é preciso antes concentrá-la nas mãos de poucos, capazes de fazê-la crescer. Essa crença
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Características do empreendedor
na justiça vinda “de cima”, de um “protetor”, não foi capaz de mudar algo sempre estável
no Brasil, à revelia do governo do dia: a distância que separa os ricos dos pobres.
Mito que faz do dinheiro o grande indicador do sucesso. Este, tendo como principal
finalidade justificar o sistema que produz desigualdades sociais, coloca no vértice da
pirâmide os que acumularam e fez despencar para a base a grande massa, dependente,
despossuída de sua autoestima, de sua cidadania e das condições de usufruir as conquistas
que o crescimento econômico oferece.
Mito segundo o qual valores culturais transplantados de outras plagas podem produzir
aqui os mesmos efeitos que na sua origem.
Mito de que a estabilidade no trabalho não é uma construção do próprio indivíduo, mas
advém da natureza do seu vínculo com algo estável: emprego público, grandes empresas.
Ora, na nossa época, estável é o ser capaz de mudar, de se recriar no compasso da evolução
do seu tempo.
Mito de que a associação de pessoas destituídas de poder, renda ou conhecimento é
inócua e não gera capacidade de mudança. Essa crença desestimula as ligações horizontais
entre as pessoas, esvazia a capacidade de extrair poder da sinergia grupal e dificulta a
articulação para a cobrança de resultados de quem deve produzi-los.
Mito de que para educar é preciso punir erros, em vez de usá-los como um elemento de
construção do conhecimento. A punição do erro significa ausência de educação tanto
para quem é punido quanto para quem pune.
Mito de que seja possível construir uma vida sem riscos nem incertezas, o que limita a
criatividade e inibe mudanças.
No lado das utopias, desenvolver uma educação empreendedora no Brasil, significa reconhecer
a importância da nossa diversidade cultural, que nos enriquece como povo e nação, acreditar na
nossa capacidade de protagonizar os nossos sonhos e construir o nosso futuro. Significa aumentar a
nossa autoestima, a capacidade e o hábito quotidiano de nos indignar diante de iniquidades sociais.
Educar quer dizer evoluir sem mudar as nossas raízes; pelo contrário, reconhecendo e
ampliando as energias que dela emanam. É também despertar a rebeldia, a criatividade, a força
da inovação para construir um mundo melhor. Mas é, principalmente, construir a capacidade de
cooperar, de dirigir energias para a construção do coletivo. É substituir a lógica do utilitarismo e
do individualismo pela construção do humano, do social, da qualidade de vida para todos.
Uma estratégia de educação empreendedora deve explicitar sua racionalidade e sua ética: a
quem e para que serve. A Pedagogia Empreendedora baseia-se no entendimento de que o empre-
endedorismo, pelo seu potencial como força importante na eliminação da miséria e na diminuição
da distância entre ricos e pobres, tem como tema central o desenvolvimento humano, social e
econômico sustentável.
A Pedagogia Empreendedora é um dos instrumentos de que a comunidade pode dispor para
aprender a formular o “sonho coletivo”, estabelecer uma proposta de futuro feita pela própria
comunidade. Na Pedagogia Empreendedora, a comunidade participa ativamente como educadora
e como educanda.
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Características do empreendedor
Individual
1. Responda às questões do tópico “Para refletir”, nas páginas 108-109.
Em grupo
1. Analise as respostas do tópico “Para refletir” e registre a opinião do grupo.
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Características do empreendedor
Pedagogia empreendedora,
ética e desenvolvimento
Não há paz sem sonho realizado.
A inscrição que serve como epígrafe a esta seção apareceu em um muro da favela da Rocinha,
no Rio de Janeiro, e foi registrada por Bezamat de Souza Neto. É uma síntese perfeita da utopia
que inspira a Pedagogia Empreendedora e o nosso conceito amplo de empreendedorismo.
Para se autodefinir como uma pedagogia voltada para o desenvolvimento, a presente estratégia
pedagógica assume o princípio ético que vincula os resultados do sonho individual à geração
de valores humanos e sociais (e não só econômicos) para a comunidade. Em outras palavras, o
empreendedorismo que nos interessa é aquele capaz de gerar e distribuir renda, conhecimento,
poder e riqueza. Assim, o sonho deve subjugar-se à ética, promover a cidadania, a cooperação, a
democracia, a humanidade, enfim. A melhoria das condições de vida da comunidade deve ser o
alvo dos resultados do sonho individual.
A consciência da ética empreendedora deve ser uma construção coletiva, pactuada entre
alunos, professores, escola e comunidade.
O sonho individual deve submeter-se ao sonho coletivo, formando elemento de construção e
consolidação de valores éticos da comunidade.
O sonho deve preservar valores comunitários e sociais positivos, já que a construção do social
significa a construção do humano. A ética que contém um sonho e lhe dá sentido é pactuada pela
comunidade da qual a escola é parte importante.
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Características do empreendedor
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O autoconhecimento
Considerações iniciais
É
muito importante compreender que o comportamento do indivíduo é fruto da sua própria
história, e que a forma como as pessoas se comportam e se relacionam com as outras pessoas,
objetos e situações dependem das características da personalidade.
A formação da personalidade se dá a partir dos fatores hereditários que fazem parte do indi-
víduo desde sua concepção. A eles acrescentam-se características construídas a partir das diferentes
situações que os indivíduos vivenciam.
Quando você conhece seus pontos fortes e fracos, quando você faz uma reflexão sobre seus atos
e atitudes com o objetivo de se conhecer e se aperfeiçoar você está tendo uma atitude empreendedora.
É uma sinalização positiva para a capacidade individual e coletiva de gerar valores para toda a
comunidade. Pela capacidade de autocriação do ser humano, o conceito de si está em constante
transformação. Sabemos que o conhecimento do ambiente externo nunca é algo definitivamente
sabido, porque a situação econômica, política, demográfica, tecnológica e social não permanece
constante. Tudo está em permanente transformação. No mundo empreendedor nada pode ser dado
como dominado. Por esse motivo que ressaltamos o valor do autoconhecimento que irá possibilitar as
mudanças necessárias e imperiosas do mundo contemporâneo.
É a forma como a pessoa se vê. É a imagem que tem de si mesma. A autoimagem irá influen-
ciar fortemente o desempenho do indivíduo. É a principal fonte de criação. As pessoas só realizam
algo caso se julguem capazes de fazê-lo.
A formulação do sonho é influenciada pelo conceito de si, que define o grau de congruência
entre a imagem construída do futuro e a forma de ser sonhador.
No conceito de si estão contidos os valores de cada um, sua forma de ver o mundo, a motivação.
Quase sempre ele está vinculado aos modelos, isto é, as pessoas com as quais o indivíduo se
identifica. Esse conceito muda conforme o contexto em que o indivíduo opera, ou seja, pode variar
em razão das relações que estabelece, do trabalho que desenvolve, do sonho que constrói, do seu
mundo afetivo, das suas conquistas, dos erros cometidos, dos resultados indesejáveis.
O conceito de si influencia e condiciona o processo de formulação dos sonhos, pois projetamos
o futuro com base no que somos.
Tudo indica que quanto mais cedo o empreendedor decidir o que deseja ser e fazer, melhores
serão suas chances de sucesso, pois mais tempo terá de moldar suas atitudes mentais adequadas
ao seu empreendimento.
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O autoconhecimento
Empreendedor coletivo e
desenvolvimento: o gestor escolar
No dizer de Dolabela (2003, p. 47), sob a óptica da Teoria dos Sonhos,
empreendedor coletivo é aquele que tem como sonho promover o bem-estar da
coletividade, a melhoria da condição de vida de todos. Ou seja, aquele que é capaz
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O autoconhecimento
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O autoconhecimento
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O autoconhecimento
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O autoconhecimento
Individual
1. Faça uma pesquisa, com três professores, em relação às seguintes perguntas:
a) Você acha que o autoconhecimento é importante para o desempenho do gestor da escola?
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O autoconhecimento
Em grupo
1. Discutam as respostas da pesquisa individual.
2. Após analisar e refletir sobre as respostas apresentadas, redigir um texto com a opinião do grupo.
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O autoconhecimento
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O autoconhecimento
Maria Helena: “Todo Indivíduo possui o destino definido por sua carga genética. Portanto,
pau que nasce torto morre torto!”
Guilherme: “O meio ambiente e a educação determinam tudo aquilo que o indivíduo será. Ofere-
ça-me uma criança por oito anos e eu farei dela uma bolchevista pela vida inteira, já dizia Lênin!”
Maria Helena: “A função primordial da educação é transmitir a herança cultural, é apresentar
às gerações que chegam tudo aquilo que, antes delas outras gerações edificaram!”
Guilherme: “A função primordial da educação é ensinar o aluno a pensar e a aprender a
aprender. Se essa meta for alcançada, ele poderá buscar toda herança cultural necessária!”
Maria Helena: “Certo estava Pascal quando lembrava que a verdadeira educação acentua o
papel receptor do aluno, valorizando a atenção, as boas maneiras, a docilidade e a obediência!”
Guilherme: “Certos mesmo estavam Dewey e Piaget, que destacavam que toda educação é
fundamentalmente uma atividade de descoberta. O verdadeiro professor nada ensina: ajuda, isto
sim, seu aluno a aprender!”
Maria Helena: “Educar é desenvolver as inteligências e promover estímulos à capacidade de
raciocinar!”
Guilherme: “Educar é libertar, soltar as amarras, deixar crescer livremente e ajudar o aluno
na construção de sua própria felicidade!”
Maria Helena: “O dever precisa vir sempre antes do direito e toda boa educação deve preparar
o aluno para o cumprimento do dever e para a conquista do direito!”
Guilherme: “A educação deve formar as novas gerações no conhecimento e no respeito por
seus direitos, sobretudo o direito às diferenças, saúde e à independência das ideias!”
Afinal, quem está certo: Maria Helena ou Guilherme? O método antinômico desenvolvido
por Quintana Cabanas não fica nem com um nem com o outro, pois proclama o seguinte: sempre
que existem confrontações de ideias contraditórias, é essencial que não se eleja uma ou outra, e
sim que se busque construir um pensamento que integre elementos de ambas as ideias, posto que
todas as doutrinas autênticas contêm indiscutíveis parcelas de verdade, as quais se perdem por
quem elege uma das alternativas. As ideias de Quintana Cabanas são muito fortes e seu método
mostra qualidades incontestáveis. Vejamos por quê.
Nenhum aluno traz em seus genes os elementos culturais que na vida empregará; assim,
jamais é determinado, seja pela natureza ou pela cultura, pois, enquanto sua natureza é geneti-
camente incontrolável, a cultura que lhe é transmitida ajusta-se ao tempo e à maleabilidade das
circunstâncias. Por esse motivo, uma função da educação é tanto a formação quanto a informação,
uma vez que alguém bem formado pode tornar-se bem informado.
Portanto, entre outros fundamentos, uma boa educação deve estimular a criatividade, mas
é de se esperar que esta se desenvolva nas etapas finais de um processo, já que a criatividade
reflexiva baseia-se no conhecimento adquirido. Para que isso se concretize na prática, é preciso
identificar que todo aluno é integrado por elementos da razão e emoção; logo, ensinar a criar é
promover não só o desenvolvimento cognitivo, mas também o pleno desenvolvimento afetivo,
integrando o princípio do prazer com o princípio da realidade. Se assim educarmos, estaremos
favorecendo o verdadeiro equilíbrio entre a noção do cumprimento do dever, à qual pressupõe
obediência e respeito, e a noção do direito à privacidade, à diferença, e é claro, à felicidade.
Uma educação com tais fundamentos não pode esvaziar-se em uma estratégia de aula marcada
pela rotina.
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O autoconhecimento
a) Comente a afirmativa a seguir, tomando por base o texto e as reflexões sobre personalidade
e valores.
“Nenhum aluno traz em seus genes os elementos culturais que na vida empregará”.
Especialistas revelam o caminho das pedras para o diretor deixar de ser chefe e se tornar um
líder capaz de inspirar os professores e mudar a escola.
Um diretor capaz de exercer liderança educacional pode determinar a diferença entre uma
escola estagnada e uma escola em movimento. O problema é encontrar esta figurinha difícil. Não
só no Brasil, mas no mundo inteiro, são raros os diretores que atuam como professores de profes-
sores e agentes dinâmicos de mudança. A boa notícia é que liderança educacional não é um dom
que ou você tem, graças a Deus, ou não tem e acabou-se. Ao contrário, é uma habilidade que pode
ser desenvolvida e exercitada a cada dia.
Nova Escola garimpou a produção mais recente de três conhecidos educadores – Boudewijn
van Velzen (Holanda), Eny Marisa Maia (Brasil) e Lorraine Monroe (Estados Unidos), todos
envolvidos em processos de capacitação de lideranças educacionais em nosso país – e selecionou
seis lições básicas para os diretores que, em 1999, queiram dar uma virada e passar a fazer diferença
na vida de sua escola.
O diretor-líder vai além do gerenciamento e coloca as pessoas em primeiro plano. Administrar
é, sem dúvida, uma dimensão essencial da liderança. Envolve gerenciar recursos financeiros;
desenhar, implementar, acompanhar e avaliar planos; organizar, prover, facilitar; criar condições
favoráveis ao aproveitamento dos alunos. Boa administração garante manter a casa em ordem –
mas não basta para fazer com que uma escola se aperfeiçoe e mude. Administradores intervêm
apenas de maneira indireta no trabalho dos professores. Para que transformações na qualidade do
ensino ocorram, é preciso que o diretor vá além. Deve atuar como líder educacional e influenciar
diretamente o comportamento profissional dos educadores. Liderança focaliza as pessoas.
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O autoconhecimento
O diretor-líder está em contato permanente com os docentes. Faz com que cada profissional,
aluno e pai, sinta que a escola lhe pertence. Deve ser fonte de inspiração, incentivo e apoio técnico.
Estimula a criatividade, mas ao mesmo tempo estabelece padrões, confronta, corrige, capacita.
Valoriza o desempenho dos professores, sabendo que receber reconhecimento os motiva a fazer cada
vez melhor o seu trabalho. Por isso, é capaz de extrair o máximo de sua equipe de profissionais.
O diretor-líder constrói um sonho e faz com que sua equipe embarque nele. Ele é capaz de
sonhar – com nitidez – a escola como ela deve ser. Compartilha com os outros esta visão, que
se traduz em imagens apaixonantes, energizadoras, sobre o papel e a importância da educação.
Consegue fazer com que a equipe sinta que está embarcando em um projeto vital, até mesmo
sagrado, que exigirá sacrifícios, mas também realizará algo muito importante, digno do melhor
que existe em cada um. Uma visão suficientemente poderosa pode impulsionar o processo de
planejamento. Estimula a comunidade escolar a projetar, programar, elaborar roteiros para
concretizar o futuro desejado. O diretor-líder não se limita a registrar, no Plano da Escola, as
decisões tomadas pela equipe – ele a convida a criar sua declaração de missão: uma fórmula
que sintetiza o que a escola faz, com que propósito, de que forma, com que pessoas e entidades.
Divulgada em cartazes, a declaração de missão ajuda a manter o foco no que é essencial – fazer
com que os alunos aprendam cada vez mais. A missão expressa, em poucas linhas, a identidade da
escola e comunica a razão de sua existência de forma clara e motivadora, aos alunos, professores,
funcionários e comunidade.
O diretor-líder faz com que sua equipe sinta que tem poder para realizar e transformar. Em
vez de se lastimar e culpar Deus e o mundo pelos problemas da escola, transmitindo uma atitude de
dependência e desamparo, o diretor-líder incentiva a equipe a descobrir o que é possível fazer para
dar um passo adiante. Auxilia os profissionais a melhor compreender a realidade educacional em
que atuam, a tomar decisões sobre prioridades baseando-se nessa compreensão, e a empreender,
em conjunto, ações para colocá-las em prática. Ao resolver, passo a passo, problemas específicos,
a comunidade escolar adquire consciência de seu poder de mudar a realidade, com os recursos
disponíveis.
O diretor-líder transforma a escola em oficina de trabalho, na qual profissionais aprendem uns
com os outros, cooperando para solucionar problemas pedagógicos. Se o diretor é um líder, ele
não deixa os professores abandonados à própria sorte, isolados em suas salas de aula. Organiza a
jornada escolar, abrindo espaço para reuniões semanais ou pelo menos quinzenais dos docentes,
por disciplina ou por série. Estimula-os a debater, em grupo, problemas pedagógicos como dificul-
dade em motivar a classe ou em estabelecer relações entre os conteúdos e a vida dos alunos. É o
momento em que os professores refletem sobre sua prática e experimentam novas possibilidades.
Partindo da análise dos dados das avaliações, podem descobrir, por exemplo, por que os alunos da
4.ª série estão encontrando dificuldade na divisão com dois algarismos e que procedimento usar
para facilitar essa aprendizagem.
Em um clima descontraído, não ameaçador, de cooperação, vão sentir-se à vontade até para
falar sobre seus próprios erros, discuti-los e aprender com eles.
O diretor-líder é visto, todos os dias, por professores, alunos e pais. Ele gasta a sola dos
sapatos, percorrendo diariamente todas as dependências da escola. Assim, comunica à equipe, aos
alunos e aos pais que se importa com eles. Ao mesmo tempo, monitora como as atividades estão
se desenvolvendo e identifica itens que poderão ser discutidos nas reuniões com os professores e
outros funcionários.
O diretor-líder sabe fazer alianças, buscando promover mais e melhor aprendizagem na
escola. Quando o diretor é um líder, ele é também um grande comunicador, capaz de mobilizar
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O autoconhecimento
e articular os mais diferentes setores em torno da missão da escola. Convence e orienta os pais,
por exemplo, a desenvolver sistematicamente os hábitos de estudo de seus filhos ou a trabalhar
como voluntários em projetos de recuperação. Mapeia as organizações sociais e culturais da
comunidade que possam desenvolver ações complementares junto aos alunos, como dança, teatro,
estudo de línguas, informática, esportes. Solicita estagiários às universidades e ajuda no desenho
de estratégias de capacitação em serviço para os professores. Recorre a rádios e jornais locais para
divulgar os êxitos da escola, e a empresários, pedindo financiamento para projetos específicos.
O diretor-líder, enfim, é capaz de trazer à tona o potencial de cada pessoa ou instituição e
criar aquela certa magia que faz cintilar as escolas felizes, onde ninguém para de aprender. E,
sempre que o seu trabalho é coroado de êxito, todos dizem: “Nós fizemos isso!”.
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O gestor empreendedor
e a comunidade democrática
Criar uma nova cultura não significa apenas fazer individualmente
descobertas “originais”, significa também, e sobretudo, difundir
criticamente verdades já descobertas, “socializá-las” por assim dizer,
transformá-las, portanto, em base de ações vitais, em elemento
de coordenação e de ordem intelectual e moral.
Gramsci
O
s primeiros movimentos de participação na gestão da escola pública que se tem notícia
foram dos estudantes secundaristas no antigo Distrito Federal, durante a gestão de Anísio
Teixeira, como Secretário de Educação, nos anos de 1931-1935:
A abertura das escolas para o mundo urbano tornou-se palco de conflitos e disputas. Em algumas escolas secun-
dárias, o regime de self-government através do qual a gestão escolar era realizada pelos próprios alunos, organi-
zados em conselhos, nos quais decidiam sobre sanções disciplinares, estímulos aos colegas retardatários, apoio
aos menos ajustados, programas e estudos supletivos, atividades curriculares e extracurriculares entre outros. Foi
lido como exercício de “anarquia” que, sem sólidas raízes no círculo familiar dos alunos, invertia a hierarquia da
autoridade escolar, promovendo a desordem. (NUNES, 1992, p. 168)
Anísio Teixeira (1997, p. 33-35) foi o primeiro administrador público a relacionar democracia
com administração da educação. Seu projeto de educação concebia a escola como o único caminho
para a democracia. A democracia é o regime capaz de fornecer os instrumentos necessários ao controle
social da sociedade sobre a coisa pública. O movimento de democratização foi vetado pelas forças
políticas que preparavam o Estado Novo.
Na década de 1970, os movimentos democratizantes da administração do sistema educativo
recomeçaram, no interior das lutas populares, por mais vagas, e movidos pela eleição de diretores
de escolas.
Para compreender os movimentos de gestão democrática no cenário político da transição
democrática, é necessário considerar por que a luta pela democracia no Brasil se tornou o principal
objetivo dos trabalhadores.
A luta pela democracia, no Brasil moderno, pode ser interpretada a partir das concepções
de esquerda marxista. Uma concepção de “tradição terceiro-internacionalista não se manifestava
somente na concepção geral do marxismo, fortemente economicista, mas também no próprio modo
de interpretar realidade brasileira” (COUTINHO, 1988, p. 104).
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O gestor empreendedor e a comunidade democrática
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O gestor empreendedor e a comunidade democrática
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O gestor empreendedor e a comunidade democrática
A ideia é que a própria escola é lugar de formação profissional, por ser sobretudo
nela, no contexto de trabalho, que os professores e demais funcionários podem
reconstruir suas práticas, o que resulta em mudanças pessoais e profissionais.
Individual
1. Faça uma análise da organização pedagógica e administrativa de uma escola da rede pública.
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O gestor empreendedor e a comunidade democrática
Em grupo
1. Discutam as análises feitas individualmente e redijam um texto sobre a conclusão do grupo a
respeito da organização escolar hoje (a gestão escolar e a organização da escola como espaço
coletivo de aprendizagem).
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O gestor empreendedor e a comunidade democrática
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O gestor empreendedor e a comunidade democrática
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O gestor empreendedor
e a rede de relações
O principal ativo de uma empresa é o seu pessoal. O principal
ativo de cada pessoa é sua competência profissional.
Chiavenato
Relações interpessoais
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O gestor empreendedor e a rede de relações
Comunicação efetiva
A comunicação é uma prioridade estratégica para a empresa, no nosso
caso a escola.
Para se compreender adequadamente o conceito e o processo de comu-
nicação é fundamental que analisemos dois conceitos: o de dados e o de informa-
ção, além do conceito básico de comunicação.
Dado: é um registro ou anotação a respeito de um determinado evento ou
ocorrência. Os dados em si são destituídos de sentido ou de significado,
pois são grupos de símbolos não aleatórios representando quantidades,
ações, coisas entre outros. Quando um conjunto de dados possui um
significado temos uma informação.
Informação: é um conjunto de dados com um determinado significado.
O significado reduz a incerteza a respeito de algo ou aumenta o
conhecimento a respeito de algo. Seja do ponto de vista popular como do
ponto de vista científico, o conceito de informação envolve um processo
de redução de incerteza. A informação permite uma certa organização
do comportamento da pessoa em seu relacionamento com o ambiente
externo que a envolve.
Comunicação: é o processo de transformação de uma informação de uma
pessoa para outra, sendo então compartilhada por ambas. Para que haja
comunicação, é necessário que o destinatário da informação a receba e a
compreenda. A informação simplesmente transmitida, mas não recebida,
não foi comunicada. Assim, comunicar significa tornar comum a uma ou
mais pessoas uma determinada informação.
A comunicação é um processo cíclico composto de cinco etapas, a saber:
Emissor ou fonte – é a pessoa, coisa ou processo que emite a mensagem.
Trata-se do ponto de origem da mensagem. Mais do que isso, trata-se da
origem e geração do insumo que ingressa e alimenta o sistema de comu-
nicação.
Transmissor ou codificador – é o equipamento que liga a fonte ao canal,
isto é, que transporta a mensagem devidamente codificada por meio de
algum canal até o receptor de quem a recebe (destino).
Canal – é o espaço situado entre o transmissor e o receptor, que geral-
mente constituem dois pontos fisicamente distantes entre si.
Receptor ou decodificador – é o equipamento que liga o canal ao destino.
O receptor sintoniza a mensagem codificada no canal e a capta para então
decodificá-la. Se a comunicação é oral, a recepção é garantida por meio
de uma boa audição.
Destino – é a pessoa, coisa ou processo para o qual a mensagem é enviada.
Trata-se do destinatário da mensagem, que a recebe e compreende. Mais
do que isso, trata-se da saída do sistema e que determina o seu grau de
eficácia.
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O gestor empreendedor e a rede de relações
O sistema de comunicação
Na prática, a comunicação deve ser considerada como um processo bidire-
cional para que seja eficaz. Isso significa que a comunicação é um processo que
caminha em duas mãos: basicamente, o processo exige um emissor que transmite a
mensagem por meio de um canal a um receptor que decodifica a mensagem para o
destinatário que envia de volta algum sinal de retroação ou retroinformação. Dessa
maneira, ambas as partes envolvidas são emissores e receptores no processo.
Fonte
ou Transmissor Canal Receptor Destino
emissor
Ruído
A comunicação humana
como um fenômeno contingencial
O processo fundamental de comunicação humana é contingencial pelo fato
de que cada pessoa é um microssistema diferenciado dos demais pela sua consti-
tuição genética e pelo seu histórico psicológico. Cada pessoa tem as suas caracte-
rísticas de personalidade próprias, que funcionam como padrão pessoal de refe-
rência para tudo aquilo que ocorre no ambiente e dentro do próprio indivíduo.
Dificilmente a comunicação ocorre sem problemas. Quase sempre existem
barreiras à comunicação. Barreiras são restrições ou limitações que ocorrem
dentro ou entre as etapas do processo de comunicação, fazendo com que nem
todo sinal emitido pela fonte percorra livremente o processo de modo a chegar
incólume ao seu destino. O sinal pode sofrer perdas, mutilações, distorções, como
também pode sofrer ruídos, interferências, vazamentos e, ainda, ampliações ou
desvios. O boato é um exemplo típico da comunicação distorcida, ampliada e,
muitas vezes, desviada. As barreiras fazem com que a mensagem enviada e a
mensagem recebida sejam diferentes entre si.
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O gestor empreendedor e a rede de relações
Ambiente
Emissor Receptor
Retroação
Contexto Contexto
Situacional Situacional
• Ideias preconcebidas
• Percepções e interpretação
• Significados pessoais
Mensagem • Sistema cognitivo Mensagem
tal como tal como
éenviada • Motivação e interesse érecebida
• Habilidade de comunicação
• Clima organizacional
• Emoções e estado de ânimo
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O gestor empreendedor e a rede de relações
Avaliação institucional
da escola e da aprendizagem
(LIBÂNEO, 2003, p. 378)
Produtividade e qualidade
As questões da produtividade e da qualidade estão diretamente ligadas à
avaliação e ao controle.
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Gente-casa
(VERISSIMO, O Globo, 21 out. 2000)
Existe gente-casa e gente-apartamento. Não tem nada
a ver com o tamanho: há pessoas pequenas que você sabe,
só de olhar, que dentro têm dois pisos e uma escadaria, e
pessoas grandes com um interior apertado, só sala, banheiro
e quitinete. Também não tem nada a ver com caráter.
Gente-casa não é necessariamente melhor do que gente-
-apartamento. A casa que alguns têm por dentro pode estar
abandonada, a pessoa pode ser apenas uma fachada para
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uma armadilha ou um bordel. Já uma pessoa-apartamento pode ter um interior simples, mas bem
ajeitado e agradável. É muito melhor conviver com um dois quartos, sala e cozinha e dependências
do que com um labirinto.
Algumas pessoas não são apenas casas. São mansões. Com sótão e porão e tudo que eles
comportam, inclusive baús antigos, fantasmas e alguns ratos. É fascinante quando alguém que
você não imaginava ser mais do que um apartamento com, vá lá, uma suíte, de repente se revela
um sobrado com pátio interno, adega e solário.
É sempre arriscado prejulgar: você pode começar um relacionamento com alguém pensando
que é um quarto e sala conjugado e se descobrir perdido em corredores escuros, e quando abre
uma porta dá no quarto de uma tia louca. Pensando bem, todo mundo tem uma casa por dentro,
ou no mínimo, bem lá no fundo, um porão. Ninguém é simples. Tudo afinal é só a ponta de um
iceberg (salvo ponta de iceberg que pode ser outra coisa) e muitas vezes quem aparenta ser apenas
uma cobertura funcional com qrt. sal. lavab. e coz. só está escondendo suas masmorras.
Individual
1. Faça uma análise do texto “Gente-casa”, de Verissimo, e tire dele uma mensagem.
Em grupo
1. Analise as mensagens que foram feitas individualmente e redija uma mensagem do grupo.
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1. Comente as frases:
a) “A sala de aula é transformada em uma cultura.”
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A respeito da ilusão de incluir alunos que não se acreditava ser necessário incluir, é preciso
mostrar que pessoas que falam, sonham, comem, jogam, andam e pensam de forma diferente não
podem sofrer castigo da homogeneização e precisam ser acolhidas por uma pedagogia interativa.
Além disso, precisam de professores que, aceitando suas diferenças pessoais e mentais, busquem
caminhos para, em uma mesma sala de aula, praticar uma verdadeira “pedagogia interativa”. Essa
observação é evidente, suscita uma questão: como seria essa “pedagogia interativa”?
A nosso ver, essa pedagogia que clama pela verdadeira inclusão dos aparentemente incluídos
deveria afastar-se radicalmente de esquemas de ensino inspirados na falácias de que todo saber
emana do professor e, através de seu discurso, chega aos alunos.
Se aceitarmos que a mente humana aprende como se preenche um copo vazio, que recebe
de outros saberes tal como o copo de verdade acolhe o vinho, nada mais pode ser pensado e a
pedagogia interativa deve ficar guardada para os sonhadores. Ao superarmos essa barreira sobre
como se constrói o saber, necessitamos, imediatamente, superar outra ainda maior, que é a crença
de que o saber científico, filosófico ou artístico encontra-se compartimentalizado e, dessa maneira,
pode ser dividido em capítulos estanques, unidades distintas e matérias isoladas. Todo programa
didático cujo conteúdo esteja “pronto” nos livros – quando tem início o ano letivo, o professor já
sabe que matéria apresentará em seu final – é sempre um programa “homogêneo”, falso e enganoso
para alunos diferentes como os que compõem todas as classes. Ao contrário, o professor interativo
sempre age como mediador entre os saberes da vida dos alunos, no momento de seu fomento, os
saberes de sua disciplina, opondo-se, assim, a conteúdos previamente estabelecidos, transmitidos
uniformemente para alunos desiguais.
Além disso, esse mesmo professor deve criar em sala de aula um clima socioafetivo, inspi-
rado em projetos de cooperação nos quais se compartilham saberes, identificam-se pensamentos
opostos e se constróem reequilíbrios a partir de desequilíbrios comuns. Em vez de professores
“donos do conhecimento” e “proprietários da saber”, a pedagogia interativa precisa de mestres que
se disponham a formular questões, lançar desafios, propor problemas, discutir casos, não só provo-
cando desequilíbrios, mas também mostrando que existem coisas a serem apreendidas e caminhos
racionais nessa direção a serem trilhados.
Trabalhando nessa linha, professor interativo descobrirá a imensa distância que separa o
“avaliar” do “medir” e, assim, perceberá que os alunos possuem ritmos de aprendizagem necessa-
riamente desiguais e precisam ser valorizados pelo que de fato “puderam” conquistar, e não pela
utopia de um limite previamente traçado, como se todos pudessem ser iguais.
Quando esse professor já existe, ou por convicção quer construir-se, é então possível pensar
que estamos desenvolvendo uma pedagogia verdadeiramente interativa e um ensino que, respeitando
o aluno, exalta a diferença que os faz realmente humanos. Em síntese, é uma pedagogia essencial
para se incluir os supostamente incluídos.
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O gestor empreendedor e a rede de relações
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Gerenciando a equipe:
um trabalho coletivo
É preciso pois, aprender a trabalhar em equipe o que não é fácil, uma vez que envolve atitudes
como: aceitar diferentes pontos de vista, confiar nas pessoas, delegar responsabilidades, aceitar o erro
como uma fonte de aprendizagem.
O empreendedor deve saber gerenciar equipes e tem que ter em mente que cada pessoa é única,
com sua individualidade, sua personalidade, sua história e suas experiências, assim, como seus objetos
pessoais, suas habilidades entre outros.
Uma excelente equipe não é formada ao acaso. Ela precisa ser construída dia a dia. Isso
requer um grande investimento de tempo e de concentração por parte do empreendedor. Para você
construir uma equipe, são necessárias as ações que descrevemos a seguir:
Escolha da equipe – implica recrutar e selecionar os candidatos que farão parte de sua
equipe. Esteja sempre atento às pessoas que podem ajudá-lo a alcançar o sucesso no seu
empreendimento. Procure acercar-se de talentos e não de mediocridades.
Desenho das atividades – significa definir o que cada pessoa da equipe deverá fazer, o
cargo que deverá ocupar, as funções, como avaliar seu desempenho e integrar suas ativi-
dades com as demais atividades da empresa.
Treinamento – significa treinar e capacitar as pessoas para que elas possam exercer
suas atividades na empresa. O treinamento não deve ser esporádico ou eventual, você
precisa dedicar algumas horas diárias para treinar, ensinar, capacitar e desenvolver seu
pessoal. Se necessário, utilize meios externos para isso: cursos, seminários, palestras,
conferências, MBAs (Master in Business Administration) entre outros.
Liderança – você precisa conduzir sua equipe. Isso significa orientar, definir rumos e
metas, ajudar as pessoas a ultrapassar suas dificuldades e desafios, monitorar o trabalho
delas, impulsionar e motivar a equipe. Deixe de lado o comando e a hierarquia e dê liber-
dade e autonomia às pessoas, apontando metas e os resultados que elas devem alcançar.
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Gerenciando a equipe: um trabalho coletivo
Gestão participativa
Atuando como gestor empreendedor, o diretor deve:
fazer com que sua equipe não fique limitada ou confinada em cargos
isolados e superespecializados, com tarefas repetitivas e monótonas;
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Gerenciando a equipe: um trabalho coletivo
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Gerenciando a equipe: um trabalho coletivo
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Gerenciando a equipe: um trabalho coletivo
para o social, já que não se conhece o humano fora do social. É por essa razão
que a atividade empreendedora está impregnada pela intenção de produzir valores
positivos para a coletividade.
Assim, podemos afirmar, como Fortuna (apud BASTOS,1999), que nos
profissionais da educação as referências identificatórias provenientes do meio
escolar, impressas no tempo que eram estudantes, encontram campo fértil de
atualização na escola em que hoje atuam. Sua história de vida, suas emoções,
seus sonhos, sua subjetividade interferindo substancialmente no desempenho das
ações, atos e atitudes que envolvem o processo de gestão da escola. E o gestor
empreendedor é, com certeza, a energia da economia, a alavanca dos recursos, o
impulso dos talentos, a dinâmica das ideias, numa harmonia da razão e da emoção,
que faz com que vislumbre o “sonho possível”, a “utopia realizável”.
Individual
1. Fazer uma análise da frase “A união faz a força.”, tomando como referência teórica a reflexão
sobre organização e dinamização de uma equipe e o empowerment.
Em grupo
1. Discutir a análise feita individualmente e adaptá-la à realidade escolar – Gestão democrática da
escola (poderá fazer o estudo de um caso).
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Gerenciando a equipe: um trabalho coletivo
Há algum tempo falava-se em foco no cliente. Isso significava atender o cliente primorosamente,
satisfazer suas necessidades e ultrapassar suas expectativas, além de conhecer o cliente sob o
ponto de vista externo: descobrir quem é o cliente e o que tem valor para ele. Foi essa abordagem
que diferenciou muitas empresas e as levou ao sucesso. Trata-se de uma abordagem necessária
nos dias de hoje, mas que também é insuficiente. A competição atual exige mais do que isso.
No momento atual, fala-se em foco no foco do cliente. Isso significa conhecer não somente o
cliente, mas as suas necessidades e expectativas intrínsecas. Para tanto, deve-se colocar no lugar
do cliente e pensar o negócio como se o empreendedor fosse o próprio cliente. Chamar a isso de
empatia ou qualquer outra denominação não é relevante, o que importa é você se sentir como o
cliente, avaliando o que sua empresa está lhe oferecendo e por quais razões deveria comprar o
seu produto/serviço. O foco no foco do cliente significa que você vai trabalhar de acordo com
as expectativas e necessidades do cliente, totalmente sintonizado nele. É difícil? Sim, mas não é
impossível: depende de você.
a) Analise o texto e redija um outro texto com o foco na escola e no foco do aluno-cliente.
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Gerenciando a equipe: um trabalho coletivo
a) Baseado nas ideias do texto de Chiavenato, redija um texto em que apareça a conexão:
qualidade-produtividade-competitividade na realidade escolar.
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Gerenciando a equipe: um trabalho coletivo
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Referências
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Anotações
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Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-3235-8
pedagogia e empreendedorismo
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Ziléa Baptista Nespoli