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Os vários falares

Você já observou que nem todas as pessoas falam da mesma maneira? Já notou que, por exemplo, em um
programa como Malhação e em um programa como o Jornal Nacional o falar dos participantes é
diferente? A fala de um carioca é diferente da fala de um nordestino. Isso tudo se dá porque existe a
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA.
Todas as línguas mudam, variam. A língua não é algo que fique parado no tempo. Ela pertence a seus
falantes que a modificam de acordo com determinados fatores.
Veja agora os tipos de variação linguística.
• variação geográfica – em um país como o nosso, de grande extensão, há muitas regiões que se
estabeleceram a partir de dada cultura. Desse modo, há vários falares, vários dialetos. Nós sabemos
identificar muito bem quando um falar baiano, gaúcho, paulista, carioca, caipira. Observe o quadrinho
abaixo.

É possível perceber que os personagens têm um falar característico de pessoas que moram no interior.

• variação histórica – cada momento histórico tem suas características. Isso influencia a pronúncia de
certas palavras e maneiras de falar. Exemplo disso é o pronome você. É possível observarmos a
mudança dessa palavra. Vossa mercê > vosmecê > você > cê > vc

• variação sociocultural – as questões financeiras


dividem nossa sociedade. Desse modo, há grupos
que têm mais acesso à educação e cultura do que
outros grupos. Além disso, há divisões
relacionadas aos grupos sociais e à idade. Assim,
temos: os religiosos, os médicos, os advogados,
os jovens etc. Observe:
Podemos perceber que a segunda fala da mulher é
própria de pessoas pouco escolarizadas.
• variação situacional – precisamos adaptar nossa fala
à situação comunicativa. Se quisermos ou
precisarmos vigiar nossa maneira de falar, nossa
fala será formal. Se pudermos agir com
descontração e espontaneidade, nossa fala será informal. Um professor não falará da mesma maneira
que um vendedor de uma loja para adolescentes. O professor precisa cuidar da linguagem que usará, já
o vendedor pode e precisa usar uma fala mais despojada, porque vai lidar com adolescentes. Observe:
Um aluno falando com a diretora da escola:
― A senhora pode liberar a turma para ensaiar a peça?
O mesmo aluno falando com seus colegas:
― Aí, galera, bora ensaiar!
Observa-se que o aluno adaptou sua linguagem à situação comunicativa e às pessoas envolvidas.
Fique atento à gramática normativa. Essa gramática dita normas, defende que a língua deve ser falada e
escrita de uma maneira e não de outra. No cotidiano, ouvimos: ―Vamo na festa? ou ― A gente vamo
no cinema. Essas falas não são aceitas pela chamada gramática normativa, pois não estão de acordo
com as regras estabelecidas por ela. Como vimos, esses dois exemplos se encaixam na variação
comunicativa e sociocultural. O primeiro caso apareceria em uma situação informal como uma
conversa entre amigos, por exemplo. O segundo seria pronunciado por alguém que não teve muito
acesso à escola. O fato é que é preciso saber que, em situações formais, como uma entrevista de
emprego, uma conversa com o chefe do trabalho, uma prova de concurso público, você deve priorizar
o uso formal da língua, porque essa é a forma social mais amplamente aceita.
Agora, você sabe que existem diferentes formas de falar. Então, não deve haver mais espaço para
preconceitos com a fala das pessoas. Você precisa acionar esses conhecimentos quando estiver nos
ambientes para não julgar ninguém. Lembre-se de que o preconceito é fruto da ignorância, da falta de
conhecimento. Você agora sabe que a língua muda, varia de acordo com um conjunto de fatores.
É hora de exercitar. Vamos lá!

1. Nas frases abaixo, marque (1) para variação histórica, (2) para variação regional (3) para variação
sociocultural e (4) para variação situacional.
a) Mano, tu não sabe o que aconteceu! ( ) b) Muié, vem cá. ( )
c) Eu gosto de jabá com jerimum. ( )
d) Em um congresso, um médico diz: ― Vamos apresentar estudos sobre os movimentos peristálticos. ( )
e) O avô disse: ― Minha neta está completando dezesseis primaveras. ( )

2. Leia o trecho do texto ANTIGAMENTE


Antigamente, certos tipos faziam negócios e ficavam a ver navios; outros eram pegados com a boca na
botija, contavam tudo tintim por tintim e iam comer o pão que o diabo amassou, lá onde Judas perdeu
as botas. E alguns ouviam cantar o galo, mas não sabiam onde.
(Carlos Drummond de Andrade – Disponível em http://www.algumapoesia.com.br/drummond/drummond07.htm)
a) Este trecho se encaixaria em que tipo de variação linguística?
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b) Escolha uma das curiosas expressões populares usadas no texto e informe seu significado.
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3. Leia o poema a seguir e faça o que se pede.


Vício na fala
a) “Mió, pió, teia (...)”. De onde seriam as pessoas que falariam desse modo?
Para dizerem milho dizem mio
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Para melhor dizem mió
Para pior pió
b) Tais palavras seriam incluídas em que tipo de variação linguística?
Para telha dizem teia
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Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados

4. Muitas vezes, a fala dos adolescentes pode ser encaixada na variação sociocultural. Marque a alternativa
que apresenta exemplos dessa variação:
a) ―Fala sério, gente! e ―Estou morrendo de fome! b) ―Fiquei bolado! e ―Fiquei chateado!
c) ―A festa foi milgrau! e ―Deu ruim na escola! d) ―Trolei os moleque! e ― Jogo muito!
5. Marque a única opção que contém um exemplo de variação geográfica.
a) Partiu academia. b) A vida não é um mar de rosas.
c) Deu ruim no jogo de futebol. d) Vem aqui, thcê.

  5.    Leia o texto retirado do Orkut de um adolescente e responda as perguntas:

E aí, moral! Tu vai p/ ksa do Paulin estudar hj?

Se for, chama o kbça tbm q ele disse q keria ir.

Vlw, muleq! Jo@o

a) A linguagem deste texto é considerada culta ou coloquial?


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b) Por que o autor desta mensagem escreveu para o colega usando essa escrita?
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c) Essa escrita pode ser usada nos trabalhos escolares? Por quê?
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d) Essa escrita atrapalhou o seu entendimento do texto?

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e) Reescreva essa mesma mensagem usando a norma culta da língua.

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f)  Retire desta mensagem duas expressões que são consideradas gírias.

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6. Leia o texto abaixo e assinale a  única alternativa correta:     
Esse falante, pelos elementos explícitos e implícitos no poema, é identificável como:

“Iscute o que to dizeno, a) Escolarizado proveniente de uma metrópole.


b) Sertanejo de uma área rural.
Seu  dotor, seu coroné: c) Idoso que habita uma comunidade urbana.
De fome tão padeceno d) Escolarizado que habita uma comunidade no interior do país.
e) Estrangeiro que imigrou para uma comunidade do sul do país.
Meus fio e minha muiér.

Sem briga, questão nem


guerra,

Meça desta grande terra

Umas tarefas pra eu!

Tenha pena do agregado


Esmola
7. Leia a música abaixo e marque a única alternativa correta:
Uma esmola pelo amor de Deus
A música registra um pedido de esmola, em que o eu - lírico
Uma esmola, meu, por caridade utiliza uma linguagem:
Uma esmola pro ceguinho, pro menino a) Pouco compreensiva, já que contém vários erros de
gramática.
Em toda esquina tem  gente só pedindo. b) Coloquial, crítica, compreensiva, comunicável.
c)  Imprópria para os poemas da literatura brasileira.
Uma escola pro desempregado d) Crítica, porém não-coloquial.
e) Descuidada e cheia de repetições.
Uma esmola pro preto, pobre, doente

Uma esmola pro que resta do Brasil

Pro mendigo, pro indigente (...)

(Samuel Rosa/Chico Amaral)

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