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Corpo Nacional de Escutas

Escutismo Católico Português

Acção de Formação – Aprofundamento Pedagógico

ÁREA D – TÉCNICA ESCUTISTA


MÓDULO D.1 – ANIMAÇÃO

D.1.3 – U.F. FOGO DO CONSELHO GRITOS E APLAUSOS

Introdução

Desde que, na pré-história, o homem aprendeu a dominar o fogo, este tornou-se um dos factores
mais importantes no desenvolvimento da sociedade humana. A partir de então, o homem aprecia
a sensação de conforto e de segurança que o fogo lhe proporciona e gosta de fazer as suas
reuniões e festas ao redor de uma fogueira, conferindo à mesma uma dimensão simbólica que o
liga à instituição familiar, como podemos constatar até pela versão da palavra lar em algumas
línguas como “foyer” em francês ou “focolare” em italiano. Ao mesmo tempo, o fogo foi
adquirindo outros valores simbólicos contrários, tornando-se imagem de destruição e de guerra,
desde a realidade dos incêndios até à das armas de fogo. Na tradição e na teologia cristãs, o fogo
tanto representa o castigo eterno, como o Espírito Santo.
No escutismo é também ao redor da fogueira que termina cada dia de acampamento, sendo esse
o tempo privilegiado para conviver, cantar e rir antes de cada um se recolher em oração e acção
de graças pelo dia que passou e de pedir ajuda a Deus para o dia seguinte. Deste modo o Fogo do
Conselho é uma reunião de amigos que, como uma família, viveram juntos durante o dia e juntos
se preparam para a noite fazendo revisão do dia que passou.

Nesta definição cabe o Fogo do Conselho de todos os dias de acampamento de um Bando, de


uma Patrulha, de uma Equipa, de uma Secção ou do Agrupamento. Todavia o Fogo do Conselho
a que nos vamos referir de agora em diante é algo de especial que, embora obedecendo aos
mesmos objectivos e sendo animado do mesmo espírito, é, pela preparação de que deve ser
objecto e pela sua dimensão, algo muito mais vasto e rico. Devemos ainda salientar que, num
Fogo do Conselho, como festa de família que é, não há espectadores, mas todos são
participantes, não se trata de um espectáculo a que se assiste, mas uma reunião em que se
participa.
Os Gritos (escutistas) e Aplausos (escutistas), encontram no Fogo do Conselho uma
aplicabilidade prática, pelo facto de lhe acrescentarem um colorido e uma animação que tornam
a sua utilização não só desejável, mas até imprescindível.

Organização do Fogo de Conselho

No contexto da actividade escutista, o Fogo de Conselho é uma arte, pelo que, a sua organização
não deve ser feita de qualquer maneira, ao sabor da improvisação do momento, mas segundo
normas bem definidas e de acordo com as técnicas adequadas.
Apresentamos, de seguida, algumas regras para a sua organização e preparação relativamente a:

9 Local;
9 Equipa de Animação;
9 Programa;
9 Fogueira;
9 Iniciadores Mágicos
9 Segurança.

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O que é um Fogo de Conselho

"Transição entre o dia e a noite e passagem da actividade ao repouso” (Léon Chanterelle), o


Fogo de Conselho é uma das mais contagiantes manifestações escutistas. Este foi concebido por
Baden-Powell e integrado no Escutismo, mas a sua prática era já conhecida desde tempos
imemoriais, quase tão velho como a própria descoberta do fogo. B-P aproveitou a ideia de
reunião familiar, a reunião de amigos ou de um grupo de rapazes que se encontravam no final de
um dia de acampamento ao redor de uma fogueira, falando do que tinham alcançado (as vitórias)
e fazendo planos para o dia seguinte, criando assim o Fogo de Conselho.

O Fogo de Conselho é também “a ocasião em que se faz a revisão do dia que passou por meio de
representações ou canções”. De facto A música e o espectáculo podem expressar a boa
disposição e o sentido de humor, libertar as emoções e unir mais um grupo. Este tipo de
actividade permite o desenvolvimento dos rapazes pois eles podem aprender a assumir atitudes e
comportamentos rectos e, através destes, estimular o desenvolvimento social e emocional. Mais
importante ainda é que estes valores não são limitados aos participantes. Uma audiência
satisfeita e participativa, estimula os participantes a desempenharem o seu papel de uma forma
mais aliciante.
O mais importante que se faz, seja uma música, uma peça ou outra representação, não é a sua
qualidade nem o prazer daqueles que a vêm ou a ouvem. A sua real virtude assenta no esforço de
um rapaz ou de um grupo de rapazes que têm a consciência de atingir um objectivo e a sensação
de ter ultrapassado um obstáculo quando, no final, há o aplauso ou o grito de alegria dos outros
participantes e da audiência.
Este tipo de actividade desenvolve alguns valores do Movimento, tais como a camaradagem, a
confraternização, a amizade, pelo que há que ter a consciência da grande diferença entre um
Fogo de Conselho e um grupo de rapazes a cantar! Mais do que ser um evento isolado, um Fogo
de Conselho torna-se parte integrante da actividade escutista, ajudando os rapazes a crescer e a
desenvolver-se para se tornarem os homens que queremos que eles sejam. Um Fogo de Conselho
é aquela reunião de amigos que viveram o mesmo dia, que se empenharam e participaram nas
mesmas actividades; é um evento que procura encontrar o equilíbrio entre a excitação de um dia
cheio de empreendimentos e a necessidade que cada um tem de se recolher e fortalecer; é a
preparação do recolhimento e a entrada em contacto com Deus, por parte de cada um e de todos,
para acção de graças e pedir ajuda para o dia seguinte.

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Organização de um Fogo de Conselho

Um Fogo de Conselho normalmente requer um planeamento antecipado. Existem dois tipos


distintos de Fogo de Conselho; o formal e o informal. O informal é aquele que acontece de uma
forma espontânea, sem animador, sem planeamento e sem programa, é este o tipo de Fogo de
Conselho em que normalmente participamos. O Fogo de Conselho formal necessita de uma
Equipa de Animação, de uma programação cuidada, de um planeamento quer ao nível do tipo de
fogueira (alimentação e segurança), quer do local e da disposição da audiência, da escolha de um
tema,...

Escolha do local do Fogo de Conselho

É importante estar atento ao local onde se situa o círculo do Fogo de Conselho. É necessário
fazer dele um local especial e misterioso. Por vezes o local condiciona o tema do Fogo de
Conselho (se este decorrer num castelo, o tema mais apropriado deve envolver reis, cavaleiros,
pajens, etc.

O local deve ser:


9 de preferência plano;
9 em forma de anfiteatro;
9 amplo;
9 afastado de entradas, das tendas ou de outras fontes de ruído;
9 com chão seco
9 com sitio para a colocação de assentos.

O local pode ser:


9 livre (planalto, terraço de uma casa velha; etc.);
9 rodeado (clareira, terraço de uma casa velha, etc.);
9 tapado (tendo como fundo uma barreira de arvores, uma sebe, muro, etc.).

Dependendo do local do Fogo de Conselho, a assistência deve munir-se de agasalhos adequados


(por vezes relacionados com o tema do Fogo de Conselho). É certo que o calor que a fogueira
emana é agradável, mas, com o frio da noite, as costas ficam desprotegidos e ao fim de algum
tempo as pessoas sentem frio, ficam irrequietas e desatentas. Levantarem-se a meio do Fogo de
Conselho para irem buscar um agasalho não é aconselhável, pois corta o ritmo à actividade.
Deve-se ter em conta a protecção do meio ambiente (zona livre de árvores, abrigada do vento e
limpa – eliminar toda a matéria inflamável e lixo), prevenindo o risco de incêndio, evitando que
a fogueira destrua o solo e que o local da fogueira fique marcado.

Antes de se fazer a fogueira, deve-se separar cuidadosamente a terra


em pequenos torrões, guardando-os em local seguro.
Quando terminar a fogueira, voltar a colocar os torrões de terra no
seu lugar. Os vestígios de que naquele lugar existiu uma fogueira
serão reduzidos. Desta forma, contribuiremos para a protecção do
meio ambiente assim como envolveremos o local em mistério.

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A Equipa de Animação

A Equipa de Animação de um Fogo de Conselho é constituída pelo Animador e dois Ajudantes.


O Animador é o responsável pelo programa do Fogo de Conselho.
O Animador é uma das peças mais importantes para o êxito do Fogo de
Conselho pois dele dependerá em grande parte o bom ou o mau andamento,
boa organização do programa e um correcto desenrolar do mesmo.
A ele caberá criar o ambiente de silêncio necessário para que todos
participem, para que todos se escutem, do Lobito ao Dirigente, ou até
mesmo ao convidado que também se deve sentir participante e agir como
tal. Deve exercer um controlo completo durante o decorrer de toda a sessão,
formando entre ele e a assistência uma unidade para que a actividade seja
disciplinada.

O Animador não é um palhaço ou um faz-tudo; é, antes de mais, alguém


organizado, capaz de se fazer ouvir e entender – ter boa voz e boa dicção –
ser capaz de dinamizar, de levar à acção e ter sentido de oportunidade nas suas intervenções.
Deve conhecer as letras e músicas das canções e os aplausos que vai executar em conjunto com a
assistência, não devendo exagerar no seu número. As canções têm que ser cantadas no tom
apropriado para que resultem. Uma desculpa dita com graça oportuna é melhor do que um canto
mal feito, podendo até desarticular o resto do Fogo de Conselho. Portanto, um Animador não
surge de improviso, mas forma-se com treino de anos de prática e com muito trabalho de
preparação para cada Fogo de Conselho.

O Animador deve ser auxiliado por um ou dois Adjuntos (ou Ajudantes) que o auxiliem na
coordenação da apresentação das patrulhas, bandos ou equipas, avisando os actuantes para se
prepararem para a sua entrada em acção no momento da actuação anterior. Normalmente os
Adjuntos são Caminheiros ou Dirigentes que substituem, de vez em quando, o Animador em
algum aplauso ou canção de conjunto. Para isso, também eles devem conhecer as canções e os
aplausos que vão executar conjuntamente com a assistência. Orientam parte da assistência
quando esta é dividida para cantar, preenchem os tempos mortos para que o Fogo de Conselho
seja vivo, alimentam a fogueira – tarefa que não deve ser feita pelo Animador.

Disposição de um Fogo de Conselho

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O Animador entra no círculo do Fogo de Conselho após os participantes estarem nos seus
lugares. Deve colocar-se a barlavento da fogueira para não ser importunado pelo fumo e numa
posição tal que a sua a figura não seja tapada pelas chamas e possa ser visto por todos os
participantes. Tenha-se cuidado em que haja passagens ao longo do círculo do Fogo de Conselho
para as entradas e saídas dos actuantes. Para se dirigir aos escuteiros o Animador não deve sair
do local onde se encontra (se este assim não proceder não se fará perceber e poderá perder o
controlo do “fogo”).

Os Ajudantes ficarão no local de apoio. Todos os instrumentos deverão estar num mesmo local,
juntamente com o coro que suportará a parte musical do Fogo de Conselho. Deve-se evitar que
durante a representação haja escuteiros de pé a perturbar e a distrair a assistência. Para evitar
estas situações pode-se fazer sinal a um escuteiro que avise os “barulhentos” ou modificar o
programa com um grito ou um aplauso integrando-os novamente no grupo. Não se deve parar o
Fogo de Conselho para os chamar a atenção pois isso iria quebrar o ritmo.

Preparação do Fogo de Conselho

Na preparação de um Fogo de Conselho, torna-se mais fácil usar um tema, haver o


enquadramento com o local (ex. castelo) e com a actividade, pois estas informações sugerem
canções particulares, actuações e gritos que ajudam no desenrolar do programa. O Animador
deve ser informado previamente do tipo de actuações que se vão realizar para que estas sejam
organizadas segundo uma sequência e um número de entrada e evitando as actuações de mau
gosto. Se, no entanto, um grupo começar a apresentar algo de mau gosto, é preferível
interromper e passar à actuação seguinte, havendo posteriormente ao Fogo de Conselho uma
conversa séria com o grupo em questão.

Deve-se ter em conta aquilo que se vai realizar:


9 O tipo de fogo (iluminação da actuação: archotes, fogueira);
9 Quais os grupos participantes e tempo de actuação;
9 Elenco dos números a apresentar.
Na preparação do programa, os números poderão ser organizados da seguinte forma:
9 Números dramáticos
9 Números cómicos
9 Canções rápidas
9 Canções lentas
9 Cânones
9 Gritos e aplausos

A duração do programa do Fogo de Conselho depende em grande parte da idade e natureza dos
participantes. Deve ter uma duração limitada que, normalmente, varia entre 1h e as 2h 30min
(Fogo de Conselho Formal de grandes actividades). O programa é, muitas vezes, visto como o
decorrer de um dia de acampamento: em crescendo e finalmente decrescendo até à noite, ou
como uma fogueira, começando calmamente com o acender até ao pico e depois decresce
gradualmente até ao final quando a chama se apaga e só ficam as brasas.

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Ritmo do fogo
4-Clímax do Fogo de
Conselho. Tempo de duração:
5 a 10 minutos

3-Parte muito rápida com a 5-Parte rápida moderada,


fogueira bem alimentada alimenta-se pouco a fogueira
Tempo de duração:15 a 25 Tempo de duração:15 a 25
minutos minutos

2-Parte rápida e muito alegre.


6-Parte lenta e suave. Tempo de
Tempo de duração:10 a 20
duração:15 a 25 minutos
minutos

1-Acender do Fogo. 7-Parte muito lenta. Fogueira


Tempo de duração: em brasido. Tempo de
7 a 15 minutos duração:7 a 15 minutos

Início Final

Diagrama do Desenvolvimento do Fogo de Conselho

No início, deve-se dar as boas vindas à audiência (assistência e actuantes). A utilização de uma
forma especial para acender a fogueira (tipo iniciador mágico) requer um ambiente de
expectativa e concentração – em que todos ajudam a fogueira a “nascer”. Pode-se fazer o ritual
da “Bênção do Fogo”, nomeadamente de se contar com a presença do Assistente. Caso contrário
pode orientado mesmo por um dos Chefes, particularmente o Chefe de Campo.

Seguidamente, iniciam-se as apresentações interligadas com canções conhecidas e engraçadas,


jogos, partidas e representações. Na parte decrescente, as canções são calmas, contam-se
histórias, faz-se uma oração e um pensamento final.

Ao fazer o ordenamento da programação, o Animador tem que ter todas estas informações em
mente, ou seja, as fases do Fogo de Conselho e o seu ritmo característico, o tipo e duração da
actuação, quem a executa, o tipo de iluminação e cenários...

As fases de desenvolvimento do Fogo de Conselho, são caracterizadas com actuações


apropriadas:

1º - Acender do Fogo (7 a 15 min)


Abertura com o acender da fogueira (maneira tradicional ou mágica), seguida de da Bênção
ou Oração a que se segue o Hino do Fogo, as Palavras do Chefe de Campo. Músicas suaves,
poesia, textos sérios, canções escutistas ou populares e aplausos.

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2º - Parte rápida e muito alegre (10 a 20 min)


Alimenta-se bem a fogueira. Existem números, poesia, entreactos cómicos, música,
aplausos
fortes, canções escutistas e populares.

3º - Parte muito rápida (15 a 25 min)


Alimenta-se bem a fogueira. Existem partidas, jogos movimentados, música muito alegre,
entre-actos muito cómicos e breves, canções escutistas e populares, aplausos fortes.

4º - Clímax do Fogo de Conselho (5 a 10 min)


É o momento em que a fogueira está no máximo. Deve-se aproveitar a ocasião para se
homenagear escuteiros ou personalidade e oferecer lembranças, criando deste modo uma
pausa. A fogueira não voltará a se alimentada.

5º - Parte rápida moderada (15 a 25 min)


Música instrumental, entreactos e poesias moderadas, canções escutistas e populares,
aplausos.

6º - Parte lenta e suave (15 a 25 min)


Poesias dramáticas, entreactos sérios, músicas e canções suaves.
7º - Parte muito lenta (7 a 15 min)
Músicas e canções suaves e séria, meditação, oração e silêncio.

Programa do Fogo de Conselho

Para que o programa seja bem estruturado e planeado, deverá existir uma reunião de preparação
com o Animador, os Ajudantes e um representante de cada um dos grupos que vão actuar, ou
seja, todos aqueles que, de alguma forma, estão envolvidos nesta actividade. No início dessa
reunião procede-se ao preenchimento do cabeçalho da folha “PROGRAMA DO FOGO DE
CONSELHO”, havendo desta forma a distribuição e a responsabilização das funções a executar
durante o Fogo de Conselho.

Seguidamente, preenchem-se os documentos “PLANEAMENTO DO FOGO DE CONSELHO”,


“ PLANEAMENTO DOS GRITOS” e “PLANEAMENTOS DAS CANÇÕES”, excepto a
coluna “N.º” (número de entrada).

Nesta fase não deve existir qualquer preocupação com a sequência da anotação das actuações. As
ideias para as canções e para os gritos podem ser dadas por todos os que participam nesta
reunião.

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Planeamento dos gritos Nº Planeamento do Programa do Fogo de Conselho

Grupo ou
individual Descrição / Tempo Tipo Nº

Planeamento das
canções Nº

Programa do Fogo de Conselho

Animador:
Ajudante:
Ajudante:
Local: Reunião de preparação: Local preparado por:

Data: Responsável pelo coro: Responsável pela fogueira:

Horário: Responsável pelos gritos: Responsável pela limpeza:

Título da representação, canção ou história Responsável Tempo



1
2
3
4 Encerramento

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Após o preenchimento dos três quadros (“PLANEAMENTO DO PROGRAMA DO FOGO DE


CONSELHO”, “ PLANEAMENTO DOS GRITOS” e “PLANEAMENTOS DAS CANÇÕES”),
o Animador procede ao ordenamento das actuações com base no tipo, duração da representação e
ritmo do Fogo de Conselho – preenchimento da coluna respectiva. Transcreve-se para a tabela
“PROGRAMA DO FOGO DE CONSELHO” toda a sequência ordenada e distribui-se um
exemplar aos participantes e aos Adjuntos.

A fogueira

É necessário recordar que a fogueira serve como ponto focal do Fogo de Conselho. Por isso
alguns cuidados especiais terão que ser atendidos aquando do seu planeamento e alimentação.
Não se pode esperar que um amontoado de lenha que se encontra no centro do círculo do Fogo
de Conselho simplesmente acenda quando se lhe atira um fósforo a arder. A fogueira tem que ser
estruturada de forma a aquecer a assistência e que o calor gerado pela mesma não seja em
demasia, obrigando a assistência a sair do seu lugar e a procurar um lugar mais seguro, mais
fresco e mais distante. Uma forma dar uma dimensão mais solene e simbólica ao início do Fogo
de Conselho poderá ser a adição de algumas cinzas guardadas desde o último Fogo de Conselho,
demonstrando assim continuidade nas actividades.

Abastecimento da fogueira

A vivacidade do fogo deve estar de acordo com as diferentes fases do Fogo de Conselho e com
as actuações. Para tal, um dos Ajudantes deverá ser o responsável pela fogueira. Ele deve
armazenar antecipadamente a lenha que achar necessária, num local próximo da fogueira, para
que, durante o Fogo de Conselho, possa “alimentar” a fogueira sem quebras de ritmo e sem
provocar a distracção na assistência. A fogueira deve sempre estar rodeada por pedras e, se o
solo estiver muito húmido ou coberto de neve, a fogueira deve ser construída sobre um suporte
isolante, feito de toros verdes, ou sobre um leito de calhaus.

Os cuidados a ter com a lenha (“arsenal”) que alimenta a fogueira são:


9 O arsenal de lenha é preparado previamente antes de o 'Fogo' começar;
9 O arsenal tem um local próprio no espaço do 'Fogo';
9 O arsenal deve estar em local que não estorve o 'Fogo';
9 O abastecimento deverá ser feito no intervalo dos números para não perturbar as
apresentações.

Tipo de fogueiras

Dependendo do tipo de Fogo de Conselho, assistência e local, podem-se utilizar várias formas de
fogueira:

9 FOGUEIRA EM PIRÂMIDE

Utilização: Grandes Fogos de Conselho.


Características: Não necessita de grande manutenção e fornece bastante luz e calor.

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Descrição: A base é um quadrado de 1 a 1,2m de lado, com troncos muito grossos, indo o
diâmetro diminuindo em altura até 1 a 1,2m do solo. O bloco central é constituído por
acendalha e lenha fina.

9 FOGUEIRA EM CONE

Utilização: Fogos de Conselho de Agrupamento.


Características: Necessita de grande manutenção e fornece bastante luz e calor.
Descrição: A base é um quadrado de 1 a 1,2m de lado e troncos muito grossos (diâmetro
de 5 a 7 cm) colocados em cone. O bloco central é constituído por acendalha, a mecha e
lenha fina. Não se deve sobrecarregar o cone para que o oxigénio possa penetrar
livremente nos espaços.

9 FOGUEIRA POLINESIA

Utilização: Fogo de Conselho comunitário em que os escuteiros se reúnem para conversar


e cantar.
Características: Longa duração e manutenção simples. Dá pouca luz.
Descrição: Abre-se um buraco quadrado de 40cm de largura e outro tanto de
profundidade. Colocam-se no fundo umas pedras para suporte dos troncos que são
dispostos a toda a volta sobressaindo um pouco do buraco.

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9 FOGUEIRA EM ESTRELA

Utilização: Fogos de Conselho de patrulha ou equipa.


Características: Fogueira de grande duração. Dá pouco calor e luz.
Descrição: Traçam-se no chão 4 a 6 canais, nos quais se colocam outros tantos troncos,
esboroados nas extremidades, para mais facilmente pegarem fogo. No centro faz-se uma
pequena fogueira em cone, que incendiará os troncos dispostos em estrela. Os troncos vão
sendo chegados ao centro conforme se vão consumindo.

9 FOGUEIRA CANADIANA

Utilização: Fogos de Conselho de patrulha ou equipa.


Características: Fogueira reflectora para aquecimento.
Descrição: Faz-se com troncos grossos de 7 a 10 cm.

Iniciadores Mágicos

Existem formas para tornar o Fogo de Conselho diferente. Uma delas é a utilização de
iniciadores mágicos, ou seja, formas “espectaculares”, misteriosas e grandiosas para iniciar o
fogo. É conveniente criar um ambiente de expectativa e mistério. Para isso, contam-se histórias
de duendes, índios, extraterrestres, etc., os quais, na sua condição de seres invisíveis, virão ajudar
a acender a fogueira. Para garantir o efeito desejado, deve haver antecipação, treino, cuidado e
cautela, para maximizar a oportunidade de sucesso e minimizar a hipótese de falha.

Algumas regras:

9 Estas ideias não são jogos nem brincadeiras e nem devem ser tratadas como tal;
9 Só pessoas com o controlo total das suas faculdades mentais devem experimentar este
tipo de iniciadores;
9 É necessário ter muito cuidado quando se lida com materiais corrosivos, venenosos e
inflamáveis, sendo de ter os seguintes cuidados:
ƒ Misturar e usar os químicos em lugares arejados;
ƒ Seguir as instruções;

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ƒ Nunca mandar um fósforo aceso para a mistura se incendiar;


ƒ Evitar grandes quantidades (mais quantidade não significa melhor!);
ƒ Etc.
9 Treinar bastantes vezes antes de usar o tipo de iniciador escolhido em frente à assistência;
9 Verificar os tempos de reacção entre a activação e a ignição para se escolher a encenação
ou a história a contar à assistência;
9 Saber quais os barulhos e fumos que estão associados aos iniciadores;
9 Ter sempre um plano “B”, caso o plano “A” falhe. É que isto, mais tarde ou mais cedo,
vai ocorrer e é preciso estar sempre prevenido.
9 Etc.

O tipo de iniciador mágico condiciona o tipo de fogueira a utilizar.

Se o iniciador tem que ser colocado previamente no centro da fogueira é melhor utilizar uma
fogueira do tipo pirâmide. Esta estrutura deixa um espaço vazio no centro, no qual se pode
colocar o mecanismo iniciador, e, caso seja necessário, algo para desencadear a ignição. Isso
pode ser adicionado sem dificuldades ao iniciador que já se encontra previamente no centro da
fogueira. No caso de o iniciador ter de “entrar” dentro da fogueira para desencadear o fogo (seta
flamejante), é aconselhável o tipo de fogueira em cone.

O tipo de fogueira “estrela” é o mais aconselhado para a utilização de iniciadores mágicos


eléctricos, uma vez que o sistema de ignição pode ser escondido no meio da madeira. Evitar
sempre o uso de combustíveis líquidos, uma vez que os resultados são sempre imprevisíveis. É
necessário ter atenção à distância que existe entre a assistência e a fogueira, uma vez que, com o
uso de iniciadores mágicos, podem ocorrer situações em que saltem faúlhas e labaredas que
podem atingir a assistência.

9 INICIADORES MECÂNICOS

Î Utilizar uma tábua 2 x 4 com cerca de 8 a 10 cm de comprimento. Furá-la no meio, de forma


a colocar um prego ou uma cavilha que fixe esta tábua ao chão. Na face que não está em
contacto com o chão, deve-se fazer pequenos furos onde se colocam várias cabeças de
fósforo, ligeiramente superiores à tábua.

0000000
Chão
Noutra tábua com as mesmas dimensões, colar uma folha de lixa de fósforo e, num dos
topos, colocar um parafuso tipo “camarão”. Juntar as duas tábuas – a face com as cabeças de
fósforo com a face da lixa – e fixá-las com fio elástico. Amarrar um fio ao parafuso e colocar
este mecanismo no centro da fogueira.

Seguidamente puxar pelo fio; a fricção da lixa com as cabeças de fósforos desencadeia o
fogo que se propagará às folhas e ramos secos que se encontram a envolver este mecanismo.

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Î A FLECHA FLAMEJANTE

Colocar uma pequena estaca para além do coração da fogueira. A partir desta estaca sai
um fio (linha de pesca ou sediela), de pesca bem esticado até um ponto mais alto (árvore).
O ângulo do fio deve ser tal que assegure que a “seta” desça rapidamente, senão corre-se
o risco de a chama queimar o fio antes de a “seta” chegar ao centro da fogueira.
A seta é suspensa no fio por 2 carreteis (assegurar que se colocam os carreteis antes de
esticar o fio!). Na ponta da seta fixar material seco inflamável.
Num determinado momento da história que está a ser contada, um auxiliar acende a ponta
da flecha e deixa-a deslizar pela linha até à fogueira.
Se não for possível utilizar linha de cana de pesca, pode-se usar um arame fino, mas no
final (junto à fogueira) deve-se utilizar o fio de pesca pois, quando a fogueira começar a
arder, esta queima o fio de pesca, sendo possível ao auxiliar remover o arame sem que a
assistência se aperceba do sucedido.

Î Uma variação ao método acima apresentado consiste na utilização do material inflamável


directamente agarrado a um carretel. Desta forma a chama que se vê chegar à fogueira dá a
sensação de ser uma “bola em chamas”.

Î Outra variação consiste em utilizar uma vela previamente acesa que se coloca no centro da
fogueira tapada por uma lata. A vela está segura a um suporte de madeira e presa com uma
linha. No momento oportuno, puxe-se a linha. A vela sai da lata e as acendalhas colocadas
em redor desta começam a arder.

9 INICIADORES ELÉCTRICOS

Quando se utilizam iniciadores eléctricos é necessário ter em atenção a espessura dos fios
eléctricos, o tamanho da bateria e a distância entre a bateria e o local da fogueira. Aconselha-
se o treino, o uso de fios finos para baterias de 6 volts e fios mais grossos se a bateria for de
12 volts (bateria de carro).

Î Colocar palha-de-aço no centro da fogueira e, em seu redor, acendalhas secas. Ligar a palha-
de-aço a uma bateria de carro. A bateria deve estar escondida numa caixa que pode servir
como assento do animador. Colocar um interruptor num dos lados da caixa e ligá-lo para
completar o circuito eléctrico e desencadear o fogo.

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Î Serrar ao meio uma placa de madeira com as dimensões 5 x 10 cm. Colocar 2 pregos nas
laterais opostas da placa da madeira, os quais funcionarão como “terminais” a ligar à fonte de

+
energia. Colocar, na fenda, fósforos de papel e passar na sua cabeça um fio eléctrico muito
fino. Este fio é ligado aos “terminais” e estes são posteriormente ligados a uma bateria com
um sistema com interruptor. Quando passar a energia eléctrica, o calor incendeia as cabeças
de fósforos e desencadeia fogo propagando-se posteriormente às acendalhas.

Î Fazer um maço de fósforos amarrados com um fio elástico (quanto maior o maço, maior é o
espectáculo). Esticar a mola de uma esferográfica de uma forma a que o seu comprimento
seja ligeiramente superior ao diâmetro do maço de fósforos. Pousar a mola sobre as cabeças
dos fósforos (tocando nas mesmas). Colocar este dispositivo no centro da fogueira com
acendalhas em seu redor. Ligar a mola a uma bateria com um interruptor e na altura devida
ligar o interruptor. A mola irá gerar calor, o qual irá incendiar os fósforos e posteriormente as
acendalhas.

9 INICIADORES QUÍMICOS

Î Num pedaço de madeira pregar 4 pregos com cerca de 15 cm, enterrando-os ligeiramente.
Entre os pregos e pousada na madeira, colocar uma forma de alumínio com, pelo menos,
duas colheres de sopa de permanganato de potássio (disponível na maioria das drogarias). Na
cabeça dos pregos colocar outra forma de alumínio furada na base com 3 ou 4 furos.
Colocar no seu interior um pouco de glicerina (também disponível nas drogarias) e equilibrar
a forma de alumínio com um galho, de modo a incliná-la sem deixar cair glicerina pelos
buracos. Ao pequeno galho atar um fio de pesca que, quando puxado, remove o galho e a
forma fica na horizontal, permitindo à glicerina escorrer pelos buracos indo cair na primeira
forma.
A glicerina irá reagir com o permanganato de potássio e criar chamas que, em contacto com
as acendalhas, irá iniciar a fogueira.

Î Esmagar 1 colher de chá de cristais de iodo em pó muito fino. Adicionar 2 colheres de chá de
pó de alumínio. (É EXTREMAMENTE NECESSÁRIO QUE ESTA MISTURA SE
MANTENHA SECA).
Numa base de madeira colocar este preparado dando-lhe a forma de uma montanha e
colocando-o no centro da fogueira.
Deitar algumas gotas de água no preparado e este lançará um fumo púrpura seguido de
chamas vermelhas. Nesta fase lançar alguns fósforos que se incendiarão bem como a
acendalha envolvente.

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NOTA: Esta mistura tem que ser usada 10 minutos após a sua preparação.

9 EFEITOS ESPECIAIS

Î CHAMAS COLORIDAS
• Amarelo – nitrato de potássio ou cloreto de sódio;
• Verde – borax, nitrato de bário ou sulfato de cobre;
• Púrpura – cloreto de lítio;
• Vermelho – nitrato de estrôncio;
• Laranja – cloreto de cálcio.

Î FAÍSCAS
• Prata – pó de alumínio;
• Ouro – pó de ferro.

Î “FLASHES”
• Vermelho – partes iguais em peso de nitrato de estrôncio com pó de magnésio;
• Verde – partes iguais em peso de nitrato de potássio, ácido bórico, pó de
magnésio e pó de enxofre.

Segurança no Fogo de Conselho

O local onde se realiza o Fogo de Conselho tem de estar bem limpo, bem como num raio de 3 a
4m em redor. Este espaço deve ser uma clareira bastante larga, de tal forma que as labaredas e
faúlhas que se soltam da fogueira subam rapidamente e se extingam no ar sem chegar às árvores
ou vegetação. Não se devem usar papéis leves e palhas como “mecha” (iniciadores do fogo)
porque estes se elevam no ar com facilidade e demoram tempo a apagar-se.

Colocar junto do abastecimento da lenha, vários “batedores”, dois baldes


com areia, uma pá uma enxada, que servirão para apagar a fogueira no fim
do Fogo de Conselho.
Terminado o Fogo de Conselho, a fogueira só deve ser extinta depois de
toda a assistência se retirar do local.
Apagar a fogueira com a assistência presente retira o brilho com que o
Fogo de Conselho terminou. Por isso não se deve fazê-lo.
O ideal será a fogueira ser extinta com água. Se não houver água deve
bater-se o brasido com uma pá e depois cobri-lo com uma boa camada de
areia ou terra para que fique abafado e não se propague com qualquer sopro
de vento. Por fim, colocar os torrões de terra, referidos anteriormente.

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Gritos e Aplausos

Costuma-se dizer que um Escuteiro não bate palmas, e é certo, pois ele tem uma forma muito
própria de se manifestar: através dos chamados gritos e por uma particular forma de aplaudir. O
Fogo do Conselho é o local por excelência onde o Escuteiro dá largas aos seus conhecimentos
nesta área, mas os gritos e os aplausos podem e devem ser utilizados noutro tipo de
manifestações, que, em qualquer dos casos, devem ter um tempo e um local próprio para serem
utilizados.

Por exemplo:

- Uma salva de palmas, duas salvas de palmas, serve para premiar ou reconhecer alguém. Pode ser cantado
em recinto fechado e até em lugares religiosos.
- “Para mim és bom companheiro, para mim és bom....” é um cântico de amizade, e deve ser cantado
quando existe uma manifestação ou acto de amigo. Deve ser cantado em grupo.
- Foguete, feito com o som da mão a passar pela boca e serve para celebrar o aniversário de alguém. Resulta
em parada com as unidades a lançar o seu individualmente.
- O “Bravo, Bravo!” deve ser utilizado quando o acto apresentado é muito bonito, interessante e importante.
Se possível deve ser cantado em campo aberto ou em reunião de jovens. Deve ser cantado com alma.
- “Um dedo, dois dedos” vai até aos cinco dedos, e decresce até um dedo (com ou sem unhas). Tem a mesma
função da Salva de palmas.
- Também se podem inventar gritos ou aclamações.

Podemos dizer que a riqueza do “Projecto Educativo do Escutismo” está num conjunto de
elementos variados, que atraem os jovens e que implementados no seu todo, concretizam os fins
educativos do seu Projecto.

Também aqui o C.N.E. e o Escutismo em geral são bastante ricos e há que, por isso, não perder
este património, não só pelas razões atrás apontadas, mas também porque a utilização continuada
destes elementos tem um peso importante porque:

• Dá uma ajuda na disciplina individual da Secção e do Agrupamento.


• Ajudam a formalizar o tempo de “Jogo Escutista”.
• Dignificam e valorizam o progresso individual e da Secção.

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• Ajudam nas relações inter-pessoais.


• Enraízam os jovens ao Escutismo e isso abre-lhes o espírito ao
desenvolvimento.

Mensagem da fogueira

Não há nada mais belo que a luz de uma chama no meio da noite, que nos aquece, nos ilumina e
nos guia... Ela envolve-nos de tal forma que, quando está bem viva, consegue fazer-nos mais
vivos também... Mas quando a chama perde a sua força também um pouco da nossa força se
dissipa na imensidão da noite... O fogo que há em nós torna-se mais fraco....

Esta luz natural conhece-nos melhor que nós próprios pois está connosco desde o nosso
nascimento, nas nossas refeições, no atingir do nosso caminho, iluminando-nos na escuridão... é
ela que nos abraça quando temos frio. A luz e o fogo em si, são um símbolo da nossa vida!

Quem já teve o prazer de se contemplar, observando o centro de uma chama, e ser como que
consumido pela alegria e tristeza que dela emana, sabe quanto é bom abstrairmo-nos em algo
melhor. É ela que nos dá força de vontade, depois de um dia cansativo, e nos faz pensar nos
erros que precisam de ser corrigidos...

Ao olharmos para o fogo em si, veremos nele como que um mundo de sonhos, onde tudo é
perfeito. Ele transmite-nos essa perfeição. Ao olharmos melhor, repararemos na pessoa que está
do outro lado da chama; essa pessoa não é nada mais nada menos que um nosso irmão; ele está
a pensar exactamente o mesmo que nós...

É esta a perfeição, a amizade e plenitude que nos enche e que, transposta na chama, nos guia e
nos une, mostrando que somos todos iguais e que, juntos, construiremos um mundo melhor... O
mundo criado pela chama, sendo algo de perfeito, mostra que, coisas que, no nosso mundo,
sejam más lá conseguem ser melhores. A mão do homem é que as torna imperfeitas...

Esta chama não precisa de ser vista para estar presente, pois está dentro de nós, e este mundo
que ela contém é uma representação do mundo melhor que os homens podem criar. Basta
quererem...

Ao reunirmo-nos com amigos e irmãos mais novos ou mais velhos todos partilhamos os
sentimentos com esta força sobrenatural que é o fogo, e todos nos deixaremos levar com ele. No
início, é a entrada em que começamos a senti-la e a vivê-la; a meio, é o expoente máximo dos
nossos sentimentos e da própria vida; por fim, a paz deixa-se transparecer e de todos os
sentimentos até agora sentidos, um prevalece: o cansaço. É este que, por vezes, não nos deixa
captar a mensagem que a fogueira nos procurara transmitir...

Será que ela chegou até vós?

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Bibliografia

- CORPO NACIONAL DE ESCUTAS, O Fogo – Manual do Dirigente


- JIM SHARP E JOHN SPENCER, Campfire Magic
- MICHAEL LEE ZWIRRES, Campfire Magic
- SCOUTER STEWART BOWMAN, Magic Campfire Starts
- PETER VAN HOUTEN, Graduation Campfires

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