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Edição revisada
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
__________________________________________________________________________________
D396f
Della Cruz, Gisele Thiel
Fundamentos teóricos e práticos do ensino de história / Gisele Thiel Della Cruz, Danie-
la dos Santos Souza. - 1.ed., rev.. - Curitiba, PR : IESDE Brasil, 2013.
206 p. : 24 cm
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-3318-8
1. História - Estudo e ensino. I. Souza, Daniela dos Santos, 1965-. II. Título.
12-9159. CDD: 907
CDU: 930
13.12.12 19.12.12 041556
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Observando a Lua..................................................................... 99
Introdução ao tema................................................................................................................... 99
Para quem?.................................................................................................................................100
Proposta de trabalho..............................................................................................................100
Meu pai e minha mãe já foram crianças?.......................109
Introdução ao tema.................................................................................................................109
Para quem?.................................................................................................................................110
Proposta de trabalho..............................................................................................................110
A diversidade cultural............................................................139
Introdução ao tema.................................................................................................................139
Para quem?.................................................................................................................................141
Proposta de trabalho..............................................................................................................141
Memória e identidade...........................................................151
Introdução ao tema.................................................................................................................151
Para quem?.................................................................................................................................152
Proposta de trabalho..............................................................................................................152
O nascimento da humanidade...........................................161
Introdução ao tema.................................................................................................................161
Para quem?.................................................................................................................................163
Proposta de trabalho..............................................................................................................163
Os calendários..........................................................................175
Introdução ao tema.................................................................................................................175
Para quem?.................................................................................................................................176
Proposta de trabalho..............................................................................................................176
Referências.................................................................................201
Apresentação
Esta disciplina oferece o estudo da História sob dois aspectos diferenciados.
O primeiro é a base teórico-conceitual que sustenta o ensino de História nas
escolas do Ensino Fundamental, e o segundo trata das práticas educativas que
devem contribuir como instrumento de reflexão para os professores, a partir de
propostas de trabalho sobre temas fundamentais desta matéria.
Fernando Pessoa
13
O estudo das Ciências Humanas: História e Geografia
Para que o aluno perceba os dados elementares de seu dia a dia, desde as
relações que se estabelecem na cidade até a paisagem que se revela nas diferentes
imagens do seu cotidiano, todos esses dados atravessam o crivo dos conhecimentos
históricos e geográficos.
A partir desses estudos, o professor terá material suficiente para criar inda-
gações, momentos de reflexão e de posicionamento dos seus alunos quanto às
questões pertinentes sobre a identidade e a cidadania.
era articulada com uma sucessão de reis e de lutas, bem como de grandes eventos.
No caso do Brasil, eventos como a Independência ou mesmo a Constituição do
Estado-nacional. Com o advento da República e a tentativa de laicização da
educação, criou-se uma escola capaz de instruir, transmitir valores patrióticos e
espírito cívico, e isso se deveu principalmente à preocupação com o universo de
imigrantes que aportavam no país.
Nas décadas de 1960 e 1970, sob o domínio militar, mais ainda a História
passa a ser uma disciplina significativa, alicerçada na “dobradinha” História e
Geografia, conhecida como Estudos Sociais. Vê-se crescer o espírito nacionalista
e o desenvolvimento das ideias cívicas de caráter moralizante.
O caminho da Geografia:
das universidades à sala de aula
A produção do pensamento geográfico no Brasil teve sua fundação na facul-
dade de Filosofia da Universidade de São Paulo, na década de 1940, a partir da
disciplina de Geografia. Essa Geografia tinha como característica uma produção
15
O estudo das Ciências Humanas: História e Geografia
16
O estudo das Ciências Humanas: História e Geografia
(PCN p. 152, v. 5)
17
O estudo das Ciências Humanas: História e Geografia
Proposta da disciplina
O que se propõe a partir desta disciplina é que você elabore uma nova
compreensão a respeito das disciplinas de História e de Geografia. Que tenha
subsídios suficientes para discutir e trabalhar, em sala de aula, conceitos que
são fundamentais para ambas as áreas do conhecimento, e que disponha de
um material interessante em termos de sugestões de atividades para serem
desenvolvidas junto aos seus alunos.
Atividades
1. De que maneira o estudo da História e da Geografia pode contribuir para
uma consciência mais crítica e comprometida com a sociedade?
18
O estudo das Ciências Humanas: História e Geografia
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História para a
Educação Infantil: parte 1
Philippe Ariès
O conceito de infância
construído historicamente
A ideia de infância e de sua importância social foi registrada por Philippe
Ariès em um clássico da historiografia contemporânea da história da família,
denominado História Social da Criança e da Família (1973). Tendo a criança
e a família como objetos, o autor passa da interpretação da sociabilidade
tradicional à compreensão das modernas sociedades industrializadas. Em seu
livro, procura traçar paralelos entre a visão que se tinha da criança na Idade
Média e as mudanças que aconteceram no início dos tempos modernos.
Naquela época, bastava a criança desmamar que já era introduzida no
mundo dos adultos. Prova disso está nas diversas vezes em que o autor
se reporta à iconografia para apresentar a imagem da criança medieval,
geralmente vestida ou mesmo desenhada como se fosse um adulto, com
características absolutamente distintas do comportamento ou tratamento
que damos à criança hoje. Ariès mostra que, inicialmente, o traje das crianças
se confundia com a vestimenta dos adultos (ARIÈS, 1981, p. 71).
21
História para a Educação Infantil: parte 1
Fotografia de crianças.
Por sua vez, Maria Montessori, por meio de sua experiência com crianças
“anormais”, vai desenvolver um método educacional ligado a exercícios que
tem como característica o desenvolvimento das atividades sensoriais e motoras,
1
Para João Pestalozzi, a educação podia modificar e influenciar os homens. Leitor de Rousseau, foi influenciado por inúmeras de suas concepções.
Acreditava em uma educação sem coerção, recompensas ou punições. Obras: Leonardo e Gertrudes (1782) e Minhas Investigações sobre o Curso da
Natureza no Desenvolvimento da Raça Humana (1792).
23
História para a Educação Infantil: parte 1
A creche e a pré-escola
numa perspectiva sociocultural
Ao serem abordados os trabalhos de Piaget2 e Vygotsky pode-se observar que
o cerne da discussão de ambos está justamente na produção do conhecimento
pela criança. Para Piaget, a construção do conhecimento está em sua interação
2
PIAGET e lNHELDER, B. A Psicologia da Criança. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1993. VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente: o desenvol-
vimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
24
História para a Educação Infantil: parte 1
com o meio, não importando que características tenha esse meio. Ao apresentar
os tipos de interação social, ele aponta para as de coação e de interação (a primeira
no nível da imposição e a segunda estabelecendo trocas, geralmente prazerosas).
De acordo com os críticos da teoria piagetiana, ele não apresenta nenhuma
preocupação com os fatores sociais e tampouco se preocupa em descrever os
diferentes contextos em que a criança se insere e as diferenças significativas no
desenvolvimento das capacidades cognitivas. Diferentemente, Vygotsky traz à
luz uma abordagem que necessariamente passa pelo viés do social e cultural.
em sala de aula. A partir de uma seleção cultural para o currículo, nessa etapa
do desenvolvimento do conhecimento infantil, foram levados em consideração
aspectos de compreensão da realidade natural, social e cultural. O RCNEI propõe
para tanto uma divisão de trabalho em seis eixos: Movimento, Artes Visuais,
Música, Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade e Matemática.
os lugares e as paisagens;
os seres vivos;
fenômenos da natureza.
nossas perdas e também de nossas vitórias. O que temos aí, no dia a dia, é o
resultado de séculos sendo amalgamados em guerras, em misérias e esperanças,
em opressão e solidariedade. Esse mundo das diferenças e da exclusão, do crime
contra a vida e contra a ética está à volta. É esse mundo que deve ser mostrado
para as crianças. Como colocar as crianças a par de tudo isso?
Atividades
1. Quais as mudanças ocorridas na concepção de infância, de acordo com
Philippe Ariès, entre a Idade Média e a Modernidade?
27
História para a Educação Infantil: parte 1
28
História para a Educação Infantil: parte 1
29
História para a
Educação Infantil: parte 2
31
História para a Educação Infantil: parte 2
Os lugares e as paisagens.
Os seres vivos.
Fenômenos da natureza.
O primeiro item, por exemplo, Organização dos grupos e seu modo de ser, viver
e trabalhar, pode ser desenvolvido a partir do que a criança estabelece como
relação dentro e fora da escola. É possível trazer a criança ao convívio da comu-
nidade, no seu entorno, ou levá-la a conhecer o diferente. Passeio ao museu,
exibição de vídeos ou manifestações culturais de outros povos.
Quando o professor conta à criança uma história e ela passa a interpretar as ações
dos personagens, fazendo comentários e leituras próprias, está sendo trabalhada
a sua capacidade de interpretação da realidade. Por isso, é interessante, ao contar
uma história, narrando qualquer fato histórico, que o professor dê pausas e faça
a criança se perguntar coisas sobre a história em questão. A partir das respostas,
o professor pode orientá-los e refletir com eles sobre suas respostas e sobre os
desdobramentos de tal fato histórico.
Após esse exercício, é possível solicitar à criança que apresente aos seus
colegas o trabalho que foi desenvolvido. Isso tudo é extremamente lúdico e pode
ser feito de maneira livre, deixando a criança produzir seu trabalho da forma que
melhor lhe convier, a partir de sua observação das formas e contornos da figura,
ou seja, de seu olhar sobre o desenho ou a obra. Esse tipo de atividade pode ser
desenvolvida com as áreas ou lugares da comunidade/localidade da criança.
(NICOLAU, 2000, p. 251)
A educação pré-escolar.
35
História para a Educação Infantil: parte 2
Atividades
1. Quais as propostas que existem no RCNEI, em termos de conteúdos, para
que seja desenvolvido o eixo Natureza e Sociedade?
36
História para a Educação Infantil: parte 2
37
O estudo da História no
1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental –
Conceitos fundamentais: o fato histórico
Marc Bloch
O estudo da História:
o tempo e o fato histórico
Há muito tempo os historiadores rumaram para uma nova concepção
acerca da História e da construção da Ciência Histórica. Essa nova
abordagem apontava não mais a velha exposição dos fatos e seus encadea-
mentos, que fez parte do ofício do historiador no século XIX e parte do
século XX, período esse denominado, sinteticamente, de positivismo. Essa
nova proposta voltou-se para novos discursos e para um processo mais
reflexivo e conjuntural de construção da História.
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O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o fato histórico
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O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o fato histórico
Isso ocorria justamente porque era fundamental para o Estado que se criasse
uma consciência cívica, normatizadora e moralizante nos cidadãos, e não uma
compreensão e elaboração da História de uma maneira mais crítica. A História
estava na escola para ser decorada e sua prática constava de recitar lições, datas
e nomes considerados significativos. Esse tipo de História e de conhecimento
escolar sobre História esteve presente desde o século XIX, com algumas pequenas
mudanças ou descaminhos em determinados momentos. Assim, foi dominante
a criação de programas de História com narrativas morais, de grandes eventos e
de grandes heróis, uma História factual.
41
O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o fato histórico
Nas décadas de 1960 e 1970, sob o domínio militar, a História passa a ser
uma disciplina mais significativa, conhecida como Estudos Sociais, dentro do
espírito nacionalista de caráter moralizante e cívico. A História factual mantém
seu curso. Trata-se de enaltecer alguns fatos importantes e manter na população
a imagem da nação perfeita e da aceitabilidade de que o poder e a glória cabem
somente a alguns.
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O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o fato histórico
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O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o fato histórico
O aluno chega à sala de aula com algum grau de informação sobre alguns
temas ou fatos que estão sendo trabalhados pelo professor. É claro que com as
apropriações distorcidas das informações adquiridas por intermédio dos meios
de comunicação. Cabe ao professor empregar em suas aulas recursos visuais e
tornar mais rico o fato histórico trabalhado. Assim, o referencial do aluno será,
além do texto escolar, oral ou escrito, aquele que lhe é veiculado pela televisão
ou pelo filme. É importante que o professor seja capaz de utilizar esse recurso
(o filme) e fazer, portanto, essa conversação entre o fato histórico mostrado no
filme e aquele trabalhado em sala. De acordo com Saliba, as imagens não falam,
mas agregam referenciais: “[...] as imagens são estratégias para conhecimento
da realidade, mas não constituem sucedâneos para nenhum suporte escrito. Ao
contrário do que se diz, frequentemente, a imagem não fala. Sem comentários,
uma imagem não significa rigorosamente nada” (1996, p. 161). A articulação da
imagem com o texto escrito trará ao aluno elementos suficientes para que ele
tenha uma compreensão mais ampla do fato/conhecimento histórico.
Dicas de estudo
Guerra do Fogo, 1981. Para trabalhar aspectos da Pré-História.
A Era do Gelo, 2002. Desenho animado interessante que mostra como viviam os
homens primitivos. Ótimo para trabalhar com crianças.
Simbad, 2003. Desenho animado que fala sobre os costumes e lendas árabes.
Atividades
1. Como se define fato histórico?
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O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o fato histórico
3. Como o estudo dos fatos foi utilizado pelo Poder Público para a manipulação
da consciência cívica?
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O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o fato histórico
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O estudo da História no
1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental –
Conceitos fundamentais: o sujeito histórico
Carlo Ginzburg
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O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o sujeito histórico
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O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o sujeito histórico
A noção quase que mítica que fora dada a alguns personagens começa a se
esvaziar de sentido. De origem grega, a palavra mythos significa narrar para o
público as origens de qualquer coisa, com sentido fabuloso, mágico, divino e
incontestável. Esse caráter de verdade inquestionável e de uma explicação para
tudo sobre algumas personagens da História é um legado da História Positivista/
Tradicional do século XIX e meados do século XX a partir de uma visão mítica.
Para que se tenha uma ideia do sentido que a História tinha no século XIX, é
interessante citar um episódio narrado por Peter Burke (1992, p. 12):
A história tradicional oferece uma visão de cima, no sentido de que tem sempre se concen-
trado nos grandes feitos dos grandes homens, estadistas, generais ou ocasionalmente ecle
siásticos. Ao resto da humanidade foi destinado um papel secundário no drama da História. A
existência dessa regra é revelada pelas reações à sua transgressão. Quando o grande escritor
russo Alexandre Pushkin estava trabalhando no relato de uma revolta de camponeses e de seu
líder Pugachev, o comentário do czar Nicolau foi que “tal homem não tem história”.
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O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o sujeito histórico
Ao levar para a sala de aula esse papel relevante do sujeito histórico, essa nova
visão deve ser reforçada junto ao aluno. Não se trata de esquecer os “mitos” e os
“heróis” nacionais, mas de torná-los tão humanos quanto nós e tão povo como
qualquer um e, mais do que isso, resgatar a ideia de que eles não estavam sozinhos
e que lutavam por ideais ou sentimentos que geralmente eram de um coletivo.
O que se objetiva com isso é que o aluno seja capaz de se perceber como
um ser político socialmente ativo, que ele possa compreender sua influência na
formação da sociedade, que se situe como agente construtor da História, numa
sociedade em constante transformação, relacionando presente – passado – pre-
sente, numa perspectiva local e global. Que esse conhecimento histórico cons-
truído possa ser aplicado no cotidiano de suas relações sociais e culturais. Final-
mente, que o aluno seja um sujeito livre, crítico e autônomo, capaz de intervir
nas relações sociais existentes.
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O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o sujeito histórico
Observa-se, então que, desde a História do Brasil até a História Geral, pode ser
trabalhado o conceito de sujeito histórico e que é perfeitamente viável desen-
volver essas noções com os alunos desde as Séries Iniciais.
O sujeito histórico
e a noção de participação na História
Estar no poder significa muitas vezes contar a História por intermédio do seu
ponto de vista e de suas necessidades. Quando se está no poder, tem-se nas
mãos os imensos recursos humanos com que conta uma sociedade: intelectuais,
sistema de educação, religião e a possibilidade de influenciar o que está sendo
produzido, o que as pessoas leem e escrevem.
Isso quer dizer que poucos dos que são destituídos de poder têm voz na
História ou conseguem espaço para expor seu ponto de vista e manifestar-se. O
resultado disso foi sempre uma visão restrita, imposta por alguns, enaltecendo os
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O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o sujeito histórico
Por isso, torna-se tão importante que os alunos saibam que os homens em
sociedade, sua maneira de se organizar, sobreviver, pensar e produzir é o que
move a História. Que a compreensão da História é uma ferramenta de conquista
em oposição à dominação e ao uso que se fez do conhecimento histórico em
favor apenas de um pequeno grupo.
Texto complementar
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O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o sujeito histórico
Quem os ergueu?
Sobre quem
Sozinho?
Tantas histórias.
Tantas questões.
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O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o sujeito histórico
Atividades
1. De acordo com os PCN, o que vem a ser sujeito histórico?
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O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o sujeito histórico
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O estudo da História no
1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental –
Conceitos fundamentais: o tempo histórico
Alfredo Bosi
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O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o tempo histórico
que se distingue pelas variadas noções formalizadas por culturas diferentes, por
percepções de historiadores que discutem sobre ângulos opostos de opinião
sobre o tempo, ou mesmo pelas diferentes abordagens estabelecidas pelos
demais campos do conhecimento, como a Física, a Matemática e a Biologia.
Conceito de tempo
Todos os homens, cotidianamente, convivem com fenômenos que são
temporais: dia, noite, estações do ano, nascimento, crescimento, envelhecimento,
horas, ou seja, circunstâncias da vida diária que fazem com que os indivíduos
possam sentir o tempo. No entanto, eles têm uma dificuldade enorme de
conceituá-lo.
do século XX. De acordo com essa concepção, ele teria início com a Primeira
Guerra Mundial (em 1914). O tempo das ações humanas, portanto, não obede-
ceria ao calendário e ao tempo cronológico.
O primeiro passo para que se possa avaliar a importância que o tempo tem para
a vida das pessoas e para a compreensão da História está até mesmo na necessi-
dade de saber a todo momento o que virá a seguir ou que horas são. Da mesma
maneira, é impossível conceber um estudo histórico sem uma definição tempo-
ral adequada. Com esse instrumental em mãos, o professor é capaz de tornar
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O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o tempo histórico
Espera-se que, no final do primeiro ciclo, os alunos sejam capazes de: com-
parar acontecimentos no tempo, tendo como referência anterioridade, posteri-
dade e simultaneidade; que saibam reconhecer permanências e transformações
sociais, econômicas e culturais nas vivências cotidianas das famílias, da escola
e da coletividade, no tempo, no mesmo espaço de convivência; e que possam
caracterizar a vida das coletividades indígenas.
Para que possa se estabelecer tais relações, os PCN propõem que o aluno
saiba trabalhar com a periodização e consiga, a partir de atividades como medi-
ções e calendários, transpor no tempo essas comunidades estudadas. Seguindo
as propostas dos Parâmetros Curriculares, pretende-se que o aluno seja capaz
de estabelecer relações entre a sua comunidade e outros locais de estudo, para
que possa melhor identificar a sua realidade e buscar, mediante a compreensão
da História, elementos que tornem a sua realidade inteligível. De acordo com as
proposições dos parâmetros, o estudo da História deve servir como um recurso
para que problemas semelhantes tenham soluções cabíveis e parecidas com
aquelas do passado.
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O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o tempo histórico
Ao final do segundo ciclo, o aluno deverá ser capaz de: reconhecer algumas
relações sociais, econômicas e culturais que a sua coletividade estabeleceu com
outras localidades, no presente e no passado; identificar as ascendências e descen-
dências das pessoas que pertencem à sua localidade, quanto à nacionalidade,
etnia, língua, religião e costumes, contextualizando seus deslocamentos e con-
frontos culturais e étnicos, em diversos momentos históricos nacionais; identificar
as relações estabelecidas entre a sua localidade e os demais centros políticos, eco-
nômicos e culturais, em diferentes tempos; utilizar diferentes fontes de informação
para as leituras críticas e valorizar as ações coletivas que repercutem na melhoria
das condições de vida das localidades. Essas propostas estão diretamente relacio-
nadas com a compreensão do tempo.
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O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o tempo histórico
É possível sentir uma nova procura na História. Ela se realiza a partir da diver-
sidade de atividades que se pode realizar com os alunos e que faz com que
eles tomem gosto pela compreensão da História, além, é claro, de atender às
propostas dos PCN, como a descoberta de si, do outro, das diferenças e das
completudes. Para tanto, o professor pode utilizar diversos recursos e fontes de
trabalho, como: jornais, revistas, fotografias, filmes, cartas, músicas e outros.
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O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o tempo histórico
(BOSI, 1994)
com os alunos no primeiro ciclo é solicitar que
tragam para a sala de aula as fotos de seus
parentes e de seus avós, para que os alunos
saibam conversar e possam perguntar coisas
sobre o passado de seu bairro e de sua cidade.
Mais proveitoso seria, se fosse possível, ilustrar
essa conversa com fotos de época que mostrem
como eram determinados lugares da cidade. Ao
final, pode ser montado um painel com essas
fotos e com os relatos dos alunos sobre cada
Foto do livro de Ecléa Bosi.
época (ontem e hoje). Dessa forma, torna-se
compreensível a noção temporal.
(BOSI, 1994)
lização da iconografia é fundamental, uma
vez que os alunos estão no início da alfabe-
tização e, como esse tipo de fonte é de mais
fácil compreensão, estabelece uma melhor
clareza da proposta. A partir dessa atividade,
eles serão capazes de observar diferenças
de moradia, de vestuário e, assim, construi-
rão a sua identidade e identificarão a plura
lidade de costumes e formas de viver que
temos no país.
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O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o tempo histórico
66
O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o tempo histórico
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O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o tempo histórico
Ética: os PCN propõem uma escola que realize um trabalho que possibilite
o desenvolvimento da autonomia moral, com base em conteúdos como
justiça, respeito mútuo e solidariedade. Trabalhar com algumas dessas
concepções de cidadania e participação social a partir da história dos
gregos seria bastante interessante, bem como a própria noção de justiça
e confiança que se construiu na civilização romana, principalmente no
direito romano do período republicano. Buscar material para leitura ou
figuras do período que ilustrem tais situações abriria uma porta de diálogo
entre passado e presente e se tornaria um veículo significativo para uma
atuação na dimensão social e pessoal. Por sua vez, desperta nos alunos o
desenvolvimento de valores e atitudes cidadãs.
Abril
Adriana Calcanhotto
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O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o tempo histórico
me impelindo, me fazendo/
logo eu, que fazia girar o mundo, logo eu, quem diria, esperar pelos frutos/
começar de novo/
[...]
Atividades
1. Procure diferenciar tempo histórico e tempo cronológico.
70
O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o tempo histórico
2. Quais outras atividades para desenvolver podem ser elaboradas nas Séries
Iniciais do Ensino Fundamental? Procure formular algumas.
71
A História e as propostas
dos Temas Transversais:
História e cidadania, eixo de trabalho
73
A História e as propostas dos Temas Transversais: História e cidadania, eixo de trabalho
tenção dessa situação. Passamos por uma sociedade escravocrata (séculos XVI-
-XIX), por situações políticas de caráter paternalista e clientelista e por um longo
período de governos não democráticos. Esse tipo de comportamento social e
político resultou em uma herança bastante dura que carregamos na estrutura de
nossa sociedade, altamente excludente, injusta e desigual.
A História talvez seja uma das disciplinas que mais suporte pode dar para
que os alunos reconheçam a caminhada feita pelo povo brasileiro rumo à
democracia. “A visão de que a constituição da sociedade é um processo histórico
permanente permite compreender que esses limites são potencialmente
transformáveis pela ação social” (PCN, p. 25, v. 8). E que, portanto, o que temos
aí é resultado da conquista e aquilo que ainda não foi possível passa também
pela luta e pela utopia.
76
A História e as propostas dos Temas Transversais: História e cidadania, eixo de trabalho
Para que possamos compreender melhor como isso funciona, vamos apre-
sentar um trabalho possível de ser realizado, por exemplo, levando em consi-
deração discussões conceituais de Matemática, de Geografia, de Português, de
História e de Ciências. Trabalhar a questão do meio ambiente por meio de uma
atividade que contemple essas diferentes disciplinas.
Não existe nada melhor para trabalhar com frações do que a demonstração
mais concreta dos percentuais. E, para isso, os gráficos de pizza são os mais
adequados. Trabalhar o desmatamento brasileiro a partir das porcentagens e dos
gráficos de pizza, por períodos históricos ou regiões geográficas, é um trabalho
muito interessante. Para complementar, pode se fazer uma leitura e uma reflexão
sobre o trabalho que foi desenvolvido. Finalmente, os alunos podem elaborar
uma exposição oral ou fazer a construção de um texto conclusivo. Dessa maneira,
integra-se diferentes áreas do conhecimento para se compreender o problema
do meio ambiente no Brasil e se historiciza esse problema, ou seja, apresenta-se
agravantes da história e das influências do homem e de seu domínio sobre a
natureza de uma forma prejudicial desde tempos mais remotos.
Texto complementar
A música como identificação
de ações cidadãs e de manifestação política
Essa música dos Titãs expressa a insatisfação com as propostas cautelosas e
lembra que é possível associar bens materiais e bens culturais. Que é possível
pensar, ter prazer e ter felicidade. Querer inteiro e não pela metade foi a marca
das mobilizações populares ocorridas nas décadas de 1980 e 1990 no Brasil.
Fruto da insatisfação com os rumos da História nacional e esperançosos por
um Brasil melhor, realmente democrático, sem corrupção ou exclusão.
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A História e as propostas dos Temas Transversais: História e cidadania, eixo de trabalho
Comida
Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sergio Brito
Bebida é água
Comida é pasto
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A História e as propostas dos Temas Transversais: História e cidadania, eixo de trabalho
Atividades
1. Quais as propostas apresentadas pelos PCN para se trabalhar os Temas
Transversais?
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A seleção de conteúdos e fontes e
a importância do conhecimento histórico
Marc Bloch
81
A seleção de conteúdos e fontes e a importância do conhecimento histórico
82
A seleção de conteúdos e fontes e a importância do conhecimento histórico
As fontes utilizadas pelo historiador são das mais diversas formas. Na verdade,
pode-se dizer que são todos os tipos de sinais deixados pelas pessoas no percurso
de suas vidas. Segundo Marc Bloch (1997, p. 114)
[...] é quase infinita a diversidade dos testemunhos históricos. Tudo quanto o homem diz ou
escreve, tudo quanto fabrica, tudo em que toca pode e deve informar a seu respeito. É curioso
verificar o quanto as pessoas alheias ao ofício avaliam mal o limite daquelas possibilidades.
83
A seleção de conteúdos e fontes e a importância do conhecimento histórico
84
A seleção de conteúdos e fontes e a importância do conhecimento histórico
85
A seleção de conteúdos e fontes e a importância do conhecimento histórico
Texto complementar
Os registros humanos e a inquietude sobre desvendar o passado com
certeza permanecerão sendo uma motivação humana e uma indagação sobre si
mesma, como um eco que continuamente bate à nossa porta. Antigos cheiros,
velhas canções, sabores e odores que reavivam a memória. Não posso deixar de
registrar um fragmento de música de Chico Buarque que revela justamente essa
perplexidade com os registros históricos que, mais do que fontes, são registros
de vida.
Futuros amantes
Chico Buarque
o Rio será/
os escafandristas virão/
Sábios em vão/
tentar decifrar/
fragmentos de cartas/
poemas/
mentiras, retratos/
86
A seleção de conteúdos e fontes e a importância do conhecimento histórico
Atividades
1. Quais as melhores formas de selecionar o conteúdo mais adequado para ser
trabalhado nos primeiros anos do Ensino Fundamental?
87
A compreensão do fenômeno tempo
Introdução ao tema
A compreensão do fenômeno tempo e a construção dessa compreensão
é demorada e complexa, e é um dos grandes desafios para as crianças.
Para quem?
As propostas foram pensadas para crianças da Educação Infantil, porém,
com algumas adaptações, podem servir também ao trabalho com crianças
do primeiro ciclo do Ensino Fundamental.
89
A compreensão do fenômeno tempo
Proposta de trabalho
O ideal é que cada dia seja representado por uma cartela de cor diferente e
que seja sempre dado a essa cartela um destaque no início da aula: “Que dia é
hoje?”; “É o dia azul”; “O que temos no dia azul?”; “É dia de ouvir histórias”; “O que
tivemos ontem?”; “Tivemos o dia de música”; “Qual a cor do dia de música?”; “É a
verde”; “E o que teremos amanhã?”; “Amanhã, teremos o dia do piquenique no
pátio”; “E qual a cor do dia de amanhã?”; “É o amarelo”; e assim por diante.
Essa atividade deve ser feita cotidianamente, até que todas as crianças
memorizem as cores de cada dia e o que está combinado para aquele dia. Assim,
quando for marcada uma atividade extra, como um passeio, um teatro ou uma
visita à escola, o professor ou professora poderá trabalhar com esse mesmo
calendário: “No dia da Educação Física iremos ao teatro”; Qual a cor deste dia?”;
“Quantos dias faltam?”; “Qual o nome do dia azul?”; e assim por diante.
90
A compreensão do fenômeno tempo
Agenda coletiva
Fazer um registro diário do principal acontecimento do grupo é outra forma
de organizar o tempo para as crianças pequenas. Como elas ainda não escrevem,
é fundamental que o professor ou professora seja o escriba do texto coletivo
organizado pelas crianças.
Portanto, se ele for pensado para o mês, pode ser organizado da seguinte forma:
o Livro da Vida deve estar sempre em local visível e deve ser retomado
diariamente como forma de recordar o que foi feito de importante “ontem”;
Esta página
2004.
deve ficar
exposta até
o momento
da realização
do próximo
registro, no
dia seguinte.
91
A compreensão do fenômeno tempo
2004.
A semana inteira
Sérgio Caparelli
92
A compreensão do fenômeno tempo
Texto complementar
A música “Oração ao Tempo”, de Caetano Veloso, nos traz uma ótima
reflexão sobre a passagem do tempo e seus mistérios. Vale a pena ouvi-la e
depois fazer uma lista das palavras usadas pelo compositor para designar o
tempo.
93
A compreensão do fenômeno tempo
E pareceres contínuo
E o movimento preciso
E eu espalhe benefícios
94
A compreensão do fenômeno tempo
Dica de estudo
A editora Ática tem uma coleção de histórias de todo o mundo, adaptadas
por Ana Maria Machado, que trazem mitos e lendas sobre o tempo, a origem da
humanidade e da Terra, entre outros. As ilustrações são belíssimas e os textos
atraem a atenção de crianças e adultos pela magia da narrativa.
Atividades
1. Reflita sobre a sua prática em sala de aula. Em quais momentos você percebe
as dificuldades das crianças em relação à compreensão da passagem do
tempo? Registre, a seguir, como você tem trabalhado com essas dificuldades
e o que mudará a partir de agora?
95
A compreensão do fenômeno tempo
O que a escola pode fazer para que essas dificuldades sejam superadas?
Por que é importante para a criança obter uma maior clareza sobre a
passagem do tempo?
Depois de elaborar seu texto, troque-o com os colegas de turma. Faça uma
leitura de seu texto ou do texto de seu (sua) colega e sugira algumas modi-
ficações ou complementos. Você pode pensar nessas sugestões a partir das
seguintes perguntas:
Com certeza, a partir dessas trocas, suas reflexões estarão muito mais maduras
e possibilitarão um novo olhar sobre a sua prática escolar.
96
A compreensão do fenômeno tempo
97
Observando a Lua
Introdução ao tema
As crianças são grandes observadoras do mundo à sua volta e sobre
este vão estabelecendo relações que levam à aprendizagem e à constru-
ção do conhecimento.
99
Observando a Lua
Aproveitando esse fascínio pela Lua e a curiosidade que as crianças têm sobre
o mundo ao seu redor, principalmente sobre a natureza e o Universo observável
a olho nu, a escola pode desenvolver belos trabalhos. A partir dos trabalhos que
serão propostos a seguir, a escola pode construir caminhos para que as crianças
bem pequenas percebam algumas coisas, como: a Lua muda de forma e de
tamanho; ela não muda de forma todo dia, alguns dias ela fica igual; as formas se
repetem depois de algum tempo; às vezes ela não aparece; ela aparece sempre
no mesmo lugar. Enfim, a escola estará construindo com a criança a noção de
ciclo lunar, a relação entre a Lua e os dias da semana e o mês, a relação da Lua
com o espaço da criança.
Para quem?
A proposta a seguir foi pensada para ser desenvolvida com crianças da Educa-
ção Infantil, mas o professor e a professora devem sempre pensar em seu grupo
e decidir o momento adequado para desenvolver esse trabalho.
Proposta de trabalho
Construção de um álbum: A Lua.
100
Observando a Lua
Bonita e redonda
Se você não tiver
Bia Bedran
acesso a essa
Lua bonita e redonda música, pode
escolher outra que
Lá no céu a iluminar tenha a temática
Antes que se esconda da Lua para cantar
com as crianças ou,
Venha aqui me contar então, usar essa
Se você é feita de queijo letra como um
poema
Ou se no seu chão nasce flor
101
Observando a Lua
Outra provocação pode ocorrer: “Mas o nome da Lua não é Lua? A gente pode
chamar a Lua de ‘cheia’? Será que a Lua tem outros nomes? Quem quer descobrir
isso em casa? Não esqueçam de olhar a Lua hoje de novo!”
A Lua
MPB 4
É cheia
Minguante e meia
103
Observando a Lua
O momento da troca de Lua deve ser festejado: “Quem viu a Lua ontem?”
“Como ela estava?”. “Não deu pra ver?”; “Será que roubaram a Lua?” Será que a
Lua não vai mais voltar?”
Sobre as mudanças da Lua (as fases da Lua), há outra música que pode ser
usada: “Vamos ouvir uma música que conta as mudanças da Lua”.
É aquela redondinha
E eu gosto de olhar
Brilha no céu
104
Observando a Lua
Pode acontecer da noite estar nublada e não ser possível ver a Lua. A obser-
vação, o registro e a provocação continuam valendo: “Quem viu a Lua ontem”?
“Por que não deu pra ver a Lua?”
No final de um mês, a turma terá concluído seu álbum chamado “A Lua” com
desenhos, informações, figuras, lembranças. Será um material gostoso para ser
“lido” pelas crianças, levado para casa para ser curtido com os pais e mães e,
depois, quando o interesse por ele estiver terminando, ele pode ser sorteado
para uma das crianças da turma, que será a dona dele “para sempre”.
Texto complementar
Lua: corpo celeste que gira em torno da Terra, sobre a qual reflete a luz
que recebe do Sol.// Lua nova, fase em que a Lua se acha situada entre o
Sol e a Terra e apresenta a face obscurecida.// Lua cheia, fase em que a Terra
está situada entre ela e o Sol e na qual ela apresenta a face completamente
iluminada.
105
Observando a Lua
direção do Sol
Lua Nova
a
2 8
a
a Terra a
3 7
a a
4 6
Lua Cheia
1 2 3 4 5 6 7 8
106
Observando a Lua
Dicas de estudo
Selecionei dois sites interessantes para você conhecer, pesquisar e realizar
estudos mais aprofundados sobre o tema deste capítulo:
<http://astro.if.ufrgs.br/lua/lua.htm>.
<www.cosmobrain.com.cosmobras/res/fasesdalua.html>.
Atividades
1. Após realizar seus estudos, tente explicar em um pequeno texto, usando
suas palavras, como acontecem as fases da Lua. Qual a relação que essas
fases têm com as semanas e o mês?
Bom trabalho!
107
Meu pai e minha mãe já foram crianças?
Introdução ao tema
As crianças pequenas acham muito engraçada a ideia de que o pai e a
mãe, um dia, tenham sido crianças, como elas. Porém, ao mesmo tempo,
“desconfiam” que se o pai e a mãe um dia foram pequenos e agora são
grandes, elas poderão crescer também. Mas quando? Quando os pais
foram pequenos? Quando elas serão grandes?
109
Meu pai e minha mãe já foram crianças?
[...] o conceito de tempo supõe também que se estabeleçam relações entre continuidade e
ruptura, permanências e mudanças/transformações, sucessão e simultaneidade, o antes-agora-
-depois. Leva-nos a estar atentos e fazer ver a importância de se considerarem os diversificados
ritmos do tempo histórico quando o situamos na duração dos fenômenos sociais e naturais.
(BEZERRA, 2004, p.45)
Para quem?
A proposta de trabalho organizada a seguir foi pensada para crianças da Edu-
cação Infantil, porém, deve ser feita sempre as ressalvas: o professor ou a profes-
sora é quem deve definir o melhor momento para que o trabalho seja realizado
com sua turma.
Proposta de trabalho
Meu pai e minha mãe já foram crianças?
1.º dia: esse trabalho deve partir de uma provocação: “Crianças, do que vocês
gostam de brincar? Quais seus brinquedos preferidos?”
A partir daí, os outros elementos que você tiver organizado – fotos da sua
infância, roupas, outras brincadeiras – devem ser levados para o grupo para
serem reconhecidas, admiradas, tocadas etc.
Deve ser combinado que, em casa, as crianças devem pedir aos pais e mães al-
gumas informações sobre suas brincadeiras e brinquedos preferidos de quando
eram crianças.
3.º dia: é a hora de ouvir o que as crianças têm a contar sobre as brincadeiras
e brinquedos dos pais e mães que descobriram em casa.
Melhor brincar
Quinteto Violado
Na goiabeira,
111
Meu pai e minha mãe já foram crianças?
Depois de pronto, o cartaz pode servir para mais uma reflexão com as crian-
ças: “Quais brinquedos e brincadeiras ainda existem?” Você estará trabalhando a
noção de permanência. “Quais brinquedos e brincadeiras não existem mais?” E
aqui, você estará trabalhando a noção de transformação/mudança.
Outros dias:
112
Meu pai e minha mãe já foram crianças?
Pode ser contada uma história sobre brinquedos. Aqui vai um trecho de
uma história escrita pelo educador Rubem Alves:
A loja de brinquedos
(ALVES, 2002. Adaptado.)
113
Meu pai e minha mãe já foram crianças?
– Ah! Que bom seria se vocês fossem vivos! Gostaria tanto de tê-los
como filhos...
Com estas palavras, ele apagava as luzes, saía, fechava a porta e caminhava
para casa.
Texto complementar
114
Meu pai e minha mãe já foram crianças?
(Re)Construir a História
(KEISYS, 1998. Adaptado.)
Essa é uma pergunta que muitos pais e educadores podem se fazer. Será
que uma criança de quatro anos tem condições de entender alguma coisa
sobre fatos ocorridos em outros tempos históricos? Isso faz sentido para
crianças pequenas se elas não têm esse conceito desenvolvido, se a noção
de tempo histórico ainda é muito difusa para elas?
115
Meu pai e minha mãe já foram crianças?
O professor deve fazer com que a criança tenha uma postura investiga-
tiva e não receptiva, planejando estratégias por meio das quais possam ter
uma atitude mais autônoma frente ao conhecimento.
Dicas de estudo
Quando você estiver
Você pode ampliar suas informações ampliando seus estudos sobre
sobre brinquedos antigos e sua perma- este tema, não deixe de enfocar
nência através dos tempos em sites inte- a questão das permanências e
ressantes, como estes: das transformações ao longo do
tempo. Pense sempre em formas
<www.cursomarlycury.g12.br/ de mostrar essa questão para as
curiosidade/curiosidade-outubro. crianças para que elas não fiquem
html>. com a impressão de que tudo que
<www.estadao.com.br/magazine/ aconteceu há “muito tempo” não
materias/2001/ago/30/257.htm>. existe mais
Atividade
1. O texto da Fanny Abramovich “Brinquedos da nossa cultura popular” termina
dizendo que esses brinquedos são “mais belos e mais duradouros, porque ri-
cos de significados, porque passam como herança cultural, porque são para
brincantes e não para olhantes...”
116
Meu pai e minha mãe já foram crianças?
Não deixe
de trocar suas anotações
com colegas da turma.
Essa é uma forma incrível
de aprender mais
117
A criança tem história
Introdução ao tema
A partir do momento em que a criança já vem trabalhando de forma
mais sistemática com a organização do tempo natural (hora, dia, semana,
mês, ano etc.) é possível fazê-la ver o quanto esse tempo pode ser
preenchido com a sua própria história. As crianças, em torno dos seis ou
sete anos, têm uma necessidade muito grande de ver o mundo e tecer
opiniões sobre ele a partir de si próprias, quer dizer, a criança se usa como
referência e, dessa forma, estabelece relações com o outro e com as coisas.
Por isso, é importante aproveitar esse momento um tanto quanto “egoísta”
da criança para dar início à construção da ideia de sujeito histórico.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) definem sujeito histórico como aqueles
que, localizados em diferentes contextos históricos, exprimem suas especificidades e
características, sendo líderes de lutas para transformações (ou permanências) mais
amplas ou de situações mais cotidianas, que atuam em grupo ou isoladamente, e
produzem para si ou para uma coletividade. Podem ser trabalhadores, patrões, escravos,
reis, camponeses, políticos, prisioneiros, crianças, mulheres, religiosos, velhos, partidos
políticos etc. (p. 36, v. 5 [grifo nosso])
119
A criança tem história
terão as primeiras informações sobre as fontes históricas que servirão de base para
que a história de alguém ou de algum lugar possa ser estudada e escrita.
Para quem?
A proposta de trabalho foi pensada para crianças de seis ou sete anos, pre-
ferencialmente para ser desenvolvida em turmas de primeira série. Porém, cada
professora e professor deve levar em conta o processo de construção do conhe-
cimento de sua turma e adequar a proposta à sua realidade.
Proposta de trabalho
A Linha da Vida
Linha da Vida de Chico Buarque de Holanda, publicada na Revista Nossa História, de junho de 2004.
E andava de bombacha
“Socorro, socorro”!
Um gaúcho destemido
Imaginando o inimigo
E chegando no ranchinho
Já entrou de supetão
E marcaram o casamento
121
A criança tem história
E eu fico imaginando
E seguiria na caçada
Segredos
Bia Bedran
Vem cá
122
A criança tem história
precisam ser organizadas as folhas que serão usadas para o registro das
crianças.
2006
A criança levará a folha para casa e deverá preenchê-la com o pai ou a mãe.
Depois, a folha de cada criança deve ser lida ou contada aos colegas, em
pequenos grupos ou diante de toda a turma. Cada criança deve ter um espaço
para deixar a sua folha guardada em sala.
2007
Essa folha vai para casa e deve ser preenchida com o pai ou a mãe.
124
A criança tem história
Texto complementar
Bisa Bia, Bisa Bel
(MACHADO, 1983, p. 56)
– Então, está bem – Dona Sônia encerrava a aula, tinha passado tão
depressa. – Cada uma vai para casa e pensa nisso até a próxima vez, conversa
com a família, com os amigos, imagina, sonha. A ideia é ótima. Vamos todos
trabalhar esse tema – dos bisavôs aos bisnetos.
Foi só por isso que eu resolvi contar o segredo que ninguém desconfia,
sabe? Contar que Bisa Bia mora comigo. Mas quando eu me animo, não
consigo parar, e acabei contando tudo. Até Neta Beta entrou na dança. E nós
três juntas somos invencíveis, de trança em trança.
125
A criança tem história
Fontes históricas
(MONTELLATO, 2000, p. 35)
Orais – nas sociedades que não usam a escrita, a história das pessoas
é recriada a partir da tradição oral. Os mais velhos contam para os
mais novos sobre a origem de seu povo e as experiências de seus
antepassados. A memória das pessoas é um valioso documento para
pesquisar histórias de outros tempos. Mas mesmo sociedades que
conhecem a escrita podem se utilizar da oralidade como forma de
126
A criança tem história
Dicas de estudo
O livro didático História Temática: tempos e culturas, de Conceição Cabrini
e outros, editado pela Scipione, traz um capítulo muito interessante com
propostas de trabalho sobre a linha do tempo. Apesar de as propostas
serem pensadas para a quinta série, elas são adaptáveis ao trabalho com
crianças mais novas.
Atividade
Pense em sua vida e faça um breve exercício de registro dos anos e fatos
marcantes. Durante o exercício, vá anotando as dificuldades que você sentiu
para realizá-lo: esquecimentos; falta de documentos para precisar algum
fato; dificuldade de organização do exercício no papel; enfim, qualquer
dificuldade que você for vivenciando. Depois, anote as dificuldades pelas
quais você imagina que seus alunos e suas alunas passariam para a realização
dessa tarefa. Por último, busque soluções para essas dificuldades, imaginando
formas de torná-las reais em sua prática escolar.
127
A criança tem história
A minha vida
Minhas dificuldades
128
A criança tem história
129
A história da criança no contexto social
Introdução ao tema
O exercício da linha da vida leva a criança a ter contato com dois
conceitos importantes para a ciência histórica: primeiro, todas as pessoas
têm uma história que pode ser contada; e, segundo, para o registro da
História, é fundamental o manuseio e contato com documentos escritos,
visuais ou orais.
Esse novo trabalho, que ficará aqui denominado como Linha da Vida
II, registrará, portanto, os acontecimentos “exteriores” à vida doméstica,
ao contrário do trabalho proposto com a linha da vida. O que queremos
é fazer com que cada criança se perceba enquanto sujeito histórico,
enquanto integrante e participante de um mundo maior, cujas fronteiras
estão muito mais distantes do que aquelas impostas pela casa, pela rua,
pelo bairro ou mesmo pela escola.
131
A história da criança no contexto social
Para quem?
A proposta de trabalho foi pensada como uma
extrapolação ao exercício proposto no capítulo
Porém, não esqueça:
anterior. Como essa proposta exigirá muitos
só você tem condições
contatos com textos informativos e jornalísticos,
de avaliar o melhor
será necessário um maior domínio de leitura
momento ou série
e interpretação dos textos por parte das crianças.
para desenvolver esse
Portanto, é proposto que ele seja desenvolvido na
trabalho com seus
segunda série, tendo em mãos o exercício da Linha
alunos e alunas
da Vida I.
Proposta de trabalho
Linha da Vida II
Gostaria de relembrar que no exercício da Linha da Vida I ficou marcada a
necessidade de as crianças fazerem suas pesquisas e registros em casa, na
companhia de pais e mães. Porém, para o exercício aqui proposto, será importante
que as pesquisas e registros sejam feitos em sala, com o acompanhamento do
professor ou da professora.
Cada criança deve levar para casa, como tarefa, uma folha com um quadro
para ser preenchido com os pais.
132
A história da criança no contexto social
Acontecimentos importantes
Ano Na cidade No país No mundo
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
A tabela será preenchida pela criança em casa, com a ajuda dos pais e
mães. Deverá ser registrado apenas aquilo que for lembrado, podendo,
inclusive, serem deixados espaços em branco. Nada precisará ser compro-
vado, pois as pesquisas em revistas e jornais serão feitas na escola pelas
crianças, coletivamente.
Em sala, de posse desse material, a turma organizará uma nova tabela, agora
coletiva, em que serão colocados os acontecimentos que se repetiram e
foram considerados mais importantes pela turma.
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
133
A história da criança no contexto social
2006
Espaços
ano.
2007
Desenhos feitos
pelas crianças.
Espaços
ano.
Fotos, caricaturas,
interessante.
134
A história da criança no contexto social
1. A
valiar bem o melhor momento para dar início ao
trabalho, pois ele é longo. Essa seleção de
material pode ser
2. T er o material organizado previamente (tabelas feita juntamente
para serem preenchidas pelos pais e mães; tabela com as crianças.
para ser preenchida coletivamente; folhas espe- Você deve
ciais para a construção do álbum). pensar nessa
3. S elecionar material de pesquisa suficiente (revistas, possibilidade
jornais, sites etc.) para a realização das consultas com atenção,
pelas crianças. pois ela também
precisará de uma
4. C
ombinados estabelecidos com a turma da primeira boa organização
série sobre dia e objetivo da apresentação.
135
A história da criança no contexto social
Texto complementar
Árvore de histórias
(MACHADO, 2003. Adaptado.)
“Escrevo porque é da minha natureza, é isso que sei fazer direito. Se fosse
árvore, dava oxigênio, fruto, sombra. Mas só consigo mesmo é dar palavra,
história, ideia”. Quem diz isso é Ana Maria Machado.
Os cento e tantos livros que já editou mostram que deve ser isso mesmo.
Não só pelo número impressionante, mas sobretudo pela repercussão.
Depois de receber prêmios de perder a conta, em 2000 veio o maior de
todos. Nesse ano, Ana Maria recebeu, pelo conjunto de sua obra, o prêmio
Hans Christian Andersen.
Para dar uma ideia do que isso significa, essa distinção internacional,
instituída em 1956, é considerada uma espécie de Nobel da literatura para
as crianças.
Nos anos 1960 e 1970, se engajou contra a ditadura, a ponto de ter sido
presa e ter optado pelo exílio na França.
Ana Maria publicou seu primeiro texto infantil, Bento que bento é o frade,
aos 36 anos de idade, mas já vivia cercada de histórias desde pequena.
Nascida em 1941, no Rio de Janeiro, aprendeu a ler sozinha, antes dos cinco
anos, e mergulhou em leituras como o Almanaque Tico-Tico e os livros de
Monteiro Lobato – Reinações de Narizinho está entre suas maiores paixões.
136
A história da criança no contexto social
Atividade
Que tal você transformar a sua linha da vida em uma narrativa? Você pode
tomar como base a biografia de Ana Maria Machado ou outra que você considere
interessante.
Algumas dicas:
primeiro, faça uma lista dos fatos que você gostaria que fossem registrados
em sua narrativa;
137
A diversidade cultural
Introdução ao tema
É importante extrapolar os limites da ideia de que todas as relações
partem da própria criança, como se ela e sua cultura fossem o centro do
mundo: muitas outras crianças vivem no mundo e constroem a sua história
de formas diferentes, dependendo da cultura e do local onde vivem, bem
como da época em que sua história acontece. O que se busca é desenvolver
com as crianças a compreensão da diversidade cultural humana.
Para que isso seja possível, é necessário que tenhamos claro que os
diferentes grupos humanos sempre construíram e constroem represen-
tações de si mesmos por meio da sua cultura material (habitação, alimen-
tação, meio de transporte, vestuário) e da sua organização social (família,
trabalho, educação).
139
A diversidade cultural
140
A diversidade cultural
Para quem?
A proposta foi elaborada pensando em crianças do segundo ano, que este-
jam acostumadas a trabalhar com pesquisa e elaboração de pequenos textos
a partir das leituras feitas. Por isso, é importante que você observe bem o seu
grupo e redefina o momento ideal de oferecer-lhe esse trabalho.
Proposta de trabalho
Você não deve
Para o desenvolvimento desse trabalho, é funda-
esquecer de que
mental a participação das crianças em todo o processo:
participar não é
desde a escolha dos temas a serem pesquisados
fazer sozinho, quer
(grupos sociais, espaço geográfico ou tempo histórico),
dizer, as crianças não
passando pelas categorias estudadas (habitação,
decidirão o que fazer,
vestuário, trabalho etc.), as formas de pesquisa (em
mas participarão,
livros, enciclopédias, jornais, sites etc.) até as avaliações
trarão ideias,
(participação no trabalho, registros feitos no caderno,
darão sugestões ao
entrega dos quadros preenchidos etc.) que serão
trabalho proposto
realizadas.
por você
Por isso, devem estar claros os passos seguintes.
142
A diversidade cultural
Grupo
Alimentação Vestuário Trabalho Habitação Lazer
social
A gente
Os índios
Guarani
Os egípcios
Os
iraquianos
Os astecas
Nesta coluna
devem ser
registrados
o nome do
grupo social,
o período Nesta coluna, Nesta coluna, Nesta coluna, Nesta Nesta coluna,
(presente/ as informa- as informa- as informa- coluna, as as informa-
passado/ ções sobre a ções sobre o ções sobre o informações ções sobre o
futuro) e alimentação vestuário do trabalho do sobre a lazer do grupo
o espaço do grupo grupo social grupo social habitação do social pesqui-
(cidade/ social pesqui- pesquisado. pesquisado. grupo social sado.
país/ sado. pesquisado.
continente).
143
A diversidade cultural
Se você e seu grupo optarem por escolher quatro grupos sociais diferentes,
observados em cinco categorias distintas, trabalhando dois dias na semana
(mais ou menos quatro horas semanais), calcula-se que vocês terão trabalho
para, aproximadamente, dois meses.
compreensão das leituras sobre o grupo social pesquisado pela sua equipe;
144
A diversidade cultural
pela equipe.
Alunos (as)
equipe.
Alice
Bruna
Caio
Esse trabalho costuma ser muito interessante: as crianças ganham muito, tanto
com as informações quanto com a postura de respeito diante do diferente que
está por trás de todo o procedimento. Os professores e as professoras também
ganham, pelas mesmas questões das crianças e, mais, pela oportunidade de
fazerem observações detalhadas sobre o desenvolvimento delas.
145
A diversidade cultural
Texto complementar
Preconceito na escola? Que bobagem...
(PINSKY, 2000, p. 7-9. Adaptado.)
146
A diversidade cultural
Dicas de estudo
A literatura infantil apresenta grandes textos que discutem a questão do
respeito à diversidade cultural e dos preconceitos socialmente construídos:
147
A diversidade cultural
E muitos outros.
Atividade
1. Roteiro para atividade:
148
A diversidade cultural
149
Memória e identidade
Introdução ao tema
A partir da terceira série, as crianças já têm uma noção mais clara e
organizada sobre a passagem do tempo: minutos, horas, dias da semana,
meses e estações do ano. Enfim, as crianças já conhecem diferentes
fenômenos naturais que marcam a passagem do tempo e que foram
observadas pela humanidade e sistematizadas em calendários diversos.
Tendo, então, uma maior clareza sobre esse tema, é interessante que
as crianças percebam que esse tempo natural é preenchido pelo fazer da
humanidade, quer dizer, com o passar do tempo, os homens e mulheres
constroem cidades, têm ideias, desenvolvem projetos, fazem guerras,
vivem sua vida cotidiana. É a construção do tempo social.
151
Memória e identidade
Para quem?
As propostas deste capítulo foram pensadas para as crianças do segundo
ciclo do Ensino Fundamental, porém, cada professor e cada professora, a partir
do conhecimento de seu grupo e da sua prática, pode reorganizar as propostas
e adaptá-las para outros segmentos.
Proposta de trabalho
O tema do projeto pode ser outro, desde que possibilite essa compara-
ção entre dois tempos diferentes: a rua da escola no tempo dos avôs e avós,
o bairro no tempo dos avôs e avós etc.
Prazo: o trabalho durará um mês, com dois encontros de quatro horas por
semana no total.
Passos:
É preciso arrumar uma caixa para que o material possa ser guardado, pois,
no final, serão as peças que farão parte do acervo do Museu da escola.
(17/06) ⇒ A partir dos dados da entrevista com os avôs e avós, fazer uma
produção coletiva de texto sobre a escola no tempo deles.
155
Memória e identidade
Texto complementar
Um trabalho com a memória: possibilidades
de aplicações nas Séries Iniciais
(RANZI, 2001, p. 29. Adaptado.)
156
Memória e identidade
157
Memória e identidade
Dicas de estudo
A revista Nossa História sempre traz artigos interessantes sobre a História
do Brasil.
Atividades
1. Em grupos de três ou quatro colegas, construam um projeto de trabalho
usando a entrevista como forma de resgatar a memória sobre um
determinado acontecimento importante de sua escola ou de sua cidade.
Não se esqueça de prever: materiais necessários, objetivos, prazos, passos,
trabalho final e a forma de avaliar seus alunos e alunas.
Esses projetos, depois de prontos, podem ser trocados em sala e uma dis-
cussão pode ser realizada, aprimorando as ideias e trazendo complementos
aos trabalhos de todos.
158
Memória e identidade
159
O nascimento da humanidade
Introdução ao tema
Com os diversos trabalhos oferecidos pela escola, as crianças vão am-
pliando e compreendendo noções e conceitos sobre a passagem do tempo
e o seu registro. Elas também vão sendo levadas a trabalhar com as dife-
rentes culturas de uma forma respeitosa, propondo a eliminação dos pre-
conceitos e o crescimento dos sentimentos de tolerância e solidariedade.
161
O nascimento da humanidade
Enfim, deve ficar claro para as crianças que essa é uma necessidade de todos
os povos organizados nos mais diferentes tempos e espaços.
162
O nascimento da humanidade
universo das crianças as relações religiosas entre os diferentes povos através dos
tempos; é propor a “compreensão do outro atrás de seus véus e templos, rituais
e orações” (SILVA, 2004, p. 207).
Além disso, esses estudos estarão dando subsídios às crianças para que elas
comecem a tomar contato, a partir da quinta série, com a História Antiga, como
convencionalmente é chamado o período que nasce com a descoberta da escrita
e vai até o fim do Império Romano do Ocidente. Essas divisões são bastante
questionáveis – alguns historiadores negam a importância desses fatos para os
povos que viviam na América, por exemplo, por isso tais fatos não poderiam
servir como marco para a divisão de uma “História Universal” – porém ainda
muito usadas nas escolas em relação ao ensino de História.
Para quem?
A proposta de trabalho foi pensada para crianças do segundo ciclo do Ensino
Fundamental que já tenham desenvolvido pesquisas e estudos consistentes
sobre o tempo natural e o tempo social.
Proposta de trabalho
Esse trabalho pode partir da leitura e discussão de uma notícia sobre algum
conflito da atualidade: índios no Brasil lutando pela sua demarcação de terras;
ou os conflitos religiosos em Israel; ou os conflitos entre os EUA e alguns países
do Oriente Médio etc.
Nesse tipo de discussão, é
Em seguida, a discussão deve seguir o extremamente importante
caminho da busca de justificativas: Por que tal que você esteja atento (a)
conflito está acontecendo? Há razões? Como as para evitar que se fortaleçam
partes envolvidas justificam sua participação? conversas com cunho
Na medida em que essas perguntas forem preconceituoso ou pejorativo,
sendo respondidas, devem ser registradas nos como: o lado “X” é que tem
cadernos das crianças, pois servirão de base razão porque o povo “Y” é muito
para os próximos passos do trabalho. burro, quer tudo para si etc.
163
O nascimento da humanidade
No início, o criador que se chama Ianejar estava sozinho. Ele não gostava
de estar sozinho. Então, um dia ele foi apanhar mel e resolveu fazer uma
mulher. Ele soprou e o mel virou uma mulher. Aí ele falou para a mulher ir à
roça e buscar mandioca. O sol foi esquentando e a mulher de mel derreteu.
Ianejar estranhou a demora da mulher e foi ver o que tinha acontecido.
Chegou na roça e só viu o cesto que ela havia levado.
Então Ianejar foi buscar arumã, que é um tipo de palmeira. Ele soprou e
o arumã virou uma mulher. “Vai lá na roça buscar mandioca”, disse Ianejar. A
mulher foi, voltou e fez uma bebida com a mandioca ralada, chamada caxiri;
Ianejar disse que o caxiri estava azedo e muito ruim.
Depois, a mulher foi na mata buscar embaúba e fez duas flautas: uma
pequena e outra grande. Ianejar soprou na flauta e saíram muitas pessoas. A
mulher de arumã soprou na outra flauta e saíram muitas mulheres.
164
O nascimento da humanidade
Naquele tempo, não havia pessoas, só Ianejar e sua mulher. Mas depois
disso, a Terra ficou cheia de Waiãpi.
A seguir, outros textos que podem ser usados nesta etapa do trabalho.
165
O nascimento da humanidade
166
O nascimento da humanidade
Não sabiam nada: da arte de afiar a pedra, de fazer tijolos e casas para
morar e se proteger da Natureza... Nada!
Num certo dia, um vento quente veio do sul e derreteu o gelo. Das nuvens
de vapor formaram-se dois seres: Yamir, o gigante congelado, e Audhumba,
a vaca. Audhumba lambeu o gelo que mantinha presa a forma humana que
ganhou vida a partir do calor gerado por ela. Assim nasceu Buri, o primeiro
dos deuses vikings.
Yamir gerou um filho a quem chamou de Bor, que gerou três filhos: Odin,
Vili e Vê. Eles entraram em guerra com Yamir e o mataram. Com o corpo morto
do gigante congelado Yamir, criaram o universo, e das suas sobrancelhas,
criaram Midgard, a Terra.
167
O nascimento da humanidade
A explicação científica
para o surgimento da humanidade
(ARRUDA, 1996, p. 8)
168
O nascimento da humanidade
capa de cartolina, com desenhos das crianças sobre os mitos e com o título
que pode ser escolhido por elas ou o sugerido anteriormente: Origem da
Humanidade;
Mitos
Adão
Waiãpi Prometeu Yamir Darwin
e Eva
Perguntas
Quem criou a
humanidade
Quais elementos
foram usados
para essa criação?
Esses elementos
são comuns na
região onde o
mito foi criado?
Como a huma-
nidade criada
ganhou vida?
169
O nascimento da humanidade
A tabela deve ser preenchida pelas crianças e, com todos os dados reunidos,
é possível que algumas relações possam ser realizadas a partir de uma questão:
quais aspectos se repetem entre os diferentes mitos? Por quê?
Texto complementar
Mitologia comparada
Nossa intenção é mostrar, comparativamente, as semelhanças existentes
entre as crenças de diversas culturas, que embora diferentes nos costumes,
valores e habitando continentes diferentes, têm crença comum na existência
de seres superiores, aos quais chamam de deuses.
Por meio de seus mitos contam às gerações futuras a origem de suas civili-
zações. A essas antigas histórias que contam a origem do mundo chamamos de
170
O nascimento da humanidade
Um mito indiano escrito por volta de 700 a.C., conta que o universo
foi criado sob forma de um homem, que por viver solitário dividiu-se em
duas partes: uma masculina e outra feminina. Da união dessas duas partes
surgiram os seres humanos. Continuando a construção do mundo, os dois
seres humanos originais transformaram-se em um casal de animais que
gerou todas as formas animais existentes no planeta Terra.
Para alguns povos antigos, a mitologia de sua cultura funde-se à sua religião.
(Disponível em: <www.uniafro.hpgplus.com.br/mitologia1.htm>.
Acesso em: 6 de jul. 2004. Adaptado.)
171
O nascimento da humanidade
Dicas de estudo
Há vários livros que trazem mitos, lendas e histórias fantásticas dos
mais diferentes lugares do planeta. Faça uma pesquisa em catálogos
de editoras. Muitas vezes, você tem direito de receber um volume
gratuitamente para análise.
Atividades
1. Releia os mitos e preencha, com toda turma, o quadro a seguir, que é a mes-
ma sugerida para você trabalhar com as crianças.
Mitos
Waiãpi Adão e Eva Prometeu Yamir Darwin
Perguntas
Quem criou a
humanidade?
172
O nascimento da humanidade
Mitos
Waiãpi Adão e Eva Prometeu Yamir Darwin
Perguntas
Quais elementos
foram usados para
essa criação?
Esses elementos
são comuns na
região onde o
mito foi criado?
Como a huma-
nidade criada
ganhou vida?
2. Agora, faça duas listas: uma com as dificuldades enfrentadas por vocês e
outra com as possibilidades de superação das tais dificuldades.
173
Os calendários
Introdução ao tema
A partir do momento em que os diferentes povos espalhados pelo
mundo compreenderam, com as tecnologias de seu tempo, que a
passagem do tempo tinha relação com as mudanças observáveis na
natureza, principalmente as movimentações realizadas pelo Sol e pela Lua,
sentiram necessidade de registrar essa passagem de forma sistematizada,
fazendo com que surgissem os calendários.
Para quem?
Essa proposta foi pensada para crianças da quarta série. Porém, o professor ou
a professora pode realizar diversas adaptações para que seja usada nas turmas
com as quais trabalha.
Proposta de trabalho
Essa proposta está organizada a partir da ideia de pesquisa realizada pelas
crianças. Para tanto, previamente, o professor ou a professora deve se certificar
da existência de fontes para a pesquisa na biblioteca, em sites, em revistas ou
em recortes de jornal. Outra fonte possível pode ocorrer a partir de entrevistas:
pode ser que na comunidade tenham pessoas com possibilidades de falar sobre
esses temas.
176
Os calendários
Para dar início aos trabalhos, uma conversa deve ser feita com as crianças
com a intenção de:
177
Os calendários
Ficha 2
Ficha 3
178
Os calendários
Cada grupo deve ter muitas fichas 1, 2 e 3, pois precisarão registrar várias
informações para a compreensão do tema.
Porém, terminado o prazo que deve ser combinado com a turma para o
momento das pesquisas, é hora do trabalho prosseguir para o próximo
passo.
Cada grupo deve se reunir com todas as suas fichas preenchidas e elaborar
um texto sobre o seu tema. Se os grupos forem muito grandes, essa tarefa
ficará pouco produtiva, portanto, o texto pode ser subdividido. Então
haverá, então, dois textos completos, produzidos por crianças diferentes,
sobre o mesmo tema.
Com os textos prontos, o professor deve fazer uma correção com as crian-
ças de cada grupo. Além das observações ortográficas, de pontuação e
concordância, deve ser dada máxima atenção ao conteúdo. As informa-
ções confusas ou incompletas devem ser assinaladas para que as crianças
as tornem mais claras e completas. Se necessário, devem voltar às fichas.
Texto complementar
Calendários
(MONTELLATTO, 2000, p. 43-44. Adaptado.)
180
Os calendários
Essa era a melhor época para realizar a semeadura. Por isso, os egípcios,
cuja sobrevivência estava ligada ao ciclo das enchentes do Nilo, criaram um
calendário no qual o ano era dividido em três estações de quatro meses cada:
enchente, semeadura e colheita. Iniciavam a contagem dos dias até que o
fenômeno da coincidência entre o início das enchentes e o aparecimento da
estrela Sírius ocorresse novamente.
181
Os calendários
Dicas de estudo
Há alguns sites muito interessantes para você ampliar seus conhecimentos
sobre a história dos calendários. Vejamos:
<www.calendario.cnt.br/calendarios.htm>.
<www.observatorio.ufmg.br/pas39.htm>.
Realize suas leituras, faça suas anotações e não deixe de estabelecer trocas
com seus colegas.
Atividades
1. Releia o texto (introdução ao tema) e busque explicar, com suas palavras:
por que é importante trabalhar a diversidade cultural nos dias de hoje com
as crianças?
182
Os calendários
183
Os calendários
2. Troque seu texto com os(as) colegas de sua turma e faça sugestões a partir
das questões a seguir:
184
Os calendários
185
Discutindo os fatos históricos
Introdução ao tema
Geralmente, nas escolas, estamos acostumados a ver o ensino de
História ser realizado como se fosse um grande filme sendo passado para
as crianças: os fatos acontecendo em sequência (causa-efeito), alguém
vivendo aquele fato sem esboçar reação ou contradição, alguém contando
sobre aquele fato (o historiador ou a historiadora, o diretor ou a diretora
do filme: o professor ou a professora de História), aquele fato sendo
considerado verdadeiro. Às crianças, espectadoras, resta assistir à verdade
e aprendê-la, sem questionamento ou dúvidas sobre o que foi narrado.
Esse é um exercício constante que deve ser feito por nós, professores e pro-
fessoras, que temos a preocupação de produzirmos um ensino de História para
a solidificação de relações mais justas e democráticas na sociedade na qual vi-
vemos. Devemos fazer com que nossos alunos e alunas se percebam enquanto
construtores da História do presente e questionadores das “verdades históricas”
do passado. Como defende a professora Conceição Cabrini (1987, p. 29),
[...] é também preciso que iniciemos o aluno no fato de que o conhecimento histórico é algo
construído a partir de um procedimento metodológico; em outras palavras, que a história é
uma construção. Isso é fundamental para o início da destruição do mito do saber acabado e da
história como verdade absoluta.
Para quem?
Esse trabalhado foi organizado para ser desenvolvido com as crianças de
terceira ou quarta séries. Porém, essa é uma decisão que só pode ser tomada
por cada professor cada professora, que é quem realmente conhece a reali-
dade da sua turma.
188
Discutindo os fatos históricos
Proposta de trabalho
Partir de uma situação cotidiana, real, vivenciada pelas crianças é a melhor
maneira de dar início a um trabalho que pretende levá-las a compreender a
construção de um fato histórico.
Pronto, construiu-se a versão oficial do caso, contada por quem, naquele mo-
mento, tinha o poder para fazê-lo: o professor ou a professora. Será essa versão a
verdadeira sobre o fato ocorrido? Quais intenções tinha o professor ou a profes-
sora ao concluir de tal forma o caso? Todos ficaram satisfeitos com essa versão?
Quem contará a “história dos vencidos”, ou seja, a história daqueles que ficaram
insatisfeitos com a conclusão do professor ou da professora? Quem ousará lutar
contra tal poder para mostrar a sua história? Mesmo se encontrar esse espaço, a
“história dos vencidos” será contada sem intenções, de forma neutra? Onde terá
ficado a verdade?
Depois desse momento, podem ser selecionados dois fatos históricos refe-
rentes à História do Brasil: o Descobrimento e a Independência, e, sobre cada um
deles, pode ser feito um trabalho.
189
Discutindo os fatos históricos
1.º grupo de respostas – Pedro Álvares Cabral foi quem realmente desco-
briu, porque foi ele quem comunicou para o mundo esse fato;
uma primeira versão contada a partir do ponto de vista dos europeus: Nós,
os europeus, na figura de Pedro Álvares Cabral, descobrimos o Brasil e ti-
vemos que dominá-los, os índios...
uma segunda versão contada a partir do ponto de vista dos índios: nós, os
índios, morávamos aqui quando eles, os europeus, chegaram e se acharam...
190
Discutindo os fatos históricos
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Discutindo os fatos históricos
Música: Pindorama
Sandra Peres/Luiz Tatit
Terra à vista!
Pindorama, Pindorama
Pindorama, Pindorama
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Discutindo os fatos históricos
Dia 22 de abril
Pindorama, Pindorama
Pindorama, Pindorama
Já falavam Tupi-tupi
Só depois, de vocês
Vejamos outro fato histórico que pode ser trabalhado também dessa forma:
a Independência do Brasil.
A partir das respostas, que devem ser lidas e discutidas em sala, pode ser
elaborado um texto coletivo: o professor ou a professora elabora o texto com
as crianças e registra no quadro enquanto, ao mesmo tempo, as crianças vão
fazendo o registro em seus cadernos.
Após essa produção coletiva, pode ser lido um texto que venha a desequilibrar
algumas verdades colocadas sobre a Independência do Brasil.
Leopoldina de Habsburgo-Lorena
(1797-1826)
Primeira imperatriz do Brasil
(BRAZIL, 2000, p. 320-324. Adaptado.)
194
Discutindo os fatos históricos
Após a leitura desse texto, muitas questões podem ser feitas para serem
debatidas com as crianças:
O fato de Leopoldina ser uma mulher pode ser suficiente para que não
recebesse as “glórias“ pelo seu ato?
Enfim, essas e outras questões podem ser feitas e discutidas com as crianças.
Todas as respostas, depois das discussões, devem ser registradas nos cadernos.
195
Discutindo os fatos históricos
Texto complementar
Quem descobriu o Brasil foi Pedro Álvares Cabral,
em 22 de abril de 1500
(ALENCAR, 1999, p. 121-123. Adaptado.)
Certo? Não, errado! Vamos por partes, como diriam alguns esquarte-
jadores de infiéis e bárbaros daquela época.
Descoberta do Brasil, dizem. Qual Brasil? Afinal, em 1500 o Brasil nem era
Brasil... Era Pindorama e outros tantos nomes quanto davam os povos nativos
desta “terra sem males”. Brasil nem era Brasil. E, mesmo com a conquista
lusitana demorou a sê-lo: Ilha de Vera Cruz, Terra de Vera Cruz, Terra de Santa
Cruz, Terra dos Papagaios e, afinal, Brasil.
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Discutindo os fatos históricos
Dicas de estudo
O livro História na Sala de Aula, tem uma série incrível de textos para a
reflexão de professores e professoras sobre “ensinar História”. Vale a pena
a sua leitura e a discussão com os colegas da turma. Ele foi editado pela
Contexto, em 2004, e o organizador é o professor Leandro Karnal.
Atividades
1. Troque ideias com seus colegas, “puxem pela lembrança” e discutam sobre
algum fato ocorrido na sua cidade ou região que tenha levantado mais de
uma versão sobre o acontecido. Discuta como essas versões foram criadas:
Defendiam qual ponto de vista? Estavam a serviço do interesse de quem?
Qual versão se sobrepôs às demais? Por quê? O que vocês concluíram sobre
esse fato?
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Discutindo os fatos históricos
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Discutindo os fatos históricos
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Referências
201
Referências
BURKE, P. Abertura: a nova história, seu passado e seu futuro. In: _____.(Org.).
A Escrita da História: novas perspectivas. São Paulo: UNESP, 1992.
DEL PRIORE, Mary et al. Documentos de História do Brasil: de Cabral aos anos
90. São Paulo: Scipione, 1997.
FLORA, Anna. A República dos Argonautas. São Paulo: Companhia das Letras,
1998.
HOBSBAWN, Eric. Sobre a História. São Paulo: Cia. das Letras, 1998.
202
Referências
LOURO, Guaracira Lopes. Mulheres na sala de aula. In: DEL PRIORE, Mary. (Org).
História das Mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 1997.
LUA. In: Novissíma Delta Larousse. Rio de Janeiro. Delta, 1982, vol. 6, p.1273.
MACHADO, Ana Maria. Bisa Bia, Bisa Bel. Rio de Janeiro: Salamandra, 1983.
_____. Texturas: sobre leituras e escritos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
MORAES, Denis de. O Rebelde do Traço: a vida de Henfil. Rio de Janeiro: José
Olympio, 1996.
RAMINELLI, Ronald. Eva Tupinambá. In: DEL PRIORE, Mary (Org). História das
Mulheres no Brasil. 2.ed. São Paulo: Contexto, 1997.
203
Referências
SILVA, Elaine Moura da. Estudos de religião para um novo milênio. In: KARNAL,
Leandro. História na Sala de Aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo:
Contexto, 2004.
204
Gisele Thiel Della Cruz
Daniela dos Santos Souza