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4810 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.

o 177 — 29 de Julho de 2004

ANEXO Lei n.o 35/2004


I — Apreciação da insuficiência económica de 29 de Julho

Regulamenta a Lei n.o 99/2003, de 27 de Agosto,


1 — A insuficiência económica é apreciada da
que aprovou o Código do Trabalho
seguinte forma:
A Assembleia da República decreta, nos termos da
a) O requerente cujo agregado familiar tem um alínea c) do artigo 161.o da Constituição, para valer
rendimento relevante para efeitos de protecção como lei geral da República, o seguinte:
jurídica igual ou menor do que um quinto do
salário mínimo nacional não tem condições
objectivas para suportar qualquer quantia rela- CAPÍTULO I
cionada com os custos de um processo;
b) O requerente cujo agregado familiar tem um Disposições gerais
rendimento relevante para efeitos de protecção
jurídica superior a um quinto e igual ou menor Artigo 1.o
do que metade do valor do salário mínimo Âmbito
nacional considera-se que tem condições objec-
tivas para suportar os custos da consulta jurídica 1 — O regime previsto na presente lei aplica-se aos
e por conseguinte não deve beneficiar de con- contratos de trabalho regulados pelo Código do Tra-
sulta jurídica gratuita, devendo, todavia, usu- balho, bem como aos contratos com regime especial
relativamente às normas que não sejam incompatíveis
fruir do benefício de apoio judiciário;
com a especificidade destes, sem prejuízo do âmbito
c) O requerente cujo agregado familiar tem um
de aplicação de cada capítulo.
rendimento relevante para efeitos de protecção
2 — A presente lei aplica-se ainda à relação jurídica
jurídica superior a metade e igual ou menor
de emprego público, nos termos do artigo 5.o da Lei
do que duas vezes o valor do salário mínimo
n.o 99/2003, de 27 de Agosto.
nacional tem condições objectivas para suportar
os custos da consulta jurídica, mas não tem con-
dições objectivas para suportar pontualmente Artigo 2.o
os custos de um processo e, por esse motivo, Transposição de directivas
deve beneficiar do apoio judiciário na moda-
lidade de pagamento faseado, previsto na alí- Com a aprovação da presente lei, é efectuada a trans-
nea d) do n.o 1 do artigo 16.o da presente lei; posição, parcial ou total, das seguintes directivas comu-
d) Não se encontra em situação de insuficiência nitárias:
económica o requerente cujo agregado familiar a) Directiva do Conselho n.o 75/117/CEE, de 10
tem um rendimento relevante para efeitos de de Fevereiro, relativa à aproximação das legis-
protecção jurídica superior a duas vezes o valor lações dos Estados membros no que se refere
do salário mínimo nacional. à aplicação do princípio da igualdade de remu-
neração entre os trabalhadores masculinos e
2 — Se o valor dos créditos depositados em contas femininos;
bancárias e o montante de valores mobiliários admitidos b) Directiva do Conselho n.o 76/207/CEE, de 9 de
à negociação em mercado regulamentado de que o Fevereiro, relativa à concretização do princípio
requerente ou qualquer membro do seu agregado fami- da igualdade de tratamento entre homens e
liar sejam titulares forem superiores a 40 vezes o valor mulheres no que se refere ao acesso ao emprego,
do salário mínimo nacional, considera-se que o reque- à formação e promoção profissionais e às con-
rente de protecção jurídica não se encontra em situação dições de trabalho, alterada pela Directiva
de insuficiência económica, independentemente do n.o 2002/73/CE, do Parlamento Europeu e do
valor do rendimento do agregado familiar. Conselho, de 23 de Setembro;
3 — Para os efeitos desta lei, considera-se que per- c) Directiva n.o 80/987/CEE, do Conselho, de 20
tencem ao mesmo agregado familiar as pessoas que de Outubro, relativa à aproximação das legis-
vivam em economia comum com o requerente de pro- lações dos Estados membros respeitantes à pro-
tecção jurídica. tecção dos trabalhadores em caso de insolvência
do empregador, alterada pela Directiva
II — Cálculo do montante da prestação mensal
n.o 2002/74/CE, do Parlamento Europeu e do
na modalidade de pagamento faseado Conselho, de 23 de Setembro;
d) Directiva n.o 89/391/CEE, do Conselho, 12 de
Nos termos da alínea c) do n.o 1 do n.o I, o valor Junho, relativa à aplicação de medidas desti-
da prestação mensal do pagamento faseado de taxa de nadas a promover a melhoria da segurança e
justiça e demais encargos com o processo, de honorários da saúde dos trabalhadores no trabalho;
de patrono nomeado e de remuneração do solicitador e) Directiva n.o 90/394/CEE, do Conselho, de 28
de execução designado é o seguinte: de Junho, relativa à protecção dos trabalhadores
contra os riscos ligados à exposição a agentes
a) 1/72 do valor anual do rendimento relevante para cancerígenos durante o trabalho, alterada pela
efeitos de protecção jurídica, se este for igual Directiva n.o 97/42/CE, do Conselho, de 27 de
ou inferior ao valor do salário mínimo nacional; Junho, e pela Directiva n.o 1999/38/CE, do Con-
b) 1/36 do valor anual do rendimento relevante para selho, de 29 de Abril;
efeitos de protecção jurídica, se este for superior f) Directiva n.o 90/679/CEE, do Conselho, de 26
ao valor do salário mínimo nacional. de Novembro, relativa à protecção dos traba-
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lhadores contra os riscos ligados à exposição Artigo 4.o


a agentes biológicos durante o trabalho, alterada
Regiões Autónomas
pela Directiva n.o 93/88/CEE, do Conselho, de
12 de Outubro; 1 — Na aplicação da presente lei às Regiões Autó-
g) Directiva n.o 92/85/CEE, do Conselho, de 19 nomas são tidas em conta as competências legais atri-
de Outubro, relativa à implementação de medi- buídas aos respectivos órgãos e serviços regionais.
das destinadas a promover a melhoria da segu- 2 — Nas Regiões Autónomas, as publicações são fei-
rança e da saúde das trabalhadoras grávidas, tas nas respectivas séries dos jornais oficiais.
puérperas ou lactantes no trabalho; 3 — As Regiões Autónomas podem regular outras
h) Directiva n.o 93/104/CE, do Conselho, de 23 de matérias laborais de interesse específico, nos termos
Novembro, relativa a determinados aspectos da gerais.
organização do tempo de trabalho, alterada pela 4 — A entidade competente para a recepção dos
Directiva n.o 2000/34/CE, do Parlamento Euro- mapas dos quadros de pessoal nas Regiões Autónomas
peu e do Conselho, de 22 de Junho; deve remeter os respectivos ficheiros digitais ou exem-
i) Directiva n.o 94/33/CE, do Conselho, de 22 de plares dos suportes de papel ao ministério responsável
Junho, relativa à protecção dos jovens no pela área laboral, para efeitos estatísticos.
trabalho;
j) Directiva n.o 94/45/CE, do Conselho, de 22 de
Artigo 5.o
Setembro, relativa à instituição de um conselho
de empresa europeu ou de um procedimento Remissões
de informação e consulta dos trabalhadores nas
empresas ou grupos de empresas de dimensão As remissões de normas contidas em diplomas legis-
comunitária; lativos ou regulamentares para a legislação revogada
l) Directiva n.o 96/34/CE, do Conselho, de 3 de por efeito da presente lei consideram-se referidas às
Junho, relativa ao acordo quadro sobre a licença disposições correspondentes desta lei.
parental celebrado pela União das Confedera-
ções da Indústria e dos Empregadores da Artigo 6.o
Europa (UNICE), pelo Centro Europeu das
Empresas Públicas (CEEP) e pela Confedera- Aplicação no tempo
ção Europeia dos Sindicatos (CES);
m) Directiva n.o 96/71/CE, do Parlamento Europeu 1 — Ficam sujeitos ao regime da presente lei os con-
e do Conselho, de 16 de Dezembro, relativa tratos de trabalho e os instrumentos de regulamentação
ao destacamento de trabalhadores no âmbito colectiva de trabalho celebrados ou aprovados antes da
de uma prestação de serviços; sua entrada em vigor, salvo quanto às condições de vali-
dade e aos efeitos de factos ou situações totalmente
n) Directiva n.o 97/80/CE, do Conselho, de 15 de
passados anteriormente àquele momento.
Dezembro, relativa ao ónus da prova nos casos 2 — As estruturas de representação colectiva de tra-
de discriminação baseada no sexo; balhadores constituídas antes da entrada em vigor da
o) Directiva n.o 98/24/CE, do Conselho, de 7 de presente lei ficam sujeitas ao regime nela instituído,
Abril, relativa à protecção da segurança e da salvo quanto às condições de validade e aos efeitos rela-
saúde dos trabalhadores contra os riscos ligados cionados com a respectiva constituição ou modificação.
à exposição a agentes químicos no trabalho;
p) Directiva n.o 2000/43/CE, do Conselho, de 29
de Junho, que aplica o princípio da igualdade Artigo 7.o
de tratamento entre as pessoas, sem distinção Validade das convenções colectivas
de origem racial ou étnica;
q) Directiva n.o 2000/78/CE, do Conselho, de 27 1 — As disposições constantes de instrumento de
de Novembro, que estabelece um quadro geral regulamentação colectiva de trabalho que disponham
de igualdade de tratamento no emprego e na de modo contrário às normas imperativas da presente
actividade profissional; lei têm de ser alteradas no prazo de 12 meses após
r) Directiva n.o 2002/14/CE, do Parlamento Euro- a entrada em vigor desta lei, sob pena de nulidade.
peu e do Conselho, de 11 de Março, que esta- 2 — O disposto no número anterior não convalida
belece um quadro geral relativo à informação as disposições de instrumento de regulamentação colec-
e à consulta dos trabalhadores na Comunidade tiva de trabalho nulas ao abrigo da legislação revogada.
Europeia;
s) Directiva n.o 2003/88/CE, do Parlamento Euro-
Artigo 8.o
peu e do Conselho, de 4 de Novembro, relativa
a determinados aspectos da organização do Relatório anual da actividade de segurança,
tempo de trabalho. higiene e saúde no trabalho

A obrigação de entregar o relatório anual da acti-


Artigo 3.o vidade de segurança, higiene e saúde no trabalho por
meio informático é aplicável a empregadores:
Entrada em vigor
a) Com mais de 20 trabalhadores, relativamente
A presente lei entra em vigor 30 dias após a sua a 2004;
publicação. b) Com mais de 10 trabalhadores, a partir de 2005.
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Artigo 9.o destacamento, que não constituam reembolso de des-


Revisão
pesas efectivamente efectuadas, nomeadamente viagens,
alojamento e alimentação.
A presente lei deve ser revista no prazo de quatro 2 — As férias, a retribuição mínima e o pagamento
anos a contar da data da sua entrada em vigor. de trabalho suplementar, referidos nas alíneas d) e e)
do artigo 8.o do Código do Trabalho, não são aplicáveis
Artigo 10.o ao destacamento de trabalhador qualificado, por parte
de empresa fornecedora de um bem, para efectuar a
Norma revogatória montagem ou a instalação inicial indispensável ao seu
1 — Com a entrada em vigor da presente lei, são revo- funcionamento, desde que a mesma esteja integrada no
gados, sem prejuízo do previsto no n.o 2 do artigo 21.o contrato de fornecimento e a sua duração não seja supe-
do Código do Trabalho, os diplomas respeitantes às rior a oito dias no período de um ano.
matérias nela reguladas, designadamente: 3 — O disposto no número anterior não abrange o
destacamento em actividades de construção que visem
a) Portaria n.o 186/73, de 13 de Março; a realização, reparação, manutenção, alteração ou eli-
b) Lei n.o 141/85, de 14 de Novembro; minação de construções, nomeadamente escavações,
c) Decreto-Lei n.o 440/91, de 14 de Novembro; aterros, construção, montagem e desmontagem de ele-
d) Decreto-Lei n.o 332/93, de 25 de Setembro; mentos prefabricados, arranjo ou instalação de equi-
e) Portaria n.o 229/96, de 26 de Junho. pamentos, transformação, renovação, reparação, con-
servação ou manutenção, designadamente pintura e lim-
2 — Mantêm-se em vigor os artigos 3.o a 8.o e 31.o peza, desmantelamento, demolição e saneamento.
da Lei n.o 4/84, de 5 de Abril, com a numeração e redac-
ção constantes do Decreto-Lei n.o 70/2000, de 4 de Maio.
Artigo 13.o
Cooperação em matéria de informação
CAPÍTULO II
Compete à Inspecção-Geral do Trabalho:
Destacamento
a) Cooperar com os serviços de fiscalização das
Artigo 11.o condições de trabalho de outros Estados mem-
bros do Espaço Económico Europeu, em espe-
Âmbito cial no que respeita a informações sobre des-
1 — O presente capítulo regula o n.o 2 do artigo 7.o tacamentos efectuados em situações referidas
e o artigo 8.o do Código do Trabalho. na alínea c) do n.o 2 do artigo 11.o, incluindo
2 — O presente capítulo é aplicável ao destacamento abusos manifestos ou casos de actividades trans-
de trabalhador para prestar trabalho em território por- nacionais presumivelmente ilegais;
tuguês, efectuado por empresa estabelecida noutro b) Prestar informações, a pedido de quem tenha
Estado, que ocorra numa das seguintes situações: legitimidade procedimental, nos termos do
Código do Procedimento Administrativo, sobre
a) Em execução de contrato entre o empregador as condições de trabalho referidas no artigo 8.o
que efectua o destacamento e o beneficiário que do Código do Trabalho, constantes da lei e de
exerce actividade em território português, desde instrumento de regulamentação colectiva de tra-
que o trabalhador permaneça sob a autoridade balho de eficácia geral vigente em território
e direcção daquele empregador; nacional.
b) Em estabelecimento da mesma empresa, ou
empresa de outro empregador com o qual exista CAPÍTULO III
uma relação societária de participações recípro- Trabalho no domicílio
cas, de domínio ou de grupo;
c) Se o destacamento for efectuado por uma Artigo 14.o
empresa de trabalho temporário ou empresa
que coloque o trabalhador à disposição de um Âmbito
utilizador. 1 — O presente capítulo regula o artigo 13.o do
Código do Trabalho.
3 — O presente capítulo é também aplicável ao des- 2 — O disposto no presente capítulo aplica-se aos
tacamento efectuado nas situações referidas nas alí- contratos que tenham por objecto a prestação de acti-
neas a) e b) do número anterior por um utilizador esta- vidade realizada, sem subordinação jurídica, no domi-
belecido noutro Estado, ao abrigo da respectiva legis- cílio ou em estabelecimento do trabalhador, bem como
lação nacional, desde que o contrato de trabalho subsista aos contratos em que este compra as matérias-primas
durante o destacamento. e fornece por certo preço ao vendedor delas o produto
4 — O regime de destacamento em território portu- acabado, sempre que num ou noutro caso o trabalhador
guês não é aplicável ao pessoal navegante da marinha deva considerar-se na dependência económica do bene-
mercante. ficiário da actividade.
Artigo 12.o 3 — Compreende-se no número anterior a situação
Condições de trabalho
em que, para um mesmo beneficiário da actividade,
vários trabalhadores, sem subordinação jurídica nem
1 — A retribuição mínima prevista na alínea e) do dependência económica entre si, até ao limite de quatro,
artigo 8.o do Código do Trabalho integra os subsídios executam as respectivas incumbências no domicílio de
ou abonos atribuídos aos trabalhadores por causa do um deles.
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4 — Sempre que razões de segurança ou saúde rela- Artigo 18.o


tivas ao trabalhador ou ao agregado familiar o justi- Exames de saúde
fiquem, a actividade prevista nos números anteriores
pode ser executada em instalações não compreendidas Sem prejuízo do previsto no artigo 16.o, tratando-se
no domicílio ou estabelecimento do trabalhador. de actividade que envolva a utilização de géneros ali-
5 — É vedada ao trabalhador no domicílio ou esta- mentícios, o exame de saúde de admissão, previsto no
belecimento a utilização de ajudantes, salvo tratando-se n.o 2 do artigo 245.o, deve realizar-se antes do início
de membros do seu agregado familiar. daquela, com o objectivo de certificar também a ausência
de doenças transmissíveis pela actividade.
Artigo 15.o
Direitos e deveres Artigo 19.o
1 — O beneficiário da actividade deve respeitar a pri- Registo dos trabalhadores no domicílio
vacidade do trabalhador e os tempos de descanso e de 1 — O beneficiário da actividade deve manter no esta-
repouso do agregado familiar. belecimento em cujo processo produtivo se insere a acti-
2 — A visita ao local de trabalho pelo beneficiário vidade realizada, permanentemente actualizado, um
da actividade só deve ter por objecto o controlo da acti- registo dos trabalhadores no domicílio, do qual conste
vidade laboral do trabalhador e do respeito das regras obrigatoriamente:
de segurança, higiene e saúde, bem como dos respectivos
equipamentos e apenas pode ser efectuada em dia nor- a) Nome e morada do trabalhador e o local do
mal de trabalho, entre as 9 e as 19 horas, com a assis- exercício da actividade;
tência do trabalhador ou de pessoa por ele designada. b) Número de beneficiário da segurança social;
3 — Para efeitos do número anterior, o beneficiário c) Número da apólice de seguro de acidentes de
da actividade deve informar o trabalhador da visita ao trabalho;
local de trabalho com a antecedência mínima de d) Data de início da actividade;
24 horas. e) Actividade exercida, bem como as incumbências
4 — O trabalhador está obrigado a guardar segredo e respectivas datas de entrega;
sobre as técnicas e modelos que lhe estejam confiados, f) Importâncias pagas nos termos do n.o 4 do
bem como a observar as regras de utilização e funcio- artigo seguinte.
namento dos equipamentos.
5 — No exercício da sua actividade, o trabalhador não 2 — Anualmente, entre 1 de Outubro e 30 de Novem-
pode dar às matérias-primas e equipamentos fornecidos bro, o beneficiário da actividade deve remeter cópia
pelo beneficiário da actividade uso diverso do inerente do registo dos trabalhadores no domicílio à Inspecção-
ao cumprimento da sua prestação de trabalho. -Geral do Trabalho.

Artigo 16.o Artigo 20.o


Segurança, higiene e saúde no trabalho Remuneração
1 — O trabalhador é abrangido pelo regime jurídico 1 — Na fixação da remuneração do trabalho no domi-
relativo à segurança, higiene e saúde no trabalho, bem cílio, deve atender-se ao tempo médio de execução do
como pelo regime jurídico dos acidentes de trabalho bem ou do serviço e à retribuição estabelecida em ins-
e doenças profissionais. trumento de regulamentação colectiva de trabalho apli-
2 — O beneficiário da actividade é responsável pela cável a idêntico trabalho subordinado prestado no esta-
definição e execução de uma política de segurança, belecimento em cujo processo produtivo se insere a acti-
higiene e saúde que abranja os trabalhadores, aos quais vidade realizada ou, na sua falta, à retribuição mínima
devem ser proporcionados, nomeadamente, exames de mensal garantida.
saúde periódicos e equipamentos de protecção indi- 2 — Para efeitos do número anterior, considera-se
vidual. tempo médio de execução aquele que normalmente seria
3 — No trabalho realizado no domicílio ou estabe- despendido na execução de idêntico trabalho prestado
lecimento do trabalhador é, designadamente, proibida no estabelecimento em cujo processo produtivo se insere
a utilização de: a actividade exercida.
a) Substâncias nocivas ou perigosas para a saúde 3 — Salvo acordo ou usos diversos, a obrigação de
do trabalhador ou do agregado familiar; satisfazer a remuneração vence-se com a apresentação
b) Equipamentos ou utensílios que não obedeçam pelo trabalhador dos bens ou serviços executados.
às normas em vigor ou que ofereçam risco espe- 4 — No acto de pagamento da remuneração, o bene-
cial para o trabalhador, membros do agregado ficiário da actividade deve entregar ao trabalhador no
familiar ou terceiros. domicílio documento do qual conste o nome completo
deste, o número de beneficiário da segurança social,
a quantidade e natureza do trabalho, os descontos e
Artigo 17.o deduções efectuados e o montante líquido a receber.
Formação profissional

O beneficiário da actividade deve dar formação ao Artigo 21.o


trabalhador, no domicílio ou estabelecimento, similar Subsídio anual
à dada a trabalhador que realize idêntica actividade na
empresa em cujo processo produtivo se insere a acti- Anualmente, de 1 de Outubro a 31 de Dezembro,
vidade realizada. o beneficiário da actividade deve pagar ao trabalhador
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no domicílio um subsídio de valor calculado nos termos durado até dois anos ou mais de dois anos, respec-
do n.o 3 do artigo 24.o tivamente.
3 — Para efeitos de cálculo de indemnização, toma-se
Artigo 22.o em conta a média das remunerações auferidas nos últi-
mos 12 meses ou nos meses de execução do contrato,
Suspensão ou redução caso seja de duração inferior.
A suspensão do contrato ou a redução da actividade
prevista, por motivo imputável ao beneficiário da acti- Artigo 25.o
vidade, que não seja recuperada nos três meses seguintes Proibição do trabalho no domicílio
confere ao trabalhador o direito a uma compensação
pecuniária por forma a garantir metade da remuneração Enquanto decorrer procedimento de redução tem-
correspondente ao período em falta ou, não sendo pos- porária do período normal de trabalho ou suspensão
sível o seu apuramento, metade da remuneração média, do contrato de trabalho por facto respeitante ao empre-
calculada nos termos do n.o 3 do artigo 24.o gador, de despedimento colectivo ou por extinção de
posto de trabalho e, bem assim, nos três meses pos-
teriores ao termo das referidas situações, é vedado à
Artigo 23.o
empresa contratar trabalhador no domicílio para pro-
Cessação do contrato dução de bens ou serviços na qual participem traba-
lhadores abrangidos pelo procedimento em causa, sem
1 — Qualquer das partes pode, mediante comunica-
prejuízo da renovação da atribuição de trabalho em rela-
ção escrita, denunciar o contrato para o termo de exe-
ção a trabalhadores contratados até 60 dias antes do
cução da incumbência de trabalho.
início do referido procedimento.
2 — Salvo acordo em contrário, a falta de trabalho
que origine a inactividade do trabalhador por prazo
superior a 60 dias consecutivos implica a caducidade Artigo 26.o
do contrato a partir desta data, desde que o beneficiário Segurança social
da actividade comunique por escrito a sua ocorrência,
mantendo o trabalhador no domicílio o direito à indem- O trabalhador no domicílio e o beneficiário da acti-
nização prevista no artigo seguinte. vidade ficam abrangidos, como beneficiário e contri-
3 — Qualquer das partes pode, mediante comunica- buinte, respectivamente, pelo regime geral de segurança
ção escrita, resolver o contrato por motivo de incum- social dos trabalhadores por conta de outrem, nos ter-
primento, sem aviso prévio. mos previstos em legislação especial.
4 — O beneficiário da actividade pode, mediante
comunicação escrita, resolver o contrato por motivo jus-
tificado que não lhe seja imputável nem ao trabalhador, CAPÍTULO IV
desde que conceda o prazo mínimo de aviso prévio de Direitos de personalidade
7, 30 ou 60 dias, conforme a execução do contrato tenha
durado até seis meses, até dois anos ou por período Artigo 27.o
superior, respectivamente.
Dados biométricos
5 — O trabalhador no domicílio pode, mediante
comunicação escrita, denunciar o contrato desde que 1 — O empregador só pode tratar dados biométricos
conceda o prazo mínimo de aviso prévio de 7 ou 15 do trabalhador após notificação à Comissão Nacional
dias, consoante o contrato tenha durado até seis meses de Protecção de Dados.
ou mais de seis meses, respectivamente, salvo se tiver 2 — O tratamento de dados biométricos só é per-
trabalho pendente em execução, caso em que o prazo mitido se os dados a utilizar forem necessários, ade-
é fixado para o termo da execução com o máximo de quados e proporcionais aos objectivos a atingir.
30 dias. 3 — Os dados biométricos são conservados durante
6 — No caso de extinção do contrato, o trabalhador o período necessário para a prossecução das finalidades
no domicílio incorre em responsabilidade civil pelos do tratamento a que se destinam, devendo ser destruídos
danos causados ao beneficiário da actividade por recusa no momento da transferência do trabalhador para outro
de devolução dos equipamentos, utensílios, materiais local de trabalho ou da cessação do contrato de trabalho.
e outros bens que sejam pertença deste, sem prejuízo 4 — A notificação a que se refere o n.o 1 deve ser
da responsabilidade penal a que houver lugar pela vio- acompanhada de parecer da comissão de trabalhadores
lação das obrigações do fiel depositário. ou, 10 dias após a consulta, comprovativo do pedido
de parecer.
Artigo 24.o Artigo 28.o
Indemnização Utilização de meios de vigilância a distância

1 — A inobservância do prazo de aviso prévio por 1 — Para efeitos do n.o 2 do artigo 20.o do Código
qualquer das partes confere à outra o direito a uma do Trabalho, a utilização de meios de vigilância a dis-
indemnização equivalente à remuneração correspon- tância no local de trabalho está sujeita a autorização
dente ao período de aviso prévio em falta. da Comissão Nacional de Protecção de Dados.
2 — A insubsistência dos motivos alegados pelo bene- 2 — A autorização referida no número anterior só
ficiário da actividade para resolução do contrato, nos pode ser concedida se a utilização dos meios for neces-
termos dos n.os 3 e 4 do artigo anterior, confere ao sária, adequada e proporcional aos objectivos a atingir.
trabalhador o direito a uma indemnização igual a 60 3 — Os dados pessoais recolhidos através dos meios
ou 120 dias de remuneração, consoante o contrato tenha de vigilância a distância são conservados durante o
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período necessário para a prossecução das finalidades sido ou venha a ser dado a outra pessoa em
da utilização a que se destinam, devendo ser destruídos situação comparável;
no momento da transferência do trabalhador para outro b) Discriminação indirecta sempre que uma dis-
local de trabalho ou da cessação do contrato de trabalho. posição, critério ou prática aparentemente neu-
4 — O pedido de autorização a que se refere o n.o 1 tro seja susceptível de colocar pessoas que se
deve ser acompanhado de parecer da comissão de tra- incluam num dos factores característicos indi-
balhadores ou, 10 dias após a consulta, comprovativo cados no referido preceito legal numa posição
do pedido de parecer. de desvantagem comparativamente com outras,
a não ser que essa disposição, critério ou prática
Artigo 29.o seja objectivamente justificado por um fim legí-
timo e que os meios para o alcançar sejam ade-
Informação sobre meios de vigilância a distância quados e necessários;
Para efeitos do n.o 3 do artigo 20.o do Código do c) Trabalho igual aquele em que as funções desem-
Trabalho, o empregador deve afixar nos locais de tra- penhadas ao mesmo empregador são iguais ou
balho em que existam meios de vigilância a distância objectivamente semelhantes em natureza, qua-
os seguintes dizeres, consoante os casos: «Este local lidade e quantidade;
encontra-se sob vigilância de um circuito fechado de d) Trabalho de valor igual aquele que corresponde
televisão» ou «Este local encontra-se sob vigilância de a um conjunto de funções, prestadas ao mesmo
um circuito fechado de televisão, procedendo-se à gra- empregador, consideradas equivalentes aten-
vação de imagem e som», seguido de símbolo iden- dendo, nomeadamente, às qualificações ou
tificativo. experiência exigida, às responsabilidades atri-
buídas, ao esforço físico e psíquico e às con-
dições em que o trabalho é efectuado.
CAPÍTULO V
Igualdade e não discriminação 3 — Constitui discriminação uma ordem ou instrução
que tenha a finalidade de prejudicar pessoas em razão
SECÇÃO I de um factor referido no n.o 1 deste artigo ou no n.o 1
do artigo 23.o do Código do Trabalho.
Âmbito

Artigo 30.o Artigo 33.o


Âmbito Direito à igualdade nas condições de acesso e no trabalho
o
1 — O presente capítulo regula o artigo 32. do 1 — O direito à igualdade de oportunidades e de tra-
Código do Trabalho. tamento no que se refere ao acesso ao emprego, à for-
2 — As disposições do presente capítulo aplicam-se mação e promoção profissionais e às condições de tra-
aos contratos equiparados previstos no artigo 13.o do balho respeita:
Código do Trabalho.
a) Aos critérios de selecção e às condições de con-
tratação, em qualquer sector de actividade e a
SECÇÃO II todos os níveis hierárquicos;
b) Ao acesso a todos os tipos de orientação, for-
Igualdade e não discriminação
mação e reconversão profissionais de qualquer
nível, incluindo a aquisição de experiência
SUBSECÇÃO I prática;
c) À retribuição e outras prestações patrimoniais,
Disposições gerais promoções a todos os níveis hierárquicos e aos
critérios que servem de base para a selecção
Artigo 31.o dos trabalhadores a despedir;
Dever de informação d) À filiação ou participação em organizações de
trabalhadores ou de empregadores, ou em qual-
O empregador deve afixar na empresa, em local apro- quer outra organização cujos membros exercem
priado, a informação relativa aos direitos e deveres do uma determinada profissão, incluindo os bene-
trabalhador em matéria de igualdade e não discri- fícios por elas atribuídos.
minação.
Artigo 32.o 2 — O disposto no número anterior não prejudica
a aplicação das disposições legais relativas:
Conceitos
a) Ao exercício de uma actividade profissional por
1 — Constituem factores de discriminação, além dos estrangeiro ou apátrida;
previstos no n.o 1 do artigo 23.o do Código do Trabalho, b) À especial protecção da gravidez, maternidade,
nomeadamente, o território de origem, língua, raça, ins- paternidade, adopção e outras situações respei-
trução, situação económica, origem ou condição social. tantes à conciliação da actividade profissional
2 — Considera-se: com a vida familiar.
a) Discriminação directa sempre que, em razão de
um dos factores indicados no referido preceito 3 — Nos aspectos referidos no n.o 1, são permitidas
legal, uma pessoa seja sujeita a tratamento diferenças de tratamento baseadas na idade que sejam
menos favorável do que aquele que é, tenha necessárias e apropriadas à realização de um objectivo
4816 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

legítimo, designadamente de política de emprego, mer- do Código do Trabalho, as licenças, faltas e dispensas
cado de trabalho ou formação profissional. relativas à protecção da maternidade e da paternidade.
4 — As disposições legais ou de instrumentos de regu-
lamentação colectiva de trabalho que justifiquem os
comportamentos referidos no n.o 3 devem ser avaliadas Artigo 38.o
periodicamente e revistas se deixarem de se justificar. Sanção abusiva

Artigo 34.o Presume-se abusivo o despedimento ou a aplicação


Protecção contra actos de retaliação
de qualquer sanção sob a aparência de punição de outra
falta, quando tenha lugar até um ano após a data da
É inválido qualquer acto que prejudique o trabalhador reclamação, queixa ou propositura da acção judicial con-
em consequência de rejeição ou submissão a actos tra o empregador.
discriminatórios.
Artigo 39.o
Artigo 35.o
Regras contrárias ao princípio da igualdade
Extensão da protecção em situações de discriminação

Em caso de invocação de qualquer prática discrimi- 1 — As disposições de estatutos das organizações


natória no acesso ao trabalho, à formação profissional representativas de empregadores e de trabalhadores,
e nas condições de trabalho, nomeadamente por motivo bem como os regulamentos internos de empresa que
de licença por maternidade, dispensa para consultas pré- restrinjam o acesso a qualquer emprego, actividade pro-
-natais, protecção da segurança e saúde e de despe- fissional, formação profissional, condições de trabalho
dimento de trabalhadora grávida, puérpera ou lactante, ou carreira profissional exclusivamente a trabalhadores
licença parental ou faltas para assistência a menores, masculinos ou femininos, fora dos casos previstos no
aplica-se o regime previsto no n.o 3 do artigo 23.o do n.o 2 do artigo 23.o e no artigo 30.o do Código do Tra-
Código do Trabalho em matéria de ónus da prova. balho, têm-se por aplicáveis a ambos os sexos.
2 — As disposições de instrumentos de regulamen-
tação colectiva de trabalho, bem como os regulamentos
SUBSECÇÃO II
internos de empresa que estabeleçam condições de tra-
Igualdade e não discriminação em função do sexo balho, designadamente retribuições, aplicáveis exclusi-
vamente a trabalhadores masculinos ou femininos para
DIVISÃO I
categorias profissionais com conteúdo funcional igual
Princípios gerais ou equivalente consideram-se substituídas pela dispo-
sição mais favorável, a qual passa a abranger os tra-
Artigo 36.o balhadores de ambos sexos.
Formação profissional
3 — Para efeitos do número anterior, considera-se
que a categoria profissional tem igual conteúdo fun-
Nas acções de formação profissional dirigidas a pro- cional ou é equivalente quando a respectiva descrição
fissões exercidas predominantemente por trabalhadores de funções corresponder, respectivamente, a trabalho
de um dos sexos deve ser dada, sempre que se justifique, igual ou trabalho de valor igual, nos termos das alíneas c)
preferência a trabalhadores do sexo com menor repre- e d) do n.o 1 do artigo 32.o
sentação, bem como, em quaisquer acções de formação
profissional, a trabalhadores com escolaridade reduzida,
sem qualificação ou responsáveis por famílias mono- Artigo 40.o
parentais ou no caso de licença por maternidade, pater-
Registos
nidade ou adopção.
Todas as entidades devem manter durante cinco anos
Artigo 37.o registo dos recrutamentos feitos donde constem, por
Igualdade de retribuição sexos, nomeadamente, os seguintes elementos:

1 — Para efeitos do n.o 1 do artigo 28.o do Código a) Convites para o preenchimento de lugares;
do Trabalho, a igualdade de retribuição implica, nomea- b) Anúncios de ofertas de emprego;
damente, a eliminação de qualquer discriminação fun- c) Número de candidaturas apresentadas para
dada no sexo, no conjunto de elementos de que depende apreciação curricular;
a sua determinação. d) Número de candidatos presentes nas entrevistas
2 — Sem prejuízo do disposto no n.o 2 do artigo 28.o de pré-selecção;
do Código do Trabalho, a igualdade de retribuição e) Número de candidatos aguardando ingresso;
implica que para trabalho igual ou de valor igual: f) Resultados dos testes ou provas de admissão
a) Qualquer modalidade de retribuição variável, ou selecção;
nomeadamente a paga à tarefa, seja estabelecida g) Balanços sociais, nos termos dos artigos 458.o
na base da mesma unidade de medida; a 464.o, bem como da legislação aplicável à
b) A retribuição calculada em função do tempo Administração Pública, relativos a dados que
de trabalho seja a mesma. permitam analisar a existência de eventual dis-
criminação de um dos sexos no acesso ao
3 — Não podem constituir fundamento das diferen- emprego, formação e promoção profissionais e
ciações retributivas, a que se refere o n.o 2 do artigo 28.o condições de trabalho.
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4817

DIVISÃO II c) Número de trabalhadores expostos;


Protecção do património genético d) Medidas técnicas e de organização tomadas para
prevenir a exposição dos trabalhadores.
SECÇÃO I
4 — A comunicação prevista no número anterior deve
Âmbito ser realizada com 15 dias de antecedência, podendo no
caso da alínea b) do n.o 1, o prazo ser inferior desde
Artigo 41.o que devidamente fundamentado.
5 — O organismo referido no n.o 3 confirma a recep-
Agentes susceptíveis de implicar riscos para o património genético
ção da comunicação com as informações necessárias,
1 — Os agentes biológicos, físicos ou químicos sus- indicando, sendo caso disso, as medidas complementares
ceptíveis de implicar riscos para o património genético de protecção dos trabalhadores que o empregador deve
do trabalhador ou dos seus descendentes constam de aplicar.
lista elaborada pelo serviço competente do ministério 6 — O empregador deve, sempre que for solicitado,
responsável pela saúde e aprovada por portaria dos facultar às entidades fiscalizadoras os documentos refe-
ministros responsáveis pelas áreas da saúde e laboral. ridos nos números anteriores.
2 — A lista referida no número anterior, deve ser
revista em função dos conhecimentos científicos e téc- DIVISÃO IV
nicos, competindo a promoção da sua actualização ao
ministério responsável pela saúde. Actividades condicionadas que envolvam agentes
3 — A regulamentação das actividades que são proi- biológicos, físicos ou químicos condicionados
bidas ou condicionadas por serem susceptíveis de impli-
car riscos para o património genético do trabalhador Artigo 44.o
ou dos seus descendentes consta dos artigos 42.o a 65.o Disposições gerais

1 — São condicionadas aos trabalhadores as activi-


DIVISÃO III dades que envolvam a exposição aos agentes biológicos,
Actividades proibidas que envolvam agentes físicos ou químicos susceptíveis de implicar riscos para
biológicos, físicos ou químicos proibidos o património genético do trabalhador ou dos seus des-
cendentes que constam da lista referida no n.o 1 do
Artigo 42.o artigo 41.o com indicação de que determinam o con-
dicionamento das mesmas.
Agentes biológicos, físicos ou químicos proibidos 2 — As actividades referidas no número anterior
São proibidas aos trabalhadores as actividades que estão sujeitas ao disposto nos artigos 45.o a 57.o, bem
envolvam a exposição aos agentes biológicos, físicos ou como às disposições específicas constantes dos arti-
químicos susceptíveis de implicar riscos para o patri- gos 58.o a 65.o
mónio genético do trabalhador ou dos seus descenden- Artigo 45.o
tes, que constam da lista referida no n.o 1 do artigo ante-
rior com indicação de que determinam a proibição das Início da actividade
mesmas. 1 — A actividade susceptível de provocar exposição
Artigo 43.o a agentes biológicos, físicos ou químicos que possam
envolver riscos para o património genético só pode ini-
Utilizações permitidas de agentes proibidos ciar-se após a avaliação dos riscos e a adopção das medi-
1 — A utilização dos agentes proibidos referidos no das de prevenção adequadas.
artigo anterior é permitida: 2 — O empregador deve notificar o organismo do
ministério responsável pela área laboral competente em
a) Para fins exclusivos de investigação científica; matéria de segurança, higiene e saúde no trabalho e
b) Em actividades destinadas à respectiva elimi- a Direcção-Geral da Saúde com, pelo menos, 30 dias
nação. de antecedência, do início de actividades em que sejam
utilizados, pela primeira vez, agentes biológicos, físicos
2 — Nas utilizações previstas no número anterior, ou químicos susceptíveis de implicar riscos para o patri-
deve ser evitada a exposição dos trabalhadores aos agen- mónio genético.
tes em causa, nomeadamente através de medidas que 3 — A notificação deve conter os seguintes elemen-
assegurem que a sua utilização decorra durante o tempo tos:
mínimo possível e que se realize num único sistema
fechado, do qual só possam ser retirados na medida a) Nome e endereço da empresa e estabeleci-
em que for necessário ao controlo do processo ou à mento, caso este exista;
manutenção do sistema. b) Nome e habilitação do responsável pelo serviço
de segurança, higiene e saúde no trabalho e,
3 — O empregador apenas pode fazer uso da per-
se for pessoa diferente, do médico do trabalho;
missão referida no n.o 1 após ter comunicado ao orga-
c) Resultado da avaliação dos riscos e a espécie
nismo do ministério responsável pela área laboral com-
do agente;
petente em matéria de segurança, higiene e saúde no
d) As medidas preventivas e de protecção previstas.
trabalho as seguintes informações:
a) Agente e respectiva quantidade utilizada anual- 4 — O organismo do ministério responsável pela área
mente; laboral competente em matéria de segurança, higiene
b) Actividades, reacções ou processos implicados; e saúde no trabalho pode determinar que a notificação
4818 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

seja feita em impresso de modelo apropriado ao tra- além dos procedimentos referidos no artigo anterior,
tamento informático dos seus elementos. aplicar as seguintes medidas:
5 — Se houver modificações substanciais nos proce-
a) Limitação das quantidades do agente no local
dimentos com possibilidade de repercussão na saúde
de trabalho;
dos trabalhadores, deve ser feita, com quarenta e oito
b) Redução ao mínimo possível do número de tra-
horas de antecedência, uma nova notificação.
balhadores expostos ou susceptíveis de o serem,
da duração e do respectivo grau de exposição;
Artigo 46.o c) Adopção de procedimentos de trabalho e de
medidas técnicas que evitem ou minimizem a
Avaliação dos riscos libertação de agentes no local de trabalho;
d) Eliminação dos agentes na fonte por aspiração
1 — Nas actividades susceptíveis de exposição a agen- localizada ou ventilação geral adequada e com-
tes biológicos, físicos ou químicos que possam implicar patível com a protecção da saúde pública e do
riscos para o património genético, o empregador deve ambiente;
avaliar os riscos para a saúde dos trabalhadores, deter- e) Utilização de métodos apropriados de medição
minando a natureza, o grau e o tempo de exposição. de agentes, em particular para a detecção pre-
2 — Nas actividades que impliquem a exposição a coce de exposições anormais resultantes de
várias espécies de agentes, a avaliação dos riscos deve acontecimento imprevisível;
ser feita com base no perigo resultante da presença de f) Adopção de medidas de protecção colectiva
todos esses agentes. adequadas ou, se a exposição não puder ser evi-
3 — A avaliação dos riscos deve ser repetida trimes- tada por outros meios, medidas de protecção
tralmente, bem como sempre que houver alterações das individual;
condições de trabalho susceptíveis de afectar a exposição g) Adopção de medidas de higiene, nomeada-
dos trabalhadores a agentes referidos no número ante- mente a limpeza periódica dos pavimentos,
rior e, ainda, nas situações previstas no n.o 5 do paredes e outras superfícies;
artigo 54.o h) Delimitação das zonas de riscos e utilização de
4 — A avaliação dos riscos deve ter em conta todas adequada sinalização de segurança e de saúde,
as formas de exposição e vias de absorção, tais como incluindo de proibição de fumar em áreas onde
a absorção pela pele ou através desta. haja riscos de exposição a esses agentes;
5 — O empregador deve atender, na avaliação dos i) Instalação de dispositivos para situações de
riscos, aos resultados disponíveis de qualquer vigilância emergência susceptíveis de originar exposições
da saúde já efectuada aos eventuais efeitos sobre a saúde anormalmente elevadas;
de trabalhadores particularmente sensíveis aos riscos a j) Verificação da presença de agentes biológicos
que estejam expostos, bem como identificar os traba- utilizados fora do confinamento físico primário,
lhadores que necessitem de medidas de protecção sempre que for necessário e tecnicamente
especiais. possível;
6 — O resultado da avaliação dos riscos deve constar l) Meios que permitam a armazenagem, manusea-
de documento escrito. mento e transporte sem riscos, nomeadamente
mediante a utilização de recipientes herméticos
Artigo 47.o e rotulados de forma clara e legível;
m) Meios seguros de recolha, armazenagem e eva-
Substituição e redução de agentes cuação dos resíduos, incluindo a utilização de
recipientes herméticos e rotulados de forma
1 — O empregador deve evitar ou reduzir a utilização clara e legível, de modo a não constituírem fonte
de agentes biológicos, físicos ou químicos susceptíveis de contaminação dos trabalhadores e dos locais
de implicar riscos para o património genético, substi- de trabalho, de acordo com a legislação especial
tuindo-os por substâncias, preparações ou processos sobre resíduos e protecção do ambiente;
que, nas condições de utilização, não sejam perigosos n) Afixação de sinais de perigo bem visíveis,
ou impliquem menor risco para os trabalhadores. nomeadamente o sinal indicativo de perigo
2 — Se não for tecnicamente possível a aplicação do biológico;
disposto no número anterior, o empregador deve asse- o) Elaboração de planos de acção em casos de aci-
gurar que a produção ou a utilização do agente se faça dentes que envolvam agentes biológicos.
em sistema fechado.
3 — Se a aplicação de um sistema fechado não for
tecnicamente possível, o empregador deve assegurar que Artigo 49.o
o nível de exposição dos trabalhadores seja reduzido Informação das autoridades competentes
ao nível mais baixo possível e não ultrapasse os valores
limite estabelecidos em legislação especial sobre agentes 1 — Se a avaliação revelar a existência de riscos, o
cancerígenos ou mutagénicos. empregador deve conservar e manter disponíveis as
informações sobre:
a) As actividades e os processos industriais em
Artigo 48.o
causa, as razões por que são utilizados agentes
Redução dos riscos de exposição biológicos, físicos ou químicos susceptíveis de
implicar riscos para o património genético e os
Nas actividades em que sejam utilizados agentes bio- eventuais casos de substituição;
lógicos, físicos ou químicos susceptíveis de implicar ris- b) Os elementos utilizados para efectuar a avalia-
cos para o património genético, o empregador deve, ção e o seu resultado;
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4819

c) As quantidades de substâncias ou preparações e equipamento individual de protecção res-


fabricadas ou utilizadas que contenham agentes piratória;
biológicos, físicos ou químicos susceptíveis de c) Impedir a exposição permanente e limitá-la ao
implicar riscos para o património genético; estritamente necessário para cada trabalhador;
d) O número de trabalhadores expostos, bem como d) Impedir que qualquer trabalhador não prote-
natureza, grau e tempo de exposição; gido permaneça na área afectada.
e) As medidas de prevenção tomadas e os equi-
pamentos de protecção utilizados.
Artigo 52.o
2 — O organismo do ministério responsável pela área Acesso às áreas de riscos
laboral competente em matéria de segurança, higiene
e saúde no trabalho e as autoridades de saúde têm acesso O empregador deve assegurar que o acesso às áreas
às informações referidas no número anterior, sempre onde decorrem actividades susceptíveis de exposição a
que o solicitem. agentes biológicos, físicos ou químicos que possam impli-
3 — O empregador deve ainda informar as entidades car riscos para o património genético seja limitado aos
mencionadas no número anterior, a pedido destas, sobre trabalhadores que nelas tenham de entrar por causa
o resultado de investigações que promova sobre a subs- das suas funções.
tituição e redução de agentes biológicos, físicos ou quí- Artigo 53.o
micos susceptíveis de implicar riscos para o património
Comunicação de acidente ou incidente
genético e a redução dos riscos de exposição.
4 — O empregador deve informar, no prazo de vinte O trabalhador deve comunicar imediatamente qual-
e quatro horas, o organismo do ministério responsável quer acidente ou incidente que envolva a manipulação
pela área laboral competente em matéria de segurança, de agentes biológicos, físicos ou químicos susceptíveis
higiene e saúde no trabalho e a Direcção-Geral da Saúde de implicar riscos para o património genético ao empre-
de qualquer acidente ou incidente que possa ter pro- gador e ao responsável pelos serviços de segurança,
vocado a disseminação de um agente susceptível de higiene e saúde no trabalho.
implicar riscos para o património genético.
Artigo 54.o
Artigo 50.o
Vigilância da saúde
Exposição previsível
1 — O empregador deve assegurar a vigilância da
Nas actividades em que seja previsível um aumento
saúde do trabalhador em relação ao qual o resultado
significativo de exposição, se for impossível a aplicação
da avaliação revele a existência de riscos, através de
de medidas técnicas preventivas suplementares para
exames de saúde de admissão, periódicos e ocasionais,
limitar a exposição, o empregador deve:
devendo os exames, em qualquer caso, ser realizados
a) Reduzir ao mínimo a exposição dos trabalha- antes da exposição aos riscos.
dores e assegurar a sua protecção durante a 2 — A vigilância da saúde deve permitir a aplicação
realização dessas actividades; de medidas de saúde individuais, dos princípios e prá-
b) Colocar à disposição dos trabalhadores vestuá- ticas da medicina do trabalho, de acordo com os conhe-
rio de protecção e equipamento individual de cimentos mais recentes, e incluir os seguintes pro-
protecção respiratória, a ser utilizado enquanto cedimentos:
durar a exposição;
c) Assegurar que a exposição de cada trabalhador a) Registo da história clínica e profissional de cada
não tenha carácter permanente e seja limitada trabalhador;
ao estritamente necessário; b) Avaliação individual do seu estado de saúde;
d) Delimitar e assinalar as zonas onde se realizam c) Vigilância biológica, sempre que necessária;
essas actividades; d) Rastreio de efeitos precoces e reversíveis.
e) Só permitir acesso às zonas onde se realizam
essas actividades a pessoas autorizadas. 3 — O empregador deve tomar, em relação a cada
trabalhador, as medidas preventivas ou de protecção
Artigo 51.o propostas pelo médico responsável pela vigilância da
saúde do trabalhador.
Exposição imprevisível 4 — Se um trabalhador sofrer de uma doença iden-
Nas situações imprevisíveis em que o trabalhador tificável ou um efeito nocivo que possa ter sido pro-
possa estar sujeito a uma exposição anormal a agentes vocado pela exposição a agentes biológicos, físicos ou
biológicos, físicos ou químicos susceptíveis de implicar químicos susceptíveis de implicar riscos para o patri-
riscos para o património genético, o empregador deve mónio genético, o empregador deve:
informar o trabalhador, os representantes dos trabalha- a) Assegurar a vigilância contínua da saúde do
dores para a segurança, higiene e saúde no trabalho trabalhador;
e tomar, até ao restabelecimento da situação normal, b) Repetir a avaliação dos riscos;
as seguintes medidas:
c) Rever as medidas tomadas para eliminar ou
a) Limitar o número de trabalhadores na zona reduzir os riscos, tendo em conta o parecer do
afectada aos indispensáveis à execução das repa- médico responsável pela vigilância da saúde do
rações e de outros trabalhos necessários; trabalhador e incluindo a possibilidade de afec-
b) Colocar à disposição dos trabalhadores referi- tar o trabalhador a outro posto de trabalho em
dos na alínea anterior vestuário de protecção que não haja riscos de exposição.
4820 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

5 — Nas situações referidas no número anterior, o 5 — A utilização de equipamento de protecção indi-


médico responsável pela vigilância da saúde do traba- vidual das vias respiratórias deve:
lhador pode exigir que se proceda à vigilância da saúde a) Ser limitada ao tempo mínimo necessário, não
de qualquer outro trabalhador que tenha estado sujeito podendo ultrapassar quatro horas diárias;
a exposição idêntica, devendo nestes casos ser repetida b) Tratando-se de aparelhos de protecção respi-
a avaliação dos riscos. ratória isolantes com pressão positiva, a sua uti-
6 — O trabalhador tem direito de conhecer os exames lização deve ser excepcional, por tempo não
e o resultado da vigilância da saúde que lhe digam res- superior a quatro horas diárias, as quais, se
peito e pode solicitar a revisão desse resultado. forem seguidas, devem ser intercaladas por uma
7 — O empregador deve informar o médico respon- pausa de, pelo menos, trinta minutos.
sável pela vigilância da saúde do trabalhador sobre a
natureza e, se possível, o grau das exposições ocorridas,
incluindo as exposições imprevisíveis. Artigo 56.o
8 — Devem ser prestados ao trabalhador informações Registo e arquivo de documentos
e conselho sobre a vigilância da saúde a que deve ser
submetido depois de terminar a exposição aos riscos. 1 — O empregador deve organizar registos de dados
e conservar arquivos actualizados sobre:
9 — O médico responsável pela vigilância da saúde
deve comunicar ao organismo do ministério responsável a) Os resultados da avaliação dos riscos a que se
pela área laboral competente em matéria de segurança, referem os artigos 46.o, 58.o e 60.o, bem como
higiene e saúde no trabalho os casos de cancro iden- os critérios e procedimentos da avaliação, os
tificados como resultantes da exposição a um agente métodos de medição, análises e ensaios uti-
biológico, físico ou químico susceptível de implicar riscos lizados;
para o património genético. b) A lista dos trabalhadores expostos a agentes bio-
lógicos, físicos ou químicos susceptíveis de
implicar riscos para o património genético, com
Artigo 55.o a indicação da natureza e, se possível, do agente
e do grau de exposição a que cada trabalhador
Higiene e protecção individual
esteve sujeito;
1 — Nas actividades susceptíveis de contaminação por c) Os registos de acidentes e incidentes.
agentes biológicos, físicos ou químicos que possam impli-
car riscos para o património genético, o empregador 2 — O médico responsável pela vigilância da saúde
deve: deve organizar registos de dados e conservar arquivo
actualizado sobre os resultados da vigilância da saúde
a) Impedir os trabalhadores de fumar, comer ou de cada trabalhador, com a indicação do respectivo posto
beber nas áreas de trabalho em que haja riscos de trabalho, dos exames médicos e complementares rea-
de contaminação; lizados e de outros elementos que considere úteis.
b) Fornecer vestuário de protecção adequado;
c) Assegurar que os equipamentos de protecção Artigo 57.o
são guardados em local apropriado, verificados Conservação de registos e arquivos
e limpos, se possível antes e, obrigatoriamente,
após cada utilização, bem como reparados ou 1 — Os registos e arquivos referidos no artigo anterior
substituídos se tiverem defeitos ou estiverem devem ser conservados durante, pelo menos, 40 anos
danificados; após ter terminado a exposição do trabalhador a que
d) Pôr à disposição dos trabalhadores instalações respeita.
sanitárias e vestiários adequados para a sua 2 — Se a empresa cessar a actividade, os registos e
higiene pessoal. arquivos devem ser transferidos para o organismo do
ministério responsável pela área laboral competente em
matéria de segurança, higiene e saúde no trabalho, que
2 — Em actividades em que são utilizados agentes assegura a sua confidencialidade.
biológicos susceptíveis de implicar riscos para o patri- 3 — Ao cessar o contrato de trabalho, o médico res-
mónio genético, o empregador deve: ponsável pela vigilância da saúde deve entregar ao tra-
a) Definir procedimentos para a recolha, manipu- balhador, a pedido deste, cópia da sua ficha clínica.
lação e tratamento de amostras de origem
humana ou animal; DIVISÃO V
b) Assegurar a existência de colírios e anti-sépticos Actividades condicionadas que envolvam
cutâneos em locais apropriados, quando se agentes biológicos condicionados
justificarem.
Artigo 58.o
3 — Antes de abandonar o local de trabalho, o tra- Avaliação dos riscos
balhador deve retirar o vestuário de trabalho e os equi-
pamentos de protecção individual que possam estar con- A avaliação dos riscos de exposição a agentes bio-
taminados e guardá-los em locais apropriados e sepa- lógicos susceptíveis de implicar riscos para o património
rados. genético deve, sem prejuízo do disposto no artigo 46.o,
4 — O empregador deve assegurar a descontamina- ter em conta todas as informações disponíveis, nomea-
ção, limpeza e, se necessário, destruição do vestuário damente:
e dos equipamentos de protecção individual referidos a) Os riscos suplementares que os agentes bioló-
no número anterior. gicos podem constituir para trabalhadores cuja
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4821

sensibilidade possa ser afectada, nomeadamente nas situações em que os resultados da vigilância da saúde
por doença anterior, medicação, deficiência o justifiquem.
imunitária, gravidez ou aleitamento; Artigo 61.o
b) As recomendações da Direcção-Geral da Saúde
sobre as medidas de controlo de agentes nocivos Medição da exposição
à saúde dos trabalhadores; 1 — O empregador deve proceder à medição da con-
c) As informações técnicas existentes sobre doen- centração de agentes químicos susceptíveis de implicar
ças relacionadas com a natureza do trabalho; riscos para o património genético, tendo em atenção
d) Os potenciais efeitos alérgicos ou tóxicos resul- os valores limite de exposição profissional constantes
tantes do trabalho; de legislação especial.
e) O conhecimento de doença verificada num tra- 2 — A medição referida no número anterior deve ser
balhador que esteja directamente relacionada periodicamente repetida, bem como se houver alteração
com o seu trabalho. das condições susceptíveis de se repercutirem na expo-
sição dos trabalhadores a agentes químicos que possam
Artigo 59.o implicar riscos para o património genético.
Vacinação dos trabalhadores
3 — O empregador deve tomar o mais rapidamente
possível as medidas de prevenção e protecção adequadas
1 — O empregador deve promover a informação do se o resultado das medições demonstrar que foi excedido
trabalhador que esteja ou possa estar exposto a agentes um valor limite de exposição profissional.
biológicos sobre as vantagens e inconvenientes da vaci-
nação e da sua falta. Artigo 62.o
2 — O médico responsável pela vigilância da saúde
deve determinar que o trabalhador não imunizado con- Operações específicas
tra os agentes biológicos a que esteja ou possa estar O empregador deve tomar as medidas técnicas e orga-
exposto seja sujeito a vacinação. nizativas adequadas à natureza da actividade, incluindo
3 — A vacinação deve respeitar as recomendações da armazenagem, manuseamento e separação de agentes
Direcção-Geral da Saúde, sendo anotada na ficha clínica químicos incompatíveis, pela seguinte ordem de prio-
do trabalhador e registada no seu boletim individual ridade:
de saúde.
a) Prevenir a presença de concentrações perigosas
DIVISÃO VI
de substâncias inflamáveis ou de quantidades
Actividades condicionadas que envolvam perigosas de substâncias quimicamente instá-
agentes químicos condicionados veis;
b) Se a natureza da actividade não permitir a apli-
Artigo 60.o cação do disposto na alínea anterior, evitar a
Avaliação dos riscos presença de fontes de ignição que possam pro-
vocar incêndios e explosões ou de condições
1 — Se a avaliação revelar a existência de agentes adversas que possam fazer que substâncias ou
químicos susceptíveis de implicar riscos para o patri- misturas de substâncias quimicamente instáveis
mónio genético, o empregador deve avaliar os riscos provoquem efeitos físicos nocivos;
para os trabalhadores tendo em conta, sem prejuízo do c) Atenuar os efeitos nocivos para a saúde dos
disposto no artigo 46.o, nomeadamente: trabalhadores no caso de incêndio ou explosão
a) As informações relativas à saúde constantes das resultante da ignição de substâncias inflamáveis
fichas de dados de segurança de acordo com ou os efeitos físicos nocivos provocados por
a legislação especial sobre classificação, emba- substâncias ou misturas de substâncias quimi-
lagem e rotulagem das substâncias e prepara- camente instáveis.
ções perigosas e outras informações suplemen-
tares necessárias à avaliação dos riscos forne- Artigo 63.o
cidas pelo fabricante, em especial a avaliação Acidentes, incidentes e situações de emergência
específica dos riscos para os utilizadores;
b) As condições de trabalho que impliquem a pre- 1 — O empregador deve dispor de um plano de acção,
sença desses agentes, incluindo a sua quan- em cuja elaboração e execução devem participar as enti-
tidade; dades competentes, com as medidas adequadas a aplicar
c) Os valores limite obrigatórios e os valores limite em situação de acidente, incidente ou de emergência
de exposição profissional com carácter indica- resultante da presença no local de trabalho de agentes
tivo estabelecidos em legislação especial. químicos susceptíveis de implicar riscos para o patri-
mónio genético.
2 — No caso em que for possível identificar a sus- 2 — O plano de acção referido no número anterior
ceptibilidade do trabalhador para determinado agente deve incluir a realização periódica de exercícios de segu-
químico a que seja exposto durante a actividade, deve rança e a disponibilização dos meios adequados de pri-
esta situação ser considerada na avaliação dos riscos, meiros socorros.
bem como para a necessidade da mudança do posto 3 — Se ocorrer alguma das situações referidas no
de trabalho. n.o 1, o empregador deve adoptar imediatamente as
3 — A avaliação dos riscos deve ser repetida sempre medidas adequadas, informar os trabalhadores envol-
que ocorram alterações significativas, nas situações em vidos e só permitir a presença na área afectada de tra-
que tenha sido ultrapassado um valor limite de exposição balhadores indispensáveis à execução das reparações ou
profissional obrigatório ou um valor limite biológico e outras operações estritamente necessárias.
4822 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

4 — Os trabalhadores autorizados a exercer tempo- SECÇÃO II


rariamente funções na área afectada, nos termos do
Licenças, dispensas e faltas
número anterior, devem utilizar vestuário de protecção,
equipamento de protecção individual e equipamento e
material de segurança específico adequados à situação. Artigo 67.o
5 — O empregador deve instalar sistemas de alarme Dever de informação
e outros sistemas de comunicação necessários para assi-
nalar os riscos acrescidos para a saúde, de modo a per- O empregador deve afixar na empresa, em local apro-
mitir a adopção de medidas imediatas adequadas, priado, a informação relativa aos direitos e deveres do
incluindo operações de socorro, evacuação e salva- trabalhador em matéria de maternidade e paternidade.
mento.
Artigo 64.o Artigo 68.o
Instalações e equipamentos de trabalho Licença por maternidade

O empregador deve assegurar que: 1 — A trabalhadora pode optar por uma licença por
maternidade superior em 25 % à prevista no n.o 1 do
a) Haja controlo suficiente de instalações, equi- artigo 35.o do Código do Trabalho, devendo o acréscimo
pamento e máquinas ou equipamentos de pre- ser gozado necessariamente a seguir ao parto, nos ter-
venção ou limitação dos efeitos de explosões mos da legislação da segurança social.
ou ainda que sejam adoptadas medidas imedia- 2 — A trabalhadora deve informar o empregador até
tas adequadas para reduzir a pressão de explo- sete dias após o parto de qual a modalidade de licença
são; por maternidade por que opta, presumindo-se, na falta
b) O conteúdo dos recipientes e canalizações uti- de declaração, que a licença tem a duração de 120 dias.
lizados por agentes químicos seja claramente 3 — O regime previsto nos artigos anteriores aplica-se
identificado de acordo com a legislação respei- ao pai que goze a licença por paternidade nos casos
tante à classificação, embalagem e rotulagem previstos nos n.os 2 e 4 do artigo 36.o do Código do
das substâncias e preparações perigosas e à sina- Trabalho.
lização de segurança no local de trabalho. 4 — A trabalhadora grávida que pretenda gozar parte
da licença por maternidade antes do parto, nos termos
Artigo 65.o do n.o 1 do artigo 35.o do Código do Trabalho, deve
informar o empregador e apresentar atestado médico
Informação sobre as medidas de emergência que indique a data previsível do mesmo.
1 — O empregador deve assegurar que as informa- 5 — A informação referida no número anterior deve
ções sobre as medidas de emergência respeitantes a ser prestada com a antecedência de 10 dias ou, em caso
agentes químicos susceptíveis de implicar riscos para de urgência comprovada pelo médico, logo que possível.
o património genético sejam prestadas aos serviços de 6 — Em caso de internamento hospitalar da mãe ou
segurança, higiene e saúde no trabalho, bem como a da criança durante o período de licença a seguir ao
outras entidades internas e externas que intervenham parto, nos termos do n.o 5 do artigo 35.o do Código
em situação de emergência ou acidente. do Trabalho, a contagem deste período é suspensa pelo
2 — As informações referidas no número anterior tempo de duração do internamento, mediante comu-
devem incluir: nicação ao respectivo empregador, acompanhada de
declaração emitida pelo estabelecimento hospitalar.
a) Avaliação prévia dos perigos da actividade exer- 7 — O disposto nos n.os 4 e 5 aplica-se também, nos
cida, os modos de os identificar, as precauções termos previstos no n.o 3 do artigo 35.o do Código do
e os procedimentos adequados para que os ser- Trabalho, em situação de risco clínico para a trabalha-
viços de emergência possam preparar os planos dora ou para o nascituro, impeditivo do exercício de
de intervenção e as medidas de precaução; funções, que seja distinto de risco específico de expo-
b) Informações disponíveis sobre os perigos espe- sição a agentes, processos ou condições de trabalho,
cíficos verificados ou que possam ocorrer num se o mesmo não puder ser evitado com o exercício de
acidente ou numa situação de emergência, outras tarefas compatíveis com o seu estado e categoria
incluindo as informações relativas aos procedi- profissional ou se o empregador não o possibilitar.
mentos previstos no artigo 63.o
Artigo 69.o
CAPÍTULO VI Licença por paternidade

Protecção da maternidade e da paternidade 1 — É obrigatório o gozo da licença por paternidade


prevista no n.o 1 do artigo 36.o do Código do Trabalho,
SECÇÃO I devendo o trabalhador informar o empregador com a
antecedência de cinco dias relativamente ao início do
Âmbito período, consecutivo ou interpolado, de licença ou, em
caso de urgência comprovada, logo que possível.
Artigo 66.o 2 — Para efeitos do gozo de licença em caso de inca-
Âmbito
pacidade física ou psíquica ou morte da mãe, nos termos
do n.o 2 do artigo 36.o do Código do Trabalho, o tra-
O presente capítulo regula o artigo 52.o do Código balhador deve, logo que possível, informar o empre-
do Trabalho. gador, apresentar certidão de óbito ou atestado médico
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4823

comprovativo e, sendo caso disso, declarar qual o parcial ou em períodos sucessivos, conforme decisão
período de licença por maternidade gozado pela mãe. conjunta.
3 — O trabalhador que pretenda gozar a licença por 5 — Em qualquer dos casos referidos no número ante-
paternidade, por decisão conjunta dos pais, deve infor- rior, o trabalhador deve:
mar o empregador com a antecedência de 10 dias e:
a) Apresentar documento de que conste a decisão
a) Apresentar documento de que conste a decisão conjunta;
conjunta; b) Declarar qual o período de licença gozado pelo
b) Declarar qual o período de licença por mater- seu cônjuge, sendo caso disso;
nidade gozado pela mãe, que não pode ser infe- c) Provar que o seu cônjuge informou o respectivo
rior a seis semanas a seguir ao parto; empregador da decisão conjunta.
c) Provar que o empregador da mãe foi informado
da decisão conjunta. 6 — Se o trabalhador falecer durante a licença, o côn-
juge sobrevivo que não seja adoptante tem direito a
licença correspondente ao período não gozado ou a um
Artigo 70.o mínimo de 14 dias se o adoptado viver consigo em comu-
Condições especiais de trabalho para assistência nhão de mesa e habitação.
a filho com deficiência ou doença crónica 7 — Em caso de internamento hospitalar do candi-
dato à adopção ou do adoptando, o período de licença
1 — Para efeitos do n.o 1 do artigo 37.o do Código é suspenso pelo tempo de duração do internamento,
do Trabalho, o trabalhador tem direito, nomeadamente, mediante comunicação daquele ao respectivo empre-
à redução de cinco horas do período normal de trabalho gador, acompanhada de declaração passada pelo esta-
semanal para assistência a filho até 1 ano de idade com belecimento hospitalar.
deficiência ou doença crónica se o outro progenitor exer- 8 — O trabalhador candidato a adoptante não tem
cer actividade profissional ou estiver impedido ou ini- direito a licença por adopção do filho do cônjuge ou
bido totalmente de exercer o poder paternal. de pessoa que com ele viva em união de facto.
2 — Se ambos os progenitores forem titulares do
direito, a redução do período normal de trabalho pode
ser utilizada por qualquer deles ou por ambos em perío- Artigo 72.o
dos sucessivos. Dispensa para consultas pré-natais
3 — O trabalhador deve comunicar ao empregador
que pretende reduzir o período normal de trabalho com 1 — Para efeitos do n.o 1 do artigo 39.o do Código
a antecedência de 10 dias, bem como: do Trabalho, a trabalhadora grávida deve, sempre que
possível, comparecer às consultas pré-natais fora do
a) Apresentar atestado médico comprovativo da horário de trabalho.
deficiência ou da doença crónica; 2 — Sempre que a consulta pré-natal só seja possível
b) Declarar que o outro progenitor tem actividade durante o horário de trabalho, o empregador pode exigir
profissional ou que está impedido ou inibido à trabalhadora a apresentação de prova desta circuns-
totalmente de exercer o poder paternal e, sendo tância e da realização da consulta ou declaração dos
caso disso, que não exerce ao mesmo tempo mesmos factos.
este direito. 3 — Para efeito dos números anteriores, a preparação
para o parto é equiparada a consulta pré-natal.
4 — O empregador deve adequar a redução do
período normal de trabalho tendo em conta a prefe- Artigo 73.o
rência do trabalhador, salvo se outra solução for imposta
por exigências imperiosas do funcionamento da Dispensas para amamentação e aleitação
empresa. 1 — Para efeitos do n.o 2 do artigo 39.o do Código
Artigo 71. o do Trabalho, a trabalhadora comunica ao empregador,
com a antecedência de 10 dias relativamente ao início
Licença por adopção da dispensa, que amamenta o filho, devendo apresentar
1 — O período de licença por adopção, previsto no atestado médico após o 1.o ano de vida do filho.
n.o 1 do artigo 38.o do Código do Trabalho, é acrescido, 2 — A dispensa para aleitação, prevista no n.o 3 do
no caso de adopções múltiplas, de 30 dias por cada artigo 39.o do Código do Trabalho, pode ser exercida
adopção além da primeira. pela mãe ou pelo pai trabalhador, ou por ambos, con-
2 — Quando a confiança administrativa consistir na forme decisão conjunta, devendo o beneficiário, em
confirmação da permanência do menor a cargo do adop- qualquer caso:
tante, este tem direito a licença desde que a data em a) Comunicar ao empregador que aleita o filho,
que o menor ficou de facto a seu cargo tenha ocorrido com a antecedência de 10 dias relativamente
há menos de 100 dias e até ao momento em que estes ao início da dispensa;
se completam. b) Apresentar documento de que conste a decisão
3 — O trabalhador candidato a adopção deve infor- conjunta;
mar o empregador do gozo da respectiva licença com c) Declarar qual o período de dispensa gozado
a antecedência de 10 dias ou, em caso de urgência com- pelo outro progenitor, sendo caso disso;
provada, logo que possível, fazendo prova da confiança d) Provar que o outro progenitor informou o res-
judicial ou administrativa do adoptando e da idade deste. pectivo empregador da decisão conjunta.
4 — No caso de os cônjuges candidatos à adopção
serem trabalhadores, o período de licença pode ser inte- 3 — A dispensa diária para amamentação ou aleitação
gralmente gozado por um deles ou por ambos, em tempo é gozada em dois períodos distintos, com a duração
4824 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

máxima de uma hora cada, salvo se outro regime for licença parental, ou os regimes alternativos de trabalho
acordado com o empregador. a tempo parcial ou de períodos intercalados de ambos,
4 — No caso de nascimentos múltiplos, a dispensa deve informar o empregador, por escrito, do início e
referida no número anterior é acrescida de mais trinta termo do período de licença, do trabalho a tempo parcial
minutos por cada gemelar além do primeiro. ou dos períodos intercalados pretendidos.
5 — Se a mãe ou o pai trabalhar a tempo parcial, 2 — Se ambos os progenitores pretenderem gozar
a dispensa diária para amamentação ou aleitação é redu- simultaneamente a licença e estiverem ao serviço do
zida na proporção do respectivo período normal de tra- mesmo empregador, este pode adiar a licença de um
balho, não podendo ser inferior a 30 minutos. deles com fundamento em exigências imperiosas ligadas
6 — Na situação referida no número anterior, a dis- ao funcionamento da empresa ou serviço e desde que
pensa diária é gozada em período não superior a uma seja fornecida por escrito a respectiva fundamentação.
hora e, sendo caso disso, num segundo período com
a duração remanescente, salvo se outro regime for acor-
dado com o empregador. Artigo 77.o
Licenças para assistência a filho ou adoptado
Artigo 74.o e pessoa com deficiência ou doença crónica

Faltas para assistência a filho menor, 1 — Para efeitos dos n.os 3 e 4 do artigo 43.o e do
com deficiência ou doença crónica n.o 1 do artigo 44.o do Código do Trabalho, o trabalhador
1 — Para efeitos de justificação das faltas a que se tem direito a licença especial para assistência a filho
referem os artigos 40.o e 42.o do Código do Trabalho, ou adoptado ou a licença para assistência a pessoa com
o empregador pode exigir ao trabalhador: deficiência ou doença crónica se o outro progenitor exer-
cer actividade profissional ou estiver impedido ou ini-
a) Prova do carácter inadiável e imprescindível da bido totalmente de exercer o poder paternal.
assistência; 2 — Se houver dois titulares, a licença pode ser
b) Declaração de que o outro progenitor tem acti- gozada por qualquer deles ou por ambos em períodos
vidade profissional e não faltou pelo mesmo sucessivos.
motivo ou está impossibilitado de prestar a 3 — O trabalhador deve informar o empregador, por
assistência. escrito e com a antecedência de 30 dias, do início e
termo do período em que pretende gozar a licença e
2 — Em caso de hospitalização, o empregador pode declarar que o outro progenitor tem actividade profis-
exigir declaração de internamento passada pelo esta- sional e não se encontra ao mesmo tempo em situação
belecimento hospitalar. de licença ou está impedido ou inibido totalmente de
exercer o poder paternal, que o filho faz parte do seu
Artigo 75.o agregado familiar e não está esgotado o período máximo
de duração da licença.
Faltas para assistência a netos 4 — Na falta de indicação em contrário por parte do
1 — Para efeitos do artigo 41.o do Código do Tra- trabalhador, a licença tem a duração de seis meses.
balho, o trabalhador que pretenda faltar ao trabalho 5 — O trabalhador deve comunicar ao empregador,
em caso de nascimento de netos que sejam filhos de por escrito e com a antecedência de 15 dias relativa-
adolescentes com idade inferior a 16 anos deve informar mente ao termo do período de licença, a sua intenção
o empregador com a antecedência de cinco dias, decla- de regressar ao trabalho, ou de a prorrogar, excepto
rando que: se o período máximo da licença entretanto se completar.
a) O neto vive consigo em comunhão de mesa e
habitação; SECÇÃO III
b) O neto é filho de adolescente com idade inferior Regimes de trabalho especiais
a 16 anos;
c) O cônjuge do trabalhador exerce actividade pro- Artigo 78.o
fissional ou se encontra física ou psiquicamente
impossibilitado de cuidar do neto ou não vive Trabalho a tempo parcial
em comunhão de mesa e habitação com este.
1 — Para efeitos dos n.os 1 e 2 do artigo 45.o do Código
do Trabalho, o direito a trabalhar a tempo parcial pode
2 — Se houver dois titulares do direito, estes podem ser exercido por qualquer dos progenitores, ou por
gozar apenas um período de faltas, integralmente por ambos em períodos sucessivos, depois da licença paren-
um deles, ou por ambos em tempo parcial ou em perío- tal, ou dos regimes alternativos de trabalho a tempo
dos sucessivos, conforme decisão conjunta. parcial ou de períodos intercalados de ambos.
3 — Nos casos referidos no número anterior, o titular 2 — Salvo acordo em contrário, o período normal de
que faltar ao trabalho deve apresentar ao empregador: trabalho a tempo parcial corresponde a metade do pra-
a) O documento de que conste a decisão conjunta; ticado a tempo completo numa situação comparável e
b) A prova de que o outro titular informou o res- é prestado diariamente, de manhã ou de tarde, ou em
pectivo empregador da decisão conjunta. três dias por semana, conforme o pedido do trabalhador.

Artigo 76.o Artigo 79.o


Licença parental Flexibilidade de horário
os o
1 — Para efeitos dos n. 1 e 2 do artigo 43. do Código 1 — Para efeitos dos n.os 1 e 2 do artigo 45.o do Código
do Trabalho, o pai ou a mãe que pretenda utilizar a do Trabalho, o direito a trabalhar com flexibilidade de
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4825

horário pode ser exercido por qualquer dos progenitores do mesmo, indicando o fundamento da intenção de
ou por ambos. recusa.
2 — Entende-se por flexibilidade de horário aquele 5 — O trabalhador pode apresentar uma apreciação
em que o trabalhador pode escolher, dentro de certos escrita do fundamento da intenção de recusa, no prazo
limites, as horas de início e termo do período normal de cinco dias contados a partir da sua recepção.
de trabalho diário. 6 — O empregador deve submeter o processo à apre-
3 — A flexibilidade de horário deve: ciação da entidade que tenha competência na área da
igualdade de oportunidades entre homens e mulheres,
a) Conter um ou dois períodos de presença obri-
nos cinco dias subsequentes ao fim do prazo para apre-
gatória, com duração igual a metade do período
ciação pelo trabalhador, acompanhado de cópia do
normal de trabalho diário;
pedido, do fundamento da intenção de o recusar e da
b) Indicar os períodos para início e termo do tra-
apreciação do trabalhador.
balho normal diário, cada um com duração não
7 — A entidade que tenha competência na área da
inferior a um terço do período normal de tra-
igualdade de oportunidades entre homens e mulheres
balho diário, podendo esta duração ser reduzida deve notificar o empregador e o trabalhador do seu
na medida do necessário para que o horário parecer, no prazo de 30 dias.
se contenha dentro do período de funciona- 8 — Se o parecer não for emitido no prazo referido
mento do estabelecimento; no número anterior, considera-se que é favorável à
c) Estabelecer um período para intervalo de des- intenção do empregador.
canso não superior a duas horas. 9 — Considera-se que o empregador aceita o pedido
do trabalhador nos seus precisos termos:
4 — O trabalhador que trabalhe em regime de fle-
xibilidade de horário pode efectuar até seis horas con- a) Se não comunicar a intenção de recusa no prazo
secutivas de trabalho e até dez horas de trabalho em de 20 dias após a recepção do pedido;
cada dia e deve cumprir o correspondente período nor- b) Se, tendo comunicado a intenção de recusar o
mal de trabalho semanal, em média de cada período pedido, não informar o trabalhador da decisão
de quatro semanas. sobre o mesmo nos cinco dias subsequentes à
5 — O regime de trabalho com flexibilidade de horá- notificação referida no n.o 7 ou, consoante o
rio referido nos números anteriores deve ser elaborado caso, no fim do prazo estabelecido nesse
pelo empregador. número;
c) Se não submeter o processo à apreciação da
Artigo 80.o entidade que tenha competência na área da
Autorização para trabalho a tempo parcial igualdade de oportunidades entre homens e
ou com flexibilidade de horário mulheres dentro do prazo previsto no n.o 6.
1 — Para efeitos do artigo 45.o do Código do Tra-
balho, o trabalhador que pretenda trabalhar a tempo Artigo 81.o
parcial ou com flexibilidade de horário deve solicitá-lo Prorrogação e cessação do trabalho a tempo parcial
ao empregador, por escrito, com a antecedência de
30 dias, com os seguintes elementos: 1 — A prestação de trabalho a tempo parcial pode
ser prorrogada até ao máximo de dois anos ou de três
a) Indicação do prazo previsto, até ao máximo de anos, no caso de terceiro filho ou mais, ou ainda quatro
dois anos, ou de três anos no caso de três filhos anos no caso de filho com deficiência ou doença crónica,
ou mais; sendo aplicável à prorrogação o disposto para o pedido
b) Declaração de que o menor faz parte do seu inicial.
agregado familiar, que o outro progenitor não 2 — A prestação de trabalho a tempo parcial cessa
se encontra ao mesmo tempo em situação de no termo do período para que foi concedida ou no da
trabalho a tempo parcial, que não está esgotado sua prorrogação, retomando o trabalhador a prestação
o período máximo de duração deste regime de de trabalho a tempo completo.
trabalho ou, no caso de flexibilidade de horário,
que o outro progenitor tem actividade profis-
sional ou está impedido ou inibido totalmente Artigo 82.o
de exercer o poder paternal; Efeitos da redução do período normal de trabalho
c) A repartição semanal do período de trabalho
pretendida, no caso de trabalho a tempo parcial. 1 — A redução do período normal de trabalho pre-
vista no n.o 1 do artigo 70.o não implica diminuição
2 — O empregador apenas pode recusar o pedido com de direitos consagrados na lei, salvo o disposto no
fundamento em exigências imperiosas ligadas ao fun- número seguinte.
cionamento da empresa ou serviço, ou à impossibilidade 2 — As horas de redução do período normal de tra-
de substituir o trabalhador se este for indispensável, balho só são retribuídas na medida em que, em cada
carecendo sempre a recusa de parecer prévio favorável ano, excedam o número correspondente aos dias de fal-
da entidade que tenha competência na área da igualdade tas não retribuídas previstas no n.o 2 do artigo 232.o
de oportunidades entre homens e mulheres. do Código do Trabalho.
3 — Se o parecer referido no número anterior for
desfavorável, o empregador só pode recusar o pedido Artigo 83.o
após decisão judicial que reconheça a existência de Dispensa de trabalho nocturno
motivo justificativo.
4 — O empregador deve informar o trabalhador, por 1 — Para efeitos do artigo 47.o do Código do Tra-
escrito, no prazo de 20 dias contados a partir da recepção balho, a trabalhadora grávida, puérpera ou lactante que
4826 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

pretenda ser dispensada de prestar trabalho nocturno Artigo 87.o


deve informar o empregador e apresentar atestado Agentes químicos
médico, nos casos em que este seja legalmente exigido,
com a antecedência de 10 dias. São condicionadas à trabalhadora grávida, puérpera
2 — Em situação de urgência comprovada pelo ou lactante as actividades em que exista ou possa existir
médico, a informação referida no número anterior pode o risco de exposição a:
ser feita independentemente do prazo. a) Substâncias químicas e preparações perigosas
3 — Sem prejuízo do disposto nos números anterio- qualificadas com uma ou mais das frases de risco
res, a dispensa da prestação de trabalho nocturno deve seguintes: «R40 — possibilidade de efeitos irre-
ser determinada por médico do trabalho sempre que versíveis», «R45 — pode causar cancro», «R49
este, no âmbito da vigilância da saúde dos trabalhadores, pode causar cancro por inalação» e
identificar qualquer risco para a trabalhadora grávida, «R63 — possíveis riscos durante a gravidez de
puérpera ou lactante. efeitos indesejáveis na descendência», nos ter-
mos da legislação sobre a classificação, emba-
lagem e rotulagem das substâncias e prepara-
SECÇÃO IV ções perigosas;
b) Auramina;
Actividades condicionadas ou proibidas c) Mercúrio e seus derivados;
d) Medicamentos antimitóticos;
e) Monóxido de carbono;
SUBSECÇÃO I f) Agentes químicos perigosos de penetração cutâ-
nea formal;
Actividades condicionadas à trabalhadora grávida, g) Substâncias ou preparações que se libertem nos
puérpera ou lactante processos industriais referidos no artigo seguinte.

Artigo 84.o Artigo 88.o


Actividades condicionadas Processos industriais e condições de trabalho

São condicionadas à trabalhadora grávida, puérpera


Para efeitos dos n.os 2 e 6 do artigo 49.o do Código ou lactante as actividades em locais de trabalho onde
do Trabalho, são condicionadas à trabalhadora grávida, decorram ou possam decorrer os seguintes processos
puérpera ou lactante as actividades referidas nos arti- industriais:
gos 85.o a 88.o
a) Fabrico de auramina;
Artigo 85.o b) Trabalhos susceptíveis de provocarem a expo-
sição a hidrocarbonetos policíclicos aromáticos
Agentes físicos presentes nomeadamente na fuligem, no alca-
trão, no pez, nos fumos ou nas poeiras de hulha;
São condicionadas à trabalhadora grávida, puérpera c) Trabalhos susceptíveis de provocarem a expo-
ou lactante as actividades que envolvam a exposição sição a poeiras, fumos ou névoas produzidos
a agentes físicos susceptíveis de provocar lesões fetais durante a calcinação e electrorrefinação de
ou o desprendimento da placenta, nomeadamente: mates de níquel;
d) Processo de ácido forte durante o fabrico de
a) Choques, vibrações mecânicas ou movimentos; álcool isopropílico;
b) Movimentação manual de cargas que compor- e) Trabalhos susceptíveis de provocarem a expo-
tem riscos, nomeadamente dorso-lombares, ou sição a poeiras de madeiras de folhosas.
cujo peso exceda 10 kg;
c) Ruído; SUBSECÇÃO II
d) Radiações não ionizantes; Actividades proibidas a trabalhadora grávida
e) Temperaturas extremas, de frio ou de calor;
f) Movimentos e posturas, deslocações quer no Artigo 89.o
interior quer no exterior do estabelecimento,
Actividades proibidas
fadiga mental e física e outras sobrecargas físicas
ligadas à actividade exercida. Para efeitos do n.o 5 do artigo 49.o do Código do
Trabalho, são proibidas à trabalhadora grávida as acti-
vidades referidas nos artigos 90.o a 93.o
Artigo 86.o
Agentes biológicos Artigo 90.o
Agentes físicos
São condicionadas à trabalhadora grávida, puérpera
ou lactante todas as actividades em que possa existir É proibida à trabalhadora grávida a realização de
o risco de exposição a agentes biológicos classificados actividades em que esteja, ou possa estar, exposta aos
nos grupos de risco 2, 3, e 4, de acordo com a legislação seguintes agentes físicos:
relativa às prescrições mínimas de protecção da segu- a) Radiações ionizantes;
rança e saúde dos trabalhadores contra os riscos da expo- b) Atmosferas com sobrepressão elevada, nomea-
sição a agentes biológicos durante o trabalho que não damente câmaras hiperbáricas ou de mergulho
sejam mencionados no artigo 91.o submarino.
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4827

Artigo 91.o SECÇÃO V

Agentes biológicos Protecção no trabalho e no despedimento

É proibida à trabalhadora grávida a realização de Artigo 96.o


qualquer actividade em que possa estar em contacto Protecção no trabalho
com vectores de transmissão do toxoplasma e com o
vírus da rubéola, salvo se existirem provas de que a O trabalhador, após terminar qualquer situação de
trabalhadora grávida possui anticorpos ou imunidade licença, faltas, dispensa ou regime de trabalho especial
a esses agentes e se encontra suficientemente protegida. regulado no presente capítulo tem direito a retomar
a actividade contratada.
Artigo 92.o
Artigo 97.o
Agentes químicos
Efeitos das licenças
É proibida à trabalhadora grávida a realização de 1 — O gozo das licenças por maternidade e pater-
qualquer actividade em que possa estar em contacto nidade não afecta o aumento da duração do período
com: de férias previsto no n.o 3 do artigo 213.o do Código
a) As substâncias químicas perigosas, qualificadas do Trabalho.
com uma ou mais frases de risco seguintes: 2 — A licença parental, a licença especial para assis-
«R46 — pode causar alterações genéticas here- tência a filho e a licença para assistência a pessoa com
ditárias», «R61 — risco durante a gravidez com deficiência ou doença crónica, previstas nos artigos 43.o
efeitos adversos na descendência» e e 44.o do Código do Trabalho:
«R64 — pode causar dano nas crianças alimen- a) Suspendem-se por doença do trabalhador, se
tadas com leite materno», nos termos da legis- este informar o empregador e apresentar ates-
lação sobre a classificação, embalagem e rotu- tado médico comprovativo, e prosseguem logo
lagem das substâncias e preparações perigosas; após a cessação desse impedimento;
b) O chumbo e seus compostos na medida em que b) Não podem ser suspensas por conveniência do
esses agentes podem ser absorvidos pelo orga- empregador;
nismo humano. c) Terminam em caso do falecimento do filho, que
deve ser comunicado ao empregador no prazo
Artigo 93.o de cinco dias.

Condições de trabalho 3 — No caso previsto na alínea c) do número anterior,


o trabalhador retoma a actividade contratada na pri-
É proibida à trabalhadora grávida a prestação de tra- meira vaga que ocorrer na empresa ou, se esta entretanto
balho subterrâneo em minas. se não verificar, no termo do período previsto para a
licença.
4 — Terminadas as licenças referidas no n.o 2, o tra-
SUBSECÇÃO III balhador deve apresentar-se ao empregador para reto-
Actividades proibidas à trabalhadora lactante mar a actividade contratada, sob pena de incorrer em
faltas injustificadas.
Artigo 94.o
Artigo 98.o
Agentes e condições de trabalho
Protecção no despedimento
É proibida à trabalhadora lactante a realização de 1 — Para efeitos do artigo 51.o do Código do Tra-
qualquer actividade que envolva a exposição aos seguin- balho, o empregador deve remeter cópia do processo
tes agentes físicos e químicos: à entidade que tenha competência na área da igualdade
a) Radiações ionizantes; de oportunidade entre homens e mulheres, nos seguintes
b) Substâncias químicas qualificadas com a frase momentos previstos naquele diploma:
de risco «R64 — pode causar dano nas crianças a) Depois das diligências probatórias referidas no
alimentadas com leite materno», nos termos da n.o 3 do artigo 414.o ou no n.o 2 do artigo 418.o,
legislação sobre a classificação, embalagem e no despedimento por facto imputável ao tra-
rotulagem das substâncias e preparações peri- balhador;
gosas; b) Depois da fase de informações e negociações
c) Chumbo e seus compostos na medida em que prevista no artigo 420.o, no despedimento colec-
esses agentes podem ser absorvidos pelo orga- tivo;
nismo humano. c) Depois das consultas referidas nos n.os 1 e 2
do artigo 424.o, no despedimento por extinção
de posto de trabalho;
Artigo 95.o
d) Depois das consultas referidas no artigo 427.o,
Condições de trabalho no despedimento por inadaptação.

É proibida à trabalhadora lactante a prestação de 2 — A exigência de parecer prévio da entidade que


trabalho subterrâneo em minas. tenha competência na área da igualdade de oportuni-
4828 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

dades entre homens e mulheres considera-se verificada, e) Faltas para assistência a filho menor ou pessoa
e em sentido favorável ao despedimento, se a mesma com deficiência ou doença crónica;
não se pronunciar no prazo de 30 dias a contar da recep- f) Licença especial para assistência a filho, incluindo
ção da cópia do processo. pessoa com deficiência ou doença crónica;
3 — A acção judicial a que se refere o n.o 5 do g) Faltas para assistência a neto;
artigo 51.o do Código do Trabalho deve ser intentada h) Condições especiais de trabalho para assistência
nos 30 dias subsequentes à notificação do parecer prévio a filho com deficiência ou doença crónica;
desfavorável ao despedimento emitido pela entidade i) Trabalho a tempo parcial para assistência a
que tenha competência na área da igualdade de opor- filho;
tunidades entre homens e mulheres. j) Trabalho em regime de flexibilidade de horário
4 — O pai tem direito, durante o gozo da licença por para assistência a filho.
paternidade, à mesma protecção no despedimento de
trabalhadora grávida, puérpera ou lactante.
Artigo 101.o
SECÇÃO VI Regime das licenças, dispensas e faltas
Disposições comuns
1 — As licenças, dispensas e faltas previstas no
Artigo 99.o artigo 41.o e nos n.os 1 e 2 do artigo 43.o do Código
do Trabalho não determinam perda de quaisquer direi-
Extensão de direitos atribuídos aos progenitores
tos, sendo consideradas como prestação efectiva de ser-
1 — O adoptante, o tutor ou a pessoa a quem for viço para todos os efeitos, salvo quanto à retribuição.
deferida a confiança judicial ou administrativa do menor, 2 — As licenças por maternidade, paternidade, adop-
bem como o cônjuge ou a pessoa em união de facto ção e a licença parental:
com qualquer daqueles ou com o progenitor, desde que
viva em comunhão de mesa e habitação com o menor, a) Suspendem o gozo das férias, devendo os res-
beneficia dos seguintes direitos: tantes dias ser gozados após o seu termo, mesmo
que tal se verifique no ano seguinte;
a) Dispensa para aleitação; b) Não prejudicam o tempo já decorrido de qual-
b) Licença especial para assistência a filho e licença quer estágio ou curso de formação, sem prejuízo
para assistência a pessoa com deficiência ou de o trabalhador cumprir o período em falta
doença crónica;
para o completar;
c) Faltas para assistência a filho menor, ou pessoa
com deficiência ou doença crónica; c) Adiam a prestação de provas para progressão
d) Condições especiais de trabalho para assistência na carreira profissional, as quais devem ter lugar
a filho com deficiência ou doença crónica; após o termo da licença.
e) Trabalho a tempo parcial;
f) Trabalho em regime de flexibilidade de horário. 3 — As licenças, dispensas e faltas previstas no n.o 1
não são cumuláveis com outras similares consagradas
2 — O adoptante e o tutor do menor beneficiam do em lei ou instrumento de regulamentação colectiva de
direito a licença parental ou a regimes alternativos de trabalho.
trabalho a tempo parcial ou de períodos intercalados 4 — As licenças previstas nos n.os 3, 4 e 5 do artigo 43.o
de ambos. e no artigo 44.o do Código do Trabalho suspendem os
3 — O regime de faltas para assistência a netos, pre- direitos, deveres e garantias das partes na medida em
visto no artigo 41.o do Código do Trabalho, é aplicável que pressuponham a efectiva prestação de trabalho,
ao tutor do adolescente, a trabalhador a quem tenha designadamente a retribuição, mas não prejudicam a
sido deferida a confiança judicial ou administrativa do atribuição dos benefícios de assistência médica e medi-
mesmo, bem como ao seu cônjuge ou pessoa em união camentosa a que o trabalhador tenha direito.
de facto. 5 — Durante as licenças previstas nos artigos 43.o e
4 — Sempre que qualquer dos direitos referidos nos 44.o do Código do Trabalho, o trabalhador tem direito
n.os 1 e 3 depender de uma relação de tutela ou confiança a aceder à informação periódica emitida pelo empre-
judicial ou administrativa do menor, o respectivo titular gador para o conjunto dos trabalhadores.
deve, para que o possa exercer, mencionar essa qua-
lidade ao empregador.
Artigo 102.o
Artigo 100.o Incompatibilidades
Condição de exercício do poder paternal
Durante o período de licença parental ou dos regimes
O trabalhador não deve estar impedido ou inibido alternativos de trabalho a tempo parcial ou de períodos
totalmente de exercer o poder paternal para que possa intercalados de ambos, de licença especial para assis-
exercer os seguintes direitos: tência a filho ou de licença para assistência a pessoa
a) Licença por paternidade; com deficiência ou doença crónica, ou ainda durante
b) Licença por adopção; o período de trabalho a tempo parcial para assistência
c) Dispensa para aleitação; a filho, o trabalhador não pode exercer outra actividade
d) Licença parental, ou os regimes alternativos de incompatível com a respectiva finalidade, nomeada-
trabalho a tempo parcial ou de períodos inter- mente trabalho subordinado ou prestação continuada
calados de ambos; de serviços fora da sua residência habitual.
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4829

SECÇÃO VII de qualquer das licenças referidas no n.o 1 é transferido


para o termo da mesma, produzindo todos os efeitos,
Regime de segurança social
designadamente antiguidade e retribuição, a partir da
Artigo 103.o data da publicação do respectivo despacho de nomeação.
Subsídio
Artigo 108.o
1 — Durante as licenças, faltas e dispensas referidas Efeitos das licenças parental, especial para assistência a filho ou
nos artigos 35.o, 36.o, 38.o e 40.o, no n.o 3 do artigo 47.o adoptado e especial para assistência a pessoa com deficiência ou
e na alínea c) do n.o 4 do artigo 49.o do Código do com doença crónica.
Trabalho, bem como no artigo 68.o, o trabalhador tem
direito a um subsídio, nos termos da legislação da segu- As licenças especiais previstas nos artigos 43.o e 44.o
rança social. do Código do Trabalho são consideradas para efeitos
2 — O disposto no número anterior é ainda aplicável de aposentação, pensão de sobrevivência e atribuição
aos primeiros 15 dias, ou período equivalente, da licença dos benefícios da Assistência na Doença aos Servidores
parental gozada pelo pai, desde que sejam imediata- do Estado (ADSE).
mente subsequentes à licença por maternidade ou por
paternidade. Artigo 109.o
3 — No caso de trabalhadora lactante dispensada do Efeitos das dispensas e faltas
trabalho, nos termos do n.o 3 do artigo 47.o ou da alí-
nea c) do n.o 4 do artigo 49.o do Código do Trabalho, 1 — As dispensas referidas no artigo 39.o, no n.o 3
o direito referido no n.o 1 mantém-se até um ano após do artigo 47.o e na alínea c) do n.o 4 do artigo 49.o
o parto. do Código do Trabalho são consideradas como pres-
tação efectiva de serviço para todos os efeitos, nomea-
Artigo 104.o damente quanto à remuneração e ao desconto de tempo
Subsídio em caso de faltas para assistência a menores para qualquer efeito.
2 — As faltas previstas nos artigos 40.o e 42.o do
Em caso de faltas para assistência a menores, nos Código do Trabalho contam para antiguidade na car-
termos do artigo 40.o do Código do Trabalho, o tra- reira e categoria.
balhador tem direito a um subsídio nos termos da legis- 3 — Às faltas previstas no artigo 41.o do Código do
lação da segurança social. Trabalho aplica-se, com as necessárias adaptações, o
disposto no artigo 107.o
Artigo 105.o 4 — A justificação e o controlo das faltas previstas
Relevância para acesso a prestações de segurança social no n.o 2 são feitos em termos idênticos ao estabelecido
na lei para as faltas por doença do trabalhador.
Os períodos de licença previstos nos artigos 43.o e 5 — O documento médico comprovativo da doença
44.o do Código do Trabalho são tomados em conta para do familiar deve mencionar expressamente que o doente
o cálculo das prestações devidas pelos regimes de pro- necessita de acompanhamento ou assistência perma-
tecção social em caso de invalidez ou velhice. nente, com carácter inadiável e imprescindível.
6 — O documento referido no número anterior deve
Artigo 106.o ser acompanhado de declaração do trabalhador da qual
conste que ele é o familiar em melhores condições para
Subsídio em caso de licença especial para assistência
a pessoa com deficiência ou doença crónica a prestação do acompanhamento ou assistência e a indi-
cação da sua ligação familiar com o doente.
Durante a licença prevista no artigo 44.o do Código 7 — A contagem das faltas para assistência a menores
do Trabalho, o trabalhador tem direito a um subsídio é suspensa nos casos previstos no n.o 2 do artigo 40.o
para assistência a deficientes profundos e doentes cró- do Código do Trabalho e retomada após a alta do
nicos, nos termos da legislação da segurança social. internamento.
SUBSECÇÃO II
SECÇÃO VIII
Regime de trabalho especial na Administração Pública
Administração Pública
Artigo 110.o
SUBSECÇÃO I
Faltas para assistência a membros do agregado familiar
Licenças, dispensas e faltas
1 — O trabalhador tem direito a faltar ao trabalho
Artigo 107.o até 15 dias por ano para prestar assistência inadiável
Efeitos das licenças por maternidade, paternidade e adopção
e imprescindível em caso de doença ou acidente ao côn-
juge, parente ou afim na linha recta ascendente ou no
1 — As licenças por maternidade, por paternidade e 2.o grau da linha colateral, filho, adoptado ou enteado
por adopção a que se referem os artigos 35.o, 36.o e com mais de 10 anos de idade.
38.o do Código do Trabalho não determinam a perda 2 — Aos 15 dias previstos no número anterior acresce
de quaisquer direitos, sendo consideradas como pres- um dia por cada filho, adoptado ou enteado além do
tação efectiva de serviço para todos os efeitos, desig- primeiro.
nadamente de antiguidade e abono de subsídio de 3 — O disposto nos números anteriores é aplicável
refeição. aos trabalhadores a quem tenha sido deferida a tutela
2 — O acto de aceitação de nomeação ou posse de de outra pessoa ou confiada a guarda de menor com
um lugar ou cargo que deva ocorrer durante o período mais de 10 anos por decisão judicial ou administrativa.
4830 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

4 — Para justificação de faltas, o empregador pode parental gozada pelo pai, desde que sejam imediata-
exigir ao trabalhador: mente subsequentes à licença por maternidade ou por
paternidade.
a) Prova do carácter inadiável e imprescindível da 3 — O gozo das licenças parental e especial previstas
assistência; no artigo 43.o do Código do Trabalho não confere direito
b) Declaração de que os outros membros do agre- à retribuição ou a subsídio substitutivo, com excepção
gado familiar, caso exerçam actividade profis- do disposto no número anterior.
sional, não faltaram pelo mesmo motivo ou 4 — No caso de trabalhadora lactante dispensada do
estão impossibilitados de prestar a assistência. trabalho, nos termos do n.o 3 do artigo 47.o ou da alí-
nea c) do n.o 4 do artigo 49.o do Código do Trabalho,
5 — Às situações previstas nos números anteriores os direitos referidos no n.o 1 mantêm-se até um ano
após o parto.
aplicam-se os n.os 2 e 4 do artigo 109.o
5 — As faltas referidas nos artigos 40.o e 42.o do
Código do Trabalho conferem direito à retribuição,
Artigo 111.o entrando no cômputo das que podem implicar o des-
conto da retribuição de exercício.
Trabalho a tempo parcial e flexibilidade de horário

1 — Os regimes de trabalho a tempo parcial e de Artigo 113.o


flexibilidade de horário previstos no artigo 45.o do Subsídio de refeição
Código do Trabalho são regulados pela legislação rela-
tiva à duração e horário de trabalho na Administração 1 — O direito ao subsídio de refeição é mantido em
Pública. todas as situações previstas nos artigos 35.o, 36.o, 38.o,
2 — O regime de trabalho a tempo parcial e os horá- 39.o e 41.o, no n.o 3 do artigo 47.o e na alínea c) do
rios específicos, com a necessária flexibilidade e sem n.o 4 do artigo 49.o do Código do Trabalho.
prejuízo do cumprimento da duração semanal do horário 2 — O direito referido no número anterior man-
de trabalho a que se refere o artigo 45.o do Código tém-se, ainda, na situação do n.o 2 do artigo anterior.
do Trabalho, são aplicados a requerimento dos inte- 3 — As faltas referidas nos artigos 40.o e 42.o do
ressados, de forma a não perturbar o normal funcio- Código do Trabalho implicam a perda do subsídio de
namento dos serviços, mediante acordo entre o dirigente refeição.
e o trabalhador, com observância do previsto na lei geral
em matéria de duração e modalidades de horário de CAPÍTULO VII
trabalho para os funcionários e agentes da Adminis-
tração Pública. Trabalho de menores
3 — Sempre que o número de pretensões para uti-
lização das facilidades de horários se revelar manifesta SECÇÃO I
e comprovadamente comprometedora do normal fun-
cionamento dos serviços e organismos, são fixados, pelo Âmbito
processo previsto no número anterior, o número e as
condições em que são deferidas as pretensões apre- Artigo 114.o
sentadas.
4 — Quando não seja possível a aplicação do disposto Âmbito
nos números anteriores, o trabalhador é dispensado por
uma só vez ou interpoladamente em cada semana, em 1 — O presente capítulo regula:
termos idênticos ao previsto na lei para a frequência a) Os trabalhos leves prestados por menor com
de aulas no regime do trabalhador-estudante. idade inferior a 16 anos que tenha concluído
5 — A dispensa para amamentação ou aleitação, pre- a escolaridade obrigatória, a que se refere o
vista no artigo 39.o do Código do Trabalho, pode ser n.o 3 do artigo 55.o do Código do Trabalho;
acumulada com a jornada contínua e o horário de tra- b) A formação de menor admitido ao trabalho que
balhador-estudante, não podendo implicar no total uma não tenha concluído a escolaridade obrigatória
redução superior a duas horas diárias. ou não tenha qualificação profissional, nos ter-
mos do n.o 1 do artigo 56.o e do artigo 57.o
Artigo 112.o do Código do Trabalho;
c) Os incentivos e apoios financeiros à formação
Retribuição profissional dos menores previstos no artigo 57.o
do Código do Trabalho;
1 — Durante as licenças, faltas e dispensas referidas d) Os trabalhos proibidos ou condicionados a
nos artigos 35.o, 36.o, 38.o e 41.o, no n.o 3 do artigo 47.o menores previstos no n.o 2 do artigo 60.o do
e na alínea c) do n.o 4 do artigo 49.o do Código do Código do Trabalho;
Trabalho, o trabalhador abrangido pelo regime de pro- e) A bolsa para compensação da perda de retri-
tecção social da função pública mantém o direito à retri- buição, nos termos do n.o 2 do artigo 61.o do
buição, incluindo os suplementos de carácter perma- Código do Trabalho.
nente sobre os quais incidam descontos para a Caixa
Geral de Aposentações. 2 — Os artigos 127.o a 136.o aplicam-se à formação
2 — O disposto no número anterior é ainda aplicável de menor que não tenha concluído a escolaridade obri-
aos primeiros 15 dias, ou período equivalente, da licença gatória ou não tenha qualificação profissional.
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4831

SECÇÃO II c) Cloropromazina;
d) Tolueno e xileno;
Trabalhos leves e trabalhos proibidos ou condicionados a menor
e) Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos presen-
tes na fuligem, no alcatrão ou pez da hulha.
SUBSECÇÃO I
Trabalhos leves 2 — São proibidas ao menor as actividades em que
haja risco de exposição a substâncias e preparações que,
Artigo 115.o nos termos da legislação aplicável sobre classificação,
embalagem e rotulagem das substâncias e preparações
Trabalhos leves prestados por menor com idade inferior a 16 anos perigosas, sejam classificadas como tóxicas (T), muito
1 — Para efeitos do n.o 3 do artigo 55.o do Código tóxicas (T+), corrosivas (C) ou explosivas (E).
do Trabalho, consideram-se trabalhos leves os que con- 3 — São proibidas ao menor as actividades em que
sistem em tarefas simples e definidas que não exijam haja risco de exposição a substâncias e preparações que,
esforços físicos ou mentais susceptíveis de pôr em risco nos termos da legislação aplicável sobre classificação,
a integridade física, a saúde e o desenvolvimento físico, embalagem e rotulagem das substâncias e preparações
psíquico e moral do menor. perigosas, sejam classificadas como nocivas (Xn) e qua-
2 — Em empresa familiar, o menor com idade inferior lificadas por uma ou mais das seguintes frases de risco:
a 16 anos deve trabalhar sob a vigilância e direcção
de um membro do agregado familiar maior de idade. a) «R39 — perigo de efeitos irreversíveis muito
3 — São proibidos a menor com idade inferior a 16 graves»;
anos as actividades e os trabalhos a que se referem os b) «R40 — possibilidade de efeitos irreversíveis»;
artigos 122.o a 126.o c) «R42 — pode causar sensibilização por inala-
ção»;
d) «R43 — pode causar sensibilização por contacto
SUBSECÇÃO II com a pele»;
Actividades, processos e condições de trabalho proibidos a menor e) «R45 — pode causar cancro»;
f) «R46 — pode causar alterações genéticas here-
Artigo 116.o ditárias»;
Actividades
g) «R48 — riscos de efeitos graves para a saúde
em caso de exposição prolongada»;
São proibidas ao menor as seguintes actividades: h) «R60 — pode comprometer a fertilidade»;
a) Fabrico de auramina; i) «R61 — risco durante a gravidez, com efeitos
b) Abate industrial de animais. adversos na descendência».

4 — São proibidas ao menor as actividades em que


Artigo 117.o haja risco de exposição a substâncias e preparações que,
Agentes físicos nos termos da legislação aplicável sobre classificação,
embalagem e rotulagem das substâncias e preparações
São proibidas ao menor as actividades em que haja perigosas, sejam classificadas como irritantes (Xi) e qua-
risco de exposição aos seguintes agentes físicos: lificadas por uma ou mais das seguintes frases de risco:
a) Radiações ionizantes; a) «R12 — extremamente inflamável»;
b) Atmosferas de sobrepressão elevada, nomeada-
mente em câmaras hiperbáricas e de mergulho b) «R42 — pode causar sensibilização por inala-
submarino; ção»;
c) Poeiras, fumos ou névoas produzidos durante c) «R43 — pode causar sensibilização em contacto
a calcinação e electrorrefinação de mates de com a pele».
níquel;
d) Contacto com energia eléctrica de alta tensão. Artigo 120.o
Processos
Artigo 118.o
São proibidas ao menor as actividades em que haja
Agentes biológicos
risco de exposição aos seguintes processos:
São proibidas ao menor as actividades em que haja a) Processo do ácido forte durante o fabrico do
risco de exposição a agentes biológicos classificados nos álcool isopropílico;
grupos de risco 3 e 4, de acordo com a legislação relativa
b) Fabrico e manipulação de engenhos, artifícios
às prescrições mínimas de protecção da segurança e
saúde dos trabalhadores contra os riscos da exposição ou objectos que contenham explosivos.
a agentes biológicos durante o trabalho.
Artigo 121.o
Artigo 119.o Condições de trabalho
Agentes, substâncias e preparações químicos 1 — São proibidas ao menor as actividades cuja rea-
1 — São proibidas ao menor as actividades em que lização esteja sujeita às seguintes condições de trabalho:
haja risco de exposição aos seguintes agentes químicos: a) Com risco de desabamento;
a) Amianto; b) Que impliquem a manipulação de aparelhos de
b) Chumbo e seus compostos iónicos, na medida produção, de armazenamento ou de utilização
em que estes agentes sejam susceptíveis de ser de gases comprimidos, liquefeitos ou dissol-
absorvidos pelo organismo humano; vidos;
4832 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

c) Que impliquem a utilização de cubas, tanques, e 2, de acordo com a legislação relativa às prescrições
reservatórios, garrafas ou botijas que conte- mínimas de protecção da segurança e saúde dos tra-
nham agentes, substâncias ou preparações quí- balhadores contra os riscos da exposição a agentes bio-
micos referidos no artigo 119.o; lógicos durante o trabalho.
d) Que impliquem a condução ou operação de veí-
culos de transporte, tractores, empilhadores e
máquinas de terraplanagem; Artigo 125.o
e) Que impliquem a libertação de poeiras de sílica
Agentes químicos
livre, nomeadamente na projecção de jactos de
areia;
f) Que impliquem o vazamento de metais em Só podem ser realizadas por menor com idade igual
fusão; ou superior a 16 anos as actividades em que haja risco
g) Que impliquem operações de sopro de vidro; de exposição aos seguintes agentes químicos:
h) Que sejam realizados em locais de criação ou
conservação de animais ferozes ou venenosos; a) Acetato de etilo;
i) Que sejam realizados no subsolo; b) Ácido úrico e seus compostos;
j) Que sejam realizados em sistemas de drenagem c) Álcoois;
de águas residuais; d) Butano;
l) Que sejam realizados em pistas de aeroportos; e) Cetonas;
m) Que sejam realizados em actividades que decor- f) Cloronaftalenos;
ram em clubes nocturnos e similares; g) Enzimas proteolíticos;
n) Cuja cadência seja condicionada por máquinas h) Manganês, seus compostos e ligas;
e a retribuição determinada em função do i) Óxido de ferro;
resultado. j) Propano;
l) Sesquissulfureto de fósforo;
2 — São proibidas a menor com idade inferior a m) Sulfato de sódio;
16 anos as actividades que sejam realizadas em disco- n) Zinco e seus compostos.
tecas e similares.
SUBSECÇÃO III Artigo 126.o
Trabalhos condicionados a menores com idade igual
ou superior a 16 anos Condições de trabalho

Artigo 122.o Só podem ser realizadas por menor com idade igual
ou superior a 16 anos as actividades sujeitas às seguintes
Actividades, processos e condições de trabalho condicionados
condições de trabalho:
1 — Só podem ser realizadas por menor com idade
igual ou superior a 16 anos as actividades, processos a) Que impliquem a utilização de equipamentos
e condições de trabalho referidos nos artigos seguintes. de trabalho que, nos termos do artigo 6.o do
2 — O empregador deve, de modo especial, avaliar Decreto-Lei n.o 82/99, de 16 de Março, apre-
a natureza, grau e duração da exposição do menor a sentem riscos específicos;
actividades ou trabalhos condicionados e tomar as medi- b) Que impliquem demolições;
das necessárias para evitar esse risco. c) Que impliquem a execução de manobras peri-
gosas;
Artigo 123.o d) Que impliquem trabalhos de desmantelamento;
e) Que impliquem a colheita, manipulação ou
Agentes físicos
acondicionamento de sangue, órgãos ou quais-
Só podem ser realizadas por menor com idade igual quer outros despojos de animais, manipulação,
ou superior a 16 anos as actividades em que haja risco lavagem e esterilização de materiais usados nas
de exposição aos seguintes agentes físicos: referidas operações;
a) Radiações ultravioletas; f) Que impliquem a remoção e manipulação de
b) Níveis sonoros superiores a 85 dB (A), medidos resíduos provenientes de lixeiras e similares;
através do LEP,d, nos termos do regime relativo g) Que impliquem a movimentação manual de car-
à protecção dos trabalhadores contra os riscos gas com peso superior a 15 kg;
devidos à exposição ao ruído durante o trabalho; h) Que impliquem esforços físicos excessivos,
c) Vibrações; nomeadamente executados em posição ajoe-
d) Temperaturas inferiores a 0LC ou superiores a lhada ou em posições e movimentos que deter-
42LC; minem compressão de nervos e plexos nervosos;
e) Contacto com energia eléctrica de alta tensão. i) Que sejam realizados em silos;
j) Que sejam realizados em instalações frigoríficas
Artigo 124.o em que possa existir risco de fuga do fluido
de refrigeração;
Agentes biológicos
l) Que sejam realizados em matadouros, talhos,
Só podem ser realizadas por menor com idade igual peixarias, aviários, fábricas de enchidos ou con-
ou superior a 16 anos as actividades em que haja risco servas de carne ou de peixe, depósitos de dis-
de exposição a agentes biológicos dos grupos de risco 1 tribuição de leite e queijarias.
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4833

SECÇÃO III sável por promover a articulação entre a experiência


decorrente do contrato de trabalho e a formação.
Formação e apoios

Artigo 127.o Artigo 131.o


Habilitação de menor sem escolaridade obrigatória Modalidades de execução da formação
ou qualificação profissional
1 — O empregador deve optar por uma das seguintes
1 — O menor admitido a prestar trabalho que não modalidades de execução da formação:
tenha concluído a escolaridade obrigatória ou não tenha
a) Formação assegurada pelo próprio empregador;
qualificação profissional nos termos do n.o 1 do b) Formação assegurada pelo IEFP.
artigo 56.o do Código do Trabalho, deve frequentar,
em alternativa: 2 — O empregador deve comunicar a sua decisão ao
a) Uma modalidade de educação que confira uma IEFP, ao menor e aos seus representantes legais, no
das habilitações em falta; prazo de cinco dias úteis a contar da celebração do
b) Uma modalidade de formação que confira uma contrato de trabalho.
das habilitações em falta; 3 — O empregador e o IEFP podem assegurar a exe-
c) Modalidades de educação e de formação que cução da formação pelos seus meios ou através de enti-
em conjunto confiram as habilitações em falta. dade formadora acreditada, pública ou privada.
4 — Quando o empregador optar por assegurar a for-
2 — A modalidade de formação que o menor fre- mação, de acordo com a alínea a) do n.o 1, deve ainda
quentar rege-se pelo disposto nos artigos seguintes. comunicar ao IEFP a identificação da entidade forma-
dora que escolher.
Artigo 128.o
Artigo 132.o
Caracterização da formação do menor
Execução da formação assegurada pelo Instituto
1 — A formação destina-se a conferir ao menor níveis do Emprego e Formação Profissional
crescentes de escolaridade ou de qualificação profis-
1 — O IEFP, se lhe competir assegurar a execução
sional.
da formação, deve, com o acordo do empregador, apre-
2 — A formação é estruturada com base na moda- sentar uma resposta formativa adequada à inserção pro-
lidade existente e mais ajustada aos perfis de entrada fissional do menor, gerida por aquele ou por uma enti-
e saída do menor. dade formadora acreditada.
3 — O perfil de formação mais adequado ao menor 2 — Os itinerários de formação devem ser desenvol-
que não se integre nas modalidades existentes, nos ter- vidos, na medida do possível, em articulação com outras
mos da presente secção, deve ser aprovado pelos minis- entidades, designadamente escolas, associações empre-
tros responsáveis pela educação e pela área laboral. sariais, associações sindicais ou de empregadores e asso-
4 — No caso de as actividades desenvolvidas terem ciações de âmbito local ou regional, mediante proto-
perfis de formação validados pelo sistema de certificação colos, de modo a permitir o melhor aproveitamento dos
profissional, a formação deve seguir esses perfis. recursos humanos, das estruturas físicas e dos equi-
5 — A formação tem uma duração total não inferior pamentos.
a mil horas, devendo desenvolver-se por fases com dura- 3 — Se a formação não for gerida pelo IEFP, este
ção entre duzentas e trezentas horas por trimestre. pode abrir candidaturas a pedidos de financiamento de
6 — Se o menor, sem ter concluído a escolaridade entidades formadoras externas, devidamente acredita-
obrigatória ou sem qualificação profissional, frequentar das, designadamente as previstas no número anterior.
uma formação que confira qualificação profissional e 4 — A formação deve iniciar-se no prazo de dois
uma progressão escolar não equivalente à escolaridade meses a contar da celebração do contrato de trabalho,
obrigatória, deve frequentar uma formação complemen- do acordo de formação ou da recepção da comunicação
tar que titule a escolaridade obrigatória. prevista no n.o 2 do artigo anterior.
5 — Se o empregador não assegurar a execução da
Artigo 129.o formação, nos termos da alínea b) do n.o 1 do
artigo 131.o, a duração do contrato de trabalho deve
Trabalho a tempo parcial permitir realizar no primeiro quadrimestre um tempo
A parte do período normal de trabalho reservada à de formação de, no mínimo, duzentas horas, incluindo
formação prevista na alínea c) do n.o 1 do artigo 56.o módulos certificados e capitalizáveis para uma formação
do Código do Trabalho é reduzida proporcionalmente qualificante e certificada.
quando o menor realizar trabalho a tempo parcial. 6 — Se o contrato de trabalho cessar, por qualquer
motivo, antes de concluída a formação, o IEFP assegura
a conclusão da mesma, nas condições aplicáveis à nova
Artigo 130.o situação do menor.
Formação prática acompanhada por tutor

1 — A experiência decorrente de contrato de traba- Artigo 133.o


lho, acompanhada por tutor, integra o processo forma- Apoios ao empregador
tivo e pode ser capitalizada como formação prática em
contexto de trabalho, dispensando esta componente de 1 — O empregador tem o direito de ser compensado
formação nas ofertas que a contemplem. dos custos com a formação do menor mediante:
2 — O tutor é indicado pelo empregador, mediante a) Uma compensação no valor de 40 % do mon-
parecer favorável da entidade formadora, e é respon- tante correspondente à retribuição do menor
4834 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

e outras prestações que constituam base de inci- 70 % da retribuição que o menor deixar de
dência da taxa social única, incluindo a tota- auferir;
lidade do subsídio de refeição, referentes à dura- d) Superior a uma vez e meia a retribuição mínima
ção total da formação, com o limite máximo mensal garantida e inferior ou igual a duas vezes
de 50 % da retribuição prevista para a respectiva e meia esse valor, 60 % da retribuição que o
actividade na regulamentação colectiva aplicá- menor deixar de auferir;
vel ou, na sua falta, da retribuição mínima men- e) Superior a duas vezes e meia a retribuição
sal garantida; mínima mensal garantida e inferior ou igual a
b) Uma compensação financeira, nos termos apli- cinco vezes esse valor, 50 % da retribuição que
cáveis ao sistema de aprendizagem, quando haja o menor deixar de auferir;
envolvimento de trabalhadores seus como tuto- f) Superior a cinco vezes a retribuição mínima
res na formação prática em contexto de tra- mensal garantida, 40 % da retribuição que o
balho. menor deixar de auferir.
2 — O empregador tem, ainda, prioridade: 5 — Em qualquer situação, o montante da bolsa tem
a) No acesso a apoios públicos para a formação por limite o valor da retribuição mínima mensal garan-
qualificante do menor, quando lhe competir tida.
assegurar a sua execução, nos termos da alí- 6 — Se o menor sob tutela for tributado autonoma-
nea a) do n.o 1 do artigo 131.o; mente, o montante mensal da bolsa é determinado em
b) No acesso à formação contínua dos seus tra- função do respectivo rendimento, sendo os escalões de
balhadores e à formação específica pedagógica rendimento referidos no n.o 4 reduzidos a um terço.
dos tutores no quadro da formação de for- 7 — A bolsa é paga mensalmente pelo IEFP.
madores.
Artigo 135.o
3 — A compensação referida na alínea a) do n.o 1
é revista em função da actualização de qualquer dos Requerimento para concessão da bolsa
valores previstos, sendo paga pelo IEFP durante o
período de duração da formação, em prestações certas 1 — O requerimento da bolsa, dirigido ao IEFP, deve
mensais e após a apresentação de documentos justi- ser entregue no centro de emprego da área do local
ficativos dos encargos à delegação regional da área da de trabalho do menor, acompanhado dos seguintes
sede do empregador. documentos:
4 — O IEFP concede apoio técnico e financeiro para a) Declaração do empregador de que o menor foi
a realização da formação profissional às entidades que admitido para trabalhar a tempo completo e
apresentem pedidos de financiamento nos termos do passou a tempo parcial, com indicação da data
n.o 3 do artigo 132.o, tendo em conta as normas comu- do início deste regime, bem como das horas
nitárias e nacionais aplicáveis ao Fundo Social Europeu, semanais de trabalho normal e das retribuições
mediante acordo entre a entidade formadora e o IEFP, mensais a tempo inteiro e a tempo parcial;
cujo modelo e conteúdo são definidos por este. b) Certificado de matrícula em qualquer modali-
dade de educação ou formação referida no n.o 1
Artigo 134.o do artigo 127.o, com indicação da respectiva
Bolsa para compensação da perda de retribuição duração, ou declaração do empregador se a for-
mação for assegurada por este;
1 — A bolsa para compensação da perda de retri- c) Cópia da declaração de rendimentos para efei-
buição, prevista no n.o 2 do artigo 61.o do Código do tos do imposto sobre o rendimento de pessoas
Trabalho, concedida ao menor que se encontre em qual- singulares dos progenitores ou adoptantes do
quer das situações referidas no n.o 1 do artigo 127.o menor relativa ao ano anterior;
e passe a trabalhar a tempo parcial, rege-se pelo disposto d) Indicação dos montantes de prestações sociais
nos números seguintes. compensatórias da perda ou inexistência de ren-
2 — A bolsa é concedida ao menor durante o período dimentos, concedidas no âmbito dos regimes de
de frequência da modalidade de educação, formação protecção social a membros do agregado fami-
ou ambas. liar do menor e relativos ao ano anterior, ou
3 — Se o período referido no número anterior for declaração da sua inexistência;
superior a um ano, a bolsa é renovada se o menor tiver e) Nas situações em que o menor for tributado
aproveitamento na modalidade de educação, formação autonomamente, nos termos da legislação fiscal,
ou ambas, que frequentar. consideram-se os rendimentos próprios e os do
4 — O montante mensal da bolsa é determinado em respectivo agregado familiar, sendo este o defi-
função da retribuição que o menor deixar de auferir nido na legislação reguladora do imposto sobre
e dos seguintes escalões do rendimento mensal do seu o rendimento das pessoas singulares.
agregado familiar:
a) Inferior ou igual a metade do valor da retri- 2 — O menor que frequentar uma modalidade de for-
buição mínima mensal garantida, 100 % da retri- mação que seja directamente assegurada pelo IEFP deve
buição que o menor deixar de auferir; mencionar esse facto no requerimento, sendo dispen-
b) Superior a metade e inferior ou igual ao valor sada a prova da frequência.
da retribuição mínima mensal garantida, 85 % 3 — Se o menor, no caso de ser tributado autono-
da retribuição que o menor deixar de auferir; mamente, ou o agregado familiar a que pertença, for
c) Superior à retribuição mínima mensal garantida legalmente dispensado de apresentar a declaração rela-
e inferior ou igual a uma vez e meia esse valor, tiva aos rendimentos do ano anterior, deve mencionar
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4835

essa situação no requerimento e declarar os rendimentos artigo 16.o da Lei n.o 99/2003, de 27 de Agosto, rela-
desse ano auferidos por si ou pelo agregado familiar, tivamente a menor com idade inferior a 16 anos.
respectivamente.
4 — Para a determinação do montante da bolsa, con-
sideram-se os rendimentos constantes da declaração Artigo 139.o
referida na alínea c) do n.o 1 ou no número anterior Actividades permitidas ou proibidas
e as prestações sociais referidas na alínea d) do n.o 1.
1 — O menor pode ter participação em espectáculos
Artigo 136. o e outras actividades de natureza cultural, artística ou
publicitária, designadamente como actor, cantor, dan-
Acompanhamento çarino, figurante, músico, modelo ou manequim,
1 — O acompanhamento da aplicação do regime esta- incluindo os correspondentes ensaios.
belecido nos artigos 127.o a 135.o compete: 2 — O menor só pode participar em espectáculos cir-
censes desde que tenha pelo menos 12 anos de idade
a) Ao nível do continente, a uma comissão de e a sua actividade, incluindo os correspondentes ensaios,
acompanhamento, constituída por três repre- decorra sob a vigilância de um dos progenitores, repre-
sentantes do ministério responsável pela área sentante legal ou irmão maior.
laboral, sendo um deles o director do Depar- 3 — As situações previstas nos números anteriores
tamento de Formação Profissional do IEFP, que
preside, dois representantes do ministério res- não podem envolver qualquer contacto com animais
ponsável pela educação e um representante de ferozes.
cada um dos parceiros sociais representados na Artigo 140.o
Comissão Permanente de Concertação Social,
que deve apresentar anualmente um relatório Períodos de actividade
àqueles ministérios; 1 — A actividade do menor não pode exceder, con-
b) Ao nível regional, às delegações regionais do soante a idade deste:
IEFP e às direcções regionais de educação, que
devem apresentar anualmente um relatório à a) Menos de 3 anos — uma hora por semana ou
comissão de acompanhamento. duas horas por semana a partir de 1 ano de
idade;
2 — O acompanhamento individualizado do cumpri- b) Entre 3 e 6 anos — duas horas por dia e quatro
mento do disposto no Código do Trabalho e no presente horas por semana;
capítulo sobre a execução da formação é feito com base c) Entre 7 e 11 anos — três horas por dia e seis
em modelo simplificado aprovado pelo IEFP. horas por semana;
d) Entre 12 e 15 anos — quatro horas por dia e
SECÇÃO IV oito horas por semana.
Disposição final 2 — Durante o período de aulas da escolaridade obri-
gatória, a actividade do menor não deve coincidir com
Artigo 137.o o respectivo horário, nem de qualquer modo impos-
Especialidades do regime de apoios a acções a financiar sibilitar a sua participação em actividades escolares.
pelo Fundo Social Europeu 3 — Durante o período de aulas da escolaridade obri-
1 — O IEFP, para cumprimento das obrigações gatória, entre a actividade do menor e a frequência das
decorrentes dos artigos 127.o a 136.o, não está sujeito aulas deve haver um intervalo mínimo de duração de
a limitações à contratação de outras entidades para rea- uma hora.
lizar acções de formação financiadas pelo Fundo Social 4 — A actividade do menor deve ser suspensa pelo
Europeu (FSE). menos um dia por semana, coincidindo com dia de des-
2 — O apoio a entidade formadora externa que exe- canso durante o período de aulas da escolaridade
cute a formação que o IEFP deve assegurar, nos termos obrigatória.
do n.o 3 do artigo 131.o e do n.o 4 do artigo 132.o, 5 — O menor pode exercer a actividade em metade
está sujeito ao regime dos apoios a acções financiadas do período de férias escolares, a qual não pode exceder,
pelo FSE, nomeadamente nos procedimentos para con- consoante a sua idade:
tratar a prestação de serviço por parte de outras
entidades. a) Entre 6 e 11 anos — seis horas por dia e doze
3 — A entidade formadora externa, nos casos refe- horas por semana;
ridos no número anterior, está sujeita aos deveres dos b) Entre 12 e 15 anos — sete horas por dia e dezas-
candidatos a financiamento de acções de formação pre- seis horas por semana.
vistos no regime dos apoios a acções financiadas pelo
FSE. 6 — Nas situações referidas nas alíneas b), c) e d)
do n.o 1 e no n.o 5 deve haver uma ou mais pausas
CAPÍTULO VIII de pelo menos trinta minutos cada, de modo que a acti-
Participação de menores em espectáculos vidade consecutiva do menor não seja superior a metade
e outras actividades do período diário referido naqueles preceitos.
7 — O menor só pode exercer a actividade entre as
Artigo 138.o 8 e as 20 horas ou, tendo idade igual ou superior a
7 anos e apenas para participar em espectáculos de natu-
Âmbito
reza cultural ou artística, entre as 8 e as 24 horas.
O presente capítulo regula o artigo 70.o do Código 8 — Os n.os 1 a 6 não se aplicam a menor que já
do Trabalho, com a extensão decorrente do n.o 5 do não esteja obrigado à escolaridade obrigatória.
4836 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

Artigo 141.o 3 — São competentes para dar parecer sobre o


Autorização
pedido:
a) O sindicato representativo da actividade a exer-
1 — A participação do menor em qualquer das acti-
cer pelo menor, que tenha celebrado uma con-
vidades referidas nos n.os 1 e 2 do artigo 139.o está
venção colectiva que abranja a actividade pro-
sujeita a autorização.
movida pela requerente e que tenha sido objecto
2 — É competente para a autorização referida no
de regulamento de extensão;
número anterior a Comissão de Protecção de Crianças
b) A associação de empregadores em que a enti-
e Jovens da área da residência habitual do menor, fun- dade promotora esteja inscrita ou, na sua falta,
cionando em comissão restrita ou, na sua falta, aquela que tenha celebrado uma convenção colectiva
cuja sede estiver mais próxima da referida residência. que abranja a actividade promovida pela reque-
3 — A autorização caduca no termo da participação rente e que tenha sido objecto de regulamento
do menor na actividade a que respeita. de extensão;
4 — A autorização carece de renovação ao fim de c) Se mais de um sindicato ou associação de
nove meses, sempre que o prazo da participação do empregadores satisfizerem as condições referi-
menor for superior. das nas alíneas anteriores, qualquer um a quem
o parecer seja solicitado.
Artigo 142.o
Pedido de autorização Artigo 143.o
Decisão da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens
1 — O requerimento de autorização deve ser apre-
sentado por escrito pela entidade promotora do espec- 1 — A Comissão de Protecção de Crianças e Jovens
táculo ou da actividade e conter os seguintes elementos: autoriza a participação do menor se a actividade, o tipo
a) Identificação e data do nascimento do menor; de participação e o número de horas por dia e por
b) Estabelecimento de ensino frequentado pelo semana respeitarem o disposto nos artigos anteriores
menor, se este estiver obrigado à frequência da e não prejudicarem a educação, saúde, segurança e
escolaridade obrigatória; desenvolvimento físico, psíquico e moral do menor.
c) Indicação do espectáculo ou actividade e local 2 — A Comissão pode, ouvindo o requerente e os
onde se realiza; representantes legais do menor, autorizar a participação
d) Tipo e duração da participação do menor, que com o encargo de que esta decorra sob a vigilância de
pode ser para uma ou várias actuações, um um dos representantes legais ou pessoa maior indicada
prazo certo, uma temporada ou o período em por estes.
que o espectáculo permaneça em cartaz; 3 — A decisão deve ser proferida no prazo de 20 dias.
e) Número de horas de actividade do menor 4 — Considera-se indeferido o requerimento que não
em dias de ensaio ou actuação, bem como por seja decidido no prazo referido no número anterior,
semana; sem prejuízo do previsto no número seguinte.
f) Identificação da pessoa que exerce a vigilância 5 — Considera-se deferido o requerimento que não
do menor, no caso de espectáculo circense. seja decidido no prazo referido no n.o 3, se os elementos
previstos nas alíneas a) a d) do n.o 2 do artigo 142.o
contiverem informações favoráveis à participação do
2 — O requerimento deve ser acompanhado dos
menor na actividade a que respeita ou se este já não
seguintes elementos:
estiver obrigado à frequência da escolaridade obri-
a) Certificado de que o menor tem capacidade gatória.
física e psíquica adequada à natureza e inten- 6 — A autorização deve identificar a entidade pro-
sidade da sua participação, emitido por médico motora e mencionar os elementos referidos no n.o 1
do trabalho, depois de ouvido o médico assis- do artigo 142.o
tente do menor; 7 — A Comissão de Protecção de Crianças e Jovens
b) Declaração do horário escolar e informação comunica a autorização e o prazo de validade da mesma
sobre o aproveitamento escolar do menor, se ao requerente, à Inspecção-Geral do Trabalho, aos
este estiver obrigado à frequência da escolari- representantes legais do menor e, no caso de menor
dade obrigatória, emitidas pelo estabelecimento obrigado à frequência da escolaridade obrigatória, ao
de ensino; estabelecimento de ensino.
c) Autorização dos representantes legais do menor, 8 — Aplica-se à renovação da autorização o previsto
que deve mencionar os elementos referidos nas nos números anteriores.
alíneas c), d), e) e, sendo caso disso, na alínea f)
do número anterior; Artigo 144.o
d) Parecer do sindicato e da associação de empre-
Celebração e regime do contrato
gadores envolvidos sobre a compatibilidade
entre a participação e a educação, saúde, segu- 1 — O contrato que titula a participação do menor
rança e desenvolvimento físico, psíquico e moral em espectáculo ou outra actividade referida nos n.os 1
do menor ou, na falta de resposta daqueles, e 2 do artigo 139.o é celebrado pelos seus representantes
prova de que foi solicitada com uma antece- legais, por escrito e em dois exemplares, devendo indicar
dência de 10 dias úteis relativamente à apre- o espectáculo ou actividade, acção a realizar e duração
sentação do requerimento; da participação do menor, o número de horas a prestar
e) A apreciação da entidade promotora relativa- por dia e por semana, a retribuição e a pessoa que
mente a eventual parecer desfavorável do sin- exerce a vigilância do menor, nos casos previstos nos
dicato ou da associação de empregadores. n.os 2 dos artigos 139.o e 143.o
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4837

2 — O exemplar do contrato que ficar na posse da Artigo 146.o


entidade promotora deve ter anexas cópias da decisão Suprimento judicial
da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens, do
certificado de que o menor tem capacidade física e psí- 1 — Se a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens
quica adequada e da declaração comprovativa do horá- não autorizar a participação ou revogar autorização
rio escolar se o menor estiver obrigado à frequência anterior, os representantes legais do menor podem
da escolaridade obrigatória, bem como de alterações requerer ao tribunal de família e menores que autorize
do horário que ocorram durante a validade da auto- a participação ou mantenha a autorização anterior, man-
rização. tendo-se, até ao trânsito em julgado, a deliberação da
3 — A entidade promotora deve apresentar cópia do Comissão de Protecção de Crianças e Jovens.
contrato, acompanhada dos anexos a que se refere o 2 — Ao processo referido no número anterior é apli-
número anterior, à Inspecção-Geral do Trabalho, bem cável, com as devidas adaptações, o regime do processo
como ao estabelecimento de ensino do menor obrigado judicial de promoção e protecção previsto no diploma
à frequência da escolaridade obrigatória, antes do início que regula a Comissão de Protecção de Crianças e
da actividade deste. Jovens.
CAPÍTULO IX
Artigo 145.o
Alteração do horário ou do aproveitamento escolar de menor Trabalhador-estudante

1 — Em caso de alteração de horário, o estabeleci- Artigo 147.o


mento de ensino deve comunicar de imediato tal facto
Âmbito
à entidade promotora, à Comissão de Protecção de
Crianças e Jovens e aos representantes legais do menor. 1 — O presente capítulo regula o artigo 85.o, bem
2 — Na situação referida no número anterior, a enti- como a alínea c) do n.o 2 artigo 225.o do Código do
dade promotora deve comunicar ao estabelecimento Trabalho.
escolar e à Comissão de Protecção de Crianças e Jovens 2 — Os artigos 79.o a 85.o do Código do Trabalho
as alterações do horário da prestação da actividade do e o presente capítulo aplicam-se à relação jurídica de
menor necessárias para respeitar o disposto nos n.os 2 emprego público que confira ou não a qualidade de
e 3 do artigo 140.o, sem as quais este não pode prosseguir funcionário ou agente da Administração Pública.
a respectiva actividade.
3 — No caso de menor obrigado à frequência da esco- Artigo 148.o
laridade obrigatória, o estabelecimento de ensino deve
comunicar à Comissão de Protecção de Crianças e Concessão do estatuto de trabalhador-estudante
Jovens qualquer relevante diminuição do aproveita- 1 — Para poder beneficiar do regime previsto nos
mento escolar do menor durante o prazo de validade artigos 79.o a 85.o do Código do Trabalho, o trabalha-
da autorização ou relevante afectação do comporta- dor-estudante deve comprovar perante o empregador
mento do menor. a sua condição de estudante, apresentando igualmente
4 — Sempre que a alteração do horário escolar tornar o respectivo horário escolar.
este incompatível com a actividade exercida pelo menor 2 — Para efeitos do n.o 2 do artigo 79.o do Código
ou esta tiver como consequência uma relevante dimi- do Trabalho, o trabalhador deve comprovar:
nuição do aproveitamento escolar com prejuízo para
a sua educação ou uma relevante afectação do seu com- a) Perante o empregador, no final de cada ano
portamento, a Comissão de Protecção de Crianças lectivo, o respectivo aproveitamento escolar;
Jovens deve, sempre que considere viável, apresentar b) Perante o estabelecimento de ensino, a sua qua-
à entidade promotora, à Inspecção-Geral do Trabalho, lidade de trabalhador, mediante documento
aos representantes legais do menor e, no caso de menor comprovativo da respectiva inscrição na segu-
obrigado à frequência da escolaridade obrigatória, ao rança social ou que se encontra numa das situa-
estabelecimento de ensino, uma alteração das condições ções previstas no artigo 17.o da Lei n.o 99/2003,
de participação do menor na actividade a que respeita, de 27 de Agosto.
adequada a corrigir a situação existente.
5 — A Comissão de Protecção de Crianças e Jovens 3 — Para efeitos do número anterior considera-se
revoga a autorização sempre que a alteração prevista aproveitamento escolar o trânsito de ano ou a aprovação
no número anterior não for cumprida ou considere inviá- em, pelo menos, metade das disciplinas em que o tra-
vel que qualquer alteração das condições de participação balhador-estudante esteja matriculado ou, no âmbito do
do menor na actividade a que respeita seja adequada ensino recorrente por unidades capitalizáveis no 3.o ciclo
a corrigir a situação existente. do ensino básico e no ensino secundário, a capitalização
6 — A Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de um número de unidades igual ou superior ao dobro
notifica a revogação da autorização à entidade promo- das disciplinas em que aquele se matricule, com um
tora, à Inspecção-Geral do Trabalho, aos representantes mínimo de uma unidade de cada uma dessas disciplinas.
legais do menor e, no caso de menor obrigado à fre- 4 — É considerado com aproveitamento escolar o tra-
quência da escolaridade obrigatória, ao estabelecimento balhador que não satisfaça o disposto no número ante-
de ensino. rior por causa de ter gozado a licença por maternidade
7 — A revogação prevista no n.o 5 produz efeitos ou licença parental não inferior a um mês ou devido
30 dias após a notificação do acto, salvo se existirem a acidente de trabalho ou doença profissional.
riscos graves para o menor, competindo, neste caso, à 5 — O trabalhador-estudante tem o dever de esco-
Comissão de Protecção de Crianças e Jovens a fixação lher, de entre as possibilidades existentes no respectivo
da data de produção de efeitos. estabelecimento de ensino, o horário escolar compatível
4838 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

com as suas obrigações profissionais, sob pena de não c) Os dias de ausência referidos nas alíneas ante-
poder beneficiar dos inerentes direitos. riores não podem exceder um máximo de quatro
por disciplina em cada ano lectivo.
Artigo 149.o
Dispensa de trabalho 2 — O direito previsto no número anterior só pode
ser exercido em dois anos lectivos relativamente a cada
1 — Para efeitos do n.o 2 do artigo 80.o do Código disciplina.
do Trabalho, o trabalhador-estudante beneficia de dis- 3 — Consideram-se ainda justificadas as faltas dadas
pensa de trabalho até seis horas semanais, sem perda pelo trabalhador-estudante na estrita medida das neces-
de quaisquer direitos, contando como prestação efectiva sidades impostas pelas deslocações para prestar provas
de serviço, se assim o exigir o respectivo horário escolar. de avaliação, não sendo retribuídas, independentemente
2 — A dispensa de trabalho para frequência de aulas do número de disciplinas, mais de 10 faltas.
prevista no n.o 1 pode ser utilizada de uma só vez ou 4 — Para efeitos de aplicação deste artigo, conside-
fraccionadamente, à escolha do trabalhador-estudante, ram-se provas de avaliação os exames e outras provas
dependendo do período normal de trabalho semanal escritas ou orais, bem como a apresentação de trabalhos,
aplicável, nos seguintes termos: quando estes os substituem ou os complementam, desde
a) Igual ou superior a vinte horas e inferior a trinta que determinem directa ou indirectamente o aprovei-
horas — dispensa até três horas semanais; tamento escolar.
b) Igual ou superior a trinta horas e inferior a trinta
Artigo 152.o
e quatro horas — dispensa até quatro horas
semanais; Férias e licenças
c) Igual ou superior a trinta e quatro horas e infe-
rior a trinta e oito horas — dispensa até cinco 1 — Para efeitos do n.o 1 do artigo 83.o do Código
horas semanais; do Trabalho, o trabalhador-estudante tem direito a mar-
d) Igual ou superior a trinta e oito horas — dis- car o gozo de 15 dias de férias interpoladas, sem prejuízo
pensa até seis horas semanais. do número de dias de férias a que tem direito.
2 — Para efeitos do n.o 2 do artigo 83.o do Código
3 — O empregador pode, nos 15 dias seguintes à uti- do Trabalho, o trabalhador-estudante, justificando-se
lização da dispensa de trabalho, exigir a prova da fre- por motivos escolares, pode utilizar em cada ano civil,
quência de aulas, sempre que o estabelecimento de
seguida ou interpoladamente, até 10 dias úteis de licença
ensino proceder ao controlo da frequência.
sem retribuição, desde que o requeira nos seguintes
termos:
Artigo 150.o
Trabalho suplementar e adaptabilidade a) Com quarenta e oito horas de antecedência ou,
sendo inviável, logo que possível, no caso de
1 — Ao trabalhador-estudante não pode ser exigida pretender um dia de licença;
a prestação de trabalho suplementar, excepto por motivo b) Com oito dias de antecedência, no caso de pre-
de força maior, nem exigida a prestação de trabalho tender dois a cinco dias de licença;
em regime de adaptabilidade, sempre que colidir com c) Com 15 dias de antecedência, caso pretenda
o seu horário escolar ou com a prestação de provas mais de 5 dias de licença.
de avaliação.
2 — No caso de o trabalhador realizar trabalho em
regime de adaptabilidade tem direito a um dia por mês Artigo 153.o
de dispensa de trabalho, sem perda de quaisquer direi- Cessação de direitos
tos, contando como prestação efectiva de serviço.
3 — No caso de o trabalhador-estudante realizar tra- 1 — Os direitos conferidos ao trabalhador-estudante
balho suplementar, o descanso compensatório previsto em matéria de horário de trabalho, de férias e licenças,
no artigo 202.o do Código do Trabalho é, pelo menos, previstos nos artigos 80.o e 83.o do Código do Trabalho
igual ao número de horas de trabalho suplementar e nos artigos 149.o e 152.o, cessam quando o trabalha-
prestado. dor-estudante não conclua com aproveitamento o ano
Artigo 151.o escolar ao abrigo de cuja frequência beneficiou desses
Prestação de provas de avaliação mesmos direitos.
2 — Os restantes direitos conferidos ao trabalhador-
1 — Para efeitos do artigo 81.o do Código do Tra- -estudante cessam quando este não tenha aproveita-
balho, o trabalhador-estudante tem direito a faltar jus- mento em dois anos consecutivos ou três interpolados.
tificadamente ao trabalho para prestação de provas de 3 — Os direitos dos trabalhadores-estudantes cessam
avaliação nos seguintes termos: imediatamente no ano lectivo em causa em caso de falsas
a) Até dois dias por cada prova de avaliação, sendo declarações relativamente aos factos de que depende
um o da realização da prova e o outro o ime- a concessão do estatuto ou a factos constitutivos de direi-
diatamente anterior, aí se incluindo sábados, tos, bem como quando tenham sido utilizados para fins
domingos e feriados; diversos.
b) No caso de provas em dias consecutivos ou de 4 — No ano lectivo subsequente àquele em que ces-
mais de uma prova no mesmo dia, os dias ante- saram os direitos previstos no Código do Trabalho e
riores são tantos quantas as provas de avaliação neste capítulo, pode ao trabalhador-estudante ser nova-
a efectuar, aí se incluindo sábados, domingos mente concedido o exercício dos mesmos, não podendo
e feriados; esta situação ocorrer mais do que duas vezes.
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4839

Artigo 154.o Artigo 158.o


Excesso de candidatos à frequência de cursos Formalidades

1 — Sempre que a pretensão formulada pelo traba- 1 — Para efeitos do n.o 1 do artigo 88.o do Código
lhador-estudante no sentido de lhe ser aplicado o dis- do Trabalho, o contrato de trabalho deve conter, sem
posto no artigo 80.o do Código do Trabalho e no prejuízo de outras exigíveis para a celebração do con-
artigo 149.o se revele, manifesta e comprovadamente, trato a termo previstas no Código do Trabalho, as
comprometedora do normal funcionamento da empresa, seguintes indicações:
fixa-se, por acordo entre o empregador, trabalhador a) Nome ou denominação e domicílio ou sede dos
interessado e comissão de trabalhadores ou, na sua falta, contraentes;
comissão intersindical, comissões sindicais ou delegados b) Referência ao visto de trabalho ou ao título de
sindicais, as condições em que é decidida a pretensão autorização de residência ou permanência do
apresentada. trabalhador em território português;
2 — Na falta do acordo previsto na segunda parte c) Actividade do empregador;
do número anterior, o empregador decide fundamen- d) Actividade contratada e retribuição do traba-
tadamente, informando por escrito o trabalhador inte- lhador;
e) Local e período normal de trabalho;
ressado. f) Valor, periodicidade e forma de pagamento da
Artigo 155.o retribuição;
g) Datas da celebração do contrato e do início da
Especificidades da frequência de estabelecimento de ensino prestação de actividade.
1 — O trabalhador-estudante não está sujeito à fre-
quência de um número mínimo de disciplinas de deter- 2 — Para efeitos do n.o 1 do artigo 88.o do Código
do Trabalho, o trabalhador deve ainda anexar ao con-
minado curso, em graus de ensino em que isso seja trato a identificação e domicílio da pessoa ou pessoas
possível, nem a regimes de prescrição ou que impliquem beneficiárias de pensão em caso de morte resultante
mudança de estabelecimento de ensino. de acidente de trabalho ou doença profissional.
2 — O trabalhador-estudante não está sujeito a qual- 3 — O contrato de trabalho deve ser elaborado em
quer disposição legal que faça depender o aproveita- triplicado, entregando o empregador um exemplar ao
mento escolar de frequência de um número mínimo trabalhador.
de aulas por disciplina. 4 — O exemplar do contrato que ficar com o empre-
3 — O trabalhador-estudante não está sujeito a limi- gador deve ter apensos documentos comprovativos do
tações quanto ao número de exames a realizar na época cumprimento das obrigações legais relativas à entrada
de recurso. e à permanência ou residência do cidadão estrangeiro
4 — No caso de não haver época de recurso, o tra- em Portugal, sendo apensas cópias dos mesmos docu-
balhador-estudante tem direito, na medida em que for mentos aos restantes exemplares.
legalmente admissível, a uma época especial de exame
em todas as disciplinas. Artigo 159.o
5 — O estabelecimento de ensino com horário pós- Comunicação da celebração e da cessação
-laboral deve assegurar que os exames e as provas de
avaliação, bem como serviços mínimos de apoio ao tra- 1 — Para efeitos do n.o 1 do artigo 89.o do Código
balhador-estudante decorram, na medida do possível, do Trabalho, antes do início da prestação de trabalho
no mesmo horário. por parte do trabalhador estrangeiro ou apátrida, o
6 — O trabalhador-estudante tem direito a aulas de empregador deve comunicar, por escrito, a celebração
compensação ou de apoio pedagógico que sejam con- do contrato à Inspecção-Geral do Trabalho.
sideradas imprescindíveis pelos órgãos do estabeleci- 2 — A comunicação deve ser acompanhada de um
exemplar do contrato de trabalho, que fica arquivado
mento de ensino. no serviço competente.
Artigo 156.o 3 — Verificando-se a cessação do contrato de traba-
lho, o empregador deve comunicar, por escrito, esse
Cumulação de regimes facto, no prazo de 15 dias, à Inspecção-Geral do
Trabalho.
O trabalhador-estudante não pode cumular perante 4 — O disposto nos números anteriores não é apli-
o estabelecimento de ensino e o empregador os bene- cável à celebração de contratos de trabalho com cida-
fícios conferidos no Código do Trabalho e neste capítulo dãos nacionais dos países membros do espaço econó-
com quaisquer regimes que visem os mesmos fins, mico europeu ou outros relativamente aos quais vigore
nomeadamente no que respeita à inscrição, dispensa idêntico regime.
de trabalho para frequência de aulas, licenças por moti-
vos escolares ou prestação de provas de avaliação. CAPÍTULO XI
Formação profissional
CAPÍTULO X
SECÇÃO I
Trabalhadores estrangeiros e apátridas
Âmbito
Artigo 157.o Artigo 160.o
Âmbito Âmbito
o o
O presente capítulo regula o n. 1 do artigo 88. e O presente capítulo regula o artigo 126.o do Código
o n.o 1 do artigo 89.o do Código do Trabalho. do Trabalho.
4840 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

SECÇÃO II 2 — O plano de formação deve especificar, nomea-


damente, os objectivos, as acções que dão lugar à emis-
Formação a cargo do empregador
são de certificados de formação profissional, as enti-
SUBSECÇÃO I dades formadoras, o local e horário de realização das
acções.
Qualificação inicial dos jovens 3 — Os elementos referidos no número anterior, que
o plano de formação não possa desde logo especificar,
Artigo 161.o devem ser comunicados aos trabalhadores interessados,
Qualificação inicial dos jovens à comissão de trabalhadores ou, na sua falta, à comissão
sindical ou intersindical ou aos delegados sindicais, logo
1 — A qualificação inicial dos jovens admitidos a pres- que possível.
tar trabalho e que dela careçam é assegurada através
4 — O disposto nos números anteriores não se aplica
da frequência de uma modalidade de educação ou for-
mação exigida a menor com idade inferior a 16 anos às microempresas.
que tenha concluído a escolaridade obrigatória mas não Artigo 166.o
possua uma qualificação profissional, bem como a Relatório anual da formação contínua
menor que tenha completado a idade mínima de admis-
são sem ter concluído a escolaridade obrigatória ou que 1 — O empregador deve elaborar um relatório anual
não possua qualificação profissional. sobre a execução da formação contínua, indicando o
2 — A frequência, por parte do menor sem escola- número total de trabalhadores da empresa, trabalha-
ridade obrigatória ou sem qualificação profissional, de dores abrangidos por cada acção, respectiva actividade,
uma modalidade de educação ou formação é regulada acções realizadas, seus objectivos e número de traba-
nos artigos 127.o a 136.o lhadores participantes, por áreas de actividade da
empresa, bem como os encargos globais da formação
SUBSECÇÃO II e fontes de financiamento.
2 — O modelo de relatório de formação profissional
Formação contínua dos trabalhadores é aprovado por portaria do ministro responsável pela
área laboral.
Artigo 162.o
Artigo 167.o
Direito individual à formação
Informação e consulta
1 — O direito individual à formação vence-se no dia
1 de Janeiro de cada ano civil, sem prejuízo do disposto 1 — O empregador deve dar conhecimento do diag-
no número seguinte. nóstico das necessidades de qualificação e do projecto
2 — No ano da contratação, o trabalhador tem direito de plano de formação aos trabalhadores, na parte que
à formação, após seis meses de duração do contrato, a cada um respeita, bem como à comissão de traba-
devendo o número de horas ser proporcional àquela lhadores ou, na sua falta, à comissão sindical ou inter-
duração. sindical ou aos delegados sindicais.
3 — O direito individual à formação do trabalhador 2 — Os trabalhadores, na parte que a cada um diga
concretiza-se, na parte a que o empregador está adstrito, respeito, a comissão de trabalhadores ou, na sua falta,
através da formação contínua. a comissão sindical ou intersindical ou os delegados sin-
dicais podem emitir parecer sobre o diagnóstico de
Artigo 163.o necessidades de qualificação e o projecto de plano de
formação, no prazo de 15 dias.
Mínimo de horas anuais de formação 3 — A comissão de trabalhadores ou, na sua falta,
1 — O empregador deve assegurar o cumprimento a comissão sindical ou intersindical ou os delegados sin-
de um número mínimo de horas anuais de formação dicais podem emitir parecer sobre o relatório anual da
certificada que pode ser realizado através de uma ou formação contínua, no prazo de 15 dias a contar da
mais acções de formação. sua recepção.
2 — A formação certificada a que se refere o número 4 — Decorrido o prazo referido no número anterior
anterior pode ser realizada directamente pelo empre- sem que qualquer dos pareceres tenha sido entregue
gador ou através de entidade formadora acreditada. ao empregador, considera-se satisfeita a exigência de
consulta.
Artigo 164.o Artigo 168.o
Conteúdo da formação Crédito de horas para formação contínua

1 — A área em que é ministrada a formação pro- 1 — O trabalhador pode utilizar o crédito de horas
fissional pode ser fixada por acordo e, na falta deste, correspondente ao número mínimo de horas de for-
é determinada pelo empregador. mação contínua anuais, se esta não for assegurada pelo
2 — Sendo fixada pelo empregador, a área de for- empregador ao longo de três anos por motivo que lhe
mação profissional tem de coincidir ou ser afim com seja imputável, para a frequência de acções de formação
a actividade desenvolvida pelo trabalhador nos termos por sua iniciativa, mediante comunicação ao emprega-
do contrato. dor com a antecedência mínima de 10 dias.
Artigo 165.o 2 — Sempre que haja interesse para a empresa e para
o trabalhador pode ocorrer a antecipação, até ao
Plano de formação
máximo de três anos, do número de horas anuais de
1 — O empregador deve elaborar planos de forma- formação.
ção, anuais ou plurianuais, com base no diagnóstico das 3 — Nas situações de acumulação de créditos, a impu-
necessidades de qualificação dos trabalhadores. tação da formação realizada inicia-se pelas horas dos
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4841

anos mais distantes, sendo o excesso imputado às horas b) 1 % a partir do início do sexto ano da duração
correspondentes ao ano em curso. do contrato.
4 — O conteúdo da formação referida no n.o 1 é esco-
lhido pelo trabalhador, devendo ter correspondência Artigo 173.o
com a actividade prestada ou respeitar a qualificações
básicas em tecnologias de informação e comunicação, Determinação do número de trabalhadores
segurança, higiene e saúde no trabalho ou numa língua A percentagem de trabalhadores contratados a termo
estrangeira.
prevista no artigo anterior é calculada com base nos
5 — O crédito de horas para formação é referido ao
números médios do total de trabalhadores contratados
período normal de trabalho, confere direito a retribuição
e conta como tempo de serviço efectivo. a termo certo e do total de trabalhadores da empresa,
relativos ao mês precedente.
Artigo 169.o
Artigo 174.o
Cessação da relação de trabalho
Compensação do aumento da taxa social única
Cessando o contrato de trabalho, o trabalhador tem
direito a receber a retribuição correspondente ao crédito 1 — No caso de trabalhador contratado a termo certo
de horas para formação que não lhe tenha sido pro- cujo contrato passe a sem termo, o empregador tem
porcionado. direito a compensar o aumento da parcela da taxa social
única com uma redução, relativamente a esse traba-
SUBSECÇÃO III
lhador, igual em percentagem e período do aumento
Envio e arquivo do relatório da formação contínua ocorrido nos termos do artigo 172.o
2 — A redução referida no número anterior não é
Artigo 170.o cumulável com qualquer outra redução da parcela da
Envio e arquivo do relatório da formação contínua taxa social única a cargo do empregador e relativa ao
mesmo trabalhador.
1 — O relatório anual da formação contínua deve ser
apresentado à Inspecção-Geral do Trabalho até 31 de
Março de cada ano. CAPÍTULO XIII
2 — O relatório referido no número anterior pode
ser apresentado por meio informático, nomeadamente Períodos de funcionamento
em suporte digital ou correio electrónico, ou em suporte Artigo 175.o
de papel.
3 — No caso de pequena, média ou grande empresa, Âmbito
o empregador deve apresentar o relatório anual da for-
mação profissional por meio informático. O presente capítulo regula o n.o 2 do artigo 171.o
4 — Os elementos necessários ao preenchimento do do Código do Trabalho.
relatório da formação contínua são fornecidos pelo ser-
viço competente do ministério responsável pela área Artigo 176.o
laboral, em endereço electrónico adequadamente publi- Período de laboração
citado.
5 — O modelo de preenchimento manual do relatório 1 — O período de laboração é fixado entre as 7 e
anual da formação contínua é impresso e distribuído as 20 horas.
pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda, S. A., nas con- 2 — O ministro responsável pela área laboral, ouvidas
dições acordadas com o serviço competente do minis- as entidades públicas competentes, pode autorizar perío-
tério responsável pela área laboral. dos de laboração do estabelecimento com amplitude
6 — O empregador deve manter um exemplar do rela- superior à definida no número anterior, por motivos
tório previsto no número anterior durante cinco anos. económicos ou tecnológicos.
3 — Os ministros responsáveis pela área laboral e pelo
sector de actividade em causa podem, mediante des-
CAPÍTULO XII pacho conjunto, autorizar a laboração contínua do esta-
Taxa social única belecimento por motivos económicos ou tecnológicos.
4 — Para efeitos dos n.os 2 e 3, o empregador deve
Artigo 171.o apresentar à Inspecção-Geral do Trabalho, a quem com-
Âmbito pete a direcção da instrução do processo, requerimento
devidamente fundamentado, acompanhado de:
O presente capítulo regula o artigo 138.o do Código
do Trabalho. a) Parecer da comissão de trabalhadores ou, na
sua falta, da comissão sindical ou intersindical
Artigo 172.o ou dos delegados sindicais ou, 10 dias após a
Taxa social única consulta, comprovativo do pedido de parecer;
b) Projecto de mapa de horário de trabalho a
A parcela da taxa social única a cargo de empregador, aplicar;
cuja percentagem de trabalhadores contratados a termo c) Comprovativo do licenciamento da actividade
certo seja igual ou superior a 15 %, é aumentada, rela- da empresa;
tivamente a todos os trabalhadores contratados a termo d) Declarações emitidas pelas autoridades compe-
certo, em: tentes comprovativas de que tem a situação con-
a) 0,6 % a partir do início do quarto ano da duração tributiva regularizada perante a administração
do contrato e até ao final do quinto; tributária e a segurança social.
4842 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

CAPÍTULO XIV 4 — A composição dos turnos, de harmonia com a


respectiva escala, se a houver, é registada em livro pró-
Alteração do horário de trabalho prio ou em suporte informático e faz parte integrante
do mapa de horário de trabalho.
Artigo 177.o
Âmbito Artigo 181.o
O presente capítulo regula o n.o 2 do artigo 173.o Afixação e envio do mapa de horário de trabalho
do Código do Trabalho.
1 — O empregador procede à afixação nos locais de
trabalho do mapa de horário de trabalho.
Artigo 178.o 2 — Quando várias empresas, estabelecimentos ou
Comunicação da alteração dos horários de trabalho
serviços desenvolvam, simultaneamente, actividades no
mesmo local de trabalho, deve o empregador em cujas
A comunicação de alterações dos horários de trabalho instalações os trabalhadores prestam serviço afixar os
deve ser feita nos termos previstos para os mapas de diferentes mapas de horário de trabalho.
horário de trabalho. 3 — Na mesma data, o empregador deve apresentar
cópia do mapa de horário de trabalho à Inspecção-Geral
do Trabalho, nomeadamente através de correio elec-
CAPÍTULO XV trónico.
Mapas de horário de trabalho Artigo 182.o
Alteração do mapa de horário de trabalho
Artigo 179.o
A alteração de qualquer elemento constante do mapa
Âmbito de horário de trabalho está sujeita às normas fixadas
O presente capítulo regula o n.o 1 do artigo 179.o para a sua elaboração e afixação.
do Código do Trabalho.
CAPÍTULO XVI
Artigo 180.o Condições ou garantias da prestação
Mapa de horário de trabalho do trabalho nocturno
1 — Do mapa de horário de trabalho deve constar: Artigo 183.o
a) Firma ou denominação do empregador; Âmbito
b) Actividade exercida;
c) Sede e local de trabalho; O presente capítulo regula o artigo 196.o do Código
d) Começo e termo do período de funcionamento do Trabalho.
da empresa ou estabelecimento, consoante o Artigo 184.o
caso; Actividades
e) Dia de encerramento ou suspensão de labora-
ção, salvo tratando-se de empregador isento Entende-se que implicam para o trabalhador noc-
dessa obrigatoriedade; turno riscos especiais ou uma tensão física ou mental
f) Horas de início e termo dos períodos normais significativa as actividades:
de trabalho, com indicação dos intervalos de a) Monótonas, repetitivas, cadenciadas e isoladas;
descanso; b) Realizadas em obras de construção, escavação,
g) Dia de descanso semanal e dia ou meio dia de movimentação de terras, túneis, com riscos de
descanso semanal complementar, se este existir; quedas de altura ou de soterramento, demolição
h) Instrumento de regulamentação colectiva de e intervenção em ferrovias e rodovias sem inter-
trabalho aplicável, se o houver; rupção de tráfego;
i) Regime resultante do acordo individual que ins- c) Realizadas na indústria extractiva;
titui a adaptabilidade, se o houver. d) Realizadas no fabrico, transporte e utilização
de explosivos e pirotecnia;
2 — Quando as indicações referidas no número ante- e) Que envolvam contactos com correntes eléctri-
rior não forem comuns a todos os trabalhadores, devem cas de média e alta tensão;
também constar dos mapas de horário de trabalho os f) Realizadas na produção e transporte de gases
nomes dos trabalhadores cujo regime seja diferente do comprimidos, liquefeitos ou dissolvidos ou com
estabelecido para os restantes, sem prejuízo do n.o 4. utilização significativa dos mesmos;
3 — Sempre que os horários de trabalho incluam tur- g) Que, em função da avaliação dos riscos a ser
nos de pessoal diferente, devem constar ainda do res- efectuada pelo empregador, assumam a natu-
pectivo mapa: reza de particular penosidade, perigosidade,
a) Número de turnos; insalubridade ou toxicidade.
b) Escala de rotação, se a houver;
c) Horas de início e termo dos períodos normais Artigo 185.o
de trabalho, com indicação dos intervalos de Avaliação de riscos
descanso;
d) Dias de descanso do pessoal de cada turno; 1 — O empregador deve avaliar os riscos inerentes
e) Indicação dos turnos em que haja menores. à actividade do trabalhador, tendo presente, nomeada-
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4843

mente, a sua condição física e psíquica, em momento CAPÍTULO XVIII


anterior ao início da actividade e posteriormente, de
seis em seis meses, bem como antes da alteração das Fiscalização de doenças durante as férias
condições de trabalho. SECÇÃO I
2 — A avaliação referida no número anterior consta
de documento que deve ser facultado à Inspecção-Geral Âmbito
do Trabalho sempre que solicitado.
Artigo 190.o
Âmbito
Artigo 186.o
O presente capítulo regula o n.o 9 do artigo 219.o
Consulta do Código do Trabalho.

O empregador deve consultar os representantes dos SECÇÃO II


trabalhadores para a segurança, higiene e saúde no tra-
balho ou, na falta destes, os próprios trabalhadores rela- Verificação da situação de doença por médico
tivamente ao início da prestação de trabalho nocturno, designado pela segurança social
às formas de organização do trabalho nocturno que
melhor se adapte ao trabalhador, bem como sobre as Artigo 191.o
medidas de segurança, higiene e saúde a adoptar para Requerimento
a prestação desse trabalho.
1 — Para efeitos de verificação da situação de doença
do trabalhador, o empregador deve requerer a desig-
nação de médico aos serviços da segurança social da
CAPÍTULO XVII área da residência habitual do trabalhador.
2 — O empregador deve, na mesma data, informar
Registo do trabalho suplementar o trabalhador do requerimento referido no número
anterior.
Artigo 187.o Artigo 192.o
Âmbito Designação de médico

1 — Os serviços da segurança social devem, no prazo


O presente capítulo regula o n.o 3 do artigo 204.o de vinte e quatro horas a contar da recepção do
do Código do Trabalho. requerimento:

Artigo 188.o a) Designar o médico de entre os que integram


comissões de verificação de incapacidade tem-
Registo porária;
b) Comunicar a designação do médico ao empre-
1 — Sem prejuízo do n.o 2 do artigo 204.o do Código gador;
c) Convocar o trabalhador para o exame médico,
do Trabalho, o visto do registo das horas de início e
indicando o local, dia e hora da sua realização,
termo do trabalho suplementar é dispensado quando que deve ocorrer nas setenta e duas horas
o registo for directamente efectuado pelo trabalhador. seguintes;
2 — O registo de trabalho suplementar deve conter d) Informar o trabalhador de que a sua não com-
os elementos e ser efectuado de acordo com o modelo parência ao exame médico, sem motivo aten-
aprovado por portaria do ministro responsável pela área dível, tem como consequência que os dias de
laboral. alegada doença são considerados dias de férias,
3 — O registo referido no número anterior é efec- bem como que deve apresentar, aquando da sua
tuado em suporte documental adequado, nomeada- observação, informação clínica e os elementos
mente em impressos adaptados a sistemas de relógio auxiliares de diagnóstico de que disponha, com-
de ponto, mecanográficos ou informáticos, devendo reu- provativos da sua incapacidade.
nir as condições para a sua imediata consulta e impres-
são, sempre que necessário. 2 — Os serviços de segurança social, caso não possam
4 — Os suportes documentais de registo de trabalho cumprir o disposto no número anterior, devem, dentro
suplementar devem encontrar-se permanentemente do mesmo prazo, comunicar essa impossibilidade ao
actualizados, sem emendas nem rasuras não ressalvadas. empregador.
SECÇÃO III
o
Artigo 189. Verificação da situação de doença por médico
designado pelo empregador
Actividade realizada no exterior da empresa
Artigo 193.o
1 — O trabalhador que realize o trabalho suplementar Designação de médico
no exterior da empresa deve visar imediatamente o
registo do trabalho suplementar após o seu regresso 1 — O empregador pode designar um médico para
ou mediante devolução do registo devidamente visado. efectuar a verificação da situação de doença do tra-
2 — A empresa deve possuir, devidamente visado, o balhador:
registo de trabalho suplementar no prazo máximo de a) Não se tendo realizado o exame no prazo pre-
15 dias a contar da prestação. visto na alínea c) do n.o 1 do artigo 192.o por
4844 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

motivo não imputável ao trabalhador ou, sendo SECÇÃO V


caso disso, do n.o 2 do artigo 197.o;
Disposições comuns
b) Não tendo recebido a comunicação prevista no
n.o 2 do artigo 192.o ou, na falta desta, se não Artigo 197.o
tiver obtido indicação do médico por parte dos
serviços da segurança social nas quarenta e oito Impossibilidade de comparência ao exame médico
horas após a apresentação do requerimento pre- 1 — O trabalhador convocado para exame médico
visto no n.o 1 do artigo 191.o fora do seu domicílio que, justificadamente, não se possa
deslocar deve, em qualquer caso, informar dessa impos-
2 — Na mesma data da designação prevista no sibilidade a entidade que o tiver convocado, até à data
número anterior o empregador deve dar cumprimento prevista para o exame ou, se não tiver sido possível,
ao disposto nas alíneas c) e d) do n.o 1 do artigo 192.o nas vinte e quatro horas seguintes.
2 — Consoante a natureza do impedimento do tra-
SECÇÃO IV balhador, é determinada nova data para o exame e, se
necessário, a sua realização no domicílio do trabalhador,
Reavaliação da situação de doença dentro das quarenta e oito horas seguintes.
Artigo 194.o
Artigo 198.o
Comissão de reavaliação
Comunicação do resultado da verificação
1 — Para efeitos do n.o 6 do artigo 219.o do Código
do Trabalho, a reavaliação da situação de doença do 1 — O médico que proceda à verificação da situação
trabalhador é feita por intervenção de comissão de rea- de doença só pode comunicar ao empregador se o tra-
valiação dos serviços da segurança social da área da balhador está ou não apto para desempenhar a acti-
residência habitual deste. vidade, salvo autorização deste.
2 — Sem prejuízo do previsto no número seguinte, 2 — O médico que proceda à verificação da situação
a comissão de reavaliação é constituída por três médicos, de doença deve proceder à comunicação prevista no
um designado pelos serviços da segurança social, que número anterior nas vinte e quatro horas subsequentes.
preside com o respectivo voto de qualidade, devendo
ser, quando se tenha procedido à verificação da situação Artigo 199.o
de doença ao abrigo do artigo 192.o, o médico que a Comunicações
realizou, um indicado pelo trabalhador e outro pelo
empregador. As comunicações previstas no presente capítulo
3 — A comissão de reavaliação é constituída por ape- devem ser efectuadas por escrito e por meio célere,
nas dois médicos no caso de: designadamente telegrama, telefax ou correio electró-
nico.
a) O trabalhador ou empregador não ter procedido
à respectiva designação; Artigo 200.o
b) O trabalhador e empregador não terem pro- Eficácia do resultado da verificação da situação de doença
cedido à respectiva designação, cabendo aos ser-
viços de segurança social a designação de outro O empregador não pode fundamentar qualquer deci-
médico. são desfavorável para o trabalhador no resultado da
verificação da situação de doença do mesmo, efectuada
Artigo 195.o nos termos dos artigos 192.o ou 193.o, enquanto decorrer
Requerimento o prazo para requerer a intervenção da comissão de
reavaliação, nem até à decisão final, se esta for reque-
1 — Qualquer das partes pode requerer a reavaliação rida.
da situação de doença nas vinte equatro horas subse-
quentes ao conhecimento do resultado da verificação SECÇÃO VI
da mesma, devendo, na mesma data, comunicar esse Taxas
pedido à contraparte.
2 — O requerente deve indicar o médico referido no Artigo 201.o
n.o 3 do artigo anterior ou declarar que prescinde dessa
Taxas
faculdade.
3 — A contraparte pode indicar o médico nas vinte O requerente da nomeação de médico pelos serviços
e quatro horas seguintes ao conhecimento do pedido. da segurança social ou da intervenção da comissão de
reavaliação está sujeito a taxa, a fixar por portaria con-
Artigo 196.o junta dos ministros responsáveis pelas áreas das finanças
e laboral.
Procedimento
CAPÍTULO XIX
1 — Os serviços da segurança social devem, no prazo
de vinte e quatro horas a contar da recepção do reque- Faltas para assistência à família
rimento, dar cumprimento ao disposto nas alíneas c)
e d) do n.o 1 do artigo 192.o Artigo 202.o
2 — No prazo de oito dias a contar da apresentação Âmbito
do requerimento, a comissão deve proceder à reava-
liação da situação de doença do trabalhador e comunicar O presente capítulo regula a alínea e) do n.o 2 do
o resultado da mesma a este e ao empregador. artigo 225.o do Código do Trabalho.
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4845

Artigo 203.o 2 — A retribuição mínima mensal garantida não inclui


Faltas para assistência a membros do agregado familiar
subsídios, prémios, gratificações ou outras prestações
de atribuição acidental ou por períodos superiores ao
1 — O trabalhador tem direito a faltar ao trabalho mês, com excepção das:
até 15 dias por ano para prestar assistência inadiável a) Comissões sobre vendas e outros prémios de
e imprescindível em caso de doença ou acidente ao côn- produção;
juge, parente ou afim na linha recta ascendente ou no b) Gratificações que, nos termos do n.o 2 do
2.o grau da linha colateral, filho, adoptado ou enteado artigo 261.o do Código do Trabalho, constituam
com mais de 10 anos de idade. retribuição.
2 — Aos 15 dias previstos no número anterior acresce
1 dia por cada filho, adoptado ou enteado além do 3 — No montante da retribuição mínima mensal
primeiro. garantida é incluído o valor de prestações em espécie,
3 — O disposto nos números anteriores é aplicável nomeadamente a alimentação e o alojamento cuja atri-
aos trabalhadores a quem tenha sido deferida a tutela buição seja devida ao trabalhador como contrapartida
de outra pessoa ou confiada a guarda de menor com do seu trabalho normal.
mais de 10 anos, por decisão judicial ou administrativa. 4 — O valor das prestações em espécie é calculado
4 — Para justificação de faltas, o empregador pode segundo os preços correntes na região, não podendo,
exigir ao trabalhador: no entanto, ser superior aos seguintes montantes ou
a) Prova do carácter inadiável e imprescindível da percentagens do valor da retribuição mínima mensal
assistência; garantida ou do determinado por aplicação das per-
b) Declaração de que os outros membros do agre- centagens de redução a que se refere o n.o 6:
gado familiar, caso exerçam actividade profis- a) 35 % para a alimentação completa;
sional, não faltaram pelo mesmo motivo ou b) 15 % para a alimentação constituída por uma
estão impossibilitados de prestar a assistência. só refeição principal;
c) 12 % para o alojamento do trabalhador;
Artigo 204.o d) 10 por divisão assoalhada para a habitação do
trabalhador e seu agregado familiar;
Efeitos e) 50 % para o total das prestações em espécie.
As faltas previstas no artigo anterior não determinam
a perda de quaisquer direitos e são consideradas, salvo 5 — O valor mencionado na alínea d) do número
quanto à retribuição, como prestação efectiva de serviço. anterior é actualizado, sempre que se verifique a revisão
do montante da retribuição mínima mensal garantida,
por aplicação do coeficiente de actualização das rendas
CAPÍTULO XX de habitação.
Fiscalização de doença 6 — O valor da retribuição mínima mensal garantida
sofre as reduções constantes do artigo 209.o relativa-
Artigo 205.o mente à qualificante profissional do trabalhador e à sua
aptidão para o trabalho.
Âmbito

O presente capítulo regula o n.o 8 do artigo 229.o Artigo 208.o


do Código do Trabalho.
Retribuição mínima horária garantida

Artigo 206.o 1 — Para determinação da retribuição mínima mensal


garantida devida nas situações de trabalho em regime
Regime de tempo parcial ou com pagamento à quinzena, semana
1 — Aplica-se ao presente capítulo o regime previsto ou dia, utiliza-se a regra de cálculo do valor da retri-
nos artigos 191.o a 201.o, sem prejuízo do disposto no buição horária estabelecida no artigo 264.o do Código
número seguinte. do Trabalho, sendo Rm o valor da retribuição mínima
2 — A entidade que proceder à convocação do tra- mensal garantida.
balhador para o exame médico deve informá-lo de que 2 — Sempre que o período normal de trabalho for
a sua não comparência ao exame médico, sem motivo de duração variável, atende-se ao seu valor médio anual.
atendível, tem como consequência a não justificação das
faltas dadas por doença, bem como que deve apresentar, Artigo 209.o
aquando da sua observação, informação clínica e os ele- Reduções relacionadas com o trabalhador
mentos auxiliares de diagnóstico de que disponha, com-
provativos da sua incapacidade. 1 — A retribuição mínima mensal garantida é objecto
das seguintes reduções relativas ao trabalhador:
CAPÍTULO XXI a) Praticantes, aprendizes e estagiários que se
encontrem numa situação caracterizável como
Retribuição mínima mensal garantida de formação certificada — 20 %;
b) Trabalhador com capacidade de trabalho redu-
Artigo 207.o zida — redução correspondente à diferença
Âmbito entre a capacidade plena para o trabalho e o
coeficiente de capacidade efectiva para o
1 — A retribuição mínima mensal garantida aos tra- desempenho da actividade contratada, se aquela
balhadores, prevista no artigo 266.o do Código do Tra- diferença for superior a 10 %, mas não podendo
balho, está sujeita às disposições seguintes. resultar redução de retribuição superior a 50 %.
4846 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

2 — A redução prevista na alínea a) do número ante- 2 — Consideram-se de risco elevado:


rior não é aplicável por período superior a um ano,
o qual inclui o tempo de formação passado ao serviço a) Trabalhos em obras de construção, escavação,
de outros empregadores, desde que documentado e movimentação de terras, túneis, com riscos de
visando a mesma qualificação. quedas de altura ou de soterramento, demo-
3 — O período estabelecido no número anterior é lições e intervenção em ferrovias e rodovias sem
reduzido a seis meses no caso de trabalhadores habi- interrupção de tráfego;
litados com curso técnico-profissional ou curso obtido b) Actividades de indústrias extractivas;
no sistema de formação profissional qualificante para c) Trabalho hiperbárico;
a respectiva profissão. d) Actividades que envolvam a utilização ou arma-
4 — A certificação do coeficiente de capacidade efec- zenagem de quantidades significativas de pro-
tiva é feita, a pedido do trabalhador, do candidato a dutos químicos perigosos susceptíveis de pro-
emprego ou do empregador, pelo IEFP ou pelos serviços vocar acidentes graves;
de saúde. e) Fabrico, transporte e utilização de explosivos
Artigo 210.o e pirotecnia;
f) Actividades de indústria siderúrgica e constru-
Actualização da retribuição mínima mensal garantida ção naval;
Sem prejuízo do disposto no n.o 2 do artigo 266.o g) Actividades que envolvam contacto com corren-
do Código do Trabalho, a actualização da retribuição tes eléctricas de média e alta tensão;
mínima mensal garantida tem em vista a sua adequação h) Produção e transporte de gases comprimidos,
aos critérios da política de rendimentos e preços. liquefeitos ou dissolvidos, ou a utilização sig-
nificativa dos mesmos;
i) Actividades que impliquem a exposição a radia-
CAPÍTULO XXII ções ionizantes;
j) Actividades que impliquem a exposição a agen-
Segurança, higiene e saúde no trabalho tes cancerígenos, mutagénicos ou tóxicos para
SECÇÃO I a reprodução;
l) Actividades que impliquem a exposição a agen-
Âmbito tes biológicos do grupo 3 ou 4;
m) Trabalhos que envolvam risco de silicose.
Artigo 211.o
Âmbito Artigo 214.o
o
O presente capítulo regula o artigo 280. do Código Consulta e participação
do Trabalho.
SECÇÃO II Na promoção e avaliação, a nível nacional, das medi-
das de política sobre segurança, higiene e saúde no tra-
Disposições gerais balho deve assegurar-se a consulta e a participação das
organizações mais representativas dos empregadores e
Artigo 212.o trabalhadores.
Trabalhador por conta própria
Artigo 215.o
o o
Os artigos 272. a 278. do Código do Trabalho, bem
Comissões de segurança, higiene e saúde no trabalho
como o disposto no presente capítulo, são aplicáveis,
com as necessárias adaptações, ao trabalhador por conta
1 — Por instrumento de regulamentação colectiva de
própria.
trabalho negocial, podem ser criadas comissões de segu-
Artigo 213.o rança, higiene e saúde no trabalho, de composição
Conceitos paritária.
2 — A comissão de segurança, higiene e saúde no
1 — Para efeitos do disposto nos artigos 272.o a 278.o trabalho criada nos termos do número anterior é cons-
do Código do Trabalho, bem como no presente capítulo, tituída pelos representantes dos trabalhadores para a
entende-se por: segurança, higiene e saúde no trabalho, de acordo com
a) Representante dos trabalhadores — o trabalha- a proporcionalidade dos resultados da eleição prevista
dor eleito para exercer funções de representação nos artigos 265.o a 279.o
dos trabalhadores nos domínios da segurança,
higiene e saúde no trabalho; Artigo 216.o
b) Componentes materiais do trabalho — o local
de trabalho, o ambiente de trabalho, as ferra- Formação dos representantes dos trabalhadores
mentas, as máquinas e materiais, as substâncias
e agentes químicos, físicos e biológicos, os pro- 1 — O empregador deve proporcionar condições para
cessos de trabalho e a organização do trabalho; que os representantes dos trabalhadores para a segu-
c) Prevenção — conjunto de actividades ou medi- rança, higiene e saúde no trabalho recebam formação
das adoptadas ou previstas no licenciamento e adequada, concedendo, se necessário, licença com retri-
em todas as fases de actividade da empresa, do buição ou sem retribuição nos casos em que outra enti-
estabelecimento ou do serviço, com o fim de dade atribua aos trabalhadores um subsídio específico.
evitar, eliminar ou diminuir os riscos profis- 2 — Para efeitos do disposto no número anterior, o
sionais. empregador e as respectivas associações representativas
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4847

podem solicitar o apoio dos serviços públicos compe- 3 — O empregador pode adoptar diferentes moda-
tentes quando careçam dos meios e condições neces- lidades de organização em cada estabelecimento.
sários à realização da formação, bem como as estruturas 4 — As actividades de saúde podem ser organizadas
de representação colectiva dos trabalhadores no que se separadamente das de segurança e higiene, observan-
refere à formação dos respectivos representantes. do-se, relativamente a cada uma, o disposto no número
anterior.
5 — Os serviços organizados em qualquer das moda-
Artigo 217.o lidades referidas no n.o 1 devem ter capacidade para
Formação dos trabalhadores exercer as actividades principais de segurança, higiene
e saúde no trabalho.
1 — Sem prejuízo do disposto no artigo 278.o do 6 — A utilização de serviços interempresas ou de ser-
Código do Trabalho, o empregador deve formar, em viços externos não isenta o empregador das responsa-
número suficiente, tendo em conta a dimensão da bilidades que lhe são atribuídas pela demais legislação
empresa e os riscos existentes, os trabalhadores respon- sobre segurança, higiene e saúde no trabalho.
sáveis pela aplicação das medidas de primeiros socorros,
de combate a incêndios e de evacuação de trabalhadores,
bem como facultar-lhes material adequado. Artigo 220.o
2 — Para efeitos da formação dos trabalhadores, é Primeiros socorros, combate a incêndios e evacuação de trabalhadores
aplicável o disposto na primeira parte do n.o 2 do
artigo anterior. A empresa ou estabelecimento, qualquer que seja a
organização dos serviços de segurança, higiene e saúde
SECÇÃO III no trabalho, deve ter uma estrutura interna que assegure
as actividades de primeiros socorros, de combate a
Serviços de segurança, higiene e saúde no trabalho
incêndios e de evacuação de trabalhadores em situações
SUBSECÇÃO I
de perigo grave e iminente, designando os trabalhadores
responsáveis por essas actividades.
Disposições gerais
Artigo 221.o
Artigo 218.o
Serviço Nacional de Saúde
Âmbito
1 — A promoção e vigilância da saúde podem ser
1 — A presente secção regula o artigo 276.o do Código asseguradas através das instituições e serviços integrados
do Trabalho. no Serviço Nacional de Saúde nos seguintes casos:
2 — A presente secção não se aplica aos sectores da
marinha de comércio e das pescas, com excepção da a) Trabalhador independente;
de companha, que são objecto de regulamentação b) Trabalhador agrícola sazonal e a termo;
específica. c) Aprendiz ao serviço de artesão;
d) Trabalhador do serviço doméstico;
SUBSECÇÃO II e) Pesca de companha;
f) Trabalhador de estabelecimento referido no
Organização dos serviços n.o 1 do artigo 225.o

DIVISÃO I 2 — O empregador e o trabalhador independente


devem fazer prova da situação prevista no número ante-
Disposições gerais rior que confira direito à assistência através de insti-
tuições e serviços integrados no Serviço Nacional de
Artigo 219.o Saúde, bem como pagar os respectivos encargos.
Modalidades
Artigo 222.o
1 — Na organização dos serviços de segurança,
higiene e saúde no trabalho, o empregador pode adop- Representante do empregador
tar, sem prejuízo do disposto no número seguinte, uma Se a empresa ou estabelecimento adoptar serviço inte-
das seguintes modalidades: rempresas ou serviço externo, o empregador deve desig-
a) Serviços internos; nar, em cada estabelecimento, um trabalhador com for-
b) Serviços interempresas; mação adequada que o represente para acompanhar
c) Serviços externos. e coadjuvar a adequada execução das actividades de
prevenção.
2 — Se na empresa ou estabelecimento não houver Artigo 223.o
meios suficientes para desenvolver as actividades inte-
Formação adequada
gradas no funcionamento dos serviços de segurança,
higiene e saúde no trabalho, por parte de serviços inter- Para efeitos do artigo anterior, considera-se formação
nos, ou estando em causa, nos termos do artigo 225.o, adequada a que permita a aquisição de competências
as actividades de segurança e higiene por parte de tra- básicas em matéria de segurança e higiene no trabalho,
balhadores designados ou do próprio empregador, este saúde, ergonomia, ambiente e organização do trabalho,
deve utilizar serviços interempresas ou serviços externos que seja validada pelo organismo do ministério respon-
ou, ainda, técnicos qualificados em número suficiente sável pela área laboral competente em matéria de segu-
para assegurar o desenvolvimento de todas ou parte rança, higiene e saúde no trabalho, ou inserida no sis-
daquelas actividades. tema educativo, ou promovida por departamentos da
4848 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

Administração Pública com responsabilidade no desen- belecimentos distanciados até 50 km a partir do de maior
volvimento de formação profissional. dimensão, que não exerça actividades de risco elevado,
pode utilizar serviços interempresas ou serviços exter-
nos, mediante autorização do organismo do ministério
DIVISÃO II
responsável pela área laboral competente em matéria
Serviços internos de prevenção da segurança, higiene e saúde no trabalho,
desde que:
Artigo 224.o a) Apresente taxas de incidência e de gravidade
Serviços internos de acidentes de trabalho, nos dois últimos anos,
não superiores à média do respectivo sector;
1 — Os serviços internos são criados pelo empregador b) O empregador não tenha sido punido por infrac-
e abrangem exclusivamente os trabalhadores que pres- ções muito graves respeitantes à violação de
tam serviço na empresa. legislação de segurança, higiene e saúde no tra-
2 — Os serviços internos fazem parte da estrutura balho, praticadas no mesmo estabelecimento,
da empresa e dependem do empregador. nos dois últimos anos;
3 — A empresa ou estabelecimento que desenvolva c) Se verifique, através de vistoria, que respeita
actividades de risco elevado, a que estejam expostos os valores limite de exposição a substâncias ou
pelo menos 30 trabalhadores, deve ter serviços internos. factores de risco.
4 — A empresa com, pelo menos, 400 trabalhadores
no mesmo estabelecimento ou no conjunto dos esta- 2 — O requerimento de autorização deve ser acom-
belecimentos distanciados até 50 km do de maior dimen- panhado de parecer dos representantes dos trabalha-
são, qualquer que seja a actividade desenvolvida, deve dores para a segurança, higiene e saúde no trabalho
ter serviços internos. ou, na sua falta, dos próprios trabalhadores.
3 — A autorização referida no n.o 1 é revogada se
Artigo 225.o a empresa ou estabelecimento apresentar taxas de inci-
Actividades exercidas pelo empregador ou por trabalhador designado dência e de gravidade de acidentes de trabalho supe-
riores à média do respectivo sector, em dois anos
1 — Na empresa, estabelecimento ou conjunto de consecutivos.
estabelecimentos distanciados até 50 km do de maior 4 — Se a autorização referida no n.o 1 for revogada,
dimensão, que empregue no máximo 10 trabalhadores a empresa ou estabelecimento deve adoptar serviços
e cuja actividade não seja de risco elevado, as actividades internos no prazo de seis meses.
de segurança e higiene no trabalho podem ser exercidas
directamente pelo próprio empregador, se tiver forma- Artigo 227.o
ção adequada e permanecer habitualmente nos esta-
belecimentos. Taxas de incidência e de gravidade de acidentes de trabalho
2 — Nas situações referidas no número anterior, o Para efeitos dos artigos anteriores, as taxas de inci-
empregador pode designar um ou mais trabalhadores dência e de gravidade de acidentes de trabalho médias
para se ocuparem de todas ou algumas das actividades do sector são as apuradas pelo serviço competente do
de segurança e higiene no trabalho que tenham for- ministério responsável pela área laboral, corresponden-
mação adequada e disponham do tempo e dos meios tes às empresas obrigadas a elaborar balanços sociais,
necessários. e respeitantes aos últimos anos com apuramentos
3 — À formação adequada referida nos números disponíveis.
anteriores aplica-se o disposto no artigo 223.o
4 — O exercício das actividades previsto nos n.os 1 DIVISÃO III
e 2 depende de autorização concedida pelo organismo
Serviços interempresas
do ministério responsável pela área laboral competente
em matéria de prevenção da segurança, higiene e saúde
no trabalho. Artigo 228.o
5 — Os trabalhadores designados nos termos do n.o 2 Serviços interempresas
não devem ser prejudicados por causa do exercício das
actividades. 1 — Os serviços interempresas são criados por várias
6 — A autorização referida no n.o 4 é revogada se empresas ou estabelecimentos para utilização comum
a empresa, estabelecimento ou conjunto dos estabele- dos respectivos trabalhadores.
cimentos apresentar, por mais de uma vez num período 2 — O acordo que institua os serviços interempresas
de cinco anos, taxas de incidência e de gravidade de deve ser celebrado por escrito e aprovado pelo orga-
acidentes de trabalho superiores à média do respectivo nismo do ministério responsável pela área laboral com-
sector. petente em matéria de segurança, higiene e saúde no
7 — No caso referido no número anterior, o empre- trabalho.
gador deve adoptar outra modalidade de organização DIVISÃO IV
dos serviços de segurança e higiene no trabalho no prazo
de três meses. Serviços externos

Artigo 226.o Artigo 229.o


Dispensa de serviços internos Serviços externos

1 — A empresa com, pelo menos, 400 trabalhadores 1 — Consideram-se serviços externos os contratados
no mesmo estabelecimento ou no conjunto dos esta- pelo empregador a outras entidades.
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4849

2 — Os serviços externos têm as seguintes moda- de segurança, higiene e saúde no trabalho, a sectores
lidades: de actividade e a actividades de risco elevado.
a) Associativos — prestados por associações com
personalidade jurídica sem fins lucrativos; Artigo 231.o
b) Cooperativos — prestados por cooperativas cujo Requerimento de autorização de serviços externos
objecto estatutário compreenda, exclusiva-
mente, a actividade de segurança, higiene e 1 — O requerimento de autorização de serviços exter-
saúde no trabalho; nos deve ser apresentado pelo respectivo titular ao orga-
c) Privados — prestados por sociedades de cujo nismo do ministério responsável pela área laboral com-
pacto social conste o exercício de actividades petente em matéria de prevenção da segurança, higiene
de segurança, higiene e saúde no trabalho, ou e saúde no trabalho.
por pessoa individual com habilitação e forma- 2 — O requerimento deve indicar a modalidade de
ção legais adequadas; serviço externo, as áreas de segurança, higiene e saúde,
d) Convencionados — prestados por qualquer enti- de segurança e saúde ou de saúde, os sectores de acti-
dade da administração pública central, regional vidade, bem como, sendo caso disso, as actividades de
ou local, instituto público ou instituição inte- risco elevado para que se pretende autorização, e conter
grada no Serviço Nacional de Saúde. os seguintes elementos:
3 — O empregador pode adoptar um modo de orga- a) A identificação do requerente através do nome,
nização dos serviços externos diferente das modalidades estado civil, profissão e residência ou, consoante
previstas no número anterior, desde que seja previa- os casos, do nome e número de identificação
mente autorizado, nos termos dos artigos 230.o a 237.o de pessoa colectiva, ou ainda da designação da
4 — O contrato entre o empregador e a entidade que entidade da administração pública central,
assegura a prestação de serviços externos deve ser cele- regional ou local ou de instituto público;
brado por escrito. b) O objecto social, se o requerente for pessoa
colectiva;
DIVISÃO V
c) A localização da sede e dos seus estabele-
Autorização de serviços externos cimentos.
Artigo 230.o 3 — O requerimento deve, ainda, ser acompanhado de:
Autorização
a) Cópia autenticada da respectiva escritura pública
1 — Os serviços externos, com excepção dos prestados e das alterações e indicação da publicação no
por instituição integrada no Serviço Nacional de Saúde, Diário da República, no caso de pessoa colectiva;
carecem de autorização para o exercício da actividade b) Enumeração do pessoal técnico superior e téc-
de segurança, higiene e saúde no trabalho. nico de segurança e higiene do trabalho, médico
2 — A autorização pode ser concedida para activi- do trabalho e enfermeiro, consoante as activi-
dades das áreas de segurança, higiene e saúde, de segu- dades de segurança, higiene e saúde, de segu-
rança e higiene ou de saúde, para todos ou alguns sec- rança e saúde ou de saúde para que se pretende
tores de actividade, bem como para determinadas acti- autorização, com indicação da natureza dos res-
vidades de risco elevado. pectivos vínculos e dos períodos normais de tra-
3 — A autorização depende da satisfação dos seguin- balho ou tempos mensais de afectação;
tes requisitos: c) Enumeração de outros recursos humanos, com
a) Recursos humanos suficientes com as qualifi- a indicação das qualificações, das funções, da
cações legalmente exigidas, no mínimo dois téc- natureza dos respectivos vínculos e dos períodos
nicos superiores de segurança e higiene no tra- normais de trabalho ou tempos mensais de
balho e um médico do trabalho, para autori- afectação;
zação das actividades de segurança e higiene d) Organograma funcional;
e de saúde, respectivamente; e) Área geográfica em que se propõe exercer a
b) Instalações devidamente equipadas, com con- actividade;
dições adequadas ao exercício da actividade; f) Indicação do número de trabalhadores que pre-
c) Equipamentos e utensílios de avaliação das con- tende abranger com os serviços em estabele-
dições de segurança, higiene e saúde no trabalho cimentos industriais e em estabelecimentos
nas empresas e equipamentos de protecção indi- comerciais;
vidual a utilizar pelo pessoal técnico do reque- g) Indicação das actividades ou funções para as
rente; quais se prevê o recurso a subcontratação;
d) Qualidade técnica dos procedimentos; h) Memória descritiva e plantas das instalações;
e) Recurso a subcontratação de serviços apenas i) Inventário dos equipamentos de trabalho a uti-
em relação a tarefas de elevada complexidade lizar na sede e nos seus estabelecimentos;
e pouco frequentes. j) Inventário dos utensílios e equipamentos a uti-
lizar na avaliação das condições de segurança,
4 — A autorização para actividades de risco elevado higiene e saúde, de segurança e saúde ou de
depende de a qualificação dos recursos humanos, as saúde no trabalho, com indicação das respec-
instalações e os equipamentos serem adequados às tivas características técnicas, marcas e modelos;
mesmas. l) Inventário dos equipamentos de protecção indi-
5 — O serviço externo pode requerer que a autori- vidual a utilizar em certas tarefas ou actividades
zação seja ampliada ou reduzida no que respeita a áreas que comportem risco específico para a segu-
4850 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

rança e saúde, com indicação das respectivas 7 — As entidades referidas no número anterior ela-
marcas e modelos e, quando se justifique, dos boram os relatórios das vistorias no prazo de 15 dias.
códigos de marcação;
m) Manual de procedimentos no âmbito da gestão Artigo 233.o
do serviço, nomeadamente sobre a política de
qualidade, o planeamento das actividades e a Elementos de apreciação
política de subcontratação, bem como no âmbito 1 — O requerimento de autorização é objecto de
dos procedimentos técnicos nas áreas de acti- apreciação tendo em conta os elementos referidos no
vidade para que se requer autorização, com refe- n.o 3 do artigo 230.o, bem como a natureza jurídica
rência aos diplomas aplicáveis, a guias de pro- e o objecto social do requerente, se for pessoa colectiva.
cedimentos de organismos internacionais reco- 2 — Constituem elementos de apreciação no domínio
nhecidos, a códigos de boas práticas e a listas dos recursos humanos:
de verificação.
a) Técnicos com as qualificações legalmente exi-
4 — Se for requerida autorização para determinadas gidas, tendo em conta as actividades das áreas
actividades de risco elevado, o requerimento deve ser de segurança, higiene e saúde no trabalho para
acompanhado de elementos comprovativos de que a que se pede autorização;
qualificação dos recursos humanos e os utensílios e equi- b) A natureza dos vínculos e os períodos normais
pamentos são adequados às mesmas. de trabalho ou tempos mensais de afectação do
pessoal técnico superior e técnico de segurança
Artigo 232.o e higiene do trabalho, do médico do trabalho
e enfermeiro, consoante as áreas para que se
Instrução e vistoria pretende autorização.
1 — A direcção da instrução do procedimento de
autorização de serviços externos compete ao organismo 3 — Constituem elementos de apreciação das condi-
do ministério responsável pela área laboral competente ções de segurança, higiene e saúde no trabalho nas ins-
em matéria de segurança, higiene e saúde no trabalho. talações do requerente:
2 — O organismo que assegura a direcção da instru- a) Conformidade das instalações e dos equipamen-
ção remete à Direcção-Geral da Saúde cópia do reque- tos com as prescrições mínimas de segurança
rimento e dos elementos que o acompanham, podendo e saúde no trabalho;
esta solicitar àquele os elementos necessários à instrução b) Adequação dos equipamentos de trabalho às
do requerimento, bem como esclarecimentos ou infor- tarefas a desenvolver e ao número máximo de
mações complementares. trabalhadores que, em simultâneo, deles possam
3 — O organismo que assegura a direcção da instru- necessitar.
ção pode solicitar ao requerente os elementos, escla-
recimentos ou informações necessários. 4 — Constituem elementos de apreciação no domínio
4 — Depois de verificada a conformidade dos requi- dos equipamentos e utensílios de avaliação das condi-
sitos susceptíveis de apreciação documental, o orga- ções de segurança, higiene e saúde, de segurança e saúde
nismo que assegura a direcção da instrução notifica o ou de saúde no trabalho nas empresas, consoante o con-
requerente para que indique um prazo, não superior teúdo do requerimento:
a 30 dias, após o qual a vistoria é realizada.
5 — Mediante pedido fundamentado, o organismo a) Características dos equipamentos e utensílios a
que assegura a direcção da instrução pode prorrogar utilizar na avaliação das condições de segurança,
por mais 10 dias o prazo referido no número anterior. higiene e saúde no trabalho, tendo em conta
6 — As instalações, bem como os equipamentos e os riscos potenciais dos sectores de actividade
utensílios referidos nas alíneas i), j) e l) do n.o 3 do para que se pretende autorização;
artigo anterior, são objecto de vistoria realizada pelas b) Procedimentos no domínio da metrologia rela-
entidades seguintes: tivos aos equipamentos e utensílios referidos na
alínea anterior.
a) A Direcção-Geral da Saúde e a Inspecção-Geral
do Trabalho, no que respeita às instalações, 5 — Constituem elementos de apreciação no domínio
tendo em conta as condições de segurança,
da qualidade técnica dos procedimentos as especifica-
higiene e saúde no trabalho;
ções do manual referido na alínea m) do n.o 3 do
b) A Direcção-Geral da Saúde, no que respeita
artigo 231.o
às condições de funcionamento do serviço na
área da saúde no trabalho, em matéria de equi- Artigo 234.o
pamentos de trabalho na sede e nos respectivos Alteração da autorização
estabelecimentos e de equipamentos para ava-
liar as condições de saúde no trabalho; 1 — Ao requerimento de alteração da autorização,
c) O organismo que assegura a direcção da ins- no que respeita a actividades de segurança, higiene e
trução, no que respeita a condições de funcio- saúde, de segurança e saúde ou de saúde no trabalho,
namento do serviço na área da segurança e a sectores de actividade em que são exercidas, ou a
higiene no trabalho, em matéria de equipamen- actividades de risco elevado em que o serviço pode ser
tos de trabalho a utilizar na sede e nos res- prestado, é aplicável o disposto nos artigos anteriores,
pectivos estabelecimentos, de utensílios e equi- tendo em consideração apenas os elementos que devam
pamentos para a avaliação da segurança e ser modificados por causa da alteração.
higiene no trabalho e de equipamentos de pro- 2 — Há lugar a uma nova vistoria se os elementos
tecção individual. modificados por causa da alteração da autorização
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4851

incluírem as instalações, bem como os equipamentos SUBSECÇÃO III


e os utensílios referidos nas alíneas i), j) e l) do n.o 3 Funcionamento dos serviços de segurança, higiene
do artigo 231.o e saúde no trabalho
Artigo 235.o DIVISÃO I

Audiência do interessado Princípios gerais

1 — Se os elementos constantes do procedimento Artigo 239.o


conduzirem a uma decisão desfavorável ao requerente, Objectivos
o organismo que assegura a direcção da instrução deve
informá-lo, sendo caso disso, na audiência do interes- A acção dos serviços de segurança, higiene e saúde
sado, da possibilidade de reduzir o pedido no que res- no trabalho tem os seguintes objectivos:
peita a áreas de segurança, higiene e saúde no trabalho a) Estabelecimento e manutenção de condições de
e a sectores de actividade potencialmente abrangidos. trabalho que assegurem a integridade física e
2 — No caso de o pedido abranger a actividade de mental dos trabalhadores;
saúde no trabalho, a informação ao requerente referida b) Desenvolvimento de condições técnicas que
no número anterior efectua-se de harmonia com parecer assegurem a aplicação das medidas de preven-
prévio emitido pela Direcção-Geral da Saúde. ção previstas no artigo 273.o do Código do
3 — Considera-se favorável o parecer que não for Trabalho;
emitido no prazo de 15 dias a contar da data da sua c) Informação e formação dos trabalhadores no
solicitação pelo organismo que assegura a direcção da domínio da segurança, higiene e saúde no
instrução. trabalho;
Artigo 236.o d) Informação e consulta dos representantes dos
trabalhadores ou, na sua falta, dos próprios
Pagamento de taxas trabalhadores.
1 — Depois de definido o prazo após o qual a vistoria
pode ser realizada, de acordo com os n.os 4 ou 5 do Artigo 240.o
artigo 232.o, o organismo que assegura a direcção da Actividades principais
instrução notifica o requerente para o pagamento prévio
da taxa referente à vistoria. 1 — Os serviços de segurança, higiene e saúde no
2 — Após a instrução do procedimento de autoriza- trabalho devem tomar as medidas necessárias para pre-
ção ou para alteração desta, o organismo que assegura venir os riscos profissionais e promover a segurança e
a direcção da instrução notifica o requerente, antes de a saúde dos trabalhadores.
apresentar o relatório com a proposta de decisão, para 2 — Os serviços de segurança, higiene e saúde no
pagar a taxa devida pela apreciação do requerimento. trabalho devem realizar, nomeadamente, as seguintes
actividades:
Artigo 237.o a) Informação técnica, na fase de projecto e de
execução, sobre as medidas de prevenção rela-
Decisão
tivas às instalações, locais, equipamentos e pro-
1 — A autorização do serviço externo, a sua alteração cessos de trabalho;
e revogação são decididas por despacho conjunto dos b) Identificação e avaliação dos riscos para a segu-
ministros responsáveis pela área laboral e pelo sector rança e saúde no local de trabalho e controlo
da saúde. periódico da exposição a agentes químicos, físi-
2 — O procedimento relativo aos actos referidos no cos e biológicos;
número anterior é regulado pelo Código do Procedi- c) Planeamento da prevenção, integrando, a todos
mento Administrativo, considerando-se haver indeferi- os níveis e para o conjunto das actividades da
mento tácito se o requerimento não tiver decisão final empresa, a avaliação dos riscos e as respectivas
no prazo de 90 dias. medidas de prevenção;
3 — A autorização deve especificar as áreas de segu- d) Elaboração de um programa de prevenção de
rança, higiene e saúde, os sectores de actividade e, se riscos profissionais;
for caso disso, as actividades de risco elevado abrangidas. e) Promoção e vigilância da saúde, bem como a
organização e manutenção dos registos clínicos
e outros elementos informativos relativos a cada
DIVISÃO VI trabalhador;
Qualificação dos restantes serviços
f) Informação e formação sobre os riscos para a
segurança e saúde, bem como sobre as medidas
de prevenção e protecção;
Artigo 238.o g) Organização dos meios destinados à prevenção
Qualificação e protecção, colectiva e individual, e coorde-
nação das medidas a adoptar em caso de perigo
A organização dos serviços internos e dos serviços grave e iminente;
interempresas deve atender aos requisitos definidos nas h) Afixação de sinalização de segurança nos locais
alíneas b) a e) do n.o 3 do artigo 230.o, bem como, de trabalho;
quanto aos recursos humanos, ao disposto nos arti- i) Análise dos acidentes de trabalho e das doenças
gos 242.o e 250.o profissionais;
4852 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

j) Recolha e organização dos elementos estatís- dores, 2 técnicos, por cada 3000 trabalhadores
ticos relativos à segurança e saúde na empresa; abrangidos ou fracção, sendo, pelo menos, um
l) Coordenação de inspecções internas de segu- deles técnico superior.
rança sobre o grau de controlo e sobre a obser-
vância das normas e medidas de prevenção nos 3 — O organismo do ministério responsável pela área
locais de trabalho. laboral competente em matéria de segurança, higiene
e saúde no trabalho, mediante parecer das autoridades
3 — Os serviços de segurança, higiene e saúde no com competência fiscalizadora, pode determinar uma
trabalho devem, ainda, manter actualizados, para efeitos duração maior da actividade dos serviços de segurança
de consulta, os seguintes elementos: e higiene em estabelecimento em que, independente-
mente do número de trabalhadores, a natureza ou a
a) Resultados das avaliações dos riscos relativas gravidade dos riscos profissionais, bem como os indi-
aos grupos de trabalhadores a eles expostos; cadores de sinistralidade, justifiquem uma acção mais
b) Lista de acidentes de trabalho que tenham oca- eficaz.
sionado ausência por incapacidade para o
Artigo 243.o
trabalho;
c) Relatórios sobre acidentes de trabalho que Informação técnica
tenham ocasionado ausência por incapacidade 1 — O empregador deve fornecer aos serviços de
para o trabalho superior a três dias; segurança e higiene no trabalho os elementos técnicos
d) Lista das situações de baixa por doença e do sobre os equipamentos e a composição dos produtos
número de dias de ausência ao trabalho, a ser utilizados.
remetidos pelo serviço de pessoal e, no caso 2 — Os serviços de segurança e higiene no trabalho
de doenças profissionais, a respectiva identi- devem ser informados sobre todas as alterações dos com-
ficação; ponentes materiais do trabalho e consultados, previa-
e) Lista das medidas, propostas ou recomendações mente, sobre todas as situações com possível repercussão
formuladas pelos serviços de segurança e saúde na segurança e higiene dos trabalhadores.
no trabalho. 3 — As informações referidas nos números anteriores
ficam sujeitas a sigilo profissional, sem prejuízo de as
4 — Se as actividades referidas nos números ante- informações pertinentes para a protecção da segurança
riores implicarem a adopção de medidas cuja concre- e saúde deverem ser comunicadas aos trabalhadores
tização dependa essencialmente de outros responsáveis envolvidos e aos representantes dos trabalhadores para
da empresa, os serviços de segurança, higiene e saúde a segurança, higiene e saúde no trabalho, sempre que
no trabalho devem informá-los sobre as mesmas e coo- tal se mostre necessário.
perar na sua execução.
DIVISÃO III
DIVISÃO II Saúde no trabalho
Segurança e higiene no trabalho
Artigo 244.o
o
Artigo 241. Vigilância da saúde
Actividades técnicas A responsabilidade técnica da vigilância da saúde cabe
1 — As actividades técnicas de segurança e higiene ao médico do trabalho.
no trabalho são exercidas por técnicos superiores ou
técnico-profissionais certificados pelo organismo do Artigo 245.o
ministério responsável pela área laboral competente em Exames de saúde
matéria de prevenção da segurança, higiene e saúde
no trabalho, nos termos de legislação especial. 1 — O empregador deve promover a realização de
2 — Os profissionais referidos nos números anterio- exames de saúde, tendo em vista verificar a aptidão física
res exercem as respectivas actividades com autonomia e psíquica do trabalhador para o exercício da actividade,
técnica. bem como a repercussão desta e das condições em que
é prestada na saúde do mesmo.
Artigo 242.o 2 — Sem prejuízo do disposto em legislação especial,
Garantia mínima de funcionamento devem ser realizados os seguintes exames de saúde:
1 — A actividade dos serviços de segurança e higiene a) Exames de admissão, antes do início da pres-
deve ser assegurada regularmente no próprio estabe- tação de trabalho ou, se a urgência da admissão
lecimento, durante o tempo necessário. o justificar, nos 15 dias seguintes;
2 — A afectação dos técnicos às actividades de segu- b) Exames periódicos, anuais para os menores e
rança e higiene no trabalho, por empresa, é estabelecida para os trabalhadores com idade superior a 50
nos seguintes termos: anos, e de dois em dois anos para os restantes
trabalhadores;
a) Em estabelecimento industrial — até 50 traba- c) Exames ocasionais, sempre que haja alterações
lhadores, 1 técnico, e, acima de 50, 2 técnicos, substanciais nos componentes materiais de tra-
por cada 1500 trabalhadores abrangidos ou frac- balho que possam ter repercussão nociva na
ção, sendo, pelo menos, um deles técnico saúde do trabalhador, bem como no caso de
superior; regresso ao trabalho depois de uma ausência
b) Nos restantes estabelecimentos — até 50 traba- superior a 30 dias por motivo de doença ou
lhadores, 1 técnico, e, acima de 50 trabalha- acidente.
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4853

3 — Para completar a observação e formular uma opi- Artigo 250.o


nião precisa sobre o estado de saúde do trabalhador, Garantia mínima de funcionamento
o médico do trabalho pode solicitar exames comple-
mentares ou pareceres médicos especializados. 1 — O médico do trabalho deve prestar actividade
4 — O médico do trabalho, face ao estado de saúde durante o número de horas necessário à realização dos
do trabalhador e aos resultados da prevenção dos riscos actos médicos, de rotina ou de emergência, e outros
profissionais na empresa, pode reduzir ou aumentar a trabalhos que deva coordenar.
periodicidade dos exames, devendo, contudo, realizá-los 2 — O médico do trabalho deve conhecer os com-
dentro do período em que está estabelecida a obriga- ponentes materiais do trabalho com influência sobre
toriedade de novo exame. a saúde dos trabalhadores desenvolvendo para este
5 — O médico do trabalho deve ter em consideração efeito a actividade no estabelecimento, nos seguintes
o resultado de exames a que o trabalhador tenha sido termos:
submetido e que mantenham actualidade, devendo ins- a) Em estabelecimento industrial, pelo menos uma
tituir-se a cooperação necessária com o médico assis- hora por mês por cada grupo de 10 trabalha-
tente. dores ou fracção;
Artigo 246.o b) Nos restantes estabelecimentos, pelo menos
uma hora por mês por cada grupo de 20 tra-
Enfermeiro balhadores ou fracção.
Em grande empresa, o médico do trabalho deve ser 3 — Ao médico do trabalho é proibido assegurar a
coadjuvado por um enfermeiro com experiência ade- vigilância da saúde de um número de trabalhadores a
quada. que correspondam mais de cento e cinquenta horas de
Artigo 247.o actividade por mês.
Ficha clínica
DIVISÃO IV

1 — As observações clínicas relativas aos exames de Acompanhamento e auditoria dos serviços externos
saúde são anotadas na ficha clínica do trabalhador.
2 — A ficha clínica está sujeita ao segredo profissio- Artigo 251.o
nal, só podendo ser facultada às autoridades de saúde Acompanhamento
e aos médicos da Inspecção-Geral do Trabalho.
3 — O médico responsável pela vigilância da saúde Os serviços externos, com excepção dos serviços con-
deve entregar ao trabalhador que deixar de prestar ser- vencionados, devem comunicar ao organismo do minis-
viço na empresa, a pedido deste, cópia da ficha clínica. tério responsável pela área laboral competente em maté-
ria de segurança, higiene e saúde no trabalho, no prazo
de 30 dias após a ocorrência, a interrupção ou cessação
Artigo 248.o do seu funcionamento, bem como quaisquer alterações
Ficha de aptidão que afectem a natureza jurídica e objecto social, loca-
lização da sede ou dos seus estabelecimentos, bem como
1 — Face ao resultado do exame de admissão, perió- os requisitos referidos no n.o 3 do artigo 230.o, desig-
dico ou ocasional, o médico do trabalho deve preencher nadamente as que se reportem a:
uma ficha de aptidão e remeter uma cópia ao respon- a) Diminuição do número ou da qualificação dos
sável dos recursos humanos da empresa. técnicos;
2 — Se o resultado do exame de saúde revelar a inap- b) Redução dos recursos técnicos necessários à
tidão do trabalhador, o médico do trabalho deve indicar, avaliação das condições de segurança, higiene
sendo caso disso, outras funções que aquele possa e saúde no trabalho;
desempenhar. c) Aumento do recurso a subcontratação de ser-
3 — A ficha de aptidão não pode conter elementos viços.
que envolvam segredo profissional.
4 — Sempre que a repercussão do trabalho e das con- Artigo 252.o
dições em que o mesmo é prestado se revelar nociva Auditoria
para a saúde do trabalhador, o médico do trabalho deve,
ainda, comunicar tal facto ao responsável pelos serviços 1 — A capacidade dos serviços externos autorizados
de segurança, higiene e saúde no trabalho e, bem assim, é avaliada através de auditoria, que incide sobre os requi-
se o estado de saúde o justificar, solicitar o seu acom- sitos referidos no n.o 3 do artigo 230.o, concretizados
panhamento pelo médico assistente do centro de saúde, nos termos dos n.os 2, 3, 4 e 5 do artigo 233.o
ou outro médico indicado pelo trabalhador. 2 — A auditoria é realizada pelos serviços a seguir
5 — O modelo da ficha de aptidão é fixado por por- referidos, por sua iniciativa ou, sendo caso disso, na
taria do ministro responsável pela área laboral. sequência das comunicações referidas no artigo anterior:
a) A Direcção-Geral da Saúde e a Inspecção-Geral
o do Trabalho, no que respeita às instalações,
Artigo 249.
tendo em conta as condições de segurança,
Informação técnica higiene e saúde no trabalho;
b) A Direcção-Geral da Saúde, no que respeita
O médico do trabalho tem acesso às informações refe- às condições de funcionamento do serviço na
ridas nos n.os 1 e 2 do artigo 243.o, sujeitas a sigilo área da saúde no trabalho, nomeadamente o
profissional nos termos do n.o 3 do mesmo artigo. efectivo de pessoal técnico, recurso a subcon-
4854 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

tratação, equipamentos de trabalho na sede e ou em prazo superior fixado pelo empregador aten-
nos estabelecimentos e equipamentos para ava- dendo à extensão ou complexidade da matéria.
liar as condições de saúde; 2 — Decorrido o prazo referido no número anterior
c) O organismo do ministério responsável pela sem que o parecer tenha sido entregue ao empregador,
área laboral competente em matéria de segu- considera-se satisfeita a exigência da consulta.
rança, higiene e saúde no trabalho, em relação
às condições de funcionamento do serviço na Artigo 255.o
área da segurança e higiene no trabalho, nomea-
damente o efectivo de pessoal técnico, recurso Deveres dos trabalhadores
a subcontratação, equipamentos de trabalho na 1 — Os trabalhadores devem cooperar para que seja
sede e nos estabelecimentos, equipamentos para assegurada a segurança, higiene e saúde no trabalho
a avaliação da segurança e higiene no trabalho e, em especial:
e equipamentos de protecção individual, sem
prejuízo das competências atribuídas por lei à a) Tomar conhecimento da informação prestada
Inspecção-Geral do Trabalho. pelo empregador sobre segurança, higiene e
saúde no trabalho;
3 — As entidades referidas no número anterior, no b) Comparecer às consultas e exames médicos
desempenho das competências aí previstas, podem determinados pelo médico do trabalho.
recorrer à contratação externa de serviços de técnicos
especializados, atendendo à complexidade ou especia- 2 — Os trabalhadores com funções de direcção e os
lização técnica das tarefas a realizar. quadros técnicos devem cooperar, de modo especial,
4 — Tendo em consideração as alterações comuni- em relação aos serviços sob o seu enquadramento hie-
cadas nos termos do artigo anterior ou verificadas atra- rárquico e técnico, com os serviços de segurança, higiene
vés de auditoria, ou a falta de requisitos essenciais ao e saúde no trabalho na execução das medidas de pre-
funcionamento dos serviços externos, o organismo do venção e de vigilância da saúde.
ministério responsável pela área laboral competente em
matéria de segurança, higiene e saúde no trabalho pro- SUBSECÇÃO V
move a revogação da autorização ou a sua redução no
Disposições finais
que respeita a áreas de actividade de segurança, higiene
e saúde no trabalho ou a sectores de actividade. Artigo 256.o
Médico do trabalho
SUBSECÇÃO IV
1 — Considera-se médico do trabalho o licenciado em
Informação e consulta e deveres dos trabalhadores Medicina com especialidade de medicina do trabalho
reconhecida pela Ordem dos Médicos.
Artigo 253.o 2 — Considera-se, ainda, médico do trabalho aquele
a quem for reconhecida idoneidade técnica para o exer-
Informação e consulta
cício das respectivas funções, nos termos de legislação
O empregador, se não acolher o parecer dos repre- especial.
sentantes dos trabalhadores para a segurança, higiene 3 — No caso de insuficiência comprovada de médicos
e saúde no trabalho ou, na sua falta, dos próprios tra- do trabalho qualificados nos termos referidos nos núme-
balhadores, consultados nos termos das alíneas e), f) ros anteriores, a Direcção-Geral da Saúde pode auto-
e g) do n.o 3 do artigo 275.o do Código do Trabalho, rizar outros licenciados em medicina a exercer as res-
deve informá-los dos fundamentos: pectivas funções, os quais, no prazo de três anos a contar
da respectiva autorização, devem apresentar prova da
a) Do recurso a técnicos qualificados para asse- obtenção de especialidade em medicina do trabalho,
gurar o desenvolvimento de todas ou parte das sob pena de lhes ser vedada a continuação do exercício
actividades de segurança, higiene e saúde no das referidas funções.
trabalho;
b) Da designação dos trabalhadores responsáveis Artigo 257.o
pelas actividades de primeiros socorros, com- Comunicação à Inspecção-Geral do Trabalho
bate a incêndios e evacuação de trabalhadores;
c) Da designação do representante do empregador 1 — Sem prejuízo de outras notificações previstas em
que acompanha a actividade do serviço inte- legislação especial, o empregador deve comunicar à Ins-
rempresas ou do serviço externo; pecção-Geral do Trabalho os acidentes mortais ou que
d) Da designação dos trabalhadores que prestam evidenciem uma situação particularmente grave, nas
actividades de segurança e higiene no trabalho; vinte e quatro horas seguintes à ocorrência.
e) Do recurso a serviços interempresas ou a ser- 2 — A comunicação prevista no número anterior deve
viços externos. ser acompanhada de informação, e respectivos registos,
sobre todos os tempos de trabalho prestado pelo tra-
Artigo 254.o balhador nos 30 dias que antecederam o acidente.
Consulta
Artigo 258.o
1 — Na consulta dos representantes dos trabalhado- Notificações
res ou, na sua falta, dos próprios trabalhadores, nos
termos do n.o 3 do artigo 275.o do Código do Trabalho, 1 — O empregador deve notificar o organismo do
o respectivo parecer deve ser emitido no prazo de 15 dias ministério responsável pela área laboral competente em
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4855

matéria de segurança, higiene e saúde no trabalho da ponsável pela área laboral, em endereço electrónico ade-
modalidade adoptada para a organização dos serviços quadamente publicitado.
de segurança, higiene e saúde, bem como da sua alte- 7 — O modelo de suporte de papel do relatório anual
ração, nos 30 dias seguintes à verificação de qualquer é impresso e distribuído pela Imprensa Nacional-Casa
dos factos. da Moeda, S. A.
2 — O modelo da notificação é fixado por portaria 8 — O organismo do ministério responsável pela área
do ministro responsável pela área laboral. laboral competente em matéria de segurança, higiene
3 — O organismo do ministério responsável pela área e saúde no trabalho deve remeter cópias dos relatórios
laboral competente em matéria de prevenção da segu- anuais ao serviço referido no n.o 6, para efeitos esta-
rança, higiene e saúde no trabalho remete à Direcção- tísticos.
-Geral da Saúde a notificação prevista no n.o 1.
Artigo 260.o
4 — O empregador deve comunicar ao organismo do
ministério responsável pela área laboral competente em Documentação
matéria de prevenção da segurança, higiene e saúde
O empregador deve manter à disposição das entidades
no trabalho e à Direcção-Geral da Saúde, no prazo de
com competência fiscalizadora a documentação relativa
30 dias a contar do início da actividade dos serviços
à realização das actividades a que se refere o artigo 240.o,
externos, os seguintes elementos:
durante cinco anos.
a) Identificação completa da entidade prestadora
dos serviços externos; Artigo 261.o
b) O local ou locais da prestação do serviço; Encargos
c) Data de início da actividade;
d) Termo da actividade, quando tenha sido fixado; O empregador suporta os encargos com a organização
e) Identificação do técnico responsável pelo ser- e funcionamento dos serviços de segurança, higiene e
viço e, se for pessoa diferente, do médico do saúde no trabalho, incluindo exames, avaliações de expo-
trabalho; sições, testes e demais acções realizadas para a pre-
f) Número de trabalhadores potencialmente abran- venção dos riscos profissionais e a vigilância da saúde.
gidos;
g) Número de horas mensais de afectação de pes- Artigo 262.o
soal à empresa;
Taxas
h) Actos excluídos do âmbito do contrato.
1 — Estão sujeitos a taxas os seguintes actos relativos
5 — O empregador deve comunicar ao organismo do à autorização ou avaliação da capacidade de serviços
ministério responsável pela área laboral competente em externos:
matéria de prevenção da segurança, higiene e saúde
no trabalho e à Direcção-Geral da Saúde, no prazo de a) Apreciação de requerimento de autorização ou
30 dias a contar do início da actividade dos serviços alteração desta;
interempresas, os elementos referidos no número ante- b) Vistoria prévia à decisão do requerimento de
rior. autorização ou alteração desta;
6 — As alterações aos elementos referidos nos n.os 4 c) Auditoria de avaliação da capacidade do serviço
e 5 devem ser comunicadas nos 30 dias subsequentes. externo realizada na sequência da comunicação
referida no artigo 251.o ou por iniciativa dos
serviços competentes se a autorização for redu-
Artigo 259.o zida ou revogada.
Relatório de actividades
2 — As taxas referidas no número anterior são esta-
1 — O empregador deve elaborar, para cada um dos belecidas em portaria conjunta dos ministros respon-
estabelecimentos, um relatório anual da actividade dos sáveis pelas áreas das finanças e laboral, tendo em conta
serviços de segurança, higiene e saúde no trabalho. os tipos de actos, as áreas de segurança, higiene e saúde
2 — O modelo do relatório é fixado por portaria do no trabalho a que os mesmos respeitam e as actividades
ministro responsável pela área laboral. de risco elevado integradas nos sectores de actividade
3 — O relatório deve ser apresentado, no mês de Abril a que a autorização se refere.
do ano seguinte àquele a que respeita, ao delegado con-
celhio de saúde e ao organismo do ministério respon-
Artigo 263.o
sável pela área laboral competente em matéria de segu-
rança, higiene e saúde no trabalho da área da localização Produto das taxas
do estabelecimento ou, se este mudar de localização
O produto das taxas referidas no artigo anterior
durante o ano a que o relatório respeita, da área da
reverte para o organismo do ministério responsável pela
sede do empregador.
área laboral competente em matéria de segurança,
4 — Se o empregador tiver mais de 10 trabalhadores,
higiene e saúde no trabalho e para a Direcção-Geral
o relatório deve ser apresentado por meio informático.
da Saúde, na seguinte proporção:
5 — O empregador com até 10 trabalhadores pode
apresentar o relatório por meio informático, nomea- a) 70 % para o organismo do ministério respon-
damente em suporte digital ou correio electrónico, ou sável pela área laboral competente em matéria
em suporte de papel. de segurança, higiene e saúde no trabalho e 30 %
6 — Os elementos auxiliares necessários ao preenchi- para a Direcção-Geral da Saúde, no caso de
mento do relatório são fornecidos pelo Departamento vistoria ou apreciação de requerimento para
de Estudos, Estatística e Planeamento do ministério res- autorização ou alteração desta, referente a ser-
4856 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

viços de segurança, higiene e saúde no trabalho, Artigo 268.o


ou saúde no trabalho; Comissão eleitoral
b) 100 % para o organismo do ministério respon-
sável pela área laboral competente em matéria 1 — A comissão eleitoral é constituída por:
de segurança, higiene e saúde no trabalho, no
a) Um presidente: trabalhador com mais antigui-
caso de vistoria ou apreciação de requerimento
dade na empresa e, em caso de igualdade, o
para autorização ou alteração desta, referente
que tiver mais idade e, mantendo-se a igualdade,
a serviços de segurança e higiene no trabalho.
o que tiver mais habilitações;
b) Um secretário: trabalhador com menos antigui-
SECÇÃO IV dade na empresa, desde que superior a dois anos
e, em caso de igualdade, o que tiver mais idade
Representantes dos trabalhadores para a segurança, higiene e, mantendo-se a igualdade, o que tiver mais
e saúde no trabalho habilitações;
c) Dois trabalhadores escolhidos de acordo com
SUBSECÇÃO I os critérios fixados nas alíneas anteriores, salvo
tratando-se de microempresa ou de pequena
Disposição geral
empresa;
d) Um representante de cada lista.
Artigo 264.o
Âmbito 2 — Em caso de recusa de participação na comissão
eleitoral, procede-se a nova escolha de acordo com os
A presente secção regula o artigo 277.o do Código critérios previstos no número anterior.
do Trabalho. 3 — O presidente, secretário e os trabalhadores esco-
lhidos de acordo com a alínea c) do n.o 1 são investidos
SUBSECÇÃO II nas funções, após declaração de aceitação, no prazo de
cinco dias a contar da publicação da convocatória do
Eleição dos representantes dos trabalhadores para a segurança, acto eleitoral no Boletim do Trabalho e Emprego.
higiene e saúde no trabalho
4 — Os representantes das listas integram a comissão
eleitoral, após declaração de aceitação, no dia subse-
Artigo 265.o quente à decisão de admissão das listas.
Capacidade eleitoral 5 — A composição da comissão eleitoral deve ser
comunicada ao empregador no prazo de quarenta e oito
Nenhum trabalhador da empresa pode ser prejudi- horas, a contar da declaração de aceitação dos membros
cado nos seus direitos de eleger e ser eleito, nomea- referidos no n.o 1.
damente por motivo de idade ou função.
Artigo 269.o
Competência e funcionamento da comissão eleitoral
Artigo 266.o
Promoção da eleição
1 — Compete ao presidente da comissão eleitoral afi-
xar as datas de início e termo do período para apre-
1 — Os trabalhadores ou o sindicato que tenha tra- sentação de listas, em local apropriado na empresa e
balhadores representados na empresa promovem a elei- estabelecimento, o qual não pode ser inferior a cinco
ção dos representantes dos trabalhadores para a segu- nem superior a 15 dias, bem como dirigir a actividade
rança, higiene e saúde no trabalho. da comissão.
2 — No caso do acto eleitoral ser promovido pelos 2 — Compete à comissão eleitoral dirigir o procedi-
trabalhadores, a convocatória deve ser subscrita, no mento da eleição, nomeadamente:
mínimo, por 100 ou 20 % dos trabalhadores da empresa. a) Receber as listas de candidaturas;
3 — Os trabalhadores ou o sindicato que promovem b) Verificar a regularidade das listas, em especial
a eleição comunicam aos serviços competentes do minis- no que respeita aos proponentes, número de
tério responsável pela área laboral e ao empregador, candidatos e a sua qualidade de trabalhadores
com a antecedência mínima de 90 dias, a data do acto da empresa;
eleitoral. c) Afixar as listas na empresa e estabelecimento;
Artigo 267.o d) Fixar o período durante o qual as listas can-
didatas podem afixar comunicados nos locais
Publicidade apropriados na empresa e estabelecimento;
Após a recepção da comunicação prevista no e) Fixar o número e a localização das secções de
artigo anterior: voto;
f) Realizar o apuramento global do acto eleitoral;
a) Os serviços competentes do ministério respon- g) Proclamar os resultados;
sável pela área laboral procedem de imediato h) Comunicar os resultados da eleição aos serviços
à publicação da comunicação no Boletim do Tra- competentes do ministério responsável pela
balho e Emprego; área laboral;
b) O empregador deve afixá-la de imediato em i) Resolver dúvidas e omissões do procedimento
local apropriado na empresa e estabelecimento, da eleição.
devendo juntar uma referência à obrigatorie-
dade de publicação no Boletim do Trabalho e 3 — A comissão eleitoral delibera por maioria, tendo
Emprego. o presidente voto de qualidade.
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4857

Artigo 270.o Artigo 275.o


Caderno eleitoral Acto eleitoral

1 — O empregador deve entregar à comissão elei- 1 — As urnas de voto são colocadas nos locais de
toral, no prazo de quarenta e oito horas após a recepção trabalho, de modo a permitir que todos os trabalhadores
da comunicação que identifica o presidente e o secre- possam votar sem prejudicar o normal funcionamento
tário, o caderno eleitoral, procedendo aquela à imediata da empresa ou estabelecimento.
afixação na empresa e estabelecimento. 2 — A votação é efectuada no local e durante as horas
2 — O caderno eleitoral deve conter o nome dos tra- de trabalho.
balhadores da empresa e, sendo caso disso, identificados 3 — A votação deve ter a duração mínima de três
por estabelecimento, à data da marcação do acto horas e máxima de cinco, competindo à comissão elei-
eleitoral. toral fixar o seu horário de funcionamento, cinco dias
antes da data do acto eleitoral, não podendo o encer-
Artigo 271.o
ramento ocorrer depois das 21 horas.
Reclamações 4 — No caso de trabalho por turnos ou de horários
1 — Os trabalhadores da empresa podem reclamar, diferenciados na empresa, o acto eleitoral do turno da
no prazo de cinco dias a contar da afixação prevista noite deve preceder o do turno de dia.
no n.o 1 do artigo anterior, para a comissão eleitoral 5 — Os trabalhadores podem votar durante o seu
de quaisquer erros ou omissões constantes do caderno horário de trabalho, para o que cada um dispõe do
eleitoral. tempo para tanto indispensável.
2 — A comissão eleitoral decide as reclamações apre- 6 — Nas empresas com estabelecimentos geografica-
sentadas no prazo máximo de 10 dias, após o qual afixa mente dispersos, o acto eleitoral realiza-se em todos
as correcções do caderno eleitoral que se tenham eles no mesmo dia, horário e nos mesmos termos.
verificado. 7 — Quando, devido ao trabalho por turnos ou outros
motivos, não seja possível respeitar o disposto no
Artigo 272.o número anterior, deve ser simultânea a abertura das
Listas urnas de voto para o respectivo apuramento em todos
os estabelecimentos da empresa.
1 — As listas de candidaturas devem ser entregues, 8 — Os votantes devem ser identificados e registados
acompanhadas de declaração de aceitação dos respec- em documento próprio, com termo de abertura e encer-
tivos trabalhadores, ao presidente da comissão eleitoral. ramento, assinado e rubricado em todas as folhas pela
2 — A comissão eleitoral decide sobre a admissão das mesa eleitoral.
listas apresentadas nos cinco dias seguintes ao termo
do período de apresentação. Artigo 276.o
3 — Em caso de rejeição de admissibilidade de qual- Apuramento do acto eleitoral
quer lista apresentada, os seus proponentes podem sanar
os vícios existentes no prazo de quarenta e oito horas. 1 — O apuramento do acto eleitoral deve realizar-se
4 — Após a decisão da admissão de cada lista, o pre- imediatamente após o encerramento das urnas.
sidente da comissão eleitoral atribui-lhe uma letra do 2 — O apuramento do resultado da votação na secção
alfabeto de acordo com a ordem de apresentação. de voto é realizado pela respectiva mesa, competindo
5 — As listas devem ser imediatamente afixadas, em ao seu presidente comunicar de imediato os resultados
locais apropriados, na empresa e estabelecimento. à comissão eleitoral.
3 — O apuramento global do acto eleitoral é feito
pela comissão eleitoral.
Artigo 273.o
Boletins de voto e urnas
Artigo 277.o
1 — Os boletins de voto são elaborados pela comissão Acta
eleitoral nos 15 dias anteriores à data do acto eleitoral.
2 — Os boletins de voto devem conter por ordem 1 — A acta deve conter as deliberações da comissão
alfabética de admissão as listas concorrentes. eleitoral e das mesas de voto, bem como tudo o que
3 — As urnas devem ser providenciadas pela comissão se passar no procedimento eleitoral, nomeadamente
eleitoral, devendo assegurar a segurança dos boletins. quaisquer incidentes ocorridos e o apuramento do
resultado.
Artigo 274.o 2 — Os membros da comissão eleitoral e das mesas
de voto aprovam, rubricam e assinam as respectivas
Secções de voto actas.
1 — Em cada estabelecimento com um mínimo de 3 — O documento previsto no n.o 8 do artigo 275.o
10 trabalhadores deve existir, pelo menos, uma secção deve ser anexo à acta da respectiva secção de voto.
de voto.
2 — A cada secção de voto não podem corresponder Artigo 278.o
mais de 500 eleitores. Publicidade do resultado da eleição
3 — Cada mesa de voto é composta por um presi-
dente, que dirige a respectiva votação, e um secretário, 1 — A comissão eleitoral deve proceder à afixação
escolhidos pelo presidente da comissão eleitoral nos ter- dos elementos de identificação dos representantes elei-
mos do artigo 268.o, e por um representante de cada tos, bem como da cópia da acta da respectiva eleição,
lista, ficando, para esse efeito, dispensados da respectiva durante 15 dias, a partir da data do apuramento, no
prestação de trabalho. local ou locais em que a eleição teve lugar e remetê-los,
4858 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

dentro do mesmo prazo, ao ministério responsável pela 3 — No caso de representante dos trabalhadores para
área laboral, bem como aos órgãos de gestão da a segurança, higiene e saúde no trabalho ser despedido
empresa. e ter sido interposta providência cautelar de suspensão
2 — O ministério responsável pela área laboral regista do despedimento, esta só não é decretada se o tribunal
o resultado da eleição e publica-o imediatamente no concluir pela existência de probabilidade séria de veri-
Boletim do Trabalho e Emprego. ficação da justa causa invocada.
4 — As acções de impugnação judicial do despedi-
Artigo 279.o mento de representante dos trabalhadores para a segu-
rança, higiene e saúde no trabalho têm natureza urgente.
Início de actividades 5 — Não havendo justa causa, o trabalhador despe-
Os representantes dos trabalhadores só podem iniciar dido tem o direito de optar entre a reintegração na
o exercício das respectivas actividades depois da publi- empresa e uma indemnização calculada nos termos pre-
cação da eleição no Boletim do Trabalho e Emprego. vistos nos n.os 4 e 5 do artigo 439.o do Código do Tra-
balho ou estabelecida em instrumento de regulamen-
tação colectiva de trabalho, e nunca inferior à retribuição
SUBSECÇÃO III base e diuturnidades correspondentes a seis meses.
Protecção dos representantes dos trabalhadores para a segurança,
higiene e saúde no trabalho Artigo 283.o
Protecção em caso de transferência
Artigo 280.o
Os representantes dos trabalhadores para a segu-
Crédito de horas
rança, higiene e saúde no trabalho não podem ser trans-
1 — Cada representante dos trabalhadores para a feridos de local de trabalho sem o seu acordo, salvo
segurança, higiene e saúde no trabalho dispõe, para o quando a transferência resultar da mudança total ou
exercício das suas funções, de um crédito de cinco horas parcial do estabelecimento onde aqueles prestam ser-
por mês. viço.
2 — O crédito de horas é referido ao período normal
de trabalho e conta como tempo de serviço efectivo. SUBSECÇÃO IV
3 — Sempre que pretenda exercer o direito ao gozo Direitos
do crédito de horas, o representante dos trabalhadores
para a segurança, higiene e saúde no trabalho deve avi- Artigo 284.o
sar, por escrito, o empregador com a antecedência
Apoio aos representantes dos trabalhadores
mínima de dois dias, salvo motivo atendível.
1 — Os órgãos de gestão das empresas devem pôr
Artigo 281. o à disposição dos representantes dos trabalhadores para
a segurança, higiene e saúde no trabalho as instalações
Faltas
adequadas, bem como os meios materiais e técnicos
1 — As ausências dos representantes dos trabalha- necessários ao desempenho das suas funções.
dores para a segurança, higiene e saúde no trabalho 2 — Os representantes dos trabalhadores têm igual-
no desempenho das suas funções e que excedam o cré- mente direito a distribuir informação relativa à segu-
dito de horas consideram-se faltas justificadas e contam, rança, higiene e saúde no trabalho, bem como à sua
salvo para efeito de retribuição, como tempo de serviço afixação em local adequado que for destinado para esse
efectivo. efeito.
2 — As ausências a que se refere o número anterior Artigo 285.o
são comunicadas, por escrito, com um dia de antece-
Reuniões com os órgãos de gestão da empresa
dência, com referência às datas e ao número de dias
de que os respectivos trabalhadores necessitam para o 1 — Os representantes dos trabalhadores para a segu-
exercício das suas funções, ou, em caso de impossibi- rança, higiene e saúde no trabalho têm o direito de
lidade de previsão, nas quarenta e oito horas imediatas reunir periodicamente com o órgão de gestão da
ao primeiro dia de ausência. empresa para discussão e análise dos assuntos relacio-
3 — A inobservância do disposto no número anterior nados com a segurança, higiene e saúde no trabalho,
torna as faltas injustificadas. devendo realizar-se, pelo menos, uma reunião em cada
mês.
Artigo 282.o 2 — Da reunião referida no número anterior é lavrada
acta, que deve ser assinada por todos os presentes.
Protecção em caso de procedimento disciplinar e despedimento

1 — A suspensão preventiva de representante dos tra- Artigo 286.o


balhadores para a segurança, higiene e saúde no trabalho Exercício abusivo
não obsta a que o mesmo possa ter acesso aos locais
e actividades que se compreendam no exercício normal 1 — O exercício dos direitos por parte dos represen-
dessas funções. tantes dos trabalhadores para a segurança, higiene e
2 — O despedimento de trabalhador candidato a saúde no trabalho, quando considerado abusivo, é pas-
representante dos trabalhadores para a segurança, sível de responsabilidade disciplinar, civil ou criminal,
higiene e saúde no trabalho, bem como do que exerça nos termos gerais.
ou haja exercido essas funções há menos de três anos, 2 — Durante a tramitação do respectivo processo
presume-se feito sem justa causa. judicial, o membro visado mantém-se em funções, não
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4859

podendo ser prejudicado, quer nas suas funções no órgão CAPÍTULO XXIV
a que pertença, quer na sua actividade profissional.
Redução da actividade e suspensão do contrato
SECÇÃO I
SUBSECÇÃO V

Dever de reserva e confidencialidade Âmbito

Artigo 292.o
Artigo 287.o
Âmbito
Informações confidenciais
O presente capítulo regula o artigo 332.o do Código
1 — Os representantes dos trabalhadores para a segu- do Trabalho.
rança, higiene e saúde no trabalho não podem revelar
aos trabalhadores ou a terceiros as informações que,
no exercício legítimo da empresa ou do estabelecimento, SECÇÃO II
lhes tenham sido comunicadas com menção expressa
Compensação retributiva
da respectiva confidencialidade.
2 — O dever de confidencialidade mantém-se após
a cessação do mandato. Artigo 293.o
3 — A violação do dever de sigilo estabelecido nos Redução do período normal de trabalho
números anteriores dá lugar a responsabilidade civil,
nos termos gerais, sem prejuízo das sanções aplicáveis 1 — A retribuição do trabalhador durante a redução
em procedimento disciplinar. do período normal de trabalho, nas situações previstas
no artigo 343.o do Código do Trabalho, é calculada pro-
porcionalmente por aplicação da fórmula fixada no
Artigo 288.o artigo 264.o do mesmo diploma.
Limite aos deveres de informação e consulta
2 — Se a retribuição determinada nos termos do
número anterior for inferior a dois terços da retribuição
O empregador não é obrigado a prestar informações normal ilíquida ou à retribuição mínima mensal garan-
ou a proceder a consultas cuja natureza seja susceptível tida, o trabalhador tem direito ao montante mais ele-
de prejudicar ou afectar gravemente o funcionamento vado, sendo-lhe devida uma compensação retributiva
da empresa ou do estabelecimento. de valor igual à diferença.

Artigo 289.o Artigo 294.o


Justificação e controlo judicial Subsídio de férias

1 — Tanto a qualificação das informações como con- Ao trabalhador em situação de redução do período
fidenciais como a não prestação de informação ou a normal de trabalho ou de suspensão do contrato de
não realização de consultas ao abrigo do disposto no trabalho é devido, pelo empregador, subsídio de férias
artigo anterior devem ser justificadas por escrito, com de montante igual ao que teria direito em regime de
base em critérios objectivamente aferíveis e que assen- prestação normal de trabalho.
tem em exigências de gestão.
2 — A qualificação como confidenciais das informa- Artigo 295.o
ções prestadas e a recusa fundamentada de prestação
Subsídio de Natal
de informação ou da realização de consultas podem ser
impugnadas pelos representantes dos trabalhadores, nos O trabalhador tem direito ao subsídio de Natal por
termos previstos no Código de Processo do Trabalho. inteiro, sendo este pago em montante correspondente
a 50 % da compensação salarial pela segurança social
e o restante pelo empregador.
CAPÍTULO XXIII
Balanço social relativamente aos trabalhadores SECÇÃO III
em situação de cedência ocasional
Encerramento temporário
o
Artigo 290.
Artigo 296.o
Âmbito
Procedimento
O presente capítulo regula o n.o 5 do artigo 327.o
do Código do Trabalho. 1 — O encerramento temporário da empresa ou esta-
belecimento por facto imputável ao empregador, sem
que este tenha iniciado um procedimento com vista ao
Artigo 291.o despedimento colectivo, por extinção de postos de tra-
Balanço social
balho, à redução temporária do período normal de tra-
balho ou à suspensão do contrato de trabalho por facto
Os trabalhadores cedidos ocasionalmente são incluí- respeitante ao empregador nos termos do Código do
dos no balanço social da empresa cedente, devendo a Trabalho rege-se pelo disposto nos números seguintes.
informação ser autonomizada nos termos da portaria 2 — Para efeitos do número anterior, considera-se
que regula esta matéria. que há encerramento temporário da empresa ou esta-
4860 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

belecimento por facto imputável ao empregador sempre 2 — A proibição constante das alíneas d), e), f) e g)
que, por decisão deste, a empresa ou estabelecimento do número anterior cessa com a concordância escrita
deixar de exercer a sua actividade, bem como se houver e expressa de dois terços dos trabalhadores da empresa.
interdição de acesso aos locais de trabalho ou recusa
em fornecer trabalho, condições e instrumentos de tra- Artigo 298.o
balho que determine ou possa determinar a paralisação
da empresa ou estabelecimento. Actos de disposição
3 — O empregador deve informar os trabalhadores 1 — Os actos de disposição do património da empresa
e a comissão de trabalhadores ou, na sua falta, a comis- a título gratuito realizados em situação de encerramento
são intersindical ou as comissões sindicais da empresa, temporário da empresa ou estabelecimento são anulá-
com uma antecedência não inferior a 15 dias, da fun- veis por iniciativa de qualquer interessado ou da estru-
damentação, duração previsível e consequências do tura representativa dos trabalhadores.
encerramento temporário da empresa ou estabeleci- 2 — O mesmo regime aplica-se aos actos de dispo-
mento, bem como prestar garantia nos termos dos núme- sição do património da empresa a título oneroso, rea-
ros seguintes. lizados durante o mesmo período, se deles resultar dimi-
4 — O empregador deve prestar garantia das retri- nuição da garantia patrimonial dos créditos dos tra-
buições em mora, se existirem, das retribuições refe- balhadores.
rentes ao período de encerramento temporário da
empresa ou estabelecimento e dos valores correspon- Artigo 299.o
dentes à compensação por despedimento colectivo, rela- Encerramento definitivo
tivamente aos trabalhadores abrangidos pelo encer-
ramento. O regime previsto nos artigos 296.o, 297.o e 298.o apli-
5 — Decorridos 15 dias após o não pagamento da ca-se, com as devidas adaptações, ao encerramento defi-
retribuição, a garantia deve obrigatoriamente ser uti- nitivo da empresa ou estabelecimento, sempre que este
lizada. tenha ocorrido sem ter sido iniciado um procedimento
6 — A garantia deve ser reconstituída no prazo de com vista ao despedimento colectivo ou, tratando-se de
quarenta e oito horas a contar do dia em que for microempresa, cumprido o dever de informação previsto
utilizada. no n.o 4 do artigo 390.o do Código do Trabalho ou
7 — O empregador não está adstrito ao cumprimento despedimento por extinção de posto de trabalho, sem
da obrigação de prestar a garantia prevista na parte prejuízo do disposto no n.o 2 do artigo 390.o daquele
final do n.o 4, sempre que dois terços dos trabalhadores diploma.
da empresa tenham manifestado a sua concordância
escrita e expressa. CAPÍTULO XXV
8 — O disposto nos números anteriores aplica-se Incumprimento do contrato
igualmente em caso de aumento da duração do encer-
ramento temporário da empresa ou estabelecimento. SECÇÃO I
Âmbito
Artigo 297.o
Artigo 300.o
Inibição de prática de certos actos
Âmbito
1 — No caso de encerramento temporário da empresa
ou estabelecimento por facto imputável ao empregador, O presente capítulo regula o n.o 2 do artigo 364.o
este não pode: do Código do Trabalho.
a) Distribuir lucros ou dividendos, pagar suprimen-
tos e respectivos juros e amortizar quotas sob SECÇÃO II
qualquer forma; Efeitos do não pagamento pontual da retribuição
b) Remunerar os membros dos corpos sociais por
qualquer meio, em percentagem superior à paga SUBSECÇÃO I
aos respectivos trabalhadores;
c) Comprar ou vender acções ou quotas próprias Efeitos gerais
aos membros dos corpos sociais;
Artigo 301.o
d) Efectuar pagamentos a credores não titulares
de garantia ou privilégio oponível aos créditos Inibição de prática de certos actos
dos trabalhadores, salvo se tais pagamentos se
1 — O empregador em situação de falta de paga-
destinarem a permitir o reinício da actividade
mento pontual de retribuições não pode:
da empresa;
e) Efectuar pagamentos a trabalhadores que não a) Distribuir lucros ou dividendos, pagar suprimen-
correspondam ao rateio proporcional do mon- tos e respectivos juros e amortizar quotas sob
tante disponível; qualquer forma;
f) Efectuar quaisquer liberalidades, seja a que b) Remunerar os membros dos corpos sociais por
título for; qualquer meio, em percentagem superior à paga
g) Renunciar a direitos com valor patrimonial; aos respectivos trabalhadores;
h) Celebrar contratos de mútuo na qualidade de c) Comprar ou vender acções ou quotas próprias
mutuante; aos membros dos corpos sociais;
i) Proceder a levantamentos de tesouraria para d) Efectuar pagamentos a credores não titulares
fins alheios à actividade da empresa. de garantia ou privilégio oponível aos créditos
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4861

dos trabalhadores, salvo se tais pagamentos se instrumento de regulamentação colectiva de trabalho


destinarem a impedir a paralisação da actividade for devido um juro moratório superior ao legal.
da empresa;
e) Efectuar pagamentos a trabalhadores que não Artigo 305.o
correspondam ao rateio proporcional do mon-
tante disponível; Cessação da suspensão
f) Efectuar quaisquer liberalidades, seja a que A suspensão do contrato de trabalho cessa:
título for;
g) Renunciar a direitos com valor patrimonial; a) Mediante comunicação do trabalhador ao empre-
h) Celebrar contratos de mútuo na qualidade de gador e à Inspecção-Geral do Trabalho, nos ter-
mutuante; mos previstos no n.o 1 do artigo 303.o, de que
i) Proceder a levantamentos de tesouraria para põe termo à suspensão a partir de determinada
fins alheios à actividade da empresa. data, que deve ser expressamente mencionada
na comunicação;
2 — A proibição constante das alíneas d), e), f) e g) b) Com o pagamento integral das retribuições em
cessa com a concordância escrita e expressa de dois dívida e respectivos juros de mora;
c) Com a celebração de acordo tendente à regu-
terços dos trabalhadores da empresa. larização das retribuições em dívida e respec-
tivos juros de mora.
Artigo 302.o
Actos de disposição Artigo 306.o
1 — Os actos de disposição do património da empresa Direito a prestações de desemprego
a título gratuito realizados em situação de falta de paga-
mento pontual das retribuições ou nos seis meses ante- 1 — A suspensão do contrato de trabalho confere ao
riores são anuláveis por iniciativa de qualquer interes- trabalhador o direito a prestações de desemprego,
sado ou da estrutura representativa dos trabalhadores. durante o período da suspensão.
2 — O mesmo regime se aplica aos actos de disposição 2 — As prestações de desemprego podem também
ser atribuídas em relação ao período a que respeita a
do património da empresa a título oneroso, realizados
retribuição em mora, desde que tal seja requerido e
durante o mesmo período, se deles resultar diminuição o empregador declare, a pedido do trabalhador, no
da garantia patrimonial dos créditos dos trabalhadores. prazo de cinco dias, ou em caso de recusa, mediante
declaração da Inspecção-Geral do Trabalho, o incum-
SUBSECÇÃO II primento da prestação no período em causa, não
podendo, porém, o seu quantitativo ser superior a um
Suspensão do contrato de trabalho subsídio por cada três retribuições mensais não rece-
bidas.
Artigo 303.o 3 — Confere igualmente direito a prestações de
Suspensão do contrato de trabalho desemprego o não pagamento pontual:
1 — Quando a falta de pagamento pontual da retri- a) Da retribuição determinada pela suspensão do
buição se prolongue por período de 15 dias sobre a contrato de trabalho por facto respeitante ao
data do vencimento, pode o trabalhador suspender o empregador ou encerramento da empresa por
contrato de trabalho, após comunicação ao empregador período igual ou superior a 15 dias;
e à Inspecção-Geral do Trabalho, com a antecedência b) Da compensação retributiva em situações de
mínima de oito dias em relação à data do início da crise empresarial.
suspensão.
2 — A faculdade de suspender o contrato de trabalho 4 — A atribuição das prestações de desemprego a que
pode ser exercida antes de esgotado o período de 15 dias se referem os números anteriores está sujeita ao cum-
referido no número anterior, quando o empregador primento dos prazos de garantia, às demais condições
declare por escrito a previsão de não pagamento, até exigidas e aos limites fixados no regime de protecção
no desemprego.
ao termo daquele prazo, do montante da retribuição
em falta. Artigo 307.o
3 — A falta de pagamento pontual da retribuição que Prestação de trabalho durante a suspensão
se prolongue por período de 15 dias deve ser declarada
pelo empregador, a pedido do trabalhador, no prazo Durante a suspensão do contrato de trabalho, o tra-
de cinco dias ou, em caso de recusa, suprida mediante balhador pode dedicar-se a outra actividade, desde que
declaração da Inspecção-Geral do Trabalho após soli- não viole as suas obrigações para com o empregador
citação do trabalhador. originário e a segurança social, com sujeição ao previsto
no regime de protecção no desemprego.
Artigo 304.o
Efeitos da suspensão SUBSECÇÃO III

1 — Durante a suspensão mantêm-se os direitos, Resolução


deveres e garantias das partes na medida em não pres-
suponham a efectiva prestação do trabalho, mantendo Artigo 308.o
o trabalhador o direito à retribuição vencida até ao início Resolução
da suspensão e respectivos juros de mora.
2 — Os juros de mora por dívida de retribuição são 1 — Quando a falta de pagamento pontual da retri-
os juros legais, salvo se por acordo das partes ou por buição se prolongue por período de 60 dias sobre a
4862 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

data do vencimento, o trabalhador, independentemente suspende-se quando o executado prove que o incum-
de ter comunicado a suspensão do contrato de trabalho, primento do contrato se deve ao facto de ter retribuições
pode resolver o contrato nos termos previstos no n.o 1 em mora por período superior a 15 dias.
do artigo 442.o do Código do Trabalho.
2 — O direito de resolução do contrato pode ser exer- Artigo 313.o
cido antes de esgotado o período referido no número
anterior, quando o empregador, a pedido do trabalha- Salvaguarda dos direitos do credor
dor, declare por escrito a previsão de não pagamento, O tribunal notifica a entidade responsável pelas pres-
até ao termo daquele prazo, do montante da retribuição tações de desemprego da decisão que ordene a sus-
em falta. pensão da execução da sentença de despejo, bem como
3 — O trabalhador que opte pela resolução do con- da identidade do credor e do montante das prestações
trato de trabalho tem direito a: ou rendas em mora, afim de que esta assegure o res-
a) Indemnização nos termos previstos no ar- pectivo pagamento, nos termos previstos em legislação
tigo 443.o do Código do Trabalho; especial.
b) Prestações de desemprego; Artigo 314.o
c) Prioridade na frequência de curso de reconver- Cessação da suspensão da instância
são profissional, subsidiado pelo serviço público
competente na área da formação profissional. 1 — Sempre que o pagamento das prestações ou ren-
das não tenha sido assegurado pela entidade responsável
4 — A atribuição das prestações de desemprego a que pelas prestações de desemprego, a suspensão da ins-
se refere a alínea b) está sujeita ao cumprimento dos tância cessa oito dias após o recebimento, pelo traba-
prazos de garantia, às demais condições exigidas e aos lhador, das retribuições em mora.
limites fixados no regime de protecção no desemprego. 2 — Se o trabalhador não tiver recebido as retribui-
ções em mora, a suspensão cessa decorrido um ano sobre
o seu início, salvo se o executado provar que se encontra
Artigo 309.o
pendente acção judicial destinada ao pagamento dessas
Segurança social retribuições, caso em que a suspensão cessa na data
em que se verifique o pagamento coercivo das mesmas
O beneficiário com retribuições em dívida, bem como ou a impossibilidade do pagamento.
o seu agregado familiar, mantêm os direitos e deveres 3 — Requerido o prosseguimento dos autos, o exe-
no âmbito do sistema da segurança social. cutado é notificado para, no prazo de 10 dias, provar
o pagamento ou depósito, em singelo, das prestações
SECÇÃO III ou rendas em mora.
Suspensão de execuções
SECÇÃO IV
Artigo 310.o Disposição comum
Execução fiscal
Artigo 315.o
1 — O processo de execução fiscal suspende-se
quando o executado seja trabalhador com retribuições Sub-rogação legal
em mora por período superior a 15 dias, se provar que 1 — A entidade responsável pelas prestações de
de tal facto resulta o não pagamento da quantia desemprego fica sub-rogada nos direitos do trabalhador
exequenda. perante o empregador no montante correspondente às
2 — A suspensão referida no número anterior man- prestações que tiver pago nos termos dos n.os 2 e 3
tém-se até dois meses após a regularização das retri- do artigo 306.o e do artigo 313.o, acrescidas dos juros
buições em dívida, findos os quais se renova a execução de mora, não sendo liberatório o pagamento da quantia
em causa. correspondente a entidade diferente, designadamente
Artigo 311.o ao trabalhador.
2 — Para efeitos do número anterior, a entidade res-
Venda de bens penhorados ou dados em garantia
ponsável pelas prestações de desemprego deve notificar
1 — A venda, judicial ou extrajudicial, de bens penho- o empregador dos pagamentos que for efectuando.
rados ou dados em garantia justificada por falta de paga-
mento de dívidas relacionadas com a aquisição desses
bens suspende-se quando o executado prove que o CAPÍTULO XXVI
incumprimento se deve ao facto de ter retribuições em Fundo de Garantia Salarial
mora por período superior a 15 dias.
2 — Os bens a que se refere o número anterior Artigo 316.o
incluem somente o imóvel que constitui a residência
Âmbito
permanente e os demais imprescindíveis a qualquer eco-
nomia doméstica, desde que se encontrem naquela O presente capítulo regula o artigo 380.o do Código
residência. do Trabalho.
Artigo 312.o Artigo 317.o
Execução de sentença de despejo Finalidade

A execução de sentença de despejo em que a causa O Fundo de Garantia Salarial assegura, em caso de
de pedir tenha sido a falta de pagamento das rendas incumprimento pelo empregador, ao trabalhador o
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4863

pagamento dos créditos emergentes do contrato de tra- e à retenção na fonte de imposto sobre o rendimento
balho e da sua violação ou cessação nos termos dos que forem devidos.
artigos seguintes. 4 — A satisfação de créditos do trabalhador efectuada
Artigo 318.o pelo Fundo de Garantia Salarial não libera o empre-
gador da obrigação de pagamento do valor correspon-
Situações abrangidas dente à taxa contributiva por ele devida.
1 — O Fundo de Garantia Salarial assegura o paga-
mento dos créditos a que se refere o artigo anterior, Artigo 321.o
nos casos em que o empregador seja judicialmente decla- Regime do Fundo de Garantia Salarial
rado insolvente.
2 — O Fundo de Garantia Salarial assegura igual- 1 — A gestão do Fundo de Garantia Salarial cabe
mente o pagamento dos créditos referidos no número ao Estado e a representantes dos trabalhadores e dos
anterior, desde que se tenha iniciado o procedimento empregadores.
de conciliação previsto no Decreto-Lei n.o 316/98, de 2 — O financiamento do Fundo de Garantia Salarial
20 de Outubro. é assegurado pelos empregadores, através de verbas res-
3 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, peitantes à parcela dos encargos de solidariedade laboral
caso o procedimento de conciliação não tenha sequên- da taxa contributiva global, nos termos do diploma que
cia, por recusa ou extinção, nos termos dos artigos 4.o regula a desagregação da taxa contributiva dos traba-
e 9.o, respectivamente, do Decreto-Lei n.o 316/98, de lhadores por conta de outrem, na quota-parte por aque-
20 de Outubro, e tenha sido requerido por trabalhadores les devida, e pelo Estado em termos a fixar por portaria
da empresa o pagamento de créditos garantidos pelo dos ministros responsáveis pelas áreas das finanças e
Fundo de Garantia Salarial, deve este requerer judi- laboral.
cialmente a insolvência da empresa. 3 — O regime do Fundo de Garantia Salarial consta
4 — Para efeito do cumprimento do disposto nos de diploma autónomo.
números anteriores, o Fundo de Garantia Salarial deve
ser notificado, quando as empresas em causa tenham Artigo 322.o
trabalhadores ao seu serviço:
Sub-rogação legal
a) Pelos tribunais judiciais, no que respeita ao
requerimento do processo especial de insolvên- O Fundo de Garantia Salarial fica sub-rogado nos
cia e respectiva declaração; direitos de crédito e respectivas garantias, nomeada-
b) Pelo Instituto de Apoio às Pequenas e Médias mente privilégios creditórios dos trabalhadores, na
Empresas e ao Investimento (IAPMEI), no que medida dos pagamentos efectuados acrescidos dos juros
respeita ao requerimento do procedimento de de mora vincendos.
conciliação, à sua recusa ou extinção do pro-
Artigo 323.o
cedimento.
Requerimento
Artigo 319.o
1 — O Fundo de Garantia Salarial efectua o paga-
Créditos abrangidos mento dos créditos garantidos mediante requerimento
1 — O Fundo de Garantia Salarial assegura o paga- do trabalhador, do qual consta, designadamente, a iden-
mento dos créditos previstos no artigo 317.o que se tificação do requerente e do respectivo empregador,
tenham vencido nos seis meses que antecedem a data bem como a discriminação dos créditos objecto do
da propositura da acção ou apresentação do requeri- pedido.
mento referido no artigo anterior. 2 — O requerimento é apresentado em modelo pró-
2 — Caso não haja créditos vencidos no período de prio, fixado por portaria do ministro responsável pela
referência mencionado no número anterior, ou o seu área laboral.
montante seja inferior ao limite máximo definido no 3 — O requerimento, devidamente instruído, é apre-
n.o 1 do artigo seguinte, o Fundo de Garantia Salarial sentado em qualquer serviço ou delegação do Instituto
assegura até este limite o pagamento de créditos ven- de Gestão Financeira da Segurança Social.
cidos após o referido período de referência.
3 — O Fundo de Garantia Salarial só assegura o paga- Artigo 324.o
mento dos créditos que lhe sejam reclamados até três Instrução
meses antes da respectiva prescrição.
O requerimento previsto no número anterior é ins-
o truído, consoante as situações, com os seguintes meios
Artigo 320.
de prova:
Limites das importâncias pagas
a) Certidão ou cópia autenticada comprovativa dos
1 — Os créditos são pagos até ao montante equiva- créditos reclamados pelo trabalhador emitida
lente a seis meses de retribuição, não podendo o mon- pelo tribunal competente onde corre o processo
tante desta exceder o triplo da retribuição mínima men- de insolvência ou pelo IAPMEI, no caso de ter
sal garantida. sido requerido o procedimento de conciliação;
2 — Se o trabalhador for titular de créditos corres- b) Declaração, emitida pelo empregador, compro-
pondentes a prestações diversas, o pagamento é prio- vativa da natureza e do montante dos créditos
ritariamente imputado à retribuição. em dívida declarados no requerimento pelo tra-
3 — Às importâncias pagas são deduzidos os valores balhador, quando o mesmo não seja parte
correspondentes às contribuições para a segurança social constituída;
4864 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

c) Declaração de igual teor, emitida pela Inspec- de que tem o direito de fazer parte um delegado
ção-Geral do Trabalho. designado por cada uma das listas concorrentes,
à qual compete convocar e presidir ao acto elei-
Artigo 325.o toral, bem como apurar o resultado do mesmo,
na parte não prevista no Código do Trabalho;
Prazo de apreciação b) O número, regras da eleição, na parte não pre-
1 — O requerimento deve ser objecto de decisão final vista neste capítulo, e duração do mandato dos
no prazo de 30 dias. membros da comissão de trabalhadores, bem
2 — A contagem do prazo previsto no número ante- como modo de preenchimento das vagas dos
rior suspende-se até à data de notificação do Fundo respectivos membros;
de Garantia Salarial pelo tribunal judicial ou pelo IAP- c) O funcionamento da comissão, resolvendo as
MEI, nos termos do n.o 4 do artigo 318.o questões relativas a empate de deliberações;
d) A articulação da comissão com as subcomissões
o de trabalhadores e a comissão coordenadora de
Artigo 326. que seja aderente;
Decisão e) A forma de vinculação, a qual deve exigir a assi-
natura da maioria dos seus membros, com um
A decisão proferida relativamente ao pedido é noti- mínimo de duas assinaturas;
ficada ao requerente, com a indicação, em caso de defe- f) O modo de financiamento das actividades da
rimento total ou parcial, nomeadamente, do montante comissão, o qual não pode, em caso algum, ser
a pagar, da respectiva forma de pagamento e dos valores assegurado por uma entidade alheia ao conjunto
deduzidos correspondentes às contribuições para a segu- dos trabalhadores da empresa;
rança social e à retenção na fonte do imposto sobre g) O processo de alteração de estatutos.
o rendimento.
2 — Os estatutos podem prever a existência de sub-
CAPÍTULO XXVII comissões de trabalhadores em estabelecimentos geo-
graficamente dispersos.
Comissões de trabalhadores: constituição,
estatutos e eleição Artigo 330.o
SECÇÃO I Capacidade
Âmbito Nenhum trabalhador da empresa pode ser prejudi-
cado nos seus direitos, nomeadamente de participar na
Artigo 327.o constituição da comissão de trabalhadores, na aprovação
Âmbito dos estatutos ou de eleger e ser eleito, designadamente
por motivo de idade ou função.
O presente capítulo regula o artigo 463.o do Código
do Trabalho.
Artigo 331.o
SECÇÃO II Regulamento

Constituição e estatutos da comissão de trabalhadores 1 — Com a convocação da votação deve ser publi-
citado o respectivo regulamento.
Artigo 328.o 2 — A elaboração do regulamento é da responsabi-
Constituição da comissão de trabalhadores e aprovação dos estatutos lidade dos trabalhadores que procedam à convocação
da votação.
1 — Os trabalhadores deliberam a constituição e Artigo 332.o
aprovam os estatutos da comissão de trabalhadores
mediante votação. Caderno eleitoral
2 — A votação é convocada com a antecedência 1 — O empregador deve entregar o caderno eleitoral
mínima de 15 dias por, no mínimo, 100 ou 20 % dos aos trabalhadores que procedem à convocação da vota-
trabalhadores da empresa, com ampla publicidade e ção dos estatutos, no prazo de quarenta e oito horas
menção expressa do dia, local, horário e objecto, após a recepção da cópia da convocatória, procedendo
devendo ser remetida simultaneamente cópia da con-
estes à sua imediata afixação na empresa e estabe-
vocatória ao órgão de gestão da empresa.
lecimento.
3 — Os projectos de estatutos submetidos a votação
2 — O caderno eleitoral deve conter o nome dos tra-
são propostos por, no mínimo, 100 ou 20 % dos tra-
balhadores da empresa e, sendo caso disso, agrupados
balhadores da empresa, devendo ser nesta publicitados
por estabelecimentos, à data da convocação da votação.
com a antecedência mínima de 10 dias.
Artigo 333.o
Artigo 329.o
Secções de voto
Estatutos
1 — Em cada estabelecimento com um mínimo de
1 — A comissão de trabalhadores é regulada pelos
10 trabalhadores deve haver, pelo menos, uma secção
seus estatutos, os quais devem prever, nomeadamente:
de voto.
a) A composição, eleição, duração do mandato e 2 — A cada mesa de voto não podem corresponder
regras de funcionamento da comissão eleitoral, mais de 500 votantes.
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4865

3 — Cada secção de voto é composta por um pre- 2 — São aprovados os estatutos que recolherem o
sidente e dois vogais, que dirigem a respectiva votação, maior número de votos.
ficando, para esse efeito, dispensados da respectiva pres- 3 — A validade da aprovação dos estatutos depende
tação de da aprovação da deliberação de constituir a comissão
4 — Cada grupo de trabalhadores proponente de um de trabalhadores.
projecto de estatutos pode designar um representante
em cada mesa, para acompanhar a votação. Artigo 338.o
Publicidade do resultado da votação
Artigo 334.o
A comissão eleitoral deve, no prazo de 15 dias a contar
Votação da data do apuramento, proceder à afixação dos resul-
tados da votação, bem como de cópia da respectiva acta
1 — A votação da constituição da comissão de tra- no local ou locais em que a votação teve lugar e comu-
balhadores e dos projectos de estatutos é simultânea, nicá-los ao órgão de gestão da empresa.
com votos distintos.
2 — As urnas de voto são colocadas nos locais de
trabalho, de modo a permitir que todos os trabalhadores Artigo 339.o
possam votar e a não prejudicar o normal funcionamento
Alteração dos estatutos
da empresa ou estabelecimento.
3 — A votação é efectuada durante as horas de À alteração dos estatutos é aplicável o disposto nos
trabalho. artigos anteriores, com as necessárias adaptações.
4 — A votação inicia-se, pelo menos, trinta minutos
antes do começo e termina, pelo menos, sessenta minu-
tos depois do termo do período de funcionamento da SECÇÃO III
empresa ou estabelecimento.
5 — Os trabalhadores podem votar durante o respec- Eleição da comissão e das subcomissões de trabalhadores
tivo horário de trabalho, para o que cada um dispõe
do tempo para tanto indispensável. Artigo 340.o
6 — Em empresa com estabelecimentos geografica-
mente dispersos, a votação realiza-se em todos eles no Regras gerais da eleição
mesmo dia, horário e nos mesmos termos.
7 — Quando, devido ao trabalho por turnos ou outros 1 — Os membros da comissão de trabalhadores e das
motivos, não seja possível respeitar o disposto no subcomissões de trabalhadores são eleitos, de entre as
número anterior, a abertura das urnas de voto para o listas apresentadas pelos trabalhadores da respectiva
respectivo apuramento deve ser simultânea em todos empresa ou estabelecimento, por voto directo e secreto,
os estabelecimentos. e segundo o princípio de representação proporcional.
2 — O acto eleitoral é convocado com a antecedência
de 15 dias, salvo se os estatutos fixarem um prazo supe-
Artigo 335.o rior, pela comissão eleitoral constituída nos termos dos
Acta estatutos ou, na sua falta, por, no mínimo, 100 ou 20 %
dos trabalhadores da empresa, com ampla publicidade
1 — De tudo o que se passar na votação é lavrada e menção expressa do dia, local, horário e objecto,
acta que, depois de lida e aprovada pelos membros da devendo ser remetida simultaneamente cópia da con-
mesa de voto, é por estes assinada e rubricada. vocatória ao órgão de gestão da empresa.
2 — Os votantes devem ser identificados e registados 3 — Só podem concorrer as listas que sejam subscritas
em documento próprio, com termos de abertura e encer- por, no mínimo, 100 ou 20 % dos trabalhadores da
ramento, assinado e rubricado em todas as folhas pelos empresa ou, no caso de listas de subcomissões de tra-
membros da mesa, o qual constitui parte integrante da balhadores, 10 % dos trabalhadores do estabelecimento,
acta. não podendo qualquer trabalhador subscrever ou fazer
Artigo 336.o parte de mais de uma lista concorrente à mesma
estrutura.
Apuramento global 4 — A eleição dos membros da comissão de traba-
lhadores e das subcomissões de trabalhadores decorre
1 — O apuramento global da votação da constituição em simultâneo, sendo aplicável o disposto nos arti-
da comissão de trabalhadores e dos estatutos é feito gos 332.o a 336.o, com as necessárias adaptações.
por uma comissão eleitoral. 5 — Na falta da comissão eleitoral eleita nos termos
2 — De tudo o que se passar no apuramento global
dos estatutos, a mesma é constituída por um represen-
é lavrada acta que, depois de lida e aprovada pelos mem-
bros da comissão eleitoral, é por estes assinada e tante de cada uma das listas concorrentes e igual número
rubricada. de representantes dos trabalhadores que convocaram
a eleição.
Artigo 337.o
Artigo 341.o
Deliberação
Publicidade do resultado da eleição
1 — A deliberação de constituir a comissão de tra-
balhadores deve ser aprovada por maioria simples dos À publicidade dos resultados da eleição é aplicável
votantes. o disposto no artigo 338.o
4866 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

Artigo 342.o SECÇÃO V


Início de actividades
Eleição da comissão coordenadora
A comissão de trabalhadores e as subcomissões de
trabalhadores só podem iniciar as respectivas actividades Artigo 348.o
depois da publicação dos estatutos da primeira e dos
resultados da eleição no Boletim do Trabalho e Emprego. Eleição

Artigo 343.o 1 — Os membros das comissões de trabalhadores ade-


Duração dos mandatos
rentes elegem, de entre si, os membros da comissão
coordenadora.
O mandato dos membros da comissão de trabalha- 2 — A eleição deve ser convocada com a antecedência
dores e das subcomissões de trabalhadores não pode de 15 dias, por pelo menos duas comissões de traba-
exceder quatro anos, sendo permitida a reeleição para lhadores aderentes.
mandatos sucessivos. 3 — A eleição é feita por listas, por voto directo e
secreto, e segundo o princípio da representação pro-
porcional, em reunião de que deve ser elaborada acta
SECÇÃO IV assinada por todos os presentes, a que deve ficar anexo
Constituição e estatutos da comissão coordenadora
o documento de registo dos votantes.
4 — Cada lista concorrente deve ser subscrita por,
no mínimo, 20 % dos membros das comissões de tra-
Artigo 344.o balhadores aderentes, sendo apresentada até cinco dias
Constituição e estatutos antes da votação.
1 — A comissão coordenadora é constituída com a Artigo 349.o
aprovação dos seus estatutos pelas comissões de tra-
balhadores que ela se destina a coordenar. Início de funções
2 — Os estatutos da comissão coordenadora estão
sujeitos ao disposto no n.o 1 do artigo 329.o, com as A comissão coordenadora só pode iniciar as respec-
necessárias adaptações. tivas actividades depois da publicação dos seus estatutos
3 — As comissões de trabalhadores aprovam os esta- e dos resultados da eleição no Boletim do Trabalho e
tutos da comissão coordenadora, por voto secreto de Emprego.
cada um dos seus membros, em reunião de que deve
ser elaborada acta assinada por todos os presentes, a SECÇÃO VI
que deve ficar anexo o documento de registo dos
votantes. Registo e publicação
4 — A reunião referida no número anterior deve ser
convocada com a antecedência de 15 dias, por pelo Artigo 350.o
menos duas comissões de trabalhadores que a comissão
coordenadora se destina a coordenar. Registo

1 — A comissão eleitoral referida no n.o 1 do


Artigo 345.o artigo 336.o deve, no prazo de 15 dias a contar da data
Número de membros do apuramento, requerer ao ministério responsável pela
área laboral o registo da constituição da comissão de
O número de membros da comissão coordenadora trabalhadores e da aprovação dos estatutos ou das suas
não pode exceder o número das comissões de traba- alterações, juntando os estatutos aprovados ou altera-
lhadores que a mesma coordena, nem o máximo de dos, bem como cópias certificadas das actas da comissão
11 membros. eleitoral e das mesas de voto, acompanhadas dos docu-
Artigo 346.o mentos de registo dos votantes.
2 — A comissão eleitoral referida nos n.os 2 ou 5 do
Duração dos mandatos artigo 340.o deve, no prazo de 15 dias a contar da data
À duração do mandato dos membros das comissões do apuramento, requerer ao ministério responsável pela
coordenadoras aplica-se o disposto no artigo 343.o área laboral o registo da eleição dos membros da comis-
são de trabalhadores e das subcomissões de trabalha-
dores, juntando cópias certificadas das listas concorren-
Artigo 347.o tes, bem como das actas da comissão eleitoral e das
Participação das comissões de trabalhadores
mesas de voto, acompanhadas dos documentos de
registo dos votantes.
1 — Os trabalhadores da empresa deliberam sobre 3 — As comissões de trabalhadores que participaram
a participação da respectiva comissão de trabalhadores na constituição da comissão coordenadora devem, no
na constituição da comissão coordenadora e a adesão prazo de 15 dias, requerer ao ministério responsável
à mesma, bem como a revogação da adesão, por ini- pela área laboral o registo da constituição da comissão
ciativa da comissão de trabalhadores ou de 100 ou 10 % coordenadora e da aprovação dos estatutos ou das suas
dos trabalhadores da empresa. alterações, juntando os estatutos aprovados ou altera-
2 — As deliberações referidas no número anterior são dos, bem como cópias certificadas da acta da reunião
adoptadas por votação realizada nos termos dos arti- em que foi constituída a comissão e do documento de
gos 328.o e 330.o a 336.o, com as necessárias adaptações. registo dos votantes.
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4867

4 — As comissões de trabalhadores que participaram SECÇÃO II


na eleição da comissão coordenadora devem, no prazo Direitos em geral
de 15 dias, requerer ao ministério responsável pela área
laboral o registo da eleição dos membros da comissão Artigo 354.o
coordenadora, juntando cópias certificadas das listas
concorrentes, bem como da acta da reunião e do docu- Direitos das comissões e das subcomissões de trabalhadores
mento de registo dos votantes. 1 — Constituem direitos das comissões de trabalha-
5 — O ministério responsável pela área laboral dores, nomeadamente:
regista, no prazo de 10 dias:
a) Receber todas as informações necessárias ao
a) A constituição da comissão de trabalhadores e exercício da sua actividade;
da comissão coordenadora, bem como a apro- b) Exercer o controlo de gestão nas respectivas
vação dos respectivos estatutos ou das suas empresas;
c) Participar nos processos de reestruturação da
alterações; empresa, especialmente no tocante a acções de
b) A eleição dos membros da comissão de traba- formação ou quando ocorra alteração das con-
lhadores, das subcomissões de trabalhadores e dições de trabalho;
da comissão coordenadora e publica a respectiva d) Participar na elaboração da legislação do tra-
composição. balho, directamente ou por intermédio das res-
pectivas comissões coordenadoras;
e) Gerir ou participar na gestão das obras sociais
Artigo 351.o da empresa;
f) Promover a eleição de representantes dos tra-
Publicação balhadores para os órgãos sociais das entidades
públicas empresariais.
O ministério responsável pela área laboral procede
à publicação no Boletim do Trabalho e Emprego: 2 — As subcomissões de trabalhadores podem:
a) Dos estatutos da comissão de trabalhadores e a) Exercer os direitos previstos nas alíneas a), b),
da comissão coordenadora, ou das suas alte- c) e e) do número anterior, que lhes sejam dele-
rações; gados pelas comissões de trabalhadores;
b) Da composição da comissão de trabalhadores, b) Informar a comissão de trabalhadores dos
das subcomissões de trabalhadores e da comis- assuntos que entenderem de interesse para a
normal actividade desta;
são coordenadora. c) Fazer a ligação entre os trabalhadores dos esta-
belecimentos e as respectivas comissões de tra-
Artigo 352.o balhadores, ficando vinculadas à orientação
geral por estas estabelecida.
Controlo de legalidade da constituição e dos estatutos das comissões
3 — As comissões e as subcomissões de trabalhadores
1 — Após o registo da constituição da comissão de não podem, através do exercício dos seus direitos e do
trabalhadores e da aprovação dos estatutos ou das suas desempenho das suas funções, prejudicar o normal fun-
alterações, o ministério responsável pela área laboral cionamento da empresa.
remete, dentro do prazo de oito dias a contar da publi-
cação, cópias certificadas das actas da comissão eleitoral Artigo 355.o
e das mesas de voto, dos documentos de registo dos Reuniões da comissão de trabalhadores com o órgão
votantes, dos estatutos aprovados ou alterados e do de gestão da empresa
requerimento de registo, bem como a apreciação fun-
damentada sobre a legalidade da constituição da comis- 1 — A comissão de trabalhadores tem o direito de
reunir periodicamente com o órgão de gestão da
são de trabalhadores e dos estatutos ou das suas alte- empresa para discussão e análise dos assuntos relacio-
rações, ao magistrado do Ministério Público da área nados com o exercício dos seus direitos, devendo rea-
da sede da respectiva empresa. lizar-se, pelo menos, uma reunião em cada mês.
2 — O disposto no número anterior é aplicável, com 2 — Da reunião referida no número anterior é lavrada
as necessárias adaptações, à constituição e aprovação acta, elaborada pela empresa, que deve ser assinada
dos estatutos da comissão coordenadora. por todos os presentes.
3 — O disposto nos números anteriores aplica-se
igualmente às subcomissões de trabalhadores em relação
CAPÍTULO XXVIII às direcções dos respectivos estabelecimentos.

Direitos das comissões e subcomissões de trabalhadores SECÇÃO III


SECÇÃO I Informação e consulta

Âmbito Artigo 356.o


Conteúdo do direito a informação
Artigo 353.o O direito a informação abrange as seguintes matérias:
Âmbito a) Planos gerais de actividade e orçamento;
b) Organização da produção e suas implicações no
O presente capítulo regula os n.os 1 e 2 do artigo 466.o grau da utilização da mão-de-obra e do equi-
do Código do Trabalho. pamento;
4868 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

c) Situação do aprovisionamento; o tiver solicitado considera-se preenchida a exigência


d) Previsão, volume e administração de vendas; referida no n.o 1.
e) Gestão de pessoal e estabelecimento dos seus
Artigo 358.o
critérios básicos, montante da massa salarial e
sua distribuição pelos diferentes escalões pro- Prestação de informações
fissionais, regalias sociais, mínimos de produ- 1 — Os membros das comissões e subcomissões
tividade e grau de absentismo; devem requerer, por escrito, respectivamente, ao órgão
f) Situação contabilística da empresa compreen- de gestão da empresa ou de direcção do estabelecimento
dendo o balanço, conta de resultados e balan- os elementos de informação respeitantes às matérias
cetes trimestrais; referidas nos artigos anteriores.
g) Modalidades de financiamento; 2 — As informações são-lhes prestadas, por escrito,
h) Encargos fiscais e parafiscais; no prazo de oito dias, salvo se, pela sua complexidade,
i) Projectos de alteração do objecto, do capital se justificar prazo maior, que nunca deve ser superior
social e de reconversão da actividade produtiva a 15 dias.
da empresa. 3 — O disposto nos números anteriores não prejudica
o direito à recepção de informações nas reuniões pre-
Artigo 357.o vistas no artigo 355.o

Obrigatoriedade de parecer prévio


SECÇÃO IV
1 — Têm de ser obrigatoriamente precedidos de pare- Exercício do controlo de gestão na empresa
cer escrito da comissão de trabalhadores os seguintes
actos do empregador: Artigo 359.o
Finalidade do controlo de gestão
a) Regulação da utilização de equipamento tec-
nológico para vigilância a distância no local de O controlo de gestão visa promover o empenhamento
trabalho; responsável dos trabalhadores na vida da respectiva
b) Tratamento de dados biométricos; empresa.
c) Elaboração de regulamentos internos da empresa; Artigo 360.o
d) Modificação dos critérios de base de classifi- Conteúdo do controlo de gestão
cação profissional e de promoções;
e) Definição e organização dos horários de tra- No exercício do direito do controlo de gestão, as
balho aplicáveis a todos ou a parte dos traba- comissões de trabalhadores podem:
lhadores da empresa; a) Apreciar e emitir parecer sobre os orçamentos
f) Elaboração do mapa de férias dos trabalhadores da empresa e respectivas alterações, bem como
da empresa; acompanhar a respectiva execução;
g) Mudança de local de actividade da empresa ou b) Promover a adequada utilização dos recursos
do estabelecimento; técnicos, humanos e financeiros;
h) Quaisquer medidas de que resulte uma dimi- c) Promover, junto dos órgãos de gestão e dos tra-
nuição substancial do número de trabalhadores balhadores, medidas que contribuam para a
da empresa ou agravamento substancial das suas melhoria da actividade da empresa, designada-
condições de trabalho e, ainda, as decisões sus- mente nos domínios dos equipamentos técnicos
ceptíveis de desencadear mudanças substanciais e da simplificação administrativa;
no plano da organização de trabalho ou dos d) Apresentar aos órgãos competentes da empresa
contratos de trabalho; sugestões, recomendações ou críticas tendentes
à qualificação inicial e à formação contínua dos
i) Encerramento de estabelecimentos ou de linhas
trabalhadores e, em geral, à melhoria da qua-
de produção; lidade de vida no trabalho e das condições de
j) Dissolução ou requerimento de declaração de segurança, higiene e saúde;
insolvência da empresa. e) Defender junto dos órgãos de gestão e fisca-
lização da empresa e das autoridades compe-
2 — O parecer referido no número anterior deve ser tentes os legítimos interesses dos trabalhadores.
emitido no prazo máximo de 10 dias a contar da recepção
do escrito em que for solicitado, se outro maior não Artigo 361.o
for concedido em atenção da extensão ou complexidade
Exclusões do controlo de gestão
da matéria.
3 — Nos casos a que se refere a alínea c) do n.o 1, 1 — O controlo de gestão não pode ser exercido em
o prazo de emissão de parecer é de cinco dias. relação às seguintes actividades:
4 — Quando seja solicitada a prestação de informação a) Produção de moeda;
sobre as matérias relativamente às quais seja requerida b) Prossecução das atribuições do Banco de Por-
a emissão de parecer ou quando haja lugar à realização tugal;
de reunião nos termos do n.o 1 do artigo 355.o, o prazo c) Imprensa Nacional-Casa da Moeda, S. A.;
conta-se a partir da prestação das informações ou da d) Investigação científica e militar;
realização da reunião. e) Serviço público postal, de telecomunicações ou
5 — Decorridos os prazos referidos nos n.os 2 e 3 de meios de comunicação áudio-visual;
sem que o parecer tenha sido entregue à entidade que f) Estabelecimentos fabris militares.
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4869

2 — Excluem-se igualmente do controlo de gestão as CAPÍTULO XXIX


actividades com interesse para a defesa nacional ou que
envolvam, por via directa ou delegada, competências Conselhos de empresa europeus
dos órgãos de soberania, bem como das assembleias
regionais e dos governos regionais. SECÇÃO I

Disposições gerais
Artigo 362.o
Representantes dos trabalhadores nos órgãos Artigo 365.o
das entidades públicas empresariais
Âmbito
1 — Nas entidades públicas empresariais, as comis-
1 — O presente capítulo regula o n.o 1 do artigo 471.o
sões de trabalhadores promovem a eleição, nos termos
e o artigo 474.o do Código do Trabalho.
dos artigos 332.o a 336.o e do n.o 1 do artigo 337.o,
2 — O disposto no n.o 3 do artigo 471.o do Código
de representantes dos trabalhadores para os órgãos
do Trabalho aplica-se sem prejuízo de o acordo referido
sociais das mesmas.
no artigo 373.o poder estabelecer um âmbito mais amplo.
2 — As comissões de trabalhadores devem comunicar
3 — Se um grupo de empresas de dimensão comu-
ao ministério responsável pelo sector de actividade da
nitária abranger uma ou mais empresas ou grupos de
entidade pública empresarial a realização das eleições
empresas de dimensão comunitária, o conselho de
que promovem nos termos do número anterior.
empresa europeu ou o procedimento de informação e
3 — O número de trabalhadores a eleger e o órgão
consulta é instituído a nível daquele grupo, salvo esti-
social competente são os previstos nos estatutos das res-
pulação em contrário no acordo referido no artigo 373.o
pectivas entidades públicas empresariais.

Artigo 366.o
SECÇÃO V
Empresa que exerce o controlo
Participação nos processos de reestruturação da empresa
1 — Para efeitos do artigo 473.o do Código do Tra-
Artigo 363. o balho, presume-se que uma empresa tem influência
dominante sobre outra se, directa ou indirectamente,
Legitimidade para participar satisfizer um dos seguintes critérios:
O direito de participar nos processos de reestrutu- a) Puder designar mais de metade dos membros
ração da empresa deve ser exercido: do órgão de administração ou do órgão de
fiscalização;
a) Directamente pelas comissões de trabalhadores, b) Dispuser de mais de metade dos votos na assem-
quando se trate de reestruturação da empresa; bleia geral;
b) Através da correspondente comissão coordena- c) Tiver a maioria do capital social.
dora, quando se trate da reestruturação de
empresas do sector a que pertença a maioria
das comissões de trabalhadores por aquela 2 — Para efeitos do número anterior, os direitos da
coordenadas. empresa dominante compreendem os direitos de qual-
quer empresa controlada ou de pessoa que actue em
nome próprio, mas por conta da empresa que exerce
Artigo 364.o o controlo ou de qualquer empresa controlada.
3 — Se duas ou mais empresas satisfizerem os cri-
Direitos de participação
térios referidos no n.o 1, estes são aplicáveis segundo
No âmbito do exercício do direito de participação a respectiva ordem de precedência.
na reestruturação da empresa, as comissões de traba- 4 — A pessoa mandatada para exercer funções numa
lhadores e as comissões coordenadoras têm: empresa, nos termos do processo de insolvência, não
se presume que tenha influência dominante sobre ela.
a) O direito de serem previamente ouvidas e de 5 — A sociedade abrangida pelas alíneas a) ou c) do
emitirem parecer, nos termos e prazos previstos n.o 5 do artigo 3.o do Regulamento (CEE) n.o 4064/89,
no n.o 2 do artigo 357.o, sobre os planos ou do Conselho, de 21 de Dezembro, relativo ao controlo
projectos de reestruturação referidos no das operações de concentração de empresas, não se con-
artigo anterior; sidera que controla a empresa de que tenha parti-
b) O direito de serem informadas sobre a evolução cipações.
dos actos subsequentes;
c) O direito de serem informadas sobre a formu- Artigo 367.o
lação final dos instrumentos de reestruturação Casos especiais de empresa que exerce o controlo
e de se pronunciarem antes de aprovados;
d) O direito de reunirem com os órgãos encar- Se a empresa que controla um grupo de empresas
regados dos trabalhos preparatórios de rees- tiver sede num Estado não membro, considera-se que
truturação; uma empresa do grupo situada em território nacional
e) O direito de emitirem juízos críticos, sugestões exerce o controlo se representar, para o efeito, a
e reclamações junto dos órgãos sociais da empresa que controla o grupo ou, na sua falta, empregar
empresa ou das entidades legalmente compe- o maior número de trabalhadores entre as empresas
tentes. do grupo situadas nos Estados membros.
4870 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

SECÇÃO II b) Um, dois ou três representantes suplementares


por cada Estado membro onde haja, pelo
Disposições e acordos transnacionais menos, 25 %, 50 % ou 75 % dos trabalhadores
SUBSECÇÃO I da empresa ou do grupo.
Âmbito 2 — Se, durante as negociações, houver alteração da
o
estrutura da empresa ou do grupo, ou do número de
Artigo 368. trabalhadores dos estabelecimentos ou das empresas,
Âmbito das disposições e acordos transnacionais a composição do grupo especial de negociação deve ser
ajustada em conformidade, sem prejuízo do decurso dos
1 — As disposições da presente secção são aplicáveis prazos previstos no artigo 377.o
a empresas e grupos de empresas de dimensão comu- 3 — A administração e, através desta, as direcções
nitária cuja sede principal e efectiva da administração dos estabelecimentos ou das empresas do grupo são
se situe em território nacional, incluindo os respectivos informadas da constituição e da composição do grupo
estabelecimentos ou empresas situados noutros Estados especial de negociação.
membros. 4 — A eleição ou designação dos membros do grupo
2 — Se a sede principal e efectiva da administração especial de negociação representantes dos trabalhadores
da empresa ou grupo de empresas de dimensão comu- dos estabelecimentos ou empresas situadas em território
nitária não estiver situada em território nacional, as dis- nacional é regulada pelo artigo 392.o
posições da presente secção são ainda aplicáveis desde
que:
Artigo 371.o
a) Exista em território nacional um representante Negociações
da administração designado para o efeito;
b) Não havendo um representante da administra- 1 — A administração deve tomar a iniciativa de reunir
ção em qualquer Estado membro, esteja situada com o grupo especial de negociação, com vista à cele-
em território nacional a direcção do estabele- bração de um acordo relativo aos direitos de informação
cimento ou da empresa do grupo que empregar e consulta dos trabalhadores, dando desse facto conhe-
o maior número de trabalhadores num Estado cimento às direcções dos estabelecimentos ou das
membro. empresas do grupo.
2 — O grupo especial de negociação tem o direito
3 — O acordo celebrado entre a administração e o de se reunir imediatamente antes de qualquer reunião
grupo especial de negociação, nos termos da legislação de negociações com a administração.
de outro Estado membro em cujo território se situa 3 — Salvo acordo em contrário, os representantes dos
a sede principal e efectiva da administração da empresa trabalhadores de estabelecimentos ou empresas situados
ou do grupo, bem como as disposições subsidiárias dessa em Estados não membros, pertencentes à empresa ou
legislação relativas à instituição do conselho de empresa ao grupo, podem assistir às negociações como obser-
europeu obrigam os estabelecimentos ou empresas vadores e sem direito a voto.
situados em território nacional e os respectivos tra- 4 — O grupo especial de negociação pode ser assistido
balhadores. por peritos da sua escolha.
5 — A administração e o grupo especial de negocia-
SUBSECÇÃO II ção devem respeitar os princípios da boa fé no decurso
das negociações.
Procedimento das negociações
Artigo 372.o
o
Artigo 369. Termo das negociações
Constituição do grupo especial de negociação
1 — A administração e o grupo especial de negocia-
1 — A administração inicia as negociações para a ins- ção podem acordar, por escrito, a instituição de um
tituição de um conselho de empresa europeu ou um conselho de empresa europeu ou um procedimento de
procedimento de informação e consulta, por iniciativa informação e consulta.
própria ou mediante pedido escrito de, no mínimo, 100 2 — A deliberação do grupo especial de negociação
trabalhadores ou os seus representantes, provenientes de celebrar o acordo referido no número anterior é
de, pelo menos, dois estabelecimentos da empresa de tomada por maioria dos votos.
dimensão comunitária ou duas empresas do grupo situa- 3 — O grupo especial de negociação pode deliberar
dos em Estados membros diferentes. não iniciar as negociações ou terminar as que estiverem
2 — Os trabalhadores ou os seus representantes em curso por, no mínimo, dois terços dos votos.
podem comunicar a vontade de iniciar as negociações, 4 — Nos casos referidos no n.o 3, os trabalhadores
conjunta ou separadamente, à administração ou às direc- ou os seus representantes só podem propor novas nego-
ções dos estabelecimentos ou empresas aos quais este- ciações dois anos após a deliberação, excepto se as partes
jam afectos, que, neste último caso, a transmitem àquela. acordarem um prazo mais curto.

Artigo 370.o SUBSECÇÃO III


Composição do grupo especial de negociação Acordos sobre a informação e consulta
1 — O grupo especial de negociação é composto por:
Artigo 373.o
a) Um representante dos trabalhadores por cada
Conteúdo do acordo
Estado membro no qual a empresa ou o grupo
de empresas tenha um ou mais estabelecimentos Sem prejuízo do disposto nos artigos seguintes, o
ou uma ou mais empresas; acordo que instituir o conselho de empresa europeu
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4871

ou um ou mais procedimentos de informação e consulta Artigo 376.o


regula: Comunicação
a) Os estabelecimentos da empresa ou as empresas
1 — A administração deve apresentar cópia do acordo
do grupo abrangidos pelo acordo;
ao ministério responsável pela área laboral.
b) A duração do acordo e o processo de rene-
2 — O conselho de empresa europeu deve informar
gociação.
o ministério responsável pela área laboral da identidade
dos seus membros e dos países de origem.
Artigo 374.o 3 — O disposto no número anterior é aplicável aos
Instituição do conselho de empresa europeu representantes dos trabalhadores no procedimento de
informação e consulta.
1 — O acordo que instituir o conselho de empresa 4 — Se a sede principal e efectiva da administração
europeu regula: estiver situada noutro Estado membro, os representan-
a) O número e a distribuição dos membros, a dura- tes dos trabalhadores designados no território nacional
ção dos mandatos e a adaptação do conselho devem comunicar a respectiva identidade nos termos
a alterações da estrutura da empresa ou do dos n.os 2 e 3.
grupo;
b) Os direitos de informação e consulta do con- SECÇÃO III
selho e, sendo caso disso, outros direitos e pro-
Instituição do conselho de empresa europeu
cedimentos para o seu exercício;
c) O local, periodicidade e duração das reuniões
do conselho de empresa europeu; Artigo 377.o
d) Os recursos financeiros e materiais a prestar Instituição obrigatória
pela administração ao conselho de empresa
europeu; 1 — É instituído um conselho de empresa europeu
e) A periodicidade da informação a prestar sobre na empresa ou grupo de empresas de dimensão comu-
o número de trabalhadores ao serviço dos esta- nitária, regulado nos termos da presente secção, nos
belecimentos da empresa ou das empresas do seguintes casos:
grupo abrangidas pelo acordo; a) Se for acordado entre a administração e o grupo
f) A legislação aplicável ao acordo. especial de negociação;
b) Se a administração se recusar a negociar no
2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, prazo de seis meses a contar do pedido de início
as partes podem regular outras matérias pelo acordo das negociações por parte dos trabalhadores ou
que instituir o conselho de empresa europeu, nomea- dos seus representantes;
damente a definição dos critérios de classificação das c) Se não houver acordo ao fim de três anos a
informações como confidenciais para efeitos do esta- contar da iniciativa das negociações por parte
belecido no artigo 387.o da administração ou do pedido de início das
3 — A eleição ou designação dos membros do con- negociações por parte dos trabalhadores ou dos
selho representantes dos trabalhadores dos estabeleci- seus representantes, sem que o grupo especial
mentos ou empresas situados em território nacional é de negociação tenha deliberado não iniciar ou
regulada pelo artigo 392.o terminar as negociações em curso.

2 — Ao conselho de empresa europeu instituído nos


Artigo 375.o
termos do número anterior é aplicável o disposto no
Instituição de um ou mais procedimentos de informação e consulta n.o 2 do artigo anterior.
1 — O acordo que instituir um ou mais procedimentos
de informação e consulta regula: Artigo 378.o
a) O número, o processo de designação, a duração Composição
dos mandatos dos representantes dos trabalha-
1 — O conselho de empresa europeu é composto por:
dores e os ajustamentos na estrutura da empresa
ou do grupo; a) Um membro por cada Estado membro no qual
b) Os direitos de informação e consulta sobre, a empresa ou o grupo tenha um ou mais esta-
nomeadamente, as matérias transnacionais sus- belecimentos ou uma ou mais empresas;
ceptíveis de afectar consideravelmente os inte- b) Um, dois ou três membros suplementares por
resses dos trabalhadores e, sendo caso disso, cada Estado membro onde haja, pelo menos,
outros direitos; 25 %, 50 % ou 75 % dos trabalhadores da
c) O direito de reunião dos representantes dos tra- empresa ou do grupo.
balhadores para apreciar as informações que
lhes forem comunicadas. 2 — Se houver alteração dos Estados membros em
que a empresa ou o grupo tenha um ou mais estabe-
2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, lecimentos ou uma ou mais empresas, a composição
as partes podem regular outras matérias pelo acordo do conselho de empresa europeu deve ser ajustada em
que instituir um procedimento de informação e consulta. conformidade.
3 — A eleição ou designação dos representantes dos 3 — Os membros do conselho de empresa europeu
trabalhadores dos estabelecimentos ou empresas situa- devem ser trabalhadores da empresa ou do grupo de
dos em território nacional é regulada pelo artigo 392.o empresas.
4872 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

4 — A eleição ou designação dos membros do con- o direito de reunir com a administração, pelo menos
selho de empresa europeu representantes dos trabalha- uma vez por ano, para efeitos de informação e consulta.
dores de estabelecimentos ou empresas situados em ter- 2 — A reunião referida no número anterior tem lugar
ritório nacional é regulada pelo artigo 392.o um mês após a apresentação do relatório referido no
artigo anterior, salvo se o conselho de empresa europeu
Artigo 379.o aceitar um prazo mais curto.
3 — A administração deve informar as direcções dos
Funcionamento estabelecimentos ou empresas do grupo da realização
1 — O conselho de empresa europeu deve comunicar da reunião.
a sua composição à administração, a qual informa as 4 — A administração e o conselho de empresa euro-
direcções das empresas do grupo. peu devem regular, por protocolo, os procedimentos
2 — O conselho de empresa europeu que tenha pelo relativos às reuniões.
menos 12 membros deve instituir um conselho restrito
composto, no máximo, por três membros, eleitos entre Artigo 383.o
si pelos membros do conselho de empresa europeu. Informação e consulta em situações excepcionais
3 — O conselho de empresa europeu deve aprovar
o seu regulamento interno. 1 — O conselho restrito ou, na sua falta, o conselho
4 — Antes de efectuar qualquer reunião com a admi- de empresa europeu tem o direito de ser informado
nistração, o conselho de empresa europeu ou o conselho pela administração sobre quaisquer questões que afec-
restrito tem o direito de se reunir sem a presença tem consideravelmente os interesses dos trabalhadores,
daquela, podendo participar na reunião deste último nomeadamente a mudança de instalações que implique
os membros do conselho de empresa europeu repre- transferências de locais de trabalho, o encerramento de
sentantes dos trabalhadores dos estabelecimentos ou empresas ou estabelecimentos e o despedimento colec-
empresas directamente afectados pelas medidas. tivo.
5 — O conselho de empresa europeu e o conselho 2 — O conselho restrito ou, na sua falta, o conselho
restrito podem ser assistidos por peritos da sua escolha, de empresa europeu tem o direito de reunir, a seu
sempre que o julgarem necessário ao cumprimento das pedido, com a administração, ou outro nível de direcção
suas funções. da empresa ou do grupo mais apropriado com com-
petência para tomar decisões, a fim de ser informado
Artigo 380.o e consultado sobre as medidas que afectem conside-
Informação e consulta ravelmente os interesses dos trabalhadores.
3 — Antes da realização da reunião, a administração
1 — O conselho de empresa europeu tem o direito deve apresentar ao conselho de empresa europeu um
de ser informado e consultado pela administração sobre relatório, pormenorizado e fundamentado, sobre as
as questões relativas ao conjunto da empresa ou do medidas referidas no n.o 1.
grupo ou, no mínimo, a dois estabelecimentos ou empre- 4 — A reunião deve efectuar-se, com a maior bre-
sas do grupo situados em Estados membros diferentes. vidade possível, a pedido do conselho restrito ou do
2 — O conselho de empresa europeu tem igualmente conselho de empresa europeu, devendo, no primeiro
o direito de ser informado e consultado pela adminis- caso, participar também os membros do conselho que
tração sobre factos ocorridos num único Estado membro representam os trabalhadores dos estabelecimentos ou
se as suas causas ou os seus efeitos envolverem esta- empresas directamente afectados pelas medidas.
belecimentos ou empresas situados em, pelo menos, dois 5 — O conselho restrito ou o conselho de empresa
Estados membros. europeu pode emitir um parecer durante a reunião ou,
na falta de acordo sobre período superior, num prazo
Artigo 381.o de 15 dias.
Relatório anual
Artigo 384.o
1 — A administração deve apresentar ao conselho de Informação dos representantes locais
empresa europeu um relatório anual pormenorizado e
documentado sobre a evolução e as perspectivas das Os membros do conselho de empresa europeu devem
actividades da empresa ou do grupo de empresas. informar os representantes dos trabalhadores dos esta-
2 — O relatório deve conter informação sobre a estru- belecimentos ou empresas do grupo ou, na sua falta,
tura da empresa ou do grupo, situação económica e os trabalhadores sobre as informações recebidas e os
financeira, evolução provável das actividades, produção resultados das consultas realizadas.
e vendas, situação e evolução previsível do emprego,
investimentos, alterações mais importantes relativas à
organização, métodos de trabalho ou processos de pro- Artigo 385.o
dução, transferências de produção, fusões, redução da Negociação de um acordo sobre informação e consulta
dimensão ou encerramento de empresas, estabelecimen-
tos ou de partes importantes de estabelecimentos e des- 1 — Quatro anos após a sua constituição, o conselho
pedimentos colectivos. de empresa europeu pode propor à administração nego-
ciações para a instituição por acordo de um conselho
de empresa europeu ou um procedimento de informação
Artigo 382.o e consulta.
Reuniões com a administração 2 — A administração deve responder à proposta do
conselho de empresa europeu e, no decurso das nego-
1 — Após a apresentação do relatório previsto no ciações, as partes devem respeitar os princípios da boa
artigo anterior, o conselho de empresa europeu tem fé.
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4873

3 — Ao acordo referido no número anterior é apli- c) Pagar as despesas de pelo menos um perito do
cável o regime dos artigos 373.o a 376.o grupo especial de negociação, bem como do
4 — Em caso de acordo, as disposições da presente conselho de empresa europeu.
secção deixam de se aplicar a partir do momento da
constituição do conselho de empresa europeu ou da 2 — Não são abrangidos pelo número anterior os
designação dos representantes dos trabalhadores no encargos dos observadores referidos no n.o 3 do
âmbito do procedimento de informação e consulta. artigo 371.o
3 — As despesas referidas no n.o 1 são, nomeada-
mente, as respeitantes à organização de reuniões,
SECÇÃO IV incluindo as do próprio grupo especial de negociação,
Disposições comuns ou do conselho de empresa europeu, ou do conselho
restrito, bem como as traduções, estadas e deslocações
e ainda a remuneração do perito.
Artigo 386.o 4 — Relativamente ao conselho de empresa europeu,
Relacionamento entre a administração e os representantes o disposto no n.o 3, excepto no que respeita a despesas
dos trabalhadores relativas a pelo menos um perito, pode ser regulado
A administração, o conselho de empresa europeu e diferentemente por acordo com a administração.
os representantes dos trabalhadores no âmbito do pro- 5 — A administração pode custear as despesas de des-
cedimento de informação e consulta devem cooperar locação e estada dos membros do grupo especial de
e agir com boa fé no exercício dos direitos e no cum- negociação e do conselho de empresa europeu com base
primento dos deveres respectivos. no regime de deslocações em serviço dos estabeleci-
mentos ou empresas em que trabalham e, relativamente
às despesas do perito, no regime aplicável aos membros
Artigo 387.o provenientes do mesmo Estado membro.
6 — Da aplicação do critério referido no número
Informações confidenciais
anterior não pode resultar um pagamento de despesas
1 — Os membros do grupo especial de negociação, de deslocação e estada a algum membro do grupo espe-
do conselho de empresa europeu, os representantes dos cial de negociação ou do conselho de empresa europeu
trabalhadores no âmbito do procedimento de informa- menos favorável do que a outro.
ção e consulta e os respectivos peritos não devem revelar 7 — O grupo especial de negociação, o conselho de
a terceiros as informações recebidas com expressa empresa europeu e o conselho restrito têm direito aos
reserva de confidencialidade, a qual deve ser justificada. meios materiais necessários ao cumprimento das res-
2 — O dever de sigilo mantém-se independentemente pectivas missões, incluindo instalações e locais de afi-
do local em que os obrigados se encontrem durante xação da informação.
e após os respectivos mandatos.
3 — O disposto nos números anteriores é extensivo SECÇÃO V
aos representantes de trabalhadores de estabelecimen-
tos ou empresas situados em Estados não membros que Disposições de carácter nacional
assistam às negociações, nos termos do n.o 3 do
artigo 371.o Artigo 389.o
4 — Sem prejuízo do disposto nos números anterio- Âmbito
res, a administração apenas pode recusar a prestação
de informações que sejam classificadas como confiden- As disposições desta secção são aplicáveis aos esta-
ciais, nos termos do disposto no n.o 2 do artigo 374.o belecimentos e empresas situados em território nacional
5 — A decisão referida no n.o 4 deve ser justificada, pertencentes a empresas ou a grupos de empresas de
na medida do possível, sem pôr em causa a reserva dimensão comunitária cuja sede principal e efectiva da
da informação. administração se situe em qualquer Estado membro,
6 — O grupo especial de negociação, o conselho de bem como aos representantes dos respectivos traba-
empresa europeu e os representantes dos trabalhadores lhadores.
no âmbito do procedimento de informação e consulta Artigo 390.o
podem impugnar judicialmente a decisão da adminis-
Cálculo do número de trabalhadores
tração de exigir confidencialidade ou de não prestar
determinadas informações. 1 — Para efeito desta secção, o número de trabalha-
dores dos estabelecimentos ou empresas do grupo cor-
Artigo 388.o responde ao número médio de trabalhadores nos dois
anos anteriores ao pedido de constituição do grupo espe-
Recursos financeiros e materiais cial de negociação ou à constituição do conselho de
1 — A administração deve: empresa europeu, nos termos dos artigos 369.o e 377.o
2 — Os trabalhadores a tempo parcial são conside-
a) Pagar as despesas do grupo especial de nego- rados para efeitos do disposto no número anterior, inde-
ciação relativas às negociações, de modo que pendentemente da duração do seu período normal de
este possa exercer adequadamente as suas trabalho.
funções; 3 — Os estabelecimentos ou empresas devem infor-
b) Dotar os membros do conselho de empresa mar os interessados, a seu pedido, sobre o número de
europeu dos recursos financeiros necessários às trabalhadores e a sua distribuição pelos Estados mem-
suas despesas de funcionamento e às do con- bros, aplicando-se para o efeito o estabelecido na alí-
selho restrito, se existir; nea e) do n.o 1 do artigo 374.o
4874 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

Artigo 391.o 6 — O ministro responsável pela área laboral pode,


por portaria, regulamentar os procedimentos do acto
Representantes dos trabalhadores para o início das negociações
eleitoral previsto no n.o 4.
Para efeito do pedido de início das negociações pre-
visto no n.o 1 do artigo 369.o, consideram-se represen- Artigo 393.o
tantes dos trabalhadores a comissão de trabalhadores
e as associações sindicais. Duração do mandato

Salvo estipulação em contrário, o mandato dos mem-


Artigo 392.o bros do conselho de empresa europeu tem a duração
de quatro anos.
Designação ou eleição dos membros do grupo especial de negociação
e do conselho de empresa europeu Artigo 394.o
1 — No prazo de dois meses após a iniciativa da admi- Protecção dos representantes dos trabalhadores
nistração ou o pedido para início das negociações refe- 1 — Os membros do grupo especial de negociação,
ridos no n.o 1 do artigo 369.o ou o facto previsto no do conselho de empresa europeu e os representantes
artigo 377.o que determina a instituição do conselho dos trabalhadores no âmbito do procedimento de infor-
de empresa europeu, os representantes dos trabalha- mação e consulta, empregados em estabelecimentos da
dores dos estabelecimentos ou empresas situados em empresa de dimensão comunitária ou empresas do
território nacional são designados: grupo situados em território nacional, têm, em especial,
a) Por acordo entre a comissão de trabalhadores direito:
e as associações sindicais ou por acordo entre a) Ao crédito de vinte e cinco horas mensais para
as comissões de trabalhadores das empresas do o exercício das respectivas funções;
grupo e as associações sindicais; b) Ao crédito de tempo retribuído necessário para
b) Pela comissão de trabalhadores ou por acordo participar em reuniões com a administração e
entre as comissões de trabalhadores das empre- em reuniões preparatórias, incluindo o tempo
sas do grupo se não houver associações sindicais; gasto nas deslocações.
c) Por acordo entre as associações sindicais que,
em conjunto, representem pelo menos dois ter- 2 — Não pode haver lugar a acumulação do crédito
ços dos trabalhadores dos estabelecimentos ou de horas pelo facto de o trabalhador pertencer a mais
empresas; do que uma estrutura de representação colectiva dos
d) Por acordo entre as associações sindicais que trabalhadores.
representem, cada uma, pelo menos 5 % dos
trabalhadores dos estabelecimentos ou empre- Artigo 395.o
sas, no caso de não se verificar o previsto na Informações confidenciais
alínea anterior.
A violação do dever de sigilo por parte dos peritos
2 — Só as associações sindicais que representem pelo dá lugar a responsabilidade civil nos termos gerais.
menos 5 % dos trabalhadores dos estabelecimentos ou
empresas podem participar na designação dos repre-
sentantes dos trabalhadores, sem prejuízo do previsto CAPÍTULO XXX
no número seguinte. Reuniões de trabalhadores
3 — As associações sindicais que, em conjunto, repre-
sentem pelo menos 5 % dos trabalhadores podem man- Artigo 396.o
datar uma delas para participar na designação dos repre-
sentantes dos trabalhadores. Âmbito
4 — Os representantes dos trabalhadores são eleitos O presente capítulo regula o n.o 3 do artigo 497.o
por voto directo e secreto, de entre candidaturas apre- do Código do Trabalho.
sentadas por, pelo menos, 100 ou 10 % dos trabalhadores
nas seguintes situações:
Artigo 397.o
a) Sempre que pelo menos um terço dos traba-
lhadores o requeira; Convocação de reuniões de trabalhadores
b) Na falta de acordo entre as comissões de tra- Para efeitos do n.o 2 do artigo 497.o do Código do
balhadores e as associações sindicais que repre- Trabalho, as reuniões só podem ser convocadas pela
sentem pelo menos 5 % dos trabalhadores; comissão sindical ou pela comissão intersindical.
c) Se não forem designados pelas comissões de
trabalhadores ou pelas associações sindicais, nos
termos das alíneas b), c) e d) do n.o 1; Artigo 398.o
d) Se não houver comissão de trabalhadores nem Procedimento
associações sindicais que representem, pelo
menos, 5 % dos trabalhadores. 1 — Os promotores das reuniões devem comunicar
ao empregador, com a antecedência mínima de quarenta
5 — A convocação do acto eleitoral, a apresentação e oito horas, a data, hora, número previsível de par-
de candidaturas, as secções de voto, a votação, o apu- ticipantes e local em que pretendem que elas se efec-
ramento e a publicidade do resultado da eleição, bem tuem, devendo afixar as respectivas convocatórias.
como o controlo de legalidade da mesma, são regulados 2 — No caso das reuniões a realizar durante o horário
pelos artigos 333.o, 340.o, 341.o e 352.o de trabalho, os promotores devem apresentar uma pro-
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4875

posta que assegure o funcionamento dos serviços de desde que não ultrapasse o montante global do crédito
natureza urgente e essencial. de horas atribuído nos termos do n.o 1 e comunique
3 — Após a recepção da comunicação referida no tal facto ao empregador com a antecedência mínima
n.o 1 e, sendo caso disso, da proposta prevista no número de 15 dias.
anterior, o empregador é obrigado a pôr à disposição 5 — No caso de federação, união ou confederação
dos promotores das reuniões, desde que estes o requei- deve atender-se ao número de trabalhadores filiados
ram, local situado no interior da empresa, ou na sua nas associações que fazem parte daquelas estruturas de
proximidade, que seja apropriado à realização das mes- representação colectiva dos trabalhadores.
mas, tendo em conta os elementos da comunicação, da
proposta, bem como a necessidade de respeitar o dis-
Artigo 401.o
posto na parte final dos n.os 1 e 2 do artigo 497.o do
Código do Trabalho. Não cumulação de crédito de horas
4 — Os membros da direcção das associações sindi-
Não pode haver lugar a cumulação do crédito de horas
cais que não trabalhem na empresa podem participar
pelo facto de o trabalhador pertencer a mais de uma
nas reuniões mediante comunicação dos promotores ao
estrutura de representação colectiva dos trabalhadores.
empregador com a antecedência mínima de seis horas.

Artigo 402.o
CAPÍTULO XXXI
Faltas
Associações sindicais
1 — Os membros da direcção cuja identificação foi
Artigo 399. o comunicada ao empregador nos termos do n.o 3 do
artigo 400.o usufruem do direito a faltas justificadas.
Âmbito 2 — Os demais membros da direcção usufruem do
O presente capítulo regula o n.o 2 do artigo 505.o direito a faltas justificadas até ao limite de 33 faltas
do Código do Trabalho. por ano.
Artigo 403.o
o
Artigo 400. Suspensão do contrato de trabalho
Crédito de horas dos membros da direcção
Quando as faltas determinadas pelo exercício de acti-
1 — Sem prejuízo do disposto em instrumento de vidade sindical se prolongarem efectiva ou previsivel-
regulamentação colectiva de trabalho, o número máximo mente para além de um mês aplica-se o regime da sus-
de membros da direcção da associação sindical que pensão do contrato de trabalho por facto respeitante
beneficiam do crédito de horas, em cada empresa, é ao trabalhador.
determinado da seguinte forma:
a) Empresa com menos de 50 trabalhadores sin- CAPÍTULO XXXII
dicalizados — 1 membro;
b) Empresa com 50 a 99 trabalhadores sindicali- Participação das organizações representativas
zados — 2 membros;
c) Empresa com 100 a 199 trabalhadores sindi- Artigo 404.o
calizados — 3 membros; Âmbito
d) Empresa com 200 a 499 trabalhadores sindi-
calizados — 4 membros; O presente capítulo regula o artigo 529.o do Código
e) Empresa com 500 a 999 trabalhadores sindi- do Trabalho.
calizados — 6 membros;
Artigo 405.o
f) Empresa com 1000 a 1999 trabalhadores sin-
dicalizados — 7 membros; Modelo
g) Empresa com 2000 a 4999 trabalhadores sin-
A participação das comissões de trabalhadores ou res-
dicalizados — 8 membros;
pectivas comissões coordenadoras, associações sindicais
h) Empresa com 5000 a 9999 trabalhadores sin-
e associações de empregadores na elaboração da legis-
dicalizados — 10 membros;
lação do trabalho deve conter:
i) Empresa com 10 000 ou mais trabalhadores sin-
dicalizados — 12 membros. a) Identificação do projecto ou proposta de diploma,
seguido da indicação da respectiva matéria;
2 — Para o exercício das suas funções, cada membro b) Identificação da comissão de trabalhadores,
da direcção beneficia do crédito de horas correspon- comissão coordenadora, associação sindical ou
dente a quatro dias de trabalho por mês, mantendo o associação de empregadores que se pronuncia;
direito à retribuição. c) Âmbito subjectivo, objectivo e geográfico ou,
3 — A direcção da associação sindical deve comunicar tratando-se de comissões de trabalhadores ou
à empresa, até 15 de Janeiro de cada ano civil e nos comissões coordenadoras, o sector de actividade
15 dias posteriores a qualquer alteração da composição e área geográfica da empresa ou empresas;
da direcção, a identificação dos membros que benefi- d) Número de trabalhadores ou de empregadores
ciam do crédito de horas. representados;
4 — O previsto nos números anteriores não prejudica e) Data, assinatura de quem legalmente represente
a possibilidade de a direcção da associação sindical atri- a organização que se pronuncia ou de todos
buir créditos de horas a outros membros da mesma, os seus membros e carimbo da organização.
4876 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

CAPÍTULO XXXIII 2 — O sorteio do árbitro efectivo e do suplente deve


ser feito através de oito bolas numeradas, correspon-
Arbitragem obrigatória dendo a cada número o nome de um árbitro.
SECÇÃO I 3 — O secretário-geral do Conselho Económico e
Social notifica os representantes da parte trabalhadora
Âmbito e empregadora do dia e hora do sorteio, com a ante-
cedência mínima de vinte e quatro horas.
Artigo 406.o 4 — Se um ou ambos os representantes não estiverem
Âmbito
presentes, o secretário-geral do Conselho Económico
e Social designa funcionários do Conselho, em igual
O presente capítulo regula o artigo 572.o do Código número, para estarem presentes no sorteio.
do Trabalho. 5 — O secretário-geral do Conselho Económico e
Social elabora a acta do sorteio, que deve ser assinada
pelos presentes e comunicada imediatamente às partes.
SECÇÃO II 6 — O secretário-geral do Conselho Económico e
Determinação da arbitragem obrigatória Social comunica imediatamente o resultado do sorteio
aos árbitros que constituem o tribunal arbitral, aos
Artigo 407.o suplentes, às partes que tenham estado representadas
no sorteio e aos serviços competentes do ministério res-
Audiência das entidades reguladoras e de supervisão
ponsável pela área laboral.
1 — Para efeitos dos n.os 2 e 3 do artigo 568.o do
Código do Trabalho, a recomendação da Comissão Per- Artigo 411.o
manente de Concertação Social deve ser precedida de
audiência das entidades reguladoras e de supervisão do Notificações e comunicações
sector de actividade correspondente sempre que estiver
em causa um conflito entre partes filiadas em associa- As notificações e comunicações referidas nos artigos
ções de trabalhadores e de empregadores com assento anteriores devem ser efectuadas por escrito e por meio
naquela Comissão e for apresentado requerimento con- célere, designadamente telegrama, telefax ou correio
junto por elas subscrito. electrónico.
2 — A audiência prevista no número anterior deve SECÇÃO IV
ser realizada pela Comissão Permanente de Concertação
Social. Árbitros

SECÇÃO III Artigo 412.o


Listas de árbitros
Designação de árbitros
1 — Para efeitos do artigo 570.o do Código do Tra-
o
Artigo 408. balho, os árbitros que fazem parte das listas de árbitros
Escolha dos árbitros devem assinar perante o presidente do Conselho Eco-
nómico e Social um termo de aceitação, do qual deve
1 — Para efeitos do n.o 3 do artigo 569.o do Código constar uma declaração de que não se encontram em
do Trabalho, o secretário-geral do Conselho Económico qualquer das situações previstas no número seguinte.
e Social comunica aos serviços competentes do minis- 2 — Está impedido de proceder à assinatura do termo
tério responsável pela área laboral e às partes a escolha de aceitação prevista no número anterior quem, no
por sorteio do árbitro em falta ou, em sua substituição, momento desta ou nos dois anos anteriores:
a designação do árbitro pela parte faltosa.
2 — A comunicação referida no número anterior deve a) Seja ou tenha sido membro de corpos sociais
ser feita decorridas quarenta e oito horas após o sorteio. de associação sindical, associação de emprega-
dores ou de empregador filiado numa associa-
ção de empregadores;
Artigo 409.o b) Exerça ou tenha exercido qualquer actividade
Escolha do terceiro árbitro ao serviço das entidades referidas na alínea
anterior.
Para efeitos do n.o 3 do artigo 569.o do Código do
Trabalho, os árbitros indicados comunicam a escolha 3 — Após a assinatura dos termos de aceitação, as
do terceiro árbitro aos serviços competentes do minis- listas de árbitros são comunicadas aos serviços com-
tério responsável pela área laboral, ao secretário-geral petentes do ministério responsável pela área laboral e
do Conselho Económico e Social e às partes, no prazo publicadas no Boletim do Trabalho e Emprego.
de vinte e quatro horas. 4 — Após a aceitação prevista no n.o 1, os árbitros
não podem recusar o exercício das suas funções, salvo
Artigo 410.o tratando-se de renúncia mediante declaração dirigida
Sorteio de árbitros
ao presidente do Conselho Económico e Social, pro-
duzindo a renúncia efeitos 30 dias após a declaração.
1 — Para efeitos dos n.os 3, 4 e 5 do artigo 569.o 5 — Se o prazo referido no número anterior terminar
do Código do Trabalho, cada uma das listas de árbitros no decurso de uma arbitragem, a renúncia do árbitro
dos trabalhadores, dos empregadores e presidentes é que nela participe só produz efeitos a partir do termo
ordenada alfabeticamente. da mesma.
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4877

Artigo 413.o Artigo 419.o


Substituição de árbitros na composição do tribunal arbitral Presidente

1 — Qualquer árbitro deve ser substituído na com- 1 — O processo arbitral é presidido pelo árbitro desig-
posição do tribunal arbitral em caso de morte ou nado pelos árbitros nomeados pelas partes ou, na sua
incapacidade. falta, pelo designado por sorteio de entre os árbitros
2 — No caso previsto no número anterior aplicam-se constantes da lista de árbitros presidentes.
as regras relativas à nomeação de árbitros. 2 — Compete ao presidente do tribunal arbitral pre-
parar o processo, dirigir a instrução e conduzir os
trabalhos.
Artigo 414.o
Artigo 420.o
Substituição na lista de árbitros
Impedimento e suspeição
1 — Para efeitos do n.o 7 do artigo 570.o do Código
do Trabalho, qualquer árbitro deve ser substituído na O requerimento de impedimento apresentado pelas
respectiva lista em caso de morte, renúncia ou inca- partes, bem como o pedido de escusa é decidido pelo
pacidade permanente. presidente do Conselho Económico e Social.
2 — O artigo anterior aplica-se aos casos de substi-
tuição de árbitros. Artigo 421.o
Artigo 415.o Questões processuais
Limitações de actividades O tribunal arbitral decide todas as questões pro-
cessuais.
Quem fizer parte de lista de árbitros, bem como nos
dois anos subsequentes ao seu termo, desde que neste Artigo 422.o
caso tenha intervindo numa arbitragem, está impedido Contagem dos prazos
de ser membro de corpos sociais de associação sindical,
associação de empregadores e de exercer qualquer acti- Os prazos previstos neste capítulo suspendem-se aos
vidade ao serviço destas entidades. sábados, domingos e feriados.

Artigo 416.o Artigo 423.o


Língua
Sanção

A violação do disposto no n.o 2 do artigo 412.o ou Em todos os actos da arbitragem é utilizada a língua
no artigo anterior determina a imediata substituição do portuguesa.
árbitro na composição do tribunal arbitral e na respec- Artigo 424.o
tiva lista, bem como a impossibilidade de integrar qual- Dever de sigilo
quer lista de árbitros durante cinco anos e a devolução
dos honorários recebidos. Todas as pessoas que, pelo exercício das suas funções,
tenham contacto com o processo de arbitragem ficam
sujeitas ao dever de sigilo.
Artigo 417.o
Competência do presidente do Conselho Económico e Social
SUBSECÇÃO II
Compete ao presidente do Conselho Económico e Audição das partes
Social decidir sobre a verificação de qualquer situação
que implique a substituição de árbitro na composição Artigo 425.o
do tribunal arbitral ou na lista de árbitros, bem como
promover os actos necessários à respectiva substituição. Início da arbitragem

A arbitragem tem início nas quarenta e oito horas


SECÇÃO V
subsequentes à designação do árbitro presidente.

Do funcionamento da arbitragem Artigo 426.o


SUBSECÇÃO I Audição das partes

Disposições gerais 1 — Nas quarenta e oito horas seguintes ao início


da arbitragem, o tribunal arbitral notifica cada uma das
Artigo 418.o partes para que apresentem, por escrito, a posição e
respectivos documentos sobre cada uma das matérias
Supletividade
objecto da arbitragem.
1 — As partes podem acordar sobre as regras do pro- 2 — As partes devem apresentar a posição e respec-
cesso da arbitragem, salvo no que se refere aos prazos tivos documentos no prazo de cinco dias a contar da
previstos neste capítulo. notificação.
2 — O acordo referido no número anterior deve ser Artigo 427.o
comunicado ao árbitro presidente até ao início da Alegações escritas
arbitragem.
3 — Na falta das regras previstas no n.o 1, aplicam-se 1 — O tribunal arbitral deve enviar, no prazo de qua-
os artigos 426.o a 432. renta e oito horas, a cada uma das partes a posição
4878 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

escrita da contraparte e respectivos documentos, pre- SUBSECÇÃO V


vistos no artigo anterior, fixando um prazo para que Decisão
se pronuncie sobre estes.
2 — A posição de cada uma das partes deve ser acom- Artigo 433.o
panhada de todos os documentos probatórios.
3 — O prazo previsto no n.o 1 não pode ser inferior Decisão
a cinco nem superior a 20 dias. 1 — A decisão é proferida no prazo máximo de 30 dias
a contar do início da arbitragem, devendo dela constar,
sendo caso disso, o acordo parcial a que se refere o
Artigo 428.o
artigo 429.o
Alegações orais 2 — O prazo previsto no número anterior pode ser
prorrogado, em caso de acordo entre o tribunal e as
1 — O tribunal arbitral pode ainda decidir ouvir as partes, por mais 15 dias.
partes, no prazo máximo de cinco dias a contar da recep- 3 — Caso não tenha sido possível formar a maioria
ção das alegações escritas. de votos para a decisão, esta é tomada unicamente pelo
2 — Para efeitos do disposto no número anterior, o presidente do tribunal arbitral.
tribunal arbitral deve convocar as partes com a ante-
cedência de quarenta e oito horas.
SUBSECÇÃO VI
Apoio técnico e administrativo
SUBSECÇÃO III
Artigo 434.o
Tentativa de acordo
Apoio técnico
o O tribunal arbitral pode requerer aos serviços com-
Artigo 429.
petentes dos ministérios responsáveis pela área laboral
Tentativa de acordo e pela área de actividade, às entidades reguladoras e
Decorridas as alegações, o tribunal arbitral deve con- de supervisão do sector de actividade em causa e às
vocar as partes para uma tentativa de acordo, total ou partes a informação necessária de que disponham.
parcial, sobre o objecto da arbitragem.
Artigo 435.o
Apoio administrativo
Artigo 430.o
O presidente do Conselho Económico e Social asse-
Redução ou extinção da arbitragem
gura o apoio administrativo ao funcionamento do tri-
1 — No caso de acordo parcial, a arbitragem pros- bunal arbitral.
segue em relação à parte restante do seu objecto. Artigo 436.o
2 — No caso de as partes chegarem a acordo sobre Local
todo o objecto da arbitragem, esta considera-se extinta.
A arbitragem realiza-se em local indicado pelo pre-
sidente do Conselho Económico e Social, só sendo per-
SUBSECÇÃO IV mitida a utilização de instalações de quaisquer das partes
no caso de estas e os árbitros estarem de acordo.
Instrução
Artigo 437.o
Artigo 431.o
Honorários dos árbitros e peritos
Instrução
Os honorários dos árbitros e peritos são fixados por
1 — A prova admitida pela lei do processo civil pode portaria do ministro responsável pela área laboral, pre-
ser produzida perante o tribunal arbitral por sua ini- cedida de audição da Comissão Permanente de Con-
ciativa ou a requerimento de qualquer das partes, ime- certação Social.
diatamente após as alegações escritas. Artigo 438.o
2 — As partes podem assistir à produção de prova.
Encargos do processo

1 — O pagamento dos encargos do processo de arbi-


Artigo 432.o tragem compete:
Peritos a) Ao ministério responsável pela área laboral —
80 %;
1 — O tribunal arbitral pode requerer o apoio de
b) A cada uma das partes — 10 %.
perito aos serviços competentes nos ministérios respon-
sáveis pela área laboral e pela área de actividade.
2 — Constituem encargos do processo:
2 — Na falta de perito dos serviços previstos no
número anterior, o tribunal arbitral pode nomear um a) Os honorários, despesas de deslocação e estada
perito. dos árbitros;
3 — As partes são ouvidas sobre a nomeação do b) Os honorários, despesas de deslocação e estada
perito, podendo sugerir quem deve realizar a diligência. dos peritos.
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4879

3 — As despesas de estada são devidas sempre que SUBSECÇÃO II


o árbitro ou perito resida a mais de 50 km do local Audição das partes
onde se realiza a arbitragem ou qualquer diligência.
Artigo 443.o
CAPÍTULO XXXIV Início e desenvolvimento da arbitragem
Arbitragem dos serviços mínimos A arbitragem tem imediatamente início após a noti-
ficação dos árbitros sorteados, podendo desenvolver-se
SECÇÃO I em qualquer dia do calendário.
Âmbito
Artigo 444.o
o
Artigo 439.
Audição das partes
Âmbito
1 — O colégio arbitral notifica cada uma das partes
O presente capítulo regula o n.o 4 do artigo 599.o para que apresentem, por escrito, a posição e respectivos
do Código do Trabalho. documentos quanto à definição dos serviços mínimos
e quanto aos meios necessários para os assegurar.
SECÇÃO II 2 — As partes devem apresentar a posição e respec-
tivos documentos no prazo fixado pelo colégio arbitral.
Designação de árbitros
Artigo 445.o
Artigo 440.o
Redução da arbitragem
Comunicação ao Conselho Económico e Social

No caso de ausência de previsão em instrumento de No caso de acordo parcial, incidindo este sobre a
regulamentação colectiva de trabalho aplicável ou definição dos serviços mínimos, a arbitragem prossegue
acordo entre os representantes dos trabalhadores e dos em relação aos meios necessários para os assegurar.
empregadores quanto à definição dos serviços mínimos
e quanto aos meios necessários para os assegurar, até Artigo 446.o
ao termo do terceiro dia de calendário posterior ao aviso
prévio da greve, os serviços competentes do ministério Peritos
responsável pela área laboral comunicam tal facto ao O colégio arbitral pode ser assistido por peritos.
secretário-geral do Conselho Económico e Social.

Artigo 441.o SUBSECÇÃO III

Sorteio de árbitros Decisão

Após a recepção da comunicação prevista no número Artigo 447.o


anterior, o secretário-geral do Conselho Económico e
Social notifica de imediato os representantes dos tra- Decisão
balhadores e empregadores do dia e hora do sorteio,
realizando-se este à hora marcada na presença de todos 1 — A notificação da decisão é efectuada até setenta
os representantes ou, na falta destes, uma hora depois e duas horas antes do início do período da greve.
com os que estiverem presentes. 2 — No caso de o aviso prévio ser de cinco dias úteis,
a notificação da decisão é efectuada até vinte e quatro
horas antes do início do período da greve.
SECÇÃO III
Do funcionamento da arbitragem Artigo 448.o
Designação dos trabalhadores
SUBSECÇÃO I
Disposições gerais Na situação referida no n.o 2 do artigo anterior, os
representantes dos trabalhadores a que se refere o
artigo 593.o do Código do Trabalho devem designar os
Artigo 442.o trabalhadores que ficam adstritos à prestação dos ser-
Impedimento e suspeição viços mínimos até doze horas antes do início do período
de greve e, se não o fizerem, deve o empregador pro-
1 — As partes devem apresentar, sendo caso disso, ceder a essa designação.
o requerimento de impedimento, pelo representante
presente no sorteio, antes do encerramento da sessão.
2 — O pedido de escusa deve ser apresentado ime- Artigo 449.o
diatamente após a comunicação do sorteio por parte
Subsidiariedade
do secretário-geral.
3 — A decisão do requerimento e do pedido previstos O regime geral previsto nos artigos 406.o a 438.o é
nos números anteriores compete ao presidente do Con- subsidiariamente aplicável, com excepção do disposto
selho Económico e Social. nos artigos 418.o, 425.o, 426.o, 427.o, 428.o, 429.o e 431.o
4880 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

CAPÍTULO XXXV suporte digital ou correio electrónico, ou em suporte


de papel com um dos modelos referidos no n.o 4, salvo
Pluralidade de infracções o disposto no número seguinte.
Artigo 450.o 2 — No caso de pequena, média ou grande empresa,
o empregador deve entregar o mapa do quadro de pes-
Âmbito soal por meio informático.
O presente capítulo regula o artigo 624.o do Código 3 — O empregador deve obter elementos necessários
do Trabalho. ao preenchimento do mapa do quadro de pessoal, que
são fornecidos pelo departamento de estudos, estatística
Artigo 451.o e planeamento do ministério responsável pela área labo-
Regime da pluralidade de infracções ral em endereço electrónico adequadamente publici-
tado.
1 — Para efeitos do artigo 624.o do Código do Tra- 4 — Os modelos de preenchimento manual e infor-
balho, a violação da lei afecta uma pluralidade de tra- mático do mapa do quadro de pessoal são impressos
balhadores quando estes, no exercício da respectiva acti- e distribuídos pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda,
vidade, forem expostos a uma situação concreta de S. A., nas condições acordadas com o serviço competente
perigo ou sofram um dano que resulte da conduta ilícita do ministério responsável pela área laboral.
do infractor. 5 — Sem prejuízo do disposto no n.o 2, o mapa do
2 — A pluralidade de infracções originada pela apli- quadro do pessoal deve ser apresentado por meio infor-
cação do artigo 624.o do Código do Trabalho dá origem mático, ou em suporte de papel, às seguintes entidades:
a um processo e as infracções são sancionadas com uma
coima única que não pode exceder o dobro da coima a) À Inspecção-Geral do Trabalho;
máxima aplicável em concreto. b) Ao departamento de estudos, estatística e pla-
3 — Se, com a infracção praticada, o agente obteve neamento do ministério responsável pela área
um benefício económico, este deve ser tido em conta laboral;
na determinação da medida da coima nos termos do c) Às estruturas representativas dos trabalhadores
disposto no artigo 18.o do Regime Geral das Con- e associações de empregadores com assento na
tra-ordenações. Comissão Permanente de Concertação Social,
que o solicitem ao empregador, até 15 de Outu-
bro de cada ano.
CAPÍTULO XXXVI
Mapa do quadro de pessoal Artigo 456.o
Rectificação e arquivo
Artigo 452.o
Âmbito 1 — Na data do envio, o empregador afixa, por forma
visível, cópia do mapa apresentado, incluindo os casos
1 — O presente capítulo regula a apresentação anual de rectificação ou substituição, ou disponibiliza a con-
do mapa do quadro de pessoal. sulta, no caso de apresentação por meio informático,
2 — O presente capítulo não é aplicável ao empre- nos locais de trabalho, durante um período de 30 dias,
gador de serviço doméstico. a fim de que o trabalhador interessado possa reclamar,
3 — Os serviços da administração central, regional por escrito, directamente ou através do respectivo sin-
e local e os institutos públicos com trabalhadores ao dicato, das irregularidades detectadas.
seu serviço em regime jurídico de contrato de trabalho 2 — Decorrido o período previsto no número ante-
são abrangidos pelo disposto no presente capítulo ape- rior, o empregador, caso concorde com a reclamação
nas em relação a esses trabalhadores. apresentada, procede ao envio da rectificação nos ter-
mos do n.o 5 do artigo 455.o
Artigo 453.o 3 — O empregador deve manter um exemplar do
mapa do quadro de pessoal durante cinco anos.
Modelo do mapa do quadro de pessoal

O modelo do mapa do quadro de pessoal é aprovado Artigo 457.o


por portaria do ministro responsável pela área laboral,
Utilização de apuramentos estatísticos
precedida de audição da Comissão Permanente de Con-
certação Social. O departamento de estudos, estatística e planeamento
Artigo 454.o do ministério responsável pela área laboral procede aos
Apresentação do mapa do quadro de pessoal
respectivos apuramentos estatísticos no quadro do sis-
tema estatístico nacional e em articulação com o Ins-
O empregador deve apresentar, em Novembro de tituto Nacional de Estatística.
cada ano, o mapa do quadro de pessoal devidamente
preenchido com elementos relativos aos respectivos tra-
balhadores, incluindo os estrangeiros e apátridas, refe- CAPÍTULO XXXVII
rentes ao mês de Outubro anterior. Balanço social

Artigo 455.o Artigo 458.o


Formas de apresentação do quadro de pessoal Âmbito

1 — O mapa do quadro de pessoal pode ser apre- O presente capítulo regula a apresentação anual do
sentado por meio informático, nomeadamente em balanço social.
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4881

Artigo 459.o CAPÍTULO XXXVIII


Modelo do balanço social Responsabilidade penal
O modelo do balanço social, que deve ter em conta Artigo 465.o
a dimensão das empresas, é aprovado por portaria do
ministro responsável pela área laboral, precedida de Encerramento ilícito
audição da Comissão Permanente de Concertação A violação do disposto nos artigos 296.o e 299.o é
Social. punida com pena de prisão até dois anos ou com pena
Artigo 460.o de multa até 240 dias.

Apresentação do balanço social


Artigo 466.o
1 — As pequenas, médias e grandes empresas devem Actos proibidos em caso de encerramento temporário
elaborar o balanço social, até 31 de Março do ano
seguinte àquele a que respeita. A violação do artigo 297.o é punida com pena de
2 — O balanço social é apresentado até 15 de Maio prisão até três anos, sem prejuízo de pena mais grave
de cada ano ao departamento de estudos, estatística aplicável ao caso.
e planeamento do ministério responsável pela área Artigo 467.o
laboral. Actos proibidos em caso de incumprimento do contrato
Artigo 461.o A violação do n.o 1 do artigo 301.o é punida com
Parecer da estrutura representativa dos trabalhadores pena de prisão até três anos, sem prejuízo de pena mais
grave aplicável ao caso.
A empresa remete o balanço social e a respectiva
fundamentação à comissão de trabalhadores ou, na sua Artigo 468.o
falta, à comissão intersindical ou comissões sindicais da
empresa, até à data prevista no n.o 1 do artigo 460.o, Desobediência qualificada
que emite parecer escrito no prazo de 15 dias. 1 — O empregador incorre no crime de desobediência
qualificada sempre que não apresentar à Inspecção-Ge-
Artigo 462.o ral do Trabalho os documentos e outros registos por
esta requisitados que interessem para o esclarecimento
Formas de apresentação do balanço social de quaisquer situações laborais.
1 — O balanço social é apresentado por meio infor- 2 — Incorre ainda no crime de desobediência qua-
lificada o empregador que ocultar, destruir ou danificar
mático, nomeadamente por suporte digital ou correio
documentos ou outros registos que tenham sido requi-
electrónico:
sitados pela Inspecção-Geral do Trabalho.
a) À Inspecção-Geral do Trabalho;
b) Ao departamento de estudos, estatística e pla-
neamento do ministério responsável pela área CAPÍTULO XXXIX
laboral; Responsabilidade contra-ordenacional
c) Às estruturas representativas dos trabalhadores
e associações de empregadores com assento na SECÇÃO I
Comissão Permanente de Concertação Social,
Disposições gerais
que o solicitem ao empregador, até 30 de Abril
de cada ano. Artigo 469.o
2 — O empregador deve obter elementos necessários Regime geral
ao preenchimento do balanço social, que são fornecidos 1 — O regime geral previsto nos artigos 614.o a 640.o
pelo departamento de estudos, estatística e planeamento do Código do Trabalho aplica-se às infracções decor-
do ministério responsável pela área laboral em endereço rentes da violação da presente lei.
electrónico adequadamente publicitado. 2 — Sem prejuízo de outras competências legais, com-
pete à Inspecção-Geral do Trabalho a fiscalização do
Artigo 463.o cumprimento dos artigos 14.o a 26.o e 452.o a 464.o,
bem como o procedimento das respectivas contra-or-
Arquivo denações e aplicação das correspondentes coimas.
3 — No âmbito das competências previstas no número
O empregador deve manter um exemplar do balanço anterior, a Inspecção-Geral do Trabalho exerce os pode-
social durante cinco anos. res legalmente previstos.
4 — Relativamente à fiscalização dos artigos 14.o a
Artigo 464.o 26.o, as visitas aos locais de trabalho no domicílio só
podem ser realizadas:
Utilização de apuramentos estatísticos
a) No espaço físico onde é exercida a actividade;
O serviço competente do ministério responsável pela b) Entre as 9 e as 19 horas;
área laboral procede aos respectivos apuramentos esta- c) Na presença do trabalhador ou de pessoa por
tísticos no quadro do sistema estatístico nacional e em ele designada com idade igual ou superior a
articulação com o Instituto Nacional de Estatística. 16 anos de idade.
4882 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

5 — Da diligência é sempre lavrado o respectivo auto, nos n.os 1 e 2 do artigo 61.o e no n.o 3 do mesmo artigo,
que deve ser assinado pelo agente de fiscalização e pela no caso de ter sido excedido um valor limite de exposição
pessoa que tiver assistido ao acto. profissional obrigatório, no artigo 62.o, nos n.os 1, 3 e
6 — Quando a actividade seja exercida em estabe- 5 do artigo 63.o e a omissão, por parte do empregador,
lecimento do trabalhador, a Inspecção-Geral do Tra- da conduta necessária para impedir que os trabalhadores
balho deve, no mais curto prazo possível, averiguar as exerçam funções na área afectada sem respeitar as con-
condições em que o trabalho é prestado e, se for caso dições do n.o 4 do artigo 63.o, se for ultrapassado um
disso, determinar as medidas que se justifiquem por valor limite de exposição profissional obrigatório.
razões de segurança, higiene e saúde do trabalhador. 2 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
7 — A trabalhadora grávida, puérpera ou lactante, disposto nos n.os 2, 3 e 5 do artigo 45.o, nas alíneas g)
ou os seus representantes, têm direito de requerer à e h) do artigo 48.o, nos artigos 49.o a 52.o e 54.o, nos
Inspecção-Geral do Trabalho acção de fiscalização, a n.os 1, 2, 4 e 5 do artigo 55.o, no n.o 1 do artigo 56.o,
realizar com prioridade e urgência, se o empregador nos artigos 57.o e 58.o, nos n.os 1 e 3 do artigo 59.o,
não cumprir as obrigações decorrentes do artigo 49.o no n.o 3 do artigo 60.o, no n.o 3 do artigo 61.o, no caso
do Código do Trabalho. de ter sido excedido um valor limite de exposição pro-
fissional indicativo, no n.o 2 do artigo 63.o, bem como
a omissão, por parte do empregador, da conduta neces-
SECÇÃO II sária para impedir que os trabalhadores exerçam funções
Contra-ordenações em especial
na área afectada sem respeitar as condições do n.o 4
do artigo 63.o, se for ultrapassado um valor limite de
exposição profissional indicativo, bem como dos arti-
Artigo 470.o gos 64.o e 65.o
Trabalho no domicílio Artigo 475.o
1 — Constitui contra-ordenação grave a violação do Maternidade e paternidade
disposto no n.o 2 do artigo 15.o, no n.o 3 do artigo 16.o,
nos artigos 17.o e 19.o, nos n.os 1 e 3 do artigo 20.o 1 — Constitui contra-ordenação muito grave a vio-
e nos artigos 21.o, 22.o e 25.o lação do disposto nos n.os 1, 3 e 6 do artigo 68.o
2 — Constitui contra-ordenação leve a violação do 2 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
disposto no n.o 3 do artigo 15.o e no n.o 4 do artigo 20.o disposto no n.o 4 do artigo 70.o, nos n.os 1, 2, 6 e 7
do artigo 71.o, nos n.os 3, 4 e 5 do artigo 73.o, no n.o 2
do artigo 76.o, no n.o 2 do artigo 80.o, no artigo 96.o,
Artigo 471.o nas alíneas a) e b) dos n.os 1 e no n.o 2 do artigo 97.o,
Dados biométricos no n.o 4 do artigo 98.o e no n.o 2 do artigo 101.o
3 — Constitui, ainda, contra-ordenação grave o impe-
Constitui contra-ordenação grave a violação do dis- dimento, por parte do empregador, que a trabalhadora
posto nos n.os 1 e 3 do artigo 27.o grávida efectue a consulta pré-natal ou a preparação
para o parto durante o horário de trabalho, quando
Artigo 472.o a mesma não for possível fora desse horário, bem como
a violação do disposto no artigo 47.o do Código do
Utilização de meios de vigilância a distância Trabalho.
1 — Constitui contra-ordenação muito grave a vio- 4 — Constitui contra-ordenação leve a violação do
lação do disposto no n.o 1 do artigo 28.o disposto no artigo 67.o
2 — Constitui contra-ordenação grave a violação do 5 — O disposto nos números anteriores não é apli-
disposto no n.o 3 do artigo 28.o cável no âmbito da relação jurídica de emprego público
que confira a qualidade de funcionário ou agente da
Administração Pública.
Artigo 473.o
Igualdade Artigo 476.o
1 — O disposto no artigo 642.o do Código do Trabalho Trabalho de menores
é extensivo aos factores de discriminação referidos no 1 — Constitui contra-ordenação muito grave a vio-
n.o 3 do artigo 32.o lação do disposto no n.o 3 do artigo 115.o, nos arti-
2 — Constitui contra-ordenação muito grave a vio- gos 116.o a 121.o e nos artigos 123.o a 126.o
lação do disposto no artigo 34.o 2 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
3 — Constitui contra-ordenação leve a violação do disposto nos n.os 1 e 2 do artigo 115.o, do n.o 2 do
disposto nos artigos 31.o e 40.o artigo 122.o e do n.o 2 artigo 131.o
3 — Constitui contra-ordenação leve a violação do
Artigo 474.o disposto no n.o 4 do artigo 131.o
4 — A decisão condenatória pode ser objecto de
Protecção do património genético publicidade.
1 — Constitui contra-ordenação muito grave a pro- Artigo 477.o
dução ou utilização de agentes biológicos, físicos ou quí- Participação de menores em espectáculos e outras actividades
micos susceptíveis de implicar riscos para o património
genético referidos no artigo 42.o, a violação do disposto 1 — Constitui contra-ordenação muito grave, impu-
no n.o 1 do artigo 45.o, nos n.os 1 a 5 do artigo 46.o, tável à entidade promotora, a violação do disposto nos
no artigo 47.o, nas alíneas a) a f), i) e l) a n) do artigo 48.o, n.os 2 e 3 do artigo 139.o, no artigo 140.o e nos n.os 1,
no n.o 2 do artigo 59.o, nos n.os 1 e 2 do artigo 60.o, 3 e 4 do artigo 141.o
N.o 177 — 29 de Julho de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 4883

2 — Constitui contra-ordenação grave, imputável à dívida ao trabalhador, a efectuar dentro do prazo esta-
entidade promotora, a violação do disposto no belecido para pagamento da coima.
artigo 144.o e nos n.os 2 e 3 do artigo 145.o
3 — A contra-ordenações muito graves podem ser Artigo 484.o
aplicadas, tendo em conta a culpa do agente, as seguintes
sanções acessórias: Serviços de segurança, higiene e saúde no trabalho

a) Interdição do exercício de profissão ou activi- 1 — Constitui contra-ordenação muito grave a vio-


dade cujo exercício dependa de título público lação do disposto no artigo 220.o, bem como o exercício,
ou de autorização ou homologação de autori- por parte de serviços externos, de actividades de segu-
dade pública; rança, higiene e saúde sem a necessária autorização,
b) Privação do direito a subsídio ou benefício ou além dos sectores de actividade ou das actividades
outorgado por entidades ou serviços públicos; de risco elevado para que estejam autorizados, em vio-
c) Encerramento de estabelecimento cujo funcio- lação do disposto nos n.os 1 ou 2 do artigo 230.o
namento esteja sujeito a autorização ou licença 2 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
de autoridade administrativa. disposto no n.o 1 do artigo 216.o, no n.o 5 do artigo 219.o,
no artigo 222.o, nos n.os 3 e 4 do artigo 224.o, nos n.os 4
4 — Em caso de reincidência na prática de contra- e 7 do artigo 225.o, no n.o 4 do artigo 226.o, no n.o 2
-ordenações muito graves, a condenação é publicitada. do artigo 228.o, nos artigos 238.o e 240.o, no n.o 1 do
artigo 241.o, nos artigos 242.o, 245.o e 246.o e nos n.os 1
e 2 do artigo 247.o, nos n.os 1 e 4 do artigo 248.o, dos
Artigo 478.o artigos 250.o, 251.o, 253.o, 257.o e 260.o
Trabalhador-estudante 3 — Constitui contra-ordenação leve a violação do
disposto nos n.os 1 e 2 do artigo 243.o, no artigo 249.o,
1 — Constitui contra-ordenação grave a violação do nos n.os 1, 4, 5 e 6 do artigo 258.o e nos n.os 1, 2 e
disposto nos n.os 1 e 2 do artigo 149.o, no n.o 3 do 4 do artigo 259.o
artigo 150.o e nos n.os 1 e 2 do artigo 151.o Artigo 485.o
2 — Constitui contra-ordenação leve a violação do
disposto nos n.os 1 e 2 do artigo 150.o e no artigo 152.o Eleição dos representantes dos trabalhadores para a segurança,
higiene e saúde no trabalho

Artigo 479.o 1 — Constitui contra-ordenação muito grave a vio-


lação do disposto no artigo 270.o, no n.o 1 do artigo 274.o
Trabalhador estrangeiro ou apátrida
e no n.o 1 do artigo 275.o
Constitui contra-ordenação grave a violação do dis- 2 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
posto nos n.os 1, 3 e 4 do artigo 158.o e nos n.os 1 a disposto na alínea b) do 267.o, no artigo 268.o, na parte
3 do artigo 159.o final do n.o 3 do artigo 274.o, no n.o 5 do artigo 275.o,
a oposição do empregador à afixação dos resultados
Artigo 480.o da votação, nos termos do n.o 1 do artigo 278.o, no
Formação profissional n.o 1 do artigo 280.o, n.o 1 do artigo 281.o e nos arti-
gos 283.o a 286.o
1 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
disposto nos artigos 164.o, 165.o e 166.o, no n.o 1 do Artigo 486.o
artigo 167.o e no artigo 169.o Encerramento temporário
2 — Constitui contra-ordenação leve a violação do
disposto nos n.os 1, 2 e 5 do artigo 170.o Constitui contra-ordenação muito grave a violação
não dolosa do disposto nos artigos 296.o e 299.o
Artigo 481.o
Artigo 487.o
Período de laboração
Incumprimento do contrato
Constitui contra-ordenação grave a violação do dis-
posto nos n.os 1, 2 e 3 do artigo 176.o Constitui contra-ordenação leve a violação do dis-
posto no n.o 3 do artigo 303.o
Artigo 482.o
Artigo 488.o
Mapas de horário de trabalho
Comissões de trabalhadores
1 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
disposto no artigo 180.o e no artigo 182.o 1 — Constitui contra-ordenação muito grave a vio-
lação do disposto no artigo 332.o, no n.o 1 do artigo 333.o
2 — Constitui contra-ordenação leve a violação do
e nos n.os 2 e 4 do artigo 334.o
disposto no n.o 2 do artigo 181.o
2 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
disposto na parte final do n.o 3 do artigo 333.o, no n.o 5
Artigo 483.o do artigo 334.o, a oposição do empregador à afixação
Retribuição mínima mensal garantida dos resultados da votação, nos termos do artigo 338.o,
na alínea e) do n.o 1 do artigo 354.o, nos artigos 355.o
1 — Constitui contra-ordenação muito grave a vio- e 356.o, nos n.os 1 e 2 do artigo 357.o, o impedimento,
lação do disposto nos n.os 1 a 4 do artigo 207.o, e no por parte do empregador, ao exercício dos direitos pre-
n.o 1 do artigo 208.o vistos no artigo 360.o e o impedimento, por parte do
2 — A decisão que aplicar a coima deve conter a empregador, ao exercício dos direitos previstos no
ordem de pagamento do quantitativo da retribuição em artigo 364.o
4884 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 177 — 29 de Julho de 2004

Artigo 489.o Código do Trabalho, não constitui alteração dos ins-


Conselhos de empresa europeus
trumentos de regulamentação colectiva de trabalho
negociais a modificação das cláusulas de natureza pecu-
1 — Constitui contra-ordenação muito grave a vio- niária depositada até 31 de Dezembro de 2004.
lação do acordo que instituir um conselho de empresa
europeu ou um ou mais procedimentos de informação Artigo 493.o
e consulta, na parte respeitante aos direitos de infor-
mação e consulta e de reunião, do disposto no n.o 1 Férias
do artigo 377.o, nos artigos 380.o e 381.o, nos n.os 1
e 2 do artigo 382.o, nos n.os 1, 2 e 3 do artigo 383.o, O aumento da duração do período de férias previsto
no n.o 2 do artigo 385.o, no n.o 4 do artigo 387.o, no no n.o 3 do artigo 213.o do Código do Trabalho não
n.o 1 do artigo 388.o e no n.o 3 do artigo 390.o tem consequências no montante do subsídio de férias.
2 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
disposto na parte final do n.o 2 do artigo 369.o, nos SECÇÃO II
n.os 1, 2 e 3 do artigo 371.o, do acordo que instituir
um conselho de empresa europeu, na parte respeitante Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego
aos recursos financeiros e materiais e à informação a
prestar sobre o número de trabalhadores ao serviço dos Artigo 494.o
estabelecimentos da empresa ou das empresas do grupo, Atribuições
nas alíneas d) e e) do n.o 1 do artigo 374.o, no n.o 4
do artigo 379.o, no n.o 4 do artigo 383.o, nos n.os 6 e A Comissão para a Igualdade no Trabalho e no
7 do artigo 388.o, a conduta da administração ou da Emprego é a entidade que tem por objectivo promover
direcção de um estabelecimento ou empresa que impeça a igualdade e não discriminação entre homens e mulhe-
a realização dos procedimentos do acto eleitoral regu- res no trabalho, no emprego e na formação profissional,
lados na portaria referida no n.o 6 do artigo 392.o a protecção da maternidade e da paternidade e a con-
3 — Constitui contra-ordenação leve a violação do ciliação da actividade profissional com a vida familiar,
disposto no n.o 1 do artigo 376.o no sector privado e no sector público.

Artigo 490.o Artigo 495.o


Mapas do quadro de pessoal Composição
1 — Constitui contra-ordenação leve: A Comissão para a Igualdade no Trabalho e no
a) A violação do disposto no artigo 454. ; o Emprego tem a seguinte composição:
b) O não envio dos mapas a qualquer das entidades a) Dois representantes do ministério responsável
referidas no n.o 5 do artigo 455.o; pela área laboral, um dos quais preside;
c) A omissão, no preenchimento do mapa, de tra- b) Um representante do ministro responsável pela
balhadores ou elementos que nele devam figu- área da Administração Pública;
rar; c) Um representante do ministro responsável pela
d) A não rectificação ou substituição dos mapas, área da administração local;
sempre que ordenadas pela Inspecção-Geral do d) Um representante da Comissão para a Igual-
Trabalho com base em irregularidades detec- dade e para os Direitos das Mulheres;
tadas; e) Dois representantes das associações sindicais;
e) A violação do disposto no artigo 456.o f) Dois representantes das associações de empre-
gadores.
2 — O pagamento da coima aplicada não isenta a
entidade infractora da obrigação de preenchimento,
remessa, afixação e rectificação do mapa do quadro de Artigo 496.o
pessoal. Competências
Artigo 491.o
1 — Compete à Comissão para a Igualdade no Tra-
Balanço social balho e no Emprego:
Constitui contra-ordenação leve a violação do dis- a) Recomendar ao ministro responsável pela área
posto nos artigos 460.o a 463.o laboral e ao ministro responsável pela Admi-
nistração Pública a adopção de providências
legislativas e administrativas tendentes a aper-
CAPÍTULO XL feiçoar a aplicação das normas sobre igualdade
Disposições finais e transitórias e não discriminação entre homens e mulheres
no trabalho, no emprego e na formação pro-
SECÇÃO I fissional, a protecção da maternidade e da pater-
Disposições gerais
nidade e a conciliação da actividade profissional
com a vida familiar;
Artigo 492.o b) Promover a realização de estudos e investiga-
ções, com o objectivo de eliminar a discrimi-
Inexistência de alteração dos instrumentos nação das mulheres no trabalho e no emprego;
de regulamentação colectiva de trabalho negociais
c) Incentivar e dinamizar acções tendentes a divul-
Para efeitos do artigo 13.o da Lei n.o 99/2003, de gar a legislação sobre a igualdade e não dis-
27 de Agosto, bem como dos artigos 556.o a 560.o do criminação, protecção da maternidade e da
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paternidade e a conciliação da actividade pro- Artigo 499.o


fissional com a vida familiar; Regulamento de funcionamento
d) Emitir pareceres, em matéria de igualdade no
trabalho e no emprego, sempre que solicitados O regulamento de funcionamento da Comissão para
pela Inspecção-Geral do Trabalho, pelo tribu- Igualdade no Trabalho e no Emprego é aprovado por
nal, pelos ministérios, pelas associações sindicais despacho conjunto dos ministros responsáveis pelas
e de empregadores, ou por qualquer interes- áreas das finanças e laboral.
sado;
e) Emitir o parecer prévio ao despedimento de tra- Aprovada em 20 de Maio de 2004.
balhadoras grávidas, puérperas e lactantes; O Presidente da Assembleia da República, João Bosco
f) Emitir parecer prévio no caso de intenção de Mota Amaral.
recusa, pelo empregador, de autorização para
trabalho a tempo parcial ou com flexibilidade Promulgada em 14 de Julho de 2004.
de horário a trabalhadores com filhos menores
de 12 anos; Publique-se.
g) Comunicar de imediato, à Inspecção-Geral do O Presidente da República, JORGE SAMPAIO.
Trabalho, os pareceres da Comissão que con-
firmem ou indiciem a existência de prática labo- Referendada em 16 de Julho de 2004.
ral discriminatória para acção inspectiva, a qual
pode ser acompanhada por técnicos desta O Primeiro-Ministro, José Manuel Durão Barroso.
Comissão;
h) Determinar a realização de visitas aos locais de
trabalho ou solicitá-las à Inspecção-Geral do
Trabalho, com a finalidade de comprovar quais-
quer práticas discriminatórias; MINISTÉRIO DA AGRICULTURA,
i) Organizar o registo das decisões judiciais que DESENVOLVIMENTO RURAL E PESCAS
lhe sejam enviadas pelos tribunais em matéria
de igualdade e não discriminação entre homens Decreto-Lei n.o 182/2004
e mulheres no trabalho, no emprego e na for-
mação profissional e informar sobre o registo de 29 de Julho
de qualquer decisão já transitada em julgado; o
A Directiva n. 86/363/CEE, do Conselho, de 24 de
j) Analisar as comunicações dos empregadores Julho, com a última redacção que lhe foi dada pela
sobre a não renovação de contrato de trabalho Directiva n.o 2003/60/CE, da Comissão, de 18 de Junho,
a termo sempre que estiver em causa uma tra- fixou os teores máximos de resíduos de determinados
balhadora grávida, puérpera ou lactante. pesticidas à superfície e no interior dos cereais, géneros
alimentícios de origem animal e de determinados pro-
2 — No exercício da sua competência a Comissão dutos de origem vegetal.
para a Igualdade no Trabalho e no Emprego pode soli- Para garantir que o consumidor está adequadamente
citar informações e pareceres a qualquer entidade protegido da exposição a resíduos resultantes de uti-
pública ou privada, bem como a colaboração de asses- lizações não autorizadas de produtos farmacêuticos,
sores de que careça. foram fixados teores máximos de resíduos para as com-
3 — As informações e os pareceres referidos no binações dos produtos/pesticidas em questão no limite
número anterior devem ser fornecidos com a maior bre- mais baixo de determinação analítica.
vidade e de forma tão completa quanto possível. Aquela directiva foi transposta para a ordem jurídica
nacional pelo Decreto-Lei n.o 51/2004, de 10 de Março.
Com a recente publicação das Directivas
Artigo 497.o n.os 2003/113/CE, de 3 de Dezembro, 2003/118/CE, de
5 de Dezembro, e 2004/2/CE, de 9 de Janeiro, todas
Deliberação da Comissão, foram introduzidas alterações à citada
Directiva n.o 86/363/CEE, que importa transpor também
1 — A Comissão para a Igualdade no Trabalho e no para a ordem jurídica interna, alterando aquele decreto-
Emprego só pode deliberar validamente com a presença -lei.
da maioria dos seus membros. Foram ouvidos os órgãos de governo próprio das
2 — As deliberações são tomadas por maioria dos Regiões Autónomas.
votos dos membros presentes. Assim:
3 — O presidente tem voto de qualidade. Nos termos da alínea a) do n.o 1 do artigo 198.o da
Constituição, o Governo decreta o seguinte:
Artigo 498.o
Artigo 1.o
Recursos humanos e financeiros
Objecto

1 — O apoio administrativo é facultado à Comissão O presente diploma transpõe para a ordem jurídica
para a Igualdade no Trabalho e no Emprego pelo IEFP. nacional as Directivas n.os 2003/113/CE, de 3 de Dezem-
2 — Os encargos com o pessoal e o funcionamento bro, 2003/118/CE, de 5 de Dezembro, e 2004/2/CE, de
da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no 9 de Janeiro, da Comissão, que alteram a Directiva
Emprego são suportados pelo orçamento do IEFP. n.o 86/363/CEE, do Conselho, de 24 de Julho, relativa

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