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Leonardo Fragoso Marcondes R.A.

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APS – Meio Ambiente - 1º Semestre - Ciências Sociais

O filme O Ponto de Mutação nos convida a enxergar um prisma diferente em vários


aspectos que serão descritos no decorrer deste texto.

O primeiro deles é identificar as partes envolvidas.

Todo o filme permeia a conversa entre um Político, uma Cientista e um Escritor/poeta.


Por este ângulo podemos tecer analogias quanto a essas figuras. É evidente que todos os três
representam fatores, figuras, ideologias que compõem nossa sociedade.

A figura da Cientista representa o pensamento científico propriamente dito, a


evolução, o pensamento pragmático, o desenvolvimento tecnológico. O Político aparece como
a figura da própria organização social, os fatores que envolvem estas relações, o pensamento
do governar e para quem ou para quê governar, e o poeta a figura romantizada do pensador, o
filósofo, que pode abarcar conceitos inclusive religiosos.

Verificar a conversa entre eles nos remete a possibilidade de ver três pilares, tão
importantes para a sustentação de nossa sociedade, se relacionarem de maneira amistosa,
unificada, comum e direcionada à evolução do mundo de uma maneira geral.

Mas talvez o ponto mais curioso é o fato de vermos a Cientista (na figura da Evolução
tecnológica) se curvar para a possibilidade de uma nova concepção de mundo, uma nova visão
e através de argumentos concretos exercer seu papel quando ciência, comprovar suas teses
com bases inequívocas.

A imagem do político, cansado, frustrado e necessitando se reorganizar em seus


pensamentos nos remete ao fato de que os fatores políticos e sociais de nossa sociedade estão
desgastados, ultrapassados, manipulados por forças e ideologias que não permitem evolução
e/ou o desenvolvimento concreto.

Já a imagem do poeta silencioso nos faz questionar por onde andam os verdadeiros
críticos, os verdadeiros estudiosos sociais, aqueles capazes de promover o encantamento sutil
e tão necessário em nosso meio.

A conversa entre eles se dá em um castelo medieval, em uma região remota da França.


Isto por si só nos faz um resgate no tempo. A necessidade de voltarmos os olhos para o
passado e acharmos o que , como, quando, onde e porquê a sociedade passa hoje por um
momento turbulento e caótico, fazendo não somente da conclusão do filme como também
deste momento histórico o Ponto de Mutação capaz de promover as mudanças necessárias
para nosso aprimoramento Científico, cultural, político-social.

Mas é na torre do relógio que o filme engrena em sua semiótica e nos remonta aos
tempos de René Descartes, filósofo, físico e Matemático Francês que criou, dentro de seu
plano Cartesiano dá origem ao pensamento racionalista.

A Cientista convida tanto ao político quanto ao poeta para visualizarem o relógio e


depois as suas peças isoladamente. Neste momento faz uma analogia quanto ao relógio,
comparando-o com o mundo, a sociedade, de uma maneira geral, e logo após identificando as
peças como os fatores que compõe este mundo, desde científicos, até ambientais e sócio-
políticos.

Notoriamente o politico se vê contrariado e busca incessantemente argumentar com a


cientista e neste momento podemos comparar sua postura com a da nossa própria sociedade
diante de uma nova maneira de agir ou ver o mundo em que vivemos, de maneira lenta,
arredia e gradativa.

Mas a Cientista continua sua linha de raciocínio, prudentemente respeitando as


argumentações do político sem que para tanto deixasse de lhe dar novos contrapontos a
serem analisados.

A conversa permeia por assuntos como a degradação do meio ambiente, física


quântica mas em todo momento ela ressalta a importância de buscarmos uma visão integrada
de mundo.

Apesar de ela reconhecer a importância do raciocínio de Descartes para que a


sociedade hoje atingisse o grau de desenvolvimento que atingiu, ela aponta que hoje esta
visão é ultrapassada e que nosso mundo necessita de uma nova forma de ver, onde os
problemas e questões devem ser resolvidos e estudados em conjunto, vendo o “relógio como
um todo” e não mais com partes isoladas que ao invés de se ajudarem se sobressaem umas as
outras, comprometendo o funcionamento geral.

No tocante a física quântica, podemos pincelar o quão pequenos somos diante deste
universo, porém, em pouquíssimo tempo estamos sendo capazes de esgotar os recursos
naturais de um planeta inteiro, feito parasitas.

Apesar de todas as contestações o Político vai se convencendo da veracidade dos


argumentos da Cientista, enquanto o Poeta, em silêncio, faz breves considerações como se
quisesse entender onde aquela conversa toda ia dar.
É então que o político diz que mesmo que ele tentasse praticar essa nova forma de
visão, encontraria resistência inclusive pelos próprios eleitores que votariam em candidatos
que com certeza lançariam como campanha propostas já conhecidas e que circulam a mesmice
já praticada.

Neste momento ela diz que é necessário mudar a maneira do povo ver o mundo.
Ensinar o homem enxergar a totalidade de maneira interdisciplinar.

Apesar de outras inúmeras considerações, principalmente no tocante ao meio


ambiente e ao desenvolvimento econômico, incluindo o uso da ciência para fins estreitos e
que deturpam o valor pelo qual a ciência é praticada, a ideia principal do filme é tirar-nos de
um pensamento científico-analítico medieval e nos avançar para uma ideologia moderna,
integrada, capaz de suprir a todos os campos de uma só vez sem corromper valores e
conceitos, sem desvirtuar recursos naturais nem mesmo a própria imagem do homem como
parte desta engrenagem.

Concluindo, é necessário abandonarmos o pensamento mecanicista com o qual temos


convivido e praticado sumariamente, e adquirirmos uma visão holística e sistêmica do
processo mundial, deixando o retrógrado “relógio” mecânico e verificando uma nova ideologia
de tempo e espaço capaz de nos direcionar a novos horizontes.

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