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O que é Responsabilidade Social?

Responsabilidade social é quando as empresas decidem, voluntariamente, contribuir para uma


sociedade mais justa e para um ambiente mais limpo. O conceito de responsabilidade social
pode ser compreendido em dois níveis: o nível interno relaciona-se com os trabalhadores e, a
todas as partes afetadas pela empresa e que, podem influenciar no alcance de seus resultados.
O nível externo são as consequências das ações de uma organização sobre o meio ambiente,
os seus parceiros de negócio e o meio em que estão inseridos. A responsabilidade social
implica a noção de que uma empresa não tem apenas o objetivo de fazer lucro e além de
trazer benefício financeiro às pessoas que trabalham na empresa, também deve contribuir
socialmente para o seu meio envolvente. Desta forma, a responsabilidade social muitas vezes
envolve medidas que trazem cultura e boas condições para a sociedade.

Existem diversos fatores que originaram o conceito de responsabilidade social, em um


contexto da globalização e das mudanças nas indústrias, surgiram novas preocupações e
expectativas dos cidadãos, dos consumidores, das autoridades públicas e dos investidores em
relação as organizações. Os indivíduos e as instituições, como consumidores e investidores,
começaram a condenar os danos causados ao ambiente pelas atividades econômicas e
também a pressionar as empresas para a observância de requisitos ambientais e exigindo à
entidades reguladoras, legislativas e governamentais a produção de quadros legais
apropriados e a vigilância da sua aplicação. Os primeiros estudos que tratam da
responsabilidade social tiveram início nos Estados Unidos, na década de 50, e na Europa, nos
anos 60. As primeiras manifestações sobre este tema surgiram em1906, porém essas não
receberam apoio, pois foram consideradas de cunho socialista, e foi somente em 1953, nos
Estados Unidos, que o tema recebeu atenção e ganhou espaço. Na década de 70, começaram a
surgir associações de profissionais interessados em estudar o tema, e somente a partir daí a
responsabilidade social deixou de ser uma simples curiosidade e se transformou em um novo
campo de estudo.

Responsabilidade Social Corporativa

Existe também a responsabilidade social corporativa, que é o conjunto de ações que


beneficiam a sociedade e as corporações que são tomadas pelas empresas, levando em
consideração a economia, educação, meio-ambiente, saúde, transporte, moradia, atividade
locais e governo. Geralmente, as organizações criam programas sociais, o que acaba gerando
benefícios mútuos entre a empresa e a comunidade, melhorando a qualidade de vida dos
funcionários, e da própria população.

Responsabilidade Social Empresarial

Responsabilidade Social Empresarial está intimamente ligada a uma gestão ética e


transparente que a organização deve ter com suas partes interessadas, para minimizar seus
impactos negativos no meio ambiente e na comunidade. As empresas de hoje em dia têm cada
vez mais uma consciência social, o que é traduzido pela responsabilidade social demonstrada.

Responsabilidade Social e Ambiental

A responsabilidade social está intimamente relacionada com práticas de preservação do meio


ambiente. Assim, uma empresa responsável no âmbito social deve ser conhecida pela criação

2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
esporte e lazer, escrito por Goellner, Votre, Mourão e Figueira (2009)
de políticas responsáveis na área ambiental, tendo como um dos seus principais objetivos a
sua sustentabilidade.

DIVERSIDADE: GENERO E SEXUALIDADE

OS CORPOS, OS GÊNEROS E AS SEXUALIDADES No livro, Sociologia do corpo, David Le Breton


faz uma afirmação bastante significativa para entendermos o corpo como o local de
construção de nossa identidade, quando expressa: “a existência é corporal” (LE BRETON, 2006,
p. 24). Essa expressão, por si só, já traduz muito do que necessitamos apreender para
pensarmos o corpo: ele não é algo que temos, mas algo que somos. Portanto, não há como
falar de corpo sem falar de nós mesmos, de nossa subjetividade, daquilo que somos ou que
gostaríamos de ser. Quando dizemos corpo, estamo-nos referindo não somente à
materialidade biológica que nos constitui, mas a nós mesmos. Afinal, Um corpo não é apenas
um corpo. É também o seu entorno. Mais do que um conjunto de músculos, ossos, vísceras,
reflexos e sensações, o corpo é também a roupa e os acessórios que o adornam, as
intervenções que nele se operam, a imagem que dele se produz, as máquinas que nele se
acoplam, os sentidos que nele se incorporam, os silêncios que por ele falam, os vestígios que
nele se exibem, a educação de seus gestos... enfim, é um sem limite de possibilidades sempre
reinventadas, sempre à descoberta e a serem descobertas. Não são, portanto, as semelhanças
biológicas que o definem, mas fundamentalmente os significados culturais e sociais que a ele
se atribuem (GOELLNER, 2008, p. 28). Essas distinções resultam de construções culturais
plurais, pois cada cultura elabora corpos desejáveis e/ou corpos não desejáveis. Os desejáveis
são aqueles que estão adequados às representações que cada cultura elege como sendo
assim. Na nossa sociedade seriam, por exemplo, os corpos magros, saudáveis, malhados,
heterossexuais e jovens. Já os corpos indesejáveis são inúmeros e, de acordo com o tempo e
lugar, Cadernos de Formação RBCE, p. 71-83, mar. 2010 75 multiplicam-se em gordos, feios,
andróginos, drogados, velhos, deficientes, flácidos, inaptos, lentos, gays e tantos outros
adjetivos que, ao serem nomeados, não expressam apenas uma diferença mas, sobretudo,
uma desigualdade. Se os corpos são diferentes, é necessário pensar, ainda, que os gêneros e as
sexualidades também o são. Essas marcas se inscrevem também nos corpos e, além disso,
constituem a identidade dos sujeitos. Por gênero entende-se a condição social por meio da
qual nos identificamos como masculinos e femininos. É diferente de sexo, termo usado para
identificar as características anatômicas que diferenciam os homens das mulheres e vice-versa.
O gênero, portanto, não é algo que está dado, mas é construído social e culturalmente e
envolve um conjunto de processos que vão marcando os corpos, a partir daquilo que se
identifica ser masculino e/ou feminino1 . Em outras palavras, o corpo é generificado, o que
implica dizer que as marcas de gênero se inscrevem nele. Se estamos cientes de que o gênero
é a construção social do sexo, precisamos considerar que aquilo que no corpo indica ser
masculino ou feminino, não existe naturalmente. Foi construído assim e por esse motivo não
é, desde sempre, a mesma coisa. Há algum tempo, por exemplo, um homem que usasse
cabelos compridos e brincos provavelmente teria a sua masculinidade questionada, visto que
essas marcas eram consideradas femininas. Nos dias de hoje essa suspeição já não se aplica
porque os brincos fazem parte dos adornos corporais de brasileiros e brasileiras, assim como o
uso de cabelos compridos, curtos, coloridos etc. Esse exemplo ajuda a pensar outra questão
importante sobre os gêneros. O que é mesmo masculino e feminino? Será que podemos
referirnos a esses termos no singular ou não poderíamos pensar que existem diferentes
formas de viver as masculinidades e as feminilidades? Será que há formas fixas de assim ser e

2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
esporte e lazer, escrito por Goellner, Votre, Mourão e Figueira (2009)
parecer? Ao chamar a atenção para que estejamos atentos e atentas a essa diversidade, busca-
se enfatizar que, de maneira geral, questões afetas ao gênero e à sexualidade são silenciadas
ou, quando mencionadas, não raras vezes, são referidas a partir daquilo que é representado
como sendo o normal, desejável e aceitável.

RECONHECENDO A DIVERSIDADE Considerando que os sujeitos são plurais, como, então,


trabalhar em sua diversidade? Quando se fala em inclusão na educação dos corpos, dos
gêneros e das sexualidades, afirma-se que os sujeitos são plurais e que essa pluralidade deve
ser valorizada e aceita nas suas singularidades. Para tanto é necessário, de antemão, rejeitar os
rótulos que aprisionam, engessam e fixam os sujeitos, enredando-os em representações que
os nomeiam como feio ou bonito, apto ou inapto, saudável ou doente, normal ou desviante,
masculino ou feminino, heterossexual ou homossexual. Precisamo-nos dar conta de que
práticas como essas reforçam discriminações e exclusões, ao invés de ampliar possibilidades
de intervenção junto aos sujeitos, possibilitando que, por meio das práticas corporais e
esportivas, possam exercer sua cidadania e liberdade constituindo-se como sujeitos sociais.
Nesse sentido, quero chamar a atenção para a necessidade de refletirmos e problematizarmos
o caráter natural atribuído ao corpo, ao gênero e à sexualidade, pois, em nome dessa
natureza, por vezes não identificamos atitudes discriminatórias e, consequentemente, de
exclusão, inclusive no desenvolver das atividades que buscam educar por intermédio das
práticas corporais e esportivas. Quando se usa o termo problematizar, enfatiza-se que é
necessário colocar em suspeição algumas verdades com as quais nos deparamos
cotidianamente, pois provavelmente elas não são assim tão verdadeiras. Um bom exercício
seria refletirmos, por exemplo, sobre alguns discursos e práticas que circulam na nossa vida
cotidianamente e que, se não os problematizarmos, estamos contribuindo para reforçá-los.
Precisamos colocar em dúvida algumas afirmações que comumente são aceitas em nossa
sociedade, tais como ²:

1) A ideia de que a anatomia dos corpos justifica o acesso e a permanência de meninos e


meninas em diferentes modalidades esportivas. É necessário pensar que, muito mais
do que as diferenças biológicas entre meninos e meninas, são as diferenças culturais e
sociais aquelas que incidem, fortemente, na orientação do que é mais ou menos
adequado para um e outro sexo. 2) A importância atribuída à aparência corporal como
determinante no julgamento que se faz sobre as pessoas. Precisamos questionar
afirmativas, como, por exemplo, uma criança obesa assim o é porque tem preguiça e
não faz exercício físico; uma menina que usa boné, bermuda larga e tatuagem tem
aparência masculinizada e deve ser homossexual; um menino que fala baixo e
apresenta gestos delicados é gay, entre outros. 3) A ênfase na beleza como uma
obrigação para as meninas e mulheres, em função da qual devem aderir a uma série
de práticas (pouca alimentação, cirurgias estéticas), inclusive as esportivas. As meninas
precisam ser valorizadas pelo que são e não pela sua aparência. Além disso, o esporte
deve ser incentivado em função de outros objetivos, como, por exemplo, socialização,
exercício de liberdades, experimentação de situações de movimentação de seu corpo,
aprendizagem de técnicas, entre outros, e não apenas voltado para a aquisição da
beleza. Essa orientação talvez seja um fator limitador, para que se participe de
atividades que envolvam maior força física, potência etc.
4) O constante incentivo para que os meninos explicitem, cotidianamente, sinais de
masculinidade (brincadeiras agressivas, práticas esportivas masculinizadoras, piadas
homofóbicas, narrar suas aventuras sexuais com as meninas etc). Comportamentos
como estes acabam por produzir uma representação de masculinidade que pesa para

2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
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os meninos, uma vez que necessitam, Cadernos de Formação RBCE, p. 71-83, mar.
2010 79 constantemente, provar que são machos. Esse processo de produção do
sujeito masculino pode limitar sua participação em atividades corporais que não sejam
masculinizadoras.
5) A representação de que existe um estereótipo masculino e um feminino. Precisamo-
nos dar conta de que existem diferentes formas de viver as masculinidades e
feminilidades, e isso precisa ser respeitado. A escolha, por exemplo, de um menino em
não jogar futebol não implica naturalmente que deixe de ser masculino ou que seja
gay. 6) A percepção de que a maneira correta de viver a sexualidade é a heterossexual.
Outros modos são desvios, doenças, aberrações e precisam ser corrigidas. Vale
lembrar que, em 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) eliminou a palavra
homossexualidade do Código Internacional de Doenças (CID), demonstrando não se
tratar de uma doença, mas de uma possibilidade de viver a sexualidade. Possibilidade
essa que deve ser respeitada e que não pode tornar-se um impeditivo para a adesão
dos sujeitos às práticas esportivas. 7) A aceitação e mesmo o incentivo a atitudes que
expressem homofobia, termo utilizado para fazer referência ao desprezo, ódio e
mesmo violência dirigido às pessoas homossexuais. É necessário considerar que a
homofobia acontece também em forma de brincadeiras, piadas, comentários etc. Essa
atitude pode gerar um afastamento de jovens homossexuais das atividades propostas,
visto que, frequentemente, são alvos de práticas dessa natureza. 8) A identificação de
que algumas práticas corporais e esportivas devem ou não devem ser indicadas para
meninos e/ou meninas, pois não correspondem ao seu gênero. Essa “inadequação”
pode proporcionar atitudes que limitam a participação de meninos e meninas em
atividades que gostariam de 80 Cadernos de Formação RBCE, p. 71-83, mar.

vivenciar. A atenção para essa questão é importante, pois, ao não se possibilitar essa
participação, reforça-se a representação do senso comum de que meninos só gostam
de atividades que envolvem força e meninas de atividades que privilegiem
flexibilidade. Habilidades e capacidades físicas são adquiridas mediante a prática e não
promover situações nas quais possam ser desenvolvidas é privar os sujeitos de
diferentes possibilidades de uso de seus corpos. 9) A existência de preconceitos e
violências que determinados sujeitos sofrem apenas por pertencerem à determinada
classe social, religião, orientação sexual, identidade de gênero, habilidade física, etnia,
entre outros. O respeito à diversidade cultural, social e sexual deve ser o primeiro
passo para uma política inclusiva. Diferença não significa desigualdade e essa só pode
ser minimizada se houver iniciativas que promovam atividades coparticipativas, nas
quais as diferenças não sejam eliminadas, mas tratadas em suas especificidades. 10) O
uso de linguagem discriminatória e sexista. A linguagem é uma forma de expressar
atitudes preconceituosas. Ela pode suscitar indicativos que fortalecem o preconceito
no que diz respeito às questões de gênero, raça, sexo, entre outras. Deve-se evitar o
uso de palavras e expressões que evidenciam esses preconceitos, pois, sempre que são
mencionadas, acabam por reforçá-los. Para além dos itens anteriormente
mencionados, poder-se-ia pensar em muitos outros, afinal, todos os dias nos
deparamos com situações nas quais a diversidade dos corpos, dos gêneros e das
sexualidades não é reconhecida nem respeitada. Cabe a cada um de nós construir, nas
suas diferentes práticas pedagógicas, esse respeito pela diversidade, pois a vida é
muito mais ampla e complexa do que as classificações que comumente encontramos
acerca dos sujeitos e de suas identidades. Para construir uma prática pedagógica

2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
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inclusiva e diferenciada, é fundamental entender que existem muitos elementos de
ordem cultural Cadernos de Formação RBCE, p. 71-83, mar. 2010 81 que
historicamente têm privilegiado determinados indivíduos e grupos em relação a
outros, inclusive, no campo do acesso e da permanência nas atividades esportivas.
Vejamos alguns deles: a) As meninas têm menos oportunidades para o lazer que os
meninos, porque, não raras vezes, desempenham atividades domésticas relacionadas
ao cuidado com a casa, a educação dos irmãos, entre outras. Historicamente a
educação das meninas é mais direcionada ao espaço privado do que ao público,
diferentemente dos meninos, que, desde cedo, são incentivados a ir para a rua
(inclusive para trabalhar). Por essa razão é necessário pensar em atividades
diferenciadas que estejam adequadas ao tempo livre de meninos e meninas. É
necessário planejar os horários das atividades de forma que se contemple essa
realidade. Por exemplo, atividades para as meninas em horários nos quais não estejam
evolvidas com as lidas domésticas. b) Como o esporte é identificado como uma prática
viril, quando as meninas apresentam um perfil de habilidade e comportamento mais
agressivo para o jogo, muitas vezes, sua feminilidade é colocada em suspeição. Da
mesma forma, o menino que não se adapta ao esporte, sobretudo às práticas
coletivas, também se coloca em dúvida a sua masculinidade. Atitudes dessa natureza
precisam ser modificadas, pois acabam por restringir a inserção e permanência de
meninas e meninos nas mais diferentes possibilidades de vivenciar o esporte. c)
Existem níveis diferentes de habilidade física entre meninos e meninas. É necessário,
ainda, pensar que também existam diferenças de habilidade entre os meninos e entre
as meninas. Essas diferenças resultam não de uma anatomia distinta, mas, sobretudo,
de vivências e experiências de movimento diferenciadas desde o nascimento. Razão
pela qual devem ser 82 Cadernos de Formação RBCE, p. 71-83, mar. 2010 elaboradas
estratégias, a fim de incrementar a participação daqueles(as) considerados(as) menos
habilidosos(as) para o esporte. d) As meninas são menos incentivadas que os meninos
por parte da sua família e amigos(as) a participarem de atividades esportivas. O
incentivo menor se dá por questões culturais e não naturais. Por essa razão é
necessário incentivar as meninas a participarem do esporte, o que pode ser feito por
meio da oferta de atividades, da valorização de sua participação, do reforço positivo às
suas performances, enfim, criando estratégias para que elas se sintam desafiadas a
permanecer nesse espaço e nele desenvolver suas potencialidades. e) Jovens
homossexuais (masculinos e femininos) frequentemente se sentem deslocados nas
atividades esportivas, pois não são respeitados quanto a sua orientação sexual. A
orientação sexual tem sido, na nossa cultura, um marcador identitário sobre o qual
incidem muitos preconceitos. Precisamos deslocar esse foco, pois, afinal, a quem
interessa a orientação sexual de uma pessoa se não a ela própria e àqueles(as) com
quem se relaciona. Por fim, qualquer prática pedagógica se faz por meio da
intervenção de pessoas concretas, cujas ideias podem tanto reforçar as exclusões, os
preconceitos, as violências, quanto minimizá-las. Privilegiar o respeito à diversidade, a
aceitação das diferenças e o reconhecimento de que cada sujeito vale pelo que é,
independentemente de sua aparência corporal, da cor de sua pele, das marcas de
gênero ou da orientação sexual que adota, é tarefa necessária a cada um de nós, o
que, indubitavelmente, se traduz em um grande desafio.

Diversidade cultural

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O que somos e quem somos são os pontos de partida para compreendermos o modo
como cada grupo humano constrói sua realidade social, sua história, enfim sua cultura.

Todos os países do mundo, raças, grupos humanos, famílias, classes profissionais


possuem um patrimônio de tradições que se transmite oralmente e é defendido e
conservado pelo costume. Esse patrimônio é milenar e contemporâneo. Cresce com os
conhecimentos diários desde que se integrem nos hábitos grupais, domésticos ou
nacionais. (CÂMARA CASCUDO, 1967, p. 9.)

Na verdade, a maneira própria de viver de cada grupo social permite diferenciá-lo dos
demais, pois as pessoas produzem a própria existência, em tempos e espaços
específicos. Em seus vários estágios de evolução, o homem sempre expressou sua
forma de viver de diversas maneiras. A esse complexo fenômeno denominamos
cultura.

A palavra cultura origina-se do latim medieval e significa cultivar o solo, cuidar da


terra. Ao longo do tempo, esse termo passou a ser aplicado em diferentes contextos
da vida humana e, consequentemente, a ser objeto de várias áreas do conhecimento.

Conceitos de cultura:

“Cultura não é simplesmente a arte ou o evento, [mas] criação individual e coletiva das
obras de arte, do pensamento, dos valores, dos comportamentos e do imaginário.”
(CHAUÍ, 1992, p. 41)

“Conjunto de traços característicos do modo de vida de uma sociedade, de uma


comunidade ou de um grupo, aí compreendidos os aspectos que se podem considerar
como os mais cotidianos, os mais triviais ou os mais inconfessáveis” (FORQUIN, 1993,
p. 11).

A cultura pode ser entendida como:

Um conjunto de experiências humanas construídas pelo contato social e acumuladas


pelos povos, ao longo do tempo. Assim, ela corresponde, na prática, à expressiva
variedade de processos e modos de convivência pelos quais os povos constroem suas
identidades.

Em um país como o nosso, a diversidade cultural é bastante expressiva, o que se


explica, em grande parte, pelo próprio processo de nossa formação social. Na verdade,
essa diversidade é o elemento que caracteriza a identidade do povo brasileiro, pois
leva ao reconhecimento de quem somos e das nossas características culturais. Mas o
que estamos entendendo por diversidade cultural, e qual sua relação com
desigualdades sociais?

A diversidade cultural é um conceito abrangente, dizendo respeito ao complexo de


diferenças culturais que podemos observar entre os indivíduos, tais como linguagem,

2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
esporte e lazer, escrito por Goellner, Votre, Mourão e Figueira (2009)
danças, vestuário, tradições, preceitos morais, religião e as próprias formas de os
indivíduos se organizarem em determinada sociedade. Este conceito diz respeito à
variedade de práticas culturais e ideias expressas pelas pessoas em determinado
ambiente social. (SOUSA, 2008, p. 132)

Assim, quando falamos em diversidade cultural entendemos que há distintas


sociedades e culturas. Em diferentes tempos e espaços, os humanos adotam maneiras
variadas de convivência, valorizando suas diferenças e criando formas de expressá-las
em seu meio social. De fato, são justamente as diferenças sociais que traduzem a
possibilidade de os indivíduos ampliarem suas experiências culturais na sociedade, à
medida que podem recriar, dentre outros, valores, normas, ideias, saberes, hábitos e
crenças. Dessa forma, recriam permanentemente a própria cultura.

https://www.itaipu.gov.br/sites/default/files/rs2015/pt/2017/diversidade-e-
igualdade.html

Principio Constitucional da Igualdade

O direito à igualdade emerge como “regra de equilíbrio dos direitos das pessoas
portadoras de deficiência”. Conforme Luiz Alberto David Araujo (2003,p.46);

“Toda e qualquer interpretação constitucional que se faça, deve passar,


obrigatoriamente, pelo princípio da igualdade. Só é possível entendermos o tema de
proteção excepcional das pessoas portadoras de deficiência se entendermos
corretamente o princípio da igualdade.”

Contudo, o princípio da igualdade no Brasil aparece assegurado nos limites de sua


definição em cada época, desde a primeira Constituição, outorgada logo depois da
Proclamação da Independência, em 07 de setembro de 1822, momento histórico em
que se proclamavam os princípios da Revolução Francesa: liberdade, igualdade e
fraternidade. Veja-se:

“Artigo 179: a inviolabilidade dos direitos civis, e politicos dos cidadãos brazileiros, que
tem por base a liberdade, a segurança individual, e a propriedade, é garantida pela
Constituição do Imperio, pela maneira seguinte. […]. XIII: a Lei será igual para todos,
quer proteja, quer castigue, o recompensará em proporção dos merecimentos de cada
um; […] (sic) (Constituição Política do Império do Brasil, de 25 de março de 1824).”

2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
esporte e lazer, escrito por Goellner, Votre, Mourão e Figueira (2009)
Entretanto, com o passar do tempo e as decorrentes mudanças sociais, com a
importante contribuição dos filósofos contemporâneos do início do século passado, o
conceito de “igualdade”, sem perder sua concepção primitiva, foi absorvendo novas
características, para impedir que os seres humanos fossem “diferenciados pelas leis”,
ou seja, que o direito positivado viesse a “estabelecer distinções entre as pessoas
independentemente do mérito”, e a constatação foi a de que “a lei sempre discrimina
(BASTOS, 2001)

Os novos elementos inseridos no conceito da igualdade foram, basicamente, a


proporcionalidade e a justiça. Conforme Rui Portanova, na paráfrase de Marcelo
Amaral da Silva (2003,p.1).

“A interpretação desse princípio deve levar em consideração a existência de


desigualdades de um lado, e de outro, as injustiças causadas por tal situação, para,
assim, promover-se uma igualização. […]. Sua razão de existir certamente é a de
propiciar condições para que se busque realizar pelo menos certa igualização das
condições desiguais.”

Desse modo e no direito hodierno, o princípio da igualdade assume um caráter de


dupla aplicação: uma teórica, para “repulsar privilégios injustificados” e outra prática,
contribuindo para diminuir os “efeitos decorrentes das desigualdades evidenciadas
diante do caso concreto”. Como decorrência, o princípio constitucional da igualdade
passa a figurar como “ponte entre o direito e a realidade que lhe é subjacente”
(SILVA,2003).

A Constituição Federal de 1988 reconheceu a importante função do princípio da


igualdade na ordem jurídica. Desde então, “a igualdade não assegura nenhuma
situação jurídica específica, mas (…) garante o indivíduo contra toda má utilização que
possa ser feita da ordem jurídica”. Inegável a vastidão do princípio constitucional da
igualdade, “não se vendo recanto onde ela não seja impositiva”(BOTELHO,2002).

O princípio da igualdade está intimamente relacionado com o conceito de lei inerente


ao Estado de Direito, sendo uma das suas bases essenciais, postulando o exercício de
um direito igual para todos os cidadãos, o que significa dizer que a intervenção do
Estado deverá ser efetuada na igual medida para todos. Trata-se, portanto, da
igualdade jurídica, que pode ser civil (assegura a igualdade de aptidão de todos para
desfrutar dos direitos) e real (garante a todos o exercício atual dos referidos direitos).
Nas palavras de Celso Antônio Bandeira de Mello (1997,p.10).

2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
esporte e lazer, escrito por Goellner, Votre, Mourão e Figueira (2009)
“A Lei não deve ser fonte de privilégios ou perseguições, mas instrumento regulador
da vida social que necessita tratar eqüitativamente todos os cidadãos. Este é o
conteúdo político-ideológico absorvido pelo princípio da isonomia e juridicizado pelos
textos constitucionais em geral, ou de todo modo assimilado pelos sistemas
normativos vigentes.”

Reafirme-se que “o princípio da igualdade se apresenta como igualdade, perante todos


os atos do poder público e não apenas perante a lei”. Consiste em um “princípio
estruturante do Estado de Direito Democrático e do sistema constitucional global” e
implica que “as decisões administrativas sejam tomadas segundo critério objetivos
[igualdade objetiva]”, ou seja, “se agiu de uma forma para um terá de agir da mesma
forma para outro, se os elementos de ponderação de ambos são iguais”, obviamente
que processado dentro da legalidade. Por isso, do princípio da igualdade dimana “um
direito subjetivo em favor do cidadão e uma obrigação aos poderes públicos”, sempre
nos limites da legalidade.( BOTELHOS, ESTEVES,PINHO,2002),

A verdadeira função dos princípios da igualdade, erigido no plano constitucional e que


condiciona todos os demais ramos da ciência jurídica, consiste em garantir o individuo
contra o mau uso do direito aos casos concretos pelos órgãos judiciais.

3. A Igualdade “Na” e “Perante” a Lei.

Outro aspecto importante em relação ao princípio da legalidade diz respeito à


igualdade na aplicação do direito e na criação do direito. A expressão “todos são iguais
perante a lei”, significava, em sua acepção tradicional, “a exigência de igualdade na
aplicação do direito”. A igualdade na aplicação do direito continua a ser uma das
dimensões básicas do princípio da igualdade constitucionalmente garantido, mas
atualmente, essa igualdade perante a lei vem acompanhada da igualdade na lei (na
criação do direito), isto é, ser igual “perante” a lei não significa apenas “aplicação igual
da lei”, pois a lei, ela própria, deve tratar por igual todos os cidadãos. Significa dizer
que o princípio da igualdade “dirige-se ao próprio legislador, vinculando-o à criação de
um direito igual para todos os cidadãos”. (CANOTILHO, 2003).

O princípio da igualdade, no sentido de igualdade na própria lei, é, de acordo com José


Joaquim Gomes Canotilho, um “postulado de racionalidade prática”, ou seja, “para
todos os indivíduos com as mesmas características devem prever-se, através da lei,
iguais situações ou resultados jurídicos. Contudo, se o princípio da igualdade for
reduzido a um postulado de universalização, acabará se tornando discriminatório
quanto ao conteúdo. Por exemplo: “todos os indivíduos de raça negra devem ser
tratados igualmente em escolas separadas das escolas reservadas a brancos”.

2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
esporte e lazer, escrito por Goellner, Votre, Mourão e Figueira (2009)
Nessa hipótese, a lei trataria todos os negros de forma igualitária, mas criaria para eles
uma disciplina intrinsecamente discriminatória. Significa dizer que a igualdade perante
a lei é insuficiente, se não for acompanhada de uma igualdade na própria lei, isto é,
exigida ao próprio legislador relativamente ao conteúdo da lei. (CANOTILHO, 2003).

Seguindo-se esse raciocínio, pode-se chegar à conclusão de que não existe igualdade
no “não direito”. Desse modo Canotilho (2002, p.427)

“É preciso delinear os contornos do princípio da igualdade em sentido material. Isto


não significa que o princípio da igualdade formal não seja relevante nem seja correcto.
Realça-se apenas o seu carácter tendencialmente tautológico, uma vez que o cerne do
problema permanece irresolvido, qual seja, saber quem são os iguais e quem são os
desiguais.”

O princípio da igualdade exige, então, uma igualdade material através da lei, isto é, a
igualdade formal de identidade “perante” a lei, pressupõe diferenciações materiais,
“na” lei.

A verificação dessa diferenciação exige que se aplique o critério material de valoração


sobre a relação de igualdade/desigualdade: se resulta ou não “justa”, para não acabar
implicando em discriminações.

4. Igualdade, Discriminação e Pessoas Portadoras de Deficiência.

O princípio constitucional da legalidade, expresso no artigo 5º, caput, da Constituição


Federal de 1988, é dirigido, notadamente, ao legislador, posto que somente o criador
da lei poderá ser seu destinatário útil. É que o aplicador da lei já está,
necessariamente, obrigado a aplicá-la de acordo como os critérios constantes da
própria lei. Mas quando se diz que o legislador “não pode distinguir”, não se quer dizer
que “a lei deva tratar todos abstratamente iguais, pois o tratamento igual não se dirige
a pessoas integralmente iguais entre si, mas àquelas que são iguais sob os aspectos
tomados em consideração pela norma”. (SILVA, 2003)

Desse modo, os conceitos de igualdade e de desigualdade são relativos, impõem a


confrontação e o contraste entre duas ou várias situações, pelo que onde uma só
existe não é possível indagar de tratamento igual ou discriminatório.

São esses fundamentos que permitem, ao legislador, criar leis capazes de assegurar o
princípio da igualdade dispensando tratamentos desiguais, ou seja, por meio da lei, o
legislador discrimina situações, de modo que “as pessoas compreendidas em umas ou

2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
esporte e lazer, escrito por Goellner, Votre, Mourão e Figueira (2009)
em outras vêm a ser colhidas por regimes diferentes”, sendo que “a algumas pessoas
são oferecidos determinados direitos e obrigações que não assistem a outras, por
abrigadas em diversa categoria, regulada por diferente plexo de obrigações de
direitos” (MELLO, 1997).

Conforme Pimenta Bueno, “a lei deve ser uma e a mesma para todos; qualquer
especialidade ou prerrogativa que não for fundada só e unicamente em uma razão
muito valiosa do bem público será uma injustiça e poderá ser uma tirania”.

Recorde-se que a Constituição Federal de 1988, ao lado do imperativo “todos são


iguais perante a lei”, acrescenta a expressão “sem distinção de qualquer natureza”, ou
seja, para além da base geral em que assenta o princípio da igualdade perante a lei,
que consistente no tratamento igual a situações iguais e tratamento desigual a
situações desiguais, a Constituição Federal de 1988 “veda distinções de qualquer
natureza”, pois entre os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, está
o de promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação, dentre elas a posse de deficiência (BRASIL,
1989).

Conforme Celso Antônio Bandeira de Mello, uma regra, para que respeite o princípio
da igualdade, precisa trazer a devida correlação lógica entre o fator erigido em critério
de discrímen e a discriminação legal decidida em função dele. Dito de outro modo, o
legislador pode tratar desigualmente situações, desde que cumpra o critério de
correlação lógica entre o fator de discriminação e a desequiparação pretendida. Nas
suas palavras: “é o vínculo de conexão lógica entre os elementos diferenciais
colecionados e a disparidade das disciplinas estabelecidas em vista deles, o quid
determinante da validade ou invalidade de uma regra perante a
isonomia”(MELLO,1997).

Portanto, uma norma diferenciadora tem reconhecida sua juridicidade quando se


percebe, nela, a congruência entre a distinção de regimes estabelecida e a
desigualdade de situações correspondentes.

Em assim sendo, a questão das diferenciações que não podem ser feitas sem quebra
da igualdade, não se subordina aos elementos escolhidos como fatores de
desigualação, mas resulta da conjunção deles com a disparidade estabelecida nos
tratamentos jurídicos dispensados, ou seja, a quebra da igualdade só é permitida
depois da investigação de duas dimensões dos fatos: de um lado, aquilo que é erigido
em critério discriminatório e, de outro, se existe justificativa racional para, a vista da
linha desigualadora adotada, atribuir o tratamento jurídico específico construído em
função da desigualdade afirmada (MELLO, 1997).

2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
esporte e lazer, escrito por Goellner, Votre, Mourão e Figueira (2009)
Muito embora exista a possibilidade normativo-jurídica de trato diferenciado, não
existe nenhum fundamento legal para a discriminação gratuita. Se o fator diferencial
não guardar conexão lógica com a disparidade de tratamentos jurídicos dispensados, a
distinção é inconstitucional, porque afronta o princípio da igualdade. A igualdade
jurídico-formal só pode ser quebrada se o objetivo é garantir a igualdade material.

Em relação ao grupo de deficientes, é preciso ter em linha de conta que a regra mestra
também deve ser a aplicação do princípio da igualdade formal perante a lei (artigo 5º,
caput, da Constituição Federal de 1988). Contudo, essa igualdade formal pode ser
quebrada diante de situações que a justifique. Nesse pensar, “é razoável entender-se
que a pessoa portadora de deficiência tem, pela sua própria condição, direito à quebra
da igualdade, em situações das quais participe com pessoas sem deficiência” (ARAUJO,
2003).

Traduzindo-se o pensamento de Celso Antônio Bandeira de Mello, (a quebra da


legalidade deve ser embasada na coorrelação lógica entre fator de discrímen e a
desequiparação procedida), para o caso específico dos portadores de deficiência,
pode-se dizer que é possível a quebra da igualdade formal geral para os direitos do
grupo das pessoas portadora de deficiência, se, e somente se, “a situação logicamente
o autorize”. Nesse passo, parece lógico afirmar que “a pessoa portadora de deficiência
tem direito a um tratamento especial dos serviços de saúde ou à criação de uma
escola especial ou, ainda, a um local de trabalho protegido”, porque essas situações
apresentam justificativas que autorizam a quebra da igualdade (MELLO, 1997).

No contraponto (aplicação inversa), o princípio da legalidade será aplicado para


impedir que a deficiência seja de fundamento para a quebra da isonomia “sem
logicidade para tal discrímen”. Por exemplo: uma pessoa portadora de deficiência de
locomoção não pode ser vetado de participar de um concurso público, pelo simples
fato de ser deficiente. O veto só se justificará se existir correlação lógica entre o cargo
pretendido e a deficiência (ARAUJO, 2003).

É razoável, portanto, que diante de indivíduos diferentes possam existir regulações


diferentes. Significa dizer que a “igualdade de tratamento” deve ser quebrada quando,
“diante de uma determinada situação, o rompimento da igualdade for à única forma
possível de efetivamente assegurar a igualdade”. Nas explicações de palavras de Eliana
Franco Neme (2006, p.140-141) a proteção à dignidade da pessoa humana se viabiliza
pelo tratamento isonômico a ser dado pelo direito a todos os indivíduos e pela ruptura
desse padrão quando essa for à única forma de garantir a igualdade e a dignidade
humana. Desse modo, “a preservação do direito à igualdade é o que está implícito no
direito à inclusão da pessoa portadora de deficiência”. Dessa forma Ribeiro (2002, p.1):

“[…] a garantia do direito à inclusão, e, em última análise, do direito à igualdade dos


portadores de deficiência, é essencial para a proteção do seu direito à democracia,

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direito este que, sendo de quarta geração, compendia o futuro da cidadania e o porvir
da liberdade dessas mesmas pessoas, criando e mantendo os pressupostos
elementares de uma vida em liberdade e na dignidade humana.”

Vê-se, portanto, que em qualquer situação, a igualdade funciona como regra mestra
superior a todo o direito à inclusão social dos portadores de deficiência, quer seja para
manter ou quebrar a isonomia.

https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucional/portadores-de-
deficiencia-igualdade-e-inclusao-social/

O que são Direitos Humanos?

Direitos humanos são os direitos e liberdades básicas de todos os seres humanos.


Liberdade, vida e respeito são temas essenciais para entender o assunto.
Como surgiram os direitos humanos?
As noções e normas básicas para uma uma boa convivência entre os seres humanos
permeia as sociedades desde muito tempo e de diversas maneiras. Mas diante de
diferenças culturais, atrocidades e tragédias vivenciados em diversos períodos da
nossa história, um acordo entre as nações que garantisse, de maneira igualitária,
universal e sem distinções, direitos fundamentais para todas as pessoas era
necessário.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos


Foi após os horrores da Segunda Guerra Mundial que a Declaração Universal dos
Direitos Humanos foi escrita para, então, delinear e proteger os direitos básicos de
todo ser humano. A aprovação desse documento tão importante que formaliza tais
direitos – independente de cor, gênero, orientação sexual, religião ou origem –
aconteceu no dia 10 de dezembro de 1948 pela Assembleia Geral das Nações Unidas.

Elaborada por representantes de diferentes origens jurídicas e culturais de todas as


regiões do mundo, a Declaração Universal dos Direitos Humanos estabeleceu, pela
primeira vez, a proteção universal dos direitos humanos.

Na Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Organização das Nações Unidas


definiu 30 direitos e liberdades inalienáveis e indivisíveis – ou seja, direitos e
liberdades que são seus, intransferíveis e que não podem dissociados de você. Entre
eles estão o direito à liberdade de expressão, de manifestação, o direito à educação
inclusiva e de qualidade, o direito a gozar do mais alto nível possível de saúde e o
direito à vida.

Na declaração universal dos diretiros humanos:

Artigo 1° Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos.


Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de
fraternidade.

2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
esporte e lazer, escrito por Goellner, Votre, Mourão e Figueira (2009)
Direitos humanos não podem ser negados; mas, por vezes, podem ser restringidos –
por exemplo, se uma pessoa cometer um crime, ela pode ter seus direitos políticos e
sua liberdade de ir e vir limitados. Ainda assim, executar uma pessoa que cometeu
crimes, agredi-la, torturá-la ou submeter a mesma a condições degradantes também
constitui uma violação grave de direitos humanos, e é ilegal na maior parte do mundo
– assim como no Brasil. Um julgamento justo também é um direito humano.

Estes direitos e liberdades baseiam-se em valores como dignidade, justiça, igualdade,


respeito e independência. São direitos concretos e são definidos e protegidos pelas leis
nacionais de todos os países que compõem a Organização das Nações Unidas – e o
Brasil é um desses países.

Para que servem direitos humanos?


Direitos humanos não são apenas leis presentes em um documento. Eles refletem
decisões que tomamos e situações que vivenciamos diariamente, sobre nosso
cotidiano, nosso dia-a-dia.

Por exemplo, se algo que um político faz nos incomoda, a maioria de nós não pensa
duas vezes antes de falar sobre isso com nossa rede de amigos. Quando você faz isso,
você está exercendo um direito humano – o seu direito à liberdade de expressão.

Aí está uma ponto importante de ser lembrado sobre direitos humanos: quando estão
sendo respeitados, eles passam quase despercebidos. A maioria das crianças não
acorda de manhã comemorando a possibilidade de exercer seu direito à educação.
Mas aqueles que fugiram de países em que lhes foi negado o direito de ir à escola
podem muito bem apreciar isso um pouco mais.

Sustentabilidade organizacional

Desenvolvimento sustentável ou sustentabilidade? Após a inserção do termo


“desenvolvimento sustentável” no cenário internacional, observou-se uma falta de
consenso sobre o que realmente tal expressão poderia signifi car e também sobre o
que diferencia o desenvolvimento sustentável da sustentabilidade. Essas são as
principais indagações a serem respondidas por meio da presente seção. Justifi ca-se
essa preocupação pelo fato de que, se não for mantida uma coerência discursiva,
corre-se o risco de se ceder à generalidade e à ambiguidade observada no
relacionamento das palavras “desenvolvimento” e “sustentabilidade” (LÉLÉ, 1991). A
partir do lançamento do World Conservation Strategy, em 1980, muitos começaram a
tentar defi nir o desenvolvimento sustentável como um fenômeno necessário de ser
expresso em outras palavras. Dentre as incontáveis nomenclaturas concedidas,
destacam-se: um valor de transformação (CLARK, 1989), reorganização social (GORE,
1992), uma expressão visionária (LEE, 1993), desenvolvimento moral (ROLSTON, 1994)
e processo ininterrupto de transformações (VIEDERMAN, 1994). Todas essas
terminologias ramifi caram-se, principalmente, do conceito de desenvolvimento
sustentável apresentado pela Comissão de Brundtland em um relatório apresentado
na World Comission on Environment and Development (WCED) em 1987. Tal conceito,

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de acordo com Gladwin, Kennelly e Krause (1995), foi amplamente aceito por milhares
de organizações governamentais, empresas e instituições internacionais, por uma
assimilação normativa e abstrata desprovida de qualquer interesse de investigar a
essência do conceito em perspectiva. Osorio, Lobato e Castillo (2005) também
combatem essa generalização ao afi rmar que as discussões em torno de um debate
conceitual não podem ser aceitas como algo óbvio e proveniente de propostas
simplistas compostas por defi nições não muito detalhadas e defi cientes de
complexidade. De acordo com os autores, assim acontece com o desenvolvimento
sustentável e com a sustentabilidade, que se tornaram meras expressões inseridas em
um processo inconsciente de homogeneização global.
No estágio fi nal de construção do conceito de sustentabilidade, o termo acabou
assumindo uma perspectiva de relevância ambiental, na qual os critérios econômicos,
sociais e culturais começaram a ser considerados gradativamente (JIMÉNEZ HERRERO,
2000; OSORIO; LOBATO; CASTILLO, 2005). Percebe-se que a disseminada similaridade
entre sustentabilidade e desenvolvimento sustentável não se confi rma pela
disparidade de suas fundamentações conceituais. Mediante esse reconhecimento, os
conceitos diferem. Enquanto a sustentabilidade refere-se à capacidade de manter algo
em um estado contínuo, o desenvolvimento sustentável envolve processos
integrativos que buscam manter o balanço dinâmico de um sistema complexo a longo
prazo. A sustentabilidade, então, pode ser considerada a ideia central do
desenvolvimento sustentável, uma vez que a origem, os espaços, os períodos e os
contextos de um determinado sistema se integram para um processo contínuo de
desenvolvimento (JIMÉNEZ HERRERO, 2000).
Para Lélé (1991), a sustentabilidade possui um signifi cado constituído por três pilares
principais: literal, ecológico e social. O signifi cado literal referese à continuação do
nada; o signifi cado ecológico refere-se à manutenção de uma base ecológica para a
vida humana, dentro de um determinado período de tempo, o que indica uma
preocupação com as gerações contemporâneas e futuras; já o signifi cado social
prioriza a manutenção dos valores sociais, das instituições, das culturas e das demais
características sociais (LÉLÉ, 1991). Em relação ao desenvolvimento sustentável, Lélé
(1991) argumenta que duas são as possíveis interpretações: (1) crescimento
sustentável (o que para ele é contraditório e trivial); e (2) realização de objetivos
tradicionais, descritos como políticos e signifi cativos. Fergus e Rowney (2005)
consideram que essas interpretações concedidas por Lélé (1991) indicam que o
desenvolvimento sustentável é um fenômeno consequente da estabilidade de uma
série de outros fenômenos menores e interligados. Essa afi rmação se justifi ca, pois o
próprio Lélé (1991) assevera que as duas interpretações concedidas podem ser
traduzidas, cada uma, em uma simples palavra: a primeira pode denunciar o
desenvolvimento sustentável como um processo, uma vez que busca o crescimento; a
segunda identifi ca o termo como um objetivo, visto que seu intuito principal está em
satisfazer necessidades básicas. Osorio, Lobato e Castillo (2005) complementam o
discurso de Lélé (1991) ao considerarem que sustentabilidade e desenvolvimento
sustentável se diferem quanto à busca de seus objetivos fi nais. A sustentabilidade
representa um argumento inquestionável, pois, independente de seu objetivo fi nal,
este deve ser alcançado por um equilíbrio de utilização e consumo de recursos
naturais. A busca de uma sustentabilidade ambiental, por exemplo, é parte integrante
de uma meta maior. O desenvolvimento sustentável se baseia na preservação dos
recursos naturais, ou seja, busca os mesmos objetivos da sustentabilidade e é

2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
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complementado pela busca de um equilíbrio social, cultural e econômico (OSORIO;
LOBATO; CASTILLO, 2005). Em síntese, os autores Lélé (1991), Jiménez Herrero (2000)
e Osorio, Lobato e Castillo (2005) concordam que o desenvolvimento sustentável
constitui a direção futura do progresso humano, por meio de processos ocorrentes em
três dimensões principais: econômica, ecológica e social.

Quando a economia se alia à ecologia, o desenvolvimento sustentável é aceito como


um objetivo e defi nido como um meio para o progresso humano por uma abordagem
integrativa e inclusiva para as gerações contemporâneas e futuras. Quando as
perspectivas ecológicas se somam às sociais, o desenvolvimento sustentável passa a
ser assumido como um fenômeno processual e entendido como um discurso que
integra conhecimentos, fi losofi as e ferramentas de mensuração altamente efi cazes.
Em relação a uma organização, portanto, o desenvolvimento sustentável é tanto um
objetivo quanto um processo, ou seja, representa uma meta maior constituída de
metas menores a serem alcançadas em prazos específi cos. Se o desenvolvimento
sustentável, enquanto objetivo, relaciona economia e ecologia e, enquanto processo,
interliga ecologia e sociedade, enquanto ação organizacional exige a vinculação entre
economia, ecologia e sociedade. A sustentabilidade compõe, assim, ações mais
objetivas que propiciam o alcance de um desenvolvimento sustentável. Se considerada
cada meta organizacional como um objetivo final em busca de um equilíbrio sistêmico,
considera-se cada uma delas relacionada à sustentabilidade. A soma de tais metas, ou
seja, a adição de sucesso desses objetivos sustentáveis é o que permite a realização de
um desenvolvimento sustentável, uma vez que a sustentabilidade busca o equilíbrio
de qualquer sistema e o desenvolvimento sustentável busca a soma desses equilíbrios
e mais um equilíbrio maior composto por todas as interações entre esses sistemas.
Compreendida essa dimensão de relacionamento entre desenvolvimento sustentável e
sustentabilidade, admite-se que o desenvolvimento sustentável é composto por
inúmeras sustentabilidades, dentre elas a sustentabilidade das organizações, ou
sustentabilidade organizacional.

Defi nindo a sustentabilidade organizacional A sustentabilidade, de acordo com Dyllick


e Hockerts (2002), tornou-se o mantra do século XXI, por agregar promessas de
evolução social em um mundo mais justo e mais rico, dentro do qual o meio ambiente
e as conquistas culturais deveriam ser preservadas para as gerações futuras. Tais
promessas, no entanto, esbarram em algumas esperanças e medos, ambos motivos de
orientações e desafi os para muitos pesquisadores. A busca por um crescimento
econômico e uma equidade social tem percorrido um vasto caminho, impregnado por
possíveis soluções, nos últimos 150 anos. Ao agrupar a preocupação de preservar os
sistemas naturais, a sustentabilidade agrupa os principais desafi os da humanidade.
Um resultado considerável de toda esta discussão está na adoção do termo
“desenvolvimento sustentável” nos discursos organizacionais (DYLLICK; HOCKERTS,
2002). A relevância dessa consideração iniciada pelas empresas está no fato dos
sistemas industriais e de prestação de serviços causarem e determinarem o
comportamento dos fl uxos de materiais e energia Defi nindo a sustentabilidade
organizacional A sustentabilidade, de acordo com Dyllick e Hockerts (2002), tornou-se
o mantra do século XXI, por agregar promessas de evolução social em um mundo mais
justo e mais rico, dentro do qual o meio ambiente e as conquistas culturais deveriam
ser preservadas para as gerações futuras. Tais promessas, no entanto, esbarram em

2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
esporte e lazer, escrito por Goellner, Votre, Mourão e Figueira (2009)
algumas esperanças e medos, ambos motivos de orientações e desafi os para muitos
pesquisadores. A busca por um crescimento econômico e uma equidade social tem
percorrido um vasto caminho, impregnado por possíveis soluções, nos últimos 150
anos. Ao agrupar a preocupação de preservar os sistemas naturais, a sustentabilidade
agrupa os principais desafi os da humanidade. Um resultado considerável de toda esta
discussão está na adoção do termo “desenvolvimento sustentável” nos discursos
organizacionais (DYLLICK; HOCKERTS, 2002). A relevância dessa consideração iniciada
pelas empresas está no fato dos sistemas industriais e de prestação de serviços
causarem e determinarem o comportamento dos fl uxos de materiais e energia ao
cenário em que opera e aos valores que regem os seus propósitos. Van Marrewijk
(2003) elaborou um modelo de hierarquização que qualifi ca as empresas em seis
diferentes padrões de alcance e desenvolvimento da sustentabilidade organizacional,
os quais são explicados no Quadro 3. Uma vez que enfrentam circunstâncias
diferenciadas e operam por diversos sistemas de valores, as organizações
desenvolvem diferentes manifestações de uma sustentabilidade organizacional. Essas
divergências podem ser compreendidas como fenômenos intrínsecos a diferentes
níveis da sustentabilidade de determinada organização. Esses níveis refl etem as
motivações para se incorporar a sustentabilidade organizacional nas práticas do
negócio, ou seja, podem categorizar a organização quanto ao tipo de sustentabilidade
or ganizacional que busca (van MARREWIJK, 2003).

https://www.ems.com.br/ems-esta-entre-as-100-melhores-empresas-em-cidadania-
corporativa-release,17.html

https://www.siemens.com.br/relatorioanual2014/sustentabilidade/cidadania-
corporativa.html

https://www.accenture.com/br-pt/careers/your-future-corporate-citizenship

REFERÊNCIAS BRASIL – SECRETARIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, ALFABETIZAÇÃO E


DIVERSIDADE. Gênero e diversidade sexual na escola: reconhecer diferenças e superar

2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
esporte e lazer, escrito por Goellner, Votre, Mourão e Figueira (2009)
preconceitos. Caderno Secad, Brasília, n. 4, 2007. Cadernos de Formação RBCE, p. 71-
83, mar. 2010 83 GOELLNER, Silvana V. A produção cultural do corpo. In: LOURO,
Guacira; FELIPE, Jane; GOELLNER, Silvana. Corpo, gênero e sexualidade: um debate
contemporâneo na educação. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2008. ; VOTRE, Sebastião J.;
MOURÃO, Ludmila; FIGUEIRA, Márcia L. M. Gênero e raça: inclusão no esporte e lazer.
Porto Alegre: Gráfica da UFRGS, 2009. LE BRETON, David. A sociologia do corpo.
Petrópolis: Vozes, 2006. LOURO, Guacira L. Gênero, sexualidade e educação: uma
perspectiva pósestruturalista. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 1999. MEYER, Dagmar E. E.
Gênero e educação: teoria e política. In: LOURO, Guacira; FELIPE, Jane; GOELLNER,
Silvana. Corpo, gênero e sexualidade: um debate contemporâneo na educação. 3. ed.
Petrópolis: Vozes, 2008. NICHOLSON, Linda. Interpretando o gênero. Revista Estudos
Feministas, v. 8, n. 2, p. 9-14, 2000. OLIVEIRA, Amauri A. B.; PERIN, Giana L.
Fundamentos pedagógicos do Programa Segundo Tempo: da reflexão à prática.
Maringá: Editora da Universidade Estadual de Maringá, Ministério do Esporte, 2009.
SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, Porto
Alegre, v. 20, n. 2, jul./dez. 1995. WEEKS, Jeffrey. O corpo e a sexualidade. In: LOURO,
Guacira L. O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica,
1999.

2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
esporte e lazer, escrito por Goellner, Votre, Mourão e Figueira (2009)

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