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Amilton Bueno — de Carvalho s Direito ~Penala Marteladas Algo sobre Nietzsche eo Direito 2 tiragem ‘ é f 3 3 5S Lumen Juris Ez I. Prefacio UUnualmente,o preficio€ uiizado para apresentar a obra Serve como uma intodoglo na qual o pefaciadr,fendo-se ‘passr por um eximio eto, expe ua interpetagso sobre o exe to, sua conclstoe, assim, recomenda-o aos preteruos interes dos em conhecer 0 trabalho. Em busca livre verficamos ser consento, pit, que *preicio om resumo do conti dew la, exibndo exenplifcages de ca: files, namando o qu sd inradedo nos mesmos. Evetuaimente conendo algunas impresses de teceivs sabre a cbr. "E esto for terceios ou plo proprio autor, referindo-se ap toma abordade nolo e mutas wees tabs tecendo comentiio sobre oar.” Nos léxcos,contudo, a par deste consideragdes, encontra- ‘nos, também, 0 sentido de “dscuro” ou advertncia” Ficaremos ‘com este ili: adterzcia. Assim ofazemos por duns razbes ‘entendemos que seria muita pretensio nos uiizamos do pref io para interpretaro pensamento do autor e relatat aos demais «ual seu entendimento, sua tse, tora, sobre o aesunto versa; «em nosso sentir essa deve sera tarefa de cada eter Descobrir o que esté no texto, a seu modo, com as sas di- ficuldadese percepgies, € 0 que se espera de todo intéeprete, prefaciador nfo pode ser mio paraiso. {A ext respet, aid, muito bem asseverou Leonardo Bot, em A Agua e 4 Galina: “Ler significa rlere omreener, ter ‘retar Cada um lf com os elias que tem. E interpreta a par de nde ox pés sam. Todo pone de vista a wnta de um ponte. Pra entender como aeuém Ib € necesdrio saber como so seus clos ¢ dual éasua visa de mundo. Is fa da tur sempre wma reer A cabega pensa a pant de onde os pés isa, Pana compreender€ essencil conhecer 0 lugar social de quem otha. Vale der como 1 Amiton Bueno de Carvalho clguém vive, com quem coneive, que experiéncias tem, em que rab. tha, que desejosamenta, como assume os dramas da vidae da man te e que esperancaso anima. Iso fax da compreensdo semine tong erp Sendai fades castor ce Porgue cada wm Iéerlé com os olhos que ters, Porque interpreta a partir do mundo que habica.” - - Portanto, voce, interessado no tema ou curioso para deuce tn, fopa ava ler, te ws nas concer Heat nas 0 advitto de que AMILTON BUENO DE CARVALHO ¢ autor de perguntas © no de respostas. A rigor, nunca conch, ‘Ao chegara um pretenso consenso, imediatamente suseita novas possibildades e, assim, 0 pensar continua, sempre em bisea ta perfeigdo que nunca seré alcangada, mas que faz o autor agit, i. teragi, erat, sempre contribuindo para a emancipagio humana, MILTON BUENO DE CARVALHO, como deve ser real- ‘mente um critico, nunca se satisfaz com as respastas encontradas ‘ muito menos, com as “dadas", Enguanto tesco e jurista, ques- tiona, quebra paradigmas, duvida e lura em prol de uma visio do Direito que possa proporcionar a0 “homem” menos infelicidade e o menor abalo possivel & sua dignidade, & sua existéncia enquanto ser-humano, Enquanto julgador, enftentou os mais variados casos postos sob seu crivo sempre valorizando o “homem” como sujeito € no como mero instrumento do Direto. Sua tajtsria€ vivere ciada pela desconfianga que tem do poder. Sabe que o poder é um mal em sie todo aquele que dele se serve tende, inexoravelmente, ‘a cometer abusos; geralmente, contra os mais necessitados. Pro- ‘cura, pois, uma constante interpretagao/compreensio de si, dos outros e das relagdes interpessoais, objetivando enxergar além da opacidade das normas. Tem a le como protetora dos débeis © ‘como limite 20 poder desmensurado. E com essas preocupasoes aque 0 autor trabalha e apresenta & sociedade mais est primar trabalho, Fica a adverténcia, pois, de que ler AMILTON BUENO DE CARVALHO € se submeter a uma constante provocasioy bedor de que a complexidade da vida irradia-se noe polo Diet 2 Dirit Penal a Merteladas fazendo dele igualmente complexo ¢ 2 exigir muita, mas muita teflexio. AMILTON BUENO DE CARVALHO € um misto de jrista, juz, fl6sofo,socilogo, antropSlogo, professor, enfim, urn ‘agente preocupado com o (coexist num mundo que reclama por pessoas capazes de amet, perdoar, ajudar, compreender, VIVER! Bos leitura! Brastlia, evereio de 2013. Benedito Cerexzo Pereira Filho ‘Mestre e Douror em Diteto (UFPR) Professor dos Cursos de Graduagio e Pés-graduacio da USP, Faculdade de Direito de Ribeirio Preto II. Por que Direito Penal a Marteladas? “A buomaniade nao tem um fms mas ela tarbém pode dar dau fir no uma termina, no conserva espe thas SUPERA-LA” ("Esritos Sobre Misia’ p. 267 aforis- sma IX 4201124) Perguntaram para Gabriel Garcia Marquez como se faz para produsir um texto ¢ ele, com a simplicidade dos génios, assim respondeu: comega com letra maidscula, termina com Ponto final e entre eles expressa-se aquilo que se esté sentindo. ‘Agui pretendo seguir a ligfo do escritor colombiano: falar sem freios ~ explosio do sentimento: apenas com o cuidado de ser exatamente “eu” (aliés, nio sei se & possfvel ndo ser o que se é Nietzsche, ainda adolescente, teve a méxima de Pindaro “torna-te aquilo que tu é8” como guia - “Eece Homo", p. 10). Este € meu primeizo livro apés deixar de ser magistrado (alvez o momento do grande meio-dia que tratarei no capitulo TV), o que, por certo, provocara certo afastamento (talvez mui- to ténue) de cerca de trinta anos de um atuar especifico (logo, diferente) no campo do direito. E possfvel que ocorra um distan- ciamento saudavel (Boaventura de Sousa Santos ensina que no € possvel teorizar quando se esté no centro do conflite). £ que, como ensina Nietzsche, “enquanto ainda amamos, no pintamos quadros assim; ainda nao “observames’, no nos colocamos de tal maneira & distncia, como tem de fazer 0 ob- servador” (*Humano, Demasiado Humano I”, p. 8). Ou, "Nao se pode olhar para si mesmo ao vivenciar, toda olhada se torna af um “mau olhado" (*Crepdisculo dos fdolos’, p. 67). “Amilton Bueno de Careaio Em outro local, ofilésofo assim se manifesta: “Erro do ponto de vista, nio do olhar. - Sempre vemos @ nds mesmos um tanto perto demais; eo provimo sempre um tanto longe demais, Entdo cede que o julgamos muito globalmente, € 8 Ns mesmo muito Ge accrdo com tragos e eventos ocasionais,irtelevantes” ("Huma- no, Demasiado Humano Il, p. 153, aforisma 87). Dito poeticament: *Conhego 0 espirito de muitos homens Mas nio sei quem sou eu mesmo! ‘Meu olhar & demasiado préimo de mim — Nao suo que vejo € 0 que vi Eu seria de maior proveito para mim Se de mim pudesse estar mais longe. Nao to distante quanto meu inimigo, claro! ‘Ho amigo mais proximo esta longe demais — Mas entre nis hi o meio do caminho! ‘Adivinham voeés 0 meu pedido?”. (Pedido", “A Gaia Ciencia’, p. 29, ndmera 25) Mas, tudo € ainda muito recente. Todavia, aqui e agora, ‘busco um olhar mais amplo do atuar do jurista, alcangando com ‘maior forga aqueles que esto na linha de frente na cena do di- reito penal: defensores ¢ professores.. No entanto, certo de que “eu-sou-o-meu-passado”, estou aquase que “fundado” pelo direito ~"E inevitivel para o sujito que Ihe seja impossivel pretender ver e conhecer algo para além de si ‘mesmo, t50 impossivel que conhecer e ser so as esferas mais con- trada6rias entre si" (‘A Filosofia na Era Tragica dos Gregos’, P. 94). Desde os meus dez anos de idade o meu viver & forense ¢ durante quase det anos, por mais estranho que possa parecer, rmorei dentzo do Forum. Assim, queira ou néo, para o bem ou par 6 Diito Penal a Martladas ‘6 mal (muito mais para o mal do que para o bem), sou marcado desgragadamente pelo cthar do direto. Figueialetjado, (d}formados: tudo 0 que we, two 0 que lio, tudo o que penso, esti banhado pelo direterinsuportavelmente “suo” pelolharjurtico: neste quadro, nem sei se podria "me-ser” diferente, Entio, deve fica claro, absolutamente claro, tudo. que lier Nietzsche tem uma marcagio bem propria ¢ determinada: € um collar “ruire” sobre a obra dele ~ 0 de um jurista Perdoem-me os fideo, socislogos, psicdlogos, em cujas maos ‘este livro eventualmente aportar: nio é a eles que se destina. Eo olhar de determinado jurista que deste local (0 jurtdieo)Ié Nietesche. De outro lado (¢ aqui esté outro alerta), para além deste olhar manguitolante sobre a obra do filésofo do eterno-retorno- cdo-mesmo, hi uma consciente (embora para Nietzsche a "cons; ciéncia” seja quase mite) apropriagdo do saber nietzschiano. Busquei no autor (e eventualmente com cle dialogar) o saber gue entendo stil para um determinado olhar do diteito. cia Piossek Prebisch, no texto "Interpretagio: Arbitrariedade ‘4 Probidade Filclgia?, no livro erganizado por Scarlett Marton, “Nietzsche Abaixo do Equador’, p. 21, diz que "Hoje vernos que 0 filsofoalemfo € requerido também para ilustrar ou justiicar as mais siversas aventuras intelectuais. Ocorre que, gostemos ou nfo, ele continua senio uma das chaves para compreender nosso mundo” Mais direto: 0 que do pensamento de Nietzsche pode ser Uni servir de base, de fundamento, para o atuar de jurists pe- nais comprometidos, espetacularmente comprometides, definiti- ‘vamente comprometidos, com a protego dos direitos de todos, absolutamente todos os cidadaos que sofrem a persecusio penal qe, no pensador do além-do-homem,é passvel de apropria- ‘so para contribuir para minoraro softimento daqueles que sofrem 2 fra persecutia do leviat’ ~ quase sempre de baixa racionalade, Isso porque a atualidade do pensamento nietsschiano & espeta- cular (ora, ele sempre se definiu como homem péstumo: “S80 depois 7 “Amiton Bueno de Carvalho mani me pertence, Alguns nascem péstumos” "O Antics, 7 1), homer extemporineo, homem do amanbi, homem, da depois do-amanhit "O tempo no chegou nem mesmo para min ‘Tne sperasnascem postumamente. Um dia seo necessras sranaioes, nas quai ser ensnacloevivido com ex compreendo Gruino € vida; quem sabe no serio insttuidas, também algumas rails par a interpectagio do Zaratustra” "Eece Homo", p, 69) Lucie Prasek Prebsch, na obra antes citada, p19, transcreve a Sequinte passagem escrita pelo pensador: “HE homens que nascem pésturos eu sou um dels" *Cheguei antes do tempo.. Mito do seu saber sobre Direito Penal ~ € ele nao era jurista— hoje sequer foi alcangado, ou seja, nfo chegamos, em pleno século XXI, & estatura penal de Nietzsche ~ em relacio a cle, em muitos pontos, somos medievais. ‘A paindoem estudar a obra de Nietzsche, no viés ora propest, cst na sun critica agressiva, destrudora de muitas das mentiras que 0 Direto Penal ainda quer, passados mais de cem anos da morte do fil6sofo, nos fazer ere (e consegue manté-las no meio juridico-penal [Niessche est ainda no amanha, o Direito Penal do senso comum ficou no ontem). Ora, “por gue ler Nietsche? Porque tudo que ele disse se tornou verdadeiro® (Ulrich Haase, "Nietzsche", p. 26). Um indispensével alerta: todas as marcagées em negrito aque vm na transcrigfo dos textos de Nietzsche esto nos origi nais~ ele as utilzava muito. O titulo do presente livro, por evidente, também € apro- priado da obra de Nietsche: FALA O MARTELO “Porque tio duro? falou certa ver ao diamante o carvio de cozinhas no somos parentes préximos?” Por que tio moles? © meus irma . moles? {rmaos, assim vos pergunto; pois ‘do sois meus — irmaos? “ws pergannesPaS 8 Direito Penal a Martladas Por que tio moles, tio amolecids ¢ condescendentes! Por {que hs tanca negagio, abnezagdo em woss0s coragdes? Tao pouco destino em vosso olhat? E se no quereis ser destinos ¢ inexoraveis: como podereis um dia comigo - vencet? E se a vossa dureza nao quer cintlar, cortare retalhar: como podereis um dia comigo ~ criat? Pris todos os que criam so duros.E teri de wos parecer hem- -aventuranga imprimir vossa méo nos milénis como se fossem cera — - Bem-aventuranga escrever na vontade de milénios como se fossem bronze ~ mais duros que bronze, mais nobres que bron- ze. Apenas o mais nobre é perfeitamente duro. ~ Esta nova tébua, 6 imaos, ponho sobre ws: tornal-vos duros! -- (*Crepaisculo dos Idolos’, p. 109, ¢ "Assim Falou Za- ratustra’, p. 205, aforisma 29) No prologo do “Creptisculo’, p. 7-8, em torno dos idolos do martelo, Nietzsche assim fala: “Uma outra convalescenga, fem algumas circunstincia ainda mais descjadas por mim, esta em auscultar fdolos...H4 mais {dolos do que realidades no mune do: este é meu “mau olhar” para este mundo, & também meu “mau ouvido"... Fazer peryuntas com o martelo e talvez ouvir, como resposta, aquele célebre som oco que vem de visceras in- fladas — que deleite para alguém que tem outros ouvidos por trés dos ouvidos — para mim, velho psicélogo e aliciador, ante 0 qual ‘© que queria guardr siléncio tem de manifestar-se... Também este livro — seu titulo jé 0 revela ~ & sobretudo um descanso, um. torrio banhado de sol, uma escapada para o écio de um psicélo- go. Talvez também uma nova guerra? E sero perscrutados novos fdolos?.. Este pequeno livro € uma grande declaracdo de guer- 1a; e, quanto ao escrutinio de fdolos, desta ver ele ni sio idolos da €poca, mas fdolos eternos, aqui tocados com o martelo como se este fosse um diapasio — ndo hé absolutamente, idolos mais velhos, mais convencidos, mais empolados... E tampouco mais 9 “milton Bueno de Carcatio so nfo impede que sejam os mais acreditados; e, prin. ; a to ETI, O que pretende este Livro Paulo César de Souza no posticio do “Creprisculo dos fo. Jos" (p Hl), assim se refere no subsitulo do livro fou Como se ‘Hooks como martclo"); “a palavea “martelo® deve ser entendida “loplamente segundo o prog: como marteta, para destrosar os *Depais de flor esas plas, Zaatsta oon note dtl, como diapaso, para dingnosticar 0 scU vazio (ou sea, 0 meen fn ‘Aor eee io de um “médico da cultura’). cesses nde, Serd rcs ates parilhes as ores, para Entio, outro nao poderia ser o titulo deste livro: o que se ca Serd prec an : fa ny {que arena a cuir cm o lh? Send preciso enerondeat pretende, com apoio do martelo de Nietasche, € denunciar, agre- com os timbales € os pregadores da peniténcia? Ou, acre ‘ir, abalar © se possivel destruir, alguns dos monstruosos idolos Altarao apenas ruom homer que bulbucia?” (‘Assim Falow engendrados pelo saber que toma conta do Direito Penal, através, Zanausea,p. 17). da ertica demonstradora do seu vazio ~ um vazio que causa dor {nsuperdvel - com o apontar de novas hipéteses superadoras:". 1s duns determinagées de Zaratustra parecem traducit a dupla ne- cessdade do idsofo a de aniquilare de crag” (*Nietzsche, Seus Leitores ¢ Suas Leituras, Searlett Marton, p. 144). A primeira questo que me tem perseguido & descobrir se vale a pena escrever livros ~ tem algum sentido? Alguma utilida- de? E a mesma angistia do fazer palestras. Por que e para qué(m) se escreve ou se fala? Deixo claro: estou colocando em debate © para além do narcisismo do eseritor-falador: no fundo, escreve-se de si e para si mesmo ~ talvez por isso, Nietzsche diz que “todo pensador profundo tem mais receio de ser compreendido de que ser mal . ‘compreendid” .. “nao se escrevem livros para esconder preci- samente 0 que se traz dentro de si?” .. “toda opinio € também tum esconderijo, toda palavra também uma méscara” (‘Além do [Bem e do Mal’ p. 175, aforismas 289 ¢ 290). Mas, aqui pretendo debater o fora-de-si-mesmo (se possfvel for isso). \Nietsche diz que “No fim das contas ninguém pode captar nas coisas, incluidos 0s livros, mais do que cle mesmo j6 sal Para aquilo que a gente nio alcanga através da vivéncia, a gente também no tem ouvides” (“Ecce Homo", p. 71). $6 se apren- de, pois, aquilo que se est apto (de-formado) a conhecer. Aquilo que se “aguenta’, que € possivel, que se impie a ns, que nos invade € no nos abandona: “Nosso caso particular & bastante interessante: fizemos uma concepgio para poslermos viver em um 10 n “Anton Bueno de Caroeho a perce apenas o sufcienre © Gue supertamas,» supe Bp Pskr 295 alors 568) “Lies de nos Peri gests [AP 25 unis SCE ec ee eae WA Gain Cidncis”, p. 171, sfcrisma 196) aint flr-everever ~ est alem (ou ager) do ue poder a seer par lém do boron dsm woncades“E, po outro ids canee de J talents #31 mes «OCH UE DO & hy Sse apenas questio de bea vonrade, € precise cil aprenden, ee eerie aprender” Burora 265) Eo processe delerose do aprentizado, a uta contra odes. abet sen ele em que nivel for (intelectual ow nis) "Crier ~ eis Pipande Lhertagio do sofrer, eo que torna a vida eve. Ma, para que hija o criadcx, é necessério sofrimento, © muita tune formagio” "Assim Faloa Zaratustra’,p. 2) Tulves Meo Tsé-Tung aude a esclarecer — nao Tembro conde Ii, mao 0 foi durante @ milirincia universitéria, possivel- mente em algum “documento” da Aygo Popular que partisipe! quando estudente, como jé referi em outro local (*Reformas Penais ert Debate”, p. 52). Explica Mao es condigSes internat externas do saber Coloca-seabaizo de determinada temperatura, uma pera « ums coce a pada aquecerd e do ove emerged um pinto. As Coty Jigoes externas a escritura ~ sap idénticas, mas @ petcepy®? depender’ daquile que Niersche indica como o que “ele tesny Jf sabe’. Nictache alerte para Iss: “Os chamacios paradloxos do autor, 208 quis liter fiz objegto,frequentemente nfo esti0 MD livzo do autor, mas na cabega do leitor” ("Humano, Demasiac Humano’,p.123, aforisma 185). Por iso, calves, Nietzsche sentencie: “Educagéo superict € grande mimero ~ deas coisas que se contradizem ce ante’ ‘mo. Qualquer ecueagao superior pertence apenas 8 excegi:& Dreciso ser privlepindo pura ter direite tao devado priviléio ‘*Crepuisculo cos idotos”, p. 59). 2 Diteito Penal a Martciadas (Quer parecer, entio, que ninguém ensina nada a ninguém. Assim, 0 que lecionar), € fornecer algum aquecimento, nde ie pequeno que indo possa dar leurs, nem tdo forte que venha agredir, alugentar, impossitalirande a geragto de novo. wossivel embiciomar, ao escraver tin livz (ou “Mo e trata de um ir adiante ( como se & no melhor dos casos, posto. isto €, 0 escalio superior do rebanbo), mas antes de tam pode-i-poe-si eum pode. ser-de-imrouto-miods” A. Vou tae de Poder’, p.195, aforisma, 358). permitic cominbar: ms, fo apenas isso, que 0 sea sozinbo e, ainda mais, por caminhos antes nunca caminhichs. Asim, parce que o destino smdavel ddo-que precende eserever (tal como o professor) €ficar no passa aquele que aside ir adiante, mas «ida solvéria e nova ~ rornar-se superfiuo para incorporar @ pensamentn nietischianes: "Que inn- ‘porta gino, 0 le no transmite jem 0 observa e admira uma, tal Ibenlade © alture do sentimento, que ele nio mats necersita do p&nic? ~ Pazer-se supérfiuo — cis a glia de todos os grancles’ (Hamano, Demaviad> Hamano’, Ip. (5%, aforisma 407). Transformar-se saudade, algo distante, préximo de esque cimenco, des-necesstar de seguidones, assetles, de repelentes bee juladeres: “Far parte da humanidade de um mestre advert sous slunoy contra ele mesmo” ‘Aurora’, p. 231, p. 447). Em outro Iecal, ele & contundente: “Anda mais repugnantes me sio os pinc-saces; © 0 mais repugnante unimal que encontre! entee os ‘homens denominei parasta: esse ne queria amar ¢, 6 entanto, ‘queria viver de mor” ("Assim Falow Zaratustra, p. 185} Mas, 9 caminhat s6 cause desconforty para aquieles que recessitam desesperadamente de seguidores, os que prevendem ser ima de tudo e de tedos — que de tudo atraem (ow a-traem) fo sea reder: “Se damos o passe decisive ¢ tomamos 0 camni- nho denominade “prépric’, subitemente revela-se para nés um sepredcr todos, também os que nos eram préximcs ¢ amigos, imoginavamse até entéo superiores a nds ficam ofendidos. Os melhores entre eles so indulgentes, e com pecitneia aguardam 13 ion Bueno de Carell so camino cert ~ que eles conhe. secocasnes 7002 en! Os outros ombam fe samen um seo. Os wikia ae So dos nos considera seu pior aa a none ining um nim SS aurora’, 245-246, aforisma 489) Ec he que no basta ter aptid8o para caminhar Aleta Nets mats “Tet talento no bast: Sei nto mat ele no 6 meus amigo” ("Hur sen Po Humana p70 arm, 15D. ane oe es dos tus pesamentos ¢Sentimentos, imo, Peis ot aberao, un bio deacons ~ eles cha a ee Bin te coro habia cle eu corpo € cle” Assim alow Zaratusta’, p35) : Tse ques ao, sak vosas peras! Nao vos debe carey para cima, nao vos sents em costs cabegasalhcias! {Assim Falou Zaratsta’,p. 770), : Mas, pra sm daucles que precisam do “aqueciments Niesche alert para atraessadores"rende @ “aor” 0 conhecimente: ‘menor aimero posal de pessoas ene o8 espiitos produtivos {ov exits faints ereceptivos! Poi os mediadoresfalseiam uae automatcamente a nutrigdo que ansmiter: € querem, Como pagamento por sua intermediagho, muita coisa para sh fue eno € tada dos esprtes originais, produtivos: a saber, inerese,adnirag, tempo, dinheir, ete. ~ Portanto: vias o professor como ura mal necesrio, exatamente igual 20 ¢ recite: como um mal que devemos tornar o menor possvel!” ("Humano, Demasiado Humano’, Il p. 287 aforisma 282) sente enlouguecis®s mais meldosos declaram 6, mais S€ eR ‘Tudo porque “Ao vermos uma nova imagem, imediatamen” te a construfmos com ajuda de todas as experigncias que tvt ‘mos, conforme 0 grau de nossa retidio e equidade” (“A Gai Ciéneia’, p. 141, aforisma 114). 4 Direto Penal @ Marteladas Todavia, existem alguns que sfo fontes que, para criar, ne~ cessitam apenas de si mesmo: criam por si, a partir de si: “Todos (8 outtos flésofos sho sobrepensadores, historiadores daquilo que foi pensado, daqueles que pensaram, com excegio daqueles pou cos que se sustentam por si mesmos,crescem a parti de sie que ‘ho 08 inicos que merecem ser chamados de “pensaclores”. Estes pensam dia e noite e jé néo se dio mais conta, como aqueles que vive numa forja no ouvem mais o barulho das bigornas: com cles ocorre 0 mesmo que aconteceu a Newton (a quem certa vet perguntaram como ele havia chegado as suas descohertas, ¢ cle simplesmente respondeu: “Sempre pensando nisso")" (‘Sabedo- ria Para Depois de Amanha’, p. 54-55, aforisma 18 (23)). Quem sto eles? “Séo justamente os cérebros originais entre os artistas, 08 que eriam a partir de si mesmos” (“Humano, De- masiado Humano’, p. 118, n. 165) Do ponto de vista do autor, diz Jorge Luis Borues,escreve-se tum texto para se ver livre dele. O texto cresce dentro do autor, chega a tamanho insuportavel, bola de neve incontida. © sono fica tenso, confuso, agitado, suspenso. Enfim, o texto fica maior do que o proprio autor ~ perturbador, misto de amigo e inimigo. Hi necessidade de jogo para fora, para distante, o quanto mais longe melhor; que tenha vida propria; que va encontrar sossego ou angiistia em outro local Este sofrimento ~ evidente que desde minha experigneia — dura muito tempo. O texto fica sendo gestado. Vai-e-volta conti- ‘uamente: € redigido no pré-sono, nas conversas, nos momentos do nada e do tudo, em conversas imaginérias Rept: € processo gestacional dolordo. & que nio ha a dita ins- Pirago, algo que surge do-nada-que-vai-a-lugar-nenhum. HA proces- 40 seletivo de ideas: um separar joio do trigo que muitas vezes leva anos. Ou sja, muito tempo antes de escrito, o ivr jest sendo pa- Fido, O que 6 por, os pensamentos que tudo costuram no vém quan- do 0 agente quer, mas quando, teimesamente, ruminando, agitan- 4, fugindo, voltando, ele, e somente ele, quer, tal como um ditador 18 carvo Amilo Buc : santo serio des Heo, nunca me ; om Sher, que um pensamento vem quando ate Sham 2 gard ao gue um falseamen ESE REN deer o acto “eu” € a eondisio do praicado nihos alades’, como se pudéssemos té-las e também no te slas- como se algo nelas dependesse de nossa vontade, camo se também pudessemos acordar dessas nossas verdades! (Aurora, p. 236, n. 460). ‘Como consequéncia do “nada se aprende além daguilo que s¢ jf sabe" (Calvez, melhor dito: além das condigées que permi- tem), 0 escrever & em si é escolher os possives leitores. Sabe-se quem se quer que nos leia. Sabe-se qual € o desti- no: aqueles que professam as nossas verdades (ou muito préxi ‘mas), 0s nossos “iguais”, os que tém os mesmos sonhos, as mes- mas esperangas, 08 mesmos delirios, as mesmas expectativas, a ‘mesma origem do saber. Enfim, os nossos parceiros de camina dda, 0s que pensam como a gente: brilhante é aquele que pensa como nés; idiota, € 0 outro! “Toda companhia é ma, exceto @ companhia dos iguais” (‘Além do Bem e do Mal", p31). Ora, “Os semelhantes, porém, s6 so conhecidos pelos semelhantes” ("A Visio Dionisiaca do Mundo”, p. 92) Ou ironicamente: “Excetuando o préximo. - Obviamente ‘minha cabega ndo esté bem assentada sobre meus ombros; pois € not6rio que qualquer outra pessoa sabe melhor o que devo € © que néo devo fazer: apenas eu, pobre coitado, no sei me dar ‘bons conselhos. Nao somos todos nés como estdtuas em que fo- tam colocadas as cabesas erradas? ~ Nao é verdade, meu caro prdximo? ~ Mas nao, justamente vocé é a excesao” (“Humano, Demasiado Humano I”, p. 112, aforisma 238). 9 “Amiton Bucno de Corolle es, por certo, hé exclusio aque, = alids, hé até uma quase im. stura por parte dos “exclufdes" porque ocorre i fescrenga: somos 0 “outro” desse “um" 5 corna-se pesadelo de incompreenséo, de ito, do no queret (ou ndo-conseguit) entender, do olhar Nieesche esclarece seu clhar: "A questo da compreensibi. Iidade ~ No queremos apenas set compreendidos ao escrever, mas iqlmente nip ser compreendidos. De forma nenhuma cons chjesto a um liv 0 fato de uma pessoa aché-lo incompreensivel {aes iso etivesejustamente na intengo do autor ~ ele io que- ria ser compreendisio por “uma pessoa”. Todo espirito e gosto mais tobe, quando desja comunicarse,escolhe também of seus ou vVintes; ao escolhé-los, traga de igual modo a sua barreira contra “os| ‘outtos". Todas as mais sutis leis de um estilo tém af sua procedéncia: clas afastam, criam distincia, profbem “a entrada”, a compreenséo, como dis — enquanto abrem os ouvids aquees que nos sé apa- renxads pelo cuvido’ (“A Gaia Ciéncia’,p. 284, aforisma 381). Scarlett Marton acresce “é no Ambito da relagdo entre autor ¢ Tetor que Nietache situa as questoesestilisticas. Ao escolher um est, burié-lo,aprimoré-lo, 0 autor seleciona o seu let. Repele quem Ihe é estranho; atrai que & do seu feitio” ("Niets- che, Seus Leitores e Suas Leituras", p. 87). DanxoTirme, de logo, que aqui tudo é dirigido ao Direito Penal: ndo se confunda com o direito “em geral”: o local é este, Somente este, nada mais do que este. Como entendo nao ser pos oa {Got eral do direto Dizeto Penal nao deve nada 2° con pei as nada em com odio do talon ceoren esi, a, bara, assim por diante, emo oloeal page ais Pesuenos pontos de contato), quero destaest ata que € evite a relago incestuosa que tem acontecid com inerivelfregus tte fequénca:clhar 0 penal a partir de outros Fame Eo se selecionar os ouvint Jes que nio se quer que ousam consciente ristura de asco com d ‘eventual comunicaglo € Direito Penal a Marieladas ( direito, especialmente 0 civil, gerando teratbides inominsveis, . ca de se inverter, inclusive, toda a teoria do Onus da prova, ‘cinoma tebrico do discurso que ambiciona a "protesée jos direitos da vitima” no Ambito do processo pen Por certo, €5te livro nao € destinado aos perseguidores de plantio: Aqueles cujo gozo esté na destruiglo dos direitos do cic Eadao: seja ele quem for, seja qual o delito cometido. Com estes, ante a radicalizago das posigées que se assume, 0 dislogo se toma impossivel (os ouvidos fecham-se para as “verdades” do ‘outro por maior que seja 0 esforso para a abertura):€ o estranho 5 € repelido, respeitosamente repelido no plano tebrica! (Os parceitos com que pretendo dialogar sio aqueles (defen- sores, jufzes, promotores, advogados, professors, estudantes) com: prometidos com a defesa intransigente dos direitos do cidado-acu- sador repito, seja ele quem for, seia qual for o delito que tenha co- metido ou que dele tenha sido acusado. Estes slo os "selecionados” Juz raiou para mim: de companheiros necessito, de vivos ~ néo de ‘mortos ¢ cadéveres, que levo comigo para onde quero it. Mas de companheiros vivos necessito, que me sigam porque querem seguir a si mesmos ~ e para onde quero ir. Uma luz raiou para mim: que Zaratustra néo fale para 0 povo, mas para companheiros! iio deve se tornar pastor e co de um rebanho! Para attair muitos Para fora do rebanho — vim para isso” ("Assim Falou Zaratustra’, P23). Ena pégina 148, le conch “Zaratustra era um amigo de todos os que fazem longs viagens e no querem vver sem pegs’. Mas, no momento penal, a vida tem demonstrado que 0 ator Principal na cena judicidria € o advogado ou o defensor puiblico cri- ‘tinal: 0 defensor do um contra todos. Todos sabem: no momento que hé noticia de um: ‘crime, contra 0 cidadio-suspeito, tem-se toda a \strutura do Estado-administragio, via policia, que necessta encon- cculpado (6 sua fungdo); contra ele, tern-se toa a estrutura do ‘tado-acusador que, em tempos de populismo punitivo, necesita a “Amiton Buono de Caro 4o penal; contra le sc stn a eran do Pe tems todh a strike do rio faz parte itegranee wie a do esetacul ifantlizante da busca by sacionalista Peeve toda a sociedad que sonba se vingar San conta el, tem ene Treo favor umn, apenas um: 0 defensor. E este por ousar fe des, esté a softer preconceito na socieda. defender oum contrat ieee Serie de rsa ere oF préeios operadores urn ‘ina Tua ight, nde se ingest jéderorad ode, se pergunxam, ser 0 defensor do um contra todos? cles o Defensor poeriaresponser com Nietzsche: "Nés, cs outros, somos a excecdo e 0 petigo — necessitamos perene- ent de efsa!~ Bem, algo pode ser dito em favor da cep ‘rade que ea nunca deseje se tornar regra” (‘A Gaia Ciéncia’ 105, aforisma 76). Mesmo porque é-Ihes impossivel compre- ender o esmero, a dedi 2 ha preservacio 1s garantias do débil: 90 que fazemos - O que fazemos néo & jamais compréendido, mas somente elogiado e criticado” (no ‘mesmo local, p. 185), na verdade, acrescento, basicamente criti- ado, vulgarmente criticado, porgue “todos os grandes problemas cexigem o grande amor, ¢ deste so capazes somente 0s espiritos forte, redondos, seguros, que se apoiam firmemente em si mes- mos" (‘A Gaia Ciéncia’, p. 237). Exatamente por isso 0s defen- sores nio séo legitimados pela vontade da maioria, mas sim pela sua luta na preservagio dos direitos do homem. Ora, “pode-se falar muito adequadamente e, no entanto, de maneira que todo ‘mundo grite o contréro: isso ocorre quando nao se fala para todo mundo” "Humano, Demasiado Humano’,p. 18, v. 295), Jo como desamano, cruel, quase fainora: 0 def ‘sor de bandidos! Mas, “a coragem mais elevada do homem Cognos Cente niio se mostra nos momentos em que ele desperta espanto ‘modo, mas naqueles em que ele deve ser percebido pelos homers Ce emecentes como superficial inferior, covande eindifrent abedoria Para Depois de Amana’, p. 130, aforisma 4(69)- facer presente, Direito Penal a Marteladas E quanto mais se supera, quanto mais se humaniza pela con taminagao da dor do outro (nada mais que o sirde-si para encon- trar-a-simesmo), quanto mais se toma tecnicamente competente, melhor se & defensor de "sua excelénca, 0 réu”(deulo e arrogante adgio da igncrincia penal), “quanto mais nos elevames, menores pa- receros Aquees que no sabem voas” (Sabedoria Para Depois de ‘Amanha”,p. 152, aforisma 73, , “Aurora, p. 283, aforisma, 57) E que a contaminagio pela dor do outro, enquanto outro, di- ficilmentealeanga o jurista envolvido pelo vulgar senso comum forma mais baa de captagio dos eonceitos- principalmente aquele «que atua coma ligica do poder eno dos dretcs do homem: "para ‘ohomem comum, coidiano, o valor da vida bacia-se apenas no fato Ge cle se tomar por mais importante que o mundo. A grande falta de imaginago de que sofre fa: com que no possa colocar-e na pele de outros sre, e em virtue disso participa 0 menos possvel de seus destinos edissabores" (‘Humano Demasiado Humano’,p. 38). Evidente que ha sofrimento em nfo-estar-coma-maioria-dos- -ditos-bons: "Too ofcio, mesmo tendo uma base de ouro, tem tam bbém sobre sium teto de chumbo, que pressiona e comprime a alma até que ela fique estrana e tora”. “quem & senhor do seu mister aga o prego de ser também sua vitima” (‘A Gaia Ciéncia’, p. 268) De onde, entio, vem seu gozo? “O homem de alma elevada rio & dado a admirar, pois o maior jf lhe é prio e familiar, nfo hd nada grande para ele. Os bens externos, a riquesa, o poder no contam para ele, nfo possuem valor préprio, mas sfo tts apenas para algo melhor. O individuo elevado, a quem a admi- ragio 36 pode ser expressa mediante a veneragéo, nio se alegra especialmente por essas honras (pois elas sio sempre muito pe- (, 129-230, aforisma 5 (82 ‘No aforisma soguinte (3, p. 66), Nietzsche reconece que “o anais raco também tem direitos, mas menores. Daf o famoso unus- guisque tantum juris habet, quantum potentia vale [cada um tem a justiga quanro vale seu poder] (04, mais precisamente: quan- tur [quanto se acredita valor seu poder)" a desigualdade que ocorre nd Dirt Penal uma guerra covarde se estabelece do todo contra 0 um - 0 sistema necessita de um fortiicado arcabougo protetor do détil que, por sua extensio diferencia, rorna-se impossivel tomar tudo isonémi- co. Ava necesidade da presenga de agente “igualizadon” é agress “va, expetacula, decisiva:loeal que néo & destinado para qualquer um Por iso, estou a entender que os Defensores Pablicos devem gozar de todas as garantias que alcanca a propria Magistrature snamovibildade,iredunbilidade de vencimento e vitaliciedade, ude, a final, pra que o Defensor sj ive, mas qual o sentido da iberdade? Para que avaidade pequeno burguesa se faga presente! (Ora, Nietasche orienta: “Livre de qué? Que importa isso a Zaratusra ‘Mas teus olbos me devem claramente dizer: live para qué?” (AS- sin Flow Zaratst ps 61)-Ouso spend: pra pogo do Sl Ora, Defensor deve carregar muito do sofrimento alheio ~¢ 8 dor que nos invade, queiramos ou no, em nés permanece para sempre: "Mas apenas o homem é fardo para si mesmo! Isso pot ue carrega nos ombros muitas coisas alheias. Tal como o camel No livro “Sal Dirito Penal a Marteladas pée-se de jose deixa que o carreguem bastante” Assim Fa Jou Zaratusta’ p. 184). Logo, deve ser proregido para protege F Imagine-se 0 grau de dificuldade quando se sabe do quanto & problematico lutar contra o poder, como jéo debati em outro local (CEles, os Jutes Criminais, Vistes Nés, os Jufzes Criminais’ . 16), ce Nieteche slerta para que *Paga-se caro por chegar ao poder: 0 poder imbeciliza” (*Crepusculo dos Idolos’, p. 55), 0 que pode evar, na imbecilizagéo, uma relagfo incestuosa da defesa com o poder, com 0 “negociat” os direitos do acusado, pelo “respeito € obediéncia & autoridade, mesmo & autoridade tora! Assim pede © bom sono. Que fazer, se 0 poder gosta de caminhar sobre per- nas tortas” (‘Assim Falava Zaratustra,p. 30): 0 poder da Defesa 6 sua inexistincia de poder como possbiidade de buscar limitar ‘ poder que, como ensina desde muito Ferrajl, tend sempre e sempre ao abuso ~ als, todas as conguistas dos Direitos Huma- nos 0 foram na busca de docilizar o poder, humanisé-l, reduzit, seus espagos de arbtrio: 0 contraditSrio, a ampla defess, oj ‘equidistante, a publicidade dos atos processuais, tem esse condo © cuidado para evitar dita relagfo incestuosa (exemple Permitirrealizagio audiéncia sem a presenga de réu preso e se comprometer em nao alegar a nulidade; nao se fazer presente & solenidade e tudo firmar depois; permitir que a acusagio no se faga presente e assine o termo posteriormente; pode-se chegar 0 infnito com exemplos de desonestidade suprema) esté em que “Todos querem chegar ao trono: esta é sua loucura ~ como se a felicidade estivesse no trono! Com frequéncia a lama se acha ro trono~ e, também com frequéncia, 0 trono se acha na lama” (Assim Falou Zaratustra’, p. 50), “pois o ser cruel desfruta 0 supremo gozo de poder” e “a crueldade esté entre as mais velhas alegras festivas da humanidade” (‘Aurora’,p. 24-25, n. 18). E sabemos ~ nés que atuamos na cena do judicério ~ como se identifica a maoria daqueles que se encontram no “fone, que necessitam do “tronc”, que suas vidas se resumem no “trone": “um hhomem sublime avistei hoje, um solene, um penitente do espitto: 7 “Aiton Buen de Carlie jura! Com peito erguido e se. ch, como rit minha ans Oe asim estava ele, o sublime, rmelhante acuees due ri perdades, seu butim de cag € ico em emsilncios rade de 25 ver hos também hava nele — ma vestments es {Assim Falou Zaratustra’ p11), Te “Aurora, 0 fiésofo sponta. 0 diaboTico qu explode Fe eer ne ene a 8 DEC FPS PP aereme e sempre, de servos, de obedientes mdi do a cms, nem a big lo, 0 emi dy Pees pa amor oo pose” (p175, alorisms 26 SEmitas vere, 0 nar defensivo & #80 imitado na prote A righ com feequencia, com incrvel frequencia, jf se Fae sce logo, que 0 resultado do processo penal ser o de Serclenayao~— que quase tudo fica reduzido a0 estar junto com 0 soa adn durante oeepetéclo grOFECO qUe See telece ro teamite processual — quem foi réu ou testemunha tem Ciencia do que é fazer parte de uma audincia criminal ~, algo como un estranho-familiar (*unheimilich", como me ensinou hoje psicanalista Cyro Marcos da Silva), “que fara “temperanga” familiar Aquele que no ato é abandonado: o réu, Um necessério apoio indispensdvel Aquele que vem prestar ‘contas de seu ato perante o Estado-Juiz: cidado com a prote Ho constitucional” (*Reformas Penais em Debate”, p. 63). Tudo para que a dor seja menor, minimamente suportével pelo “hu- mano, demasiado humano”, para usar a expresséo nietaschiana, “nietzschiana, demasiado nietzschiana". Nietzsche, ao trarar de “os pensamentos acerca da doenga’, aponta para essa limitagao, mas que & grandiosa porquanto & 0 ue se pode fezer (im, no jogo democrtico se perde também € com que frequéncia): “Tranquilizar a imaginag&o do doente Derren mes camo a gern ele no sfra mals coms tarefa!” ("Aurora’, p. 46, aforisma 54). gio d 2B Direito Penal a Mnrteladas Além do estar ao lado do perseguido, talver reste 0 nfo- -silenciar, o denunciar 0 sofrimento que espera 0 cidado nas in- onstitucionais medievais masmorras que The aguordam: “Fale- mos disso, 6 s4bios entre todos, embora seja desagradavel. Silen- ciar € pior: todas as verdades silenciadas tornam-se venenosas” (Assim Falou Zaratustra’, p. 111). E que “Todas as exigencias cessenciais devem ser colocadas com uma clareza brutal, isto cexageradas milhares de vezes” (‘A Vontade de Poder", p. 142, aforisma 237), na esperanga de que alguém um dia possa ouvir. Mais direto, mais preciso, mais contundente? “Nao bas- ta ~ Nao basta provar uma coisa, € preciso também mover ou clovar as pessoas até ela. Por isso, aquele que sabe deve aprender 1 dizer sua sabedoria: ¢, com frequéncia, de modo que ela soe como uma tolice!” (‘Aurora’, p. 197, aforisma 330). Nao ¢ isso que ocorre seguidamente? Parece que Nietasche incorporou sa- biamente a angiistia daquele que milita como defensor.. Mesmo porque a dita autoridade nfo suporta ser questio- nada: cla quer mandar (36 hé o “mandante” se existir 0 “obe- diente") —*..na presenga da moral, como diante de toda auto- ridade, nfo se deve pensar, menos ainda falar: af ~ se obedece! Desde que o mundo é mundo, autoridade nenhuma se dispds a ser alvo de critica” (‘Aurora’, p.10). ‘Ou seja, como quer Selo, uima politica de redugio de da- ns: fue vt ster, o que se pode fazer para que dor sja ‘© mfnimo possivel ~ que © gozo neurbtico do perseguidor seja reduzido ao limite do suportavel. x : A consciéncia, portanto, dos limites defensivos neste mo- mento histérico: "Na prisio. - Minha vista, sja forte ot fraca, cenxerga apenas a uma certa distincia, e neste espago eu vivo € ajo, a linha deste horizonte & meu destino imediato, pequeno ou ‘rande, a que nfo posso escapat” ("Aurora’,p. 90, aforisma 117). E inevitével: com muita crueldade humana ha que se con- todos absoluramente todos somos humanos, mi ons 0 ainda “mais humans’: “Também heroico. - Realizar coisas de 29 “Amiton Bueno de Carealho sc quais nfo se ous falar, MAS QUE S80 Greig das gag heroico. OS BFEGOS NBO se enver ve as maiores trabalhos de Hércules g (CAurora’, p. 226, aforisma 432). °: ‘meio-dia: o humano jé ultrapas. Sikotomens ev ahaa de nunca winds doslém-do-homen e buscar superar o homem: vivemes te asf difrenga” CNitsche’, Ullrich Haase, p. 115) Para Nietsche — ou agule-que-eu-percebodele ~ 0 grande intiovte do memento de soo de profundo séncio, de recalhi- reno da rcipergio das foras da busca de novo folego, de descany pane se dno meio-de-caminhada quando jé muito se colheu ~ a Shoo setmo-di do descano divino aps todo trabalho de cra ‘o mundo —e hé muita pas e felicidade. E apds leve recuperaclo, pe Cbs que muito hi por fazer Chinda vos resta boa parte do a tho’): sabe-se o que se fer, tem-se consciéncia do que se caminhou, a lucide: de tuo se faz presente porque 0 sol do meio-dia permite que ‘tudo fique mais claro, porém a conscincia do que hii por fazer impae ‘mediato despertar: um “acordar por inteira” — apenas estamos no aio do caminho (vet “Assim Falou Z p.261 a 264). “Por cuto lado, os grandes configuradores, através da foe dea vontade riadora, devem por um fim & histéria do acaso que ‘Vigorou até agora; eles devem antes de tudo fornecer uma meta 4 bistria. Assim, essa hora sera “o grande meio-dia® “em que o ho mem esténo meio docaminho entre o animal eo além-do-homems ¢ festeja sou caminho para a noite como sua suiprema esperanga’ De fato, esse caminho para a noite leva ao declinio do homes thas cle é, ao mesmo tempo, transigéo para uma “nova manba Mang temo homem comesa a vive” (Nietche’, Wolfe ler-Lauter,p. 289, e “Assim Falou Zaratustra’ p 76). Em outro momento, muito mau cheiro, fe necesséias ~ isso tam gonharam de incluit ent Jimpeca de um estabullo” a Nietsche € mais incisivo e claro: “E 8rande meio-dia: quando © homem se acha no mei? 30 Dirito Penal a Marteladas sua rota, entre animal ¢ super-homem, ¢ celebra seu caminho para a noite como a sua mais alta esperanga; pois € o caminho para uma nova manha” ("Assim Falou Zaratustra’, p. 76). (O grande meio-dia oaquie agora, fundante da lua na prepara- go do homem do amanha, mas que € construido no agora, a trans- formagio no combate € pelo combate, ono passividade: “Mas para todos eles estd cheyando o dia, a transformago, a espada da justga, o grande meio-dia: muita coisa seré ento revelada! E quem proclama 0 Eu sadioe sagrado e o egofsmo bem-aventurado, em verdade também proclama aquilo que sabe e profetiza: “Ve, cle esta chegando, ele esté prGximo, o grande meio-dia’!” (Assim Falou Zaratustra’, p. 182). 'Nés jurstas nfo-iguais & maioria temos claro o momento ca- Stico que se faz presente no Ambito penal: seja no que diz com a legislagio, seja material (pan-penalismo), processual (redutor das garantias) ou da execugio (encarceramento massivo, recheado de ilegalidade e agressiva desumanidade prisional); seja no Ambito dda irracional persecucfo penal e de um ativismo jurisdicional as avessas do preconizado pelo movimento do direito alternative: ju- foes que se entendem integrantes do aparato repressivo do Estado perseguidores préximos da irracionalidade, com ataque até aos rincipios mais cléssicos e ent&o legitimadores do Direito Penal. Entio, a busca de novos trilhos a seguir €o que clama no presente: “Foi também 1 que recolhi do caminho a palavra “super-homem’, e que o homem algo que tem que ser supera- do, - que o homem € uma ponte ¢ néo um fim: declarando-se bbem-aventurado por seu meio-dia e entardecer, como o caminho Para novas auroras: - a palavra de Zaratustra do grande meio- dia, e © que mais suspendi sobre os homens, como segundas auroras purpireas” (“Assim Falou Zaratustra’, p. 189) (O grande meio-dia é a hora dai Tilltancia: “Nao| ‘temos nenhum direito de viver hoje se nao formos militantes, nilitantes que preparam um século vindouro, do qual pode- mos adivinhar alguma coisa em nds através de nossos melhores instantes: pois esses instantes afastam-nos do espirito de nosso 31 mn Bueno de Carvalho ‘Amilo ses sentimotslgo ds TEMPOS que vir 4 ente” ("Wagner em B; ten sedacao ao presente” ("Wagner em Bayrey, Sa Hartmann Cavalcanti, p27), Te Bcce Homo’, Nietsche j6 apontava para a miltin ano ree evil apenat do vivido, ndo meramente de a andtese pensativiver no existe em mim, Minhs ce a patit da minha préxis" (P. 161-162). Ou mais ‘compos em tais insta seen cee tNao ever com dust medidas! .. No separate shia pritiga” (Sabedoria Para Depois de Amana’, p, 260). “Falver seja uma forma de dar sentido & vide que, segunds Nietische nio tem sentido, daf porque a ela se deve dar sentide: Os individuoss6 podem viver uma vida que vale a pena quando amadurecem para a morte e se sacrificam em sua luta pela justiga " (“Wagner em Bayreuth’, p. 65). Sentido que os ndo-iguais por certo no compreendem = 2 ‘questio que 20 *homem de rebanho” assalta é saber onde estariam ‘0s ganhos pessoais, mas estes, os ganhos, esto em ser “ponte” nt humanizagio do presente na preparagio para.a vinda do homem d> ‘amanhi, o além-do-homem nietaschiano: “As naturezas vulgare: todos os sentimentos nobres e magndnimos parecem desproposit= dose, por iso, inacreditveis: elas piscam os olhos ao ouwit falar tais coisas, como se quisessem dizer: “Alguma vantagem deve ex tirnisso, ndo podemos enxergar através das paredes” ~ desconfiat daquele que & nobre, como se ele buscasse 0 proveito por eaminb* sinuosos. Sendo convencidas de que nio hd intengiws ¢ gabe Pessonis, em omobre como uma especie de tolo: desprezam-ne % alegria que demonstra eriem do brilho de seu olhar: "Como pose algutm se alegrar por estar em desvantagem, como se pode ave" fearem desantagem tendo o los abertost A afeigfo note estar nda a uma doenga da rasio”~ assim pensam elas, ob Com menosprezo: tal como menospresam a alegria que 0 ins derivade sua idoia fixa” Gaia Ciéncia’, p. 55) a Osrande meio-diaexige, mesmo no hoje, compromiss° ot futuro, rem como seu campo de batalha aqueles que Pe Direito Penal a Marteladas no hoje - mantenga das coisas exatamente como estio: “Cada ‘vex mais quer me parecer que o filésofo, sendo por necessidade um homem do amanha e do depois de amanha, sempre se achou fe teve de se achar em contradig3o com o seu hoje: seu inimigo sempre foi 0 ideal de hoje". “encontraram sua tarefa, sua dura, indesejada, inescapével tarefa, mas afinal também a grandeca de sua tarefa, em ser a mé consciéncia do seu tempo. Colocando a faca no peito das virtudes do tempo, para vivisseecioné-lo, delataram o seu proprio segredo: saber de uma nova grande do homem, de um caminho nio trilhado para o seu engrande mento” ("Além do Bem e do Mal’, p. 106). Por isso, 0 compromisso com 0 futuro, realizado no hoje, nos transforma, no meio-dia, em mero caminho para o além- -do-homem: “Sois apenas pontes: que homens superiores vos transponham! Sois degraus: néo vos itritcis com aquele que sobe até sua altura, acima de vis" (‘Assim Falou Zaratustra’ P.268) —nao somos o fim, resultado da histéria, mas tentativa de construtores do amanhé-no-hoje, buscando @ superagao do hhomem fincado exclusivamente no hoje: “Superai esses senhores do agora, 6 irmaos, - essas pessoas pequenas: elas sfo 0 maior perigo para o super-homem"” (mesmo local, p. 273). ‘Ora, tudo porque o homem € algo que deve ser superado, “o ser humano € uma criatiira em transigio. Ainda se move entre © tacaco do qual se origina eo além-do-homem que talve: venha ase tomar. © que 6 o macaco para o ser humano: uma risada ou uma vergonha dolorida. E exatamente isso 0 set humano deve ser Para o além-do-homem: uma risada, ou uma vergonha dolorida” (Nietasche — Biografia de uma Trapédia’, Riidiger Safranski, p.238). Sim, © grande meio-dia impde homens do amanha, mes- ™o que, por agora, incompreendidos, tidos por exsticos, sonha- loes, inconsequentes: “Homens péstumos ~ eu, por exerplo ~ S80 menos compreendidos do que os temporneos, mas mais Cuvidos. Mais precisamente: nao somos jamais compreendi- os ~ dat nossa autoridade” ("Crepasculo dos idolos’, p. 11, 3 “itn Bueno de carelio 9, se exige uma fortaleza para tudo a To ha que ter necessidade de ser fort {ae jamais chegamos a 58-10" (02 P- 89, aforisma 38). ere, em verdad, nfo nos sentemos CONfOrwes com > em MS pumano no pode ser i880, N&O & isso! — gy “fs euperagao do que se nos impde Como vid, ‘como poderiamos nos sentir em casa ne, etine! Somos avesos ats os ideals que pedeiam lev am asentise a vontade mesmo nese frie faco tempodg renin, no que roca 2 suas “ealidades”, porém, nfo acredita, avcne tenkam duracao” (A Gaia Ciencia’, p. 280). "E como se comprometer com o amanhi, dele ser um pre cursog um adiantador: “O abengoada hora do raio! O mist sotes do mciovdia! ~ Um dia farei deles fogos galopantes e ara tos com inguas de fogo:- deverdo anunciar um dia, com linguas de foo: Esta chegando, esta préximo o grande meio-dial” ‘As. sim Falou Zaratustra’, 164), enfim "Como nos comprometeme hoje em dia? Tendo coeréncia. Andando em linha rera. Falando coisas que admirem menos de cinco sentidos. Sendo genuines’ (*Crepisculo dos Ldolos’, p.73, aforisma 18). Cuidado, porém, muito cuidado, "Nada me parece hoje mais raro e mais precios: do que a retidao”e "Nada queteis acima de vossa capacidade: hi uma maligna felsidade naqueles que querem acima de sua cape cidade” (‘Assim Falou Zaratustra’, p. 275). ‘Mas, 0 amanhi € construido aqui e agora (@ nosso compro: isso vital, como operadores jurdicos, & com a justiga que se fs# Presente neste caso concreto ( direito € destinado a resolver proble ‘as: rescvero justo aqui e agora) que pode ser um “nada” aparet” Xe mas €0 “do "uo" para 0 cidadéo que sofre a persons bray como para os seus (familiares, amigos), porque o mito dé aero cove ultrapassar a pena do acusado € apenas mit ake Crea seas gue so akangadas por ume conde Per nao ear lise, ppria hhumanided® presente — nO, ‘a razao da busca *N6s filhos do futuro, 880 césmica ("A Gaia Dieito Penal a Marteladas (© momento reelizado no est num futuro, mas sempre cextb af, & preciso apenas agarré-o, aprendendo a sr inteiramen- ee presente, espritualmente presente.” natureza dé um salto Seralegria no ser humano quando supera a ilusto do objetivo, ey cer humano, despertando para a consciéneia, percebe que Sie préprio € 0 objetivo e 0 tempo do instante” ("Nietzsche — Biografia de uma Tragélia’, Rodiger Safranski, p. 103-104), € 0 ‘amor fati (amor a0 destino) que fala Nietzsche, a vivencia do momento como se tivesse que repetir para todo o sempre: 0 ‘trerno-retorno-do-mesmo ~ "Minha formula para a grandeza no homem é oamor fati: ndo querer ter nada de diferente, nem para frente, nem para ts, por toda a eternidade... Néo apenas supor- tar aquilo que € necessério, muito menos dissimulé-lo ~ todo 0 {dealismo € falsidade diante daquilo que € necessério -, mas sim ‘amé-lo..” ("Ecce Homo”, p. 67-68). “0 fato de cada momento retornar devers conferir dignida- de do eterng a0 aqui e agora. Em tudo 0 que fazemos devemos perguntar: E assim que farei isso incontaveis vezes? (9,46). ‘Nietzsche, que quer superar 0 “tu deves’, mesmo assim aqui ensi- nna um novo “tu deves”: Deves viver o momento de modo tal que ele possa retornar sem Ihe causar horror’, enfim, *viver “como se" todo momento fosse eterno, porque eternamente retornara” (Radiger Safranski, na obra retro citada, p. 212). Ullrich Haase diz que: “Poderfamos, entdo, eformular 0 impe- rativo categérico na linguagem do eterno retorno do mesmo: “Aja de acordo com uma maxima acerca da qual voc possa querer, 20 mesmo tempo, que ela se torne uma lei para toda a sua eternidade’, quer dizer, “ja, entZo, de tal modo que voc’ possa querer essa agS0 repetidamente por todo a eternidade” ~ “Nietzsche’ p, 130. Mas 0 eterno-retorno-do-mesmo nietaschiano néo deve, Segundo seu proprio olhar, ser confundido com um imperative categérico, ao estilo kantiano: este, metafisico; aquele, uma vir i jancia", p. 223, n. 335, ¢ Céline Denat, “Nietssche, Pensador da Historia’, p. 136, “in” “Nietzsche um francés” entre Franceses”, org. Scarlett Marton). 35 “Amiton Bueno de Coralie «anim? Por que tamanka insaisQgS0 com g ie fetantas dereotas € QUE} SO Previame, + gnciadas pelo “saber” emergente do sens, ns prt ut que mas mais Edo que 8 lta pelo, coma por Pe comente porque &©€ asim, NO $6 Conseay aan por mais queso quia, se€0que se 6 € nada mai Se ere reeonhecer que “um pensamento Se aPresenta quando if ees Gove” quero" Scarlett Marton, *Nietsche, was, oie ea, aconseqpinca de um proces ong, Te aprendizad, de acdmulo de (dessaber e de crescimento ~ todas ts derotas previsiveis,algumas tenues vitérias $50 ees ~ ne “86 tardiamente tem-se coragem para aquilo que se ue (A Vontade de Poder’ p. 37, aforisma 25), “Tudo porque o homem & construido: “a liberdade no é algo «que reeebemos como uma dédiva, que o homem livre se fz por 51 mesmo a0 se confrontar com perguntas sobre o sentido de sua existéncia e perceber que ninguém, a nao ser ele préprio, pode respondé-las, O sentido nfo esta dado no mundo, mas deve ser canstrudo por cada individuo a posteriori, ao longo de sua tr- jet6ria, estabelecendo a meta e os fins de sua existéncia” (Anna Hartmann Cavalcanti, na introdug4o de “Wagner em Bayrei- th’, p25). Ou seja, esta é a meta que conseguimos propor pare nossa vida: a defesa intransigente dos direitos do cidadao-réu seja ele quem for, seja qual odelito que se Ihe impute. “0 individvo€ algo inteiramente novo e criador do nov, the sich todas as agdes dizem respeito inteiramente a ele Chale pare sus ages, o indivi a retra em ‘élima ins sree mest pois ele também deve interpretar paras pie ate individual, as palavras legadas pela tt nterpretagao das férmulas € pessoal, mesn? ue ele nio erie também novas fSrmulas: como i sone Wee, 08 femulas: como inérpet, Poder’ p. 382, aforisma 767 Pen wo por Nang fomem do grande meio-dia, & aquele desc “ce; no “Escritos Sobre Direito”: “O homem & 36 Por que 5 toe! Por que tanta Iu te sabidas porquanto at Ditreito Penal « Marteladas vontade forte: I] vé claramente o fim; 2] confia na sua forga, pelo menos para encontrar os meios; 3] segue as suas ideias mais do que as dos outros; 4] nao cansa facilmente, e no cansago a0 seus objetivos néo se esfumam. Ele é um alpinista experientes 5] nfo se assusta facilmente nem frequentemente. Portanto, este tipo de liberdade que encontramos nele & a determinagao e a forga do querer.” (IIL. 2 42(25]442).. Nasuma, Nietzsche, no poema "Do Alto des Montes” (‘Alem do Bem e do Mal’, p. 181), festeja a vinda do meio-di: *O meio-dia da vida! Tempo festive! jardim do verso! Inguieta ventura em se deter, atentar e esperar: = Pelos amigos aguardo, dia e noite dispostos, ‘Onde esto, amigos? Venham! £ tempo! £ tempo!” E.20s que quiseram saber qual o andar a ser percorrido, assim falou Zaratustra: “Este — € 0 meu caminho, - qual é 0 voss0?", assim respondi aos que me perguntaram pelo “caminho". Pois 0 caminho ~ nao existe!” ("Assim Falou Zaratustra’, p. 186). “Exta € aminha manhi, o meu dia raiou: sobe, entio, sobe, 6 grande meio-dia’ e Zaratustra deixa sua caverna... (p. 311). 37 V. Nietzsche abolicionista “Capa. ~ Embora os mais prspicases judes das bres, € até as bruxas mesmas,esivesse convencidos da culpa de bre- aria, esa culpa nao existia. O mesmo acontece com toda culpa” (‘A Guia Ciencia’ p. 182 oferisma 250). Sou abolicionista ~ aqui entendlido e de logo quero fazer acor- do seméntico com o leitor: abolicionista no sentido de que nao deve existir pena a ser cumprida em presidio, ou soja, doravante 280 se ler “abolicionismo, abolicioniste’, se entenda: nao A cadei Evidente que tenho conscigncia da dificuklade de defender cesta posigo neste momento da histéria, A dofesa, neste tempo som- brio, em que o grande meio-dha se faz presente a consolidar a morte de um modelo e apontar para a vinda de um novo, se dé no plano tedrico — toda a interpretagio tem como limite a suportabilidade social em determinado momento da sua caminhada, Na verdade, into hé possibidade de uma atuagd0 que isente qualquer agente ue pratique algum ato tpitificado penalmente do resultado pris. Assim, a utopia tem sido na diregao abolicionista: o olhar do presente, 0 atuar no presente com um pé no futuro ~ a ndo punigio carcersria. Aliso professor Bogo Chies, da Pontificia Universidade Carélica de Pelotas, muito utiliza do aforisma pre- cioso (de tho precioso que faz parte do pensamento penal e de tal maneira repetido ao ponto de nao se ter clara a autoria): “somos abolicionistas ut6picos ¢ garantistas tépicos". Penso que o aforis- ma atinge 0 conceito possivel no hoje (certo que Nietzsche que quer sejamos homens do amanha, do depois-de-amanha): este € nosso limite temporal: atuar no penal-cércere no buscando legitimé-lo mas sonhando destruf-lo, dinamité-lo, um Direito Penal critico que ambiciona seu desaparecimento. “milton Bueno de Carcalie hho me parece que € 0 COMUM entre og ro que rodes s80 minimalistas — gue, co (ais, € sua eléssica concep) do teal ultima ratio € nfo mery ( Prspima ratio: quando 08 OULFOS campos do dir ca ociedade no derem conta do fensmeno e na protecg, oe ae vente de bens indisponiveis, fundamentais. Minimo qs. ‘no e nao minimo maximo com o discurso como se todo comportamen Alig, tal son nalistas criticos: (a fim direito penal nani se faga presente como se! uni sae ar janificar o maxim, iim tal” merece ser aleangedo peas meee eat oria é fantéstica. penais: a hipacrisia persecutsr Como o Direito Penal, em se discurso pseudo -justificadee € um campo muito fértil para disputas no campo ideolégieg - no sentido de mundivisao -, transforma-se em ramo do direit, ‘muito atrelado a disputa politica: sua politizagao é agressiva, sei, 8 dircita, seja& esquerda ~ nfo ha plataforma eleitoral ou eleie reira que nfo aleance o discurso penal Entfo, a discussio penal sai da academia — local anterior rente a cla reservado ~ e invade a sociedade ~ com o apropri dos meios de comunicagao de massa — tornando todo e qualquer © cidadao legitimado a proferir jufzos sobre o Direito Penal: to dos tém respostas prontas, definitivas, “brilhantes”, “criativas, “vetdades insofismaveis” em torno da criminalidade (seja real seja imagindria) e da solugio que a ela se deve dar. 16 no que diz com 0 atuar dos envolvidos no saber penal, n: campo da teoria e da pritica, até como consequéncia daguilos ‘ina sociedade civil (os juristas sao chamados, como nunca ante: © foram, com incrivel frequéncia para debater o tema em progt ‘mas jornalisticos), hé profunda disputa em busea da hegemonia Imuitas vezes agressiva, com efeitos priticos na vida profission & alguns agentes, principalmente daqueles que fazem parte ‘sstrutura burocrética do Estado: Juizes, Promotores, Defensote Hé‘um profesar verlaes que se excluem ~ aqui, propos ‘mente procurando se didtico, sere maniqueisea fae raleploe 0 Direito Penal a Marteladas dois movimentos opostos, radicalmente opostos, onde a possibilidade de convivéncia, quer me parecer, é impossitilitada: de um lado, o movimento leie-ordem € de outro o movimento abolicionista. Os integrantes do movimento da Teicordem, por certo, S80 pessoas que acreditam no Direito Penal-prisional como resposta sadia ao fendmeno da violéncia. De outro, estdo os abolicionis- tas. Ou seia, do tudo penal ao nada penal. ‘No senso comum, por todos sabido, o que impera é 0 mo- vvimento lei-ordem, inclusive na academia (muitas vezes pessoas «que negam sé-lo, tém prética que € reveladora do “amor paixio” pelo Direito Penal). Mas, nao € um imperar qualquer, € uma ex- plosiva maioria, algo como uma pentecostalizagio da verdade Punitivista (na sociedade civil ~ e sua orientadora intelectual, a imprensa - € possfvel estar préximo da unanimidade). ‘Ao contrério de que se possa pensar nfo seria apenas direi- ta-penal, chega-se até a esquerdsa, j6 conhecida como esquerda punitiva, Esté-se a ver que néo estou sendo imparcial: primeiro, ‘Porque no acredito em imparcialidade no campo dos valores e, segundo, porque nfo quero ser imparcial! © movimento let-ordem emerge da dramatizagio da vielén- cia ~ vista como espeticulo — gerangho 0 ti solidando um Estado policialesco,/Com « erenga penal-cércere> kairo que se tem denominado Direito Penal do Terror: todos, absolutamente todos, dentro deste modelo, sio, foram ou serao de. linquentes (ali, ainda no cone pessoa que nfo tenha cometido. slit, estou, como Demestenes, com a lanterna acesa em procura do "puro", do “bon”. Em muitas falas, tenbo ironizado: em alguns locals ocorre um cenério surreal: o juiz delinquente dé presenga, em auudiéneia, a um promotor delinguente que esté nusente na solenida- de, com a conivéncia de um advogado delinguente; e nenhum deles (ou seja, n6s) € delinquente, delinguente é o réu que furtou alguma coisa em alum supermercado ~a hipocrisia em seu x Nietuche stent Equilibrio. O ban- ddido € 0 chefe poderoso que promete a uma comunidade proteg’- a “milton Bueno de Caroalie . ente seres no fundo total sido sho verdadeiramen' alg, “a deste badd seguro 88628 U8 Vase re pares te do primeiro, quer dizer, pelos tribunais regulare, rentemente do arose nao mais Por espoliages” a comunid eT forse IL? VS 22), aoa mesa ca, 208, aforisa IV 31751349: Enfin, sna cm qe o prover de mortesnumetosas& mas fing ee san seria predho execu tedos ¢ principe, oe ores populares ¢ 08 jornalistas que provocaser a vem uma guerra: eu penso naturalmMente nas guery onder que no hé guerra injustas” CBseritg e recome Fnjustas, mas vo me FSP Mais: “Légica no roubo. Poder ser ladrao. - Todos querer comprar pelo menor prego possivel: quer dizer, cada um roubs Seu proximo engquanto for necessério pra este tiltimo se deine: roubar” (mesmo local, p. 219, aforisma V 12[204]480).. ‘Ainda mais: “Um espirito generoso sempre cometeu todo, ‘8 crimes; se isto se traduz juridicamente ou nao, depende & brandura e da fraqueza da época. Mas que se pense em Luter: etc, E Cristo ~ que fazia queimar no inferno aqueles que nio amavam!" (idem, p. 267, aforisma X 25|259]93-94). Em”A Vontade de Poder” assim ofildsofo expe: “Quem & 1s, inclinado peas circunsténcins,j4 nao teria percorrido tol sorte de crimes! .. Nao se deve por isso dizer: “tu nunca deveria ter feito isso e aquilo”, mas apenas: “como & tenha feito sso ji uma centena de vezes’. - Por fim, pouguissima: agies sG0 agbes tipicas ¢ abreviaturas efetivas de uma pessoa: « considerando qui pouco pessoa so os muitos, um homen far ‘mente earacteriza-se por uma tinica ago” (p. [4], n. 325). Na obra “Aurora” cle questiona: “De que somos capa:es) ~ Um homem foi téo atormentado, © dia inteiro, pelo filho ruir ¢ degenerado, que no fim da tarde 0 matou e, respirando al viado, disse ao resto da famslia: “Bom! Agora podemos dorm sessegalos!", - Quem sabe a que poderiam nos levar as circu tancias!” ~ p. 198, aforisma 336, tranho que eu ni 2 Direito Penal a Marteladas Nietzsche na “Genealogia da Moral”, explica como se dé a confusa relacio entre os processadores e os acusadas, gerando ine compreensibilidacle para estes: "Nao subestimemos em que medida 1 visdo dos proceslimentosjudicinis e executivos impede 0 crimino- s0 de sentir seu ato, seu género de agio, como repreensivel em si: pois ele vé 0 mesmo género de agies praticado a servigo da justiga, aprovado € praticado com boa conscigncia: espionagem, fraud, uso de armadilhas, suborno, toda essa arte capciosa € trabalhosa dos policiais e acusadores, e mais aguilo feito por principio, sem © afeto sequer para desculpar, roubo, viola, difamagao, apr sionamento, assassfnio, tortura, tuo proprio dos diversos tipos de castigo — ages de modo algum reprovadas em si pelos juizes, mas ‘apenas em certo aspecto € utilizagio pritica” (p. 65, n. 14). Alliés, sabe-se desde muito, nem toda tpificagio delitiva con- figura o “mal”, muitas vezes & exercicio da propria liberdade cuja intimidade nfo permite invasio. Nietzsche disse: "J os gregos tavam mais priximos da nogio de que também o delito pode ser dligno ~ até 0 roubo, como no caso de Prometeu, até a matanga de gado como expresso de uma louca inveja, como fee Ajax: em sua necessidade de atribuir e incorporar dignidade ao delito, os gre fs inventaram a tragédia — uma arte e um prazer a que os juceus Permaneceram profundamente alheios, apesar de todo o seu dom postico e pendor para.o sublime” ("A Gaia Ciéncia’ p. 153, ‘Com emergéncia da “criminalidade incontrolada” ~ como rio ser se tudo que se pratica é crime ou quase crime ~ que deve set de imediato e exemplarmente reprimida, hi um mecanismo mitoligico, milagroso, com a forga insuperdvel dos deuses do [Olimpo, que tudo solucionard: a forte repressfio via leis erudis. E Jpor mais que a realidade demonstre © contrétio (dane-se, pois, a realidade), a crenca que leis crugis derrotario a criminalidade (real A.crenga, verdadeira apologia ~lei-priso como resposta sa- dia & eventual criminalidade ~ carrega consequéncias agressivas: aumento acentuado das penas, criagio irracional de tipos novos, 2 “Anilton Buono de Carvalte seusto » proporconalidade ebtre crinns, penas seveas om es puns com penas mais ie : rine ey endreanto dost is cave menos anress Baan a set ero castigo € FCTABUIEE (ei. IESE, ¢ Po pda; cada ve: mais € mMposto obrigatoriameny vinganga organics vat em regime fechado, com transformag;, reas sis meas SIO Ce erclo Fe . CO nmund dis Hulsman, ¢ dividido entre bons e maus, mg sos 2 bonds, en Branco e pret, 169 (os bons) comtza cles ( rey moniquetnwe pure! Reslade: clefantiase do Dries Pe tel une serdadeire irracional inflagéo lepislativa, uma alteracs agressada ¢ constante no direito penal, tornande o direito ~ qic deve ser minioiamente racional, etn algo confuso e sein coerinci: {ogica, verdndeiro panéptico legal, come ensina Salo. Seay fe que ctin, i My Tridente qu pata se romar provente no mundo das sous, pesto um modelo procesuél peral que fags Vigna wo pansptico: o inguistéria nedieval ~ dirigido & condenagie 2 realizagéo do panpenalizagao; estabelecencio despragadamert ‘que ao juiz é pussfvel a iniciativa probattria (magistrado atuancs de offcio); profanda desigualdade entre ncucagtio e defesa (0 rim ‘dlicoda localizagio das partes, na sala das audiéncias, mde de tmonstra, gerardo relagto incestuosa encie julgador ¢ acusogie 2B coleta da prova dirigila 2 extragfo da verdade maxima, ov sts 2 qualquer custo, a0 ponto de justificar eventual torvura, dante a vilidagio de clerentos coligides no inquécive peli onde as garantius cléssicas da defesa sao esquecidas; apropriagl indevida de institwos de outros ramos do dlireito, permitiode* cendenagtes com base em mers indicios e presamgbes. pw tale vs sea, entio, necessério? Aquele que cr i ‘rato repressive do Estado: o perseguidor! Atua co? 4 Dlreto Penat a Marteiadas tazfo do Estado policial e nfo com a tarde conttinicional ~ enfim, condenador de tudo e de todos: destruidor dos direitos humanos. Na ovtra ponta, alguns (e que minoria) sequem o idedrio abolicionista: ambicionam acabar com o Diteite Penal prisional, rmasnio, por certo, com a responsabilidade pessoal. Pessoas que entendem que 0 Direiio Tena! for erinds especificamente para fazer mel s pessoas: insuszentivel no grande meio-din —o tempo ‘em gue se busca a humanizagti de msenco-4 Au contrario dagjicles que pofowam as verdades do mod Inenco le-onlem, vs ubolicionisias ato acreditam uo Direito Penal coma resposta sadia no fendmena violencia: cle aio cumpre endo pode cumprir as promessas que justificarn a aa exis inibe o crime e nfo receper uma ilusae, um mito, entre as dites inves ia: nfo o delinquent — uma grande mertira, orrante, porguue ha profende descompasso oguilo gue res enacquista: Hberdade com sesponsabilidade, cujo limite € 0 outro, A radicalizagio democré- tvca: sou live, absolutamente livre para fezer tudo aquilo que eu quero, desde que convenga 0 outro e respcite as regras do jogo para extrggio dessus vontade Paroce que se segue um ile Quel ojuis que dai explode: um absolvidor de tado e de todos! Por dbvio, os modelos acinta refers (Iel-ordem e abolicio- Bista) no sio ideas, logo rio-purus: jamais se encontraré um juz que condene a sods e nem um juis que absolva a todos. O méxi- sno que ocerre, ainda hoje, € ¢ maior ou menor proximidade dos modelos. E nie sc foge disso: codo aquele que atua no foro sabe que os falgadores esto mais préxim de-um-que-de-bucen, Mas, coms disse antericemunte, o ideério que professo, 0 abolicionista, rau se sustenta no memento em que vivemor! uma tejcicho sccial esperacular (limite ao intérprete). O contré- so ocorte com o movimento da lei-ondem: a aceitagéo pibica é ‘restiva, até com o endeuamento de alguns de seus integrantes ~ tenham des consciéncta ou nao, milton Buono de Carvalto camente, a08 abolicionistas & 3 Endo, 0 ae fal) com um modelo que posse (Gem deinar de Todo Her ponto zero penal. Aqucle que pont raior aproliast? poirca de cedugio de danos penais que fy, ce eee poset PE QUE SES 0 nig onset como refer no capitulo atecede . etrumental teérico-prético que tem encontrado maior, mince sks {que sentem profundo desconforto com 0 mode, Tp witorioso em nossa reafidade penal (0 movimento da lei-orden, vpeadeeo porque na maioia dos vezes Ses IMTERTANTES neyam de for one, € encontrado no garatismo penal (ot umn minimal mo erftice que entender set 0 inicio do fim do Direito Penal), “Assim, por entenderem que 0 Direito Penal nfo atemon za (sua existéncia jamais tem evitado crimes) € a promessa de recuperagéo dagueles que ousam agredir as normas penais ja mais se concretizou (apenas uma mentira para que permita a sua existéncia), mas no € possvel destruf-lo neste momento > meio-dia, s6 0 admitem em situagbes caéticas como limite intolerante méximo enfo.a qualquer intolerante: desbanalizagio al com a reducio dréstica de seu aleance. ‘Algumas maximas ferrajolianas explicam o olhar garantista:6 direito € um sistema de garantias do cidadio que busca protege contra o poder punitivo —o poder sempre ¢ sempre e sempre tend: 2 abuso; 0 direto deve ser mirado desde o vigs democritico queé ‘© seu legitimador externo (est em confronto com o pensament? ‘elseniano que tem o Estado como legitimador do direito, ranto cle dizia que o direito nazista € sim direito, que podemos lamentat as no negay), porque para ele direito € democracia esto umti bicalmente limos: salvar o futuro do direito é salvar o futuro é garante da dignidade da pessoa humana e da esti Tegal do proceso, E seria melhor que nem fosse jui, se fose para nao perceber e nfo cumprir essa missio” Duss anotagies: Primeira: alguns menos avisados, e talvez com razfio ante todo o sensacionalismo penal que se faz presente, por certo _questimardo em torno da vitima, Evidente que hé, entre os abolicionistas e os garantistas profundo respeito e uma forte contaminagao pelo sofrimento do ima ~ diferente, por bvio, no poderia ser. Alids, a preocupagao abolicionista com as dores do ofend do € uma das razdes pelas quais pretendem dinamitar o Dire ial varteladas Penal-circere:o proceso penal, por sin dorgin¢ por sey ene tdeul, torn avtima novamente vita como reneends fy (les de ns, escarecidos de to, a0 ser vfnn de e de abuso sexual, suportarin tudo roe ime oF € Se Sujcitar a0 espeticul doentio~ a envolvera propria sexualidade dos inqisdenes te audiéncias?) © porque pretendem que todo o despetdicwe de te nheito pico na busca de punigio sea dirgido para a proeyno das vitimas:indenizagho, tratamento, apoio psicorsocial nee danga de domictlio, se assim for necessatio, To THOMENtO eM que se dio delta frodos, absolutamente todos os direitos que sigfo (ndenizaco, protegio, por exemple), nal: o Direito Penal nada deve & vitima. Em palavras mais dices as angistias do ofendido serdo satisfeitas nos outres ramos do drei A relagio juridico-penal se di exclusivamente entre o legit ‘mado ativor © Estado-persexuidor e o cidadio-acusado, Estes sie on interessados ditetos na contenda ~ todas as demais pessoas tem simn ineresse no seu resultado, mas do processo no podem participa, No caminho histérico se deu "calar” da vitima no ramo pe- de lembrar que a relagio persecut6ria direta da vitima em relagio ao acusado (talido, por exemplo, ou concurso de credores no priprio corpo do acusado) foram sendo superadas quando se pretendeu cada vez mais humanizar as penas (ao contririo do ue muitos pensam, ina medida em que o direito se humana ele se fortalece e no se fragiliza), até um momento em que 0 Estado definiu: a relagéo penal tem como partes o Estado e o acusado (eo caminhar da humanizagao, por certo, te como resultado a Aboligao das penas ~ talver isso seja sono, talves deliio..). ‘sistema coloca a dispo. ‘mas nfo no campo pe- nal. Ora, nfo hé como admitir a intervengso penal do ofen- dlido: seu desejo, sua busca, “seu bem da vida’, é a vinganga, de todo compreensivel tamanho desejo: o ofendide também é humano, demasiado humano. Todavia, a conguista civilizatéria define, com vigs hegeliano, que o Estado, como reserva ética que € (ou deveria ser, ao menos) ndo pode ser vingador ~ 0 Estado 49 rn Bue eC rao menos) ser deinguente, n3y go pode (00 80 dE como a propria imoralidade de, ni pnd ln er 2009 na, pelo simples fat0 de ser vitimg Hien: ha vitimas e witimas, com, S80 am no Ditto Penal (880 no que eaeponsbiizar @ atungio do acusade, Frentou para isso: “Assassinatos ju. ro «Or ietoment, sks camuladdse ben ners po as agum queria morte, e de cams a go da inusiga humana enfiar a espa ou uma tT tos Sobre Direito”, p. 177, aforisma Il] Op tenho que 0filsofo se referia.a Cristo e Socra re odes de uni, asim fala Nitasche: “Através da "pe (atv deve 0 cdo participa de um direito dos senhores ‘aprinencaenfim ee mesmo a sensagio exaltada de poder despre ‘are multataralguém como “inferior” — ou ento, no caso em que post deexecuio da pena jf passou“autoridade’, poder a0 mena: desprzado e maltratado, A compensagéo consiste, Porta ‘to, em um diféito & crueldade” ... “Pergunta-se mais tia vec em que medida pode o sofrimento ser compensagi0o Pt a “divida"? Ne medida em que fazer sofrer era altamente gratifican ‘ena medida em que o prejudicado trocava o dano, e 0 despre ‘2h dano, por extraordinério contraprazer: causar o sofrer ~ Um ‘erdadeira fs, algo, como disse, era tanto mais valioso quant) ‘ais contrac o posto e a posigo socal do credor. Isto eu oferes como uma supesigic pois fl sondaro fundo dessas coisas st cass an deser dolorase; e quem aqui introduz toscaname ecmesto ce vnganes,obscurece ecobre a visio, em “come pa inna leva prcismente ao mesmo pcb es eu ser uma satisfagao””) . “Ver-sofrer oe : Met tansink? (Geneslog da Moral’ 302%, Duk, aforisma, 211), ao contrério de Baumann para ae deem serps Lepore ner cy no grande-meo dia se lute por una _feipalrato de todos os valores” (pra war a expresso nits na, uma reviravolta dos valores, a criago de novos valores. fo entio seria a proposigio do transvalorar? Cstrutura penal esté fundada na ideia de cul — etd fundada na ideia de culpa (basica- 6 dole), no exercicio da livre conscigncia (livre-arbittio), uma vontade soberan poe 1a que se dirige, live e conscientemente, *minado resultado, com agresséo a algum tipo penal. 7 “Amilton Bueno de Carcale ios nagocle ue & desde meu olhat 0 jurista pea, va ena do Bras "0 do, enorme um conceit gent Talizado, & a vontade consciente de realizar um crime, tambe, vel como saber e querer em relagS038 ctcunstincas de do tipo legal. Assim, o dolo & composto de um elemento inten tal eonseiénca), no sentido de representaglo Psguica) e de yy tlementovaltivo (vontade, no sentido de decistio de agit), con, Fane ores da aio pica dolse” (are: Cirino dos Soe tos, "A Moderna Teoria do Fato Punivel” p. 62). No que diz com, ‘rime calposo, Cezar Roberto Bitencourt, diz que a sua tipicida, score da realzagio de ura conduta néo diligente causadora ‘uma les cu de peigo a um hem jurdico-penalmente protegid (Tratado de Direito Penal”, parte geral 1, p. 348). [Na sum, tudo vai num saber e um querer ou a um nip ser diligente. Tudo centrado, estou a repetir, numa liberdade de consciéncia — uma espécie de “fi-lo porque qui-lo” na famox frase imputada ao folclérico politico Janio Quadros! Todavin, Nietiche dinamita a tal lberdade de consciéncia, ‘olivre-arhitrio: ninguém sabe exatamente porque fez, nem com 6 fez e nem para que resultado o fez. Seremos responsive por ‘nossos atos? De onde vem a ideia de culpa? A quem interessa? ‘Noéli Correia de Melo Sobrinho, ao comentar © pensamen- to de Nietzsche ‘Para admissio da nao-liberdade da vontade cconsiste em dizer que a ago que praticamos foi determinada pela coergio de uma vontade estranha a nés e a qual nos sentime: brigades e que, portant, nfo somos absolutamente responséves por ela. Portanto, 0 cativo-arbitrio é também um “mito”, tal com © lvre-arhitri, pois na vida real sé hi “vontades fortes” e “vont des fracas (“Escritos Sobre Direito”, p. 43). “A teoria da vont de, das intenges edo lie-arbitrio fo produsida para jutificar* vvinganga ¢, na medida em que esta vinganga era itil, ela adquitiv © estatuto de verdade" ... “Na verdade, a culpa € uma inveng® moral apropriada pelo diteito” ... "No entanto, os homens sempt ‘acreditaram conhecer 0 real processo que os levava a agi des 58 Dieito Penal a Marteladas cou daquela maneira. Mas aqui Nietssche objeta também que 0 ¢0- Stecimento possivel dos motivo cu dos efeitos de um am ainda tas, no leva mecanicamente & consecucio desse ato; ha alge tras que no sabemos, que No passa pela conscigncia, que dere frina a realizagio do ato” ... “Quanto a0 “eu”, ele € apenas uma “fogio” da consciéncia e tudo quanto temos acesso pela conse neta € “superficial; portanto a representagdo que fazemax de um ato nada tem a ver com este proprio ato; na verdade, desconhe- ‘cemos totalmente tudo aquilo que precede a acho e todas as suas tconsequéneis; ito para nés € “insondével”™ (p. 50 5). © filésofo, agora diretamente, assim diz: “Fala-se de ci cunstineias atenuantes: elas so admitidas como atenuando a cups rare sus in pea ea menor Mas osewando de perro # origem da culpa, se apaga pouco a pouco esta cul Fig de ate, e entdonenhua pon eis mas pore, Pais, no fundo, sendo dado que a vontade nfo ¢ livre, nio pode haverjustamente culpa. Quando se dé uma pena um valor de intimidagao, ndo poder mais haver entdo circunsténeias atenu- antes que se relacionem com a origem da culpa. Uma vez consta- tado o crime, a pena se seguird inexoravelmente; o homem aqui € um meio em vista ao bem de todos. © cristianismo também dix: Nao julgueis em consideraglo, é verdade, ao dano pessal © Cristo: "Deus julgara”. Mas isto & um erré” (*Consideragées Sobre o Direito’, p. 175, II. 1 23188}489). Na p. 302: “Ninguém é responsive pelos propos atos, nin- fuém é responsive! pelo proprio carter: july significa ser injusto, Isto € verdad também quando ¢ oindividuo que julgaa si memo. ~ Esta proposicdo & clara como o dia, porém, no hi ninguém que ‘io prefira aqui passar para o lado da sombra e da mentira, em suma, para o lado das consequéneins supestas” (HIL] 19136]3%4). Mais, °O livre-arbitrio eo isolamento dos fatos. Nossa per <2 goes dever fazer doet proporcional ded as ame so, no fund oes we er nea rem J ee (233 1K TSSDTO. fee ae ‘p. 306, IIL +23[192}524, Nietzsche volta a to- Xam Bae penn és arco np Amilton Bueno de Carvalho sambém todo o individuo que louva ou que censua, ‘mente no seu comportamento ao principio de os meios’: pois também a propria censura ni como meio de intimidago e em seguida sity #0 tem sens con metho No momento penakcareri,e aqui estou net ecco hi que atentar para o pensamentonicrashn o€0 nome do mais fio de todos os monstrs hace fro ele também mente; «esta mentira taste deo 0 Estado, sou 0 povo" "Mas o Estado mente en tas do bem e do ma ¢0 que quer que digs, She ge fen, roubou. Tad ne Yalor monde como rohaos ese mowledo.Até sta entranhas so ea’ ae sim Fal Zaratusta,p. 4849) ~ quero deina claro que ge, Bensenoferjlano na busca de um Estado que soe Iso ¢ penal minimo. lis, na *Sabedoria Pare Dan de Amanha” p53, 17 [07], Nesche assim disc “A eee Estado nunea deve sro Estado, mas sempre ineivadio No Assim Falou Zaratustra’, quando Nitssche fle *Du Terinclas’ vem a sun grande experanca: "Pois que o heme sein redimido da vinganca: iso, 4 ema, 70: “Ean Edens boca: esa mente =e vamos praticar, 6" ~ assim juram os corsets am 9% oragdes dos tardntulas” (p95), Sendo, 9 questi seguinte & saber & é ir: J. Para qué pun! = grande vacuo quando von mane desrogar obs as “Ot Tos mantener em tas er coment agora the wer o grande paver, oy ae dona grande doen o grande oj, o grade en- io 1 rais ¢ falsas certezas vos ensinaram os Fe Ei ns atric Tale bs mnt tops bos ssn Flow Focus 9.208) © senso comm & apres: devese pn ale vs ad longus cada ves mas com menos bens eruentdacsgi eal coma ani se Sites hediondes” que, a0 contro de excedo, tend as rans- “ries hedionos" qe, 9 contro de eco tes eee dora da erimnalidade Hiscrenga generalzaa aca geradora da cminais (eal ow magni) & 9 impuniade! Ou, 9 mens, Phares en te a ed Sees Evens no sees i cope ee oe eo ame cm tse Ee at fe ha pate uma Panpunigho tena condi d ne dec cman ‘fo impor: fe dos perseeuten Se msi Fosse ~ is 2 mp gue ain 6 Sh ptr ver verdade que nao é verdad? 3 a “Amilton Buen de Carle he, quando fla sobre 0 crstianisme esclarece as, i en mpurirciecngn Sealy dado” CO Anticristo™ py a nosbeoieertein core males cit nmabeseen trea Nieesc (Quanta covers, quanta conviccfo, inabalvel convieg indertvel nig. Diante de timankn f€ (oda f rd me i a osha de ly Gx 2 bon votade em magna que outro pos ter alu EoiAEacoe Menucee easern ye 1 ifn Nese ener ees pends € nici alm gj na verdade erat valent, supine scopinen, qradion name core re ann col nme em ee seco fsa ca apn deci vend” (Genelia Merlo se extem # Niche expen peg jal ratio este % fi vata 880 este Saher” termina fi mnco-saber€ mission que wars ©, HE trina que wtaber ioc fete 2 coisas moo mis imps door gare 1-250, fori S78) Htmano, Demasiae ee cee area Klcklvke da puna Netdode’; -"Pen- "lo mes are Hed pone orphan "amin — s cunfativl obedecer ° er escuridio mtn: ele Tj pone "eu ten ev tento a vende be #2 Dirito Penal a Marteladas — antes de tudo: isso acalma, dé confianga, fa- _“melhora” 0: carater @ medida que diminui a des- seg pa da alma’, a “calms da consciéncia” todas Sp invengies ae $0 sii possiveis sob © pressuposto de que a ‘verdade existe (’A Vontade de Poder”, p. 243, forisma 452) et + criminalidade exy pelo espetacular aumento de pessoas encat- Jreradas e pelo profundo ca0s ‘do animalesco sistema prisional. Ese pune cada ver mais eo némero de enti, resulta - eatcee cin men, ca pin Gd Gh Onto na polovrendo: o desfximento da senosae goat ‘ove poe ta ¢ ainda nao sabemos que ee iy Shiba Grams enter "u € © Novo ainda nic pee os cereus vidente ue ve cats fented apres oman tea eh , dale dofenomenoe de sin gue das conta = ndo suportam srihann Ped i= mo! ent. Tai, temo m, no fato de © Mel accicg haar cena ce ave sgrficdo humana, o seu horror vacul [hoe undemental icteric See Aero Users ee mie eps crcaa sme se, ou © pueril von ipulos podem vir a se eo ae Peet asezieou samen ns C8 enfrenta a tendéncia de se simplif ie =i ificar © complexo: Propriar-se douche & ex "A fora. que tet "M0 espitito, » ron 20 288 ast met ea sac ete destaca € ata oe mole oe a elke cesar, deca ruens ri ceado Beme do Mal’ p123, a bal oe Hat verdades que exo = ac A gn em “eres meta Tra a ns, filGsof08, mas ng ps et enn ma in soe ‘Fonra muito pouco” (p. 38). Se en: “0 sms sii a lificagio © fali- oe Se o bor cise maravithar o bastante, oe pa ese prodigio! Come tomas eee mples & nossa volta! Como soubemss td eased um passe ive para 80 te é superficial da eo penzamento um divino deseo de saltos caprchosos 2 se cuo cnseuns desi «hep «eo orci, pa gra de ua quse coe sane aprevsnes dexpcocupaysy impetus dat” (p. 29). Jovilidade na vide, para gorar 2 ‘Ona *Toda verdade & simples” — Nao € isso uma dup mee int 2 eCrepsaculo dos fdolos,p. 9 afoisma, 4): Con aire nea le di: “Primeir Principio. O modo de mt gel runt sobre o mas dif — como Jog simplex Siillum ver ['implicidade € a marca do verdadero") - Dio: gra clareza devaatestr algo em favor a verdad, & um pete see ice Eas meras“convicgbes nfo srvem de Pov’ we penile que se ex conwencido” (A Vontade de Poder” romente,p. 282, afrisma 538, ep. 115, aforisma Wm. Na"Sabedoria Para Depois de Amanha aoe 1-22, 0 flsoforetoma: “O homem demore oN" por do emo mundo €infinitamente complica. prince Sragina muito simples, ou sj, tao supesical quanto cle par tudo claro, livre, 1911055 cy —~ L Dio Poa Marelaas “Mat 0 86 mesne vicgho €aerenga dear? SM posse da verdade absohues £22 tam ede ts, een ese resopce, oxen a alearean: 328 tena ve fem SNM ie dons uisases demons demesne sgeinio Sedo pnanaio ienthen ie ham ds eros apete, Mint eri PE alo queso Sov remiss py cae ne wa con fences de energa da honed, Mah 89 Fee carom sin mas realmente gun et recede mong nos Bm ne opoder ie fae? eae . si) ne fa deaprece a criminal nio hee tas greg rag deca et sn anal donor cetica de tee cna) pigeeend digi dao qe ow lana eco ay i la emis de che see ae ene iO 8 54" vrdad, nem "ena on — cicada eee ‘iad vale porn ogi ace esinon n pna ‘Um fa, ua obras fa cmt hs exci himans, cramento A hit ds incesantemente m= rat cE inesatemec nova : she a "wok pr Nod Cora wh rims rmteecine Sets tn ster quae Dest a om cone ae? Eo tama da did explo ressivas, gears de muta dn vis" para Niche? © lth joe do corbin entéo, que exis: am id aha Ue todo aquele efeitos. Todas as erteza é momentinea: Porquanto his

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