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Ode ao lampião

Rogerio Trindade

— Tens fogo aí?


Perguntou o lampião ao velho,
Pois seu desejo era arder
E ardendo iluminar o vivo.

Quando já a penumbra reina,


Duas pedras se batem
E, do triste confronto, a fricção
Pare o pálido calor,
Que o pavio acolhe a cria,
Cultivando, na dança, minúscula chama, Ideia.
Na proteção do vidro, finalmente, transcende
E vara a noite com luz renovada, o lampião.
Oh, segundo sol, por mãos humanas concebido,
Sois a realidade do medo da noite.
Análogo ao sol, primo da verdade.

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