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Aula 04

Criminologia p/ Delegado Polícia Civil-PE (com videoaulas)


Professor: Alexandre Herculano
Criminologia Delegado de Polícia - Polícia Civil - PE
Teoria e Exercícios
Prof. Alexandre Herculano Aula 04

Aula 04 - Funções da criminologia. Criminologia e

política criminal. Direito penal.

SUMÁRIO PÁGINA

1. Apresentação 1

2. Funções da criminologia 1

3. Criminologia e Política Criminal 6

4. Criminologia e o Direito penal 16

4. Questões propostas 38

5. Questões comentadas 42

6. Gabarito 49

Olá, meus amigos!

Então, hoje, vou abordar os seguintes tópicos de edital: Funções da

Criminologia, Criminologia e Política Criminal, e o Direito Penal.

Funções da criminologia 70150643080

Pessoal, a função básica da criminologia é informar à sociedade e

os poderes públicos sobre o delito, o delinquente, a vítima e o controle

social, reunindo um núcleo de conhecimentos seguros que permita

compreender cientificamente o problema criminal, preveni-lo e intervir

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com eficácia e de modo positivo no homem delinquente. Ciência

interdisciplinar que fornece e recebe informação a outras ciências. Assim,

a criminologia:

 não é mera fonte de dados ou estatística;

 possui dados que são em si mesmos neutros e devem ser

interpretados por teorias científicas;

 é uma ciência prática preocupada com problemas e conflitos

concretos históricos.

Funções da Criminologia:

 informar à sociedade e aos poderes públicos sobre o delito,

o delinquente, a vítima e o controle social, reunindo um

núcleo de conhecimentos que permita compreender,

cientificamente, o problema criminal, prevenindo e

intervindo de modo positivo e eficaz no homem

delinquente;
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 servir como central de informações sobre o crime, fonte

dinâmica de informações;

 buscar critérios e soluções para os problemas sociais

relacionados com a criminalidade;

 formular impecáveis modelos explicativos sobre o

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comportamento criminal; e

 prevenir, de forma eficaz, os delitos.

Pessoal, dentre as funções discriminadas acima, a última tem uma

grande importância. A prevenção não se dá somente contramotivando

o infrator potencial com a ameaça do castigo, contra estimulando-o

psicologicamente, senão de outras maneiras, apoiando-se em programas

que atuam em vários componentes do seletivo fenômeno criminal como

espaço físico, o clima social, as condições ambientais, os agrupamentos

de pessoas que podem ser alvos de delitos, a própria população punida,

etc. Por esse caminho, a Criminologia pode contribuir com informações de

grande utilidade e, sem dúvida, necessárias para que o homem sofra

intervenção.

Conforme já mencionei em outras aulas, a moderna Criminologia

possui, dentre suas destacadas características, o fato de seu objeto

sofrer progressiva ampliação e mostrar-se bastante problemático.

A razão disso está no fato de as investigações criminológicas tradicionais


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concentrarem atenção no delinquente e no delito, considerando, ainda, os

chamados estados criminógenos. Porém, já num estágio mais avançado

do estudo, descobriu-se o papel da vítima, também ligada ao delito.

Assim, o interesse está, por exemplo, em desvendar as funções

desempenhadas no ilícito penal como indicador da efetividade do controle

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social, sua volumosidade, estrutura e movimento, como se tem mostrado

distribuída a criminalidade entre os diferentes estratos sociais, etc.

E com o escopo de mais restaurar o trauma emocional – os

sentimentos e relacionamentos positivos, reduzindo o impacto dos crimes

sobre os cidadãos que diminuir a criminalidade, surgiu a denominada

Justiça Restaurativa, desenvolvida a partir de práticas restaurativas, na

Nova Zelândia, em 1995, modelo inspirado em costumes aborígenes

Maoris e adotado no sistema de Justiça da Infância e da Juventude. Tem

o viés de restaurar os relacionamentos, em vez de simplesmente punir o

delinquente ante a definição de sua culpabilidade. No controle da

criminalidade passa a comunidade a ter papel relevante de facilitadora do

processo restaurativo, considerando a ruptura do tecido social pela

violação da normal penal.

Nessa linha, é preciso saber que o crime não é um tumor nem uma

epidemia, senão um doloroso "problema" interpessoal e comunitário.

Uma realidade próxima, cotidiana, quase doméstica: um problema "da"

comunidade, que nasce "na" comunidade e que deve ser resolvido "pela"
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comunidade. Um "problema social", em suma, com tudo que tal

caracterização implica em função de seu diagnóstico e tratamento.

A Criminologia "clássica" contemplou o delito como enfrentamento

formal, simbólico e direto entre dois rivais - o Estado e o infrator -, que

lutam entre si solitariamente, como lutam o bem e o mal, a luz e as

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trevas; é uma luta, um duelo, como se vê, sem outro final imaginável que

a incondicionada submissão do vencido à força vitoriosa do Direito.

Dentro desse modelo criminológico, a pretensão punitiva do Estado,

isto é, o castigo do infrator, polariza e esgota a resposta ao fato delitivo,

prevalecendo a face patológica sobre seu profundo significado

problemático e conflitual. A reparação do dano causado à vítima (a uma

vítima que é desconsiderada, "neutralizada" pelo próprio sistema) não

interessa, não constitui nem se apresenta como exigência social;

tampouco preocupa a efetiva "ressocialização" do infrator (pobre pretexto

defensista, mito inútil ou piedoso eufemismo, por desgraça, quando tão

sublimes objetivos fazem abstração da dimensão comunitária do conflito

criminal e da resposta solidária que ele reclama). Nem sequer se pode

falar dentro deste modelo criminológico e político-criminal de "prevenção"

do delito (estricto sensu), de prevenção "social", senão de "dissuasão

penal".

Já a moderna Criminologia é partidária de uma imagem mais

complexa do acontecimento delitivo, de acordo com o papel ativo e


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dinâmico que atribui aos seus protagonistas (delinquente, vítima e a

comunidade) e com a relevância acentuada dos muitos diversos fatores

que convergem e interatuam no "cenário" criminal.

Vejamos uma possível questão de prova:

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(Criminologia – Polícia Civil – 2016) Julgue os itens com base na

Criminologia.

São funções da criminologia, entre outras, servir como central de

informações sobre o crime e formular impecáveis modelos explicativos

sobre o comportamento criminal.

Gabarito: C.

Criminologia e Política Criminal

Na aula 00 eu falei um pouco sobre a Política Criminal, nesta

parte eu vou abordar esse tema com foco nos movimentos da

criminologia crítica, do garantismo penal - que vamos aprofundar mais no

tópico abaixo, e do abolicionismo.

A teoria crítica do direito penal teve sua origem nos anos 70 e

surgiu na mesma época nos Estados Unidos e na Inglaterra, os dois


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primeiros movimentos que nasceram foram o da Universidade de

Berkeley que se denominou Union of Radical Criminologists e o

movimento inglês organizado em torno da National Deviance Conference.

Segundo a perspectiva crítica, a criminalidade não é mais uma

qualidade ontológica de determinados comportamentos e de

determinados indivíduos, mas se revela, principalmente, como um status


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atribuído a determinados indivíduos, mediante uma dupla seleção: em

primeiro lugar, a seleção dos bens protegidos penalmente e dos

comportamentos ofensivos destes bens descritos nos tipos penais; em

segundo lugar a seleção de indivíduos estigmatizados entre todos os

que realizam infrações a normas penalmente sancionadas. Neste sentido,

as classes subalternas são aquelas selecionadas negativamente pelos

mecanismos de criminalização e as estatísticas indicam que a grande

maioria da população carcerária é de extração proletária, de setores do

subproletariado e, portanto, das zonas sociais marginalizadas.

De acordo com a criminologia crítica, o direito penal tende a

privilegiar os interesses das classes dominantes e a imunizar do processo

de criminalização, comportamentos socialmente danosos típicos dos

indivíduos a elas pertencentes, e ligados funcionalmente à existência da

acumulação capitalista, e tende a dirigir o processo de criminalização,

principalmente para formas de desvio típicas das classes subalternas.

Segundo Alessandro Baratta, as estratégias para uma política

criminal das classes subalternas deve ser:

 inserção do problema do desvio e da criminalidade na


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análise da estrutura geral da sociedade capitalista;

 ampliação e reforço da tutela penal em áreas de interesse

essencial para a vida dos indivíduos e da comunidade:

saúde, segurança no trabalho, integridade ecológica,

criminalidade econômica;
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 radical e corajosa despenalização, de contração ao máximo

do sistema punitivo, com a exclusão, total ou parcial, de

inumeráveis delitos de costumes, de moral, etc; aliviando a

pressão negativa do sistema punitivo sobre as classes

subalternas (despenalização significa também a substituição

de sanções penais por formas de controle legal não

estigmatizantes - sanções administrativas ou civis);

derrubada dos muros dos cárceres e abolição da instituição

carcerária. As etapas de aproximação desse objetivo podem

ser constituídas pelo alargamento do sistema de medidas

alternativas, pela ampliação da suspensão condicional da

pena, pela introdução de formas de execução da pena

detentiva em regime de semi-liberdade, assim como

abertura do cárcere para a sociedade através de parcerias e

associações com organizações civis;

 Avaliação do papel da mídia e sua influência no senso

comum no reforço aos estereótipos, que legitimam a


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ideologia das classes dominantes. Discussão ampla sobre o

efeito da mass-media na indução do alarme social

(Campanhas de lei e ordem).

Essas propostas defendem um “direito penal mínimo”, negando a

legitimidade do sistema penal, mas propondo uma alternativa mínima


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“que considera como mal menor necessário”. De acordo com Zaffaroni

esta proposta deve basear-se na maximização do sistema de garantias

legais, colocando os direitos humanos como objeto e limite da intervenção

penal. O propósito é diminuir a quantidade de condutas típicas

procurando penalizar somente as mais danosas, prescindindo bagatelas e

fazendo cumprir rigorosamente as garantias legais. Segundo ele “o direito

penal mínimo, é, de maneira inquestionável, uma proposta a ser apoiada

por todos os que deslegitimam o sistema penal, não como meta

insuperável e, sim, como passagem ou trânsito para o abolicionismo, por

mais inalcançável que este hoje pareça”.

Sobre a defesa do direito penal mínimo também escreve Ferrajoli,

que defende o que ficou conhecido como Garantismo. Segundo ele a

mínima intervenção significa que o Estado deve intervir unicamente nos

casos mais graves, protegendo os bens jurídicos mais importantes, sendo

o direito penal o último recurso quando já cessaram as alternativas

restantes.

Concebe-se o programa político criminal minimalista como


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estratégia para maximizar os direitos e reduzir o impacto penal na

sociedade, diminuindo o volume de pessoas nos cárceres através de

processos de descriminalização e despenalização. Trata-se de um critério

de economia que procura obstaculizar a expansão penal, legitimando

proibições somente quando absolutamente necessárias. Os direitos

fundamentais, neste caso, corresponderiam aos limites do direito penal.


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Ferrajoli indica três classes de delitos que deveriam ser

amplamente descriminalizadas sob o amparo constitucional. Em termos

quantitativos, deveriam ser excluídos os delitos de bagatela

(contravenções, delitos punidos com penas pecuniárias ou restritivas de

direitos) que não justificariam o processo penal e muito menos a pena.

Ao versar sobre as tipificações de condutas que não afetam bens

jurídicos, como por exemplo, o consumo de drogas, o incesto, e/ou

homossexualismo, Zaffaroni afirma que estas normas penais tutelam

pautas éticas, normas morais, e não bens jurídicos. Confrontando com o

pressuposto da laicização do direito penal, o autor se opõe a junção da

moral com direito, e ainda a imposição de uma moral determinada.

Para Ferrajoli, a deslegitimação do sistema penal não corresponde

à ideia de irracionalidade de nossos sistemas penais vigentes e operantes,

e a impossibilidade radical de legitimar qualquer sistema penal. Ele recusa

essa radicalização afirmando que mesmo em uma sociedade mais

democratizada e igualitária seria necessário um direito penal mínimo

como meio de serem evitados danos maiores. O direito penal mínimo


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legitima-se unicamente através de razões utilitárias, ou seja, pela

prevenção de uma reação formal ou informal mais violenta contra o

delito, funcionando esse direito penal como um instrumento impeditivo de

vingança.

Esse pensamento se opõe à corrente de pensamento orientada para

abolição das penas e dos sistemas penais. O grupo de pensadores que


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pode ser adstrito a essa orientação não se interessa por uma política

criminal alternativa, mas sim, por uma alternativa à política criminal.

O abolicionismo nega a legitimidade do sistema penal tal como

atua na realidade social contemporânea e, como princípio geral, nega a

legitimação de qualquer outro sistema penal que se possa imaginar no

futuro como alternativa a modelos formais e abstratos de solução de

conflitos, postulando a abolição radical dos sistemas penais e a solução

dos conflitos por instâncias ou mecanismos informais.

Os chamados “abolicionistas” afirmam que o sistema penal só tem

servido para legitimar e reproduzir as desigualdades e injustiças sociais, e

o direito penal é considerado uma instância seletiva e elitista. São muitas

as suas razões para abolir o sistema penal. Aqui são listadas algumas

delas:

 vivemos numa sociedade sem direito penal, porque a cifra

negra é altíssima;

 o sistema é anômico, e o direito penal não protege a vida, a

propriedade e nem as relações sociais, não atingindo seu


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intento;

 o sistema é seletivo e estigmatizante, e visivelmente cria e

reforça as desigualdades, é discriminatório;

 o sistema penal é uma máquina para produzir dor

inutilmente, a execução da pena é um meio de sofrimento e

dor moral e física;


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 a pena de prisão é ilegítima, só se pode falar em pena

quando há “acordo entre as partes”. Ela não reabilita o

preso, ao contrário, causa efeitos devastadores sobre sua

personalidade.

As teorias críticas surgidas no campo da criminologia, ainda que

tenham representado importante avanço na discussão acerca dos

sistemas penais, estiveram nos últimos anos circunscritas ao campo

acadêmico e pouco poder de influência tiveram na alteração ou

reformulação de leis penais nos últimos anos no Brasil. O único

movimento que no Brasil ganhou notoriedade nos anos 90 por propor

reavaliar a atuação do sistema jurídico foi o Movimento do Direito

Alternativo. Este movimento propõe uma ruptura com o direito

liberal/positivista que estrutura o “direito burguês” e mantém o esquema

de dominação na sociedade capitalista.

O que se pode notar no caso brasileiro, é que os argumentos na

defesa de ideais de despenalização ou deslegitimação do direito penal

assumidos por pesquisadores, juristas ou intelectuais são desconstruídos

sob a tese da alta criminalidade brasileira. Frases do tipo “quem defende


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isso, nunca passou por um assalto!” ou “depois que você passar por isso

você vai defender a pena de morte!” pode ser facilmente ouvida; pois

esse é o tipo de discurso que constrói o medo e se confronta com todas

as propostas descriminalizadoras e despenalizadoras que nos últimos

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anos foram produzidas, mas que surtiram pouco efeito na discussão e na

produção da legislação penal brasileira.

A importante contribuição das pesquisas nas ciências sociais de

Cohen, Sutherland e Becker se reproduziram no Brasil em muitas outras

pesquisas e trabalhos reveladores das formas criminalizadoras e seletivas

que opera o sistema penal brasileiro (polícia, tribunais e cárceres), que

atua na verdade sob a forma de um filtro. A seletividade do sistema se

direciona para àqueles indivíduos que se acham em estado de

vulnerabilidade ao poder punitivo, e esta seletividade se corresponde com

esteriótipos criminais construídos socialmente, colocando alguns

indivíduos e comportamentos em situações de risco criminalizante.

Seguindo, outro ponto importante para prova de você é a

expansão do sistema penal como uma nova ideologia de controle:

Movimento Lei e Ordem e Tolerância Zero! Isso já foi questão de

prova!

Se contrapondo ao programa de direito penal mínimo, do direito

penal constitucional, que se baseia na proteção integral dos direitos


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fundamentais, tem-se o eficientismo penal, um direito penal de

emergência que se expressa através de políticas criminais repressivas e

criminalizantes, baseando-se no discurso da “lei e da ordem”; um

fundamentalismo penal criminalizador dos conflitos sociais.

Sob o discurso de “guerra à criminalidade”, de combate a

violência, o eficientismo vai na contra mão das convenções internacionais


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de proteção aos direitos humanos e dos princípios constitucionais

modernos e institui um sistema penal repressivo e simbólico de Tolerância

Zero. Essa é a tendência ideológica que passou a imperar nos

Estados Unidos e que se espalhou pela Europa e América Latina.

A fim de garantir a segurança urbana, surgiu nos anos 80, no

panorama político criminal, o Movimento “Lei e Ordem”. O discurso

jurídico-penal de “lei e ordem” concebe a pena como um castigo e

propõe, além da supressão de direitos e garantias individuais, punições

cada vez mais severas para combater o aumento da criminalidade,

incluindo a aplicação da pena de morte e prisão perpétua para crimes

graves, construção de penitenciárias de segurança máxima e imposição

de severos regimes prisionais, diminuição dos poderes do juiz de

execução penal e a atribuição destes à autoridade penitenciária.

Atrelado ao discurso da Lei e Ordem, a política de Tolerância Zero

da prefeitura de Nova York no mandato de Rudolph Giuliani foi bastante

difundida como um novo modelo de combate ao crime. A proposta da

“Tolerância Zero” propõe uma repressão intensa e intolerante com relação


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a pequenos delitos como forma de reforço da segurança pública.

Neste caminho, nos anos 90, Nova York expandiu seus recursos

destinados à manutenção da ordem e em 5 anos aumentou seu

orçamento para a policia em 40%, quatro vezes mais do que as verbas

dos hospitais públicos.

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O programa Tolerância Zero se baseia, em grande medida, na

chamada teoria das janelas quebradas (broken windows). Essa teoria

foi divulgada pelo famoso artigo do mesmo nome de autoria de James Q.

Wilson em parceria com George Kelling e publicado em 1982, na revista

norte-americana Atlantic Montly. O argumento principal da teoria é o de

que uma pequena infração, quando tolerada, pode levar a um clima de

anomia que gerará as condições propícias para que crimes mais graves

aconteçam. Segundo a metáfora das janelas quebradas, se alguém

quebra uma janela de uma casa ou edifício e esta não é concertada,

outros virão também quebrar, e todos que por ali circulam admitirão que

ninguém se importa com os atos de incivilidade e o abandono local,

gerando um sentimento de decadência de desordem social. De acordo

com a teoria, a desordem vai tomando conta daquela região, o que

demonstra aos cidadãos que aquela zona é insegura e pronta a se

converter em território do crime.

Quanto à violência, os autores afirmam que os crimes mais graves

são frutos de uma série de pequenos delitos não punidos e que levam a

formas mais graves de delinquência. Nas palavras de Wilson e Kelling “os


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crimes graves florescem em áreas em que os comportamentos

desordeiros permanecem sem respostas. O pedinte que age livremente é,

com efeito, a primeira janela quebrada”.

A teoria das janelas quebradas passou a ser objeto de discussões

em vários institutos de pesquisa e centros voltados para reflexão e sobre


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políticas de segurança pública nos Estados Unidos. Um dos institutos que

popularizaram as idéias de Wilson e Kelling foi o Manhattan Institute,

cujos seminários contavam com a frequente presença de Rudolph

Giuliani, antes de ser prefeito de Nova York. As palestras e debates

tinham o objetivo de buscar alternativas de políticas de segurança pública

que levassem em conta as preocupações da teoria das janelas quebradas.

Criminologia e o Direito Penal

É ponto pacífico que a Criminologia se relaciona

fundamentalmente com o Direito Penal, eis que, embora autônomas,

são ciências acentuadamente correlatas, limítrofes e complementares.

A par disso, é o Direito Penal que delimita o objeto da

Criminologia, fornecendo-lhe, até, o juízo valorativo do fato

criminoso.

É a Criminologia, por outro lado, que oferta ao Direito Penal os

subsídios para o julgamento do fato criminoso. Destarte, a Criminologia


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é ciência propedêutica, ou seja, introdutória do Direito Criminal. Não

obstante, enquanto o Direito Penal tem como objeto a

culpabilidade, o objeto da Criminologia é a periculosidade. Enquanto

o Direito Penal encara o crime como fato antijurídico, a Criminologia o

vê como uma conduta anti-social.

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Enfim, o Direito Penal é ciência cultural, valorativa, normativa e

finalista. A Criminologia é ciência causal-explicativa, de observação, de

síntese, de pesquisa teórica.

Seguindo, o direito penal é a ciência que estuda o conjunto de

normas jurídicas que definem determinadas condutas como infrações e

dispõe a aplicação de sanções a quem as comete. Aparece como meio de

controle mais drástico, ao qual se deve recorrer em última instância

(ultima ratio) quando todos os demais meios de solucionar o problema

fracassaram.

Classicamente, o direito penal se compõe da soma de todos os

preceitos que regulam os pressupostos ou consequências de uma conduta

cominada com uma pena ou medida de segurança e todo seu aparato

normativo dirigido à tutela de interesses e direitos para o indivíduo e para

a coletividade se orientam para o resultado, para a consequência jurídica.

O principal objetivo do direito penal é promover o respeito

aos bens jurídicos, assim concebidos todo bem vital ao indivíduo e

à coletividade. Para isso, proíbe as condutas dirigidas a lesionar ou pôr


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em perigo um bem jurídico. O que não pode fazer o direito penal é evitar

que ocorram certos efeitos.

Na atualidade existem diversas reflexões sobre o direito penal. O

modelo penal das sociedades democráticas vem sendo desenhado com

base em políticas criminais, vale dizer, a partir de uma pretensa

natureza jurídica preventiva das sanções penais.


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Nesta parte vamos apresentar as teorias e tendências do direito

penal contemporâneo a partir das velocidades do direito penal

delineadas por Jesús-María Silva Sánchez.

Primeira velocidade do direito penal: direito penal garantista.

Apresentado sob diversas denominações, tais como: direito penal

mínimo, direito penal clássico, direito penal de garantias, direito penal

tradicional, direito penal antropocêntrico, direito penal individualista,

redução monista ou simplesmente direito penal, deita suas origens em

acontecimentos sociais não muito distantes na história humana, como a

Revolução Francesa de 1789 e o princípio de legalidade difundido pelos

burgueses liberais para limitar o poder absolutista do Estado no sentido

mais estrito, vale dizer, de que os governantes não podem atuar

ilimitadamente em prejuízo dos particulares.

Nas sociedades democráticas o direito penal se caracteriza pela

intervenção mínima e fundamenta-se nos princípios da subsidiariedade e


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da fragmentariedade, bem como nos direitos fundamentais, cuja

finalidade é tutelar os direitos e constitucionais e de direito internacional.

Tendo em vista que “o Estado de Direito na democracia é essencialmente

garantístico”, o garantismo penal absorve a função básica de levar “as

garantias positivadas pelo constitucionalismo ao alcance dos indivíduos”.

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Pelo princípio da intervenção mínima, que funciona, na prática,

como limitador da incidência de normas incriminadoras, e com o intuito

de minimizar a “insegurança perpetuada pela perene inflação legislativa”,

o direito penal deve ser convocado apenas para cuidar de “bens

jurídicos fundamentais”. As outras atividades ilegais devem ser

transferidas ao encargo dos demais ramos jurídicos.

A teoria do direito penal de garantias defende que a função penal é

restrita aos direitos individuais e fundamenta-se nas orientações da

Escola Penal alemã de Frankfurt constituída em 1924, segundo a qual o

direito penal tradicional não pode ser aplicado como “instrumento de

tutela dos novos e grandes riscos próprios da sociedade presente

(sociedade do risco) e, ainda mais, da sociedade do futuro”.

De acordo com a doutrina desenvolvida na Escola de Frankfurt, o

direito penal deve se manter as margens dos riscos modernos e ser

direcionado apenas ao seu aspecto rígido, central, formado pelos bens e

direitos individuais, como a vida, liberdade, propriedade, integridade

física.
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Em fim, a teoria do direito penal de garantias implanta um

paradigma normativo de estrita legalidade, próprio do Estado de Direito,

abarcando três planos (epistemológico, político e jurídico), a

saber:

 no sentido epistemológico se caracteriza como sistema

cognitivo ou de poder mínimo;


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 no aspecto político é apresentado como técnica de tutela

idônea com a finalidade de minimizar a violência e de

maximizar a liberdade;

 e sob o significado jurídico, como um sistema vinculativo

impostos à função punitiva do Estado como garantia dos

direitos dos cidadãos.

Dessa forma, infere-se que pode ser definido como “garantista”

todo sistema penal que se adapta juridicamente a tal modelo e que o

satisfaz de modo efetivo.

Segunda velocidade do direito penal: expansão do direito penal -

via intermediária.

Uma via intermediária inserida entre a restrição do direito penal à

proteção dos direitos individuais (direito penal de garantias) e a

funcionalização intensificada da tutela penal (direito penal do inimigo,

direito penal do risco, direito penal da terceira velocidade, direito penal


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estendido), pretende responder ao problema do modelo contemporâneo

do direito penal por meio da uma política e de uma dogmática criminal

duais ou dualistas.

Conforme Jesús-María Silva Sánchez, em sua obra “A expansão do

Direito Penal”, o conflito entre um direito penal amplo e flexível,

convertido num soft law, e um direito penal mínimo e rígido, que já não
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consegue proteger todos os bens jurídicos da era globalizada, é preciso

idealizar uma solução no “ponto médio” da configuração dualista.

A pretensão desta segunda velocidade do direito penal é, de um

lado, manter o núcleo rígido do direito penal, onde devem permanecer

imodificados os princípios do direito penal tradicional, dirigido à proteção

subsidiária de bens jurídicos individuais, presente na individualização da

responsabilidade penal e, consequentemente, na ação, na imputação

objetiva e subjetiva, na culpa e na autoria também puramente

individuais; e, de outro, instituir uma “periferia jurídico-penal” dirigida

especificamente à “proteção contra os grandes e novos riscos”, onde os

princípios do direito penal de garantias se encontrem adormecidos ou

mesmo transformados, cedendo lugar a outros princípios de flexibilização

controlada, fundamentados na “proteção antecipada de interesses

coletivos mais ou menos indeterminados, sem espaço, nem tempo, nem

autores, nem vítimas, definidos ou definíveis e, por conseguinte, numa

palavra, de menor intensidade garantística”.

Entretanto, Jesús-María Silva Sánchez pondera que diante dos


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fenômenos que redundam na progressiva expansão do direito penal,

existem doutrinadores que pretendem a volta do direito penal mínimo,

construído nos moldes liberais, um direito desenhado para proteger os

bens jurídicos individuais, com estreita vinculação pelos princípios de

garantia. Outros, porém, sem chegar a propor uma redução radical do

direito penal à proteção da vida, da saúde, da liberdade do patrimônio,


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sugerem que a maioria dos fenômenos expansivos do direito penal

deveria ser reconduzida a uma espécie de “direito administrativo

sancionador”.

O jurista português Jorge de Figueiredo Dias manifesta-se contrário

à referida espécie de “direito penal a duas velocidades”, por entendê-la

equívoca e inadequada à resolução dos problemas penais específicos

postos pela sociedade do risco.

Na síntese de Jesús-María Silva Sánchez, as duas velocidades do

direito penal são: a primeira, representada pelo direito penal mínimo,

deve manter rigidamente os princípios político-criminais clássicos,

as regras de imputação e os princípios processuais; e a segunda é

destinada às hipóteses em que não se trata de pena de prisão, mas de

penas de privação de direitos ou pecuniárias. Nesses casos, os princípios

e regras do núcleo do direito penal poderiam experimentar uma

flexibilização proporcional à menor intensidade da sanção.

A par dessas constatações, Jesús-María Silva Sánchez questiona se

existiria uma terceira velocidade, “na qual o direito penal mínimo


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concorra com uma ampla relativização de garantias político-criminais,

regras de imputação e critérios processuais”. Acaba constatando que já

existe um direito penal de terceira velocidade no âmbito do direito penal

socioeconômico, porém, entende que nesse particular a solução estaria na

recondução às duas velocidades mencionadas e não em uma eventual

terceira velocidade.
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Terceira velocidade do direito penal: direito penal máximo

A terceira velocidade do direito penal, na identificação de Jesús-

María Silva Sánchez, abarca o direito penal do inimigo, o direito penal do

risco, o direito penal máximo, e significa a funcionalização intensificada da

proteção penal ou a expansão do direito penal. O direito penal máximo

está posto no outro extremo do direito penal mínimo, e indica “criação de

um direito penal por inteiro funcionalizado às exigências próprias da

sociedade do risco”. O direito penal do inimigo representa esta tendência

do direito penal contemporâneo.

Na sistematização do direito penal contemporâneo, por Jesús-

María Silva Sánchez, por meio de um critério que denomina de

“velocidades” do direito e que Jorge de Figueiredo Dias prefere tratar

como “vias” do direito penal, decorre da constatação de acontecimentos

no mundo dos fatos de que em muitas ocasiões o direito penal acaba

sendo mais penalizador que despenalizador e vem assumindo uma


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postura bastante flexível em relação aos seus princípios formais

garantistas, na medida em que se tem criminalizado cada vez mais delitos

de perigo abstrato, e se verifica uma adesão crescente às normais penais

em branco no intuito de entender ao infinito a tutela jurídico-penal a bens

jurídicos de caráter coletivo.

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Esse novo direito penal facilmente manuseado por interesses

diversos, atualmente é justificado em decorrência dos problemas que a

sociedade vem enfrentando em relação à segurança/insegurança pública.

Como uma espécie de panaceia para todos os males referentes à

criminalidade e à violência, o direito penal vem sendo flexibilizado e

expandido e, como resultado, já tomou forma e corpo o direito penal do

inimigo, verificado tanto nas normas internas quanto no direito

internacional.

Destaca-se, juntamente como Damásio Evangelista de Jesus e

João Marcello de Araújo Júnior, que essa nova filosofia

intervencionista do direito penal produz efeitos negativos à sociedade

e pouco perceptíveis, pois “a natureza simbólica e promocional das

normas penais incriminadoras, num primeiro plano, causa funcionalização

do direito penal”, para no momento seguinte se transformar “na mão

avançada de correntes extremistas de política criminal”.

Direito penal de quarta velocidade: tribunal penal internacional


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A quarta velocidade do direito penal contemporâneo surge com

as ideias neopunitivistas e se refere aos crimes de lesa humanidade, que

são aqueles praticados por líderes dos Estados, tanto do presente como

do passado e que em razão do poder decorrente da posição política

violaram tratados internacionais em geral e, em especial, qualquer


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tratado, convenção ou norma que visem proteger direitos humanos.

Pode-se dizer que a quarta velocidade do direito penal corresponde

atualmente ao direito penal internacional concretizado pelo Tribunal Penal

Internacional.

O conceito político criminal de neopunitivismo foi cunhado pelo professor

argentino Daniel R. Pastor, para quem a atual situação do sistema é

classificada a partir da noção do neopunitivismo, entendido como corrente

político-criminal que se caracteriza pela renovação da crença de que o

poder punitivo pode e deve chegar a todos os espaços da vida social.

O neopunitivismo se manifesta na denominada “expansão do

direito penal” e figura como a questão central das reflexões políticos-

criminais dos últimos anos. O traço distintivo deste estilo de direito penal,

que engloba seus componentes, é sua marcada desumanização e um

recrudescimento sancionador crescente, com uma legislação e uma

ampliação judicial do direito penal que tende ao intervencionismo e à

restrição das garantias individuais.

A primeira norma de caráter e incidência internacional geral a


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trazer regras correspondentes à quarta velocidade do direito penal foi o

Estatuto de Roma, que dentre outras disposições, instituiu o Tribunal

Penal Internacional ou Corte Penal Internacional.

Podem ser citados como exemplos de crimes da quarta velocidade

do direito penal aqueles praticados durante a Segunda Guerra Mundial e

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julgados por Tribunais Penais Internacionais como o Julgamento de

Nuremberg e o Tribunal de Jerusalém.

Durante muito tempo responsabilizava-se a falta de uma Corte

Penal Internacional e a necessidade de sua institucionalização para se

evitar que os acusados de crimes contra a humanidade em todas as suas

manifestações (genocídios, crimes de guerra, contra direitos humanos)

fossem considerados presumidamente culpados em face da natureza

delitiva, da repercussão social e da propagação midiática, chegando-se,

inclusive, à aceitação simpática da opinião pública de execuções sumárias

sem justo processo.

Atualmente as atenções voltam-se ao aperfeiçoamento do processo

penal internacional para que o direito penal internacional não se

transforme num direito penal para inimigos, já que na relação de defesa

dos direitos humanos sempre aconteceram ofensas ao também direito

humano de defesa do acusado.

Por meio do Tribunal Penal Internacional são aplicadas aos

governos que violam tratados internacionais de proteção de direitos


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humanos, as normais internacionais. Nessa velocidade do direito penal,

existe ainda mais diminuição das garantias individuais penais e

processuais penais, eis que conforme se vai afastando do direito penal de

garantias, ou da primeira velocidade do direito penal, as garantias

individuais vão sendo mitigadas e suprimidas.

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Sistema de justiça criminal

O sistema de justiça criminal abrange órgãos dos Poderes

Executivo e Judiciário em todos os níveis da Federação. O sistema se

organiza em três frentes principais de atuação: segurança pública,

justiça criminal e execução penal. Ou seja, abrange a atuação do

poder público desde a prevenção das infrações penais até a aplicação de

penas aos infratores.

As três linhas de atuação relacionam-se estreitamente, de modo

que a eficiência das atividades da Justiça comum, por exemplo, depende

da atuação da polícia, que por sua vez também é chamada a agir quando

se trata do encarceramento – para vigiar externamente as penitenciárias

e se encarregar do transporte de presos, também à guisa de exemplo.

A política de segurança pública, de execução penal e a

administração da Justiça são majoritariamente desenvolvidas pelos

poderes estaduais. Entretanto, os poderes públicos federal, também tem

grande importância, já os poderes público municipal desempenham papel


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de menor importância nesta área.

A Constituição Federal delineia uma série de princípios e diretrizes

relativos ao processo penal. Entre os princípios constitucionais,

destacam-se:

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 a presunção da inocência – ou da não-culpabilidade, como

preferem alguns juristas;

 o princípio do devido processo legal, contraditório e da

ampla defesa;

 o da verdade real ou da busca da verdade;

 da irretroatividade da lei penal;

 o princípio da publicidade; e

 do juiz natural – “ninguém será processado nem

sentenciado senão pela autoridade competente” (CF, art.

5o, LIII).

Os órgãos de Justiça criminal no Brasil organizam-se nos níveis

federal e estadual: juízes federais, Tribunais Regionais Federais,

Ministério Público Federal e Defensoria Pública da União, no primeiro caso,

e juízes estaduais, Tribunais de Justiça, Ministérios Públicos e Defensorias

Públicas Estaduais, no último.

As competências de cada um destes órgãos são ditadas pela


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Constituição Federal e pelas legislações específicas, como as leis

estaduais de organização judiciária.

O Poder Judiciário no âmbito federal é composto pelas justiças

especializadas – Justiça do Trabalho, eleitoral e militar – e Justiça comum,

constituída pelos juízes federais e pelos Tribunais Regionais Federais.

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As competências da Justiça comum federal são definidas pela

Constituição Federal, em seus artigos 108 e 109. Entre elas, no que diz

respeito às competências criminais, destaca-se o julgamento:

 dos crimes políticos e das infrações penais praticadas em

detrimento de bens, serviços ou interesse da União;

 dos habeas corpus em matéria criminal de sua competência

ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos

atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;

 dos crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves; e

 dos crimes de ingresso ou permanência irregular de

estrangeiro.

Enquanto os juízes federais constituem o primeiro grau de

jurisdição, os Tribunais Regionais Federais – cinco em todo o país, cada

qual com sua área de jurisdição – constituem o segundo grau, com a

competência de julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos

juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência

federal em sua área de jurisdição, além de processar e julgar mandados


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de segurança e habeas corpus contra ato do próprio tribunal ou de juiz

federal, entre outras competências.

A Justiça federal em cada região está organizada em varas

especializadas e não especializadas, havendo varas federais criminais

em algumas comarcas, além dos Tribunais Regionais Federais e dos

Juizados Especiais Federais. Cada tribunal atua por meio de seu pleno, de
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seu órgão especial e de seções e/ou turmas especializadas, entre as quais

algumas se dedicam – exclusivamente ou não – aos feitos de matéria

penal.

Os Juizados especiais federais criminais julgam infrações de

menor potencial ofensivo de competência da Justiça federal, pautando sua

atuação pelos princípios de oralidade, simplicidade, informalidade,

economia processual e celeridade, de acordo com a Lei no 10.259/2001.

Os juízes de direito, em primeira instância, e os Tribunais de

Justiça, em segunda instância, integram o Poder Judiciário nos estados e

se regem pelas constituições estaduais e pelas normas específicas que

organizam suas unidades e atribuições.

Os Tribunais de Justiça Estaduais atuam por meio das varas

criminais, Juizados Especiais Criminais e tribunais do júri. O número e a

distribuição das varas criminais, das varas não-especializadas que tratam

das causas relacionadas a crimes, das varas de execução penal e dos

juizados especiais e tribunais do júri são determinados pela lei de

organização judiciária de cada estado, complementada pelo regimento


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interno do Tribunal de Justiça Estadual.

O fluxo de justiça criminal obedece a sequências e ritos específicos

de acordo com alguns fatores relacionados à infração penal cometida. A

primeira distinção diz respeito ao tipo de ação penal, pública ou privada,

que determinará os procedimentos a serem adotados pela autoridade

policial, pelo Ministério Público, assim como os respectivos fluxos no


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âmbito do Poder Judiciário. A seguir, são apresentadas as principais

distinções entre os dois tipos de ação no que diz respeito ao inquérito

policial e ao início da ação penal.

O tipo de crime e a pena cominada no Código Penal definem os

ritos a serem seguidos no âmbito do Poder Judiciário para que sejam

ouvidas as testemunhas, os acusados e, finalmente, para que possa haver

formação de convencimento pelo juiz e este profira a sentença.

O Código de Processo Penal prevê o procedimento comum e os

especiais. Entre estes, cabe destacar os ritos do júri e dos Juizados

Especiais Criminais. A seguir, apresenta-se um quadro resumido em que

são classificados os procedimentos previstos na legislação de acordo com

os tipos de infração aos quais se aplicam.

Cabe chamar atenção para o procedimento especial que ocorre no

caso dos crimes de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos

quais se dá o rito sumaríssimo, normatizado originalmente pela Lei no

9.099/ 1995. O Juizados Especiais Criminais tratam as infrações penais de

menor potencial ofensivo, cujas penas previstas não ultrapassam dois


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anos de privação de liberdade.

Nestes casos, o inquérito policial é substituído pelo termo

circunstanciado, remetido ao juizado, onde se dá início à audiência

preliminar. O objetivo da lei que instituiu os Juizados Especiais Criminais

foi desburocratizar a Justiça, garantir a reparação do dano na própria

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ação penal e também contribuir para a ampliação da aplicação de penas

alternativas às de prisão no caso de infrações menos graves.

A pena aplicada por meio de transação penal não consta de

certidão de antecedentes criminais nem implica reincidência. Perde o

direito à transação penal o autor que já tiver sido condenado a pena

privativa de liberdade em caráter definitivo, que já tiver sido

anteriormente beneficiado por pena alternativa ou, no caso de seus

antecedentes, conduta e personalidade e/ou os motivos e circunstâncias

da infração indicarem que a pena alternativa não é suficiente.

Penologia x Penalogia

Pessoal, a penologia - vinculada a criminologia, é a disciplina que

trata do conhecimento geral das penas ou castigos, cuidado! Pois, a

penalogia é a parte do direito criminal que aborda a fixação das penas,

impostas pelo judiciário.

Nesse sentido, é preciso saber que o estudo da pena tem por pano
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de fundo três correntes que englobam: as teorias absolutas, relativas e

mistas.

As teorias absolutas veem a pena como consequência do crime: é

o mal justo como contraprestação do mal injusto, ou seja, a punição do

delito. Negando os fins utilitários da pena e estribando-se em uma

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exigência de justiça, as teorias absolutas justificam a pena por sua

natureza retributiva.

Cabe realçar que a pena se justifica pela necessidade social e não

pelo reclamo de justiça, as teorias relativas buscam um fim utilitário para

o apenamento. Para os relativistas, além de visar àqueles que

delinquiram, a pena igualmente serve como advertência para os

infratores em potencial. Tem a pena, assim, uma finalidade, que é a

prevenção individual e geral.

Já as teorias mistas procuram, harmonizar as duas outras. Para as

teorias mistas a pena tem caráter retributivo, mas também tem função

utilitária na medida em que reeduca o delinquente e intimida os demais.

Atualmente, os sistemas jurídico-criminais recorrem

abundantemente à pena privativa de liberdade que agrupa as

seguintes finalidades:

 punição retributiva do mal provocado pelo criminoso;

 prevenção, para inibir novos delitos, por intermédio do


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aprisionamento do infrator e da intimidação de delinquentes

em potencial;

 regeneração do preso, com sua reeducação e ressocialização.

No Brasil, para cumprimento da pena privativa de liberdade,

existem o regime fechado - de total segurança, o regime semiaberto -


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colônia agrícola, colônia industrial, etc., e o regime aberto - conhecido

como "prisão-albergue". Ainda no Brasil, segundo a doutrina, o

condenado à pena superior a oito anos inicia o cumprimento da pena em

regime fechado.

O condenado não reincidente, cuja a pena for superior a quatro

e não exceder a oito anos, poderá iniciar o cumprimento da sanção no

regime semiaberto. No regime fechado, o condenado deverá trabalhar no

período diurno, dentro e excepcionalmente fora do presídio, e a noite

ficará isolado na cela. No regime semiaberto, o condenado trabalha em

comum no período diurno em colônia agrícola ou estabelecimento similar,

também podendo trabalhar fora, bem como frequentar cursos (2ºgrau e

superior, por exemplo).

No regime aberto o condenado poderá trabalhar fora do

estabelecimento sem vigilância, além de frequentar curso ou exercer

outra atividade autorizada, recolhendo-se à unidade prisional

durante o período noturno e nos dias de folga. Pessoal, a

determinação do regime prisional a ser imposta ao condenado é tarefa do


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juiz criminal, que levará em conta a natureza da pena e sua cominação.

Fiquem atentos, pois as bancas costumam afirmar que aquela será pelo

juiz da execução, o que não é verdade.

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Pessoal, não esqueçam que a função da pena moderna se baseia

em três objetivos fundamentais: retribuição (castigo), intimidação

(prevenção) e emenda (regeneração). Dessa maneira, além de seu

caráter aflitivo, tem a pena, também a finalidade de combater as causas

individuais da criminalidade, de molde que o autor do crime torne a ser

membro útil da comunidade. Visando o criminoso e retirando-o do meio

social, a pena o impede de eventualmente delinquir outras vezes, a par

de buscar recuperação.

Pessoal, resumidamente no quadro abaixo, vou colocar as principais

diferenças dos três regimes de cumprimento de pena, os quais abordei

acima:

Fechado Semiaberto Aberto

A pena é cumprida na A pena é cumprida em A pena é cumprida na

Penitenciária. colônia agrícola, Casa do Albergado.


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Obs: apesar de, na industrial ou A Casa do Albergado

prática, isso ser estabelecimento deverá estar

desvirtuado, a similar. localizada em centro

chamada Cadeia Segundo a urbano, separado dos

Pública destina-se jurisprudência do demais

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apenas ao STF e do STJ, faltando estabelecimentos

recolhimento de vagas em colônia penal prisionais, e

presos provisórios agrícola, industrial ou caracterizara-se pela

(art. 102 da LEP), estabelecimento similar ausência de

considerando que as por deficiência do obstáculos físicos

pessoas presas Estado, o condenado contra a fuga. Isso

provisoriamente deverá ficar cumprindo porque o regime

devem ficar a pena em regime aberto baseia-se na

separadas das que já aberto até que surja autodisciplina e senso

tiverem sido vaga no semiaberto. de responsabilidade.

definitivamente

condenadas (art. 300

do CPP).

O condenado fica O condenado fica Durante o dia, o

sujeito a trabalho, sujeito a trabalho, condenado trabalha,

dentro da própria dentro da colônia, frequenta cursos ou

Penitenciária, no durante o período realiza outras


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período diurno e a diurno. atividades

isolamento durante o autorizadas, fora do

repouso noturno. estabelecimento e

sem vigilância.

Durante o período

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Bibliografias: Criminologia teoria e prática 3 º edição 2015 - paulo sumariva; Manual Esquemático De Criminologia -
Nestor Sampaio Penteado Filho; e Criminologia 4ª edição - Sérgio Salomão Shecaira.
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noturno e nos dias de

folga, permanece

recolhido na Casa do

Albergado.

O preso poderá É admitido o trabalho O trabalho é sempre

realizar trabalho externo, bem como a externo, nas

externo somente em frequência a cursos condições acima

serviço ou obras supletivos explicadas.

públicas realizadas profissionalizantes, de

por órgãos da instrução de ensino

Administração Direta médio ou superior.

ou Indireta, ou O trabalho externo

entidades privadas, também deve ser

desde que tomadas as efetuado sob vigilância.

cautelas contra a fuga

e em favor da

disciplina.
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Pessoal, vamos fazer algumas questões!

Grande abraço e bons estudos!

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Questões propostas

1) (2015 - VUNESP - PC-CE - Delegado de Polícia Civil) A moderna

criminologia exige do Estado Democrático de Direito um controle

razoável da criminalidade que, no Brasil, apresenta como sugestão

metodo-lógica e eficaz para a pequena e média criminalidade o

modelo

A) de justiça consensual como, por exemplo, a lei dos Juizados Especiais

Criminais.

B) da “tolerância zero”, criminalizando toda e qualquer conduta

antissocial.

C) do “Direito Penal do Inimigo”, desenvolvido pelo alemão Günther

Jakobs.

D) da utilização do Direito Penal


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como “prima ratio”, evitando

desdobramentos mais graves.

2) (INÉDITA - PCPE - CRIMINOLOGIA) O sistema de justiça

criminal se organiza em três frentes principais de atuação:

A) segurança pública, justiça criminal e execução penal.

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B) segurança pública, justiça criminal e juri popular.

C) justiça criminal, segurança jurídica e execução penal.

D) justiça criminal, segurança jurídica e juri popular.

3) (2015 - VUNESP - PC-CE - Delegado de Polícia Civil de 1a

Classe) Os objetos de estudo da moderna criminologia estão

divididos em

A) três vertentes: justiça criminal, delinquente e vítima.

B) três vertentes: política criminal, delito e delinquente.

C) três vertentes: política criminal, delinquente e pena.

D) quatro vertentes: delito, delinquente, justiça criminal e pena.

E) quatro vertentes: delito, delinquente, vítima e controle social.

4) (VUNESP - PCSP - 2014) Dentre os modelos sociológicos, as

teorias da criminologia crítica, rotulação e da criminologia radical

são exemplos da teoria

A) do consenso
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B) da aparência

C) do descaso

D) da falsidade

E) do conflito

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5) (VUNESP - PCSP - 2014) A teoria do neorretribucionismo, com

origem nos Estados Unidos, também conhecida por "lei e ordem"

ou "tolerância zero"

A) “positiva”

B) “janelas quebradas”

C) “clássica”

D) “cidade limpa”

E) “diferencial”

6) (2016 - MPE-SC - Promotor de Justiça) Analise o enunciado da

questão abaixo e assinale "certo" (c) ou "errado" (e).

Em sede de Política Criminal, o Direito Penal de segunda velocidade,

identificado, por exemplo, quando da edição das Leis dos Crimes

Hediondos e do Crime Organizado, compreende a utilização da pena

privativa de liberdade e a permissão de uma flexibilização de garantias

materiais e processuais.

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7) (VUNESP - PCSP - 2014) A criminologia moderna estuda o

fenômeno da criminalidade por meio da estatística criminal. Nessa

seara, a expressão “cifra dourada” designa:

A) o total de delitos registrados e de conhecimento do poder público que

são elucidados.

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B) as infrações penais praticadas pela elite, não reveladas ou apuradas;

trata-se de um subtipo de "cifra negra", a exemplo do crime de

sonegação fiscal.

C) as infrações penais de maior gravidade, como, por exemplo, o

homicídio, que, ao ser elucidado, permite ao poder público planejar

melhor suas ações e alterar a legislação.

D) as infrações penais de menor potencial ofensivo, por enquadrar-se na

Lei n.º 9.099/95, a exemplo do delito de perturbação do sossego alheio.

E) o percentual de delitos praticados pela sociedade de baixa renda que

não chega ao conhecimento do poder público por falta de registro e,

portanto, não são elucidados.

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Questões comentadas

1) (2015 - VUNESP - PC-CE - Delegado de Polícia Civil) A moderna

criminologia exige do Estado Democrático de Direito um controle

razoável da criminalidade que, no Brasil, apresenta como sugestão

metodo-lógica e eficaz para a pequena e média criminalidade o

modelo

A) de justiça consensual como, por exemplo, a lei dos Juizados Especiais

Criminais.

B) da “tolerância zero”, criminalizando toda e qualquer conduta

antissocial.

C) do “Direito Penal do Inimigo”, desenvolvido pelo alemão Günther

Jakobs.

D) da utilização do Direito Penal como “prima ratio”, evitando

desdobramentos mais graves.

Comentários:
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O direito brasileiro é adepto da teoria mista ou unificada de pena cuja

sistemática é basicamente pautada no modelo punitivo, contudo, após a

reforma da parte geral do código penal, passou a admitir parcialmente o

sistema ressocializador, visando a composição e pacificação dos conflitos,

como nos casos de infração de menor potencial ofensivo criadas a partir

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da Lei 9.099, que instituiu os juizados especiais cíveis e criminais em

1995.

Gabarito: A.

2) (INÉDITA - PCPE - CRIMINOLOGIA) O sistema de justiça

criminal se organiza em três frentes principais de atuação:

A) segurança pública, justiça criminal e execução penal.

B) segurança pública, justiça criminal e juri popular.

C) justiça criminal, segurança jurídica e execução penal.

D) justiça criminal, segurança jurídica e juri popular.

Comentários:

O sistema de justiça criminal abrange órgãos dos Poderes Executivo e

Judiciário em todos os níveis da Federação. O sistema se organiza em três

frentes principais de atuação: segurança pública, justiça criminal e

execução penal.

Gabarito: A.
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3) (2015 - VUNESP - PC-CE - Delegado de Polícia Civil de 1a

Classe) Os objetos de estudo da moderna criminologia estão

divididos em

A) três vertentes: justiça criminal, delinquente e vítima.

B) três vertentes: política criminal, delito e delinquente.


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C) três vertentes: política criminal, delinquente e pena.

D) quatro vertentes: delito, delinquente, justiça criminal e pena.

E) quatro vertentes: delito, delinquente, vítima e controle social.

Comentários:

Embora tanto o direito penal quanto a criminologia se ocupem de estudar

o crime, ambos dedicam enfoques diferentes para o fenômeno criminal.

Atualmente o objeto da criminologia está dividido em quatro vertentes:

delito, delinquente, vítima e controle social.

Gabarito: E.

4) (VUNESP - PCSP - 2014) Dentre os modelos sociológicos, as

teorias da criminologia crítica, rotulação e da criminologia radical

são exemplos da teoria

A) do consenso

B) da aparência

C) do descaso
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D) da falsidade

E) do conflito

Comentários:

Conforme já estudamos em outras aulas, dentre as teorias

macrossociológicas da criminalidade temos as teorias consensuais e


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conflitivas, estas últimas, dotadas de caráter crítico com relação ao

sistema penal de punição adotado (Teoria do Etiquetamento ou

Rotulação) ou com o sistema econômico capitalista (Teoria Marxista ou

Radical).

Gabarito: E.

5) (VUNESP - PCSP - 2014) A teoria do neorretribucionismo, com

origem nos Estados Unidos, também conhecida por "lei e ordem"

ou "tolerância zero"

A) “positiva”

B) “janelas quebradas”

C) “clássica”

D) “cidade limpa”

E) “diferencial”

Comentários:

Movimento lei de ordem desenvolvido em 1990 pelo prefeito nova


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iorquino, Rudolph Giuliani, em combate à criminalidade agravada pelas

gangues do Bronx. Teoria das janelas quebradas (caso do carro

abandonado e sede empresa depredada) inspirando a política da

Tolerância Zero, a qual punia a menor infração praticada visando a

intimidar os delinquentes.

Gabarito: B.
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6) (2016 - MPE-SC - Promotor de Justiça) Analise o enunciado da

questão abaixo e assinale "certo" (c) ou "errado" (e).

Em sede de Política Criminal, o Direito Penal de segunda velocidade,

identificado, por exemplo, quando da edição das Leis dos Crimes

Hediondos e do Crime Organizado, compreende a utilização da pena

privativa de liberdade e a permissão de uma flexibilização de garantias

materiais e processuais.

Comentários:

Conforme estudamos, Jésus-Maria Silva Sánchez, visualiza o Direito Penal

diferentes velocidades. A primeira velocidade seria aquela tradicional

do Direito Penal, que tem por fim último a aplicação de uma pena

privativa de liberdade. Nessa hipótese, como está em jogo a liberdade do

cidadão, devem ser observadas todas as regras garantistas, sejam elas

penais ou processuais penais. Numa segunda velocidade, temos o

Direito Penal à aplicação de penas não privativas de liberdade, a exemplo


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do que ocorre no Brasil com os Juizados Especiais Criminais, cuja

finalidade, de acordo com o art. 62 da Lei no 9.099/95, é, precipuamente,

a aplicação de penas que não importem na privação da liberdade do

cidadão, devendo, pois, ser priorizadas as penas restritivas de direitos e a

pena de multa. Nessa segunda velocidade do Direito Penal poderiam ser

afastadas algumas garantias, com o escopo de agilizar a aplicação da lei


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penal. Embora ainda com certa resistência, tem-se procurado entender o

Direito Penal do Inimigo como uma terceira velocidade. Seria,

portanto, uma velocidade híbrida, ou seja, com a finalidade de aplicar

penas privativas de liberdade (primeira velocidade), com uma

minimização das garantias necessárias a esse fim (segunda velocidade).

Gabarito: E.

7) (VUNESP - PCSP - 2014) A criminologia moderna estuda o

fenômeno da criminalidade por meio da estatística criminal. Nessa

seara, a expressão “cifra dourada” designa:

A) o total de delitos registrados e de conhecimento do poder público que

são elucidados.

B) as infrações penais praticadas pela elite, não reveladas ou apuradas;

trata-se de um subtipo de "cifra negra", a exemplo do crime de

sonegação fiscal.

C) as infrações penais de maior gravidade, como, por exemplo, o

homicídio, que, ao ser elucidado, permite ao poder público planejar


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melhor suas ações e alterar a legislação.

D) as infrações penais de menor potencial ofensivo, por enquadrar-se na

Lei n.º 9.099/95, a exemplo do delito de perturbação do sossego alheio.

E) o percentual de delitos praticados pela sociedade de baixa renda que

não chega ao conhecimento do poder público por falta de registro e,

portanto, não são elucidados.


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Comentários:

O fenômeno das cifras da criminalidade é definido como o processo de

distanciamento progressivo entre o fato ocorrido e o fato registrado,

desequilibrando as estatísticas criminais, através da distorção entre a

criminalidade real e aparente. Uma de suas modalidades, as cifras

douradas, consiste em crimes praticados por pessoas do alto escalão da

sociedade que, através de um processo de aprendizagem, utilizam o

próprio conhecimento profissional em crimes específicos que requerem

habilidade e técnica.

Gabarito: B.

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1-A 2-A

3-E 4-E

5-B 6-E

7-B

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