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te reg Srgao IIL a A Producao da Mais-Valia Absoluta Catto V Processo de Trabalho e Processo de Valorizagao 1.0 processo de trabalho A utilizagdo da forca de trabalho & © proprio trabalho. O comprador da forca de trabalho a consome ao fazer trabalhar o vendedor dela, O ultimo toma-se, des se modo, actu," forga de trabalho realmente ativa, o que antes era apenas poten- tia Para representar seu trabalho em mercadorias, ele tem de representé-lo, so- bretudo, em valores de uso, em coisas que sirvam’ para satisfazer a necessidades de alguma especie. E, portanto, um valor de uso particular, um artigo determina do. que 0 capitalista faz 0 trabalhador produzit. A produgao de valores de uso ou bens no muda sua natureza geral por se realizar para o capitaisia e sob seu con- trole, Por isso, 0 processo de trabalho deve ser considerado de inicio independente mente de qualquer forma social determinada, Antes de tudo, 0 trabalho & um processo entre © homem e a Natureza, um processo em que o homem, por sua prpria aco, media, regula e controla seu me tabolismo com a Natureza. Ele mesmo se deffonta com a matéria natural como uma forga natural. Ele poe em movimento as forcas naturals pertencentes & sua corporalidade, bracos e pernas, cabeca e mBo, a fim de apropriar-se da matéria na- tural numa forma ut para sua propria vida. Ao atuar, por meio desse movimento, sobre a Natureza externa a ele e a0 modificla, ele modifica, a0 mesmo tempo, sua propria natureza, Ele desenvolve as poténcias nela adormecidas e sujeita 0 jo- go de suas forcas a seu proprio dominio, No se trata aqui das primelras formas ins- tintivas, animais, de trabalho. O estado em que o trabalhador se apresenta no mer ‘cado como vendedor de sua propria forca de trabalho deixou para o fundo dos tempos primitvos 0 estado em que o trabalho humano no se dester ainda de sua primeira forma instintva. Pressupomos o trabalho numa forma em que pertence ‘exclusivamente ao homem. Uma aranha executa operagées semelhantes as do te- celgo, e a abelha envergonha mais de um arquiteto humano com a construgao dos favos de suas colmeias. Mas o que distingue, de antem&o, 0 pior arquiteto da me- thor abetha € que ele construiu o favo em sua cabega, antes de construt-lo em ce- ra, No fim do processo de trabalho obtém-se um resultado que j6 no inicio deste * Det ou) © Empaenea doeT) 142 © Gpiral. 198. PROCESS DE TRABALHO E FROCESSO DE VALORLAGRO 14! exist na imaginagio do trabalhacor, e portanto idealmente. Ele néo apenas ele tua uma transformac&o da forma da matéria natural, realiza, 20 mestho tempo, 1» matéria natural seu objetivo, que ele sabe que determina, como lei, a espécie e + modo de sua atvidade e 20 qual tem de subordinar sua vontade. E essa subordina ‘Bo nfo é um ato isolado. Além do esforgo dos Grafs que trabalham, & exigida ‘vontade orientada a um fim, que se manifesta como aienco durante todo o tem po de trabalho, ¢ iss0 tanto mais quanto menos esse trabalho, pelo proprio contes do ¢ pela espécie € modo de sua execucéo, atrai o tabalhador, portanto, quant menos ele o aproveita, como jogo de suas propras forgas lisicas e esprtuas. (Os elementos simples do processo de trabalho so a atividade orientada a ur fim ou o trabalho mesmo, seu objeto e seus metos. ‘A terra (que do ponto de viste econdmico inclui também a Sgual, como font original de viveres e meios j6 prontos de subsisténcia para o homem,' é encontra da sem contibuigSo dele, como otjeto geral do trabalho humano. Todas as colsat que 0 trabalho 6 desprende de sia conexao direta com 0 conjunto da terra, 38+ objetos,de trabalho preexistentes por naluteza, Assim o peike que se pesca a0 se paréslo'de seu elemento de vida, a 4gua, 2 madeira que se abate na floresta vt (gem, 0 minério que é arrancado de seu fio. Se, a0 contrétio, o proprio objeto d trabalho j6 &, por assim dizer, fitrado por melo de trabalho anterior, denominame Jo matéria-prima. Por exemplo, 0 minério j& arrancado que agora vai ser lavadc ‘Toda matéria-prima é objeto de trabalho, mas nem todo objeto de trabalho ¢ maté tia-prima, O objeto de trabalho apenas & matéria-prima depois de ié ter experimer: tado uma modifcacio mediada por trabalho ‘O meio de trabalho & uma coisa ou um complexo de coisas que o trabalhade coloca entre si mesmo © o objeto de trabalho ¢ que lhe serve como condutor sua ativdade sobre esse objeto, Ele utliza as propriedades mecSnicas,fsicas, qu micas das coisas para {azé-las atuar como meios de poder sobre outras coisas, cor forme o seu objetivo? O objeto do qual o trabalhador se apodera diretamente ~ absiraindo a coleta de meios pronios de subsisténcia. Mutas, por exemplo, em qu somente seus préptios éraGos corporis servem de meios de trabalho — nko & ot jeto de trabalho, mas o melo de tabalho. Assim, mesmo o natural tomase orgi de sua atividade, ium rao qué de acrescenta a seus proprios Sra80s corporat prolongando sua figura natural, apesar da Biblia. Do mesmo modo como a terra Sua despensa original, @ ela seu. arsenal original de meios de trabalho, Fomnece-the ppor exemplo, a pedra que ele lanca, com que raspa, prensa, corta etc. A propri terra é um meio de trabalho, mas pressupée, para servir como meio de trabalh nna agriculture, uma série de outros meios de trabalho € um nivel de desenvolv ‘mento relativamente alto da forca ¢e trabalho.’ T&o logo o processo de trabalho e+ feja em alguma medida desenvoludio de todo, necessita ele de melos de trabalh Jf trabathador. Nat caveras humanas mais anfigas encontramos instrumentos d pedra e armas de pedta. Ao lado de pedra, madeira, osso conchas trabalhado: © animal domesticado e, portanto, a modificado por trabalho, desempenha no in Go da historia humana © papel principal como meio de trabalho.* O uso e a erie hsopal ie psten nionaern nn psoaa ‘tras Eocene Rha pt ures Sm» geri sal dome pn Wa aa ™ 144A pmonugho na mass vata AnseuTA «80 de melos de trabalho, embora existam em germe em ceras especies de ani mais, caractenzam 0 processo de trabalho especiicamente humano e Franklin de ne, por sso, o homem como a foolmaking animal, um animal que faz fewamentas ‘A mesma importéncia que a esirutura de oss0s fosseis tem para 0 conhecimento da organizacao de especies de animais desaparecidas, os restos dos meios de traba Iho tém pora a aprecingSo de lormagdes s6eio-econémicas desaparecidas. Nao € 0 Aue se lz, mas como, com que meios de trabalho se faz, € 0 que distingue as épo- «as econdmicas "Os meios de trabalho no so s6 medidores do grau de desenvol vimento da force de trabalho humana, mas tambem indicadores das condicoes so Cais nas quals se trabalho. Entre os meios de trabalho mesmos, os meios mecani cos de trabalho, cujo conjunto pode-se chamar de sistema Osseo e muscular da produgSo, olerecem marcas caracterisicas muito mals declsvas de uma época so {al de producio do que aqueles meios de trabalho que apenas servem de recipien tes do objeto de trabalho e cyjo conjunto pode-se designar, generalizando, de site rma vascular da produgio, como, por exemplo, bos, barns, cestas, cAniaros et Eles s6 comegam a desempenhar papel significative na fabricagao quitica,"= Alem clas coisas que mediam a atuagao do trabalho sobre seu objeto e, por is so, servem, de um modo ou de outro, de condutor da atividade, o processo de ta baiho conta, em sentido lato, entre seus melos com todas as condicaes objetivas que $80 exigidas para que o processo se realize. Estas no entrar ditetamente ne le, mas sem elas ele nfo pode decorret a0 todo ou 56 deficientemente O melo uni versal de trabalho deste tipo ¢ a propria tera, pois ela dé ao trabalhador o locus stand” e 20 processo dele o campo de ago (field of employment), Meios de taba: tho desse tipo, j& mediados pelo trabalho, s80 por exemplo ediiios de trabalho, canals, estradas ete. [No procesto de trabalho 2 atvidade do homem efetua, portanto. mediante o meio de trabalho, uma translormagao do objeto de trabalho, pretendida desde 0 Principio. O processo-extingue-se no produto. Seu produlo é um valor de us, lima maténa najural adaptada a§ necessidades humanas mediante transformacao da forma. O trabalho se uniu com seu objetivo. Q trabalho ests objetivado e.0 ob ieto trabalhado, © que do lado do trabalhador aparécia na forma de mobiidade aparece agora como propriedade imével na forme do ser, do lado do produto. Ele frou eo produto ¢ um bo Considerando'se 0 processo intero do ponto de vista de sew resultado, do produto, aparecem ambos, meio e objeto de trabalho, como meios de producso.” 0 trabalho mesmo como trabalho produivo.” ; Quando um valor de uso sai do processo de trabalho como produto, outtos valotes de uso, produtos de processos anteriores de trabalho, entram nele como meios de prodiigso. O mesmo valor de Uso consitul o produto desse trabalho, ¢ 0 meio de produgio daquele. Produtos $80, por iso, nBo's6 resultados, mas ao mes mmo tempo condées do processo de trabalho. Set mci hn hs do wma, ro pas om nie ‘lan 2a’ Bx proc qv » hogy ata a ago conga o desnsoheneio de pods male be ‘pro, de ida we tcl ep 8 od vrdodin Hatt, plo men Sse tempo Pe th ‘Seton em pentane ranen «mode hamadat haem ae de pi does © ‘specolmucel ai tmameman at ‘Baree um prone por temp trader © pe gut snd obi pxeado men de produc de pss Mas Be meni see Spencer em Sus ode "Sn eset, "PROCESSO DE TRABALHO E PROCESSO DE VALORZACRO. 145, Exceto 0s indistias extratvas,cujo objeto de trabalho & preexisente por natu. reza, como mineragso, caga, pesca etc. (a agriculture s6 no caso em que se desbra vam terras virgens), todos os ramos industais processamum objeto que € maté Se-prima, isto &, um objeto de trabalho j8 frado pelo trabalho, ele mesmo jf pro- {uto de vabalho. Assim, por exemplo, a semente na agrcultura. Animals e plan tas, que se costumam considerar produtos da Natureza, ndo s80 apenas produtos {alvez do trabalho do.ano passado, mas, em suas formas atuas, produlos de uma translormagzo.continuada por muilas geragdes, sob controle humano e mediada por trabalho humano. Quanto 20s meios de trabalho, pariculatmente, 2 grande ‘alora deles mottra até a0 olhar mals superficial os vetigios de wabalho anterior 'A materia prima pode consiut a substinca principal de um produto ou s6 entrar em sua formagio como matéria auxiar A materia auxliar & consumida pe- lo meio de trabalho, como carvlo pela méquina a vapor, éleo pela roda, feno pelo cavalo de tro, ou @ acrescentada & matéria‘pima para modlficé la materalmente, como cloro a6 linho nao branqueado, carvao 20 ferto,tnta 418, ou apoia a execu ‘Bo do proprio trabalho, como, por exemplo, as maiérias usadas para uminar e Squecer 0 local de tabalho. A dierenca entze matéia principal e maria auxiior se confunde na fabricagSo propriamente quimica, porque nenhuma das matéras primas aplicadas reaparece como substancia do produto." Como cada cola postul mitas propriedades e, por sso, ¢ capar de diversas aplcagBes tes, 0 mesmo produto pode constr a metéria-prima de processos de trabalho muito diferentes. Grdo, por exemplo, € matera-prima do molero, do fabricante de amido, do destiador, do ciador de gndo ete. Toma-se maténia-prma de sua propria produgio, como semente. Assim, 0 carvBo provém, como produto, da industria de mineragSo, e entra nela como meio de producto. (0 mesmo produto pode no mesmo processo de trabalho servir de meio de tra- batho e'de maléra-prima. Na engorda do gado. por exemplo, 0 gado. 2 matéia: prima trabalhada, é 20 mesmo tempo melo de obtencao de esttume Um produto que existe numa forma pronta para o consumo, pode tomar-se, de novo, matérie-prima de outto produto, como a uve torna-se malée-prima do vinho. Ou 0 trabalho despacha seu produto em formas em que s6 pode ser usado, de novo, como matéia prima. Maiéria‘prima nessa condicao se chama produto se- mi-elaborado ¢ seria mais bem denominada produto intermedi, como, por ‘exemplo, algodso, linho, fio etc. Embora mesmo jé sendo produto, a matéria-pri- mma ofiginal pode ter que percorrer todo um escalBo de processos diferentes, nos uals funciona sempre de novo, em forma cada vez mais alterada, como maténa- prima, até o ultimo processo de trabalho que a expele como meio acabado de sub: Sistoncia ou meio acabado de trabalho. Verse: 0 fato de um valor de uso aparecer como matéria-prima, melo de traba- ‘ho ou produto, depende totalmente de sua fungao determinada no processo de trabalho, da posig8o que nele ocupe, e com a mudanca dessa posigdo variam es sas determinagSes. ‘Ao entrar em novos processos de trabalho como meios de producsv, 0 pro: dutos perdem, por iso, o:caréter de produto, Eles $6 funcionam agora como fato res objetivo do trabalho vivo. O flandero trata fuso apenas como o melo com 0 * Soh datogue ge a pte mate pir. matte 5 malts shes mtenaze*Cherbles demir st ‘tras sles Se mates anon” [STORCH Hens Cou d connie Poldae. ou Exposition des Pracpes gu Dlemanen Is Prost det fees el Sho Peestorg Bib p 228 aE Aim} Shean Ameo Pare psn Ser Coes Feet Atre des Rca 146 —_ApROBICRO DA MAIS VALIA ABSOLIETA qual fia @ © linho como objeto que fia, Com efeito ndo se pode ficar sem material de liar e sem fuso. A existencia desses produtos"” € portanto pressuposta ao come: yar afar Mas nesse provesso iesiny iipurla lao pouco que © linho e © fuse Se jam produtos de trabalho passado, como no alo da alimentagao interessa que o pio seja produto dos trabalhos passados do camponés, do moleito, do. padeiro ‘etc, Ao contrat, se os meios de producao fazem valer, no processo de trabalho, ‘seu caréter como produtos de trabalho passado, iss0 acontece somente por inter médo de seus deleitos. Uma faca que nao corta, o fio que se parte constantemen: te etc, lembram vivamente o cuteleito A e o fiandeiro E. No produto bem elabora do, extinguiu-se a aquisicgo de suas propriedades uteis por intermédio do trabalho passado, ‘Uma maquina que nao serve no processo de trabalho ¢ inatil. Alem disso, su: cumbe a forga destruidora do metabolismo natural O ferro enferuja, a madeira apodrece. Fio que nio é usado para tecer ou fazer malha & algodio estragado. O} trabalho vivo deve apoderar se dessas coisas, duspertélas dentre os mottos, trans forma-las de valores de uso apenas possivels em valores de uso reais ¢ eietivos. LLambidas pelo fogo do trabalho, apropriadas por ele como seus corpos, animadas 2 exercer as fungdes de sua concepeBo e vocacso. & verdade que sero também consumidas, porém de um modo onentado a um fim, como elementos constitut: vv0s de novos valores de uso. de novos produtos, aptos a incorporar'se a0 consu ‘mo individual como meios de subsisténcia ou a um novo processo de trabalho co mo meios de producso. Se, portanto, produtos existentes sio no s6 resultados, mas também condi Bes de existéncia do processo de trabalho, por outro lado ¢ sua introdugao nele, isto €, seu contalo com trabalho vivo, 0 Unico meio de conservar e realizar esses produtos de trabalho passado como valores de uso. ( trabalho gasta seus elementos matenais, seu objeto e seu meio, os devora e| @. portanto. processo de consumo. Fsse consuma produtivo distingue-se do consu mo individual por consumir o aitimo os produtos como meios de subsistencia do in dividuo vivo, © primeito, porém, como meios de subsistencia do trabalho, da forca de trabalho ativa do individuo. © produto de consumo individual é, por isso, 0 pro prio consumidor. o resultado do consumo produtivo um produto distinto do. consu ‘mid Na medida em que seu meio ¢ objeto mesmos j8 sejam produtos, o trabalho consome produtos para criar produtos ou asta produtos como meios de producso. de produtos. Como o processo de trabalho se passa originalmente 6 entre 0 ho. mem @ a terra, que preexistia sem sua colaboragéo, continuam a servir-the ainda lais meios de producSo preexistentes por natureza e que no representam nenhu ma combinago de matéria natural e trabalho humano, © processo de trabalho. como 0 apresentamos em sous elementos simples ¢ abstratos, ¢ atividade orientada a um fim para produit valoies de uso. apropriac3o ddo natural para satistazer a necessidades humanas, condigdo universal do metabo: lismo entre o homem e a Natureza, condicéo natural eterna da vida humana e, por tanto, independente de qualquer forma ‘dessa vido, sendo antes igualmente co: mum a todas as suas formas socais. Por isso, no tivemos necessidade de apresen {ar 0 trabalhador em sua relacdo com outros trabalhadores. Q homem e seu traba tho, de um lado, a Natureza e suas matérias, do outro, bastavam. To pouco quan, to © sabor do ttigo revela quem o plantou, podem-se reconhecer nesse proceso as condigdes em que ele decorre, se sob o brutal agoite do feitor de escravos ou PROCESSO DE TRABALHO E PROCESSO DE VALORIZAGRO. 147 0b 0 lhar ansioso do capitalista, se Cincinnatus 0 realiza ao cultivar suas poucas juger®” ou o selvagem a0 abater uma fera com uma pedra.* ‘Voltemvos 90 nosso capitalsta In spe."" Deixamo-lo logo depois de ele ter com: prado no mercado todos 0s fatores necessérios a um processo de trabalho, 0s fato- res objetivos ou meios de producéo e 0 fator pessoal ou a forga de trabalho. Com © olhar sagaz de conhecedor, ele escolheu os meios de produgio e as forgas de ta batho adequados para seu negécio particular, fac8o, fabricacao de botas etc. Nos- 0 capitalsia poe-se entao a consumir a mercadora que ele comprou, a forga de trabalho, isto &, ele faz 0 portador da forga de trabalho, o trabalhador, consumir os melas de produggo mediante seu trabalho. A natureza geral do processo do traba- Tho nfo se alter, naturalmente, pot executé-o o trabalhador para o capitalsta, em vez de para si mesmo. Mas também © modo especifico de fazer botas ou de fiar no pode alterar-se de inicio pela intromissio do capitalista. Ele tem de tomar a for {2 de trabalho, de inicio, como a encontra no mercado e, portanto, também seu trabalho da maneita como se originou em um perfodo em que ainda no havia ca- paisa. A transformagéo do proprio modo de produgdo mediante a subordina: {Bo do trabalho ao capital s6 pode ocorrer mais tarde e deve por isso ser considera. da somente mais adiante, (© proceso de trabalho, em seu decurso enquanto processo de consumo da {orga de trabalho pelo captalista, mostra dois fendmenos peculares. ( trabalhador trabalha sob o controle do capitalista a quem pertence seu tra batho. O capitalsta cuida de que o trabalho se realize em ordem e os melos de pro- ducdo selam empregados conforme seus fins, portanto, que no seja desperdicada imaiéria-prima e que o instrumento de trabalho seja preservado, isto é, s6 seja des truido na medida em que seu uso no trabalho 0 exia. Segundo, porém: o produto ¢ propriedade do capitaista, e no do produtor direto, do trabaihador. © capitalisa pags, por exemplo, 0 valor de um dia da forca de trabalho. A sue utilzacSo, como a de qualquer outra mercadoria, por exemplo, 2 de um cavalo que alugou por um dia, pertence-the, portanto, durante o dia, Ao comprador da mercadoria perience a ultizagdo da mercadoria, e 0 possuidor da forga de trabalho da, de fato, apenas o valor de uso que vendeu ao dar seu traba- Iho. A partir do momento em que ele enttou na ofcina do capitaista, o valor de uso de sua forga de trabalho, portanto, sua uliizacéo, 0 trabalho, pertence 20 capi talista, O capitalist, mediante 2 compra da forca de trabalho, incorporou o proprio trabalho, como fermento vivo, aos elementos mortos constitutivos do produto, que Ihe pertencem igualmente. Do seu ponto de vista, o processo de trabalho ¢ apenas © consumo da mercadoria, forga de trabalho por ele comprada, que 6. pode, no entanto, consumir a0 acrescentar-he meios de produco. O processo de traba: tho € um processo entre coisas que o capitalista comprou, entre coisas que Ihe per- tencem. O produto desse processo lhe pertence de modo inteiramente igual 20 pro: duto do processo de fermentagSo em sua adega."" ‘enn aso tamer gc 0 Canal Tears dee ter duh pa do ene ” SPB ela ie cng oe ee npn A al hoe {gut nd pe Sam coy icy. » pepo Sem ray pay © hin eau cee eke Sim" Cag So cap” (TORBENSAR An Ey on he Preto Weal ee OTL | Unga mero [Btzpopiense pense or que ey go into cp Ge dot an spades Sem tuntaratn fm capes ea aloo io os fe dag apo ato (CHEN Ahar Pas Pr, Tal" SE) "AO wed ea ome Sick em alto don) © der do) © Emanpragho (N dos) 148 ApnOnUCAO DA MAIS VALIA ABSOLUTA 2.0 processo de valorizacao produto — a propriedade do capitaista — ¢ um valor de uso, fo, bolas etc Mas, embora es botas, por exemplo, constituam de certo modo a base do progres 0 social ¢ nosso capialsta seia um decidido progresssta, ndo fabrica as botas por causa delas mesmas. O valor de uso nBo @. de modo algum, a coisa qu'on aime pour luimeme.” Produz:se aqui valores de uso somente porque e na medida em Que sejam substrato material, portadores do valor de troca. E para nosso capitalis 1a. tatase de duas coisas, Prmewo, ele quer produzir um valor de uso que tenha tim valor de toca, um artigo destinado venda, uma mercedoria. Segundo, ele ‘quer produair uma mercadoria cujo valor seja mais alto que a soma dos valores ‘das mercadorias exigidas para produzila, os meios de produgio ¢ a forca de traba- tho, para as quals adiantou seu bom dinheito no mercado. Quer produzit no s6 tm valor de uso, mas uma mercadoria, nfo s6 valor de uso, mas valor € no 6 va~ Jor. mas também mais alia, De fato, tatando-se aqui de produgao de mercadorias, consideramos, até ago: ra, evidentemente apenas um lado do processo. Como a prépria mercadoria € uni dace de valor de uso valor. seu proce de produco tem ide ser unidade de processo de trabalho e processo de formagso de valor. Consideremos 0 processo de produco agora fambém como processo de for: magi de valor. ‘Sabemnos que o valor de toda mercadoria ¢ determinado pelo quantum de tra balho materalizado em seu valor de uso, pelo tempo de trabalho socialmente ne cessério 3 sua produggo. Isso vale também para 0 produto que nosso capitalista ob- feve como resultado do processo de trabalho. De inicio, tem-se portanto de calcu Jaro trabalho materializado nesse produto. ‘Seja, por exemplo, fo. Para a fabricagio. do fio precisa’se, em primeiro lugar, de sua matéria-prima, por exemplo, 10 libras de algodio, Néo & necessério investigar 0 valor do algodao, pols 0 capitalista o comprou no mercado pelo seu valor, por exemplo, 10 xelins. Ro prego do algodio jé esté representado o trabalho exigido para sua producso, ‘como trabalho geral social. Suponhamos ainda que a massa de fusos desgastada tno processamento do algodo, que representa, para nés, todos os cutros meios de trabalho empregados, tenha um valor de 2 xelins. Se uma massa de ouro de 12 xe- lins € © produto de 24 horas ot 2 dias de trabalho, segue-se, de inicio, que no fio estdo objetivados 2 dias de trabalho. Nao nos deve desconcertar a circunstancia de que 0 algod3o mudou sua for ma ¢ a massa de fusos consumida desapareceu totalmente. Sequndo a let geral do valor, 10 libras de fo, por exemplo, s80 um equivalente de 10 libras de algoddo nos 1/4 de fuse, desde que 0 valor de 40 libras de fio seja = 0 valor de 40 libras de algodso + 0 valor de um fuso inteto, Isto é, que © mesmo tempo de trabalho Sela exigido para produzir 0 que esté em cada um dos lados dessa equacdo. Neste caso. 0 mesmo tempo de trabalho representa-se uma vez no valor de uso fio, e 2 PROCESSO DE TRABALHO F PROCESSO DE vALORIZACRO 149 outta vez nos valores de uso algodSo ¢ fuso, Ao valor é indiferente se aparece em fo. fuso ou algodo. O lato de que {uso e algodéo, em vez de ficarem, parados, tim ao lado do outro, se unem no processo de fiagéo, que modifica suas formas de {so tansformando-se em fo, afta t80 pouco o seu valor quanto se fossem realiza- ‘dos, mediante simples nfercamblo, contra um equivalent de fio. = ‘O tempo de trabalho exigdo para a produgSo do algodio é parte do tempo de trabalho exigido para 2 produglo do fio, 20 qual serve de matéria-prime, € por {sso esta confide no fio O mesmo vale para o tempo de trabalho exigdo para pro- dir a massa de fusos, sem cuja depreeiagao ou Consumo o algodo no poderia serfindo.” ‘Na medida em que, portato, 0 valor do flo, 0 tempo de trabalho exigldo Be ra sua produclo, € considerado, os diferentes processos particuares de trabalho se- parados no tempo e no espaco, que tm que ser percortidos para produzi 0 pro prio algodso e a massa de fusos desgastada e para fazer, fnalmente, de algodo e Tso fio pocem ser considerados como diversas fases sucessivas do mesmo proces- £0 de trabalho. Todo o trabalho contido no fio ¢ trabalho passado, Que o tempo {e trabalho exigido para a produgso dos elementos consttutivos do fio tenha pas Sedo antes, estando. no mals que perelo, enquanto 0 trabalho empregado direta- Tente no processo fina, a fagso, enconta-se mais perto do presente, no preténto Perfeio, "ume eirunstancia absolulamente indilerente. Se determinada quantida- fe de trabalho, 30 dias de trabalho por exemplo, & necessénia para construlr ima casa, ndo se aliera nada no quantum toial do tempo de trabalho incorporado & ca- $e peo lato de que o tigesimo dia de trabalho entrou na producSo 29 dias depois dio primero dia de trabalho. E assim pode considerar-se 0 tempo de trabalho cont ddo no materal de trabalho e nos melos de trabalho como se tvesse sido despend ddo numa fase anterior do processo de facdo, antes do trabalho finalmente acres ‘entado, sob a forma de ago. {s valores dos meios de produglo, do algodko e do fuso, expressos no prego de 12 xelins, formam, portanto, partes Integrantes do valor do fo ou do valor do produto 'S6.duas condibes tém de ser preenchidad. Primeitd,algodio e fuso devem ter servido realmente a produgSo de um valot de uso, Devem terse tornado em nosso caso fo. Que valor de Uso © pora ¢ indiferente 20 valor, mas um valor de J] so tem de portélo. Segundo, presupde-se que somente o tempo de trabalho ne- I cesséro, sob dadas condigdes socials de producto, fi apicado, Se, portanto, ape | has 1 Hora de algodao fosse necesséra para fiat 1 libra de fio, entbo deve-se consu- tnir apenas 1 libra de algodso na febricagBo de 1 libra de fo. O mesmo vale para o {uso ‘Ainda que o capiaista fesse a fantasia de empregarfusos de ouro em vez de fusos de feo. no Valor do fo #6 cont, todavia, o trabalho socialmente necess6- to. isto €.0 tempo de trabalho necessrio para a producdo de fusos de ferro Solbemos agora dual parte do valor do fio forma us meios de produbo, algo: dao e fuso.E igual a 12 xelns, ou & materalzagao de 2 dias de trabalho. Trata-se gore daquela parts de valor que o trabalho do proprio fandeto acrescenta 20 al: godio. ‘Agora temnos de observer esse trabalho sob um aspecto totalmente diverso da- quele s0 offal o consideramos durante o processo de trabalho. L6, tratava-se da Sividade onentada a0 fim de tansformar algodio em fio. Quanto mais adequado trabalho 2 esse, tanto melhor © flo, supondo-se inalteradas todas as demals cit Ne vor da merci no ea pens 0 babe tela eta depen emerson bo St tendo. ma ute 0 mb apke eat depeche RICARDO OP cunsténcias. © trabalho do Bander era especiicamente diferente de outos taba thos produtvos, e @ dversade manfesiava se subjetva ¢ objetvamente: no fn particular da fagSo, em seu modo pariculae de operr, na hetutra paulo de seus meos de producto, no valor de uso parielo de Su produto, Algodaae fu so servem de mos Ge subsitenca do tabalho defi, mas’ ndo se pose com ees iaver canes ‘alodos. Na medida em que o trabalho ‘do fendeis & peo conte "o,frmador de valor, isto fonte de valor, nfo se cisingue em nada’ do ibaa do perturador de canes, ou, que esa aqui mas prOno, dos ebalhos do plan Iador de algod8o e do produtor de fusos,teazados nos ios de produgho dof E apenas por causa cone Mencia gu plantar aged fans fas ¢ Eas cans formar partes epenas quantiatvamente-dlerenes do mesmo valor tla do valor do fo, Aqut if nao se ta da quaidade, da naturerae do conteddo do tabalo, mas apenas de sue quantidade € cl calelé la, Prestupomoy que 0 tobalho de far € trabalho simples, trabalho socal medio. Verses Gepots que © prestposto contro no aera nada na cosa, Durante o processo de trabalho, o rabaho se tanspée contnuamente da fo ma de agtagSo para a de sr, do fora de movimento pare a de objesvidade. Ro fim de T hora, © movimento de far ext represen om delermnado. quanti de fo, poranto determinado quantum de tablio, I hota de abel, ests objet. ‘ado no algodso. Demos hore de tabalho, isto &, 0 dependio da forge Ul Jo fandeito durante 1 hor. pots o trabalho de far apenas vale aqul enauanto dapén. dio de orga de rablo eno enquanio trabalho espectico de Hoo. Ago € de imporinca deviva que durone 9 proceso” sto é, durante a tansfomacdo do algodso em fo, somente 6 tempo de abate socaimente neces Sto sem consumido. Se sob condos soca Ue produgdo noma, ie € mae. dias. 'ibas de algodao tm de ser translormados, guante | hora de aba, te B libras de fo, ertgo somente vale como Jomnoda de trabalho de 12 hores aauel jomada de tabalho que transforma 12 x/ liras de algodso em 12 x 8 h tras de fo. Po apenas o tempo de tabalho socalmente neseesrio cont como forma valor” Como 0 prépro abso, assim a maténa-rima e o produto aparecem aqui sob ume lr toalmente diferente da projetada polo ponto de usta do procezo de trabalho propramente ito. A mateharptina, fneonow, aqui apenas" como igo due absowe delerminado quantum de tabalho. Por meio dessa rbsorcbo, tons ma'se, de fat, em fo, poraue a forge Ge taoeho at despendidn Te fo sree Centada sob a forma de fngao. Mas © produto, o lo, @ goa apenas uma esala gjaduada que mede 0 traelho absoride pe alodo. Se em T fora 1 213 toa de algodo € fda ou nansirmada em 1 23 tore de fo. eno 10 teres de fon dicam 6 horas de trabalho absondesGuantdades de produto detemnadas, ven fcadas pela expesenc, representam agora nada mals que determinedas quand des de trabalho, determinate massa de tempo de trabalho sofeado, Sto, ape "a5 moteraizagao de Thor, de 2 horas. def ode taba set, Que o trabalho sea precsamente trabalho de far, seu material © algodSo e seu produto fo ineresse aq tao pouco quenlo 9 cbieto Jo tabeo. bor sua tex, Sera produto, portant, materia prima. Se o tabalhedor em ver Ge forex ‘esse ocupado numa mina de cargo, 0 objeto ce trabalho, o condo, Sra pees tente por natureea. Apesr dso, detrminado quantum de caro arancads da Fecha, I. quinal por exemple. represen, dotoinede’ quantum Ge wabalho io tatar da vend da forga de trabalho foi suposto que seu valor dso = 3 Iretins e que neses limos exo incorporadas 6 horas de aban, sondo, porlan. 1a, exigdo esse quantum de trabalho para produsr'9 soma medi dos meer de MOCESSO DE TRABALHO F PROCESSO DE VAtoRtzAGAO 181 Hos de subsisténcia do tabalhador. Se nosso fandei, durante 1 hora de taba tho, transforma 1 23 libra de algoddo em 1 2/3 Hora de fi." entSo wensformard, em 6 horas, 10 libra de algodo em 10 libras de fo Durante 0 processo da hagso © algodto absorve, portato, 6 horas de trabalho. O mesmo tempo de wabalho we presenta: num quentum de ouro de 3 xelins. Mediante propria ngio acrescen tase, pois, ao algodso um valor de 3 xelins ‘ejamos agora o valor total do produto, das 10 lbras de lo. Nelas se objet vary 2 1/2 das de trabalho, sendo 2 dias contidos no algoddo e na massa de fos, € 112 dia absonvido durante 0 processo da facSo. O mesmo tempo de trabalho re presenta:se numa massa de ouro de 15 xeins” O prego adequado oo vale dae 10 libras de fio é, portanto, 15 xelins, 0 preco de 1 libra de fio, 1 xelim e 6 pence. Nosso capialisa fica perplexo. 0 valor do produto ¢ igual a0 valor do capital adiantado. O valor adiantado ndo se valozou, nio produaus maisvali 0 dinero ‘Mo se translormou pols em capital O preco das 10 Horas de fo € 15 cine w 1 xelins foram despendios no mercado’ polos elementos constuivos. da. produto 04, 0 que ¢ 0 mesmo. para 0s latores do processo de trabalho: 10 relins pars o a godio, 2 xelins para a massa de fusos consumida ¢ 3 xeins para foren de ust tho. 0 valor inchado do fio em nada ajuda, pois seu valor @ apenas a ssima dos va lores que antes se distbuiram entre algodio, {uso eforca de trabalho, e de lal odt «o simples de valores preeistentes nfo pode agora jamais surg Uma mals-vn- la.” Esses valores estio concentrados agora numa :0 cows, mas é 0 estovam na soma de dinheiro de 15 xelins antes que esta se fragmentasse por meio de tres comps de mercadorias. Em si para si, esse resultado no tem nada de estranho. O valor de | libra de fio ¢ 1 xelim e 6 pence, © por 10 libras de fo nosso capiasia tera le pager No ‘mercado, portanto, 15 xan. Tanto faz que compre no rhercado su east particu Jae j6 pronta, ou que a mande consruir, nenluna dessas operocoes aumentard © dinheto gasto na aquisicdo da case {|__© copia, temitrzado com a economia vulgar. dé taver que adiantou "seu dinheio com a intenga0 de, com iso, farer mais cinheito. Mas, © caminho 20 infemo ests calgado de boas intengSes e ele podeia, do mesmo modo, te a intew «0 de fazer dinheiro sem produrr nada" Ameaca, NBo o apanharao de nove Fu turamente, compraré a mercadora pronta no mercado em ver de labricS ie, Mas Se todos 0 seus imaos capitalisis fzerem © mesmo, onde devers ele encontar mercadoras pron? E dinheiro ele nBo pode comet. Ele faz um sermBo, Deve se levar em consideragio sua abstinéncia. Poderia esbaniar seus 15 nels Em higer disso, 08 consumiu'produtvamente e os translormou. em fio Mas. gocas a ico, ele tem flo em vez de remorsos. Ele nfo deve, de modo algum, recat ne papel do entesouredor que j8 nos mostrou 0 que se oblém do acetismo. Alem disso onde nada existe, o imperador perdeu seu dicelio. Qualquer que seja.o mento de sus ve nnca, nBo existe nada para pagélo adicionalmente. uma ver que 0 valor do pro dito que resulta do processo’€ apenas igual 8 soma dos valores das mercodoras langadas nele. Tem de consolarse com a idela de'a vite sera recompense do Sores pong rn vv 08 , htm por eng Se rt Se hae ss sane || atom Benes Aono tn Co Se Sc oe | fir'pasion Sats Jen 152 A RODUCAO DA MAIS VALIA ABSOLUTA virtue, Mas, em vez disso, ele se toma importuno. O fio no the serve de nada Ele o produziu para a venda, Assim que ele o venda ov. melhor ainda, que produ 22 no futuro apenas coisas para seu proprio uso, receita que seu médico da familia MacCulloch, ja preserevera como remédio comprovado contra a epidemia da su: perprodugio. Ele se tora teimoso. Deveria o trabalhador, com seus proprios mem: bros, ciar no éter figuragdes de trabalho, produzir mercadorias? Nao Ihe deu ele a ‘matéria, com a qual e na qual pode dat corpo a seu trabalho? Sendo a maior parte da sociedade constitulda dos que nada tém nao prestou ele um servo inestimavel 2 sociedade com seus meins de producio, seu algodao @ seus fusos. @ tamhérn a0. Proprio trabalhador, 30 qual forneceu ainda meios de subsisténcia? Nao deve ele ‘apresentar a conta por tal servigo? Mas, no prestoulhe o trabalhador em contra ppartida 0 servigo de transformar algodio e fuso em fio? Alem disso, ndo se trata ‘aqui de servicos."* Um servigo & nada mais que o efeto util de um valor de uso, se ja da mercadoria, seja do trabalho." Mas aqui trata-se do valor de troca. O capita lista pagou ao trabalhador o valor de 3 xelins. O trabalhador devolveu the um equi valente exato, no valor de 3 xelns, acrescide a0 algodio, Valor contra valor. Nos 50 amigo. alé ha pouco capitalisicamente arrogante, assume subitamente a atitude ‘modesta de seu proprio trabalhador. Nao trabalhou ele mesmo? Nao executou o trabalho de vigilancia e superintendéncia sobre o fiandeiro? Nao cra valor também fesse seu trabalho? Mas seu proprio overiooker™” e seu gerente encolhem os om bros. Entrementes, ja recobrou com um sortso alegre sua fisionomia anterior. Ele trogou de nds com toda essa ladainha, Nio daria um centavo por ela, Ele deixa es ses'e semelhantes subterfigios e petas vazias aos prolessores da Economia Polit a, expressamente pagos para isso. Ele mesmo é um homem prético que nem sem pre pensa no que diz fora do negacio. mas sempre sabe o que faz dento dele. Examinemes a coisa mais de perto. O valor de um dia da forca de trabalho im portava em 3 xelins, porque nela mesma esté objelivada mela jomnada de trabalho. Isto €, porque os meios de subsisténcia necessérios para produzir diariamente a for (2 de trabalho cusiém meia jomnada de trabalho.‘Mas o trabalho passado que a for @ de trabalho contém. e 0 trabalho vivo que ela pode prestar, seus custos disrios de manutengéo e seu dispendio didrio. sto duas grandezas inteiramente dilerentes, A primeira determina seu valor de troca, a outra forma seu valor de uso. O fato de que meia jormada seja necesséria para manté-lo vivo durante 24 horas nio impede © trabalhador. de modo algum, de trabalhar uma jornada inteira. O valor da forca de trabalho e sua valorizacio no processo de trabalho $80, portanto, duas grande 22s distintas. Essa diferenca de valor o capitaista tinha em vista quando comprou a forga de trabalho. Sua propriedade uti, de poder fazer fio ou botas, era apenas uma conditio sine qua non.” pois 0 trabalho para criat valor tem de ser despendi Des ae ot earn tee |_} Met cn oma ma Abe” os ace ‘nam ra rns eos ma tna pe» se pn coo wate 9 toe Se gue Crt tr tenage «bane ne jou & se «bran Po um sro «ua sda prsum moter an el sn gdm rs ¢ en ness a as Sc rane Os pon psa ak romss pote ergn op sis sero anne ea seigae pesos: pas ein ee tener ence SiVER Mare ar de other wr dor aSer Poet 3 Emde Kk der Pol Dek, p 4, bao sobre wo, ee oases: “Compreen gules & cates ‘sen ere) deve Pea tens pec de eanomaas coma) B Say eF Basa * Wen po Oop. N40) ere 13 4A MEW. p24 (8 dE Abe) Pac dT Condo pata oa [ROCESSO DE TRABALHO £ PROCESSO DE VALORIZAGKO 153, do em forma iit. Mas 0 decisivo fol © valor de uso especiico dessa mercadoria ser fonte de valor, ¢ de mais valor do que ela mesma tem. Esse ¢ 0 servigo espectico ue 0 capitalista dela espera. E ele procede, no caso, segundo as leis eternas do in- tercémbio de mercadorias. Na verdade, o vendedor da forca de trabalho, como 0 vendedor de qualquer outra mercadoria, realiza sau valor de toca e aliena seu va- lor de uso. Ele nfo pode obter um, sem desfazer'se do outro. O valor de uso da {orga de trabalho, o proprio trabalho, pertence t80 pouco ao seu vendedor, quanto © valor de uso do 6leo vendldo, ao comerciante que o vendeuO possuidar de di- ‘heiro pagou 0 valor de um dia'da forga de trabalho; pertence-Ihe, portanto, a tik- zagSo dela durante o dia, o trabalho de uma jornada. A circunstancla de que a ma nnuteng8o diétia da force de trabalho s6 custa mela jomada de trabalho, apesar de a forea de trabalho poder operar, trabalhar um dia inteto, e por iss0, 0 valor que sua ublizagéo cria durante um dia 6 0 dobro de seu préprio valor de um dla, & gran- de sorte para o comprador, mas, de modo algum, uma injustiga contra o vende- dor Nosso caplalista previu 0 caso que o faz sorit."" trabalhador encontra, por isso, na oficna, os meios de produgio necessérios no para um processo de traba- tho de 6 horas, mas de 12. Se 10 libras de algod8o absorviam 6 horas de trabalho ¢ transformavam-se em 10 libras de fio, ent8o 20 libras de algodao absorverso 12 horas de trabalho e se translormarao em 20 libras de fio. Consideremos © produto do processo prolongado de trabalho. Nas 20 libras de fo esto objetivadas agora 5 Jomnadas de trabalho: 4 na massa consumida de algodo e fusos, 1 absorvida pelo algodio durante o processo de fingdo. Mas a expresso em ouro de 5 jomadas de trabalho € 30 xelins ou 1 libra esterina e 10 xelins. Esse é, porianto, o prego das 20 libras ae flo, Uma libra de fio custa, depois como antes, 1 xelim e 6 pence. Mas ‘soma dos valores das mercadorias lancadas no processo imporiou em 27 xelins. O valor do fio € de 30 xeins. O valor do produto ullrapassou de 19 valor adian- tado para sua produc. Dessa maneira, tansformaram-se 27 xelins em 30. De- ram uma maisvalia de 3 xelins. Firalmente a artimanka deu certo. Dinheiro se transformou em capital Todas as condigdes do problema foram resolvidas e, de modo algum, as leis do intercdmbio de mercadorias foram violadas. Trocou-se equivalente por equiva- lente. O capitaisa pagou, como comprador, toda mercadoria por seu valor, algo- dio, massa de fusos, forga de trabalho. Depois fez 0 que faz qualquer outro com- prador de mercadorias. Consumiu seu valor de uso. Do processo de consumo da forca de trabalho, a0 mesmo tempo processo de produgSo da mercadoria, resutou tum produto de 20 libras de fio com um valor de 30 xelins. O eapitalista volta agora {20 mercado e vende mercadotia, depois de ter comprado mercadoria, Vende a li ra de fio por 1 xelim @ 6 penee, nenhum centavo acima ou abaixo de seu valor. E, ndo obsiante tra da circulagdo 3 xelins mats do que nela lancou. Todo esse se- guimento, a transformagao de seu dinheiro em capital, se opera na esfera da circu- lagdo e no se opera nela. Por intermédio da circulag8o, por ser condicionado pela compra da forga de trabalho no mercado. Fora da circulaglo, pois ela apenas intro: dduz 0 processo de valorizagdo, que ocorre na esfera da produgéo. E assim tout pour le mieux dans le meilleur des mondes possibles "" 0 capitals, a0 transformar dinheito em mercadorias, que servern de mate: tas constituintes de um novo produto ou de fatores do processo de trabalho, ao in corporar forga de trabalho viva 8 sua objetvidade morta, transforma valor, traba- 2. eine ten mach. tc meade be Gort, Foto Pa Pen “Quy de Esa’ 1 ae pet erro mor dos mundos poste” Alora romance nico de Vat Candide, 0 FOB rome nt Nerd) 154A FRODUEKO DA MAIS VALIA ABSOLUTA tho passado, objetivado, morto em capital, em valor que se valoriza 2 si mesmo, ‘um monstro animado que comeca a “trabalhar" como se tivesse amor no corpo." ‘Se comparamos 0 processo de formacao de valor com 0 processo de valoriza «80, vernos que o processo de valonzagso no é nada mais que um processo de formacéo de valor prolongado além de certo ponto. Se este apenas dura alé 0 pon |t0 em que o valor da forca de trabalho pago pelo capital é substituide por um no: "vo equivalente, entdo é um processo simples de formacdo de valor. Se ultrapassa esse ponto, toma-se processo de valoriza¢8o. Se comparamos. além disso. 0 processo de formagSo de valor com proces: so de trabalho, vemos que este consiste no trabalho ul que produz valores de uso. O movimento ¢ considerado aqui qualitativamente, em seu modo e maneira particular, segundo seu objetivo e contetido. O mesmo processo de trabalho apre Senta se no processo de formagao de valor somente em seu aspecto quantitative TTrata se aqui apenas do tempo que o trabalho precisa para sua operagio ou da du ago na qual a Torca de trabalho € despendida de forma til. Tambérn as mercado: ‘as que entram no processo de trabalho aqui j4 no valem como fatores materais, determinados funcionalmente. da forca de trabalho atuando orientadamente para ‘um fim. Apenas contam com determinadas quantidades de trabalho objetvado. O trabalho, seja contido nos meios de producéo, seja acrescido a eles pela forca de trabalho, somente conta por sua duragao. Representa tantas horas, dias etc Mas conta somente, na medida em que 0 tempo gasto na produc3o do valor de uso € socialmente nece sario. Isso envolve varias fatores. A forca de trabalho tem de funcionar em conargoes normais, Se a méquina de fiar & o instrumento de trabalho socialmente dominante para a fiagdo, enlao ndo se deve por uma roda de fiar nas mos do trabalhador Ele nao deve receber, em vez de algodao de qualida dde normal, um refugo que rasga a todo instante. Em ambos os casos, ele precisaria de mais do que o tempo socialmente necessério para a produgio de 1 libra de fo, mas esse tempo excedente no geraria valor em dinheiro, O carater normal dos fa tores materials de trabalho no depende, porém, do trabalhador, mas do capitais 1a, Outra condicao @ 0 cardter normal da propria forea de trabalho. No ramo que se aplica deve possuir o grau médio de habilidade, destreza e rapidez. Mas nosso capitalista comprou no mercado forga de trabalho de qualidade normal. Essa forca tem de ser despendida no grau médio habitual de esforgo, com o grau de intensida de socialmente usual. Sobre iss0 0 capitalsia exerce vigilincia com o mesmo te ‘mor que manifesta de que nenhum tempo seja desperdicado, sem trabalho. Com: prou a forga de trabalho por prazo determinado. Insiste em ter o que € seu. Nao {quer ser roubado, Finalmente — e para isso tem ele seu proprio code pénal!"” — ndo deve ocorrer nenhum consumo desnecessério de matéria-prima e meios de tra balho, porque material ¢ meios de trabalho desperdicados representam quantida: des despendidas em excesso de trabalho objetivads, que, portanto, do con: tam nem entiam no produto da formacdo de valor."” "fu my ean gu nrc dl ad. elo nad a sed oe te on no oma marine mun ts rarer dm se ns my de Wasic sere ac nose sll a in Komer Ele oon cme 9 stone de Sere dees 90 mols bs ¢ dea can onore le port se mae Se posta come Bp ‘eptimen. sens mp0 rarumentor de mab ma Kon mal peedar pr rater Seto» hak ‘nema rtd once de serem oegedo Ale edo aa Cuena deSecuakoemanseams, Por, 908 "mmumero mage TN doa "norman cl (dor Come et aa 9 ose "Aan Se Arak om Untgnnenel Ware PROCESSO DE TRABALHO E PROCESSO DE VALORIEACKO 155 Ve-se: a diferenca obtida anteriormente da andlse da mercadoria, entre 0 ta: bbalho enquanto criador de valor de uso e o mesmo trabalho enquanio crlador de valor, apresenta se agora como diferenciaglo dos diferentes aspectos do processo de produgao, Como unidade do processo de trabalho ¢ process de formacao de valor, 0 processo de produgio € processo de produgio de mercddorias: como unidade do processo de trabalho e processo de valorizacio, ¢ ele processo de producio capita lista, forma capitalista da produgo de mercadorias. Observamos anteriormente que para o processo de valorizag3o @ totalmente indiferente se o trabalho apropriado pelo capitalsta ¢ trabalho simples, trabalho so:

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