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Teich já defendeu priorização de jovens por sistema de saúde

Eduardo Simões
16 ABR 2020 19h44atualizado às 19h47
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Anunciado nesta quinta-feira para comandar o Ministério da Saúde durante a pandemia
do coronavírus, o oncologista Nelson Teich tem currículo empresarial na área médica
e já defendeu que se faça escolhas entre tratar um idoso com doenças crônicas ou
dar atendimento a um adolescente, diante da falta de recursos no sistema público.

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Bolsonaro no Planalto, antes de anunciar nome de novo ministro da Saúde, Nelson


Teich 16/4/2020 REUTERS/Adriano Machado
Bolsonaro no Planalto, antes de anunciar nome de novo ministro da Saúde, Nelson
Teich 16/4/2020 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters
Teich, que colaborou na campanha de Bolsonaro à Presidência em 2018 dando conselhos
na área de saúde, atuou de setembro do ano passado a janeiro deste ano como
conselheiro do atual secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do
ministério, Denizar Vianna, apontado como o homem da ciência na pasta pelo agora
ex-titular da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Trabalhando como consultor até ser convidado por Bolsonaro para comandar o
ministério, Teich já fundou empresas na área de saúde, uma delas vendida
posteriormente a um plano de saúde, e é formado em medicina pela Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (UERJ), além de ter feito residência no Instituto Nacional
do Câncer (Inca) e especializações em Economia da Saúde e MBA em saúde.

Em vídeo gravado para um fórum de oncologia realizado há um ano em Brasília, o novo


ministro disse que o sistema público é tratado de forma superficial e defendeu que,
diante da falta de recursos para o Sistema Único de Saúde (SUS), é necessário se
fazer escolhas, como, por exemplo, entre tratar um idoso com doenças crônicas ou um
adolescente.

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"Como você tem o dinheiro limitado, você vai ter que fazer escolhas. Então você vai
ter que definir onde você vai investir. Eu tenho uma pessoa que é idosa, que tem
uma doença crônica avançada e ela teve uma complicação. Para ela melhorar, eu vou
gastar praticamente o mesmo dinheiro que eu vou gastar para investir em um
adolescente que está com um problema", disse.

"O mesmo dinheiro que eu vou investir. É igual. Só que essa pessoa é uma
adolescente que vai ter a vida inteira pela frente, e a outra é uma pessoa idosa
que pode estar no final da vida. Qual vai ser a escolha?", indagou.

Apesar de ter sido encarregado por Bolsonaro de buscar formas de permitir a


retomada gradual da economia, o oncologista defendeu o isolamento social como
ferramenta de combate ao avanço do Covid-19, doença respiratória causada pelo
coronavírus, em artigo publicado do início deste mês.

"Diante da falta de informações detalhadas e completas do comportamento, da


morbidade e da letalidade da Covid-19, e com a possibilidade do Sistema de Saúde
não ser capaz de absorver a demanda crescente de pacientes, a opção pelo isolamento
horizontal, onde toda a população que não executa atividades essenciais precisa
seguir medidas de distanciamento social, é a melhor estratégia no momento",
escreveu.

"Além do impacto no cuidado dos pacientes, o isolamento horizontal é uma estratégia


que permite ganhar tempo para entender melhor a doença e para implantar medidas que
permitam a retomada econômica do país."

Bolsonaro é contra o isolamento horizontal. Ele defende o que chama de isolamento


vertical, no qual somente integrantes do grupo de risco da doença --idosos e
portadores de comorbidades-- ficam isolados.

No mesmo artigo do início de abril, Teich disse que o isolamento vertical "também
tem fragilidades" e "não representa uma solução definitiva" para o problema.

"Como exemplo, sendo real a informação que a maioria das transmissões acontecem à
partir de pessoas sem sintomas, se deixarmos as pessoas com maior risco de morte
pela Covid-19 em casa e liberarmos aqueles com menor risco para o trabalho, com o
passar do tempo teríamos pessoas assintomáticas transmitindo a doença para as
famílias, para as pessoas de alto risco que foram isoladas e ficaram em casa",
escreveu.

Em pronunciamento ao lado de Bolsonaro logo depois de ser anunciado para comandar a


Saúde, Teich disse que não tomará medidas bruscas em relação ao isolamento, se
declarou completamente alinhado ao presidente e disse que trabalhará para que a
vida dos brasileiros volte ao normal.

"A gente discutir saúde e economia, isso é muito ruim... Essas coisas são
complementares", disse. "Uma coisa importante do desenvolvimento econômico é que
ele arrasta as outras coisas", acrescentou.

(Edição de Pedro Fonseca)

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