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Trump recua e diz que governadores decidem sobre isolamento

Em teleconferência, presidente americano defende retomada da economia no dia 1º de


maio, mas promete não impor calendário aos Estados
Beatriz Bulla / Correspondente, Washington
16 ABR 2020 19h36atualizado às 19h37
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O presidente dos EUA, Donald Trump, mudou de tom nesta quinta-feira, 16, e afirmou
que a decisão de retomar as atividades econômicas do país, paralisado como medida
para conter o coronavírus, será tomada pelos governadores. Em reunião virtual com
os líderes dos governos estaduais, Trump apresentou um programa com etapas para
começar a normalizar a situação em maio, mas deixou claro que cada um dos Estados
terá de tomar sua própria decisão.

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desemprego

Trump durante reunião na Casa Branca 14/4/202 REUTERS/Leah Millis


Trump durante reunião na Casa Branca 14/4/202 REUTERS/Leah Millis
Foto: Reuters
Pela orientação da Casa Branca, os governadores também decidirão se o relaxamento
das medidas de distanciamento social devem valer para o Estado inteiro ou apenas
para regiões específicas. No plano, batizado de "Abrindo a América", o governo
argumenta que parte dos Estados poderá reabrir estabelecimentos não essenciais e
escolas no dia 1.º de maio, enquanto outros ainda precisarão estender a quarentena.

A reabertura sugerida pela Casa Branca exige dos Estados alguns requisitos. A
diretriz básica é que os governos locais documentem durante 14 dias uma trajetória
de queda sustentada dos casos de coronavírus e doenças semelhantes antes de
retirarem as ordens de isolamento. Os Estados também precisam atender a critérios
mínimos de capacidade hospitalar e comprovar uma estrutura de testagem da
população.

Muitos Estados americanos argumentam que ainda não possuem número suficiente de
testes que dê segurança para retomar as atividades econômicas. As diretrizes da
Casa Branca pedem ainda a manutenção de medidas como uso de máscaras e constante
higienização das mãos.

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"Vocês tomarão as decisões. Nós estaremos apoiando vocês e teremos nosso país
aberto e funcionando. As pessoas querem voltar a trabalhar", disse Trump aos
governadores. O anúncio contrariou as expectativas de muitos analistas e indica um
raro recuo do presidente americano.

No início da semana, Trump adotou um tom de confronto com os governadores ao


indicar que a decisão de retomada das atividades no país caberia ao governo federal
e ele, como presidente dos EUA, tinha "autoridade total" para a tomar a decisão.
Foram os Estados que deram início à imposição de ordens de isolamento nos EUA,
diante da demora de Trump em encarar com gravidade a pandemia. A Casa Branca deu
uma resposta tardia ao coronavírus, quando os EUA já davam sinais de que se
tornariam o novo epicentro global de disseminação do vírus. Autoridades americanas
já registraram 675 mil casos confirmados e 35 mil mortes - mais do que qualquer
outro país.

Na lógica dos governadores, assim como coube aos Estados a ordem de isolamento,
caberia também a eles decidir o momento da retomada. Na manhã de hoje, se
antecipando à reunião com Trump, o governador de Nova York, Andrew Cuomo,
coordenado com outros seis Estados, anunciou que a quarentena seria estendida no
mínimo até 15 de maio.

O temor dos líderes de governos estaduais era de que Trump pressionasse por um
movimento de retomada da economia antes dos sinais de especialistas de que o fim do
isolamento era seguro. No passado, o presidente já deu sinais de descontentamento
com a paralisação do país, que há um mês está com restaurantes, escolas e empresas
de portas fechadas.

Cerca de 22 milhões de americanos se registraram como desempregados nas últimas


quatro semanas. A grande plataforma eleitoral de Trump, que busca a reeleição em
novembro, seria justamente o sucesso econômico dos EUA antes da pandemia.

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