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FACULDADE MURIALDO

CURSO: PEDAGOGIA
DISCIPLINA: PROCESSOS DIDÁTICOS E PEDAGÓGICOS I: EDUCAÇÃO
INFANTIL
PROFESSORES MESTRES: NUREIVE GOULARTE BISSACO E PEDRO PAULO
DA SILVA
ALUNA: BÁRBARA DEMETRIO

DATA: 21/08/2017

RESENHA CRÍTICA:

No intuito de nos apresentar o verdadeiro papel da infância, suas


necessidades e seu papel social, as autoras Barbosa e Magalhães (2015) se
fundamentam na obra de Philippe Ariès, e salientam que, somente após o
reconhecimento da importância da infância no meio social, por meio da realização
de programas sociais, foi que a sociedade passou a se preocupar realmente com a
infância.
Para Barbosa e Magalhães (2015), segundo Ariès, a infância a partir da Idade
Média “é considerada excluída em todos os sentidos, quer seja familiar, moral ou
econômico.” Conforme Barbosa e Magalhães (2015), a infância seria:

“Um conjunto de fatores que institui determinadas posições que incluem a


família, a escola, pai, mãe, entre outros que colaboram para que hajam
determinados modos de pensar e viver a infância.” (BARBOSA E
MAGALHÃES, 2015, p. 2).

Ainda de acordo com as autoras, na antiguidade, acreditava-se que as


mulheres e as crianças eram seres inferiores, consequentemente, não eram dignas
de cuidados diferenciados, além da duração da infância reduzida.
Ao contrário do que conhecemos hoje, conforme o artigo, a criança era vista
como um instrumento de manipulação ideológica dos adultos, que a partir da
independência física eram inseridas no mundo adulto. Além disso, durante a Idade
Média, a socialização da criança não ocorria pela família, e a educação se dava
pelos conhecimentos adquiridos junto aos adultos.
Conforme Barbosa e Magalhães (2015):
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O sentimento de infância, de preocupação com a educação moral e


pedagógica, o comportamento no meio social, são idéias que surgiram já na
modernidade o que nos leva a crer na existência de todo um processo
histórico até a sociedade vir a valorizar a infância. (BARBOSA E
MAGALHÃES, 2015, p. 3).

Com isso, as autoras denotam que a infância nem sempre será reconhecida
ou vivenciada:

Ariès é bem claro em suas colocações quando diz que a particularidade da


infância não será reconhecida e nem praticada por todas as crianças, pois
nem todas vivem a infância propriamente dita, devido às suas condições
econômicas, sociais e culturais. (BARBOSA E MAGALHÃES, 2015, p. 3).

Portanto, observamos por meio do artigo que a mudança da percepção do


sentido de infância de forma mais expressiva ocorreu entre o fim do século XVI e
durante o século XVII, devido ao início da alteração dos costumes, modos de vestir,
preocupação com a educação, e a própria separação das crianças em classes
sociais.
Importa considerar que, a forma como as crianças eram vistas e o zelo para
com elas dependia do formato da sociedade em determinado período, considerando
regras, boas maneiras e regras de etiqueta.
Para Barbosa e Magalhães (2015) apud Ariès (1978):

“Com o desenvolvimento acelerado do capitalismo, o uso da mão-de-obra


infantil contribuiu para aumentar essas desigualdades, além de que os
valores dados às crianças são os mais diversos e variam de acordo com a
época e a classe social.” (Barbosa e Magalhães, 2015, apud Ariès, 1978, p.
4).

Ainda de acordo com as autoras, a partir do momento em que se assimila o


conhecimento do atual significado de infância, a sociedade tem procurado formas
diversas de reparar os equívocos resultante do menosprezo com infância e
adolescência, desde a Idade Média, até os dias atuais.
Podemos verificar isso por meio da exploração de mão-de-obra infantil que se
intensificou a partir da Revolução Industrial e até na atualidade ecoam as
consequências, uma vez que ainda hoje há políticas públicas que buscam erradicar
o trabalho infantil não só em nível de país, mas mundialmente falando.
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E, mesmo atualmente, com todas as políticas públicas em defesa da criança


como o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, que contempla diretrizes para
o atendimento à criança e ao adolescente, a Lei da Palmada, de número 13.010 de
2014, que ficou conhecida como Lei Menino Bernardo, que versa sobre a severidade
dos castigos e punições às crianças e adolescentes, denotam o quanto ainda
estamos reconhecendo e ressignificando a infância e reestabelecendo seu papel
social em nossos dias, mostrando que este período de desenvolvimento ainda
carece de muito estudado e pesquisa, para que o presente e o futuro possa
contemplar mais ações efetivas em prol deste período.
Não seria algo para desanimar, pois como vimos com os conceitos de
infância, criança, adolescente, o próprio conceito de família também tem se
reajustado ao passar do tempo e dos modelos de sociedade. E, mesmo a família
também necessita de um documento que oriente, na atualidade, a relação que
estabelece entre seus membros, como previsto no Plano Nacional de Promoção,
Proteção, e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e
Comunitária, do Governo Federal.
Portanto, podemos perceber que há uma longa caminhada à ser realizada, na
valorização e no reconhecimento de infância e criança, e mesmo estes conceitos
estarão sempre associados com a cultura, sociedade, época e contextos sociais,
econômicos do seu tempo. Contudo, para nós, futuros educadores, nada mais justo
acompanharmos e observarmos a ampliação destes contextos e conceitos, para que
a nossa prática esteja sempre associada na ampliação e ao desenvolvimento das
potencialidades das crianças, que devem ser o centro do nosso planejamento e
ações pedagógicas.

REFERÊNCIAS:

BARBOSA, Analedy Amorim; MAGALHÃES, Maria das Graças S. Dias. A


CONCEPÇÃO DE INFÂNCIA NA VISÃO PHILIPPE ARIÈS E SUA RELAÇÃO COM
AS POLITICAS PÚBLICAS PARA A INFÂNCIA. Examãpaku, Revista Eletrônica de
Ciências Sociais, História e Relações Internacionais, UFRR, volume 8, nº 3, 2015.
Disponível em: <https://revista.ufrr.br/examapaku/article/view/1456/1050>. Acessado
em: 21/08/2017.
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BRASIL. Lei Ordinária Nº13.010, de 26 de junho de 2014. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13010.htm>.
Acessado em: 21/08/2017.
BRASIL. Plano Nacional de Promoção, Proteção, e Defesa do Direito de Crianças e
Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária. CONANDA e CNAS. Disponível
em: <http://www.sdh.gov.br/assuntos/criancas-e-adolescentes/prog/ramas/pdf/plano-
nacional-de-convivencia-familiar-e.pdf>. Acessado em: 21/08/2017.
ONU. Declaração Universal dos Direitos da Criança. 1959. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/declaracao_universal_direitos_crianca.p
df>. Acessado em: 21/08/2017.

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