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A obra pode ser enquadrada na categoria de ficção histórica, em que a autora parte
de um fato histórico verídico - a morte de Tituba, uma mulher negra e escravizada,
condenada por bruxaria pelos tribunais de Salém - e utiliza a ficção para
preencher
as lacunas dos registros históricos. •
A vida de Tituba é marcada por rejeição, perdas e sofrimento. O início do livro
já nos antecipa o destino triste traçado para a personagem: "Abena, minha mãe, foi
violentada por um marinheiro inglês no convés do Christ the King, num dia de 16**,
quando o navio zarpava para Barbados. Dessa agressão nasci. Desse ato de agressão
e desprezo.”
•
Escravizada ainda na infância, Tituba perde a sua mãe em um triste ato de violência
e abuso. A partir disso, descobre e aprende com Man Yayá o poder das plantas e do
“invisível” para fazer o bem ao próximo. E é justamente essa sua cultura, essa sua
outra forma de enxergar a morte e a ciência, que são utilizados pelo grupos
puritanos
do século XVII para enquadrá-la como bruxa. Então ser bruxa é ser alguém que se
pensa
diferente e se coloca em risco para poder ajudar o outro?
•
E apesar do sofrimento desde o primeiro momento de sua vida, encontramos em Tituba
uma mulher guerreira e que não se cala ante às discriminações que enfrenta ao
longo
da sua vida. Isso, na minha opinião, deixa o livro menos angustiante - embora não
menos doloroso. Leitura incrível, que nos faz refletir e aprender sobre um período
histórico a partir da perspectiva de uma personagem por muito tempo esquecida.