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Houve, a partir de 1692, em Massachusetts colonial, um conjunto de julgamentos

de algumas mulheres que ficaram conhecidas como “Bruxas de Salem”. Tituba,


uma mulher negra, provavelmente oriunda de Barbados, estava entre essas mulheres,
e foi presa em 1693, mas fora uma das acusadas que se beneficiou de um perdão
geral concedido pelo governador da colônia, William Phipps. Assim, Tituba é
libertada
e é vendida, mas os registros que a incluem acabam por aí, por puro racismo
dos historiadores, que jamais se importaram com o fim que teve Tituba.

A obra pode ser enquadrada na categoria de ficção histórica, em que a autora parte
de um fato histórico verídico - a morte de Tituba, uma mulher negra e escravizada,
condenada por bruxaria pelos tribunais de Salém - e utiliza a ficção para
preencher
as lacunas dos registros históricos. •
A vida de Tituba é marcada por rejeição, perdas e sofrimento. O início do livro
já nos antecipa o destino triste traçado para a personagem: "Abena, minha mãe, foi

violentada por um marinheiro inglês no convés do Christ the King, num dia de 16**,
quando o navio zarpava para Barbados. Dessa agressão nasci. Desse ato de agressão
e desprezo.”

Escravizada ainda na infância, Tituba perde a sua mãe em um triste ato de violência

e abuso. A partir disso, descobre e aprende com Man Yayá o poder das plantas e do
“invisível” para fazer o bem ao próximo. E é justamente essa sua cultura, essa sua
outra forma de enxergar a morte e a ciência, que são utilizados pelo grupos
puritanos
do século XVII para enquadrá-la como bruxa. Então ser bruxa é ser alguém que se
pensa
diferente e se coloca em risco para poder ajudar o outro?

E apesar do sofrimento desde o primeiro momento de sua vida, encontramos em Tituba
uma mulher guerreira e que não se cala ante às discriminações que enfrenta ao
longo
da sua vida. Isso, na minha opinião, deixa o livro menos angustiante - embora não
menos doloroso. Leitura incrível, que nos faz refletir e aprender sobre um período
histórico a partir da perspectiva de uma personagem por muito tempo esquecida.

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