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Bauru
2017
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS – CAMPUS DE BAURU
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
Bauru
2017
Rodrigues, Fatima Aparecida Marciano.
Neurociência e Educação Infantil: o que dizem
os professores? / Fatima Aparecida Marciano
Rodrigues, 2017
74 f. : il.
Banca Examinadora:
__________________________________________________
Profa. Dra. Maria do Carmo Monteiro Kobayashi - Orientadora
Faculdade de Ciências UNESP – Bauru
__________________________________________________
Banca: Profa. Ms. Daniela Violim da Silva
Prefeitura Municipal de Bauru – SP
__________________________________________________
Banca: Profa. Dra. Márcia Lopes Reis
Faculdade de Ciências UNESP – Bauru
BAURU
2017
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus por ter me amparado nos momentos mais difíceis na
elaboração deste projeto.
À minha família pelas orações e intercessões, ao meu esposo Ermenson pelo seu
amor, carinho e companheirismo,aos meus filhos Juliana e Junior pela força que deram e pela
paciência que tiveram comigo ao longo dessa caminhada.
Às minhas amigas, que me deram força e conselhos para que eu seguisse em frente,
e, em particular agradeço as minhas queridas amigas Mariana Lopes, Gisleine Durigan e
Silvana Oliveira por todas as dicas, incentivo, apoio sentimental e cumplicidade, em todos os
momentos difíceis, agradeço também ao meu amigo Fernando Folkis pelo apoio e amizade.
Em particular o meu querido professor, Dr. Macioniro Celeste Filho, pela dedicação
ao ensinar da melhor maneira os conteúdos e as metodologias de uma pesquisa, pela
oportunidade que me foi dada e por seu apoio, tanto emocional como tecnológico para a
pesquisa.
À professora Ms. Daniela Violim da Silva e à professora Dra. Márcia Lopes Reis que
aceitaram avaliar e contribuir com este trabalho.
Eric Kandel.
RESUMO
A neurociência se tornou um dos âmbitos centrais para integrar diversas áreas do estudo da
cognição e do comportamento humano, sendo assim fulcral para a Educação Infantil – EI. O
que sabe o professor sobre como as crianças aprendem? Que conhecimentos têm sobre as
relações de entre Neurociência e a educação da criança? Nesse sentido esse estudo teve por
objetivo identificar, descrever e analisar que conhecimentos os professores EI têm sobre os
princípios básicos da Neurociência. Para alcançar tal objetivo, foi realizada uma pesquisa de
ordem qualitativa, mais precisamente, um estudo de caso, que envolveu o levantamento
bibliográfico e de campo. Para o levantamento dos dados de campo foi elaborado um
questionário semiestruturado aplicado aos professores de cinco (5) unidades de EI,
conveniadas, da cidade de Bauru – SP. Os dados foram descritos e analisados e apontaram a
necessidade e importância do conhecimento da Neurociência para os professores e
profissionais da educação nessa etapa de escolarização. Tais conhecimentos poderão ser
utilizados a favor da criança e de suas ações educativas, se aplicados em sala de aula de
Educação Infantil.
Neuroscience has become one of the central scopes for integrating several areas of study in
cognition and human behavior, being the core of Early Childhood Education (ECE). What
does the teacher know about how children learn? What knowledge do they have about the
relationships between neuroscience and the education of the child? In this sense, this study
aimed to identify, describe and analyze what knowledge the ECE teachers have about the
basic principles of Neuroscience. To achieve this objective, a qualitative research was carried
out, more precisely, a case study, which involved bibliographical and field survey. For the
field data collection, a semi - structured questionnaire was applied to the teachers of five (5)
ECE units, from the city of Bauru - SP. Data were described, analyzed, and identified the
need and importance of Neuroscience knowledge for teachers and education professionals in
this stage of schooling. Such knowledge may be used in favor of the child and their
educational actions, if applied in the classroom of Early Childhood Education.
INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 9
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 67
APÊNDICE A .................................................................................................... 71
APÊNDICE B...................................................................................................................... 73
INTRODUÇÃO
No cérebro, existe uma área chamada “córtex cerebral” local responsável por nossas
habilidades cognitivas. O córtex é dividido em dois hemisférios cerebrais e estes se dividem
em quatro lobos: frontal, parietal, temporal e occipital. As sensações de visão (lobo occipital),
audição (lobo temporal) e tato são definidos de primeira área. A segunda área, córtex dois,
possui um arquivo que registra, identifica e interpreta o que vemos , ouvimos e tocamos e,
caso seja necessária uma intervenção cognitivo-psíquica, a mensagem é enviada para uma
terceira área, caracterizada como a mais importante, onde ficam as funções psíquicas
superiores e em que se dá a construção do saber.
Durante muito tempo, a Educação Infantil foi vista apenas sob um aspecto
assistencial, sendo-lhe atribuída somente a responsabilidade do cuidado com as crianças, sem
ter objetivos pedagógicos definidos e claros, entretanto com os avanços da ciência e da
compreensão do desenvolvimento e crescimento infantil por meio de várias áreas,
principalmente, da Neurociência, graças aos avanços dos estudos por imagem e as descobertas
sobre o funcionamento do nosso sistema cerebral trouxeram contribuições importantes como
de períodos sensíveis de aprendizagem, de enriquecimento e outros.
O tema dessa pesquisa possui uma importância particular para mim, uma vez que
meu filho, atualmente com a idade de 13 anos, foi diagnosticado aos cinco anos com o
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e aos nove, com dislexia. No
entanto, o percurso até obter o diagnóstico correto foi exaustivamente longo e penoso.
O problema se agravou a tal ponto que a diretora chegou a nos encaminhar, meu
marido e eu, para o atendimento psicológico, alegando que precisávamos ser orientados
acerca da educação e limites em relação ao meu filho, aceitamos a orientação dada, iniciando
o tratamento psicoterápico e realizando todos os procedimentos sugeridos pela terapeuta. No
entanto, não houve melhora significativa no comportamento do dele, que continuava
impulsivo e agressivo.
Nesse período, procurei novamente ajuda médica, dessa vez do neurologista infantil,
que o diagnosticou, pela primeira vez, com o Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH), mas não aceitei o diagnóstico, pois não possuía conhecimento a
respeito desse transtorno. Aos sete anos, meu filho ingressou no Ensino Fundamental, nesse
momento os conflitos se intensificaram, pois, o prejuízo no processo de aprendizagem ficou
ainda mais visível. Logo no início do segundo semestre, a coordenação da escola me chamou
e sugeriu o encaminhamento dele para o atendimento psicológico, o que foi por mim aceito
prontamente.
Após este período, sem obter resultados satisfatórios só com as terapias e a cobrança
da coordenação da escola para a melhora do comportamento, decidi ceder ao tratamento
medicamentoso. No entanto, um ano depois da entrada dos remédios, intensificaram as
reclamações e a aprendizagem não teve grandes avanços. Novamente, depois de diversas
avaliações, meu filho também foi diagnosticado com dislexia. Segundo a definição de dislexia
adotada pela IDA – Internacional Dyslexia Association, em 2002, e pelo Institute of Child
Health and Human Development – NICHD é que a dislexia do desenvolvimento é
considerada um transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica,
caracterizado por dificuldade no reconhecimento preciso e ou fluente da palavra na habilidade
de decodificação e em soletração. Essas dificuldades normalmente resultam de um déficit no
componente fonológico da linguagem e são inesperadas em relação à idade e outras
habilidades cognitivas.
O cérebro é o último órgão humano a revelar seus segredos. Durante muito tempo, as
pessoas não compreendiam qual era a função do cérebro. A descoberta da anatomia, das
funções e dos processos do cérebro tem sido uma longa e vagarosa viagem através dos
milênios.
Os gregos antigos em 450 a.C começaram a reconhecer o cérebro como o centro das
sensações humanas e, em 387 a.C, Platão faz as primeiras declarações de que o cérebro é o
centro dos processos mentais. Contradizendo os achados da época, em 335 a.C, Aristóteles
afirma que o coração é o órgão superior, atribuindo ao cérebro outras funções, como, por
exemplo, a de impedir o superaquecimento do corpo.
[...] o centro de cada função mental crescia com o uso, tal como um músculo
se desenvolve com o exercício, à medida que cada centro crescesse o crânio
16
Charles Darwin publica em 1859 a origem das espécies, seu trabalho trouxe as bases
do estudo de animais como modelos das ações e comportamentos humanos, dando uma nova
visão ao inicio da etologia, estudo em que se compreende o comportamento animal em
ambiente natural e, posteriormente, a psicologia experimental, estudo do comportamento
animal e humano sobre condições controladas.
A área de Wernicke denominada por ele como a afasia sensorial, situada em sua
maior parte no giro temporal superior do hemisfério cerebral dominante é responsável pela
mensagem da linguagem falada os sujeitos falam pouco, mas compreendem a linguagem (id.
ibid, 2003).
17
O cientista italiano Camillo Golgi publica em 1873, o método do nitrato de prata, que
possibilita a observação completa dos nervos, esse feito leva-o a ganhar o Prêmio Nobel de
1906 (MORAES, 2009).
Brenda Milner descreve em 1953, o paciente H.M., o qual foi submetido a uma
operação cirúrgica em seu cérebro, para tratar uma epilepsia intratável, e que acabou perdendo
a memória após a remoção cirúrgica de porção de ambos os lobos temporais. No entanto, em
parte, o resultado foi considerado bom, já que, depois do processo cirúrgico, sua epilepsia
pôde ser controlada clinicamente.
Nos anos de 1970 e 1980, segundo Moraes (2009) foi desenvolvida a tecnologia de
escaneamento do cérebro. Durante essa década, surgem o PET SCAN e SPECT (Pósitron
Emission Tomography) o IRM (Imagem por Ressonância Magnética) e a MEG
(Magnétoencéphalographe).
Roger Wolcott Sperry ganhou o Prêmio Nobel em 1981, pelo estudo das diferentes
funções nos dois hemisférios cerebrais Em 1983, Benjamin Libet escreve sobre a
determinação do “timing” da volição consciente.
A pré-história tem seu início com a evolução do hominídeo que caça, lasca a pedra e
constrói abrigos, até chegar ao homo-sapiens, que tem suas características próxima e muito
semelhante a nossa condição atual. Este ser:
O ensino dos povos primitivos era totalmente natural e espontâneo e sempre existiu
nas famílias, através da observação e imitação dos mais velhos, como se pode verificar em
Cambi (1999, p. 58):
Muitos foram os acontecimentos, até a criação da Escola Pitagórica, que foi fundada
no século VI a.C, tinham características de uma comunidade “com fortes vínculos de grupo,
práticas iniciáticas, um saber do tipo esotérico e aspectos de seita religiosa”
Desse modo, a estrutura organizacional de escola que temos é uma herança da Idade
Média, conforme reforça Cambi (1999):
Comenius queria “ensinar tudo a todos”, ficou conhecido como o Pai da Didática
Moderna, criando quatro tipos de escola. A proposta organizacional sugerida por Comenius
previa quatro graus sucessivos com objetivos direcionados para um melhor aproveitamento
dos alunos. Essa proposta continha conteúdos, objetivos e métodos didáticos que declinavam
a repetição excessiva ou a retenção de conhecimento que não possui.
não dá razão àqueles que atribuem a Lutero o mérito de haver dado início à
moderna escola popular. (ibid, p. 250)
Cambi (1999) relata em sua obra que o século XVII é marcado pelo inicio da
modernidade de renovações nos processos educativos incidindo dessa forma sobre a
profissionalização, saindo das oficinas artesanais dando espaço para as fábricas e do ensino
religioso para as escolas técnicas, porem as instituições educativas são tradicionais a família
continua sendo o principal local de formação moral a escola muda por meio de colégios, das
classes organizadas por idade, da modernização dos curricula; a igreja se renova se
organizando com mais intensidade como lugar educativo e instrutivo. Outra instituição que
veio depois para mudar a mente do trabalhador, a sua ideologia, a própria consciência de si
desenvolvendo dessa forma uma função de “formação” foi a manufatura ou a fabrica que
acaba sendo educativa e deseducativa, Mas a grande novidade foi o nascimento da ciência
moderna que teve resultados profundos e duradouros:
Em resumo ainda nesse século foi desenvolvida uma nova imagem de pedagógica moderna
que se desenvolveu na Europa como uma pedagogia mais livre, mais participativa socialmente
de maneira clara e eficiente, assim Cambi (1999) explica que essa pedagogia era:
[...] laica, racional, cientifica, orientada para valores sociais e civis, crítica
em relação as tradições, instituições, crenças e práxis educativas,empenhadas
em reformar a sociedade também na vertente educativa sobretudo a partir da
vertente educativa. Trata-se de uma pedagogia crítico-racionalista, capaz de
rever radicalmente os próprios princípios tradicionais e de repensá-los abi
mis fundamentis (como faz Rousseau, como faz Condillac, como faz
d‟Holbach), organizando como discurso rigoroso desenvolvido a partir de
critérios postos como verdadeiros (o homem bom por natureza, a sensação, o
homem-máquina) e que atinge com a própria critica todos os âmbitos da
educação da época (familiar, social, intelectual, religiosa etc.) propondo uma
decidida revisão. (ibid, p. 329, 330)
Assim como o século XIX começa a ser visto como o século do “triunfo da
burguesia”, da mesma forma foi a do “grande medo” burguês da ameaça pelo “fantasma” do
socialismo-comunista. Em meio a uma sociedade em grandes conflitos e transformações
econômicas, políticas e educacionais a burguesia insistia em fazer durar eternamente o seu
domínio técnico e sociopolítico através da formação de indivíduos profissionais capacitados
de desejos de ordem e de espírito produtivo, por outro lado o povo lutava pela emancipação
das classes inferiores através da divulgação da educação levando-os a libertação da mente e
da consciência para chegar à libertação política. No entanto no meio da burguesia havia
pedagogos que tinham interesse na independência do povo
socialização dessas práticas. Nesse mesmo século, a escola passa por processos de pesquisa e
fundamental transformação, essa reforma foi maior na esfera da tradição ativista, quando a
escola se colocou como instituição-chave da sociedade democrática e se nutriu de um forte
ideal anarquista (doutrina política que afirma ser a sociedade uma instituição independente do
poder do Estado). O ativismo foi também uma grande voz da pedagogia novecentista, pelo
menos até os anos 50, e alimentou toda uma serie de posições que deixaram sua marca na
escola contemporânea e na pedagogia atual (CAMBI, 1999).
Nos primeiros anos (1500), a Companhia de Jesus, tendo à frente o Padre Manuel da
Nóbrega, fundou colégios e escolas de função elementar. Os jesuítas aplicavam dois modelos
de instrução: um para os indígenas, centrado na leitura, escrita e poucas operações, e outro
voltado para os filhos de colonos, consistindo em um ensino mais culto.
Em 1807, a família real deixou Portugal e se mudou para o Brasil em razão das
desavenças com a França, dos perigos e ameaças à corte Portuguesa. Com a chegada da corte,
os investimentos no ensino técnico se multiplicaram, assim como as escolas de ensino
superior. Por outro lado, a educação popular, ou seja, os estudos primários e médios ficaram
esquecidos e o período foi de poucos avanços, conforme Aranha adianta:
No século XIX, entre 1889 a 1929 (1ª República), a educação brasileira teve influência
do pensador “Augusto Comte” (1798-1857), que pregava o ensino laico, livre e gratuito:
30
e pela família “A partir da década de 1930, a educação despertara maior atenção, quer pelos
movimentos dos educadores, quer pelas iniciativas governamentais, ou ainda pelos resultados
concretos efetivamente alcançados”. (ARANHA, 2006, p. 305)
A Constituição Federal de 1988, do art. 205 ao 514, trata sobre a educação em nosso
país. É a norma de maior hierarquia no ordenamento jurídico a falar sobre educação. Em 20
de dezembro de 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional foi promulgada
(LDB) – Lei nº 9364/96. O Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil RCNEI
(BRASIL, 1998) nasce na década de 90 do século passado, sendo um marco na história da
educação no Brasil, em um momento em que a criança pequena começou a ser vista como
criança e, como consequência, veio também à valorização do professor da Educação Infantil
(BRASIL, 1998).
Essa atitude tem como objetivo a intenção de disciplinar, tomando por base a ideia de
que o movimento impede a concentração e a atenção da criança. No berçário, o exemplo
dessas práticas são as sessões de estimulação individual de bebês que deixa as crianças por
muito tempo no berço, além de serem feitas de forma mecânica, segundo o RCNEI:
do movimento e de que forma essa interação pode ajudar no desenvolvimento cerebral e nas
capacidades de aprendizagem da criança. Segundo Pereira (2014, p.156 apud
JERUSALINSKY, 2002), “hoje se sabe quanto os estímulos nos primeiros anos de vida são
decisivos na formação neuroanatômica bem como na aquisição de capacidades motoras e
cognitivas; [...]”.
Outro fato que chama a atenção é a falta de estudos sobre esse assunto na graduação
em Pedagogia que não tem na composição de suas grades curriculares disciplina especifica da
junção entre neurociência, psicologia e educação para capacitar melhor os educadores e no
RCNEI (BRASIL, 1998) também não são encontrados esse suporte e resta aos professores a
36
A elaboração das Diretrizes Curriculares DCNEI (BRASIL, 2010) foi feita por uma
comissão com a participação de representantes de várias entidades nacionais. O processo de
elaboração das Diretrizes teve contribuições apresentadas por grupos de pesquisa e
pesquisadores, conselheiros tutelares, ministério público, várias universidades, dentre outros
(BRASIL, 2010).
Áreas corticais e suas funções. Áreas de associação: são conectadas com várias
áreas sensoriais e motoras por fibras de associação.
Área Cortical
Função
Processamento complexo da
Área de Associação informação auditiva e memória
Auditiva (em azul claro)
(em
amarelo)
Processamento complexo da informação
Área de Associação Visual (em laranja)
visual, percepção do movimento.
Córtex Visual (em verde musgo) Detecção de estímulo visual simples
Área de Wernicke (em verde limão) Compreensão da linguagem
Figura 3: Neuroeducação.
na primeira infância, pois se não for trabalhada de maneira adequada pode levar a prejuízos
que dificilmente poderão ser corrigidos. Os autores afirmam que:
A cada novo estímulo, que gera um novo conhecimento, uma nova rede se
forma conectando-se às antigas, sendo infinitas as possibilidades de
formação de redes. Assim, para que se estabeleça uma adequada utilização
destas conexões existe um sistema complexo de processamento que
seleciona as redes importantes para cada ocasião, a fim de possibilitar
respostas rápidas a cada estímulo, seja ele verbal ou não verbal. (ibid, p. 13)
Toda vez que uma criança é estimulada a pensar, novas pontes nervosas se formam
ou as já existentes se fortalecem. Quanto mais pontes nervosas forem formadas ou
fortalecidas, por meio de estímulos ambientais, mais o intelecto se desenvolve, favorecendo o
desenvolvimento da plasticidade cerebral:
Segundo Pantano e Zorzi (2009), ao nascer, a criança ainda não tem condições de ter
suas células nervosas em funcionamento e, para que isso ocorra, são necessários dois
processos: a mielinização das fibras nervosas e um meio ambiente que o estimule
adequadamente:
Educação Infantil com ações elaboradas dando a elas um ambiente seguro e interessante para
explorar com pessoas que possa dar suporte as suas necessidades intelectuais e emocionais.
Disponível em: < Rev. Bras. Estud. Pedagog. [Online]. 2015, vol.96, n.242, pp.26-41. ISSN
2176-6681. http://dx.doi.org/10.1590/S2176-6681/316512801.>Acesso em: 16/10/2016
47
Disponível em:Trab. educ. saúde (Online) [online]. 2010, vol.8, n.3, pp.537-550. ISSN
1981-7746. http://dx.doi.org/10.1590/S1981-77462010000300012.>Acesso em: 16/10/2016
48
Disponível em: Educ. Soc.[online]. 2009, vol.30, n.106, pp.151-174. ISSN 0101-7330.
http://dx.doi.org/10.1590/S0101-73302009000100008.< Acesso em: 23/09/2016
49
Disponível em: Ciênc. educ. (Bauru) [online]. 2015, vol.21, n.2, pp.395-416. ISSN 1516-
7313. http://dx.doi.org/10.1590/1516-731320150020009.>Acesso em: 23/09/2016
Formatado: Recuo:
Primeira linha: 1,5 cm
50
Disponível em: Per musi [online]. 2012, n.26, pp.94-109. ISSN 1517-7599.
http://dx.doi.org/10.1590/S1517-75992012000200010.> Acesso em: 23/09/2016
Formatado: Recuo:
Primeira linha: 1,5 cm
51
Disponível em: Educ. rev. [online]. 2005, n.25, pp.175-196. ISSN 0104-4060.
http://dx.doi.org/10.1590/0104-4060.372..> Acesso em: 23/09/2016
Formatado: Recuo:
Primeira linha: 1,5 cm
52
Disponível em: DELTA [online]. 2016, vol.32, n.4, pp.919-951. ISSN 0102-4450.
http://dx.doi.org/10.1590/0102-44508205042893915.> Acesso em: 23/09/2016
53
Formatado: Recuo:
Primeira linha: 0 cm
54
Participaram da pesquisa treze (13) professoras, todas do gênero feminino, com idade
média de 34 anos, sendo que a mais jovem tem 29 e a mais velha com 43 anos. Do universo
pesquisado todos possuem Ensino Superior completo em Pedagogia sendo 11, uma graduada
em Letras P2 e outro que está cursando o último ano de pedagogia e a terceira que está
cursando o 2º ano é a P6 que não informou em qual curso está.
O ano do termino de formação das participantes está entre 2005 a 2017, em relação
aos cursos de especialização temos, a P3, P10 e P11 com especialização em Psicopedagogia,
P6 NR (não respondeu), as demais responderam que “não possui”.
O tempo de atuação das participantes está em média de 10 anos, a que tem mais
tempo de atuação registrou tem 13 anos no outro extremo e a que tem menor tempo de
atuação 3 anos. A idade das turmas a qual as participantes lecionam tem em média 4 anos,
sendo que há uma variedade entre 1 ano a 5 anos idade.
Tempo
de
Ano do Atuação Faixa
Participantes Idade Formação término Especialização na EI Turma Atual Etária
P1 29 Pedagogia 2017 Não possui 13 Maternal II 3
P2 NR Letras 2005 Não possui 12 Jardim I 4
P3 39 Graduação 2006 Psicopedagogia 13 Jardim II 5
P4 32 Pedagogia 2007 Educação Infantil 11 Jardim II 5
P5 37 Maternal e
Pedagogia 2010 Não possui 20 Jardim I 3e4
P6 31 Cursando
2º ano NR NR 3 NR 5
P7 39 Pedagogia 2007 Não possui 11 Jardim I 4e5
P8 43 Pedagogia 2010 Não possui 11 Infantil II 1à3
P9 30 Pedagogia 2009 Não possui 10 Jardim II 5
P10 34 Psicopedagogia/
Alfabetização e
Pedagogia 2011 Letramento 7 Infantil 5
P11 34 Psicopedagogia/
Pedagogia NR Educação Infantil 9 Infantil IV 4e5
P12 29 Maternal I e
Pedagogia 2010 Não possui NR II 2e3
P13 29 Pedagogia 2010 Não possui 6 Jardim I e II 5 e5
Fonte: Elaborado pela Autora.
Participantes Respostas
P1 Estudo do sistema nervoso e suas bases são
emoção, atenção e memória.
P2 Estudo do sistema nervoso e a estrutura do
cérebro
P3 Estuda o sistema nervoso central,
funcionamento e estrutura
P4 Estudo do sistema nervoso
P5 Estudo do sistema nervoso
P6 Estuda a conexão do cérebro
P7 Cérebro e suas funções neurológicas
P8 Estuda o sistema nervoso
P9 Estuda o sistema nervoso
P10 Estuda o sistema nervoso
P11 Estudo do cérebro e seu funcionamento.
P12 Estuda o sistema nervoso
P13 Estuda como o cérebro aprende
Fonte: Elaborado pela Autora.
com coisas diferentes, possibilidades de resolver problemas dos tipos mais diferentes
possíveis. É importante a escola oferecer um ambiente de desafios saudáveis, situações para a
criança se pôr à prova de uma maneira que seja agradável e que atraia a sua atenção.
Participantes Respostas
P1 Sim. Dando ênfase a emoção, atenção e
memória.
P2 Sim. Em leitura trabalhando lateralidade
e músicas.
P3 Sim. Trabalha com cheiro, cor e textura.
P4 Sim. Na aprendizagem e estratégias
pedagógicas.
P5 Sim. Entender a capacidade de cada
aluno.
P6 Sim. Através do lúdico.
P7 Sim. Situações reais, estímulos com
brincadeiras e histórias contadas.
P8 Sim. Atividades de memorização, cores,
conceitos e nomes de objetos.
P9 Não.
P10 Sim. Estímulos de habilidades como
linguagem, memória e raciocínio.
P11 Sim. Contação de história para ensinar o
alfabeto.
P12 Sim. Jogos que encaixam e da memória.
P13 Sim. Como reagem aos estímulos do
ambiente e o comportamento.
Fonte: Elaborado pela Autora.
cérebro e a aprendizagem infantil, no entanto quando pedido para explicar essa relação apenas
quatro deram respostas que faziam sentido, as outras nove foram evasivas.
Participante Respostas
s
P1 Sim. Pois é um processo de retenção e
de informação.
P2 Sim. Para desenvolvimento da memória
e atenção.
P3 Sim. Para aprendizado, atenção e
desenvolvimento físico.
P4 Sim. Entender como ocorre o processo
de aprendizagem.
P5 Sim. Entender como ocorre a
aprendizagem.
P6 Sim. Forma as capacidades.
P7 Sim. Estimulando o cérebro e a
aprendizagem.
P8 Sim. Em situações de aprendizagem.
P9 Sim.Um desenvolvimento inicial
prejudicado afeta a saúde, o
comportamento e a aprendizagem.
P10 Sim. Amplia os conhecimentos
adquiridos.
P11 Sim. Explora os sentidos e estabelece
conexões.
P12 Sim. Com Estímulos.
P13 Sim. Situações de aprendizagem que
envolvem pensamentos e
comportamentos.
Fonte: Elaborado pela Autora.
Participantes Respostas
P1 Processos diretamente relacionados a
aprendizagem. Sim.
P2 Atenção, memória, linguagem e
pensamentos. NR.
P3 Classificação, compreensão, raciocínio,
aprendizado e lembrança. Sim
P4 Percepção, atenção e memória. Sim
P5 Percepção e atenção. Sim.
P6 Não.
P7 Não.
P8 Diretamente ligado a aprendizagem, NR.
P9 Aquisição do conhecimento através da
memória, imaginação e pensamento.
NR.
P10 Percepção, atenção, linguagem e
memória. Sim.
P11 Estímulos, interação com o meio e
experiências obtidas. Sim.
P12 Não.
P13 Explica o comportamento humano. Sim.
Fonte: Elaborado pela Autora.
Participantes Respostas
P1 Sim. É preciso conhecer as dificuldades
que tem haver com Neurociência.
P2 Sim. Para um melhor entendimento do
processo de ensino e aprendizagem dos
educadores.
P3 Sim. Para melhor desenvolver suas aulas
e os conteúdos a serem trabalhados.
P4 Sim. O professor precisa saber os
conhecimentos básicos da Neurociência.
P5 Sim. Para entender a capacidade de cada
criança.
P6 Sim. Para entender a cabeça de cada
criança.
P7 Sim. Para uma melhor preparação do
professor, usando técnicas de
aprendizagem diferenciadas com
estímulos diversos.
P8 Sim. Para que o professor possa
potencializar os processos cognitivos em
sala de aula.
P9 Sim. Deveria ser incluída em alguma
disciplina já existente.
P10 Sim. Para obter o conhecimento de
como o sistema nervoso ocorre em fase
de alfabetização.
P11 Sim. Para que o professor possa
entender melhor os processos de
aprendizagem e suas singularidades,
bem como as dificuldades.
P12 Sim. Para ajudar na aprendizado das
crianças.
P13 Sim. Para que o professor possa se
aprofundar no estudo e ter base para
lidar com aluno.
Fonte: Elaborado pela Autora.
62
Para melhor esclarecer apontamos dados da pesquisa que mostra que a criança é um
ser integral e o ambiente marca o seu desenvolvimento. O cérebro humano foi construído
singularmente para se beneficiar com experiências de amor, atenção e carinho principalmente
durante os primeiros anos de vida. Assim sendo, quanto maior for o conhecimento sobre o
funcionamento do cérebro e suas aplicações no processo de ensino e aprendizagem melhor
serão os estímulos oferecidos para cada faixa etária. Por isso,
Participantes Respostas
P1 Sim. Para podermos nos sentir mais
preparados a lhe dar com estes processos
neurociência.
P2 Não. Seria necessária a inclusão desses
estudos.
P3 Não. Seria necessário para os
professores terem mais conhecimento
sobre o cérebro e seu
desenvolvimento/aprendizagem.
P4 NR. É importante na educação infantil
onde o cérebro está em
desenvolvimento.
P5 NR. É importante na educação infantil
onde o cérebro está em
desenvolvimento.
P6 Sim.
P7 Sim.
P8 Sim. Convivemos no meio de
aprendizagem constante e os avanços do
desenvolvimento contínuo.
P9 NR. Deveria ser incluída em alguma
disciplina já existente.
P10 Não sei. Seria de grande valia cursos
especializados.
P11 Não. O professor que possui essa
formação consegue desenvolver
estratégias de aprendizagem com mais
facilidade.
P12 Não. Seria importante saber como
ocorre e de que forma podemos
estimular o aprendizado.
P13 Não. Necessário para um estudo mais
detalhado.
Fonte: Elaborado pela Autora.
64
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Iniciou-se esse trabalho por uma necessidade pessoal e profissional, com a hipótese
sobre a importância da neurociência na formação docente. A análise dos dados obtidos dos
profissionais de docência foi avalizada pelos teóricos estudados no começo deste trabalho. As
perguntas iniciais que orientaram a pesquisa foram:“O que sabe o professor sobre como as
crianças aprendem? Que conhecimentos têm sobre as relações entre Neurociência e a
educação da criança?”
Esse estudo justifica-se à medida que a evolução do mundo moderno tem trazido o
diagnostico de vários Transtorno do Neurodesenvolvimento e da Aprendizagem como por
exemplo o THAH, que é o caso do meu filho.
O objetivo que nos moveu foi identificar, descrever e analisar que conhecimentos os
professores de Educação Infantil têm sobre os princípios básicos da Neurociência. Para tanto,
realizamos uma pesquisa com o intuito de saber se esses profissionais fazem uso dos
conhecimentos da Neurociência e como os utiliza, pois segundo os estudos que foram
apresentados no decorrer do capítulo 3 e na metodologia, compreender como o sistema
nervoso e, em particular, como o córtex cerebral funciona é um importante passo para
aperfeiçoar suas diversas funções, intervindo de forma eficaz no processo de aprendizagem.
No que tange as práticas educacionais, percebeu-se, pelo que foi declarado, que
aquelas que estão tendo acesso a formação na área da neurociência colocam em ação seus
conhecimentos, potencializando a aprendizagem do aluno, estimulando a atenção, a percepção
e a memória, desafiando as crianças, criando oportunidades para um melhor desenvolvimento.
66
REFERÊNCIAS
APÊNDICEA
2. Descrição da pesquisa:A pesquisa tem por objetivo identificar, descrever e analisar que
conhecimentos os professores de Educação Infantil têm sobre os princípios básicos da
Neurociência e sua aplicabilidade no cotidiano da educação infantil.
3. Especificação dos riscos: essa investigação não oferece riscos aparentes aos seus
participantes.
Eu, _____________________________________________________________, RG
____________________________, declaro que fui devidamente informado e esclarecido
sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e
benefícios decorrentes dessa participação. Foi-me garantido que posso retirar meu
consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade.
Bauru/SP, 20 outubro de 2016
____________________________________________________
Assinatura do sujeito de pesquisa ou seu responsável legal
73
APÊNDICE B
Parte II
2) Você utiliza os conceitos da Neurociência no cotidiano de sala de aula com seus alunos?
Dê exemplos.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
________________________________________________________
Muito obrigada!
Fatima ...
Prof.ª Dr.ª M Carmo M. Kobayashi