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Frederico Westphalen, RS
2007
1 INTRODUÇÃO
A viticultura brasileira vem ocupando nos últimos anos área aproximada de 58 mil
hectares com produção que oscila em torno de 820 mil toneladas, concentrand-se nas regioes
Sul e Sudeste. A área colhida de uva apresenta pequenas variações ao longo da década de 90,
observando-se, entretanto que esse segmento incorpora duas atividades distintas: a produção
de uva de mesa e a viticultura.
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A distribuição pelas unidades da federação mostra a preponderância da superfície
vitícola no Rio Grande do Sul que em 1990 atingiu 40 mil hectares (67,7 % da produção
nacional) e nos anos seguintes recuou17,6% para totalizar 32,9 mil hectares em 1999. A
viticultura do Rio Grande do Sul tem aptidão vinícola e pequena participação na oferta de uva
de mesa. Entre as variedades cultivadas no Rio Grande do Sul, as americanas e híbridas
representam cerca de 80% enquanto que as viníferas totalizam 19% da produção deste Estado.
As variedades americanas e híbridas que são represdentadas principalmente por Isabel, Bordô
e Concord, que são responsáveis por 38%, 10% e 8%, respectivamente da uva vinificada no
Rio Grande do Sul.
A segunda área vitícola localiza-se em São Paulo, onde passou de 8,8 mil hectares
(15% da área nacional) em 1990, para 10,6 mil hectares em 1999 (18,7 % da área nacional). A
maior parcela da produção das uvas paulista destinam-se a uva de mesa, com variedades
americanas Niágara Rosada e Branca, cujas principais zonas produtors concentram-se em
torno das cidades de Campinas e Jundiaí, distribuídas em propriedades pequenas. As uvas
finas de mesa representadas pelas variedades Itália e Rubi, são cultivadas principalmente na
região sul do Estado, sendo considerada a zona mais produtora de São Paulo. A cultura de
uvas de mesa cresceu muito nos últimos anos nas regioes oeste e noroeste do Estado, sendo
uma exploração agrícola que possibilita que a colheita seja comercializada na entresafra de
outras regiões nos meses de agosto a novembro, resultando em preços elevados.
Destacam-se ainda no sul-sudeste, numa área em Santa Catarina, que era de 4,7 mil
hectares, em 1990 (8,1% da produção nacional), mas que tem revelado queda na superfície
plantada, quando ficou reduzido para 2,8 mil hectares, em 1999. O estado de Santa Catarina
apresenta viticultura semelhante a do Rio Grande do Sul, sendo que além das variedades
Isabel e Bordô, produz também a Niágara Rosada e Goethe, entre americanas.
No estado do Paraná a área vitícola que totalizava 2,7 mil ha em 1990 (4,6%),
aumentou para 5,2 mil ha em 1999 (9,1%). Caracterizava-se por apresentar, a semelhançade
Santa catarina, uma viticultura destinada a vitificação, no norte devido à influência japonesa,
predomina a produção de uvas de mesa, principalmente com a variedade Itália e sua mutação
Rubi. Merece também destaque a expansão da áre da viticultura brasileira na região
nordestina. Comparando-se os extremos do período de 1990-1999, nota-se o Nordeste
brasileiro, a área vitícola seria de 57 mil há, em 1990e de 52,3 mil há em 1999, ou seja
diminuiu 8,2% no período. Entretanto em Pernambuco a área colhida cesceu de 1,1 mil há, em
1990 (1,9%), para 2,9 mil há, em 1999 (4,9%), ou seja dobrou desde o início da década de
noventa. A Bahiaque detinah pouca area de parreira, passou a constituir um importante núcleo
produtor de uvas, pois cultivava 523 ha em 1999. Essas áreas de plantiosão irrigadas e
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fornecem frutas de elevado de elevada qualidade quase todos os meses do ano. A variedade
Piratininga, que chegou a representar 25 % da área, vem sendo substituída pela Redglobe e
Benitaka. Esforços recentes para produção de uvas de mesa sem sementes começaram a surtir
os primeiro efeitos e apirenas, como Superior Seedles, chamada de Festival na região já são
cultivadas com sucesso. Percebe-se ainda, aumento no interesse por “Patrícia, com sementes
graças às suas características peculiares.
A inserção do Brasil como exportador de uva fresca no comércio internacional é
recente e decorrente da expansão da viticultura de mesa das novas áreas de produção, o
Sudeste e no Nordeste brasileiro, onde grande parte dos plantios é de uva fina de mesa.
No período de 1991 a 1999 tem-se uma taxa de crescimento de exportações de 180%,
mas, com forte movimento de avanço das vendas externas no ano de 1993, atingiu12,5 mil
toneladas, sendo reduzidas, nos anos de 1996 a 1998, para uma média anual de 4,2 mil
toneladas. O Brasil exportou 8100 toneladas de uvas em 1999 e 14300 t no ano de 2000,
sendo esses maiores volumes anuais exportados até então.
Os Países Baixo e a Argentina são os principais compradores de uva brasileira, sendo
que a Holanda se sobressai por ser um centro redistribuidor de frutas. Nos últimos anos
observou-se estabilização nas comprs por parte da Argentina, mas que representa apenas um
terço das exportações de frutas da Argentina para o Brasil. Quanto a participação das
importações de uvas no estabelecimento do mercado interno, verificou-se um aumento
sigficativo em quase toda a década de 90, passando de 12,1 mil t em 1991, para 41,9 mil t em
1998, ou seja um incremento bastante expressivo. Nesse período as frutas de mesa
representaram produtos que conheceram aumneto de demanda interna no contexto da
estabilização da moeda, com o que houve incremento da importações em decorrência de que
para muitas espécies, como no caso da uva, a procura dos consumidores não pode ser atendida
pela produção nacional, seja pela insuficiencia de capacidade produtiva , seja porque a
produção nacional ainda não se apresenta consolidada, tendo em vista que o investimento na
formação de pomares não permite resultados a curto prazo. O Chile e a Argentina são os
maiores fornecedores de uva ao mercado brasileiro, seguidos pelos Estados Unidos e Turquia.
A análise dos valores médios obtidos por tonelada de uva fresca, revelou no caso das
exportações uma certa estabilidade em torno de US$ 1.300,00 em 1997 e 1998. Quanto ao
produto importado, observou-se nesses dois anos uma média de US$ 1.200,00/t, sendo que o
preço médio das exportações tem-se apresentado maior do que o das importações.
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3 CLIMA E PRODUÇÃO
A videira é cultivada em quase todas as partes do mundo, e pelo fato de ter folhas
decíduas a videira tem sido considerada como planta de clima temperado. Atualmente é
cultivada em enorme diversidade de condições climáticas como por exemplo, nos desertos da
Califórnia, onde temperaturas muito elevadas são comuns. No Brasil a videira é cultivada
desde o extremo Sul até o Nordeste, em regioes anteriormente consideradas climáticamente
inaptas. Com o emprego da irrigação, o vale do rio São Francisco na Bahia e em extensas
áreas de Minas Gerais e Pernambuco tornaram-se excelentes regioes produtoras de uva.
O clima por meio de seus elementos condiciona vários aspectos do cultivo da uva,
para mesa ou vinho, sendo fator preponderante na duração do ciclo, na qualidade do produto,
na fitossanidade e na produtividadeda videira.
Nas regioes de clima bem definido as fases do ciclo da planta acompanham as
variações estacionais, com brotações ocorrendo na primavera e queda de das folhas no
outono. A maioria dos autores que tem considerado a ecologia da videira, localizam-se numa
larga faixa entre 52°N e 40° S. Nessa faixa tem sido encontrada melhores condições para seu
desenvolvimento.
A videira cresce e desenvolve-se melhor em regioes de veroes longos e secos,
moderadamente quentes e com invernos frios para satisfazer as necessidades de repouso
vegetativo. No zoneamento da aptidão ecológica das culturas do Estado de São Paulo, a
videira foi incluída no grupo de frutíferas de clima temperado, mas com menor exigência de
frio hibernal.
3.1 A uva
Símbolo de paz e riqueza para os hebreus, a uva, para os gregos, estava associada ao
sagrado. Foi consagrada ao deus Dionízio pelos gregos, que por seu intermédio transmitia aos
humanos parte de sua alegria e de seus poderes. Uva é uma baga suculenta, de casca lisa, que
cresce em uma trepadeira lenhosa, a videira. As uvas crescem em cachos que podem ter de
seis até 300 uvas. As uvas podem ser pretas, azuis, douradas, verdes, roxas, vermelhas ou
brancas, dependendo da variedade da vinheira.
Aproximadamente 60 milhões de toneladas de uvas são colhidas anualmente no
mundo inteiro. Cerca de 80% da safra total são consumidas na produção de vinho. Uns 13%
são vendidos para sobremesa e consumidos ao natural.
O restante da safra é usado, por ordem de importância, para fazer passas, sucos,
geleias e conservas em que entram outras frutas. As uvas tem uma elevada porcentagem de
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açúcar, sendo consideradas uma boa fonte de calorias. A maior parte das uvas é cultivada na
Europa. Os vinhedos da França, Itália e Espanha são responsáveis por 45% dos dez milhões
de hectares de videiras existentes no mundo. Fósseis de folhas e grainhas (sementes) de uvas
indicam que o homem se alimentava de uvas já nos tempos pré-históricos. O cultivo da
videira aparece em pinturas de tumbas egípcias que datam 2.440 a. C.
3.2 Tipos de Uva:
Existem dois tipos principais de uvas: 1ª: Européia, 2ª: Americana. As uvas européias
introduzidas em 1.532 no Brasil, foram plantadas primeiramente em São Vicente, onde o
clima se mostrou demasiado quente e úmido. Em 1.551 foi feita nova tentativa em Tatuapé
com grande sucesso. Também foram bem sucedida as culturas iniciadas em Itamaracá por
Duarte Coelho, mais tarde incentivadas pelos holandeses, e no Rio Grande do Sul, um século
mais tarde. A viticultura prosperava quando em 1.785, temendo o desenvolvimento da
colônia, D. Maria I mandou destruir todas as vinheiras e fechar as pequenas fábricas que
surgiam. A cultura da uva só foi retomada depois da Independência do Brasil.
A partir de então ganhou novo impulso, graças a introdução de variedades americanas mais
resistentes ao clima e às doenças. Os maiores vinhedos atualmente estão localizados no Rio
Grande do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais e Pernambuco. As uvas
européias pertencem à espécie Vitis Vinífera. Cerca de 95% de todas as videiras cultivadas no
mundo são européias. Dividem-se em variedades para vinho, mesas e passas. As uvas para
vinho contém as quantidades certas de ácidos e açúcares naturais para a produção de vinhos
de qualidade.
No Brasil as variedades plantadas dependem da região. Em São Paulo plantam-se a
Seibel e a Seyve Vilharde, a moscatel e diversas variedades desenvolvidas pelo Instituto
Agronômico de Campinas. Em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul a merlot, a bonarda, a
canaiolo, a banbrusco, a cabernet, seibel, suyah, sauvignon, a aligoti, a clairetti provence, a
riesling, a itália e treviano, a piverella e a moscatel. As uvas para mesa são grandes, saborosas
e de cores vivas. As variedades principais são a itália, as derivadas dos tipos de moscatel a
niágara, a piróvano a alphanse la valli a goldem quem e a soraya. As uvas para pessoas não
tem grainhas e apresentam uma textura lisa quando secas. A variedade mais importante é a
Thonpson sudleis ou sultamina, como, é chamada no Brasil de bagas verdes esbranquiçadas
ou douradas, que constituiu cerca de 40% da produção americana. A moscatel de Alexandria e
a corinto preta são cultivadas no nordeste além da sultamina.
As uvas americanas pertencem à espécie 1º vitus la brusca e 2º vitus solundifolia. Esta
última têm sido largamente utilizada no Brasil principalmente na produção de híbrido que
suportem a umidade e resistem às doenças. No processo de enxertia e usada como porta
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enxerto ou cavalo. O cultivo das uvas. As videiras européias desenvolvem-se bem em climas
de verões medianamente quente e secos, e invernos em que as temperaturas não desçam além
de 12ºC. As videiras americanas suportam maior umidade e temperatura até 23ºC.
4.2.1 Água
Os viticultores devem identificar a origem da água usada no vinhedo. Esta água pode
ser da rede de distribuição, poço, canal, reservatório, rios, lagos, água reutilizada ou
reprocessada. Independente de sua origem, a água não pode apresentar níveis de
contaminantes químicos e biológicos que possam afetar a saúde humana. Caso a mesma
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apresente níveis não aceitáveis, devem ser tomadas ações corretivas para controlar os
contaminantes presentes. Os viticultores devem avaliar a água usada, através de análises
laboratoriais. A freqüência da análise depende da origem e do risco de contaminação
ambiental. Dentre as possíveis fontes potenciais de poluição dos recursos hídricos salientam-
se: resíduos industriais, esgotos domésticos, resíduos de origem agropecuária e aqueles
decorrentes de outras atividades humanas (lixo, por exemplo). Essas atividades, conduzidas
por práticas inadequadas, levam a impactos ambientais na qualidade da água, sejam por
contaminações biológicas e químicas, alterações físico-químicas, perdas de recursos para uso
em diferentes fins, assoreamentos, etc.
Entre os principais problemas decorrentes do consumo de água de má qualidade citam-se as
transmissões, direta ou cruzada, de enfermidades, como febre tifóide, disenteria, cólera,
diarréia, hepatite, leptospirose e giardíase, ou ainda, a transmissão de doenças causadas pela
presença de substâncias tóxicas (metais pesados, agrotóxicos, etc.). A qualidade da água
proveniente de uma mesma fonte pode variar com o tempo, sendo maior nas fontes
superficiais e menor nas subterrâneas. Assim, a freqüência dos testes de qualidade deve ser
estabelecida dependendo do tipo de fonte:
· poços subterrâneos, devidamente construídos, cobertos e mantidos: realizar um teste anual
no início da safra;
· poços descobertos, principalmente poço raso, canal aberto, lagoa, represa, rios e riachos:
realizar testes a cada três meses durante a safra;
· rede de água municipal: manter registros do sistema de água municipal.
4.2.2 Solo
O solo deve ser avaliado a fim de verificar a presença de perigos que não fazem parte
de sua microbiota natural ou a sua contaminação. Essa avaliação deve considerar os níveis do
contaminante que pode representar um risco à segurança da uva produzida. O uso prévio deve
ser estabelecido e o solo deve ser avaliado com cuidado, sempre que se verifique que foi
usado para descarte ou depósito de substâncias químicas, aplicação de pesticidas
organoclorados ou aplicação abusiva de outros defensivos agrícolas que ainda podem
permanecer no solo. Outras características que devem ser avaliadas são a posição relativa do
vinhedo em relação às áreas de animais e de fossas assépticas e granulação do solo,
permitindo maior ou menor retenção de água, que pode favorecer a multiplicação e
sobrevivência de microrganismos patogênicos.
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4.2.3 Agroquímicos
Os agroquímicos são utilizados para várias práticas agrícolas. Entretanto, o seu uso
deve ser realizado com segurança. Deve ser considerada a proteção do aplicador de
agroquímicos tóxicos e do produto agrícola. Portanto, as seguintes regras são importantes:
a) os viticultores devem usar os agrotóxicos registrados pelos órgãos nacionais e/ou estadual
competentes, para a cultura da videira. Devem-se seguir as recomendações do receituário
agronômico e do fabricante do produto e para a finalidade proposta. Resíduos dessas
substâncias na uva não podem exceder os níveis estabelecidos pela legislação vigente no
Brasil;
b) os trabalhadores rurais que aplicam os produtos agroquímicos devem estar devidamente
treinados nas técnicas, procedimentos e práticas adequadas para esta operação. Devem estar
devidamente informados da necessidade de utilizar os equipamentos de proteção individual
(EPI) durante a aplicação de agrotóxicos, assim como da atitude a tomar, caso ocorra
acidente. Os EPIs são os elementos mais importantes para diminuir ou eliminar a
possibilidade de riscos de intoxicação ou de contato com os produtos químicos.
c) os viticultores devem manter registro das aplicações dos agroquímicos no vinhedo(caderno
de campo). No caso de agrotóxicos, os registros devem incluir informações quanto à data da
aplicação, produto químico utilizado, praga ou doença contra a qual foi usado, concentração
do produto na calda, volume de calda usado, freqüência da aplicação e data de colheita da
uva, para verificar o tempo decorrido entre a aplicação e a colheita;
d) os pulverizadores devem ser devidamente calibrados, para controlar a quantidade e a vazão
da aplicação;
e) o preparo e aplicação de agrotóxicos devem ser conduzidos de forma a evitar contaminação
da água e da terra das áreas adjacentes e proteger os trabalhadores rurais envolvidos na
atividade;
f) os pulverizadores e os recipientes utilizados para a mistura devem ser lavados
imediatamente após o uso;
g) os agrotóxicos usados no vinhedo devem ser mantidos em suas embalagens originais,
rotulados com os nomes das substâncias químicas que os compõem e com as instruções de
uso. Devem ser mantidos em local seguro, ventilado, longe das áreas de produção,
processamento e armazenamento da uva de mesa e dos locais de moradia;
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6 PRÁTICAS CULTURAIS
6.1 A poda
A poda é uma operação realizada anualmente, durante o período de descanso
vegetativo. Dada a grande exuberância que atingem as videiras nesta Região e as óbvias
dificuldades de mecanização que esta operação apresenta, a poda é um trabalho moroso que
consome muita mão--de-obra. O que torna a poda uma operação exigente é o facto de ser
necessário proceder a um equilíbrio da carga deixada em cada videira. Aqui reside o maior
óbice à mecanização, uma vez que cada videira tem de ser considerada individualmente
Desse correcto equilíbrio, dependerá o regular desenvolvimento da planta, por um
lado, e, por outro, uma relação entre a quantidade e a qualidade das uvas da próxima vindima.
Uma poda que permita um exagerado desenvolvimento da planta durante o ciclo vegetativo
que se vai seguir, levará a uma elevada produção de uvas de baixa qualidade. E, por outro
lado, uma poda demasiado severa, poderá vir a traduzir--se num crescimento muito intenso de
matérias verdes em prejuízo da qualidade dos cachos.
6.2 A empa
A empa é uma operação que se realiza em simultâneo com a poda e que consiste em
dobrar a vara que se deixa e amarrá-la a um arame. Tem, como contribuição positiva para o
processo produtivo, o fato de permitir uma regularização da rebentação.
No entanto, provoca um aumento de mão--de-obra, o que naturalmente se reflecte nos
custos de produção. Nesta Região, a empa estava associada apenas às ramadas, uma vez que
os enforcados e os arjões não permitiam esta operação. Hoje em dia, esta é uma prática
constante derivada aos novos sistemas de condução das vinhas.
6.3 A rega
A videira necessita de água em três momentos do seu ciclo anual: no início do
crescimento vegetativo, que ocorre no princípio da Primavera; depois da alimpa, quando o
bago começa a crescer; e, finalmente, na época da maturação, para permitir a transformação
dos ácidos em açúcares. Dadas as condições climáticas da região dos Vinhos Verdes, raras
vezes é necessário regar, a não ser no terceiro caso. Regra geral, tal poderá ser suficiente para
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satisfazer as necessidades da videira. Porém, quando o ano é extremamente seco, dificilmente
se consegue um amadurecimento dos cachos sem se proceder a regas.
Em anos molhados, o equilíbrio entre a quantidade e a qualidade do vinho altera--se
em desfavor desta - “diz-se que o bom vinho é o que passa fome e sede” -, em anos secos a
qualidade pode acompanhar a quantidade na sua queda se não forem tomadas medidas
correctivas. Neste sentido, a rega, deverá ser entendida como uma medida correctiva com o
intuito de corrigir desequilíbrios climatéricos, e não como um expediente para aumentar
artificialmente a produção em detrimento da sua própria qualidade.
7 PROPAGAÇÃO
Figura 1. Estacas do porta-enxerto IAC 572 colocadas para enraizamento em saquinhos perfurados.
(Foto: Jair Costa Nachtigal)
8 ENXERTIA
Logo depois de coletados, os ramos não devem ser expostos ao sol ou às altas
temperaturas, para evitar a desidratação dos mesmos. Caso haja necessidade de transporte
para locais distantes ou armazenamento por alguns dias, é recomendável que os ramos sejam
envolvidos por um material plástico e colocados em geladeira ou câmara fria. Da mesma
forma que, para as estacas do porta-enxerto, não se recomenda a colocação de papel,
serragem ou outro material umedecido.
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A amarração pode ser feita com plástico ou outro material que permita a fixação das
partes enxertadas e a proteção contra a perda de umidade.
Para garantir o pegamento, podem ser feitas duas enxertias em cada porta-enxerto,
deixando-se uma ou mais brotações como dreno para evitar que haja exudação de seiva na
região enxertada. As brotações deixadas como drenos devem ser eliminadas 2 ou 3 semanas
após a realização da enxertia, ou quando iniciar a brotação dos enxertos.
9 Sistemas de Condução
A produção de uvas finas de mesa na região de Pirapora é feita exclusivamente no
sistema de condução de latada (Figura 4), em função de possibilitar maiores produtividades,
proteção dos cachos à incidência da luz solar, facilidade de aplicação de produtos
fitossanitários, etc.
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Figura 6. Sistema de formação das plantas com condução dos braços no sentido da linha das plantas.
(Foto: Jair Costa Nachtigal)
A formação da planta com braços dispostos no sentido perpendicular à linha tem sido
adotada por alguns viticultores, embora apresente algumas desvantagens em relação à
condução no sentido da linha. Nesse sistema as plantas devem ser formadas com 2 braços,
sendo estes conduzidos até a metade da distância entre as filas, onde devem ser despontados.
Nesse tipo de condução da planta são necessários espaçamentos maiores entre filas, de 4 a 5
m, e espaçamentos menores entre plantas, 2,0 m por exemplo. O espaçamento de 5,0 x 2,0m é
adequado para que não haja perda de área produtiva.
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Figura 7. Sistema de formação das plantas com condução dos braços no sentido da entre-linha das
plantas.
(Foto: Jair Costa Nachtigal)
No sistema de condução em latada, seja qual for o sistema de formação das plantas
adotado, há necessidade de regular o número brotos (futuras varas de produção) no ciclo de
formação.
A disposição dos arames da malha fina (arames nº14), que sustentaram as varas, será
sempre no sentido paralelo ao dos braços. Portanto, quando o viticultor for construir a
parreira já deverá saber qual sistema de formação das plantas a ser adotado, para que as
brotações com os cachos fiquem apoiadas sobre os mesmos.
A decisão do tipo de formação das plantas deve ser tomada antes do plantio dos porta-
enxertos para que possam ser utilizados espaçamentos adequados.
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10 BIBLIOGRAFIA