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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – PR

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

UNIDADE DIDÁTICA:
CANTO PORQUE ME ENCANTA CANTAR

LUIZA MARA MOTTA DOS SANTOS

GUARAPUAVA
2008
CANTO PORQUE ME ENCANTA CANTAR

PORQUE CANTO

Porque canto te respondo


Porque me encanta cantar
Se a saudade me atropela
Canto pra ela voltar

Canto na voz da guitarra


Que se ancorou no meu peito
Pra me ajuntar aos humildes
Que ainda clamam respeito

Graças ao meu bom Deus


Canto pro sustento dos meus
E pra espantar essa dor
Que não tem forma nem cor

Ao lermos e escutarmos a música “Porque Canto” de Jairo Lambari


Fernandes, percebemos a importância da música e do “cantar” por várias
razões: expressão de sentimentos, controle de emoções, maneira de
reinvidicar fatos e situações, demonstrar a fé e as realidades políticas e sociais.

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Entre os vários sons que o corpo humano produz e podem ser
interpretados na música, destacamos a voz e o canto.
Em todas as épocas e sociedades, as pessoas se expressavam através
do canto, ou seja, através da voz, sendo esta, o meio mais natural e
expressivo.
COMO FUNCIONA A VOZ

Nós temos duas fases participantes da produção vocal: a fase


inspiratória e a expiratória.
Na inspiratória, o ar inspirado pelo nariz, passa pela faringe, pela laringe,
onde encontra as pregas vocais em posição aberta e vai para os pulmões.
Na expiratória, o ar já armazenado no pulmão, volta passando pela
traquéia, chegando à laringe, onde encontra as pregas vocais fechadas,
fazendo-as vibrarem, originando assim o som. Este som é projetado e ampliado
pela laringe, faringe, cavidade oral e nasal, estes chamados de cavidade de
ressonância. Tornando assim completa a produção da voz.
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A voz é emitida de forma grave quando as pregas vocais estão mais
soltas (frouxas) e mais aguda quando as pregas vocais estão mais estiradas.

Prega vocal durante a respiração.

Prega vocal durante a fonação.

www.euamominhavoz.com/img/producao_voz_clip_i..

Os sons que emitimos transformam-se em vogais e consoantes


conforme os movimentos dos órgãos articulatórios que são: a língua,
mandíbulas, lábios, palato e dentes. Nosso nariz, cabeça e cavidades da boca
servem para amplificar o som.
Quando ouvimos um coral, as vozes são classificadas conforme a
extensão entre a nota mais grave e a mais aguda que uma pessoa pode
alcançar quando canta, a isso chamamos de tessitura.
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As vozes num coral são separadas em vozes masculinas e vozes
femininas, sendo que as vozes masculinas são classificadas como:
 Tenor: é a voz mais aguda.
 Barítono: é a voz intermediária entre o tenor e o baixo.
 Baixo: é a voz com tonalidade mais grave.
E as vozes femininas são classificadas como:
 Soprano: é a voz mais aguda.
 Mezzo soprano: é a voz intermediária entre o soprano e o
contralto.
 Contralto: é a voz mais grave.

www.gruponunalvares.pt/.../Coral
ATIVIDADES

Após ouvirem a música “Um Sonho a Dois” de Michael Sullivan e


Paulo Massadas, interpretada por Roupa Nova e Cládia Leite, separar a
turma pelas vozes masculinas e femininas e cantar conforme a música,
ressaltando as vozes masculinas e femininas.

ESCUTAR É TÃO IMPORTANTE QUANTO CANTAR!

Segundo MORAES, existem três maneiras dominantes de se escutar


música: corporalmente, emotivamente e intelectualmente.
Escutar com o corpo significa utilizar não apenas o ouvido no ato da
escuta, mas a pele toda que também vibra ao contato com o som musical. É
misturar o pulsar do som com as batidas do coração. Exemplo disso é quando
jovens entram numa discoteca, quando os índios participam das atividades
coletivas da tribo, quando membros do candomblé referenciam suas
santidades ao som dos atabaques e canções, quando os budistas ao som dos
sinos e gongos entram em transe. É o momento me que a música se plasma
no corpo [...]
Escutar emotivamente, significa que a música penetra no campo das
emoções, do sentimento, é quando surgem as expressões “triste”, “alegre”,
“linda”. Ouvir emotivamente no fundo, não deixa de ser ouvir mais a si mesmo
do que propriamente a música [...]
A terceira maneira é escutar música intelectualmente, é desvendar o
funcionamento da linguagem musical, despertando a emoção estética.
Percebida por esse prisma, a música é labirinto que a cada escuta, nos mostra
novos percursos a serem seguidos [...]

ATIVIDADES
Vamos agora exercitar as três formas de escutar música?

1. Ao iniciar a música “Amar é” de Roupa Nova, todos os alunos deverão


escutá-la com os olhos fechados, fazendo com que cada melodia seja
percebida emotivamente levando a despertar diversos sentimentos. Após a
audição desta música, comentar com os colegas e professor.
2. Ao escutarem a segunda música “Berimbau Metalizado” de Ivete
Sangalo, os alunos deverão dançar ao ritmo que a mesma embala,
percebendo a relação corpo/música.
3. Na terceira música “A Primeira Vez” dos Serranos, após a audição da
música, o professor irá direcionar questões pertinentes como: estilo da
música, ritmo, vozes, instrumentos musicais, trazendo assim o envolvimento
intelectual com a música ouvida.

Segundo WISNIK, a música ensaia e antecipa aquelas transformações


que estão se dando, que vão se dar ou que deveriam se dar na sociedade.
Mas podemos nos perguntar: O que é música? O que é cantar? Porque
a música interfere nas emoções? De que forma e desde quando a música
auxilia na formação do ser humano?

ATIVIDADES
Dividam-se em pequenos grupos e troquem informações referentes a
importância que a música tem para cada um. O que a música significa, se
ela provoca diferentes emoções e de que maneira vocês acham que a
música auxilia na aprendizagem.

PESQUISA:
Traga uma música que foi marcante em sua vida, que lhe traz significados.
Junto com a música pesquise sobre o compositor, em que época foi
composta.
MÚSICA E EDUCAÇÃO

Assim como nas nossas vidas, na Grécia Antiga, a música era a


expressão do homem livre, fonte de sabedoria e indispensável para a
educação, pois para os gregos, o objetivo maior da educação era a formação
do caráter e a música possuía esse caráter formativo, uma maneira de pensar,
de ser, de educar e civilizar. Nos teatros, tanto nas apresentações trágicas
como nas comédias, se utilizavam da música e do coro.
A música grega era monódica (uma só voz), além de organizada em
modos chamados de Frígio, o qual despertava a sensualidade; Dórico que
despertava a coragem e o Lídio que despertava o belo, o puro, a educação.
Segundo Platão,,,” o homem bom é um músico por excelência, porque
cria uma harmonia não com a lira ou outro instrumento, mas com o todo de sua
vida.”
Música é linguagem cujo conhecimento se constrói com base em
vivências e reflexões orientadas.
A música é vibração, é som, é vida, ela harmoniza a vida das pessoas e
é também por isso que muitas vezes ouvimos: ”Quem canta seus males
espanta”. Cantar é vibrar, vibrar é pulsar e a vida é pulso.
Segundo Ferreira (p.15) “Temos a capacidade auditiva de detectar
apenas determinadas freqüências sonoras, dando àquelas que não escutamos
o nome de silêncio; mas o silêncio na terra de fato não existe, caso contrário
não teríamos a vibração e, portanto não teríamos vida....fazemos parte de uma
organização de vibrações chamada natureza”
Quanto à música, esta obedece a regras de organização dos sons em
combinação, estabelecendo-lhe um ritmo, regulando sua duração e sua
intensidade, combinando-os em infinitas variações.

ATIVIDADES ”Meu corpo e sua sonoridade”


Organizar os alunos para que fique em roda, em seguida explorar todos os
sons que podemos produzir apenas com nossas mãos: estalos dos dedos,
baterem palmas, bater com a parte da frente das mãos, esfregarem as
mãos no sentido vertical, esfregar as mãos no sentido circular.
Dando seqüência a atividade, separe a roda em três grupos, sendo que
cada grupo irá explorar o som com uma parte do corpo (pés, boca, mãos).
Depois que exploraram e organizaram esses sons, cada grupo irá
apresentar os sons criados para em seguida os três grupos apresentarem
ao mesmo tempo.
Após essa atividade vamos pensar: Os sons que ouvimos são iguais? O
que os difere? Podemos prolongá-los ou diminuí-los quanto ao tempo?
Todos esses sons estão sendo produzidos com a mesma intensidade?
Através dessa atividade podemos entender com mais clareza 5
elementos formais que organizam a música: timbre, duração, intensidade,
densidade e altura. Podemos defini-los agora dizendo que:
TIMBRE: são as características próprias de cada instrumento, objeto e da voz
humana, é o que identifica o som de cada um.
INTENSIDADE: é a característica do som que nos permite identificá-lo como
forte, médio e fraco. Podemos dizer então que é o volume e a força do som.
Em uma mesma música a variação da intensidade, transmite maior
expressividade.
ALTURA: é a característica do som conhecida como grave (grosso), média e
aguda (fininha). A altura do som depende do número de vibrações emitidas por
segundo.
DURAÇÂO: o som é finito, isto é, ele começa e acaba. O corpo que permanece
em vibração é quem vai determinar a duração do som. Existem sons longos,
médios e curtos.
DENSIDADE: é o número de sons que são produzidos ao mesmo tempo, num
mesmo ambiente. Vários instrumentos, várias vozes cantando e tocando
juntos, como numa orquestra.
Assim como o som tem seus elementos formais que acabamos de
estudar, a música tem seus elementos expressivos:
MELODIA: É a seqüência de sons de diferentes alturas, organizadas para
formar um sentido musical. Cantamos uma melodia quando cantarolamos uma
canção.
RITMO: É a forma como os sons são agrupados em uma determinada
seqüência. O ritmo varia de acordo com a duração de cada som e sua
acentuação.
HARMONIA: É a emissão de dois ou mais sons diferentes ao mesmo tempo.
Quando esses sons combinam dizemos que é um acorde consonante e quando
não combinam dizemos que é uma acorde dissonante.
ATIVIDADES
1. Leve para sala de aula uma música característica de um país. É
interessante levar também imagens do país do qual se refere a música e
também instrumentos musicais utilizados na música. Desenvolva um
diálogo referente à música, aos instrumentos musicais, ao ritmo, se é
agradável, alegre, triste, etc. Em seguida solicite aos alunos que elaborem
um desenho que expresse o que a música lhes transmitiu.
2. Distribua vários instrumentos musicais aos alunos, após os mesmos
terem explorado o som de cada instrumento direcione perguntas referentes
aos sons emitidos: É possível emitir um som forte? Um som fraco? Um som
alegre? Um som triste? Uma sucessão de sons lentos? Uma sucessão de
sons rápidos? Um som grande e pesado? Um som pequeno e leve? Um
som frio? Um som quente?

MÚSICA!!!!PORQUE PRECISAMOS DELA???

Escavações arqueológicas demonstram que desde o período Paleolítico,


na Pré-História, o ser humano já praticava música, pois foram encontrados
fragmentos de instrumentos musicais e pinturas nos cavernas que registravam
a presença da música entre eles.
Os materiais que utilizavam na época para produzirem sons eram os
pés, as mãos, pedras, lascas de madeira, troncos de árvores, pele de animais,
ossos, conchas.
Pelo estudo dos povos antigos e das tribos, sabe-se também que a
música era considerada de origem divina e ligada à vida da comunidade,
fazendo parte dos rituais de nascimento, morte, casamento, nos plantios, nas
colheitas e nos ritos de magia.
Podemos nos perguntar: e hoje? De que maneira a música está ligada
ao ser humano, que relação é estabelecida entre a música e cada um de nós?
Atualmente o grande problema que a música popular brasileira sofre, é o fato
das gravadoras estarem interessadas em ganhar dinheiro e não em divulgar
boas músicas. Assim como nos questionamos, podemos afirmar que para a
grande massa a música é executada e ouvida passivamente, não há
envolvimento ou escuta profunda e, com isso, o prazer e sua magia se perdem,
ou seja, a capacidade de imaginar, participar, sentir e fruir fica danificada.
Existiram e existem grupos e movimentos que buscam trazer a música
para a educação, para o enriquecimento cultural e para o resgate dos valores e
sentimentos que o ser humano foi se distanciando e perdendo.
A música dentre as artes, seja talvez a que mais consiga romper
barreiras de crença, etnia e condição social. Após ler o texto “O PODER DA
MÚSICA” verá o poder de união que ela exerce.

O PODER DA MÚSICA

No começo do século passado, a guerra não era impessoal como é


hoje. Soldados inimigos encontravam-se frente a frente no campo de
batalha.
As trincheiras – buracos cavados no chão, com sacos de areia à
frente – eram o único modo de proteger-se dos tiros e das granadas. Na
noite de Natal de 1914, houve uma trégua. Os soldados britânicos, em
suas trincheiras, dormiam ou pensavam nas suas famílias distantes. De
repente, viram velas sendo acesas do lado alemão. E logo os alemães
começaram a cantar “Noite Feliz” na língua deles. Quando terminaram, os
militares britânicos responderam cantando outra canção típica do Natal
inglês. E assim continuou os alemães cantavam uma canção, os
britânicos cantavam outra, até que todos cantaram juntos o hino
“Venham todos os fiéis” ( Adeste Fidelis)...O soldado britânico Graham
Wilson, que descreveu o episódio, diz: “ Foi realmente a coisa mais
extraordinária que já vi, duas nações inimigas cantando a mesma canção
no meio de uma guerra”
(Cf.”O Natal em que a Guerra Parou”, de Marcelo STAROBINDAS, folha de
São Paulo, 24/12/99, citado em 2001, Uma Odisséia no Espaço da
Aprendizagem: Agenda Almanaque para Educadores, pág.119, da Secretaria
de Estado da educação de São Paulo/Centro de Criação de Imagem Popular
do Rio de Janeiro).
Bossa Nova

Álbum “Bossa Nova at Carnegie Hall” (1962)

A palavra “bossa” foi um termo utilizado pela juventude carioca no final


dos anos cinqüenta, e tinha como significado “jeito”, “maneira”, “modo”.
E a expressão Bossa Nova' surgiu em oposição a tudo o que um grupo de
jovens achava superado, velho, arcaico, antigo.
Com relação a música popular brasileira era “arcaico, tudo a mesma
coisa, e velho”, a tristeza e melancolia das letras, a repetição dos ritmos
'abolerados' e dos 'sambas-canção'.
A Bossa Nova não seria melhor nem pior. Seria completamente diferente
de tudo, mais intimista, mais refinada, mais alegre, otimista.
Durante a década de 50, o Brasil vivia a euforia do crescimento
econômico gerado após a Segunda Guerra Mundial. Com base na onda de
otimismo dos “Anos Dourados”, um grupo de jovens músicos e compositores
de classe média alta do Rio de Janeiro começou a buscar algo realmente novo
e que fosse capaz de fugir do estilo operístico que dominava a música
brasileira. Esses artistas acreditavam que o Brasil poderia influenciar o mundo
com sua cultura, por isso, o novo movimento visava à internacionalização da
música brasileira.
O primeiro grande marco inicial da Bossa Nova aconteceu em primeiro
de março de 1958,quando João Gilberto cantou, com a batida de violão
diferente, 'Chega de Saudade', posteriormente gravada por Eliseth Cardoso, no
disco 'Canção do amor demais'.
A Bossa Nova tinha como características principais o desenvolvimento
do canto-falado, ao invés da valorização da “grande voz”, e a marcante
influência do jazz norte-americano. Esta influência, inclusive, foi criticada
posteriormente por alguns artistas. Em meados da década de 1960, um grupo
formado por Marcos Valle, Dori Caymmi, Edu Lobo e Francis Hime procurou
reaproximar a Bossa Nova ao samba, ao baião e ao xote nordestino.
Com as mudanças sociopolíticas causadas pelo Golpe Militar de 1964,
as canções começaram a trazer temas sociais. Desta forma, a música se
transformou em um claro instrumento de contestação política da classe média
carioca, um símbolo de resistência à repressão instaurada pela ditadura. Era o
início da MPB, a moderna música popular brasileira. De fato, o movimento que
originou a Bossa Nova se findou em 1966, entretanto, seu fim cronológico não
significou a extinção estética do estilo musical, o qual serviu de referência para
inúmeras gerações de artistas.

Tropicalismo

Capa do disco de Caetano Veloso de 1969: um dos marcos do Tropicalismo

O grande Movimento Musical da década de 60 que marcou na história


da música popular brasileira foi o TROPICALISMO.
O marco inicial desse movimento foi o Festival de Música Popular,
realizado pela TV Record em 1967.
O Tropicalismo foi liderado por Caetano Veloso e Gilberto Gil, tendo
participações notáveis de Gal Costa, Tom Zé e Rogério Duprat, Maria
Bethânia, Jorge Bem, os Mutantes e Torquato Neto.
Composto por baianos, o movimento universalizou a linguagem da
música popular brasileira – MPB, com a incorporação do rock e da guitarra
elétrica à música. Misturou vários estilos de música, desde o rock até o baião,
revolucionando a cultura da época.
Esse movimento só passou a ser chamado de tropicalista a partir de
cinco de fevereiro de 1968, no dia em que o repórter Nelson Motta publicou no
jornal Última Hora, um artigo intitulado “A cruzada Tropicalista”. Nele, o repórter
anunciava que um grupo de músicos, cineastas e intelectuais brasileiros
fundara um movimento cultural com ambição de alcance internacional.
As idéias defendidas modernizaram tanto a música como a cultura
nacional. Com irreverência, transformou os gostos da época, não só com
elação à música e à política, mas também ao comportamento, à moral, ao sexo
e ao modo de se vestir.
Nessa época, com o endurecimento do regime militar no país, as
interferências do Departamento de Censura Federal já haviam se tornado
costumeiras: canções tinham versos cortados, ou eram mesmo vetadas
integralmente. A decretação do Ato Institucional n° 5, em dezembro de 1968,
oficializou de vez a repressão política a ativistas e intelectuais.
Geraldo Vandré com a música “Pra não dizer que não falei das flores”
tentou mostrar o retrato do Brasil ditatorial dessa época, tornando-se essa
música o hino de resistência à ditadura. Nessa música Vandré fala de forma
explícita do governo, mostrando que de nada adianta “falar de flores” àqueles
que atacam com armas, visto que estudantes e populares fizeram a conhecida
MARCHA DOS CEM MIL na Cinelândia no Rio de Janeiro, onde tanques de
guerra se sobrepunham aos estudantes que só com gritos tentavam melhorar
um Brasil perdido por retaliações.
Podemos notar esse protesto nos seguintes trechos: “Há soldados armados,
amados ou não, /quase todos perdidos de armas na mão, /nos quartéis lhes
ensinam uma antiga lição: de morrer pela pátria e viver sem razão. /vem,
vamos embora, que esperar não é saber, /quem sabe faz a hora, não espera
acontecer”,
Mas como as letras de suas músicas compunham um quadro crítico e
complexo do país, o movimento foi reprimido pelo governo militar, tendo seu
fim iniciado com a prisão de Gilberto Gil e Caetano Veloso no dia 27 de
dezembro de 1968.
Apesar desse movimento ter tumultuado o Brasil nos anos de 1967 e
1968, deixa suas marcas na cultura brasileira até os dias de hoje e ainda
influencia músicos atuais.

ATIVIDADES
Ouvir a música “Tropicália” que é uma canção de autoria de Caetano
Veloso que foi um dos marcos iniciais do movimento tropicalista. Após ouvi-
la, comentar com os colegas que sentimentos a música repassou, sabendo
que a mesma foi composta numa época muito diferente da qual vivemos
atualmente e de que maneira podemos reportá-la para os dias atuais.

PESQUISA

Apresentar para os colegas músicas que foram compostas na época da


bossa nova, da ditadura militar e músicas compostas e ouvidas nesta
época. Após a apresentação fazer comentários sobre o enfoque abordado
pelas músicas para cada época, enfatizando os signos utilizados na música
atual.

MÚSICA...TRABALHO...CULTURA.

Há um grande número de composições musicais, cujas letras falam a


respeito do trabalho e da cultura desenvolvida nos diversos lugares do nosso
país. Um dos gêneros musicais que destaca muito o gosto pela própria cultura,
a valorização da família, do trabalho e da força feminina é a música nativista e
gauchesca. A música “Guerreiras da Paz” de Fátima Gimenez retrata a força e
a luta da mulher gaúcha enquanto seus maridos trabalhavam e também
enquanto lutavam pelas terras. A música “O Homem que esqueceu de Deus”
de Talo Pereira e José Retamoso cantam a preocupação com o descaso da
humanidade com os valores morais, éticos, sociais e ambientais.
Foto de Krisley Motta Santos cantando com o grupo musical Os Serranos.

Na música popular brasileira temos Milton Nascimento com a música


“Cio da Terra”, que mostra o respeito que o agricultor tem com a terra onde
planta e da qual tira o sustento. Na música sertaneja, música “Triste Berrante”
de Adalto Santos, interpretada por Pena Branca e Xavantinho, faz o relato de
uma região rural que foi urbanizada e as transformações decorrentes, como a
extinção da profissão de boiadeiro do local.
Muitos pintores também ressaltaram a importância e expressaram
através de suas pinturas a importância do homem trabalhador e de sua cultura.
Vamos observar algumas obras específicas de Vincent Van Gogh,
Cândido Portinari e Tarsila do Amaral que evidenciam o trabalhador e sua
cultura.
“Lavrador de Café”, Candido Portinari. “O Semeador”, Vincent Van Gogh

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ATIVIDADE
Ouvir as músicas citadas no texto acima para refletir sobre o que foi
comentado e após assistir o vídeo com a música “Poeira da Estrada” de
Rick e João Paulo, interpretada por Daniel e João Paulo, realizar uma
composição a qual pode ser através de História em Quadrinhos, pintura,
grafite.
MÚSICA E FÉ
Entre os vários gêneros musicais que nos rodeiam, encontramos as
músicas religiosas, as quais são ligadas à espiritualidade e à religiosidade dos
povos.
Segundo PRANDI, “No candomblé, canta-se para a vida e a morte, para
os vivos e os mortos. Canta-se para reafirmar a fé, porque cantar é celebração
é reiteração da identidade. Canta-se pela liberdade. E porque isso merece ser
cantado, canta-se para que se mantenha sempre vivo o sonho”.

plinio.com.br/ritos/festas.htm

Muitas músicas indígenas são feitas em situações de rituais para


deuses. As músicas das Festas do Divino que falam dos santos padroeiros são
exemplos de músicas religiosas folclóricas, A música Gospel, hinos e salmos
de louvores são criados pela indústria cultural.
É importante que saibamos respeitar essa diversidade de religiões para
percebermos que a relação do ser humano com a música é muito forte,
servindo inclusive dessa forma de linguagem em praticamente todas as
religiões para estabelecer contato com Deus.

ATIVIDADE
Os alunos deverão trazer exemplos de música de sua religiosidade,
oportunizando assim aos colegas a conviverem com as diferenças,
respeitando-as e valorizando-as.
Percebemos ao longo de nosso estudo, a importância e a necessidade
da música em nossas vidas e percebemos também que se trata de uma
linguagem artística que tem como elemento principal o som e que o mesmo
difere dos outros elementos das linguagens visuais, cênicas e da dança por ser
invisível, logo a música não é capaz de expressar-se através de imagens.
Porém, ela transmite emoções que nos retratam a determinadas
situações, imagens e determinados movimentos corporais que o ritmo nos
induz.
Não conseguimos assistir nenhum filme, novela ou até mesmo
propagandas sem trilha sonora. Associamos personagens às músicas, exemplo
desse fato é a música “O Tema da Vitória” de Eduardo Souto Netto que ficou
característica das vitórias de Airton Senna.

ATIVIDADE
: Dividam a turma em grupos. Cada grupo desenvolverá uma
atividade com a música associando-a a outra linguagem artística.
Um grupo escolherá uma música e criará uma coreografia para
apresentar a dança, outro grupo escolherá ou criará uma peça teatral e
criará toda a parte de sonoplastia necessária, outro grupo escolherá uma
música e seus componentes criarão elementos visuais ( desenhos, pinturas,
esculturas, etc.) relacionados a essa música.

Murray Schafer em seu livro “Ouvido Pensante” nos aconselha a sermos


curiosos em relação à música, em não nos contentarmos em ficar em apenas
uma preferência musical, pois assim estaremos desenvolvendo nosso gosto
musical, só que para isso precisamos ser curiosos e corajosos. Curiosos para
procurar o novo e o escondido, e corajosos para desenvolvermos nosso próprio
gosto sem considerar o que os outros irão pensar ou dizer. Ele ressalta que
“Ouvir música cuidadosamente vai ajudá-lo a descobrir como você é único”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMIGOS DA ESCOLA. A arte é para todos.São Paulo:CENPEC.

COLL, César. Aprendendo arte: Conteúdos essenciais para o Ensino


Fundamental / César Coll, Ana Teberosky. São Paulo: Ed. Ática, 2000.

FERREIRA, Martins. Como usar a música na sala de aula. São


Paulo:Contexto, 2008.

JEANDOT, Nicole. Explorando o universo da música. São Paulo: Scipione,


1984.
MARTINS, Mirian Celeste Ferreira Dias. Didática do ensino da arte: a
linguagem do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte / Mirian Celeste, Gisa
Picosque, M. Terezinha Telles Guerra. São Paulo: FTD, 1998.

MORAES, J. Jota. O que é música. São Paulo, Brasiliense, 1993.

PRANDI, Reginaldo. Segredos guardados: orixás na alma brasileira. São


Paulo, Companhia das Letras, 2005.

SCHAFER, R. Murray. O ouvido pensante / R. Murray Scahfer; tradução


Marisa Trench de O. Fonterrrada, Magda R. Gomes da Silva, Maria Lúcia
Pascoal. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1991.

SCHLICHTA, Consuelo Alcione Borba Duarte. Artes visuais e música /


Consuelo Alcione Borba Duarte Schlichta e Isis Moura Tavares. Curitiba:
IESDE, 2004.

WISNIK, J.M. O Som e o Sentido. São Paulo: Companhia das Letras. Ed.
Schwarcz, 1989.

Sites pesquisados:

http://www.almacarioca.com.br/mpb.htm

http://www.brasilescola.com/artes/bossa-nova.htm

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