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ME7010 e NM8010 Método dos Elementos Finitos aula 2

Profa. Debora Lalo


DEFINIÇÃO: TEOREMA FUNDAMENTAL DA ELASTOSTÁTICA
Seja um sistema elástico discreto com nGL , onde {X} é o vetor de graus de liberdade. Neste
sistema, seja {X}α os graus de liberdade desconhecidos e {X}β os graus de liberdade
conhecidos, nulos ou não. Da mesma forma, seja {F}α as forças externas atuando em {X}α
e {F}β as forças de reação atuando em {X}β .
Para que este sistema possua solução pelo teorema do mínimo do funcional Π é
necessário que:

𝐺𝑙 𝑐𝑜𝑛ℎ𝑒𝑐𝑖𝑑𝑜
𝑁 a) 𝑿 𝜶 ∪ 𝑿 𝜷 = X
𝐾 = 10 𝐹 = 50𝑁
X=0 𝑚𝑚 b) 𝑿 𝜶∩ 𝑿 𝜷 =∅
𝐺𝑙 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛ℎ𝑒𝑐𝑖𝑑𝑜 c) 𝐅 𝜶 sejam conhecidas
d) 𝑭 𝜷 sejam desconhecidas
𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛ℎ𝑒𝑐𝑖𝑑𝑜
𝑐𝑜𝑛ℎ𝑒𝑐𝑖𝑑𝑜
A aplicação do teorema do mínimo do funcional Π conduz ao sistema linear:

𝜕Π
equilíbrio ⟺ = 0 ⇒ K X = F (1)
𝜕 a
Iniciando a numeração dos nGL pelos α graus desconhecidos e prosseguindo para os β
conhecidos, o sistema linear da equação (1) fica:
𝐺𝑙 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛ℎ𝑒𝑐𝑖𝑑𝑜 𝐹 𝑐𝑜𝑛ℎ𝑒𝑐𝑖𝑑𝑜

X   F   K  K   X   F  


K X  = F   K  =    =
X   F   K  K   X   F  
  (2)

𝐺𝑙 𝑐𝑜𝑛ℎ𝑒𝑐𝑖𝑑𝑜 𝐹 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛ℎ𝑒𝑐𝑖𝑑𝑜

Onde [K]αα , [K]αβ , [K]βα , [K]ββ são partições de [K]. Portanto:

 K  X  + K  X  = F  (3)



 K  X  + K  X  = F  (4)

A equação (3) é utilizada para se obter os α graus desconhecidos:

K X = F − K X


e a equação (4) é utilizada para se obter os β carregamentos desconhecidos:

F = K  X + K  X


1.5 Exemplo
Considere a estrutura abaixo. Obtenha [K] por sobreposição e em seguida obtenha {X}α e
{F}β . Observe que os graus de liberdade já foram numerados de forma apropriada.

K1 = K2 = ... = K5 = 1 kN/mm
K6 = K7 = K8 =2 kN/mm
Solução:
1) Inicialmente identifica-se os GL´s conhecidos e desconhecidos:

n GL = 7
=4
=3

 x 1   x 1   F1   0 
        
 x 2   x 2  F2   0 
 x 3   x 3  F3  − 2
X      F     
X =   = x 4  = x 4 mm e F =   = F4  = − 5kN
X   x    F   F   F 
  0
 5       5   5  
 x 6   2   F6  F6  
          
x 7  0   F7  F7  
2. Sobreposição
𝐺𝑙 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛ℎ𝑒𝑐𝑖𝑑𝑜 𝐺𝑙 𝑐𝑜𝑛ℎ𝑒𝑐𝑖𝑑𝑜

1 2 3 4 5 6 7
K1 + K 2 + K 3 + K 4 − K4 0 0 − K1 − K2 − K3  1
 − K4 K4 + K5 + K6 + K7 − K7 0 0 − K6 − K 5 
 2
 0 − K7 K 7 + K8 − K8 0 0 0  3
K  =  0 0 − K8 K8 0 0 0 

4
 − K1 0 0 0 K1 0 0  5
 
 − K2 − K6 0 0 0 K2 + K6 0  6
 − K3 − K5 K 5 + K 3 
 0 0 0 0 7
e substituindo os valores para K1 , ... , K8 obtém-se a equação de movimento para o problema:

4 −1 − 1 − 1 − 1
0 0
− 1 6 −2 0 0 − 2 − 1
 α=4
0 −2 4 −2 0 0 0
K  =  0 0 −2 2 0 0 0

− 1 0 0 0 1 0 0
 
− 1 −2 0 0 0 3 0 β=3
− 1 −1 0 2 
 0 0 0

α=4 β=3
Ou seja:
 4 − 1 0 0 − 1 − 1 − 1   x 1   0 
     
 − 1 6 − 2 0  0
 − 2 − 1   x 2   0 
 0 − 2 4 − 2 0 0 0   x 3  - 2
       
 0 0 −2 2 0 0 0  x 4  = - 5
 − 1 0 0 0 1 0 0   0   F  
        5 
 − 1 − 2 0 0 0
 3 0   2   F6  
 − 1 − 1 0 0 0 0 2   0   F  
      7 
3. Cálculo de {X}α : K  X = F − K X

 4 −1 0 0   x1   0  − 1 − 1 − 1  0  - 2  2 
− 1 6 − 2 0  x   0   0 − 2 − 1 0   0  - 4  4 
   
  =   − 
2   
 2 =   −   =  
 0 − 2 4 − 2  x 3  - 2  0 0 0    - 2  0  - 2
       0      
0 0 − 2 2   x 4  - 5   0 0 0 - 5   0  - 5 
Ou seja:
 4 −1 0 0   x1   2   x1   0.34 
− 1 6 − 2 0  x   4  x  − 0.66
   2  =    X   
=  2 = 

mm
 0 − 2 4 − 2  x 3  - 2 solve  x 3  − 4.16
 
0 0 − 2 2  x 4  - 5 x 4  − 6.66

  X + K  X


4. Cálculo de {F}β : F = K

 0.34 
 − 1 0 0 0   1 0 0 0 - 0.34 0 − 0.34

F = − 1 − 2 0 0           
0 . 66
 + 0 3 0 2 =  1.01  + 6 =  7.01 kN
− 4.16
− 1 − 1 0 0  0 0 2 0  0.33  0  0.33 
− 6.66
Para verificar os cálculos, geralmente faz-se uso da propriedade de equilíbrio do sistema, ou
seja, na posição de equilíbrio, ΣFX = 0.
Dessa forma,
 F1   0  
      
F2   0  
F3  − 2 
F      
F =   = F4  = − 5 kN
F   F   − 0.34 
 5   

F6  7.01 
     
F7  0.33 

F X = 0 + 0 + (−2) + (−5) + (−0.34) + 7.01 + 0.33 = 0


1.4 Exercício
Considere a estrutura abaixo. Obtenha [K] por sobreposição e em seguida obtenha {X}α e
{F}β . Numere os graus de liberdade de forma apropriada.

K1 = K2 = ... = K5 = 1 kN/mm
K6 = K7 = 2 kN/mm

SOLUÇÃO:
6,83
−6,83
3,81
X α = mm e F β = −4,26 kN
−0,09
−3,91
4,26
2. ELEMENTO DE MOLA 2D
Hipóteses:
- mola em regime linear
- pequenos deslocamentos
- extremidades pinadas: somente tração e compressão
- dois nós com 2 graus de liberdade por nó
- (1,2) = numeração local

𝑥, 𝑦 𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑜𝑟𝑑𝑒𝑛𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑔𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙


𝑥,ҧ 𝑦ത 𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑜𝑟𝑑𝑒𝑛𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙
2.1 Condição de pequenos deslocamentos

 v 
 = tan −1  
 L0 

----- = posição inicial


----- = posição final

Se o ângulo α é pequeno, então v  0  s = u 2 + v 2  u  U = ks 2  ku 2


1 1
2 2
Na prática admite-se o limite de linearidade para muitos elementos finitos a valores de α
variando entre 2o e 4o , dependendo da literatura. Isso geralmente equivale a valores de v
entre 10% e 20% de L0.
Na condição de pequenos deslocamentos, a energia armazenada no elemento de mola
depende apenas de u .
2.2 Equação do elemento de mola em coordenadas locais

Conforme vimos anteriormente, a equação de equilíbrio


do elemento é obtida aplicando-se o teorema do mínimo
do funcional Π ao elemento:

K1 (u1 - u 2 ) − F1u1 − F2 u 2
1
=
2

2
K 0 − K 0  u1   F1 

= K1 (u1 - u 2 ) − F1 = 0  0  
0 0 0  v1   0 
u 1  K − K   u1   F1  
 − K K .u  = F   − K .  =  
0 K 0 u 2   F2 
    2  2
= − K1 (u1 - u 2 ) − F2 = 0  
0 0 0  v 2   0 
u 2  0

K  .X = F
e e e

 
Onde K e = matriz de rigidez em coordenadas locais
2.3 Transformações de coordenadas

( x, y) = global
(x, y) = local

Observe que o vetor s pode ser expresso nos dois sistemas de coordenadas. Além disso:
u = u cos e + v sen e u   cos e sen e  u 
 =  
v = −u sen e + v cos e v  − sen e cos e  v 
ou seja:
 u1   cos e sen e 0 0   u1 
 v  − sen  0   v1 
 1  cos e 0  xe = T  xe
 =
e
 
u 2   0 0 cos e sen e  u 2 
 Fe = T  Fe
 v 2   0 0 − sen e

cos e   v 2 
2.4 Equação do elemento de mola em coordenadas globais
Uma propriedade importante da matriz de transformação de coordenadas [T] é que:

 cos e sen e 0 0  cos e − sen e 0 0 


− sen  cos e 0 0  sen  cos e 0 0 
T =  e
 T  = T  = 
−1 T e

 0 0 cos e sen e   0 0 cos e − sen e 


   
 0 0 − sen e cos e   0 0 sen e cos e 

curiosidade: verificar essa propriedade!


Portanto:

 xe = T  xe
 K e .Xe = Fe  K e .T Xe = T Fe  T −1 K e .T Xe = Fe
 Fe = T  Fe
K e .Xe = Fe
Logo, a matriz de rigidez do elemento escrita no sistema global é:
m − n 0 0   K 0 − K 0  m n 0 0 
n m 0 0   0 0 0 0 − n m 0 0 
K e = T K e .T  = 
−1 . .
 0 0 m − n  − K 0 K 0  0 0 m n

   
0 0 n m   0 0 0 0  0 0 − n m 

Onde m = cose e n = sen e


Efetuando as multiplicações ao longo das linhas e colunas obtém-se:
 m2 mn − m 2 − mn 
 2 
− −
K e = T  K e .T  = K  2 m = cose e n = sene
2
−1 mn n mn n 
− m − mn m 2
mn 
 
− mn − n n 2 
2
mn

Uma vez obtida a matriz do elemento, a energia potencial elástica armazenada nele pode
ser calculada através de:

U e = Xe K e Xe = Xe K e Xe


1 T T 1 T T
exercício: demonstrar!
2 2

global local
pois a energia potencial não depende do sistema de coordenadas em que ela é calculada.

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