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Prólogo: Caros alunos, o conteúdo deste material não se presta a substituir o necessário
estudo da doutrina e/ou Jurisprudência Pátria, eis que serve apenas para orientar
quanto ao que será ministrado em sala de aula. Não será suficiente para a realização das
Avaliações do período, que exigirão um conhecimento doutrinário e jurisprudencial, tal
qual será sempre demonstrado nos encontros. Uma dica: “Um dia o meu velho pai me
disse que podem tirar tudo do ser humano, casa, carro, família, trabalho, enfim, tudo
mesmo, porem não será possível nunca lhe tirar o conhecimento adquirido nesse
mundo”. Logo, leiam muito, estudem, adquiram o conhecimento, sejam os melhores no
que se propuserem e façam a diferença!
Conceito
Recurso é o pedido de nova decisão judicial, com alteração de decisão anterior, previsto em lei,
dirigido, em regra, a outro órgão jurisdicional, dentro do mesmo processo. (Vicente Greco Filho)
Recurso é a providência legal imposta ao juiz ou concedida à parte interessada, objetivando nova
apreciação da decisão ou da situação processual, com o fim de corrigi-la, modificá-la ou confirmá-
la. (Magalhães Noronha)
Recurso é o meio processual que a lei coloca a disposição das partes para viabilizar, dentro da
mesma relação jurídico-processual, a anulação (error in procedendo), a reforma (error in
iudicando), a integração ou aclaramento (art. 382, 619/620) da decisão judicial impugnada.
Em síntese, recurso é o meio que tem por finalidade restaurar o interesse da parte que se sentiu
lesada.
a) o inconformismo do ser humano: o ser humano não quer e não gosta de perder; É próprio do
homem o apegar-se às suas convicções e teses para vê-las vencedoras. A necessidade psicológica
do vencido de obter um novo julgamento na decisão que lhe foi desfavorável (não se conformar
perante uma única decisão que lhe trouxe gravame ou prejuízo);
b) falibilidade humana: o juiz pode cometer erros na interpretação da lei ou da prova. A falibilidade
humana proveniente de erro ou engano no julgamento, visto que, por mais culto, diligente,
imparcial que seja o Magistrado estará sempre sujeito a engano, somado à necessidade de
combate a eventuais arbítrios que possam ocorrer no curso do processo (razões históricas do
próprio direito).
c) a maior experiência dos integrantes dos tribunais: os Tribunais são compostos por juízes que já
atuaram na primeira instância por um tempo razoável;
d) o necessário controle da jurisdicionalidade: o juiz, por saber que sua decisão pode ser revista,
sente-se na obrigação de atuar com maior empenho e de forma não abusiva;
Desdobramento do direito de ação que vinha sendo exercido até a decisão proferida;
O apelo extremo é remédio típico dos sistemas federativos, nos quais a pluralidade de fontes
normativas (União, Estados-membros e Municípios) recomenda a previsão de mecanismos através
dos quais seja possível a revisão das decisões dos tribunais locais, sempre que nestes tiver sido
discutida uma questão de direito federal, porque é praticamente impossível que haja uniformidade
de entendimento acerca do direito federal perante todos os tribunais estaduais, principalmente.
Espécies: recurso especial (art. 105, III CRFB/88), recurso extraordinário (art. 102, III, CRFB/88),
embargos de divergência, agravo da decisão que denega a subida do recurso extraordinário e
especial.
b) Quanto à Iniciativa:
Voluntário – interposto pela própria parte. A interposição fica na dependência de quem foi
prejudicado pelo pronunciamento jurisdicional. Ampla liberdade à parte para concordar ou não com
a decisão.
c) Quanto à Fonte:
Legais – previstos no próprio Código de Processo Penal (apelação, recurso em sentido estrito,
protesto por novo júri, embargos de declaração, infringentes ou de nulidade, revisão criminal, a
carta testemunhável) e leis especiais (recurso de agravo em execução, art. 197 da Lei de Execução
Penal).
Todo recurso é um meio de impugnação, mas nem todo meio de impugnação constitui em recurso.
Recurso é uma nova fase do mesmo processo, um desdobramento da mesma ação. Ao ser
interposto, o procedimento desenvolve-se numa nova etapa da mesma relação jurídico-processual,
continuando vigente a relação processual original.
Ações de Impugnações – Nas ações de impugnações instaura-se nova relação processual, diferente
da relação processual em que foi produzida a decisão impugnada.
Nos recursos que formam instrumentos opera-se um incidente procedimental da mesma relação
processual. O vinculo que une acusador, juiz, réu é sempre o mesmo, sem interrupção (Recurso
em Sentido Estrito - Agravo de Instrumento para dar seguimento ao Recurso Especial e
Extraordinário). Essas características que distinguem os recursos das ações de impugnações de
decisões judiciais.
Recurso em Sentido Estrito (CPP, art. 581), Recurso de Apelação (CPP, art. 593), Carta
Testemunhável (CPP, art. 639), Correição Parcial (COJE-MT, art. 36), Embargos Infringentes ou de
Nulidades, Embargos de Declaração (CPP, art. 619), Recurso Ordinário Constitucional (CF, art. 102,
II, e 105, II), Agravo em Execução (LEP, 197). Duplo grau de jurisdição;
Recurso Especial art. 105, III CRFB/88, Recurso Extraordinário art. 102, III, CRFB/88, Embargos
de Divergência, Agravo de decisão de indeferimento do recurso extraordinário e especial.
Cabimento excepcional.
Assim como a ação penal, os recursos também estão sujeitos a determinados pressupostos de
admissibilidade para ter o seu trâmite normal.
Relação Jurídico-Processual
Autor: aquele que deduz em juízo a pretensão punitiva (titular do ius acusations).
Réu: aquele contra quem a pretensão punitiva é deduzida (titular do ius libertatis).
Pressupostos de Validez da Relação Jurídico-Processual
Desenvolvimento válido da relação processual para a composição da lide. Tudo o que é apto e
capaz de invalidar a relação Jurídico-Processual deverá ser incluído entre os pressupostos de
invalidez da instância penal.
Condições genéricas:
PRESSUPOSTOS RECURSAIS
Pressupostos (juízo de admissibilidade ou juízo de prelibação) são exigências legais para que o
recurso seja conhecido.
Assim como a ação, o recurso também está sujeito a determinados pressupostos processuais.
No juízo de prelibação verifica-se se o recurso preenche os pressupostos recursais objetivos e
subjetivos.
Cabimento - para interpor o recurso é necessário que haja expressa disposição de lei prevendo o
recurso. Exemplo o agravo de instrumento não é previsto no processo penal. De nada adianta
interpor recurso inexistente, não previsto.
Adequação - para cada decisão a lei prevê um recurso adequado para impugná-la. A parte não
pode interpor mais de um recurso contra a mesma decisão, visando a mesma pretensão. Ocorre
adequação quando o Recurso empregado foi o instrumento hábil, isto é, próprio, adequado, contra
decisão que se quer impugnar.
Quando o juiz denegar sursis na sentença condenatória o recurso cabível será o de apelação,
embora a lei disponha ser cabível o Recurso em Sentido Estrito (CPP, art. 581, XI). Cabe apelação
porque o único recurso cabível contra sentenças condenatórias é o de apelação, seja de parte, seja
de toda a decisão. O recurso da parte principal absorve o da parte secundária.
Tempestividade - a interposição do recurso deve ser feita dentro do prazo previsto em lei. Os
prazos recursais são fatais, contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias, Domingo
ou feriado, salvo se houver impedimento do juiz, força maior ou obstáculo judicial oposto pela
SÚMULA STF N.º 710 – No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da
juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem.
Regularidade Procedimental: o recurso deve preencher as formalidades legais para ser recebido.
Forma – por petição ou por termo nos autos (a parte manifesta verbalmente a vontade de recorrer,
a qual é reduzida a escrito nos autos).
Só se admite a interposição por petição ou termo: apelação, recurso em sentido estrito, protesto
por novo júri. No Tribunal do Júri é admissível a interposição verbal de recurso, desde que conste
do respectivo termo.
Formalidade essencial – motivação – apresentação das razões. A apresentação tardia das razões é
mera irregularidade, sem qualquer conseqüência processual em face da indisponibilidade da ação
penal pelo MP (CPP, arts. 42 e 576) e o inequívoco prejuízo que acarreta à ampla defesa art. 5º,
LV, CF.
O protesto por novo júri é exceção à obrigatoriedade da motivação. A simples interposição é
suficiente, não havendo necessidade de razões, mesmo porque não há contra-razões.
Fatos extintivos são os fatos supervenientes à interposição do recurso, que impedem seu
conhecimento. A desistência e a deserção. Ocorre após a interposição do recurso.
Desistência é o ato pelo qual o recorrido manifesta a vontade de não prosseguir com o recurso
interposto.
Deserção é o ato de abandonar o recurso; equivale à desistência tácita ou presumida. Ex. falta de
preparo (pagamento das custas processuais quando a lei exigir), fuga após a interposição do
recurso (art. 595 CPP) – a recaptura não torna sem efeito a deserção. Extinção anormal do
recurso. Não se aplica ao Recurso em Sentido Estrito. Apelação do MP manuseada em favor do réu,
a sua fuga posterior não implica em deserção.
Interesse Jurídico – somente existe interesse jurídico em recorrer quando a parte pretende algo no
processo que lhe tenha sido negado pelo juiz, gerando-lhe prejuízo.
Para José Frederico Marques, o MP não tem interesse jurídico para recorrer de sentença
condenatória em favor do réu por absoluta falta de sucumbência, posto que defende interesse
oposto ao do acusado (dominus litis).
Para o STF o MP na qualidade de custos legis pode recorrer da sentença condenatória em favor do
réu. Mesmo ocupando o polo ativo da relação jurídica processual, é parte imparcial e não deixa de
ser fiscal da lei.
Sucumbência única – quando atinge apenas uma das partes; múltipla – quando várias são as
partes atingidas.
Sucumbência direta – atinge os integrantes da relação jurídica processual; reflexa - repercute fora
do processo.
Legitimidade – O recurso deve coincidir com a posição processual da parte. Pode interpor recurso,
respeitada a sucumbência: MP, querelante, querelado, réu ou seu defensor, o assistente de
O MP é parte ilegítima para apelar da sentença absolutória na ação penal exclusivamente privada,
em face do princípio da disponibilidade.
Suspensivo – o recurso funciona como condição suspensiva da eficácia da decisão, que não pode
ser executada até que ocorra o julgamento final, ou seja, a execução da decisão somente se
produzirá depois do julgamento pelo juízo ou tribunal ad quem. No silêncio da lei o recurso não
tem efeito suspensivo. Para suspender os efeitos da decisão haverá de existir expressa disposição
legal.
Translativo – quando as matérias de ordem pública são trasladadas ao tribunal, por expressa
disposição legal, o qual deverá conhecê-las e julgá-las ex officio, sob pena da decisão ser omissa,
cabendo até embargos de declaração para suprir a omissão.
Extensivo – (CPP, art. 580) é o aproveitamento da decisão favorável a um co-réu que não
recorreu. O benefício obtido deve estar fundado em motivos que não sejam de caráter
exclusivamente pessoal.
Regressivo (deferido) – é o efeito que possibilita o juízo de retratação por parte do órgão
recorrido, possibilitando, assim ao prolator da decisão, a possibilidade de alterá-la ou revogá-la
parcial ou inteiramente (Recurso em Sentido Estrito, Carta Testemunhável, Correição Parcial).
PRINCÍPIOS
Fungibilidade (CPP, art. 579) – havendo situações em que existam dúvidas na doutrina e na
jurisprudência relativo ao recurso adequado, a parte não deve ficar prejudicada no caso de se
equivocar no meio pelo qual se impugna a decisão.
Fungibilidade (CPP, art. 579) – possibilidade do conhecimento de um recurso por outro, desde que
não haja má-fé e nem erro grosseiro (caracterizado pela afronta literal à lei, se cometido por quem
não poderia fazê-lo no caso de evidente equívoco). Esse fato ocorreu em homenagem ao princípio
de que o processo não deve sacrificar o fundo pela forma.
Personalidade - Proibição da reformatio in pejus – quem apela não pode ter sua situação
agravada em virtude do próprio recurso. O recurso devolve ao Tribunal exclusivamente a matéria
que foi objeto do pedido nele contido, não podendo reverter contra quem recorreu (a regra tantum
devolutum quantum appellatum). Art. 617,CPP.
Disponibilidade – pode- se dispor de recorrer das decisões por meio de renúncia ( antes da
interposição ) e desistência ( depois da interposição ).
Observação 2 – O MP não pode desistir vide art. 576, CPP. Conclusão pode-se dizer quer em
Processo Ppenal o direito de recorrer acaba obtendo caráter de indisponibilidade.
Obs.: A ausência de recurso por parte da defesa não impede o reconhecimento de nulidade
absoluta, pois a reformatio in melius é admitida no direito brasileiro, principalmente se o réu não
recorreu, em atenção ao princípio favor rei.
Fim