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Centro Universitário da Cidade - UNIVERCIDADE

Professor Fabio de Carvalho Couto


Recursos Penais – Unidade Centro – Carioca – Noite

Prólogo: Caros alunos, o conteúdo deste material não se presta a substituir o necessário
estudo da doutrina e/ou Jurisprudência Pátria, eis que serve apenas para orientar
quanto ao que será ministrado em sala de aula. Não será suficiente para a realização das
Avaliações do período, que exigirão um conhecimento doutrinário e jurisprudencial, tal
qual será sempre demonstrado nos encontros. Uma dica: “Um dia o meu velho pai me
disse que podem tirar tudo do ser humano, casa, carro, família, trabalho, enfim, tudo
mesmo, porem não será possível nunca lhe tirar o conhecimento adquirido nesse
mundo”. Logo, leiam muito, estudem, adquiram o conhecimento, sejam os melhores no
que se propuserem e façam a diferença!

TEORIA DOS RECURSOS

Prepositivamente, recurso é a manifestação voluntária da parte buscando obter nova decisão.

Origem etimológica da palavra recurso

Recurso vem da palavra latina Recursus – us.


Significa: voltar, retroceder, retornar (corrida para trás – caminho para voltar – caminho já
utilizado).

Conceito

Recurso é o pedido de nova decisão judicial, com alteração de decisão anterior, previsto em lei,
dirigido, em regra, a outro órgão jurisdicional, dentro do mesmo processo. (Vicente Greco Filho)

Recurso é uma providência legal, imposta ou concedida à parte interessada, consistente em um


meio de se obter nova apreciação da decisão ou situação processual, com o fim de corrigi-la,
modificá-la ou confirmá-la. Meio pelo qual se obtém o reexame de uma decisão. (Fernando
Capez)

Recurso é a providência legal imposta ao juiz ou concedida à parte interessada, objetivando nova
apreciação da decisão ou da situação processual, com o fim de corrigi-la, modificá-la ou confirmá-
la. (Magalhães Noronha)

Recurso é o meio processual que a lei coloca a disposição das partes para viabilizar, dentro da
mesma relação jurídico-processual, a anulação (error in procedendo), a reforma (error in
iudicando), a integração ou aclaramento (art. 382, 619/620) da decisão judicial impugnada.

Em síntese, recurso é o meio que tem por finalidade restaurar o interesse da parte que se sentiu
lesada.

Protegido pela Lei 9.279/1996.


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Fundamentos do Recurso

a) o inconformismo do ser humano: o ser humano não quer e não gosta de perder; É próprio do
homem o apegar-se às suas convicções e teses para vê-las vencedoras. A necessidade psicológica
do vencido de obter um novo julgamento na decisão que lhe foi desfavorável (não se conformar
perante uma única decisão que lhe trouxe gravame ou prejuízo);

b) falibilidade humana: o juiz pode cometer erros na interpretação da lei ou da prova. A falibilidade
humana proveniente de erro ou engano no julgamento, visto que, por mais culto, diligente,
imparcial que seja o Magistrado estará sempre sujeito a engano, somado à necessidade de
combate a eventuais arbítrios que possam ocorrer no curso do processo (razões históricas do
próprio direito).

c) a maior experiência dos integrantes dos tribunais: os Tribunais são compostos por juízes que já
atuaram na primeira instância por um tempo razoável;

d) o necessário controle da jurisdicionalidade: o juiz, por saber que sua decisão pode ser revista,
sente-se na obrigação de atuar com maior empenho e de forma não abusiva;

Fim Colimado dos Recursos

Sanar defeitos substanciais da decisão, ou seja, suas injustiças decorrentes da má apreciação da


prova, bem como da errônea interpretação das pretensões da parte ou dos fatos e das
circunstâncias. O que se busca através do recurso é a efetiva garantia da proteção jurisdicional.

Natureza Jurídica dos Recursos

Desdobramento do direito de ação que vinha sendo exercido até a decisão proferida;

Ação nova dentro do mesmo processo;

Existência Jurídica dos Recursos (Constituição Federal)

A Constituição Federal ao organizar o Poder Judiciário em diversos graus de jurisdição,


estabelecendo primordialmente atribuição recursal aos Tribunais (instâncias superiores revisoras de
decisões), exteriorizou a existência dos recursos (duplo grau de jurisdição).

Juízo a quo Órgão prolator da decisão


Juízo ad quem Órgão a quem se pede o reexame ou reforma da decisão.

Classificação dos Recursos

a) Quanto aos Motivos:

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Ordinário – é admissível a discussão das matérias de fato e de direito (proteção do direito


subjetivo). A devolutividade é grande.
Espécies: apelação, recurso em sentido estrito, embargos infringentes ou de nulidades, recurso
ordinário constitucional. Duplo grau de jurisdição. Admissibilidade geral. Não exige qualquer
requisito específico para a interposição.

Extraordinário – Apelo Extremo – Apelo Excepcional – somente é admissível a discussão da


matéria de direito (proteção do direito objetivo). Preservação da inteireza positiva do direito federal
stricto sensu e da constituição federal. Cabimento excepcional. Exige-se, além dos pressupostos
recursais gerais, requisitos específicos para a sua interposição, porque estão sujeitos a rígidos
controles de admissibilidade fixados na Lei 8.038/90 que regula o seu procedimento.

O apelo extremo é remédio típico dos sistemas federativos, nos quais a pluralidade de fontes
normativas (União, Estados-membros e Municípios) recomenda a previsão de mecanismos através
dos quais seja possível a revisão das decisões dos tribunais locais, sempre que nestes tiver sido
discutida uma questão de direito federal, porque é praticamente impossível que haja uniformidade
de entendimento acerca do direito federal perante todos os tribunais estaduais, principalmente.

Espécies: recurso especial (art. 105, III CRFB/88), recurso extraordinário (art. 102, III, CRFB/88),
embargos de divergência, agravo da decisão que denega a subida do recurso extraordinário e
especial.

b) Quanto à Iniciativa:

Voluntário – interposto pela própria parte. A interposição fica na dependência de quem foi
prejudicado pelo pronunciamento jurisdicional. Ampla liberdade à parte para concordar ou não com
a decisão.

Obrigatório (condição de eficácia da sentença – sujeição necessária ao duplo grau de jurisdição) –


são interpostos pelo juiz prolator quando a sentença conceder habeas corpus, art. 574, I, CPP;
absolver sumariamente o réu (arts. 574, II, e 411 CPP – exclui o crime ou isente de pena o réu);
conceder a reabilitação criminal, art. 746 CPP. Fundamenta no interesse público relevante, de
modo que o juiz deles não pode declinar. O juiz não tem interesse em recorrer, por essa razão não
pode impugnar a sua própria decisão. Desse modo não constituem conceitualmente recurso os
casos em que o ordenamento exige que a sentença de primeiro grau seja necessariamente
submetida a confirmação no segundo grau.

Este recurso é também chamado de Remessa de Ofício (Necessário, Obrigatório, Anômalo) –


Remessa dos autos ao Tribunal para reexame da decisão. Não é recurso, mas requisito ou condição
necessária à preclusão ou trânsito em julgado de uma decisão ou sentença.

c) Quanto à Fonte:

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Constitucionais – previstos no próprio texto da Constituição Federal (Habeas Corpus, recurso


especial, recurso extraordinário, recurso ordinário constitucional).

Legais – previstos no próprio Código de Processo Penal (apelação, recurso em sentido estrito,
protesto por novo júri, embargos de declaração, infringentes ou de nulidade, revisão criminal, a
carta testemunhável) e leis especiais (recurso de agravo em execução, art. 197 da Lei de Execução
Penal).

Regimentais – previstos no regimento interno dos tribunais (agravo regimental).

Diferença entre Recurso e Ação Autônoma de Impugnação

Todo recurso é um meio de impugnação, mas nem todo meio de impugnação constitui em recurso.

Recurso é uma nova fase do mesmo processo, um desdobramento da mesma ação. Ao ser
interposto, o procedimento desenvolve-se numa nova etapa da mesma relação jurídico-processual,
continuando vigente a relação processual original.

Ações de Impugnações – Nas ações de impugnações instaura-se nova relação processual, diferente
da relação processual em que foi produzida a decisão impugnada.

Nos recursos que formam instrumentos opera-se um incidente procedimental da mesma relação
processual. O vinculo que une acusador, juiz, réu é sempre o mesmo, sem interrupção (Recurso
em Sentido Estrito - Agravo de Instrumento para dar seguimento ao Recurso Especial e
Extraordinário). Essas características que distinguem os recursos das ações de impugnações de
decisões judiciais.

Enumeração dos Recursos:

Embargos Declaratórios (CPP, art. 382);

Recurso em Sentido Estrito (CPP, art. 581), Recurso de Apelação (CPP, art. 593), Carta
Testemunhável (CPP, art. 639), Correição Parcial (COJE-MT, art. 36), Embargos Infringentes ou de
Nulidades, Embargos de Declaração (CPP, art. 619), Recurso Ordinário Constitucional (CF, art. 102,
II, e 105, II), Agravo em Execução (LEP, 197). Duplo grau de jurisdição;

Recurso Especial art. 105, III CRFB/88, Recurso Extraordinário art. 102, III, CRFB/88, Embargos
de Divergência, Agravo de decisão de indeferimento do recurso extraordinário e especial.
Cabimento excepcional.

Enumeração das Ações de Impugnações:

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Revisão Criminal (CPP, art. 621) – Habeas Corpus (CPP, art. 647) – Mandado de Segurança (art.
5º, inciso LXIX) – Embargos de Terceiros (CPP, art. 129 e 130), Correição Parcial (Lei 5.010/66
Art. 6º) e/ou Reclamação (CODJERJ – do Art.219 ao 230).

PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS DOS RECURSOS

Assim como a ação penal, os recursos também estão sujeitos a determinados pressupostos de
admissibilidade para ter o seu trâmite normal.

Relação Jurídico-Processual

Relação Jurídico-Processual: Existência e Validade

Pressupostos de Existência Válida da Relação Jurídico-Processual

Órgão investido de jurisdição (Estado-Juiz) – O não-juiz implica na incompetência absoluta,


incompatibilidade e impedimento;
Pedido ou demanda (imputação do fato delituoso e pedido condenatório – ato postulatório que
provocou a atividade jurisdicional);
Partes: capacidade para ser parte.

Autor: aquele que deduz em juízo a pretensão punitiva (titular do ius acusations).
Réu: aquele contra quem a pretensão punitiva é deduzida (titular do ius libertatis).
Pressupostos de Validez da Relação Jurídico-Processual

Desenvolvimento válido da relação processual para a composição da lide. Tudo o que é apto e
capaz de invalidar a relação Jurídico-Processual deverá ser incluído entre os pressupostos de
invalidez da instância penal.

constituição do juízo (incompetência relativa / suspeição / suborno)


legitimidade ad processum (indivíduos imputáveis – 18 anos completos e em plena faculdade
mental / Membro do MP – Promotor natural)
procedimento adequado
formalidade estrutural do ato processual
ausência de vício formal ou atipicidade capaz de influir na apuração da verdade real ou na decisão
da causa.

Condições de Procedibilidade – Condições prévias – Condições da ação

Condições genéricas:

possibilidade jurídica do pedido; legitimidade de partes; interesse processual.

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Condições específicas:

representação (CPP, 38 e Lei 5.250, art. 40, I, b)


requisição do Ministro da Justiça (CP, art. 145, parágrafo único)
entrada do agente no território nacional
trânsito em julgado formal de sentença que por motivo de erro ou impedimento anule o casamento
(CP, art. 236)

PRESSUPOSTOS RECURSAIS

Pressupostos (juízo de admissibilidade ou juízo de prelibação) são exigências legais para que o
recurso seja conhecido.

Assim como a ação, o recurso também está sujeito a determinados pressupostos processuais.
No juízo de prelibação verifica-se se o recurso preenche os pressupostos recursais objetivos e
subjetivos.

Pressupostos Objetivos – Cabimento, Adequação, Tempestividade, Regularidade Procedimental,


inexistência de fatos impeditivos (renúncia – não recolhimento à prisão nos casos em que a lei
exige) ou extintivos (desistência – deserção).

Cabimento - para interpor o recurso é necessário que haja expressa disposição de lei prevendo o
recurso. Exemplo o agravo de instrumento não é previsto no processo penal. De nada adianta
interpor recurso inexistente, não previsto.

Adequação - para cada decisão a lei prevê um recurso adequado para impugná-la. A parte não
pode interpor mais de um recurso contra a mesma decisão, visando a mesma pretensão. Ocorre
adequação quando o Recurso empregado foi o instrumento hábil, isto é, próprio, adequado, contra
decisão que se quer impugnar.

Fungibilidade dos recursos ou recurso indiferente – a interposição equivocada de um recurso pelo


outro não impede o seu conhecimento, desde que oferecido dentro do prazo correto e contanto que
não haja má-fé do recorrente. A Jurisprudência vem entendendo que deve obedecer ao prazo do
recurso correto e que não haja erro grosseiro.

Quando o juiz denegar sursis na sentença condenatória o recurso cabível será o de apelação,
embora a lei disponha ser cabível o Recurso em Sentido Estrito (CPP, art. 581, XI). Cabe apelação
porque o único recurso cabível contra sentenças condenatórias é o de apelação, seja de parte, seja
de toda a decisão. O recurso da parte principal absorve o da parte secundária.

Tempestividade - a interposição do recurso deve ser feita dentro do prazo previsto em lei. Os
prazos recursais são fatais, contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias, Domingo
ou feriado, salvo se houver impedimento do juiz, força maior ou obstáculo judicial oposto pela

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parte contrária (CPP, art. 798, § 4º). Começam a correr a partir do primeiro dia útil seguinte à
intimação (ver súmula 310 STF). Encerrado o prazo em domingo ou dia de feriado, considera-se
prorrogado até o primeiro dia útil imediato (CPP, art. 798, § 3º).

SÚMULA STF N.º 710 – No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da
juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem.

Embargos Declaratórios (02 dias - art. 382, CPP);


Recurso de Apelação (05 dias);
Recurso em Sentido Estrito (05 dias) exceto para incluir ou excluir jurado da lista geral (20 dias –
art. 581, XIV e 586 § único);
Embargos Infringentes ou de Nulidades, (10 dias – art. 609, § único);
Carta Testemunhável (48 horas);
Correição Parcial (prazo do agravo de instrumento – 10 dias, art. 522 CPC);
Recurso Ordinário Constitucional (05 dias – art. 310 RI STF);
Agravo art. 197 LEP (05 dias - previsão geral dos recursos no CPP – procedimento 523 CPC);
Recurso Especial art. 105, III, da CRFB/88 e Recurso Extraordinário art. 102, III, CRFB/88 (15
dias);
Embargos de Divergência (15 dias art. 266 RI STJ);
Agravo de Instrumento de despacho denegatório de recurso extraordinário e especial (05 dias –
art. 28, Lei 8.038/90);
Nos crimes de competência do juizado especial (10 dias – art. 82, § 1º, Lei 9.099/95).

Regularidade Procedimental: o recurso deve preencher as formalidades legais para ser recebido.

Forma – por petição ou por termo nos autos (a parte manifesta verbalmente a vontade de recorrer,
a qual é reduzida a escrito nos autos).

Só se admite a interposição por petição: embargos infringentes, embargos declaratórios, carta


testemunhável, recurso extraordinário, recurso especial, correição parcial – habeas corpus e
revisão criminal.

Só se admite a interposição por petição ou termo: apelação, recurso em sentido estrito, protesto
por novo júri. No Tribunal do Júri é admissível a interposição verbal de recurso, desde que conste
do respectivo termo.

Formalidade essencial – motivação – apresentação das razões. A apresentação tardia das razões é
mera irregularidade, sem qualquer conseqüência processual em face da indisponibilidade da ação
penal pelo MP (CPP, arts. 42 e 576) e o inequívoco prejuízo que acarreta à ampla defesa art. 5º,
LV, CF.
O protesto por novo júri é exceção à obrigatoriedade da motivação. A simples interposição é
suficiente, não havendo necessidade de razões, mesmo porque não há contra-razões.

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Fatos impeditivos são aqueles que impedem a interposição do recurso ou seu recebimento. Surgem
antes do recurso ser interposto. Ex. Renúncia ao direito de recorrer (preclusão lógica – ato
incompatível com a vontade de recorrer); o não recolhimento do réu à prisão quando a lei assim
dispor (CPP, art. 594). Extinção anormal do Recurso.

Fatos extintivos são os fatos supervenientes à interposição do recurso, que impedem seu
conhecimento. A desistência e a deserção. Ocorre após a interposição do recurso.

Desistência é o ato pelo qual o recorrido manifesta a vontade de não prosseguir com o recurso
interposto.

Deserção é o ato de abandonar o recurso; equivale à desistência tácita ou presumida. Ex. falta de
preparo (pagamento das custas processuais quando a lei exigir), fuga após a interposição do
recurso (art. 595 CPP) – a recaptura não torna sem efeito a deserção. Extinção anormal do
recurso. Não se aplica ao Recurso em Sentido Estrito. Apelação do MP manuseada em favor do réu,
a sua fuga posterior não implica em deserção.

Pressupostos Subjetivos – Sucumbência – Interesse Jurídico, Legitimidade.

Sucumbência – o não acolhimento total ou parcial da pretensão.

Interesse Jurídico – somente existe interesse jurídico em recorrer quando a parte pretende algo no
processo que lhe tenha sido negado pelo juiz, gerando-lhe prejuízo.

Para José Frederico Marques, o MP não tem interesse jurídico para recorrer de sentença
condenatória em favor do réu por absoluta falta de sucumbência, posto que defende interesse
oposto ao do acusado (dominus litis).

Para o STF o MP na qualidade de custos legis pode recorrer da sentença condenatória em favor do
réu. Mesmo ocupando o polo ativo da relação jurídica processual, é parte imparcial e não deixa de
ser fiscal da lei.

Sucumbência única – quando atinge apenas uma das partes; múltipla – quando várias são as
partes atingidas.

Sucumbência paralela – interesses idênticos; recíproca - interesses opostos.

Sucumbência direta – atinge os integrantes da relação jurídica processual; reflexa - repercute fora
do processo.

Legitimidade – O recurso deve coincidir com a posição processual da parte. Pode interpor recurso,
respeitada a sucumbência: MP, querelante, querelado, réu ou seu defensor, o assistente de

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acusação, o ofendido e seus sucessores. A Defensoria Pública tem legitimidade para recorrer em
favor do réu revel, mesmo que na ausência do réu, o mesmo não tenha ratificado o seu recurso.

O MP é parte ilegítima para apelar da sentença absolutória na ação penal exclusivamente privada,
em face do princípio da disponibilidade.

Juízo de prelibação do recurso (presença ou não dos pressupostos) – verifica-se a presença de


todos os pressupostos processuais de admissibilidade. Tendo como conclusão o conhecimento ou
não conhecimento.

Juízo de delibação do recurso – É o julgamento do mérito após haver ultrapassado o juízo de


admissibilidade – apreciação dos pedidos contido no recurso, após conhecido. Verifica-se se o
recorrente tem ou não razão, reformando ou não a decisão do juízo ou tribunal (ad quem). Dá
provimento ou não dá provimento
Não conhecido não se questiona quanto ao provimento. Conheço do recurso e dou ou não
provimento.

EFEITOS DOS RECURSOS

Devolutivo – Suspensivo – Translativo – Extensivo.

Devolutivo – transfere à instância superior o conhecimento. É comum a todos os recursos.


Quando o reexame da matéria é devolvido ao próprio órgão recorrido (Embargos Declatórios) é
chamado de recurso iterativo.
Quando devolve a matéria ao órgão jurisdicional ad quem (Apelação) é chamado de recurso
reiterativo.
Quando a questão é reexaminada pelo próprio órgão recorrido e também pelo órgão de instância
superior (Recurso em Sentido Estrito e Agravo em Execução) é chamado de recurso misto,
regressivo ou deferido.

Suspensivo – o recurso funciona como condição suspensiva da eficácia da decisão, que não pode
ser executada até que ocorra o julgamento final, ou seja, a execução da decisão somente se
produzirá depois do julgamento pelo juízo ou tribunal ad quem. No silêncio da lei o recurso não
tem efeito suspensivo. Para suspender os efeitos da decisão haverá de existir expressa disposição
legal.

Translativo – quando as matérias de ordem pública são trasladadas ao tribunal, por expressa
disposição legal, o qual deverá conhecê-las e julgá-las ex officio, sob pena da decisão ser omissa,
cabendo até embargos de declaração para suprir a omissão.

Extensivo – (CPP, art. 580) é o aproveitamento da decisão favorável a um co-réu que não
recorreu. O benefício obtido deve estar fundado em motivos que não sejam de caráter
exclusivamente pessoal.

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Regressivo (deferido) – é o efeito que possibilita o juízo de retratação por parte do órgão
recorrido, possibilitando, assim ao prolator da decisão, a possibilidade de alterá-la ou revogá-la
parcial ou inteiramente (Recurso em Sentido Estrito, Carta Testemunhável, Correição Parcial).

PRINCÍPIOS

Fungibilidade, unirrecorribilidade, irrecorribilidade das interlocutórias, proibição da reformatio in


pejus ou a regra tantum devolutum quantum appellatum.

Fungibilidade (CPP, art. 579) – havendo situações em que existam dúvidas na doutrina e na
jurisprudência relativo ao recurso adequado, a parte não deve ficar prejudicada no caso de se
equivocar no meio pelo qual se impugna a decisão.

Fungibilidade (CPP, art. 579) – possibilidade do conhecimento de um recurso por outro, desde que
não haja má-fé e nem erro grosseiro (caracterizado pela afronta literal à lei, se cometido por quem
não poderia fazê-lo no caso de evidente equívoco). Esse fato ocorreu em homenagem ao princípio
de que o processo não deve sacrificar o fundo pela forma.

Em suma, o princípio da fungibilidade recursal só tem incidência quando ficar evidente a


inexistência da má-fé, tempestividade e equívoco da parte ao impetrar um recurso por outro.

Unirrecorribilidade – a cada decisão corresponde um recurso. Economia e simplificação da


forma.

Irrecorribilidade das interlocutórias – no processo penal, de regra, as decisões interlocutórias


são irrecorríveis, com as exceções previstas no art. 581 do CPP e outras expressamente previstas
em leis especiais. Podem ter seu conteúdo reexaminado por ocasião do recurso contra a sentença
de mérito, em matéria preliminar. Não se opera a preclusão. Contudo, mas se sua relativa
estabilização, até o julgamento da impugnação, puder acarretar dano irreparável à parte, poderão
ser imediatamente impugnadas por habeas corpus, mandado de segurança, correição parcial ou
reclamação.

Personalidade - Proibição da reformatio in pejus – quem apela não pode ter sua situação
agravada em virtude do próprio recurso. O recurso devolve ao Tribunal exclusivamente a matéria
que foi objeto do pedido nele contido, não podendo reverter contra quem recorreu (a regra tantum
devolutum quantum appellatum). Art. 617,CPP.

Disponibilidade – pode- se dispor de recorrer das decisões por meio de renúncia ( antes da
interposição ) e desistência ( depois da interposição ).

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Observação 1: Ambas levam a preclusão, contudo, existe uma divergência, qual seja, se a defesa
renuncia ao recurso pode se invalidar o ato em processo penal, por força do art. 577, CPP,
exemplo: réu renuncia e advogado recorre, vai prevalecer a vontade do advogado por razões
técnicas e pela melhor garantia do direito de defesa. Ex vi Sumula 705 - STF

Observação 2 – O MP não pode desistir vide art. 576, CPP. Conclusão pode-se dizer quer em
Processo Ppenal o direito de recorrer acaba obtendo caráter de indisponibilidade.

Obs.: A ausência de recurso por parte da defesa não impede o reconhecimento de nulidade
absoluta, pois a reformatio in melius é admitida no direito brasileiro, principalmente se o réu não
recorreu, em atenção ao princípio favor rei.

Exercícios de fixação para A1

1. Defina o que é direito de ação e aponte o seu fundamento constitucional.


2. O que você entende por condições da ação. Especifique quais são as condições genéricas e
as especificas de acordo com o CPP.
3. Quanto as decisões no processo penal, defina o que é despacho, decisão e especifique suas
classificações.
4. Dê um exemplo de:
decisões interlocutórias simples; b)decisões interlocutórias mistas terminativas e não
terminativas;
5. Conceitue decisões definitivas ou sentenças dando exemplo de:
absolutórias próprias; b) absolutórias impróprias; c)sentenças condenatórias; d)decisões
definitivas em sentido estrito ou terminativas de mérito.
6. Quanto ao órgão prolator as decisões podem ser: dê exemplos.
7. Como se divide as partes de uma sentença.
8. O que se entende por principio da correlação.
9. Explique com suas palavras o que vem a ser Emendatio Libeli e Mutatio Libeli apontando o
fundamento legal e se possível súmula dos tribunais.
10. Conceitue duplo grau de jurisdição de acordo com pelo menos duas doutrinas.
11. Indique quais são as Ações Autônomas de impugnação do Processo Penal Brasileiro.
12. Aponte os recursos do processo penal, fundamentando a resposta bem como, apontando o
seu cabimento.
13. Quais são as características dos recursos.
14. Escreva com suas palavras o que você entende por recurso. Qual a natureza jurídica.
15. Como se classificam os recursos no processo penal? Aponte exemplos.
16. Fale sobre os princípios inerentes aos recursos penais, apontando se for o caso o seu
fundamento jurídico.
17. O que vem a ser recurso de oficio? Quando deve ser aplicado.
18. Quanto a personalidade dos recursos aponte as vedações legais e explique quais são.
19. Explique os diferentes tipos de efeitos dos recursos.
20. Quais são os requisitos de admissibilidade dos recursos? Classifique-os.

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21. Explique o que você entende por juízo de prelibação e juízo de mérito.
22. O MP pode desistir do recurso?
23. Quem são as partes que podem interpor recurso e qual o pressuposto fundamental?
24. O que vem a ser efeito extensivo?
25. Das hipóteses do cabimento do recurso em sentido estrito e suas espécies.
26. Como se processa o recurso em sentido estrito.
27. Aponte os efeitos do RSE.
28. Qual o prazo para interposição do RSE e mencione se há exceção.
29. Qual o prazo para apresentação das razões do recurso e se a mesma é obrigatória?
30. Existe juízo de retratação para RSE? Aponte o fundamento legal.
31. Quais são as possibilidades de interpor uma apelação.
32. Existe exceção para a interposição do recurso de apelação?
33. A quem é endereçado o Recurso de Apelação?
34. Quais são as formas de apresentação das razões?
35. Qual é o prazo para a apelação ser apresentada no processo penal de acordo com o CPP e
a lei 9.099/95?
36. Como deverá proceder o juiz ao condenar o réu, no que tange ao direito de apelar?
37. O que ocorre se o condenado fugir depois de ter apelado da sentença?
38. Como poderão ser interpostas as apelações de acordo com o art.599 do CPP?
39. O art. 600 do CPP é aplicável aos Juizados Especiais Criminais?
40. Como se processará a apelação na 2ª instancia?
41. Conceito de recurso.
42. Explique error in procedendo e error in iudicando.
43. Quais os fundamentos dos recursos?
44. Qual o fim que se pretende através dos recursos?
45. Defina Juízo ad quem e Juízo a quo.
46. Onde se encontra o fundamento legal do duplo grau de jurisdição?
47. Quanto a classificação dos recursos, conceitue recurso ordinário e recurso extraordinário?
48. Diferença de recurso voluntário e recurso obrigatório.
49. O que é um recurso anômalo?
50. Natureza jurídica dos recursos?
51. Há diferença entre recurso e ação de impugnação? Fundamente.
52. O que são pressupostos recursais?
53. Enumere os pressupostos objetivos e subjetivos, conceituando dois de cada modalidade.
54. Há diferença entre provimento e conhecimento?
55. Qual o significado de Juízo de prelibação e Juízo de delibação?
56. Qual a posição do MP em relação a legitimidade para recorrer em favor do réu?
57. Diferenciar efeito devolutivo de efeito suspensivo.
58. Definição de recurso iterativo, recurso reiterativo e recurso misto.
59. Conceito de recurso deferido?
60. Qual o efeito da regra tantum devolutum quantum appellatum.
61. O autor, vencendo parcialmente a demanda, apela pretendendo o acolhimento integral de
sua pretensão. O réu se conforma com a sentença e não recorre, mas apenas contra-

Protegido pela Lei 9.279/1996.


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Centro Universitário da Cidade - UNIVERCIDADE
Professor Fabio de Carvalho Couto
Recursos Penais – Unidade Centro – Carioca – Noite
arrazoa o recurso do autor pretendendo a manutenção da sentença. O tribunal, ao apreciar
a apelação pode entender que o autor é carecedor da ação e extinguir processo sem
julgamento do mérito, reformando a sentença para pior? Justifique.

Fim

Protegido pela Lei 9.279/1996.


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