ASPECTOS DAS SOCIEDADES ANÔNIMA E LIMITADA
Amanda dos Santos Saraiva, Júlio César Campioni Lima, Tatiana Vieira dos Santos, Pedro Teófilo de
Sá
Curso de Ciências Contábeis, UNOESTE – Universidade do Oeste Paulista. E‐mail: amandinhasaraiva002@hotmail.com
RESUMO
Este artigo tem como objetivo levantar algumas diferenças básicas na constituição e na
administração das sociedades anônimas e limitadas para identificar as formas de administração de
cada tipo societário. Para atingir tais objetivos, foram estudadas algumas características das duas
espécies de sociedades: a anônima e a limitada, passando pela constituição e administração de
ambas. Com isso, traz alguns esclarecimentos para auxiliar, os possíveis sócios no momento do
investimento do capital social criando uma organização empresarial.
Palavras‐chave: Sócios. Administração. Capital. Sociedade Anônima. Sociedade Limitada.
INTRODUÇÃO E OBJETIVO
No mundo contemporâneo, permeado pela globalização, as pessoas procuram cada vez
mais a estabilidade pessoal, profissional e financeira em busca de um futuro que lhes assegurem
uma digna sobrevivência. Como forma de execução de tal pretensão, algumas pessoas optam pela
formação de sociedades comerciais. Todavia, no momento da constituição societária os
denominados sócios, que serão os empresários, deverão ter a preocupação inicial de escolher o
tipo societário para depois tomar uma série de providências antes da abertura da empresa.
No Brasil existem diversos tipos societários, dentre eles, encontram‐se com maior
destaque a sociedade limitada e sociedade anônima, por serem mais utilizadas. Ambas possuem
estruturas e normas diferenciadas, o que podem gerar dúvida no momento da opção e da
constituição, além de levar a diferentes formas de administração da organização.
A sociedade limitada tem seu capital dividido em cotas e seus sócios, responsabilidade
limitada ao valor das suas participações no capital social. A administração pode ficar a cargo dos
sócios ou até mesmo ser delegada, desde que determinada no contrato social.
Na sociedade anônima o capital é dividido em ações e a responsabilidade dos acionistas se
limita ao valor dos papéis subscritos. O art. 138 da Lei 6.404/76 determina que a administração da
sociedade anônima cabe ao conselho de administração e à diretoria, ou apenas a esta, de acordo
com o que que for determinado no estatuto social.
Observa‐se que ambas guardam diferenças na forma de criação e administração, por isso, é
comum que no momento da constituição societária, alguns futuros empresários tenham dúvidas,
se optam pela sociedade anônima, ou se pela Limitada. É preciso cautela para não fazer juízo
equivocado, quanto à escolha do tipo societário, pois diferem na formação e administração, e isto
influenciará na escolha.
Devido à dualidade na escolha do tipo societário, é importante esclarecer alguns pontos da
forma de administração das sociedades anônimas e limitadas, e algumas responsabilidades dos
sócios.
Diante das possíveis dúvidas que podem surgir para aquele que pretende criar a sociedade
é que se pretende esclarecer algumas distinções que envolvem os tipos societários, auxiliando o
leitor e os empresários ao melhor entendimento antes da opção da espécie societária no
momento da formação.
Em razão de tal necessidade, o presente trabalho tem como objetivo geral levantar
algumas diferenças básicas na constituição e na administração das sociedades anônima e limitada.
E, como objetivo específico identificar as formas de administração de cada tipo societário.
METODOLOGIA
Método é o conjunto de atividades sistemáticas e racionais, que, com maior segurança e
economia, permite alcançar‐se o objetivo por meio de conhecimentos válidos e verdadeiros, que
traçam o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do pesquisador.
(LAKATOS e MARCONI, 2010, p.65). Sendo assim, para a realização deste artigo, faz‐se uso da
pesquisa bibliográfica, pautada em livros, por meio de interpretações de autores e especialistas no
assunto, revistas especializadas e sites periódicos. Para as autoras, faz‐se necessária a pesquisa em
diversos materiais, para que se tenha certeza das colocações expostas neste artigo, e lembrando
que um caminho traçado sempre facilitará seu resultado.
Este estudo tem um caráter exploratório descritivo e analítico sobre aspectos da sociedade
anônima e sociedade limitada. A pesquisa baseia‐se na revisão bibliográfica em livros e artigos
sobre o tema determinado.
Características de Sociedade Anônima e Limitada
Antes de apontar as características de cada uma das duas sociedades mais utilizadas no
Brasil, é preciso passar, rapidamente, pela constituição, para depois, em item separado, abordar a
administração.
Sociedade Anônima é um tipo societário utilizado para empreendimentos de grande porte.
A sua formação se dá pela reunião de pessoas que, juntas, investem capital, que depois será
fracionado e o resultado denominado de ações. O estatuto social é o documento de criação que
contempla o tipo de sociedade, se aberta ou fechada, dependendo da negociação das ações na
bolsa de valores ou não e conterá as seguintes informações: denominação, prazo de duração,
sede, objeto social, capital social, ações, forma de diretoria, conselho fiscal e término do exercício
(BERTOLDI, 2011, p.309‐18).
Este tipo societário é classificado como de capital, por não privilegiar a qualidade pessoal
do sócio, a exemplo do que acontece na limitada. É também denominada de companhia, e devido
à divisão do capital em ações, a responsabilidade dos sócios se limita ao valor dos papéis que
foram adquiridos, subscrito (COELHO, 2009, p.67).
Os sócios farão a escolha, no ato da criação, e a sociedade será de capital aberto ou
fechado, o que levará à possibilidade de negociação na bolsa de valores, ou não. Nesse passo,
pode‐se dizer que ela se diferencia da limitada, que não tem papeis para negociação, é classificada
como sociedade de pessoas (BERTOLDI, 2011, p.222). Certamente, a opção pela companhia aberta
ou fechada terá desdobramentos na forma de administração de cada uma e os sócios
desempenharão papeis distintos.
A sociedade limitada é tida como sociedade de pessoas por dar grande importância aos
atributos pessoais de quem pretende entrar para a sociedade. A constituição depende da vontade
dos sócios, que, depois de expressada, deverá formalizá‐la num contrato social, que precisará ser
levado à junta comercial, para regularização das regras a serem seguidas pelos sócios e
administradores, segundo Coelho (2012).
Nesta espécie societária o capital é dividido em cotas, que representam uma parte ou
fração do capital social. São essas cotas que limitam a responsabilidade dos sócios na sociedade.
Daí se dizer que os sócios responderão limitadamente ao valor das cotas adquiridas. A
responsabilidade dos sócios pela formação do capital social será solidária, ou seja, caso um sócio
não cumpra com a obrigação de pagamento da cota, os demais deverão fazê‐lo, conforme ressalta
Júnior (2008, p.151). Nesse passo, difere da sociedade anônima.
A administração da limitada se apresenta de forma diferenciada da sociedade anônima,
seja ela aberta ou fechada, já que a companhia segue o estatuto social e a lei 6.404/76, ao passo
que a limitada segue o contrato social, código civil e, supletivamente, a mencionada lei das
companhias, fatos que já demonstram as diferenças de constituição e administração.
Administração Societária
A administração seja de um tipo societário ou de outro é feita por aquela pessoa que
cuidará dos aspectos de gestão da sociedade, atuando como responsável pela manutenção e
desenvolvimento do negócio. Tal pessoa poderá ou não integrar o corpo social, como se verá
adiante.
Segundo Requião (2011, p.585) a administração pode ser formada com a simplicidade das
típicas sociedades de pessoas, onde um sócio desempenha apenas a gerência e representa ativa e
passivamente a sociedade.
É indispensável a qualquer sociedade, seja ela limitada ou anônima, ter uma administração
competente e responsável, para gerir a sociedade de maneira correta e eficaz, respeitando suas
regras e normas legais, obtendo assim um bom desenvolvimento da sociedade e o consequente
atingimento do objetivo social.
A administração é indispensável para garantir o bom funcionamento das organizações.
Segundo Chiavenato (2003) ela é uma das atividades mais importantes dentro de uma empresa,
garantindo assim maior sucesso e equilíbrio das organizações.
Os administradores das sociedades anônima e limitada são responsáveis pela condução das
atividades empresariais, representando a empresa nos negócios e juridicamente.
Administração e Responsabilidade dos sócios na Sociedade Anônima
A administração da sociedade anônima deve ser desenvolvida e mantida de acordo com o
estabelecido no estatuto social. É a forma de permitir que o empreendimento se estruture, se
mantenha e cresça no meio empresarial a fim de atender à finalidade negocial da sociedade. Para
tanto, será necessário que a sociedade tenha um corpo diretivo, órgãos, que facilitarão o alcance
dos objetivos sociais.
Segundo Bertoldi (2011, p.309‐18) os órgãos são: Assembleia‐geral: responsável por
deliberar por todos os assuntos da companhia; Conselho de Administração: responsável pela ajuda
à diretoria nas decisões estratégicas, ademais, é obrigatório para as sociedades de capital aberto e
facultativo para as de capital fechado; Diretoria: esta é obrigatória e responsável direta pela
administração e realização o objetivo social da sociedade, traçando as metas estipuladas pela
assembleia geral; Por fim, o Conselho Fiscal: responsável pelo controle e fiscalização da sociedade
e dos administradores.
São considerados administradores da sociedade anônima, os membros do conselho
administrativo e os membros da diretoria que devem seguir uma série de normas relativas a
solidária quando um sócio deixar de cumprir com a integralização da cota. Nesse aspecto, difere
da responsabilidade na sociedade anônima.
Quanto à forma de constituição, elas adotam procedimentos diferenciados, seguem leis
específicas e diferentes. A sociedade anônima, por ser utilizada para as sociedades de grande
porte, tem uma lei específica, a 6.404/76, muito mais complexa e detalhada, tanto que na
sociedade limitada, caso não tenha regra no contrato social, nem no código civil, esta deverá
buscá‐las de forma suplementar na lei da sociedade anônima, lei 6.404/76.
Pode‐se concluir então que para escolha do tipo societário a ser constituído os sócios
precisam ser esclarecidos acerca do tipo de investimento que pretendem fazer. Não menos
importante é a informação da forma de criação dos dois tipos societários mais utilizados no Brasil,
além da responsabilidade dos sócios na formação do capital social, e as formas de administração e
seus possíveis desdobramentos.
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