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Preces

Livro de

Textos extraídos do livro Antologia da Umbanda, 2ª. Edição.


Sumário
Prece para Fluir Água
Maleme para Janaína
Prece ao Cruzeiro
das Almas
Prece a Xango
Prece a Oxum
Fluir água
PRECE PARA
(Prece na vibração de Nossa Senhora das Graças,
Nossa Senhora Aparecida e de todos os Orixás da Umbanda)
Colocar uma toalha branca sobre a mesa, um copo
– ou litro branco – com água e acender uma vela.

Vamos elevar o nosso pensamento à Nossa


Senhora das Graças, poderosa santa que vela
por todos nós, lá do alto, além do infinito, na
côrte celestial dos espíritos de Luz. De joelhos
ante vós, elevamos esta prece, suplicando
vossa proteção para que sejam amenizadas
nas nossas dores, os nossos sofrimentos.
Estendei o manto de vossa proteção sobre os
nossos irmãos sofredores. Dai alívio, dai espe-
rança aos que estão internados nos hospitais,
e aos que estão amargando suas dores em
seus lares. Ajudai os nossos irmãos que tanto
precisam de vosso amparo e de vosso consolo
para suas aflições. Atendei ao nosso apelo,
Senhora das Graças, Santa Mãe dos aflitos.

Pelo poder de Oxalá, pelo poder dos Mensa-


geiros do Senhor, pelo poder da Virgem Nossa
Senhora da Guia e pela oração que a vós dirijo,
espero e confio na divina misericórdia para
Janaína”
“MALEME PARA
Janaína caminhou...
Janaína subiu morro...
No terreiro de Iansã, bateu cabeça, defumou
sua banda;
Saravou Urubatão, Saravou Nanã, Saravou
“Moça Rica”...
Eu vi Janaina bonita; eu vi Janaína branca, sara-
vando no Congá...
Janaína tem mironga, tem feitiço, tem beleza
nos olhos...
A sua fé tem a firmeza das Sete Luas de
Obatalá!
No Congá de Cosme, Saravou Ibeijada, Saravou
as crianças...
No Pegí do Preto Velho, Saravou Cabinda,
Saravou seu Orixá...
Cantou para Yaô na curimba do caricó, entrou
na gira, Babá fez amací na sua guia, Saravou
Yemanjá!

Janaína curimbou, curiou com Preto Velho no


coité,
Pediu agô, saravou, pediu adidé...
Saravou povo de Congo, linha de Angola, deu
Obi e Orobô...
Preto Velho gosta de Janaína! Preto Velho deu
Agô e ajudou...
Iansã baixou no seu cavalo, Iansã ouviu pedido
de Janaína branca...
Babalaô fez trabalho e despachou nas águas
do reino de Olokum...
Janaína saravou povo do mar, bateu cabeça
no Ererê, saravou Yemanjá...

- Saravá, Mamãe Yemanjá, agô, Mamãe


Yemanjá...
- Agô-yê, Janaína, agô-yê!”

Janaína entrou na Kalunga grande e deu flores


a Yemanjá...
Saravou, cantou pra Oxumaré, mergulhou,
Curimbou no Ererê: “indá, indá no Olokê”...
Saravá, Yemanjá, saravá, Mamãe Oxum!

Na “Hora Grande” Pombagira riscou sua


pemba, saravou Kalunga Pequena...
Pombagira girou, e curiou com Janaína...
Janaína pagou, deu marungo, deu bango, deu
jimbo e deu marafo...
Mão de Faca fez matança, Mão de Ofá preparou
comida para linha de Exu...
Babalaô chamou a linha das Sete Encruzi-
lhadas...
Janaína saravou seu Toquinho, saravou Tiriri,
saravou Tranca Rua, Trancagira,
Saravou Marabô, seu Veludo, Saravou seu Lalú
e Pombagira das Almas!
Ogâ firmou ponto, cantou para falange do seu
Omolu e Saravou: Ina, Ina Mugibá...
Janaína macumbou, curimbou, saravou no
coité da Kimbanda!
Pombagira firmou ponteiro e fez a fundanga!
Saravou o Congá, saravou Babá, girou e bradou
na porteira.

Janaína fêz obrigação, fez bori, camarinha, fez


o kelê, pagou, pediu Maleme e... caminhou...
Correu sua gira no caricó, cantou na mata e
mandingou no ererê de
Iansã...
Cambono rodou caxixi no seu camutuê, bateu
idá para seu Elè e Saravou Ogum,
Ogum de lê... Ogum Megê...
Ogan Kalofé firmou ponto, cantou, rodou
cabaça e bateu conguê...
Janaína saravou o atabaque, girou na banda, e
saravou seu Alufá...
Saravá Iansã, Saravá Mamãe Oxum!
Saravá Cosme, Damião e Doum,
Crispim, Crispiniano, Martim, Martiniano e
Alabá...
Na Kalunga de Odum e Olokum, na graça de
Zambe, meu pai
Peço Maleme, proteção para Janaína! Agô-yê
pra Janaína!

Eu dou marafo no coité, faço, o padê, despacho


o Ebô,
Dou bango, dou presente, dou Obi e Orobô!
Se tenho pecado, cruza meu camutuê,
Faz a fundanga, zabumba no ponto, retumba
no agogô!

Se fujo ao preceito, castiga, machuca “bacuro


de pemba”
Na tuia que explode na mão do seu Ganga!
Nas águas da cachoeira faço obrigação: dou
jimbo, dou flores, dou presente,

Bato cabeça na encruzilhada, no cruzeiro de


Kalunga pequena acendo vela...
Sou filho de Táta que bate seu búzio, que joga
seu búzio,
Cruzeiro das Almas
PRECE AO
Quem sou? Apenas um pobre ser que
carrega sobre os ombros o peso da matéria
sofrida... Sou o caminheiro das longas estradas,
sonhador das ilusões perdidas, alma amar-
gurada pela tristeza de ver tantas lágrimas e
tantas dores no mundo dos vivos...
Aqui, neste silêncio absoluto, ouvindo o
sussurro dos ciprestes embalados pelo vento,
olho ao meu redor e vejo a inutilidade da
ambição terrena dos poderosos, daqueles que
se deixaram dominar pelo desejo de acumular
fortunas, que caminharam pela terra, desvai-
rados na cegueira do poder, na ânsia de querer
mais, mais, sempre mais...

Caminho pelas aléias deste campo Santo...


Vejo, aqui e ali, a marca de uma vida que não
foi vivida... Analiso o sofrimento inútil daqueles
que não souberam refrear suas paixões,
daqueles que não tiveram forças para evitar
a ira e se precipitaram no abismo do ódio, da
inveja, do pecado e da cobiça.

Quanta angústia sinto neste instante


em que vejo imponentes mausoléus onde
repousam almas sofredoras.
Continuo caminhando... vejo monu-
mentos... símbolos... efígies... Cruzes... Além,
uma inscrição sob um escrínio com duas
fotografias: dois entes que se uniram na
eternidade... Como teriam sido suas vidas?
Amaram-se muito no fim de uma longa exis-
tência. E, por que não, antes? Por que, não se
entenderam quanto a vida tudo lhes oferecia?
Por que desperdiçaram tantos dias de sol e
de luz? O que resta agora? Apenas a saudade
dos que ficaram...

Caminho mais um pouco... sinto-me envol-


vido por uma paz que lá fora não existe... Olho
aqui e ali, flores, imagens, todos dormem o
sono eterno... As placas de bronze assinalam a
presença da saudade... Aqui descansa o cantor,
ali o músico, mais adiante o pintor, a bailarina
famosa, o professor emérito, o político, figuras
importantes e, agora, tão iguais...
No pórtico desse mundo triste, leio a
inscrição: “Lembra-te, homem que és pó e ao
pó voltarás”.

Pergunto a mim mesmo: quem dera que


os seres humanos se entendessem?
Houvesse mais compreensão entre os
homens e, por certo, não estariam morrendo
tantas criaturas que se deixam dominar por
ambições mesquinhas, pelo desejo de possuir
muito, de querer mais, muito mais...
Pobres vidas que se perderam... pobres
almas que foram atiradas ao castigo imposto
pelos artífices do mal, pelos que só vivem
acalentando o sonho alucinante de se tornarem
os donos do universo...
Por que não olharam para o alto? Se
olhassem, teriam visto a grandeza do infi-
nito... Por que, não viram a beleza de tudo o
que nos cerca? Por que, não se deslumbraram
com o poder imenso da Natureza criada por
Deus? Quantas maravilhas teriam encontrado
aqueles que aqui estão, se tivessem compre-
endido melhor, se tivessem renunciado às
ilusões terrenas e, sobretudo, se tivessem
tido fé! Tivessem esses irmãos vindo algumas
vezes a esses caminhos e se ajoelhado diante
do Cruzeiro das Almas, talvez se redimissem dos
seus erros e sua missão poderia ser mais longa...

Neste Cruzeiro das Almas que simboliza


o madeiro sagrado, aprenderiam melhor a
grande lição do Mestre: “Amai-vos uns aos
outros”...

E é tão fácil ser feliz...


Felicidade quer dizer, paz; felicidade signi-
fica, renúncia; felicidade é trocar o apego da
matéria pelo amor às coisas de Deus...

E aqui estou eu, diante do Cruzeiro das


Almas, elevando meu pensamento àquele
que foi flagelado, àquele que tanto sofreu para
redimir os pecados da humanidade...

Ajoelho-me e rezo uma prece:

Almas benditas do Cruzeiro, velai por nós,


pobres pecadores...

Almas benditas que passastes pela terra,


dai-nos a luz da verdade, a pureza de senti-
mentos, dai-nos compreensão, dai-nos amor
para que possamos adorar a Deus e ao seu
filho JESUS, nosso divino mestre...
Iluminai nossos caminhos, para que
cheguemos ao fim da estrada com a alma
límpida, sem mácula, sem erros e sem pecados...
Santas Almas do Cruzeiro, transformai o
nosso coração num escrínio de bondade, para
que saibamos perdoar aqueles que nos perse-
guem, que nos atraiçoam, que nos humilham
e nos ferem com a injúria, com a calúnia e o
desprezo...
Almas benditas do Cruzeiro, dai-nos forças
para galgarmos os degraus que nos condu-
zirão ao divino salvador – nosso amado JESUS!

Almas santas... santas almas... chegai até


nós, para que recebamos o conforto de vossas
vibrações... Livrai-nos dos pecados corporais e
fortificai a nossa convicção nas forças espiri-
tuais... Fazei do nosso coração um santuário de
fé... e de amor ao próximo... Dai-nos a singeleza
do lírio, iluminai a nossa mente, livrando-nos
das tentações, da vaidade, da mentira e outros
sentimentos gerados pelo fel da maldade...

Almas benditas do Cruzeiro, amparai as


crianças que sorriem para a vida... Consolai os
velhos que choram no exílio dos seus últimos
dias... Confortai os enfermos, dai ânimo aos angus-
tiados, esclarecei aqueles que sofrem porque têm
os olhos vendados pela escama da descrença...
Ajudai-nos, Santas Almas do Cruzeiro...
Dai-nos coragem... Dai-nos forças para que
possamos suportar o pesado fardo da vida
terrena...

Mostrai-nos o caminho da luz e da verdade,


a fim de que um dia tenhamos a ventura de
nos tornarmos trabalhadores da grande seara
de Jesus!

Assim Seja.
Xangô
PRECE A
Saravá, meu PAI XANGÔ!
KAO KABÊ EM SIL’OBÁ

Saravá tuas falanges que vibram nas cacho-


eiras e nas pedreiras! Na magia divina de tua
força encontramos a justiça, encontramos a sere-
nidade para nossos atos, encontramos o apoio
que necessitamos para vencer as nossas lutas.

Quando a ti nos dirigimos, fazemo-lo com


o coração cheio de fé, cheio de esperança, com
a certeza de que – se tivermos merecimento –
teremos a tua ajuda. Cremos em ti, Pai Xangô,
porque sabemos o quanto és poderoso e justo.

Confiamos em ti, porque sempre nos


atendeste nos momentos de aflição e amar-
gura; sempre nos deste o apoio quando a ti
recorremos; sempre estiveste ao nosso lado
quando nos sentimos desamparados. A ti, Pai
Xangô, elevamos as nossas súplicas, confiantes
nas tuas falanges, poderosas mensageiras
da luz e da verdade. Na hora da dor ou nos
momentos de alegria, nas ocasiões em que
nos sentimos preocupados ou quando tudo
nos corre bem, em todos os minutos de nossa
vida, em ti encontramos o alento, encontramos
o conforto, e de ti recebemos a graça.

E quando erramos, quando sentimos


que nada merecemos, mesmo assim a ti nos
dirigimos: curvamo-nos arrependidos, pedin-
do-te MALEME pelas nossas faltas.
No altar de nossa fé, reverenciamos a tua
imagem, símbolo sagrado que nós dá certeza
de que, acima das falhas humanas, paira,
soberana, a crença no eterno, no imutável, no
poder que possuis, poder que é luz, poder que
é Verdade, poder que promana do Reino de
Zambe!

Ajuda-nos, Pai Xangô, a continuar a nossa


jornada neste mundo de provações. Dai-nos
a compreensão que necessitamos, para que
nossa mente se torne mais firma, para que
tenhamos mais força e possamos ajudar os
nossos semelhantes. Auxilia-nos com Tuas
lições de sabedoria, para que possamos trans-
miti-las aos que carecem de conhecimentos
dos verdadeiros caminhos da resignação, da
justiça e do amor.
Enche o nosso coração de fé, amor e tole-
rância, para que façamos de nossa humildade
um escudo poderoso contra os que se julgam
nossos inimigos.

Afasta do nosso pensamento a ira, a


vingança, a vaidade e o desespero.

Com tua ajuda teremos mais coragem,


teremos compreensão, teremos forças para
vencer as nossas lutas e ajudar os nossos
irmãos sofredores.

A ti, Pai Xangô, agradecemos tudo o que


temos recebido e te saudamos com alegria,
neste momento em que sentimos que estás
ao nosso lado, estás em nosso pensamento,
estás em nosso coração!

KAÔ KABÊ EM SIL’OBÁ!


Oxum
PRECE A
Saravá, Mamãe Oxum!

Saravá, protetora dos velhos, das crianças,


dos desamparados. Estendei o vosso manto
divino sobre as nossas cabeças. Dai-nos forças
para não cairmos extenuados pelo cansaço
e pelo desânimo. Dai-nos proteção para não
nos perdermos nos caminhos da ingratidão
e da descrença. Amparai-nos com o vosso
poder, para que não enveredemos pelas
estradas escuras do pecado, da ambição, do
ódio e da maldade. Afastai do nosso coração
o sentimento de vingança. Dai-nos forças para
sabermos perdoar aos que nos ofendem, aos
que nos insultam, aos que nos perseguem, aos
que nos humilham. A vós, Mamãe Oxum, que
sois o reflexo divino da excelsa Nossa Senhora
da Conceição, erguemos as nossas preces
num agradecimento pelas bênçãos que
temos recebido através de vossa intercessão
junto a Oxalá. Nas águas das cachoeiras, nos
lagos e nos rios, vossa força irradia proteção e
luz para os sofredores, para os enfermos, para
os angustiados. Ajoelhamo-nos ante vosso
manto luminoso e suplicamos com toda a
nossa fé, que não nos abandoneis nas horas
de aflição e de amargura. Ajudai-nos, Mamãe
Oxum! Protegei-nos agora e sempre. Dai-nos
Maleme pelas nossas faltas. Perdoai os nossos
erros e as nossas omissões. Lançai o esplendor
de vossa luz em nossos caminhos, para que
nossa humildade se transforme em forças, a
fim de chegarmos até vós.

Saravá Mamãe Oxum...


At
ti
laNunes
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iadordopri
meir
oprogr
amavol
tadoaoscul
tosaf
ro-
bras
il
eir
os,
em 1
948.
Orádi
oeraumadass
uasgrandespai
xões
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