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28/08/2018 Len 41.340 Presidéncia da Republica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juridicos LEI N° 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006. Cria_mecanismos para coibir a violéncia doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8° do art. 226 da Constituigao Federal, da Convengao sobre a Eliminagao de Todas as Formas de Discriminagao contra as Mulheres ¢ da Convengao Interamericana para Prevenir, Punir © (Vide ADI n° 4427) Erradicar a Violéncia contra a Mulher; dispoe sobre a criagdo dos Juizados de Violéncia Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera 0 Cédigo de Processo Penal, 0 Cédigo Penal e a Lei de Execugdo Penal; e da outras providéncias. Vigéncia © PRESIDENTE DA REPUBLICA Fao saber que 0 Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: TITULO! DISPOSIGOES PRELIMINARES ‘Art. 12 Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violéncia doméstica @ familiar contra a mulher, nos termos do §.8 do art, 226 da Constituic’o Federal, da Convengao sobre a Eliminacao de Todas as Formas de Violéncia contra a Mulher, da Convengao Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violéncia contra a Mulher e de outros, tratados internacional raticados pola Republica Federativa do Brasil; dispde sobre a criagdo dos Juizados de Violéncia Doméstica e Familiar contra a Mulher; € estabelece medidas de assisténcia e protegdo as mulheres em situacdo de violéncia doméstica e familar. Art, 22 Toda mulher, independentemente de classe, raga, etnia, orientacao sexual, renda, cultura, nivel educacional, idade e religido, goza dos direitos fundamentals inerentes & pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violéncia, preservar sua satide fisica e mental e seu aperfeigoamento moral, intelectual e social Art. 32 Serdo asseguradas 4s mulheres as condig6es para o exercicio ofetivo dos direitos a vida, a seguranca, a satide, a alimentagao, 4 educagao, a cultura, 4 moradia, ao acesso a justiga, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, & Cidadania, @ liberdade, a dignidade, ao respeito e & convivéncia familiar e comunitaria § 12 O poder puiblico desenvolvera politicas que visem garantir os direitos humanos das mulheres no ambito das relagdes domésticas e familiares no sentido de resguardé-las de toda forma de negligéncia, discriminagao, exploracao, violencia, crueldade e opressao, § 22 Cabe & familia, a sociedade e ao poder piiblico criar as condigdes necessdrias para o efetivo exercicio dos direitos enunciados no caput. Art, 42 Na interpretagao desta Lei, serdo considerados os fins socials a que ela se destina e, especialmente, as condigées peculiares das mulheres em situagao de violéncia doméstica e familiar, TITULO I DA VIOLENCIA DOMESTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER CAPITULO! DISPOSIGOES GERAIS hitp:lwwuplanattogovbriccivi_03_sto2004-2006/2008/eVI11340.ntm mt 28/08/2018 Len 41.340 Art, 52 Para os efeitos desta Lel, configura violéncia doméstica @ familiar contra a mulher qualquer agao ou ‘omissao baseada no género que the cause morte, lesao, sofrimento fisico, sexual ou psicolégico € dano moral ou patrimonial (Vide Lei complementar n® 150, de 2015) | - no Ambito da unidade doméstica, compreendida como 0 espaco de convivio permanente de pessoas, com ou sem vinculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; Il - no Ambito da familia, compreendida como a comunidade formada por individuos que so ou se consideram aparentados, unidos por lagos naturais, por afinidade ou por vontade expressa; Ill - em qualquer relagao intima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitagao, Paragrafo tinico. As relagdes pessoals enunciadas neste artigo independem de orientag&o sexual. Art, 62 A violéncia doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violagao dos direitos humanos. CAPITULO II DAS FORMAS DE VIOLENCIA DOMESTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER Art. 72 So formas de violéncia doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: | -a violéncia fisica, entendida como qualquer conduta que ofenda sua Integridade ou satide corporal, IIa violéncia psicolégica, entendida como qualquer conduta que Ihe cause dano emocional e diminuigao da auto- estima ou que Ihe prejudique © perturbe 0 pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas agées, comportamentos, crengas © decisées, mediante ameaca, constrangimento, humilhagao, manipulagdo, isolamento, vigilancia constante, perseguicao contumaz, insulto, chantagem, ridicularizacao, exploragao e limitagao do direito de ire vir ou qualquer outro meio que the cause prejuizo a saiide psicolégica e & autodeterminagao; IIL - a violéncia sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relago sexual ndo desejada, mediante intimidagdo, ameaga, coagao ou uso da forga; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impega de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matriménio, & gravidez, ao aborto ou a prostituigao, mediante coagao, chantagem, suborno ou manipulagao; ou que limite ‘ou anule o exercicio de seus direitos sexuais e reprodutivos; IV - a violéncia patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retengao, subtragéo, destruigao parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessozis, bens, valores e direitos ou recursos econémices, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; \V-a violéncia moral, entendida como qualquer conduta que configure calinia, difamagao ou injria. TITULO I DA ASSISTENCIA A MULHER EM SITUAGAO DE VIOLENCIA DOMESTICA E FAMILIAR CAPITULO! DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENGAO. Att. 82 A politica publica que visa colbir a violéncia doméstica e familiar contra a mulher far-se-& por meio de um conjunto articulado de agdes da Unido, dos Estados, do Distrito Federal dos Municipios © de ages nao- sgovernamentais, tendo por dirtrizes: | - a integrago operacional do Poder Judicidrio, do Ministério Pablico @ da Defensoria Publica com as areas de seguranga publica, assisténcia social, satide, educagao, trabalho e habitagao; Il - a promogao de estudos © pesquisas, estatisticas © outras informagées relevantes, com a perspectiva de ‘género e de raga ou etnia, concernentes as causas, as conseqtiéncias e a frequéncia da violéncia doméstica e familiar hitp:lwwuplanattogovbriccivi_03_sto2004-2006/2008/eVI11340.ntm amt 28/08/2018 Len 41.340 contra a mulher, para a sistematizagao de dados, a serem unificados nacionalmente, e a avaliagao periédica dos resultados das medidas adotadas; IIL - 0 respeito, nos meios de comunicagao social, dos valores éticos e sociais da pessoa e da familia, de forma a coibir os papéis esterectipados que legitimem ou exacerbem a violéncia doméstica e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso Ill do art. 12, no inciso IV do art. 3° e no inciso IV do art. 221 da Constituicdo Federal; IV - a implementagao de atendimento policial especializado para as mulheres, em particular nas Delegacias de ‘Atendimento & Mulher; Va promogao e a realizagéo de campanhas educativas de prevengao da violéncia doméstica e familiar contra a mulher, voltadas ao piiblico escolar e a sociedade em geral, e a difusdo desta Lei e dos instrumentos de protecao aos, direitos humanos das mulheres; VI- a celebrago de convénios, protocolos, ajustes, termas ou outros instrumentos de promocdo de parceria entre ‘6rgéos governamentais ou entre estes e entidades ndo-governamentais, tendo por objetivo a implementagao de programas de erradicagao da violéncia doméstica e familiar contra a mulher; VII - a capacitagéo permanente das Policias Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos érgdos e as areas enunciados no inciso I quanto as questées de género © de raga ou etnias VIII - a promogo de programas educacionais que disseminem valores éticos de irrestrito respeito a dignidade da pessoa humana com a perspectiva de género e de raga ou etnia; IX = 0 destaque, nos curriculos escolares de todos os niveis de ensino, para os contetidos relatives aos direitos humanos, a eqiidade de género e de raca ou etnia © ao problema da violéncia doméstica e familiar contra a mulher. CAPITULO II DA ASSISTENCIA A MULHER EM SITUACAO DE VIOLENCIA DOMESTICA E FAMILIAR Art. 92 A assisténcia & mulher em situago de violencia doméstica e familiar seré prestada de forma articulada e conforme os principios @ as diretrzes previstos na Lei Organica da Assisténcia Social, no Sistema Unico de Satide, no Sistema Unico de Seguranga Publica, entre outras normas e politicas piiblicas de protegao, e emergencialmente quando for o caso § 12 0 juiz determinara, por prazo certo, a inclusdio da mulher em situago de violencia doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal. § 22. O juiz assegurara 4 mulher em situagdo de violéncia doméstica e familiar, para preservar sua integridade fisica e psicolégica | - acesso prioritério @ remogao quando servidora publica, integrante da administragao direta ou indireta; II- manutengio do vinculo trabalhista, quando necessério o afastamento do local de trabalho, por até seis meses. § 32 A assisténcia a mulher em situagao de violéncia doméstica e familiar compreender 0 acesso aos beneficios decorrentes do desenvolvimento cientifico € tecnolégico, incluindo os servigos de contracepgao de emergéncia, a profilaxia das Doengas Sexualmente Transmissiveis (DST) @ da Sindrome da Imunodeficiéncia Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessérios e cabiveis nos casos de violéncia sexual. CAPITULO III DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL Art. 10, Na hipétese da iminéncia ou da pratica de violéncia doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorréncia adotard, de imediato, as providéncias legais cabiveis. Paragrafo tnico. Aplica-se 0 disposto no caput deste artigo ao descumprimento de medida protetiva de urgéncia deferida, hitp:lwwuplanattogovbriccivi_03_sto2004-2006/2008/eVI11340.ntm amt 28/08/2018 Len 41.340 Art. 10-A. E direito da mulher em situacao de violéncia doméstica e familiar o atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores - preferencialmente do sexo feminino - previamente capacitados. {lncluid pola Lei n® 13,505, de 2017) § 12 A inquirigdo de mulher em situagao de violéncia doméstica familiar ou de testemunha de violencia doméstica, quando se tratar de crime contra a mulher, obedecera as seguintes diretrizes: (lncluido pela Lei n? 13.505, de 2017) | - salvaguarda da integridade fisica, psiquica © emocional da depoente, considerada a sua condicao peculiar de Pessoa em situagao de violéncia doméstica e familiar; (Incluido pela Lei n® 13.505, de 2017) Il - garantia de que, em nenhuma hipétese, a mulher em situago de violéncia doméstica e familiar, familiares testemunhas terao contato direto com investigados ou suspeitos e pessoas a eles relacionadas; (inctuido pela Lei n? 13,505, de 2017) Ill - nao revitimizago da depoente, evitando sucessivas inquiricSes sobre 0 mesmo fato nos ambitos criminal, civel e administrative, bem como questionamentos sobre a vida privada. (Incluido pela Lei n° 13,508, de 2012) § 22 Na inquitigao de mulher em situagao de violencia doméstica ¢ familiar ou de testemunha de delitos de que trata esta Lei, adotar-se-d, preferencialmente, o seguinte procedimento: (incluido pela Lei n® 13.505, de 2017) || a inquirigéo seré feita em recinto especialmente projetado para esse fim, 0 qual conterd os equipamentos préprios e adequados a idade da mulher em situagao de violéncia doméstica e familiar ou testemunha © a0 tipo © & gravidade da violencia sofrida; {Incluido pela Lei n? 13.505, de 2017) Il - quando for 0 caso, a inquiricao seré intermediada por profissional especializado em violencia doméstica familiar designado pela autoridade judiciaria ou policial (lnclufdo pela Lei n® 13.505, de 2017) IIL - 0 depoimento sera registrado em meio eletrénico ou magnético, devendo a degravagao @ a midia integrar 0 inquérito (Incluido pela Lei n® 13,505, de 2017) Art. 11. No atendimento mulher em situago de violéncia doméstica e fa outras providéncias: , a autoridade policial deverd, entre | - garantir protege policial, quando necessério, comunicando de imediato ao Ministério Publico e ao Poder Judiciario; II- encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de satide e ao Instituto Médico Legal; Ill - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida; IV - se necessério, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorréncia ou do domicilio familiar; \V - informar ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os servigos disponiveis, Art, 12. Em todos 0s casos de violéncia doméstica e familiar contra a mulher, feito 0 registro da ocorréncia, deverd a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem prejulzo daqueles previstos no Cédigo de Processo Penal: | - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorréncia e tomar a representagao a termo, se apresentada; II- colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstancias; IIl-remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessao de medidas protetivas de urgéncia; IV = determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames periciais necessarios; hitp:lwwuplanattogovbriccivi_03_sto2004-2006/2008/eVI11340.ntm amt 28/08/2018 Len 41.340 \V- ouvir 0 agressor e as testemunhas; VI-- ordenar a identificago do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminals, indicando a existéncia de mandado de prisdo ou registro de outras ocorréncias policiais contra ele; VII- remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério Publico. § 12 0 pedido da ofendida seré tomado a termo pela autoridade policial e devera conter: | - qualificagao da ofendida e do agressor; Il- nome ¢ idade dos dependentes; IIL- descrigao sucinta do fato @ das medidas protetivas solicitadas pela ofendida, § 22 A auloridade policial devera anexar ao documento referido no § 12 0 boletim de ocorréncia e cépia de todos ‘os documentos disponiveis em posse da ofendida § 32 Serao admitidos como meios de prova os laudos ou prontudrios médicos fornecidos por hospitais e postos de satide. Art. 12-A. Os Estados e 0 Distrito Federal, na formulagao de suas politicas e planos de atendimento a mulher em situago de violéncia doméstica e familiar, darao prioridade, no 4mbito da Policia Civil, a criagdo de Delegacias Especializadas de Atendimento a Mulher (Deams}, de Nucleos Investigativos de Feminicidio de equipes especializadas para o alendimento e a investigagdo das violéncias graves contra a mulher. At. 12-8, (VETADO). (Incluido peta Lei n® 13,606, de 2017) § 12 (VETADO). (Incluido pela Lein? 13.505, de 2017) § 22 (VETADO. (Uncluido peta Lei n® 13,505, de 2017) § 32,A autoridade policial poderd requisitar os servigos publicos necessérios defesa da mulher em situagao de violéncia doméstica e familiar e de sous dependentes. {lncluido pola Lel n® 13,505, de 2017) TITULOIV DOS PROCEDIMENTOS, CAPITULO! DISPOSIGOES GERAIS Art. 13. Ao processo, ao julgamento e a execugdo das causas civeis e criminais decorrentes da pratica de violéncia doméstica e familiar contra a mulher aplicar-se-ao as normas dos Cédigos de Processo Penal e Processo Civil e da legislagao especffica relativa & crianga, ao adolescente e ao idoso que ndo conflitarem com o estabelecido nesta Lei Art. 14, Os Juizados de Violéncia Doméstica e Familiar contra a Mulher, é-gaos da Justiga Ordinéria com competéncia civel e criminal, poderdo ser criados pela Unido, no Distrito Federal e nos Territérios, e pelos Estados, para © processo, o julgamento ¢ a execugao das causas decorrentes da pratica de violencia doméstica e familiar contra a mulher. Paragrafo Unico, Os alos processuais poderdo realizar-se em hordrio notumo, conforme dispuserem as normas de organizagao judiciaria. Art. 15. E competente, por opo da ofendida, para os processos civels regidos por esta Lei, o Juizado: | - do seu domiciio ou de sua residéncia; hitp:lwwuplanattogovbriccivi_03_sto2004-2006/2008/eVI11340.ntm sm 28/08/2018 Len 41.340 II- do lugar do fato em que se baseou a demanda; IIl- do domicilio do agressor. Art. 16. Nas agdes penais puiblicas condicionadas representagao da ofendida de que trata esta Lei, s6 serd admitida a rendncia & representacao perante o Juiz, em audiéncia especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da deniincia e ouvido o Ministério Publico. An. 17. E vedada a aplicagao, nos casos de violéncia doméstica e familar contra a mulher, de penas de costa basica ou outras de prestagdo pecunidria, bem como a substituigdo de pena que implique o pagamento isolado de mutta. CAPITULO II DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGENCIA Sogio! Disposigées Gerais Art. 18. Recebido 0 expediente com o pedido da ofendida, cabera ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas: | - conhecer do expediente @ do pedido e decidir sobre as medidas protetivas de urgéncia; II- determinar o encaminhamento da ofendida ao érgao de assisténcia judiciaria, quando for 0 caso; Ill - comunicar ao Ministério Pablico para que adote as providéncias cabiveis. Art. 19. As medidas protetivas de urgéncia poderdo ser concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério Publico ou a pedido da ofendida. § 12 As medidas protetivas de urgéncia poderdo ser concedidas de imediato, independentemente de audiéncia das partes e de manifestagao do Ministério Pablico, devendo este ser prontamente comunicado. § 22 As medidas protetivas de urgéncia serao aplicadas isolada ou cumulativamente, e poderao ser substituidas a qualquer tempo por outras de maior eficdcia, sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameagados ou violados. § 32. Poderé 0 juiz, a requerimento do Ministério Pblico ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas protetivas de urgéncla ou rever aquelas ja concedidas, se entender necessdrio @ protegio da ofendida, de seus familiares e de seu patriménio, ouvido 0 Ministério Publico. Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrug&o criminal, caberd a prisdo preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de oficio, a requerimento do Ministério Pablico ou mediante representacao da autoridade policial. Paragrafo Linico. © julz poderé revogar a pristo preventiva se, no curso do processo, verificar a falta de motivo ara que subsista, bem como de novo decreté-la, se sobrevierem razdes que a justifiquem. Art. 21. A ofendida devera ser notificada dos atos processuals relatives ao agressor, especialmente dos Pertinentes ao ingresso e a saida da prisao, sem prejuizo da intimagao do advogado constituido ou do defensor ptiblico. Paragrafo Unico. A ofendida nao podera entregar intimago ou nolificagio ao agressor. Segao I Das Medidas Protetivas de Urgéncia que Obrigam o Agressor Art. 22. Constatada a pratica de violéncia doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz podera aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgéncia, entre outras: hitp:lwwuplanattogovbriccivi_03_sto2004-2006/2008/eVI11340.ntm em 28/08/2018 Len 41.340 | - suspensao da posse ou restrigo do porte de armas, com comunicagao ao érgao competente, nos termos da Lei n® 10.826, de 22 de dezembro de 2003; II afastamento do lar, domicilio ou local de convivéncia com a ofendida; IIL proibigao de determinadas condutas, entre as quais: a) aproximagao da ofendida, de seus familiares © das testemunhas, fixando o limite minimo de distancia entre estes € 0 agressor, ') contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicagao; ©) freqilentagao de determinados lugares a fim de preservar a integridade fisica e psicolégica da ofendida; IV - restrigao ou suspenséo de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou servigo similar; \V- prestagao de alimentos provisionais ou provisérios. § 12 As medidas referidas neste artigo nao impedem a aplicagao de outras previstas na legislagao em vigor, sempre que a seguranga da ofendida ou as circunstancias o exigirem, devendo a providéncia ser comunicada ao Ministério PUblico § 22 Na hipétese de aplicagdo do inciso 1, encontrando-se 0 agressor nas condigGes mencionadas no cay incisos do art, 62 da Lei n® 10.826, de 22 de dezembro de 2003, 0 juiz comunicaré ao respectivo érgdo, corporagao ou instituigo as medidas protetivas de urgéncia concedidas e determinara a restri¢ao do porte de armas, ficando o superior imediato do agressor responsavel pelo cumprimento da determinagao judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricacao ou de desobediéncia, conforme o caso. § 3° Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgéncia, podera o juiz requisitar, a qualquer momento, auxilio da forga policial §.42 Aplica-se as hipéteses previstas neste artigo, no que couber, 0 disposto no caput e nos §§.5°.e 6° do art. 461 da Leino 5,869, de 11 de janeiro de 1973 (Cédigo de Processo Civib, Segao Ill Das Medidas Protetivas de Urgéncia a Ofendida Art, 23. Podera o juiz, quando necessario, sem prejuizo de outras medidas: | - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitario de proteg4o ou de atendimento; Il - determinar a recondugao da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicil agressor; , aps afastamento do Ill - determinar 0 afastamento da ofendida do lar, sem prejuizo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos alimentos; IV determinar a separagao de corpos. Art. 24. Para a protego patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, 0 juiz podera determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre outras: | -restituigao de bens indevidamente subtraidos pelo agressor & ofendida; Il - proibigao temporéria para a celebracdo de alos e contratos de compra, venda e locagao de propriedade em comum, salvo expressa autorizagao judicial, IIl- suspensdo das procuragdes conferidas pela ofendida ao agressor; hitp:lwwuplanattogovbriccivi_03_sto2004-2006/2008/eVI11340.ntm 7m 28/08/2018 Len 41.340 IV - prestagao de caugao proviséria, mediante depésito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da pratica de violencia doméstica e familiar contra a ofendida. Paragrafo Unico. Devera o juiz oficiar ao cartério competente para os fins previstos nos incisos Ile Ill deste artigo. Segao IV (incluido pela Lein® 13.641, de 2018) Do Crime de Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgénci Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgéncia Art. 24-A, Descumprir decisdio judicial que defere medidas protetivas de urgéncia previstas nesta Lei: {lncluido pola Lei n® 13,641, de 2018) Pena — detengao, de 3 (trés) meses a 2 (dois) anos. (Incluido pela Lei n® 13.641, de 2018) § 12 A configuragao do crime independe da competéncia civil ou criminal do juiz que deferiu as medidas. (ncluido pela Lein® 13.641, de 2018) § 22 Na hipétese de priso em flagrante, apenas a autoridade judicial podera conceder fianga, (lnctuido pela Lei n® 13.641, de 2018) § 32 O disposto neste artigo no excui a aplicagao de outras sangbes cabiveis. (ncluido pela Lei n® 13,641, de 2018) CAPITULO II DA ATUAGAO DO MINISTERIO PUBLICO Art, 25. © Ministério Publica intervira, quando nao for parte, nas causas civeis e criminais decorrentes da violéncia doméstica e familiar contra a mulher. Art. 26. Caberd ao Ministério Publico, sem prejuizo de outras atribuigées, nos casos de violéncia doméstica & familiar contra a mulher, quando necessario: | + requisitar forga policial e servigos puiblicos de satide, de educago, de assisténcia social e de seguranga, entre outros; Il - fiscalizar os estabelecimentos piiblicos © particulares de atendimento a mulher em situagao de violéncia doméstica e familiar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou judiciais cabiveis no tocante a quaisquer irregularidades constatadas; IIl- cadastrar os casos de violencia doméstica e familiar contra a mulher. CAPITULO IV DAASSISTENCIA JUDICIARIA Art. 27. Em todos os atos processuais, civeis e criminais, a mulher em situagao de violéncia doméstica e familiar deverd estar acompanhada de advogado, ressalvado o previsto no art. 19 desta Lei Art. 28. E garantido a toda mulher em situacao de violéncia doméstica e familiar o acesso aos servigos de Defensoria Publica ou de Assisténcia Judiciaria Gratuita, nos termos da lei, em sede policial e judicial, mediante atendimento especifico e humanizado. TITULOV DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR Art. 29. Os Juizados de Violéncia Doméstica e Familiar contra a Mulher que vierem a ser criados poderdo contar com uma equipe de atendimento multidisciplinar, a ser integrada por profissionais especializados nas dreas psicossocial, hitp:lwwuplanattogovbriccivi_03_sto2004-2006/2008/eVI11340.ntm emt 28/08/2018 Len 41.340 juridica e de saude. Art. 30. Compete & equipe de atendimento multidisciplinar, entre outras atribuigbes que Ihe forem reservadas pela legistagao local, fomecer subsidios por escrito ao juiz, ao Ministério Publico e a Defensoria Publica, mediante laudos ou verbalmente em audiéncia, e desenvolver trabalhos de orientacdo, encaminhamento, prevengao outras medidas, voltados para a ofendida, o agressor e os familiares, com especial atencao as criangas e aos adolescentes. Art. 31. Quando a complexidade do caso exigit avallagéo mais aprofundada, o Juiz poder determinar a manifestacao de profissional especializado, mediante a indicagao da equipe de atendimento multidisciplinar, Art. 32. O Poder Judiciario, na elaboragao de sua proposta orgamentaria, poderd prever recursos para a criagdo e manutengo da equipe de atendimento multidisciplinar, nos termos da Lei de Diretrizes Orgamentarias. TITULO VI DISPOSICOES TRANSITORIAS Art, 33. Enquanto nao estruturados os Juizados de Violéncia Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularao as competéncias civel criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes da pratica de violéncia doméstica e familiar contra a mulher, observadas as previs6es do Titulo IV desta Lel, subsidiada pela legislacao processual pertinente. Paragrafo Unico. Serd garantido o direito de preferéncia, nas varas criminals, para o processo ¢ o julgamento das causas referidas no caput. TITULO Vi DISPOSIGOES FINAIS Art. 34. A instituigéio dos Juizados de Violéncia Doméstica e Familiar contra a Mulher poderé ser acompanhada pela implantagao das curadorias necessarias ¢ do servigo de assisténcia judiciaria, Art. 35. A Unido, 0 Distrito Federal, os Estados e os Municipios poderdo criar e promover, no limite das respectivas competéncias: | - centros de atendimento integral e multidisciplinar para mulheres e respectivos dependentes em situagdo de violéncia doméstica e familiar; Il - casas-abrigos para mulheres e respectivos dependentes menores em situagéio de violencia doméstica € familiar; IIL- delegacias, nucleos de defensoria publica, servicos de satide e centros de pericia médico-legal especializados no atendimento & mulher em situagao de violéncia doméstica e familiar; IV-- programas e campanhas de enfrentamento da violéncia doméstica e familiar; \V- centros de educagao e de reabilitagdo para os agressores. Art. 36. A Unido, os Estados, 0 Distrito Federal e os Municipios promoverdo a adaptagao de seus érgaos e de seus programas as diretrizes e aos principios desta Lei. Art. 37. A defesa dos interesses e direitos transindividuais previstos nesta Lei poderd ser exercida, concorrentemente, pelo Ministério Publico e por associagao de atuacao na area, regularmente constituida ha pelo menos um ano, nos termos da legislagao civil Paragrafo nico. O requisito da pré-constituigéo podera ser dispensado pelo juiz quando entender que nao ha ‘outra entidade com representatividade adequada para o ajulzamento da demanda coletiva. Art, 38. As estatisticas sobre a violéncia doméstica e familiar contra a mulher serdo incluidas nas bases de dados dos érgdos oficiais do Sistema de Justia e Seguranca a fim de subsidiar o sistema nacional de dados e informagoes relativo as mulheres. hitp:lwwuplanattogovbriccivi_03_sto2004-2006/2008/eVI11340.ntm om 28/08/2018 Len 41.340 Pardgrafo tinico. As Secretarias de Seguranga Pilblica dos Estados e do Distrito Federal poderdo remeter suas informagées criminais para a base de dados do Ministério da Justiga Art. 39. A Unido, os Estados, o Distrito Federal e os Municipios, no limite de suas competéncias e nos termos das respectivas leis de diretrizes orgamentarias, poderdo estabelecer dotagées orcamentarias especfficas, em cada exercicio financeiro, para a implementagao das medidas estabelecidas nesta Lei Art. 40. As obrigagées previstas nesta Lel ndo excluem outras decorrentes dos principios por ela adotados. Art. 41, Aos crimes praticados com violéncia doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, no se aplica a Lei n® 9.099, de 26 de setembro de 1995. Art. 42. O art. 313 do Decreto-Lei n® 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Cédigo de Processo Penal), passa a vigorar acrescido do seguinte inciso IV: “Ant 313, IV - se 0 crime envolver violéncia doméstica e familiar contra a mulher, nos termos da lel espeotfica, para garantir a execugdo das medidas protetivas de urgéncia.” (NR) Art, 43, A alinea f do inciso ILdo art, 61 do Decroto-Lei n® 2,848, de 7 de dezembro de 1940 (Cédigo Penal), passa a vigorar com a seguinte redagaio: “Art. 61 f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relagdes domésticas, de coabitagdo ou de hospitalidade, ou com violéncia contra a mulher na forma da lei especifica; *(INR) Art, 44, O art, 129 do Decroto-Lei n® 2,848, de 7 de dezembro de 1940 (Cédigo Penal), passa a vigorar com as seguintes alteragdes: “Ant 129. § 92 Se a esao for praticada contra ascendente, descendente, irmao, cénjuge ou ‘companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se 0 agente das relagées domésticas, de coabitagao ou de hospitalidade: Pena - detengao, de 3 (rés) meses a 3 (trés) anos. § 11. Na hipétese do § 92 deste artigo, a pena serd aumentada de um tergo se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiéncia.” (NR) Art, 45. © arl, 152 da Lei n® 7,210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execugao Penal), passa a vigorar com a seguinte redagao: “ant. 152. hitp:lwwuplanattogovbriccivi_03_sto2004-2006/2008/eVI11340.ntm tom 28/08/2018 Len 41.340 Paragrafo Unico, Nos casos de violencia doméstica contra a mulher, o juiz podera determinar 0 comparecimento obrigatério do agressor a programas de recuperagdo e reeducacao.” (NR) Art. 46. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco) dias apés sua publicago. Brasilia, 7 de agosto de 2006; 1852 da Independéncia e 1182 da Republica, LUIZ INACIO LULA DA SILVA Dilma Rousseff Este texto néo substitui o publicado no DOU de 88.2006 hitp:lwwuplanatto.govbriccivi_03_sto2004-2006/2008/eVI11340.ntm wnt

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