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INTRODUÇÃO AO DIREITO I
Introdução
Quid iuris: problemas de direito. Tem a ver com questões juridicamente relevantes.
Pergunta-se o que de direito nos há a dizer sobre determinada questão. O direito aparece
assim como critério de solução, através dele possuímos a resolução concreta do caso.
Quid ius: problemas do direito. Visa o próprio direito como problema. Não procura
uma solução no direito, antes procuramos ser esclarecidos acerca dele. Pergunta-se o
que é o direito?
O direito funciona como um sistema regulador que define a nossa qualidade de sujeitos
socialmente autónomos, estruturando a nossa posição relativamente coisas.
Controvérsia jurídica
Litigio e diferendo
Litigio: uma controvérsia prática que pressupõe referendos comuns com intenções
diferentes por parte dos sujeitos.
Representa relações entre os particulares. Nesta linha a sociedade surge apenas como
fundo e cada um age com a sua autonomia em nome dos seus interesses. É caracterizada
por uma intersubjectividade paritária (a cada direito corresponde um dever).
Esta paridade nem sempre existe. No entanto, quando este existe uma relação de supra-
ordenação entre sujeitos; a parte mais forte age sempre em nome dos interesses da parte
mais fraca.
Tipos de justiça
Tipos de justiça
Justiça geral: trata daquilo que podemos exigir de cada um em nome de todos.
Todos eles visam regulamentar as exigências que a sociedade nos dirige assim como
institucionalizar, legitimar e limitar o poder.
Tipos de justiça
Função primária: prescreve critérios que são modelos de acção. Dirige-se a nós
dizendo como nos devemos comportar. Atribui-nos direitos e impõe-nos deveres.
Valorara os nossos comportamentos como lícitos/ilícitos, justos/injustos,
válidos/inválidos.
Função secundária: cria condições para a actuação da função primária. Possui uma
função de organização ou institucionalização, enquanto articula os seus elementos, num
todo estruturado.
Critério de sanção: porque mostra quais as consequências dos nossos actos, como
critérios de sanção, o direito é efectivamente prático, assegura a realização dos
efeitos práticos da sua intenção normativa.
Ora, sabendo que o direito prescreve um modelo de acção, surge uma questão
pertinente, uma vez que também a moral e a ética nos propõem modelos de acção.
Comparabilidade (tercialidade).
Contrariamente a isto, na mora fala-se de deveres puros. Kant defendia que a moral
exige que nós cumpramos os nossos deveres em função da nossa consciência, enquanto
que no direito o que nos leva a cumprir os deveres são os motivos como o receio das
consequências (possibilidade de sanção).
Comparabilidade (tercialidade)
Em termos jurídicos a justiça faz-se por comparação. Kant via a moral num plano de
singularidade, incomparabilidade, ou seja, o sujeito aparece em absoluto.
Contrariamente, no direito o sujeito assume uma posição de relatividade perante o outro.
O patrão vai contratando ao longo do dia trabalhadores para a sua vinha. Passado 12h
ele pago o mesmo a todos, uma vez que em termos éticos entende que o deve fazer.
Este procedimento revela características da moral, uma vez que ele efectua o pagamento
segundo o princípio da não incomparabilidade (o sujeito é visto como um ser absoluto,
insusceptível de comparação)
No domínio do direito, ele devia ter comparado o número de horas de trabalho para
haver justiça em termos jurídicos. O direito vai relativizar os sujeitos, ou seja, efectuaria
o pagamento em função do número de horas que cada um trabalhou.
Surge assim um terceiro imparcial para solucionar a controvérsia. Este terceiro não pode
ajuizada ou decidir olhando para os sujeitos em termos absolutos, tem antes que
perceber quais são os direitos e deveres de cada um.
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Sanção
É todo o meio que a ordem jurídica mobiliza para que o direito se torne eficaz na
prática:
Estrutura da norma
Estrutura hipotético-condicional
* Estatuição ("então...")- descreve a resposta geral e abstracta que o direito vai dar ao
problema. Esta resposta cria uma realidade nova que torna o direito efectivo.
Tipos de sanções
* Indemnização específica - repõe a situação com um bem que, não sendo aquele que
foi danificado, permite desempenhar a mesma função.
5. ?????????????
- Inexistência jurídica: aquele acto é como se nunca tivesse existido, não produz efeitos.
- Invalidade: quando um acto sofre de um vicio que justifica a não produção de efeitos
jurídicos. Pode ser nulidade (ofende um interesse público) ou anulabilidade (ofende um
interesse particular)
- Ineficácia em sentido estrito: produz efeitos entre as partes e não para terceiros.
7. Ónus jurídico: é a necessidade adoptar determinada conduta para obter uma vantagem
própria ou evitar uma desvantagem. Ex. se eu não fizer nada perante uma acusação que
me é feita, estou a admitir a culpa.
Desta função fazem parte critérios que não afectam directamente a ordem jurídica são
critérios legais, jurisprudências e doutrinas que permitem institucionalização do direito.
Tem uma função unificadora. Disponibiliza critérios para resolver os conflitos que
surgem face à pluralidade de critérios primários. Só conseguimos encontrar a unidade
quando solucionamos o problema articulando os seus elementos.
Tipos de conflito:
Por outro lado, apesar desta necessidade de evolução, a ordem jurídica tem de garantir
uma certa estabilidade por razões de segurança e previsibilidade.
- Prescrição que se propõe a enfrentar o problema das fontes de direito (art. 1º a 4º CC)
- Normas legais que enfrentam o problema do começo e da cessão da vigência das leis
(arts. 5º a 7º CC)
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* Revogação: pode ser expressa (a nova lei em termos expressos revoga a lei anterior)
ou tácita (a norma anterior cessa pelo surgimento de outra)
Por outro lado, pode ser global (o regime da nova lei afasta totalmente o regime da
anterior) ou específica (há uma alteração da matéria relativamente a pontos específicos).
Finalmente, pode ser total (afasta por completo o regime da lei anterior) ou parcial
(Afasta uma parte).
Existem ainda:
* Normas caducas: já não estão em conformidade com os princípios e assim perdera sua
vigência (por perderem a validade).
Regra de reconhecimento;
Regra de reconhecimento
Combate a incerteza que pode resultar das regras primárias. Identifica quais são os
critérios de acção que devem validamente reconhecidos como jurídicos e como tal
dotados de autoridade – potestas.
Tem o papel da hierarquizar e unificar os critérios de acção. Há aqui uma ligação como
momento da procura da unidade sistemática.
Esta regra combate o estatismo do regime das regras primárias, conferindo poder para
introduzir novas regras primárias e eliminar regras antigas. O art. 7º do CC é uma regra
de transformação, está aberta à mudança.
Segundo Hart as regras secundárias especificam quais são as pessoas que devem legislar
(remete-nos para o momento da realização orgânica).
Estas regras permitem ainda entender o exercício da autonomia privada. Para Hart: os
actos de um contrato por indivíduos de “poderes legislativos limitados”.
Regras de decisão-julgamento
São regras que combatem a ineficácia das regras primárias dando poder a certos
indivíduos para julgar se aquela regra foi ou não violada numa circunstância concreta
específica. Estas regras identificam os indivíduos que devem julgar, na mesma medida
que determinam o processo a seguir. Remete-nos para o momento da realização
orgânica e para o momento da determinação – realização procedimental.
Hart finaliza dizendo que há uma vantagem social das regras secundárias:
Conclui-se que sem estas regras, os critérios primários seriam incertos, estáticos e
ineficazes.
Hart considera que basta uma articulação bem sucedida entre critérios primários e
critérios secundários para estarmos perante uma ordem de direito.
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Insuficiência objectiva
Nem todo o direito é direito estadual, basta pensar no direito privado, no direito
consuetudinário, parte do direito internacional e outros não reconhecidos pelo
ordenamento jurídico do estado.
Ao lado dos sistemas legislativos (em que a lei provem do poder estadual) existem
sistemas de common law em que as controvérsias jurídicas são resolvidas com base em
casos concretos.
Insuficiência normativa
Estadualidade;
Juricidade;
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Para se falar em direitos, tem de haver uma dimensão normativa, com valores
próprios de direito.
Ao direito é essencial esta dimensão normativa que não nos permite ficar pela mera
discrição analítica de uma estrutura sistemática e funcional da ordem jurídica. Esta
discrição da estrutura da ordem jurídica situa-nos num plano meramente formal,
enquanto que só a dimensão normativa permite torná-la efectivamente prática.
Este processo de autonomização foi assumido pela civitas romana que inventou o
“nome” humanitas e assim o primeiro do humanismos conhecidos, humanismo este
que se inscreveu na nossa herança civilizacional.
Ainda de referir que o direito não está acabado, encontrando-se uma constante
remodelação.
Época clássica
o Época grega (no contexto da polis grega) – a civilização grega motivou uma
reflexão filosófica sobre a ideia de justiça.
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o Época medieval (idade média) – O direito era uma ordem de criação divina. No
contexto da respublica christiana medieval existia uma ordem natural (eram
valores universais, externos e atemporais).
1. Factor Antropológico
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2. Factor cultural
o A razão manifesta-se por uma construção especulativa, por dedução dos axiomas
racionais.
O direito não pode ser apenas intencionalmente prático, terá que ser efectivamente
prático.
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3. Factor social
Hobbes: Foi o único autor que entendeu que a sociedade devia ser construída com base
na dimensão dos interesses. Este autor acentua a ideia que o homem deve ser egoísta,
considerando o outro obstáculo na satisfação das suas necessidades.
4. Factor politico
Relativamente à passagem do estado natureza para a sociedade temos dois autores com
ideias divergentes:
Kant
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Kant vai partir da exigência de sair do estado natureza mais vai desinteressar-se em
caracterizar o Homem desvinculado, porque a necessidade de abandonar o estado
natureza não resulta das características do Homem desvinculado mas sim da razão. A
passagem do estado natureza para o estado civil é, segundo Kant, um dever racional
(dever ético).
Para passar para um estado social é necessária a “união com a vontade de todos numa
legislação pública”.
Rousseau
A revolução francesa foi o facto politico que pretendeu transformar este pensamento em
realidade.
Coloca-se a questão de como é que o homem moderno nega qualquer ordem exterior a
si mesmo consegue construir um mundo de convivência social? Para resolver o
problema, o Homem recorre ao contrato social como acordo racional de vontades, por
afirmação das próprias liberdades de cada um e com o objectivo de gerir os interesses.
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Condição jurídica
O estado demo liberal traz a exigência da vida social ser disciplinada por leis.
Esta vontade geral vai exprimir-se através da lei; só ela garante a obediência a si
próprio; há a passagem de um plano de contingência para um plano de racionalidade.
A distinção entre jurídico e o não jurídico vai estar associado pela primeira vez a um
texto.
-Abstracção: trata-se de uma matéria comum, atende a situações gerais, não podendo
prever um caso concreto.
Distinção arbítrio/liberdade
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Surge para combater o legalismo francês – ideia de que o direito seria todo criado pelo
legislador.
O direito era um produto da história cultural de cada povo, era portanto, produto da
história.
2ª – O cientismo positivista
O direito passou a ser visto como um objecto que importava conhecer, estudar e aplicar
3. Coordenada axiológico-dedutiva;
4. Coordenada funcional
5. Coordenada epistemológico-metodológica
b) Princípio da legalidade
Para que os cidadãos não desobedeçam senão a si próprios, têm que prescrever normas
gerais, abstractas e formais.
-Poder judicial: Vai ter a tarefa de pronunciar em concreto essas leis, daí que seja um
poder nulo: o juiz como a “boca” que pronuncia as palavras da lei.
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Princípio da legalidade
Assenta na ideia de que o direito é identificado pela lei (como prescrição geral, abstracta
e formal) – legalidade = juridicidade
Na nova fase, a lei passa a autentico fundamento dos poderes executivo e judicial.
Trata-se de um processo de juridicização do poder.
Durante todo o século XIX houve uma conjugação entre legalismo e normativismo, uma
vez que o legalismo era incondicionalmente normativista e o normativismo era
exclusivamente alimentado pelo legalismo.
O juiz deve ser apenas a “boca” que pronuncia as palavras da lei, garantindo-se deste
modo a sua independência e neutralidade.
O juiz atribui a cada um o que é seu, de acordo com a lei que é a expressão da vontade
geral.
O paradigma da aplicação:
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Formalidade: o direito que se exprime na norma tem como intenção a delimitação dos
arbítrios, não interferindo no modo como cada um dos sujeitos vai exercer as
possibilidades conferidas pela lei – função de garantia. Não impõe fins.
4. Coordenada funcional
Epistemológica: porque a ciência do direito visava uma pura construção conceitual, feita
a partir dos elementos que compunham o sistema jurídico.
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1. Critica metodológica
6. Transformações culturais
1. Critica metodológica
Se a lei admitisse vários sentidos, estaria a permitir várias conclusões (uma vez que
permitia mais silogismos), pondo assim em causa a objectividade e neutralidade do juiz.
Poderá ser porque está a partir da experiencia do caso e, se é assim quando norma já
está comprometido com o caso.
Este era um problema prévio que o positivismo não podia colocar, por o ponto de
partida era outro: a norma geral e abstracta (premissa maior).
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A concepção do direito como mera ordem de compossibilidade entre os arbítrios vai ser
posta em causa. Começa a compreender-se que o direito tem de a ver com os fins,
valores e interesses.
O pensamento jurídico formalista (que queria ser ciência jurídica de normas – textos)
vai sofrer fortes críticas.
Classificação de Rantorowicz:
Pensamento jurídico formalista: tem o seu ponto de partida numa norma e procura
ajustar toda a realidade à norma legal; é um pensamento que fecha o direito num
sistema formalmente autónomo.
b) Atender não só a fins mas também a valores – compromissos práticos que nos
vinvulam.
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- Pode incluir na norma legal casos que merecem tratamentos diferentes. Ex.
Possibilidade de acesso a uma biblioteca não igual a um letrado ou a um analfabeto.
- Pode deixar fora da previsão da norma, casos que sendo iguais não são considerados
pela lei como tal. Ex. É proibida a entrada de cães num comboio. Se um cidadão quiser
entrar com um leão, não é abrangido pela norma, parte do princípio que o pode fazer.
Devemos entender a igualdade não apenas como uma referência à lei (igualdade formal)
mas sim como sendo uma igualdade material adequada às circunstâncias concretas.
Uma igualdade, não perante a lei, mas perante o direito.
O art. 13º/1 CRP não exige uma igualdade absoluta perante todas as situações. Há que
tratar o igual de firma igual, na medida da sua igualdade, e tratar o diferente de forma
diferente, na medida da sua diferença.
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Já não é uma rígida separação. Continuamos a encontrar uma separação de tarefas mas
esta passa a estar sustentada por uma série de exigências de justiça.
A lição de Rousseau sobre a lei ser a expressão da vontade geral foi superada. Cada vez
mais se reconhece que as leis, ao serem expressão da vontade do poder político, têm
vindo a assumir cada vez mais uma clara índole política. O poder legislativo acaba por
ter duas dimensões: jurídica e política.
Se se acentua cada vez mais a índole do direito, questiona-se onde é que se vai
encontrar uma instância em condições de assegurar a autonomia do direito:
-No contexto iluminista, o poder legislativo criava o direito e o poder judicial (função
complementar) aplicava-o.
-Ora, se o poder legislativo está cada vez mais comprometido com funções politico –
estratégicas, a função jurisdicional vai ter a tarefa de realizar o direito em concreto. O
direito não se esgota na legalidade.
Função jurisdicional
Deixa de ser uma função meramente aplicadora para passar a ser uma função
constitutiva do próprio direito.
É possível exigir que essa jurisdição que essa jurisdição esteja em condições de
convocar um horizonte de validade, que se concretiza em princípios.
Outra solução, que vai transformar significativamente o modo como vemos a legislação:
em que tudo parece ser possível. No pós-2ª guerra mundial há uma nova concepção da
sociedade e do estado que a organiza – Estado providência.
O tipo de problemas associados à terceira linha da ordem jurídica tem haver com as
exigências da nova visão da sociedade organizada em estado.
Há um projecto novo de sociedade que vai assumir finalidades que se propõe a alcançar
através de certos meios, cumprindo assim os seus programas.
6. Transformações culturais
Uma nova concepção científica passa a assumir que a ciência é ela própria uma prática.
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Estamos na primeira linha da ordem jurídica, na qual existem relações paritárias entre
sujeitos privados. No direito privado as relações resultam do exercício da vontade dos
sujeitos. O direito privado associa-se à dupla componente de autonomia e
responsabilidade.
3 Frentes de superação:
Estado de providência ensina que o direito tem a ver com fins, superando assim o
formalismo; e introduz o interesse comum, pondo em causa algumas notas do
individualismo.
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Regresso da comunidade.
Um negócio jurídico é um acto da vontade que produz efeitos jurídicos. Está associado
a este acto uma declaração da vontade do seu núcleo tem que ser coincidente com
intenção que está na sua base. Se a declaração da vontade não corresponde à intenção
poderá existir um vício. A liberdade negocial tem a ver com esta declaração de vontade.
No entanto, não podemos confundir liberdade negocial com liberdade contratual, pois
nem todos os negócios jurídicos são contratos. Existem pois:
Ora, relativamente à primeira é de referir que no art. 405º CC, ela está implícita, no
entanto, ninguém pode ser obrigado a contratar. Relativamente, à segunda liberdade
podemos estabelecer uma distinção entre contratos típicos e atípicos, uma vez que há a
possibilidade de realizar contratos de acordo com as prescrições previstas no CC ou não.
No iluminismo do séc. XIX esta liberdade contratual exigia uma liberdade ilimitada, ao
longo do séc XX vamos assistir à introdução de restrições que trazem uma
preocupação com exigências comuns que põem limites à afirmação individualista de
auto-determinação.
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Desta forma já não se atende exclusivamente à vontade do sujeito individual, sem por
em causa, o principio da autonomia. O contrato passa a ser pensado com o vinculo
intersubjectivo, vai impor deveres específicos.
Toda esta fase era uma fase em restrições, seria uma fase em que o direito não
intervinha. É uma fase em que uma das partes através da sua capacidade de persuasão
pode impor determinadas condições.
Desta forma, dá-se uma evolução significativa na qual se coloca a importância desta
fase negocial. Esta fase, como toda a execução do contrato deve ser orientada por um
princípio de boa fé (ser leal, diligente). Este princípio de boa fé não é uma exigência
moral vaga, é antes uma exigência jurídica, um vínculo (está consagrado no art. 227º
CC o que denota a ideia de não ser um mero apelo. O próprio artigo diz-nos “sob pena
de responder pelos danos”. Anteriormente, se esta má fé estivesse antes da aceitação do
contrato não era significativa. No entanto, passa a ter importância, sendo penalizada
mesmo na fase inicial.
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-Regra da pontualidade;
Esta exigência de que os contratos são para cumprir deixa de aparecer isolada. Passou a
dar-se relevância também às circunstâncias em que o contrato é executado. Não
podemos ficar prisioneiros da irrevogabilidade e intangibilidade, pois podem surgir
circunstâncias que exijam uma revisão do contrato, ou mesmo que ele cesse.
Concluímos assim que, continuamos a falar da autonomia da vontade, esta passa a estar
associada a valores comunitários.
A teoria do abuso do direito que introduz um critério que vai revolucionar todo o
principio da autonomia da vontade, nomeadamente exigências de integração
comunitária.
Esta teoria que inicialmente constitui a um critérios doutrinal, veio a ser assimilada pelo
legislador que a consagrou no CC, no art 334º, passando assum a um critério legal.
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Ainda de referir que a norma consagra no art. 334º é uma norma deliberadamente aberta
que possui uma hipótese e uma estatuição que consagra uma sanção que é identificada
de forma clara. Diz-nos que é “ilegítimo”.
Conclusão:
Exigia-se que o juiz fosse racional e objectivo e se a lei fosse imprecisa ele estaria em
condições de a interpretar de formas diferentes.
Cláusulas gerais – fazem referência directa a um padrão valorativo. Ex. boa fé.
A lei assume que o juiz deve ter um papel de construir subjectivamente as suas
deliberações e não apenas aplicar a lei.
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