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Nacionalismo e Indianismo
A primeira geração romântica no Brasil é o período que corresponde de 1836 a 1852, baseada
no binômio “Nacionalismo-indianismo”. Seu marco inicial foi a publicação de “Suspiros
Poéticos e Saudades” (1836) do escritor Gonçalves de Magalhães (1811-1882).
No Romantismo europeu, a volta ao passado histórico leva à Idade Média, onde estão as origens
das nações europeias. Mas, como o Brasil não teve Idade Média, voltar ao passado significa
redescobrir o país antes da chegada dos europeus, quando era habitado por povos indígenas.
A 1ª Geração do Romantismo teve como principal escritor o maranhense Gonçalves Dias. Ele,
apesar de não ter introduzido o gênero no Brasil (papel este de Gonçalves de Magalhães), foi o
responsável pela consolidação da literatura romântica por aqui.
Porém, o traço mais forte da obra romântica de Gonçalves Dias é o Indianismo. Ele é considerado
o maior poeta indianista brasileiro e possui em sua obra poemas como “I-Juca Pirama”, no qual a
figura do índio é heroica chegando até a ficar “europeizada”. Utilizador de alta carga dramática e
lírica em suas poesias, com métrica, musicalidade e ritmos perfeitos, Gonçalves Dias se
considerava uma “síntese do brasileiro”, por ser filho de pai português e mãe mestiça de índios
com negros. Talvez por isso tenha citado tanto as três raças em sua obra, todas de formas
distintas.
Os romances do Romantismo levaram ao leitor da época uma realidade idealizada, com a qual
eles se identificaram (escapismo, fuga da realidade, típica característica do Romantismo). Entre
eles, o romance indianista foi o que mais fez sucesso entre o grande público, por trazer consigo
personagens idealizados, representados por índios. Esses “heróis” caracterizavam uma tentativa
dos autores de simbolizar uma tradição do Brasil, o que nem sempre acontecia, em virtude da
caracterização artificial do personagem, mais “europeizada” ainda que os indígenas de Gonçalves
Dias.
José de Alencar foi o maior autor da prosa romântica no Brasil, principalmente dos romances
indianistas e urbanos. Tentando estabelecer uma linguagem brasileira, Alencar consolidou a
modalidade no país e lançou clássicos como “O Guarani” e “Senhora”.
O indianismo de José de Alencar está presente no já citado “O Guarani”, além de outros clássicos
como “Iracema” e “Ubirajara”. Alencar defendeu o estabelecimento de um “consórcio entre os
nativos” (que fornecem a abundante natureza) e o europeu colonizador (que, em troca, oferece a
cultura, a civilização). Dessa forma, surgiu então o brasileiro. Em todo o momento, a natureza da
pátria é exaltada, um cenário perfeito para um encontro simbólico entre uma índia e um europeu,
por exemplo.
Já em seus romances urbanos, José de Alencar faz críticas à sociedade carioca, cidade onde
cresceu, levantando os aspectos negativos e os costumes burgueses. Nessas obras, há a
predominância dos personagens da alta sociedade, com a presença marcante da figura feminina.
Os pobres ou escravos são reduzidos ou quase não têm papel relevante nos enredos.
Assim é a premissa básica de histórias de Alencar como “Lucíola”, “Diva” e, claro, “Senhora”. As
intrigas de amor, desigualdades econômicas e o final feliz com a vitória do amor (que tudo
apaga), marcam essas obras, que se tornaram clássicos da literatura brasileira e colocaram José
de Alencar no hall dos maiores romancistas da história do Brasil.
Atividades
QUESTÃO 01
QUESTÃO 02
“Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros do que a asa da graúna,
e mais longos que seu talhe de palmeir.
O favo da jati não era doce como o seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu
hálito perfumado.
Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde
campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava
apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.”
(ALENCAR, José de. Iracema. São Paulo: Scipione, 1994, p. 10)
Após a independência, século 19, a nova nação “precisava ajustar-se aos padrões de
modernidade da época. […] Havia a necessidade de auto-afirmação da Pátria que se formava.”
(NICOLA, José de. Literatura brasileira: das origens aos nossos dias. São Paulo: Scipione, 1998.
p. 125.)
A) realismo naturalista
B) sentimentalismo realista
C) romantismo indianista
D) bucolismo neoclassicista
E) nativismo modernista
QUESTÃO 03
QUESTÃO 04
TEXTO
Leia o trecho do romance Senhora, de José de Alencar, em que Aurélia fala com Seixas, e
responda.
– Mas o senhor não me abandonou pelo amor de Adelaide e sim por seu dote, um mesquinho
dote de trinta contos! Eis o que não tinha o direito de fazer, e que jamais lhe podia perdoar!
Desprezasse-me embora, mas não descesse da altura em que o havia colocado dentro de minha
alma. Eu tinha um ídolo; o senhor abateu-o de seu pedestal, e atirou-o no pó. Essa degradação
do homem a quem eu adorava, eis o seu crime; a sociedade não tem leis para puni-lo, mas há um
remorso para ele. Não se assassina assim um coração que Deus criou para amar, incutindo-lhe a
descrença e o ódio.
No trecho, observa-se uma crítica à sociedade burguesa do século 19, no que se refere
QUESTÃO 05
Leia a seguir quatro afirmações sobre o indianismo romântico. Julgue se os itens abaixo estão (C)
corretos ou (E) errados:
( ) O índio foi visto como motivo artístico e não como figura histórica; daí a forma idealizada com
que foi representado na literatura.
( ) A descrição do índio nas obras românticas reflete fielmente a realidade histórica da época: só
depois do Romantismo é que ele passou a ser idealizado.
( ) A corrente indianista pode ser vista como uma espécie de resposta brasileira ao medievalismo
dos escritores europeus.
( ) José de Alencar e Gonçalves Dias são os dois autores indianistas mais importantes
do Romantismo.