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POLÍTICAS DE INCENTIVO A LEITURA NO BRASIL E NO MARANHÃO

READING INCENTIVE POLICIES IN BRAZIL AND MARANHÃO

GILDEAN JORGE IZEQUIEL PASSINHO


JOYCE BENÇÃO CORREA SANTOS**
WILLIAM DIEGO RIBEIRO SILVA

RESUMO

Palavras-Chave:
ABSTRACT

Keywords:

1 INTRODUÇÃO
A Informação nos cerca por todos os lados é uma palavra que não é de
interesse simplesmente das áreas que lidam com ela como a Biblioteconomia e a
Ciência da Informação, na sociedade atual o insumo principal da economia é a
informação, ela sempre está disponibilizada em algum tipo de suporte, seja ele
impresso ou digital, e quando bem selecionada e organizada promove mais
informação e consequentemente produz conhecimento.
A biblioteca é um espaço que agrega diversas informações, em diversas
fontes e suportes. Estas informações são previamente selecionadas, indexadas,
catalogadas, classificadas e organizadas com o fim de serem recuperadas e usadas
pelo usuário para a obtenção de informações e produção do conhecimento. Tais
documentos são organizados para atender uma demanda especifica, para
solucionar um problema ou sanar uma necessidade, podendo ser ela fisiológica,
emocional, cognitiva ou social. Assim como uma organização, as unidades de
informação e em especial as bibliotecas, oferecem serviços e produtos direcionados
a um público, a uma categoria específica de pessoas. Todo planejamento,
organização, direção e controle dessa unidade informacional, bem como todo o
processamento técnico desse sistema organizacional visa atender às necessidades


Graduando do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA): E-mail:
****
Graduanda do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). E-mail:
bencao.ufma@gmail.com

Graduando do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA): E-mail:
informacionais de quem o utiliza ou virá a utilizar, daí a ideia de usuário. (FERRÉS,
2006, p. 21).

Com o advento do computador, novos suportes foram criados para facilitar o


acesso e uso da informação e dia após dia surgem novas tecnologias de informação
e comunicação, cada uma delas visando atender as necessidades do usuário. A
leitura é uma ferramenta que proporciona a ampliação de competências cognitivas
que inferem diretamente no desenvolvimento dos indivíduos como cidadãos.

A discussão sobre leitura e formação de leitores no Brasil é constante, não


obstante corriqueiramente há convicções de que o brasileiro não lê, segundo uma
pesquisa realizada pelo Ibope e encomendada pelo Instituto Pró Livro (2018) sobre
retratos da leitura no Brasil, 44% da população Brasileira não lê e 30% nunca
comprou um livro. A leitura é um ato de cidadania, pois de acordo com as palavras
de Petit (2008, p.101 apud OLIVEIRA E PRADOS, 2015, p. 99)

A leitura contribui no exercício da cidadania nos seguintes aspectos:


acesso ao conhecimento, apropriação da língua, construção de si
mesmo, extensão do horizonte de referência, desenvolvimento de
novas formas de sociabilidade, entre outros, as leituras também
podem proporcionar “os prazeres da regressão” e que alguns textos
“apenas nos distraem”.

Neste artigo, discute-se a forma que as políticas públicas culturais para o livro
e a leitura foram se configurando no contexto sociocultural brasileiro e em especial
no estado do Maranhão. Tais políticas públicas refletem diretamente no processo de
formação do leitor e do cidadão brasileiro. Justifica-se na necessidade de discutir
como essas politicas tem inferido na construção de um país leitor em todas as
camadas da sociedade incluindo os deficientes. O questionamento que norteia toda
essa pesquisa se enquadra na seguinte pergunta: No Brasil, existe politicas públicas
voltadas para Leitura, literatura e bibliotecas? Essas politicas também englobam as
pessoas que possuem algum tipo de deficiência?

Esse artigo tem por objetivo apresentar e discutir a importância da atuação do


Estado na elaboração das políticas públicas voltadas para o incentivo da leitura e na
formação de um país leitor. Para isso apresentamos o conceito de politica publica, a
atuação do estado Brasileiro na área do livro e leitura, seguido das politicas
governamentais e não governamentais existentes nos país, acompanhado das
politicas de acessibilidade e inclusão, politicas de fomento a leitura no Maranhão
seguido das considerações finais.

2 A ATUAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO NA ÁREA DO LIVRO E DA LEITURA


Quando a família real portuguesa veio para o Brasil em 1808, e se fixa na
cidade do Rio de Janeiro, tem-se a necessidade de imprimir documentos e é criada
a Impressa Régia, que será responsável pela fabricação dos documentos do
governo. A partir de 1821, no clima de independência política, e conseqüentemente
com a extinção da Impressa Régia e abolição da censura aos livros, cresce as
publicações impressas e o interesse da população pela leitura (nessa época a
conjuntura político-social da população brasileira dificultava o acesso à escola, ao
livro e a leitura). No entanto, com a família real estabelecida no Brasil têm-se alguns
benefícios importantes, como: a criação no Rio de Janeiro da Biblioteca Real – hoje
Biblioteca Nacional – com um acervo de mais 60 mil peças, entre livros,
manuscritos, mapas, estampas, moedas e medalhas. Embora, não fosse aberta à
população, a sua existência viria pouco a pouco afirmar a necessidade de se criar
outras instituições pelo país (FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL, 2019; SILVA,
2009).
Nesse século houve, pelo menos nas maiores cidades brasileiras,
uma intensificação da abertura de espaços relacionados à leitura,
principalmente no caso das livrarias, posteriormente na estruturação
de bibliotecas. Se as primeiras décadas do Século XIX, da chegada
de D. João VI em 1808 até a Proclamação da Independência em
1822, foram marcadas pela censura e, principalmente, pelo
monopólio da impressão pela Imprensa Régia, daí em diante o
cenário toma outra direção (SILVA, 2009, p. 82).
A Impressa Régia detinha o monopólio legal das publicações
impressas no país, constituindo-se a principal oficina tipográfica com
liberdade para operar em território nacional. A implantação de
qualquer outra tipografia em solo brasileiro estava sujeita à
autorização oficial concedida pelo Estado (FONSECA, 2013, p. 58).
No final do século XIX, com a crescente urbanização da população, devido ao
progresso industrial, o livro vai se destacando em termos de acessibilidade nas
camadas populares menos favorecidas e ampliando o seu raio de ação às
publicações e escolarização. Nesse período consolida-se a ideia de livros para
crianças, tais como: O canário (1856), A cestinha de flores (1858), Ovos de Páscoa
(1860), Contos seletos das mil e ma noites (1882), e Robinson Crusoé (1885), com
isso, já no começo do século XX, cresce o número de autores brasileiros que
escreve para o público infanto-juvenil, tais como: Olavo Bilac, Coelho Neto, Júlia
Lopes de Araújo e Monteiro Lobato (SILVA, 2009).
No entanto, para Fonseca (2013), o culto à cultura estrangeira foi
particularmente incentivado pela família real, que fincou suas raízes na sociedade
brasileira, inclusive na elite intelectual, como padrão de civilização a ser seguido.
Este padrão de sociedade perdurou até o fim do século XIX, contribuindo para uma
formação culturalmente fechada, favorecendo mais os autores estrangeiros do que
os autores brasileiros.
2.1 Políticas de incentivo a leitura no Brasil
Em um país historicamente marcado pela profunda desigualdade econômico-
político-social, vem-se desenvolvendo desde a primeira metade do século XX,
políticas públicas de incentivo à leitura e também a democratização do acesso ao
livro. Para Cordeiro (2018), o livro como produto movimenta cifras significativas, e
boa parte delas é de responsabilidade das políticas de incentivo à formação de
leitores.
O conceito de políticas públicas para Saravia (2000) é entendido como o fluxo
de decisões públicas, orientado para manter o equilíbrio da sociedade. Com
estratégias que apontam para diversos fins, com a participação de diversos grupos
decisórios, em outras palavras, é um sistema de ações públicas com a finalidade de
corrigir falhas na sociedade. Para Souza (2017), no Brasil não é possível falar de
leitura, sem relacioná-la ao aspecto político a sua volta, formar leitores, em outras
palavras, significa não ficar somente ao setor acadêmico ou educacional, mas, trata-
se de uma questão política, envolvendo a sociedade civil e o Estado em objetivos
comuns de promover políticas públicas eficientes de incentivo à leitura.
Elaborar uma política pública significa definir quem decide o quê,
quando, com que conseqüências e para quem. São definições
relacionadas com a natureza do regime político em que se vive,
como grau de organização da sociedade civil e com a cultura política
vigente. [...] é preciso considerar a quem se destinam os resultados
ou benefícios, e se o seu processo de elaboração é submetido ao
debate público (MARSULO; CARVALHO; CASTRO FILHO, 2015, p.
[6 ?] apud TEIXEIRA , 2002 , p.2).
De fato, as políticas de incentivo à leitura no país, inaugura-se
especificamente, em 1930, no governo de Getúlio Vargas, tinha-se com isso o
interesse de se criar uma boa imagem do Brasil como um país em pleno
desenvolvimento industrial, fomenta-se com isso, qualificação da mão de obra, ou
seja, a qualificação técnica e profissional para trabalhar nas indústrias. Como ponto
chave do desenvolvimento da leitura e da rede escolar, tem-se a necessidade de se
implantar políticas governamentais voltadas para a alfabetização. Nessa época,
ocorreram dois pontos fundamentais para o incentivo da leitura. O primeiro ponto a
destacar foi a criação do Ministério da Educação e Saúde Pública, em 1930, e o
segundo foi o reconhecimento legal da educação como direito de todos e dever das
famílias o do governo federal (CORDEIRO, 2018). Posteriormente são criados vários
programas e projetos governamentais de profunda relevância de incentivo à leitura e
a educação.
2.2 Programas governamentais
A seguir serão expostos alguns programas governamentais de incentivo à
leitura, ao livro e às bibliotecas, procura-se destacar através de uma descrição
histórica os programas de maior importância para a sociedade brasileira.
Instituto Nacional do Livro (INL): foi criado em 1937, pelo Ministro da
Educação e Saúde Pública Gustavo Capanema. Foi o primeiro programa com o
objetivo de disseminação do livro, a elaboração de uma enciclopédia, um dicionário
e também de expandir as bibliotecas pelo Brasil. A sua criação foi uma demanda
feita pelos intelectuais da Semana de Arte Moderna para uma política cultural com o
objetivo de combater o grande índice de analfabetismo da classe operária. No
entanto, nessa época o governo ditatorial de Getúlio Vargas passou a exercer forte
censura à circulação de livros. E o INL, primeiramente, serviu como órgão de
controle do livro. Tinha como objetivo censurar as leituras que motivassem revoltas
populares. O seu controle perdura até a década de 1950 (CORDEIRO, 2018;
OLIVEIRA, 2011).
Serviço Nacional de Biblioteca (SNB): foi criado em 1961, com o objetivo
de organizar e regulamentar as bibliotecas de todo país. Visava à implantação de
sistemas de informação com a finalidade de incentivar o intercâmbio entre as
bibliotecas; criar bibliotecas públicas; manter um sistema regional de bibliotecas; e
criar uma rede bibliográfica de todas as bibliotecas do Brasil. Infelizmente o SNB foi
extinto em 1968 (CALDAS, 2005; CORDEIRO, 2018).
Programa Nacional Salas de Leitura (PNSL): foi criado em 1984, tinha
como intuito construir salas de leitura para receber livros enviados pelo projeto. Só
nos primeiros três anos de existência, o programa entregou 4.131.049 títulos para
33.664 escolas. Sua prioridade foi formar parcerias com rede de ensino municipal e
a criação de bibliotecas escolares, foi beneficiada cerca de 10.000 bibliotecas. O
programa foi extinto em 1996 (CORDEIRO, 2018).
Programa Nacional de Incentivo à Leitura (PROLER): foi criado em 1992, é
considerado como um dos planos de maior mobilização política. Está vinculado á
Fundação Biblioteca Nacional (FBN) e ao Ministério da Cultura (MINC). Tem por
objetivos formar mediadores (agentes de leitura), promover prática de leitura
literária, incentivar a criação de novas bibliotecas e de acervos literários. Destacam-
se algumas de suas ações: formação de uma rede nacional de incentivo à leitura,
implantação da política de incentivo à leitura na Casa da Leitura, implantação de
bibliotecas para crianças, jovens e adultos. Ademais o programa busca contemplar a
diversidade das práticas de incentivo a leitura brasileira, através de uma Rede
Nacional de Leitura. O PROLER continua atuante até hoje (CALDAS, 2005; COPES,
2007).
Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE): foi criado em 1997, tem
por objetivo promover a leitura, a literatura e o conhecimento. Distribui acervos
literários, materiais pedagógicos às escolas públicas em todo país, passando a
contemplar continuamente, a educação infantil, ensino médio, e a educação de
jovens e adultos (EJA). É considerado como o maior programa federal de
distribuição de acervo literário, além disso, é responsável pela nutrição das
bibliotecas escolares e espaços de leitura. O programa sofreu diversas críticas de
gestores escolares, alegavam que várias bibliotecas escolares não dispunham de
bons acervos. E para dificultar, alguns gestores não repassavam os livros aos
alunos, ficando os livros retidos na escola, com a justificativa de que os alunos não
cuidariam dos livros. O PNBE, um dos principais programas de incentivo a leitura, e
distribuição de acervos às bibliotecas do país tem sua extinção em 2017. Destaca-se
que o ano de 2014 foi o último em que o PNBE envia livros literários às escolas
(CORDEIRO, 2018).
Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL): foi criado em 2006, envolvendo a
ampla participação da sociedade e do governo federal. O Plano está voltado para
dar continuidade às políticas públicas históricas de acesso ao livro, leitura e
bibliotecas públicas e para promover o acesso a literatura. O objetivo principal é
alcançar em longo prazo o desenvolvimento da literatura e da democratização do
livro e da leitura. Destacam-se com isso, algumas estratégias permanentes de
planejamento de fomento a leitura: a) a democratização do acesso ao livro; b) a
formação de mediadores para o incentivo á leitura; c) a valorização institucional da
leitura e o incremento do valor simbólico; d) o estimulo à produção intelectual para o
desenvolvimento da economia nacional. No que tange à literatura o PNLL traz
algumas linhas de ações, como: a Linha de ação 17- apoio à criatividade e incentivo
à leitura literária; a Linha de ação 19- apoio à produção nacional literária cientifica e
cultural no exterior (CORDEIRO, 2018; MATHIAS e KLINKE, 2013).
2.3 Programas não governamentais
ONG Instituto Acervo: foi criada em 2012, é uma associação civil, sem fins
lucrativos, que tem por objetivos, capacitar jovens, adolescentes e desempregados
para o mercado de trabalho, como também, incentivar a cultura e projetos sociais.
Destacam-se alguns projetos, como: a) Projeto Geladeira de Livros: Visa incentivar o
gosto e acesso à leitura em espaços públicos. Utiliza geladeiras velhas que estão
em desuso como deposito de livros; b) biblioteca comunitária: busca incentivar a
abertura de bibliotecas comunitárias em bairros; c) Projeto Feira de Troca de Livros
e Gibis: visa dar acesso fácil ao livro e incentivar o gosto à leitura. Mais de 700 livros
são disponibilizados aos frequentadores da Feira, com destaque para literatura e
livros infantis. Tem como público alvo: crianças, jovens e adultos (ONG INSTITUTO
ACERVO, 2019).

Serviço Social Autônomo (Servas): é uma ONG que atua em parceria com
poderes públicos e privados no fomento as políticas sociais. Destaca-se o projeto
“Roda de Leitura” realizado em parceria com outra ONG, a Associação Cultural
Sempre um Papo, o Governo do Estado de Minas Gerais e a Academia Mineira de
Letras que incentivam o hábito da leitura em presídios de Minas Gerais. O programa
propõe a leitura de um livro por mês durante um ano aos presos. É prevista a
remissão da pena de acordo com a quantidade de livros que os detentos lêem. Ou
seja, cada detento tem um limite de 12 obras por ano, o que equivale no máximo 48
dias a menos preso. O projeto do Servas busca estimular o interesse dos internos
em se reinserir na sociedade e torná-los cidadãos críticos e, por conseqüência, a
não reincidência ao crime (SERVIÇO NACIONAL AUTÔNOMO, 2019).

Associação Cultural Sempre Um Papo: foi criada em 1986, é uma ONG


voltada para políticas públicas de incentivo à leitura. É reconhecida como um dos
programas culturais de maior credibilidade do país, atingindo cerca de 30 cidades,
inclusive, cidade fora do Brasil, como, Madri, Espanha. Além de contar com a
adoção, qualificação e melhorias das bibliotecas comunitárias, destacam-se alguns
projetos: “Sempre Um Papo Comunidade”, destinado a cidades do interior, convida
escritores para falar sobre temas de interesse dos moradores. Abre espaço para a
divulgação de novos escritores que encontram no projeto a oportunidade de se
projetar na mídia e conquistar o público. “Sempre Um Papo Nos Bairros”, voltado
para regiões carentes de atrações socioculturais. De segunda a quarta-feira, um
mesmo escritor visita três bairros da cidade para falar sobre temas de interesse dos
moradores (ASSOCIAÇÃO CULTURAL SEMPRE UM PAPO, 2019).
Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ): criada em 1968, na
cidade do Rio de Janeiro, é uma entidade de pessoa jurídica de direito privado de
âmbito nacional. Corresponde uma seção do órgão (Espanha) International Boardon
Books for Young People (IBBY) (Conselho Internacional sobre Livros para Jovens,
órgão consultivo da UNESCO, com funcionalidade em 1988 e atuante até os dias
atuais no Brasil). A FNLIJ foi instituída pelas entidades: Associação Brasileira do
Livro, Sindicato Nacional dos Editores de Livros, Associação Brasileira de Educação,
Câmara Brasileira do Livro, Sindicato das Indústrias Gráficas do Estado do Rio de
Janeiro, União Brasileira de Escritores e Centro de Bibliotecnia. Contou com o apoio
do MEC e mudou-se para o seu prédio onde permanece até hoje, no Palácio da
Cultura Gustavo Capanema (FUNDAÇÃO NACIONAL DO LIVRO INFANTIL E
JUVENIL, 2019).
A FNLIJ vem há mais de 40 anos prestando importantes serviços ao país,
beneficiando as crianças e jovens, já que, no âmbito municipal, estadual ou federal,
nenhuma ação ou órgão tem a abrangência de suas funções e atividades. Mantém-
se com recursos de contribuições mensais de seus mantenedores - empresas ou
pessoas físicas - em sua maioria editores de livros infantis e juvenis. Além disso,
desenvolve projetos em parceria com instituições privadas e públicas. A FNLIJ foi
pioneira no país em projetos de estímulo à leitura, ao beneficiar crianças e jovens
que não têm acesso (FUNDAÇÃO NACIONAL DO LIVRO INFANTIL E JUVENIL,
2019).
Destacam-se alguns projetos de leitura: “Salão FNLIJ do Livro para
Crianças e Jovens”: esse evento reúne todos os anos cerca de 30 mil crianças e
adolescentes para atividades de promoção de leitura; “Seminário FNLIJ de
Literatura Infantil e Juvenil”: com apoio do Instituto Ecofuturo, a FNLIJ realiza um
seminário sobre Literatura Infantil e Juvenil para professores, educadores e
especialistas. “Natal com Leituras na Biblioteca Nacional”: é uma parceria da
FNLIJ com a Fundação Biblioteca Nacional e o Instituto C&A. O projeto promove a
leitura e a doação de um livro para cada criança e jovem participante do evento;
“Caravana da Leitura Monteiro Lobato”: encontros e mesas-redondas com
autores da literatura infantil e juvenil para um público de educadores e bibliotecários;
“Literatura para Crianças e Jovens no Brasil”: a FNLIJ tem em seu acervo cerca
de 42 mil livros. Em 2007 iniciou um projeto para divulgar via internet a informação
sobre títulos de literatura infantil e juvenil; “Prêmio FNLIJ”: Em 1974, a FNLIJ
iniciou a sua premiação anual, com o Prêmio FNLIJ - O Melhor para Criança,
distinção máxima concedida aos melhores livros infantis e juvenis; “Concursos
FNLIJ”: têm o intuito de promover a leitura e os livros de qualidade, divulgando
experiências bem sucedidas sobre leitura e literatura com crianças e jovens de todo
o Brasil; “Concurso FNLIJ Melhores Programas de Incentivo à Leitura junto a
Crianças e Jovens de todo o Brasil”: criado em 1994, com o objetivo de valorizar
o empenho de pessoas e entidades engajadas em iniciativas de promoção da leitura
e divulgar suas ações; “Concurso Leia Comigo!”: iniciado em 2002, é dirigido a
adultos, pais, professores, educadores, que queiram relatar uma experiência com a
leitura compartilhada dirigida às crianças e aos adolescentes; “Concurso FNLIJ
Tamoios de Textos de Escritores Indígenas”: concurso dirigido a autores
indígenas ou autores que possuam alguma filiação indígena; “Concurso FNLIJ
Curumim - Leitura de Obras de Escritores Indígenas”: concurso dirigido a
adultos que trabalham com a promoção de obras literárias de autoria indígena;
“Bibliotecas Comunitárias Ler é Preciso!”: o Projeto visa implantar bibliotecas em
locais poucos desenvolvidos, disponibilizando acervo, cursos de formação de
pessoal e programa para gestão das obras; “Curso Leitura, Literatura e Formação
de Leitores”: tem como objetivo contribuir para a formação leitora dos professores
para atuar na formação de novos leitores e usuários da cultura escrita, além de
valorizar o espaço da biblioteca nas escolas públicas; “Seminário Prazer em Ler de
Promoção de Leitura”: o objetivo do programa Prazer em Ler é promover a
formação de leitores é desenvolver o gosto pela leitura; “Feira do Livro de
Bolonha, Itália”: desde 1974, a FNLIJ organiza a presença brasileira na Feira de
Bolonha, na Itália, o mais concorrido evento no setor da produção editorial mundial
de literatura infantil e juvenil; “VII Momento Literário em Barra Mansa, RJ”: a
FNLIJ, desde 2006, participa deste projeto, organiza palestras para educadores e
programação dos espaços de atividades para as crianças e jovens, com a presença
de escritores, ilustradores e suas obras; “Biblioteca Infantil e Juvenil Maria
Mazzetti”: em 1979, foi criada esta biblioteca nos jardins da Casa de Rui Barbosa,
no Rio de Janeiro. Até 1982, a biblioteca teve suas atividades coordenadas
voluntariamente pela equipe da FNLIJ, que tratou os livros e desenvolveu atividades
com as crianças. Atualmente, a administração é feita pelo Governo Federal
(FUNDAÇÃO NACIONAL DO LIVRO INFANTIL E JUVENIL, 2019).
2 POLÍTICAS DE ACESSIBILIDADE E DE INCLUSÃO NAS ÁREAS DE LEITURA,
LITERATURA E BIBLIOTECAS

A discussão sobre leitura e formação de leitores no Brasil é constante, não


obstante corriqueiramente há convicções de que o brasileiro não lê, segundo uma
pesquisa realizada pelo Ibope e encomendada pelo Instituto Pró Livro (2018) sobre
retratos da leitura no Brasil, 44% da população Brasileira não lê e 30% nunca
comprou um livro. A leitura é um ato de cidadania, pois de acordo com as palavras
de Petit (2008, p.101 apud OLIVEIRA E PRADOS, 2015, p. 99)

A leitura contribui no exercício da cidadania nos seguintes aspectos:


acesso ao conhecimento, apropriação da língua, construção de si
mesmo, extensão do horizonte de referência, desenvolvimento de
novas formas de sociabilidade, entre outros, as leituras também
podem proporcionar “os prazeres da regressão” e que alguns textos
“apenas nos distraem”.

De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística


(IBGE, 2010) 23,9 % dos brasileiros tem algum tipo de deficiência, o equivalente a
45.606.048 milhões de pessoas, sendo que destas 18,8% deficiente visual, 7%
deficientes motores, 5,1% possuem deficiência auditiva e 1,4 % possuem deficiência
mental ou intelectual. Tendo em vista a realidade do nosso estado, Maranhão,
existem cerca de 1.624.000 pessoas com deficiência sendo desse total, 256 mil
localizados na ilha de São Luís, maior parte dessas pessoas vivem em estado de
pobreza, discriminação e violência (ESTADO, 2013). 

A leitura, literatura e bibliotecas precisam ser espaços acessíveis a todos os


tipos de pessoas, a informação não deve ser obsoleta ou selecionada apenas para a
camada alfabetizada e informatizada da sociedade, mas a leitura deve ser
democratizada, e alcançar também todos aqueles que por algum motivo estão
privados do direito de ler ou até mesmo de frequentar espaços onde se disponibiliza
a leitura, literatura e a informação.

A acessibilidade é fundamental e imprescindível para o processo de inclusão,


significa ter o acesso em todas as dimensões sociais incluindo a pessoa com
deficiência tanto na natureza atitudinal, linguística, pedagógica e também no uso de
informações, produtos e serviços. Tudo o que pode ser utilizado como recursos e
serviços para contribuir para proporcionar, ampliar e promover a inclusão de
pessoas com deficiência.

O Brasil a partir do final do século XX, na década de 80, vem desenvolvendo


politicas públicas voltadas para o livro, leitura, literatura e bibliotecas. Em 1988 foi
criada a fundação Pró – Leitura vinculada ao Ministério da Cultura e ligadas ao
Instituto Nacional do Livro no governo do então Presidente Fernando Collor de
Mello, desde então a Fundação Biblioteca Nacional passou a coordenar as
atividades voltadas para livro, leitura e bibliotecas dessas organizações.

De acordo com a Constituição Brasileira é assegurado direito a leitura para


todos, todos devem ter acesso aos livros como veículos de conhecimento, inclusive
para pessoas com qualquer tipo de deficiência e Necessidades Educacionais
Especiais, para isso o Estado se coloca como promotor dos direitos individuais e
sociais por meio das políticas públicas de inclusão das minorias e dos mais
vulneráveis, como afirma a Lei 10.753 criada em 2003 pelo então Presidente Luís
Inácio Lula da Silva, que institui a Política Nacional do livro, onde trata de questões
especificas voltadas para a difusão, editoração, distribuição e comercialização do
livro, em seu Art. 1 menciona ser o livro como “[...]meio principal e insubstituível da
difusão da cultura e transmissão do conhecimento, do fomento à pesquisa social e
científica, da conservação do patrimônio nacional, da transformação e
aperfeiçoamento social e da melhoria da qualidade de vida [...]” (BRASIL, 2003, não
paginado), e sendo o estado o responsável por “assegurar ao cidadão o pleno
exercício do direito de acesso e uso do livro [...]”. (BRASIL, 2003, não paginado).

A leitura é um direito universal, assegurado para todos os brasileiros incluindo


os deficientes, esse direito deve ser exercido, incentivado e proporcionado pelo
Estado. Segundo o decreto 6. 949, de 25 de agosto de 2009, no seu artigo 21 as
pessoas com deficiência têm direito de acesso à informação e comunicação:

Os Estados Partes tomarão todas as medidas apropriadas para


assegurar que as pessoas com deficiência possam exercer seu
direito à liberdade de expressão e opinião, inclusive à liberdade de
buscar, receber e compartilhar informações e idéias, em igualdade
de oportunidades com as demais pessoas e por intermédio de todas
as formas de comunicação de sua escolha, conforme o disposto no
Artigo 2 da presente Convenção, entre as quais: a) Fornecer,
prontamente e sem custo adicional, às pessoas com deficiência,
todas as informações destinadas ao público em geral, em formatos
acessíveis e tecnologias apropriadas aos diferentes tipos de
deficiência; (BRASIL, 2009, não paginado)

Vemos ainda esse embasamento na lei 13.146 de 6 de julho de 2015 onde


diz, que o poder público deve garantir à pessoa com deficiência o direito de acesso à
leitura, informação e comunicação, incentivando a produção, comercialização e
distribuição de livros em formatos acessíveis, e as bibliotecas com o dever de:

1º Nos editais de compras de livros, inclusive para o abastecimento


ou a atualização de acervos de bibliotecas em todos os níveis e
modalidades de educação e de bibliotecas públicas, o poder público
deverá adotar cláusulas de impedimento à participação de editoras
que não ofertam sua produção também em formatos acessíveis
(BRASIL, 2015, não paginado).

Em 2010, foi criado o Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) que tem por
objetivo central:
Assegurar e democratizar o acesso à leitura e ao livro a toda
sociedade, com base na compreensão de que à leitura e a escrita
são instrumentos indispensáveis na época contemporânea para que
o ser humano possa desenvolver plenamente suas capacidades, seja
individual ou coletivamente (BRASIL, 2010, não paginado)

Dentre os objetivos o PNLL, para serem alcançados a curto, médio e longo


prazo está o objetivo de:
Assegurar o acesso a pessoas com deficiência, conforme
determinações da legislação brasileira e dos imperativos conceituais
e objetivos expressos no amplo direito à leitura para todos os
brasileiros contidos neste Plano (Brasil, 2010)

As ações do PNLL são “implementadas de forma a viabilizar a inclusão de


pessoas com deficiência, observadas as condições de acessibilidade .” (BRASIL,
2010, não paginado)

Diante da legislação exposta fica nítido a existência de um diálogo com


discussões sobre acesso à informação, leitura e cidadania pois esses três pilares se
complementam, pois quando os indivíduos não tem acesso nem a leitura e nem a
informação se torna difícil formar uma homogeneidade na cidadania de fato e de
direito.

Dentro dessas perspectivas, vamos nos ater a falar somente de dois projetos
desenvolvidas no Brasil voltadas para Acessibilidade a leitura, literatura e
bibliotecas.

O projeto Acessibilidade em Bibliotecas Públicas lançado em 2013, é uma


iniciativa do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP), da Diretoria de Livro,
Leitura, Literatura e Bibliotecas (DLLLB) do Ministério da Cultura (MinC).Esse projeto
visa ampliar e qualificar dez (10) bibliotecas públicas espalhadas em todo o Brasil,
dentre elas se encontra a Biblioteca Pública Benedito Leite, esse empreendimento e
tem por objetivo:

[...] contribuir para o debate e a formulação de políticas públicas de


inclusão nestes equipamentos culturais, em conformidade com
o marco político e legal dos direitos das pessoas com deficiência no
país e em consonância com os acordos internacionais da área.
(ACESSIBILIDADE EM BIBLIOTECAS, não paginado)

Outra importante iniciativa em relação a politicas públicas voltadas para a


inclusão é o projeto Diálogos para inclusão, foi idealizado e desenvolvido pelo
Instituto Diversitas Soluções Inclusivas em parceria com a SP leituras e outras
instituições, surgiu com o intuito de contribuir junto as bibliotecas públicas e
comunitárias de regiões menos favorecidas o acesso aos temas de inclusão,
valorização da diversidade e acessibilidade, assim como auxiliar na elaboração de
ações e desenvolvimento de ações inclusivas nas referidas bibliotecas.
3 POLÍTICAS DE FOMENTO A LEITURA NO MARANHÃO
O saber ler e escrever são fatores essenciais para a inserção do indivíduo na
sociedade, para que este venha efetivar de fato seu espaço de direito e interferir em
sua realidade, tendo em vista que o ler vai além do decifrar símbolos, ou seja, ler
requer ressignificar a mensagem recebida, ação que não é efetivada por um
percentual significativo dos brasileiros, índice que se acentua quando se trata da
região nordeste na qual se encontra o Maranhão.
De acordo com Ferreira (2017, n. p.)
Ler e compreender o texto escrito implica em um conjunto de fatores
cujas dimensões sociais, culturais e políticas são arcabouços para a
formação de referenciais que levam os homens e mulheres a se
relacionarem e construir capacidades de mudar situações e de
explicitar sua opinião e saberes sobre diferentes temas.
Nesse contexto deve se pensar a leitura como parte de um projeto político de
qualquer Nação que vise transformar as relações sociais, devendo considerar o livro
e a leitura “como instrumentos primordiais para efetivar mudanças que leve a
formação de cidadãos e cidadãs” contribuindo assim para alavancar os indicadores
“que se traduzirão em mudanças na realidade das cidades e municípios.”
(FERREIRA, 2017, n. p).
Pesquisadores ligados a Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
motivados pela preocupação com a leitura e a formação de leitores no Estado, tem
desenvolvido estudos a fim de mapear o impacto que a falta de políticas de incentivo
à leitura podem trazer para a sociedade maranhense. Dentre esses estudos o
“Retrato da Leitura no Maranhão” desenvolvido por pesquisadores ligados a
instituição é o que mais se destaca. Na última década foram estudadas Bibliotecas
Públicas e Escolares em diversos municípios do estado a fim de analisar como estas
instituições estão sendo construídas e como estão implementando programas de
incentivo à leitura com o objetivo de formar leitores.
De acordo com Martins, Pinto e Santos (2015, p. 2) “Em questões
comparativas, com relação a investimentos, melhoria na educação, saúde,
infraestrutura ou mesmo otimização em relação às políticas públicas, o Maranhão,
[...], figura como um dos estados mais pobres do Brasil [...].”. Estatísticas
apresentadas pelo IBGE em 2019 referente 2017-2018, apontam que o Maranhão
obteve o terceiro pior resultado do país, com 16,3% de pessoas acima de 15 anos
não sabem ler nem escrever. Os três estados com mais analfabetos são: Alagoas
(17,2%), Piauí (16,6%) e o Maranhão (16,3%) (BRASIL, 2018). Segundo o Índice
Nacional de Alfabetismo Funcional (Inaf), 30% de pessoas com mais de 15 anos são
analfabetas funcionais no país. (INSTITUTO PAULO MONTENEGRO, 2019).
Para Ferreira, 2010, Martins, Pinto e Santos, 2015 ao analisar as ações de
governo no estado voltadas para a área de cultura e incentivo à leitura nas últimas
três décadas é evidente que durante a gestão de João Castelo (1978), Luiz Rocha,
(1982) Cafeteira (1986), João Alberto (1989) Edson Lobão (1993) Roseana Sarney
(1994- 2002) e José Reinaldo (2002-2006) foram desenvolvidas políticas com foco
na cultura e para as bibliotecas, porém é perceptível que a descontinuidade dessas
políticas se reflete na gestão dos órgãos fomentadores de cultura.
Essa descontinuidade fica evidente ao analisarmos os programas ligados ao
Plano Nacional do Livro e Leitura – PNLL, plano criado em 2006 durante o Governo
Lula. O qual de acordo com Martins, Pinto e Santos (2015, p. 3) é um “ [...] plano de
vital importância para as políticas públicas de cultura para o Livro, Leitura, Literatura
e Bibliotecas que é o principal norteador dos programas e projetos executados no
país.” Dos programas ligados ao PNLL que foram implantados no Maranhão
destacam-se: Pontos de Leitura, Livro Aberto, Proler e Arca das Letras.
3.1 Pontos de leitura
Integra o eixo democratização do acesso à leitura no PNLL e consiste na
conquista de novos pontos para alavancar a leitura no País. O projeto viabiliza
recursos financeiros para a aquisição de acervo, mobiliários e para o auxílio nas
atividades ligadas ao projeto. Podem participar pessoas física ou jurídica privada
sem fins lucrativos, apresentando proposta que atenda o perfil do programa e todos
os requisitos do edital o qual pontua que 70% do acervo deve ser composto por
livros, devendo 5% desse acervo ter formato acessível para portadores de
deficiências. Outro ponto importante é que esse acervo deve contemplar a literatura
regional e/ou estadual.
3. 2 Livro aberto
No Maranhão o programa foi coordenado pela Biblioteca Pública Benedito
Leite, instituição ligada a Secretaria da Cultura e Turismo do Estado. Criado em
2002 só teve sua implementação no Estado em 2005, tendo como principal objetivo
o estimulo a leitura, acesso e difusão do conhecimento cientifico, acadêmico e
literário por meio das Bibliotecas Públicas.
3. 3 Arca das Letras
O Maranhão é um dos estados que apresenta um percentual significativo
quando se trata de pessoas que vivem na zona rural, e foi com o intuito de atender
esse público que foi implementado o programa “Arca das Letras”. Partindo do
objetivo do PNLL que é permitir o acesso a informação a todos, o Ministério do
Desenvolvido Agrário (MDA) criou um programa de criação de bibliotecas rurais que
ficou conhecido como “Arca das Letras” objetivando a democratização e o acesso à
leitura às comunidades da zona rural.
O programa chegou a implantar bibliotecas em aproximadamente 421
comunidades, contemplando “a Baixada Ocidental, Cocais, Vale do Itapecuru, Baixo
Parnaíba, Campos e Lagos, Lenções Maranhenses, Médio Mearim, Alto Turu, e
Gurupi [...], atendendo 38.713 famílias com características diversas que as
classificam enquanto comunidades rurais [...]”. (MARTINS, 2012, p. 359).
3. 4 Proler
Vinculado a Biblioteca Nacional, o Programa Nacional de Incentivo à Leitura
foi instituído em 1992 com o objetivo de incentivar a leitura. No Maranhão o
programa só foi implementado em 1997 onde desenvolveu várias ações das quais
se destacam Caixa Estante, Projeto Ciranda da Arte, Quinzena do livro e Carro
Biblioteca. De acordo com Martins, Pinto e Santos, (2015, p. 5) “O funcionamento do
PROLER se dava por meio da formação voluntária de Comitês que representam
instituições de um ou mais municípios [...]” podendo estes ser representados por
Universidades, Prefeituras e Instituições Culturais e organizações não
governamentais.
A descontinuidade desses programas no estado o levou a um retrocesso no
que tange as políticas de incentivo à leitura, porém novos programas e políticas
objetivando o acesso aos livros e a leitura foram surgindo. No âmbito do poder
público os que mais se destacam são: “Dia de ler. É todo dia! Por um Maranhão de
leitores (Estado) e “Carro biblioteca” (Prefeitura de São Luís), já no âmbito do poder
privado estão o “Bibliosesc” e o “Ilha literária”.
3. 5 Dia de ler. É todo dia! Por um Maranhão de Leitores
A campanha de incentivo à leitura “Dia de Ler. É todo Dia” realizada em todo
o Brasil faz parte da mobilização nacional pela leitura e foi implementada no
Maranhão por meio da Secretaria de Estado da Cultura - SECMA/MA, realizada
através da Biblioteca Pública Benedito Leite - BPBL e instituições parceiras.
Teve sua primeira edição em 2015 cujo tema adotado foi “Dia de ler. É todo
dia! Por um Maranhão de Leitores”, tema utilizado nas demais edições. A Campanha
tem como objetivo celebrar a leitura em todo o Estado, ou seja, despertar na
comunidade maranhense a importância da leitura enquanto instrumento de
transformação social, visando contribuir para a criação de um Maranhão mais leitor.
O programa além da capital maranhense abrange diversas cidades do estado
e conta com a parceria de várias instituições como a Secretaria de Estado da
Educação, Secretaria de Estado da Juventude, Instituto de Educação, Ciência e
Educação do Maranhão/ Rede de Bibliotecas Bandeira Tribuzzi, Curso de
Biblioteconomia da UFMA, Conselho Regional de Biblioteconomia 13ª Região,
Academia Ludovicense de Letras, Casa de Cultura Josué Montello, Fundação da
Memória Republicana Brasileira, Museu Histórico e Artístico do Maranhão,
Secretaria Municipal de Educação de São Luís/Coordenação do Livro Infantil e
ensino Fundamental, Rede de Bibliotecas Comunitárias Ilha Literária, Biblioteca
Pública Municipal de São Luís, Academia de Ciências, Letras e Artes de Itapecuru
Mirim (CAMPANHA... 2019, n. p.).
Nos municípios a campanha é realizada por meio de bibliotecas participantes
do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas - SEBP, como Bibliotecas Públicas
municipais e Bibliotecas Faróis dos Saberes. Entre as atividades realizadas durante
a campanha estão contação de histórias, oficinas, inserções literárias, lançamento
de livros, conversa com escritores, declamação de poesias, cordéis, entre outras,
sempre tendo o livro literário como fonte maior de inspiração.
3. 6 Carro Biblioteca
De forma itinerante, os Carros Bibliotecas levam acervo de livros e
desenvolvem ações de incentivo à leitura e momentos de contação de histórias para
crianças da Educação Infantil e Fundamental da rede pública. O projeto iniciou suas
atividades em São Luís em 1995, coordenado pela Secretaria de Educação
(Semed), tendo como objetivo promover o incentivo à leitura entre crianças e
adolescentes. 
Durante a gestão do prefeito Edivaldo Holanda Jr. (2012-2014) o projeto
ganhou reforço, os veículos foram reformados, através da extensão, as ações
passou a atender a área da educação infantil, se configurando em um grande
diferencial nas atividades de incentivo à leitura desenvolvida pela prefeitura. 
O Carro Biblioteca atua de forma itinerante nas escolas da rede
municipal e segue uma programação específica de visitas
promovendo rodas de leitura, contação de histórias e brincadeiras
com as crianças. Nas datas comemorativas, a atuação é
intensificada, com uma programação específica. O veículo também
atende à comunidade em geral, mediante solicitação prévia.
(PREFEITURA..., 2014, n. p.).

3. 7 BiblioSesc
Criado para facilitar o acesso à leitura o projeto já está presente em várias
cidades brasileiras, dentre elas São Luís, onde teve suas atividades iniciadas em
2008, tendo como objetivo oportunizar a leitura acessível em locais em que há
ausência de bibliotecas. 
[...] esse serviço é realizado através de uma biblioteca volante,
instalada em um caminhão baú equipado com prateleiras para
guarda e exposição de livros, oferecendo à população um acervo de
três mil títulos. A BIBLIOSESC oferece desde periódicos (jornais e
revistas) e gibis, a livros didáticos, romances, ficção e literatura
infantil, literatura brasileira, literatura estrangeira traduzida para o
português. (BRITO, E. M. S. et. al., 2010, p. 6).
São selecionadas 16 comunidades onde a cada dia uma será visitada pelo
projeto. A BiblioSesc funciona das 9h às 15h, nesse intervalo os moradores/usuários
da comunidade contemplada poderão visitar, emitir a carteira da biblioteca e solicitar
empréstimo das obras do acervo, tendo um espaço de até duas semanas para
devolvê-lo.
3. 8 Rede de Bibliotecas Comunitárias Ilha Literária
A Rede de Bibliotecas Comunitárias Ilha Literária surge a partir da
aproximação do polo “Ler pra Valer” com o polo “Terra das Palmeiras”, ambos
apoiados pelo programa “Prazer em Ler” do Instituto C&A. Esses dois coletivos
tinham como principal objetivo o incentivo à leitura nos bairros que se encontravam
localizados. O “Ler Pra Valer” surge a partir da união da Ilha Literária com outras
instituições que também tinham como objetivo promover a leitura, tendo como marco
a criação do “Fórum Estadual do Livro e Leitura do estado do Maranhão em 2011.”
(MA..., [201-], n. p). Em outra região da cidade estava o coletivo “Terra das
Palmeiras”, formado por pessoas e instituições que atuavam na área de projetos de
incentivo à leitura.  
Inicialmente essas redes davam assistência a região do Coroadinho e Cidade
Operária, ampliando mais tarde os serviços para outras regiões. De acordo com
MA... ([201-], n. p).
Os dois grupos de bibliotecas trabalharam juntas no resgate das
articulações do Fórum Estadual do livro e Leitura e na luta de
incidência em políticas públicas por dois anos. Muita coisa aconteceu
nesse período: audiências públicas, abraço literário, assinatura de
carta compromisso por vereadores, secretários e prefeito, eleição
dos representantes da sociedade civil para composição da comissão
de elaboração do PMLLLB [Plano Municipal do Livro, Leitura,
Literatura e Bibliotecas], juntamente com o Fórum e demais
parceiros.
União que culminou no ano de 2017 na formação da rede de Bibliotecas
Comunitárias Ilha Literária - Rede de Bibliotecas Comunitárias de São Luís.
COSIDERAÇÕES FINAIS

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Acesso em 11 jul. 2019.

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