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GUARAPUAVA
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2019
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GUARAPUAVA
2019
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Resumo:
O seguinte trabalho, busca uma possível semelhança entre o Nada de Parmênides e o Nada
de Martim Heidegger, analisando-os, e buscando uma possível semelhança. Parmênides,
grande filósofo pré-socrático, trata do problema do nada, tendo como base em seus
fragmentos do seu livro “Da Natureza”. Pesquisaremos a sua concepção de ser e de não-
ser, para sabermos como ele trada da questão. Quando ao Nada em Heidegger, iremos
analisar o que este é, como ele se desvela na angustia, e como a sua força nadificadora
nadifica o ente, e o suspende, revelando-se como um critério de possibilidade de implicar o
ser-aí, e assim superar o mal da modernidade, a crise do Sentido, que acaba por levar o
homem ao niilismo.
SUMÁRIO
1-INTRODUÇÃO...........................................................................................1
2- O NADA DE PARMÊNIDES.....................................................................2
3- O NADA DE HEIDEGGER........................................................................5
4- CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................16
5- REFERÊNCIAS.........................................................................................17
1
1. INTRODUÇÃO
2. O NADA DE PARMÊNIDES
opinião, e do mundo das coisas e dos sentidos, é o caminho do não ser, pois o que
não é não existe, não pode ser pensado nem, portanto, dito, sendo este um caminho
ilusório. E quanto ao conhecimento, não pode haver do que não seja, que
consequentemente não seja conhecimento, como exposto abaixo:
Neste fragmento também podemos ver as três grandes regras da lógica, que
Aristóteles irá formular como as fundamentais, que são a de identidade, de não
contradição e do terceiro excluído, como exposto abaixo:
1- Princípio de Identidade: A é A;
2- Princípio de não contradição: é impossível A é A e não-A ao mesmo tempo;
3- Princípio do terceiro excluído: A é x ou não-x, não há terceira possibilidade.
Tais regras, que são o fundamento da lógica até hoje, serão mais tarde base
do silogismo aristotélico, utilizado como uma ferramenta lógica para analisar se os
argumentos, utilizados nas premissas e a coerência de sua conclusão.
Para Parmênides, há identidade entre dizer e pensar, e que este último é
quem nos leva a possibilidade de pensar o ser, porém, pensar no nada leva ao
caminho do que não-ser, porque não pode nem ser pensado e nem dito. O nada,
para o autor, tem identidade com o não-ser, e acaba recebendo toda a carga
ontológica negativa deste. Este nada, assim como o não ser, é inacessível, já que
não é, e sendo assim nunca pode ser nem pensado nem falado, por isso torna-se
objeto inexistente e indisponível para o pensamento. Segundo Samuel Gonçalves
Há também, neste fragmento, a questão das três vias, sendo a via do ser, que
a via da razão, a do não ser que leva ao nada, e a terceira que é a via que os dois
caminhos são tratados como o mesmo, ao qual a deusa pede para que o jovem
também se afaste. Porque, segundo ele, os não sábios encontram-se atordoados
por acreditam que os dois sejam o mesmo, estão confiando no que não é possível, e
segundo o as regras lógicas, já comentadas, não há a possibilidade de um terceiro
caminho em que os dois são o mesmo. Somente quem tem a capacidade de refletir,
com auxílio da razão, sobre os dois, e conhece que o caminho do ser é contrário ao
do não-ser, pode, de forma acertada, saber qual é o caminho confiável a se seguir.
Quanto ao nada, ele tem identidade com o não-ser, e acaba recebendo toda a
carga ontológica negativa deste. Para o autor, há impossibilidade de qualquer forma
de existência dele, porque não se pode falar, logo nem na linguagem deve existir,
nem pensar, pois já que há identidade entre ser e pensar, não se pode pensar sobre
o que não é, pois:
3 GARRIDO, 2017.
4 Ibidem, p. 8.
5 PARMÊNIDES, 2009. Pag. 21.
5
9 Ibidem, p. 36.
8
A ciência nada quer saber do nada. Mas não é menos certo também
que, justamente, ali, onde ela procura expressar sua própria essência,
ela recorre ao nada. Aquilo que ela rejeita ela leva em consideração.
Que essência ambivalente se revela ali?11
10 Ibidem, p. 36.
11 Ibidem, p. 36.
12 Ibidem, p. 37.
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em um ente, coisa que ele não é. Seguir neste caminho torna impossível pensar e
elaborar uma questão sobre o nada. A lógica aristotélica cria um grande entrave,
mas, ainda sim, a negação é um ato do entendimento, e o não, negação, é menos
originário que o nada enquanto negação da totalidade do ente, que antecede essa
negação. Outra forma de possibilitar a problematização sobre o nada é que é
possível questioná-lo e, como o nada pode e deve ser questionado, deve haver um
caminho para isso e ele deve se manifestar de algum modo.
Segundo o autor, para pressupor a busca por algo, temos que primeiramente
antecipar a existência do mesmo, questionando se há como antecipar algo em
quando se busca encontrar. Na maioria dos questionamentos que fazemos, temos
um algo a questionar, pressupondo algo que será questionado, problematizado, para
que possamos enfim tentar responder.
13 Ibidem, p. 38.
10
A totalidade do ente deve ser previamente dada para que possa ser
submetida enquanto tal simplesmente à negação, na qual, então, o
próprio nada se deverá manifestar.14
Nessa busca pelo nada do que seja ente, dessa experiência fundamental do
nada, o autor discorre sobre a limitação de compreendermos a totalidade do ente em
si, mesmo que nós estejamos postados em meio ao ente.
O Ser-aí está preso a um domínio de entes determinados. Há uma espécie
de abandono de si, onde o homem, ao empreender uma busca para compreender o
ente em sua totalidade, não se ocupa propriamente das coisas que o cercam ou de
14 Ibidem, p. 38.
15 Ibidem, p. 38.
11
3.2. ANGUSTIA
16 Ibidem, p. 38.
17 Ibidem, p. 39.
12
não apenas tem o caráter de indeterminação, com respeito a algo que venha a nos
angustiar, mas a essencial impossibilidade de determinação, porque:
O nada presente nessa angustia não é nem a destruição do ente, nem tem
origem de uma negação. A rejeição, que afasta o ente na angústia é “um remeter
(que faz fugir) ao ente em sua totalidade que desaparece”. Assim, o nada é
essencialmente nadificante, já que a essência do nada é a nadificação, que conduz
o ser-aí para o vazio, o que se dá por meio daquele sentimento da angústia.
O ser-aí, na angustia, se vê desligado, suspenso, de toda a relação com o
ente, na medida em que está no nada do que é ente. E por isso, nessa situação, o
ser-aí tem a revelação do ente enquanto tal para o ser-aí, pois: “se o Ser-aí não
estivesse suspenso no previamente dentro do nada, ele jamais poderia entrar em
relação com o ente e, portanto, também não consigo mesmo” 22
18 Ibidem, p. 40.
19 Ibidem, p. 40.
20 Ibidem, p. 40.
21 Ibidem, p. 41.
22 Ibidem, p. 41.
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O autor considera que mesmo quando nos dirigimos e nos ocupamos com o
ente, de fato, é nosso conhecimento prévio do nada que nos faz fugir do nada em
direção ao ente. Por um lado, ao voltamo-nos para o ente nos afastamos ainda mais
do nada. Mas por outro lado, ainda que com ambiguidade, e esse afastar-se em
mais estamos suspensos no nada, pois o nada nunca para de nadificar, sendo
assim: “Ele, o nada em seu nadificar, nos remete justamente para o ente. O nada
nadifica ininterruptamente sem que nós propriamente saibamos algo desta
nadificação pelo conhecimento no qual nos movemos cotidianamente.” 23
Não existe uma oposição entre o ente e o nada, porque este se revela como
pertencente ao ser do ente, porém, para que se manifeste é necessário o critério de
possibilidade do ser-aí suspenso dentro do nada devido à própria relação do ser
com o ente.
Esta “suspensão do ser-aí no nada originário pela angustia escondida
transforma o homem no lugar-tenete do nada,” 24 pois nossa finitude não nos deixa
chegar diante do nada por vontade própria, e a “finitização escava as raízes do ser-
aí que a mais genui e profunda finitude escapaà nossa liberdade.” 25
Mas será que este nada, ao qual o ser-aí está suspenso, e que só se desvela
na angustia, não seria um sinal de um niilismo, pois, segundo o filósofo Henrique
Cláudio de Lima Vaz26, a modernidade vive uma crise acerca da noção de Sentido, e
a lógica dessa é o reflexo do que vivemos na contemporaneidade, um período de
violência e de morte, o que pode nos parecer angustiante, e ela é fruto de uma
liberdade, que:
23 Ibidem, p, 41.
24 Ibidem, p. 42.
25 Ibidem, p. 42.
26 VAZ, 1994.
27 Ibidem, p. 13.
14
28 Ibidem, p. 13.
29 WARSCHAUER, 2011, p. 3.
15
Mas onde é que reside mesmo e opera o Niilismo? Lá, onde se aferra
e agarra ao ente corriqueiro e se pensa que basta, como se tem feito
até agora, tomar o ente assim como tem sido. Desse modo, porém,
se repele a questão do Ser e se trata o Ser como um Nihil, um Nada,
o que sem dúvida de certo modo, ele também é, enquanto se
essencializa. Ocupar-se e afanar-se tão só do ente, esquecendo o
Ser, eis o Niilismo. É esse Niilismo, que Nietzsche expôs no primeiro
livro da “Vontade de Potência”.
Agora, na questão do Ser chegar expressamente até às raias do
Nada e incluí-lo na investigação do Ser é, ao contrário, o primeiro e
único passo fecundo para uma verdadeira superação do Niilismo. 31
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
30 Ibidem, p. 22.
31 Ibidem, p. 22, apud. HEIDEGGER, 1966, p. 291.
32 HEIDEGGER, 1983, p. 41.
16
Após as leituras dos textos, que são a base deste, consideramos que o nada
possui identidade com o não-ser, que segundo o filosofo de Eléia não é, e por causa
de sua regra de não contradição, não pode ser relacionado com o. Este nada, ao
qual nada surge, é o reflexo do não-ser, que é o caminho do movimento das coisas,
das opiniões, e que, para o autor, nem deve ser pensado, nem dito, pois ao fazê-lo
precisamente na angustia, pois assim está fora de se render aos critérios da lógica,
ao qual a ciência, que dele sempre fala, mas dele não faz questão de saber.
nadificadora para envolver, e suspender o ente, não como a totalidade do ente, mas
o ser-aí, que com essa força natificante, que serve como critério de possibilidade,
4. REFERÊNCIAS
GARRIDO, S. G.. Reflexões sobre o nada e o não ser. 2017. 65 f. Trabalho de Conclusão de
em: <http://bdm.unb.br/bitstream/10483/20539/1/2017_SamuelGoncalvesGarrido_tcc.pdf>
VAZ, H. C. de Lima. Sentido e não sentido na crise da modernidade. In Sístese Nova Fase,
Belo Horizonte, v.21, n°. 64, jan-mar, (1994):p. 5-14. Disponível em:
maio de 2019.
<https://www.academia.edu/36839216/HEIDEGGER_E_O_NADA_A_nadifica
de abri de 2019.