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NOTAS SOBRE A TAYLORIZAÇÃO

SOVIÉTICA DO TRABALHO
Glauco Arbix
Universidade Estadual de Campinas

RESUMO
O artigo analisa a introdução dos métodos de organização do trabalho elaborados por Taylor nasfábricas
da União Soviética, no período de Lênin. As adaptações soviéticas do taylorismo criaram um sistema de
produção baseado na estrita vigilância do trabalho e do trabalhador, marcando de forma profunda toda a
industrialização da URSS. A disciplina no trabalho, o controle, a ausência de mecanismos de expressão dos
trabalhadores — prolongamento nas fábricas do regime social e político totalitário — sufocaram toda
possibilidade de geração de uma forma nova de produzir. Além de comprometer no médio prazo a
produtividade e a qualidade de todo o sistema.
PALAVRAS-CHAVE: União Soviética; métodos de trabalho; taylorismo; disciplina; autonomia; controle.

I. INTRODUÇÃO de um sistema auto-centrado, que reproduzia as


No final de 1993, praticamente toda a diretrizes industriais determinadas pelo Estado.
indústria automobilística da ex-União Soviética Em sua adolescência e maturidade, construíram-
havia sido privatizada. Seus novos proprietários, se como um oligopólio, beneficiadas pelos
porém, em grande parte comunistas de velha contornos de um mercado cativo, cuja demanda
cepa, não haviam deixado de freqüentar os sempre apresentava-se superior à oferta. Para a
corredores do Kremlin. Faziam-no agora não concepção de sua estrutura organizacional,
mais como membros do Partido, mas como beberam abundantemente das fontes fordistas e
novos capitalistas, preocupados em angariar tayloristas, que acabaram por condicionar toda
benefícios para manter de pé desajeitados a organização do trabalho e da produção, assim
gigantes como a AvtoVAZ, Zil, GAZ, IGeMash como o perfil e a gama de seus produtos.
e a KamAZ. Órfãos recentes do Estado, essas Evidentemente, não foram poucas as tensões
empresas de automóveis exibiam uma forte que percorreram as montadoras soviéticas ao
desorientação estratégica, acentuada pelos longo da sua história. Em um nível macro, pesa­
baixíssimos níveis de produtividade e de ram as inadequações entre a realidade econômi­
qualidade de seus produtos1. ca, social e política e, em especial, o regime de
Com trajetórias semelhantes, as montadoras planejamento centralizado.
russas2 nasceram e desenvolveram-se no interior As estratégias desses complexos industriais
1 A AvtoVAZ, conhecida no Ocidente pela produção sempre foram tributárias do ambiente produtivo
do Lada, controla cerca de 70% do mercado interno e da política definidas pelas autoridades gover­
russo e possui a maior fábrica de automóveis de namentais, sendo que os sindicatos de traba­
passeio do mundo. A AvtoVAZ procurava se vincular lhadores, desprovidos de vida inteligente pró­
à GM norte-americana. A ZIL, fabricante de cami­ pria, raramente destoaram da linha econômica
nhões, se aproximava da Caterpillar e da Kenwoort oficial do Partido Comunista. Em um movimen­
como tentativa de redesenhar seu futuro. Cf., a esse to comum a praticamente todos os setores
respeito, CHANARON, 1995; e BERTONI, 1995. industriais, os sindicatos limitaram sua atuação
2 Com exceção da ucraniana ZAZ — Fábrica de ao encaminhamento de demandas por melhorias
Automóveis de Zaparojets — as demais montadoras no sistema social de benefícios — saúde, apo-
de automóveis foram construídas em território msso.

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sentadoria, oferta de bens de consumo a preços O complexo de Togliatti produziria uma ga­
mais acessíveis, habitação e férias —, assim ma reduzida de modelos, a partir de uma divisão
como à administração de serviços de recreação, extremada das tarefas de montagem, com o
bem distantes, portanto, da definição dos salá­ ritmo do trabalho imposto por suas máquinas e
rios e da mobilidade interna nas fábricas, que com um sistema de controle estrito de tempos e
sempre estiveram fora de seu alcance. movimentos. A matriz fordista, explicitamente
Embora as concepções técnicas e organiza­ reivindicada pelos planejadores governamen­
cionais das montadoras tivessem sido marcadas tais, mesclava-se — e completava-se — com o
pelo fordismo clássico — voltadas, dessa forma, modelo de gestão típico da indústria armamen-
para a produção em massa e para a otimização tista soviética, que se baseava em uma clara e
dos resultados produtivos —, as características profunda distinção entre as diretrizes estraté­
do sistema político e social, que determinavam gicas e as de cunho operacionais.
o ambiente e as relações de trabalho, não com­ Estas, de responsabilidade dos funcionários
portavam modalidades materiais de estímulo aos locais, em sua maioria quadros técnicos, seriam
ganhos de produtividade e, muito menos, de sua permanentemente subordinadas às orientações
repartição entre os trabalhadores. Ou seja, à centrais emanadas dos ministérios de Moscou,
primeira vista não haveria sintonia entre o sis­ como podemos ver abaixo:
tema de remuneração, de inspiração socialista, QUADRO I
e as relações industriais e de trabalho de corte
fordista, que marcaram o capitalismo no século Processo decisório na AvtoVAZ
XX
Área ESTRATÉGIAS OPERAÇÕES
O casamento, no entanto, ocorreu, aumentan­ (Moscou)
do os índices de produtividade econômica, para • Gama de Modelos • Opcionais
então, após os anos 50, apresentar um declínio Concepção • Concepção Veículos • Escolhas Técnicas
constante e irreversível. Nesse movimento, a • Processos • Implantação
industrialização soviética, do seu nascimento à
eclosão da crise dos anos 80, seria marcada pela • Organização Geral • Definição
nítida distinção entre concepção e execução, Produção • Postos de Trabalho
atravessado pela ausência de autonomia na pro­ • Volume Anual • Vol.Diário/Qualidade
dução e, finalmente, desestabilizado pela recor­
rente indisciplina dos operadores, pivôs do regi­ • Make or Buy • Fatura
me fordista-taylorista de trabalho. Compras • Seleção Fornecedor • Relações/Reclamações
A AvtoVAZ, concebida em 1955 para ser o • Modalidades Estoque • Logística
orgulho da indústria nacional de automóveis, • Preço de Compra
começaria a produzir no início dos anos 70 à • % Exportação/Venda • Distribuição
imagem e semelhança da Fiat de Mirafiori3, Venda
quando o crescimento da economia já dava • Mercado Interno
sinais de esgotamento. Anunciada como a mais • Preços
forte tentativa soviética de exibir ao mundo sua Fonte: CHANARON, 1995.
capacidade de produzir bens de consumo durá­
veis, para além da indústria pesada, armamen-
tista e espacial, a fábrica seria instalada em Décadas antes, a GAZ, Fábrica de Automó­
Togliatti, cidade de 750 mil habitantes, e che­ veis de Gorki, seria a grande precursora desse
garia a abrigar nos anos 80 cerca de 140 mil sistema de decisões e de produção na indústria
trabalhadores. de automóveis soviética. Fundada em 1930 por
Stalin, teve sua construção supervisionada
diretamente por Henry Ford em Nijni-Novo-
3 O veículo inaugural seria uma réplica do Fiat 124, gorod. A organização centralizada da empresa
um modelo popular, mas com design]á superado para baseava-se em uma estrutura altamente hierar-
a época.
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quizada e estagnada, seguindo o modelo funcio­ Todos os dispositivos legais — e ilegais — de
nal norte-americano que então encantava os inibição da ação coletiva na sociedade encon­
dirigentes soviéticos pela eficiência produtiva trariam seu prolongamento no espaço fabril,
demonstrada no Ocidente. contribuindo para uma profunda pulverização
Nessa época, a disciplina do trabalho já dos processos de trabalho. As técnicas de con­
aparecia como um pesadelo para os governantes trole de tempos e movimentos desenvolvidas por
soviéticos, fonte permanente de conflitos entre Taylor puderam aparecer, dessa forma, como
a elite dirigente e os trabalhadores; antes, por­ adequadas — e modernas, segundo os dirigentes
tanto, da modorra paquidérmica que marcaria o comunistas — para a otimização dos processos
período Brejnev e que seria destacada pela luta de trabalho.
ideológica contra o Ocidente. Um taylorismo altamente vigiado, e sem
Na verdade, a questão da disciplina ameaçou contar com as instituições de regulação do ca­
as metas oficiais desde praticamente os primór­ pitalismo avançado (negociações, livre-asso-
dios da União Soviética. No período do stalinis- ciativismo, direito de greve e outros) instalar-
mo triunfante, seria um dos principais obstáculos se-ia nos alicerces da industrialização. Mesmo
a obscurecer o brilho do anunciado novo homem assim, a escassa força de trabalho soviética,
soviético, cuja imagem não combinava com o apesar de politicamente castrada e dividida, não
absenteísmo exacerbado, alta rotatividade, alco­ seria completamente compelida — e só par­
olismo e, fundamentalmente, com a instabilida­ cialmente persuadida — a trabalhar com eficiên­
de dos ritmos de trabalho, marcas do desperdício cia. Esse insucesso, de natureza política, além
e da baixa qualidade na produção. de fator de corrosão do planejamento centraliza­
do, alimentaria — e seria alimentado — pela
Como sobreviveria esse sistema? Quais se­ instabilidade crônica da produção industrial e
riam seus custos? pela rede de relacionamentos individualizados
II. TORMENTOS SOCIALISTAS que o taylorismo ensejaria.
Um dos fatores mais significativos que Um dos argumentos fundamentais de Filtzer
esteve na gênese do casamento entre o fordismo (1992), autor de estudos clássicos sobre a indus­
e o produtivismo socialista4 pode ser encontrado trialização da ex-União Soviética, indicou que
na firme disposição burocrático-govemamental esse modo de organizar a produção teria sido
de coibir qualquer forma de oposição real e po­ um fator-chave no delineamento de toda a es­
tencial emanada da sociedade. A hipercentra- trutura industrial e de relações de trabalho,
lização da economia, entendida como ins­ preparando o terreno tanto para a dominação
trumento do sucesso da União Soviética, não stalinista, quanto para o declínio do sistema
permitiria hesitações: a resistência dos campo­ soviético5.
neses contra a coletivização forçada e o ressen­ Ou seja, para além das mistificações oficiais
timento dos operários industriais diante dos — muitas delas veiculadas e aceitas no Ociden­
sacrifícios impostos pela industrialização seriam te, das quais não escaparam imunes os meios
alvos privilegiados da atenção governamental acadêmicos —, a leitura atenta do processo de
desde o período da guerra civil. industrialização soviética seria capaz de revelar
Através do terror político, a sociedade seria uma seqüência ininterrupta de planos e táticas
fragmentada e mutilada em todas as suas ins­
tituições, de modo a preservar, olimpicamente, 5 Estudos recentes sobre o desempenho econômico
o Estado e seu hóspede, o Partido Comunista. do bloco socialista revelaram novos dados
comparativos. Taxa de crescimento econômico dos
países socialistas entre 1950/1959: 4,6; 1960/1969:
4 As origens históricas de todo o sistema de trabalho 3,7; 1970/1979: 2,7; 1980/1988:1,1. Taxa de cresci­
na ex-URSS, apesar da extensão dos estudos reali­ mento dos países avançados (EUA, Alemanha, Itália,
zados, ainda desafiam os pesquisadores e, eviden­ Japão, Inglaterra, Grã-Bretanha, França) entre: 1950/
temente, fogem das possibilidades do autor e das 1959: 3,3; 1960/1969: 4,1; 1970/1979: 2,9; 1980/
pretensões deste artigo. 1988: 1,6. Cf. CSABA, 1996.

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governamentais voltados para a melhoria da indústria, que passaram a ser substituídas pelas
produtividade no trabalho, que guardam profun­ decisões em grupo dos próprios operários.
das semelhanças com os programas motivacio- Não se pretende aqui apresentar uma nova
nais utilizados pelas empresas capitalistas. O mística da Revolução, cujo estoque já é abun­
invólucro totalitário da sociedade produziria na dante. As comissões de fábrica, suas coordena­
primeira grande experiência socialista um dis­ ções, mesmo nos grandes pólos como Petrogra-
tanciamento abissal entre concepção e execução, do, não conseguiram articular a prática com a
a partir do estilhaçamento do processo de teoria de modo a desenhar claras linhas de futuro
trabalho. para a sua ação. No entanto, é fundamental regis­
III. LÊNIN E O (DES)CONTROLE OPERÁ­ trar que as perspectivas abertas pela experiência
RIO dos trabalhadores jamais integrariam os planos
Antes mesmo de Stalin, a desordem do perío­ bolcheviques para a transformação do trabalho
do inicial da Revolução de Outubro, a explosão na nova sociedade. Pelo contrário, a partir de
da guerra civil e as pressões das potências capi­ 1918, o Estado comandado pelos bolcheviques
talistas sobre o Estado nascente foram argumen­ iniciaria um movimento de cerco e liquidação
tos amplamente utilizados pela cúpula do PC da autonomia das comissões de fábrica, que
para justificar uma ardorosa defesa da hierarquia concluiu pela sua submissão aos sindicatos e,
na produção. Dependendo da citação utilizada, por essa via, sua integração ao aparelho de
é possível captar idéias díspares no pensamento Estado.
de Lênin. Por exemplo, entusiasmado pela Lênin sempre afirmara que os passos em
ebulição da sociedade russa, o dirigente bolche­ direção ao socialismo seriam garantidos pelo
vique escreveria logo após a Revolução: “Uma caráter proletário do Estado e não pelas mudan­
das tarefas mais importantes do momento, senão ças na produção suscitadas no interior das fábri­
a mais importante, é desenvolver as iniciativas cas. Se fechada nesses limites, a discussão toma-
independentes de trabalhadores e explorados na se truncada, pois poucas foram as alternativas
esfera da organização e criatividade do trabalho. consistentes que afirmaram o contrário. Exata­
De todas as maneiras devemos destruir esse ve­ mente por isso, gostaríamos de realçar que Lênin
lho, absurdo, selvagem, vil e insuportável pre­ separou os processos de nível macroeconômico
conceito de que somente as chamadas ‘classes da transformação necessária do trabalho produ­
superiores5 poderiam gerir o Estado55 (LÊNIN, tivo, sugerindo que possuíam a mesma capacida­
1976a: 428). de para desenhar o futuro de toda a URSS. Na
No entanto, mesmo quando Lênin deixava verdade, o dirigente bolchevique fazia escolhas
escapar seus pensamentos mais libertários, ja­ e eleições políticas que passaram a incentivar a
mais abandonou sua crença fundamental na ação defesa da mais estrita disciplina e centralização
do poder do Estado (RODRIGUES, 1990). Se no trabalho em toda a economia: “[...] toda
acompanharmos seus posicionamentos sobre a grande indústria mecânica, que constitui a fonte
polêmica do Controle Operário podemos ver que e a base material da produção socialista, exige
as declaradas simpatias iniciais cederiam uma rigorosa e absoluta unidade de vontade , de
rapidamente lugar ao entendimento de que modo a administrar o trabalho comum de
somente uma intervenção estatal centralizada centenas e milhares de homens55 (LÊNIN,
poderia dar vida nova à revolução, mesmo que 1976b: 278-279).
isso levasse à liquidação das nascentes experiên­ Mas como assegurar essa vontade única? Lê­
cias de autonomia na produção. nin vai responder afirmando que: “a submissão
No final de 1917 e durante o ano de 1918, as sem reservas à vontade única é absolutamente
comissões de fábrica existentes nos grandes cen­ indispensável para o sucesso de um trabalho or­
tros industriais tomaram uma série de iniciativas ganizado a partir do modelo da grande indústria
no sentido de transformar os processos produti­ mecânica55. Ou ainda: “Para alcançar esse resul­
vos. O centro de suas preocupações era a liquida­ tado [a restauração da grande indústria] na Rús­
ção das estruturas hierárquicas e autoritárias da sia, na presente situação, é absolutamente neces-

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sário que toda a autoridade, na fábrica, deva estar Lênin parecia atingir o coração do sistema
concentrada nas mãos da direção” (LÊNIN, taylorista com a rejeição do seu lado perverso,
1976b: 278-279). valorizando a autonomia e o controle dos produ­
As técnicas do taylorismo, condenadas repe­ tores sobre seu trabalho: “[...] a introdução do
tidas vezes pelos bolcheviques, receberiam, ago­ sistema Taylor, orientado corretamente pelos
ra, um tratamento especial. A tentativa teórica próprios trabalhadores, se eles forem suficiente­
de Lênin foi de classificar os métodos de Taylor mente conscientes, será o meio mais seguro de
como “científicos” para, a exemplo de outros garantir uma redução considerável da jornada
domínios, expropriá-los do capital e recuperá- de trabalho obrigatória para o conjunto da popu­
los sob o controle dos trabalhadores: “O grande lação trabalhadora, será o meio mais seguro para
capital criou sistemas de organização do traba­ nós de realizar em um período de tempo rela­
lho que, nas condições de exploração maciça tivamente breve uma tarefa que podemos formu­
da população, eram a pior forma através da qual lar mais ou menos assim: seis horas de trabalho
uma minoria de classes proprietárias submetiam físico por dia para cada cidadão adulto e quatro
os trabalhadores e tiravam deles vantagens do horas de trabalho de administração do Estado”
seu trabalho, da sua força, sangue e nervos; mas, (LÊNIN, 1976c: 64-65).
ao mesmo tempo, esses sistemas são a última Entretanto, tanto o taylorismo como o Estado
palavra da organização científica da produção e soviético reagiriam a essa operação inviabilizan-
que devem ser adotados e transformados pela do-a. A jornada de trabalho, dirigida pela “vonta­
República socialista soviética de modo a reali­ de única”, seria intensificada até os avançados
zar, de um lado, nosso controle da produção e, anos 30 e a administração do Estado continuaria
de outro, a elevar a produtividade do trabalho” nas mãos dos dirigentes partidários, não sendo
(LÊNIN, 1976b: 278-279). jamais repartida com os trabalhadores. Na pro­
Como politica de Estado, o taylorismo seria dução, os métodos e técnicas vistos por Lênin
anunciado assim: “Por exemplo, o famoso como uma evolução da ciência humana não
sistema Taylor, difundido na América e famoso aceitariam o divórcio sugerido. Sua essência, um
precisamente porque é a última palavra de uma pouco mais complicada do que havia imaginado
exploração capitalista inescrupulosa [...]. Mas, Lênin, tinha sua gênese na necessidade de se
ao mesmo tempo, não devemos esquecer por controlar o trabalho e o trabalhador de modo a
um só minuto que o sistema Taylor representa permitir o crescimento contínuo da produtivi­
um imenso progresso da ciência, que analisa dade, entendida como Deus, patrão e padrão da
sistematicamente o processo de produção e abre produção capitalista.
a via para um enorme crescimento da produtivi­ A imagem de que o socialismo futuro — uma
dade do trabalho humano” (LÊNIN, 1976b: 278- combinação de soviets mais eletricidade —
279). poderia ser equacionado nas fábricas a partir do
Como apropriar-se dos métodos tayloristas, binômio taylorismo-controle operário, desman­
que despertavam “ódio nas massas”? Separando char-se-ia rápida e tragicamente.
os aspectos negativos do taylorismo dos IV. O TRABALHO E OS CRIMES CONTRA
positivos, ou científicos: “A tarefa que cabe à O ESTADO
República socialista soviética pode ser assim O controle operário, antes e depois da morte
brevemente formulada: devemos introduzir em de Lênin, raramente seria mais do que uma frase
toda a Rússia o sistema Taylor e o crescimento de efeito, principalmente após o cerco às comis­
científico, como os americanos, da produti­ sões de fábrica após 1918. E os métodos tayloris­
vidade do trabalho, acompanhado da redução tas, incorporados como estratégia de Estado,
da jornada do trabalho, da utilização de novos combinar-se-iam com a liquidação da democra­
métodos na produção e na organização do traba­ cia, tomando incompatível o menor esboço de
lho, sem causar o menor prejuízo à força de autonomia operária.
trabalho da população trabalhadora” (LÊNIN,
1976b: 278-279). Lá onde os administradores capitalistas

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aprenderam a conviver com o taylorismo, Através da simples evolução dos decretos e
mantendo com isso a estabilidade produtiva, regulamentações trabalhistas, legitimados pelo
apesar das tensões, sua disseminação no regime govemo, partido e sindicatos, seria possível ima­
soviético não teria o mesmo sucesso. Não foi à ginar a distância que separava as elites soviéticas
toa que na era Stalin a ênfase da ação do Estado do mundo do trabalho. A realidade, porém, ten­
exacerbaria a coerção, uma vez que a jornada deu a se mostrar mais cruel com o declínio pro­
nas fábricas não seria diminuída e nem os pro­ dutivo e tecnológico da URSS, expressão de seus
cessos de trabalho seriam definidos autonoma­ mais profundos impasses sociais e políticos.
mente pelos operários. Pelo contrário. Quanto V. A PULVERIZAÇÃO POLÍTICA
mais as estratégias stalinistas mostraram-se
inócuas, mais se disseminaram os movimentos A ascensão do Partido Bolchevique ao poder
de emulação forçada, procurando saídas para colocou questões que têm despertado paixões
uma situação que apresentava uma desmotiva- até os dias de hoje.
ção generalizada e ameaças de desemprego, Os produtores estariam capacitados — ou
como no final da era Khruschev e depois com mesmo desejariam — desempenhar um papel
Gorbatchov (FILTZER, 1994; SMITH, 1983). pró-ativo nas transformações da sociedade e do
De fato, no âmbito da produção, o regime mundo do trabalho? De que forma? Através de
soviético caracterizou-se muito mais por suas sua representação? Estas seriam autônomas em
reações aos acontecimentos do que por uma relação ao Estado? E em relação aos partidos?
postura pró-ativa. Com o crescimento do absen­ Quais poderiam ser as funções dos sindicatos
teísmo e da rotatividade durante o primeiro no socialismo, quando o Estado representava,
plano qüinqüenal (1928-1932), as autoridades falava e agia em nome dos trabalhadores? Como
governamentais foram gradativamente endure­ deveria ser equacionada a independência políti­
cendo suas ações até tomá-las mais abertamente ca e organizativa dos trabalhadores na produção?
punitivas. Em 1940, quando as novas leis eram Em certa medida, no microcosmo da fábrica
contornadas ou simplesmente desrespeitadas por czarista, expressou-se a sociedade russa da épo­
operários e gerentes, o govemo não hesitou em ca. Os níveis de autoridade, as condições de tra­
criminalizar o absenteísmo e o abandono do balho, os baixos salários configuravam uma si­
trabalho sem permissão. tuação aviltante que esteve na raiz da Revolução
Em outubro de 1930, uma resolução do de Fevereiro de 1917. Não foram poucos os
Comitê Central do PC procurava impedir as trabalhadores que saudaram a queda da dinastia
empresas de contratar trabalhadores que haviam Romanov como um sinal para a construção da
deixado seu emprego anterior sem permissão. democracia e de uma nova ordem fabril, a partir
Em novembro de 1932, por decreto governa­ da demissão dos chefes tirânicos e da construção
mental, o absenteísmo podia gerar demissão de suas instituições representativas. Em pouco
automática assim como o corte dos cartões de tempo os trabalhadores conseguiram a implanta­
racionamento. Em dezembro de 1938, um de­ ção da jornada de oito horas, assim como subs­
creto assinado conjuntamente pelo govemo, pelo tantivos aumentos salariais que ajudaram a com­
PC e pelos sindicatos industriais reafirmou as pensar a inflação galopante.
penas para o absenteísmo, caracterizado agora Na região da vermelha Petrogrado, as comis­
como “todo atraso superior a vinte minutos”. sões de fábrica simbolizaram uma das grandes
Em junho de 1940, o Soviet Supremo decretava conquistas da Revolução de Fevereiro. No setor
que o absenteísmo e o abandono do emprego industrial, as comissões de fábrica passaram a
sem autorização seriam considerados crimes assumir uma série de funções sindicais, muitas
contra o Estado (FILTZER, 1986). Segundo delas para além dos locais de trabalho. Tarefas
Barber e Harxison, durante a década de 30, cerca como o acompanhamento das demissões e con­
de um milhão de trabalhadores por ano seriam tratações, de supervisão geral do funcionamento
perseguidos por ausências ou atrasos no traba­ da produção, de alimentação dos operários e
lho, e 200 mil por abandono do emprego (BAR­ mesmo de interferência nos sistemas de forma­
BER e HARRISON, 1991). ção educacional passaram a fazer parte de sua
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vida diária. Com o enfraquecimento do Estado, mudaria seu discurso. E os sindicatos passaram
essas comissões começaram a integrar espécies a responsabilizar as comissões de fábrica pela
de bolsões de contra-poder que surgiram pela ampliação da desordem econômica, exatamente
Rússia nesse período, em cujo nome os Bolche­ pela sua visão parcial e provinciana, abrindo um
viques comandariam a Revolução de Outubro. período de longas tensões que terminaria pelo
Em um certo sentido, essa rápida implanta­ desmantelamento da organização autônoma
ção das comissões de fábrica dificultaria a dentro das fábricas e a sua oficialização através
recuperação dos sindicatos russos. Durante todo dos sindicatos, já absorvidos pelo Estado.
o ano de 1917 as comissões foram muito influen­ Nas palavras de Lênin, a Rússia precisava
tes, porque mais populares, mais democráticas dotar-se da infra-estrutura econômica para poder
e mais poderosas do que os sindicatos. Estes, construir o socialismo. Ou seja, antes de mais
em Petrogrado, recuperaram sua força a partir nada, o Estado soviético esforçar-se-ia para fazer
da negociação de acordos mais amplos, que crescer a produtividade do trabalho. O
protegiam setores e ramos industriais inteiros, “trabalhador russo é ruim se comparado ao das
de modo distinto das comissões internas. As nações avançadas. Aprender a trabalhar é atare­
perspectivas de controle da produção tiveram fa que o governo soviético precisa colocar para
nas comissões de fábrica seu centro emulador. o povo em toda sua dimensão”, repetiu Lênin
Havia nascido da luta pela democratização da em vários pronunciamentos. Para além dos
vida nas fábricas, e pela manutenção da produ­ discursos, essa perspectiva desenvolver-se-ia a
ção e defesa dos empregos durante o período de partir de uma disciplina de ferro nas fábricas e,
guerra. acima de tudo, à submissão incondicional do
Inicialmente seus objetivos foram modestos: processo produtivo a uma única vontade.
supervisionar a gerência de modo a evitar atos VI. UMA REDE DE CUMPLICIDADES
de sabotagem e o fechamento de postos de Nas fábricas, os executivos soviéticos
trabalho. Com o crescimento da desordem eco­ administravam as unidades produtivas como
nômica, as comissões passaram a se preocupar representantes do Estado sustentados por uma
com o fornecimento de matéria-prima, de elite que exercia um rígido controle político
combustíveis, assim como acompanhar as sobre o conjunto da sociedade. Esse foi sempre
decisões das empresas e sua saúde financeira e um dos traços mais importantes a diferenciar os
administrativa. Em Petrogrado, vieram das co­ fundamentos de sua autoridade do capitalista
missões os primeiros e significativos apoios à que, investido pelo direito de propriedade,
coordenação da economia por um Estado prole­ comandava sua empresa.
tário, defendida pelos Bolcheviques contra os
Mencheviques e Socialistas-Revolucionários. Exatamente por isso, a mesma legitimidade
A passagem do poder para as mãos dos Bol­ alcançada pelo governo na sociedade sustentava
cheviques foi saudada pelas comissões de Petro­ o controle sobre o sistema produtivo. Funcionan­
grado como o renascimento da esperança entre do como um complemento necessário à frag­
os trabalhadores. O apoio inicial de Lênin ao mentação social imposta pela ausência de demo­
decreto sobre o Controle Operário, que respon­ cracia e direitos de organização e expressão, a
dia às aspirações das comissões de fábrica, refor­ micro-divisão operada nos processos de trabalho
çaria essa posição. Muitas comissões de Petro­ impedia que os trabalhadores exercessem ativi­
grado entenderam o decreto sobre o Controle dades de concepção das tarefas, que seriam dei­
Operário como um sinal verde para as experiên­ xadas, naturalmente, nas mãos dos quadros téc­
cias de auto-administração e determinação nicos gerenciais.
operária, provocando o fechamento de fábricas Essa organização do trabalho empurrava os
por seus proprietários, que se recusavam a trabalhadores a concentrar-se apenas nos proces­
aceitar a interferência dos operários. sos parciais da produção, em aberto contraste
A disseminação desse conflito geraria uma com os apelos oficiais, que convidavam todos a
série de intervenções do Estado soviético. Lênin se voltarem para os objetivos maiores, fixados

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NOTAS SOBRE TAYLORIZAÇÃO SOVIÉTICA DO TRABALHO
pelo Estado. A eficácia política desse sistema circulavam orientados administrativamente ou
era evidente. Mas, do ponto de vista da produ­ através da contravenção orquestrada por funcio­
ção, era a desordem que comandava, com perda nários, gerentes e dirigentes. As empresas esta­
da capacidade de coordenação entre setores de tais não eram passíveis de quebra, assim como
uma mesma unidade e mesmo inter-empresas. seus funcionários não podiam ser demitidos. As
Várias pesquisas recentes sobre o funciona­ mudanças de orientação sugeridas às empresas
mento industrial mostraram que essas pressões com desempenho decepcionante só encontra­
desencontradas permitiram, freqüentemente, vam apoio nos quadros gerenciais, que procura­
que operários, técnicos ou mesmo seções intei­ vam se apoiar na fragmentação do trabalho
ras de uma fábrica, na tentativa de superar seus como forma de individualizar as pressões pela
objetivos parciais, produziam em quantidade recuperação da produção e, ao mesmo tempo,
superior ao necessário para a confecção do pro­ de evitar ações — e negociações — coletivas.
duto final. Setores designados a operarem pro­ A manutenção do trabalho fragmentado tomava-
cessos mais simples freqüentemente conse­ se, portanto, uma necessidade para a política e
guiam imprimir um ritmo diferenciado — e para a produção.
maior —, que nem sempre era sincronizado. Após 1917, praticamente até Gorbatchov, os
Uma surda cumplicidade era estabelecida entre trabalhadores da ex-União Soviética não tiveram
operários e chefias, que buscavam, ambos, cum­ mínimos meios de influenciar os acontecimen­
prir as metas fixadas para a produção. tos na sua sociedade para além dos caminhos
Como resultado, além da profusão de esto­ oficiais apontados pelo Partido Comunista.
ques, uma quantidade imensa de produtos in­ Diante da vigilância estrita do Estado, a menor
completos aguardavam peças que nem sempre contestação era identificada a uma conspiração
chegavam; ou conjuntos inteiros que eram mon­ lesa-pátria. Mesmo a solidariedade no chão-de-
tados sem a totalidade das peças, provocando fábrica sobre assuntos da produção seria super­
interrupção do processo em estágios mais avan­ visionada.
çados, que exigiam maior re-trabalho para a sua Os métodos de gerenciamento e de organi­
correção. Esse fenômeno, muito presente na zação da indústria nos anos de Stalin aprofun­
indústria automobilística, recebeu em russo um daram essa atomização, individualizando ao
nome especial, nekomplektnost, que indicava a extremo os processos de trabalho, gerando mani­
ausência das peças necessárias para completar festações contraditórias. De um lado, os gover­
uma determinada operação (BARBER e HAR- nantes mantinham seu controle e poder; de
RISON, 1991: 198). outro, esse parcelamento dificultava o diálogo
O resultado dessas intervenções individuais entre as empresas, enfraquecendo a coordenação
— ou, no máximo, de pequenos grupos — foi a setorial, já debilitada pelo funcionamento buro­
imposição de reais limites ao desempenho da crático.
produção e a geração de altos índices de desper­ Na produção, esse cenário tinha sua tradução
dício. no absenteísmo, na insubordinação, na alteração
Essa relação com a qualidade produtiva tam­ das ordens e na flutuação da velocidade do
bém diferenciava substantivamente a produção trabalho. O resultado, distinto das práticas oci­
na ex-URSS da capitalista. Nesta, as pressões dentais de negociação, foi a imposição de limites
do mercado se dão no sentido de impedir a para a produção soviética que, sem uma inter-
circulação de produtos com defeito, forçando a locução visível, passou a ser marcada pelo des­
correção do sistema produtivo. Se essa tendência perdício acentuado. O impacto negativo sobre
não se realiza, a empresa pode demitir ou, no a qualidade dos produtos constituiu-se em fator
limite, quebrar. distintivo dos processos de trabalho na URSS e
no Ocidente, apontando para uma segunda di­
No sistema soviético, a produção não exigia ferença entre os sistemas.
necessariamente sua realização como valor de Esse panorama conferia às relações no chão-
troca, porque o mercado não existia. Os bens de-fábrica na URSS um caráter especial. Cercea-
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REVISTA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA N° 8 1997
dos em seu agir coletivo, os trabalhadores acaba­ em suas mãos um maior poder de barganha, que
ram desenvolvendo mecanismos de controle já não era desprezível, tendo em vista a escassez
individual sobre os processos de trabalho, captu­ de força-de-trabalho nesse período. Essa re-
rados pelas pesquisas de Filtzer como uma espé­ apropriação parcial do controle sobre os
cie de pactos silenciosos entre operários e processos de trabalho esteve longe de sugerir a
gerentes (FILTZER, 1986: 227-228). Essa retomada das habilidades artesanais descritas
situação, na ausência de formas regulatórias por Braverman (1987).
capi-talistas — seja um programa de prêmios Essas atitudes defensivas do operário
ou a remuneração por mérito, por exemplo —, soviético jamais permitiram a (re)-concepção de
reproduzia uma cadeia de cumplicidades, terre­ seu trabalho, nem muito menos a (re)definição
no apropriado para vicejar a arbitrariedade. Mais política dos planos de produção. Mesmo assim,
especificamente, um mundo de trocas expandiu- a malha de informalidades que permeou o
se rapidamente a partir de conexões pessoais, sistema produtivo era suficientemente grande
favores e corrupção. para distanciar as fábricas dos corredores de
Filtzer argumenta, com base nos dados de Moscou, multiplicando as imagens sobre a real
produção dos anos 30, que a concordância da capacidade produtiva do sistema. Não é por nada
chefia com as alterações nas rotinas de trabalho que hoje um verdadeiro trabalho de
visavam estabilizar o tenso ambiente fabril reconstituição dos dados e informações
(FILTZER, 1986: 231). Ou seja, diante das começou a ser efetivado diante da inconsistência
pressões centrais pela produtividade e das dos índices oficiais.
incertezas sobre a manutenção das máquinas, Do ponto de vista da sociedade, essa rede de
troca de peças, matéria-prima e ferramentas, era cumplicidades — que não deixava também de
fundamental garantir um comportamento ser uma rede de ilusões — terminaria por corroer
cooperativo dos trabalhadores, de modo a não silenciosamente a economia, cujo estrago
comprometer os planos centralmente definidos. começaria a ser percebido em suas reais
Evidentemente, a partir desse “mercado dimensões com a crise de Gorbatchov e a própria
informar’ os trabalhadores acabavam retendo explosão da URSS.

Glauco Arbix (garbix@usp.br) é Professor do Departamento de Ciência Política da UNICAMP


(Universidade Estadual de Campinas), Pesquisador do CNPq e do Departamento de Engenharia de
Produção da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo).

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