Você está na página 1de 6

Trabalho de Contabilidade Introdutória

A Evolução da Contabilidade no Brasil

Volta Redonda/RJ, fevereiro de 2018.


CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA - UNIFOA
CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
CONTABILIDADE INTRODUTÓRIA
PROFESSOR RODRIGO DA COSTA ALVES
DATA: 22/02/2018

Trabalho de Contabilidade Introdutória

Matheus Moreira Cruz - 201801132


Walter Douglas da Silva Figueira - 201801117

Volta Redonda/RJ, 23 de fevereiro de 2018.


INTRODUÇÃO

A contabilidade está presente na história da humanidade desde os povos mais


antigos, como os hindus, os chineses, os egípcios, os fenícios, os israelitas, os persas, os
caldeus, os assírios, os gregos e os romanos, ganhando destaque com o surgimento da
linguagem escrita dos números.

Com a evolução das sociedades, houve também a evolução da contabilidade, ou


seja, com o traço de uma ciência social aplicada a contabilidade evoluiu de acordo com os
interesses e as necessidades de informações demandadas pelos seus usuários. Desde então,
houve uma busca contínua por aperfeiçoamento que resultou no surgimento de novas
técnicas contábeis; dentre elas se destaca o início do uso de livros contábeis, que foram
adotados pelas empresas para registrar seus principais eventos econômicos.

No Brasil a contabilidade foi se desenvolvendo à medida que o mercantilismo se


proliferava país afora. Com a chegada da globalização e a consequente expansão da
contabilidade internacional emergiu a necessidade de uniformizar as normas contábeis
numa maneira mais compreensiva para os usuários não só do Brasil como de outros países
A CONTABILIDADE NO BRASIL

O Brasil não possui uma escola de pensamento contábil genuinamente brasileira.


Pode-se dizer que em um primeiro instante, a nossa contabilidade foi baseada no método
italiano e posteriormente migrou-se para o método norte-americano, na qual persiste até os
dias atuais. 

A contabilidade no Brasil ainda sofre grande influência da legislação tributária,


notadamente da legislação do imposto de renda. Pode-se afirmar com certeza que em
algumas organizações, principalmente nas micro e pequenas empresas, na maior parte do
tempo o contador se dedica a questões tributárias. Nas médias e grandes empresas
normalmente existe um departamento ligado a questões fiscais para tratar do assunto.
Assim a contabilidade se subdivide em contabilidade financeira, contabilidade fiscal,
contabilidade gerencial, contabilidade de custos etc.

A contabilidade no Brasil teve uma primeira fase, quando então se utilizou o


método italiano, cuja época vai de 1915 a 1964, contando com a contribuição de grandes
autores dentre eles, Carlos de Carvalho, Francisco D`Auria e Frederico Herrmann Júnior.
Atualmente são poucos os autores que seguem a corrente de pensamento italiana, dentre
eles destacamos o professor Antonio Lopes de Sá. 

Carlos de Carvalho apresentou uma contabilidade baseada na visão contista (escola


contista), já Francisco D`Auria e Frederico Herrmann Júnior adotaram a visão
patrimonialista (escola patrimonialista) como corrente de pensamento contábil. Para esses
últimos tratadistas, o objeto de estudo da contabilidade é o patrimônio. 

Essa primeira fase de desenvolvimento da contabilidade nacional foi marcada por


dois aspectos relevantes:

a) A intervenção da legislação no desenvolvimento de procedimentos contábeis;

b) Forte influência doutrinária das escolas italianas de pensamento contábil. 

Com relação à intervenção da legislação, principalmente a tributária nos aspectos


de natureza contábil, cumpre destacar que o desenvolvimento da contabilidade deve-se
muito às intervenções dessa natureza, porém há uma espécie de consenso entre os
pesquisadores de que o excesso de normas às vezes atrapalha. O profissional passa grande
parte do tempo lendo resoluções, decretos, portarias, instruções normativas, atos
declaratórios e outros que alteram códigos de recolhimento, prazos de entrega de
determinadas declarações etc., atos que praticamente não modificam o conteúdo das Leis,
mas que na vida prática atormentam a vida das pessoas. 

A segunda etapa do desenvolvimento da contabilidade brasileira teve início em


1964, ano em que o professor José da Costa Boucinhas introduziu um novo método de
ensino da contabilidade. 
O professor Boucinhas adotou o método didático norte-americano baseado no livro
Introductory accounting de Finney & Miller. A partir dessa mudança de orientação
didática, a influência dos autores italianos e das escolas de pensamento italianas foi sendo
substituída pela dos autores norte-americanos. 

Como conseqüência dessa mudança de enfoque, foi o lançamento do livro


Contabilidade Introdutória, em 1971, por uma equipe de professores da FEA-USP, livro
adotado até os dias atuais, em suas edições mais recentes, em praticamente todas as
faculdades de todo o Brasil, influenciando alunos e profissionais. 

A partir do ano de 1964 os professores do departamento de contabilidade da FEA-


USP passaram a desenvolver várias pesquisas e, de certa forma, a dominar o cenário
nacional de pesquisas contábeis. 

O ano de 1966 foi marcado por uma das maiores contribuições nacionais, a
chamada escola de correção monetária. Foi nesse ano que o professor Sérgio de Iudícibus
(FEA-USP) defendeu sua tese de doutoramento, intitulada Contribuição à Teoria dos
Ajustamentos Contábeis. Pode-se dizer que esse trabalho foi uma das primeiras grandes
contribuições da contabilidade nacional à comunidade mundial. 

A partir da adoção do método didático norte-americano pela USP em 1964, e da


apresentação do trabalho do professor Sérgio de Iudícibus, o direcionamento doutrinário
contábil, especialmente do maior centro de pesquisa contábil nacional: o departamento de
contabilidade e atuária da FEA-USP, muda definitivamente sua direção, abandonando as
escolas de pensamento contábil italianas e assumindo os ditames da escola norte-
americana. 

Uma das razões (entre as várias existentes) para a mudança de rumo foi a chegada
das empresas de auditoria anglo-americanas que acompanhavam as multinacionais recém
chegadas ao Brasil. Essas empresas ofereciam treinamento de alto nível aos profissionais
para elaboração de peças contábeis, influenciando empresas menores e até legisladores.
Tudo isso contribuiu para a mudança de rumo no Brasil. 

A consolidação da escola Americana no Brasil é fato consumado tendo em vista


que o livro Contabilidade Introdutória (adotado em praticamente todas as faculdades
brasileiras) dá um toque especial de contabilidade brasileira à contabilidade norte-
americana e com a publicação da Lei 6.404/76 – Lei das Sociedades Por Ações de 15 de
dezembro de 1976 que tem sua parte contábil inspirada na doutrina norte-americana. 

Apesar de o Brasil, não ter desenvolvido sua própria escola de contabilidade, as


sucessíveis mudanças no cenário econômico, o período de altas taxas inflacionárias que
perdurou até 1995 e as inúmeras mudanças na legislação tributária fizeram com que a
nossa legislação contábil seja uma das mais aperfeiçoadas do mundo. 

Assim como ocorreu com as demais escolas de pensamento contábil, não podemos
nos esquecer dos mais destacados pensadores contábeis nacionais, dentre os quais: Carlos
de Carvalho, Francisco D`Auria e Frederico Hermann Júnior. Este último trabalhou na
organização e reorganização da contabilidade de importantes empresas como por exemplo:
Mappin Stores, Indústrias Klabin, Caixa Econômica Federal, Companhia Siderúrgica
Nacional e Companhia Vale do Rio Doce. 

Hermann Júnior, como era conhecido, publicou diversas obras ligadas a


contabilidade e foi um dos fundadores e Presidente do Sindicato dos Contabilistas de São
Paulo (anteriormente chamado de Instituto Paulista de Contabilidade) e da Editora Atlas,
organismos que existem até hoje. 

Atualmente pode-se dizer que o método norte-americano domina o cenário


mundial, inclusive com forte presença na Itália. Os críticos atribuem aos Italianos,
demasiado valor a questões teóricas, sendo esta a principal causa do fracasso italiano. Os
italianos praticamente criaram a contabilidade e não souberam o que fazer com ela quando
a mesma já estava em estágio adulto. 

Ao analisar-se a evolução da contabilidade no Brasil, percebe-se que desde o início


fica patente a interferência da legislação. 

Uma das primeiras manifestações da legislação como elemento propulsor do


desenvolvimento contábil brasileiro, foi o Código Comercial de 1850, que instituiu a
obrigatoriedade da escrituração contábil e da elaboração anual da demonstração do balanço
geral composto de bens, direitos e obrigações, das empresas comerciais.

Em 1902 surgiu em São Paulo a Escola Prática de Comércio que criou um curso
regular que oficializasse a profissão contábil. O objetivo desta escola era o de aliar ao
desenvolvimento agrícola, o início da expansão industrial com a necessidade de habilitar e
criar especialistas para, internamente, preencher as tarefas de rotina da contabilidade e
controlar as finanças e, externamente, dotar São Paulo de elementos capazes de articular o
desenvolvimento dos negócios, com a consequente ampliação das fronteiras de atuação.

O Decreto-Lei nº 2627 de 1940, instituiu a primeira Lei das S/A, estabelecendo


procedimentos para a contabilidade como:

1.    Regras para a avaliação de ativos.


2.    Regras para a apuração e distribuição dos lucros.
3.    Criação de reservas.
4.    Determinação de padrões para a publicação do balanço.
5.    Determinação de padrões para a publicação dos lucros e perdas.

O Conselho Federal de Contabilidade (CFC), através da Resolução CFC 321/72


passou a adotar os Princípios de Contabilidade Geralmente Aceitos como normas
resultantes do desenvolvimento da aplicação prática dos princípios técnicos emanados da
contabilidade, visando proporcionar interpretações uniformes das demonstrações
contábeis. 

Em 1976 foi publicada a nova Lei das S/A nº 6404, significando uma nova fase
para o desenvolvimento da contabilidade no Brasil e incorporando de forma definitiva as
tendências da Escola Norte-Americana.

Você também pode gostar